O Transcendente - No.1

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ANO I - Nº 1 MAIO/JUNHO 2007 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222-9572 www.otranscendente.com.br PAG 01.indd 1 26/4/2007 16:59:07

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Edição Maio-Junho de 2007

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ANO I - Nº 1

MAIO/JUNHO2007

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br

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02 MAIO/JUNHO - 2007 APRESENTAÇÃO

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch

Diagramação: Fábio Furtado Leite

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222-9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222-9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano I - nº 1 - MAIo/JUnHo - 2007

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•Individual:•Assinatura Coletiva (no CUPoM da página 11)•Assinatura de apoio:•Internacional:

ASSInATUrA AnUAL

r$ 20,00

r$ 35,00r$ 55,00

O TRANSCENDENTE, o mais novo subsídio

do Ensino Religioso, já é co-nhecido pela maioria dos pro-

fessores de Ensino Religioso de todo o Brasil. A primeira edição

saiu com 100 mil exemplares, que já foram enviados às Secretarias Estaduais de Educação e escolas onde há Ensino Religioso.

Isto muito nos alegra, pois, pelos testemunhos recebidos, a primeira edição do novo subsídio está sendo bem avaliada pelos seus conteúdos, pela peda-gogia usada e também pela sua apresentação gráfica. Muitos professores nos disseram terem recebido O TRANSCENDENTE como uma agradável surpre-sa! Sua alegria se justifica também pela carência de conteúdos e de motivações para levarem à frente seu nobre trabalho.

Percebemos também que, embora haja uma le-gislação bem precisa sobre esta matéria, sua aplica-ção acontece de forma lenta e com grandes dificul-dades, havendo ainda muita divergência de opiniões sobre o que transmitir e como administrar o ER. No entanto, percebe-se claramente que, do Oiapo-que ao Chuí, está havendo um grande esfor-ço para se chegar a uma linha comum. Trata-se de uma caminhada difícil, acompanhada de uma boa dose de ansiedade e, não raro, de frustração diante dos insucessos.

Tudo isso é muito compreensível, se consi-derarmos o enorme salto de qualidade e de mentali-dade que está sendo exigido dos professores de ER. Essa situação me lembra uma poesia de Alfredo J. Gonçalves, que leva o título de Minha escola é o ca-minho. Ela diz :

Não sou professor, não sou aluno; sou um caminhante. Da estrada colho dúvida e lições, em cada esquina encontro dor e esperança, de toda chegada faço nova partida; Força e fraqueza, medo e coragem, são companheiros de viagem. Minha escola é o caminho: vela e revela mistérios,pergunta e responde segredos,dá e recebe tesouros,busca e encontra horizontes.No ato de caminhar,sou um aprendiz, sou um sábio!Aprendo e ensino, ensino e aprendo!Dos pés em marcha é que vem a luz.Estou a caminho, sempre a caminho! Sou um peregrino da fé!

Prezados professores, leiam e releiam esta poesia. Vocês encontrarão nela a filosofia certa para encarar de frente, sem desanimar, esta difícil, mas entusias-mante experiência que deve ser feita, pois a escola não pode deixar de falar de religião.

Alfredo J. Gonçalves

A capa apresenta o Uluru (Ayers Rock) lo-calizado na Austrália. É o maior monolito do mundo. Ele tem 348 metros de altura e mais de 3 km de comprimen-to. A maior parte da pedra é subterrânea: aproximadamente seis quilômetros.

Uluru é o local mais sagrado e reverenciado pelos Aborígines. As cavernas ao redor abrigam pinturas sagradas que mostram o “Tempo dos Sonhos”, isto é, o mito da criação.

Para os Aborígines, seus ancestrais cansa-dos de suas viagens, caíram num sono profun-do e, assim que adormeceram, deu-se o fim do tempo dos sonhos. A partir de então, o mundo ficou tal e qual como é agora, deixado aos cui-dados do homem.

Para eles, os seus ancestrais desaparece-ram no sol, ou se transformaram em rochas, em árvores e, por conseguinte, esses lugares tornaram-se sagrados, pois ali eles continuam vivendo.

Na espiritualidade aborígine, o homem é parte da terra e o abandono da terra é um sa-crilégio.

O conhecimento do universo religioso é impor-tantíssimo na formação do educando, sobretudo por vivermos numa época de explosão religiosa. O que já foi tido por ópio do povo (Marx) ou neurose universal (Freud), aquilo que, muitas vezes, passou por todo tipo de repressão, agora voltou com força vertiginosa. Isso demonstra que, apesar do materialismo que invadiu a nossa sociedade, a sedução do sagrado, como nunca, está atraindo as pessoas. Como explicar isso?

A religião, em primeiro lugar, é fruto da abertura natural do homem à transcendência. Mesmo que, para os racionalistas, a religião pertença à área do mito, do infantilismo, da superstição, do atraso..., a racionalida-de não conseguiu exilar o sagrado.

A religião, por outro lado, responde às grandes per-guntas sobre a morte, o sofrimento, o além e o senti-do da vida. São perguntas às quais o racionalismo não conseguiu responder e, portanto, ele próprio preparou uma nova explosão do sagrado.

A própria pós-modernidade, que se caracteriza pelo desejo da experiência, das emoções, do mistério, dos sentimentos..., pode ser outra causa da alta das religiões, colaborando com o forte reaparecimento da religiosidade e de novas espiritualidades nem sempre

comprometidas com a transformação da so-ciedade.

Nessa evolução do universo religio-so, é tarefa da escola auxiliar seus alunos a compreender os antigos e novos mo-

vimentos religiosos que vêm aparecendo, com seus valores e limitações, tendo em vista à cons-trução de uma sociedade plural, onde haja atitudes de respeito e de tolerância para as diferentes expressões humanas e religiosas.

Deve ser também preocupação do professor de En-sino Religioso, e não só dele, ajudar a desenvolver

nos alunos aquele espírito crítico que os ajude na construção de uma personalidade capaz de inseri-los, de forma madura e dinâmica, na sociedade em que serão chamados a atuar.

Como poderão ver nas páginas que seguem, nesta segunda edição empreendemos uma viagem

para descobrir os mistérios da religiosidade indíge-na que, exceto na Europa, está presente em todos os continentes. Para desvendar tamanha riqueza, os professores precisam incentivar os alunos a re-alizarem outras pesquisas nas diversas fontes que hoje estão à sua disposição.

UM APELO Gostaríamos que vocês, professores de ER,

em particular os mais experientes, se unissem a esta equipe de O TRANSCENDENTE de forma bem concreta. Nós queremos realizar um trabalho que realmente ofereça um suporte precioso a todos os professores, das cidades e do interior, para que sua caminhada educativa seja mais tranqüila e eficaz.

Precisamos que vocês nos ajudem, avaliando nosso trabalho, dando-nos sugestões e enviando-

nos materiais (artigos, dinâmicas, histórias...) que experimentaram com sucesso ao longo de sua caminhada educativa.

O TRANSCENDENTE se encarregará de re-passá-los a todos os seus colegas do Brasil.

A todos e todas vai o nosso abraço amigo.

O TRANSCENDENTE é um sucesso total. Em menos de 2 meses são mais de 5.000 assinaturas. Isso graças aos professores que realizaram suas assinaturas e as Secretarias de Educação dos Estados e das Prefeituras que assumiram as as-sinaturas para todos os seus professores de ER.

O Jornal O TRANSCENDENTE tem, como único objetivo, ajudar os professores de Ensino Religioso a enriquecer sua vida, suas aulas e suas palestras. Este jornal-subsídio ilustra e apresen-ta, de forma criativa, o universo religioso nos seus mais diferentes aspectos.

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O ENSINO RELIGIOSO MAIO/JUNHO - 2007 03

Num mundo secularizado, cada indivíduo é único, autônomo e decide o que quer fazer. O materialismo, o pragmatismo e o consumismo fazem perder o sentido do sagrado, de Deus e desvirtuam o sentido da religião.

Mesmo assim, a religião continua com a sua for-ça. Três fatos históricos atestam as tendências que acabamos de afirmar: 1) O Presidente francês Jacques Chirac defendeu o

secularismo nas escolas francesas, pois, para ele, a religião é ameaça à cultura Gálica.

2) Na Irlanda do Norte, protestantes e católicos encon-tram dificuldades para se entenderem e governarem juntos, pois colocam a fé antes da política e da paz.

3) O Governo Bush provocou a queda de um dita-dor no Iraque, mas acabou se fazendo de mediador dos conflitos entre os religiosos islâmicos Sunitas e Shiitas, que se contendem pelo governo do país. A religião tornou-se uma indústria crescente,

sendo benevolente com a extrema esquerda e a ex-trema direita, isto é, com o pentecostalismo extáti-co e com o fundamentalismo rígido.

O mundo pós-moderno descartou a religião.

O que interessa é o “carpe diem”, isto é, vi-

ver e aproveitar ao máximo o momento presente.

Nada de sacrifício, pois ele é abominável.

O que vale é: lucro, proveito, bem-estar,

prazer, festa. Acentua-se o indivíduo que, por

sua vez, deve encontrar o seu rumo e ser o senhor

dos seus atos.

Para concluir

Mesmo que alguns continuem vivendo sem religião e até a hostilizem proclamando guerra

aberta, ela continua viva e presente. A religião conti-nua importante para a pessoa e para a sociedade.

A Fé ensina que Deus não se modifica, mas as pessoas devem modificar-se. “A Religião é caracte-risticamente conservadora, zelosa em preservar seu tesouro – um Deus que se preocupa conosco, preser-vando suas palavras, um sentimento de sacralidade da vida, a esperança eterna e a solidariedade da hu-manidade” (D.YOUNT).

É a dimensão espiritual do ser humano que precisa ser assumida. Como dizia Santo Agostinho: “inquieto

está o meu coração enquanto não repousa em Deus”.

No decorrer da história, há uma busca constante para entender o que é religião, por que surgiu e o que a sustenta. Há quem afirme que a religião surgiu da cabeça das pessoas e que

foi inventada diante do inexplicável. Em latim, a palavra religião se escreve “religio”. Na China, se chama “Kiao”, isto é, doutrina.

Na índia, “gharma”, a ordem cósmica.A partir da derivação da palavra, há diversas maneiras de conceber a religião. Vejamos:

A) “re-ligere”, na concepção de Santo Agostinho é um “re-escolher”, de novo a Deus, perdido pelo pecado. Esta concepção tem como finalidade o saber em si, a reflexão sobre Deus e o fazer seguidores.

B) “re-ligare”, na compreensão de Lactâncio tem o sentido de “re-ligar” as pessoas com Deus, com a natureza e consigo mesmas. Neste sentido, a religião é um saber em relação, isto é: com um sentido mais antropológico.

C) ”re-legere”, é o entendimento de Cícero no sentido de “re-ler”, considerar o que pertence ao sobrenatural. Reler o fenômeno religioso no contexto da realidade sócio-cultural

e religiosa. O saber religioso é mais fenomenológico.

O Ensino Religioso, na sua compreensão atual, se embasa nesta última concepção, pois ele é uma área do conhecimento e tem como objeto o estu-do do fenômeno religioso e o conhecimento veiculado. É o entendimento

deste fenômeno que o educando constata a partir de seu convívio social.

religião foi objeto de exaltação e de críticas em todas as épocas da história e em todas as civilizações. A crítica, na maioria das ve-

zes, não era dirigida à religião enquan-to tal, mas, a certas deformações e abusos. A crítica racional à reli-gião em si aparece e é típica da modernidade.

Descartes e Galileu acentuam a autonomia da razão em relação à fé e à revelação. Para os pen-sadores que identificam a racionalidade com o saber científico, na épo-ca da ditadura da ciência, a religião é negativa. Eis o que dizem alguns destes pen-sadores sobre religião:

• para F. Nietzsche, “mentira absurda”;

• para Marx, “o ópio do povo”;

• para S. Freud, “uma ilusão”;

• para E. Bloch, “uma utopia”;

• para P. Sartre, “uma paixão inútil”.

• Para o sociólogo francês E. Durkheim, a reli-gião é uma projeção da experiência social.

• Max Weber estuda o papel da religião na sociedade;

• O psicólogo K. Jung afirma que a religião coincide com as dimensões da alma e com a ânsia da pessoa de auto-realização;

• E. Fromm diz que a necessidade religiosa é co-natural ao homem e

que algumas neuroses de-rivam da religião;

• Xavier Zubiri, um dos maio-res filósofos do século vinte, pou-

co antes de morrer (1983) dizia que a religião volta a despertar interesse, inclusive

no velho mundo que, nos últimos séculos, vive a cultura do ateísmo: “a nossa época é uma das épocas que mais vive o problema de Deus”.

O livro “O Universo Religioso” lhe ajudará a conhecer melhor sua religião e as dos outros, tendo como horizonte um diálogo sincero e aber-to na busca de um mesmo objetivo: a vida em harmonia. Milhares de professores usam este livro que faz parte da Coleção Educação.

Adquira-o através do site:www.otranscendente.com.br

1. Você concorda com o autor que afirma: “sem religião eu não posso viver”?2. O que significa para você a frase de Santo Agostinho:

“Inquieto está o meu coração enquanto não repousa em Deus.”?

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04 MAIO/JUNHO - 2007 CONVERSANDO COM O EDUCADOR

“Nós, os povos indígenas da América e do mundo, nos últimos 500 anos, fomos completamente desconhecidos pelas sociedades dominantes: ninguém nos via, ninguém nos ouvia...” “Mas, nos últimos anos, tem-nos vindo à cabeça o ser indígena..., des-cendentes e herdeiros do sangue e das culturas dos habitantes originários da terra. Nós somos o vínculo mais seguro da população atual com suas raízes ancestrais”. “Em nossas culturas fala-se da sabedoria acumulada pelos séculos e milênios, sabedoria que hoje pode ser referência privilegiada para abrir me-lhores caminhos de futuro para todos”.

(depoimentos indígenas – Revista Mensageiro)

Todas as raças contribuíram para construir este mundo que hoje é o nosso.Vejam, por exemplo, como os povos indígenas contribuíram na alimentação.

Milho: Os povos indígenas não só deram o milho ao mundo, mas desen-volveram mais de 300 tipos de milho.

Feijão: quase todos os tipos de feijão existentes vieram da cultura indígena.

Batata: a batata, chamada de “batata inglesa”, veio dos índios, como também 79 outras variedades de batata.

Os povos indígenas exigem, com toda razão, o direito total à proprie-dade de seus territórios e dos recursos neles contidos.

A comunidade in-ternacional reco-nheceu os direitos dos indígenas à terra num congres-so em 1957: “Será reconhecido o direito de propriedade... sobre as terras que estas comunidades têm ocupado tradicionalmente”.

Na prática, cada nação formada

Muitos outros produtos como: tapioca, pipoca, amendoim, abacaxi, chocolate, tomates e pimentão foram desenvolvidos pelos índios das Américas.

Por volta do ano 1.500 d.C., a po-pulação mundial devia estar em torno de 400 milhões. Destes, 80 milhões estavam no Continente Americano. Em 1550, dos 80 milhões sobraram somente 10 milhões. Aqui temos um caso único na história da humanida-de em que, de um povo tão nume-roso, foram eliminados 90% de seus integrantes, isto é, 19% da população mundial da época. Isso é devido não só às guerras, mas também às doenças que vieram de fora.

Frei Bartolomeu de Lãs Casas, em 1542, escreveu: “A causa final disso foi obter

por indígenas adota políticas diferentes e muitas vezes injustas, além de serem lentas em aplicar as leis que reconhecem

os direitos dos indígenas.Eis o que escreveu um índio Bororo:

“O homem branco, aquele que se diz civilizado, pi-sou duro não só na terra, mas na alma de meu povo. E os

rios cresceram... E o mar se tornou mais sal-gado, porque as lágrimas de minha gente foram muitas”.

o ouro, a insaciável cobiça nunca presenciada na história da humanidade, por serem aquelas terras tão felizes, tão ricas, povoadas por pessoas humil-des, pacientes e hospitaleiras, não se compreende porque foram consideradas como animais”.

Mas, apesar do genocídio (des-truição de povos), apesar do etnocídio (destruição de culturas), os povos indí-genas estão vivos, oferecendo diálogo e alternativas para a nossa sociedade. A vitalidade e a riqueza cultural dos Povos Indígenas nos ajudam a iniciar um diálogo em vista da construção de uma Terra Sem Males, tarefa comum de índios e não índios.

REFLITAMOS:1. Será que ainda concordamos com a “super civilização dos brancos” em detri-

mento das outras civilizações? 2. Será que também os brancos não receberam muito de outras raças, inclusive

dos índios? Como justificar tamanha discriminação e desprezo?

“A população indígena mundial nem sequer tem sido contada com veracidade. Os que fazem os censos não sabem com que critério definir quem é indígena e quem não o é”.

“Em vários países da América latina tem sido afirmado inclusive que, ‘graças a Deus, já não há indígenas’, porque ao escolarizar-se, ao falar a lín-gua nacional ou ao migrar para as cidades, nossa gente se fez invisível para as estatísticas oficiais. A realidade é que os indígenas atualmente, cerca de 250 milhões, são uma quantidade de pessoas por nada insignificante”.

(Banco Mundial – Revista IWGIA)

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UNIVERSO RELIGIOSO05 MAIO/JUNHO - 2007

Então, meus amigos, para iniciarmos a

conversa, afirmamos que, de certa forma, a religiosida-

de indígena está intimamen-te ligada à própria cultura e, como tal, cada povo indígena tem sua forma particular de

reverenciar o transcendente. Mas vejam bem, dentro da imensa variedade de

crenças, mitos e ritos, nós temos um elemento em comum: a crença num Deus Supremo, absoluto, mesmo que, entre os povos indígenas, este Deus te-nha diversas concepções e denominações. É impor-tante também salientar logo que a nossa divindade não se identifica e nem lhe atribuímos os mesmos poderes e qualidades do Deus da concepção judaico-cristã do ocidente.

Nós também temos uma verdadeira teologia in-dígena que, naturalmente, não está sistematizada, mas que está presente na vida e no cotidiano de nossas comunidades indígenas. Essa teologia não está escri-ta. Nós não temos um livro sagrado. Não temos uma “revelação”, um “iluminado”, um “profeta”. O nosso templo é o mundo em que vivemos. A nossa cultura e a nossa religiosidade são transmitidas de geração em geração pelos mais velhos, pelos quais temos um grande respeito e admiração.

Faz parte da tradição in-dígena o ensino, que traz uma rica bagagem religiosa. É difí-cil separar o que é cultura e o que é religião indígena.

Quem é Deus para o inDígena?Para a comunidade indígena, Deus é

um grande mistério. Deus é o grande desconhecido. Por exemplo: o povo Terrena chama-o de “Itukoó-viti”, que significa: “quem criou todas as coisas”, “o grande criador”.

Na crença indígena, Deus está em tudo: na ár-vore, na pedra, no raio, no trovão. Nós acreditamos que toda a natureza e seus fenômenos estão povoa-dos por espíritos.

As pessoas sempre nos perguntam se é verdade que adoramos a lua, o sol, ou os animais. Daí for-mou-se e difundiu-se a idéia de que o índio adora o sol porque não conhece Deus. Isto não está certo, pois, para nós, Deus está além do sol, no entanto, a grande manifestação dele dá-se no sol. Se adoramos o sol, é no sentido de que Deus é tão grande que o sol pode ser um reflexo dele.

a viDa Do inDígena está impregnaDa De religiosiDaDe Nós temos também um ca-

lendário próprio em que co-memoramos, por exemplo, a festa do milho e os rituais de iniciação das diversas fases que passamos – da infância para a adolescência, desta para a fase adulta e depois da adulta à fase da ancianidade.

O milho é sagrado para alguns povos. Povos como o Guarani, em suas cerimônias religiosas, uti-lizam o milho chamado “Avaty”. Nele inspira-se o calendário religioso, sendo que são feitas diversas ce-

rimônias na época de plantar e de colher o milho.

A Terra, para os Índios, é espaço de vida, lugar para viver e viver bem. Os Índios não vêem a terra como algo a ser explorado e po-luído, mas sim como um espaço a ser respeitado para viver. Por isso costumamos chamá-la de “Mãe Terra”.

nossa “mãe terra”Meus amigos, nossa relação com a terra passa pela

questão religiosa. Não é possível, para nós Índios, pensar na terra apenas como um lugar para se viver, se não tivermos com ela uma ligação profunda. Isso vem a atender aos nossos anseios religiosos. Os sábios e pajés, orientando os seus povos, têm uma grande preocupação em trabalhar essa dimensão religiosa.

Quando o índio sai para caçar, o Pajé diz que ele irá encontrar muitos animais pelo caminho, mas que não é necessário matá-los todos. Mata-se somente a quantidade de que necessitamos para nos alimentarmos, pois, amanhã, ao voltarmos para a mata, encontraremos ainda muitos outros animais. Se matarmos todos os animais, não sobrará mais nenhum para nos alimentar. O mesmo acontece com a pesca.

Entendemos que essa é uma ordem estritamen-te religiosa. É Deus quem nos ensina: se matarem todos os peixes do rio não os tereis mais depois. Dessa forma, nós mantemos o equilíbrio da nature-za e, assim, conseguimos sempre ter muitos peixes e muita caça. Deus é quem ordena que tratemos bem a natureza.

o papel Do pajé ou xamãNas comunidades indígenas, o

pajé ou xamã é quem faz a ligação entre os seres sobrenaturais e os homens. Ele é o guia da comu-nidade, é responsável pelos enfermos, pela orga-nização dos rituais e preparação para a guerra. Acidentes e doenças podem ser atribuídos à magia negativa de feiticeiros, ou ocasionados pela ação de espíritos malévolos. Neste caso, o xamã pode

diagnosticar e ver o agente causa-dor do mal.

a viDa e a morte Para nós, indígenas, existe

uma relação próxima entre a vida e a morte: viver bem ajuda a morrer bem. Para nós é de grande importância

nos sentirmos livres diante de Deus, livre para ir aonde quiser-

mos e na hora em que quisermos. Assim, sentindo-nos livres, vivemos bem e morremos em paz.

Para os povos indígenas não há extremos. Não existe um “deus” pronto a castigar, nem um “diabo” pronto a pegar as pessoas. Para nós, Deus é um ser naturalmente bondoso, que cuida e gosta de todos.

Deus, como ser supremo, soberano, está sempre em paz. Assim, devemos ser. Se Deus está em paz, eu também vivo e morro em paz, em equilíbrio.

A grande maioria dos povos indígenas acredita na vida após a morte, seja pela transformação da alma em outro ser, seja pelo renascimento em outro membro da tribo. Ou ainda, que as almas não vão para o “céu”, mas que elas ficam na terra, nos lugares onde os corpos foram enterrados.

Muito obrigado amigo Tupã pela

sua colaboração e a vocês todos um grande abraço e até a próxima!

Oi amigos, tudo bem com vocês?

Dando continuidade à apresentação do fenôme-no religioso nas mais diversas tradições, nesta edição

apresentaremos a vocês as tradições religiosas de matriz indígena. Para isso, vou contar com a

ajuda do meu amigo Tupã.

Olá amigos, primeiramente gostaria de dizer

que meu nome exprime uma manifestação da grandiosidade de Deus. “Tu” significa magnífico,

majestoso, e “pã” é uma pergunta: “Quem és?”. Como estão vendo, essa palavra exprime muito do que é

a religiosidade indígena e de que forma tra-tamos Deus.

proposta De ativiDaDe:Em pequenos grupos, pesquisar algo a mais so-

bre os povos indígenas presentes em quase todas as regiões do mundo. O (a) professor (a) orienta para que cada grupo:

• Escolha uma região, exemplo: Alasca, Amazô-nia, Austrália, etc.

• Apresente de forma criativa o povo indígena escolhido, através de desenhos, fotos, etc., como também a sua cultura, religião e onde eles estão presentes (mostrar no mapa).

• Conte alguma curiosidade a respeito do povo indígena escolhido.

O (a) professor (a) organiza uma exposição para que toda a escola aprecie a pesquisa e co-nheça a cultura e a religiosidade indígena.

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ESPIRITUALIDADES MAIO/JUNHO - 2007 06

ATIVIDADE 1Distribuir uma cópia desta carta aos alunos

e, em círculo, debater:1. O que mais lhe tocou ao ler a carta do

Cacique Seattle?2. Para você, quais são as grandes diferenças

entre o homem branco e o indígena na ma-neira de ver e tratar a natureza?

ATIVIDADE 2Dividir a turma em dois grupos a fim de

realizar um debate. O(a) professor(a) será o moderador(a).

• Um grupo defenderá o ponto de vista do presidente, isto é, do homem branco que dese-ja explorar a natureza para o desenvolvimento e o progresso.

• O outro grupo põe-se ao lado dos indígenas, em defesa da natureza e de suas terras, mos-trando que é possível viver bem sem danificar o meio ambiente. Obs.: O(a) professor(a), antecipadamente, prepara os alunos para esse debate, solicitando que os mes-mos preparem argumentos para sustentar seu ponto de vista.

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Es-tados Unidos (Franklin Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocu-pado por aqueles índios. O desabafo do cacique tem uma incrível atualidade.

O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe as-segurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o

fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que

nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.

Como se pode comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exauri-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.

Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d’água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos: animais, árvores e homens respiram o mesmo ar. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insen-sível ao mau cheiro.

Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.

Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

De uma coisa sabemos e que o homem branco talvez venha um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado! E as águias? Terão ido embora! Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.

Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite aos seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos, temos que escolher o nosso próprio caminho.

Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a

como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

Cacique Seattle

Um chefe indígena da ilha Do-minicana, prevendo a chegada dos espanhóis, chamou o seu povo e fa-lou: “Meu povo, estão chegando em nossa terra, homens perversos que vão querer nos dominar. Eles tem um deus e por causa dele estão fa-zendo tudo o que ouvimos falar: ma-tam, destroem, torturam, traem, não levam em consideração ninguém.

Meu povo! Este deus é o ouro! Este é o deus deles e por causa dele não temem a morte. Recolham todo o ouro que tem em suas casas, tirem do seu corpo e o joguem no fundo do rio. Quem sabe que, não encontrando-o, nos deixem em paz.”

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07 MAIO/JUNHO - 2007 RITOS E VIDA

Rito do Casamento

apaCheVocês não sentirão mais

a chuva, cada um de vo-cês será um abrigo para o outro.

Vocês não sentirão mais o frio, cada um de vocês será o calor para o outro.

Vocês não sentirão mais solidão, cada um de vocês será a companhia para o outro.

Vocês são duas pessoas, mas há uma única vida perante vocês.

Vão agora para sua casa e vivam os dias de suas vidas juntos.

E seus dias poderão ser bons e lon-gos sobre essa Terra.

Sugestão de atividade (01)

O (a) professor (a) solicita que, em grupos, os alunos pesquisem quais são as influências da cultura indígena na sua cidade. Exemplo: no nome da cida-de, na alimentação, etc.

Sugestão de atividade (02)Pesquisar quais são os ritos reali-

zados ao longo do ano:

• em sua casa;

• em sua comunidade religiosa;

• a sociedade civil.

Os ritos são importantes para você?

Por que?

Quais aspectos do rito kuarup lhe cha-

mou mais a atenção?

“Pai nosso, teu é o universo, tua é a von-tade, concede-nos a paz, faze com que o espírito das pessoas seja sereno. Tu és nos-so pai, afasta o mal do nosso caminho”.

Oração do povo Nuer, do Sudão meridional.

No primeiro Kuarup, a festa dos mortos (Kamaiurá), Mavultsi-

nim queria que os seus mortos voltas-sem à vida. Foi para o mato, cortou três

troncos da madeira de kuarup, levou-os para a aldeia e os pintou. Depois disso, adornou os troncos com penachos, colares, fios de algodão e braçadeiras de penas de arara. Feito isso, Mavultsinim mandou que os fincassem na praça da aldeia e chamou o sapo cururu e a cutia para cantarem junto dos Kuarup.

Os Maracá-êp (cantadores), sacudindo os choca-lhos na mão direita, cantavam sem cessar em frente dos kuarup, chamando-os à vida. Curiosos, os homens da aldeia perguntavam a Mavutsinim se os troncos de madeira iam mesmo se transformar em gente, ou se continuariam de madeira como sempre eram. “Não, respondia Mavutsinim, os troncos de kuarup irão se transformar em gente, andar como gente e viver como a gente vive”.

Ao meio dia terminaram os cantos. O pessoal quis chorar os kuarup, que representavam os seus mortos, mas Mavutsinim não permitiu, pois os kuarup iam virar gente e, por isso, não podiam ser chorados.

Na manhã do segundo dia, Mavutsinim não dei-xou que o pessoal visse os kuarup. “Ninguém pode vê-los”, e repetia isso a todo momento. O pessoal tinha que esperar.

No meio da noite do segundo dia, os troncos de madeira começaram a se mexer um pouco. Os cintos de fios de algodão e as braçadeiras de penas tremiam. As penas se mexiam como se fossem sacu-didas pelo vento.

Os troncos de madeira estavam querendo transfor-mar-se em gente e Mavutsinim continuava recomendan-do ao pessoal para que não olhasse. Era preciso esperar.

Os cantadores, os cururus e as cutias, quando os kuarup começaram a dar sinal de vida, cantaram para que fossem se banhar logo que vivessem.

Os troncos se mexiam querendo sair para fora dos buracos onde estavam plantados. Quando o dia começou a cla-rear, os kuarup, do meio para cima, já estavam tomando forma de gente, apa-recendo os braços, o peito e a cabeça.

A metade de baixo continuava madeira ainda. Mavutsinim conti-nuava pedindo que esperassem, que não fossem ver. “Esperem... esperem... esperem” - repetia sem parar.

A celebração da vida e a melancolia da morte caminham lado a lado no ritual Kuarup - “alegria do sol”.

O Kuarup é uma das celebrações mais tradicionais de diversos grupos de indí-genas do Xingu. O ritual serve para homenagear os mortos. Cada membro falecido é representado por um tronco de madeira, denominado Kuarup, que passa por um longo ritual, antes e durante a cerimônia.

São várias as etapas: pela manhã, os troncos (Kuarup) recebem a decoração indígena. São utilizados fios de lã e barbantes coloridos, penas e, para as pinturas, carvão e urucum. Ao entardecer, os índios cantam e batem os pés no chão em volta dos Kuarup. Depois de danças e cantos, ao anoitecer, choram pelos mortos. Este ritual segue até a madrugada. No dia seguinte acontecem atividades com jogos e lutas, etc.

Fonte: www.estadao.com.br/villasboas

O sol começava a nascer. Os cantadores não para-vam de cantar e os braços dos kuarup iam crescendo. Uma das pernas já tinha criado carne. A outra con-tinuava madeira ainda, mas, no meio do dia, os paus começavam a virar gente de verdade! Todos se mexiam dentro dos buracos, já mais gente do que madeira.

Mavutsinim mandou fechar todas as portas, só ele ficou de fora, junto dos kuarup. Só ele podia vê-los, ninguém mais. Quando estava quase completa a trans-formação de pau para gente, Mavutsinim mandou que o pessoal saísse das casas para gritar, fazer barulho e rir alto junto dos kuarup. O pessoal, então, começou

a sair de dentro das casas. Mavutsinim, porém, reco-mendava que não saíssem aqueles que durante a noite tiveram relação sexual com as mulheres.

Apenas um tinha tido relações. Este ficou den-tro da casa. Mas não agüentando a curiosidade, saiu depois. No mesmo instante, os kuarup pararam de se mexer e voltaram a ser madeira outra vez. Mavut-sinim ficou bravo com o moço que não atendeu à sua ordem.

Muito zangado disse: - “O que eu queria era fazer os mortos viverem de novo. Se o que deitou com mulher não tivesse saído de casa, os kuarup teriam virado gente, os mortos volta-riam a viver toda vez que se fizesse kuarup”. Depois senten-ciou: - “Está bem. Agora vai ser sempre assim. Os mortos não reviverão mais quando se fizer kuarup. Agora vai ser só festa”. E mandou que retirassem dos buracos os troncos de kuarup.

O pessoal quis tirar também os enfeites, mas Ma-vutsinim não deixou. “Tem que ficar assim mesmo”, - disse. Em seguida mandou que os lançassem na água ou no interior da mata. Não se sabe onde foram largados, mas, até hoje, estão lá no Morená.

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ATUALIDADES MAIO/JUNHO - 2007 08

O TRANSCENDENTE: O que motivou e como se deu a criação desta escola indígena?

Henrique Uggé: A sociedade amazonense ainda hoje não perdeu todos os preconceitos e medos a res-peito dos índios. Convicto disso, incentivei os índios a escolherem um lugar para construir e organizar um tipo de escola diferenciada como primeiro passo para iniciar um caminho que assegurasse a sobrevivência dos valores indígenas. A escola devia ser também um centro cultural que ajudasse a educar os rapazes através do conhecimen-to das tradições e dos valores Saterê, sem deixar de aten-der às exigências da educação e do ensino da sociedade brasileira. Eram estas as principais motivações.

O lugar por eles escolhido chamava-se São Pedro, onde havia uma aldeia que tinha sido abandonada. Os índios das aldeias próximas ajudaram a construir a casa e as salas de aula conforme o sistema indígena. OT: Como você iniciou e qual a metodologia de trabalho para o resgate da cultura do povo saterê?

Uggé: Com a ajuda dos alunos indígenas, elaborei a primeira cartilha em língua saterê e um livro de lei-tura com as lendas e contos dos antepassados da tribo. No currículo escolar foi in-cluída uma matéria sobre a história dos povos indígenas e das tribos, contada pelos próprios índios, como tam-bém a valorização da arte e do artesanato tribal. Foram gravados e redigidos (antes somente narrados e cantados oralmente) os contos, os mitos e rituais da iniciação, como o da Tucandeira, a lenda e cultivo do guaraná, a história da mandioca e todos os elementos que fazem parte do patrimônio cultural indígena local, ricos de valores sobre a vida individual, familiar e social.

OT: Além disso tudo, o que mais é ensinado na escola?Uggé: O menino e a menina saterê estão sendo edu-cados a perceber que a sociedade indígena tem muitos aspectos iguais às outras nações. Por exemplo, que na es-trutura social da tribo existe o poder legislativo, o judici-ário e o executivo como em qualquer município ou Esta-do da nação brasileira. Tam-bém descobrem que a língua indígena tem estrutura gra-matical e sintática como os outros idiomas. Aprendem também que, mesmo sendo há mais de 350 anos batiza-dos no cristianismo, podem observar que a religião indí-gena tradicional se uniu ao longo dos séculos com a fé cristã e deu origem a uma expressão religiosa bem peculiar.

OT: Uggé, o que mais poderia nos dizer sobre esta escola?

Uggé: A EISP (Escola Indígena São Pedro) nasceu também como centro cultural e religioso, onde são realizados encontros e cursos com agentes de saúde e professores indígenas. Os pajés e os tuxauas (caciques) estão presentes nestes en-contros para dar suas preciosas con-tribuições de sabedoria indígena.

Desde a criação da escola, foram numerosos os alunos que passaram

pela EISP. Alguns deles são os atuais professores e ou-tros se estão preparando para atuar no campo da saúde, da educação e de outras disciplinas praticadas na EISP, como: agronomia e zootecnia.

Neste ano, na mesma escola, começa a funcionar

“A Escola Indígena São Pedro do Rio Andirá, localizada no coração do território dos índios Saterê-Maué, no Estado do Amazonas, iniciou suas atividades no dia 7 de abril de 1988. Foram os tuxauas (caciques) da tribo que me pediram para que os ajudasse a enfrentar o embate que os seus filhos começavam a ter com a sociedade brasileira que envolvia o seu território.

O maior perigo que os velhos viam era que os jovens, imitando o mundo dos “brancos”, poderiam perder a própria identidade cultural e se envergonhar de ser Saterê-Maué”. Com essas palavras, o italiano Henrique Uggé (Sacerdote Católico) começa a falar, na entrevista que nos concedeu, de sua experiência e relação com o povo Saterê-Maué.

um modesto e organizado laboratório para análises clínicas em apoio ao povo saterê. O responsável pe-las análises é o primeiro índio saterê formado como técnico de laboratório: o jovem Davi Ferreira, ex-aluno da EISP.

OT: Uggé, qual é a abrangência da escola. Há projetos de ampliação?

Uggé: Neste ano letivo de 2007, temos 102 alunos de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. A maioria dos alunos, devido às dis-tâncias fluviais e flores-tais (estamos no coração da floresta), passa toda a semana na escola. Neste

ano, esperamos construir, na EISP, um grandioso barracão em estilo saterê: telhado em palha de Caraná e madeira tradicional. A construção vai abrigar uma exposição permanente da cultura material do povo sa-terê, com explicações didáticas das lendas e objetos da tradição indígena.

OT: Então, seu sonho, como o dos indígenas, de re-avivar a cultura do povo saterê, está se realizando?

Uggé: Sim. Muitas das aldeias sentem a necessida-de de mostrar às crianças indígenas das novas gera-ções a história, as origens e tudo o que caracteriza a tradição de ontem e de hoje. Vai ser também o lugar do grande “auditórium” da tribo onde, toman-do “sak´pó” (guaraná ralado na grande cuia cheia de água), se torna presente a sabedoria antiga e brotam os melhores conselhos e pensamentos para se saber como agir no mundo de hoje. O caminho vai ser longo, mas foram dados os primeiros passos.

No Amapá, há 05 Povos Indígenas. Destes, quatro se localizam no município de Oiapoque. São eles: Karipuna, Galibi-Marworno, Galibi e Palikur, distribuídos em 35 al-deias. Os professores indígenas são mais de 150.ENDEREÇO: CASA PAROQUIAL - Caixa postal 0468980-970 - Oiapoque - AP

No sul do Pará, nas proximidades do rio Tapajós, há o povo Mundurucu. São mais de 80 aldeias.

ENDEREÇO: EQUIPE JACAREACANGARua Raimundo Juvêncio, 03 - Bairro São Pedro - 68195-000 - Jacareacanga - PA

No sul do Pará, nas proximidades do rio Tocantins, os

povos: Krikateje, Aikewar, Guarani, Atikum. ENDEREÇO: EQUIPE MARABÁ (Marcos e Gilmar)Trav. 13 de Maio, 208 - Centro67850-420 - Marabá - PA

Com esta lista de endereços, O TRANSCENDENTE quer favorecer o intercâmbio de escolas. Temos certeza que essa troca de correspondências com as escolas indígenas será uma ótima iniciativa que enriquecerá a todos.

(escolha um povo e envie sua carta para)

Em cada endereço há uma equipe que encaminhará a correspondência para uma das escolas do povo que você escolher.

Partilhem conosco!É o convite que fazemos a vocês professores e

alunos. Certamente, nas aulas, serão produzidos mui-tos trabalhos a respeito das culturas e das religiosidades indígenas: redações, desenhos, histórias, etc. Não haven-do espaço suficiente para publicá-los todos neste jornal, serão publicados em nosso site:www.otranscendente.com.br.

Divulgue a sua escola e o tra-balho criativo de seus alunos.

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Page 9: O Transcendente - No.1

NOSSO COMPROMISSO MAIO/JUNHO - 2007 09

O (a) professor (a) distribui aos alunos cópias das páginas 05,06 e 07 de O TRANSCENDENTE. Os alunos deverão ler com muita atenção para poderem responder as questões do jogo.

Materiais utilizados: cópias das páginas 05,06 e 07 de O TRANSCENDENTE, um “dado” e objetos que identifiquem cada equipe (exemplo: sementes, pedras, etc.).1. Leitura atenciosa dos textos;

2. Recolhem-se as folhas;3. Divide-se a turma em equipes; 4. Inicia-se o jogo. A equipe que tirar o maior número do dado começa a jogar;

5. Obtendo o número do dado, a equipe “segue” para a “casa” correspondente e responde ao enunciado;6. Não sabendo a resposta, ou respondendo errado, a equipe fica uma rodada sem jogar.

7. A equipe vencedora é aquela que chegar primeiro na “casa” 25.

ecentemente, os cientistas concluíram que o sol começou a morrer e, da-qui a aproximadamente 5 milhões de anos, não existirá nem o sol e nem os planetas ao seu redor. Calma! Você não estará aqui para ver isso. Agora, uma coisa é certa, se não abrirmos os olhos para as questões ambientais,

estaremos antecipando o nosso próprio fim. E os nossos filhos?Nunca, como nos últimos tempos, se falou tanto em ecologia, meio ambien-

te, preservação, poluição, aquecimento global, etc. Embora tenhamos começa-do a pensar nestas questões um pouco tarde, isso não impede que caminhemos e procuremos juntos reverter este triste quadro em que nos encontramos.

Os nossos irmãos índios têm muito a nos ensinar, especialmente em termos de ecologia e preservação ambiental. A floresta é o seu lar, a sua casa. A terra é sua mãe. Já pensou se todas as pessoas tivessem consciência de que a terra é sua mãe e a tratassem como tal? Ou ainda, a sua própria casa?

Se pensassem assim, certamente, após tomar um refrigerante, as pessoas jogariam a latinha no lixeiro! Aposto que ninguém de nós gostaria de ver sua

mãe chorando ou doente. Se acontecer, sofrerí-amos juntos. O mesmo acontece com o nosso planeta. Existem sinais evidentes de que a terra está aquecendo, acarretando secas, enchentes e, nós, os seus filhos, é quem sofremos as conse-qüências.

É bom que apreendamos com os nossos ir-mãos índios. Imaginem só: ao abater um tronco de árvore, para construir sua casa, eles pedem perdão à mãe terra.

Como seria bom se o homem tivesse cons-ciência de que quando, motivado pela ganância e pelo poder, derrubar as florestas, poluir os rios e o ar, está dando “um tapa na cara” de sua mãe!

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10 MAIO/JUNHO - 2007 DINAMIZANDO

Objetivos:Percepção visual de um ambiente natural, observação, memória.

Material:O que se encontra num ambiente natural.

Desenvolvimento:Esta atividade se desenvolve no jardim,

no parque ou num bosque.

• O(a) professor(a) divide a turma em gru-pos de quatro ou cinco pessoas e delimita para cada grupo um campo de ação de 2 ou 3 metros quadrados ou de acordo com o es-paço disponível;

• Cada grupo observa o seu campo em cada detalhe;

O(a) professor(a) prepara uma sala, em que os alunos possam deitar-se no chão. Se possível, um ambiente de penumbra e com som ambiente (muito suave). Dispor os alunos de forma confortável.

• O(a) professor(a) convida a todos a relaxar, soltar as tensões do corpo;

• Ao comando de voz do(a) professor(a), os alunos deverão seguir (imaginar e “sentir”) o que diz cada comando;

Seu corpo começa a ficar leve (...) cada vez mais leve (...) e você começa a levitar, saindo da sala (...) levita sobre a cidade (...) afastando-se dela

Objetivos:Estimular a criatividade, a consciência ecológica e o trabalho em equipe.

Materiais:Folha A4, lápis de cor, canetas.

Como fazer:• Dividir a turma em pequenos grupos;

• Cada grupo desenhará uma história dividida em cinco capítulos. Cada capítulo em folhas separadas. Importante: sem escrever uma palavra;

• Cada capítulo deve ser apresentado: 1- um parque ecológico, 2 – um casal caminhando, 3 – comprando um picolé, 4 – jogando papel no chão, 5 – uma criança recolhendo o papel e jogando-o no lixeiro;

• Ao terminar os desenhos, trocam-se as folhas entre os grupos;

• Cada grupo trata de completar os desenhos que têm em mãos e, agora sim, escrevendo a história nas próprias folhas.

O(a) professor(a) prepara um “varal” para expor as histórias. É importante que seja discutido o conteúdo apresentado e a evolução da dinâmica:

1. Qual sentimento surgiu ao deixar o outro grupo escrever e finalizar a história?

2. Qual é a nossa atitude diante da situação que acabamos de desenhar? Somos aqueles que jogam papel no chão ou a criança que põe o lixo no lixeiro?

3. O problema é a falta de lixeiros ou a falta de consciência das pessoas?

até se aproximar de um bosque (...). Procure ver este bosque (imagine como é este bosque). Veja as árvores, a mata, os pássaros, os bichos (...). Você ouve o barulho de água (...) parece um riacho com águas cristalinas, produzindo uma sensação agradável (...), mais ao fundo, uma cachoeira (...) etc.

• Após um determinado tempo, solicitar que aluno se despeça deste bosque e, lentamente, retorna para a sala fazendo o caminho (o processo) de forma inversa;

• Ao final da atividade, cada um pode comentar a sua experiência.

• Depois, o(a) professor(a) providencia que os grupos troquem-se entre si seus campos de ação;

• Já no campo do outro grupo, discretamente, muda-se algo (deslocar uma pedra, virar um ramo, modificar o campo em algo que seja visível, mas não tão fácil de descobrir; isso, naturalmente, em proporção ao tamanho do campo);

• Em seguida, cada grupo retorna ao seu campo de origem e deve descobrir o que o outro mudou no seu território.

Para dialogar:Como ninguém, os indígenas convi-

vem em harmonia com a natureza e ex-traem dela apenas o necessário para a sua sobrevivência. Que lições aprendemos com eles?

Objetivos:• Organizar informações sobre um determinado assunto;

• Desenvolver a expressão oral, o raciocínio, o espírito de cooperação e a socialização;

• Sintetizar idéias e fatos;

• Transmitir idéias com pronúncia adequada e correta.

Como fazer:1. Formar pequenos grupos.

2. O (a) professor(a) apresenta o tema para estudo e pesquisa. No caso, a cultura e a religiosidade indígenas;

3. Cada grupo • Pesquisa e estuda o tema e sintetiza as idéias; • Elabora as notícias para apresentá-las de forma bastante criativa.

4. Apresentação do jornal para a turma ou mesmo para a escola.

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SABEDORIA / ASSINATURAS MAIO/JUNHO - 2007 11

um dia quente de verão, eu estava sentado à beira-mar, olhando para os pescadores que puxavam as redes,

quando pouco a pouco começaram a aparecer muitos peixes brilhantes e saltitantes. Uma pequena multidão de pessoas ajuntou-se em volta das redes para ver e dar uma ajudinha. E, num abrir e fechar de olhos, tudo estava arrumado: os peixes foram levados para a peixaria, os pescadores afastaram-se e os pe-quenos barcos repousavam na areia da praia. Apenas ficou ali um pescador estendendo a rede à procura de algum buraco que sempre aparece em redes tão velhas.

Resolvi conversar com o homem. Falamos da pesca, do mar, de muitos assuntos. E aca-

bamos por refletir sobre a vida. Dizia-me ele: -Veja o senhor! A vida é como o

vôo das gaivotas. Há quem se acomode com o mesmo de sempre e há quem procure coisas novas.

Não percebi bem onde ele queria chegar e perguntei-lhe: - Como?

-Pois então, não vê? Repare naquele ban-do de gaivotas. Para quem não está habi-tuado, parecem todas iguais, mas não são. Algumas delas nunca abandonam a praia. Alimentam-se dos restos de peixe abando-nados na areia e nunca se afastam para lon-ge, voam baixo para verem melhor o peixe. Mas há gaivotas que são mais aventureiras, não se contentam com a praia, fazem vôos

mais altos e arriscados, vão pelo mar adentro a procura de melhores alimentos. Nem parecem pertencer ao mesmo bando.

Muitas vezes comparo-as comigo e com o meu primo. Eu sou gaivota de

margem. Sempre fiz o que já faziam os meus pais e por aqui fiquei. Mas ele, o

meu primo, esse é diferente: é gaivota de altos vôos.

Então, como é isso? Explique-me, pergun-tei eu sem perceber onde estava a diferença.

-É que ele, desde novo, fez-se emigrante. Foi à procura de outras coisas. No princípio custou-lhe muito. Até chegaram a dizer que ele era maluco. Mas ele não desanimou e hoje está bem na vida. Vale a pena tentar vôos al-tos e arrojados.

Eu compreendia agora a diferença que existe entre uma vida banal, sem projetos, sem sonhos e uma vida animada por grandes ideais. Quando recordo a con-versa do pescador, penso na vida de tantas pessoas que se lançaram em altos vôos e fo-ram capazes de vencer a apatia e a indiferença para que a sua vida e a dos outros pudesse ser mais feliz.

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12 MAIO/JUNHO - 2007 TESTEMUNHOS

Os direitos, bem como os deveres de cada cidadão, respeitados e cum-pridos, a justa e igualitária distribuição de renda, acoplado a uma

educação esmerada, seria o mundo em que eu sonho viver.Pois seria um mundo de fa-

mílias mais bem estruturadas e, conseqüentemente, harmoniosa, ocasionando o surgimento de pes-soas equilibradas e aptas a colabo-rar na preservação do mundo e na formação do ser humano.

Uma fé mais consistente e objetivos mais coletivos, sem pre-conceitos, visando o bem comum, fariam nascer e reinar a paz, que resultaria num maior enriqueci-mento das pessoas, formando as-sim o mundo que eu sonho viver.

O mundo que eu sonho viver é um espaço dividido entre todos, sem a ganância que escraviza, que gera um sentimento como o ódio, que cega, que destrói e que mata.

O mundo em que sonho viver é aquele onde Deus é o centro de tudo, sendo ouvido e sentido no irmão, que eu vejo na minha frente.

Mirles Rocha Valle

Ó Grande Espírito,Cujo sopro infunde vida no mundo,E cuja voz se ouve na brisa suave:Precisamos da tua beleza e da tua sabedoria.Leva-nos a andar nos caminhos da beleza.Dá-nos olhos capazes de contemplarO pôr do sol vermelho e púrpura.Dá-nos sabedoria para que possamos entenderO que tu ensinas.Ajuda-nos para estar na tua presença com mãos limpas.E olhos atentos, para que, quando a vida adormecer,Como o poente, nosso espí-

rito se aproxime de ti

Sem temor.

Fonte: CIBI

Testemunhos: “Adorei o jornal, alem de achá-lo hiper interessante, tanto para trabalhar como para conheci-

mento pessoal. Estou concluindo o curso de capacitação e qualificação para professores de Ensino Religioso, por isso gostaria de ASSINAR ESTE JORNAL. Vou divulgá-lo no curso”.

Neusa Jordani Drewanz / [email protected]

Fiquei muito feliz quando recebi o jornal das mãos do meu diretor. Tra-balho há quase dez anos no E.R. e sou muito grata pelo conhecimento que passo para meus jovens estudantes e o que recebo deles em troca. Já trabalhei algumas idéias do jornal e outras idéias que estavam meio escondidas, pude

deixá-las mais claras. Parabéns pelo excelente trabalho! Moro na cidade de Ibirama-SC e trabalho na E. E. B. Gertrud Aichinger e na E. E. B. Eliseu Guilherme.

Matilde Solange Nunes dos Santos Dias / [email protected]

“Sou Edivaldo do Carmo Lima, professor há 12 anos, em Colégios (estaduais e particulares) e escolas (particulares, estaduais e municipais) dos estados de Goiás e Minas Gerais. Sou graduado em Filosofia pela Universidade Católica de Goiás (UCG/GO) e Pós-Graduado em Ensino Religioso pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO).

Hoje tive a grata surpresa de ver em minhas mãos e tomar consciência da publicação de um jornal bacana, voltado para o Ensino Religioso e abordando assuntos específicos. Já estou trabalhando no sentido de que as escolas municipais façam uma assinatura desse jornal, que servirá de excelente subsídio para os professores das escolas municipais da cidade de Crixás - GO, onde atualmente moro.

Penso que faremos uma assinatura coletiva de sete exemplares... Quero divulgá-lo também nos colégios do estado e particulares. O ensino religioso é uma disciplina de conhecimento que merece

respeito, divulgação, pois o seu conteúdo é tão importante para a formação do cidadão quanto o é o da história e do português. Juntos, faremos muito pelo Ensino Religioso”.

Edivaldo do Carmo Lima / [email protected]

Meu mundo, ah meu mundo! Meu mundo nunca vai existir. Meu mundo é um sonho, um sonho distante, quase utopia. Preciso dormir para vivê-lo

e para vê-lo como quero. E qual mundo quero? Quero um mundo de amor, de paz e de justiça. Um mundo onde a cor da pele é satisfação, onde a religião não divide e sim transforma, transforma-se em comunidade.

No meu mundo não existe pobre e nem rico, existe igualdade, fraternida-de, comunhão. Meu mundo é perfeito, é sadio, é cheio de felicidade. Nele só vivem os que amam e os que se doam como irmãos. Esse mundo é mágico, é transcendente. É algo que não se descreve, mas se vive e convive.

A política no meu mundo não existe, sabe por quê? Porque nele não existe poder. No meu mundo ninguém sabe o que é poder e nem quer saber. O poder escraviza, mata e corrompe e faz o homem não ser homem.

Sabe o que existe no meu mundo? Existe muito “ser”, ser humano. Nele o “ser” é a coisa mais importante. Por isso que no meu mundo, o mundo que

sonho, não há guerras e nem injustiça, há paz. Paz que o mundo de hoje sonha e so-nha há muito tempo.

O problema é que o mundo parou para sonhar a paz e se esqueceu que ela só vai existir quando for praticada através de cada um. Como o mundo que sonho é um mundo de paz, vivo a cada dia fazendo a minha parte, plantando nos ambientes por onde percorro sementes de paz.

O mundo em que sonho viver é um mundo de paz!

Rogério Lourenço da Silva JúniorSão Lourenço - Minas Gerais

Você também pode participar. É só escrever uma redação de aproximada-mente 20 linhas ou um desenho que fale ou retrate o “mundo em que sonho viver” e nos enviar através do e-mail: [email protected] ou por carta: Cx 3211 - CEP 88020-001– Florianópolis – SC. Participe!

1- Tupã. / 2* / 3 - “Magnífico”. / 4- Crença num Deus supremo. / 5 - Oralmente, pelos mais velhos. / 6 * / 7 - Com respeito e admi-ração. / 8- “quem és?”. / 9 - O Sol é um reflexo de Deus. / 10 -“Avaty”. / 11- Em todo lugar. / 12* / 13 - “Mãe-terra”. / 14 - O mundo em que vive. / 15 - Matar apenas o necessário. / 16 - Uma carta. / 17 * / 18 - No ano de 1855. / 19 - Grande chefe de Washington. / 20 - Como seus irmãos. / 21 - Homenagear os mortos. / 22 - Cutia e sapo cururu / 23 - Suquamish. / 24 Mavultsinim.

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