FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do...

58
FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO Isadora Pianezzola Campetti Moradia Estudantil no centro de Passo Fundo Passo Fundo 2017

Transcript of FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do...

Page 1: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

1

FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

Isadora Pianezzola Campetti

Moradia Estudantil no centro de Passo Fundo

Passo Fundo

2017

Page 2: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

2

Isadora Pianezzola Campetti

Moradia Estudantil no centro de Passo Fundo

Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação do Professor(a) Mestre Rafaela Simonatto Citron.

Passo Fundo

2017

Page 3: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

3

Isadora Pianezzola Campetti

Moradia Estudantil no Centro de Passo Fundo

Banca Examinadora

Prof. Me. Rafaela Simonato Citron

Orientador(a)

Me. Amanda Schuler Bertoni

Membro avaliador

NOME E TITULAÇÃO

Membro avaliador

Passo Fundo

2017

Page 4: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

4

AGRADECIMENTOS

Ao Pai do Céu, por me proporcionar essa vida maravilhosa.

Aos meus pais, Lisangel e Otavio, por todo o apoio, paciência, preocupação e amor

incondicional durante a minha caminhada. Por estarem sempre dispostos a ajudar a realizar

todos os meus sonhos e muitas vezes, colocar minhas necessidades antes das suas. Amo

vocês.

Ao meu namorado, Tales, por me tranquilizar e melhorar meu astral em todos os

momentos difíceis que passei nos últimos anos, por estar sempre disposto a ajudar, e por

torcer sempre por mim. Você é demais!

Aos meus familiares e amigos do coração, que sempre me aconselharam, acalmaram

e torceram pelo meu sucesso.

Aos colegas da faculdade e novos amigos, por compartilharem conhecimentos e

angústias.

À minha orientadora, Rafaela, a todos os professores e à instituição, por dividirem o

conhecimento, indicarem o caminho a seguir e despertarem a paixão pela arquitetura que

sempre morou em mim.

Page 5: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

5

RESUMO

O presente trabalho trata de uma Moradia Estudantil no Centro de Passo Fundo/RS. O projeto

surge da necessidade de fornecer habitação adequada para os estudantes de toda a região,

levando em conta que a presente cidade é polo educacional. O edifício visa atender esta

crescente demanda, ao mesmo tempo que proporcione as melhores condições de estudo,

conhecimento e crescimento, tanto pessoal como profissional, para os seus moradores. O

foco deste projeto é a adaptação dos estudantes nesta nova etapa da vida através da

integração entre os moradores, possibilitando a troca de experiências e partilha. Os estudos

realizados neste trabalho abordam desde fundamentação teórica para melhor entendimento

do assunto, levantamento da área de implantação do projeto e entorno, estudos iniciais e

elaboração de projeto até a fase de anteprojeto.

Palavras-chave: Moradia Estudantil. Habitação. Conhecimento. Crescimento.

Integração.

ABSTRACT

The present project treats about a Student House in the central region of Passo Fundo/RS.

The project emerges from the necessity of adequate housing for students of the whole region,

observing that this city is a educational center. The building aims to meet this growing demand,

while provides the best conditions of study, knowledge and personal and professional growth

to your users. The focus of this project is the student’s adaptation in this new stage through

integration between users, making possible the exchange experience and sharing. The studies

acomplished in this research include theoretical basis for a better understanding of the subject,

survey of the area, initial studies and development of the project.

Keywords: Student House. Housing. Knowledge. Growth. Integration.

Page 6: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Residencial Estudantil em Genebra ............................................................... 20

Figura 02 Área de Estudo ............................................................................................... 20

Figura 03 Malha Urbana de Genebra ............................................................................. 21

Figura 04 Jardim do Residencial .................................................................................... 21

Figura 05 Planta Baixa Primeiro Pavimento ................................................................... 22

Figura 06 Planta Baixa Tipo ........................................................................................... 22

Figura 07 Organograma e Legenda ............................................................................... 22

Figura 08 Organização Linear ........................................................................................ 22

Figura 09 Acesso com Rampa ....................................................................................... 22

Figura 10 Volume ........................................................................................................... 23

Figura 11 Dinamicidade através das lajes ..................................................................... 23

Figura 12 Ritmo .............................................................................................................. 23

Figura 13 Simetria .......................................................................................................... 23

Figura 14 Materiais Externos .......................................................................................... 24

Figura 15 Materiais Internos ........................................................................................... 24

Figura 16 Modulação Estrutural ..................................................................................... 24

Figura 17 Moradia Estudantil My Space ........................................................................ 25

Figura 18 Espaços de Convívio ..................................................................................... 25

Figura 19 Entorno My Space ......................................................................................... 25

Figura 20 Primeiro Pavimento ....................................................................................... 26

Figura 21 Segundo Pavimento ...................................................................................... 26

Figura 22 Terceiro ao Quinto Pavimento ....................................................................... 27

Figura 23 Sexto Pavimento ............................................................................................ 27

Figura 24 Organograma ................................................................................................. 27

Figura 25 Subtrações ..................................................................................................... 28

Figura 26 Ritmo e Dinamicidade .................................................................................... 28

Figura 27 Fachada Restaurada ...................................................................................... 29

Figura 28 Chaminé Preservada ...................................................................................... 29

Figura 29 Malha urbana Lisboa ...................................................................................... 29

Figura 30 Fachada Principal ........................................................................................... 29

Figura 31 Planta Baixa Subsolo ..................................................................................... 30

Figura 32 Planta Baixa Térrea ....................................................................................... 30

Figura 33 Planta Baixa Tipo 1 ........................................................................................ 31

Figura 34 Planta Baixa Tipo 2 ......................................................................................... 31

Page 7: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

7

Figura 35 Organograma Doorm ..................................................................................... 31

Figura 36 Organização Aglomerada ............................................................................... 32

Figura 37 Volumes Adicionados ..................................................................................... 32

Figura 38 Contato face a face ........................................................................................ 32

Figura 39 Simetria na fachada restaurada ..................................................................... 32

Figura 40 Simetria na fachada nova ............................................................................... 32

Figura 41 Fachada Restaurada ...................................................................................... 33

Figura 42 Sistema estrutural de aço ............................................................................... 33

Figura 43 Chapa metálica ondulada e vidro ................................................................... 34

Figura 44 Pintura Branca ................................................................................................ 34

Figura 45 País, Estado e Cidade de Implantação ........................................................... 35

Figura 46 Pontos Nodais ................................................................................................ 36

Figura 47 Instituições Relevantes .................................................................................. 36

Figura 48 Mapa Nolli ...................................................................................................... 37

Figura 49 Uso do Solo .................................................................................................... 37

Figura 50 Mapa de Alturas .............................................................................................. 38

Figura 51 Rede de Água ................................................................................................ 38

Figura 52 Rede de Esgoto .............................................................................................. 38

Figura 53 Rede Elétrica .................................................................................................. 39

Figura 54 Rede Verde .................................................................................................... 39

Figura 55 Intensidade de Tráfego ................................................................................... 39

Figura 56 Terreno ........................................................................................................... 40

Figura 57 Sombras 21 de dezembro, 9h ........................................................................ 40

Figura 58 Sombras 21 de dezembro, 15h ...................................................................... 40

Figura 59 Sombras 21 de junho, 9h ................................................................................ 41

Figura 60 Sombras 21 de junho, 15h .............................................................................. 41

Figura 61 Topografia do Terreno .................................................................................... 41

Figura 62 Boneco fotos e skylines .................................................................................. 42

Figura 63 Skyline 1 ......................................................................................................... 42

Figura 64 Skyline 2 ......................................................................................................... 42

Figura 65 Skyline 3 ......................................................................................................... 42

Figura 66 Skyline 4 ......................................................................................................... 42

Figura 67 Foto Terreno A ................................................................................................ 43

Figura 68 Foto Terreno B ............................................................................................... 43

Figura 69 Foto Terreno C ............................................................................................... 43

Figura 70 Foto Terreno D ............................................................................................... 43

Page 8: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

8

Figura 71 Módulo de referência ...................................................................................... 45

Figura 72 Giro Completo da Cadeira de Rodas .............................................................. 45

Figura 73 Conceito ......................................................................................................... 46

Figura 74 Conceito Gráfico ............................................................................................. 47

Figura 75 Estar Coletivo ................................................................................................. 48

Figura 76 Telhado Verde Habitável ................................................................................ 48

Figura 77 Espaço Pet ..................................................................................................... 48

Figura 78 Horta Coletiva ................................................................................................. 48

Figura 79 Paleta de Cores .............................................................................................. 49

Figura 80 Praça anexada a prédio ................................................................................. 49

Figura 81 Exemplo de Parklet ........................................................................................ 49

Figura 82 Organograma Projeto ..................................................................................... 51

Figura 83 Fluxograma .................................................................................................... 51

Figura 84 Zoneamento 1 ................................................................................................ 52

Figura 85 Zoneamento 2 ................................................................................................ 53

Figura 86 Zoneamento 3 ................................................................................................ 53

Figura 87 Zoneamento 4 ................................................................................................ 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Programa de Necessidades Residencial do Universidade de Genebra ......... 22

Tabela 02 Programa de Necessidades Moradia Estudantil My Space ........................... 26

Tabela 03 Programa de Necessidades Doorm Residência de Estudantes .................... 29

Tabela 04 Programa de Necessidades ........................................................................... 50

Page 9: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

9

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

1.1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1.2. TEMA DO PROJETO ................................................................................................. 11

1.3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ...................................................... 12

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 15

2.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 15

2.2. MORADIA ESTUDANTIL: HISTÓRICO ..................................................................... 15

2.3. HABITAÇÃO E HABITAÇÃO COLETIVA .................................................................. 15

2.4. MORADIA ESTUDANTIL ........................................................................................... 17

2.5. O USUÁRIO: O ESTUDANTE .................................................................................... 19

2.6. ESTUDOS DE CASO ................................................................................................. 20

2.6.1. Residência Estudantil do Instituto Universitário de Genebra ................................ 20

2.6.1.1. Autor e localização do projeto ................................................................................... 20

2.6.1.2. Implantação .............................................................................................................. 21

2.6.1.3. Programa de Necessidades ...................................................................................... 21

2.6.1.4. Funcionalidade ......................................................................................................... 22

2.6.1.5. Forma ....................................................................................................................... 23

2.6.1.6. Técnicas construtivas e materiais ............................................................................. 23

2.6.2. Moradia Estudantil My Space (Teknobyen Studentboliger) ................................... 24

2.6.2.1. Autor e localização do projeto ................................................................................... 25

2.6.2.2. Implantação .............................................................................................................. 25

2.6.2.3. Programa de Necessidades ...................................................................................... 26

2.6.2.4. Funcionalidade ......................................................................................................... 26

2.6.2.5. Forma ....................................................................................................................... 27

2.6.2.6. Técnicas construtivas e materiais ............................................................................. 28

2.6.3. Doorm Residência de Estudantes ............................................................................ 28

2.6.3.1. Autor e localização do projeto ................................................................................... 29

2.6.3.2. Implantação .............................................................................................................. 29

2.6.3.3. Programa de Necessidades ...................................................................................... 29

2.6.3.4. Funcionalidade ......................................................................................................... 30

2.6.3.5. Forma ....................................................................................................................... 32

2.6.3.6. Técnicas construtivas e materiais ............................................................................. 33

2.7. CONCLUSÃO DO CAPÍTULO ........................................................................................ 34

Page 10: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

10

CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ............................................ 35

3.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 35

3.2. CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ............................................................................... 35

3.3. MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES ................................... 36

3.4. INFRAESTRUTURA URBANA ....................................................................................... 38

3.5. CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO ..................................................... 39

3.6. SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS ............................................................ 43

3.6.1. Plano Diretor de Passo Fundo .................................................................................. 43

3.6.2. Código de Obra .......................................................................................................... 44

3.6.3. NBR 9050 e NBR 9077 ............................................................................................... 44

CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS .................................................. 46

4.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 46

4.2. CONCEITO DO PROJETO ............................................................................................. 46

4.3. DIRETRIZES DE ARQUITETURA .................................................................................. 47

4.4. DIRETRIZES URBANÍSTICAS ....................................................................................... 49

CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL ......................................................................................... 50

5.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 50

5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................ 50

5.3. ORGANOGRAMA/FLUXOGRAMA ................................................................................ 51

5.4. PROPOSTAS DE ZONEAMENTO ................................................................................. 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 55

ANEXOS ............................................................................................................................... 58

Page 11: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

11

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO

O tema da monografia é centrado nas informações necessárias para o

desenvolvimento de um projeto de Moradia Estudantil no Centro de Passo Fundo. Logo, seu

objetivo geral é criar um edifício que atenda às necessidades de moradia dos alunos de

graduação e cursinho pré-vestibular da região, enquanto realizam seus estudos na cidade.

Enquanto seus objetivos específicos são: criar ambientes que proporcionem as melhores

condições para o estudo, estimulando o aluno; promover o lazer e a interação social entre os

moradores e a cidade; elaborar espaços flexíveis, adaptando-se conforme necessidades e

perfil do residente; projetar espaços levando em conta o conforto, maximizando assim, o

desempenho dos alunos; implantar o edifício em um local estratégico, dando praticidade e

mobilidade aos usuários.

1.2 TEMA DO PROJETO

Os edifícios residenciais estudantis surgiram através da necessidade de abrigar

estudantes próximos ao seu local de estudo. Há referências de alojamentos desde a

antiguidade clássica, mas foi na idade média, na Europa ocidental, em que surgiram os

primeiros edifícios voltados somente para habitação estudantil. Estas edificações, com o

passar dos anos e aumento significativo no número de estudantes, difundiram-se por todo o

mundo, principalmente Europa e América do Norte. (GOMES et al., 2013; NAWATE, 2014;

FARIAS, 2015). No Brasil, ainda é tímida a expansão das casas universitárias e, segundo

Vilela Júnior (2002), há 115 unidades espalhadas pelo território, de pequenas casas do

período colonial até a grandes e modernizados edifícios.

Esta tipologia pode ser classificada em: República, Alojamento ou Casa do Estudante.

A República é uma edificação locada diretamente por um grupo de alunos e é administrada

por estes. O Alojamento é de propriedade da instituição de ensino e/ou do governo,

geralmente próximo ou dentro do campus, e muitas vezes possui valor de aluguel reduzido

devido a auxílios estudantis. Já a Casa do Estudante é de administração autônoma, sem ter

relação com nenhuma instituição de ensino, possui regulamentação conforme estatutos de

associação civil e possui Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. Os termos habitação,

moradia e residencial podem se referir a qualquer uma das três classificações citadas

anteriormente (SENCE, 2011).

Page 12: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

12

A moradia estudantil tem como objetivo principal oferecer condições favoráveis à

formação do usuário e será a casa do aluno durante a sua vida acadêmica. O morador irá

dividir o espaço com jovens de toda a região de classes sociais distintas com hábitos e

personalidades diferentes. Por isso, é relevante pensar na moradia estudantil como um local

de partilha, integração, crescimento pessoal e profissional, de desenvolvimento e

principalmente de estudo. Para que o estudante tenha uma experiência satisfatória, a

habitação precisa se preocupar com questões como convivência coletiva, territorialidade e

privacidade (GOETTEMS, 2012).

O morador está passando por uma fase de transição em sua vida, onde a

personalidade não está totalmente definida e a separação da família e a nova cidade geram

insegurança (GOETTEMS, 2012). Por isso, a nova casa precisa cumprir papel acolhedor e

inclusivo. A habitação estudantil proporciona aos seus moradores a experiência de criar novos

valores através da vivência acadêmica, evoluindo nas formas de aprendizado, que vão muito

além da sala de aula e dos livros (GOMES et al., 2013). Segundo Kowaltowski (2011), a

educação não formal, a partir de relações sociais de convivência e partilha, contribuirá para a

formação humana do morador, proporcionando crescimento pessoal.

O edifício, como habitação coletiva, procura ofertar a melhor situação possível para

seus moradores, cuidando da relação de equilíbrio urbano entre edificação construída x

espaço aberto e também da unidade residencial (RAMOS, 2010).

Os estudantes costumam ser generalizados como um grupo bastante semelhante.

Apesar disso, deve-se buscar possibilidades para atender a todos os usuários, como alunos

de diferentes poderes econômicos e culturais ou portadores de necessidades especiais,

através de layouts flexíveis e diferentes opções de unidades habitacionais (PRIDE, 2011).

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO

A cidade de Passo Fundo é considerada destaque no campo de educação superior.

Nas últimas décadas, houve grande crescimento do número de alunos após a criação de

políticas públicas, como FIES e PROUNI, e o aumento na demanda por profissionais

qualificados e com formação impostas pelo mercado de trabalho.

Passo Fundo é uma cidade média, polo regional em educação superior, possuindo

uma universidade particular, um instituto federal e quinze faculdades e nove cursinhos pré-

vestibulares, segundo IBGE 2016. Esta cidade, consequentemente, recebe muitos jovens,

moradores das cidades da região, em busca de formação. Estes, tem de se deslocar até

Passo Fundo todos os dias para assistirem suas aulas ou precisam se mudar para próximo

ao seu local de estudo. Segundo a faculdade IMED, 1430 de seus 2950 alunos de graduação

Page 13: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

13

matrículas no primeiro semestre de 2017, são de outras cidades, correspondendo a 48,47%

dos estudantes.

Esta situação cria uma grande demanda por quitinetes ou apartamentos de pequena

metragem, próximos ou de fácil acesso aos possíveis cursos. Considerando a grande procura

por esta tipologia de residência, os valores dos imóveis e aluguéis aumentam

proporcionalmente, o que prejudica ainda mais a renda das famílias que terão de pagar

mensalidades ou fazer financiamentos estudantis.

Os jovens que não podem pagar por bons apartamentos, acabam por alugar um de

baixa qualidade, por preços relativamente altos, em locais sem atrativos e sem áreas de lazer,

deixando-o descontente. Outros são forçados a enfrentarem a rotina cansativa e arriscada de

estar na estrada todos os dias para chegar até o seu curso e, alguns até mesmo, a desistirem

da sua formação. O futuro profissional terá seu desempenho prejudicado por qualquer uma

dessas situações. Não é só o estudante que perde, mas também toda a região, que poderia

ter mais mão-de-obra qualificada disponível no mercado.

Tendo em vista a quantidade de universitários e vestibulandos, a cidade de Passo

Fundo não possui nenhuma edificação voltada somente à residência temporária de

estudantes. Outras cidades como grande público universitário, como Santa Maria, Canoas,

Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba possuem edifícios desta tipologia. Após realização de

questionário informal com o público alvo, constatou-se que 44,26% dos estudantes moram

em cidades diferentes de onde são realizadas suas aulas e também, 86,89% declararam que

gostariam de morar em residenciais estudantis.

Fica evidente a carência e a importância de implantação desta tipologia de habitação,

voltada para o público jovem, estudantes universitários ou de cursos pré-vestibular de 17 a 26

anos, não residente em Passo Fundo, que, independente da classe social, procura por

moradia temporária durante a realização de seus estudos na presente cidade. Este edifício

busca solucionar parte da demanda por pequenos apartamentos e quitinetes de qualidade,

em local estratégico e com valores justos para os jovens da região de Passo Fundo que antes

tinham que se deslocar todos os dias para estudar.

O projeto será implantado no centro da cidade Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

O terreno está localizado na esquina da Rua Bento Gonçalves com a Rua General Osório e

possui aproximadamente 1800m². Este terreno foi escolhido devido à sua localização central,

procurando ofertar ao morador curtas distâncias a pé a várias unidades de ensino e acesso

facilitado aos meios de transporte públicos que levam para as instituições mais distantes do

centro. O centro é o bairro com melhor infraestrutura da cidade, conta com escolas, cursinhos

pré-vestibulares, faculdades, hospitais, praças, bares e shopping, sendo esses, atrativos para

os moradores.

Page 14: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

14

As regiões mais movimentadas são preferidas pelo público, pois pessoas são atraídas

por pessoas, elas evitam o deserto devido a sensação de insegurança. Assim, pode-se

perceber como o local de implantação pode garantir a satisfação dos usuários e

consequentemente o sucesso do projeto (GEHL 1987, apud REIS; LAY 2006). A escolha por

um terreno central também se justifica devido a segurança dos usuários, pois a região em

volta do terreno é movimentada tanto durante o dia, quanto à noite, pois a vizinhança possui

intenso comércio e prestação de serviços, como bares e restaurantes, o que gera grande

interesse de jovens pela localização do empreendimento e também fornece maior segurança

aos usuários devido ao fluxo de transeuntes e proximidade com pontos nodais. Além disso,

analisando também o resultado do questionário informal realizado, observa-se que 60,66%

dos estudantes prefere morar no centro da cidade.

Page 15: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

15

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO

Nesta parte será apresentada a revisão de literatura que apresenta os principais

assuntos pertinentes a compreensão do tema escolhido para projeto.

2.2 MORADIA ESTUDANTIL: HISTÓRICO

Na antiguidade clássica, na Akademia do filósofo Platão, considerada primeira

universidade do mundo, já havia vestígios de alojamentos, onde os alunos dormiam em

dormitórios no prédio da universidade (NAWATE, 2014). Os estudantes, no período medieval,

moravam em casas conhecidas como “nações”, as quais acomodavam estudantes vindos de

diferentes origens (SITE DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2007 apud GOMES et al., 2013).

Somente a partir do século XIII, começaram a surgir edificações construídas especificamente

para habitação de alunos. Destacam-se os College em Oxford, onde a primeira casa foi criada

em 1264 (NAWATE, 2014). No século seguinte, D. Dinis XII ordenou a construção de casas

estudantis para aluguel na Universidade de Coimbra, em Portugal. (SITE DA UNIVERSIDADE

DE COIMBRA, 2007 apud GOMES et al., 2013)

Cerca de 160 anos atrás, surgiu a primeira república no Brasil, em Ouro Preto, Minas

Gerais. A região estava em desenvolvimento devido ao princípio do Ciclo da Mineração e

então, cresceu a demanda por mão-de-obra qualificada para realização de serviços de

extração. Em consequência disso, foi implantada a Escola de Minas de Ouro Preto que se

consolidou rapidamente. Com a necessidade de abrigar professores e alunos, estes

ocuparam casarões e sobrados coloniais (SENCE, 2008; COSTA; OLIVEIRA, 2012).

Entre os anos de 1920 e 1930 surgiram mais algumas habitações estudantis, criadas,

principalmente pela igreja, para acolher estudantes e suprir a falta do ambiente familiar. A

partir da década de 30, foi criado a UNE (União Nacional dos Estudantes), e com o primeiro

mandato de Governo de Getúlio Vargas foi criada a assistência estudantil. A partir desse

momento, estas habitações surgiram timidamente em diversos outros pontos do país

(GOMES et al., 2013).

2.3 HABITAÇÃO E HABITAÇÃO COLETIVA

A habitação, sinônimo de morada e abrigo, deveria estar ao alcance de todos. Segundo

os autores Souza apud Ecker (2013; 2014), a constituição diz que o direito de propriedade é

Page 16: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

16

de todos cidadãos perante a Constituição, é irrevogável e inviolável, da mesma maneira que

o direito à liberdade (SOUZA, 2013 apud ECKER, 2014).

Segundo a Constituição Federal, artigo 5º e incisos XXII e XXIII: “Todos são iguais

perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXII - é garantido o direito de

propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social” (BRASIL, 1988).

O conceito de habitação vai além da atribuição de oferecer segurança, conforto e

salubridade ao usuário, também tem de estar integrado ao entorno de sua implantação, não

se limitando apenas à unidade habitacional, mas deve ter os seus arredores levados em conta

(ABIKO, 1995).

Assim como na pré-história, a arquitetura moderna preocupou-se com a morada. A

ideia de moradia permaneceu igual, porém o conceito progrediu conforme as mudanças,

necessidades e oportunidades disponíveis. A habitação se tornou um lugar para diversas

atividades com a morada como eixo principal, deixando de ser apenas uma unidade

(CABRAL, 1996).

Com o modernismo, a habitação torna-se experimento. Busca-se novas maneiras de

se pensar o ambiente urbano, através de propostas e críticas. Planos para configuração da

moradia, novas formas, implantação na cidade e concretização são estudadas. Novas

possibilidades arquitetônicas de tipologia para habitação são alvo de pesquisas, busca-se

formas mais inteligentes para habitação unifamiliar de forma que potencialize o uso do solo,

proporcionando uma relação mais justa entre edificações e espaços livres. Este assunto se

torna o foco da análise do período moderno (RAMOS, 2012).

Em 1928, foi fundado os CIAMs, Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna,

que se preocupavam em debater questões da época. O II CIAM, liderado pelos arquitetos

alemães, ocorrido na cidade de Frankfurt, em 1929, teve como tema a Existenzminimum, ou

habitação mínima, que buscava estabelecer um alojamento de tamanho e custos reduzidos

que poderiam ser implantados em edifícios coletivos. Neste período, a Europa estava em

crise, devido o momento pós Primeira Guerra Mundial, e era preciso encontrar maneiras de

reconstruir e construir com menos investimentos. Chegou-se à conclusão que era viável

diminuir a área da habitação, porém deveria ser maximizada a luz natural, incidência solar e

ventilação dessa. As discussões determinaram também que o ideal era que para cada adulto

seja destinado um cômodo da casa, mesmo que de tamanho pequeno (BENEVOLO, 2014).

A ocupação do solo de maneira racional é também um dos fundamentos da arquitetura

moderna. Com a industrialização, o êxodo rural e o crescimento populacional descontrolado

Page 17: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

17

em cidades levam a proposição de novos tecidos urbanos como alternativa ao cenário caótico

que estava se desenvolvendo (RAMOS, 2012).

O IV CIAM, em 1933, elaborou a Carta de Atenas, que criticava as cidades por não

possuírem espaços justos que suprissem as necessidades físicas e psicológicas de morar.

Na conclusão desse documento, destaca-se as quatro funções principais que devem ser

atendidas na cidade que são morar, trabalhar, divertir-se, circular. A célula habitacional como

alojamento e sua inserção são o ponto principal das preocupações do urbanismo, e a partir

disso, serão definidos os locais de trabalho e espaços para lazer para as horas livres de

maneira que minimize as distâncias (BENEVOLO, 2014).

A habitação coletiva, tanto horizontal como vertical, foi a resposta ao crescimento

desordenado, e progressivamente, os edifícios multifamiliares tomaram o lugar da residência

unifamiliar como peça fundamental do desenho urbano (CABRAL, 1996). A habitação coletiva

multifamiliar vertical constitui a maior expressão da cidade concentrada (RAMOS, 2012).

2.4 MORADIA ESTUDANTIL

Desde o surgimento das universidades, os jovens saem de suas cidades para estudar

e buscam por moradias localizadas próximas aos seus cursos e acabam por enfrentar grandes

problemas financeiros. Isso levou a criação de residenciais estudantis, que com o passar do

tempo, cumprem grande papel social na vida acadêmica (SOUSA, 2005).

De grande importância na assistência universitária, a residência estudantil substitui o

ambiente familiar e possui como propósito fornecer não só abrigo, mas também ofertar contato

social e desenvolvimento educacional e pessoal através da infraestrutura adequada e

viabilizando a estadia do usuário (GOMES et al., 2013).

Independentemente de ser temporária, a habitação, se vista como casa, tem caráter

permanente, pois é onde o estudante habitará durante seus estudos. Ali que serão realizadas

suas principais atividades e deve cumprir seu papel de suprir as necessidades físicas e

psicológicas, como descanso e dar sustentação ao sonhar, ao bem-estar, suprindo a carência

da essência de lar (GOETTEMS, 2012).

A moradia estudantil deve ser projetada para se adequar ao estilo de vida e

necessidades habitacionais de cada estudante, procurando ofertar um espaço de qualidade.

É importante analisar sempre o morador da habitação, pois esta influencia diretamente no

cotidiano de seu usuário, podendo impactar positivamente ou negativamente na qualidade de

vida e rendimento nos estudos. Considerando o caráter transitório dos usuários na habitação

e suas diferentes personalidades, deve-se elaborar projetos com layouts flexíveis, fornecendo

Page 18: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

18

ambientes adaptáveis para cada perfil de morador. (ABREU; HEITOR, 2006 apud ZANCUL,

2007; ZANCUL, 2007).

O homem e o espaço são indissociáveis, não existem separadamente. O ser humano

transforma o espaço em que habita conforme suas vontades, preferências e necessidades e

o espaço permite a mudança para melhor adaptação do ser humano. (MALARD, 2006 apud

GOETTEMS, 2012). Com finalidade de que a adaptação seja absoluta, o novo ocupante vai

alterar o ambiente conforme sua personalidade, buscando melhorar o espaço. Para que isso

ocorra de melhor forma, a planta deve ser funcional e permitir diferentes layouts (GOETTEMS,

2012).

A unidade habitacional, ou seja, o dormitório, é o espaço mais importante dentro do

projeto de moradia estudantil, essa deve “facilitar funções diversas em um espaço reduzido –

dormir, estudar, relaxar, socializar” (PRIDE, 2011, p.152), assim como proporcionar ao aluno

“a sensação de privacidade e segurança, com iluminação e ventilação adequadas” (PRIDE,

2011, p.152). O dormitório, na residência universitária, é como um microcosmo, que deve ser

separado por zonas sem fazer uso de divisórias, exceto na área do banheiro, possibilitando

atender as necessidades do morador utilizando a menor área possível. É o espaço

provavelmente mais utilizado do jovem estudante (SCOARIS, 2012).

Conforme Pride (2011), precisa-se ter cuidado com as unidades individuais na hora de

projetar, por possuírem caráter repetitivo e escala reduzida, para não tornar o layout e fachada

da edificação monótonos e com aspecto institucional. Diferentes opções de dormitórios criam

diversidade e possibilitam a escolha do usuário conforme suas necessidades e poder

econômico, apesar de a tipologia mais usual ser a suíte individual.

A moradia estudantil, levando em conta o seu papel integrador, pode criar espaços

acidentais, entre a rota acesso e dormitórios, promovendo espaços para reuniões e

agrupamentos ocasionais, de maneira implícita. Espaços para circulação, principalmente nos

arredores dos dormitórios, podem ser propícios para criarem vínculos entre moradores.

(SCOARIS, 2012).

Para incentivar a sustentabilidade entre os jovens, a edificação deve incluir no projeto

maneiras de reduzir o gasto de energia, além de outras medidas como promover a reciclagem,

o uso de transportes sustentáveis. Para incentivar o uso de transportes politicamente corretos,

o edifício deve ter acesso facilitado aos meios de transporte públicos e possuir vagas fechadas

para bicicletas próximas ao acesso (PRIDE, 2011).

Ainda segundo Pride (2011), ao projetar uma habitação coletiva de estudantes,

precisa-se levar em conta a relação edificação x cidade, especialmente se está implantada no

centro urbano, fora do campus. “Os projetos de arquitetura e de paisagismo podem ajudar a

integrar a universidade à comunidade” (PRIDE, 2011, p.145). Conforme Kowaltowski (2011,

Page 19: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

19

p.182), “O ser humano pertence ao ar livre por natureza (...), tem uma relação forte com o

ambiente externo”. Criar espaços externos de convivência pode aproximar o jovem com a

cidade (PRIDE, 2011).

2.5 O USUÁRIO: O ESTUDANTE

Pride (2011, p.145) define a maioria dos estudantes “como pessoas jovens, solteiras,

volúveis, adaptáveis e com pouco dinheiro para gastar”. Mas a personalidade do jovem vai

além disso. Precisa-se solucionar a demanda de grande grupo com diferentes origens sociais

e financeiras.

O morador é o jovem adulto que está em fase de transição entre a adolescência e a

vida adulta, buscando formar sua personalidade, descobrindo-se, iniciando uma vida nova

longe da família. Muitas vezes, passado por um período de inseguranças e incertezas. Refere-

se a um público em constante crescimento e mudança. Estes tinham um perfil diferente há

poucos anos atrás e com certeza, estarão diferentes em poucos anos. É por isso que as

habitações devem ser flexíveis (TRAMONTANO, 1993 apud ZANCUL, 2007).

Devido essa fase de transição que o usuário passa, a acomodação deve dar alicerce

psicofísico, ajudar no desenvolvimento do indivíduo como cidadão e futuro profissional. Ainda,

a habitação tem papel de promover a socialização entre alunos e estimular maior participação

dos alunos em atividades extracurriculares e na vivencia do curso (GOETTEMS, 2012).

Segundo a coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais da FAE Centro Universitário

(2016), em entrevista para o jornal Gazeta do Povo, nos Estados Unidos, grande parte das

universidades obriga que seus alunos estrangeiros morem nos seus alojamentos por um ou

dois semestres com intenção de que o estudo, a convivência social e participação nos eventos

acadêmicos sejam amplificados. Nota-se aí, a importância da moradia ao agregar

conhecimento e desenvolvimento ao do estudante.

Ao morar em uma residência estudantil, os jovens dividem o mesmo espaço com

outros em situações semelhantes às deles, em consequência disso, unem-se e se apoiam,

integram-se com colegas e com a universidade e desfrutam melhor desta fase. A moradia vai

ajudar na cooperação e cidadania do aluno, assim como inspirá-lo e estimular seu intelectual

(HASSANAIN, 2008 apud GOETTEMS, 2012). Além disso, um dos pontos de maior destaque

na satisfação dos moradores é o contato com outros estudantes promovido a partir da

residência estudantil (LI et al., 2007 apud SCOARIS, 2012).

Ao conviver próximo aos colegas, o aluno tende a ampliar seus conhecimentos através

do compartilhamento de experiências. A vivência em uma casa de estudantes pode agregar

muito na formação acadêmica e pessoal (GOETTEMS, 2012). Segundo Pride (2011),

Page 20: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

20

escolhas arquitetônicas podem ajudar nesse crescimento. A escolha de cozinhas coletivas

promove encontros casuais entre os moradores e geram amizades e promovem partilhas,

fazem os alunos se sentirem parte da residência, e isto propicia um comportamento mais

maduro e responsável do aluno.

2.6 ESTUDOS DE CASO

Nesta parte serão abordados três estudos de moradia estudantil com intuito de

contextualizar os requisitos necessários a este tipo de projeto.

2.6.1 Residência Estudantil do Instituto Universitário de Genebra

Com uma área útil de aproximadamente 13000 m² e dez andares, o residencial

estudantil foi construído para o Instituto Universitário de Genebra. A preocupação principal do

edifício é com o bem-estar do morador, levando em conta o conforto térmico e acústico.

Figura 01: Residencial Estudantil em Genebra

Fonte: Archdaily, 2014

Figura 02: Área de estudo

Fonte: Archdaily, 2014

2.6.1.1 Autor e localização do projeto

O edifício foi construído em Genebra, a segunda cidade mais populosa da Suíça e

importante centro de diplomacia mundial. Foi projetado pelo escritório Lacroix e Chessex e

construído entre os anos de 2008 e 2012.

Page 21: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

21

2.6.1.2 Implantação

Implantado na entrada de Genebra, ao lado da estação ferroviária, o edifício busca

relação com a cidade seguindo a curva da via ferroviária, aproveitando ao máximo as

limitações do terreno e integrando-se com a malha urbana levemente irregular, como está

evidenciado na Figura 03. O projeto, em relação às áreas verdes, não possui boa

permeabilidade, sua curvatura no pavimento térreo acaba por criar apenas um pequeno jardim

(Figura 04).

Figura 03: Malha urbana de Genebra

Fonte: Archdaily, 2014

Figura 04: Jardim do Residencial

Fonte: Archdaily, 2014

2.6.1.3 Programa de Necessidades

Tabela 01: Programa de Necessidades Residencial do Instituto Universitário de Genebra

Fonte: da autora (2017).

Page 22: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

22

2.6.1.4 Funcionalidade

Ao observar as plantas baixas quanto ao zoneamento, os setores social e lazer,

estudo, serviços, administrativo e área verde, localizados no primeiro pavimento (Figura 05),

são dispostos lado a lado, circundados pelo setor de circulação. O mesmo acontece nos

pavimentos tipo (Figura 06), onde a área íntima é rodeada por circulações. Essas informações

aparecem esquematizadas nos organogramas na Figura x.

Figura 05: Planta Baixa Primeiro Pavimento

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2017

Figura 06: Planta Baixa Tipo

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2017

Figura 07: Organograma e Legenda

Fonte: autora, 2017

Quanto a organização espacial, os compartimentos são dispostos de forma linear

(Figura 08), com um leve arqueamento. O projeto possui acessibilidade universal, pois possui

rampa de acesso e elevador, conforme a Figura 09.

Figura 08: Organização Linear

Fonte: Ching, 2008

Figura 09: Acesso com rampa

Fonte: Lacroix e Chessex, adaptado pela autora, 2017

Page 23: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

23

2.6.1.5 Forma

O edifício possui formato linear com curvatura seguindo as condições do terreno e se

sobressaí no entorno devido ao seu tamanho e altura, bem como pode-se notar na Figura 10.

A diferença da espessura de laje de cada extremo da fachada, assim como sua superposição

em diferentes formas em cada nível, dá dinâmica à fachada, exemplificada na Figura 11.

Figura 10: Volume

Fonte: Archdaily, 2014

Figura 11: Dinamicidade através das lajes

Fonte: Archdaily, 2014

A dinamicidade da fachada também aparece através do seu ritmo ao intercalar porta,

janela e pilar, observe a Figura 12. Na figura 13, pode-se notar a simetria da fachada a partir

do eixo central.

Figura 12: Ritmo

Fonte: Lacroix e Chessex, adaptado pela autora, 2017

Figura 13: Simetria

Fonte: Lacroix e Chessex, adaptado pela autora, 2017

2.6.1.6 Técnicas construtivas e materiais

Tanto na fachada como no interior, o material que mais se destaca nesse projeto é o

concreto. Juntamente com gradis metálicos, o vidro e as esquadrias e brises de alumínio, o

Page 24: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

24

concreto dá sutileza ao projeto, pode-se visualizar na Figuras 14. Na parte interna, o uso da

madeira quebra a dureza do concreto e traz aconchego, como na Figura 15.

Figura 14: Materiais Externos

Fonte: Lacroix e Chessex, adaptado pela autora, 2017

Figura 15: Materiais Internos

Fonte: Lacroix e Chessex, adaptado pela autora, 2017

O sistema estrutural é composto por lajes, pilares e vigas, sendo que a malha segue a

curvatura do projeto e dispõe os pilares nas pontas e no eixo de cada unidade habitacional,

como está claro na Figura 16.

Figura 16: Modulação Estrutural

Fonte: Archdaily, 2014

O edifício preocupa-se com a habitabilidade e faz uso de diferentes angulações e

dimensões das suas lajes para diminuir ou permitir a entrada do sol e dos ruídos, melhorando

o conforto termo acústico. As fachadas longitudinais estão voltadas a leste e a oeste, o que

permite que os dormitórios e sacadas privadas recebam insolação do sol da manhã, enquanto

a circulação e acesso para cada unidade habitacional tenha vista para o pôr-do-sol, lago e

Alpes.

2.6.2 Moradia Estudantil My Space (Teknobyen Studentboliger)

Este edifício, feito para abrigar 116 estudantes, foi projetado para a Norwegian

University of Science and Tecnology. Seu nome e seu conceito apresentam ideia de

Page 25: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

25

integração e convívio social, e seu principal objetivo é explorar amplamente as áreas

compartilhadas. Observe as figuras 17 e 18.

Figura 17: Moradia Estudantil My Space

Fonte: Archdaily, 2013

Figura 18: Espaços de Convívio

Fonte: Archdaily, 2013

2.6.2.1 Autor e localização do projeto

Este edifício está implantado na cidade de Trondheim, a terceira maior cidade da

Noruega. Foi projetado pelo escritório espanhol MEK Architects, coordenado pela equipe de

projeto composta por Clara Murado, Juan Elvira e Enrique Krahe e construído em 2012.

2.6.2.2 Implantação

O edifício pertence a Norwegian University of Science and Tecnology, portanto está

localizado muito próximo ao seu campus, ao lado de seu jardim. Está implantado em um bairro

predominantemente residencial, com vários outros edifícios de moradia de estudantes. A

região ainda não está totalmente consolidada, possui possibilidade de expansão e também

contém várias áreas destinada a espaços verdes, como pode-se notar na Figura 19. O prédio

está situado ao lado de outros dois prédios habitacionais e possui relação com o entorno

através do gabarito de altura, como na Figura 20.

Figura 19: Entorno My Space

Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2017

Figura 20: Edificações vizinhas

Fonte: Archdaily, 2013

Page 26: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

26

2.6.2.3 Programa de Necessidades

Tabela 02: Programa de Necessidades Moradia Estudantil My Space

Fonte: da autora (2017).

2.6.2.4 Funcionalidade

Ao analisar a edificação a partir do seu zoneamento, pode-se observar uma separação

dos setores. O primeiro pavimento (Figura 20) possui as circulações e um grande espaço

social, com poucas divisórias. Já no segundo pavimento, encontra-se o setor íntimo, contendo

os dormitórios, o de serviços e o setor social com uma sala ampla e a cozinha que neste

projeto é visto como um espaço de partilha e integração (Figura 21). O pavimento tipo,

referente ao terceiro, quarto e quinto pavimento (Figura 22) é predominantemente íntimo, e

possui apenas uma pequena área de estudos na circulação, considerada como espaço social,

assim como na sexta e última planta (Figura 23).

Figura 20: Primeiro Pavimento

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2013

Figura 21: Segundo Pavimento

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2013

Page 27: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

27

Figura 22: Terceiro ao Quinto Pavimento

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2013

Figura 23: Sexto Pavimento

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2013

Legenda:

Na Figura 24, nota-se mais claramente a questão de acessos e circulações de cada

andar e também é evidenciada a acessibilidade universal, através do elevador.

Figura 24: Organograma

Fonte: autora, 2017

2.6.2.5 Forma

A forma do edifício nasceu de um paralelepípedo puro que sofreu uma série de

subtrações, como pode-se observar na Figura 25. A fachada ganha dinamicidade a partir do

ritmo da disposição de janelas, cada módulo sempre contendo uma janela pequena e uma

grande em cada nível. Essa dinamicidade também é evidenciada a partir da linha limite do

Page 28: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

28

desenho da cobertura, que faz uma referência aos ângulos dos telhados do entorno (Figura

26).

Figura 25: Subtrações

Fonte: Archdaily, 2013, adaptado pela autora

Figura 26: Ritmo e dinamicidade

Fonte: Archdaily, 2013, adaptado pela autora

2.6.2.6 Técnicas construtivas e materiais

Devido ao orçamento apertado do edifício, foi optado por técnicas mais

despretensiosas e materiais mais simples e tradicionais. A madeira foi o material escolhido

para revestir todo o exterior do edifício, devido a cidade de Trondheim usar bastante esse

material. Foram usadas pranchas de pinheiro em diferentes composições, tratamentos e

layouts usado as cores cinza e preto.

2.6.3 Doorm Residência de Estudantes

Após projeto de retrofit, a antiga fábrica de vidros que estava em grande parte

destruída, teve sua fachada recuperada e seu antigo chaminé mantido, enquanto o restante

foi modernizado para se tornar a Doorm Residência de Estudantes. O prédio, agora, conta

com 58 quartos e 8 apartamentos, com diferentes tipologias para satisfazer seus moradores.

Figura 27: Fachada Restaurada

Fonte: Archdaily, 2016

Figura 28: Chaminé Preservado

Fonte: Archdaily, 2016

Page 29: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

29

2.6.3.1 Autor e localização do projeto

O edifício, projetado pelo arquiteto Luís Rebelo de Andrade, foi o primeiro implantado

no centro da cidade de Lisboa e não possui vínculo com nenhuma instituição estudantil.

Concluído em 2015, conta com 2841m² e sete pavimentos.

2.6.3.2 Implantação

Ele está situado entre o Bairro Alto e o Bairro Santos, no coração da capital

portuguesa, região de vários atrativos, contando com restaurantes, bares e lojas e vida

noturna, o que atrai muitos estudantes. A região já possui malha urbana consolidada e busca

integração ao bairro mantendo a fachada restaurada, como se vê na Figura 29 e 30.

Figura 29: Malha urbana Lisboa

Fonte: Google maps, adaptado pela autora 2017

Figura 30: Fachada Principal

Fonte: Archdaily, 2016

2.6.3.3 Programa de Necessidades

Tabela 03: Programa de Necessidades Doorm Residência de Estudantes

Setor Compartimento Dimensões Área Mobiliário Essencial

Íntimo Dormitório com Banheiro

Compartilhado*

2,9x5 14,5m² Cama, escrivaninha, cadeira, roupeiro, sanitário, pia,

chuveiro, fogão, pia, geladeira

Apartamento com 3 Dormitórios*

6,8x7 47,6m² Cama, escrivaninha, cadeira, roupeiro, sanitário, pia,

chuveiro, fogão, pia, geladeira

Social Sala de Convivência 16,7x7,4 123,58m² Sofás, poltronas, mesas, cadeiras

Banheiro Público 2x9,8 19,5m² Vaso Sanitário, cuba

Academia 6,1x6,4 39,04m² Esteira, bicicleta, aparelhos musculação

Page 30: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

30

Cozinha 5x10 50 m² Fogões, geladeiras, mesas, cadeiras, freezer, micro-

ondas, armários

Estudo Sala de Estudos* 3,6x9,8 35,28m² Mesas, cadeiras, computadores, luminárias,

mesa de desenho

Serviço Lavanderia 4,5x4,1 18,45 m² Máquina de Lavar, máquina de secar, prancha de passar

roupa

DML 1,6x2,5 4m² Depósito

Depósito 4,8x2,2 10,56m² Armários, prateleiras

Administrativo

Recepção + ADM 9,45x6,7 63,31m² Balcão atendimento

Almoxarifado + Depósito 4,8x2,2 10,56 m² Mesa, cadeiras

Terraço 3,7x21,35 80m² - Fonte: da autora (2017).

2.6.3.4 Funcionalidade

Analisando primeiramente o zoneamento, observa-se uma concentração das áreas

sociais e de estudo no subsolo (Figura 31), já no pavimento térreo (Figura 32), está presente

o setor administrativo, serviços e alguns quartos. Esses dois pavimentos possuem uma

extensão da área social, que são os terraços. Já nos pavimentos tipo 1 (Figura 33) e 2 (Figura

34), que se referem às plantas do segundo à sexto andar, há concentração do setor íntimo.

Figura 31: Planta Baixa Subsolo

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2017

Figura 32: Planta Baixa Térreo

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2017

Page 31: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

31

Figura 33: Planta Baixa Tipo 1

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2017

Figura 34: Planta Baixa Tipo 2

Fonte: Archdaily, adaptado pela autora, 2017

Em relação a conexão de cada compartimento, deve-se observar os organogramas da

Figura 35. A partir dessas imagens, pode-se concluir que o projeto foi organizado de maneira

aglomerada, como na Figura 36.

Figura 35: Organograma Doorm

Fonte: autora, 2017

Page 32: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

32

Figura 36: Organização aglomerada

Fonte: Ching, 2008

2.6.3.5 Forma

O edifício após o processo de retrofit, ganhou sua forma a partir de processos adições

de volumes, sendo que suas superfícies fazem contato face a face, como está explícito no

croqui da Figura 37 e na Figura 38.

Figura 37: Volumes adicionados

Fonte: autora, 2017

Figura 38: Contato face a face

Fonte: Ching, 2008

Algumas das fachadas possuem simetria, pois o arquiteto se preocupou em criar

esquadrias com o mesmo tamanho e mesmo intervalo entre elas, assim como na fachada

preexistente. Isso pode ser evidenciado nas Figuras 39 e 40 abaixo.

Figura 39: Simetria na fachada restaurada

Fonte: Archdaily, adaptada pela autora, 2017

Figura 40: Simetria na nova fachada

Fonte: Archdaily, adaptada pela autora, 2017

Page 33: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

33

2.6.3.6 Técnicas construtivas e materiais

Na fachada principal, que foi restaurada, foram usados azulejos para revesti-la e

integrá-la com o restante do bairro (Figura 41). Esta fachada suspensa está mantida por

sistema estrutural metálico, como se pode observar na Figura 42.

Figura 41: Fachada restaurada

Fonte: Archdaily, 2016

Figura 42: Sistema estrutural de aço

Fonte: Archdaily, 2016

Nas fachadas do interior do quarteirão e dos pátios internos, foi usado chapa metálica

ondulada que faz relação ao passado industrial do prédio e juntamente com o vidro, moderniza

o prédio (Figura 43). Nas circulações, usa-se gradis de ferro e azulejos que são tradicionais

em Portugal, no piso. O uso da cor branca também é destaque no projeto, aparecendo em

paredes internas e externas, e até mesmo na cor das lâmpadas, como na Figura 44.

Figura 43: Chapa metálica ondulada e vidro

Fonte: Archdaily, 2016

Figura 44: Pintura Branca

Fonte: Archdaily, 2016

Page 34: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

34

2.7 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO

Após análise dos três estudos de caso, leituras e desenvolvimento da fundamentação

teórica, nota-se alguns pontos que se destacam e é importante ressaltá-los. Os diferentes

perfis de alunos exigem que o edifício apresente uma diferenciação nos modelos de unidades

habitacionais como pequenos apartamentos compartilhados, suítes, quartos com banho

compartilhado, suítes para portadores de necessidades especiais, assim como o layout deve

ser flexível para permitir maior adaptação e satisfação de cada perfil.

Apesar de o morador viver temporariamente no edifício, este será seu primeiro lar,

longe da família, provavelmente. Então precisa ter forte caráter acolhedor e promover a

integração e a partilha entre os moradores, ajudando-os a crescer como cidadão. Tratando-

se desses pontos, percebe-se, através dos estudos de casos, que é dada grande importância

aos espaços sociais, sendo que são destinadas áreas significativas a esse setor. Essas áreas

costumam ser sem divisórias, amplas e descontraídas, próximas a um espaço aberto como

um jardim ou terraço, com cobertura verde e vegetação, buscando proporcionar relaxamento

e bem-estar ao usuário.

Os edifícios buscam romper a monotonia da sua fachada através de um ritmo, ou de

uma variação de elementos iguais ou cores para criar dinâmica. Apesar disso, as edificações

procuram manter a simetria em suas fachadas.

Os projetos do estudo de caso procuram de alguma forma se relacionar com a cidade, seja

fazendo referência a malha urbana, respeitando o gabarito de altura, na escolha dos materiais

ou em localização estratégica para integrar os moradores com a cidade.

Page 35: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

35

CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO

Nesta parte será apresentada as análises e levantamentos da área de implantação e

entorno do terreno em que será elaborado o projeto.

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL

Figura 45: País, Estado e Cidade de Implantação

Fonte: Wikipédia, adaptada pela autora, 2017

Passo Fundo é a maior cidade situada no norte do estado do Rio Grande do Sul,

conhecida como centro regional, ela é considerada uma cidade média não só devido ao seu

tamanho, mas por possuir funções importantes no comércio, serviços e agronegócio, além de

estar localizada em posição estratégica, rodeada de cidade menores. Segundo o IBGE 2010,

o município possui 184,82 mil habitantes, com estimativa de 197,79 mil habitantes em 2016 e

possui 783 km² de área territorial.

O terreno para implantação do projeto em estudo está localizado no centro do

município de Passo Fundo. O bairro conta com a melhor infraestrutura da cidade e o entorno

do terreno possui muitos pontos de interesse para os moradores, atendendo assim as

necessidades destes. Na Figura 46, pode-se observar estes pontos nodais. Já na Figura 47,

os locais com instituições de ensino superior e cursinhos pré-vestibular estão demarcados.

Page 36: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

36

Figura 46: Pontos Nodais

Fonte: Google Maps, adaptada pela autora, 2017

Figura 47: Instituições Relevantes

Fonte: Google Maps, adaptada pela autora, 2017

3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES

Ao analisar estes três mapas juntos, pode-se fazer uma leitura mais clara das

características da região em que o terreno de estudo está situado e se tem melhor

conhecimento sobre como podem ocorrer futuras expansões, densidade demográfica,

Page 37: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

37

distribuição do uso do solo e quem são seus habitantes. Foi utilizado um raio de 450 metros

para estudo.

O Mapa Nolli representa a relação de cheios e vazios no espaço urbano através de

edificações e áreas não edificadas. Na Figura 48, nota-se como a região possui alta densidade

e já está consolidada.

Figura 48: Mapa Nolli

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora 2017

Por ser uma região central, pode ser considerada multifuncional, porém o uso que mais

se destaca é comércio e serviço que aparece em edificações com este uso exclusivamente,

assim como em edificações mistas, juntamente com moradias. O entorno possui muitos

prédios com lojas e restaurantes nos primeiros pavimentos e habitações nos pavimentos

superiores. Observe a figura 49.

Figura 49: Uso do Solo

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

Page 38: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

38

Nesta região, a maioria das edificações é de um a dois pavimentos. A relação de

alturas das edificações da região aparece evidenciada na Figura 50. As alturas aumentam

conforme a tonalidade da cor.

Figura 50: Mapa de Alturas

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

3.4 INFRAESTRUTURA URBANA

A região, por ser central e de grande importância econômica e alto fluxo e densidade

de transeuntes, possui infraestrutura urbana completa, como rede de água, energia e esgoto

cloacal e pluvial. Possui ruas asfaltadas e na maior parte alto tráfego de veículos, é bem

atendida por transporte público e possui áreas verdes, como praças e parque. As Figuras 51,

52, 53, 54 e 55 abaixo esquematizam esses tópicos.

Figura 51: Rede de Água

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

Figura 52: Rede de Esgoto

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

Page 39: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

39

Figura 53: Rede Elétrica

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

Figura 54: Rede verde

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

Figura 55: Intensidade de Tráfego

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO

Para melhor entendimento do local de implantação, os mapas deste item abordam

uma área menor, considerando apenas a planta de situação e localização do terreno. O

terreno está localizado na esquina da Rua Bento Gonçalves com a Rua General Osório, onde

antes havia um edifício incendiado e um estacionamento de carros. Suas fachadas principais

Page 40: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

40

são sudoeste e sudeste. Na Figura 56 pode se observar a insolação, vegetação, ventos e

dimensões do terreno.

Figura 56: Terreno

Fonte: Prefeitura de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

O terreno fica sombreado em alguns momentos do dia, devido à proximidade com

edifícios confrontantes. Foram realizados estudos de sombra no terreno usando os dias do

solstício de verão, dia 21 de dezembro e do solstício de inverno, dia 21 de junho, às 9 e 15

horas.

Como se pode observar nas Figuras 57 e 58, o sombreamento no terreno acontece

em menor escala no solstício de verão, onde o sol está com maior altura durante o dia.

Figura 57: Sombras 21 de dezembro, 9h

Fonte: autora, 2017

Figura 58: Sombras 21 de dezembro, 15h

Fonte: autora, 2017

Page 41: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

41

Já nas Figuras 59 e 60, que relatam a situação do terreno no solstício de inverno, o

sombreamento ocorre em maior escala no terreno. As fachadas principais do projeto são

localizadas a sudeste e sudoeste, onde ocorre pouca insolação, que se somado ao

sombreamento, torna-se um ponto negativo. A implantação do edifício acontecera de

maneira a melhorar as questões de habitabilidade.

Figura 59: Sombras 21 de junho, 9h

Fonte: autora, 2017

Figura 60: Sombras 21 de junho, 15h

Fonte: autora, 2017

O terreno não possui desníveis significativos na Rua Bento Gonçalves, enquanto na

Rua General Osório, possui um desnível de x metros. O terreno já está escavado e dividido

em dois níveis, como se pode analisar na Figura 61.

Figura 61: Topografia do Terreno

Fonte: autora, 2017

Page 42: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

42

Para melhor entendimento do quarteirão e entorno imediato, pode-se observar as

figuras 63 e 64 que representam as duas faces do terreno e suas edificações vizinhas, e suas

duas principais visuais estão nas Figuras 65 e 66 (faces das quadras da frente do terreno). A

Figura 62 demostra a localização de cada skyline e a posição em que foi feita a captura das

Figuras 67, 68, 69 e 70.

Figura 62: Boneco fotos e skylines

Fonte: Prefeitura Municipal de Passo Fundo, adaptada pela autora, 2017

Figura 63: Skyline 1

Fonte: autora, 2017

Figura 64: Skyline 2

Fonte: autora, 2017

Figura 65: Skyline 3

Fonte: autora, 2017

Figura 66: Skyline 4

Fonte: autora, 2017

Page 43: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

43

Figura 67: Foto Terreno A

Fonte: autora, 2017

Figura 68: Foto Terreno C

Fonte: autora, 2017

Figura 69: Foto Terreno B

Fonte: autora, 2017

Figura 70: Foto Terreno D

Fonte: autora, 2017

3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS

Para realização do projeto, serão levadas em conta as seguintes legislações e

normativas: Plano Diretor da cidade de Passo Fundo, Código de Obras e as normas brasileiras

NBR 9050 e NBR 9077 referentes a acessibilidade e saídas de emergência respectivamente.

3.6.1 Plano Diretor de Passo Fundo

Segundo a Lei Complementar n°170 de 09 de outubro de 2006 do Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado do município de Passo Fundo, o terreno está localizado na ZOI1,

ou seja, a zona de ocupação intensiva 1, sendo caracterizada como uma região com

realização de diferentes usos. Para realização do projeto, serão levados em conta os valores

de taxa de ocupação de 80% para pavimentos subsolos, térreo e outros acima do térreo até

a laje de forro do último pavimento dentro de 10 metros de altura a partir do acesso. Ainda

referente a estes pavimentos, o recuo frontal, lateral e de fundos será dispensado, segundo a

Page 44: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

44

Lei Complementar n°287/2011 e Lei Complementar n°367/2014. Para pavimentos acima

destes, será utilizado taxa de ocupação de até 60%, enquanto o recuo frontal deve ser de 8

metros. O Coeficiente de aproveitamento do terreno é 4 enquanto a Cota Ideal por dormitório

é 10m². No pavimento térreo o maior pé direito permitido é de 4,5 metros de altura para usos

comerciais e de serviços. Sobre a garagem, será considerado uma vaga para cada duas

unidades habitacionais.

3.6.2 Código de Obra

A Lei Complementar n°51, de 31 de dezembro de 1996 sobre Código de Obras e

Edificações da cidade de Passo Fundo/RS também será utilizada para desenvolver o projeto.

Conforme esta, os corredores internos devem ter largura mínima de 1 metro, enquanto os de

uso comum devem possuir 1,20 metro ou 1,50 metro no caso da existência de elevador. O

peitoril das sacadas deve ter altura mínima de 1,05 metro.

Segundo o artigo n°119 desta lei, as habitações coletivas em geral deverão ter um

conjunto de lavatório e vaso para cada 5 pessoas e um chuveiro para cada 10 pessoas,

calculadas à razão de uma pessoa para cada 4m² de área de dormitório.

3.6.3 NBR 9050 e NBR 9077

A NBR 9050/2015 sobre Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos, assim como a NBR 9077/2001 de Saídas de Emergências em

edifícios servirão de embasamento para elaboração do projeto.

A NBR 9077/2001 determinará como deve ser as escadas de emergências e rotas de

saídas. Estas precisam ter caminho continuo através de escadas e corredores protegidos por

portas corta fogo e devem levar o usuário de qualquer ponto da edificação até a saída para

via pública. Serão utilizadas informações da norma sobre dimensões e especificações

referentes a escada enclausurada, antecâmara e dutos de ar.

A NBR 9050/2015 dimensionará principalmente circulações, banheiros, rampas e

quartos com acessibilidade, tornando-as acessíveis para portadores de necessidades

especiais. A norma baseia seus dimensionamentos a partir da projeção da cadeira de rodas

no chão e no espaço que precisa para se rotacionar, como nas Figuras 71 e 72.

Page 45: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

45

Figura 71: Módulo de referência

Fonte: NBR 9050/2015

Figura 72: Giro completo da cadeira de rodas

Fonte: NBR 9050/2015

Page 46: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

46

CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo será apresentado o conceito de projeto e suas principais diretrizes

arquitetônicas e urbanísticas.

4.2 CONCEITO DO PROJETO

A moradia estudantil, levando em conta seu público alvo, será, provavelmente, a

primeira casa em que o jovem mora sozinho. Este espera ansioso e cheio de expectativas e

incertezas por essa fase. Sendo assim, seu novo lar deve cumprir o papel de facilitar a

adaptação e integração do estudante além de atender suas necessidades físicas e

psicológicas durante sua estadia.

O projeto tem como conceito a integração pois, a partir dela se busca proporcionar

crescimento, aprendizado e bem-estar do morador. Esta integração acontece entre

moradores, o edifício e a cidade. Observe a Figura 73.

Figura 73: Conceito Fonte: da autora, 2017

A partir da integração, o aluno pode aprender a dividir o espaço e a respeitar as

diferenças, assim como compartilhar dúvidas, incertezas e também descobertas. Ao conviver

juntos, os moradores fazem novas amizades e se adaptam com mais facilidade ao novo

Page 47: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

47

ambiente, aprendem a viver com harmonia e se tornam mais flexíveis. A convivência coletiva

proporciona melhor aproveitamento nessa fase da vida, gerando diversão e lembranças de

bons momentos ao aluno para a vida toda. Esta proximidade com outros na mesma situação

também colabora para o crescimento profissional e pessoal do aluno, pois pode aprender com

erros e acertos dos colegas, a assumir compromissos e responsabilidades, a obedecer às

regras de convivência do edifício, assim como ajudar uns aos outros, estudando juntos,

tirando dúvidas, trocando ideias e compartilhando sentimentos e até mesmo bens materiais.

O conceito aparece expresso também na Figura 74.

Figura 74: Conceito Gráfico Fonte: da autora, 2017

4.3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA

O edifício será projetado em altura, com uma base maior para aproveitar os índices

urbanísticos. Nesta base, serão concentradas a maior parte das áreas de uso comum. Estas

áreas destinadas à integração entre moradores serão amplas e abertas, como uma extensão

da unidade habitacional, porém proporcionando a vivência em grupo. O projeto contará com

sala de estudos, academia, estares e cozinha coletiva, como na Figura 75.

O edifício possuirá terraços em posições estratégicas para aproveitar os índices

urbanísticos e criar espaços de lazer e convívio, valorizando o prédio. Será criado um telhado

verde habitável, gerando maior conforto térmico para o edifício, e também um solário orientado

à norte (Figura 76).

Page 48: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

48

Figura 75: Estar Coletivo Fonte: Pinterest, 2017

Figura 76: Telhado Verde Habitável Fonte: Pinterest, 2017

No térreo, haverá salas comerciais para ofertas de serviço tanto para o público do

edifício como externo, como uma cafeteria ou um bar, satisfazendo necessidades do morador

e aproximando a relação edifício X cidade.

Uma parcela do terreno desocupada será destinada para um pequeno pátio restrito

aos moradores e servirá como espaço pet. O ambiente busca oferecer um local de convivência

agradável e de descontração, onde o usuário pode soltar seu animal de estimação para

brincar com outros animais de vizinhos (Figura 77). Outra parte do terreno a ser aproveitada,

contará com uma horta coletiva que deve ser mantida e usufruída pelos moradores, como

exemplificado na Figura 78.

Figura 77: Espaço Pet Fonte: Pinterest, 2017

Figura 78: Horta Coletiva Fonte: Pinterest, 2017

Os materiais a serem utilizados serão concreto, vidro para dar transparência, leveza e

integração, uso das cores como verde azul e marrom para criar um espaço mais vivo,

inspirado na juventude e na natureza. Observe a paleta de cores na Figura 79.

Page 49: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

49

Figura 79: Paleta de cores Fonte: autora, 2017

4.4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS

Como ponto central das diretrizes urbanas, o projeto busca a integração da cidade

com o edifício e seus moradores. Para que isso ocorra, o edifício terá em uma de suas

fachadas, no acesso de pedestres, uma pequena praça arborizada para uso público,

buscando a vivência entre os usuários do prédio e outros moradores da vizinhança e possíveis

visitantes, proporcionando um espaço de lazer e relaxamento ao criar uma extensão do

edifício, comportando-se como um pátio de uso comum (Figura 80).

Busca-se incentivar o uso de transporte público e da bicicleta, para diminuir os

impactos ao meio ambiente e também diminuir o trânsito na região do entorno, através da

expansão da ciclovia na Av. Brasil e aumento do número de bicicletários, sendo que haverá

uma unidade junto à praça do edifício.

Para ampliar a ideia de integração e de não incentivo ao uso do automóvel, será criado

um parklet no meio do percurso da praça Marechal Floriano até o terreno, buscando aproximá-

los e assim, substituindo uma vaga de automóvel na rua por um espaço mais justo, destinado

ao pedestre, como na Figura 81.

Figura 80: Praça anexada a prédio Fonte: Pinterest, 2017

Figura 81: Exemplo de Parklet Fonte: Pinterest, 2017

A colocação de faixas elevadas em pontos conflitantes ou sem rampas para

cadeirantes, assim como instalação de pisos podo tátil em locais estratégicos, priorizará o

pedestre e fornecerá acessibilidade universal para portadores de necessidade especial.

Page 50: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

50

CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL

5.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo será apresentado o partido geral do projeto, citando seus

compartimentos, suas ligações e fluxos, áreas, mobiliários e estudos iniciais relevantes para

iniciar o projeto.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Tabela 04: Programa de Necessidades

Setor Compartimento Área Mobiliário Essencial

Íntimo Suíte 15m² Cama, escrivaninha, cadeira, roupeiro, sanitário, pia, chuveiro

Suíte Acessível 30m² Cama, escrivaninha, cadeira, roupeiro, sanitário, pia, chuveiro,

barra de apoio

Quarto Duplo 35m² 2 camas, 2 escrivaninhas, 2 cadeiras, 2 roupeiros, sanitário, pia, chuveiro

Social Sala de Convivência 85 m² Sofás, poltronas, mesas, cadeiras

Sala de Estudos 60 m² Mesas, cadeiras, computadores, luminárias, mesa de desenho

Sala de Televisão 45 m² Sofá, pufes, televisão

Cozinha 80 m² Fogões, geladeiras, mesas, cadeiras, freezer, micro-ondas, armários

Terraço 50 m² Cadeiras, mesa, vegetação

Praça 200 m² Bancos, vegetação, bicicletário

Pet Place 80 m² -

Horta 50 m² -

Academia 80 m² Aparelhos de musculação, esteira, bicicleta ergométrica

Hall 20 m² Sofá

WC 15 m² Vasos sanitários, pias

Serviço Bicicletário Interno -

Lavanderia 70 m² Máquina de Lavar, máquina de secar, prancha de passar roupa

Estacionamento -

Zelador 30 m² Cama, armário, sanitário, pia chuveiro

Depósito 5 m² Armários, prateleiras

DML 5 m² Tanque, armário

Vestiário 15 m² Sanitário, pia, armário

Administrativo Recepção 10 m² Balcão atendimento

Administrativo 15 m² Mesa, cadeiras

Comercial Sala 1 40 m² -

Page 51: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

51

Sala 2 60 m² -

Sala 3 60 m² - Fonte: do autor (2017).

5.3 ORGANOGRAMA/FLUXOGRAMA

Na Figura 82, estão listados hierarquicamente no organograma os compartimentos

segundo sua importância e separados por setor.

Figura 82: Organograma Projeto Fonte: autora, 2017

O fluxograma demonstra em forma de esquema os fluxos e que compartimentos estão

interligados em cada pavimento, conforme a Figura 83.

Figura 83: Fluxograma Fonte: autora, 2017

Page 52: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

52

5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO

Foram realizados quatro estudos de zoneamento e a proposta selecionada foi feita a

partir de uma junção dos pontos positivos das três primeiras propostas.

A primeira proposta, feita a partir de subtrações e organização aglomerada, priorizou

a insolação das duas fachadas de maior extensão. Para evitar a fachada sudeste, a maior do

edifício, esta foi rotacionada para receber insolação leste. A fachada nordeste foi afastada dos

limites do terreno para evitar sombreamento dos edifícios vizinhos. A praça foi posicionada na

Rua Bento Gonçalves para haver maior integração com a cidade, sendo que o acesso para

pedestres se dá por esta. Já o acesso de veículos acontece pelo subsolo e está localizado na

Rua General Osório. A horta coletiva e o pet place foram posicionados no Norte em todas as

propostas, por diversas questões como acessos, insolação, posição do edifício. Observe a

Figura 84.

Figura 84: Zoneamento 1 Fonte: autora, 2017

Na segunda proposta, a planta retangular foi organizada de maneira linear. Foi

experimentado a praça entre a edificação vizinha existente e o futuro prédio para unifica-la

com o pet place e horta coletiva e o acesso dessa se dá pela Rua General Osório. A posição

do prédio no terreno evita o maior sombreamento, realizado pelo edifício da Rua General

Osório, porém isso colocou a praça ficou em posição desfavorecida. Nesta opção, o acesso

de veículos acontece pela Rua Bento Gonçalves, como se pode observar na Figura 85.

Page 53: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

53

Figura 85: Zoneamento 2 Fonte: autora, 2017

Na terceira opção (Figura 86), situou-se o estacionamento aberto na área de maior

sombreamento do terreno, enquanto a praça voltou para a fachada sudoeste para maximizar

a integração do terreno com a cidade. O edifício foi organizado linearmente.

Figura 86: Zoneamento 3 Fonte: autora, 2017

A quarta opção foi elaborada a partir da junção dos pontos positivos das três opções

anteriores. A praça foi mantida na frente do terreno e melhorou a circulação dos pedestres e

integração após subtração diagonal da fachada sudoeste. O estacionamento ficará entre o

Page 54: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

54

edifício existente e o do projeto, por ser uma área de maior sombreamento. A horta e o pet

place seguem a noroeste e ficaram com acesso restrito à edificação. Foi aproveitado o

alinhamento das edificações vizinhas com a calçada e a praça para criar uma zona de

transição a partir de um deck que atende uma das salas comerciais. A posição do edifício no

terreno procura evitar o sombreamento e maximizar a insolação e sua organização

aglomerada busca priorizar a insolação nas áreas nobres do edifício. Esta opção está

representada na Figura 87.

Figura 87: Zoneamento 4 Fonte: autora, 2017

Page 55: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIKO, Alex K. Introdução à Gestão Habitacional. Texto técnico – Escola Politécnica da

USP. São Paulo, 1995.

ARCHDAILY. Doorm Residência de Estudantes / Luís Rebelo de Andrade. 2016.

Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/792489/doorm-residencia-de-estudantes-

luis-rebelo-de-andrade>. Acesso em: 29 mar. 2017.

ARCHDAILY. Moradia Estudantil Trondheim / MEK Architects. 2013. Disponível em:

<http://www.archdaily.com.br/br/01-87418/moradia-estudantil-trondheim-slash-mek-

architects>. Acesso em: 26 mar. 2017.

ARCHDAILY. Residência Estudantil / Lacroix Chessex. 2014. Disponível em:

<http://www.archdaily.com.br/br/01-169066/residencia-estudantil-slash-lacroix-chessex>.

Acesso em: 28 mar. 2017.

BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. 5. ed. São Paulo: Perspectiva,

2014.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

CABRAL, Cláudia Piantá Costa. Habitação Coletiva Mínima no Movimento Moderno

Europeu: realizações do período entre guerras. Porto Alegre, 1996.

D. K. Ching, Francis. Forma, espaço e ordem. 2ª edição. São Paulo. Editora Martins Fontes,

2008.

ECKER, Taienne Winni Paiz. Comparativo dos Sistemas Construtivos Steel Frame e ood

Frame para Habitações de Interesse Social. 2014. 154 f. TCC (Graduação) - Curso de

Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2014.

FARIAS, Fernanda Pereira. Habitação Particular para Estudantes Universitários em

Passo Fundo: Um Projeto para revitalização da infraestrutura do entorno imediato. 2015. 81

f. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Faculdade Meridional Imed, Passo

Fundo, 2015.

GOETTEMS, Renata Franceschet. Moradia Estudantil da UFSC: Um estudo sobre as

relações entre o ambiente e os moradores. 2012. 188 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.

KOWALTOWSKI, Doris C. C. Arquitetura Escolar: o projeto do ambiente de ensino. São

Paulo: Oficina de Textos, 2011.

Page 56: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

56

NAWATE, Priscilla Sayuri. Moradia do Estudante Universitário. 2014. 84 f. TCC

(Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, Curitiba, 2014.

NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de

Janeiro, 2015. 162 p.

NBR 9077: Saídas de emergências em edifícios. Rio de Janeiro, 2001. 36 p.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PASSO FUNDO. Código de Obras. 2017. Disponível em:

<https://leismunicipais.com.br/codigo-de-obras-passo-fundo-rs>. Acesso em: 12 abr. 2017.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PASSO FUNDO. Plano Diretor de Desenvolvimento

Integrado de Passo Fundo. 2006. Disponível em:

<http://www.pmpf.rs.gov.br/servicos/geral/multimidia/lei_170_06.pdf>. Acesso em: 10 abr.

2017.

PRIDE, Liz. Residências para estudantes e habitações para jovens. In: LITTLEFIELD,

David. Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento, e projeto. 3ª edição.

Porto Alegre. Editora Bookman, 2011. P. 145-156.

RAMOS, Renata Santiago. Habitar o Campus: Residencias Universitárias Modernas no

Brasil. 2012. 266 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

REIZ, Antônio Tracísio da Luz; LAY, Maria Cristina Dias. Avaliação da Qualidade de Projetos:

Uma abordagem perceptiva e cognitiva. Ambiente Construído. Porto Alegre, p. 21-34. set.

2006.

SCOARIS, Rafael de Oliveira. O Projeto de Arquitetura para Moradias

Universitárias. 2012. 185 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SECRETARIA NACIONAL DAS CASAS DOS ESTUDANTES. Sobre a SENCE. 2008.

Disponível em: <http://sencebrasil.blogspot.com.br/p/sobre-sence.html>. Acesso em: 28 mar.

2017.

Page 57: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

57

SOUSA, Livia Mesquita de. Significados e Sentidos das Casas Estudantis:: Um Estudo

com Jovens Universitários. 2005. 112 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Psicologia,

Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2005.

VILELA JUNIOR, Adalberto José. Uma Visão Sobre Alojamentos Universitários no

Brasil. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/5082031/vilela-junior-

adalberto-jose---uma-visao-sobre-alojamentos-universitarios-no-bra>. Acesso em: 25 mar.

2017.

ZANCUL, Juliana de Senzi. Habitação Estudantil: Avaliação Pós-Ocupação em São Carlos.

2007. 204 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São

Paulo, São Carlos, 2007.

Page 58: FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ......Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na

58

ANEXOS