O Transcendente - No.17

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ANO V - Nº 17 MAI / JUN 2011 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222.9572 www.otranscendente.com.br PAG 01.indd 1 22/03/2011 11:22:17

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Edição Maio/Junho 2011

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ANO V - Nº 17

MAI / JUN2011

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222.9572 • www.otranscendente.com.br

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Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redatora: Roseli Cassias

Diagramação: Fábio Furtado Leite / Juliana Lourenço

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222.9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222.9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano V - nº 17 - mAio/Junho - 2011

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•individual:•Assinatura Coletiva (no CuPom da página 11)•Assinatura de apoio:•internacional:

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“Urge uma educação para a tolerância e o diálogo. Não há alternativas, se realmente queremos viver e con-viver. Esse agir ecumênico é necessário para a salvação da vida humana e do planeta”.

(Elias Wolff)

A vivência da tolerância e do diálogo é uma experiência humana fundamental, pois reconheço o outro em sua dignidade e liberdade. Não quero julgá-lo nem mudá-lo. Quero tão somente compreendê-lo.

Infelizmente, ainda perduram, em quase todas as religiões, grupos fundamentalistas que alimentam preconceitos e discriminações em razão de diferenças teológicas, litúrgicas ou históricas, confundindo, por vezes, evangelização com imposição. Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e ideias, como se a verdade morasse toda em mim.

MESTRE DE TOLERÂNCIAJesus foi mestre da tolerância religiosa. Ele entra

em casas de pagãos e ressalta a fé do Centurião roma-no a ponto de exclamar: ”Em Israel não achei quem tivesse tamanha fé”. Jesus fez tudo isso sem pedir--lhes que abandonassem suas convicções religiosas. Só os intolerantes se julgam os donos da verdade. A seus olhos o outro é um concorrente, um inimigo.

O perfil do tolerante é descrito por Paulo no Hino ao Amor da 1ª Carta aos Coríntios (13,4-7): “O amor é paciente e prestativo, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de in-conveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita e nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

TOLERÂNCIA E DIÁLOGOINTER-RELIGIOSO

“Tolerância, afirma Frei Beto, não é sinônimo de tolice, pois o tolerante jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme a sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação e morte”.

“Das intolerâncias, conti-nua Frei Beto, a mais repug-nante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu, incentiva disputas e guerras, dissemi-na ódio em vez do amor. Só o amor torna o coração ver-dadeiramente tolerante!”

Eis a missão que nos desa-fia neste mundo plural e desigual: cultivar a tolerância e o diálogo in-ter-religioso; não fazer da diferença, divergência; amar sem pedir atestado de convicção religiosa, fazer com que o pão seja verdadeiramente nosso e não só meu ou seu. Lutar pela paz que jamais virá como resultado da imposição das armas.

DIALOGAR É... Diálogo é comunicação, um partilhar de pon-

tos de vista, fatos e, sobretudo, sentimentos. São exigências do diálogo a humildade, o respeito, a tolerância, o valor da diferença, o querer a ver-dade, a compaixão...

É preciso ir além das palavras para com-preender o outro que se revela através delas. As-

sim, o diálogo é colaboração e não competição. Não há “vencedores” ou “perdedores” num diálo-go verdadeiro. Todos ganham quando há igualdade de posições. Todos perdem quando há manifesta-ções de superioridade, de autodefesa e tentativas de “pegar o outro num ponto fraco”.

Afirma o Elias Wolff: “É preciso correr o risco de dialogar, na gratuidade e no compromisso. A gra-tuidade dá espontaneidade e simplicidade ao diálogo. O compromisso dá fidelidade. Correr o risco de dia-logar é não ter receio de convidar o outro para um bom papo, transparente. O risco é mostrar minhas necessidades, carências, limites. Mas, ele se dissipa na confiança”.

EDUCAÇÃO PARA O DIÁLOGOO diálogo nos humaniza, quem não dialoga se

embrutece. O diálogo pacifica, “quem dialoga não atira!”. Urge uma educação para o diálogo como condição para a convivência e a paz entre pessoas,

povos, culturas, igrejas e religiões. Somente assim podemos fugir da babel que se constrói quando

cada igreja, religião ou indivíduo pensa e age apenas por si.

Já se passaram 50 anos desde que, da Itália, vim para trabalhar como sacerdo-

te e educador neste querido Brasil, país dos muitos povos, culturas e religi-

ões. Graças a Deus constato que, apesar de certas resistências

e fechamentos de alguns grupos, está sendo desen-

volvido um grande esforço para construir uma nação, onde

haja mais tolerância e diálogo. A vocês, queridos professores e

professoras, e não somente do En-sino Religioso, gostaria de passar

essa reflexão. É nas crianças que, desde cedo e numa sociedade muitas vezes fechada e individualista, devemos cultivar os valores da tole-rância e do diálogo para construir uma convivência e fraternidade que facilitem a construção de uma nova sociedade, onde reine mais amor e uma paz estável.

Damos as boas vindas ao José Francisco Gomes que, após uma experiência de trabalho no Japão e em Nápoles – Itália, vem somar forças conosco na constru-ção de O TRANSCENDENTE.

Acesse o site da webradio Missão Jovem e acompanhe a discussão dos

conteúdos do jornal O TRANSCENDENTE da edição de Março/Abril de 2011.

Nossa capa destaca a imagem de Confú-

cio (551 a.C.), fundador da religião mais difundida na China e professada pelo povo chinês.

Os símbolos mí-ticos do confucionis-mo, com destaque para o ideo-grama da água e do fogo, ajudam os adep-tos religiosos a encontrarem respostas para as suas vidas e se afirmam no mundo atual como referência cultural de um povo que

chega ao século XXI com relevantes sinais de avanço e desenvolvimento.

Entre outros ensinamentos, Con-fúcio preconiza a sábia frase: “O que não queres que façam a ti, não faça os outros”.

O tom vermelho se destaca em nossa capa por ser a cor que melhor representa a cultura do povo chinês.

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Olá, queridos amigos! Cá estou com um novo companheiro. Como vocês podem ver, ele é chinês e seu nome é Yong que significa “corajoso”.

Yong está passando uns dias no Brasil e ficou muito feliz ao saber que nas escolas do nosso país os alunos têm a oportunidade de conhecer e estudar sobre as religiões do mundo inteiro nas aulas de Ensino Religioso. Por isto, Yong achou muito importante falar para nós sobre a sua religião - o Confucionismo, que é professada na China e também no Japão. Vamos aprender?

Escolhido pelo CéuConfúcio, nosso sábio oriental, acreditava que

o Céu o escolhera para revitalizar a moralidade e a cultura estabelecida pelos imperadores dos tempos antigos. Ele proferia muitas mensagens de sabedoria.

Sua regra moral básica ensina:

“O que não queres que façam a ti, não faças aos outros.”Ele acreditava que o Céu é a fonte do potencial humano para

o bem e a conduta correta, mas ensinava que raramente o Céu se comunicava diretamente com as pessoas que, portanto, deveriam olhar o passado para aprofundar sua compreensão de como se comportar.

Livros de EnsinamentosConfúcio jamais escreveu suas idéias, filosofias

e nem as registrou em livros ou anotações para que fossem lidas posteriormente. Somente depois de sua morte é que seus discípulos reuniram e anotaram seus en-

sinamentos em cinco textos clássicos (em rolos) e quatro livros. Só então as pessoas puderam ter acesso ao que ele ensinou (veja a página 4).

A escola fundada por Confúcio chegou a ter três mil alunos, alguns dos quais eram os discípulos mais eruditos e recebiam os ensinamentos do próprio mestre.

A importância dos RelacionamentosOs cinco relacionamentos foram outro aspecto importante ressaltado por

Confúcio, pois eram de vital importância dentro da sociedade chinesa. Para o confucionismo, tais relacionamentos são a base de uma sociedade estável e feliz.

Eis os cinco relacionamentos:

1.Paiefilho.2. Marido e mulher.3. Irmão mais velho e mais novo.4. Imperador e ministro (autoridades).

5. E entre dois amigos.

A maioria dos casais chi-

neses almeja ter fi-lhos em busca de uma

unidade familiar plena e segura, por isto, na visão

confucionista, a família e os filhos têm importância es-

pecial, pois eles são o funda-mento de uma sociedade feliz e harmoniosa.

Dentro da relação fa-miliar, todos devem se aju-dar mutuamente. Para que os

filhos se tornem bons ci-dadãos, é dever dos pais ensiná-los; já os filhos têm o dever de obedecer aos pais, honrá-los e, sempre que possível, ajudá-los.

Esta relação é tão forte e respeitada, que os filhos, mesmo depois de casados, devem respeito e obediência

a seus pais. Confúcio pregava que o apoio e o res-

peito mútuos transformam os lares em lo-cais equilibrados e felizes, propiciando,

assim, uma sociedade bem governa-da e também organizada.

Pois bem, amigos, em breve deverei retornar para a China, mas antes quero deixar mais uma informação para vocês: Saibam que Confúcio foi um reformador ético e social em um tempo de desordem crescente na China. Ele era cético ou indiferente a

muitas idéias religiosas tradicionais, mas um advogado vigoroso da piedade filial e dos mitos ancestrais como sendo a base para uma sociedade forte.

Não é à toa que a China chega aos novos tempos, tão fortalecida. Nosso povo é muito sábio e cultiva-mos os valores fundamentais para a vida!

É isto mesmo, pessoal, estou adorando a visita ao

Brasil e muito feliz por estar com vocês e poder falar da minha religião que deriva dos ensinamentos do sábio K’ung

Fu’-tzu, conhecido no ocidente como Confúcio, que viveu no século VI, entre 551 e 479 a.C.

Confúcio nasceu em uma cidadezinha do estado de Lu, situado na atual província do Shandong. Seu pai morreu quando ele tinha cerca de três anos. Sua família, de origem aristocrática, classe social das pessoas nobres e mais ricas, ficou pobre e Confúcio teve que trabalhar cedo para ajudar no sustento da casa. Também muito cedo se dedicou aos estudos e ao aprendizado, tornando-se sábio.

Aos 30 anos de idade, passou a ensinar os outros e, devido seus bons argumentos, atraiu muitos discípulos. Confúcio era reconheci-

do pelas excelentes e inovadoras interpretações da filosofia antiga e das tradições. Destacou-se

também nas interpretações que estavam as-sociadas à ética e à filosofia social.

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CasamentoOs casamentos chineses são

repletos de diferentes prepara-ções simbólicas, muito diferentes dos casamentos ocidentais.

A data para o casamen-to é escolhida pelos noivos de acordo com a astrologia e é comum acontecerem ca-samentos no mesmo dia do aniversário de um dos noivos e quando os ponteiros do re-lógio estão no alto, como, por exemplo, à meia hora, em sinal auspicioso de ascensão.

A cor vermelha que sim-boliza o amor predomina a cerimônia – vestido da noiva, arranjos de flores, convites, caixinhas de lem-branças e até os lençóis da cama onde os noivos passarão a primeira noite de núpcias, vermelho é a cor preferida dos chineses.

No dia do casamento a noiva é levada até a casa da família do noivo em uma carruagem especial, fa-zendo um tipo de procissão de casamento. Chova ou faça sol, pode-se abrir um guarda-chuva de cor ver-melha sobre a noiva, que é um sinal muito auspicioso.

No dia seguinte do casamento a noiva oferece ao noivo um pequeno almoço e nos três dias seguin-tes, os noivos deverão visitar os pais da noiva.

Culto aosantepassados

O culto aos antepassados era estimulado por Confúcio, e essa prática foi mantida na China moder-na. O culto, portanto, pode ser feito diante de altares

nos templos ou, até mesmo, num santuário em casa.

Segundo os confucionistas a reve-rência pelos ancestrais como expres-são de piedade filial é fundamental

para uma boa ordem. Os confucionistas prestam

culto aos seus antepassados pela veneração e oferendas. Para eles, as oferendas é a forma mais importante de culto.

Os mortos não se transformam em divindades, mas são venerados como antepassados que ainda per-tencem à família ou clã.

O culto é presidido pelo chefe da família ou do clã e realizado numa sala-templo ou simplesmente diante do altar, colocado no interior da casa, sobre o qual são expostas as tabuinhas com o nome dos antepassados. Isso alimenta a piedade filial que se prolonga além da morte, não somente como manei-ra de superar o trauma da dor, mas, sobretudo, como maneira de reintegrar o defunto à unidade familiar: o antepassado continua sobrevivendo e tendo seu lugar nas gerações futuras.

Os túmulos têm a forma de lua crescente, o que também é sinal auspicioso, pois representa as qualidades yin e yang em

equilíbrio.

A ssim como os adeptos de outras religiões possuem rituais

de passagem e cultos próprios, os confucionistas também possuem muitos rituais associados à celebração das fases da vida. Os rituais mais importantes são os da vida familiar:

• o casamento, por criar uma nova família,

• os funerais, por cultuar os antepassados.

Os ensinamentos do confucionismo estão reunidos em cinco textos clássicos:

• Shu Ching (História) – reúne fatos e decisões dos reis sábios; organização política de cinco di-

nastias da China;

• Shih Ching (Poesia) – reúne 305 hinos profanos e religiosos que Confúcio comentava de um ponto de vista ético;

• Li Ching (Livro dos Ritos) – contém os ritos e ce-rimônias;

• Chun-Chiu (Anais das Primaveras e Outonos) – Narra a história do estado de Lu, onde Con-

fúcio nasceu;

• I Ching (Livro das Mutações) - aborda os aspectos metafísicos da vida.

E quatro livros:• Analectos (Lun-Yu - Coleção das má-ximas de Confúcio - princípios éticos);• Mêncio (Men-Tze - Obra do grande

expositor de Confúcio);

• O Grandre Aprendizado (Ta Hsio - Ensi-namento sobre a virtude);

• Doutrina do significado ou do meio (Chung Yung - Ensinamentos sobre a moderação perfeita).

Feng ShuiO Feng Shui é uma corrente

de pensamento analítico com tradi-ção de mais de 4000 anos. Os mestres chineses que o estruturaram teriam per-cebido que cada área natural, terreno ou edificação seria dotada de sua própria vi-bração, influenciada pela pre-sença do Ch’i - energia vital da terra - e estaria sujeita às várias influências do ambien-te que a circunda.

Esta prática ritual tem sido muito adotada no acidente nos tempos atu-ais pois este conjunto de definições orienta como construir e ocupar casas ou edifícios, da escolha do terreno à disposição dos cômodos e suas funções e objetos, de forma a garantir que o Ch’i possa fluir e garantir saúde, harmonia, paz, prosperidade e felicidade a seus ocupantes.

I Ching I Ching ou Livro das

Mutações – um dos qua-tro livros com sabedorias de Confúcio é especial para consultas. Por meio dele realiza-se um trabalho divi-natório baseado em rituais que datam provavelmente de 3000 a.C.

A arte divinatória é fundamental para a vida chinesa tradicional e é um modo de estabelecer a aprovação do Céu ou de prever a ruptura da ordem humana e natural. Baseado na relação cambiante entre as forças yin e yang no universo, o I Ching depende da leitura de 64 hexagramas feitos com linhas cortadas (yin) e inteiras (yang), que são de-terminadas por seis hastes tiradas de recipiente.

A i nclinação de cabeça era usada para mostrar reverência

ao pai do mesmo modo que o imperador. O confucionismo enfatizava a importância da relação correta entre pai e filho, bem como entre

governantes e funcionários. Isso está afirmado no texto confucionista - “A Doutrina do Meio”. Esse respeito

era fundamental para manter a sociedade unida.

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Aprender a viver em harmonia com a Natu-reza e com o Céu é o objetivo do Confu-cionismo. A doutrina está baseada na crença

da transformação da condição humana como ato comunitário e como resposta à ordem do universo. Tudo isto é resultado da integração das quatro di-mensões que compõem o ser humano: o eu, a comu-nidade, a natureza e o céu, fonte da auto-realização definitiva.

O caminho de Confúcio seguia a ética e os ritos de passagem, como nascimento, casamento e mor-te, buscando criar e praticar a ordem e a harmonia (equilibrando as forças opostas do yin e do yang) na família e na sociedade.

O respeito aos mestres e à tradição é um ponto muito importante da doutrina do Confucionismo: “Um jovem, em casa, deve amar os seus pais e, fora de casa, respeitar os velhos. Os sacrifícios presta-dos aos antepassados fundam-se nos sentimentos da lembrança e da saudade. Eles são a expressão do mais elevado grau de fidelidade, amor e respeito” (Bowker, John. Para atender as religiões, pág. 33).

Ainda no campo da moral, é essencial destacar a atitude de submissão ao Céu, uma das caracterís-ticas fundamentais para entender o comportamento confucionista.

Confúcio não pregou propriamente uma reli-gião, mas, em vez disso, incorporou valores espiritu-ais elevados num modo de vida. Dentre esses con-ceitos está o de humanidade, em que, para alcançar a paz neste mundo, é necessário praticar a benevo-lência para com os outros. Além disso, é necessário fazer o bem sem esperar reconhecimento.

A família é o ponto de partida para medir a virtude. Ela é o elemento base da sociedade. A pie-dade filial é prolongada para além da morte com as honras fúnebres e o culto dos antepassados. Depois vem a sociedade. O bom seguidor do confucionis-mo observa fielmente as regras estabelecidas para ser um verdadeiro homem gentil.

O mOdO de Agir tAOístA

O Confucionismo é uma via de desenvolvimen-to do ser humano, fundada sobre a moderação, o bom senso, a harmonia das partes. É um meio de atingir a perfeição pessoal e de assegurar a paz e a prosperidade. O grande sábio chinês exige que as denominações sejam corretas, isto é, as palavras devem estar de acordo com os atos, e vice-versa. Cada pessoa deve agir em função da própria po-sição social dentro da comunidade humana, cujo ritmo é determinado pelo Tao.

O tao (em chinês: 道) significa, traduzindo li-teralmente, o Caminho, mas é um conceito que só pode ser apreendido por intuição. O Tao não é só um caminho físico e espiritual. Ele é identi-ficado com o Absoluto que, por divisão, gerou os opostos e complementares Yin e Yang, a partir dos quais todas as “dez mil coisas” que existem no universo foram criadas.

Para os chineses não se chega à ver-dade eliminando tudo o que lhe é con-trário, mas compondo, com paciência, afirmações que aparentemente se opõem e que, de fato, se completam. Na base disso tudo está o princípio Yin-Yang, fun-damentado numa doutrina simples, mas muito importante.

essa teoria diz que todas as coisas e os aconte-cimentos são produzidos por dois elementos con-trários: o Yang, positivo, ativo, forte, construtivo e o Yin, negativo, passivo, fraco, destruidor. Os se-guintes exemplos explicam melhor essa oposição: masculino, luz, calor, dia, verão, amor, atividade são Yang; feminino, sombra, frio, noite, lua, inver-no, ódio, repouso são Yin. A justa relação desses dois princípios forma a realidade equilibrada.

se entendermos bem a natureza das coisas e conseguirmos esquecer tudo o que aprendemos que tenta ir contra ela, conseguimos fazer tudo o que é possível, com o mínimo esforço. Porque acabamos por deixar as coisas seguirem o seu cur-so natural.

Na ética confucionista, existem cinco rela-ções fundamentais: do rei para com os súditos, dos pais com os filhos, do marido com a mulher, dos filhos maiores com os menores e a dos ami-gos entre si. Esta última relação é fundada sobre a igualdade e deve ser vivida em espírito de respeito recíproco. Nos outros relacionamentos, em geral, o acento é colocado na obediência e diferença dos inferiores e benevolência dos superiores.

segundo o Confucionismo, a reverência pe-los ancestrais como expressão da piedade filial é fundamental para manter a boa ordem. Entre as várias práticas rituais, privilegia-se o culto aos an-tepassados. Os mortos não se transformam em di-vindades, mas são venerados como antepassados que ainda pertencem à família ou ao clã.

Para ajudar o ser humano a viver esta éti-ca, Confúcio procurou fazer redescobrir a impor-tância dos ritos, um conjunto de usos e costumes que manifestam exteriormente a verdadeira po-sição do ser humano no mundo que o circunda. Conformando-se a estes ritos, ele estará vivendo como deve.

1. Quais as características principais da ética confucionista?

2. O que significa viver segundo o ritmo do Tao?

3. Quais os elementos positivos que o Confucionismo oferece para as relações interpessoais?

A DoutrinA ConfuCiAnA DestACAquAtro vAlores essenCiAis Ao sábio: 1. O Ren: relação interpessoal ideal feito de muito respeito, simpatia, reconhecimento dos di-reitos e responsabilidades de todos. “Não faça aos outros, aquilo que você não quer que eles façam a você”, é a máxima chinesa conhecida como Regra de Ouro do Confucionismo. (Diálogos, XV/23). Como não lembrar as palavras proferidas por Jesus só que no senso positivo: “Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles, por-que esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7, 12).

2. O Yi: senso de dever, retidão, honestidade, respeito aos princípios fundados sobre a dignidade pessoal. “O sábio se empenha na justiça (Yi); o me-díocre, no proveito (Li)” (Diálogos IV/16).

3. O Li: Ordem ritual, cerimonial, conveniências, que asseguram o exercício do Ren em qualquer cir-cunstância. “O mestre diz: se não for regulada pelo ritual, a gentileza torna-se difícil, a prudência teme-roso, a audácia rebelde, a honestidade intolerante” (Diálogos, VIII/2).

4. O Xiao: Piedade filial é a estrutura básica das relações humanas sobre o modelo de ordem familiar: obediência dos filhos aos pais, da mulher ao marido, dos filhos menores aos maiores e, por exemplo, dos súditos ao soberano.

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O ER pretende aperfeiçoar a pessoa do edu-cando, provocando um encontro consigo mesmo, com os outros e com o mundo que

o cerca.Visando a formação da pessoa na sua integrali-

dade, o ER pretende colaborar na formação de uma sã consciência e de um compromisso com o meio ambiente. Por isso, tem tudo a ver com a ecologia e o mundo em que vivemos.

É conveniente que os educandos, de todos os credos e raças, discutam e aprofundem o conheci-mento da situação da vida no nosso pequeno plane-ta e tomem atitudes que revertam a situação caótica de destruição em que nos encon-tramos.

Dessa forma, o professor de Ensino Religioso passa a ser um agente defensor da natureza, um denunciador dos abusos e viola-ções da vida, e um cuidador da vida do planeta. Ele faz com que o educando veja a realida-de, zele e cuide da natureza, dos animais e de tudo o que existe na terra.

Cuidar das coisas implica ter in-timidade, senti-las dentro, acolhê-las, res-peitá-las. É Leonardo Boff quem diz: “Para cuidar do Planeta Terra precisamos passar por uma alfabetização ecológica e rever nossos hábitos de consumo. Precisa-mos desenvolver uma ética do cuidado” (in Saber Cui-dar, Ed. Vozes, Petrópolis, 1999, pg. 134).

Nosso planeta está doenteO pequeno planeta terra, repleto de energia, é

o mais belo do sistema solar. Mas, ultimamente, está sendo motivo de preocupação pelo descuido e explo-ração de seus recursos. A intervenção do ser humano na natureza é tão intensa que corremos o risco de uma destruição da diversidade existente no planeta.

O que encontramos: aquecimento global, guer-ras, fome e terrorismo, violência e desigualdade social, falta de água, poluição do ar, grande quantidade de lixo doméstico, poluição dos rios e da água, desmatamento,

queimadas... Além disso, um grandioso número de terríveis desastres ecológicos causados

por chuvas, ventos, furacões, secas, on-das de calor e incêndios.

Muitos se perguntam: O que está acontecendo? Tudo isto é algo natural, uma mudança que nasce

da história da terra? O que está provocando essas mudanças?A expressão que mais se usa para responder es-

tes fenômenos é “mudanças climáticas”. Porém, não basta assustar-se com que se vê; é preciso chegar na raiz do que provoca as mudanças climáticas e o aque-cimento global.

Por que não foram ouvidasas profecias?

Tem gente que quer se desculpar pen-sando, diante da situação do planeta terra: - ah, se soubesse de tudo isso, teria feito diferente.

Muitos que deveriam ter boa informação ficaram na superficia-lidade, outros, como os cientistas, governantes, universidades... sa-bem mas preferem acomodar-se à

ideia de que o progresso tem seu custo, que não pode parar... por isso,

tudo é permitido em nome do progres-so, do enriquecimento e do lucro.

Em 1854, o cacique Seatle, do povo Sioux, fez sé-rias advertências ao presidente dos Estados Unidos. O presidente classificou o índio como ignorante, em vez de valorizar a sua sabedoria e acatar a sua profecia.

Disse o cacique: “Não somos donos da pureza do ar ou do

resplendor da água. Como podes comprá-los de nós? Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. Cau-sar dano à terra é causar dano ao Criador.”

No término do seu discurso, apelando para pro-teger e cuidar da terra dizia: “Quando o último rio for poluído, quando a última árvore for cortada, quando o último peixe for pesca-do... aí sim eles verão que o dinheiro não se come”.

A pergunta que nos vem é: amamos a terra de mesmo modo que o Criador a ama?Criados para cuidar e cultivar a terra

O Criador nos deixou responsáveis por tudo o que é criado. Somos senho-res da natureza. Tudo está sob o nosso domínio. Podemos usar para o bem e para o mal. Somos co-criadores, continuamos a obra da criação. Estamos transformando e modificando o mundo. Po-demos aperfeiçoá-lo ou podemos destruí-lo.

“A criação geme emdores de parto”!

As mudanças climáticas tornam a mensagem de Paulo, aos seguidores de Jesus que viviam em Roma, algo muito atual: toda a criação espera ser libertada do mal, da escravidão, da corrupção para ser livre junto com os filhos de Deus. Na verdade, todo o universo criado espera que os filhos e filhas de Deus se revelem, atuando em favor de sua libertação. “Toda a criação está ge-mendo como que em dores de par-to” (Carta aos Romanos 8, 18-24).

Cada um de nós pode fazer a sua parte, comprometendo-se a tomar algumas atitudes:1. jogar lixo no lugar certo.

2. fazer coleta seletiva do lixo.

3. poupar água e energia.

4. comprar e adquirir só o necessário.

5. protejer os peixes e os animais.

6. protejer as árvores e as plantas.

7. evitar a poluição.

8. usar só biodegradáveis.

9. conhecer mais a natureza.

10. participar da luta pela defesa da natureza.

Aproveitando a ocasião, oferecida e proposta pela Igreja Católica no Brasil, pela Campanha da Fraternidade deste ano,

de refletir sobre a vida no Planeta Terra, apresento a temática para ser trabalhada em sala de aula pelo professor de Ensino Religioso.

1. Você concorda que o nosso pla-neta está doente? Justifique a sua posição.

2. Lembra alguma profecia em prol do meio ambiente?

3. O que nós podemos fazer concretamente?

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Na história de todos os povos e em todas as culturas é possível identificar uma constante

busca por um ser “maior”, “divino”, “transcen-dente”, no qual podem ser encontradas forças, energias, poderes e, principalmente, respostas às questões existenciais.

A educação tem por finalidade central ajudar o ser humano a enten-der a sua história, a sentir-se parte dela e, ao mesmo tempo, sujeito de construção e reconstrução do seu próprio conhecimento e identidade.

A NOSSA METAA disciplina de ER Escolar, nesse

Colégio, contribui, neste processo, com informações, reflexões e aprendizados no sentido de desenvolver, no indiví-duo, estruturas sólidas de conhecimento e compreensão da “dimensão religiosa”, desenvolvida e acumulada pela humanidade em suas diversas culturas.

Ao proporcionar espaço para uma reflexão mais ampla sobre o “tesouro religioso-cultural” que a humanidade preservou, o ER no CSNSF tem, por finalidade, possibilitar condições para que o educando possa se apropriar do significado dos elementos básicos que compõem o fenôme-no religioso, assumindo uma postura de respeito à diversidade religiosa, bem como uma mudança qualitativa nas suas relações interpessoais e com a natureza.

O Colégio Salvatoriano Nossa Senhora de Fátima é uma instituição católica, fundada

há 53 anos e administrada pelas Irmãs Salvatorianas. Ao longo dos últimos anos, assim como os demais

Colégios da Rede Salvatoriana de Educação, o CSNSF vem empenhando esforços para dinamizar um diferencial no que diz respeito à disciplina de Ensino Religioso. Mesmo sendo de confissão católica, a instituição assegura aos seus educandos, nas aulas de Ensino Religioso, uma análise do Fenômeno Religioso e da Diversidade Religiosa e Cultural, presentes no Brasil e no mundo.

Além dos diversos recursos di-dáticos e paradidáticos, utilizados para o aprendizado, um dos principais subsídios adotados pelo Colégio é o Jornal O TRANSCENDENTE, dis-ponibilizado na Biblioteca do Colégio

para que as pro-fessoras possam usar em seus planeja-mentos - e aqui vale enfati-zar a grande valia do Encarte Pe-dagógico, que vem em cada edição do

Jornal “O TRANSCENDENTE”.

As turmas, durante as aulas de En-sino Religioso, também tem contato com o jornal, conforme o tema que está sendo estudado e, a partir deste ano, “O TRANSCENDENTE” passou a ser adotado também como material didá-tico exclusivo para os estudantes de primeiro e segundo ano do Ensino Médio.

Para testemunhar o impor-tante significado que o ER tem na vida dos estudan-tes do CSNSF, socializa-mos com todos os leitores do jornal O TRANSCEN-DENTE alguns depoimen-tos dos nossos alu-nos e seus pais. (veja abaixo)

“Numa época em que todos nos preocupamos com matérias de vestibular, acredito que o ERE ajuda-nos a trabalhar nossos conceitos e a termos uma melhor convivência com o que consideramos ‘diferente’ ” (Estudante: Thayná H. de Almeida – EM)

“As aulas de ERE dão um diferencial na vida de nossos filhos e os preparam para o futuro. Aulas que os ensinam que vale a pena apostar no amor, que existe, sim, um mundo diferente e que vale a pena e é nossa função de pais ajudar para que eles acreditem no amanhã, um amanhã centrado no amor.” (Cristiani S. Scarduelli Cechinel, mãe dos estudantes: Riccardo e Mª Fernanda - EM)

“Para mim o ER é um dos meios onde posso manter contato com Deus, além de me ajudar a conhecer as outras religiões. Permite-me

também estudar e aprofundar mais sobre a Bíblia, que é o Livro Sagrado da minha Religião, bem como sobre os seus principais ensinamentos. (Estudante Thays Fernandes – EF)

“Percebo a importância e o significado do ER, pois me ajuda a refletir sobre a minha vida e em tudo o que posso melhorar. Penso em ajudar as pessoas na escola e na minha casa. Esta disciplina serve para fazer com que as pessoas se conscientizem de que devemos ajudar ao próximo e, com isso, tornar o mundo melhor.” (Estudante Djulian Pedroti)

“Esta disciplina é importante porque nos mostra e nos leva às religiões. O ER fala das religiões e nós escolhemos a que mais nos identifica. O significado, o objetivo desta disciplina é esclarecer, proporcionar para o estudante reflexões, informações e expe-riências para ajudar ele a cultivar o sentido da vida.” (Estudante Vinícius A. Belatto)

“A disciplina de ER é importante porque nela, não só aprendemos sobre as religiões entre si, mas também assuntos que envolvem nosso cotidiano, tanto em nossa família, quanto no mundo inteiro.” (Estudante Maria Eugênia)

“Na disciplina de ER discutimos o que deve ser feito para melhorar o mundo e também respeitamos as religiões e costumes de outros colegas.” ( Estudante Felipe D. Lisbôa)

1. Como são trabalhados os conteúdos do ER?

2. Como são os depoimentos dos alunos do ER e de seus pais?

3. Como você avalia os alunos na disciplina de ER?

A Equipe de O TRANSCENDENTE agradece e parabeniza o Colégio Salvatoriano Nossa Senhora de Fátima pela escolha desse subsídio que associa conteúdos teóricos com propostas práticas sobre as culturas, as tra-

dições e a religiosidade dos povos, levando o educando a conhecer e a conviver melhor com sua própria religião e com as religiões do mundo inteiro.

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A Arte da China

Desde o início da sua história, os artesãos

chineses criavam objetos em bronze, jade e osso. Nestas obras, os artistas pro-curavam revelar o princípio essencial da arte chinesa que é a união entre o espírito criador artístico e a função social e hie-rárquica a que estavam destina-

das as suas criações. As formas, com base em temas decorativos, inspi-

rados na força da natureza e sua ação sobre o espí-rito humano, tinham um primor especial somado à perfeição na escolha dos materiais utilizados.

Iconografia escrita por meio de imagens

Por meio da iconografia chinesa ou, escrita, que é uma forma de linguagem visual que utiliza imagens para representar determinados temas, os chineses procuravam corresponder os princípios da hierarquia social do período em que viviam, ao ritu-al que caracterizavam aquelas civilizações.

A cada período da China, com as diversas dinas-tias, o país foi desenhando sua história permeada pela riqueza de sua cultura e por seus valores inestimáveis.

Na Dinastia Zhou (século X a.C.), por exemplo, surgiram as escolas de filosofia que aprofunda-

ram a relação do indivíduo em tor-no de si e a consideração social do mesmo, estabelecendo, deste modo, os fundamentos teóri-cos que, com o passar dos sé-culos, deram origem à teoria chinesa da arte.

Os textos mais antigos da China estão grava-dos nos Jiaguwen, que são carapaças de tartarugas e ossos de boi, usados para a osteomancia – arte de

predizer o futuro pela decifração de escritas simbólicas, no período da Dinastia Chang

(1500 e 950 a.C.).

Comida da ChinaA culinária da China é uma das

mais conhecidas e ricas do planeta. A comida chinesa tem como prato

principal a proteína da carne e da soja e os carboidratos do arroz e do talharim.

Devido à sua natureza, ao longo dos séculos, a China

foi marcada por dificuldades, por esta razão sua culinária é apresentada

em muitos estilos regionais. Para os antigos chineses, dos meios ru-

rais, habituados a períodos de carência na produção de alimentos, era natural a in-gestão de carnes de cachorro e insetos.

Mesmo nos dias de hoje, em meio a tantas variedades, é comum fazer par-te do cardápio chinês, comidas exóticas ao paladar ocidental como: barbatana de tubarão, carne de cachorro e de gato, cobras, larvas, formigas, es-corpiões e gafanhotos.

A Cultura do Chá na ChinaQuando se fala em chá na China,

fala-se sobre uma cultura milenar. Não é o chá, em si mesmo, que se destaca, mas, os métodos de preparação desta bebida, o modo como é consumido e as ocasiões casuais ou formais em que é servido.

Desde os tempos da antiga China, o chá era considerado uma das sete necessidades diárias dos chineses como, também, a lenha para o fogo, o ar-

roz, o óleo, o sal, o molho de soja e o vinagre.Além de bebida, ele é frequentemen-te usado na culinária, como medica-mento, e em rituais de cura.

Ópera de PequimA ópera foi sempre um espetáculo

muito popular tanto entre o povo chi-nês como entre os nobres e os impe-

radores. Elas se caracterizam pela reunião de elementos trágicos e

cômicos, integrados com canto, dança, acrobacias, narrações po-éticas e expressões corporais.

São dramatizações de eventos históricos e len-das, que também podem ser apresentados na moda-lidade de diálogo coloquial, com palavras simples e pantomimas, que são gestos para en-ganar as pessoas e que satirizam a sociedade com a clara intenção de entreter e instruir a platéia.

A Religião na China

A China, desde o início da sua história, possui uma gran-de variedade de religiões. Os conceitos destas reli-giões também são varia-dos, umas enfatizam um mundo sagrado e outros dão conta de enaltecer

o mundo espiritual. Tais interpretações implicam, inclusive, na classi-

ficação do sistema chinês como religião ou filosofia.

O Confucionismo e o Taoísmo são considerados por uns como religiões e, por outros, como filosofias de vida. As-trologia, Feng Shui e geomancia, que é uma técnica de adivinhação baseada na observação de pedras ou terra atirados para contemplar os desenhos formados com isso, também são modos de crer en-tre o povo chinês.

Alguns sistemas de convicção chi-nesa permitem um sincretismo que leva a escolhas variadas, ou seja, ao professar a fé budista, a pessoa não encontraria

dificuldades em reconhecer Jesus como um grande profeta e incorpo-

rar conceitos do cristianismo.Atualmente, a República Popular da China to-

lera algumas liberdades religio-sas e a existência de pequenos grupos religiosos ativos. Apesar de serem seria-mente supervisionados pelas Associações Patri-óticas, de modo discreto o Budismo, o Islamismo e o Cristianismo são professa-dos no país. Sem esta super-visão nenhuma Igreja é permitida.

Os valores tradicionais da China têm suas raízes no Confucionismo que era ensinado nas escolas e fazia parte dos exames da administração pública imperial no tempo das Dinastias.

Com o estabelecimento da Repúbli-ca Popular da China, em 1949, os

líderes revolucionistas, conscientes da importância cultural adquirida ao longo dos anos, fizeram mudanças em alguns aspectos da vida dos chineses como: a posse da terra e a educação rural, mas conservaram outros elementos relevan-tes como a estrutura familiar.

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É isto mesmo, os produtos chineses invadi-ram o Brasil e o mundo todo, e devido ao seu baixo preço e atraente aparência, tornou-se uma febre para os consumidores globais.

Diante disso, há que se per-guntar: mas como pode um produto vindo da China, um país tão distante, ser mais barato que os produtos fabricados no Brasil?

Acontece que o mundo ocidental inclui nos seus produtos custos de mão de obra, proteção am-biental e impostos, o que não acorre, nas mesmas propor-ções, com os produtos chine-ses. Além disso, há outro lado nada exemplar “embutido” em muitos produtos fabricados na Chi-na e que são desleais na competição de mercado: produtos subfaturados, falsificados e até pirate-ados.

É muito comum depararmos com casos em que, após adquirir um produto “made in China”, o consumidor tenha se arrependido profunda-mente pela má qualidade do produto. É o tal... “barato que sai caro!”. Associado a esta questão, outro fator merece relevante preocupação. A mão de obra na China é muito barata, beirando a ex-ploração do trabalhador.

É preciso estar atento a esta questão: en-quanto no Brasil se adquire produtos chineses por baixo preço, lá na China alguém trabalhou muito e ganhou muito pouco pelo seu trabalho de produção.

Além da mão de obra barata, muitos produ-tos chineses são de baixa qualidade, o que, para quem importa tais produtos pode incorrer em grande prejuízo, como é o caso de um distribui-dor de pneus norte-americano que comprou mi-lhares de pneus fabricados da China para abaste-cer o mercado e, em pouco tempo teve que fazer recall dos seus produtos em 450 mil unidades. Ao final a empresa chinesa não quis se responsabi-lizar pelos seus produtos e a empresa americana foi à falência.

O lado negativoda globalização

Acontece que, a globalização, fenômeno que “abraçou todo o globo terrestre” mais intensamente a partir de 1991, e que tem como foco principal o capi-talismo, tem causado um efeito extraordinário na vida das pessoas, deste modo, cá estamos nós, no Brasil, consumindo produtos fabricados do outro lado do mundo e vice e versa.

Isto tudo é muito bom e pode ser positivo, mas também negativo e, portanto,

merece uma atenção especial e um apurado senso crítico, uma vez que, em vista do “ter”, países mais ricos e mais desenvolvidos podem explorar países mais pobres e em desen-volvimento.

Entendendo a evolução da China

A China é o maior país da Ásia Oriental e o mais po-puloso do mundo, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Ela é governada pelo Partido Comunista da China sob um sistema de partido único, que se confunde com o próprio Estado, não podendo existir outros partidos.

Para a democracia, adotada por vários países do mundo, que é um re-gime de governo em que o poder de to-mar importantes decisões políticas está com os cidadãos, direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos, o regime unipartidarista da China fere os direitos do povo de participar das de-cisões do seu país.

Devido sua vasta população e sua história polí-tica regida por quatro mil anos de dinastias, ou, mo-narquias hereditárias, o povo chinês, para sobreviver, aprendeu a conviver com muito trabalho, alimenta-ção escassa e poucos direitos sociais.

Livre do jugo das dinastias, e após diversos pe-ríodos de desunião e guerras civis, em 1911 a China passou a ser regida por partidos políticos e, em 1949, foi estabelecida a República Popular da China que perdura até hoje, sob a liderança do Partido Comu-nista da China, não tão hortodoxo como no passado.

Em meio a tantas hostilidades históricas, desde as antigas civilizações chinesas, atualmente a China é conside-rada um fenômeno de superação, pois, a partir de 1978, com a introdução de re-formas no mercado, tornou-se uma das economias em mais rápido crescimento econômico do mundo. Sua rápida indus-trialização reduziu extraordinariamente a taxa de pobreza do país caracterizando-a como superpotência emergente.

O modelo chinês de administração e os direitos humanos

É importante frisar que o modelo chinês de admi-nistração encontra-se ainda em construção e, apesar dos problemas de produção e da violação dos direi-tos humanos por meio da exploração dos serviços de seus trabalhadores e da ditadura imposta pelo

Partido Comunista, nas últimas décadas a China vem se abrindo

para o mundo e mostrando acelerados resultados de de-

senvolvimento. Percebe-se mudanças

graduais na legislação, um forte estímulo à pesquisa científica com as novas tecnologias e melhoria da sociedade que, progres-

sivamente, atinge padrões de consumo comparados ao ocidente.Por outro lado na medida em

que há maior consumo e a popula-ção consegue alimentar-se e vestir-se melhor, considerando o número de habitantes do país, aumentam tam-bém os problemas, a exemplo dos países desenvolvidos, como:

aumento na emissão de gases poluentes e outros problemas ambientais, o que parece.... uma história sem fim!

CHINA: um país em desenvolvimento!Por países em desenvolvimento se entende aqueles que, embora possam ter vasto território e grande população, parte do povo vive em situação de pobreza, sem acesso a condições mínimas de alimentação, saúde, educação, moradia e/ou serviços básicos. A estes indicadores, soma-se ainda o fator renda, ou seja, para o Banco Mundial todos os países com renda baixa e média são considerados “em desenvolvimento”, como é o caso da China e também do Brasil.

Quem nunca comprou um produto com a etiqueta Made in China?

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Para realizar um trabalho ambiental na escola, vamos começar pela

reciclagem de papéis. Reciclar papéis é um processo muito simples e poderá

mudar o comportamento dos alunos e de toda a comuni-dade. Eles selecionarão papéis velhos e usados para fazer papéis novos. Isto não é genial?

1º passo: Promover coleta seleti-va de lixo junto à comunidade.

2º passo: Escolher os tipos de papéis que podem ser recicla-dos: papel sulfite, papelão, cai-xas de embalagens de produ-tos, papel de presente, folhas de caderno, entre outros.

3º passo: Separar o papel esco-lhido, recortar em pequenos pedaços e colocar num recipiente com água. Deixar as-sim durante um dia completo.

4º passo: Bater no liquidificador o papel molhado com água ou mexer bastante até dissolver e virar uma espé-cie de massa.

5º passo: Espalhar a massa, fazendo uma camada fina, numa peneira, também fina, e cobrir com um peso – pode ser um pedaço de tábua - para prensar e retirar o excesso de água.

6º passo: Depois de 24 horas, retirar o peso e deixar o papel secar, de prefe-rência em ambiente seco ou ao sol.

O resultado émaravilhoso!

podem ser feitoscartões, porta papéis

e lindas caixinhas.

a Educação ambiental existe para desenvolver nas pessoas conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para o cuidado com

o planeta - nossa casa comum. Ela tem tudo a ver com a escola, pois é por meio dela que podemos preservar o mundo em que vivemos.

No Brasil, existe uma lei

específica que trata da educação ambiental. A

Lei número 9.795 de 27 de abril de 1999, dispõe sobre

a educação ambiental, instituindo a política

nacional de educação ambiental.

Comemore em sua Escola!

5 de junhoDia Mundial do

Meio Ambiente e da Ecologia

É preciso...arrumar o quarto

Com certeza você gosta muito de cuidar, arrumar e limpar o seu quarto e também sua casa, não é mesmo? Afinal, se não limparmos o ambiente à nossa volta, em pouco tempo ele se tornará sujo e inabitável, cheio de insetos, pragas e proliferação de bactérias causadoras de doenças e podem, até, levar à morte.

É preciso cuidar do jardimPois bem, se você tem este cuidado com seu quar-

to e sua casa, com certeza também cuida do jardim da sua casa e da rua em frente à sua casa, certo? Pois, de nada adianta cuidarmos da parte interna da nossa casa se fora dela, na rua, proliferarem baratas, mos-quitos e ratos... ui!

É preciso cuidar da nossa rua!Pensando mais à frente, pouco adianta cuidar-

mos somente da rua em que moramos. É preciso que nossos vizinhos também cuidem da sua casa, da frente da sua casa e da rua em que moram, pois, somente assim teremos um bairro bom para se viver em comunidade.

E daí? Basta termos um bairro bom para viver-mos? E os outros bairros de nossa cidade também não precisam ser cuidados? Claro, só teremos um lugar bom para morar se toda a nossa cidade for bem cuida-da e limpa, e isto depende de toda a comunidade, dos cidadãos e cidadãs que moram nela.

porém, ainda assim, isto só ain-da não basta pois, de que adianta termos uma boa cidade para morarmos se o rio que pas-sa por ela estiver sujo pelo lixo que foi jogado nele por pessoas de outras ci-dades. É, porque os rios não param, correm o tem-po todo de região em re-gião e desembocam no mar.

Cuidar e preservar o nosso planetapois bem, esta é uma questão muito impor-

tante. Nós dependemos uns dos outros para mantermos nossa casa limpa, nossa rua, nosso bairro, nossa cidade e todo o nosso planeta!

se houver um desmatamento ilegal em uma região, todo o país e até o planeta estará

comprometido, portanto, é preciso limpar, cuidar, preservar, reciclar e ter consciên-cia de que precisamos fazer a nossa parte a partir do lugar que habitamos.

a Educação ambiental deve ocorrer nos lares, nas escolas, nas empresas, nas uni-versidades, nas repartições públicas etc.

os professores podem desenvolver pro-jetos ambientais e trabalhar com conceitos e conhecimentos voltados para a preservação

ambiental e uso sustentável dos recur-sos naturais, a partir da realidade

da própria comunidade como o cuidado com a água, por exemplo e a economia da energia elétrica.

Vários temas podem ser abordados em sala de aula relacionados ao meio ambiente, como: ecologia, reciclagem, poluição am-

biental, preservação da água, efeito estufa, aquecimento glo-

bal, ecossistemas, carta da terra, entre outros.

pense bem nisto!

De nossas atitudes e ações ambientais depende a nossa permanência no planeta e de toda a natureza!

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A tarefa é a seguinte: 1. Elaborar um pequeno álbum, com folhas de pa-

pel A4, cortadas ao meio, com um símbolo de-senhado sobre cada religião já apresentada pelo Jornal O TRANSCENDENTE e, com elas, criar uma bonita frase:

• Hinduísmo

• Budismo

• CAndomBlé e umBAndA

• JudAísmo

• CristiAnismo

• islAmismo

• Xintoísmo

olá , Professor (a)Que alegria! o transcendente traz uma nova oportunidade de interação para você e

seus alunos do ensino religioso: Concurso ot 2011 - diversidade religiosa!

2. Na última página do álbum, os participantes deverão escrever uma pequena conclusão sobre o trabalho realizado que poderá ser em forma de poesia, texto ou acróstico, contemplando a diversidade religiosa.

3. O trabalho poderá ser re-alizado individualmente, em dupla ou em equipe com até quatro partici-pantes.

4. Os desenhos deverão ser coloridos ou pin-tados em grafite, es-clarecendo, abaixo, o nome do símbolo, o seu significado e a religião à qual ele pertence.

5. Na capa do álbum deverão constar: nome da Escola; nome do professor (a) de Ensino Reli-

gioso; nome completo do aluno (a) e/ ou dos componentes da equipe.

6. Os alunos que apre-sentarem os dez melhores

trabalhos serão contempla-dos com prêmios especiais.

7. Os trabalhos deverão ser entregues (postados no correio)

até 29/07 - final do primeiro semestre de 2011.

Participe!

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Uma velha senhora chinesa possuía dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.

Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Este últi-mo estava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada da

torrente até a casa, enquanto aquele rachado chegava meio vazio.

Por longo tempo a coisa foi em frente, assim, a se-nhora chegava em casa com somente um vaso e meio

de água.Naturalmente, o vaso perfei-

to era muito orgulhoso do próprio resultado e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.

Depois de dois anos, refletindo sobre a própria amarga derrota de ser

“rachado”, o vaso falou com a senhora durante o caminho:

- Tenho vergonha de mim mesmo, por-

que esta rachadura que eu tenho me faz perder metade da água durante o caminho até a sua casa...

A velhinha sorriu:- Caro vaso, você reparou que lindas flores têm somente do teu lado do caminho? Eu sempre soube do teu defeito e, portanto, plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todo dia, enquanto a gente voltava, tu as regavas.

Por dois anos pude recolher aquelas belíssimas flores para enfeitar a mesa. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa.

• REFLETINDO:Cada um de nós tem suas próprias caracte-

rísticas. E são estas diferentes características que fazem com que nossa convivência seja interessante e gratificante. É preciso aceitar cada um pelo que é, e descobrir o que tem de melhor nele.

Autor desconhecido.

Uma ótima oportunidade para conhecer melhor a África e os afro-bra-

sileiros.

Aproveitando essa oportunidade, a Equipe do Missão Jovem e de O

TRANSCENDENTE preparou uma bela e interessante coleção de banners

(painéis) apresentando a África, suas culturas, religiões, problemáticas...

como também para apresentar a história e as problemáticas dos 100 mi-

lhões de afro-brasileiros que, durante séculos, muito contribuíram para o

progresso do Brasil.

Convidamos as escolas, paróquias e movimentos envolvidas com

a promoção da cultura afro para adquirirem essa coleção como um

ótimo subsídio para uma grande e oportuna campanha cultural/edu-

cativa nas escolas e comunidades.

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