FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED,...

136
FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Nestor Alejandro Luna Participação social na cidade inteligente: um estudo de caso na mobilidade urbana de Joinville Passo Fundo 2018

Transcript of FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED,...

Page 1: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

FACULDADE MERIDIONAL - IMED

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Nestor Alejandro Luna

Participação social na cidade inteligente: um estudo de caso na mobilidade

urbana de Joinville

Passo Fundo

2018

Page 2: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

Nestor Alejandro Luna

Participação social na cidade inteligente: um estudo de caso na mobilidade

urbana de Joinville

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Escola de

Administração da Faculdade Meridional –

IMED, como requisito parcial para a obtenção

do grau de Mestre em Administração sob a

orientação da Prof.ª Dr.ª Janaina Macke e

coorientação da Prof.ª Dr.ª Gabriela Viale

Pereira (Danube University Krems).

Passo Fundo

2018

Page 3: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas
Page 4: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

CIP – Catalogação na Publicação

_______________________________________________________________

_______________________________________________

Catalogação: Bibliotecária Juliana Langaro Silveira - CRB 10/2427

L961p Luna, Nestor Alejandro

Participação social na cidade inteligente: um estudo de

caso na mobilidade urbana de Joinville / Nestor Alejandro

Luna. – 2018.

136 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientadora: Profa. Dra. Janaina Macke.

Coorientadora: Profa. Dra. Gabriela Viale Pereira

Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade

Meridional - IMED, Passo Fundo, 2018.

1. Planejamento urbano – Joinville (SC). 2. Cidade

inteligente. 3. Participação social. I. Macke, Janaina,

orientadora. II. Pereira, Gabriela Viale, coorientadora. III

Título.

CDU: 711.4(816.4)

Page 5: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

A minha Família.

Page 6: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

AGRADECIMENTOS

Às minhas orientadoras Prof.ª Dr.ª Janaina Macke e Prof.ª Dr.ª Gabriela Viale Pereira

que aceitaram orientar este trabalho.

Também meu agradecimento aos professores Dr. Claudionor Guedes Laimer e Dr.

Jandir Pauli pelas suas colaborações e sugestões.

Minha gratidão aos entrevistados da Cidade de Joinville pela sua disposição a

participar deste estudo.

Finalmente a todos que contribuíram de uma ou de outra forma para que este processo

alcance seus objetivos.

Page 7: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

É nas cidades onde se fazem as perguntas que nunca

foram feitas, onde surgem problemas que em outras

condições as pessoas nunca teriam oportunidade de

resolver.

Zygmut Bauman

Page 8: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

RESUMO

A cidade inteligente é um fenômeno recente de abrangência multidisciplinar caracterizado

pelo uso da tecnologia, a sustentabilidade ambiental e a governança participativa,

instrumentalizada por diferentes modelos de participação social. A mobilidade urbana,

componente chave dessa nova proposta urbana, se destaca por sua influência direta na

qualidade de vida da população, sobretudo em cidades com alto índice de urbanização. Este

estudo tem por objetivo analisar como acontece a participação social nas políticas de

mobilidade urbana em uma das cinquenta cidades mais inteligentes do Brasil. Com esta

finalidade uma matriz analítica baseada na escala de Arnstein foi desenvolvida e aplicada ao

estudo de caso na cidade de Joinville. Os resultados mostram que os processos de participação

social alcançam níveis de pseudo-participação; e que a participação efetiva está afetada pela

presença de barreiras como agendas inadequadas e métodos impositivos, e pela ausência de

facilitadores como rastreabilidade das opiniões e empoderamento do cidadão. Neste sentido, a

matriz desenvolvida demonstrou-se adequada para identificar os componentes da participação

social, bem como verificar o grau de compromisso das estratégias governamentais com a

participação. Complementarmente, constatou-se que as intervenções da cidade “inteligente”,

ainda se encontram em um estágio incipiente e que tal rotulação responde a um protocolo de

intenções influenciado por agentes externos, composto por um portfólio de projetos

desconectados entre si.

Palavras-chave: Cidades Inteligentes, Mobilidade Urbana, Participação Social.

Page 9: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

ABSTRACT

Smart City is a recent multidisciplinary phenomenon characterized by the use of technology,

environmental sustainability and participatory governance with different models of social

participation. A key component of this new urban proposal is the urban mobility which has

direct influence on quality of life of cities with a high level of urbanization. This study aims to

analyze how social participation happens in urban mobility policies in one of the fifty

smartest cities in Brazil. An analytical matrix based on the Arnstein’s scale was developed

and applied to the Joinville study case. The results shown that the proposals of social

participation reach levels of pseudo-participation. Effective participation is affected by the

presence of barriers, like inadequate schedules or arbitrary methods, and also the absence of

facilitators as traceability or citizen empowerment. The tool developed to analyze social

participation was considered well-fitted to identify the components and the level of

commitment of governmental proposals with the social participation. It was also found that

Smart City interventions still in an incipient stage. The smart city labeling responds to a

protocol of intentions influenced by external agents and composed by projects disconnected

from each other.

Keywords: Smart Cities, Urban Mobility, Social Participation.

Page 10: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Dimensões da Cidade Inteligente ........................................................................ 25

Figura 2 - Interação entre inteligência e sustentabilidade na mobilidade urbana .................. 27

Figura 3 - Plano de Mobilidade Urbana: Passo-a-passo ....................................................... 30

Figura 4 - Degraus da participação social ............................................................................ 36

Figura 5 - Escala evolutiva da Cidade Inteligente ................................................................ 43

Figura 6 - Resumo Teórico Referencial ............................................................................... 45

Figura 7 - Roteiro da Pesquisa ............................................................................................ 47

Figura 8 - Mapa de Santa Catarina: Localização da Cidade de Joinville .............................. 50

Figura 9 - Mapa da Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense........................... 50

Figura 10 - Joinville "Cidade das Bicicletas" ....................................................................... 52

Figura 11 - Diagrama legal do Plano de Mobilidade Sustentável de Joinville ...................... 61

Figura 12 - Estrutura de Elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Joinville ............... 62

Figura 13 - Evolução Cronológica do PlanMob ................................................................... 63

Figura 14 - Composição do Conselho da Cidade e da Câmara de Mobilidade ...................... 64

Figura 15 - Pesquisa de Opinião .......................................................................................... 69

Figura 16 - Distribuição geográfica e Representatividade das Consultas .............................. 70

Figura 17 - Consulta Pública da Região Sul ........................................................................ 71

Figura 18 - Divulgação do Calendário das Consultas........................................................... 73

Figura 19 - Ficha de Sugestões do PlanMOB ...................................................................... 76

Figura 20 - Nuvem de Palavras das Fichas de Sugestões ..................................................... 77

Figura 21 - Encontro dos Grupos Temáticos ....................................................................... 78

Figura 22 - Local da Audiência Pública............................................................................... 80

Figura 23 - Edital de convocação Audiência Pública PlanMOB .......................................... 82

Figura 24 - Audiência Pública PlanMOB ............................................................................ 83

Figura 25 - Obras viárias de Joinville .................................................................................. 87

Figura 26 - Prêmio Civitas Award ....................................................................................... 88

Page 11: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Ações que promovem a adesão e geram valor público ....................................... 33

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens da participação social nas decisões governamentais . 34

Quadro 3 - Barreiras para a Participação Social .................................................................. 39

Quadro 4 - Comparativo entre a “Cidade Inteligente” e a “Cidadania Inteligente” ............... 41

Quadro 5 - Componentes da Matriz Analítica ..................................................................... 53

Quadro 6 - Matriz Analítica da Participação Social ............................................................. 53

Quadro 7 - Critérios de seleção dos entrevistados ............................................................... 57

Quadro 8 - Perfil dos Entrevistados ..................................................................................... 57

Quadro 9 - Lista de Pesquisas realizadas ............................................................................. 68

Quadro 10 - Inconsistências entre Relatórios e Listas de Presença ...................................... 74

Quadro 11 - Detalhe da Agenda dos Grupos Temáticos ...................................................... 79

Page 12: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

LISTA DE SIGLAS

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

IoT – Internet das coisas

LOT - Lei de Ordenamento Territorial

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ONU – Organização da Nações Unidas

PlanMob – Plano de Mobilidade Urbana

SINDIPEÇAS - Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores

TI – Tecnologia da Informação

TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

UNDP – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Page 13: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 15

1.1 Justificativa .............................................................................................................. 17

1.2 Delimitação da Pesquisa ........................................................................................... 19

1.3 Problema de Pesquisa ............................................................................................... 19

1.4 Objetivos .................................................................................................................. 20

1.4.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 20

1.4.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 21

2.1 Cidade Inteligente ..................................................................................................... 22

2.2 Mobilidade Urbana ................................................................................................... 26

2.2.1 Os Planos de Mobilidade Urbana no Brasil ............................................................... 29

2.3 Participação Social ................................................................................................... 31

2.3.1 Barreiras e Facilitadores da Participação Social ........................................................ 38

2.3.2 Participação Social na Cidade Inteligente ................................................................. 41

2.4 Resumo da Revisão da Literatura .............................................................................. 44

3 MÉTODO DE PESQUISA ....................................................................................... 46

3.1 Unidade de Análise ................................................................................................... 47

3.1.1 Contexto da Pesquisa ................................................................................................ 47

Assim nesse contexto singular foi escolhida as cidade de Joinville no Estado de Santa

Catarina, no sul do Brasil. .................................................................................................... 49

3.1.2 Cidade de Joinville - Justificativa da escolha ............................................................ 49

3.2 Formação do Instrumento de Análise ........................................................................ 52

3.3 Técnica e Instrumentos de Coleta de Dados .............................................................. 55

3.3.1 Fonte de Dados Primários - Entrevista ...................................................................... 55

3.3.1.1 Seleção dos Entrevistados ......................................................................................... 56

3.3.1.2 Transcrições ............................................................................................................. 58

3.3.1.3 Observação direta ..................................................................................................... 58

3.3.2 Fonte de Dados Secundários ..................................................................................... 59

3.3.2.1 Documentos ............................................................................................................. 59

3.4 Análise e Triangulação dos Dados ............................................................................ 59

4 ANÁLISE PRELIMINAR DOS DADOS ................................................................. 61

Page 14: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

4.1 O Plano de Mobilidade de Joinville .......................................................................... 61

4.1.1 Elaboração do PlanMob - Processo de Participação .................................................. 63

4.1.2 Atuação do Conselho da Cidade ............................................................................... 63

4.1.3 As Pesquisas de Opinião ........................................................................................... 67

4.1.4 As Consultas Públicas............................................................................................... 70

4.1.4.1 Calendário e Locais das Consultas ............................................................................ 71

4.1.4.2 Proposta Metodológica das Consultas ....................................................................... 74

4.1.5 Os Grupos Temáticos ............................................................................................... 77

4.1.6 A Audiência de Validação ........................................................................................ 80

4.1.6.1 Convocação e Proposta Metodológica....................................................................... 81

4.1.7 A instituição do PlanMOB por decreto ..................................................................... 84

4.1.8 Etapas de Execução e Monitoramento ....................................................................... 86

4.1.9 O Prêmio Cívitas Award ........................................................................................... 88

4.1.10 Cidade Inteligente e projetos vinculados à Mobilidade Urbana ................................. 89

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... 91

5.1 Níveis de Participação Social .................................................................................... 91

5.2 Identificação das barreiras que afetam a participação ................................................ 94

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 97

6.1 Limitações ................................................................................................................ 99

6.2 Implicações Acadêmicas ......................................................................................... 100

6.3 Implicações Gerenciais ........................................................................................... 100

6.4 Pesquisas Futuras ................................................................................................... 100

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 101

Apêndice I: Protocolo da Entrevista – Conselheiros e participantes das audiências ............ 114

Apêndice II: Protocolo da Entrevista – Vereadores ............................................................ 117

Apêndice III: Protocolo da Entrevista – ONG´s .................................................................. 121

Apêndice IV: Protocolo da Entrevista – Universidades ...................................................... 124

Apêndice V: Protocolo da Entrevista – Coordenadores da elaboração do PlanMOB ........... 127

Apêndice VI: Protocolo da Entrevista – Coordenadores da execução do Programa de Cidade

Inteligente e do PlanMOB .................................................................................................. 131

Apêndice VII: Termo de autorização de uso de depoimentos.............................................. 134

Apêndice VIII: Carta de apresentação ................................................................................ 135

Page 15: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

1 INTRODUÇÃO

O que é a cidade senão as pessoas?

William Shakespeare

The Tragedy of Coriolanus (1895).

No século XXI, a globalização, a mudança climática e a urbanização crescente

emergem como importantes desafios da nossa sociedade. Em particular, o aumento

exponencial da população urbana, que deverá duplicar nos próximos 40 anos, está criando

pressões ambientais, sociais e econômicas sem precedentes, fazendo das cidades os lugares

onde esses problemas se tornam mais complexos e evidentes (KOMMINOS, 2014;

MONZON, 2015; BENEVOLO: DAMERI; D’AURIA, 2016).

Por outra parte, as cidades, que antes competiam entre elas apenas em nível estadual

ou nacional, agora também competem umas com as outras em escala global (HARRISON;

DONNELLY, 2011; DAWE; SANKAR, 2016). Tal disputa envolve além de investimentos e

empregos, a retenção e atração das gerações Y e Z, das quais se espera sejam os agentes de

uma nova força econômica (HARRISON; DONNELLY, 2011).

Em síntese, um conjunto de fatores que têm levado aos governos a adotarem

iniciativas cada vez mais complexas a fim de propiciar aos seus habitantes maior qualidade de

vida, prosperidade, bem-estar social e ambiental. (SHEN et al., 2011; LYONS, 2016). Dentre

estas iniciativas, as melhorias em infraestruturas e serviços urbanos como fator de

atratividade, competitividade e bem-estar, são os exemplos constatáveis dessa nova realidade

em diversas áreas metropolitanas ao redor do mundo (NAM; PARDO, 2011a; DE JONG et

al., 2015).

Entretanto, essa nova problemática urbana questiona um modelo de gestão já

ultrapassado para dar lugar a um novo modelo de governança, no qual as soluções além de

eficientes precisam ser sustentáveis e inovadoras (SALEM; SCHONOWSKI; KÜPPER,

2013). Uma mudança de paradigma que se caracteriza por um lado pelas propostas baseadas

na criatividade, sustentabilidade, capital humano, cooperação e negociação entre stakeholders,

e por outro lado pelo predomínio da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) presente

em todos os ambientes da nossa sociedade (CARAGLIU; BO; NIJKAMP, 2011).

Assim, esse fenômeno tem gerado diversas rotulagens, denominadas “Cidade

Sustentável”, “Cidade Digital”, “Cidade Resiliente”, “Cidade Inteligente”, dentre outras com

Page 16: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

16

escopos similares, que parecem responder mais a uma oportunidade política e mercadológica

do que a um conceito urbano (DE JONG et al, 2015).

Apesar disso, a "Cidade Inteligente" está se tornando o paradigma de desenvolvimento

e planejamento urbano do século XXI, promovendo a criação de ambientes inovadores e

digitais que prometem movimentar os motores sócio-tecnológicos necessários para enfrentar

os desafios da mudança e o crescimento sustentável (KOMNINOS, 2014).

Nesse contexto, se verifica que uma das abordagens mais frequentes na

implementação da “Cidade Inteligente” trata da mobilidade urbana que busca melhorar o

tráfego das cidades e oferecer aos cidadãos-usuários, sistemas de transporte acessíveis,

inovadores, seguros e sustentáveis, baseados em fatores tecnológicos, de sustentabilidade e de

participação social (GIFFINGER et al., 2007; ALBINO; BERARDI; DANGELICO, 2015).

Um modelo que também alcança às cidades da América Latina, uma das regiões mais

urbanizadas e mais desiguais do planeta (UN - GLOBAL COMPACT CITIES

PROGRAMME, 2015) e cujas implementações em diversas áreas de governo podem aportar

lições sobre inovação urbana em economias com escassos recursos, num ambiente volátil e

imprevisível (STEINERT et al., 2011).

Contudo, o compromisso com a participação social, apontado por diversos autores

como fator estratégico na governança da cidade inteligente tem sido inconstante e

heterogêneo, privilegiando modelos menos participativos com imposição de soluções

corporativas, por vezes desestimadas pelos seus cidadãos (CASTELNOVO; MISURACA;

SAVOLDELLI, 2015a; RODRÍGUEZ BOLÍVAR, 2015; ANTHOPOULOS, 2017).

Pesquisas anteriores concluiram que as dificuldades para implementar processos de

participação efetiva no planejamento da mobilidade e o fracasso dos métodos de participação

do passado abriram a discussão para um novo paradigma de participação (LINDENAU;

BÖHLER-BAEDEKER; 2014). Assim, os modelos governamentais de participação social,

com a pretensão de serem controlados, administrativos e equitativos, afetam o grau de

participação se não reconhecem previamente os interesses políticos subjacentes; de tal forma

que não podem ser considerados neutrais, inclusivos ou justos se estão fundamentados

unicamente na sua função administrativa (MCANDREWS; MARCUS; 2015). Inclusive o

fator técnológico, que envolve muitas das soluções de participação na mobilidade, pode

resultar uma barreira para aqueles cidadãos “não especialistas”, ao verem reduzidas as suas

possibilidades de assumirem um papel ativo de participação e controle (CAPRA, 2016).

Nesse cenário descrito, se observa uma escassez de estudos empíricos sobre a

participação social nas cidades inteligentes o que ocasiona lacunas sobre o papel dos cidadãos

Page 17: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

17

e deixa em evidência a necessidade de analisar a autenticidade representativa dos processos

decisórios (CASTELNOVO, et al., 2015a). No mesmo sentido, tanto Capra (2016) quanto

Willems; Van den Bergh e Viaene (2017) apontam que a relação entre a governança da cidade

inteligente e a participação social ainda precisa ser estudada em diferentes contextos e em

diferentes dimensões para permitir um desenvolvimento mais robusto e generalizável de

ideias teóricas.

Tais lacunas motivaram a realização deste estudo que busca compreender como

acontece a participação social nas políticas de mobilidade urbana da Cidade Inteligente. O

método de pesquisa adotado é o estudo de caso, sendo o objeto de estudo a cidade de

Joinville, no estado de Santa Catarina, por possuir um projeto de cidade inteligente e ter um

plano de mobilidade urbana elaborado nos moldes da Lei n°12.587/12, com a particularidade

que tal plano foi premiado internacionalmente pelo seu modelo de participação social.

Assim, este trabalho aborda em sua revisão teórica, primeiramente os conceitos de

cidade inteligente, a sua relação com a sustentabilidade e os aspectos sociais e participativos.

Posteriormente a revisão foca no conceito de mobilidade urbana como uma das dimensões da

cidade inteligente, discute o papel do cidadão na co-criação e as particularidades dos Planos

de Mobilidade Urbana no Brasil. Finalmente, o estudo explana o conceito da Participação

Social, seus atores, níveis de participação, barreiras e facilitadores.

Para atingir os objetivos que se propõe, o estudo baseou-se na realização de

entrevistas, revisão de documentos e observação direta como técnicas de coleta de dados, as

quais foram analisadas sob uma ferramenta de análise, previamente desenhada, fundamentada

na escala de Arnstein (1969) e suas posteriores adaptações, para avaliar os diferentes graus e

categorias da participação social. A escala de Arnstein ainda é um dos estudos mais citados e

influentes no campo da participação social (ANSELL; TORFING, 2016). Adotou-se esta

escala pela clareza dos seus conceitos, e pelo fato de ter sido testada no contexto da cidade

inteligente em estudos de casos recentes nas cidades de Rotterdam (MULDER, 2014),

Amsterdam (CAPRA, 2016) e Londres (WILLEMS; VAN DEN BERGH; VIAENE, 2017).

1.1 Justificativa

A era digital, na sua constante evolução, promove novas abordagens para os atuais

desafios das cidades, com soluções apoiadas em um conectivismo eletrônico cada vez maior

de pessoas, lugares e objetos, aliados à poderosa coleta e processamento de dados (LYONS,

2016). Nesse conjuntura, surgem as cidades inteligentes, baseadas no uso de novas

Page 18: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

18

tecnologias de informação e comunicação para melhorar os serviços que as cidades oferecem

aos seus cidadãos, propondo em consequência, uma nova relação entre tecnologia, sociedade

e modelos de governança (GIFFINGER, 2015; MEIJER; GIL-GARCIA; BOLÍVAR

RODRÍGUEZ, 2016; MUSTAPHA; MCHEICK; MELLOULI, 2016).

Contudo, o conceito emergente de “Cidade Inteligente” encontra-se ainda em estágio

de formação, não havendo portanto uma compreensão clara e consistente em relação a ele.

Acredita-se que um dos fatores que influência essa situação é seu caráter multidisciplinar, sob

o qual pesquisadores de distintos campos do conhecimento aportam suas diferentes

perspectivas e abordagens (MEIJER et al., 2016). Portanto, o termo “Cidade Inteligente” ou

“Smart City” é hoje um rótulo popular, com uma vasta aplicabilidade, promovido por

governos e empresas de tecnologia, e cujo impacto no campo da pesquisa, deu origem a um

conjunto heterogêneo de definições que geram confusão, imprecisão e ambiguidades

conceituais (MANITIU; PEDRINI, 2016).

Dentro dessas definições, estão aquelas que propõem uma Cidade Inteligente em

estreita relação com a sustentabilidade e a participação dos cidadãos criando um debate

conceitual entre “inteligente” e/ou “sustentável” que expõe questões ainda não resolvidas

como: definição, teoria e métodos de análise (HOLLANDS, 2008; CARAGLIU; BO;

NIJKAMP, 2011; KOMMINOS, 2014; OJO et al., 2015; BIFULCO et al., 2016; BIBRI;

KROGSTIE, 2017).

Dessa maneira, surgem no horizonte de pesquisa das cidades inteligentes lacunas tanto

no nível macro (sustentabilidade, governança, valor público, cidadania) como no nível micro,

nos instrumentos de aplicação das diferentes áreas (mobilidade, saúde, segurança, governo,

etc.) (CASTELNOVO et al., 2015a). Assim, tanto Debnath et al. (2014) quanto Meijer et al.

(2016) consideram que o conceito de sustentabilidade na governança da cidade inteligente

merece maiores investigações, por apresentar lacunas em questões como liderança

governamental, modelos participativos e estruturas colaborativas. E nesse sentido, Sagaris

(2014), Mcandrews; Marcus (2015) e Purchase; Simmons (2017) advertem sobre a

complexidade dos desafios decorrentes da participação e destacam a necessidade de maiores

estudos sobre governança participativa em projetos de mobilidade urbana inteligente. Ao

tempo que Elvy (2014) e Lindenau; Böhler-Baedeker (2014) apontam uma lacuna de

conhecimento em relação à autenticidade representativa dos processos decisórios propostos

pelos governos.

Baseado nessas premissas, este estudo se justifica pela sua contribuição acadêmica

sobre as questões da participação social na governança dos instrumentos das cidades

Page 19: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

19

inteligentes especificamente em Planos de Mobilidade Urbana e particularmente no contexto

brasileiro, havendo escolhido para tal a cidade de Joinville, também conhecida como a

“Cidade das Bicicletas”.

1.2 Delimitação da Pesquisa

Este estudo está inspirado em artigos prévios que abordaram a questão da Participação

Social na construção de políticas públicas da Cidade Inteligente, Capra (2016); Mulder

(2014); Willems (2017); todos baseados na escala de Arnstein, para compreender e analisar

diferentes casos ao redor do mundo. Também levou em consideração os trabalhos de Böhler-

Baedeker et al. (2013), Lindenau et al. (2014) e Mcandrews (2015) os quais possuem um

olhar específico da participação social sobre a mobilidade urbana das cidades inteligentes e

que servem de referência para a realização deste estudo.

Salienta-se, que ao se estudar a noção de “Participação Social”, se percebe a sua

aproximação teórica e semelhança conceitual com os termos “Participação Cidadã”,

“Participação Pública” e “Participação Comunitária”, e embora possam existir diferenças de

ordem prática, os estudos prévios não estabelecem diferenças ou contradições conceituais

entre esses termos (BRYSON et al. 2013; HURLBERT; GUPTA; 2015; ROUILLARD et al.

2014; FUNG, 2015; MCANDREWS 2015). Em contrapartida, a escala de Arnstein (1969),

original ou modificada, já foi testada diversas vezes para todos estes rótulos da participação.

A preferência pelo termo “Participação Social” utilizada neste pesquisa responde à

terminologia adotada pelo Governo Federal Brasileiro a partir do Decreto Nº 8.243/14 que

institui a Política Nacional de Participação Social e que incide nas políticas urbanas dos

municípios (BRASIL, 2014).

Contudo, neste estudo não foram abordados outras questões e conceitos decorrentes da

participação social, como são a efetividade da participação na aplicação de políticas ou a

geração de Capital Social. Também não contempla outras dimensões da Cidade Inteligente,

limitando-se ao estudo da Mobilidade Urbana.

1.3 Problema de Pesquisa

Com base na contextualização apresentada sobre cidades inteligentes e mobilidade

urbana e sua relação com a participação social sugere-se o seguinte problema de pesquisa:

Page 20: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

20

Como acontece a participação social nas políticas de Mobilidade Urbana da Cidade

Inteligente no contexto brasileiro?

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo geral

Analisar a participação social nas políticas de mobilidade urbana da cidade da Cidade

Inteligente.

1.4.2 Objetivos específicos

Fundamentados no Objetivo Geral, foram definidos os objetivos específicos que nortearão

o desenvolvimento deste estudo

a) Elaborar uma matriz analítica que permita identificar os componentes dos diferentes

níveis de participação social.

b) Identificar os níveis de participação social em cada etapa do Plano de Mobilidade.

c) Identificar as barreiras que afetam a participação social.

Page 21: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A temática do homem deve ser compreendida a partir da

emergência da população.

Michel Foucalt

Segurança, Território, População (1978).

O referencial teórico deste estudo inicia com uma busca nas bases científicas “Web of

Science”, SciELO e EBSCO através das palavras chaves: “Smart cities”, “Sustainable cities”

e “Smart mobility”. Posteriormente realizou-se uma consulta detalhada na base “Google

Scholar”, através do software “Publish or Perish”, com as seguintes palavras chave: “Smart

cities”, “Sustainable cities”, “Smart mobility”, “Urban mobility” individualmente e

combinadas com as palavras: “Governance”, “Stakeholders”, “Citizenship”, “Citizens”,

“Participation” “Social Participation” e “Public Participation”. Finalmente, visando

identificar antecedentes de pesquisas similares no Brasil e na América Latina foram realizadas

idênticas consultas na língua portuguesa e castelhana.

Nessas consultas foram selecionados preliminarmente os artigos com até cinco anos de

publicação salvo aqueles seminais. Destes, foram selecionados aqueles com índice “H”, com

especial atenção aos publicados em periódicos que atenderam a, pelo menos, um dos

seguintes critérios de classificação: Qualis ≥A2; Fator de Impacto ≥ 0.848; SJR ≥ 0.378 ou H

índex ≥ 6. Dentre essas publicações se destacam: Public Management Review; Land Use

Policy; Public Administration Review; Organization; Journal of Public Administration; City;

Urban Studies; International Journal of Public Sector Management; Information Polity;

Cities, Futures, Journal of Urban Technology.

Complementariamente foram analisados estudos encomendados por organismos

internacionais como ONU, BID, WORLD BANK, OCDE, UNDP e Comissão da União

Europeia. Também de consultorias internacionais como EMBARQ, WRI, URBAN

SYSTEMS e SMART CITIES COUNCIL. Ainda, buscando compreender a evolução das

linhas de pesquisa foram contemplados os artigos que os pesquisadores mais citados

publicaram em outros periódicos, livros ou eventos científicos. Por último foi examinada a

legislação brasileira sobre Planejamento Urbano, Mobilidade Urbana e Participação Social.

Para dar uma maior sustentação ao tema escolhido, foram analisados primeiramente

trabalhos de análise bibliométrica e de revisão bibliográfica. Assim, após a leitura dos

principais autores, teve-se a compreensão que a análise teórica deste estudo se encontra

Page 22: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

22

influenciada por uma temática emergente e ainda pouco explorada como são as cidades

inteligentes, também a sua relação com a sustentabilidade, seus sistemas de mobilidade e o

papel do cidadão na governança desse novo modelo de gestão urbana, entendimento que foi se

confirmando no decorrer da revisão.

Nesse sentido, em recente análise bibliométrica conduzida por Mora, Bolici e Deakin

(2017) se verifica que a pesquisa científica sobre Cidades Inteligentes está emergindo como

um tópico de rápido crescimento apesar do caráter difuso do conceito e das diferenças entre a

teoria e os projetos em execução (ALBINO et al., 2015; ANTHOPOULOS, 2015;

CASTELNOVO et al., 2015b; DEAKIN, 2015; ANTHOPOULOS, 2016; BOLÍVAR

RODRÍGUEZ, 2016; MACADAR; PORTO, 2016; DAMERI, 2017a).

Dentre os principais motivos desse status de indefinição teórica estão o isolamento

intelectual, o escasso intercâmbio de conhecimentos entre pesquisadores, as divisões entre

comunidades científicas e o desacordo sobre qual o papel das TICs nos modelos urbanos

emergentes (MORA et al., 2017). Tal situação tem deixado a pesquisa da cidade inteligente

fragmentada e dividida em duas principais correntes, uma de natureza singularmente

tecnológica e outra de caráter humano, que alerta para a falta de inteligência social, artefatos

culturais e atributos ambientais que relacionem de maneira harmônica tais conceitos com a

tecnologia (MORA et al., 2017).

A revisão teórica deste estudo adere a essa última perspectiva que busca harmonizar os

fatores tecnológicos e humanos, e propõe uma análise do grande tema da cidade inteligente,

do componente da mobilidade urbana, e da participação social como um dos seus

instrumentos de governança.

2.1 Cidade Inteligente

A economia do conhecimento mostra que os recentes avanços tecnológicos estão

aportando um outro nível de gestão na capacidade de inovação das cidades, impulsionando

novos modelos de governança urbana (ANGELIDOU, 2015; GARAU; MASALA; PINNA,

2016). Nessa perspectiva, emergem as iniciativas que fazem da Cidade Inteligente um modelo

para mitigar os atuais problemas urbanos e tornar as cidades lugares melhores para se viver

(NAM; PARDO, 2011b).

Embora concebido no ambiente acadêmico, o conceito “Smart City” potencializou-se

com a oferta corporativa de soluções tecnológicas exibidas como “peças chaves” da gestão

inteligente (NAM; PARDO, 2011b; COCCHIA, 2014; DAMERI; ROSENTHAL-

Page 23: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

23

SABROUX, 2014a; HÖJER; WANGEL, 2015). Essa estratégia comercial das empresas de TI

acabou por instalar na agenda acadêmica e governamental um modelo de cidade inteligente

sob domínio tecnológico (“technology push”) fundamentado em soluções de portfólio, porém

criticado por uma corrente de pesquisadores das ciências sociais (PALLOT et al., 2011;

PAROUTIS; BENNETT; HERACLEOUS, 2014; SÖDERSTRÖM; PAASCHE; KLAUSER,

2014; LYONS, 2016).

Uma explicação sobre tal fenômeno é aportada por Angelidou (2015) ao destacar que

por um lado a tecnologia avançou rapidamente e criou um mercado em expansão de produtos

e soluções para cidades inteligentes, e por outro lado as cidades aumentaram a sua

complexidade e criaram uma demanda por dispositivos eficientes e sustentáveis, preparando o

terreno fértil para a economia de produto da cidade inteligente.

Paralelamente, o crescimento desse novo segmento de negócios parece ter

influenciado o interesse acadêmico não apenas no número de pesquisas, mas também na

variedade de visões e rotulagens aplicadas às cidades inteligentes. (HOLLANDS, 2008;

CARAGLIU; BO; NIJKAMP, 2011; ANTHOPOULOS, 2015). Em consequência, muitas

pesquisas confundem visões e componentes básicos da Cidade Inteligente evidenciando que o

conceito ainda não encontrou uma definição única e abrangente (NAM; PARDO, 2011a;

ANGELIDOU, 2015; MATTONI; GUGLIERMETTI; BISEGNA, 2015; BENEVOLO et al.,

2016). Inclusive a palavra "smart" é controversa, em quanto alguns pesquisadores a

consideram um instrumental, outros ao invés a consideram um conceito normativo

(NASRAWI; ADAMS; EL-ZAART, 2016).

Nesse estágio de “em construção” do conceito é possível encontrar categorias urbanas

diversas como Cidade Digital, Cidade Sustentável, Cidade Inteligente, Cidade do

Conhecimento, Cidade Resiliente e outras similares sem esclarecer se tais termos remetem ao

mesmo conceito ou se definem diferentes tipos de cidades que parecem responder muito mais

a uma estratégia de marketing do que a um conceito urbano (CARAGLIU; BO; NIJKAMP,

2011; NAM; PARDO, 2011b; COCCHIA, 2014; DE JONG et al., 2015).

Apesar disso, as diferentes categorias são a evidência de uma nova geração de cidades,

intensivas em conhecimento e inovação, surgidas de um novo paradigma urbanístico

decorrente da evolução tecnológica e dos desafios globais (KOMNINOS, 2014).

A partir dessa discussão sobre os diferentes conceitos destes novos modelos urbanos,

Nam e Pardo (2011) identificaram os principais fatores desses rótulos e os categorizaram em

três componentes multidimensionais:

Page 24: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

24

a) Tecnologia (infraestruturas de hardware e software);

b) Pessoas (criatividade, diversidade e educação);

c) Instituições (governança e política).

Para os autores, uma cidade é inteligente quando há conexão entre essas três

dimensões, quando os investimentos governamentais em capital humano e infraestrutura de TI

propiciam crescimento sustentável e melhoram a qualidade de vida, por meio da governança

participativa (NAM; PARDO, 2011b). Em todo caso, a pretensão de uma cidade em se

denominar inteligente deve se basear em algo mais do que o uso das tecnologias de

informação e comunicação (BIFULCO et al., 2016; VANOLO, 2016). Inclusive, uma cidade

sequer deveria ser considerada inteligente se as partes interessadas dentro dela não estão

envolvidas em todos os níveis de tomada de decisão e nos processos de planejamento que

conduzem à cidade em direção a sua missão (COPENHAGEN CLEANTEACH CLUSTER,

2012).

Na visão de Giffinger (2015) o caminho para a cidade se tornar inteligente, demanda

um processo de mudança que envolve três aspectos: uma nova relação entre stakeholders, a

interação desses com as inovações tecnológicas; e um modelo de governança adaptativa.

Todavia, para uma reformulação da governança com essas características são necessárias a

colaboração tanto interna no âmbito da administração pública, quanto externa em relação aos

cidadãos (BOUSKELA et al., 2016). Um desafio que consiste em integrar a todos os

stakeholders para que os envolvidos possam entender qual o tipo de cidade inteligente se

deseja (WAART; MULDER; BONT, 2015). Assim, enquanto os funcionários da

administração são importantes por seus conhecimentos de gestão, os cidadãos configuram o

início e o fim do ciclo de avaliação das propostas (BOUSKELA et al., 2016).

Dessa maneira, os cidadãos, ao serem considerados “peças-chave” da governança, têm

a oportunidade de se envolver com a iniciativa, influenciar, e construir em conjunto uma

proposta que garanta o direito ao espaço público com a participação de todas as camadas

sociais, não apenas das mais fortes (CHOURABI et al., 2012; MONFAREDZADEH et al,

2015).

O estudo promovido pela Universidade Viena conduzido por Giffinger et al. (2007)

analisou 58 cidades europeias de porte médio e proporcionou no modelo mais difundido de

cidade inteligente estudado na atualidade (DAMERI, 2017b). A pesquisa propõe um sistema

de classificação segundo o qual as cidades podem ser avaliadas e desenvolvidas através de

seis características distintas: economia, pessoas, governança, mobilidade, meio ambiente e

Page 25: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

25

qualidade de vida (GIFFINGER et al., 2007). Essas seis dimensões catalisam os 31 fatores

detectados nas cidades analisadas (Figura 1).

Figura 1 - Dimensões da Cidade Inteligente

Fonte: Adaptado de Giffinger e Gudrun (2010)

Esse modelo permite que os desafios das cidades possam ser classificados em relação

a seus diferentes campos de ação sob uma abordagem holística (MONZON, 2015).

Entretanto, a proposta não assume a pretensão de se tornar universal, pelo contrário, seus

autores advertem sobre as particularidades de cada cidade e sobre a evolução tecnológica, que

encontrará ao longo do tempo novas demandas e aplicações (GIFFINGER; GUDRUN, 2010).

Com tudo, o desafio da cidade inteligente será adequar as soluções tecnológicas com

as aspirações individuais dos cidadãos, para transformá-las em um valor público que atenda

aos objetivos econômicos, sociais e ambientais da comunidade (FERRO et al., 2013). Dessa

forma, o grau de adoção pelos beneficiários mostrará de que maneira a participação é capaz

de gerar esse valor público e criar um processo de melhoria contínua que sustente a

governança inteligente das cidades (MOORE, 2013). Um efeito que também deve atingir às

propostas de mobilidade urbana, nas quais a participação tem a capacidade de promover

novas e melhores soluções (GIL; CALADO; BENTZ, 2011; LINDENAU; BÖHLER-

BAEDEKER, 2014; SAGARIS, 2014; BOLIVAR RODRÍGUEZ, 2017).

Page 26: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

26

2.2 Mobilidade Urbana

Os sistemas de transporte urbano enfrentam diversos desafios provocados pelo

crescimento populacional e a urbanização constante, e submetem às administrações locais a

pensar em novas abordagens de planejamento (MIRANDA; RODRIGUES DA SILVA, 2012;

HÜGING; GLENSOR; LAH, 2014; PRIESTER; MIRAMONTES; WULFHORST, 2014;

PAPA; LAUWERS, 2015; GARAU; MASALA; PINNA, 2016). Congestionamentos,

poluição do ar, acidentes, perda de vidas, ruído, fragmentação urbana, diminuição de áreas

verdes, tempo perdido no trânsito são alguns dos problemas que a mobilidade gera nas

cidades (KEMP; ROTMANS, 2004).

Com tudo, muitos países desenvolvidos já conseguiram reduzir consideravelmente

esses problemas por meio de ações que priorizam o transporte público de alta capacidade,

fornecendo alternativas de boa qualidade ao transporte individual (COSTA, 2014).

Já os países em desenvolvimento que, em geral, vivem um processo de urbanização

desordenado, estão diante de uma questão bem mais complexa na qual o uso do carro cresce

de maneira insustentável, tanto pela falta de transporte público de qualidade, quanto pela

questão cultural que o carro representa como instrumento de status social (COSTA, 2014).

Nesse sentido, espera-se que nas próximas décadas, os problemas de mobilidade continuem a

aumentar em todo o mundo, e particularmente nos países em desenvolvimento que registram

aumento da prosperidade (WORLD BANK, 2011).

Em consequência, a mobilidade é um dos tópicos mais difíceis de enfrentar nas

grandes áreas metropolitanas, uma vez que envolve aspectos ambientais, econômicos,

tecnológicos e comportamentais dos usuários (BENEVOLO et al., 2016). Assim, nesse

cenário, surge a mobilidade inteligente, apresentada como “a melhor opção” para alcançar a

sustentabilidade sobre transportes e promovida por governos e empresas de TI como um

sinônimo de “smart city” (STARICCO, 2013; DEBNATH et al., 2014; LYONS, 2016).

A mobilidade urbana inteligente evoca, no imaginário coletivo, um sentido de nova

oportunidade de progresso relacionada com o uso da tecnologia como principal aliada

(LYONS, 2016). Através dela é possível dar suporte ao gerenciamento, otimizar os fluxos de

tráfego e coletar opiniões dos cidadãos sobre a qualidade dos serviços de transporte público e

inclusive sobre a qualidade de vida na cidade (BENEVOLO; et al., 2016)

Todavia, além das TICs, outras soluções baseadas em diferentes tecnologias como os

veículos elétricos e os combustíveis alternativos; e inclusive sem qualquer tecnologia como é

o caso das ciclovias, surgem como opções da mobilidade inteligente (DAMERI, 2017a).

Page 27: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

27

Contudo, na medida em que a complexidade, integração e extensão dos programas de

mobilidade aumentam, cresce também a necessidade de otimizar a gestão através de suportes

tecnológicos (DAMERI; BENEVOLO, 2017).

A mobilidade inteligente se enquadra como uma das dimensões da Cidade Inteligente

e na sua definição integra os fatores econômicos, tecnológicos, sociais e ambientais,

aportando “soluções que visem melhorar os problemas de trânsito urbano, oferecendo

sistemas de transporte acessíveis, inovadores, seguros e sustentáveis” (GIFFINGER et al.,

2007; ALBINO; BERARDI; DANGELICO, 2015). Entretanto, para LYONS (2016) ainda

resulta difícil avaliar de que forma a mobilidade urbana inteligente repercute na

sustentabilidade. Apesar das inúmeras iniciativas que promovem a “inteligência” nos sistemas

de transporte, pouco se sabe sobre como essas propostas estão se desenvolvendo e impactando

na sustentabilidade das cidades, e menos ainda, sobre qual o melhor modelo já implementado

(DEBNATH et al., 2014).

Buscando esclarecer essa relação dialética entre inteligência e sustentabilidade,

LYONS (2016) apresenta quatro possíveis cenários de interação desses conceitos no contexto

da mobilidade urbana (Figura 2). Para o autor, os formuladores de políticas, os

desenvolvedores e os pesquisadores deveriam saber em qual dessas quatro realidades estão

produzindo as suas propostas e de que forma pretendem evoluir ao longo do tempo.

Figura 2 - Interação entre inteligência e sustentabilidade na mobilidade urbana

Fonte: Adaptado de Lyons (2016).

Segundo Lyons (2016), as quatro alternativas podem ser descritas da seguinte forma:

a) Reflete uma tendência da realidade presente, na qual os paradigmas “inteligente” e

Page 28: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

28

“sustentável” não se opõem, mas não estão em harmonia em todos os aspectos;

b) Descreve uma realidade desejada na qual tudo o que é inteligente é sustentável e

vice-versa, tanto nas terminologias como em seus significados, postura que é

defendida por este estudo;

c) Reflete o que para alguns seria uma realidade distópica na qual o paradigma da

inteligência torna-se dominante e "consome" o paradigma “diminuído” da

sustentabilidade;

d) Sugere um grau mais elevado de gerenciamento sobre o futuro da cidade, no qual o

paradigma inteligente se subordina ao paradigma sustentável, com o primeiro

"confinado" a assistir esse último (LYONS, 2016).

Outra proposta que contribui para a compreensão do papel da sustentabilidade na

mobilidade urbana foi elaborada pela EUROPEAN COMMISSION (2013), nela se destacam,

dentre outros, os seguintes princípios orientadores para a mobilidade sustentável:

a) Atender às necessidades de todos os usuários;

b) Estimar as demandas dos cidadãos, empresas e indústria;

c) Promover a multimodalidade;

d) Equilibrar viabilidade econômica, equidade social, e qualidade ambiental;

e) Melhorar a atratividade do ambiente urbano, qualidade de vida e saúde pública;

f) Reduzir a poluição do ar, do ruído e o consumo de energia;

g) Criar uma estratégia para melhorar a qualidade do transporte público.

h) Aumentar a atratividade da caminhada e do ciclismo.

i) Promover sistemas de transporte inteligentes em todos os modos de transporte.

j) Envolver os cidadãos, representantes da sociedade civil e atores econômicos no

desenvolvimento e implementação do plano desde o início e ao longo do processo

para assegurar um alto nível de aceitação e suporte.

Dessa forma, um plano de mobilidade urbana sustentável deve ter como objetivo

central, melhorar a acessibilidade com soluções de alta qualidade, visando a sustentabilidade,

e considerando as necessidades da "cidade funcional", ou seja aquela que vai além dos limites

administrativos municipais, envolvendo à cidadania no processo de formulação de propostas e

exigindo como peça chave, o envolvimento e a participação ativa de múltiplos e heterogêneos

Page 29: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

29

públicos (GIL; CALADO; BENTZ, 2011; EUROPEAN COMMISSION, 2013; LINDENAU

et al.,2014; MCANDREWS, 2015; SAGARIS, 2014; BOLIVAR et al., 2017).

2.2.1 Os Planos de Mobilidade Urbana no Brasil

Em 2001 foi aprovado no Brasil o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) que objetiva

estabelecer as diretrizes gerais e os instrumentos da política urbana. Entretanto, como o

Estatuto da Cidade não dispõe especificamente sobre a mobilidade urbana, tornou-se

necessário que o Poder Executivo propusesse a edição de um normativo autônomo, para

ampliar o entendimento aos transportes urbanos (BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES;

2015). Esse novo conceito foi traduzido na Política Nacional de Mobilidade Urbana instituída

pela Lei 12.587/2012 que estabelece objetivos e diretrizes para a construção de cidades mais

conectadas, inclusivas e sustentáveis (BRASIL, 2012). Tal política foi fundamentada nos

artigos 21 (inciso XX) e 182 da Constituição Federal de 1988 a qual dispõe que a política

urbana é responsabilidade do município e deve garantir as funções sociais da cidade e o

desenvolvimento dos cidadãos (BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES; 2015).

A Lei Federal Nº 12.587/2012, também conhecida como “Lei da Mobilidade Urbana”,

representa um significativo marco jurídico para o planejamento urbano sustentável das

cidades brasileiras, pois trata da mobilidade inserida num sistema de planejamento urbano

sustentável e participativo (SUDARIO; HERNANDEZ, 2014). Ainda, tal normativa

representa um dos eixos estruturadores da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano

entendida como um conjunto de princípios e diretrizes que norteiam as ações do Poder

Público e da sociedade em geral na produção e na gestão das cidades. Dessa forma, as

políticas territoriais de participação social e de destinação de recursos financeiros servem para

combater as disfunções urbanas, as externalidades negativas e as desigualdades territoriais e

sociais existentes no País (BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES; 2015).

Os manuais de referência dos Planos de Mobilidade fornecidos pelo Governo Federal

preveem que a elaboração dos planos respeite uma ampla participação e o máximo

envolvimento da sociedade em todas as suas etapas, incluindo à população usuária e aos

principais agentes econômicos e políticos locais. Tomando como base tais considerações, foi

necessário que os planos de transporte e mobilidade se elaborem de uma forma renovada em

relação às aplicações tradicionais, incorporando além dos aspectos metodológicos

consagrados, novas vertentes de análise do problema, bem como uma maior participação

social no seu processo de elaboração (BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES; 2007).

Page 30: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

30

Em consequência, os Planos de Mobilidade Urbana precisam prever quais os

mecanismos que serão adotados pelo município para garantir a participação social nas etapas

de implantação, monitoramento e avaliação (BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES;

2015). Essas etapas consistem em sete passos principais: 1) Preparação; 2) Definição do

escopo; 3) Procedimentos gerenciais; 4) Elaboração; 5) Aprovação; 6) Implementação; e 7)

Avaliação e Revisão (Figura 3). Cada passo é composto por um conjunto de atividades

institucionais e técnicas detalhadas para auxiliar na sua execução com o acompanhamento da

sociedade civil através de canais de comunicação e espaços de participação social (EMBARQ

BRASIL, 2015).

Figura 3 - Plano de Mobilidade Urbana: Passo-a-passo

Fonte: Adaptado de EMBARQ BRASIL (2015).

Especificamente, a lei (12.587/2012) determina como direito dos usuários: “participar

do planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana;” (Art.

14, II). Além disso, estabelece no seu Art. 15, diversos instrumentos de participação da

sociedade civil para todas as etapas das políticas de mobilidade (BRASIL, 2012).

Page 31: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

31

Ainda segundo o Manual, a participação social requer um elevado envolvimento

político e uma coordenação comprometida com a sua gestão durante todo o processo de

construção do Plano, e destaca que a grande vantagem desse compromisso com a sociedade é

o fortalecimento simultâneo, tanto por parte dos cidadãos como da Administração Pública, na

sua capacidade de entendimento sobre as necessidades, expectativas e limitações de cada

parte. De outro lado, também fortalecem as próprias relações interinstitucionais por

integrarem diferentes estruturas de gestão no processo de discussão do plano e seus projetos

(BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015).

Contudo, adotar tal política de participação social não deve ser entendido como um

evento pontual, e sim como um processo contínuo e desafiador que requer um planejamento

cuidadoso e atento aos detalhes. Os grupos sociais devem ser estimulados a atuar e cooperar,

uma vez que não existe a cultura de participação social nas iniciativas promovidas pelo Poder

Público. Dessa forma o governo deve assegurar que as demandas da população serão

consideradas e que não serão tratadas apenas como uma formalidade para cumprir os

requisitos legais aos quais estão submetidas as Administrações Públicas (BRASIL –

MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015).

Inclusive, um dos principais objetivos dessa participação é equilibrar os interesses e

influências dos atores envolvidos no processo de discussão pública. O Poder Público deve

promover sua capacidade reguladora em defesa dos interesses públicos, em conjunto com os

setores políticos e econômicos. Por tanto, é necessário gerenciar as influências dos grupos

mais poderosos e diminuir as desigualdades de classe e territoriais dentro desse planejamento

urbano. E considerar que os usuários de transporte público e não motorizado são os que mais

sentem os efeitos das políticas de mobilidade, devendo nesse sentido fortalecer a organização

das comunidades locais e dar visibilidade às demandas das minorias sociais que têm enormes

dificuldades em levar suas opiniões aos formuladores de políticas públicas (BRASIL –

MINISTÉRIO DAS CIDADES; 2015).

Assim, a grande questão é garantir a participação social na tomada de decisão, com

gestão democrática e participativa promovendo de fato a mobilidade urbana integrada,

sustentável e inclusiva (SUDARIO; HERNANDEZ; 2014).

2.3 Participação Social

A Participação Social é um termo “guarda-chuva” para muitos tipos de participação

(WILLEMS; VAN DEN BERGH; VIAENE, 2017). No caso do planejamento urbano

Page 32: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

32

contemporâneo, a participação social surge como uma tendência que questiona os processos

“Top down” por considerá-los opressivos e vantajosos para uma minoria pequena e poderosa,

e em cambio propõe ideias de maior legitimidade, concebidas no consenso e construídas sob

um planejamento colaborativo (LINDENAU; BÖHLER-BAEDEKER, 2014; SAGARIS,

2014).

Essa mudança de paradigma exige dos gestores a máxima transparência e rigor,

compartilhamento de informações úteis, relevantes e completas, e uma melhor utilização dos

recursos para envolver a interessados representativos dos mais variados segmentos (GIL;

CALADO; BENTZ, 2011; MELLOULI; LUNA-REYES; ZHANG, 2014; BOLIVAR

RODRIGUEZ, 2017). Sob estas premissas, o sucesso da implementação não depende apenas

da participação, como também da motivação para a corresponsabilidade de gestão de todos os

participantes (GIL; CALADO; BENTZ, 2011). Nessa troca de visões, os diferentes públicos

entendem as motivações por trás das diferentes posturas e criam um ambiente encorajador que

facilita a concordância de ideias e o processo de implantação (BANISTER, 2008;

LINDENAU; BÖHLER-BAEDEKER, 2014; SAGARIS, 2014).

Além disso, incluir a perspectiva dos cidadãos e de outras partes interessadas pode

provocar o surgimento de novas soluções, criativas e inovadoras (BERNTZEN;

JOHANNESSEN, 2016; LINDENAU; BÖHLER-BAEDEKER, 2014). E paralelamente,

ocasiona aos gestores municipais a possibilidade de incorporarem novos conhecimentos e

comentários sobre a suas iniciativas e eventualmente conseguir um melhor resultado graças às

descobertas próprias do consenso (IRVIN; STANSBURY, 2004; LINDENAU; BÖHLER-

BAEDEKER, 2014; MELLOULI; LUNA-REYES; ZHANG, 2014; SAGARIS, 2014;

BERNTZEN; JOHANNESSEN, 2016).

Por outra parte, desatender os princípios participativos significaria não apenas não ser

considerado um "projeto sustentável", como também uma perda de oportunidade de aumentar

a conscientização para os desafios locais (LINDENAU; BÖHLER-BAEDEKER, 2014;

SAGARIS, 2014).

Diante disso, projetos impostos e com falta de transparência no processo de tomada de

decisão acabam aumentando o abismo entre políticos e cidadãos levando a atitudes de

resistência individual e coletiva, em vez de promover a colaboração e corresponsabilidade

com os resultados (GIL; CALADO; BENTZ, 2011; LINDENAU; BÖHLER-BAEDEKER,

2014; SAGARIS, 2014).

Assim, muitos são os argumentos a favor do aumento da participação social e estes se

concentram frequentemente nos benefícios da própria prática participativa (IRVIN et al.,

Page 33: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

33

2004). Entretanto, cada vez são mais confusos e complexos os problemas decorrentes dos

processos de participação, e seus procedimentos não demonstram a eficácia necessária se

comparados com o tamanho dos desafios (SAGARIS, 2014). Além da legitimidade dos

participantes, trata-se de processos demorados e custosos que exigem um período de

adaptação que gere: confiança nos participantes, o conhecimento necessário para debater, e a

percepção de estar participando de uma forma autêntica que crie valor público e não apenas

uma presença passiva e infrutuosa (IRVIN; STANSBURY, 2004; LINDENAU; BÖHLER-

BAEDEKER, 2014).

Para atingir esses níveis de participação autêntica que vão além da mera presença,

Banister (2008) salienta a necessidade de compreender o comportamento e explorar os meios

pelos quais a cooperação e o apoio dos cidadãos acontecem, para que as mudanças reais sejam

efetivas. Nesse sentido, uma proposta sugerida por Castelnovo; Misuraca e Savoldelli (2015a)

para a coprodução de políticas públicas, outorga especial relevância à geração de adesão e

criação de valor público nas estratégias de participação social. Inclusive Banister (2008), em

um estudo anterior, destaca quais são os fatores chave que devem ser levados em

consideração para gerar a pretendida aceitação e aumentar a percepção de criação de valor nos

processos de participação (Quadro 1).

Quadro 1 - Ações que promovem a adesão e geram valor público

Informar

A educação, as campanhas de conscientização e a promoção através da mídia e da pressão social são um ponto de partida essencial. Explicar as necessidades da cidade, enfatizando os

benefícios econômicos, sociais e de saúde positivos para o indivíduo e a sociedade.

Envolver e Comunicar

O processo deve ser inclusivo, com objetivos claros e uma

compreensão das consequências para aqueles em quem a estratégia impactará. Projetado para obter apoio e compreensão, para que as partes interessadas possam comprar as propostas.

Aumentar os níveis de consistência entre expectativas e resultados.

Lançar pacote de medidas

As propostas promovidas pelo governo e pela cidadania precisam

ser combinadas em pacotes de suporte mútuo. As políticas restritivas ou de aumento de custos devem ser acompanhadas de programas bem divulgados para melhorar a disponibilidade e a

atratividade de alternativas.

Vender os benefícios É necessário divulgar amplamente os benefícios, mesmo que haja custos, inconvenientes e sacrifícios.

Adotar medidas controversas por estágios

O apoio precisa ser construído em termos de resultados positivos e melhorias mensuráveis na qualidade de vida. A política é sobre

refletir as preferências prevalecentes e também formar opiniões. Aceitação de responsabilidades e compromisso de mudança através de ações é a chave para o sucesso.

Consistência entre diferentes medidas e setores políticos

Algumas medidas (por exemplo, preços) que são comuns a todos os futuros. Tais medidas precisam ser implementadas imediatamente, mesmo que seus impactos não sejam

instantâneos. Regulamentos, padrões, subsídios e incentivos fiscais devem ser usados para incentivar a adoção de mecanismos mais eficientes. É necessária uma perspectiva mais

holística que integre a tomada de decisões em todos os setores e amplie o discurso público.

Adaptabilidade As decisões hoje não devem restringir desnecessariamente a

margem para futuras decisões, de modo que o comportamento

Page 34: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

34

adaptativo de indivíduos e agências possa ser avaliado. Não há

receita médica ou plano para os procedimentos corretos a seguir. Cada situação requer análise e implementação separada, incluindo flexibilidade para mudar as medidas políticas se as

intenções e os resultados não coincidirem. A avaliação do risco e reversibilidade são componentes sólidos das políticas urbanas sustentáveis. A adaptabilidade não é uma desculpa para a inação

ou a ação fraca. É um argumento para a tomada de decisão clara, liderança, apoiada por análise e monitoramento para verificar a eficácia da ação política.

Fonte: Adaptado de Banister (2008).

Para Banister (2008), esse processo precisa criar confiança e respeito entre os

diferentes atores ao longo do tempo de modo que a comunicação e o envolvimento ativo

sejam os fatores primordiais, mas que por outro lado transmita aos cidadãos que os benefícios

pessoais devem ser colocados no amplo contexto do bem comum. Assim, em vez incentivar

respostas de avaliação automáticas em termos de benefícios individuais, o debate deve

abranger ações que examinem todo o processo em termos de valor público (BANISTER,

2008).

Em contrapartida, é necessário conscientizar aos gestores dos benefícios gerados nos

processos participativos. Um estudo chave para compreender quais as vantagens e

desvantagens desses processos foi realizado por Irvin e Stansbury (2004). Nele se sintetizam

os efeitos que atingem a governos e cidadãos, tanto no processo decisório como nos

resultados do projeto (Quadro 2).

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens da participação social nas decisões governamentais

Page 35: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

35

Fonte: Adaptado de Irvin e Stansbury (2004).

Apesar das desvantagens, os autores destacam que um processo aprofundado de

participação social pode ajudar a transcender a atual política mediática, dando aos cidadãos a

oportunidade de compreender situações tecnicamente difíceis encorajando-os a aportar

soluções desde uma visão comunitária. Além disso, essa experiência sugere que pensar nos

cidadãos como planejadores por direito próprio, e não como meros participantes, abre

caminho para estratégias mais eficazes e inovadoras sobre transportes, nas questões sociais,

ambientais e em outros desafios que as cidades enfrentam hoje (SAGARIS, 2014).

No entanto, para isso acontecer, os cidadãos devem acreditar que seu envolvimento é

consequente e terá um impacto positivo para a comunidade (MELLOULI; LUNA-REYES;

ZHANG, 2014). Dessa forma, a redistribuição do poder permitirá aos cidadãos, atualmente

excluídos dos processos políticos e econômicos, serem incluídos deliberadamente no

delineamento do seu próprio futuro (ARNSTEIN, 1969). E os atores políticos, por sua vez,

acabarão conhecendo as posições específicas dos grupos comunitários, evitando medidas que

poderiam resultar impopulares e politicamente incorretas (IRVIN; STANSBURY, 2004).

Nesse caminho, balizado pela imposição das propostas por um lado, e pela rejeição

popular por outro, os governos acabam adotando algum tipo de estratégia de participação

cidadã (ARNSTEIN, 1969), que por vezes se aproveita dos problemas de representação, com

comitês dominados por participantes com interesses particulares ou corporativos (IRVIN;

STANSBURY, 2004). Uma manobra que reflete a diferença entre um ritual vazio de

participação e o poder real necessário para afetar o resultado do processo (ARNSTEIN, 1969).

Em consequência, a participação social não é uma questão dicotômica. O estudo

seminal de Arnstein (1969) apresenta a primeira tipologia que distingue o grau de participação

Page 36: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

36

dos cidadãos (Figura 4) e que descreve por níveis o envolvimento entre comunidade e

governo no processo formal de planejamento (SSEKATAWA, 2016; SWAPAN 2016).

Figura 4 - Degraus da participação social

Fonte: Adaptado de Arnstein (1969) e Blecic et al. (2013)

Assim, os níveis de participação, organizados de forma progressiva em relação ao

poder dos cidadãos também define qual a estratégia adotada pelas agências de governo

(ARNSTEIN, 1969).

Segundo a autora, os degraus inferiores da escada, “Manipulação” e “Propaganda”,

descrevem os níveis da "não participação" implementados por alguns governos para substituir

a participação genuína. Seu verdadeiro objetivo não é fazer com que as pessoas participem no

planejamento ou na realização de programas, e sim permitir que os detentores de poder

"eduquem" ou "induzam" os participantes.

Os degraus 3 e 4, “Informação” e “Consulta”, avançam para níveis de pseudo

participação que permitem aos que nunca são ouvidos, terem uma voz, ouvir e ser ouvidos.

Mas, nessas condições, eles não têm o poder de garantir que seus pontos de vista serão

atendidos por quem detêm poder. Quando a participação é restrita a esses níveis, não há

seguimento e portanto nenhuma garantia de mudar o “status quo”.

O degrau 5, “Pacificação”, é simplesmente um grau mais elevado de participação

simbólica, porque em definitiva os detentores de poder continuarão a ter o direito a decidir.

Os três últimos degraus da escada refletem os níveis de poder do cidadão com crescente grau

de influência decisória. “Parceria” que permite aos cidadãos negociar e se envolver em

Page 37: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

37

“trade-offs” com quem tradicionalmente detém o poder. E finalmente, “Poder delegado” e

“Controle do cidadão”, estágios nos quais os cidadãos comuns obtêm a maioria dos assentos

de decisão ou o pleno poder gerencial (ARNSTEIN, 1969).

Com posterioridade aos trabalhos de Arnstein (1969), outros autores foram utilizando

e adaptando a escala à realidade do seu tempo e de seu objeto de estudo, incorporando

conceitos e componentes de análise para melhor detectar os degraus de participação. Souza

(2001), por exemplo, descreve em profundidade cada degrau, os adapta à realidade brasileira

e inicia a escada pela “Coerção”, prática muito comum em regimes militares; também

substitui a “Pacificação” pela “Cooptação” à qual define como o convite a líderes e segmentos

ativos a participarem na administração ou em um determinado “canal participativo”.

Por outro lado, Bishop e Davis (2002) abordam a questão dos atores e detalham mais

profundamente os instrumentos e técnicas para cada nível de participação, bem como seus

objetivos e limitações. Os autores também revelam uma posição crítica aos rótulos

definitivos sobre os degraus da participação pois consideram que a sua prática serve a

diferentes interesses e seu julgamento depende sempre da postura do observador.

Mostert (2003) aprofunda na questão dos métodos e dos participantes, mas adverte que

para que os benefícios da participação social sejam efetivamente realizados é necessário um

nível relativamente alto de participação. E acrescenta que a natureza do público e do governo

em cada situação tem um papel determinante, pois os co-poderes de decisão são mais

necessários onde o governo funciona de forma ineficaz ou antidemocrática. Contudo esses

poderes podem ser implementados com mais facilidade se o público estiver bem informado e

interessado nas assuntos em questão. Complementando, Pascoal (2010) sustenta que a

implementação de processos de participação social é um exercício complexo que deve iniciar

pela identificação dos resultados que se pretende alcançar, para depois escolher as estratégias

e ferramentas necessárias para tal fim.

Por sua vez, Hordijk et al. (2015) também abordam a questão dos participantes e suas

motivações; sobre os métodos e as características de cada modo de participação, e também

aborda a importância dos espaços onde acontece e as particularidades das práticas

participativas em diferentes regiões. Nesse sentido, as autoras levantam a questão cultural e

histórica de cada região e concluem que aquilo que pode ser uma pequena conquista numa

localidade pode ser considerado um grande avanço para outra.

Finalmente, Swapan (2016) analisa a questão dos degraus da participação de Arnstein

desde a perspectiva e expectativa dos cidadãos, e conclui ao igual que Hordijk et al. (2015)

que o contexto cultural pré-valente e o contexto político externo ao quadro de planejamento

Page 38: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

38

desempenham um papel importante na influência dos comportamentos dos cidadãos e da sua

propensão a participar. Isso, salienta, talvez seja mais destacado no contexto dos países em

desenvolvimento dado que os modelos encontrados na literatura evoluíram nos países

desenvolvidos mas não refletem efetivamente as realidades dos países em desenvolvimento

(SWAPAN, 2016).

2.3.1 Barreiras e Facilitadores da Participação Social

A participação cidadã é um processo complexo, contestado e acessível de maneira não

igualitária para todos os cidadãos. De forma geral, a cidadania se vê afetada por uma série de

fatores contingentes tanto políticos como socioculturais que envolvem história, religião, etnia,

idioma, cultura e economia, motivos pelos qual alguns grupos de cidadãos acabam ocupando

uma posição marginal nos espaços da cidadania (GHOSE, 2007). Portanto, como já

mencionado, a prática da participação social se debate entre a aplicação de técnicas cada vez

mais depuradas e a descrença que mais teoria e planejamento possam reverter a tendência

tecnocrática dos gestores e o desinteresse ou marginação dos cidadãos.

Na busca por um equilíbrio entre estas duas perspectivas, Souza (2001) aborda a

questão dos fatores de ordem política, cultural, econômica, institucional e técnica que possam

ser limitantes da participação. Assim, considera tais limitações como barreiras para uma

participação efetiva e destaca as seguintes:

a) Imediatismo

b) Quadros técnicos qualificados

c) Lobbies e Grupos de pressão da elite local

d) Descontinuidade entre administrações

e) Falta de orçamento

Ainda, o estudo posterior de Offenbacker (2004), considera que existem três tipos de

barreiras:

a) As Barreiras de Percepção nas quais se enquadram os valores pessoais; valores

sociais; e a cobertura da Mídia;

b) As Barreiras Políticas, que se tornam ainda mais evidentes nos períodos eleitorais

e são as que demandam maiores esforços de diálogo; e

Page 39: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

39

c) As Barreiras Logísticas, aquelas relacionadas aos locais, instrumentos de

convocação, mecanismos de debate e às medidas de planejamento e execução em

geral. Dentre essas barreiras, o autor salienta que a participação do público muitas

vezes é procurada demasiado tarde, quando já não existem possibilidades de

mudança e só cabe aos participantes aderirem ao plano apresentado pelos gestores,

ou quando deliberadamente as reuniões oferecem poucas oportunidades de retorno

genuíno.

Entretanto, a questão das barreiras também pode ser abordada desde a duas

perspectivas preeminentes da participação: Sociedade e Governo. Nesse sentido, Cropley e

Phibbs (2013) simplificam a questão em duas categorias:

a) Barreiras para Sociedade: Por um lado as pessoas que estão "dispostas, mas

incapazes de participar por razões como: Barreiras culturais ou linguísticas;

Distância geográfica; Situação de deficiência ou socioeconômica (por exemplo,

falta de recursos TIC para participar de processos on-line). E por outro lado,

pessoas que são "capazes, mas não estão dispostas" a participar porque: Não estão

interessados em política; Não tem tempo; Não percebem nenhum ganho ou

relevância pessoal; Acreditam que outra pessoa cuidará dos seus interesses; Não

confiam no governo para fazer bom uso de sua contribuição;

b) Barreiras para o Governo: Custos, Planejamento e Implementação.

Baseadas nas experiências da União Europeia, Böhler-Baedeker (2013) também

descrevem uma série de barreiras para a participação e aportam as medidas prévias que devem

adotar-se no desenho de estratégias em processos participativos (Quadro 3).

Quadro 3 - Barreiras para a Participação Social

Page 40: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

40

Fonte: Adaptado de Böhler-Baedeker (2013).

Contudo, a superação de todas essas barreiras podem não ser suficientes para garantir

a participação efetiva, pois existem inúmeros outros fatores que podem influenciar o bom

desempenho do processo de participação. Inclusive, muitas práticas participativas dependem

fortemente das habilidades e do compromisso dos participantes para garantir que o processo e

os resultados sejam efetivos (BAKER; COAFFEE; SHERRIFF, 2007).

Nesse sentido, diversos autores têm apontado em suas pesquisas os fatores

facilitadores dos processos de participação social. Por exemplo, Offenbacker (2004); Baker et

al. (2007) e Cropley et al. (2013) sugerem concentrar os esforços primeiramente em

compreender os interlocutores; suas particularidades locais, seus costumes, modo de vida,

história, estilos de comunicação e as necessidades de conhecimento prévio sobre o assunto a

ser tratado. Somente depois dessa compreensão o planejamento deve considerar as pré-

condições para um maior engajamento, como a escolha de um local “amigável” aos

participantes, um horário adequado às suas rotinas, uma estrutura da apresentação em sintonia

com seus conhecimentos prévios e tempos para opiniões adequados a seus costumes e

necessidades (OFFENBACKER, 2004; SCOTTISH COMMUNITY DEVELOPMENT

CENTRE, 2017).

Ainda, uma forma de transpor a resistência das comunidades locais com os gestores

municipais é buscar parceiros dentro da comunidade que tenham adequados níveis de

aceitação e aproveitar as redes comunitárias locais (BAKER; COAFFEE; SHERRIFF, 2007).

Outra estratégia para incorporar ao diálogo aos grupos mas difíceis de alcançar é terceirizar

com uma equipe experiente os trabalhos prévios de relacionamento e preparação dos

Page 41: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

41

encontros para evitar o desgaste e permitir dessa forma que a equipe técnica se focalize na sua

labor (BAKER; COAFFEE; SHERRIFF, 2007).

2.3.2 Participação Social na Cidade Inteligente

Convencionalmente, a governança do setor público tem se preocupado com a forma de

gerenciar as instituições. No entanto, a governança da cidade inteligente deve, além disso,

promover e coordenar as capacidades de representação dos residentes para eles se

manifestarem de forma mais direta e precisa, em vez de depender das habilidades de seus

representantes para articular seus interesses (ANTTIROIKO; VALKAMA; BAILEY, 2014).

Embora a participação e a cidadania inteligente sejam componentes estruturais da

cidade inteligente, na prática, nem todos os projetos envolvem todos os atores, políticas,

visões, cidadãos e parceiros na sua proposta de cidade (BACCARNE; MECHANT;

SCHUURMAN, 2014). Uma explicação do porquê as cidades inteligentes prometem um

modelo de governança inclusivo com a participação ativa do cidadão, mas entrega um

conjunto de soluções tecnológicas sob a lente tecno-determinista, foi detalhada por Sadoway e

Shekhar (2014) ao confrontar as perspectivas da “Cidade Inteligente” com a da “Cidadania

Inteligente”, como se observa no Quadro 4.

Quadro 4 - Comparativo entre a “Cidade Inteligente” e a “Cidadania Inteligente”

Page 42: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

42

Fonte: Traduzido de SADOWAY et al. (2014)

Assim, os autores discutem a necessidade das “Smart Cities” adotarem sistemas de

inteligência civis mais complexos, não apenas em relação a "melhores soluções tecnológicas",

mas também na pretensão de abordagens democráticas e equitativas capazes de priorizar o

conhecimento e as necessidades cívicas locais (SADOWAY et al., 2014).

Alguns autores entendam que esse processo, no contexto das cidades inteligentes, deva

basear-se no uso de novas tecnologias (sites, aplicativos, redes sociais) (BOLÍVAR

RODRÍGUEZ, 2017). Outros consideram que apesar da tecnologia ser o principal aspecto de

uma cidade inteligente, esta é necessária para a relação com os cidadãos, mas não é suficiente

para criar valor para todos os públicos (DAMERI; ROSENTHAL-SABROUX, 2014b). Por

tal motivo, a formulação de estratégias de participação próprias para os diferentes níveis do

tecido social da cidade, resultam mecanismos chave para o sucesso dos projetos da cidade

inteligente (LINDENAU; BÖHLER-BAEDEKER, 2014; MEIJER; GIL-GARCIA;

BOLÍVAR RODRÍGUEZ, 2016).

Consequentemente, um dos principais desafios dos projetos de cidades inteligentes é

transcender o discurso tecnológico-determinista para envolver ativamente a todos aqueles que

possam trazer contribuições substanciais para o desenvolvimento de um ambiente urbano

mais acessível, com serviços apoiados em aplicações e informações, interativo e participativo,

através de diferentes processos dentro da chamada governança inteligente (BACCARNE;

MECHANT; SCHUURMAN, 2014)

Nessa perspectiva de “novo modelo de governança participativa” as funções de

direção e coordenação atuam de forma “não hierárquica” em um ambiente onde as partes

interessadas (multi-setoriais) visam valorizar os interesses coletivos por cima dos individuais

propiciando diferentes modelos relacionais (BÖHLER-BAEDEKER; LINDENAU, 2013).

Nesse ambiente de correspondência (real ou virtual) entre os agentes, o uso inteligente das

TICs poderia ser introduzido como um elemento mais do modelo relacional, e como um

motor que muda o ambiente social, podendo atingir uma gama mais ampla de atores,

especialmente aqueles com menor capacidade de articular suas exigências (BÖHLER-

BAEDEKER; LINDENAU, 2013; ANTTIROIKO; VALKAMA; BAILEY, 2014;

BACCARNE; MECHANT; SCHUURMAN, 2014).

Page 43: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

43

Assim, os governos locais além de aproveitarem melhor as modernas infraestruturas

das TIC’s e os benefícios da administração eletrônica, também podem produzir resultados

mais elevados em relação ao valor público, objetivo para o qual devem assumir seu papel de

promotores desses novos modelos de governança (BOLÍVAR RODRÍGUEZ, 2016).

Nessa relação entre tecnologia e governança, Anttiroiko; Valkama e Bailey (2014)

propõem a integração entre as plataformas tecnológicas e o sistema sócio-ecológico em

estágios progressivos que possam dar sustentabilidade às propostas da Cidade Inteligente

(Figura 5).

Figura 5 - Escala evolutiva da Cidade Inteligente

Fonte: Adaptado de Anttiroiko; Valkama e Bailey (2014).

Dessa forma, segundo os autores, uma implementação de caráter informático

comunicacional, pode integrar-se com outros sistemas sócio-tecnológicos e alcançar um grau

de coesão em busca da sustentabilidade (ANTTIROIKO; VALKAMA; BAILEY, 2014).

Esse entendimento pode ser usado para abrir espaço para inovações socialmente

criativas, ajudando a incentivar o surgimento de líderes comunitários, criar confiança,

negociar resultados de serviços e promover a sua realização por meio de acordos

colaborativos, de modo que as parcerias entre autoridades e partes interessadas da cidade

sejam integrativas da sociedade (ANTTIROIKO; VALKAMA; BAILEY, 2014;

BACCARNE; MECHANT; SCHUURMAN, 2014).

Page 44: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

44

2.4 Resumo da Revisão da Literatura

A revisão da literatura primeiramente abordou a evolução conceitual e atual estágio

das cidades inteligentes, sua relação com a participação, sua modelagem e dimensões. A partir

dessa aproximação, focou-se no domínio da Mobilidade Urbana e no modelo brasileiro de

Planos de Mobilidade Urbana. Finalmente revisou a questão teórica da Participação Social,

conceituação, a relação com as propostas Mobilidade Urbana e as possíveis estratégias para

se garantir uma participação efetiva .

No decorrer da discussão teórica foi constatada a condição ainda difusa da teoria sobre

cidades inteligentes, a influência corporativa na propagação do conceito e a abrangência de

dispositivos tecnológicos que transformam à cidade inteligente em um sistema de sistemas.

Ficou evidente também a multidisciplinaridade da cidade inteligente e a existência de duas

principais correntes de pesquisa, uma com foco nas soluções tecnológicas para resolver os

problemas das cidades, e outra vinculada com a sustentabilidade.

Nesse sentido, este estudo defende a postura já descrita por Lyons (2016) na qual tudo

o que é inteligente é ao mesmo tempo sustentável em seu sentido mais amplo.

Também verificou-se a importância da Mobilidade Urbana como componente da

Cidade Inteligente e de que forma a resolução dos problemas de mobilidade impacta em

outros aspectos da qualidade de vida das cidades, motivo pelo qual recebe tanta atenção por

parte da administração municipal.

Ainda, a discussão permitiu compreender a importância da participação na governança

das cidades inteligentes, as vantagens e desvantagens em torno da participação social, os

desafios que isso ocasiona, e os diversos graus de interação que vão desde a manipulação

governamental ao controle total do cidadão.

Na busca por um instrumento que sintetize o roteiro teórico acima, apresenta-se o

seguinte quadro referencial (Figura 6).

Page 45: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

45

Figura 6 - Resumo Teórico Referencial

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Desse quadro referencial surge a evidência da inter-relação entre os diferentes

domínios da Cidade Inteligente. Em efeito, o objeto de estudo, a unidade de análise e o

problema proposto surgem dos próprios domínios e fatores da Cidade Inteligente,

confirmando as observações dos autores que a consideram um “sistema de sistemas”, como

foi apontado na revisão da literatura.

Page 46: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

46

3 MÉTODO DE PESQUISA

Para atingir os objetivos propostos neste trabalho, foi adotada uma abordagem

qualitativa. A pesquisa qualitativa nas ciências sociais se focaliza na compreensão do mundo

das pessoas, interpretando suas experiências e dando sentido ao mundo subjetivo no qual elas

vivem (GUPTA; AWASTHY, 2015). Complementando tal subjetividade, Denzin e Lincoln

(2011), apontam que o campo da pesquisa qualitativa é definido por uma série de tensões e

contradições dos fenômenos sociais que se encontram em constante mudança.

Com foco no processo, Creswell (2014) salienta que a pesquisa qualitativa começa

com pressupostos e o uso de estruturas interpretativas/teóricas que dão forma ao estudo do

problema da pesquisa. Dessa forma, os pesquisadores realizam uma coleta de dados num

ambiente sensível às pessoas e aos lugares, para fazer uma análise tanto indutiva quanto

dedutiva e estabelecer padrões ou temas. As conclusões incluem as vozes dos participantes, a

reflexão do pesquisador, uma descrição complexa, a interpretação do problema e a sua

contribuição para a literatura ou um chamado à mudança (CRESWELL, 2014).

Ainda, em relação aos procedimentos técnicos, esta pesquisa adota a estratégia de

estudo de caso. Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se

colocam questões do tipo "como" e "por que", quando o pesquisador tem pouco controle

sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em

algum contexto da vida real (YIN, 2010). Trata-se de uma estratégia de pesquisa que se

concentra na compreensão de um fenômeno dinâmico e específico com características únicas

(EISENHARDT, 1989).

Em relação ao primeiro objetivo específico, a pesquisa propõe resgatar da revisão

teórica os conceitos da Participação Social analisados sob a lente de Escala de Arnstein e suas

respectivas adaptações feitas por diversos autores, para construir uma Matriz Analítica que

permita numa etapa posterior analisar os dados coletados do caso estudado.

Para ilustrar o processo acima descrito apresenta-se um roteiro de pesquisa graficado

na Figura 7.

Page 47: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

47

Figura 7 - Roteiro da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Destaca-se da figura acima a função transversal dos dados secundários que neste caso

foram estruturantes. Os mesmos foram elencados com base na Matriz Analítica, deram

embasamento às entrevistas, inclusive nas reperguntas, e junto com as observações diretas e a

analise de conteúdo das entrevistas, deram fundamentação à triangulação de dados

3.1 Unidade de Análise

3.1.1 Contexto da Pesquisa

Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID, 2016), América Latina é

umas das regiões que apresenta maiores índices de urbanização no mundo, com mais de 80%

da sua população residindo em cidades (MARCZAK et al., 2016). O Brasil com 207,7

milhões de habitantes é um dos países que se enquadra nessas características. Segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) até 2010 os índices de urbanização no

país atingiram 84,36%, com registros em constante crescimento desde 1940. Todavia,

segundo o mesmo órgão público, a região Sul do país apresenta índices ainda superiores,

alcançando 84,93% de urbanização (IBGE, 2010).

Page 48: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

48

Por outra parte, a crescente motorização privada no espaço urbano das cidades latino-

americanas se agrava cada vez mais, estagnando o desenvolvimento urbano e afetando a

qualidade de vida e a capacidade da infraestrutura viária, além de ir no caminho contrário das

propostas da “mobilidade urbana sustentável” (ÁLVAREZ, 2016). No Brasil, as políticas de

estímulo ao uso de transporte individual associadas com medidas de encarecimento do

transporte público coletivo resultaram no agravamento dos problemas de mobilidade nos

grandes centros, com aumento dos congestionamentos, poluição e acidentes de trânsito

(CARVALHO et al., 2011). Isso resulta particularmente grave nas principais cidades do Sul

do Brasil com registros que chegam a um veículo a cada 1,4 habitantes, índice muito superior

à média do país, de um veículo a cada 4,5 habitantes (SINDIPEÇAS, 2017) .

Perante essa realidade, a Agenda 2030 para America Latina e os governos dos países

assinantes, criaram mecanismos para atingir as metas estabelecidas sobre Cidades

Sustentáveis para que até 2030 proporcionem acesso a sistemas de transporte seguros,

acessíveis e sustentáveis para todos, melhorando a segurança rodoviária, especialmente

através da ampliação do transporte público (ONU-CEPAL, 2017).

Com esse objetivo, o governo brasileiro implementou a Política Nacional de

Mobilidade Urbana através da Lei 12.587/2012 que determinou aos municípios elaborarem

seus Planos Municipais de Mobilidade Urbana – PlanMob até abril de 2015. Essa lei trouxe

consigo a constatação do fim de um modelo que demonstrou ser insuficiente para tratar das

necessidades de deslocamento, que se apresentam cada vez mais complexas e impactam no

planejamento urbano (ITDP, 2016).

O PlanMob pretende ser um instrumento efetivo na construção de cidades mais

eficientes, com maior qualidade de vida, ambientalmente sustentáveis, socialmente inclusivas

e democraticamente geridas (ITDP, 2016). Nesse sentido, para garantir cidades mais humanas

e mais adequadas às necessidades da população, o PlanMob prevê mecanismos para que as

pessoas possam participar de forma efetiva do processo de elaboração, planejamento e

monitoramento da implementação.

Inclusive, a Política Nacional de Mobilidade Urbana determina que a participação da

sociedade possa efetivar-se por meio de:

a) Audiências públicas e debates;

b) Divulgação das informações, análises e documentos;

c) Discussões públicas;

d) Oficinas públicas para recebimento de propostas e sugestões;

Page 49: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

49

e) Avaliação temática da primeira versão do plano elaborado;

f) Criação de ouvidorias em entidades e órgãos responsáveis pela elaboração do

plano;

g) Criação de metodologia de sistematização para análise das propostas e sugestões

recebidas;

h) Participação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados de

Mobilidade Urbana e Transportes;

i) Iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de

desenvolvimento urbano.

Apesar destas ferramentas de participação, obrigatórias da gestão democrática, sempre

é possível ir além, promovendo espaços e canais de interação com a sociedade (ITDP, 2016).

Assim nesse contexto singular foi escolhida as cidade de Joinville no Estado de Santa

Catarina, no sul do Brasil.

3.1.2 Cidade de Joinville - Justificativa da escolha

A Seleção do Caso realizada neste estudo responde a uma tipologia mista que combina

critérios e intensidade. A tipologia mista é aquela que atende a múltiplas necessidades da

pesquisa (CRESWELL, 2014). A escolha do Plano de Mobilidade da Cidade de Joinville no

Estado de Santa Catarina é resultado de quatro critérios prévios de seleção: a) Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH); b) Hierarquia Urbana; c) Política de Mobilidade Urbana; d)

Política de Cidade Inteligente:

a) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso

a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda,

educação e saúde. O critério de seleção para este quesito foi um índice entre 0,800 e

1,000 considerado o mais alto da escala. Joinville com índice de 0,809 ocupa o

21°lugar no Ranking IDHM de Municípios Brasileiros (UNDP, 2010).

b) Hierarquia Urbana. Neste estudo foi dada prioridade de escolha para municípios

com população acima de 500.000 habitantes, considerados Núcleos de Região

Metropolitana. As regiões metropolitanas e aglomerações urbanas são constituídas

por agrupamentos de municípios limítrofes e são instituídas por lei complementar

estadual, de acordo com a determinação da Constituição Federal de 1988, que visa

Page 50: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

50

integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de

interesse comum. Existem 73 Regiões Metropolitanas no Brasil, sendo Santa

Catarina com nove metrópoles o segundo estado com maior número, segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2017). Nesse quesito, a

cidade Joinville com 577.077 habitantes é núcleo da Região Metropolitana do

Norte/Nordeste Catarinense com uma população estimada de 1.363.854 habitantes

(IBGE, 2016) (Figuras 8 e 9).

Figura 8 - Mapa de Santa Catarina: Localização da Cidade de Joinville

Fonte: Wikipedia (2017)

Figura 9 - Mapa da Região Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense

Fonte: Observatório das Metrópoles – IPPUR/UFRJ – FASE (2000)

Page 51: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

51

c) Política de Mobilidade Urbana: A escolha neste quesito segue a recomendação de

Dubé e Paré (2003) que sugere estudos de caso mais longitudinais, com algum grau de

desenvolvimento, que permitam maior diversidade de coleta de dados e portanto maior

rigor científico. Assim, a amostragem se circunscreve a municípios que possuem

Planos de Mobilidade Urbana em fase de execução, conforme o disposto pela Lei nº

12.587/2012, conhecida como “Lei da Mobilidade Urbana” (BRASIL, 2012). Nesse

sentido, Joinville foi um dos primeiros municípios a aprovar seu Plano de Mobilidade

em 27 de março de 2015, o que pressupõe um estágio mais avançado de execução.

d) Política de Cidade Inteligente: Esta categoria de seleção representa os municípios

cuja administração municipal conta com algum tipo de estrutura governamental

destinada a projetos da Cidade Inteligente. Nesse sentido, Joinville tem o programa

denominado JOIN.VALLE que objetiva melhorar a qualidade de vida das pessoas e

está direcionado à co-criação da cidade do futuro, tornando a cidade mais criativa,

inteligente e humana (JOINVILLE, 2016c). Também foram pré-selecionadas as

cidades que formam parte do único Ranking Brasileiro de Cidades Inteligentes

elaborado pela empresa de consultoria Urban Systems, no qual Joinville ocupa o 35º

lugar (URBAN SYSTEMS, 2016).

Além destes quatro critérios destaca-se na escolha, que a cidade de Joinville tenha

recebido o prêmio internacional CIVITAS AWARD pelo modelo de participação social

aplicado no seu Plano de Mobilidade Urbana. Tal premiação foi concedida pela CIVITAS

INITIATIVE, uma rede de cidades criada pela Comissão Europeia que objetiva disseminar

conhecimento e boas práticas sobre transportes urbanos (CIVITAS INITIATIVE, 2017).

Todavia, Joinville é considerada a “Cidade das Bicicletas” (Figura 10), um rótulo que ficou

evidente no relato do “ONG 1”:

[...] são entorno de 18 grupos [de ciclistas]. São pessoas que se reúnem com regularidade com grupos de 50 ou 60 pessoas que pedalam por esporte ou por

lazer.

[também] Tem por exemplo a Tupi [indústria da cidade] na região leste, que

na década de 70 tinha milhares de ciclistas saindo de lá, e ainda hoje, deve

chegar na ordem de mil ciclistas nos três turnos (“ONG 1”).

Também, uma pesquisa Origem-Destino realizada pela Prefeitura Municipal, apontou

que o índice de deslocamentos por bicicleta no perímetro urbano era de 11%, quando a média

para cidades com mais de 500.000 habitantes é de apenas 3% (JOINVILLE, 2016d).

Page 52: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

52

Figura 10 - Joinville "Cidade das Bicicletas"

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Finalmente, outras duas questões consideradas na escolha do caso foram: a

disponibilidade de informações e a constatação que o governo em exercício é o mesmo que

elaborou o Plano de Mobilidade. Dessa forma, a reeleição governamental permitiria contatar

com maior facilidade funcionários e atores que participaram nas diversas etapas do Plano.

Em síntese, tais critérios e particularidades somados à riqueza de informações

determinaram a escolha do caso.

3.2 Formação do Instrumento de Análise

Uma vez constatada que a “Participação Social” não se trata de uma questão

dicotômica e sim de uma escala progressiva, surge a discussão de quais os componentes que

dão sustentação a tal escala. Os trabalhos já realizados por outros pesquisadores como:

Arnstein (1969); Souza (2001); Bishop e Davis (2002); Mostert (2003); Pascoal (2010);

Blecic et al. (2013); Hordijk et al. (2015); Swapan (2016) cujos aportes teóricos foram

tratados na revisão teórica, são os que dão sustentação à elaboração de cada componente deste

instrumento de análise nomeado “Matriz Analítica” (Quadro 5).

Page 53: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

53

Quadro 5 - Componentes da Matriz Analítica

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Fundamentados nos aportes destes autores, apresentamos no Quadro 5 a proposta de

Matriz Analítica que inclui todos os componentes discutidos, com as peculiaridades que

permitirão identificar o nível de participação praticado no caso estudado.

Contudo, esta matriz, observando as particularidades de cada cenário, poderá

contribuir com outras pesquisas que pretendam identificar e discutir os níveis de participação

e suas variações ao longo dos processos de planejamento, implantação e monitoramento de

projetos de políticas públicas, não apenas as de Mobilidade Urbana.

Quadro 6 - Matriz Analítica da Participação Social

Page 54: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

54

Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Arnstein (1969); Souza (2001); Bishop e Davis (2002); Mostert (2003);

Pascoal (2010); Blecic et al. (2013); Hordijk et al.; (2015) e Swapan (2016)

Dessa forma se oportuniza uma codificação e caracterização que permitirá analisar

dados vindos de diferentes fontes. Nesse processo se desenvolve uma estrutura de dados que

Page 55: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

55

resulta no passo prévio para uma compreensão completa da pesquisa em questão (FLICK;

BLANCO, 2014).

Com base nessa Matriz Analítica, os instrumentos de coleta de dados deste caso foram

desenhados para detectar com a maior precisão possível, os atores, locais, número de

encontros, metodologia, caráter, objetivos e efeitos que possibilitaram identificar o grau e tipo

de participação em cada etapa do Plano de Mobilidade, conforme proposto para o segundo

objetivo específico deste estudo.

3.3 Técnica e Instrumentos de Coleta de Dados

Segundo Yin (2010) os estudos de caso não precisam ficar limitados a uma única fonte

de evidências, em verdade, a maioria dos melhores estudos baseia-se em uma ampla variedade

de fontes. Para Triviños (1987), a variedade de fontes tem por objetivo básico abranger a

máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo. A vantagem

mais importante é o desenvolvimento de linhas convergentes de investigação sob um processo

que tornará a pesquisa mais convincente e acurada, obedecendo a um estilo corroborativo

(YIN, 2010).

Nesse sentido, este estudo recorre a diversas fontes de dados valendo-se de entrevistas

com um roteiro semiestruturado de perguntas, documentos disponibilizados pelos

entrevistados, documentos públicos de arquivo físico e disponíveis na rede mundial de

computadores, matérias jornalísticas e observação direta.

3.3.1 Fonte de Dados Primários - Entrevista

Segundo Triviños (1987), a entrevista com questionários semi-estruturados é um dos

principais meios de coleta de dados para alguns tipos de pesquisa qualitativa. Para Gil (2009),

a entrevista semi-estruturada é guiada pela relação de pontos de interesse que o entrevistador

vai explorando ao longo do curso, guiado por algum tipo de roteiro, que pode ser memorizado

ou registrado em folhas próprias.

Dessa maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e

de suas experiências, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa

(TRIVIÑOS, 1987). Confirmando, Yin (2010), sustenta que: a coleta de dados, embora siga

um plano formal, encontra no seu decurso informações específicas que podem se tornar

relevantes ao estudo de caso e que não eram previsíveis no momento da elaboração. O autor

Page 56: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

56

ainda adverte que pouquíssimos estudos de caso terminam exatamente como foram

planejados, e que inevitavelmente, as pequenas, quando não grandes alterações, são

frequentes de acontecer (YIN, 2010).

Devido a essa complexidade, a estratégia para a realização de entrevistas em

levantamentos de dados deve considerar duas etapas fundamentais: a especificação dos dados

que se pretendem obter e a escolha e formulação das perguntas (GIL, 2009). Nesse sentido,

Triviños (1987) resalta que tais perguntas são resultados não só da teoria que alimenta a ação

do investigador, mas também de toda a informação que ele já recolheu sobre o fenômeno

social que interessa, não sendo menos importantes seus contatos, inclusive os realizados na

escolha das pessoas que serão entrevistadas.

Com base nestas recomendações e para melhor atingir os objetivos da pesquisa, o

desenho do questionário teve uma leitura teórica e uma leitura documental. Assim, a

formulação das perguntas foi estruturada em conformidade com a Matriz Analítica com um

roteiro submetido ao processo de validação, que consta no apêndice deste estudo.

Os questionários constaram de 20 perguntas fundamentadas em dados e informações

previamente recolhidos na coleta de dados secundários. Assim, a estratégia de aplicar

entrevistas baseadas em leituras documentais prévias e vídeos de entrevistas e de sessões

deliberativas oficiais, permitiu respostas mais precisas eliminando possíveis falácias ou falsas

lembranças. Contudo, corroborar por meio das entrevistas fatos previamente estabelecidos

requer uma cuidadosa elaboração para que o entrevistador pareça genuinamente ingênuo

sobre o tópico de maneira que o entrevistado faça comentários inéditos (YIN, 2010).

Todas as entrevistas aconteceram no período de 27 de novembro de 2017 a 01 de

dezembro de 2017, foram realizadas em encontros presenciais e agendadas previamente com

os entrevistados. Os perguntas das entrevistas foram adaptadas a cada tipo de participante em

função da sua atuação no Plano de Mobilidade. A riqueza de detalhes e o aporte de novas

informações relevantes para a pesquisa motivou que algumas entrevistas tivessem maior

duração à pré-estabelecida de 45 minutos.

Inclusive, buscou-se que os novos dados aportados pelos entrevistados fossem

qualificando o questionário e pudessem ser confirmados ou contestados nas entrevistas

subseguintes. Destaca-se que quanto mais um entrevistado auxilia dessa maneira, mais pode

ser considerado como “informante”, não apenas como respondente e seus aportes podem

conduzir a fontes corroborantes ou opostas das evidências (YIN, 2010)

3.3.1.1 Seleção dos Entrevistados

Page 57: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

57

Para o presente estudo foram selecionados entrevistados que estiveram envolvidos de

forma ativa no processo de modelagem e/ou implantação do Plano de Mobilidade Urbana de

Joinville, conforme o Quadro 7.

Quadro 7 - Critérios de seleção dos entrevistados

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Dessa forma buscou-se obter diferentes visões sobre o mesmo problema de pesquisa.

Ao todo, foram onze entrevistados que apresentaram os seguintes perfis (Quadro 8).

Quadro 8 - Perfil dos Entrevistados

Page 58: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

58

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Para manter o anonimato dos entrevistados, seus nomes foram substituídos por

números e seus cargos por denominações genéricas. A busca por novos entrevistados cessou

quando as suas respostas, mesmo sendo de diferentes representatividades, apresentaram

saturação.

3.3.1.2 Transcrições

Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas de forma literal, com fala coloquial.

Segundo Gibbs (2009) em alguns casos é necessária uma transcrição ainda mais detalhada,

pois a fala natural não apenas é não-gramatical, mas também está repleta de outros

fenômenos. As pessoas hesitam, enfatizam palavras e sílabas, sobrepõem sua fala às de outras

e levantam e abaixam o volume e o tom para dar sentido ao que estão dizendo (GIBBS, 2009).

Ao haver aplicado um questionário fundamentado na leitura de dados secundários, os

entrevistados perceberam que as respostas deviam trazer novos e mais profundos

esclarecimentos. Inclusive em alguns casos, perante o conhecimento prévio demonstrado pelo

entrevistador, os respondentes deparavam-se com a impossibilidade de dar respostas

burocráticas. Isto gerou argumentações carregadas de novas informações, e também uma série

de hesitações, incertezas, contradições, correções e mudanças de tom que podem denotar

desconhecimento ou ocultamento de dados.

3.3.1.3 Observação direta

Segundo Yin (2010), ao se realizar uma visita de campo ao local escolhido para o

estudo de caso, cria-se a oportunidade de fazer observações diretas. Para o autor, as provas

observacionais são, em geral, úteis para fornecer informações adicionais sobre o tópico que

Page 59: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

59

está sendo estudado, trazendo uma nova dimensão na hora de compreender tanto o contexto

quanto o fenômeno que está sob estudo (YIN, 2010).

Neste caso realizou-se previamente um roteiro de visitas a distintos pontos de interesse

nos quais houve registros fotográficos e anotações de campo. Nessa atividade, foram

considerados órgãos públicos, locais com obras do Plano de Mobilidade, Terminais de Ônibus

Urbanos, corredores exclusivos de ônibus, ciclovias, e locais onde aconteceram as consultas e

audiências públicas.

3.3.2 Fonte de Dados Secundários

3.3.2.1 Documentos

A pesquisa documental apresenta uma série de vantagens. Primeiramente porque

constitui uma fonte rica e estável de dados e por outra parte não exige contato com os sujeitos

da pesquisa, que em muitos casos pode ser difícil ou até impossível de acontecer. Inclusive a

informação proporcionada pelos sujeitos pode se ver prejudicada pelas circunstâncias que

envolvem o contato (GIL, 2009). Levando em conta tal consideração, a leitura prévia de

dados secundários permitiu o embasamento dos questionários aplicados nas entrevistas.

Neste estudo, esses dados vieram de documentos oficiais, como leis, decretos,

resoluções, mapas, estudos prévios, estudos de viabilidade, estudos estatísticos, relatórios,

material de comunicação massiva, matérias jornalísticas, vídeos de entrevistas, vídeos de

depoimentos em ambientes públicos e institucionais, sítios web, blogs e redes sociais. A busca

foi realizada na rede mundial de computadores, nos arquivos físicos de órgãos públicos e no

Arquivo Histórico Municipal de Joinville.

A variável de busca nos documentos foi a detecção de indícios explícitos ou implícitos

do objeto de análise: Plano de Mobilidade Urbana em cada uma das suas etapas e sua relação

com a Participação Social.

3.4 Análise e Triangulação dos Dados

Para a análise de dados, primeiramente foi elaborado um histórico das atividades que

propiciaram a participação social. Posteriormente foram analisadas cada uma das atividades

do processo de participação social levando em consideração os componentes codificados na

matriz analítica. Segundo Bardin (1977) essa codificação corresponde a uma transformação

Page 60: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

60

dos dados brutos que, por recorte ou agregação, permite atingir uma representação de

conteúdo suscetível de esclarecer as características dos textos.

Seguidamente esse conjunto de dados se organiza em redor de um processo de

categorização que consiste em classificar os elementos resultantes por diferenciação e

reagrupamento, com critérios previamente definidos (BARDIN, 1977).

Dessa forma, foram extraídos os dados secundários pertinentes a cada componente de

cada atividade e posteriormente, através da análise de conteúdo, confrontados com passagens

dos relatos obtidos nas entrevistas. A análise de conteúdo é um procedimento clássico para

analisar textos de qualquer origem. O método objetiva classificar declarações, sentenças ou

palavras através de categorias derivadas de modelos teóricos previamente estudados (FLICK,

2013)

Nesse sentido realizou-se uma análise transversal, recortando trechos das entrevistas

relativos a cada tema-objeto, independente do momento em que a menção tenha tido lugar

(BARDIN, 1977). A extração dos trechos das entrevistas objetivou aqueles fragmentos que

deram resposta às questões da matriz analítica e às do terceiro objetivo específico sobre

barreiras para a participação.

A estruturação de todos os dados foi realizada através de uma planilha Excel. Ainda

seguindo as recomendações de Yin (2010), todas as fontes de evidências foram revisadas e

analisadas em conjunto, de forma que as descobertas do estudo de caso basearam-se na

convergência de informações oriundas de fontes diferentes.

Page 61: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

61

4 ANÁLISE PRELIMINAR DOS DADOS

Neste capítulo serão apresentados os dados coletados, buscando a triangulação dos

mesmos, para cada etapa do Plano de Mobilidade da Cidade de Joinville.

4.1 O Plano de Mobilidade de Joinville

O Plano de Mobilidade Sustentável de Joinville (PlanMOB) é o instrumento de

planejamento da mobilidade dos cidadãos e cargas em geral. Vem complementar o Plano

Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Lei Municipal n° 261 de 28 de

fevereiro de 2008) e é resultado da Política Nacional de Mobilidade (Lei Federal nº

12.587/12) considerada um instrumento de desenvolvimento urbano da Constituição Federal

(Figura 11).

Figura 11 - Diagrama legal do Plano de Mobilidade Sustentável de Joinville

Fonte: Adaptado de Joinville (2016c. p.19).

Sendo que não é possível pensar em mobilidade sustentável sem a integração

transversal aos elementos de planejamento da cidade, o PlanMOB foi elaborado visando

atender às diretrizes estratégicas do seu Plano Diretor: Promoção Econômica e Social;

Qualificação do Ambiente Natural e Construído; Integração Regional; Estruturação e

Ordenamento Territorial; Mobilidade e Acessibilidade; e Gestão do Planejamento

Participativo (JOINVILLE, 2016a).

Page 62: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

62

O documento consta de um volume principal aprovado por decreto municipal em 27

de março de 2015. Posteriormente foram elaborados: o Plano Diretor de Transportes Ativos -

PDTA aprovado por decreto municipal em 08 de março de 2016 e o Plano Diretor de

Transporte Coletivo – PDTC que sofreu interrupção no seu processo de elaboração mesmo

havendo alcançado uma fase avançada de evolução.

Atendendo às recomendações do Ministério das Cidades contidas no Caderno de

Referência para a elaboração de Planos de Mobilidade (BRASIL, 2007), a equipe técnica do

comitê executivo definiu a proposta metodológica estabelecendo ações, etapas e um

cronograma de atividades.

Conforme o PlanMob (JOINVILLE, 2016a) a estrutura de elaboração do Plano (Figura

12) contou, desde o início, com uma fase de leitura comunitária e outra de leitura técnica,

dando a entender (pelo menos graficamente) que a visão da comunidade e a visão técnica

possuem igual peso, e que o Plano de Ações é resultado da compatibilização dessas duas

leituras.

Figura 12 - Estrutura de Elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Joinville

Fonte: Máximo; Stolf; Hagemann (2015. p.2786)

A Política Nacional de Mobilidade garante aos usuários o direito de participar do

planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana e

determina a implantação de mecanismos de monitoramento e avaliação permanentes nas

etapas de planejamento, execução e acompanhamento dos objetivos estabelecidos.

Sob essa premissas, este estudo sobre o Plano de Mobilidade Urbana – PlanMob de

Joinville envolve especificamente o processo de participação social o qual será analisado nas

Page 63: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

63

três instâncias que estabelece a lei: a) Elaboração do Plano; b) Execução do Plano; c)

Monitoramento e Avaliação.

4.1.1 Elaboração do PlanMob - Processo de Participação

Para melhor compreender o processo evolutivo na elaboração do PlanMob, apresenta-

se o seguinte gráfico (Figura 13):

Figura 13 - Evolução Cronológica do PlanMob

Fonte: Elaborado do autor, baseado em dados da pesquisa.

Neste é possível distinguir as ações e metodologias de gestão participativa executadas

ao longo do processo de elaboração do Plano, sendo: a) Apresentações ao Conselho da

Cidade; b) Pesquisas de Opinião; c) Consultas Públicas; d) Grupos temáticos; e) Audiência

Pública de Validação.

Os gestores do Plano definiram preliminarmente a proposta metodológica que foi

apresentada em 12 de março de 2014 ao Conselho da Cidade, iniciado assim o processo de

gestão democrática e participação popular (JOINVILLE, 2016a), inclusive os entrevistados 4

e 5 afirmaram que o Conselho da Cidade acompanhou todo o processo de elaboração do

Plano. Contudo, após aquela apresentação, as Atas do Conselho da Cidade só retomam a

pauta do Plano de Mobilidade no mês de dezembro de 2014 (última reunião do ano) quando o

Plano se encontrava na sua fase final de elaboração.

Destaca-se que no período de elaboração do Plano de Mobilidade coube ao Poder

Público Municipal presidir o Conselho da Cidade. Na ocasião, a presidência recaiu na pessoa

do Presidente do Instituto de Planejamento Urbano – IPPUJ (Autarquia do Governo

Municipal) quem por sua vez foi o coordenador do processo de elaboração do Plano de

Mobilidade - PlanMOB.

4.1.2 Atuação do Conselho da Cidade

Page 64: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

64

O Conselho da Cidade constitui-se em um dos principais instrumentos de gestão do

planejamento participativo previstos no Art. 81 da Lei Complementar nº 261/08, que instituiu

o Plano Diretor de Joinville, em conformidade com o Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.

257/2001. O tempo de mandato dos conselheiros (titulares e suplentes) é de três anos com

possibilidade de reeleição para mais um mandato (JOINVILLE, 2016b). Os membros que

representam à Sociedade Civil Organizada são eleitos em Conferência Municipal, ao passo

que os representantes do Poder Público são indicados pelo Prefeito (JOINVILLE, 2016b).

A Plenária é composta por 52 conselheiros titulares (Figura 14) que compõem quatro

Câmaras Comunitárias Setoriais:

1) Câmara de Ordenamento Territorial e Integração Regional;

2) Câmara de Promoção Econômica e Social;

3) Câmara de Qualificação do Ambiente Natural e Construído;

4) Câmara de Mobilidade Urbana (JOINVILLE, 2016b).

As Câmaras Comunitárias Setoriais se reúnem a pedido da Plenária quando é

necessária uma análise mais aprofundada de algum assunto (JOINVILLE, 2016b).

Figura 14 - Composição do Conselho da Cidade e da Câmara de Mobilidade

Fonte: Joinville (2016b)

A composição do Conselho apresenta um domínio relativo por parte do Poder Público

com importante participação dos Movimentos Populares. Contudo, as vagas preenchidas em

suplência, nove do Poder Executivo contra apenas dois dos Movimentos Populares dão ao

poder público maior capacidade de reposição nas sessões plenárias. Ainda, decorre das

entrevistas e da pesquisa documental algumas anomalias de representação:

Page 65: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

65

a) entre as entidades acadêmicas: uma escola de ensino médio como verificado no site

do colégio (COLÉGIO DOS SANTOS ANJOS, 2018);

b) entre os representantes dos sindicatos: um empresário imobiliário, fato confirmado

pelo “Governo 3”;

c) entre as organizações não governamentais: uma entidade empresarial, fato

confirmado pelo “Cidadão 2” e verificado no próprio site da Associação de

Joinville e Região de Pequenas, Micro e Médias Empresas. (AJORPEME, 2018).

Ainda, a composição da Câmara de Mobilidade Urbana (Figura 14, acima) amplia a

representatividade do Poder Público Municipal, das Entidades Empresariais e das Entidades

Profissionais, em detrimento da representatividade dos movimentos populares e das entidades

acadêmicas e sindicais. Salienta-se a influência que exerce esta Câmara em relação ao

plenário no relato do entrevistado “Governo 3”:

Essa Câmara (de mobilidade urbana) fez o seu parecer sobre os documentos,

ela recomendou a aprovação. Mas a aprovação final é feita pelo plenário. O debate e os questionamentos maiores é feito dentro da Câmara e uma

validação é pelo Conselho (“Governo 3”).

Contudo, o grau de envolvimento do Conselho da Cidade com o PlanMOB ficou

registrado na Ata N°49 de 03 de dezembro de 2014. Nessa ata consta que:

(...) o Presidente Interino passou a palavra aos técnicos do IPPUJ, que

fizeram uma apresentação sobre o estágio atual do Plano de Mobilidade do

Município, PlanMob. Após a apresentação, os conselheiros teceram

comentários e fizeram algumas sugestões sobre o tema. Ato contínuo, o

Presidente Interino, abordou o tema recesso do Conselho da Cidade

(JOINVILLE, 2014a).

Para o entrevistado “Governo 3” o Conselho da Cidade:

[...] foi o guardião de processo!

Coube à Câmara de Mobilidade [do Conselho da Cidade] acompanhar todo o

processo.

Questionados sobre se lembram de algum aporte que tenha surgido do Conselho da

Cidade, os Entrevistados responderam:

Page 66: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

66

“Governo 1”: Eh...Não... [pensando] Teve!...[afirmando]. Por exemplo que

deveria estar envolvido com qual ação, por exemplo... eles fizeram

sugestões...

Também fizeram algumas sugestões de prazos, mas assim, uma das questões

que eles falaram bastante, que eu lembro, foi da forma como a gente definiu o

Fundo de Mobilidade. [...]

“Governo 2”: Eu acredito que o Conselho da Cidade, eles foram um

termômetro, porque eles nos trouxeram eh... como representantes...ah...até

mesmo da população, teve representantes lá de comunidades, eh... dá esse...

esse viés de como... o quê que estou sentindo.

Era o termômetro, sabe? De como está esse plano, do quê que a gente espera,

eh... Se está satisfatório... Vamos pensar... alguma coisa específica...

“ONG 1”: Sim [o Conselho participou do andamento], mas não lembro que

tenha sido debatido muito profundamente, não.

Ainda, em 4 de março de 2015, na sua primeira reunião do ano, segundo Ata Nº 50, o

Conselho da Cidade convocou a uma reunião da Câmara Setorial de Mobilidade para revisar o

conteúdo do Plano. A convocatória foi para uma segunda feira 16 de março, às 8h da manhã,

na sede de uma entidade empresarial, faltando nove dias para a sanção do Plano por Decreto:

A Coordenadora da Câmara Comunitária de Mobilidade Urbana reunirá sua

câmara, e todos os conselheiros que tiverem interesse, no dia 16 de março

deste ano, às 8 horas da manhã, nas dependências da AJORPEME, para

revisar o conteúdo do Plano de Mobilidade, para posteriormente dar um

retorno à Plenária. Nada mais a tratar (JOINVILLE, 2015a).

O retorno da Câmara de Mobilidade Urbana para a Plenária, mencionado no texto da

ata acima, aconteceu em 15 de abril de 2015, dezenove dias depois do Plano ter sido aprovado

por Decreto Municipal. Ao respeito desse retorno, a Ata Nº 51 expressa:

O Conselheiro (nome) solicitou que seja enviado a todos os conselheiros o

relatório da Câmara de Mobilidade sobre o PlanMob, bem como o relatório

da Fundação IPPUJ sobre as alterações realizadas no Plano de Mobilidade

decorrentes desse trabalho da Câmara de Mobilidade, e o Presidente

concordou com a solicitação, que deverá ser atendida (JOINVILLE, 2015b).

Assim, as alterações realizadas ao texto original do Plano foram decorrentes dos

trabalhos da Câmara de Mobilidade naquela segunda feira 16 de março de 2015, sem ter

passado pela aprovação da Plenária. Consultados sobre a sua opinião acerca do Conselho da

Cidade, os Entrevistados responderam:

É um conselho que não representa um processo democrático. Por que não

abre espaço para movimentos populares. Um Conselho basicamente

Page 67: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

67

representado por empresários, por pessoas influentes da cidade, que têm

interesse em manter políticas que favorecem a esses setores (“Cidadão 3”).

[...] no dia das votações [do Conselho], em determinado momento chegavam

números de pessoas para que fizessem tal candidato, o regimento permitia

isso. Então varias coisas foram sendo articuladas assim. Hoje não há espaço

nenhum para ter uma votação que dê diferente daquilo que a condução oficial

quer (“Universidade 1”).

[...] no Conselho da Cidade tem representantes que foram comprados para

estar lá. Para votar como certas pessoas mandam votar. Mas isso não

acontece só na parte da sociedade civil. [...] Sabe-se, e foi confidenciado a mim por pessoas que trabalham [...] na Prefeitura, que nas votações que

decidem as coisas no Conselho da Cidade, serem ditas assim: Chama-se a

todos os representantes públicos, [...] e dizem: - hoje vocês tem que votar

assim! e todo mundo tem que estar lá. Não tem escolha! (“Cidadão 2”).

É um órgão que referenda as decisões do poder público. No qual o Poder

público está associado aos especuladores imobiliários (“Cidadão 1”).

O Conselho tem... [silêncio] o seu, a sua estruturação hoje nas câmaras

setoriais, são câmaras com discussões bem interessantes, bem, bem...

[silencio] consistentes na sua discussão e embora seja em grande medida

formada por técnicos de carreira da estrutura do executivo... (“Legislativo 1”)

Entrevistador: Então o senhor diria que [os técnicos] são maioria no

conselho, pelo menos quando há presença?

Sim, sim. Principalmente na presença das câmaras comunitárias. Por outro

lado, a sociedade civil que lá se faz presente em grande medida também são

grupos de interesse empresarial, imobiliário. Então não é uma discussão

muito plural (“Legislativo 1”)

[...] uma das coisas que eu fiquei decepcionado é que ele não é deliberativo.

Você vai lá, avalia, opina, pode sugerir, mas a maioria...vão ser os vereadores

ou o executivo que vão deliberar. Não vai ser nós do Conselho, então por isso

que eu disse que o grande benefício que eu vejo é a participação social de

entender coisas da sociedade, poder opinar sobre elas, ainda não tem o poder suficiente para decidir ou para debater. (“ONG 1”).

[...] o poder econômico consegue se moldar e cooptar muita gente.

O movimento empresarial está sempre muito bem organizado.

[...] Os movimentos populares, o poder público vai ter que trabalhar muito no

fortalecimento dos movimentos populares e para eles entenderem seus

papeis. Porque realmente tem isso, tem empresários que estão como

presidentes da associação de moradores (“Governo 3”).

4.1.3 As Pesquisas de Opinião

As pesquisas de opinião totalizaram 13.792 questionários respondidos, sendo 11.248

questionários da primeira Pesquisa sobre Mobilidade na Cidade e 2.544 questionários da

segunda Pesquisa sobre Mecanismos de Informação ao Usuário do Transporte Coletivo. As

Page 68: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

68

duas pesquisas eram passíveis de serem respondidas fisicamente e digitalmente,

disponibilizadas de forma online para que as pessoas com deficiência visual, usuárias do

sistema, também pudessem participar (JOINVILLE, 2016a). Ainda, foi realizada uma terceira

pesquisa embarcada sobre a satisfação dos usuários da qualidade no serviço de Transporte

Coletivo, na qual participaram 718 respondentes (Quadro 9).

Quadro 9 - Lista de Pesquisas realizadas

Fonte: Joinville (2016a)

A primeira pesquisa com perguntas de múltipla escolha com alguns campos em aberto,

teve tiragem de trinta mil cópias (medidas 15cm x 21cm) distribuídas na rede municipal de

ensino, estações de integração de ônibus, pronto atendimentos e universidades (Figura 15).

O objetivo foi avaliar a percepção do munícipe sobre os principais problemas de

mobilidade, o modo de transporte utilizado e aquele modal que não utilizaria (JOINVILLE,

2016a).

Page 69: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

69

Figura 15 - Pesquisa de Opinião

Fonte: Joinville (2016a)

Dentre os principais problemas detectados nas pesquisas, destacaram-se: excesso de

carros; transporte coletivo (horários, itinerários, conforto, tarifa); e má qualidade e/ou

inexistência de calçadas acessíveis/seguras (MÁXIMO; STOLF; HAGEMANN, 2015).

A segunda pesquisa visou medir a percepção dos usuários do transporte coletivo

acerca da “Informação ao usuário” e teve tiragem de cinco mil cópias distribuída nas nove

estações de transferência de transporte coletivo. Por fim, a Pesquisa de Satisfação de

qualidade do Transporte de ônibus, consistiu numa pesquisa embarcada para avaliar

detalhadamente a opinião dos usuários do transporte coletivo em relação aos mais diferentes

fatores de qualidade (JOINVILLE, 2016a).

Page 70: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

70

4.1.4 As Consultas Públicas

As consultas públicas (Figura 16) tiveram o objetivo de envolver ainda mais a

sociedade no processo democrático de elaboração do PlanMOB (JOINVILLE, 2016a).

Figura 16 - Distribuição geográfica e Representatividade das Consultas

Fonte: Elaboração do autor baseado em dados da pesquisa.

Assim, foram realizadas oito consultas públicas, uma em cada região administrativa do

Município.

Page 71: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

71

4.1.4.1 Calendário e Locais das Consultas

As consultas aconteceram em locais públicos, salões paroquiais, centros comunitários

e escolas nos seguintes dias e horários:

Região Sul: 01.07.2014 (terça feira, 19h) Oitavos de final Copa do Mundo FIFA 2014

(Figura 17).

Sudeste: 02.07.2014 (quarta feira, 19h)

Centro-Norte: 03.07.2014 (quinta feira, 19h)

Pirabeiraba: 07.07.2014 (segunda feira, 19h)

Nordeste: 09.07.2014 (quarta feira, 19h) Semifinal Copa do Mundo FIFA 2014.

Oeste: 10.07.2014 (quinta feira, 19h)

Sudoeste: 11.07.2014 (sexta feira, 19h)

Leste: 14.07.2014 (segunda feira, 19h)

Figura 17 - Consulta Pública da Região Sul

Fonte: Joinville (2015c, p.4.)

Joinville possui 41 bairros e duas zonas industriais administrados em oito

subprefeituras que receberam as oito consultas públicas. Esse critério de escolha recebeu

críticas pela exclusão das consultas de bairros como Aventureiro, o maior de Joinville com

38.000 habitantes e 70% das ruas sem pavimentação (A NOTICIA, 2014a). Também o

entrevistado “Cidadão 1”opinou que:

[...] os locais onde foram feitos, que foram escolhidos para que não

participassem as pessoas. Foram escolhidos os bairros mais periféricos para

esvaziar o grupo mais crítico e mais formado que é o grupo do centro (“Cidadão 1”).

Page 72: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

72

Inclusive os entrevistados 3, 4, 6 e 8 apontaram que: se as reuniões tivessem

acontecido em cada bairro, a participação e compreensão do Plano poderia ter sido maior.

Entretanto, para os entrevistados 1, 2 e 7 ampliar a discussão aos bairros não faria nenhuma

diferença, pois a proposta e o formato das consultas não facilitaram a participação social.

Ainda, sobre os benefícios de levar as consultas a todos os bairros, o entrevistado

“Governo 3” manifestou:

Pode ser que tenha uma aproximação, mas eu não sei se para o Plano de Mobilidade em si seria tão relevante. A participação sempre é importante,

mas eu não sei se traria resultados diferentes, oito de quarenta. É claro que

alguma coisa poderia ter vindo diferenciada, mas... (“Governo 3”)

Para os Entrevistados 3 e 4, a falta de uma equipe maior foi um empecilho para

ampliar a discussão aos bairros e o “Governo 2” agregou que o cumprimento de prazos

também afetou a agenda de consultas. Nesse sentido o entrevistado “Cidadão 3” manifestou

que:

[...] além de poucas, as consultas foram muito seguidas uma das outras

(“Cidadão 3”).

Também o Blog “Chuva Ácida” que trata das questões urbanas da cidade de Joinville,

apontou:

Apenas um debate por região para uma cidade de 520 mil pessoas, e durante

jogos da Copa do Mundo em algumas delas.

Se você não puder estar presente, tem um formulário no site do IPPUJ com

respostas altamente tendenciosas, pois é fechado, ou seja, você não pode

escrever o que quiser.

Depois disto, haverá reuniões de grupos de trabalho, que terão apenas 10 dias

para analisarem, e fazerem a leitura técnica da cidade inteira.

Qual é o motivo de tanta pressa, após 6 anos de inércia?

Se a Prefeitura (principalmente o IPPUJ) tivesse seguido as orientações dos

movimentos populares, teríamos quase quatro anos para montar um processo

efetivamente participativo, com amplo debate e prudência na tomada de

decisões. (CHUVA ÁCIDA, 2014).

Em efeito, as consultas foram realizadas ao longo das duas primeiras semanas do mês

de julho de 2014 (Figura 18), em dias úteis, que coincidiram com a fase final da Copa do

Mundo de futebol de 2014 realizada no Brasil. Este fato também foi apontado pelo

entrevistado “Cidadão 2” como um ponto negativo em termos de participação social:

Page 73: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

73

[...] sendo que o Brasil é considerado “O país do futebol” [...] Será que não

houve interesse em fazer as reuniões nessas datas para evitar a participação?

(“Cidadão 2”).

Figura 18 - Divulgação do Calendário das Consultas

Fonte: A Notícia (2014b, p.11)

Segundo o entrevistado “Governo 3”, a divulgação das consultas foi feita por diversos

meios como rádios, jornais, coletiva de imprensa e Diário Oficial. A pesar disso o

entrevistado “Governo 1” admite:

Poderia ter sido mais divulgado... mas quem que dá a régua?

Não tem régua para dizer o quanto precisa ser divulgado, quanto precisa ter

de audiência pública, ninguém dá essa orientação! Muito menos o Ministério

das Cidades, então vai da nossa capacidade de orçamento, da nossa

capacidade de equipe, né... (“Governo 1”).

Com respeito à quantidade de participantes, a Figura 16 acima, apresenta números

oficiais e sua porcentagem em relação à população de cada região (JOINVILLE, 2015d).

Contudo esses números de participantes, também apontados no relatório final do Plano de

Mobilidade (JOINVILLE, 2016c) podem ser ainda menores, pois na verificação das Listas de

Presença fornecidas pela Prefeitura (JOINVILLE, 2014b), se observam as seguintes

inconsistências (Quadro 10):

Page 74: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

74

Quadro 10 - Inconsistências entre Relatórios e Listas de Presença

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa.

Apesar de não ter acesso às listas de presença das outras quatro consultas públicas, os

registros acima levariam a participação nas consultas a uma presença inferior a 0,1% da

população residente.

4.1.4.2 Proposta Metodológica das Consultas

Segundo os entrevistados a metodologia utilizada nas Consultas Públicas iniciava com

uma solenidade de apresentação por parte dos Sub-prefeitos e dos responsáveis pelo Plano de

Mobilidade, nesse momento era explicitada a forma de trabalho, como relata o entrevistado

“Governo 2”:

[...] antes da apresentação, na parte da solenidade de abertura, a gente tinha,

dizendo assim: _ Olha essa reunião vai demorar tanto tempo, cada pessoa

depois da apresentação vai ter direito de... ou escrever nas fichas de

sugestões, que eles já tinham em mão, sugestões para a mobilidade de sua

localidade, e depois por ordem de chegada dessas fichas, todos vão ter a

oportunidade de falar ao microfone, ou pedir para que o relator da mesa leia,

para quem não quer falar [...] (“Governo 2”).

Dessa forma havia uma apresentação com 30 lâminas que iniciava com questões de

mobilidade urbana de maneira geral e finalizava com aspectos locais. O tempo total dos

encontros foi estipulado em uma hora e trinta minutos, podendo ser prorrogado por mais trinta

minutos, sendo vinte e cinco minutos para a apresentação, quinze minutos para perguntas

relacionadas à apresentação, três minutos por pessoa para comentários. Sobre a metodologia

utilizada o entrevistado “Governo 3” expressou:

O processo iniciava com uma apresentação sobre a questão da mobilidade.

A gente não deixava o tema totalmente aberto.

Havia uma informação inicial e depois a gente abria a informação e o

recolhimento de informações.

Então a gente explicava quê que era o processo do Plano de Mobilidade, qual

era o papel daquelas reuniões e fazia um preâmbulo lá da mobilidade de

forma geral, ehhh.. mundo, etc. (“Governo 3”)

Page 75: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

75

Uma questão que surgiu desta resposta foi se a linguagem utilizada nas apresentações

por parte dos técnicos da Prefeitura foram adequadas ao perfil dos ouvintes. Especificamente,

se as explicações oferecidas permitia que as pessoas de mais baixo conhecimento pudessem

compreender de que se tratava o plano. Para essa questão o entrevistado “Governo 3”

respondeu:

Assim, elaaa...acho que umm meio termo disso...a gente nem tanto... a

gente... ehhh... [silencio] nem manteve um padrão muito técnico, exatamente

para não afastar ne? e não ficar falando...no vazio.

Como também, a gente, mas a gente não simplificou demaisss.

Não foi muito simplificado não. [...] Tal vez no linguajar a gente, claro, usou menos termos técnicos sim, mas

também não chegou a ser algo produzido ne... pra... pra uma integração

popular, efetiva, assim ne... Até porque, acho que o público não era muito

homogêneo ne?Acho que tinha uma variedade de pessoas no local, assim...

(“Governo 3”).

Contudo, a preocupação por uma metodologia que não preparou os cidadãos com

antecedência para as consultas, com discussões prévias ou oficinas foi levantada pelos

Entrevistados “Cidadão 1” e “Legislativo 1”. Este último manifestou:

[...] se houvesse uma outra dinâmica de comunicação prévia. Talvez uma preparação dos foros locais de discussão, Associação de

moradores, os conselhos locais de saúde, segurança, enfim comunidades

religiosas... houvesse uma prévia nesses locais... que chamassem a atenção da

população em geral para o evento propriamente dito de coleta de sugestões,

seria mais exitoso (“Legislativo 1”)

Como mencionado acima, os participantes podiam emitir opiniões solicitando a

palavra e expressando-se para todos os presentes através do microfone, ou pedir para que o

moderador leia as sugestões, e caso não houvesse tempo disponível, as fichas de sugestões

(Figura 19), eram recolhidas pelos coordenadores para uma análise posterior. Ao todo foram

recolhidas 330 fichas (JOINVILLE, 2016a).

Page 76: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

76

Figura 19 - Ficha de Sugestões do PlanMOB

Fonte: Joinville (2016a)

Em relação às Fichas de Sugestões e a forma como foram manifestadas, o entrevistado

“Cidadão 3” expressou:

O debate era regido pelos próprios integrantes da Prefeitura, então não tinha

um controle muito correto do tempo. Então alguns personagens falavam 5, 10

minutos, e outros moradores falavam 2, 3 minutos. E aqueles que não

conseguissem contribuir com a sua fala no momento, por falta de tempo, eles

escreviam essas perguntas e mandavam para a mesa, para que a mesa

escolhesse as perguntas para poder responde-las. Mas não existia uma ordem

de recebimento nem uma ordem de escolha para se responder. Então as

pessoas que estavam na mesa naquele dia, [...], ele escolhia aleatoriamente as

perguntas que ele gostaria de responder ou não (“Cidadão 3”).

Segundo o entrevistado “Governo 3”, as fichas recolhidas foram respondidas em sua

totalidade, posição que foi contestada pelo entrevistado “Cidadão 3”. Contudo o entrevistado

“Governo 3” ao ser questionado pelo destino das fichas relatou:

A gente respondeu, a todas elas. Nós demos resposta, porque a ficha trazia lá

um contato da pessoa, por e-mail e tal. Todas as participações foram

respondidas. Naquilo que foi aproveitado e aquilo que não foi (“Governo 3”)

Entrevistador: Foi dada uma resposta técnica?

Foi dada uma resposta... – Esse tema não... não compete ao plano que está sendo feito. Então... a visão do plano está recebendo a sua sugestão desta

forma...[...] (“Governo 3”)

Posteriormente, as Fichas de Sugestões foram transcritas para um software que analisa

dados de pesquisas qualitativas. Segundo Joinville (2016a), “o principal resultado” síntese das

Page 77: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

77

consultas, foi uma nuvem de frequência de palavras (Figura 20) mencionadas nas Fichas de

Sugestões, destacando-se menções a: “transporte coletivo”; “semáforos” (moderadores de

tráfego); “ciclovias/ciclofaixas” e “calçadas/passeios públicos”.

Figura 20 - Nuvem de Palavras das Fichas de Sugestões

Fonte: Joinville (2016a)

Em relação ao resultado da nuvem de palavras, o entrevistado “Governo 1”

considerou:

[...] muita coisa coincidiu com o que a gente já previa.

O sentimento das pessoas era uma impressão do que a gente já fazia de

leitura.

Então, por exemplo, conectividade, a qualidade dos pontos de ônibus, foram

coisas que a gente esperava e que foram muito comentadas (“Governo 1”).

4.1.5 Os Grupos Temáticos

A fase de leitura técnica iniciou com as reuniões dos Grupos Temáticos – GT's. O

objetivo dessa fase foi propiciar um ambiente de discussão e debate entre representantes

governamentais e a sociedade, de forma voluntária, direcionado para aqueles que

apresentassem grande conhecimento ou envolvimento com os temas específicos definidos

para cada grupo.

Essa fase contemplou dez grupos que abordaram os seguintes temas:

1) transporte a pé;

2) transporte por bicicleta;

Page 78: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

78

3) transporte coletivo;

4) transporte de cargas;

5) saúde, educação e meio ambiente;

6) circulação nas áreas centrais;

7) financiamento;

8) mobilidade regional considerando áreas periféricas;

9) mobilidade e ordenamento territorial;

10) mobilidade na área rural.

Foram realizadas dezenove reuniões durante duas semanas, com duração de duas horas

cada. A condução foi feita pela equipe de elaboração do PlanMOB, e a mediação de cada

debate feita por professores da Universidade Federal de Santa Catarina (Figura 21).

Figura 21 - Encontro dos Grupos Temáticos

Fonte: Joinville (2015c, p.6.)

Participaram dos grupos temáticos cerca de noventa pessoas na totalidade dos dez

grupos (JOINVILLE, 2016a).

Foram apresentados dados e informações específicas para cada tema nos grupos, sobre

Joinville e região e algumas considerações do Ministério das Cidades, de forma a gerar

subsídios para os trabalhos dos grupos. E então, apresentadas cinco perguntas, idênticas para

cada GT, que deveriam ser respondidas grupalmente, conforme seguem:

1) Quais as principais estratégias e quais ações são necessárias para a mitigação dos

problemas relacionados com a mobilidade urbana?

2) Quais os meios financeiros e institucionais que asseguram a implantação e a

execução destas ações?

Page 79: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

79

3) Quais os mecanismos de monitoramento e de avaliações sistemáticas necessárias?

4) Quais as metas (prazos) que podem ser propostas para o atendimento destas ações e

quais os indicadores prioritários para o monitoramento durante a fase de

implantação das ações e acompanhamento do plano de mobilidade.

5) Composição da Declaração de Sucesso.

A respeito da convocatória aos Grupos Temáticos, o entrevistado “Governo 3”

respondeu:

Ela foi aberta, mas a gente convidou especificamente alguns...

A gente divulgou de forma aberta, bem ampla, aberta, para participação nas

oficinas era totalmente... mas a gente reforçava os convites para quem sempre

esteve à frente desses temas (“Governo 3”).

O Quadro 10, reflete a quantidade de participantes em cada reunião dos grupos

temáticos incluindo os representantes governamentais.

Quadro 11 - Detalhe da Agenda dos Grupos Temáticos

Page 80: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

80

Fonte: Joinville (2016a, p.147).

Em relação a como foram conduzidas as reuniões do Grupo de Trabalho “Transporte

por Bicicleta”, o entrevistado “ONG 1” respondeu:

[...] Tinha um outro grupo de ciclistas e nós, de outras pessoas da sociedade

não lembro. [...] Houve uma apresentação de ideias e criticamos elas.

Tiveram várias críticas, algumas inclusive não foram solucionadas, como o

compartilhamento da bicicleta com o pedestre em determinadas ruas (ONG

1).

Entrevistador: E houve alguma outra questão que vocês colocaram que sim

foi contemplada?

Uhmmm... não foi muito... A única ideia que a gente veio e pediu foi o não

compartilhamento de ciclovias com pedestres, mas na prática não sei se a

gente vai conseguir isso (“ONG 1”).

4.1.6 A Audiência de Validação

Para a validação das propostas do PlanMOB realizou-se uma audiência pública no dia

12 de março de 2015, quinta feira entre as 19hs e as 22hs, na qual houve uma apresentação do

Plano aos munícipes. O local escolhido para esse evento foi o Centro de Convenções

Expoville, no Bairro Glória, às margens da BR 101 (Figura 22).

Figura 22 - Local da Audiência Pública

Fonte: Expoville (2018)

Na análise documental deste estudo chamou a atenção que naquela Audiência Pública

houvesse apenas 85 presentes para uma cidade que excede os 500.000 habitantes. Surgiu

Page 81: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

81

então a necessidade de questionar aos entrevistados a respeito da conveniência do local

escolhido para a Audiência ao que os entrevistados responderam:

Não era adequado! Porque não tem como chegar de transporte público! Só participaram os que tinham interesses (“Cidadão 1”).

Espacialmente sim, [entretanto] se você faz uma reunião de cunho

comunitário... Qual o melhor lugar para se fazer? Na área central! Na área

central! Do lado da Terminal Central tem um Ginásio de esportes que é da

Prefeitura! Tá lá vazio! Sem ocupação...É só você atravessar a Praça!

(“Cidadão 2”).

Assim... a gente não teve muita escolha... a nossa primeira escolha era aquele

lugar que não tem custo. Porque a gente não tinha verba para... ou que tivesse

a menor chance de custo (“Governo 1”).

Um local qualificado, de fácil acesso para as pessoas. Era um espaço que

tinha uma disponibilidade nesse momento (“Governo 3”).

Não, definitivamente não. [...] é um local muito longe do centro urbano e das

comunidades periféricas. Então é um local bem deslocado para os debates

(“Cidadão 3”).

Se o objetivo fosse favorecer o acesso do maior numero de cidadãos, claro

que não! Passam algumas linhas de ônibus por lá, mas está deslocado! Ele

não faz parte do ponto de acesso das pessoas. Para fazer uma audiência que

tivesse essa convergência tem que ser na área central! (“Universidade 1”).

Nesse sentido...horrível! Deslocado, difícil de ser acessado pela população

em geral. Para lá fluem apenas aqueles que se deslocam efetivamente de

carro, que tem interesse específico no assunto, mas aqueles que inclusive

participaram das discussões das regionais, não tiveram essa condição. O local

inclusive desfavoreceu (“Legislativo 1”).

É complicado, né...é difícil.

Como acesso essa região é excelente. Tem a BR101 paralela. Tanto para

chegar de carro como de ônibus. Mas a sociedade não dá valor. O local não

faria diferença, se fizesse em outro lugar as pessoas que iriam seriam as

mesmas (“ONG 1”).

Entrevistador: E no Centro [da Cidade] não havia disponibilidade de um

espaço do tamanho ou do perfil do Centro de Convenções?

“Governo 2”: Não...gratuito não...

4.1.6.1 Convocação e Proposta Metodológica

A convocação oficial foi realizada através do Edital nº 2, de 24 de fevereiro de 2015,

publicado em jornal de grande circulação (Figura 23) (JOINVILLE, 2016a).

Page 82: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

82

Figura 23 - Edital de convocação Audiência Pública PlanMOB

Fonte: A Notícia (2015, p.20).

A audiência foi conduzida pelos integrantes da Fundação IPPUJ e contou com o

suporte da Secretaria Municipal de Comunicação - SECOM. Antes de iniciar os trabalhos, os

munícipes foram orientados sobre o procedimento da audiência, nos seguintes termos:

1) O tempo total de duração não deverá ultrapassar três horas;

2) Após a abertura serão apresentados os resultados do trabalho realizado pela equipe

da Fundação IPPUJ;

3) Os cidadãos poderão expressar suas dúvidas e contribuições, com três minutos de

fala, que deverá ser objetiva;

4) Uma mesma pessoa somente poderá voltar a usar a palavra se houver tempo ao final

de todas as falas;

5) As contribuições podem ser feitas por escrito ou verbalmente, ao microfone;

6) Mesmo os comentários falados devem ser encaminhados por escrito, para registro;

7) As fichas preenchidas devem ser entregues à equipe de apoio, serão numeradas e

lidas por ordem de chegada;

8) Caso não haja tempo para a leitura ou apresentação de todas as fichas, seu registro

se dará em ata.

Segundo consta em Joinville (2015d) houve na ocasião 85 participantes (Figura 24),

11 dos quais, segundo verificado nas atas de presença, eram funcionários da Prefeitura

Municipal.

Page 83: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

83

Figura 24 - Audiência Pública PlanMOB

Fonte: Joinville (2016a).

Após da apresentação das 80 lâminas explicando as particularidades do PlanMOB, foi

a vez dos cidadãos se pronunciarem. As quinze manifestações dos participantes foram

transcritas e as 23 fichas de sugestões registradas. Para todas as sugestões foram elaboradas

respostas e/ou considerações que foram publicadas pela equipe de elaboração do PlanMOB no

sítio eletrônico da Fundação IPPUJ no dia 14 de abril de 2015 (JOINVILLE, 2016a).

Consultados a respeito de como ocorreu aquela Audiência, os entrevistados

expressaram:

O número de participantes era pequeno. A maioria dos presentes eram do poder público ou vinculado a entidades que tinham interesse nisso, e a

participação foi muito escassa. Por que?

Porque era uma audiência homologatória. Não tinha nenhuma discussão.

Eu fui porque tinha a obrigação de estar, mas era inútil! (“Cidadão 1”).

Ela acabou sendo bem expositiva. Expôs todo o Plano, teve espaço para falar.

Não mais para modificar o que estava. Já era quase que uma apresentação do

programa (“ONG 1”).

Naquele dia, na Expoville, tinha um considerável número de pessoas e boa

parte dessas pessoas são as que estão convidadas por serem simpatizantes [do

governo]. Grande parte daquelas pessoas que estavam naquele auditório tinham esse perfil.

[A Audiência foi] Protocolar, protocolar e protocolar....exclusivamente.

Pode estar registrado como qualquer outra intenção, mas é meramente

protocolar. Era uma obrigação que tinha que acontecer e ai tem um

aproveitamento político para dizer: - Estamos fazendo! Mas a intenção

original é manter o “Status quo”.

Na hora de selecionar as perguntas eu vou estabelecer uns critérios de

classificação!...tem tanto modo de manipular isso! (“Universidade 1”).

Page 84: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

84

Ainda houve um questionamento sobre o caráter dessa audiência, no sentido se ela foi

deliberativa, consultiva ou informativa, ao que o “Governo 3” respondeu:

Ela foi ehhh... [silêncio] Não....ela foi deliberativa (“Governo 3”).

Entrevistador: Houve votação?

Não, não, não houve votação...foi, mass... Ela foi expositiva, mas houve o pronunciamento lá também...

E essas últimas falas, foram consideradas, algumas delas foram

consideradas ainda a tempo no documento final (“Governo 3”).

4.1.7 A instituição do PlanMOB por decreto

Segundo Joinville (2015c), o Plano de Mobilidade recebeu as devidas correções e

adequações, conforme solicitações dos munícipes na Audiência. Contudo uma análise

comparativa entre o documento apresentado na Audiência Pública e o documento aprovado

resulta difícil pela configuração diferente entre ambos documentos. Assim, verificar se as

demandas da audiência se transformaram em alterações ao texto original resulta numa tarefa

improvável. Salienta-se a este respeito a opinião do entrevistado “Cidadão 1”:

[...] não tem como ter acompanhamento disso. Do jeito que foi feito, é o

seguinte: Há uma apresentação, as pessoas falam, fazem comentários, mas não tem um seguimento disso, a palavra chave é rastreabilidade. Que se possa

dizer: Fulano levanto tal questão e essa proposta foi considerada, foi

analisada e foi descartada por isto e aquilo. Não há rastreabilidade de nada. E

não há porque não existe a menor vontade de dar resposta. Trata-se de

apresentar um projeto e querer que seja aprovado esse projeto. É um fato

informativo.

A palavra consulta é correta, porque estão consultando, mas em que momento

a sociedade pode fazer propostas? Melhor dizendo, em que momento a

sociedade contribui com propostas? Me refiro a um passo anterior à

apresentação.

Para contribuir com propostas tem um processo de construção do

conhecimento. Quando se apresenta um projeto pronto, a única coisa que resta aos

participantes das consultas é dirimir dúvidas. E inclusive essas dúvidas não

serão respondidas!

Para mim nunca responderam nenhuma dúvida!

Em todas as reuniões que participei me manifestei! E nunca me responderam:

- Olha, analisamos e não foi considerada por motivos técnicos.

Nem perdem tempo nisso! Daí a gente vai perdendo o interesse (“Cidadão

1”).

Finalmente, o Plano de Mobilidade Urbana de Joinville (PlanMOB) foi instituído pelo

Decreto Municipal n° 24.181 em 27 de março de 2015. Ao questionar sobre por que o Plano

Page 85: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

85

de Mobilidade evitou o debate democrático e foi instituído por Decreto Municipal e não por

uma lei discutida na Câmara de Vereadores obtiveram-se as seguintes respostas:

Para evitar a discussão! (“Cidadão 2”).

Ahhh....[silêncio]

A Câmara de Vereadores naquele momento estava imersa numa discussão

paralela, que tangencia o Plano de Mobilidade, que era a Lei de Ordenamento territorial. [...]

Prazos também estariam sendo extrapolados e havia o risco que a Câmara de

Vereadores não desse conta dessa discussão [do PlanMOB] nos prazos que

foram estipulados. Então se usou um artifício [sic] que é a edição do Plano

por decreto como forma de agilizar a materialização do documento.

Mas concordo, não é a via mais democrática (“Legislativo 1”).

A gente questionou isso. Isso não poderia ter acontecido (“Cidadão 1”).

Eu acho que se tivesse tentado aprovar por forma de lei, tal vez o debate teria

sido mais extenso, tal vez surgisse a possibilidade de outras intervenções

populares e acredito que uma característica desse governo é não incentivar essa participação ou não abrir brechas para isso (“Cidadão 3”).

Contudo, os entrevistados que representam o Governo opinaram:

Porque assim... o nosso...em primeiro lugar, o Ministério das Cidades deixou

claro que não era obrigado a ser por lei (“Governo 1”).

[...] no próprio material deles, do Ministério, tem ai o capítulo que orienta às

cidades, colocando justamente isso que não é necessário ser uma lei, pode ser

via decreto (“Governo 2”).

[...] a nossa procuradoria geral do município, ouve o entendimento que pelo

Plano Diretor da Cidade já ser uma lei complementar que fala dos princípios

da mobilidade, que o plano de mobilidade traz aspectos técnicos, específicos

que são de caráter deliberativo do executivo [sic], e como passou por um

processo de participação, tanto na comunidade como no conselho da cidade

também, então, se entendeu que foi dada a questão da participação e que a

implementação dele como outros planos setoriais [poderia ser] com a forma

de decreto. [...]

O Prefeito fez uma apresentação aos vereadores, também não deixou de

apresentar o plano aos vereadores, mas não deixou eles deliberarem sobre... e

fez isso na forma de decreto.

[Recentemente] Nós tivemos uma discussão [...] com o Ministério das Cidades e eles se pronunciaram que tem que ser por lei municipal específica.

Então.... [agora] vamos ter que transformar ele em lei.

É um risco muito grande! Porque as discussões na Câmara de Vereadores,

nos parlamentos em geral...aposto que nenhuma lei saiu melhor do que

entrou.

E quando é de assunto técnico o risco é muito grande, é muito grande...

porque ai pode ser que se percam muitas das conquistas, muitas das metas,

muito do que foi previsto e discutido com a comunidade inclusive.

Outras forças têm influência sobre a Câmara de Vereadores, que a gente

conseguiu escapar dentro do processo. Então esse é o grande risco...

(“Governo 3”).

Page 86: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

86

4.1.8 Etapas de Execução e Monitoramento

Dando sequência ao Plano de Mobilidade, foram elaborados o Plano de Transportes

Ativos, com similar metodologia de participação social e o Plano de Transportes Coletivos

que ficou truncado após a etapa de consultas públicas. Entre os motivos se encontram uma

disputa judicial que o município possui com as empresas de transporte coletivo.

Ainda, apesar da reeleição no governo municipal, a Fundação IPPUJ, que capitaneava

todos estes planos foi desativada pelo executivo municipal e anexadas as suas funções a uma

nova Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável que também

coordena as políticas de Cidade Inteligente. Tais mudanças administrativas provocaram uma

reestruturação do quadro de funcionários e afetaram a metodologia de trabalho, repercutindo

notavelmente na prossecução do Plano para as etapas de Execução e Monitoramento.

Inclusive o Conselho Executivo do Plano, integrado por várias secretarias também foi

desativado.

Consultados sobre em qual fase se encontra o Plano atualmente, os Entrevistados que

participaram da elaboração do Plano responderam:

[silêncio] ...um ponto de interrogação bem grande.

Algumas coisas estão andando...outras não.

E alguns prazos a gente já perdeu, algumas metas estão ficando para atrás.

Tal vez tenham que ser repensadas ainda ou ter um andamento mais arrojado.

Uma das metas [que ficou para atrás] é em relação ao transporte coletivo, nós

tínhamos em 2010, 23% da população usando transporte coletivo, e nos

colocamos a meta até 2030 de alcançar 40%, e o que a gente viu nesses

últimos anos e que caiu mais ainda. Essa vai ser a meta mais difícil de

cumprir.

E as ações sobre transporte coletivo foram muito poucas nesse período. Amplio-se um pouquinho a rede de corredores exclusivos, [...] mas ainda está

muito longe (“Governo 3”).

A gente espera que isso não fique apenas aqui...no papel. A gente espera que

isso realmente comece a se refletir na cidade (“Governo 2”).

Contudo, obras de porte médio que não precisaram dos aportes financeiros do

Ministério das Cidades, foram acontecendo ao longo do processo de elaboração do Plano de

Mobilidade, mas sem qualquer relação com o mesmo, como se obseva na Figura 25 de 01 de

julho de 2014 data da primeira consulta pública.

Page 87: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

87

Figura 25 - Obras viárias de Joinville

Fonte: A Notícia (2014c, p1).

As entrevistas realizadas tampouco aportam dados sobre a existência de mecanismos

de controle ou monitoramento das obras do Plano. Questionados sobre a obrigatoriedade de

manter ferramentas permanentes de controle dos cidadãos, os entrevistados responderam:

Olha...bem aquém da minha expectativa... Nos tínhamos o site do IPPUJ,

hoje foi tudo para o site da Prefeitura, não existe mais esse canal direto. O e-

mail ainda existe...mas não posso te responder se vai ter sequência (“Governo

1”).

Ainda não tem. Não tem um feedback da Prefeitura informando o status. Isso

deveria estar acontecendo, a Prefeitura não faz isso (“Governo 3”).

Efetivamente a única coisa que o executivo tem lançado mão, é de jogar essa

discussão nas reuniões do Conselho da Cidade. É o mais perto de um

acompanhamento externo que nós temos hoje em Joinville. Fora disto não há

nenhuma outra ação efetiva (“Legislativo 1”).

Sobre a possibilidade dessas ações se concretizarem em breve o entrevistado

“Governo 4” respondeu:

O Plano de Mobilidade tem uma meta de criar um site interativo das ações

para que haja mais transparência. A nossa dificuldade é de tantas metas e

ações que a gente não tem muito braço [risos]. Essa é uma leitura que a gente

tem feito do PlanMob, não tem muito braço para atingir todas essas metas. Mas isso tá ali. A gente está estudando ele, todas essas metas justamente para

ver quê que é estruturante para dar prioridade, quê que é secundário, quê que

é terciário, assim...

Page 88: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

88

Mas é intenção e... a gente não acredita nessa, nessa... que tudo vai partir de

nós. Por isso precisa dessa transparência no planejamento e na execução...

(“Governo 4”).

4.1.9 O Prêmio “Cívitas Award”

O Plano de Mobilidade Urbana de Joinville concorreu em nível internacional ao

Prêmio “Cívitas Award” pelo modelo aplicado no seu processo de participação social (Figura

26).

Figura 26 - Prêmio “Civitas Award”

Fonte: Notícias do Dia (2016, edição eletrônica)

Inclusive, tal premiação teve influência na escolha da cidade de Joinville para a

realização deste estudo. Entretanto, consultados sobre esta honraria, um dos participantes da

elaboração do Plano manifestou:

Ótima pergunta! porque assim...o prêmio em si é muito difícil de chegar

nessa conclusão. Tal vez a própria organização ainda precisa melhorar, dessa,

dessa....em fim.....dessa iniciativa internacional.

Porque assim, um ex integrante do IPPUJ que estava na Europa, ele é bem dinâmico em relação aos contatos com o exterior. Ele teve essa visão de fazer

essa parceria [...] para poder também lançar Joinville para fora (“Governo

1”).

Entrevistador: Mas essa foi uma iniciativa dele ou uma iniciativa do

governo?

Dele sim! Dele e nossa (“Governo 1”).

Perguntado sobre o quê teve de inovador o Plano de Mobilidade em termos de

participação social o entrevistado “Governo 3” respondeu:

[silêncio]...bom, para mim, assim, foi até uma surpresa. Não que não valorize

todo o nosso processo, mas assim, o que tem de inovador?

Page 89: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

89

A gente soube registrar todos esses processos participativos, as mídias, o uso

da internet para ampliar a participação, mas basicamente ter um Conselho da

Cidade formado, eleito, participativo, isso foi importante.

Se preocupar com a participação de cada segmento. Mas, não é novo de fato.

Em 2012, quando teve um evento da EMBARQUE no Rio de Janeiro e uma

reunião dos prefeitos de Cidades Sustentáveis, nesse evento o pessoal do

“Cívitas” estava lá, a gente conversou, o nosso prefeito fez parte de uma

mesa de debates lá no evento e ai Joinville ficou com uma certa evidência

naquele momento no evento. Nos convidaram a entrar no “Civitas”, a gente fez a inscrição, fomo aceitos. São poucas as cidades fora da União Europeia

que estão... e em seguida veio... [o convite para participar] em diversas

categorias. A gente apenas inscreveu todo procedimento que a gente fez para

o Plano diretor, para a Lei de Ordenamento territorial e para o Plano de

Mobilidade, mostrando uma sequência.

Com a questão das audiências públicas, o estudo de impacto de vizinhança, e

do Conselho da Cidade. Então, a forma de democratização de planejamento

instituído, que inovador não é, ele atende aos instrumentos do Estatuto da

Cidade (“Governo 3”).

4.1.10 Cidade Inteligente e projetos vinculados à Mobilidade Urbana

A cidade Joinville discutiu a sua Lei de Ordenamento Territorial – LOT em paralelo

com o Plano de Mobilidade sem um instrumento que avalia-se as demandas que poderiam

afetar os projetos entre si. Criação de novos bairros, transformação de ruas em avenidas,

larguras de calçadas e índices de ocupação do solo foram assuntos que se trataram sem

qualquer correspondência com o PlanMOB. Consta na Ata da Audiência de Validação

(JOINVILLE, 2015c), que os presentes fizeram este alerta. Inclusive um dos entrevistados

presente naquela audiência expressou:

Uma das coisas que nós questionamos é que o Plano de Mobilidade que foi

feito paralelamente com a LOT, os projetos não dialogaram um com o outro

(“Cidadão 1”).

Ainda, a nova gestão da Secretaria de Planejamento descontinuou o Plano de

Mobilidade para dar prioridade a iniciativas como: Cidade Inteligente, Smart Mobility,

Joinville 30 anos e Conferência das Cidades cujas pautas e discussões podem afetar o Plano

de Mobilidade. Perguntado sobre de que forma dialogam institucionalmente todas estas

iniciativas, o entrevistado “Governo 3” respondeu:

“Governo 3”: O ambiente institucional é a Secretaria de Planejamento

Urbano e Desenvolvimento Sustentável que unificou [desde 25/01/2017] as

atribuições do IPPUJ e da Secretaria de Integração e Desenvolvimento e nesse sentido seu programa mais avançado é o de Cidades Inteligentes e

humanas. [...] eu acho que estão desrespeitando à população de ficar toda

hora perguntando: - o quê que tu quer?, o quê que tu quer?, o quê que tu

quer? E nunca dar o que a população quer.

Page 90: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

90

Eu estou enxergando uma saturação disso...

Acho que está sendo feito de uma forma inovadora... usando e abusando de

“post-it” e “design thinking”, de participação, trazendo pessoas a

participarem... (trazendo) outras pessoas que não participaram.

Que no momento que participam ficam muito felizes de participar. Mas em

relação ao Poder Público? É a 55ª vez que se chama à população a participar

do processo de planejamento e não se conclui esse processo.

Por isso que o status do Plano de Mobilidade hoje é uma incógnita, porque

depende de uma equipe que não é a mesma que elaborou ele. Então o andamento dele vai depender de uma nova formatação de equipe nessa nova

secretaria e que até agora [22/11/2017] não trouxe ações específicas para que

esse plano... [siga adiante] (“Governo 3”).

De posse destas informações questionamos os atuais gestores:

Entrevistador: Como é que vocês pensam juntar todas essas ideias vindas da

participação num único plano de trabalho?

[longo silêncio] (“Governo 4”).

[longo silêncio] (“Governo 5”).

Entrevistador: [Imaginando que a pergunta não foi compreendida,

acrescento:] Qual vai ser a metodologia para juntar as opiniões de mobilidade

do Projeto Joinville 30 anos, com as opiniões do PlanMob, com as opiniões

dos Laboratórios Urbanos? Qual vai ser a forma de juntar isso?

[silencio] ... Algumas questões ainda estão sendo idealizadas, ne...

Está em estudo do quê que é melhor. E se a gente vê que não é o melhor a

gente muda o caminho.

Mas a gente vai juntar todas essas informações, vai empoderar o cidadão para que o cidadão tenha possibilidade também de executar algumas ações. Que o

cidadão tenha poder de nos ajudar na definição das prioridades juntamente

com iniciativas como a “Smart Mobility”.

O grande propósito, principalmente do “Join.Valle” e do Joinville 30 anos é

com que a gente entregue isso para que a população assuma o poder disso daí

[sic]. Então a gente tomou a iniciativa, a gente deu o “Start” só que a gente

quer que a população se empodere (“Governo 5”).

Dessa forma, não apenas não foram criados mecanismos de controle e monitoramento,

como estão se sobrepondo diferentes programas e projetos, todos com alguma instância de

participação social, gerando ideias e demandas de mobilidade urbana que não dialogam umas

com as outras.

Page 91: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

91

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Níveis de Participação Social

O segundo objetivo específico desta pesquisa visa analisar os níveis de participação

social em cada uma das etapas do Plano de Mobilidade da cidade de Joinville sob a lente de

uma ferramenta criada especificamente no item 3.1 denominada Matriz Analítica. Para atingir

este objetivo é necessário submeter cada etapa do Plano de Mobilidade a uma análise dos

componentes da matriz.

Assim, na primeira etapa denominada Planejamento do Plano de Mobilidade se observam

as seguintes características:

a) Atores: Foram convidados a participar os Cidadãos de forma geral, Grupos de

convidados, Organizações Sociais, Governo, Universidade e Consultorias. Contudo

alguns grupos estiveram contaminados por indivíduos de organizações com interesses

governamentais ou corporativos. Por outra parte, a quantidade de assistentes aos

eventos evidenciou uma baixa representatividade que pode ter sido influenciada em

alguns casos pelo dia e horário ou pelo local escolhido.

b) Locais: Nesta etapa houveram reuniões em Associações de bairro, Locais Públicos,

Locais governamentais, Locais institucionais, Salões paroquiais, Centros de eventos,

Escolas e Associações empresariais. Nem sempre foram escolhidos de forma

adequada para promover uma participação efetiva, como o caso da Análise do Plano

por parte da Câmara de Mobilidade feita numa Associação empresarial, ou a

Audiência de Validação feita num imponente Centro de Eventos de difícil acesso para

os moradores da periferia.

c) Agenda de Encontros: As consultas públicas em número de oito e por uma única vez

em cada região foi motivo de críticas por diversos entrevistados. Por outra parte, ficou

evidente no Mapa das Consultas (item 4.2.4) que os bairros do Centro ficaram

excluídos da discussão. A falta de recursos e de equipe somado a um apertado

cronograma foram as justificativas para o calendário adotado.

d) Metodologia: Comprovou-se uma ampla divulgação das consultas, com folders, sites,

coletivas de imprensa, matérias em jornais, rádios e televisão. Também houve

diversidade em relação aos instrumentos de participação. Formulários físicos e “on

line”, Pesquisas de Opinião, Reuniões de grandes e pequenos grupos, Workshops ,

Page 92: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

92

apresentações em Câmaras setoriais e em plenárias de Conselhos, inclusive

Audiências públicas de caráter informativo, mas com poucas chances de modificar

decisões já programadas. Evidenciou-se pouca intenção de adequar o tecnicismo das

apresentações para uma compreensão maior por parte da população. Nesse sentido

uma preparação dos participantes com palestras prévias às consultas teria

proporcionado uma maior compreensão, como fora apontado pelo “Cidadão 2”.

e) Caráter: Os dados apresentaram instâncias consultivas e informativas, marcadas em

alguns casos pela supremacia governamental, seja pelo número de participantes ou

pela imposição de um modelo discursivo com pouca margem para o debate.

Assim, a etapa de Planejamento do Plano de Mobilidade de forma geral, se enquadra

no estágio intermédio da Pseudo-participação. A Pseudo-participação, também denominada

por Arnstein (1969) de “Tokenism” envolve os degraus de Diálogo, Cooptação e Informação,

que o autor, de forma geral, descreve como aqueles em que o direito de tomar decisões

continua a ser mantido pelas autoridades de planejamento.

Em detalhe, essa etapa apresenta algumas instâncias participativas nas quais os

presentes são convidados a opinar e eventualmente influenciar, descrição que se encaixa no

degrau do “Diálogo” ou da “Consulta”. Nesse nível, Estado e sociedade civil organizada

colaboram, em um ambiente de interlocução com razoável transparência, visando à

implementação de uma política pública ou viabilização de uma intervenção urbana (SOUZA,

2001, UPHAM, 2015).

Entretanto, mesmo considerando que algumas das situações que afetaram a

participação efetiva possam ser atribuídas a problemas de planejamento ou execução, a

manipulação das instâncias deliberativas e a aprovação do plano por decreto descrevem um

estágio de “Cooptação”. Dessa forma, o governo convida os participantes, determina quem

participa e pode escolher os participantes que se adéquam aos seus interesses ou àqueles que

estão dispostos a ser cooptados (HORDIJK, 2015). Por outra parte, a “Cooptação” também

mede a reação da comunidade em relação à proposta e busca diminuir as posições divergentes

através de diferentes mecanismos como os relatados pelos entrevistados. A população, por

meio dos líderes selecionados e/ou dos canais "participativos" criados, é ouvida, mas, como

no caso da consulta, a participação a rigor, não é deliberativa (SOUZA, 2001, VOSS, 2014).

Assim os cidadãos são ouvidos em diferentes foros mas não exercem qualquer influência nas

decisões estruturais.

Page 93: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

93

Ainda, considera-se que para gerar processos participativos bem sucedidos é

necessário respeitar ao mesmo tempo adequadas formas de divulgação, com informações

prévias entendíveis, com suficiente tempo de expressão, em espaços adequados que

encorajem os cidadãos a participar (PASCOAL, 2010). Neste caso, tais garantias foram

cumpridas de forma parcial e ineficiente. Se observamos as porcentagens de participação por

cada consulta pública, ou mesmo na audiência de validação, se verifica uma baixa adesão da

população aos processos participativos. Pois o fato de não haver qualquer garantia de que as

opiniões da população serão, de fato, incorporadas; e a utilização de argumentos técnicos,

muitas vezes invocados de maneira exagerada e tendenciosa, acarreta os riscos de

domesticação e desmobilização ainda maiores da sociedade civil (SOUZA, 2001; BLECIC,

2013).

Contudo, apesar dos gestores públicos acreditarem estar cumprindo com a agenda

participativa, na verdade estão desconsiderando os fatores políticos e econômicos subjacentes

nas discussões de planejamento das cidades. McAndrews (2015) resume esta questão ao

discutir as propostas governamentais de participação pública, que na pretensão de serem

controladas, administrativas e equitativas, acabam não sendo neutrais, inclusivas ou justas se

desconhecem os interesses ocultos e se apoiam unicamente na sua função administrativa.

Como resultado, ao repassar os princípios da EUROPEAN COMMISSION (2013)

apontados no referencial teórico, se observa que os processos de participação não foram

capazes de atender às necessidades de todos os usuários nem das empresas pois o sistema de

transporte público é quase monopólico e sua transformação se encontra em instâncias

judiciais. Por outro lado, a multimodalidade também não recebe a promoção adequada ao

encontrar sistemas cicloviários desconexos entre si e que não dialogam com a infraestrutura

do transporte público.

Em relação às etapas de Execução e Monitoramento, os dados apontam para um

modelo de “Não-Participação”. Os câmbios nas equipes e as decisões gerenciais dos novos

gestores resultaram num modelo que aspira a ser de “Cidade Inteligente” mas que encontra

dificuldades de prosseguimento das políticas e entraves de diálogo entre os programas da

própria secretaria encarregada dos projetos. Tais obstáculos à participação foram

oportunamente apontados por Souza (2001) e Offenbacker (2004) ao discutir os efeitos dos

processos eleitorais, as mudanças de gestores e das políticas locais.

Contudo, os dados coletados apontam que a atual administração tem disponibilizado

diversas instâncias participativas, todas acontecendo ao mesmo tempo em função de um

projeto de Cidade Inteligente, mas carente de um gerenciamento sistemático, ou de

Page 94: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

94

mecanismos de acompanhamento e registro público das ações. Nesse sentido, se

considerarmos a escala de Anttiroiko; Valkama e Bailey (2014) a proposta de Cidade

Inteligente atual somente alcança o mais baixo grau evolutivo, resumindo-se a uma série de

iniciativas informáticas e comunicacionais não sistêmicas, sem qualquer integração real com

os sistemas sócio-tecnológicos que permitam atingir algum grau de sustentabilidade.

5.2 Identificação das barreiras que afetam a participação

O terceiro objetivo específico deste estudo buscou identificar barreiras que afetam a

efetiva participação social. Dessa forma, se proporciona aos gestores uma recomendação

daquilo que pode impedir a boa execução de um modelo. Assim, em relação às barreiras

destacaram-se as seguintes argumentações:

“Cidadão 1”: A utilização da linguagem técnica foi feita para apartar as

pessoas da discussão. Elitiza a discussão, a população não entende do que

está se falando e se sente inibida de participar.

“Cidadão 2”: Joinville é uma cidade obreira, ou seja, tem gente que trabalha o

dia inteiro e no outro dia de manhã tem que trabalhar...e os horários das

consultas foram normalmente depois do expediente. Tudo isso concorre para

que “eu” acabe não participando.

“Governo 1”: representatividades muito concentradas que não representam o todo.

“Governo 2”: Equipe, custos de financiamento para acontecer...fazer isso

acontecer.

“Governo 3”: A interferência política. Você nunca sabe se a intervenção de

um cidadão é dele mesmo ou se é algo planejado, inserido naquele grupo.

“Governo 3”: Se não tivesse havido essa ruptura na administração.

Nós com uma equipe muito pequena conseguimos realizar o plano de

mobilidade [...] e não momento que se desfez essa equipe não se conseguiu

dar sequência ao trabalho.

“Cidadão 3”: Acredito que a falta de divulgação desses processos e até o

local onde foram realizados, como se deu o procedimento durante as

consultas foram situações que influenciaram bastante a participação popular.

Confirmando Souza (2001); Offenbacker (2004); Böhler-Baedeker (2013) e Cropley et

al. (2013) as barreiras para garantir uma participação efetiva apontadas pelos entrevistados

podem elencar-se da seguinte maneira:

a) Linguagem técnica

b) Horários pós jornada de trabalho

Page 95: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

95

c) Representatividade concentrada

d) Equipes insuficientes

e) Orçamento insuficiente

f) Interferência política

g) Mudanças de equipe

h) Divulgação deficiente

i) Locais inacessíveis para todos

j) Métodos impositivos

Salienta-se a menção dos entrevistados em relação ao período em que foram

agendadas as consultas públicas, que foram coincidentes com a realização da copa do mundo

de futebol no Brasil. Dessa forma, cidadãos que poderiam estar dispostos a participar se

depararam com um “trade-off” que afeta a sua idiossincrasia, tornando-se nesse sentido uma

barreira cultural (CROPLEY et al., 2013, HORDIJK et al., 2015; SWAPAN, 2016)

Contudo, os entrevistados apontaram não apenas as barreiras observadas neste Plano

de Mobilidade, bem como as ações facilitadoras que poderiam ter aumentado a motivação dos

cidadãos a participar. Dessa forma, se confirmam as afirmações de Yin (2010) ao comentar

que a coleta de dados segue um plano formal, mas encontra em seu transcurso informações

específicas que não eram previsíveis na elaboração dos objetivos e que podem se tornar

relevantes para o estudo. Assim, as ações que poderiam ter aumentado a motivação dos

cidadãos a participarem foram mencionadas pelos entrevistados como segue:

Disponibilizar as informações de uma maneira compreensível, didática e de fácil entendimento para a maioria da população (“Cidadão 1”).

Há uma apresentação, as pessoas falam, fazem comentários, mas não tem um

seguimento disso, a palavra chave é rastreabilidade. Que se possa dizer:

Fulano levantou tal questão e essa proposta foi considerada, foi analisada e

foi descartada por isto e aquilo (“Cidadão 1”).

[...] ponderação, paciência, amadurecimento, sabe...

De você ouvir aquelas pessoas, entender as necessidades, as dificuldades que

elas enfrentavam nas diferentes realidades (“Governo 2”).

[...] o processo educacional em torno do debate político deveria ser levado em

consideração também nessas audiências (“Cidadão 3”).

A liderança é importante. Mas é uma liderança que sabe ouvir essas partes e

empoderar elas, de ter espaço pra elas executarem também as coisas

(“Governo 4”).

A gente percebeu que talvez um convite direcionado seja mais efetivo do que

um convite aberto. Tentar achar a forma ideal, isso a gente não tem a resposta

Page 96: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

96

ainda, de cassar um convite mais direcionado, mas também de uma forma

ampla. Que eu consiga engajar muita gente, só que conseguir fazer um

convite mais próximo (“Governo 5”).

Assim as ações que podem contribuir para uma participação social efetiva,

mencionadas pelos entrevistados podem relacionar-se assim:

a) Informações compreensíveis

b) Rastreabilidade das contribuições dos cidadãos

c) Ponderação

d) Paciência

e) Escuta

f) Processo educacional prévio

g) Liderança

h) Estímulo ao empoderamento

i) Convites personalizados

A ausência de algumas dessas ações ficou evidente não apenas no relato dos

entrevistados como na análise documental: de fato, a rastreabilidade de opiniões, o estímulo

ao empoderamento ou os convites personalizados não possuem registros documentais físicos

nem digitais.

Outros aspectos como ponderação, paciência, escuta e liderança resultam difíceis de

confirmar ou contestar, toda vez que se trata de apreciações subjetivas que podem variar de

uma comunidade para outra. Nesse sentido, Offenbacker (2004) Baker et al. (2007) e Cropley

et al. (2013) sugerem concentrar os esforços primeiramente em compreender os

interlocutores; suas particularidades locais, seus costumes, modo de vida, história, estilos de

comunicação e as necessidades de conhecimento prévio sobre o assunto a ser tratado. Por esse

motivo se mencionam também os processos educacionais prévios, que ocorreram

parcialmente e se limitaram a um número reduzido de participantes que integraram os Grupos

Temáticos deixando à maioria da população fora de discussões mais elaboradas ou de ordem

técnica.

Page 97: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

97

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os desafios da dinâmica urbana contemporânea conduzem a um novo paradigma em

termos de inovação, planejamento e uso das cidades. Isso exige não apenas novas estratégias,

como novas formas de organização baseadas na sustentabilidade em seu sentido mais amplo e

inclusivo. A cidade humana e tecnológica, hoje sob o rótulo de “inteligente” deve conduzir o

processo de transformação em direção a uma sociedade mais participativa dos seus modelos

de inovação. A participação social, portanto, torna-se um mecanismo essencial para o

processo de mudança, sobretudo pelos seus efeitos na geração de valor público. Assim, esse

exercício democrático, mesmo que influenciado pelo atual determinismo tecnológico, requer

instrumentos que fomentem o direito de uma participação efetiva das camadas menos

favorecidas da sociedade.

O Brasil, com altas taxas de urbanização, conta com uma legislação específica sobre

participação social que outorga garantia de direitos nos assuntos pertinentes ao planejamento

urbano de cidades com mais de 20.000 habitantes. Tal legislação está concebida com base em

direitos constitucionais e possui uma semelhança conceitual e instrumental com os princípios

encontrados na literatura científica social que aborda a temática da participação social tanto na

mobilidade urbana quanto nas cidades inteligentes. Contudo, as manipulações interpretativas

da lei e as barreiras para o exercício de uma participação efetiva, podem resultar em processos

que alcançam somente níveis de pseudo-participação.

Sob esta perspectiva, o presente estudo buscou como objetivo geral analisar como

acontece a participação social nas políticas de mobilidade urbana das cidades inteligentes no

contexto brasileiro. Para cumprir com esse objetivo utilizou-se de uma metodologia de caso

único aplicado na Cidade de Joinville no estado de Santa Catarina.

Depois de revisar a teoria existente sobre Cidades inteligentes, Mobilidade urbana e

Participação social o estudo conduziu ao primeiro objetivo específico de elaboração de uma

matriz analítica que permita identificar os diferentes níveis de participação social.

A construção dessa ferramenta somada à análise dos dados secundários permitiu uma

elaboração melhor fundamentada dos questionários aplicados nas entrevistas presenciais.

Por outra parte a abrangência dos componentes da matriz analítica permitiu

compreender as diferentes nuances das estratégias de participação utilizadas pelos governos e

verificar que a participação efetiva somente se cumpre quando todos os componentes da

matriz estão alinhados no mesmo degrau. Assim, por exemplo, garantir o caráter deliberativo

de um conselho de cidadãos, mas que responde majoritariamente ao poder de turno, ou

Page 98: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

98

convocar a uma audiência pública, mas num local inacessível, produz efeitos contraditórios

que degradam a proposta de participação.

Com base nos resultados obtidos das análises conclui-se que a ferramenta

desenvolvida é adequada para identificar, em cada componente da matriz, o grau de

compromisso com a participação social nas estratégias governamentais. Ainda, sugere-se que

pelo seu caráter genérico este instrumento possa ser utilizado para analisar outras políticas de

reformulação urbana, não apenas as de mobilidade. Salienta-se que o detalhamento dos

componentes é um fator chave que auxilia o pesquisador no desenho dos seus instrumentos de

pesquisa e na análise dos dados.

Na sequência, o segundo objetivo específico foi o de identificar os níveis de

participação social em cada etapa de elaboração do Plano de Mobilidade. Nesse sentido,

utilizando a matriz apresentada, foram analisados os dados primários e secundários que

asseveraram a triangulação. Em relação a esse objetivo a análise concluiu que as práticas de

participação social aplicadas ao Plano de Mobilidade Urbana de Joinville alcançam níveis de

pseudo-participação alternando entre o diálogo e a cooptação segundo os métodos utilizados

em cada fase do processo. Dessa forma observou-se através da repetição nas entrevistas, que

alguns fatores, como a acessibilidade do local, o horário das consultas, ou o conhecimento

prévio exercem uma maior influência nas motivações para a participação. Assim, por

exemplo, apesar das consultas públicas serem de participação aberta e irrestrita, a garantia

desses fatores não foram suficientes para atingir 0,1% da população.

Embora este segundo objetivo tenha sido projetado para cada etapa do Plano de

Mobilidade, verificou-se na prática que a etapa de execução se encontra numa fase incipiente

e desencontrada do plano. Ainda, os mecanismos de monitoramento e controle que foram

enunciados não foram desenhados ou implementados, e o Conselho da Cidade, único

instrumento de controle social existente no possui uma pauta própria de fiscalização do plano.

Em relação ao terceiro objetivo de identificar as barreiras que afetam a participação

social, este estudo além de corroborar alguns dos fatores já apontados na literatura revelou

que a realização de consultas num período coincidente com um evento social tão sensível à

idiossincrasia brasileira, pode resultar uma barreira para garantir uma adequada concorrência

de público a um encontro comunitário de planejamento urbano.

Também, como resultado das entrevistas, foi possível conhecer de forma

complementar os fatores que poderiam ter aumentado a motivação dos cidadãos a participar

do Planejamento do Plano de Mobilidade. Nessa perspectiva, destaca-se a menção aos

“processos educacionais” prévios (transferência de conhecimento) e à “rastreabilidade” das

Page 99: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

99

opiniões dos participantes (transferência de controle), dois fatores que poderiam potencializar

um outro fator apontado pelos entrevistados referente ao “empoderamento” do cidadão.

Adicionalmente verificou-se que a Cidade Inteligente, ainda é uma etiqueta de auto

congratulação influenciada por agentes e consultorias externas tal como foi apontado na

revisão teórica, e que seus conceitos em formação confundem aos planejadores em relação ao

alcance, execução e inter-relação dos programas de governo. Constatou-se, que o modelo de

Cidade Inteligente, nesse caso específico, se encontra em um estágio incipiente e que tal

rotulação responde a um protocolo de intenções composto por um portfólio de projetos

desconectados entre si que promete empoderar o cidadão para que seja protagonista das

mudanças.

Também foi oportuno verificar que os planos de mobilidade urbana no Brasil por

serem medidas de longo prazo, ainda sofrem dificuldades de implementação, e que essas

dificuldades não são apenas orçamentárias, como também de planejamento, de recursos

humanos e de continuidade entre os diferentes governos.

Finalmente, comprovou-se que os processos de participação social nas políticas de

reformulação urbana sofrem os embates corporativos através de diversos mecanismos que

impedem aos grupos menos organizados de participar de forma efetiva na tomada de decisões.

6.1 Limitações

Algumas limitações precisam ser consideradas: Em relação ao escopo das Cidades

Inteligentes brasileiras e suas políticas de mobilidade urbana, os resultados devem ser

compreendidos no contexto de um estudo de caso único que pode não ser representativo o

suficiente para estabelecer uma tendência nos modelos de gerenciamento. Nesse sentido, para

invalidar essa limitação, sugere-se a realização de novos estudos inclusive de casos múltiplos.

Também a mudança de equipes de gestão entre aqueles que planejaram e aqueles que

posteriormente lhes compete executar as políticas de mobilidade aconteceu no decorrer desta

pesquisa, dessa forma as equipes entrantes ao darem prioridade a novos programas de

governo, não deram sequência aos projetos de mobilidade urbana que foram projetados. Por

outra parte, a exigência do Governo Federal que os planos de mobilidade sejam discutidos no

âmbito dos poderes legislativos municipais, e aprovados por lei e não por decreto, provocou

um entrave no processo de execução que impede a captação de recursos federais para a

efetivação das obras.

Page 100: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

100

Dessa forma, uma análise mais aprofundada em relação às etapas de execução e

monitoramento ficou comprometida.

Finalmente salienta-se a questão das entrevistas, que embora confirmatórias dos dados

secundários, foram realizadas com 11 entrevistados, 5 dos quais pertenciam ao Governo, três

aos cidadãos, um representante de ONG e um da Academia. Dessa forma a representatividade

não proporcional pode ser considerada uma limitação para este estudo.

6.2 Implicações Acadêmicas

Sendo a mobilidade urbana um dos principais problemas das urbes e ao mesmo tempo

um dos principais componentes da Cidade Inteligente, e considerando que essa nova proposta

urbana demanda processos participativos inovadores, surge a necessidade de contar com

ferramentas que auxiliem no planejamento e análise de tais processos.

Assim, a Matriz Analítica apresentada como primeiro objetivo específico desta

pesquisa, poderá auxiliar a futuras pesquisas tanto no escopo da mobilidade como em outros

referentes à reformulação urbana.

Ainda, ponderando a escassa literatura existente sobre cidades inteligentes na América

Latina e particularmente no Brasil, esta pesquisa contribui com uma análise sobre as

condições atuais da participação social em projetos de mobilidade urbana.

6.3 Implicações Gerenciais

Em termos gerenciais o estudo contribui com uma ferramenta de análise para a

formulação de estratégias de participação nas diferentes fases do processo de implantação dos

Planos de mobilidade, inclusive de outros relativos à reformulação urbana.

Ainda, apesar das particularidades de cada comunidade já ressalvadas neste estudo,

entrega-se uma relação de barreiras e facilitadores derivadas do contexto brasileiro, que

poderá contribuir a desenhar estratégias mais efetivas para os processos de participação social.

6.4 Pesquisas Futuras

As sugestões para estudos futuros se dividem por um lado no aperfeiçoamento e uso

da Matriz Analítica que deverá ser testada em outras dimensões da Cidade Inteligente e nos

mais diferentes contextos. Por outro lado, abre-se a possibilidade de outras linhas de pesquisa

Page 101: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

101

relacionadas com os efeitos da participação social, por exemplo: consumação de obras

públicas baseadas no consenso, geração de valor público, criação de capital social ou novos

modelos de governança.

REFERÊNCIAS

A NOTICIA - Excluíram o maior bairro. Edição 01 jul. 2014. p.31. Arquivo Histórico

Municipal de Joinville. 2014a.

A NOTICIA - Divulgação do Calendário das Consultas. Edição 01 jul. 2014. p.11. Arquivo

Histórico Municipal de Joinville. 2014b.

A NOTICIA - Obras viárias de Joinville. Edição 01 jul. 2014, p. 01. Arquivo Histórico

Municipal de Joinville. 2104c.

A NOTICIA - Edital de convocação Audiência Pública PlanMOB. Edição 25 fev. 2015, p.20.

Arquivo Histórico Municipal de Joinville. 2015.

AJORPEME. ASSOCIAÇÃO DE JOINVILLE E REGIÃO DE PEQUENAS, MICRO E

MÉDIAS EMPRESAS. 2018. Disponível em: <http://ajorpeme.com.br/>. Acesso em: 04 jan.

2018.

AHVENNIEMI, H; HUOVILA, A; PINTO-SEPPÄ, I.; AIRAKSINEN, M. What are the

differences between sustainable and smart cities? Cities, v. 60, Part A, p. 234–245, 6 fev.

2017.

ALBERICCI, A. Smart Cities as Engines of Sustainable Growth: prepared for the World

Bank Institute. Massachusetts. 2011 . Disponível em:<https://innovationpolicyplatform.org/

sites/default/files/rdf_imported_documents/WBI_Challenge_Paper_Final_20110614-2-3

COMPRESSED.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2017.

ALBINO, V.; BERARDI, U.; DANGELICO, R. M. Smart Cities: Definitions, Dimensions,

Performance, and Initiatives. Journal of Urban Technology, v. 22, n. 1, p. 3–21, 2 dez.

2015.

ÁLVAREZ, D. A cultura do automóvel como parte da organização territorial urbana da

América Latina: a mobilidade sustentável como alternativa. Dissertação (Mestrado),

Universidade Federal de Uberlândia, 2016.

ANGELIDOU, M. Smart cities: A conjuncture of four forces. Cities, Current Research on

Cities (CRoC). v. 47, p. 95–106, 2015.

ANSELL, C.; TORFING, J. Handbook on theories of governance. Edward Elgar

Publishing, Cheltenham, 2016.

ANTHOPOULOS, L. Understanding the Smart City Domain: A Literature Review. In:

RODRÍGUEZ-BOLÍVAR, M. (Ed.). Transforming City Governments for Successful

Smart Cities. Public Administration and Information Technology. Cham. Springer

Page 102: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

102

International Publishing, p. 9–21, 2015.

ANTHOPOULOS, L.; JANSSEN, M.; WEERAKKODY, V. A Unified Smart City Model

(USCM) for Smart City Conceptualization and Benchmarking. International Journal of

Electronic Government Research (IJEGR), v. 12, n. 2, p. 77–93, 2016.

ANTHOPOULOS, L. G. Governing a smart city. Understanding smart cities: a tool for

smart government or an industrial trick? Springer, Cham, v. 22. p. 215–262, 2017.

ANTTIROIKO, A.-V.; VALKAMA, P.; BAILEY, S. J. Smart cities in the new service

economy: building platforms for smart services. Ai & society, v. 29, n. 3, p. 323–334, 2014.

ARNSTEIN, S. A Ladder Of Citizen Participation. Journal of the American Institute of

Planners, v. 35, n. 4, p. 216–224, 1969.

BACCARNE, B.; MECHANT, P.; SCHUURMAN, D. Empowered cities? an analysis of the

structure and generated value of the smart city ghent. In: DAMERI R.; ROSENTHAL-

SABROUX C. (Org.). Smart city - how to create public and economic value with high

technology in urban space. Springer International Publishing, Cham, p. 157–182, 2014.

BAKER, M.; COAFFEE, J.; SHERRIFF, G. Achieving successful participation in the new uk

spatial planning system. Planning practice and research, v. 22, n. 1, p. 79–93, 2007.

BANISTER, D. The sustainable mobility paradigm. Transport Policy, v. 15, n. 2, p. 73–80,

2008.

BARDIN, L. . Edições 70, Lisboa, 1977.

BENEVOLO, C.; DAMERI, R. ; D’AURIA, B. Smart Mobility in Smart City. In: TORRE,

T.; BRACCINI, A.; SPINELLI, R. (Eds.). Empowering Organizations. Springer

International Publishing AG, Cham, p. 13–28, 2016.

BERNTZEN, L.; JOHANNESSEN, M. The Role of Citizen Participation in Municipal Smart

City Projects: Lessons Learned from Norway. In: GIL-GARCIA, J.; PARDO, T.; NAM, T.

(Eds.). Smarter as the New Urban Agenda. Public Administration and Information

Technology. Springer International Publishing, Cham, p. 299–314, 2016.

BIBRI, S.; KROGSTIE, J. Smart sustainable cities of the future: An extensive

interdisciplinary literature review. Sustainable Cities and Society, v. 31, p. 183–212, 2017.

BID. BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO. Panorama de la

efectividad en el desarrollo 2015 / Banco Interamericano de Desarrollo. Washington, D.C.

2016.

BIFULCO, F.; TREGUA, M.; AMITRANO, C.; D'AURIA, A. ICT and sustainability in

smart cities management. International Journal of Public Sector Management, v. 29, n. 2,

p. 132–147, 2016.

BISHOP, P.; DAVIS, G. Mapping public participation in policy choices. Australian journal

of public administration, v. 61, n. 1, p. 14–29, 2017.

Page 103: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

103

BLECIC, I.; CANU, D; CECCHINI, A; TRUNFIO, G. A Web-Based Participatory

Management and Evaluation Support System for Urban Maintenance. In: MURGANTE

B. et al. (Eds.). International Conference on Computational Science and ITS Applications –

ICCSA 2013. Ho Chi Ming City, Springer, p. 594-605, 2013.

BÖHLER-BAEDEKER S; LINDENAU, M. Why is participation a challenge in

sustainable urban mobility planning? Eltis, 2013. Disponível em:

<http://www.eltis.org/sites/eltis/files/ trainingmaterials/challenge_participation_final.pdf>.

Acesso em: 9 jul. 2017.

BOLÍVAR RODRÍGUEZ, M. Characterizing the Role of Governments in Smart Cities: A

Literature Review. In: GIL-GARCIA, J.; PARDO, T.; NAM, T. (Eds.). Smarter as the New

Urban Agenda. Public Administration and Information Technology. Springer International

Publishing, Cham, p. 49–71, 2016.

BOLÍVAR RODRÍGUEZ, M. Governance Models and Outcomes to Foster Public Value

Creation in Smart Cities. Proceedings of the 18th Annual International Conference on

Digital Government Research. Staten Island, p. 521-530, 2017.

BOUSKELA, M.; CASSEB, M.; BASSI, S.; DE LUCA, C.; FACCHINA, M. The Road

toward Smart Cities: Migrating from Traditional City Management to the Smart City. IADB.

Washington, D.C. 2016. Disponível em: < https://publications.iadb.org/handle/11319/7743>.

Acesso em: 18 agosto. 2017

BRASIL - MINISTÉRIO DAS CIDADES. Planmob - construindo a cidade sustentável.

Brasília, 2007. Disponível em: <http://www.mobilize.org.br/estudos/79/planmob--

construindo-a-cidade-sustentavel.html>. Acesso em: 20 dez. 2017.

BRASIL. Lei nº 12.587, de 03 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de

Mobilidade Urbana. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2012/lei/l12587.htm>. Acesso em: 26 jan. 2018.

BRASIL. Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014. Institui a Política Nacional de

Participação Social. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2014/decreto/d8243.htm>. Acesso em: 26 jan. 2018.

BRASIL - MINISTÉRIO DAS CIDADES. Caderno de referência para elaboração de plano de

mobilidade urbana. Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/images/

stories/ ArquivosSE/planmob.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2017.

BRYSON, J.; QUICK, K.; SLOTTERBACK, C.; CROSBY, B. Designing public

participation processes. Public administration review, v. 73, n. 1, p. 23–34, 2013.

CAPRA, C. The smart city and its citizens: governance and citizen participation in amsterdam

smart city. International journal of e-planning research, v. 5, n. 1, p. 19, 2016.

CARAGLIU, A.; BO, C.; NIJKAMP, P. Smart Cities in Europe. Journal of Urban

Technology, v. 18, n. 2, p. 65–82, 2011.

Page 104: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

104

CARVALHO, C.; LEE S.; TUIJL VAN, E.; HAAREN VAN, J.; DEN BERG, VAN L.;

LAZZERINI, I. A mobilidade urbana no Brasil. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (Ipea), 2011. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/handle/ 11058/3494>.

Acesso em: 6 abr. 2017.

CASTELNOVO, W.; MISURACA, G.; SAVOLDELLI, A. Citizen’s engagement and value

co-production in smart and sustainable cities. International Conference on Public Policy.

Milan, 2015a.

CASTELNOVO, W.; MISURACA, G.; SAVOLDELLI, A. Smart Cities Governance The

Need for a Holistic Approach to Assessing Urban Participatory Policy Making. Social

Science Computer Review, v. 34, n. 6, p. 724–739, 2015b. Acesso em: 6 abr. 2017.

CHOURABI, H.; NAM, T.; WALKER, S.; GIL-GARCIA, J.; MELLOULI, S.; NAHON, K.;

PARDO, T.; SCHOLL, H. Understanding Smart Cities: An Integrative Framework. 45th

Hawaii International Conference on System Science (HICSS). 2012.

CHUVA ÁCIDA - Plano de Mobilidade "express" e os erros do planejamento urbano de

Joinville. 27 jun. 2014. Disponível em: <http://www.chuvaacida.info/2014/06/plano-de-

mobilidade-express-e-os-erros.html>. Acesso em: 07 jan. 2018.

CIVITAS INITIATIVE. 2017. Disponível em: <http://civitas.eu/content/2016-winner-

bologna-and-ecc%E2%80%99s-cities>. Acesso em: 14 dez. 2017.

COCCHIA, A. Smart and Digital City: A Systematic Literature Review. In: DAMERI, R.;

ROSENTHAL-SABROUX, C. (Eds.). Smart City. Progress in IS. Springer International

Publishing, London, p. 13–43, 2014.

COLEGIO DOS SANTOS ANJOS. 2018. Disponível em:<http://www.santosanjos.g12.br/>.

Acesso em: 04 jan. 2018.

COPENHAGEN CLEANTEACH CLUSTER. Danish Smart Cities: sustainable living in an

urban world. An Overview of Danish Smart City Competencies. Copenhagen, 2012.

Disponível em:<https://scholar.google.com/scholar?cluster=312749139957647630&hl

=en&num=20&as_sdt=2005&sciodt=0,5>. Acesso em: 16 maio. 2017.

COSTA, C. Cidades inteligentes e big data. Cidades inteligentes e mobilidade urbana.

Cadernos FGV Projetos., v. 9, p. 66–73, 2014.

CRESWELL, J. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa - escolhendo entre cinco

abordagens. 3. ed. Penso, Porto Alegre, 2014.

CROPLEY, A.; PHIBBS, P. Public participation in planning barriers, opportunities and

ideas. The University of Sidney, Sydney, 2013.

DAMERI, R. Smart City Implementation - Creating Economic and Public Value in

Innovative Urban Systems. Springer International Publishing, Cham, 2017a.

DAMERI, R. Using ICT in Smart City. In: Smart City Implementation. Creating

Economic and Public Value in Innovative Urban Systems. Springer International

Page 105: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

105

Publishing, Cham, p. 45–65, 2017b.

DAMERI, R.; BENEVOLO, C. ICT Intensity in Smart Mobility Initiatives. In: Smart City

Implementation. Progress in IS. Springer International Publishing, London, p. 85–108, 2017.

DAMERI, R.; ROSENTHAL-SABROUX, C. Preface. In: Smar y : h w r a pub

and economic value with high technology in urban space. Springer International

Publishing, London, 2014a.

DAMERI, R.; ROSENTHAL-SABROUX, C. Smart City and Value Creation. In: Smart

City. How to Create Public and Economic Value with High Technology in Urban Space.

Springer International Publishing, London, p. 1–12, 2014b.

DAWE, S.; SANKAR, C. S. Developing a smart city by operationalizing the co-creation of

value model. Journal of information technology case and application research, v. 18, n. 1,

p. 37–49, 2016.

DE JONG, M.; JOSS, S.; SCHRAVEN, D.; ZHAN, C.; WEIJNEN, M. Sustainable–smart–

resilient–low carbon–eco–knowledge cities; making sense of a multitude of concepts

promoting sustainable urbanization. Journal of Cleaner Production, Special Issue: Toward a

Regenerative Sustainability Paradigm for the Built Environment: from vision to reality. v.

109, p. 25–38, 2015.

DEAKIN, M. The Smart Cities Governance Agenda: Mapping out the Interdisciplinary

Landscape. Fondazione Feltrinelli, Milano, 2015.

DEBNATH, A.; CHIN, H; HAQUE, M.; YUEN, B. A methodological framework for

benchmarking smart transport cities. Cities, v. 37, p. 47–56, 2014.

DENZIN, N.; LINCOLN, Y. The Sage handbook of qualitative research. Sage, 2011.

DUBÉ, L.; PARÉ, G. Rigor in information systems positivist case research: current practices,

trends, and recommendations. Mis quarterly, v. 27, n. 4, p. 597-636, 2003.

EISENHARDT, K. M. Building Theories from Case Study Research. Academy of

Management Review, v. 14, n. 4, p. 532–550, 1989.

ELVY, J. Public participation in transport planning amongst the socially excluded: an analysis

of 3rd generation local transport plans. Case studies on transport policy, v. 2, n. 2, p. 41–49,

2014.

EMBARQ BRASIL. Sete passos para criar um plano de mobilidade urbana. Porto Alegre,

2015. Disponível em: <http://wricidades.org/conteudo/sete-passos-para-criar-um-plano-de-

mobilidade-urbana>. Acesso em: 20 dez. 2017.

EUROPEAN COMMISSION. A concept for sustainable urban mobility plans.

Communication from the Commission to the European Parliament, the Council, the European

Economic and Social Committee and the Committee of the Regions. Bruxelas, 2013.

Disponível em: <https://scholar.google.com.ar/scholar?hl=pt-BR&q=A+CONCEPT+

FOR+SUSTAINABLE+URBAN>. Acesso em: 14 abr. 2017.

Page 106: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

106

EXPOVILLE. Centro de Convenções e Exposições. Disponível em:

<http://www.expoville.com.br>. Acesso em: 20 dez. 2017.

FERRO, E.; CAROLEO, B.; LEO, M.; PAUTASSO, E. The Role of ICT in Smart City

Governance. Istituto Superiore Mario Boella (Ed.) International Conference for E-

Democracy and Open Government (CeDEM). Krems, Business Model & Policy Innovation

Unit, 2013.

FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Penso, Porto

Alegre, 2013.

FLICK, U.; BLANCO, C. El diseño de investigación cualitativa. Morata, Madrid, 2014.

FUNG, A. Putting the public back into governance: the challenges of citizen participation and

its future. Public administration review, v. 75, n. 4, p. 513–522, 2015.

GARAU, C.; MASALA, F.; PINNA, F. Cagliari and smart urban mobility: Analysis and

comparison. Cities, v. 56, p. 35–46, 2016.

GHOSE, R. The complexities of citizen participation through collaborative governance.

Space and polity, v. 9, n. 1, p. 61–75, 2005.

GIBBS, G. Análise de dados qualitativos: coleção pesquisa qualitativa. Penso. São Paulo,

2009.

GIFFINGER, R.; FERTNER, C.; KRAMAR, H.; KALASEK, R.; PICHLER-MILANOVIC,

N.; MEIJERS, E. Smart cities-Ranking of European medium-sized cities. Vienna

University of Technology, Vienna, 2007.

GIFFINGER, R. Smart City Concepts: Chances and Risks of Energy Efficient Urban

Development. Springer International Publishing (Ed.), Cham, 2015.

GIFFINGER, R.; GUDRUN, H. Smart cities ranking: an effective instrument for the

positioning of the cities? ACE: Architecture, City and Environment, v. 4, n. 12, p. 7–26,

2010.

GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. Atlas, São Paulo, 2009.

GIL, A.; CALADO, H.; BENTZ, J. Public participation in municipal transport planning

processes ? the case of the sustainable mobility plan of Ponta Delgada, Azores, Portugal.

Journal of Transport Geography, v. 19, n. 6, p. 1309–1319, 2011.

GUPTA, R.; AWASTHY, R. Qualitative research in management: Methods and

experiences. Sage (Ed.), New Delhi, 2015.

HARRISON, C.; DONNELLY, I. A Theory of Smart Cities. Proceedings of the 55th

Annual Meeting of the ISSS - 2011, Hull, UK, v. 55, n. 1, 2011.

HÖJER, M.; WANGEL, J. Smart Sustainable Cities: Definition and Challenges. In: HILTY,

Page 107: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

107

L.; AEBISCHER, B. (Eds.). ICT Innovations for Sustainability. Advances in Intelligent

Systems and Computing. Springer International Publishing, Cham, p. 333–349, 2015.

HOLLANDS, R. Will the real smart city please stand up? City, v. 12, n. 3, p. 303–320, 2008.

HORDIJK, M.; MIRANDA SARA, L.;SUTHERLAND, C.; SCOTT, D. Participatory

instruments and practices in urban governance. Geographies of urban governance. Springer

International Publishing, Cham, p. 127–146, 2015.

HÜGING, H.; GLENSOR, K.; LAH, O. Need for a Holistic Assessment of Urban Mobility

Measures – Review of Existing Methods and Design of a Simplified Approach.

Transportation Research Procedia, v. 4, p. 3–13, 2014.

HURLBERT, M.; GUPTA, J. The split ladder of participation: a diagnostic, strategic, and

evaluation tool to assess when participation is necessary. Environmental science & policy, v.

50, p. 100–113, 2015.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS. IBGE | Séries

Estatísticas; Séries Históricas; População e Demografia. 2010. Disponível em:

<http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP122>. Acesso em: 4 set. 2017.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS. Municipios por

Região. Estimativas populacionais dos municípios. 2016. Disponível em:

<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de-noticias/releases/9497-ibge-divulga-

as-estimativas-populacionais-dos-municipios-em-2016.html>. Acesso em: 04 jan. 2018.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS. Municipios por

Região. 2017. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/

analises_do_territorio/ municipios_por_regioes_metropolitanas/Situacao_2010a2019/>.

Acesso em: 04 jan. 2018.

IRVIN, R.; STANSBURY, J. Citizen Participation in Decision Making: Is It Worth the

Effort? Public Administration Review, v. 64, n. 1, p. 55–65, 2004.

ITDP - INSTITUTO DE POLÍTICAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO.

Criação da Política Nacional de Mobilidade Urbana. 2016. Disponível em:

<http://2rps5v3y8o843iokettbxnya.wpengine.netdna-cdn.com/wp-content/uploads/2016/01/

Cartilha-PNMU_pbu.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Conselho Municipal de Desenvolvimento da

Cidade - Conselho da Cidade. Ata de Reunião Ordinária Nº49. 03/12/2014. 2014a.

Disponível em: <https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/03/Ata-

n%C2%BA-49-de-reuni%C3%A3o-ordin%C3%A1ria-do-Conselho-da-Cidade-de-03-12-

2014.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Lista de Presença das Consultas Públicas do

PlanMOB das Subprefeituras Leste, Sudeste, Sul e Sudoeste. 2014b (em PDF)

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Conselho Municipal de Desenvolvimento da

Cidade - Conselho da Cidade. Ata de Reunião Ordinária Nº50. 04/03/2015. 2015a.

Page 108: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

108

Disponível em: <https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/03/Ata-

n%C2%BA-50-de-reuni%C3%A3o-ordin%C3%A1ria-do-Conselho-da-Cidade-de-04-03-

2015.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Conselho Municipal de Desenvolvimento da

Cidade - Conselho da Cidade. Ata de Reunião Ordinária Nº51. 15/04/2015. 2015b.

Disponível em: <https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/03/Ata-

n%C2%BA-51-de-reuni%C3%A3o-ordin%C3%A1ria-do-Conselho-da-Cidade-de-15-04-

2015.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Ata da audiência pública sobre o Plano de

Mobilidade de Joinville - PlanMOB. 2015c. em PDF fornecido pela prefeitura.

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Relatório Síntese do Processo de

Desenvolvimento Participativo do Plano de Mobilidade de Joinville - PlanMOB. 2015d. em

PDF fornecido pela prefeitura.

JOINVILLE - FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE JOINVILLE - IPPUJ. Plano Municipal de

Mobilidade Urbana de Joinville - PlanMOB. 2016a. Disponível em:

<https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Caderno-PlanMOB-Volume-I-

Plano-de-Mobilidade-Urbana-de-Joinville-Ed-02-2016.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2017.

JOINVILLE - CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL -

CONSELHO DA CIDADE. Relatório Anual - Segundo Mandato - 10/06/2013 a 15/05/2015.

2016b. Disponível em: <https://www.joinville.sc.gov.br/wp-

content/uploads/2017/03/Relat%C3%B3rio-do-Conselho-da-Cidade-no-2%C2%BA-mandato-

Jun-2013-a-Mai-2015.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018. dez. 2017.

JOINVILLE - PREFEITURA DE JOINVILLE. Joinville Criativa, Inteligente & Humana -

Programa JOIN.VALLE. 2016c. Disponível em: <https://www.joinville.sc.gov.br/

publicacoes/apresentacao-do-programa-join-valle/>. Acesso em: 27 dez. 2017.

JOINVILLE - FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE JOINVILLE - IPPUJ. Plano Diretor de

Transportes Ativos. 2016d. Disponível em: <https://intranet.joinville.sc.gov.br/portalippuj/

arquivo/lista/codigo/796-Plano%2BDiretor%2Bde%2BTransportes%2BAtivos%2B-

Decreto.html>. Acesso em: 27

KEMP, R.; ROTMANS, J. Managing the transition to sustainable mobility. In: ELZEN, B.;

GEELS, F.; GREEN, K. (Eds.). System innovation and the transition to sustainability:

theory, evidence and policy. Cheltenham, p. 137-167, 2004

KOMMINOS, N. The Age of Intelligent Cities. Smart enviroments and innovation for all

strategies. Routledge, London, 2014.

LINDENAU, M.; BÖHLER-BAEDEKER, S. Citizen and Stakeholder Involvement: A

Precondition for Sustainable Urban Mobility. Transportation Research Procedia, v. 4, p.

347–360, 2014.

Page 109: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

109

LYONS, G. Getting smart about urban mobility – Aligning the paradigms of smart and

sustainable. Transportation Research Part A: Policy and Practice, p.1-11, 2016.

MACADAR, M.; PORTO, J. Smart City: A Rigorous Literature Review of the Concept from

2000 to 2015. In: SCHOLL H.; GLASSEY O.; JANSSEN M. (Eds.). Electronic

Government and Electronic Participation. IOS Press. Amsterdam, p. 203–210, 2016.

MANITIU, D.; PEDRINI, G. Urban smartness and sustainability in Europe. An ex ante

assessment of environmental, social and cultural domains. European Planning Studies, v.

24, p. 1766-1787, 2016.

MARCZAK, J. . et al. América Latina y el Caribe 2030: Escenarios futuros. 2016. Disponível

em: <http://info.iadb.org/lac2030>. Acesso em: 20 mar. 2017.

MATTONI, B.; GUGLIERMETTI, F.; BISEGNA, F. A multilevel method to assess and

design the renovation and integration of Smart Cities. Sustainable Cities and Society, v. 15,

p. 105–119, 2015.

MÁXIMO A.; STOLF C.; HAGEMANN L. Metodologia de desenvolvimento do plano de

mobilidade urbana de Joinville, SC. XXIX Congresso Nacional de Pesquisa em Transporte

da ANPET. Ouro Preto, p. 2784–2794, 2015.

MCANDREWS, C.; MARCUS, J. The politics of collective public participation in

transportation decision-making. Transportation research part a: policy and practice, v. 78,

p. 537–550, 2015.

MEIJER, A.; GIL-GARCIA, J. R.; BOLÍVAR RODRÍGUEZ, M. P. Smart city research:

contextual conditions, governance models, and public value assessment. Social science

computer review, v. 34, n. 6, p. 647–656, 2016.

MELLOULI, S.; LUNA-REYES, L. F.; ZHANG, J. Smart government, citizen participation

and open data. Information Polity, v. 19, n. 1,2, p. 1–4, 2014.

MIRANDA, H.; RODRIGUES DA SILVA, A. Benchmarking sustainable urban mobility:

The case of Curitiba, Brazil. Transport Policy, v. 21, p. 141–151, 2012.

MONFAREDZADEH, T.; KRUEGER, R. Investigating Social Factors of Sustainability in a

Smart City. Procedia Engineering, v. 118, p. 1112–1118, 2015.

MONZON, A. Smart Cities Concept and Challenges: Bases for the Assessment of Smart City

Projects. In: HELFERT M. (Ed.) International Conference on Smart Cities and Green

ICT Systems. Communications in Computer and Information Science. Springer

International Publishing, Cham, 2015.

MOORE, M. H. Recognizing public value. Harvard University Press, Cambridge, 2013.

MORA, L.; BOLICI, R.; DEAKIN, M. The First Two Decades of Smart-City Research: A

Bibliometric Analysis. Journal of Urban Technology, v. 24, n. 1, p. 3–27, 2017.

MOSTERT, E. The challenge of public participation. Water policy, v. 5, n. 2, p. 179–197,

2003.

Page 110: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

110

MULDER, I. Sociable smart cities: rethinking our future through co-creative

partnerships. In: STREITZ N.; MARKOPOULOS P. (Org.). International Conference on

Distributed, Ambient, and Pervasive Interactions, Heraklion. Springer, p. 566–574, 2014.

MUSTAPHA, K.; MCHEICK, H.; MELLOULI, S. Smart cities and resilience plans: a multi-

agent based simulation for extreme event rescuing. In: GIL-GARCIA J.; PARDO T.; NAM T.

(Eds.). Smarter as the New Urban Agenda: A Comprehensive View of the 21st Century

City, v.11, p. 149-170, 2016.

NAM, T.; PARDO, T. Smart city as urban innovation: Focusing on Management, Policy, and

Context. Proceedings of the 5th International Conference on Theory and Practice of

Electronic Governance - ICEGOV ’11. ACM Press, New York, 2011a.

NAM, T.; PARDO, T. Conceptualizing smart city with dimensions of technology, people, and

institutions. The Proceedings of the 12th Annual International Conference on Digital

Government Research. ACM Press, Washington, DC, 2011b.

NASRAWI, S.; ADAMS, C.; EL-ZAART, A. A Conceptual Multidimensional Model for

Assessing Smart Sustainable Cities. Journal of Information Systems and Technology

Management, v. 12, n. 3, 2016.

NOTÍCIAS DO DIA. Prêmio Civitas Award. Edição eletrônica 03 ago. 2016. Disponível em:

<https://ndonline.com.br/joinville/noticias/joinville-ganha-premio-internacional-por-

participacao-popular-em-acoes-de-planejamento. > Acesso em: 07 jan. 2018

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES – IPPUR/UFRJ – FASE. Mapa da Região

Metropolitana do Norte/Nordeste Catarinense. 2000. Disponível em:

<http://www.observatoriodasmetropoles. ufrj.br/imagens/rm_nnecat.gif >. Acesso em 04 jan.

2018.

OFFENBACKER, B. S. Overcoming barriers to effective publicparticipation. Wit

transactions on ecology and the environment, v. 70, p. 281–289, 2004.

OJO, A.; CURRY, E.; JANOWSKI, T.; DZHUSUPOVA, Z. Designing Next Generation

Smart City Initiatives: The SCID Framework. In: RODRÍGUEZ-BOLÍVAR, M. (Ed.).

Transforming City Governments for Successful Smart Cities. Springer International

Publishing, Cham, p. 43–67, 2015.

ONU - CEPAL. Agenda 2030 y los Objetivos de Desarrollo Sostenible: una oportunidad

para América Latina y el Caribe. Santiago de Chile, 2017.

PALLOT, M.; TROUSSE, B.; SENACH, B.; SCHAFFERS, H.; KOMNINOS, N. Future

Internet and Living Lab Research Domain Landscapes: Filling the Gap between Technology

Push and Application Pull in the Context of Smart Cities. In: CUNNINGHAM, P.;

CUNNINGHAM M. (Eds.) eChallenges e-2011 Conference Proceedings, IIMC

International Information Management Corporation, Florence, 2011.

PAPA, E.; LAUWERS, D. Smart mobility: opportunity or threat to innovate places and cities.

CORP – Competence Center of Urban and Regional Planning, p. 543–550, 2015.

Page 111: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

111

PAROUTIS, S.; BENNETT, M.; HERACLEOUS, L. A strategic view on smart city

technology: The case of IBM Smarter Cities during a recession. Technological Forecasting

and Social Change, v. 89, p. 262–272, 2014.

PASCOAL, G. Estratégias de participação pública em operações de reabilitação urbana.

Dissertação (Mestrado) Instituto Superior de Engenharia de Coimbra - ISEC, 2010.

PRIESTER, R.; MIRAMONTES, M.; WULFHORST, G. A Generic Code of Urban Mobility:

How can Cities Drive Future Sustainable Development? Transportation Research Procedia,

v. 4, p. 90–102, 2014.

PURCHASE, J.; SIMMONS, D. Effective public involvement according to whom?:

Investigating measures of participant perspectives of infrastructure projects. 5th

International Megaprojects Workshop Stanford Sierra Camp, California. Stanford, p. 1–17,

2017.

RODRÍGUEZ BOLÍVAR, M. P. Smart cities: big cities, complex governance?

Transforming city governments for successful smart cities. Cham: Springer International

Publishing, p. 1–7, 2015.

ROUILLARD, J.; REEVES, A.; HEAL, K.; BALL, T. The role of public participation in

encouraging changes in rural land use to reduce flood risk. Land use policy, v. 38, p. 637–

645, 2014.

SADOWAY, D.; SHEKHAR, S. (Re)prioritizing citizens in smart cities governance:

examples of smart citizenship from urban india. The journal of community informatics, v.

10, n. 3, 2014.

SAGARIS, L. Citizen participation for sustainable transport: the case of "Living City" in

Santiago, Chile (1997/2012). Journal of Transport Geography, v. 41, p. 74–83, 2014.

SALEM, M.; SCHONOWSKI, J.; KÜPPER, A. Citizen-centric smart cities: m-technology for

realizing smart participatory urban sensing in e-government. International Journal of

information technology & computer science, v. 12, n. 1, p. 82–91, 2013.

SCOTTISH COMMUNITY DEVELOPMENT CENTRE. Barriers to community

engagement in planning - a research study. Edinburgh, 2017. Disponível em:

<http://www.scdc.org.uk/news/article/ barriers-community-engagement-planning-research-

st/>. Acesso em: 22 jan. 2018.

SHEN, L.; OCHOA, J.; SHAH, M.; ZHANG, X. The application of urban sustainability

indicators – a comparison between various practices. Habitat international, v. 35, n. 1, p.

17–29, 2011.

SINDIPEÇAS. Relatório da Frota Circulante. 2017. Disponível em: <

http://www.sindipecas.org.br/sindinews/Economia/2017/R_Frota_Circulante_2017.pdf>.

Acesso em: 12 out. 2017.

SÖDERSTRÖM, O.; PAASCHE, T.; KLAUSER, F. Smart cities as corporate storytelling.

Page 112: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

112

City, v. 18, n. 3, p. 307–320, 2014.

SOUZA, M. Mudar a cidade: Uma introdução crítica ao planejamento e à gestão

urbanos. 6a. ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2001.

SSEKATAWA, D. Towards more socially inclusive smart sustainable cities: a study of

smart city districts in greater copenhagen region. The International Institute for Industrial

Environmental Economics. Lund University, Lund, 2016.

STARICCO, L. Smart Mobility: opportunità e condizioni. Tema. Journal of Land Use,

Mobility and Environment, v. 6, n. 3, p. 342–354, 2013.

STEINERT, K.; MAROM, R.; RICHARD, P.; VEIGA, G.; WITTERS, L. Making cities

smart and sustainable. The Global Innovation Index 2011, p. 87, 2011.

SUDÁRIO, N.; HERNANDEZ, I. Planos de mobilidade urbana, seus princípios e desafios:

relatos da experiência de elaboração do planmob no município de São Sebastião do Paraíso –

MG. Cadernos da FUCAMP, v.13, n.19, p.1-17, 2014.

SWAPAN, M. Who participates and who doesn’t? adapting community participation model

for developing countries. Cities, v. 53, p. 70–77, 2016.

TRIVIÑOS, A. Introdução à pesquisa em ciências sociais - A Pesquisa Qualitativa em

Educação. Atlas, São Paulo, 1987.

UN - GLOBAL COMPACT CITIES PROGRAMME. Cities for the future: innovative and

principles-based approaches to urban equity, sustainability and governance 2015.

Disponível em: <https://www.unglobalcompact.org/library/1591>. Acesso em: 16 mar. 2017.

UNDP. UNITED NATIONS DEVELOPMET PROGRAMME. Ranking IDHM de

Municípios Brasileiros. 2010. Disponível em: <http://www.br.undp.org/content/brazil/

pt/home/idh0/rankings/idhm-municipios-2010.html >. Acesso em: 04 jan 2018.

UPHAM, P.; VIRKAMÄKI, V.; KIVIMAA, P.; HILDÉN, M.; WADUD, Z. Socio-technical

transition governance and public opinion: the case of passenger transport in Finland. Journal

of transport geography, v. 46, p. 210–219, 2015.

URBAN SYSTEMS, Ranking de Cidades Inteligentes do Brasil. 2016. Disponível em:

<http://www.connectedsmartcities.com.br/resultados-do-ranking-connected-smart-cities/>.

Acesso em: 04 jan. 2018.

VANOLO, A. Is there anybody out there? The place and role of citizens in tomorrow’s smart

cities. Futures, v. 82, p. 26–36, 2016.

VOSS, H. Environmental public participation in the UK. International journal of social

quality, v. 4, n. 1, p. 26–40, 2014.

WAART, P.; MULDER, I.; BONT, C. A Participatory Approach for Envisioning a Smart

City. Social Science Computer Review, v. 34, p. 708-723, 2015.

Page 113: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

113

Wikipedia. Mapa de Santa Catarina: Localização da Cidade de Joinville. 2017.

Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Joinville>. Acesso em: 04 jan. 2018.

WILLEMS, J.; BERGH, J. VAN DEN; VIAENE, S. Smart city projects and citizen

participation: the case of london. In: ANDESSNE, R.; GREILING, D.; VOGEL RICK (Org.).

Public Sector Management in a Globalized World. Wiesbaden: Springer Fachmedien

Wiesbaden, p. 249–266, 2017.

WORLD BANK. Braz L w Carb Ca S u y : Tra p r . Washington, DC, 2011.

Disponível em: <https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/12798>. Acesso em: 29

mar. 2017.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4a. ed. Bookman, Porto Alegre, 2010.

Page 114: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

114

APÊNDICE I

Protocolo da Entrevista

Modelo: Conselheiros e participantes das audiências

Meu nome é Alejandro Luna e sou pesquisador da Escola de Negócios da Faculdade

Meridional – IMED da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

O motivo da minha visita é entrevistá-lo para conhecer alguns aspectos sobre o projeto

de mobilidade urbana da cidade de Joinville. O seu nome foi selecionado pela sua atuação em

prol da Mobilidade Urbana do município, portanto consideramos que as suas contribuições

serão valiosas para o resultado da nossa pesquisa.

Esta entrevista é parte de um estudo sobre cidades inteligentes, especificamente em

projetos de mobilidade urbana. O foco da nossa investigação é sobre a participação social no

planejamento, implementação e monitoramento de planos de mobilidade urbana.

Nesse sentido, esta entrevista tem como objetivo coletar informações com diferentes

atores, para compreender como acontece a participação social no projeto de mobilidade

urbana da sua cidade.

É importante salientar, que o questionário a seguir foi validado por uma banca de

pesquisadores especialistas.

Algumas das perguntas você poderá achar mais fácil de responder do que outras,

entretanto, todas as suas opiniões e experiências são relevantes para o estudo. Sinta-se a

vontade para fazer interrupções, pedir esclarecimentos ou criticar o tipo de pergunta.

Peço a sua licença para podermos gravar a nossa entrevista, a qual será transcrita aos

efeitos do estudo em questão.

Você tem alguma pergunta a fazer antes de iniciarmos o questionário?

Podemos iniciar?

Questionário

Em primeiro lugar fale-nos um pouco a seu respeito.

Page 115: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

115

1. Qual bairro o Senhor mora?

2. Qual seu principal meio de locomoção?

3. Por gentileza, nos conte brevemente a sua trajetória em prol da Urbana Mobilidade.

Vamos continuar agora com algumas perguntas de caráter geral...

4. Na sua opinião o que é participação social?

5. De que forma a participação social pode contribuir na construção de um Plano de

Mobilidade?

Lhe proponho agora iniciarmos uma série de perguntas específicas sobre o Plano de

Mobilidade de Joinville...

6. Durante o processo de elaboração do Plano de Mobilidade Urbana da cidade, o senhor

teve alguma participação em alguma audiência ou consulta pública? Acompanhou esse

processo? Como?

Pelo que consta nos documentos públicos as etapas de elaboração e aprovação do Corpo

principal do Plano de Mobilidade, teve a participação aberta da sociedade em oito consultas

públicas regionais:

7. Que avaliação o senhor faz sobre como foi conduzido esse processo de participação

social? As convocatórias foram por diversos meios? Houve quantidade suficiente de

audiências? Houve a possibilidade dos presentes se manifestarem?

8. Na sua opinião, se os gestores tivessem ampliado a discussão com consultas em cada

bairro, em vez de regiões, isso teria possibilitado uma compreensão maior da problemática

da mobilidade no bairro? Por quê?

9. Tem conhecimento de alguma contribuição surgida das consultas nas audiências que

conste no projeto?

Posteriormente ocorreu uma audiência pública na qual o governo municipal apresentou a

proposta final...

10. Na sua opinião, se o texto final tivesse sido avaliado em cada bairro, em vez de numa

única audiência pública, teria gerado alguma mudança na proposta final? Por quê?

Page 116: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

116

11. A aprovação desse texto final foi feita no mesmo dia da audiência?

12. Lembra se algumas das objeções dos cidadãos durante a Audiência foram consideradas no

texto final? Quais?

O Plano de Transportes Ativos também teve diversos encontros com grupos de interesse e

uma audiência pública. O Senhor teve alguma participação?

13. Lembra se algumas das objeções dos cidadãos durante a Audiência foram consideradas no

texto final? Quais?

14. Por quê crê que o Plano de Mobilidade Urbana e o Plano de Transportes Ativos foram

aprovados por decreto e não por Lei Municipal?

15. Qual a responsabilidade da Câmara de Vereadores nesse sentido?

A etapa de Implementação e Monitoramento do Plano de Mobilidade prevê o

acompanhamento permanente da sociedade com manutenção continuada dos processos

participativos.

16. O senhor tem identificado algum mecanismo de monitoramento do Plano de

Mobilidade?

17. Qual a sua opinião sobre o funcionamento do Conselho da Cidade?

18. Qual a sua opinião sobre o funcionamento da Câmara de mobilidade urbana do Conselho

da Cidade?

19. Qual a sua opinião sobre o funcionamento do Observatório Municipal de Mobilidade?

Nos processos participativos, muitas vezes há dificuldades.

20. Quais foram as barreiras ou dificuldades ao longo da elaboração do Plano de

Mobilidade? E em quais das etapas?

21. Na sua opinião, o fato de Joinville ser considerada uma das 100 cidades inteligentes do

Brasil deveria influenciar o modelo de participação cidadã nas ações do Plano de

mobilidade?

22. Por fim, você gostaria de acrescentar alguma questão que considere relevante, que não

tenha sido contemplada no questionário?

Quero lhe agradecer a oportunidade e a sua disposição para esta entrevista.

Page 117: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

117

Tenho certeza que a sua contribuição será muito valiosa para o nosso estudo e caso tenha

interesse, me comprometo a entregar-lhe uma cópia do mesmo assim que estiver concluído.

APÊNDICE II

Entrevista Semi-estruturada

Modelo: Vereadores

Meu nome é Alejandro Luna e sou pesquisador da Escola de Negócios da Faculdade

Meridional – IMED da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

O motivo da minha visita é entrevistá-lo para conhecer alguns aspectos sobre o projeto

de mobilidade urbana da cidade de Joinville. O seu nome foi selecionado por ter sido membro

da comissão de urbanismo na legislatura anterior e por ter acompanhado ao longo de duas

legislaturas o trabalho do executivo, portanto consideramos que as suas contribuições serão

valiosas para o resultado da nossa pesquisa.

Esta entrevista é parte de um estudo sobre cidades inteligentes, especificamente em

projetos de mobilidade urbana. O foco da nossa investigação é sobre a participação social no

planejamento, implementação e monitoramento de planos de mobilidade urbana.

Nesse sentido, esta entrevista tem como objetivo coletar informações com diferentes

atores, para compreender como acontece a participação social no projeto de mobilidade

urbana da sua cidade.

É importante salientar, que o questionário a seguir foi validado por uma banca de

pesquisadores especialistas.

Algumas das perguntas você poderá achar mais fácil de responder do que outras,

entretanto, todas as suas opiniões e experiências são relevantes para o estudo. Sinta-se a

vontade para fazer interrupções, pedir esclarecimentos ou criticar o tipo de pergunta.

Peço a sua licença para podermos gravar a nossa entrevista, a qual será transcrita aos

efeitos do estudo em questão.

Você tem alguma pergunta a fazer antes de iniciarmos o questionário?

Podemos iniciar?

Questionário

Page 118: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

118

Em primeiro lugar fale-nos um pouco a seu respeito.

1. Qual bairro o Senhor mora?

2. Qual seu principal meio de locomoção?

3. Por gentileza, nos conte brevemente a sua trajetória como líder comunitário e

parlamentar?

As próximas perguntas serão especificas sobre gestão pública...

4. Na sua opinião o que é uma cidade inteligente?

5. Na sua opinião o que é participação social?

6. De que forma a participação social pode contribuir na construção de uma cidade

inteligente?

7. De que forma a Mobilidade Urbana pode contribuir na construção de uma cidade

inteligente?

8. Qual deveria ser o papel da participação social na construção e monitoramento de um

plano de mobilidade?

Durante o processo de elaboração do Plano de Mobilidade Urbana da cidade, o senhor era

membro da Comissão de Urbanismo da Câmara de Vereadores.

9. Na época, qual foi o acompanhamento que fizeram do processo de participação social?

Pelo que consta nos documentos públicos as etapas de elaboração e aprovação do Corpo

principal do Plano de Mobilidade, teve a participação aberta da sociedade em oito consultas

públicas:

10. Que avaliação o senhor faz sobre como foi conduzido o processo de participação social na

etapa de elaboração do Plano de Mobilidade? As convocatórias foram por diversos meios?

Houve quantidade suficiente de audiências? Houve a possibilidade dos presentes se

manifestarem?

11. Qual é a sua avaliação acerca do compromisso dos cidadãos com a etapa de elaboração?

12. Na sua opinião, se os gestores tivessem ampliado a discussão com consultas em cada

bairro, em vez de regiões, isso teria possibilitado uma compreensão maior da problemática

da mobilidade no bairro? Por quê?

Page 119: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

119

13. Na sua opinião, se os gestores tivessem realizado consultas em cada bairro, em vez de

regiões, a população teria se comprometido mais com o Projeto do Plano de Mobilidade?

Por quê?

14. Tem conhecimento de alguma contribuição surgida das consultas nas subprefeituras que

conste no projeto?

Segundo consta no Plano de Mobilidade o texto final foi submetido a análise numa audiência

pública.

15. Na sua opinião, se o texto final tivesse sido avaliado em cada bairro, em vez de numa

única audiência pública, , teria gerado alguma mudança na proposta final? Por quê?

16. Qual foi o motivo pelo qual o corpo principal do Plano de Mobilidade foi aprovado por

decreto e não por Lei Municipal?

17. Lembra da Câmara ter aberto a discussão do Plano de Mobilidade para o pronunciamento

da população? Lembra se algumas das objeções dos cidadãos foram consideradas no texto

final? Quais?

18. Numa etapa posterior o executivo municipal elaborou um Plano de Transportes Ativos

que veio complementar o Plano de Mobilidade. Que avaliação o senhor faz sobre como foi

conduzido o processo de participação social onde participaram grupos temáticos?

19. Qual foi o motivo pelo qual o Plano de Transportes Ativos foi aprovado por decreto e não

por Lei Municipal?

20. Também o Plano de Transporte Público foi apresentado em quatro regiões e uma

audiência pública. Qual a avaliação que o senhor faz sobre como foi conduzido o processo

de participação social nesse Plano?

21. Nos processos participativos, muitas vezes há dificuldades.

22. Na sua opinião quais foram e são as dificuldades encontradas no Plano de Mobilidade? E

em quais das etapas?

23. Como você acha que a participação poderia ter sido melhorada?

24. Qual a sua opinião sobre o funcionamento do Conselho da Cidade?

25. A Câmara de Vereadores da qual o senhor faz parte está monitorando a implementação do

Plano de Mobilidade? Como?

26. A etapa de Implementação e Monitoramento prevê o acompanhamento permanente da

sociedade com manutenção continuada dos processos participativos.

Page 120: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

120

27. Quais outros mecanismos de acompanhamento a Câmara de Vereadores está prevendo na

continuidade do Plano?

28. Esses mecanismos estarão abertos à discussão com a população?

29. Na sua opinião, o fato de Joinville ser considerada uma das 100 cidades inteligentes do

Brasil deveria influenciar o modelo de participação cidadã nas ações do Plano de

mobilidade?

30. Por fim, você gostaria de acrescentar alguma questão que considere relevante, que não

tenha sido contemplada no questionário?

Quero lhe agradecer a oportunidade e a sua disposição para esta entrevista.

Tenho certeza que a sua contribuição será muito valiosa para o nosso estudo e caso tenha

interesse, me comprometo a entregar-lhe uma cópia do mesmo assim que estiver concluído.

Page 121: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

121

APÊNDICE III

Entrevista Semi-estruturada

Modelo: ONG´s

Meu nome é Alejandro Luna e sou pesquisador da Escola de Negócios da Faculdade

Meridional – IMED da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

O motivo da minha visita é entrevistá-lo para conhecer alguns aspectos sobre o projeto

de mobilidade urbana da cidade de Joinville. O seu nome foi selecionado por presidir um

coletivo fundamental na mobilidade da cidade, portanto consideramos que as suas

contribuições serão valiosas para o resultado da nossa pesquisa.

Esta entrevista é parte de um estudo sobre cidades inteligentes, especificamente em

projetos de mobilidade urbana. O foco da nossa investigação é sobre a participação social no

planejamento, implementação e monitoramento de planos de mobilidade urbana.

Nesse sentido, esta entrevista tem como objetivo coletar informações com diferentes

atores, para compreender como acontece a participação social no projeto de mobilidade

urbana da sua cidade.

É importante salientar, que o questionário a seguir foi validado por uma banca de

pesquisadores especialistas.

Algumas das perguntas você poderá achar mais fácil de responder do que outras,

entretanto, todas as suas opiniões e experiências são relevantes para o estudo. Sinta-se a

vontade para fazer interrupções, pedir esclarecimentos ou criticar o tipo de pergunta.

Peço a sua licença para podermos gravar a nossa entrevista, a qual será transcrita aos

efeitos do estudo em questão.

Você tem alguma pergunta a fazer antes de iniciarmos o questionário?

Podemos iniciar?

Questionário

Em primeiro lugar fale-nos um pouco a seu respeito.

Page 122: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

122

1. Qual bairro o Senhor mora?

2. Qual seu principal meio de locomoção?

3. Por gentileza, nos conte brevemente como nasce “a sua ONG” e de que forma seu grupo

participa da vida pública da cidade.

Vamos continuar agora com algumas perguntas de caráter geral...

4. Na sua opinião o que é participação social?

5. De que forma a participação social pode contribuir na construção de um Plano de

Mobilidade?

Lhe proponho agora iniciarmos uma série de perguntas específicas sobre o Plano de

Mobilidade de Joinville...

6. Durante o processo de elaboração do Plano de Mobilidade Urbana da cidade, o senhor

teve alguma participação em alguma audiência ou consulta pública? Acompanhou esse

processo? Como?

Pelo que consta nos documentos públicos as etapas de elaboração e aprovação do Corpo

principal do Plano de Mobilidade, teve a participação aberta da sociedade em oito consultas

públicas regionais:

7. Que avaliação o senhor faz sobre como foi conduzido esse processo de participação

social? As convocatórias foram por diversos meios? Houve quantidade suficiente de

audiências? Houve a possibilidade dos presentes se manifestarem?

8. Na sua opinião, se os gestores tivessem ampliado a discussão com consultas em cada

bairro, em vez de regiões, isso teria possibilitado uma compreensão maior da problemática

da mobilidade no bairro? Por quê?

9. Tem conhecimento de alguma contribuição surgida das consultas nas audiências que

conste no projeto?

Posteriormente ocorreu uma audiência pública na qual o governo municipal apresentou a

proposta final...

Page 123: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

123

10. Na sua opinião, se o texto final tivesse sido avaliado em cada bairro, em vez de numa

única audiência pública, teria gerado alguma mudança na proposta final? Por quê?

11. A aprovação desse texto final foi feita no mesmo dia da audiência?

12. Lembra se algumas das objeções dos cidadãos durante a Audiência foram consideradas no

texto final? Quais?

O Plano de Transportes Ativos também teve diversos encontros com grupos de interesse e

uma audiência pública. O Senhor teve alguma participação?

13. Lembra se algumas das objeções dos cidadãos durante a Audiência foram consideradas no

texto final? Quais?

14. Por quê crê que o Plano de Mobilidade Urbana e o Plano de Transportes Ativos foram

aprovados por decreto e não por Lei Municipal?

15. Qual a responsabilidade da Câmara de Vereadores nesse sentido?

A etapa de Implementação e Monitoramento do Plano de Mobilidade prevê o

acompanhamento permanente da sociedade com manutenção continuada dos processos

participativos.

16. O senhor tem identificado algum mecanismo de monitoramento do Plano de

Mobilidade?

17. Qual a sua opinião sobre o funcionamento da Câmara de mobilidade urbana do Conselho

da Cidade?

18. Qual a sua opinião sobre o funcionamento do Observatório Municipal de Mobilidade?

Nos processos participativos, muitas vezes há dificuldades.

19. Quais foram as barreiras ou dificuldades ao longo da elaboração do Plano de

Mobilidade? E em quais das etapas?

20. Na sua opinião, o fato de Joinville ser considerada uma das 100 cidades inteligentes do

Brasil deveria influenciar o modelo de participação cidadã nas ações do Plano de

mobilidade?

21. Por fim, você gostaria de acrescentar alguma questão que considere relevante, que não

tenha sido contemplada no questionário?

Quero lhe agradecer a oportunidade e a sua disposição para esta entrevista.

Page 124: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

124

Tenho certeza que a sua contribuição será muito valiosa para o nosso estudo e caso tenha

interesse, me comprometo a entregar-lhe uma cópia do mesmo assim que estiver concluído.

APÊNDICE IV

Entrevista Semi-estruturada

Modelo: Universidades

Meu nome é Alejandro Luna e sou pesquisador da Escola de Negócios da Faculdade

Meridional – IMED da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

O motivo da minha visita é entrevistá-lo para conhecer alguns aspectos sobre o projeto

de mobilidade urbana da cidade de Joinville. O seu nome foi selecionado por sua trajetória

sobre Mobilidade Urbana e pela sua função como membro de uma Universidade, portanto

consideramos que as suas contribuições serão valiosas para o resultado da nossa pesquisa.

Esta entrevista é parte de um estudo sobre cidades inteligentes, especificamente em

projetos de mobilidade urbana. O foco da nossa investigação é sobre a participação social no

planejamento, implementação e monitoramento de planos de mobilidade urbana.

Nesse sentido, esta entrevista tem como objetivo coletar informações com diferentes

atores, para compreender como acontece a participação social no projeto de mobilidade

urbana da sua cidade.

É importante salientar, que o questionário a seguir foi validado por uma banca de

pesquisadores especialistas.

Algumas das perguntas você poderá achar mais fácil de responder do que outras,

entretanto, todas as suas opiniões e experiências são relevantes para o estudo. Sinta-se a

vontade para fazer interrupções, pedir esclarecimentos ou criticar o tipo de pergunta.

Peço a sua licença para podermos gravar a nossa entrevista, a qual será transcrita aos

efeitos do estudo em questão.

Você tem alguma pergunta a fazer antes de iniciarmos o questionário?

Podemos iniciar?

Questionário

Em primeiro lugar fale-nos um pouco a seu respeito.

1. Qual bairro a Senhora mora?

Page 125: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

125

2. Qual seu principal meio de locomoção?

3. Por gentileza, nos conte brevemente a sua trajetória na temática da Mobilidade urbana.

Vamos continuar agora com algumas perguntas de caráter geral...

4. Na sua opinião o que é participação social?

5. De que forma a participação social pode contribuir na construção de um Plano de

Mobilidade?

6. Qual o papel da Mobilidade Urbana no contexto da Cidade Inteligente?

Lhe proponho agora iniciarmos uma série de perguntas específicas sobre o Plano de

Mobilidade de Joinville...

7. Durante o processo de elaboração do Plano de Mobilidade Urbana da cidade, a senhora

teve alguma participação em alguma audiência ou consulta pública? Acompanhou esse

processo?

Pelo que consta nos documentos públicos as etapas de elaboração e aprovação do Corpo

principal do Plano de Mobilidade, teve a participação aberta da sociedade em oito consultas

públicas regionais:

8. Que avaliação o senhor faz sobre como foi conduzido esse processo de participação

social? As convocatórias foram massivas? Em quantidade suficiente? Com a metodologia

adequada?

9. Na sua opinião, se os gestores tivessem ampliado a discussão com consultas em cada

bairro, em vez de regiões, isso teria possibilitado uma compreensão maior da problemática

da mobilidade no bairro? Por quê?

10. Tem conhecimento de alguma contribuição surgida das consultas nas audiências que

conste no projeto?

Posteriormente ocorreu uma audiência pública na qual o governo municipal apresentou a

proposta final...

11. Na sua opinião, se o texto final tivesse sido avaliado em cada bairro, em vez de numa

única audiência pública, teria gerado alguma mudança na proposta final? Por quê?

Page 126: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

126

O Plano de Transportes Ativos também teve diversos encontros com grupos de interesse e

uma audiência pública. O Senhor teve alguma participação?

12. Lembra se algumas das objeções dos cidadãos durante a Audiência foram consideradas no

texto final? Quais?

13. Por quê crê que o Plano de Mobilidade Urbana e o Plano de Transportes Ativos foram

aprovados por decreto e não por Lei Municipal?

A etapa de Implementação e Monitoramento do Plano de Mobilidade prevê o

acompanhamento permanente da sociedade com manutenção continuada dos processos

participativos.

14. Além do Observatório de Mobilidade o senhor tem identificado algum mecanismo de

monitoramento do Plano de Mobilidade?

15. Qual a função do Observatório Municipal de Mobilidade?

Nos processos participativos, muitas vezes há dificuldades.

16. Na sua opinião, o fato de Joinville ser considerada uma das 100 cidades inteligentes do

Brasil deveria influenciar o modelo de participação cidadã nas ações do Plano de

mobilidade?

17. Por fim, você gostaria de acrescentar alguma questão que considere relevante, que não

tenha sido contemplada no questionário?

Quero lhe agradecer a oportunidade e a sua disposição para esta entrevista.

Tenho certeza que a sua contribuição será muito valiosa para o nosso estudo e caso tenha

interesse, me comprometo a entregar-lhe uma cópia do mesmo assim que estiver concluído.

Page 127: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

127

APÊNDICE V

Entrevista Semi-estruturada

Modelo: Governo – Coordenadores da elaboração do Plano de Mobilidade

Meu nome é Alejandro Luna e sou pesquisador da Escola de Negócios da Faculdade

Meridional – IMED da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

O motivo da minha visita é entrevistá-lo para conhecer alguns aspectos sobre o projeto

de mobilidade urbana da cidade de Joinville. O seu nome foi selecionado em função do seu

anterior cargo, portanto consideramos que as suas contribuições serão valiosas para o

resultado da nossa pesquisa.

Esta entrevista é parte de um estudo sobre cidades inteligentes, especificamente em

projetos de mobilidade urbana. O foco da nossa investigação é sobre a participação social no

planejamento, implementação e monitoramento de planos de mobilidade urbana.

Nesse sentido, esta entrevista tem como objetivo coletar informações com diferentes

atores, para compreender como acontece a participação social no projeto de mobilidade

urbana da sua cidade.

É importante salientar, que o questionário a seguir foi validado por uma banca de

pesquisadores especialistas.

Algumas das perguntas você poderá achar mais fácil de responder do que outras,

entretanto, todas as suas opiniões e experiências são relevantes para o estudo. Sinta-se a

vontade para fazer interrupções, pedir esclarecimentos ou criticar o tipo de pergunta.

Peço a sua licença para podermos gravar a nossa entrevista, a qual será transcrita aos

efeitos do estudo em questão.

Você tem alguma pergunta a fazer antes de iniciarmos o questionário?

Podemos iniciar?

Questionário

Em primeiro lugar fale-nos um pouco a seu respeito.

1. Qual bairro o Senhor mora?

Page 128: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

128

2. Qual seu principal meio de locomoção?

3. Por gentileza, nos conte brevemente a sua trajetória profissional.

Lhe proponho agora iniciarmos uma série de perguntas específicas sobre o Plano de

Mobilidade de Joinville...

4. Qual a estruturação do Plano de Mobilidade Urbana de Joinville? (PlanMob – PDTA –

PDTC)

5. Em que etapa se encontra atualmente cada um desses planos?

Pelo que consta nos documentos públicos as etapas de elaboração e aprovação do Corpo

principal do Plano de Mobilidade, teve a participação aberta da sociedade em oito consultas

públicas:

6. Qual é a sua avaliação acerca do compromisso dos cidadãos naquelas consultas?

7. Qual foi o critério de escolha das 8 sedes utilizadas para consultas?

8. Na sua opinião, se tivessem ampliado a discussão com consultas em cada bairro, em vez

de regiões, isso teria possibilitado uma compreensão maior da problemática da

mobilidade no bairro? Por quê?

9. E, se tivessem realizado consultas em cada bairro, em vez de regiões, a população teria

se comprometido mais com o Projeto do Plano de Mobilidade? Por quê?

10. Quais foram as principais contribuições surgidas das consultas que constam no projeto?

11. Qual foi o procedimento de análise das propostas para serem incluídas ou rejeitadas?

Posteriormente ocorreu uma audiência pública na qual o governo municipal apresentou a

proposta final...

12. Qual foi o objetivo daquela audiência? Teve caráter deliberativo, consultivo ou

informativo?

13. Qual foi o procedimento de análise das objeções para serem incluídas ou rejeitadas?

Houve alguma que foi incluída? Qual?

14. A aprovação do texto final foi feita no mesmo dia da audiência?

15. Houve respostas técnicas para as objeções apresentadas?

16. Na sua opinião, se o texto final tivesse sido avaliado em cada bairro, em vez de numa

única audiência pública, teria gerado alguma mudança na proposta final? Por quê?

Page 129: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

129

17. Qual foi o motivo pelo qual o corpo principal do Plano de Mobilidade foi aprovado por

decreto e não por Lei Municipal?

18. Nos processos participativos, muitas vezes há dificuldades. Quais foram as dificuldades

encontradas nessa etapa do Plano de Mobilidade?

O Plano de Transportes Ativos que complementa o Plano de Mobilidade, teve uma dinâmica

de participação diferente. O debate aconteceu com grupos de trabalho e posteriormente uma

audiência pública.

19. Qual foi o critério de escolha desses interlocutores?

20. Qual foi o motivo pelo qual o Plano de Transportes Ativos foi aprovado por decreto e

não por Lei Municipal?

No Plano de Transporte Coletivo houve uma dinâmica mista, com grupos temáticos, leituras

comunitárias em quatro regiões, e uma audiência pública...

21. Qual foi o critério utilizado para regionalizar o processo de participação?

22. Qual foi a forma de divulgação dessas audiências?

23. Em que estágio se encontra esse Plano? Será encaminhado à Câmara de vereadores ou

será aprovado por decreto?

A etapa de Implementação e Monitoramento do Plano de Mobilidade prevê o

acompanhamento permanente da sociedade com manutenção continuada dos processos

participativos.

24. Quais outros mecanismos de participação estão previstos na continuidade do Plano de

Mobilidade?

25. Qual a função do Observatório Municipal de Mobilidade?

O Plano de Mobilidade Urbana está relacionado (direta ou indiretamente) com outros

instrumentos de Gestão como: Conferência da cidade; Lei de Ordenamento Territorial;

Plano de Desenvolvimento Sustentável; Audiência Pública do Transporte Coletivo;

Conselhos Municipais; Cidade Inteligente, Joinville 30 anos, etc.

Page 130: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

130

26. Que mecanismos foram pensados para que as propostas geradas nesses programas sejam

contempladas como ações no Plano de Mobilidade?

27. Por fim, gostaria de acrescentar alguma questão que considere relevante, que não tenha

sido abordada no questionário?

Quero lhe agradecer a oportunidade e a sua disposição para esta entrevista.

Tenho certeza que a sua contribuição será muito valiosa para o nosso estudo e caso tenha

interesse, me comprometo a entregar-lhe uma cópia do mesmo assim que estiver concluído.

Page 131: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

131

APÊNDICE VI

Entrevista Semi-estruturada

Modelo: Governo – Coordenadores da execução do Programa de Cidade Inteligente e do

Plano de Mobilidade Urbana

Meu nome é Alejandro Luna e sou pesquisador da Escola de Negócios da Faculdade

Meridional – IMED da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

O motivo da minha visita é entrevistá-lo para conhecer alguns aspectos sobre o projeto

de mobilidade urbana da cidade de Joinville. O seu nome foi selecionado em função do seu

cargo, portanto consideramos que as suas contribuições serão valiosas para o resultado da

nossa pesquisa.

Esta entrevista é parte de um estudo sobre cidades inteligentes, especificamente em

projetos de mobilidade urbana. O foco da nossa investigação é sobre a participação social no

planejamento, implementação e monitoramento de planos de mobilidade urbana.

Nesse sentido, esta entrevista tem como objetivo coletar informações, com diferentes

atores para compreender como acontece a participação social no projeto de mobilidade urbana

da sua cidade.

É importante salientar, que o questionário a seguir foi validado por uma banca de

pesquisadores especialistas.

Algumas das perguntas você poderá achar mais fácil de responder do que outras,

entretanto, todas as suas opiniões e experiências são relevantes para o estudo. Sinta-se a

vontade para fazer interrupções, pedir esclarecimentos ou criticar o tipo de pergunta.

Peço a sua licença para podermos gravar a nossa entrevista, a qual será transcrita aos

efeitos do estudo em questão.

Você tem alguma pergunta a fazer antes de iniciarmos o questionário?

Podemos iniciar?

Questionário

Page 132: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

132

Em primeiro lugar fale-nos um pouco a seu respeito.

1. Qual bairro o Senhor mora?

2. Qual seu principal meio de locomoção?

3. Por gentileza, nos conte brevemente a sua trajetória profissional.

As próximas perguntas serão especificas sobre gestão pública

4. Quais são os principais objetivos de Joinville como Cidade Inteligente?

5. Qual o papel da participação social no projeto Joinville Cidade Inteligente?

6. Qual o papel da Mobilidade Urbana no contexto da Cidade Inteligente?

A sua Secretaria coordena o Plano de Mobilidade Urbana,

7. Em que etapa se encontram os diferentes Planos (PlanMob – PDTA – PDTC)?

A etapa de Implementação do Plano de Mobilidade prevê o monitoramento permanente da

sociedade e a manutenção continuada dos processos participativos.

8. De que forma os cidadãos dos bairros estão participando do monitoramento na etapa de

implementação?

9. Quais outros mecanismos de participação estão previstos especificamente para o

monitoramento do Plano de Mobilidade?

10. Esses terão caráter informativo, consultivo ou deliberativo?

11. Qual a função da Câmara de Mobilidade do Conselho da Cidade?

12. Qual a composição dessa Câmara?

13. Nos processos participativos, muitas vezes há dificuldades. Quais dificuldades se

observam no Plano de Mobilidade de Joinville?

O Plano de Mobilidade Urbana está relacionado (direta ou indiretamente) com outros

instrumentos de Gestão como: Conferência da cidade; Lei de Ordenamento Territorial;

Plano de Desenvolvimento Sustentável; Audiência Pública do Transporte Coletivo;

Conselhos Municipais; Join.Valle, Joinville 30 anos, etc.

Page 133: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

133

14. Que mecanismos foram pensados para que as propostas geradas nesses programas sejam

contempladas como ações no Plano de Mobilidade?

15. Por fim, o senhor gostaria de acrescentar alguma questão que considere relevante, que

não tenha sido contemplada no questionário?

Quero lhe agradecer a oportunidade e a sua disposição para esta entrevista.

Tenho certeza que a sua contribuição será muito valiosa para o nosso estudo e caso tenha

interesse, me comprometo a entregar-lhe uma cópia do mesmo assim que estiver concluído.

Page 134: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

134

APÊNDICE VII

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE DEPOIMENTOS

Eu_______________________________________________, RG________________,

depois de conhecer e entender os objetivos, procedimentos metodológicos, riscos e benefícios

da pesquisa, bem como de estar ciente da necessidade do uso do meu depoimento,

especificados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), AUTORIZO, através

do presente termo, o pesquisador Nestor Alejandro Luna do projeto de pesquisa intitulado

“Participação social na cidade inteligente. Estudo de Caso da Mobilidade Urbana de Joinville”

a colher meu depoimento sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes.

Ao mesmo tempo, libero a utilização dos meus depoimentos para fins científicos e de estudos

(livros, artigos, slides e transparências), em favor do pesquisador da pesquisa, acima

especificado.

Joinville, _____ de novembro de 2017.

_______________________________

Nestor Alejandro Luna

_______________________________

Entrevistado

Page 135: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

135

APÊNDICE VIII

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Passo Fundo (RS), 13 de novembro de 2017.

Ao Entrevistado

O Programa de Pós Graduação em Administração (PPGA) da Faculdade Meridional

(IMED) – Passo Fundo (RS), por meio desta, apresenta o mestrando do curso de

Administração, identificada a seguir, que está pesquisando sobre o tema Participação Social

em políticas de Mobilidade Urbana.

Nome: Nestor Alejandro Luna

Telefone: (54) 999 585 410

E-mail: [email protected]

Objetivo Geral do Projeto de Dissertação de Mestrado: Analisar a participação social nas

políticas de mobilidade urbana da Cidade de Joinville.

Contamos com a sua colaboração para a realização do projeto supracitado, o qual visa

o aprofundamento científico do objeto em estudo. Para tanto, solicitamos a sua participação

no sentido de responder ao questionário que será aplicado para atingir os objetivos da

pesquisa

Caso seja de seu interesse, os resultados serão disponibilizados, após a análise dos

dados e informações obtidas. Informações adicionais poderão ser obtidas diretamente com o

mestrando.

Page 136: FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE …§ão...Administração da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a obtenção ... É nas cidades onde se fazem as perguntas

136

Antecipadamente, agradecemos sua participação. Cordialmente,

______________________________

Profª. Dra. Janaina Macke Orientadora do Projeto