Feridas - resumos
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Dano tecidular e reparação tecidular
O que é uma ferida?
Qualquer ruptura na pele e nos tecidos subjacentes que protegem agele local
Devido a causas múltiplas tais como traumatismo, cirurgia, ou a um estado de doença
específico
É uma interrupção da integridade e das funções dos tecidos do corpo (Baharesami,2004)
A pele nunca fica igual após a remodelação a pele nunca fica igual
As feridas classificam-se de acordo com o tempo de reparação tissular:
Agudas - feridas cuja reparação ocorre sem complicações, em tempo adequado (< 6 meses) e
sequência ordenada, levando à restauração da integridade anatómica e funcional.
Incisão
o Cirúrgica
Lacerações
o Abrasões
Queimaduras
Crónicas - feridas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações.
Úlceras de Pressão
Úlceras de Perna
Úlceras de Pé Diabético
Qual a diferença entre feridas agudas e feridas crónicas?
Com a idade e/ou algumas doenças que afectam a pele, esta vai ficando menos elástica e perde as suas propriedades de regeneração devido à perda do colagénio, elastina e vasos sanguíneos da derme
A perda do colagénio aumenta a vulnerabilidade dos capilares, levando ao seu colapso
Isto torna a pele menos resistente ao dano, e diminuí a sua capacidade de reparação
A Cicatrização é a resposta do organismo e um processo orquestrado
sequencialmente que envolve:
Cicatrização
Durante a cicatrização, ocorrem eventos celulares complexos em cascata para obter a
“repavimento”, reconstituição e restauração da força tensil do tecido lesado.
Células intervenientes na cicatrização
Plaquetas
Neutrófilos
Macrófagos
Linfócitos
Fibroblastos – têm de existir para se dar a regulação muscular
Capilares
Fases da Cicatrização
1. 1ªFase (1-4dias)/Fase Inflamatória
a. Hemostase / Formação do Coágulo
Migração celular,
proliferação e diferenciação
Deposição e remodelação
da matriz
Interacções célula a célula e célula a matriz
b. Infiltrado Inflamatório
c. Defesa contra bactérias
d. Desbridamento
2. Fase Proliferativa
a. Formação do tecido de granulação
b. Angiogénese
c. Migração das células epiteliais
d. Proliferação e maturação das células epiteliais
e. Contracção da ferida
f. Células e ocorrências bioquímicas:
i. Macrófagos (Factores de crescimento e Enzimas)
ii. Fibroblastos (Colagéneo, Elastina, Glicanoaminoglicosados e Factores
de crescimento)
iii. Queratinócitos
3. Fase de Maturação
a. Aumento da força tensil do tecido
b. Conversão do colagéneo Tipo III em colagéneo Tipo I
c. Reorganização das fibras de colagénio
d. Espessamento das fibras de colagéneo
e. Células e ocorrências bioquímicas:
i. Fibroblastos
ii. Colagenase endógena
Processo de Cicatrização das feridas agudas (normal)
Ruptura da pele
Fase Inflamatória
Fase Proliferativa
Fase de Maturação
Ocorre com sobreposição das diferentes fases
Cada Fase do Processo de Cicatrização é caracterizada pela presença de células
especificas e por ocorrências particulares
As úlceras de pressão podem cicatrizar como uma ferida aguda se for atuado de imediato,
seguindo as boas práticas (cura-se em 6semanas)
Hemorragia Cascata de coagulação actuação das plaquetas Cascata de Cicatrização
fibrina Macrófagos Factores de
crescimento e colagénio
Remodelação
Feridas Agudas vs Feridas Crónicas
Feridas Agudas Feridas Crónicas
Feridas Agudas Crónicas
Processo de cicatrização Regulado Anárquico
Patologia Nenhuma Subjacente
Complicações Infrequentes Frequentes
Progresso Para a cicatrização Falha na cicatrização/ Recorrência
Definição da Feridas Agudas
São definidas como feridas agudas as que se esperam que cicatrizem no tempo
habitual sem que factores locais ou gerais atrasem a cicatrização
Feridas cuja reparação ocorre sem complicações, em tempo adequado (< 6 meses) e
sequência ordenada, levando à restauração da integridade anatómica e funcional.
(Vaneau et al., 2007)
Causas das Feridas Agudas
Traumatismos (incluindo as mordeduras)
Térmicas (queimaduras)
Infecciosas
Químicas
Vasculares
Alérgicas
Radioactivas
Fase Inflamatória
Fase Proliferativa
Fase de Maturação
Ferida Crónica
Fase Inflamatóia
Fase de Proliferação
Fase de Maturação
Classificação de acordo com a presença ou ausência de microorganismos:
Classificação de acordo com a presença ou ausência de ruptura da camada externa da pele:
Para fechar uma ferida aberta pode-se fazer
Tratamento de 1ªIntenção
Stripes
Cola biológica
Pontos….
Tratamento de 2ªIntenção
Cicatrização clássica das feridas
Tratamento de 2ªIntenção
As duas em conjunto ou por tentativas
Classificação de acordo com a presença ou ausência de ruptura no tecido superficial:
Limpa - incisão cirurgica →Ambiente assético
Contaminada - tem MO, tem de ser LIMPA
Infectada
Aberta
Fechada - há concussão →Hemorragia Interna
INCISAS (Facilmente unidas) São lineares, com bordos rectos que se adaptam bem e provocadas por objectos cortantes como
vidros partidos, facas e metais afiados
Escoriações, erosões ou abrasões Atingem somente a epiderme
Classificação de acordo com a presença ou ausência de ruptura no tecido superficial:
Feridas Abertas
Feridas Minor
o Abrasões
É provocada por a pele ter sido raspada ou arrastada contra uma superfície
desnivalada causando a exposição da epiderme ou de capilares.
o Cortes
É causado por algo cortante, penetrante lesando a pele, tecidos moles ou
músculos.
o Lacerações
São rasgões da pele resultando em dano na pele e nos tecidos
o Feridas Perfurantes
São causadas por objectos penetrantes que causam danos na pele e
frequentemente em estruturas internas.
o Rasgões
São causadas por algo afiado ou áspero que rasga a pele ou outros tecidos do
corpo
Feridas Major
o Amputações
o Objectos internos
A hemorragia é interna e não há quebra camada da externa da pele
Contusão causada por uma pancada por objecto contundente
Com bordos irregulares e sem perda de substância, são geralmente provocadas por
forças de compressão ou tensão envolvendo objectos pouco ou não cortantes como
pedras, paus e veículos
TRANSFIXIVAS Têm sempre um orifício de entrada e outro de saída. São provocadas por projécteis de armas de fogo e por armas
brancas.
POR ARRANCAMENTO (dificil de cicatrizar) Caracterizam-se por perda de substância e bordos irregulares e
não adaptáveis. São geralmente provocadas por colisão de dois corpos ou
mordeduras.
PERFURANTES Têm apenas orifício de entrada e são provocadas por objectos
perfurantes como projécteis de armas de fogo, punhais e ferros pontiagudos.
Classificação de acordo com a presença ou ausência de ruptura no tecido superficial:
Fechadas
Equimoses - pequenas colecções superficiais de sangue nos tecidos, facilmente
observadas a "olho nu" especialmente nos indivíduos de pele clara.
Hematomas - grandes colecções profundas de sangue nos tecidos, por vezes
apresentando "flutuação".
Tipos de Cicatrização das feridas agudas
Por 1ª intenção típica das feridas incisas, sem formação de tecido de granulação
Por 2ª intenção - típica dos tipos de feridas abertas, com formação de tecido de granulação
Por 3ª intenção – o encerramento por 1ª intenção é adiado por o cirurgião considerar que iria
fracassar na altura da cirurgia devido a factores como infecção, baixo aporte sanguíneo
Cerca de 3-4 dias depois voltam ao BO para encerramento por 1ª intenção
Resultados esperados do tratamento
Feridas Cirúrgicas
Há várias técnicas cirúrgicas que podem resultar no desenvolvimento de uma ferida:
Incisões ou excisões
Exploratória
Aberta
São feridas agudas normalmente fechadas na altura da cirurgia (cicatrização por primeira
intenção).
Uma variedade de materiais pode ser usada para fechar a ferida, ex.: suturas, agrafos, cola
O encerramento pode fazer-se por:
Primário (imediato) – cicatrização por primeira intenção: margens da pele
aproximadas e seladas em 48 h, previne a entrada de bactérias e normalmente
cicatrizam em 7 dias
Segunda intenção - feridas deixadas abertas devido a uma perda de tecido
considerável como resultado da cirurgia (sinus pilonidal ou formação de abcesso);
Duração da cicatrização variável
Queimadura
Lesões do revestimento corporal provocadas pela acção de um agente térmico, químico ou
eléctrico
Cicatrização Primária Ferida não dolorosa
Bom resultado cosmético
Sem complicações
tardias
Epidemiologia
Portugal 30.000 casos /ano
As queimaduras representam 0,2% das mortes por acidente
Os grupos etários mais atingidos correspondem aos escalões extremos
As queimaduras provocam morbilidade prolongada e sequelas graves
Hospitalização
14 casos/ 100.000 (EU)
Portugal 1.400 casos /ano
50% dos doentes tratados em Unidades de Queimados
Etiologia
Radiação
Térmica
Eléctrica
Químicas por ácidos e por bases
Gravidade
A gravidade de uma queimadura depende de vários factores:
% de superfície corporal atingida
Profundidade das lesões
Localização da queimadura (face, mãos, pés, períneo)
Idade do doente
Agente causal
Presença de lesões inalatórias
Presença de patologias associadas
Classificação
Queimaduras de 1º Grau
o Pele rosada ou avermelhada, dolorosa
o Não ultrapassa a camada basal da epiderme
o Ausência de flictenas
o Cura espontânea (dias), sem sequelas
Usar um bom hidratante
Queimaduras de 2º Grau
o Superficiais
Pele avermelhada e dolorosa
Poupam a porção profunda da derme
Presença de flictenas . volumosas
Cura espontânea (7-10 dias)
Geralmente sem sequelas
o Profundas
Pele avermelhada, esbranquiçada ou endurecida Só poupam a base
dos folículos pilosos e gl. Sudoríparas
Flictenas pequenas ou ausentes
Cura espontânea arrastada (> 15 dias)
Frequente cicatrização hipertrófica
Pouco dolorosas
Queimaduras de 3º Grau
o Pele Branca, acastanhada ou negra
o Indolores
o Ausência de flictenas
o Pele rígida, coriácea
o Sem cura espontânea
o Sequelas constantes
Queimaduras de 1º Grau ou Superficial
•Atingem apenas a epiderme
Queimaduras de 2º Grau
•Atingem a epiderme e uma parte da derme
•Já tem flictenas
Queimaduras de 3º Grau
•Atingem toda a espessura da derme, podendo envolver tecidos subjacentes
•Pode afectar o osso
Extensão
A extensão da superfície
corporal queimada (= 2º
grau + 3º grau) pode ser
avaliada inicialmente
através da “Regra dos
Nove” (Wallace)
Feridas Crónicas
Úlceras de Pressão
As úlceras de decúbito ou úlceras de pressão, ou ainda “escaras”, são lesões na pele
devido a algum tipo de pressão que diminua o fluxo sanguíneo
Úlceras de Perna
São feridas que se localizam abaixo do joelho e, normalmente, não cicatrizam num
espaço de duas ou três semanas.
A principal causa da úlcera de perna é a doença venosa. (Neves,J. 2010)
Etiologia
Venosas – 80%
Arteriais – 15%
Mistas – 7%
Outras etiologias
o Diabetes
o Hipertensiva
o Maligna
o Inflamatória
Localizações habituais das úlceras de perna de origem venosa, arterial e neuropática
Como reconhecer as úlceras de perna venosas
Veias do pé distendidas
Pele manchada com hemosidrina
Pele dura com lipodermoclerose
Úlcera rasa com forma irregular
Úlcera Venosa
História e Exame Clínico (Pontos chave – aspecto da úlcera )
Úlcera superficial, de margens irregulares, localizada acima dos maléolos
Mais frequente junto ao maléolo interno
Coberta de fibrina amarela mas com uma base em granulação
Úlceras Arteriais
Espessamento das unhas dos pés
Perda de pilosidades e pele brilhante, pálida evoluindo para um rubor constante
Palidez da pele quando há elevação do membro
História e Exame Clínico (Aspecto da Úlcera)
Localizam-se na crista tibial, maléolo lateral, pé e dedos
Margens regulares, redondas, com bordos profundos
Tecido necrótico presente e pouco exsudado
Úlcera Mista
Presença concomitante de patologia venosa associada a um agravamento da
insuficiência arterial
Pé diabético
O Pé diabético é uma das complicações mais graves e dispendiosas da Diabetes Mellitus, sendo
o principal motivo de ocupação de camas hospitalares pelos diabéticos
Responsável por 40 a 60 % de todas as amputações efectuadas por causas não traumáticas
Epidemiologia
A incidência anual das úlceras de pé diabético varia entre 1,0% e 4,1% (aparecimentos
de novos casos)
A prevalência anual de úlceras de pé diabético varia entre 4% e 10% (o número de
casos, dentro da população total)
É estimado que 1 em cada 4 diabéticos tenha uma úlcera de pé durante a sua vida
Exame Objectivo
Neuropatia
50% dos doentes diabéticos
Sensação de formigueiro
Torpor, entorpecimento
Perda de sensibilidade - ausência de dor
Classificação do Pé Diabético
Neuropático
o Quente à palpação
o Pulsos presentes
o Diminuição da sudorese – pele seca
o Calosidades e fissuras
o Arco pedal acentuado com dedos em garra ou martelo
o Úlceras mais frequentes nas zonas de pressão: planta do pé, secundárias a
calos
o Pode haver necrose secundária à infecção
o Problemas ósseos e das articulações
o Doentes com pé neuropático têm grande probabilidade de evoluir para pé
neuroisquémico
Neuroisquémico
o Frio à palpação
o Pulsos filiformes a ausentes
o Coloração rosada ou avermelhada, devido à dilatação dos capilares de forma a
tentar melhorar a perfusão
o Edema pode existir secundário a falha cardíaca ou renal
o Úlceras nas margens do pé o que inclui o topo das unhas e a região posterior
(calcâneo), sem deformação associada
o Claudicação intermitente a dor em repouso
o Sem calosidades (não existe suficiente aporte sanguíneo)
o Necrose está presente devido à deficiente perfusão e presença de infecção
Princípios das Boas Práticas no Tratamento do Doente com Ferida
Crónica
Avaliação do Doente
A avaliação da ferida acontece no contexto de uma avaliação holística do doente
Princípios de Boa Prática
No diagnóstico e avaliação da ferida, é essencial que os profissionais de saúde assegurem uma
avaliação completa que tenha em consideração todos os aspectos quer do doente quer da
ferida
É Essencial
Determinar a causa da ferida
Identificar comorbilidades/complicações
Avaliar o estado da ferida – fase do processo de cicatrização e tipo de tecido
Desenvolver um plano de acção adequado para aquele doente
Recomendação
Avalie a capacidade do doente para cicatrizar
Deve estar presente um adequado aporte sanguíneo, e devem ser corrigidos os
factores subjacentes que atrasem a cicatrização
Diagnóstico e correcção ou modificação das causas tratáveis do dano tecidular
Identifique e trate a Causa
Úlceras de Pressão
Exigem alívio/distribuição da pressão e atenção a factores coexistentes tais como a
fricção e forças de deslizamento, controle adequado da humidade
Úlceras Venosas
Necessitam do controle do edema, sendo o tratamento de eleição a terapia
compressiva e actividades modificadas de forma a efectivar a bomba muscular da
perna
Úlceras de Pé diabético
Necessitam de alívio da pressão e um apropriado controle da diabetes e das suas
complicações, que incluem infecção
Recomendação
Avalie e ajude no controlo das preocupações centradas no doente (dor, Qualidade de
Vida) de forma a promover a cicatrização
Preocupações centradas no doente – DOR
o Controlo adequado da dor, identificação da dor, factores precipitantes, escada
analgésica
Preocupações centradas no doente QV
o Controlo do exsudado, odor e dor
Forneça informação e apoio ao doente com o intuito de cuidados centrados no doente
de forma a aumentar a adesão ao plano terapêutico
Estratégias para melhorar a adesão ao tratamento:
Enfatize o valor do regime terapêutico e os efeitos positivos da sua colaboração
Faça o plano terapêutico do doente simples, com instruções claras e simples
Ouça o doente e tente adequar o seu regime terapêutico ao seu estilo de vida
Enumere numa lista, os familiares, amigos e serviços da comunidade aos quais o
doente pode recorrer sempre que precisar
Os profissionais de saúde devem ter uma atitude de não julgar, assim como a
abordagem deve ser colaborativa de forma a aumentar a adesão
Recomendação
Avalie e monitorize a história da ferida e as suas características físicas
(localização+MEASURE)
Avaliação do Local na Ferida
A avaliação da ferida acontece no contexto de uma
avaliação holística do doente
Factores que interferem na cicatrização
Corpos estranhos
Ostomia
Albumina baixa
Ascite
Urémia
Infecção sistémica
Hipertensão
Dimensão da ferida
Icterícia
Obesidade
+ 65 anos
Doença maligna
Tabagismo
Diabetes
Doença pulmonar
Doença arterial esteróides
Instabilidade hemodinâmica
Anemia
Ferida infectada
Doente
Local da Ferida
Ambiete assistencial
Factores Locais
Factores sistémicos
Tipo de Tecido
Localização da Ferida
Tamanho e Forma da
Ferida
Infecção
Doença metabólica
Doenças respiratórias
Doenças hematológicas
Deficiências imunitárias
Idade
Estado nutricional
Medicação (imunossupressão)
Nutrição e Feridas
A nutrição desempenha um papel essencial na cicatrização e no tratamento de feridas
O suporte nutricional tem de ser considerado parte fundamental do tratamento de
feridas
Papel da L – Arginina
Papel na síntese de proteínas estruturais
Eficaz em doentes diabéticos contribuindo para reduzir as amputações
Doentes com úlceras de pressão tratados com suplementos deste AA demonstraram
uma melhoria na taxa de cicatrização
Necessidades calóricas
Variam de acordo com o género, idade, actividade e estado clinico
As necessidades aumentam de acordo com o tamanho e complexidade da ferida
Para pacientes com feridas, as necessidades energéticas são estimadas em 30-35
kcal/kg
Vitamina C
Papel importante na síntese do colagénio e na formação dos novos vasos
A deficiência de vitamina C atrasa a cicatrização e está associada A UM AUMENTO DO
RISCO DE INFECÇÃO
Vitamina A
Aumenta a resposta inflamatória da ferida, estimula a síntese de colagénio
Baixos níveis de vitamina A atrasam a cicatrização aumentam a susceptibilidade à
infecção
Atraso do processo de cicatrização
Diminuição níveis de proteínas
Diminuição do desenvolvimento do colagénio
PROTEÍNAS
Essenciais para a manutenção e reparação do tecido
Minerais
ZINCO
o Desempenha um papel importante na síntese de proteínas e colagénio e
crescimento tecidular
FERRO
o Fornece oxigénio ao leito da ferida, assim a sua deficiência para a produção de
colagénio e resistência tecidular
Nutrição e Hidratação
Intervenção nutricional
Aumentar a ingestão de alimentos e fluidos
o Melhorar a qualidade nutricional da alimentação
Remover as barreira à alimentação
Suplementar quando as necessidades não conseguem ser
satisfeitas
Avaliação local da Ferida
A avaliação da ferida acontece no contexto de uma avaliação holística do doente
Avaliação
Ambiente Social
Cuidados prestados:
Hospital
Ambulatório
a pele desidratada
é menos elástica
mais frágil e mais
susceptível de quebrar
diminui o aporte de oxigénio e
nutrientes à ferida
reduz a eficácia da circulação sanguínea
Domicílio
Tamanho da ferida
A medição do leito da ferida é um processo de 2 fases:
Determinação das margens, limites da ferida – A maior fonte de erro
Cálculo da área da superfície
o Área = comprimento x largura
o Obstáculos:
Posição do doente
Feridas irregulares
Curvatura do corpo
Erro na determinação das margens
Tamanho da ferida fístula, falsos trajectos
Imagine o mostrador de um relógio onde as 12 horas ficam na direcção da cabeça do doente e
as 6 horas na direcção dos pés
Isto descreve o falso trajecto existente
12 horas
PUSH - PT
Avalia 3 parâmetros:
Comprimento x largura.
Quantidade de Exsudado
Tipo de tecido
Score 0-17
Quanto mais elevado o score, pior o estado
Pode ser usada em todo o tipo de feridas
Aspectos Fundamentais no Tratamento de Feridas
Características da Ferida Crónica, preparação do leite da ferida e TIME
Feridas Crónicas (Edwards et al., 2004).
É uma ferida que não cicatriza de acordo com a sequência de cicatrização num espaço
de tempo previsto
Feridas que não cicatrizam em 6 semanas são consideradas crónicas
Parecem estar paradas numa ou mais fases da cicatrização, frequentemente
permanecem na fase inflamatória.
Características da Ferida Crónica
Falha de adequada perfusão sanguínea
Presença de tecido necrótico ou tecido não viável
Ausência de tecido de granulação saudável
Falha na re-epitelização
Presença de células senescentes
Aumento de níveis de bactérias
Biofilmes
Processo de cicatrização fica parado na fase inflamatória e/ou proliferativa
Preparação do leito da ferida
É a promoção da cicatrização através de:
Diagnóstico da causa
Cuidados centrados no paciente
Cuidados locais à ferida
(Falanga at al, 2000)
A Solução – o algoritmo da Preparação do Leito da Ferida -
Permite aos profissionais da prática determinar e considerar os motivos para o atraso na
cicatrização e reiniciar o processo cicatricial através da remoção de barreiras à cicatrização
TIME
TECIDO NÃO VIÁVEL INFECÇÃO OU INFLAMAÇÃO
MOISTURE/ EQUILIBRIO DA HUMIDADE
EDGES/MARGENS DA FERIDA QUE NÃO AVANÇAM
Defeito na matriz e acumulação de detritos na ferida
Elevadas contagens de bactérias ou inflamação prolongada
Desidratação ou excesso de humidade
Queratinócitos que não migram Células que não respondem a estímulos
Desbridamento Antimicrobianos Material de Penso Terapia Compressiva
Desbridamento Agentes biológicos Terapias adjuvantes
Restaurar o leito da ferida e as proteínas da MEC (matriz extra celular)
Baixas contagens de bactérias e inflamação controlada
Restaurar a capacidade das células migrarem, evitando maceração
Estimular a migração dos queratinócitos
Características do leito da ferida
Desbridamento
A incontinência urinária ou fecal atrasa a cicatrização da pessoa
Tecido não viável
O tecido necrótico também conhecido por tecido desvitalizado ou tecido morto tem como
características:
Aparência húmida amarela, verde ou cinzenta
Embora possa tornar-se uma crosta espessa, preta se a ferida desidrata.
É o primeiro passo e é crucial na preparação do leito da ferida.
É a remoção de tecido necrótico, desvitalizado ou contaminado e corpos estranhos.
Vantagens do Desbridamento
Remoção de tecido Necrosado
Restauração da circulação no local da ferida
Aumento do aporte de O2
Implicações do não desbridamento
Risco da Infecção aumentado
Inflamação mantida
Restauração da função da pele comprometida
Formação de Abcesso
Cheiro
Avaliação da profundidade da ferida dificultada
Aumento da carga metabólica
Défice nutricional através do exsudado
Resultado clínico e cosmético pobre
Atraso na cicatrização
Stress psicológico
Factores chave na selecção do método de desbridamento
Métodos de Desbridamento
Cirúrgico/cortante
Único com técnica asséptica
São utilizados instrumentos cirúrgicos (bisturis, pinças, tesouras ou laser) para
remover tecido morto
Vantagens
o É a forma mais rápida de remover tecido necrótico, produtos tóxicos e
bactérias
o A perfusão local é imediatamente melhorada
o O risco de infecção é significativamente diminuído
Rapidez
Selectividade tecidular
Dor
Exsudado
Infecção
Custos
A relação com o paciente
As preferências do doente
O tipo de tecido presente
O custo
Competência do aplicador
o Uma pequena hemorragia após desbridamento leva à libertação de uma série
de citoquinas que têm influência no início do processo cicatricial –
“transformar a ferida crónica em aguda...”
É considerado o método mais rápido e com melhor relação custo-eficácia, mas tem um
nível elevado de risco clínico
Pode não ser apropriado para todos os doentes ou para todos os locais de prestação
de cuidados
Mecânico
Irrigação de alta pressão: permite lavar e desbridar feridas com pressões de irrigação
variáveis de acordo com as condições do doente.
Whirlpool: pode ser contra-indicado em doentes incontinentes, febris ou com
insuficiência venosa
Pode ainda causar maceração perilesional e aumentar o risco de infecção cruzada
Utilização de compressas húmidas-secas
Aumento do desconforto do doente na mudança do penso/doloroso
Dano no tecido de granulação neo-formado e do tecido de epitelização frágil
Potencial para a desidratação da ferida e maceração da pele circundante.
Não selectivo: pensos húmidos/secos removem epitélio saudável bem como
tecido morto
Mudanças de penso frequentes
Pensos aderem à ferida
Autolítico
Ocorre naturalmente em todas as feridas
Altamente selectivo envolve macrófagos e enzimas proteolíticas que liquefazem e
espontaneamente separam o tecido necrótico do tecido saudável
Todos os pensos que providenciam o ambiente húmido
Este processo pode ser promovido e potenciado pela manutenção de um ambiente
húmido da ferida
Absorção de humidade
Os produtos utilizados facilitam a autólise através da absorção da humidade
(exsudado) enquanto se asseguram que o tecido necrótico não desidrata; através da
os produtos utilizados fornecem humidade à
ferida e hidratam o tecido morto, o que facilita o processo natural de autólise
Doação de humidade
absorção do excesso de exsudado estes materiais protegem a pele circundante de
maceração
Enzimático
Biológico
Larvas estéreis da espécie Lucilia Sericata (maggots)
Produzem enzimas potentes que eliminam o tecido morto e respeitam o tecido
são
Alguns autores defendem que estas enzimas têm capacidade de combater
infecções clínicas (Thomas,1998)
Aceitabilidade do doente/profissional
Os estudos mostram que a remoção de tecido desvitalizado proporciona uma cicatrização mais
rápida e que os vários métodos de desbridamento podem ser empregues para obter o
objectivo final de 100% de tecido de granulação no leito da ferida.
O desbridamento não é um evento único e singular no tempo.
Uma ferida que é desbridada numa fase inicial, pode necessitar manter o desbridamento para
que o leito da ferida tenha as condições ideais para a cicatrização.
Requer condições específicas para ser efectivo
A sua actividade é melhorada sob semi-oclusão
Pode ser selectivo
Não deve ser usado em feridas infectadas
Necessita de penso diário
A sua actividade é afectada por detergentes
Evitar produtos com iões metálicos (prata, zinco) ou
soluções ácidas
cologenase (enzima) ulcerase (medicamento)
Infecção
Conceitos básicos – Relação Microorganismos/ Hospedeiro
Contaminação: presença de microrganismos sem proliferação
Colonização: presença de microrganismos com multiplicação mas sem efeito clínico
adverso (sem reacção do hospedeiro)
Infecção: presença de microrganismos com proliferação e invasão de tecido vivo
O que é?
Presença de microrganismos com proliferação e invasão de tecido vivo, com efeito clínico
adverso
Há uma resposta inflamatória local e pode haver uma resposta sistémica - febre e leucocitose
De que depende?
Propriedades patogénicas e virulência dos microrganismos
Estado geral do doente e seus mecanismos de defesa, e vários “stress” a que é sujeito
A infecção ocorre quando os microrganismos ultrapassam a capacidade de defesa do
hospedeiro
Origem dos microorganismos
Exógena – inoculadas do ambiente circundante (mãos dos profissionais, equipamento,
ar)
Endógena – pele e mucosas dos locais contíguos do hospedeiro
Flora Indígena
Nas condições fisiológicas normais existe um equilíbrio delicado e mutuamente
benéfico entre a flora indígena e o corpo humano
Um papel importante da flora indígena é proteger os tecidos subjacentes e prevenir ou
limitar a colonização com espécies indesejáveis
Flora nas Feridas
Uma solução de continuidade da pele com exposição de tecido subcutâneo constitui
um excelente habitat para a multiplicação microbiana e quase todas as feridas contém
microrganismos em número e quantidade variáveis
Factores de risco locais de infecção em feridas crónicas
Ferida extensa e/ou profunda
Duração longa
Localização anatómica (região anal)
Presença de tecido necrótico
Mecanismo da lesão (se objectos contaminados)
Baixa perfusão
Diagnóstico de Infecção
Não é uma ciência exacta e depende da identificação correcta dos sinais e sintomas
locais e sistémicos e aprende-se com a experiência
História clínica
Observação
Exames complementares
Controlo de Infecção no Tratamento de Feridas
Precauções Básicas
A pedra basilar do Controlo de Infecção
Manuseamento e processamento de equipamento
Controlo do ambiente
Manuseamento de têxteis e roupa
Práticas de injecção seguras
Saúde e Segurança dos Profissionais
Medidas de Prevenção e Controlo de Infecção em Sala em Tratamento
Higiene das mãos
o As mãos são o veículo mais comum de transmissão cruzada de agentes
infecciosos
o Não esquecer que a principal fonte de contaminação no ambiente resulta da
descamação da pele das pessoas presentes
Na Sala em Tratamento
ESTÉRIL
Não estão presentes bactérias
CONTAMINAÇÃO
Acontece rapidamente após lesão; Estão presentes poucas bactérias; Pouca actividade proliferativa
COLONIZAÇÃO
Situação normal; O crescimento bacteriano está comprometido devido à resposta imunitária do hospedeiro
COLONIZAÇÃO CRITICA O crescimento bacteriano ultrapassa a resposta imunitária do hospedeiro; A carga bacteriana
aumenta
INFECÇÃO A resposta imunitária é derrotada; Sinais clínicos de infecção i.e. : celulite; Aumento da ferida
NÃO - CICATRIZA
Antes e após da elaboração do
penso
Antes e após remover luvas
Após contacto com o doente
Após contacto com ambiente contaminado
Medidas de Prevenção e Controlo de Infecção em Sala em Tratamento
Ao tratar várias feridas no mesmo doente deixar a infectada para o fim
Pomadas, Pensos, Geles, Etc
o Pomadas e solutos: individualizar se possível
o Identificar pomadas abertas para uso por doente
o Manipular penso, pomadas e geles com mãos limpas
o Cuidado para não contaminar embalagens ou conteúdos
Material, Equipamento, e Consumíveis
o Remover apenas o material necessário dos armários/carros
o Preparar um tabuleiro com os materiais de cada doente
o Armazenar o material em local apropriado
o Descartar material e equipamento de uso único contaminado em segurança
Solutos
o Manipular os agentes de limpeza de modo a evitar a contaminação do fluido,
do gargalo do frasco e do interior da tampa
o Preferir soluções de soros em monodoses
o Usar frascos de origem (não reencher para frascos mais pequenos)
Infecção ≠ Inflamação
Após a pele ter estado sujeita a uma ferida sangrante, mostra os sinais clássicos do processo
inflamatório, isto é, rubor, tumefacção e alterações funcionais com a associação de calor e dor.
Infecção ou Inflamação
Estudos clínicos demonstram que as feridas com aumento da carga microbiana têm menor
probabilidade de cicatrizar
Avaliar o equilíbrio bacteriano da ferida
Sinais e sintomas de infecção
Compartimento Afectado Sinais e Sintomas
Infecção superficial Não cicatriza
Exsudado
Tecido de granulação friável
Detritos na ferida
Equilíbrio bacteriano
Infecção superficial
Infecção no compartimento profundo
Infecção sistémica
Cheiro na ferida
É friável
Infecção no compartimento profundo Aumento da dor
Aumento do tamanho da ferida
Aumento ta temperatura
Osteomielite – probe to bone
Lesões satélite
Exsudado, eritema, edema
Aumento odor
Infecção sistémica Febre
Arrepios
Frio
Hipotensão
Falência de múltiplos órgãos
Infecção superficial
Feridas que não cicatrizam:
A ferida deve apresentar uma redução 20–40% do seu tamanho após 4 semanas de
tratamento apropriado de forma a estar cicatrizada à 12ª semana
Se a ferida não responder ao tratamento com terapêutica antimicrobiana considerar a
realização de biópsia para despistar vasculite, pioderma gangrenoso ou malignidade
Ferida exsudativa
Aumento do exsudado com maceração da pele
circundante
Exsudado claro que se torna purulento ou sanguíneo
Tecido de granulação friável: tecido de granulação
brilhante, exuberante que sangra facilmente
Tecido desvitalizado, detritos no leito da ferida:
São uma óptima fonte de alimento para bactérias
Cheiro na ferida
Pseudomonas apresentam um odor doce e uma coloração verde
Anaérobios apresentam um odor pútrido acompanhado de quebras no tecido
Infecção no compartimento profundo
Dor importante na ferida e tecidos circundantes
Aumento do tamanho, profundidade com dano na pele
circundante
Aumento da temperatura:
Tecido circundante com aumento da temperatura
Exposição óssea (probe to bone):
Elevada incidência de osteomielite
Novas áreas de quebras cutâneas:
Zonas satélite da pele circundante e separadas da úlcera principal
Cheiro intenso:
Associado a dano tecidular importante
Infecção sistémica
Febre
Arrepios
Tremores
Hipotensão
Falha em múltiplos órgãos
Gestão da Inflamação/Infecção
Optimização da resposta imunitária
Melhorar a capacidade do doente no combate à infecção
Actuar nas comorbilidades:
o Controle metabólico, no doente diabético
• Optimização da resposta imunitária
• Reduzir a carga microbiana
• Optimizar o leito da ferida na presença de infecção
o Melhore a perfusão/oxigenação dos tecidos
Optimizar o estado de nutrição e hidratação
Procurar e tratar outros locais de possíveis infecções
Reduzir a carga microbiana
Cuidados de controlo de infecção
Proteger a ferida com um penso adequado
Optimizar o leito da ferida
Facilitar a drenagem apropriada da ferida
Terapêutica antimicrobiana:
o Anti-sépticos tópicos +/- antibióticos sistémicos
Optimizar o leito da ferida
Desbridamento do leito da ferida
Limpeza do leito da ferida
Terapêutica antimicrobiana:
o Anti-sépticos tópicos +/- antibióticos sistémicos
Desbridamento do leito da ferida na presença de infecção
Cortante é o método mais rápido e mais indicado
na presença de infecção
Contra-indicações
Feridas malignas
Feridas isquémicas
Cuidados paliativos
Infecção no compartimento profundo, sem
cobertura antibiótica
Deve ser realizado apenas pessoal qualificado de forma remover o tecido não viável
hemorragia (Harris, 2009)
Reavaliação regular
GESTÃO do Exsudado
A produção de exsudado:
Promove a limpeza da ferida
Ajuda a providenciar um ambiente
húmido ideal à cicatrização
Objectivos do Equilíbrio do Exsudado
1. Optimização do ambiente da ferida
2. Controle da carga biológica
3. Protecção da pele circundante
4. Maximizar a qualidade de vida do doente através de prevenir a fuga/extravasamento
do exsudado, controle do odor e redução da dor
Complicações de um deficiente controlo do exsudado
A monitorização sistemática é essencial para a detecção de melhorias ou deterioração (PUSH-PT, registo fotográfico, avaliação analítica)
Se não, reavalie o doente e a ferida e ajuste o tratamento, de acordo com a avaliação
A ferida está a cicatrizar?
Encontra-se o doente e a ferida a melhorar?
Registe com frequência a reavaliação da gravidade da infecção e a condição do doente
MARGENS
Margens da ferida que não avançam
A falha na migração das margens sobre o leito da ferida e margens e margens
escavadas também pode ser indicativo de infecção – local ou sistémica
TIME - Pontos-chave
A ferramenta TIME foi desenvolvida para ser aplicada na prática diária na abordagem e
tratamento de doentes com feridas crónicas
A aplicação na pratica da TIME é centrada nos cuidados ao doente com ferida crónica e
as patologias subjacentes
A progressão cicatricial e a resposta ao tratamento devem ser regularmente avaliados
Tratamento local de Feridas
Terapia Seca Crosta/
Cicatrização ao Ar
Limpeza/ Desinfecção/
Solutos
Técnica de Penso Produtos mais utilizados em
feridas
Feridas Infectadas
Quais as evidências?
Alguns dos principais problemas da cicatrização de feridas estão relacionados com a sua
limpeza
Limpeza do leito da ferida
O método ideal para limpar o leito da ferida é o da irrigação
Irrigação com soro fisiológico ou água
Acção mecânica do soluto que com determinada pressão, “arrasta” resíduos e
microorganismos do leito da ferida, sem dano nos tecidos viáveis ou sem “empurrar” os
microorganismos para o compartimento profundo
Objectivo:
Remoção física de sujidade, matérias estranhas, partículas ou microorganismos da
ferida antes da aplicação do penso de modo a favorecer a cicatrização:
o Manter um ambiente húmido óptimo para a cicatrização
o Remover excesso de exsudado e de bactérias
o Remover resíduos de penso e cola, preservando a ferida e a pele adjacente
o Aumentar o conforto do doente
Cicatrização em Meio
Húmido
Técnica de Penso
Penso “Ideal” Limpeza com
Água/ SF
Exsudado promove a
Cicatrização
Limpeza de Feridas
A limpeza eficaz das feridas é um factor crítico para a cicatrização
A utilização de anti-sépticos em solução é totalmente desaconselhada
A limpeza com compressas apenas redistribui as bactérias na ferida, pode traumatizar
os tecidos e funcionar como foco de infecção
A irrigação deve ser feita com soluções estéreis previamente aquecidas a 37ºC, em
embalagem unidose com sistema que permita efectuar a irrigação sem manipulações
adicionais
A irrigação com pressão é o método mais eficaz e seguro para limpeza de feridas
Feridas Cirúrgicas - estéril
Utilize uma técnica asséptica para a remoção ou troca do penso
Utilize uma solução estéril de soro fisiológico para limpeza da ferida, 48 h após a
cirurgia
Aconselhe os doentes que podem tomar banho geral (chuveiro) 48 h após a cirurgia
Utilize água potável para a limpeza de uma ferida cirúrgica após 48 h de ter sido
realizada incisão ou para drenagem cirúrgica de pús
Não utilize antimicrobianos tópicos nas feridas cirúrgicas com cicatrização por primeira
intenção com o objectivo de reduzir a infecção do local cirúrgico
Na cicatrização de feridas cirúrgicas por segunda intenção não utilizar hipoclorito e
gaze, ou compressas de algodão humedecidas ou anti-sépticos com mercúrio para as
tratar
Feridas Traumáticas - contaminação
Prevenir danos futuros:
o Ressuscitação do doente de forma a maximizar a perfusão sanguínea em todos
os tecidos e reduzir o rico de complicações
Irrigação
o As feridas devem ser irrigadas e limpas com água potável ou soro fisiológico
estéril ou água estéril
o Fracturas expostas não devem ser irrigadas com soluções anti-sépticas ou
antibióticos para limpeza mas apenas com soro fisiológico estéril
Profilaxia do tétano:
o Verificação da vacinação (>5 anos reforço)
o Administração de imunoglobulina anti-tetanica se não houver imunização e
risco acrescido de infecção
Utilização de material de penso não aderente
Ferida recalcitrante - colonização crítica
O objectivo nestas situações é o de considerar um tratamento tópico que controle a
carga biológica da ferida para que a cicatrização possa prosseguir
Utilização tópica de material de penso com actividade anti-séptica de acção
continuada
Ferida infectada - infecção
Optimização da resposta imunitária do hospedeiro:
o Controle de comorbilidades i.e. controlo glicémico em doentes diabéticos,
melhorar a perfusão/oxigenação dos tecidos
o Optimize o estado nutricional e de hidratação
Redução da carga biológica da ferida
o Prevenir futuras contaminações da ferida ou contaminações cruzadas:
Cuidados de controlo de infecção
Proteger a ferida com um penso adequado
o Facilitar a drenagem apropriada da ferida
o Optimizar o leito da ferida
o Terapêutica antimicrobiana:
Anti-sépticos tópicos +/- antibióticos sistémicos
Perspectiva Histórica
Na Antiguidade: limpava-se as feridas com mel, vinho, gordura. Cobertos com
ligaduras de linho ou algodão~
Hipócrates: definiu a cicatrização por 1ª e 2ª intenção
Recomendava a limpeza com água tépida, vinho e vinagre. Deviam ser mantidas limpas
e secas.
Galeno defendeu a teoria do pus saudável: é necessário à ferida devendo ser
estimulado
Arabes defendiam que os doentes com UP deviam ser tratados unguento de chumbo e
evitar-se que dormissem de costas
Idade Média (Teodorico Borgognini)
As feridas podem ser limpas e secas com água do mar, e ainda com mel, vinho e cinzas
de carvalho verde
LISTER
o Revolucionou a cirurgia com a introdução do ácido fénico
o Criou o 1º penso anti-séptico ao impregnar uma gaze com fenol
Joseph Sampson GAMGEE
Desenvolveu a tecnologia das compressas
Salientou a “… a importância de tratar cuidadosamente o meio envolvente da ferida e
diminuir a frequência a mudança do penso”
Surgem pensos que além da função de protecção, mantém as feridas o mais secas
possíveis.
Esta perspectiva manteve-se até à primeira metade do séc.XX.
No início dos anos 60, a investigação de George Winter definiu a utilização de pensos
baseados na cura em meio húmido como pedra angular do actual tratamento de
feridas crónicas.
Em 1971, surge o 1º penso de filme ou película de poliuretano
Cicatrização em Ambiente Húmido
O princípio da cicatrização de feridas em ambiente húmido desafia o processo
fisiológico normal da cicatrização de feridas
A ‘cicatrização seca’ é vista pela formação de uma crosta
Isto reconhece que no ambiente húmido oclusivo/semioclusivo, a epitelização ocorreu
2 vezes mais rápida em comparação com o ambiente seco
A cicatrização de feridas em ambiente húmido pode ser obtida com pensos avançados
de tratamento de feridas
Material de penso
Penso primário
É aquele que fica em contacto com o leito da ferida
Penso secundário
É aquele que vai permitir fixar o primário
Penso ideal (Turner,1979 e 1982)
Proporcionar um meio húmido
Remover o excesso de exsudado
Permitir as trocas gasosas
Manter a temperatura ideal
Proteger o leito da ferida de microorganismos
Proteger o leito da ferida de contaminantes tóxicos
Permitir a remoção sem trauma
Outros critérios
o Fácil utilização
o Manutenção da integridade da pele circundante
o Ergonomia
o Disponível em todos os ambientes assistenciais
o Custo-efectivo
Parâmetros a considerar na selecção do Material de Penso
Relacionados com o doente:
Adesão do doente
Fase da cicatrização
Localização da ferida
Profundidade da ferida
Quantidade do exsudado
Relacionados com o material
Absorção
Adaptabilidade
Cumprimento da legislação (marcação CE)
Custo-efectividade
Eficácia
Facilidade de utilização
Frequência da mudança do penso
Oclusão
Parâmetros de desempenho
Propriedades adesivas (aderência)
Permeabilidade
Retenção da humidade
Segurança
Relação Custo/Eficácia
O tratamento mais eficaz é o mais baixo por unidade com ganhos de saúde
O tratamento mais eficiente é que proporciona maiores ganhos terapêuticos
É imperativo aceitar que a opção mais barata não é necessariamente a que é mais
eficiente
Técnica de Realização de Penso
Cicatrização em Meio Húmido
O exsudado promove a cicatrização:
Aplicação Prática
Exsudado ↔ Pensos
Esta interacção influencia o tratamento local
Na maioria das feridas é suficiente utilizar a técnica limpa na realização do penso
Não se deve secar o leito da ferida com compressas mas sim a pele circundante maioria
aquando na realização do penso
Tem demonstrado que:
Ajuda a prevenir a desidratação e morte celular
Promove angiogenese
Melhora a fagocitose e a produção de factores de crescimento
O exsudado
Melhora taxa de re-epitelialização
Reduz a dor
Melhora os resultados cosméticos
Previne a “desidratação” do
leito da ferida
Ajuda a migração de
células “reparadoras”
Fornece nutrientes
essenciais ao metabolismo
celular
Favorece a difusão dos
factores imunitários e de
crescimento
Promove a autólise
Causas da dor na mudança de penso
Material adere ao leito da ferida
Pele
Stripping por adesivos fortes
Trauma agressivo por técnica de limpeza
Atenção
A limpeza com compressas apenas redistribui as bactérias na ferida, podendo traumatizar os
tecidos e funcionar como foco de infecção.
Aspectos Fundamentais das Úlceras de Pressão
Como se desenvolve uma Úlcera de Pressão
As úlceras de pressão desenvolvem-se primariamente
por interrupção do aporte de sangue (microcirculação)
numa determinada área devido a pressão excessiva
aplicada nos tecidos moles
O que acontece quando pressão é aplicada no corpo
humano?
O efeito nefasto da pressão está relacionado
com:
o A tolerância dos tecidos, que é a capacidade dupla da pele e das estruturas
subjacentes de suporte e de tolerar a pressão sem sequelas adversas
o A intensidade da pressão e a duração da pressão
A Pressão é uma força física numa determinada área; e é aplicada perpendicular à pele
Pressão uniforme geralmente não provoca dano nos tecidos
Pressão não uniforme ou pressão num ponto não aliviada pode levar a dano tecidular
O dano tecidular é provocado pelo aumento da permeabilidade dos capilares, pelo aumento
do edema intersticial e pelo bloqueio da drenagem linfática e venosa
A oclusão dos vasos causa hipóxia, isquémia e necrose dos tecidos
Efeito de Cone de McClemont -Pressão
Quando uma pessoa está deitada ou sentada, a pressão na superfície externa é transferida
através das camadas da pele até junto da proeminência óssea subjacente
Isto resulta num cone ou pirâmide de gradiente de pressão: a base da pirâmide equipara-se à
superfície do osso onde a interface de pressão é mais elevada; isto leva a que a intensidade da
pressão seja cinco vezes maior nos tecidos profundos, do que na epiderme
Pode originar de:
Fricção
Fricção é a resistência ao movimento em direcções paralelas entre duas superfícies
que se encontram em contacto.
Fricção são forças paralelas opostas externas entre duas superfícies que estão em
contacto.
Pressão
Deslizamento
Resultam da aplicação de força paralela (tangencial) à superfície de um objecto
enquanto a base do objecto se mantém estacionária.
Causam alterações na forma do objecto (deformação).
Factores intervenientes
Forças deslizamento
Pressão
Fricção
Higiene deficiente
Humidade
Medicação
Restrição externa da mobilização
Posicionamento inapropriado
Manipulação inapropriada e
levantamento deficiente
Roupa inapropriada
Idade
Estado mental
Desidratação
Infecção
Mau estado nutricional
Sono e repouso
Mobilidade reduzida
Défice neurológico
Problemas circulatórios
Peso/ IMC
Localização das úlceras de Pressão
Localizações mais frequentes:
Região sagrada- 40%
Calcâneos -20%
Trocânteres – 15%
Teorias do desenvolvimento das úlceras de pressão
Do topo para o fundo (Witkiwaski & Parish 1982):
o Estudos histológicos sugerem que o dano ocorre inicialmente na epiderme
o Ilustrado pela presença da hiperémia reactiva
Do fundo para o topo (Nola & Vistnes 1980):
o Estes estudos indicam que o dano inicial ocorre nos tecidos profundos devido
a elevados gradientes de pressão onde o osso fica em contacto com o músculo
Definição de úlcera de pressão (NPUAP/EPUAP)
Uma úlcera de pressão é uma lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente, normalmente
sobre uma proeminência óssea, como resultado da pressão, ou pressão em combinação com
forças de deslizamento.
Classificação das úlceras de pressão (NPUAP/EPUAP)
Categoria I – Eritema não branqueável
o Pele intacta com vermelhidão não branqueável de uma zona localizada
normalmente sobre uma proeminência óssea
o A zona pode ser dolorosa, dura, mole, quente ou fria quando comparada com
os tecidos adjacentes
o Pode indicar pessoas “em risco”
o Pele de pigmentação negra pode não ter branqueamento visível; a sua cor
pode diferir da área circundante
o A categoria I pode ser difícil de detectar em indivíduos de pele com tonalidade
negra
Categoria II –perda parcial da espessura da pele
o Perda parcial da espessura da derme apresentando-se como uma úlcera
aberta superficial com um leito de ferida vermelho/rosa, sem necrose húmida
o Pode também estar presente como uma flictena intacta ou aberta/perfurada
preenchida com soro ou sero-sanguínea
Categoria III – Perda total da espessura da pele
o O tecido subcutâneo pode estar visível, mas osso, tendão e músculo não estão
expostos
o A necrose húmida pode estar presente mas não esconde a profundidade da
perda tecidular
o Pode incluir tunelização e loca
o A profundidade de uma úlcera de pressão. Categoria III varia pela localização
anatómica
o Em contraste, áreas de adiposidade significativa podem desenvolver úlceras de
pressão Categoria III extremamente profundas
Categoria IV – Perda total da espessura tecidular
o Perda total da espessura tecidular com exposição óssea, tendão ou músculo
o Necrose seca e necrose húmida podem estar presentes
o Muitas vezes incluem loca ou tunelização
o A profundidade de uma úlcera de pressão Categoria IV pode variar pela
localização anatómica
o As úlceras Categoria IV podem extender-se para o músculo e/ou estruturas de
suporte (ex: fáscia, tendões ou cápsulas articulares) tornando a osteomielite
ou osteite provável de ocorrer
o É visível osso/músculo exposto ou directamente palpável
Úlceras de Pressão não Classificáveis
A asa do nariz, orelha, cartilagens e mucosas
NOTA IMPORTANTE
A reversão de graus não deve ser utilizada em nenhuma situação, muito menos para
quantificar o sucesso de intervenções de tratamento
Diagnóstico diferencial: lesões isquémicas/ lesões por
humidade/quebras cutâneas
Lesões isquémicas
Isquémia aguda dos membros inferiores
Lesão por doença arterial dos dedos
Lesões por humidade:
A humidade tem de estar presente devido a urina, fezes, sudorese ou exsudado de
ferida
As quebras cutâneas:
São feridas traumáticas resultantes da separação da epiderme e a derme
Como realizar a avaliação de risco?
Através da utilização de uma escala validada
Estudos revelam que a utilização de uma escala de avaliação de risco é mais fidedigno
e predictivo que o juízo clinico por si só
Em Portugal apenas existem 2 escalas validadas para a avaliação do risco de
desenvolvimento de úlceras de pressão: Escala de Braden e Escala de Braden Q.
Vantagens
Fidedignas
Validadas
Permitem a continuidade de cuidados
Permitem a avaliação da cicatrização da úlcera de pressão
Permitem a construção de uma base de dados
Desvantagens
No início, pode levar a alguma demora no preenchimento dos instrumentos
Os profissionais necessitam de formação
QUESTÕES IMPORTANTES
A escala de Braden não deve ser implementada sem antes serem definidos protocolos
multidisciplinares
Os protocolos podem ser definidos de duas formas:
Por nível de risco
Por dimensão afectada
Escala de Braden
A escala de Braden é constituída por 6 dimensões: percepção sensorial, humidade, actividade,
mobilidade, nutrição e fricção e forças de deslizamento, contribuindo todas para o
desenvolvimento de úlceras de pressão, e não devendo nenhuma delas ser avaliada
preferencialmente em relação a qualquer outra
Todas as sub-escalas estão ponderadas de 1 a 4 com a excepção da última que se encontra
ponderada de 1 a 3, sendo cada uma delas operacionalizada por critérios predefinidos
A pontuação final pode variar de 6 (risco mais elevado) a 23 (risco mais baixo)
Alto Risco < 16
Baixo Risco > 16
Os resultados da avaliação de risco devem ser interpretados com um juízo clínico para verificar
se é apropriado para o indivíduo em questão
Nenhum instrumento pode substituir a competência e experiência do profissional cuidador
A avaliação deve ser efectuada nas primeiras horas após a admissão sendo programadas
reavaliações regulares com periodicidade dependente da situação clínica e de risco de cada
indivíduo
No doente hospitalizado deve ser adoptado um procedimento para a reavaliação dentro de 48
horas ou sempre que haja uma alteração significativa na situação clínica do indivíduo
Escala de Braden/Avaliação da Pele
Reavaliação:
É desejável que esta observação da pele seja integrada nos cuidados prestados
(cuidados de higiene, avaliação dos sinais vitais, posicionamentos)
Inspeccionar sinais de rubor, vermelhidão, na pele com recurso a distinguir uma
resposta de hiperémia reactiva que branqueia, de um eritema não branqueável, a
Categoria I das úlceras de pressão
Observe a pele evitando o dano provocado por equipamentos médicos (cateteres
urinários, sondas de oxigénio, sondas nasogástricas…)
Prevenção de Ulceras de Pressão
Zonas de Pressão nos diferentes Posicionamentos
Colchões e equipamentos de prevenção
Funções:
Distribuição da pressão de forma a prevenir o dano por pressão
Providenciar uma superfície confortável onde o doente está deitado (Rithalia and
Kenney,2000)
Objectivos
Redução da pressão
Alívio de pressão
Colchões e equipamentos de redução de pressão
Redistribuem a pressão através da dispersão do peso sobre uma superfície
Redistribuem a pressão através da dispersão do peso sobre uma superfície –
equipamento estático
Todas as recomendações orientam para o uso de colchões de espuma de alta
densidade (viscoelásticos) em doentes de baixo risco de desenvolver úlceras de
pressão
Diminuem a pressão através de superfícies dinâmicas- equipamento dinâmico
Todas as recomendações orientam para a utilização de superfícies dinâmicas em
doentes de alto risco de desenvolver úlceras de pressão
Os doentes em risco de desenvolverem úlceras de pressão quando na posição de
sentado necessitam de equipamento de alívio de pressão na cadeira
O que é IMPRESSAO?
Acrónimo
Instrumento para a prevenção de úlceras de pressão
Não substituí o juízo clínico ou qualquer escala de avaliação de risco
Deve ser vista como um mini-plano de cuidados preventivos
Livre utilização, não passível de alterações ou adaptações
INTERVENÇÕES
1. Implementação de uma Escala de Avaliação de risco
a. 90% das politicas de prevenção recomendam o uso de escalas de avaliação de
risco
b. Em Portugal, a Escala de Braden é recomendada pela DGS e a única validada
para Portugal
c. Permitem a escolha do equipamento de prevenção baseado no grau de risco,
disponibilidade do equipamento e preferência do paciente
2. Manutenção de uma pele íntegra e hidratada
a. Uma abordagem adequada tem de assentar em 4 áreas fundamentais:
b. Limpeza
i. O pH da pele é ligeiramente ácido (4,0-5,5)
ii. Quer a urina, quer as fezes são substâncias alcalinas que em contacto
com a pele aumentam o seu pH, provocando inflamação e irritação da
região perianal
iii. O sabão vulgar é alcalino, eleva o pH e remove o sebo (normal) da pele
iv. Recomenda-se higiene da pele com água e sabão para lavar com uma
manápula de tecido suave ou compressa, e toalha para secar ao invés
de esfregar
v. Esfregar, além de poder ser doloroso, pode igualmente causar
traumatismo da pele ou provocar uma reacção inflamatória local, em
particular em doentes idosos com pele frágil
c. Hidratação
i. A pele seca pode causar comichão generalizada (prurido), tornando a
pele vulnerável a danos futuros
ii. No entanto hidratar ou aplicar cremes ou emolientes é diferente de
massajar
iii. A massagem na prevenção das úlceras de pressão, em particular em
zonas de proeminência óssea previamente ruborizadas, está contra-
indicada pois pode danificar os vasos sanguíneos ou a pele frágil
A massagem não é recomendada como uma estratégia para a
prevenção das úlceras de pressão
d. Protecção
i. A utilização da fralda como último recurso, porque mantém humidade
junto à pele, não permitindo ao ar circular
ii. É encorajada a utilização de creme barreira a cada 8 horas e a cada
episódio de incontinência
e. Continuidade destes cuidados
3. Protecção de zonas de pressão e fricção
a. Deve incidir principalmente na região sagrada, calcâneos, trocânteres e outras
grandes proeminências ósseas
b. Podem passar por dois tipos de actuação:
i. Dispositivos locais de alivio de pressão
ii. Combinação com produtos que permitam a diminuição da fricção
junto à pele
c. Produtos que diminuem a fricção junto à pele:
i. Cremes barreira e/ou AGHO
d. Material de penso com propriedades de alivio de pressão e fricção.
4. Reposicionamentos frequentes e adequados ao grau de risco
a. Deve ser utilizado um plano escrito de (re)posicionamentos destacando os
tempos em que cada individuo tem de ser reposicionado e para que posição
b. Os reposionamentos devem ter em conta o grau de risco e a sub-escala
“Mobilidade”
c. Os profissionais devem ter em conta durante o posicionamento o evitar a
forças de pressão, fricção e deslizamento
d. No leito, o posicionamento mais eficaz é o semi-lateral a 30º, salvo se houver
indicação médica em contrário
e. Mantenha a elevação da cabeceira da cama a 30º ou menos, se o estado
médico assim o permitir
f. Indivíduos em alto risco de desenvolver úlceras de pressão não devem ficar
sentados mais de 2 horas sem serem reposicionados
g. Deve ser tida atenção em não deixar lençóis dobrados, resguardos ou rolos
sob o paciente, assim como dispositivos médicos, como sistemas de soros ou
drenos
h. Posicione o paciente evitando a pressão de alguma úlcera de pressão ou ferida
pré existente
i. Mantenha os calcanhares protegidos e elevados da superfície da cama
j. Use almofadas ou cunhas para separar as proeminências ósseas
5. Ensinos ao paciente e familiares
a. Os profissionais devem respeitar o conhecimento dos pacientes e cuidadores
informais em relação à UP actual ou anterior e utilizar esse conhecimento no
planeamento de cuidados
b. Deve existir uma preocupação real e constante de educação/formação dos
profissionais, familiares e cuidadores informais acerca da avaliação do risco,
técnicas da avaliação da pele e intervenções cutâneas de segurança
c. Fundamental elaborar um manual para distribuição aos familiares, na ausência
de um manual directivo governamental
6. Superfícies de alívio de pressão na cama e cadeira
a. No mínimo, um paciente de risco de desenvolver úlcera de pressão, tem
necessidade de ser colocado num colchão de espuma de alta densidade
b. O tipo de equipamento de alivio de pressão está dependente da avaliação do
paciente, realizada pelo profissional de saúde
c. As proeminências ósseas devem estar sempre afastadas através da utilização
de cunhas
7. Sensibilidade afectada, atenção redobrada
a. Em paciente com lesões vértebro-medulares, a prevalência de UP varia entre
20-60%
b. A questão não se resume apenas aos pacientes vértebro-medulares, incluindo
pacientes com doença neurológica e diabéticos
c. Atenção aos pacientes em UCI !!!!
8. Avaliação Nutricional
a. Baixo aporte calórico, desidratação ou uma diminuição na albumina sérica
podem diminuir a tolerância da pele e tecidos subjacentes à pressão, fricção e
forças de deslizamento
b. Má nutrição está associada, numa correlação positiva, com incidência e
gravidade de úlceras de pressão
c. Em indivíduos com fractura da anca, nutricionalmente compensados, é
possível diminuir em 50% a incidência de úlceras de pressão
d. É sugerido que o paciente ingira suplementos proteicos, calorias, vitamina C e
zinco
e. A avaliação nutricional deve ser realizada aquando da admissão e
semanalmente, para os pacientes de alto risco
f. Registo do aporte dietético para determinar as preferências nos líquidos e nos
alimentos por parte do paciente
g. Avaliar se o paciente é capaz de mastigar, para além de facultar bebidas e
dietas de elevado valor proteico
9. Observação diária da pele
a. Produtos que diminuem a fricção junto à pele:
b. Cremes barreira e/ou AGHO
c. Material de penso com propriedades de alívio de pressão e fricção.
d. A melhor altura para avaliar a pele é aquando dos cuidados de higiene e dos
reposicionamentos
e. Pode conduzir à identificação precoce de risco de desenvolvimento de úlceras
de pressão e prevenção precoce para evitar dano
f. Avaliar:
i. Condição da pele
ii. Cor da pele
iii. Exantemas
iv. Temperatura
v. Edema
vi. Pêlos
Definição de Úlcera de Perna
“Lesão circunscrita à parte inferior da perna”
Feridas crónicas, quer devido à sua longa duração que pode variar entre um mês e 63
anos (Franks et al,1994), quer à sua elevada recorrência num curto espaço de tempo
Considerações Gerais
A úlcera de perna é um problema mundial que afecta cerca de 1-2% da população adulta do
Reino Unido (Morison et al, 1999).
Noção de que a maior % de pensos executados em C.S.P. é de pacientes com úlcera de perna -
com melhoras muito lentas, o que tem implicações a nível da qualidade de vida dos pacientes
e enormes custos (económicos e humanos) para o S.N.S
Epidemiologia
Em Portugal a prevalência de úlcera de perna é de 1,41 casos por 1000 habitantes.
(Pina e colegas, 2004)
Úlceras Venosas 70%
Etiologia
História Clínica
o Diabetes
o HTA
o Alergias
o Medicação
Exame físico
o Estado nutricional
o Tipo de lesão
o Localização
o Pulsos periféricos
Factores de Risco
o Tabaco
o Álcool
o Mobilidade
o Suporte familiar
o Dor
Fisiopatologia das Úlceras Venosas
História e Exame Clínico - Pontos chave – aspecto da úlcera
Úlcera superficial, de margens irregulares, localizada acima dos maléolos
Mais frequente junto ao maléolo interno
Coberta de fibrina amarela mas com uma base em granulação
Úlcera de Perna - Diagnóstico
História do paciente
Aparência
Localização
Válvulas das veias da perna incompetentes, incapazes de prevenir o refluxo venoso
A bomba muscular pode não ser efectiva para empurrar o sangue no sentido ascendente
Resultado do aumento do volume de sangue nas veias
O extravasamento para os tecidos de fluídos, proteínas
e células vermelhas
Dor
Condição dos tecidos em volta
Pulso
IPTB – Dopller Manual
Avaliação vascular
A utilização do Doppler portátil para avaliar o Índice de Pressão Tornozelo Braço – IPTB é
recomendado em todos os doentes com úlcera de perna, como parte integrante da avaliação
holística do doente
Palpação dos pulsos não é um método suficientemente fiável para a avaliação de
presença/ausência de doença arterial
O IPTB e o Doppler
O papel do Doppler é detectar se existe insuficiência arterial, sendo este aspecto essencial no
tratamento da úlcera de perna crónica
Não faz diagnóstico sobre o tipo de úlcera de perna (venosa, arterial,mista)
No entanto utilizado em conjunto com a história clínica, avaliação física e apresentação clínica
da úlcera, ajuda o profissional de saúde a decidir quais os cuidados mais apropriados
Doppler – o que é?
O doppler é constituído por uma sonda acoplada a uma unidade áudio
Tem a capacidade de através de gel captar os ultra-sons que o fluxo sanguíneo gera na
sua passagem
ARTÉRIAS – têm um som pulsátil , trifásico nas artérias saudáveis;
VEIAS – têm um som sussurrado, como um sopro , modulado pela nossa respiração
SOM TRIFÁSICO
Durante a sístole há uma aceleração do fluxo sanguíneo na direcção os
vasos sanguíneos
Uma queda brusca da pressão sistólica leva a um refluxo sanguíneo
nos vasos
Uma retoma à forma inicial do vaso (devido á sua capacidade elástica)
no final da diástole, leva novo fluxo na direcção dos vasos.
SOM BIFÁSICO
Com a idade as artérias perdem a sua elasticidade e assim sendo a
terceira parte do sinal é perdida
SOM MONOFÁSICO
A doença progressiva das artérias torna-as menos elásticas e a
segunda e terceira parte do sinal são perdidos e há uma redução do
fluxo sanguíneo durante a sístole
IPTB – Índice de Pressão Tornozelo
Pressão Sistólica Lado direito Lado esquerdo
Tornozelo Dorsal pedioso- 90 Tibial posterior- 95
Dorsal pedioso- 110 Tibial posterior- 105
Braço 130 135
IPTB 95/135=0,7 110/135=0,81
Interpretação dos resultados
1,3 OU SUPERIOR – Falso valor obtido (reavaliar)
1,0 –1,3 – Circulação arterial normal
< 0,8 – Indica algum compromisso arterial
< 0,5 – Severo compromisso arterial
Tratamento Local
Limpeza na Úlceras de Perna
A higiene da ferida é feita com água da torneira tépida, ou com soro fisiológico à
temperatura do corpo
Pensos Primários na Úlcera de Perna
No caso das úlceras venosas, a aplicação de compressão correcta assume maior
importância do que a selecção do penso
Penso simples não aderente ao leito da ferida é suficiente.
Evitar pensos que “enchumacem” a perna e que possam alterar o perfil das ligaduras.
Pensos antimicrobianos podem ser utilizados por períodos curtos para reduzir a carga
bacteriana da superfície da ferida
Cuidado da Pele na Úlcera de Perna
A perna e o pé do doente devem ser lavados com água da torneira morna para remover tecido
desvitalizado e o odor da ferida
Um simples emoliente sem perfume pode ser aplicado ao mesmo tempo
O prurido associado ao eczema variciso pode ser tratado com pomada de corticoides suave
e/ou compressão
Alguns destes produtos comercializados contém entre os seus componentes habituais
potenciais alergénicos como a lanolina, perfumes, emulsionadores, estabilizadores, etc
Tipos e Funções de Ligaduras
Fixação
Contenção/Suporte
Compressão
Terapia Compressiva
Efeitos da Terapia Compressiva
Reduzir a pressão sanguínea no sistema venoso superficial
Melhorar o retorno do fluxo sanguíneo venoso
Reduzir o edema
Diminuir do diâmetro das veias
Melhorar a competência valvular
Benefícios da Terapia Compressiva
Cerca de 70-80% das Úlceras de Perna podem ser tratadas com terapia de compressão
Melhora o tempo de cicatrização (70% em 12semanas)
Reduz a frequência de mudança de penso
Redução no risco de infecção da úlcera
Melhora a adesão do doente ao tratamento
Poupança nos Custos
Possibilidade de abranger um vasto número de pacientes
TERAPIA COMPRESSIVA - boa prática -
A compressão elevada/forte é recomendada no tratamento da úlcera de perna venosa
Antes da sua aplicação, o doente tem de ser avaliado de forma a despistar a existência
de doença arterial
Deve ser confirmada a doença venosa
A compressão elevada/forte não deve ser aplicada a doentes que apresentem um
IPTB<0,8
A terapia compressiva só deve ser aplicada por profissionais de saúde treinados
A compressão é uma terapia potente
Uso correcto Aumento da cicatrização
Uso incorrecto Diminui a cicatrização, provoca
dor, trauma ou até mesmo perda do membro
Princípios de Boa Prática – Entendendo a Terapia Compressiva
Ligaduras
Meias
Compressão pneumática intermitente (CPI)
Compressão é conseguida através de aplicação directa de pressão na perna, é medida
em mmHg
Terapia Compressiva: pressupostos teóricos
O desempenho da TC é expresso através da Taxa entre:
Pressão Efectiva _
Pressão em Repouso
Pressão efectiva é obtida pela resistência da ligadura contra a expansão do músculo durante a
fase de contracção.
Pressão em Repouso é a força aplicada ao esticar a ligadura durante a aplicação; que é
também afectada, contudo, pela elasticidade da própria ligadura.
Elasticidade é a tendência de um material elástico voltar às dimensões normais originais tão
rápido como a “acção de puxar” cede
A compressão aplicada deve diminuir do tornozelo para o joelho, de modo a contrabalançar o
efeito das forças de gravidade que, em presença de danos valvulares, levará o sangue em
direcção ao pé
Compressão Gradual
Na aplicação de uma ligadura com tensão constante, do tornozelo ao joelho, o
resultado será uma compressão gradual.
Classificação internacional:
Ligeira <20mmHg
Moderada ≥ 20-40mmHg
Forte ≥ 40-60mmHg
Muito forte > 60mmHg
Características das Ligaduras
Não coesivas
Coesivas
Elásticas
Não elásticas
Sistemas de Compressão
Sistema de camada única
Sistema de multicamadas
Meias de compressão
Compressão pneumática intermitente
A escolha do sistema é ditada por:
Características e grau da doença
Tipo de material com os requisitos para terapia compressiva
Condições gerais fisico-psicológicas do paciente e do seu estilo de vida e ambiente
Recursos materiais disponíveis
Relação custo-eficácia
Ligaduras Elásticas
Exercem uma pressão contínua na perna (compressão activa)
As veias são comprimidas durante todo o tempo (quer o doente esteja móvel, quer
esteja em repouso)
Ligaduras Inelásticas
São fabricadas em algodão e têm pouca elasticidade quando esticadas
Quando aplicada o objectivo é formar um tubo rígido, que quando a bomba gemelar
muda de forma durante o movimento, a dilatação do músculo é evitada pela
resistência oferecida pela ligadura
Isto obriga ao retorno do sangue, por estreitamento das veias, de volta ao coração
(compressão passiva)
Outros factores que afectam o nível de Compressão
Propriedades da ligadura, tais como força e elasticidade
A perícia e a técnica do profissional que aplica a ligadura
A quantidade de exercício realizada pelo doente – o que afecta as alterações visíveis
na circunferência da perna
Terapia compressiva - avaliação da perna -
Antes da aplicação da ligadura medir:
Circunferência do tornozelo
Circunferência da bomba gemelar
Avaliar estas medidas sempre que o doente vem realizar o tratamento
Investigar a presença de estrias longitudinais- comprovam a redução do edema
Avaliação da Perna
Pernas com formato anatómico não “cónico”, necessitam de almofadamento
suplementar para “esculpir” as pernas
Perna em forma de rolha de garrafa de champanhe
Edema
Aplicação de ligaduras
Aplique o sistema de compressão seleccionado respeitando:
Pé em dorsiflexão (“dedos a tocar o nariz”), ângulo de 90º
Iniciar na raiz dos dedos
Recobrir o calcanhar
Sobreposição da ligadura de 50%
Ligadura aplicada em espiral
Ligadura elástica- tensão constante, com a ligadura esticada entre 50% a 75%
Ligadura inelástica-tensão máxima na ligadura
Avalie se o doente se sente confortável e se consegue calçar os sapatos
O doente deve ser alertado para sintomas tais como:
Espetadelas e alfinetadas nos dedos
Adormecimento, formigueiro e descoloração dos dedos
Uma “dor diferente”, “dor nova”
Avaliação e frequência
A frequência de mudança vai depender directamente do volume do exsudado,
extravasamento do mesmo, dor no local da úlcera e estilo de vida
Após controle do edema a aplicação do sistema de compressão passa a 1 vez por semana
O Doppler só comprova se há ou não risco caso aquele local seja “ligado”
Prevenção de Recorrências
Uso de meia elástica
Materiais de Penso
Continuum da Cicatrização
Necrose seca
Objectivos:
Fornecer humidade
Promover a remoção
Opções possíveis
Hidrogel
À base de água (desidrata facilmente)
Máximo 3 dias, não remover o gelo não actua
Contacto com a pele, pois é pouco absorvente
Hidrata leito da ferida – autólise da necrose
Constituição
o Gel de polímeros insolúveis com 70% a 96% de água ou com cloreto sódio
hipertónico
Mecanismo de acção
o Hidratação dos tecidos necrosados por cedência de água ou cloreto sódio
hipertónico – desbridamento autolítico
Aplicação
o Aplicar no tecido necrosado e fixar com um penso secundário pouco
absorvente (película transparente ou hidrocolóide)
Poliacrilato
Presente em fraldas e alguns pensos
As riscas devem ficar para fora, porque eles só têm um lado permeável
Muda-se diariamente
É um excelente desbridante
Constituição
o “Almofada” constituída por grânulos de poliacrilato saturados com solução de
ringer
Mecanismo de acção
o Hidratação dos tecidos necrosados por cedência solução de ringer –
desbridamento autolítico
Aplicação
o Aplicar a face branca no tecido necrosado e fixar com um penso secundário
idealmente que o mantenha no lugar e que mantenha o ambiente húmido
(película transparente)
Hidrocolóide e hidrocolóide extrafino
Até uma semana na ferida, muda-se quando o aspecto da ferida fica amarelado
(exsudado)
Mantem a humidade na ferida
É semipermeável
Pode ser usado como penso principal em flictenas ou na fase final da cicatrização
Termo contacto ajuda a fixá-lo
Necrose com alguma humidade
Objectivos:
Fornecer humidade
Promover a autólise
Opções possíveis
Poliuretano Filme
Constituição
o Película muito fina de poliuretano que pode ter face de contacto com o leito
da ferida de silicone ou outro polímero
Mecanismo de acção
o Efectua trocas gasosas e não permite o contacto com fluídos externos
Aplicação
o Aplicação na região a proteger ou utilizado como penso secundário
Colagenase
É uma pomada com semi-vida de 12-24horas
Muda-se diariamente
Pode irritar a pele à volta
Necessita de penso secundário
Constituição
o Pomada com enzimas de colagenase clostridiopeptidase A, vaselina e parafina
Mecanismo de acção
o Desbridamento enzimático por ligação ao colagénio
Aplicação
o Aplicar no tecido necrosado, fixar com um penso secundário, que mantenha o
ambiente húmido.
o Vigiar a pele circundante.
o Não misturar com iões metálicos (prata, zinco…)
Necrose húmida com exsudado moderado a abundante
Objectivos:
Controlar a humidade
Aproveitar a humidade para remoção do tecido
Opções possíveis
Alginatos
Pegam-se às feridas, quando estas têm pouco exudado MÁ OPÇÃO TERAPÊUTICA
Função
o Desbridamento
o Absorvente de exsudado humidifica
o Hemostático
Necessita de penso secundário
Não se pode por em pele sã ou desidrata-a
Esperar 3dias para retirar
Constituição
o Polissacáridos cujo constituinte principal é o sal do ácido algínico
Mecanismo de acção
o Absorção do exsudado com formação de um gel devido às trocas iónicas entre
o penso e o exsudado
Aplicação
o A sua aplicação não deve exceder o leito da ferida. Fixar com um penso
secundário
Hidrofibras (Aquacel)
Pode exceder o leito da ferida
Bom absorvente e desbridante (menos que o alginato)
Não se pode usar em tudo
Constituição
o Fibras de carboximetilcelulose com baixa capacidade de dissolução
Mecanismo de acção
o Absorção vertical do exsudado sem expansão lateral do mesmo
Aplicação
o A sua aplicação pode exceder o leito da ferida.
o Fixar com um penso secundário
Espumas/Hidrocelulares
As espumas têm maior capacidade para gerir a humidade do leito do que os
hidrocelulares
Usam-se directamente na ferida ou como penso secundário
Usam-se até 8dias, muda-se quando há decalque que +/-1cm das margens ou quando
tem uma cor diferente
Um 1cm pelo menos deve estar colocado em pele sã
Constituição
o Camada exterior semi-permeável, camada interna constituída por grânulos
absorventes e uma camada não aderente que entra em contacto com o leito
da ferida
Mecanismo de acção
o Absorção vertical do exsudado
Aplicação
o A sua aplicação pode exceder o leito da ferida. Deve escolher-se a
apresentação mais adequada (cavitária, com/sem rebordo adesivo). Pode ser
considerada penso primário ou secundário
Feridas cavitárias com fibrina amarela seca, aderente, com exsudado
Objectivos:
Fornecer humidade
Promover a sua remoção
Opções possíveis
Hidrocolóides, espumas, hidrofibras e alginatos
Feridas cavitárias com tecido amarelo fibrinoso e tecido de granulação
com exsudado abundante a moderado
Objectivos:
Equilibrar o exsudado
Aproveitar a humidade para remoção do tecido
Proteger o tecido de granulação que vai crescendo
Alginato
Feridas planas com tecido de granulação com exsudado moderado a
escasso
Objectivos:
Equilibrar o exsudado
Proteger o tecido de granulação
Seleccionar um material que não deixe resíduos
Alginato ou espumas + penso secundário
Feridas cavitárias com tecido de granulação com exsudado moderado a
escasso
Objectivos:
Equilibrar o exsudado
Proteger o tecido de granulação
Seleccionar um material que não deixe resíduos
Opções possíveis
Penso de Hidrogel
Queimaduras superficiais e abrasões
Não é um gel, mas é à base de água (70/80%)
Dura uma semana
Penso directo, que não serve como secundário
Constituição
o Gel transparente de polímeros insolúveis impregnados com água, cloreto
sódio 0,9% ou glicerina
Mecanismo de acção
o Hidratação suave dos tecidos e manutenção do leito da ferida húmido
Aplicação
o Aplicação no leito da ferida
Película de Poliuretano
Constituição
o Película muito fina de poliuretano que pode ter face de contacto com o leito
da ferida de silicone ou outro polímero
Mecanismo de acção
o Efectua trocas gasosas e não permite o contacto com fluidos externos; acção
protectora
Aplicação
o Aplicação na região a proteger ou utilização como penso secundário
Feridas em epitelização com exsudado escasso
Objectivos:
Manter a humidade ideal para as células epiteliais migrarem, sem desidratarem
Proteger a ferida de possíveis danos
Opções possíveis
Penso de Silicone
Usam-se quando há quebras subcutâneas
Podem usar-se em vez dos stripps
Constituição
o Camada de silicone de contacto, fina, porosa em material não tecido,
conformável, impregnado em ambos os lados com uma camada de silicone
Mecanismo de acção
o Estrutura aberta que permite a passagem do exsudado para o penso
absorvente
Aplicação
o No leito da ferida, lavagem com solução apropriada e secagem de pele
perilesional e aplicação de penso secundário
Feridas infectadas
Objectivos:
Reduzir a carga bacteriana do leito
Opções possíveis
Iodo (iadine – não é muito usado)
Constituição
o Rede de cadexómero impregnada com iodo e compressa de viscose e
polietilenoglicol impregnada com iodopovidona
Mecanismo de acção
o Libertação do iodo que se liga irreversivelmente às poteínas e oxida o
protoplasma bacteriano
Aplicação
o Aplicação na ferida e fixação com um penso secundário, que tenha capacidade
de manter um ambiente húmido equilibrado (espuma)
Prata
Pode ficar na ferida
Constituição
o Pensos não aderentes, com prata iónica, nanocristalina (etc…) integrada numa
matriz
Mecanismo de acção
o Libertação ou não da prata activa que altera a conformação da membrana
bacteriana e o mecanismo de divisão celular
Aplicação
o Aplicação na ferida e fixação com um penso secundário, que tenha capacidade
de manter um ambiente húmido equilibrado (espuma)
Mel
Muito usado em doentes que são resistentes à prata
Há dor durante a 1ªhora de utilização
Adapta-se à ferida e sai todo quando é removido
Acção principal – antimicrobiano
Constituição
o Constituído por açucares, proteínas, vitaminas, sais minerais e h2o e tem pH
ácido
o Rede impregnada com mel ou pasta com mel e argila, cera e óleos gordos
Mecanismo de acção
o Acção oxidante antimicrobiana, cedência de água e drenagem de fluído
linfático e estimulante do sistema imunitário
Aplicação
o Aplicação na ferida e fixação com um penso secundário (película transparente
ou espuma, conforme o volume do exsudado)
Polihexanida
Não é um penso, mas uma técnica por arrastamento
Aplica-se com compressa durante 10minutos, depois retira-se e aplica-se gel
Usa-se para desbridar e com acção antimicrobiana
Constituição
o Gel ou fibras de celulose impregnado com PHMD
Mecanismo de acção
o Interacção com os fosfolípidos da parede bacteriana
Aplicação
o Aplicação na ferida e fixação com um penso secundário, que tenha capacidade
de manter um ambiente húmido equilibrado
Películas Poliméricas
Constituição
o Copolímero acrílico com um plastificante e um solvente em spray ou creme
hidratante, entre outros
Mecanismo de acção
o Forma uma película semi impremeável que efectua trocas gasosas e não
permite o contacto com fluídos externos
Aplicação
o Aplicação na região a proteger
Ácidos Gordos Hiperoxigenados
Tem de esperar antes de se colocar um penso, depois da sua aplicação, porque como é
um ácido gordo diminui a fixação do penso
Constituição
o É uma solução de Ácidos Gordos Hiperoxigenados, ácidos gordos essenciais
(linoléico), Aloe Vera, Centella Asiática, tocoferoles (Vit E)
Mecanismo de acção
o Favorece a restauração do filme hidrolipídico, a renovação celular, a
restauração da circulação capilar e aumenta a resistência da pele aos agentes
causadores das úlceras de pressão
Aplicação
o Aplicação na região a proteger
Pressão Tópica Negativa
Constituição
o Tecnologia não invasiva que consiste numa bomba de pressão negativa
conectada por um tubo a um penso, que preenche uma ferida cavitária, selado
por uma pelicula de poliuretano
Mecanismo de acção
o Esta terapia fornece um sistema fechado em que pressão negativa é gerada na
interface penso/ferida
o O sistema remove o exsudado a mais e promove a granulação
Aplicação
o O penso que preenche uma ferida cavitária é composto por uma espuma de
poliuretano , selado por uma pelicula de poliuretano
Feridas com odor importante, cuidados paliativos
Objectivos:
Controlar os sintomas
Melhorar a Qualidade de Vida do Doente
Opções possíveis
1. Carvão Activado
Não ajuda na dor, só reduz/elimina dor e diminui exudado
Constituição
o Membrana que envolve uma camada central impregnada de carvão activado
Mecanismo de acção
o Adsorção de ácidos gordos e aminas voláteis que se libertam do metabolismo
bacteriano
Aplicação
o Pode ser aplicado ou não no leito da ferida. Não deve ser cortado e deve ser
fixado com um penso secundário
Cuidado à pele perilesional
“It is important to treat the whole patient and not just the ‘‘hole’’ in the patient.” (Sibbald et al
2011)
1. Abordagem à pessoa com ferida
2. Cuidados centrados na pessoa
3. Cuidados centrados na ferida
Definição Pele Perilesional
É aquela pele que envolve e rodeia a lesão, com extensões que, a maioria das vezes,
dependem do grau de gravidade, da localização ou da magnitude do problema
Limitada à volta de uma úlcera de pressão
Pele à volta das feridas, quando existe não se dá migração dos bordos
Factores que condicionam a pele perilesional
Nível de Exsudado /Maceração
Material de Penso/ Adesivos e pensos com rebordo
Incontinência urinária e fecal
Tempo excessivo de permanência do penso
Maceração
Não é mais que a saturação da pele por fluídos durante um espaço de tempo
prolongado
Ao fim de algum tempo, esta exposição à humidade provoca o destacamento da pele e
a sua ruptura consequente
A pele perde a sua função barreira e de defesa com consequente aumento do risco de
infecção
Aparece de forma habitual no decurso do tratamento de feridas, principalmente nas
crónicas
A causa da maceração deriva da excessiva quantidade de líquido que entra em contacto com a
pele que rodeia a lesões
Estes fluidos podem ser produto da própia ferida –exsudado– ou resultado da
conjunção de suor, perda de água transepidermal, urina e fezes diarreicas
A produção da humidade constante é reforçada no casos das UP, pois facilita a ruptura da pele
das zonas submetidas a forças de pressão e fricção
Impacto do excesso de humidade na pele
A humidade excessiva na pele
Pode lesar pele perilesional
Aparecendo sinais de Maceração
Complicações de um deficiente controlo do exsudado
Maceração
Impacto do excesso de humidade
A maceração define-se como a ruptura da pele como resultado da exposição prolongada à
humidade.
Estas lesões apresentam-se como um engrossamento dos bordos, e de aspecto esbranquiçado.
Maceração e Epitélio
Não confundir a maceração com epitélios neoformados que apresentam um aspecto mais
brilhante, resultado do processo de cicatrização da úlcera.
Maceração – Pontos chave
Deve-se utilizar apósitos que absorvam e retenham o exsudado
A composição e a quantidade de exsudado transmitem informação sobre a quantidade
e a presença de complicações como a infecção
A pele perilesional é muito vulneravel ao contato com exsudado e secreções
Eritema
Definido por um vermilhão que pode ser difuso ou circunscrito numa zona concreta,
dependendo de causas multifactoriais
Como resultado de reação de contacto irritativa ou alérgica aos componentes dos
pensos, de fármacos de uso tópico ou adesivos
Como causa de inadequada adaptabilidade do saco de ostomias, de sistemas de
fixação complementares
Por pocisionamentos desadequados pelos quais todo o peso do doente recaí sobre a
zona da ferida
Por uma relação directa e constante com líquidos, secreções e exsudados em
ostomias, drenagens, fístulas e sondas
Por causa de dobras e voltas irregulares das ligaduras e por uma técnica deficiente
Como consequência de uma incontinência urinária ou mista não controlada pelo tipo
de fralda e por cuidados desadequados
Produtos de Cuidado à Pele
Os produtos hidratantes são sustâncias que hidratam a pele activamente
São sustâncias oleaginosas suaves que se aplicam sobre a pele ajudando a substituir os
azeites naturais
o Diminui a perda de água
A película aplicada reduz a evaporação de água da pele, e mantém a humidade no seu
interior
Devem aplicar-se sobre pele intacta. Com massagem suave para evitar a maceração da
zona
Vitamina A e Massagem activa NUNCA em úlceras de perna
Emolientes
O termo emoliente refere-se a preparados com os quais se cobre a superfície da pele,
retendo água dentro do estrato córneo e favorece a restauração do manto
hidrolipídico
São preparados que se usam como uma barreira para melhorar a proteção da pele
perante a humidade, urina e fezes
Compostos principalmente por lípidos, que se podem extrair de produtos animais
(como a lanolina e o petrolato) ou vegetais (frutos secos, sementes e azeite de
girassol)
Perilesional- Produtos Barreira
São todos os preparados que facilitem a proteção da pele mediante a configuração de
um revestimento impermeabilizante perante o excesso de humidade ou a acção
irritante da urina, fezes ou outras substâncias
Podem conter componentes com efeitos bacteriostaticos (propilenglicol,…) e
regeneradores naturais (aloe vera, azeite de alfazema,…).
Barreira: Óxido de Zinco - NÃO
São os produtos barreira mais utilizados, pela sua acessibilidade, custo e tradição em
pessoa com pele frágil tais como crianças e idosos e pessoas afetadas pela
incontinência
Quando associados com outros compostos, especialmente perfumes, pode aumentar
o seu potencial alergénico
Dificultam a inspecção da pele e a sua utilização pode variar a capacidade de absorção
e a adesividadade dos materiais do material de penso utilizados sobre essas áreas.
Igualmente provocam uma resistência firme na sua remoção com os métodos
habituais de limpeza, sendo preciso a aplicação de substâncias oleosas.
Não devem utilizar-se na pele com sinais de infeção e com fezes
Barreira: Cremes de Silicone
São produtos transparentes que facilitam a visualização da pele, fáceis de aplicar, e
ainda reduzem a resistência às forças de fricção nessa localização
A sua principal acção deriva da sua capacidade de repelir a humidade
Na sua fórmula estão combinados com hidrocarboretos hidrocarburos e/ou água.
Películas Poliméricas
São compostas por um derivado copolimérico acrílico sem componente alcoólico
A sua principal acção se basea na proteção da camada córnea da pele, engrossando-a,
e formando uma barreira impermeabilizante para os fluídos mas permeável aos gases.
São úteis quando utilizados em associação com pensos adesivos , aumentando este
efeito e reduzindo os riscos de lesão no processo de remoção
Não necessita retirar os restos do produto.
Não provoca irritação, dor no contacto com lesões abertas ou mucosas
O seu efeito mantém-se até 72 h. depois da sua aplicação, inactivando-se se aplica
produtos oleosos ou se exerce uma fricção enérgica sobre a zona aplicada
Vantagens
Impermeáveis aos fluidos
Permite trocas gasosas
Permite que o penso “cole”
Aplica-se após se ter limpo a ferida
Pensos com rebordo adesivo - NÃO
Alguns pensos adesivos tais como os filmes de poliuretano e hidrocolóides finos,
podem ser incluídos como produtos barreira
Existem algumas complicações associadas ao seu uso, tais a facilidade em “enrodilhar”
nos bordos, tensão excessiva, possibilidade de reter exsudado, de proliferação
bacteriana ou possíveis reações alérgicas
O alergéneo mais frequentes causam complicações tão ou mais graves que a ferida
Fragâncias 30,5 %
Pele Perilesional e Material de Penso
Os pensos para o tratamento de feridas podem saturar-se ; se não se mudarem até ao
extravazamento do exsudado,
O que provoca uma exposição da pele contínua ao exsudado
Aumenta o risco de lesão
E é requerida menor fricção para lesionar a pele quando esta se encontra sobre
hidratada
Pontos Chave
O bordo perilesional deve manter-se livre de restos e detritos
Não se deve realizar manobras agressivas nas feridas nem acções mecânicas
Temos que respeitar o bordo das lesões crónicas e ser meticuloso no seu cuidado