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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
8,5
A DANÇA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
NEUSA ROMUALDO DOS SANTOS
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
COLIDER/2012
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO
A DANÇA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
NEUSA ROMUALDO DOS SANTOS
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Educação Infantil de Alfabetização.”
COLIDER/2012
RESUMO
Essa pesquisa é parte de reflexões sobre a dança nos espaços escolares
como componente lúdico capaz de oferecer aos alunos um importante instrumento
pedagógico para o desenvolvimento corporal, além de contribuir para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Utilizou-se como metodologia a pesquisa descritiva, inserida na metodologia
de pesquisa bibliográfica, onde foram analisados dados, selecionando apenas os
resultados que expressam significados sobre o tema em foco, obtidos pela análise
temática de conteúdo através de vários estudiosos que propõem a dança na escola
como um recurso metodológico para o trabalho do professor.
A partir da pesquisa percebe-se que o ato de dançar não existe apenas para
ao prazer, pois o esforço criativo em dar forma estética, artística e psicomotora nos
espaços de ensino-aprendizagem proporciona aos alunos a desenvolverem a
criatividade e a percepção, favorecendo, assim, a interpretação e a compreensão do
mundo atual. Aliada a essa concepção, a dança planejada de forma lúdica e
intencional torna a educação democrática, prazerosa, alegre e humana, próxima da
realidade e dos interesses dos alunos.
Palavras-chave: dança, educação, desenvolvimento, integração, expressividade,
corporeidade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 04
1. O MOVIMENTO E A DANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................... 06
2. DESENVOLVENDO O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM .................. 15
3. A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS FOCANDO A INTELI-GÊNCIA
CORPORAL-CINESTÉSICA. ................................................................................... 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 29
INTRODUÇÃO
A Educação Infantil desempenha um papel primordial no desenvolvimento
integral da criança. Lugar onde se oportuniza situações desafiadoras, as quais
permitam que as crianças possam encontrar respostas por si mesmas, para suas
indagações, tornando-se pessoas autônomas e críticas. A dança tem uma função
pedagógica específica na escola que se traduz na criação de movimentos criativos e
de livre expressão da criança. Uma das finalidades da dança na escola é permitir a
criança evoluir em relação ao domínio de seu corpo, assim desenvolverá e
aprimorará suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos espaços,
formas, superação de suas limitações e condições para enfrentar novos desafios
quanto aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos. (BARRETO, 2002).
Enquanto um processo educacional, a dança não se resume em aquisição de
habilidades, mas sim, contribui para o aprimoramento de habilidades básicas, no
desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo.
Segundo os PCNs (BRASIL,2003), a dança é uma forma de integração e expressão
tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a
colaboração e a solidariedade. Baseado na importância da dança na Educação
Infantil o presente estudo tem por objetivo perceber qual a contribuição da dança, no
desenvolvimento do processo de interação, socialização, criatividade, imaginação e
expressão. Abordou-se como problematização: A dança tem sido vista como uma
importante prática pedagógica ou um lazer? Por que será que a dança raramente faz
parte de nosso sistema escolar? E até que ponto a dança pode contribuir para o
desenvolvimento da aprendizagem? E como hipóteses analisou-se se a dança como
prática pedagógica implicará em um trabalho de qualidade e facilitará o processo
ensino aprendizagem e se a adaptação e utilização da dança pelo professor nas
aulas podem sanar e/ou gerar melhorias significativas na construção do
conhecimento e proverá a interdisciplinaridade.
Teve como objetivo geral nesse estudo investigar bibliograficamente de que
forma a dança como prática educativa pode contribuir com o processo ensino
aprendizagem. A fim de levar os educadores a refletirem sobre suas práticas
pedagógicas, contribuindo de maneira significativa para a entrada definitiva da
dança no currículo das escolas brasileiras. Conscientizar sobre a importância da
dança no espaço escolar. Incentivar a reflexão de novas idéias e discussões sobre a
educação pela dança. E como objetivos específicos; relatar sobre a o avanço da
dança como processo de aprendizagem, diante do histórico da educação; a dança
no espaço escolar: seu histórico e sua participação pedagógica; e quais as
contribuições da dança e suas dificuldades no processo de educação e construção
do conhecimento.
No decorrer do trabalho veremos no primeiro capítulo a dança na educação
infantil, seus benefícios e possibilidades geradas em relação a aprendizagem, assim
como os benefícios que o movimento traz a expressão corporal, também a
importância da dança na escola e como a escola deve se manifestar e inserir essa
prática no plano pedagógico.
Aborda-se no segundo capítulo o desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem e a mediação da escola para com os alunos entre o conhecimento
prévio dos mesmos e o sistematizado integrando o aluno na sociedade, conduzindo
e orientando os mesmos de modo para que sejam sujeitos conscientes, ativos e
autônomos.
No terceiro capítulo complementamos esse estudo com a teoria das
inteligências múltiplas com foco na Inteligência corporal-cinestésica que é a
habilidade de usar o corpo para expressar uma emoção (dança e linguagem
corporal) defendida por Howard Gardner, assim como a dança em seu caráter
educativo e suas contribuições para o desenvolvimento e construção da
aprendizagem e a pretensão da utilização da dança para abrir novos caminhos que
visem melhor qualidade de ensino.
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1. O MOVIMENTO E A DANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O movimento que se faz na dança é o espaço exterior da imaginação, esse
movimento libera sentimentos e emoções além de refletir e expressar as
transformações do ser num todo. De acordo com NANNI (1995, p.38), observa-se
que não faz tanto tempo que a educação era sinônimo de instrução escolar, e esta,
lamentavelmente, estava disponível a uma pequena minoria privilegiada, que não
precisava responder pelo ônus da miséria, da pobreza, do abandono. A educação
assim entendida, somente começava aos seis anos, ou ainda mais tarde, e se
prolongava até o término do período hoje conhecido como idade escolar. Os
primeiros anos de vida não eram considerados importantes, por que a criança não
tinha as mínimas condições de aprender, e se por ventura assim ocorresse,
fatalmente esqueceria o que conseguiu aprender.
Conforme SILVA (2012, p.133), os alunos, principalmente aqueles das séries
iniciais, demonstram seus sentimentos através do corpo, de suas feições. A
expressão corporal é uma fonte de aprendizado e também uma forma de
comunicação. Portanto, os profissionais de ensino devem ficar atentos a ela, além
incluí-la em suas práticas pedagógicas para explorar as possibilidades criativas e,
consequentemente, para aumentar o desenvolvimento motor e cognitivo de seus
alunos, seja através de danças, de teatros ou da música.
Ainda segundo SILVA (2012, p.133); a expressão corporal na educação
deve ser entendida como o uma prática pedagógica que leve os alunos a encontrar
um caminho para a criatividade. Ela proporciona o aprendizado através da
manifestação da imaginação criativa na realidade, pois reúne a sensibilização e a
conscientização por meio de movimentos, posturas e atitudes.
De acordo com NANNI;
a escola deverá estar sensível ao mundo daqueles que são a maioria: as classes populares e se valer da vontade de fazer chegar a elas conteúdos significativos que tenham relação com sua vida e que permitam a compreensão em si, das coisas que a cercam, e da relação entre ambos. (2001, p. 100).
LIMA (2010), afirma que, a dança, em sentido geral, caracteriza-se pela arte
de mover o corpo e assume papel fundamental nos dias de hoje, enquanto forma de
expressão torna-se praticamente indispensável para vivermos presentes, críticos e
participantes em sociedade.
Segundo CAMINADA (1999);
a forma mais elementar, a dança se manifesta através de movimentos que imitam as forças da natureza que parecem mais poderosas ao homem e que trazem consigo a idéia de que esta imitação tornará possível a posse dos poderes dessas forças. (p. 22).
Isso nos faz perceber que a dança é realmente uma das artes mais antigas
que o homem experimentou. E que ao longo dos anos evoluiu em conceitos, nos
fatos sociais e culturais, relevando a relação do homem com o mundo e seus
diferentes meios de vida.
Segundo VERDERI (2006), podemos observar que a dança foi uma forma
de expressão de vários acontecimentos que marcaram época na humanidade, a
partir dela o homem pode demonstrar papéis sociais e desempenhar relações dentro
de uma sociedade. Diante disso, podemos compreender que a dança tem grande
valor pedagógico. Ela possui uma importante ligação com a educação, visto que no
universo pedagógico ela auxilia o desenvolvimento do aluno, facilitando sua
aprendizagem e resultando na construção do conhecimento. De fato a dança
também é um meio de educação, como afirma o autor abaixo.
(...) a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres (...). Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/ para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade. (PEREIRA, 2001, p. 61)
Segundo PEDROSA e TAVARES (2009), a expressão corporal é o caminho
para a criatividade, do aprendizado através da manifestação da imaginação criativa
na realidade, reunindo a sensibilização e a conscientização por meio de movimentos
e posturas e atitudes.
[...] é válido ressaltar que nós humanos somos pura expressão, afinal são olhares, sorrisos, mãos, lágrimas, voz e gestos. Em suma, a expressão corporal é uma atividade organizada, dotada de objetivos que visam o desenvolvimento da sensibilidade, imaginação, criatividade e principalmente da comunicação. Logo, fica explícito que a expressão corporal é uma linguagem, é um aprender sobre si mesmo; é usar a nossa própria máquina: o nosso corpo, para transmitirmos o que sentimos. (PEDROSA e TAVARES, 2009, p. 198).
No mundo ocidental a “Dança-criativa”, “Dança-educativa” ou “Dança-
educação” são modalidades similares na área de Dança no contexto escolar. No
Brasil, essa modalidade foi também batizada de “Expressão Corporal”, “Dança-
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Expressiva” ou até mesmo de ”Método Laban”. Então seja a Dança como for
chamada, ela permite que a criança se aproprie de seus corpos, possibilitando uma
comunicação corporal. Para LABAN (1990), a criança tem o impulso inato de realizar
movimentos similares a Dança. Esta vontade inata da criança de fazer movimentos
do tipo de dança é uma forma inconsciente de extroversão e exercício que a introduz
ao mundo da influência de movimento e fortifica suas faculdades espontâneas de
expressão.
Para SILVA (2012, p.134), no âmbito da educação, a expressão corporal é
insuficientemente desenvolvida nas escolas, não sendo uma das grandes
preocupações pedagógicas. Aos profissionais da área, falta o entendimento de que
ela pode ser uma ferramenta muito útil no processo de ensino-aprendizagem, pois
orienta para a criação de novas formas de ensinar, além de tornar possível a
simbolização do imaginário. É importante e necessário ressaltar, portanto, o
compromisso do educador no entendimento e na utilização da expressão corporal
em suas práticas pedagógicas, pois além do enriquecimento do processo de ensino-
aprendizagem – e consequentemente da criatividade dos alunos – ela representa
também “[...] um exercício para a sociabilização, tornando-se cada vez mais
evidente e necessária a articulação entre expressão corporal e educação, visto que
ela é a nossa primeira linguagem.”
Portanto, nada mais pertinente que o trabalho de dança seja explorado
dentro das escolas de Educação Infantil, uma vez que ela supõe na educação um
aprendizado que integra o conhecimento intelectual e a livre expressão do aluno,
visando não apenas proporcionar a vivência do corpo e diminuir tensões, mas
favorecer a criatividade da criança, onde o trabalho com o seu corpo gere uma maior
consciência corporal, para que esta criança possa compreender o que passa
consigo e ao seu redor, tornando-a mais espontânea e conseguindo expressar seus
desejos de modo mais natural.
Os Temas Transversais no que diz respeito aos aspectos que abordem
diretamente a dança, podemos retratá-los através de: improvisações; composições
coreográficas contextualizadas a partir da história, das ciências sociais e da estética.
Já a dança como Pluralidade Cultural o corpo em si já é uma expressão da
pluralidade. No Brasil, encontramos diferentes biótipos e sua imensa variedade de
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movimentação, tornando-se evidente os aspectos sócio-político-culturais nos
processos de criação em dança.
Para LABAN;
a dança na educação permite uma integração entre o conhecimento intelectual do aluno e suas habilidades criativas, onde ele percebe com mais clareza as sensações contidas na expressão dramática do individuo, quer na dança teatral ou comunitária. A partir da compreensão das qualidades de movimento, implícitas nas diversas formas de expressão humana, o aluno, harmonicamente, poderia ser educado através do movimento/dança. (LABAN (1985), apud MARQUES, 1999, p.71).
No campo de ação das políticas públicas nacionais de educação podemos
perceber, em suas propostas, a importância concedida à expressão corporal que
deveria ser, necessariamente, desenvolvida no âmbito escolar. Como afirmação
dessa importância da expressão corporal para o desenvolvimento das habilidades
motoras e cognitivas, o Referencial Curricular Nacional (1997), para a Educação
Infantil trata a apropriação da imagem corporal como um meio da criança adquirir
consciência do próprio corpo, contribuindo para a construção de sua identidade.
Esse documento revela ainda, que a criança – comunicando-se pela linguagem
corporal – através da investigação e da observação do outro, obtém o conhecimento
de si e do mundo.
De acordo com SILVA (2012, p. 137-138), no âmbito escolar, o professor –
visto como agente imprescindível no processo de construção do saber – baseia-se
em uma relação fundamentalmente narrativa ou dissertativa, com seus alunos. É
claro que nem todos os profissionais do ensino agem dessa forma. Muitos são
preocupados com o emprego de metodologias que garantam uma efetiva
transmissão e construção do saber. Porém, o que vemos em muitas escolas,
atualmente, são professores servindo-se de uma educação bancária.
De acordo com FREIRE (1987, p.57), na educação bancária o professor –
através da narração – converte seus alunos a recipientes que devem ser
preenchidos de conteúdos e informações. Através desse tipo de educação tal
profissional do ensino passa a ser o detentor inquestionável do conhecimento e os
alunos têm como função, apenas a reprodução ou mesmo a memorização do
conteúdo. Com toda a certeza, é possível afirmar que esse método de ensino não
tem nenhuma relevância no processo de construção do saber, pois a simples
memorização, de forma alguma, pode desenvolver aptidões, como por exemplo, o
pensamento crítico.
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Por isso, supõe-se que o professor na condição de orientador de tal
processo tenha uma sólida fundamentação conceitual com relação ao ensino da
dança, o processo educativo desenvolvido nas escolas não deve restringir-se
somente a reprodução de movimentos, mas a produção crítica das informações
recebidas em sala de aula.
É nesse sentido que coloca Laban enfatizando que:
A dança tem a possibilidade de deixar de ser uma disciplina isolada. Passando a fazer parte dos conteúdos curriculares que se multiplicam e tecem redes com outras disciplinas, com os alunos, a escola, a cultura e a sociedade, de modo à desconstruí-los e transformá-los. (Laban (1985), apud MARQUES 1999, p.73).
A Dança enquanto Educação para a saúde promove oportunidade para que
os alunos identifiquem problemas, levantem hipóteses, reúnam dados e reflitam
sobre situações relacionadas ao fazer e ao pensar essa arte na escola associada a
uma vida saudável. Conforme os Parâmentros Curriculares Nacionais – PCNs
(BRASIL, 1997), centrada no corpo, as aulas de dança podem traçar relações
diretas com situações de dor e prazer, alimentação, uso de drogas e prevenção e
cura de lesões, sem que se afaste de seus conteúdos específicos.
Num país em que pulsam o samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o
afoxé, a catira, o baião, o xote, o xaxado o funk, o rap, o hip-hop, as danças de
salão, as danças eruditas como a clássica, a contemporânea, a moderna e o jazz
entre muitas outras manifestações, é surpreendente o fato de a Educação Física ter
promovido apenas a prática de técnicas de ginástica e (eventualmente) danças
européias e americanas. A diversidade cultural que caracteriza o país tem na dança
uma de suas expressões mais significativas, constituindo um amplo leque de
possibilidades de aprendizagem. (BRASIL, 1997, p. 39).
Para FERREIRA (2005):
A aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender. (p.59).
A criança necessita de experiências que possibilitem o aprimoramento de
sua criatividade, atividades que favoreçam a sensação de alegria, que a partir daí,
ela possa retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade
de movimento, explorando-o e permitindo que suas fantasias aflorem em seus
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movimentos, numa corporeidade plena e consciente. Dançar é, pois, a efetivação da
corporeidade através de uma experiência transcendente, na qual se vivencia o
processo de aprendizagem na educação. O trabalho da dança educacional, quando
preocupado em deixar fluir dos educando suas emoções, seus anseios e desejos,
através dos movimentos que não necessariamente envolvam a técnica, permitirá
que o sujeito se revele e desperte para o mundo, numa relação consigo e com os
outros, de forma consciente. Ao fazer alusão ao movimento consciente. OLIVEIRA
(2001) aponta que:
É importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a 'sensação de si mesmos', proporcionada pelo nosso sentido cinestésico [...] normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da 'deseducação física'. (p. 96).
Para Souza Paulo (2001), a importância da Dança na Educação em seu
aspecto interdisciplinar é possibilitar o processo criativo a autonomia e liberdade do
indivíduo, possibilitando ao educando articular uma relação mais próxima entre o
homem e a natureza, através da observação, sensibilização e experiências que
estabelecem uma íntima relação entre os mesmos. Assim, o educando ao vivenciar
corporalmente através do movimento, o tamanho, o ritmo, os movimentos dos
objetos pelos fatores físicos como o espaço-temporal, peso e fluência, desenvolverá
seus potenciais físico, mental, emocional e ficando mais sensível ao mundo que o
cerca.
Segundo os PCNs, a Dança na Educação possibilita criar no educando uma
consciência crítica exigente e ativa em relação ao ambiente que a cerca e
estabelecer parâmetros de qualidade de vida do seu cotidiano. Por meio do domínio
do seu corpo e de seus movimentos, o educando poderá entender melhor o sistema
de objetos naturais e artificiais, o conjunto de estímulos sensoriais, e perceber as
formas e cores, os cheiros, os sabores, as formas de ruídos e movimentos. Desta
maneira, os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem variar muito
de acordo com o local em que a escola estiver inserida. Sem dúvida alguma,
resgatar as manifestações culturais tradicionais da coletividade, por intermédio
principalmente das pessoas mais velhas é de fundamental importância. A pesquisa
sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, com características
diferentes das danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho mais completo.
(BRASIL, 1997, p. 49-50).
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Com isso percebemos que a dança percorreu um longo caminho até obter
esse espaço, essa visão de dança como um recurso para a prática pedagógica. Ela
sofreu influências tecnológicas, foi também muito influenciada pelas novas
condições sociais fazendo surgir novas propostas de arte enquanto forma de
educação.
Podemos perceber tais influências no fato de terem surgidos novos recursos
musicais e instrumentais, e o fato da sociedade, hoje, ter mais acesso a cultura, o
que antigamente era restrito as classes sociais altas.
Tais propostas são até hoje refletidas e discutidas, visto que muitas pessoas
ainda veem a dança como apenas uma forma de diversão, como a autora ressalta
acima, “um espetáculo”, com isso esquecem o seu papel pedagógico, suas diversas
contribuições enquanto educação.
Ainda hoje, encontramos em muitas escolas a dança relacionada com a
Educação Física, muitas instituições ainda restringem o uso dessa arte como um
recurso pedagógico a ser utilizado em sala de aula, e a oferecem apenas nas aulas
de Educação Física, ou ainda como uma atividade extracurricular da escola.
Em 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) do Brasil instituído o
ensino obrigatório de Arte em território nacional “o ensino da arte constituirá
componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma
a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (LDB 9394/96 Art. 26 - § 2º). Tal
proposta, como ressaltada na lei, visava o desenvolvimento cultural do aluno a fim
de que o mesmo despertasse o interesse pela arte e, automaticamente, a
consciência corporal. Porém, ainda encontramos escolas que não possuem a
disciplina, pelo fato de não terem professor ou por diversos outros motivos, com isso
nossos alunos continuam com uma visão cultural muito restrita.
Finalmente, em 1997, foram publicados os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) que incluem, pela primeira vez na história do país, a dança em
seu rol de disciplinas. Ainda de acordo com PCNs, os principais objetivos da dança
seriam “valorizar diversas escolhas de interpretação e criação, em sala de aula e na
sociedade, situar e compreender as relações entre corpo dança e sociedade e
buscar informações sobre dança em livros e revistas e ou em conversas com
profissionais” (BRASIL, 1997, p.51 e 52, v.06).
A inclusão da dança nos PCNs visava encarar o ensino da dança como uma
atividade educativa, recreativa e criativa, e também propiciar situações para a
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construção do conhecimento, independente de se estar brincando, pulando ou
dançando. Teoricamente a proposta de inclusão da dança nos PCNs (1997) é
bastante significante para a nossa atual visão de educação, porém é preciso ser
reavaliada a prática dessa proposta, pois o que temos não é um recurso para o
aprendizado, mas uma forma de descanso, de diversão e, até mesmo um recurso na
falta de conteúdo programático.
Para PEREIRA (2001), A dança é um conteúdo fundamental a ser
trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios
e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem. A
explorarem novos sentidos, movimentos livres (...). Verifica-se assim, as infinitas
possibilidades de trabalho do/ para o aluno com sua corporeidade por meio dessa
atividade.
A partir do exposto, percebe-se que a dança é de total importância na escola
e OLIVEIRA (2001, p.96) ainda complementa ao falar sobre movimento consciente,
uma vez que é importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de
todos os gestos, pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a
sensação de si mesmos, caso contrário, estaremos diante da deseducação Física.
Sabe-se que esta não é uma atividade de domínio fácil de aplicar na
escola, mas também não é de cunho impossível, e cabe ao professor buscar
aperfeiçoar-se. Nesse sentido SANTOSO e FREITAS (2010, p.1) comentam que "o
professor precisa adaptar o conteúdo à realidade do aluno, mas uma das grandes
dificuldades é aplicar o conteúdo na prática". Dessa forma, é fundamental que o
professor entenda como funciona a Dança para poder organizar atividades que
possam atender às necessidades do aluno dentro de sua realidade, e usá-la
conjuntamente com outras disciplinas de forma interdisciplinar.
A construção do saber precisa ser encarada, tanto pelo professor quanto
pelos alunos, como uma forma de inserção e modificação efetiva no mundo. Isto, se
percebermos que a aprendizagem não é um processo finito, mas que pode sempre
ser desenvolvida e aprofundada. Nas palavras de FREIRE (1987, p. 58) “Só existe
saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que
os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros.” Neste contexto,
podemos perceber a expressão corporal, mais especificamente o caso da dança,
como importante instrumento no processo de ensino-aprendizagem, pois ela auxilia
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os alunos em seu desenvolvimento cognitivo e motor, além de aprenderem a
comunicar suas emoções através do movimento.
Dessa forma, no contexto da expressão corporal buscamos retratar a
importância da dança no processo de ensino-aprendizagem porquanto julgamos que
por meio dela é possível alcançar não apenas a aquisição de uma habilidade, mas,
sobretudo, o desenvolvimento de potencialidades e de uma nova visão de mundo
por parte do alunado.
Segundo CORRÊA e SOUZA (2007), o corpo – e consequentemente a
expressão corporal – é percebido como instrumento de trabalho, sendo o movimento
corporal a base estrutural para ações construtivas do conhecimento.
[...] a Dança é a expressão maior do corpo, considerando-se os seguintes aspectos: movimento, sentimentos, ritmos e expressividade. A Dança reúne técnicas corporais, coreografia, ludicidade e trabalho coletivo. As aulas de dança envolvem não só a técnica de como manter o corpo, compor uma coreografia, mas também tem caráter de entretenimento, diversão. Cada parte do corpo é focada, desde o olhar ao detalhe das mãos; o corpo traduz uma dramaticidade associada à música, ou até mesmo ao próprio diálogo do corpo. (CORRÊA e SOUZA, 2007, p.4).
Podemos, então, perceber a relevância da expressão corporal, e
consequentemente da dança, como um instrumento promissor no processo de
ensino-aprendizagem, que trás aos profissionais de ensino e também aos alunos
novas possibilidades para a construção coletiva do conhecimento. Tal instrumento
tende a incrementar as práticas pedagógicas e a facilitar o aprendizado, além de
ampliar os horizontes culturais, o pensamento crítico e a criatividade dos alunos.
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2. DESENVOLVENDO O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Atualmente, não só na área da educação, mas também em outras áreas,
pensa-se no indivíduo como um todo e, portanto, amplia-se o conceito de educação,
para o conceito do processo de ensino-aprendizagem.
De acordo com LONDERO (2011), a dança é uma manifestação comum a
todas as sociedades humanas. Assim, percebemos que cada cultura, cada povo tem
um conjunto de movimentos típicos, que o identifica dos demais. Por exemplo, no
Brasil, temos o frevo, o samba, dentre outros. Em nosso país, vimos a dança se
tornar mais popular devido a quadros de programa de TV, em que artistas
aprendiam a dançar para ganhar certo concurso. Tais programas acabaram por
conferir popularidade à dança, despertando o interesse das pessoas, pelo fato de
que dançar é bom para o corpo e também para a alma.
A dança é uma forma de expressão, que, se praticada desde cedo (o ideal é
despertar estas aptidões até os sete anos de idade quando se começa a aprimorar
os movimentos que se aprendeu até então), promoverá o desenvolvimento da
inteligência, dos sentimentos e do desempenho corporal da criança. Segundo os
PCN’s (BRASIL, 2001), o que se espera é que os alunos tenham a oportunidade de
vivenciarem o maior número de práticas corporais possíveis. Ao realizarem a
construção e vivência coletiva dessas práticas, estabelecem relações individuais e
sociais, tendo como pano de fundo o corpo em movimento. Considera-se a dança
uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem; portanto,
uma aula de dança na escola permite ao professor conhecer melhor o seu aluno, ou
seja, saber suas preferências sobre o que gosta de brincar, de cantar, de ouvir;
discutir suas experiências; fazer fluir sua imaginação e verificar a influência dela na
realidade e nas atitudes da criança. (VERDERI, 1998).
As reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem nos permitem levar
todos a repensarem a prática educativa. Entender hoje as escolas e observar as
salas de aula como uma comunidade culturalmente constituída por meio da
participação de diferentes sujeitos, que assumem diferentes papéis no processo
ensino-aprendizagem. (PIMENTA, 2002).
Diante de tantas reflexões, a situação atual da prática educativa das escolas
ainda demonstra os alunos com pouca ou nenhuma capacidade de poder crítico-
reflexivo, a obrigação dos mesmos em decorar os conteúdos, além da hierarquia
entre educador e educando.
Com tal afirmativa, a solução está na reflexão de como os educandos
aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à aprendizagem.
Considerando que o aluno não foi programado para imitar, que o mesmo só estará
satisfeito e realizado se estiver participando ativamente das atividades, podendo
explorar sua criatividade e expor seus conhecimentos.
Pensar no processo ensino-aprendizagem de forma a promover a
construção de conhecimentos traz a idéia de seres humanos como indivíduos
inacabados e passíveis de uma capacidade de refletir criticamente o aprendido.
Nesse processo de construção do conhecimento alunos e professores são
sujeitos e devem atuar de forma consciente. Não se trata apenas de sujeitos do
processo de aprendizagem, mas de seres humanos inseridos numa cultura e com
histórias e experiências particulares de vida.
A arte é um elemento, fundamental, no processo educativo, não só por
abranger habilidades e competências, mas constituir incrivelmente como linguagem
universal compreendida em todos os lugares. A arte busca contribuir para a
formação de cidadãos críticos e reflexivos, agentes transformadores da sociedade.
Por meio da dança a criança é sensibilizava e estimulada ao convívio social,
oportunizando um desenvolvimento, cultural, social e artístico. Por meio da dança a
criança experimenta uma expressão diferente do desenho e das palavras,
conhecendo a si mesma e melhorando sua auto-estima. O nosso corpo é um todo e
não parte desmembrada uma das outras. A dança permite com clareza que
possamos perceber o nosso corpo sem dissociações, contribuindo para uma
consciência corporal ampliada.
Para que o processo ensino aprendizagem ocorra, VYGOTSKY (1991),
afirma que é necessário que o professor desafie o nível em que o aluno está, não
desrespeitando seus conhecimentos e experiências anteriores, mas tendo um olhar
para o futuro, para as capacidades que desenvolverá, possibilitando a socialização
das experiências culturais acumuladas historicamente pela humanidade.
Nessa perspectiva, o processo de ensino-aprendizagem possibilita que os
sujeitos – professor e alunos – se encontrem, troquem, socializem conhecimentos,
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experiências, afetos, histórias, sonhos e utopias. O professor sempre mediando com
instrumentos pedagógicos e psicológicos. Os alunos respondendo e também sendo
mediadores dos que ainda não conseguiram.
É papel da escola realizar a mediação entre o conhecimento prévio dos
alunos e o sistematizado, propiciando formas de acesso ao conhecimento científico.
E como tal, deve ser considerada como um contínuo processo de desenvolvimento
influenciando e sendo influenciada pelo ambiente, no qual deve existir um ambiente
dinâmico e contínuo, que contribua para o processo de aprendizagem.
A escola é um dos agentes responsáveis pela integração da criança na
sociedade, além da família. É um componente capaz de contribuir para o bom
desenvolvimento de uma socialização adequada a criança, através de atividades em
grupo, de forma que capacite o relacionamento e participação ativa das mesmas,
caracterizando em cada criança o sentimento de sentir-se um ser social.
O papel do professor é o de conduzir e orientar os alunos, de modo que
cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo. É seu dever favorecer
o processo ensino-aprendizagem e refletir o seu papel no todo e isoladamente.
Isso nos faz refletir que, há aprendizagem dos dois lados e que para
desencadear o processo de aprendizagem dos alunos, o professor precisa
possibilitar condições para que os mesmos elaborem, critiquem o conhecimento, e
dele se aproprie.
Portanto, nada mais pertinente que o trabalho de dança seja explorado
dentro das escolas de Educação Infantil, uma vez que ela supõe na educação um
aprendizado que integra o conhecimento intelectual e a livre expressão do aluno,
visando não apenas proporcionar a vivência do corpo e diminuir tensões, mas
favorecer a criatividade da criança, onde o trabalho com o seu corpo gere uma maior
consciência corporal, para que esta criança possa compreender o que passa
consigo e ao seu redor, tornando-a mais espontânea e conseguindo expressar seus
desejos de modo mais natural.
A dança esta sendo trabalhada de maneira significativa pelos profissionais
da Educação Infantil, os quais a utilizam como parte integrante de seu processo de
ensino-aprendizagem. A pesar das professoras ainda utilizarem a dança como pare
integrante de grandes encenações de natal, páscoa, dia das mães, por exemplo, de
forma mecânica impossibilitando a livre criação das crianças, entendem que esta
17
deve ser reestruturada e resignificada dentro da escola. Identificamos que estão
buscando estratégias diversas em busca desta dança pedagógica, mas quando se
deparam as datas comemorativas e outras festividades ainda não conseguem de
desvincular da maneira tradicional de desenvolvê-la. Podemos acrescentar ainda
que ao finalizar o trabalho que a maior parte das professoras que responderam o
questionário constataram que o dançar deveria ser encarado como um ato de
comunicação e expressão humana. Que possa acontecer sem preconceitos, sem
cobranças ou “utilidades”. Podemos ainda mencionar que a dança sempre esteve e
está presente em todos os nossos atos, principalmente quando nos referimos à
criança, desta forma trabalhar com a mesma em nossas escolas é garantir as
crianças uma aprendizagem prazerosa e significativa, na qual estão inseridos os
processos de interação, socialização, criatividade, imaginação e expressão
livre/criativa, somente precisamos encontrar estratégias para que isto aconteça.
O aprendizado da Dança educativa integra o conhecimento intelectual e a
habilidade corporal e criativa do aluno. Isto leva o professor a estar sempre em
contato com o envolvimento, o compromisso e a responsabilidade em conduzir o
aluno. A alfabetização é um processo pelo qual a criança codifica e decodifica o
mundo que a cerca, processo que não atinge somente o aspecto cognitivo do aluno,
mas o aluno como um todo: emocional, social e corporal. Um único movimento, ou
uma sequência de movimentos deve revelar, ao mesmo tempo, o caráter de quem o
realiza, o fim pretendido, os obstáculos exteriores e os conflitos interiores que
nascem deste esforço (LABAN, 1978).
A dança na escola não deve priorizar a execução de movimentos corretos e
perfeitos dentro de um padrão técnico imposto, gerando a competividade entre
alunos. Deve partir do pressuposto de que o movimento é uma forma de expressão
e comunicação do aluno, objetivando torná-lo um cidadão crítico, participativo e
responsável, desenvolvendo a auto-expressão e aprendendo a pensar em termos de
movimento. Promover a construção do conhecimento, com as histórias de vida de
cada um e, na relação dialogal, construir um saber que se traduz na conscientização
dos modos como o homem se relaciona com o mundo, na sua concretude histórico-
social, na produção da sua existência. (OSSONA, 1988).
Para SANTOS (2000), o corpo é significado e expressão, o que imprime vida
ao movimento. A expressão corporal é resposta de movimentos ritmados da música,
sentido através de jogos corporais. É inegável que pelo movimento o homem
18
exteriorizará seus sentimentos, por que o ritmo está contido em tudo, e cada
movimento que o homem executa no espaço, expressa o seu ritmo, de maneira
pessoal e criativa.
A dança é não apenas uma arte que permite à alma humana expressar-se em movimento, mas também a base de toda uma concepção de vida mais flexível, mais harmoniosa, mais natural. A dança não é, como se entende a acreditar, um conjunto de passos mais ou menos arbitrários que são o resultado de combinações mecânicas e que, embora possam ser úteis como exercícios técnicos, não poderiam ter a pretensão de constituírem uma arte: são meios e não um fim. (DUNCAN apud GARAUDY, 1980, p.57).
Assim como Isadora Duncan no começo do século XX nos aponta a
intrínseca relação da dança com a vida a partir do pensamento de que mais do que
uma prática corporal, a dança pode ser uma experiência de vida, John Dewey (1934)
definiu a arte como experiência, podendo assim responder aos problemas colocados
pela separação entre arte e vida: “Como experiência, a arte é evidentemente uma
parte da nossa vida, uma forma especialmente expressiva da nossa realidade, e não
uma simples imitação fictícia dela.” (DEWEY apud SHUSTERMAN, 1998, p. 45).
Como relata FREIRE (1996, p. 22): “ensinar não é transmitir conhecimentos,
mas criar possibilidades para a sua produção ou sua construção”. Tratando-se do
ensino da dança, não devemos restringi-lo à cópia de passos, mas criar
possibilidades que contemplem o prazer pela criação, execução, compreensão,
apreciação e contextualização do movimento poético, pois, desse modo,
acreditamos que estamos tratando a dança como área de conhecimento.
Segundo STEINHILBER (2000, p. 8): “Uma criança que participa de aulas de
dança [...] se adapta melhor aos colegas e encontra mais facilidade no processo de
alfabetização.”
Para FERREIRA (2005):
A aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender. (p. 59).
A dança no espaço escolar busca o desenvolvimento não apenas das
capacidades motoras das crianças e adolescentes, como de suas capacidades
imaginativas e criativas, o corpo expressa suas emoções podendo ser
compartilhadas com outras pessoas.
Por sua natureza, a dança está ligada às capacidades criativas e motoras do
indivíduo. Composta pelas relações estabelecidas entre o dançarino, seu
19
instrumento (corpo) e a sociedade, através de um processo que se desenvolve
conscientemente a partir de elementos existentes ou descobertos SOARES (1998).
Alguns julgam que, para ocorrer a aprendizagem, é preciso que o aluno
esteja sempre sentado e quieto. Privilegiar a mente e relegar o corpo pode levar a
uma aprendizagem empobrecida. É preciso ver o homem como ser total e único que
quer aprender de forma dinâmica, prazerosa, envolvente SCARPATO (2001).
A dança hoje é percebida por seu valor em si, muito mais do que um
passatempo ou divertimento. Na educação, ela deve estar voltada para o
desenvolvimento global da criança e do adolescente, favorecendo todo tipo de
aprendizado que eles necessitam. Uma criança que na pré-escola teve a
oportunidade de participar de aulas de dança, certamente, terá mais facilidade para
ser alfabetizada. TREVISAN (2006).
[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade (PEREIRA et al 2001, p. 61) .
Segundo DANTAS (1999), a dança é a experiência do corpo em movimento,
é a expressão da motricidade humana, é manifestação artística, que se realiza no
corpo, transformando os movimentos em arte. Ela está inserida no contexto das
artes, sendo até mesmo considerada como a pioneira das manifestações artísticas.
Para Sachs: “A dança é a mãe das artes. A música e a poesia existem no tempo: a
pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive no tempo e no espaço. O
criador e a criação, o artista e sua obra, são (na dança), uma coisa única e idêntica”
(Sachs apud DANTAS, 1999, p.23).
Com tantos benefícios, dançar deveria fazer parte da vida das pessoas
desde a infância, havendo estímulo para que a criança a pratique ou contemple.
A criança é um ser em constante mobilidade e utiliza-se dela para buscar
conhecimento de si mesma e daquilo que a rodeia, relacionando-se com objetos e
pessoas. A ação física é necessária para que a criança harmonize de maneira
integradora as potencialidades motoras, afetivas e cognitivas. Desta forma, ações
comuns a ela, como correr, pular, girar e subir nos objetos são algumas das
atividades dinâmicas que estão ligadas à sua necessidade de experimentar o corpo
não só para seu domínio, mas na construção de sua autonomia (BRASIL, 1997).
Neste sentido, a partir da imagem corporal a criança configurará seu funcionamento
20
motor, verbal e cognitivo (LEVIN, 2001), ou seja, a ação física é essencial para que
a criança construa sua própria personalidade.
Sendo a escola, então, uma necessidade para a formação plena do homem,
seria de se esperar que a dança, um importante instrumento para o desenvolvimento
da criança, estivesse inserida na escola há algum tempo, já que é um dos principais
núcleos educativos.
Segundo MORANDI (2006), historicamente a dança esteve pouco presente
nas escolas e principalmente no ensino de arte. A dança tem pouca participação na
história do ensino de arte no Brasil, sendo sua presença frequentemente relacionada
às festividades escolares ou como atividade recreativa e lúdica, sem intuito de
promover o seu ensino. O reconhecimento de sua importância é recente, carregando
ainda consigo vestígios e preceitos negativos que historicamente impediram sua
inserção nas escolas como área de conhecimento específica e autônoma. É claro
que as apresentações de dança têm papel importante no ensino e aprendizagem de
dança, mas desde que sejam resultados de todo o processo ocorrido durante as
aulas de dança, pois o propósito da dança como forma de arte e expressão é
propiciar ao corpo que dança possibilidades diferenciadas de percepção, o que não
ocorre com o corpo em uma dança onde não houve o preparo prévio.
21
3. A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS FOCANDO A INTELI-GÊNCIA
CORPORAL-CINESTÉSICA.
Em 1900, segundo MIRANDA (2007), o psicólogo francês Alfred Binet foi
solicitado para que desenvolvesse uma medida de predição do sucesso escolar de
crianças das primeiras séries. Desta forma surgiu o primeiro teste de inteligência. Tal
teste tinha por finalidade geral diferenciar crianças “retardadas” e crianças “normais”
nos mais diferentes graus. Após a I Guerra Mundial, onde o teste de Q.I. (Quociente
Intelectual) foi utilizado para medir a inteligência dos soldados, tornou-se muito
popular sua aplicação.
Com a popularização do teste, propagou-se a idéia de inteligência nele
inserida. A inteligência seria única, estagnada, passível de ser medida
quantitativamente. Segundo GARDNER (1995, p. 21), autor da teoria das
Inteligências Múltiplas na visão tradicional: "a inteligência é (...) a capacidade de
responder a itens em testes de inteligência." Os testes psicométricos consideram
que existe uma inteligência geral, nos quais os seres humanos diferem uns dos
outros, que é denominada g. Este g pode ser medido através da análise estatística
dos resultados dos testes. É importante acrescentar que tal maneira de encarar a
inteligência ainda hoje está presente no senso comum e mesmo em muitas parcelas
do meio científico.
Porém podemos observar que durante todo o século XX, segundo MIRANDA
(2007), vários psicólogos e cientistas de outras áreas do conhecimento fizeram
fortes críticas aos testes de Q.I. VYGOTSKY, por exemplo, apontou o erro no que
diz respeito aos testes de inteligência abordarem as zonas de desenvolvimento
proximal de modo errado. Piaget trabalhava com tais testes, mas a sua atenção era
voltada para as linhas de raciocínio das crianças, não para as respostas dadas.
Estudando as respostas erradas e os raciocínios que conduziam a elas, Piaget
construiu parte de sua teoria. Ao criticarem o modo como era medido a inteligência,
o próprio conceito de inteligência contido em tais testes era também criticado.
Entretanto uma proposta mais revolucionária surgiu recentemente através de
Howard Gardner, psicólogo e professor norte americano. GARDNER (1995, p.14)
entende por inteligência "a capacidade para resolver problemas ou elaborar produtos
que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários." A
novidade dentro da teoria de Gardner é considerar a inteligência como possuindo
várias facetas. Tais facetas, que na verdade são talentos, capacidades e habilidades
mentais; são chamadas de inteligências na teoria das Inteligências Múltiplas, como o
próprio nome explicita.
Antes de discorrer a respeito da teoria e das diversas inteligências vale
lembrar de um curioso incidente que aconteceu em nosso país antes de Copa do
Mundo de 1958. O Brasil possuía seu primeiro psicólogo esportivo, João
Carvalhaes, que atendia a seleção brasileira de futebol. O psicólogo resolveu aplicar
em todos os jogadores testes de QI. Garrincha, que estava no apogeu de sua
carreira, após responder os testes ficou sabendo que seu quociente intelectual era
irrisório, sendo classificado como débil mental. Por este motivo quase foi impedido
de participar da Copa. (MODERNELL, 1992, p. 56)
Ninguém duvida do talento que possuía este atleta quando se encontrava no
meio de um gramado com a bola nos pés. Todavia, o teste psicométrico de
inteligência indicava Garricha como uma pessoa sem grandes chances de ser bem
sucedido em sua vida, o que não correspondeu à realidade. Fica claro que os testes
de QI predizem apenas como vai ser o desempenho escolar e não o sucesso
profissional depois de concluída a instrução formal.
É dentro desta perspectiva que GARDNER (1995), apresenta a teoria das
Inteligências Múltiplas (IM). Os testes de QI medem apenas as capacidades lógica e
linguística, capacidades que normalmente são as únicas exigidas e avaliadas pelas
escolas e, sem dúvida, as capacidades mais valorizadas em nossa sociedade.
Gardner pretende considerar também as outras capacidades, as outras
"inteligências" menos lembradas, para analisá-las em sua teoria.
Para selecionar quais as inteligências que seriam trabalhadas em sua teoria
foram utilizadas diversas fontes: as informações disponíveis sobre o
desenvolvimento normal e o desenvolvimento do indivíduo talentoso; estudos sobre
populações prodígios, idiotas sábios, crianças autistas, crianças com dificuldade de
aprendizagem; dados sobre a evolução da cognição; considerações culturais
comparadas sobre a cognição; estudos psicométricos; estudos de treinamento
psicológico e principalmente análise da perda das capacidades cognitivas nas
condições de lesão cerebral. Foram consideradas inteligências genuínas apenas as
inteligências candidatas que satisfaziam todos ou, pelo menos, a maioria dos
critérios acima. Além disso cada inteligência deveria ter uma operação nuclear ou
23
um conjunto de operações identificáveis e deveria também ser capaz de ser
codificada em um sistema de símbolos. (GARDNER, 1995, p. 21-22)
Deste modo, foram selecionadas sete inteligências em particular: lógico-
matemática, linguística, musical, corporal-cinestésica, espacial, interpessoal e
intrapessoal. Cada uma delas analisada separadamente.
Neste novo modelo educacional, os professores deixam de ser os
entregadores principais da informação, passando a atuar como facilitadores do
processo de aprendizagem, onde o aprender a aprender é privilegiado em
detrimento da memorização de fatos. O aluno deve ser visto como um ser “total” e,
como tal, possuidor de inteligências outras que não somente a linguística e a lógico-
matemática. Outras inteligências devem ser desenvolvidas como a espacial,
corporal, musical e outras.
A inteligência corporal-cinestésica está relacionada com o movimento físico
e com o conhecimento do corpo. É a habilidade de usar o corpo para expressar uma
emoção (dança e linguagem corporal) ou praticar um esporte, por exemplo.
Garrincha, reprovado no teste de QI, provavelmente apresentaria um ótimo
desempenho nesta inteligência se esta fosse submetida a um teste psicométrico.
"O controle do movimento corporal está, evidentemente, localizado no córtex
motor, com cada hemisfério dominante ou controlador dos movimentos corporais no
lado contra-lateral." (GARDNER, 1995, p. 23). Porém é possível acrescentar outras
áreas corticais também importantes para a realização do movimento que Gardner
deixa de lado. Uma delas é o giro pós-central, onde está localizado o Homúnculo de
Penfield sensitivo. É uma representação somatotópica: cada ponto sensitivo do
corpo tem uma representação nesta parte do córtex. Por exemplo, a mão, que
possui muitos receptores sensitivos, possui uma representação grande no córtex
enquanto que o pé, com menos receptores, possui uma área menor. (MACHADO,
1981, p. 219). Deste modo, esta área cortical tem como função sentir, perceber o
corpo para que o movimento possa ser harmônico. Outra área importante é o córtex
pré-motor, que integra os impulsos motores no tempo, permitindo a criação de
movimentos habilidosos, suaves e finos. (LÚRIA, 1981, p. 154)
A inteligência corporal-cinestésica pode ser melhor observada em atores,
atletas, mímicos, artistas circenses e dançarinos profissionais.
24
A teoria das Inteligências Múltiplas tem enorme importância ao conseguir
derrubar a idéia de uma inteligência única, fechada. A muito a ciência estava
impregnada com tal idéia e já era tempo de fazermos uso de uma noção de
inteligência mais dinâmica.
Embora ninguém possa discordar das afirmações acima, também esta teoria
tem seus erros. Talvez o grande erro seja, tendo em vista as inúmeras capacidades
humanas valorizadas em nossa sociedade, escolher algumas ignorando, com efeito,
as outras não mencionadas. Por outro lado considerar todas as inteligências seria
impossível e inadequado.
Por isso GARDNER escolheu um número limitado de determinadas
inteligências e acreditou em uma independência entre elas. Tal comportamento foi
exemplo típico do pensamento pragmatista americano. Deste modo as inteligências
escolhidas poderiam ser trabalhadas de modo mais eficaz.
Com base nos estudos de GARDNER (1995), a evolução dos movimentos é
uma vantagem para os seres humanos, esta adaptação é ampliada através do uso
do corpo. Assim, parece que o conhecimento corporal-cinestésico satisfaz muito dos
critérios de uma inteligência. Podemos observar também que a dança possibilita
desenvolver outras inteligências como:
a. espacial: capacidade de formar um modelo mental preciso de uma situação
espacial, em um sentido de direção;
b. musical: aptidão para se expressar por meio dos sons, para organizá-los de
maneira criativa;
c. interpessoal: capacidade de se relacionar bem com as pessoas;
d. intrapessoal: habilidade de estar bem consigo mesmo.
Porém poderíamos considerar também as inúmeras capacidades existentes
em cada ser humano e, sem pretensão de desejar um desenvolvimento total,
procurar desenvolver a inteligência em que cada pessoa em particular é mais apta,
que não necessariamente precisa estar incluída nas dez inteligências descritas na
teoria das IM. Desta forma, o educador - ou qualquer outro profissional que
trabalharia com a inteligência precisaria conhecer melhor cada indivíduo para
perceber nele a capacidade que se sobressai. Os resultados provavelmente seriam
25
melhores, pois, conforme vimos, a independência pura entre as inteligências não
existe e desenvolvendo melhor uma capacidade, outras também seriam afetadas.
Mas este seria um passo mais adiantado. Levando-se em conta a atual
situação dos profissionais que, de qualquer forma, trabalham com o aprendizado, a
simples adoção da teoria das IM já é mais do que satisfatório.
Sendo assim é função da educação oportunizar as diferentes inteligências,
de tal sorte a levar as crianças a descobrirem seus interesses e capacidades
peculiares. Estas oportunidades se fazem através de instruções explícitas, porém
sempre respeitando as etapas de desenvolvimento.
A dança em seu caráter educativo pode trazer grandes contribuições para o
desenvolvimento da aprendizagem. Enfim, a dança pode contribuir para um bom
aprendizado, sem que seja necessário deixar de lado os conteúdos programáticos, a
mesma deverá estar voltada para o desenvolvimento da auto-estima, confiança,
motivação, elementos estes de suma importância para o processo ensino
aprendizagem.
A dança é uma forma de interação e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no exercício da espontaneidade. Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social. (BRASIL, 1997 p.58).
Existem coisas que não podem ser medidas pelos padrões convencionais. É
o caso dos sonhos da imaginação, da fantasia. O sonho pode ser pequeno, mas
pode transformar-se em algo muito maior. Na verdade, não é o sonho em si que
importa, mas o que fazemos com ele.
Vimos através dos autores o quanto a Dança pode contribuir para a
formação psicossocial do indivíduo e como esta poderá ser aproveitada dentro do
contexto escolar. Entende-se que a partir destes esclarecimentos à dança poderá
ser vista como mais um elemento capaz de possibilitar ao educando autonomia e
consciência crítica. Considera-se então que a Dança na Escola poderá abrir novos
caminhos que vise uma maior qualidade de ensino.
26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dança na escola quando aplicada com metodologia adequada e,
principalmente com consciência pedagógica, possibilita ao educando uma formação
corporal global, ampliando suas capacidades de interação social e afetiva,
desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas. Quando realizada de forma
lúdica e não competitiva, a dança escolar passa a ser agente de formação e
transformação, possibilitando oportunidades de humanização e integração entre
todos os alunos, aumentando assim a auto-estima colocando em prática o sentido
de uma educação voltada para a inclusão. Os professores são responsáveis por
programar ou, melhor, saber “criar” um ensino que possibilite aos seus alunos para o
envolvimento, a motivação, o entusiasmo, a curiosidade, o sentido de humor e o
espírito crítico. As artes, assim como a dança proporcionam essa possibilidade. A
influência do professor no fenômeno da aprendizagem é enorme e deve ser
construída a partir da empatia e da qualidade afetiva.
Assim a dança, entendida como a arte de expressão em movimento,
destaca na educação a ótica da sensibilidade, da criatividade e da expressividade,
como uma nova direção que se quer dar para a razão, a ética, a cultura, e a estética
– pelo saber através do sentir, da intuição, e com o objetivo de uma formação
integral do aluno. Uma educação na sensibilidade, vivência no sentir o outro e na
própria sensação de si mesmo.
Em relação ao professor, é prudente que leve em conta as limitações de sua
aspiração como profissional, não devendo se acreditar um "criador" de
imortalidades, um "escultor" que modela todas as crianças, mas é inegavelmente o
cultivador de seres dotados de todas e de cada uma das capacidades humanas. O
professor que faz dança tem que se limitar a estimular e aproveitar as crianças que
têm frente a si, procurando fazer emanar as melhores condições e possibilidades de
cada uma delas, para que essas capacidades floresçam e um dia, quem sabe,
possa colher as flores do seu sucesso na platéia obscura de um teatro, ficando
incógnito, mas saboreando o sucesso daquela que um dia passou por suas mãos,
como se fosse um pedacinho seu.
Com tudo o que foi exposto no presente estudo, não há como opor-se que a
dança contribui no processo ensino aprendizagem. Por meio dessa arte adquire-se
um desenvolvimento gradativo, com melhora no rendimento escolar, mudança
positiva no comportamento, entre muitos outros aspectos, devido à dança ser uma
atividade completa que exercita corpo, mente e alma. Por isso é necessário a
introdução dessa arte nas escolas, a fim de que as crianças tenham acesso à arte e
à cultura.
O aprendizado por meio de atividades como a dança, possibilita uma
melhora significativa no comportamento social dos alunos, além de desenvolver os
aspectos cognitivos e motor, resultando na formação de um cidadão ético, formador
de suas opiniões e idéias.
O processo de ensino/aprendizagem é um ato dinâmico, onde o corpo não
pode ficar estático e sem prazer e emoção.
A emoção, a liberdade de criação, a expressão corporal são elementos
facilitadores no fortalecimento da identidade do educando, na sua auto-estima da
qual resulta uma aprendizagem prazerosa.
Portanto, a base para uma boa aprendizagem está nas múltiplas linguagens
do nosso corpo na qual a música, a dança, o lúdico e o afeto são peças
fundamentais na formação integral do aluno.
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