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Fórum Permanente da Unicamp, Campinas, SP, 14 de agosto de 2013. A Economia Verde e a mudança da lógica de produção capitalista. Enrique Ortega FEA, Unicamp, Campinas, SP 1 O desafio pedagógico de reunir sinergicamente: Tecnologias Sociais, Economia Verde, Agroecologia e Agricultura Familiar e Cooperativa

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A Economia Verde e a mudança da lógica de produção capitalista. Fórum Permanente da Unicamp , Campinas, SP, 14 de agosto de 2013. O desafio pedagógico de reunir sinergicamente: Tecnologias Sociais, Economia Verde, Agroecologia e Agricultura Familiar e Cooperativa. - PowerPoint PPT Presentation

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Fórum Permanente da Unicamp, Campinas, SP, 14 de agosto de 2013.

A Economia Verde e a mudança da lógica de produção capitalista.

Enrique OrtegaFEA, Unicamp, Campinas, SP

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O desafio pedagógico de reunir sinergicamente: Tecnologias Sociais, Economia Verde, Agroecologia

e Agricultura Familiar e Cooperativa

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Conteúdo da apresentação1. A possibilidade de sinergia entre campos

de conhecimento que são interessantes2. Proposta de 8 temas prioritários para

pesquisa, ensino, extensão e gestão3. Análise de um desses temas:

a perda da resiliência planetária4. As duas filosofias da ciência e a

epistemologia da descolonização5. O dialogo intercultural e a homeostase6. Uma questão final

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Integração de campos de conhecimentocom potencial de interação

• Tecnologias Sociais• Economia Verde• Agroecologia• Agricultura Familiar e

Cooperativa• Outras áreas afins

Para que?

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Considerando que haja uma boa razão• Falta saber o que coisa é cada um desses

campos de conhecimento.

• Precisamos averiguar os objetivos, os métodos, os potenciais e as limitações de cada um, para identificar as áreas possíveis de interação.

• E, finalmente, achar os meios adequados de fomentar novas formas de organização e estruturação do trabalho em comum.

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O que são as outras áreas de trabalho?• Tecnologia Social? A tarefa da ITCP? Os

objetivos da universidade e dos movimentos sociais são diferentes: a extensão é difícil.

• A Economia Verde proposta pelo Capitalismo é uma forma de iludir as pessoas! Porque não uma Economia Biofísica e Solidária?

• Quais as formas de estudar a Agroecologia? Apenas a visão da parcela?

• Porque estudar a Agricultura Familiar e Cooperativa? Cabe incluir o adjetivo Ecológica!

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Potencial e limitações• Se fossem esclarecidas devidamente as

diferencias conceituais e as afinidades existentes poderiam descobrir-se tanto as áreas de interação positiva quanto as áreas de conflito.

• Poder-se-ia então trabalhar no espaço das interações positivas e entender as restrições para encontrar os caminhos de sua superação.

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Organização dos trabalhos em comum e um dialogo sobre estruturas possíveis

EV AE

AFCTSFilosofia do Capitalismo

Filosofia da Transmodernidade

EE

Ext. Univ.

AE+ES

SIPAES

Epistemologia descolonizadora e auto-organização

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Dialogo intercultural

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Trabalhar por objetivos consensuais

Quais os principais desafios da civilização atual?1. Perda da resiliência do planeta2. Crise financeira e crise cultural3. Crise da energia (não renovável e renovável) 4. Contaminação de tudo5. Perda de informação importante6. Concentração da renda e da propriedade7. Ameaças contínuas de agressão imperial8. A perda crescente da sustentabilidade

nas estruturas de produção e consumo. 8

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A perda da resiliência dos ecossistemas e da biosfera, coloca em risco o futuro de todas as espécies, incluindo a nossa.

Um problema grave e urgente!

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A universidade tem condições de assumir esse desafio? Precisaria se reestruturar! Mudar seu projeto político-pedagógico.

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Uma historia de mudançasA civilização, desde seu início, ha modificado a cobertura vegetal do solo e a composição da atmosfera do planeta.

A relação dos grupos humanos com a natureza varia entre a convivência ecológica até sistemas onde ocorre uma degradação predatória dos recursos naturais com perdas irreparáveis.

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Os dominadores e os dominadosHoje, em vez de economias regionais autosuficientes e sustentáveis, sofremos com a “modernidade capitalista”:

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O projeto mundial de dominação surgiu na Espanha em 1492 para expulsar aos arabes e aos judeus da penísula ibérica e, depois, se aplicou na conquista da América. Conquista seguida de enorme espoliação e de um mercantilismo injusto.

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Mercantilismo-> capitalismo industrial

O capitalismo surgiu no século XVIII devido a: o acúmulo de capital obtido no saqueio da América (ouro, prata), pelo aumento da demanda de manufaturas nas colonias, ao trafego de escravos, a desapropriação das áreas comunais e o êxodo rural, pela adoção das tecnologias da China (aço, navegação, etc.) e pelo uso da máquina a vapor na extração de carvão nas minas.

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A filosofia da dominação

O modelo eurocêntrico adotou a "ética de negar os outros”. Esse raciocínio lhe permitiu destruir, sem piedade, o meio ambiente e as culturas humanas.

O Capitalismo invadiu e continua a invadir, a periferia do sistema mundo em busca de recursos, se apropria deles e transfere a riqueza ao centro do sistema para acumular, ...... sem distribuir.

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Luta de classes e distribuição As lutas sociais que ocorreram nos países centrais, no século XIX, permitiram que uma parte da riqueza extraída da periferia do sistema-mundo chegasse as mãos dos operários europeus e norte-americanos.

Isso permitiu uma certa estabilidade social nesses países, mas esse fenomeno não ocorreu na periferia do sistema-mundo, pelo menos com tanta força.

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Descentralização globalizante

Recentemente, as grandes empresas, visando reduzir seus custos para aumentar seus lucros, transferiram parte de suas indústrias para a periferia, onde há mão de obra barata e poucas leis regulatórias.

Essa globalização foi possível devido ao preço do petróleo, que possibilita o transporte barato e a falta de visão e resistência das organizações sociais.

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A globalização e a quebra dos bancos

As empresas lucraram muito com a globalização, mas o congelamento dos salários dos operários nos países centrais reestabeleceu a crise social.As pessoas com salário baixo não conseguem poupar e são incentivadas a consumir usando crédito. Se não conseguem pagar .... os bancos quebram. O governo salva aos bancos, que retiram do povo os bens que comprou. 16

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Os impactos sobre o meio

O Capitalismo tem um único objetivo: o lucro dos capitalistas. Eles tem que criar um capital inicial, de qualquer forma, e se expandir para acabar com a concorrência.

Esse sistema concentra a riqueza em poucos e finge que ignora o impacto que gera sobre o meio ambiente e a sociedade. Essa forma de funcionamento provoca muitas crises, entre elas, a crise climática.

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Da homeostase de volta ao caosHoje se começa-se a ter consciência de que a biosfera sequestrou o carbono da atmosfera para criar um clima mais favorável a vida e a biodiversidade.

Um novo equilíbrio (“homeostase”) foi conseguido graças a biodiversidade, cuja ação aumenta os fluxos renováveis de energia, materiais e informação dos ecossistemas. 18

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O impacto da volatilização do carbono

Os estoques de carbono (entre eles, as energias fósseis) foram formados em processos biogeoquímicos que levaram eras!

Esse carbono está sendo colocado de volta a atmosfera em um processo excessivamente rápido, que destroi as teias alimentares dos ecossistemas, e isso afeta a espécie humana.

→ O capitalismo destroi a base de sustentação da vida! 19

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Novas abordagens científicas:

A análise dos fenômenos gerados pela globalização exige uma abordagem científica que combine, simultaneamente:

Cada campo de conhecimento teria que adotar esse enfoque para entender o mundo real (os sistemas sustentáveis e resilientes e os sistemas destruidores) para poder interagir sinergicamente .

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a análise sistêmica e pensamento crítico.

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Uma questão importante: o que está atrás da ciência da modernidade capitalista?

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Negar o outro e, também, negar a natureza!

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Negação do valor da naturezaA teoria marxista coloca que a formação da mais-valia decorre da negação do valor do trabalho humano, ... um fato reconhecido.

Por outro lado, a Termodinâmica e a Ecologia dos Sistemas Complexos colocam que os ecossistemas realizam trabalho, o que é negado tanto pela Economia Capitalista quanto pela Crítica Marxista, ainda que fragmentos dessas teorias reconheçam sua existência. 22

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Metabolismo Campo-CidadePara avaliar o metabolismo campo-cidade, sugerido por Marx, é necessário apreender a avaliar os trabalhos da natureza. Isso exige o estudo do funcionamento da biosfera e dos ecossistemas, que incluem os subsistemas onde a espécie humana imprime sua marca. Descobriríamos então, a dinâmica pulsante dos ecossistemas e sua capacidade de suporte renovável.

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O trabalho da naturezaNa natureza, os processos de transformação formam acúmulos temporários (estoques).

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Esses estoques interagem com outros estoques para formar estruturas e novos processos ... visando o maior aproveitamento das energias incidentes e dos estoques internos, em ciclos de produção, consumo e devolução dos materiais utilizados.

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O acúmulo na natureza

A diferença dos grupos humanos que prosperaram no capitalismo, ... as espécies na natureza não acumulam estoques para si.

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Diagrama do metabolismo humano

Água

Ar e Sol

ComidaEstoques biológicos

incluindo estruturas e organização

Analise de nutrientes, síntese de substancias e uso de reservas do

corpo humano

Ana-

bolismo

Cata-

bolismo

Energia degradada

Excreções:resíduos, emissões, efluentes

Atividades normais

1700 kcal

790 kcal

2500 kcal

10 kcal?

Estrutura e organização

social

Convívio Social: produção, educação, atividades em grupo, transformação do sistema, reprodução.

com valores vitais: liberdade, segurança, confiança, reflexão, criatividade

Moradia

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De tempo em tempo, ocorre uma mudança na estrutura do sistema (=> nova informação valiosa) que viabiliza outros arranjos de produção, consumo e devolução.

Mudanças estruturais

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O trabalho dos ecossistemas evoluiu, tanto em forma contínua quanto em saltos, que são vinculados a formação de estruturas de informação.

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FotossínteseNa base dos processos de transformação de energia e materiais que ocorrem nos ecossistemas, encontram-se as plantas - unicelulares e multicelulares- que fixam a energia solar (“ordem biológica”).

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Convertem energia difusa em biomassa. Geram carboidratos e outros compostos úteis para os animais que realizam o consumo dessa ordem (“neguentropia”).

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Todos dependemos da fotossíntese

A flora sustenta a fauna e ambas atuam nos fluxos biogeoquímicos que circulam na biosfera (“o sangue da Terra”).

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Fluxos

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Cadeias tróficas

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As cadeias tróficas que se desenvolvem em cada região, são formadas por redes de seres vivos que possuem estruturas hierárquicas (“funcionais”) as quais são compostas por produtores, consumidores e decompositores, que não fazem grandes acúmulos em cada estrato.

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A sobrevivência da espécieA visão eurocêntrica vigente nega o valor dos trabalhos da natureza, dos fluxos e estoques indispensáveis para a vida....isso lhe permite tratá-la como uma coisa e avançar sobre ela e destrui-la.

A biodiversidade, que possibilitou a civilização humana, está comprometida!

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Funções Ecossistêmicas

Todas as espécies realizam trabalho:(a) Produção de biomassa e oxigênio;(b)Fixação de nitrogênio;(c) Solubilização de minerais;(d)Produção de substâncias com ação biológica; (e) Formação e retenção do solo;(f) Infiltração de água; (g) Captura e transformação de CO2 e CH4 ; (h)Polinização e autorregulação do ecossistema;(i) Produção de recursos para outras espécies

e para outros sistemas, etc. 33

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O desafio das Mudanças Climáticas precisa de uma ciência e uma sociedade diferente.

É necessário uma síntese que integre o pensamento crítico e o conhecimento ecossistêmico: ciências solidárias e ecológicas! A Política Ecológica e a Economia Ecológica. O paradigma deixaria de ser o crescimento, e passaria a ser o decrescimento junto com a recuperação ecológica.

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O uso de recursos não-renováveis gera um pico de crescimento, depois o sistema retorna ao equilíbrio capacidade de carga natural.

Homeostasis.

Crescimento

Climax

Decrescimento

Outro projeto político-pedagógico.

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N = recursos não renováveis:energia fóssil, minerais,florestas nativas,biodiversidade,corpos de água congelada

Q = ativos da sociedade:infraestrutura, população,

produção industrial, informação

Visão antropocêntrica

Luta de classes e hegemonia do capital (capitalismo)

Inovação apenas para o lucroCrescimento da população

Uso de energia fóssil e minerais

Imposição ideológica e militar

Esgotamento de recursos de todo tipo

Ajustes iniciais dentro do capitalismo

Eco-socialismo (temporariamente)Ruralização ecológica (comunidades regionais)

Visão biocêntrica

Crise financeira

Crise social e Empoderamento massivo

Crescimento

Clímax Percepção das mudanças climáticas

Decrescimento

Homeostase(equilíbrio dinâmico)

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E agora?• Geralmente, as ideias que são expostas

nos fóruns morrem por falta de cuidados posteriores. Pois não há jardineiros que as aguem, adubem, podem, tratem, transplantem.

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• Continuaremos a fazer o mesmo?• Como vai se conseguir a sinergia proposta?• Qual a auto-organização possível?• O que é um projeto político-pedagógico?