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AJES-INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE NA INCLUSÃOSOCIAL BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS: o lúdico na aprendizagem – importância nas séries iniciais Autora: JOSELAINE ALVES PAES Orientadora: Profa. Ma. MARINA SILVEIRA LOPES ARIPUANÃ/2012

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AJES-INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE NA INCLUSÃOSOCIAL

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS: o lúdico na aprendizagem – importância

nas séries iniciais

Autora: JOSELAINE ALVES PAES

Orientadora: Profa. Ma. MARINA SILVEIRA LOPES

ARIPUANÃ/2012

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AJES-INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE NA INCLUSÃOSOCIAL

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS: o lúdico na aprendizagem – importância

nas series iniciais

Autora: Joselaine F. Alves Paes

Orientadora: Profa.Ma.MARINA SILVEIRA LOPES

Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do titulo em psicopedagogia com ênfase na inclusão social.

ARIPUANÃ/2012

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AGRADECIMENTOS

Ao meu filho Gustavo, por ser minha alegria, meu companheiro na

caminhada da vida e morar em meu coração.

A todos os meus familiares e amigos, cujas experiências compartilhadas

comigo resultaram em valiosas contribuições.

E a Deus por ter sido bom e generoso comigo, me brindando com essas

pessoas maravilhosas e sempre iluminando o meu caminho.

Obrigada Senhor, por tudo.

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DEDICATÓRIA

A família, meus amigos, meus colegas de trabalho e aos meus

professores, por tudo o que vocês fizeram e fazem.

Que o Senhor Deus abençoe a todos.

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EPÍGRAFE

A EXCELÊNCIA DA SABEDORIA

Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus

mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu

coração ao entendimento, e se clamares por entendimento, e por inteligência alçares a

tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então

entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus.

Porque o Senhor dá a sabedoria: da sua boca vem o conhecimento e o

entendimento.

Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos: escudo é para os que

caminham na sinceridade.

Para que guarde as veredas do juízo: e conserve o caminho dos seus santos.

Então entenderás justiça, e juízo, e equidades, e todas as boas veredas.

Porquanto a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será suave à

tua alma.

Provérbios 02: 1 – 10

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LISTA DE FIFURAS

Figura 01: Diferentes tipos de jogos..............................................................................34

Figura 02: Jogos de Alfabetização................................................................................36

Figura 03: Jogos eletrônicos..........................................................................................37

Figura 04: Construção de brinquedos em sala de aula.................................................37

Figura 05: Brinquedos construídos pelos alunos...........................................................38

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................08

CAPÍTULO 01: DIFERENTES ABORDAGENS SOBRE O LÚDICO NA ESCOLA.......... 11

1.1 O LÚDICO.............................................................................................................11

1.2 O LÚDICO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.........................................................13

1.3 O LÚDICO NO CONTEXTO ESCOLAR: RESGATANDO O PRAZER DE

APRENDER................................................................................................................15

1.4 LUDICIDADE EM SALA DE AULA......................................................................17

1.5 EDUCAÇÃO LÚDICA...........................................................................................18

CAPÍTULO 02: JOGOS, BRINQUEDOS E BRNCADEIRAS COMO CONTRIBUIÇÃO PARA

O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM..............................................................21

2.1 O JOGO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM.............................................21

2.2 BRINCANDO A CRIANÇA APRENDE................................................................23

2.3 A IMPORTÂNCIA DO JOGO NA APRENDIZAGEM .........................................26

2.4 O JOGO NO PROCESSO EDUCACIONAL.......................................................29

2.5 A LUDOTECA.......................................................................................................30

CAPÍTULO 03: A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA ESCOLA.....................................32

3.1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM..................................................33

CONCLUSÃO........................................................................................................................38

REFERENCIAS......................................................................................................................40

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RESUMO

O lúdico pode ser um instrumento indispensável na aprendizagem, no desenvolvimento e na vida das crianças, tornar evidente que os professores e futuros professores devem e precisam tomar consciência disso, saber se os professores atuantes têm conhecimento de alguns conceitos, como o lúdico e a ludoteca e muitas outras questões sobre a relação do brincar com a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. A partir disso percebe-se que ele desperta o interesse pelas disciplinas, a criança satisfaz em grande parte seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. O lúdico, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são importantes para o desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças. A partir desse estudo sabemos que a maioria dos professores obtém certo conhecimento sobre o tema, porém observamos a necessidade nas escolas de uma maior conscientização no sentido de desmistificar o papel do brincar, que não é apenas um mero passatempo, mas sim objeto de grande valia na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças. Palavras-chave: Lúdico, jogos, ensino aprendizagem, professores e brincadeiras.

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INTRODUÇÃO

Compreendemos brinquedos e brincadeiras tradicionais como aqueles que

fazem parte de uma tradição cultural, ou seja, que nossos pais e avós brincavam na

infância e que nos transmitiram brincadeiras que não foram tiradas de livros nem

ensinadas por um professor, mas sim transmitidas por gerações anteriores.

A utilização de brincadeiras e jogos no processo pedagógico faz despertar nas

crianças o gosto pela vida e os leva a enfrentar os desafios que lhe surgirem. Esta

monografia tem o intuito de mostrar o quanto o lúdico pode ser um instrumento

indispensável na aprendizagem, no desenvolvimento e na vida das crianças.

O lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do ser

humano. Vale ressaltar, no entanto que o lúdico não é a única alternativa para a

melhoria no intercambio ensino-aprendizagem, mas é uma ponte que auxilia na

melhoria dos resultados por parte dos educadores interessados em promover

mudanças.

O ser humano, em todas as fases da vida, está sempre descobrindo e

aprendendo coisas novas. Ele nasceu para aprender, descobrir e apropriar dos

conhecimentos, isso é o que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade

como ser participativo, critico e criativo. A essa busca, troca interação dá-se o nome de

educação.

A infância é a idade das brincadeiras, acredita-se que por meio delas a criança

satisfaz seus interesses, necessidades e desejos particularidades, sendo um meio de

inserção na realidade, pois expressa o que ela reflete, ordena, desorganiza, destrói e

reconstrói o mundo. E dessa forma o lúdico se destaca como uma das maneiras eficaz

de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua

forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo.

Os efeitos do brincar começam a ser estudados pelos pesquisadores que

acreditam que a ludicidade como sendo uma ferramenta para auxiliar a prática

pedagógica. Portanto, o brincar faz parte de uma relação cognitiva e representa a

interferência no desenvolvimento da criança, sendo também um instrumento para a

construção do conhecimento do aluno.

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Através de brincadeiras, as crianças reproduzem as atitudes vivenciadas no

seu cotidiano, e à medida que crescem, vão incorporando as representações que

fazem da vida real, bem como os desejos e sentimentos. Desta forma o professor deve

facilitar a aprendizagem utilizando-se de atividades lúdicas que criem um ambiente

alfabetizador para favorecer o processo em adquirir autonomia de aprendizagem, pois

a alfabetização deve ser um processo dinâmico e criativo através de jogos, brinquedos

e brincadeiras em atividades de leitura ou escrita, devendo, no entanto saber usar os

recursos do momento oportuno, utilizando os mesmos para a construção do

conhecimento de forma descontraída.

A brincadeira e o jogo são processos que envolvem o individuo e sua cultura,

adquirindo especificidades de acordo com cada grupo. Eles têm um significado cultural

muito marcante, pois através do brincar que a criança vai conhecer aprender e se

construir cada um ser pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e a brincadeiras são meios

para construção de sua identidade cultural.

Pensar sobre o papel dos jogos pedagógicos na infância é antes de tudo,

considerá-lo uma forma de atividade que não só acompanha a história da criança,

como também mantém sua especificidade sociocultural e sua individualidade. É nesta

perspectiva de se pensar na importância da ludicidade na prática pedagógica como

facilitadora do ensino aprendizagem do aluno nas séries iniciais, analisando as

necessidades existentes dentro da escola para adequá-la as metodologias realizou

este trabalho.

Trataremos do lúdico em seu contexto escolar resgatando assim o prazer de

aprender, a ludicidade dentro da sala de aula, a educação lúdica, o jogo no processo

da aprendizagem, no processo educacional, a importância da ludoteca e do lúdico na

escola.

A metodologia utilizada para a realização da mesma é um vasto levantamento

bibliográfico com relação aos brinquedos e brincadeiras tradicionais: o lúdico na

aprendizagem e sua importância nas series iniciais. E também realizou-se uma visita

em algumas escolas do município de Aripuana/MT para saber como estão sendo

trabalhados o lúdico em sala de aula e através de algumas figuras podemos identificar

alguns jogos trabalhados bem como a construção de alguns brinquedos.

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Esta monografia esta estruturada da seguinte maneira: No capítulo 01 falar-se-

á sobre a origem do Lúdico, O Lúdico No Contexto Escolar: Resgatando O Prazer De

Aprender, a ludicidade em sala de aula e educação Lúdica. No capitulo 02 será

expostoo lúdico na aprendizagem, o jogo no processo de aprendizagem, brinquedo,

brincadeira e jogo, a importância do lúdico na aprendizagem, o jogo no processo

educacional e a ludoteca. No capítulo 03 a importância do lúdico na escola e também

na aprendizagem e verificar Como o Lúdico faz parte da aprendizagem, através de

algumas imagens tiradas para expor diferentes maneiras de trabalhar a ludicidade em

sala de aula, através de jogos de alfabetização, através de brinquedos eletrônicos,

através da construção de brinquedos pelo próprio aluno, bem como o perceber o

Lúdico como Linguagem e Processo Histórico e Cultural e olúdico na Legislação

Brasileira. Em seguida as considerações finais e Referencias bibliográficas.

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CAPÍTULO I

DIFERENTES ABORDAGENS SOBRE O LÚDICO NA ESCOLA

Estudos vem nos mostrando que a criança aprende brincando e é através de

atividades lúdicas que elas desenvolvem diferentes potencialidades e habilidades,

incorpora valores, conceitos, conteúdos, desenvolve limites, reduz a auto-capacidade

de realização, a autonomia, a criatividade, aprimora a coordenação motora, desenvolve

a organização espacial, melhora o controle, amplia o raciocínio lógico, aumenta a

atenção e concentração, desenvolve o espírito de competitividade e a aceitação de

vitória e perda, dentre outros mais.

1.1 O LÚDICO

Para PIAGET (1997, p. 13), o “lúdico tem sua origem na palavra latina ludos,

que quer dizer jogo. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana,

caracterizando-se por ser espontânea funcional e satisfatória”. Por meio da brincadeira

a criança envolve-se no jogo e sente a necessidade de partilhar com outro, brincando e

jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis,

como: atenção, afetividade, concentração e outras habilidades psicomotoras, tornando-

se participativa. A imaginação é desafiada quando busca soluções de problemas

criados pelos personagens imaginários, estimulando assim a inteligência e

desenvolvendo a criatividade.

De acordo com REDIN (2000) Os jogos e as brincadeiras são atividades que,

sendo bem orientados, muitos contribuirão para o desenvolvimento da psicomotricidade

no contexto do processo escolar. Brincar é uma forma de atividade complexa, sendo

assim, possui uma peculiaridade: brincar combina a ficção com a realidade, mas na

forma de fixação. O brincar inclui ainda a experiência de quem brinca desta forma as

crianças reproduzem as ações que percebem em seu meio. À medida que crescem,

incorporando a representação que fazem a vida real os conhecimentos adquiridos, bem

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como os desejos e sentimentos, adquirem assim sabres cada vez mais complexos do

comportamento humano.

Para PIAGET (1997, p 45)

A brincadeira é uma forma de expressão de conduta humana dotada de características espontâneas e prazerosas, que passa a ser um processo assimilativo. É um jogo simbólico no qual a criança cria símbolos lúdicos que funcionam como uma espécie de linguagem interior que permite a elas reviver e repensar acontecimentos interessantes ou impressionantes”.

Com relação ao jogo, PIAGET (1997, p. 65), diz ainda que ele é essencial na

vida da criança. De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança

repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. De

acordo com o mesmo os jogos são muito importantes para a criança e para o seu

desenvolvimento, não estando relacionados somente a brincadeira, mas também no

seu desenvolvimento integral. Desta forma, percebe-se que ao brincar a criança

desenvolve afeto, percepção, linguagem e outras funções cognitivas que estão

interligadas por meio da mente e do corpo.

Segundo ALMEIDA (1988, p. 49),“O jogo é compreendido como um brinquedo

que estimula a criatividade e deverá encontrar maior espaço para ser entendido como

educação na medida em que os professores compreenderem melhor toda sua

capacidade potencial de contribuir para com o desenvolvimento da criança”.

A escola também tem um papel fundamental em estar contribuindo na

formação do aluno, bem como auxiliar o educador, trazendo o lúdico até a sala de aula,

mas nem sempre é assim, pois existem instituições de ensino que trabalham com

métodos tradicionais, com medo de encarar o novo.

GADOTTI (1993, p. 80) comprova e discute a má qualidade do ensino no

Brasil em relação a outros países:

Há 30 anos venho acompanhando a situação da escola e a deteriorização que se deu de forma acentuada no nosso país e na América Latina. Contudo, na América Latina, o Chile, a Argentina, o México, ao lado de outros países como o Uruguai e a Costa Rica, conseguiram avançar muito mais do que o Brasil. O grau de escolaridade é muito maior nesses países. No Chile, o analfabetismo é de apenas 2%, na Argentina, 3% e no México 5%, não se comparando com os índices de 30% no Brasil".

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GADOTTI (1993) atesta que a utilização de atividades lúdicas nas escolas,

pode contribuir para uma melhoria nos resultados obtidos pelos alunos envolvendo o

processo educativo, mas os educadores poderiam auxiliar na busca de melhores

resultados afim de promover mudanças na educação. Estas atividades lúdicas seriam

mediadoras de avanços e contribuiriam para tornar a sala de aula um ambiente alegre

e favorável.

O indivíduo criativo é um elemento importante para o funcionamento efetivo da

sociedade, pois é ele quem faz descobertas, inventa e promove mudanças.

LIBÂNEO (1996, p. 39) nos diz

A função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas á partir de condições existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares que tenham ressonância na vida dos alunos”.

Durante os anos que se passaram a metodologia utilizada pelos professores

passou a ser vista pelos pais de uma maneira equivocada, pois, de um lado os pais

querem mais conteúdos e do outro o professor que precisa mostrar quantidade, quando

nada disso é interessante pois o aluno precisa de qualidade na educação, o professor

deve ter conhecimento e domínio da atividade a qual se propôs a trabalhar e a função

dos pais é observar se seus filhos estão realmente compromissados com a educação e

cobrar do professor métodos novos, atividades lúdicas e envolventes que dêem certo e

não querer que o professor encha seus filhos de tarefa as informações transmitidas

pelos professores devem fazer sentido ao aluno e assim todos ganhariam .

1.2 O LÚDICO NA LEGISLAÇAO BRASILEIRA

Sabendo da real importância do lúdico na vida real do ser humano e

preocupados com esta realidade, procuramos estudar os documentos oficiais da

educação brasileira. Pesquisando, encontramos sobre o aparecimento da atividade

lúdica dentro da legislação brasileira, nos deparamos com diversas leis sobre a infância

que versam sobre o assunto, a saber: “o Estatuto da Criança e do Adolescente, as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação Infantil, a Declaração dos Direitos

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das Crianças, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e os

Parâmetros Curriculares Nacionais”.

De acordo com a lei n°8.069, de 13 de julho de 1990, mais conhecido como

Estatuto da Criança e do Adolescente no se Art.2° diz que: ‘ Considera-se criança, para

os efeitos dessa lei, a pessoa de até doze anos de idade incompletos, e adolescente

aquela entre 12 e 18 anos de idade.’ No Art.59, refere-se ao esforço que os Municípios,

Estados e União, em conjunto, deverão fazer, visando proporcionar programações

culturais, esportivas e de lazer para a infância e a juventude.

A Resolução CEB n°1, de 7 de abril de 1999, que instituiu as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil afirma em se Art. n° 3 que: ‘ as

propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, devem respeitar os

seguintes fundamentos norteadores: princípios estéticos da sensibilidade, da

criatividade, da ludicidades e da diversidade de manifestações artísticas culturais.’

Sabemos que o brincar é uma ação privilegiada no desenvolvimento da

criança, sem esquecer que nós adulto podemos e muitas vezes poderíamos brincar.

Para MURCIA (2005 pág.34) “brincar é uma forma de ação cognitiva na qual

por meio de ações, do sentimentos e das trocas comunicativas a criança observa,

interpreta e atende a realidade”. A brincadeira também oportuniza a criança a

comprovar, reter e precisar de modo afetivo os conhecimentos e propiciam a

aprendizagem nas diferentes fases de idade.

Para desenvolver plenamente e participar do mundo em que vivem a criança

precisa brincar, pois esta é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento

da identidade e da autonomia. É através das brincadeiras e com a interação com seus

colegas que a criança aprende a se comunicar e socializar-se.

No livro da ULBRA – Universidade Luterana do Brasil a autora SILVA (2008

pág.112) relata que “a brincadeira envolve toda a vida da criança, é um meio de

aprendizagem espontâneo e exercita hábitos intelectuais, físicos e sociais e ou morais”

é por meio do brincar que as crianças conhecem e exploram manifestações culturais

expressam emoções e pensamentos demonstrando respeito e aprendendo a valorizar

a diversidade.

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Compartilhando brincadeiras as crianças têm oportunidades de viver diferente

experiências, como disputar, aprender, perder, ganhar e compreender seu papel no

grupo e ir entendendo como é a relação entre as pessoas e assim socializando-se no

mundo da cultura.

Existe também um tipo de classificação que se encontra na memória de cada

um de nós; são aqueles brinquedos e brincadeiras de antigamente, que nossos pais e

avós brincaram na infância e que nos transmitiram. Brincadeiras que não foram tiradas

de livros nem ensinadas por um professor mais transmitidas por gerações anteriores,

são as brincadeiras tradicionais.

As brincadeiras tradicionais estão gravadas na memória. Quando observamos

em detalhes as brincadeiras das crianças de hoje com relação às brincadeiras de

séculos anteriores constataremos que existem obviamente grandes diferenças, uma

vez que as invenções tecnológicas favorecem o esquecimento e o relativo

esquecimento das brincadeiras infantis. Segundo pesquisas da autora SILVA na

ULBRA – Universidade Luterana do Brasil (2008) as opções de brinquedos

industrializados que hoje fazem parte do mundo infantil, tiram da criança o prazer da

construção e da descoberta dos seus brinquedos personalizados que antes eram

produzidos por elas mesmas. Segundo estudos, a criança construindo seus próprios

brinquedos desenvolve ainda mais a inteligência, a criatividade e as habilidades

psicomotoras.

1.3 O lúdico no contexto escolar: resgatando o prazer de aprender

Diante de tantas mudanças contraditórias a escola inserida neste cenário de

modernidade, luta para vencer novos desafios. O que constatamos hoje é que a escola

não tem conseguido garantir a apropriação significativa de conteúdos, neste caso não

preparando o educando nem para o mercado de trabalho e nem para a vida.

É importante destacar que os estudos e reflexões em torno do tema vem

ganhando bastante visibilidade na atualidade, de tal maneira que os jogos e o laser tem

sido objeto de estudo e preocupação de diversas áreas do conhecimento. O laser é

inclusive é afirmado como direito social pela constituição federal vigente, no seu artigo

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6º: “art.6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança

moradia, a proteção, a maternidade e a infância, a assistência aos desamparados”.

(BRASIL 93/94/1996).

O lazer é algo que deve ser visto na educação infantil como primordial, é um

elemento vital na condição humana e deve ser incentivado desde bem cedo por

professores, pais ou responsáveis pela educação das crianças, de modo a propiciar

condições favoráveis ao educando e respeitando cada etapa de vida.

É imprescindível destacar a importância da escola ser um local de diversão e

também de trocas de conhecimentos, deve haver alegria e prazer para descobrir e

aprender, É notório na cidade de Aripuanã MT que uma grande maioria dos alunos

estudam em escolas públicas e que trabalham desde bem cedo para ajudar os pais

em diversas atividades para ajudar na renda familiar, e o tempo de que dispõem é

habitualmente saturado por deveres e afazeres restando pouquíssimas oportunidades

para as atividades ludo-recreativas, sendo estas de suma importância para o

desenvolvimento social, afetivo, cognitivo e mental.

Alguns percalços pedagógicos, segundo ALMEIDA (1988, p. 34), como

desinteresse, indisciplina dos alunos, baixa aprendizagem entre outros de ordem

socioeconômica, permeiam o âmbito escolar, “democratizou–se” o acesso ao ensino,

sem democratizar a melhoria socioeconômica e sendo assim, a escola perde seu brilho

e seu encanto.

Para SANTOS (2000, p. 42)

Os jogos tornam a aula bem mais atraente, devolve ao professor seu papel como agente construtor do crescimento do aluno, elimina o desinteresse e, portanto, a indisciplina, devolvendo a escola a sua função de agência responsável por pessoas mais completas.

Acredita-se, que para conhecer e entender os problemas que interferem na

aprendizagem dos alunos, deve ser uma busca constante. Para isso, o professor deve

refletir sobre sua prática pedagógica em sala de aula. Este aprender a refletir, está

relacionado com sua formação, com sua preocupação em estar atualizado, em

procurar novas metodologias em querer inovar, fazer diferente.

O que se retrata aqui nesta monografia é simplesmente que o professor como

mediador do conhecimento deve adotar metodologias que valorizem de fato, o que a

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criança tem de mais comum, ou seja, a sua espontaneidade, a sua criatividade e a sua

imaginação, pois só assim, ela estará aberta para desenvolver suas habilidades e

assimilar os conteúdos curriculares que são necessários para uma boa aprendizagem.

Neste momento que se ressalta a relevância de resgatar o prazer na educação,

no trabalho e na vida, diante de tantas mudanças no campo educacional, busca-se

uma sociedade em que será imprescindível novas metodologias que valorizem a livre

expressão, ou seja, o trabalho com o lúdico veem para resgatar o autoconhecimento, a

afetividade, a cooperação, a autonomia, a criatividade, enfim a busca do prazer de

aprender e o aprender a aprender. O conhecimento se constrói aos poucos e cabe a

cada um de nós possibilitar maneiras diversificadas para que o aluno aprenda, pois o

mais importante não esta na quantidade e sim na qualidade dos conteúdos repassados

aos alunos através de metodologias prazerosas.

1.4. A ludicidade em sala de aula

A sala de aula tem outras características, o fato de não permitir espaço para

divertimento rigor e a disciplina são mantidos em nome dos padrões institucionais, o

que torna o ambiente infantil artificial, longe dos gostos das crianças. O brincar se

resume em ouvir histórias ou cantar algumas músicas. A hora do recreio e a hora da

saída se tornam os únicos momentos em que as crianças desnudam da

responsabilidade da escola para se permitir brincar e ser criança. Diante disto, a escola

precisa se dar conta que através do lúdico as crianças têm chances de crescerem e se

adaptarem ao mundo coletivo. O lúdico deve ser considerado como parte integrante da

vida do homem não só no aspecto de divertimento ou como forma de descarregar

tensões, mas também como uma forma de penetrar no âmbito da realidade, inclusive

na realidade social.

Sobre o aspecto lúdico da sociedade, SILVERS (1982, p.110), nos diz que

brincando (...) as crianças aprendem (...) a cooperar com os companheiros (...), a obedecer às regras do jogo (...), a respeitar os direitos dos outros (...), a acatar a autoridade (...), a assumir responsabilidades, a aceitar penalidades que lhe são impostas (...), a dar oportunidades aos demais (...), enfim, a viver em sociedade.

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A questão fica sobre o fato das escolas afastarem o lúdico da vivência dos

alunos em sala de aula ao invés de aproveitarem como instrumento facilitador da

aprendizagem, o que demonstra uma postura que nega a cultura infantil. O lúdico é

eminentemente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa

curiosidade a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda descoberta e toda

criação.

1.5 Educação Lúdica

Segundo ALMEIDA (1988, p.13)

A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações com o pensamento coletivo.

Por meio de uma brincadeira de criança, segundo ALMEIDA (1988),pode se

compreender como ela vê e constrói o mundo, o que ela gostaria que fosse, quais são

as suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela

expressa o que tem dificuldade de traduzir em palavras.

Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo, embora

ela e os adultos que a observam possam pensar assim. Mesmo quando participa de

uma brincadeira, em parte para preencher momentos vagos, segundo ALMEIDA

(1988), sua escolha é motivada por processos internos, desejos, problemas,

ansiedades. O que se passa na mente da criança determina suas atividades lúdicas;

brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo que não a

entendemos.

Talvez a lição de maior valor que as crianças podem aprender brincando seja

que, quando perdem, o mundo não acaba. Se a criança perde o jogo, pode ganhar no

próximo, ou no seguinte.

Perdendo em jogos que podem ser disputados de novo ou vencidos, as

crianças entendem que, apesar dos reveses temporários na vida, ainda podem ter

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sucesso, inclusive na mesmíssima situação em que experimentaram a derrota. Muitas

crianças que não tem grandes oportunidades de brincar e com as quais raramente se

brinca, para ALMEIDA (1988), sofrem grave interrupção ou retrocesso intelectual,

porque, na brincadeira e por meio dela, a criança exercita seus processos mentais.

Sem esse exercício, seu pensamento pode permanecer superficial e pouco

desenvolvido. O desenvolvimento da linguagem também é favorecido se o adulto

participar com o filho de conversas prolongadas, num nível apropriado. Brincar é muito

importante, porque enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança,

também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários a esse

crescimento, como a persistência, tão relevante em todo aprendizado.

Dizer simplesmente a uma criança que o importante é "competir" não dará a

essa mensagem um impacto real. Ninguém adquire atitudes apenas porque lhe dizem

que elas são desejáveis. A criança só pode transformar essas atitudes em parte de sua

vida participando de situações que exijam e que também demonstram suas vantagens.

ALMEIDA (1988) coloca que por meio dos jogos, a criança aprende a dominar

e conhecer as partes do seu corpo e as suas funções, a orientar se no espaço e no

tempo, a amar a arte, a natureza, a manipular e a construir, a desempenhar os papéis

necessários para as futuras etapas da sua vida, a elaborar as suas fantasias e seus

temores, a sentir emoções, a competir, a cooperar e a solidarizar se com os outros, a

avaliar as suas tensões, a saber perder e ganhar, em suma ela pode desenvolver as

suas múltiplas inteligências. Todas essas aprendizagens ocorrem num nível consciente

e, durante o processo, a criança só experimenta prazer. Os jogos permitem lhe

expressar o seu impulso de auto realização, a crescer e amadurecer num ambiente de

aceitação.

WITTIZORECKI (1995) Em síntese, a criança que desde bem cedo tem

contatos com diferentes tipos de jogos ela passa a desfrutar a vida de maneira

prazerosa e aprende desde o princípio o amor a educação e passara a desenvolver

suas capacidades e habilidades. Aprenderá a procurar a felicidade, sentirá segura com

as suas habilidades. Cabe aos pais esse incentivo desenvolvendo nas crianças o

prazer de divertir se juntos, recuperando as emoções que sentiam ao brincar na sua

própria infância e tudo isso proporcionará um forte laço de ternura e alegria entre

ambos. A postura do professor que esta comprometida realmente com a educação

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frente a esse trabalho é fundamenta importância, visto que o mesmo para trabalhar

com atividades lúdicas com o aluno ele precisa gostar, ou seja, adquirir o prazer de

brincar e se envolver nesta atividade, para que o aluno aprenda a curtir esse momento.

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CAPÍTULO II

JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO

DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Para facilitar o processo de ensino e aprendizagem é necessário inserir no

contexto escolar, jogos, brinquedos e brincadeiras, pois estes trazem consigo a alegria

e a satisfação de uma aprendizagem significativa. Para facilitar a compreensão deste

tema iremos estudar o que alguns autores podem contribuir sobre o mesmo.

2.1 O jogo no processo de aprendizagem

O brincar e o jogar segundo REDIN (2000), são atos indispensáveis à saúde

física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde

os mais remotos tempos. Através deles, a criança desenvolvem a linguagem, o

pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um

cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. O

jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no

desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla,

bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a

interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a

obtenção e organização de dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas

situações que, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a

regras, quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.

Para o mesmo, o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou

brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico,

cognitivo, afetivo e moral. Através dele se processa a construção de conhecimento,

principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos,

as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a

noção de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. As crianças

ficam mais motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se

para superar obstáculos tanto cognitivos como emocionais.

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O jogo corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de

extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o

desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa

individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e

conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Através do jogo o

indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua

espontaneidade criativa. O jogo é essencial para que a criança manifeste sua

criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral. É somente sendo

criativo que a criança descobre seu próprio eu.

O jogo não é um método compreendido como a realização de um caminho para

chegar num determinado fim. O jogo é um caminho segundo o qual podemos mostrar e

explicar, com determinados pressupostos, como se dá e deve ocorrer o saber filosófico.

Segundo o autor MUNIZ (2010) jogo não constitui a panaceia da educação.

Mas, sem ele, perde se o fio que conduz à eletricidade. O ensino escolar não pode se

esgotar em si mesmo. Por definição o que se aprende na escola é para ser exercido

fora dela, na vida de cidadão. Portanto, é bastante plausível a ideia de acabar com o

modelo atual da escola. Por jogo compreendemos o lúdico, o cúltico, o dramático, o

literário. Muito mais que um ‘mero fazer de conta’ o jogo possui uma dimensão fixa,

objetiva, com regras próprias, tempo limitado, espaço demarcado, correndo na mais

absoluta seriedade - embora seja um jogo. Contudo, ele só acontece com as

dimensões subjetivas tais como a liberdade, correr o risco, consciência que apenas

após ter jogado saberá o resultado. Com a noção de jogo conservamos os principais

ganhos da modernidade: a objetividade científica e a subjetividade. Nesse sentido, só

joga em sentido autêntico quem se propõe jogar.

Distingue se o jogo do jogador em seu comportamento subjetivo. “No jogo,

enquanto o comportamento lúdico não desaparecer, todas as referências finais, regras

que permanecem, por assim dizer, suspensas, pois quem joga sabe que o jogo não é

mais que jogo e este só cumpre o objetivo que lhe é próprio quando o jogador se

abandona totalmente no jogo” REDIN (2000 pág. 29).

A relação que o jogador possui com o jogo é diferente de sua relação com

outros objetos. Nesse sentido não é possível mostrar o sentido do jogo

independentemente do jogador.

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Pode se afirmar que o sujeito do jogo não são os jogadores senão que por

meio deles o jogo simplesmente acede à sua manifestação. É por isso que não

devemos compreender o jogo como um simples desempenho de uma atividade

teologicamente predeterminada. MUNIZ (2010) O sujeito é o jogo em si mesmo, joga

e é jogado nele mesmo sendo necessário que haja no jogo um outro que jogue com ele

e responda às suas iniciativas com suas contra iniciativas. O jogo apresenta uma tarefa

particular ao que joga onde este não pode abandonar se, simplesmente, à sua

liberdade ao jogar. No jogo cultural necessita se de uma comunidade ou um espectador

para que aconteça de modo autêntico.

2.2 Brincando a Criança Aprende

O vocábulo lúdico tem sido bastante explorado pelos estudiosos, tanto da área

da psicologia quanto da educação. Não se tem clareza, entretanto, segundo SNYDERS

(2004), até que ponto influencia na maximização das possibilidades de

desenvolvimento humano. O que se sabe é que, com certeza, faz parte das

características que tornam o homem mais criativo e aberto a novas situações de

aprendizagem. O lúdico não é característica apenas humana, afirma suas raízes em

sociedades animais, constituindo-se não apenas como uma preparação à vida adulta,

mas como uma atividade que contém seu fim em si mesmo, buscado apenas para o

momento em que se vive, sem pretender outro sentimento ou outra emoção que não o

prazer de brincar.

O ato de brincar passa a ser considerado como um fator fundamental no

processo de desenvolvimento humano. No brincar, SNYDERS (2004) diz que há uma

estreita relação entre espontaneidade e criatividade. Há também uma progressiva

aceitação das regras sociais e morais. É brincando que a criança se humaniza,

aprendendo a conciliar de forma efetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos

afetivos duradouros. Ao brincar, a criança desenvolve uma das mais importantes

funções psicológicas superiores, que é a imaginação. Para a autora, é de homens

criativos e autônomos que a sociedade precisa. Criatividade e autonomia se

desenvolvem quando se propicia à criança um ambiente familiar e escolar que favorece

essas características.

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Brincando, a criança vai construindo os alicerces da compreensão e utilização

de sistemas simbólicos como o da escrita, e também da capacidade e habilidade em

perceber, criar, manter e desenvolver laços de afeto e confiança no outro. “Esse

processo tem início desde o nascimento, com o bebê aprendendo a brincar com a

própria mãozinha, e mais adiante, com a mãe”. (OLIVEIRA, 2000, p. 32). Desta forma,

a criança vai aprendendo a interagir e cresce como ser social e autônomo. Segundo o

mesmo autor, o lúdico não está nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, como no

computador, mas nas crianças ou no homem, que os imaginam, organizam e

constroem. Embora haja diversas hipóteses de que o jogo se ache ligado a alguma

coisa que não seja o próprio jogo, a intensidade deste e seu poder de fascinação não

podem ser explicados por análises biológicas. O divertimento parece ser seu único

significado e sua única motivação. As crianças brincam porque gostam de brincar.

Todo jogo é capaz, segundo SNYDERS (2004), a qualquer momento, de

absorver inteiramente o jogador. Nunca há um contraste bem nítido entre ele e a

seriedade, sendo a inferioridade do jogo sempre reduzida pela superioridade de sua

seriedade. Ele se torna seriedade e a seriedade, jogo. É possível ao jogo alcançar

extremos de beleza e de perfeição que ultrapassam em muito a seriedade.

Embora as pesquisas em torno do jogo tenham iniciado no início deste século,

o ressurgimento das pesquisas psicológicas sobre o jogo infantil nos anos 70 foi, em

grande parte, estimulado por Piaget e sua obra. “Seguindo uma orientação cognitiva, o

autor analisa o jogo integrando a vida mental, sendo caracterizado por uma particular

orientação do comportamento que denomina assimilação.” (KISHIMOTO, 1998, p. 39).

Ainda seguindo a linha de raciocínio de KISHIMOTO, 1998 na acomodação, as

estruturas mentais existentes reorganizam-se para incorporar novos aspectos do

ambiente externo. O brincar é identificado pela primazia da assimilação sobre a

acomodação, porque é através das brincadeiras que se descobre novidades, e se

estabelece estruturas até então desconhecidas por parte do ser brincante.

É através do movimento, da ludicidade, e não da atividade estagnada e

repetitiva, que o ser humano progride, melhora e aprende mais. O lúdico é como um

canal capaz de mediar o real, o imaginário e o simbólico: o que é, o que poderá vir a

ser e o que poderia ser representado. Diante de todas as opiniões acima citadas,

conclui-se que, embora sejam diversos os autores, todos concordam sobre a

importância do lúdico nas possibilidades de desenvolvimento das pessoas. Muito se

tem refletido acerca dos métodos de ensino, quanto a sua eficiência e eficácia. Há

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discursos que divergem quanto às características que devem fazer parte de uma boa

aula a ser ministrada. Os princípios de disciplina vêm tomando novos conceitos no

curso da história da educação. Se antes o silêncio era o termômetro para se identificar

uma boa aula, hoje a fala que permeia a prática educativa discorre sobre a liberdade, a

motivação, a necessidade de as crianças se sentirem bem nas escolas. A lei do deixe

falar norteia as atividades em sala de aula da maioria das instituições de ensino de

nosso país.

Em todos os tempos, para todos os povos, segundo SNYDERS (2004), os

brinquedos evocam as mais sublimes lembranças. São objetos mágicos, que vão

passando de geração a geração, com um incrível poder de encantar crianças e adultos.

Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação intima com a criança e uma

indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que

organizam sua utilização. O brinquedo contém sempre uma referência ao tempo de

infância do adulto com representações vinculadas pela memória e imaginações. O

vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo, pois

conota a criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Enquanto objeto, é

sempre suporte de brincadeira.

A brincadeira, segundo ALMEIDA (1988), é alguma forma de divertimento típico

da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em

compromissos, planejamento e seriedade e que envolve comportamentos espontâneos

e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói seu

conhecimento e aprende a conviver com seus amiguinhos. A brincadeira transmitida à

criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração a

outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea.

Para a criança, de acordo com ALMEIDA (1988), a brincadeira gira em torno da

espontaneidade e da imaginação. Não depende de regras, de formas rigidamente

estruturadas. Para surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um risco no chão.

A brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão

presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas

de faz-de-conta, como ainda nas que exigem. A brincadeira não é um mero

passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de

socialização e descoberta do mundo. O jogo pode ser visto como resultado de um

sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social ou um sistema de regras

e um objeto.

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O sentido do jogo, segundo ALMEIDA (1988), depende da linguagem de cada

contexto social. Enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada

sociedade lhe atribui. É este aspecto que nos mostra porque, dependendo do lugar e

da época, os jogos assumem significações distintas. O jogo é, por excelência,

integrador, há sempre um caráter de novidade, o que é fundamental para despertar o

interesse da criança, e à medida que joga ela vai conhecendo melhor, construindo

interiormente o seu mundo. Esta atividade é um dos meios propícios à construção do

conhecimento.

2.3 A Importância do Jogo na Aprendizagem

O lúdico tem sua origem, segundo GADOTTI (1993), na palavra latina ludus

que quer dizer "jogo”. Se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se

referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser

reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De

modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da

necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo. O Lúdico

apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana. Assim, na idade

infantil e na adolescência a finalidade é essencialmente pedagógica. A criança e

mesmo o jovem opõe uma resistência à escola e ao ensino, porque acima de tudo ela

não é lúdica, não é prazerosa.

O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa,

segundo GADOTTI (1993), brincar para crescer, precisa do jogo como forma de

equilibração com o mundo. A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser

humano é um espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é o espaço

para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a criança para o

exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos. Pela

atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece

relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento

físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando.

A ludicidade é uma atividade que tem valor educacional intrínseco, mas além

desse valor, que lhe é inerente, ela tem sido utilizada como recurso pedagógico.

Segundo NUNES (2009), várias são as razões que levam os educadores a recorrer às

atividades lúdicas e a utilizá-las como um recurso no processo de ensino-

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aprendizagem: as atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança, e

neste sentido, satisfazem uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma

tendência lúdica. O lúdico também apresenta dois elementos que o caracterizam: o

prazer e o esforço espontâneo.

Ele é considerado prazeroso, segundo GADOTTI (1993), devido a sua

capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de

entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com

forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude

desta atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um

interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para

consecução de seu objetivo. Portanto, as atividades lúdicas são excitantes, mas

também requerem um esforço voluntário. As situações lúdicas mobilizam esquemas

mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções

psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento.

O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras

e a imaginação favorecem a criança comportamento além dos habituais. Ela reproduz

muitas situações vividas em seu cotidiano, que através do “faz-de-conta” são

reelaboradas criativamente, vislumbrando novas possibilidades e interpretações do

real.

Segundo REDIN (2000, p. 64)

A criança que joga está reinventando grande parte do saber humano. Além do valor inconteste do movimento interno e externo para os desenvolvimentos físicos, psíquicos e motor, além do tateio, que é a maneira privilegiada de contato com o mundo, a criança sadia possui a capacidade de agir sobre o mundo e os outros através da fantasia, da imaginação e do simbólico, pelos quais o mundo tem seus limites ultrapassados: a criança cria o mundo e a natureza, o forma e o transforma e, neste momento, ela se cria e se transforma.

O mundo da fantasia, da imaginação, do jogo, do brinquedo e da brincadeira,

além de prazeroso também é um mundo onde a criança está em exercício constante,

não apenas nos aspectos físicos ou emocionais, mas, sobretudo no aspecto intelectual.

Mas o que pudemos observar nas realizações de visitas às escolas, é que o

lúdico e o brincar estão mais presentes na educação infantil do que nas séries iniciais.

Nesta, a sala de aula é apresentada como coisa séria, não permitindo espaço para o

divertimento; o rigor e a disciplina são mantidos em nome dos padrões institucionais, o

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que torna o ambiente infantil artificial, longe dos gostos das crianças. O brincar se

resume em ouvir histórias ou cantar algumas músicas. A hora do recreio e a hora da

saída se tornam os únicos momentos em que as crianças desnudam da

responsabilidade da escola para permitir-se brincar e ser criança.

Os professores estão mais preocupados com o conteúdo, com o silencio e a

organização na sala de aula. Eles devem ter em mente que o jogo não é simplesmente

um passatempo para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda

exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação

escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as

faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da

palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que

se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses,

explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogo é essencial para que a criança

manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral. É

somente sendo criativo que a criança descobre seu próprio eu.

Segundo SANTOS (2000, p. 166)

Educadores e pais necessitam ter clareza quanto aos brinquedos, brincadeiras e/ou jogos que são necessários para as crianças, sabendo que eles trazem enormes contribuições ao desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar. No jogo, ela está livre para explorar, brincar e/ou jogar com seus próprios ritmos, para auto-controlar suas atividades, muitas vezes é reforçada com respostas imediatas de sucesso ou encorajada tentar novamente, se da primeira alternativa não obteve o resultado esperado.

Os educadores e pais devem estar cientes que brincar só faz bem para a

criança, e que ela desenvolve, amadurece e aprende ao mesmo tempo, pois ao brincar

se sente livre para criar e recriar o mundo ao seu modo. Os jogos, os brinquedos e as

brincadeiras são atividades fundamentais nas áreas de estimulação da educação

infantil e nas séries iniciais, e é uma das formas mais natural e prazerosa no processo

de aprendizagem.

Observa-se na prática em sala de aula que os jogos e brincadeiras mais

frequentes na educação infantil são: massinha de modelar, pintura, rodas e cantigas,

contar histórias, brincadeiras livres com brinquedos e atividades no parquinho da

escola. Já nas séries iniciais geralmente são utilizados os jogos educativos, tais como,

quebra-cabeça, jogos matemáticos, jogo de memória e a educação física.

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Quanto mais rica for à experiência pela criança, maior será o material

disponível e acessível a sua imaginação, daí a necessidade do professor ampliar, cada

vez mais, as vivências da criança com os jogos, brinquedos e brincadeiras. A

ludicidade deve permear o espaço escolar a fim de transformá-lo num espaço de

descobertas, de imaginação, de criatividade, enfim, num lugar onde as crianças sintam

prazer pelo ato de aprender.

As crianças estão sempre dispostas a jogar e brincar. Cabe ao educador

propor atividades que promovam essa motivação, que envolvam os alunos e o

conhecimento, proporcionando uma aprendizagem de qualidade.

2.4 O Jogo no Processo Educacional

WINNICOTT (1982) o jogo promove a aprendizagem, seja ela informal ou

formal e pode acontecer dentro e fora da escola. Nas suas diversas formas, ele auxilia

no processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no

desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de

habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão,

a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a

aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez, acontecem

quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa

competição, etc.

MURCIA (2005,p.44) “o jogo é parte fundamental do desenvolvimento

harmônico infantil e de importância tal que o conhecimento dos interesses lúdicos, sua

evolução, sua observação sistemática são imprescindíveis para a vida” .Jogar em sala

de aula proporciona momentos ricos em interação e aprendizagem, auxiliando

educadores e educandos no processo de ensino e aprendizagem. Pois, há sempre o

caráter de novidade, o que é fundamental para despertar o interesse da criança. Os

jogos são um dos meios mais propícios à construção do conhecimento. Neles, a

criança utiliza o seu equipamento sensório-motor, pois o corpo é acionado e o

pensamento também. Conforme a atividade, ela passa a desenvolver as suas

habilidades, vai conhecendo a sua capacidade e desenvolvendo cada vez mais a

autoconfiança.

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2.5 A LUDOTECA

MURCIA (2005) são instituições recreativas e culturais, especialmente

pensadas para as crianças e jovens, tendo como primeira função o desenvolvimento da

personalidade da criança, através do jogo e do brinquedo.

É um local de convívio e de animação sociocultural onde as crianças têm

acesso fácil a brinquedos que podem dar prazer e ajudar o seu desenvolvimento físico,

mental e social e onde os pais e educadores podem ser orientados quanto à escolha

de brinquedos e quanto à sua relação com as crianças.

Favorecendo e estimulando o jogo infantil, oferecem às crianças tanto os

elementos materiais necessários – brinquedos, material lúdico, espaços de jogo –

como as orientações, ajudas e companhia que requerem para o jogo.

É importante não confundir uma ludoteca com um lugar onde se guardam as

crianças. A função da ludoteca é facultar os brinquedos e ensinar as maneiras de jogar,

se necessário, mas a criança deve ir à ludoteca livremente e pelo prazer de poder

jogar, procurar brinquedos ou encontrar amigos para brincar. Podemos dizer que a

ludoteca é um espaço lúdico, preparado para estimular a criança e brincar, num

ambiente propício a explorar, sentir e experimentar. È um local de encontro, de reunião,

de animação sociocultural, onde acontece um intercâmbio e que visa a afirmação e o

desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança, principalmente através do

jogo e do brinquedo.

E de acordo com MARCELLINO (1987 pág. 35) a ludoteca tem as seguintes

funções para com as crianças:

Função pedagógica – a ludoteca educa e desenvolve a imaginação e o espírito lúdico. Não podemos esquecer que, para as crianças, brincar é tão importante e indispensável como dormir e comer”. ‘Função social – muitos brinquedos, pelo seu elevado custo, não podem chegar às mãos de muitas famílias economicamente débeis. As ludotecas têm um trabalho importante ao oferecer iguais possibilidades a todas as crianças. O sistema de empréstimo de brinquedos criado nas ludotecas é o único que a criança tem para corrigir os traumas que lhe podem causar determinados brinquedos, para os quais se sentia motivada.

Isso significa que as crianças precisam deste espaço para desenvolver algumas

habilidades que necessitam para o seu crescimento, bem como para garantir que os

mesmos progridam em suas aprendizagens de maneira significativa e interssante. E

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ainda de acordo com MARCELLINO (1987, p. 35) existem outras duas funções que

são:

“Função comunitária – a ludoteca tem um importante papel formativo, uma vez que permite às crianças encontrar companheiros de jogo. Jogando ou brincando em grupo, aprendem a respeitar, a ajudar, a receber ajuda, a cooperar e a compreender os outros”. “Função de comunicação familiar – a ludoteca pode reavivar a brincadeira e o jogo no seio das famílias. Através dos brinquedos emprestados que convidam ao jogo em família, podem aumentar e melhorar as relações entre gerações”.

Estas possibilitam que as crianças aprendam regras, aprendam a respeitar o

próximo, a cooperar para o bom andamento de todas as atividades desenvolvidas

dentro e fora da sala de aula. Também podem fazer com que brincadeiras antigas

revivem nos dias atuais. Os professores devem refletir suas ações, pois são

profissionais que desmpenham um papel ativo e reflexivo na formulação de objetivos e

metodologas para o seu trabalho.

MARCELLINO (1987 pág. 35) também relata sobre algumas funções da ludoteca

para facilitar o trabalho do professor e inserir os pais na vida escolar dos filhos, são

estas:

“Função de formação – o empréstimo de brinquedos pode modificar as relações no seio de uma família, mas também pode iniciar debates pedagógicos entre os pais, que permitam compreender o desenvolvimento dos seus filhos e ainda os problemas de socialização, o que pode levar a uma ação colectiva de formação”. “Função social – a ludoteca oferece aos pais a alternativa de empréstimo daqueles brinquedos que os filhos desejam e que eles não poderiam comprar, nem compram. Ficariam estes com um sentimento de culpa por não os poderem oferecer, gerando um sentimento de inferioridade nos filhos que não poderiam desfrutá-los”.

Todas essas funções o autor explora em sua obra Lazer e Educação , bem

como orienta a tematização do lazer na escola e apresenta sua ideia sobre o lazer

como elemento pedagógico no ambiente escolar, a partir de uma perpectiva

pedagógica que ele denomina pedagogia da animação.

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CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA ESCOLA

Percebemos hoje nas escolas, a ausência de uma proposta pedagógica que

incorpore o lúdico como eixo de trabalho. Essa realidade do Brincar nas escolas leva-

nos a perceber a inexistência de espaço para um bom desenvolvimento dos alunos.

Esse resultado, apesar de apontar na direção das ações do professor, não devemos

atribuir-lhe a culpa. Ao contrário, trata-se de evidenciar o tipo de formação profissional

do professor que não contempla informações nem vivências a respeito do brincar e do

desenvolvimento infantil em uma perspectiva social, afetiva, cultural, histórica e

criativa.

Não se brinca, a não ser por iniciativa própria ou por livre adesão. Todo ser

humano, segundo GADOTTI (1993), pode beneficiar-se de atividades lúdica. A

brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma

expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma

espontânea. Contudo, nos dias atuais, com as moradias cada vez mais apertadas e os

adultos envolvidos em seus afazeres, as crianças não têm um lugar para brincar e não

devem atrapalhar o andamento do lar com seus brinquedos. Não dá para isolar o

comportamento lúdico da criança. Ela brinca quando é para brincar, e não quando os

adultos entendem que ela deveria brincar.

Em qualquer época da vida de crianças e adolescentes e porque não de

adultos, as brincadeiras devem estar presentes. Brincar não é coisa apenas de

crianças pequenas, erra a escola ao fragmentar sua ação, dividindo o mundo em lados

opostos: de um lado o jogo da brincadeira, do sonho, da fantasia e do outro, o mundo

sério do trabalho e do estudo. Independente do tipo de vida que se leve, todos adultos,

jovens e crianças precisam da brincadeira e de alguma forma de jogo, sonho e

fantasia para viver. As escolas precisam reconhecer lúdico, a sua importância

enquanto fator de desenvolvimento da criança.

Entre alguns desses fatores, segundo GADOTTI (1993), destaca-se

• Facilitador da aprendizagem;

• Colabora para uma boa saúde mental;

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• Desenvolve processos sociais de comunicação de expressão e construção do

conhecimento;

• Explorar a criatividade

• Melhorar a conduta e a autoestima;

• Permite extravasar angustias e paixões, alegrias e tristezas, agressividade e

passividade.

Diante de tantas possibilidades, segundo SNYDERS (2004), é fundamental o

que o educador seja mediador em todo processo. Criando na sala de aula um cantinho

com alguns brinquedos e materiais para brincadeiras. Na verdade qualquer sala de

aula disponível é apropriada para as crianças brincarem. Podemos ensinar as crianças

também, a produzir brinquedos. O que ocorre geralmente nas escolas é que o trabalho

de construir brinquedos com sucatas, fica restrito às aulas de arte, enquanto

professores poderiam desenvolver também este trabalho nas áreas de teatro, música,

ciências etc., integrando aos conhecimentos que são ministrados.

Tudo isso é possível quando estamos abertos para buscar novos caminhos.

Precisamos, enquanto educadores nos colocarmos como participantes,

acompanhando todo o processo da atividade, mediando os conhecimentos através da

brincadeira e do jogo, afim de que estes possam ser reelaboradas de forma rica e

prazerosa.

3.1 A Importância do Lúdico na Aprendizagem

Defendemos aqui a ideia de que as atividades de recreação e aquelas propostas

na dimensão do lazer, especialmente os jogos, constituem ferramentas pedagógicas

que facilitam na aprendizagem das crianças, pois são vistas como ferramentas

importantíssimas das quais o professor deve utilizar possibilitando a criança momentos

de prazer e aprendizagem através da ludicidade.

O lúdico faz parte da Aprendizagem através dos jogos que são proporcionados

pelos professores e pais desde a infância. Os professores devem conhecer as

diferentes maneiras e possibilidades de aprendizagem através dos jogos, sendo assim

possível fazer um planejamento de acordo com os objetivos a serem alcançados.

Também seria possível diversificar estes desafios e as tarefas propostas, bem como

adequá-las ao perfil de cada educando.

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É fundamental que o professor possibilite diferentes tipos de jogos, ou seja,

jogos individuais e também coletivos proporcionando ao aluno diferentes tipos de

aprendizagem e socialização de saberes. Vide figura 01.

Figura 01: Diferentes tipos de jogos

Fonte: PAES, J.A, 2013

De acordo com WITTIZORECKI (1995, p. 21) “a recreação não deve ser vista

como meramente uma atividade de passatempo ou diversão . Nossa proporção é

vislumbrá-la como uma rica ferramenta pedagógica que, ao atuar por meio da

ludicidade, permite ler, compreender e intervir na cultura dos grupos e sujeitos”. .

De acordo com Vygotsky (1999), a criança aprende a agir numa esfera cognitiva.

Segundo o autor, é na interação com o brinquedo que a criança comporta- se de forma

mais avançada que nas atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação

imaginária, quanto pela capacidade de subordinação às regras.

Por meio do lúdico desenvolvem-se as relações interpessoais, o conhecimento

lógico-matemático, a representação do mundo, a linguagem e também a leitura e

escrita.

De acordo VYGOTSKY(1999, p.30) O lúdico como linguagem “Revendo a

história da humanidade, percebemos que o elemento lúdico está presente desde a Pré-

História. Podemos encontrá-lo nas pinturas rupestres, por meio das representações de

suas danças, de alegrias, medos e crenças”.

Nos dias atuais encontramos a presença marcante de ludicidade, não apenas

entre as crianças, mas em grande concentração, no mundo dos adultos, no formato de

piadas, nos esportes em geral, nas danças, nos meios de comunicações e nas artes. O

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lúdico está diretamente ligado às diversas ações do dia a dia das pessoas e sempre

esteve presente nos povos antigos desde tempos antigos. Por isso podemos afirmar

que o lúdico é uma pratica humana, histórica e cultural em permanente transformação

que está presente na vida do ser humano desde os primórdios até os dias atuais.

Assim, podemos afirmar através da elaboração deste trabalho monográfico que

o lúdico funciona como cenário no qual a criança se constitui como sujeito que atua e

cria a partir de seu potencial de desenvolvimento, elaborando seu próprio

conhecimento a partir de suas experiências. Vide figura 02.

Figura 02: Jogos de Alfabetização

Fonte: PAES, J.A, 2013

SILVA (2008) retrata os jogos e brincadeiras que vivenciamos em nossa

infância em tempos remotos e realidade de muitas crianças dos tempos atuais.

Baseando-se nessa perspectiva, pode-se constatar as ultimas décadas a tecnologia

expandiu-se de maneira acelerada e o mercado de brinquedos tem acompanhado esse

crescimento. Os resultados desse crescimento estão contemplados nas prateleiras de

lojas especificas, com novidades sofisticadas e bem elaboradas destinadas para

crianças do século XXI.

Percebemos, também, que o acesso das crianças a jogos eletrônicos e sites, está

acontecendo cada vez mais cedo, de forma a abranger os primeiros anos d vida. Isto

promove o desenvolvimento do raciocínio lógico das crianças, porem, no entanto, como

afirma Vygotsky (1989) na infância é muito importante que a criança tenha a

oportunidade de experimentar diversas possibilidades de aprendizagem, multiplicando o

prisma de suas relações.

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Dessa forma, é importante que os jogos e as brincadeiras não se limitem apenas

a jogos eletrônicos ou à televisão. Conforme figura 03.

Figura 03: Jogos eletrônicos

Fonte: PAES, J.A. 2013

As causas das atividades lúdicas terem perdido espaço são diversas. A

ludicidade proporciona desenvolvimento pessoal que, associado aos fatores sociais e

culturais, colaboram para uma boa saúde física e mental, facilitando o processo de

socialização, comunicação e construção de conhecimento; além, de um

desenvolvimento pleno e integral dos indivíduos envolvidos no processo de ensino e

aprendizagem.

Figura 04: Construção de brinquedos em sala de aula

Fonte: PAES, J.A., 2013

Em algumas brincadeiras as crianças manipulam brinquedos, ou seja, aquilo

que é utilizado como suporte para a brincadeira. Vide figura 04. Este, conforme

Brougére (2006) pode ser um objeto manufaturado ou um objeto construído por quem

brinca. Vimos o processo de socialização como o conjunto que “permite a criança se

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integrar ao “socius” que a cerca, assimilando seus códigos, a que lhe permite instaurar

uma comunicação com os outros membros da sociedade, tanto no plano verbal quanto

não verbal” (BROUGÉRE, 2006, p.62). Segundo a autora, os objetos também são cada

vez mais indispensáveis para a comunicação humana e para o processo de

socialização, entre estes objetos estão os brinquedos, que são objetos específicos da

infância. Vide figura 05.

Figura 05: Brinquedos construídos pelos alunos

Fonte: PAES, J.A., 2013

Pela necessidade que as crianças têm de brincar é preciso criar oportunidades

na escola para que elas possam brincar livremente. Segundo Freire (1989), a

brincadeira é uma atividade fundamental para a criança, pois lhe proporciona o contato

e a aprendizagem social e as reorganizações das relações emocionais favorecem a

integração com as outras crianças e possibilita que as mesmas superem seus medos e

inseguranças.

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CONCLUSÃO

É necessário voltar o olhar a criança desde a educação infantil, possibilitando

através da sala de aula recursos que a faça adquirir o fascínio das cores, formas,

ritmos e atividades de leitura como parlendas, contos clássicos ou seja faça com que a

criança passa a adquirir o hábito de ler e conhecer o mundo de uma maneira colorida e

harmônica através de atividades lúdicas.

Além, disso deve-se fazer com que a escola vá além das vivencias artísticas

com as quais está acostumada. Ela deve ajudar os alunos a conhecer outras épocas

históricas, outras formas de expressão, cabendo ao professor fazer com que a criança

compreenda o mundo em que está inserida, situando-a em diferentes contextos sócio-

culturais.

Então, o professor deverá contemplar a brincadeira como princípio norteador

das atividades didático-pedagógicas, possibilitando às manifestações corporais

encontrarem significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm

com o mundo. Porém essa perspectiva não é tão fácil de ser adotada na prática. É

preciso que os profissionais de educação tenham acesso ao conhecimento produzido

na área da educação infantil e da cultura em geral, para repensarem sua prática, se

reconstruir enquanto cidadãos e atuarem enquanto sujeitos da produção de

conhecimento, e para que possam também, mais do que "implantar" currículos ou

"aplicar" propostas à realidade escolar. É do conhecimento de muitas pessoas que o

sentido da vida de uma criança é a brincadeira. Brincando elas reproduzem situações

concretas pondo-se no papel dos adultos, imitando-os e procurando entender o seu

comportamento.

Para a criança brincar não é apenas um passatempo. Seus jogos estão

relacionados com um aprendizado fundamental; seu conhecimento do mundo através

das suas próprias emoções. Por meio de jogos, cada criança cria uma série de

indagações a respeito da vida, à mesma que mais tarde, já adulta, voltará a descobrir e

ordenar, fazendo uso do raciocínio. A criança adquire experiência brincando,

desenvolve a área afetiva, emocional, intelectual e social. O lúdico induz a motivação e

a diversão e está sempre presente nas brincadeiras infantis realizadas por vontade

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própria. O lúdico representa liberdade de expressão, renovação e criação, do ser

humano.

O professor é um elemento indispensável na aplicação dessas brincadeiras.

Um profissional que assume sua crença no poder de transformação das inteligências,

que desenvolve as brincadeiras com seriedade, que estuda sempre e se aplica cada

vez mais, desenvolvendo uma linha de cientificidade em seu desempenho, mas que

essa linha não limita sua sensibilidade, alegria e entusiasmo.

Os professores devem usar a interdisciplinaridade para ensinar as crianças. E

precisam planejar cuidadosamente os objetivos das aulas e trocar informações entre si.

Os professores precisariam se unir para trazer novamente o prazer às crianças em

aprender. E também os próprios professores recuperarem a vontade de ensinar. O foco

que devemos ter é apenas o benefício da criança, conhecê-la realmente, saber suas

dificuldades e vontades; e é através do lúdico que conseguiremos reconhecer os

problemas de cada criança, apresentando a elas um mundo real, misterioso e curioso

para se aprender e transformar.

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