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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO GABRIELE GIRARDI A PERCEPÇÃO DA LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA BRASILEIRA Passo Fundo 2019

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

GABRIELE GIRARDI

A PERCEPÇÃO DA LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA BRASILEIRA

Passo Fundo

2019

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GABRIELE GIRARDI

A PERCEPÇÃO DA LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA BRASILEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Escola de

Administração da Faculdade Meridional –

IMED, como requisito parcial para a obtenção

do grau de Mestre em Administração sob a

orientação do Prof. Dr. Orientador. João

Alberto Sarate.

Passo Fundo

2019

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AGRADECIMENTOS

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Administração da IMED, pelos

ensinamentos e transformação pessoal que proporcionam a seus alunos.

Aos colegas, pelos momentos e experiências partilhadas em sala de aula, e,

principalmente, ao professor Dr. João Alberto Sarate, pela orientação deste trabalho.

À empresa na qual trabalho pelo incentivo financeiro à formação e por permitir as

ausências.

A todas as pessoas que não foram nominalmente mencionadas, mas que de alguma

forma tornaram possível a realização deste estudo.

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Ao meu filho Eduardo, que se abstém de

momentos, de carinho e de brincar com sua

mamãe. Aos meus pais, pelo apoio fornecido

para meu crescimento pessoal.

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A maior habilidade de um líder é desenvolver

habilidades extraordinárias em pessoas comuns.

Abraham Lincoln

Bons líderes desenvolvem a si.

Grandes líderes desenvolvem pessoas.

Os melhores líderes desenvolvem novos líderes.

Autor desconhecido

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar a percepção de funcionários de uma instituição bancária

brasileira sobre liderança transformacional (LT) e comparar os resultados nos diferentes grupos

de respondentes. Trata-se de um estudo empírico descritivo quantitativo que utiliza survey

como técnica de coleta de dados, que foi aplicado a uma amostra de abrangência nacional com

603 funcionários (liderados) da instituição bancária. As técnicas de análise de dados adotadas

foram: estatística descritiva, análise fatorial, análise de variância e análise de regressão linear.

Os resultados indicam que os colaboradores têm alta percepção de LT, sem diferenças

significativas entre os grupos de respondentes, com liderados que percebem seu líder como um

líder transformador, que os inspira, estimula, os considera e motiva.

Palavras-chave: Gestão de pessoas. Liderança. Liderança transformacional.

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ABSTRACT

This study aims to analyze the perception of employees of a Brazilian banking institution on

Transformational Leadership (LT) and compare the results in different groups of respondents.

This is a quantitative descriptive empirical study that uses a survey as a data collection

technique, which was applied to a national sample with 603 (led) employees of the banking

institution. Data analysis techniques were: descriptive statistics, factorial analysis, analysis of

variance and regression analysis. The results indicate that the collaborators have high

perception of LT, without significant differences between the groups of respondents, with

leaders who perceive their leader as a transforming leader, who inspires, stimulates, considers

and motivates them.

Keywords: Human Resource. Leadership, Transformational Leadership.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Quantidade de estudos sobre LT na base Web of Science, desde 1999. ................ 48

Figura 2 - Quantidade de estudos sobre LT na base SCOPUS............................................... 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Liderança transformacional e a análise fatorial, com base na pesquisa ................. 53

Tabela 2 – média do fator, conforme análise fatorial ............................................................ 55

Tabela 3 - Modelo de regressão linear – método Enter ......................................................... 57

Tabela 4 - Coeficiente de Regressão Linear .......................................................................... 58

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparativo entre liderança transacional e transformacional .............................. 29

Quadro 2 - Objetivos específicos do estudo e técnicas de análise .......................................... 44

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LISTA DE SIGLAS

BCB

BP

Banco Central do Brasil

Banco Pesquisado

BMF&Bovespa

CI

EI

GBI

II

Bolsa de Mercadorias e Futuros & Bolsa de Valores de São Paulo

Consideração Individual

Estímulo Intelectual

Green Building Index

Influência Idealizada

LPI Leadership Practices Inventory

LQD Leadership Development Questionnaire

LT

KMO

MI

Liderança Transformacional

Kaiser Meyer Olkin

Motivação Inspiradora

MLQ

ONU

PCA

RSA

Multifactor Leadership Questionnaire

Organização das Nações Unidas

Principal Componet Analysis

Responsabilidade Sócio Ambiental

SFN

SPSS

Sistema Financeiro Nacional

Statistical Package for Social Scienses

TLI

WEF

Transformational Leadership Inventory

World Economic Forum

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 15

1.1 Situação problema .................................................................................................... 19

1.2 Objetivos ................................................................................................................... 19

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 19

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 20

1.3 Justificativa, relevância e contribuições da pesquisa ............................................... 20

1.4 Delimitação do estudo ............................................................................................... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 24

2.1 Liderança .................................................................................................................. 24

2.1.1 Histórico dos estudos sobre liderança .......................................................................... 25

2.1.2 Teorias de liderança .................................................................................................... 27

2.2 Liderança Transformacional (LT) ........................................................................... 31

2.2.1 Os quatro fatores característicos da LT........................................................................ 35

2.2.2 Estudos recentes sobre LT........................................................................................... 37

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 41

3.1 Delineamento da pesquisa ........................................................................................ 41

3.2 Definição da área ou da população-alvo do estudo .................................................. 42

3.3 Plano de amostragem ................................................................................................ 42

3.4 Plano de coleta de dados ........................................................................................... 43

3.5 Instrumento de coleta de dados ................................................................................ 43

3.6 Análise de dados ........................................................................................................ 43

3.6.1 Análise descritiva........................................................................................................ 44

3.6.2 Análise fatorial ........................................................................................................... 44

3.6.3 Análise de variância .................................................................................................... 45

3.6.4 Análise de regressão linear simples ............................................................................. 45

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 46

4.1 Caracterização da organização objeto de estudo e seu contexto ............................. 46

4.2 Histórico de estudos sobre LT nas bases de dados Scopus e Web of science ........... 47

4.3 Avaliação do nível de percepção de LT no contexto da pesquisa através da análise

descritiva ................................................................................................................... 49

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4.4 Identificando os fatores explicativos da LT através da análise fatorial .................. 52

4.5 Comparando os fatores de LT de acordo com o perfil dos respondentes através da

análise de variância ................................................................................................... 55

4.6 Identificando o peso relativo de cada dimensão (construto) na determinação da

percepção geral dos respondentes acerca de LT, através de regressão linear ........ 56

5 CONTRIBUIÇÕES RELEVANTES DO ESTUDO, CONSIDERAÇÕES FINAIS E

RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ............................................. 60

5.1 Implicações gerenciais .............................................................................................. 64

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 68

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ..................................................................................... 78

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1 INTRODUÇÃO

O campo de estudo de liderança ocupa-se da análise do comportamento de indivíduos e

grupos no contexto organizacional, bem como os efeitos da ação desses na própria organização.

Tradicionalmente, a liderança tem sido entendida como o processo de influenciar as atividades

de um grupo organizado para a consecução de metas estabelecidas. Desta forma, o processo de

liderar é visto como um conjunto de comportamentos que permitem ao gestor influenciar a sua

equipe (FONSECA et al., 2015).

Em outros termos, define-se liderança como a prática de influenciar outras pessoas a

entender, concordar e fazer o que precisa ser feito, ou seja, um conjunto de competências de

um indivíduo que agrega seguidores rumo a um objetivo (YUKL, 2002; PELLICIARI, 2018).

No entanto, o conceito de liderança evolui com o tempo buscando sempre melhorias no

desempenho das organizações (DAFT; PIROLA-MERLO, 2009).

A evolução no estudo de liderança pode ser classificada em grandes movimentos. O

primeiro grande movimento, que existiu antes de 1950, focou nas características pessoais e

traços de personalidade do líder (CHEMERS, 2000; FONSECA; PORTO; BORGES-

ANDRADE, 2015). Já o segundo movimento, de 1950 a 1960, pesquisou o exercício da

influência ou do poder do líder, assim como padrões associados à alta produtividade

(CHEMERS, 2000). Posteriormente, diferentes modelos e teorias surgiram a partir desta década

de 1960, as quais serão exploradas na revisão de literatura do presente trabalho.

Pode-se afirmar que o estudo da liderança, pertencente ao campo de estudos de

comportamentos organizacionais, é proficuamente pesquisado em âmbito internacional há

cerca de um século (FONSECA; PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015). No entanto, segundo

os autores, a pesquisa científica brasileira neste tema parece defasada quando comparada às

pesquisas feitas no exterior. Já que existe uma peculiaridade específica de cada cultura

(JAVIDAN et al., 2006) e que pessoas possuem diferentes critérios para avaliarem seus líderes

(GELFAND, 2007), as respostas deste estudo podem aumentar a compreensão do campo de

pesquisa sobre o tema, adaptados à realidade brasileira.

Os constructos desse campo podem se estruturar em três níveis organizacionais: micro

(indivíduos), meso (equipes/grupos de trabalho) e macro (organização como um todo)

(FONSECA; PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015). Segundo os autores, cada um destes

níveis tem suas próprias variáveis de interesse, portanto, existe a necessidade de realizarem-se

estudos entre os três níveis (multiníveis).

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Quanto aos estilos de liderança, a literatura aponta diversos tipos, dentre as quais a

liderança autoritária, carismática, situacional, visionária, contingencial, comportamental,

transacional, entre outras (AVOLIO; WALUMBWA; WEBER, 2009; DINH et al., 2014;

FONSECA; PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015). É importante ressaltar que diferentes

estilos de liderança levam a diferentes consequências comportamentais e não há estilo que seja

melhor em todas as situações (OPOKU et al., 2015). Segundo os autores, os líderes devem, no

entanto, serem flexíveis e combinarem seu estilo com cada situação diferente, pois um líder

estratégico inspira os outros a tomar as medidas adequadas, com os melhores interesses para os

negócios, para as pessoas e para o mundo.

Dentre 66 estilos de lideranças apontados por Dinh et al. (2014), está em destaque a

Liderança Transformacional (LT) e transacional, aos quais têm crescido rapidamente desde a

década de 1990, prioritariamente sobre estudos que analisam como estes estilos de liderança

promovem desempenho nas organizações (BASS et al., 2003). DINH et al. constatam que a LT

desperta interesse da academia, sendo uma das teorias mais estudadas da atualidade. Faz parte

da teoria neocarismática, cujas origens remontam do clássico trabalho de James MacGregor

Burns (1978) e ampliadas por Bernard Bass (1990; 1995; 1999; 2003; 2006; 2008; 2013) e

Avolio, Walumbwa e Weber (2009).

Ciente da quantidade de estilos de lideranças diferentes existentes na literatura, a que

será estudada neste presente estudo é a LT, que, a partir da década de oitenta, tornou-se tema

central em liderança, entre acadêmicos e profissionais (BASS et al., 2003). A teoria deste estilo

de liderança apresentou resultados além das expectativas em centenas de artigos, com alto fator

de impacto positivo (BASS, 1998; AVOLIO; 1999; PELLICIARI, 2018). Ao relacionar LT a

outros constructos têm-se resultados favoráveis, o que justifica a escolha desta liderança frente

às demais.

A LT refere-se ao líder que mobiliza o seguidor além de interesses próprios imediatos,

através da influência idealizada (carisma), inspiração, estimulação intelectual ou consideração

individualizada, e que eleva a maturidade e ideais do liderado, como também as preocupações

de realização, auto atividade, bem-estar dos outros, da organização e da sociedade (BASS,

1999). Ou seja, o líder transformacional é aquele que inspira, estimula intelectualmente e é

individualmente considerado um deles, sendo que este líder cria uma visão, capacita seguidores

e desenvolve um espírito de cooperação (OPOKU et al., 2015).

Bass (1985) classifica o líder transformacional como um líder flexível e que se adapta

às mudanças, sendo um líder que trabalha mais eficientemente nos ambientes de rápidas

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mudanças que nos encontramos. Portanto, a LT é o estilo de liderança que possui características

que tornam possíveis a transformação do liderado, tornando-se a mais importante para enfrentar

os desafios no ambiente competitivo, de constantes mudanças e transformações dos dias atuais.

Sendo assim, o principal desafio do líder transformacional é alinhar os interesses da organização

e seus membros, a fim de alcançar os objetivos desejados, porém, de maneira transformadora

(OPOKU et al., 2015).

Na literatura são encontrados diversos estudos que relacionam a LT a outros constructos,

sendo estes: desempenho, satisfação no trabalho, crenças, rotatividade, ética, aprendizagem,

Responsabilidade Socioambiental (RSA), sintomas depressivos, eficácia ocupacional,

motivação, sustentabilidade, comprometimento, entre outros (JUNG; CHOW; WU, 2003;

BASS, 2003; AVOLIO et al., 2004; WALDMAN; SIEGEL; JAVIDAN, 2006; LIAO; FEI;

LIU, 2008; GONG; HUANG; FARH, 2009; AVOLIO; WALUMBWA; WEBER, 2009;

ZAGORŠEK; DIMOVSKI; ŠKERLAVAJ, 2009; TABASSI et al.; 2012; GRAVES; SARKIS;

ZHU, 2013; CRUZ, 2014; REIS, 2015; OPOKU et al., 2015; RASOOL et al., 2015; IMRAN

et al., 2016; GYENSARE et al., 2016; PATIAR; WANG, 2016; DIAS E BORGES, 2017;

ALLEN; ATTOH; GONG, 2017). Todos estes estudos anteriores que relacionam os fatores

acima com a LT obtiveram resultados positivos quanto a este estilo de liderança.

Como exemplo, o trabalho de Gyensare et al. (2016) investiga o impacto da LT em

intenção de rotatividade dos empregados, através do papel mediador do comprometimento

afetivo e comprova que isto reduz a intenção de rotatividade dos funcionários. Ou seja, o

compromisso afetivo diminui a intenção de desistir dos trabalhadores e serve para promover

um grau de confiança, vontade de seguir a filosofia, a ideologia, a visão de seus líderes e a

orientação da organização.

Além disso, o líder transformacional confere significado ao sistema de crenças e seu

comportamento, cria condições para que as informações gerenciais sejam revistas, questionadas

e discutidas entre os membros da organização, favorecendo a identificação de estratégias

emergentes (CRUZ, 2014). Os achados também indicam que os sistemas de crenças e de

restrições influenciam positivamente a inovação tecnológica.

Segundo Dias e Borges (2017), o estilo de liderança mais associado com o melhor

desempenho de produtividade é o transformacional, porque o líder é proativo, inovador, criativo

e motiva sua equipe para melhores resultados e desempenho. Ou seja, é mais provável que a

LT seja associada positivamente ao desempenho produtivo superior.

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Sendo assim, a incorporação da abordagem da LT pelas organizações pode ajudar a

encontrar caminhos diante da saturação dos velhos modelos de negócios que impelem as

empresas a repensarem como devem ser os novos modelos de gestão (HAY, 2010). Segundo o

autor, as novas teorias e práticas relacionadas à LT promovem maior eficácia com base nos

interesses em comum, pois envolvem tomada de decisão participativa, incluem empenho e

motivação para metas, planejamento colaborativo, democracia deliberativa e adaptabilidade

dentro de um sistema complexo.

Tabassi et al. (2012) corroboram afirmando que líderes podem alcançar melhor

desempenho através da transformação ou influência. Ou seja, um líder, pelo seu estilo de

liderança ou pela maneira de gerir um projeto em conjunto com seus subordinados pode

transformar o projeto e alcançar melhor produtividade. Além disso, um clima ético pode

melhorar a atitude dos funcionários no trabalho, reduzir a intenção de rotatividade, bem como

melhorar o desempenho nas organizações nas três dimensões: social, ambiental e financeira

(LEE; HA-BROOKSHIRE, 2017).

Por isso, programas de desenvolvimento de líderes devem considerar ênfase na LT para

alcançar ganhos tanto para a organização como para a sociedade (ALLEN; ATTOH; GONG,

2017). Os autores consideram que os líderes podem ser responsivos às demandas dos

stakeholders através da LT, com impacto positivo sobre os funcionários, melhorando o grau de

identificação dos mesmos com a empresa e aumentando efetivamente o comprometimento

organizacional.

Com base na pesquisa nas bases de dados e na revisão da literatura sobre LT verificou-

se uma lacuna de pesquisas na direção de avaliar como colaboradores percebem a presença da

LT em contextos organizacionais. Como contexto de pesquisa escolhido foi uma instituição

financeira brasileira, à qual estão expostas a regulamentações, complexidade na gestão de

pessoas e constantes transformações mercadológicas. Assim, o tema liderança passa a ter papel

primordial para o alcance dos objetivos estratégicos bancários. Diante da lacuna de pesquisa e

da importância do tema para a literatura, o presente estudo analisa a percepção do estudo de LT

na instituição, através das análises descritiva, fatorial, de variância e de regressão, com a

finalidade de contribuir com a literatura acerca do tema e apresentar contribuições práticas à

instituição concernente à liderança.

Além disso, optou-se neste estudo pela investigação do estilo de LT por ser inovador,

como também por promover atenção individual, empoderamento dos liderados, estimulação

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intelectual, por exercer uma influência idealizada, estimular o crescimento e utilizar a

inspiração motivacional (JUNG; CHOW; WU, 2003).

O presente estudo é do tipo empírico descritivo quantitativo que utiliza survey como

técnica de coleta de dados, utilizando os trabalhos de Gyensare et al. (2016) em LT como

referência para elaboração do questionário que foi aplicado a uma amostra nacional de 603

colaboradores da instituição bancária. Para preservar a identidade da empresa estudada, foi

adotado o nome fictício de Banco Pesquisado (BP).

Os achados encorajam reflexões na organização acerca dos temas, em vista de que para

que uma cultura organizacional se torne mais transformacional, a alta administração deve

articular as mudanças que são necessárias, pois os modelos de lideranças desejados começam

no topo e são encorajados em cada nível sucessivo abaixo (BASS, 1999). Assim, os

comportamentos dos líderes de nível hierárquico superior se tornam símbolos da nova cultura

da organização.

Nos capítulos subsequentes serão tratados os seguintes aspectos: na introdução será

abordado o contexto de pesquisa. Posteriormente, serão expostos o objetivo geral, específicos

e o problema de pesquisa, como também a justificativa do estudo. Na sequência, serão

abordados os conceitos de liderança com ênfase em LT. Por fim, serão apresentados os

procedimentos metodológicos da pesquisa, os resultados encontrados, e respectivas

considerações finais e implicações gerenciais.

1.1 Situação problema

Este estudo objetiva avaliar o grau de percepção dos funcionários de uma instituição

financeira brasileira em relação a LT. Propõe-se a seguinte questão de pesquisa:

Qual o potencial explicativo dos fatores da liderança transformacional na percepção

geral dos funcionários de um banco brasileiro?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a percepção de funcionários de uma instituição bancária brasileira sobre

liderança transformacional e comparar os resultados nos diferentes grupos de respondentes.

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1.2.2 Objetivos específicos

Para o atendimento do objetivo geral, têm-se os seguintes objetivos específicos:

1) Avaliar o nível de percepção de liderança transformacional;

2) Identificar os fatores explicativos da liderança transformacional;

3) Comparar os fatores da liderança transformacional de acordo com o perfil dos

respondentes;

4) Identificar o peso relativo de cada dimensão (construto de LT) na determinação da

percepção geral dos respondentes acerca de liderança transformacional.

1.3 Justificativa, relevância e contribuições da pesquisa

De acordo com World Economic Forum (WEF, 2015), 86% dos entrevistados

concordam que existe uma crise de liderança no mundo atualmente. Esta informação corrobora

com a importância do estudo do tema para o crescimento econômico mundial, visto que existe

uma necessidade de bons líderes para o futuro.

Em relação às pesquisas nas bases de dados, constatou-se que atualmente há escassez

de pesquisas no Brasil sobre liderança. Fonseca, Porto e Borges-Andrade (2015) e Tabassi et

al., (2016) afirmam que a produção científica brasileira sobre o tema de liderança é um campo

ainda embrionário e defasada. Os autores consideram que ainda faltam pesquisas sobre os

antecedentes dos estilos de liderança no Brasil e poucos estudos teriam incluído

simultaneamente mediadores e moderadores e variáveis do nível organizacional. Além disso,

poucos tentaram integrar a literatura com a de estados afetivos, que têm recebido bastante

atenção recentemente.

No entanto, como abordado anteriormente, o propósito deste estudo é contribuir com a

literatura existente sobre liderança, de uma forma geral, mas com foco na LT, citada por Bass

(1985, 1999). Deste modo, identificou-se uma relevante pesquisa sobre liderança realizada em

instituição bancária brasileira que teve como objetivo identificar o estilo de liderança

predominante em uma unidade específica da instituição, bem como avaliar se este estilo

identificado propicia a construção de relações de confiança entre líder e liderados (REIS, 2015).

Como resultado, concluiu-se que prevalece um estilo com traços da LT e da liderança

transacional. Ficou evidenciado que a LT constrói vínculos de confiança mútua, demonstrando

que as ações do líder fomentam o reconhecimento de sua credibilidade e auxiliam na solução

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de dilemas de gestão, possibilitando a cooperação espontânea para o alcance dos objetivos

estratégicos da instituição financeira.

Segundo Judge e Piccolo (2004), a LT ganhou fama no contexto organizacional atual

por enfatizar que líderes transformacionais incrementam o nível desejado de desempenho

organizacional. Vários estudos vinculam LT com desempenho, como por exemplo, com

aprendizagem e comprometimento organizacional, motivação do funcionário, desempenho da

unidade, difusão da tecnologia, desenvolvimento da cultura e processos de conhecimento

(JUNG; CHOW; WU, 2003; AVOLIO et al., 2004; LIAO; FEI; LIU, 2008; GONG; HUANG;

FARH, 2009; ZAGORŠEK; DIMOVSKI; ŠKERLAVAJ, 2009; IMRAN et al., 2016).

Corroborando, Avolio, Walumbra e Weber (2009) argumentam que desde a década de

90 existem estudos que relacionam LT a variáveis de resultados, sendo intensificado no século

XXI. Tais estudos testam fatores como justiça percebida, autonomia, coesão da equipe e

aspectos contextuais, existindo assuntos ainda não muito explorados. Diante dos estudos acima

citados e de acordo com a revisão de literatura, percebe-se a relevância do estilo de LT para o

alcance de propósitos positivos para as organizações e funcionários. Na literatura nacional,

verifica-se a existência de um campo ainda embrionário, que parece defasado não só em relação

às pesquisas internacionais, mas em relação às outras investigações nacionais em

comportamentos organizacionais (FONSECA; PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015). Além

disso, os autores indicam a necessidade de incremento nas investigações empíricas quantitativas

em liderança, pois a tradição brasileira é prioritariamente de estudos qualitativos, apesar de que

método não justifica a relevância da pesquisa.

As pesquisas sobre liderança no Brasil apresentam baixa integração com as

investigações sobre o tema que vêm sendo feitas há cem anos pelo mundo afora, sendo que o

aumento da produção brasileira sobre o assunto deu-se somente após 2002, enquanto a tradição

internacional já apresentava números expressivos de publicações desde o início do século XX

(MELO, 2004). Portanto, após a análise da pesquisa científica brasileira durante as últimas

décadas, Fonseca et al. (2015) concluíram que os estudos de liderança no Brasil são ainda

incipientes. Quanto a LT, apesar de ela ter sido um dos estilos mais pesquisados

internacionalmente nos últimos vinte anos, foram encontrados poucos estudos no Brasil

(BARRETO et al., 2013; FONSECA et al., 2012; MACIEL; NASCIMENTO, 2013).

Com base no acima exposto, justifica-se o estudo devido às evidências mencionadas de

carência de estudos empíricos sobre liderança no Brasil, visto o crescente interesse

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internacional pela LT conforme pesquisa nas bases de dados e diante do acesso a um relevante

contexto de pesquisa, um banco brasileiro, que pode inspirar estudos futuros.

1.4 Delimitação do estudo

Há um amplo espectro de conceitos que definem liderança, que será explorado no

referencial teórico. Dinh et al. (2014) identificaram 66 diferentes estilos de liderança nos dez

mais importantes periódicos internacionais sobre o tema, citados nos estudos dos últimos vinte

anos. A complexidade, a amplitude de conceitos e vertentes sobre liderança, abordadas em

múltiplas áreas do conhecimento, exigem que se delimite o campo de investigação do presente

estudo. O campo de estudos organizacionais tem pesquisado o tema liderança sob diversas

abordagens, principalmente relacionando liderança às variáveis de desempenho.

Dentre todos os estilos de liderança apontados na literatura, o presente estudo está

alicerçado na investigação do conceito de LT, cujas origens remontam do clássico trabalho de

Burns (1978) e ampliadas por Bass (1990; 1995; 1999; 2003; 2006; 2008; 2013) e Avolio,

Walumbra e Weber (2009). Burns (1978) discute as diferenças entre a liderança transacional e

transformadora (que será chamada de transformacional a partir de Bass, 1990) tendo como base

a relação entre poder (conceito psicológico) e liderança.

A escolha da LT frente as demais, deve-se pelo fato de que existe carência de pesquisas

no Brasil sobre o tema, e porque é crescente o interesse internacional sobre este estilo de

liderança (FONSECA et al., 2015). Sendo assim, conforme justificativa para o presente estudo,

apresentada anteriormente, a carência de estudos brasileiros no crescente tema LT motiva este

estudo. Os históricos de pesquisas internacionais apontam positivamente a LT quando

analisadas com os demais construtos, desencadeando numa fama da LT no contexto

organizacional atual ao enfatizar que líderes transformacionais promovem maior desempenho

no trabalho (JUDGE; PICCOLLO, 2004).

Diante dos estudos citados na justificativa e de acordo com a revisão de literatura,

percebe-se a relevância do estilo de LT para o alcance de propósitos positivos para as

organizações e funcionários. Sendo assim, devido aos motivos anteriormente citados, explica-

se a escolha deste tipo de liderança dentre aos demais estilos de liderança.

Contudo, metodologicamente, este estudo está centrado em Gyensare et al. (2016),

utilizando-se do mesmo instrumento de coleta de dados, que considera os quatro aspectos chave

para a avaliação da LT: Influência Idealizada (II), Motivação Inspiradora (MI), Estimulação

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Intelectual (EI) e Consideração Individualizada (CI). Assim, investiga-se a LT no BP, a partir

desse enfoque teórico e metodológico.

Foi escolhido realizar a pesquisa em instituições financeiras devido à sua importância

para a economia de uma nação. Assim, a pesquisa foi realizada num grande banco brasileiro,

permitindo acesso a um grupo bastante amplo de respondentes, localizados em todo o território

brasileiro, num contexto relevante. Esta empresa foi selecionada frente às demais em virtude

de seu porte e porque a empresa está exposta à grande competitividade, mudanças e

transformações mercadológicas, como também, diante da complexidade perante ao campo de

gestão de pessoas. Além disso, o BP concedeu acesso aos entrevistados e foi favorável à

pesquisa, o que facilitou o estudo e foi determinante por escolher esta instituição financeira

frente às demais instituições.

Cabe salientar que o presente trabalho não procurou investigar o líder, nem tampouco o

liderado. Por isso, sugere-se também como estudo futuro, a análise de como é o líder

transformacional, a quem predomina tais características, por exemplo, se homens ou mulheres

são mais transformacionais, entre outros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo apresenta-se o referencial teórico de liderança e LT.

2.1 Liderança

De acordo com Burns (1978, p.18), a liderança sobre seres humanos ocorre quando

pessoas com certos motivos e propósitos, em competição ou conflito com outros, utilizam

recursos institucionais, políticos, psicológicos de modo a despertar, envolver e satisfazer as

expectativas mútuas dos liderados (seguidores) e do líder. De forma análoga, ela pode ser

entendida como o processo de influenciar as atividades de um grupo organizado em seus

esforços para o estabelecimento e o alcance de metas (STOGDILL, 1950). Assim, o líder é visto

como um ator principal para o desenvolvimento de capacidades organizacionais e vantagens

competitivas e pode ser responsável pela construção das direções do futuro organizacional

(ULRICH; LAKE, 1990; HAMEL, 1997).

De uma maneira geral, um dos grandes desafios dos líderes é direcionar o potencial

humano para alcançar os objetivos e resultados da organização (DIAS; BORGES, 2017). Diante

disto, é o líder quem influencia os outros para realização dos objetivos através da comunicação

e ajuda a criar significados, constrói percepções compartilhadas para a realidade organizacional

e promove compromisso baseado nas dinâmicas motivacionais dos liderados (BERGAMINI,

1994; DUBRIN, 2004). Assim, resultados extraordinários podem ser alcançados através de uma

liderança eficaz (KOUZES; POSNER, 2006), onde o desempenho de um líder se torna central,

porque o mesmo pode melhorar o desempenho da equipe, motivando seus membros ou, por

outro lado, pode fazer o desempenho da equipe insatisfatória, comprometendo a qualidade dos

produtos ou serviços prestados à população (DIAS; BORGES, 2017).

Em vista disso, o líder torna-se responsável pelo desenvolvimento e manutenção das

características motivacionais em seus seguidores, buscando desempenhos organizacionais mais

elevados (SANT’ANNA; CAMPOS; LOFTI, 2012). Entretanto, os líderes não conseguem

resolver os problemas organizacionais sozinhos e dependem de uma combinação de recursos e

competências de vários funcionários (DIAS; BORGES, 2017). Por este motivo coloca-se uma

grande ênfase na promoção do trabalho em equipe e liderança eficaz (JONES; RUDD, 2008).

O líder pode desenvolver o relacionamento com seus liderados baseado na constante

capacidade de encorajar o time e influenciando a equipe, preparando-os para os processos de

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mudança em cada contexto organizacional (MARQUES et al., 2014; NIEMEYER;

CAVAZOTTE, 2016). No entanto, não existe um comportamento de liderança ideal, exata ou

certeira que pode ser estabelecida previamente. A liderança é uma prática dinâmica, na qual o

papel do líder varia de acordo com diferentes circunstâncias e peculiaridades (YUKL, 2002;

TABASSI et al., 2016).

Ou seja, não há um tipo de liderança específico que irá funcionar em todas as situações,

assim como o conceito e as práticas de liderança variam com o passar dos anos, de acordo com

o cenário organizacional em que se encontra. Diversos movimentos podem ser percebidos ao

longo da história, que acabam por tornarem-se teorias, ao qual evoluíram com o passar do

tempo, e que permanecem evoluindo, inclusive de uma forma mais acelerada nestas duas

últimas décadas (DINH et al., 2014; FONSECA et al., 2015). Será exposto abaixo, um relato

da história e as principais teorias de liderança que a literatura aborda.

2.1.1 Histórico dos estudos sobre liderança

Historicamente, a liderança tem um papel crucial para o sucesso e sobrevivência das

organizações, pois é a partir das decisões do líder que se dá o direcionamento das mesmas. A

palavra liderança é de origem inglesa e deriva do vocábulo lead, que significa capacidade para

conduzir ou dirigir pessoas. Originalmente, estava relacionada com a condução de exércitos em

ações bélicas nas conquistas de novos territórios, na luta de princípios e crenças, surgindo

assim, grandes impérios, grandes heróis e fundadores de grandes religiões (ALMEIDA, 2012).

A autora argumenta que, na mitologia, o líder pode ser um quase deus, um herói, mas sempre

um símbolo de alguém que conhece o verdadeiro caminho e que detém a chave do sucesso.

Desde então, o termo liderança tem sofrido diversas interpretações, principalmente ao longo do

século XX e XXI.

Pesquisas sobre o tópico tem testemunhado um considerável acréscimo na última

década, ao qual resultou no desenvolvimento de diversas teorias de liderança (DINH et al.,

2014). No início dos estudos sobre liderança, anteriores a 1950, o foco era estudar um líder

individual, que provavelmente era um homem, trabalhando no setor privado dos Estados

Unidos (AVOLIO; WALUMBWA; WEBER, 2009). De acordo com os autores, atualmente, o

campo de liderança se concentra não só no líder, mas também nos seguidores, pares,

supervisores, contexto de trabalho e cultura, organizações públicas, privadas e sem fins

lucrativos, representando assim, uma gama muito mais ampla de indivíduos e todo um espectro

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de diversidade. Assim, os constructos deste campo podem se organizar em três níveis: micro

organizacional (indivíduos e suas emoções, percepções e cognições); meso-organizacional

(equipes/grupos de trabalho); e macro organizacional (organização) (DINH et al., 2014;

FONSECA; PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015).

Portanto, o primeiro movimento focou nas características pessoais e traços de

personalidade do líder. Já nas décadas de 1950 e 1960, os estudos privilegiavam os padrões de

comportamentos do líder que possibilitam o exercício da influência ou do poder (FONSECA;

PORTO; BORGES-ANDRADE, 2015). Nesta década, falava-se de dois grandes estilos de

liderança: o de consideração (preocupação com os sentimentos dos liderados e relacionamento

com a equipe) e o de iniciação da estrutura (busca pela alta performance e coordenação

operacional). Também se adotava uma visão contingencial da liderança, que procurava ligar

um comportamento a um contexto específico.

Nas décadas de 1970 e 1980, estudos envolviam percepções sobre a liderança, como a

teoria da liderança implícita e suas investigações acerca dos pressupostos das pessoas sobre

como um líder se comporta (CHEMERS, 2000; FONSECA et al., 2015). Essa foi também a

época dos estudos sobre diferenças reais de gênero entre os líderes, que abordavam os

comportamentos de líderes homens e mulheres, bem como a divergência nas percepções de

subordinados.

Por sua vez, o final do século XX foi marcado pelos estudos sobre as diferenças culturais

nos comportamentos dos líderes, que apontaram o entendimento de que um líder seja efetivo

em cada local e estudaram o impacto da cultura nacional no comportamento gerencial

(CHEMERS, 2000; FONSECA et. al, 2015; AVOLIO; WALUMBRA; WEBER, 2009). Esse

período também foi caracterizado pelo predomínio das teorias das lideranças carismática,

transformacional e transacional. Entretanto, apesar das diferenças de enfoque, os movimentos

são complementares e as investigações sobre atuação gerencial e liderança levam ao

estabelecimento de modelos tridimensionais de explicação do comportamento do líder,

podendo este ter foco na tarefa, no relacionamento ou na situação.

No século XXI, os autores apontam que as correntes de estudo que vinham recebendo

mais atenção permaneciam sendo a da liderança carismática, da liderança transformacional e

da transacional. Na década de 1990, pesquisas já ligavam os estilos transformacional e

transacional a variáveis de resultado (FONSECA et al., 2015). Contudo, no início do século

XXI, a preocupação passou a ser o processo pelo qual tais estilos de liderança levam a esses

resultados. Vale destacar que grandes movimentos são complementares e as investigações sobre

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o tema levam ao estabelecimento de modelos tridimensionais de explicação do comportamento

do líder (MELO, 2004; YULK; LEPSINGER, 2005; SILVA, 2008).

2.1.2 Teorias de liderança

Pesquisas acadêmicas sobre liderança nos últimos vinte anos resultaram no

desenvolvimento de novas teorias de liderança, sendo que o número de novas teorias de

liderança tem crescido e o campo tem avançado (KAISER et al., 2008). Sendo assim, nas

últimas duas décadas, estudiosos sobre o tema desenvolveram teorias para explicar o papel do

líder dentro deste complexo sistema, instigado pela mudança organizacional e gerenciamento

das dinâmicas redes sociais (MARION; UHL-BIEN, 2002; BALKUNDI; KILDUFF, 2005;

UHL-BIEN; MARION, 2009; BALKUNDI; KILDUFF; HARRISON, 2011; HANNAH;

LORD; PEARCE, 2011; DINH et al., 2014).

A primeira teoria da liderança apontada pela literatura foi denominada a Teoria do

Grande homem e perpetuou até o início do século XX (STRAKER, 2012; PELLICIARI, 2013).

Segundo os autores, a teoria é baseada na crença de que os líderes são pessoas excepcionais,

nascidas com qualidades natas, destinadas a liderar, aonde os grandes líderes nascem líderes, e

não são feitos. Assim, os líderes eficazes são aqueles dotados de inspiração divina e qualidades

certas (CARLYLE, 1888).

A segunda teoria denominada Teoria dos traços associa a liderança a traços de

personalidade (ALMEIDA, 2012; PELLICIARI, 2013). A abordagem permeou os anos de 1920

a 1940, e sugeriu que a personalidade tem um componente genético, sendo que o líder nasceria

com estas características, assim como artistas e atletas (ALLPORT; ODBERT, 1936).

A terceira teoria conhecida como Teoria Comportamental, emergiu em meados de 1940

até 1960, e aborda que o comportamento do líder pode ser adaptado e modificado, alcançando

a liderança através de ações de formação (STODGIL, 1963; BLAKE; MOUNTON, 1964;

RETO; LOPES, 1992; ALMEIDA, 2012; PELLICIARI, 2013). A abordagem não foca no que

o líder é, mas sim ao que o líder faz, que comportamentos são observáveis e característicos de

uma determinada forma de liderar. Portanto, nesta teoria, diferentes tipos de comportamentos

são observados e categorizados como estilos de liderança. Dentre os estilos de liderança que

surgiram nesta abordagem, pode-se citar o líder autoritário, democrático e o Laissez-faire

(EAGLY; ENGEN; JOHANNESEN-SCHMIDT, 2003).

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A teoria que surgiu na sequência, entre os anos 1960 e 1980, foi a teoria Contingencial

ou Situacional, que sustenta a ideia de que a eficácia de um grupo ou de uma organização

dependem da interação entre a personalidade do líder e da situação (FIDLER, 1957; HOUSE;

MITCHELL, 1974; HERSEY; BLANCHARD, 1977; JESUÍNO, 1987; SYROIT, 1996). Um

exemplo da abordagem é de que algumas situações requerem um líder autocrático e outras

precisam de uma atuação mais participativa, sendo que diferentes abordagens de liderança

sejam utilizadas em diferentes contextos de uma mesma organização (HERSEY;

BLANCHARD, 1969; PELLICIARI, 2013). Nesta abordagem surgiu o modelo cognitivo

motivacional ou “path-goal”, que recomenda que o líder deve engajar-se em comportamentos

de maneira que suas habilidades complementem as lacunas apresentadas pelos subordinados,

revertendo em maior desempenho na unidade de trabalho (HOUSE; MITCHELL, 1974;

HOUSE, 1977); e a ideia de que a eficácia depende da adequação do estilo de liderança e do

grau de maturidade dos liderados (HERSEY; BLANCHARD, 1977; ALMEIDA, 2012).

Concomitante a estas duas últimas abordagens teóricas, surge a teoria da Liderança

Carismática, ao qual atribui ao carisma uma influência intrínseca na motivação dos seguidores

(WEBER, 1947; SHILS, 1965; HOUSE, 1977). A liderança carismática é definida em termos

do efeito do líder em cima dos liderados e seu respectivo relacionamento (PELLICIARI, 2013).

O relacionamento com esse líder é como de um discípulo para com um mestre, que não o segue

por medo ou recompensa monetária, mas por amor, devoção, entusiasmo, e confiança que o

líder carismático inspira, promovendo no liderado transcender seus próprios interesses,

sentindo-se uma parte do todo (TUCKER, 1968; OBERG, 1972; PELLICIARI, 2013).

Posterior a isso, surgem a teoria Transacional e Transformacional, citada pela primeira

vez em 1978 por Burns, que levavam em consideração os traços do líder (por exemplo, o

carisma), características do subordinado e da situação (BURNS, 1978; BASS, 1985). A

liderança transacional e transformacional são dois extremos de um contínuo, onde o líder pode

comportar-se tanto de uma forma como de outra (BURNS, 1978). O líder transacional é um

negociador, que estabelece acordos em troca de resultados desejados, e pode tanto recompensar

por desempenho satisfatório, como punir pelos objetivos não atendidos (FONSECA; PORTO;

BARROSO, 2012). Semelhantemente, Bass (1995) entende que o líder pode usar a liderança

transacional ou transformacional quando mais lhe for apropriado, pois cada líder exibe certo

grau de ambos os estilos. O perfil ótimo de liderança ocorre quando se observam os quatro

fatores da LT: influência idealizada, consideração individualizada, motivação inspiracional e

estimulação intelectual (BASS; AVOLIO, 2003). Na direção oposta, em geral a liderança

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predominantemente transacional tende a ser mais pobre em termos de resultados. O Quadro 1

apresenta um comparativo com as principais características e traços que diferenciam a LT da

Transacional (BURNS, 1978; BASS, 1985; BASS, 1990; BASS; AVOLIO, 1994, BASS,

1999):

Quadro 1 - Comparativo entre liderança transacional e transformacional

Traço/Característica Liderança Transacional Liderança Transformacional

Conceito central Oferece reforço positivo (prêmios,

elogios, aumento de salário, promoção) quando os objetivos são alcançados e

reforço negativo (castigo, punição)

quando erros ou falhas ocorrem.

Envolve e implanta a transformação no

desempenho organizacional, através dos quatro fatores característicos da

LT.

Relacionamento líder

liderado

Distante e objetivo Individualizado e próximo

Comunicação líder equipe

Democrática e com informações idênticas para todos os membros da

equipe

Comunicação individualizada com carisma, utilizando muitas vezes apelos

emocionais, falando sobre os valores,

crenças e um forte senso de propósito.

Motivação para ação Recompensa e punição Inspira e motiva os funcionários a

alcançar os objetivos, falando com

otimismo sobre o futuro e sobre o que

precisa ser alcançado.

Processo decisório Centrado no líder Participativo

Relação entre líder e

seguidor

Processo de troca focado em um

benefício mútuo, que lembra um

contrato.

Senso de equipe

Estímulo ao desempenho

Estabelece metas, monitora e checa resultados.

O líder identifica as maiores necessidades e motivações de seus

seguidores e age de modo a motivá-los

a alcançar altos padrões de desempenho

Designação de tarefas Faz-se um acordo do que precisa ser feito

com o estabelecimento de recompensas

em troca de um desempenho satisfatório,

punindo o mau desempenho.

O líder aumenta a consciência a

respeito da importância de alcançar

determinados resultados, encorajando a

transcender seus interesses pessoais

pelos objetivos do grupo, estimulando a desenvolver a suas próprias

capacidades, buscando metas e

objetivos baseados em sua motivação

intrínseca.

Fonte: Elaborado pela autora (2018), com base em Burns (1978), Bass (1985, 1990, 1999) e Bass e Avolio (1994).

Existem outras teorias como a teoria da liderança espiritual e a da liderança complexa,

além de outras emergentes citadas por Dinh et. al. (2014), sendo que a primeira é desenvolvida

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dentro de um modelo de motivação que incorpora a fé, a visão, a esperança, o amor altruísta às

teorias de espiritualidade no trabalho, que têm como foco a manutenção do entusiasmo do

colaborador e no ânimo deste para contribuir para a sociedade por meio do trabalho (MOXLEY,

2000; PELLICIARI, 2013). Já a teoria da liderança complexa considera o tema no âmbito de

um sistema adaptativo complexo, sendo necessário incluir capacidades de antecipar, identificar

e responder às ocasiões imprevisíveis das organizações contemporâneas (FINKELSTEIN 2002;

PORTER-O’GRADY; MALDOC, 2003, PELLICIARI, 2013).

Dinh et al. (2014) identificaram 66 diferentes tipos de liderança nos 10 mais importantes

periódicos internacionais sobre o tema, a saber: The Leadership Quarterly, Administrative

Science Quarterly, American Psychologist, Journal of Management, Academy of Management

Journal, Academy of Management Review, Journal of Applied Psychology, Organizational

Behavior and Human Decision Processes, Organizational Science, and Personnel Psychology.

Os autores afirmam que embora essa diversidade contribua com o debate, também geram

desafios sobre esse campo de investigação, pois os líderes influenciam os processos que levam

a resultados organizacionais, e os estudiosos podem desenvolver teorias integradoras que

unificam diversas teorias, assim como estimular novas teorias de liderança no novo milênio.

Entretanto, existem teorias internacionais de lideranças que não despertaram interesse

da academia nas últimas duas décadas, como a teoria da contingência e as que incluem

abordagens comportamentais (DINH et al., 2014). Os autores constatam que algumas teorias

continuam a captar o interesse do campo, como a carismática, transformacional e as referentes

a processamento de informações e as teorias de troca de líder-seguidor. Por conseguinte, os

autores perceberam o crescimento de teorias de lideranças emergentes, como a neurológica,

estratégicas e as relacionadas à criatividade e inovação.

Avolio, Walumbwa e Weber (2009) examinam teorias atuais e direções futuras de

pesquisa no campo de liderança, buscando recentes desenvolvimentos teóricos e empíricos na

literatura, começando com tópicos que atualmente estão recebendo atenção em termos de

pesquisa, teoria e prática. Como resultados de pesquisas atuais e emergentes, foram citados os

seguintes estilos de liderança: a liderança autêntica e seu desenvolvimento, seguido pelo

trabalho que leva uma abordagem de ciência cognitiva. Em seguida, examinaram as teorias de

liderança de novos gêneros, liderança em complexidade e liderança compartilhada, coletiva ou

distribuída. Por fim, a liderança servidora, liderança e espiritualidade, liderança transcultural e

liderança eletrônica, digital, como também o papel das relações através da troca de membros e

líderes e do trabalho emergente no seguidor. Segundo os autores, estas teorias têm o benefício

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de criar um foco no futuro, bem como fornecer uma maneira interessante de examinar o

desenvolvimento do campo (AVOLIO; WALUMBWA; WEBER, 2009).

Pesquisas futuras precisam desenvolver perspectivas integradoras que consideram como

as teorias de liderança díspares se relacionam ou operam simultaneamente para influenciar

surgimento de fenômenos de liderança. A atenção a esses processos dinâmicos é fundamental,

à medida que eles se desdobram com o tempo e em diferentes níveis de análise, pois ajuda a

capturar a complexidade que define os grupos individuais e sistemas organizacionais (DINH et

al., 2014).

2.2 Liderança Transformacional (LT)

A origem do conceito de LT remontam do clássico trabalho de James MacGregor Burns

(1978) e ampliadas por Bernard Bass (1990; 1995; 1999; 2003; 2006; 2008; 2013) e Avolio,

Walumbra e Weber (2009) discutem as diferenças entre a liderança transacional e

transformadora (que será chamada de transformacional a partir de Bass), tendo como base a

relação entre poder (conceito psicológico) e liderança. A dinâmica, segundo Burns acontece em

torno de três elementos: das razões e os recursos dos detentores de poder, das razões e motivos

dos subordinados (receptores) e do relacionamento entre essas variáveis.

A literatura sobre LT e transacional têm crescido rapidamente desde a década de 1990,

prioritariamente sobre estudos que analisam como estes estilos de liderança promovem

desempenho nas organizações (BASS et al., 2003). Inicialmente, antes da introdução da teoria

da liderança carismática-transformacional na literatura, muitos pesquisadores referiam-se à

liderança transacional como um reforço positivo e um componente eficiente ao comportamento

dos líderes nas organizações (HOUSE, 1977; BURNS, 1978; BASS, 1985b; BASS et al., 2003).

Significa que os seguidores concordavam com o líder transacional em troca de recompensas,

elogios ou evitando ações disciplinares (BASS et al., 2003).

Assim, pesquisas iniciais mostravam que o estilo de liderança transacional era

positivamente relacionado ao comprometimento, satisfação e performance dos seguidores

(HUNT; SCHULER, 1976; PODSAKOFF et al., 1984; BYCIO et al., 1995; GOODWIN et al.,

2001; BASS et al., 2003). Por fim, estes dois estilos de liderança: transacional e

transformacional, têm sido amplamente analisadas nestas últimas décadas, relacionando-as com

vários constructos, através de observações, análises fatoriais, entrevistas e descrições (BASS et

al., 2003).

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Posteriormente, denominou-se líder transformacional àquele que consegue níveis de

desempenho e dedicação superiores de seus empregados, assim como influencia grandes

mudanças de atitudes e comprometimento com a missão e objetivos da organização, enquanto

que a liderança transacional procura apenas compatibilizar os objetivos do líder e liderado

através de troca simples e negociação de conflitos (YUKL, 1989). Ou seja, na liderança

transacional existe um contrato implícito de troca entre líder e subordinado, implicando em

submeter-se aos desejos do líder com promessas de recompensas, sejam elas financeiras ou não

(BURNS, 1978).

Portanto, enquanto a LT utiliza-se de um senso de missão a ser seguido, que transcende

suas próprias necessidades, a liderança transacional serve-se de recompensa e punição como

estímulo motivador ao trabalhador, ou seja, caso o trabalho seja favorável, o empregado pode

receber um aumento salarial, um elogio, uma promoção ou reconhecimento público (BASS,

1985b). Em caso de não cumprimento das metas e objetivos propostos, ocorre uma penalização,

que podem resultar em simples feedback negativo, como também numa demissão do trabalho.

Com a introdução da LT na literatura, grande atenção tem sido estendida ao

entendimento de como estes líderes estão melhores equipados para elevar a motivação e

performance dos seguidores a níveis mais elevados de realizações (BASS et al., 2003). Existem

outras diferenças apontadas pelos autores, como por exemplo, enquanto a LT utiliza-se de uma

comunicação individualizada, na transacional a informação é repassada igualitariamente a todos

os subordinados (BASS, 1985b). Apesar das diferenças visíveis entre as mesmas, o autor

sustenta a ideia de que os dois estilos são adicionais e não opostos extremos.

As mudanças no mercado de trabalho ao longo dos últimos anos exigiram que os líderes

se tornassem mais transformacionais (BASS, 1999). Isto devido a sua necessidade de

compreender as complexas demandas das organizações, assim como tomar decisões pertinentes

e resolver problemas. De acordo com a abordagem transformacional, o líder cujo

comportamento é positivo e exemplar, afeta as atividades do grupo e influencia os liderados,

importando-se com cada indivíduo de forma abrangente e transformando o liderado pela ação

(REIS, 2015). Por suas peculiaridades, a LT constrói relações de confiança duradouras,

motivando seus seguidores a buscar resultados cada vez melhores e mais consistentes para a

organização (BASS; RIGGIO, 2013).

A LT cria uma consciência nos seguidores a respeito da importância e do valor do

resultado de suas atividades para a empresa, despertando uma necessidade que transcende os

próprios interesses em favor da causa organizacional, a partir da confiança e motivação que

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esse tipo de liderança propicia (PODSAKOFF et al., 1990). Em vista disso, o líder

transformacional é capaz de causar um efeito incomum e profundo nos liderados, inspirando-

os a transcender os próprios interesses para o bem da organização (ROBBINS, 2009).

Assim, os interesses da organização e seus empregados precisam estar alinhados, e tal

tarefa é para o líder transformacional, que é o líder que inspira, estimula intelectualmente e é

individualmente considerado um deles (BASS, 1999). Este líder é mais eficaz na orientação dos

seguidores para a consecução de metas e objetivos organizacionais, aumentando o nível de

desempenho individual e da equipe (DIONNE et al., 2004).

Portanto, o estilo de liderança mais associado com o melhor desempenho em

produtividade é o transformacional, porque o líder é proativo, inovador, criativo e motiva sua

equipe para melhores resultados e desempenho (DIAS; BORGES, 2017). Segundo as autoras,

o estilo de LT é mais provável de ser associado positivamente ao desempenho superior.

Por conseguinte, a LT é considerada um caminho humanista para gerenciar os

subordinados (TABASSI; ROUFECHAEI; RAMLI, 2014). Membros de equipes

transformacionais cuidam um do outro, estimulam-se intelectualmente, inspiram-se,

identificam-se com os objetivos da equipe, sendo equipes de alto desempenho, onde as políticas

e práticas organizacionais podem promover o empoderamento dos funcionários, flexibilidade

criativa e espírito de corpo (BASS, 1999).

Partindo-se do pressuposto de que liderança é a prática de influenciar outras pessoas a

entender, concordar e fazer o que precisa ser feito (YUKL, 2002) e em meio a outros tipos de

liderança existentes, a LT é uma forma crucial e efetiva de liderar a organização, visto que

permite que pessoas com conhecimentos e experiências distintas trabalharem produtivamente

ao alcance de um objetivo comum (NEMANICH; KELLER, 2007; LEE, 2014).

Líderes transformacionais elevam a moral e a motivação de seus liderados, promovem

a capacitação, criatividade e harmonia, estimulam os seguidores a alcançar resultados

extraordinários, alinhando os objetivos e metas individuais com os objetivos da empresa e

fornecendo aos seguidores suporte, orientação e treinamento (BASS; RIGGIO, 2006;

GUMUSLUOGLU; ILSEV, 2009; GYENSARE et al., 2016). Ou seja, a LT é uma das mais

influentes abordagens contemporâneas de liderança, caracterizada por uma grande carga de

motivação e aproximação entre líderes e liderados onde os líderes transformacionais são

proativos, motivam os liderados a trabalharem além das expectativas e sensibilizam para a

importância de alcançar os objetivos previstos (BASS, 2008; HU et al., 2012; CALAÇA;

VIZEU, 2015).

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34

De acordo com Popper e Mayseless (2007), a estrutura psicológica dos líderes

transformacionais (líderes socializados) está alicerçada em quatro aspectos: o desejo de auto

eficácia e de influenciar os outros; a atitude de cuidar dos outros, a capacidade de “dar”, a

empatia, a percepção das emoções do outro, orientação para a socialização; são pró ativos e

otimistas em relação ao futuro; e têm mente aberta, são curiosos, autoconfiantes e capazes de

manter relacionamentos de proximidade sem receio. Consequentemente, a perspectiva da LT

ganha espaço no mundo organizacional por conta da crescente demanda de trabalho voluntário,

no qual as recompensas não são apenas financeiras, mas sim calçadas em reconhecimento

pessoal e no comprometimento com valores e ideias (BASS; AVOLIO, 2003).

Desta forma, o líder transformacional é aquele que exibe comportamentos de liderança

com foco individual do liderado e aquele ao qual o líder está disposto a influenciar uma reação

construtiva dos empregados, resultando, consequentemente, em alto desempenho do

funcionário (MCCOLL-KENNEDY; ANDERSON, 2002). Este tipo de liderança visa

transformar indivíduos para irem além do status quo, com o propósito de melhorar a capacidade

de inovação e adaptação no ambiente da equipe (TABASSI; ROUFECHAEI; RAMLI, 2014).

Ao envolver autoconceitos e despertar motivos inconscientes de seus seguidores, os

líderes transformacionais provocam conquistas, afiliação, motivos de poder não conscientes

que tem consequências comportamentais fortes e duradouras (BASS, 1999). Líderes

transformacionais têm um sistema de valores que fornece uma bússola interna, transcendendo

a abordagem típica gerencial, ao qual converte seus seguidores (KUHNERT; LEWIS, 1987).

Diante disto, os seguidores querem se identificar com esta liderança, visto que tais líderes

delegam as tarefas como oportunidades de crescimento (BASS, 1999).

Nesse ambiente de reconhecimento do indivíduo como sendo valoroso à empresa,

levantam-se fatores que influenciam a realidade socialmente construída, na qual a organização,

pessoas e meio ambiente compartilham recursos, espaço, território, anseios, confluindo em

ações que fomentem o estabelecimento de uma forma de desenvolvimento sustentada

(KUZMA; DOLIVEIRA; SILVA, 2017). De forma geral, pelo menos no discurso, percebe-se

que as organizações contemporâneas requerem estilos de liderança participativos, visionários e

inspiradores e todas estas características são inerentes ao líder transformacional, ou seja,

profissionais de elevada competência, que consigam conduzir eficazmente as pessoas para os

objetivos estratégicos da organização (HUCZYNSKY; BUCHANAN, 2007; GYENSARE et

al., 2016).

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Segundo Reis (2015) a LT pode ser ensinada e aprendida através de capacitação e

treinamento específicos das competências centrais da liderança. Sendo assim, o líder deve

buscar internalizar essas competências com comprometimento e dedicação para atingir a

efetividade da liderança (BASS; RIGGIO, 2013).

Outro aspecto relevante em liderança realizar a sua avaliação. A avaliação de liderança

é considerada um conjunto de práticas que conduzem para um melhor desempenho (DAFT;

PIROLA-MERLO, 2009). No entanto, das muitas maneiras que liderança tem sido conceituada

irá influenciar o relacionamento entre líderes e seguidores que pretendem mudanças e

resultados reais que refletem seus propósitos compartilhados (DAFT; PIROLA-MERLO,

2009).

As pesquisas sobre a LT desenvolveram uma variedade de instrumentos para avaliar e

medir o comportamento do líder transformacional, como o Transformational Leadership

Inventory (TLI), que foi criado por Podsakoff et al. (1990), como também a Leadership

Practices Inventory (LPI), de Kouzes e Posner (2013). Existem outras abordagens bastante

conhecidas para determinar as características e competências de líderes em diferentes

indústrias, como por exemplo o Leadership Development Questionnaire (LQD) que tem sido

usado em diferentes indústrias, e o Multifactor Leadership Questionnaire (MLQ), que avalia a

liderança transformacional (BASS, 1999; TABASSI et al., 2016). De acordo com Marques et

al. (2014), o MLQ é composto por sete fatores: dois fatores transacionais, quatro fatores

transformacionais e um fator que denota ausência de liderança.

Devido à necessidade adicional de velocidade e adaptabilidade no trabalho, a liderança

tem que fornecer o ambiente para tal (HAY, 2010). Isso inclui abordagem com respostas

dinâmicas, criação contínua e captura do conhecimento, permitindo rápida adaptação a novas

situações. Assim, para uma mudança de paradigma ocorrer de forma consistente, uma nova

abordagem para a governança e liderança precisa de mais atenção. Portanto, para ocorrer uma

mudança coletiva, são necessários líderes que são educados nas novas abordagens de

transformação, para motivar, falar com as pessoas e mostrar os caminhos a seguir (HAY, 2010).

2.2.1 Os quatro fatores característicos da LT

Os líderes transformacionais possuem comportamentos de liderança como estimulação

intelectual, influência idealizada, consideração individualizada e motivação inspiradora (BASS,

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1985; BASS, 1990; BASS, 1999; BASS et al., 2003). Segundo os autores, esses são as quatro

fatores-chaves que conceituam a LT:

O primeiro item aborda a Influência Idealizada (II), ou comportamentos e atribuições

de carisma que fornece visão e senso de missão, introduz orgulho, ganho de respeito e

confiança. A II serve de modelo aos subordinados, gerando disposição e vontade de assumir

riscos baseados em conduta ética e moral (ROSINHA, 2009). Trata-se da componente

emocional da liderança e reflete a percepção por parte dos liderados de como é utilizado o poder

pelo líder. Significa também que os líderes são respeitados, admirados e confiáveis, como

também, os seguidores se identificam com os líderes, que querem os imitar (BASS et al., 2003).

Representa também um líder que compartilha riscos com os liderados e consiste em conduzir

com princípios e valores éticos. Dentre as coisas que fazem com que o líder ganhe crédito com

os seguidores, é porque ele considera as necessidades dos seguidores acima de sua própria

necessidade (BASS et al., 2003)

O segundo item consiste na Motivação Inspiradora (MI), que se relaciona à forma

otimista de mobilizar e motivar os liderados, vinculando sempre ao espírito de equipe. A MI

expressa importantes propósitos através de maneiras simples, comunica altas expectativas,

utilizando símbolos para concentrar esforços. A manifestação de otimismo sobre o futuro

comunica confiança e direciona os liderados ao atingimento de resultados ambiciosos. Na MI,

os líderes se comportam em caminhos que motivam àqueles que estão ao seu redor, fornecendo

significado e desafio para o seu trabalho (BASS et al., 2003). Os liderados são estimulados

individualmente e a ter um espírito de equipe, através de entusiasmo e otimismo. Além disso,

o líder encoraja os seguidores a vislumbrarem um futuro atrativo, que é um espelhamento do

que eles imaginam para eles mesmos (BASS et al., 2003).

O terceiro item constitui a Consideração Individualizada (CI), que fornece atenção

pessoal através de treinamento, aconselhamento e tratando cada funcionário individualmente.

De acordo com Burns (1978) na liderança transacional as informações são repassadas de forma

idênticas a todos os liderados. Porém, no caso da LT, o atendimento é individual e as

informações são repassadas aos liderados observando-se a capacidade (intelectual e de

recursos) de cada liderado em contribuir com os resultados desejados. Para Bass e Avolio

(2003), a CI serve de pilar sócio emocional na relação entre líder e liderado. O contato frequente

com o liderado e o aconselhamento favorece a auto atualização e auto aperfeiçoamento do

liderado. A delegação pode também estar presente. Com base na CI, o líder leva em conta que

cada liderado possui diferentes competências, necessidades e aspirações. Em suma, líderes com

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características de CI prestam atenção a cada necessidade individual de realização e crescimento,

e agem como um mentor ou treinador, desenvolvendo seus seguidores por sucessivas elevações

de seus níveis de potencial (BASS et al., 2003). Segundo os autores, novas oportunidades de

aprendizagem são criadas em clima de apoio ao seu crescimento e as diferenças individuais em

termos de desejos e necessidades são identificadas, reconhecidas e levadas em consideração.

Por fim, os autores contemplam a Estimulação Intelectual (EI) que promove a

inteligência, racionalidade e a solução cuidadosa de problemas, assim como auxilia os

seguidores a tornarem-se mais inovadores e criativos, assim como estimula o questionamento

do status quo. Os subordinados participam do processo decisório e são chamados a buscarem

novas abordagens para a solução de problemas. Quando ocorrem erros individuais, o líder não

critica publicamente seus subordinados, ou seja, os líderes estimulam seus seguidores a criarem

e inovarem, questionarem as situações, reformularem problemas e abordarem velhas situações

por novos caminhos (BASS et al., 2003). Novas ideias e soluções criativas para os problemas

são solicitadas, que os incluem no processo de abordagem e soluções de problemas. Quando os

liderados cometem erros não ocasionam em críticas públicas ou ridicularizações (BASS et al.,

2003).

Sendo assim, a II e a MI são exibidas quando o líder prevê um futuro desejável, articula

como ele pode ser alcançado, dá um exemplo para ser seguido, estabelece altos padrões de

desempenho e mostra determinação e confiança; a CI é exibida quando os líderes prestam

atenção às necessidades de desenvolvimento dos seguidores, apoiando-os e treinando-os para

seu desenvolvimento; e a II é encontrar um estágio de idealização ou uma ideologia, ou seja,

um ideal ou uma causa que seja maior do que si mesmo ou maiores do que a vida, aos quais os

líderes e liderados podem se dedicar (BASS, 1999).

2.2.2 Estudos recentes sobre LT

No tocante a pesquisas relevantes sobre LT e seu impacto nas organizações, podemos

citar alguns estudos recentes encontrados na literatura. Imram et al. (2016) relacionam a LT e

aprendizagem no setor de bancos privados no Paquistão, através de um estudo exploratório que

analisa a hipótese de a LT influenciar diretamente no processo de aprendizagem organizacional.

Como resultado, verifica-se uma correlação positiva entre LT e o processo de aprendizagem

organizacional, ou seja, o processo de aquisição, conversão e aplicação do conhecimento

organizacional. Em suma, os resultados mostram que a LT tem um impacto positivo

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significativo sobre a capacidade do processo de aprendizagem e gestão do conhecimento

organizacional.

Tabassi et al. (2016) estudam a relação entre os constructos LT e desempenho

sustentável na construção civil, avaliando 70 líderes certificados pela Green Building Index

(GBI) na Malásia. Os resultados apontam que, através da transformação ou influência, líderes

da construção ou gerentes de projetos sustentáveis podem alcançar melhores desempenhos.

Patiar e Wang (2016) investigam os efeitos da LT e performance através do

comprometimento organizacional em uma rede hoteleira da Austrália. Identificam como

resultado que a LT influencia dimensões de desempenho ambiental e social, através do

comprometimento organizacional.

Bass et al. (2003) expõem que LT aumenta a viabilidade do desempenho da unidade.

Na mesma direção, Rasool et al. (2015) pesquisa a relação de LT com o desempenho produtivo

dos médicos no setor de saúde. Os resultados concluem que o líder transformacional é

visionário, utiliza o humor, é inspirador e eleva o desempenho de médicos na execução de seus

trabalhos.

Waldman, Siegel e Javidan (2006) estudam a relação das características da LT com

responsabilidade socioambiental (RSA). Os autores encontram que a estimulação intelectual,

que é um traço da LT, está positivamente associada com a propensão das empresas se engajarem

em projetos de RSA.

O trabalho de Perko, Kinnunen e Feldt (2014) estudam LT e sintomas depressivos. Os

resultados indicam que a LT pode diminuir a depressão entre os funcionários e está associado

a altos níveis de eficácia ocupacional e significado do trabalho.

Allen, Attoh e Gong (2017) relacionam LT e comprometimento afetivo organizacional,

mediada pelo papel percebido da responsabilidade social e identificação organizacional. Os

resultados indicam que a LT ajuda os empregados a perceberem a organização como

socialmente prestativa, como também, contribui com sentimento de identificação e

comprometimento com a organização.

Graves, Sarkis e Zhu (2013) estudam a relação entre LT e sustentabilidade. Os

resultados apontam que a LT acarreta maior motivação e influencia ações ambientais

sustentáveis. De forma análoga, Opoku et al. (2015) associa liderança e desenvolvimento

sustentável com o intuito de compreender qual estilo de liderança obterá melhores desempenhos

sustentáveis. Como resultado, é constatado que um líder transformacional cria uma visão,

capacita seguidores e desenvolve um espírito de cooperação (OPOKU et. al., 2015).

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Contudo, um estudo relevante e central para este trabalho é o realizado por Gyensare et

al. (2016), que investiga LT versus a intenção de rotatividade dos empregados e conclui que a

LT, através do compromisso afetivo influencia a redução na intenção de rotatividade dos

funcionários. Este estudo apresenta uma escala consistente para avaliação do nível de percepção

da presença de LT na organização pesquisada, tendo como base o estudo de Bass (1985, 1990,

1999), o qual foi embasado o questionário aplicado aos entrevistados, conforme procedimentos

metodológicos, a seguir.

As características do líder transformacional apontada através destes estudos recentes são

de que o líder estimula intelectualmente, é visionário, utiliza o humor, é inspirador, mobiliza

para maior desempenho do empregado, promove maior engajamento, cria uma visão, capacita

os seguidores, desenvolve espírito de cooperação e é um líder afetivo. Do mesmo modo, os

estudos acima relacionam LT com aprendizagem organizacional, desempenho sustentável,

performance, RSA, sintomas depressivos, eficácia, significado do trabalho, comprometimento,

sustentabilidade e desempenho, e todos resultam em uma correlação positiva entre tais

construtos e LT. No entanto, a maioria dos estudos de LT apontados anteriormente buscaram

verificar a relação entre LT e desempenho ou performance, ao qual geraram resultados positivos

(BASS et al., 2003; RASOOL et al., 2015; OPOKU et al., 2015; TABASSI et al., 2016;

PATIAR; WANG, 2016; ). Ou seja, este estilo de liderança promove desempenhos produtivos

superiores.

De forma análoga, existe uma correlação positiva entre LT e desempenhos sustentáveis

como maior RSA e comprometimento social, ao qual replicam num maior sentido e

comprometimento com o trabalho executado. (PATIAR; WANG, 2016; WALDMAN;

SIEGEL; JAVIDAN, 2006; ALLEN; ATTOH; GONG, 2017). Da mesma forma, este estilo de

liderança pode diminuir a rotatividade (GYENSARE et al., 2016), os sintomas depressivos

(PERKO; KINNUNEN; FELDT, 2014) e aumentar a capacidade de aprendizagem (IMRAM et

al., 2016). Assim, pode-se afirmar que estão relacionados com maior motivação e estímulo do

empregado com o trabalho.

No entanto, existem muitas lacunas de estudos relacionados a capacidade de solução de

problemas, racionalidade, inteligência, inovação, criatividade, questionamento do status quo e

tomada de decisão, visto que são característicos do fator EI do LT. Também existem lacunas

quanto a consideração e tratamento individual fornecido pelo líder ao liderado, como atenção

pessoal, treinamento, aconselhamento, feedback, levando em consideração as diferenças

individuais. A LT pode ser igualmente estudada aprofundando motivação, sentido e significado

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do trabalho, trabalho em equipe, engajamento, entusiasmo, otimismo e influência e respeito do

líder sobre o liderado. Todos estes itens citados referem-se a itens característicos do líder

transformacional aprontados na revisão de literatura de Bass (1985, 1990, 1999). Além disso,

como o líder é o transformador, existem lacunas de estudos recentes quanto a real capacidade

de o LT transformar o liderado em um profissional melhor. Contudo, de uma maneira geral,

pode-se constatar com base na revisão de literatura de LT que este estilo de liderança é eficiente

ao alcance de desempenho e resultado organizacional, mantenedora de aspectos positivos nas

empresas estudadas.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos dizem respeito ao caminho seguido para a realização

da pesquisa, garantindo segurança e auxiliando na tomada de decisões mais ajustadas,

detectando e reduzindo a incidência de erros, baseando-se em procedimentos intelectuais

sistematizados na busca de construção de conhecimento (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI,

2008). Portanto, esse capítulo apresenta os procedimentos metodológicos de trabalho para a

realização da pesquisa proposta.

3.1 Delineamento da pesquisa

O presente estudo é do tipo empírico descritivo quantitativo que utiliza survey como

técnica de coleta de dados. Seguindo essa orientação, a seguir, são detalhadas as características

da pesquisa relacionadas ao seu delineamento.

O estudo proposto é quantitativo, pois permite avaliar a relação entre variáveis

envolvidas (ROESCH, 1999) mediante tratamento de dados e informações numéricas ou por

meio de amostras amplas utilizando-se de técnicas estatísticas (LAKATOS; MARCONI, 2008).

Testes e técnicas estatísticas permitem determinar e quantificar a probabilidade de acerto e a

margem de erro das conclusões do estudo (GIL, 1999). Segundo Lakatos e Marconi (2008), o

método quantitativo de pesquisa destaca-se pela possibilidade de obtenção de precisão e

controle dos resultados bem como prevenção da inferência e subjetividade por parte do

pesquisador. Permite também a verificação das relações existentes entre as variáveis analisadas

e a identificação dos elementos básicos do fenômeno pesquisado.

Além disso, o estudo é de caráter descritivo, que segundo Gil (1999) tem como objetivo

principal a descrição das características uma população específica, de um fenômeno ou mesmo

o estabelecimento de relações entre variáveis estudadas. O presente estudo tem como alvo

investigar a percepção de funcionários (liderados) de uma instituição bancária brasileira, em

relação a LT, bem como as diferenças entre os níveis de LT para os diferentes grupos de

participantes da pesquisa. A técnica de pesquisa a ser utilizada é pesquisa tipo survey, que

consiste na aplicação de um questionário estruturado e auto administrado de coleta de dados

primários, baseados em opiniões e atitudes, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e

outras situações vivenciadas por pessoas (GIL, 1999; ROESCH, 1999; MALHOTRA, 2001;

MCDANIEL; GATES, 2005). A survey também possibilita analisar os aspectos demográficos

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e características específicas dos respondentes, tendo como base informações referentes à idade,

sexo, renda, função (ocupação), tempo na função, entre outras.

3.2 Definição da área ou da população-alvo do estudo

A amostra é parte fundamental do estudo, pois diz respeito a um subconjunto de todos

os membros de uma população. As informações derivadas da amostra servem a possíveis

estimativas sobre diversos aspectos relacionados à população total (MCDANIEL; GATES,

2005). Assim, no presente estudo, a população é composta pelo conjunto de todos os

colaboradores, que totalizam aproximadamente 100 mil empregados, dotados em todos os

níveis do BP, desde o estratégico ao nível operacional, que também possuem gestores

intermediários – nível tático - (líderes de equipes operacionais). Assim, a população do BP é

basicamente de liderados, pois todos possuem um líder imediato.

3.3 Plano de amostragem

Como mencionado anteriormente, a população consiste em todos os funcionários de

uma única instituição financeira, ao qual a população é de aproximadamente 100 mil liderados.

A escolha pelo BP deve-se pela sua representatividade no mercado e pela facilidade de acesso

dos respondentes. A mesma autorizou previamente a aplicação do questionário, que foi

encaminhado por e-mail corporativo a 8.193 funcionários localizados em todos os estados do

território brasileiro. Este número atendeu a quantidade necessária de respondentes, através de

saturação da amostra. O critério para escolha dos respondentes foi por conveniência,

selecionando a população acessível, com descrição no item subsequente de como a mesma foi

obtida. Para definição da amostra não probabilística, com nível de confiança de 95%, tinha-se

a necessidade de, no mínimo, 383 respondentes. Contudo, o presente estudo contou com uma

amostra de 603 respondentes, de todos os níveis da empresa localizados em todos os estados

federativos do Brasil, sendo que não houve tentativa de especificar e analisar quem é o líder,

mas sim, a percepção dos liderados sobre a presença do estilo de LT no BP.

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3.4 Plano de coleta de dados

Trata-se de coleta de dados primários, através de questionário encaminhado aos

funcionários da empresa para uma amostragem não probabilística, por conveniência, da

instituição financeira estudada (APÊNDICE A). Foram enviados 8.193 questionários por e-mail

corporativo com o convite para participar da pesquisa, até a saturação da presente amostra. Isto

corresponde a liderados de todos os estados do Brasil, de todas as funções e unidades de trabalho

do BP. O período de coleta deu-se entre os meses de setembro e outubro de 2018.

3.5 Instrumento de coleta de dados

O instrumento desenvolvido por Gyensare et al. (2016) em LT serve de base para

elaboração do questionário (survey), que foi adaptado e aplicado no BP. O Apêndice A

apresenta as questões descritas nos instrumentos de pesquisa acima mencionados, bem como

as escalas de medição dos mesmos, do tipo likert de 5 pontos, na qual o ponto 1 representa total

discordância e o ponto 5, total concordância. O instrumento de pesquisa para a coleta de dados

do presente estudo está estruturado em duas partes, a saber:

1) é constituída de 17 itens em forma de afirmativas, que se relacionam aos diversos

aspectos de LT, conforme Gyensare et al. (2016).

2) consiste de um conjunto de questões de informações gerais sobre o respondente,

como sexo, idade, ocupação, tempo de empresa, grau de instrução, e outros.

Antes da aplicação definitiva dos questionários foi realizado um pré-teste, com uma

pequena amostra de 8 respondentes, com o objetivo de identificar e eliminar problemas

potenciais, falhas ou imprecisões na redação do questionário (MALHOTRA, 2001; GIL, 1999;

ROESCH, 1999). Com a aplicação do pré-teste foram realizadas algumas pequenas alterações

que promoveram maior entendimento e clareza nas perguntas, além de terem sido acrescentadas

algumas sugestões consideradas relevantes para obtenção de melhores resultados.

3.6 Análise de dados

O Quadro 2 apresenta as principais técnicas de análise de dados que foram utilizadas,

alinhadas aos objetivos específicos do mesmo. Os dados coletados foram analisados com apoio

do software SPSS (Statistical Package for Social Scienses), versão 17.0.

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Quadro 2 - Objetivos específicos do estudo e técnicas de análise

Objetivos específicos Técnicas de análise dos dados

Avaliar o nível de percepção de LT no contexto da pesquisa - Análise descritiva

Identificar os fatores explicativos da LT. - Análise fatorial

Comparar os fatores da LT de acordo com o perfil dos respondentes. - Análise de Variância

Identificar o peso relativo de cada dimensão (construto) na determinação

da percepção geral dos respondentes acerca de LT. - Análise de Regressão.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

As técnicas de análise dos dados coletados, que foram utilizadas no presente estudo,

especificados no Quadro 2, estão detalhadas, conforme a seguir:

3.6.1 Análise descritiva

A análise descritiva tem por objetivo sumarizar dados contidos no total de elementos de

uma amostra estudada. Esta técnica pode ser aplicada para obter-se medidas de posição

(características típicas em um grupo), dispersão (características de distribuição de indivíduos

em um grupo) ou associação (nível de relacionamento existente entre duas ou mais variáveis)

(MATTAR, 2007). Busca-se também apresentar características não uniformes das unidades

observadas ou experimentadas, como, por exemplo, de pessoas, cidades, famílias, escolas, entre

outros (PESTANA; GAGEIRO, 2005).

3.6.2 Análise fatorial

Para Malhotra (2001), a análise fatorial se caracteriza por uma classe de processos com

o objetivo essencial de reduzir e sumarizar dados. Segundo o autor, este tipo de análise permite

reduzir, a um nível gerenciável, um grande número de variáveis correlacionadas.

Assim, esta análise possibilita a verificação das relações entre conjuntos de diversas

variáveis inter-relacionadas, representando as mesmas em termos de alguns fatores

fundamentais. Um fator pode ser definido como “uma dimensão subjacente que explica as

correlações entre um conjunto de variáveis” (MALHOTRA, 2001, p. 504). Segundo Mattar

(2007), a análise fatorial está relacionada às “técnicas estatísticas paramétricas multivariadas

utilizadas para estudar o inter-relacionamento entre um conjunto de variáveis observadas”.

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3.6.3 Análise de variância

A análise de variância é uma “técnica estatística para estudar as diferenças entre as

médias de duas ou mais populações” (MALHOTRA, 2001, p. 431). Nesta técnica, o autor ainda

afirma ser possível a verificação das diferenças entre os valores médios da variável dependente

para diversas categorias de uma única variável independente ou fator.

3.6.4 Análise de regressão linear simples

A análise de regressão simples é uma técnica estatística que pode ser utilizada para

analisar a relação entre uma variável dependente e várias variáveis independentes (preditoras).

Tem como objetivo usar as variáveis independentes cujos valores são conhecidos para prever

os valores da variável dependente (HAIR et al., 2005). A pergunta número 17, constante no

questionário aplicado, envolveu todos os fatores característicos da LT em uma única questão,

com o propósito de obter a percepção dos respondentes de uma forma abrangente sobre o

assunto e auxiliar a compreensão de como os colaboradores entendem a LT.

Neste caso, foi analisada a relação da variável dependente (Questão 17) a outras

variáveis independentes (CI, EI, CI e II) e identificar o peso relativo de cada fator na

determinação da percepção geral dos respondentes. A seleção da questão 17 como variável

dependente embasou-se na definição de Jung, Chow e Wu (2003) que definem, de uma forma

geral, que o líder transformacional é aquele que é o exemplo de competência a ser seguido, que

estimula a equipe e seu aprendizado, motivando-a e desenvolvendo-a. Da mesma forma, os

quatro fatores característicos da LT apontadas por Bass (1990; 1999) estão englobados nesta

questão: a CI, o EI, a II e a MI. Por isso, esta referida questão representa a definição geral de

LT e seus respectivos fatores.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados da pesquisa, através da

descrição dos procedimentos utilizados para a análise e interpretação dos dados obtidos. As

discussões apresentadas terão como principal enfoque atender aos objetivos estabelecidos para

este estudo.

Inicialmente, apresenta-se um panorama do universo pesquisado com informações

gerais sobre o estudo realizado. Posteriormente, são descritos os resultados estatísticos de

acordo com os objetivos traçados para a pesquisa.

4.1 Caracterização da organização objeto de estudo e seu contexto

A empresa selecionada para a pesquisa é uma instituição financeira que faz parte do

Sistema Financeiro Nacional (SFN) brasileiro, denominada neste estudo como BP. O setor

bancário no Brasil inicia a sua história com a criação do primeiro banco nacional em 1808,

quando a família real portuguesa chegou ao país. Desde então, o sistema financeiro vem

passando por constantes mudanças como crises políticas e econômicas, tendo que se adaptar às

novas tecnologias que estabelecem novos parâmetros de critérios competitivos. Como

consequência, os funcionários do sistema financeiro têm que adotar novas metodologias de

trabalho. Os bancos e o sistema bancário são de fundamental importância ao crescimento

econômico de uma nação, visto que as instituições não são apenas intermediadoras financeiras,

mas também acabam por contribuir efetivamente para o crescimento econômico (PAULA,

2014).

O sistema financeiro demonstrou importância para a economia, pois tem contato com

todos os setores produtivos e tem um enorme potencial para fomentar mudanças na sociedade

(BARAKAT, 2013). Portanto, as instituições financeiras, como intermediadoras de serviços,

propulsoras de crédito e crescimento econômico têm um papel crucial no desenvolvimento em

todos os setores da sociedade, devido sua ampla abrangência.

Existem iniciativas e práticas no sistema financeiro que tem como finalidade o

desenvolvimento da nação. Como exemplo, em 2010, foi criado uma área no Departamento de

Análise de Dados Normativos que trata das responsabilidades econômicas, sociais e ambientais

das instituições financeiras (BCB, 2018). Nos últimos anos, pôde-se mensurar a participação e

influência das instituições financeiras como setor preponderante da economia para

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desenvolvimento local, através de normativos, práticas e compromissos, como também pode

ser percebido através da adesão de algumas instituições financeiras na Conferência das Nações

Unidas, que propagou a Agenda 2030. Além disso, muitas instituições implementam dentro de

sua organização, agendas a serem seguidas, que são um espelho da originalmente discutida. Por

isso, além de suas características que contribuem ao desenvolvimento de uma localidade ou

nação, a instituição estudada procura ser pioneira em adesões de objetivos da ONU, replicando

as agendas proposta pela organização.

A empresa estudada está presente em todo o território nacional e mais em 21 países. Em

2017, a estrutura da empresa pôde ser mensurada através das suas 4.770 agências, 64.502 postos

de atendimento, mais de 66 mil clientes e 99.161 funcionários efetivos. Possui liderança em

alguns produtos e serviços, com uma média de 20% de participação no mercado nacional (BCB,

2018). Possui práticas de governança corporativa bem estruturadas, sendo destaque desde 2006

no Novo Mercado B3, índice da BMF&Bovespa que conduz as empresas às mais elevadas

práticas de governança corporativa. Vale ressaltar que a instituição possui aproximadamente 30

mil líderes, com cargos, salários, atribuições e responsabilidades diferenciadas.

4.2 Histórico de estudos sobre LT nas bases de dados Scopus e Web of science

Como mencionado na revisão de literatura, as pesquisas sobre este estilo de liderança

no Brasil são incipientes e defasadas em relação à estudos internacionais, apesar da quantidade

de estudos apresentar crescimento. A Figura 1 representa o crescimento histórico na quantidade

de estudos sobre LT na base Web of Science. Percebe-se que, de um total de 4.961 estudos

mapeados desde o ano de 1999, 2.420 são em management, sendo que 1.801 são realizados nos

Estados Unidos da América. Do Brasil, foram apenas 20 publicações.

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Figura 1 - Quantidade de estudos sobre LT na base Web of Science, desde 1999.

Fonte: Elaborado pela autora (2018), com base nos dados da Web of Science.

Esta análise corrobora com Fonseca; Porto; Borges-Andrade (2015) que afirmam que

na literatura nacional, verifica-se a existência de um campo ainda embrionário, que parece

defasado não só em relação às pesquisas internacionais, mas em relação às outras investigações

nacionais em comportamentos organizacionais. Confirma também que apesar de a LT ter sido

um dos estilos mais pesquisados internacionalmente nos últimos vinte anos, foram encontrados

poucos estudos no Brasil (BARRETO et al., 2013; FONSECA et al., 2012; MACIEL;

NASCIMENTO, 2013).

O mesmo ocorre na base de dados SCOPUS, onde nota-se crescimento significativo

recente. No total, registram-se 4.728 estudos, sendo 1.618 dos EUA e apenas 16 do Brasil

(Figura 2).

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Figura 2 - Quantidade de estudos sobre LT na base SCOPUS.

Fonte: Elaborado pela autora (2018), com base nos dados da SCOPUS.

Assim, apesar de crescente interesse pelo tema, há evidências de carência de pesquisas

sobre LT, principalmente no contexto brasileiro, conforme aponta a literatura. Também vale

salientar que as pesquisas brasileiras em questão não retratam o mesmo objetivo de pesquisa

que este presente estudo, não sendo abordado anteriormente por outros autores.

4.3 Avaliação do nível de percepção de LT no contexto da pesquisa através da análise

descritiva

Levando-se em consideração a amostragem deste estudo, realizou-se a aplicação do

instrumento para verificação da LT no BP. Como mencionado anteriormente, o número de

questionários distribuídos foi de 8.193, obtendo-se 603 respostas. Após a devolução dos

instrumentos de pesquisa aplicados, iniciou-se uma análise com o objetivo de verificar as

principais características do público-alvo deste estudo. Assim, as respostas dos entrevistados

foram submetidas à análise descritiva, apresentando as seguintes características:

a) 68,8% da amostra é do sexo masculino e 31,2% do sexo feminino;

b) em relação à idade, 50% possui até 35 anos;

c) em relação ao tempo de empresa, 65,2% possui até, no máximo, 15 anos;

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d) a escolaridade dos respondentes concentrou-se principalmente nos seguintes

níveis: pós-graduação (54,7%), graduação completa (30,3%) e ensino médio e

graduação incompleta (7,8%), mestrado e doutorado (7,1%);

e) 61,3% dos respondentes são casados, 17,5% solteiros, 14,4% união estável, 6,0%

divorciados e 0,7% viúvos;

f) distribuindo-se os respondentes por regiões brasileiras tem-se: 34,4% região

sudeste, 24,9% sul, 18,3% centro-oeste; 17,8% nordeste e 4,7% norte.

Assim, a amostra de respondentes foi convidada a avaliar o comportamento do seu líder

imediato quanto aos quesitos inerentes ao comportamento do líder transformacional, como II,

MI, EI e CI. Da possibilidade de avaliar em uma escala entre 1 e 5, os resultados mostraram

média de 3,72 para todas as questões quanto a percepção de LT na instituição.

Quanto às respostas que envolvem a Influência Idealizada (II), obteve-se uma avaliação

média de 3,86 na escala de 1 a 5. Tal item de II refere-se a questionamentos quanto ao respeito,

confiança, influência e autoridade que o líder possui sob o grupo, além de demonstrações de

interesse pelo bem da equipe, a importância do trabalho em grupo e de ter um forte senso de

decisões.

Percebe-se que 74,8% concordam que seu líder enfatiza a importância de um senso de

equipe no trabalho, 69,8% dos respondentes concordam que o líder demonstra senso de

autoridade e confiança e 67,8% concordam que o líder ressalta a importância de ter um forte

senso de decisões. A menor concordância no tocante à II é a de que seu líder vai além do

interesse pessoal pelo bem da equipe, com 64% de concordância e 13,7% de discordância.

Mesmo assim, o número de respostas positivas é superior às demais, demonstrando que a

percepção dos funcionários é de que o líder possui influência sobre a equipe, e que fornece

visão e senso de missão, introduz orgulho, ganho de respeito e confiança, além de disposição e

vontade de assumir risco. Isso tudo estimulado pela influência e poder do líder, perceptíveis

nos resultados desta análise.

Quanto à motivação inspiradora (MI), concernente ao otimismo e entusiasmo do líder

em relação ao que precisa ser feito, além de visão clara do futuro e confiança de que os objetivos

serão alcançados foi avaliado em 3,91 na escala de 1 a 5, sendo a maior nota entre todas as

categorias. Portanto, quanto às características da literatura quanto à MI, 73% a 75% dos

respondentes concordam que o líder demonstra confiança de que os objetivos serão alcançados,

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que o líder demonstra entusiasmo quando fala sobre o que precisa ser feito e que o líder é

otimista em relação ao futuro.

A menor avaliação quanto às características de MI foi a de que o líder demonstra ter

uma visão clara do futuro com 68,1% dos respondentes concordando com a afirmação. Desta

categoria, somente 9 a 10% dos respondentes discordaram das afirmações anteriores. Sendo

assim, a maior parte dos respondentes concordam que o líder os motiva, os inspira, expressando

os propósitos com altas expectativas, manifestando com otimismo sobre o futuro comunicando

confiança e direcionando os liderados ao atingimento de resultados ambiciosos, vinculando

assim, sempre um espírito de equipe.

Já quanto ao estímulo intelectual (EI), que se refere ao incentivo do líder para realizar

novas formas de realização de tarefas no trabalho, de olhar problemas sob diferentes

perspectivas, reavaliar seu ponto de vista, assim como procurar analisar e resolver os problemas

sob diferentes ângulos, foi avaliado em 3,73, na escala de 1 a 5. Nesta característica quanto ao

EI promovido pelo líder, apontada na revisão de literatura, 67,4 % concordam que o líder

procura diferentes perspectivas ao resolver problemas e 12,4% discordam. As demais perguntas

quanto ao assunto obtiveram um grau de concordância entre 61,2% e 65,4% e 14,5% dos

respondentes discordam das afirmativas. Portanto, dois terços dos respondentes concordam que

o líder promove a inteligência, a racionalidade e a solução cuidadosa de problemas, auxiliando

os seguidores a tornarem-se mais inovadores e criativos, estimulando o questionamento do

status quo, incentivando a participação dos funcionários no processo decisório e novas

abordagens para a solução de problemas. Somente 12 a 14% dos entrevistados discordaram

desta afirmação.

A consideração individualizada (CI) que tange ao investimento de tempo do líder para

ensinar e treinar o liderado, o desenvolvimento dos pontos fortes e fracos e fornecimento de

feedback sobre o trabalho foi avaliado em 3,32 na escala entre 1 e 5, sendo esta a menor

avaliação entre as quatro categorias características da LT. Assim, 48,2% concordam que o líder

periodicamente reserva tempo para fornecer feedback e conversar a respeito do trabalho e

investir tempo ensinando e treinando o liderado. 25,9% dos respondentes discordaram destas

afirmativas e os demais não concordaram e nem discordaram.

Já 53,5% concordam que o líder ajuda a desenvolver os pontos fortes e fracos no

trabalho e 21,6% discordam. Portanto, metade dos entrevistados concordam que o líder fornece

atenção pessoal, treinando, aconselhando e trata cada funcionário individualmente, favorecendo

a auto atualização e levando em conta que cada liderado possui diferentes competências,

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necessidades e aspirações, e um entre quatro pessoas discordam desta afirmação. Visto que os

líderes e talentos são formados dentro da própria instituição, a CI visando crescimento e

desenvolvimento pessoal e profissional pode ser estimulada na organização, com a intenção de

capacitar profissionais para o futuro.

Por fim, foi questionado de uma forma geral, se o líder é exemplo de competência, se

estimula a aprendizagem da equipe e se investe tempo no desenvolvimento dos liderados e a

resposta foi 3,6 na escala entre 1 e 5. Esta última questão, envolve todos os constructos da LT

em uma só, com o propósito de obter a percepção dos respondentes de uma forma abrangente.

Como resposta, 59,5% concordaram com a afirmação, 16,3% discordaram e 24,2% não

concordaram e nem discordaram da afirmação.

Assim, após a análise descritiva dos dados coletados, pode-se afirmar que as respostas

indicam predominância de concordância quanto às características de LT na instituição, quanto

a todas as variáveis e características apontadas. Assim, identificou-se que os entrevistados

percebem altos níveis de LT na instituição.

4.4 Identificando os fatores explicativos da LT através da análise fatorial

Para atender ao segundo objetivo específico descrito neste estudo, foram identificados

os fatores explicativos da LT na instituição estudada através da análise fatorial. Assim sendo,

as respostas da pesquisa foram submetidas à análise fatorial do tipo PCA (Principal Component

Analysis), com rotação varimax e tratamento listwise. Na análise dos questionários

identificaram-se poucos casos de respostas em branco (missing values).

A análise fatorial resultou nos quatro fatores de LT, conforme previstos na literatura de

de Bass (1990; 1999) e de Gyensare et al. (2016), agrupando todas as variáveis exatamente

conforme a teoria, (II, MI, CI e EI). Obteve-se uma variância explicada de 83,23%, sendo que

diversas variáveis apresentaram pesos divididos entre os fatores.

Verificou-se que o índice de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de

0,967, indicando a fatorabilidade dos dados. Já o teste de esfericidade de Barlett apresentou

uma significância de 0,000, o que indica uma correlação das variáveis dentro da amostra

pesquisada (MALHOTRA, 2001).

Além disso, o Alpha de Cronbach medido para todos os fatores resultou em valor maior

que 0,90. Este fato demonstra uma boa consistência interna das variáveis analisadas, uma vez

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que os valores para esta medida de confiabilidade não devem ser inferiores ao intervalo de 0,60

a 0,70 (HAIR et al., 2006).

Tabela 1 - Liderança transformacional e a análise fatorial, com base na pesquisa

Fator Variáveis Carga

fatorial

Média da

variável

Desvio

padrão

F1 - Influência

Idealizada

(0,938)*

Q1 - Meu líder vai além do

interesse pessoal pelo bem da

equipe

0,687 3,70 1,095

Q2 - Meu líder age de maneira

que conquista meu respeito 0,688 3,83 1,118

Q3 - Meu líder demonstra senso

de autoridade e confiança 0,698 3,91 1,027

Q4 - Meu líder ressalta a

importância de ter um forte senso

de decisões

0,604 3,85 1,040

Q5 - Meu líder enfatiza a

importância de um senso de

equipe no trabalho

0,530 4,00 1,057

F2 - Motivação

Inspiradora

(0,926)*

Q6 - Meu líder é otimista em

relação ao futuro 0,830 3,90 1,034

Q7 - Meu líder demonstra

entusiasmo quando fala sobre o

que precisa ser feito

0,770 3,98 1,038

Q8 - Meu líder demonstra ter uma

visão clara do futuro 0,626 3,80 1,020

Q9 - Meu líder demonstra

confiança de que os objetivos

serão alcançados

0,723 3,98 1,002

F3 - Estímulo

Intelectual

(0,936)*

Q10 - Meu líder reavalia seu ponto de vista para saber se está

correto

0,647 3,67 1,113

Q11 - Meu líder procura

diferentes perspectivas ao resolver

problemas

0,745 3,82 1,074

Q12 - Meu líder me faz olhar os

problemas de diferentes ângulos 0,645 3,71 1,133

Q13 - Meu líder estimula novas

formas de realização de tarefas no

trabalho 0,651 3,72 1,112

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F4 -

Consideração

Individual

(0,910)*

Q14 - Meu líder investe tempo me

ensinando e treinando 0,749 3,26 1,198

Q15 - Meu líder me ajuda a

desenvolver meus pontos fortes e

fracos no trabalho

0,755 3,40 1,171

Q16 - Meu líder periodicamente

reserva tempo para me fornecer feedback e conversarmos a

respeito do meu trabalho

0,826 3,30 1,221

* Alfa de Cronbach do fator

Fonte: Elaborado pela autora (2019), com base na análise estatística.

A análise da Tabela 1, representada pela análise dos resultados dos 603 entrevistados,

mostra que as variáveis apresentam médias que variaram entre 3,26 e 4,00, com desvio-padrão

entre 1,002 e 1,221, sendo assim representados:

O Fator 1 – Influência Idealizada (II) – agrupou as mesmas 5 variáveis do estudo

original, que compreendem as questões Q1 a Q5. Estas variáveis indicam que a II na instituição

pesquisada é alta, que, segundo a teoria significa que os líderes são respeitados, admirados e

confiáveis (BASS et al., 2003). Seguidores se identificam com os líderes e querem imitá-los.

Neste caso o líder compartilha riscos com os liderados e consiste em conduzir com princípios

e valores éticos. Segundo a literatura, dentre as coisas que fazem com que o líder ganhe crédito

com os seguidores, é porque ele considera as necessidades dos seguidores acima de sua própria

necessidade (BASS et al., 2003).

O Fator 2 – Motivação Inspiradora (MI) - agrupou as mesmas 4 variáveis do estudo

original (GYENSARE et al., 2016) e da literatura de Bass (1985; 1990; 1999), ao qual estão

representados pelas questões Q6 a Q9 (Tabela 1). Indicam que a MI é alta na empresa estudada,

sendo que na literatura significa que existe uma alta presença de líderes que se comportam em

caminhos que motivam àqueles que estão ao seu redor, fornecendo significado e desafio para o

trabalho dos seguidores (BASS et al., 2003). As pessoas são estimuladas individualmente e a

um espírito de equipe, através de entusiasmo e otimismo. Assim, o líder encoraja os seguidores

a vislumbrar um futuro atrativo, que é um espelhamento do que eles imaginam para eles

próprios (BASS et al., 2003).

O Fator 3 – Estímulo Intelectual (EI) – também agrupou as mesmas 4 variáveis do

estudo original, representadas pelas questões Q10 a Q13 (Tabela 1) que indicam uma alta

representatividade de percepção dos liderados quanto a característica de EI da LT. Segundo a

literatura de Bass et al., (2003) significa que os líderes estimulam seus seguidores a criarem e

inovarem, questionarem as situações, reformularem problemas e abordarem velhas situações

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por novos caminhos. Novas ideias e soluções criativas para os problemas são solicitadas, que

os incluem no processo de abordagem e soluções de problemas. Quando os liderados cometem

erros não ocasionam em críticas públicas ou ridicularizações (BASS et al., 2003).

O Fator 4 – Consideração Individual (CI) - agrupou as mesmas três variáveis do estudo

original, representadas pelas questões Q14 a Q16 (Tabela 1). Esta variável indica que líderes

prestam atenção a cada necessidade individual de realização e crescimento, e agem como um

mentor ou treinador (BASS et al., 2003). Assim, os seguidores são desenvolvidos por

sucessivas elevações de seus níveis de potencial, e novas oportunidades de aprendizagem são

criadas em clima de apoio ao seu crescimento. As diferenças individuais em termos de desejos

e necessidades são identificadas, reconhecidas e levadas em consideração (BASS et al., 2003).

Tabela 2 – média do fator, conforme análise fatorial

Fator Média

F1 – II 3,85

F2 – MI 3,91

F3 – EI 3,73

F4 - CI 3,32

Fonte: Elaborado pela autora (2019), com base na análise estatística.

A Tabela 2 apresenta a média de cada fator, que complementa os dados da Tabela 1.

Portanto, atendendo ao objetivo específico de identificar os fatores explicativos da LT, obteve-

se como resultado da análise fatorial um agrupamento em fatores exatamente iguais à Gyensare

et al., (2014), comprovando o que a teoria já abordara. Nenhuma carga fatorial ou média da

análise acima resultou em valores baixos, resultando assim, em bons níveis de percepção de LT

na instituição.

4.5 Comparando os fatores de LT de acordo com o perfil dos respondentes através da

análise de variância

Com o propósito de atender ao terceiro objetivo específico deste trabalho, o de comparar

os fatores da LT de acordo com o perfil dos respondentes, foi realizada a análise de variância -

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ANOVA - que consiste em uma técnica estatística para estudar as diferenças entre as médias

de duas ou mais populações (MALHOTRA, 2001). A variável dependente de LT foi comparada

com as variáveis independentes (regiões demográficas, sexo, idade, funções, tempo de banco,

entre outros).

Como resultado da ANOVA, verificou-se que somente uma variável - a demográfica -

apresentou diferença significa em um dos fatores explicativos da LT (Fator 3 – Estímulo

Intelectual), p<0,027* (teste ANOVA).

Observou-se que as regiões Centro-oeste (média 3,8886) e Norte (média 3,8571) têm

uma percepção maior do fator “Estímulo Intelectual”, enquanto a região Sudeste (média 3,5447)

tem a menor percepção deste fator. Vale destacar que o EI refere-se ao líder que promove a

inteligência, a racionalidade e a solução cuidadosa de problemas, assim como auxilia os

seguidores a tornarem-se mais inovadores e criativos, estimula seus seguidores a criarem e

inovarem, questionarem as situações, reformularem problemas e abordarem velhas situações

por novos caminhos (BASS, 1999, BASS et al., 2003). Todas as demais variáveis demográficas

não apresentaram diferenças significativas para os quatro fatores de LT.

Uma interessante descoberta deste estudo foi que somente a variável demográfica

resultou em diferenças de percepções quanto a LT, sendo esta relacionada à característica de

EI, não existindo outras diferenças na percepção de LT na instituição. Visto que é uma empresa

de grande porte, com diversas funções, departamentos e perfis de trabalhadores, é interessante

verificar que em todas as unidades, sejam elas agências grandes ou pequenas, ou sendo

departamentos de apoio e suporte, ou superintendências e unidades estratégicas, em qualquer

local de trabalho evidenciou-se uma percepção equilibrada quanto a LT. Da mesma forma,

independentemente da função (o diretor, o superintendente, o advogado, o escriturário e o

caixa), de ambos os sexos (feminino e masculino), de todas as idades, e de qualquer

escolaridade, todos percebem a LT de uma forma bastante homogênea na instituição. Portanto,

a percepção de LT não varia de acordo com os diferentes grupos, sendo este um interessante

resultado encontrado.

4.6 Identificando o peso relativo de cada dimensão (construto) na determinação da

percepção geral dos respondentes acerca de LT, através de regressão linear

O modelo de regressão ajuda a compreender como os colaboradores da empresa

estudada entendem a LT, analisando a relação de uma variável dependente a outras variáveis

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independentes, permitindo assim, identificar o peso relativo de cada dimensão (construto) na

determinação da percepção geral dos respondentes. Os quatro fatores identificados (II, MI, EI

e CI) foram tratados como variáveis independentes, e a variável dependente foi a questão

número 17 aplicada aos respondentes (Q17): “De modo geral, meu líder é exemplo de

competência, estimula a aprendizagem da equipe e investe tempo no nosso desenvolvimento”.

Essa variável engloba todos os aspectos relevantes do conceito de LT e, por meio deles, a

percepção geral dos colaboradores sobre a LT pode ser avaliada.

Para a análise de regressão linear, as variáveis são consideradas significativas quando

p<0,05 (margem de erro de 5%). O valor Beta significa o peso relativo de cada variável e

determina a ordem de importância no fator. O valor R Quadrado (R2) indica o grau de

explicação do conjunto de variáveis em relação a variável dependente, ou seja, a percepção

geral em relação a LT. Utilizou-se o modelo stepwise (HAIR et al., 2005), que utiliza como

critério de entrada das variáveis no modelo o seu nível de significância.

Tabela 3 - Modelo de regressão linear – método Enter

Modelo R R2 R2 ajustado Erro Durbin-Watson

1 0,875a 0,766 0,764 0,549 1,993

Nota:

a) Preditores: (Constante), Fator_4Lid_IC, Fator_2Lid_IM, Fator_3Lid_IS, Fator_1Lid_II

b) Variável dependente: Q17 - De modo geral, meu líder é exemplo de competência, estimula a aprendizagem da

quipe e investe tempo no nosso desenvolvimento.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A análise mostra que o modelo é estatisticamente significativo para p<0,050; R²

ajustado = 0,0764. Assim, os quatro fatores (II, MI, EI, CI) explicam 76,4% da LT, conforme

resume a equação e a Tabela 3.

Equação: LT = 0,392 * II + 0,043 * MI + 0,167* EI + 0,338 * CI

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Tabela 4 - Coeficiente de Regressão Linear

Modelo Não-padronizado Padronizado T Sig.

B Erro

padrão

Beta

(Constante) -0,249 0,099 -2,511 ,012

F1 - Influência

Idealizada (II)

0,464 0,058 0,392 8,032 ,000

F2 - Motivação

Inspiradora (MI)

0,053 0,048 0,043 1,104 ,270

F3 - Estímulo

Intelectual (EI)

0,186 0,051 0,167 3,682 ,000

F4 - Consideração

Individualizada

(CI)

0,347 0,034 0,338 10,084 ,000

Nota:

a) Variável Dependente: Q17 - De modo geral, meu líder é exemplo de competência, estimula a aprendizagem da

equipe e investe tempo no nosso desenvolvimento.

Fonte: Elaborado pela autora (2019), com base na análise estatística de regressão linear.

O modelo acima possui boa capacidade explicativa para estudos que impliquem em

levantamentos de percepções. O fator predominante é a Influência Idealizada com 39,2%. O

segundo é a Consideração Individualizada com 33,8%, seguido por Estímulo Intelectual com

16,7%. No entanto, o item Motivação Inspiradora não pôde ser considerado um fator

explicativo, por não ser significativo (0,270). Assim, os fatores acima mencionados de II, CI e

EI ajudam a explicar a LT como resultado da análise de regressão, exceto MI.

De uma forma geral, o poder de explicação da LT através dos fatores revela a carga mais

forte é a de II, que significa uma presença de liderança que fornece visão e senso de missão,

introduz orgulho, ganho de respeito e confiança, que serve de modelo aos subordinados,

gerando disposição e vontade de assumir riscos baseados em conduta ética e moral. Significa

também que os líderes são respeitados, admirados, confiáveis e imitados (BASS et al., 2003).

Diante do exposto, pode-se constatar também que o segundo fator com maior carga é a

CI com 33,8% de peso, que significa numa liderança que fornece atenção pessoal, treinando,

aconselhando e tratando cada funcionário individualmente. O terceiro fator é o EI com peso de

16,7%, ao qual ocorre na presença de líderes que estimulam seus seguidores a criarem e

inovarem, questionarem as situações, reformularem problemas e abordarem velhas situações

por novos caminhos, sendo que novas ideias e soluções criativas para os problemas são

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solicitadas, e liderados são incluídos no processo de abordagem e soluções de problemas (BASS

et al., 2003). Além disso, quando os liderados cometem erros não ocasionam em críticas

públicas ou ridicularizações.

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5 CONTRIBUIÇÕES RELEVANTES DO ESTUDO, CONSIDERAÇÕES FINAIS E

RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

O presente estudo abordou os aspectos característicos da LT em uma instituição

financeira brasileira de grande porte, denominada BP. Este estilo de liderança obteve atenção

de estudiosos pelo mundo todo e está sendo muito estudada desde a década de 1990, vinculando

o conceito de LT com diversas variáveis de desempenho organizacional.

Apesar de crescente interesse pelo tema, as pesquisas sobre liderança e LT são ainda

incipientes no Brasil, e defasadas em relação aos estudos internacionais, que estão mais

avançados, conforme abordado na justificativa deste presente estudo. Visto que liderança pode

ser diferenciada em diferentes culturas, justifica ampliar suas investigações em demais

localidades.

Assim, este trabalho objetivou avaliar a percepção dos colaboradores do BP quanto a

LT, sendo que o trabalho de Gyensare et al. (2016) em LT serviu de base para elaboração do

questionário, que foi aplicado a uma amostra de 603 funcionários (liderados) da instituição

bancária. Burns (1978), Bass (1985, 1990, 1999), Yukl (1989) Bass et al. (2003), entre outros

estudiosos definem o líder transformacional como aqueles que estão melhores equipados para

elevar a motivação e performance dos seguidores a níveis mais elevados de realizações, assim

como aqueles capazes de influenciar grandes mudanças de atitudes e comprometimento com a

missão e objetivos da organização, utilizando-se de um senso de missão a ser seguido, que

transcende suas próprias necessidades.

Como resultado da análise descritiva, que buscou atender o primeiro objetivo específico

de avaliar o nível de percepção de LT no contexto da pesquisa, pode-se afirmar que as respostas

representam predominância de concordância quanto às características de LT na instituição,

quanto a todas as variáveis e características apontadas (MI, EI, II e CI). Portanto, da

possibilidade de avaliar em uma escala entre 1 e 5, os resultados mostraram uma resposta média

de 3,72 para todas as questões quanto a percepção de LT na instituição.

Como exemplo de algumas avaliações da análise descritiva, tem-se que 83,2 % dos

respondentes concordam que o líder é otimista em relação ao futuro, 77,4 % consentem que o

líder procura diferentes perspectivas para resolver um problema, 74,8% concordam que seu

líder enfatiza a importância de um senso de equipe no trabalho e 73% a 75% dos respondentes

acreditam que o líder demonstra confiança de que os objetivos serão alcançados. Ou seja, o

resultado desta análise descreve uma maioria de respostas com percepção de concordância

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quanto às características de LT, demonstrando que os entrevistados percebem altos níveis de

LT na instituição.

Com relação às médias, a partir da escala de 1 a 5, obteve-se a seguinte ordem de

avaliação: MI com a maior avaliação, representada pela nota de 3,91, II com a nota de 3,86, EI

com a nota de 3,73 na escala, e com a menor avaliação, a CI com uma nota de 3,32. Mesmo

assim, pode-se afirmar que existe uma alta percepção de LT na instituição.

Nesta mesma análise, podem ser consideradas as menores avaliações quanto às

características de LT, como por exemplo, 25,4% discordam que o líder investe tempo os

ensinando e os treinando, assim como 26,4% discordam que o líder reserva tempo para fornecer

feedback e falar ao respeito do trabalho do liderado. Este resultado pode ser levado em

consideração pelo BP, ao qual pode embasar as práticas da empresa ao encará-las como pontos

a serem melhorados.

Atendendo ao segundo objetivo específico do presente estudo de identificar os fatores

explicativos da LT através da análise fatorial, resultou em um agrupamento em fatores

exatamente iguais à literatura de Gyensare et al. (2016). Ou seja, os quatro fatores ou

comportamentos característicos dos líderes transformacionais segundo a literatura são a EI, II,

MI e CI e o presente estudo agrupou-os em fatores precisamente iguais à literatura. Nenhuma

carga fatorial ou média da análise indicou valores baixos, resultando assim, em bons níveis de

percepção de LT na instituição, estatisticamente comprovados.

Com o propósito de atender ao terceiro objetivo específico deste trabalho, de comparar

os quatro fatores da LT de acordo com o perfil dos respondentes foi realizada a análise de

variância - ANOVA- que revelou que somente uma variável - a demográfica - apresentou

diferença significa em um dos fatores explicativos da LT (Fator 3 – Estímulo Intelectual), nas

regiões Centro-oeste e Norte (3,89 e 3,86, respectivamente) e região Sudeste (3,54).

Por conseguinte, essa diferença é um achado deste estudo: que os respondentes que

trabalham na região sudeste percebem menor EI do que as regiões Norte e Centro-Oeste. A

diversidade cultural brasileira pode ter influenciado a diferença apontada na presente pesquisa.

Vale relembrar que o EI refere-se ao líder que promove a inteligência, a racionalidade e a

solução cuidadosa de problemas, assim como auxilia os seguidores a tornarem-se mais

inovadores e criativos e contestarem o status quo. Assim, a percepção desta característica no

Sudeste é menor que nas demais regiões demográficas.

Em contrapartida, outro resultado importante da ANOVA neste estudo é o de que

somente a variável demográfica resultou em diferenças de percepções quanto a LT, sendo esta

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quanto à característica específica de EI. Assim, para todos os demais grupos, sejam eles

funções, idade, sexo ou unidade de trabalho predominou uma percepção homogênea quanto a

LT. Portanto, a percepção de LT não varia de acordo com os diferentes grupos. Logo, mulher

ou homem, iniciante jovem trabalhador na instituição ou com 30 anos de empresa,

superintendente, diretor, escriturário ou advogado, localizado em qualquer unidade de trabalho,

com qualquer idade ou escolaridade possuem uma percepção homogênea de LT no BP.

Da análise da regressão linear, foi possível contemplar o quarto objetivo deste estudo, o

de identificar o peso relativo de cada dimensão (construto de LT) na determinação da percepção

geral dos respondentes acerca de LT. Sendo assim, foi possível verificar a carga ou o peso de

cada um dos quatro fatores (MI, CI, EI e II) tratados como variável dependente, que englobam

todos os aspectos da LT. Obteve-se, como resultado, que os quatro fatores explicam 76,4% da

percepção da LT. O fator predominante é a II com 39,2%, seguido de CI com 33,8% e EI com

16,7%. No entanto, a MI em si não é considerada um fator explicativo nesta análise, por não

ser significativo.

Por fim, diante do exposto, pode-se concluir que, com base em consistentes resultados

estatísticos apresentados, que existe alta percepção de LT dentro da instituição, de uma forma

homogênea entre os diferentes grupos, validando os fatores da LT exatamente de acordo com a

literatura, explicado por 76% da percepção dos liderados sobre a presença de LT no banco.

Embora não seja objetivo do presente estudo analisar o trabalho bancário e as

dificuldades crescentes desses trabalhadores em termos profissionais e psicológicos, é

importante salientar que os resultados encontrados no tocante a percepção de LT no banco

estudado, mostra sinais positivos no contexto do trabalho. Correa et al., (2017) indicam como

fatores positivos no trabalho bancário: liderança participativa, ambiente de trabalho saudável e

de aprendizagem, treinamento, comprometimento organizacional, entre outros. Esses são

elementos da LT, bem identificada estatisticamente no contexto do presente estudo.

As evidências deste estudo indicam que os liderados percebem seu líder como um líder

transformador, que os inspira, os estimula, os considera e os motiva. Entretanto, apesar da

existência de difíceis condições no mercado de trabalho, o liderado pode acreditar que o líder

se encontra nas mesmas condições de trabalho e considera o líder como uma inspiração a ser

seguido.

Assim, pode-se dizer que nesta instituição, os liderados não atribuem a responsabilidade

das condições de trabalho ao seu gestor imediato (aquelas muitas vezes reclamadas aos

sindicatos), mesmo em níveis hierárquicos mais elevados. Portanto, diante do exposto, existe

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uma lacuna de trabalho a ser pesquisada em futuros estudos, ou seja, identificar quais as causas

da existência dos males relacionados às condições de trabalho, como assédio moral,

adoecimento, afastamento, depressão e em casos mais graves, o suicídio.

Outra sugestão de estudos futuros é o de identificar a presença concomitante de

liderança transacional na instituição, visto que demais estilos de liderança podem coexistir no

mesmo ambiente de trabalho. Da mesma forma, o presente estudo não procurou investigar o

líder. Por isso, sugere-se também como estudo futuro, a análise de como é o líder

transformacional, a quem predomina tais características, por exemplo, se homens ou mulheres

são mais transformacionais, entre outros.

Assim, os achados deste trabalho podem gerar contribuições acadêmicas e insights para

o maior desenvolvimento da investigação quantitativa do conceito de LT em contextos

brasileiros. Como contribuições práticas, os resultados podem fomentar reflexões sobre o tema,

propiciando ações práticas de melhorias em gestão de pessoas. Além disso, a instituição pode

refletir sobre os aspectos com maior discordância de percepção de LT, que podem ser

otimizados melhorando as condições de trabalho e o desempenho do trabalhador.

É relevante também salientar que a identificação de alto grau de percepção de LT no BP

indica um aspecto bastante positivo em termos de práticas de gestão de pessoas na organização,

que muito provavelmente não tenha sido ainda identificado pela direção de gestão de pessoas

do BP. Essa constatação pode, quem sabe, ampliar o interesse pelo aprofundamento do debate

sobre o tema no BP. Recomenda-se também para estudos futuros a investigação da relação

entre o nível de percepção de LT e diferentes variáveis de desempenho organizacional

econômico, social e ambiental, pois esse tem sido um compromisso crescente das empresas e

um desafio para seus colaboradores.

Como limitação do estudo, registra-se que não foi possível ampliar a percepção dos

respondentes via entrevistas semiestruturadas – etapa qualitativa - com grupo de colaboradores

respondentes da survey. Essa limitação decorrente de recursos e tempo para realização da

pesquisa poderão fazer parte de projetos futuros sobre o tema.

Finalmente, espera-se que este estudo desperte discussões acadêmicas e profissionais

úteis para ampliação do entendimento do conceito de liderança e seus impactos nos estudos

organizacionais contemporâneos, bem como no desempenho real das organizações.

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5.1 Implicações gerenciais

Este estudo pôde contribuir com a instituição, visto que possibilitou avaliar a percepção

dos funcionários quanto ao estilo de LT no BP. Diante da importância de práticas de lideranças

eficientes e da definição de que liderança é a prática de influenciar outras pessoas a entender,

concordar e fazer o que precisa ser feito, através de competências que o líder possui (YUKL,

2002; PELLICIARI, 2018) pode-se afirmar que a relevância do tema e achados da pesquisa

vêm a contribuir com a empresa em suas práticas gerenciais.

Assim, verificou-se que existem altos níveis de percepção deste tipo de liderança na

instituição. Como a literatura aponta, a LT é um estilo de liderança positivo quando

correlacionada a diversos constructos e refere-se àquela que consegue níveis de desempenho,

comprometimento e dedicação dos empregados superiores (YUKL, 1989). Ou seja, estudos

científicos apresentam resultados positivos desta liderança como aquela que aumenta

produtividade, maior performance, diminui a rotatividade e promove maior alcance dos

resultados e objetivos organizacionais, entre outros apontados no referencial teórico.

A LT passa a ser considerada um estilo de liderança atrativo para ser disseminado na

cultura da empresa, diante dos diversos fatores positivos inerentes à mesma. Segundo Reis

(2015), a LT pode ser ensinada e aprendida através de capacitações e treinamentos específicos,

por isso, sugere-se a replicação e disseminação desta prática através de treinamentos. Assim, é

relevante que a administração da instituição esteja dotada de conhecimento quanto sua

caracterização e promova a disseminação de tais práticas. Além disso, faz-se necessária a

promoção de treinamento aos gestores dotados no Brasil para que efetivamente aprendam,

incorporem esta prática e acabem se tornando este líder transformacional, que é eficiente e

promove resultados positivos para a organização, conforme apontado pela literatura através de

estudos científicos.

Da mesma forma, a literatura aponta correlação positiva entre sustentabilidade e LT.

Assim, visto que existe um comprometimento da organização com resultados sustentáveis e

que o mesmo se refere aos pilares econômico, ambiental e social, constata-se que, além de

desempenho em geral, a liderança promove resultados sustentáveis para a empresa.

Outro assunto relevante é o tocante às condições empregatícias dos trabalhadores na

atualidade. Não só o mercado bancário, mas o mercado de trabalho atual, em geral, pode

ocasionar doenças e, por isso, lideranças positivas são formas de amenizar e de amortecer as

dificuldades, encontrando um sentido e uma sensação prazerosa para realizar suas atividades

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diárias, além de ser um intermediário para conseguir influenciar o empregado para alinhar os

objetivos da empresa e do empregado.

Portanto, o líder pode estimular o funcionário e engajá-lo para uma missão com

propósitos em comum, além de senso de pertencimento à instituição. Assim, enquanto alguns

estudos relatam condições não favoráveis de trabalho bancário, além de existirem muitas

reclamações trabalhistas e sindicais, a LT pode ser um balizador positivo nesta questão, quando

se comprova que promove mais comprometimento, diminui a depressão e dá mais sentido ao

trabalho.

Por isso, este estilo de liderança pode melhorar a satisfação com o trabalho, visto que

estes estão mais bem equipados para elevar a motivação e a consequente performance dos

seguidores a níveis mais elevados de realização (BASS et al., 2003). Também porque este líder

cria uma consciência nos seguidores a respeito da importância e do valor do resultado de suas

atividades para a empresa, despertando uma necessidade que transcende os próprios interesses

em favor da causa organizacional, a partir da confiança e da motivação promovida pelo líder

transformacional (PODSAKOFF et al., 1990).

Assim, diante da realidade vivenciada por gestores, de que empregados não possuem

total senso de pertencimento à instituição, nem comprometimento necessário, tem-se que eles

podem ser atraídos pelo estilo do líder, que deve fomentar sua motivação e seu senso de missão

pelos objetivos comuns, devido ao seu respeito ao líder imediato. Além disso, a LT causa um

efeito incomum e profundo nos liderados, inspirando-os a transcender os próprios interesses

para o bem da organização (ROBBINS, 2009). Diante do exposto, é importante para a empresa

que ela dissemine em sua cultura a necessidade de os líderes tornarem-se mais

transformacionais.

Apesar de a pesquisa em si ter revelado altos níveis de percepção de liderança

transformacional no BP, faz-se necessário que os líderes melhorem as avaliações e promovam

melhorias em alguns itens. Como, por exemplo: na análise descritiva, que buscou avaliar o nível

de LT, teve uma média de 3,76 numa escala de 1 a 5, o qual representa uma elevada percepção

desse tipo de liderança na instituição, mas que tem possibilidade de ser elevada.

Como citado anteriormente, podem existir outros estilos de liderança concomitantes em

uma organização. Neste caso, pode ser elencada a liderança transacional, que não é uma

liderança com aspectos tão positivos quanto a LT. A liderança transacional deriva de transações

em que, a partir de desempenhos positivos ou negativos, resultam benefícios ou punições ao

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empregado. Ou seja, os seguidores concordam com este líder, em troca de recompensas, elogios

ou evitando ações disciplinares (BASS et al., 2003).

Desse modo, pressupõe-se que possa existir a liderança transacional no BP, embasado

no estudo recente em uma instituição financeira brasileira que encontrou ambas lideranças:

transacional e transformacional na mesma instituição (REIS, 2015). Por isso, sugere-se que,

futuramente, este tópico seja objeto de estudo na instituição, com o intuito de obter uma

percepção mais abrangente da liderança na instituição. Vale ressaltar que a transacional também

promove resultados, mas de uma maneira não tão positiva quanto a transacional. Assim, a

empresa deve identificar as lideranças negativas e seus respectivos impactos e tentar reduzir,

visto que, a longo prazo, as lideranças positivas promovem mais benefícios, satisfação, retenção

de talentos e engajamento na instituição.

Os resultados também apontaram para uma homogeneidade na percepção do estilo de

liderança em diferentes estados, idades, funções e departamentos significa que o BP possui uma

cultura disseminada de forma homogênea, mostrando efetividade de práticas de liderança

adotadas na instituição, exceto no item EI, que é menor em SP quando comparado ao Nordeste

e Centro-oeste. No entanto, o item que mais necessitaria ações de melhoria é o fator de

consideração individualizada (CI), que obteve avaliação mais baixa e que se refere a feedback,

atendimento individual e personalizado, dedicação de tempo para treinar o funcionário

individualmente e desenvolver seus pontos fortes e fracos.

Visto que é prática do BP desenvolver talentos dentro da própria instituição, tem-se a

necessidade de treinar e de formar profissionais potenciais dentro da instituição para

acompanhar e manter a organização neste mercado competitivo. Noutras empresas, é comum

contratar gestores, analistas e profissionais preparados diretamente do mercado ou de empresas

concorrentes, mas no BP isso ocorre somente para os cargos iniciais de escriturário. Diante

disso, sugere-se que a instituição passe a identificar necessidades individuais de aprimoramento

e desenvolvimento de uma forma mais efetiva, mapeando pontos fortes, fracos e a serem

melhorados, com a intenção de desenvolver as capacidades plenas de seus colaboradores.

Em razão de o BP ter a melhor universidade corporativa do mundo, segundo Global

Council of Corporate Universities, em 2015 e 2017, é excelente em disseminar conhecimentos

e informações. Além disso, é uma ferramenta eficiente para treinar, influenciar e desenvolver

o empregado. Também já existem movimentos que intencionam desenvolver o funcionário de

níveis hierárquicos da base da pirâmide em líder de si mesmo, que significa cultivar sua

autonomia, sua atitude proativa e expender características de liderança em sua carreira como

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bancário. No entanto, sugere-se um movimento mais personalizado, como os de coachings e

mentores individuais com capacitação, por meio de práticas eficientes. Ou seja, implementar

movimentos de treinamentos personalizados e individuais, pelos quais profissionais do BP

possam ser treinados por profissionais de níveis hierárquicos superiores. Assim, a CI, na

intensidade adequada, é imprescindível na organização em questão, que pode propiciar mais

ambição e respectiva elevação de interesse pela empresa em questão, e, por fim, na

transformação do funcionário e na geração de resultados positivos para a empresa e para o

funcionário, que representa um dos objetivos da LT.

Finalmente, entende-se que o presente estudo contribui academicamente e na prática em

relação ao tema liderança. As implicações gerenciais descritas acima serão apresentadas à

empresa para que o presente estudo possa contribuir com a prática de gestão de pessoas e

fomente discussões futuras na instituição financeira, após os achados e conclusões deste estudo.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

Prezado respondente,

Esta pesquisa faz parte de um estudo que está sendo realizado pela mestranda Gabriele Girardi

da IMED. Por razões éticas inerentes à pesquisa, as respostas serão confidenciais, preservando

o anonimato dos respondentes. A sua opinião é de extrema importância. Agradecemos a

disponibilidade!

João Alberto Sarate - [email protected]

Gabriele Girardi - [email protected]

Pensado em Liderança e Sustentabilidade, com base na ação de seu superior imediato,

indique o grau em que concorda ou discorda com cada uma das afirmativas abaixo de

acordo com uma escala de avaliação que varia de 1 a 5, na qual o ponto 1 representa total

discordância e o ponto 5, total concordância.

OBS: *Linhas apenas ilustrativas na tabela – não constarão no questionário aplicado à

empresa

Indique o grau com que você concorda ou discorda com as

afirmativas abaixo: Concordo

totalmente

Discordo

totalmente

*1ª Parte – Liderança Transformacional – Gyensare et al. (2016)

*Questões de 1 a 5 – Influência Idealizada

1 Meu líder vai além do interesse pessoal pelo bem da equipe. 1 2 3 4 5

2.Meu líder age de maneira que conquista meu respeito. 1 2 3 4 5

3 Meu líder demonstra senso de autoridade e confiança. 1 2 3 4 5

4 Meu líder ressalta a importância de ter um forte senso de decisões. 1 2 3 4 5

5 Meu líder enfatiza a importância de um senso de equipe no trabalho 1 2 3 4 5

*Questões de 6 a 9 – Motivação Inspiradora

6 Meu líder é otimista em relação ao futuro 1 2 3 4 5

7 Meu líder demonstra entusiasmo quando fala sobre o que precisa ser

feito 1 2 3 4 5

8 Meu líder demonstra ter uma visão clara do futuro. 1 2 3 4 5

9 Meu líder demonstra confiança de que os objetivos serão alcançados 1 2 3 4 5

*Questões de 10 a 13 – Estímulo Intelectual

10 Meu líder reavalia seu ponto de vista para saber se está correto. 1 2 3 4 5

11 Meu líder procura diferentes perspectivas ao resolver problemas 1 2 3 4 5

12. Meu líder me faz olhar os problemas de diferentes ângulos 1 2 3 4 5

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13 Meu líder estimula novas formas de realização de tarefas no trabalho 1 2 3 4 5

*Questões de 14 a 15 – Consideração Individual

14 - Meu líder investe tempo me ensinando e treinando 1 2 3 4 5

15 - Meu líder me ajuda a desenvolver meus pontos fortes e fracos no

trabalho 1 2 3 4 5

16 – Meu líder periodicamente reserva tempo para me dar feedback e

conversarmos a respeito do meu trabalho. 1 2 3 4 5

17 – De modo geral, muito líder é exemplo de competência, motiva e

estimula a aprendizagem da equipe e investe tempo no nosso

desenvolvimento.

1 2 3 4 5

18. Sexo:

1[ ] Feminino 2[ ] Masculino

19. Qual é a sua idade?

1[ ] até 20 anos

2[ ] de 21 a 30 anos

3[ ] de 31 a 40 anos

4[ ] de 41 a 50 anos

5[ ] de 51 a 60 anos 6[ ] acima de 61 anos

20. Há quanto tempo você trabalha no banco?

1[ ] menos de 01 ano

2[ ] entre 01 e 05 anos

3[ ] entre 06 e 10 anos

4[ ] entre 11 e 15 anos

5[ ] entre 16 e 20 anos

6[ ] entre 21 e 25 anos

7[ ] entre 26 e 30 anos

8[ ] mais de 31 anos

21. Sua função no banco é:

1[ ] Escriturário

2[ ] Caixa Executivo

3[ ] Assistente de Negócios

4[ ] Gerência média

5[ ] Gerente Geral

6[ ] Analista ou Assessor

7[ ] Superintendente

8[ ] Gerente de Negócios e Gerente de Núcleo

9[ ] Gerente Executivo

10[ ] Diretor

11[ ] Outro___________________

22. Qual é o seu grau de instrução?

1[ ] Ensino médio

2[ ] Graduação incompleta

3[ ] Graduação completa

4[ ] Pós-graduação

5[ ] Mestrado

6[ ] Doutorado

23. Estado civil:

1[ ] Solteiro (a)

2[ ] Casado (a)

3[ ] Divorciado (a)

4[ ] União estável

5[ ] Viúvo (a)

6[ ] Outro _________________

24. Em qual local você reside atualmente?

1[ ] Acre

2[ ] Alagoas

3[ ] Amapá

4[ ] Amazonas

5[ ] Bahia

6[ ] Ceará

7[ ] Distrito Federal

8[ ] Espírito Santo

9[ ] Goiás

10[ ] Maranhão

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11[ ] Mato Grosso

12[ ] Mato Grosso do Sul

13[ ] Minas Gerais

14[ ] Pará

15[ ] Paraíba

16[ ] Paraná

17[ ] Pernambuco

18[ ] Piauí

19[ ] Rio de Janeiro

20[ ] Rio Grande do Norte

21[ ] Rio Grande do Sul

22[ ] Rondônia

23[ ] Roraima

24[ ] Santa Catarina

25[ ] São Paulo

26[ ] Sergipe

27[ ] Tocantins

28[ ] Outro ________________

25. Em qual unidade da estrutura organizacional que você atua?

1[ ] Agência Corporate

2[ ] Agência Empresarial

3[ ] Agência Large Corporate

4[ ] Agência Private

5[ ] Agência Governo

6[ ] Agência Estilo

7[ ] Agência Varejo Nível 1

8[ ] Agência Varejo Nível 2

9[ ] Agência Varejo Nível 3

10[ ] Agência Varejo Nível 4

11[ ] Agência Varejo Nível 5

12[ ] PSO

13[ ] Unidades de Apoio aos negócios e operações

14[ ] Agência ou Escritório de Representação no Exterior

15[ ] Superintendências

16[ ] Unidade de Cobrança e Recuperação de Ativos

17[ ] Unidade de Assessoria de Investimentos

18[ ] Central de Atendimento ao Consumidor

19[ ] Núcleo Jurídico

20[ ] Gerências Regionais

21[ ] Unidade estratégica e gestão de negócios

22[ ] Outro ________________

26. Pergunta Opcional - Você recebe treinamento quanto a práticas de liderança? Justifique ou dê

exemplos de sua resposta:

1[ ] Não

2[ ] Sim – Treinamento na Instituição

3[ ] Sim – Treinamento externo

4[ ] Sim – Aprendizagem autodidata

5[ ] Outros