Cláudia Souza Silva Educação Infantil - Blackboard Learn você deve saber, quando a criança...

20
Cláudia Souza Silva Educação Infantil

Transcript of Cláudia Souza Silva Educação Infantil - Blackboard Learn você deve saber, quando a criança...

Cláudia Souza Silva

Educação Infantil

Sumário

03

CAPÍTULO 3 – Teorias e Práticas do Século XX e os Ambientes de Aprendizagem ...................05

Introdução ....................................................................................................................05

3.1 Desenvolvimento e aprendizagem da criança ..............................................................05

3.1.1 Piaget ............................................................................................................08

3.1.2 Vygotsky .........................................................................................................09

3.1.3 Wallon ...........................................................................................................10

3.2 Práticas inovadoras e a consolidação da Educação Infantil ..........................................12

3.2.1 Decroly ..........................................................................................................12

3.2.2 Freinet............................................................................................................13

3.3 A organização do espaço e do tempo ........................................................................15

3.3.1 A organização do espaço físico e pedagógico ....................................................16

3.4 As experiências das crianças ao ar livre ......................................................................16

3.5 O desafio de ingressar na escola ..............................................................................17

Síntese ..........................................................................................................................19

Referências Bibliográficas ................................................................................................20

05

Capítulo 3IntroduçãoBem-vindo a este capítulo da disciplina Educação Infantil. Vamos conversar sobre Psicologia. Você sabia que esta área do conhecimento teve um papel muito importante na construção de novas formas de aprendizagem? Nas próximas páginas, apresentaremos algumas ideias e informações sobre os principais psicólogos que contribuíram para essas mudanças: Piaget, Vygotsky e Wallon.

E você já ouviu falar de Decroly? A exemplo de Maria Montessori, ele também era médico e se tornou educador ao tratar pessoas com deficiência intelectual. Decroly era belga e se propôs a atender os interesses infantis por meio de propostas que centralizavam a atenção da criança. Vamos explicar essas propostas neste capítulo. Ainda comentaremos a grande contribuição de Célestin Freinet, francês que listou uma série de práticas ativas ligadas à vida para a educação da criança, sem conteúdos desconectados da realidade cotidiana.

Por fim, você estudará ainda o espaço educativo. Você tem ideia de como este elemento pode contribuir para o desenvolvimento da criança? Por meio de teorias, explicaremos que o espaço educativo deve oferecer às crianças inúmeras possibilidades para expressarem o que pensam, sentem e sabem. Isso pode se dar por múltiplas linguagens, a exemplo do olhar, do movimento, do gesto, do choro, da mímica, da fala, do desenho, da pintura, da modelagem, da música, do canto, da escrita etc. Entenda, portanto, que o espaço físico deve ser um ambiente de apren-dizagem que possibilite que todas as necessidades da criança sejam atendidas, buscando seu desenvolvimento.

É hora de começar a compreender mais sobre o processo de aprendizagem das crianças! Bom estudo!

3.1 Desenvolvimento e aprendizagem da criançaSerá que podemos elaborar uma fórmula única para tratar do desenvolvimento infantil, que é um processo humano? Você não precisa das teorias para saber que não, certo? Basta observar as crianças com as quais convive – irmãos, filhos, primos, filhos de amigos, alunos. Ao mesmo tempo, é possível perceber certa regularidade, não é? Mas quais fatores exercem influência para que as diferenças surjam? E como se dá essa evolução?

Segundo Bassedas, Huguet e Solé (1999), até os seis anos de idade as crianças sofrem diversas mudanças. Entenda que, a cada dia que passa, elas se integram mais à sociedade e à cultura. Para entender melhor esse processo, você deve compreender três conceitos: maturação, desen-volvimento e aprendizagem. Esses são os itens mais importantes para que crianças pequenas possam aprender, desenvolvendo-se mental e fisicamente enquanto crescem.

A maturação envolve as “mudanças que ocorrem ao longo da evolução dos indivíduos, as quais se fundamentam na variação da estrutura e da função das células” (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 20). Ainda de acordo com as autoras, o desenvolvimento compreende “a for-

Teorias e Práticas do Século XX e os Ambientes de Aprendizagem

06 Laureate- International Universities

Educação Infantil

mação propriamente humana – linguagem, raciocínio, memória, menção, estima” (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 21). Perceba, assim, que é um processo interminável.

Por sua vez, a aprendizagem é o que incorporamos, aquilo que nos faz mudar de conduta, a maneira de agir e de responder; é o produto da educação que outros indivíduos planejam e organizam. “Mediante os processos de aprendizagem, incorporamos novos conhecimentos, valores, habilidades que são próprias da cultura e da sociedade em que vivemos” (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 21).

Saiba que cada criança tem um jeito único de se desenvolver, que é da espécie humana, mas há uma influência hereditária, a informação genética do pai e da mãe. São “traços morfológicos, um sexo definido, algumas capacidades de desenvolvimento que estão inscritas em determina-das constituições do cérebro e um calendário de maturação”, como também indicam Bassedas, Huguet e Solé (1999, p. 22)

Segundo Vygotsky (1989), a relação da aprendizagem com o desenvolvimento é de reciproci-dade, pois são fenômenos distintos, mas interdependentes. Compreenda que a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento num nível avançado, real, possibilitando novas aprendizagens. Percebeu o ciclo?

A aprendizagem ocorre das mais variadas formas – observando, ouvindo, mexendo etc. A Psico-logia e a Pedagogia tentam explicar esse processo. A criança pode aprender por meio

da experiência com os objetos, a aprendizagem através da experiência em determinadas situações, a aprendizagem através do prêmio e do castigo, a aprendizagem por imitação e a aprendizagem da formação de ‘andaimes’ por parte da pessoa adulta ou outra pessoa mais capaz (PANIAGUA, G.; PALACIOS, J PALACIOS, 2007, p. 25).

Para Piaget (1959), a criança pequena só conhece quando atua sobre os objetos, quando pratica ações sobre este. Situações criadas determinam aprendizagem, e estas permitem entender, am-pliando sua mente, percebendo as pessoas, seu comportamento em determinados lugares etc. As representações simbólicas são apontadas pelos psicólogos como jogos de faz de conta, nos quais a situação pode até mudar a função do objeto na brincadeira, possibilitando conhecimentos novos.

As crianças passam por muitos momentos de prêmios e castigos, o que serve para que apren-dam os seus limites, até onde lhes é permitido chegar e até que ponto a outra pessoa está dis-posta a consentir. Evite castigos de maneira autoritária, que fazem com que a criança perca a autoestima e a segurança. A retirada do afeto gera insegurança e sofrimento.

Pela imitação, as crianças observam as atitudes e as ações das pessoas e, com isso, passam a aprender e a reproduzir o que está sendo feito. É um processo de aprendizagem importante nos primeiros anos de vida.

Você conhece a aprendizagem por meio de andaimes? É aquela feita com o auxílio de um adulto mais capacitado que a criança, tendo em vista que ela não consegue realizar algumas tarefas sem o auxilio dele nesse processo, por meio de repetições, gestos, entre outros. Em certo momento, com um grau neurológico melhor, a criança poderá realizar a atividade completamente sozinha.

07

Figura 1 – Aprendizagem com o auxílio de um adulto.

Fonte: Shutterstock, 2016.

A aprendizagem compartilhada, por sua vez, é aquela em que adulto e criança têm papéis diferentes na interação. O adulto realiza determinada ação, e a criança faz outra, de acordo com a ação do primeiro. Segundo Vygotsky (1989), seria a atuação na zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que você estudará mais à frente.

Como você deve saber, quando a criança nasce, ela não tem consciência dos próprios movimen-tos. Ao longo do primeiro ano de vida, ocorrem várias mudanças fundamentais para o desenvol-vimento posterior. O bebê nasce com reflexos (de sucção, de preensão, movimentos automáticos etc.) e com um sistema nervoso que está preparado para uma maturação constante, que permite passar desse movimento involuntário a um consciente e voluntário – base do movimento humano.

A partir do segundo ano, as crianças começam a se opor aos pais e educadores. Isso se deve ao fato de quererem fortalecer a própria personalidade e a capacidade de autonomia. Elas se tornam mais independentes e iniciam a formação de suas personalidades. Nesse momento, sai-ba que é importante que os pais e educadores entendam como lidar com essas crianças para mostrá-las seus limites.

Depois dos dois anos de idade, considere que a criança está preparada física e psiquicamente para controlar suas necessidades fisiológicas e alimentícias. No decorrer dos anos, as crianças tornam-se mais capazes de discutir entre elas, com uso de argumentos linguísticos, de estabe-lecer relações diferenciadas com companheiros e companheiras, buscando um vínculo que seja enriquecedor para a tarefa que queiram desenvolver.

08 Laureate- International Universities

Educação Infantil

Figura 2 – Após os dois anos de idade, a criança adquire mais independência.

Fonte: Shutterstock, 2016.

Compreenda, assim, que a aprendizagem determina o desenvolvimento, que os adultos possuem um papel fundamental entre o mundo cultural e a criança, que as experiências das crianças são a base para fazer novas construções e ampliar o campo de conhecimento e que as mudanças ocorridas ao longo dos anos partem das condições atuais do indivíduo.

As considerações que você aprendeu foram feitas a partir da Psicologia do desenvolvimento humano e de aprendizagens do século XX. A partir de agora, vamos destacar alguns de seus representantes.

3.1.1 Piaget

Nascido na Suíça, Jean Piaget (1896 - 1980) é um conhecido estudioso da Psicologia Genética. Formou-se em Biologia e consagrou-se como grande cientista desta área. Ele também se desta-cou na Epistemologia, tratando de assuntos como a Teoria do Conhecimento, o que seus cola-boradores mais tarde chamaram de Construtivismo (PIAGET, 1959). Saiba que sua teoria tem por base a premissa de que a inteligência não é inata, não dependendo somente da hereditariedade. Assim, o desenvolvimento se dá a partir da interação com o meio. Entenda que é o sujeito que promove o conhecimento em constante interação com o objeto.

A inteligência se constrói em duas dimensões diferentes: existe um aspecto funcional e outro estrutural. A função da inteligência é feita de processos contínuos, iguais em adultos e crianças. Conheça estes processos:

• Acomodação – situação estável de percepções, informações e experiências;

• Conflito – situação de instabilidade, esquemas antigos e outras aquisições;

• Assimilação – reorganização, adaptação de todo o sistema cognitivo para adequar-se ao novo dado.

Tenha em mente, porém, que é a estrutura que indica o trabalho pedagógico diferenciado a ser feito com os pequenos, pois aquela não é a mesma em todas as idades. A estrutura da inteligên-cia torna-se radicalmente diferente nos adultos. Portanto, a percepção imediata que temos, como adultos aprendizes, não poderá ser parâmetro para a aprendizagem infantil.

09

De acordo com PIAGET (1959), observe abaixo esquemas evolutivos diferentes em adultos e crianças apresentados pela estrutura da inteligência:

• sensório-motor (de zero a dois anos) – A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. Este processo acontece na ação, concreta e direta, com o objeto do conhecimento;

• pré-operatório (de três a 7 anos) – Chamado também de Estágio Simbólico, representação em realizações reais. Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização dos esquemas de ação construídos no estágio anterior. operatório-concreto (de sete a 11 anos) – criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Segundo Piaget (1959), operar é pensar, ou seja, a criança pensa sobre a situação inversa de realizar a anterior concretamente, desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade);

• operatório-formal ( 12 anos em diante) – as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. A Representação nesta fase permite a abstração total, é possível pensar nas ações, buscando soluções a partir de relações abstratas e não apenas pela observação do concreto.

Estas informações da Psicologia são importantíssimas para o processo educacional, tanto para entender o desenvolvimento da criança como contribuição para o acompanhamento dos pais e trabalho dos profissionais da educação que interagem com elas, mediando este processo.

3.1.2 Vygotsky

A teoria original de Lev Vygotsky (1896 – 1934) é o interacionismo. Entenda que seus estudos passam pelas áreas da Linguística, da Psicologia do Desenvolvimento, da Psicologia da Educa-ção e da Psicopedagogia. Para ele, a inteligência tem uma dimensão histórica.

Os estudos de Vygotsky consideram a linguagem um instrumento lógico e analítico do pensa-mento. A linguagem se constitui em uma fala social, que, por sua vez, envolve expressões emo-cionais e elementos referenciais para a conversação. O pensamento é fruto da ação do diálogo. A fala também promove a autodireção, pois conduz o pensamento.

Segundo Vygotsky (1989), as funções psicológicas superiores, próprias do ser humano – as infe-riores pertencem também a alguns animais –, acontecem primeiramente nas relações interpsíqui-cas, em que pessoas em interação social assimilam experiências umas das outras. Apenas depois de incorporadas essas novas experiências se transformam em intrapsíquicas –interiorizadas, pas-sam a ser experiências nossas. Veja o exemplo: primeiramente, a criança não faz determinada ação porque seus pais não permitem. Depois, começa a entender, por si mesma, que não deve fazê-la. “A linguagem possibilita a capacidade de abstração, função mental complexa, que de-pende das experiências sociais vivenciadas” (VYGOTSKY, 1989, p. 38).

Há na concepção de Vygotsky dois níveis de desenvolvimento da inteligência:

• Efetivo – as crianças ou as pessoas conseguem realizar ações ou discernir conceitos sozinhas, pois já desenvolveram efetivamente o que é preciso para este entendimento. A inteligência está apta para que as realizações sejam efetuadas sem qualquer tipo de ajuda. É o desenvolvimento real;

• Potencial – compreende tudo que será possível realizar futuramente. Amplo, não é? Por isso, criou-se a noção de uma zona próxima ao desenvolvimento real.

10 Laureate- International Universities

Educação Infantil

A zona de desenvolvimento proximal (ZDP) - pode ser definida como a distância entre o nível de resolução de um problema que o indivíduo pode alcançar sozinho e o nível em que poderá chegar se tiver a ajuda de outra pessoa – pai, professor, colega etc. Compreenda-a como algo que está perto de ser efetivo, mas para fazê-lo é necessária a ajuda do outro.

Saiba que esta é uma ótima informação para a educação escolar, pois reabilita a função de ensinar do professor e contraria a Escola Nova, dando um papel ativo também para o educador. A perspectiva interacionista contribui para as tendências atuais da Pedagogia, que consideram o professor e o aluno responsáveis pelas aprendizagens.

3.1.3 Wallon

Uma teoria psicogenética e outra sobre a psicologia da criança são resultados dos trabalhos, dos estudos e das pesquisas do médico parisiense Henri Wallon (1879-1962). Além de atuar na área de saúde, ele também foi ativista político e membro do Partido Comunista, pondo em prática suas ideias socialistas.

Os estudos de Wallon diferenciaram-se dos feitos por seus colegas porque ele não abordou apenas os aspectos cognitivos da inteligência, mas considerou a pessoa por completo. Além da Psicologia, tratou de questões da Pedagogia. Teceu críticas muito contundentes às mudan-ças ocorridas a partir de algumas práticas equivocadas e fez ressalvas ao espontaneísmo, que acontece em nome de liberdade. Contestou a falta de sistematização, que pode gerar alterações nas verdadeiras intenções da prática; o individualismo, por passar a considerar o professor não necessário ao ensino; e ainda o caminho restrito dos métodos. Entenda, porém, que ele também defendeu propostas da Escola Nova por despertar o interesse infantil, condenar o autoritarismo abusivo comum ao professor da época e propor que as práticas aconteçam na ação concreta da criança, tendo um aluno ativo e ainda a atenção e o respeito aos níveis de desenvolvimento.

Na obra de GRATIOT-ALFANDÉRY (2010, p. 35-36), Wallon ao estudar o desenvolvimento da criança, levou em conta a pessoa toda. Os estágios listados abaixo, consideram todos os domí-nios, ou seja, o movimento, a afetividade e a intelectualidade.

• Estágio 1 - Impulsivo (zero a três meses) - Emocional (três meses a um ano) O primeiro ano de vida da criança é predominantemente afetivo, e é por meio da afetividade que a criança estabelece as primeiras relações sociais e com o ambiente.

• Estágio 2 - Sensório-motor (12 a 18 meses) - Projetivo (três anos) Esse estágio se estende até por volta dos três anos de idade e tem predomínio das relações exteriores e da inteligência. Nesse período, destacam-se os aspectos discursivos que, por meio da imitação, favorecem a aquisição da linguagem.

• Estágio 3 - Personalismo (três a seis anos) - Crise de Oposição (três a quatro anos) - Idade da graça (quatro a cinco anos) - Imitação (cinco a seis anos) Refletindo a característica pendular do desenvolvimento, nesse estágio há predomínio da afetividade. Compreenda que nesse estágio são formadas a personalidade e a autoconsciência do indivíduo, o que muitas vezes se reflete em oposições da criança em relação ao adulto e, ao mesmo tempo, em imitações motoras e de posturas sociais.

• Estágio 4 - Categorial (seis a 11 anos) Mais uma vez, predominam a inteligência e a exterioridade. No estágio Categorial, que se estende até por volta dos onze anos de idade, a criança passa a pensar conceitualmente, avançando para o pensamento abstrato e o raciocínio simbólico. Isso favorece funções como a memória voluntária, a atenção e o raciocínio associativo.

11

• Estágio 5 - Adolescência (a partir dos 11 anos) As mudanças físicas e psicológicas da adolescência acentuam o caráter afetivo desse estágio. Conflitos internos e externos fazem o indivíduo voltar-se a si mesmo, para autoafirmar-se e poder lidar com as transformações da sexualidade.

Figura 3 – Adolescência: autoafirmação e sexualidade.

Fonte: Shutterstock, 2016.

Assim como Vygotsky, Wallon colocou a interação social em primeiro lugar no processo de de-senvolvimento da criança e fez referências às suas características:

• evolutiva, pelas mudanças sucessivas que ocorrem;

• histórica, pelo caráter temporal de suas modificações.

Tenha em mente que a interação social acontece pela linguagem e conduz ao pensamento.

VOCÊ QUER VER?

Assista ao filme-documentário Henri Wallon, de 2006, da produtora Atta Mídia e Edu-cação. O material trata da vida e da obra do pesquisador francês que você está es-tudando. Por meio de exemplos, o filme apresenta os estágios de desenvolvimento da criança ajudando a entender como cada estágio acontece na prática e propiciando uma melhor compreensão do conteúdo estudado.

12 Laureate- International Universities

Educação Infantil

3.2 Práticas inovadoras e a consolidação da Educação InfantilFace aos estudos sobre a inovação na Educação Infantil e a sua afirmação como importante fase na vida da criança, vamos conhecer mais dois educadores: Decroly e Freinet, que revolucio-naram a prática educativa, com exemplos significativos de como conseguir que o processo de ensino-aprendizagem seja mais eficiente e interessante para as crianças.

3.2.1 Decroly

O médico belga Jean-Ovide Decroly (1871 - 1932) dedicou-se às pesquisas educacionais, fun-dando uma escola e inovando nos temas. Sua preocupação era com a globalização do ensino, em torno de centros de interesse: a criança e a família; a criança e a escola; a criança e o mundo animal; a criança e o mundo vegetal; a criança e o mundo geográfico; e a criança e o universo.

Decroly formou-se em Medicina na Universidade de Gand e morou em Berlim e Paris. Especiali-zou-se em doenças neurológicas e também trabalhou com pessoas com deficiência intelectual. O médico criou métodos baseados na observação e depois os utilizou em crianças sem deficiência, a exemplo do realizado pela também importante pesquisadora Maria Montessori. Ambos acredi-tavam que o ensino deveria se aproveitar das aptidões naturais de cada faixa etária.

Na Bélgica, em 1901, Decroly abriu em sua casa uma escola chamada École de l’Ermitage, que atendia apenas crianças com deficiência. Seis anos depois, diversos pais, admirados com seu trabalho, pediram que ele abrisse um colégio para as demais crianças.

Sua pedagogia atuava sobre a expressão artística e o papel social preventivo que a escola de-veria exercer, não deixando as crianças se tornarem membros afastados da sociedade. Segundo Decroly, a Educação e a sociedade deveriam estar em contato constante. A escola, além de ser mais um aspecto integrado na vida das crianças, teria a responsabilidade de ensiná-las a apren-der em um processo prazeroso, que atendesse às necessidades e aos interesses dos pequenos. Assim, a necessidade gera o interesse e este leva ao conhecimento.

Baseado neste conhecimento, Decroly desenvolveu as teorias do globalismo e dos centros de interesses, dando preferência ao trabalho em grupos, como preparo para o convívio em socie-dade. Os métodos e as atividades propostos pelo educador belga têm por objetivo desenvolver três atributos: observação, associação e expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com que a criança externe e compartilhe o que aprendeu, neste atributo ele dedicou-se à questão da linguagem. . Com a ampliação deste conceito, Decroly pretendia minimizar a ideia de inteligên-cia como capacidade de dominar a linguagem convencional, valorizando expressões concretas, como os trabalhos manuais, os esportes e os desenhos.

Conforme Decroly, o entendimento errôneo de como funciona a mente das crianças leva os adultos a subestimarem a importância dos jogos, das brincadeiras e das representações de mundo para os pequenos, reforçando a tese de que até os cinco ou seis anos de idade, o fator globalizante tem forte presença no desenvolvimento das crianças.

Apesar da grande contribuição ao estudo da Educação Infantil, Decroly nunca escreveu uma obra que resumisse suas teorias de maneira conclusiva, pois estas estavam em constante evolução.

13

3.2.2 Freinet

Célestin Freinet nasceu em Gars, na região francesa da Provença, em 15 de outubro de 1896. Na adolescência, mudou-se para Nice, onde iniciou o curso de Magistério e começou suas atividades como professor adjunto, mesmo antes de concluir o curso normal. Entenda que, por meio do sensível contato com os alunos, começou as descobertas práticas que originaram as atividades voltadas para o interesse das crianças.

Na busca por formar crianças ativas no processo de aprendizagem – em vez de passivas e ente-diadas em sala –, o educador Freinet inseriu no cotidiano escolar do início do século XX práticas como aulas-passeio, jornal na aula, a imprensa na escola, o livro da vida e a correspondência na escola. Ele foi um estudioso dos autores pioneiros da Escola Nova. A partir desta influência e com suas criações, mesmo não estando inserido no movimento, contribuiu muito para as trans-formações da prática pedagógica, principalmente na Educação Infantil.

Entre 1926 e 1928, Freinet conheceu a artista plástica Elise e casou-se com ela, que trabalhou como sua colaboradora. Os dois fundaram uma cooperativa de ensino e passaram a atuar em Saint Philibert. Freinet enfrentou períodos difíceis. Em 1940, ele foi preso no campo de concen-tração alemão de Var. Ficou gravemente doente e, na prisão, deu aula para seus companheiros, enquanto Elise lutava pela sua libertação.

Após ser solto, Freinet integrou-se ao movimento da Resistência Francesa e lançou a ideia do movimento Frente da Infância. Entre os anos de 1947 e 1948, a cooperativa reunia 20 mil parti-cipantes. Então, preocupados com o excesso de crianças em sala de aula, lançaram uma campa-nha nacional por 25 alunos por classe. Em 1966, Freinet morreu na cidade de Vence, na França.

A pedagogia de Freinet é muito mais que uma proposta educacional, é quase uma filosofia de vida. A criança é vista como um ser autônomo que tem a capacidade de escolher, sob orientação do educador e de acordo com seu próprio interesse, as atividades que serão desenvolvidas. Por-tanto, é uma educação que respeita o indivíduo e a diversidade e reencontra a identidade pró-pria do ser humano por meio da individualidade. É uma pedagogia real e concreta que procura respeitar as crianças e aos adolescentes como eles são e oferecer uma educação condizente com suas necessidades e vivenciada no cotidiano.

Freinet introduziu algumas práticas na rotina escolar, como as aulas-passeios, o livro da vida, a imprensa escolar, a correspondência e o texto livre.

Figura 4 – Passeios ao ar livre: aprendizado e diversão.

Fonte: Shutterstock, 2016.

14 Laureate- International Universities

Educação Infantil

Aula-passeio

Segundo a coordenadora do Núcleo Freinet, de São Paulo, Rosa Maria Whitaker Sampaio, a aula passeio tem quatro etapas: motivação, preparação, ação e comunicação. (Revista Nova Escola, ed. 139 – Jan/2001 – Reportagem de Capa por Josiane Lopes – Freinet – em seu centenário, o grande educador continua vivo na sala de aula.)

A partir do momento que a primeira etapa da aula-passeio se cumprir, a de motivação (grupo motivado), as demais etapas serão efetivadas. A de planejar os aspectos matérias: preparação, a verificação de hipóteses após o término do passeio e a necessidade de novas pesquisas ou com-plementação de conhecimentos novos: ação e prolongamento e a divulgação das conclusões através da imprensa escolar, murais, peças de teatro etc.: comunicação. Livro da vida

Considere-o como uma espécie de diário de classe, ao qual as crianças têm livre acesso e do qual o professor também deve participar. O livro da vida é a forma de registro mais primária da livre expressão. Nele, a criança pode incluir qualquer trabalho (texto, desenho, pintura etc.) que deseje, sem passar pela correção coletiva. A única exigência é que os textos sejam sempre assinados para que possam ser discutidos com todos.

Imprensa escolar

A imprensa escolar é um dos pilares da pedagogia Freinet e usada desde as séries iniciais. A atividade parte de textos escritos livremente, com temas definidos pelos alunos a partir de entre-vistas, pesquisas e aulas-passeios. Mas, para ser divulgado, entenda que o texto precisa estar perfeito, e a correção coletiva é essencial. O processo de impressão também é comum a todos. Como lecionava numa escola sem recursos, Freinet criou o limógrafo, uma impressora artesanal, substituída depois pelo mimeógrafo e, hoje, pelo computador.

Correspondência escolar

A correspondência entre classes e escolas é outro importante pilar da pedagogia de Freinet. Para ele, as atividades escritas tinham pouco sentido se ficassem restritas aos que as produziam, mas se tornavam apaixonantes se o autor soubesse que eram lidas e correspondidas.

Texto livre

É a base da livre expressão defendida por Freinet, pois respeita a inspiração da criança quanto à forma, ao tema e ao tempo para sua realização. ,. O texto é livre, como sugere o nome, mas continuamente estimulado, podendo ser também um desenho, um poema etc.

Por fim, a colocação mais importante de Freinet é a visão da criança como um indivíduo pen-sante, com capacidade de decidir e opinar sobre assuntos que lhe são apresentados. Não só a criança, mas também o adulto realizará de forma mais agradável atividades que sejam estimula-das, em vez de impostas. É necessário, desde sempre, que você incentive a curiosidade sobre a vida e suas inúmeras possibilidades.

Confira o site a seguir para obter mais indicações de conteúdos complementares ao estudo do teórico Célestin Freinet. Neste página você vai conhecer sobre a ABDEPP (Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas da Pedagogia Freinet) e também ver al-gumas escolas que funcionam a partir desta pedagogia aqui no Brasil. <http://www.freinet.org.br>.

VOCÊ QUER LER?

15

3.3 A organização do espaço e do tempoAs escolas são o objeto mais visível do trabalho dos educadores, uma vez que oferecem múltiplas percepções e mensagens, não é mesmo? Este espaço reflete de muitas formas a influência da cultura das pessoas que nele vivem e revela até mesmo camadas distintas. Você pode perceber isso pelas cores das paredes, pelo mobiliário utilizado, pela estrutura física, pelo tamanho das janelas, pelas plantas usadas no ambiente e em muitos outros detalhes.

O cuidado com a aparência do ambiente, juntamente com o desenho dos espaços, favorecendo a interação social, são indicadores de uma proposta humanista que visa o desenvolvimento social do indivíduo. O progresso cognitivo está estreitamente relacionado ao desenvolvimento social. O espaço pode ser planejado e estabelecido para facilitar encontros, interações e intercâmbios entre as crianças. Como já comentamos aqui, elas constroem em conjunto seu conhecimento de mundo, a partir da atividade compartilhada, da cooperação e até mesmo do conflito, trocando ideias e explorando os espaços. .

As atividades devem ser planejadas com com a participação ativa das crianças, favorecendo a construção das noções de tempo e espaço. A rotina da Educação Infantil prevê diversos tipos de atividades: a entrada, a alimentação, a higiene, o repouso, as brincadeiras, os jogos variados, os livros de história, as atividades livres e sendo que a grande parte destas atividades de rotina são mediadas pelo educador. Todos estes momentos devem favorecer experiências múltiplas que possibilitem a criatividade, a experimentação, a imaginação, as diferentes linguagens expressivas e a interação social.

Para organizar as atividades no tempo correto, respeite as necessidades biológicas das crianças (repouso, alimentação, faixa etária etc.). Também considere as diferenças individuais quanto ao estilo de aprendizagem, ao ritmo e ao tempo para realizar a atividade por parte de cada criança.

Figura 5 – Espaço educativo e social agradável para o desenvolvimento da criança.

Fonte: Shutterstock, 2016.

Vale reforçar: é fundamental o espaço físico e social para o desenvolvimento da criança, pois ajuda a estruturar as funções simbólicas, motoras, sensoriais, lúdicas e relacionais. O espaço educativo deve ser bem variado, cheio de contrastes, de diferentes sensações, de tensões e pos-sibilitar que a criança aprenda a lidar com tudo isso.

16 Laureate- International Universities

Educação Infantil

3.3.1 A organização do espaço físico e pedagógico

De acordo com CEPPI, Giulio; ZINI, Michele (2013), a professora Carla Rinaldi em 1971 come-çou a trabalhar nas creches e pré-escolas de Reggio Emília (Itália) e em uma destas escolas de Educação Infantil obseervou um pôster que proclamava os direitos das crianças, elaborado por crianças de cinco anos. Dizia o cartaz:

As crianças têm direito de ter amigos, de outro modo não crescerão muito bem. As crianças têm o direito de viver em paz. Viver em paz significa estar bem, viver juntos, viver com as coisas que nos interessam, ter amigos, pensar em voar, sonhar. Se uma criança não sabe algo, ela tem o direito de cometer erros. Isso funciona porque, depois que ela vê o problema e os erros que cometeu, então ela sabe (Escola Diana, 1990).

Próximo ao pôster, você poderia ver fotografias de grupos de crianças nas diferentes atividades, das equipes de professores, das turmas de três, quatro e cinco anos, fotos da cozinheira e do atelierista e da equipe auxiliar. Todos tinham um sorriso de boas-vindas.

Perceba que, dessa forma, essa escola se demonstra acolhedora e valoriza pais, professores e alunos, recebendo as pessoas de forma hospitaleira e serena – pois o ambiente é cuidadosamen-te organizado para passar esta sensação – e deixando todos moverem-se na unidade de ensino. O ambiente é muito importante! A partir do uso imaginativo dos espaços, o visitante de qual-quer instituição para crianças de Educação Infantil entende suas mensagens ou seus significados com base nas próprias ideias.

Em Reggio Emilia, segundo CEPPI, Giulio; ZINI, Michele (2013), os educadores utilizam uma filosofia baseada na parceria entre crianças, pais, professores, conselheiros educacionais e co-munidade e valorizam o espaço educacional. Eles planejam este lugar, tornando-o muito mais do que um local útil e seguro onde podemos passar horas com várias atividades. Compreenda que eles criaram espaços que refletem sua cultura e as histórias de cada escola em particular, fazendo com que as crianças sintam que toda a unidade – incluindo espaços, materiais e projetos – valoriza e mantém sua interação e sua comunicação.

Os espaços devem ser agradáveis e acolhedores, demonstrando os projetos e as atividades trabalhadas, além das rotinas diárias, das crianças e da equipe de profissionais que fazem da complexa interação que ocorre ali algo significativo e alegre. O lugar deve sempre refletir a cultura das pessoas que ali convivem. Os móveis devem ser funcionais e agradáveis, a cor das paredes deve ser selecionada com atenção, a manutenção precisa ser periódica ou sempre que necessário, preocupando-se com a iluminação natural e a decoração adequada. .

3.4 As experiências das crianças ao ar livreA presença de elementos naturais dentro das escolas é de fundamental importância para as crianças. Valorize salas que permitam iluminação natural com a entrada de sol, a visão do céu, de árvores e de passarinhos e que contenham com vasos de plantas e flores. Esses espaços inter-nos devem se abrir para áreas externas cobertas e desafiar as crianças. Estes espaços internos e externos favorecem o estímulo as sensações ao ofertar materiais variados.

Para Vygotsky (1989), é na presença do outro que nos relacionamos com o mundo externo para formação do eu. Na Série Fundo do Milênio para a Primeira Infância Cadernos Pedagógicos – volume 2.) explica que o convívio da criança com outras pessoas (adultos ou crianças) é de fundamental importância para seu desenvolvimento e que os gestos humanos possuem signifi-cados quando percebidos e interpretados por outra pessoa. E também intensifica o fato de que a organização do espaço de convívio passa a ter muita importância, pois se torna estimulante e provocador de situações de movimento, diálogo e gestualidade.

17

Howard Gardner, criador da teoria das múltiplas inteligências, afirma que a predispo-sição genética e as experiências vividas na infância podem favorecer nossos “compu-tadores mentais”. Desta forma, vejam esta entrevista <http://www2.uol.com.br/viver-mente/reportagens/multiplas_inteligencias.html> e perceba que aprendemos de várias maneiras e que de acordo com o autor existem outras 8 formas de inteligência.

VOCÊ QUER LER?

De acordo com PORTILO (2009) pesquisas mostram que, em um ambiente natural com “um contexto integrado de aprendizagem” ou na aprendizagem baseada em projetos, o desempenho dos alunos em testes padronizados melhorou. Saiba que cresceu ainda a média das notas, a von-tade de permanecer na tarefa, a adaptabilidade a diferentes estilos de aprendizagem e a taxa de resolução de problemas, dentre outros aspectos. Os estudos indicam também uma redução em casos de comportamentos antissociais, como a violência, o bullying e o vandalismo, bem como uma queda no número de faltas.

Em alguns países, como a Noruega (PORTILO, 2009), as escolas de Educação Infantil têm como cultura os alunos ficarem o maior tempo possível ao ar livre, utilizando-se dos recursos naturais como bosques e áreas verdes para brincar. Compreenda que não há teoria pedagógica definida, apenas a valorização do ar livre como espaço para que os pequenos se desenvolvam melhor.

3.5 O desafio de ingressar na escola Quando a criança está ingressando pela primeira vez na escola, é importante respeitar o período de adaptação. Tenha em mente que o professor deverá ser um facilitador neste processo, dando segurança e prazer a este início escolar. A adaptação ocorre de forma particular, pois abrange desde as visitas da família, as entrevistas, bem como as semanas iniciais até o primeiro ano de escolarização da criança.

Você certamente já viu crianças e pais chorosos, tensos e nervosos. Esse período não precisa ser visto pela família como um processo doloroso, mas, sim, bastante positivo e valioso no desenvol-vimento do filho. Durante esse processo, toda a comunidade escolar – pais, professores e funcio-nários – devem proporcionar um ambiente acolhedor para a criança, favorecendo a adaptação.

O papel do professor é o de preparar um local agradável, com atividades envolventes e prazero-sas, proporcionando neste momento de adaptação atividades que estimulem a individualidade e a socialização por meio de músicas, danças, histórias, jogos e brincadeiras. Saiba que, assim, a criança se sentirá segura. Consequentemente, o processo de adaptação e socialização acon-tecerá de forma tranquila. Seja paciente, pois cada criança é única e aprende a conviver em seu tempo com novas situações.

A independência e a autonomia são conquistadas aos poucos. A criança vai mostrando que é ca-paz de dominar seus sentimentos de separação da família relacionados com a entrada na escola. Desta forma, dará um grande passo na direção do desenvolvimento global e, por consequência, do amadurecimento. O que poderia ser um problema será visto como uma oportunidade de crescimento.

Quais cuidados a escola e os professores devem tomar durante o período de adaptação? Pode-mos citar alguns:

18 Laureate- International Universities

Educação Infantil

se a criança quiser levar um objeto de casa para a escola, é importante permitir, pois esse ob-jeto pode lhe dar segurança. Por criarem um campo de transição entre a casa e a escola, esses objetos – chupetas, paninhos, brinquedos prediletos, álbum de fotos dos pais – podem auxiliar o processo de separação;

a instituição de Educação Infantil pode oferecer aos pais um espaço de espera enquanto as crianças estão no processo de adaptação. Assim, tanto pais como crianças podem passar por esta etapa com mais tranquilidade.

É preciso garantir que a criança, os pais e os profissionais da educação (comunidade escolar), possam se desenvolver e crescer, facilitando a se de inserção da criança na educação infantil. O ingresso da criança na escola é um desafio, Lembrando que é de grande importância para a criança sua inserção, pois é neste espaço que ela muitas vezes, vai ter a experiência e o prazer de conviver, aprender a dividir e se relacionar com pessoas da mesma idade.

19

SínteseAs ideias e práticas sugeridas pelos teóricos que você estudou neste capítulo são absolutamente coerentes para aquele que concorda que a escola é o lugar onde a criança, indivíduo, desenvol-ve-se como um todo – física, emocional, social e psicologicamente. Abrangem, portanto, todos estes aspectos. No decorrer de seus estudos, você pôde:

• aprender que as capacidades atuais de uma criança são definidas pela interação entre a maturação psicofísica e as possibilidades oferecidas pelo contexto do momento. compreender que as crianças apresentam três áreas gerais: motora, cognitiva e afetiva, discutidos pelos autores: Wallon, Piaget e Vygotsky:

• discutir a importância das aprendizagens, que, conforme alguns autores, impulsionam o desenvolvimento da inteligência;

• conhecer mais dois educadores revolucionários da prática educativa (Decroly e Freinet), com exemplos significativos de como conseguir que o processo de ensino-aprendizagem seja melhorado: perceber que, desde cedo, as crianças estão em interação com os adultos e com o meio em que vivem. É por meio da mediação dos adultos que os processos psicológicos superiores tomam forma, seja por meio da ação ou da linguagem.

• entender que, com o passar dos anos, foi possível perceber que a criança é, sim, um ser pensante e capaz, com especificidades e identidade própria.;

• Reconhecer a importância da inserção da criança no ambiente educacional (escola) e como esta adaptação ocorre.

Síntese

20 Laureate- International Universities

ReferênciasBALABAN, N. O Início da Vida Escolar: da separação à independência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

BARBOSA, M. C. S. Por Amor e por Força: rotinas na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Artmed: Porto Alegre, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação – MEC. Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil. Brasília: SEB, 1998.

CEPPI, Giulio; ZINI, Michele (Org.). Crianças, espaços, relações como projetar ambientes para a Educação Infantil. Trad. Patrícia Helena Freitag. Artmed: Porto Alegre, 2013.

FREIRE, M.; DAVINI J. Adaptação: pais, educadores e crianças enfrentando mudanças. São Paulo: Espaço Pedagógico,1999. (Série Cadernos de Reflexão).

GRATIOT-ALFANDÉRY, H. Henri Wallon. Tradução: Patrícia Junqueira (Org.). Recife: Editora Massangana, 2010. (Coleção Educadores).

KAMII, Constance. Teoria de Piaget e a Educação Pré-escolar. São Paulo: Editora Instituto Piaget, 2003.

OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1995.

PANIAGUA, G.; PALACIOS, J. Educação Infantil: resposta educativa à diversidade. Artmed: Porto Alegre, 2007.

PIAGET, J. A Linguagem e o Pensamento da Criança. Tradução: Manuel Campos. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1959.

PORTILO, E. Como se Aprende? Rio de Janeiro: WAK, 2009.

REGO, T. C. Vigotsky: uma perspectiva histórico-cultural da Educação. Petrópolis: Vozes, 1995.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

ZABALZA, M. Qualidade na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ALVES, Rubem. Quando eu era menino. São Paulo: Papirus, 2003.

AMORIM, Elizabeth. A dimensão do cuidado essencial no fazer pedagógico infantil como exigência primeira na construção da cidadania planetária. São Leopoldo: UNISI-NOS, 2002.

Bibliográficas