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Língua Portuguesa: Estudos Gramaticais

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Material teórico

Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Carlos Augusto Andrade

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Começamos, hoje, nossa primeira Unidade. Esta disciplina tem por objetivo rever alguns conceitos sobre a Língua Portuguesa ligados à Gramática Normativa. Nesta Unidade, iniciaremos o estudo observando algumas questões relativas ao conceito de gramática e de variação linguística, nos detendo mais sobre um dos aspectos da morfologia da língua – as classes de palavras/vocábulos, inclusive, refletindo sobre as suas classificações e flexões.

Na primeira Unidade, estudaremos duas classes de palavras: substantivo e artigo.

É fundamental conhecermos as classes, pois nas três últimas Unidades que tratam da Sintaxe de Concordância, de Regência e de Colocação, elas serão recuperadas em vários momentos.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar

as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Há muitas dúvidas por parte de professores e de estudantes dos motivos para o estudo

de Gramática na prática escolar. Elas surgem devido ao próprio desconhecimento do “que” é Gramática e de “como” ela deva ser abordada na escola. Durante o curso de Letras, observaremos uma variedade de relações entre as diversas disciplinas e os estudos de gramática da Língua Portuguesa. Para tanto, nesta disciplina, faremos uma breve passagem por alguns princípios da Gramática Normativa, deixando claro que não estudaremos todas as questões referentes a ela. O que pretendemos é refletir sobre alguns dos aspectos relacionados à morfologia da língua, ligados às classes de palavras e alguns aspectos da sintaxe. Optamos por uma abordagem que possibilite ao futuro professor conhecimento teórico que possa dar suporte as suas futuras atividades profissionais em relação a questões gramáticas, lembrando que em outras disciplinas os conteúdos aqui desenvolvidos serão utilizados para atividades mais práticas.

Nesta Unidade, além de revermos o que é Gramática e Variação Linguística, estudaremos sobre um dos conteúdos da Morfologia, mais especificadamente as classes de palavras/vocábulos que compõe uma parte da estrutura da língua.

Para trabalharmos com mais eficácia e eficiência, dividimos o estudo das classes em três grupos: 1. Substantivos e Artigos, 2. Adjetivos, Numerais e Pronomes; 3. Verbos, Advérbios, Preposições, Conjunções e Interjeições. O objeto de estudo desta Unidade será as do primeiro grupo.

Esperando contribuir para o esclarecimento dessas questões que já foram objeto de estudo no ensino fundamental e médio.

Colocamo-nos à disposição para esclarecer as dúvidas que surjam no percurso, para tanto, procuraremos estar presente na virtualidade, por meio dos fóruns, e-mails e salas de discussão.

Contextualização

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1. O que é Gramática

É muito bom saber que passaremos alguns momentos juntos estudando questões relativas a alguns estudos gramaticais.

Começaremos pensando no próprio termo “Gramática”. Ele é de origem grega (γραμματική, grammatiké) e, posteriormente, adquire sua forma latina (grammatica), como pode ser observada nos dicionários de Língua Portuguesa. Na forma grega, origina-se do termo “grámma”, que quer dizer “letra”. É importante entendermos o sentido estrito da palavra “Gramática” como o sistema de regras de uma língua em funcionamento. Esse sentido foi se ampliando com o tempo.

Hoje, falamos de alguns tipos de Gramática:

1. Descritiva - preocupa-se com o funcionamento da língua em determinado contexto específico. Ou seja, ao estudar uma expressão do tipo “nós fumo hoje na praia”, a preocupação da Gramática Descritiva é com a descrição das questões que permitiram a elaboração desse enunciado no contexto em que ele foi produzido. 2. Gramática Normativa - preocupa-se com a prescrição de regras, baseadas na construção de dialetos de prestígio de uma determinada língua. Ou seja, na maioria das línguas, buscam-se em seus escritores de prestígio as estruturas linguísticas que foram utilizadas por eles, para exemplificar qual seria a forma “correta” para se dizer ou escrever. Como ela apresenta o dialeto de prestígio da sociedade, ela é a que se ensina na escola, com a finalidade de proporcionar aos alunos a possibilidade de conhecimento de uma norma, que evite a discriminação pelo uso de outras em contextos diversificados. 3. Gramática Histórica – o objetivo de estudo dessa gramática é estudar as origens e a evolução de determinadas línguas.

Como nosso objetivo é refletir sobre a Gramática Normativa, é fundamental que a compreendamos em seu status de norma culta, padrão e exemplar, pois ela trabalha com as estruturas linguísticas que socialmente são consideradas exemplares e prestigiadas, garantido, como dizem os gramáticos, a existência de um padrão linguístico de certa forma uniforme no qual se registre a produção cultural de uma sociedade. Portanto, conhecer essa norma seria uma maneira de ter acesso a esse nível de produção, evitando, assim, discriminações linguísticas.

Para aprofundarmos um pouco sobre esse conhecimento da norma é importante entendê-lo no âmbito de suas relações com as variações linguísticas. É o que veremos a seguir.

Material Teórico

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2. Variações Linguísticas

Antes de falarmos sobre variação linguística, é fundamental entendermos o que seria norma, variação e registro, Há uma tendência escolar em observar apenas o que se tem chamado de tradição normativo-prescritiva da língua. Recorremos a Coseriu (1978), que define sistema como um conjunto de possibilidades de uma língua, ou seja, toda forma de expressão que pode ser utilizada por um falante ou uma determinada comunidade. Para ele, o sistema é o mais alto nível de abstração da língua. O autor quando trata da a define por um conjunto infinito de possíveis realizações linguísticas, desenvolvidas pelas diferentes possibilidades de relações, por meio das unidades constantes do sistema, sendo ela a realização individual e concreta de cada falante.

Já, observando o conceito de norma, Coseriu diz que ela seria algo mais arbitrário, que estaria entre o abstrato do sistema e a concretude da fala, sendo apenas uma das possibilidades oferecidas pelo sistema e que implicaria a repetição de certos modelos anteriormente apresentados. É importante explicitarmos que norma para esse autor não seria a prescritiva das gramáticas, mas sim, o que é normal e regular nos usos. Aquilo que é utilizado com regularidade pelos falantes, ou seja, a norma se impõe ao falante (no uso) e limita a liberdade de expressão desse falante. Para Coseriu (1978), o falante, em sua atividade linguística, poderia conhecer ou não a norma. Ao não conhecê-la, guiar-se-ia pelo sistema, podendo estar ou não de acordo com a norma, para aquele contexto.

A Gramática Normativa, chamada de normativo-prescritiva está vinculada ao “certo” e ao “errado”, pois tudo o que se distancia do modelo proposto pela norma de prestígio seria qualificado como “erro”.

No entanto, é bom salientarmos que existem outras variantes que são instrumentos de comunicação e não devem ser consideradas menores ou maiores. São formas de comunicação de menor prestígio social, no entanto, são utilizadas em diversos contextos e podem ser descritas assim como a chamada variante padrão, portanto, caberá ao futuro professor respeitar as variações que seus alunos apresentam em sala de aula, buscando mostrar que existe uma variante que é prestigiada e que, conforme bem aponta Bechara (2006), todos devem tornar-se “poliglotas em sua própria língua”, sabendo articular as variedades em seus diversos contextos de produção e utilizar a norma padrão, para não ser desprestigiado e discriminado nos convívios sociais que a exijam; função primeira do ensino de Língua Portuguesa.

Agora, vamos refletir um pouco sobre as variações lingüísticas.

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2.1 Alguns tipos de variações linguísticas

Há vários estudos que apresentam algumas classificações das variações linguísticas, no entanto, para este momento, gostaríamos de apresentar os realizados por Travaglia (1997), que nos apresentam a seguinte configuração:

1. Dialetos: variação que ocorre em função das pessoas que utilizam a língua. Ela pode ocorrer em seis dimensões: territorial, social, de idade, de sexo, de geração e de função profissional. 2. Registros: variedades que ocorrem em função do uso que se faz da língua, conforme a situação em que o usuário e o interlocutor estão envolvidos. As variações de registro podem ocorrer em três dimensões: grau de formalidade (formal/informal), modo (modalidade escrita ou falada) e sintonia (de acordo com a tecnicidade, a cortesia).

Bem, pensando assim, podemos dizer que as pessoas interagem em seus contextos e que, dependendo das necessidades comunicativas, procurarão tornar-se inteligíveis, buscando a melhor forma de interagir.

Entre jovens, por exemplo, o verbo “ficar” não tem hoje o mesmo significado que apresentava no meu tempo. Quando dizíamos “Ficarei com você hoje”, era simplesmente uma forma de marcar nossa presença em algum lugar, sem nenhuma conotação de manter algum tipo de relacionamento. Hoje, no entanto, ao dizer “fiquei com determinada pessoa”, o jovem está afirmando que manteve com ela um relacionamento amoroso ou até sexual.

É comum reconhecermos alguns dialetos regionais. Ao ouvirmos um carioca, um mineiro ou um gaúcho, conseguimos perceber com clareza pelos falares a origem linguística deles.

Dessa forma, começamos a entender que, mesmo estudando a variante de prestígio, não podemos deixar de lado os estudos relacionados a outras variantes, que serão inclusive objeto de estudo de outras disciplinas.

A partir dessa pequena introdução, vamos começar sistematicamente com nossos estudos sobre a variante de prestígio, ressaltando que procuraremos, de certa forma, mostrar a teoria alicerçada em exemplos práticos.

3. Gramática Normativa

Para compreendermos melhor em que lugar da gramática estão relacionadas “classes de palavras”, observemos o esquema abaixo, que apresenta uma divisão dos estudos da Gramática Normativa apontada pela maioria dos estudiosos.

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Quanto ao estudo da estrutura da língua, a Gramática é composta por três partes: Fonologia, Morfologia e Sintaxe. Os estudos de semântica são realizados, no entanto, não estão diretamente ligados à estrutura e sim, aos contextos de comunicação, pois ela se preocupa com a significação.

A seguir, apresentamos os conceitos de cada uma delas, observando o que está disposto no Dicionário de Linguística de Dubois e outros (2007).

a) Fonologia – Cabe a ela o estudo sonoro dos idiomas. Ao estudá-lo, ela se preocupa em saber como os fones (sons) se organizam na língua. As menores unidades da língua, chamadas de fonemas, são traços distintivos que estão armazenados na memória e representam as unidades sonoras. Estudos sobre os fonemas, os encontros consonantais e vocálicos, a sílaba, a ortoépia (ocupa-se da correta produção da palavra) e a prosódia (ocupa-se do estudo da correta posição da sílaba tônica) serão objeto de estudo de disciplina própria durante o curso.

b) Morfologia – De acordo com a tradição gramatical, é o estudo das formas, flexões e derivações das palavras. Estuda, portanto, a estrutura e a formação das palavras, as classes de palavras e as classificações, flexões e derivações. Nesta disciplina, ocupar-nos-emos em fazer uma revisão dos estudos das classes de palavras, realizados em níveis de escolarização anteriores. Como apontado em nosso objetivo, observaremos as classes em uso, mediante os exemplos que serão apresentados. A intenção é, também, promover a percepção dos sentidos que elas podem adquirir em contextos diferenciados de produção frástica, oracional ou mesmo textual.

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c) Sintaxe – É o estudo das funções que as palavras possuem nas frases e orações, observando as relações sintagmáticas. Estuda a diferença entre frases e orações, os termos constituintes das orações (essenciais, integrantes e acessórios), as relações dos períodos compostos, a sintaxe de concordância, de regência e de colocação. Será objeto de estudo desta Disciplina as sintaxes de concordância, regência e colocação pronominal.

d) Semântica – É observada como o meio pelo qual se representam os significados dos enunciados. A teoria semântica preocupa-se em explicar as regras gerais que condicionam a interpretação.

Após essas breves considerações, reflitamos no estudo das classes de palavras.

A Gramática apresenta dez classes: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Como dissemos, nesta Unidade, preocupar-nos-emos com algumas das classes variáveis, mais precisamente com o substantivo e o adjetivo.

Só como nota, gostaríamos de assinalar que alguns estudos apontam para apenas duas classes fundamentais: a dos nomes e a dos verbos, opostas apenas pelos paradigmas flexionais. Enquanto os primeiros estariam numa visão estática da realidade, os segundos traduziriam representações mais dinâmicas (MONTEIRO, 1991, p. 212).

Retomamos, mais uma vez, para que fique bem claro, que o estudo realizado nesta Disciplina tem por base a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, buscando algumas reflexões em seus usos, mas não nos aprofundaremos em estudos linguísticos. Tais reflexões serão apontadas durante o curso de Letras, por outras disciplinas, criando assim um processo interdisciplinar de construção do conhecimento na área.

4. Classes de Palavras

As palavras e os vocábulos da língua estão divididos em classes, como já dissemos, em dez. Trataremos aqui dos substantivos e dos artigos, apresentando seus conceitos e flexões correspondentes.

Vamos a elas:

4.1 Os substantivos

Todos os seres e as coisas, reais ou imaginários, são nominados. O substantivo é a classe de palavra responsável por essa nominalização.

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Quando dizemos: “Carlos está na sala de jantar”, percebemos rapidamente que há neste enunciado duas palavras que apontam para algo que existe no mundo, uma delas animada e a outra inanimada. Temos, então, Carlos e sala. Essas palavras são chamadas de substantivos. A expressão “de jantar” relaciona-se à sala, e “está” aponta para o lugar no qual Carlos se encontra.

Tendo em vista a nominalização que fazemos das pessoas e coisas que estão no mundo, podemos classificar os chamados substantivos em alguns tipos que veremos a seguir.

4.1.1 Classificação dos substantivos Os substantivos são classificados por meio de uma dicotomia. Observemos:

a) Próprio ou Comum

Os substantivos próprios nomeiam um ser em particular, por essa razão serão grafados com letra maiúscula. Vejamos os exemplos:

Ex.: Madalena foi sempre fiel ao esposo.

São Paulo é um estado do Brasil.

Já, os comuns nomeiam seres de uma mesma espécie. Observemos os exemplos:

Ex.: O carro quebrou novamente.

Mário amava as andorinhas que pousavam na casa.dele.

Entre os substantivos comuns, temos alguns que indicam um agrupamento desses seres de mesma espécie. São chamados de coletivos. Abaixo, alguns exemplos:

Ex.: Para atravessar o deserto, alugou uma cáfila (cáfila = agrupamento de camelos).

Passeando pela floresta, Mariolano foi atacado por uma alcateia (alcateia = agrupamento de lobos).

b) Simples ou Compostos

Podemos observar, quanto à estrutura (formação), que os substantivos formados por apena uma palavra (um radical /um morfema lexical) serão classificados como simples. Se houver mais de um, serão compostos.

Ex.: Felisberto comprou um livro (simples).

Coreolano foi à biblioteca e deixou seus materiais no guarda-livro (composto).

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Nota: Radical ou morfema lexical é a parte da estrutura da palavra na qual está o núcleo da significação. Todas as outras partes que a ele são anexadas chamamos de morfemas gramaticas (desinências, vogais temáticas...), que modificam o sentido da palavra primitiva, por meio de um processo derivacional. Essas questões serão aprofundadas em disciplina específica de morfologia da língua. Ex. casa, casinha, casebre, casarão.

c) Concreto ou Abstrato

Os substantivos concretos nomeiam seres reais ou imaginários que independem de outro ser para existirem de forma contínua. São diferentes dos abstratos, que sempre se tornarão observáveis, devido à presença de um ser que os materializa. Os abstratos estão ligados mais aos sentimentos, às qualidades, às ações derivadas de verbos, aos estados e às sensações.

Ex.: A fada Sininho encontrou Peter Pan. Escolher um personagem do imaginário foi proposital para que tenhamos a clareza de que, mesmo fazendo parte da ficção, personagens presentes no imaginário coletivo, passam a existir a partir da obra criada pelo autor, portanto são substantivos concretos, como casa, garfo, rua, Deus, ar etc.

Ex.: O trabalho é essencial para a vida (trabalho é substantivo derivado do verbo trabalhar, e, como dissemos, depende do ser para tornar-se perceptível), portanto é abstrato.

Nota: Importante esquecermos o conceito proliferado de que substantivo concreto seria aquele que eu posso pegar, e abstrato não. Como faríamos com “Deus” ou “ar” e tantos outros que eu não posso pegar e são classificados como concretos?

d) Primitivo ou Derivado

Chamamos de substantivos primitivos aqueles que não sofreram modificações na estrutura, e de derivados, aqueles que foram construídos a partir de uma inclusão de morfema na sua formação primitiva. Vamos aos exemplos:

Ex.: João de Oliveira trocou todos os vidros da casa dele. Foi à vidraçaria para escolher os novos.

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É possível classificar um determinado substantivo observando os pares apresentados. Por exemplo:

- Marcos – substantivo próprio, simples, concreto e primitivo.

- loja – substantivo comum, simples, concreto, primitivo.

- lojista – substantivo comum, simples, concreto, derivado.

- amor – substantivo comum, simples, abstrato, derivado.

- lanche – substantivo comum, simples, concreto, derivado.

- guarda-chuva – substantivo comum, composto, concreto, primitivo.

4.1.2 Flexão dos substantivos

Quanto à flexão, podemos dizer que os substantivos podem variar em gênero e número. Até bem pouco tempo, as gramáticas apresentavam a variação de grau, que hoje fica por conta do processo de formação de palavras por meio da derivação sufixal. Estudaremos essa questão na disciplina do curso que tratará da Morfologia da Língua, posteriormente.

A flexão de gênero, como aponta Azeredo (2008) é uma categoria gramatical inerente ao substantivo e que serve para distribuí-los em dois grupos: masculino e feminino. Lembremos que, geralmente, o gênero é uma característica marcada pelo uso. Não devemos confundir gênero com “sexo”. O primeiro identifica a categoria de qualquer substantivo animado ou inanimado, como, por exemplo, “cadeira” é uma palavra feminina, pois dizemos “a” cadeira. O segundo é uma marca biológica dos animais em geral (racionais ou irracionais).

Quanto ao número, observemos que é uma categoria que marca uma oposição entre quantidades. Há, para os substantivos dois grupos: “singular” que marca apenas “um” ser e o “plural” que marcaria “mais de um”.

Ex. “Um homem recebe uma carta. O envelope tem o brasão do ministério”. (BARUC, 2009).

Uns homens recebem umas cartas. Os envelopes têm os brasões dos ministérios.

Observemos, a seguir, algumas considerações sobre essas categorias do substantivo:

Ex.: As meninas brincaram o dia inteiro.

É fácil identificar que há dois substantivos no enunciado “meninas” e “dia”. Podemos variar a palavra “meninas”. Se quiséssemos uma variação de gênero (masculino e feminino), poderíamos dizer “meninos”. Se a variação fosse de número (singular e plural), teríamos “menina”.

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No entanto, como estamos falando em um enunciado, a variação do substantivo modificaria as relações dele com os outros elementos da oração em que está inserido.

1. Gênero – As meninas brincaram o dia inteiro (Os meninos brincaram o dia inteiro).

2. Número – As meninas brincaram o dia inteiro (A menina brincou o dia inteiro). Cabe apontarmos desde agora que uma determinada classe de palavra se constitui na

relação que estabelece no contexto em que está sendo usada. Ela é definida por um critério semântico. Observe:

Maria menina foi à feira com a avó. Cresceu, virou Maria mulher. Tanto a palavra menina, quanto a palavra mulher, observadas isoladamente, nomeiam seres que existem no mundo. No entanto, essas palavras, no contexto apresentado, tornaram-se caracterizadoras das palavras que mantêm relação direta com elas, no caso, Maria. Observadas neste contexto, deixam de ser substantivos e adquirem valor de adjetivos.

Nota: É sempre no contexto de produção que as palavras devem ser observadas, pois nele, elas podem adquirir sentidos que modificam a própria classificação. Esse novo sentido, na perspectiva apontada, relaciona-se ao processo de derivação imprópria que será estudado na disciplina que trata de Morfologia da Língua.

Outro aspecto a ser considerado quando falamos em gênero do substantivo, diz respeito à mudança ou não da estrutura da palavra para representar o masculino e o feminino. Dizemos que o substantivo é uniforme quando ele mantém a mesma estrutura para o masculino e para o feminino e biforme quando há mudança.

Ex.: Mefibosete apresentou aos amigos a mãe e o pai. Os substantivos destacados são de gêneros diferentes, como são grafados de formas diferentes, são chamados de biformes. Isso também acontece com pequenas variações, como no caso de menino/menina; aluno/aluna.

Nos casos dos substantivos uniformes (aqueles que possuem a mesma forma para o masculino e o feminino), como no exemplo: A estudante chegou / O estudante chegou. Há uma classificação especial para eles.

a) Epicenos – são os substantivos que nomeiam animais de um só gênero e, para tanto, usamos os termos “macho e fêmea” para indicar o gênero.

Ex.: cobra macho/ cobra fêmea ; jacaré macho / jacaré fêmea.

b) Comum de dois – substantivos usados para os demais seres que possuam mesma forma para o masculino e para o feminino, podendo-se observar a diferença pela indicação do “artigo”.

Ex.: a estudante / o estudante.

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c) Sobrecomum – esses substantivos têm a mesma forma para os dois gêneros. Não há como reconhecê-los mediante a colocação de artigo. O gênero só poderá ser observado no contexto oracional.

Ex.: vítima/indivíduo. A vítima foi assaltada perto da Rua Cipriano Mendes. Ao dar o depoimento, Aurora disse que não conseguiu ver o rosto do bandido.

Como podemos observar no exemplo, só sabemos que o substantivo vítima é do gênero feminino, pela relação que estabelece com o substantivo Aurora.

Ao tratarmos de “número do substantivo”, já dissemos que ele varia em singular e plural. A formação do plural dos compostos depende da classificação das palavras que o formam e da relação que elas fazem entre si.

Se o substantivo composto for grafado sem hífen seu plural será realizado como se ele fosse um substantivo simples.

Ex. aguardente – aguardentes

Se forem separados por hífen, devemos obedecer algumas condições que serão apresentadas na tabela abaixo:

Flexionam-se os dois elementos quando formados

Flexionam-se apenas o primeiro elemento quando formados

Flexionam-se apenas o segundo elemento quando formados

1. substantivo + substantivo

Ex. couve-flor / couves flores

2. substantivo + adjetivo

Ex. amor-perfeito / amores-perfeitos

3. numeral + substantivo

Ex. segunda-feira / segundas-feiras

4. verbo + verbo

Ex. pisca-pisca / piscas-piscas

(alguns gramáticas apontam para a variação apenas do segundo elemento)

1. verbo + substantivo

Ex. abre-lata / abre-latas

2. Nomes compostos por locução.

Ex. água-de-cheiro / águas-de-cheiro

3. substantivo + substantivo (o segundo determina o primeiro)

Ex. caneta-tinteiro / canetas-tinteiro

1. adjetivo + adjetivo

Ex. doce-amargo / doce-amargos

2. substantivo – adjetivo apocopado

Ex. Grã-cruz – Grã-cruzes

3. Primeiro elemento é uma vocábulo invariável

Ex. bem-amado / bem-amados

4. Compostos formados por onomatopéias

Ex. reco-reco – reco-recos

Alguns substantivos compostos são invariáveis quando:

1. Formados de verbo + substantivo pluralizado

Ex. conta-gotas

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2. Os indicativos de cores

Ex. azul-marinho

Obs: quando formado para exprimir duas cores diferentes, o segundo elemento varia. Ex. rubro-negro / rubro-negros

3. Formados por verbos antônimos

Ex. ganha-perde

4. Locuções substantivas

Ex. Maria-vai-com-as-outras; Chove-não-molha

5. Formado de dois advérbios e de verbo + advérbio

Ex. bota-fora;

Nota: Apócope - é um dos metaplasmos por queda ou supressão de fonemas a que as palavras podem estar sujeitas à medida que uma dada língua se modifica no tempo.

Podemos, ainda, dizer que o substantivo exerce papéis diferentes na oração. Ele pode

ser sujeito, objeto, complemento nominal, agente da passiva. Esses conteúdos serão estudados na disciplina Língua Portuguesa: Sintaxe. No entanto, a título de exemplificação, vejamos:

1. O carro estava muito caro. O substantivo “carro”, nesta oração, exerce a função de sujeito.

2. Ele vendeu o carro. Neste exemplo, a mesma palavra “carro” exerce a função de objeto direto.

3. O carro foi vendido por ele. Aqui carro é sujeito paciente, pois a oração está na voz passiva.

Como podemos notar, o mesmo substantivo exerceu várias funções sintáticas no

enunciado. Sujeito no primeiro exemplo, objeto direto no segundo e agente da passiva no terceiro. É possível, ainda, ver o mesmo substantivo empregado para formar uma outra palavra, como no exemplo que segue.

Ex.: O carro de boi passou pela Igreja há pouco. O substantivo “carro” uniu-se a expressão “de boi”, tornando a expressão com um único valor semântico indicativo de uma espécie de transporte específica.

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Dessa forma, as possibilidades de criação e formação de palavras, objeto de estudo da Morfologia são imensas. Calma!!!, não entraremos nisso aqui, vocês terão uma disciplina só para tratar desses casos.

Para finalizar, depois de tanta classificação e possíveis flexões, não se assustem, mas se fôssemos classificar o substantivo, em todas elas, teríamos:

Devemos nos lembrar de que ler a bibliografia apontada é fundamental para o aprofundamento dos estudos do substantivo.

Continuando, vamos estudar os artigos.

4.2 Os Artigos Observemos o texto que segue:

“Fúlvio é um homem calmo. Um homem tranquilo, preparado para dizer oi, tchau, foi um prazer. As pessoas sempre gostam dele. Sempre apreciam o bom corte de seu cabelo. Sempre elogiam a lavanda em suas roupas. Sempre disfarçam quando se perdem olhando para seus olhos incrivelmente castanhos.” (BRITES, p. 12)

Neste excerto do texto Território de Brites, ocorre como podemos observar nas partes

assinaladas substantivos precedidos de artigos. Esses vocábulos que sempre acompanham o substantivo, chamados de artigos, servem para particularizar ou generalizar o sentido desses substantivos. Nesse jogo de particularização (artigos definidos) e de generalização (artigos indefinidos), tais vocábulos concordam com os substantivos a que se referem em gênero e número.

Ex. Um homem tranquilo.

As pessoas sempre gostam dele.

Assim como os substantivos, os artigos também possuem uma classificação. Vamos a ela.

Alcateia – substantivo comum (coletivo), simples, concreto, primitivo, feminino, singular.

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4.3.1 Classificação

A tabela a seguir apresenta a classificação dos artigos:

Definidos Determinam os substantivos de forma particular. No contexto, indicam que o substantivo a que se refere é conhecido.

a, o, as, os

Indefinidos Ao contrário dos definidos, não deixam claro o substantivo a que se referem.

um, uma, uns, umas

Observemos, nos exemplos, essas considerações:

Ex.: Conversei com o médico sobre seu problema.

O artigo “o”, que precede o substantivo “médico”, faz com que o leitor do enunciado subentenda que aquele médico explicitado é conhecido, por isso usamos o artigo definido. No entanto, se tivéssemos:

Ex.: Conversarei com um médico sobre seu problema. Neste caso, o médico ainda não é conhecido, mas o sujeito da oração entrará em contato com ele, possivelmente um especialista no caso, para tratar do assunto, por isso usamos um artigo indefinido.

No primeiro exemplo, temos artigo que define o substantivo, e no segundo um que não o define.

Vamos agora à flexão dos artigos.

4.3.2 Flexão dos artigos

Quanto à flexão, eles variam em gênero e número, em conformidade com o substantivo a que se referem.

Masculino Feminino

o, os, um, uns a, as, uma, umas

Singular Plural

a, o, um, uma as, os, uns, umas

Assim, podemos afirmar que a relação do artigo com o substantivo está numa relação de dependência, na qual o substantivo é o termo regente e o artigo o termo regido.

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Bem, chegamos ao fim desta primeira Unidade. Esperamos que as questões apontadas estejam claras. Qualquer dúvida, basta entrar em contato conosco.

Lembremos dos exercícios propostos, eles fazem parte do processo avaliativo e foram preparados para fortalecer nossa aprendizagem de forma bem prática.

Grande abraço e até a próxima Unidade.

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Material Complementar

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AZEREDO, J. C. de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. BARUC, B. O xadrez das mariposas. In. CARIELLO, O. (org.). Alterego. São Paulo: Terracota, 2009, pp. 95 a 99. BECHARA, E. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade? 12. ed. SP: Ática, 2006. BRITES, C. Território. In. CARIELLO, O. (org.). Alterego. São Paulo: Terracota, 2009, pp. 11-13. ______. Moderna Gramática Brasileira. 37. Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2009. COSERIU, E. Teoria del Lenguaje y lingüística general. Madri: Editorial Gredos, S.A., 1978. DUBOIS, J. e outros. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 2007. MONTEIRO, J. L. Morfologia Portuguesa. Campinas: Pontes, 1991. TRAVAGLIA, L. C.. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no primeiro e segundo graus. São Paulo: Ed. Cortez, 1997. SACONNI, L. A. Nossa Gramática. 30. ed. São Paulo: Nova Geração, 2009. Links para exercício: Sobre Gramática - http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12118

Referências

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Anotações

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