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Faculdade Meridional IMED Escola de Saúde Curso de Psicologia Relatório de Pesquisa Trabalho de Conclusão de Curso Características emocionais de mulheres com Câncer de mama: um estudo com o Pfister Lidiane Gross Passo Fundo 2019

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Faculdade Meridional – IMED

Escola de Saúde

Curso de Psicologia

Relatório de Pesquisa

Trabalho de Conclusão de Curso

Características emocionais de mulheres com Câncer de mama: um estudo com o

Pfister

Lidiane Gross

Passo Fundo

2019

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Lidiane Gross

Características emocionais de mulheres com Câncer de mama: um estudo com o

Pfister

Relatório de Pesquisa apresentado pela

Acadêmica de Psicologia Lidiane Gross, da

Faculdade Meridional – IMED, como requisito

para desenvolver o Trabalho de Conclusão de

Curso, indispensável para a obtenção de grau de

Bacharel em Psicologia.

Orientadora: Professora Dra. Sibeli Carla Garbin Zanin

Passo Fundo

2019

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Resumo

Câncer de mama é uma neoplasia e também uma doença crônica causada no tecido da

mama, requer inúmeros cuidados e tratamentos, gerando também mudança de hábito e quebra

de rotina. Este estudo busca analisar aspectos emocionais de mulheres com câncer de mama

através do Pfister, mais especificamente os indicadores da frequência de cores, e as síndromes

cromáticas e compará-los aos resultados de mulheres sem a doença. È uma pesquisa

quantitativa, transversal e comparativa. Participaram desse estudo 23 mulheres no grupo 1,

com idade a partir de 18 anos, com diagnóstico de câncer de mama e em acompanhamento

médico em um hospital de uma cidade ao norte do Rio Grande do Sul. No grupo 2

participaram 21 mulheres, sem o diagnóstico de câncer de mama e escolhidas por

conveniência. O teste Qui-Quadrado foi usado para comparação entre os grupos. Como

resultados, obteve-se o laranja e a síndrome de estímulo em maiores índices, que predominou

no grupo clínico, já a cor marrom prevaleceu no grupo não clínico. Assim pode-se

compreender que, mulheres com câncer de mama possuem ambição, anseios de produção,

porém, mostram uma tendência ao egocentrismo e a desadaptação efetiva.

Palavras-chave: Teste Projetivo; Doença crônica; Características emocionais.

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Introdução

O câncer de mama (CA) é uma neoplasia maligna causada no tecido da mama, sendo o

mais comum nas mulheres, também possui causas múltiplas, sendo influenciada por fatores

ambientais, culturais e estilos de vida tendo como principal destaque hábitos alimentares,

hábitos de fumar e o próprio envelhecimento (Bray, Grey, Ferlay & Forman, 2012). O câncer

de mama é mais temido pelas mulheres e também considerado uma doença crônica e

complexa, pois gera nessas pessoas a incerteza quanto ao tratamento, quebra da rotina e a

sensação de impotência (Silva et al., 2008).

Estima-se que para os anos de 2018 à 2019 no Brasil terão 59.700 novos casos de

câncer, estimadas para cada 100 mil mulheres 56,33 casos. A incidência aumenta

gradativamente em mulheres acima dos 50 anos de idade, e é raro naquelas com idade a baixo

dos 35 anos, esses índices equivalem tanto para países desenvolvidos como em

desenvolvimento (Inca, 2017). Entretanto, é preciso prevenir e ter um diagnóstico precoce

elevando assim o percentual de cura. Como prevenção são utilizadas medidas simples como,

por exemplo, o autoexame com o qual percebe-se quaisquer alterações. Outra técnica

importante é a mamografia feita por mulheres após 40 anos de idade (Brasil, 2013).

Quando diagnosticado o câncer de mama, as mulheres passam por diversos

tratamentos como, cirurgia, mais conhecida como mastectomia, à quimioterapia e a

radioterapia, tratamentos que deixam tanto a paciente quanto seus familiares abalados e

fragilizados mudando assim a estrutura emocional dos familiares e suas relações sociais.

Assim, outros fatores como o estresse, ansiedade e depressão estão presentes em mulheres

com CA, e após o processo cirúrgico acaba gerando um sentimento de perda estando

relacionado com a imagem corporal alterada, ocorrendo a diminuição do bem estar

psicológico e social destas mulheres (Primo et al., 2013).

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Tendo em vista estes aspectos, a avaliação psicológica é fundamental e utilizada em

diversos contextos sendo uma área do profissional de Psicologia. A avaliação psicológica tem

como proposta elaborar diagnósticos e mencionar o funcionamento do sujeito, bem como

descrever funções do indivíduo esclarecendo fatores ligados ao sentimento, comportamento e

pensamentos (Alves, 2009). Assim, a avaliação de personalidade tem por intuito a

investigação, por exemplo, da imagem corporal das mulheres e compreender o estresse gerado

por mudanças trazidas pela doença, compreendendo como as pacientes irão reagir e enfrentar

os tratamentos (Bogaarts et al., 2011). Um dos testes utilizados para realizar as avaliações, é o

teste projetivo das Pirâmides Coloridas de Pfister, instrumento utilizado na clínica e na

pesquisa, sendo uma ferramenta que tem como intuito auxiliar em psicodiagnósticos e avaliar

aspectos de personalidade (Villemor-Amaral, 2012).

Trata-se, de um teste de variadas cores que representam o afeto e as emoções

conforme as várias constatações no campo da psicologia e do psicodiagnóstico. As cores

também são estímulos que desencadeiam os processos fisiológicos, a escolha das mesmas

indica o modo de contato afetivo e de aproximação emocional. Salientando que as cores são

divididas em dois grupos, sendo eles as cores quentes (vermelho, laranja e amarelo) e as frias

(azul, verde e violeta), considerando o primeiro grupo como equivalentes ao estado emocional

de uma excitação aumentada, quando comparada ao segundo grupo. Possuindo também as

cores acromáticas (cinza, preto e branco), onde se pode perceber a contenção de sentimentos,

inibições e negações. Entretanto, o agrupamento das cores mostra significados além dos

componentes representados isoladamente, caracterizando as chamadas síndromes cromáticas,

sendo fundamental para a análise do teste (Villemor-Amaral, Pardini, Tavella, Biasi &

Migoranci, 2012).

Alguns estudos foram realizados com o instrumento no contexto da doença crônica,

porém, não foi encontrados estudos com o Pfister e câncer de mama com a população

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brasileira. Optou-se, portanto, descrever alguns estudos com outros tipos de doenças crônicas

e enfatizar o uso das cores e das síndromes nos diversos contextos da doença.

Villemor-Amaral (2013) realizou um estudo onde participaram 34 idosos com a

doença de Alzheimer, por meio do teste projetivo Pfister, tendo como objetivo avaliar os

aspectos de personalidade desses pacientes. A autora encontrou tapetes furados ou rasgados

na amostra, sugerindo com isso perturbação grave e dissociação do pensamento. O estudo

também mostra um menor grau de desenvolvimento emocional em situações cotidianas destes

pacientes, bem como maior possibilidade de adaptações e uma busca de equilíbrio.

Villemor-Amaral e Franco (2010) realizaram no Brasil e na França um estudo, onde

participaram 20 pessoas que frequentavam clínicas especializadas para a desintoxicação de

drogas, a faixa etária dos participantes era de 21 a 45 anos. O estudo teve como objetivo

compreender em qual contexto contemporâneo a droga está inserida no Brasil e na França,

sendo que, os participantes eram dependentes de álcool e faziam uso de medicamentos

psiquiátricos principalmente para estabilizar o humor. E como resultado encontraram que,

70% dos dependentes químicos produziram suas pirâmides de forma rápida, sem uma ordem e

estratégia, sendo que quatorze participantes utilizaram a cor branca em duas pirâmides, e

quatro sujeitos mostraram um aumento significativo das cores violeta e vermelho,

corroborando para a predição do alcoolismo. Entretanto, as autoras perceberam uma

predominância nas cores acromáticas: preto, cinza e branco indicando angústia, desânimo e

insegurança. Encontraram também aspecto formal, tapete desequilibrado e furado e síndrome

de estímulo aumentada, indicando assim, que esses sujeitos têm uma tendência ao

egocentrismo.

Já Peres e Santos (2011) realizaram um estudo com 27 participantes, sendo 23

mulheres e 4 homens que apresentavam Transtorno Alimentar (TA), a faixa etária variou de

13 a 23 anos de idade. O estudo teve como objetivo avaliar o funcionamento lógico e afetivo

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de pessoas com TA, sendo utilizada a aplicação do teste projetivo Pfister, segundo os autores

os resultados mostraram que, as cores azul, verde e amarelo foram pouco utilizadas,

entretanto o vermelho, violeta e cinza com uso elevado, constatando assim, uma desregulação

dos mecanismos de controle do afeto e dos impulsos. Notaram também um prejuízo na

capacidade de observação, empatia, uso da intuição e percebendo o quanto pessoas com

transtorno alimentar, em especial anorexia apresentam dificuldades emocionais. Assim sendo,

vale ressaltar que, ocorreu uma elevação da síndrome de estímulo, aliada ao rebaixamento da

síndrome fria, mostrando um prejuízo na sensibilidade emocional dos participantes que

mostraram dificuldade de afeto.

Alguns estudos foram realizados com outros instrumentos psicológicos em mulheres

com câncer de mama, um deles foi o de Fernandes, Alves, Santos, Mota e Fernandes (2013)

no qual realizaram um estudo com mulheres mastectomizadas que tiveram como objetivo

avaliar o nível de autoestima destas mulheres com a aplicação da Escala de Autoestima de

Rosenberg. Participaram do estudo 14 mulheres pertencentes à um Grupo de Apoio.

Concluíram que o grupo de mulheres mastectomizadas apresentou nível de autoestima

elevado, avaliado pela pontuação do coletivo e individual, pois acredita-se que fatores como

participação do grupo de apoio, casamento bem estruturado e religiosidade que está

fortemente ligada a elas são imprescindíveis para que estes resultados fossem significativos.

O estudo de Carvalho et al. (2015), teve o intuito de determinar a prevalência de

depressão maior em mulheres com câncer de mama, através do Inventário de Depressão de

Beck (BDI). Participaram 51 mulheres com diagnóstico de câncer de mama. Obtiveram como

resultado que a grande maioria das mulheres estudadas não apresentaram alterações de

humor, não sendo significativa a associação do câncer de mama com a depressão, entretanto,

os autores concluíram que a prevalência de depressão maior em mulheres com câncer de

mama foi de 5,9%.

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Por fim, uma vez que não há estudos com o Pfister nesta população, é de grande

importância entender as possíveis mudanças emocionais nestas mulheres, a qual pode ser

demostrada pelo uso das cores do Pfister. Sendo que muitas vezes são propensas, devido à

doença, a ter ansiedade e depressão. Partindo do pressuposto de que a avaliação psicológica

com estas mulheres pode ser um meio de compreender os mecanismos psicológicos

envolvidos na manifestação da doença, o objetivo desta pesquisa é analisar as principais

características emocionais de mulheres com câncer de mama através do Pfister,

especificamente a frequência de cores, e as síndromes cromáticas e como objetivo específico

comparar os dados destas variáveis com os dados de uma amostra não clínica. Como hipótese,

suspeita- se que estas mulheres apresentarão cores que refletem um estado emocional mais

intenso, no qual indiquem ansiedade provenientes da cor violeta, possivelmente referente às

expectativas quanto ao tratamento e indicativos de psicopatologia, caraterísticas da cor branca

em altos índices.

Método

Delineamento

Pesquisa de cunho quantitativo, caráter transversal e comparativo.

Participantes

Pesquisa quantitativa, transversal. Participaram desse estudo 23 mulheres, com

diagnóstico de câncer de mama (M=50,56, DP=12.75) e em acompanhamento médico para o

grupo 1. Os dados foram coletados em um hospital de uma cidade ao norte do RS. Quanto a

escolaridade das mulheres com câncer de mama, 51,1% apresentavam o ensino fundamental,

37,11% o ensino médio e 11.1% ensino superior.

No grupo 2 participaram 21 mulheres por conveniência (M= 46.38%, DP= 14,07), sem

diagnóstico de câncer de mama, a coleta foi realizada no próprio domicílio depois de

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combinação prévia, 35% destas mulheres tinham o ensino fundamental, 27.4% o ensino

médio e 37% o ensino superior.

Instrumentos

Questionário Sociodemográfico

O questionário Sociodemográfico (Anexo A) foi o instrumento utilizado para coleta de

informações gerais sobre cada participante tais como, escolaridade, estado civil, nível

socioeconômico, diagnóstico de transtornos mentais pessoais e familiares, diagnóstico de

deficiência intelectual e uso de medicamentos.

Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister (TPC) (Villemor-Amaral, 2013):

Dentre as técnicas projetivas, há o Teste das Pirâmides Coloridas (TPC), criado em

1951 pelo suíço Max Pfister. O TPC é uma técnica não verbal, de rápida aplicação e não

possui características escolares, o que diminui as possibilidades de não se envolver com a

tarefa e limitações da impaciência ou das dificuldades em manter a atenção (Cardoso &

Capitão, 2007).

O teste é composto por um jogo com três cartões onde nos mesmos está desenhado um

conjunto de pirâmides, bem como um conjunto de quadrículos coloridos com 10 cores

distribuídas em 24 tonalidades diferentes e a folha de aplicação. O teste se inicia pedindo ao

participante para que preencha ao seu gosto a primeira pirâmide, em seguida a segunda e por

final a terceira. Ao término da terceira pirâmide preenchida é realizado um inquérito para

verificar a preferência do examinando pelas pirâmides (Villemor-Amaral, 2005).

Procedimentos

Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da IMED

(CAEE85639618.8.0000.5319) foi realizada a aplicação do instrumento de acordo com os

objetivos propostos.

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Primeiramente, foram coletados dados das pacientes com câncer no próprio hospital de

uma cidade ao norte do RS, depois de todos os aspectos éticos aceitos e do primeiro contato

com a equipe de enfermagem do setor de oncologia que orientou os dias de atendimento

médicos destas mulheres. No dia do atendimento médico no hospital, foi realizado o encontro

com as pacientes e o convite para as mesmas participarem da pesquisa. A escolha das

mulheres do grupo não clínico foi feito por conveniência e a aplicação do Pfister ocorreu no

próprio domicílio depois de combinação prévia por telefone, com tempo estimado de 10 a 30

minutos para a aplicação do instrumento. Para todas as participantes foram esclarecido os

aspectos quanto ao sigilo. Outros esclarecimentos se deu quanto à metodologia utilizada e

quanto aos objetivos do estudo, conforme descrito no termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), (Anexo II) que cada uma assinou antes de integrar os grupos de

participantes.

A aplicação do instrumento, assim como da ficha sociodemográfica para o público

clinico foi realizada em uma sala individual do próprio hospital, cedido pela equipe de

enfermagem, com tempo estimado de 10 a 30 minutos para o instrumento, sendo

indispensável neste caso o silêncio e luminosidade adequada.

O estudo está de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas

Envolvendo Seres Humanos (Resolução n.º 466/2012) e Conselho Nacional de Saúde

510/2016 e foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade Meridional - IMED. Todos as

participantes obtiveram os esclarecimentos necessários, sobre os objetivos do projeto. É

garantida sua confidencialidade, assim como a possibilidade de recusa ou abandono da

pesquisa em qualquer momento da aplicação. As participantes foram incluídas na pesquisa

mediante o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, em duas

vias, e, somente após concordância individualizada dos envolvidos, o estudo foi realizado. As

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participantes ficaram com uma via, em que consta o telefone da pesquisadora principal e da

acadêmica, para futuros esclarecimentos ou retirada de seu consentimento, se assim desejar.

Análise de dados

O Pfister foi incluído no sistema de análise oferecido pela editora, que disponibilizou

o recurso de correção gratuitamente para aos profissionais que adquirirem os protocolos de

respostas nas revendas autorizadas. Análises descritivas foram feitas com base nos resultados

da ficha sócio demográfica, e dos resultados do teste, considerando principalmente idade e

nível de escolaridade. Logo após foi utilizado o teste Qui-Quadrado para comparação dos

grupos.

Resultados

De acordo com a tabela 1, a cor laranja apareceu acima da média no grupo clinico,

sendo que a cor marrom apareceu acima da média no grupo não clinico.

Tabela 1

Diferença de média das cores entre os grupos

Cores Grupo clínico Grupo não clínico P

Abaixo Média Acima Abaixo Média Acima

Azul 45 45 0 36 30 7 0,260

Amarelo 16 36 38 16 36 31 0,774

Verde 48 42 - 36 37 - 0,611

Branco 4 79 7 0 73 0 0,416

Vermelho 11 45 34 10 47 16 0,084

Violeta - 69 21 - 62 11 0,188

Preto - 50 40 - 44 29 0,546

Laranja 11 70 9 20 53 0 0,001

Cinza - 40 50 - 26 47 0,255

Marrom - 72 18 - 31 42 0,000

P*<0,005

Tabela 2

Diferença de média das síndromes entre os grupos

Síndromes Grupo clínico Grupo não clínico P

Abaixo Média Acima Abaixo Média Acima

S. Normal 50 40 0 44 22 7 0,594

S. Estímulo 9 51 30 6 62 5 0,004

S. Fria 38 52 - 46 27 - 0,008

S. Incolor 9 41 40 7 20 46 0,071

P*<0,05

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Na tabela 2, observou-se que no grupo clínico a síndrome de estímulo apareceu acima

da média, ou seja, 30 pessoas ficaram acima da média nas cores estimulantes, que aumentam

em sujeitos sob efeitos de drogas que propiciam estímulos, também chamadas de cores

quentes.

Discussão

As mulheres com câncer de mama possuem muito medo quando é descoberto o

diagnóstico, ficam inseguras em relação ao seu destino, às reações do seu corpo e a eminência

da morte. Sendo assim, a maneira como cada uma irá lidar com tudo isso dependerá de seus

recursos internos e do seu desenvolvimento cognitivo e emocional até o momento (Brito,

Portela & Vasconcellos, 2014).

O presente trabalho teve como objetivo analisar as principais características

emocionais de mulheres com câncer de mama através do Pfister, sendo assim, laranja e

marrom foram as cores que mostraram diferença significativa entre os grupos. O laranja

apareceu com índices acima da média no grupo clínico e o marrom acima da média no grupo

não clínico.

Conforme Villemor-Amaral (1978) a cor laranja representa a ambição, anseios de

produção bem como o desejo de fazer-se valer pela produtividade. O rebaixamento dessa cor

se refere a repressões, inibições, influenciabilidade, passividade ou submissão, quando não

compensada por outros indicadores. Sendo assim, o laranja apareceu acima da média no

grupo de mulheres com câncer de mama, significando que estas mulheres possuem um

aumento na sua criatividade e produtividade.

A cor marrom predominou no grupo não clínico, é uma cor menos utilizada, que se

relaciona a extroversão, vinculando à esfera mais primitiva dos impulsos e a uma disposição

para descargas mais intensas ou violentas. O marrom também possui o significado

relacionado à obsessão e à compulsão, entretanto algumas normas e costumes são

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características dessa cor, como, dificuldade de adaptação, fixações, insegurança e tendência

ao apego. Em pessoas com o marrom aumentado aparentam firmeza, determinação e

independência, por fim, sua presença dentro do esperado, pode mostrar aspectos positivos

bem como a perseverança e a produtividade, já na falta de indicadores de controle, a presença

da cor pode indicar possibilidade de adaptação, com sua diminuição pode-se obter um caráter

negativo sob a falta de energia, menor resistência e baixa produtividade (Villemor-Amaral,

2005). Pressupõe-se portanto que nas mulheres sem a doença aspectos de adaptação

emocional foram encontrados.

No Pfister, as mulheres com câncer de mama apresentaram maiores índices da

síndrome de estímulos, que é constituída por cores mais estimulantes, chamadas de cores

quentes, indicando assim a capacidade de extroversão e de contato afetivo e social, porém,

quando aumentada mostra a tendência ao egocentrismo e de desadaptação. O aumento desta

síndrome está relacionado a pessoas que estão sob efeitos de drogas estimulantes e

euforizantes, bem como, observa-se o aumento significativo em casos de drogadição

(Villemor-Amaral, 2012). Relaciona-se com isso o quanto as mulheres com a doença

apresentam aspectos relacionados a desadaptação emocional, e com isso, possivelmente

preocupações mais voltadas a suas necessidades, caraterísticas estas de maior egocentrismo.

Porém, estes dados precisam ser novamente estudados em novas pesquisas com uma amostra

mais significativa.

Ainda com relação à síndrome de estimulo, ela se mostrou acima da média no estudo

realizado pelos autores Peres e Santos (2011), onde participaram sujeitos com Transtorno

Alimentar. Os autores concluíram que em pessoas com TA, a síndrome de estímulos está

relacionada com a diminuição da síndrome de normalidade e da fria, que mostra que estes

sujeitos tem maior dificuldade de adaptação social. Percebe-se que os resultados de Peres e

Santos (2011) que encontraram a síndrome de estímulo em maior frequência corrobora com

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os resultados da presente pesquisa, no qual percebe-se estes mesmos achados com mulheres

com CA mama. Isso mostra que nestas mulheres com CA, assim como em pessoas com TA

há uma tendência ao egocentrismo e à desadaptação efetiva, possivelmente em função das

dificuldades emocionais frente à doença e ao tratamento.

Nota-se que, indicadores de psicopatologia e de caraterísticas relacionadas a

autoimagem prejudicada não foram evidentes neste estudo com mulheres com câncer através

do uso do Pfister, o que confere com os estudos de Fernandes et al.(2013), que tiveram o

intuito de avaliar a autoestima de mulheres mastectomizadas e que puderam concluir que o

nível de autoestima das mesmas é elevado, pois possuem um suporte significativo de seus

familiares. Constatou-se isso nas falas destas mulheres, ou seja, que nesta amostra de

mulheres com CA, muitas relataram no momento da aplicação do instrumento, a importância

da família ao acompanhá-las no tratamento contra a doença. Já com relação a sintomas

psicopatológicos, como mencionado acima, os resultados do uso das cores no Pfister nestas

mulheres com câncer conferem com os resultados encontrados na pesquisa mencionada

acima, ou seja, não há indícios de funcionamento psicopatológico presente, assim como,

também corrobora com os achados de Carvalho et al.(2015) que não encontraram

sintomatologia depressiva neste mesmo publico pesquisado.

Contudo, frente aos dados, percebe-se que a hipótese central do estudo não foi

confirmada, pois o intuito era encontrar as cores violeta e branca, associado as características

de personalidade destas mulheres. Nesse sentindo, constata-se que a hipótese lançada não foi

encontrada, pois, por mais que nestas mulheres o diagnóstico e a adaptação a uma nova vida

decorrente de uma doença crônica como o câncer pode causar impacto significativo em suas

vidas, isso necessariamente não prediz sintomas de ansiedade ou de depressão.

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Considerações Finais

Esta pesquisa teve como resultado a cor laranja que apareceu acima da média no grupo

clínico, indicando que estas mulheres possuem sua produtividade aumentada e mais

características relacionadas à ambição. Entretanto, em decorrência da síndrome de estímulo

aumentada, nestas mesmas mulheres percebe-se uma certa desadaptação e uma tendência a

voltar-se às suas próprias necessidades, atributos provavelmente do momento que estão

passando e das condutas referentes ao tratamento contra a doença.

Os resultados desta pesquisa contrariam as hipóteses esperadas. Esperava-se encontrar

nas características de personalidade de mulheres com câncer de mama, indicadores do Pfister

que representassem ansiedade e sintomatologia depressiva, aspectos estes representativos do

aumento da cor violeta e branca, o que, por sua vez, não encontrou-se,

Acredita-se que o número restrito das amostras, tanto no grupo clínico, como no não

clínico limitou a pesquisa, sugere-se com isso novos estudos que possam confrontar com estes

achados com uma população mais representativa. O fácil acesso às mulheres de ambos os

grupos, foi importante para a aplicação do instrumento, pois elas mostraram-se dispostas em

participar da pesquisa, bem como interessadas. Enfatiza-se também a dificuldade de achar

estudos com o instrumento projetivo Pfister na avaliação de pessoas com doença crônica,

especialmente câncer.

Entretanto é necessário ser estudado outros indicadores com o teste Pfister

relacionado aos aspectos da personalidade, espera cognitiva bem como estas mulheres se

relacionam com as demais pessoas após o diagnóstico de CA. Ressaltando que estudos atuais

não foram encontrados com esta doença crônica e o instrumento projetivo das pirâmides

coloridas.

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Referências

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Villemor-Amaral, A.E. (1978 ). As pirâmides coloridas de Pfister. São Paulo: Casa do

Psicólogo.

Villemor-Amaral, A.E. (2012). As pirâmides coloridas de Pfister. São Paulo: Casa do

Psicólogo.

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ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome: _______________________________

CPF: ________________________________

Data de nascimento: ____/ _______/_______ Local de nascimento ________________

Idade: _______ Sexo: M ( ) F ( ) Escolaridade: ___________ Cidade _______________

Quanto tempo de diagnóstico de doença:

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Tratamentos utilizados:

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

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Anexo B

TERMO DE CONSENTIMETO LIVRE E ESCLARECIDO

I. Justificativa e objetivos da pesquisa

O objetivo desse estudo é: Características emocionais de mulheres com câncer de

mama: um estudo com Pfister.

II. Procedimentos a serem utilizados

Você irá responder individualmente a um instrumento que é: o Pfister que avalia

características de personalidade e perguntas sobre a sua escolaridade, nível socioeconômico,

dentre outros. A administração do instrumento será realizada em um encontro de

aproximadamente 30 a 60 minutos em uma sala do hospital ou em sua casa, caso assim

prefira.

III. Desconfortos ou riscos esperados

A pesquisa apresenta risco mínimo em relação a danos nas dimensões física, psíquica,

moral, intelectual, social, cultural ou espiritual dos participantes. Contudo, é possível que as

perguntas dos instrumentos utilizados possam causar a você algum desconforto emocional,

como tristeza ou ansiedade. Nesses casos, você será orientado(a) a buscar o Serviço Integrado

de Atendimento em Psicologia – SINAPSI, da Faculdade Meridional – IMED, ou demais

locais de atendimento psicológico ou psiquiátrico da rede pública da região.

IV. Benefícios obtidos com essa pesquisa

Os benefícios advindos da participação do sujeito nesta pesquisa referem-se a

contribuição de dados e informações que irão servir para a construção do conhecimento

científico, a fim de proporcionar conhecimento acadêmico a respeito dos aspectos

encontrados no caso, que possam auxiliar na avaliação e intervenção de outros casos;

V. Garantia de resposta a qualquer pergunta

Durante todo o processo de participação nessa pesquisa você terá o direito de realizar

qualquer pergunta a fim de esclarecer dúvidas que possam vir a surgir.

VI. Liberdade de abandonar a pesquisa sem prejuízo para si

Você terá o direito de desistir de participar dessa pesquisa, em qualquer momento, sem

que haja quaisquer prejuízos, de qualquer espécie, a sua pessoa.

VII. Garantia de privacidade

Todos os dados coletados serão considerados sigilosos e as suas respostas serão

identificadas através de números em um banco de dados, não sendo associadas ao seu nome

para manter a sua privacidade.

VIII. Garantia de que os custos adicionais serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa

Possíveis gastos adicionais referentes à pesquisa que possam ocorrer serão absorvidos

pelo orçamento do projeto.

Eu, ....................................................................................., fui informado(a) dos

objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada. Recebi informações a respeito dos

procedimentos e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar

novas informações e modificar minha decisão se assim o desejar. Fui informado(a) de que

caso existirem danos à minha saúde, causados diretamente pela pesquisa, terei direito a

tratamento médico e indenização conforme estabelece a lei. Também sei que caso existam

gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Caso tiver novas

perguntas sobre este estudo, posso procurar pela pesquisadora responsável Prof.ª Ms Sibeli

Carla Garbin Zanin no endereço Rua Senador Pinheiro, 304, Passo Fundo/RS, ou pelo

telefone 54-30456100. Para qualquer pergunta sobre os meus direitos como participante desse

estudo ou se penso que fui prejudicado(a) pela minha participação, posso contatar o Comitê

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de Ética em Pesquisa da Faculdade Meridional – IMED no endereço Rua Senador Pinheiro,

304, Passo Fundo/RS, ou pelo telefone 54-30459081.

Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O(a) pesquisador(a) ............................................................ certificou-me de que todos os

dados dessa pesquisa serão confidenciais, bem como os possíveis atendimentos que viria a

receber nessa instituição não serão modificados em razão desta pesquisa e terei liberdade de

retirar meu consentimento de participação na pesquisa, em face dessas informações.

________________________

Assinatura do participante

________________________

Nome do participante

____/____/20_____

Data

________________________

Assinatura do pesquisador

________________________

Nome do pesquisador

____/____/20_____

Data

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Anexo C

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