FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Angela Maria Ortolan Bonemberger O CAPITAL INTELECTUAL NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS Passo Fundo 2015

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Angela Maria Ortolan Bonemberger

O CAPITAL INTELECTUAL NAS

ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS

Passo Fundo

2015

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Angela Maria Ortolan Bonemberger

O CAPITAL INTELECTUAL NAS

ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Escola de

Administração da Faculdade Meridional –

IMED, como requisito parcial para a obtenção

do grau de Mestre em Administração, sob a

orientação do Professor Doutor Vitor Francisco

Dalla Corte.

Passo Fundo

2015

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CIP – Catalogação na Publicação

B712c Bonemberger, Angela Maria Ortolan

O capital intelectual nas organizações públicas / Angela Maria Ortolan

Bonemberger. – 2015.

101 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade Meridional – IMED,

Passo Fundo, 2015.

Orientador: Professor Doutor. Vitor Francisco Dalla Corte.

1. Capital intelectual. 2. Gestão pública – Desempenho. 3. Administração

pública – Organização. I. Dalla Corte, Vitor Francisco, orientador. II. Título.

CDU: 658.011.8

Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857

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Ao meu amado filho Thomaz, razão do meu viver,

e ao meu esposo Gilmar.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente ao meu esposo Gilmar e meu amado filho Thomaz. Um, foi

fonte de apoio, de sustento, de motivação, de parceria... um verdadeiro porto seguro! O outro,

fonte de luz, de energia positiva, de amor sem limite... um verdadeiro anjo! Obrigada, meus

amores, pela compreensão, pela dedicação, por terem vivido comigo, diariamente, a construção

deste sonho. Amo vocês!

Agradeço a meus pais Severino e Anair, primeiramente pela vida e, depois, pelos

exemplos de valor, de pessoas do bem, de amor.... A vocês, minha gratidão eterna! Agradeço

também ao meu irmão Marcos e ao meu sobrinho Gustavo, pessoas mais que especiais!

Agradeço aos meus amigos e amigas pelo apoio, pela palavra motivadora e pela

compreensão da minha ausência.

Agradeço especialmente, ao meu orientador, Dr. Vitor Francisco Dalla Corte, em

primeiro lugar pela ideia de pesquisa, em segundo pela serenidade, pela tranquilidade, pela

sabedoria e pela presteza com que sempre conduziu as orientações e por todos os momentos de

dúvidas e de incertezas. Um verdadeiro mestre!

Agradeço ao meu grande amigo e professor Me. Adriano José da Silva, cujas palavras

de incentivo para ingressar no mestrado, além de motivadoras, foram determinantes.

Agradeço ao Professor e Coordenador do Metrado, Dr. Kenny Basso, por estar sempre

pronto a colaborar e a partilhar seu conhecimento. És um exemplo!

Aos demais professores e funcionários do Programa de Mestrado, que fizeram diferença

no contributo do conhecimento e do crescimento pessoal, muito obrigada!

Agradeço aos amigos que colaboram na aplicação da pesquisa: Leoni, Edgar, Patrícia e

Vanderly. A todos aqueles que contribuíram com palavras motivadoras, com energias e

pensamentos positivos. Muito Obrigada!

Agradeço a todos os colegas de mestrado pela convivência e pela amizade. Foi um

prazer tê-los conhecido. Em especial, agradeço à colega Andressa Centenaro, parceira de

viagem, de seminários, de produção científica, de aprendizado nas madrugadas frias via web.

Uma grande colega, uma amiga!

Por fim, o meu agradecimento mais especial, com a mais veemente força do amor,

agradeço a Deus! Ser Divino, a quem não posso ver, nem tocar, mas cuja presença posso sentir

constantemente, a meu lado e ao lado da minha família! Obrigada por tudo, obrigada por nos

amar e cuidar INCONDICIONALMENTE!

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,

Mas lutei para que o melhor fosse feito.

Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus,

Não sou o que era antes”.

(Marthin Luther King)

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RESUMO

Em um contexto marcado por sucessivas crises de gestão estratégica, este estudo busca

identificar como se compõe o Capital Intelectual (CI) das organizações públicas e analisar qual

a sua relação com os indicadores de desempenho da gestão. Para tanto, delineou-se uma

pesquisa quantitativa, descritiva, de corte transversal e realizada por meio de um questionário

estruturado. Participam da amostra servidores públicos (efetivos e técnicos), lotados em órgãos

públicos municipais da Região Norte do Estado do Rio Grande do Sul (RS). As respostas

coletadas foram avaliadas de acordo com os fundamentos da estatística descritiva, da análise

fatorial e da regressão linear múltipla. Os resultados encontrados apontam como variáveis

críticas do CI, aquelas voltadas ao Capital Humano (CH). Quanto à composição do CI nas

organizações públicas, em primeiro lugar identifica-se o Capital Relacional (CR),

demonstrando que a ênfase das administrações públicas está nas relações interorganizacionais;

em segundo lugar, identifica-se o Capital Estrutural (CE), voltado aos sistemas de informação;

e, por último, o Capital Humano (CH), apresentando servidores técnicos qualificados. Em

relação aos indicadores de gestão adotados para o estudo, avaliou-se o Índice de Gestão

Socioeconômico (IDESE), demonstrando que os municípios pesquisados possuem um

desenvolvimento socioeconômico médio; e, o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF),

demonstrando que a maioria dos municípios da amostra possuem boa gestão fiscal. E, ao se

analisar a relação de influência do CI com estes índices, observa-se resultado significativo

somente para com o índice de gestão fiscal (IFGF). Por fim, destaca-se que o estudo contribui

para que a comunidade científica, os gestores e a sociedade compreendam a estrutura do CI nas

organizações públicas e, diante disso, possam explorar e otimizar de forma estratégica os

recursos organizacionais necessários para colaborar com o desempenho da gestão pública.

Palavras-chave: Capital Intelectual. Desempenho da Gestão Pública. Recursos Estratégicos.

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ABSTRACT

In a context marked by successive crises of strategic management, this study seeks to identify

how to make up the Intellectual Capital (IC) of public organizations and analyzing what is its

relationship with the management performance indicators. For this purpose, a quantitative study

was delineated, descriptive, cross-sectional and carried out through a structured questionnaire.

Participate in the sample public servants (effectives and technicians), from municipal organs of

the north of Rio Grande do Sul State (RS). The collected responses were evaluated according

to the fundamentals of descriptive statistics, factor analysis and multiple linear regression. The

results found point as IC’s critical variables, those related to Human Capital (HC). Regarding

the IC’s composition in public organizations, in first place identifies the Relational Capital

(RC), demonstrating that the emphasis of government is on the interorganizational; secondly,

it identifies the Structural Capital (SC), oriented to information systems; and, lastly, the Human

Capital (HC) having qualified servers. Regarding the management indicators adopted for the

study, we assessed the Socioeconomic Management Index, demonstrating that the

municipalities surveyed have an average socioeconomic development; and the Fiscal

Management FIRJAN Index (IFGF), demonstrating that most of sample’s municipalities have

good fiscal management. And, when analyzing the relationship of influence with these indexes,

we see significant results only with the fiscal management index (IFGF). Finally, it is

emphasized that the study adds to the scientific community, managers and the society

understand the IC structure in public organizations and, before that, can explore and optimize

strategically organizational resources to work with the Public Management Performance.

Keywords: Intellectual Capital. Public Management Performance. Strategic Resources.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Variáveis que compõem o cálculo do Idese ............................................................ 47

Figura 2 – Variáveis e peso das variáveis que compõem o cálculo do IFGF ........................... 48

Figura 3 – Dimensões e variáveis do capital intelectual .......................................................... 52

Figura 4 – Frequência do Idese entre os municípios ................................................................ 59

Figura 5 – Frequência do IFGF entre os municípios ................................................................ 60

Figura 6 – Disposição setorial dos servidores públicos pesquisados ....................................... 64

Figura 7 – Escolaridade dos servidores públicos municipais ................................................... 65

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – As dimensões e as variáveis do Capital Intelectual classificadas por autor .......... 29

Quadro 2 – As características distintivas do CI no setor público ............................................. 38

Quadro 3 – Critérios que diferenciam as estratégias econômicas entre setor público e privado

........................................................................................................................................... 39

Quadro 4 – Os paradigmas da gestão pública .......................................................................... 41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Prefeituras Municipais/Municípios pesquisados de acordo com a faixa

populacional ...................................................................................................................... 51

Tabela 2 – Porte populacional dos municípios pesquisados e número de respondentes .......... 59

Tabela 3 – Variáveis do CI: análise das médias e desvio padrão ............................................. 61

Tabela 4 – Média do tempo de serviço e idade dos servidores municipais .............................. 63

Tabela 5 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis brutas da pesquisa .......... 67

Tabela 6 – Resultado das comunalidade associadas as variáveis relacionadas ao CI .............. 67

Tabela 7 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis do CI das organizações

públicas ............................................................................................................................. 68

Tabela 8 – As dimensões do CI: fatores, variáveis, cargas fatoriais, comunalidade e Alfa de

Cronbach ........................................................................................................................... 69

Tabela 9 – Fatores identificados e explicação da pesquisa ...................................................... 70

Tabela 10 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CR das organizações

públicas ............................................................................................................................. 71

Tabela 11– Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CE nas organizações

públicas ............................................................................................................................. 72

Tabela 12 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CH das organizações

públicas ............................................................................................................................. 74

Tabela 13 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o IDESE ....................................... 76

Tabela 14 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o IFGF .......................................... 77

Tabela 15 – Regressão linear múltipla ..................................................................................... 77

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LISTA DE SIGLAS

CE Capital Estrutural

CH Capital Humano

CI Capital Intelectual

CR Capital Relacional

FEE Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

hab. habitantes

IBGE Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

IDESE Índice de Gestão Socioeconômico

IFGF Índice Firjan de Gestão Fiscal

km quilômetros

KMO testes Kaiser-Meyer-Olkin

STN Secretaria do Tesouro Nacional

VIF Fator de Inflação da Variância

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 15

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA DE PESQUISA ............................... 18

1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 19

1.3.1 Objetivos Específicos ................................................................................................. 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 21 2.1 CAPITAL INTELECTUAL ............................................................................................. 21

2.1.1 Definições do Capital Intelectual ................................................................................ 25

2.1.2 Dimensões do Capital Intelectual ............................................................................... 28

2.2 ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: AS GESTÕES E O CAPITAL INTELECTUAL ....... 35

2.2.1 Desempenho da Gestão Pública .................................................................................. 43

2.2.2 Indicadores de Desempenho da Gestão Pública Brasileira ......................................... 45

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .................................................................................... 50 3.1 DELINEAENTO DA PESQUISA ................................................................................... 50

3.2 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ............................... 50

3.2.1 População e Amostra .................................................................................................. 51

3.2.2 Instrumento de Coleta de Dados ................................................................................. 52

3.2.3 Coleta de Dados .......................................................................................................... 52

3.3 TÉCNICAS PARA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................... 54

3.3.1 Análise Fatorial ........................................................................................................... 55

3.3.2 Regressão Linear Múltipla .......................................................................................... 56

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................ 58 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................................... 58

4.2 ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................................................ 61

4.3 AS DIMENSÕES DO CAPITAL INTELECTUAL ........................................................ 66

4.3.1 O Capital Relacional ................................................................................................... 70

4.3.2 O Capital Estrutural .................................................................................................... 72

4.3.3 O Capital Humano ...................................................................................................... 74

4.4 A RELAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL E OS INDICADORES DE

DESEMPENHO ..................................................................................................................... 76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 80

5.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS ..................................................................................... 82

5.2 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS ..................................................................................... 83

5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......... 84

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 86

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 98

APÊNDICE B ........................................................................................................................ 100

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1 INTRODUÇÃO

O capital intelectual (CI), associado ao conhecimento e relacionado diretamente aos

elementos intangíveis das organizações, interliga-se às atividades e às práticas de gestão e pode

contribuir para que as organizações se adaptem com maior rapidez, eficiência e eficácia aos

segmentos em que atuam (CRAWFORD, 1994; BROOKING, 1996; STEWART, 1998 e 2001;

PABLOS, 2004; LEV, 2001, 2003 e 2004).

Além do mais, o capital intelectual pode ser considerado como um elemento essencial

para criar valor e otimizar resultados nas organizações (BUENO, 1998; SAFÓN, 2000;

MOUSTAGHFIR; SCHIUMA, 2013), destacando-se como um criador de riqueza econômica

entre as nações (LEV, 2001; CAÑIBANO; SÁNCHEZ, 2004; MARTÍN-DE-CASTRO et al.,

2011).

O aumento da importância atribuída ao capital intelectual está diretamente associado à

emergência da economia do conhecimento (PETTY; GUTHRIE, 2000) e ao reconhecimento,

por parte das comunidades científica, empresarial e política, do impacto que esse intangível

pode provocar no desempenho das pessoas, das empresas e dos países (RODRIGUES et al.,

2009).

Nas organizações, o CI apresenta-se como um importante recurso para superar as

expectativas dos cidadãos, dos clientes, dos fornecedores e da sociedade em geral, podendo

ainda, colaborar para garantir a sua sobrevivência e sua longevidade (BONTIS, 1998;

SHARABATI; JAWAD; BONTIS, 2010). Contudo, apesar dessas contribuições, o

reconhecimento de sua importância, possivelmente, em pleno século XXI, ainda seja um dos

maiores desafios a serem enfrentados pelas organizações, especialmente para as organizações

públicas e sem fins lucrativos (BUKH, 2003; HOLLAND, 2008; GUTHRIE; RICCERI;

DUMAY, 2012).

De acordo com Cuganesan, Dunford e Palmer (2012), as organizações públicas são

expressivas no ramo de prestação de serviços e, por esse motivo, altamente dependentes do

conhecimento e da capacidade humana de seus colaboradores. Portanto, na concepção de

Guthrie e Dumay (2015), as organizações públicas fazem parte de um segmento econômico

que, por sua importância, merecem ser melhor exploradas com pesquisas científicas envolvendo

o CI.

Além do mais, de acordo com o entendimento de Guthrie e Dumay (2015), o capital

intelectual funciona como uma lente organizacional: internamente, ele é capaz de desenvolver

condições para que sejam prestados serviços públicos de melhor qualidade, enquanto que,

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externamente, o capital intelectual é capaz de gerenciar e de mensurar os recursos públicos

aplicados para atender às expectativas dos cidadãos. Então, também por esses motivos, segundo

Van Helden e Northcott (2010), é interessante que se desenvolvam estudos bem-sucedidos, com

diretrizes e implicações práticas acerca do capital intelectual das organizações públicas.

Contudo, a perspectiva de que as organizações públicas possam desenvolver gestões

capacitadas e qualificadas, segundo Zea Sarmiento (2011), requer a readequação de suas

funções e serviços. O sucesso de boas gestões e de bons serviços organizacionais pode estar

associado ao conhecimento dos seus recursos intangíveis. Mais do que isso, é necessário

compreender a estrutura do capital intelectual público para, então, desenvolver gestões mais

eficientes e eficazes.

Destarte, ao se pesquisar o arcabouço teórico sobre o tema capital intelectual nas

organizações públicas, verifica-se, junto a Guthrie, Ricceri e Dumay (2012), que as

investigações acerca do CI são encontradas com maior frequência tratando de temas como

departamentos de polícia (COLLIER, 2001); instituições hospitalares (HABERSAM; PIBER,

2003); clusters regionais (PÖYHÖNEN; SMEDLUND, 2004); departamentos governamentais

(DUMAY; GUTHRIE, 2007); organizações de investigação (LEITNER; WARDEN, 2007); e

universidades (CAÑIBANO; SÁNCHEZ, 2009). Não obstante, no tocante às organizações

públicas, especificamente as brasileiras, ainda há oportunidades de pesquisa para analisar o

capital intelectual das organizações públicas, como as prefeituras municipais.

Sendo assim, além de identificar o CI das organizações públicas é interessante que se

realizem estudos, analisando uma possível influência do CI no desempenho da gestão pública.

Nesse sentido, revela-se pertinente neste estudo, analisar o CI frente a dois dos principais

índices que mensuram o desempenho da gestão pública dos municípios: o Idese, um índice

socioeconômico, aplicado aos municípios do Estado do Rio Grande do Sul (RS), e calculado

pela Fundação de Economia e Estatística (FEE); e, o IFGF, um índice que mede a gestão fiscal

dos municípios brasileiros e é calculado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de

Janeiro (FIRJAM).

Portanto, visando a orientar o leitor, o estudo está organizado na seguinte estrutura:

introdução, contendo justificativa, delimitação de tema, problema de pesquisa e objetivos;

referencial teórico acerca do capital intelectual, sua origem, conceitos, importância para o setor

público e as dimensões que o constituem; a gestão pública e seus indicadores de desempenho;

o método desenvolvido para pesquisa; as análises e as discussões dos dados coletados pela

pesquisa; e por fim, as considerações e implicações sobre o capital intelectual e a gestão pública.

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1.1 JUSTIFICATIVA

O CI constitui-se na matéria intelectual das organizações. Aporta-se como um

diferencial para produzir riquezas, pois sua formação apresenta-se por meio do conhecimento,

da informação, da propriedade intelectual e das experiências que podem ser utilizadas para

maximizar os resultados organizacionais (STEWART, 1998).

Ao se observar as ações desenvolvidas pelas empresas prestadoras de serviços, tais

como os órgãos públicos, as assessorias e consultorias, as agências de propaganda e publicidade

e as empresas criadoras de software e soluções informatizadas é possível se perceber o quanto

são dependentes do intelecto de seus colaboradores. Isso porque é no conjunto intelectual que

se encontra um dos principais meios de competitividade e de continuidade organizacional

(MARR; SCHIUMA; NEELY, 2004a).

A exemplo dessas organizações prestadoras de serviços, Bukh (2003) e Holland (2008)

descrevem que todas as demais organizações que reconhecerem em sua estrutura os seus

recursos intangíveis como elementos fundamentais para geração de valor terão apostado em

gestão estratégica. E essa atitude, possivelmente, tornará o capital intelectual um elemento

essencial para diferenciar e para aumentar a produtividade organizacional.

Conhecedoras das suas necessidades e cientes dos seus recursos, empresas da iniciativa

privada, há muito tempo, vêm investindo e demonstrando interesse em reconhecer o capital

intelectual de suas organizações. Como exemplo podem ser citados o desenvolvimento do

Balanced ScoreCard (BSC), desenvolvido por Kaplan e Norton, em 1997, e o Navegador da

Skandia – Business Navegator, desenvolvido por Edvinsson e Malone, em 1998.

Contudo, o mesmo interesse demonstrado pelas organizações privadas se aplica com

menor ênfase às organizações públicas. Segundo Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca

(2005), as organizações públicas ainda fazem menos esforço em identificar, medir e gerir seu

capital intelectual, embora esteja este, às vezes, muito mais presente nas organizações públicas

do que nas privadas.

Esse fato talvez possa ser explicado nos argumentos de Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano

Cinca (2001), ao relatarem três condições do porque o estudo do capital intelectual nas

organizações públicas iniciou tardio em detrimento das empresas privadas. Segundo os autores,

o primeiro motivo refere-se ao fato de as organizações públicas não visarem a lucros; o segundo,

diz respeito à utilização mais intensa de ativos imateriais, o que dificulta sua mensuração e sua

contabilização; e o terceiro e último motivo refere-se ao fato de a organização pública prestar

serviços ao invés de comercializar produtos/serviços.

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Ainda, no que se refere ao gerenciamento e ao aproveitamento dos recursos intangíveis,

é significante a distância envolvendo o estudo do capital intelectual das organizações públicas

em relação às empresas privadas. A explicação para esse fato talvez esteja atrelada aos

diferentes objetivos dessas organizações, ou seja, enquanto a organização pública visa ao bem-

estar social, a empresa privada prioriza a rentabilidade, a lucratividade e o valor da empresa.

Esses últimos exigem conhecimento e, por consequência, melhor aproveitamento do seu capital

intelectual (SERRANO CINCA; MAR MOLINERO; BOSSI QUEIROZ, 2003).

Entretanto, embora a essência constituinte da organização pública recaia em prestar

serviços públicos à sociedade, essa condição não a exime de conhecer e de investir no seu

capital intelectual. Conforme fundamenta Dias (1998), no momento em que a organização

pública assume o papel de prestadora de serviços públicos, coloca em questão a imagem com

que é percebida pelo ambiente externo. Para o autor, o fato de as organizações públicas

representarem sistemas dinâmicos, complexos, interdependentes e inter-relacionados, não as

torna independentes dos fluxos e das informações humanas, das estruturas organizacionais e

das tecnologias empregadas, muito pelo contrário.

Este estudo científico tem a expectativa de que o capital intelectual possa contribuir para

a gestão pública. Para tanto, quer demonstrar sua relevância tanto no nível social e na esfera

científica. Em caráter social, este estudo revela-se importante, quando busca compreender, no

âmbito das organizações públicas, a composição do capital intelectual e a sua possível relação

com indicadores de gestão pública.

A partir dessa compreensão, poderiam ocorrer avanços em pesquisas científicas que

contribuíssem não só para melhorar a qualidade da gestão e do serviço público, mas também

melhorar a satisfação dos cidadãos como um todo, e assim, contribuir para o melhoramento da

imagem da organização pública perante a sociedade, estado e país.

Nesse sentido, Carbone (2000) salienta que as organizações públicas são entidades

marcadas pelo excesso de burocracia. Ainda, segundo o autor, as organizações públicas

caracterizam-se como sistemas centralizadores, reformistas e com ausência de

empreendedorismo, tendo, por consequência, administrações engessadas e desfocadas das

necessidades sociais e fiscais.

Evidências concernentes ao assunto encontram-se nos índices de gestão fiscal (IFGF),

em pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN),

no mês de junho de 2015, envolvendo 5.243 municípios brasileiros. Segundo a Firjan, em um

intervalo que vai de 0 a 1 ponto (quanto mais próximo a 1, melhor), o IFGF apresentou média

de 0,4545, piorando seus resultados de desempenho em 10,5% desde que foi criado, no ano de

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2006. O índice também revela que somente 18 dos 5.243 municípios pesquisados apresentam

Gestão Excelente e que 84,20% dos municípios apresentam Gestão Difícil e/ou Crítica

(FIRJAN, 2015).

No entanto, essa situação, demonstrando as deficiências da gestão pública dos recursos

municipais, ainda é pouco difundida. Segundo dados da Firjan (2015), houve, nos últimos anos,

significativa deterioração das contas públicas dos municípios brasileiros. Nem a elevada carga

tributária que entra para os cofres públicos consegue conter os gastos desordenados das

administrações públicas municipais, estaduais e federal.

Como consequência, no ano de 2014, foi registrado, na esfera federal, o primeiro déficit

primário desde o ano de 1998, ou seja, despesas primárias maiores que receitas primárias. Em

âmbito estadual, a situação é semelhante, pois muitos estados não possuem sequer condições

de honrar compromissos básicos, como, por exemplo, pagar a remuneração dos servidores. E,

quanto aos municípios, o quadro apresenta-se, talvez, pior (FIRJAN, 2015).

Sendo assim, distantes do universo das organizações privadas, quando o assunto se volta

ao gerenciamento e ao aproveitamento do capital intelectual, as organizações públicas, pautadas

em sucessivas crises de gestão, ainda carecem de compreender e de administrar a composição

do seu capital intelectual para tentar desenvolver gestões mais eficazes.

Em nível científico, estudar o capital intelectual das organizações públicas também

significa colaborar com a comunidade científica, uma vez que, por meio de pesquisa empírica,

propõe-se analisar o capital intelectual fora do âmbito empresarial com fins lucrativos e

buscando vantagem competitiva. Nesse sentido, Nevado Peña e López Ruiz (2002) citam que

ainda são poucos os interessados em desenvolver pesquisas acerca de conhecer a constituição

e a mensuração do capital intelectual nos órgãos públicos.

Além do mais, de acordo com Guthrie e Dumay (2015) há espaço de pesquisa científica

para compreender a relação entre as necessidades da sociedade e os recursos intangíveis

disponibilizados pelo setor público no atendimento dessas necessidades. Segundo os autores, o

CI representa uma importante fonte de pesquisa para delinear caminhos em busca de medir e

de melhorar a gestão e a eficácia dos serviços públicos.

Por fim, pesquisas realizadas por Dumay, Guthrie e Puntillo (2015) relevam que as

evidências de estudos concernentes a investigar o capital intelectual nas organizações públicas

de países emergentes como os da Ásia, da África, da América do Sul e a China são escassas e,

portanto, investigações nessas localidades geográficas devem ser o foco de futuras pesquisas

científicas. Ressalta-se que a escassez de estudos envolvendo o capital intelectual nas

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organizações públicas também fora apontado por Van Helden e Northcott (2010), Ramírez

(2010) e Guthrie e Dumay (2015).

Não obstante, o modelo econômico das organizações requer a busca contínua por

elementos capazes de aumentar a vantagem competitiva, a sustentabilidade, a garantia do

sucesso e a permanência de seus empreendimentos no ramo dos negócios. Considerando este

cenário, Ramírez (2010) entende que as organizações públicas não podem mais ficar alheias às

mudanças quanto ao desenvolvimento e a gestão do seu capital intelectual.

Portanto, quanto mais informações se obtiver acerca do capital intelectual das

organizações públicas, melhores serão as chances de se repensar as práticas da gestão, rumo a

um processo de eficiência e de eficácia na prestação dos serviços condicionados à sociedade

(BOSSI QUEIROZ, FUERTES; SERRANO CINCA, 2005; KONG; THOMSON, 2009;

RAMÍREZ, 2010).

Sendo assim, justifica-se este estudo visando colaborar com a comunidade científica,

desenvolvendo pesquisas a respeito do capital intelectual em organizações públicas, de forma

que suas interpretações também possam refletir efeitos para o desenvolvimento de gestões

públicas mais adequadas.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA DE PESQUISA

Os estudos acerca do CI se estenderam efetivamente na comunidade científica a partir

da década de 1990, tendo seu primeiro artigo publicado no ano de 1991, por Thomas Stewart,

na imprensa de negócios. Entretanto, o assunto ascendeu em meados da década de 1990, quando

a empresa sueca Skandia apresentou publicamente o primeiro relatório administrativo contendo

o valor do seu capital intelectual. A partir dessa publicação, o interesse em avançar no

conhecimento e na identificação da influência exercida pelo capital intelectual nas empresas e

seus negócios tornou-se elevado.

Mais tarde, buscando entender o fenômeno capital intelectual, seu valor e seus efeitos

para as organizações, o tema foi objeto de estudo entre vários outros autores, como Edvinsson

e Malone (1997); Roos et al. (1997); Stewart (1997); Sveiby (1997); Bueno, Salmador e

Rodríguez (2004); Bueno et al. (2010); Secundo et al. (2010); Guthrie, Ricceri e Dumay (2012)

e Guthrie e Dumay (2015).

Ainda hoje, por sua relevância, o capital intelectual das organizações é motivo de

interesse por parte da comunidade científica. Seus estudos são encontrados especialmente nas

Page 21: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

19

Ciências Sociais, sobretudo, no ramo da Administração de Empresas. Pesquisadores dessa área

acreditam que o CI seja uma importante fonte de vantagem competitiva, de inovação e de

conhecimento para as organizações maximizarem suas riquezas (KLEIN; PRUSAK, 1994;

EDVINSSON; MALONE, 1998).

Ultrapassando o contexto empresarial, cabe lembrar que as mudanças sofridas pelas

organizações públicas passaram a exigir melhor gestão por parte de seus administradores.

Dentre as mudanças, destacam-se a troca de gestões tradicionais por gestões mais eficientes e

a diminuição dos encargos financeiros e fiscais (RAMÍREZ, 2010) e o melhoramento dos

serviços demandados pela sociedade (JOYCE, 1999).

Uma das formas capazes de identificar gestões eficientes e eficazes está nos índices que

mensuram a gestão pública. Alguns índices, são sociais e econômicos, outros, são fiscais. Sendo

que, os índices de gestão fiscal consideram as ações desenvolvidas exclusivamente pelas

gestões públicas, enquanto os índices socioeconômicos consideram um conjunto de atos e

práticas desenvolvidos entre gestão pública, empresas privadas e sociedade em geral. Este

estudo considera dois índices para analisar uma possível relação entre o CI e as decisões de

gestão pública: o Idese (índice socioeconômico) e o IFGF (índice de gestão fiscal).

Ademais, investigações buscando compreender nos órgãos públicos a composição do

capital intelectual e a influência que ele pode exercer na gestão das organizações públicas são

estudos necessários e relevantes para um possível melhoramento das administrações públicas.

Isto porque, ao se considerar Serrano Cinca, Mar Molinero e Gallizo Larras (2002) e Ramírez

(2010), a gestão dos órgãos públicos, mesmo em pleno século XXI, ainda permanece pautada

em sucessivas crises de capacidade administrativa.

Portanto, a fim de compreender o capital intelectual das organizações públicas, esta

pesquisa pretende responder aos seguintes questionamentos:

Como se compõe o capital intelectual das organizações públicas?

Qual a sua relação com os indicadores de desempenho da gestão?

1.3 OBJETIVO GERAL

A partir de tudo o que se expos, o objetivo geral desta pesquisa é identificar como se

compõe o capital intelectual das organizações públicas e analisar qual a sua relação com os

indicadores de gestão.

Page 22: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

20

1.3.1 Objetivos Específicos

Além disso, pretende-se também:

i) analisar a representatividade das dimensões humana, estrutural e relacional na

composição do capital intelectual da gestão pública municipal;

ii) caracterizar os indicadores de desempenho da gestão pública: Idese e IFGF;

iii) identificar possíveis relações entre o capital intelectual e os indicadores de

desempenho;

iv) observar as principais variáveis críticas do capital intelectual na gestão pública.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Visando a consolidar o referencial teórico, definiram-se o capital intelectual e a gestão

pública como temas a serem abordados. Portanto, na primeira seção, aborda-se o tema do capital

intelectual, discorrendo sobre sua origem, seus conceitos, suas principais características e

dimensões, enquanto que, na segunda seção, o assunto recai sobre a gestão pública e o seu

desempenho, momento em que se descrevem também dois dos principais indicadores utilizados

para avaliar a gestão pública dos municípios brasileiros.

2.1 CAPITAL INTELECTUAL

Acredita-se, para fins deste estudo, que uma definição apropriada para o CI se encontra

nas palavras de Edvinsson e Malone (1997), ao afirmarem que o CI é um recurso intangível

que, por sua essência, dota-se de conhecimento, experiência e habilidade profissional, de

tecnologia e de relacionamentos capazes de levar as organizações a obterem vantagens.

Ademais, de acordo com Stewart (1997), o CI é um recurso intangível absorvido de

conhecimento útil e diferenciado, podendo colaborar para que as organizações alcancem seus

objetivos de forma mais célere e efetiva.

O CI deste estudo fundamenta-se basicamente, na literatura de autores como Brooking

(1996); Brooking e Guix (1997); Edvinsson e Malone (1997); Roos e Roos (1997); Sveiby

(1997 e 1998); Stewart (1994, 1997, 1998 e 2001); Bontis (1998, 1999 e 2001); Klein (1998);

Bontis et al. (1999); Bontis, Crossan e Hulland (2002), Stam (2005); Bueno, Salmador e

Rodríguez (2004); Bueno et al. (2010); Secundo et al. (2010); Guthrie, Ricceri e Dumay (2012);

Dumay, Guthrie e Puntillo (2015); Guthrie e Dumay (2015).

Inicialmente, pretende-se apresentar a linha do tempo em que o CI tem seus alicerces

firmados. Portanto, os próximos parágrafos tratam da origem e da importância do CI, até chegar

aos seus principais conceitos, características e dimensões.

A comunidade científica pesquisa, reconhece e aceita os estudos direcionados ao CI das

organizações desde as décadas de 1980 e 1990 (BORIN; DONATO, 2015). De acordo com

Sveiby (1998) e Ulrich (1998), havia, nos anos de 1980, uma perspectiva de que a

competitividade organizacional dependia somente dos recursos físicos e financeiros

supostamente acessíveis a todas as empresas. Todavia, estes já não satisfaziam os gestores,

necessitando, portanto, de um diferencial que pudesse alavancar os investimentos empresariais

Page 24: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

22

de forma inovadora e efetiva. Foi então que surgiu o conhecimento implícito, um diferencial

centrado na visão dos recursos intangíveis das empresas e com capacidade de proporcionar

competitividade entre as organizações (WERNERFELT, 1984; DIERICKX; COOL, 1989;

PRAHALAD; HAMEL, 1990; BARNEY, 1991; EDVINSSON; MALONE, 1998).

Sendo assim, as organizações desejosas de sucesso deveriam direcionar as

oportunidades de mudanças explorando a produtividade advinda dos trabalhadores do

conhecimento. A visão do conhecimento acreditava que a vantagem competitiva das empresas

acontecia quando integravam e aplicavam melhor o conhecimento de seus colaboradores

(RODRIGUES et al., 2009; WONG et al., 2013). Nesse caso, o êxito empresarial passou a

depender cada vez mais da gestão estratégica do conhecimento, em detrimento dos recursos

físicos e financeiros, por exemplo (SVEIBY, 1998).

Iniciava-se, assim, uma era voltada para a economia da informação, em que o integrante

principal seria o conhecimento, que passaria a ser uma significativa fonte de recurso dentre

terra, capital e trabalho (WERNERFELT, 1984; DIERICKX; COOL, 1989; PRAHALAD;

HAMEL, 1990; BARNEY, 1991). Portanto, fundamentados na teoria dos recursos intangíveis,

Edvinsson e Malone (1998) preconizaram o capital intelectual como um instrumento detentor

do conhecimento e da experiência necessária, para, habilmente, proporcionar vantagem

competitiva às organizações.

Contudo, paralelamente à visão da empresa baseada no conhecimento, emergiu também

uma perspectiva tecnológica. E esta tecnologia, aliada aos demais recursos intangíveis

agregadores de valor, constituiu o então denominado capital intelectual das organizações

(BROOKING, 1996).

Assim sendo, o capital intelectual passou a evoluir e sua existência foi-se tornando um

diferencial para o alcance dos objetivos e do sucesso organizacional. Logo, se a nova riqueza

era o conhecimento, então, um dos capitais essenciais das organizações passaria a ser o capital

intelectual, enquanto que os bens físicos e o trabalho, no sentido de gerar riqueza, passariam a

ser cada vez mais antagônicos (SVEIBY, 1998; STEWART, 1994, 1998 e 2001).

De acordo com Antunes (2006), o conhecimento, quando aliado às tecnologias

disponíveis, forma, na organização, um conjunto de benefícios intangíveis e faz com que as

organizações passem a contemplá-lo como um dos elementos fundamentais em suas estratégias,

filosofias e valores. Não obstante, para Antunes (2006), a visão baseada em intangíveis foi

quem originou a criação do movimento intitulado capital intelectual.

Conhecido desde que foi pronunciado pela primeira vez por John Kenneth Galbraith,

em 1969, o CI parecia incorporar um grau de ação intelectual em sua expressão. Segundo

Page 25: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

23

Edvinsson e Sullivan (1996), a ação intelectual está, sim, associada ao CI, mas como algo

dinâmico, ou seja, que ultrapassa o campo do intelecto, que vai além do significado intelectual,

no sentido literal da palavra.

Contudo, conforme relatam Gallon et al. (2008), apesar de muitas evidências teóricas a

respeito do capital intelectual, sua ascensão no contexto organizacional ocorreu quando a

companhia de seguros sueca Skandia publicou o primeiro relatório empresarial, contemplando

o valor do capital intelectual de sua empresa. Nesse sentido, Carvalho, Ensslin e Igarashi (2006)

observam que a literatura acadêmica a respeito do capital intelectual emergiu no final da década

de 1990 com a divulgação de pesquisas acadêmicas pioneiras sobre o assunto. Motivados pela

iniciativa prática da empresa Skandia, pesquisadores e estudiosos despertaram para o estudo do

CI. Contribuindo com essa premissa, Bontis (1998) declara que a importância dada ao capital

intelectual surgiu muito mais das práticas organizacionais do que propriamente dos ambientes

acadêmicos.

De acordo com Guthrie, Ricceri e Dumay (2012), a expansão do CI, ocorrida graças às

necessidades e às práticas empresariais, evoluiu em seus estudos a partir de três fases distintas.

A primeira fase, segundo relatos de Guthrie, Ricceri e Dumay (2012) e Borin e Donato (2015),

marca a conscientização da importância do CI para criação e posterior sustentabilidade da

vantagem competitiva das empresas. Para Dumay (2012) e Borin e Donato (2015), foi o

momento no qual as teorias e os conceitos a respeito do CI ganharam relevância, mesmo que

não tenham sido empiricamente comprovados

A segunda fase da evolução do CI focou a pesquisa empírica, na tentativa de provar, por

meio da mensuração, da comunicação e do gerenciamento, a relevância do CI para as empresas.

Nesse sentido, o CI foi instituído como mais um dos recursos para a criação de valor,

impactando fortemente, tanto para obtenção de competitividade quanto para obtenção da

rentabilidade empresarial (MARR; SCHIUMA; NEELY et al., 2004b; DUMAY, 2012;

GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012; BORIN; DONATO, 2015). Nessa etapa, os estudos

sobre o CI também avançaram para o setor governamental. Sendo assim, diferentes países do

mundo se propuseram a mensurar o CI em seus governos, buscando nele um modelo de apoio

para as atuações dos setores públicos (GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012; BORIN;

DONATO, 2015). Entretanto, enquanto a segunda fase buscava medir e comunicar o CI nos

diversos segmentos empresariais, surgia a necessidade de uma terceira fase, com o intuito de

explorar e de compreender, na prática, todo o potencial armazenado no CI das organizações e

que, até então, não estava sendo explorado (ANDRIESSEN, 2004).

Page 26: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

24

Quanto à terceira e última fase citada por Guthrie, Ricceri e Dumay (2012), encontra-se

emergindo e traz como foco a pesquisa empírica, no sentido de descobrir como o CI é

gerenciado em diferentes organizações dos setores público, privado e sem fins lucrativos

(CHIUCCHI, 2008; GIULIANI, 2009; GUTHRIE, RICCERI; DUMAY, 2012; BORIN;

DONATO, 2015).

Dessa forma, Dumay e Garanina (2013) defendem a ampliação da pesquisa do CI, ou

seja, sugerem que se estude o CI em âmbito de países, cidades e comunidades, deixando um

pouco o foco empresarial para adentrar no governamental. De acordo com Kong (2010) e

Dumay e Garanina (2013), as organizações sem fins lucrativos ou governamentais sempre

foram subvalorizadas em termos de pesquisas que pudessem envolver a compreensão do CI.

Por conseguinte, há uma quarta fase surgindo. Uma fase que irá estudar o CI das

organizações governamentais e que poderá ser a chave para o desenvolvimento econômico,

para criação de riquezas e de outros processos que busquem transformar e qualificar a gestão

pública mundial (EDVINSSON; STENFELT, 1999; STÄHLE; BOUNFOUR, 2008; LING,

2012; BORIN; DONATO, 2015).

O momento econômico-financeiro vivido pelas organizações públicas vai ao encontro

dos relatos anteriores e torna atraente o envolvimento do CI em pesquisas da administração

pública, uma vez que, por sua constituição, pode tornar-se um meio significativo para o

enfrentamento das situações adversas vividas pelas gestões públicas (BORIN; DONATO,

2015). Portanto, o CI com suas perspectivas diferenciadas e com informações relevantes, pode

tornar-se um meio transformador dos cenários de crise absorvidos pelos setores públicos

mundiais (EDVINSSON et al., 2012).

Pressupõe-se, então, que a transição da sociedade industrial para a sociedade do

conhecimento vem alterando, significativamente, a estrutura das empresas e das nações. Nesse

sentido, Authier e Lévy (1995) argumentam que, assim como os revolucionários da antiguidade

anunciavam a reforma agrária e a partilha das terras como fator de desenvolvimento social e

econômico, e os da era industrial visavam à propriedade dos meios de produção, na atualidade,

argumenta-se que pode ser sobre o CI que repousa a esperança de riqueza das nações e a força

das empresas.

Por fim, após direcionar o estudo do CI no breve relato da sua linha do tempo em que

perpassam seus estudos, entende-se necessário abordar alguns dos seus principais conceitos,

além de apresentar sua importância nos meios acadêmico e empresarial.

Page 27: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

25

2.1.1 Definições do Capital Intelectual

Conceituar CI ou bens intangíveis significa expressar a magnitude representada por

ambos em igual teor de valoração e importância para as organizações. Nesse sentido, Keong

(2008) entende que a variedade de estudos relativos a recursos, propriedades e atributos

envolvendo os bens não-físicos de uma organização podem ser considerados como CI ou bens

intangíveis. Contribui com essa visão Bontis (1999), ao apontar o capital intelectual como a

coleção dos recursos intangíveis das organizações e dos fluxos entre esses recursos.

Portanto, relacionado diretamente aos elementos intangíveis das organizações, o capital

intelectual interliga-se às atividades e às práticas administrativas, ambas desenvolvidas para as

organizações adaptarem-se com maior rapidez, eficiência e eficácia ao mercado em que atuam

(CRAWFORD, 1994; BROOKING, 1996; STEWART, 1998 e 2001; PABLOS, 2004; LEV,

2001, 2003 e 2004).

A partir de agora, visando-se a aprofundar a compreensão do termo CI, busca-se defini-

lo sob a égide de seus principais autores. A propósito, Rodrigues et al. (2009) descreve o capital

intelectual como um fenômeno complexo, de caráter eclético e multidisciplinar, que, por assim

ser, possibilita, além de inúmeras definições, várias práticas generalizáveis para sua gestão.

No que diz respeito aos estudos de Klein (1998), o CI é aquele que compõe toda a

estrutura de uma organização. Isso significa compreender a organização não somente por seu

capital físico e financeiro, mas, principalmente, por sua estrutura intelectual. Para Klein, a

espinha dorsal da empresa concentra-se no conhecimento, na experiência, na especialização e

nos diversos outros ativos intangíveis existentes. Nahapiet e Ghoshal (1998) reforçam esse

conceito ao acreditarem que o capital intelectual é dotado de capacidade, conhecimento e saber,

constituindo-se num recurso à disposição das organizações com finalidade lucrativa ou sem

finalidade lucrativa, podendo realizar, em ambas, ações de valia em suas gestões.

Além do mais, o capital intelectual é uma forma de identificar, mensurar e gerenciar os

intangíveis das organizações (STAM, 2005); é um meio para uma finalidade (BONTIS, 1998);

é uma competência multiplicada pelo compromisso (ULRICH, 1998). E pressupõe vontade

individual em trabalhar pela organização, com o auxílio do conhecimento, da habilidade e dos

demais atributos agregados ao indivíduo (MOURITSEN et al., 2002).

Nesse sentido, Stewart (1998), acredita que o capital intelectual poderá tornar-se um dos

maiores geradores de riquezas de uma organização, justamente, por abarcar, em sua

composição, toda matéria de cunho intelectual, como o conhecimento, a informação e as

experiências geradoras de riquezas. E, por assim entenderem, Sharabati, Jawad e Bontis (2010)

Page 28: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

26

identificam o capital intelectual como um representante da riqueza de ideias e de habilidades

capazes de determinar o futuro de uma organização.

Não obstante, em sentido quantitativo, Pablos (2004) destaca a natureza não

contabilizável do material intelectual. Conforme salienta o autor, o capital intelectual

compreende todos os recursos baseados no conhecimento, os quais criam valor para a

organização, mas que, até o momento, ainda não estão inclusos nas demonstrações financeiras

das empresas.

Cabe lembrar que, embora a prática do registro contábil do capital intelectual ainda não

esteja desenvolvida, muitas empresas, há tempo, vêm considerando seu valor nas

demonstrações financeiras. Um exemplo dessa mensuração foi dado pela Coca-Cola, em 1996,

quando demonstrou que seus ativos físicos representavam apenas 4% (quatro por cento) de seu

valor de mercado, sendo o restante desse percentual, composto por seus bens intangíveis

(BONTIS, 1999).

Outro exemplo citado por Bontis (1999) diz respeito às empresas de software, cujo

indicador que considera a razão entre o valor de mercado e o valor contabilizado de uma

organização, chega a ser sete vezes maior ao valor demonstrado em balanços contábeis.

Todavia, de acordo com Roos et al. (1997), há duas formas de se conceituar o capital

intelectual: a forma positiva e a forma negativa. Positivamente, o capital intelectual representa

para a organização o somatório do conhecimento dos seus membros e a materialização desse

conhecimento em marcas, produtos e processos. Já, na forma negativa, o capital intelectual

pode ser visto como “algo a mais” na organização, algo que cria valor, mas que, por sua

intangibilidade, dificulta representá-lo além da diferença entre o valor total da companhia e o

seu valor financeiro.

Em contrapartida, Klein e Prusak (1994) acreditam que o capital intelectual é um

material intelectual formalizado, capturado e alavancado para produzir ativos físicos de maior

valor na empresa. Além do mais, no entendimento de Castro e Muiña (2003), o capital

intelectual faz parte do conjunto dos ativos imateriais, invisíveis ou intangíveis de uma

organização, cuja exploração possibilita a criação de valores, mesmo que esses não apareçam

em balanços patrimoniais.

Por fim, segundo Roos et al. (1997), a melhor forma para se conceituar capital

intelectual poderia ser fragmentando-o em componentes. Somente dessa forma seria possível

compreendê-lo e trazê-lo para o nível estratégico e operacional da organização.

Apesar das diferenças entre os conceitos, natural para um campo tão amplo e complexo,

pode-se entender o capital intelectual como algo relevante e indispensável a todas as

Page 29: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

27

organizações públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Nesse sentido, Stam (2005)

sintetiza os elementos principais do capital intelectual válidos para todas as organizações,

considerando as seguintes afirmações: é um ativo intangível que oferece identidade às coisas

imateriais, tornando-as reconhecíveis e compreensíveis; é a principal fonte de criação de valor

e de vantagem competitiva de uma empresa; é a base estrutural dos recursos das organizações;

trata tanto dos aspectos humanos quanto dos não-humanos (visão holística da organização) e é

um dos recursos mais importantes das organizações na economia atual.

Contudo, Hall (1992; 1993) salienta que os recursos intangíveis das organizações não

necessariamente dependem dos indivíduos, ou seja, é possível caracterizar a natureza dos bens

que compõem o capital intelectual das organizações em pertencentes e não pertencentes a ela.

Como bens pertencentes à organização estão aqueles de caráter coletivo e que podem ser

partilhados entre seus membros, como, por exemplo, a cultura operacional da empresa. Já como

bens não pertencentes à organização estão aqueles de natureza inerente ao ser humano, como a

experiência, o conhecimento e a habilidade individual de cada colaborador da empresa.

No entendimento de Nonaka (1994), os bens intangíveis pertencentes ao indivíduo

também podem ser combinados em grupos, de forma que, sistematizados, possam atuar na

coletividade e interagir em prol da organização. Essa iniciativa contribui firmemente para o

processo gerador de valores organizacionais, sobre os quais a organização apresenta alguma

forma de controle ou influência.

Em vista disso, Edvinsson e Sullivan (1996) entendem o capital intelectual como algo

possível de ser convertido em valor. Para os autores, o termo engloba as invenções, as ideias,

os conhecimentos adquiridos, os projetos, os programas computacionais, os processos e as

publicações classificáveis como bens intangíveis e geradores de valor.

Por esse motivo, de acordo com Marr (2003), há algumas razões pelas quais as

organizações devem compreender, mensurar e gerir o seu CI, dentre elas estão contempladas

as seguintes: colaborar com a formulação e com a posterior avaliação da execução das

estratégias; auxiliar nos processos de tomada de decisão, visando a desenvolver, diversificar e

expandir as estratégias organizacionais; melhorar a relação com seus colaboradores internos; e

manter relação adequada com o ambiente externo.

Sendo assim, para que o capital intelectual possa efetivamente contribuir com seu

potencial valor, há de se assimilar sua importância primeiro dentro das organizações. Para tanto,

o sentido deste estudo visa a demonstrar a magnitude do capital intelectual nas organizações

públicas. A partir deste ponto, acredita-se que os intangíveis públicos poderão receber melhor

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28

atenção e, assim, a exemplo das organizações privadas, contribuírem para melhorar o processo

administrativo apresentado à sociedade.

Com esse intuito, objetivando assimilar como o CI pode fazer diferença nas

organizações, a próxima seção busca compreender as principais dimensões, classificações, e/ou

os elementos do CI.

2.1.2 Dimensões do Capital Intelectual

Analisar o capital intelectual nas organizações públicas é o objetivo principal deste

trabalho. Para tanto, faz-se necessário conhecer as suas dimensões e quais delas são adotadas

por este estudo como formadoras do CI para gestão pública.

Pressupõe-se que nas dimensões do capital intelectual estejam contidos os elementos

associados ao conhecimento, à aprendizagem, à gestão de pessoas, à tecnologia da informação,

à marca, aos produtos e aos clientes da empresa (MOURITSEN et al., 2002). Esse fato talvez

explique a compreensão da natureza abstrata em que são formados os elementos intangíveis do,

igualmente intangível, capital intelectual (ANTUNES, 2006).

Há muito, pesquisadores estudam as dimensões, os elementos, os componentes, e/ou os

construtos do capital intelectual. As primeiras classificações acerca das dimensões do capital

intelectual foram publicadas em estudos desenvolvidos por Brooking (1996), Edvinsson e

Sullivan (1996), Edvinsson e Malone (1998), Sveiby (1998) e Bontis (1999).

Primeiramente, os pesquisadores buscaram compreender o critério a ser tomado para

classificar as dimensões que compõem o capital intelectual e, nessa busca, entenderam que a

melhor forma de classificação seria a realizada de acordo com a natureza dos intangíveis. Após,

conforme a natureza de cada um, dever-se-ia buscar as suas principais funções e, assim sendo,

a grande maioria entendeu que a melhor forma de categorizar a composição do capital

intelectual nas organizações seria subdividindo-o em três dimensões: capital humano (CH),

capital estrutural (CE) e capital relacional (CR), isso, conforme a essência de cada um deles

(MARQUES, 2004).

O Quadro 1 tem a proposição de demonstrar os principais autores dedicados ao estudo

do capital intelectual, classificar seus elementos em dimensões e relacioná-los com suas

principais variáveis.

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29

Quadro 1 – As dimensões e as variáveis do Capital Intelectual classificadas por autor

Autores Dimensões Variáveis

Edvinson e

Sullivan (1996)

Humano Experiência, habilidade, conhecimento.

Estrutural Tecnologias, processos e programas de computadores.

Kaplan e Norton

(1997)

Humano Talento, capacidades e conhecimento.

Organizacional Cultura, liderança, trabalho em equipe e alinhamento.

Edvinsson e

Malone (1997)

Humano Capacidade, criatividade, conhecimento e experiência.

Estrutural Capital relacional e organizacional.

Roos e Roos

(1997)

Humano Motivação, habilidade, tarefa e conhecimento.

Relacional Relação com o cliente, fornecedores, canais de parceria e investidores.

Organizacional Especialização, processo de produção, conceitos novos, marketing e

venda, cooperação, fluxos (caixa, informação, produtos) e serviços.

Wiig (1997)

Humano Competência e capacidade.

Estrutural Atividades intelectuais em dados e bases de conhecimento. Refere-se a

organização e relacionamento.

Bontis (1998)

Humano Educação, experiências, atitudes pessoais e profissionais individuais

(como fonte de renovação e inovação estratégica).

Relacional Conhecimento incorporado na rotina da organização

Estrutural Capacidade de relacionamento, contato e avidez.

Bontis et al.

(1999)

Humano Competência; agilidade intelectual e organização.

Relacional Conhecimento embasado na organização.

Estrutural Capacidade de relacionamento.

Bueno (2002)

Humano

Tipo de pessoa, competências, motivação, capacidade de aprender em

equipe, de interagir com novas pessoas, trabalho em equipe, liderança,

flexibilidade para adaptação.

Estrutural Sistemas de informação e comunicação, tecnologia e patentes.

Relacional Relações da empresa com clientes, alianças estratégicas, agentes

externos e análises de provedores e competidores.

Youndt

Subramaniam e

Snell (2004)

Humano Conhecimento, habilidades e competências.

Organizacional Conhecimento em estrutura, patentes, manuais, sistemas e bancos de

dados.

Social Conhecimento embutido.

Rodrigues et al.

(2009)

Humano Capacidades individuais, conhecimentos, habilidades, fontes de

inovação e renovação estratégica.

Estrutural Capacidade da empresa em transmitir e armazenar material intelectual,

rotinas, elementos que de fato pertencem a empresa.

Relacional Conhecimento adquirido da relação das pessoas com os clientes e

fornecedores.

Malavski, Lima

e Costa (2010)

Humano Know-how, capacitações, habilidades e especializações técnicas.

Estrutural Processos organizacionais, softwares, procedimentos, sistemas, cultura,

banco de dados.

Relacional Relação entre consumidores, fornecedores, parceiros e investidores.

Continua

Page 32: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

30

Secundo et al.

(2010)

Humano Atração e eficiência.

Organizacional Codificação de conhecimento e inovação e infraestrutura do sistema de

tecnologia da informação para ensinar, aprender e pesquisar.

Relacional Rede de (P & D) e escopo internacional.

Bueno et al.

(2010)

Humano Capacidade de aprender e compartilhar conhecimento, valores e atitudes;

habilidades e capacidades.

Estrutural Capital organizacional e tecnológico.

Relacional Número e qualidade das relações com os agentes de mercado e da

sociedade em geral. Capital social e de negócio.

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

A tendência demonstrada pelo Quadro 1, identifica os três principais componentes do

CI. Apesar de diferentes nomes, as três principais dimensões do CI referem-se ao capital

humano (CH), ao capital estrutural (CE) e ao capital relacional (CR). Alguns autores que

estudaram o CI em organizações públicas como Caba e Sierra (2001), Bossi Queiroz (2003),

Bueno, Merino e Salmador (2003) e Bueno, Salmador e Rodríguez (2004), também

classificaram e dirigiram seus estudos de acordo com estas três dimensões.

Portanto, este trabalho adota como classificação, para avaliar a influência do capital

intelectual na gestão pública, o mesmo entendimento da maioria dos pesquisadores do tema, ou

seja, o capital humano, o capital estrutural e o capital relacional, os quais serão abordados com

maior especificidade nas próximas seções.

2.1.2.1 Capital Humano

O capital humano, formado pelos colaboradores das organizações, é uma das partes da

composição do capital intelectual. É no capital humano que estão concentradas as expertises

dos indivíduos, formando, em conjunto, uma espécie de motor que impulsiona e conduz a

organização a desenvolver práticas inovadoras e solucionadoras de diversos problemas

(WANG; CHANG, 2005; MARTINS, 2007; GAMERSCHLAG, 2013).

O capital humano é, portanto, a combinação de atributos como conhecimentos,

habilidades, atitudes e relacionamentos encontrados nas mentes, corpos e ações dos indivíduos

(HUDSON, 1993; EDVINSSON; MALONE, 1998; YUSOFF; JANTAN; IBRAHIM, 2004).

É a parte que pensa (GUBIANI, 2011). É a junção de todos os recursos intangíveis presentes

nos indivíduos de uma empresa (BROOKING, 1996; EDVINSSON; MALONE, 1998;

BONTIS, 1999). É o conhecimento útil destinado à organização e está inerente aos indivíduos

que a compõe (MARQUES, 2004).

Page 33: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

31

De acordo com Wang e Chang (2005); Martins (2007) e Gamerschlag (2013), o capital

humano pode ser entendido como uma mola propulsora, capaz de gerar conhecimento e valor

para as organizações. Para Gamerschlag (2013), os funcionários carregam consigo valores e

normas tanto individuais quanto organizacionais, além de competências, habilidades e atitudes

capazes de ascender as empresas à competitividade e ao sucesso organizacional. De fato,

conforme determina Sveiby (1998), o capital humano está relacionado à capacidade com que

cada trabalhador exerce suas atividades nas mais variadas situações do dia a dia.

Contudo, Castro e Muiña (2003) acreditam que a associação direta entre CH e os

trabalhadores da organização, por vezes, dificulta a apropriação de valores referente ao

potencial gerado pelos indivíduos. Sendo assim, a organização até pode controlar o potencial

de seus trabalhadores, entretanto, será difícil apropriar-se dele.

Portanto, o capital humano representa, individualmente, os valores de cada colaborador,

seja para colocar a organização em vantagem competitiva (DUTRA, 2002), ou atuando como

uma das principais fontes de inovação e de renovação estratégica das empresas (BONTIS,

1998). Ademais, pode-se verificar que o capital humano é o melhor embasamento teórico para

identificar e descrever o capital intelectual (EDVINSSON; MALONE, 1998; DUTRA, 2002).

Especificamente, no tocante aos órgãos públicos, Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi

Queiroz (2003) revelam que o capital humano dessas organizações precisa estar ligado a três

características principais:

a) aptidões dos servidores públicos, à medida que conseguem desenvolver suas

habilidades e conhecimentos;

b) qualificação permanente, no momento em que conseguem manter seu quadro de

pessoal treinado e atualizado; e, por fim,

c) condições de serviços em que se encontram, como, por exemplo, o ambiente de

trabalho, a segurança nas atividades e a motivação profissional.

Esses são os pontos de maior relevância envolvendo o capital humano das organizações

públicas e os motivos pelos quais se pode alcançar com maior êxito os objetivos por elas

pretendidos (SERRANO CINCA; MAR MOLINERO; BOSSI QUEIROZ, 2003).

De fato, a principal via para conduzir as organizações, tanto da iniciativa privada quanto

do setor público rumo ao alcance do êxito de suas atividades e ao sucesso eminente, parece

estar concentrada no capital humano. Nesse sentido, estudos realizados por Wang e Chang

(2005), a respeito do capital humano, levam a crer que ele impacta diretamente sobre o capital

estrutural e o capital relacional, devendo, portanto, receber maior concentração dos

investimentos organizacionais.

Page 34: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

32

Por sua vez, Bontis (1998) entende que os colaboradores das organizações nada

conseguem individualmente e, portanto, o capital humano deve, necessariamente, estar

conectado a todas as formas de conhecimento. Essa conexão sugere o envolvimento direto entre

o capital humano e um segundo componente indispensável do capital intelectual, necessário

para o seu desenvolvimento pleno: o capital estrutural.

2.1.2.2 Capital Estrutural

O capital estrutural representa o conhecimento institucionalizado e a experiência

codificada, ambos armazenados na estrutura organizacional da empresa, como, por exemplo, as

bases de dados, as rotinas, as patentes e os manuais que independente da volatilidade do capital

humano, permanecem à disposição e uso da organização, podendo, inclusive, ser negociado se

for o caso (EDVINSSON; MALONE, 1997; YOUNDT; SUBRAMANIAM; SNELL, 2004). O

capital estrutural pode ser reproduzido e dividido (STEWART, 1998). É o capital que agrega

todos os processos organizacionais, sejam eles internos ou externos (JOIA, 2000).

É importante salientar que alguns autores como Edvinsson e Malone (1998) fazem uma

subdivisão do capital estrutural, desmembrando-o nas seguintes classificações:

a) capital organizacional, uma forma que integra as funções da empresa, facilita a

eficácia nos processos internos por meio do uso das ferramentas e da filosofia da organização

e possibilita a transferência do conhecimento entre os indivíduos. Pode-se entendê-lo como

sendo o tipo de capital que captura tudo o que ocorre na empresa, especialmente o conhecimento

dos trabalhadores. Em resumo, são os dados tramitados pelas rotinas do dia a dia;

b) capital de inovação, aquele que tem a capacidade de renovar e inovar;

c) capital de processos, que, como o próprio nome sugere, são as técnicas e os programas

adotados pela empresa com o objetivo de melhorar com eficácia seu processo organizacional.

Em se tratando especificamente das organizações públicas, Bueno, Merino e Salmador

(2003) consideram suas estruturas um tanto amplas e complexas, e, por assim entenderem,

sugerem uma subdivisão do capital estrutural em três categorias:

a) capital organizacional, responsável por desenvolver as atividades do setor público de

forma eficiente e eficaz;

b) capital social, relacionado especificamente à função dos serviços públicos, ou seja,

deste capital decorre a confiança, a fidelidade e a ética que legitima a existência da organização

pública perante a sociedade; e

Page 35: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

33

c) capital tecnológico, os intangíveis tecnológicos, isto é, aqueles que derivam do

conhecimento técnico e se relacionam aos produtos e aos serviços que caracterizam as

operações típicas das organizações públicas.

Porém, nos estudos de Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi Queiroz (2003), o capital

estrutural das organizações públicas divide-se em interno e externo à organização.

Internamente, constitui-se na capacidade de inovar, na sua estrutura, na cultura e nos contatos

que mantém; já, de maneira externa, o capital estrutural está relacionado a questões de serviço,

transparência e à imagem da organização.

Para Gubiani (2011), o capital estrutural é a parte da empresa que não pensa, mas que

demonstra como a empresa está organizada e estruturada internamente. Nessa lógica, Saint

Onge (1996) acredita que o capital humano constrói o capital estrutural. Para o autor, quanto

melhor for o capital estrutural, melhor serão as perspectivas de o capital humano ser melhor

também.

Ademais, o capital estrutural constitui-se numa poderosa ferramenta capaz de apoiar o

capital humano a melhorar o processo de tomada de decisão e a manter relacionamentos mais

adequados com os indivíduos internos e externos à organização (QUEIROZ, 2003).

Sendo assim, estudiosos do capital intelectual como Edvinsson e Sullivan (1996),

Edvinsson e Malone (1997), Bontis (1999), Bontis et al. (1999), Bueno (2002) e Bueno, Merino

e Salmador (2003), entenderam que, pela natureza e pela essência de cada elemento que compõe

os intangíveis das organizações, o último construto a compor o capital intelectual deveria ser

um capital que pudesse manter a organização em bons relacionamentos com seus clientes e

fornecedores e, para tanto, criaram a terceira dimensão do capital intelectual – o capital

relacional.

2.1.2.3 Capital Relacional

Também conhecido como capital do cliente, o capital relacional está fundamentado no

relacionamento de valores estabelecidos entre a organização e seus clientes, seus empregados,

seus fornecedores, seus parceiros tecnológicos, seus investidores, os órgãos públicos e

ambientais. Nesse sentido, Bontis (1998) e Rodrigues et al. (2009) identificam os canais de

mercado e as relações com os clientes como o principal tema deste intangível, porém, também

aproveitam para incluir em seu conceito todas as relações organizacionais com as entidades

externas, com fornecedores, associações e governos, por exemplo. Essa interação faz aproximar

os laços entre CR e CH, mesmo que essa frequência não se intensifique entre CR e CE.

Page 36: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

34

Portanto, capital relacional pode ser considerado uma medida que diz respeito a um

conjunto de ativos intangíveis resultantes da interação da empresa com o seu meio, seja ele

interno ou externo (VAGNONI; OPPI, 2015). Para Queiroz (2003), as boas relações mantidas

pela organização com seus ambientes são fundamentais para apresentar a boa imagem da

empresa.

Contudo, Gubiani (2011), defende que o capital relacional é o capital próprio da

empresa, aquele que integra todas as formas de conhecimento criadas e difundidas interna e

externamente à empresa. Conforme pensa a autora, o capital relacional seria capaz de

desenvolver capacidades dinâmicas que permitiriam assimilar todos os conhecimentos

externos, como, por exemplo, aqueles oriundos de clientes, de fornecedores, de alianças, de

acionistas, de parceiros externos ou sociais, de associações não governamentais, de associações

industriais, de stakeholders e demais grupos de interesse. Ademais, para Joia (2000), o capital

relacional constitui-se numa consequência direta da cultura da organização e envolve a

capacidade de criar conhecimento a partir do conhecimento já existente.

De acordo com Stewart (1997) e Bontis (1998 e 1999), o capital relacional constitui um

intangível identificável e até mesmo mensurável, quando analisado pelo aspecto da longevidade

dos relacionamentos da empresa com seu meio. Porém, Rodrigues et al. (2009) sugerem que o

conhecimento embutido na categoria de relações é o mais difícil de ser desenvolvido e

capturado, fazendo com que, muitas vezes, o capital relacional seja relegado a segundo plano.

Por fim, supostamente, o capital intelectual compõe-se de três diferentes dimensões, as

quais não resumem o CI, quanto mais podem ser analisadas isoladamente. Pelo contrário, a

magnitude do CI está na conectividade estabelecida por suas dimensões (VAGNONI; OPPI,

2015). Nesse sentido, a próxima seção visa a demonstrar a importância existente na relação

entre as dimensões do CI.

2.1.2.4 Relação entre as Dimensões do Capital Intelectual

De acordo com Bontis (1998) e Stewart (1998), estudos empíricos realizados acerca dos

capitais humano, estrutural e relacional demonstraram a existência de relações consistentes

entre eles. Sem que se possa desmerecer um ou outro, o capital humano, por si só, não

conseguiria corresponder à altura de suas expertises individualmente, sem o apoio de estruturas

que pudessem auxiliá-lo.

Além do mais, conforme Martins (2007), a criação de valores numa empresa ocorre

quando há atuação conjunta entre o capital humano e os demais elementos constituintes do CI.

Page 37: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

35

Dessa forma, segundo Gubiani (2011), não há como separar o capital humano dos demais

elementos do CI. Todos estão ligados por um elo indissociável, que os torna extremamente

dependentes uns dos outros.

A ligação de dependência entre os elementos constituintes do CI levou Stewart (1998)

a acreditar que o capital intelectual compõe-se de partes distintas. Entretanto, sua criação não

se dá por partes separadas. Ainda conforme Stewart (1998), há uma interligação muito forte

entre os elementos do CI, de forma que um não existe sem o outro e exemplifica da seguinte

maneira: “de nada adianta alguém muito sábio isolado em uma sala”.

Entretanto, Nahapiet e Ghoshal (1998) entendem que o capital humano constitui-se no

elemento essencial entre todas as interações sociais. Desse modo, o CI dependeria muito mais

do capital humano, a partir do momento que necessita de um construtor e alimentador de suas

bases estruturais.

Assim, concebe-se que o capital intelectual é formado por um conjunto de dimensões

ou elementos, cada um com suas características e atribuições definidas, mas que juntos,

representam um estoque organizacional intangível de valor extraordinário às organizações

(RODRIGUES et al., 2009).

Por fim, este referencial busca demonstrar uma parte do arcabouço teórico sobre capital

intelectual, suas principais dimensões e a sua importância junto às organizações. Contudo, é

preciso esclarecer porque a Teoria dos Intangíveis é usada e se aplica, há muito tempo, nas

empresas privadas, enquanto que o setor público ainda praticamente desconhece a importância

desta riqueza.

2.2 ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: AS GESTÕES E O CAPITAL INTELECTUAL

A performance do setor público no que se refere à qualidade da gestão pública, tangendo

a relação entre os serviços prestados e a sociedade, o atendimento das expectativas do cidadão,

a forma de gerir momentos de austeridade fiscal e crise financeira, são questões que fazem parte

do debate contemporâneo envolvendo organizações públicas e CI (GUTHRIE, RICCERI;

DUMAY, 2012; GUTHRIE; DUMAY, 2015).

Diante disso, esta seção pretende demonstrar a relação entre as organizações públicas e

o CI, trazendo à tona as possíveis diferenças entre organizações públicas e privadas e o estudo

do CI, além dos paradigmas e esperanças da nova gestão pública para corresponder às

expectativas de cidadania e recursos disponíveis para os serviços públicos. Trata também do

Page 38: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

36

desempenho da gestão pública e aborda os principais indicadores de desempenho da gestão

pública brasileira.

A busca constante por melhores resultados fez com que as empresas privadas

realizassem investimentos para melhor aproveitarem seu capital intelectual. De acordo com Zea

Sarmiento (2011), diferente do que acontece com as organizações públicas, a competitividade

e a luta pela sobrevivência das empresas privadas reforçaram as buscas por melhores práticas

de gestão.

A partir disso, torna-se claro porque as empresas privadas têm interesse e valorizam

mais os modelos de CI. Modelos de CI são criados e aplicados em empresas privadas com o

propósito de alcançarem-se resultados ainda mais positivos. Como exemplos de modelos de CI

bem-sucedidos em empresas privadas destacam-se os seguintes: o Tecknology Broker’s CI

Audit (BROOKING, 1996), o CI-Index (ROOS et al., 1997), o Balanced ScoreCard (KAPLAN;

NORTON, 1997), o Navegador da Skandia-Business Navegator (EDVINSSON; MALONE,

1998) e o Intangible Asset Monitor (SVEIBY, 1998).

Alguns desses modelos, segundo Marques (2004), após adaptações, também obtiveram

sucesso em experiências realizadas em organizações públicas. Conforme destacam Bossi

Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca (2001), os resultados mais satisfatórios dessas adaptações

foram encontrados nas aplicações do modelo desenvolvido por Sveiby, utilizado na Agência do

Departamento de Indústria, Ciência e Turismo da Austrália, em 1997, o Balanced Scorecard,

adaptado de Kaplan e Norton para ser aplicado na via pública de Barcelona, e o Navegador da

Skandia (Business Navegator), adaptado em 1999, por Edvinsson e Stenfelt para empresas do

segmento público.

Todavia, apesar da tentativa de alguns pesquisadores em adaptar modelos para melhorar

a atuação do CI nas organizações públicas, Marques (2004) também observa certos problemas

que interferem na mensuração de resultados imediatos quando da implantação de modelos

adaptados para organizações públicas. Segundo o autor, é difícil, num curto espaço de tempo,

obter, em organizações públicas, resultados semelhantes aos encontrados nas organizações da

iniciativa privada. Um dos motivos refere-se ao fato de as organizações privadas priorizarem,

em seus modelos, as diferenças apuradas entre o valor de mercado e o seu valor contabilizado.

No que tange ao valor da empresa, este não é exatamente o maior interesse nem o que

faz sentido às organizações públicas. Isso porque as organizações públicas não são

comercializáveis, nem visam a lucros. Além do mais, os ativos intangíveis dessas organizações

devem, antes, servir para melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, atuando

Page 39: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

37

principalmente com responsabilidade social e ambiental sobre os atos desenvolvidos

(MARQUES, 2004).

Por outro lado, García (2001) acredita ser viável a implantação de modelos adaptados

de capital intelectual nas organizações públicas. Segundo o autor, eles permitem reunir, de

forma fácil, características do capital intelectual responsáveis para a empresa obter

diferenciação e valores. Dessa forma, seria possível melhorar a imagem da administração

pública perante a sociedade, já que seu foco principal é atender ao cidadão com

profissionalismo e responsabilidade social.

Além do mais, para Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca (2005), outro aspecto que

pode diferenciar a implantação de modelos de capital intelectual ente organizações públicas,

em detrimento das privadas, diz respeito à urgência de se quantificar valores intangíveis. Essa

necessidade de se quantificar valores está mais presente nas empresas privadas, o que, por

vezes, pode-se tornar um fator que atravanca o desenvolvimento eficiente dos modelos de CI.

Todavia, essa necessidade de valoração dos intangíveis não ocorre nas organizações públicas,

uma vez que elas não estão interessadas em quantificar os valores de seus ativos intangíveis, o

que facilitaria a implantação dos modelos de CI.

Diante das diferentes pretensões empresarias de órgãos públicos e privados, é inevitável

não se realizar comparativos entre o capital intelectual das organizações do primeiro e segundo

setores da economia. Nesse sentido, Marques (2004) explica que, enquanto as organizações

privadas se propõem a elaborar estratégias com a participação de seu capital intelectual, visando

a lucros e à maximização dos resultados, as organizações públicas estão mais preocupadas em

sustentar seus interesses políticos, ao invés de buscar, por meio do seu capital intelectual, a

satisfação do bem-estar social e a qualidade dos serviços que legalmente fornecem à sociedade.

Contudo, Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca (2001) entendem que, inobstante as

diferenças entre os objetivos das organizações públicas e privadas, ainda assim os modelos e os

indicadores de capital intelectual aplicados às organizações privadas podem perfeitamente

contribuir com as organizações públicas. O entendimento sugere adaptar técnicas de gestão do

CI que deram certo nas empresas privadas para serem aplicados nas organizações públicas

Nessa linha de pensamento, Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi Queiroz (2003)

esclarecem, sob a ótica de seus estudos, que as organizações públicas prestam serviços por meio

de um bem cuja natureza é intangível, ou seja, a maioria dos recursos utilizados pelo setor

público provém de bens intangíveis.

Por consequência, se os modelos de CI dizem respeito aos intangíveis, adotá-los nas

organizações públicas seria, no mínimo, um processo interessante. Todavia, os autores

Page 40: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

38

consideram importante esclarecer, primeiro, as principais características que distinguem o

capital intelectual das organizações públicas em relação às empresas privadas. Só então se

poderia se adotar um dos modelos de CI, para posterior aplicação no setor público.

Para tanto, visando a compreender as características que distinguem o capital intelectual

de órgãos públicos e privados, o Quadro 2 elenca, sob o entendimento de Serrano Cinca, Mar

Molinero e Bossi Queiroz (2003), as características de diferenciação e o porquê de as

organizações públicas padecerem em desenvolvimento de estudos e pesquisas em vista de

melhorar seus ativos intangíveis, especialmente no tocante ao capital intelectual.

Quadro 2 – As características distintivas do CI no setor público

Características

distintivas do CI nas

Organizações Públicas

Diferenças relacionadas ao uso do CI

Organização Pública Organização Privada

Baixa motivação para

implementar novos

métodos de gestão

organizacional

- Resistência e/ou ritmo lento para

adoção de processos de gestão e

inovação, motivo: não há ambiente

competitivo.

- Ritmo acelerado para processos de

gestão e inovação, motivo: luta constante

pela sobrevivência, ambiente

competitivo.

Objetivos intangíveis

- Excesso de objetivos, como objetivos

na área de saúde, educação, segurança,

infraestrutura, outros.

- Objetivo de gerar valor e rentabilidade

aos acionistas.

Responsabilidade social

e ambiental

- É um dos objetivos centrais;

- É muito mais que uma questão de

imagem, é uma questão de dever.

- Forma de melhorar a imagem da

empresa perante a sociedade;

- Item adicional de despesas.

Serviços intangíveis

- A maior parte do produto oferecido

pela organização pública é serviço

intangível, portanto de difícil

mensuração.

- No que tange à empresa, os serviços,

geralmente, são tangíveis e possíveis de

serem medidos.

Gerentes mais presos

(engessados) no setor

público

- Exigência de maior grau de controle e

transparência;

- Excesso de burocracia;

- Relação com o cliente via processos

licitatórios;

- Seleção de pessoal via concurso

público;

- Fazer somente o que a lei determina.

- Menor grau de transparência à

sociedade;

- Relação direta com clientes e

fornecedores;

- Capacidade de negociação de preço e

qualidade dos produtos;

- Seleção de pessoal por competência,

qualidade e habilidade.

Pouca urgência na

quantificação

- O capital intelectual como ativo

intangível não incorpora o valor da

marca.

- O CI como ativo intangível incorpora o

valor da marca, muitas vezes sendo o

valor mais significativo da empresa.

Relatórios externos

- Satisfazer pedidos de informações

externas;

- CI pressionado a fazer relatórios

externos.

- Baixa produção de informações para

externos;

- Pouca pressão para o CI fazer relatórios

externos.

Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir de Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi Queiroz (2003).

As diferenças dispostas no Quadro 2, entre organizações públicas e privadas,

demonstram objetivos e características díspares. Entretanto, as diferenças vão além: elas

também se distinguem quanto ao uso do CI. De acordo com Serrano Cinca, Mar Molinero e

Bossi Queiroz (2003), os diferentes objetivos entre organizações do setor público e privado

Page 41: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

39

fazem com que se use o CI de forma também diferencial. Para os autores, o problema nisso

tudo é que o mau gerenciamento dos recursos intangíveis das empresas privadas pode afetar

clientes, mercado e lucratividade, comprometendo, por exemplo, as finanças da empresa. Por

outro lado, o mau gerenciamento do CI das organizações públicas afeta a qualidade do serviço

prestado ao cidadão, sem, no entanto, gerar perdas financeiras para a organização.

Outro fator relevante que distingue organizações públicas de empresas privadas quanto

ao interesse do seu CI concentra-se nas atividades econômicas exercidas por ambas. Enquanto

uma, do ponto de vista econômico, não visa a lucros e deve investir no bem-estar social, a outra,

se quiser longevidade e sustentabilidade, precisa economicamente maximizar riquezas. Desse

modo, suas atividades econômicas norteiam suas estratégias e seus programas para alvos

diferentes.

O Quadro 3 retrata com clareza os critérios econômicos que diferenciam e direcionam

as formulações estratégicas entre as organizações públicas e as empresas privadas.

Quadro 3 – Critérios que diferenciam as estratégias econômicas entre setor público e privado

Critérios Econômicos Setor Público Setor Privado

Motivo existencial Criar valor público Criar benefícios econômicos

Objetivo Complexo, político Claro, econômico

Princípios de atuação Só executa o que a lei permite Liberdade de execução

Gestão dos recursos Forma rígida Forma flexível

Atuação Atende privilégios específicos Não atende privilégios

Impacto político Alto Médio

Transparência Deve ser alta Pode ser média

Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir de Sancho (2002).

Portanto, ao se analisar o Quadro 3, percebe-se que as organizações públicas são

formadas por um conjunto de normas, regras, valores e processos administradas por indivíduos

que limitam seu comportamento e decidem sua atuação (SÁNCHEZ, 2007).

A propósito, o papel dos gestores públicos está relacionado ao fornecimento de uma

gestão capaz de promover o desenvolvimento socioeconômico e, sendo assim, desenvolver uma

sociedade próspera e estável (MOORE, 1992; MOE, 1994; TESKE; SCHNEIDER, 1994).

De acordo com Moore (1992), em termos gerais, o sucesso da administração pública

pode estar atrelado às escolhas políticas e às estratégias que maximizem o bem-estar da

sociedade e dos indivíduos que nela residem. Como fatores relacionados ao bem-estar,

Page 42: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

40

encontram-se a melhora da qualidade dos serviços públicos, o seu acesso equitativo e a

satisfação do cidadão.

Oferecer melhores serviços à sociedade exige efetividade da gestão pública. Faz parte

da boa conduta administrativa desenvolver estratégias que proporcionem ao cidadão a garantia

e a satisfação de seus direitos realizados. Segundo Narver e Slater (1990) e Grawe, Chen e

Daugherty (2009), a orientação estratégica pode ser um requisito fundamental para tornar

qualquer organização bem-sucedida. Dentre as estratégias, uma alternativa capaz de alterar o

contexto da gestão pública reside na compreensão e no melhor aproveitamento dos seus ativos

intangíveis. Não por acaso, a atual conjuntura econômica preconiza como riqueza das

organizações aquela fundamentada na gestão dos bens intangíveis (SVEIBY, 1998;

STEWART, 1994; 1998; 2001). Por conseguinte, se as estratégias para otimizar a satisfação do

bem-estar social encontram-se também no gerenciamento dos bens intangíveis, então,

programar novas práticas de gestão nas organizações públicas é um desafio inevitável e por

muito tempo adiado na era do conhecimento (RAMÍREZ, 2010).

Entretanto, programar novas práticas de gestão nas organizações públicas não é tarefa

fácil, tendo em vista que as organizações do setor público são formadas por fatores contrastantes

e criadores de paradigmas no que diz respeito ao entendimento do interesse público, à natureza

dos serviços, à atuação dos gestores e ao papel da democracia (STOKER, 2006).

Para Stoker (2006), os paradigmas da administração pública emergem como resposta às

insuficiências e ineficiências de uma gestão pública tradicional, desgastada, para um novo

entendimento de gestão pública. Entretanto, é em período transitório de paradigmas que

ocorrem reformas complexas e, por vezes, até incoerentes, já que a trajetória entre uma gestão

e outra envolve dificuldades subjacentes de pensamento humano.

Segundo Held (1992), o paradigma da tradicional administração pública se inspira na

percepção weberiana de mundo, em que o pensamento político concentra-se, basicamente, nas

instituições de liderança política, partido e burocracia. Todos entregues ao processo de

governança e essenciais para lidar com a complexidade da modernidade e da ordem pública.

Por outro lado, Stoker (2006) sugere que a carga de exigências sobre o estado tem

aumentado consideravelmente e, sendo assim, as respostas das organizações públicas à

sociedade precisam ser mais rápidas e eficientes. O não atendimento dos anseios da sociedade

determina a ruptura de paradigmas e o surgimento de novas gestões.

É por isso que a administração pública tradicional vem abrindo espaço para um novo

conceito de gestão, ou seja, para uma nova gestão pública. Essa nova gestão é proveniente da

perda de credibilidade da administração pública tradicional em atender ao bem-estar social

Page 43: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

41

(SÁNCHEZ, 2007); é uma reação às fraquezas do paradigma burocrático da tradicional

administração pública (STOKER, 2006; O’FLYNN, 2007); e é também uma resposta crítica a

algumas premissas da administração pública tradicional (SVARA, 2008).

Dentre as premissas, destacam-se o questionamento dos moldes em administrar as

organizações públicas (MURPHY, 1977), as regalias destinadas aos funcionários públicos,

julgados a sobrepor seus interesses ante as necessidades dos cidadãos (COLE; CAPUTO, 1984)

e, por último, o fato de a administração pública alocar de forma ineficiente e ineficaz os seus

recursos (OSBORNE, 1993).

A partir dessas premissas, entende-se como conceito mais adequado para definir a nova

gestão pública o seguinte:

Perseguir a criação de uma administração eficiente e eficaz, decidir uma

administração que satisfaça as necessidades reais dos cidadãos ao menor custo

possível, favorecendo para ele a introdução de mecanismos de competência que

permitam a eleição dos usuários e por sua vez promovam o desenvolvimento de

serviços de maior qualidade. Tudo isso rodeado de sistemas de controle que

outorguem uma plena transparência dos processos, planos e resultados, para que por

um lado perfeccionem o sistema de eleição, e, por outro, favoreçam a participação

cidadã (SÁNCHEZ, 2007, p. 44).

No sentido de se estabelecer melhor compreensão entre os paradigmas da administração

pública tradicional e os da nova gestão pública, o Quadro 4 apresenta as principais diferenças

paradigmáticas das gestões públicas.

Quadro 4 – Os paradigmas da gestão pública

Envolvimento da

Gestão Pública Administração Pública Tradicional Nova Gestão Pública

Objetivos

Fornecer insumos e serviços

monitorados; utilizar a burocracia para

supervisionar.

Gerenciar entradas e saídas com

economia e capacidade de resposta aos

cidadãos.

Papel dos gestores Garantir regras e procedimentos

adequados de gestão pública.

Definir, cumprir e acompanhar o

desempenho nas metas estipuladas.

Interesse público Políticos ou peritos; Preferência pelo indivíduo; políticos

seniores.

Abordagem do serviço

público

O sector público tem monopólio de

serviço. Serviços que favorece ao cliente.

Sistema para realizar os

serviços

Sistema hierárquico ou de

autorregulação. Busca no setor privado.

Contribuição para o

processo democrático Favorece a prestação de contas.

Favorece os objetivos: limita e fixa

objetivos e desempenhos. Os gestores

determinam os meios.

Fonte: Adaptado a partir de Stoker (2006).

A análise do Quadro 4 demonstra que a nova gestão pública protagoniza seu foco no

planejamento e no controle das metas e dos objetivos traçados, no bem-estar social e no

Page 44: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

42

equilíbrio entre o econômico e o social. Nesse sentido, Sánchez (2007) acredita que a nova

gestão pública poderia importar algumas técnicas das empresas privadas para, além de

direcionar o planejamento, também controlar e medir resultados.

Em relação ao planejamento das ações públicas, há de se distinguir entre decisões de

ofertar serviços públicos e decisões de gerir esses serviços. Algumas técnicas para desenvolver

um planejamento adequado e também para tomada de decisões mais efetivas tornam-se

imprescindíveis nesta fase (SÁNCHEZ, 2007). Já no que tange à medição e ao controle dos

resultados, Sánchez (2007) vincula esse processo a uma forma de analisar se o planejamento

foi adequado ou falho, bem como à possibilidade de revisar os objetivos não atendidos durante

a execução do planejamento.

Entende-se, portanto, que a nova gestão pública não está pronta. Certamente, ela ainda

é um conjunto complexo de ideais a evoluir, de planejamento, controle e análises a aperfeiçoar

e de debates sobre diferentes temas do processo de gestão a realizar (HOOD, 1995). Contudo,

mesmo complexa, a nova gestão pública tem como foco a criação de uma gestão responsável,

por isso age como uma espécie de sistema operativo, dotado de novas filosofias de atuação e

aplicando princípios de economia, eficiência e eficácia na organização pública (SÁNCHEZ,

2007).

Para se alcançar os propósitos da nova gestão pública deve-se estabelecer algumas

prerrogativas, as quais, de acordo com Hood (1991), englobam os seguintes aspectos:

a) gestores devem fazer gestão;

b) as medidas de atuação nas organizações públicas devem ser explícitas;

c) a ênfase deve estar nos resultados;

d) os departamentos devem ser eficientes;

e) critérios de competitividade devem ser estabelecidos nas organizações públicas;

f) o foco da gestão pública deve estar concentrado nos avanços administrativos das

empresas privadas; e

g) os recursos intangíveis disponíveis na organização pública devem ser usados com

mais disciplina e eficiência.

Além do mais, outro propósito da nova gestão pública está em extrair das teorias

administrativas as principais ideias que possam garantir o atingimento do bem-estar social

(SÁNCHEZ, 2007). Dentre as teorias, encontra-se a teoria dos bens intangíveis e a proposição

de adaptar o capital intelectual na gestão pública, tal qual o fazem algumas empresas privadas.

Dessa forma, os ativos intangíveis podem-se tornar um diferencial para as organizações

Page 45: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

43

públicas obterem resultados positivos e satisfatórios em seus atos de gestão (CAÑIBANO;

SÁNCHEZ, 2004; KONG, 2008).

Com o objetivo de melhorar as práticas de gestão das organizações públicas, a

implementação da nova gestão pública em nível administrativo ainda carece de acontecimentos.

Introduzir novos princípios e filosofias nas administrações, modernizando e efetivando a gestão

pública, ainda é um desafio a ser alcançado (HODGES; MELLET, 2002; MOURITSEN;

THORBJORNSEN, 2004; CARLIN; YONGVANICH; GUTHRIE, 2005).

Ademais, entende-se que a organização pública, aplicando ou não as premissas da nova

gestão pública, deve, pelo menos, conhecer seu CI. Certamente, os recursos intangíveis das

organizações públicas são perspectivas para transformar e melhorar os serviços públicos

oferecidos aos cidadãos. Nesse sentido, Ramírez (2010) destaca que a atenção dos indivíduos

por qualidade no serviço público requer das organizações públicas uma série de iniciativas,

dentre elas, a inclusão do capital intelectual para oferecer à sociedade serviços com maior grau

de eficiência e eficácia.

Por fim, para determinar a satisfação do cidadão diante os serviços recebidos da

organização pública, analisam-se indicadores de desempenho da gestão, os quais, pela

abrangência de seus cálculos, podem determinar a performance das gestões públicas. Sendo

assim, a seguir, serão abordados os dois principais índices do ponto de vista fiscal, econômico

e social, medidores do desempenho da gestão pública no Brasil.

2.2.1 Desempenho da Gestão Pública

Reformas estruturais como a implantação da nova gestão pública estão sendo

gradativamente implementadas nas organizações do setor público. Uma das características

marcantes dessas reformas reside na promessa de se melhorar o desempenho e a transparência

dos atos da gestão pública. A expectativa gerada, independentemente da complexidade exigida

no processo de gestão, é de que os gestores públicos possam fazer mais pelo bem-estar social,

utilizando-se, financeiramente, de muito menos (CHARBONNEAU; BROMBERG;

HENDERSON, 2015).

Em se tratando de gestão pública, as políticas de governo devem, antes, melhorar o

processo administrativo (SÁNCHEZ, 2007), de forma que possam atender a três objetivos

fundamentais da gestão pública: funcionar agilmente, dentro dos rigores legais; tratar as

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44

finanças públicas de forma responsável e sustentável; e cuidar para que a eficiência dos serviços

públicos seja constante (DOMÍNGUEZ, 2000; BOYNE, 2002).

Contudo, o desafio em desempenhar uma boa gestão, muitas vezes, vai além do

atendimento técnico administrativo, ou seja, volta-se a atender questões multidimensionais,

como é o caso das questões políticas, por exemplo (CHARBONNEAU; BROMBERG;

HENDERSON, 2015).

Operacionalmente, quantificar e classificar o desenvolvimento de uma gestão exige

examinar seu desempenho. De acordo com Charbonneau, Bromberg e Henderson (2015), o

desempenho esperado de uma gestão pode ser capturado por meio de quadros estabelecidos

num regime de desempenho. Regime de desempenho corresponde a “sistemas de comunicação

interligando arranjos, fluxos de recursos, medidas de desempenho e avaliações organizacionais,

e intervenções projetadas para orientar o desempenho do serviço público” (DOWNE et al.,

2010, p. 666). Além do mais, o regime de desempenho determina a criação de arranjos

institucionais classificados em rankings que podem interferir ou influenciar no próprio

desempenho da organização, nos seus propósitos e objetivos (HOOD, 2012;

CHARBONNEAU; BROMBERG; HENDERSON, 2015).

Quando as posições de desempenho de gestão são ranqueadas e divulgadas, assumem-

se classificações comparativas internas e externas à organização, as quais podem incentivar as

organizações públicas a buscar melhores níveis de colocação. Nesse caso, torna-se uma tarefa

desafiadora para o gestor alcançar melhores resultados (CHARBONNEAU; BROMBERG;

HENDERSON, 2015). Além do mais, assumir melhores colocações de ranking significa

investir na melhoria da gestão, e isso funciona como uma espécie de estímulo para a

organização repensar sua gestão (DOWNE et al., 2010; HOOD, 2012).

Contudo, um acompanhamento para quantificar e mensurar resultados exige primeiro

planejamento, metas e objetivos e, na sequência, informações adequadas que possam alimentar

as ferramentas informacionais geradoras dos índices de desempenho. De acordo com Sánchez

(2007), dentre as principais fontes geradoras dos índices de desempenho, destacam-se

principalmente, a contabilidade financeira e analítica e os indicadores financeiros, sociais e de

gestão.

A partir das informações contábeis e dos indicadores de desempenho, são criados os

índices de gestão pública. Por meio deles, torna-se possível mensurar e avaliar os aspectos

sociais, econômicos, financeiros e fiscais da organização, bem como a eficiência e a eficácia

com que os bens e serviços públicos são postos à comunidade (SÁNCHEZ, 2007).

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45

Nesse caso, os índices de gestão funcionam também como mecanismos de controle das

gestões públicas, ou seja, variáveis que representam o processo produtivo da gestão pública e

mensuram o comportamento dos padrões de execução das atividades administrativas das

organizações do setor público (GONZÁLES PÁRAMO, 2000; SÁNCHEZ, 2007).

Dessa forma, visando a atender o objetivo principal deste estudo, os próximos itens

retratam a gestão pública dos municípios brasileiros e especificam os índices de avaliação da

gestão pública municipal utilizados para o desenvolvimento deste trabalho.

2.2.2 Indicadores de Desempenho da Gestão Pública Brasileira

De acordo com dados da Firjan (2015), as organizações do setor público brasileiro

arrecadam o equivalente a 35,9% de tudo o que o país produz. Contudo, existem grandes

demandas da sociedade a serem atendidas, dentre elas, destacam-se as áreas sociais, os

programas de investimentos de infraestrutura e a precariedade dos bens e serviços públicos

disponíveis à sociedade e necessários para o crescimento econômico do país (FIRJAN, 2015).

Mesmo arrecadando altos valores tributários, uma grave crise na gestão pública e no

controle sobre os recursos arrecadados e os gastos executados contribuíram para tornar

vulnerável a conjuntura socioeconômica brasileira. Até mesmo a Lei Complementar 101/2000,

conhecida por Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e que definiu diversos mecanismos de

controle dos gastos públicos, conseguiu abrandar o processo de más gestões públicas e conter

a degradação da imagem da administração pública. A prova do mau gerenciamento das

organizações públicas é que, dos 5.243 municípios pesquisados pela Federação das Indústrias

do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), apenas 61 deles geram receitas suficientes para arcar

com as despesas relacionadas à folha de pagamento dos seus servidores, enquanto a grande

maioria, às vezes, nem isso consegue (FIRJAN, 2015).

Sendo assim, uma das recomendações da Firjan (2015) implica em acompanhar o

desenvolvimento das gestões públicas, especialmente as de âmbito municipal. São elas que

representam o elo mais próximo entre poder público e cidadão.

Portanto, para fins deste estudo, foram escolhidos dois dos principais índices de

desenvolvimento da gestão pública, o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) e

o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), julgados pela pesquisadora como os mais completos

para realização do presente trabalho. Por meio deles, será efetuada a tentativa de identificar se

há relação do capital intelectual com esses índices. Sendo assim, na tentativa de compreender

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46

o intento ora proposto e visando a conhecer os índices, apresenta-se, a seguir, um breve relato

sobre o que são e como se constituem o Idese e o IFGF.

2.2.2.1 Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE)

O Idese, calculado pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser

(FEE), contempla os objetivos das ações das políticas públicas inseridas no contexto das

economias dos municípios do Estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil (BR). Valendo-se das

premissas disponíveis sobre a qualidade de vida dos munícipes e considerando aspectos

qualitativos do processo de desenvolvimento público, o Idese representa um dos principais

instrumentos de avaliação da situação socioeconômica dos Municípios do Estado do RS. Seu

propósito em mensurar o desenvolvimento destes municípios visa a, além de divulgar, também

avaliar, acompanhar e fornecer informações aos cidadãos e à sociedade em geral a respeito das

políticas públicas adotadas pelos governos municipais do Estado do RS (FEE, 2015).

O cálculo que determina a formação do Idese é realizado por meio dos resultados do

desenvolvimento das ações municipais correspondentes a 12 indicadores de desempenho,

divididos em três blocos distintos: Bloco 1 – Educação: formado pela quantidade de matrículas

dos estudantes da Pré-Escola (0-5 anos), do Ensino Fundamental (6-14 anos), do Ensino Médio

(15-17 anos), e Escolaridade Adulta (maiores de 18 anos); Bloco 2 – Renda: formada pelas

rendas per capita dos municípios, tem base na Renda Apropriada (renda per capita domiciliar

média) e pela Renda Gerada (PIB per capita); Bloco 3 – Saúde: formado por três aspectos

relacionados a Saúde Materno-Infantil (considera a taxa de mortalidade infantil em crianças de

0-5 anos e número de consultas pré-natais por nascidos vivos), dois aspectos sobre as Condições

Gerais de Saúde (onde considera a taxa de mortalidade das causas evitáveis e a taxa de

mortalidade das causas mal definidas), e pelo aspecto Longevidade (considera a taxa bruta de

mortalidade padronizada).

A Figura 1 representa a estrutura da forma como se compõe o cálculo do Idese, um

indicador importante para avaliar a gestão pública municipal e adotado, neste estudo, como uma

variável dependente da influência do CI na gestão pública.

Page 49: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

47

Figura 1 – Variáveis que compõem o cálculo do Idese

Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir da FEE (2015).

O Idese é calculado a partir das variáveis Educação, Renda e Saúde de um determinado

município. Em termos gerais, segundo a FEE (2015), o cálculo do Idese corresponde a uma

escala que vai de 0-1, sendo que, quanto mais próximo ao número 1, melhor é o índice de

desenvolvimento socioeconômico do município.

Em nível de desenvolvimento, o Idese classifica-se como índice alto (acima de 0,800),

médio (entre 0,500 e 0,799) e baixo (abaixo de 0,499). Esta classificação é usada para

determinar o nível de desenvolvimento social e econômico dos municípios do RS,

estabelecendo, posteriormente, as posições socioeconômicas ocupadas por cada um desses

municípios na esfera estadual. No ano de 2012, ano de última análise do Idese, verificou-se

como média geral dentre os municípios que formam o Estado do RS, o valor de 0,744 que

caracteriza, um desenvolvimento socioeconômico de nível médio.

2.2.2.2 Índice Firjan de Gestão Fiscal – IFGF

Quanto ao IFGF, trata-se de um índice desenvolvido pelo Sistema Firjan com o intuito

de estimular uma cultura administrativa responsável na gestão pública fiscal e municipal. Sua

contribuição se reporta a aperfeiçoar as decisões dos gestores na alocação dos recursos públicos.

Desde que foi lançado no ano de 2012, o IFGF abre espaço para debater a forma de gerenciar a

receita pública municipal e os gastos por ela suportados (FIRJAN, 2015).

A construção do IFGF acontece a partir dos resultados fiscais da gestão municipal

informados e publicados em site oficial da Prefeitura Municipal e da Secretaria do Tesouro

Nacional (STN). A informação dos dados referentes à gestão fiscal do governo no decorrer de

IDESE

Educação

Pré-Escola

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Escolaridade Adulta

RendaRenda Apropriada Média

per capita

PIB per capita

SaúdeSaúde Materno Infantil

Condições Gerais de Saúde

Longevidade

Page 50: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

48

um ano é obrigatória por parte dos municípios. Seu cálculo e posterior divulgação devem

ocorrer de forma quadrimestral para municípios com população superior a 50.000 habitantes e

de forma semestral para municípios com população de 50.000 habitantes, ou inferior.

Composto por cinco indicadores, Receita Própria (peso de 22,5% no cálculo do índice),

Investimentos (peso de 22,5% no cálculo do índice), Gastos com Pessoal (peso de 22,5% no

cálculo do índice), Liquidez (peso de 22,5% no cálculo do índice) e Custo da Dívida (peso de

10,0% no cálculo do índice), o IFGF, representado pela Figura 2, tem uma metodologia simples

de avaliação e permite tanto comparação relativa quanto absoluta, isto é, o índice pode ser

comparado ao longo dos anos em que fora calculado. Dessa forma, é possível determinar se

uma melhora relativa de posição de um município, em um ranking, se deve a fatores específicos

deste determinado município ou à piora relativa dos demais (FIRJAN, 2015).

Figura 2 – Variáveis e peso das variáveis que compõem o cálculo do IFGF

Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir FIRJAN (2015).

A Figura 2 demonstra a composição do cálculo do IFGF. Num intervalo que vai de 0 a

1 ponto, em que quanto mais próximo a 1 melhor a gestão fiscal em análise, de acordo com a

Firjan (2015), o IFGF é construído a partir dos dados constantes na Figura 2 e tem a seguinte

leitura:

Conceito A (Gestão Excelente): compreende os resultados entre 0,8 e 1 ponto;

Conceito B (Boa Gestão): compreende os resultados entre 0,6 e 0,8 pontos;

Conceito C (Gestão em Dificuldades): resultados entre 0,4 e 0,6 pontos;

Conceito D (Gestão Crítica): Resultados inferiores a 0,4 pontos.

Sendo assim, os municípios analisados pela Firjan no ano de 2013 (último exercício

analisado) apresentaram como média de desenvolvimento de gestão fiscal o valor de 0,4545.

IFGF

Receita Própria

(capacidade de arrecadação própria)22,5%

Investimentos

(capacidade de investir)22,5%

Gastos com Pessoal

(grau de rigidez do orçamento)22,5%

Liquidez

(suficiência de caixa)22,5%

Custo da Dívida

(custo dívida de longo prazo)10,0%

Page 51: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

49

Seus resultados determinam uma piora no desempenho da gestão fiscal dos municípios

brasileiros em 10,5% desde que foi criado no ano de 2006. Outra informação indica que, dos

5.243 municípios pesquisados pela Firjan, 3.339 (63,7% do total analisado) demonstraram

situação fiscal pior do que a registrada no ano de 2012 (FIRJAN, 2015).

Com efeito, em dados gerais, o IFGF também apresenta que, dos 5.243 municípios

pesquisados, apenas 18 (0,3%) deles apresentaram gestão fiscal excelente, ou seja, conceito A,

e 808 (15,5%) dos municípios enquadraram-se como gestão fiscal boa, conceito B. Em

contrapartida, 4.417 municípios (84,2%) apresentaram situação fiscal difícil ou crítica, sendo

destes, 2.655 (50,6%) com avaliação difícil, conceito C e 1.762 (33,6%) com avaliação crítica,

conceito D.

Fundamentado nessas informações e valendo-se das implicações descritas na

justificativa deste trabalho, o próximo capítulo tem o objetivo de esclarecer o método delineado

para realização do propósito firmado para este estudo.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este estudo pretende identificar como se compõe o capital intelectual das organizações

públicas e analisar qual a sua relação com os indicadores de desempenho da gestão e, para

melhor demonstrar seu propósito, as próximas seções configuram o seu delineamento, as

técnicas e procedimentos para coletar os dados e, por fim, as técnicas utilizadas para efetuar as

análises e as interpretações dos dados coletados.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Entende-se como modelo mais adequado para delinear esta pesquisa, o método de

abordagem quantitativo, de caráter descritivo, com corte transversal e coleta de dados realizada

por meio de um questionário estruturado do tipo survey. Segundo Fonseca (2002), toda pesquisa

centrada na objetividade, com atributos mensuráveis, aplicada por meio de instrumentos

neutros, capazes de recolher dados brutos para interpretação estatística e que possam descrever,

por exemplo, as causas de um fenômeno, ou a relação entre as variáveis pesquisadas, será

considerada pesquisa quantitativa.

Sendo assim, para que se possa identifica as três dimensões que compõem o CI nas

organizações públicas e posteriormente analisar sua relação com indicadores de desempenho

da gestão, é necessária uma pesquisa de caráter quantitativo e não exploratória. De acordo com

Hair Jr. et al. (2005), as pesquisas quantitativas de caráter descritivo, são mensuradas por

números e geralmente descrevem o que foi mensurado em uma questão de pesquisa. Conforme

Malhotra (2012), a pesquisa quantitativa descritiva tem caráter conclusivo. Enquanto isso, para

Vergara (2009), a pesquisa quantitativa descritiva explica fenômenos e permite correlacionar

variáveis.

Com a definição do delineamento da pesquisa, a seguir, será demonstrada a população

alvo, o público escolhido para amostragem e o meio utilizado para realizar a coleta dos dados.

3.2 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

De acordo com Creswell (2007), o momento da coleta de dados implica determinar uma

população da qual resultará uma amostra significativa de indivíduos, os quais, por sua vez,

Page 53: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

51

serão submetidos a um instrumento de pesquisa. A seguir, serão demonstrados as técnicas e os

procedimentos para realização da coleta de dados.

3.2.1 População e Amostra

Constitui-se como população desta pesquisa as organizações públicas, representadas

pelas Prefeituras Municipais, localizadas na Região Norte do Estado do RS, Brasil. A Região

Norte do Estado é formada por 270 Municípios, os quais, de acordo com a classificação do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caracterizam-se, em sua maioria, como

municípios de pequeno porte.

Quanto à amostra da pesquisa, trata-se de uma amostra não-probabilística, abrangendo

cinquenta e seis prefeituras, as quais representaram 20,74% da população especificada. A

análise da Tabela 1 demonstra a representatividade dos Municípios pesquisados de acordo com

as faixas populacionais estipuladas pelo IBGE, em que a amostra pesquisada inclui Municípios

que vão de 1.600 a 500.000 habitantes.

Tabela 1 – Prefeituras Municipais/Municípios pesquisados de acordo com a faixa populacional

Classe de Tamanho Municípios Quantidade Municípios

Até 5.000 hab. 24

De 5.001 a 20.000 hab. 15

De 20.001 a 100.000 hab. 14

De 100.001 a 500.000 hab. 03

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

As Prefeituras Municipais enquadradas na Tabela 1, representam a amostra final e

localizam-se num raio de até 300km do Município de Passo Fundo, o qual se configura como

um dos Municípios polo da Região Norte do Estado do RS. É importante salientar que a

amostragem deste estudo foi estabelecida de acordo com os preceitos de Hair Jr. et al. (2005) e

Malhotra (2012), ou seja, por conveniência e interesse do pesquisador, considerando o tempo

disponível, a mobilidade geográfica e o orçamento programado.

Participaram como sujeitos efetivos da pesquisa, 674 servidores públicos (concursados),

lotados em cargos técnicos de setores fundamentais para o desenvolvimento da gestão pública.

Todos desempenham suas atividades nos departamentos da Fazenda, Administração,

Planejamento, Controle Interno e Procuradoria Jurídica, como exemplo de setores

Page 54: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

52

departamentais, destacam-se a contabilidade, a tesouraria, o setor tributário, os recursos

humanos, o setor de licitação, os setores de projeto e planejamento, a assessoria jurídica e o

controle interno, entre outros.

3.2.2 Instrumento de Coleta de Dados

A coleta dos dados primários ocorreu por meio de uma survey, tendo como instrumento,

um questionário estruturado composto de 30 questões fechadas, com uma única escolha e

dispostas da seguinte maneira: as primeiras 11 questões envolvem o Capital Humano (CH), as

8 questões intermediárias (12 a 19) relacionam-se ao Capital Estrutural (CE), enquanto que as

últimas 11 questões (20-30), tratam do Capital Relacional (CR).

Todas as questões foram avaliadas por meio de uma escala do tipo Likert, intervalar de

7 pontos, cujos extremos significam (1) discordo totalmente e (7) concordo totalmente. Junto

ao questionário, também foram solicitadas algumas informações gerais e relevantes para

caracterizar a pesquisa, como número de habitantes do município; tempo de atuação do servidor

público na organização; setor de trabalho deste servidor; idade, gênero e grau de escolaridade

(Apêndice A).

A Figura 3 demonstra a fundamentação teórica usada como base para elaboração do

questionário, o qual se desenvolveu de acordo com a literatura constante no referencial teórico

deste estudo.

Figura 3 – Dimensões e variáveis do capital intelectual

Dimensões do CI Variáveis do CI Questões CI

Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir de Bontis (1998).

Capital Intelectual

Capital Humano

Conhecimento, habilidade, capacidade, competência, experiência, trabalho em

equipe, liderança

01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08,

09, 10 e 11

Capital Estrutural

Capital organizacional, tecnologia, capacidade de relacionamento, processos,

rotina, cultura

12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 e

19

Capital Relacional

Relação social, relação com fornecedores,

alianças/estratégias, foco/meta

20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27,

28, 29 e 30

Page 55: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

53

As variáveis do CI representadas na Figura 3 formam as fontes constitutivas para

elaboração do questionário de pesquisa e foram extraídas com base nos estudos de

pesquisadores do CI, conforme demonstra o (Quadro I) deste trabalho. O questionário foi pré-

estruturado a partir da elaboração de 120 questões que, após um processo de análise

classificatória entre discente, orientador, professores doutores e servidores públicos, fez-se uma

triagem das questões que melhor poderiam representar as variáveis escolhidas. Dessa forma,

das 120 questões inicialmente elaboradas, apenas 30 questões foram selecionadas e utilizadas

para realizar a aplicação da pesquisa. Salienta-se que para este estudo, não houve adaptação ou

reprodução de questionário, sendo o mesmo, elaborado a partir das variáveis selecionadas,

conforme dispõe a Figura 3.

Ainda assim, na tentativa de minimizar problemas concernentes à clareza das questões,

tempo necessário destinado a leitura, interpretação, resposta e possibilidade de perguntas

inadequadas, o questionário foi submetido ao crivo de quatro professores, todos doutores e

pesquisadores. Em seguida, o questionário passou por um pré-teste, envolvendo quinze

servidores públicos efetivos, lotados em diferentes Prefeituras Municipais e de diferentes

setores de trabalho selecionados para este estudo. E, por último, todas as questões com dupla

interpretação ou mal compreendidas pelos respondentes do pré-teste foram revisadas e

readequadas para a versão final do questionário.

3.2.3 Coleta de Dados

À aplicação do questionário foi realizada no âmbito de cada Prefeitura Municipal, nos

meses de agosto e setembro do ano de 2015. Colaboraram com a pesquisa servidores efetivos,

dos mais variados setores técnicos da administração pública municipal e dispostos a responder

o questionário no momento em que foram convidados. Reforça-se que todos os servidores

pesquisados são devidamente efetivos, ou seja, eventuais cargos de confiança presentes nestes

setores, quando da realização da pesquisa, foram instruídos a não responder o instrumento de

coleta de dados. Salienta-se que 684 servidores públicos colaboraram com a pesquisa,

respondendo ao questionário, sendo que deste total, foram validados para as análises estatísticas

674 questionários.

Individualmente, cada respondente levou, em média, entre oito e dez minutos para dar

seu parecer de respostas. A média de respondentes validados deste estudo configurou uma

coleta total de 22,46 entrevistados por variável, considerando um questionário de 30 variáveis.

Page 56: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

54

Segundo Hair Jr. et al. (2005), uma pesquisa é considerada válida quando se consegue no

mínimo cinco entrevistados para cada variável disposta na survey.

Em relação aos dados secundários concernentes aos indicadores de desempenho da

gestão pública dos municípios pesquisados, os mesmos foram extraídos dos sites oficiais dos

órgãos responsáveis por suas elaborações, ou seja, o Idese formado a partir dos dados sociais e

econômicos concernentes à saúde, educação e renda foi extraído do site de Economia e

Estatística (FEE) e o IFGF, formado a partir de dados que envolvem a gestão fiscal pública, foi

extraído do site da Firjan.

Sendo assim, de posse dos dados coletados, eles foram tabulados por meio do Software

Microsoft Excel 2010 e, posteriormente, foram submetidos às análises estatísticas por meio do

programa IBM SPSS Statistic, 20.0 para Windows. As análises estatísticas para as quais esta

pesquisa foi submetida serão detalhadas na seção que segue.

3.3 TÉCNICAS PARA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Por se tratar de uma pesquisa quantitativa, as análises e interpretações dos dados foram

realizadas por meio de técnicas estatísticas envolvendo a estatística descritiva, a análise fatorial

e a regressão linear múltipla.

Para a purificação da base de dados, utilizaram-se os seguintes critérios: foram

eliminados os outliers e as questões que não contivessem pelo menos 90% de respostas válidas,

o que resultou em 10 questionários eliminados, sendo 08 por outliers e 02 por conter mais de

10% de respostas faltantes. Para os questionários com menos de 10% de respostas faltantes, os

mesmos foram completados por meio da média pondera dos demais respondentes do município

em análise.

Em seguida, para todas as variáveis validadas pelo instrumento de coleta de dados,

realizou-se a estatística descritiva mediante a utilização da média, frequência e desvio padrão.

Conforme Hair Jr. et al. (2005), a estatística descritiva é uma técnica utilizada para caracterizar

os dados da pesquisa e estabelecer relações entre as variáveis.

Feito isto, deu-se início às análises mais profundas, como a análise fatorial e a regressão

linear múltipla, assuntos a serem tratados individualmente, nas próximas seções.

Page 57: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

55

3.3.1 Análise Fatorial

Em sequência ao processo estatístico, realizou-se a análise fatorial. Conforme

entendimento de Hair Jr. et al. (2005), a análise fatorial é uma técnica estatística multivariada

que condensa e combina linearmente informações de um grande número de variáveis em um

conjunto reduzido de menor quantidade ou fatores subjacentes. As cargas de fatores gerados,

podem posteriormente, se reverter em variáveis independentes. Para Malhotra (2012), a análise

fatorial é uma técnica capaz de sumarizar dados.

Sendo assim, de acordo com os preceitos de Hair Jr. et al. (2005), observou-se a

normalidade e a confiabilidade dos dados coletados como um pré-requisito para utilização das

técnicas de análises multivariadas. Dessa forma, foram identificadas a normalidade dos dados,

por meio do teste Kolmogorov-Smirnov, enquanto que a confiabilidade dos dados foi observada

pelo Alfa de Cronbach. Segundo Hair Jr. et al. (2005), o Alfa de Cronbach tem a função de

mensurar a confiabilidade das respostas, avaliando a coerência entre as respostas e os

respondentes da pesquisa, sendo considerados confiáveis os valores que se apresentam acima

de 0,7.

Realizou-se também a análise da matriz anti-imagem, a qual, de acordo com Hair Jr. et

al. (2005) e Malhotra (2012), indica a adequação das variáveis pesquisadas. Caso alguma

variável demonstrasse valor inferior a 0,5, deveria ser eliminada, uma vez que, para esta

pesquisa, representaria baixa explicação para construção dos fatores pretendidos (HAIR JR. et

al., 2005; PESTANA; GAGEIRO, 2005).

Após esses procedimentos, iniciou-se a extração dos fatores por meio do método dos

componentes principais, com rotação Varimax e considerando como variáveis importantes

aquelas apresentando carga fatorial superior a 0,5.

Para determinar a correlação entre as variáveis ou grau de suscetibilidade, foram

efetuados os testes Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e de Esfericidade de Bartlett. De acordo com

Pestana e Gageiro (2005), o teste KMO permite identificar se há correlação entre as variáveis,

em que, quanto mais próximo de 1 for o resultado, melhor será a correlação entre as variáveis

e, portanto, mais adequada será a análise fatorial, enquanto que, valores inferiores a 0,5, devem

ser considerados inaceitáveis para análise fatorial. Já o teste de Esfericidade de Bartlett,

segundo Hair Jr. et al. (2005), é responsável por indicar que a matriz de correlação é uma matriz

identidade.

Depois de verificar a adequação da análise fatorial para o tratamento estatístico dos

dados, foi possível combinar uma série de dados coletados por meio das variáveis do capital

Page 58: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

56

intelectual, em três fatores distintos esperados: CH, CE e CR. Sinteticamente, esses fatores

expressam de forma mais simples o entendimento dos dados coletados para realização das

análises.

Por fim, foram apuradas as médias ponderadas de cada fator do CI, ou seja, do CH, do

CE e do CR. Primeiro as médias fatoriais foram calculadas por município e posteriormente,

transformadas em médias gerais do CH, do CE e do CR, as quais foram utilizadas como índices

independentes de uma regressão linear múltipla.

3.3.2 Regressão Linear Múltipla

De acordo com Hair Jr. et al. (2005), a regressão linear múltipla é uma técnica de análise

de dados aplicada para mensurar relações lineares entre duas ou mais variáveis. Segundo

Pestana e Gageiro (2005), a regressão linear múltipla representa uma técnica estatística,

descritiva, que possibilita determinar a relação entre uma variável dependente (Y) e uma série

de outras variáveis independentes (X1, X2, X3...).

Para verificar a acuracidade do modelo de regressão, foi observado o coeficiente de

determinação (R²), que pode variar entre 0 e 1, em que, quanto mais próximo de 1 for o

resultado, melhor se explica o modelo (HAIR JR. et al., 2009). Outro teste efetuado foi o

diagnóstico de VIF (Fator de Inflação da Variância), cujo objetivo é verificar a alta correlação

entre as variáveis independentes, ou seja, a multicolinearidade. Segundo Hair Jr. et al. (2009),

quando se diagnosticarem valores superiores a 10, há problemas no modelo e, portanto, devem

ser corrigidos antes de se efetuar a análise de regressão linear múltipla.

Dando prosseguimento ao modelo de regressão linear, a técnica permitiu a inserção de

variáveis independentes numa única equação de regressão, na tentativa de prever uma única

variável dependente. Além do mais, essa técnica também possibilitou calcular um coeficiente

separado para cada variável independente, propiciando, assim, descrever o grau de dependência

da variável dependente para com cada variável independente (HAIR JR. et al., 2005).

Dessa forma, o estudo analisa a possível relação do CI na gestão pública, utilizando uma

regressão linear múltipla, testando a influência das variáveis independentes (CH, CE e CR) em

relação aos principais indicadores de gestão pública, o Idese e o IFGF (ambos, variáveis

dependentes) conforme demonstra a Equação (1).

Y = β0 + β1 X1 + β2 X2 + β3 X3 (1)

Page 59: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

57

Em que:

Y = Variável dependente (IDESE ou IFGF);

Β0 = Constante;

β1 = Coeficiente capital humano;

β2 = Coeficiente capital estrutural;

β3 = Coeficiente capital relacional;

X1 = Variável independente capital humano;

X2 = Variável independente capital estrutural;

X3 = Variável independente capital relacional;

Conhecido o método de pesquisa aplicado para este estudo, o próximo capítulo

apresenta os resultados e as discussões encontrados a partir das análises efetuadas.

Page 60: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, são apresentadas as análises e as interpretações dos dados coletados para

o estudo. Na primeira seção, estão dispostos os resultados e as análises que descrevem a

amostra, enquanto que a segunda seção demonstra os principais fatores do CI. Por fim, na

terceira e última seção concentram-se as observações a respeito da possível relação do CI nos

indicadores de gestão pública, por meio da análise de regressão linear múltipla.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Dando início ao processo de análise dos dados coletados, inicialmente, foi realizada a

organização da base, eliminando dados que causam distorções. Sendo assim, foram excluídos

oito questionários outliers. Ao se verificar a frequência de respostas nas questões, observou-se,

em duas delas, um número superior a 10% de respostas faltantes e, portanto, foram também

eliminadas, pois, segundo Kline (1998) é condição essencial para uma análise multivariada

observar a frequência dos respondentes.

Com esses procedimentos, ao todo foram eliminados 10 questionários. Para os casos

com respostas faltantes inferiores a 10% do total das questões, optou-se por preenchê-las por

meio da média dos demais respondentes da prefeitura em análise. Sendo assim, após efetuar os

ajustes necessários, expurgando todos aqueles dados que poderiam interferir nos resultados e

posteriores análises da pesquisa, foram validados, para o estudo, um total de 674 questionários.

Outro procedimento, foi eliminar a questão de número 26 (CR26) das questões a serem

analisadas. Decidiu-se por eliminá-la uma vez que se apresentava fora da normalidade dos

dados (HAIR JR. et al., 2005). Portanto, de um total de 30 questões pesquisadas,

estatisticamente, foram analisadas 29 questões para o estudo do CI nas organizações públicas.

Apurados esses resultados, verificou-se uma média geral de 23,24 respondentes válidos,

por variável válida, considerando 674 respondentes para 29 variáveis. De acordo com Hair Jr.

et al. (2005), uma pesquisa deve ter no mínimo, cinco respondentes para cada variável de

pesquisa.

Feitos os ajustes necessários, a base de dados tornou-se apta para o desenvolvimento da

estatística descritiva, e, analisando os dados da pesquisa, foi possível identificar o porte dos

municípios e constatar que a maioria deles se enquadra como de pequeno porte. Com uma média

geral de 12,03 respondentes por prefeitura municipal pesquisada, considerando 674

Page 61: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

59

respondentes para 56 prefeituras municipais, a análise da Tabela 2 identifica a quantidade de

municípios pesquisados conforme faixa populacional utilizada pelo IBGE (2000), bem como,

o número de servidores públicos participantes da pesquisa, a frequência e o percentual de

respondentes por porte de município.

Tabela 2 – Porte populacional dos municípios pesquisados e número de respondentes

Classe de Tamanho Municípios Quantidade

Municípios %

Número de

Respondentes %

Até 5.000 hab. 24 42,86 168 24,93

De 5.001 a 20.000 hab. 15 26,78 152 22,55

De 20.001 a 100.000 hab. 14 25,00 223 33,09

De 100.001 a 500.000 hab. 03 5,36 131 19,43

Total 56 100,00 674 100,00

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa (2015).

A partir da Tabela 2, constata-se a predominância de municípios de pequeno porte

(42,86%) compondo a pesquisa. Contudo, o maior número de servidores públicos participantes

(33,09%), pertencem a municípios de médio porte, com população entre 20.000 a 100.000

habitantes, correspondendo a 25% das prefeituras da amostra.

Ainda contextualizando a pesquisa, a Figura 4 demonstra a frequência do Índice de

Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) entre os municípios desta pesquisa.

Figura 4 – Frequência do Idese entre os municípios

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0,64610 0,67492 0,70373 0,73255 0,76137 0,79019 0,81901 Valores

acima

N.

munic

ípio

s

IDESE - municípios

Page 62: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

60

Avalia-se, por meio do Idese, os índices de desenvolvimento social e econômico dos

municípios do Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com a classificação utilizada pela

Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2015), a análise da Figura 4 permite observar uma

variação deste índice para os municípios pesquisados entre 0,6000, considerado como de médio

desenvolvimento socioeconômico a 0,8480, considerado como de alto desenvolvimento

socioeconômico (FEE, 2015). Dentre os municípios da amostra, há pouca variabilidade de

índices, a maioria deles (29) se enquadra como municípios com índices de alto grau de

desenvolvimento socioeconômico (valores acima de 0,8000). Enquanto que 27 municípios se

classificam com índices de médio grau de desenvolvimento socioeconômico, ou seja, com

valores variando entre 0,6000 e 0,7999 (FEE, 2015).

Outro indicador analisado foi o IFGF. A Figura 5 apresenta os dados de frequência do

Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) entre os municípios deste estudo.

Figura 5 – Frequência do IFGF entre os municípios

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

A análise da Figura 5 demonstra a classificação dos municípios de acordo com a gestão

fiscal desenvolvida. Observa-se um IFGF variando entre 0,3124 (gestão crítica) a 0,7540

(gestão boa). Não há, na amostra, municípios com gestão fiscal excelente, ou seja, com valores

acima de 0,8000. Dos 56 municípios pesquisados, 53,57% apresentam índice de gestão fiscal

boa – índices entre 0,6000 a 0,7999; outros 41,07% enquadram-se como gestão fiscal difícil –

índices entre 0,4000 a 0,5999; e apenas 5,36% dos municípios apresentam-se em gestão fiscal

crítica, com índices abaixo de 0,4000.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0,3124 0,3755 0,4386 0,5017 0,5648 0,6278 0,6909 Valores

acima

N.

munic

ípio

s

IFGF - municípios

Page 63: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

61

No mês de junho de 2015, a Firjan divulgou um estudo classificando as gestões fiscais

dos municípios. Em sua maioria, os municípios enquadraram-se em gestão fiscal difícil

(50,60%) e situação crítica (33,60%), perfazendo um total de 84,20% de municípios com

problemas de gestão fiscal no Brasil (FIRJAN, 2015).

No entanto, os 56 municípios deste estudo sugerem que mais de 50% dos municípios

pesquisados encontram-se em boa gestão fiscal. Salienta-se, porém, que ainda existe uma série

de oportunidades e de desafios para se alcançar a excelência administrativa, onde, os índices

possam se estabelecer acima de 0,8000, valores estes, não verificados na pesquisa em questão.

4.2 ANÁLISE DESCRITIVA

A análise descritiva tem o objetivo de retratar, individualmente, as médias atribuídas

pelos respondentes deste estudo para cada variável pesquisada, além de apresentar os dados

caracterizadores desta pesquisa.

Sendo assim, a Tabela 3 tem o propósito de apresentar, em ordem decrescente, a média

e o desvio padrão (±) das variáveis de pesquisa utilizadas no desenvolvimento do estudo do CI

das organizações públicas.

Tabela 3 – Variáveis do CI: análise das médias e desvio padrão

Variável Conceito Média Desvio

Padrão (±)

CR25 A participação dos Conselhos, Associações e demais entidades municipais

é importante para o processo de gestão pública. 5,63 1,385

CH11 A qualidade do serviço público da sua organização depende da presença de

uma boa liderança. 5,43 1,507

CR22 A sua organização pública está preocupada com a imagem transmitida à

sociedade. 5,12 1,442

CR24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e os fornecedores. 4,91 1,413

CH8 As equipes de trabalho da sua organização pública são competentes. 4,87 1,240

CR29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o bem-estar social. 4,83 1,588

CE15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos serviços

prestados. 4,75 1,369

CH9 As equipes de trabalho da sua organização pública estão aptas para realizar

suas funções. 4,70 1,306

CE13 Os relatórios gerados pelos programas de software da sua organização

pública correspondem às necessidades do seu trabalho. 4,69 1,666

CE14 O sistema de informação disponibilizado pela organização pública em que

você trabalha é de fácil acesso à população em geral. 4,69 1,569

CR23 A organização pública em que você trabalha trata de forma igualitária os seus

fornecedores. 4,61 1,677

CH7 Os servidores da sua organização pública são considerados inteligentes e

criativos. 4,58 1,298

CR20 A organização pública em que você trabalha se comunica de forma adequada

com a sociedade. 4,58 1,459

CR21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização pública e a sociedade. 4,54 1,344

Continua

Page 64: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

62

CH6 Os servidores da organização pública em que você trabalha desempenham

suas tarefas com dedicação. 4,50 1,363

CE12 A estrutura oferecida pela organização pública em que você trabalha é

adequada para prestar serviços de qualidade ao cidadão. 4,47 1,693

CE16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são desempenhados

de forma satisfatória. 4,42 1,455

CE18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão disponíveis para

toda a equipe. 4,37 1,599

CR27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas definidas. 4,32 1,682

CH2 Na organização pública em que você trabalha, o conhecimento é

compartilhado. 4,31 1,607

CR30 A organização pública em que você trabalha se distancia com frequência do

seu planejamento inicial. 4,27 1,517

CH5 As habilidades dos servidores são usadas para melhorar a qualidade dos

serviços públicos da sua organização. 4,24 1,543

CE19 As pessoas que ocupam cargos de chefia na sua organização pública buscam

melhorar a qualidade das rotinas de trabalho. 4,16 1,647

CE17 As novas ideias geradas na organização pública em que você trabalha são

implementadas. 4,01 1,436

CH10 A sua organização pública valoriza mais o trabalho em equipe ao individual. 3,97 1,513

CH1 O nível de treinamento oferecido pela sua organização pública é adequado

para o desempenho das suas funções. 3,92 1,660

CR28 A organização pública em que você trabalha mantém um setor de

planejamento atuante. 3,88 1,758

CH4 Os cargos de chefia da sua organização pública são ocupados por pessoas

com conhecimento na área em que atuam. 3,86 1,778

CH3 A organização pública em que você trabalha reconhece o conhecimento

técnico dos seus servidores. 3,77 1,711

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Conforme se observa, em uma escala variando de 1 a 7 pontos, na qual 1 representou

discordo totalmente e 7 concordo totalmente, as cinco primeiras variáveis apresentando as

maiores médias em nível de concordância para formação do CI das organizações públicas

foram: CR25 (média de 5,63±1,385); CH11 (média de 5,43±1,507); CR22 (média de

5,12±1,442); CR24 (média de 4,91±1,413); CH8 (média de 4,87±1,240).

Verifica-se, nesta análise, que as variáveis pertencentes ao CR receberam um maior grau

de concordância entre os servidores públicos. Esta indicação ressalta, por parte dos

respondentes, a importância relacional existente entre organização pública e o ambiente

externo, especialmente, no que diz respeito as associações, conselhos municipais e

fornecedores.

Entretanto, as piores médias de pontuação referenciam as seguintes variáveis: CH3

(média de 3,77±1,711); CH4 (média de 3,86±1,778); CR28 (média de 3,88±1,758); CH1 (média

de 3,92±1,660); e CH10 (média de 3,97±1,513).

Em face desses dados, nota-se que os respondentes atribuíram valores de baixa

concordância às variáveis relacionadas ao CH. De acordo com os servidores públicos

municipais, suas capacidades técnicas são pouco valorizadas, os cargos de chefia são ocupados

por indivíduos com baixo conhecimento técnico para a função que exercem (a maioria são

Page 65: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

63

cargos de confiança das administrações), o nível de treinamento oferecido aos servidores

públicos é insatisfatório e há pouca valorização por parte das administrações municipais ao

trabalho realizado em equipe.

Enquanto isto, em relação ao CE, as médias das questões oscilaram entre 4,01±1,436

para a questão CE17 e 4,75±1,369 para a questão CE15. A partir dessas médias, acredita-se que

o CE das organizações públicas se apresenta em nível mediano para atender as expectativas dos

servidores públicos municipais.

Portanto, seguindo a fundamentação da estatística descritiva quanto às médias e o desvio

padrão atribuídas pelos respondentes às variáveis deste estudo, avalia-se o CI das organizações

públicas com valorização partir do CR, seguido do CE e, por último, do CH.

Outra característica a ser destacada, elenca a idade dos servidores e quantidade de anos

atuando no serviço público. A análise da Tabela 4, demonstra o tempo de atuação em órgão

público, a idade média, mínima e máxima dos servidores municipais.

Tabela 4 – Média do tempo de serviço e idade dos servidores municipais

Descrição N. Respondentes Média Mínimo Máximo

Tempo de Serviço 674 11 1 55

Idade 674 39 19 73

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Por meio dos dados constantes na Tabela 4, percebe-se que os serviços públicos são

desempenhados por servidores com idade média de 39 anos. Em relação ao tempo de serviço é

possível conceber que o tempo mínimo de atuação é de 1 ano e o máximo de 55 anos (destaque

para alguns servidores que após se aposentarem retornaram às atividades públicas mediante

realização de novo concurso público). Constata-se também que os servidores públicos da

amostra da pesquisa, em média, trabalham no setor público há, pelo menos, 11 anos.

Esses servidores públicos alocam-se em diversos setores dos departamentos de Fazenda,

Administração, Planejamento, Controle Interno e Procuradoria Jurídica, estruturando as áreas

técnicas de prestação de serviços públicos e ocupando cargos próximos aos gestores públicos

municipais, conforme representado na Figura 6.

Page 66: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

64

Figura 6 – Disposição setorial dos servidores públicos pesquisados

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Para melhor visualização, a Figura 6 exibe os diversos setores técnicos agrupados em

número reduzido de setores. Sendo assim, o setor Fazenda é formado pelos setores de finanças,

fiscalização, tesouraria, tributos, contabilidade, controladoria e receita; o setor Administração

compõe-se de compras, licitações e recursos humanos (RH); o setor de Planejamento é formado

pelos setores de engenharia, planejamento e orçamento; o setor de Controle Interno é formado

pelos membros do controle interno e o setor Procuradoria é formado pelos setores jurídico e

procuradoria jurídica municipal.

A partir do agrupamento, verificaram-se 329 servidores, equivalendo a 48,81% dos

pesquisados, ocupando cargos pertinentes à área fazendária municipal, 276 servidores, ou seja,

40,96% deles concentram-se em áreas administrativas, enquanto outros 69 servidores,

representando 10,23% do total, trabalham nos setores de planejamento, controle interno e

procuradoria municipal. É importante salientar que todos os setores envolvidos nesta pesquisa

se concentram muito próximos aos cargos eletivos e de gestão pública, portanto, se permitidos

e envolvidos, podem contribuir efetivamente, para o processo de gestão.

Com relação ao gênero dos respondentes, os servidores dispostos nos setores descritos

anteriormente, apresentam-se em sua maioria como sendo do gênero feminino. Verifica-se que,

dos 674 respondentes, 60,10% pertencem ao gênero feminino, ou seja, 405 respondentes são

mulheres, enquanto que 39,90%, perfazendo um total de 269 servidores, são do gênero

masculino. Sendo assim, para esta amostragem permite-se afirmar que o sexo feminino

participou em maior número.

48,81%

40,96%

5,19%3,26% 1,78%

0

50

100

150

200

250

300

350

Fazenda Administração Planejamento Controle Interno Procuradoria

N.

resp

ond

ente

s

Setores de trabalho

Page 67: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

65

Outra informação extraída da pesquisa diz respeito ao grau de escolaridade dos

respondentes. Por meio da Figura 7 observa-se o grau de escolaridade dos servidores lotados

em setores fundamentais para o desenvolvimento dos serviços públicos.

Figura 7 – Escolaridade dos servidores públicos municipais

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

A pesquisa revela que os serviços públicos de áreas técnicas são realizados em sua

maioria por servidores qualificados profissionalmente. Apenas 10 dos 674 respondentes,

representando 1,50% dos servidores públicos pesquisados, possuem Ensino Fundamental. Pelo

menos 28,20%, ou seja, 122 servidores possuem o Ensino Médio, sendo que, destes, 10,10%

formaram-se em Ensino Técnico, também conhecido como Ensino Profissionalizante.

Entretanto, a grande maioria dos servidores públicos municipais, em número de 474

servidores, representando 70,30% deles, são servidores graduados e/ou pós-graduados em Lato

e Stricto Sensu. A análise da Figura 8, demonstra, ainda, que 46,10% dos servidores públicos

municipais efetivos são graduados e 24,20% são pós-graduados. Portanto, os servidores

atuando em áreas técnicas da administração pública municipal possuem um alto nível de

escolaridade.

Merecem destaque dentre os cursos de formação e pós-graduação os relatados na ordem

em que segue: Gestão Pública, significando que 18,78% dos graduados e/ou pós-graduados têm

conhecimento específico na área de gestão pública; 15,82% são da área do Direito,

especialmente, do direito público e tributário; 15,19% são formados e/ou pós-graduados em

Administração de Empresas; 11,81% são formados e/ou pós graduados em Ciências Contábeis;

10,94% possuem formação em áreas da educação; 4,43% são formados em Engenharia Civil e

Arquitetura; e 2,53% têm formação em Gestão de Pessoas. 11,60% não informaram o curso de

1,50%

18,10%

10,10%

46,10%

24,20%

0

50

100

150

200

250

300

350

Ensino

Fundamental

Ensino Médio Ensino Técnico Ensino Superior Pós-Graduação

N.

resp

nd

ente

s

Grau de escolaridade

Page 68: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

66

graduação e/ou pós-graduação e aqueles que apareceram na ordem de menos de 2,00%

(somando 8,90% dos respondentes) correspondem às mais variadas áreas acadêmicas, como

Gestão Social, Tecnologia da Informação, Biomedicina, Psicologia e Economia.

Diante ao exposto, observa-se que o CH das organizações públicas, participantes dos

setores técnicos da administração, em sua maioria, possuem qualificação profissional em nível

de graduação e/ou pós-graduação, especialmente, no que diz respeito à área de Gestão Pública.

A pesquisa coaduna com Marques (2004), ao entender que o conhecimento disponível à

organização é algo que está inerente aos seus servidores. Nesse sentido, Wang e Chang (2005)

consideram que o CH concentra o conhecimento necessário para a solução dos mais variados

problemas organizacionais e, portanto, merece atenção constante por parte dos gestores.

Em se tratando de especialização, 67,48% das mulheres possuem pós-graduação,

enquanto os homens pós-graduados apresentam-se na ordem de 32,52%. No tocante ao Ensino

Superior, o índice de distanciamento entre mulheres e homens diminui um pouco, contudo, as

servidoras públicas ainda permanecem à frente dos servidores públicos, sendo respectivamente,

58,52% contra 41,48%.

É importante destacar que o fato de os servidores públicos estarem qualificados não

caracteriza, na mesma proporção, a aplicação de suas capacidades. A análise individual

(médias) das variáveis do CH revelou baixo contentamento sobre a valorização das capacidades

dos servidores públicos (vide Tabela 3). Corroboram, nesse sentido, Massingham e Tam (2015),

ao afirmar que também os indivíduos com alto conhecimento e capacidade técnica, quando não

envolvidos e motivados pela organização, podem deixar de aplicar seus conhecimentos em

benefício da organização onde trabalham.

Demonstradas as análises da estatística descritiva, a seguir contemplam-se as análises

fatoriais da pesquisa.

4.3 AS DIMENSÕES DO CAPITAL INTELECTUAL

Após depuração da base de dados, utilizou-se da técnica de análise fatorial para

identificar e confirmar as possíveis variáveis e dimensões com poder explicativo do CI. Para

tanto, inicialmente, ainda com as variáveis brutas que compunham a pesquisa, ou seja, as 29

variáveis constantes do questionário, procedeu-se aos Testes de KMO e Esfericidade de

Bartlett. O primeiro, para identificar a adequação da amostra, e o segundo, para indicar a

correlação entre as variáveis. A Tabela 5 exibe os resultados deste procedimento.

Page 69: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

67

Tabela 5 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis brutas da pesquisa

Teste Valor Encontrado

Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) 0,961

Teste de Esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 12512,830

Significância 0,000*

*(p<0,001)

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Na Tabela 5, verifica-se para as 29 variáveis o KMO de 0,961 e para Bartlett,

significância de p<0,001. De acordo com Hair Jr. et al. (2005), quando o KMO obtiver resultado

acima de 0,800 e o Teste de Esfericidade de Bartlett tiver significância inferior a p<0,05,

significa, respectivamente, que a análise fatorial é uma técnica procedente para a pesquisa e que

há correlação entre as variáveis pesquisadas. Portanto, a técnica pode ser empregada para o

estudo.

Sendo assim, em seguida, visando a simplificar o procedimento da análise fatorial e

tentando encontrar as dimensões do CI identificadas e adotadas para este estudo, conforme

descrito ao longo do trabalho, em CH, CE e CR, procedeu-se à análise fatorial sobre os dados

coletados para pesquisa. Antes, porém, foi realizada uma análise fatorial exploratória, na

tentativa de verificar a carga fatorial de cada uma, bem como, seu agrupamento em fatores

(Apêndice B).

Nesta etapa, por meio do Software SPSS 20.0, houve a tentativa de condensar as 29

variáveis nas três dimensões pretendidas. As regras utilizadas para esta fase inicial foram a

extração dos Componentes Principais, o uso da rotação Varimax e a exibição dos coeficientes

acima de 0,5 (HAIR JR. et al., 2005).

Dessa forma, por meio da comunalidade, foi possível reconhecer as variáveis com

coeficientes significativos (superiores a 0,500) e possíveis formadores das dimensões do CI. A

Tabela 6 demonstra a comunalidade das variáveis da pesquisa e seus respectivos coeficientes.

Tabela 6 – Resultado das comunalidade associadas as variáveis relacionadas ao CI

Variáveis do CI Comunalidade Variáveis do CI Comunalidade

CH1 0,466* CE16 0,656

CH2 0,452* CE17 0,604

CH3 0,502 CE18 0,525

CH4 0,472* CE19 0,620

CH5 0,551 CR20 0,687

CH6 0,679 CR21 0,663

CH7 0,692 CR22 0,508

CH8 0,743 CR23 0,573

Continua

Page 70: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

68

De acordo com a Tabela 6, as variáveis CH1, CH2, CH4, CH11, CE12, CR25 E CR30

apresentaram comunalidade inferior a 0,500 e, portanto, foram ignoradas para a análise.

Contudo, após nova rodagem de análise fatorial, verificou-se que outras variáveis

transtornavam sua formação e, portanto, conforme literatura estatística verificada em Hair Jr.

et al. (2005), foram eliminadas as seguintes variáveis:

a) Variável CH3 (comunalidade inferior a 0,500);

b) Variáveis CH5 e CH10 (não obtiveram carga fatorial em nenhum dos construtos, visto

que, a carga mínima exigida foi igual ou superior a 0,500);

c) Variável CE19 (formou-se no construto do CR, resultado que não corresponde ao

modelo da pesquisa).

Após esse procedimento, uma nova análise fatorial foi realizada, obtendo-se os

resultados dos testes de KMO e Bartlett, assim como a carga dos fatores, conforme demonstrado

na Tabela 7 e na Tabela 8, respectivamente.

Tabela 7 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis do CI das organizações públicas

Testes Valor Encontrado

Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) 0,947

Teste de Esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 8516,040

Significância 0,000*

*p<0,001

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Após confirmação das variáveis que explicam a formação das dimensões do CI, a Tabela

8 contempla as dimensões formadas, as cargas fatoriais e a comunalidade de cada variável, bem

como, o Alfa de Cronbach de cada fator, o qual, de acordo com Hair Jr. et al. (2005) devem

possuir valor acima de 0,6.

CH9 0,709 CR24 0,581

CH10 0,513 CR25 0,388*

CH11 0,387* CR27 0,677

CE12 0,493* CR28 0,557

CE14 0,551 CR30 0,191*

CE15 0,674

*Valores inferiores a 0,500

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Page 71: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

69

Tabela 8 – As dimensões do CI: fatores, variáveis, cargas fatoriais, comunalidade e Alfa de Cronbach

Fator/

Dimensão Variável Conceito

Carga

Fatorial

Comu-

Nalidade

Alfa de

Cronbach

Capital

Relacional

(CR)

CR20 A organização pública em que você trabalha se comunica

de forma adequada com a sociedade. 0,598 0,703

0,921

CR21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização

pública e a sociedade. 0,690 0,708

CR22 A sua organização pública está preocupada com a imagem

transmitida à sociedade. 0,656 0,548

CR23 A organização pública em que você trabalha trata de forma

igualitária os seus fornecedores. 0,820 0,722

CR24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e

os fornecedores. 0,795 0,699

CR27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas

definidas. 0,676 0,701

CR28 A organização pública em que você trabalha mantém um

setor de planejamento atuante. 0,559 0,566

CR29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o

bem-estar social. 0,721 0,702

Capital

Estrutural

(CE)

CE13

Os relatórios gerados pelos programas de software da sua

organização pública correspondem às necessidades do seu

trabalho.

0,764 0,627

0,879

CE14

O sistema de informação disponibilizado pela organização

pública em que você trabalha é de fácil acesso à população

em geral.

0,747 0,638

CE15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos

serviços prestados. 0,560 0,706

CE16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são

desempenhados de forma satisfatória. 0,642 0,675

CE17 As novas ideias geradas na organização pública em que

você trabalha são implementadas. 0,634 0,637

CE18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão

disponíveis para toda a equipe. 0,625 0,575

Capital

Humano

(CH)

CH6 Os servidores da organização pública em que você trabalha

desempenham suas tarefas com dedicação. 0,832 0,726

0,871

CH7 Os servidores da sua organização pública são considerados

inteligentes e criativos. 0,801 0,729

CH8 As equipes de trabalho da sua organização pública são

competentes. 0,779 0,753

CH9 As equipes de trabalho da sua organização pública estão

aptas para realizar suas funções. 0,722 0,730

a. Método de Extração: Análise de Componentes Principais

b. Método de Rotação: Varimax com Normalização Kaiser

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

A Tabela 8, por meio da análise fatorial, apresenta o agrupamento de 18 variáveis em

três fatores. Segundo Hair Jr. et al. (2005), a análise fatorial permite agrupar muitas variáveis

em um único fator, facilitando ao pesquisador compreender melhor os dados da pesquisa. Os

três fatores formados foram devidamente comprovados por meio do teste de KMO, pelo qual

todos os resultados acusaram-se satisfatórios. Além do mais, a confiabilidade dos fatores está

ancorada pelo Alfa de Cronbach, o qual apresentou para os três fatores, valor superior a 0,800,

inferindo confiabilidade à pesquisa.

Analisando individualmente as variáveis formadoras dos fatores que compõem o CI,

nota-se como variáveis recebedoras de maior carga fatorial, dentre os fatores agrupados, as

seguintes variáveis: CH6 (0,832), destacando a dedicação dos servidores públicos no

Page 72: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

70

desempenho de suas funções, foi a variável destaque do CH; CR23 (0,816), destacando a

relação igualitária entre a organização pública e todos os seus fornecedores de produtos e

serviços, foi a variável destaque do CR; e a CE13 (0,764), destacando os bons programas de

software na realização das atividades diárias, foi a principal componente do CE.

A seguir, por meio da Tabela 9, apresenta-se a carga explicativa individual e cumulativa

dos fatores que compõem o CI. Nomeados de CR, CE e CH, esses fatores explicam o presente

estudo em um percentual de 67,476%. Para que uma pesquisa possa ter relevância

cientificamente, os fatores formados pela técnica de análise fatorial devem satisfazê-la num

percentual de pelo menos 60% (HAIR JR. et al., 2005).

Tabela 9 – Fatores identificados e explicação da pesquisa

Fator/Dimensões Auto Valor % de Variância % Cumulativo

Capital Relacional (CR) 4,915 27,307 27,307

Capital Estrutural (CE) 3,993 22,181 49,488

Capital Humano (CH) 3,238 17,987 67,476

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

De acordo com a Tabela 9, os dados coletados e analisados da pesquisa, identificaram

18 variáveis alocadas em três fatores e explicando em 67,476% a formação do CI das

organizações públicas amostradas neste estudo. Com o propósito de analisar e discutir

individualmente cada uma das dimensões componentes do CI deste estudo, a seguir,

apresentam-se as três dimensões representantes do CI.

4.3.1 O Capital Relacional

Formado por 8 das 18 variáveis que compõem o estudo do CI das organizações públicas,

o CR representa a relação mantida entre os órgãos públicos e a sociedade em geral. Com o

índice de confiabilidade Alfa de Cronbach em 0,921, o CR explica em 27,307% a formação do

CI das organizações públicas, tornando-se o principal fator e/ou dimensão do CI do presente

estudo.

A Tabela 10 exibe, por ordem de carga fatorial, as variáveis que melhor representam a

construção do CR das organizações públicas.

Page 73: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

71

Tabela 10 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CR das organizações públicas

Carga Fatorial Variáveis Conceito

0,820 CR23 A organização pública em que você trabalha trata de forma igualitária os seus

fornecedores.

0,795 CR24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e os fornecedores.

0,721 CR29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o bem-estar social.

0,690 CR21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização pública e a sociedade.

0,676 CR27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas definidas.

0,656 CR22 A sua organização pública está preocupada com a imagem transmitida à

sociedade.

0,598 CR20 A organização pública em que você trabalha se comunica de forma adequada

com a sociedade

0,559 CR28 A organização pública em que você trabalha mantém um setor de

planejamento atuante.

Alfa de Cronbach 0,921

Variância Explicada 27,307%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Para os servidores públicos municipais, a principal variável componente do CR é a

variável relação com fornecedores. Esta variável está representada nas questões CR23 e CR24,

as quais, relatam o tratamento igualitário e de confiança mantido entre as organizações públicas

e os seus fornecedores de produtos e serviços. Corrobora com este estudo Gubiani (2011), ao

expressar que o maior interesse das organizações públicas foca a relação externa ao seu

ambiente, ou seja, os esforços das organizações públicas estão voltados aos fornecedores, às

associações, às alianças, aos acordos políticos e sociais.

A questão CR23 foi a variável com maior carga fatorial 0,820, destacando a manutenção

do tratamento igualitário das organizações públicas para com todos os seus fornecedores de

produtos e serviços. Em seguida, aparece a questão CR24, com carga fatorial de 0,795, a qual

determina que há confiança no relacionamento entre o órgão público e seus fornecedores. Para

Youndt, Subramaniam e Snell (2004), o CR deriva dos relacionamentos organizacionais, tanto

internos quanto externos à organização, sendo que, na relação externa, destacam-se aquelas

voltadas aos fornecedores e clientes.

Outras questões relevantes para formação do CR das organizações públicas estão

representadas por meio das variáveis foco/meta CR29, CR27 e CR28, as quais respectivamente

ressaltam que as decisões públicas abarcam o bem-estar social, que os objetivos e metas são

definidos e que existe um setor de planejamento encarregado de acompanhar estas questões.

Outra variável formadora do CR público diz respeito à relação social. Por meio das questões

Page 74: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

72

CR21 e CR20, os servidores públicos das áreas técnicas entendem que há um relacionamento

adequado e satisfatório entre a organização pública e a sociedade. De acordo com esta

prerrogativa, Queiroz (2003) entende que as boas relações mantidas pelas organizações com

seus ambientes, especialmente o externo, são fundamentais para determinar a sua boa imagem.

Ressalta-se que uma organização pública tem como lucro, o resultado das ações

praticadas e os relacionamentos estabelecidos para com a sociedade. Desta forma, está implícito

que, quanto melhor for o relacionamento dela para com terceiros, melhor o seu conceito, melhor

a sua imagem. Além do mais, conforme determinam Stewart (1997) e Bontis (1998; 1999),

quem constitui e identifica a qualidade dos relacionamentos da organização para com seu meio,

é o CR. E isso, é um fator importante para as organizações públicas, pois, segundo Vagnoni e

Oppi (2015), o CR constitui-se de um conjunto de ativos intangíveis, resultantes da interação

da organização para com seu meio, seja ele interno ou externo.

Por fim, a formação do CI das organizações públicas, por meio da análise fatorial,

observa, ainda, uma estrutura semelhante a investigada por meio da estatística descritiva (vide

Tabela 3). Portanto, as evidências da análise fatorial sobre os dados da pesquisa revelam o CR

como o principal componente do CI das organizações públicas.

4.3.2 O Capital Estrutural

Formado por seis das dezoito variáveis que compõem o estudo do CI das organizações

públicas, o CE representa a estrutura disponibilizada pelas organizações públicas aos servidores

e cidadãos. Compondo a segunda dimensão do CI das organizações públicas, o CE tem um

índice de confiabilidade Alfa de Cronbach de 0,879 e explica a composição do CI desta pesquisa

em 22,181%. A Tabela 11 dispõe, por ordem de carga fatorial, as principais variáveis

formadoras do CE das organizações públicas.

Tabela 11– Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CE nas organizações públicas

Carga Fatorial Variáveis Conceito

0,764 CE13 Os relatórios gerados pelos programas de software da sua organização pública

correspondem às necessidades do seu trabalho.

0,747 CE14 O sistema de informação disponibilizado pela organização pública em que

você trabalha é de fácil acesso à população em geral.

0,642 CE16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são desempenhados de

forma satisfatória.

0,634 CE17

As novas ideias geradas na organização pública em que você trabalha são

implementadas.

Continua

Page 75: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

73

0,625 CE18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão disponíveis para toda

a equipe.

0,560 CE15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos serviços prestados.

Alfa de Cronbach 0,879

Variância Explicada 22,181%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

Para os servidores públicos municipais, o CE aparece em segundo lugar na composição

do CI das organizações públicas. De acordo com o exibido na Tabela 11, a principal variável

deste componente é a tecnologia. A questão CE13, com carga fatorial de 0,764, evidencia que

as organizações públicas, na percepção dos seus servidores possuem um bom programa de

software, o qual supre as demandas de seus trabalhos.

Corroborando com a pesquisa, Bontis (1998) considera que uma organização com alto

nível de capacidade intelectual, se não atuar com sistemas e tecnologias apropriados, estarão

presos a procedimentos inadequados e restringindo a abrangência de seu potencial. Ademais,

para Edvinsson e Sullivan (1996), o CE das organizações, especialmente o tecnológico,

propulsiona o desempenho do CH. Logo, sem o CE, a possibilidade de os trabalhadores

desenvolverem suas capacidades e habilidades torna-se contingenciada por falta de estrutura

tecnológica.

Em segundo lugar, compondo o fator CE, aparece a variável sistema de informação.

Com carga fatorial de 0,747, a questão CE14 demonstra que as organizações públicas, na

percepção dos respondentes, disponibilizam um sistema de informação com acesso fácil à

sociedade. Esta questão pode estar relacionada à obrigatoriedade de as organizações públicas

demonstrarem suas ações com total transparência aos cidadãos.

Ainda, formando a dimensão CE, encontram-se duas variáveis ligadas aos processos

CE16 e CE17, das quais a primeira interpreta o tratamento ágil e eficiente dos trâmites dos

processos demandados ao serviço público. Corroborando com a pesquisa, encontram-se Chen,

Zhu e Xie (2004), ao afirmarem que são os processos organizacionais e a forma como são

conduzidos que garantem a execução das tarefas cotidianas e colaboram efetivamente, para

aumentar a eficiência dos serviços operacionais. No que diz respeito a segunda questão, a

mesma promove a implementação das ideias sugestionadas, especialmente se estas forem

positivas para melhorar os processos organizacionais.

Outra variável que se demonstrou essencial para formação do CE das organizações

públicas, de acordo com os respondentes é a variável rotina. Determinada por meio da questão

CE18, os servidores públicos entendem que existe uma estrutura para a rotina de trabalho e,

Page 76: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

74

que esta rotina está disponível a todos os membros da equipe. Portanto, esta pesquisa enquadra-

se aos preceitos de que os ativos integrantes do CE aportam ordem, segurança e rotina para as

organizações desenvolverem suas atividades operacionais com maior rapidez e desenvoltura

(BROOKING; GUIX, 1997; EDVINSSON; MALONE, 1998; JOIA, 2000; BUENO;

MERINO; SALMADOR, 2003).

Por fim, a análise fatorial, no tocante a dimensão do CE, sugere que são disponibilizados

aos servidores públicos tecnologia e condições adequadas para a realização das suas funções.

4.3.3 O Capital Humano

Formado por 4 das 18 variáveis que compõem o estudo do CI, o CH abarca os servidores

e suas capacidades à disposição das organizações públicas. Representando a terceira dimensão

do CI das organizações públicas, o CH tem um índice de confiabilidade Alfa de Cronbach de

0,871 e explica esta pesquisa em 17,987%. A Tabela 12 exibe, por ordem de carga fatorial, as

principais variáveis formadoras do CH das organizações públicas.

Tabela 12 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CH das organizações públicas

Carga Fatorial Variáveis Conceito

0,832 CH6 Os servidores da organização pública em que você

trabalha desempenham suas tarefas com dedicação.

0,801 CH7 Os servidores da sua organização pública são

considerados inteligentes e criativos.

0,779 CH8 As equipes de trabalho da sua organização pública são

competentes.

0,722 CH9 As equipes de trabalho da sua organização pública estão

aptas para realizar suas funções.

Alfa de Cronbach 0,871

Variância Explicada 17,987%

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).

De acordo com a pesquisa, as principais variáveis que compõe o fator CH, são as

variáveis CH6 e CH7, ambas, respectivamente, com carga fatorial de 0,832 e 0,801, expressam

a dedicação despendida pelo servidor público na realização das tarefas que lhes são cabíveis,

com inteligência e criatividade. Nesse sentido, Bontis (1998) e Stewart (1998) entendem que

está no CH a capacidade de criar e inovar a qualquer momento. Toda vez que essas capacidades

são reveladas, manifesta-se o poder de resolução, desde os problemas mais simples, até os mais

complexos.

Page 77: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

75

Agregando valor ao CI e colaborando para compor o CH, estão as variáveis CH8, com

carga fatorial de 0,779 e a variável CH9 com carga fatorial de 0,722. Ambas destacam a

importância de se trabalhar em equipe. De acordo com a pesquisa, trabalhar em equipe é garantir

várias competências e aptidões para o desenrolar dos serviços diários. Corroborando com o

estudo, encontra-se Sveiby (1998), ao relatar que o conhecimento faz parte de um corpo técnico

funcional, onde profissionais qualificados trabalham em equipe para o desenvolvimento da

organização.

Sendo assim, em menor proporção, aparece como última dimensão formadora do CI, o

CH. Das questões avaliadas para compor o fator CH, apenas 36,36% delas foram utilizadas.

Cabe ressaltar que, de acordo com os dados da pesquisa, este é o fator de menor relevância

dentro do CI das organizações públicas.

Dentre as variáveis mais significativas da dimensão CH destacam-se, a criatividade, a

inteligência e a dedicação. De acordo com os respondentes da pesquisa, esses são os atributos

dos servidores públicos elencados não somente na análise fatorial, mas também na análise

descritiva (vide Figura 8).

De fato, de acordo Massingham e Tam (2015), a capacidade dos trabalhadores

organizacionais pode ser vista como a plataforma do CH e também do CI. Ela identifica o que

o indivíduo sabe, porém, não determina se essa sabedoria será colocada em prática. Para

externar o conhecimento gerado a partir do desenvolvimento das capacidades (habilidades,

experiências e qualificações), o servidor público depende, dentre outros fatores, também do

quanto ele é motivado, valorizado e envolvido no processo organizacional. Quando isso não

ocorre, toda essa capacidade adquirida pode se tornar ociosa.

Diante disso, é possível considerar, em Massingham e Tam (2015), que o emocional do

trabalhador está diretamente ligado com a organização. Ainda, de acordo com os autores, se o

servidor estiver satisfeito, as chances de compartilhar seu conhecimento são muito maiores do

que se ele estiver descomprometido com a organização.

Sendo assim, por meio da análise fatorial, constata-se o CH como o último fator de

composição do CI das organizações públicas. Não por ser o menos importante, mas, talvez, por

ser o intangível menos observado pelas estratégias das organizações públicas.

Após identificar as dimensões que compõem o capital intelectual das organizações

públicas, a seguir, analisa-se uma possível relação de influência das médias apuradas entre os

municípios da amostra para as dimensões do CR, do CE e do CH sobre os indicadores de

desempenho adotados para este estudo.

Page 78: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

76

4.4 A RELAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL E OS INDICADORES DE DESEMPENHO

A análise da regressão linear múltipla foi utilizada para testar a relação das dimensões

do CI (CH, CE e CR) de forma agrupada aos indicadores de desempenho (IDESE e IFGF). Dois

modelos foram testados: um para variável dependente Idese e outro para variável dependente

IFGF. Quanto às variáveis independentes (CH, CE e CR), para ambos os modelos, seus

coeficientes (β1, β2 e β3) correspondem às médias das três dimensões que compõem o CI (CH,

CE e CR) dos 56 municípios pesquisados neste estudo (vide Equação 1 utilizada para o modelo).

A análise de regressão linear múltipla efetuada para variável dependente Idese, a partir

das variáveis independentes (CH, CE e CR), não se demonstrou estatisticamente significante

para p<0,1, ou seja, não se demonstrou favorável para o modelo em estudo, conforme o exposto

na Tabela 13.

Tabela 13 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o Idese

Testes Valores

R Múltiplo 0,274a

R2 0,075

Erro Estimado 0,042441

F 1,410

P 0,250 a. Predictors: (Constant), MCR, MCH, MCE

Fonte: Dados da pesquisa provenientes do SPSS (2015).

Ao se observar os componentes formadores do Idese, percebe-se uma série de fatores

externos em sua estrutura, como os fatores sociais e econômicos oriundos tanto das ações

realizadas pelos órgãos públicos quanto da sociedade, ou seja, o Idese não provém

exclusivamente dos atos de gestão pública, mas sim, de um conjunto de ações entre poder

público e sociedade. Essa suposição permeia uma das possíveis causas de não influência do CI

sobre a formação do Idese.

Além do mais, os índices socioeconômicos da amostragem são muito semelhantes uns

dos outros (vide Figura 4), o que também poderia justificar a ausência de influência do CI sobre

o Idese, já que, valores muito próximos uns dos outros caracterizam semelhança entre os

municípios. Corroboram com essa prerrogativa os pressupostos de Charbonneau, Bromberg e

Henderson (2015), ao relatarem que as tendências culturais e socioeconômicas igualitárias de

uma determinada região tendem a dificultar os estudos que envolvem as medidas de

desempenho de um fator qualquer.

Page 79: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

77

Contudo, em relação à variável dependente IFGF, o modelo mostrou significância

quando testada a relação do capital intelectual com o desempenho da gestão fiscal IFGF,

conforme se pode analisar por meio da Tabela 14.

Tabela 14 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o IFGF

Testes Valores

R Múltiplo 0,356ᵇ

R2 0,127

Std. Erro Estimado 0,092735

F 2,512

F Significância 0,069 *** b. Predictors: (Constant), MCR, MCH, MCE

***(p<0,1)

Fonte: Dados da pesquisa provenientes do SPSS (2015).

O valor de R2 mede o grau de ajuste para a explicação da variável dependente IFGF, em

relação às variáveis independentes (CR, CE e CH), em que o valor de R2 pode variar entre 0 e

1, e quanto mais próximo de 1 maior o grau de explicação da equação (HAIR JR. et al., 2009).

A análise da Tabela 14, exibe o valor de R2 explicando em 12,70% a influência do CI (CR, CE

e CH) sobre o IFGF. Mesmo com um baixo poder explicativo de R2, optou-se por apresentar o

modelo de regressão.

O modelo foi significante para o teste F, ou seja, ao menos um dos coeficientes β

apresenta valor diferente de zero. Sendo assim, rejeita-se a hipótese de que todos os coeficientes

seriam iguais na tentativa de explicar o sentido de causalidade proposto para Equação (1).

A análise da Tabela 15 explica o modelo de regressão linear múltipla significativo para

variável dependente IFGF e demonstra os valores dos coeficientes, significância e colinearidade

para as variáveis independentes (CH, CE e CR).

Tabela 15 – Regressão linear múltipla a

Coeficientes de Regressão Significância Colinearidade

Variáveis Coeficiente Erro Padrão β T Significância Tolerância VIF

(Constante) 0,442 0,099 - 4,484 0,000* - -

CH 0,068 0,030 0,426 2,247 0,029** 0,468 2,137

CE -0,078 0,038 -0,570 -2,040 0,046** 0,215 4,649

CR 0,041 0,034 0,318 1,205 0,234 0,242 4,140

a. Variável dependente: IFGF

*(p<0,001)

**(p<0,05)

Fonte: Dados da pesquisa provenientes do SPSS (2015).

Page 80: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

78

Ao se analisar os resultados constantes na Tabela 15, identifica-se que, aplicando o

diagnóstico VIF (Fator de Inflação de Variância), não há alta correlação entre as variáveis

independentes. Para todas as variáveis consideradas, nenhum dos valores de VIF ficou próximo

ou superior a 10, o que indicaria problemas a serem corrigidos pelo modelo (HAIR JR. et al.,

2009).

Ratifica-se que, do modelo inicial, nem todas as variáveis independentes foram

consideradas significativas. Verifica-se como estatisticamente insignificante ao modelo a

variável CR. Com significância maior que 1%, a variável apresenta-se alheia ao IFGF.

Em relação a variável CE, nota-se uma significância de 0,046, ou seja, menor do que

1%. Além do mais, apresenta o coeficiente de maior valor entre todas as variáveis, porém,

negativo em (-0,078), o que implica dizer que a variável CE influencia negativamente a variável

dependente IFGF. Nesse caso, de acordo com a análise de regressão linear múltipla, quanto

mais a organização pública investe em CE, menos o CE influencia no desempenho do IFGF.

Uma possível explicação para essa ocorrência, pode estar ligada ao fato de que investir

no capital estrutural das organizações públicas não necessariamente e por si só possa melhorar

o índice de gestão fiscal do município. É importante salientar que uma gestão fiscal se faz com

decisões, ações e atitudes humanas, as quais, valendo-se também das estruturas pertinentes e

das relações mantidas com o ambiente, requerem investimentos proporcionais e qualificados,

para, então sim, atuarem de forma significativa para o processo de gestão (MARTINS, 2007).

Neste caso, subentende-se que as ações determinantes e que poderiam influenciar no

desempenho do IFGF não partem somente das estruturas, ou seja, podem estar associadas às

decisões voltadas ao gerenciamento e ao equilíbrio das contas públicas, decisões humanas, com

caráter de gestão estratégica. Dessa forma, se essas decisões forem equivocadas e inadequadas

ao processo de gestão, supostamente, as estruturas em nada poderão melhorar o IFGF.

Subentende-se também que investimentos em tecnologia (CE), sem capacitação dos

servidores que fariam uso dessa nova estrutura, possivelmente resultaria em algo que não

produziria os efeitos desejados. Nesse caso, provavelmente, o CE estaria estabelecendo uma

relação negativa com o desempenho do IFGF, uma vez que investimentos isolados além de não

colaborar para uma gestão eficiente, podem também diminuir a liquidez (saída de caixa) para

pagamento do investimento e aumentar o custo da dívida (caso essa estrutura fosse financiada).

Cabe lembrar que a diminuição da liquidez e o aumento do custo da dívida são fatores que

interferem diretamente no desempenho do IFGF, influenciando negativamente a variável CE

sobre o desempenho do índice.

Page 81: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

79

Além do mais, de acordo com Bontis (1998), Stewart (1998) e Rodrigues et al. (2009),

o CI forma-se a partir de um conjunto de recursos interligados e não isolados, para juntos

concentrarem esforços capazes de desenvolver significativamente uma organização.

Corroboram com esta prerrogativa Rodrigues et al. (2009), ao conceberem que o capital

intelectual é formado por um conjunto de dimensões ou elementos, cada um com suas

características e atribuições definidas, mas que juntos, representam um estoque organizacional

intangível de valor extraordinário às organizações.

Ainda de acordo com a Tabela 15, observa-se que o Capital Humano apresenta um

coeficiente de (0,068) e, portanto, também influencia a variável dependente IFGF. Entretanto,

ao contrário do CE, a dimensão humana, influencia positivamente para construção do índice.

No tocante ao CH, reforça-se sua necessidade em qualquer organização, isso porque, de acordo

com Wang e Chang (2005), Martins (2007) e Gamerschlag (2013), o capital humano é uma

mola propulsora em geração de conhecimento e valor para as organizações.

Desta forma, considerando que o IFGF é um índice de gestão fiscal, onde as decisões

de gestão estratégica influenciam diretamente para o valor do índice, há de se destacar o

entendimento de Carson et al. (2004) ao entenderem que, dentre os ativos intangíveis, o CH é

uma fonte inesgotável de capacidade, criatividade e conhecimento disponível à organização,

pressupostos estes capazes de tornarem-no o elemento mais importante do CI frente as ações

gerenciais.

Sendo assim, o CI explica em partes o desempenho de gestão mensurado pelo IFGF, ou

seja, devem existir outros fatores complementares que estão relacionados ao desempenho das

gestões públicas e que devem ser investigados também.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo investigou a representatividade das dimensões humana, estrutural e

relacional na composição do CI das organizações públicas municipais. Com base nos resultados

e respeitando as suas limitações, constatou-se a disposição de três dimensões explicativas para

o capital intelectual, dispostas na seguinte ordem de representatividade, segundo a percepção

dos respondentes: o Capital Relacional (CR), o Capital Estrutural (CE) e, por fim, o Capital

Humano (CH).

As variáveis com as melhores médias e o maior percentual de variância explicada

encontrados para este estudo pertencem ao CR. Esses resultados apontam-no como o

componente que mais se destaca no CI das organizações públicas conforme percepção dos

respondentes, e sugere que as atenções dessas organizações estão voltadas ao ambiente externo.

Seus esforços focam as relações com fornecedores, associações, conselhos, partidos políticos e

demais órgãos e entidades colaboradoras das organizações públicas.

Para que essas relações sejam mantidas de forma adequada, as organizações públicas

atentam para as condições estruturais, ou seja, compondo a segunda dimensão do CI, aparece o

CE. Destaca-se, nessa lógica, os sistemas de informação, as rotinas de trabalho e os processos,

como forma de se desenvolver os trabalhos técnicos e também colaborar para a transparência

das ações realizadas pelas administrações públicas. Nesse sentido, os servidores demonstraram,

por meio das médias verificadas em suas respostas, que há um mínimo de atendimento à

tecnologia, aos processos e à rotina de trabalho.

Compondo a terceira dimensão do CI, as variáveis do CH receberam as menores médias

de concordância e trouxeram à tona problemas relacionados ao envolvimento dos servidores

públicos com o processo de gestão. A pesquisa exibe um CH qualificado para as funções

técnicas (70,30% dos servidores técnicos são graduados e/ou pós-graduados), porém, na

percepção dos respondentes, não possuem o devido reconhecimento e respaldo das

administrações, mas, ressaltam de uma forma positiva o trabalho em equipe.

Ao abordar os indicadores que mensuram o desempenho da gestão pública, constataram-

se índices semelhantes entre os 56 municípios da amostra para o Idese, sendo que para a maioria

deles, os valores oscilaram entre 0,5000 a 0,848, ou seja, índices de alto e médio

desenvolvimento socioeconômico, de acordo com a última análise de desempenho realizada

para o ano de 2012 em todos os municípios do Estado do RS (FEE, 2015).

Quanto ao IFGF, caracteriza-se por ser um indicador da gestão fiscal dos municípios.

Nele, são consideradas as ações administrativas para melhorar a arrecadação própria do

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81

município, os investimentos realizados, o controle do gasto com pessoal, o custo da dívida

pública e o equilíbrio financeiro (liquidez de caixa). Por sua abrangência, talvez este seja o

indicador mais completo para se mensurar o desempenho das gestões públicas municipais. No

Brasil todo, os índices revelados pelo IFGF apresentam-se demasiadamente baixos (conceitos

C e D), ou seja, mais de 80% dos municípios brasileiros apresentam problemas de gestão fiscal

(FIRJAN, 2015). Este estudo, porém, revela um quadro mais otimista em relação aos 56

municípios pesquisados, já que apenas 46,43% dos municípios se enquadram nos conceitos C

e D, os outros 53,57%, integram o conceito de boa gestão.

Ao considerar uma possível relação entre o capital intelectual e os indicadores de

desempenho socioeconômico e fiscal da gestão pública (IDESE e IFGF), respectivamente, os

resultados encontrados não estabeleceram relação do CI sobre o Idese. Entretanto, ainda que,

com baixo grau de ajuste, o CI mostrou-se significante em relação ao IFGF.

Cabe ressaltar que o IFGF é formado por cinco variáveis diretamente relacionadas às

decisões e ações internas protagonizadas pela administração pública, afetando diretamente a

gestão fiscal do município. Ainda que, com baixo grau de significância quanto a relação

existente entre CI e IFGF, há um prognóstico favorável de influência do CI sobre o índice,

abrindo um propósito para se repensar e otimizar o uso dos intangíveis nas organizações

públicas.

Em análise individual de cada dimensão do CI, verificou-se influência negativa da

dimensão CE sobre o IFGF. Uma possível explicação para este ocorrido, pode estar no fato que

estrutura não faz gestão, ou seja, por mais que se invista em tecnologia, processos e rotina de

trabalho, se as decisões de gestão fiscal forem equivocadas e inadequadas ao processo

administrativo, certamente, a estrutura existente não provocará melhoras no índice de gestão

fiscal, pelo contrário, quanto mais se investir em estruturas sem operadores capacitados, mais

se aumentará despesas, diminuirá a liquidez e afetará o custo da dívida, fazendo com que estes

fatores interfiram negativamente no valor do IFGF.

Quanto ao CR, tido como o principal formador do CI na percepção dos respondentes

das organizações públicas, verificou-se insignificante estatisticamente, para o desempenho da

gestão fiscal, o que supõem que bons relacionamentos são necessários e valiosos,

especialmente, para a imagem das organizações públicas, contudo, podem ser indiferentes à

gestão fiscal.

No entanto, o CH demonstrou-se estatisticamente significante sobre o desempenho do

IFGF. Isso permite afirmar que a gestão fiscal pode ser influenciada de uma forma positiva pelo

CH, ou seja, quanto maior o CH, melhor a gestão fiscal. Neste caso, aproximar os servidores

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82

do processo de gestão poderia constituir em um meio para alavancar o desempenho das gestões

fiscais e colaborar com a melhora do IFGF.

Considerando a relevância de identificar variáveis críticas do capital intelectual,

observou-se uma associação ao CH. As variáveis com as menores médias atribuídas pelos

servidores públicos concentram-se propriamente na questão gerencial, ou seja, os respondentes

avaliaram que não são reconhecidos por suas capacidades e conhecimentos, entendem que são

dirigidos por pessoas despreparadas e sem liderança, que o trabalho em equipe não é

estimulado, nem reconhecido e que o investimento na capacitação (cursos e treinamentos) é

insuficiente.

Sendo assim, o CI das organizações públicas, na percepção dos respondentes, é

constituído pelo CR, em especial pelas relações mantidas com o ambiente externo, pelo CE,

mais especificamente no tocante à tecnologia, aos processos e à rotina de trabalho, e pelo CH,

no que diz respeito às capacidades dos servidores e do trabalho em equipe.

Entretanto, ao se analisar o CI e a sua relação com IFGF, constata-se que o CH é o único

fator que influencia positivamente para o desempenho da gestão fiscal. Todavia, não recebe o

devido respaldo das organizações públicas, nem reconhecimento por parte dos gestores.

Para finalizar, o estudo alerta os gestores públicos e a sociedade sobre como estão sendo

utilizados e geridos os recursos que formam o CI pertencentes às organizações públicas e à

disposição do cidadão contribuinte. Um patrimônio intelectual que pode contribuir tanto para o

desempenho das gestões, quanto para a prestação de serviços públicos mais eficientes e

eficazes.

5.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

O estudo do CI em organizações públicas de países emergentes é um tema pouco

explorado (DUMAY; GUTHRIE; PUNTILLO, 2015). Sendo assim, este trabalho contribui

com a comunidade cientifica estudando a composição do CI em nível de organização pública

municipal, de um país emergente. Além do mais, analisa uma possível relação entre o CI e o

principal indicador de desempenho da gestão fiscal pública (o IFGF), evidenciando que há

influência, especialmente do CH sobre o desempenho do índice.

Neste sentido, o estudo entende colaborar com a teoria científica, demonstrando por

meios estatísticos que o CI é um recurso estratégico e que poderá contribuir para com a gestão

das organizações públicas brasileiras. Entende também que poderá contribuir com estudos

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83

futuros direcionados ao CI e as organizações públicas, de forma que, encontrem neste trabalho

subsídio suficiente para comparativos de pesquisa, bem como, fundamentação teórica

adequada.

5.2 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS

Com base nos resultados apurados, o estudo sugere um repensar quanto a utilização do

CI nas organizações públicas. Há a necessidade de um olhar mais profundo e atento dos gestores

e da sociedade sobre a forma como se utiliza e/ou se desperdiça os recursos provenientes do CI

nas organizações públicas.

Este estudo pressupõe que investir na valorização e otimização do CI nas organizações

públicas, mais especificamente, na dimensão do CH poderá ser um caminho produtivo para

melhorar o desempenho das gestões públicas no Brasil. Demonstra-se pela pesquisa, a

existência de um quadro técnico qualificado trabalhando nos setores públicos municipais.

Entretanto, as evidências do estudo sugerem que este quadro técnico não é reconhecido, nem

valorizado, quanto mais envolvido ao processo de gestão pública.

Além do mais, o estudo relata que as organizações públicas priorizam entre os recursos

intangíveis o CR e o CE, entretanto, estes, não são determinantes para o desempenho da gestão

fiscal. Entretanto, o CH, o menos valorizado entre as três dimensões do CI, demonstrou-se

significativo sobre o desempenho da gestão fiscal e, por este motivo, merece maior atenção dos

gestores públicos.

Contudo, é oportuno lembrar que as decisões de gestão pública possuem, na maioria das

vezes, cunho político e, desta forma, o conhecimento técnico administrativo dos servidores

torna-se subutilizado e secundário. Diante dessas informações, acredita-se que muitos ajustes

são necessários nas organizações públicas em relação a utilização do CI, especialmente, em

detrimento à dimensão do CH, que poderia contribuir em decisões gerenciais com capacidade

técnica e administrativa. Portanto, com o intuito de orientar os gestores públicos dispostos a

realizar gestões fiscais com melhor desempenho, entende-se necessário observar algumas

prerrogativas como sugestão prática da pesquisa, quais sejam:

1 – Conhecer e compreender o CI da organização pública que administra;

2 – Reconhecer no seu capital humano um recurso inesgotável de conhecimento, capacidades

e criatividade para o desenvolvimento de gestões eficientes e eficazes;

3 – Investir em capacitação e formação profissional do servidor;

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84

4 – Valorizar e motivar o servidor público, integrando-o à gestão fiscal como um elemento

fundamental para o desempenho organizacional;

5 – Estimular e propiciar ambiente adequado para se desenvolver trabalho em grupo/em equipe,

de forma que o conhecimento seja disseminado e compartilhado no setor e entre setores; e

6 – Nomear chefias capacitadas e habilitadas para o exercício das funções técnicas exercidas.

Por fim, entende-se que uma organização pública com um CI integrado, onde o CH seja

valorizado, motivado e treinado, que possua uma estrutura capaz de dar suporte às ações

humanas e que mantenha boas relações interinstitucionais, certamente, poderá influenciar

significativamente, o desempenho da gestão pública brasileira.

5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Por mais rigorosas que as pesquisas científicas possam ser e por mais amplas que

pareçam, podem apresentar limitações. Considerando este um passo importante para

desencadear novos estudos relacionados ao CI das organizações públicas, a seguir, expõem-se

as limitações para sua realização e são feitas sugestões para estudos futuros.

Um dos limitantes deste estudo foi abordar somente a percepção dos colaboradores

organizacionais (servidores públicos efetivos e técnicos), ou seja, a pesquisa não foi validada

com agentes externos e possíveis influenciadores da gestão pública, como, por exemplo,

fornecedores, empresas privadas, profissionais liberais e contribuintes. Outra ressalva é a de

que a pesquisa se limitou a analisar a percepção dos colaboradores mais próximos tecnicamente

a administração municipal, não abrangendo os demais servidores públicos lotados em

secretarias como a da saúde, da educação, da assistência social, dentre outras.

Outro limitador desta pesquisa concentra-se na amostra, ou seja, os municípios

pertencem ao Estado com a terceira melhor média em gestão fiscal no Brasil. Embora dados da

Firjan (2015) apontem 60% dos municípios rio-grandenses apresentando gestões com conceitos

C e D, é no RS também que se encontram dois dos dezoito municípios brasileiros com gestão

excelente, conceito A (FIRJAN, 2015). Esta pesquisa demonstrou baixa variabilidade nos

índices de gestão, tanto do Idese, quanto do IFGF, o que pode ter dificultado a análise das

relações propostas. Ainda em relação aos Indicadores, foi somente testado um ano, e não

efetuando uma análise temporal, nem a comparação de diferentes períodos de gestão.

Considerando que o CI explica em partes esta pesquisa, supõem-se que há outros

componentes e outras influências interferindo na gestão pública além do CI. Sendo assim,

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85

sugere-se aplicar esta pesquisa em outras regiões e estados para que se possa realizar

comparativos.

Evidências desta pesquisa sugerem que as gestões são, em sua maioria, políticas e não

técnicas. Este estudo buscou a percepção técnica dos servidores públicos, contudo, sugere-se

também conhecer a percepção dos gestores públicos quanto ao CI que gerenciam, para, em uma

análise mais profunda, confrontar ambas as percepções a respeito do CI das organizações

públicas.

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98

APÊNDICE A

PESQUISA

O CAPITAL INTELECTUAL DAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS

Prezado (a) participante!

Esta pesquisa visa analisar o capital intelectual e a sua influência na gestão pública. Portanto, responda com muita

atenção e complete todos os itens do questionário.

Salientamos que as suas respostas são extremamente importantes e estritamente confidenciais, destinando-se

exclusivamente ao estudo científico.

Com relação a sua organização pública, responda a cada questão do quadro abaixo, assinalando com um (X) o

número de 1 a 7 que melhor expresse sua opinião, sendo que: 1 representa Discordo totalmente e 7 Concordo totalmente.

BLOCO 01 – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

Discordo

Totalmente

Concordo

Totalmente

01 O nível de treinamento oferecido pela sua organização pública é

adequado para o desempenho das suas funções. 1 2 3 4 5 6 7

02 Na organização pública em que você trabalha, o conhecimento é

compartilhado. 1 2 3 4 5 6 7

03 A organização pública em que você trabalha reconhece o conhecimento

técnico dos seus servidores. 1 2 3 4 5 6 7

04 Os cargos de chefia da sua organização pública são ocupados por

pessoas com conhecimento na área em que atuam. 1 2 3 4 5 6 7

05 As habilidades dos servidores são usadas para melhorar a qualidade dos

serviços públicos da sua organização. 1 2 3 4 5 6 7

06 Os servidores da organização pública em que você trabalha

desempenham suas tarefas com dedicação. 1 2 3 4 5 6 7

07 Os servidores da sua organização pública são considerados inteligentes e

criativos. 1 2 3 4 5 6 7

08 As equipes de trabalho da sua organização pública são competentes. 1 2 3 4 5 6 7

09 As equipes de trabalho da sua organização pública estão aptas para

realizar suas funções. 1 2 3 4 5 6 7

10 A sua organização pública valoriza mais o trabalho em equipe ao

individual. 1 2 3 4 5 6 7

11 A qualidade do serviço público da sua organização depende da presença

de uma boa liderança. 1 2 3 4 5 6 7

12 A estrutura oferecida pela organização pública em que você trabalha é

adequada para prestar serviços de qualidade ao cidadão. 1 2 3 4 5 6 7

13 Os relatórios gerados pelos programas de software da sua organização

pública correspondem às necessidades do seu trabalho. 1 2 3 4 5 6 7

14 O sistema de informação disponibilizado pela organização pública em

que você trabalha é de fácil acesso à população em geral. 1 2 3 4 5 6 7

15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos serviços

prestados. 1 2 3 4 5 6 7

16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são

desempenhados de forma satisfatória. 1 2 3 4 5 6 7

17 As novas ideias geradas na organização pública em que você trabalha

são implementadas. 1 2 3 4 5 6 7

18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão disponíveis para

toda a equipe. 1 2 3 4 5 6 7

19 As pessoas que ocupam cargos de chefia na sua organização pública

buscam melhorar a qualidade das rotinas de trabalho. 1 2 3 4 5 6 7

Continua

Page 101: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

99

20 A organização pública em que você trabalha se comunica de forma

adequada com a sociedade. 1 2 3 4 5 6 7

BLOCO 2 – INFORMAÇÕES GERAIS

1. Preencha os dados abaixo:

a) Número de habitantes do seu Município_______________________________

b) Tempo de atuação na organização pública (anos) ________________________

c) Setor que trabalha na organização pública______________________________

d) Idade_____________

e) Sexo: M ( ) F ( )

f) Grau de escolaridade:

( ) Ensino Fundamental

( ) Ensino Médio

( ) Ensino Técnico

(. ) Ensino Superior em___________________________

( ) Pós-Graduação em__________________________

Muito obrigado pela sua atenção!

Caso seja de seu interesse contatar a respeito desta pesquisa, poderá fazê-lo diretamente pelo e-mail:

[email protected] ou, pelo fone: (54) 9162-1771.

Cumprimentos,

Angela Maria Ortolan Bonemberger

Mestranda – PPGA – IMED

Dr. Vitor Francisco Dalla Corte

Professor – PPGA – IMED

21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização pública e a

sociedade. 1 2 3 4 5 6 7

22 A sua organização pública está preocupada com a imagem transmitida à

sociedade. 1 2 3 4 5 6 7

23 A organização pública em que você trabalha trata de forma igualitária

os seus fornecedores. 1 2 3 4 5 6 7

24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e os

fornecedores. 1 2 3 4 5 6 7

25 A participação dos Conselhos, Associações e demais entidades

municipais é importante para o processo de gestão pública. 1 2 3 4 5 6 7

26 A terceirização colabora para melhorar a qualidade dos serviços

públicos. 1 2 3 4 5 6 7

27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas definidas. 1 2 3 4 5 6 7

28 A organização pública em que você trabalha mantém um setor de

planejamento atuante. 1 2 3 4 5 6 7

29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o bem-estar

social. 1 2 3 4 5 6 7

30 A organização pública em que você trabalha se distancia com

frequência do seu planejamento inicial. 1 2 3 4 5 6 7

Page 102: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

100

APÊNDICE B

Análise Fatorial Exploratória – Rotação Varimax

Variável Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5

CH1 0,170 0,569 0,468 0,182

CH2 0,119 0,609 0,204 0,371 0,114

CH3 0,218 0,731 0,103 0,286 0,103

CH4 0,313 0,705 0,279

CH5 0,298 0,616 0,367 0,156

CH6 0,119 0,821 0,124 0,105

CH7 0,172 0,211 0,775 0,170

CH8 0,280 0,271 0,765 0,126

CH9 0,246 0,316 0,701 0,250

CH10 0,334 0,535 0,320 0,202 0,109

CH11 0,359 0,227 -0,126 0,498

CE12 0,290 0,292 0,141 0,585

CE13 0,184 0,141 0,189 0,773

CE14 0,291 0,212 0,161 0,693

CE15 0,502 0,321 0,344 0,474

CE16 0,400 0,337 0,349 0,499 -0,191

CE17 0,405 0,504 0,210 0,388

CE18 0,344 0,492 0,253 0,338

CE19 0,461 0,577 0,344 0,113

CR20 0,591 0,359 0,256 0,396

CR21 0,660 0,278 0,235 0,382

CR22 0,651 0,187 0,232 0,223

CR23 0,702 0,238 0,154 0,214

CR24 0,716 0,140 0,193 0,281 0,104

CR25 0,583 0,122 0,209

CR27 0,619 0,466 0,171 0,277

CR28 0,538 0,416 0,281 0,197

CR29 0,672 0,322 0,200 0,291

CR30 0,835

a. Método de Extração: Análise de Componentes Principais

b. Método de Rotação: Varimax com Normalização Kaiser

c. Valores em destaque: Variáveis utilizadas na análise fatorial descritiva

Fonte: Elaborao pela autora apartir dos dados coletados (2015).