O Transcendente - No.6

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ANO II - Nº 6 AGO / SET 2008 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222-9572 www.otranscendente.com.br PAG 01.indd 1 18/7/2008 10:33:54

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Edição Agosto/Setembro 2008

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ANO II - Nº 6

AGO / SET2008

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br

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02 AGOSTO / SETEMBRO - 2008 APRESENTAÇÃO

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch / Assessora Pedagógica: Roseli Cassias Pereira

Diagramação: Fábio Furtado Leite / Colaboração: Mauri Heerdt

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222-9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222-9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano II - nº 6 - AGoSTo / SETEMBro - 2008

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•Individual:•Assinatura Coletiva (no CUPoM da página 11)•Assinatura de apoio:•Internacional:

ASSInATUrA AnUAL

r$ 20,00

r$ 35,00r$ 55,00

Queridos (as) professores (as), sauda-ções!

Não há quem duvide: as divisões, os preconceitos, a intolerância religiosa e

coisas similares são verdadeiras pragas para a sociedade. Diante disso, cabe a todos construir a reciprocidade e um diálogo construtivo entre as diversas culturas e religiões.

A este propósito, me vem à mente a história do rato que, olhan-do pelo buraco na parede, viu o fazendeiro e a mulher abrindo um pacote. Ao descobrir que nele havia uma ra-toeira, ficou aterrorizado e, correndo pelo pátio, advertiu a todos: “Há uma ratoeira na casa!”.

A galinha disse-lhe: - Desculpe-me senhor rato, eu entendo que isso seja um problema para o senhor, a mim não incomoda.

O rato então avisou também o porco: - Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!

- Desculpe-me, senhor rato, disse o porco. Mas, não há nada que eu possa fazer. Fique tranqüilo, o senhor será lembrado nas minhas preces.

O rato dirigiu-se, então, à vaca. Ela, num muxoxo, disse: - Uma ratoeira? Isso não cons-titui perigo para mim!

Então, o rato, cabisbaixo, voltou para a casa para encarar a ratoeira.

Naquela noite, ouviu-se um barulho!

Meu Deus! Era a ratoeira pegando sua vítima!

A mulher do fazendeiro correu para ver quem estava lá.

No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda de uma cobra venenosa. E a co-bra picou a mulher, que ficou com febre!

A história da ratoeira me faz pensar no diá-logo entre as religiões que, como afirma Elias Wolf, “nada mais é do que tecer os fios

dos diferentes credos e dos diferentes jeitos de compreender e viver a experiência de Deus. Esses fios trançados cons-troem a tenda do universo religioso que nos abriga. Fios que constroem a tenda da unidade, pois, nela, é possível o convívio entre todos os crentes das mais diversas expressões religiosas. Nela, cada um poderá manifestar-se com sua particularidade e apresentar os valores de sua fé sem ferir a outra”.

A tenda da unidade possui horizontes multicoloridos. Por exemplo, entre tantos outros, a cor da compaixão enaltecida pelo Budismo; a cor da misericórdia, enfa-tizada pelo Islamismo; a cor da interiori-dade, buscada pelo Hinduísmo e a cor da caridade fortale-cida no Cristianismo.

Todas as religiões, na construção dessa tenda, tecendo fios de fraternidade, de solidariedade e de reciprocidade, devem se empenhar para viverem a unidade.

O ENSINO RELIGIOSO O Ensino Religioso nas escolas pode e deve

contribuir muito para isso. Daí a importância para que seja implementado seriamente em todas as escolas.

Sempre encontramos, no entanto, responsá-veis pela educação e alunos que não entendem o porquê da existência desse conteúdo. Não seria uma perda de tempo? Afinal, qual seria seu verda-deiro objetivo?

O ER tem seu objetivo, sim, e de um valor ex-traordinário, pois, como dizia o próprio Feuerbach,

crítico radical da religião: “O homem é naturalmente religioso”. Portanto, é de vital importância conhecer, entender e vivenciar a experiência religiosa de que todo ser humano e as próprias sociedades estão impregnadas.

O Ensino Religioso é o conteúdo que mais abrange a vida de cada um e da própria sociedade que, embora se de-clare laica, é constituída, em sua maioria, de cidadãos que prezam, buscam o transcendente e observam seus ditames.

O TRANSCENDENTEApós essas considerações, é fácil entender a enorme responsabili-

dade que a equipe do jornal O TRANSCENDENTE assu-miu: ajudar os professores de Ensino Religioso, tanto na sua formação, como na oferta de subsídios adequados para

o ensino desta disciplina.Seus conteúdos nem

sempre são fáceis, pois o universo religioso tem sempre algo de miste-

rioso. Além disso, é missão do ER ajudar os alunos a vivenciar os

grandes valores que não podem faltar na formação do cidadão.

Amigos (as) professores (as), abracem com amor sua difícil, mas extraordinária missão, e cresçam no conhecimento e na espiritualidade, pois ninguém dá o que não tem.

Tenham certeza de que sempre poderão contar com a nossa equipe. Ajudem a difundir esse nosso subsídio e nos enviem suas experiências e sugestões para que ele seja cada vez mais rico e completo.

Agradecemos as inúmeras turmas que estão partici-pando dos nossos concursos e que nos envia-ram seus trabalhos. Vamos seguir em frente! A todos e todas, um grande abraço.

O fazendeiro pensou: nada melhor que uma canja de galinha!

Mas, sendo que a febre aumentava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la e, para ali-mentá-los, o fazendeiro matou o porco.

A mulher não melhorou e acabou morrendo. No enterro, compareceu muita gente e, para alimentar todas as pessoas, o fazendeiro sa-crificou a vaca!Moral da história: quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco!

O filósofo Horácio, no tempo dos antigos romanos, já advertia: “Tua casa está em peri-go quando arde a parede do vizinho”. Isto é: numa sociedade, o problema de um é proble-ma de todos. A construção da paz exige vonta-de e energia para construir, no cotidiano, novos relacionamentos, uma nova ordem social.

Nesta edição, o jornal “O TRANS-CENDENTE” apre-senta o universo religioso hindu.

Os hindus acre-ditam em um Ser Supremo, Brah-man, do qual se origina todas as coisas e este, junto a Vishnu e a Shiva, regem o universo.

O hinduísmo é a terceira maior religião do mundo em número de adeptos. Segundo cen-so de 2005, há aproximadamente um bilhão de fiéis, dos quais aproximadamente 890 milhões vivem na Índia.

O hinduísmo é centrado em práticas que ajudam o indivíduo a vivenciar sua religiosidade na incessante busca pelo sagrado. Como reza o ditado hindu: “Deus vive em cada um de nós. Devemos procurá-lo por toda a vida”.

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O ENSINO RELIGIOSO AGOSTO / SETEMBRO - 2008 03

O Universo Religioso: as grandes religiões e tendências religiosas atuaisApós meses de pesquisa e muito diálogo com pessoas de várias crenças, os autores apresentam este estudo sobre várias manisfestações religiosas tradicionais e as tendências atuais. O objetivo deste livro é oferecer uma compreensão popular das manifestações religiosas presentes em nosso universo.

Este livro é indicado para escolas e para aqueles que buscam conhecer mais e melhor o universo religioso e suas manifestações. Esta obra ajudará a conhecer melhor a religião de cada um e também a do outro, tendo como horizonte um diálogo sincero e aberto na busca de um mesmo objetivo: a construção de um mundo melhor.

Poderia-se perguntar: Para que conhecer a nossa e as outras religiões? Para melhor conhecer o Transcendente. Professor, adote o “Universo Religioso”. Certamente este livro será muito útil em seu trabalho.

Finalizando, temos a satisfação de anunciar que lançamos a segunda edição do “Universo Religioso”, com material de melhor qualidade e mantendo o mesmo preço.

No estudo das religiões constata-se que o fato reli-gioso, embora sendo uma experiência individual, tem uma conotação comunitária. Isto porque o homem não se contém com a sua experiência pessoal do sagra-do. Ele sente a necessidade de contar às pessoas que vi-vem ao seu redor o que aconteceu com ele, para que elas também participem de suas emoções. No entanto, na passagem da experiência individual para a comuni-dade, pode haver uma descaracterização daquilo que realmente ocorreu. Daí a importância de estudarmos o fenômeno religioso nas suas formas mais originais.

O animismo, matéria do nosso estudo, faz parte das religiões primitivas. Quando falamos em religi-ões primitivas entendemos aquelas religiões encon-tradas entre os povos primitivos, que apresentam uma cultura rudimentar, sem escrita ou livros, onde as tradições orais assumem grande importância, tan-to social quanto religiosa.

Mas vamos aprofundar o conhecimento do ani-mismo que é “a crença de que fenômenos e forças da natureza são capazes de intervir na vida dos seres humanos”.

A teoriA AnimistAAnimismo deriva da palavra latina “animus”, que

se traduz como alma. Podemos defini-la como uma crença na alma das coisas, especialmente dos seres vivos. É uma religião típica dos povos africanos, em-bora se encontre também em outros povos.

Foi o antropólogo inglês Sir Edward B. Tylor, em 1871, com sua obra “Primitive Culture” (a cultura primi-tiva), que criou esta teoria. Segundo ele, o animismo é a primeira grande etapa da evolução do pensamento religioso. Para Tylor, a origem da noção de alma está nas experiências da doença e da morte, sobretudo, dos sonhos, que levam a imaginar a existência de algo que não é matéria no corpo humano. Esse algo, diverso do corpo, que é princípio da vida e do pensa-mento pode atuar com independência e sobrevive ao corpo depois de sua morte. A crença de que a alma perdura explica o culto aos antepassados.

O antropólogo G. Van der Leeuw(+1950 critica esta teoria, pois, a seu ver, não podemos falar numa teo-ria tão precisa sobre a crença em almas ou em espíritos, já que os povos primitivos não possuem teorias, mas experiências práticas.

FormAs de AnimismoNão é tão fácil entender o animismo, especial-

mente para nós do século XXI, quando tudo se fundamenta nos livros e na razão. Podemos agru-par em três as formas de animismo:a) O “manismo”, que deriva de “manes” e que significa “antepassados”. Trata-se do culto aos antepassados.B) O “naturalismo”, que vem de “natura” (= nature-za). Trata-se da crença na alma das coisas.C) O espiritismo, que vem de “spiritus” (espírito). É a

crença em seres incorpóreos, em espíritos.

A concepção de AlmAPara o homem primitivo, a alma é uma potência su-

perior à matéria, e que pode conviver com ela. Ela é con-siderada como uma emanação divina, outras vezes como criada diretamente por Deus e destinada a retornar a Ele.

Para o animismo, a alma está presente naquelas partes ou órgãos que manifestam maior potência no corpo. Por isso, o homem primitivo acreditava em várias almas ao mesmo corpo. Assim podemos ter vários tipos de alma:a) a alma-SOprO, aquela que é responsável pelas nos-

sas emoções, e que sobrevive à morte física; B) a alma-SaNguE, que nos faz viver, que

faz o corpo físico funcionar e que cessa com a morte física;

C) a alma-CérEBrO, a alma-coração, a alma-fígado etc., que preside a cada uma das funções atribuídas a estes órgãos, como a inteligência, o sentimento...Entende-se, assim, o canibalismo pra-

ticado por alguns povos primitivos, pois o comer o cérebro, o coração, o fígado, os músculos era apossar-se de sua potência específica, isto é, de sua alma. O animismo via alma em todas as coisas que manifestava alguma potência ou vida própria.

A essênciA do AnimismoOs animistas não tinham a mesma compreensão

de alma que nós ocidentais temos. Para eles a alma, distinta do corpo, é uma força vital inerente a tudo o que existe, um poder indefinido que se manifestava es-pecialmente no homem. Esta força vital tem caracte-rísticas transcendentes e, muitas vezes, é representada pelo círculo, cujo sentido é algo perfeito e absoluto.

para os povos primitivos o homem era imortal, por isso acreditavam na transmigração das almas e na retribuição eterna.

os mitos no AnimismoOs animistas não tiveram uma religião revelada,

com personagens religiosos e livros sagrados. Daí te-rem poucos mitos religiosos.

Contudo, existem mitos que falam da criação do mundo e de como o Ser Supremo, lá no início, dispôs as coisas criadas.

Encontramos neles mitos que justificam os costumes da comunidade, tais como: as técnicas da agricultura, a arte da guerra, as normas de conduta e os mitos que defi-nem as classes sociais e as condições de casamento.

Os povos primitivos, em geral, são “vitalistas”, isto é, concebem a divindade, o homem e as forças da natureza como manifestação de uma energia ou de uma força vital. A eles não interessa tanto o modo de ser de Deus, mas o modo de agir de Deus integra-do nas forças ocultas. A preocupação deles é mais com a vida presente do que com a futura.

os ritos no AnimismoOs animistas conservam numerosos ritos com

os quais mantém vivas as tradições tribais. Alguns destes ritos remontam às primeiras manifestações re-ligiosas da humanidade.

Queremos salientar 3 destes ritos: a) O FEiTiçO. Palavra que vem do latim “factitius” (coi-

sa feita). Os portugueses deram este nome aos objetos usados pelos africanos e que lhes causavam malefícios. Alguns antropólogos achavam que se tratava de uma técnica, outros o ligavam com o culto aos espíritos. Hoje, se associa aos talismãs e amuletos. No Brasil, feitiço está ligado à atividade animista de Exu, que

recebe dos alimentos e da cachaça a força para executar os recados de seus devotos;

B) a daNça. Dissemos que os ani-mistas são ativos e não especulativos. A

dança da guerreira, a dança cósmica e a dança erótica ocupam um lugar privile-

giado. Os dançarinos usam máscaras para se identificar com os espíritos dos antepas-

sados e das forças da natureza;C) OS riTOS dE parTiCipaçãO. Os animistas não têm ato de culto a Deus, mas, usam rituais para integrar os espíritos na vida da comunidade, principalmente os espíritos dos antepassados. Como os espíritos não têm

corpo, não podem comunicar-se diretamente com os vivos. Não tendo corpo, os espíritos se comunicam por meio do sangue das vítimas ou das substâncias de certos alimentos. Com eles, os espíritos adquirem a força vital que os tornam capazes de participar da vida dos homens por meio de médiuns. Não se trata de culto demoníaco, como dizem alguns, mas de um verdadeiro rito de participação.

1. Como você define o animismo?

2. Trata-se apenas de uma expressão reli-giosa dos povos primitivos ou está pre-sente no século XXi?

3. Que elementos animistas existem em nossa sociedade pós-moderna?

Máscara para ritual de passagem dos

garotos de Mandinga - Gâmbia - África

Nos artigos anteriores, tratei sobre o universo religioso que se encon-

tra nas diversas matrizes: indíge-na, africana, oriental e ociden-tal. A partir deste número, irei abordar a fenomenologia das religiões primitivas: o animismo (1), o xamanismo (2), o manismo (3), o tote-

mismo (4) e a magia (5).

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04 AGOSTO / SETEMBRO - 2008 CONVERSANDO COM O EDUCADOR

O TRANSCENDENTE: Professora Emerli, como especialista na pedagogia do Ensino Religioso, com es-pecial atuação no estado do Paraná, como se pode ava-liar o ER no Brasil, hoje?PROfa EmERli: Por um lado, melhor do que nunca, pois finalmente o ER escolar trata com o mesmo respeito todas as manifestações culturais reli-giosas que existem no contexto da vivência do povo brasileiro. Por outro lado, as dificuldades são imen-sas, pois a preparação dos professores exige, além de postura flexível e aberta, muito conhecimento sobre o fenômeno religioso. É preciso investimento na formação dos professores e sabemos que esta é uma das grandes dificuldades nos bastidores das políticas vol-tadas à educação.

OT: Apesar das propostas definidas da LDB, perce-be-se, ainda, uma cons-tante dúvida no pensar e no agir pedagógico do ER. Como se pode ampliar esta discussão, visto que a edu-cação, de um modo geral, é construída e reconstruída constantemente em suas diversas dimensões?

PROfa EmERli: Profes-sores em dúvida são pro-fessores que refletem e bus-cam novos caminhos, o que é fundamental para que o pensar e o agir pedagógico desta disciplina possa alicer-çar-se em bases coerentes e que tragam benefícios não só aos alunos, mas a toda sociedade brasileira. Alguns princípios não podem ser perdidos de vista neste percurso, são eles:

• compreender o processo educativo levando em conta o aluno em sua inteireza;

• trabalhar o fenômeno religioso de maneira a tra-tar todas as religiões e movimentos místico-filo-sóficos com o mesmo respeito e profundidade;

• um planejamento de conteúdo precisa contemplar a variedade de matrizes, a saber, a indígena, a afro-brasileira, a ocidental e a oriental;

• o ER é para todos, religiosos e não religiosos, e não pre-tende conduzir ninguém para esta ou aquela religião;

• é preciso cuidar para que o discurso peda-gógico seja de tal forma articulado a fim de,

informando sobre as práticas religiosas, não conduzir os alunos à vivência das mesmas em ambiente escolar. OT: O ER é compreendido como parte integrante

da formação básica do cidadão. Quais são as aten-ções especiais que devem ser dadas aos conteúdos

a serem ensinados nesta disciplina e sua respectiva metodologia?

PROfa EmERli: Neste pormenor, o professor de ER, ao abordar os conteúdos, busca trabalhar de forma a contemplar o todo, superando a visão frag-mentada e a simples reprodução de conhecimentos. Ele dispõe da abordagem de conteúdos em rede que relacionam os conteúdos entre si e conduzem à inter-disciplinaridade. Para tal, importa buscar novas formas e novos passos metodológicos que sejam significativos para os alunos e que os instiguem ao processo de aprendizado. OT: Muitos professores de ER fazem contato com o Jornal O TRANS-CENDENTE em busca de orientações de como fazer do ER uma dis-ciplina que efetivamente atraia os alunos, uma vez que, em muitos casos, segundo seus relatos, os alunos não se sentem atraídos por estas aulas. Qual sua orientação para estes professores?

PROfa EmERli: Bem, para atrair é preciso tocar o indiví-duo naquilo que lhe é mais interior, em linguagem me-tafórica, sua alma. Gosto de trabalhar com a arte, que, ao mesmo tempo revela, diz coisas, comove. Quando trabalhamos com “alma”, ao mesmo tempo em que es-tudamos algo, desvelamos nossa própria interioridade. Neste sentido, conhecer o mundo é conhecer a si próprio, e isto é sem-pre muito estimulante!OT: Quais são os resultados da rica experiência que vocês estão fazendo no Estado do Paraná e quais con-selhos podem ser compartilha-dos com os demais estados do Brasil?

PROfa EmERli: A respos-ta é curta e simples: muita gente pensando junto, várias instâncias unidas. No processo de construção desta disciplina, é preciso unir pessoas,

estudiosos, interessados em construir a reflexão e, então, colocar-se disponível para ouvir o diferente, para o diálogo.OT: Professora Emerli, para complementar nossa conversa responda-nos: No seu entender, como deve ser o pensar e o agir do professor de ER no Brasil?

PROfa EmERli: Precisamos do professor corajoso para aceitar erros e acertos como fundamentais no seu pro-cesso de ser professor e no processo do aluno aprender. Precisamos do professor que coloque sua própria sensi-bilidade e sabedoria naquilo que faz. Existem caracterís-ticas importantes para a disciplina, mas se pensarmos e nos focarmos somente nelas, nós estaremos a “matar” o professor naquilo que ele mesmo é, único, e é dele assim que precisamos.

Visando dar suporte para os professores de Ensino Religioso

em seu pensar e agir pedagógico, O TRANSCEN-DENTE traz palavras de fundamentação acadêmica e a

experiência da educadora Emerli Schögl: psicóloga clínica, cantora lírica, professora de canto, autora do livro Expansão Criativa, especialista e mestre em áreas do ER.

A pROfESSORA EmERli atualmente integra a equipe de orientadores para o ER nas escolas do estado do paraná,

a ASSiNTEC - Associação inter-religiosa de Educação. Nesta entrevista, ela nos ajuda a pensar e a

refletir o ER do Brasil.

a PROfa EmErli nos concedeu excelen-

tes orientações para a prática do Er. Veja

esta entrevista na íntegra no

site:

www.otranscendente.com.br.

A cantora e compositora Denise Bopprè, tendo

a música como sua prin-cipal ferramenta na arte

de educar, a partir de sua experiência adquirida den-

tro de hospitais infantis e com crianças em situação de vulnera-

bilidade, idealizou o CD “Educação 2000”, que o jornal O TRANSCEN-

DENTE tem orgulho em apresen-tá-lo a todos os professores.

O CD “Educação 2000” é um instrumento psicope-

dagógico, que desperta na criança o interes-

se pelas aulas de Geo-grafia, de Matemática e

de História. Outrossim, re-flete sobre problemas sócio-

emocionais como: prevenção da AIDS, adoção, inclusão e desigual-dade social.

O CD apresenta, por exemplo, a tabuada (em samba), os Esta-

dos e Capitais do Brasil (em reggae). Certamente, com

o CD “Educação 2000”, as aulas terão um brilho

ainda maior.

CD Educação 2000

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UNIVERSO RELIGIOSO05 AGOSTO / SETEMBRO - 2008

Namasté! Esta é a minha sau-dação a todos os amigos do

jornal O TRANSCENDEN-TE! Essa saudação signifi-ca, literalmente, “Curvo-me perante ti”, mas hoje muitos traduzem assim: “O Deus que há em mim saúda o Deus que há em ti”!

Se vocês aceitarem, gostaria de con-tar para vocês a minha vida. Para come-çar, o meu nome é em homenagem ao oitavo avatar, isto é, à oitava encarnação de Vishnu, o deus Preservador do uni-

verso.

Sou um BrâmaneEu sou um brâmane, pois nasci brâmane, a princi-

pal casta hindu, uma casta privilegiada. Contudo, eu não sou a favor das castas, porque elas discriminam as pessoas. Dou um exemplo: os “párias”, os “abando-nados da sociedade”, nem têm direito à água limpa para beber e à educação. No sistema de castas, a pessoa nasce e morre na mesma casta. São proibidos os ca-samentos entre noivos de castas diferentes. Embora o governo combata este sistema, ele está ainda muito presente na Índia.

Vida de eStudante hinduQuando tinha 8 anos, fui admi-

tido a tornar-me um “brahmacarin”, ou seja, um estudante. Junto a

meu mestre Adatyi, um famo-so “guru”, cujo nome significa

sol, dediquei-me ao estudo dos textos védicos (livros sagrados) e,

até os 15 anos, vivi como um verdadeiro asceta.

Logo ao amanhe-cer, eu servia o meu mestre e mantinha

aceso o fogo sagrado. Eu precisava também me subme-

ter a uma exigente prática de pu-rificação ritual. Vestido com uma

pele de antílope, que recebi na ceri-mônia de iniciação, mendigava

o meu alimento.

Olá amigos, tudo bem com vocês! Desta vez estou

com o meu amigo Krishna. Ele vai nos contar a história de sua vida e, dessa forma, poderemos conhecer um pouco mais do hinduísmo.

Com muita dedicação observei também a casti-dade. Durante o dia, vários momentos eram consa-grados à memorização de trechos védicos, que depois devia recitar ao meu mestre.

Terminados os estudos, tomei o banho ritual fi-nal, paguei os honorários a meu mestre e voltei à casa de meus pais. Já estava pronto para casar. Só me falta-va encontrar a mulher da minha vida!

Para um hindu, o casamento é muito importante, pois, a partir de sua celebração, o hindu passa a ter em casa o próprio fogo sagrado, passa a ser o “chefe da casa” e pode constituir família, descendência.

oS cinco grandeSSacrifícioS

Para um chefe de família brâmane, diariamente há cinco grandes sacrifícios a realizar: O sacrifício aos Bhuta, aos homens, aos ancestrais, aos deuses e a Brahma.

Para realizar estes sacrifícios é necessário:

• Todo dia oferecer um “bali” (uma oferenda jogada ao sol ou ao ar) aos “Bhuta”, espíritos inferiores e potencialmente perigosos. É assim que se libera do sacrifício aos “Bhuta”.

• Cada dia deve-se dar ao menos um copo de água aos viajantes. É assim que se realiza o sacrifício aos homens.

• Cada dia deve-se pronunciar “svadha” (obrigado), oferecendo ao menos um copo de água para ser absolvido dos sacrifícios aos ancestrais.

• Cada dia deve-se pronunciar “svadha”, oferecen-do ao menos um pedaço de madeira no fogo aos deuses.

• E, por fim, o sacrifício a Brahma: a recitação parti-cular do Veda.

o VanapraStha

Com o passar dos anos, os meus filhos começaram a che-gar, os vi crescer e depois vie-ram os netos. Vendo que a mi-nha vida e a vida de meus filhos estava encaminhada e, após ter vivido a tristeza, a felicidade e tendo aprendido o significado de tudo isso, me senti livre de minhas

obrigações rituais e familiares. Com a aprovação de minha esposa, passei ao terceiro estágio de vida (entregar-se de vez ao serviço devocional). Esse precioso momento da vida do hindu normalmente acontece por volta dos 45 a 50 anos de idade.

Após a cerimônia da inalação dos três fogos, retirei-me na flores-ta, deixando minha esposa em casa para cuidar dos pais dela e de nos-sos filhos. Alguns hindus levam consigo a esposa, mas, a partir de então, tratam-na como irmã, não mais como esposa.

Ali, na floresta, a vida eremítica, ou samnyâsin, é solitária. A prática de sacrifí-cios austeros e a renúncia completa de tudo o que até então possuía, me fez crescer espiritualmente. Aban-donei assim meu status, minha residência fixa, tudo!

Vida auSteraNeste estágio da vida, há uma dieta a ser seguida

que não pode ser modificada ou abandonada. Passei a alimentar-me de raízes, frutas e de um pouco de arroz. E para beber, apenas leite! Às vezes, quando não tinha o que comer, ia para a aldeia pedir comida, mas deveria comê-la na floresta. Os alimentos não podem ser totalmente cozidos e, uma vez por ano, era permitida a troca das roupas velhas por outras novas.

Como exercícios de aus-teridade, mantinha-me na chuva e, no inverno, usava roupas molhadas. Banha-va-me três vezes por dia. Os vários relatos das es-crituras védicas deviam ser estudados, seus signi-ficados compreendidos e experimentados.

Hoje, já velhinho e doente, eu estou liberado de minhas obrigações. Eu estou muito feliz com a minha vida e ca-minho pelo mundo enquanto aguardo chegar a minha hora.

O guru é um personagem importantíssi-mo da religiosidade hindu. Pesquise em en-ciclopédias, livros ou mesmo na internet e responda as seguintes questões:

1. O que significa a palavra “guru”?

2. Quem são os gurus e qual a função deles na religiosidade hindu?

3. Depois de realizar a pesquisa e de responder as questões, escreva o que mais lhe chamou a atenção a respeito desse personagem.

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ESPIRITUALIDADES AGOSTO / SETEMBRO - 2008 06

Os hindus crêem espe-cialmente nas divindades que compõe a Trimurti, a trindade védica:

• Brahma, do qual se ori-ginam todas as coisas;

• Vishnu, o Preservador do mundo e;

• Shiva, o Destruidor. O Bhagavad Gita, im-

portante livro sagrado do hinduísmo, afirma o se-guinte sobre o Brahma:

“Eu sou o sabor da água, o esplendor do sol e da lua, eu sou o som do espaço. Eu sou a força da humanidade. Eu sou o doce perfume da terra. Eu sou o brilho do fogo. Eu sou a vida de todos os seres”.

A aspiração máxima de um hindu é sair do ciclo de renascimento e morte (reencarnação) e unir-se a seu Deus para toda a eternidade.

A meditação, a contemplação da verdade in-terior, o amor a todas as criaturas e a generosi-dade são as características mais fortes da espiri-

tualidade hindu.

Os livrOs sagradOs A literatura hindu foi ela-

borada e transmitida oralmen-te, de geração em geração, no decorrer dos séculos, por re-

ligiosos e mestres espirituais, até que um sábio chamado Sri Krishna a coletou e a transcreveu, formando assim o Livro dos Vedas, o texto sagra-do mais antigo da Índia. Dividido em quatro par-tes, o livro contém orações, hinos, interpretações filosóficas e espirituais, ri-tos e celebrações.

• Os Upanishads, palavra que significa “sentar-se aos pés do mestre e ouvir suas exposi-ções”, são textos altamente filosóficos que abordam conceitos como o do nascimento, sofrimento, morte, renascimento (re-encarnação), bem como os meios para se libertar dessa existência cíclica.

• O Purana trata de epopéias mitológicas, de his-tórias e de parábolas. É essencialmente um livro devocional e muito popular na Índia.

• O Ramayana conta a história do rei Rama, uma das encarnações de Vishnu. Este livro retrata um modelo ideal de vida hindu.

• O Bhagavad Gita, conhecido como “A Canção Celestial” ou “Canção de Deus”, trata de um diálo-go entre Krishna, uma encarnação divina, e o

príncipe Arjuna. A partir deste diálogo surgem inúmeros ensinamentos espirituais. Esses diálo-gos estão entre os maiores tesouros do hinduís-mo, pois contém os ensinamentos essenciais dos Vedas.

O sistema de castasInicialmente eram quatro castas, no entanto, elas

se subdividiram e agora são aproximadamente 3.000. As castas têm sua origem na representação do corpo de Brahma pela sociedade hindu.

A cabeça pelos Brâma-nes, sacerdotes, filósofos, enfim, dos que estão ligados ao conhecimento. A casta dos Xátrias, representada pe-los militares e governantes, está relacionada aos braços de Brahma. A casta dos Vai-xias, o estômago de Brahma, é composta por comerciantes e

agricultores. Por último, os Sudras, os pés de Brah-ma, são os empregados, camponeses e servos.

Cada casta possui suas regras, seus costumes, tra-dições, regras alimentares e até mesmo as profissões são definidas a partir dela. Por exemplo, há a casta dos Párias ou “os intocáveis”, obrigados a realizar os tra-balhos abominados pela sociedade como a limpeza das ruas e a remoção de pessoas e de animais mortos. A essas pessoas Ghandi chamou de “Filhos de Deus” e lutou contra a discriminação dessas pessoas. Em-bora o sistema de castas seja abolido pelo Governo, ela ainda é visível especialmente nas comunidades interioranas.

O PujaCada família possui um santuário doméstico onde

são encontradas representa-ções de várias divindades, se-gundo as devoções da própria família.

O Puja (oferta) é a base de culto da maioria das famílias hindus. Trata-se de um culto cotidiano que consiste na ofer-ta de flores, frutos, arroz, leite e água aos deuses. Em ocasiões especiais, utilizam-se roupas próprias e a cerimônia é pro-longada.

as PeregrinaçõesOs lugares considerados sagrados pelos hindus

são muitos e os motivos para a realização de uma peregrinação são vários: cumprir um voto, pedir à divindade algum benefício, agradecer pela conversão ou pedir para melhorar a própria condição da casta. Durante a peregrinação, que pode durar vários dias, evita-se a prática sexual e, ao chegar ao lugar santo,

os peregrinos realizam abluções rituais e ajudam os mendicantes.

a festa das luzesNo outono, na Índia, celebra-se a Divali, a fes-

ta das luzes em honra a deusa Lakshmi, esposa de Vishnu. Ela está entre as grandes e belas festas do hinduísmo. Na celebração desta festa, além de ilu-minar os ambientes e os templos sagrados com lam-parinas, soltam-se fogos de artifício para indicar que o bem vence o mal, recordando a vitória de Rama sobre o malvado Ravana.

O riO gangesNa Índia, todos os rios são venerados, pois, se-

gundo a crença hindu, são fontes de vida e de força. Por atravessar toda a Índia, o Ganges é o mais sagra-do. Por isso, todo hindu deseja, ao menos uma vez na vida, ir à cidade sagrada de Varanasi para banhar-se no rio Ganges. Muitos desejam morrer ali mesmo, pois acreditam que ali a “estrada” em direção à divin-dade é mais fácil. Neste local são realizados rituais de purificação ou para a libertação do Karma.

veneraçãO à vaca Todos os animais são

tratados bem pelos hindus, particularmente a vaca, pois Krishna foi pastor. As vacas, de fato, são impor-tantes pelos serviços que prestam às pessoas. Elas fornecem alimentos como o leite e seus derivados. Tudo o que vem da vaca é sagrado. Jamais um hindu

matará uma vaca, tampouco comerá sua carne. Há uma cerimônia especial em que alguns sa-

cerdotes lêem os textos em sânscrito, a língua sa-grada hindu, e acendem uma lamparina com óleo. Em seguida, um sacerdote unge a vaca com um pó deixando-a toda vermelha. Na seqüência, as pesso-as a tocam e, com as mãos tingidas por essa colora-ção, tocam a sua própria fronte.

gandhi e tagOre Dois nomes, para nós ocidentais, vêm mais à

mente quando falamos de personagens importan-tes da Índia. Amigos íntimos, o primeiro foi um grande líder na luta pela independência através da “não-violência”, enquanto que Tagore é um re-nomado poeta.

Para conhecer mais sobre a vida deles, suas obras e responder as questões a seguir, acesse o site: www.otranscendente.com.br.

1. Quais foram as ações de Gandhi para comba-ter o domínio inglês e que o fizeram ser um líder pacífico?

2. Quais são as principais obras literárias de Tagore? Qual delas o levou a receber o Prêmio Nobel de Literatura? Esta obra foi feita em homenagem a quem?

Chamado pelos hindus de Sanatana Dharma “Verdade Eterna”, o hinduísmo é, dentre as cha-madas grandes religiões, a mais antiga, pois a sua origem remonta a mais de 4.000 anos.

Não tendo fundador, o hinduísmo é fruto de uma evolução gradual e da busca pessoal de mui-tos sábios e mestres da Índia antiga.

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07 AGOSTO / SETEMBRO - 2008 RITOS E VIDA

A riqueza cultural e religiosa do hinduísmo é imensa. Podemos dizer que o hindu “transpira” sua religiosidade por toda a sua vida.

Olhando o diagrama ao lado, a partir da letra “M”, descubra qual é a palavra que completa a seguinte frase:

Do nascer ao pôr-do-sol, o hindu vive sua...

Apresentamos aqui dois ritos, nos quais se celebram os momentos mais importantes do hinduísmo: o casamento e a morte.

Devido à riqueza de detalhes, não é possível apre-sentar na íntegra essas celebrações, mas, ao menos, termos uma idéia da grande riqueza cultural e reli-giosa que há na Índia. As cerimônias de casamento e os ritos funerários são numerosos e variados, pois são realizados se-gundo as diferentes escolas védicas e o sistema de castas.

RITOMATRIMONIAL

No ritual doméstico, o casamento constitui-se de três momentos princi-pais:• No primeiro momento, o jovem vai à casa da moça e pede aos pais a honra de casar com a filha deles. Após o consenti-mento acordado, a moça coloca-se atrás do rapaz e, pondo a mão no seu ombro, pronuncia três grandes exclamações litúrgicas: Bhur! Bhuvas! Svar! O casa-mento está concretizado.

Dando seqüência à celebração, se oferece um sa-crifício para obtenção de boa sorte: o pai ou o irmão da noiva aponta uma espada sobre a testa dela e de-posita, com uma colher sacrifical, uma oblação sobre a noiva, que fica sentada em direção ao oriente. Em seguida, quem faz a oblação gira a cabeça da noiva em direção ao ocidente. A cerimônia é encerrada re-citando as palavras: “Reina sobre teu sogro, sobre tua sogra, sobre tua cunhada e sobre todos os teus cunhados!”. • No segundo momento, o noivo segura com sua mão direita a mão direita de sua noiva e recita o refrão: “Eu pego tua mão para a felici-dade e para que, comigo teu espo-so, tu envelheças! Bhaga, Savitar, Aryaman, a bonança te dá a mim para que tu tenhas a casa”. Des-ta maneira realiza-se o casa-mento propriamente dito, pois “casamento”, em sânscri-to “panigrahana”, significa “pe-gar a mão”. Eles permanecem assim, mãos juntas, palmas em alto. Ele olhando a oeste, ela, sentada, virada a leste. O noivo recita a seguinte fórmula:

“O que tu és, eu o sou e o que eu sou tu o és! Eu sou o céu e tu és a terra! Eu sou a poesia e tu és a melodia! Eu serei sempre

fiel. Casemo-nos aqui, façamos uma descendência, tenhamos muitos filhos juntos e que eles alcancem a velhice!”. • No terceiro momento acontece obrigatoriamente o “rapto” da noiva da casa de seus pais e, em procissão, é conduzida à casa do jovem esposo.

À noite, como também nas duas noites seguin-tes, o casal deve manter a castidade, não dormir

juntos, alimentar-se apenas de arroz e de leite co-alhado e, por dois dias, o casal não poderá sair de casa. No quarto dia, após o esposo ter ofertado em oblação um alimento cozido numa tigela de argila, usado em ritos familiares, o casamento é

consumado. Para a realização da

cerimônia de casamento não é necessário sacer-dote. É o próprio casal de noivos que oficializa o matrimônio. Às vezes, caso os noivos não forem capazes de pronunciar corretamente as fórmulas védicas, são ajudados por um celebrante, que rece-be por seus serviços.

RITO FUNERÁRIOO homem nasce três vezes. A primeira vez

ele nasce de seu pai e de sua mãe. Após casar, o “perder” torna-se recompensa ao renunciar às coisas que possui. Assim, o homem nasce pela segunda vez.

Quando morre e é depositado sobre a pira, ele re-nasce no céu. Dessa forma, ele nasce pela terceira vez. (Satapatha brahmana 11.2.1.1).

Assim que um homem morre, deve-se escolher um lugar de terra inclinada em direção ao Sul ou a Leste. Este espaço deve ter o comprimento de um ho-mem com os braços levantados e a largura de aproxi-madamente 2 metros.

Cortam-se todos os pêlos e unhas do defunto. Para o sacrifício preparam-se ervas, leite coalhado e manteiga, que serão utilizados para as oblações. No pé esquerdo do defunto é amarrada uma vaca ou uma cabra de uma só cor, preferencialmente preta.

A família do falecido segue em procissão, os mais velhos vão à frente e atrás os mais novos. Assim que chegam ao lugar onde será cremado o corpo, utiliza-se um ramalhete para aspergir o defunto enquanto recita-se a oração: “Descanse, parta, vai daqui! Os espíritos prepararam um lu-gar para você, Yama lhe preparou uma residência

para repousar, proteja os dias, as águas e as noites!”.

Sobre a pira usada para a cremação, colocam-se as ervas e o couro de uma vaca ou de uma cabra. Em seguida, deposita-se o defunto de maneira que a cabeça fique dire-cionada ao sul. À direita da pira, amarra-se o animal que acompanhou a procissão. Então a viúva é convidada a deitar-se ao lado do defunto sobre a pira.

O irmão do defunto, ou outro ancião, convida a esposa a levantar-se. Coloca-se em cada mão do defunto uma colher. Ao lado direito, uma espada de madeira e ao lado esquerdo, uma tocha. Sobre o peito, uma concha e recipientes sobre a cabeça. Sobre os dentes, cinco pedras e, no na-riz, duas colheres pequenas. Nas orelhas, pires. Sobre a barriga, coloca-se uma va-silha. Sobre as genitálias, coloca-se uma tampa de madeira. Sobre as pernas, dois pedaços de madeira, que servirão para acender o fogo. Nos utensílios que pos-

suem cavidade colocar-se-á manteiga. Assim que o corpo for consumido, dá-se uma

volta (da direita à esquerda) ao redor do lugar da cremação e, afastando-se dali, dirigem-se a um re-servatório de água. Ali, chora-se por uma única vez e, apanhando a água com as mãos, enquanto esta escorre, diz-se o nome do falecido.

Os filhos conservarão os objetos que restarem da cremação. Em silêncio, as cinzas são deposita-das numa urna, que é enterrada num lugar que não tenha contato com algum rio. Alguns ritos prescre-vem que as cinzas sejam jogadas no rio Ganges.

Onze dias após a morte um ancião retorna ao local da cremação, asperge o lugar com água e a vida volta ao normal.

As crianças que morrem sem ter realizado a ini-ciação brâmane (upanayana) não são cremadas, mas enterradas.

Escreva aqui.

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ATUALIDADES AGOSTO / SETEMBRO - 2008 08

Mas, o que é a foMe?A fome se caracteriza pela escassez ou falta de

alimentos em uma determinada região, compro-metendo gravemente a subsistência das pessoas. As conseqüências imediatas da fome são:

• perda de peso nos adultos;

• aparecimento de problemas no desenvol-vimento das crianças.

A fome pode se apresentar sob duas formas:• A fome epidêmica, que ocorre

em épocas de escassez de ali-mentos causada por guerras, pragas de insetos e enfer-midades das plantas ou por questões ambientais como: enchentes, secas, geadas, ter-remotos.

• A fome endêmica, que é oculta e, portanto, mais no-civa. Acontece de modo sis-temático, todos os dias, em várias partes do mundo e, mes-mo diante dos nossos olhos, infe-lizmente, nem sempre nos damos conta da sua presença.

a foMe no Mundo: 1945: foi criada a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura que, até hoje, lidera esforços e iniciativas internacionais para a erradicação da fome. A FAO tem sede em Roma e conta, atualmente, com 189 países membros, mais a comunidade européia composta por 27 países. Nela, países desenvolvidos e em desenvolvimento se reúnem para negociar acordos e debater políti-

Não se pode esquecer que a fome aliena e escra-viza o homem. No entanto, tão importante quanto dar o alimento, é oferecer ao cidadão condições de traba-lho digno para que ele seja o provedor de seu próprio sustento e o de sua família. Deste modo, ao elevar a auto-estima de um povo, promove-se a justiça social e a dignidade humana.

Veja as atividades que complementam este conteú-do no Encarte Pedagógico (pág. 2 e 3).

Além disso, enriqueça mais esta aula com os textos de estudo e reflexão da Coleção Educação: • Livro: Vivendo e Aprendendo - Como mudar o Mundo - pág. 10;

• Livro: Como Educar Hoje? - Educação Alimen-tar - págs. 43 a 46.

Acesse o site: www.otranscendente.com.br

cas, pois, e isso é curioso, a fome no mundo não se dá pela produção insuficiente de alimentos, nem pelo grande número da população, nem pelo fato de existirem terras incultiváveis, nem tão pouco pelo falta de terra para o plantio. Quais seriam en-tão as causas?

o plantio da cana-de-açúcar? Dentre as discussões atuais, sobre a crise de ali-

mentos no mundo, está a questão das plantações de

cana-de-açúcar e de milho para a fabricação de bio-combustíveis. Alguns países dizem que esta é uma das razões da falta de alimento no mundo, como também um dos agravantes da questão ambiental. Há quem acuse o Brasil disso.

O problema está sendo objeto de dis-cussão em vários encontros de líderes

dos cinco continentes e de entidades hu-manitárias.

Diante disso, é educativo discutir este assunto também em sala de aula, conhecer as problemáticas e apontar soluções.

Mas isto não é verdade. O governo brasileiro vem defendendo o etanol à base de cana-de-açúcar e rejeitando críticas de que essa produção traria riscos ambientais à Amazônia e contribuiria para a atual crise de alimentos no mundo.

Na realidade, a área territorial para o plantio da cana-de-açúcar, no Brasil, é pouca se comparada com outras culturas alimentares. Dos sete milhões de hectares de cana plantados no país, a metade vai para a produção de açúcar e a outra metade para o etanol, conforme afirma a Organização Ambien-talista WWF - Brasil.

as pesquisas revelaM:• A cada ano, a produção mundial de alimentos tem

aumentado.• A terra tem recursos suficientes para alimen-

tar a humanidade inteira. Estudos dizem que a terra suportaria bem até 7,5 bilhões de

pessoas. Atualmente, o planeta soma 6,4 bilhões de habitantes.

• Há países muito populosos, como o Japão, onde todos os habitantes têm, todo dia, uma quantidade mais do que suficiente de alimentos, en-quanto em países pouco habitados, como a Bolívia, os pobres padecem de fome.

• Há terras suficientes para serem cultivadas, porém, muitas são culti-vadas apenas para os países ricos.

outras estatísticas:• Há 800 milhões de pessoas desnutridas

no mundo.• 11 mil crianças morrem de fome a cada dia.

• Um terço das crianças dos países em desen-volvimento apresenta atraso no crescimento físi-co e intelectual.

• 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável.

• 40% das mulheres dos países pobres são anêmicas e encontram-se abaixo do peso ideal.

• Uma em cada sete pessoas morre de fome no mundo.

1946: o médico brasileiro Josué de Castro, em seu livro “Geografia da Fome”, alertou sobre esta reali-dade em nosso país. Esta obra foi pioneira na informação sobre a situação alimentar e nutricional do Brasil, revelando a verda-deira face desta carência so-cialmente construída.

1993: o sociólogo Her-bert de Souza, o Be-tinho, lançou, de forma criativa e inovadora, um dos projetos sociais mais importantes do Brasil: o movimento Ação da Cidadania, cujo objetivo era sensibilizar a sociedade em busca de soluções para

a foMe no Brasil:as questões da fome e da miséria no Bra-

sil, em vista de estabelecer os direitos da cidadania e da justiça para todos.

2003: lançada a campanha Fome Zero contra a fome. Seu objeti-

vo: promover ações para garan-tir segurança alimentar aos

brasileiros, garantindo três refeições diárias para cada

brasileiro.

2008: mais de 11 mi-lhões de famílias, das

mais necessitadas, têm assegurado o

direito a uma alimentação digna. Os dados revelam que, em todo o país, 94% dos meninos e

meninas já comem três refeições ao dia.

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NOSSO COMPROMISSO AGOSTO / SETEMBRO - 2008 09

O EnigmaComo seres racionais

que somos, temos a ca-pacidade de ponderar sobre nossos atos e de perceber a realidade à nossa volta. É isso que nos diferencia

dos outros animais. Mas vamos tentar discorrer algumas linhas a res-

peito da vocação do ser humano. Afinal, a que esta-mos neste mundo? Nossa existência terrena é algo realmente efêmero ou é o início e o fim de uma exis-tência? Há alguém ou alguma coisa que espera algo a mais de nós? O que fazer com nossos instintos mais primitivos: reprimi-los ou dar vazão a eles?

São perguntas que perturbam e, para as quais, não temos racionalmente uma resposta definitiva.

a LibErdadENascemos com a incrível faculdade de sermos

livres. O livre arbítrio é uma dádiva que nos possi-bilita criar ou repetir; optar ou refutar; admitir ou recusar. O mais importante, porém, é que podemos optar em sermos bons e praticar o bem, ou sermos maus e praticar atos que corrompem a própria digni-dade ou a dos outros.

Nascemos livres e, através de nossas experiências na infância, moldamos nosso caráter e passamos a agir em nossa vida juvenil e adulta. É certo, porém, que a necessidade ou a oportunidade pode, eventu-almente, forçar indivíduos ao roubo ou à violência. No entanto, outra vez, somos livres para optar pela honestidade e a dignidade ou pela corrupção e a de-gradação moral.

Esta “faca de dois gumes” (a liberdade) pode nos aborrecer ou até nos enganar em nossos sentimen-tos, levando-nos a um dilema diante da possibilidade de pagar uma dívida ou devolver uma quantia em dinheiro que encontramos, por exemplo.

Nem sempre a decisão é fácil. É preciso maturidade e serenidade para optar pelo correto e verdadeiro.

O diLEmaUma história, extraída do livro

“Histórias que ensinam”, da nossa Co-leção Educação (pág. 53), pode nos ajudar nesta re-

flexão.Um menino que estava com rai-

va de seu colega, porque este lhe tinha feito uma injustiça, foi pro-

curar seu avô.

Olhando para seu neto e colocando-o ao colo com afeto e apreço, lhe disse:

- Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio por aqueles que “aprontaram” comigo, sem qualquer arrependimento por aquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar vene-no, desejando que seu inimigo morra. Lu-tei muitas vezes contra estes sentimentos.

E continuou: - É como se existissem dois lobos dentro de

mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofen-

de quando não se teve intenção de ofender. Ele só luta quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah! este é cheio de raiva.

Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos o tempo todo

sem qualquer motivo. Ele nem pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes. Uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma! Algumas vezes é difícil con-viver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito.

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:

- Qual deles vence, vovô? O avô sorriu e respondeu baixinho: - Aquele que eu alimento mais freqüentemente.

Este dilema é constante, e é correto afirmar que somos quem nos esforçamos a ser.

Ser bondoso pode ser difícil, porém é muito mais gratificante. É confortante conviver com a certeza de que aquilo que fazemos é para a nossa satisfação e daqueles que nos são caros, como também daque-les pelos quais não temos grande apreço. É melhor sermos reconhecidos pela nossa bondade e dedicação, do que pelas peripécias maquiavélicas, em função de prestígio e poder.

O SEntimEntO maiOrExiste algo, um sentimento que sublima toda

e qualquer ação humana. É como muito bem diz Renato Russo, em uma de suas belas canções:

“Ainda que eu falasse a língua dos homens e fa-lasse a língua do anjos sem amor, eu nada seria... É só o amor, (...) que conhece o que é verdade. O amor é bom, não quer o mal, não sente inveja, ou se envaidece...”.

Mas a pergunta que não cala é a se-guinte: se este sentimento, e mais do que isto, se esta proposta é tão difundida entre a humanidade, por que existe tanta violência, roubos e todo tipo de maldade? Simples! Poucas pessoas optam por se orientarem por este sentimento.

Amor é algo simples de se falar, empolgante ao debater, mas difícil no praticar. Quem ama deseja o melhor à pessoa ou “coisa” amada, dedicando-lhe atenção como se fosse parte de sua família ou até parte de si.

a práticaNo cotidiano, nem sempre é fácil dedicar amor

a quem está sempre ao nosso lado. Mais fácil é amar a quem encontramos esporadicamente, a quem não vemos seus defeitos, suas fraquezas e seus hábitos. É mais fácil “amar” quem exige pouco de nós, quem nos agrada, porém, qualquer mal-feitor faz isto, mesmo um político corrupto ou um traficante protegem e beneficiam seus amigos e parentes.

O que se precisa é criar uma sociedade que se oriente pelo bem comum, que veja em cada pessoa um amigo e não um rival. Que faça a cada pessoa o que espera ela para si.

Tenho plena convicção de que a vocação do ser humano é a de transcender seu instinto e fazer de sua existência um ato de crescimento pessoal e de toda a humanidade, através da colaboração, participação, serviço e, sobretudo, pela escuta.

Dê mais valor a esta aula com o texto do livro da Coleção Educação: “Como educar hoje”: Educar para a Responsabilidade – pá-ginas 28 a 30.

Encontre no diagrama abaixo a palavra que tem uma relação direta com a “responsabilidade” e converse com seus colegas a respeito. Você concorda que ambas se relacionam? Por quê?

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10 AGOSTO / SETEMBRO - 2008 DINAMIZANDO

Olá, Educador (a)!Desde o início do ano estamos motivan-

do você para elaborar com seus alunos um Projeto de Vida para 2008. Recebemos mui-tas manifestações de educadores que estão aplicando o projeto com muito sucesso e obtendo resultados positivos junto aos seus educandos. Esperamos também pelo seu contato.

Vamos seguir em frente!Neste 3º bimestre trabalhe a DIMENSÃO

ESPIRITUAL dos educandos.• Crie um ambiente especial na sala de aula

com cadeiras em círculo, som ambiente e um cenário, no centro da sala, que leve os

alunos a fazerem a experiência da espiritua-lidade.• Faça alguns questionamentos aos alunos refe-rentes à vida pessoal. Você acredita e confia no poder de um Ser Superior em sua vida? Você considera este Ser Superior como um amigo, um pai, uma energia ou uma força espiritual? Quantas vezes ao dia ou na semana você se lem-bra de se relacionar com o Transcendente? De que maneira? (Cada aluno (a) poderá expor o nome do Deus da sua fé).

• Convide os alunos para exporem seus senti-mentos.• Uma boa dica: realize com eles o teatro pro-posto abaixo. Dá excelente resultado!

Ao iniciAr, o (A) professor (A) explicArá:

Espiritualidade: É o modo de vivermos a nossa fé e os bons princípios que vêm do trans-cendente. A espiritualidade está re-lacionada às formas de cuidado que temos para conosco e o modo como nós nos construímos a cada momento. A vivência das virtudes, nossos gestos e nossas atitudes e a maneira como nos relacionamos com o sagrado também expressam a nossa espiritualidade.

espirituAlidAde de um pAi e de umA mãe de fAmíliA:

Somos pais de três filhos. Nós os abençoamos todos os dias antes de saírem de casa e antes de dormirem.

Cultivamos um grande amor por eles e procuramos sempre orientá-los a manter a fé. Eles sa-bem que precisam ser honestos e respeitar o próxi-mo para crescerem na vida. Con-tamos com a proteção de Deus para cuidar dos nossos filhos.

espirituAlidAde de um (A) médico (A):

Sou médico e fiz um juramento de sem-pre cuidar com responsabilidade de todos os meus pacientes. Olho cada pessoa com muito amor e respeito. Faço o melhor por todos, pois sei que quem está doente cul-tiva a esperança da cura. Vivo minha es-piritualidade fazendo ao outro aquilo que gostaria que fizessem comigo.

espirituAlidAde deum(A) professor(A):

Também saio muito cedo de casa para dar aulas. Quando me encontro com meus alunos é uma festa.

Vejo cada criança como se fosse um filho meu. Ao iniciarmos a aula elevamos uma prece de louvor ao transcendente pelas nossas vidas. Acolho todas as

crianças de maneira igual, respeitando suas diferenças elevando-as em seus talentos pessoais.

espirituAlidAde de um motoristA de ônibus:Saio muito cedo de casa para traba-

lhar. Em meu ônibus transporto muitas pesso-as que confiam em mim. O transcendente me acom-panha para que eu possa conduzir o ônibus. Tenho muito respeito por todos os passageiros, sobretudo

pelas crianças e pelos idosos. Vocês já re-pararam que no espelho retrovisor da

maioria dos transportes públicos há sempre vários símbolos religiosos? Nós, motoristas, vivemos forte-

mente nossa espiritualidade.

espirituAlidAdede um (A) Aluno (A):

Eu e meus colegas vamos às aulas com muita vontade de aprender. Às vezes, em tempo

de provas, ficamos meio cansados, mas, mesmo assim, sabemos o quanto precisamos estudar para vencer-mos na vida. Sabemos que sem uma espiritualidade a pessoa se torna fria, egoísta e perde o sentido de cole-

tividade. Diante disso, a espiritualidade do estu-dante consiste em cultivar a fé e se desenvolver no sentido do amor e da solidariedade.

educAdor (A): Aproveite este momento para falar da

importância da Espiritualidade na vida de cada pessoa. Caso um (a) aluno (a) não tenha fé ou desconheça o sentido da Es-

piritualidade, conceda-lhe uma atenção especial a fim de orientá-lo (a) para a compreensão deste valor tão necessário para uma vida harmonizada, cheia de sentido e plenitude.

PErsonagEns: Seis alunos representarão os seis exemplos de Espiritualidade (cartazes).ambiEntE: Cadeiras em círculo, som ambien-te, decoração ao centro da sala com flores, vela acesa, um ou mais livros sagrados, jarra com água e recipiente com um pouco de terra. Podem ainda ser colocados outros objetos.

Como PrEParar: O (A) Professor (a) fará seis pequenos cartazes com os seguintes títulos: • Espiritualidade de um pai e de uma mãe de família;• Espiritualidade de um médico;• Espiritualidade de um motorista de ônibus;• Espiritualidade de um professor;• Espiritualidade de um aluno.

Depois de distribuídos os cartazes para os alunos que irão apresentá-los, o (a) professor (a) orientará para a modalidade da apresentação e dará início à sessão fazendo uma referência sobre os elementos que adornam o cenário: a vela repre-senta a luz, símbolo de várias religiões. A água e a terra representam a vida. As flores simbolizam os dons da terra. Os livros sagra-dos significam a ligação da pessoa humana com a religiosidade. Tudo pode ser visto com olhar e sentimen-to voltados para o transcendente,

com objetivo de perceber a espiritualidade.

Na medida em que cada aluno for apresentando o seu cartaz, as narrativas correspondentes vão acontecendo. Os próprios pro-

tagonistas podem ser convida-dos (um pai, uma mãe...),

ou cinco alunos e mais o professor, previa-

mente preparados, personificarão as diferentes tarefas, fazendo a narra-tiva que segue:

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SABEDORIA E VIDA AGOSTO / SETEMBRO - 2008 11

U m homem observou o menino sozinho na sala de espera do aeroporto aguardando seu vôo.

O embarque começou. O menino foi colocado na frente da fila para entrar e encontrar seu assento antes dos adultos.

Quando o homem entrou no avião, viu que o menino estava sentado ao lado de sua poltrona. O menino foi cortês quando o homem puxou con-versa com ele e, em seguida, come-

çou a passar o tempo colorindo um livro.

Ele não demonstrava ansiedade ou preocupação com o vôo enquanto as preparações para a decolagem esta-vam sendo feitas.

Durante o vôo, o avião entrou numa tempestade muito forte, o que fez com que ele balançasse como uma pena ao vento. A turbulência e as sacudidas bruscas assustaram al-guns dos passageiros, mas o meni-no parecia encarar tudo com a maior naturalidade.

Uma das passageiras, sentada do outro lado do corredor, ficou preo-cupada com aquilo tudo, e pergun-tou ao menino: - Você não está com medo?

- Não, senhora! Não tenho medo! Respondeu. Levantando os olhos ra-pidamente de seu livro de colorir. -Meu pai é o piloto!

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12 AGOSTO / SETEMBRO - 2008 SABEDORIA E VIDA

“Sabedoria dos Povos: 100 histórias, contos e fábulas” é o nosso último lançamento.

Os quatro volumes são de grande importância para difundir idéias e ensinamentos importantes para a formação das crianças e também para os adultos.

Adquira-o utilizando:Fone: (48) 3222.9572 / Fax: 3222.9967Site: www.missaojovem.com.br / E-mail: [email protected]: www.otranscendente.com.br / E-mail: [email protected]

Ter Deus em nossa vidaÉ ter paz no coraçãoÉ a verdade mais sinceraÉ fazer uma oração

Ter Jesus no coraçãoÉ ter fé, alegria e amorÉ viver de bem com a vidaÉ aceitar tudo do jeito que for.

É criar idéias boasÉ fazer somente o bemÉ ajudar sempre o próximoNão importando quem.

De lá de cima nos guiaPara um caminho melhorPerdoa nossos pecadosAté o que for pior.

Com meu Transcendente eu sem-pre sou contente.Nunca sou diferente e sou amigo de todos, sempre!Por quê? Sou inteligente.

Deus é meu transcendente.Eu sou crente e paciente.Deus está comigo, sempre.Sou feliz com minha religiãoPor quê? Tenho Deus no coração!

Sempre tento saber maisE estar com a paz.Nunca deixo ninguém para traz.Deus, para mim, é bom demais.

Mateus S de Souza

Ó meu Deus!T u és a luz da vida.R amo que brota no chão.A njo que vela o sono.N os segura pela mão.S ublime é o teu amor.C onvidando para o perdão.E sperança e talento.N o abraço com irmão.D eus é força e poder.E spírito consolador.N ovo céu e nova terra.T esouro abrasador.É s Transcendente.Jordana Rex Braun - 6ª série

Por isso que sempre dizemQue todo dia tem que rezarPedindo com muita féPode crer, ele vai escutar.

Não se esqueça de agradecerOs bons momentos que viveuNada foi por acasoE Deus de nada esqueceu.

Então se lembre sempreNunca deixe Deus de ladoPorque além de ser feioIsso é um ato errado.

Luana Larissa dos Santos – 8ª IEscola Municipal Bom Jesus Itaiópolis SCProf. Rosemari Corrêa Sozo

Ter Deus na vida...O Transcendente em minha vidaÉ o meu guiador.Ele me ajuda quando eu peço.Está sempre no meu lado.

O Transcendente em minha vida.Ele me traz muitas alegrias.Ele me traz paz e amor.Pelo qual dou muito valor.

O Transcendente é a luz que ilumina um quarto escuro.É em quem confiamos e amamos.O Transcendente é Deus.

Eduardo Uebel - 8ª série

Ele me traz paz! Deus é demais!

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