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Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal Área de Concentração Saúde Animal MARIANA BUENO CARVALHO TRATAMENTO DA PITIOSE CUTÂNEA EM MEMBROS DE EQUINOS POR MEIO DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA Cuiabá, 2013

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Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal Área de Concentração Saúde Animal

MARIANA BUENO CARVALHO

TRATAMENTO DA PITIOSE CUTÂNEA EM MEMBROS DE EQUINOS POR MEIO DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA

Cuiabá, 2013

MARIANA BUENO CARVALHO

TRATAMENTO DA PITIOSE CUTÂNEA EM MEMBROS DE EQUINOS POR MEIO DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biociência Animal, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Luciano A. Pimentel

Cuiabá, 2013

FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C331t Carvalho, Mariana Bueno

Tratamento da pitiose cutânea em membros de equinos por meio de perfusão regional intravenosa. / Mariana Bueno Carvalho. – Cuiabá, 2013.

78 f. : il.

Dissertação apresentada à Universidade de Cuiabá, para obtenção do título de Mestre em Biociência Animal.

Orientador: Prof. Dr. Luciano A. Pimentel

1. Veterinária. 2. Patologia. 4. Fungo. 5. Pitiose Equina I. Título. II. Universidade de Cuiabá.

CDD 571.995

Normalização e Catalogação na fonte Bibliotecária Valéria Oliveira dos Anjos - CRB1/1713

MARIANA BUENO CARVALHO

TRATAMENTO DA PITIOSE CUTÂNEA EM MEMBROS DE EQUINOS POR MEIO DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biociência Animal, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre. Orientador Prof. Dr. Luciano A. Pimentel

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Orientador: Prof. Dr Luciano A. Pimentel - UNIC

___________________________________________________ Membro Titular: Prof. Dr. Armando de Mattos Carvalho - UNIC

___________________________________________________ Membro Titular: Prof. Dr. Edson Moleta Colodel - UFMT

Cuiabá, 01 de novembro de 2013.

Conceito Final: _____________

Dedico este trabalho á minha família que tanto me incentivou, pois sem eles nada seria possível. Em especial ao meu pai que mesmo com problemas de saúde não mediu esforços, dedicação e compreensão.

AGRADECIMENTOS

À Deus por te me dado forças e iluminado meu caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida.

A minha co- orientadora, Prof. Dra. Renata Gebara Sampaio Dória, por me aceitar com sua orientada, e mesmo estando distante não mediu esforços.

Ao meu orientador Luciano A. Pimentel que me orientou cada passo deste trabalho, por acreditar na minha capacidade e mostrar que sou capaz de chegar onde eu desejo.

Aos professores Marco Aurélio M. Pires, Luciane M. Laskoski, Djeison Raimundo, Lívia Saab Muraro pela dedicação dispensado no auxílio a concretização deste trabalho.

Armando de Mattos Carvalho, Michelle Igarashi e Edson Moleta Colodel pela disposição, presença e sugestões feitas na banca de qualificação e defesa de tese de mestrado, certamente com o objetivo de enriquecer o trabalho.

A minha mãe Ana Clara C. B. Carvalho e meu pai Carlos Roberto de Carvalho, por estarem torcendo e rezando para que meus objetivos sejam alcançados, por todo amor que ambos me dedicaram, meu eterno amor e agradecimento. Ao meu irmão Gabriel pelo carinho e atenção que teve comigo.

Ao meu namorado Diego Santos, pelo imenso apoio, esforço, compreensão e companheirismo diário.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal, ao Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária e ao Hospital Veterinário da UNIC, pela oportunidade e apoio à realização de pesquisas científicas.

Aos amigos que fiz durante a realização do projeto, pela verdadeira amizade que construímos em particular aqueles que estavam sempre ao meu lado (Luciana Palu, Sidney, Vinicius e Rafael).

À Universidade de Cuiabá (UNIC), Faculdade de Medicina Veterinária e Hospital Veterinário da UNIC, por fomentar este projeto de pesquisa.

À Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Laboratório de Patologia Veterinária, pela colaboração com a realização do método de imuno-histoquímica.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) que acreditou e auxiliou no desenvolvimento deste estudo experimental.

À Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos que apoiou este estudo experimental, fornecendo a anfotericina B.

O maior respeito que você pode ter por um adversário é entrar e ganhar dele. (autor desconhecido)

RESUMO

CARVALHO, Mariana Bueno. Tratamento da pitiose cutânea em membros de equinos por meio de perfusão regional intravenosa. 2013. 78 f. Dissertação (Mestrado em Biociência Animal) – Coordenação de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2013.

A pitiose é uma doença cutânea, gastrintestinal ou multissistêmica, granulomatosa, que atinge equinos, caninos, bovinos, ovinos, felinos e humanos e ocorre em áreas tropicais, subtropicais ou temperadas, causada pelo oomiceto Pythium insidiosum. Este organismo filamentoso encontra-se em ambientes aquáticos, especialmente em regiões pantanosas, com temperaturas superiores a 25º C, como o Pantanal Mato-Grossense. Em equinos, a enfermidade caracteriza-se pela formação de granulomas eosinofílicos, com a presença de massas necróticas denominadas “kunkers”. Tradicionalmente, o diagnóstico da pitiose no Brasil baseia-se nos dados clínico-epidemiológicos, exame histopatológico e/ou micológico sendo confirmado pela imuno-histoquímica. A pitiose causa prejuízos significativos na criação de equinos no Brasil, seja pela morte dos animais, pela perda de função ou pelos gastos com tratamentos. Vários métodos terapêuticos têm sido utilizados, principalmente em equinos, incluindo tratamento medicamentoso (antimicóticos), cirúrgico e imunoterápico. Existe dificuldade no tratamento devido às características deste oomiceto, que não apresenta esteróis de membrana, sendo, portanto, resistente à maioria dos antimicóticos. Palavras-chave: Dermatologia. Infecção. Fungo.

ABSTRACT

CARVALHO, Mariana Bueno. Pythiosis treatment cutaneous of equine limb by means of intravenous regional perfusion. 2013. 78 f. Dissertation (MSc Animal Bioscience) - University of Cuiabá, Cuiabá, 2013. Pythiosis is a cutaneous, gastrointestinal or multisystem granulomatous affecting horses, dogs, cattle, sheep, cats and humans and occurs in tropical, subtropical and temperate caused by oomycete Pythium insidiosum). This filamentous organism found in aquatic environments, especially in marshlands, with temperatures above 25 º C, as the Pantanal of Mato Grosso. In horses, the disease characterized by eosinophilic granuloma formation in the presence of necrotic masses called "kunkers". Traditionally, the diagnosis of pythiosis in Brazil is based on clinical, epidemiological, histopathological and / or mycological, was confirmed by immunohistochemistry. Pythiosis cause significant damage in the creation of horses in Brazil, is the death of the animals, the loss of function or by spending on treatments. Several therapeutic methods have been used primarily in horses, including drug treatment (antifungal), surgical and immunotherapy. There is some difficulty in handling due to the characteristics of the oomycete that has no membrane sterols, therefore, resistant to most antimycotics.

Key words: Dermatology. Infection. Fungus.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Valores referentes ao número e porcentagem (%) de equinos que apresentavam feridas grandes (> 25 cm2) e feridas pequenas (< 25 cm2), submetidos à técnica de perfusão regional intravenosa do membro com anfotericina B e DMSO e de equinos do grupo controle. .. 63

Quadro 2. Discriminação da localização anatômica, tempo de evolução e dimensões da ferida (cm2) na primeira avaliação (D0) dos equinos submetidos à técnica de perfusão regional intravenosa do membro com anfotericina B e DMSO e nos equinos do grupo controle. .............. 64

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Ilustração do progresso da condição corporal de equinos do grupo tratado com anfotericina B e DMSO, aplicada pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro, entre a primeira (D0) e a terceira semana (D21) avaliação. .......................................................................... 60

Figura 2. A - Derme, área focal de necrose (Kunkers) e dermatite eosinofilica, neutrofílica e tecido de granulação H&E 10x. B - área de central de necrose com imagens (negativas) não coradas, tubulares, ramificadas e irregulares (hifas) H&E 40x. C - Hifas irregulares e ramificadas no centro ou na periferia dos “kunkers”, Gömori (GMS) 40x. D - imunomarcação positiva com uso do kit (LSAB - DAKO) para Pythium insidiosum 40x. ......................................................................................... 62

Figura 3. Ilustração da evolução da cicatrização de feridas de pitiose de eqüinos tratados com aplicação única de anfotericina B e DMSO, pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro, no primeiro dia (D0) e nos dias 7. ................................................................................................ 65

Figura 4. Ilustração da evolução da cicatrização de feridas de pitiose de equinos tratados com anfotericina B e DMSO, aplicada pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro, na primeira avaliação (D0) e no último dia (D60) do período pós-operatório. ..................................... 66

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 ARTIGO 1 - REVISÃO DA LITERATURA ............................................................. 15

2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................ 15

2.2 ETIOLOGIA ......................................................................................................... 16

2.3 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................ 17

2.4 PATOGENIA ....................................................................................................... 19

2.5 SINAIS CLÍNICOS ............................................................................................... 21

2.6 DIAGNÓSTICO ................................................................................................... 23

2.6.1 Diagnóstico Laboratorial da Pitiose Equina ................................................ 23

2.6.2 Imuno-histoquímica ....................................................................................... 24

2.6.3 Sorologia ......................................................................................................... 24

2.6.4 Isolamento ...................................................................................................... 25

2.7 TRATAMENTO .................................................................................................... 26

2.7.1 Imunoterapia ................................................................................................... 32

3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36

4 ARTIGO 2 .............................................................................................................. 48

TRATAMENTO DA PITIOSE EM MEMBROS DE EQUINOS POR MEIO DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA COM ANFOTERICINA B ASSOCIADA AO DIMETILSULFÓXIDO ......................................................................................... 49

4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 51

5 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 54

5.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA ......................................................................................... 54

5.2 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA ..................................................................... 54

5.3 TÉCNICA DE IMUNO-HISTOQUÍMICA .............................................................. 55

5.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL................................................................... 57

5.5 AVALIAÇÃO DAS FERIDAS ............................................................................... 58

6 RESULTADOS ....................................................................................................... 60

6.1 AVALIAÇÃO DA DOSE DE ANFOTERICINA B .................................................. 66

7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 67

8 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73

APÊNDICE ................................................................................................................ 77

APÊNDIA A - DISCRIMINAÇÃO DAS CIDADES DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, IDADE E PESO (KG) DOS EQUINOS QUE FORAM TRATADOS COM

ANFOTERICINA B E DMSO, APLICADA PELA TÉCNICA DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA DO MEMBRO E DOS EQUINOS DO GRUPO CONTROLE .............................................................................................................. 78

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1 INTRODUÇÃO

A zigomicose denominada Pitiose é uma doença multissistêmica,

piogranulomatosa causada pelo oomiceto Pythium insidiosum e que afeta equinos,

caninos, bovinos, ovinos, felinos e humanos (DE COCK et al., 1987; LEAL et al.,

2001b; SANTURIO et al., 1998).

A pitiose ocorre em regiões de clima tropical, subtropical e temperado, em

áreas alagadiças ou com histórico de inundação e temperaturas médias de 25ºC

(ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996). No mundo, o Pantanal brasileiro é o

local de maior incidência de pitiose equina, apesar de não se ter dados completos

sobre a incidência da pitiose no Brasil, esta representa um grande problema na

criação de equinos (LEAL et al., 2001).

Nas porções norte e sul do Pantanal, onde a doença tem maior ocorrência e

é conhecida como "ferida-brava" ou "ferida-da-moda" (CARVALHO et al., 1984;

MEIRELES et al., 1993), certamente a enfermidade causa perdas econômicas de

grandes proporções na equinocultura (SANTURIO et al., 2004). Atribui-se estas

observações, principalmente, pelo fato do pantanal ser uma planície inundável de

aproximadamente 140.000 km², situada na região centro-oeste do Brasil e figura

como a maior área de planície inundável do mundo, fatores estes que predispõem

há ocorrência da pitiose (SILVA; ABDON, 1998).

Nesta região a enfermidade vem sendo estudada devido pantanal Mato-

Grossense ser uma das regiões predominantes para a ocorrência de pitiose no

Brasil, devido seu clima quente e úmido particular e a existência de muitas lagoas,

lagos, pântanos e áreas alagadas proporcionando um ambiente favorável para o P.

insidiosum (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995).

No Pantanal Sul-Mato-Grossense, a maioria dos casos de pitiose equina é

registrada entre os meses de fevereiro e maio (verão-outono), período que

corresponde ao ápice das cheias, acarretando prejuízos significativos, direta ou

indiretamente. O prejuízo provocado pela pitiose é bem documentado e inclui

disfunção, custos de tratamento e mortes (FREY JR et al., 2007; LEAL et al., 2001;

MENDOZA; ALFARO, 1986).

Estudos mais recentes visaram métodos de tratamento adequado e de

eficácia satisfatória, pois os métodos convencionais não produzem bons resultados.

Nesta casuística, foi demonstrado que, em associação com a excisão cirúrgica do

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tecido de granulação, a infecção causada por P. insidiosum, utilizando perfusão

intravenosa regional de 50 mg de anfotericina B foi uma técnica eficaz para o

tratamento da pitiose em membros de equinos, com efeitos colaterais mínimos

(DÓRIA et al., 2012).

Um dos principais fatores para o insucesso no tratamento é o diagnóstico

tardio, pois com lesões iniciais consegue-se promover terapêutica adequada (LEAL

et al., 2001). Do contrário, os animais enfermos evoluem, por alterações

consequentes, para a morte ou são encaminhados para eutanásia.

O presente estudo será dividido em dois capítulos. O capítulo 1 tem por

objetivo fazer uma revisão da epidemiologia, sinais clínicos, patologia, formas de

controle e profilaxia da pitiose equina no Brasil. O capítulo 2 trata-se de um estudo

do tratamento cirúrgico e farmacológico das lesões de membros de equinos com

diagnóstico de pitiose, que ingressaram ao Hospital Veterinário da Universidade de

Cuiabá (UNIC), Cuiabá, MT.

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2 ARTIGO 1 - REVISÃO DA LITERATURA

2.1 HISTÓRICO

Os primeiros relatos de pitiose foram creditados a Smith, em 1884 e Drouin,

em 1896, quando comentaram a presença de hifas em lesões de equinos. A primeira

evidência definitiva da causa ser um fungo foi feita por Fish, em 1895 quando

descreveu hifas com características de um ficomiceto em cortes histológicos de

lesões cutâneas, em equinos, na Flórida.

O agente da pitiose Pythium insidiosum é um pseudo-fungo. O primeiro

isolamento desse organismo filamentoso foi realizado em 1901 por Haan e

Hoogkamer, a partir de granulomas subcutâneos em equinos. Esses autores

chamaram a doença de "hyphomycoses destruens", porém não conseguiram

classificar o agente. Somente em 1961 o agente foi identificado, recebendo o nome

de Hyphomyces destruens (MENDOZA et al., 1996).

Austwick e Copland (AVEMANN, 1974) verificaram a capacidade desse

agente em produzir zoósporos biflagelados, permitindo classificá-lo como um fungo

da família Pythiaceae, ordem Peronosporales, que deveria ser incluído no gênero

Pythium. No entanto, a denominação Hyphomyces destruens continuou sendo

utilizada nas descrições da doença (MCMULLAN et al.,1977; MURRAY et al.,1978).

Ichitani e Amemiya (1980) compararam as características reprodutivas de

diferentes espécies de Pythium e classificaram um isolado de equino como Pythium

gracile (MIDDLETON, 1943). De Cock et al. (1987) analisaram isolados de equinos,

bovinos, cães e humanos e concluíram que se tratava do mesmo organismo, o qual

foi denominado Pythium insidiosum e que essa nova espécie era igual as

anteriormente descritas (Pythium sp - Austwick e Copland; Pythium gracile – Ichitani

e Amemiya e Hyphomyces destruens – Bridges e Emmons).

Embora o nome do agente tenha sido estabelecido, a sua classificação

taxonômica continuou sendo discutida nos anos seguintes. Segundo De Cock et al.

(1987), os oomicetos são seres eucariotas produtores de zoósporos biflagelos,

característica comum ao Pythium insidiosum, incluindo-o na ordem Peronospolares,

filo Oomycota e reino Protista. Mendoza et al. (1996), apresentaram o P. insidiosum

como um organismo do reino Chromista, filo Pseudo-fungi, classe Oomycetes,

ordem Pythiales, e família Pythiaceae. Entretanto, estudos detalhados sobre a

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classificação dos fungos dividiram os organismos anteriormente classificados como

fungos em três reinos: Fungi, Stramenopila e Protista (ALEXOPOULOS; MIMS;

BLACKWELL, 1996). Baseado nessa classificação, o agente etiológico da pitiose

pertence ao reino Stramenopila, filo Oomycota, família Pythiaceae, gênero Pythium e

espécie P. insidiosum.

2.2 ETIOLOGIA

As zigomicoses constituem um conjunto de afecções micóticas de estreita

semelhança anatomopatológica, que acomete a pele e o tecido subcutâneo, o trato

digestório e o respiratório, especialmente de equinos (BIAVA et al., 2007;

RODRIGUES e LUVIZOTTO, 2000). Constituem ainda um grupo complexo de

doenças piogranulomatosas que inclui a pitiose, a conidiobolomicose e a

basidiobolomicose causadas pelo Pythium insidiosum, Conidiobolus coronatus e

Basidiobolus haptosporus (Basidiobolus ranarum), respectivamente (BIAVA et al.,

2007; MENDOZA et al., 1996; UBIALAI et al., 2012).

O gênero P. insidiosum possuem reprodução assexuada, reprodução

sexuada oogâmica, parede celular composta de ß-glucanos, celulose e hidroxipolina,

talo diplóide, mitocôndria com crista tubular e características moleculares e

bioquímicas próprias, destacando-se uma rota alternativa para a síntese de lisina

(MOORE-LANDECKER, 1996), particularidades que os diferenciam dos fungos

verdadeiros.

A ausência de componentes esteróides na membrana plasmáticas dos

oomicetos tem importância clínica porque as maiorias das drogas antifúngicas atuam

na molécula do ergosterol (SANTURIO et al., 2004).

O P. insidiosum é a única espécie do gênero que além de plantas pode

infectar animais mamíferos, incluindo o homem. A infecção no homem e em animais,

no entanto, é casual e não tem importância na manutenção do agente no ambiente.

Nos animais há somente crescimento vegetativo das hifas, sem produção das

formas propagativas infectantes (oósporos e zoósporos). Também não há relatos de

transmissão entre os animais e o homem (MENDOZA et al., 1993).

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2.3 EPIDEMIOLOGIA

A pitiose é considerada uma doença emergente (VANITTANAKOM et al.,

2004), caracterizada como uma enfermidade crônica, que acometi animais de todas

as idades, sexo e raças. Tem ocorrência cosmopolita em áreas temperadas,

tropicais e subtropicais, com relatos na Argentina, Austrália, Brasil, Colômbia, Costa

Rica, Estados Unidos, Haiti, Índia, Indonésia, Japão, Nova Zelândia, Papuá Nova

Guiné, Tailândia (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995; FOIL, 1996;

MENDOZA et al., 1996, MENDONZA; NEWTON 2005), Venezuela (PÉREZ et al.,

2005) e África (RIVIERRE et al., 2005) afetando diversas espécies domésticas,

selvagens e também humanos (MARQUES et al., 2006).

Das espécies domésticas a maioria dos casos corresponde a lesões

cutâneas em equinos (SANTURIO et al., 2006) porém vem sendo registrados casos

em bovinos (GABRIEL et al. 2008, GRECCO et al., 2009), ovinos (TABOSA et al.,

2004) e caninos (PEREIRA et al., 2010).

Nos últimos anos, é crescente também o número de relatos de Pitiose em

espécies não-domésticas como urso, jaguar, camelo e tigre (CAMUS et al., 2004;

GROOTERS, 2003).

No Brasil, o primeiro relato, em equinos, ocorreu no Rio Grande do Sul, por

Santos e Londero (1974), apartir desse momento, os relatos de Pitiose no país,

somam em estados como o Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato

Grosso, Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Paraíba e

Pernambuco (CARVALHO et al., 1984; FREY JR et al., 2007; HEADLEY; ARRUDA,

2004; LEAL et al., 2001a,b; LUVIZARI et al., 2002; MEIRELES et al., 1993; REIS JR;

NOGUEIRA, 2002; SALLIS et al., 2003; SANTOS et al., 1987; TABOSA et al., 1999;

TÚRY; COROA, 1997) e em bezerros do Pantanal mato - grossense (SANTURIO et

al., 1998).

Nas infecções pelo microorganismo P. Insidiosum não há relatos de

transmissão direta entre os animais ou entre animais e humanos (MENDONZA et al.,

1996). Comumente, os animais afetados permanecem por longos períodos em

contato com águas paradas em lagos, açudes ou locais pantanosos (CHAFIN et al.,

1995).

Portantoas condições ambientais são fundamentais para o desenvolvimento

do organismo no meio ambiente. Para a produção de zoósporos são necessárias

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temperaturas entre 30º e 40º e o acúmulo de água em banhados e lagoas, já que a

maioria dos casos de infecção por pitiose ocorre durante ou após a estação

chuvosa, entre os meses de fevereiro e maio (verão-outono), período máximo das

cheias do Pantanal, (MILLER; CAMPBELL, 1982).

Em águas estagnadas a temperatura é variável de acordo com a

profundidade do solo, com a irradiação solar, com a nebulosidade, com a

temperatura ambiente, com a hora do dia e com a presença de ventos. Visto que a

temperatura em águas paradas é superior a do ar, tanto em dias de alta irradiação

solar como em dias nublados ou chuvosos. Além disso, a água tem capacidade de

reter calor contribuindo para que as flutuações térmicas sejam bem mais atenuadas

do que as flutuações térmicas do ar (ANGELOCCI; VILLA NOVA; 1995). Isso sugere

que mesmo que a temperatura do ambiente seja inferior a 30°C ou que tenha

variações durante as várias horas do dia, as águas onde P. insidiosum está presente

podem ter a temperatura ideal para a zoosporogênese (ANGELOCCI; VILLA NOVA;

1995). Este fato poderia explicar o aparecimento de lesões de pitiose nos meses

mais frios do ano.

Essas características epidemiológicas foram observadas no Pantanal mato -

grossense, onde a maioria dos casos de pitiose equina ocorrem entre os meses de

fevereiro e maio, que corresponde as estações do verão e outono, (LEAL et al.,

2001). Provavelmente, o Pantanal brasileiro seja o local de maior ocorrência e

prevalência de pitiose equina no mundo, constituindo-se planície inundável de,

aproximadamente, 140.000 km2, com população estimada em 140.000 equinos,

sendo a pitiose um problema frequente para a criação de equinos (MENDOZA et

al.,1996; SANTURIO et al., 2006ª; SILVA et al, 1995).

Situações epidemiológicas com características semelhantes foram

observadas em alguns estudos da enfermidade, tais como na Paraíba por Tabosa et

al. (1999), ocorrendo nos meses de julho a outubro, sete a dez meses após o início

das chuvas, e por Santos et al. (1987) no Rio Grande do Sul descreveram a

ocorrência de 12 casos de pitiose equina nos meses mais quentes do ano (janeiro –

março).

Diferentes estudos de prevalência da pitiose nas espécies domésticas

apontam que a espécie equina é mais frequentemente afetada. De acordo com

Santos et al. (2011), a incidência de pitiose em equinos em seu estudo foi 57,23

vezes a observada em bovinos. Mesmo sendo exposto às mesmas condições

19

ambientais, o padrão de comportamento das espécies provavelmente influencia a

ocorrência da patologia. Equinos se mantêm mais tempo nos locais alagadiços,

quando comparados com os bovinos, os quais preferem, ou são conduzidos às

coxilhas nas situações de alagamentos. Desta forma os equinos têm maior risco de

contato com as formas infectantes do pseudo-fungo. (MENDOZA et al., 1996;

SANTURIO et al. 2006).

Embora não haja dados epidemiológicos bem definidos estima-se que a

incidência de 1% entre os aproximadamente 120 mil equinos, somente a região do

Pantanal, acarretaria em custos com a perda de animais doentes que poderiam

alcançar R$ 1.000.000,00 para o ano de 2009 (TOMICH et al., 2010). Santos et al.,

(2011d) observaram em uma população de 3205 equinos, entre 2009 e 2010, na

região do Pantanal norte, incidência de 5,88 a 28,57% de casos de pitiose, com

índices de mortalidade e letalidade (similares) variando de 40% a 100% e risco para

equinos de 12,5%.

2.4 PATOGENIA

Os zoósporos são biflagelados, procedentes de esporângios filamentosos

que são a forma de propagação do agente. O agente habita água estagnada

infectando plantas aquáticas. Reproduz-se de forma sexuada, por esporangiósporos

móveis, liberados dos esporângios, que se aderem em plantas aquáticas e/ou restos

vegetais em decomposição. Nos animais, a instalação desses oomiceto ocorre,

principalmente, em soluções de continuidade na pele (BIAVA et al., 2007;

MENDOZA et al., 1993; MILLER, 1983).

Eles são liberados periodicamente em águas pantanosas e infectam equinos

e outros mamíferos que frequentam esses locais. Os zoósporos móveis são atraídos

para o pêlo dos animais, penetram na pele através de lesão preexistentes

produzindo a enfermidade (MILLER; CAMPBELL,1982), comprovado pela análise in

vitro que evidencia a atração dos zoóporos por substâncias presentes nos pêlos e

tecidos de animais e vegetais, essas substâncias atuam com um adesivo para o

zoóporo permitindo a formação do tubo germinativo (MENDOZA et al.,1993).

Essas observações sustentaram a teoria de infecção, sugerindo que os

eqüinos em contato com água contaminada poderiam atrair os zoósporos

(MENDOZA et al., 1993; MILLER, 1983).

20

Outros autores sugeriram a possibilidade de penetração dos zoósporos

através dos folículos pilosos, baseados na detecção de hifas no interior do folículo

de bovinos infectados naturalmente ou no fato da quimiotaxia ser mais ativo na

região do pêlo encontrada dentro do folículo piloso (SANTURIO et al.,1998). Essa

observação pode questionar a necessidade de lesão na pele para que ocorra a

germinação dos zoósporos. Além disso, diferenças individuais de suscetibilidade, ao

exemplo do que ocorre em humanos (talassemia), parecem ocorrer também em

equinos.

Macroscopicamente, a lesão demonstra intensa proliferação de tecido

esbranquiçado em forma sinuosa, com ramificação com bordas escuras e repletas

internamente de material amarelado em forma de coral marinho conhecido como

“kunkers”. Apresentando ainda material necrótico friável, observado somente em

eqüinos. Ao ser pressionada a lesão, facilmente consegue-se extrair “kunkers” com

facilidade de onde foram isoladas estruturas posteriormente identificadas como P.

insidiosum. Os eqüinos com tais lesões atípicas de pitiose não apresentam

emagrecimento progressivo e, após um ano de observação as lesões permanecem

do mesmo aspecto e tamanho (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995;

MARTINS et al., 2006; MENDONZA; AJELLO, 1996),

Microscopicamente, os kunkers são grandes massas eosinofílicas, formadas

ainda por celulares necróticos, inclusive colágenos e as hifas do P. insidiosum

localizam-se nas margens dessas estruturas. A principal manifestação clínica desse

distúrbio é a eliminação abundante de corrimento serossanguinolento,

mucopurulento e filamentoso, sendo esses chamados de sanguessugas em função

de seu aspecto serpejante, cujos trajetos drenantes representam os núcleos de

necrose contendo o organismo (TABOSA et al., 1999).

Em cortes histológicos corados com coloração especial de prata, é possível

observar as hifas com paredes espessas, esparsamente septadas, irregularmente

ramificadas (normalmente em ângulo reto) e medindo de 2 a 6 um de diâmetro

(BROWN et al., 1988; CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995; MILLER;

CAMPBELL, 1984). Os achados histopatológicos variaram de tecido conjuntivo

fibroso com áreas de necrose de coagulação e focos de mineralização (sem

infiltrado eosinofílico) à granuloma eosinofílico crônico, porém sem a observação de

“kunkers” (ALLISON; GILLIS, 1990; MORTON et al., 1991; PURCELL et al., 1994).

21

2.5 SINAIS CLÍNICOS

Os equinos são os mamíferos mais atingidos pela pitiose, não havendo

predisposição pela idade, raça ou sexo. As lesões mais características são

subcutâneas, que atingem principalmente as extremidades distais dos membros e

porção ventral da parede toraco-abdominal, provavelmente devido ao contato com

águas contaminadas com zoóporos (REIS et al., 2003; SANTOS et al., 2011c;

SANTOS et al., 2011d).

As lesões podem aparecer isoladas ou múltiplas (KAUFMAN, 1990;

TABOSA et al., 1999), iniciando pequenas e com aspecto inofensivo, de forma

circular, podendo aumentar sobre uma área que estava apenas tumefeita, de

maneira ulcerativa.

Os sinais clínicos da pele caracterizam-se por lesões ulcerativas, tem forma

irregular, ramificada, com aspecto arenoso e penetram no tecido granular, dentro de

seios formados ao longo do seu trajeto. O tamanho das lesões depende do local e

duração da infecção e apresenta secreção serossanguinolenta,

mucossanguinolenta, hemorrágica e, às vezes, muco-purulenta e fétida, que drenam

dos tecidos piogranulomatosos e necróticos, semelhantes a corais chamadas

internacionalmente, de “kunkers”, que variam o tamanho de 2 a 10 mm de diâmetro.

A lesão alastra-se rapidamente pelos tecidos, ocasionando à formação de tecido de

granulação e hemorragias. Essa perda sanguínea pode ser suficiente para causar

anemia nos animais acometidos (KNOTTEMBELT; PASCOE, 1998; LUVIZARI et al.,

2002). Na maioria dos casos, cada animal apresenta foco único da lesão, porém,

lesões cutâneas multifocais já foram relatadas (CHAFFIN; SCHUMACHER;

McMULLAN, 1992; MILLER; CAMPBELL, 1982).

Já a pitiose intestinal apresenta como a segunda forma mais comum da

doença nos equinos e caracteriza-se por episódios de cólica devido a presença de

massas tumorais que causam a diminuição ou obstrução do lúmen intestinal. Os

dados de excisão cirúrgica e necropsia mostram ulceração intestinal e massas

nodulares que podem atingir ate 20 cm de diâmetro localizadas na parede do jejuno

(SANTURIO; FERREIRO, 2008).

A claudicação é comum entre os cavalos com lesões nos membros, além de

apresentarem prurido, dor, apatia, inapetência, perda de peso e hipoproteinemia

sendo que a claudicação é frequente em animais afetados nos membros havendo na

22

maioria das vezes necessidade de eutanásia (CHAFFIN; SCHUMACHER;

McMULLAN, 1995). O prurido e a dor levam os animais à automutilação, como

mordidas e traumas se debatendo contra objetos rígidos na tentativa de aliviar o

desconforto.

No entanto, há descrição de lesões cutâneas multifocais (SANTOS et al.,

2011c; SANTOS et al., 2011d; SANTURIO; FERREIRO, 2008), disseminação para

órgãos internos (REIS JR. et al., 2003) e casos atípicos no Pantanal brasileiro em

que os animais com pitiose apresentam emagrecimento progressivo, com lesões

deformantes recobertas com pele escurecida e espessa, mas sem a constante saída

de secreções e manutenção do aspecto e tamanho após um ano de observação

(SANTURIO; FERREIRO, 2008; SANTOS et al., 2011d).

Muitas lesões ósseas, na maioria das vezes são limitadas aos ossos

adjacentes ás lesões subcutâneas crônicas dos membros, comumente são

refratárias aos tratamentos convencionais, caracterizando-se por exostoses, áreas

de osteólise, sinais de osteomielite ao exame radiológico e presença de granulomas

eosinofílicos, além de identificação de hifas em áreas de necrose ao exame

histopatológico (POOLE; BRASHIER, 2003).

Já foram relatados casos de metástase via linfática para os pulmões e

linfonodos regionais (cervicais inferiores, inguinais e submandibulares), onde

apresentavam “kunkers”, e sendo possível o isolamento do fungo. Na grande

maioria, os linfonodos regionais encontram-se aumentados de volume, porém isso

nem sempre caracteriza metástase (GOAD, 1984; LEAL et al., 1997; MURRAY et al.,

1978).

23

2.6 DIAGNÓSTICO

2.6.1 Diagnóstico Laboratorial da Pitiose Equina

Embora o P. insidiosum possua semelhança estrutural com os

microorganismos fúngicos, acaba tendo características específicas em seu ciclo

biológico, fazendo com que a maioria dos laboratórios não disponha de estrutura

funcional correta para sua identificação. No entanto, a identificação precoce da

doença, torna-se difícil. O diagnóstico diferencial inclui habronemose, neoplasia,

tecido de granulação exuberante e granulomas fúngicos ou bacterianos (CHAFFIN;

SCHUMACHER; McMULLAN, 1992).

O isolamento do P. insidiosum pode ocorrer mediante o aspecto das

colônias e das características das hifas (BROWN et al., 1988; FISCHER et al., 1994;

HOWERTH; BROWN; CROWER, 1989; PURCELL et al., 1994). Este isolamento

requer colheita de material adequado e pode ser dificultado por contaminações

secundárias da lesão.

Na avaliação microscópica com emprego de KOH 10% (exame direto),

realizada geralmente da extração de Kunkers (massas necróticas), observa-se P.

insidiosum desenvolvendo hifas hialinas e eventualmente septadas, morfologia que

facilmente pode ser confundida com a maioria dos fungos filamentosos

(MENDONZA et al., 2009). O crescimento das hifas pode ser visto a partir de 24

horas após a incubação a 37 C, e estas se apresentam submersas no meio e com

coloração branca e hialina (GROOTERS; GEE, 2002). Uma vez que P. insidiosum

não produz estruturas reprodutivas nos meios tradicionais de cultura, a indução da

zoosporogênese (formação assexuada de zoósporo) pode ser obtida a partir do

cultivo de P. insidiosum em folhas de grama estéreis que posteriormente são

transferidas para uma solução de sais minerais, que deve incluir (PEREIRA et al.,

2008).

Na histologia observa inflamação granulomatosa e granulocítica, os

“kunkers” de tamanho variado, forma circular e contonos irregulares, contendo hifas,

colágeno, arteríolas e infiltrado inflamatório principalmente eosinofílico.

Já nos casos de pitiose equina que o animal não se encontra perto dos

laboratórios de referência, o envio de soro para realização de ELISA, de Kunkers e

tecidos para cultivo microbiológico e análise histopatológica estão caracterizadas

24

como as principais formas utilizadas de diagnóstico.

2.6.2 Imuno-histoquímica

O diagnóstico precoce da pitiose pode ser feito com métodos imuno-

histoquímica (TROST et al., 2009) ou pelos testes sorológicos para detecção de

anticorpos, como imunodifusão em gel de Agar, Enzyme – Linked Immunosorbent

Assay (ELISA), Western blot, aglutinação em látex e testes imunocromatógráficos

(BOTTON et al., 2011).

A técnica de imuno-histoquímica foi descrita pela primeira vez em 1988,

desde então está sendo utilizada por vários autores, com inúmeras vantagens, pois

possibilita a diferenciação do P. insidiosum de outros fungos, pela utilização de

coloração seletiva com a metodologia da peroxidase indireta, com uma alta

especificidade no diagnóstico (REIS JR., NOGUEIRA, 2002; BIAVA; et al., 2007).

2.6.3 Sorologia

A utilização de técnicas sorológicas foi impulsionada por Miller e Campbell

(1982), que desenvolveram as técnicas de imunodifusão em gel de ágar, fixação do

complemento e hipersensibilidade intradérmica, para o diagnóstico e monitoramento

da resposta imunológica em eqüinos afetados. Os testes realizados em eqüinos com

pitiose clínica, demonstraram que apresenta alta sensibilidade e especificidade para

a detecção de anticorpos anti-P. insidiosum (MILLER; CAMPBELL, 1982).

Kaufman, Mendoza e Standard (1990), demonstraram a eficiência da

imunodifusão em gel de ágar para o soro-diagnóstico e diagnóstico diferencial das

entomoftoromicoses causadas por Basidiobolus ranarum e Conidiobolus coronatus

em humanos e animais, assim como para pitiose, Mendoza et al. (1997)

desenvolveram um teste de ELISA para o soro-diagnóstico de pitiose em humanos e

animais, utilizando antígeno solúvel de hifas. Os resultados indicaram que o ELISA é

eficiente para o diagnóstico da pitiose e possui especificidade semelhante à

imunodifusão em gel de ágar, porém com maior sensibilidade.

No Brasil, Rosa et al. (1999) desenvolveram um teste de ELISA para

diagnóstico da pitiose eqüina e Pinto et al. (1999) descreveram a padronização de

teste ELISA para detecção de IgG em coelhos imunizados com antígenos de P.

25

insidiosum. Um teste de “dot-blot” modificado foi desenvolvido para detecção de IgG

anti-pythium em coelhos e eqüinos (ROSA et al., 1999).

A técnica desenvolvida utilizou sistema de luminescência química para

visualização da reação, no entanto, pode ser adaptada para um sistema de

visualização direta na membrana, podendo ser utilizada como um teste de campo,

possuindo boa especificidade, sensibilidade, praticidade e baixo custo (LÜBECK et

al., 1999).

2.6.4 Isolamento

O sucesso no isolamento de P. insidiosum é alto quando as amostras de

biópsias forem armazenadas ou transportadas à temperatura ambiente, com o

acréscimo de antibióticos, entre 1 e 3 dias antes de seu processamento no

laboratório. Quando o meio de transporte da biópsia não contiver antibióticos é

melhor transportá-la a 4ºC. Estes dados sugerem que a inibição do crescimento

bacteriano, que contamina a amostra, aumenta as chances de isolamento de P.

insidiosum dos tecidos infectados (MILLER, 1983).

Os procedimentos de diagnósticos da pitiose segundo (QUINN et al., 2005),

segue os seguintes itens:

1. A natureza e a distribuição das lesões e o histórico de acesso á água

estagnada em regiões onde a pitiose ocorre podem sugerir a doença;

2. Os espécimes, incluído material de biópsia e amostras de lesões

cutâneas em equinos;

3. Cortes de tecidos são usados para demonstrar formas de hifas;

4. Técnicas de imunofluorescência ou imunoperoxidase podem ser

usadas para identificar P. insidiosum nos cortes de tecidos;

5. Agar dextrose Sabouraud, inoculado com material das lesões, é

incubado aerobiamente a 37º C por 24 a 48 horas. As colônias, que

são planas esbranquiçadas e radiadas, podem ter até 20µm de

diâmetro após 24 horas;

6. Critérios para identificação dos isolados: morfologia colonial, hifas

asseptadas;

7. Identificação especifica deve ser realizada em um laboratório de

referência;

26

8. Teste sorológicos, tais como Difusão em Ágar-gel e ELISA, tem sido

usados para diagnósticos em animais.

2.7 TRATAMENTO

A maioria dos antifúngicos não possuem uma reposta adequada no

tratamento de infecções pelo P. insidiosum, tanto em animais quanto em humanos,

sendo considerados ineficientes pela maioria dos autores (FOIL, 1996;

SATHAPATAYAVONGS et al., 1989). A explicação para tal fato é inerente às

características do agente, implicado pela composição da parede celular,

principalmente pela ausência de algumas substâncias encontradas na constituição

dos fungos comuns, como exemplo, a ausência de quitina na parede e de esteroides

(ergosterol) na membrana celular, que são alvos pelos princípios ativos (FOIL,

1996).

Já evidenciado a dificuldade em obter êxito no tratamento, diversas

tentativas e alternativas estão sendo desenvolvidas como a utilização de

antimicótico, cirurgias e a imunoterapia (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN,

1992; FOIL, 1996; SANTURIO et al., 2006a). Além disso, o sucesso depende de

fatores ligados ao animal e a história natural da doença, como o tamanho e

localização da lesão, o tempo de instalação, a idade e estado nutricional do animal

(MEDONZA et al., 1997).

No tratamento químico, as drogas mais utilizadas até o momento foram a

anfotericina B, cetoconazole, miconazole, fluconazole e itraconazole, além dos

compostos iodínicos como iodeto de potássio e sódio (SHENEP et al., 1998). Não

observando resultados satisfatórios.

Em estudos realizados demonstrando a eficácia dos medicamentos para o

tratamento observaram que a anfotericina B não obteve atividade satisfatório, já o

fluconazol, cetoconazol e miconazol inibiram o cresimento in vitro de P. insidiosum.

Em outro teste, todos os fármacos testados (anfotericina B, flucitosina, miconazol e

griseofulvina) não inibiram o crescimento do oomiceto, porém, o itraconazol

apresentou atividade moderada, e apenas a terbinafina foi ativa, entretanto, a

associação deste dois obteve efeito sinérgivo e eficaz em infecção facial no homem

(SEKHNON; PADHYE; GARG, 1992).

Uma terapia complementar importante é a administração sistêmica de

27

antimicrobianos, porém a administração local e regional permite atingir picos maiores

de concentrações, muito superiores à administração sistêmica e além de oferecer

vantagens como: maior segurança de que o antimicrobiano alcance concentrações

terapêuticas no local de infecção; concentrações do antimicrobiano, locais e

regionais, superiores à concentração inibitória mínima, o que reduz o aparecimento

de resistência emergente; diminuição ou eliminação do risco de desenvolvimento de

efeitos adversos sistêmicos, como a nefrotoxicidade, a ototoxicidade e a

neurotoxicidade e custo econômico reduzido, o que possibilita a utilização de

fármacos onerosos em animais de grande porte, como os equinos (BERTONE;

CAPRILE; DAVIS, 1990). O grande determinante para uma resposta clínica à terapia

com antimicrobianos é que a concentração inibitória mínima deste fármaco seja

atingida no tecido infectado. Dessa forma, os tecidos infeccionados apresentam,

normalmente, trombose vascular e isquemia, limitando a entrega dos antibióticos

sistêmicos aos tecidos infectados, em concentrações suficientes para efeito

bactericida (McILWRAITH, 1983). Já a perfusão regional é uma técnica que produz

maiores concentrações de antimicrobianos nas porções distais dos membros

quando comparada à administração sistêmica (BUTT et al., 2001).

Existe algumas técnicas para a administração local ou regional de

medicamentos, como: a administração intra-articular, os implantes de

polimetilmetacrilato (PMMA) ou de polímeros biodegradáveis impregnados com

antibióticos, as bombas de infusão e a perfusão regional intraóssea e intravenosa

(ERRICO et al., 2008; GILLIAM et al., 2008; MARTÍNEZ, 2004; WERNER; HARDY;

BERTONE, 2003).

Dessas técnicas a de escolha é a perfusão regional, sendo de fácil

realização e baixo custo, onde promove a difusão local do medicamento aos tecidos,

pelo sistema venoso regional, utilizando-se de uma veia superficial. Para a

realização desta técnica, um garrote (torniquete) é colocado proximal ao local de

infecção (ou lesão) e um antimicrobiano é injetado, sob pressão, no sistema venoso,

de forma que a pressão utilizada durante a infusão intravenosa do fármaco resulte

em difusão do antibiótico ao tecido afetado (BUTT et al., 2001; GAGNON et al.,

1994; MURPHEY; SANTSCHI; PAPICH, 1994; MURPHEY; SANTSCHI; PAPICH,

1999).

Muitos estudos buscam a dose apropriada do fármaco, melhor volume de

administração, o intervalo apropriado entre as perfusões e o número de perfusões

28

necessárias para conter condições sépticas nas porções distais dos membros de

equinos. Já foi demonstrado que doses inadequadas podem, em excesso, promover

necrose de tecidos moles na região perfundida (SANTSCHI; ADAMS; MURPHEY,

1998). Da mesma forma, não existem dados informando o volume de perfusão ideal

para que se alcance a completa difusão do fármaco no tecido afetado.

Presumivelmente, o volume a ser infundido deve estar correlacionado com o

tamanho do membro (BUTT et al., 2001).

Whitehair et al. (1992c) demonstraram em seus estudos que a realização da

perfusão regional do membro, em equinos adultos, com um grama de gentamicina

promoveu a concentração de 221,2 ± 71,4 µg/mL deste fármaco no líquido sinovial,

24 horas após o procedimento e que quatro administrações de 2,2 mg/kg, a cada

seis 31 horas, via intravenosa, deste mesmo antibiótico, promoveu a concentração

de apenas de 7,6 ± 1,6 µg/mL, intra-articular. Atualmente, há pesquisas que

comprovam que a técnica de perfusão regional do membro de equinos com

antibióticos, como gentamicina, ceftiofur, amicacina, vancomicina e enrofloxacina

promove concentrações ósseas, intra-articulares, peri-articulares e nos tecidos

perfundidos pelo fármaco, várias vezes maiores que a concentração inibitória

mínima dos patógenos, durante várias horas (ERRICO et al., 2008; GILLIAM et al.,

2008; MARTÍNEZ, 2004; MURPHEY; SANTISCHI; PAPICH, 1999; PILLE et al.,

2005; WERNER; HARDY; BERTONE, 2003).

A perfusão regional tem sido considerada mais eficaz que a administração

sistêmica para o tratamento de artrite infecciosa e osteomielite (KETTNER;

PARKER; WATROUS, 2003; WHITEHAIR et al., 1992a,b,c), permitindo a eliminação

de infecções resistentes à terapia convencional e sua aplicação, em combinação

com a antibioticoterapia sistêmica, incrementa as taxas de sobrevivência até valores

maiores que 70% (FINSTERBUSH; ARGAMAN; SACKS, 1970; PALMER; HOGAN,

1999; SANTSCHI; ADAMS; MURPHEY, 1998).

Outras afecções dos equinos que tem sido tratadas com resultados

satisfatórios são a laminite séptica, a osteíte séptica da falange distal e dos ossos

sesamoideos proximais, a artrite séptica das articulações dos dedos, a tenossinovite

séptica, a bursite séptica do sesamóide distal e feridas no casco (SANTSCHI;

ADAMS; MURPHEY, 1998). Os ossos da porção isolada pelo torniquete também

são perfundidos e, neles, a concentração do antibiótico também é elevada

(BERTONE, 2003).

29

A anfotericina B é um antimicótico pertencente ao grupo dos antibióticos

macrolídeos poliênicos, seu nome deriva da característica anfotérica de sua

estrutura molecular, formando tanto sais solúveis em meio ácido como em meio

básico (ASHER; SCHURARTZMAN, 1977). Produzido naturalmente pelo

actinomiceto Streptomyces nodosus cujo mecanismo de ação se baseia na ligação

com os esteróis da membrana celular, provocando alteração funcional com saída de

metabólitos essenciais, nucleotídeos e proteínas, levando à morte celular

(RICHARDSON; WARNOCK, 1993; SANDE; MANDELL, 1987). Foi isolada em

meados de 1955 (GOLD; STOUT; PAGANO, 1956; VANDEPUTTE; WACHTEL;

STILLER, 1956) e, desde então, apenas poucos agentes com ação antimicótica

foram descobertos e tornaram-se viáveis para o tratamento das micoses sistêmicas.

A atividade da anfotericia B é máxima na faixa de pH 6,0 a 7,5 e a ação

pode ser fungistática ou fungicida, dependendo da concentração sérica e tecidual do

antimicótico e da suscetibilidade do patógeno (FILIPPIN; SOUZA, 2006). No final

dos anos 50, em 1965, a anfotericina B foi aprovado pela United States Food and

Drug Administration (U.S. FDA) como o primeiro agente antimicótico (WU, 1994;

DISMUKES, 2000).

A anfotericina B possui atividade contra a maioria das espécies de Candida

spp (BURGESS et al., 2000; CLANCY; NGUYEN, 1999; DAVEY et al., 1998;

PFALLER et al., 2002), fungos filamentosos, incluindo o Aspergillus fumigatus,

Aspergillus flavus, Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Rhizopus arrhizuz e

Paracoccidioides brasiliensis (HAHN; HAMDAN, 2000).

A anfotericina B também possui atividade contra Histoplasma capsulatum

(GONZALES et al., 2000; LI et al., 2000), Cryptococcus neoformans (DAVEY et al.,

1998), Coccidioides immits e Blastomyces dermatitidis (LI et al., 2000). Sua atividade

foi considerada limitada contra algumas cepas de Fusarium spp (ESPINEL-

INGROFF et al., 1997). Cepas de Leishmania (Viannia) braziliensis também foram

suscetíveis a ação da anfotericina B, sendo também empregada na terapia de

leishmaniose visceral (DAVIDSON et al., 1991; DURAND et al., 1998) e

mucocutânea (AMATO et al., 2000).

A anfotericina B é pouco solúvel na maioria dos solventes, com exceção do

dimetilsulfóxido (DMSO) e da dimetilformamida, é praticamente insolúvel em

soluções aquosas de pH neutro (LEGRAND et al., 1992). Sendo assim interage

especificamente com o ergosterol, esteróide constituinte exclusivo da parede celular

30

fúngica, visto que muitos dos efeitos tóxicos que lhe são atribuídos são resultados

da sua capacidade em ligar-se ao colesterol e outros constituintes da membrana

celular de mamíferos (BOLARD; JOLY; YENI, 1993; HUANG et al., 2002; MORIBE;

MARUYAMA; IWATSURU, 1999; WHITE; PETERSON; HARTSEL, 1989). Do ponto

de vista bioquímico, a resistência aos antibióticos poliênicos poderia estar associada

ao aumento ou diminuição dos esteróides da membrana, especialmente ergosterol e

seus precursores.

Na ação da anfotericina B existem mudanças nas propriedades de

leucócitos, como na inibição da quimiotaxia (BERNAUDIN et al., 1987), na produção

de anticorpos (BOGGS; CHANG; GOUNDALKAR,1991), nas propriedades

funcionais dos leucócitos polimorfonucleares (PMN) (JULLIEN et al., 1991), na

diminuição significativa da fagocitose e na destruição de Candida albicans

(PALLISTER; WARNOCK, 1989), quando altas doses de anfotericina B foram

utilizadas (BERNAUDIN et al., 1987).

Várias são as reações adversas agudas da anfotericina B, no homem, são:

febre, calafrios (MORA-DUARTE et al., 2002), tremores, náusea (NUCCI et al.,

1999), vômitos e dor de cabeça (WALSH et al., 1999) e frequentemente, estão

relacionados à infusão intravenosa. Hipocalemia, hipernatremia, diurese aumentada

(GERBAUD et al., 2003), hipomagnesemia, disfunção renal e efeitos tóxicos sobre a

medula óssea (anemia, leucopenia e trombocitopenia) estão associados com

administrações repetidas (SCHÖFFSKI et al., 1998).

O tratamento sistêmico com anfotericina B quase sempre resulta em algum

grau de disfunção renal, total (MORA-DUARTE et al., 2002). Efeitos neurotóxicos

são raros (RACIS et al., 1990), a cardiotoxidade foi descrita (CRAVEN;

GREMILLION, 1985; SCHÖFFSKI et al., 1998).

O antibióticos quando manipulados de forma correta, possuem uma efeito de

cura excelente. Até agora, a anfotericina B constitui a base terapêutica das infecções

fúngicas graves (FILIPPIN; SOUZA, 2006).

O tratamento cirúrgico apresenta bons resultados em lesões pequenas e

superficiais, nas quais seja possível a retirada de toda área afetada, em lesões

maiores é necessário associar a administração de medicamentos, porém a

recorrência é comum (MILLER, 1981).

A excisão cirúrgica deve atingir as bordas da pele, ao redor da região

ulcerada, que, aparentemente, encontra-se íntegra. Em muitos dos casos ocorrem

31

hemorragias que são contidas por cauterização, ligadura dos vasos ou bandagens

compressivas (BIAVA et al., 2007).

De acordo com alguns autores, é importante a associação da excisão

cirúrgica com medicamento, como observado por Gonzales et al. (1979) e Chaffin,

Schumacher e McMullan (1992) que o o iodeto de potássio é mais eficiente quando

utilizado após a extirpação cirúrgica do granuloma.

Dória, Freitas e Linardi (2012) descrevem casos de perfusão regional com

Anfotericina B (50 mg) nos membros de eqüinos, em uma ou duas aplicações,

associada à remoção cirúrgica, promove a remissão da infecção por Pythium

insidiosum, embora isso causou inflamação local na administração local em alguns

cavalos. Os efeitos secundários, como a inflamação, edema e dor poderia ter sido

causado por inflamação vascular comumente induzida pelo fungo. Para minimizar

tais efeitos secundários, a Anfotericina B, foi diluído em solução de ringer com

lactato com pH neutro a infusão com poucas reações adversas sobre os tecidos

diretamente expostos ao fármaco, constituindo-se uma alternativa terapêutica, viável

e eficaz, para o tratamento de pitiose em membros de eqüinos, promovendo

cicatrização completa das feridas.

Sedrish et al. (1997) relataram o sucesso do uso de raio laser vermelho de

alumínio, neodímio e ítrio como tratamento suplementar após a remoção cirúrgica de

lesões de pitiose equina. Apesar da taxa de recidiva ser relativamente alta, a excisão

cirúrgica é a mais utilizada e a que apresenta os melhores resultados, quando

realizada o mais precocemente possível e de forma abrangente.

32

2.7.1 Imunoterapia

Atualmente, tem sido proposta a imunoterapia empregando-se culturas de

fungo fenolizadas, expostas às ondas ultrassônicas, onde as hifas são maceradas e

liofilizadas (BIAVA et al., 2007; MARIELLO; DE BOER, 2000). A imunoterapia pode

ser realizada utilizando-se vários antígenos derivados de Pythium insidiosum. Esta

modalidade terapêutica constitui uma alternativa concreta para o controle da doença

e tem apresentado resultados promissores (BIAVA et al., 2007; LEAL et al., 2001b;

MILLER, 1981). Porém, o diagnóstico precoce e a intervenção cirúrgica, associado

ao tratamento imunoterápico, são fundamentais para a eficácia do tratamento

(MENDOZA; HERMANDEZ; AJELLO, 1993).

Uma alternativa para o tratamento da pitiose eqüina foi proposto por Miller,

em 1981, que desenvolveu um imunoterápico a partir de culturas do próprio agente

(hifas). Monteiro (1999) testou um imunobiológico produzido a partir de culturas do

Pythium insidiosum, baseando-se na metodologia descrita por Miller (1981), obtendo

índices de cura entre 50% e 83,3%.

Nas décadas de 80 e 90, vários autores utilizaram a imunoterapia. Mendoza

e Alfaro (1986) utilizaram o sobrenadante das culturas como antígeno e obtiveram

recuperação de 3 entre 5 animais tratados. Mendoza, Hermandez e Ajello (1993)

compararam vacinas produzidas com massa celular e com antígeno solúvel

concentrado, em 71 eqüinos afetados, obtendo 60% e 70% de cura,

respectivamente.

Segundo Mendoza, Hermandez e Ajello (1993), o soro de eqüinos

infectados, testado pelo immunoblot, reagiu contra três proteínas (28, 30 e 32 kDa)

imunodominantes e amostras de soro eqüino, obtidas um ano após a cura pela

imunoterapia, também apresentaram anticorpos contra esses três antígenos.

Estudos recentes com Western immunoblot sugerem a presença de cinco

antígenos imunodominantes no P. insidiosum e avaliação de soro eqüino pré e pós-

tratamento (com imunoterápico) não revelou alterações no perfil de imunoglobulinas

G durante a imunoterapia. Isso permite um questionamento sobre a real importância

desses antígenos na cura dos animais (LEAL et al., 1997).

Mendoza, Ajello e McGinnis (1996) acredita que os mecanismos envolvidos

na cura pela imunoterapia, baseiam-se principalmente na resposta celular. Isto é

sustentado pelas alterações teciduais após início da imunoterapia, com mudança de

33

inflamação eosinofílica no início para uma resposta mononuclear, mediada por

macrófagos e linfócitos T. Os autores acreditam que os antígenos presentes no

imunógeno induziriam esta alteração no padrão inflamatório, culminando com a cura

dos animais. Entretanto, Newton e Ross (1993) verificaram que o nível de anticorpos

anti-Pythium aumenta em eqüinos doentes submetidos à imunoterapia. De acordo

com os autores, o aumento do nível de anticorpos auxiliaria na cura.

Todos os animais apresentaram reação inflamatória moderada a severa no

local da injeção subcutânea da vacina e formação de abscesso estéril em 30% dos

casos. 7 a 10 dias após a primeira injeção do imunoterápico os animais

apresentaram redução do prurido, drenagem na superfície da lesão, expulsão dos

“kunkers” e fibrose dos granulomas. Na Costa Rica, com um imunobiológico obtido a

partir do sobrenadante da cultura visando diminuir a reação no local de aplicação

três de cinco animais foram curados.

Duas características dos imunoterápicos produzidos até então; necessidade

de serem mantidos a 4º C e tempo de armazenagem relativamente curto,

praticamente impediam seu uso no Pantanal devido as condições inerentes a região.

Para viabilizar o uso da imunoterapia no tratamento da pitiose eqüina no Pantanal foi

produzido, a partir de culturas de isolados do agente, um imunoterápico liofilizado

que possibilitasse armazenagem por um período longo em temperatura ambiente

(ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996).

Entre os anos de 2001 e 2006 mais de 2800 doses do imunoterápico tem

sido utilizada em 18 estados brasileiros localizados nas regiões Sul, Sudeste, Centro

Oeste, Norte e Nordeste (TRISCOTT; WEEDON; CABANA, 1993).

Exceto em algumas regiões, como no Pantanal, onde a doença é mais

prevalente e os veterinários e mesmo os proprietários estão familiarizados com a

doença, de modo geral, as solicitações do imunoterápico é realizada após o

insucesso com outras abordagens terapêuticas. A aplicação do imunoterápico

baseada muitas vezes apenas no diagnóstico clínico não conclusivo e o não

acompanhamento dos casos, contudo, não permite avaliar a eficiência do

imunoterápico nas diferentes regiões do país (THITITHANYANONT et al., 1998).

O prognóstico da pitiose, em equinos, depende do comprometimento de

estruturas adjacentes à ferida, como tendões, articulações, fáscias e tecido ósseo,

além da linfadenopatia regional ser também frequente, proporcionando a

disseminação do agente a regiões distantes como trato gastrintestinal e pulmões

34

(BIAVA et al., 2007; RODRIGUES; LUVIZOTTO, 2000). A evolução é rápida, pois,

devido ao prurido, os animais dilaceram a ferida, causando sangramento profuso,

levando ao emagrecimento e debilidade orgânica (BIAVA et al., 2007; LEAL et al.,

2001a).

35

3 CONCLUSÃO

Com base na revisão de literatura realizada, conclui-se que novas terapias

alternativas devem ser estudadas, sendo assim conhecer as características do

agente em questão é fundamental para diagnóstico da doença. Embora exista

diferentes técnicas para o tratamento da pitiose em equinos, atualmente poucos

resultados satisfatórios são descritos no curso da doença.

36

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4 ARTIGO 2

49

TRATAMENTO DA PITIOSE EM MEMBROS DE EQUINOS POR MEIO DE PERFUSÃO REGIONAL INTRAVENOSA COM ANFOTERICINA B ASSOCIADA

AO DIMETILSULFÓXIDO

RESUMO

A pitiose equina é uma doença endêmica no Pantanal Brasileiro e causa prejuízos significativos a equinocultura. Neste trabalho são relatados 15 casos com infecção por Pythium insidiosum como o aspecto distal dos membros pélvicos e torácica.Por meio de excisão cirúrgica do tecido de granulação e termocautério, 50 mg de anfotericina B (10 mL), diluída numa solução de DMSO a 10% ( 6 mL de DMSO em 44 mL de ringer lactato ), a infusão foi administrada por meio de um cateter colocado na veia superficial do membro afetado sendo ao lado da lesão, após a colocação de um garrote acima do local da injeção. Perfis bioquímicos, hematológicos e séricos foram investigados e as lesões foram avaliados antes do tratamento e semanalmente até a completa cicatrização de lesões. Vericou-se que cem por cento (100 %) dos cavalos tratados com anfotericina B associada com DMSO teve cicatrização completa num período entre 6-9 semanas após um tratamento, dependendo do tamanho da lesão. A infusão não induziu efeitos colaterais locais. Estudos hematológicos revelaram anemia inicial associada com baixa contagem de hemácias e hematócrito, que foram resolvidos durante o período de tratamento. Um aumento significativo na contagem total e diferencial leucocitários foi encontrado antes do tratamento que diminui para valores fisiológicos durante as semanas após o tratamento. A análise bioquímica de soros não apresentaram alterações significativas nos parâmetros determinados utilizados para a avaliação das funções hepática e renal. A infusão regional com administração de anfotericina B em uma solução de DMSO a 10% por perfusão foi eficaz para o tratamento da pitiose em membros equinas, sem efeitos colaterais. Palavras chave: Análise bioquímica. Equinos. Infecção.

50

ABSTRACT The equine pythiosis is endemic in the Brazilian Pantanal and cause significant damage to equine . In this work are reported 15 cases of infection by Pythium insidiosum as the distal aspect of the hind limbs and through surgical excision torácica.Por granulation tissue thermocautery and 50 mg amphotericin B (10 mL) , diluted in a solution of DMSO at 10 % (6 mL DMSO in 44 ml of lactated Ringer ) , the infusion was administered through a catheter placed in the vein of the affected surface being adjacent to the lesion, after placing a tourniquet above the injection site. Profiles biochemical , hematological and serum were investigated and the lesions were evaluated before treatment and weekly until complete healing of injuries . Vericou that one hundred percent (100%) horses treated with amphotericin B was associated with DMSO in complete healing time between 6-9 weeks after treatment, depending on the size of the lesion. The infusion did not induce local side effects. Hematologic studies showed low initial anemia associated with red cell count and hematocrit, which were resolved during the treatment period. A significant increase in total and differential leukocyte count was found that before the treatment decreased to physiological values during weeks after treatment. Biochemical analysis of serum showed no significant changes in certain parameters used for the evaluation of hepatic and renal function. The infusion regional administration of amphotericin B in a DMSO solution at 10% by infusion was effective for the treatment of equine limb Pythiosis without side effects. Keyword: Biochemical analysis. Horses. Infection.

51

4.1 INTRODUÇÃO

Pitiose é uma doença infecciosa piogranulomatosa causada pelo oomyceto

parasita Pythium insidiosum. Este organismo filamentoso, inicialmente, afeta os

tecidos da pele e subcutâneo, mas pode afetar os tecidos adjacentes (tendões,

ligamentos e ossos), ou invadem o trato gastrointestinal e outros tecidos e órgãos,

resultando em doença multissistêmica (DE COCK; MENDONZA; PADHYE, 1987;

LEAL; LEAL; SANTURIO, 2001; LEAL; LEAL; FLORES, 2001; MENDOZA; AJELLO;

MCGINIS, 1996). A pitiose ocorre com frequência em regiões tropicais, subtropicais

e temperadas, provavelmente porque P. insidiosum requer um, o ambiente aquático

com temperatura elevada (30 a 40º C) e substrato orgânico vegetal para completar

seu ciclo de vida (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1992; CHAFFIN;

SCHUMACHER; McMULLAN, 1995). A pitiose cutânea em cavalos é caracterizada

por granulomas eosinofílicos com massas necróticas conhecidas como “kunkers”, e

que são caracterizadas macroscopicamente por massas irregulares amarelo-

acinzentadas, em forma que lembra corais marinhos. Histologicamente este material

é composto por debris celulares de neutrófilos e eosinófilos e hifas do P. insidiosum

(CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995). O diagnóstico é geralmente

baseado em dados clínicos, epidemiológicos e confirmado por exames

histopatológico e de imuno-histoquímica (LEAL; LEAL; FLORES, 2001).

O tratamento da pitiose é um desafio, e a eficácia aparentemente depende

de fatores como o tamanho, duração e local da lesão; imunocompetência e tipo de

tratamento (LEAL; LEAL; SANTURIO, 2001; LEAL; LEAL; FLORES, 2001). Os

tratamentos conservadores são atualmente utilizados com ou sem excisão cirúrgica

da lesão para melhorar os resultados (LEAL; LEAL; FLORES, 2001). As drogas

antifúngicas mais comumente administrados sistemicamente utilizados para tratar

pitiose são iodeto de potássio e de sódio, cetoconazol, miconazol, fluconazol,

itraconazol, e anfotericina B (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1992; LEAL;

LEAL SANTURIO, 2001; SALLIS; PEREIRA; RAFFI, 2003; SANTURIO; ALVES;

PEREIRA, 2006), no entanto, P. insidiosum, por não ser um fungo verdadeiro, o

organismo possui uma maior resistência aos antifúngicos atualmente disponíveis

(FOIL, 2006).

A anfotericina B, um antibiótico macrólido polieno, produzido naturalmente

pelo Streptomyces nodosus actinomiceto (GOLD; STOUT; PAGANO, 1956;

52

DISMUQUES, 2000; VANDEPUTTE; WACHTEL; STILLER, 1956). O mecanismo de

ação do fármaco é caracterizado a partir da ligação direta aos esteróis presentes na

membrana celular do parasita, alterando a integridade e resultando em reações

osmóticas de eletrólitos (potássio, sódio, magnésio, cloreto) para o meio intracelular,

e também alterando metabolitos essenciais ao fungo (nucleótidos e proteínas),

provocando assim a morte do parasita (CHAPMAN; SULLIVAN; CLEARY, 2008;

RICHARDSON; WARNOCK, 2003). Dória, Freitas e Linardi (2012) descreveram que

92% dos cavalos afetados por P. insidiosum e apresentando tecido de granulação

exuberante nos membros torácicos ou pélvicos, tratados com perfusão regional

intravenosa com anfotericina B mostrou resolução completa da lesão 35 ou 60 dias

depois de um ou dois tratamentos, respectivamente e considerou a perfusão

regional intravenosa de anfotericina B uma terapia adjuvante eficaz para excisão

cirúrgica e termocauterismo, no tratamento de pitiose cutânea em membro de

equinos.

Perfusão regional intravenosa é uma técnica indireta que consiste na infusão

de fármaco num vaso periférico isolado, a partir da circulação sistêmica, através da

utilização de um torniquete (garroteamento) (MARTINEZ, 2004; SANTSCHI;

ADAMS; MURPHEY, 1998). Com isso, espera-se que as drogas administradas

mediante esta técnica, irão atingir os tecidos alvos, por difusão através de leitos nas

proximidades dos capilares devido ao grande volume de perfusão. A concentração

elevada da droga, e a alta pressão transitória intravascular estabelecida pelo

torniquete, gera um aumento do gradiente de concentração entre os tecidos e

espaço intravascular. Esta técnica maximiza a difusão da droga para o fluido

sinovial, ossos e tecidos moles, bem como tecidos pouco vascularizado, onde os

agentes são geralmente protegidos (ERRICO; TRUMBLE; BUENO, 2008; GILLIAM;

STREETER; PAPICH, 2008; MARTINEZ, 2004; WERNER; HARDY; BERTONE,

2003).

Diante dos resultados obtidos por Dória et. al 2012, hipoteticamente

melhores resultados poderiam ser evidenciados com a administração perfusão

intravenosa membro regional (IRLP) fazendo a associação de anfotericina B e

dimetilsulfóxido (DMSO), para alcançar maiores concentrações anfotericina B dentro

de tecidos infectados por P. insidiosum, e reduzir os efeitos colaterais inflamatórias

locais. Já foi demonstrado que o DMSO é um eficaz antiinflamatório e analgésico

(ALSUP; DEBOWES, 1984; BRAYTON, 1986; WELCH; DEBOWES; LIEPOLD,

53

1989, WELCH; WATKINS; DEBOWES, 1991). Pode também possuir algum efeito

inibitório sobre o crescimento de uma variedade microrganismos, inclusive fungos,

como resultado do seu efeito sobre a resposta imune e a redução de endotoxina

induzidas por danos nos tecidos (ALSUP; DEBOWES, 1984; BRAYTON, 1986;

WELCH; DEBOWES; LIEPOLD, 1989). Outros estudos têm demonstrado aumento

do fluxo sanguíneo por dilatação vascular com aplicação de DMSO (ALSUP;

DEBOWES, 1984). Tais propriedades associadas com a sua capacidade para

penetrar as membranas biológicas fornecem base para a sua utilização em conjunto

com um fármaco anti-fúngico para perfusão regional de membro afetados por

dermatites fúngicas (CIMETTI; MERRIAM; D'OENCH, 2004).

Diante deste contexto, objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia e

viabilidade de uso da técnica de perfusão intravenosa membro regional no

tratamento adjuvante de pitiose cutânea em membros de equinos, utilizando uma

associação de anfotericina B e DMSO diluídos em solução de Ringer com lactato,

administrados após a excisão cirúrgica e termocauterização de feridas causadas por

granulação exuberante na pitiose. Avaliar também, os efeitos adversos, locais e

sistêmicos, da administração dos fármacos e a evolução da reparação cicatricial das

lesões cutâneas.

O presente estudo compreende uma atividade complementar, qualitativa,

aos estudos realizados por Dória, Freitas e Linardi (2012).

54

5 MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 19 equinos, destes 15 que tinham entre 4 meses a 15 anos

de idade, de ambos os sexos, sendo eles de diferentes raças, entre elas, raça

Pantaneira, Quarto de Milha e alguns sem raça definida, com escore corporal entre 2

e 3 (HENNEKE et al., 1983). Estes 15 animais apresentavam ferida granulomatosa

devido à infecção por pitiose, em membro torácico ou pélvico, distalmente às

articulações úmero-radial e úmero-ulnar ou femoro-tibial e femoro-patelar. Os 19

equinos foram distribuídos em dois grupos experimentais. Um grupo constituído de

15 equinos, machos (n=10) e fêmeas (n=5), tratados mediante a excisão cirúrgica da

ferida, termocauterização e a IRLP com anfotericina B e Dimetilsufóxido (DMSO), e

com peso médio variando entre 100 e 400 kg e outro grupo constituído de quatro

animais controles, não tratados porém contém a doença administrando o ringer

lactato, machos (n=2) e fêmeas (n=2), com idades entre 4 meses a 15 anos e peso

entre 200 e 450 kg. Os animais foram encaminhados para o Hospital Veterinário da

Universidade de Cuiabá (HOVET), por meio de contatos com proprietários de

fazendas na região do Pantanal Mato-Grossense e adjacências do município de

Cuiabá, MT. Estes animais foram mantidos em baias, livres de áreas alagadiças, em

regime de alimentação à base de alfafa, concentrado (ração comercial),

suplementação mineral e água ad libitum, durante todo o período experimental.

5.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA

No 1º dia do experimento, os equinos foram contidos em tronco individual e

submetidos ao exame clínico (FEITOSA, 2004). Avaliou-se a frequência cardíaca

(FC; batimentos/minuto) por auscultação torácica, a frequência respiratória (FR;

movimentos respiratórios/minuto) pela observação da movimentação do gradil

costal, o tempo de preenchimento capilar (TPC; segundos) por compressão digital

da gengiva, a motilidade intestinal (classificada como normal, hipomotilidade ou

hipermotilidade) por auscultação abdominal e a temperatura retal (T) por meio de

termômetro clínico convencional.

5.2 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA

A avaliação histopatológica foi realizada no Laboratório de Patologia

55

Veterinária da Universidade de Cuiabá (LPV-UNIC).

Foi realizada biópsia para confirmação do diagnóstico em cada uma das

feridas, nos membros dos equinos. As biópsias contendo “kunkers” (1x1x1 cm),

destinados à avaliação histopatológica, foram fixados em solução de formol neutro a

10% e, posteriormente, clivados, processados rotineiramente e incluídos em

parafina. Dessa forma, após fixação e clivagem, o material foi desidratado em

concentrações crescentes de álcool etílico. Em seguida, foram submetidos à

diafanização pelo xilol e embebição em parafina líquida a 59 ºC. Dos fragmentos

incluídos em blocos de parafina, foram realizados cortes de 5 µm de espessura, com

auxílio de micrótomo rotativo16. Os cortes foram corados pela hematoxilina-eosina

(HE) e Prata Metenamina de Grocott (GMS - Grocott´s methenamine silver) (LEAL;

LEAL; SANTURIO, 2001; SALLIS; PEREIRA; RAFFI, 2003; PEDROSO et al., 2009).

As lâminas coradas foram analisadas em microscopia de luz e fotografadas com

câmera fotográfica digital acoplada ao microscópio.

5.3 TÉCNICA DE IMUNO-HISTOQUÍMICA

O método imuno-histoquímico foi realizado no Laboratório de Patologia

Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (LPV-UFMT).

Os materiais de biópsia contendo “kunkers” (1x1x1 cm), destinados à

imunohistoquímica, foram imersos em solução de formol neutro a 10%, por um a

dois dias, clivados, processados rotineiramente e incluídos em parafina. Cortes

histológicos de 5 µm de espessura foram obtidos com auxílio de micrótomo rotativo.

Os cortes histológicos foram montados nas lâminas, previamente tratadas com

solução de gelatina 0,3% e aderidos a estas por meio do calor (60 ºC), durante 24

horas, após o que as lâminas foram submetidas à imuno-histoquímica. Utilizou-se o

método streptavidina-biotina marcada19 (LSAB), de acordo com Brown et al. (1988)

e Gimeno, Massone e Portiansky (1999).

A desparafinização dos cortes foi realizada em estufa à 60º C, durante 30

minutos. Na sequência, os cortes foram hidratados em soluções de xilol I e II,

permanecendo dez minutos em cada solução e com passagens sucessivas, a cada

dois minutos, em álcool 100%, 90%, 80% e 70% e, posteriormente, foram lavados

em água destilada por dez vezes. Foi realizado o bloqueio da peroxidase endógena

pela incubação das lâminas com peróxido de hidrogênio a 3%, em água destilada,

56

durante 15 minutos, à temperatura ambiente e, as amostras foram, novamente,

lavadas em água destilada. O bloqueio de proteínas inespecíficas foi realizado

incubando-se os cortes com leite em pó desnatado a 5%, diluído em solução tampão

de fosfato (PBS), durante 15 minutos. A recuperação antigênica foi realizada com

solução tampão de citrato de sódio a 10 mM, com pH 6,0, mediante calor (micro-

ondas, potência máxima), por dois minutos, adicionando, conforme necessário,

solução tampão (citrato de sódio ou PBS) para evitar a evaporação. Após cinco

minutos, destinados à resfriação da amostra, nova lavagem em água destilada foi

realizada. A incubação com o anticorpo primário policlonal anti-Pythium insidiosum

produzido em coelho (cedido à Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT,

produzido pelo Laboratório de Pesquisas Micológicas – LAPEMI da Universidade

Federal de Santa Maria – UFSM) foi realizada na diluição de 1:100, em solução

tampão (PBS), mantida por 1 hora, a 37 ºC, em estufa e, nova lavagem com água

destilada foi realizada. Após este procedimento, incubou-se o complexo

streptavidina-biotina (LSAB) com o anticorpo secundário biotinilado universal durante

20 minutos, em temperatura ambiente, seguido pela lavagem com tampão TBS

(solução TRIS salina tamponada) e incubação pela streptavidina, também, por 20

minutos, em temperatura ambiente e lavagem com água destilada. A revelação da

reação foi feita com o cromógeno diaminobenzidina20 (DAB), durante 5 a 10

minutos, seguido de lavagem em água destilada. A contra-coloração dos cortes foi

realizada com hematoxilina de Harris, com permanência de um minuto. As lâminas

foram lavadas em água corrente e passaram por desidratações sucessivas, a cada

um minuto, em banhos de álcool 70%, 80%, 90% e 100% e soluções de xilol III e IV.

A montagem das lâminas foi realizada com bálsamo do Canadá21. O protocolo para

a imuno-histoquímica utilizada neste trabalho foi adaptado de Gimeno, Massone e

Portiansky (1999).

As lâminas coradas foram analisadas em microscopia de luz e fotografadas

em câmera fotográfica digital acoplada ao microscópio.

O anticorpo primário foi produzido em coelho por meio de uma única

inoculação de 20.000 zoósporos de Pythium insidiosum, via subcutânea, sem a

utilização de adjuvantes. Coletas de sangue a cada 14 dias foram realizadas e a

quantificação dos anticorpos foi feita pela técnica de Elisa. O soro utilizado

corresponde à coleta no 45º dia, o qual apresentou uma densidade ótica (DO) de

0,281. A DO considerada positiva para coelhos é de 0,105 (PEDROSO et al., 2009).

57

5.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Os animais foram submetidos a jejum alimentar, doze horas antes do início

do experimento. Após avaliação clínica, em ambos os grupos, colocou-se um cateter

intravenoso, 14G, na veia jugular dos equinos e foi realizada anestesia geral

intravenosa, mediante tranquilização com acepromazina 1%, na dose de 0,1 mg/kg,

via intravenosa e após 5 minutos, a administração intravenosa de éter-gliceril-

guaiacol, na dose de 100 mg/kg e indução/manutenção anestésica com cetamina

10% (2 mg/kg), associada na mesma seringa, com midazolam (0,1 mg/kg), via

intravenosa. Doses complementares de cetamina 10% (2 mg/kg) associada ao

midazolam (0,1 mg/kg) foram realizadas, conforme necessário, para eliminar dor e

movimentação durante o procedimento experimental.

Após a anestesia, os animais foram posicionados em decúbito lateral,

esquerdo ou direito, de acordo com a localização da ferida. Os membros sadios

foram contidos com auxílio de cordas e/ou travões e o membro com a ferida de

pitiose mantido em posição elevada em relação ao solo, para realização do

procedimento experimental.

Procedeu-se a limpeza da ferida e regiões adjacentes com água e sabão e

antissepsia com povidona-iodo e álcool 70%. Na sequência, foi realizada hemostasia

preventiva, por meio de garroteamento do membro, com torniquete de borracha, na

região proximal à ferida (em relação ao tronco) e excisão cirúrgica, com lâmina de

bisturi número 23, do tecido de granulação exuberante e dos “kunkers”, evitando

exposição óssea ou penetração articular.

Fragmentos cúbicos de 2 cm² foram colhidos, acondicionados em solução

de formol tamponado a 10% e enviados para avaliação histopatológica e imuno-

histoquímica (BROWN et al., 1988, GIMENO; MASSONE; PORTIANSKY, 1999). Os

testes de imuno-histoquímica foram realizados, mediante o encaminhamento de

blocos de parafina contendo fragmentos de tecido, pelo Laboratório de Patologia

Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT. O protocolo

utilizado foi semelhante ao realizado por Ubiali et al. (2013) em animais com rinite

micótica causada por P. insidiosum.

Na sequência, o torniquete foi lentamente afrouxado para que se realizasse

a hemostasia por termocauterização. Após cinco minutos, destinados à reperfusão

sanguínea do membro, o garrote de borracha foi reposicionado, padronizando-se

58

duas voltas (360º) em torno do membro, de maneira tensa. Após tricotomia e

antissepsia com povidona-iodo, uma veia superficial engurgitada, localizada proximal

à ferida e distal ao torniquete, foi canulada, conforme o diâmetro, com cateter

intravenoso números 20, 22 ou 24 G para a administração da droga. De acordo com

a localização das feridas, as veias ou seus ramos cateterizados foram, no membro

torácico, cefálica e digital palmar comum e, no membro pélvico, safena, digital

plantar comum e digital dorsal comum. Após implantação do cateter, administrou-se,

no Grupo Anfotericina B mais DMSO, 10 mL da solução de anfotericina B (0,83

mg/mL), composta por 50 mg de anfotericina B (10 mL de diluente), diluída em 44

mL de solução de Ringer Lactato com 6 ml de DMSO e no grupo controle, 60 mL de

solução de Ringer lactato. O volume total foi administrado manualmente,

padronizando-se o tempo de infusão em cinco minutos, com auxílio de seringa de 60

mL e extensor de cateter o escalpe número 21. O garroteamento, em ambos os

grupos, foi mantido por 40 minutos após a administração das soluções, perfazendo

um total de tempo de garroteamento de 45 minutos.

O cateter foi retirado 10 minutos após a remoção do torniquete e exerceu-se

pressão manual sobre a veia canulada, durante 10 minutos, para hemostasia. Após

este procedimento, foi realizada bandagem com algodão e ataduras na ferida, as

quais eram substituídas a cada 3 ou 4 dias, sendo o curativo tópico realizado apenas

com povidona-iodo. Após recuperação anestésica, todos os animais receberam dose

única de antiinflamatório (fenilbutazona 4 mg/kg, via intravenosa).

A aplicação do protocolo foi realizada pelo mesmo pesquisador, em todos os

animais deste estudo, para minimizar variações.

5.5 AVALIAÇÃO DAS FERIDAS

As feridas foram fotografadas e avaliadas antes do início do procedimento

experimental, quanto à localização anatômica, dimensões (cm²) sendo o tamanho da

lesão (comprimento e largura) utilizando uma régua, tempo de evolução e

macroscopia da lesão. As feridas foram consideradas como pequenas, quando sua

área atingia até 25 cm2 como feridas grandes quando sua área ultrapassava 25 cm².

Durante o período de avaliação, foi realizado o exame da locomoção, observando-se

presença de ferida no local de infusão das soluções, aumento de volume,

sensibilidade à palpação do membro afetado e claudicação ao passo, a qual foi

59

classificada em: severa (++), discreta (+) e ausente (-).

Além disso, as feridas foram classificadas conforme o seguinte critério:

Ferida tipo 1: a lesão constitui-se de tecido de granulação exuberante, com

ulcerações cutâneas extensas, com superfície de aspecto nodular, que drena

exsudato serossanguinolento viscoso, geralmente acompanhada por grande

aumento de volume local. Ao corte, a coloração das superfícies é esbranquiçada, a

consistência firme, com presença de fístulas que se comunicam com cavidades, as

quais contém concreções branco-amareladas, de consistência firme, com aspecto

de coral (“kunkers”), quase sempre envoltas por exsudato purulento. Ferida tipo 2: a

lesão constitui-se de tecido de granulação não exuberante, de coloração rósea-

amarelada, com presença de tecido necrótico e ausência de secreção

serossanguinolenta ou “kunkers”. Ferida tipo 3: evidencia-se linha de epitelização

nas margens da lesão, a qual constitui-se de tecido de granulação rosado, plano,

com ausência de secreções ou “kunkers”. Ferida tipo 4: evidencia-se epitelização

parcial da lesão, a qual constitui-se de tecido de granulação rosado, plano, com

ausência de secreções ou “kunkers”. Ferida tipo 5: Ferida cicatrizada. Evidencia-se

epitelização completa, com pelos na região da lesão. As feridas foram fotografadas e

avaliadas imediatamente antes do início do procedimento experimental (D0) e aos

sete (D7), catorze (D14), vinte e um (D21), vinte e oito (D28), trinta e cinco (D35) e

sessenta (D60) dias após o procedimento experimental inicial (D0).

Os dados obtidos na fase experimental foram avaliados nos diferentes

tempos e apresentados de maneira descritiva, por meio de texto, tabelas e figuras,

descrevendo - se as variáveis qualitativas e quantitativas, em forma de frequências

(absolutas e relativas) e percentuais de animais que apresentavam determinada

característica, em determinado tempo, para cada item avaliado nos grupos

tratamento e controle.

60

6 RESULTADOS

Em ambos os grupos, os equinos com pitiose, no dia 0 (D0), evidenciavam

condições corporais de animais muito magros e magros (escore corporal entre 2 e

3). No grupo tratado por perfusão regional intravenosa com anfotericina B e

dimetilsulfóxido, todos os animais, no D60, apresentavam condições corporais

classificadas como moderadas (escore corporal 5), enquanto no grupo controle o

escore corporal dos animais foi mantido entre 2 e 3 (FIGURA 1).

Todos os animais possuíam históricos de insucesso nos tratamentos

adotados, seja por excisão do tecido de granulação exuberante e cauterização com

ferro incandescente ou por aplicação de produtos cáusticos, como o ácido sulfúrico

(solução de bateria) ou mesmo com outros produtos como grafite, zinco e óxido de

manganês (pilha seca).

Figura 1. Ilustração do progresso da condição corporal de equinos do grupo tratado com anfotericina B e DMSO, aplicada pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro, entre a primeira (D0) e a terceira semana (D21) avaliação.

Os animais de ambos os grupos apresentaram frequências cardíaca (FC

61

entre 28 a 40 batimentos/minuto) e respiratória (FR entre 8 e 16 movimentos

respiratórios/minuto), tempo de preenchimento capilar (TPC entre 1 e 2 segundos),

motilidade intestinal (normal) e temperatura entre 37,2 e 38,9 C º) dentro dos valores

considerados fisiológicos para a espécie equina (FEITOSA, 2004), o que permitiu

que fossem submetidos aos procedimentos anestésico e cirúrgico.

No exame clínico inicial (D0), constatou-se, em todos os animais tinham

inchaço nos membros afetados e as lesões foram clinicamente descrita como tecido

de granulação exuberante com extensa ulceração, superfície nodular e exsudato

viscoso, geralmente associado a edema local. Cortes de tecido tinha uma superfície

branca, consistência firme, e fístulas contendo Kunkers, geralmente rodeado por

exsudato purulento com sinais intensos de prurido, caracterizado pela auto-

mutilação. Os animais, em ambos os grupos, no D0, apresentavam feridas tipo 1.

Em todos os casos, a evolução da ferida, descrita pelos proprietários, foi rápida,

sendo que, em torno de 15 a 20 dias, as lesões atingiam grande tamanho. Todas as

feridas, embora fossem granulomatosas e com secreção abundante, não

apresentavam miíase.

A análise das alterações por meio da técnica histoquímica de H&E revelou,

em todos os animais, áreas necróticas eosinofílicas extensas (“kunkers”) e

multifocais, na derme superficial e profunda, contendo imagens negativas de

estruturas tubuliformes, irregulares, septadas e com ramificações em ângulo reto

(“pseudo-hifas”). Associado as lesões anteriormente descritas havia também

infiltrado inflamatório difuso e intenso, principalmente na periferia dos “kunkers”,

predominando eosinófilos e, também, neutrofílos e células mononucleares

(macrófagos, linfócitos, plasmócitos e raras células gigantes de Langerhans). Havia

tecido de granulação exuberante, com proliferação de fibroblastos, fibras colágenas

e neovascularização acentuada (FIGURA 2). As ulcerações na epiderme

apresentavam infiltrado neutrofílico moderado a intenso e, por vezes, colônias

bacterianas basofílicas superficiais. Por meio da técnica histoquímica de coloração

pela prata (GMS), nas áreas de necrose, visualizou-se grande quantidade de

“pseudo-hifas” longas, septadas, irregulares e bem delimitados, seccionadas

longitudinal e transversalmente, coradas em preto ou marrom-escuro e localizadas

principalmente na periferia dos “kunkers”, características de P. insidiosum (FIGURA

2). O diagnóstico histopatológico foi de dermatite piogranulomatosa, focal extensa,

acentuada, associada a “pseudo-hifas” características de P. insidiosum (pitiose

62

cutânea), nos 18 animais desta pesquisa.

O diagnóstico etiológico de pitiose, nos 18 casos, foi elucidado pela

aplicação da técnica de imuno-hístoquimica, obtendo-se imunomarcação positiva

com uso do kit (LSAB - DAKO) anti-Pythium insidiosum, e caracterizada pela

visualização de estruturas ramificadas e septadas.

Neste estudo observou-se que o tempo de evolução apresentado pelas

feridas pequenas foi de seis semanas enquanto para as feridas grandes o tempo de

evolução foi de oito semanas.

No dia 0, todos os cavalos (15) do grupo tratamento possuíam lesões, em

torno de 90º (4 cavalos, 26,7%), 180 º (7 cavalos, 46,6%) e 360º (4 cavalos, 26,7%)

da área afetada em relação a circunferência do membro. Dos Quinze animais que

foram submetidos ao tratamento com anfotericina B e DMSO, 11 possuíam feridas

grandes (73,3%) e, outras quatro feridas pequenas (26,7%). (TABELA 2).

Figura 2. A - Derme, área focal de necrose (Kunkers) e dermatite eosinofilica, neutrofílica e tecido de granulação H&E 10x. B - área de central de necrose com imagens (negativas) não coradas, tubulares, ramificadas e irregulares (hifas) H&E 40x. C - Hifas irregulares e ramificadas no centro ou na periferia dos “kunkers”, Gömori (GMS) 40x. D - imunomarcação positiva com uso do kit (LSAB - DAKO) para Pythium insidiosum 40x.

63

Quadro 1. Valores referentes ao número e porcentagem (%) de equinos que apresentavam feridas grandes (> 25 cm2) e feridas pequenas (< 25 cm2), submetidos à técnica de perfusão regional intravenosa do membro com anfotericina B e DMSO e de equinos do grupo controle.

Grupos Ferida Grande (> 25 cm) Ferida Pequena (< 25 cm)

Potro Adulto Total Potro Adulto Total

Anfotericina e DMSO

3 (20%) 8 ( 53%) 11 (73%)

1(7%) 3 (20%) 4 ( 27%)

Controle 1 (20%) 4 (80%) 5 (100%)

0 0 0

Os três equinos adultos e um potro do grupo controle apresentavam feridas

grandes (100%), perfazendo um total de cinco feridas, pois um animal apresentava

feridas em ambos os membros torácicos.

Dois animais (13,4%) do grupo tratamento apresentavam feridas no

metacarpo ou metatarso (canela), sendo que em quatro animais (26,6%) a lesão

estava localizada, também, na articulação metacarpo-/metatarso-falangiana (boleto);

em um animal (6,6%) a ferida estava sobre as falanges proximal e média (quartela),

em dois animais (13,4%) a localização da lesão era sobre o tarso (jarrete) e em dois

animais (13,4%) a ferida localizava-se no rádio (braço). Em outros casos, teve

envolvimento de mais de uma região, três animais (20%) a ferida se estendia da

articulação metacarpo-/metatarso-falangiana (boleto) até as falanges proximal e

média (quartela), e um animal (6,6%)l a ferida inicia no rádio até as falanges

proximal e média (quartela). Dentre essas feridas, seis (40%) estavam distribuídas

nos membros torácicos e 9 (60%) nos membros pélvicos.

No grupo controle, três animais (75%) apresentavam as feridas sobre o

metacarpo (canela), sendo que um desses apresentava feridas em ambos os

membros torácicos e, outro animal (25%), apresentava ferida sobre as falanges

proximal e média (quartela). Dentre essas feridas, quatro se desenvolveram nos

membros torácicos (80%) e uma abrangia o membro pélvico (20%).

64

Quadro 2. Discriminação da localização anatômica, tempo de evolução e dimensões da ferida (cm2) na primeira avaliação (D0) dos equinos submetidos à técnica de perfusão regional intravenosa do membro com anfotericina B e DMSO e nos equinos do grupo controle. ANIMAL LOCALIZAÇÃO DIMENSÃO CICATRIZAÇÃO

(SEMANAS) Reaplicação

01 Região cranial, medial e caudal distal do rádio até casco; MAD

180º 9 Não

02 Região cranial, lateral e caudal do boleto e quartela; MPE

180º 8 Não

03 Região cranial, lateral e caudal do boleto; MPE

180º 9 Não

04 Região boleto; MPD 180º 8 Não 05 Região cranial, medial e caudal da

porção média e distal tíbia e do tarso; MPD

180º 6 Não

06 Região cranial, lateral e caudal da porção média e distal do rádio; MAE

180º 9 Não

07 Região lateral do terço proximal da canela; MAD

90º 6 Não

08 Região palmar do carpo; MAD 180º 6 Não 09 Região cranial e lateral da porção

proximal, média e distal da tíbia; MPD

90º 6 Não

10 Região lateral, cranial e medial do boleto e quartela; MPE

180º 8 Não

11 Região lateral, cranial e caudal da porção média e distal da canela; MPE

180º 9 Não

12 Região cranial, lateral e caudal da porção média e distal do rádio; MAE

90º 6 Não

13 Região cranial, lateral e caudal da quartela; MPD

90º 6 Não

14 Região cranial, lateral e caudal do boleto; MAE

90º 6 Não

15 Região lateral, cranial e medial do boleto e quartela; MPE

180º 9 Não

Foi verificado que todas as quinze lesões regrediram após uma única

administração de anfotericina B, em uma solução de DMSO a 10%.

Nestes casos, no sétimo dia (D7), as feridas foram classificadas como tipo 2,

sendo que, em uma pequena área ou em alguns pontos havia tecido de granulação

de coloração vermelha-escura ou preta, com secreção serossanguinolenta e

“kunkers” (FIGURA 3).

No 14º dia (D14), as lesões iniciais regrediram para tecido de granulação

rosa – amarelo com ausência de exsudato, fístulas e Kunkers, caracterizando ferida

tipo 2. Com ausência de Kunkers, não houve necessidade da reaplicação.

Nas semanas subsequentes, até reepitelização completa, já se observava

crescimento de pelos na sexta semana (cinco cavalos 33,33 %), em 8 semanas

(cinco cavalos 33,33%), e 9 semanas (cinco cavalos 33,33%) após a perfusão

65

regional com anfotericina B e DMSO. No D60 (de 8 a 9 semanas), as feridas foram

classificadas como tipo 5.

Figura 3. Ilustração da evolução da cicatrização de feridas de pitiose de eqüinos tratados com aplicação única de anfotericina B e DMSO, pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro, no primeiro dia (D0) e nos dias 7.

Todos os animais (100%), em ambos os grupos, apresentavam, antes do

tratamento (D0), aumento de volume dos membros afetados, mais acentuado nas

áreas adjacentes às feridas granulomatosas com exsudato serossanguinolento, os

quais foram reduzidos, após o tratamento, para lesão mínima ou imperceptível, no

60º dia do período pós-operatório (D60).

A administração de anfotericina B e DMSO pela técnica de perfusão regional

intravenosa não induziu efeitos colaterais locais. No grupo controle não foram

evidenciadas alterações no aparelho locomotor decorrentes da perfusão regional

intravenosa com ringer lactato.

Cem por cento (100%) dos cavalos tratados com anfotericina B associado

com DMSO tiveram evolução completa de cicatrização da lesão em um período que

variou entre 6 -9 semanas após o tratamento, dependendo do tamanho da lesão.

O tempo de garroteamento de 45 minutos foi considerado adequado para

tratar feridas de pitiose, por meio da técnica de perfusão regional intravenosa do

membro, independente do tamanho ou peso do animal ou localização da ferida. Não

foram observadas alterações locais, regionais ou sistêmicas devido ao tempo de

garroteamento e ao material usado no garroteamento (compressão) do membro.

66

6.1 AVALIAÇÃO DA DOSE DE ANFOTERICINA B

A dose e o volume total de anfotericina B (0,83 mg/mL/60 mL) e DMSO (6

mL/60 mL) foi adequada para tratar feridas de pitiose, por meio da técnica de

perfusão regional intravenosa do membro, independente do tamanho ou peso do

animal ou localização da ferida.

Figura 4. Ilustração da evolução da cicatrização de feridas de pitiose de equinos tratados com anfotericina B e DMSO, aplicada pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro, na primeira avaliação (D0) e no último dia (D60) do período pós-operatório.

67

7 DISCUSSÃO

Foram empregados animais adultos e jovens, machos e fêmeas, com feridas

de localização em membro torácico ou pélvico, esquerdo ou direito, em posição

distal às articulações do cotovelo e joelho, de forma que houvesse espaço suficiente

para posicionamento do torniquete e que favorecesse a canulação de uma veia

distal a este, o mais próximo possível da ferida a ser perfundida. Com a perfusão

regional intravenosa do membro, buscou-se obter uma concentração elevada do

fármaco antimicótico (anfotericina B) e no local e nos tecidos circunvizinhos às

lesões, conforme descrito por Pille, Baere e Ceelen (2005). Deve-se destacar que,

além da exérese cirúrgica, outro fármaco foi administrado concomitantemente, o

dimetilsufóxido para aumentar a absorção dérmica.

Todos os animais desse estudo possuíam histórico de habitarem pastos com

áreas alagadiças, ambiente considerado como predisponente para que ocorra a

infecção pelo P. insidiosum. Sabe-se que a enfermidade causada por este “pseudo-

fungo” quase que invariavelmente está localizada nos apêndices locomotores ou nas

partes baixas do corpo que entram em contato com o material vegetal submerso,

contaminado pelo “pseudo-fungo”, sendo os membros de equinos, a região

anatômica mais frequentemente acometida, pois ao adentrar os alagados para beber

água ou se alimentar de capim, na época chuvosa, como no Pantanal Mato-

Grossense, os animais adquirem a doença (MENDOZA; AJELLO; McGINIS, 1993;

SANTURIO; ALVES; PEREIRA, 2006).

Descrevemos o tratamento bem sucedido de pitiose em membros de cavalos

usando IRLP, ambos com anfotericina B e solução de DMSO em associação com a

excisão cirúrgica e termocautério. Nossos resultados estão em contraste com os

relatórios (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1992. ; FOIL, 1996; LEAL;

LEAL; SANTURIO, 2001; LEAL; LEAL; FLORES, 2001; SALLIS; PEREIRA; RAFFI,

2003; SANTURIO; ALVES; PEREIRA, 2006) anteriores e oferece um tratamento

eficaz para pitiose, da mesma forma como mostrado por Dória, Freitas e Linardi

(2012) , tecnicamente economicamente viável.

Infecção por P. insidiosum em membros equinos ainda representa um

desafio. A excisão cirúrgica tem sido combinada com a imunoterapia, e/ou terapia

sistêmica, intralesional, que estão ligadas a administração tópica de drogas

antifúngicas para melhorar a eficácia terapêutica (LEAL; LEAL; SANTURIO, 2001;

68

LEAL; LEAL; FREITAS, 2001; SANTURIO; ALVES; PEREIRA, 2006). Características

típicas de lesões pitiose tais como trombose local, isquemia, necrose do tecido e

formação de abscessos, diminuição fornecimento de sangue local, fornecem uma

concentração baixa do fármaco terapêutico o que diminui a eficácia para atingir o

organismo alvo (MARTINEZ, 2004; POOLE; BRASHIER, 2003; WHITEHAIR;

ADAMS; PARKER, 1992). Com isso, a administração sistêmica de anfotericina B

não resultar em concentrações terapeuticamente eficazes no local da infecção por P.

insidiosum, e ainda promove efeitos colaterais como nefrotoxicidade e anemia

(CHAPMAN; SULLIVAN; CLEARY, 2008; WORSTER; LILLICH; COX, 2000). No

entanto, IRLP demonstrou ser uma técnica eficaz para a obtenção de alta

concentração de fármaco nos tecidos (HARISS; GALUPO; VAN HOOMGMOED,

2002; MARTINEZ; CRUZ, 2006; MURPHEY; SANTICHI; PAPICH, 1999; PARRA-

SANCHEZ; LUGO; BOOTHE, 2006; PILLE; BAERE; CEELEN, 2005; SCHEUCH;

VAN HOOMGMOED; WILSON, 2002; WHITEHAIR; ADAMS; PARKER, 1992,

WHITEHAIR, 1995), certamente, aumentando a eficácia terapêutica da anfotericina

B contra o agente. A morte se dá por inibição de processos metabólicos essenciais

do P. insidiosum (DÓRIA; FREITAS; LINARDI, 2012).

Tratamento sistêmico de pitiose tem sido relatada a ser marginalmente

eficaz quando as lesões estavam localizadas nos membros (FREY; VELHO; LINS,

2007). A incapacidade de reduzir completamente uma lesão, por causa de sua

proximidade com articulações ou ossos aumenta o desafio de tratar pitiose e

favorece a persistência da infecção. Segundo alguns autores, apenas pequenas

lesões e superficial pitiose podem ser tratadas com mais sucesso (FOIL, 1996;

FREY; VELHO; LINS, 2007; LEAL; LEAL; SANTURIO, 2001; LEAL; LEAL; FLORES,

2001). No entanto, Doria, Freitas e Linardi (2012) foram capazes de tratar com êxito

lesões pitiose independentemente do tamanho, por uma combinação de um

protocolo semelhante ao do nosso estudo, porém sem uso do DMSO. Do mesmo

modo, este estudo demonstra que a associação da anfotericina B e DMSO

proporciona melhores resultados uma vez que 100% de cavalos (15 cavalos)

mostraram resolução completa da lesão após uma única aplicação da técnica de

perfusão regional intravenosa, enfatizando que todos eles eram grandes lesões

circunvizinhas até 360 º da área afetada.

A excisão do tecido de granulação é importante para proporcionar uma

superfície apropriada para a cicatrização, porque a presença de tecido de

69

granulação exuberante é considerada um inibidor da mitose epitelial (FOSSUM et

al., 2002). No entanto, a excisão cirúrgica e termocautério não são suficientes para o

tratamento de infecções locais, com membros de P. insidiosum (DÓRIA; FREITAS;

LINARDI, 2012). Em situações excessivamente crônicas, há mais fibrose e tecido de

granulação, o que isola o oomiceto de mecanismos de defesa do organismo, bem

como de drogas antifúngicas administradas sistemicamente, mas uma concentração

elevada concentração ocorre na IRPL (WHITEHAIR; ADAMS; PARKER, 1992), tal

como demonstrado no presente estudo. Nos 15 cavalos tratados, com resolução

completa da lesão, não houve recorrência por até 1 ano, após o uso do presente

protocolo de tratamento, mesmo quando a excisão dos tecidos de granulação e

kunkers estava incompleta.

Em alguns casos podemos observar a resolução completa da infecção

pitiose, uma semana após o tratamento, observa-se tecido de granulação com

ausência de exsudato, fístulas ou kunkers e a tendência para epitelização nas

semanas subsequentes. O membro com infecção teve o período de cura relacionado

com o tamanho da lesão. Como podemos observar, quanto maior a lesão era, mais

tempo demora para cicatrizar completamente. Verificou-se que 27% das lesões

levaram 6 semanas para cicatrizar, sendo quatro lesões com dimensões de 90 º C.

Já 46% das lesões cicatrizaram com oito semanas, representados por sete lesões

que cercavam 180 º da área afetada e 27 % das lesões demoraram nove semanas

para cicatrizar, representado por quatro lesões que cercavam 360 º da área afetada.

Dória, Freitas e Linardi (2012) reportaram que a administração de anfotericina B por

perfusão regional intravenoso foi eficaz para tratar pitiose nos membros de equinos,

porém com efeitos colaterais manejáveis. A associação de anfotericina B e DMSO

proporcionou melhores resultados uma vez que um único IRLP foi eficaz para tratar

a infecção e não houve observação dos efeitos colaterais locais ou sistêmicos,

demonstrado no presente estudo, com a ajuda de perfis hematológicos e da

bioquímica do soro.

A presença de anemia em animais com pitiose cutânea esta associada à

redução de glóbulos vermelhos e o valor de PCV, como foram registrados nos

equinos antes do tratamento, entre outros fatores atribui-se a anemia a presença de

feridas exsudativa e prurido que levam à auto- mutilação, sangramento e ambiente

propício à infecção secundária (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995;

FOIL, 1996; MEIRELES; RIET-CORREA; FISCHMAN, 1993; MENDOZA; AJELLO;

70

MCGINIS, 1996; POOLE; BRASHIER, 2003). O leucograma revelou uma leucocitose

marcado com neutrofilia e eosinofilia antes do tratamento. As maiores contagens de

neutrófilos no sangue foram para a remoção fagocítica dos produtos de degradação

do tecido ou P. insidiosum. Da mesma forma, Worster, Lillich e Cox (2000) e Sallis,

Pereira e Raffi (2003) mostraram leucocitose neutrofílica em cavalos com pitiose. A

eosinofilia observada foi devido à sensibilidade à proteína estranha de um parasita

que pode ser uma parte de um fenómeno imunológico (FELDMAN; ZINKL; JAIN,

2000). Os resultados do leucograma estavam de acordo com as descobertas de

outros (CHAFFIN; SCHUMACHER; McMULLAN, 1995; FOIL, 1996; MEIRELES;

RIET-CORREA; FISCHMAN, 1993, MENDOZA; AJELLO; MCGINIS, 1996; POOLE;

BRASHIER, 2003). Podemos observar em nosso estudo que o quadro hematológico

(inflamação) foi reestabelecido nos animais do grupo tratamento uma ou duas

semanas após o procedimento, o que de certa forma pode ser atribuído ao efeito da

administração IRLP com DMSO. Concentrações de proteínas de fase aguda no

plasma confirmou estes resultados demonstrados pelo decréscimo nos valores de

fibrinogênio após o tratamento. Quanto aos resultados bioquímicos, não foram

observadas alterações nas atividades das enzimas séricas (AST, GGT, ALP, uréia e

creatinina). Certificando a ausência dos efeitos colaterais sistêmicos, como as

alterações descritas para fígado e rins. Com isso, os resultados obtidos estiveram de

harmonia com descobertas anteriores que indicam que o aumento da concentração

de droga em perfusão regional, mantém a concentração plasmática abaixo do limite

de toxicidade. Estes avanços permitem um uso mais amplo de certos medicamentos

que são considerados perigosos e dispendiosos, quando administrada

sistemicamente em cavalos, como é o caso da anfotericina B e DMSO (CHAPMAN;

SULLIVAN; CLEARY, 2008; DISMUKES, 2000; ERRICO; TRUMBLE; BUENO, 2008;

FILIPPIN; SOUZA, 2006; GILLIAM; STREETER; PAPICH, 2008; GOLD; STOUT;

PAGANO, 1956; MARTINEZ, 2004; VANDEPUTTE; WACHTEL; STILLER, 1956;

WERNER; HARDY; BERTONE, 2003).

Esta técnica foi considerada apropriada para o tratamento de pitiose sem

efeito local (espessamento da pele, celulitico, inflamação, edema, dor) ou (disfunção

hepática ou renal) colaterais sistêmicos. Embora seja esperado que a anfotericina B

poderia induzir a inflamação vascular no sítio da administração (DÓRIA; FREITAS;

LINARDI, 2012), DMSO por ser um potente antinflamatório que atua por limitação da

produção de radicais livres e por suprimir a produção de prostaglandina

71

(MCILWRHAITH, 2002; WELCH; WATKINS; DEBOWES, 1991). DMSO também

reduz a agregação de plaquetas e, portanto, reduz a incidência da formação de

trombos nos locais de anastomose dos pequenos vasos (BRAYTON, 1986). Essa

atividade ajuda a normalizar a perfusão tecidual em face dos insultos vasculares que

muitas vezes acompanham as condições sépticas da extremidade equina

(BRAYTON, 1986). DMSO também parece possuir atividade analgésica (ALSUP;

DEBOWES, 1984; WELCH; DEBOWES; LIEPOLD, 1989). Especula-se que os

efeitos bacteriostático e bactericida de DMSO pode ser provocada pela sua

capacidade para penetrar as membranas biológicas (ALSUP; DEBOWES, 1984;

BRAYTON, 1986).

Partimos do pressuposto de que, usando uma taxa de infusão apropriado, o

aumento da pressão intravascular favorece a difusão da droga através dos tecidos e

aumenta a concentração do fármaco nos tecidos-alvo (WHITEHAIR, 1995; HARRIS;

GALUPO; VAN HOOMGMOED, 2002; SCHEUCH; VAN HOOMGMOED; WILSON,

2002) e a associação DMSO aumentou a difusão da droga através dos tecidos

afetados proporcionando melhores resultados no que diz respeito do controle de

infecção pitiose. Em contraste com Dória, Freitas e Linardi (2012) o estudo, foi

possível observar que as características iniciais de feridas pitiose complicados não

foram associados com o sucesso do tratamento. Demonstramos que as lesões

maiores e mais invasivas em que a excisão cirúrgica completa não foi alcançada,

devido ao risco de expor o osso ou estruturas sinoviais, foram completamente

curada após uma única administração. Assim, os nossos resultados sugerem que

mesmo quando uma dose baixa de anfotericina B é administrada em associação

com DMSO por perfusão intravenosa do membro regional, o sucesso no tratamento

da pitiose em membros de equino é promissor.

72

8 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a administração de

anfotericina B e dimetilsufóxido por perfusão regional intravenosa nos membros de

eqüinos, em uma aplicação, associada à remoção cirúrgica, promove a remissão da

infecção por Pythium insidiosum, com nenhuma alteração sobre os tecidos

diretamente expostos ao fármaco, constituindo-se uma alternativa terapêutica, viável

e eficaz, para o tratamento de pitiose em membros de eqüinos, promovendo

cicatrização completa das feridas.Visto que é uma técnica vantajosa, principalmente

em questão de custo e também no caso do DMSO que diminui o tempo de

cicatrização sendo assim a associação do DMSO com anfotericina B se torna uma

técnica melhor que a já testada sem o uso do DMSO.

73

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77

APÊNDICE

78

APÊNDIA A - Discriminação das cidades de origem, raça, sexo, idade e peso (kg) dos equinos que foram tratados com anfotericina b e dmso, aplicada pela técnica de perfusão regional intravenosa do membro e dos equinos do grupo controle

Animal Município Raça Sexo Idade Peso 01 Poconé Pantaneira Fêmea 4 meses 140 Kg 02 Poconé Pantaneira Fêmea 4 meses 140 Kg 03 Cuiabá SRD Macho 12 anos 330 Kg 04 Cuiabá SRD Macho 3 anos 300 Kg 05 Poconé Pantaneira Fêmea 7 meses 156 Kg 06 Poconé Pantaneira Fêmea 3 anos 325 Kg 07 Poconé Pantaneira Fêmea 2 anos 230 Kg 08

Cuiabá Quarto de Milha

Macho 3 anos 320 kg

09

Cuiabá Quarto de Milha

Macho 3 anos 320 Kg

10

Cuiabá SRD Macho 4 anos 300Kg

11

Poconé

Quarto de Milha

Macho 7 anos 320 Kg

12 Poconé

Pantaneira Macho 4 anos 300 Kg

13 Poconé

Pantaneira Macho 5 anos 320 Kg

14 Poconé

Pantaneira Macho 3 anos 280 Kg

15 Cuiabá Macho 2 anos 16 (controle)

Poconé Pantaneira Macho 2 anos 200

17 (controle)

Varzea Grande

Pantaneira Fêmea 8 anos 250

18 (controle)

Cuiabá Pantaneira Macho 11 anos 300

19 (controle)

Poconé Pantaneira Fêmea 14 anos 450

Legenda: SRD sem raça definida.