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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA 9,0 HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA: METODOLOGIA DE ENSINO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Autor: EDUARDO ABEL ROHLING Orientadora: Profa. Me. MARINA SILVEIRA LOPES ALTA FLORESTA/ 2011

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA

AFRO-BRASILEIRA

9,0

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA: METODOLOGIA DE ENSINO PARA

ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Autor: EDUARDO ABEL ROHLING

Orientadora: Profa. Me. MARINA SILVEIRA LOPES

ALTA FLORESTA/ 2011

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA

AFRO-BRASILEIRA

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA: METODOLOGIA DE ENSINO PARA

ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Autor: EDUARDO ABEL ROHLING

Orientadora: Profa. Me.MARINA SILVEIRA LOPES

“Trabalho de conclusão de curso para a obtenção do título de “Especialista em Metodologia do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira”.

ALTA FLORESTA/2011

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AJES-INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA

AFRO-BRASILEIRA

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

ORIENTADORA

PROFA. Me. MARINA SILVEIRA LOPES

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AGRADECIMENTOS

A Deus que me deu saúde, força e perseverança no decorrer dessa

caminhada e iluminou meus passos nos momentos mais difíceis dessa

jornada.

Aos amigos que me apoiaram e incentivaram durante todo esse

processo para que eu não desistisse quando estava desanimado.

Agradeço ainda, a todos os amigos de faculdade pelo companheirismo

no decorrer desse período.

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DEDICATÓRIA

A minha família, que sempre esteve ao meu lado.

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EPÍGRAFE

“ Orí simboliza o princípio, a natureza original que ao se fazer presente biológica e

espiritualmente no ser humano o individualiza, revelando sua riqueza e seu mistério

particular. Permite a ele viver a relação interativa com o Axé do pai, mãe, ancestrais

(antepassados) e Orixás (forças cósmicas), entidades divinas”.

(RORIGUÉ, M.G.S., 2001,37).

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RESUMO

Por meio desse trabalho buscamos compreender e conhecer a lei 10639/03, que

estabelece a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana no Currículo Escolar da Educação Básica, sendo que a partir dela vários

projetos coletivos e individuais passaram a ser desenvolvidos nas escolas públicas

sobre a História da África. Tal quadro possibilitou a investigação da prática dos

professores no que diz respeito à inserção do conteúdo de História e cultura afro-

brasileira nos currículos escolares. Nossa pesquisa procurou perceber como os

professores apresentam esse tema ministrado no ensino médio no Município de

Carlinda/MT. Devido à miscigenação formadora da sociedade brasileira, o presente

estudo pretende fazer uma reflexão sobre a importância de se trabalhar com a

História da África em toda rede de educação básica, tendo como ponto de partida a

igualdade e o respeito quando se trata de trabalhar estes conteúdos nas escolas em

todas as disciplinas por meio de projetos e pesquisas. No entanto, é necessário que

os professores compreendam a real importância desta Lei, para que conhecendo a

história e cultura dos negros possa haver uma sociedade menos preconceituosa e

uma real valorização destes povos. A necessidade de capacitação do professorado

nessa área é iminente, para que consigamos ao menos minimizar o preconceito

racial existente em nossa sociedade. A partir daí estaremos caminhando em direção

a uma sociedade mais justa.

Palavras-Chave: Lei 10639/03, História da África, Preconceito, Miscigenação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................11

1. CULTURA E PRECONCEITO: O Embate da Contemporaneidade.................14

2. BRASIL: Um caldeirão pluriétnico ....................................................................19

3. A HISTÓRIA DISTORCIDA: Como ensinar o não conhecido...........................23

4. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................25

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................27

5.1. MATERIAL DIDÁTICO ESPECÍFICO: Carência e metodologias

divergentes.................................................................................................31

CONCLUSÃO.......................................................................................................34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................35

APENDICE...........................................................................................................37

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Jogos de Mancalas...........................................................................16

Figura 02: Busto do Zumbi dos Palmares..........................................................21

Figura 03: Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves..................................25

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LISTA DE MAPAS

Mapa 01: Distribuição dos jogos de Mancalas no mundo...................................16

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Professores que tem conhecimento da lei...................................28

Gráfico 02: Acreditam que há ou não profissionais capacitados na escola...29

Gráfico 03: Professores que acreditam que ha preconceito na escola..........30

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INTRODUÇÃO

Segundo a SEED-PR, 2006 (Secretaria de Estado da Educação/Paraná) com o

início do Governo Lula, em 09 de janeiro de 2003, foi promulgada a Lei 10639 e,

desde essa data tornou-se obrigatório a inclusão nos currículos dos

estabelecimentos de ensino fundamental e médio os conteúdos relacionados à

História da África e à Cultura Afro-Brasileira, até então praticamente inexistentes, ou

inadequadamente trabalhados. Uma medida necessária e justa a todos que sofrem

com a falta de uma “democracia racial”.

Em geral os materiais didáticos pedagógicos utilizados na sala de aula

principalmente livros e revistas mostram as pessoas brancas como referencia

positiva, no entanto o negro na sua maioria sempre aparece como representação da

escravidão ou para discutir a desvalorização social, a utilização desses recursos

reforça uma imagem racista com perfil eurocêntrico, ou seja, idéia que coloca os

interesses e a cultura européia como sendo as mais importantes e avançadas do

mundo, dando pouca visibilidade para africanos e indígenas que assim como o

europeu também contribuiu na formação da sociedade brasileira.

Com a promulgação dessa lei, o governo atendeu a uma demanda do

movimento negro organizado nacional e internacionalmente que há muito tempo

reivindicava mudanças na forma da transmissão de conhecimentos para os

estudantes brasileiros, até então com ênfase na superioridade branca. Esses

movimentos negros se organizaram, empenhando-se e dedicando-se na tarefa de

avaliar e propor estratégias que garantiriam a implantação dessa lei.

Porém, ainda, para o sistema educacional brasileiro atender a nova

demanda, precisa de professores capacitados para desenvolverem tal tema.

Atualmente, contamos com uma minoria de professores que atuam no ensino

fundamental e médio para transmitirem a verdadeira história de lutas e conquistas

que a população negra conseguiu desde o período da escravização.

Ao ministrar aulas com base nos fatos rompe-se, assim, com a imagem

destorcida dada aos negros africanos, face a cultura eurocêntrica que permeiou a

nossa colonização. Abre-se, assim, uma brecha para visualizarmos os valores, as

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tradições e as organizações, que por anos mantiveram-se em “segredos

guardados”1 pela carência de literatura especializada e acessível.

É de fundamental importância resgatar uma imagem positiva do negro, para

que os alunos negros projetem possibilidades de ascensão na sociedade. No

entanto, a maioria dos professores, prefere falar o menos possível sobre o assunto,

até mesmo pelo medo de se levantar uma polêmica em sala, confirmando a

existência de uma população homogênea . O medo, aqui, alia-se à falta de preparo

do profissional na área de educação para atuar como facilitador de discussões tão

polêmicas, enraizadas em nossa cultura de colonizados.

Segundo ANJO (1997) uma das possíveis soluções do problema é a de que

o professor aborde o negro de forma que narre os grandes feitos das personalidades

negras e a importância das civilizações africanas, fazendo com que as crianças

negras elevem a autoestima e estejam preparadas para enfrentar esse mundo cada

vez mais competitivo e que seja capaz de fazer uma discussão sobre a questão

racial enfocando a sua importância no contexto sócio-cultural do país.

Dessa forma se faz necessário à utilização das mais diferenciadas fontes de

ensino para que os alunos sintam-se atraídos pelo aprendizado de História e Cultura

Africana, existem diversos artifícios e um desses métodos seria a utilização de

fontes primárias literárias enriquecendo as aulas enfocando principalmente o período

anterior aos descobrimentos, no Norte da África.

Uma didática diferente seria o professor trabalhar o cotidiano dos seus

alunos, ou enfocar a realidade na qual os negros escravos que saíam do continente

africano, como por exemplo, as tribos secularmente inimigas se organizavam com os

portugueses e vendiam seus prisioneiros de guerra. São temas que chamam a

atenção e fazem com que os alunos aprendam.

Conforme BLOCH (2002, p. 52) “a História é a ciência dos homens no

transcurso tempo” e somente sendo analisada sob diversos aspectos, com

seriedade e responsabilidade, exercendo a crítica é que ela se torna uma ciência.

Tornando-se a memória importantíssima de uma sociedade.

Para trabalhar com o conteúdo afro-brasileiro temos que nos redobrar para

encontrar a melhor maneira de ensinar de forma que prenda a atenção do aluno e o

mesmo possa aprender com muito mais interesse sobre o assunto, encontrar formas

1 Alusão ao livro SEGREDOS GUARDADOS: Orixás na alma brasileira de Reginaldo Prandi, Editora:

Companhia das Letras.

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que faça o aluno ser atraído pelo conteúdo e querer aprender sempre mais e mais.

Parece uma utopia imaginar que isso realmente aconteça com toda a turma, mas se

bem trabalhado alguns alunos podem verdadeiramente se destacar, inclusive

aqueles que não demonstram tanto interesse pela escola. Diante do trabalho e

desenvolvimento das metodologias de ensino na sala de aula pode-se concretizar

sim que é possível transformar os alunos diante de boas metodologias de ensino,

que vão desde a aula dentro de sala com o quadro negro e o giz, até as aulas de

campo como visitas e museus em que os alunos podem constatar parte da história

que até então só havia visto em livros didáticos.

Nesse trabalho iremos refletir sobre as questões culturais e a presença do

preconceito na sociedade, bem como as diversas etnias presentes no Brasil, sempre

enfatizando a melhor forma de se trabalhar o conteúdo em sala de aula já que desde

2003 existe uma lei que obriga o ensino, porém não há capacitação nem cursos

disponíveis pelo governo para ensinar os professores a ministrar essas aulas e nem

material suficientemente acessível.

Para tanto dividimos essa monografia em 05 capítulos. Sendo o primeiro

CULTURA E PRECONCEITO: O Embate da Contemporaneidade, no qual

explanamos sobre a luta pela sobrevivência da cultura afro-descendente no Brasil,

sendo que o preconceito impregnado na sociedade ainda é muito grande levando

em consideração a trajetória dos negros desde o Brasil colônia, enfocando os

comportamentos preconceituosos e discriminatórios por parte de outros grupos que

acabam por excluir a população negra do convívio em sociedade. Nesse sentido são

apresentadas algumas metodologias de combate ao preconceito e para resgatar a

auto-estima dos alunos negros. No segundo, BRASIL: Um caldeirão pluriétnico,

mostraremos a grande diversidade de culturas existem no Brasil, um país marcado

pela mestiçagem, enfatizando as tentativas de branquização da população

chegando até a impedir a entrada de negros como idéia de diminuir o atraso do país.

Em A HISTÓRIA DISTORCIDA: Como ensinar o desconhecido, foi abordado

a questão de que a lei esta presente para obrigar o ensino porem não existem

capacitações para formar professores aptos a trabalhar com o conteúdo, e tão pouco

materiais acessíveis para passar um ensino de qualidade. No quarto MATERIAL e

METODOS detalhamos como foi realizada a pesquisa e no quinto capítulo

trabalhamos a ANÁLISE DOS RESULTADOS. E, por fim tivemos a CONCLUSÃO e

as REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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1. CULTURA E PRECONCEITO: o embate da contemporaneidade

Segundo SANTOS (1983) o conceito “cultura” não tem uma definição clara

aceita por todos podendo ser vista de vários sentidos, como por exemplo, estar

associada ao estudo, educação, formação escolar, manifestações artísticas, festas,

crenças, modo de vestir, comida e uma ampla lista, no entanto prefere falar de

cultura de maneira mais genérica, classificando-as em duas concepções básicas.

A primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade social; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às idéias e crenças de um povo (SANTOS, 1983, p. 23).

Sendo, assim, é importante que mantenhamos traços de nossa cultura, pois é

ela que revela quem somos verdadeiramente.

GEERTZ (1978, p.15) coloca a que “cultura deve ser vista não como uma

ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, a

procura do significado”.

Porém, a visão etnocêntrica trazida pela colonização impregnou a nossa

cultura, fazendo-se camuflar a verdadeira composição étnica que forma a população

brasileira. Tal implicação reforçou valores e padrões adotados por outros grupos

sociais, o que levou a posicionamentos preconceituosos e discriminatórios, feitos a

partir de um ponto de vista específico, em que um grupo social se considera superior

a outro.

Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc (ROCHA, 1988, p. 5).

Não existem grupos superiores ou inferiores, e sim grupos diferentes, cada

povo tem seu modo de vida, cabendo a cada um de nós respeitarmos os a

diversidade cultural que envolve o planeta. Mesmo, porque, já é cientificado que só

existe uma raça para os seres humanos, a Homo sapiens-sapiens. O preconceito

racial é infundado, o que prevalece são os nuances culturais de cada povo.

O conceito raça, conforme Petronilha Beatriz Silva (BRASIL, 2004), tem uma

conotação política e é utilizado com frequência nas relações sociais brasileiras, para

mostrar determinadas características físicas, como cor da pele, tipo de cabelo, entre

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outras, que interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar social dos

sujeitos no interior da sociedade brasileira. No entanto, o termo étnico segundo

Petronilha Beatriz Silva (BRASIL, 2004), geralmente marca as relações tensas por

causa das diferenças na cor da pele e nos traços fisionômicos que caracterizam a

raiz cultural plantada dos mais diversos grupos, que difere em visão de mundo,

valores e princípios de origem indígena, européia ou asiática. O conceito étnico é

fundamental para demarcar que o individuo pode ter a mesma cor da pele que o

outro, o mesmo tipo de cabelo e traços culturais e sociais que os distingue,

caracterizando assim etnias diferentes.

Conforme PEDRETTI (2009) preconceito é um entrave ao desenvolvimento e

ao relacionamento da humanidade.

No Brasil, pretende-se erradicar o racismo com leis. Só a educação poderá esclarecer a todos, sobretudo aos brancos, o que representou para a raça negra o que lhe foi imposto pelo tráfico escravista. A Igreja se julgava com o direito de catequizar aqueles que nada sabiam da religião católica. O Governo nada fez, depois da Abolição, para dar aos ex-escravos condições de estudar e conquistar um lugar na sociedade. O Brasil está muito longe de ser um país onde todos sejam iguais. O espaço e a visibilidade que o negro tem em nossa sociedade, não permitem que ele sirva de referência”. (PEDRETTI, 2009, p.1. DISPONÍVEL NO SITE: www.coladaweb.com/sociologia/preconceito-racial. Acesso em: 20 set. 2009).

Tal situação floresceu a partir de um contexto histórico, no qual a economia

do mundo girava em torno da escravização, ocorrida principalmente entre os séculos

XVI e XVII. Assim, o preconceito para com os negros foi por terem vivido na

condição de escravos, quando foram trazidos a países da América, como o Brasil,

os Estados Unidos, não sendo considerados cidadãos de plenos direitos. Embora,

atualmente, os negros sejam considerados cidadãos comuns nesses países, ainda

vivem em condições de vida menos favorecidas. A população negra, ainda vive em

desvantagem à população branca.

O preconceito dentro da sociedade brasileira ainda é muito forte, PEDRETTI

(2009) aponta que os “Estudos realizados pelo IBGE mostram que no Brasil os

brancos recebem salários superiores, cerca de 50%, aos recebidos pelos negros no

desempenho das mesmas funções, e que o índice de desemprego desses também é

maior”. (PEDRETTI, 2009, p.1. DISPONÍVEL NO SITE:

www.coladaweb.com/sociologia/preconceito-racial. Acesso em: 20 set. 2009).

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Não é somente no campo do trabalho que o negro sofre preconceito, esse

fato está condicionado ao campo da educação, pois “o analfabetismo, a repetência,

a evasão escolar são consideravelmente mais acentuados para os negros.”

(PEDRETTI, 2009, p.1. DISPONÍVEL NO SITE:

www.coladaweb.com/sociologia/preconceito-racial. Acesso em: 20 set. 2009).

Segundo documento publicado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Socioeconômicos), 2007 o motivo para que os homens

abandonem cedo à escola é a obrigação, cultural, de trabalhar para ajudar a

sustentar as famílias. No entanto, apesar de serem mais escolarizadas, as mulheres

negras e brancas recebem menos que os homens não-negros.

Sendo assim, tem-se a necessidade da criação de leis como forma de acabar

com esse preconceito na sociedade brasileira, uma delas é a Lei 10639/03 que

promoveu significativas alterações na Lei de Diretrizes e Bases - LDB (Lei 9394/96),

ao determinar que em todas as áreas do currículo escolar, seja Ciências Naturais,

Sociais, Humanas ou Exatas, todas estudando, de forma positivada, conteúdos

relacionados à História e Cultura Africana e Afro-brasileira.

O termo afro-descendente tem servido para designar as pessoas com ascendência africana e a sua cultura imaterial e material. Lembrando que os africanos, em sua grande maioria foram trazidos como escravos para o Brasil. Esta terminologia é fruto, em grande parte, do debate provocado por movimentos sociais negros organizados contra a discriminação, o racismo e o estereotipo vinculados à cor de sua pele (NODA, 2009, p. 2).

A lei foi aprovada a fim de alterar as relações étnico-raciais no ambiente

escolar, promovendo a superação de preconceitos e discriminações, em que o aluno

passa muitas vezes por humilhações por se negro ou pobre, para esse combate

deve-se resgatar a autoestima dos estudantes, em especial da parcela negra da

população brasileira e possibilitar que todos os estudantes, independente de sua

etnia, tenham ampliada sua visão de mundo.

Nesse sentido aparece uma série de questionamentos, um exemplo seria

como ensinar a cultura afro-brasileira como forma de combater o preconceito nas

aulas de matemática.

Os jogos representam um microcosmo da vida, uma vez que as partidas jogadas numa sociedade são um sutil reflexo dos valores dessa sociedade. Assim, o uso de jogos matemáticos de origem africana, pode constituir-se num importante instrumento para o cumprimento do Art. 26-A da LDBEN, normatizado pelo Conselho Nacional de Educação através da Resolução

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CNE/CP 1/2004 e pelo Conselho Estadual de Educação do Paraná, Deliberação 04/2006, no âmbito da matemática (SANTOS, 2008, p. 2).

Segundo o autor os jogos matemáticos africanos, em seus aspectos

históricos, filosóficos, culturais e matemáticos e sua potencialidade como

instrumento de educação é capaz de aproximar a História e Cultura Africana e Afro-

brasileira da Matemática.

Conforme o site www.ludomania.com.br (2010) os mancalas são uma família

de jogos em que o tabuleiro tem de duas a quatro fileiras de buracos, nos quais são

distribuídas pedrinhas. Vide figura 1.

Figura 01: Jogo de Mancalas Fonte: http://www.tabberer.com/sandyknoll/more/mancala2000

Conforme figura 1 verificamos que esse tipo de jogo é muito popular e

espalhou-se por vários continentes e tornou-se muito popular na África. Ele é antigo

e sua origem, incerta.

Mapa 01: Jogo de Mancala pelo mundo Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://manqala.org/

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SANTOS (2008), coloca que a lei 10639/03 se apresenta como uma

alternativa para reverter essa situação do negro no país, promovendo uma revolução

na Educação das Relações Étnico-Raciais no ambiente escolar, visando formar

cidadãos atuantes na sociedade Brasileira, que busquem relações étnico-sociais

positivas, rumo à construção de uma nação democrática. Por meio da produção de

conhecimentos, atitudes, posturas e valores que eduquem os cidadãos conforme a

pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos

comuns que garantam a todos, respeito aos direitos legais e valorização da

identidade, além do reconhecimento da história e cultura dos afro-brasileiros, bem

como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas

da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias e asiáticas.

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2. BRASIL: um caldeirão pluriétnico

A Lei do Ventre livre assinada em 1871 tornou livres as crianças filhas de

mães escravas, e somente no dia 13 de maio de 1888 os escravos conseguiram a

tão sonhada liberdade, porém o ex-escravo não tinha lugar na sociedade que estava

para se firmar, conseguiram a independência, porém não a aceitação, e ainda hoje

toda essa indiferença se reflete na sociedade.

Após conseguirem a tão sonhada independência foram jogados à margem da

sociedade. Pois a eles não foram oferecidos nenhum apoio para que pudessem ter

uma vida apropriada, um escravo já na velhice, não aguentando mais o trabalho

pesado, conseguira a liberdade, porem não a sua independência econômica. Muitos

deles continuaram nas terras de seus senhores se sujeitando ao trabalho escravo,

em troca de alimentos ou um salário miserável. Era o modo de vida que conheciam.

Finalmente a abolição da escravatura no papel.

Para NODA (2009) a formação do povo brasileiro é diferente, somos mestiços

e existem diversas interpretações de muitos autores utilizando o meio e a raça para

explicar o não desenvolvimento econômico da sociedade brasileira, para eles o

clima e a raça é que interferiam no processo de civilização do brasileiro, sendo

considerados obstáculos ao progresso do país.

Desde o século XIX existe o discurso de que o povo brasileiro se originou do

cruzamento de três “raças” sendo elas, o índio, o negro e o branco que se

misturaram criando um país marcado pela mestiçagem, em que o branco é superior

ao negro e ao índio. O Brasil assim como em todo o mundo ocidental cristão, era

considerado pelos europeus, no século XIX como uma “sociedade de raças

cruzadas”, “um país mestiço”, “um festival de cores”. A ideia era que o negro

desaparecesse pela miscigenação e que algum dia o Brasil pudesse ser “branco”.

Nina Rodrigues em suas abras Os africanos no Brasil, As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil e O animismo fetichista dos negros da Bahia, Silvio Romero na obra Etnologia Selvagem e Euclides da Cunha Os Sertões, estes três elementos formadores do brasileiro, contribuíam de forma desigual para o progresso do país: o branco: a raça superior; o negro e o índio: raças inferiores; puxavam o Brasil para trás, para a barbárie. Se para o romantismo, representado por José de Alencar e Gonçalves Dias, o índio era representante de valores morais e ética igual ao europeu, para Nina Rodrigues e Silvio Romero o indígena e o escravo negro representavam a causa do atraso do Brasil em relação à Europa. (NODA, 2009, p. 8).

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MARISA NODA (2009) diz que na visão desses autores a miscigenação era

uma tendência. No final do século XVIII e XIX, o branqueamento do povo passou a

ser um ideal e a solução para que o país pudesse caminhar rumo ao progresso nos

olhos dos interessados nessa imigração. Pelos argumentos, nota-se que a

miscigenação no Brasil era descrita como a esperança para a diminuição do atraso

do país, pois o negro era indesejável. Muito se foi feito na tentativa de transformar o

Brasil em um país branco inclusive proibir a entrada de negros no país.

Alguns adeptos da “ideologia do branqueamento” buscaram através de leis proibirem a imigração negra para o Brasil pós Lei Áurea, exemplo é o projeto de Lei nº. 209 de 1921 dos deputados Cincinato Braga e Andrade Bezerra, um de São Paulo outro de Pernambuco, o que nos leva a perceber que a idéia não era localizada apenas no centro econômico do país” (NODA, 2006, p. 9).

DARCY RIBEIRO (1985) dizia que prevaleceu em todo Brasil uma expectativa

assimilacionista, que levou os brasileiros a suporem e desejarem que os negros

desaparecessem pela branquização progressiva. Ocorrendo efetivamente uma

morenização dos brasileiros, mas ela se faz tanto pela branquização dos pretos,

como pela negrização dos brancos. Desse modo, temos uma população morena que

em cada família, por imperativo genético, tem por vezes, ocasionalmente uma negra

retinta, ou um branco desbotado.

Entretanto, atualmente, sabe-se pelos estudos genéticos que a maioria dos

brasileiros e brasileiras compartilham um percentual de genes vindos dos negros e

dos índios. Mesmo com o grande número de europeus que promoveu o

branqueamento da raça brasileira, esses genes permaneceram na população.

Mesmo, sabendo desses novos estudos científicos, temos as sequelas da

abolição da escravatura, que não garantiu condições políticas e de igualdade com os

demais brasileiros para os afrodescendentes. Porque se assim fosse, não

precisaríamos de leis como a Lei nº. 10.639 de 9 de janeiro de 2003 que inclui no

currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática sobre a História e

Cultura Afro-Brasileira, nem da luta do movimento negro no Brasil.

NODA (2009, p.11) diz que “Entendermos que nosso preconceito foi

embasado em cientificidade duvidosa e muitas histórias inconsistentes podem ser o

início de um desmantelamento deste racismo herdado”.

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Nesse sentido faz-se necessário encontramos maneiras de solucionar os

problemas relacionados ao preconceito no Brasil. Uma delas seria resgatar

conteúdos que demonstrem a contribuição do povo negro na nossa sociedade, em

vários setores, principalmente, no campo econômico-cultural. Lembramos que esse

processo de resgate precisa ser num longo contínuo face essas questões terem sido

socialmente construídas por vários séculos.

A lei também determina que o dia 20 de Novembro deva ser incluído no calendário escolar como dia Nacional da Consciência Negra, pois por muito tempo a questão do negro no Brasil só era lembrada na data 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea, em 1888, a qual aboliu a escravatura. Nessa data, nas escolas, as crianças negras encenavam peças teatrais representando os escravos, e meninas brancas, a Princesa Izabel. Tais encenações remetiam sempre o negro como passivo no processo de libertação.” (OLIVEIRA, 2010, p.1 DISPONÍVEL EM : www.romanegocios.com.br/sociedade-e-cultura/16038-20-de-novembro-dia-da-consciencia-negra. Acesso em: 15 Nov, 2010).

No entanto, nos anos 1970 com o surgimento dos Movimentos Negros,

ocorreu à denúncia dessa distorção, dando início a uma luta para que o povo

brasileiro lembrasse e conhecesse as diversas lideranças negras e as muitas ações

de resistências dos negros africanos no decorrer da história.

Sendo assim o dia 13 de maio não deve ser comemorado como uma boa

ação do branco, pois houve muitos movimentos de luta e resistência em diversas

regiões do país na tentativa de conquistar a liberdade.

Dessa forma, atualmente os Movimentos Negros atribuem à data 13 de Maio,

como o dia Nacional de Luta Contra o Racismo. O Movimento Negro também deu

destaque ao dia 20 de Novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares como uma

data a ser lembrada e comemorada, já que ele é considerado um dos principais

símbolos de luta e resistência contra a opressão e exclusão vivenciada hoje pelos

afrodescendentes. Vide figura 02.

22

Figura 02 : Busto do Zumbi dos Palmares Fonte:http://www.geledes.org.br/zumbi-dos-palmares/zumbi-dos-palmares-

Zumbi dos Palmares foi um escravo alagoano, líder de um movimento

importantíssimo para a história brasileira. Nasceu em 1655 e morreu com 30 anos.

Símbolo da resistência negra contra a escravidão é o último chefe do Quilombo dos Palmares. Criado pelo padre Antônio Melo, aos 15 anos foge para Palmares e adota o nome Zumbi, que significa guerreiro. Logo ascende ao comando militar do quilombo, governado então por Ganga Zumba. Em 1678, renega um acordo com as autoridades coloniais e provoca uma guerra civil no quilombo. Manda envenenar Ganga Zumba e assume seu lugar. Lidera a resistência contra os portugueses, que dura 14 anos. Com a destruição de Palmares, em 1694, foge com outros sobreviventes e esconde-se na mata. É morto numa emboscada. Seu corpo é mutilado e a cabeça é enviada para o Recife, onde é exposta em praça pública.(http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=482&Itemid=25. Acesso em: 23 Jan, 2011).

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3. A HISTÓRIA DISTORCIDA: Como ensinar o não conhecido

A aprovação da lei 10639/03 gerou muitas dúvidas e inquietações nos meios

escolares e acadêmicos devido à complexidade do assunto, como ensinar aquilo

que não se aprendeu? Por falta de material, de pesquisa e por falta de interesse da

classe dominante, o continente africano, por muito tempo, ficou esquecido aos olhos

do professores de História. Após, os avanços das pesquisas históricas que reportam

a trajetória dos negros africanos e com a obrigatoriedade da lei é que se vão dar

relevância as profundas relações que temos com esse continente.

A lei deixa nítida a obrigatoriedade do ensino de conteúdos sobre a matriz negra africana na constituição da nossa sociedade no âmbito de todo o currículo escolar, e sugere as áreas de História, Literatura e Educação Artística como áreas especiais para o tratamento desse conteúdo, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio. (MEC, 1996, p.01).

Somente, assim, mais profissionais buscarão novos conhecimentos sobre o

assunto, atingindo o objetivo esperado, que é resgatar a verdade histórica. Para que

a população negra projete-se num contexto globalizado da contemporaneidade sem

rechaço de cor e falta de escolaridade.

Para resolver o problema é necessário que o professor aborde a negritude de

forma correta, mostrando os grandes feitos de personalidades negras que são

referências na sociedade e a importância das civilizações africanas.

Um dos princípios que devem orientar os temas, os projetos e as atividades pedagógicas em relação à questão do negro na escola é a desconstrução do preconceito racial e a reafirmação de uma auto-estima positiva da população negra e mestiça. Ensinar e aprender sobre e na diversidade, propor situações de aprendizagem que sejam desafiadoras e que tragam novos conhecimentos são cuidados que se deve ter quando o que se estuda vem carregado de imagens e crenças baseadas no preconceito e na discriminação. (MEC, 1996, p.01).

OLIVA (2003, p.423) diz que o ofício do historiador e do professor não pode

ser visto separadamente, pois habilita-nos à compreensão e análise da humanidade

em sua trajetória no tempo, “[...] voltar ao passado apenas por erudição ou

curiosidade não é a nossa tarefa. O passado comunica o presente, o presente

dialoga com o passado. Só, assim, nossa árdua função se recobre de significados e

de sentidos”.

24

A História da África precisa, antes de tudo, ser atribuída a ênfase necessária

quanto a sua importância curricular e histórica para a formação do povo brasileiro.

Acreditamos que dessa possa motivar dos alunos para intelecção desse processo

histórico. Muitas vezes alguns professores acabam se referindo a História da África

como algo que não explica nossa realidade, por isso muitas vezes é vista como um

assunto sem importância a ser trabalhado em sala de aula.

O ensino dela está carregado de informações que se referem à composição

da etnia brasileira. As aulas não devem ser simplesmente um repasse de

informações, mas sim serem vivenciadas de forma que os alunos possam entender

todos os processos de encontros e desencontros étnicos no decorrer da nossa

historia, retirando as amarras eurocêntricas, pelos quais muitos fatos históricos são

priorizados nas escolas brasileiras.

OLIVA (2003) afirma que a

História da África e a História do Brasil estão mais próximas do que alguns gostariam. Se nos desdobramos para pesquisar e ensinar tantos conteúdos, em um esforço de, algumas vezes, apenas noticiar o passado, por que não dedicarmos um espaço efetivo para a África em nossos programas ou projetos. OLIVA (2003, p. 424).

Devemos começar a desenvolver condições para uma abordagem da História

da África no mesmo nível de profundidade com que se estuda a história europeia e

suas influências sobre o continente americano. Para tentar resolver esse problema,

o atual governo sancionou a lei tornando obrigatório o ensino da história dos afro-

brasileiros e da África em escolas do ensino fundamental e médio.

Oportuno para a realidade brasileira, porém ao mesmo tempo surgem vários

questionamentos, quando à capacitação dos professores destinados a ministrarem

tal conteúdo, como também, a ausência de material pedagógico.

Para OLIVA (2003) a maioria dos livros didáticos trazem um espaço exíguo

para a esse tema. O que, ainda reflete uma visão superficial aos alunos, sobre o

continente africano, restando-lhes a informação de que é a terra onde a maioria da

população negra vive `a margem da tecnologia e do progresso, vive em agonia, com

medo da AIDS que se alastra, da fome que esmaga, das etnias que se enfrentam

com grande violência ou dos safáris e dos animais exóticos em extinção, mas como

a História da África é ensinada em nossas escolas?

25

4. MATERIAIS E METODOS

Para entender um pouco mais sobre o desempenho dos profissionais da

educação, principalmente, os professores de História, realizamos uma pesquisa de

caráter exploratório com seis questões direcionadas aos professores que trabalham

com o ensino médio na Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves com sede no

Município de Carlinda (MT).

A coleta de dados foi por meio de um questionário semi-aberto realizado em

outubro de 2009. Tendo em vista que muitas vezes esse ensino esta submetido

somente a disciplina de história, ao todo 10 professores de diferentes disciplinas

receberam a pesquisa e prontamente as responderam. Os professores tem idade

entre 22 e 44 anos, sendo 7 contratados e 3 efetivos na função, destes apenas 2

eram mulheres, entre os entrevistados apenas um se considerou negro, são

pertencentes a classe média, os interinos tem relativa experiência em sala e os

profissionais efetivos já trabalham a mais de 8 anos na instituição e todos tem

pretensões de dar continuidade aos estudos de mestrado e doutorado na mesma

área de formação.

Devido ao fato de também trabalharmos na escola se tornou muito mais fácil

o acompanhamento na aplicação do questionário, realizar a pesquisa e fazer o

levantamento das informações junto à escola e os professores. Mesmo com

conhecimento prévio, pedimos à coordenação o Projeto Político Pedagógico (PPP)

da escola, para saber a real identidade da escola e os caminhos da instituição em

busca de qualidade de ensino, os objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e

sonhos a realizar.

De posse de uma máquina fotográfica, retratamos a estrutura física da escola,

conversamos com alguns professores colegas de trabalho sobre o tema da pesquisa

com o objetivo de verificar qual a percepção que eles têm acerca da proposta

contida na lei 10639/03, e o resultado foi o esperado, todos já conheciam a lei,

porem somente 60% dos professores conversam com os alunos sobre a importância

da lei.

Essa escola tem uma estrutura adequada para seu funcionamento tendo uma

equipe de profissionais capacitados para o trabalho, incluindo: 01 secretaria, 02

salas de professores, 01 laboratório de informática, 01 sala de vídeo, 01 refeitório,

26

01 sala de articulação, e mais de 17 salas regulares funcionando em regime de

externato com três turnos: matutino, vespertino e noturno. Vide figura 03.

Figura 03: Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves – Carlinda/MT

Fonte: ROHLING,E. , 2009

27

5. ANALISE DOS RESULTADOS

Grande parte dos profissionais já conheciam a Lei 10639/03 mesmo por que,

essa questão já havia sido trabalhada na formação continuada da escola, sendo

estabelecida como uma atitude altamente necessária como forma de combate ao

preconceito. A primeira pergunta do questionário era se o professor considerava a

mestiçagem existente no Brasil um obstáculo para o desenvolvimento do país.

“Acredito que a mestiçagem não atrapalhe em nada, o desenvolvimento do

país, pois a cor não influência no caráter das pessoas. Entendo que o preconceito

esta vivo na sociedade e que não sumirá tão logo, porem as poucos sinto que a

população vai aceitando as diferenças, até por que ninguém é igual a ninguém.”

(José)2. “Se existir uma melhor conscientização do respeito que se deve ter com uns

aos outros, através da mídia, poderemos sim acabar com o preconceito no Brasil.”

(João)

Conforme as respostas entendeu-se que a mestiçagem não é um obstáculo

para o desenvolvimento do país, e o problema são os valores basilares dos povos,

julgando serem superiores uns aos outros. Os profissionais da escola consideram

que é as diferenças étnicas que dão equilíbrio a interação dos povos sendo que,

num mundo de competição e individualismo, a diferença é motivo de discriminação e

dominação.

Num mundo em que se busca a solidariedade, a diferença é motivo de

enriquecimento e complementação, a cor da pele não é um fator limitante de

desenvolvimento, ao contrário essa mistura de etnias enriquece a nossa cultura

sendo um fator de peso favorável para o nosso país, em que cada cultura pode

contribuir com seu conhecimento.

A segunda e terceira questões, perguntam se o professor conhece a Lei

10639/03 e o que acha, 6 professores afirmaram conhecer e passar em sala de aula

para os alunos, 4 dizem conhecer porem nunca trabalharam a lei, e nenhum

professor desconhece a lei. “Creio que a lei chegou em boa hora, pois somente

assim as pessoas serão educadas afim de melhorar o convívio uns com os outros,

2 Foram dados nomes fictícios aos entrevistados

28

conhecendo e respeitando a cultura de cada um. Assim que tomei conhecimento da

lei de imediato trabalhei em sala para que meus alunos também pudessem se interar

do assunto, e possivelmente combater algumas ações preconceituosas” (Maria)

Gráfico 01 – Professores que tem conhecimento da lei

0

10

20

30

40

50

60Tem conhecimentoda Lei 10639/03, etrabalha em sala

Tem conhecimentoda Lei 10639/03,porêm não trabalhaem sala

Não temconhecimento da Lei10639/03

Fonte: ROHLING, E. 2010

Pelo gráfico 01 percebe-se nitidamente que professores têm conhecimento da

lei e sabem da importância de se ensinar a História e cultura Afro-brasileira nas

escolas para que os alunos possam entender a cultura um do outro e

conseqüentemente se respeitando.

A quarta questão pergunta se na escola tem profissionais preparados para

trabalhar com o ensino de História e Cultura Afro-brasileira. Vide gráfico 02. “Temos

professores com muita bagagem de conteúdo, porém nenhum deles recebeu uma

formação especifica, então acredito que não tenha nenhum profissional preparado

para trabalhar com esse tema.” (José). “Sim. Temos professores que já estão em

sala de aula há muito tempo e por si só dominaram o assunto e poderiam sim

trabalhar nessa área. Inclusive já estudamos esse tema na formação continuada”

(Moises)

29

Gráfico 02 – Professores que acreditam que há ou não profissionais capacitados na escola

0

10

20

30

40

50

60

70Consideram que háprofissionaiscapacitados

Consideram que não há profissionaiscapacitados

Fonte: ROHLING, E. 2010

Hoje em dia, os professores têm muita liberdade para desenvolver os seus

trabalhos e muitas vezes toda essa liberdade acaba por dificultar a busca pelo

conhecimento, justamente por que o professor acaba se acomodando se não for

cobrado, não busca os aperfeiçoamentos para ir além do ensino repetitivo e sem

incentivo para o aluno prejudicando-o no processo de aprendizagem.

O professor deve entender que a liberdade de ensinar pressupõe também que

o professor tenha que, instruir e transmitir conhecimento, pelas exposições

dialogadas e dos recursos materiais e tecnológicos disponíveis nas instituições de

ensino, mas o professor poderá reconhecer que ensinar é fundamentalmente levar o

aluno a aprender por si.

Enfim, o professor deve ter liberdade de ensinar para poder viabilizar a

liberdade de aprender do aluno. Mas sempre buscando formas atraentes de ensinar

para o aluno, afinal o objetivo é fazer com que eles entendam o que estamos

querendo passar, encontrando a melhor forma para que essas informações sejam

assimiladas.

A participação do aluno é fundamental nessa dialética professor-aluno. Não

podemos inibir sua linha de raciocino, e sim saber usar a ideia que ele forneceu para

complementar no aprendizado. Hoje, os alunos vão para as salas de aula com

muitas informações que absorvem em seu cotidiano, na TV, no radio, na internet e

cabe ao professor utilizar isso para tornar as aulas atraentes, pois, eles têm a

informação, mas para que essa informação possa se tornar conhecimento ela deve

ser discutida e debatida em sala de aula com a ajuda de um professor. A quinta e

sexta questão perguntam se o professor acredita que existe preconceito na escola e

30

se é feito algo para solucionar o problema, grande parte afirmam que, há, sim,

preconceito na instituição, pois se ouve constantemente piadas ou simplesmente

conversas involuntárias preconceituosas e que a medida de implantação da lei

10639/03 poderá ajudar a mudar esse pensamento de alunos, pais e toda a

comunidade escolar. Conforme gráfico 03.

Gráfico 03 – Professores que acreditam que ha preconceito na escola.

0

10

20

30

40

50

60

70

80Acreditam que hápreconceito naescola.

Acreditam que nãohá preconceito naescola.

Fonte: ROHLING, E. 2010

“Não creio que seja necessariamente preconceito, às vezes alguns alunos se

referem aos outros com palavras inapropriadas, mas por pura brincadeira, quando

vemos procuramos chamar a atenção, no entanto nunca passou disso.” (Inês)

“Sim. Há preconceito na escola, não só nessa mais em todas, já trabalhei em

varias escolas e sempre me deparei com situações constrangedoras em que alunos

desferem palavrões sobre raça, e situação econômica. A gente fica meio sem saber

o que dizer quando nos vemos nessa situação e vejo que a criação dessa lei pode

sim ser uma excelente ferramenta a ser utilizada contra o preconceito.” (Maria)

Porém, sabemos que somente a obrigatoriedade de uma lei ou a obediência

forçada não resolve, não traz a solução, a postura do brasileiro na maioria das vezes

e simplesmente de ignorar as leis, assim como continuamos a dirigir falando no

celular, ou sem cinto de segurança e habilitação, precisamos sim conscientizar as

pessoas da importância do respeito para com o próximo.

31

5.1. MATERIAL DIDÁTICO ESPECÍFICO: Carências e metodologias

divergentes.

Para trabalhar com o ensino de História e Cultura Afro-brasileira o professor

encontrará muitas dificuldades, pois há uma carência muito grande no que se refere

a material didático especifico, a maior parte das obras tem um perfil eurocêntrico,

porém o professor deve ir além, vencendo obstáculos de forma que se encontre os

recursos necessários, por tanto muitas vezes “a vontade de ensinar não será

suficiente e, quando as barreiras se apresentam para um profissional que já enfrenta

muitas dificuldades, acaba caindo na desistência” (LAUREANO, 2008, p. 341).

Os professores podem usar as mais diferenciadas metodologias como, por

exemplo, a prática de atividades como a roda de conversas entre os alunos

discutindo temas relacionados à cultura afro, como as danças e comidas típicas. A

confecção de instrumentos utilizados na música também é uma alternativa que

possibilita um significativo desenvolvimento da oralidade das crianças e

adolescentes, que podem se identificam com o tema e descobrir, o valor das raízes

culturais afros descendentes.

Em Língua Portuguesa pode ser trabalhada leitura de livros e exibição de

filmes relativos ao tema, composição de poemas e encenação de peças teatrais, que

são muito atrativas aos olhos dos alunos. Em Filosofia e Educação Artística podem

ser elaborados pesquisas e painéis relacionados ao tema.

Na Matemática os alunos podem confeccionar gráficos com porcentagem do

número de negros em relação ao número de habitantes do Brasil, elaboração de

gráfico apontando o número de negros no ensino superior em relação ao número

total de alunos do ensino superior. Além de jogar as Mancalas. Com a

interdisciplinaridade com Geografia pode haver a elaboração e confecção de mapas

da rota do tráfico de escravos, gráficos, tabelas etc. (CARNEIRO e PORTELLA,

2005) por tanto todas as áreas de conhecimento estão encarregadas de participar

desse desafio na tentativa de mudança a consciência quanto ao preconceito e a

discriminação.

A discussão sobre como ensinar o conteúdo de História da África e cultura

Afro-brasileira acompanha os debates há muito tempo. A forma e os métodos de se

ensinar essa história variam muito de acordo com o contexto histórico em que se

32

está inserido. A proposta seria possibilitar ao aluno a capacidade de interpretação e

critica, o professor deve discutir o assunto de forma que se deixe aberto para as

diversas interpretações que possam aparecer no âmbito da sala de aula, sem

determinar este ou aquele pensamento, mas deixar com que o aluno observe a sua

maneira, e fazer com que expressem e defendam suas opiniões. O próprio professor

está em uma constante adequação.

Para que possa desenvolver um bom trabalho, ele deve perceber a realidade

em que seus alunos estão situados de modo que nas aulas possa utilizar

metodologias atraentes, abrangendo o cotidiano vivenciado e assim consiga chamar

a atenção dos alunos, e passar o conteúdo.

Muitas vezes os alunos têm pouco interesse em aulas expositivas com giz

branco e quadro negro, portanto o professor deve buscar maneiras atraentes de

desenvolver seu trabalho, existem diversos recursos que chamam a atenção dos

alunos, uma ótima dica seria a utilização do projetor multimídia, sendo um recurso

audiovisual é capaz de mostrar com detalhes o que o professor esta dizendo, no

entanto o professor nunca deixa de ser a peça central dessa aprendizagem, por

mais que existam diversas tecnologias e a cada dia que passa elas inovam cada vez

mais.

É o professor que vai se encarregar de transmitir e discutir os assuntos

abordados em sala de aula mostrando as diversas interpretações, cabendo ao aluno

aceitar a que mais lhe chama a atenção. As fontes de recursos para tornar as aulas

atrativas são muitas, porem elas devem ser devidamente selecionadas para se

atingir os objetivos esperados. “O aluno é agente da construção de seu

conhecimento, mas não o faz sozinho. É importante a mediação do professor e de

outros adultos significativos nesse processo”.(NEMI; MARTINS, 1996, p. 56).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (2001) o trabalho do

professor consiste em introduzir o aluno na leitura das diversas fontes de

informação, para que adquira, pouco a pouco, autonomia intelectual. O percurso do

trabalho escolar inicia, dentro dessa perspectiva, com a identificação das

especificidades das linguagens dos documentos, textos escritos, desenhos, filmes.

Pois a leitura é de suma importância no exercício da mente, de um modo

geral ela amplia e diversifica nossas visões e interpretações sobre o mundo, e da

33

vida como um todo. E, no que se refere ao estudo de história e cultura afro-

brasileira, a interpretação é indispensável, pois os alunos precisam entender as

origens e a face do preconceito para combatê-lo.

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (2001) o ensino e a

aprendizagem de História e cultura Afro-brasileira estão voltados, inicialmente, para

atividades em que os alunos possam compreender as semelhanças e as diferenças,

as permanências e as transformações no modo de vida social, cultural e econômico,

no presente e no passado, mediante a leitura de diferentes obras humanas.

É neste contexto que entra a disciplina de História, como formadora de

opinião, desenvolvendo nos alunos o senso crítico, ou seja, o amadurecimento

transformando essas crianças em homens e mulheres que irão buscar com

seriedade a verdade por meio de questionamentos. Para se criticar algo se deve

usar da reflexão, da análise, e pesquisas, e também é claro, estar preparado para

receber criticas, contudo a disciplina de História fornece esse desenvolvimento

intelectual.

O aluno já chega à escola com determinados conhecimentos sobre o mundo a sua volta. Não é uma tabula rasa a ser continuamente preenchida ou esvaziada. Esse conhecimento prévio é ponto de partida para a aprendizagem que acontece na sala de aula. (NEMI; MARTINS, 1996, p. 56).

As crianças, desde pequenas, recebem um grande número de informações

sobre as relações interpessoais e coletivas. Entretanto, suas reflexões sustentam-

se, geralmente, em concepções de senso comum. Cabe à escola em especial o

professor de História e disciplinas afins, como Geografia, Sociologia e Filosofia,

interferir em suas concepções de mundo, para que desenvolvam uma observação

atenta do seu entorno, identificando as relações sociais em dimensões múltiplas e

diferenciadas.

O preconceito existente em nossa sociedade é um reflexo das piadas, das

brincadeiras, das historinhas contadas de geração em geração que a cada dia

ensina novas crianças a serem possíveis preconceituosos. O professor deve estar

atento as formas de reverter essa situação, promovendo debates na sala de aula

fazendo com que os alunos expressem seus conhecimentos com relação ao

assunto, assim o professor saberá como fazer o seu planejamento para trabalhar o

conteúdo de História e Cultura Afro-brasileira.

34

CONCLUSÃO

A contribuição do negro na formação sociocultural da população brasileira,

historicamente, tem sido negada, disfarçadamente ou não, tendo em vista a

ausência dos direitos humanos fundamentais e o sofrimento com as consequências

de séculos de discriminação e racismo, tem se a necessidade de pensar e tomar

medidas contundentes nas diversas áreas governamentais no sentido de

proporcionar o equilíbrio e igualdade que propiciem condições de existência e

garantia do respeito e a dignidade a todos os afros descendentes em nosso país.

Nesse sentido, na área educacional, a Lei nº 10.639/2003 traz no seu

contexto os anseios dos afro-brasileiros principalmente aqueles ligados aos

movimentos sociais e de articulação dos direitos civis, políticos, sociais e

econômicos, de valorização de sua historicidade, riqueza cultural e da

ancestralidade africana.

Os professores que não tiveram acesso ao conteúdo de História e Cultura

Afro-brasileira na faculdade, e ainda não estão capacitados para trabalhar com esse

novo conteúdo devem procurar cursos de formação abordando à temática que estão

sendo realizados nas universidades brasileiras, algumas secretarias de educação de

municípios e estados iniciaram o processo de formação dos professores para

implementação da lei.

Nesse caminho, entende-se que os esforços para se tornar possível o ensino

da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana vão além da formação continuada dos

professores e pelo compromisso do Estado em efetivar ações que marquem novos

olhares quanto às relações étnico-raciais. O caminho estende-se desde a percepção

da sua importância no contexto histórico brasileiro ao estudo aprofundado da

História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, até as possibilidades de se trabalhar

esses conteúdos no currículo escolar de maneira diferenciada, como forma de

promover um enfrentamento ao preconceito.

35

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36

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APÊNDICE

AJES – FACULDADE DO VALE DO JURUENA PÓS – GRADUAÇÃO/HISTÓRIA DA ÁFRICA

Eduardo Rohling

1- Você considera a mestiçagem existente no Brasil como um obstáculo para o desenvolvimento do País? ( ) SIM ( ) NÂO Por que? 2- Você conhece a lei 10639/03 que tornou obrigatório a inclusão nos currículos dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio conteúdos relacionados à História da África e à Cultura Afro-Brasileira? ( ) SIM ( ) NÂO 3- O que acha da lei? 4- Tendo em vista que a lei é recente, você considera que a escola onde trabalha existe professores preparados para trabalhar com o ensino de História e Cultura Afro-brasileira? Por quê? 5- Em sua opinião existe preconceito na Escola em que trabalha? ( ) SIM ( ) NÂO 6- Se sua resposta for (SIM) é feito algo para solucionar esse problema?

Obrigado por colaborar com a pesquisa! Eduardo Rohling