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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO Manoela Peruzzo da Silva Arquitetura social: Centro de assistência e acolhimento para jovens em medida protetiva na cidade de Passo Fundo/RS Passo Fundo 2017

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

Manoela Peruzzo da Silva

Arquitetura social: Centro de assistência e acolhimento para jovens em

medida protetiva na cidade de Passo Fundo/RS

Passo Fundo

2017

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Manoela Peruzzo da Silva

Arquitetura social: Centro de assistência e acolhimento para jovens em

medida protetiva na cidade de Passo Fundo/RS

Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da Professora Mestre em Arquitetura Rafala Simonato Citron.

Passo Fundo

2017

Manoela Peruzzo da Silva

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Centro de assistência e acolhimento para jovens em medida protetiva na

cidade de Passo Fundo/RS

Banca Examinadora

Orientadora

Arq. Me. Rafaela Simonato Citron

Passo Fundo

2017

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AGRADECIMENTOS

Dedico esse trabalho à minha

família que sempre acreditou em mim:

Meus pais Marlene Catarina Peruzzo e

Celso da Silva (in memoriam), que

mesmos nas dificuldades nunca

mediram esforços para investir na minha

educação; aos meus irmãos Celso

Augusto Ferraz da Silva (in memoriam);

Leandro Peruzzo da Silva e minha

querida irmã Talia Santi, que colaborou

significativamente para a realização

dessa conquista.

Agradeço a todos que de alguma

forma me apoiaram e me ajudaram, em

especial minha querida orientadora

Rafaela Simonato e minha amiga e

futura mestre Marina Bernardes.

Gratidão eterna aos conhecimentos

adquiridos nos locais onde tive o

privilégio de trabalhar e as pessoas

fantásticas e amigos que conquistei

nessa trajetória, como Ugo Nitzsche (Rio

de Janeiro/RJ) OSPA (Porto Alegre/RS),

RKA (Itajaí/SC) e com a equipe da Donn

arquitetura (Júnior Dal’Conte e Ana

Paula Ferenci) que me acolheu aqui em

Passo Fundo.

Todos vocês têm um espacinho

muito especial no meu coração.

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RESUMO

Este trabalho trata-se de um projeto de uma casa de acolhimento e assistência

para adolescentes em situações de vulnerabilidade, a ser implantada na cidade

de Passo Fundo – RS. Em uma área de 5.836 m², próximo à praça Tamandaré.

Através de discussões e levantamentos sobre o tema buscou-se implantar um

projeto que contribua para a preparação do jovem na sua reintegração social,

visto que na cidade de Passo Fundo, percebe-se o desprovimento de locais

adequados para este âmbito. Foi empregado como método, a avaliação de três

estudos de caso, visita técnica na instituição Lar Emiliano Lopes, entrevista com

ex moradora e com uma monitora do SEMCAS (Secretaria da Cidadania e

Assistência social). Os resultados coletados a partir dos métodos foram

determinantes para as decisões projetuais. O projeto possui como princípios

garantir a acessibilidade universal, e propor espaços com sociabilidade como

parques e praças, oferecendo infraestrutura adequada de moradia, saúde,

segurança e apoio psicológico. Além disso, o presente projeto possui como

diretriz fundamental a esperança, proporcionando a seus integrantes uma

perspectiva de melhoria de vida, uma mudança de suas realidades, bem como

a realização de seus sonhos/aspirações/anseios. A proposta deste projeto

arquitetônico irá refletir em uma composição formal pura e modernista, com

fluxos bem definidos, e áreas verdes de interação, a qual emprega as suas

diretrizes e conceito, visando promover um espaço que estimule ao jovem

frequentador do complexo a integração social e perspectiva profissional.

Palavras-chave: Casa de acolhimento, assistência para adolescentes,

arquitetura social.

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ABSTRACT

This work is a project of a shelter and assistance for adolescents in situations of

vulnerability, to be implanted in the city of Passo Fundo - RS. In an area of 5.836

m², near the Tamandaré square. Through discussions and surveys on the

subject, a project was designed to contribute to the preparation of young people

in their social reintegration, since in the city of Passo Fundo, we can see the lack

of suitable places for this scope. The evaluation was based on three case studies,

a technical visit at the Lar Emiliano Lopes institution, an interview with a former

resident and a monitor from SEMCAS (Secretariat for Citizenship and Social

Assistance). The results collected from the methods were determinant for the

design decisions. The project has as principles to guarantee universal

accessibility, and to propose spaces with sociability such as parks and squares,

offering adequate infrastructure of housing, health, safety and psychological

support. In addition, this project has as its fundamental guideline hope, providing

its members with a perspective of life improvement, a change of their realities, as

well as the fulfillment of their dreams / aspirations / desires. The proposal of this

architectural project will reflect in a pure and modernist formal composition, with

well defined flows, and green areas of interaction, which employs its guidelines

and concept, aiming to promote a space that stimulates the young visitor of the

complex social integration and Professional perspective.

Keywords: House of host, assistance for adolescents, social architecture.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .......................................................................... 12

1.1 Introdução .................................................................................................. 12

1.2 Tema do projeto ......................................................................................... 12

1.3. Justificativa e relevância do projeto ........................................................... 15

1.2.3 Público à ser atendido ............................................................................. 18

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................. 19

2.1 Introdução .................................................................................................. 19

2.1 Histórico das casas de acolhimento no Brasil ............................................ 19

2.2 Fatores que levam ao acolhimento institucional e órgãos responsáveis .... 21

2.3 Reflexões sobre a ambiência e a permanência de jovens em abrigos

institucionais ..................................................................................................... 22

2.4 O desligamento gradativo ........................................................................... 23

2.5. ESTUDOS DE CASO ................................................................................ 25

2.5.1: Centro de bem-estar para crianças e adolescentes (França) ................. 25

2.5.1.1 Ficha técnica ........................................................................................ 25

2.5.1.2 Implantação .......................................................................................... 25

2.5.1.3 Programa de necessidades .................................................................. 26

2.5.1.4 Funcionalidade ..................................................................................... 27

2.5.1.4.1 Zoneamento ...................................................................................... 27

2.5.1.4.2 Fluxograma ....................................................................................... 29

2.5.1.5 Forma ................................................................................................... 31

2.5.1.7. Conclusão ........................................................................................... 31

2.5.2 Casa de acolhimento para menores (Dinamarca) ................................... 32

2.5.2.1 Ficha técnica ........................................................................................ 32

2.5.2 .2 Implantação ......................................................................................... 32

2.5.2.3 Programa de necessidades .................................................................. 33

2.5.2.4 Funcionalidade ..................................................................................... 33

2.5.2.4.1 Zoneamento ...................................................................................... 34

2.5.2.4.2 Fluxograma ....................................................................................... 34

2.5.2.5 Forma ................................................................................................... 35

2.5.2.6 Técnicas construtivas e materiais ........................................................ 36

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2.5.2.7 Conclusão ............................................................................................ 36

2.5.3 Instituto Dona Ana Rosa .......................................................................... 37

2.5.3.1 Ficha técnica ........................................................................................ 37

2.5.3.2 Implantação .......................................................................................... 37

2.5.3.3 Programa de necessidades .................................................................. 38

2.5.3.4 Funcionalidade ..................................................................................... 38

2.5.3.4.1 Zoneamento ...................................................................................... 39

2.5.3.4.2 Fluxograma ....................................................................................... 39

2.5.3.5 Forma ................................................................................................... 39

2.5.3.6 Técnicas construtivas e materiais ........................................................ 40

2.5.3.7 Conclusão ............................................................................................ 40

CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ........................ 41

3.1 Introdução .................................................................................................. 41

3.2 Contextualização regional .......................................................................... 41

3.3 Mapa nolli, uso do solo e altura das edificações ........................................ 42

3.3.1 Mapa nolli ................................................................................................ 42

3.3.2 Uso do solo ............................................................................................. 43

3.3.3 Altura das edificações ............................................................................. 44

3.4 Infraestrutura urbana .................................................................................. 45

3.4.1 Rede viária .............................................................................................. 45

3.4.2 Rede de água, esgoto, energia e vegetações urbanas ........................... 46

3.5 Características específicas do terreno ....................................................... 47

3.5.1 Condições climáticas ............................................................................... 48

3.5.2 Sombreamento ........................................................................................ 49

3.5.3 Visuais do terreno e entorno imediato ..................................................... 50

3.6 Síntese de legislações e normativas .......................................................... 51

3.6.2 Orientações técnicas ............................................................................... 52

3.6.2.1 Equipe profissional mínima .................................................................. 53

3.6.2.2 Infraestrutura e espaços mínimos sugeridos ........................................ 54

3.6.2.2.1 Quartos .............................................................................................. 54

3.6.2.2.2 Sala de estar ou similar ..................................................................... 54

3.6.2.2.3 Sala de jantar/copa............................................................................ 54

3.6.2.2.4 Ambiente para estudo ....................................................................... 54

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3.6.2.2.5 Banheiro ............................................................................................ 54

3.6.2.2.6 Cozinha ............................................................................................. 54

3.6.2.2.7 Área de serviço ................................................................................. 54

3.6.2.2.8 Área externa ...................................................................................... 54

3.6.2.2.9 Sala equipe técnica ........................................................................... 55

3.6.2.2.10 Sala coordenação/atividades administrativas .................................. 55

3.6.2.2.11 Sala reuniões .................................................................................. 55

3.6.3 Outras leis e normas ............................................................................... 55

CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS............................... 56

4.1 Introdução .................................................................................................. 56

4.2 Hope (esperança) como conceito: .............................................................. 56

4.3 Diretrizes de arquitetura ............................................................................. 57

4.4 Diretrizes urbanísticas ................................................................................ 60

CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL ..................................................................... 61

5.1 Introdução .................................................................................................. 61

5.2 Programa de necessidades ........................................................................ 61

5.3 Organograma/fluxograma ........................................................................... 65

5.3.1 Bloco 01 .................................................................................................. 65

5.3.2 Bloco 02 .................................................................................................. 66

5.3.3 Bloco 03 .................................................................................................. 66

5.4 Propostas de zoneamento.......................................................................... 67

5.4.1 Proposta 1 ............................................................................................... 67

5.4.2 Proposta 2 ............................................................................................... 68

5.4.3 Proposta 3 ............................................................................................... 69

5.4.4 Proposta escolhida .................................................................................. 69

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 70

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LISTA DE FIGURAS

Imagem 1 - Registro fotográfico em visita técnica. ........................................... 15

Imagem 2 - Lar Emiliano Lopes ........................................................................ 16

Imagem 3 - Roda dos expostos ........................................................................ 20

Imagem 4 - Volumetria ..................................................................................... 40

Imagem 5 - Visual "a" do terreno ...................................................................... 50

Imagem 6- Visual "b" do terreno ....................................................................... 50

Imagem 7 - Visuais do entorno imediato .......................................................... 50

Figura 1 - Estudo do entorno ............................................................................ 17

Figura 2 - Estudo do entorno - pólo em saúde ................................................. 17

Figura 3 - Estudo do entorno ............................................................................ 18

Figura 4 - Histórico do acolhimento no Brasil ................................................... 21

Figura 5 - Estudo de implantação ..................................................................... 25

Figura 6- Estudo gabarito de altura .................................................................. 26

Figura 7 - Zoneamento do subsolo ao 5º pavimento ....................................... 28

Figura 8 - Estudo da forma ............................................................................... 31

Figura 9 - Estudo da implantação ..................................................................... 32

Figura 10- Estudo da implantação .................................................................... 33

Figura 11 - Estudo de função ........................................................................... 34

Figura 12 - Estudo de zoneamento térreo e primeiro pavimento...................... 34

Figura 13 - Zoneamento térreo e primeiro pavimento ...................................... 35

Figura 14 - Evolução Formal ............................................................................ 35

Figura 15 - Estudo da forma ............................................................................. 36

Figura 16 - Análise da forma ............................................................................ 36

Figura 17 - Estudo de implantação ................................................................... 37

Figura 18 - Análise de funcionalidade .............................................................. 38

Figura 19 - Zoneamento ................................................................................... 39

Figura 20- Fluxograma ..................................................................................... 39

Figura 21 - Mapa Rio Grande do Sul e Passo Fundo – Indicação do terreno .. 41

Figura 22 - Prefeitura de Passo Fundo -Mapa do Setor 013, quadra 009 ........ 42

Figura 23 - Cheios e vazios .............................................................................. 43

Figura 24 - Uso do solo raio de 500m .............................................................. 44

Figura 25 - Altura das edificações em raio de 500m ........................................ 45

Figura 26 - Mapa de fluxo viário em raio de 500m ........................................... 45

Figura 27 - Transporte público em raio e 500m ................................................ 46

Figura 28 - Infraestrutura urbana em raio de 500m .......................................... 47

Figura 29 - Características específicas do terreno ........................................... 47

Figura 30 - Dados baseados em observações feitas entre 11/2012 – 08/2016

diariamente das 7 am às 7 pm, hora local. ....................................................... 48

Figura 31 - Estudos de sombra ........................................................................ 49

Figura 32- Skyline da quadra do terreno .......................................................... 51

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Figura 33 - Zoneamento urbano ....................................................................... 51

Figura 34 - Esperança ...................................................................................... 56

Figura 35 - Concepção de conceito .................................................................. 57

Figura 36 - Intervenções urbanas ..................................................................... 60

Figura 37 - Zoneamento 01 .............................................................................. 67

Figura 38 - Concepção de zoneamento 01 ...................................................... 68

Figura 39 - Zoneamento 02 .............................................................................. 68

Figura 40 – Zonamento 03 ............................................................................... 69

Figura 41 – Estudos de sombreamento. Junho 17h e Dezembro 16h

respectivamente ............................................................................................... 70

Gráfico 1 - Principais ações de acompanhamento pós-egresso ...................... 24

Gráfico 2 - Uso do solo ..................................................................................... 43

Fluxograma 1- Subsolo ao 5º pavimeno ........................................................... 30

Fluxograma 2 - Bloco 01 .................................................................................. 65

Fluxograma 3 - Bloco 02 .................................................................................. 66

Fluxograma 4 - Bloco 03 .................................................................................. 67

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Modalidades de acolhimento - Abrigo institucional ......................... 13

Tabela 2 - Modalidades de acolhimento Casa-lar ............................................ 13

Tabela 3 - Modalidades de acolhimento – Família Acolhedora ........................ 14

Tabela 4 - Programa de Necessidades Estudo 01 (Centro de Bem-Estar para

Crianças e Adolescentes) ................................................................................ 26

Tabela 5- Programa de Necessidades Estudo 01 (Casa de acolhimento para

menores) .......................................................................................................... 33

Tabela 6 -Programa de Necessidades Estudo 01 (Instituto Dona Ana Rosa) .. 38

Tabela 7 - Índices urbanísticos ......................................................................... 52

Tabela 8 - Equipe técnica mínima .................................................................... 53

Tabela 9 - Pré dimensionamento bloco 1 (Abrigo Institucional) ....................... 61

Tabela 10 - Pré dimensionamento bloco 02 ( Qualificação profissional ) ......... 62

Tabela 11 - Bloco 03 - República (Anexo residencial) ...................................... 63

Tabela 12 - Espaços em comum ...................................................................... 64

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

O projeto em desenvolvimento trata-se de uma casa de acolhimento e

assistência para adolescentes em situações de vulnerabilidade, na cidade de

Passo Fundo – RS. Através de discussões e levantamentos sobre o tema, busca-

se compreender as necessidades e especificidades deste programa.

O projeto pretende contribuir para a preparação do jovem na sua

reintegração social, visto que na mesma cidade, nota-se o desprovimento de

locais adequados e as casas atuais apresentam superlotação. Diante disso,

pretende-se com este trabalho, propor um espaço flexível, que atenda às

necessidades dos residentes proporcionando ambientes acolhedores,

ergonômicos e confortáveis, atendendo às normas pertinentes.

Os objetivos específicos deste estudo são identificar o diagnóstico atual

dos abrigos de Passo Fundo, estudar o entorno do terreno, afim de valorizar a

região de implantação, garantir a acessibilidade universal e criar espaços com

sociabilidade como parques e praças, oferecendo infraestrutura adequada de

moradia, saúde, segurança e apoio psicológico.

1.2 Tema do projeto

O tema do presente trabalho trata-se de um espaço para acolhimento

institucional para jovens em medida protetiva de 12 a 18 anos. O acolhimento é

uma medida que garante os direitos de crianças e adolescentes em situação que

merecem atenção especial pelo modo em que se encontram, habitando um local

que não é seu de origem e com pessoas que não são suas famílias (MELLO,

2004). Além disso, as crianças e adolescentes “acolhidos”, passaram por

situações perturbadoras, ocasionadas por rejeição e/ou perda familiar, abuso

sexual, agressões, dificuldade financeira, drogas e o contato com a instituição

também pode ser outro episódio traumático e muitas vezes considerado uma

condenação (HASHIMOTO, 2012).

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Os programas de acolhimento – ou “abrigos” -, governamentais ou não,

se mostram em três modalidades: casa-lar; abrigo institucional; família

acolhedora. (RODOVALHO, RENATO et al 2009). Segundo Orientações

técnicas- Serviços de acolhimento para crianças e adolescentes – Brasília, 2009;

as três modalidades caracterizam-se:

Tabela 1 - Modalidades de acolhimento - Abrigo institucional

Modalidade Abrigo Institucional

Instituição que oferece acolhimento temporário para adolescentes e crianças em

medida protetiva de abrigo devido a impossibilidade de manter-se com a família de

origem.

Público Alvo 0 a 18 anos

Número máx,

de usuários

20 crianças/adolescentes

Aspectos

físicos

Não recomendável a instalação de placas indicativas contendo

a natureza institucional ; Deverá seguir o padrão arquitetônico

das residências da comunidade que o equipamento estiver

inserido.

Equipe

profissional

mínima

Coordenador; Equipe Técnica (2 profissionais);

Cuidador/Educador (1 profissional a cada 10 usuários); Auxiliar

de Cuidador/Educador (1 profissional a cada 10 usuários)

Fonte: da Autora, 2017.

Tabela 2 - Modalidades de acolhimento Casa-lar

Modalidade Casa-Lar

Instituição residencial que oferece acolhimento temporário para adolescentes e

crianças em medida protetiva de abrigo devido a impossibilidade de manter-se com

a família de origem.

Público Alvo 0 a 18 anos

Nº máximo de

usuários

10 crianças/adolescentes

Aspectos físicos Localizado em área residencial;

A estrutura e aparência da residência deve ser semelhante às

casas unifamiliares do entorno.

Equipe

profissional

mínima

Coordenador (1 para até 03 casas-lares); Equipe Técnica (1

profissional); Cuidador/Educador (1 profissional); Auxiliar de

Cuidador/Educador (1 profisional)

Fonte: da Autora, 2017.

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Tabela 3 - Modalidades de acolhimento – Família Acolhedora

Modalidade Família Acolhedora

Nessa modalidade, famílias podem se cadastrar e acolher em suas próprias

residências jovens e adolescentes em medida protetiva de abrigo, devido

impossibilidade de manter-se com sua família de origem.

Público Alvo 0 a 18 anos

Número máximo

de usuários por

equipamento

1 criança por vez, exceto quando são irmãos (todos os irmãos

podem ser acolhidos)

Equipe

profissional

mínima

Coordenador; Equipe Técnica (2 profissionais para até 15

familias);

Fonte: da Autora, 2017.

Ainda, como uma modalidade de acolhimento, para os jovens de 18 a 21

anos existe um módulo de acolhimento chamado “República”. Esse espaço

serve como mais uma ferramenta de apoio para inserção social, quando se é

necessário, visto que os jovens aqui inseridos ainda estão em processo de

desligamento e não possuem formas de se sustentar ainda (SILVA; 2009).

O tipo de abordagem utilizada no projeto será o primeiro citado acima -

Acolhimento Institucional, por ser o espaço que atende o maior número de

indivíduos. Para ser feita a escolha da modalidade, levou-se em consideração a

superlotação das casas atuais em Passo Fundo- dados coletados em entrevista

informal com a monitora da Secretaria da Cidadania e Assistência social de

Passo Fundo.

Os espaços de acolhimento institucional devem ter três características

importantes: ser um espaço de proteção, provisório e excepcional. Nada

substituirá a importância da família e se deve estar ciente que a criança ou

adolescente não escolheu ser acolhida. A instituição também deve oferecer

carinho, proteção e valores. O ideal é buscar a menor permanência possível na

instituição, em função de que se tem como objetivo a reconstrução dos laços

familiares e tentar fazer com que a família esteja preparada para receber a

criança/adolescente, por fim de evitar a reincidência. O acolhimento deve ser

entendido como uma medida protetiva quando não se têm mais condições de

permanecer com a família (OLIVEIRA, 2009).

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1.3. Justificativa e relevância do projeto

O presente projeto justifica-se pela demanda deste equipamento na

cidade de Passo Fundo. Segundo jornal local, em 2014 Passo Fundo possuía

quatro espaços (casas) de acolhimento institucional, ondem recebiam até 20

crianças ou adolescentes. O serviço é vinculado à Secretaria de Cidadania e

Assistência Social (SEMCAS). Entre janeiro e maio/2014, foram admitidas 65

crianças nas casas existentes (O NACIONAL, 2014). Em reportagem pelo jornal

Diário da Manhã (2015), a Promotora de Justiça do Ministério Público reconhece

e alega a dificuldade de coordenadores e monitores das casas de acolhimento

em Passo Fundo. Em audiência realizada em fevereiro do mesmo ano, solicitada

pelo Ministério Público, foram discutidos diversos temas relacionados à

infraestrutura e outras dificuldades. Uma das resoluções propostas pela

promotora foi que se duplicasse o número de instituições e cada uma delas

hospedassem até 10 crianças e adolescentes. Sendo assim, o espaço se tornará

mais familiar e acolhedor, para que se tenha a sensação mais próxima possível

de se estar em seus lares.

Atualmente, em Passo Fundo, existem três casas de acolhimento, sendo

elas Casa Herbert de Souza, Casa Roberto Pirovano Zanatta e Casa Anita

Garibaldi. Cada espaço com sua própria equipe técnica, que mantém sua equipe

administrativa e auxiliar trabalhando dentro do espaço da SEMCAS. Apesar das

recomendações realizadas pela Promotora de Justiça do Ministério Público, as

casas continuam acolhendo mais crianças e adolescentes que o ideal (Visita

técnica da autora/2017).

Imagem 1 - Registro fotográfico em visita técnica.

Fonte: da Autora, 2017.

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Em entrevistas informais realizadas percebeu-se compatibilidades de

opiniões no que se diz respeito à superlotação das entidades. A Entrevistada 01

(monitora) alega que nos últimos meses notou-se um “surto” de crianças e

adolescentes acolhidos: antes, casas que tinham 10, agora têm 20 e poucos”. A

entrevistada 02 (ex moradora), que morou por cinco dias na casa Anita Garibaldi

e mais de um ano no Lar Emiliano Lopes (hoje fechado), relata as dificuldades

diárias de se ter muitas pessoas convivendo juntas, como por exemplo a

dificuldade de controle dos cuidadores para com os jovens, principalmente em

situações de fúria e stress. Além disso, se destaca a grande rotatividade de

mobiliário, em função de que os mesmos geralmente são destruídos pelos jovens

e as condições precárias dos espaços. Segundo entrevistada 02, o banheiro

possuía lajotas quebradas e condição de conservação baixa e em um único

dormitório dormiam 12 jovens (o espaço era dividido por um armário).

Em visita técnica foi possível observar a falta de estrutura para os

usuários, pois o espaço de acolhimento é um cenário responsável não apenas

para suprir as necessidades fisiológicas dos mesmos, mas também agregar o

sentido de ser um lar, que contribui na formação do caráter das crianças e

adolescentes.

Imagem 2 - Lar Emiliano Lopes

Fonte: da Autora (2017).

O terreno escolhido para a implantação desse projeto localiza-se na Rua Dez

De Abril, esquina com Rua Coronel Mostardeiro, no Bairro Centro, em Passo

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Fundo/RS e possui aproximadamente 5.400 m². A escolha do terreno se justifica

por situar-se praticamente no coração do Polo de Saúde da cidade (figura 1 e 2).

Segundo Silva (2017) a instituição deve ser inserida em bairro residencial

próximo à realidade dos abrigados, porém, não pode estar deslocado dos

equipamentos externos de apoio. Entretanto, em entrevista informal observa-se

que a implantação ideal, conforme Entrevistada 01(monitora) e entrevistada

02(ex moradora), seria próxima principalmente a equipamentos como escolas,

hospitais e mercados, visto que o transporte é realizado pelo SEMCAS. Ambas

sugeriram o mais próximo do centro possível. Assim, a mobilidade fica facilitada

e se têm inserção social.

Figura 1 - Estudo do entorno

Fonte: da Autora (2017).

Figura 2 - Estudo do entorno - pólo em saúde

Fonte: da Autora (2017).

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Nas redondezas ainda se observam locais de suma importância como:

Escola Leão XIII (Capacitação Profissional), CACC (Centro Assistencial à

Criança com Câncer), CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e Casa de Apoio

Sociedade São Vicente de Paulo (Figura 3).

Figura 3 - Estudo do entorno

Fonte: da Autora (2017).

Realizar um projeto arquitetônico que possa oferecer estrutura necessária

para que se atinja os objetivos e contribua para o desenvolvimento de uma

criança ou adolescente é uma atribuição que requer atenção do profissional

arquiteto e urbanista. Embora o tema de acolhimento a crianças e adolescentes

seja discutido nas áreas pedagógica e social, para a área de arquitetura ainda é

pouco difundido, considerando que grande parte dos espaços de acolhimento,

geralmente são estabelecidos em residências ou edificações não projetadas

para esta finalidade.

1.2.3 Público à ser atendido

O abrigo atenderá crianças e adolescentes de 12 a 18 anos em situação de

vínculos familiares corrompidos e/ou risco (abandono, abuso sexual,

negligência, pobreza, violência doméstica, etc.). Geralmente o público dessa

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idade não têm mais perspectiva de adoção, podendo ser crianças que foram

adotadas e as famílias os rejeitaram novamente.

A escolha da faixa etária se deve aos objetivos que o projeto pretende atingir

com excelência, sendo eles: preparação de jovens para a vida pós acolhimento

por meio de cursos técnicos, esporte e cultura, despertando e estimulando novos

talentos. Mesmo que voltem para suas famílias, a instituição deve proporcionar

o apoio necessário para que os residentes tenham uma vida auto rentável.

A instituição também atenderá a comunidade em geral e moradores de

outros abrigos da cidade em turno inverso ao da escola, com a ideia de suprir a

infraestrutura deficitária.

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Introdução

Esse capítulo abordará uma fundamentação teórica sobre o histórico do

acolhimento no mundo e no Brasil. Sendo realizadas análises comportamentais

dos acolhidos e reflexões sobre o lado psicológico de crianças que se encontram

em situação de risco e vulnerabilidade social e devido a isso estão em medida

protetiva. Também serão apresentados estudos de algumas estatísticas

pertinentes ao tema, características arquitetônicas, uma reflexão sobre a

importância da ambiência e do desacolhimento gradativo e análise de projetos

existentes nacionais e internacionais.

2.1 Histórico das casas de acolhimento no Brasil

No período colonial (1500 a 1822), o Brasil era vinculado politicamente e

economicamente com a metrópole portuguesa e a igreja e o estado dividiam o

poder. A escravidão era comum nesse período, assim como a separação das

mães escravas dos filhos. As crianças poderiam ser usadas por seus senhores

dos 8 aos 21 anos e relações sexuais entre os mesmos era prática comum.

BERGER; GRACINO, 2005). Segundo os ensinamentos cristãos, um filho

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bastardo é repugnado pela sociedade. Devido a isso, muitos bebês eram

abandonados pelas mães e muitas vezes os animais de rua acabavam por

devorar os bebês quando deixados por muito tempo em locais públicos. Em 1726

o rei propôs um método para mascarar a legitimidade e proteger a honra dos

filhos gerados dessas relações: a roda dos expostos (Imagem 4)

(HASHIMOTTO, 2012 apud RIZZINI & PILOTTI; 2011). Pereira (2004) descreve

a roda como um cilindro de madeira giratório fixado na janela ou no muro do

hospital onde a criança era depositada ali e, ao girar o bebê, era direcionado

para dentro, mantendo o anonimato (SANTOS, 2013 apud PEREIRA, 2004). As

crianças eram incumbência das “amas de leite” externas e aos sete anos

retornavam para a roda dos expostos para serem direcionadas para uma família.

(SANTOS, 2013 apud VIEGAS, 2007).

Imagem 3 - Roda dos expostos

Fonte: Agencia Brasil (2017).

Em 1871 se criou o primeiro “asilo de meninos desvalidos”, para os

meninos de rua que vagavam, enquanto as “meninas desvalidas” eram

abrigadas desde 1740 na Santa Casa. A estimativa era de trinta “asilos de

órfãos” até o fim do séc. XIX- época que começa se ter uma preocupação maior

com a mortalidade infantil, saúde e educação até que em 1923 se criou o Juizado

de menores. No Governo de Getúlio Vargas, em 1942, nasce o “SAM” (Serviço

de Assistência ao Menor), que foi um serviço conjunto com o Ministério da

Justiça e tinha por objetivo, através de um sistema semelhante ao Penitenciário,

corrigir e repreender crianças e. (BERGER; GRACINO, 2005).

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A infância e adolescência durante o Regime Militar (1964) passou a ser

preocupação nacional e responsabilidade do governo militar. Como precaução

com o uso de drogas de população crescente de jovens abandonados, nasceu

a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM e a Política Nacional

do Bem-Estar do Menor (PNBEM). Se cria nesse período soluções como

Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (FEBEM) com objetivo de

internação para “menores irregulares” em padrão nacional como estratégia para

reintegração com a sociedade. (HASHIMOTTO, 2012 apud RIZZINI &

PILOTTI,2011).

Em 1990 nasce o Estatuto da Criança e do Adolescente (atualmente as casas

de acolhimento devem seguir suas diretrizes) e em 2004 acontece a criação do

SAC (Rede de serviços de ação continuada). Esse serviço direciona suas ações

para necessidades básicas, priorizando crianças e adolescentes em situação de

vulnerabilidade social, com o objetivo de melhorar a vida dessa população. O

SAC é ligado à Secretaria de Assistência Social do Ministério do

Desenvolvimento e Combate à fome (BERGER; GRACINO, 2005).

Figura 4 - Histórico do acolhimento no Brasil

Fonte: da Autora (2017).

2.2 Fatores que levam ao acolhimento institucional e órgãos responsáveis

Registrou-se até 2002 que os principais responsáveis por agressão

psicológica, física e social, na marca de 57%, são os próprios pais ou pessoas

que possuem guarda (ROCHA, 2004 apud SAVI, 2008). Leva-se em

consideração que esses episódios de violência não acontecem apenas com

famílias de classe baixa. Os fatores que geralmente influenciam, estão presentes

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nas mais variadas famílias, sendo eles: histórico doméstico de violência;

perturbações psicológicas como abstinência de drogas ou álcool, ansiedade,

depressão, comportamento suicida, transtornos de personalidade; práticas

autoritárias e uso de castigos físicos ou psicológicos; depressão pós-parto; entre

outras (ROCHA, 2004, apud SAVI, 2008). Segundo Santos (2011) para os

profissionais da área de assistência social é um enorme desafio trabalhar com

os familiares dos acolhidos.

No Brasil a estimativa é que 48,8% de crianças e 40% de jovens de 12 a

18 anos estão considerados em nível de pobreza ou miséria (SAVI, 2008). Os

principais motivos da medida protetivas são: abandono (18,8%), violência

familiar (11,6), subordinação química (11,3%), morar na rua (7,0%), orfandade

(5,2%), pais/responsáveis presos (3,5%), abuso sexual da família (3,3%) (IPEA,

2003 apud SAVI;2008).

Segundo a vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (2013), os

métodos de acolhimento se dividem em “acolhimento institucional” e “família

acolhedora”. Em ambos os casos, se deve cumprir as normas do ECA (Estatuto

da Criança e do Adolescente). Os órgãos responsáveis pela fiscalização das

entidades que prestam serviço de acolhimento são os conselhos tutelares, o

Ministério Público e a Vara da Infância e da Juventude, e em caso de denúncia,

os mesmos deverão ser acionados. Para Santos, 2013 o recomendado é que a

criança ou adolescente permaneça em acolhimento institucional pelo período

máximo de dois anos para então estabelecer o retorno comunitário e familiar.

2.3 Reflexões sobre a ambiência e a permanência de jovens em abrigos

institucionais

Savi e Dischinger (2016) abordam a importância da ambiência em um

espaço institucional. Ambiência pode ser definida por um conjunto de aspectos

materiais (objetos) e imateriais (sensações) que determinam o quanto a pessoa

que está usufruindo o espaço se sente confortável. Muitas literaturas abordam,

inclusive Savi que o ambiente de proteção temporária de jovens e crianças deve

se assemelhar à ambiência de uma residência.

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Entretanto, observa-se algumas contradições nos fatores do cotidiano:

Enquanto em uma residência a criança teoricamente deve se sentir protegida

podendo transitar despreocupadamente e em algumas situações se têm a

oportunidade de personalizar o seu espaço como deseja, permanecer nos

compartimentos da casa que preferir sem horários pré-determinados, em um

abrigo institucional, que atende normalmente até 20 crianças e adolescentes,

observa-se o estímulo de coletividade em tempo integral, visto que os dormitórios

são compartilhados, muitas vezes os moradores não possuem armários

individuais, e a rotina é pré-estabelecida com horários criteriosos e não se tem

espaço para que eles se sintam realmente confortáveis e seguros dentro de sua

própria intimidade.

O acolhimento institucional é considerado por muitas literaturas um

episódio estressante na vida de uma criança ou de um adolescente. Muitas

vezes o contexto leva os jovens a entrarem em estado de depressão.

(DELL’AGILO & HUTZ,2004 apud ALVARES, 2013). Porém, é possível

adaptação e boas condições para a população que reside o espaço. Muitas

vezes, o suporte proporcionado nessas instituições é essencial para um futuro

melhor (DELL’AGILO,2000).

Conforme Conselho Nacional do Ministério Público, 2013, uma das

críticas ao sistema de acolhimento institucional é a incapacidade por parte da

instituição de detectar as necessidades particulares de cada acolhido. Como

alternativa, o PIA (Plano Individual de Atendimento) foi criado com finalidade de

diagnosticar a situação atual da criança, levantando as motivações de estar em

medida protetiva, investigação das relações com a família original e

especificidades da situação em que se encontra. A partir desse levantamento,

se traçam estratégias, planos individuais e acompanhamento psicológico para o

regresso da criança ou jovem para a família.

2.4 O desligamento gradativo

A expectativa média de idade máxima para crianças serem adotadas é

até 6 anos. Após isso, o que deveria ser um lar provisório, por muitas vezes

acabam se tornando uma estadia de muitos anos e o acolhido acaba tomando

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por referência a vida que ele tem na entidade. Geralmente nesses casos, o jovem

sente bastante dificuldade de sair do abrigo e desenvolver sua vida sozinho em

função dos laços criados com os assistentes sociais, que muitas vezes são mais

fortes que os laços com a própria família (VIEIRA, 2011).

O desligamento deve ser bastante cauteloso, principalmente com

adolescentes que passaram uma estadia longa na instituição, pois muitas vezes

passam por sentimento de perda. Devido a isso as instituições devem adotar um

plano de desligamento gradativo. Índices apontam que mais de 80% das casas

de acolhimento do Brasil adotam essa estratégia de reinserção social. A

recomendação é que se desenvolva nessa preparação habilidades de

qualificação que possam ser utilizadas posteriormente na vida profissional como

estratégia para fortalecimento de laços sociais. Pesquisa aponta que apenas

63% dos abrigos institucionais no Brasil já adotam medidas para

profissionalização (CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 2013).

Segundo mesmo autor, pesquisa aponta que 58,4% das instituições no Brasil

prestam serviço de acompanhamento após o descolhimento (gráfico 01).

Gráfico 1 - Principais ações de acompanhamento pós-egresso

Fonte: Conselho Nacional do Ministério Público (2013).

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2.5. ESTUDOS DE CASO

2.5.1: Centro de bem-estar para crianças e adolescentes (França)

O projeto tem como uso o acolhimento de emergência de crianças e

adolescentes menores de 18 anos sob tutela legal e tem a função de

proporcionar apoio psicológico, emocional e prático (ARCHIDAILY, 2015).

2.5.1.1 Ficha técnica

Autor: Marjan Hessamfar & Joe Vérons.

Localização: Porte des Lilas, 75019. Paris, França

Ano do projeto: 2013

Área construída: 6225m²

2.5.1.2 Implantação

A implantação do projeto está localizada na malha urbana e fica próxima de

pontos como: Hospitais, escolas, templos, restaurantes e áreas verdes e

recreativas (Figura 5). O gabarito de altura da edificação se mostra em harmonia

com as edificações de seu entorno (Figura 6).

Figura 5 - Estudo de implantação

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2017).

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Figura 6- Estudo gabarito de altura

Fonte: Adaptado pela autora de ACHIDAILY (2015).

2.5.1.3 Programa de necessidades

O programa de necessidades é completo e atende perfeitamente as

necessidades dos moradores e funcionários.

Tabela 4 - Programa de Necessidades Estudo 01 (Centro de Bem-Estar para Crianças

e Adolescentes)

Compartimento Área Compartimento Área

Público

Hall de Entrada 80,80m² Sala de Estudos 47,25m²

Biblioteca 62,50m² Sala de Amamentação

6,35m²

Sala de Leitura 21,70 m² Jardim de Infância

110,90m²

Privado

Dormitórios 776,00m² Banheiro 70,00m²

Dormitórios PNE 21,00m² Habitação 336,80m²

Administrativo

Escritório 188,50m² Sala de Reuniões

50,15m²

Administrativo 207,90m² Sala de Espera 23,80m²

Serviço

Sala de Espera 20,42m² Refeitório 120,90m²

Sala de Visitas 105,00m² Lavanderia 133,10m²

Escrit. Educação 40,45m² Sanitários 177,00m²

Enfermaria 80,00m² Cozinha 107,20m²

Serviços Sociais 34,40m² Sala técnica 223,70m²

Educador 108,00m² Oficina 56,15m²

Escritório 49,00m² Casa de máquinas

21,60m²

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Lazer

Quadra Poliesportiva 100,70m² Sala de Jogos 187,37m²

Área Verde 715,00m² Terraço 646,40m²

Playground 30,00m²

Fonte: Autora (2017).

2.5.1.4 Funcionalidade

O centro de acolhimento possui cada pavimento como um setor

independente, e do térreo ao 5º pavimento as crianças acolhidas são divididas

por idade, em função do melhor aproveitamento das atividades propostas pelos

cuidadores. A justificativa dos autores do projeto para tal organização é que

dessa forma, situações de atividades interativas e momentos de silêncio sejam

considerados (ARCHDAILY, 2015).

Observa-se particularidades em seus programas de necessidades: no

pavimento onde ficam os jovens de 12 a 18 anos, os dormitórios não se

compõem mais com 3 camas, mas sim, com apenas uma. Entende-se que é uma

etapa em que os jovens já devem ter a oportunidade de desenvolver sua própria

independência e acostumar-se com o que lhe espera na vida adulta. Os grupos,

separados por idades se subdividem-se dentro do próprio pavimento e possuem

um programa de necessidades comum entre eles, geralmente composto por

Refeitório, Sala de Jogos, Sala para cuidadores e banheiros.

2.5.1.4.1 Zoneamento

Os estudos a seguir foram realizados pela autora com base em imagens

do website HESSEMFAR-VERONS. Os croquis em questão estão zoneando as

áreas conforme sua função.

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Figura 5: Subsolo Figura 6: Térreo

Figura 7: 1º pavimento Figura 8: 2º pavimento

Figura 9: 3º pavimento Figura 10: 4º pavimento

Figura 11: 5º pavimento

Figura 7 - Zoneamento do subsolo ao 5º pavimento

Fonte: ARCHDAILY (2015) adaptado pela Autora (2017).

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2.5.1.4.2 Fluxograma

A organização espacial dos fluxos em todos os pavimentos se dá por uma

circulação linear.

Figura 12: Subsolo

Figura 13: térreo

Figura 14: 1º pavimento

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Figura 15: 2º pavimento

Figura 16: 3º pavimento

Figura 17: 4º pavimento

Fluxograma 1- Subsolo ao 5º pavimento.

Fonte: da Autora (2017).

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2.5.1.5 Forma

Os autores do projeto optaram por utilizar-se de um formato em “L”, para

direcionar o centro da edificação para posição norte. Para potencializar ainda

mais a incidência solar, o projeto foi escalonado (Figura 8) com criação de

terraços tornando o espaço mais humanizado e agradável.

Figura 8 - Estudo da forma

Fonte: Autora (2017) com base em imagem de ARCHDAILY (2015).

2.5.1.6 Técnicas construtivas e materiais

O concreto armado se dá presente nos pilares, vigas, lajes e fundações.

(HESSAMFAR-VERONS,2013). O elemento concreto se repete na fachada, mas

dessa vez em uma placa branca auto-limpante. A escolha dessa placa foi feita

em função de que se têm uma via com bastante tráfego de veículos e

consequentemente uma poluição constante. Persianas de metal de cor dourada

foram utilizadas na fachada, protegendo do sol e proporcionando privacidade.

Todos os elementos utilizados na composição arquitetônica de fachada são

repetidos ao longo de todo o exterior do projeto, proporcionando uma sensação

harmoniosa (ARCHDAILY, 2015).

2.5.1.7. Conclusão

Esse é o estudo de caso mais completo dos três estudados no presente

trabalho. Além de acolher todas as idades, percebe-se um cuidado muito grande

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ao projetar cada pavimento. O programa de necessidades conta com espaços

para psicomotricidade e auscultação, o que demonstra preocupação e cuidado

com os acolhidos. Um fator que chama atenção e é considerado muito positivo

por muitas literaturas é a posição em que o edifício se mostra em relação a

orientação solar, e a maneira que o projeto foi escalonado permite uma maior

incidência de iluminação e ventilação, mas não só isso, torna o projeto mais

humanizado e confortável.

2.5.2 Casa de acolhimento para menores (Dinamarca)

2.5.2.1 Ficha técnica

Autor: CEBRA

Localização: Strandgårds Alle, 5300 Kerteminde, Dinamarca

Ano do projeto: 2014

Área construída: 1500m²

2.5.2 .2 Implantação

A volumetria do projeto integra-se completamente com o entorno,

respeitando não só os gabaritos de altura, mas também a volumetria tradicional

de uma residência dinamarquesa. (Figura 9) A implantação está em bairro

predominantemente residencial e possui em suas proximidades uma escola

(Figura 10).

Figura 9 - Estudo da implantação

Fonte: Autora (2017) com base em imagem de ARCHDAILY (2015).

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Figura 10- Estudo da implantação

Fonte: da Autora (2017) com base em imagem de Google Earth.

2.5.2.3 Programa de necessidades

Em comparação ao primeiro estudo de caso, o programa de necessidades

se mostra menos complexo (Tabela 5).

Tabela 5- Programa de Necessidades Estudo 01 (Casa de acolhimento para menores)

Compartimento Área Compartimento Área

Social

Sala de Estar 76,60m² Cozinha 10,95m²

Sala de Estudo 42,70m² Sala de Jantar 47,32m²

Sanitários 12,00m² Lavanderia 12,43m²

Sala de Eventos 20,00m² Privado

Dormitórios 176,00m² Banheiros 44,00m²

Fonte: Autora (2017).

2.5.2.4 Funcionalidade

A distribuição dos compartimentos baseia-se em quatro residências que

estão interligadas formado um volume único. Cada “residência” atende uma faixa

etária determinada (Figura 11). Os sótãos são vistos como elementos chaves

onde os residentes podem ajudar na decoração e na escolha do uso, podendo

ser bibliotecas, sala de jogos, sala de cinema, ateliê (ARCHDAILY, 2015).

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Figura 11 - Estudo de função

Fonte: CEBRA (2014).

2.5.2.4.1 Zoneamento

Figura 12 - Estudo de zoneamento térreo e primeiro pavimento

Fonte: da Autora (2017) com base em imagens de DOMUSWEB (2014).

2.5.2.4.2 Fluxograma

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Figura 13 - Zoneamento térreo e primeiro pavimento

Fonte: da Autora (2017).

2.5.2.5 Forma

A forma está diretamente ligada ao conceito do projeto “sentir-se em

casa”. Os residentes do espaço precisam se sentir acolhidos e protegidos. A

volumetria faz referência a uma típica casa dinamarquesa (Figura 14), possuindo

principalmente sótão e telhado com duas águas (ARCHDAILY,2015). Tal

conceito se vê presente na volumetria como um todo, assemelhando-se a uma

skyline (Figura 15). Elementos formais como assimetria e repetição de forma

geométrica também é analisada (figura 16).

Figura 14 - Evolução Formal

Fonte: ARCHDAILY (2015).

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Figura 15 - Estudo da forma

Fonte: da Autora, com base em imagens de ARCHDAILY (2015).

Figura 16 - Análise da forma

Fonte: Autora, 2017 com base em imagens de ARCHDAILY (2015).

2.5.2.6 Técnicas construtivas e materiais

Com o objetivo de valorizar a região e criar uma conexão com o entorno,

foram utilizados no projeto alvenaria, vidro, madeira de maneira vertical e

telhados com barro – tradicionalmente utilizados na Dinamarca. O sistema

construtivo é concreto armado. (DEZEEN,2014)

2.5.2.7 Conclusão

Neste projeto, o programa de necessidades se mostra mais compacto em

relação ao estudo de caso número 1 e foi o estudo de caso que a entrevistada

02 (ex moradora) mais se agradou. Sua justificativa para a escolha é “ser um

espaço que transmite tranquilidade com áreas verdes e tranquilas”. O conceito

se vê muito presente nesse projeto e a evolução da volumetria e justificativas de

projeto se mostra muito claro nos diagramas. É um ponto forte, e certamente

servirá de inspiração para o presente trabalho. No diagrama da figura 25

(evolução formal) mostra como os autores tomaram por base a silhueta de uma

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casa tradicional dinamarquesa e brincam com as formas, tornando o projeto uma

obra de arte inspiradora e criativa. Parece um local bastante acolhedor e

divertido para os residentes.

2.5.3 Instituto Dona Ana Rosa

Segundo os autores do projeto Perkins+Will, 2015, o Instituto Dona Ana

Rosa é uma entidade sem fins lucrativos, apartidária e conveniada com a

Prefeitura Municipal de São Paulo que presta serviços para a comunidade. O

instituto atende cerca de 1.500 crianças e jovens que frequentam escolas em

seu entorno (ARCOWEB,2015). Em jornal local (SÃO PAULO IN FOCO, 2013),

se alega que a instituição visa a qualificação de jovens que se mostram em

situação de vulnerabilidade, possuindo infraestrutura para atender as crianças

em adolescentes em turno inverso ao da escola.

2.5.3.1 Ficha técnica

Autor: RoccoVidal Perkins+Will

Localização: São Paulo - São Paulo, Brasil

Ano do projeto: 2013

Área construída: 850m²

2.5.3.2 Implantação

O projeto está inserido em localização privilegiada, próximo de locais

como escolas, igrejas, parques e cinema em seu entorno (Figura 17).

Figura 17 - Estudo de implantação

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2017).

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2.5.3.3 Programa de necessidades

Neste projeto, os compartimentos são projetados à fim de dar suporte e

oferecer espaços qualificados de para a comunidade (Tabela 6).

Tabela 6 -Programa de Necessidades Estudo 01 (Instituto Dona Ana Rosa)

Compartimento Área Compartimento Área

Social

Hall 14,95m² Teatro/Multiatividades 103,15m²

Expositores 19,00m² Sanitários 18,35m²

Galeria 149,20m² Administrativo

Gerência 14,40m² Estar presidência 27,55m²

Administração 61,75m² Sala de Reuniões 14,40m²

Presidência 9,40m² Sanitários 2,65m²

Fonte: do autor (2017).

2.5.3.4 Funcionalidade

A organização espacial é muito objetiva e consiste em dois blocos que

são interligados por uma circulação que serve de galeria que em sua trajetória

conta aos visitantes a história dos 140 anos de história de assistência às

comunidades carentes. Um dos blocos possui o suporte para o setor

administrativo e o outro bloco possui o teatro/ múltiplas atividades (figura 18)

(PERKINS+WILL, 2015).

Figura 18 - Análise de funcionalidade

Fonte: ARCHDAILY (2015).

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2.5.3.4.1 Zoneamento

Figura 19 - Zoneamento

Fonte: Autora (2017) com base em imagens disponíveis em ARCOWEB (2015).

2.5.3.4.2 Fluxograma

Figura 20- Fluxograma

Fonte: da Autora (2017).

2.5.3.5 Forma

A volumetria se mostra estimulante e se compõe por uma base retangular

de concreto e um volume acima do auditório na cor amarela (imagem 5),

trazendo a sensação de verticalidade e destaque (PROJETO DESIGN,2015

apud ARCOWEB, 2015).

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40

Imagem 4 - Volumetria

Fonte: ARCOWEB (2015).

2.5.3.6 Técnicas construtivas e materiais

Aproveitando a fundação existente e ampliando, usou-se para a

construção do Instituto Dona Ana Rosa o método Steel Frame. Para revestir a

base de cor cinza o material escolhido foi painéis pré-fabricados constituídos de

partícula cimentícia e madeira. (PROJETO DESIGN,2015 apud

ARCOWEB,2015).

2.5.3.7 Conclusão

Essa fundação possui uma história muito bonita: Ana Rosa foi uma mulher

que há 140 anos, quando faleceu, doou parte de sua fortuna para um bem social

(ajudar crianças e adolescentes de comunidades carentes). Apesar de não

possuir dormitórios, os espaços são visivelmente utilizados pela população, e

apesar de o programa simples e objetivo, funciona.

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CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.1 Introdução

No presente capítulo serão realizadas análises da implantação do

projeto, como: contextualização regional, análises de cheios e vazios, altura das

edificações, uso do solo, infraestrutura urbana, características específicas do

terreno e síntese de legislação e normativas.

3.2 Contextualização regional

A implantação do presente estudo localiza-se no noroeste do estado do

Rio Grande do Sul, na cidade de Passo Fundo, no bairro centro (figura 21).

Possui testada para rua Dez de Abril e rua Coronel Mostardeiros (figura 22).

Figura 21 - Mapa Rio Grande do Sul e Passo Fundo – Indicação do terreno

Fonte: Autora, 2017 com base em imagens do Google Earth.

Segundo dados do IBGE (2016), a população estimada da cidade e Passo

Fundo é de 197.798 habitantes e sua extensão territorial é de 783,421 km².

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42

Figura 22 - Prefeitura de Passo Fundo -Mapa do Setor 013, quadra 009

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, 2017.

3.3 Mapa nolli, uso do solo e altura das edificações

3.3.1 Mapa nolli

Em um raio de 500 metros, à partir do centro do terreno do terreno, foi

feita a análise de cheios e vazios, com o objetivo de observar densidade de

edificações na área. Percebe-se grandes “vazios urbanos”, apesar de a

implantação localizar-se no centro (figura 23).

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43

Figura 23 - Cheios e vazios

Fonte: da Autora (2017), com base em Google Earth.

3.3.2 Uso do solo

Na área em análise, percebe-se uma grande predominância de

edificações residenciais (gráfico 02) sentido bairro, à medida que no sentido

centro, aumentam os usos comerciais e institucionais (Figura 24).

Gráfico 2 - Uso do solo

Fonte: da Autora (2017), com base em Google Earth.

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44

Figura 24 - Uso do solo raio de 500m

Fonte: da Autora (2017) com base em Google Earth.

3.3.3 Altura das edificações

É possível analisar pela Figura 25 o gabarito de alturas da região da

análise. As edificações se mostram predominantemente térreas, e ao aproximar-

se da avenida brasil, os gabaritos já se mostram verticais.

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Figura 25 - Altura das edificações em raio de 500m

Fonte: da Autora (2017) com base em Google Earth.

3.4 Infraestrutura urbana

3.4.1 Rede viária

O fluxo de veículos se mostra bastante intenso nas regiões indicadas pela figura

39. É nessas regiões que se notam maiores regiões de conflito.

Figura 26 - Mapa de fluxo viário em raio de 500m

Fonte: da Autora (2017), com base em Google Earth.

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46

As linhas de transporte público que abastecem a região estudada, bem

como pontos de ônibus, conforme empresa local, as nove linhas que abastecem

a região estão indicadas na figura 40, sendo elas: Vera Cruz/São Cristóvão;

Circular Vera Cruz; Operária/Petrópolis; Hípica/Planaltina; Leonardo Ilha/Vera

Cruz; Vila Fátima/ Lucas Araújo; BR 285/São Luiz; São Luiz/Zacchia e Petrópolis/

Nene Graeff.

Figura 27 - Transporte público em raio e 500m

Fonte: da Autora (2017), com base em Google Earth.

3.4.2 Rede de água, esgoto, energia e vegetações urbanas

A infraestrutura urbana estudada no raio de 500m a partir do centro do

terreno (Rede elétrica, pluvial esgoto e vegetação urbana indica que está

abastecendo toda a área (figura 28).

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Figura 28 - Infraestrutura urbana em raio de 500m

Fonte: da Autora (2017) com base em Google Earth.

3.5 Características específicas do terreno

Conforme Imagem 42, o terreno possui testada de 66,5 metros para Rua

Dez de Abril e 78,5 metros para a Rua Coronel Mostardeiros, respectivamente

fachada sudoeste e sudeste. O desnível do terreno é de 8 metros e os ventos

predominantes se mostram sentido Nordeste. Existe atualmente uma pequena

barreira de vegetação aos fundos do terreno.

Figura 29 - Características específicas do terreno Fonte: da Autora (2017)

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3.5.1 Condições climáticas

Com o desenvolvimento desse projeto, buscou-se harmonizar a relação do

ecossistema já existente com a arquitetura do projeto em si. Se tratando de

harmonia arquitetônica, o aspecto mais relevante é em relação ao conforto

ambiental, que pode ser atingido mediante observações de normas pertinentes,

que propõem soluções projetuais levando em consideração o clima, o entorno e

os materiais que serão empregados (CORBELLA , 2003).

A cidade onde o terreno está localizado possui clima subtropical,

caracterizado por temperaturas médias em que os meses mais frios estão entre

18ºC e 0ºC e os mais quentes podem chegar ou ultrapassar os 30ºC, possui um

clima extremo, onde no inverno faz muito frio e no verão, muito calor.

(EMBRAPA, 2017).

A seguir, na Figura 1 são apresentados alguns estudos estatísticos sobre os

ventos na cidade de Passo Fundo/RS. Os estudos foram realizados pelo site

Windfinder, baseados em observações feitas entre novembro de 2012 e agosto

de 2016, diariamente das 7 horas às 19 horas.

Figura 30 - Dados baseados em observações feitas entre 11/2012 – 08/2016

diariamente das 7 am às 7 pm, hora local.

Fonte: Windfinder, previsões e medições.

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Conforme os dados da tabela, nota-se que a direção de vento predominante

durante o ano é de Nordeste, tendo uma velocidade que varia entre 10km/h e

12km/h. Lamberts et al (2016) aconselham para a zona Bioclimática 2, na qual

se encontra a edificação em questão, fazer um estudo para aumentar a

exposição às brisas do verão, e proteger dos ventos frios oriundos da direção

Sul. Deve-se orientar corretamente no terreno e usar recursos aplicáveis à

concepção da forma arquitetural.

Os ventos predominantes são de Nordeste, com velocidades médias entre

3,80 m/s e 4,70 m/s, e ventos secundários provenientes do Sudeste. De acordo

com Lamberts et al (2016), explorar técnicas construtivas alternativas e fora dos

padrões lineares de construção, é importante para promover uma boa acústica

e conforto térmico, ao mesmo tempo facilitar a ventilação através de elementos

como venezianas, cobogós e outros elementos vazados. Criar fluxo ascendente

para eliminação do ar quente também é um recurso inteligente, neste caso pode-

se usar lanternins, aberturas no telhado, zenitais, exaustores, ou outras

aberturas. No caso da cidade de Passo Fundo, esses elementos devem ter

opção de fechamento no inverno.

3.5.2 Sombreamento

Os estudos de sombras (figura 31) indicam que atualmente não existem

problemas de sombreamento, e o terreno se mostra muito bem iluminado e

ventilado.

Figura 31 - Estudos de sombra

Fonte: da Autora (2017).

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3.5.3 Visuais do terreno e entorno imediato

Imagem 5 - Visual "a" do terreno

Fonte: da Autora (2017).

Imagem 6- Visual "b" do terreno

Fonte: da Autora (2017).

Observa-se um gabarito de altura predominantemente baixo (até 2

pavimentos) no entorno imediato do terreno. (Imagem 8) A pavimentação é de

asfalto na Rua Dez de Abril e paralelepípedo na Rua Coronel Mostardeiros.

Existe precária sinalização de trânsito e comunicação visual.

Imagem 7 - Visuais do entorno imediato

Fonte: da Autora (2017).

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Figura 32- Skyline da quadra do terreno

Fonte: da Autora (2017).

3.6 Síntese de legislações e normativas

Conforme o plano diretor de Passo Fundo, a implantação do projeto

localiza-se em um ZT (Zona de Transição) (figura 33).

Figura 33 - Zoneamento urbano Fonte: Prefeitura de Passo Fundo.

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52

Em função disso, os índices urbanos, conforme o Plano Diretor de Passo Fundo

são:

Tabela 7 - Índices urbanísticos

TO 60%

CA 2,8

CID 15M²

LM 300M²

Fonte: da Autora (2017).

Os recuos frontais são de 4 metros quando a edificação possui menos de

7,5m de altura, e para edificações acima de 7,5m de altura, o recuo se torna 8m.

Para recuo de fundos e lateral, usa-se a fórmula R= N x 0,15 +2 , onde N= H/2,8

e H= altura da edificação.

Em relação aos usos, o projeto classifica-se em Serviços de Alojamento

tipo I (CS20) e Serviços de Educação (CS22), ambos consideráveis permissíveis

conforme Anexo 04 – Uso do Solo, disponibilizado pela Prefeitura de Passo

Fundo.

As vagas de estacionamentos para uso CS20 devem obedecer a ordem

de uma vaga a cada 2 unidades de hospedagem, sendo elas menores de 50m².

Para o uso CS22, deve-se computar as áreas úteis dos compartimentos

dedicados ao uso educativo, e então para cada 50m², o mínimo recomendável é

uma vaga.

3.6.2 Orientações técnicas

Segundo CONADA, 2009, não se deve separar grupos de irmãos ou

primos. Não deve haver discriminação e deixar de atender a criança/adolescente

por possuir deficiência física, mental ou outra doença. A instituição deverá

possuir políticas públicas e infraestrutura que garanta o suprimento das mais

diversas demandas particulares de cada usuário. Não recomendável a

instalação de placas indicativas contendo a natureza institucional. Deverá seguir

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o padrão arquitetônico das residências da comunidade que o equipamento

estiver inserido.

3.6.2.1 Equipe profissional mínima

Tabela 8 - Equipe técnica mínima

CARGO Nº FUNÇÃO

Coordenador 01 Gestão da instituição; Elaboração do projeto político-

pedagógico da casa de acolhimento juntamente com a equipe

técnica; Conexão com a rede geral de serviços e processo de

garantia de direitos.

Equipe

Técnica

02 Em conjunto com a coordenação, elaboração do sistema político

Pedagógico da instituição; Assistência psicossocial dos

moradores e seus familiares. Contribuição na seleção de novos

cuidadores e funcionários. Organização dos arquivos de planos

individuais de cada criança; Elaboração de relatórios semestrais

sobre a situação de cada morador e discussão com autoridade

responsável do Ministério Público sobre novas possibilidades

conforme as particularidades de cada situação; Preparação e

apoio para o desligamento da criança/adolescente; Mediação

(juntamente com o educador) do processo de aproximação com

a família.

Cuidador 1 a cada 10

crianças

por turno ¹

Responsabilidade por tarefas como: cuidados de higiene,

alimentação e proteção; Organização do espaço físico;

Assistência à criança/adolescente na superação de sua história

familiar e fortalecimento da confiança, auto estima e identidade;

Ordenação de registros particulares acerca do desenvolvimento

da criança/adolescente, sempre preservando sua história;

Acompanhamento em serviços do cotidiano como saúde,

escola, etc.; Preparação e apoio para o desligamento dos

moradores da instituição.

Auxiliar de

cuidador

1 a cada 10

crianças

por turno ¹

Auxílio em todas as atividades do cuidador; Cuidados com a

limpeza, organização, alimentos, entre outros, da moradia.

¹ A quantidade de cuidadores deverá aumentar quando se têm abrigado na instituição

crianças/adolescentes com deficiência. O recomendado é 1 cuidador para ccada 8 crianças quando se

possui uma com deficiência, e 1 cuidador a cada 6 crianças quando possui 2 ou mais com deficiência.

Fonte: Autora (2017), com base em informações obtidas em CONADA,2009.

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3.6.2.2 Infraestrutura e espaços mínimos sugeridos

Conforme o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes

(CONANDA,2009), a acessibilidade do espaço físico deve ser universal. A

recomendação de compartimentação é a que segue:

3.6.2.2.1 Quartos

O número de crianças/adolescentes recomendado por dormitório é de até

4. Excepcionalmente até 6. A metragem quadrada sugerida é de

2,25m²/ocupante. No caso de o ambiente de estudo localizar-se no dormitório, a

metragem deverá aumentar para 3,35m²/ocupante.

3.6.2.2.2 Sala de estar ou similar

A sugestão é de 1,00m² para cada ocupante, considerando também os

cuidadores/educadores.

3.6.2.2.3 Sala de jantar/copa

Pode estar em cômodo independente ou integrado a outro espaço.

Recomenda-se 1,00m² para cada ocupante.

3.6.2.2.4 Ambiente para estudo

Deverá possuir mobiliário que atenda o número de moradores e poderá

localizar-se em cômodo próprio ou anexado a outros compartimentos.

3.6.2.2.5 Banheiro

Para cada seis crianças/adolescentes, o mobiliário mínimo é 1 lavatório,

1 vaso sanitário e 1 chuveiro. A recomendação se repete para os funcionários.

Deverá possuir um banheiro no mínimo para portadores de necessidades

especiais (PNE).

3.6.2.2.6 Cozinha

Possuir espaço que atenda o número de ocupantes e mobiliário que

acomode os utensílios necessários.

3.6.2.2.7 Área de serviço

Possuir espaço que atenda o número de ocupantes da instituição.

3.6.2.2.8 Área externa

Incentivar a socialização e convívio comunitário por meio de

equipamentos públicos, esporte e cultura. Evitar equipamentos que estejam

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além do padrão da realidade socioeconômica dos usuários como saunas,

piscinas, entre outros, com o objetivo de não dificultar a restituição familiar dos

moradores.

3.6.2.2.9 Sala equipe técnica

O recomendado é que este compartimento esteja localizado

discriminadamente da área de alojamento das crianças/adolescentes. O

mobiliário deverá atender às atividades como atendimento, reuniões, elaboração

de planilhas e relatórios, etc.

3.6.2.2.10 Sala coordenação/atividades administrativas

O recomendado é que este compartimento esteja localizado

discriminadamente da área de alojamento das crianças/adolescentes. O

mobiliário deverá atender às atividades como área financeira/contábil, logística,

documental, etc.

3.6.2.2.11 Sala reuniões

Deverá ter espaço que atenda a realização de atividades grupais com os

familiares de origem e reuniões de equipe.

3.6.3 Outras leis e normas

Para realização do presente trabalho, são pertinentes o uso das

legislações: Plano Diretor, Código de Obras, NBR 9050 (Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos), NBR 9077 (Saídas

de emergência em edifícios), indicações do Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), Constituição Federal de 1988, Orientações sobre

Acolhimento Institucional (Ministério Público) e Conselho Nacional dos Direitos

das Crianças e Adolescentes (CONANDA,2009).

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CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS

4.1 Introdução

Neste capítulo é apresentado o conceito do projeto e suas principais

diretrizes arquitetônicas e urbanísticas.

4.2 Hope (esperança) como conceito:

Em um mundo onde as relações familiares se mostram cada vez mais

conturbadas, observa-se que sentimentos de abandono e rejeição podem afetar

negativamente o psicológico de uma criança/adolescente. Porém, ainda existem

histórias de superação que devem servir de exemplo, como quando a família e

a criança conseguem reatar os laços, ou quando, mesmo na orfandade, o

morador consegue se estabelecer em uma vida saudável. Essas conquistas só

são possíveis quando existe esperança.

Figura 34 - Esperança Fonte: - Web (2017)

Quando se têm perspectiva, é possível sonhar e almejar uma realidade

que desejamos alcançar. Pode ser o “pontapé” inicial para uma grande mudança

na história de vida. É a partir da esperança e dos sonhos que o ser humano

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adquire energia e ânimo para mudar sua realidade. Sem esperança, sem

sonhos, sem brilho no olhar, o propósito do projeto se desfaz.

A forma que representa o conceito do projeto é a da planta dente-de-leão:

Além do simbolismo, por representar esperança e otimismo, sua forma auxiliará

no desenvolvimento da implantação.

Figura 35 - Concepção de conceito

Fonte: da Autora (2017).

4.3 Diretrizes de arquitetura

O projeto portará de uma infraestrutura que possibilite o desenvolvimento

das funções cognitivas, espaços multiuso para atividades em grupo ou

atendimentos individuais com a equipe especializada. Acredita-se na inserção

social através da educação, esporte, cultura e troca de experiências. O projeto

disponibilizará de salas com cursos técnicos e reforço escolar, e terá em sua

rotina incentivo às atividades esportivas e culturais.

É importante que o indivíduo se sinta como parte do espaço, faça

amizades e sinta-se confortável para se expressar. A expressão pode ser

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exercitada em formas como: terapia, esporte, música, literatura, religiosidade,

etc., mas também se mostra com suma importância o jovem poder se expressar

em seu ambiente íntimo, podendo personalizar o próprio dormitório, poder

possuir o próprio armário, participar da decoração conforme seu gosto, etc.

Experiências assim possibilitam que o jovem se sinta acolhido e seguro. Alguns

itens considerados importantes:

Painéis interativos e muros para incentivo da expressão por meio da arte;

Dormitórios duplos ou triplos com armários individuais, com a intenção

que os moradores tenham a possibilidade de personalizar seu ambiente

conforme sua identidade.

A elaboração da ambiência mais agradável possível a partir da utilização

de ventilação cruzada, luz natural, posição solar e uso de cores e

revestimentos conforme a intenção de sensação que cada ambiente tem

por objetivo transmitir.

Um dos meios de estímulo à esperança é o diálogo e troca de

experiências. A interação de quem está abrigado com quem esteve e conseguiu

transformar sua história pode ser determinante. Além disso, a oportunidade de

participar de cursos técnicos e preparatórios, o esporte e cultura proporcionam

relações saudáveis para o desenvolvimento do indivíduo.

Apesar de muitos acolhidos se sentirem em posição de “problema” ou

“culpados”, sabe-se que a família tem papel fundamental na instabilidade

emocional da criança que está residindo um abrigo institucional. Observa-se, nos

abrigos em Passo Fundo, que a presença de muros proporciona aos moradores

sensação de estarem presos, como se estivessem cumprindo uma pena, o que

traz sensação de desconforto. Alguns itens são considerados importantes para

o projeto:

Não utilização de barreira visual (muros);

Itens como: anfiteatro, salas multiuso, espaço para oficinas, palestras e

workshops, etc.

Espaços verdes e de contemplação (contato com a natureza, meditação,

reflexão);

Praça interativa como “coração do projeto”.

Priorizar, facilitar e estimular o acesso ao pedestre e ao ciclista;

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Utilização formal de arquitetura contemporânea, simples e bem resolvida,

através de materiais de baixa tecnologia.

A vulnerabilidade presente em crianças e adolescentes em situação de

risco pode manifestar-se de diversas maneiras – desânimo, depressão, tristeza,

ira, violência. É comum em casas de acolhimento institucional que os moradores

tenham crises de ansiedade e/ou pânico que desencadeie agressão física para

com os outros acolhidos ou com os educadores e outros funcionários (Segundo

monitora do SEMCAS em Passo Fundo, o uso de facas e outros materiais

cortantes foram usados como ferramenta de agressão). Algumas medidas

devem ser tomadas para prevenção de possíveis surtos como:

Mobiliário fixo e reforçado, evitando a rotatividade atual de mobília;

Uso de vidro: Cautelosamente, evitando que o mesmo tenha

possibilidade de quebrar e ser usado como arma.

Permeabilidade visual com uso de vidros e divisórias móveis. Os

ambientes devem favorecer o auxílio e a monitoria dos cuidadores com

objetivo de intervir em agressões físicas e/ou verbais.

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4.4 Diretrizes urbanísticas

A implantação de uma casa de acolhimento institucional em Passo Fundo,

com algumas de suas atividades abertas ao público, demanda um certo cuidado

com o entorno para que o projeto se torne convidativo para a comunidade.

Algumas medidas consideradas importantes são citadas abaixo:

Ciclovia de ligação entre terreno e ciclovia existente na Avenida Brasil;

Revitalização do Campo do Quartel (Quadra poliesportiva, pista de

caminhada e academia ao ar livre) de uso comunitário;

Revitalização da sinalização visual de trânsito;

Revitalização das vias do entorno;

Novo projeto de iluminação pública aos arredores da edificação.

Utilização do recuo para espaço comunitário com mobiliário público;

Colocação de ponto de ônibus na testada do terreno;

Figura 36 - Intervenções urbanas

Fonte: da Autora (2017).

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CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL

5.1 Introdução

Neste capítulo serão apresentados o programa de necessidades do

projeto, bem como três propostas possíveis de zoneamento com sua respectiva

escolha.

5.2 Programa de necessidades

A configuração espacial do projeto se dividirá em quatro módulos:

Bloco 01- Abrigo institucional

Bloco 02- Qualificação profissional

Bloco 03- República -Anexo residencial

Espaços em comum com os três blocos.

Tabela 9 - Pré dimensionamento bloco 1 (Abrigo Institucional)

Bloco 01 (Abrigo institucional)

Compartimento Área Dimensões

(em m²)

Mobiliário essencial

Setor Administrativo

Coordenação 14,0m² 4,0 x 3,5 Mesa de atendimento, poltronas, armários

Administração 14,0m² 4,0 x 3,5 Mesa de atendimento, poltronas, armários

Reunião 22,0m² 4,0 x 5,5 Mesa de Reunião, painel com tv

Sala para equipe técnica

16,00m² 4,0 x 4,0 Escrivaninha, armários

Sala para assistente social

9,0m² 3,0 x 3,0 Mesa de atendimento, armário

Sala para acolhida inicial

10,5m² 3,0 x 3,5 Escrivaninha, sofá, poltrona

Ambulatório 9,0 m² 3,0 x 3,0 Maca, armário, balança

Consultório Psicolgia

14,0m² 4,0 x 3,5 Mesa de atendimento, poltrona, armário

Lavabo 3,0m² 1,5 x 2,0 Lavatório, bacia sanitária

Total do setor: 111,5m²

Uso comum

Sala de Estar 25,0m² 5,0 x 5,0 Sofá, poltronas, painel de TV

Sala de Jantar 7,5m² 2,5 x 3,0 Mesa de jantar

Lavabo 36,7 m² 3,5 x 3,5 Lavatório, bacia sanitária, chuveiro

Sala de estudos 30,0m² 5,0 x 6,0 Escrivaninha, Biblioteca, puff

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Espaço multiuso 30,0m² 5,0 x 6,0 mesas, cadeiras, puff, painel de tv

Total do setor: 129,2m²

Privado

Dormitório para 3

pessoas (2)

48m² 4,0 x 6,0 Cama, roupeiro

Dormitório para 2

pessoas (7)

105m² 3,0 x 5,0 Cama, roupeiro

Banheiro (3) 36,7m² 3,5 x 3,5 Lavatório, bacia sanitária, chuveiro

Total do setor: 189,7m²

Serviço

Cozinha 12m² 4,0 x 3,0 Fogão, cuba, geladeira, forno, micro-

ondas, mesa.

Lavanderia 07m² 2,0 x 3,5 Tanque, máquina de lavar, armários,

bancada de apoio

Depósito material

de limpeza

07m² 2,0 x 3,5 Armários

Depósito de

alimentos

07m² 2,0 x 3,5 Armários

Depósito de lixo 1,5m² 1,5 x 1,0 -

Estacionamento 150m² 2,5 x 5,0 6 vagas

Total do setor: 184,5m²

Área externa

Pátio aberto 40,0m² 10,0 x 4,0 Vegetação, bancos

Horta 10,0m² 5,0 x 2,0 -

Total do setor: 50m²

Tabela 10 - Pré dimensionamento bloco 02 ( Qualificação profissional )

Bloco 02 (Qualificação profissional)

Compartimento Área Dimensões

(em m²)

Mobiliário essencial

Setor Administrativo

Recepção geral 15,0 m² 3,0 x 5,0 Bancada, poltronas, bancada de apoio

Coordenação 14,0 m² 4,0 x 3,5 Mesa de atendimento, poltronas, armários

Administração 14,0 m² 4,0 x 3,5 Mesa de atendimento, poltronas, armários

Sala de professores 15,0 m² 3,0 x 5,0 Mesa, poltronas, bancada, armários

Achados e perdidos 9,0 m² 3,0 x 3,0 Armário, bancada

Lavabo 3,0 m² 1,5 x 2,0 Cuba, lavatório

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Reunião 22,0 m² 4,0 x 5,5 Mesa, armários, painel de tv

Total do setor: 92,0m²

Uso comum

Biblioteca 70,0m² 10,0 x 7,0 Prateleiras, mesas, puffs

Auditório 80m² 10,0 x 8,0

Curso técnico 1 42,0 m² 6,0 x 7,0 -

Curso técnico 2 42,0 m² 6,0 x 7,0 -

Curso técnico 3 42,0 m² 6,0 x 7,0 -

Curso técnico 4 42,0 m² 6,0 x 7,0 -

Curso técnico 5 42,0 m² 6,0 x 7,0 -

Oficina de música 42,0 m² 6,0 x 7,0 -

Oficina 1 33,0 m² 6,0 x 5,5 -

Oficina 2 33,0 m² 6,0 x 5,5 -

Oficina 3 33,0 m² 6,0 x 5,5 -

Lavabo (2) 15m² 2,5 x 3,0 Cuba, lavatório

Total do setor: 436,0m²

Serviço

Cozinha / Estar de

funcionários

20,0m² 4,0 x 5,0 Sofá, bancada de cozinha, painel de tv

Lavanderia 07m² 2,0 x 3,5 Tanque, máquina de lavar, armários,

bancada de apoio

Depósito material

de limpeza

07m² 2,0 x 3,5 Armários

Depósito de lixo 1,5m² 1,5 x 1,0 -

Monitoramento 4,0 m² 2,0 x 2,0 Escrivaninha

Estacionamento 112,5

2,5 x 5,0 8 vagas

Total do setor: 152,0m²

Tabela 11 - Bloco 03 - República (Anexo residencial)

Bloco 3- República (Anexo residencial)

Compartimento Área Dimensões

(em m²)

Mobiliário essencial

Privado

UH (kitnet) (10) 300m² 5,0 x 6,0 -

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UH 1 dormitório

(5)

270m² 9,0 x 6,0 Cama, roupeiro

Total do setor: 570,0m²

Serviço

Casa de

máquinas

12m² 4,0 x 3,0 Fogão, cuba, geladeira, forno, micro-

ondas, mesa.

Lavanderia 07m² 2,0 x 3,5 Tanque, máquina de lavar, armários,

bancada de apoio

Depósito material

de limpeza

07m² 2,0 x 3,5 Armários

Depósito de

alimentos

07m² 2,0 x 3,5 Armários

Depósito de lixo 1,5m² 1,5 x 1,0 -

Estacionamento 187,5m² 2,5 x 5,0 10 vagas de estacionamento

Total do setor: 222,0 m²

Tabela 12 - Espaços em comum

Espaços em comum com as edificações

Compartimento Área Dimensões

(em m²)

Mobiliário essencial

Área externa

Espaço

Ecumênico

20,0m² 4,0 x 5,0 Altar, bancos

Área aberta verde

muitiuso

- - Mobiliário urbano

Bicicletário 3,0m² 3,0 x 1,0 Bicicletário

Banheiro (2) 24,0m² 3,0 x 4,0 Lavatório, bacia sanitária

Total do setor: 47,0m²

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5.3 Organograma/fluxograma

5.3.1 Bloco 01

Organograma 1 - Bloco 01

Fonte: da Autora (2017).

Fluxograma 2 - Bloco 01

Fonte: Autora (2017).

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5.3.2 Bloco 02

Organograma 2 - Bloco 02

Fonte: da Autora (2017).

Fluxograma 3 - Bloco 02

Fonte: Autora (2017).

5.3.3 Bloco 03

Organograma 3 - Bloco 03

Fonte: Autora (2017).

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Fluxograma 4 - Bloco 03

Fonte: Autora (2017).

5.4 Propostas de zoneamento

5.4.1 Proposta 1

Figura 37 - Zoneamento 01

Fonte: da Autora (2017).

Na primeira proposta de zoneamento, os blocos de Abrigo Institucional

(em laranja), Qualificação profissional (azul), anexo residencial (turquesa) e

estacionamento (amarelo) estão interligados por uma única circulação localizada

no acesso principal (Figura 40).

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Figura 38 - Concepção de zoneamento 01

Fonte: da Autora (2017).

O estacionamento está “enterrado” em função da topografia e a

localização espacial dos três blocos está voltado para a parte interna do terreno,

onde se localizará o espaço aberto de interação. Espacialmente, os blocos 02 e

03 estão posicionados de modo a representar o ciclo do morador no complexo.

O bloco 03 posiciona-se no alto como algo a ser alcançado. O espaço ecumênico

estará afastado das três edificações, em local calmo e parcialmente enterrado,

aproveitando iluminação zenital.

5.4.2 Proposta 2

Figura 39 - Zoneamento 02

Fonte: da Autora (2017).

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Na segunda proposta de zoneamento, o acesso do passeio público e da

área aberta interna permanece livre. A principal mudança é que o bloco 01

(abrigo institucional) foi relocado para a parte mais alta do terreno e em função

da privacidade o bloco está semienterrado e possui acesso independente.

5.4.3 Proposta 3

Figura 40 – Zonamento 03

Fonte: da Autora (2017).

A terceira proposta é um melhoramento da proposta anterior. Neste caso,

o bloco 02 e bloco 01 foram rotacionados de forma a harmonizar com o desenho

do terreno e topografia. Ao fazer os estudos de insolação, com objetivo de buscar

a maior incidência solar no núcleo do terreno, pensando no conforto térmico no

inverno, o bloco educacional foi deslocado para sudeste do terreno em função

de sua altura.

5.4.4 Proposta escolhida

A proposta escolhida para a elaboração de projeto arquitetônico é a

terceira em função alguns fatores, como:

A localização privativa do acesso do bloco 01 (abrigo institucional);

Melhor posição solar e conforto térmico (figura 41);

Acesso convidativo;

Núcleo central aberto (praça) como coração do projeto

Estacionamento enterrado (melhor aproveitamento do terreno para

áreas verdes)

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Figura 41 – Estudos de sombreamento. Junho 17h e Dezembro 16h respectivamente

Fonte: Autora (2017)

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