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Nutrição e Esquizofrenia Schizophrenia and Nutrition Cristiana Gonçalves Martins Orientada por: Mariana Fernandes Oliveira Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE Revisão Temática 1º Ciclo em Ciências de Nutrição Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Porto, 2012

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Nutrição e E squizofrenia Schizophrenia and Nutrition

Cristiana Gonçalves Martins

Orientada por: Mariana Fernandes Oliveira

Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE

Revisão Temática

1º Ciclo em Ciências de Nutrição

Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

Porto, 2012

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Dedicatória

"Preciso da minha mãe, não importa a idade que tenho.

A minha mãe faz-me sorrir, limpou-me as lágrimas, deu-me beijinhos e carinho,

viu-me conseguir, viu-me cair, inspirou-me.”

Àquela que sempre me acompanhou e acompanhará.

Um exemplo de vida e de mulher! O meu orgulho…

À minha Super Mãe!

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Lista de Abreviaturas

5-HT : Serotonina

AG : Ácidos Gordos

AGPI : Ácidos Gordos Polinsaturados

Ca : Cálcio

CN : Carência Nutricional

Cu : Cobre

DA : Dopamina

DCV : Doenças Cardiovasculares

DHA : Ácido Decosanóico

EPA : Ácido Eicosapentanóico

Fe : Ferro

GLT : Glutamato

GS : Gordura Saturada

GT : Gordura Total

HC : Hidratos de Carbono

IMC : Índice de Massa Corporal

Mn : Manganésio

NMDA : N-metil-D-aspartame

NR1 : Subunidade 1 do recetor NMDA

NT : Neurotransmissor

RDA : Recomended Dietary Allowance

Se : Selénio

SNC : Sistema Nervoso Central

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TF : Terapia Farmacológica

TN : Terapia Nutricional

UI : Unidade Internacional

Zn : Zinco

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Resumo

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica em que se verifica uma alternância

entre períodos sintomáticos com assintomáticos. Esta é uma patologia com uma

forte predisposição genética, no entanto, também fazem parte da sua etiologia os

fatores ambientais. Várias hipóteses foram elaboradas para explicar a

fisiopatologia da esquizofrenia, entre elas constam a desregulação do sistema

dopaminérgico, serotonérgico, glutaminérgico e GABAminérgico.

O tratamento da esquizofrenia passa pelo controlo dos sintomas através da

utilização de antipsicóticos. A nutrição tem vindo a evidenciar-se como uma

terapia adjuvante, suportada ou não pela suplementação. No que respeita à

Terapia Nutricional (TN), realça-se a nutrição pré-natal, os ácidos gordos

polinsaturados (AGPI) da série n-3 e n-6, a vitamina D e alguns aminoácidos e

minerais. Defende-se que uma nutrição pré-natal adequada está correlacionada

com a diminuição do risco e incidência de esquizofrenia. Durante a infância e

adolescência os níveis de vitamina D e de AGPI da série n-3 e n-6 são

importantes, uma vez que quando se encontram diminuídos são fatores de risco

para o desenvolvimento de esquizofrenia e agravamento da sintomatologia.

Minerais como o manganésio (Mn), ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn), selénio (Se)

e cálcio (Ca) são responsáveis por manter o equilíbrio bioquímico do organismo e

os seus níveis encontram-se alterados em doentes esquizofrénicos e por isso é

necessário a sua monitorização.

Portanto, a TN é fundamental para melhorar o estado mental dos doentes com

esquizofrenia e pode complementar a terapia farmacológica (TF).

Palavras-chave: Esquizofrenia, AGPI, Vitamina D, Aminoácidos, Minerais.

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Abstract

Schizophrenia is a psychiatric condition in which there is an alternation

between asymptomatic and symptomatic periods. This is apathology with a strong

genetic predisposition, however, the environmental factors also make part of its

etiology. Several hypotheses have been formulated to explain the pathophysiology

of schizophrenia, among them included the deregulation of the dopaminergic

system, serotonergic, glutaminergic and GABAminergic.

The treatment for schizophrenia is the control of symptoms by using

antipsychotics. It has been shown that Nutrition is important as an adjuvant

therapy, supported or not by supplementation. In terms of Nutritional Therapy

(TN), emphasis is placed in prenatal nutrition, polyunsaturated fatty acids (PUFA)

of the n-3 and n-6 series, vitamin D and some amino acids and minerals. It is

argued that an adequate prenatal nutrition is correlated with decreased risk and

incidence of schizophrenia. During childhood and adolescence levels of vitamin D

and PUFA n-3 and n-6 series are important, since they are diminished when they

are risk factors for the development of schizophrenia and worsening of symptoms.

Minerals such as manganese (Mn), iron (Fe), copper (Cu), zinc (Zn), selenium

(Se) and calcium (Ca) are responsible for maintaining the biochemical balance of

the body and its levels are altered in schizophrenic patients and therefore their

monitoring is necessary.

Therefore, the TN is essential to improve the mental state of patients with

schizophrenia and can complement pharmacological therapy (TF).

Key-words: Schizofrenia, PUFA, Vitamin D, Amino acids, Minerals.

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Índice

1. Introdução .............................................................................................. pág.01

2. Desenvolvimento ................................................................................... pág.04

2.1. Padrão Alimentar .............................................................................. pág.04

2.2. Nutrição pré-natal ............................................................................ pág.05

2.3. O papel dos Ácidos Gordos Poliinsaturados da série n-3 e

série n-6 ........................................................................................... pág.06

2.4. O papel da Vitamina D .................................................................... pág.09

2.5. O papel dos Aminoácidos ................................................................ pág.10

2.6. O papel dos Minerais ....................................................................... pág.12

3. Conclusão .............................................................................................. pág.15

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1. Introdução

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica, caraterizada por uma distorção da

perceção da realidade e por perturbações do pensamento, da atividade social,

dos sentimentos e do comportamento motor, resultando em psicoses

exacerbadas, que alternam com períodos de remissão parciais. [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]

Os primeiros sintomas surgem habitualmente no final da adolescência ou no início

da idade adulta. [1] [3] [7] [9] [10] Carateriza-se por apresentar sintomas positivos,

como alucinações, delírios, perturbações do pensamento, da linguagem e

sentimentos e/ ou sintomas negativos, entre os quais o isolamento, perda de

volição e depressão, resultando numa disfunção do comportamento. [1] [5] [7] [10] [11]

[12] Verifica-se também uma disfunção cognitiva, levando a défices de atenção,

processamento de informação, aprendizagem e memória. [5] [7] [12] Trata-se de uma

patologia multifatorial, cujos principais fatores de risco são a predisposição

genética e os fatores ambientais, designadamente, uma alimentação e estilos de

vida não saudáveis. [4] [7] [8] [9] [13] [14] [15] [16] [17] A exposição aos diversos fatores

ambientais nos diferentes estadios de desenvolvimento poderá explicar a

manifestação tardia da doença. [7] [8] [13] [15] [16] [18] [19] [20]

A esquizofrenia afeta 15,2 por 100 000 indivíduos e a probabilidade de

desenvolver esquizofrenia é de 7.2 por 1000 indivíduos e é mais provável no sexo

masculino (3:2). [7] [21] A esperança média de vida dos doentes esquizofrénicos é

de 10 a 20 anos menor que a população em geral. [7] [8] [21] [22] [23] A esquizofrenia

está associada a um elevado risco de suicídio, de 4 a 9% maior do que a

população em geral, no entanto, a principal causa de morte prematura deve-se às

causas naturais, principalmente às doenças cardiovasculares (DCV). [8] [21] [22] [23]

[24] [25] [26] [27] [28]

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O diagnóstico de esquizofrenia é baseado nos critérios da 4ª Edição do

Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-IV) ou nos

critérios da 10ª Edição da Classificação Internacional de Doenças (ICD-10). [7] [8]

Uma vez que nenhum dos sintomas clínicos é patognómico, e não existem testes

com sensibilidade e especificidade para um diagnóstico decisivo, este é de

exclusão. [1] O indivíduo deverá apresentar uma disfunção significativa na área

social e ocupacional, pelo menos por seis meses, e deve estar excluída qualquer

hipótese de uma causa orgânica, como o consumo de drogas. [1] [7] [8]

Nos doentes com esquizofrenia verificam-se alterações a nível neurológico:

redução do volume generalizado do cérebro, do lobo frontal e temporal;

diminuição do número e densidade de neurónios; e diminuição das sinapses,

afetando o sistema da dopamina (DA), serotonina (5-HT), glutamato (GLT) e do

GABA. [1] [5] [7] [8] [11] [13] [29] [30] [31] [32] Na hipótese dopaminérgica considera-se que

existe uma desregulação da função e expressão dos transportadores da DA,

coexistindo uma hiperfunção dopaminérgica no sistema mesocortical, da qual

resultam os sintomas negativos, e de uma hipofunção dopaminérgica no sistema

mesolímbico, responsável pelos sintomas positivos. [1] [11] [29] [30] [33] O sistema

serotonérgico está implicado no mecanismo patogénico da esquizofrenia, uma

vez que, os neurónios serotonérgicos têm efeitos moduladores nos neurónios

dopaminérgicos. [7] Relativamente à hipótese glutaminérgica, esta defende que o

GLT apresenta um papel proeminente na esquizofrenia, pois há uma alteração na

expressão dos seus transportadores, o que resulta numa alteração do sinal

glutaminérgico. [29] [30] [31] Em indivíduos com esquizofrenia verifica-se, ainda, uma

deficiência na mediação do GLT, envolvendo um subtipo do seu recetor N-metil-

D-aspartame (NMDA) bem como do recetor do neurotransmissor (NT) GABA, ou

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seja, foi observada uma diminuição da expressão da subunidade 1 do recetor

NMDA (NR1) e uma hipofunção GABAminérgica. [7] [5] [11] [29] [30] [32]

A TF da esquizofrenia passa pelo controlo dos sintomas com recurso a

antipsicóticos clássicos, como a Cloropromazina e Haloperidol, e antipsicóticos

atípicos, nomeadamente a Clozapina e Sulpiride. [1] [2] [5] [12] [29] [32] [34] [35]

A TN assume um papel importante na saúde mental, uma vez que o cérebro

necessita de macro e micronutrientes para o seu desenvolvimento e

funcionamento. [36] [37] Assim, alguns estudos demonstram que a TN pode,

efetivamente, reduzir os sintomas típicos da esquizofrenia e a sua incidência. [3] [4]

[36] [38] [37] As escolhas terapêuticas devem ser feitas tendo em conta cada caso

como um caso singular, considerando, não só a sua eficácia, mas também as

questões relacionadas com o peso, uma vez que alguns estudos revelam que

indivíduos com esquizofrenia apresentam um índice de massa corporal (IMC)

superior ao da população em geral e que o sexo feminino é mais vulnerável ao

aumento de peso. [23] [24] [25] [27] [38] [39] [40] [41] Este aumento ponderal pode dever-se à

TF que, possivelmente, aumenta o apetite e diminui o metabolismo basal ou tem

efeitos laterais endócrinos. [23] [27] [38] [39] [40] [41] Enquanto a etiologia do aumento de

peso em indivíduos com esquizofrenia permanece incerta, existe um consenso

que a sobrecarga ponderal está associada a diversas co-morbilidades, tais como:

a Diabetes Mellitus, dislipidemia, apneia do sono, hipóxia crónica, doença articular

degenerativa e algumas neoplasias e é, por si só, um fator de risco para DCV. [23]

[27] [38] [39] [40] [41] [42] É plausível que um aumento de peso na ordem dos 5% possa

resultar em aumento do risco da morbilidade e mortalidade precoce. [40] Assim

sendo, torna-se importante considerar métodos que minimizem o impacto do

ganho de peso induzido pela TF. [40]

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2. Desenvolvimento

2.1. Padrão Alimentar

A prevalência das doenças psiquiátricas tem aumentado nos países

desenvolvidos em correlação com a deterioração da dieta ocidental, o que

contribui para défices nutricionais em AGPI da série n-3, vitaminas, minerais e

aminoácidos, que são as carências nutricionais (CN) mais comuns nestas

patologias. [3]

O consumo de peixe correlaciona-se positivamente com a baixa incidência de

doenças mentais, consequência direta da ingestão de AGPI da série n-3. [3] [38] [42]

A Organização Mundial de Saúde relatou que em países que apresentam uma

ingestão elevada de gordura total (GT), gordura saturada (GS) e alimentos com

elevado índice glicémico apresentam um agravamento da sintomatologia da

esquizofrenia. [38] A mais consistente correlação encontrada da esquizofrenia e a

alimentação conclui que o aumento do consumo de açúcar refinado, de carne, de

ovos, e em menor grau, de lacticínios e álcool resulta num agravamento do

estado mental nos esquizofrénicos. [3] [38] [42]

Os indivíduos com esquizofrenia como um grupo aparentam ter uma

sobrealimentação, mas as percentagens derivadas da GT, proteína e hidratos de

carbono (HC) não são diferentes da população em geral. [39] [41] Foi observado que

a alimentação dos doentes esquizofrénicos era elevada em GT e baixa em fibras

e vitaminas (consomem mais natas e chocolate, bebem mais bebidas

gaseificadas e consomem menos óleos vegetais e nozes, que são reconhecidos

como boas fontes de antioxidantes bem como de AGPI). [38] [39] No entanto,

existem poucos estudos que examinem sistematicamente o padrão alimentar dos

indivíduos esquizofrénicos. [39]

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2.2. Nutrição pré-natal

Durante a gravidez é necessário aumentar o aporte de nutrientes de forma a

satisfazer o crescimento e desenvolvimento normal do feto, pois as CN neste

período representam uma das causas mais comuns de doença e incapacidade à

nascença. [43] [44] [45] Existe um crescente de evidências epidemiológicas que

correlacionam as CN e o aumento do risco de esquizofrenia, uma vez que, uma

nutrição pré-natal adequada é essencial para o desenvolvimento do cérebro e

para o bem-estar na idade adulta. [16] [19] [43] [44] [45] [46] [47] Existem alguns candidatos

com plausibilidade biológica com um papel na esquizofrenia, nomeadamente a

vitamina D, ácido fólico, Fe, Zn e Cu. [9] [15] [16] [20] [43] [44] [45] [46] [47] [48] [49] Tem-se

colocado em hipótese que a deficiência pré-natal de vitamina D é um fator de

risco para a esquizofrenia, suportado pelo papel desta vitamina no crescimento e

diferenciação celular, pelo nascimento de indivíduos com esquizofrenia no inverno

e pelo aumento de nascimentos de indivíduos com esquizofrenia em meios

urbanos. [9] [47] [48] Segundo Thorne-Lymon et al durante a gravidez a

suplementação em vitamina D deverá ser de 4000 UI por dia, por outro lado,

Wagner et al defende que a suplementação deveria ser entre 2000 a 4000 UI por

dia. [50] [51] No que respeita à suplementação pré-natal em ácido fólico, sabe-se

que diminui a probabilidade de desenvolver alterações neurológicas e supõe-se

que diminui a incidência de esquizofrenia. [43] [47] Diversos estudos referem que a

suplementação em ácido fólico deverá de ser de 0,4 mg por dia, enquanto o

estudo de Richard-Tremblay et al refere que deveria ser entre 0,4 e 1mg por dia.

[52] [53] [54] [55] O Fe e o Cu são essenciais no metabolismo para que haja um ótimo

desenvolvimento do cérebro, portanto a suplementação nestes minerais em 30 a

60mg por dia e 1mg por dia, respetivamente, beneficia o prognóstico pós-natal. [15]

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[43] [44] [45] [46] [47] [54] [56] [57] [58] A deficiência em Zn origina anomalias neurológicas

com alterações quer na estrutura quer na função do cérebro, por isso é

necessário manter as concentrações plasmáticas adequadas ao ótimo

desenvolvimento do feto. [20] A Recomended Dietary Allowance (RDA) de Zn é de

15mg por dia e no que respeita à suplementação durante a gravidez, Chaffee et al

defende que deverá ser de 50mg por dia, Mahomed et al de 15 a 44mg por dia e

Piechal et al de 100 a 120mg por dia. [59] [60] [61]

A deficiência pré-natal em AGPI da série n-3 está associada a uma redução do

volume do cérebro, do perímetro cefálico, do aumento dos défices cognitivos e

intimamente relacionado com o desenvolvimento da esquizofrenia. [19] [47] [48]

Portanto, pode relacionar-se o baixo consumo de pescado durante a gravidez

com o aumento do risco para um sub-ótimo desenvolvimento neural na infância,

dado que estes alimentos ricos em AGPI da série n-3 são essenciais para o

desenvolvimento cerebral e comportamental. [9] [19] [47] [48]

As CN podem ser associadas ao aumento do risco de desenvolver

esquizofrenia, especialmente a desnutrição proteico-energética. [16] [43] [47] [49] No

entanto, mais estudos são necessários para explorar a associação entre a CN e o

risco de desenvolver esquizofrenia. [43]

2.3. O papel dos Ácidos Gordos Poliinsaturados da s érie n-3 e série n-6

O sistema nervoso central (SNC) é um dos sistemas do organismo com maior

conteúdo de lípidos, e 35% dos lípidos do cérebro de um indivíduo são AGPI. [2]

As membranas dos neurónios são largamente formadas por fosfolípidos que, por

sua vez, são ricos em AGPI, principalmente os AGPI da série n-3 e n-6, que

necessitam de ser obtidos através da alimentação. [9] Os AGPI atuam na

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sinalização celular, na regulação enzimática, na síntese de eicosanoides, na

regulação da migração neural, na determinação da plasticidade sináptica e

modulação de citocinas. [2] Paralelamente, encontram-se, em vários estudos

baixos níveis de AGPI da série n-3 e n-6 no conteúdo cerebral em doentes com

esquizofrenia quando comparados com a população saudável. [2] [9] [62] Apesar da

etiologia incerta da esquizofrenia, existem evidências que apontam para um

metabolismo anormal dos fosfolípidos, particularmente na composição dos ácidos

gordos (AG) das membranas celulares. [2] [9] [36] [38] [62] [63]

Diversos estudos encontraram uma correlação positiva entre a melhoria do

prognóstico de esquizofrenia e o baixo consumo de GT e de GS. [2] [38] [42] [48] Pelo

contrário, associou-se a sintomas mais severos a baixa ingestão de hortícolas e

pescado ricos em AGPI da série n-3, que é suportado por melhores prognósticos

do desenvolvimento da patologia em países onde existe maior consumo destes

AG, especialmente o ácido eicosapentanóico (EPA). [2] [3] [9] [42] [62] [63] [64] Contudo,

uma excessiva ingestão de peixes gordos, associa-se a um aumento do risco de

sintomas psicóticos. [9] Este facto pode dever-se a constituintes tóxicos que se

acumulam nos peixes gordos, como por exemplo, poluentes ambientais como

bifenilos policlorados e dioxinas. [9] Zendegs et al realizaram um estudo clínico em

que os doentes com esquizofrenia receberam diariamente óleo rico em EPA

(2g/dia), óleo rico em ácido decosanóico (DHA) (2g/dia) ou placebo, por 3 meses.

[2] Relatou-se melhoria nos sintomas positivos no grupo EPA e que alguns

indivíduos não necessitaram de TF, enquanto a resposta terapêutica no grupo

tratado com DHA não diferiu do placebo. [2] Outros estudos, testaram a eficácia da

suplementação com etil-EPA (2g/dia), durante algumas semanas. [63] [65]

Observaram-se melhorias dos sintomas típicos da patologia. [63] [65] Estes mesmos

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estudos referem que a dose adequada seria no máximo de 3g por dia de etil-EPA.

[63] [65] Em doentes esquizofrénicos, a suplementação com DHA inibe o efeito do

EPA por isso recomenda-se apenas EPA, uma vez que o organismo sintetiza no

DHA que necessita. [3]

O efeito dos AGPI da série n-3 é superior ao efeito do etil-EPA, dado que, este é

obtido através da hidrolisação dos fosfolípidos e triacilgliceróis, deixando, por isso,

de ser um produto natural e ficando a sua biodisponibilidade diminuída. [2] [64] Os

efeitos biológicos dos AGPI da série n-3 e n-6 na etiologia dos sintomas

psiquiátricos podem ser muito diferentes e o equilíbrio entre a ingestão entre

estes AG pode ser importante e um forte preditor do desenvolvimento de

esquizofrenia. [9] Um elevado ratio de ingestão AGPI da série n-3: AGPI da série

n-6 favorece o metabolismo dos AGPI da série n-3, deste modo, foi proposto que

o ratio n-3:n-6 possa ser mais importante, uma vez que, a ingestão de AGPI da

série n-6 está significativamente associada a uma diminuição relativa do risco dos

sintomas psicóticos. [9]

Por conseguinte, sugere-se que os indivíduos com esquizofrenia sejam

encorajados a praticarem uma alimentação saudável, rica em EPA e, caso a

quantidade ideal não seja atingida através da alimentação, é possível que a

suplementação de AGPI da série n-3 seja benéfica, pois apresenta também um

efeito protetor do sistema circulatório e das DCV. [2] [63] [64] Ainda que a maioria dos

estudos avaliados não tenham relatado efeitos adversos associados à

suplementação de AGPI da série n-3, os profissionais da área de saúde devem

estar cientes de uma possível diminuição do tempo de coagulação e dos níveis de

colesterol total e HDL. [2] [63]

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2.4. O papel da Vitamina D

Para além do seu efeito a nível da homeostasia do Ca e tecido ósseo, a

vitamina D, é indutora de fatores neurotróficos e reguladora de NT. [9] [37] [66] [67]

Como os seus recetores se localizam no SNC em desenvolvimento, esta vitamina

desempenha um papel na maturação do cérebro humano. [9] [37] [66] [67] O seu défice

é considerado um fator de risco para o desenvolvimento de esquizofrenia. [9] [66] [67]

[68] Alguns estudos demonstram diversas funções e consequências da diminuição

da vitamina D por todo o cérebro, merecendo a classificação de neuroesteróide,

uma vez que para a síntese de certas enzimas é necessário a existência do

recetor da vitamina D. [67] Existem, ainda, evidencias que a deficiência em

vitamina D pode alterar o sistema dopaminérgico e/ ou glutaminérgico. [66]

Como mencionado anteriormente, diversos estudos epidemiológicos mostram

que existe um aumento do risco de desenvolver esquizofrenia entre aqueles que

nascem no inverno e na primavera, os que vivem em zonas de maior latitude, nas

pessoas que nascem em meios urbanos, na segunda geração de imigrantes de

raça negra, naqueles em que o défice de vitamina D está presente no periodo pré-

natal, principalmente em mães de raça negra e nos indivíduos que migraram de

países frios. [9] [16] [18] [47] [48] [66] [67] [69]

A suplementação em vitamina D pode ser uma intervenção capaz de melhorar

os sintomas da esquizofrenia e diminuir o recurso a outros tratamentos. [68] Sabe-

se que nesta patologia está associada ao aumento do stresse oxidativo, no

entanto a dosagem de suplementação em vitamina D indicada para indivíduos

esquizofrénicos permanece por aferir. [68] A RDA de vitamina D para as crianças é

de 600 UI por dia e a American Academy of Pediatrics recomenda a

suplementação em 400 UI por dia. [68] No entanto, apenas se verifica eficiente em

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indivíduos com deficiência nesta vitamina, devendo-se primeiro recorrer à TN com

fontes alimentares ricas na mesma. [68]

2.5. O papel dos Aminoácidos

A fisiopatologia da esquizofrenia associa-se a distúrbios no metabolismo dos

aminoácidos, que pode ser posto em causa pela ingestão de HC e proteína, uma

vez que têm influência na biodisponibilidade de triptofano e tirosina para a síntese

de 5-HT e DA, respetivamente. [3] [70] [71] Mais importante que a concentração

plasmática de triptofano é o ratio entre o triptofano e outros aminoácidos, como a

vanila, leucina, tirosina e fenilalanina e este ratio encontra-se diminuído nos

indivíduos com esquizofrenia. [70] [72] Esta diminuição não é causada pela

deficiência de triptofano mas pelo aumento da concentração dos aminoácidos

referidos anteriormente. [70] A depleção de triptofano é uma ferramenta importante

para avaliar a função da 5-HT, uma vez que, uma diminuição dos níveis

plasmáticos de triptofano, menor será a quantidade que ultrapassa a barreira

hemato-encefálica e, por isso, menor a produção deste NT. [72] Uma metanálise

de Bell et al refere que a depleção de triptofano exacerba os sintomas

depressivos e que não existem efeitos quer nos sintomas negativos como nos

positivos, enquanto noutro estudo os sintomas negativos agravam. [72]

Contrariamente, estudos recentes revelam que a depleção de triptofano em

doentes esquizofrénicos em TF acarretou melhorias na função cognitiva. [70] [72]

Desta forma, uma alimentação com restrição neste aminoácido (160mg/dia) é

preditora de um bom prognóstico na esquizofrenia, uma vez que se verifica uma

diminuição da libertação de 5-HT no córtex. [71] [72]

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A glicina é um aminoácido que funciona como NT inibitório no SNC. [73] No

entanto, este aminoácido, tal como a serina, atua como co-agonista do recetor

NMDA, tendo função excitatória, melhorando os sintomas da esquizofrenia

quando se recorre à TF, nomeadamente a Clozapina. [31] [73] [74] [75] Para além disto,

sugere-se que o recetor da glicina GlyT1 medeia a libertação de DA no córtex pré-

frontal, o que pode ser significante na regulação do sistema dopaminérgico. [11] Os

níveis plasmáticos de glicina estão diminuídos em doentes esquizofrénicos e

encontram-se negativamente correlacionados com os sintomas negativos. [31] [75]

A administração oral de glicina aumenta os níveis plasmáticos deste aminoácido e

sugere-se que a suplementação pode atuar nos recetores NMDA e não nos

recetores da glicina, aumentando os níveis de 5-HT, que se traduz numa

diminuição dos sintomas negativos. [3] [31] [73] [75] Um estudo revelou que a

suplementação de glicina de 1 a 2g por kg de peso por dia pode ser administrada

sem produzir efeitos adversos e que esta dose conduziu a um aumento do nível

de glicina no fluido cerebral, que por sua vez vai atuar como co-agonista do

recetor NMDA, melhorando os sintomas. [3] [73] [74] O ratio plasmático de

glicina:serina encontra-se diminuído em indivíduos esquizofrénicos, mas isto não

se verifica no fluido cerebral. [31] Em doentes esquizofrénicos, foram observados

níveis plasmáticos elevados de serina total e L-serina e níveis plasmáticos baixos

de D-serina e que a concentração de serina total diminui com a TF. [31] [70] A

suplementação com 2g por kg de peso de D-serina provoca um aumento da

libertação de 5-HT e DA e o seu efeito é mais duradouro que o da suplementação

com glicina, o que não se verifica com a suplementação de L-serina. [73]

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A TF, nomeadamente com Clozapina, aumenta os níveis plasmáticos de GLT

e aspartato. [31] [70] Adicionalmente, os níveis de GLT, correlacionam-se

inversamente com os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. [70]

Contudo, alterações nos níveis plasmáticos dos aminoácidos nem sempre são

associadas a melhorias da sintomatologia em doentes esquizofrénicos em TF,

pois, é possível que os níveis plasmáticos variem de acordo com o antispicótico

administrado. [31] O efeito dos antipsicóticos no metabolismo destes aminoácidos

e nas disfunções cerebrais necessitam ainda de ser sujeitos a mais estudos. [31]

2.6. O papel dos Minerais

Alguns oligoelementos são vitais para o metabolismo e mecanismos

fisiológicos no organismo, portanto, desequilíbrios nos seus níveis plasmáticos

podem associar-se a diversas patologias. [6] [10] Os oligoelementos como o Mn, Fe,

Cu, Zn, Se e o Ca têm um importante papel nas vias metabólicas e encontram-se

em concentrações alteradas no plasma dos esquizofrénicos. [4] [10] [76] [77] [78]

Presume-se, então, que um excesso ou deficiência em algum destes elementos

pode estar relacionado com a fisiopatologia da esquizofrenia. [4] [10]

Em doentes esquizofrénicos, observaram-se baixos níveis plasmáticos de Mn

o que origina um aumento da atividade da sintetase do óxido nítrico e,

consequentemente, do óxido nítrico que atua no córtex destes indivíduos, que

influenciam a libertação pré-sináptica do GLT. [4] [78]

O Fe é um elemento essencial para manter o normal funcionamento do SNC e

os seus níveis plasmáticos encontram-se diminuídos em indivíduos com

esquizofrenia. [4] [6] [37] [78] A diminuição da biodisponibilidade de Fe no cérebro

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afeta a sua bioquímica, a produção de NT, a função do sistema dopaminérgico e

a função cognitiva que, por sua vez, estão associados à esquizofrenia. [4] [6]

Arinola et al refere não haver diferenças significativas nos níveis plasmáticos

de Cu, no entanto, em alguns estudos foram encontrados níveis elevados de Cu

no plasma de doentes esquizofrénicos. [4] [10] [17] [76] [78] O Cu é um elemento que

faz parte de muitas metaloenzimas, incluindo a tirosina e dopamina β-hidroxilase

e estas enzimas, por sua vez, estão envolvidas na síntese da DA e da

noradrenalina, as quais estão intimamente relacionadas com a esquizofrenia. [4]

[37] [76] Um excesso de cobre plasmático pode levar a uma desregulação do

sistema dopaminérgico. [76]

O Zn é necessário para a maturação e funcionamento do cérebro e a sua

concentração parece estar associada à esquizofrenia, uma vez que baixos níveis

deste oligoelemento no cérebro resultam em disfunções cerebrais e dificuldade de

aprendizagem. [17] [37] Pensa-se que pode ser um neuromodelador, influenciando a

ação de NT. [10] [17] Diversos estudos encontraram níveis plasmáticos de Zn mais

baixos em doentes esquizofrénicos do que a população em geral. [4] [10] [17] A

suplementação em Zn poderá ser benéfica, uma vez que, normalizando os seus

níveis plasmáticos verifica-se melhorias da sintomatologia. [17] No entanto, apenas

os doentes com deficiência neste oligoelemento podem beneficiar da

suplementação. [17] As necessidades de Zn para homens e mulheres adultos são,

respetivamente, 11mg e 8 mg por dia, e a sua suplementação nunca deve

ultrapassar as 40 mg. [17] A suplementação em Zn deverá ser feita em jejum e

nunca em conjunto com outros suplementos minerais, uma vez que estes

diminuem a sua biodisponibilidade pela competição a substâncias endógenas que

aumentam a sua absorção. [17]

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Existem evidências que sugerem que o Se pode ter funções especializadas no

SNC. [4] [37] Os indivíduos com esquizofrenia apresentam níveis sanguíneos de Se

diminuídos, concentrações que podem contribuir para uma suscetibilidade para

complicações cardíacas, devido à sua participação nas funções da peroxidase do

glutatião e no stresse oxidativo. [37] [77] [78]

É possível que o Ca também esteja envolvido nos défices estruturais e

cognitivos característicos da esquizofrenia e, por um lado, estudos defendem que

os seus níveis plasmáticos apresentam-se diminuídos e, por outro, são

encontrados níveis aumentados no fluido cerebroespinal. [6] [10] [33] Possíveis

modificações na sinalização do Ca podem estar implicadas no sistema

dopaminérgico e glutaminérgico, uma vez que, este mineral é necessário para a

captação de DA para as vesiculas sinápticas e para a atividade do recetor NMDA

da 5-HT. [6] [33]

3. Conclusão

A esquizofrenia é uma doença multifatorial com uma forte componente

genética e ambiental. [1] [2] [3] [4] [5] [6] [9] [13] [14] [15] [16] [17]

Diversos estudos concluem que uma nutrição pré-natal adequada se

correlaciona com a diminuição do risco de desenvolver esquizofrenia, merecendo

particular atenção a vitamina D, o ácido fólico, o Fe, o Zn e o Cu. [9] [15] [16] [19] [20] [43]

[44] [45] [46] [47] [48] [49] A TN com AGPI da série n-3, especialmente em EPA, ou da

série n-6 tem sido relatada como benéfica em indivíduos com esquizofrenia,

correlacionando-se com um menor risco de sintomas psicóticos. [2] [3] [9] [62] [63] [64]

[65] Em decorrência do declínio da ingestão de AGPI da série n-3 pela

humanidade ao longo dos séculos, presume-se que os indivíduos com

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esquizofrenia possam obter a quantidade ótima destes AG através do aumento do

consumo de fontes alimentares ricas neste nutriente, não implicando, em

princípio, a suplementação. [2] Tal como na nutrição pré-natal, a deficiência em

vitamina D ao longo da infância e adolescência tem sido proposta como sendo um

fator de risco para o desenvolvimento de esquizofrenia. [9] [66] [67] [68]

Oligoelementos como o Mn, Fe, Cu, Zn, Se e Ca, encontram-se em

concentrações plasmáticas alteradas em doentes esquizofrénicos, afetando

alguns mecanismos biológicos relacionados com a fisiopatologia da esquizofrenia.

[4] [6] [10] [17] [33] [76] [77] [78]

A nutrição é uma parte importante na saúde mental do ser humano, no

entanto, a TN tornou-se um método terapêutico muitas vezes preterido, sobretudo

pela falta de ensaios clínicos que investiguem a importância da mesma. [3] [37] Um

diagnóstico e uma clara descrição de todos os possíveis tratamentos deve ser o

primeiro plano de ação quando se trata doenças psiquiátricas. [3] Contudo, a

decisão final se deve ou não optar pela TN como forma de tratamento deve ser

baseada nas preferências do doente. [3] Os profissionais de saúde devem estar

informados sobre todas as TN disponíveis, doses apropriadas e possíveis efeitos

laterais de forma a fornecer alternativas e tratamentos complementares aos seus

doentes. [3]

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