Locus - Edição 70

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1 DESENVOLVIMENTO PULSANTE LOCUS Ambiente da inovação brasileira Ano XVIII | n o 70 Dezembro 2012 Mercado de saúde já corresponde a 8% do PIB brasileiro e segue em expansão acelerada. Negócios na área atraem MPEs inovadoras de diferentes setores, focadas em soluções para melhoria do atendimento à população O vicepresidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, Ƥ crescimento econômico A receita de sucesso dos vencedores do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador Como as universidades brasileiras estão abrindo espaço para a inovação

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A revista Locus é uma publicação trimestral da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

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DESENVOLVIMENTOPULSANTE

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano  XVIII  |  no  70Dezembro  2012

Mercado de saúde já corresponde a 8% do PIB brasileiro e segue em expansão acelerada. Negócios na área atraem MPEs inovadoras de diferentes setores, focadas em soluções para melhoria do atendimento à população

O  vice-­‐presidente  do  Banco  

Mundial,  Otaviano  Canuto,  

crescimento  econômico

A  receita  de  sucesso  

dos  vencedores  do  

Prêmio  Nacional  de  

Empreendedorismo  Inovador

Como  as  universidades  

brasileiras  estão  

abrindo  espaço  para  a  

inovação

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46INSPIRAÇÃO

43 OPORTUNIDADE    

Conselho  Editorial

Coordenação  e  edição

Reportagem

Jornalista  responsável

Direção  de  arte:  

Edição  de  arte:  

Revisão

Foto  da  capa

Presidente

Vice-­‐presidente

Diretoria

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LOCUSAmbiente da inovação brasileira

Ano XVIII ! Dezembro 2012 ! no 70 ! ISSN 1980-3842

ÍNDICE

6ENTREVISTA

Otaviano Canuto, vice-presidente do Banco Mundial, explica como a inovação pode ajudar o Brasil a atingir altos patamares de desenvolvimento, a exemplo do Japão e de Cingapura

10EM MOVIMENTO

Planejamento para 2013, resgate de memória, eventos e lançamentos de novos programas colocam em evidência o movimento do empreendedorismo inovador brasileiro

49 CULTURA

50 OPINIÃO    

30ESPECIALConfira quais soluções as empresas incubadas estão desenvolvendo na área de saúde e medicina - um mercado que não para der crescer e exige atualização tecnológica constante. Entre os exemplos, empreendimentos que inovam em diversas áreas - do combate a fraudes em atestados até o desenvolvimento de equipamentos complexos para monitoramento cardíaco

20SUCESSO

26 INVESTIMENTO      

38 EDUCAÇÃO    

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U

Conselho  Editorial

CARTA AO LEITOR

LOCUSAmbiente da inovação brasileira

DESENVOLVIMENTOPULSANTE

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para mudar de patamar

P O R L U C I A N A R I B E I R O

Inovação é a melhor ferramenta para tirar o Brasil da lista dos países de renda média e elevá-lo ao mesmo patamar dos orientais Japão, Coreia do Sul, Cingapura, bem como Hong Kong e Taiwan,

na China. Essa é a convicção do vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto dos Santos Filho. Formado em Ciências

Econômicas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Canuto foi professor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e

na Universidade de São Paulo (USP), além de ter trabalhado como secretário de Assuntos Internacionais no Ministério da Fazenda. No Banco Mundial, atua na área de Redução de Pobreza e Gestão Econômica. “O melhor incentivo é o retorno de mercado, não o dinheiro público”, afirma, ao defender que não são necessários

subsídios para o desenvolvimento de novas ideias e tecnologias. Para ele, a responsabilidade do governo é garantir um cenário bem

regulado, no qual o empresário se sinta seguro para investir

Inovação

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LOCUS   >  Como   o   senhor   avalia   a   situação   da  

economia  mundial?  

Otaviano Canuto > É um cenário cheio de riscos de uma desaceleração conjunta. O principal deles é não haver avanço suficien-te no enfrentamento da situação da Zona do Euro e, a partir disso, a baixa perspectiva de crescimento contaminar as expectativas das principais economias da Europa ‒ em especial França e Alemanha ‒, acabar arrastando toda a região e, de tabela, o mundo inteiro. O segundo risco é o de os Estados Unidos não chegarem, em tempo, a algum acordo sobre o abismo fiscal. Essa possibilidade já vem afetando o próprio desempenho da economia americana ‒ que poderia estar indo melhor não fosse a sombra de incertezas quanto ao resultado da negociação do ajuste fiscal no Congresso. Um terceiro risco, menor, é de os sinais de recu-peração de crescimento da China não se ma-terializarem na intensidade necessária para manter o nível dos preços das commodities em um patamar que permita aos países produto-res continuarem se beneficiando da expansão chinesa. Então, é um cenário complicado por-que há muitos riscos que vão depender de uma dinâmica que não é estritamente econômica, mas política. Como  está  o  Brasil  nesse  panorama?  Recente-­‐

mente,   foi   anunciado  que  o   PIB   cresceu   0,6%  

no  terceiro  trimestre.  O  resultado  é  consequên-­‐

cia  do  cenário  internacional?

Esse desapontamento com os números do terceiro trimestre tem mais a ver com a exaus-tão do padrão de crescimento da economia nos últimos anos do que com fenômenos externos. Os serviços foram os principais responsáveis por essa discrepância entre a expectativa de crescimento e os números reais que vieram. A verdade é que os serviços vinham compen-sando o desenvolvimento industrial pífio. Já no lado agrícola, durante os anos anteriores, tivemos o benefício da elevação dos preços das commodities ‒ o que deixou de ser o caso. O cenário internacional afeta porque reforça

expectativas negativas e acentua a falta de disposição do setor privado a tirar da gaveta projetos de investimento. Mas o baixo ritmo de crescimento brasileiro não é algo que pode ser explicado somente pelo cenário externo.

-­‐

tam  para  alcançar  o  patamar  de  alta  renda.  A  

A uma acomodação dos países em relação à agenda de melhoria institucional, que é neces-sária para a nova etapa de evolução do nível de renda de um país. Não é por acaso que muitos países que conseguem transitar de um nível de renda baixo para um nível médio ficam pati-nando depois. O Brasil é um exemplo. Isso tem a ver com o que discutimos antes.

A agenda para essa nova etapa é outra. É uma agenda que vai ter de envolver um maior esforço de aprimorar não só a infraestrutura básica, mas também a infraestrutura avançada ‒ uma conexão mais eficiente entre aquilo que se faz nas universidades e no setor privado. É uma agenda que está em segundo plano. O conteúdo do trabalho que leva um país a evo-luir do nível de renda baixo para o médio não é o mesmo que leva um país da renda média para a alta. Isso é o que mostra a experiência dos que conseguiram fazer: os cinco asiáticos ‒ Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan ‒, Israel e Ilhas Maurício. Você tem de ter um quadro institucional que permita que as transações econômicas privadas ocor-ram a baixo custo. O suporte vindo do gasto público em termos de infraestruturas também não é suficiente. O ponto-chave é que, para al-

ENTREVISTA > Otaviano Canuto

“O CONTEÚDO DO TRABALHO QUE LEVA UM

PAÍS A EVOLUIR DO NÍVEL DE RENDA BAIXO

PARA O MÉDIO NÃO É O MESMO QUE LEVA

UM PAÍS DA RENDA MÉDIA PARA A ALTA”

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guém investir e assumir riscos, é preciso ter segurança de que não vai ser surpreendido por medidas de política ad hoc.

O  Brasil  tem  adotado  essas  medidas?

O Brasil ainda não tem uma estrutura insti-tucional que permita dar tranquilidade a esse respeito. Precisamos de um pouco mais de es-tabilidade nas regras.

Nessa   transição   da   renda   média   para   a   alta,  

-­‐

quisa,  desenvolvimento  e  inovação?

Fundamental. Principalmente o investimen-to por parte das empresas. É aí que o nosso desempenho é pífio. Não se trata só de dinhei-ro. As empresas até têm dinheiro. Não é uma questão de ter subsídio. É ter regras que di-gam ao setor privado: “faça investimento em desenvolvimento que você terá um retorno. Você não estará sujeito à incerteza de regras”. Isso significa que quem buscar eficiência será premiado. Um detalhe importante é o seguin-te: é claro que o Brasil tem potencial de cresci-mento, agora o que a gente precisa é operar do lado da oferta agregada. A criação de mercado via políticas públicas combinadas com estabili-dade macroeconômica funcionou bem, deu um fôlego enorme ao país nos últimos dez anos, mas é hora de a gente se voltar para as con-dições de oferta. O problema do baixo cresci-mento econômico do país agora deriva de um desempenho de aumento de produtividade muito abaixo do que deveria ser.

Como  o  senhor  falou,  o  governo  precisa  garan-­‐

-­‐

vidades  de  Pesquisa  e  Desenvolvimento?

Não é incentivo. O melhor incentivo é o re-torno de mercado, não é o dinheiro público. Isso me dá agonia. Toda vez que a gente con-versa com brasileiro, a primeira ideia que vem é que, se é para caminhar nessa direção, então precisa de incentivo, como se fosse subsídio. Aí é que não pode.

Como  o  Brasil  está  nesse  âmbito  de  pesquisa  e  

inovação?  Está  se  desenvolvendo?

Não no setor privado. O Brasil até que vai bem na área de pesquisa universitária, mas tem um descompasso enorme entre a quali-dade e a quantidade dessa pesquisa e o de-senvolvimento tecnológico no setor privado. Esse é um problema crônico no Brasil, com algumas exceções. É claro que as exceções estão nos setores em que o país tem ativida-de de alta renda, como a agricultura ‒ onde ela é sofisticada tecnologicamente ‒, a capa-cidade de exploração de petróleo em águas profundas e a indústria aeronáutica, a Em-braer. O problema é que são poucos exem-plos.

O   empreendedorismo   desenvolvido   em   am-­‐

bientes   como   incubadoras   e   parques   tecno-­‐

Esse é um dos instrumentos que se usa lá fora e que o Brasil tem usado. Obviamente, há casos de mais e de menos sucesso, mas é uma ferramenta que gera resultados. Basta pensar, por exemplo, na produção de software que se conseguiu em Pernambuco e que tem muito a ver com esse esforço.

De   que   forma   essas   inovações,   muitas   vezes  

desenvolvidas   em   incubadoras   e   parques   tec-­‐

nológicos,   podem   contribuir   para   acelerar   o  

É a coisa mais importante, é a mais espe-

ENTREVISTA > Otaviano Canuto

“O BRASIL ATÉ QUE VAI BEM NA ÁREA

DE PESQUISA UNIVERSITÁRIA, MAS TEM

UM DESCOMPASSO ENORME ENTRE A

QUALIDADE E A QUANTIDADE DESSA

PESQUISA E O DESENVOLVIMENTO

TECNOLÓGICO NO SETOR PRIVADO”

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cial, porque ela vai aumentar o valor do que a gente produz no país. O valor cresce de acordo com o conteúdo tecnológico e com o insumo em termos de capital humano que é necessário na produção. É a única maneira de o país ter maior valor na escala global e, por-tanto, termos um poder de compra de renda alta.

Elas  também  podem  ajudar  na  correção  das  as-­‐

simetrias  sociais?  Ou  seriam  ferramentas  espe-­‐

Acho que as coisas devem caminhar em conjunto. O Brasil tem tido um desempenho social bom por conta de priorização das po-líticas públicas e do aprendizado. Um dos problemas é que uma grande parte dos cus-tos serve de subsídio à gente que não está na base da pirâmide de renda. Aliás, existe um potencial de empreendedorismo do pessoal da parte de baixo da pirâmide, que está aflo-rando como resultado das oportunidades de mercado, trazidas pela redução da pobreza. É preciso ver que o desenvolvimento do setor de tecnologia de uso não pode ser retarda-do. Se analisarmos os cinco casos dos países asiáticos, há dois ‒ Japão e Coreia ‒ onde havia uma preocupação muito grande em ge-rar campeões mundiais. Por outro lado, ou-tros três exemplos ‒ Cingapura, Hong Kong e Taiwan̶, no lugar de tentarem produzir campeões, estabeleceram uma plataforma lo-cal de infraestrutura avançada para se tornar um espaço de investimento em atividades de inovação. No Brasil, isso deveria ser priori-dade. Estabelecer o mais cedo possível uma plataforma de telecomunicações e de infor-mática que facilite a circulação de ideias e o desenvolvimento de inovações.

-­‐

çoamento  do   sistema  de   registro   de   patentes  

para  fomentar  essa  inovação?

Isso é uma precondição para ter alguém fazendo o esforço de inovação. Se você não tem uma estrutura que proteja os direitos do

investidor sobre o resultado de seu esforço, ninguém vai fazer inovação.

-­‐

mia  brasileira?

Para levantar a taxa de crescimento e sustentá-la ao redor de 4% teremos de en-frentar com mais vontade uma agenda de reformas: reforma tributária, revisão da qualidade do gasto público e fortalecimento do quadro regulatório para se ter um envol-vimento de investimento privado em áreas de infraestrutura. L

ENTREVISTA > Otaviano Canuto

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NACIONAL

Representantes do governo, da comunidade científica e do setor empresarial definiram as diretrizes para alocar os R$ 4,4 bilhões previs-tos para o Fundo Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) em 2013. As definições orientam os comitês gestores dos

fundos setoriais, que se reúnem em dezembro.

De acordo com ministro do MCTI, Marco Antonio Raupp, a pasta deve lançar mão de parce-rias com outras áreas do Governo Federal para aumentar sua capaci-dade de investimento. Raupp des-

tacou a recuperação do FNDCT, após restrições orçamentárias em 2011 e 2012. “Toda a nossa ação neste ano foi na linha de estancar esses cortes, e eu diria que eles foram atenuados por uma política agressiva, que começou em 2011”, avaliou.

Um dos objetivos para o próximo ano é garantir a interlocução entre o Plano Brasil Maior e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Participaram da reunião os pre-sidentes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCTI), An-gelo Padilha, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, orga-nização social supervisionada pelo MCTI), Mariano Laplane, da Coor-denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Jorge Guimarães, e da Socie-dade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, entre outras autoridades.

Conselho diretor do MCTI aprova plano de investimento do FNDCT para 2013

O Comitê Consultivo do Progra-ma Nacional de Apoio às Incubado-ras de Empresas e Parques Tecnoló-gicos (PNI) se reuniu em novembro para avaliar a gestão dos parques tecnológicos brasileiros. O encontro aconteceu durante a programação do workshop Parques Tecnológicos: Atualidades e Tendências, realizado

nos dias 21 e 22 de novembro, na sede do CNPq, em Brasília (DF).

Na ocasião, foram apresentados dados parciais sobre as fases de implantação dos parques, as novas iniciativas para atrair empresas às unidades consolidadas e as linhas de crédito disponíveis para o fomento da inovação de instituições privadas

atuantes em polos brasileiros.O Comitê apontou, ainda, alguns

gargalos a serem superados para que os parques tecnológicos ganhem mais aderência no Brasil. Foi destacada a necessidade de maior visibilidade para atrair mais empresas, além da adoção de uma tributação diferenciada para empreendimentos focados em P&D.

Parques tecnológicos passam por avaliação do PNI

EM MOVIMENTO

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NACIONAL

EM MOVIMENTO

O Programa Start-up Brasil foi lançado no último dia 29 de novem-bro, em São Paulo (SP), pelo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. O ministro destacou a necessidade de que o governo, com o programa, seja ágil para acompanhar o ritmo do setor de tecnologia da informação (TI).

Na ocasião, Raupp lançou edital para selecionar aceleradoras e star-tups. O MCTI também celebrou um acordo de cooperação com a Agên-cia Brasileira de Promoção de Expor-tações e Investimentos (Apex-Brasil) para internacionalização do progra-ma. A iniciativa, com investimento de R$ 40 milhões, é parte do Progra-ma Estratégico de Software e Servi-ços de Tecnologia da Informação (TI Maior). “O programa é emblemático

e coloca o governo como participan-te de um grande mecanismo voltado para o empreendedorismo e a inova-ção na área de TI, cuja característi-ca é a rápida evolução tecnológica”, afirma Raupp.

O ministro anunciou a intenção de estender a experiência a outros setores. “Alguns, como o de óleo e gás, possuem inclusive característi-cas semelhantes”, comentou.

ParceriaO presidente da Apex, Mauri-

cio Borges, afirmou que a agência “abraçou a causa” e já tem gestores preparados para atuar na iniciati-va. “Nós vamos buscar atração de investimentos com escritórios em vários países para que os resultados apareçam em pouco tempo”, disse. O

primeiro local no exterior previsto para atuação é o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos.

O objetivo do programa é for-talecer a emergência de empresas de base tecnológica, com grande impacto e foco no atendimento das demandas de mercado. Na primeira etapa, serão selecionadas seis ace-leradoras. Cada uma escolherá até oito startups, num total de 40. Cada startup receberá R$ 200 mil para o desenvolvimento do negócio em até 12 meses. Os recursos são não reem-bolsáveis.

Os interessados podem submeter propostas de aceleradoras até 31 de janeiro de 2013 e a divulgação dos resultados está prevista para 1º de março, seguida do início das opera-ções.

Governo Federal lança Startup Brasil

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NACIONAL

O tradicional Café da Manhã Anprotec & Parceiros reu-niu associados e entidades da área de CT&I em Brasília (DF), no último dia 11. O encontro foi dedicado a agrade-cimentos e identificação de novos desafios. “Os ativos mais importantes da Anprotec são seus associados, os parceiros e as empresas que formam o movimento”, destacou a presi-dente da Anprotec, Francilene Garcia.

O secretário executivo do Ministério da Ciência, Tec-nologia e Inovação (MCTI), Luis Antônio Elias, parabeni-zou a Associação. “Quando a Anprotec foi criada, havia o sonho de termos a sociedade do conhecimento no Brasil. Com o entusiasmo dos agentes envolvidos, esse sonho vem se concretizando”, disse.

O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inova-ção do MCTI, Alvaro Prata, também destacou a importância do empreendedorismo inovador. “Cada vez mais me impres-siono com a pujança desse movimento no Brasil. Por isso,

contem com o MCTI, contem com a Secretaria”, destacou.O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér-

cio Exterior (MDIC) foi representado pelo secretário de Inovação, Nelson Fujimoto. “Entre os desafios da Anpro-tec está a articulação do fomento ao empreendedorismo inovador para a promoção da competitividade. Conti-nuem contando com a parceria do MDIC”, disse.

Parceiro da Anprotec em diversos projetos e inicia-tivas, o Sebrae foi representado pelo diretor técnico da instituição, Carlos Alberto dos Santos. “O Sebrae e a An-protec têm um relacionamento antigo, com convênios que datam do início da década de 1990. A relação com esse movimento é de uma concretude que ajuda muito nosso trabalho”, afirmou.

Também participaram do evento representantes de outras instituições parceiras, como a Financiadora de Es-tudos e Projetos (Finep), a Confederação Nacional da In-dústria (CNI), a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Logo após a realização do Café da Manhã Anprotec & Parceiros, associados participaram do Workshop de Cena-rização Empreendedorismo+25, no qual discutiram e pro-puseram posicionamentos e estratégias para a atuação da Anprotec nos próximos anos. Divididos em grupos, eles apontaram dificuldades e oportunidades para o movimen-to em relação ao cenário internacional, macroeconômico, político e institucional.

Café Anprotec & Parceiros destaca trajetória do movimento

No último dia 10 de dezembro, foi realizada em Brasília (DF), a 7ª Assembleia Geral Extraordinária da Anprotec.

Com a presença de 32 associa-dos, a assembleia tinha como pauta a movimentação de sócios, a apre-sentação das atividades desenvolvi-

das ao longo de 2012, a prestação de contas e a apreciação do Plano de Ação Anual e da Proposta Orça-mentária para o exercício de 2013, entre outros temas de interesse da Associação.

A assembleia aprovou a filiação de mais duas entidades: a Universi-

dade Positivo, de Curitiba (PR) e a Universidade Federal do Rio Grande, de Rio Grande (RS), que se somam aos outros 285 associados.

Entre as decisões relativas à Pro-posta Orçamentária, foi aprovado o reajuste do valor da anuidade, em 6,95% para todas as categorias.

Anprotec promove 7ª Assembleia Geral

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Lançado no aniversário de 25 anos da Associação, no últi-mo dia 30 de outubro, o projeto Memória Anprotec tem por obje-tivo resgatar, registrar e divulgar a história e as contribuições da Associação ao movimento do em-preendedorismo inovador, ao de-senvolvimento econômico, cientí-fico e tecnológico, e, sobretudo, à sociedade brasileira.

Além de entrevistas com pes-soas que ajudaram a construir o movimento no Brasil, o projeto contempla uma ampla pesquisa documental e iconográfica, a fim de reunir arquivos, imagens e rela-tos sobre a trajetória da instituição.

Para isso, a Anprotec conta com a colaboração de seus associados, parceiros, dirigentes e colaborado-res, bem como de empreendedores que tenham passado pelo movi-mento. “É de extrema importância que os integrantes de nosso mo-vimento se envolvam e colaborem com o projeto, para que tenhamos um relato fiel à trajetória do em-preendedorismo inovador no Bra-

sil”, afirma a presidente da Associa-ção, Francilene Garcia.

Como resultado desse trabalho, a Anprotec espera oferecer, em diferentes canais de comunicação, informações históricas e estratégi-cas para o movimento do empreen-dedorismo inovador brasileiro.

Entre essas informação estão a trajetória da própria Anprotec, o reconhecimento aos líderes do movimento no país, o contexto histórico em que o movimento se desenvolveu ao longo do tempo, seus principais resultados e os agentes (parceiros) que contribu-íram para seu alcance. Por fim, a iniciativa tem como meta traçar um panorama atual do movimen-to, apontando seus principais de-safios e as perspectivas de desen-volvimento futuro.

Para participar do projeto, os associados da Anprotec podem acessar o hotsite www.memoria-anprotec.org.br e enviar informa-ções, além de imagens e outros re-gistros importantes para a história do movimento.

Projeto resgata a história do movimento do empreendedorismo inovador no Brasil

A Rede de Conhecimento para Par-ques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas teve suas bases lançadas no último dia 10 de dezembro, durante um workshop sobre o tema. Promovido pela Anprotec, com o apoio do Sebrae, o evento foi realizado em Brasília (DF) e reuniu cerca de 40 pessoas, entre asso-ciados, parceiros, conselheiros e direto-res da Associação.

O workshop foi iniciado com a apre-sentação dos principais resultados de uma pesquisa de campo desenvolvida, a pedido da Anprotec, pela Fundação Instituto de Administração (FIA). A partir desse levantamento, foi possível identificar processos de gestão de co-nhecimento utilizados pelas instituições associadas.

Após conhecerem os resultados da pesquisa, os participantes foram divi-didos em grupos para avaliar o modelo institucional da Rede de Conhecimento. Entre as questões debatidas, estavam as metodologias a serem aplicadas, os temas que deveriam ser priorizados e a infraestrutura necessária a seu funcio-namento. Os principais temas sugeridos para discussão no compartilhamento de experiências foram: a atração de empre-endimentos inovadores a parques tec-nológicos e incubadoras de empresas, a sustentabilidade desses mecanismos, a gestão de pessoas e as políticas públicas relacionados ao movimento.

Com as bases definidas, a Anprotec trabalhará para o engajamento dos as-sociados na implantação e operação da Rede.

Workshop definiu bases para Rede de

Conhecimento

NACIONAL

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EM MOVIMENTO

NORDESTE

A Petrobras e o Ministério da Pesca e Aquicultura assinaram um memorando para ampliar os programas cooperativos com foco na produção de biodiesel a par-tir de matéria-prima residual do pescado. De olho nesse mercado, a cearense Piscis investe na produção de óleo

de vísceras de tilápia, que, além de poder ser usado como base para a produção de biodiesel, serve também como ração animal.

Atualmente a empresa coleta cerca de 70 toneladas de vísceras por mês no entorno do Açude Castanhão, extraindo cerca de 1/3 desse volume de óleo destinado a ração animal. A Piscis é incubada no Centro de Ensino Tecnológico (Centec), de fortaleza (CE), e neste ano ficou em terceiro lugar na etapa Nordeste do Prêmio Finep de Inovação, na categoria Inovação Sustentável. Em 2011, a empresa foi finalista do Prêmio Nacional de Inovação da CNI na categoria Desenvolvimento Sustentável e foi reco-nhecida como empresa Ecoeficiente durante o ICID, even-to internacional sobre o clima, realizado em Fortaleza.

Outros projetos na pauta para 2013 são as pesquisas sobre a extração de enzimas contidas nas vísceras de ti-lápia e o aproveitamento das carcaças de peixes mortos durante o processo produtivo. A partir daí devem ser ob-tidos insumos para geração de energia e produção de composto orgânico para agricultura.

Piscis investe no óleo de tilápia de olho no mercado de biodiesel

A 30ª Conferência Internacional de Parques Científicos e Tecnoló-gicos da IASP e o XXIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas serão re-alizados em conjunto na cidade do Recife (PE), de 14 a 17 de outubro de 2013, sob organização local do Porto Digital. O tema do evento será “Parques Tecnológicos Modelando Novas Cidades” e a idéia é questionar os gestores de habitats de inovação, bem como os empreendedores des-ses ecossistemas, sobre o que eles podem fazer (ou já estão fazendo)

para melhorar a vida nas cidades. Este ano, em função de tantos

marcos importantes na história das entidades nacionais que organizam o Seminário Nacional ‒ o aniver-sário de 25 anos da Anprotec e de 40 anos do Sebrae ‒ foi repensado o modelo de Chamada de Trabalhos até então aplicado no evento. Dessa forma, o Comitê Científico inovou ao eliminar a exigência de enquadra-mento em plataformas estratégicas. Assim, será possível inscrever traba-lhos que relatem experiências mais abrangentes, desde que respeitado o

tema do evento.A primeira etapa de seleção dos trabalhos para o Semi-nário encerra no dia 25 de março de 2013.

A IASP também está selecionando trabalhos para apresentação duran-te o evento. Os resumos podem ser enviados até o próximo dia 11 de ja-neiro. Os autores dos trabalhos sele-cionados pela IASP serão notificados até 25 de fevereiro de 2013 sobre o resultado da avaliação.

Para mais informações sobre as duas chamadas, acesse:www.iasp2013brazil.com

Aberta Chamada de Trabalhos para Seminário da Anprotec e Conferência da IASP

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NORTE

A forma como a Ciência vem sendo desenvolvida na Amazônia e a busca por soluções para ne-cessidades futuras da área foram algumas das questões debatidas durante o 3º Encontro Preparató-rio do Fórum Mundial de Ciência 2013. Com o tema Diversidade Tropical e Ciência para o Desen-volvimento, o encontro aconteceu em novembro, na capital Manaus (AM).

O evento foi coordenado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-AM), em parceria com o Instituto Na-cional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e com a Fundação de Ampa-ro à Pesquisa do Estado do Amazo-nas (Fapeam).

Fórum MundialO Fórum Mundial de Ciência

foi criado em 1999, em Budapeste (Hungria), e ocorre bianualmente desde 2003, com o apoio da Orga-

nização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unes-co).

Pela primeira vez em sua histó-ria, o fórum ocorrerá fora de seu país de origem. O tema da sexta edição é A Ciência para o Desen-volvimento Global. O evento será

realizado em novembro de 2013, no Rio de Janeiro (RJ).

A coordenação das ações do evento no Brasil é de responsabi-lidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com as principais institui-ções científicas brasileiras.

Produção científica na região amazônica tem destaque em encontro preparatório

Durante o Workshop Plano Em-presarial, que aconteceu no último dia 27 de novembro, em Belém (PA), foi apresentada a Plataforma para a Criação e Promoção de Empreen-dimentos Tecnológicos Inovadores (PIETRA). Desenvolvida pelas incu-badoras da Universidade Federal do Pará (PIEBT/UFPA), do Centro Uni-versitário do Estado do Pará (Cesu-

pa/ICBT) e da Universidade do Esta-do do Pará (Ritu/Uepa), a plataforma recebeu financiamento da Finep, do Sebrae e do CNPq.

O workshop aconteceu no Cen-tro de Ciências Naturais e de Tec-nologia da Universidade do Estado do Pará (UEPA). A Plataforma apre-sentada propõe oferecer treinamen-to para elaboração de projetos e

acesso à capital de risco; assessoria especializada para capacitação em Gestão de Empreendimento; pla-nos de negócios, acompanhamento e execução de trabalhos referentes à internacionalização de empresas; além de atendimento individual nas áreas de aprimoramento de tecno-logia e otimização de Plano de Ne-gócios.

Pará sedia workshop empresarial para projetos inovadores

EM MOVIMENTO

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Um mecanismo desenvolvido pelo CDT/UnB tem como objetivo auxiliar o MCTI e agências de fomento a analisar as práticas, investimentos e resultados de par-ques tecnológicos e algumas incubadoras que recebem apoio financeiro de ambos. A metodologia foi apresenta-da durante o workshop Parques Tecnológicos: atualida-des e tendências, realizado nos dias 21 e 22 de novem-bro, na sede do CNPq, em Brasília (DF).

Por meio de pesquisas documentais e visitas técnicas a parques e incubadoras, uma equipe cataloga dados que depois são repassados para um software. O progra-ma gera indicadores de desempenho importantes para a avaliação dos processos de gestão.

Tecnologia auxiliará o investimento correto em parques tecnológicos e incubadoras

No último dia 19 de novembro, a diretoria do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB) recebeu os sócios das empresas selecionadas para o Hotel de Pro-jetos. Na ocasião, foram celebra-dos os Termos de Compromisso, firmando a pré-incubação Edição 2012/2013.

Os representantes de cada em-preendimento fizeram uma apre-sentação de suas propostas, desta-cando o diferencial e a importância dos seus produtos para a sociedade. Em seguida, os termos foram assi-nados pelos empreendedores e pelo diretor do CDT/UnB, Luis Afonso Bermúdez, que aproveitou a oca-sião para encerrar a administração à frente do Centro.

Despedida O professor Bermúdez falou so-

bre sua saída do CDT/UnB, após mais de 20 anos na direção. “Eu re-almente estou saindo, mas não saio com o coração apertado. Saio com

o coração bem aberto, porque me propus a ajudar esse Centro e vou continuar ajudando”, destacou.

Ele vai assumir o Decanato de Administração e Finanças da Uni-versidade de Brasília (DAF).

CDT/UnB formaliza entrada de empresas selecionadaspara o Hotel de Projetos

CENTRO-OESTE

EM MOVIMENTO

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EM MOVIMENTO

SUL

Nos últimos dia 12 e 13 de no-vembro, o Parque Tecnológico Bina-cional (PTBi), projeto que integra as cidades de Pato Branco, no Paraná, e Posadas, capital da província de Misiones, na Argentina, deu mais um passo importante rumo à sua con-cretização.

Reuniram-se 90 pesquisadores, sendo 42 brasileiros, para discutir projetos de pesquisas realizados

nos dois países durante o primeiro workshop binacional, realizado na Universidad Nacional de Misiones (Unam).

Professores brasileiros da Univer-sidade Tecnológica Federal do Para-ná (UTFPR), campi de Pato Branco, Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, juntamente com professores da Fa-culdade de Pato Branco (Fadep), aproximaram experiências com pes-

quisadores argentinos dos campi da Unam, situados nas cidades de Posa-das, El Dorado e Oberá.

O workshop foi realizado com a parceria do Sistema Regional de Inovação (SRI), apoiado pelo Se-brae/PR, Fadep, UTFPR, Faculdade Mater Dei, Unam, Parque Tecnológi-co de Misiones e prefeitura de Pato Branco, por meio da Pato Branco Tecnópole.

Parque binacional promove cooperação entre projetos de pesquisa

O Núcleo de Apoio à Gestão da Ino-vação (NAGI) ‒ unidade que integra a Rede de Inovação e Empreendedoris-mo da PUCRS ‒ iniciou suas atividades em novembro e tem entre seus obje-tivos dar suporte a organizações de diferentes segmentos, desenvolvendo ou melhorando aspectos de gestão da inovação por meio de diagnósticos, pesquisas, seminários, workshops, as-sessoria e consultoria.

Dentre as atividades que o núcleo desenvolverá, está um projeto finan-ciado pela Finep, para capacitação de 50 empresas de base tecnológica no Rio Grande do Sul. A finalidade da pesquisa é o nivelamento em gestão da inovação e foco na estruturação do plano de gestão da inovação.

Mais informações pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (51) 3353-4830.

Empresas ganham Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação na PUCRS

A Rede, inaugurada em dezem-bro, vai permitir que as universida-des do Paraná façam videoconfe-rências com a Secretaria Estadual, e que o Estado participe das decisões nacionais.

A iniciativa reúne as secretarias estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) em uma infraestru-tura avançada destinada a ensino e pesquisa. Entre os objetivos estão a melhoria da comunicação entre as secretarias, a ampliação da par-ticipação dos gestores estaduais na elaboração de políticas e programas, a promoção de treinamentos e a re-dução dos custos com reuniões.

Como parte do projeto, as secre-tarias foram conectadas às redes metropolitanas locais e tiveram seus técnicos treinados pela Escola Supe-rior de Redes (ESR).

Paraná participa da Rede de Gestão Integrada de Ciência, Tecnologia e

Inovação

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SUDESTE

Araxá implanta parque tecnológico

A existência de terras-raras e de minerais como nióbio e fosfato em Araxá (MG), no Alto Paranaíba, mo-tivou a criação de um parque tec-nológico no município. O objetivo é criar instrumentos de promoção do empreendedorismo inovador, ge-rando empresas a partir da coope-ração com a academia e centros de pesquisa nacionais e internacionais. O projeto, orçado em R$ 40 mi-lhões, está em fase de implantação

e o parque deve iniciar as atividades em 2013.

A Cidade Tecnológica do Triân-gulo Mineiro, nome escolhido para o parque, será construída em uma área de 168 hectares, localizada às margens da BR-262, que já foi de-sapropriada pela prefeitura. Além disso, a administração do municí-pio também desapropriou a área de um antigo hotel, que ocupa um terreno de 12 mil metros quadra-

dos, onde funcionará a sede admi-nistrativa do centro de tecnologia avançada.

Já foram firmadas parcerias com várias instituições de ensino supe-rior brasileiras e as negociações estão avançadas junto às universida-des de Coimbra (Portugal), Salaman-ca (Espanha), além da University of Colorado Boulder e da Worcester Polytechnic Institute, (WPI), ambas nos Estados Unidos.

Estão abertas as inscrições para o curso de Especialização em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica, oferecido pelo Departamento de Po-lítica Científica e Tecnológica (DPCT) da Universidade de Campinas (Uni-

camp). O início das aulas está progra-mado para 22 de março.

Os candidatos selecionados for-marão a sétima turma do curso, com-posto por módulos sobre processos e ferramentas de gestão de tecnologia

e inovação. Entre o conteúdo, há tópi-cos em gestão da inovação aberta, as práticas organizacionais das empre-sas inovadoras e as políticas de ino-vação brasileira, com os programas de incentivo à inovação no Brasil.

O objetivo é capacitar profissio-nais que gerenciam funções críticas do sistema de inovação de produtos, processos, serviços e negócios em empresas. O programa conta com corpo docente que envolve professo-res do DPCT e de outras instituições de ensino, como a FGV/SP, Poli/USP, UFSCar e UFRJ.

O prazo para inscrição se en-cerra no dia 14 de março de 2013. As aulas do curso serão oferecidas quinzenalmente: às sextas-feiras, das 18h30 às 23h, e aos sábados, das 8h30 às 13h.

Para mais informações, acessewww.extecamp.unicamp.br ou en-tre em contato pelos telefones (19) 9445-9335 e (19) 3521-4191.

Unicamp abre turma para curso de Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica

EM MOVIMENTO

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“Sem sombra de dúvida, para um país como o Brasil, a inovação é um fator básico para o desenvolvimen-to. Transformar conhecimento em invenção e transformar invenção em aplicação prática, no processo produtivo, é requisito para uma pro-dução competitiva com custo menor, maior qualidade”. Foi dessa forma que a presidente Dilma Rousseff iniciou seu discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Finep de Ino-vação 2012, realizada no Palácio do Planalto no último dia 19 de dezem-bro. Entre os vencedores das nove categorias premiadas estão empre-sas incubadas, associados e parcei-ros da Anprotec.

Na categoria pequena empresa, a vencedora foi a Amazon Dreams, de Belém (PA), participante do Pro-grama de Incubação de Empresas de Base Tecnológica (PIEBT) da Universidade Federal do Pará. Na categoria de Tecnologia Assistiva, a premiada foi a Pentop do Brasil, incubada no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (CIDE), de Manaus (AM). O CIDE e

o PIEBT são associados à Anpro-tec, assim como o grande vencedor da categoria Instituto de Ciência e Tecnologia: o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), de Santa Rita do Sapucaí (MG).

Segundo o diretor do Inatel, Marcelo de Oliveira Marques, a conquista é fruto do longo traba-lho, que começou há 47 anos com o objetivo de estabelecer vínculos sólidos entre a academia e o mer-cado. “Buscamos conectar o conhe-cimento acadêmico e a indústria, e isso fortalece a posição do Ina-tel perante órgãos de fomento de pesquisa em inovação”, afirma. Um aspecto que diferencia o Inatel em seu campo de atuação, segundo Marques, é uma estrutura especí-fica para atender as exigências do setor produtivo.

O Inatel Competence Center (ICC), órgão interno do instituto, é responsável por gerenciar e trans-mitir todo o conhecimento cientí-fico produzido por seus pesquisa-dores a empresas parceiras. “Por ano, atendemos aproximadamente

200 empresas na área de pesqui-sa, desde as incubadas no próprio Inatel até grandes multinacionais”, informa o diretor.

Incubadora A incubadora do Inatel foi fator

decisivo na conquista do prêmio. Gerenciada pelo Núcleo de Empre-endedorismo (Nemp) do Instituto, seu objetivo é promover o proces-so de inovação desde o estágio em-brionário das empresas incubadas. De acordo com o coordenador geral da incubadora e do Nemp, Rogério Abranches da Silva, as empresas graduadas são inseridas no merca-do com condições de compreender e produzir ações inovadoras tanto no aspecto tecnológico, quanto na área de gestão.

“Durante todo o tempo há pelo menos 11 empresas incubadas e mais três em estágio de pré-in-cubação. Algumas das empresas graduadas já foram reconhecidas e premiadas no município de San-ta Rita do Sapucaí e até em âmbito estadual”, comemora.

Movimento é destaque no Prêmio Finepde Inovação Tecnológica 2012

SUDESTE

EM MOVIMENTO

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Os melhores do ano

A 16ª edição do Prêmio Nacional de Empre-endedorismo Inovador, concedido pela Anprotec com o apoio do Sebrae, mais uma vez reconheceu empreendimentos que têm se destacado por seu desempenho nos negócios e no fomento à inova-ção. Foram 62 inscrições nas cinco categorias e a premiação foi entregue na noite de 20 de setem-bro, durante o encerramento do XXII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, em Foz do Iguaçu (PR).

Os vencedores, que você conhecerá na sequên-cia, ganharam troféus, passagens para participar de uma viagem de estudos ou negócios e um prê-mio em dinheiro. Conquistaram, principalmente, o reconhecimento pelos seus esforços de gerar desenvolvimento científico, social e econômico em um país que ainda está se firmando como am-biente de negócios inovadores.

SUCESSO

P O R L U I Z A C A R R E I R Ã O

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Instalada no Complexo Tecnológico Unitec, da Uni-versidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), a SBPA Simulators produz simuladores de voo para treinamento e formação aeronáutica. Com faturamento de R$ 880 mil em 2012 (até o mês de outubro), a empresa tem crescido significativamente e já planeja sua inserção no mercado externo, por meio da participação do Programa de Inter-nacionalização para Inserção Competitiva em Mercados Internacionais ‒ promovido pelo Sebrae/RS, pela Fede-ração das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e pelo Centro Internacional de Negócios (CIN-RS).

Para o diretor da empresa, Luciano Zoppo, a possibili-dade de customização dos produtos e a relação custo/be-nefício favorável são alguns dos diferenciais da empresa, além da agilidade nas operações de suporte, manutenção e atualização. “A SBPA Simulators inova ao nacionalizar a tecnologia de simuladores de voo, com base nas ten-dências de mercado e nas solicitações de clientes e pros-pects”, afirma. Escolas de aviação, aeroclubes, empresas aéreas e universidades estão entre os principais clientes da empresa. Além da sede em São Leopoldo (RS), a SBPA possui um setor de manutenção e montagem na cidade de Gravataí (RS).

A ideia do negócio surgiu a partir da demanda do mer-cado pelos serviços de manutenção de simuladores. Zoppo atuava em um laboratório da Faculdade de Ciências Aero-náuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). “Durante as visitas técnicas, percebi a carên-

cia de simuladores e o interesse dos clientes em haver uma empresa brasileira que fornecesse equipamentos, serviços de manutenção e suporte e outras soluções tecnológicas voltadas para o treinamento aeronáutico”, relata.

Foi então que ele se uniu ao atual diretor comercial da SBPA, Adriano Oliveira, que tinha experiência na área de softwares de design, documentações e normas da aviação civil. A dupla lançou-se com um projeto no 1º Torneio Em-preendedor da PUCRS, em novembro de 2007. A premiação motivou a transformação da ideia em negócio e, em segui-da, foram aceitos pela Unidade de Inovação e Tecnologia (Unitec), da Unisinos, onde a empresa se instalou em 2008.

A premiação abriu caminho para outros reconhecimen-tos, como a seleção para o programa Primeira Empresa Inovadora (Prime/Finep); a subvenção do Inova Pequena Empresa RS 2010 para desenvolver um simulador de heli-cóptero; o case de Inovação do Sebrae Nacional em 2010; e a participação, como expositora, na feira CeBIT, realizada em Hannover, na Alemanha, em 2012.

A incubação na Unitec é considerada pelos sócios a mola propulsora para o desenvolvimento da empresa. “A incubadora nos deu credibilidade no início do negó-cio, possibilitou a realização de diversos cursos gratuitos e subsidiados de muita qualidade, ofereceu consultorias nas áreas de projetos, finanças, gestão, planejamento, for-mação de gestores, nos abriu portas para participação na CeBIT 2012, possibilitou contatos estratégicos e nos deu visibilidade na mídia”, resume Zoppo.

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O ingresso no Parque Tecnológico da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro, neste ano, foi um novo marco para a Ambidados, empresa de pesquisa, desenvolvimento e serviços voltada para o setor de portos e offshore. Criada em 2006 e residente desde o final de 2007 na Incubadora da Coppe/UFRJ, alcançou os objetivos do processo de incu-bação. “A incubadora cumpriu bem o seu papel e nós con-seguimos obter independência e seguir crescendo”, conta a empreendedora Wilsa Atella. O sucesso foi confirmado com o reconhecimento como Melhor Empresa Graduada no Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador.

A Ambidados, que registrou faturamento de R$ 3 mi-lhões em 2011, oferece serviços de monitoramento de ondas, correntes, marés e batimetria. Desenvolve, também, equipamentos como ondógrafos e boias, atendendo por-tos e empresas que trabalham em alto mar, na explora-ção ou no transporte de petróleo. A empresa compartilha a patente de um ondógrafo com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes/Petrobras) e tem outro projeto compartilhado com a Universidade de São Paulo (USP) ‒ grandes institui-ções parceiras, ao lado do Laboratório de Engenharia Oce-ânica da UFRJ, que contribui com atualização tecnológica e fornecimento de mão-de-obra especializada.

São 30 funcionários entre oceanógrafos, engenhei-ros, físicos e colaboradores voltados à análise de sistemas ‒ uma grande diferença em relação a 2006, quando não havia funcionários, nem um modelo de negócios estrutu-

rado. “A partir da entrada na incubadora é que nos trans-formamos de fato em uma empresa. Contratamos pessoas, obtivemos reconhecimento no mercado e as portas foram se abrindo. Além de oferecer serviços, passamos também a desenvolver novas tecnologias, o que incrementou o fatu-ramento. Em 2010 iniciamos em outro ramo de atuação, re-presentando produtos estrangeiros no Brasil”, relata Wilsa. Além do apoio da incubadora, ela aponta como fatores fun-damentais para o sucesso da empresa o desenvolvimento de produtos que atendam a demandas específicas e custo-mizadas dos clientes e a proximidade geográfica.

O mercado externo também está na mira da Ambida-dos, que em 2009 participou de uma capacitação oferecida pelo Sebrae para atuar fora do Brasil e já forneceu serviços de monitoramento para empresas internacionais. “O fato de conseguirmos nos cadastrar para prestar serviços para empresas petroleiras nacionais, que são muito exigentes, faz com que tenhamos capacitação e nível de excelên-cia para a internacionalização também”, observa Wilsa. A preocupação em manter e elevar o nível de qualidade é demonstrada pela preparação para a obtenção das certi-ficações ISO 9001 (qualidade), ISO 14001 (meio ambiente) e OHSAS 18000 (saúde e segurança), cujas auditorias serão realizadas no mês de janeiro de 2013. “Já estamos bem es-truturados administrativamente e agora estamos obtendo essas certificações apenas para comprovar nossos procedi-mentos e nossa adequação. É apenas uma formalização do que já fazemos hoje em dia”, ressalta a diretora.

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A Incubadora de Empresas Coppe/UFRJ foi um dos empreendimentos pioneiros voltados a acolher e apoiar negócios nascentes no Brasil. “A criação da incubadora resultou de uma discussão de oito anos dentro da univer-sidade, pois esse conceito era praticamente desconheci-do no Brasil. Havia poucas incubadoras e existiam cor-rentes de pensamento contrárias a esse tipo de atividade junto a uma universidade pública”, lembra o diretor da Incubadora e do Parque Tecnológico da UFRJ, Mauricio Guedes. Fundada em 1994, nove anos antes do estabe-lecimento do parque, a Incubadora da Coppe/UFRJ é re-conhecida por acolher empreendimentos multissetoriais voltados à inovação, especialmente nas áreas de petró-leo e meio ambiente. Esse reconhecimento lhe valeu o prêmio de Melhor Incubadora de Empresas Orientadas para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias.

Para Guedes, a razão do destaque da incubadora na geração de tecnologias está intimamente associada ao ambiente acadêmico que a cerca. “O público que preten-demos atingir é formado principalmente por alunos de mestrado e doutorado, que acumularam conhecimentos na sua formação e estão transformando isso em empre-gos, novos serviços e produtos”, explica. Entre os fatores que estimulam o desenvolvimento das empresas incuba-das, ele cita os serviços de apoio em marketing, expor-

tação, propriedade intelectual e o próprio ambiente do Parque Tecnológico, com grandes empresas divulgando pesquisas e formando parcerias. “Além disso, por termos sido uma das primeiras incubadoras do país, participa-mos muito ativamente desse movimento, promovendo conexões”, completa. Com 19 empresas residentes atu-almente, a Incubadora da Coppe/UFRJ irá inaugurar, em março de 2013, um novo prédio com capacidade para mais nove empresas do setor de petróleo ‒ uma iniciati-va que tem o apoio da Finep e da Companhia EZX.

Das 48 empresas que já passaram pela incubadora, várias se destacam por seu desempenho no mercado. A Ambidados, graduada neste ano, foi eleita Melhor Em-presa Graduada no Prêmio Nacional de Empreendedoris-mo Inovador. “É um caso muito interessante que surgiu a partir de uma estudante de mestrado da Coppe, com excelente capacidade para captar oportunidades de mercado e um dos casos ainda raros de empresas que foram licenciadas pela Petrobras para produzir uma pa-tente. Tem se desenvolvido muito nos últimos anos, com potencial elevado de crescimento”, avalia Maurício. Essa foi a segunda vez consecutiva que a Incubadora da Co-ppe/UFRJ viu uma de suas graduadas sendo premiada. Em 2011, a conquista foi da Visagio, consultoria especia-lizada em Engenharia de Gestão.

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O que é preciso para promover um setor localmen-te, a ponto de torná-la a maior fonte de arrecadação do município e uma referência nacional? De acordo com a experiência do MIDI Tecnológico, de Florianópolis (SC), a lista inclui capacitações, consultorias em diversas áre-as, infraestrutura física e tecnológica, envolvimento com investidores e uma atuação de peso no associativismo. Gerido pela Associação Catarinense de Empresas de Tec-nologia (Acate) e mantido pelo Sebrae/SC, o MIDI Tecno-lógico proporciona às empresas incubadas uma ligação imediata a associações importantes do setor de tecno-logia ‒ um dos fatores responsáveis por ter sido eleita a Melhor Incubadora de Empresas Orientada para o Desen-volvimento Local e Setorial.

Fundado em 1998, o MIDI acolhe atualmente 23 em-presas de tecnologia com viés inovador, atuando em áre-as como educação, construção civil, saúde, mobilidade e games, entre outras. Dados de 2011 revelam que as em-presas incubadas e as 66 já graduadas pelo MIDI alcança-ram um faturamento de R$ 60 milhões, viabilizando 4,6 mil empregos diretos e indiretos. O trabalho realizado pela incubadora junto a essas empresas tem reflexo na alta taxa de sobrevivência dos pequenos negócios, pró-xima a 93%, e na transformação do setor de Tecnologia da Informação no grupo de atividade que mais fatura e o segundo que mais paga Imposto Sobre Serviços (ISS) na capital catarinense.

“O MIDI Tecnológico atua para fortalecer o segmento

de empresas baseadas em conhecimento em Florianó-polis, com o objetivo de ajudar a transformar a cidade em um polo reconhecido não apenas pelo turismo, mas também pela existência de um segmento de empreen-dimentos competentes e inovadores”, explica o coorde-nador da incubadora e secretário executivo da Acate, Gabriel Sant’Ana. A coordenadora técnica do MIDI, Joi-ce Adinete Ramos, complementa: “Ao implementar um projeto fundamentado no desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica, que aproveitem o po-tencial das universidades e centros de tecnologia locais para gerar produtos e serviços, buscamos também ga-rantir que esse segmento promova a modernização de outros setores da economia local, catarinense e brasi-leira”, afirma.

Além do formato tradicional de incubação empresa-rial, o MIDI Tecnológico utiliza o sistema de incubação virtual, que oferece o mesmo tratamento da incubação tradicional a empresas que não ficam instaladas no pré-dio da incubadora: todos os serviços e formas de apoio, incluindo, a utilização de espaços físicos de uso comum. “O crescimento da procura nos processos seletivos aber-tos pela incubadora se chocava com a limitação física do número de empresas que poderiam ser atendidas. Dessa forma, era necessário recusar bons projetos que, sem o apoio da incubadora, seriam encerrados”, explica Sant’Ana. Das 23 empresas incubadas hoje, 11 se encai-xam nessa modalidade.

Melhor Incubadora de Empresas Orientada para o Desenvolvimento Local e Setorial:

MIDI Tecnológico

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Em Ribeirão Preto (SP), a disseminação da cultura empreendedora começa muito antes dos potenciais empresários chegarem à universidade. Com o projeto Supera Educa, a incubadora Supera vem fomentando o empreendedorismo entre estudantes do Ensino Médio, com resultados que garantiram o reconhecimento como Melhor Projeto de Promoção da Cultura do Empreende-dorismo Inovador.

“Desenvolvemos uma metodologia de incentivo ao empreendedorismo com o objetivo de que os estudantes do Ensino Médio pensem na possibilidade de, no futuro, abrir uma empresa e, quem sabe, até incubá-la”, explica o gerente de Novos Negócios da Supera, Eduardo Cicconi. Participaram do projeto piloto, realizado em 2011 junto ao Colégio Marista de Ribeirão Preto, cerca de 160 ado-lescentes, que apresentaram 40 projetos, dos quais quatro foram selecionados para uma “incubação” realizada em estrutura criada na própria escola. “Em 2011, auxiliamos os alunos a construírem um modelo de negócio. Neste ano, prestamos consultorias para os projetos e continua-mos realizando dinâmicas com as turmas que ainda não haviam participado”, explica Cicconi.

O resultado foram quatro propostas de negócio bastan-te diferentes: o desenvolvimento de um “quadrifone” para que duas pessoas possam compartilhar músicas usando fone de ouvido; uma empresa de organização de eventos e preparação de palestrantes; um negócio voltado para a área de marketing, produção de vídeos e apresentações

institucionais; e uma revista de atualidades para adolescen-tes. Em 2013, o Supera Educa deve levar os estudantes a conhecerem grandes empresas e trabalhar questões como gestão de pessoas, produção, marketing e finanças, por meio do contato com a prática. A meta é ampliar o projeto para outras escolas e para a rede pública do município.

O empreendedorismo inovador também é priorizado dentro da Incubadora Supera, que, hoje, acolhe 24 empre-sas nas fases de pré-residência e incubação. Para Cicconi, a validação da viabilidade dos negócios junto ao mercado é o fator mais importante para o fomento ao empreendedo-rismo. “Não basta o projeto ser fantástico na teoria, o mer-cado tem que querê-lo. Por isso esta questão dinâmica da incubadora: sempre buscamos melhorar nossos processos para garantir o sucesso das empresas incubadas”, enfatiza.

As adaptações e mudanças de rumo orientadas às ne-cessidades do mercado marcam a história da Incubadora Supera. Criada em 2003, ela tem quatro sedes: uma unida-de no campus da USP, uma junto à Fundação Hemocen-tro, uma nos Campos Elíseos e a outra no Colégio Marista, todas em Ribeirão Preto. Em 2012, iniciou a construção de um novo edifício que irá reunir as unidades da incuba-dora ‒ com exceção da existente no Colégio Marista ‒ e aumentará a capacidade de empresas residentes de 23 para 60. Além do desenvolvimento de equipamentos mé-dicos, hospitalares e odontológicos, a Supera hoje abriga também empreendimentos nas áreas de agronegócios, tecnologia da informação e biotecnologia. L

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O novo programa de subvenção econômica da Finep, o Tecnova, distribuirá R$ 190 milhões aos estados para

incentivo à inovação de MPEs

Apoio in loco

P O R T H I A G O V E R N E Y

Com o objetivo de diminuir as barreiras para o fomento à inovação, a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ci-ência, Tecnologia e Inovação (Finep/MCTI) lançou, em setembro de 2012, o Tecnova, um programa de subvenção econômica para micro e pequenas empresas com fa-turamento anual de até R$ 3,6 milhões. A proposta, que prevê o repasse de R$ 190 milhões por meio de parceiros estaduais, é a primeira do Governo Federal a priorizar o financiamento de projetos regionais em inovação. Serão apoiadas iniciativas que

tenham como foco o desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos que agreguem valor aos negócios e ampliem seus diferenciais competitivos.

Para o chefe do Departamento de Ope-rações de Subvenção da Finep e coordena-dor do programa, Marcelo Camargo, o di-ferencial do Tecnova é a atuação estadual. “Pela primeira vez, 60% dos projetos serão relacionados a temas locais [ver infográfico na página 29], permitindo que sejam consi-deradas a assimetria econômica e as dife-renças que temos no país. Será possível que

INVESTIMENTO

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INVESTIMENTO

organizações como incubadoras de empre-sas e parques tecnológicos atuem de forma integrada para o desenvolvimento dos pro-jetos selecionados”, avalia.

A presidente da Anprotec, Francilene Gar-cia, destaca o papel das entidades promoto-ras de empreendimentos inovadores nesse processo. “Em vários estados, consórcios em construção incluem parques e incubadoras, parceiros importantes, devido ao relaciona-mento e ao conhecimento do público-alvo do Tecnova: as empresas inovadoras”, observa.

Os setores do Programa Brasil Maior e os temas prioritários na agenda da Estraté-gia Nacional de Ciência, Tecnologia e Ino-vação serão contemplados pelo restante da subvenção do Tecnova. Cerca de 40% do aporte deve financiar áreas como petróleo e gás, energias alternativas e tecnologias da informação e comunicação.

Além dos recursos da Financiadora, o Sebrae participará de forma complementar com mais R$ 50 milhões ‒ valor que as em-presas selecionadas poderão utilizar para realização de atividades voltadas à gestão de negócio.

Como funcionaO Tecnova será dividido em duas fases

distintas: a seleção das instituições par-ceiras e a escolha das micro e pequenas empresas. A Finep apoiará a realização de todas as atividades operacionais de res-ponsabilidade das organizações estaduais ‒ desde o fomento e seleção das propostas, até a contratação, liberação dos recursos e acompanhamento físico e financeiro. A meta global é de que cerca de 800 MPEs sejam beneficiadas nos próximos três anos, com aportes financeiros que variam de R$ 120 mil a R$ 400 mil.

Para o presidente da Finep, Glauco Ar-bix, a descentralização incentivará uma nova cultura de inovação. “Trabalharemos com agentes estaduais, que irão conferir mais capilaridade à nossa atuação. Agora,

trata-se de criar um ambiente amigável e concentrar os esforços entre os diversos agentes envolvidos na inovação”, explica.

A primeira etapa do programa foi ini-ciada com o lançamento da carta-convite, que apresentava as regras de seleção dos parceiros estaduais. Em resposta à carta, os governos de 22 Estados indicaram a can-didatura da instituição responsável para a Finep. Nesse processo, depois da assinatu-ra do contrato, os Estados devem oferecer uma contrapartida financeira, que varia proporcionalmente de acordo com cada região. Os selecionados serão divulgados a partir do dia 28 de janeiro de 2013. Depois serão lançados os editais estaduais de fo-mento.

Parcerias estaduaisPara dar condições de estruturação sufi-

cientes aos parceiros, a Finep disponibilizará uma verba adicional de R$ 19 milhões para infraestrutura, administração e consolidação dos agentes locais. Para cada estado das re-giões Sul e Sudeste será disponibilizado até R$ 1,3 milhão, enquanto as demais regiões contarão com até R$ 900 mil por unidade federativa. Poderão participar da seleção os órgãos e entidades da administração pública direta ou indireta de qualquer esfera de go-verno, ou entidades privadas sem fins lucra-tivos representadas por fundações de apoio.

“Na trajetória da Finep, existem impor-tantes iniciativas de ações descentralizadas, em parceria com os estados, via FAPs [Fun-dações de Amparo à Pesquisa], assim como com as incubadoras. O Tecnova traz uma nova edição da subvenção econômica des-centralizada, desta vez viabilizando e incen-tivando a estruturação de consórcios nos estados”, observa a presidente da Anprotec, Francilene Garcia.

Segundo o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fape-mig), Mario Neto Borges, a parceria da Finep junto às FAPs é um avanço em relação a ou-

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INVESTIMENTO

tras formas de subvenção. “As FAPs entram com importantes contrapartidas financeiras, têm uma capilaridade importante e também conhecem de perto a realidade de seus es-tados para fazer a divulgação, a seleção e o acompanhamento dos projetos”, avalia.

O estado já se mobiliza para articular seus agentes e aproveitar as oportunidades que o Tecnova oferece. “Em Minas Gerais temos um histórico de sucesso na área de subvenção direta às empresas. A conjuntura hoje exis-

tente no estado permitiu que mobilizássemos a Rede Mineira de Incubadoras, o Sebrae, o IEL/MG [Instituto Euvaldo Lodi] e os parques tecnológicos como parceiros na proposta da Fapemig, que conta com a interveniência da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior”, conclui Borges.

Tocantins foi outro estado que confir-mou a participação e anunciou os parceiros envolvidos. A Secretaria Estadual de Ciên-cia e Tecnologia de Tocantins (SECT) indi-

Locus  >  Quais  são  as  potencialida-­‐

des  do  Tecnova  em  relação  a  outras  

 Como  o  senhor  analisa  a  geração  de  oportunidades  

Como  foi  a  mobilização  no  Amazonas?

Entrevista: Odenildo Sena, Secretário de Estado de CT&I do Amazonas e presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti)

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29

L

TECNOVA

RECURSOS

SELEÇÃO DE

EMPRESAS

CONDIÇÕES

FINANCEIRAS

CONDIÇÕES

PARA

APLICAÇÃO

cará duas organizações: o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/TO), como operador financeiro, e a Fundação de Amparo à Pesquisa de To-cantins (FAPT), como executora principal. O lançamento do edital estadual está previsto para o primeiro semestre de 2013.

Segundo o diretor de Tecnologia e Ino-vação da SECT, Alan Rickson, a atuação regional é um fator decisivo na geração de novas oportunidades para o estado. “Quan-do havia somente o edital nacional, o acesso das MPEs ao recurso era inviável. Com essa descentralização, é possível priorizar ques-tões regionais. O diferencial do programa é que, além de proporcionar um fomento às empresas, ajuda o próprio poder público estadual a realizar uma integração com en-tidades de pesquisa e aumentar seus inves-timentos em inovação”, analisa.

No caso do Maranhão, a secretária esta-dual de Ciência, Tecnologia e Ensino Supe-rior, Rosane Guerra, afirma que o recurso deve beneficiar de 10 a 33 empresas. “Nossa expectativa é fomentar a utilização de tec-nologia de ponta no dia-a‒dia das empresas, visto que historicamente um número redu-zido de empresas maranhenses promovem essas ferramentas. Apresentamos o projeto em dezembro”, diz. A Secretaria estima que o edital estadual será lançado entre fevereiro e março de 2013.

INVESTIMENTO

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30

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Esbanjandosaúde

Os números não deixam dúvida: R$ 160 bilhões movimentados por ano, 18% do PIB

americano, 8% do PIB no Brasil. O mercado de saúde figura como um dos mais promissores

nichos de atuação tanto para gigantes quanto para MPEs inovadoras. Baseadas em Pesquisa e Desenvolvimento, empresas de todo o país têm surpreendido a concorrência com o alto nível

dos produtos e serviços que oferecem

P O R E D U A R D O K O R M I V E S

CAPA

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32

CAPA

A aquisição da operadora de plano de saúde Amil pela gi-gante americana UnitedHealth, um negócio de US$ 4,9 bilhões concretizado em outubro, não deixa dúvida: o mercado bra-sileiro de saúde virou um mar tão grande de oportunidades que caminha para se tornar o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.

Ao mesmo tempo em que atrai grandes tubarões globais do porte da UnitedHealth, com 75 milhões de clientes e recei-ta de US$ 102 bilhões por ano, esse mercado ‒ estimado pelo Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE) em 8% do Produto Interno Bruto (PIB) ou R$ 160 bilhões anuais em 2010 ‒ estimula o crescimento de um cardume cada vez mais

graúdo de micro e pequenas empresas inovadoras de base tecnológica espalhadas por todo o país.

Em termos globais, o Brasil ainda é peixe pequeno ‒ nos Estados Unidos, o setor de saú-de responde por uma fatia de 18% do PIB ‒, mas os prognós-ticos são muito favoráveis para os próximos anos. O próprio di-retor-presidente da UnitedHe-alth, Stephen Hemsley, decla-rou que o grupo espera que o mercado brasileiro cresça duas vezes mais rápido que o ameri-cano. Entre as explicações para a velocidade da expansão está o envelhecimento da popula-ção. Estimativas apontam que a fatia de brasileiros na faixa etária acima de 60 anos deve dobrar nos próximos 20 anos e alcançar 30% da população

total em 2050. Mas a exemplo de outros segmentos, o princi-pal motor do crescimento é o novo mercado consumidor ge-rado com a ascensão da nova classe média. A formalização do emprego (65% dos benefici-ários do país estão em planos empresariais) e o ganho de po-der aquisitivo fizeram com que o plano de saúde virasse sonho de consumo da classe C depois do eletrodoméstico, do carro zero e da viagem de avião.

OportunidadesA Federação Nacional de

Saúde Suplementar (Fena-Saúde) estima avanço de 11% para o setor este ano, muito acima da expansão medíocre de 1% esperada para a econo-mia como um todo. De acordo com o último dado divulgado pela Agência Nacional de Saú-de Complementar (ANS), em setembro, um quarto dos bra-sileiros (48,7 milhões) eram usuários de planos privados de assistência médica com ou sem odontologia. Nos últimos cinco anos, o mercado recebeu 9,4 milhões de novos clientes, o equivalente à população de Portugal. “O mercado da classe C vai estourar. O aumento da expectativa de vida e o cresci-mento socioeconômico geram mudanças no estilo de vida. Hoje, desenvolver um softwa-re para sistema hospitalar ou um aplicativo para dispositivos móveis para ajudar a emagre-cer causa grande impacto”, afirma Vitor Asseituno, médico e co-fundador do Empreender-

R$  8  bilhões   -­‐

 8%  do  PIB

 1,2%

 35  milhões  

 60  mil    350  mil   197  

504  mil 354  mil  

 1  milhão   267  milhões  de  aten-­‐

_NÚMEROS

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CAPA

Saúde, que faz o meio-campo entre empreendedores, fundos de investimentos e empresas tradicionais.

Diante de tantas oportunida-des de inovação, argumenta ele, não faz sentido esperar as solu-ções virem de fora. Os números do Ministério da Saúde revelam um déficit na balança comercial de produtos na área de saúde superior aos US$ 7 bilhões em 2008. “É necessário estimular pessoas capacitadas. Precisa-mos de mais empreendedores com Ph.D”, afirma Asseituno.

Em 2012, o Empreender-Saúde realizou a segunda edição do programa Startup Saúde Brasil, cuja proposta é acelerar empresas nascentes com alto potencial de impacto em seus mercados. A seleção atraiu mais de 400 projetos. Entre as 10 empresas escolhi-das estava a Gelt Tecnologia, com sede em Londrina (PR), que promete mudar a cara da telemedicina cardíaca.

A empresa está pronta para lançar comercialmente o Cardiocare no início de 2013. Trata-se de um aparelho por-tátil e digital capaz de realizar cinco diferentes exames: ele-trocardiograma de repouso, eletrocardiograma de esforço, looper, holter e monitoramen-to cardíaco. Os resultados são transmitidos por banda larga móvel (3G) e armazenados na nuvem. Assim, um médi-co pode acessar dados de seu paciente por meio de qualquer dispositivo móvel conectado à internet e ‒ o que é melhor ‒

não precisa estar presente na clínica ou no hospital.

Tecnologia de pontaAlém de oferecer melhor

resolução, amostragem e nível de informação, o aparelho cria-do pela Gelt tem o potencial de evitar mortes. Em uma situa-ção hipotética na qual um pa-ciente infartado seguisse para o hospital, os exames pode-riam ser realizados na própria ambulância, economizando um tempo precioso. Outro públi-co potencial são os pacientes de pequenas cidades, onde não existe um especialista em cardiologia. Ainda em 2013, a Gelt espera concluir o projeto de uma camiseta do tipo “se-gunda pele” com holter. Com ela, será possível monitorar um paciente 24 horas por dia e, em caso de mal estar, rea-lizar um eletrocardiograma e enviá-lo ao especialista na Central de Telemedicina. O retorno do laudo, tão preciso quanto um exame tradicional, não demoraria mais que cinco minutos.

O Cardiocare também de-safia os preços praticados atualmente por fornecedo-res de equipamentos. Hoje, comprar os aparelhos sepa-radamente para esses cinco exames demanda em torno de R$ 50 mil. O dispositivo da empresa paranaense custará 20 vezes menos, ficando na faixa dos R$ 2,5 mil. O preço ainda pode cair se o médico optar por baixar e configurar em tempo real apenas algu-

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mas das funcionalidades, por meio de um sistema de compra que é semelhante às lojas de aplicativos para smartphone. Em vez de empurrar o pacote completo, a Gelt decidiu tornar o software modular e flexível. O desenvolvimento dele e do hardware demandou 10 anos de pesquisa e R$ 3 milhões em investimento ‒ R$ 2,3 milhões dos quais vindos de editais de subvenção da Finep. Embora ainda não esteja oficialmente no mercado, o retorno não po-deria ter sido melhor até ago-ra. Em agosto, a Gelt foi aceita na incubadora do Instituto Pe-dro Nunes da Universidade de Coimbra, em Portugal, o que permitirá expandir a empresa em solo europeu. Além disso, em fevereiro de 2013, ela será a única empresa da América Latina a participar da final do MIT Award - International En-trepreneurship and Innovation Competition. “Toda a produção inicial de mil unidades já foi vendida para uma operadora

de plano de saúde”, diz Tony Novaes, sócio-presidente da Gelt. Bastante assediada por investidores-anjos e empresas estrangeiras, a empresa já pos-sui as patentes registradas da tecnologia no Brasil e no exte-rior. “O mercado de saúde tem muito a evoluir, o Brasil depen-de muito dos grandes fabrican-tes internacionais. O governo só passou a investir mais em PMEs nos últimos cinco anos”, avalia Novaes.

Na nuvemOutra empresa que en-

trou na lista da Startup Saú-de Brasil foi a Doctors Way, que pega carona no gosto dos brasileiros por redes sociais ‒ 53% dos que acessam a in-ternet visitam ao menos uma delas diariamente, segundo pesquisa do Ibope NetRatin-gs divulgada este ano. Ocor-re que o Doctors Way não é uma rede social comum. Ela exige o número de CRM na hora do cadastro, ou seja, é

exclusiva para médicos. Públi-co não falta. Existem 350 mil profissionais ativos no país e as 197 faculdades existentes aqui ‒ número de cursos in-ferior apenas ao registrado da Índia ‒ formam quase 17 mil médicos por ano. A diferença é que a proposta da Doctors Way como rede social de pro-fissionais não é simplesmente publicar o currículo ou ofertas de emprego, como o LinkedIn. Sua função primordial é aju-dar no dia a dia do trabalho. Mais de 2,5 mil médicos já criaram um perfil. Em vez de compartilhar frases da Clari-ce Lispector e fotos de gatos, eles trocam opiniões sobre exames e diagnósticos, leem estudos sugeridos por outros membros da rede, postam artigos médicos e ainda po-dem assistir a aulas e trechos de congressos. Além de ser gratuito, o conteúdo tem um apelo forte para o médico que atende apenas numa clínica, por exemplo, e tem dificulda-de de se encontrar e conversar com colegas.

As oportunidades na área de saúde não passaram des-percebidas no processo seleti-vo do Centro de Inovação, Em-preendedorismo e Tecnologia (Cietec), maior incubadora da América Latina, que funciona na Universidade de São Paulo (USP). Desde 2007, o número de empresas do segmento de saúde e medicina cresceu 25% no portfólio do Cietec, soman-do 40 de um total de 135 em-presas incubadas atualmente.

CAPA

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35

Sérgio Risola, diretor executivo do Centro, afirma que a área só perde em tamanho para a de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). “Essa é uma tendência que vem se ve-rificando em todas as incuba-doras e parques tecnológicos”, analisa Risola.

Uma das novas promessas do Cietec é a Revolugenix, classificada entre os seis pri-meiros colocados da etapa re-gional de São Paulo do Desafio Brasil 2012, uma das maiores competições nacionais de star-tups. A empresa trabalha para oferecer soluções em um mer-cado ainda incipiente, mas que espera revolucionar a saúde. Trata-se da reconstrução de tecidos humanos utilizando células-tronco, algo que ainda está restrito aos laboratórios de pesquisa.

Recém-chegado de um con-gresso nos Estados Unidos, Vinícius Marchiori, fundador da Revolugenix, afirma que as pesquisas na área têm avan-çado rapidamente, mas há muito chão antes de terapias serem adotadas clinicamen-te. “Há um consenso sobre a necessidade de mais conhe-cimento e segurança antes de utilizarmos células-tronco, mas há também a certeza de que precisamos continuar e levar para a clínica o que já sabemos”. Marchiori, dentista e especialista em Biologia Mo-lecular, afirma que hoje se tem consciência de que será possí-vel, no futuro, reconstruir par-tes do corpo (osso, córnea e

retina, entre outros) com célu-las de polpas de dentes. “Mas por enquanto o que fazemos é armazenar essas células para poder utilizá-las mais tarde”.

FuturoA empresa desenvolveu

uma tecnologia de criopreser-vação, ou seja, o congelamento de material genético para pos-terior extração de células-tron-co retiradas de polpa dentária. O serviço tem como usuários diretos os cirurgiões-dentistas ‒ que se credenciam na Revo-lugenix para poder realizar a coleta ‒ e como consumidores finais os pacientes. A expecta-tiva de faturamento inicial é de mais de R$ 1 milhão anual quando a empresa estiver to-talmente instalada.

Incubada no Cietec desde 2010, a Sollis - Soluções Inte-gradas à Saúde, decidiu atacar outro problema sério: as 35 milhões de receitas médicas preenchidas no papel todos os meses no Brasil. Dados da

Organização Mundial de Saú-de (OMS) mostram que mais de 50% dos medicamentos que circulam no mundo foram prescritos, vendidos ou prepa-rados de forma inadequada. No Brasil, estudo do Ministério da Saúde aponta que 30% das internações estão relacionadas ao uso incorreto dos remédios.

Como resultado, a empresa desenvolveu uma plataforma de TI chamada Euprescrevo, em que médicos e dentistas po-dem gerar receitas on-line gra-tuitamente a partir de tablets e smartphones conectados à internet. O próprio sistema cal-cula a quantidade necessária de medicamento para o trata-mento com base na posologia determinada (atendimento a normas do SUS). A receita do paciente fica registrada e pode ser facilmente acessada por profissionais. A ideia é garantir uma prescrição segura e legí-vel, possível de ser acessada e integrada aos sistemas de ges-tão de saúde, além de mostrar

CAPA

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o que a pessoa está tomando. “Com o sistema, podemos en-viar a receita diretamente para a farmácia, eliminando o uso do papel” afirma Caio Gonçal-ves Ribero, sócio da Sollis.

Outro nicho com alto poten-cial para inovação é o de gestão e processamento digital de ima-gens diagnósticas. Se nos Esta-dos Unidos e na Europa esse mercado já é considerado ma-duro, com alto grau de digitali-zação, estima-se que apenas 8% das clínicas e laboratórios bra-sileiros possuam esse tipo de tecnologia. Encarando concor-rentes globais de peso, como GE e Fujifilm, a Pixeon, empresa graduada do MIDI Tecnológico, de Florianópolis, desenvolveu soluções que despertaram o interesse da Intel Capital, braço de venture capital da Intel. Um

aporte financeiro ocorreu no fim de 2011. Turbinada com o dinheiro do novo sócio minori-tário, a empresa catarinense viu seu faturamento crescer 120% no primeiro semestre deste ano e anunciou, em agosto, uma fu-são com a Medical Systems, de São Bernardo do Campo (SP), que desenvolve sistemas de gestão de informações radioló-gicas e digitais.

A nova empresa, batizada Pixeon Medical Systems, rece-beu nova injeção de dinheiro da Intel Capital. Tornou-se a única com operações de pes-quisa em software para me-dicina diagnóstica 100% rea-lizadas no país. Nasceu com 1,2 mil clientes ‒ entre eles argentinos e chilenos ‒ , que compram suas soluções de digitalização, armazenamen-

to e distribuição de imagens médicas,além da informatiza-ção dos principais processos de operação de um centro de medicina diagnóstica. “A tecnologia será um dos prin-cipais diferenciais competiti-vos do produto final ofertado ao mercado, pois nosso time integrado dominará todo o processo de desenvolvimento de soluções”, afirma Fernan-do Peixoto, diretor de P&D da Pixeon Medical Systems, que acabou eleita a empresa do ano do setor pela consultoria Frost & Sullivan.

VersatilidadeApesar da forte concentra-

ção das MPEs de saúde no cen-tro do país, as regiões Norte e Nordeste também abrigam pro-jetos inovadores relevantes. O Porto Digital, parque tecnológi-co localizado em Recife (RE) é o endereço atual de duas empre-sas iniciantes citadas com fre-quência em rankings que enu-meram as empresas brasileiras mais promissoras na área.

A Atestados.med.br, instala-da desde setembro na incuba-dora C.A.I.S. do Porto, prepara--se para lançar comercialmente um sistema de emissão digital de atestados médicos. O obje-tivo, explica o médico Eduardo Pires, co-fundador da empresa, é atacar o que ele chama de “máfia de falsificações” desses documentos. A Associação Bra-sileira das Empresas de Medici-na de Grupo (Abramge) dá uma ideia do tamanho do problema: estima que as fraudes de ates-

CAPA

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37

tados consomem 20% das des-pesas de atendimento do setor. “Além do prejuízo financeiro, esses atestados servem de sub-sídio para processos contra empresas. Para os hospitais, é difícil manter o controle porque eles não sabem quem emitiu. O médico alega que usaram o nome e o carimbo dele indevi-damente”, diz Pires.

O sistema em nuvem de-senvolvido pela empresa per-nambucana gera um código de barras ou um QR Code no documento impresso, que é validado pelo departamento de recursos humanos da empresa digitalmente, via site ou aplica-tivo para dispositivos móveis. O rastreamento não apenas inibe fraudes, mas também cria um banco de dados alimentado em tempo real com informa-ções sobre a saúde do traba-lhador. O médico tem acesso aos documentos arquivados para sua própria segurança e o funcionário recebe uma cópia por e-mail. O aplicativo certifi-cador para o sistema operacio-nal iOS, da Apple, já pode ser baixado de graça na App Store. A versão para dispositivos An-droid sairá em breve.

O caos na saúde também gera oportunidades na área de TI. Basta dizer que não há praticamente nenhuma inte-gração de bancos de dados do setor. Uma das empresas veteranas no segmento é a Acone, com sede no Parque Tecnológico de Sergipe (Sergi-peTec), em Aracaju. A empre-sa começou em 2001 disposta

a acabar com um símbolo dos problemas da saúde pública brasileira: as eternas filas na madrugada para atendimento no SUS. Para isso, desenvol-veu uma central eletrônica de regulação para gestão do sis-tema de saúde pública capaz de integrar hospitais, clínicas e laboratórios com seus usu-ários, que podem estar locali-zados em qualquer lugar. Uma grande vantagem da solução é permitir que moradores de cidades pequenas agendem com antecedência consultas médicas nas cidades em que buscam atendimento. O siste-ma, que gerencia mais de 30 mil consultas mensais em 18 cidades espalhadas por Ala-goas, Sergipe e Acre, ganhará um novo módulo, focado na atualização de informações em tempo real pelos agen-tes de saúde. “Nosso objetivo futuro é criar um sistema de transparência total. Quando o Ministério da Saúde liberar um comprimido, saberá quem o tomou”, explica José Roberto de Oliveira, sócio da Acone.

BiocosméticosOutra empresa que se pre-

para para um salto de cresci-mento é a Prönatus, de Manaus. Vencedora do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2005 na região Norte na categoria pro-duto, a Prönatus desenvolve biocomésticos, produtos que carregam propriedades medi-cinais de plantas da Amazônia e são indicados para proble-mas como acne, pele desidra-

tada e dor nas costas.Graduada em 2006 no Cen-

tro de Incubação e Desenvolvi-mento Empresarial (CIDE) de Manaus, a empresa pretende deixar de ser uma companhia local e em 2013 e brigar por espaço nas prateleiras de gran-des varejistas nas regiões Nor-te, Nordeste e Sudeste. Depois de muita negociação, fechou um acordo com duas redes de drogarias, a Brasil Farma e a Farmácia do Trabalhador, que juntas somam quase 1,6 mil lojas. A fábrica, que produz 65 mil unidades por mês, será ampliada em 150%.

“Queremos ser o maior la-boratório de biocomésticos do país. O maior fator limitante é a logística”, analisa o empreen-dedor Evandro Araújo Silva. O frete rodofluvial faz com que um pedido demore 18 dias para chegar a São Paulo ou 40 dias a Santa Catarina. Mas vale a pena o trabalho. Afinal, o mercado está esbanjando saúde.

CAPA

L

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EDUCAÇÃO

Universidades brasileiras convivem com o dilema de fomentar a inovação sem abandonar tradições seculares. É hora de responder à expectativa da sociedade do conhecimento

Aprendizado para ruptura

Há poucas décadas, o tripé “ensino, pes-quisa e extensão” parecia suficiente para definir os eixos de atuação das universi-dades brasileiras. Comprometidas com a formação de recursos humanos, essas ins-tituições faziam da graduação profissional sua principal entrega à sociedade. Pesquisa e desenvolvimento, bem como a interação com a comunidade, tinham papel coadju-vante. Mas a evolução rumo à economia do conhecimento mudou esse cenário, dele-gando às universidades a função de empre-ender e inovar. Em uma era marcada pelo

dinamismo cultural e tecnológico, institui-ção alguma ficaria inerte a transformações.

Novas funções e expectativas marcam a trajetória das universidades no século XXI. “A sociedade hoje espera que as institui-ções de ensino e pesquisa estejam entre os protagonistas do desenvolvimento social e econômico, envolvendo dimensões éticas e políticas mais abrangentes. Isso implica em uma revisão da própria missão dessas ins-tituições e em uma mudança cultural rele-vante, pois a academia é um ambiente com tendência à manutenção do status quo”,

P O R D É B O R A H O R N

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EDUCAÇÃO

afirma o vice-presidente da Anprotec, Jorge Nicolas Audy, organizador do livro “Inova-ção e empreendedorismo na Universidade” ‒ publicado pela EDIPUCRS em 2006.

Segundo Audy, a inovação emerge como terceira missão das universidades, ao lado de ensino e pesquisa, de modo que a inte-ração com a sociedade ‒ antes chamada de extensão ‒ permeia todas as atividades de-senvolvidas. “No Brasil e na América Latina em geral, essa é uma transformação recente, iniciada na virada deste século. Foi um des-pertar tardio em relação a outros países. Nos Estados Unidos, esse modelo é adotado des-de a década de 1950, tendo como ícone a Universidade de Stanford, na Califórnia. Na Inglaterra, esse movimento teve início nos anos 1970, se estendendo a outros países da Europa e também à Ásia na década se-guinte”, explica. Ao assumirem essa postura, complementa Audy, universidades de China, Malásia, Filipinas e Cingapura impulsiona-ram o desenvolvimento científico e tecnoló-gico, contribuindo para o crescimento eco-nômico da região onde estão inseridas.

Embora esteja em meio à curva de apren-dizado quanto a suas novas funções, boa parte das universidades brasileiras se mostra disposta a protagonizar o desenvolvimen-to. Algumas, inclusive, criaram rupturas ao adiantarem a mudança cultural ‒ caso da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro, na im-plantação de sua incubadora e posteriormen-te do Parque Tecnológico do Rio, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com o Tecnopuc, e da Universidade Federal de Santa Catarina, engajada na implantação do Sapiens Parque. “Evoluímos muito. Há 15 anos ainda encontrávamos uma barreira ideológica, um preconceito grande em rela-ção ao fomento ao empreendedorismo e à inovação nas universidades. Essa barreira foi ultrapassada, mas uma década representa pouco tempo quando falamos de mudanças culturais. Precisamos amadurecer essa nova postura”, afirma a economista e consultora

em inovação, Gina Paladino.

Novos modelosFazer com que tradição e inovação andem

lado a lado tem se revelado o grande desafio das universidades que investem em novos modelos de atuação. “A universidade é uma instituição secular, milenar em alguns casos. Mudanças de cultura nesses ambientes são sempre difíceis. Para fomentar a cultura empreendedora, por exemplo, é preciso con-vencer diferentes atores de que essa é uma ação relevante não apenas para a instituição, mas para a comunidade que a cerca ‒ gera postos de trabalho, renda, desenvolvimento”, afirma o reitor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Renato Aquino.

Prestes a completar 100 anos, a Unifei é outro exemplo recorrente quando se tra-ta de cultura empreendedora na academia. Localizada no sul de Minas Gerais, Itajubá é uma cidade de 90 mil habitantes, que tem na Universidade Federal ‒ originada de um Instituto de Engenharia ‒ um dos principais motores do desenvolvimento regional. Uma das ferramentas da Unifei nesse processo é o Núcleo de Inovação, Transferência de Tec-nologia e Empreendedorismo (Nitte), criado em 2004 com a missão de estabelecer cone-xões com o mercado no desenvolvimento de projetos inovadores. Entre os mecanismos ligados ao NITTE estão três incubadoras de

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empresas e um programa de pré-incubação. “A diferença está na importância que esse Núcleo tem no organograma da Unifei. Hoje ele responde diretamente à Reitoria, o que significa que a cultura do empreendedoris-mo e da inovação já estão enraizadas na ges-tão da Universidade”, afirma Aquino.

O NITTE também é responsável pela implantação do Parque Científico e Tecno-lógico de Itajubá (PCTI), instalado no cam-pus da Unifei e que teve sua primeira fase inaugurada em dezembro de 2012. A Fase 1 do PCTI ocupa uma área de 40 mil metros quadrados e foi planejada para abrigar três Centros de Estudo, Investigação e Inovação (CEII) ‒ de Eficiência Energética, de Qua-lidade de Energia e Redes Elétricas Inteli-gentes e de Materiais Biofuncionais. Além disso, irá sediar o Núcleo de Tecnologias para Educação e Gestão (Nuteg), um Condo-mínio de Empresas Incubadas, Graduadas e Entidades de Apoio e um ou dois Centros de Pesquisa de empresas que atuem em áreas de maior potencial de interação com os gru-pos de pesquisa e inovação da Unifei.

Ao todo, R$ 31 milhões foram investidos na obra ‒ divididos entre a Unifei, o Governo de Minas Gerais, o setor empresarial, a Finep e os Ministérios da Educação, da Ciência, Tec-nologia e Inovação e das Minas e Energia. Para a Fase 2, está prevista a construção de um edifício administrativo, de um centro de

manutenção e apoio, do segundo condomínio de empresas e de uma área de convivência, além da urbanização de 128 lotes para insta-lação de empresas de base tecnológica. “A im-plantação de um parque tecnológico sempre representa um projeto de ruptura na univer-sidade, que exige uma gestão diferenciada e um intenso envolvimento da instituição com outros parceiros”, afirma Aquino.

ParceriasO reitor destaca, também, que a abertura

da universidade às demandas do mercado e da comunidade amplia seu potencial de contribuição ao desenvolvimento. Exemplo disso está acontecendo na implantação de um campus da Unifei em Itabira, cidade do sudoeste de Minas Gerais que foi palco da criação da companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale, em 1942. “A Unifei mantém um relacionamento de mais de 30 anos com a Vale, uma mineradora consciente de que um dia o produto que ela explora na região irá acabar. Com a ajuda da Universidade, a empresa decidiu implantar uma estrutura que garantisse a continuidade do desen-volvimento local quando isso acontecer. Juntos, estamos construindo a transição da economia extrativista para a economia do conhecimento”, relata Aquino.

Com apoio da Prefeitura Municipal de Itabira e do Ministério da Educação, além da própria Vale, a Unifei empreendeu a constru-ção do campus avançado da Universidade ‒ que atende cerca de 2,5 mil alunos. A Vale se comprometeu a adquirir os equipamentos necessários à montagem de modernos la-boratórios de Engenharia, que deverão dar suporte às atividades de ensino, pesquisa e inovação. “A proposta para o campus de Ita-bira é de uma universidade essencialmente inovadora e tecnológica, com ensino e pes-quisa voltados às demandas atuais e futuras de mercado, incentivo ao empreendedoris-mo, incluindo a incubação de empresas, e comprometimento com o desenvolvimento

EDUCAÇÃO

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local e regional”, defende Aquino.

Impactos reaisNa Universidade de Brasília (UnB), no

Distrito Federal, a ruptura também gera resultados expressivos. Criada em 1962, a instituição conquistou neste ano o 8º lugar geral em um ranking lançado pelo jornal Fo-lha de S. Paulo, a partir de um estudo que avaliou 192 universidades brasileiras. “Sa-bemos que, além da qualidade do ensino, os quesitos pesquisa e inovação tiveram um peso significativo na avaliação da instituição. Podemos atribuir o bom resultado à cons-tante interação entre a UnB e a sociedade. Desenvolvemos, ao longo do ano, de 100 a 150 projetos em parceria com empresas e governo, focados na geração de produtos e serviços inovadores. Esses projetos envol-vem cerca de 700 pesquisadores, entre pro-fessores e estudantes de graduação e pós--graduação”, avalia a diretora do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Universi-dade de Brasília (CDT/UnB), Ednalva Morais.

Entre os fatores que contribuíram para as mudanças culturais na UnB, Ednalva destaca a evolução dos marcos legais e a renovação do quadro de pesquisadores. “A legislação vigente no Brasil para atuação das universidades não é perfeita, mas nos permite avançar ‒ tivemos ganhos impor-tantes com a Lei da Inovação, a Lei do Bem e a Lei da Propriedade Intelectual. Esse avanço foi reforçado pelo ingresso de jo-vens pesquisadores na Universidade. Hoje, dois terços dos pesquisadores da UnB têm menos de cinco anos na instituição, o que também representa um fator importante nesse processo”, afirma.

A experiência de 26 anos no fomento ao empreendedorismo e à inovação permitiu ao CDT/UnB propagar esse modelo para outras instituições. Por meio de um convênio com a Secretaria de Educação Profissional e Tec-nológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), o Centro liderou um projeto que tinha

por objetivo capacitar mil pesquisadores de Institutos Federais de Ensino Superior (IFES) para a promoção de projetos focados no de-senvolvimento local e regional. “O resultado dessa ação foi excelente. Na avaliação final, cerca de 70% dos participantes afirmaram estar preparados para trabalhar com a temá-tica do empreendedorismo e da inovação em suas instituições”, relata Ednalva.

A UnB foi precursora, também, na inser-ção do empreendedorismo na grade curri-cular dos cursos de graduação que ofere-ce. Desde 1995, quatro disciplinas sobre o tema reúnem 1,1 mil estudantes a cada se-mestre. “Essas disciplinas estão integradas aos currículos de 14 cursos de graduação, ou seja, esse é um tema que está no DNA de nossa universidade”, afirma Edinalva.

DesafiosAssim como a UnB, diversas universida-

des brasileiras já incorporaram o empreen-dedorismo inovador à cultura acadêmica. Para essas, um novo desafio se impõe: con-vencer seus estudantes e pesquisadores de que vale a pena empreender. “Nos últimos cinco anos, temos um cenário em que o em-preendedorismo compete com muitas ou-tras opções de carreira, antes praticamente inexistentes. Temos um mercado de traba-lho aquecido, que em algumas regiões beira o pleno emprego. Com alta empregabilida-de e boa remuneração, os jovens se sentem cada vez mais atraídos pelas oportunidades criadas por esse mercado. Além disso, te-mos uma oferta considerável de bolsas de estudos no Brasil e no exterior”, explica a economista Gina Paladino.

Segundo Gina, esse cenário de múltiplas oportunidades exige que entidades pro-motoras do empreendedorismo inovador ‒ universidades, incubadoras de empresas, parques tecnológicos e outros mecanismos ‒ ofereçam condições favoráveis ao desen-volvimento dos negócios. “É hora de aper-feiçoar os instrumentos de suporte aos ne-

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gócios. Somente assim será possível atrair talentos para a geração de novas empresas”, afirma. Entre as dificuldades de enfrentar a concorrência, está a escassez de recursos para acelerar o crescimento dos empreen-dimentos. “Não basta haver o recurso. É preciso que ele seja aplicado na hora certa, no projeto certo. Entidades de apoio devem estar preparadas e articuladas para que as limitações financeiras não impeçam suas empresas de crescer”, completa.

Se um dia o engajamento das universida-des em projetos de desenvolvimento regio-nal foi questionado, hoje a percepção desse papel parece cada vez mais natural. “Há um otimismo nesse sentido, pois tivemos uma conscientização muito grande dos gestores das universidades no que diz respeito à re-novação da cultura acadêmica. Passamos a uma postura cada vez mais proativa frente às demandas da sociedade”, conclui Audy. A inovação agradece.

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Crescimento do mercado de e-learning exige desenvolvimento de ferramentas inovadoras, direcionadas

a diferentes processos de aprendizagem

Perto do conhecimento

A clássica imagem de uma sala de aula, com lousa, professor e coleguinhas enfilei-rados está cada vez mais distante dos atuais ambientes de ensino e aprendizagem. Tanto na educação formal, quanto no meio corpo-

rativo, o avanço tecnológico permite uma intensa troca virtual de conhecimento, ge-rando uma verdadeira revolução no proces-so pedagógico. O mercado de soluções para e-learning acompanha esse crescimento em

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todo o mundo, com destaque para merca-dos emergentes, como China, África do Sul e Brasil, que atraem grandes empresas já consolidadas.

Um estudo da Ambient Insight Com-prehensive Report, divulgado em julho de 2011, indica que o mercado global de servi-ços e produtos no setor alcançou US$ 32,1 bilhões, em 2010. Com taxa de crescimento de 9,2% ao ano, esse valor pode chegar a US$ 49,9 bilhões em 2015. Já um levanta-mento da E-Consulting Corp, realizado en-tre novembro de 2009 e fevereiro de 2010, revelou que o mercado brasileiro para essa modalidade havia crescido 25,9% nos qua-tro anos anteriores, fechando 2009 com um faturamento total de R$ 612 milhões.

No Brasil, o cenário futuro é ainda mais otimista. Os grandes eventos esportivos de-vem impulsionar o mercado, para suprir a carência de profissionais qualificados em setores estratégicos. Seja pelo custo redu-zido ou pela facilidade logística, os treina-mentos à distância figuram como solução perfeita para o gargalo da capacitação. Exemplo disso é o programa Bem Receber Copa, lançado pelo Governo Federal em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), que visa qualificar profissionais, a distância, para receber os turistas da Copa de 2014.

Em paralelo à demanda de cursos e capacitação online, cresce o número de entidades interessadas no investimento e fomento do setor, bem como a quantidade de empresas dedicadas ao desenvolvimento de soluções inovadoras. Uma delas é a Uai-TI, incubada na Fumsoft, de Belo Horizonte (MG). “O mercado de e-learning brasileiro é bastante pulverizado, sem concentração em pequenos grupos de grandes players, o que facilita que pequenas e médias empresas possam competir. Nessa ótica, uma incuba-dora pode ser de grande importância, pois dá apoio com o networking para encontrar parceiros, conselheiros e até mesmo os pri-

meiros clientes”, destaca o diretor da UaiTI, Charles Schaefer.

Segundo o empreendedor, antes o e-le-arning corporativo era o que mais investia na aquisição de ferramentas e soluções. Já o mercado acadêmico era menos arrojado, com cursos modestos em recursos como ví-deos, animações e ferramentas de interação em tempo real. “Esse cenário tem mudado bastante. As universidades, principalmente as privadas, viram no e-learning uma boa oportunidade para ampliar o alcance de suas capacitações e os investimentos em tecnologia praticamente se igualaram em ambos os mercados”, revela.

Criada em 2008, a UaiTI nasceu como uma empresa de desenvolvimento e imple-mentação de sistemas online. Com o tempo, percebeu o potencial de venda para peque-nas e médias empresas. O primeiro produto para e-learning foi chamado de iCapro, e é dedicado à publicação de treinamentos on-line. Um dos usuários do iCapro é a PHPri-me, uma escola de Belo Horizonte voltada a treinamentos na área de desenvolvimento de software. “Se fosse mandar desenvolver uma solução, a escola esbarraria no alto custo de implantação e personalização. Com o iCapro, a escola pôde se dedicar apenas à qualidade dos vídeos e conteúdos para o curso”, explica Schaefer.

Expansão aceleradaO Censo da Educação Superior de 2010,

realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), aponta que a modalidade EaD, quase ine-xistente há 10 anos, já responde por 14,6% do total das matrículas na graduação. Em 2001, apenas 5.359 estudantes estavam matriculados na modalidade. Já em 2010, foram 930.179 matrículas.

De acordo com a Associação Brasileira do Ensino a Distância (ABED) atualmente a modalidade movimenta cerca de R$ 1 bilhão

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por ano, compreende mais de 3,5 milhões de consumidores e vem crescendo aproximada-mente 20% anualmente. “Não há dúvidas de que o mercado está em expansão. Só na área de graduação e pós-graduação são quase 1 milhão de alunos”, destaca o presidente da ABED, Luciano Sathler. Para ele, a busca agora é por interatividade, ferramentas que não sejam autoinstrucionais, que contenham respostas abertas e possibilitem o exercício da criatividade.

No meio corporativo, a capacitação de profissionais de forma rápida, eficiente e com baixo custo é o fator de atração das empresas para a educação a distância. É cada vez mais comum que grandes com-panhias criem suas próprias universida-des, com base na EaD ‒ caminho seguido por Motorola, Mc Donald’s, Cisco Systems, Unimed, Souza Cruz, Accor e Banco do Bra-sil. “O mercado para e-learning continua em expansão, dada a constante busca das empresas pela alta performance, indepen-dentemente do setor de atuação”, constata o diretor de Professional Services da Mi-croPower, que mantém e gere o conteúdo do Portal e-learning Brasil, Augusto Gaspar. Segundo ele, formar times de alta perfor-mance implica na capacitação de todos os colaboradores e na preparação de líderes. Diante disso, o e-learning desempenha um papel importante, pois permite levar infor-mações a um grande número de pessoas rapidamente e com grande eficiência. Para Gaspar, a principal demanda atual está fo-cada na integração das informações, pois percebeu-se que as iniciativas de aprendi-zagem e desempenho, isoladas e espalha-das pela organização, não trazem os resul-tados esperados e na velocidade necessária. “Assim, a integração, antes de ser uma ten-dência, é uma necessidade”, completa.

De acordo com André Diniz, um dos sócios e fundadores da empresa recifense Redu, que atua na área, há expectativa de que os investimentos no segmento educa-

cional cheguem a R$ 10 bilhões em 2013. A empresa teve início como um projeto de mestrado desenvolvido na Universidade Fe-deral de Pernambuco (UFPE), que foi trans-formado em negócio na incubadora C.A.I.S, do Porto Digital. “Só o fato de estar em um ecossistema de inovação nos abriu portas e gerou oportunidades com parceiros pro-dutores de conteúdo e potenciais clientes--âncoras”, destaca Diniz.

A Redu possui uma API (Application Pro-gramming Interface) aberta, que permite às instituições ampliarem as experiências de aprendizagem integrando recursos educa-cionais abertos (open source), como simu-ladores, jogos e softwares educativos. A plataforma também permite que os alunos criem, compartilhem e até comercializem seus próprios aplicativos. “Percebemos que através da API aberta poderíamos ampliar as experiências de aprendizagem de forma produtiva e divertida”, destaca o empreen-dedor.

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_SOLUÇÕES SOB MEDIDA

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Sem recursos e incentivos externos, inventores que conquistaram o 15o Prêmio Finep de Inovação mostram que

perseverança é fundamental para quem busca o novo

Mentes inovadoras

Criado com a finalidade de reconhecer e divulgar iniciativas inovadoras desenvolvi-das no Brasil, o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica chegou à 15ª edição em 2012, contabilizando 588 projetos inscritos ‒ um aumento de 56% em relação ao ano ante-rior. Em meio às disputadíssimas categorias voltadas a empresas e instituições está a de Inventor Inovador, criada com o objetivo de reconhecer e valorizar aqueles que fazem da inovação um objetivo particular.

Os vencedores da fase regional da catego-ria foram conhecidos ao longo do último mês de novembro e receberam como prêmio o fa-

moso Troféu Ouro, além de R$ 100 mil. Em dezembro foi divulgado o nome do ganhador da etapa nacional, que recebeu mais R$ 100 mil e uma medalha da Organização Mundial da Propriedade Intelectual.

Entre as motivações dos inventores ino-vadores está a persistência em acreditar na realização de ideias e projetos vistos como complicados ou impossíveis aos olhos da maioria das pessoas. Esse é o caso do consul-tor técnico e gestor de Pesquisa e Desenvolvi-mento Marco Aurélio Machado, de Campinas (SP), premiado na Região Sudeste e o grande vencedor da etapa nacional. Machado criou

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as Unidades de Digestão de Amostras, dis-positivos que prometem baratear o custo de análise de laboratórios químicos e biológicos, pois aceitam qualquer tipo de amostra e rea-gente. Construídas em plástico, as unidades resistem à pressão de 120 atm e temperatura de até 220ºC, quando praticamente não há amostra que não possa ser digerida.

A inovação se destaca por reduzir o cus-to operacional dos laboratórios. Em média, um equipamento para digestão de amostra por micro-ondas fabricado no exterior che-ga ao Brasil custando cerca de US$ 35 mil, podendo chegar a US$ 60 mil. Com a tec-nologia desenvolvida por Machado, o custo pode ser reduzido para valores entre R$ 15 mil e R$ 25 mil.

Desenvolvido com recursos próprios, o projeto levou cerca de quatro anos para sair do papel. “Se houvesse investidores exter-nos, esse tempo poderia ser de no máximo um ano”, afirma o inventor. Para Machado, que hoje tem 53 anos, a qualidade da Es-cola Técnica Estadual Conselheiro Antonio Prado (ETECAP), de Campinas (SP), e a base adquirida no Centro de Pesquisas da Rho-dia, em Paulínia (SP), onde trabalhou, foram fundamentais para sua formação. “As expe-riências me enveredaram à busca de solu-ções simples para problemas vistos como insolúveis”, analisa. Machado é técnico bio-químico, biólogo e, atualmente, estudante na Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de Campinas.

Para ele, que crê na máxima “a necessi-dade é a mãe das invenções”, o cenário bra-sileiro parece, de certo modo, desfavorável à inovação, pois são raros os empresários que apoiam os “Professores Pardais” da vida real. “A Finep tem muita importância nesse contexto e precisa fazer ainda mais, incentivando possíveis empresas investido-ras a saírem do comodismo e a apostarem na produção nacional”, desafia o inventor.

A família de Machado também colabo-rou com a sua trajetória profissional. “Eles

não estão em uma posição fácil. Na escola, quando eram questionados sobre a minha profissão, meus filhos ficavam na dúvida. Ainda assim, sempre foram e são meus fãs, até nas vezes em que quase coloquei fogo na casa”, lembra o inventor, animado com as perspectivas positivas para suas Unida-des de Digestão de Amostras, que podem ser negociadas com empresas americanas e europeias. Se o negócio se confirmar, os próximos passos serão direcionados à ob-tenção de licença para a patente de produ-ção em países estrangeiros.

Sonho de criançaPremiado como Inventor Inovador da

Região Sul, Camilo Morejon é docente, pesquisador e gestor de Inovação do cur-so de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), de Toledo (PR).

Como grande parte dos inventores, sua trajetória profissional começou quando criança, sonhando em ser engenheiro. Na época, ele, hoje com 44 anos, residia em um pequeno município do interior da Bolívia e enfrentava limitações financeiras. “Cons-truía meus brinquedos com sucata e meus pais devem ter percebido que a melhor he-rança deles seria o investimento na minha educação”, afirma ele, que sempre estudou em instituições públicas ‒ na universidade, conquistou três méritos universitários e dois diplomas ao mérito.

Graduado em Engenharia Química pela Faculdade Nacional de Engenharia, da Uni-versidade Técnica de Oruro (UTO), na Bo-lívia, Morejon obteve no Brasil o título de Mestre em Engenharia Química e Doutor em Engenharia Mecânica, pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Hoje, atua na área de energias alternativas e meio ambien-te. “Percebi que minha versão criança, como criador de brinquedos feitos de sucata, era o que realmente me deixava feliz e vi que a

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aplicação do conhecimento era o mais im-portante”, reconhece.

A invenção premiada tem como mote uma solução ambiental. O grande volume de resíduos orgânicos gerados na área ur-bana (onde equivalem a 69% do lixo), rural e industrial, motivou a criação, na Unioeste, de um conjunto de tecnologias voltadas ao seu aproveitamento ‒ uma forma de trans-formar problemas ambientais em oportu-nidades de geração de emprego e renda. A iniciativa foi idealizada em 2002, com um projeto para o monitoramento, tratamento, reciclagem e industrialização de resíduos provenientes de diversas fontes. Com um perfil essencialmente prático, a iniciativa esbarrou na escassez de recursos.

Os materiais utilizados no desenvolvi-mento da tecnologia, principalmente para a construção dos protótipos, vieram dos ferros velhos da cidade. Para a usinagem, a equipe contou com o apoio de empresários e metalúrgicas. Após a conquista de alguns resultados, surgiram apoios financeiros do CNPq (Bolsa produtividade DT-Nivel II), UGF/Fundo Paraná e Fundação Araucária.

Morejon acredita que no sistema brasi-leiro de Ciência e Tecnologia prevalece o incentivo à produção de conhecimento de forma teórica e não o incentivo à aplicação do saber. “Isso contribui para o distancia-mento entre universidades, empresas e so-ciedade. Felizmente, o cenário está mudan-do e o Brasil entendeu que a riqueza de um país é fruto da transformação da atividade intelectual em produtos, processos e tecno-logias inovadoras”, afirma.

Superação e trabalhoNa região Nordeste, o Inventor Inovador

premiado pela Finep é também um empre-endedor. Cláudio Truchlaeff é proprietário da Claeff Engenharia e Produtos Químicos Ltda, sediada em Paudalho (PE), onde hoje atua como diretor e gerente de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos e Processos.

Originário de uma família de classe média, ele formou-se Engenheiro de Produção Mecâni-ca pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), e é especialista em Engenharia de Petró-leo pela Universidade de Fortaleza (Unifor).

A melhoria ambiental também é a meta da invenção premiada de Truchlaeff, que criou uma máquina para descontamina-ção e desinfecção, visando uma eficiente potabilidade e tratabilidade da água e dos efluentes, com a utilização de produtos menos agressivos ao meio ambiente. A tec-nologia, que consegue competir financeira-mente com técnicas internacionais e levou sete anos para ser desenvolvida, está em uso na região metropolitana de Fortaleza (CE), pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e em cinco usinas de produ-ção de açúcar e álcool de São Paulo.

No mercado há cerca de 12 anos, Cláudio Truchlaeff contabiliza mais de 40 patentes depositadas. Nem todas se transformam em produtos totalmente aceitos, mas, segundo o engenheiro, boa parte traz benefícios am-bientais e sociais, o que o motiva a buscar investidores.

Para o inventor de 51 anos, a riqueza de uma nação está relacionada a mentes prepa-radas para pensar em soluções, a um ambien-te propício para o crescimento, à formação de cadeias produtivas e ao apoio financeiro. “Aqui, utilizamos a cafeína extraída na China, mas os grãos de café são brasileiros. Para fabricar a substância, teríamos que comprar uma máquina da Alemanha, o que é muito caro. Tais fatores inviabilizam a fabricação da cafeína no Brasil. Não seria mais fácil cons-truirmos a máquina aqui?”, questiona.

O inventor acredita na capacidade inova-dora e empreendedora dos brasileiros. “Con-tudo, no cenário atual, há quem espere até seis anos pela concessão de uma patente e há quem desista frente ao valor do ‘custo Brasil’.” Para não desanimar diante de tantos desafios, o premiado inovador tem a receita: “Temos que ser idealistas e desbravadores”. L

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CULTURA

     

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Amazon chega (finalmente) ao Brasil

De olho no potencial público de leitores brasilei-ros, a Amazon, gigante varejista de e-books, lançou a versão em português do seu site no último 6 de dezembro. De início, a empresa norte-americana oferece mais de 13 mil e-books em português, dos quais aproximadamente 1,5 mil são gra-tuitos.

Com a chamada “Comece a ler onde quiser”, a Amazon anunciou também a venda do leitor de livros digitais Kindle, que aqui chega pelo preço de R$ 300,00. O aparelho deve começar a ser vendido nas próximas semanas e os interessa-dos podem cadastrar seu e-mail no site para entrar na fila de espera. Quem quer adquirir e-books no site, mas não tem pa-ciência para esperar, ou dinheiro para comprar o leitor, pode instalar o aplicativo do Kindle, disponível para tablets, celula-res e computadores.

As editoras Companhia das Letras e Globo disponibiliza-ram, respectivamente, cerca de 500 e 1 mil livros eletrônicos no site da Amazon. Além de autores brasileiros consagrados, como Luis Fernando Veríssimo, Daniel Galera, Rubem Fonseca, Machado de Assis e Lya Luft, os usuários têm acesso aos mais de 1,5 milhão de títulos em outros idiomas.

Serviço: www.amazon.com.br

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A volta pra casaM a u r i c i o G u e d e s

Diretor do Parque Tecnológico da UFR J

P residente da IA SP – A ssoc iação Inter nac ional de Parques Tecnológicos

OPINIÃO

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Empreendedorismo e inovação para transformar o Brasil

SCN Quadra 01 - Bloco C - Salas 208 a 211 - Ed. Brasília Trade Center Brasília - Distrito Federal - CEP: 70711-902 - Telefone: +55 (61) 3202-1555

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