O Transcendente - No.16

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ANO V - Nº 16 MAR / ABR 2011 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222.9572 www.otranscendente.com.br PAG 01.indd 1 10/01/2011 10:27:03

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Edição Março/Abril 2011

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ANO V - Nº 16

MAR / ABR2011

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222.9572 • www.otranscendente.com.br

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Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redatora: Roseli Cassias

Diagramação: Fábio Furtado Leite / Juliana Lourenço

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222.9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222.9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano V - nº 16 - MArço/ABrIL - 2011

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•Individual:•Assinatura Coletiva (no CUPoM da página 11)•Assinatura de apoio:•Internacional:

ASSInATUrA AnUAL

r$ 20,00

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O fanático é geralmente definido como aquele que tem uma visão de mundo maniqueísta, cultivando a dicotomia

bem/mal, sendo que o mal sempre reside naqui-lo e naqueles que contrariam seu modo de pen-sar. Isso leva-o a adotar condutas irracionais e agressivas que podem, inclusive, chegar a extremos perigosos, como o recurso à vio-lência para impor seu ponto de vista.

A realidade atual nos mostra que não existe somente o fanático religio-so ou do futebol, mas muitos outros e graves são os fanatismos, cujos autores nos rodeiam, fazendo de nós objetos de joguetes, usando, para isso, os pró-prios modernos meios de comunica-ção social. Neste editorial citamos dois que nos parecem mais frequentes e prejudiciais ao convívio humano.

O fanatismo político. Não há dúvida de que este tipo de fanatis-mo é um dos mais tristes pelas suas consequên-cias deletérias. Até as comunidades religiosas são levadas a vivenciar as chagas da divisão, do ódio e da inimizade que perduram na sociedade tam-bém depois dos pleitos eleitorais.

O Fanatismo religioso. Em tempos em que a exigência de diálogo deu passos relevantes, autoridades religiosas continuam evidenciando o mal que provoca o fanatismo de caráter reli-gioso. Dom Anuar Battisti, bispo de Maringá, escreveu: “Não é de hoje que assistimos a ver-

Nossa capa é um convite para adentramos no místi-

co mundo do Xintoísmo e, com ele aprendermos um pouco sobre as expressivas lições de ética, de espiritualidade e vivência da religião Xintoís-ta, praticada pelo povo japonês.

O torii é um portal japonês que atenta para a entrada ou proximidade de um Santuário. É composto por dois pilares verticais, unidos por uma trave horizontal.

Nos tempos atuais, os torii são construídos em meio às grandes e modernas obras arquite-tônicas, além do que, também podem ser inte-grados ao tamagaki - paisagismo local. Nor-malmente são construídos com madeira ou

pedra, porém, com o avanço de novas técni-cas, outros materiais têm sido usados para a

edificação de torii.Não há consenso acerca da origem dos torii.

No entanto, eles simbolizam claramente tanto a separação como também a proximidade entre o mundo dos homens e o mundo dos kami (seres divinos).

dadeiras guerras promovidas pelo fanatismo religioso. Como entender que, pelo fato de eu crer de modo diferente, de cultivar um sentido religioso que foge às convicções de outros, eu tenha que ser exorcizado da face da terra?

Como entender que, ainda hoje, em nome de Deus prevalece o “matar ou morrer? No meu entender, o fanatismo surge e se alimenta por uma visão obtusa da verdade, onde não há es-paço para o valor da pessoa e o sentir o outro como gente, como irmão.

Só teremos um mundo sem fanatismos quando a cultura da vida, promovida e vivenciada por corações abertos, triunfar sobre a cultura da morte. Nascerá, as-sim, a sociedade tão desejada onde poderemos conviver melhor, aceitando-nos, sem preconceitos, e amando--nos de verdade”.

nelas se encontram e que nos encantam. É isso que os educadores devem passar para as crianças e adolescen-tes, para que se preparem para uma nova maneira de olhar o universo religioso e cultural que os cercam.

Mas isso tudo deve acontecer, primeiramente, no professor de Ensino Religioso. Ele deve se despojar de todo tipo de fanatismos e olhar os outros, a começar pelos seus alunos, embora eles provenham de uma sociedade cada vez mais diversificada, com total compreensão e estima.

O conhecimento, não há dúvida, é o melhor antídoto contra os fanatismos.

Nas religiões, como também nas outras en-tidades ou pessoas, pode haver aspectos que nos chocam e desagradam, mas

bem maiores são os valores que

Com esta 16ª edição, O TRANS-CENDENTE entra em seu 5º ano

de atividades ajudando milhares de professores de En-sino Religioso e disciplinas afins de todo o Brasil. Em grande parte, isso se deve à participação concreta de centenas de Secretarias de Educação que vem realizando assinaturas coletivas para atender a todos os professores de ER de sua rede escolar.

A Equipe de OT agradece por esse apoio, esperando que muitas outras Secre-tarias Municipais e Estaduais sigam esse exemplo. Trata-se de um pequeno investi-mento para um serviço de grande importância. Portanto, quem já conhece e assinou OT, procure difundi-lo entre os professores das escolas de sua região. Valo-rizando o Ensino Religioso toda a sociedade sai ganhando!

Um grande abraço a todos e todas que comun-gam com os nossos ideais e se empenham para

construir um Brasil melhor.

www.webradiomissaojovem.com.br

TAREFAS DO ENSINO RELIGIOSO

O TRANSCENDENTE 2011claramente no Xintoísmo, religião que apresentamos nesta edição.

É impossível compreender as culturas e as políticas asiáticas sem conhecer os fundamentos religiosos e filosóficos que fundamentam o viver dos povos deste continente.

Nossa viagem, pelo mundo das culturas e religiões, continua nas edições deste

ano. Com esta edição, O TRANSCENDEN-TE embarcou, decididamente, para a Ásia, continente rico em culturas milenares e por religiões que se destacam pelo misticismo e pela preocupação com o viver civil. Isto se vê

Acesse o site da webradio Missão Jo-vem e acompanhe a discursão dos

conteúdos do jornal O TRANSCENDEN-TE da edição de Março/Abril de 2011.

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Este livro apresenta, de forma clara e completa, as várias manifestações religiosas tradicionais e as tendências atuais. É indicado para escolas e para todo aquele que busca conhecer melhor as religiões, tendo como horizonte um

diálogo sincero e aberto ao Ecumenismo e à realidade inter-religiosa.São inúmeras as escolas que o adotaram para trabalhar o Ensino Religioso com seus alunos.

256 pág. - em cores

Shin: Olá, amigos, meu nome é Shin, que signi-fica amoroso, de bom coração. O nome da minha irmã é Naomi, que significa aquela que agrada.

Somos muito felizes com os nomes que nossos pais nos deram, pois eles revelam o sentido do amor.

Bom, vamos agora apresentar para vocês um pou-co da origem do nosso povo e da religião japonesa a qual pertencemos, o Xintoísmo.

E para começar é bom sabermos que a religião, no Japão, é uma rica trama de tradi-ções e religiões entrelaçadas. Algumas corren-tes são nativas, outras foram introduzidas ao longo da história.

Assim como o povo chinês, também o povo japonês não faz opção entre as diferentes religiões do nosso país. Nós, em ocasiões dife-rentes, participamos de várias delas e com dife-rentes propósitos.

O comum, entre todas elas, é a ênfase em encontrar o sagrado na natureza, o respeito pelos ancestrais nas fortes relações familiares, a impor-tância aos cultos sagrados e celebrações, a unidade entre a religião e a nação japonesa.

naomi e eu pertencemos ao Xinto, religião cuja origem perdeu-se na pré-história e emergiu das tradições e práticas das religiões populares japonesas.

O Xintoísmo é uma religião étnica, que perten-ce a um único povo, o japonês. Nela, formamos uma unidade com a cultura, com a história e a mentalidade. Como não possui fundador ou conjunto de regras sagradas que constituem suas escrituras, assim

como nenhum sistema de doutrina fixo, não tem dogmas, teologia

ou escritura sagrada, nem um código moral. A ética xintoísta se reduz a poucos preceitos fun-

damentais como:

• não prestar atenção às coisas falsas,

• não ver e não falar falsamente. Para nós, os livros da história do Japão são conside-

rados livros religiosos e nossa prática de vida é pre-servar uma sociedade unida por valores e ati-tudes comuns, sendo os mitos e as práticas religiosas as linhas que costuram o todo.

É importante saber que o Xinto-ísmo não conhece divindades persona-lizadas ou um só deus, mas reconhece a existência dos kamis, ou seres divinos, que podem se hospedar em tudo o que existe como: árvores, rios, montes etc. e, natural-mente, nos homens, em particular nos defuntos que foram pessoas importantes na vida do país, como os soldados mortos nas guerras, os heróis nacionais, os antepassados e, sobretudo, os imperadores.

Gostamos muito de participar de ritos e festas tradicionais nos santuários e também nos lares onde fazemos nossas orações.

nossas preces são rezadas de modo simples e diretas. Em tempo de colheita, assim re-zamos às nossas divindades:

Caros amigos, hojevamos conhecer duas pessoas

muito especiais: Shin e naomi. Eles são irmãos e de origem japonesa. Mas vou deixar que eles próprios

se apresentem para vocês.

Como não tem um fundador nossa religião foi

se formando com a espontaneidade do povo e se reelaborando, mais tarde, pela vontade da classe imperial.

O xintoísmo, durante os séculos, foi influen-ciado pelo:

• budiSMO: nos ritos e nas formas arquitetô-nicas dos templos, no conceito de oração e na te-oria da reencarnação;

• COnfuCiOniSMO: no culto dos antepas-sados e no senso de pertença e de dever do indi-víduo para com a sociedade;

• tAOíSMO: nas crenças animistas e nas prá-ticas mágicas.

O iMPERAdOR dEuS nossos antepassados, no século passado, viram

acontecer uma grande mudança por parte do impera-dor Meiji que reformou o Xinto, trazendo-o de volta

à pureza primitiva. Nessa reforma, a preocu-pação não foi somente religiosa, mas tam-

bém política, visto que se desejava forta-lecer o poder do imperador. Criou-se,

assim, um Xintoísmo de Estado com seus santuários (jinja), estritamente se-

parado do Xintoísmo popular e de seus lugares de cultos (miya).

O imperador foi assim deificado e defi-nido como quem “integra, coordena, harmoniza,

sintetiza, recupera a unidade e a tradição do povo ja-ponês”. Em outras palavras, ele exercia uma função “divina” na qual realizava dois serviços: um para as divindades e outro para o povo. Isto significa dizer que a religião e a política fundiam-se numa coisa só.

O imperador, no Xintoísmo, era a fonte da força que dava a vida eterna aos seus súditos, porque nele residia a vida eterna e a felicidade que lhe vinha dire-tamente da deusa do sol, Amaterasu O Mi Kami.

Por conta dessa forte visão xintoísta, durante muito tempo, nosso povo demonstrou muita intole-rância em relação às outras religiões não pertencen-tes à raça e ao culto ao imperador.

A GRAndE REnÚnCiA

Em agosto de 1945, o Ja-pão rendeu-se ao exército americano e, pela primeira vez

na história do país, o imperador Hiroíto falou ao povo pelo rádio, anunciando a

rendição e sua renúncia ao caráter divino atribuído à realeza pelo Xintoísmo. A nova Cons-tituição do país passou a defender a liberdade reli-giosa para todos os japoneses.

Aquele momento foi muito triste para o nosso povo. Muitos japoneses cometeram suicídio e outros, por respeito, cobriram com um pano os aparelhos de rádio para manter a devida distância da voz sagrada do imperador.

Com essa mensagem, encerrava-se, no Japão, não somente um período político, mas também uma milenar época religiosa. A religião, no Japão, permaneceu oficial de 1868 a 1946.

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1. Você percebeu quantos ritos diferentes existem no xintoísmo?

2. Quais ritos são realizados em sua religião: nascimento, juventude, casamento, procissões, funerais?

H A R A E São cerimônias de

purificação em preparação ao culto, antes de entrar no

templo, como: lavar as mãos e a boca com água

cristalina.

O-MIKUJISão pequenas tiras de papel, chamadas o-mikuji, muitas vezes deixadas em santuários. Elas contém presságios sobre o futuro ou pedidos dirigi-

dos aos deuses.

FUDA E EMA Uma oferenda em forma de pintura é chamada de ema (“pintura do cavalo”), devido

à crença de que os cavalos eram mensageiros dos deuses. Os amuletos fuda, com o nome da divindade ou santuário, tam-bém são deixa-

dos em oferenda.

PROCISSÕES Muitas vezes, as festas

xintoístas envolvem toda a comunidade no culto e na celebra-

ção. Procissões e desfiles integram os festejos que incluem carros de des-

file e mikoshi coloridos como parte do espetáculo.

As procissões oferecem aos fiéis a opor-tunidade de uma experiência

religiosa comunitária.

MIKOSHI Por ocasião de várias festas,

os kamis (espíritos) de um santuá-rio, são carregados pelas ruas num santu-

ário portátil chamado mikoshi. Esse ato simboli-za uma visita dos kamis à comunidade protegida

por eles. Tais procissões podem ser alegres e ruidosas: as pessoas que carregam o mikoshi podem gritar segun-

do a cadência dos passos, levantando e abai-xando o santuário a fim de reanimar e

fortalecer o kami.

OFERENDASParte importante do culto

xintoísta é o ato da oferenda. Um fiel pode oferecer dinheiro ou objetos aos kamis na

esperança de alcançar uma graça. Outra forma de oferenda é uma dança cerimo-

nial chamada kagura, que serve para entreter os kamis.

CASAMENTO O tradicional casamento japonês caracteriza-se por um ritual sereno e simultaneamente colorido. De acordo com a tradição tipicamente japonesa, tudo começa com visitas do noivo à casa da noiva, onde é convidado a compartilhar bolos de arroz. É este um sinal de aceitação e bênção por parte dos pais da noiva.

Uma tradição importante é a do Yui-no, que consiste na reunião das famílias dos noivos, com-partilhando alimentos e trocando oferendas, entre as quais, se encontra o saké que simboliza o carinho e a obediência.

O acordo é selado num dia de sorte, selecionado no almanaque japonês. Os noivos também trocam presentes entre si, sendo que o noivo é geralmente contemplado com uma saia, símbolo de fidelidade.

O xintoísmo prevê a realização da cerimônia num templo ou em casa. O casal veste quimo-nos de seda branca para as mulheres e negro para os homens, bem como os convidados. As

mulheres mais jovens usam cores fortes e as senhoras idosas optam por cores mais escuras e sóbrias.

A noiva é toda pintada de branco e, juntamente com o quimono, os chinelos próprios e as meias brancas, usa uma peruca enfeitada com ouro, flores e

pérolas (simbolizando boa sorte). Enquanto se trocam os votos entre os noivos, as duas famílias

permanecem a olhar-se de frente. Numa fase posterior, todos se dirigem ao templo a fim de fazer

uma oferta aos deuses.

PROCISSÃOFÚNEBRE

No quadragésimo nono dia, após a morte, as cinzas do falecido são levadas para

serem sepultadas na tumba da família. Atrás do sacerdo-te, vestido de branco, segue uma procissão de parentes próximos.Na frente da procissão ostenta-se um retrato do morto,

seguido de suas cinzas, fechadas em uma urna, e de uma placa memorial com seu nome gravado.

Essa placa, mais tarde, será colocada no al-tar budista da família e receberá oferendas de

comida e água. O túmulo é visitado principalmente no hi-

gan, que ocorre duas vezes por ano nos equinó-cios de primavera e outono. Embora os rituais

variem, a cremação e o memorial de pedra são universais.

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A ntes de iniciar uma breve exposição sobre a ética xintoísta, quero apresentar alguns conceitos importantes para que se possa entender a cultura japonesa e sua religião. Veja uma feliz definição do Xintoísmo:

“A natureza é Kami (ser divino) e Kami é a natureza”.O Xintoísmo é uma religião que só existe no Japão e se identifica perfeitamente com a sociedade, com a história, com a cultura

e com a mentalidade japonesa. Por essa qualidade, o Xintoísmo não é uma religião proselitista, ou seja, não envia missionários para difundi-la entre outros povos. Mas, para não generalizar, podemos dizer que isso aconteceu na Coréia do Sul durante o período da ocu-

pação colonial (1910-1945).No Xintoísmo não há mandamentos que digam como as pessoas devem ou não se comportar. O que vale é a autoconsciência, ou seja, o

homem sabe, pela sua própria natureza, o que deve fazer e como se comportar. A vida, os instintos e tudo o que serve para conservar a vida e torná-la mais bela são avaliados de maneira positiva.

A morte e tudo o que a ela conduz - como a doença, sofrimento, falta de sorte e infelicidade - são avaliados negativamente e devem ser evitados. Embora não exista pecado, quando há sentimento de culpa ou de perdão, no Xintoísmo, recorre-se às purificações por um sentimento de deferência a quem é mais justo e forte, como os kami sama, isto é, os seres divinos.

VIRTUDES PARTICULARMENTE

CULTIVADAS NO XINTOÍSMO:

• O senso de honra, considerado até mesmo como um valor com fim em si mesmo.

• A fidelidade, especialmente ao Imperador e, em seguida, ao grupo a que se pertence e à nação.

• A obediência aos superiores e o respeito aos mais velhos.

• O sucesso nos estudos, na vida profissional e afetiva.

OS SAMURAISMorei e trabalhei no Japão como mis-

sionário alguns anos. Lembro-me como se tivesse acontecido hoje: uma vez, durante a aula de japonês, sem maldade, eu disse para a profes-sora que a era dos samurais já tinha acabado. Para quê?! A professora logo me respondeu: “Mas o espírito dos samurais continua vivo!”

Os samurais são personagens im-portantes na vida e cultura japonesa. Eram guerreiros japoneses, membros da casta militar, a serviço de um

senhor feudal. O nome samurai significa, em

japonês, “aquele que serve”. Os

samurais obedeciam a um código de honra, não-escrito,

denominado budoshiô (caminho do guerreiro). Segundo esse código, os samu-

rais não poderiam demonstrar medo ou co-vardia diante de qualquer situação.

Havia uma máxima entre eles: a de que a vida é limitada, mas o nome e a honra podem du-rar para sempre. Por causa disso, esses guer-reiros prezavam a honra, a imagem pública e o nome de seus ancestrais, acima de tudo, até da própria vida.

A morte, para o samurai, era um meio de perpetuar a sua existência. Talvez o que mais impressiona, no estudo desses lendá-

rios guerreiros, é a determinação que eles tinham em escolher a própria morte, ao invés do fracasso. O filme de Tom Cruise “O Último Samurai” apre-senta muito bem este aspecto.

OS PORQUÊSDA VIDA

O Xintoísmo não se preocupa com as questões que estão na base das ou-tras religiões como os porquês da vida, o que é o homem, donde ele vem, para onde ele vai etc. Contudo, embora não se coloque esses questionamentos, o japonês tem três princípios que guiam sua vida no Xinto (caminho dos deuses):

O Musubi é força misteriosa que está na origem de toda a criação e estabelece a relação entre o ho-mem e os kamis, entre o ser e o não ser. O Musubi indica a solidariedade

e a harmonia que deve unir entre si os membros de um grupo ou

uma família. O Makoto é a atitude funda-

mental da pessoa quando, cheia de humildade e agra-decimento, se encontra com os kamis e gera virtudes como o amor, a piedade, a lealdade e a fidelidade.

O Tsunagari é o princípio da continuidade e da relatividade. Como todos dependem dos pais para nascer e, por sua vez, geram outros descendentes, assim todos estão interligados e devem viver não apenas para si, mas doar as próprias energias para encontrar a heiwa (paz), o bem-estar, o progresso e a felicidade.

1. O que você entende por ética?2. Você conhece pessoas que não prezam pela ética?3. Como você vive a ética dentro de sua religião?

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1. O que você pode salientar nesta argumentação?

2. Como os argumentos antropológicos valorizam a pessoa humana?3. Esses argumentos produzem

a existência de Deus?

Depois de termos estudado as provas ontológicas vamos às chamadas provas antropológicas, isto é, àquelas argumentações que nos possibilitam

chegar a Deus a partir da pessoa, e não do cosmo ou da própria ideia de Deus. Teremos presente o fenômeno da verdade, do dever, da cultura, dos valores, da autotranscendência, da história, da esperança e do amor.

O argumentO da verdade

Santo Agostinho, no século IV, foi o primei-ro a argumentar a existência de Deus baseado

na verdade que existe em nós, mas que, ao mesmo tempo, nos supera infinitamente. Por isso, remete a uma verdade transcendente que se identifica com Deus. Grande mestre da interioridade, sugere procurar a verdade não fora, mas dentro de nós mesmos. Ele trata esta questão no seu livro “De libero Arbítrio”, onde apresenta a famosa “via da verdade”.

O argumentO dO dever

O ser humano se encontra diante de princípios fundamentais e universais: não dizer mentira, não matar, não roubar, respeitar os outros... E acaba

impondo, como obrigações e deveres, essas normas morais. O dever que acompanha esta lei natural é um claro indício de submissão

interior a Deus. Foi o filósofo alemão Immanuel Kant que mais compreendeu e sublinhou o dever como argumento para a existência de Deus. Ele afirmou ser impossível chegar à Deus com a razão especulativa, mas apenas com a razão prática, cuja missão é investigar os fundamentos da moral e do dever. Para Kant é impossível dar à lei natural e um fundamento sólido sem apelar para Deus”.

O argumentO da autOtranscendência

O ser humano distingue-se dos outros seres existentes na terra pela sua auto-transcendência. Constantemente tenta se superar, crescer, sair das amarras

do espaço e do tempo, avançar em direção do infinito e do eterno. Ele aspira uma realização de si mesmo que seja plena e definitiva, não tanto na ordem do ter, do prazer e do poder, mas na ordem do ser. Sto. Tomás de Aquino dizia que “o homem sente o ardente desejo de viver para sempre, de jamais morrer”.

Max Scheler, por sua vez, disse que “o homem é um doente de Deus”. Nas raízes do nosso ser foram inscritas por Deus a necessidade de buscá-lo e nele encontrar a razão da vida. É o que escreve Sto Agos-tinho nas Confissões: “fizeste-me, Senhor, para ti, e nosso coração estará inquieto enquanto não repousar em ti”.

O argumentO da cultura

Todas as grandes civilizações, com suas culturas, tiveram um ca-ráter religioso impressionante. Basta estudá-las. Não só o homem é

instintivamente religioso, mas a cultura, que é a expressão exterior do ser social, desempenha um forte indício do papel religioso da sociedade.

A cultura mostra que Deus não é uma ilusão, uma invenção, mas uma reali-dade última que sustenta todo o dinamismo individual e social do homem.

O argumentO dOs valOres

Se a cultura é a alma da sociedade, podemos dizer que os valores são a alma da cultura. “Por este motivo, a grandeza de uma cultura é sempre

proporcional à grandeza de seus valores”, segundo João B. Mondin.Os valores fundamentais da vida, tais como, o respeito à vida, a verda-

de, o amor, a união, a sabedoria, a amizade, a liberdade, a justiça, a paz etc... são superiores a nós e não se originam em nós.

Nós não criamos a vida, a bondade, a verdade, a justi-ça, a beleza. Participamos deles recebendo-os e assimilan-do-os. “A realidade de Deus não pode ser posta em dúvida porque ela é uma certeza imediata de que o maior, o mais belo, o mais rico de valor, não por ser puro pensamen-to; deve ser realidade, pois seria insuportável crer que o ideal não passa de uma representação forjada pelo pensamento e que não há existência, força e validade

na realidade” (H. Lotze).

O argumentO da linguagem

O evento linguístico é criação, é invenção dos homens. Contudo, há algo na linguagem que nos remete a uma realidade superior ao homem, a Deus:

o significado. Sabemos que a linguagem é simbólica e as palavras são sinais que veiculam um significado.

Erich Coreth, a partir da linguagem, nos deixou uma prova da existência de Deus. Eis a sua argumentação:

1. O homem não pode ir adiante na vida sem um sentido superior que sustente a sua existência.

2. O fundamento desse sentido não pode ser encontrado no condicional ou no limitado.

3. Aquilo que ultrapassa a nossa contingência e dá sentido a ela, na impotência da linguagem humana, chamamos de Deus in Antropologia filosófica.

O argumentO da dignidade humana

A pessoa é universalmente conhecida como portadora de uma dignidade altís-sima, uma sacralidade inviolável, um valor absoluto. Por isso, ele é digno de

respeito e de estima sempre e em todo lugar, por si mesmo, independente da raça, sexo, idade, lugar... Mas, ele não é um ser absoluto, um ser supremo, infinito ou imortal. Ele é frágil, finito, mutável, contingente, mortal.

O homem é absoluto como valor não como ser. Conscientes do valor abso-luto da nossa pessoa, vamos à procura do fundamento desse valor e descobrimos que o único fundamento desse valor só pode ser um valor absoluto subsistente,

Deus. L. Kolakowski dizia que fundar o valor absoluto do homem em Deus é o único caminho para realizar ple-

namente as suas aspirações e assegurar um fundamento para a dignidade da pessoa.

O ser humanO cOmO prOvada existência de deus

O ser humano é o documento mais eloquente e explícito da realidade e da existência de Deus. Em seu próprio ser ele remete a Deus, é o dedo

que aponta para o Criador. O homem precisa de Deus, e Deus é o único que o satisfaz plenamente. Nietzsche e Camus diziam que sem Deus o homem é uma criatura insensata, tudo se torna obscuro, angustiante, insensato, insignificante.

O homem faz perguntas sobre si e sobre o mundo que o rodeia. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Só Deus é resposta ao anseio infinito do ser humano, ao sonho de uma justiça perfeita e de uma verdade eterna, ao amor pleno e total. Quem já encontrou Deus goza das primícias do seu Reino que é de alegria, de serenidade, de justiça, de amor e de paz.

cOncluindO

As provas da existência de Deus têm um valor de comprovações racionais de nossa experiência religiosa. Elas devem ser entendidas

como uma possibilidade de se comprovar Deus. Os argumentos são tentativas para se chegar racio-

nalmente a ele. O valor das provas é racional, diferente do experimental e do religioso. Não é através delas que chegaremos ao Deus professado em cada religião.

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O Transcendente conversa nesta edição com o Professor Sandro Liesch que trabalha com adolescentes na área do Ensino Religioso e sabe ocupar muito bem o espaço da sala de aula para promover atividades que conciliam o conhecimento da disciplina e sua aplicabilidade para a vida. Vivências, dinâmicas e debates fazem parte da

sua metodologia de ensino.

1. Professor Sandro, o Ensino Religioso é uma discipli-na rica em conhecimentos para a vida dos alunos. Como você entende esta riqueza?

Essa disciplina é, por excelência, um grande canal de conhecimentos no que se refere às culturas e tradições religiosas, enfim, ao universo religioso. Porém, não deve ficar apenas no conhecimento, pois essa disciplina tem muito mais a oferecer.

O Ensino Religioso deve estar conectado à vida dos alunos, à realidade deles. Por sua vez, o professor precisa de certa “sensibilidade” para perceber e tratar essa realidade, conhecer seus alunos e aproveitar ao máximo da ri-queza que cada um traz consigo.

Paralelo a isso, o professor deve apresentar os princípios, valores éticos, mo-rais e religiosos que as culturas e tradições religiosas possuem. O objetivo disso, não é o de “converter” o aluno, mas conduzi-lo a aprofundar sua própria fé e a práxis da mesma. Acredito nesta com-binação entre vida e religiosidade, cul-tura religiosa e prática, fé e vivência.

2. O Ensino Religioso no Brasil tem avançado mui-to, porém, ainda vemos algumas concepções errô-neas por parte de muitos professores. Como você percebe este fato no Brasil e no grupo de seus cole-gas professores?

Penso que, paulatinamente, a maioria dos professores de ER está se atualizando. A grande quantidade de cursos, oferecidos na área do ER, acusa essa procura pelo conhecimento.

Há, porém, professores que estagnaram no tempo e que pensam o ER segundo concepções antiquadas.

Por diversos fatores, não os condeno, mas gostaria que entendessem que estão perdendo seu espaço.

3. Diante de conteúdos tão expressivos e até, muitas vezes, bem complexos, pela sua experiência, qual é a melhor maneira de fazer a construção desse conhe-cimento de modo que o aluno não receba o ER com indiferença?

Questões que envolvem crenças, ritos, costumes, mitos, entre outras, já atraem, por si só, a curiosidade dos alunos. Basta observar, por exemplo, a lista dos livros e filmes mais “consumidos” pelos adolescentes e jovens. A maioria deles traz, em sua essência: mitologias, lendas, mistérios e enigmas.

Atento a esses anseios, o professor do ER tem grandes chances de conquistar seus alunos, aprofundar os temas relacionados ao ER e, consequentemente, desfrutar das riquezas inerentes a eles.

4. O objeto de estudo do ER, proposto pela LDB/96 é o “fenômeno religioso”. De que modo seus alunos percebem esse fenômeno acontecer em suas pró-prias vidas?

Observo que, de certa forma, os alunos acabam percebendo “natural-mente” o fenômeno religioso em suas vidas. A própria “carência” intrínseca deles, em relação ao sagrado e ao transcendente, ajuda nessa percepção.

É claro que ao abordar temas como a “vida”, a “morte”, a “natureza”, o “sagrado”, entre outros, o fenômeno religioso se torna mais “eminente”, mais perceptível.

5. Professor Sandro, ainda há uma discussão entre os professores do ER sobre o direcionamento desta disci-plina. A seu ver, ele é restrito à área do conhecimento, não permitindo ao professor auxiliar o aluno em sua formação pessoal, ou podemos dizer que o ER, pela sua ampla proposta, colabora para com a formação humana dos nossos educandos e, consequentemente, de toda a sua família?

Acredito que essa discussão perdurará por muito tempo ainda. No entanto, eu não consigo conceber o ER apenas como conhecimento, sem integrar fé e vida, religiosidade e a práxis.

O ER deve ter implicações diretas na vida do aluno, seja na orientação de suas atitudes, seja nas percepções e nas discussões sobre a vida, valores e prin-cípios.

O ER não deve se omitir em cola-borar com a formação humana do alu-no. Assim, por exemplo, como o aluno estuda Matemática, porque os cálculos são úteis para a vida, para o dia a dia dele, da mesma forma, o ER tem sua importância e o seu valor.

6. Professor Sandro, com-partilhe com os professo-res de ER do Brasil uma

atividade ou dinâmica que você utiliza em sua prática pedagógica.

Gostaria de partilhar uma atividade que realizei com meus alunos de 6º ano. Acredito que as atividades lúdicas contribuem para o aprendizado e a assimila-ção dos conteúdos propostos.

Ela serve para introduzir uma discussão sobre drogas.Espero que todos façam um bom proveito!

No diagrama abaixo, substitua os números pelas letras cor-respondentes e encontre as sequências numéricas que resul-

tarão no nome de 05 drogas que atrapalham a vida. Converse com seus colegas a respeito.

Escreva o nome das drogas aqui:

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A línguA e A modAA língua japonesa, coisa que mui-

tos acham difícil, é apenas mais um passo para entender o modo de vida, respeito e formalidade daqueles que já enfrentaram catástrofes sem igual.

Acho que aprender a língua me fez pen-sar, comportar e ter a disciplina de um japonês.

A moda: Não só nos desenhos e animações o Japão vem conquistando o coração dos brasileiros, como também muito da cultura filosófica e gastro-nômica invadiu o espaço de uma forma exponen-cial já que cada vez mais aparecem casas de sushi, massagem e relaxamento oriental, dojos de artes

marciais e, algo que não pode, de jeito nenhum, ficar de lado: a moda. Enfim, o que mais inspira o jovem brasileiro, que gosta da cultura nipônica, são a moda e o estilo usados pelos japoneses.

Partindo disso, fui me interessando ainda mais pela gastronomia, estilo de vida que muito se

diz saudável e também pela filosofia. A espiritualidade japonesa parece transmitir

uma paz diferente, uma harmonia com a natureza e os seres viventes que passa calma e tranquilida-

de àqueles que se permitem participar de alguma cerimônia, seja budista ou xintoísta.

o Xintoísmo e A nAturezAPode-se dizer que a filosofia xintoísta é “ami-ga da natureza”, pois diz que o homem não

pode conviver em confronto com a mes-ma, ainda que o arquipélago esteja

repleto de vulcões e tenha uma grande incidência de tufões e

terremotos.

Para o Xintoísmo, o homem é considerado um ser puro e de bom coração somente se estiver em har-monia com a natureza. É uma pureza espiritual po-liteísta, onde as divindades podem assumir diversas formas, sejam humanas ou naturais como: montanhas, rios e ventos.

Com aproximadamente 120 milhões de segui-dores, só no Japão, entender o Xintoísmo é entender o povo japonês e seu modo de pensar e viver, sua re-lação com o meio ambiente e com a natureza que o cerca, sabendo que deve se respeitar todos os seres: plantas ou animais.

É muito comum, entre os xintoístas, a participação em retiros espirituais nas montanhas ou nas florestas.

O Xintoísmo está presente não só em cul-tos ou ritos, mas também, na maioria das celebrações japonesas relacionadas com a natureza, maturidade e estações do ano, como, por exemplo, a celebra-ção da maioridaquando, no dia 15 de janeiro, os jo-vens de 20 anos se reúnem nos templos para receber bênçãos e purificar suas almas para uma vida adulta próspera.

As orações xintoístas se assemelham às orações ocidentais. Dirigindo-se a Deus, os japoneses fazem orações pedindo um benefício, o alcance de uma meta e a paz na família.

A Arte jAponesAOutro quesito fundamental para tornar este país

tão peculiar, além da cultura, é a arte, abrangendo uma enorme variedade de estilos e formas de expressão independente do material usado.

Os primeiros contatos com a arte foram influenciados pela China e Índia

e, em seguida, foram tomando com-plexidade pelo Budismo e Xintoísmo. É de se esperar, pois, que a caligrafia do Kanji seja

de origem chinesa.

As pinturAs, os poemAse o ideogrAmA

A começar pela pintura Sumi-e (técnica com carvão) e Shodô (arte da caligrafia) que geralmente transmite antigas passagens da história, natureza, animais e também o tão famoso Haika, que é o poema tradicional japonês distribuído em três

linhas de, respectivamente, 5, 7 e cinco sílabas métricas.

A referência à natureza e às esta-ções do ano são tão constantes quanto as exigências para uma escrita perfeita dos ideogramas. Geralmente, um poema Haika vem acompanhado de uma pintura no estilo sumi--e. Diferente do Brasil que gosta muito do calor das cores vivas, o estilo tradicional japonês tem cores sutis, monocromáticas ou pastéis, trans-mitindo calma, paz e pouca ostentação.

A Arte teAtrAl e seus estilosA arte teatral japonesa já se mostra muito

mais histórica e folclórica sendo dramática ou sátira, represen-tando tanto personagens podero-sos como o Xogum Tokugawa Ieya-su, quanto criaturas lendárias.

Uma curiosidade: há esti-los teatrais específicos como o Kabuki que é feito só por homens! Já o representado só por mulhe-res, chama-se Takarazuka. Em ambos, o aspecto dramático e nostálgico dos romances é acentu-ado de acordo com o período histórico, sendo capaz de transmitir, com perfeição, as limitações de cada era representada.

o delicioso chá,A ikebAnA e os origAmi:

tudo é perfeito! Outras formas de representar o Japão

é a arte do chá, as artes marciais, ikebana (ar-ranjo floral), origami (dobradura em papel),

bonsai (miniaturas de árvores), e muitas outras que com certe-

za influenciaram o mundo ociden-tal, assim como boa parte da arte moderna japo-nesa tem sofrido a influencia de cá.

A relação entre o Brasil e o Japão é muito maior hoje. Mesmo depois de cem anos da imi-gração japonesa e com tantas diferenças cul-turais, o que se faz é aprender e cultivar ao máximo uma relação, no mínimo amigável, para com aqueles que têm um estilo de vida tão próspero e que buscam a essência da vitalidade em cada ação.

Olá! Sou Juliana, tenho 23 anos e sou estudante universitária de mídia. Hoje vou falar sobre algo do qual, desde pequena, sempre tive interesse, mas que, na verdade, não tenho descendência ou algo que me puxe para esse lado: a cultura japonesa.Meu interesse começou com o hoje, então, famoso no Brasil, “anime e mangá” (desenho animado que vem do Japão - quadrinhos). Creio que,

atualmente, os jovens que estão cursando língua japonesa tenham se interessado primeiramente nesse lado “pop” e artístico da cultura oriental. Eu estudei japonês por quase quatro anos e, hoje, ainda que não faça mais o curso, continuo lendo e estudando, por mim

mesma, e tentando aprender o máximo que consigo, com o claro sonho de um dia, quem sabe, morar no Japão.

1. Para o Xintoísmo, o homem é um ser impuro e de coração ruim, que não vive em harmonia com a natureza.

2. A caligrafia do Kanji é de origem latina.3. Sumi-e é uma técnica em pintura na água.4. O estilo de teatro Takarazuka é feito só por homens.5. O Xintoísmo é uma religião que nasceu no Paraguai.

6. Sushi é uma iguaria criada em Portugal.7. Origami é uma técnica feita com areia.8. As orações xintoístas se assemelham as

orações ocidentais.9. Haika é o poema tradicional japonês.

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A biodiversidAde brAsileirAO Brasil é o país mais rico do mundo em biodi-

versidade, pois seu território é vasto e muito cheio de vida. É na Amazônia que se concentra o maior núme-ro de espécies nativas da fauna e da flora.

É importante sabermos que a Ama-zônia é uma região natural da América do Sul, que está distribuída em nove países: Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Guiana Francesa, Suri-name, Equador e Venezuela.

A Floresta Amazônica é também chamada de Floresta Equatorial da Amazônia ou Hilea Amazôni-ca – a qual possui 60% de sua cobertura em território brasileiro.

Ela é a maior bacia hidrográfica do planeta terra. Os atalhos das águas vindas de grandes rios formam, na Amazônia, estreitos navegá-veis por onde passam inúmeras embarcações, dentre elas, as canoas dos indígenas, povos que fazem parte da sabedoria da floresta.

o GreenpeAce e A missão de cuidAr

O Greenpeace alerta para o cuidado que devemos ter com este patrimônio verde.

Segundo um dos coordenadores desta ONG, os bilhões de toneladas de CO2 – gás que provoca o aquecimento global – estocados nas árvores amazô-nicas, se liberados para a atmosfera, podem colocar todo o planeta em risco.

O desmatamento tem sido responsável por 75% das emissões brasileiras de gases-estufa, portanto, aca-bar com esta prática aumenta muito a segurança global.

o desmAtAmento descontrolA o meio Ambiente

Embora politicamente inaplicável, a tese de priva-tizar a Amazônia tem pelo menos um mérito: alertar o governo brasileiro e os brasileiros para a urgente necessidade de adotar medidas concretas para acabar com o desmatamento, conter a expansão do agrone-

gócio e da indústria madeireira predatória na região. Segundo revelam pesquisas, foi a expansão des-

controlada dessas atividades, aliada à transferência de grande número de colonos para a Amazônia, que re-sultou na destruição contínua da região.

Atenção:Há quem comemore o desmAtAmento

Muitas vezes oculto aos olhos da opinião pública, o resultado do desma-tamento sempre é comemorado por investidores da região que, ao verem o aumento das exportações de soja e carne, celebram os saldos. Este “progresso capital”, porém, significa que mais áreas foram desmatadas para fazer o plantio de soja e pasto.

umA notíciA AcAlentAdorANos últimos anos a taxa anual de desmatamento

da Amazônia caiu, revertendo uma tendência de alta que vinha desde 1997 e que teve seu pico no segundo ano do governo Lula, em 2004, quando 27.200 km2 de florestas foram postas abaixo.

Sem dúvida, a queda do desmatamento atual deve-se às iniciativas do governo federal que criou áreas protegidas e reprimiu atividades ilegais.

umA notíciA promissorA

Novas espécies da Amazônia foram apresentadas em conferência sobre biodiver-

sidade no Japão, em 2010, onde estavam reuni-dos dezenas de cientistas de museus e universida-

des do mundo todo.Trata-se de 1.200 novas espécies de plantas e

animais descobertas na Amazônia entre 1999 e 2009. O ritmo do surgimento é de uma nova espécie a

cada três dias, como:

• uma rã de cor diferente: cabeça verme-lha e corpo azul;

• um papagaio careca de cabeça laranja;

•um bagre cego e minúsculo, vermelho vivo, que pode viver em rios que cortam caver-

nas;

•uma nova espécie de sucuri, a primeira descoberta desde 1936;

•um novo boto cor de rosa, en-contrado somente na Bolívia.

Ao todo, foram identificadas 637 novas espécies de plantas, 257 pei-

xes, 216 anfíbios, 55 répteis, 16 aves e 39 mamífe-ros, entre eles, sete novos macacos, seis descober-tos no Brasil. E o coordenador do WWF diz ainda que há muito a ser descoberto na maior floresta tropical do planeta.

“É um conhecimento muito ainda pouco usado e nós precisamos avançar nas pesquisas, fazer mais expedições para encontrar mais des-sas plantas, porque são plantas e animais que só se encontram no local, ou seja, você precisa ir para a floresta para conhecer as novas espécies”,

disse o coordenador do programa Amazônia Viva.

O Greenpeace alerta: a população brasileira, de modo especial os jovens pois, segundo ele, estudos revelam que as grandes obras de infra-estruturais na Amazônia podem levar à extinção de espécies ainda desconhecidas que poderiam

gerar riquezas para o Brasil. “Aqui temos ativos para fazer medicamentos, para produtos que podem substituir vários outros produtos artificiais e com qualidade: sem dúvida nenhuma, isso vai ser um ativo no futuro”, afirma.

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A nossa casa, planeta, está cheia de feri-

das, precisamos ajudar a sarar. “Não à bomba atômica, não à energia nuclear”.

Mas, por outro lado, existe uma família pla-netária morando na nossa casa, muito bonita, pregan-

do a paz, o amor, a vida, a solidariedade, a natureza, a cura e a comunhão entre todos os seres. Vamos fazer a nossa parte dentro desta família, nossa atitude é que vai sal-var o planeta.

O verde que te quero verde, hoje é o dólar. Não acre-dite em revolução de governo, não acredite em mentiras ele-

trônicas, que pregam a paz em suas programações, mas no fun-

do incitam à violência. A verdadeira e pura mudança vem do co-

ração, está em cada um de nós e somente em nós. Com fé e organização, poderemos melhorar a nos-

sa casa, pois temos um potencial muito grande que precisa ser valorizado, é a família do amor ao

verde!Converse com o ambientalista:

Caro professor, cara professora. Nas edições deste ano dedicaremos esta página às questões do Meio

Ambiente, tema emergencial que é discutido em todos os ambientes: nos meios políticos, empresariais, universidades, escolas e nas comunidades. Precisamos conversar muito sobre este assunto, conhecer as questões e criar planos de ações que venham ao encontro da sustentabilidade ambiental.

A Escola, como bem sabemos, é espaço privilegiado para a construção do conhecimento e da prática da cidadania. Por isso mesmo, é um ambiente ex-

celente para que nossas crianças e adolescentes aprendam a ser protago-

nistas de sua própria história e, portanto, agentes de transformação da vida comunitária e do planeta.

A seguir, acompanhe, o Jogo de Palavras ditas pelo escritor desta página, professor Alésio dos Passos Santos, ambientalista, especialista em ervas me-dicinais e eterno enamorado da natureza.

Alésio percorre os ambientes verdes da Grande Florianópolis e das cidades de Santa Catarina - escolas - fóruns de debates - procurando educar crianças, adolescentes e comunidades para a sustentabilidade do planeta a partir da casa que habitam, da escola onde estudam e do bairro em que moram.

Sem o rigor de textos acadêmicos, gostaria de falar um pouco de nós, de nossa casa e do planeta. Vou escrever como quem está conversando com

pessoas amigas. Como em uma pesquisa antropológica, vou contar a história a partir de

minha ótica crítica, conversando com o coração, e não com a razão, pois minha razão está no coração.

Acredito que quando encontramos a bondade, a justiça e ética, a caridade,

a amizade, a paz em família, a comunidade e a felicidade, nos encontramos com Deus, independente de credo religioso.

Deus está na natureza viva, nas plantas, nos animais. Muitas vezes o ser humano resolve brincar de Deus, criando alimentos geneticamente modificados, fato que está nos levando a passar do estágio natural - biológico, para um estágio artificial, de um ambiente natural para um ambiente criado com pouco verde e com pouca vida.

As cidades são consideradas boas conforme a quantidade de parques naturais e de equipamentos para humaniza-

ção dos espaços públicos encontrados. Os cidadãos são verdadeiros prisioneiros em seus edifí-

cios, há pouco espaço para se mexer, pois estão presos aos controles remotos.

Tenho a proposta de melhorar a vivência das pesso-as idosas e crianças nos edifícios, pois não existe espaços para o contato do morador com a terra, não há troca de energia.

Além de estarmos impermebializados com as calçadas e asfalto, estamos nos contaminando dia a dia com metal pesado,

através da água tratada, das descargas dos carros, dos enlatados, da tinta de cabelo, do esmalte de unha.

O que me assusta é a velocidade dessa transição. Na ilha de Santa Catarina, especificamente na Lagoa da Conceição, há pouco tempo se convivia com “as bruxas e com os lobisomens” (lendas da Ilha de Florianópolis).

Não tínhamos luz elétrica, água encanada, fralda descar-tável, absorvente higiênico e nem mesmo papel higiênico. Hoje, não conseguimos viver sem essas modernidades.

Na foto ao lado, o professor Alésio apresenta aos alunos uma muda de Garapuvu: árvore

nativa, símbolo da Grande Florianópolis.

Dormia-se com a casa aberta, no silêncio escutávamos o canto das corujas, agora trocado pelos alarmes, buzinas, tiros de foguetes, gritos de pessoas.

Não durmo mais bem, o barulho e os medos nos levam ao estresse. Eu passeava na escuridão da noite com a luz dos vagalumes. Agora, não

consigo descrever a velocidade das mudanças e das muitas informações. Minha memória não é treinada para tanta informação e o nosso biorritmo não

consegue acompanhar a pressa da vida moderna, pois, hoje em dia, tudo se faz correndo.

Corremos para cumprir agenda familiar, profissional e comunitária, isso é uma doença grave. Pergunto-me: sou preguiçoso ou tenho o ritmo dá na-tureza? Falta tempo para meditar, rezar e viver o amor. Embora eu pareça tão novo, com 60 anos, conheci a Lagoa da Conceição com vida total e hoje vejo a falência do ambiente natural e sinto o verdadeiro processo de degradação do ambiente natural.

Veja, não sei como entrei nessa dança maluca, produzir para ganhar di-nheiro e acumular riquezas, se todos no mundo viverem como eu vivo, toda natureza irá se degradar.

Aí vem aquela palavrinha mágica, desenvolvimento sustentável. Não existe desenvolvimento sustentável se não mudarmos nosso estilo de vida.

Os desafios impostos pelos “doutores em Sustentabilidade” são in-compatíveis com o nosso estilo de vida.

Deixar de poluir é muito pouco, mas nem isso conseguimos fazer. Temos que, além de não poluir, recuperar o que já está poluído e ain-

da estamos poluindo. Precisamos minorar nossa pegada no planeta!

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A tarefa é a seguinte: 1. Elaborar um pequeno álbum, com folhas de papel A4, cortadas ao meio, com um símbolo de-senhado sobre cada

religião já apresentada pelo Jornal O TRANSCENDENTE e sobre elas criar uma bonita frase:

• Hinduísmo

• Budismo

• CAndomBlé E umBAndA

• JudAísmo

• CristiAnismo

• islAmismo

• Xintoísmo

2. na última página

do álbum, os participantes deverão escrever uma pequena conclusão sobre o trabalho realizado que poderá ser em forma de poesia, texto ou acróstico, contemplando a diversidade religiosa.

3. o trabalho poderá ser realizado individu-almente, em dupla ou em equipe com até quatro participantes.

4. os desenhos deverão ser coloridos ou pintados em grafite, esclarecendo, abaixo, o nome do símbolo, o seu significado e a

religião à qual ele pertence.

5. na capa do álbum deverão constar: nome da Escola; nome do professor (a) de Ensino Religioso; nome completo do aluno (a) e/ ou os componentes da equipe.

6. os alunos que apresentarem os dez me-lhores trabalhos serão contemplados com prêmios especiais.

7. os trabalhos deverão ser entregues (pos-tados no correio) até 29/07 - final do primei-ro semestre de 2011.

olá , Professor (a)Que alegria! o transcendente traz uma nova oportunidade de interação para você e seus alunos do Ensino religioso:

Concurso ot 2011 - diversidade religiosa!

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Há muito tempo atrás, em uma pequena aldeia do Japão, vivia um pobre velho e sua esposa.

Um dia, próximo ao Ano Novo, a esposa olhou a caixa onde guardava seu arroz e perce-beu que não havia mais nenhum grãozinho... Eles estavam sem dinheiro e não havia sequer uma migalha de comida em sua casa.

Então, ela virou-se para o seu marido e lhe disse:

- Precisamos fazer algo... pois não temos o que comer.

Foi então que decidiram fazer chapéus.

O pobre velhinho foi até a cidade vender os chapéus para conseguir um pouquinho de dinhei-ro para passar o fim de ano...

Era uma longa caminhada até a cidade, mas sua força de vontade lhe dava ânimo para suportar aquele frio e a fina neve que caia. O velhinho, che-gando à cidade, começou a gritar:

- Olha o chapéu!!! Quem vai querer???Ofereceu a um casal, mas a única resposta que

ouviu foi:- Para que vou que-

rer isto???E assim, passou o

dia... Nenhum chapéu foi vendido e o velhi-nho, triste por não ter conseguido nenhuma moeda sequer, come-çou sua caminhada de volta para casa.

A neve estava começando a ficar mais forte... No caminho encontrou as Estátuas de Pedra de

Jizo-Sama (deidade protetora dos gatos) com as cabeças já cobertas de gelo. O velhinho pegou sua toalha e,

cuidadosamente, começou a reti-rar a neve de cada um deles, ao mesmo tempo em que lhes dizia:

- Infelizmente não tenho dinheiro para comprar comi-da e dá para vocês nessa festa de Ano Novo, pois não ven-di nenhum chapéu, mas vou deixá-los aqui para protegê-

-los da neve!!!O velhinho começou a cobrir a cabeça de cada

um, mas eram seis estátuas e só tinha cinco cha-péus...

- Poxa, vai faltar um chapéu... Que vou fazer ago-ra??? Não posso proteger a cabeça de apenas cinco e deixar um desprotegido!!!

Ele, então, pegou a toalha com que havia limpado as estátuas, colocou-a na cabeça do sexto Jizo Sama e lhe disse:

- Me perdoe, pois faltou um chapéu... Mas não posso partir e deixar você des-protegido, por isso colocarei essa toalha em sua cabeça.

E continuou sua cami-nhada de volta para casa...

Chegando em casa, a esposa viu que seu marido estava sem os chapéus e fi-cou feliz, achando que ele os havia vendido.

O marido, meio sem jeito, disse:- Na verdade eu não vendi nenhum, apesar da cida-

de estar cheia de pessoas...

- Mas então, onde estão os chapéus??? - per-guntou a esposa.

- Eu encontrei as estátuas de Jizo Sama no ca-minho e, como a neve estava muito forte, deixei--os com eles para que se protegessem.

A esposa ficou orgulhosa de seu marido e disse:- Que gesto nobre!!! Passaremos o Ano Novo

sem comida, mas o mais importante é que, apesar de sermos pobres, temos uma casa para nos pro-teger do frio e vivemos com saúde!!!

A noite chegou... Já estavam deitados, quan-do ouviram vozes:

- Entrega especial de Ano Novo!!! Onde é a casa do vendedor de chapéus??? Abra a porta vendedor!!!

Levantaram depressa e, ao abrir a porta, depararam com muitos sacos de arroz e comidas em abundância para passar o Novo Ano com a mesa farta!!! Havia um bi-lhete escrito: “Obrigado por seus chapéus. Nós estamos retribuin-do sua boa ação com esses mantimentos. Feliz Ano Novo!!!”

Olharam em volta e viram seis vultos cami-nhando sobre a neve... Eles estavam usando seus chapéus. O casal de velhinhos concluiu serem as estátuas de Jizo Sama.

Com a mesa farta, felizes, eles exclamaram:- Obrigado Jizo Sama! Esse é o melhor Ano

Novo de nossas vidas!Conto japonês

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