ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE...

19
1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi 1 Giovana Bandiera 2 RESUMO O presente plano de trabalho, que compõem o projeto maior de pesquisa intitulado “Diversidade Cultural e Grupos em Processo de Inclusão Social em MS: análise sócio jurídico interdisciplinar”,tem como foco os portadores de esquizofrenia em uma análise sócio jurídica voltada à exclusão social e seus fatores. Presume - se que os direitos e garantias fundamentais estampados na Carta Magna desse país, se destinam a todos sem tipo algum de discriminação, observando o contraste do direito positivo com a realidade vivida pelo grupo em questão, que é excluído socialmente, visto que as garantias oferecidas até hoje a esse grupo, além de estarem associadas a condição de patologia, configuram uma espécie de “meia dignidade”, situação inaceitável aos olhos da Constituição Federal e também da moral, posto que uma vida com dignidade é direito primordial do ser humano. O presente plano de trabalho também busca analisar, ainda que superficialmente, a questão da vivência dos portadores de esquizofrenia em sociedade. Para tanto, após o embasamento teórico sobre invisibilidade social e levantamento de dados sobre o grupo focal, foram realizadas entrevistas com médicos psiquiátras. Os resultados obtidos foram descritos no presente artigo e considerados exploratórios para subsidiar outros estudos dessa natureza e mais aprofundados sobre o tema. Ainda, serão apresentados em eventos internos e externos que ressaltem a inclusão de minorias. Palavras-Chave: 1.Esquizofrenia. 2.Análise Sócio-jurídica interdisciplinar. 3.Exclusão Social. 4.Qualidade de vida. 5.Inclusão social. SCHIZOPHRENIA: AS A SOCIAL EXCLUSION FACTOR. This work plan, which comprise the largest research project entitled ‘’Cultural diversity and groups in Social inclusion process in MS: interdisciplinary socio-legal analysis’’, focuses on patients with schizophrenia in a socio-legal analysis focused on social exclusion and its factors. It is presumed that the fundamental rights and guarantees stamped in the Magna Carta of that country, are intended for all without any kind of discrimination, observing the contrast of the positive right with the reality experienced by the group in question, that is socially excluded, since the guarantees offered to this group today, in addition to being associated with the condition of pathology, constitute a kind of "half dignity", unacceptable situation in the eyes of the Federal Constitution and also of morals, since a life with dignity is the primordial right of the 1 Graduado em Filosofia. Mestre em Educação pela UFMS. Doutor em Educação pela UNESP Campus de Marília/SP. Professor pesquisador e orientador nos programas de pós-graduação stricto sensu e lato sensu da Universidade Católica Dom Bosco e Professor no Curso de Direito da Universidade Católica Dom Bosco; Pesquisador e orientador no PIBIC/UCDB/CNPQ. E-mail: [email protected]. 2 Giovana Bandiera,19 anos, concluiu o ensino médio no Instituto Educacional Paulo Freire, cursa o 3° semestre de Direito na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Pesquisadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica pelo PROJETO: INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MS.

Transcript of ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE...

Page 1: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

1

ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL.

José Manfroi1

Giovana Bandiera2

RESUMO O presente plano de trabalho, que compõem o projeto maior de pesquisa intitulado “Diversidade Cultural

e Grupos em Processo de Inclusão Social em MS: análise sócio jurídico interdisciplinar”,tem como foco

os portadores de esquizofrenia em uma análise sócio jurídica voltada à exclusão social e seus fatores.

Presume - se que os direitos e garantias fundamentais estampados na Carta Magna desse país, se destinam

a todos sem tipo algum de discriminação, observando o contraste do direito positivo com a realidade

vivida pelo grupo em questão, que é excluído socialmente, visto que as garantias oferecidas até hoje a

esse grupo, além de estarem associadas a condição de patologia, configuram uma espécie de “meia

dignidade”, situação inaceitável aos olhos da Constituição Federal e também da moral, posto que uma

vida com dignidade é direito primordial do ser humano. O presente plano de trabalho também busca

analisar, ainda que superficialmente, a questão da vivência dos portadores de esquizofrenia em

sociedade. Para tanto, após o embasamento teórico sobre invisibilidade social e levantamento de dados

sobre o grupo focal, foram realizadas entrevistas com médicos psiquiátras. Os resultados obtidos foram

descritos no presente artigo e considerados exploratórios para subsidiar outros estudos dessa natureza e

mais aprofundados sobre o tema. Ainda, serão apresentados em eventos internos e externos que ressaltem

a inclusão de minorias.

Palavras-Chave: 1.Esquizofrenia. 2.Análise Sócio-jurídica interdisciplinar. 3.Exclusão

Social. 4.Qualidade de vida. 5.Inclusão social.

SCHIZOPHRENIA: AS A SOCIAL EXCLUSION FACTOR.

This work plan, which comprise the largest research project entitled ‘’Cultural diversity and groups in Social

inclusion process in MS: interdisciplinary socio-legal analysis’’, focuses on patients with schizophrenia in a

socio-legal analysis focused on social exclusion and its factors. It is presumed that the fundamental rights

and guarantees stamped in the Magna Carta of that country, are intended for all without any kind of

discrimination, observing the contrast of the positive right with the reality experienced by the group in

question, that is socially excluded, since the guarantees offered to this group today, in addition to being

associated with the condition of pathology, constitute a kind of "half dignity", unacceptable situation in the

eyes of the Federal Constitution and also of morals, since a life with dignity is the primordial right of the

1 Graduado em Filosofia. Mestre em Educação pela UFMS. Doutor em Educação pela UNESP Campus de Marília/SP.

Professor pesquisador e orientador nos programas de pós-graduação stricto sensu e lato sensu da Universidade Católica

Dom Bosco e Professor no Curso de Direito da Universidade Católica Dom Bosco; Pesquisador e orientador no

PIBIC/UCDB/CNPQ. E-mail: [email protected]. 2 Giovana Bandiera,19 anos, concluiu o ensino médio no Instituto Educacional Paulo Freire, cursa o 3° semestre de Direito

na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Pesquisadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

pelo PROJETO: INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MS.

Page 2: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

2

human being. This work plan also seeks to analyse, even superficially, the issue of experiencing schizophrenia

patients in society. To this end, after the theoretical basis on social invisibility and data collection on the focal

group, interviews were conducted with psychiatric physicians. The results obtained were described in this

article and considered exploratory to subsidize other studies of this nature and more in depth on the subject.

Also, they will be presented at internal and external events that emphasize the inclusion of minorities.

Key words: 1. Schizophrenia. 2. Interdisciplinary socio-juridical analysis. 3. Social exclusion. 4. Quality of life.

5. Social inclusion.

1 INTRODUÇÃO

A Carta Magna Constituição Federal de 1988 traz a instituição de um Estado

Democrático que se destina a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a

liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, sendo esses

preceitos, valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.

(BRASIL, 1988, p. 3)

Entretanto, sabe – se nos dias atuais que inúmeros são os grupos que sofrem com a

exclusão e discriminação diante do corpo social em que vivem, sendo que são inúmeras as

causas desse processo. Ante esse cenário, é necessário compreender o antagonísmo vivido pelos

portadores de esquizofrenia, porque ainda que houve uma evolução significativa nos

tratamentos desta patologia, tanto no quesito medicamentoso quanto em tratamentos

alternativos, os pacientes que são diagnosticados com esquizofrenia enfrentam dificuldades

quanto a inclusão nas sociedades em que vivem. Um fator agravante deste tipo de

comportamento do corpo social, são os termos vulgares que empregados pelos meios de

comunicação e também por pessoas que desconhecem este distúrbio.

Conforme o exposto, estes indivíduos passam a sofrem discriminação deste o momento

do diagnóstico deste distúrbio,porque a família e toda a sociedade entendem a esquizofrenia

como sinônimo de inaptidão para a realização de atividades cotidianas.Assim sendo, a criação

de barreiras entre o esquizofrênico e o restante do corpo social se mostra frequente, porque, é

árduo compreender o conteúdo da fala desses pacientes e, mais complicado ainda é não atribuir

significados a elas.

2 RELEVÂNCIA TEÓRICO-METODOLÓGICA DA QUESTÃO: DIGNIDADE HUMANA E

O DIREITO AO CONVÍVIO SOCIAL EM EVIDÊNCIA

Sob o aspecto jurídico é necessário ressaltar que a legislação foi estruturada afim de impor o

devido cumprimento além de assegurar direitos fundamentais. Todavia, o impasse quanto a exclusão

de portadores de esquizofrenia bem como os motivos que desmerecem e dificultam o convívio social

Page 3: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

3

deste ainda persistem. Em conformidade com as relevantes ideias de Rabenhorst (2014) faz –se

necessário que, além do ordenamento jurídico que a sejam exercidas a responsabilidade emocional e

a consciência social para que haja a plena efetividade dos direitos fundamentais.

Para que os direitos não sejam apenas frases escritas em um pedaço de papel, mas se

convertam em obrigações plenamente realizadas, faz-se necessária a existência de

dois grandes instrumentos. Em primeiro lugar, os instrumentos jurídicos, que são as

leis, no sentido mais amplo da palavra (Declarações, Tratados, Pactos, Convenções,

Constituições etc.), e as instituições responsáveis por sua aplicação. Em seguida, os

instrumentos extra-jurídicos resultantes do poder social, isto é, da nossa própria

capacidade de organização e de reivindicação (movimentos sociais, associações de

moradores, partidos políticos, sindicatos etc.). (RABENHORST, 2014, p. 03).

Quanto a sociabilidade, esta é direito de todo ser humano, não podendo ser retirada da pessoa

humana, é considerada subjetiva e, são denominados direitos de personalidade. Percebe-se ainda que,

o direito ao convívio social está intimamente vinculada a Constituição Federal, que estabelece normas

fundamentais ao Direitos Humanos.

Goffredo Telles Jr, define de forma a explicar:

Os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a identidade,

a liberdade, a sociabilidade, a reputação, a honra, a autoria etc. Por outras palavras,

os direitos da personalidade são direitos comuns da existência, porque são simples

permissões dadas pela norma jurídica, a cada pessoa, de defender um bem que a

natureza lhe deu, de maneira primordial e direta. (TELLES JR, 2008, p. 278)

Em relação a dignidade humana, além de estar descrita na Constituição Federal, a referida

encontra-se presente também na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em seu art. 1º,

“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Posto isso, é possível perceber

que nenhum ser humano deve ser ‘’precificado’’, pois é através da dignidade que conseguiremos a

afirmação de todo e quaisquer direito.

Muitas são as circunstâncias que explicam a relevância da execução desse plano de trabalho,

desde as mais evidentes da seara do Direito e ainda em outros aspectos de natureza geral, posto que,

A investigação científica se desenvolve, [...], porque há a necessidade de construir e testar uma

possível resposta ou solução para um problema decorrente de algum fato ou de algum conjunto de

conhecimentos teóricos (MARQUES et al, 2017, p. 45).

Desse modo, a presente pesquisa apoia-se em duas motivações s: uma de ordem intelectual e

outra de ordem prática (GIL, 2002), isto é, em primeiro lugar analisar o grau de segregação do grupo

em questão. E em seguida, encontrar dentro do ordenamento jurídico brasileiro o apoio existente ao

grupo.

Constata-se que o pressuposto para desenvolver as questões levantadas enfoca em como

transtornos mentais, mais especificamente a esquizofrenia, são fatores que asseveram a exclusão e a

Page 4: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

4

invisibilidade dos pacientes. Em seguida, houve a construção dos instrumentos de coleta de dados,

dentre eles o roteiro de entrevista. A consolidação se deu com a pesquisa de campo (entrevistas com

alguns médicos psiquiatras).

Na pesquisa cientifica, defende-se o entendimento proposto por Pedro Demo (1997, p. 36)

“Pesquisa é um diálogo inteligente com a realidade [...], é a atividade científica pela qual descobrimos

a realidade. [...]”. Dessa maneira, o trabalho cientifico que visa discutir acerca da exclusão social deve

destacar-se, visto que o ambiente acadêmico proporciona a produção e difusão de conhecimentos.

3 HISTÓRICO SOBRE O TERMO ESQUIZOFRENIA

Jung, um dos estudiosos que auxiliava Bleuder, publica A psicologia da demência

precoce em 1960, livro que motivou o psiquiatra a estudar o que ocorria na chamada ‘’demência’’,

em que seu objetivo era determinar os principais sintomas daquela patologia. Jung utiliza a expressão

''Cisão do eu'' como um termo empregado para descrever um maior interesse do paciente

diagnosticado esquizofrênico com os acontecimentos e fantasias internas em relação ao mundo

exterior, havendo, dessa forma, uma valorização exacerbada das criações imaginárias e o rompimento

da completude individual.

O termo esquizofrenia surgiu no século XX mais precisamente em 1911, quando o psiquiatra

Eugen Bleuder(1960) apresenta sua monografia intitulada Dementia praecox oder Gruppe der

Schizofrenie, entretanto por não concordar com o vocábulo demência, maneira como a esquizofrenia

era intitulada inicialmente, propôs o termo esquizofrenia para descrever a patologia que provocava a

deterioração de funções neurológicas. O médico acreditava que essa patologia acometia os

pensamentos e consequentemente dificultam a sociabilidade e a expressividade de portadores dessa

doença e em consequência disso, o paciente esquizofrênico apresentavam uma personalidade

desestruturada e fragmentada. Em virtude disso, o estudioso relatou os sintomas relevantes a partir da

expressão ‘’ 4 A’s de Bleuder’’.

Bleuder(1960) conceitua esquizofrenia como um grupo de psicoses cujo curso pode ser

crônico ou intermitente, podendo deter-se ou retroceder em qualquer etapa, mas que não permite uma

completa restitutio ad integrum. A doença se caracteriza por um tipo específico de alteração do

pensamento, dos sentimentos e da relação com o mundo exterior. Em todos os casos encontra-se uma

clivagem (Spaltung) mais ou menos nítida das funções psíquicas. Essa clivagem atinge a

personalidade, o processo associativo e os afetosNo que concerne aos sintomas, o psiquiatra os

elencou como sendo fundamentais, sendo eles: Os transtornos da associação (extravagantes; em

Page 5: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

5

demasia ou em obstrução); Os transtornos da afetividade (indiferença); A predileção pela fantasia; A

ambivalência (da vontade, do afeto e ambivalência intelectual); A inclinação a distanciar-se da

realidade (autismo).

Quadro 1. Sintomas a serem considerados nos critérios diagnósticos para esquizofrenia ou episódio

esquizofrênico, conforme CID-10.

Fonte: adaptado de Brasil, 2013 e Falkai et al, 2006

Conforme analisa Bleuder,( naquele tempo pouco compreendia – se a esquizofrenia como

um processo, entretanto, ao tomar conhecimento dos sintomas de primeira e segunda ordem, é que o

estudioso conseguiu estabelecer um primeiro conceito acerca dessa patologia,

Postulamos a presença de um processo que produz diretamente os sintomas

primários; os sintomas secundários são em parte funções psíquicas que operam em

condições alteradas, e em parte os resultados das tentativas de adaptação, mais ou

menos exitosas, às perturbações primárias. (1960, p. 475)

Desse modo, o psiquiatra, motivado pela sua visão abrangente ao se tratar deste transtorno,

definiu que uma das principais causas da doença era a ruptura de uma única personalidade e o

interrompimento das relações interpessoais dos pacientes que recebem este diagnóstico. Dessa forma,

Page 6: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

6

o médico não considera as alucinações e delírios - sintomas positivos do transtorno - como

caracterizadores dessa patologia.

4 PARA ENTENDER O ESQUIZOFRÊNICO: CARACTERÍSTICAS GERAIS

A designação da esquizofrenia se dá por um transtorno neurológico crônico caracterizado pelo

rompimento de funções neurológicas que ocasionam alterações graves relacionadas ao pensamento,

ao afeto e a vontade. O transtorno se origina a partir de fatores genéticos somados a acontecimentos

externos como por exemplo o estresse, ambiente familiar ou perda de pessoas próximas, podendo se

manifestar na infância ou na vida adulta e seus sintomas se evidenciam num período de dias, meses

ou anos até a ocorrência do primeiro surto psicótico, sendo dessa maneira, o curso da esquizofrenia

variável.

Figura 1: Fases da esquizofrenia.

Fonte: (APA, 2004; FALKAI et al, 2006).

Tendo em vista que por parte do senso comum o paciente esquizofrênico é denominado como

‘’ louco’’, fato este que ocasiona a segregação do indivíduo, gerando ao paciente e aos seus familiares

a angústia e o medo. Nesse sentido, é imprescindível o entendimento de que a esquizofrenia se

interliga a partir de quatro situações: a forma que a paciente compreende a doença, a reação de

Page 7: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

7

familiares, o tratamento com uma equipe interdisciplinar especializada e o comportamento da

sociedade perante ao portador de esquizofrenia.

As características essenciais da esquizofrenia são as alucinações e delírios além da mudança

no que concerne a expressões corporais e verbais, cabe ressaltar que para a confirmação do

diagnóstico deve – se observar a frequência, a gravidade e a duração dos surtos psicóticos, no que

concerne a este transtorno é necessário o entendimento de que há ainda a desarticulação dos

pensamentos.

Nesse ponto vale observar ainda que para o ‘’fechamento’’ do diagnóstico de esquizofrenia o

profissional da saúde deve se certificar de que não há o uso indiscriminado de substâncias

alucinógenas, intoxicações medicamentosas ou ainda qualquer sintoma biológico, sendo estes fatores

chamados de orgânicos.

Diante do exposto, cabe evidenciar que são inúmeros neurotransmissores irregulares os

responsáveis pelo desenvolvimento da doença, sendo o principal deles a dopamina, mas ainda

hormônios como serotonina, noradrenalina, GABA e glutamato. Rodrigo Bressan, psiquiatra e

coordenador do Programa de Esquizofrenia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP),

sustenta que ‘’ O remédio usado em tratamentos desse transtorno bloqueia esse tipo de receptor, mas

ninguém nunca havia demonstrado isso. Agora, vemos, em ratos, como funciona a regulação genética.

A dopamina era conhecida, mas eles inovaram ao mostrar exatamente a área do cérebro afetada e

como ela leva as alucinações.’’

Fato é que a maioria das medicações disponíveis atualmente ocasionam uma quantidade

abundante de sintomas nocivos ao paciente portador do transtorno esquizofrênico, nota – se a

necessidade de estudar substâncias diversas objetivando um tratamento contínuo, eficaz e menos

nocivo ao paciente; Assim sendo, ao haver a ingestão dessas substâncias, ocorre o bloqueio –

impedimento de alterações hormonais, evitando dessa maneira comportamentos desordenados por

parte do paciente esquizofrênico. Cabe ainda destacar que os antipsicóticos são classificados em de

1º (causam maior efeito colateral e bloqueiam a dopamina cerebral), 2º geração (causam ganho de

peso) ou de depósito (injeções aplicadas com um tempo maior de intervalo, geralmente uma vez ao

mês).

Quanto à resposta do organismo ao tratamento, os delírios e alucinações, denominados

sintomas positivos, costumam responder bem aos medicamentos antipsicóticos, enquanto os sintomas

negativos não tem boa resposta a este tipo de medicamento.

Page 8: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

8

5 COMPORTAMENTOS DO ESQUIZOFRÊNICO

Conforme exposto anteriormente, a esquizofrenia é caracterizada pelo rompimento de funções

neurológicas que ocasionam alterações significativas, dentre elas as alucinações e delírios. Porquanto,

por estarem ausentes da realidade, o comportamento do paciente esquizofrênico é de difícil

compreensão e acesso, pois as reações e atitudes são inexplicáveis haja visto que as atitudes do

indivíduos são incontroláveis e imprevisíveis.

Os comportamentos de uma pessoa diagnosticada com esquizofrênica

podem assumir diferentes topografias: falar de modo inapropriado, repetir

desnecessariamente as mesmas palavras, recusar participar das atividades,

permanecer períodos de tempo com a mesma postura, não trabalhar,

negligenciar higiene, afastar-se do convívio social, não assumir

responsabilidades, etc. (Britto, 2005).

Ademais, junto a esquizofrenia são atrelados outros transtornos mentais, como a depressão e

a ansiedade, porém as ocorrências de euforia são mais intensas que em alguém que não possui o

diagnóstico de esquizofrenia, porque o paciente que possui esse transtorno quando ansioso não

consegue se sintonizar com o ambiente. Enquanto que em episódios depressivos o portador de

esquizofrenia apresenta ‘’sinais’’ de sofrimento intenso, além manifestarem episódios delirantes

ligados à órgãos internos.

Outros sintomas comuns estão ligados a apatia do paciente esquizofrênico, como a

transformação afetiva além de alterações do pensamento, em que o paciente manifesta na

comunicação a interrupção de um determinado raciocínio e algum tempo depois retoma o assunto

inacabado mas também percebe-se ainda a ambiguidade quanto ao conteúdo do pensamento,

traduzido através da comunicação verbal confusa. O isolamento do portador de esquizofrenia é um

dos comportamentos mais visíveis, pela dificuldade de relacionamentos e pela maneira desordenada

de comunicação.

Há também disfunções corpóreas que se manifestam no paciente, sendo elas sintomas

somáticos do transtorno esquizofrênico, como por exemplo a diminuição da frequência nos pulsos e

insuficiência respiratória.

6 DIFICULDADES DE INCLUSÃO E CONVÍVIO SOCIAL: uma questão de expressão

No que concerne aos fatores que dificultam e limitam a convivência com o paciente

esquizofrênico o ambiente familiar mostra – se primordial principalmente quando se trata da inclusão

deste indivíduo na sociedade mas em virtude das limitações físicas e psíquicas decorrentes do

transtorno há uma sobrecarga considerável em pessoas que convivem e cuidam do paciente, esta é

Page 9: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

9

resultado das condições clinicas do esquizofrênico. Além disso, os obstáculos quanto a comunicação

do paciente também limita que este seja incluído socialmente, isto porque em suas falas estão

presentes a incoerência, a desorganização e a confusão, uma vez que a dificuldade de expressão está

ligada aos sintomas negativos da doença, estes incluem por exemplo, a afatia e a redução de

consciência social.

Em relação a dificuldade de socialização e dá motivada pela perda da qualidade de vida.

Conforme estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde, esta patologia é a terceira causa

de perda de qualidade de vida e se manifesta entre pessoas de 15 a 44 anos. Além disso, é notável

uma eficácia de tratamentos realizados nos dias de hoje comparados aos que estavam disponíveis

antigamente, visto que a patologia pode ser identificada antes da ocorrência de seus primeiros

sintomas, afim de retardar ou até impedir o desenvolvimento pleno da doença.

Mas foi apenas depois da década de 1950 que houve avanços relacionados a fabricação de

fármacos que tinham a finalidade de ampliar a adesão aos tratamentos propostos pelos especialistas,

a fabricação dessas medicações promoveu o esvaziamento de unidades psiquiátricas, que

proporcionavam tratamentos cruéis aos portadores de esquizofrenia, é mister ressaltar que ainda que

eficazes, esses remédios provocavam reações semelhantes a doença de Parkinson, causando ganho de

peso, tremores e rigidez muscular. Mastreazzi, enfatiza em suas palavras a realidade de conviver com

esquizofrenia, '' Se existe inferno, eu diria que é isso, você não tem expectativa, vive dopado, pensa

mas não consegue se movimentar, come sem ter fome, você perde a fé, esperança e esquece que existe

mundo lá fora. Tinha dia que eu pedia pra morrer'' (2015, p. 16)

7 FATORES QUE DESENCADEIAM A EXCLUSÃO DO ESQUIZOFRÊNICO NA

SOCIEDADE

As rotulações são comuns quando se trata de um paciente esquizofrênico, o que causa notáveis

prejuízos ao se tratar da vida social desse indivíduo, porque como há desconhecimento ao se tratar da

esquizofrenia, seus familiares e amigos o tratam com desconfiança, o que dificulta a demonstração

por parte do paciente da capacidade de realizar atividades rotineiras, ademais, indivíduos portadores

de esquizofrenia se mostram mais isolados, por fatores atrelados ao próprio transtorno mas também

pela difícil convivência, é importante salientar que as pessoas não conseguem enxergar as qualidades

e aptidões do paciente esquizofrênico, pontua-se ainda que a dificuldade de interação social é o

sintoma mais complexo de se tratar,o psiquiatra José Carlos Rosa Pires de Souza assevera,

Por viverem em um outro mundo de delírios e alucinações, devem estar sob

supervisão constantemente porque pode atuar em cima de seus delírios e alucinações,

sendo estes fatos fora da realidade, então uma das barreiras mais comuns é a

Page 10: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

10

dificuldade do entendimento desse problema como doença e não como problema de

caráter ou personalidade. (SOUZA,p. 2018)

Diante do exposto, a pessoa diagnosticada com esquizofrenia tende a conviver com algumas

limitações na realização de tarefas diárias, ocasionando no indivíduo um sentimento de incapacidade

e inferioridade. Por isso, criam – se obstáculos em relação aos demais integrantes da sociedade no

sentido de que há uma complexidade ao se tratar do entendimento equivocado de sentido das falas

desses pacientes.

Considerando que o direito ao convívio social está assegurado através da Constituição Federal,

sendo ainda relacionado ao princípio da dignidade, este ascende todo e quaisquer direito, Immanuel

Kant sustenta:

No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem

um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente, mas quando

uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto, não permite equivalente, então

tem ela dignidade. Os direitos à vida, à honra, à integridade física, à integridade

psíquica, à privacidade, dentre outros, são essencialmente tais, pois, sem eles, não se

concretiza a dignidade humana. A cada pessoa não é conferido o poder de dispô-los,

sob pena de reduzir sua condição humana, todas as demais pessoas devem abster-se

de violá-los. (KANT, 2004. p. 65).

Porquanto, através de sua ‘’Carta Mãe’’ o Estado é responsável pela proteção de tal direito,

dessa maneira é mister que o governo através de seus representantes aperfeiçoe a maneira pela qual o

paciente esquizofrênico tenha garantido o convívio social além da reabilitação e consequente melhora

na qualidade de vida do indivíduo e de seus familiares. Além de assegurar a efetivação dos direitos

fundamentais, que nada mais são “[...] direitos que possuímos pelo simples fato de que somos

humanos. [...]” (RABENHORST, 2014, p. 04).

Assim sendo, os indivíduos passam por momentos de grandes questionamentos acerca de sua

vida, até o momento que se conscientizam de suas dificuldades em alguns aspectos de sua vivência

quanto ser humano, visto que cerca de 40 a 60% são severamente prejudicados pelo restante da vida,

fato este que lhe causam uma falta de perspectiva gigantesca e aumentam de maneira considerável as

taxas relativas a tentativa de suicídio por parte dos pacientes portadores da esquizofrenia.

Nota – se ainda que, a associação dos sintomas positivos e negativos levam a uma diminuição

na qualidade de vida do paciente, pois é em função disso que as funcionalidades da pessoa

relacionadas ao trabalho, a vida social ou estudo se encontram afetadas. Dessa maneira, mostra-se

incontestável o fato de que é necessária uma reavaliação estatal, haja vista que mesmo com a previsão

legal, a efetiva inclusão e acolhimento de pacientes esquizofrênicos está longe de ser alcançada,

Page 11: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

11

necessitando ainda de políticas públicas que visem melhorar o isolamento do paciente, o psiquiatra

José Carlos Rosa Pires de Souza enfatiza,

Políticas públicas relacionadas a melhor tratamento, melhor uso dos medicamentos

que muitas vezes faltam na rede pública, uso de medicamentos de neurolep de ação

prolongada (o paciente toma 1 vez por mês a injeção, as vezes a cada 15 dias e não

tem mais as crises), evitam - se as internações uma vez que os esquizofrênicos ocupam

em média 40 a 50% dos leitos psiquiátricos nos hospitais especializados no mundo

todo. (SOUZA, 2018)

Posto isso, evidencia-se primordialidade de uma avaliação estatal criteriosa afim de

proporcionar a inclusão social destes indivíduos, reforçando o princípio da igualdade, descrito no

artigo 3º, inciso IV, do texto constitucional, este diz que um dos objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil é: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade

e quaisquer outras formas de discriminação.”

8 FATORES QUE COLABORAM COM A INCLUSÃO DO ESQUIZOFRÊNICO

No que concerne a vida social do paciente portador de esquizofrenia é importante salientar

que o convívio em sociedade influencia na maneira como o indivíduo vai conviver com a doença e

suas limitações, por isso ter o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar e o apoio de um

psicólogo e dos familiares fará com que o paciente consiga lidar com os acontecimentos externos e

pertencentes à realidade, para que haja a compreensão quanto a informações e comunicação. Diante

do exposto cabe evidenciar que a socialização do paciente deve ocorrer a partir de uma ‘’rede’’ de

transição entre o choque de receber o diagnóstico e o aprendizado e a aceitação quanto a limitações e

a nova realidade.

Ainda que o tratamento primário da esquizofrenia se dê por meio de medicamentos, a

coexistência com formas alternativas de terapia se mostram muito eficazes, porque é através desse

conjunto que o paciente a se interessar por acontecimentos alheios ao imaginário além de auxiliar o

paciente a reagir de maneira mais adequada do ponto de vista socioemocional, sendo capazes ainda

de contribuir para diminuir a (re)incidência de crises psicóticas. A terapia realizada de maneira

coletiva, ou terapia grupal, auxilia o indivíduo quanto ao desenvolvimento de habilidades coletivas

e/ou sociais além de atuar na melhora de expressão verbal e corporal e ainda quanto a solução de

problemas. De acordo com Cole (1989) há inúmeras finalidades na terapia grupal como: interação,

obtenção de insight, ensinamento de habilidades sociais, resolução de conflitos, didática e autoajuda,

assim os pacientes poderão melhorar seu convívio em sociedade e conversar com pessoas que passam

por situações semelhantes à sua.

Page 12: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

12

É mister a discussão da relação entre família e esquizofrenia já que em conjunto com a equipe

médica especializada, a instituição familiar pode ser uma aliada no tratamento da esquizofrenia pois

além de administrar medicações, psicoterapia e prestar cuidados básicos, a presença dos familiares

diminuição chances de reinternações.

Entretanto, após a primeira manifestação da doença, a família tende a enfrentar momentos

difíceis pois se instala no ceio familiar a incerteza dos acontecimentos futuros. Sobrecarga é o que

define o cotidiano familiar após o diagnóstico de esquizofrenia, pois surgem responsabilidades diárias

extras afim de atender as necessidades do doente além da desestruturação emocional, pois há o

desentendimento acerca do que de fato é a doença.

Embora o paciente possua dificuldades relacionadas a expressão verbal e corporal, associadas

a uma condição autista e fragmentada da realidade, é possível e necessária a reintegração dele em

sociedade, um dos pontos principais dessa ressocialização é o atendimento humanizado por parte dos

profissionais da saúde, tendo como enfoque a melhora da qualidade de vida do paciente e

consequentemente o desenvolvimento e fortalecimento das habilidades individuais e coletivas.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se que muitos são os impasses que os pacientes portadores de esquizofrenia

enfrentam ainda nos dias de hoje, pois além das limitações advindas da doença ainda convivem com

o preconceito do corpo social em decorrência do desconhecimento sobre a esquizofrenia e muitas

vezes com a negação da doença por parte dos familiares, sendo este o preconceito mais presente na

vida dos esquizofrênicos. Conforme as pertinentes palavras do psiquiatra José Carlos Rosa Pires de

Souza,

Por viverem em um outro mundo de delírios e alucinações, devem estar sob

supervisão constantemente porque pode atuar em cima de seus delírios e alucinações,

sendo estes fatos fora da realidade, então uma das barreiras mais comuns é a

dificuldade do entendimento desse problema como doença e não como problema de

caráter ou personalidade. (SOUZA, p. 2018)

Dada à importância do tema abordado, torna-se necessário o desenvolvimento de formas de

extinguir a exclusão social de portadores de esquizofrenia bem como de seus familiares em

decorrência da doença, visto que a segregação destes indivíduos atinge diretamente o bem jurídico

da dignidade humana além do convívio social, ambos protegidos pela Constituição Federal de 1988,

privando-os de uma vida regular e saudável mesmo tendo que conviver com a doença enquanto

permanecem isolados e segregados perante a sociedade em que estão inseridos, pois são expostos a

situações constrangedoras e desumanas que influenciam diretamente em sua qualidade de vida, de

Page 13: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

13

maneira a ser um fator de segregação por parte da família e do corpo social, como evidenciado por

José Carlos Rosa Pires de Souza,

Como todos os portadores de transtorno mental, inclusive a esquizofrenia, que atinge

1% da população em média, os portadores sofrem segregação, preconceito, estigma

não só da família mas da sociedade como um todo, uma vez que o ''louco'', desde os

áureos tempos é tido como aquele segregado, motivo de chacota como no filme ''Uma

mente brilhante'', lembrando que a esquizofrenia não é doença no intelecto, é uma

doença relacionada a senso de percepção, ao pensamento, por isso as alucinações e

delírios. (SOUZA, 2018)

Vale ressaltar que a adoção de políticas públicas relacionadas a uma melhora no tratamento,

bem como o incentivo aos pacientes na realização de tarefas diárias se mostram de suma importância

para que haja uma efetiva e eficaz inclusão desses indivíduos na sociedade além de um atendimento

humanizado por parte da equipe médica que atende a esses pacientes, afim de reforçar ao paciente e

aos seus familiares suas habilidades individuais e coletivas.

Destarte, medidas como o incentivo a adesão do tratamento, bem como o convívio com

familiares, amigos e a frequência em Centros de Atenção Psicossocial consolidam a proteção aos

direitos inerentes a condição humana dos portadores de esquizofrenia consoante com o arts.3º, inciso

IV e Art. 1º, inciso III da Constituição Federativa do Brasil.

Com base em todo o exposto anteriormente, ressalta-se a importância da mudança na

mentalidade da população com relação a todo e quaisquer tipo de transtorno mental, em especial a

esquizofrenia. Caso contrário, a situação continuará assim, os portadores de esquizofrenia

continuaram excluídos e com uma qualidade de vida, a exemplo do convívio social, degradante.

Porém, para que a melhora de vida além da inclusão dos pacientes esquizofrênicos ocorram, é

necessário que o diagnóstico seja feito de maneira adequada, de modo que a família e o paciente

compreendam a necessidade de acompanhamento médico e adesão ao tratamento para que os

sintomas dessa patologia não sejam agravados.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Practice guideline for the treatment of patients

with schizophrenia, 2nd. ed., 2004. Disponível em: <

http://psychiatryonline.org/pdfaccess.ashx?ResourceID=243185&PDFSource=6 >.

A REALIDADE DE VIVER COM ESQUIZOFRENIA. Brasília: Rev Bras Enferm, Brasília

Page 14: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

14

2012 Mar-abr; 65(2): 309-16., 09 abr. 2013. Mensal.

ASSIS, Jorge Cândido de et al. Entre a razão e a ilusão: desmistificando a esquizofrenia. 2. ed.

Porto Alegre: Artmed, 2013. 229 p.

A FRAGMENTAÇÃO DO EU NA ESQUIZOFRENIA E O FENÔMENO DO

TRANSITIVISMO: UM CASO CLÍNICO. Fortaleza: Revista Mal - Estar e Subjetividade, v.

, n. 1, mar. 2011. Mensal.

BARROS, Rafael Fernandes. Fatores sociais e esquizofrenia: investigando possíveis

associações. 2013. 63 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho, Faculdade de Medicina de Botucatu, 2013. Disponível em:

<http://hdl.handle.net/11449/98418>.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BLEULER, Eugen. Demencia Precoz, el grupo de las esquizofrenias. Trad. Daniel Wagner.

Buenos Aires: Ediciones Hormé, 1960

BARBOSA, Wallace Breno. GASTOS COM ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS, SERVIÇOS

AMBULATORIAIS E HOSPITALARES NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA:

UMA COORTE DE ONZE ANOS NO BRASIL. 2015. 114 f. Dissertação (Mestrado) - Curso

de FarmÁcia, Programa de PÓs-graduaÇÃo em Medicamentos e AssistÊncia FarmacÊutica,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. Disponível em:

<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-

AT3KU8/35._wallace_breno_barbosa.pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 jun. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 364, de 9 de abril de 2013. Aprova o Protocolo

Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Esquizofrenia. Diário Oficial da União, Poder Executivo,

Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013, p. 3 – 12, 321 – 361.

BARROS, Elis et al. A Esquizofrenia e seus Aspectos de Inclusão Social. 2012. Disponível

em: <https://psicologado.com.br/psicopatologia/transtornos-psiquicos/a-esquizofrenia-e-seus-

aspectos-de-inclusao-social>. Acesso em: 13 jun. 2018.

Britto, I. A. G. S. (2005). Esquizofrenia : desafios para a ciência do comportamento. Em: H. J.

Guilhardi & N. C. Aguirre (Orgs.), Sobre Comportamento e Cognição . Expondo a

variabilidade ,Vol. 16, pp. 38-

44). Santo André, SP: ESETe c.

CRIPPA, José Alexandre. Quais serão os novos tratamentos para esquizofrenia? 2018.

Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/quais-serao-os-novos-

tratamentos-para-esquizofrenia/>. Acesso em: 13 jun. 2018.

CONLEY,Robert R. – Tratamento Farmacológico da Esquizofrenia – 1 Edição – EPUC – Rio de

Janeiro – RJ - 2001

COSTA, Rosa Maria E. Moreira da; CARVALHO, Luis Alfredo V. de. A Realidade Virtual

como instrumento de inclusão social dos portadores de deficiências

Page 15: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

15

neuropsiquiátricas. 2003. Disponível em: <http://www.br-

ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/271/257>. Acesso em: 13 jun. 2018.

Cole SA.Group psycotherapy in schizophrenia.In:American Psychiatric Association.Treatments

of psychiatric disorders.Washington DC, American Psychiatric Association,1989

CAETANO, Dorgival; PESSOA, Oswaldo Frota; BECHELLI, Luiz Paulo de C..

Esquizofrenia: Atualização em diagnóstico e tratamento. São Paulo: Atheneu Editora, 1993.

291 p.

DRUMMOND, Bruno Lopes da Costa et al. Fatores sociais associados a transtornos mentais

com situações de risco na atenção primária de saúde. 2014. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s2/pt_1415-790X-rbepid-17-s2-00068.pdf>. Acesso em:

13 jun. 2018.

DEMO, P. Charme da exclusão social. Campinas, SP: Autores Associados, 1998.

D’AGORD, Marta. Esquizofrenia, os limites de um conceito. [20--?]. Disponível em:

<https://www.ufrgs.br/psicopatologia/esquiz1.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2019.

EFRAIM, Anita. Doença é conhecida pelas alucinações dos pacientes. 2016. Disponível em:

<https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,esquizofrenia-o-que-e--quais-os-sintomas-e-

como-tratar,10000053000>. Acesso em: 13 jun. 2018.

FALKAI, P. et al. Diretrizes da federação mundial das sociedades de psiquiatria biológica para o

tratamento biológico da esquizofrenia parte 1: tratamento agudo. Rev. Psiq. Clín. 33, Supl. 1, 7 –

64, São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol33/s1/pdf/7.pdf>.

FALKAI, P. et al. Diretrizes da federação mundial das sociedades de psiquiatria biológica para o

tratamento biológico da esquizofrenia parte 2: tratamento de longo prazo. Rev. Psiquiatr. Clín.

33, Supl. 1, 65 – 100, São Paulo, 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rpc/v33s1/32169.pdf>.

FARIAS, Nelson Neves de. Esclarecimentos à JISR. Campo Grande: Hospital Militar da área

de Campo Grande, 2018. 3 p.

FARIAS, Nelson Neves de.Esquizofrenia como fator de exclusão social.Entrevista concedida a

Giovana Bandiera. Campo Grande,MS, 2018

GATTAZ, Wagner; VARELLA, Drauzio. Esquizofrenia. 2012. Disponível em:

<https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/esquizofrenia/>. Acesso em: 13 jun.

2018.

GARCÍA, Y. S.; MENÉNDEZ, J. R. O.; MIER, M. A. V. Esquizofrenia, historia, impacto

socioeconômico y atención primaria de salud. Rev Cub Med Mil, v.33, n.2, 2004.

GIL, A. C. Como encaminhar uma pesquisa?. In: ______. Como elaborar projetos de pesquisa.

4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. P. 17 – 29.

ITIRO SHIRAKAWA (São Paulo). Universidade Federal de São Paulo. Aspectos gerais do

Page 16: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

16

manejo do Aspectos gerais do manejo do tratamento de pacientes com esquizofrenia

esquizofrenia. [2000?]. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ /rbp/v22s1/a19v22s1.pdf>.

Acesso em: 13 jun. 2018.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos. Trad.

Leopoldo Holzbach. São Paulo: Martin Claret, 2004.

KUMAGAI, Cibele; MARTA, Taís Nader. Princípio da dignidade da pessoa humana. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 77, jun 2010. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7830>. Acesso em jun 2019.

KAPLAN, Harold I – Tratado de Psiquiatria – Artes Médicas – Porto Alegre – RS – 1999

KAPLAN, Harold I – Compêndio de Psiquiatria – 7 ed. - Artes Médicas – Porto Alegre – RS -

1997

LEONARDO PALMEIRA (Rio de Janeiro). Programas de Psicoeducação no Centro

Psiquiátrico Rio de Janeiro. O QUE É?[2011]. Disponível em:

<http://entendendoaesquizofrenia.com.br/website/?page_id=5761>. Acesso em: 13 jun. 2018

LEONARDO ARAðJO DE SOUZA (Brasil). Revista Brasileira de Psiquiatria. Fatores

associados à qualidade de vida de pacientes esquizofrenicos. 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28n1/a11v28n1.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018.

LABORATÓRIO BRASIL (São Paulo). Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo. Os custos da esquizofrenia. 2006. Disponível em:

<http://revistapesquisa.fapesp.br/2006/05/01/os-custos-da-esquizofrenia/>. Acesso em: 13 jun.

2018.

LEITÃO, Raquel Jales et al. Custos da esquizofrenia: custos diretos e utilização de recursos

no Estado de São Paulo.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-

89102006000200017&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 13 jun. 2018.

MOLL, Marciana Fernandes; SAEKI, Toyoko. ARTIGO ORIGINAL A vida social de

pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, usuárias de um centro de atenção

psicossocial. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-

11692009000600011&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 13 jun. 2018

MOREIRA, Mário Santos. Esquizofrenia infantil. São Paulo: Editora de Publicações Médicas

Ltda, 1986. 129 p.

MANTOVANI, Lucas M. et al . Family burden in schizophrenia: the influence of age of onset

and negative symptoms. Trends Psychiatry Psychother., Porto Alegre , v. 38, n. 2, p. 96-

99, June 2016 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-

60892016000200096&lng=en&nrm=iso>. access

on 31 May 2019. http://dx.doi.org/10.1590/2237-6089-2015-0082.

Page 17: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

17

PAIM, Isaías. Esquizofrenia. 3. ed. São Paulo: Ciências Humanas Ltda, 1978. 155 p.

MARQUES, Heitor Romero et al. Metodologia da pesquisa e do trabalho científico. 5. ed.

Campo Grande: Ucdb, 2017. 139 p.

MIRANDA,Sá,L.S.Jr – Compêndio de Psicopatologia e Semiologia Psiquiátrica – Ed Artes

Médicas – Porto Alegre – RS – 2001.

NUNES, P. B. Romildo – Psiquiatria e Saúde Mental – Ed. Atheneu – São Paulo – SP - 1996

PINHEIRO, Felipe. Arte de Viver incentiva inclusão social de pacientes com

esquizofrenia: Arte de Viver incentiva inclusão social de pacientes com esquizofrenia. 2009.

Disponível em: <https://guiame.com.br/vida-estilo/saude/arte-de-viver-incentiva-inclusao-

social-de-pacientes-com-esquizofrenia.html>. Acesso em: 13 jun. 2018.

PEREIRA, Mário Eduardo Costa. Bleuler e a invenção da esquizofrenia. Latinoam., [s.i], v. 1,

n. 3, p.158-163, set.

RABENHORST, E. R. O que são Direitos Humanos?. Disponível em <

http://www.cchla.ufpb.br/redhbrasil/wp-content/uploads/2014/04/O-QUE-S%C3%83O-

DIREITOSHUMANOS.pdf> Acesso em 31 de junho de 2019.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade

entre os homens. São Paulo: Ática/Editora da UNB, 1989

RUILOBA,J.Vallejo – Introduction a la Psicopatologia y la Psiquiatria – 4 Ediction – Ed.

Masson – S.A – Barcelona – Espanha - 1999

SOARES, Vilhena. A origem dos sintomas da esquizofrenia. 2014. Disponível em:

<https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-

estudante/me_gerais/2014/06/06/me_gerais_interna,431322/a-origem-dos-sintomas-da-

esquizofrenia.shtml>. Acesso em: 13 jun. 2018.

SEGREDOS DA MENTE: Esquizofrenia: o que acontece no cérebro. Bauru: Alto Astral, v.

1, 2015. Anual.

TELLES Jr, Goffredo. Iniciação na Ciência do Direito. 4ª edição, revista e atualizada, Ed.

Saraiva 2008.

SOUZA, José Carlos Rosa Pires de. Esquizofrenia como fator de exclusão social. Entrevista

concedida a Giovana Bandiera. Campo Grande, MS, 2018

TELLES Jr, Goffredo. Iniciação na Ciência do Direito. 4ª edição, revista e atualizada, Ed.

Saraiva 2008.

WAGNER, Luciane Carniel et al. Inclusão ocupacional: perspectiva de pessoas com

esquizofrenia. 2015. Disponível em:

<http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/25522/pdf_13>. Acesso

em: 13 jun. 2018.

Page 18: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,

18

ZANETTI ACG, Vedana KGG, Gherardi-Donato ECS, Galera SAF, Martin IS, Tressoldi LS, et

al. Expressed emotion of family members and psychiatric relapses of patients with a diagnosis

of schizophrenia. Rev Esc Enferm USP. 2018;52:e03330. DOI:

http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X20160427033

Page 19: ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. · 2019. 11. 25. · 1 ESQUIZOFRENIA: COMO FATOR DE EXCLUSÃO SOCIAL. José Manfroi1 Giovana Bandiera2 RESUMO O presente plano de trabalho,