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1 INOVAÇÃO NO DNA Seminário Nacional reuniu cerca de 850 pessoas em Porto Alegre Como a gigante Braskem conduz a inovação A incubadora brasileira que está ajudando a reconstruir o Moçambique Ambiente da inovação brasileira Micro e pequenas empresas são maioria no mercado de biotecnologia. Em incubadoras e parques tecnológicos, elas encontram o apoio que precisam para crescer e inovar

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A revista Locus é uma publicação trimestral da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

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INOVAÇÃO NO DNA

Seminário Nacional reuniu cerca de 850 pessoas em Porto Alegre

Como a gigante Braskem conduz a inovação

A incubadora brasileira que está ajudando a reconstruir o Moçambique

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVII | no 65Janeiro 2012

Micro e pequenas empresas são maioria no mercado de biotecnologia. Em incubadoras e parques tecnológicos, elas encontram o apoio que precisam para crescer e inovar

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46 ESTUDO Anprotec e MCTI fi zeram levantamento da situação das incubadoras de empresas brasileiras. Conheça as principais conclusões

39 INTERNACIONAL Como uma incubadora social do Rio de Janeiro está ajudando na reconstrução do Moçambique

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Enti dades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

Conselho EditorialJosealdo Tonholo (presidente)

Carlos Américo PachecoJorge Audy

Marli Elizabeth Ritt er dos SantosMauricio Guedes

Maurício Mendonça

Coordenação e ediçãoDébora Horn

ReportagemBruno Moreschi, Camila Augusto,

Débora Horn e Talita MarçalColaboração: Trama Comunicação

Jornalista responsávelDébora Horn

MTb/SC 02714 JP

Direção e edição de arteBruna de Paula

Colaboração: Hiedo Bati sta

RevisãoVanessa Colla

Foto da capaShutt erstock

PresidenteFrancilene Procópio Garcia

Vice-presidenteJorge Luís Nicolas Audy

DiretoriaGisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena,

Sérgio Risola e Tony Chierighini

SuperintendênciaSheila Oliveira Pires

Coordenação de Comunicação e Marketi ngGenny Coimbra

ImpressãoAthalaia Gráfi ca e Editora Ltda

Tiragem3.500 exemplares

Produção Apoio

EndereçoSCN, quadra 1, bloco C,

Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211Brasília/DF - CEP 70711-902

Telefone: (61) 3202-1555E-mail: [email protected]

Website: www.anprotec.org.brAnúncios: (61) 3202-1555

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVII ∙ Outubro 2011 ∙ no 65 ∙ ISSN 1980-3842

ÍNDICE

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6ENTREVISTA

Conheça Marcos Wettreich, o empreendedor carioca que já criou 15 empresas de sucesso –e vendeu quase todas

10EM MOVIMENTO

Um balanço do XXI Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e as novidades da inovação no Brasil

HABITATS

Sebrae e Anprotec lançam edital que distribuirá cerca de R$ 28 milhões a incubadoras de diferentes portes e regiões do país

SUCESSO

Descubra os principais diferenciais dos vencedores do XV Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, concedido pela Anprotec

48 CULTURA Saiba mais sobre “A minoria que arruinou um país”, fi lme que revela os basti dores da crise econômica de 2008

50 OPINIÃO Mauricio Guedes comenta a escolha do novo Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação

30TECNOLOGIA DA VIDA

Maioria no setor, micro e pequenas empresas que atuam na área de biotecnologia ainda enfrentam barreiras para crescer. Captação de recursos, marcos regulatórios confusos e difi culdade de mensurar o valor do negócio estão entre as principais preocupações dos empreendedores. Para apoiar o desenvolvimento, espalham-se pelo país parques e incubadoras voltados a essas empresas

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LOCUSEm outubro do ano passado, ti vemos a oportunidade de,

mais uma vez, reunir pessoas de diferentes formações, regiões e interesses para refl eti r sobre o desenvolvimento que queremos para o Brasil. No XXI Seminário Nacional

de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, realizado em Porto Alegre (RS), pudemos conhecer e discuti r modelos e es-tratégias que construíram territórios mais competi ti vos e, assim, garanti ram crescimento econômico e avanços sociais importantes. Nesse contexto, confi rmamos o enorme potencial de contribuição de incubadoras de empresas e parques tecnológicos ao desenvol-vimento sustentável.

Entre as medidas apontadas como fundamentais para alavan-car a competi ti vidade de um território, está o apoio a micro e pe-quenas empresas inovadoras, como as que dominam o setor de biotecnologia no Brasil. Esse é o tema de nossa reportagem de capa, que relata o dinamismo da área e os desafi os enfrentados pelos empreendedores brasileiros para operar e inovar. Além da difi culdade de encontrar espaços adequados, captar recursos e importar insumos, muitas empresas se deparam com a ausência de marcos regulatórios ou sua completa desatualização. Por isso, empreendimentos nascentes têm encontrado amparo em incu-badoras e parques tecnológicos de todo o país, alguns voltados especifi camente para o setor, como mostra a matéria que inicia na página 30.

Os resultados desse apoio, não apenas no setor de biotecnologia, podem ser conferidos na seção Sucesso, que reúne, a parti r da página 22, a história dos seis vencedores do 15o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, promovido pela Anprotec em parceria com o Sebrae. São exemplos que se destacaram entre os 64 inscritos na premiação. Em comum, tanto em enti dades com mais de duas décadas quanto em projetos e empresas nascentes, a busca contí nua pelo aperfeiçoamento.

Para que mais empreendimentos possam ati ngir esse patamar, o apoio às incubadoras é funda-mental. Por isso o Sebrae acaba de lançar, em parceria com a Anprotec, um edital voltado à implan-tação do modelo de gestão Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) em incubadoras de todos os portes. Ao todo, serão cerca de R$ 28 milhões em recursos, como revela a matéria da página 20.

E se a ideia é ser grande, nada melhor que conhecer o modelo de gestão da inovação adotado pela Braskem. Hoje a gigante petroquímica colhe os resultados da soma entre uma políti ca sólida de P&D e parcerias com centros de pesquisa – os detalhes desse modelo podem ser conferidos na seção Conhecimento (página 42).

Esses são apenas alguns dos destaques desta edição, repleta de informações importantes sobre o movimento do empreendedorismo inovador, que a cada ano se renova e fortalece.

Boa leitura! Conselho Editorial

CARTA AO LEITOR

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Lições de umempreendedor serial

O empresário carioca Marcos Wettreich é um empreendedor que vive de

ideias. Muitas ideias. Aos 48 anos, lançou 15 empresas, todas consideradas

criativas pelo mercado. Seu último projeto, o portal Greenvana, mistura

sustentabilidade e e-commerce. Além de vender produtos orgânicos e

ecologicamente corretos, o site disponibiliza conteúdo sobre o mercado

sustentável e premia iniciativas verdes.

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ENTREVISTA > Marcos Wettreich

Lições de umempreendedor serial

Essa não é a primeira vez que Wettreich toma a dianteira de um setor que dá os primeiros pas-sos no Brasil. Em meados da década de 80, foi pioneiro ao enxergar o potencial de negócio da tecnologia. Ainda estudante, fundou com cole-gas de faculdade a Saga, empresa voltada para telecomunicações. Em 1989, deixou o negócio inicial para criar sozinho a Mantel, responsável por eventos e congressos de tecnologia. A par-tir daí Wettreich passou a ter um negócio atrás do outro. Abriu uma editora com publicações na área tecnológica, inventou o famoso prê-mio iBest e lançou a agência de marketing di-gital MLab. O executivo idealizou ainda um dos maiores provedores brasileiros de acesso à web, o também iBest. Em 2003, faturou milhões ao vendê-lo à Brasil Telecom, hoje Oi.

A profusão de novos empreendimentos continuou. Vieram então a companhia de pes-quisas Opinia, o guia de vídeos online WeShow e até um centro de bem estar chamado Nirva-na, para ficar em alguns exemplos. Foi no Rio de Janeiro, no escritório da Greenvana, a atual menina dos olhos de Wettreich, que o CEO re-cebeu a Locus para falar um pouco do que é ser um empreendedor serial, cujo grande ta-lento é criar empresas, sem perder de vista a inovação. Durante a conversa, destacam-se as táticas particulares do empresário para seguir empreendendo e o conhecimento de quem fez da tecnologia e da sustentabilidade negó-cios de sucesso.

LOCUS > Aos 21 anos, o senhor e quatro colegas universitários fundaram sua primeira empresa de sucesso, a Saga. O que é necessário para que mi-cros e pequenos empresários abram negócios bem sucedidos, mesmo que com pouca experiência?

Marcos Wettreich > Primeiro, sorte, porque especialmente quando você nunca fez negó-cios antes, não tem muitos dados, é mais in-tuitivo. E a economia pode mudar. Também, é difícil medir a reação de mercado, o que vai acontecer se você fizer tal coisa, se tiver um concorrente, se existir outro produto ou ser-viço oferecido por outra empresa. Segundo,

estudar muito o que quer fazer. Estudar para entender quais são os custos. Às vezes, em um negócio, você pensa “puxa, vou vender muito, ganhar muito dinheiro com isso”, mas esquece que “isso” custa dinheiro para ser feito. Princi-palmente quando não se tem experiência, você se vê às voltas com custos não planejados, o que pode ser um problema. Terceiro, tem que investigar os concorrentes. Saber o que eles podem fazer, quais reações podem ter. Porque se você for bem, vai existir reação. É preciso estudar bastante, tanto o seu mercado quanto o seu concorrente. Torça para ter sorte, esco-lha direito a área e o que quer fazer. E saiba que vai ter muito trabalho.

A busca por recursos se mostra como um grande desafio ao empreendedorismo. Seus negócios sempre foram iniciados com recursos próprios?

Quando eu comecei a fazer negócios não existiam financiamentos, investidores, nem as taxas de juros razoáveis que existem hoje. Na minha primeira empresa peguei US$ 2 mil emprestados com um amigo. Depois disso, to-das as outras empresas que fiz, comecei com o meu dinheiro. Elas foram dando certo e eu vendia a participação da empresa para um e para outro. Essa é uma característica minha.

E para os novos empreendedores, qual a melhor forma de financiar negócios inovadores no Brasil?

Podem procurar um angel investor, que é aquele que investe um valor relativamente pequeno, com um percentual pouco significa-tivo, mas não vai querer ver muita coisa da em-presa. O investidor anjo vai acreditar na ideia e em você. Este é o primeiro estágio. Isso, se você não conseguir o seu dinheiro, se não ti-ver a sua reserva ou a da sua família. Ou não tiver um amigo para quem pedir emprestado. Em uma segunda etapa, já pensando em algo mais estruturado, a opção é o venture capital. Também é possível que você tenha uma super ideia, alguma experiência e comece no mercado já vendendo um pedaço da sua empresa para conseguir o capital necessário para iniciá-la.

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O senhor costuma vender seus empreendimen-tos para se dedicar a outros projetos. Qual o momento certo para vendê-los, sem se precipi-tar e sem perder o timing?

Seria o momento de maior diferença entre a percepção de valor que o mercado dá ao seu negócio e a percepção de valor que você dá. Se a diferença está muito grande, é hora de ven-der. Por mais que a empresa esteja crescendo ou diminuindo, não importa.

Desde o início dos anos 90, o senhor lançou 15 empresas, número que demonstra seu empre-endedorismo em série. Quais características são fundamentais para que um empreendedor seja serial?

Isso é uma coisa que pouca gente tem: a busca incessante por algo que não existe. Sem-pre querer criar, a todo momento estar com a mente ligada, concatenando ideias, trans-formando-as em oportunidade de negócio. Gerenciar um negócio não é suficiente, tem que criar oportunidade. Você não se satisfaz em entender que existe a oportunidade, quer fazê-la acontecer. É necessário abdicar de mui-ta coisa, gostar mesmo de trabalhar. Também é preciso que se tenha uma característica e uma área na qual seja muito bom para poder criar excelência nas várias empresas. Ao mes-mo tempo, tem que apostar em algo que seja um bom negócio. E, para isso, é indispensável entender de negócio, ter drive comercial. Você não cria porque é bonito, cria porque é um bom negócio.

Qual a importância da inovação para o sucesso de um empreendimento?

Todo empreendimento de sucesso tem que ter inovação. A inovação não significa inven-tar algo novo. Significa fazer algo novo. Por exemplo, conseguir elaborar um processo de modo que seja economicamente melhor que outro, com custo mais baixo, mais rápido ou mais bonito. Tudo isso é inovação. Você só se diferencia com ela. De novo: não estou falan-do de inovação como invento, mas uma nova abordagem de um problema.

Como transformar a inovação no diferencial competitivo de uma empresa?

Na verdade, é como fazer para que esse di-ferencial competitivo, a inovação, se transfor-me em um negócio. Esta é a pergunta: como se faz para ter uma empresa? Não é tão fácil abrir um negócio. Você precisa já ter uma noção. Eu tive sorte, porque as minhas primeiras empre-sas acho que eram tão boas, tão interessantes, tão lucrativas, que eu podia até errar, como er-rei, em não fazer uma estrutura administrativa e financeira melhor, algo que fui aprendendo ao longo do tempo. Felizmente, apostei em áreas que me permitiam errar.

Por falar na importância de escolher áreas com potencial para empreender, sua carreira prati-camente toda foi marcada por negócios ligados ao setor tecnológico. Como o senhor optou pela tecnologia?

Veio por acaso. Eu ia fazer bioengenharia. Queria construir braços biônicos por cau-sa de uma série chamada O Homem de Seis Milhões de Dólares, que eu adorava. Quando comecei a primeira empresa com sócios, não sabia mexer em computador, enquanto todos os meus amigos já sabiam. Até hoje não sei programar. Nunca programei qualquer coisa que não fosse trabalho de colégio para entre-gar. Não tenho paciência. Gosto da tecnologia como ferramenta para algo, e não da tecno-logia por si só. Gosto de chegar a algum lu-gar com ela. Não consigo deixar de acessar

ENTREVISTA > Marcos Wettreich

“GERENCIAR UM NEGÓCIO NÃO É SUFICIENTE,

TEM QUE CRIAR OPORTUNIDADE. VOCÊ NÃO

SE SATISFAZ EM ENTENDER QUE EXISTE A

OPORTUNIDADE, QUER FAZÊ-LA ACONTECER.

É NECESSÁRIO ABDICAR DE MUITA COISA,

GOSTAR MESMO DE TRABALHAR”

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o Skype com vídeo e não me maravilhar com o fato de ter videoconferência de graça hoje em dia, o que, para mim, é coisa de Jetsons, outro seriado antigo. Me maravilho com isso. Aprecio muito tecnologia, mas como usuário. Eu sou um bom usuário – um usuário capaz de prever muita coisa que vai acontecer com tecnologia.

Para alguém cuja trajetória profi ssional se con-funde com a história da internet no país, como o senhor vê o futuro da rede?

Há três anos me fi zeram esta pergunta e vou dar a mesma resposta: geolocalização. Di-ferente de três anos atrás, hoje já tem bastante coisa neste campo. Entender onde uma pessoa está, o que tem à volta dela, a possibilidade de ela interagir com quem e com o que está à sua volta. A internet vai deixar de ser “A” internet para ser algo que permeia tudo. Vamos deixar de entender a internet como algo à parte. A rede é a integração das pessoas ao ambiente à volta delas. E essa “volta” pode ser o mun-do todo, tudo o que você quiser. Ao juntarmos isso a telas, em que conseguimos olhar, falar, ter o reconhecimento de voz, podemos brincar de pensar 10 mil coisas.

Na sua opinião, o que há de mais interessante e potencial na internet atualmente?

Rede social. Saber falar com grupos de pes-soas, interagir com elas. A rede social tende a ser uma camada sobre a internet, que também vamos deixar de entender como o fazemos hoje. É o lugar onde as coisas acontecem. Uma em-presa, por exemplo, não só vai nos oferecer algo, mas também será onde poderemos encontrar nossos amigos e outras pessoas no meio digital ou presencial. A rede social vai servir como uma interface onde será possível fazer coisas também pelos meios presenciais.

Sua últi ma empreitada é o portal Greenvana, maior empresa na área de consumo sustentá-vel no país. Sua atenção agora está toda volta-da para o Greenvana? Como surgiu a ideia?

O Greenvana é uma constatação sobre o mercado de sustentabilidade, que é uma super oportunidade. Outro dia estava vendo um te-lejornal na televisão e me perguntei: “Tá bom, sustentabilidade. Mas, se eu for comprar, vou comprar o quê?”. Não conseguia entender o que comprar, onde comprar e de que marca. Aí resolvi fazer uma das maiores empresas da área. Foi assim.

Qual o potencial de crescimento do negócio sustentável no Brasil?

No Brasil, há uma preocupação maior que a média com a natureza. As pessoas são muito ciosas de protegê-la. Gostam muito de falar do assunto, de discuti-lo. Esta é uma razão de estar-mos indo tão bem na internet. Se formos com-parar a consciência sustentável brasileira com a dos Estados Unidos, por exemplo, percebemos que lá existem vários níveis de consciência. A Califórnia tem um nível, Nova York e o centro outro. Como um todo, o Brasil pode até estar me-lhor que o centro dos Estados Unidos, mas ainda está muito aquém da Califórnia. O Brasil tem que caminhar bastante. Mas as coisas vão bem.

Wett reich: um usuário capaz de prever o futuro da tecnologia

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ENTREVISTA > Marcos Wettreich

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Foram apenas cinco dias que, por meio da exposição e do debate de ideias e modelos, renderam uma exten-sa e proveitosa lista de ferramentas e estratégias para alavancar o desenvolvimento sustentável. Esse foi o sal-do do XXI Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e XIX Workshop Anprotec, realizado entre os dias 24 e 28 de outubro de 2011 em Porto Alegre (RS). Com o tema “A Nova Competitividade dos Territórios”, o evento reuniu cerca de 850 pessoas, que participaram de palestras, minicursos, workshops,

reuniões paralelas e debates.Promovido por Sebrae e Anprotec, o Seminário foi

realizado no Centro de Eventos da Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com orga-nização local do Tecnopuc – parque tecnológico vincu-lado à instituição – e da Rede Gaúcha de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (Reginp). “Embo-ra tenhamos buscado oferecer atrações diversas, para diferentes públicos, sabemos que a riqueza do evento está muito mais na interlocução entre os participantes do que na própria programação”, avaliou o presidente do Tecnopuc, Roberto Moschetta.

Os eventos abriram espaço para a avaliação do papel de parques tecnológicos e incubadoras na construção de territórios mais competitivos, nos quais haja sinergia entre mecanismos de inovação e estratégias de desenvolvimento. “A contribuição de parques tecnológicos e incubadoras de empresas para o crescimento de empreendimentos inova-dores já é reconhecida. Agora, essas instituições avançam vigorosamente no reposicionamento de suas atividades, ainda mais estratégico. Nossa expectativa é que seus gesto-res, assim como empreendedores e investidores, saiam do Seminário mais aptos a atuar nesse novo cenário”, explicou o presidente da Anprotec, Guilherme Ary Plonski.

Nova competitividade Para o secretário de desenvolvimento tecnológico e

inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inova-ção, Ronaldo Mota, parques e incubadoras podem servir de base para o desenvolvimento sustentável. “Avança-mos muito em Ciência, Tecnologia e Inovação, mas ain-da temos um Brasil assimétrico, que não foi igualmente capaz de transferir o conhecimento para a sociedade, transformando-o em negócios. Por isso é preciso apoiar ambientes que fomentem essa transferência, como incu-badoras e parques tecnológicos”, afi rmou.

Ao longo do Seminário, representantes de diversas instituições nacionais e internacionais importantes de-

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Seminário Nacional: empreendedorismo e inovação

na rota do desenvolvimento

A cerimônia de abertura (no alto) foi presti giada pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Acima, a sessão plenária com Ênio Pinto, do Sebrae, Annalisa Primi, da OCDE, e Antonio Galvão, do CGEE

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EM MOVIMENTO

bateram a situação da inovação em diferentes países e o incentivo às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento em âmbito regional. Entre as principais sessões plenárias, destaque para a que contou com a presença da economis-ta Annalisa Primi, da França, que integra a Unidade de Análise Estrutural e Competitividade da Organização para Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A economista defendeu que o desenvolvimento seja pensado a partir de fatores econômicos, sociais e am-bientais de cada região de um país. “Não existe um país homogêneo, em que todas as regiões tenham o mesmo nível de desenvolvimento, de P&D, de atividade indus-trial e de evolução tecnológica. Mas há países que pos-suem uma heterogeneidade maior ou menor entre seus vários estados ou regiões, como no caso dos países da OCDE. O país que tem a pior posição, tanto por PIB per capita da região, quanto por emprego qualifi cado é o Mé-xico, sendo que nem a capital consegue chegar a uma posição média entre os outros países”, afi rmou Annalisa.

Em sua apresentação, Annalisa indicou as principais diferenças entre os países integrantes da OCDE, no que

se refere ao grau de inovação, investimento e P&D. Na liderança estão os Estados Unidos, com os maiores inves-timentos no setor e um modelo que considera o cresci-mento de cada região em paralelo. “Os Estados Unidos, como país, investe muito em P&D, mas também a maioria dos estados individualmente o faz, mais ainda do que al-guns países da OCDE. Eles têm uma política de inovação e P&D muito densa”, afi rmou a economista. Segundo ela, isso demonstra a necessidade de investimento em pes-quisa e um pouco mais de ousadia em relação às políticas públicas, não só no Brasil como em cada região do país.

Além de Annalisa, participou da plenária sobre o tema o diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Antonio Carlos Filgueira Galvão, que apresentou modelos de desenvolvimento baseados na competitivi-dade dos territórios. O evento contou com outras cinco sessões plenárias, que discutiram as oportunidades para os habitats de inovação, o desenvolvimento de empresas inovadoras de alta performance, desafi os para a criação de um Brasil Maior, ecossistemas para inovação e regi-ões e cidades inovadoras.

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Empreendedores, gestores de incubadoras e parques, investi dores e representantes de órgãos públicos parti ciparam de palestras e workshops (imagens do alto). Nos intervalos, a troca de experiências, reforçada na festa de encerramento (acima).

_XXI SEMINÁRIONACIONAL EM NÚMEROS

• 840 parti cipantes– 22 estados– 13 países

• Ati vidades/Programação– 6 minicursos– 2 workshops– 6 sessões plenárias– 6 apresentações especiais paralelas– 6 sessões técnicas paralelas – 86 trabalhos cientí fi cos apresentados na sessão de pôsteres– 3 visitas técnicas

SEMINÁRIO

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Eventos paralelos: oportunidades para entidades parceiras

Além do tradicional Workshop Anprotec, o Seminário Nacional opor-tuniza a realização de outros even-tos paralelos, ampliando a interação entre os participantes e entidades parceiras. Na última edição, insti-tuições como Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), infoDev (fundo do Banco Mundial

voltado a projetos na área de tecno-logia da informação) e International Association of Science Parks (IASP) realizaram encontros, workshops e reuniões.

No dia 26 de outubro, a ABDI re-alizou o Worshop de Negócios em Biotecnologia. “A opção de realizar o Worskhop no mesmo período do Se-

minário buscou ampliar oportunida-des e opções de palestras aos partici-pantes dos eventos, dar continuidade às ações conjuntas entre a ABDI e a Anprotec e otimizar os recursos in-vestidos. Os eventos são independen-tes, mas caracterizam nossa grande sinergia de trabalho interinstitucio-nal”, afi rma Wilker Ribeiro Filho, es-pecialista em projetos da ABDI.

O Workshop tinha como objetivo apresentar e debater temas de inte-resse das empresas e instituições da área de biotecnologia. “O workshop foi elaborado para contribuir com o alcance das metas previstas pelo Plano Brasil Maior, ao esclarecer mecanismos existentes e envolvidos no aumento da competitividade de empresas de base biotecnológica ou dependentes dessa tecnologia”, explica a diretora da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal.

O infoDev aproveitou o Seminá-rio para realizar, nos dias 24 e 25 de outubro, dois dos 12 módulos do Programa de Treinamento de Ges-tores de Incubadoras, lançado pelo fundo em 2010. Apresentado por Jill Sawers, especialista do infoDev da África do Sul, e Manuel Bello, co-ordenador da RedLAC no Uruguai, o primeiro módulo orientou a implan-tação de um programa de mentoring. Foram abordados quatro conceitos muito usados entre incubadoras e empreendedores: aconselhamento

(counseling), coaching, treinamento e mentoring. “Todos eles são muito importantes e dependerão do mo-mento do empreendedor e de sua aplicação. Estamos trazendo mé-todos para aplicar o mentoring, ou seja, como encontrar um bom men-tor que ajudará o empreendedor a crescer tanto no campo pessoal como no profi ssional. É um tipo de apoio de mão dupla: o mentor e o empreendedor trabalham juntos, dialogam, buscam soluções, apren-dem e criam um grau de confi ança

muito importante para fomentar os negócios”, explicou Sawers.

O segundo módulo abordou os be-nefícios de se implementar uma incu-badora virtual, levando-se em consi-deração alguns pontos de defi ciência das incubadoras físicas, como, por exemplo, a falta de espaço físico para a atração de mais empreendimentos inovadores. Esse módulo foi ministra-do pelos consultores Carlos Eduardo Negrão Bizzotto, da Fundação Certi, e Cesar Yammal, do infoDev para a América Latina e Caribe.

infoDev capacita gestores de incubadoras

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Workshop da ABDI, sobre biotecnologia, foi realizado no terceiro dia do Seminário

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A realização dos workshops também permitiu à Anprotec mapear a evolução dos parques tecno-lógicos brasileiros. Para isso, gestores de incuba-doras responderam a um questionário elaborado pela Associação.

As perguntas abordavam questões institucio-nais, como classifi cação do parque, gestão exe-cutiva e estratégica, fontes de recursos, sustenta-bilidade, metas, situação atual e contribuição ao desenvolvimento regional. Após as apresenta-ções, foram analisados modelos e compartilhadas experiências.

Mapeamento

Incubadoras discutem o desafi o da sustentabilidade

Estratégias para garantir a susten-tabiliade de incubadoras de empresas e parques tecnológicos foram o foco de dois workshops realizados duran-te o XXI Seminário. A experiência permitiu a integração entre gestores de habitats de inovação e pesquisa-dores da área.

Os participantes discutiram o pa-pel atual das incubadoras no Brasil e questões como sustentabilidade, gestão, apoio, investimentos e dis-seminação de informação, principal-mente sobre sua forma de atuação na sociedade. No primeiro dia, foram abordados os aspectos externos às

incubadoras – jurídicos, fi nanceiros, socioeconômicos e mercadológicos. Entre os pontos mais discutidos esta-va a vinculação a instituições de ensi-no e pesquisa, que poderiam alterar a autonomia da incubadora e a necessi-dade de ampliar as fontes de recursos para aumentar a sustentabilidade.

No segundo dia, o foco eram fa-tores internos que infl uenciam o de-sempenho e a sustentabilidade das incubadoras. Os participantes lista-ram aspectos positivos e outros que ainda precisam ser aperfeiçoados para que governo e sociedade com-preendam a contribuição das incuba-doras ao desenvolvimento.

Entre os aspectos a aperfeiçoar, foram destacados a infraestrutura em algumas incubadoras, o quadro reduzido de pessoal e a necessidade da criação de cada vez mais progra-mas de capacitação de funcionários por instituições importantes para o movimento, como o Sebrae.

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No workshop sobre sustentabilidade de incubadoras, gestores elencaram desafi os dos habitats

No segundo dia do Seminário também foi realizado o En-contro da Divisão Latino-Americana da IASP, que avaliou a evolução do movimento de parques científi cos e tecnológicos na região. Segundo o presidente da IASP para a América La-tina, José Eduardo Fiates, o evento representou uma oportu-nidade para análises comparativas e estabelecimento de pro-jetos cooperativos. “O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário dos parques tecnológicos, tanto do ponto de vista quantitativo, como qualitativo, mas os demais países do con-tinente têm avançado de forma consistente”, afi rmou Fiates.

No evento, Esteban Cassin, da Argentina, foi eleito para presidir a Divisão pelos próximos dois anos.

IASP reúne parques da América Latina

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EM MOVIMENTO

Assembleia da Anprotec elege nova diretoria

Realizada no último dia 26 de outubro, durante o XXI Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, a Assem-bleia Geral da Anprotec elegeu a nova diretoria da entidade, que comandará a Associação entre os anos de 2012 e 2014. Pela primeira vez na histó-ria da Associação, a presidência será ocupada por uma mulher: Francilene Procópio Garcia, da Fundação Par-que Tecnológico da Paraíba. Além de Francilene, a diretoria é compos-ta pelo vice-presidente, Jorge Nico-las Audy (PUCRS) e pelos diretores Gisa Bassalo (UFPA), Ronaldo Tadêu Pena (BH-Tec), Sérgio Risola (Cietec) e Tony Chierighini (Fundação Cer-ti). Na Assembleia, também foram escolhidos novos membros para os Conselhos Consultivo e Fiscal da As-sociação.

Com representantes de diferen-

tes regiões do país, a nova diretoria propôs dar continuidade às ações que visam ao fortalecimento do movimento de empreendedorismo inovador. Entre elas, destacam-se a consolidação do modelo de gover-nança da Associação, a articulação

com outros agentes da inovação, a negociação de ajustes nos marcos regulatórios atuais e a busca por apoio a projetos estratégicos para o movimento.

A nova diretoria assumiu o cargo em 1o de janeiro deste ano.

No último dia 8 de dezembro, a Anprotec promoveu, em Brasília (DF), um encontro entre seus associados e os principais parceiros do movimen-to. O objetivo do Café Anprotec era fazer um balanço das ações realiza-das pela Associação em 2011 e iden-tifi car desafi os. “Atualmente, o tema inovação está na agenda das discus-sões e isso se deve, em grande me-dida, pela atuação da Anprotec, seus parceiros e associados”, afi rmou o

presidente da Associação, Guilherme Ary Plonski, que destacou a parceria contínua entre a Anprotec e o Sebrae.

Entre os convidados estavam o secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, (MCTI), Luiz Antonio Elias, o secretá-rio de desenvolvimento tecnológico e inovação do MCTI, Ronaldo Mota, e o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio (MDIC), Nelson Fujimoto. Par-

ticiparam, também, o diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e diretor de Edu-cação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, e o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí-fi co e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, entre outras autoridades.

No mesmo dia, associados reali-zaram o planejamento estratégico da Anprotec.

Associação reúne parceiros para balanço

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CAFÉ ANPROTEC

Da esquerda para a direita: Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola, Tony Chierighini, a presidente eleita Francilene Garcia, Jorge Nicolas Audy e Gisa Bassalo

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EM MOVIMENTO

A Secretaria de Ciência Tecnolo-gia e Inovação da Bahia divulgou no último mês de dezembro a relação do primeiro grupo de empresas que poderão se instalar no Parque Tecno-lógico da Bahia, previsto para inau-gurar neste ano, em Salvador. As pro-postas dos empreendimentos foram submetidas a critérios técnicos ava-liados por uma comissão julgadora.

Classifi caram-se IBM Brasil, Sabiá Ex-perience Tecnologia S.A., Indra Brasil S.A. e Portugal Telecom.

As empresas poderão se instalar no prédio central do Parque Tec-nológico da Bahia, o Tecnocentro, por até quatro anos, desenvolvendo atividades de pesquisa e inovação. Além delas, ocuparão espaços no prédio institutos públicos de pes-

quisa e empresas da incubadora que será instalada no Parque.

A relação de empresas habili-tadas a entrar na incubadora já foi defi nida. São elas: Imago – Tecnolo-gia da Informação Aplicada à Saúde; EXA-M – Tecnologia da Informação Aplicada à Saúde; NNSolutions – Tec-nologia da Informação Aplicada à Saúde; Teledoctor – Soluções em Te-lemedicina; MDS-Tecnologia – Tec-nologia da Informação; Convergen-ce – Desenvolvimento de Sistemas; Brunian – Tecnologia da Informação; e Vitae – Desenvolvimento de Protó-tipos para Ortopedia.

Uma nova chamada pública será feita neste ano para defi nir que ou-tras empresas poderão se instalar no Tecnocentro. O parque possui 581 mil m² e será focado em Biotecno-logia e Saúde, Tecnologia da Infor-mação e Comunicação e Energias e Engenharias.

NORDESTE

Primeira chamada para Parque Tecnológico da Bahia

O prefeito de Recife, João da Cos-ta, sancionou no dia 28 de dezembro de 2011 o projeto de lei que permite a expansão territorial do Porto Digital para o bairro de Santo Amaro. A lei municipal também contempla a redu-ção de 5% para 2% do Imposto Sobre Serviços (ISS) para empresas da área de Economia Criativa que se instala-rem no espaço.

Atualmente localizada no Bairro do Recife, a instituição ocupará tam-bém uma área de 450 mil m² em San-

to Amaro. Está prevista a construção de altas torres de prédios, já que no bairro não há restrições para demo-lições ou requisitos de preservação histórica. Assim, empresas que de-mandam áreas amplas para instala-ção terão espaço no Porto Digital.

A ampliação do parque faz parte da estratégia de ampliar sua abran-gência para empreendimentos de Economia Criativa, como desenvol-vimento de games, animação, moda, multimídia e design.

Sancionada lei que permiteampliação do Porto Digital

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Parque Tecnológico da Bahia abrigará empresas e insti tutos públicos de pesquisa

O programa “Vamos Empreender no Agronegócio?”, promovido por Embrapa, Fundação Parque Tecnoló-gico da Paraíba e outras instituições, capacitou mais de mil empresários em 10 cidades da Paraíba: Campina Grande, Patos, Sumé, Pombal, Catolé do Rocha, Cuité, Areia, Bananeiras, Sousa e Picuí. O número fi cou quase 70% acima da meta prevista.

A iniciativa, que promoveu ativi-dades gratuitas, teve início em setem-bro de 2011 e seguiu até dezembro.

Programa capacita empresários na Paraíba

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Especializada em diagnóstico médico por imagem digital, a Pixeon – graduada pela incubadora MIDI Tecnológico, de Florianó-polis (SC) – tornou-se a primeira empresa da América Latina do setor de Saúde a receber investimentos da Intel Capital, divisão de investimentos estratégicos da multinacional americana Intel.

O empreendimento catarinense utilizará o aporte para ampliar seu departamento co-mercial, além de aprimorar sua governança corporativa. Há oito anos no mercado, a em-presa é pioneira, no Brasil, em desenvolver tecnologias totalmente nacionais para diag-nóstico médico por imagem. A companhia já está presente em todas as regiões do país e desde 2010 expandiu suas atividades para a América Latina, a partir de um hospital na Argentina.

Uma comissão composta por representan-tes do governo do Paraná e instituições liga-das a empreendedorismo e tecnologia será formada para elaborar um projeto de criação do Parque Tecnológico Virtual do Paraná, que prevê a inserção sistematizada e organizada pelo poder público de pequenas empresas de base tecnológica, originadas ou não de incu-badoras tecnológicas.

A decisão de criar uma comissão para for-mulação do projeto ocorreu no último mês de novembro, durante uma reunião do Conselho da Incubadora Tecnológica de Curitiba (Intec).

Empresa graduada no MIDI Tecnológico recebe aporte

da Intel Capital

SUL

EM MOVIMENTO

O Centro de Empreendimentos do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEI/UFRGS) comemo-rou 15 anos de fundação em dezembro de 2011. O Centro é uma incubadora de base tecnológica que abriga empreendimentos da área de Tecnologia da Informação.

Em comemoração, o CEI promoveu um concurso chamado “Boas ideias para inovar”, a fi m de incentivar e desenvolver o espírito em-preendedor na área de TI entre os estudantes, professores e funcio-nários da UFRGS e das empresas incubadas.

Uma comissão avaliou os projetos a partir de quesitos como criatividade e inovação; resultados esperados; viabilidade merca-dológica; estrutura e elaboração, dentre outros. O concurso pre-miou três projetos. Os estudantes Tomas Mattia e Bruno Jurkovski fi caram em primeiro lugar com o projeto Poabus – que possibilita, através de um mapa online, a busca por linhas e pontos de ônibus de Porto Alegre.

Incubadora CEI promove concurso para incentivar empreendedorismo

Comissão elabora projeto de Parque TecnológicoVirtual do Paraná

Os vencedores do concurso: criati vidade e inovação

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O Conselho Diretor do Parque Tecnológico do Rio, no Rio de Janei-ro, aprovou em dezembro de 2011 a entrada de seis novas empresas. São elas: Aquamet, Ambidados, Ambipe-tro, Inovax, Virtualy e Maemfe. Os novos empreendimentos vão ocupar espaços compartilhados no local e fi carão ao lado de gigantes como Baker Hughes, Petrobras, Schlumber-ger e Halliburton.

O ingresso dos novos empreendi-mentos faz parte da estratégia do Par-que de ampliar espaço para pequenas empresas. Dos seis empreendimentos, quatro são graduadas ou residentes na própria Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ, sendo que duas são

spin off s de laboratórios da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro.

A Virtualy – que desenvolve simu-ladores com tecnologia totalmente nacional para setores como o portu-ário e o de transportes – está na in-cubadora da Coppe desde 2009 e en-trou em processo de graduação para ocupar o espaço do Parque. “Podía-mos fi car mais um ano na incubado-ra, mas o espaço é muito procurado e talvez não tivéssemos outra oportuni-dade de ingressar no Parque”, expli-ca Gerson Cunha, um dos sócios da empresa.

Cunha é professor e pesquisador da UFRJ e a Virtualy é uma spin-off do Laboratório de Métodos Computa-

cionais em Engenharia. “A empresa foi criada para transformar os protótipos produzidos no laboratório em produ-tos. Parte do nosso rendimento volta para a universidade através dos royal-ties. Para nós, estar em um espaço que permite essa troca é muito importan-te”, relata Cunha.

Outra vantagem que o Parque ofe-rece à Virtualy, segundo Cunha, é a proximidade com empresas clientes. “Estamos desenvolvendo, para o pré--sal, simuladores de robô submarino e sonda de perfuração, por exemplo. No Parque, podemos interagir com as empresas que são nossas clientes e desenvolver produtos mais adequa-dos às necessidades do mercado.”

Parque Tecnológico do Rio recebe pequenas empresas

EM MOVIMENTO

As prefeituras de Botucatu, Piracicaba, São José do Rio Preto e Sorocaba receberão R$ 18,3 milhões para investir em seus parques tecnológicos, que fa-zem parte do Sistema Paulista de Parques Tecnoló-gicos (SPTec). Os recursos devem ser utilizados na construção de incubadoras de empresas e centros empresariais e na ampliação e conclusão de obras.

O convênio para liberação da verba foi assinado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do estado, Paulo Alexandre Barbosa, no dia 29 de dezembro de 2011. O mu-nicípio de Botucatu recebeu R$ 4 milhões para ampliação e conclusão das obras do Parque Tec-nológico da cidade. Piracicaba e Sorocaba também destinarão, respectivamente, os R$ 1,178 milhão e R$ 6 milhões que receberam para obras.

Governo do Estado de São Paulo assina convênio comparques tecnológicos do interior

O governador do Estado, Geraldo Alckmin (à dir.), assinou convênio: R$ 18,3 milhões desti nados aos parques

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SUDESTE

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Parque de Ciência e Tecnologia Guamá forma consultores

Cerca de 20 consultores empre-sariais participaram no último mês de novembro, no Pará, do Programa

“Bota para fazer – crie seu negócio de alto impacto”, do Instituto Ende-avor. O treinamento utiliza a meto-

dologia FastTrack, da Fundação Kau-ff man, e tem como objetivo ajudar empreendedores a desenvolver ha-bilidades gerenciais e a colocar em prática seus negócios. A iniciativa foi promovida pelo Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), que está em implantação em Belém do Pará.

Os consultores que participaram do treinamento receberam certifi ca-ção internacional e a partir de 2012 devem utilizar o que aprenderam para capacitar empresários inova-dores no Pará. O PCT Guamá é re-sultado de uma parceria entre a Uni-versidade Federal do Pará (UFPA), a Secretaria de Estado, Ciência, Tecno-logia e Inovação (SECTI) e a Univer-sidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

NORTE E CENTRO-OESTE

O gestor da Pantanal Incubadora Mista de Empre-sas da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Leandro Zanqueti, foi eleito representante do Brasil na Rede de Incubadoras Universitárias do Mercosul (RIUM). A escolha aconteceu durante a primeira ofi -cina de capacitação da Rede, em Assunção, capital do Paraguai.

O objetivo da RIUM é “contribuir para a conso-lidação e expansão do Programa de Mobilidade Mercosul com a perspectiva de sustentabilidade do mesmo, mediante a promoção das capacidades em-preendedoras dos estudantes de universidades do Mercosul”.

A Rede reúne universidades do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Gestor da incubadora da UFMS representa Brasil em rede do Mercosul

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EM MOVIMENTO

Consultores foram treinados para ajudar empreendimentos inovadores no Pará

Por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado do Amazonas (Fapeam), o Governo do Estado des-tinará, em 2012, cerca de R$ 126 milhões para inves-tir no fomento à pesquisa. Desse total, R$ 88 milhões estavam previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) e R$ 38 milhões virão de captações federais e parcerias com instituições. O valor é superior ao de 2011, que foi de R$ 115 milhões.

Os recursos serão destinados a apoio de incubadoras de empresas, fortalecimento da pesquisa nas instituições estaduais de saúde, capacitação de funcionários públicos da área de segurança pública, formação de recursos hu-manos pós-graduados na área de tecnologia da informa-ção e engenharias e bolsas de auxílio-pesquisa.

Fundação de Amparo à Pesquisado Amazonas investirá

R$ 126 milhões em CT&I

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Prêmio Finep: empresas do movimento estãoentre as mais inovadoras do Brasil

Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto no último dia 15 de dezembro, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) premiou empresas, instituições e pessoas inovadoras em sete categorias. Mais uma vez, representantes do movimento se destacaram. Na catego-ria pequena empresa, todas as fi nalistas, vencedoras das etapas regionais, são empresas vinculadas a incubadoras e parques tecnológicos.

Na categoria Micro e Pequena Empresa, ganhou a empresa Reason Tecnologia, de Florianó polis (SC), residente do Celta, que fornece produtos para o setor elé trico. Já na Mé dia Empresa, a vencedora foi a goiana Scitech, que atua no mercado de dispositivos mé dicos minimamente invasivos – a empresa é vinculada ao Cie-tec, de São Paulo (SP). A petroquí mica Braskem venceu as concorrentes Weg e Embraer e fi cou com o trofé u da categoria Grande Empresa.

A Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas, que desenvolve, no Amapá, o projeto “Ma-nejo Comunitário de Camarão de Água Doce” ganhou o prêmio de Tecnologia Social. O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, associado da Anpro-tec, fi cou com o troféu de melhor Instituição Científi ca e Tecnológica. Por fi m, na categoria Inventor Inovador, o prê-

mio fi cou com Vladimir Airoldi, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Também foram entregues os três troféus do Prêmio Inovar para o Fundotec II, gerido pela FIR Capital, na categoria Equipe; O Fundo Logística Brasil FIP ganhou o de Governança e o FMIEE Stratus GC, o de Operação.

Os vencedores do Prêmio FINEP receberão recursos não reembolsáveis que variam de R$ 120 mil a R$ 2 milhões. Além da Anprotec, integravam a Comissão Jul-gadora entidades parceiras como a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e a Associação Brasileira das Instituições de Pes-quisa Tecnológica (Abipti).

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A sociedade de pesquisa aplicada Fraunhofer, da Alemanha, será res-ponsável por avaliar e certifi car as instituições vinculadas à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fi rmaram acordo com a fundação alemã no último dia 10 de janeiro.

Seguindo os moldes da Embrapa, a

Embrapii funcionará como uma rede nacional de tecnologia e criará pa-drões para a certifi cação dos institu-tos e centros de pesquisa brasileiros. Atualmente, a iniciativa reúne seis instituições: o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da Universidade de São Paulo; o Instituto Nacional de Tecno-logia, do Rio de Janeiro; a Faculdade de Tecnologia – SENAI/Cimatec, da Bahia; a Fundação Centros de Refe-rência em Tecnologias Inovadoras

(Certi), de Santa Catarina; a Incuba-dora de Empresas Coppe, da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), do Rio Grande do Sul.

A sociedade Fraunhofer possui mais de 80 unidades de pesquisa no mundo, sendo que 32 delas de-senvolvem projetos com o Brasil. A instituição está servindo de modelo para a criação da Embrapii no país.

Brasil fi rma acordo com o a sociedade alemã Fraunhofer

EM MOVIMENTO

A presidente Dilma Roussef, durante a cerimônia de premiação

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Apoio à evoluçãoP O R C A M I L A A U G U S T O

Edital Sebrae/Anprotec irá contemplar incubadoras que pretendem adotar o modelo Cerne de gestão.

Recursos ultrapassam os R$ 28 milhões

Em qualquer organização, adotar prá-ticas efi cientes de gestão exige mais do que boa vontade. A mudança implica em investimentos que vão desde a capacita-ção de pessoas até a reorganização de es-paços. Nas incubadoras de empresas não é diferente: a escassez de recursos torna-se, por vezes, uma barreira à evolução. Porém, 2012 pode ser diferente para muitas des-sas instituições, graças a um edital lança-do recentemente pelo Sebrae, em parceria com a Anprotec, com a fi nalidade de apoiar a consolidação do modelo de gestão Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) – veja box na página 21.

As incubadoras de empresas têm até o próximo dia 16 de março para apresentar projetos ao edital Sebrae/Anprotec, que se-lecionará até 160 propostas de implemen-tação do modelo Cerne. Ao todo, o apoio fi nanceiro será de R$ 28,2 milhões.

Segundo o diretor-técnico do Sebrae, Car-los Alberto dos Santos, ao incentivar que as incubadoras apliquem o modelo Cerne, o edital estará contribuindo para que elas me-lhorem diversas práticas de gestão. “Preten-de-se, com a adoção desse modelo, criar uma base de referência para que as incubadoras de empresas de diferentes áreas e tamanhos utilizem elementos básicos, visando reduzir

HABITATS

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HABITATS

o nível de oscilação na trajetória rumo ao su-cesso das incubadas”, explica.

Para serem contempladas pelo edital, há requisitos que todas as incubadoras candi-datas devem cumprir: ter gerentes em regi-me de dedicação integral, oferecer contra-partida econômica e fi nanceira para alcance dos resultados e comprovar participação nos workshops e cursos de implantação do Cerne.

ModalidadesO edital oferece duas modalidades de

apoio às incubadoras. A Modalidade 1 é destinada às mais estruturadas e tem o ob-jetivo de apoiá-las na implementação, apli-cação e manutenção das práticas-chave do primeiro nível de maturidade do Cerne.

Para que possam se enquadrar nessa mo-dalidade, as incubadoras precisam estar há, no mínimo, cinco anos em operação e ter, pelo menos, 10 empresas incubadas e cinco graduadas. É obrigatório, também, que apre-sentem todas as práticas-chave que com-põem o primeiro nível de maturidade. O edi-tal prevê a seleção de até 40 projetos nessa modalidade. Cada um receberá, no máximo, R$ 300 mil em recursos.

Já a segunda modalidade busca selecio-nar propostas de apoio à adoção do Cerne em incubadoras, por meio do método de apadrinhamento. Nesse caso, o público-alvo são as incubadoras em processo de estrutu-ração. Elas serão orientadas pelas benefi cia-das na Modalidade 1, chamadas “nucleado-ras”, que as auxiliarão na estruturação para a implantação do primeiro nível do Cerne. “O trabalho em rede é muito mais efetivo e fortalece os atores nela envolvidos. A exper-tise das apadrinhadoras será muito efi caz para aquelas que vão trabalhar sobre sua coordenação, evitando os tropeços normais já vivenciados por elas. Portanto, o ganho temporal e econômico será evidente nesse modelo”, afi rma o diretor-técnico do Sebrae.

Podem se inscrever nessa modalidade

incubadoras em operação há mais de dois anos e que possuam, no mínimo, três em-presas incubadas. Serão selecionadas no máximo 120 propostas, sendo que cada uma poderá receber até R$ 135 mil, dos quais R$ 120 mil serão para a incubadora apadrinhada e R$ 15 mil para a incubadora nucleadora.

Do total de propostas escolhidas, pelo menos 20% serão de incubadoras das regi-ões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. “Sabe-mos que as incubadoras estão concentradas, na sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste do país. Essa é uma forma de buscar a inte-riorização e fazer com que as incubadoras dessas regiões se aproximem e apresentem também sua capacidade na geração de em-preendimentos inovadores”, explica o dire-tor-técnico do Sebrae.

A divulgação dos resultados está pre-vista para o próximo dia 13 de abril e a contratação deve ser realizada até junho de 2012. O edital, os roteiros de apresen-tação dos projetos e outros documentos ne-cessários para o envio de propostas estão disponíveis no site do Sebrae (www.sebrae.com.br) , que também fornece informações pelo telefone 0800 570 0800.

_O MODELO CERNE

O CERNE é um modelo de gestão criado por Anprotec e Sebrae, que visa promover a melhoria dos resultados das incubadoras em termos quanti tati vos e qualitati vos. A metodologia foi criada com ins-piração em programas de incubação de micro e pequenas empresas americanas e europeias.

O modelo possui quatro níveis de maturidade: o primeiro nível possui foco no empreendimento e a meta de gerar empresas inova-doras. O segundo concentra-se na própria incubadora, na sua gestão como organização. O terceiro enfoca as redes de relacionamento e o quarto a melhoria contí nua da estrutura implantada.

Para mais informações, acesse www.anprotec.org.br/cerne/.

Santos, do Sebrae: trabalho em rede é mais efeti vo

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Campeões da inovaçãoP O R C A M I L A A U G U S T O

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Vencedores do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador ensinam o valor da ousadia

e da busca por melhoria contínua

Reconhecer e incentivar empreendimen-tos inovadores, além de instituições e proje-tos que permitem o crescimento desse tipo de negócio no país. Esse tem sido o princi-pal objetivo do Prêmio Nacional de Empre-endedorismo Inovador, promovido há 15 anos pela Anprotec, com o apoio do Sebrae e de outros parceiros, como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Fi-nanciadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A edição 2011 contou também com a par-ceria da Microsoft.

Os vencedores foram conhecidos em outubro do ano passado, durante o XXI Se-minário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, realizado em Porto Alegre (RS).

Nas páginas a seguir, Locus traz um relato da trajetória e dos diferenciais dos vencedores das seis categorias da premia-ção.

SUCESSO

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Programa Mineiro de Empreendedorismo na Pós-Graduação

Melhor projeto de promoção da cultura do empreendedorismo inovador

De olho nos mestres e doutoresPropiciar maior integração entre a academia e o mercado

era a meta ‒ hoje completamente atingida ‒ do Programa Mineiro de Empreendedorismo na Pós-Graduação. A iniciati-va, promovida pelo governo do Estado de Minas Gerais por meio do Sistema Mineiro de Inovação, mobilizou cerca de 250 mestrandos e doutorandos de 13 universidades públicas do estado, em um Torneio de Inovação.

De acordo com o secretário adjunto de Ciência, Tec-nologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Evaldo Vilela, esse foi o primeiro programa de empreendedorismo do Brasil voltado a estudantes de pós-graduação. “Demora-mos cerca de dois anos para estruturá-lo, devido ao seu ineditismo. O produto da pós-graduação, hoje, é o dou-tor. E queríamos ir além. Queríamos que o resultado de uma tese de doutorado se tornasse uma possibilidade de negócio”, afirma.

O Torneio de Inovação foi realizado ao longo de 2010 e envolveu diversas etapas. No início, todos os inscritos parti-ciparam de um seminário de embate de ideias, onde as equi-pes propuseram negócios. “Os estudantes não tiveram aulas de empreendedorismo. Foram estimulados a criar um negó-cio e a vivenciar os sentimentos e as difi culdades que os em-preendedores sentem”, explica o responsável pela execução do Programa, Paulo Adriano Borges.

Os 54 planos produzidos no seminário foram avaliados por uma comissão julgadora composta por três membros: um representante da academia, um do mercado e um do governo. Em cada uma das 13 universidades, houve um ga-nhador. Dois planos foram eleitos, também, pelo júri popular. Depois, as equipes dos 15 projetos selecionados apresenta-ram suas iniciativas em uma feira de inovação e participaram da fi nal do Programa.

O primeiro lugar fi cou com a equipe da Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG), que ganhou uma viagem ao SkySong, centro de inovação da Universidade do Arizona. Os estudantes da UFMG desenvolveram um processo de sepa-ração de água e óleo através de nanotecnologia magnética, um processo mais barato do que o utilizado atualmente e que não contamina a água. “Essa tecnologia já estava sen-do elaborada, mas o modelo de negócio e a abordagem do projeto foram desenvolvidos durante o Programa”, afi rma o secretário Vilela.

Além da competição de planos, os participantes do Pro-

grama tiveram a oportunidade de realizar visitas guiadas a empresas inovadoras de Minas Gerais, ouvir relatos das experiências de empresários e participar de um talk show, que foi gravado para servir como um vídeo educativo sobre empreendedorismo.

A próxima edição do Programa está prevista para 2012 e deve sofrer algumas mudanças, como a utilização de fer-ramentas de educação a distância e o acompanhamento dos projetos elaborados. “Nosso principal objetivo não era trabalhar com o produto do programa, que são os projetos. Queríamos oferecer a essas pessoas a capacidade de pensar de forma diferente. Mas os projetos foram tão instigantes, que queremos realizar algum tipo de monitoramento”, afi r-ma Paulo Adriano Borges.

A expectativa é de que haja, na próxima edição, um maior número de inscrições. “Esse foi um grande desafio na primeira edição do Programa. Além da questão cul-tural e do ineditismo, o estudante de pós-graduação no Brasil é muito ocupado. Está disposto a participar de uma iniciativa de uma a duas horas, mas tem receio de partici-par de um programa em que tem que entregar resultados e dedicar mais tempo. Agora que tivemos sucesso com a primeira edição, talvez isso mude um pouco”, conclui Vilela.

A equipe da UFMG, que venceu o Torneio da Inovação com um projeto que envolve nanotecnologia

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No rumo certo

Com uma área de 1.415.000 m² no centro histórico

de Recife, onde estão instaladas mais de 200 orga-nizações ‒ de pequenas empresas a multinacionais como Microsoft e Samsung, órgãos de fomento e centros de pes-quisa ‒ o Porto Digital consolidou-se como um dos princi-pais parques tecnológicos do país.

Há 11 anos em operação, esta é a segunda vez que o parque conquista o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador. A primeira foi em 2007. “Muita coisa mudou nes-ses últimos quatro anos. O parque dobrou de tamanho, pas-sando de 100 para 200 empresas; quadruplicou o montante de recursos captados e possui uma carteira de 38 projetos, com valor estimado de R$ 74 milhões”, destaca o presidente do parque, Francisco Saboya.

Formatado como um arranjo produtivo na área de Tec-nologia da Informação e Comunicação, com foco no desen-volvimento de software, o Porto Digital também diversifi cou suas atividades ao longo desse período. Em 2011, incorporou ao seu escopo a área de Economia Criativa, que abrange o desenvolvimento de produtos como jogos eletrônicos e fi l-mes de animação. “É um salto interessante. Há uma comple-mentaridade entre as duas áreas. A Economia Criativa está diretamente associada ao suporte tecnológico que há por trás dela”, explica o presidente.

O novo cluster já possui 16 em-presas. Para abril deste ano está prevista a inauguração do Porto Mídia, que será um núcleo de ca-pacitação, incubação e exibição de negócios da área. “Vamos ter laboratórios de design, animação, fi nalização de imagem e áudio, por exemplo”, descreve Saboya.

O presidente atribui o sucesso do Porto Digital a quatro pilares. O primeiro é a articulação correta entre academia, mercado e go-verno. “É aquele conceito de tripla hélice. Um parque tecnológico só consegue funcionar bem quando há uma dinâmica entre esses três atores”, afi rma.

Outro ponto-chave é a adoção de um modelo de gestão apropriado. “Nossos recursos iniciais foram R$ 33 milhões do Governo do Estado. Mas em vez de a gestão ser feita por uma repartição pública, o que teria sido mais previsível, ge-renciamos o parque de forma privada através de uma Or-ganização Social ‒ o Núcleo de Gestão do Porto Digital ‒ e temos um padrão de efi ciência e resposta muito maior”, ga-rante o presidente.

Além desses dois pilares, Saboya ressalta a importância da autonomia política e da autossustentação fi nanceira do parque. “No início, em vez de o governo nos fazer repasses para mantermos a estrutura, ele preferiu nos doar ativos e dizer: agora rentabilizem isso e vivam deles. Isso foi essen-cial para o desenvolvimento do Porto Digital e para a nossa autonomia”, destaca.

De acordo com Saboya, a meta é “duplicar” o Parque nos próximos oito anos. “Até lá nosso objetivo é dobrar o nú-mero de empreendimentos inovadores e conseguir que o número de pessoas ocupadas em atividades de alta quali-fi cação profi ssional, que hoje é de 6 mil, passe para 20 mil”, explica. O Prêmio confi rma que a ambição de transformar o Porto Digital no principal parque tecnológico da América Latina pode se tornar realidade.

Em 11 anos, Porto Digital conquistou duas vezes o Prêmio

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Porto Digital

Melhor

parque tecnológico

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Consultoria diferenciada

Caio, Daniel, Eduardo, Leonar-do e Renato eram cinco jovens recém-formados em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) quando, em 2003, criaram a Visa-gio, empresa graduada pela Incu-badora de Empresas da Coppe/UFRJ. “Já pensávamos em traba-lhar juntos quando estávamos na faculdade. Aí fi zemos uma análise dos nossos talentos e compe-tências e vimos que valia a pena investir em consultoria de mode-lagem matemática. Era algo que faltava no mercado”, relata Daniel Moreto, um dos sócios-fundado-res da empresa.

Na Visagio, a consultoria está diretamente ligada à tecnologia. As soluções são elaboradas por meio de modelagens matemáti-cas e ferramentas de TI. É o que os sócios da empresa chamam de “Engenharia de Gestão”. Apenas um ano depois de criada, a empresa elaborou, por exemplo, um modelo de Gestão da Produção e Controle de Supply Chain via Web para o grupo italiano de moda AEFFE, que detém marcas como Moschino e Jean Paul Gaultier e confecciona cerca de 8 mil peças por mês. O resultado foi uma redução de 30% no tempo de pro-dução dos itens fabricados.

Hoje, oito anos depois de sua fundação, a Visagio tem em sua carteira de clientes mais de 80 empresas nacionais e multinacionais. A empresa também possui cerca de 200 colaboradores, que estão distribuídos em escritórios no Rio Janeiro, São Paulo e Londres. Os R$ 5 mil que serviram de investimento inicial na empresa transformaram-se em R$ 2,5 milhões em apenas dois anos, tempo em que a Visagio permaneceu na Incubadora de Empresas da COPPE/UFRJ. “A incubadora nos ajudou principalmente no apoio institucio-nal, na parte de networking e no fato de estarmos próximos da Universidade”, relata Moreto.

Presente em mais de 15 países, uma das principais metas

da Visagio atualmente é a de se internacionalizar. “Estamos querendo entrar na Europa e no Oriente Médio por meio do escritório de Londres. Existem alguns movimentos para os Estados Unidos e Oceania também, mas ainda é algo muito incipiente” afi rma o empreendedor.

A rápida consolidação do negócio não impede que a Vi-sagio se prepare para o futuro. “Criamos o Instituto de En-genharia de Gestão, que é uma spin-off da empresa. Não adianta estarmos no estado da arte da inovação tecnológi-ca se o mercado não estiver preparado para receber isso. Através do Instituto, preparamos jovens que daqui a pouco estarão em cargos de gerência e diretoria”, explica Moreto.

A Visagio também está investindo em empresas nascen-tes e no desenvolvimento de negócios complementares aos seus. “Da mesma forma que criamos o Instituto, existem outras oportunidades no mercado para consolidarmos um grupo mais forte. Queremos ser um conglomerado de em-presas de sucesso”, destaca o empreendedor.

Equipe da Visagio: vontade de empreender surgiu ainda na graduação

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Visagio

Melhor empresa graduada

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Aposta no novo

Quando decidiu ingressar no Laboratório de Mecânica de Precisão (LMP) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rafael Bottós, então estudante de Engenharia Mecâ-nica, apresentrou um plano de negócios em vez de um cur-rículo. “Desde o início eu já sabia que queria ser empresário. Minha primeira ideia foi montar uma empresa de usinagem na área médica, para produzir bisturis. Mas com o tempo vi que meu plano de negócios era impossível”, relata Bottós, presidente da Welle Laser, a melhor empresa incubada.

Foi no Instituto Fraunhofer, na Alemanha, onde reali-zou estágio duas vezes, que ele e seu irmão gêmeo Gabriel Bottós, estudante de Engenharia Elétrica, tiveram a opor-tunidade de estudar os fundamentos e aplicações do laser. Os conhecimentos adquiridos na Europa levaram os dois a criar em 2008 - antes mesmo de concluírem seus cursos de graduação - a Welle, empresa especializada em fornecer soluções de tecnologia laser para processos de gravação, marcação e soldagem em diferentes materiais, como aço, polímero e cerâmica. “Quando voltamos da Alemanha, sa-bíamos que aqui não existia nada na área de laser. Então, tínhamos duas opções: ou desistíamos de vez e íamos para outra área ou nós mesmos teríamos que abrir uma empresa. E foi isso que decidimos fazer”, explica Bottós. Hoje, um dos sócios da empresa é Stefan Kaierle, que era chefe de depar-tamento do Frauhofer-Institut für Lasertechnik.

A decisão de incubar a Welle no Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), de Florianó-

polis, em Santa Catarina, veio depois dos irmãos terem participado do Programa Sinapse da Ino-vação, que premia e concede recursos subven-cionados para o desenvolvimento de projetos e empresas inovadoras. “A incubadora é como uma cristaleira. Além de pagarmos um valor mais aces-sível pela locação e termos uma rede de contatos, todos os investidores e fundos de investimento veem a empresa incubada como um negócio em potencial. Ficamos mais visíveis estando aqui dentro”, afi rma Bottós.

Hoje, a Welle ainda mantêm parcerias como o Instituto Fraunhofer e com o Laboratório de Me-cânica de Precisão da UFSC, onde estão investin-

do na construção do maior centro de laser da América Latina. De acordo com Bottós, dentro da empresa também há uma preocupação constante com inovação. “Não quere-mos limitar as perspectivas de nossos colaboradores. Se al-guém tiver uma ideia, nós damos a ele uma participação ou até mesmo incentivamos a criação de uma spin-off , ajudan-do com investimento ou na busca por investidores”, explica o empreendedor.

Neste ano, a meta da Welle é liderar a marcação a laser no Brasil. “Hoje esse setor ainda é liderado por alguns represen-tantes de empresas internacionais. Nosso foco vai ser prin-cipalmente a indústria automobilística, onde temos muitos diferenciais”, afi rma Bottós. Outra prioridade é iniciar a venda de serviços e produtos para o setor de soldagem em 2012, área que vem sendo desenvolvida desde 2009.

Os irmãos Bott ós: incubadora proporciona visibilidade à empresa

Na Welle, colaboradores são incenti vados a inovar

26

Welle Laser

Melhor

empresa incubada

Foto

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Caminhos de um pioneiro

Considerado a primeira incubadora de base tecnológica do Brasil, o Centro Empresarial para Laboração de Tecno-logias Avançadas (Celta), criado em 1986 e administrado pela Fundação Certi, em Florianópolis, coleciona “primei-ros lugares”. O Centro foi a primeira incubadora a ganhar o prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador da Anprotec, sendo agora reconhecido pela terceira vez. “Se as empresas inovam, as incubadoras têm que inovar tam-bém”, afi rma Tony Chierighini, diretor do Celta desde 1992.

Com 32 empresas incubadas que faturam juntas R$ 45 milhões e 68 graduadas, o Celta colaborou com o desen-volvimento de empreendimentos como Intelbras, Reason ‒ vencedora do Prêmio Finep de Inovação 2011 na categoria pequena empresa ‒ e Welle, também ganhadora do Prêmio de Nacional Empreendedorismo Inovador da Anprotec em 2011 (leia a página 42).

Para Chierighini, essa capacidade do Celta de conseguir desenvolver empresas inovadoras bem-sucedidas reside, principalmente, no processo de acompanhamento dos em-preendimentos incubados. “A cada seis meses fazemos o que chamamos de ‘diagnóstico empresarial’ de cada uma das nossas incubadas. Se vemos que uma delas está fraca na área de marketing, por exemplo, nós vamos ajudar nisso. Nossa maior preocupação é não atrapalhar o desenvolvimento das empresas, não forçá-las a fazer cursos de assuntos que elas já dominam”, explica.

O Celta também mantém contato constante com as empresas que graduou. “Nós vamos atrás e acompanhamos a empresa que sai. Isso é es-sencial tanto para trazer novas tecnologias para as nossas in-cubadas, quanto para ver como as graduadas estão se saindo no mercado”, diz o diretor.

Outro diferencial do Centro, segundo Chierighini, encon-tra-se nos serviços prestados pela incubadora. “Aqui as incu-badas têm acesso à assessoria jurídica e fi nanceira, entre tan-

tos outros serviços que ofe-recemos. Um dos nossos focos agora é promover a internacionalização das empresas e temos um escritório específi co para ajudá-las nesse sentido. Não adianta elas pensarem apenas no Brasil. Para serem inova-dores, os empreendimentos têm que olhar pra fora, ter uma visão global”, afi rma.

Uma das mais recentes novidades do Centro foi a inau-guração, em 2010, de uma unidade da incubadora em Pa-lhoça, cidade da região metropolitana de Florianópolis. “A ideia é levar nossa tecnologia para as outras incubadoras. Quando a gente leva a marca, levamos o serviço todo junto e replicamos lá, considerando, claro, as diferenças locais”, explica o diretor da incubadora.

O segredo para tornar uma incubadora bem-sucedida, de acordo com Chierighini, é o mesmo das empresas: tra-tá-la como um negócio. “A própria gestão da incubadora tem que ser inovadora. Temos que ir atrás de recursos ex-ternos, sim, mas para investir nas empresas. Nosso dia a dia tem que ser pago com o que fazemos aqui dentro. Se transformamos ideias em realidade, por que a incubação não pode ser um negócio também?”, questiona.

Sede do Celta, em Florianópolis: 25 anos dedicados à incubação

27

Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA)

Melhor incubadora de empresas orientadas para a geração

e uso intenso de tecnologias

Divu

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ão

28

Foco na qualidade

Depois de cinco anos, a

Incubadora de Empresas de Base Tecnológica CENTEV/UFV ‒ uma das unidades do Centro Tecno-lógico de Desenvolvimento Re-gional da cidade mineira de Vi-çosa - ganhou pela segunda vez o prêmio na categoria de Melhor Programa de Incubação Orienta-do para o Desenvolvimento Local e Setorial. “No período entre esses dois prêmios nossa maior preo-cupação foi a de implantar uma gestão de processo de qualidade. Queríamos ampliar a nossa capa-cidade de gerar empreendimen-tos inovadores e nos tornar mais efi cientes no atendimento das empresas”, afi rma a coordenado-ra da incubadora, Adriana Ferreira de Faria.

Atualmente, o CENTEV/UFV possui 18 empresas incuba-das, que são avaliadas por meio de indicadores e acompa-nhadas bimestralmente em reuniões. “A partir desses resul-tados, oferecemos às incubadas assessoria em gestão de processos, qualidade e desenvolvimento de produtos, por exemplo”, explica Adriana. Todos os dados fi cam disponí-veis na intranet da incubadora e podem ser transformados em relatórios e gráfi cos.

A preocupação com o atendimento das empresas tam-bém acontece antes mesmo de elas se tornarem incubadas. A incubadora possui, desde 2007, um serviço de pré-incu-bação que oferece, além de espaço físico, assessoria ao de-senvolvimento dos planos de negócios e estudos de viabi-lidade técnica, comercial e ambiental. “É um serviço muito importante porque, assim, os empreendimentos chegam à incubadora mais maduros e têm mais chances de serem bem-sucedidos”, diz Adriana.

Além disso, a incubadora atua na prospecção de empre-sas e projetos. Localizada dentro da Universidade Federal de Viçosa, ela possui programas que têm o objetivo de oferecer

aos pesquisadores condições para transferência de tecnolo-gia ou criação de spin-off s. “Buscamos pesquisas que têm possibilidade de gerar tecnologias com viabilidade comer-cial. A Universidade Federal de Viçosa possui cursos fortes de pós-graduação em áreas estratégicas, e procuramos re-alizar palestras e cursos com os estudantes. Se temos uma grande procura de empresas, é em função do nosso traba-lho de prospecção”, afi rma a coordenadora.

Para Adriana, é fácil perceber como os resultados da in-cubadora do CENTEC/UFV, que foi criada em 1993, se refl e-tem no desenvolvimento da economia local. A incubadora já graduou 25 empresas e colaborou com a formação de arranjos produtivos locais de Biotecnologia e Tecnologia da Informação. “Os arranjos são compostos por nossas empre-sas graduadas e incubadas. Também apoiamos a consolida-ção do Parque Tecnológico de Viçosa. Tudo isso se refl ete na cidade”, conclui. A Incubadora do CENTEV/UFV comprova, assim, o potencial de um habitat da inovação para alavancar o desenvolvimento local sustentável.

Equipe da Incubadora CENTEV/UFV: mais efi ciência no atendimento às empresas

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Incubadora

CENTEV/UFV

Melhor

incubadora de empresas

orientadas para o

desenvolvimento

local e setorial

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ão

29

Inovação e a cobra que mordeu o rabo

R o n a l d o M o t a

Sec retá r io de Desenvol v imento Tecnológico e Inovação do Minis té r io

da Ciênc ia , Tecnologia e Inovação e professor t i t ular de F í s ica da

Universidade Federal de Santa Mar ia .

Divu

lgaç

ãoInovação refere-se ao desenvolvimento de um novo produto ou processo, bem

como à funcionalidade inédita de um produto já existente, que atende a uma

demanda específi ca do público consumidor ou que gera nichos previamente

inexistentes de mercado. Inovação está conectada à aplicação de conhecimen-

tos associados ao desenvolvimento de ciência e tecnologia e se consti tui, contem-

poraneamente, no principal elemento propulsor da economia mundial.

A ciência pode engendrar tecnologias, as quais, a depender da capacidade de

absorção do mercado e da escala do público consumidor, podem se caracterizar

como inovação. Essa cadeia linear distanciou a livre e descompromissada produ-

ção do conhecimento, a ciência, da extremidade oposta vinculada às demandas do

mercado consumidor, a inovação.

A realidade recente impõe que a forma de produzir conhecimentos e de trans-

miti -los tem se alterado radical e profundamente. Classicamente, ciência se assenta

na liberdade individual de cátedra e em linhas de pesquisa que caracterizavam o

pesquisador tradicional, cuja função primeira tem sido alargar as fronteiras, indo

além do estado da arte. A principal moti vação dos temas são os desafi os inerentes à subárea, sendo as eventu-

ais aplicações futuras defi nidas em outros contextos e em tempos de escalas diversas, a depender da linha de

pesquisa específi ca. O Brasil demonstrou nas últi mas décadas uma capacidade extraordinária de produzir co-

nhecimentos dentro da estratégia acima, tendo consolidado uma pós-graduação de qualidade e uma produção

cientí fi ca crescente, em níveis bem acima da média mundial. Por outro lado, atestamos até aqui uma notável

fragilidade em transferir conhecimento ao setor produti vo, ainda que tenhamos como exceções as áreas dos

agronegócios e raros setores industriais bem identi fi cados.

A verdade é que nos tempos atuais os balizadores com que se produz ciência têm se alterado de tal forma

que uma nova dinâmica impõe que as demandas da sociedade passam a ser, cada vez mais, os elementos defi ni-

dores, ainda que não únicos, dos principais programas de pesquisa. Da pesquisa quase individual passamos ra-

pidamente às imprescindíveis redes de pesquisa, das linhas de pesquisa quase isoladas estamos migrando para

programas de natureza multi disciplinar moti vados por demandas em geral complexas, portanto, prati camente

intratáveis à luz de linhas de pesquisa ou indivíduos isolados.

Os movimentos acima podem ser descritos via substi tuição gradati va da cadeia linear por um círculo comple-

to contemplando ciência, tecnologia e inovação, onde as demandas da inovação infl uenciam e de certa forma

defi nem, os rumos da ciência. É a cabeça da cobra que mordeu o rabo.

OPINIÃO

29

30

31

Ciência da vida e dos negócios

Dominado por empresas de pequeno porte, o setor de biotecnologia vivencia o crescimento

tanto de oportunidades quanto de desafi os. Empreendedores ainda têm difi culdade para encontrar ambientes adequados, entender

marcos regulatórios, abrir novos mercados e, principalmente, captar recursos. Preparadas

para apoiar, incubadoras especializadas têm sido fundamentais à consolidação de

empreendimentos na área.

C A M I L A A U G U S T O

CAPA

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CAPA

Considerada a primeira empresa nacional de Biotecno-logia do país, a produtora de insulina Biobrás – hoje Biomm Technology – tem uma história que retrata, em parte, o cenário dessa área no Brasil. O empre-endimento foi fundado na dé-cada de 1970 pelo empresário Guilherme Emrich e pelo pes-quisador Marcos dos Mares. A ideia havia surgido a partir de pesquisas acadêmicas realiza-das na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mi-nas Gerais (UFMG), onde o em-preendimento foi praticamente incubado.

Mais de 40 anos depois, a dinâmica de surgimento de negócios nessa área ainda é muito parecida. Das cerca de 200 empresas de biotecnolo-gia existentes no país, mais da metade estão ou já estiveram em incubadoras e mais de 95% possuem relações com institui-ções de ensino e pesquisa. São empreendimentos que nascem nas bancadas de laboratório das universidades, criados,

normalmente, por pesquisado-res, professores e estudantes de pós-graduação.

As semelhanças com a histó-ria da Biobrás param por aí. A empresa mineira, que tornou-se na década de 1980 uma das pioneiras na produção de in-sulina recombinante, concorria com três multinacionais, cres-ceu e vendeu sua fábrica, em 2002, por US$ 75 milhões para a dinamarquesa Novo Nordisk, líder mundial no tratamento de diabetes. Na época, o empreen-dimento tinha cerca de 500 co-laboradores e estava presente em mais de 10 países. Da venda da fábrica, surgiu a Biomm, que ficou com as patentes, os labo-ratórios e os pesquisadores.

A realidade das empresas de biotecnologia do Brasil está distante disso. Cerca de 56% delas faturam até R$ 2,4 mi-lhões e mais de 90% têm até 50 empregados. É o que mostra um estudo realizado em 2011 pela Associação Brasileira de Biotecnologia (BRBiotec) e pelo Centro Brasileiro de Aná-

lise e Planejamento (Cebrap). A última pesquisa da Biominas sobre a indústria de biociên-cias, também feita no ano pas-sado, revela o mesmo cenário. “No mercado mais maduro em biotecnologia do mundo, que é o mercado americano, a pro-porção de empresas que são médias ou grandes é pequena em relação a de MPEs. É um setor de pequenos empreendi-mentos, que desenvolvem um produto e depois vão licenciar ou vender essa tecnologia para uma grande companhia”, afirma Eduardo Emrich, diretor-presi-dente da Biominas, instituição mineira dedicada a promover bionegócios no país.

Para Emrich, a diferença é que, ao contrário do que ocorre nos países em que a área já está consolidada, existem, no Bra-sil, poucos casos de MPEs que se tornam médias ou grandes. “Não vemos ainda empresas médias de Biotecnologia, que já tenham uma estrutura, uma ca-pacitação. A nossa expectativa é de que esse número cresça e de que apareçam mais casos de sucesso”, complementa.

Ambiente adequadoComo desenvolver empresas

de sucesso na área? Os ambien-tes de inovação surgem como uma das soluções. O número impressiona: mais de 50% das empresas de biotecnologia estão ou já estiveram em incu-badoras de empresas. “O que normalmente ocorre é que quem cria essas empresas são profissionais de formação aca-

Empresas de biotecnologia no Brasil – Relação com incubadoras

Fonte: BRBIOTEC Brasil/Cebrap, “Brazil Biotech Map 2011”.

49,7%

20%

30,3%

A empresa nunca esteveem uma incubadora

A empresa estáem uma incubadora

A empresa já esteveem uma incubadora

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CAPA

dêmica forte, que vislumbram a possibilidade de empreender. E como esses profi ssionais estão rodeando as universidades, eles veem as incubadoras como um porto seguro, já que são orga-nizações muito vinculadas às universidades”, explica o pre-sidente da BRBiotec, Fernando Kreutz, que também é fundador da FK Biotecnologia, graduada pela Incubadora Tecnológica da Fundação de Ciência e Tecnolo-gia (Cientec), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O Centro Incubador de Em-presas Tecnológicas (Cietec), de São Paulo, que possui cer-ca de 25 empresas da área, é uma das incubadoras que pos-sui uma rede específi ca para empreendimentos do setor. “O pesquisador, a caminho de virar empresário, precisa de condições especiais que não vai encontrar fora das incubado-ras. Essa pesquisa dele que se tornou um plano de negócios, para que seja desenvolvida, vai precisar estar junto da universi-dade ou dos centros de pesqui-sa. Biotecnologia é isso: inova-ção e conhecimento que estão na academia 24 horas por dia”, afi rma o diretor do Cietec, Sér-gio Risola.

Além de procurarem mais os programas de incubação, as empresas de biotecnologia ten-dem a permanecer mais tempo dentro desses ambientes, em comparação a empreendimen-tos do setor de Tecnologia da Informação, por exemplo. “Es-tamos percebendo que o tem-po de incubação gira em torno

de quatro a cinco anos. É mais do que o dobro do normal para uma empresa de TI. A tecno-logia requer muito mais apri-moramento acadêmico. Todos os ensaios e experimentações levam tempo”, explica Risola.

O Cietec possui 10 módulos para empresas de biotecno-logia que respeitam as regras da Anvisa. “A maioria das salas foi criada em 2007, atenden-do as determinações e regras dos órgãos reguladores. São ambientes quase prontos, para que o empresário, ao assumir essa área, não fi que perdendo tempo demais em adequações”, afi rma o diretor.

PeculiaridadesEx-residente da Inova, in-

cubadora da UFMG, a empresa Ceelbio fabrica um material cha-mado biovidro – que pode ser utilizado em implantes dentá-rios, por exemplo, para facilitar a regeneração óssea – e agora está mudando para a incuba-dora Habitat, da Biominas. “A Inova contribuiu demais para o desenvolvimento da empresa, pois nos qualifi cou para ter uma visão maior de mercado”, diz a pesquisadora e sócia da Ceelbio, Rosana Domingues. Ela explica que a etapa de produção não pode ser feita na Inova, pois a in-cubadora não possui dependên-cias para laboratórios. A Habitat, onde a empresa irá se instalar, já tem alvarás sanitários e am-bientes direcionados para área biológica.

Devido às peculiaridades da área de Biotecnologia, crescem

pelo país iniciativas de criação de ambientes inovadores, como parques e incubadoras, dire-cionados a essas empresas. Há projetos de criação desses am-bientes em cidades como Recife e Niterói, por exemplo. Desde 2010, também, foi criada uma incubadora de empresas para a área no município de Feira de Santana, no interior da Bahia.

A incubadora Broto – que é vinculada à Universidade Estadual de Feira de Santa-na – já possui uma empresa graduada-associada e está in-cubando outros seis projetos. “Quando as empresas lidam com organismos vivos é mui-

Risola, do Cietec: incubadoras oferecem condições favoráveis ao crescimento das empresas

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Produção na Ceelbio: empresa está mudando para incubadora com espaço para laboratórios

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CAPA

to complicado. Elas precisam de espaços com laboratórios e equipamentos. Em função dis-so e do tempo maior de incuba-ção, é importante que existam incubadoras específi cas, pois o suporte à empresa se torna melhor”, explica o diretor da incubadora, Aristóteles Neto.

A Universidade Estadual de Feira de Santana foi a primeira a criar na Bahia cursos de mes-trado e doutorado em Biotecno-logia, no ano de 2005. O pro-grama de pós-graduação já tem mais de 100 alunos. “Em 2006, o governo lançou um edital e montamos o primeiro curso de empreendedorismo aplicado à biotecnologia da Bahia. No fi nal, houve um concurso de melhores planos de negócio de

todas as áreas contempladas pelo edital e a Biotecnologia teve seis fi nalistas, sendo o pri-meiro e o terceiro lugar geral do estado. Foi uma motivação grande para partirmos para o próximo passo: por que não continuar isso e montar efetiva-mente uma incubadora? Foi o que fi zemos”, relata Neto.

No Rio de Janeiro, está sen-do criado o Parque Tecnológi-co da Vida, uma iniciativa que envolverá vários municípios do estado. “É um programa que tem o objetivo não só de criar um parque, mas um conjunto de parques tecnológicos, que tenha interação entre empre-sas, laboratórios ofi ciais, ins-titutos de pesquisa e universi-dades, com o intuito de gerar

A incubadora Habitat, da

Biominas, conta com ambientes

preparados para ati vidades na

área biológica

Empresas de biotecnologia no Brasil – Áreas de atuação

Fonte: BRBIOTEC Brasil / Cebrap, “Brazil Biotech Map 2011”

Saúde

Veterinária

Reagentes

Agricultura

Meio ambiente

Outros setores

Bioenergia

39,7%14,3%

13,1%

9,7%

9,7% 8,4%5,1%

_AFINAL, O QUE É

UMA EMPRESA DE

BIOTECNOLOGIA?

O conceito mais uti li-zado é o da OCDE (Orga-nização de Cooperação e de Desenvolvimento Eco-nómico), que considera as empresas de Biotec-nologia como empreen-dimentos cuja ati vidade comercial principal envol-va a aplicação de técnicas biotecnológicas avança-das para a produção de bens e serviços ou para a realização de Pesquisa e Desenvolvimento.

Esse conceito abran-ge técnicas que uti lizam DNA/RNA, proteínas e outras moléculas, cultura em engenharia de células e de tecidos, técnicas de processamento biotecno-lógico, vetores gênicos e de RNA, bioinformáti ca e nanotecnologia.

A defi nição da OCDE foi uti lizada nas duas pes-quisas mais recentes so-bre o setor: a da Biominas e a da BRBiotec, realizada através do Cebrap. Mas o número de empresas brasileiras mapeadas nos dois estudos é diferente. O da Biominas indica 143, enquanto o da BRBiotec 237.

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CAPA

novos empreendimentos. O coração da discussão é que produtos irão sair desses labo-ratórios. Esse será o principal indicador de sucesso do Pro-grama para o Estado do Rio de Janeiro”, explica o coordena-dor do Parque, Sérgio Mecena.

A iniciativa está sendo lide-rada pela Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro, Investe Rio. “Ter modelos fi -nanceiros de investimento é fundamental para dar sobrevi-da a essas empresas”, diz Me-cena. O Parque já possui sua primeira unidade no Instituto Vital Brazil, em Niterói, onde desde o ano passado funciona a incubadora Biotec, que hoje abriga 16 projetos. “O Rio do-mina todas as tecnologias do século 20, petróleo, constru-ção civil. O que é estratégico é dominar as tecnologias do século 21. A Biotecnologia é uma delas. As regiões que ti-verem domínio dessas tecnolo-gias serão fundamentais para o desenvolvimento regional e nacional”, completa Mecenas.

Segundo Kreutz, da BRBio-tec, a criação de ambientes de inovação é apenas uma parte da equação. “Outra parte es-sencial é como se vai alavan-car isso. Como ter empreen-dedores nesses ambientes? Na Amazônia, por exemplo, foi fei-to um mega investimento, do ponto de vista econômico, em um centro de Biotecnologia, mas ele não tem a viabilidade do business. Isso não é uma peculiaridade brasileira. Como é que a gente desenvolve pro-

jetos, puxando para o lado dos negócios?”, questiona.

Do laboratório ao mercadoUma das principais difi cul-

dades para que as empresas de Biotecnologia se tornem bem-sucedidas é o próprio perfi l do empresário. São pes-quisadores que saem do meio acadêmico para enfrentar um universo que ainda desconhe-cem: o mundo empresarial. “O governo esteve muito preocu-pado em criar um ambiente em relação à pesquisa, isso é importante, mas deveria criar, também, mecanismos que pro-porcionem o desenvolvimento das empresas. O que vemos é que as pequenas empresas têm problemas de gestão, pois grande parte delas foram cria-das por pesquisadores sem treinamento gerencial”, avalia Eduardo Emrich, da Biominas.

Ao tentar convencer em-presas do Ceará a investirem em uma ideia originada de sua tese de doutorado, no início da década de 1990, o pesquisador Augusto Guimarães, recém--doutor pela Universidade de São Paulo, enfrentou difi cul-dades. “Eu não tive sucesso ao tentar convencer as empresas locais a realizar investimentos para desenvolver minha ideia. Recebi um convite da incuba-dora do Padetec [Parque de De-senvolvimento Tecnológico], da Universidade Federal do Ceará, e decidi eu mesmo abrir a em-presa”, relata Guimarães, que fundou, em 1992, a Nuteral, uma das únicas especializadas

em nutrição clínica do Brasil.O primeiro produto da em-

presa – uma formulação para crianças com desnutrição – não obteve uma única venda. “Eu sou nutricionista por for-mação e, na época, ainda exis-tia muita desnutrição infantil no Ceará e uma taxa de mor-talidade muito elevada. Com esse viés de preocupação com a sociedade, investimos em uma formulação para crianças. Hoje vemos que esse produto foi muito sofi sticado e que, na época, o governo não entendia claramente a importância da redução da desnutrição”, expli-ca Guimarães.

Com essa experiência, o pes-quisador aprendeu que é neces-sário avaliar melhor o mercado antes de apostar no desenvolvi-mento de um produto. “Era um produto inovador, mas estava totalmente desfocado da sua aplicação. Isso nos ensinou que é preciso, antes de desenvolver algo, criar um alinhamento en-tre as expectativas do cliente e aquilo que é possível ser feito pela questão técnica. Principal-mente no caso das MPEs, já que as empresas maiores podem

Guimarães, da Nuteral: primeiro produto da empresa não foi bem recebido pelo mercado

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CAPA

até se dar ao luxo de criar seus próprios mercados”, afi rma Gui-marães.

O agrônomo Roberto Cara-cas trilhou um caminho con-trário ao de Guimarães e, antes de abrir a Bioclone, em 2008, constatou a demanda por mu-das clonadas. Depois de passar pela Secretaria de Agricultura

do Ceará e pela multinacional produtora de frutas Del Monte, teve a ideia de aplicar comer-cialmente o que havia estuda-do ao longo de seu mestrado, concluído em 2000. “Quando trabalhava na Del Monte, tive-mos um projeto em que todas as mudas de abacaxi tiveram de ser importadas da Costa

Rica. Faltam muitas mudas no Ceará e vi que havia um mer-cado muito grande para isso”, relata o empresário.

Incubada pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tec-nológica Agropecuária e Trans-ferência de Tecnologia (Proeta), da Embrapa, a Bioclone produz mudas clonadas de banana, abacaxi, cana-de-açúcar e plan-tas ornamentais, e deve inaugu-rar no próximo ano a primeira biofábrica do Ceará, que será uma das mais modernas do país. “A inovação é um dos nos-sos pontos mais fortes. Além de mim, temos duas doutoras e três pessoas de nível de gradu-ação pensando em P&D. Além disso, há os pesquisadores da Embrapa e parceria com outras unidades da Empresa e univer-sidades”. A Bioclone foi uma das fi nalistas do Prêmio Finep

_ÁREAS DE ATUAÇÃO

No Brasil, a área de Saúde Humana concentra as empresas de biotecnologia, abrangendo mais de 30% dos empre-endimentos. Em segundo lugar, fi cam as áreas relacionadas à agricultura, como clonagem, melhoramento genéti co e saúde animal, com outra fati a de cerca de 30%. Áreas como Bioenergia e Meio Ambiente, que têm grande potencial de desenvolvimento no país, ainda são pequenas e abrangem menos de 15% do total de empresas.

A tendência, nos próximos anos, é que a área de Saúde Humana conti nue dominando, mas que outras áreas ganhem mais espaço. “Historicamente, o que víamos eram muitos projetos na área de saúde humana, principalmente diagnós-ti cos e medicamentos. Nos últi mos dois anos, cresceu o número de projetos que envolvem agricultura e meio ambiente, incluindo o uso de biomassa e de aproveitamento de resíduos, por exemplo”, explica Emrich, da Biominas.

Para ele, é nessas áreas que o Brasil têm mais potencial para se tornar competi ti vo mundialmente. “Quando a gente pensa no país se tornar competi ti vo no desenvolvimento de novos medicamentos, o caminho é muito mais difí cil do que ser competi ti vo em bioenergia ou agricultura, que são áreas que ele já tem uma competência. Há espaço para a solução de problemas locais, mas imaginarmos que vamos criar drogas para combater o câncer, por exemplo, é muito mais difí -cil”, avalia.

Laboratório da Bioclone:

parceria com a Embrapa fomenta a

inovação

Divu

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ão

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CAPA

QUANDO

QUESTIONADOS

SOBRE SEUS

PRINCIPAIS DESAFIOS

PARA OS PRÓXIMOS

DOIS ANOS, 52%

DOS EMPRESÁRIOS

AFIRMARAM QUE O

PRINCIPAL É CAPTAR

RECURSOS

de Inovação 2011, na categoria pequena empresa. O empreen-dimento também recebe aporte de capital do Fundo Criatec.

BarreirasNa biotecnologia, conseguir

fi nanciamento para dar início à fase de industrialização dos produtos pode ser ainda mais difícil do que para empresas nascentes de outras áreas. Na pesquisa da Biominas sobre empresas de biociências, quan-do questionados sobre seus principais desafi os para os próximos dois anos, 52% dos empresários afi rmaram que o principal é captar recursos fi -nanceiros.

E em segundo, terceiro e quarto lugar, apontam neces-sidades que carecem, também, de investimento: entrar em novos mercados, aumentar ou criar a infraestrutura da em-presa e conduzir o desenvol-vimento de novos produtos. “É o chamado ʻvale da morteʼ. Temos recursos para P&D, mas na fase de industrialização não há aporte ou condições de bus-car fi nanciamento. O empre-sário não tem garantia real e nem porte para conseguir em-préstimo”, explica Kreutz.

De acordo com ele, é neces-sário desenvolver uma nova maneira de capitalizar essas empresas. “Esse modelo que existe no Brasil, de fi nanciar as grandes empresas e esperar que elas puxem as pequenas, em Biotecnologia, mundial-mente, não é o de maior suces-so. O modelo que está dando

certo é o de investir na base da pirâmide, fazendo com que as pequenas consigam se trans-formar em médias ou, quem sabe, em grandes”, defende.

Entre as razões para tama-nha difi culdade, está o fato de as empresas de biotecnologia representarem riscos maiores e exigirem mais tempo de fi nan-ciamento. A criação de fundos de capital de risco específi cos para a área pode ser uma das soluções. “A existência desses fundos é fundamental. Porque se existe um fundo que investe em Tecnologia da Informação e em Biociências, a chance de ele investir em TI é muito maior, já que o retorno é mais rápido e o risco é menor. A competição fi ca desigual”, afi rma Emrich, da Biominas. Segundo ele, há iniciativas nesse sentido sur-gindo no país, como o Fundo Burrill, que está sendo estrutu-rado, e até projetos da própria Biominas.

Outra opção que os empre-

endedores podem buscar para resolver o problema do fi nan-ciamento é o das parcerias cor-porativas. “Há casos em que a empresa recebe o dinheiro, só que ela acaba gastando mal. Por quê? Porque ela não sabe como desenvolver o produto. É por isso que achamos que, talvez, um dos melhores cami-nhos para o desenvolvimento das empresas seja o de elas apostarem mais em parcerias”, diz Emrich. Segundo ele, as parceiras com grandes empre-sas agregam não apenas recur-sos fi nanceiros, mas, também, o conhecimento de como levar um produto ao mercado.

É isso que a Ceelbio, de Mi-nas Gerais, está buscando. A empresa, que tem quatro anos, agora está na transição para o desenvolvimento de produtos. “No estágio atual em que a empresa se encontra, estamos precisando mais de uma pes-soa que nos ajude com serviços

Emrich, da Biominas: fundos específi cos para a área podem fi nanciar MPEs

Paul

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CAPA

e contatos do que uma pessoa que apenas invista financeira-mente. Precisamos de alguém que vá acrescentar algo além do dinheiro”, afirma Rosana.

A empresa está procurando parcerias com gigantes do se-tor. “O produto com o qual es-tamos trabalhando, o biovidro, depende muito do mercado de odontologia e de ortopedia. En-tão, por exemplo, uma grande empresa que trabalhasse na área de implantes dentários se-ria um parceiro ideal para nós nesse momento, pois poderia entrar com suporte financeiro e ajudar a colocar o produto no mercado”, destaca.

Marcos regulatóriosAlém da escassez de recur-

sos, os marcos regulatórios também são um dos principais gargalos do setor de Biotecno-logia: 46,9% dos empresários do ramo consideram que um dos fatores críticos para o su-cesso dos empreendimentos é

a clareza da legislação. “Para empresas que lidam com agri-cultura, veterinária ou saúde humana, os marcos são um dos maiores problemas. Se tenho empresas nascentes que têm que esperar cinco, seis anos para registrar um produto, estou matando essa empresa. Temos que conseguir otimizar esse processo”, diz Kreutz.

Para Eduardo Emrich, da

Biominas, o problema não está só nos marcos em si, mas também na falta de conheci-mento dos próprios empre-endedores. “Na maioria dos casos, as empresas reclamam da falta de clareza de prazos. O problema é que muitas vezes essa demora é provocada pelo encaminhamento errôneo do processo. A partir do momento em que se manda uma docu-mentação em que falta algum estudo, ele se torna ainda mais lento na Anvisa”, explica.

Outro desafio está em ava-liar o valor intangível dos em-preendimentos de biotecnolo-gia do país. “É um segmento que tem um tamanho de gera-ção de riqueza muito pequeno hoje, se olharmos sua repre-sentatividade no PIB. Porém, um dado muito importante, que a gente ainda não conse-guiu levantar, é: qual é o valor intangível dessas empresas? Nos Estados Unidos, como 30% das empresas de biotecnologia estão nas bolsas, temos um va-lor de mercado. No Brasil não temos isso”, comenta.

Kreutz afirma que a Associa-ção está tentando desenvolver uma metodologia para conse-guir esse dado. “Eu tenho duas empresas diferentes. Uma delas fatura menos que o armazém da esquina. Mas se o governo olhar pra ela como o armazém da esquina está perdendo uma grande oportunidade, pois a capacidade de geração de valor que têm essas empresas é mui-to grande. É isso que queremos mostrar.”

_ONDE ESTÃO AS EMPRESAS?

As empresas de biotecnologia se concentram, principalmente, em seis estados. Segundo dados do mapeamentos da BRBiotec, São Paulo possui cerca de 40% dos empreendimentos, Minas, 25%, e Rio de Janeiro, 13%. Outros estados com repre-sentatividade, ainda que menor, são o Rio Grande do Sul, com 8% das empresas, Pa-raná, com quase 5%, e Pernambuco, que tem em média 4% dos empreendimentos.

Na avaliação dos especialistas, o cenário pode se descentralizar nos próximos anos. “Acredito que os próprios editais que têm valores diferenciados para as re-giões menos habitadas estão conduzindo para que haja essa descentralização. As universidades também estão trabalhando para criar grupos de pesquisa sólidos fora do eixo Rio-São Paulo-Minas”, avalia Risola, do Cietec.

46,9% DOS

EMPRESÁRIOS

DO RAMO

CONSIDERAM QUE

UM DOS FATORES

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Do Brasil à ÁfricaP O R C A M I L A A U G U S T O

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Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), do Rio de Janeiro, participa de projeto que presta apoio ao desenvolvimento habitacional e urbano de Moçambique

Depois de passar por 16 anos de guerra civil e por uma série de catástrofes natu-rais como secas e enchentes, o Moçambi-que tenta se reconstruir. Nos últimos anos, o país, que fi ca localizado na costa orien-tal da África, realizou reformas político--econômicas e vem recebendo, também, assessoria de outras nações para acelerar o desenvolvimento local.

A relação de parceiros da reconstrução inclui o Brasil. Em 2007, foi criado um projeto – coordenado pela Agência Bra-sileira de Cooperação – para incentivar o desenvolvimento habitacional e urbano de Moçambique. Dentre as várias instituições participantes, está a Incubadora Tecnoló-gica de Cooperativas Populares (ITCP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O

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Moçambique costuma receber a assessoria de europeus, como alemães e franceses, mas acredito que nós, por termos mais contato com a população marginalizada no Brasil, oferecemos um modelo que pode incluir e trazer mais gente para o desenvol-vimento econômico e social do país”, afi r-ma Gonçalo Guimarães, coordenador geral da Incubadora.

Com projetos em outras cidades do Bra-sil e da América Latina, a ITCP atua pela pri-meira vez em um país africano. O desafi o é adaptar a metodologia de incubação à reali-dade de Moçambique, para incentivar a for-mação de empresas sustentáveis, principal-mente no ramo de construção civil. “Vimos que lá existia uma necessidade de empresas capacitadas para a área de construção civil e de materiais como tijolos e telhas. Fica-mos, então, com a tarefa de assessorar es-ses empreendimentos. Isso é essencial para o desenvolvimento da política habitacional do país”, afi rma Guimarães.

MERAʼsEm Moçambique, já existem, desde a

década de 2000, as chamadas Micro Em-presas Rurais Associativas (MERAʼs), e o papel da ITCP passou a ser o de ajudar esses empreendimentos a se organizarem de forma efi ciente e planejada, colaboran-do com a criação de uma incubadora para eles. As MERAʼs são organizações criadas a partir de uma política pública moçambi-cana que possibilita que empresas locais realizem pequenas obras de infraestrutura urbana, como postos de saúde e escolas.

Esses empreendimentos possuem um modelo organizacional com características tanto de empresa quanto de associação. “As MERAʼs já tinham bastante conheci-mento técnico, porque recebiam assesso-ria de funcionários do Ministério de Obras Públicas e Habitação de Moçambique, mas ainda não tinham uma visão sobre como gerenciar o empreendimento em si”, afi r-

INTERNACIONAL

_A RECONSTRUÇÃO DE UM PAÍS

Colonizado por portugueses, o Moçambique tornou-se indepen-dente em 1975, após uma luta liderada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). Logo depois de sua independência, no entan-to, o país ingressou em uma guerra civil.

O confl ito durou 16 anos e teve início quando o governo moçam-bicano passou a apoiar grupos armados de movimentos de libertação que iam contra a minoria branca da vizinha Rodésia (atual Zimbabwe) e da África do Sul. Em retaliação, os governos desses países apoiaram a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que entrou em com-bate com o Moçambique.

A guerra durou até 1992, quando foi assinado um Acordo Geral de Paz. O confl ito deixou mais de um milhão de mortos e provocou a fuga de milhares de moçambicanos, além de ter abalado a infraestrutura do país e os sistemas de educação e de saúde.

Somado aos prejuízos causados pela guerra, o Moçambique tam-bém enfrentou catástrofes naturais como secas e enchentes, que agravaram a fome e a pobreza da população e prejudicaram ainda mais a infraestrutura local.

Nos últi mos anos, o país tem evoluído na busca pela estabilidade econômica e políti ca. O Moçambique possui uma Consti tuição que as-segura um sistema políti co multi parti dário, eleições livres e uma eco-nomia de mercado e, graças ao retorno de refugiados da guerra civil e a uma reforma econômica, vem apresentando taxas de crescimento de 7% a 10% ao ano na últi ma década.

Atualmente, entre os principais desafi os do governo estão dimi-nuir a disparidade econômica entre as regiões Norte e Sul do Moçam-bique, promover a geração de emprego, sustentar o crescimento da agricultura, melhorar a saúde e reabilitar o sistema de energia e as estradas e pontes do país.

A capital, Maputo: 16 anos de guerra civil abalaram a infraestrutura do país

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ma Guimarães.O trabalho da ITCP em Moçambique co-

meçou em 2009, no distrito de Namialo, e segue até o início deste ano, quando deve ser realizado o terceiro e último módulo do projeto. Um dos principais objetivos é capacitar técnicos do governo moçambica-no para a implantação de uma incubadora pública de empreendimentos associativos, além de assessorar os próprios integrantes das cerca de 15 MERAʼs participantes da iniciativa.

Os módulos incluem aulas teóricas e ofi -cinas práticas e têm duração de cerca de uma semana. Nessas atividades, os técnicos do ITCP trabalham com a elaboração de es-tudos de viabilidade econômica, cursos de instrumentos de gestão e discussões sobre a sustentabilidade econômica dos empreen-dimentos, entre outras ações.

SustentabilidadePara o coordenador da ITCP, um dos

principais desafi os da iniciativa está sendo mudar a visão gerencial dos cooperados das MERAʼs. “Esse foi um grande nó. Os co-operados realizavam os cálculos das obras sem levar em consideração a empresa em si. Eles calculavam os custos como se tives-sem apenas de atender aquela demanda e depois a MERA não fosse mais ter conti-nuidade”, explica Guimarães. “Por isso, ti-vemos que trabalhar bastante nas ofi cinas com a questão da sustentabilidade. Essa mudança de visão foi um dos nossos re-sultados mais importantes. Eles passaram a ver a MERA como um órgão vivo e não como um posto de trabalho que depois de-saparece”, relata.

Quando a Incubadora Tecnológica de MERAʼs estiver consolidada, será utilizada a mesma metodologia que a ITCP aplica no Brasil para atender os empreendedores. A instituição não funcionará em um prédio fi xo que abrigará as empresas. Os próprios técnicos da incubadora serão responsáveis

por visitar e assessorar os empreendimen-tos incubados.

A ideia é que a incubadora passe a abri-gar, também, empreendimentos de várias áreas, além da construção civil. “Existe uma ideia de que várias áreas sejam aten-didas e que a incubadora atue com foco no desenvolvimento local. Na minha opinião, isso seria o ideal, mas vai depender de como a equipe de Moçambique dará con-tinuidade ao trabalho”, explica Guimarães.

Após o fi nal do projeto, a ITCP planeja utilizar ferramentas de Tecnologia da In-formação e Comunicação para seguir ca-pacitando os moçambicanos. Para Gonça-lo, é importante que o Brasil, agora que é considerado uma potência econômica, re-alize iniciativas como essa e colabore com o desenvolvimento de outros países, prin-cipalmente da América Latina e da África. “É essencial que o país realize ações desse tipo como resposta para o mundo. Durante muito tempo nós recebemos assessoria de outros países e acredito que agora é a nos-sa vez de contribuir”, afi rma. Sem dúvida, é uma bela pauta para agenda positiva do Brasil.

Mulheres empreendedoras: cooperati vas realizam pequenas obras de infraestrutura urbana

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Fábrica de ideiasP O R C A M I L A A U G U S T O

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Baseada no incentivo à criatividade e nas parcerias com universidades e empresas, a Braskem comprova que a

estratégica gestão da inovação traz excelentes resultados

Ao ser questionado sobre as oportunida-des de parcerias da Braskem com pequenas empresas inovadoras, o diretor corporativo de Tecnologia da companhia, Antônio Luiz Bragança, é enfático: “Não fazemos diferen-

ciação. Para a Braskem, não importa se uma empresa é pequena, média ou grande. Esta-mos em busca de parcerias que venham a nos somar em algo, pode ser com qualquer empresa ou instituição.”

CONHECIMENTO

Unidade da Braskemem Triunfo (RS)

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A declaração de Bragança exemplifi ca a postura que a gigante petroquímica vem adotando desde que foi criada, em agosto de 2002. Hoje, com uma década de opera-ção, a Braskem já se tornou um dos prin-cipais casos de sucesso de gestão da ino-vação no Brasil, utilizando um modelo que tem como um de seus pilares a operação via open innovation.

O conceito de open innovation - pro-movido pelo professor da Universidade da Califórnia Henry Chesbrough – começou a ser divulgado em 2003 através do livro In-novation: The New Imperative for Creating and Profi ting from Technology. Na publica-ção, o professor defende que as empresas que desejam se tornar inovadoras precisam permanecer abertas a ideias externas e “ex-ternalizar” suas próprias tecnologias.

Foi apenas um ano depois de Ches-brough ter publicado seu livro que a Braskem criou, em 2004, uma iniciativa para potencializar a inovação na empresa – já naquela época aberta a ideias exter-nas. O Programa de Inovação Braskem, conhecido como PIB, é um sistema de gestão de inovação que tem como objeti-vo captar e implantar projetos inovadores na petroquímica. A meta do programa é gerir com efi cácia a criatividade ao longo do processo de inovação.

Por meio do PIB, propostas são coloca-das em um banco de ideias e depois passam por uma série de avaliações. “Temos um método de avaliação do potencial de gera-ção de valor das ideias. As propostas são analisadas a partir de fatores como a visão estratégica da empresa, a atratividade de mercado e a viabilidade técnica que aquela ideia pode ter”, explica Bragança.

De acordo com o executivo, após pas-sarem por essas avaliações, que são feitas por equipes multidisciplinares, as ideias com maior potencial tornam-se projetos, que passam, novamente, por processos de estudo de viabilidade, desenvolvimento e

validação até serem efetivamente lançados no mercado.

O Programa, em conjunto com a estraté-gia de abertura a parcerias da Braskem, deu certo. De fast follower, ou seja, de seguidora rápida de tendências do mercado, a empre-sa tornou-se uma supridora de tecnologias diferenciadas em uma área de commodities. Só ao longo dos seus primeiros cinco anos de funcionamento, o banco de ideias do PIB reuniu cerca de 1,2 mil projetos, dos quais 10% foram colocados em prática. “Hoje, cerca de 12% do nosso faturamento anual vêm de produtos lançados nos últimos três anos”, destaca Bragança.

Inovação como estratégia Formada a partir da fusão de seis em-

CONHECIMENTO

_NÚMEROS DA INOVAÇÃO

• Até o fi nal de 2010, a Braskem contabilizava 400 patentes deposi-tadas;

• Possui três Centros de Tecnologia e Inovação, localizados em Triun-fo, no Rio Grande do Sul, na cidade de São Paulo e nos Estados Unidos;

• Conta com 240 pesquisadores contratados;

• Mais de R$ 400 milhões em ati vos de Pesquisa & Desenvolvimento;

• Mantém oito plantas-piloto (plantas de processo em escala redu-zida);

• O investi mento em inovação feito pela Braskem está entre os três mais representati vos do Brasil;

• Foi a primeira petroquímica brasileira a depositar uma patente na área de nanotecnologia;

• .Venceu o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2011, na categoria Grande Empresa.

Bragança: projetos inovadores são avaliadosa parti r da visãoestratégica da empresa

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presas, a Braskem, que é controlada pelo Grupo Odebrecht, já nasceu com uma in-fraestrutura complexa de laboratórios e de plantas-pilotos e, também, com uma equipe de Pesquisa & Desenvolvimento. Hoje, a petroquímica possui três Centros de Inovação e Tecnologia, dois no Brasil - em São Paulo e no Rio Grande do Sul - e um nos Estados Unidos. Neles, trabalham mais de 200 pesquisadores. “A principal mudança com o surgimento da Braskem foi que a inovação, na verdade, foi incor-

porada ao negócio da empresa”, afi rma Bragança.

O executivo cita como exemplo a pre-sença da inovação na “Visão 2010” da empresa. Nela, a Braskem apresenta como um de seus objetivos desenvolver, por meio de pesquisa e inovação, resinas ain-da mais úteis para as pessoas, destinadas a novas aplicações de produtos plásticos para a qualidade de vida e sustentabilida-de. Outro objetivo da companhia, agora presente na “Visão 2020”, que também passa por inovação, é o de fortalecer seu portfólio de produtos de forma a torná-lo cada vez mais sustentável, ampliando, por exemplo, a participação de matéria-prima renovável.

Química verdeComo revelam as políticas da empresa,

a Química Verde – produtos e processos químicos que reduzem ou eliminam o uso e geração de substâncias nocivas – são o principal foco da petroquímica atual-mente. A área é coordenada, dentro da Braskem, pela Unidade de Negócios In-ternacionais que, além de ser responsá-vel pela expansão da petroquímica para

_O PLÁSTICO VERDE

Um dos resultados mais emblemáti cos da gestão de inovação da Braskem é o plásti co verde, como é conhecido o polieti leno produzido pela empresa a parti r de etanol de cana de açúcar. A resina foi desenvolvida durante dois anos pela petroquímica, com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Durante esse período, os testes foram realizados em escala piloto no Centro de Inovação e Tecnologia da empresa, localizado em Triunfo, no Rio Grande do Sul.

O plásti co foi o primeiro do mundo a ser certi fi cado como completamente renovável pelo laboratório Beta Analyti c. O material, além de ser 100% reciclável, contribui com a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois, durante o processo de fotossíntese, a biomassa realiza a captura de dióxido de carbono (CO2), que depois é fi xado nos plásti cos produzidos pela indústria.

Empresas como Tetra Pak, Natura, Procter & Gamble e Petropack são algumas das pioneiras na uti lização do plásti co verde da Braskem em seus produtos. A Johnson & Johnson, por exemplo, passou a uti lizá-lo em 2011, em sua linha de proteção solar Sundown. Os produtos possuem agora nas embalagens o selo “I’m green”, fornecido pela Braskem.

Fábrica de eteno verde foi inaugurada no Rio

Grande do Sul em 2010M

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CONHECIMENTO

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_ALÉM DO PLÁSTICO VERDE: ALGUMAS INOVAÇÕES DA BRASKEM QUE NASCERAM DE PARCERIAS

Copo descartável de polipropilenoAté 2002, todos os copos descartáveis eram produzidos no Brasil

com a resina poliestireno. A Braskem, que na época estava construin-do uma planta de polipropileno na cidade de Paulínia, interior de São Paulo, viu na fabricação de copos uma oportunidade de mercado para essa outra resina. Mas, para isso, teria que inseri-la no mercado.

A petroquímica criou uma composição de resina de polipropileno para ser utilizada em copos e a catarinense Zanatta tentou utilizá-la. No entanto, as máquinas da empresa acabaram não sendo adequa-das para a fabricação do produto. Era necessário outro maquinário, que, na época, teria que ser importado, a um custo que inviabilizaria o projeto.

Por meio de uma parceria com a Zanatta, então, a Braskem de-senvolveu máquinas adequadas à fabricação dos copos com a nova resina. Para comercializar o maquinário, foi criada a spin-off NTS Má-quinas e Equipamentos e a tecnologia foi patenteada tanto pela petro-química quanto pela Zanatta em 2003.

Fibra de UtecEm conjunto com a empresa paulista Profil, que fabrica fios de po-

lipropileno para o setor têxtil, a Braskem passou a produzir uma fibra de poliestireno de ultra-alto peso molecular, material conhecido como Utec. A fibra possui diversas aplicações, sendo uma delas a proteção balística.

Primeira patente em nanotecnologiaO primeiro projeto de ruptura da Braskem - um processo de incor-

poração do nanocompósito em resinas termoplásticas - foi desenvol-vido em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A petroquímica tornou-se a primeira empresa do Brasil a depositar uma patente de nanocompósitos, em 2005.

outros países, consolida as oportunidades em matérias-primas renováveis e biopolí-meros.

Em 2010, a fábrica de produção in-dustrial de eteno verde foi inaugurada em Triunfo, no Rio Grande do Sul, e é um dos maiores marcos da caminhada da Braskem em rumo à sustentabilidade. A petroquími-ca investiu por volta de R$ 500 milhões no projeto. Por ano, a unidade produz cerca de 200 mil toneladas e consome cerca de 462 milhões de litros de etano.

Na mesma época em que a fábrica de eteno entrou em funcionamento, a empre-sa anunciou, também, que planeja colocar em operação no segundo semestre de 2013 uma unidade industrial de propeno verde. A nova fábrica deverá ter capacida-de mínima de produção de 30 mil tone-ladas por ano. A expectativa é de que R$ 100 milhões sejam investidos no projeto.

Para alcançar esse novo objetivo, de produção de polipropileno em escala in-dustrial, em 2009 a Braskem firmou par-ceria com a empresa Novozymes, que é líder mundial na produção de enzimas in-dustriais. E, com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a empresa possui desde 2010 uma parceria com o Labo-ratório Nacional de Biociências (LNBio). Pesquisadores da petroquímica realizam pesquisas no laboratório sobre o uso de biotecnologia para o desenvolvimento de polímeros verdes. “Tentamos nos unir com empresas ou instituições que tenham com-petências diferentes das nossas e que nos ajudem no processo de inovação”, explica Bragança.

Outro foco da Braskem está na pesquisa do processo de catálise, na mudança de ve-locidades das reações químicas. Em 2010, a empresa contratou 50 pesquisadores para trabalhar na área de P&D, sendo que metade desses profissionais realizarão pesquisas nessa área. “Hoje, a área de re-nováveis e de catálise são, realmente, nos-

sos principais focos e onde mais estamos buscando parcerias”, destaca Bragança.

Até 2017, a Braskem pretende dedicar 1% por do seu faturamento às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento. Hoje, o inves-timento anual que a companhia realiza na área é de cerca de R$ 70 milhões.

CONHECIMENTO

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Um novo retrato

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Estudo da Anprotec, em parceria com o MCTI, revela que as incubadoras de empresas brasileiras atingiram a maturidade

Iniciado na década de 1980, o movimen-to de incubadoras de empresas brasileiras chega a 2012 colecionando conquistas e desafi os típicos de quem atinge a maturida-de. Os resultados de um estudo desenvolvi-do no ano passado pela Anprotec, por meio de um convênio de cooperação técnica com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-vação (MCTI), reforçaram essa percepção.

O projeto “Estudo, Análise e Proposi-ções sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil” tinha por objetivo atualizar a base de conhecimento sobre as incubadoras de empresas, a fi m de permitir uma melhor compreensão sobre evolução e tendências do movimento. “O estudo permitirá maior

e melhor autoconhecimento do movimen-to, além de subsidiar e articular políticas públicas de apoio ao empreendedorismo inovador”, afi rma Guilherme Ary Plonski, que presidia a Anprotec durante a elabo-ração do estudo. Ele destaca, ainda, que o projeto complementa a avaliação feita re-centemente pelo Sebrae para subsidiar sua atuação junto a empresas inovadoras de pequeno porte.

EstabilizaçãoA história das incubadoras de empresas

no Brasil é marcada por conquistas. A im-plantação desses ambientes em diferentes regiões disseminou a ideia do empreende-

ESTUDO

384 incubadoras2.640 empresas incubadas2.509 empresas graduadas1.124 empresas associadas 16.394 postos de trabalho nas incubadas e associadas29.905 postos de trabalho nas graduadasR$ 533 milhões em faturamento de incubadasR$ 4,1 bilhões em faturamento de graduadas

Números revelados pelo estudo realizado por

Anprotec e MCTI em 2011

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dorismo inovador no país, desencadeando a consolidação de um dos maiores sistemas mundiais de incubação de empresas, que já passou por diferentes ciclos de evolução. Na primeira década do movimento, entre 1984 e 1993, foi registrado o surgimento de pou-co mais de uma incubadora por ano, tota-lizando 13 ao final do período. O segundo ciclo está associado ao início do Plano Real, em 1994, e levou a um crescimento médio de 30% ao ano no número de incubadoras, até 2007. “O ciclo atual é de manutenção do número de incubadoras, em um patamar próximo a 400, e de um esforço planejado para o aumento da efetividade dessas ins-tituições. Nesse sentido, é paradigmática a iniciativa Cerne, que já conta com o valioso apoio do Sebrae”, explica Plonski.

O estudo também indica novos focos de atuação das incubadoras brasileiras. Ideali-zadas inicialmente para abrigar empreendi-mentos de setores intensivos em tecnologia, como informática, biotecnologia e automa-ção industrial, as incubadoras tinham como maior propósito a criação de empresas com potencial para levar ao mercado novas ideias e tendências tecnológicas.

As respostas ao estudo indicam que atualmente elas somam a esse objetivo o compromisso em contribuir para o cresci-mento local, por meio do desenvolvimento de novos produtos e serviços, geração de emprego e renda e criação de negócios de alta qualidade. “Os cenários atuais, seus de-safios e oportunidades, sinalizam para uma movimentação entre parceiros em prol do desenvolvimento sustentável, com base na apropriação de conhecimento em todos os recantos do país”, afirma a nova presidente da Anprotec, Francilene Garcia.

Empresas inovadorasO estudo confirmou que o critério essen-

cial para um novo empreendimento residir em uma incubadora brasileira é a inovação que propõe. Atualmente, 98% das empresas

incubadas inova. Segundo o estudo, 15% inovam em âmbito mundial, 55% em rela-ção ao mercado nacional e 28% em âmbi-to local. “A fração de empresas incubadas que inovam não apenas localmente, 70%, é notavelmente maior do que a verificada no universo das empresas inovadoras brasilei-ras”, destaca Plonski.

Além desses aspectos, o estudo traz um panorama atualizado das incubadoras bra-sileiras, incluindo informações e números relacionados às instituições e às empresas incubadas e graduadas (veja imagem na abertura da matéria), um benchmarking internacional, a proposição de uma taxono-mia para classificação das incubadoras e, por fim, as sugestões de políticas de apoio às incubadoras. Nas próximas edições, Lo-cus trará reportagens especiais sobre as conclusões mais importantes do projeto.

ESTUDO

_O ESTUDO

Resultado de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Anprotec e o MCTI, o projeto “Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil” foi desenvolvido em quatro etapas:

1. Realização de pesquisa secundária, envolvendo um levantamento es-truturado e uma avaliação de casos bem sucedidos no âmbito internacio-nal, considerando-se o papel estratégico das incubadoras em relação à economia do país e as políticas públicas e soluções financeiras utilizadas;

2. Análise do cenário atual do movimento de incubadoras no país, por meio de aplicação de questionários e realização de entrevistas junto aos gestores de incubadoras, para levantamento e confirmação de informações;

3. Proposição de uma taxonomia para organização e estruturação do movimento brasileiro de incubadoras;

4. Definição de um conjunto de proposições para uma política pública de direcionamento do movimento de incubadoras.

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A minoria que arruinou um país

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Em cartaz nos cinemas brasileiros, Margin Call - O Dia Antes do Fim é o primeiro longa

metragem do diretor J.C. Chandor e tinha tudo para ser apenas mais um fi lme sobre executivos caricatos do mercado fi nanceiro. Porém, surpreende como um dos melhores longas sobre Wall Street e suas regras, muitas vezes deturpadas.

A maior parte da história se passa em um escritório de Manhattan, em plena crise fi nanceira de 2008. O fi lme não dá nome à empresa em questão, mas fi ca evidente a relação com o banco Lehman Brothers. No dia em que vários executivos foram demitidos, um deles entrega um pen drive a um novato e o avisa que há revelações importantes em seu interior. Ali estão provas contundentes do escândalo fi nanceiro mais vergonhoso que o mundo recente já teve notícias.

Margin Call é um fi lme de diálogos bem escritos e com um elenco formado por grandes atores norte-americanos, entre eles Kevin Spacey, Jeremy Irons, Simon Baker e Stanley Tucci. A exceção fi ca para Demi Moore que, como sem-pre, parece se esforçar para ser uma atriz de talento, mas não ultrapassa a barreira do mediano. Interessante é o fato de que a maioria desses nomes topou participar do fi lme sem receber um salário proporcional a suas famas. Tudo para ajudar uma produção que pretende escancarar os verdadeiros culpados da crise americana.

Segundo a versão apresentada, os culpados seriam uma minoria de executivos que deixou os escrúpulos de lado para lucrar mais e mais até um nível absurdamente irreal, repassando para o resto do mundo a responsa-bilidade de pagar a conta pela esbórnia. Em uma das cenas, um personagem está dentro do carro, olhando para uma multidão de anônimos na rua. Ele comenta: “Olhe para essas pessoas, todas sem ter nenhuma noção do que está acontecendo.” Naquele dia, de fato, quase ninguém sabia que o amanhã da economia americana seria longo e penoso.

Margin Call – O dia antes do fi m (EUA, 2011, 109 min). Dirigido por J.C. Chandor. Em cartaz nos cinemas.

CULTURA

Imperati vo

Visite a exposição da arti sta Jac Leirner, que ocupa a Estação Pinacoteca de São Paulo. Suas obras são feitas em grande parte por objetos do coti diano. É o caso da série Adesivos, de 2004. Até 26/2.

Leia o novo livro de Umberto Eco, O cemitério de Praga (Editora Record, 480 páginas). A história da obra apresenta personagens inusitados como um Sigmund Freud jovem e até mesmo Garibaldi.

Leia também Uma providência Especial (Alfaguara, 304 páginas), romance escrito por Richard Yates. O autor fi cou conhecido por escrever alguns dos mais importantes discurso do senador Robert Kennedy.

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Jerry Maguire – A grande virada (EUA, 1996, 139 min). Dirigido por Cameron Crowe. Um executi vo, interpretado por Tom Cruise, precisa reconstruir sua carreira, começando do zero. Para isso, ele decide não abandonar

valores importantes, mas em falta no mercado, como a éti ca. Conside-rada uma das melhores comédias da década de 1990, o fi lme também fez com que o mundo conhecesse o talento da atriz Renée Zellweger.

CULTURA

O empreendedorismo no cinemaAssim como os escândalos fi nanceiros, trajetórias empreendedoras costumam render boas produções cine-

matográfi cas. Confi ra a seguir sete fi lmes sobre o tema que vale a pena assisti r:

Cidadão Kane (EUA, 1941, 119 min). Dirigido por Orson Welles.Um dos melhores fi lmes do mun-do, Cidadão Kane mostra a ascensão de um magnata da

imprensa dos Estados Unidos, assim como a solidão e a tristeza consequentes de algumas de suas escolhas. A história é inspirada em William Hearst, um milionário norte-americano.

Chocolate (EUA, 2000, 121 min). Dirigi-do por Lasse Hallström.

O fi lme mostra a persistência e a força de vontade da proprietária de uma loja de chocolate – interpretada pela atriz francesa Juliete Binoche. O conser-vadorismo da pequena cidade onde ela instalou o negócio é o grande obstáculo que seu empreendimento precisa vencer.

O Sócio (EUA, 1996, 108 min). Dirigido por Donald Petrie.A hilária Whoopi Goldberg interpreta uma especialista em mercado fi nanceiro que não consegue crescer na carreira por ser negra e mulher. Para isso, ela monta sua própria empresa e inventa um sócio homem e branco.

Julie & Julia (EUA, 2009, 123 min). Dirigido por Nora Ephron.

Baseado em uma história real, o fi lme conta como uma funcionária pública decide mudar sua vida ao criar um blog para fazer as 524 recei-tas de um livro escrito pela cozinheira Julia Child há 50 anos. Como em qualquer fi lme que parti cipa, Meryl Streep está sensacional.

O Triunfo dos Nerds (EUA, 1996, 150 min). Dirigido por Robert X. Cringely.Trata-se de um documentário fundamental para quem possui ou quer criar seu negócio na internet. A produção mostra os basti dores do lançamento do computador Apple 2 e a criação da Microsoft , dois marcos da história da rede. Poucas locado-ras do Brasil possuem o fi lme em seu acervo, mas é possível vê-lo de graça no YouTube.

O Primeiro Milhão (EUA, 2000, 119 min). Dirigido por Ben Younger.O fi lme apresenta a roti na de jovens que mal chegaram no mercado de trabalho e já são considerados ganancio-

sos e extremamente competi ti vos. Além disso, a produção deixa claro que a busca pelo sucesso a qualquer custo pode ser mais nociva que uma carreira mediana.

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Novo MinistroM a u r i c i o G u e d e s

Diretor do Parque Tecnológico da UFR J

P residente da IA SP – A ssoc iação Inter nac ional de Parques Tecnológicos

Aconteceu antes do que se poderia imaginar. O Brasil tem hoje um

ex-diretor de parque tecnológico ocupando o cargo de Ministro da

Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). É uma excelente notí cia para

abrir o ano em que a Anprotec comemora seu 25o aniversário.

Marco Antonio Raupp, matemáti co, doutorado pela University of Chicago,

ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foi

Diretor Geral do Parque Tecnológico de São José dos Campos, onde realizou

um trabalho espetacular entre 2009 e 2011, quando se afastou para assumir a

presidência da Agência Espacial Brasileira. Raupp foi também Diretor Geral do

Insti tuto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Diretor do Laboratório Na-

cional de Computação Cientí fi ca (LNCC/MCTI), onde criou uma incubadora de

empresas. Com um currículo invejável, esse gaúcho, meio carioca, meio paulis-

ta, meio mineiro, dono de um sorriso generoso, tem o espírito empreendedor

para enfrentar os grandes desafi os que terá pela frente.

Em janeiro de 2011, em seu discurso de posse no MCTI, o senador Aloizio

Mercadante declarou que uma de suas prioridades, talvez o maior desafi o, se-

ria referente ao fomento à inovação. “Com efeito, o Brasil precisa de um grande pacto pela inovação. Todo co-

nhecimento cientí fi co pode e deve contribuir para aumentar a nossa competi ti vidade e melhorar a qualidade

de vida de todos os brasileiros”, disse. Este arti go está sendo escrito antes da posse de Raupp, mas, mesmo

sem conhecer o seu discurso, aposto que essa também será uma de suas prioridades.

Entre os desafi os de Raupp no início de sua gestão estará a discussão de dois projetos de lei relati vos à

criação do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A proposta é consolidar a Lei de Inovação e

tratar de temas tão variados quanto a formação de recursos humanos, o estí mulo à inovação no setor privado,

o acesso à biodiversidade e o estí mulo à construção de ambientes especializados e cooperati vos de inovação

– o que inclui os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas. Além disso, será preciso recolocar o

orçamento de CT&I nos patamares que permiti ram ao Brasil avanços signifi cati vos na produção cientí fi ca na

últi ma década e assegurar que a área não venha a ser prejudicada com o novo marco regulatório da indústria

do petróleo.

Para marcar ainda mais o início das comemorações dos 25 anos da Anprotec, pelo que se pôde acompa-

nhar pelos jornais, a decisão fi nal da presidente Dilma deu-se entre Raupp e o deputado Newton Lima, outro

grande brasileiro, com uma brilhante trajetória como Reitor da Universidade Federal de São Carlos, prefeito

da cidade, deputado federal com importante atuação na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e

Informáti ca e, além disso tudo, membro do Conselho Consulti vo da Associação.

Ponto para a presidente Dilma, ponto para o Brasil.

Sucesso ao ministro Raupp, um bom ano novo a todos e vida longa à Anprotec.

OPINIÃO

Divu

lgaç

ão

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Workshop de Nivelamento Cerne

Programa de Capacitação

CERNE 2012

13/02/2012 - Florianópolis / SC

Valores

• Multiplicador (gestor de incubadora associada à Anprotec): R$ 250,00• Consultor: R$ 400,00

Inscrições até o dia 03/02/2012

Obs.: Os participantes que fizeram o Workshop de Nivelamento Cerne realizado em 2010 nas cidades de Belém, Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro podem se inscrever no Curso de Implantação Cerne 1.

Curso de Implantação do Cerne 1

• Multiplicador (gestor de incubadora associada à Anprotec): R$ 350,00• Consultor: R$ 600,00

Requisito Obrigatório: ter participado do Workshop de Nivelamento Cerne

Inscrições até o dia 03/02/2012

Saiba como participar no link www.anprotec.org.br/cerne2

Inscrições até o dia 03/02/2012

Valores

14 e 15/02/2012 - Florianópolis / SC Inscrições até o dia 03/02/2012

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Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Inovadoras

O ambiente de incubação de empresas da Fundação CERTI

Ao completar 25 anos, o CELTA foi eleito a melhor Incubadora de Empresas orientadas para a Geração e Uso Intensivo de Tecnologia. Atualmente, é responsável pela Administração do ParqTec Alfa, pela Presidência do ParqTec Alfa, pela Presidência da RECEPET e pela Diretoria da ANPROTEC.

CELTA - ParqTec AlfaRodovia SC 401, km 1,

[email protected]

Edifício CELTAFlorianópolis - SC

Tel. (048) 3239 2222Fax (048) 3239 2200

Um empreendimento da:

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ign

ACO

M/C

ERTI