Tatiana de Jesus Simões - Esquizofrenia

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  • 8/19/2019 Tatiana de Jesus Simões - Esquizofrenia

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    PSIQUÊ - Centro de Estudos Carl G. JungCurso de Formação em Terapeuta JunguianoTurma 02 - 3º Seminário

    TATIANA DE JESUS SIMÕES

    SALVADOR / BA

     MAIO 2006

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    "Só aqui lo que somos realmente tem o pod er de curar-nos"

    Carl Gustav Jung  1

    Eusou

    O pneu traseiroDe uma bicicleta,

     Não suficientemente confiável

    Para ser umPneu da frente.Esperam que eu

    Gire e gireEm um trilho estreito

     Nunca indo longe demaisIgnoradoExceto

    Quando euQuebro.

    EntãoEu recebo muita

    AtençãoRaivosa

    AssustadoraE

    Eu sou colocado emUma

    Garagem,Às vezes durante meses,

    OndeEsqueço a minha função

    EFico com medoDe funcionar

    E todas as funções parecem inúteis.

     Na próxima vez que eu saioPenso que serei

    Uma saídaDe uma

    Freeway.

     Lynne Morris

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    "Só aqui lo que somos realmente tem o pod er de curar-nos"

    Carl Gustav Jung  2

    SUMÁRIO

    01. Introdução..................................................................................................................03

    02. Histórico da Esquizofrenia........................................................................................05

    03. Sintomas da Esquizofrenia........................................................................................06

    04. Fases e Tipos da Esquizofrenia.................................................................................09

    05. Transtornos e Questões Relacionadas à Esquizofrenia.............................................11

    06. Abordagem Psicodinâmica da Esquizofrenia............................................................14

    07. Abordagem Junguiana da Esquizofrenia...................................................................15

    08. Tratamento da Esquizofrenia.....................................................................................17

    09. Considerações Gerais sobre a Esquizofrenia.............................................................19

    10. Referências Bibliográficas.........................................................................................20

    11. Anexo.........................................................................................................................21

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    01. INTRODUÇÃO

    Antes mesmo de explicar o que são psicopatologias e discorrer sobre a esquizofrenia,

    tema deste trabalho, é preciso atentar para uma questão de grande relevância - oconceito de saúde e doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde: “Saúde é umestado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência dedoença ou enfermidade”, 1946. Definição questionável por visar a uma perfeiçãoinatingível, atentando-se as próprias características da personalidade. O limiar quesepara o estado de saúde ou doença é tão estreito que não se pode afirmar que umindivíduo hoje “dito normal”, amanhã não possa desenvolver algum tipo de patologia,desencadeada, seja por questões externas/objetivas ou internas/subjetivas.

    Passeando um pouco pela história da humanidade, pode-se perceber que a discussão daanormalidade sempre permeou e permeia a existência da própria sociedade. Esta sempre

    explicou e tratou o comportamento anormal de diferentes maneiras em diferentesmomentos. A forma como uma sociedade reage à anormalidade depende de seu sistemade crenças e valores sobre a vida e o comportamento humano.

    As sociedades antigas, os antigos egípcios, árabes e hebreus acreditavam que ocomportamento anormal era advindo de forças demoníacas e sobrenaturais, comodeuses enfurecidos, maus espíritos e demônios que se apossavam dos humanos e os

     possuíam. Para expulsar esses demônios eram feitas preces, porções ou punição físicacomo meio de forçar a saída dos mesmos.

    Hipócrates, numa tentativa de explicar o comportamento anormal em termos de causasnaturais, ao contrário das antigas civilizações, afirmou que o cérebro era o órgãoresponsável pelas doenças mentais, e o tratamento baseava-se na tentativa de equilibraros humores.

    Durante a Idade Média a idéia de Hipócrates foi sobremaneira relegada, devido a grandeinfluência da religião que baseava sua crença na luta entre o bem e o mal, via aanormalidade como uma possessão; assim como os antigos egípcios, árabes e hebreus.Esses indivíduos ditos anormais eram considerados como ameaçadores a ordem social,sendo tratados a base do exorcismo para expulsar os demônios e muitas vezescondenados à morte.

    A partir do século XVI, foi reconhecido que as pessoas anormais precisavam deatendimento e não de exorcismo ou condenação à morte. No início os pacientes eram

     presos e os hospitais pareciam mais um local de condenação do que um espaçoterapêutico. A partir do século XIX, as doenças mentais passam a ter explicações

     psicológicas, com Mesmer e Charcot (explicações fisiológicas); Freud (explicações psicodinâmicas do inconsciente); Pavlov, Thorndike e Skinner (explicações psicológicas baseadas na aprendizagem), visão promulgada por Watson(comportamentalismo); esta visão comportamentalista foi combatida pela explicaçãocognitiva de que os pensamentos influenciam o comportamento. E na década de 50 asdescobertas de drogas como forma de tratar o comportamento anormal, reavivam o

    interesse nas explicações fisiológicas.

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    Pode-se chegar a uma definição do comportamento anormal a partir do ponto de vistaindividual  –   sofrimento e incapacidade do indivíduo; e cultural  –   desvios da norma,desvios das normas culturais. Segundo Holmes (1994), “Comportamento anormal é ocomportamento que é pessoalmente angustiante ou pessoalmente incapacitante ou éculturalmente tão afastado da norma que outros indivíduos o julgam como inapropriado

    ou mal-adaptativo”. Inserido nesta questão do comportamento anormal, fica claro que as psicopatologias são uma realidade e esta, é percebida e analisada de forma peculiar(ciência, religião, preconceito, etc.) de acordo com cada período e crenças que cercam ahistória da própria humanidade.

    É nesse contexto que se verifica a importância do estudo da psicopatologia a fim decompreender o universo das doenças mentais. A psicopatologia é o estudo sistemáticodo comportamento, cognição e da experiência dessas atitudes anormais - é o estudo dos

     produtos de uma mente com um transtorno mental. E a esquizofrenia, é uma doença damente complexa e será abordada neste trabalho. Um em cada 100 habitantes sofre deesquizofrenia, o que torna a doença bastante comum em todo o mundo. A esquizofrenia

    corresponde a uma situação clínica em que ocorre uma crise com a realidade,condicionando, por isso, os pensamentos, o comportamento e a relação do indivíduocom os outros. Embora conhecida desde há muitos anos, é ainda considerada uma dasmais graves patologias mentais. Esta situação provocava uma exclusão social e familiar,que hoje em dia se pretende evitar, quer através de uma terapêutica farmacológica querainda através de programas de reabilitação psicossocial.

    Ser portador de esquizofrênica não significa ter dupla personalidade. O termo se adequa para descrever um quadro de sintomas típicos, incluindo enganos, alucinações,desordem de pensamentos e ausência de respostas emotivas, aliadas aos fatoresgenéticos e tensões ambientais. È uma cisão de personalidade onde as figuras cindidas

     posuem nomes e características banais, grotescas, caricaturais, e, em muitos aspectos,contestáveis. Não colaboram com a consciência do paciente. Trata-se visivelmente deum caos de visões, vozes e tipos desconexos, todos de natureza violenta, estranha eincompreensível. O efeito desta doença é devastador do aspecto humano no queconcerne ao pensamento, emoção e expressão. Não existe vislumbre de cura, porém,com o tratamento adequado, pode reduzir significativamente os sintomas e asreincidências de surtos em mais de 50%. Nos outros pacientes a doença segue seu cursonuma flutuação entre altos surtos psicóticos, seguidos de remissão. Uma dascaracterísticas da doença é a perda da capacidade crítica do doente face à sua situação.Desta forma, o esquizofrênico não tem a noção da doença, ao contrário do que sucede

    com a maioria das enfermidades físicas, em que o indivíduo pede ajuda. Pelo contrário,o doente esquizofrênico não pede auxílio e isola-se, com receio de não sercompreendido pelos outros.

    Este trabalho tem o objetivo de discorrer sobre as questões relacionadas a esta doençacomplexa, que será analisada a partir de uma perspectiva psicodinâmica, cognitiva,filosófica; e é claro, sobre o prisma da psicologia junguiana. Neste trabalho constarãotambém explicações sobre a psicogênese da esquizofrenia, sintomas, fases e tipos dadoença; além de uma análise e crítica de cunho pessoal.

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    02. HISTÓRICO DA ESQUIZOFRENIA

     Na busca pela conceituação e explicação da esquizofrenia, palavra que significa “cisão

    da mente”  (esquizo = cisão, frenia = mente), Emil Kraepelin na Alemanha e EugenBleuler na Suíça enfocaram sua atenção sobre o problema.

    Emil Kraeplin denominou o transtorno de dementia praecox e sugeriu que ele tinha uminício precoce e caracterizava-se por uma deterioração intelectual progressiva eirreversível. Foi a partir dessas duas características que ele derivou o nome dotranstorno:

      Praecox referia-se ao início precoce do transtorno.  Dementia referia-se a deterioração progressiva que ocorre.

    Com relação à natureza do transtorno sugeriu que os sintomas refletiam umadeterioração intelectual como a observada na selinidade e acreditava que o transtornotinha uma base fisiológica.

    O primeiro a utilizar o termo esquizofrenia foi o psiquiatra suíço, Eugen Bleuler em1911, sobre os pacientes que tinham as características de desligados de seus processosde pensamentos e respostas emotivas.

    Bleuler não acreditava não acreditava que o transtorno tinha um início precoce ou queele inevitavelmente conduzisse à deterioração intelectual, ele usou uma definição maisampla, incluiu muito mais indivíduos (mais velhos e mais novos, recuperados e

    crônicos) na classe diagnóstica e ofereceu um prognóstico mais otimista para osindivíduos diagnosticados como portadores de esquizofrenia. Com relação à natureza dotranstorno Bleuler sugeriu que o mesmo envolvia um colapso de fios associativos queconectavam palavras, pensamentos e sentimentos. Tal colapso foi usado para explicaros sintomas observados na esquizofrenia. E a denominação desse termo “Esquizofrenia”deve-se a esse colapso de associações. Bleuler também acreditava que a causa dotranstorno tinha uma base fisiológica e que os sintomas poderiam ser influenciados poruma base psicológica, como ele mesmo diz:

    “Devemos concluir disto tudo que experiências físicas –   usualmente denatureza desagradável  –   podem sem dúvida, afetar os sintomasesquizofrênicos. No entanto, é altamente improvável que a doença em si seja

    realmente produzida por tais fatores. Experiências e eventos psíquicos podemliberar os sintomas, mas não a doença”. (Bleuler, 1950, p. 345 in Holmes,2001).

     Na atualidade se aceita a idéia de Kraepelin de que o transtorno é progressivo eirreversível e consiste numa variedade de sintomas em diferentes combinações; etambém com Bleuler de que o transtorno pode ter um início tardio e que ele deve serdenominado de esquizofrenia .

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    03. SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA 

    Referir-se ao termo esquizofrenia é falar sobre um conjunto de transtornos que abrange

    os mais complexos e assustadores sintomas que possamos verificar.

    Os indivíduos portadores de esquizofrenia podem sentir bichos andando pelos seuscorpos, ouvir vozes, manias de perseguição, imaginar e falar em coisas aparentementesem nexo, sugerir conspirações, acreditar que são personalidades marcantes e históricasda sociedade como Jesus e outros. Como se pode verificar é um transtorno sério emtermos tantos de sintomas que os acometem, como do número de indivíduos que sofremdessa doença.

    Os sintomas ultrapassam o domínio da experiência da maioria das pessoas. Entenderquando se fala de ansiedade e depressão é até bastante fácil, a maior parte de nós em

    algum momento podemos tê-las sentido; as alucinações e delírios são bastante difíceisde compreender, já que a maioria de nós nunca as experimentamos ou vivenciamos. Porvezes, pode ser atemorizante e leva a reação de medo e terror. Medo esse justificado

     pelo fato da doença ser considerada incurável e que as pessoas as quais sofriam destetranstorno ser condenadas a viver nos hospitais psiquiátricos. Concepção estaultrapassada e sem fundamento para os dias atuais. Alguns podem ter uma vida“normal”, desde que tenha acompanhamento adequado de um psiquiatra e

     psicoterapeuta. Outros têm o transtorno e não sabem que o tem.

    Segundo Holmes (1998), os sintomas podem ser:1.  Cognitivos: que são os mais óbvios e importantes.2.

     

    Sintomas de humor3.  Sintomas somáticos4.  Sintomas motores

    1.  Os sin tomas cogni tivos incluem:

      As alucinações  Os delírios  Os processos de pensamentos perturbados  As inundações cognitivas

    As Al ucinações

    São experiências nas quais as pessoas podem ouvir, sentir, cheirar ou vê coisas semnenhum fundamento baseado na percepção da realidade. As alucinações mais comunssão as auditivas. Geralmente os portadores de esquizofrenia imaginam ouvir vozes queos perseguem, criticando seu comportamento e muitas vezes até dão ordens e eles agemcomo se realmente essas vozes fossem reais. Ex.: "Eu ouço vozes quando estou sozinhono meu quarto, às vezes chamam-me nomes e insultam-me". 

    As alucinações táteis e somáticas também são bastante comuns, nas quais as pessoas podem sentir algo percorrendo o seu corpo, sensações de formigamento ou queimadura

    e até mesmo sensações internas no corpo. Já as alucinações visuais olfativas sãotambém observadas, onde os portadores de esquizofrenia imaginam ver ou sentir cheiros

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    que não estão presentes, porém são menos comuns. Para os portadores de esquizofreniaesses sintomas têm um sentido muito próprio de realidade e geralmente eles sãoincapazes de distinguir tais alucinações de percepções reais, o sentido de realidade ficatotalmente comprometido quando se refere a tais alucinações.

    Os Delírios

    Os delírios se caracterizam por ser crenças bizarras que são mantidos a despeito defortes evidências que comprovam o contrário. Os delírios são considerados bizarros sesão claramente implausíveis e incompreensíveis. Quanto mais bizarro o delírio, mais

     provável que o indivíduo esteja sofrendo de esquizofrenia. Os delírios mais comuns são;

      Delírios de perseguição: são os delírios nos qual o indivíduo portador deesquizofrenia imagina estar sendo perseguido, vigiado, que os outros o estãoespiando ou planejando algo para prejudicá-lo.  EX: "Hoje deu uma notícia naradio em que falava sobre a minha ligação ao escândalo da bolsa e a polícia

    anda atrás de mim”.   Delírios de referência: são os delírios nos quais objetos, eventos ou outras

     pessoas são vistos como apresentando algum sentido particular de resposta paraeles.

      Delírios de identidade: são os delírios nos quais os indivíduos portadores deesquizofrenia acreditam ser outra pessoa. Por exemplo: pensam ser Jesus,

     Napoleão, os Césares ou outros tantos famosos.

    A maior parte dos indivíduos portadores da esquizofrenia desenvolve sistemasdelirantes bastante elaborados envolvendo diversos delírios interrelacionados e as

    alucinações que eles experimentam são frequentemente relacionados aos seus delírios.Os processos de pensamentos perturbados

    Os processos de pensamentos perturbados dizem respeito à forma como os indivíduoscom esquizofrenia pensam. Esses processos se caracterizam por um afrouxamento dasligações associativas entre os pensamentos, de maneira que esses indivíduos geralmentedesviam-se para pensamentos irrelevantes, eles incluem essas idéias em suasconversações aparentemente sem nenhum nexo. Ex. "Hoje fui ao cinema ver um..., poisé a minha mãe é professora e eu vou passar de ano".  Apesar de a conversação estargramaticalmente correta, o sentido fica totalmente comprometido pela aparente natureza

    aleatória dos seus pensamentos, como denomina Holmes (1998): “são fugas de idéias ousaladas de palavras”p. 238. Quando há esses casos de perturbações de pensamentos, osindivíduos portadores de esquizofrenia têm prejudicado seu funcionamento intelectual,chamado de déficit esquizofrênico.

    As I nundações cogniti vas

    A inundação cognitiva ou sobrecarga de estímulos se refere a uma ampliação excessivada atenção; isto é, as pessoas portadoras de esquizofrenia têm uma sobrecarga de

     percepções, pensamentos e sentimentos. E esta inundação estar relacionada à atividadecerebral. Esse item não se encontra no DSM-IV.

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    2.  Sin tomas do humor:

    Os indivíduos que sofrem de esquizofrenia são descritos como “embotados”, “não -modulados” ou “inapropriados”, pois os mesmos não são emocionalmente responsivos

    quanto deveriam ser as situações ambientais e interpessoais apresentadas. De modo

    geral, pode-se dizer que as emoções dessas pessoas são situacionalmente inapropriadas,elas dão à resposta errada a uma situação; ou melhor, elas dão a resposta certa a umasituação erroneamente percebida. A pessoa com esquizofrenia pode estar respondendocorretamente a sua interpretação idiossincrásica da situação (delírio), a alguma respostainterna (alucinação) ou algum pensamento concorrente (sobrecarga de estímulos).

    3.  Sintomas somáticos:

    O sintoma somático mais evidente é o relacionado a estimulação fisiológica geral como:freqüência cardíaca, pressão sanguínea, sudorese. A evidência é tão inconsistente econtraditória que este item não se encontra listados no DSM-IV. Segundo Holmes

    (1998), em alguns estudos foi verificado que indivíduos com esquizofrenia são maisfisiologicamente estimulados que os indivíduos normais; enquanto em outros estudoseles são menos estimulados. Esse conflito pode se referir a possibilidade de quediferentes níveis de estimulação estejam associados a distintos tipos de esquizofrenia oua fases diferentes do transtorno. É possível também que o nível de estimulação seja umafunção dos tipos de delírios experimentados. É preciso tomar cuidado para nãoconfundir sintomas cognitivos com sintomas somáticos agudos. É preciso lembras queas drogas utilizadas para os quadros de esquizofrenia também causam sintomassomáticos, não se deve confundir efeitos do tratamento com os sintomas do transtorno.

    4.  Sintomas motores:

    É grande a extensão dos sintomas motores na esquizofrenia. É característico de algumas pessoas com esquizofrenia permanecerem imóveis durante longos períodos de tempo,enquanto outras são mais agitadas e exigem nível elevado de atividade. Dentro dossintomas motores, podem ocorrer contrações nas faces e movimentos repetidos de dedose mãos. Esses movimentos podem ser aleatórios ou propositais, mas também podemestar relacionados aos delírios do paciente. Faz-se preciso distinguir, assim como nossintomas somáticos, os sintomas motores dos efeitos das medicações ingeridas pelo

     paciente. Muitas das drogas administradas ao paciente com esquizofrenia afetam as partes do cérebro responsáveis pelo comportamento motor e assim causam alguns

    tremores, contorções musculares e andar rígido, decorrentes do tratamento e não dotranstorno em si.

    O quadro clínico da esquizofrenia abrange uma gama ampla e variada de sintomas. Èimprescindível reconhecer que diferentes indivíduos diagnosticados com esquizofrenia

     podem apresentar conjuntos de sintomas muito diferentes.

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    04. FASES E TIPOS DE ESQUIZOFRENIA

    Os indivíduos que sofrem de esquizofrenia geralmente passam por três fases:

    1ªFase Prodômi ca

    Uma fase na qual o funcionamento intelectual e interpessoal começam a deteriorar. Nessa fase, aparecem alguns comportamentos muito particulares, as emoções tornam-seinapropriadas e experiências perceptuais incomuns começam a ocorrer.

    2ªFase Ati va

    É a fase onde o quadro de sintomas se torna nítida ou proeminente. Alucinações,delírios, distúrbios de pensamento e linguagem tornam-se identificáveis e o

    comportamento pode tornar-se mais desorganizado.

    3ªFase Residual

     Nessa fase o quadro de sintomas torna-se menos claro, menos ativo e menosimportantes para o indivíduo. Associado ao obscurecimento dos sintomas, tem umembotamento geral ou uma não-modulação do humor e um declínio geral dodesempenho intelectual. Alguns autores ainda caracterizam uma terceira fase, chamadade crônica, fase mais extrema da residual geralmente mais característica dos pacientesque foram internados durante anos em hospitais psiquiátricos. Os indivíduos crônicosnão apresentam mais os sintomas característicos das primeiras fases, mas umadeterioração séria de habilidades sociais.

    A esquizofrenia envolve um grupo de transtornos, e para melhor entendê-los no DSM-IV foram feitas distinções entre cinco tipos de esquizofrenias. Cada tipo é diferenciadodo outro pela ausência ou predominância de certos sintomas ou conjunto de sintomas.

    A esquizofr enia tipo paranóide

    Este tipo de esquizofrenia é o mais comum e também o que responde melhor aotratamento. Diz-se, por causa disso, que tem prognóstico melhor. O paciente que sofre

    esta condição pode pensar que o mundo inteiro o persegue que as pessoas falam maldele, têm inveja, ridicularizam-no, pensam mal dele, elas têm intenções de fazer-lhemal, de prejudicá-lo, de matá-lo, etc. Trata-se dos delírios de perseguição. Não é raroque este tipo de paciente tenha também delírios de grandeza, idéias além de suas

     possibilidades: “Eu sou o melhor cantor do mundo. Nada me   supera. Nem FrankSinatra é melhor”. Esses pensamentos podem vir acompanhados de alucinações,aparição de pessoas mortas, diabos, deuses, alienígenas e outros elementossobrenaturais. Algumas vezes esses pacientes chegam a ter idéias religiosas e/o

     políticas, proclamando-se salvadores da terra ou da raça humana. Tais pacientes nãoapresentam desorganização de pensamentos ou comportamento, tendem a seremansiosos argumentativos e às vezes violentos quando confrontados.

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    A esqui zofreni a tipo hebefrêni ca ou desorgani zada

     Neste grupo se incluem os pacientes que têm problemas de concentração, poucacoerência de pensamento, pobreza do raciocínio, discurso infantil. Às vezes, fazemcomentários fora do contexto e se desviam totalmente do tema da conversação.

    Expressam uma falta de emoção ou emoções pouco apropriadas, rindo-se a gargalhadasem ocasiões solenes, rompendo a chorar por nenhuma razão em particular, etc. Nestegrupo também é freqüente a aparição de delírios (crenças falsas),  por exemplo, que ovento move na direção que eles querem, que se comunicam com outras pessoas por

    telepatia, etc. Tais pacientes, não apresentam um conjunto sistematizado de delírios e,assim, não há nenhuma estrutura compreensível para o seu padrão de sintomas.

    A esquizofr enia ti po catatôni ca

    É o tipo menos freqüente de esquizofrenia. Apresenta como característica transtornos psicomotores, tornando difícil ou impossível ao paciente mover-se. Na forma clássica, o

     paciente catatônico é estuporado e apresenta o que é denominado cataplexia(flexibilidade cérea). Talvez passe horas sentado na mesma posição. A falta de falatambém é freqüente neste grupo, assim como alguma atividade física sem propósito. Emcontraste, alguns pacientes apresentam elevado nível de atividade motora envolvendocomportamentos frenéticos e excitados e ainda outros podem vacilar entre o estupor e aexcitação.

    A esquizofr enia tipo residual

    Esse termo é usado pare se referir a uma esquizofrenia que já tem muitos anos e commuitas seqüelas. O prejuízo que existe na personalidade desses pacientes já não dependemais dos surtos agudos. Na esquizofrenia assim cronificada podem predominarsintomas como o isolamentos social, o comportamento excêntrico, emoções poucoapropriadas e pensamentos ilógicos. Ademais, sintomas como alucinações e delírios sãofreqüentes ou vagos.

    A esqui zofreni a tipo não dif erenciado

    Enquadram-se aqui aqueles pacientes que não se podem classificar em nenhum dosgrupos mencionados. A estes pacientes se pode dar o diagnóstico de esquizofreniaindiferenciada.

    Embora a esquizofrenia seja tecnicamente dividida em tipos, os sintomas observadosem pessoas portadoras dessa doença podem mudar ao longo do tempo.

    Até bem pouco tempo se pensava que a esquizofrenia era sempre incurável e que seconvertia, obrigatoriamente, numa doença crônica e por vida. Hoje em dia, entretanto,sabemos que este não é necessariamente o caso e uma porcentagem de pessoas quesofrem deste transtorno pode recuperar-se por completo e levar uma vida normal comoqualquer outra pessoa. Outras pessoas, com quadros mais graves, apesar de precisaremda medicação, chegam a melhorar até o ponto de poderem desempenhar o trabalho,casar-se e ter família. Embora não se possa falar em “cura total”, a reabilitação

     psicossocial da expressiva maioria desses pacientes tem sido bastante evidente.

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    05. TRANSTORNOS E QUESTÕESRELACIONADAS À ESQUIZOFRENIA

    Já tendo descrito sobre o quadro clínico os cinco tipos de esquizofrenias, é importantefazer uma diferenciação entre a esquizofrenia em si os transtornos que envolvem osmesmos sintomas desta doença. A esquizofrenia é uma perturbação que dura pelomenos seis meses e inclui pelo menos um mês de sintomas da fase ativa; isto é, dois oumais dos seguintes: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamentoamplamente desorganizado ou catatônico, sintomas negativos; já os transtornos não.

    Os transtornos incluídos neste capítulo caracterizam-se por terem como aspectodefinidor a presença de sintomas psicóticos. O termo psicótico tem recebido,historicamente, diversas definições diferentes, nenhuma conquistando aceitaçãouniversal. A definição mais estreita de psicótico está restrita a delírios ou alucinações

     proeminentes, com as alucinações ocorrendo na ausência de insight para sua natureza patológica. Uma definição levemente menos restritiva inclui também alucinações proeminentes que o indivíduo percebe como sendo experiências alucinatórias. Aindamais ampla é a definição que também inclui outros sintomas positivos da Esquizofrenia;isto é, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado oucatatônico.

    Diferentemente dessas definições baseadas em sintomas, a definição usada emclassificações anteriores provavelmente era demasiado abrangente e focalizada nagravidade do prejuízo funcional, de modo que um transtorno mental era chamado de

    "psicótico" se resultava em "prejuízo que interfere amplamente na capacidade deatender às exigências da vida". Finalmente, o termo foi conceitualmente definido comouma perda dos limites do ego ou um amplo prejuízo no teste de realidade. Os diferentestranstornos nesta seção salientam diferentes aspectos das várias definições de psicótico.

     Na Esquizofrenia, no transtorno esquizofreniforme e no transtorno psicótico breve, otermo psicótico refere-se a delírios, quaisquer alucinações proeminentes, discursodesorganizado ou comportamento desorganizado ou catatônico.

     No transtorno psicótico devido a uma condição médica geral e no transtorno psicóticoinduzido por substância, psicótico refere-se a delírios ou apenas àquelas alucinações que

    não são acompanhadas de insight.

    Finalmente, no transtorno delirante e no transtorno psicótico compartilhado, psicóticoequivale a delirante.

    Transtorno Psicótico Breve

    É uma perturbação psicótica com duração maior que um dia e remissão em um mês, ena maioria dos casos é considerada como originária de um estresse avassalador. Este

     padrão de sintomas contrasta com a esquizofrenia por estar continuar por um períodolongo da vida do indivíduo e o início da qual não está usualmente associado a quaisquer

    eventos ou estresse associados. Ex: esse transtorno pode aparecer após guerras,terremotos, etc.

    http://www.psiqweb.med.br/dsm/psicot.html#esquizofrenia#esquizofreniahttp://www.psiqweb.med.br/dsm/psicot.html#esquizofrenia#esquizofrenia

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    Transtorno esquizofr eni forme

    Caracteriza-se por um quadro sintomático equivalente à Esquizofrenia, exceto por suaduração; isto é, a perturbação dura de um a seis meses, e pela ausência da exigência deum declínio no funcionamento. Assim como na esquizofrenia ele não parece ser

    disparado por um estresse particular, ele assume a forma de esquizofrenia, mas devido asua duração mais curta, ele não é considerado esquizofrenia. 

    Transtorno Esquizoafetivo

    É uma perturbação na qual um episódio de humor e sintomas da fase ativa daesquizofrenia ocorrem juntos e foram precedidos ou seguidos por pelo menos duassemanas de delírios ou alucinações sem sintomas proeminentes de humor. Envolve umacombinação de esquizofrenia e um transtorno de humor (depressão ou mania). 

    Tr anstorno Psicótico induzido por substâncias

    Os sintomas psicóticos são considerados uma conseqüência fisiológica direta de uma droga deabuso, um medicamento ou exposição à toxina.

    Transtorno psicótico comparti lhado

    É uma perturbação que se desenvolve em um indivíduo influenciado por outra pessoacom um delírio estabelecido de conteúdo similar. 

    Transtorno deli rante (paranóide)

    Caracteriza-se por pelo menos um mês de delírios não-bizarros sem outros sintomas dafase ativa da esquizofrenia. Esses delírios envolvem situações que poderiam ocorrer navida real, tais como ser seguido, envenenado, infectado, amado a distância ou enganado

     por outros. Alucinações auditivas e visuais podem ocorrer, mas são limitadas a alguns breves momentos e não ao longo do dia como é o caso da esquizofrenia. Os indivíduoscom transtorno delirante não apresentam as alucinações persistentes, distúrbios de

     pensamento e declínio geral no desempenho intelectual observados na esquizofrenia.

    Transtorno psicótico devido a uma condição médica geral

    Os sintomas psicóticos são considerados uma conseqüência fisiológica direta de uma condição

    médica geral. 

    O transtorno psicótico sem outra especificação é incluído para a classificação dequadros psicóticos que não satisfazem os critérios para qualquer dos transtornos

     psicóticos específicos definidos nesta seção ou de uma sintomatologia psicótica acercada qual existem informações inadequadas ou contraditórias.

    Os transtornos de personalidade esquizotípico ou esquizóide são transtornos de personalidade e não de psicoses. Um indivíduo com o transtorno da personalidadeesquizóide apresenta o humor não-modulado e isolamento social, mas não os sintomascognitivos como alucinações, delírios ou processos de pensamento perturbados.

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    Características específicas à cultura, à idade e ao gênero

    Os médicos que avaliam os sintomas de esquizofrenia em situações sócio-econômicasou culturais diferentes das suas próprias devem levar em conta as diferenças culturais.Idéias que parecem delirantes em uma cultura podem ser bem aceitas noutra. Não há

    grupo cultural imune, embora o curso da doença pareça ser mais severo em países emdesenvolvimento. O início da esquizofrenia tipicamente ocorre entre o final daadolescência e meados da década dos 30, sendo raro o início antes da adolescência,embora haja relatos de casos com início aos 5 ou 6 anos. Os casos de aparecimentotardio tendem a ser similares à esquizofrenia de início mais precoce, exceto por uma

     proporção maior de mulheres, uma melhor história ocupacional e maior freqüência decasamentos. A apresentação clínica tende mais a incluir delírios e alucinações

     paranóides, sendo menos propensa a incluir sintomas desorganizados e negativos.Existem diferenças de gênero na apresentação e curso da esquizofrenia. As mulheresestão mais propensas a ter um aparecimento tardio da condição, mais sintomas

     proeminentes de humor e um melhor prognóstico. Embora há muito se afirme que

    homens e mulheres são afetados em proporções basicamente iguais, estas estimativasrelativas à distribuição entre os sexos são confundidas por questões de determinação edefinição. Estudos baseados em hospitais sugerem uma incidência superior deesquizofrenia em homens, ao passo que estudos baseados na comunidade têm sugerido,em sua maior parte, uma distribuição igual entre os sexos.

    Esquizofrenia e classe social

    Pessoas da classe mais baixa tendem mais a ser diagnosticadas como sofrendo deesquizofrenia do que as de classe alta. Segundo relata Holmes, 1998, a taxa de

    esquizofrenia nas classes baixas é de oito vezes a classe alta. A taxa de esquizofrenia émais alta nos centro das grandes cidades do que nos campos. O modelo sociogênico daesquizofrenia indica que os estresses ambientais associados a viver na classe mais baixacausam ou contribuem para o desenvolvimento da esquizofrenia.

    Padrão Familiar

    Até o momento têm sido inclusivos os estudos que afirmam, indubitavelmente, se aesquizofrenia é genética (gene que conduza em direção a doença) ou hereditária(doença genética que se transmitirá, com certeza, de uma geração para outra), embora jáse tenha certeza absoluta de que a probabilidade de filhos esquizofrênicos é maior se

    um dos pais for esquizofrênico e, muito maior, se ambos forem. Na população geral aesquizofrenia aparece numa de cada cem pessoas (fator de risco 1%). Se tiver avô comesquizofrenia o fator de risco sobe para 3%, se um dos pais ou irmão sofre da doença orisco é de 10-20% e se ambos os pais sofrem de esquizofrenia o risco é de 40-50%.

    Complicações de parto

    Os estudos indicam que indivíduos com esquizofrenia têm uma incidência maior com os problemas que cercam o nascimento, parecendo que as complicações de trabalho de parto aumentam o seu risco, ex: um período curto de gestação e peso baixo no recém-nascido, mães deprimidas ou que passaram por um episódio de depressão durante suagravidez., grávidas que sofreram fome ou deficiência de nutrição; além de umaincidência de risco aumentado para aqueles bebês não alimentados pelo peito materno.

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    06. ABORDAGEN PSICODINÂMICA DA ESQUIZOFRENIA

    Segundo Freud, os indivíduos usam uma tática para lidar com o conflito e estressesesmagadores  –   a regressão. Retornar a um estado anterior do desenvolvimento

     psicossexual no qual o indivíduo sentiu-se mais seguro. Alguns indivíduos não estão preparados para a batalha e tendem a regredir em face do conflito e do estresse. Numalinguagem junguiana, o indivíduo tende voltar para a “mãe”, para o aconchego do afago,do alimento, do calor, da participação mística com a mãe  –   essa é a influência doarquétipo materno, neste contexto precisaria buscar o herói e lutar para desbravar estemundo “perigoso e amedrontador”. A dinâmica da energia psíquica encontra-se tambémem regressão, na medida em que se volta para uma tentativa de adaptação ao mundointerno, e ao inconsciente.

     No caso da esquizofrenia considera-se que o indivíduo regrediu todo caminho de volta aum estágio de bebê ou ao estágio oral do desenvolvimento psicossexual. Ocomportamento de um indivíduo com esquizofrenia é considerado semelhante ao de um

     bebê ou de uma criança. Um indivíduo s no estágio oral, que deseja algo, precisa apenasfantasiar para que isto exista Muitas crianças tem amigos imaginários que se tornamquase reais para elas. Para a pessoa que regrediu e desenvolveu esquizofrenia, essesamigos imaginários são reais. A diferença entre os adultos bem ajustados, é que estestêm egos bem desenvolvidos que estabelecem limitem sobre a atividade da fantasia,constantemente checando-a com a realidade. No entanto, mesmo os indivíduos bemajustados têm lapsos ocasionais no controle do ego, que permitem vislumbres de

     pensamentos semelhantes ao psicótico. Isto tende mais a ocorrer durante os sonhos ouenquanto estamos muito relaxados e o ego encontra-se menos vigilante.

    Essa relação mãe-filho é crucial no desenvolvimento da esquizofrenia. Geralmente asmães dos filhos que nasceram com esquizofrenia são superprotetoras e controladoras,mas, ao mesmo tempo, rejeitadoras e distantes. A superproteção da mãe supostamentesufoca o desenvolvimento emocional da criança enquanto sua distância emocional privaa criança de segurança pessoal. O desenvolvimento emocional limitado em combinaçãocom falta de segurança deixa o indivíduo vulnerável e quando se defronta com estresseo indivíduo entra em colapso.

     Na esquizofrenia a sensação de invasão do self parece ser fundamental para a naturezada condição, como esta é experienciada; os sintomas de primeira ordem têm em comuma permeabilidade da barreira entre o indivíduo e seu ambiente, a perda dos limites doego. Existe uma fusão entre o self e o não-self (“eu” e “não-eu”). O paciente não estáconsciente de que a perturbação diz respeito aos limites do ego. O observador externoencontra uma turvação ou perda dos limites do self, que não é aparente ao próprio

     paciente. Todas as experiências de passividade atribuem falsamente função a influênciasnão-self vindas do exterior, que na verdade estão vindo de dentro do self. Sensações,emoções, impulsos e ações que na realidade objetiva vêm de dentro do self sãoatribuídos ao não-self. È uma falta de definição dos limites do self.

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    07. ABORGAGEM JUNGUIANA DA ESQUIZOFRENIA

     No início da segunda metade do século XX Jung fez considerações e expôs sua opinião

    como psiquiatra a respeito da esquizofrenia fazendo comparações a respeito docomportamento neurótico e psicótico. Segundo ele, a dissociação psicótica secaracteriza por uma dissociação fisiológica da personalidade e assistemática doselementos psíquicos, das idéias. Acredita-se que a etiologia da esquizofrenia sejafundamentalmente orgânica, apesar de não se ter podido comprovar a existência delesões específicas das células cerebrais. Os esquizofrênicos possuem uma causalidade efinalidade psíquica. Enquanto o eu numa pessoa normal é o sujeito da experiência, noesquizofrênico, o eu é somente um dos sujeitos da experiência; isto é, o sujeito normalse fragmenta numa pluralidade de sujeitos e complexos autônomos, como diz a palavraesquizofrenia em seu sentido próprio. Existem inúmeros sujeitos e não apenas um eucentral capaz de viver e reagir afetivamente. A ligação entre o eu e os demais

    complexos encontra-se rompida. A cisão é absoluta. A unidade da personalidade parte-se em pedaços. A dissociação pode chegar ao ponto de criar uma ou mais

     personalidades secundárias, onde cada uma delas parece possuir uma consciência própria.

    Os sintomas da esquizofrenia são mais equivalentes aos fenômenos observados nosonho e nas intoxicações, considerando o sonho como fenômeno normal do sono; pois osonho tem uma analogia com a desintegração da esquizofrenia no que se refere à faltade um absenteísmo (P. Janet) do nível mental. Esse absenteísmo tem início numadiminuição da concentração e atenção e leva não apenas a perda de valor dasassociações, mas uma perda de sentido das próprias palavras, e perturbação do contextotemático por intervenções curiosas e sem lógica.

     Na esquizofrenia a consciência não está diminuída como no sonho, a memória e aorientação funcionam normalmente, a não ser quando existe algum processo delirante.Os fenômenos da esquizofrenia não são causados por uma diminuição geral da atençãoou da consciência, eles dependem de algum fator perturbador que está relacionado aalguns fatores psíquicos particulares. Não se pode dizer quais idéias serão perturbadasmesmo conhecendo a probabilidade de ser pertencente ao campo emocional de umcomplexo reconhecível, cuja existência em si não represente uma característicaespecífica esquizofrênica. Como diz Jung (1971), p. 239: “Um complexo emocional

     pode perturbar a atenção geral e a atenção mas jamais destrói seus próprios elementos psíquicos ou o seu conteúdo, como acontece num complexo esquizofrênico”.  Ocomplexo esquizofrênico se caracteriza por uma deterioração particular e por umafragmentação das idéias onde o campo da atenção se vê bem pouco perturbado, é comose o complexo se auto-aniquilasse ao distorcer sua possibilidade de expressão através deum pensamento ou fala ordenados. O complexo esquizofrênico utiliza sua própriaenergia para extrair seus conteúdos através do absenteísmo do nível mental. Enfim, aintensidade emocional do complexo conduz a um absenteísmo dos seus própriosfundamentos ou ao distúrbio da síntese normal das idéias.

    A autodestruição do complexo se exprime pelo distúrbio da capacidade de expressão e

    comunicação; e, além disso, existe o fato relativo a uma afetividade inadequada.Segundo Jung, na esquizofrenia esta é sempre sistemática e apenas identificável por um

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    olho clínico experiente. Na esquizofrenia a sensibilidade está sendo sempre perturbada,a falta ou outro tipo de inadequação da sensibilidade não aparece apenas na região docomplexo, e sim, em todos os comportamentos. Este comportamento curioso docomplexo esquizofrênico é possível ser admitido por uma possibilidade da existência deuma causa tóxica, relacionada a uma desintegração orgânica local ou uma alteração

    fisiológica produzida por uma pressão emocional que excede a capacidade das célulascerebrais. Compreender o conteúdo da esquizofrenia e sua significação é fundamental para o profissional que estuda e lida com essa doença. É importante saber que a mesmaabarca dois aspectos importantes: o bioquímico e o psicológico. Nesse aspecto fica claroque se faz necessário o trabalho psicoterapeutico; já que, existem conteúdos pessoais eoutros que fogem as circunstâncias individuais da vida. Os conteúdos psicóticos

     principalmente nos casos paranóides, mostram uma analogia maior com os grandessonhos, os sonhos com caráter numinoso, onde as imagens carregam motivos míticos,materiais presente no inconsciente coletivo –  chamado de arquétipos, matriz de todas asexpressões mitológicas que não surgem apenas sob condições altamente emocionais,mas constituem sua própria causa.

    “No meu entender, a investigação da esquizofrenia constitui uma das tarefasmais importantes da psiquiatria futura. O problema encerra dois aspectos, umfisiológico e outro psicológico, pois, como se pode perceber, essa doença nãose satisfaz com uma única explicação. Sua sintomatologia indica, por um lado,um processo basicamente destrutivo, talvez de natureza tóxica, e, por outro,um fator psíquico de igual importância, já que não se pode abandonar umaetiologia psicogênica e a possibilidade de um tratamento psicológico aomenos em alguns casos. Os dois caminhos abrem visões ricas e abrangentestanto no campo teórico como no terapêutico”. (Jung, Vol. III, p. 242.)

     Na esquizofrenia encontram-se, com muita freqüência, conteúdos estranhos queinundam a consciência de maneira mais ou menos repentina e fragmentam a coesão

    interna da personalidade de forma característica. A esquizofrenia apresenta um quadrode acidentalidade assistemática que, muitas vezes, mutila a continuidade de sentido, a

     ponto de se tornar irreconhecível. Os distúrbios esquizofrênicos podem ser tratados ecurados por meios psicológicos, pois o paciente esquizofrênico se comporta em relaçãoao tratamento da mesma maneira que o neurótico possui os mesmos complexos, osmesmos insights e necessidades, diferindo na solidez de estrutura.

    O esquizofrênico latente deve sempre contar com a possibilidade de sua estrutura vir aceder em algum ponto, que ocorra uma fragmentação no campo das idéias e conceitos, e

     perder a coerência com outras esferas de associações e o mundo externo. Sente-seameaçado por um caos incontrolável de acontecimentos causais, encontra-se num solomovediço e às vezes sabe disso. Os perigos de sua situação aparecem nos sonhosdrásticos de grandes catástrofes, ou então o solo onde se encontra começa a tremer, as

     paredes se desmoronam, a terra se liquefaz, os parentes morrem; enfim são imagens quedescrevem representações de um distúrbio fundamental em relação ao doente e o mundoque o cerca e o isolamento que o ameaça. A causa do distúrbio é um afeto violento. Otratamento ou a irrupção desses processos nem sempre exige medidas drásticas, pode-selevar a mente do paciente a uma distância segura do seu inconsciente induzindo-o arepresentar esse estado caótico num desenho ou pintura. Esse estado caótico, então,

     poderá ser visualizado, objetivado e interpretado pela consciência.

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    08. TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA 

    Apesar das infinitas investigações, a origem da esquizofrenia ainda não está clara. O

    que está claro, entretanto, é que não é causada por um trauma infantil, nem por um maucomportamento por parte dos pais. Nos anos 60 e 70 muitas investigações se realizaramno campo da terapia familiar, sobre o comportamento de as famílias e transtornosmentais. Encontraram vários patrões de conduta comuns a famílias com problemas desaúde mental, o qual conduz a alguns profissionais a concluir, erroneamente, que afamília poderia ser culpada pelos transtornos mentais de seus filhos. Nada mais falso.Os sintomas da esquizofrenia resultam de desequilíbrios de substâncias neuroquímicasno cérebro, tias como a dopamina, serotonina, e noradrenalina. As últimas investigaçõesindicam que estes desequilíbrios podem estar presentes no cérebro, inclusive antes donascimento da pessoa. Entretanto, o comportamento da família influi fortemente nareabilitação do individuo com esquizofrenia. Os estudos demonstram que a intervenção

    da família é de grande importância na prevenção das recaídas.

    Todos os medicamentos produzem efeitos secundários e a medicação prescrita em casosde esquizofrenia não é uma exceção. A medicação que se prescreve aos pacientes comesquizofrenia se chama antipsicótico,  antes chamados neuroléptico. Os efeitossecundários nem sempre são evidentes e são de menor gravidade que os própriossintomas da esquizofrenia. Muitos pacientes cometem o erro de deixar de tomar amedicação quando aparecem estes efeitos ou quando algum conhecido “alerta” para os

     perigos de tais medicamentos. Na realidade o que tem que ser feito é informar-se com o psiquiatra ou psicoterapeuta sobre as dúvidas e sobre o que está sentindo. É muitoimportante saber diferenciar entre os efeitos secundários da medicação e os próprios

    sintomas da esquizofrenia.

    Os efeitos colaterais mais comuns são:

    Sonolência

    A sonolência é um aumento no sono do paciente. Talvez seja difícil levantar-se da camade manhã, dorme mais que o normal, tem vontade de dormir durante o dia, etc. Poroutro lado não são raros os comentários como "Estou dopado", "Sinto-me como um

     zumbi" , ou outros similares.

    Efeitos extrapiramidais ou parkinsoni smo

    Esses sintomas são assim chamados pela semelhança com os sintomas da Doença deParkinson. Os efeitos parkinsonianos se manifestam na forma de movimentos ou

     posturas involuntárias: o tremor das mãos, flexões ou fixações dos músculos. Assimsendo, não é raro que o paciente usando antipsicóticos tenha a boca ou os músculos daface numa postura entranha, talvez a boca permaneça aberta ou semi-aberta. Também é

     possível que a língua se força para um lado, dificultando a fala ou fazendo com que asaliva escorra da boca.

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    Efeitos anticolinérgicos

    Esses efeitos secundários se referem a visão borrada, secura da boca, retenção urinária,hipotensão arterial.

    Di fi culdades sexuais

    Poucas vezes se encontram citadas como efeitos secundários dessa medicação. Também pode ser provável que os sintomas sexuais se devam a sintomas da depressão que àsvezes acompanha a esquizofrenia.

    Acatisia Consiste numa inquietação constante. O paciente é incapaz de sentar-se nomesmo lugar durante muito tempo. Ele se levanta e muda de assento várias vezes em

     poucos minutos ou se ajusta muitas vezes no sofá. Este é um efeito secundário bastantedesconfortável porque os que estão próximos podem pensar erroneamente que o

     paciente está nervoso. A acatisia é um efeito secundário que pode chegar a ser muito

    molesto para o paciente e tem solução fácil; com pequenas modificações do tratamento.

    Benefícios do tratamento medicamentoso:

      Elimina vozes, visões e o falar consigo mesmo.  Elimina as crenças entranhas e falsas (delírios).  Diminui a tensão e agitação.  Ajuda a pensar com clareza e a concentrar-se melhor.  Reduz os medos, a confusão e a insônia.  Ajuda a falar de forma coerente.

     

    Ajuda a sentir-se mais feliz, mais expansivo e mais sadio.  Ajuda a se comportar de forma mais apropriada.  Os pensamentos hostis, estanhos ou agressivos desaparecem.  Diminuem muito as recidivas e a necessidade de internação hospitalar

    O tratamento farmacológico, medicamentoso é fundamental na esquizofrenia. Se houveruma única possibilidade, esta deve ser o tratamento medicamentoso de escolha.O reconhecimento precoce da doença ou das recaídas e a instituição rápida dotratamento com antipsicóticos aumentam as possibilidades de se evitar a cronificação daesquizofrenia. É muito importante que o portador de esquizofrenia seja conscientizadoda doença e das etapas de tratamento o sucesso deste. O portador deve ser orientado

    sobre sua doença, suas características e seu diagnóstico. A questão fundamental é saberescolher o momento adequado para essa comunicação; pois, durante o surto agudo,evidentemente, será o pior momento. A esquizofrenia é uma doença, em geral, de cursocrônico. Toda doença crônica necessita de acompanhamento por tempo indeterminado.Esse acompanhamento visa identificar o curso da doença, seus aspectos evolutivos e a

     prevenção de recaídas. Em determinados momentos do surto agudo ou da crise, ainternação pode ser útil ou até indispensável. Apesar de a doença ser crônica e grave,ela é perfeitamente controlável na imensa maioria dos casos. O tratamento psicossocialvisa à reabilitação do indivíduo, a recuperação das habilidades perdidas e suacapacitação para as atividades cotidianas. A doença existe e é real, mas com umtratamento adequado e bem orientado o portador de esquizofrenia pode ter uma vidanormal ou muito próxima da normalidade.

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    09. CONSIDERAÇÕES GERAIS 

    Comparo a esquizofrenia com uma corrente composta por vários elos interligados. Estaseria a metáfora para o pensamento lógico. Num esquizofrênico, os elos da correntesoltam-se e as idéias surgem sem uma seqüência causal, condicionando ocomportamento e os sentimentos. Aquilo que é realidade hoje poderá deixar de seramanhã. Objetos, palavras, números, cores... ganham significados totalmenteinesperados: "Os barcos que atracam no Tejo estão a espiar-me"; "o gravador tinhaescutas"; "a comida tem veneno"... Mudanças súbitas de humor, desconfiança extrema,

     provocação, confusão, isolamento, incompreensão... A intercalar, alguns momentos delucidez, arrependimento, choro, desamparo total... procura desesperada de um carinho...Ainda assim, os medicamentos existentes permitem criar uma ligação artificial entreestes elos da corrente, razão pela qual um doente que aceda a fazer um tratamento

    efetivo e continuado poderá alterar estas características e voltar a aproximar-se do'mundo real', tal qual conhecemos.

    Os portadores de esquizofrenia sofrem na ausência de cuidados especiais. Têmdificuldades para trabalhos e seus relacionamentos são prejudicados e difíceis, mesmocom a melhora dos sintomas. Apesar do comportamento do esquizofrênico demonstrarser assustador, as pessoas com esquizofrenia não são mais violentas do que as pessoasnormais; pelo contrário, são mais capazes de abster-se das violências. Calcula-se, porémque cerca de 15% dos portadores dos sintomas de esquizofrenia podem cometersuicídio; o risco pode aumentar em pacientes mais jovens e desiludidos. E por essemotivo faz-se imprescindível o respeito e a compreensão não apenas da família quecerca tal doente, mas um senso de solidariedade por parte da sociedade ainda permeadade “ignorância e preconceitos sobre a doença”. 

    È possível tratar esses portadores de esquizofrenia sim, tratamento este fundamentadoem uma manutenção das medicações antipsicótica e acompanhamento contínuo de um

     psicoterapeuta capaz de fazer o paciente compreender sua doença, seus sintomas e noscasos crônicos, através de terapias ocupacionais levando o paciente entrar em contatocom as representações do seu mundo interno, do seu inconsciente, através de pinturasou desenhos que possibilitará trazer um pouco de organização ao caos configurado.Apesar de tão complexa a doença e a dor do indivíduo portador da esquizofrenia, não se

     pode esquecer que é muitas vezes do limo, do pântano que nascem as vitórias-régias  –  que a doença também está a serviço da individuação, e muitas vezes é a própria doençaque nos faz curar e desenvolver.

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    10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    1. 

    HOLMES, David S.  Psicologia dos Transtornos Mentais. 2ª ed. Porto Alegre:ARTMED S.A., 2001.

    2.  JACOBI, Jolande. Complexo, Arquétipo, Símbolo. Cultrix, 1991.

    3.  JUNG, Carl G. Psicogênese das Doenças Mentais –  Vol. III . (1971). Petrópolis:Vozes, 1964, 1986.

    4.  JUNG, Carl G.  Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo  –   Vol. IX/1 (1875-1961). Petrópolis: Vozes, 2000.

    5. 

    WHITMONT, Edward C. A Busca do Símbolo. São Paulo: Cultix, 1969.

    6.   NEUMANN, Erich. A Grande Mãe. São Paulo: Cultrix, 1974.

    7.  SIMS, Andrew. Sintomas da Mente. 2ª ed. Porto Alegre: ARTMED S.A., 2001.

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    11. ANEXO

    Critérios Diagnósticos para Esquizofrenia 

    A. Sintomas característicos: Dois (ou mais) dos seguintes, cada qual presente por uma porção significativa

    de tempo durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso):

    (1) delírios

    (2) alucinações(3) discurso desorganizado (por ex., freqüente descarrilamento ou incoerência)

    (4) comportamento amplamente desorganizado ou catatônico

    (5) sintomas negativos, isto é, embotamento afetivo, alogia ou avolição

     Nota: Apenas um sintoma do Critério A é necessário se os delírios são bizarros ou as alucinações consistem

    de vozes que comentam o comportamento ou os pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversandoentre si.

    B. Disfunção social/ocupacional: Por uma porção significativa do tempo desde o início da perturbação, uma

    ou mais áreas importantes do funcionamento, tais como trabalho, relações interpessoais ou cuidados pessoais, estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início dá-se nainfância ou adolescência, fracasso em atingir o nível esperado de aquisição interpessoal, acadêmica ou

    ocupacional).

    C. Duração: Sinais contínuos da perturbação persistem por pelo menos 6 meses. Este período de 6 meses

    deve incluir pelo menos 1 mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que satisfazem o critério A(isto é, sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses

     períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas

    negativos ou por dois ou mais sintomas relacionados no Critério A presentes de uma forma atenuada (porex., crenças estranhas, experiências perceptuais incomuns).

    D. Exclusão de Transtorno Esquizoafetivo e Transtorno do Humor: O Transtorno Esquizoafetivo e o

    Transtorno do Humor com Aspectos Psicóticos foram descartados, porque (1) nenhum Episódio Depressivo

    Maior, Maníaco ou Misto ocorreu concomitantemente aos sintomas da fase ativa; ou (2) se os episódios dehumor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve relativamente à duração dos

     períodos ativo e residual.

    E. Exclusão de substância/condição médica geral: A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos

    de uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento) ou a uma condição médica geral.

    F. Relação com um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento: Se existe uma história de Transtorno Autistaou um outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, o diagnóstico adicional de Esquizofrenia é feito

    apenas se delírios ou alucinações proeminentes também estão presentes por pelo menos 1 mês (ou menos, se

    tratados com sucesso).

    Classificação do curso longitudinal (pode ser aplicada apenas 1 mês após o aparecimento inicial dos

    sintomas da fase ativa):

    Episódico Com Sintomas Residuais Entre Episódios (episódios são definidos pelo ressurgimento de

    sintomas psicóticos proeminentes); especificar também se:

    Com Sintomas Negativos ProeminentesEpisódico Sem Sintomas Residuais Entre Episódios

    Contínuo (sintomas psicóticos proeminentes estão presentes durante todo o período de observação);especificar também se: Com Sintomas Negativos Proeminentes

    Episódio Único em Remissão Parcial; especificar também se: Com Sintomas Negativos Proeminentes

    Episódio Único em Remissão CompletaOutro Padrão ou Padrão Inespecífico