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    TDAH - TRANSTORNO DO DFICIT DE ATENO E HIPERATIVIDADE Uma conversa com educadores

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    Transtorno de Dcit de Ateno e Hiperatividade (TDAH)

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    Projeto Incluso Sustentvel (PROIS):

    O Projeto Incluso Sustentvel (PROIS) uma parceria enssionais da UPIA da Universidade Federal de So Paulo e do Amde TDAH - Unidade Bahia. O PROIS tem como objetivo principaver iniciativas que garantam o acesso de todas as pessoas escolamercado de trabalho, independente de qualquer caracterstica. Mpecicamente, pretendemos: divulgar, de forma clara e objetiva, ines cientcas atualizadas sobre os transtornos mentais; desenvprotocolos para treinamento de pais e professores; realizar treinamsobre manejo comportamental para pais e professores; desenvolvtratgias para o desenvolvimento cognitivo; estabelecer polticas para a sustentao da incluso a longo prazo; garantir uma melhordade de vida para os portadores de transtornos mentais, seus fame os prossionais que trabalham com os mesmos.

    Coordenao do PROIS:

    Maria Conceio do Rosrio Professora Adjunta da UniversidadeFederal de So Paulo (UNIFESP). Coordenadora da Unidade de Ptria da Infncia e Adolescncia (UPIA) da UNIFESP e coordenadpesquisa do AMBTDAH Unidade Bahia.

    Equipe atual:Aline Reis- psicloga

    Beatriz Shayer - neuropsicloga, coordenadora do Ambulatrio de T(AMBTDAH) - Unidade So PauloIvete G. Gatts- psiquiatra, coordenadora do ambulatrio geral II da UKatya Godinho - neuropsicloga, pedagoga, coordenadora do Amburio de TDAH (AMBTDAH) - Unidade BahiaSamantha Nunes psicloga

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    Introduo

    Atualmente, muito se tem falado a respeito do uso de diagnstcos psiquitricos para justicar problemas de aprendizado, de comptamento, ou at mesmo diculdade dos pais em educar seus lhos. diagnstico de Transtorno de Dcit de Ateno e Hiperatividade (T um bom exemplo. Muito presente na mdia, esse quadro rene tanadmiradores como ferrenhos opositores. Outro tpico bastante polm o uso de medicaes em crianas e adolescentes. Tem sido question

    do se os efeitos colaterais das medicaes no seriam mais prejudiciaque os prprios sintomas; se existe ou no o risco dos pacientes caredependentes; ou se as medicaes poderiam causar mudanas oudanos permanentes ao crebro. Em relao ao TDAH, diz-se at qumedicao mais comumente usada no seu tratamento, o metilfenidafaria com que essas crianas cassem boazinhas, obedientes, pona verdade retiram a espontaneidade ou a criatividade das crianas

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    Em geral, a primeira reao pensar que so crianas m

    educadas, com pais ausentes e com diculdade para impor limitpossvel que essa primeira impresso esteja correta. Entretanto, ta possvel que elas apresentem algum problema mdico, entre TDAH.

    OTDAH um transtorno neuropsiquitrico freqente, que te crianas, adolescentes e adultos, independente de pas de orinvel scio-econmico, raa ou religio. Atualmente no existem,cientco, dvidas sobre a gravidade e a amplitude das conseqdo TDAH na vida dos portadores e de seus familiares. Para evitpreciso reunir esforos em diversas reas para reduzir o tempo eincio dos sintomas e a realizao do diagnstico correto, garantintodos os pacientes tenham acesso a um tratamento adequado pasintomas de TDAH e possveis comprometimentos associados. dessas certezas no meio acadmico e cientco, alguns setores da dade e prossionais das reas de educao e sade ainda questioa existncia do TDAH.

    Como saber se um diagnstico no inveno dos mou apenas conseqncia da correria da vida moderna ou da quande estmulos oferecidos s pessoas em um mundo globalizado?forma de tentar responder a essa pergunta saber qual a freqncproblema em vrios pases, com culturas diferentes. Para isso, prealizar estudos na populao geral, chamados de epidemiolgico

    tra maneira pesquisar os primeiros relatos desse diagnstico e sua evoluo ao longo do tempo.

    OTDAH ao longo do tempo

    As primeiras descries de crianas que apresentavam quasemelhantes ao que se descreve atualmente como TDAH surgir

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    literatura infantil alem em meados do sculo XIX. Traduzidos para otugus, e publicados no Brasil na dcada de 1950, com os nomes d

    Joo Felpudo e Juca e Chico, os livros descreviam crianas mudanadas, e com grande diculdade para seguir as regras propostapelos pais. Em 1917, um mdico chamado Von Economo fez a primdescrio clnica dessa patologia. Segundo ele:

    Temos nos deparado com uma srie de casos nas instituiespsiquitricas que no fecham com nenhum diagnstico conhecido.Asar disso, eles apresentam similaridades quanto ao tipo de incio do qudro e sintomatologia que nos fora a agrup-los em uma nova categodiagnstica... Estas crianas parecem ter perdido a inibio,tornam-inoportunas, impertinentes e desrespeitosas. So cheias de espertezamuito falantes...

    Ao longo do tempo, o TDAH recebeu vrias denominaes, copor exemplo, leso cerebral mnima, sndrome hipercintica e disfuncerebral mnima. Os critrios utilizados para o diagnstico de TDAHbm tm variado bastante. Essas diferenas nos nomes e nos critriodiagnsticos podem confundir as pessoas. Por outro lado, na maioria vezes os nomes mudaram para acompanhar os resultados das pesquisae dessa forma reetir o maior conhecimento sobre o TDAH. Por explo, o termo leso cerebral mnima foi utilizado no perodo em se acreditava que seus portadores teriam uma leso no crebro, o quapesar de causar problemas graves no comportamento do paciente, emnima o suciente para no ser detectada em exames radiolgico

    menos grave que problemas neurolgicos tais como tumores cerebra Atualmente, sabe-se que o TDAH no conseqncia de nenhuma leno crebro.

    Epidemiologia do TDAH

    Estudos epidemiolgicos realizados em diversos pases, com c

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    ractersticas culturais muito di-versas, revelaram que o TDAH

    existe em todas as culturas.Esses estudos comprovamque o TDAH NO secund-rio a fatores ambientais comoestilo de educao dos pais(a famosa falta de limites)ou conseqncia de conitospsicolgicos.

    Estudos epidemiolgi-cos investigam quantos indiv-duos tm um diagnstico es-pecco, em um determinadoperodo de tempo. Esse nme-ro total chamado de taxa deprevalncia, ou apenas prevalncia. Essa taxa permite compreequanto comum, ou raro, um determinado diagnstico numa popEm relao ao TDAH, estudos americanos apontaram prevalnci2,5% a 8,0% (Rowland e cols., 2001). Em 1999, um estudo brausando uma amostra de escolares de 12 a 14 anos, encontrou taxprevalncia de 5,8% nesses estudantes (Rohde e cols., 1999).

    Em 2007, foi publicado um dos estudos considerados comoimportantes sobre a prevalncia de TDAH. Esse estudo avaliou os

    dos de mais de 8 mil estudos em todo o mundo e conseguiu demoque a estimativa mais correta para a prevalncia de TDAH seriada populao infantil mundial (Polanczyck e cols., 2007).Para melhor a relevncia desses achados, imagine uma classe de 40 alConsiderando uma taxa de 5%, a estimativa que ao menos duasas da classe sejam portadoras de TDAH!

    Quando avaliamos as freqncias nas clnicas ou ambulat

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    pesquisadores especialistas no assunto, e utilizados para homogea forma de se avaliar se um indivduo tem ou no uma determ

    doena.Manuais de Classicao

    O objetivo principal dos MC melhorar a comunicao epesquisadores e os clnicos. Mais especicamente, para pesquisaos MC permitem que eles compartilhem descobertas; aumentem abilidade e validao dos resultados de pesquisas; e assim encoo aumento gradual do conhecimento. Para os clnicos, os MC ajuescolha do tratamento mais adequado e possibilitam a avaliabenefcios das intervenes teraputicas. Sendo assim, os MC dapresentar denies descritivas, com nfase nos comportamapresentados pelos pacientes e nos achados clnicos mais freqeindependente de sabermos ou no quais os fatores etiolgicos endos nos diversos diagnsticos.

    Atualmente, os MC mais utilizados so o Manual de Diage Estatstica da Associao Psiquitrica Americana, que j est quarta verso, o DSM-IV e o Cdigo Internacional de Doenas dazao Mundial de Sade, dcima verso, o CID-10.

    Apesar das enormes vantagens que o DSM-IV e a CID-10 pcionaram, preciso estar atento para que eles no sejam utilizadforma equivocada. Ou seja, os manuais NUNCA podem ser usad

    estigmatizar as pessoas. Da mesma forma, importante lembrar diagnstico o incio do tratamento, no o seu m. Levantamoquesto porque muitos professores perguntam se ao dizer o diagnpara algum ou discutir sobre o mesmo com a famlia no existe de rotular o paciente.

    interessante pensar que essa pergunta s feita para diagticos psiquitricos. Para qualquer outra especialidade, quando vam

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    mdico queremos sempre saber o que temos. Por exemplo, caso umcriana esteja com febre e tosse, os pais com certeza vo querer sabe

    se seu lho (a) tem bronquite, pneumonia, ou apenas um resfriado, ande medic-lo (a) com uma aspirina ou antibitico.Da mesma forma, em psiquiatria, tambm extremamente impo

    tante identicar e discutir com o paciente e seus familiares as hiptesdiagnsticas antes de iniciar o tratamento. Se ns, prossionais (tantorea de sade quanto de educao), no nos sentirmos vontade pardiscutir um diagnstico especco, como vamos exigir que uma criacom TDAH tenha os mesmos direitos de outra com qualquer probleclnico tais como pneumonia ou diabetes? A seguir, apresentamos critrios para o diagnstico de TDAH, de acordo com o DSM-IV.

    Lista de Sintomas do TDAH de acordo com o DSM-IV:

    A. Ou a presena de seis (ou mais) sintomas de desateno persistirapelo perodo mnimo de seis meses, em grau mal adaptativo e in

    consistente com o nvel de desenvolvimento OU a presena de s(ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade/impulsividadpor no mnimo seismeses, em um graumal-adaptativo einconsistente com odesenvolvimento.

    B. Alguns dos sintomasde desateno ou hi-peratividade/impul-sividade j estavampresentes antes dos7 anos de idade.

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    C. Algum comprometimento causado pelos sintomas est presen2 ou mais contextos [p. ex. na escola (ou trabalho) e em casa].

    D. Deve haver claras evidncias de comprometimento clinicamenportante no funcionamento social, acadmico ou ocupacional.

    E. Os sintomas no ocorrem exclusivamente durante o curso dtranstorno global do desenvolvimento, esquizofrenia ou outrotorno psictico, nem so melhor explicados por outro tranmental (p. ex.,transtorno do humor, transtorno de ansiedade, t

    torno dissociativo ou transtorno de personalidade. A seguir,na Tabela 1 descrevemos os sintomas descritos no critre exemplos de como esses sintomas podem se apresentar na salaula.

    Tabela 1 Sintomas de TDAH e exemplos de sua apresentao nade aula

    Sintomas deDesateno

    No presta ateno a detalhes e/ou co-

    mete erros por omisso ou descuido;

    Tem di culdade para manter a atenoem tarefas ou atividades ldicas;

    Exemplos de situaes.Na escola, o aluno:

    faz atividade na pgina diferente dasolicitada pelo professor;

    ao fazer clculos, no percebe o sinalindicativo das operaes;

    pula questes;

    durante o intervalo no consegue jogardama ou xadrez com os colegas;

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    Parece no ouvir quando lhe dirigemapalavra (cabea no mundo da lua);

    Tem di culdades em seguir instruese/ou terminar tarefas;

    Di culdade para organizar tarefas eatividades;

    Demonstra ojeriza ou reluta em en-volver-se tarefas que exijam esforomental continuado;

    Perde coisas necessrias para as tare-fas e atividades;

    Distrai-se facilmente por estmulos queno tem nada a ver com o que est fa-zendo;

    Apresenta esquecimento em atividadesdirias;

    est mais preocupado com a hora dorecreio e situaes de lazer;

    desenha no caderno e no percebe queesto falando com ele;

    no percebe que a consigna indica umdeterminado comando e executa deoutra forma;

    em perguntas seqenciadas em geralrespondem apenas a uma;

    guarda os materiais fotocopiados empastas trocadas

    na vspera da prova resolve fazer umapesquisa de outra matria;

    inicia uma resposta, palavra ou frasedeixando-a incompleta;

    desiste da leitura de um texto ou tarefa

    s pelo seu tamanho;

    leva gravuras para uma pesquisa emsala e deixa no transporte escolar;

    perde freqentemente o material;

    procura saber quem o aniversarianteda sala ao lado quando escuta o para-bns;

    envolve-se nas conversas paralelasdos colegas;

    esquece a mochila na escola com todoo seu material;

    no traz as tarefas e trabalhos a serementregues no dia;

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    Como puderam observar,esses sintomas so comuns no

    dia-a-dia. Vrias pessoas, ao le-rem esses critrios rapidamen-te, dizem logo que apresentamvrios deles e perguntam setm TDAH. importante ressal-tar que bem possvel que al-guns desses sintomas estejampresentes em menor ou maiorintensidade em vrias pessoas, sem causar grandes prejuzos em nenhuma rea especca de sua vida.

    Entretanto, para o diagnstico de TDAH, necessrio ter tambm algumas outras caractersticas. Por exemplo, provvel que ququer pessoa que desatenta ao assistir uma aula sobre um assunto qununca ouviu falar ou tem diculdade de entender. A pessoa com TDno consegue focar a ateno mesmo quando est familiarizada comassunto.

    Existe apenas um diagnstico de TDAH, com trs formas de apsentao de acordo com os tipos de sintomas predominantes. Ou sejapessoa pertencer ao subtipo predominantemente desatento caso tenhao menos seis sintomas de desateno; ao subtipo predominantemenhiperativo/impulsivo caso tenha ao menos seis sintomas de hiperativide/impulsividade; e ao sub-tipo combinado caso apresente no mnim

    seis sintomas de desateno E seis sintomas de hiperatividade/impusividade.Portanto, quando uma pessoa preencher os critrios de desaten

    o do DSM-IV, mesmo que seja tranqila e no tenha os sintomas deperatividade, no correto dizer que tem distrbio de dcit de aten(DDA) ou transtorno de dcit de ateno (TDA). O correto armatem TDAH, sub-tipo predominantemente desatento.

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    De acordo com o DSM-IV e a CID-10, os critrios diagnstos mesmos, independente da idade ou do sexo da pessoa. Quan

    sintomas continuam presentes at a idade adulta, o que mais freqdo que se imaginava anteriormente, eles geralmente se modicalongo do tempo.

    Por exemplo, durante a adolescncia, aumenta o risco doscientes se envolverem em atividades de alto risco, tais como dirialta velocidade ou de forma imprudente. Quando no tratados,adolescentes tm risco aumentado para abuso e dependncia qu(de lcool e drogas), alm da diculdade para atingir os objetivosprir os compromissos.

    Adultos com TDAH, caso notenham sido tratados, relatam umasensao interna de inquietao, e di-culdade para organizar as atividadesdirias e lembrar dos compromissosno prazo adequado.

    Qual o papel do professor no processo diagnstico e no trata-mento do TDAH?

    Depois de toda essa introduo, voc deve estar se perguntao que os professores tm a ver com o processo diagnstico e ctratamento de TDAH?

    A reposta : os professores tm TUDO a ver com esse proOs professores tm uma condio privilegiada de observao do ctamento das crianas sob os seus cuidados, pois as observam emgrande variedade de situaes, tais como em atividades individuagidas, em atividades de trabalho grupal, em atividades de lazer,duinterao com outros adultos e com crianas de diversas idades. dos professores terem experincia com um grande nmero de cri

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    Para auxiliar nesse processo, algumas aes do professorextremamente importantes:

    - Prestar especial ateno e descrever as atividades e comportatos do aprendiz, sem preocupao com nomes tcnicos. Dar exeprticos sobre os comportamentos da criana tanto para os pais to para os prossionais de sade;

    - Ter interesse em estudar o TDAH. O conhecimento sobre as patas necessidades pedaggicas e o manejo comportamental decrianas fundamental para a identicao precoce dos sintomencaminhamento para avaliao mdica.

    Que caractersticas da criana devem ser observadas pelo fessor e relatadas durante o processo diagnstico?- Como a criana se relaciona com adultos? Ela receptiva ao c

    com o adulto? afetuosa? Compreende a hierarquia? Obedecegras? Procura ajuda quando necessita?

    - Como a criana se relaciona com outras crianas? Consegue bem grupo? Consegue seguir as regras das brincadeiras? Tem amOs colegas gostam dela? Briga facilmente?

    - Como reage quando contrariada pelo professor ou por outras crianas?- A criana naliza o trabalho individual em sala de aula?- A criana consegue nalizar o trabalho de sala dentro do prazo

    lado? Consegue nalizar quando lhe dado tempo extra?- O trabalho realizado em sala preciso? O nvel de acerto sem

    ao dos colegas de sala?- Como a nalizao e preciso dos trabalhos realizados em ca- Como so as habilidades de organizao da criana em rela

    seu material, suas anotaes e registros de tarefas e das aulas,trabalhos entregues e do ambiente de trabalho?

    - Quais situaes parecem piorar o desempenho da criana? Quarecem melhor-lo?

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    tantes para o funcionamento das pessoas. Entre eles podemos elaborao do raciocnio abstrato; alternncia de tarefas; planejam

    organizao das atividades; elaborao de objetivos; gerao de hses; uncia e memria operacional;resoluo de problemas; forde conceitos; inibio de comportamentos; auto-monitoramento; va; auto-controle;exibilidade mental; controle da ateno; manude esforo sustentado; antecipao; regulao de comportamencriatividade. A seguir, encontra-se uma tabela com alguns sub-domnios das Fque acontece quando os mesmos esto afetados (Tabela 2).

    Tabela 2 - Sub-domnios das funes executivas e os possveis dassociados

    Funo Executiva

    Controle da ateno

    Processamento deinformao

    Flexibilidadecognitiva

    Estabelecimentode objetivos

    Memriaoperacional

    Controle inibitrio

    Possveis dcits associados

    Impulsividade, falta de auto-controle, di culdades para com-pletar tarefas, cometimento de erros de procedimento que noconsegue corrigir, responder inapropriadamente ao ambienteRespostas lenti cadas (leva mais tempo para compreender oque pedido e para realizar tarefas), hesitao nas respostas,tempo de reao lento.

    Rigidez no raciocnio e nos procedimentos (faz as coisas sempreda mesma forma, repetindo erros cometidos anteriormente), di-

    culdade com mudanas de regras, de tarefas e de ambientes.

    Poucas habilidades de resoluo de problemas, planejamentoinadequado, desorganizao, di culdades para estabelecer eseguir estratgias e cientes, d cit no raciocnio abstrato.

    Di culdade tanto no processo de codi cao, armazenamento eevocao, di cultando o aprendizado de novas informaes e delembrar das aes a serem realizadas no dia-a-dia.

    Di culdade para inibir comportamentos inadequados e quepossam interferir na realizao das atividades.

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    As FE so processos fundamentais na aprendizagem, pois pemitem o processamento de informaes, a integrao das informa

    selecionadas, os processos mnmicos (estratgias de memorizao evocao da informao armazenada na memria), na programao drespostas motoras e comportamentais.

    Alm das possveis alteraes no funcionamento executivo, criana com TDAH tambm apresenta dcits associados a outras rdo desenvolvimento que aumentam ainda mais as diculdades na apredizagem e na escolarizao.

    H evidncias de que as crianas com TDAH podem apresentar di-culdades para entender o que lhes dito e para se expressarem. Quandoa criana no consegue compreender adequadamente os outros e o queesperam dela e/ou no consegue expressar de forma clara suas necessi-dades ou desejos, os relacionamentos sociais, a sua capacidade de con-trole dos comportamentos e a aprendizagem podem car afetados.

    Crianas com TDAH tambm apresentam maiores ndices de marticulao e de fala desorganizada, o que implica em diculdade porganizar o pensamento e as respostas, especialmente as respostascomplexas de compreenso de leitura.

    Estudos demonstram, tambm, maiores ndices de diculdadena coordenao motora renada, que afetam principalmente a escritanto no aspecto do tempo que levam para escrever, quanto na qualidada letra.

    importante ressaltar que pessoas diferentes podem ter compro

    metimentos de funes diferentes, e com intensidades diferentes, o qmuitas vezes diculta a avaliao, o diagnstico e o tratamento.

    O que causa o TDAH? De onde vem essa doena?

    O TDAH um transtorno multifatorial, com total interao efatores genticos, ambientais e neuroqumicos, determinando o conju

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    de caractersticas que identicam uma pessoa. Em estudos genchamamos esse conjunto de caractersticas de fentipo. A Fig

    ilustra como todos esses fatores interagem entre si, deforma dine integrada.

    Figura 1 Diagrama sobre a interao de fatores etiolgicos

    Leckman e cols. 1997

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    Como o objetivoprincipal desse livreto

    fornecer informaessobre TDAH que possamauxiliar aos professorese demais prossionaisda rea de educao, nosero apresentados de-talhes sobre as interven-es psicoteraputicasou psicofarmacolgicas.

    Entretanto, importante ressaltar que desde 1937 os estimutes vm sendo utilizados no tratamento do TDAH. Dentre os estimdo sistema nervoso central, o metilfenidato o nico aprovado npara o TDAH. J foi demonstrado como sendo ecaz e seguro em 200 ensaios clnicos desenvolvidos com o mximo rigor metodoOs principais efeitos adversos do metilfenidato so: perda do airritabilidade, alterao do sono (insnia), dores de cabea, dordominais.

    Existem tambm outras opes farmacolgicas, nos casoque o paciente no responde bem ao metilfenidato. Por exempltidepressivos tricclicos, clonidina, bupropiona, atomoxetina emporm, sem indicao aprovada para TDAH no Brasil.

    No devemos nos esquecer que freqentemente as doenas

    quitricas no se apresentam sozinhas, h o que chamamos de cobidades, ou seja, possvel que a pessoa portadora de TDAHtambm outros diagnsticos, tais como transtorno de conduta;tranopositor desaante; transtornos de humor; e transtornos de aprengem. Acredita-se que at 70% das crianas com TDAH tambmsentem pelo menos um dos transtornos de aprendizagem, sendoo transtorno mais comumente observado o de expresso escrit

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    guidos pelos transtornos de leitura e, nalmente, pelos transtornos matemtica.

    Na hora de se escolher o melhor tratamento devemos semprobservar a presena ou no de comorbidades para se fazer um projede tratamento mais efetivo.

    Como o professor pode ajudar no tratamento do TDAH? Qual opapel da escola e do professor no acompanhamento da crianacom TDAH?

    comum os professores perguntarem: se o TDAH uma doea, porque o professor teria responsabilidade sobre o tratamento? Cocontribuir para a melhora da criana?

    Como descrito, o TDAH no um transtorno que afeta apenacomportamento da criana. Na medida em que afeta tambm a capacdade para a aprendizagem, a escola precisa assumir o importante papde organizar os processos de ensino de forma a favorecer ao mximo

    aprendizagem. Para tal, necessrio que direo, coordenaes, equitcnica e professores se unam para planejar e implementar as tcncas e estratgias de ensino que melhor atendam s necessidades dos

    alunos que se encontram sobsua responsabilidade. O maisimportante o professor co-nhecer o TDAH e reconhecer

    que essas crianas necessi-tam de ajuda. Alm disso, uti-lizar estratgias que possamajud-las no aprendizadotambm fundamental parao tratamento dos portadoresde TDAH.

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    A seguir apresentamos algumas estratgias para o manejcrianas com TDAH no dia-a-dia da escola. Essas estratgias

    parte de um programa de treinamento de manejo comportamentaprofessores e outros prossionais da rea de educao, desenvopela Equipe do Projeto Incluso Sustentvel (PROIS).

    Recebendo e acolhendo o aluno

    Identi que quais os talentos que seu aluno possui. Estimule,aprove,encoraje e ajude no desenvolvimento deste.

    Elogie sempre que possvel e minimize ao mximo evidenciar os fra-cassos.

    O prejuzo auto-estima freqentemente o aspecto mais devastadorpara o TDAH.

    O prazer est diretamente relacionado capacidade de aprender. Sejacriativo e afetivo buscando estratgias que estimulem o interesaluno para que este encontre prazer na sala de aula.

    Solicite ajuda sempre que necessrio. Lembre-se que o aluno comTDAH conta com prossionais especializados neste transtorno Evite o estigma conversando com seus alunos sobre as necessidades

    especcas de cada um, com transtorno ou no.

    Organizando o espao Monitorando o Processo

    A rotina e organizao so elementos fundamentais para o desenvol-vimento do alunos, principalmente para os portadores de TDAHganizao externa ir reetir diretamente em uma maior organinterna. Assim, alertas e lembretes sero de extrema valia.

    Quanto mais prximo de voc e mais distante de estmulos distrato-res, maior benefcio ele poder alcanar.

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    Estabelea combina-dos. Estes precisam

    ser claros e diretos.Lembre-se que ele setornar mais seguro sesouber o que se esperadele.

    Deixe claras as regrase os limites inclusiveprevendo conseqn-cias ao descumprimento destes. Seja seguro e rme na aplicao dapunies quando necessrias, optando por uma modalidade educatva, por exemplo, em situaes de briga no parque, afaste-o do conporm mantenha-o no ambiente para que ele possa observar comseus pares interagem.

    Avalie diariamente com seu aluno o seu comportamento e desempe-nho estimulando a auto-avaliao.

    Informe freqentemente os progressos alcanados por seualuno,buscando estimular avanos ainda maiores.

    D nfase a tudo o que permitido e valorize cada ao dessa natu-reza.

    Ajude seu aluno a descobrir por si prprio as estratgias mais funcio-nais.

    Estimule que seu aluno pea ajuda e d auxlios apenas quando ne-

    cessrio.

    Procedimentos facilitadores

    Estabelea contato visual sempre que possvel, isto possibilitar umamaior sustentao da ateno.

    Proponha uma programao diria e tente cumpri-la. Se possvel,

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    Transtorno de Dcit de Ateno e Hiperatividade (TDAH)

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    alm de falar coloque-a no quadro. Em caso de mudanas ou es que fogem a rotina, comunique o mais previamente possv

    A repetio um forte aliado na busca pelo melhor desempenho doaluno. Estimule o desenvolvimento de tcnicas que auxiliem a memorizao.

    Use listas, rimas, msicas, etc. Determine intervalos entre as tarefas como forma de recompensa pelo

    esforo feito. Esta medida poder aumentar o tempo da atenocentrada e reduo da impulsividade.

    Combine sadas de sala estratgicas e assegure o retorno. Para tanto,conte com o pessoal de apoio da escola.

    Monitore o grau de estimulao proporcionado por cada atividade.Lembre-se que muitas vezes o aluno com TDAH pode alcangrau de excitabilidade maior do que o previsto por voc, criandaes de difcil controle.

    Adote um sistema de pontuao. Incentivos e recompensas, emgeral,alcanam bons resultados.

    Integrando ao grupo

    A integrao ao grupo ser umfator de crescimento. Estejaatento ao grau de aceitao daturma em relao a este aluno.

    Identi que possveis parceirosde trabalho. Grandes conquistaspodem ser obtidas atravs docontato com os pares.

    Sua capacidade de liderana, improviso e criatividade so ferramen-tas que podem auxiliar no nivelamento da ateno do grupo especial do aluno com TDAH. Use o humor sempre que possv

    Ilusrao

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