Revista Fale! Edição 70

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Revista de informação ANO VI — Nº 70 OMNI EDITORA www.revistafale.com.br R$ 9,00 O educador fala Engenheiro, empresário e educador Tales de Sá Cavalcante da Organização Educacional Farias Brito diz o que pensa sobre política, educação e negócios

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Revista Fale! Edição 70. Matéria de capa: O educador fala

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Revista de informaçãoANO VI — Nº 70OMNI EDITORAwww.revistafale.com.br

R$

9,0

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O educador

fala Engenheiro, empresário e educador Tales de Sá Cavalcante da Organização Educacional Farias Brito diz o que pensa sobre política, educação e negócios

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Os 30 Cearenses mais InfluentesEm abril de 2010 a revista Fale! vai publicar o ranking dos Cearenses mais Influentes, edição 2010. Trata-se de um levantamento feito pela nossa equipe com o apoio de leitores via Internet. Você pode votar pela Internet no site

www.revistafale.com.br

1.Políticos3. Empresários&Empreendedores

4.Artistas&Intelectuais2.ProfissionaisLiberais

5.Esportes

Vote no site www.revistafale.com.br

Objetivo: A lista Os 30 Cearenses Mais Influentes, versão 2010, da revista Fale!, coloca em evidência e celebra a atuação de cidadãos que, de maneira significativa, contribuem para o crescimento do estado do Ceará e do Brasil. Os cearenses mais influentes se destacam não só pelo poder que ocasionalmente possuem, mas por ações transformadoras na sociedade. Essas personalidades, com suas realizações refletidas na vida pública, impactam, como formadores de opinião, a população cearense e merecem ser celebrados pela mídia. As 5 categorias da lista contemplam

várias facetas da vida pública cearense: 1. Políticos 2. Profissionais Liberais 3. Empresários & Empreendedores 4. Artistas & Intelectuais 5. Esportes. Escolhidos pela redação, os cearenses prestigiados formam um retalho peculiar que contribui para as qualidades excepcionais do estado do Ceará.

Processo de seleção: A lista será elaborada pela redação da revista Fale! e se orientará pela votação aberta no site da revista www.revistafale.com.br. Cada eleitor informará o seu e-mail para rechecagem e poderá

votar somente em uma pessoa , comentar e justificar seu voto com depoimento comentário. Não é necessário indicar a categoria do escolhido.

Divulgação da lista: Os nomes serão divulgados na edição de abril de 2010 da revista Fale! Cada um dos 30 Cearenses Mais Influentes terá seu perfil publicado pela revista e uma fotografia com alta qualidade gráfica. A promoção será de responsabilidade da Omni Editora que edita a revista Fale!

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R E V I S T A D E I N F O R M A Ç Ã O

EDITOR&PUBLISHER LuíS-SéRgIO SANTOS

EDITOR SENIOR ISAbELA MARTIN

EDITOR ASSOCIADO Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Jon Romano DESIGN GRÁFICO bruno Aôr EDITORES DE ARTE ASSISTENTES Eduardo, Cinara Sá e Lívia Pontes WEBDESIGNER germano Hissa REDAÇÃO Adriano

Queiroz COLABORADORES Fernando Maia, Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência brasil, AE, Reuters REDAÇÃO E PubLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746 n

Fones: (85) 3247.6101 e 3091.3966 n CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará n e-mail: [email protected] n home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni Editora Associados Ltda. Preço

da assinatura anual no brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos

assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale! não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de

Fale! podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Fale! é marca registrada da Omni Editora Associados Ltda. Fale! é marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Copyright © 2010 Omni Editora Associados Ltda. Todos os direitos reservados. IMPRESSÃO gráfica Cearense n Impresso no brasil/Printed in brazil. Fale! is published

monthly by Omni Editora Associados Ltda. A yearly subscription abroad costs uS$ 99,00. To subscribe call (55+85) 3247.6101 or by e-mail: [email protected]

ISSN 1519-9533

Vem aí O Livro do Ano 2009-2010. A história é de quem faz.

O mais completo documento de 2009 e os cenários para 2010.Mais um lançamento da Omni Editora. www.omnieditora.com.br

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UMA NOvA GALÁxIAUm grupo internacional de astrônomos descobriu uma galáxia que

há 10 bilhões de anos produzia estrelas numa velocidade 100 vezes mais rápida do que a da Via Láctea atualmente. Pesquisadores liderados pela Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, informaram que a galáxia conhecida como SMM J2135-0102 produzia aproximadamente 250 sóis por ano. Quatro regiões da galáxia SMM J2135-0102 eram 100 vezes mais brilhantes do que atuais áreas formadoras de estrelas da Via Láctea, como a Nebulosa de Órion, indicando uma maior produção de estrelas.

IMAGEM

fOtO © ESO

“Sou grato, também, a Sua Exa o Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e ao seu governo, sem cujo apoio não

teríamos feito tudo que fizemos. José RobeRto ARRudA

ArenaPolíticaTalkingHeadsOnlineBrasíliaOffBlogosfera

S E Ç Õ E S8 talking Heads10 Arena Política

11 Online12 Periscópio55 Persona

ECONOMIA

16O efeito CiroEle pode até terminar

o primeiro turno das eleições presidenciais — a ser realizado no dia 3 de outubro deste ano — bem longe do Palácio do Planalto, mas sua participação ou ausência no pleito terá grande peso na definição do trigésimo sexto presidente da República

44Mulher no CICPela primeira vez, em

90 anos, uma mulher assume a presidência do Centro Industrial do Ceará, a industrial Roseane Medeiros, numa posse concorrida

POLÍTICA

25Estaleiro, polêmicaA praia do Titanzinho, no

esquecido bairro do Serviluz, na zona portuária de Fortaleza, virou alvo de uma incrível polêmica após o anúncio da intenção do Governo do Estado de construir um estaleiro ali em parceria com o setor privado

40PIB do CearáSe o Brasil amargou, em

2009, o primeiro resultado negativo do PIB após 17 anos, o Ceará registrou um crescimento bem superior aos índices nacionais

CAPA: fOtO rOBSOn MELO

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Eu sou uma das pessoas, acho pelo menos, que têm uma das melhores relações com o TCU.

dILMA RousseFF, ministra-chefe da Casa Civil , em meio as investigações do Tribunal de Contas da União, que suspeita de irregularidades nas obras da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná

TalkingHeads

O Brasil é um país muito importante e pode vir a ter uma função no processo de paz.

MARk Regev, porta-voz do premiê israelense Binyamin Netanyahu, às vésperas da visita do presidente Lula à região.

Consideramos que o Brasil pode ser um mediador honesto no conflito. ghAssAn hAtIb, porta-voz do governo palestino, sobre a possível participação do governo brasileiro no processo de paz do Oriente Médio

B R A S I L E O R I E N T E M É D I O fOtO PAuLO H. CArVALHO_CASA CIVIL_Pr

Eu penso que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem liberdade.

PResIdente LuLA, comparando dissidentes cubanos a criminosos brasileiros

O Brasil é um parceiro valioso, mas estamos observando que o Irã vai ao Brasil, à China, à Turquia e conta histórias diferentes para cada um.

hILLARy CLInton, secretária de Estado dos Estados Unidos, em sua visita ao Brasil, defendendo a tese de que o Irã engana quem o apóia.

Não há divergência entre nossos (EUA e Brasil) objetivos. Só que o momento é de uma ação internacional. O Brasil pensa que há possibilidade de negociação, mas até agora não vimos um único esforço e boa fé a favor das negociações da parte do Irã.

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S E Ç ã O

Estou convencido, pelos vários estudos e análises que fiz, que o Titanzinho não é o local ideal para a instalação do estaleiro

ARtuR bRuno, deputado estadual (PT-CE), pelo endereço twitter/ arturbruno

O mensalão nunca acabou. Do outro lado, as denúncias que estão na Veja são estarrecedoras. Vamos ver qual será o fim dessa novela

séRgIo gueRRA, senador pelo PSDB de Pernambuco e presidente nacional do partido, pelo endereço twitter/Sergio_Guerra

Chegam ao meu site novas ameaças a minha integridade física em razão da lei do paredão, que pretendo votar esse semestre.

guILheRMe sAMPAIo, vereador (PT) de Fortaleza, pelo endereço twitter/VerGuilherme

Não conheço o verbo desistir na minha luta política.ganhar ou perder.desistir jamais!

CIRo goMes, deputado federal (PSB-CE) pelo endereço twitter/CiroFGomes

Quando eu entregar a presidência, gostaria de entregar a uma mulher. Perdoem-me os cavalheiros.

hugo Chávez, presidente da Venezuela, expressando sua vontade de ter uma sucessora mulher. Só não adiantou quando.

fOtO IVALdO CAVALCAntI_Ag. CâMArA

C I R O E P TEm entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o deputado federal Ciro Gomes (PTB-CE), fez

declarações que causaram incômodo ao PT paulista

Como o PT é um desastre, lá em São Paulo especialmente, eles têm essa eficiência medíocre posta em relevo.

Estou falando do desastre de confiabilidade, de confiança da população a ponto de o próprio PT, na minha opinião corretamente, pretender lançar um candidato jovem lá, para fazer nome.

A minha candidatura [em SP] naturalmente é artificial.

R E A Ç ã O Não faz sentido

uma declaração agressiva como essa, justamente quando construímos um processo alternativo para São Paulo, do qual ele era o líder e um nome apoiado pelo PT.

edInho sILvA, presidente do Partido dos Trabalhadores no estado de São Paulo

Eu sempre frequentei, sempre fui e não vejo problema nenhum isso. Eu costumo ir a alguns lugares, tenho alguns trabalhos sociais em alguns lugares desses e, por isso, frequento.

vAgneR Love, jogador do Flamengo, em entrevista ao programa Fantástico, depois de ter sido visto escoltado por traficantes armados em uma festa na Rocinha. Uma das armas identificadas, um tipo de bazuca, é usada pelo Exército americano nas guerras do Iraque e do Afeganistão

Eu não sei se é namoro ou se é casamento, se é simpatia ou se é paquera.

LuIzIAnne LIns, prefeita de Fortaleza (PT), sobre a relação entre Cid Gomes (PSB), governador do Ceará e o senador Tasso Jereissati (PSDB)

“O momento de Aécio passou.”RobeRto FReIRe, presidente nacional do PPS, à respeito da insistência na candidatura de Aécio Neves, governador de Minas Gerais (PSDB) em uma eventual chapa com José Serra (PSDB)

fOtO VALtEr CAMPAnAtO_ABr

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f ORTAlEzA, GOIâNIA, BElO HOri-zonte e Brasília lideram o ranking das cidades mais desiguais do Brasil, revela o relatório da Orga-

nização das Nações Unidas (ONU). Em comparação às cidades no mundo, só perdem para três cidades sul-africanas, que lideram a lista de desigualdade: Bu-ffalo City, Johannesburgo e Ekurhuleni.

Esse dado foi apresentado no V Fo-rum Urbano Mundial da ONU, no Rio de Janeiro, que debateu o crescimen-to das cidades e as políticas públicas que precisam ser implementadas para o cidadão ter seus direitos garantidos, como o acesso à moradia. Segundo a ONU, mais da metade da humanidade hoje vive em cidades.

As cidades citadas apontaram um va-lor de Gini, baseado na renda, superior a 0,60. Esse índice varia de 0 a 1 (quan-to mais próximo de 1, maior a desigual-dade entre o que as pessoas ganham).

No documento, a ONU ressalta que quando o índice de Gini tem como base o gasto em consumo, reflete menos de-sigualdade do que quando se baseia em

ArenaPolíticaSERRA ABRE A GUARDA EM PROGRAMA POPULARESCO

No programa de Luiz Datena “Acontece São Paulo”, da Rede Bandeirantes de Televisão, pela primeira vez o governador José Serra (PSDB), de São Paulo, falou como candidato a presidente da República.

Datena tratou Serra como candidato — e Serra abandonou as ressalvas e os cuidados habituais e respondeu às perguntas como candidato.

Datena citou Lula, Serra respondeu: “Lula não é candidato. Somos eu e Dilma. O eleitor fará a comparação entre nós dois”.

Serra admitiu com todas as letras que a estratégia dele de campanha repousará na comparação com Dilma. E citou todos os cargos que ocupou até hoje: deputado, senador, ministro duas vezes, prefeito de São Paulo e finalmente governador.

Já está acertado: na propaganda eleitoral gratuita do deputado federal Fernando Gabeira (PV) ao governo do Rio em 2010 aparecerão dois candidatos à Presidência: Marina Silva (PV) e José Serra, do PSDB, de quem Gabeira é amigo pessoal. Esse entendimento foi feito antes mesmo que Serra falasse pela primeira vez como postulante à Presidência.

Nas ruas, Gabeira fará campanha primordialmente ao lado de Marina, enquanto seu candidato a vice, provavelmente o também deputado federal Márcio Fortes (PSDB), apoiará

Serra. “No programa eleitoral gratuito, tanto Marina quanto Serra vão aparecer. Mas [na imagem da TV] haverá sempre um registro da Marina como candidata a presidente pelo PV”, explica Gabeira que mostra que em 2010 a salada de apoios nos estados pode fundir a cabeça do eleitor menos avisado. Isso deve se repetir em Minas Gerais, na Bahia e no Ceará.

Os candidatos a deputado dos outros partidos da coligação no Rio, o DEM e o PPS, além do próprio PSDB, darão apoio a Serra. Num segundo turmo, Marina pode apoiar Serra.

Serra, Gabeira e Marina, no Rio

DILMA FAz A CONTA RÁPIDO: 12 MILHõES DE EMPREGOS

Em visita na segunda semana de março a Santa Catarina, a candidata Dilma Rousseff foi em cima de José Serra. “Foram 12 milhões de empregos gerados diante da inexistência disso na gestão anterior”, disse.

Dilma enumera os “benefícios” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o programa “Bolsa Família”, o “Minha Casa, Minha Vida” e os “milhões de empregos gerados no período” e tenta criar um contraponto com as gestões do tucano Fernando Henrique Cardoso. Esse, por sinal, deve ser o tom da campanha, que o PT de Lula pretende ser plebiscitária.

renda. Isso significa que, mesmo que as cidades brasileiras apresentem um alto índice de desigualdade de renda, o acesso à água potável e ao saneamento básico, obtiveram um resultado melhor do que as cidades altamente desiguais dos países pobres africanos.

Um exemplo, segundo a ONU, é que em Brasília, apesar do alto valor de Gini, 90% da população tem acesso à água corrente e 85%, a saneamento.

De acordo com o relatório, 227 milhões de pessoas em todo o mundo deixaram as favelas na última década.

fORTALEzA, LÍDER NA DESIGUALDADE

Turista estrangeira posa tendo ao fundo a favela da Rocinha, no Rio

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Online

Valores na redeA campanha Mostre seu Valor do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD - pretende identificar quais são os valores humanos que estão em falta no Brasil e que podem melhorar a vida dos brasileiros. Com a ideia de que com pequenas atitudes cada pessoa pode ajudar o mundo, a campanha busca um “Brasil de valor”.

Para ter maior alcance, o programa está presente nas redes sociais Twitter, Facebook e Orkut. Os perfis são atualizados diariamente com tópicos de interesse público e com assuntos sobre a campanha e desenvolvimento.

No site www.mostreseuvalor.org.br há mais informações sobre a campanha e várias textos de acadêmicos e gestores de projetos do país que participam da elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro.

Celular para Facebook, Twitter, Orkut... Que as redes sociais estão em alta, todo mundo sabe. Que o espaço

dedicado à elas é crescente, também. Então, um celular que tenha como foco facilitar o acesso dos usuários de Facebook e Twitter, por exemplo, é uma boa ideia. O Nokia C5, pertecente a nova família de smartphones da empresa - a C Series - foi lançado com esse intuito.

O aparelho vem com suporte ao Live Hotmail, Gmail e Yahoo! Mail, uma câmera com 3.2 megapixels, 50MB de memória interna e um cartão microSD de 2GB. Sua tela tem 2,2 polegadas com resolução de 320 x 240 pixels. A espessura é de 12mm e bastante leve - pesa menos de 90 gramas. O aparelho é revestido com aço inoxidável, elegante e resistente. Além disso, apresenta conectividade 3G, Bluetooth e conexão por GPS. A duração da bateria chama a atenção: pode durar até 12 horas de conversação e até 630 horas em standby. Nessa febre de redes sociais, a bateria será bem-vinda. Inclusive, sua agenda de endereços será integrada com os contatos do Facebook.

No segundo trimestre desse ano o Nokia C5 será lançado na Europa e na Ásia por cerca de 183 euros, um dos mais baratos entre os smartphones da empresa.

O QUE É NOVO

HD iPhone?depois de semanas com o

iPad no centro das atenções e cercado de boatos antes de seu lançamento, o mundo da tecnologia se volta, agora, para especular sobre o iPhone 4G. Velocidade superior a 2GHz, capacidade de armazenamento dobrada, câmera frontal para realização de videoconferências, nova tela de alta resolução e uso dos novos chips da apple — os mesmos do iPad — são algumas das características possíveis.

Um vídeo conceito, descoberto por um internauta, acalmou em parte a curiosidade dos fãs de tecnologias. O vídeo apresenta o smartphone com o chassis renovado e fez surgir boatos de que o telefone poderia se chamar Hd iPhone e ser lançado ainda neste ano. É esperar, mais uma vez.

Mp3 para pequenos. Em tempos de tantas inovações, um mp3 player para bebês e crianças pequenas era de se esperar. O Baby Bidou é desenhado em formato de ursinho, tem caixa de som embutida — pois fone de ouvido pode não ser muito saudável para os ouvidos dos pequenos -

controlador de volume e gravador de voz — os pais podem gravar suas vozes para os filhos escutarem. O material utilizado é atóxico, leve e resistente. Ele vem nas cores azul ou rosa e está disponível no site www.brainybaby.com por US$59,98.

Como estou dirigindo?A empresa Mobilecomm oferece

um serviço de rastreamento chamado de telemetria e logística para empresas que querem evitar desperdícios nas suas frotas e, portanto, melhorar seus lucros.

Funciona assim: um software é instalado nos veículos da frota detectando informações, como velocidade e percurso, e as envia para a empresa - por satélite, celular ou rádio. Dependendo do que o cliente desejar, o serviço pode gerar relatórios minuciosos, informando, por exemplo, o consumo do ar-condicionado e de combustível, se a rota foi desviada ou se o veículo está parado com a ignição ligada.

A instalação do equipamento custa entre R$ 700 e R$ 800.Já a mensalidade do serviço varia entre R$ 89 e R$ 130, de acordo com as ferramentas desejadas.

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CID GOMES BLOQUEIA ROBERTO PESSOA

u MA OFENSIVA DESENCADEA-DA pElO GOVERNO bloqueou os caminhos do candidato do pR à sucessão estadual. Roberto

Pessoa começou a sentir dificuldades com lideranças que antes simpáticas ao seu nome, de repente começaram a se agrupar no entorno do sistema, identi-ficando o dedo do poder se movimen-tando para impedir os seus avanços. Na semana de 15 a 21 passado, pessoa fez peregrinação nos gabinetes tidos como de oposição ao deputado Ciro Gomes, em Brasília, e são muitos na Câmara Federal, buscando apoio da cúpula de alguns partidos. Com o ex-ministro José Dirceu aqui escorraçado pelo governador que se negou a recebe-lo, explorou as últimas declarações do presidenciável do pSB, que humilhou o pT paulista.

A verdade é que não vem agradando aos petistas o comportamento agressi-vo de Ciro. Ele não soube consolidar a simpatia de alguns amigos do partido. Como todo e qualquer corpo partidário, há no pT os transigentes, os toleran-tes, os moralistas, e também os que se pronunciam por amizade, por corte-sia, por medo e por interesse pessoal. Atualmente Ciro não atende a nenhum desses atributos, ocorrendo algo não esperado para quem sempre contou com o apoio do presidente lula. A sua opinião sobre a célula paulista contami-nou o organismo petista de A a z, de tal forma, que se não houver uma retra-tação convincente, o que parece pouco possível, ele não terá mais “encosto” de quem quer que seja.

Sobre esse favorável estuário gra-ciosamente ofertado por Ciro Gomes, o Sr.Roberto pessoa trabalha o que pode ser a última cartada para consolidar a sua candidatura ao governo estadual, apostando ainda no esfacelamento da aliança luizianne-Cid Gomes, como consequência lógica desses aconte-cimentos. O deputado José Airton Cirilo, revoltado e solidário a ofendidos correligionários paulistas, abriu o vo-luntariado no pT colocando-se ime-diatamente a serviço do candidato do

pR, qualquer que venha a ser a posição do seu partido no Ceará. E como ele, outros simpatizantes da causa prome-tem apoio. O deputado José Guimarães disse que não admite qualquer ajuda do governador Cid Gomes, mesmo que seja por debaixo do pano, a reeleição do senador Tasso Jereissati, e o ministro José pimentel, com quem Roberto tem tido demoradas conversas, referendou esse princípio.

A disposição do prefeito de Ma-racanaú é a de ir até 3 de abril, data limite da desincompatibilização com a sua candidatura. A esse propósito se entregou por acreditar que a sua participação no pleito sucessório se reveste da maior importância para os princípios democráticos, sendo o que de melhor pode haver para o engrandecimento da disputa eleitoral no Ceará. Mas se as suas vilegiaturas de Brasília não surtirem o desejado efeito, será difícil a ele entregar-se a uma disputa eleitoral com apenas um minuto no programa do TRE para levar sua plataforma ao conhecimen-to dos cearenses. Nessa hora poderá falar mais alto os 78% da campanha popular dos que querem a sua perma-nência no governo de Maracanaú. n

PeriscópiofErNaNDO MaiaACORDO

Nos meios políticos do Ceará circula a informação de que Ciro Gomes, ao investir contra o PT paulista e contra colegas deputados estaria abrindo caminho para inviabilizar a sua postulação presidencialista. A renuncia da candidatura do ministro Pedro Brito cedendo espaço para favorecer a eleição da senadora Patrícia Saboya a Câmara dos Deputados, também sinaliza nesse sentido. Pedro sai de cena com a garantia de que continuará ministro se Dilma for vitoriosa com o apoio de Ciro.

Roberto Pessoa, prefeito de Maracanaú

MUDANÇAAgressivo no início do ano,

o PSDB defendia autonomia própria, mas parece arruinado e procura dar novo conteúdo a sua “independência” na medida em que se afirmaram discordâncias entre a ala de apoio ao governo e as aspirações de bases interioranas que também pressionam no mesmo sentido. Isso pode levar a uma inesperada conjugação de interesses com conseqüências diretas no plano sucessório estadual.

DOBRADINHAMago das finanças, o

empresário Mário Feitosa é apontado como candidato eleito para a Câmara dos Deputados. Estruturou bem a sua campanha numa dobradinha com o vice prefeito Tin Gomes, o que lhe assegura apoio de 30 vereadores só em Fortaleza. .

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um pacificador na Federação das Indústrias Há um movimento na Federação das Indústrias do Ceará pelo retorno de Cláudio Targino, (Colonial) ao convívio dos seus pares na entidade. Afastado a oito anos dos encontros do final da tarde, a sua presença é reclamada. Agora se respira um clima de coexistência pacífica na Casa da Indústria, ponto de vista sempre defendido por ele. Beto Studart e Fernando Cirino já voltaram. Os defensores de intriga foram calados pelo conciliador presidente Roberto Macêdo.

FILHO INGRATOLula não disse, mas bem

que poderia ter reagido a maus tratos em Israel respondendo que a existência daquele país deve-se ao voto de Minerva do brasileiro Osvaldo Aranha, na ONU. Em 1947, Chefe da Delegação Brasileira, Aranha presidiu a II Assembléia Geral da ONU para votar o plano de participação da Palestina que culminou com a criação do Estado de Israel, fato que lhe rendeu eterna gratidão de judeus e sionistas. Deixaram de ser povos errantes para se tornarem cidadãos com Pátria e território graças ao grande diplomata gaúcho. Com esse gesto, queiram ou não os críticos, o Brasil se tornou pai de Israel.

US $ 2 BINão adianta o Bradesco

insistir. O BIC, cuja cotação no mercado nacional é de alto nível, comparável mesmo as grandes instituições financeiras do País, não está a venda. Por maior que seja a oferta, continuará provando a competência e a capacidade da gente cearense.

DENOMINADORO senador Tasso Jereissati

está no firme propósito de abrir caminho para encontrar uma solução extrapartidária que una as forças da política estadual em torno de um nome confiável para governar o Ceará. Segundo amigos que conversaram com ele, o Senador está consciente da extrema dificuldade do seu objetivo. Denominador comum só é possível em matemática, por se tratar de ciência exata. Dificilmente pode ser encontrado para atender o gênero humano.

Periscópio fErNaNDO Maia

DE OLHOO retorno do deputado

Ivo Gomes à Assembléia Legislativa é festivamente comemorado pelo bloco governista. A ele caberá o controle e a fiscalização do “feeling” eleitoral dos tucanos, especialmente. Quem rezar na cartilha do governo contará com as benesses do poder, mas quem ousar contrariá-lo terá a indiferença acompanhada de galopantes doses de substâncias que destroem colégios eleitorais.

Lúcio caça o Ronda O ex-governador Lúcio

Alcântara mostrou no seu blog o custo do ronda do Quarteirão só para revisão e manutenção das Hylux. Foram pagos a Newland, no ano passado, r$ 9 milhões, 164 mil e 624,00 reais. E arremata: bastariam 10% desses milhões para montar a melhor oficina de reparos do Nordeste. O ex-governador acha que esse programa só serve para exibição de policiais militares em confortáveis veículos com ar condicionado. Não cumpre a sua finalidade, mas faz boa mídia.

As vulnerabilidades da Segurança Constitucionalista por excelência, homem íntegro em palavras

e ações, o Sr. roberto monteiro, secretário da Segurança, continua sendo o calcanhar de aquiles do governo. Por mais que se esforce, a segurança pública vai de mal a pior no conceito da sociedade. Cid Gomes tem recebido sugestões e apelos para afastá-lo, mas resiste. O governo nasceu e trouxe ele, mas poderá morrer com ele também.

ESTALEIROTem uns caras andando

com planta de navio debaixo do braço procurando lugar que tenha bom calado para oficina de fabricação e consertos de grandes embarcações. São representantes da industria naval carioca prontos para construir estaleiros no Ceará e em Pernambuco. Fizeram proposta ao Gil Bezerra, da INACE, onde dona Elisa Gradwol mais uma vez falou forte: ene-a-o-til.

PRESSÃOSérgio Cabral continua

pressionando o governo federal ameaçando não realizar as Olimpíadas e a Copa do Mundo se não ficar com o dinheiro do Pré-Sal. Mentira. Os royalties oriundos da extração de petróleo dessas jazidas só poderão entrar na conta dos estados, depois de 2020.

NOvAS REGRASA próxima eleição da

Federação das Indústrias do Ceará, em agosto, terá novas regras. Acabou a mamata dos delegados sindicais escolherem o candidato em nome da categoria. Agora todos os empresários participam de votação preliminar no seu sindicato para a escolha do candidato a presidência. Essa eleição é registrada em ata e o resultado é levado pelo delegado sindical ao Conselho da FIEC. São 39 votos em disputa. O novo critério valoriza a classe tirando o poder antes concentrado no voto pessoal do delegado.

SINDUSCON O Ceará continua apanhando

feio dos estados do Nordeste na liberação de recursos para o programa Minha Casa Minha Vida. Roberto Sérgio, presidente do Sinduscon, tenta agilizar junto à Caixa Econômica a liberação de projetos sem êxito. Esbarra sempre em procedimentos excessivamente burocráticos. Tem algo que ele não sabe embargando o avanço desse programa só no Ceará.

C R Í T I C A D A O P O S I Ç ã O

Não é impossível imaginar que a Dilma ganhe a eleição já no primeiro turno.

João FRAnCIsCo MeIRA, do Instituto de Pesquisa Vox Populi, em evento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas, já antecipando o resultado das eleições presidenciais de 2010

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Dentro de uma agência todos

somos criadores.

10PERGUNTASPara MariNa MOraES

OQUE DÁ pARA CONSTRUIR EM SETE ANOS DE pROFISSÃO? SE VOCê FIzER ESSA pERGUNTA para a Dire-tora de Atendimento, planejamento e promoção, da Mota Comunicação, Marina Moraes, vai perceber que muita coisa pode ser feita em menos de uma década. Formada em publicidade e propaganda pela FIC, Marina começou como produtora e atuou também como assistente de direção e atendimento em empresas dos mais diferentes segmentos, antes de levar o seu talento para uma das maiores agências

de propaganda do Nordeste. Na Mota Comunicação é responsável pelas contas do Banco do Nordeste, AMC, pre-feitura de Fortaleza e do BicBanco. Em 2008, ela foi eleita a Profissional do Ano, pelo Prêmio Promoção Norte/Nordeste. Um detalhe: ela foi a mais jovem a receber esse prêmio em toda a história. Mas o currículo vitorioso não para por aí. O trabalho de Marina Moraes foi reconhecido também no Gp Verdes Mares de propaganda, no Colunistas N/NE e Brasil, na Alap, no Festival Mundial de Gramado, no FestPro Assis Santos, na ABP, no Profis-

sionais do Ano da Rede Globo, no prêmio Aberje e no prêmio Abril. Entre uma campanha de sucesso e outra, Marina ainda encontra tempo para acompanhar o desenvolvi-

mento da Associação de Jovens Empresários do Ceará, a Aje, e tem como grande meta conseguir equilibrar o tempo que dedica à exitosa vida profissional com a

vida familiar. — Por Adriano Queiroz

Como é ser uma profissional tão premiada e em tão pouco tempo? Que tipo de desafios isso impõe e que tipo de posturas isso te exigiu? Marina Moraes. Seguindo a filosofia que a própria Mota possui,

acredito que os prêmios conquistados são consequências da dedicação diária que tenho aos clientes da agência. Tive a oportunidade de enfrentar grandes desafios nesses últimos anos, quando as soluções para o melhor resultado

das campanhas envolviam diver-sas áreas, incluindo promoção

e ações diferenciadas de não mídia, e a cada solução houve

a oportunidade de cresci-mento e aperfeiçoamento profissional, o que incluiu o reconhecimento dos clientes, do mercado pu-

blicitário que realiza as premiações e, sem poder deixar de citar, dos consumidores que foram atraídos pelas campanhas elabora-das. para isso, a postu-

ra sempre foi a mesma, desde antes do primeiro prêmio e case de suces-so: disponibilidade, seriedade na administração dos trabalhos, cria-tividade na elaboração do planeja-mento e comprometimento com as metas do cliente acima de tudo, o que é, inclusive, a postura que se faz necessária a todos da agência.

e com relação à Mota Comunica-ção, quais são os maiores méri-tos de uma agência igualmente tão premiada? Marina Moraes. Quando existem idéias e a vontade de buscar a diferenciação — e sem-pre o maior impacto possível na co-municação – estar em uma agência cuja cultura e filosofia nos permite pô-las em prática isso é fundamen-tal. Um profissional que quer extra-

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vasar a comunicação cotidiana pre-cisa de infra-estrutura para expor e por adiante suas idéias. Isso encon-tro diariamente na agência.

A Mota tem num dos slogans o conceito de que não se deve fazer anúncios para ganhar prêmios, mas ganhá-los como consequência da qualidade do trabalho desenvolvido Marina Moraes. Um bom profissional só consegue alcançar o seu melhor re-sultado quando está num ambiente de trabalho alinhado com sua filoso-fia de pensamento. Os prêmios são bem vindos, são um reconhecimen-to a mais de que aquela madrugada planejando, aquele sábado finalizan-do e o feriado que estudei o mercado foram em função de algo produtivo e de qualidade. Mas a verdade é que as madrugadas, sábados e feriados aconteceram em função da demanda e de um problema específico a ser re-solvido, que não era ganhar prêmios, mas sim ganhar lembrança na mente do público alvo.

Quais as maiores diferenças no tipo de comunicação feita para o setor público e para o setor priva-do? Marina Moraes. Quando se fala em governo e em órgãos públicos a imagem imediata que se vem à men-te é a da comunicação institucional, tradicional e, muitas vezes, conser-vadora, sem o foco na criatividade – que costuma ser voltada apenas para o setor privado, teoricamente mais flexível ao irreverente e diferenciado. Acho que conseguimos romper essa barreira e esse estereotipo. Claro que, quando somos governo, temos uma responsabilidade na forma com que passamos a informação, mas ao longo dos anos, subindo degrau a de-grau, conseguimos imprimir um tom a mais nesses clientes, sempre focan-do na mensagem.

Qual o papel dos processos de atendimento e de planejamento, por trás de uma campanha vito-riosa? Marina Moraes. A criação com certeza é alma da agência e a meu ver deve pulsar forte, sendo o coração. Mas precisamos dos braços, mãos e pernas. precisamos do cére-bro para balancear as emoções e ra-cionalizar as soluções. A criação tem o papel de apontar idéias, mas o que

muitos não sabem é que dentro de uma agência todos somos criadores. Exerço meu papel de criação quan-do no planejamento aponto quais os melhores meios de trabalharmos e qual a função que cada um deles deve ter na campanha; a mídia exerce seu papel distribuindo a comunicação nos melhores horários e expondo as peças na maior visibilidade possível; a produção exerce sua criatividade dando soluções gráficas para aquele boneco que a criação “rafiou” e etc. Todos nós temos de ser criativos dia-riamente para saber por em prática tudo que foi pensado naquele brains-torm cheio de pizza.

Como é hoje sua participação na Associação de Jovens empresá-rios? Qual a importância da na promoção do empreendedoris-mo? Marina Moraes. Atualmente minha participação na Aje tem assu-mido mais o papel de espectadora e ouvinte, mas o caminho é trabalhar com o tempo para poder fazer uma maior imersão na entidade, cujo papel eu avalio como de maior im-portância para o cenário jovem do Ceará. A Aje aproxima o talento e empreendedorismo dos jovens que juntos serão a próxima geração a es-tar à frente da economia do estado e esse engajamento de forma ante-cipada e entre iguais, é importante para formar um cenário próspero e preparado para o estado.

Qual sua avaliação do mercado publicitário cearense e brasileiro como um todo? Marina Moraes. Através da Mota, temos relaciona-mento próximo com os demais mer-cados, e sabemos que o Ceará possui qualificação para entrar na briga. Isso se mostra bastante evidente em dois pontos: nas licitações, que estamos presentes muito além do nordeste, e na distribuição de pro-fissionais cearenses que estão em todo o Brasil e se fazendo ouvir. Mas isso tudo é o lado das agências. No

mercado também temos os veículos, fornecedores em geral e os clientes. Os veículos e fornecedores se fazem próximos, inclusive temos contatos de trabalhos com vários fora do Nor-deste. Já os clientes ainda concen-tram as grandes verbas no sudeste, mas algumas indicações de possíveis parcerias entre sudeste e nordeste mostram que precisamos apenas abrir a porta e uma vez lá dentro podemos batalhar pela distribuição das contas de maneira regional.

em 2009, pela primeira vez, os investimentos em publicidade na web superaram os investimentos em mídia impressa. Que desafios e oportunidades essa tendência aponta para nós aqui no hemis-fério sul? Marina Moraes. Apos-tamos na Internet como um impor-tante meio de comunicação desde 2007; temos na agência alguns dos grandes anunciantes, como o Ban-co do Nordeste, que vem investindo na comunicação na web e avalian-do positivamente seus retornos. As oportunidades que temos estão co-ladas aos nossos desafios. Dominar e extravasar o meio de todas as for-mas. Fazendo dele um recurso fun-damental e cotidiano, com fórmulas próprias e necessidades de comuni-cação específicas.

Qual sua avaliação sobre a for-mação profissional de publicida-de e propaganda no Ceará? Ma-rina Moraes. Houve uma grande mudança de cultura nesses últimos três anos. Antes, o grande problema observado, era a inexperiência dos estudantes. Hoje, os estudantes já percebem que a prática é fundamen-tal e recebo currículos até do 1º se-mestre. Essa necessidade de buscar as agências e procurar o aprendiza-do “extra faculdade” é essencial e, por isso, quando formados, a grande maioria já faz parte do mercado, de alguma forma.

você se considera uma workaho-lic? Marina Moraes. Com sete anos de profissão acho que a balança está 60/40, o trabalho ainda ganha, pois são muitas as responsabilidades, mas, tenho certeza que vou comple-tar meus 10 anos de profissão com a balança 50/50 já que posso hoje me orgulhar do tanto que já conquistei. n

Prêmios são consequência

da dedicação diária aos clientes da agência.

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Ele pode até terminar o primeiro turno das eleições presidenciais — a ser realizado no dia 3 de outubro deste ano — bem longe do Palácio do Planalto, mas sua participação ou ausência no pleito terá grande peso na definição do trigésimo sexto presidente da República Federativa do Brasil. Isso porque o deputado federal — pelo PSB-CE — Ciro Gomes vive a situação paradoxal de ser um dos maiores defensores do governo Lula e de ter parte do seu eleitorado mais alinhado à linha ideológica de seu principal inimigo político, o também presidenciável tucano José Serra. Por Adriano Queiroz

2010Política

e o fator

CIrO GOmES

ElE NASCEU NO INTERIOR DE SÃO pAUlO – em pindamonhangaba, no dia 6 de novembro de 1957 – mas tem grande parte de sua história de vida ligada ao Ceará. Do alto de seus 52 anos de vida, ele passou os primeiros sete como um paulista, uns 29 anos como legítimo cearense e pelo menos há 16 anos é também um verdadeiro cidadão do Brasil – sem perder a extrema iden-

tificação com o estado natal de seus pais. Ciro Ferreira Gomes é filho do ex-prefeito de Sobral, José Euclides Ferreira Gomes, com Maria José Santos Ferreira Gomes. Herdeiro da mais tradi-cional família daquela cidade, Ciro tem em sua parentela nomes de grande expressão na política cearense, tais como o primo e

vice-prefeito de Fortaleza Tin Gomes, o irmão e deputado estadual Ivo Gomes, e o gover-nador Cid Gomes, também seu irmão.

Casou-se, primeiramente, com patrícia Saboya – que depois veio a adotar o sobrenome Gomes e retirá-lo após a separação do casal, motiva-da pelo romance de Ciro com a atriz patrícia pillar, que resultou, depois, no segundo casamento do político. A ex-esposa de Ciro é hoje senadora pelo partido Democrático Brasileiro – pDT-CE. Cercado de política por

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POLÍTICApraticamente todos os lados, – em-bora muitas vezes tenha sido ele o impulsionador de carreiras – Ciro é hoje deputado federal, pelo partido Socialista Brasileiro, e pré-candidato à presidência da República. Nas mais recentes pesquisas de intenção de votos, ele figura na terceira posição, mas aparece com considerável dis-tância para os melhores colocados: a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do pT, e o governador pau-lista José Serra, do pSDB.

Mesmo assim, na visão do próprio Ciro e de muitos analistas políticos, a

presença ou a ausência dele no plei-to, em outubro deste ano, pode ser determinante para definir o sucessor do atual presidente do Brasil, luiz Inácio lula da Silva, do pT. De um lado, Ciro é visto como uma dor de cabeça para Dilma, pois, na visão dos governistas, ele confunde o eleitor da base de lula, favorecendo Serra, indiretamente. Do outro lado, o go-vernador de São paulo e o deputado federal já trocam farpas frequente-mente, às vezes com certa virulência, e é provável que isso se intensifique caso se tornem adversários diretos.

Mas para o cientista político Ricardo Ismael, professor da pontifícia Uni-versidade Católica do Rio de Janeiro – pUC-RJ, os movimentos do pré-candidato pessebista favoreceram o

crescimento ou a manutenção do cacife político de seus concorren-tes mais diretos.

Ismael acredita que, no fi-nal das contas, Ciro vai aca-bar desistindo de qualquer disputa, mas, mesmo assim, suas movimentações até uma eventual desistência ainda terão consequências difíceis de determinar. “Ninguém sabe ao certo se os votos do Ciro migram para Dil-ma ou Serra”, pondera o cientista político, acredi-tando, no entanto, que o deputado pode mesmo ser uma alternativa inte-ressante para o campo do governo. “Ciro tem uma experiência que Dilma não tem. Isso em campanha precisa ser considerado”, ressalta. Além da sucessão na-cional, Ciro deve jogar um papel de destaque nas discussões sobre o

futuro do governo paulista e na re-eleição do irmão Cid, no Ceará. No primeiro caso, o fato decorre de o deputado ser o preferido do presi-dente lula para disputar a sucessão em São paulo e tentar desbancar a hegemonia tucana por lá — que vai completar dezesseis anos, ao fim de 2010.

Atendendo exatamente a um pedido do presidente, Ciro Gomes mudou seu domicílio eleitoral para São paulo, no dia 2 de outubro de 2009. No entanto, até o fecha-mento desta edição, ele não havia desistido de sua caminhada rumo ao palácio do planalto. Em certos momentos, chegou a ser enfático em sua determinação a não con-correr ao governo paulista, mas em outros buscou atenuar um possível mal-estar com o eleitorado daque-le estado e com a base governista federal. A indefinição do futuro político de Ciro está levando tanto petistas quanto tucanos a adiarem a confirmação de seus respectivos candidatos ao palácio dos Bandei-rantes. Os favoritos são: o senador Aloísio Mercadante e Geraldo Alck-min, respectivamente. No caso do Ceará, a contribuição de Ciro será um pouco mais indireta, mas pode, por exemplo, determinar se o pT local vai ou não apoiar a reeleição do irmão Cid Gomes.

Influência.Aliados de primeira hora de Cid, os petistas cearenses podem até mesmo lançar candida-tura própria para que Dilma tenha palanque no estado, caso Ciro saia mesmo candidato à presidência. Ou-tra movimentação do partido, no es-tado, que pode sofrer consequências diretas ou indiretas da decisão de Ciro Gomes é a disputa pelo Senado. Não é segredo para ninguém que o pT quer indicar José pimentel, mi-nistro da previdência, para pleitear uma vaga no órgão, mas o nome “nú-mero um” da aliança governista local é o do deputado federal peemedebis-ta Eunício Oliveira. A manutenção dos entendimentos entre petistas e o governo Cid pode facilitar as coisas para Eunício, mas um eventual rom-pimento, causado pela insistência do irmão do governador em disputar a presidência, impulsionaria ainda mais as intenções de pimentel.

Tudo que sair na veja envolvendo meu nome é sempre para você pensar logo de primeira que não é verdade ou que está sendo manipulado.

CIRo goMes, deputado federal fOtO jOSé Cruz_ABr

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* A última pesquisa de intenções de voto do Instituto Datafolha, antes da publicação da edição 70 da Revista Fale! e após a entrevista com Ciro gomes, apontou o crescimento da preferência do eleitorado pela pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, para 28%. José Serra seguiu na liderança com 32%, apesar de ter caído cinco pontos percentuais, e Ciro caiu um ponto percentual, indo para 12%.

fOtO MArCELLO CASAL jr_ABr

Destino político de Ciro Gomes em 2010.Ciro Gomes. Sou candidato à presidência da República.

Resultados de pesquisas e perspectivas iniciais para a campanha.Ciro Gomes. pesquisa, na atual distância até o processo eleitoral, deve sempre ser vista com muita moderação, com muito cuidado, com muita atenção. O que eu acho, no caso, é que as indicações estão se aproximando daquilo que parece ser a realidade da largada. Eu acre-dito que o governador de São paulo – com toda a estrutura que ele tem – parte na frente, mas já acho que ele não é candidato. para a Dilma basta fazer o cruzamento da infor-mação de que ela tem o apoio do lula e do pT que vai a 25% ou 26% das intenções de votos, tão logo

essa informação circule na televi-são. E eu tenho uma faixa de 13% a 15% das intenções de votos para começar.* Na medida em que a mi-nha candidatura se defina, ou seja, que se esclareça que o meu parti-do me apóia e que a gente supere o isolamento partidário, ficará es-clarecido que eu sou um candidato também do arco de forças de sus-tentação do presidente lula.

Aposta na desistência de Serra para a presidência da República.Ciro Gomes. O Serra deve de-sistir da candidatura à presidên-cia, porque está se incrementando claramente o risco de ele perder a eleição nacional e aí ele tem um escape, uma fuga, que é a reeleição em excelentes condições no estado de São paulo. E se eu conheço bem, como eu conheço, há mais de vinte

anos, a natureza dele, não vai cor-rer esse risco.

Crescimento de Dilma Rousseff e reação dele nesse contexto.Ciro Gomes. Se a Dilma, repre-sentando as nossas forças, dispa-rar, a ponto de ter uma chance de ganhar no primeiro turno, a minha responsabilidade muda. A minha responsabilidade passa a ser não di-vidir e sim garantir a vitória. Desta feita, o que está acontecendo não é isso e o que vai acontecer também acho que não seja isso. Acredito que a minha candidatura será essencial, seja para os valores que esse proje-to representa ganharem, seja para dar garantias de um segundo turno, para o que ficar no segundo lugar ter o apoio do terceiro.

Aécio Neves na disputa pela

Sou candidato à presidência da República.

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POLÍTICAsucessão presidencial.Ciro Gomes. Eu acho, e tenho conversado muito com o governa-dor de Minas, que a presença dele seria muito boa para o processo político brasileiro. Se fosse, por exemplo, uma disputa, ele, a Dil-ma, eu e a Marina, nós teríamos a garantia de uma disputa estabeleci-da em bases fraternas, respeitosas. De maneira que aquele que tivesse o privilégio de ganhar as eleições, pelas mãos generosas do povo, po-deria contar com o diálogo e a cola-boração dos outros, livrando o Bra-sil dessa crônica em que o pSDB vai ao poder, o pT radicaliza, não tem diálogo. Obriga o pSDB a se atracar com tudo o que não presta na vida pública brasileira. Roda a roda da história, o pT vai ao poder com o lula (essa grande figura extraordi-nária, que está fazendo um grande bem ao Brasil). O pSDB, por con-ta da paróquia de São paulo, briga com o pT, não conversa, não dia-loga. Obriga o pT a se atracar com quem? Justo com a mesma turma da safadeza política, da promis-cuidade, da corrupção, do clien-telismo. E é preciso encerrar isso. Essa é a razão pela qual eu luto há tantos anos. O Aécio não é da tur-ma do Fernando Henrique, não faz parte dessa briguinha de São pau-lo, como a Dilma também não faz, nem eu faço e nem a Marina faz. Veja bem, que coisa boa seria para o Brasil!

Dilma e Lula fizeram campanha antecipada?Todo mundo fez. Eu fiz, a Dilma fez, o Serra fez, o Aécio fez. É normal que se faça. Nós temos de supor (e eu tenho certeza, mas a elite tem de nos dar pelo menos o benefício da dúvida) de que o nosso povo é in-teligente. E eu sei que o nosso povo é inteligente. Ele tem direito de sa-ber das coisas, olhar tudo, ver tudo e depois decidir — com as bênçãos de Deus — o que é melhor para nós.

Sucessão estadual e Tasso Jereissati.Ciro Gomes. Sobre a sucessão estadual do Ceará quem vai con-duzir é o governador Cid. A maior responsabilidade é a dele, ele é quem tem as negociações, os en-tendimentos, que está na presen-ça mais cotidiana aqui e o que ele

decidir eu apóio. O que eu posso repetir é aquilo que todos no Ce-ará já sabem há muitos anos: que eu gostaria muito de, em qualquer que fosse a eleição daqui até o fim da minha vida e em que estivesse o Tasso Jereissati, dar a ele o meu voto. Dar o meu voto só não, gos-taria de ajudá-lo no que estivesse ao meu alcance. O Tasso tem for-ça e liderança no estado do Ceará para disputar qualquer eleição com

grandes chances de ganhar. Evi-dentemente, como eu tenho muito interesse na reeleição do Cid, se ele for candidato a governador, isso me obrigaria a arregaçar as mangas muito pesadamente, porque seria um cenário onde nós teríamos ex-trema dificuldade. Mas eu sonho e peço a Deus que jamais isso aconte-ça, para eu não ter que escolher en-tre dois irmãos: um que a vida me deu e outro que nasceu do mesmo ventre que eu.

Governo Cid.Ciro Gomes. Nós estamos ven-cendo. O governador Cid está en-tregando um sonho do cearense de cinquenta anos. E agora se trata de preparar o jovem cearense para se qualificar, se treinar. Mais de 120 escolas profissionalizantes estão sendo direcionadas para qualificar o nosso jovem, de maneira que ele aproveite esse mega-empreendi-mento. A siderúrgica, mais a re-finaria, mais a mina de urânio de Itataia tem a força de dobrar a ri-queza do Ceará. Dobrar no gover-no do Cid, o que seria uma coisa histórica. Vamos lutar muito. Está sendo um governo extraordinário o que não quer dizer que está tudo resolvido e tudo entregue, mas o

Ceará está dando um grande salto.

Governo de São Paulo.Ciro Gomes. Eu não devo dis-putar o governo de São paulo. Já repeti isso muitas vezes. Eu aceitei esse desafio que me fez o presiden-te lula, porque é meu dever com o meu partido, com um presidente da República que está fazendo tan-to pelo país e pelo Ceará. Mas ele tem a informação de que não é meu desejo. Só numa situação de extre-ma necessidade para o país (que eu não vejo se desenhar) é que eu teria de aceitar esse desafio. Mas volto a dizer: meu plano é ser candidato a presidente.

Ciro na presidência: o que continuaria e o que avançaria em relação à Lula.Ciro Gomes. Na minha mente dessa vez eu vou ganhar. Acho que eu tenho duas responsabilidades. Uma é institucionalizar, colocar nas regras do país, esse avanço im-portante que o governo lula repre-senta. O Brasil está melhorando. O desemprego já caiu de 8% e nós precisamos trazer pelo menos aos 4,5% de quando eu era Ministro da Fazenda. O salário mínimo va-lia US$ 76 dólares quando o lula tomou posse e passou de US$ 255 dólares. Só para se ter uma idéia de cada cem cearenses que trabalham, setenta ganham o salário mínimo e que hoje estão levando remédio, comida e passagem de ônibus, com o equivalente a 255 dólares e não 76 dólares. O crédito no Brasil era uma coisa que só existia para mui-tos poucos barões e hoje o crédito passou de 13% do pIB para quase 50%. É a maior proporção da his-tória. Então emprego, salário, ren-da, crédito, são todos avanços im-portantes. Sem falar no programa Bolsa-Família, no pronaf e em uma série de questões que se amanhã a gente perder as eleições, se der um vento ruim aí, tudo isso vai para trás. Então a primeira grande tare-fa é botar isso nas regras do país. Virar uma regra, um compromisso legal, de maneira que independen-te de entrar Chico, Manuel ou Te-resa o povo fique protegido e lute por mais coisas e não para proteger aquilo que já conquistou. A segun-da tarefa é projetar o futuro do Bra-

Eu não devo disputar o governo de São Paulo. Já repeti isso muitas vezes. Só numa situação de extrema necessidade para o país.

CIRo goMes

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marçO dE 2010 | Fale! | 21www.revistafale.com.br

sil. Se nós sentirmos a vida do povo hoje e olharmos para o futuro e compararmos o Brasil, mesmo com a renda que tem, com outros países do mundo, como eu tenho feito, é uma tragédia a vida do nosso povo. É muito ruim. O Brasil está em último lugar entre 134 países, em matéria de Educação Superior. O Brasil está perdendo proporção nas suas exportações. A gente exporta minério de ferro, a China compra o minério de ferro por nada e produz aço, gerando emprego lá. Daqui a pouco o Brasil vai ter de comprar aço feito com o nosso minério de ferro como a gente já compra remé-dio feito com os princípios ativos da nossa biodiversidade. Então, se tem um universo em ciência e tecnologia, em educação, em infra-estrutura, em segurança pública, em saúde, nos problemas essen-ciais da vida do povo que precisam ser resolvidos. O programa Minha Casa Minha Vida saiu, finalmente,

depois de anos de luta dentro do governo, e eu participei disso. O Brasil tem oito milhões de famílias sem moradia. E o país que tem os recursos que o Brasil tem não pode mais adiar essa conquista. Esse é o meu sonho, eu me preparei a vida inteira para isso.

Não ao comodismo na política brasileira.Ciro Gomes. O Brasil não precisa também só sentar em cima. É mui-to importante a gente ter clareza de que não devemos voltar atrás, mas sentar em cima também seria um erro grave. Então o Brasil precisa manter o que está bom e avançar. Botar os olhos no futuro. porque a nossa vida está boa, mas a vida de mais de 50 milhões de brasileiros ainda é uma vida muito dura e mui-to difícil.

O Brasil, o Bric, e a necessidade de se

popularizar a idéia da globalização.Ciro Gomes. O brasileiro médio, assim como o chinês médio, como o indiano médio, como o russo mé-dio, esses nacionais de grandes pa-íses tem um problema muito grave de não perceber a importância da relação de seus países, de seus Es-tados, com o resto do mundo. Isso porque nós somos um universo muito grande. Se você sai de portu-gal por Berlim é a mesma coisa que sair de Fortaleza para Salvador, dentro da mesma região política do Brasil. De portugal para Berlim, você conhece de seis a oito países, dependendo do caminho que você seguir. Em cima disso, nós somos muitas vezes assustados, prejudi-cados e gravemente perseguidos. Mas tudo da nossa vida prática, tudo, estejamos nós onde esteja-mos, sofre uma influência central, não é lateral, da forma como o Bra-sil se relaciona com o mundo. Um

fOtO WILSOn dIAS_ABr

China compra o minério de ferro por nada.

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22 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

POLÍTICAexemplo disso é a questão da taxa de câmbio, que deveria ser um as-sunto dramaticamente popular, porque tem a ver com preços e sa-lários, tem a ver com carga tributá-ria, tem a ver com competitividade sistêmica da economia, tem a ver com a sobrevivência individual de cada empresa. Dou outro exemplo da questão estratégica dessa glo-balização, o Ceará tinha produzido 120 mil toneladas de algodão, na década de 1960 e 1970, pois bem, assumi o governo e disse o Ceará vai recuperar sua cultura do algodão. Aí alguém disse que o problema era o imposto, outro disse que era o bicudo. Tudo que podia ser feito e que foi sugerido foi feito. O Ceará saiu de oito mil toneladas para 12 mil toneladas. Um fracasso espeta-cular do meu governo. Não conse-gui recuperar a cultura do algodão. Depois virei Ministro da Fazenda, comecei a traquejar com essas coi-sas da economia e depois fui para o exterior estudar. Não precisou pas-sar um mês estudando a realidade brasileira no estrangeiro para eu perceber o que estava no meu nariz e eu não via por conta dessa falta de percepção da relação do Brasil com o mundo. Naquela data, a taxa de juros do Brasil era a maior do mun-do e a inflação a 25% a 35% ao mês. E o paquistão vendia algodão para o mundo com o governo de lá fi-nanciando as exportações, com 360 dias de prazo e juros de 3% ao ano. Resultado, o pólo têxtil do Ceará comprava o algodão do paquistão, faturava o fio em 90 dias e pegava o dinheiro e botava no juro brasilei-ro de 90 a 360 dias. provavelmente só na diferença financeira ganhava o algodão de graça. portanto, glo-balização não é um tema opcional. Isso tem a ver com a vida e a morte da nossa comunidade e de nossos interesses econômicos.

Comunicação, globalização, consumo e o Brasil.Ciro Gomes. pela primeira vez na história humana algo se globalizou 100%, e isso não foi a economia, foi a comunicação. A única coisa que de fato está globalizada é a comu-nicação e suas consequências. pro-va disso, além do nosso povo estar ligado globalmente na televisão é o fato de que o Brasil já tem quase

setenta milhões de conexões com a Internet. Isso é o novo: comunica-ção está globalizada e tudo que for consequência disso está globaliza-do. Aí é que fazemos a ligação com a economia. A única coisa que está globalizada, sob o ponto de vista econômico, é o padrão de consumo que a comunicação globalizada es-palha pelo mundo. Esse standard de consumo nós brasileiros preci-samos dominar.

Consumismo, novos padrões de felicidades e violência pública.Ciro Gomes. Mais ou menos conscientemente todos nós esta-mos buscando a felicidade. As no-vas gerações e com elas nós também parecem ter mudado o método de ser feliz. Hoje em dia ser feliz não é mais buscar um ambiente espiri-tual, subjetivo. É crescentemente um elemento objetivo, materialis-ta, referido ao consumo. Quanto da minha expectativa de consumo, excitado por uma oferta global que me entra por todos os sentidos, por meio da televisão e da internet, to-

das as horas, eu dou conta de pra-ticar com minha renda apertada. Isso não é trivial, é um símbolo de aceitação social, o tipo de tênis, o tipo de calça, o tipo de aparelho, o tipo de bolsa, etc. Isso explica, em minha opinião, a violência urbana. Miséria por si só não gera violên-cia. Salitre aqui na esquina do Cea-rá, com o piauí e com pernambuco, tem uma renda per capita inferior a um quarto da média brasileira e passa até dois anos sem homicí-dios. Enquanto isso, num morro do Rio de Janeiro, um brasileirinho que nascer ali e for rapaz e negro vai morrer até os vinte anos. por-que isso acontece? Na minha men-te, um jovem induzido a referir sua felicidade existencial e sua aceita-ção pelo grupo ao consumo, sem renda e justaposto à opulência, ao luxo, ao consumismo desvairado e ao exibicionismo materialista, ele vai tomar dos outros. E daí por diante, quebrou a moral, quebrou a ética, quebrou a espiritualidade e se tornou uma besta selvagem, mas evidentemente mais difícil de tra-tar que um animal porque é nosso semelhante.

Taxa de juros no Brasil baixou, mas ainda é altíssima.Ciro Gomes. O Brasil está me-lhorando em tudo. Tem hoje a me-nor taxa real de juros dos últimos 25 anos. pois bem, melhorando como está, vejam a realidade glo-bal como é. A taxa básica de juros nos Estados Unidos é zero e a in-flação norte-americana é mais alta que a brasileira: 6% ao ano. O que quer dizer que com uma taxa de juros zero, com inflação 6%, qual-quer pessoa que tomar dinheiro emprestado nos Estados Unidos, no final do ano estará pagando 6% a menos do valor que pediu em-prestado. No Brasil, mesmo com a menor taxa de juros dos últimos 25 anos, você desconta uma duplicata a um valor entre 0,9% e 1,2%, ao mês, quanto isso dá capitalizado ao ano? Vamos aos outros juros: cré-dito pessoal sai a 150% ao ano, no Brasil, na América do Norte: zero. Hipoteca: no Brasil nem tem.

Brasil precisa acordar para a corrida tecnológica.

Eu gostaria muito de, em qualquer que fosse a eleição daqui até o fim da minha vida e em que estivesse o Tasso Jereissati, dar a ele o meu voto. [...] Mas eu sonho e peço a Deus que jamais isso aconteça, para eu não ter que escolher entre dois irmãos: um que a vida me deu e outro que nasceu do mesmo ventre que eu.

CIRo goMes

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Ciro Gomes. Nós ainda não acordamos, porque o ritmo é mui-to frenético, é muito veloz, para a essencialidade do domínio tecnoló-gico, na construção de um padrão excelente de consumo de bens e serviços. Hoje, a tecnologia tem um impacto central em produtivida-de, em preço, etc. A Coréia do Sul há trinta anos tinha a metade da participação do Brasil no comércio global, registrava muito menos pa-tentes e publicava muito menos tra-balhos científicos que o Brasil. Hoje a Coréia do Sul tem 4% do comér-cio global e o Brasil está há trinta anos atolado na faixa de 1,8% dessa participação. A Coréia do Sul regis-tra o dobro de patentes e publica o dobro de trabalhos científicos em relação ao Brasil. Isso a gente vê na rua, nos lGs, Samsungs e Hyun-dais. Há meros vinte anos, o Bra-sil era a sexta potência global em atualidade tecnológica de foguetes para a indústria civil de satélites, já

que é 37% mais barato lançar um foguete da base de Alcântara, pela proximidade do Equador, que do Hemisfério Norte. pois bem, nesse momento o Brasil está no 27º lugar em relação a essa tecnologia. per-demos o 26º lugar para a Coréia do Norte. Na média, o Brasil está três gerações tecnológicas defasadas. Somos muito bons em perfuração de petróleo em águas profundas, agri-cultura tropical e aço plano, mas, na média, o Brasil está retardado em três gerações com relação à corrida tecnológica global.

O Brasil e a superação da crise econômica mundial de 2008/2009.Ciro Gomes. No dia simbólico da quebra do banco lehman Brothers, dos Estados Unidos, o sistema fi-nanceiro brasileiro, que não tinha nada a ver com a crise mundial por-que ela foi detonada pelo mercado subprime, desfinanciou o interban-

cário para quebrar os pequenos e médios bancos, para obrigá-los a vender suas carteiras de créditos consignados, disso e daquilo outro, para apertar o cerco do oligopólio. Como é que nós saímos dessa? Atra-vés dos bancos estatais: Caixa Eco-nômica Federal, Banco do Brasil e BNDES. O mundo inteiro retraiu o crédito, o sistema financeiro do Bra-sil, na minha opinião, por canalhice, também contraiu o crédito, mas nós tínhamos a ferramenta de meter os bancos estatais para garantir liqui-dez no mercado. Mesmo assim, esse movimento negativo do sistema fi-nanceiro brasileiro era tão violento que o presidente do Banco do Brasil resistiu à ordem do presidente da República e nós tivemos que demiti-lo. Botamos para fora o camarada para que o Banco do Brasil pudesse voltar a irrigar o mercado e depois o Banco Central teve de abrir linhas de redesconto para os médios e pe-quenos bancos. n

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O Brasil está melhorando em tudo.

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POLÍTICA

A trajetória política de Ciro Gomes6 de novembro de 1957. Ciro Ferreira Gomes nasce em Pindamonhangaba, estado de São Paulo.1964. Muda-se com a família para Sobral, na região Norte do Ceará, a 240 km de Fortaleza. A cidade já era, nessa época, reduto político de seu pai.1979. Cursando Direito na Universidade Federal do Ceará, disputa as eleições da União Nacional dos Estudantes, a Une, como candidato à vice-presidência pela chapa Maioria. Após a formatura e até 1982 atua como advogado, professor de Direito da Unifor e procurador da prefeitura de Sobral. 1982. Filia-se ao PDS, sucedâneo da Arena – partido de sustentação do regime militar – para disputar uma vaga na Assembléia Legislativa do Ceará, no que obtém êxito. Ciro, diz hoje que só entrou no partido para não contrariar o pai, José Euclides Ferreira Gomes, então prefeito de Sobral e que pertencia aos quadros conservadores da política nacional. No parlamento estadual presidiu a Comissão de Meio Ambiente.1983. Deixa o PDS e filia-se ao PMDB.1986. Reelege-se deputado estadual, agora pelo PMDB. Torna-se líder do governo Tasso Jereissati na Assembléia. 1988. Migra para o recém-fundado PSDB e elege-se, ao fim do ano, prefeito de Fortaleza.1989. Apóia Mário Covas, do PSDB, no primeiro turno, e Lula, no segundo turno.1990. Já gozando da amizade do então governador Tasso Jereissati, tem o apoio dele para se eleger o sucessor no governo do Ceará. É o primeiro governador eleito pelo PSDB. Deixa a prefeitura para o vice Juraci Magalhães.

6 de setembro de 1994. Deixa o governo do estado para assumir o Ministério da Fazenda do governo Itamar Franco, em pleno processo de consolidação do Plano Real e logo após o escândalo Rubens Ricupero que deixou vazar para a televisão problemas da equipe econômica do governo.1996. Após uma temporada de estudos no exterior retorna ao Brasil com novas idéias econômicas e sociais e passa a tecer fortes críticas aos rumos que o governo Fernando Henrique e o PSDB tomam em termos político-econômicos. Também nessa época tem fortes atritos com José Serra, de

quem é desafeto até hoje. Por conta disso, filia-se ao PPS, de Roberto Freire.1998. Disputa pela primeira vez a presidência da República, mas termina a disputa na terceira colocação, atrás do reeleito FHC e de Lula.2002. Disputa a presidência da República, novamente pelo PPS, mas termina na quarta posição. No segundo turno apóia Lula contra José Serra. Antes, em um debate entre os candidatos, havia criado a expressão “Lulinha, paz e amor” para definir a mudança no perfil da campanha do petista em

relação às eleições anteriores.2003. Filia-se ao PSB, por discordar da postura do antigo partido PPS de fazer oposição ao governo Lula e por atritos com o líder da legenda, Roberto Freire. Nesse mesmo ano assume o Ministério da Integração Nacional.2006. Disputa pelo PSB uma vaga na Câmara dos Deputados Federais. É o mais votado no estado e, proporcionalmente, o mais votado no país, com 16% dos votos. A eleição de Ciro Gomes evita problemas de seu partido com a chamada “cláusula de barreira”, lei que estabelecia restrições a partidos com baixa representatividade no Congresso, mas que não vingou.

Apóia a eleição, como governador do Ceará, de seu irmão e então prefeito de Sobral, Cid Gomes. No plano nacional apóia a reeleição do presidente Lula.2008. Apóia a candidatura de sua ex-esposa Patrícia Saboya, do PDT, à prefeitura de

Fortaleza, a despeito do apoio que o irmão Cid Gomes e seu próprio partido dispensaram à reeleição de da prefeita fe Fortaleza Luizianne Lins, do PT.2010. Mesmo registrando queda — a maior parte de seu eleitorado pareceu migrar para Dilma Roussef, do PT – nas primeiras pesquisas do ano e recebendo pressão do governo Lula para concorrer ao governo de São Paulo, mantém intenção de disputar a presidência da República. Intenção é reforçada no programa do PSB, exibido no dia 18 de fevereiro.

ORIGEM. Ciro com Tasso nos anos 90 fOtO ArQuIVO

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A praia do Titanzinho, no esquecido bairro do Serviluz, na zona portuária de Fortaleza, virou alvo de uma incrível polêmica após o anúncio da intenção do Governo do Estado de construir um estaleiro ali em parceria com o setor privado e dentro da política nacional de dar sustentabilidade à demanda interna para o aumento da frota marítima. Por Luís-Sérgio Santos

Uma polêmica surrealEStalEIrO NO tItaNzINHO

AABRUpTA pOlêMICA EM TORNO DA pRAIA DO Titanzinho pegou de surpresa o alienígena recém chegado de Marte. O zelo protecionista expresso em exacerbados atos retóricos fê-lo logo perceber que se tratava, a paradisíaca praia, de um exemplo eloquente de proteção ambiental num santuário protegido pela arquitetura urbana regada a um sa-neamento impecável, plano urbanístico exemplar

na melhor cartilha de Jaime Lerner, e com explícita influência fran-cesa do início do século passado.

Apressou-se, portanto, o desavisado freguês, a ir conhecer o local, ainda mais quando ouviu o estridente aviso da líder dos defensores do Titan, sua excelência a chefe da edilidade, o aviso de que “a cidade tem prefeita”, numa demarcação clara de território e do futuro da co-munidade, objeto de tão arraigado fervor.

Move-se o homenzinho verde ao Titanzinho e por um triz, tivera ele coração, enfartaria. Já no solo sagra-do do Serviluz, veio-lhe à mente cenas do Distrito 9, onde colegas seus se perdem numa África do Sul do futu-ro — extraterrestres são tratados como refugiados em meio a favelas insalu-bres, esgotos a céu aberto. O que vê é uma bela praia com ondas revoltas num entorno esquecido, com alta den-sidade populacional, visível promis-cuidade urbana, e claro risco social.

O conflito se estabeleceu na cabeça do ridículo ho-menzinho verde e alguém lhe soprou a palavra hipocri-sia, uso político do episódio, pequenez. Quem não cuidou das pessoas do Serviluz vai cuidar agora da praia, da reserva natural de ondas para a prática do surf e do impacto ambiental que um obra offshore causaria? pois, a despeito de estar há cinco minutos da região mais no-bre da cidade, o Serviluz é uma espécie de zona fantas-ma. pelo menos do ponto de vista das políticas públicas — ali o que existe de mais visível são movimentos de parte da comunidade orga-nizada, e ações de ONGs.

Assim, conclui o verde visitante, o fervor preser-vacionista não se traduz em ações da governaça de plantão. Não seria, portanto, a construção do estaleiro, a grande oportunidade de in-serção urbana qualitativa na região? Um projeto urbano acoplado ao estaleiro seria uma injeção de auto-estima na comunidade, assolada por problemas como sórdi-da criminalidade e drogas letais.

A indicadores de qualida-de de vida que remeter para a pior experiência africana. O Serviluz tem IDH de Áfri-ca. No entanto, o discurso destrutivo quer retirar o Ser-viluz do debate. Aquilo que

poderia vir a ser o motor do seu desenvolvimen-

to está em xeque e relegue-se o bairro

à sua condição marginal.

O governa-dor Cid Go-mes indiciou a praia do Titanzinho para a cons-trução do

ONDA. Eleitor prefere a marolinha ao estaleiro

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a praia do titanzinho, contornada pelo

populoso bairro do Serviluz

estaleiro. A prefeita vetou, retori-camente falando e diz que tem um projeto para lá.

E o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, diz que é necessá-rio ter o terreno assegurado para o desfecho da licitação que vai escolher o parceiro privado para a construção do estaleiro. “Neste momento em que a indústria do petróleo é a bola da vez e de-pende de navios, nós que não temos tantas outras opções, como o agronegócio, não podemos abrir mão deste estaleiro, de ter um investimento deste. Tenho certeza que o governador não vai deixar fugir”, diz ele.

A preço de hoje, ou o Ceará tem es-taleiro demais, sua economia não preci-sa de mais insumos para crescer, ou os políticos preferem se divertir, uns atrapa-lhando os outros.

O fato positivo de tudo isso, e somen-te este, é que nosso marciano voltou ao seu rincão levando know-how de como inviabilizar uma idéia ou ir-ritar às últimas consequências seus futuros ex-amigos políticos. n

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POLÍTICA

A gente tem um plano, um planejamento, e vamos procurar dar sequência ao plano. O planejamento prevê a construção de um estaleiro no entorno do Porto do Mucuripe [...] Há necessidade de um calado, de pelo menos, de 10 ou 12 metros. Não é fácil encontrar locais adequados na costa cearense.

CId goMes

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a praia do titanzinho, contornada pelo

populoso bairro do Serviluz

Rua José Anacleto

Cronologia do estaleiro 19 de janeiro de 2010. O governador Cid Gomes anuncia a decisão do governo de construir, em parceria com o setor privado, um estaleiro para a praia do Titanzinho. 21 de janeiro. O governador tem reunião com o presidente da Câmara, Salmito filho (PT) e com vereadores votados no bairro Serviluz, onde fica a praia do Titanzinho. 1º de fevereiro. a prefeita

Luizianne Lins diz que “a cidade tem prefeita”, numa clara reação às ações do governador principalmente em relação ao estaleiro. Em oposição ao estaleiro, ela diz que a prefeitura tem um projeto social para o mesmo local.5 de março de 2010. a STX Norway Offshore anunciou que investirá US$ 100 milhões na criação de um novo estaleiro em fortaleza (CE). a empresa, subsidiária da STX Europe, deve realizar o projeto junto com o

parceiro local PJMr, empresa com a qual vem trabalhando há 10 anos. O grupo tem um estaleiro em Niterói (rJ), onde já construiu mais de 20 embarcações offshore.9 de março. O vereador Salmito filho entrega um abaixo-assinado com 10.400 assinaturas de moradores do Serviluz ao governador. Eles apóiam o estaleiro ali. a prefeita Luizianne diz que o documento é clara “manipulação” 18 de março. O Ministério Público pede uma cópia do projeto do estaleiro.

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Educação

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Educador-EmprEsário. É a partir dEssa posição, paradoxal para alguns, que Tales de Sá Cavalcante, 60, conduz sua vida profissional. diretor da organização Educacional Farias Brito, que passa por todas as fases da educação — do berçário ao ensino superior — ele lidera uma das maiores redes de ensino no ceará. Educador “por instinto e tendência”, tales expõe aqui suas opiniões sobre quase tudo: negócios, linha pessoal de ensino e a situação da política

nacional no país, onde se incluem as políticas nacionais de educação. o engenheiro civil, educador

taLEs, ELE NascEu Em uma EscoLaautodidata e empresário não teve muita opção ao escolher sua carreira. Filho de professores — ari e Hildete de sá cavalcante — cresceu ouvindo ‘papo de escola’. “o cid carvalho disse uma vez que eu tinha vantagem porque eu havia nascido numa escola”. Formado em Engenharia pela universidade Federal do ceará, casado, pai de três filhas, o diretor da organização Educacional Farias Brito, que engloba todas as unidades do colégio Farias Brito e a Faculdade Farias Brito, enveredou pelo caminho inevitável da Educação, para continuar os negócios da família. Ex-professor de matemática e Física no colégio — “O único lugar em que eu trabalhei na minha vida foi o Farias Brito” — tales começou ensinando, aos 18 anos, até se tornar sócio e líder do Farias Brito. com uma construtora e produção inicial de material didático, a empresa é reconhecida nacionalmente pela qualidade refletida no alto nível de seus mais de 14 mil alunos, e continua a crescer: “a gente pode até crescer mais, acredito que vá crescer, mas sempre de olho na qualidade. crescer, com a qualidade caindo, não compensa.”

Entrevista concecida ao editor Luís-Sérgio Santos. Participaram o publicitário Orlando Mota, o escritor Mino Castelo Branco e a colunista Lêda Maria, do Diário do Nordeste e Lívia Pontes Fotos Robson Melo

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Fale! Qual o tamanho desse negócio? A infra-estrutura, o tamanho da clien-tela, os níveis em que você opera? Resumindo, qual o perfil das suas empre-sas, seu foco de negócio?Tales de Sá Cavalcante. Temos hoje um total de 14 mil alunos. Acredito que vá aumentar um pouco, porque o pré-vestibular ainda vai receber algumas matrículas. A gente passa a atender a criança a partir dos quatro meses de idade. O grande sucesso, a meu ver, a grande iniciativa foi a introdução de um produto novo no mercado: uma creche-escola, que atende crianças dos 4 meses de idade aos três anos. Uma criança de três anos e meio já está fora desse perfil. Essa creche-escola atende às necessidades daquela mãe que trabalha. Mas temos um fato interessante a registrar. Uma mãe alemã, que não trabalha, colocou os filhos lá dois expedientes, porque acha que lá eles estão se desenvolvendo muito melhor.

Fale! Esse modelo foi importado de algum lugar?Tales de Sá Cavalcante. Na verdade, sobre esse modelo, nós ‘farejamos’ que o mercado tinha demanda para isso. Mas depois eu soube que São paulo, e em alguns outros estados existem coisas semelhantes, não exatamente como o nosso. porque as escolas semelhantes, elas começam mais ou menos com 1 ano ou seis meses e vão até 5 ou 6 anos de idade. A nossa, a gente estratificou de outra forma, e é bom ressaltar que, no berçário, de quatro meses até um

irão para outra unidade, com alunos da 6ª Série até terminar o Ensino Médio.

Fale! O Sr. acredita que a inteligên-cia está associada a recursos finan-ceiros? Tales de Sá Cavalcante. Não. piaget diz que a inteligência tem que ser estimulada. A inteligência tem um fator genético, porém o mais impor-tante é estímulo que, infelizmente, não é oferecido às crianças mais po-bres.

Fale! A que se deve o reconheci-mento de que o Ceará tem uma das melhores e mais competitivas re-des de educação privada do Brasil?Tales de Sá Cavalcante. O Ceará é reconhecido no Brasil, sim, como um dos estados que tem a educação no setor privado de melhor quali-dade. Nós temos grandes colégios, algo que não se vê em Salvador e em outras grandes capitais, exceto em São paulo e eventualmente no Rio. E a que se deve no Ceará essa com-petitividade entre as empresas que tem foco na educação de qualidade no setor privado? Ela se dá apenas no setor privado porque hoje nós não temos nenhum modelo no se-tor público. Antigamente você tinha o liceu que era referência. Mas se perdeu essa referência e a qualidade migrou para o setor privado.

Fale! A que se deve, essa compe-titividade e essa migração de qua-lidade? Imagino que o Sr. mesmo tenha estudado em escola pública.Tales de Sá Cavalcante. Não, não estudei porque meu pai era diretor de escola, então eu estudei no Fa-rias Brito, na antiga 3ª série ginasial. Cursei a 4ª série no colégio Batista porque fomos morar na Aldeota e eu precisava garantir a vaga no Ensino Médio, pois o Farias Brito não tinha esse segmento. Fiz o último ano, o terceiro ano, no Colégio Castelo.

LEia agora os priNcipais momENtos da ENtrEvista com Tales de Sá Cavalcante que dirige um grupo educacional com mais de 14 mil alunos. Ele dirige o colégio Farias Brito, fundado em 1935, hoje comemorando 75 anos. E a faculdade que é jovem, tem 9 anos, oferece 4 cursos, direito, marketing, computação e administração, em convênio com a Fundação getúlio vargas. isso faz jus ao slogan, que é ‘a faculdade da qualidade’.

ano, as crianças são acompanhadas — porque as mães são muito ansio-sas — por câmeras, e essas câmeras a mãe pode estar em qualquer lu-gar do mundo e ver as crianças via Internet. Um fato interessante: re-centemente uma avó ligou de Nova York para a escola e disse, ‘Olha, a chupeta do meu neto caiu’. Os pais tem uma senha de acesso — isso é importante porque o pai faz ques-tão de que só determinadas pessoas possam ver as crianças, tendo em vista o mundo atual. Na Aldeota, temos 100 alunos, na Seis Bocas temos nesse perfil mais ou menos 250. Temos pedagogo, nutricionis-ta, toda a infra-estrutura necessá-ria ao desenvolvimento psicomotor deles. E a estatística mostra que as crianças que são estimuladas mais cedo tem mais facilidade na alfabe-tização, e na futura atividade esco-lar. Nós desenvolvemos o processo pedagógico com nossa equipe, mas sempre lemos do que tem de melhor pelo mundo.

Fale! Como as crianças são estimu-ladas?Tales de Sá Cavalcante. Através da

música, do som e das artes. E, para você ter uma ideia, quando a crian-ça sai da creche-escola, ela vai para uma Sede que atende de 3 até 10 anos. Nessa escola, a criança, aos 5 anos, está no ano anterior ao do pro-cesso de alfabetização. Mas, a minha filha, por exemplo, entrou na 1ª sé-rie (alfabetização) com 6 anos já sa-bendo ler, pois ela foi estimulada o suficiente. O que acontecia no pas-sado? A criança, aos 6 anos, começa-va a ter algum estímulo para que, ao final desse ano letivo, já com quase 7, começasse a ler. Hoje em dia, aos 3, 4, 5 anos, já é tão estimulada, que já vai aprendendo a ler.

Fale! Depois dessa fase de berçário a criança vai para qual fase? Tales de Sá Cavalcante. A criança vai para uma outra unidade. Nós evitamos que as crianças de faixas etárias diferentes estudem numa mesma área. Numa mesma quadra, mesmo que você separe as crianças, a mãe se sente insegura em saber que seus filhos estão naquele am-biente. Eles entram na 1ª série (al-fabetização), em um prédio onde só há crianças de 4 a 10 anos. E, depois

EDUCAÇÃO

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Iniciativa inovadora“No berçário, de quatro meses até um ano, as crianças são acompanhadas por câmeras, e essas câmeras a mãe pode estar em qualquer lugar do mundo e ver as crianças pela Internet. [...] Uma avó ligou de Nova York para a escola e disse, ‘Olha, a chupeta do meu neto caiu’.”

pessoas ilustres, como o ex-gover-nador Lúcio Alcântara, fizeram o contrário do que se faz hoje. Agora se a criança estuda em escola pú-blica, quando se aproxima o ves-tibular, transfere-se para a escola particular. Com lúcio Alcântara aconteceu o contrário. Ele estu-dava no Farias Brito, e quando ele se aproximou do vestibular, se transferiu para o liceu que preparava melhor na época.

Fale! O Sr. tem competidores como 7 de Setembro, o Ari, o Christus, que competem em cima de qualidade. A que se deve isso no Ceará?Tales de Sá Cavalcante. Eu acho que a essa garra do cearense, à ne-cessidade de o aluno estudar para se autoafirmar. Considero que no mo-mento atual os diretores são pessoas competitivas, porque são perfeccio-nistas, procuram fazer a coisa ben-feita, principalmente os diretores do Christus, 7 de Setembro, Farias Brito e Ari. Acredito que isso in-fluencie muito.

Fale! Há uma pressão da demanda para crescer cada vez mais? Perce-be-se que essas redes se ampliam regularmente.Tales de Sá Cavalcante. Hoje, a pes-soa que tem poder aquisitivo para pagar um colégio classe A em For-taleza só tem um filho, no máximo dois. Então, estamos sentindo isso. As estatísticas mostram que a massa total de alunos já não é tão grande.

Você vê que algumas escolas estão fechando, tivemos o fe-chamento do Cearense, que era uma escola muito tradicional, do Dorotéias, do Stella Maris e do General Osório.

Fale! Mas algumas delas tam-bém não cuidaram do marke-ting, não investiram na marca.Tales de Sá Cavalcante. Sem dúvida, elas não se atualizaram para o novo mundo. Tiveram um problema de gestão. Antigamen-te, bastava funcionar bem. Hoje, você precisa funcionar bem e co-municar bem que está funcionan-do bem.

Fale! Além da sala de aula o en-sino do Farias Brito se expande para outros aspectos?Tales de Sá Cavalcante. Temos a produção de material didático, mas ainda é um setor pequeno. A preo-cupação maior ainda é com a sala de aula, mas, quando você fala sala de aula, é tudo o que é gerado em razão da sala de aula. para que você ofe-

Sobre o ensino público hoje. Profundamente deficiente. até porque o Governo federal gasta milhões e milhões com Ensino Superior, quando deveria gastar com a base. Como é que você vai gastar muito dinheiro com o acabamento de uma construção se você não gastou com o alicerce? Vamos ver quanto é o orçamento da UfC. Enorme, até porque, atualmente, o Governo Lula investiu muito em educação. Por incrível que pareça, ele investiu muito mais do que o intelectual fernando Henrique. Por exemplo, uma criança, cujo pai pode pagar a mensalidade do farias Brito, tem um desenvolvimento excelente, começando nessa idade. Por que o Governo federal não tem creche para essa finalidade? Por que ele investe mais no Ensino Superior?

O Farias Brito como marca consolidada no Ceará e grife

como a do Positivo. Não o desejo de se tornar uma grife. Podemos até crescer mais, acredito que vamos crescer, mas sempre de olho na qualidade. Crescer, com a qualidade caindo, não compensa. a propósito de marca, lá em Sobral havia uma escola religiosa que teve uma experiência com algumas escolas de fortaleza. Elas foram lá e não deram certo. Essa escola nos deu 450 alunos de base. Só a entrada da marca [farias Brito] fez com que nós tivéssemos 1100 alunos no ano seguinte. Simplesmente pela marca.

Gênese familiar e política. Meu avô era João de Sá Cavalcante. Ele era coletor do interior, ligado ao PSD de aurora, e é interessante ressaltar que lá havia um grupo escolar com o seu nome. Depois que ele morreu, a corrente contrária ganhou e mudou o nome do grupo. Posteriormente a corrente dele

ganhou de novo e o nome voltou a ser o dele. Ele faleceu com um infarto fulminante no Palácio da Luz, onde hoje é aquela rua que foi popularmente chamada “Beco da Olga”. ali era um jardim, e ele estava esperando para falar com o governador, se eu não me engano, raul Barbosa.Meu pai tinha um problema de válvula, que, se fosse hoje, seria corrigido fácil. Mas, na época, não existia esse recurso. Ele foi para São Paulo já nas últimas e morreu na sala de operação. 49 anos.Minha mãe é da família Santos Brasil. O avô dela era proprietário daquele casarão onde hoje é a Colonial, em aquiraz. E o tio dela, irmão da mãe dela, era o alcides Santos, fundador do fortaleza. Trouxe a primeira bola oficial para cá. Ela dizia que nasceu em Quixadá por acaso. Na verdade, ela era de fortaleza.

a importâNcia da marcaopiniões de tales de sá cavalcante, sobre ensino público e a força da marca

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reça uma boa aula, você não precisa apenas de um bom professor, mas de um bom aparato pedagógico, de um bom planejamento, de acompa-nhamento do aluno, principalmente. Uma das coisas mais importantes em escola é a avaliação, em sentido geral. por exemplo, qual a avaliação que se tem de uma escola pública num interior longínquo? Nós temos avaliações periódicas em que ana-lisamos o colégio todo. E uma das coisas que considero fundamental é reunião com alunos. Quem julga o colégio não é o pai, a mãe, o pro-fessor, mas o aluno. Se você reunir líderes de classe, nessa reunião há a situação toda. O meu escritório fica no nosso Núcleo de Apoio à Gestão, que é onde estão todos os que traba-lham para todos. lá é o meu pouso. Lá estão o almoxarifado, a gráfica, o financeiro; todos os que trabalham para todas as unidades. Apesar dis-so, eu gosto de rodar muito. Quan-do eu vou à Faculdade, o meu lugar preferido é a cantina. E eu já fiz uma reunião lá, em pé, com alguns alu-nos, uma reunião informal, claro, e assim que eu encerrei essa reunião decidi que um coordenador do cur-so de Direito tinha que sair. Essa é a principal avaliação. Fora isso, nós temos avaliações formais realizadas por alunos e pais, que julgam do porteiro da Escola até o diretor su-perintendente.

Fale! Sobre a qualidade do material didático, como é feito o controle? Existem casos de material de pés-sima qualidade, com informações erradas. Tales de Sá Cavalcante. Nós temos um sistema misto. produzimos uma parte do material, e outra, nós esco-lhemos entre as editoras o que há de melhor. Evitamos que a mudança seja muito rápida, para não prejudi-car os pais. Agora, o que eu lamento é que as editoras hoje fabriquem li-vros descartáveis. porque a vida útil do livro didático na nossa geração era tão grande, passava de pai para filho, hoje, a vida útil do livro didáti-co é um período, um semestre. Ele se tornou um produto altamente pere-cível. Hoje em dia, algumas editoras publicam livros não consumíveis, de modo que o aluno não o risque ou o preencha durante a aula, conservan-do-o para que, no futuro, os irmãos

possam aproveitá-lo. Mas isso não é regra geral. Deveria haver uma pre-ocupação maior nesse sentido.

Fale! O que você acha do fenômeno Positivo?Tales de Sá Cavalcante. Acho uma grande gestão, são cinco sócios grandes administradores. Começou como cursinho vestibular, tornou-se uma potência como escola e passou a ter editora. Considero o positivo um exemplo. Acho um referencial, até porque eles têm uma proposta séria. Eles são, talvez os maiores fabrican-tes de computadores do Brasil.

Fale! E os cursos de graduação, como estão hoje no Farias Brito? Tales de Sá Cavalcante. A gradu-ação está bem. O Farias Brito é um colégio muito antigo. É de 1935. Está comemorando agora 75 anos. E a faculdade é jovem, tem 9 anos, e possui apenas 4 cursos. Nós fica-mos muito satisfeitos, porque uma faculdade concorrente fez um Ben-chmarketing, e chegou à conclusão de que a nossa proposta não era ser a maior. Era ser a melhor. Isso faz jus ao nosso slogan que é “A facul-dade da qualidade”. Nós estamos com Direito, Marketing, Ciência da Computação e Administração, que é em convênio com a Fundação Getú-lio Vargas.

Fale! Qual foi o objetivo de fazer esse convênio com a FGV?Tales de Sá Cavalcante. Nós temos no Ceará, como no Brasil, muitos cursos de administração de empre-sas com poucos alunos com poder aquisitivo para pagá-los. Resulta-do: você faz o vestibular com o ín-dice candidato-vaga muito baixo, o que compromete a qualidade. para o aluno vir e ser bom, ele tem que pas-sar por uma peneira. Uma maneira de você ter o aluno bom é ter o con-vênio com a FGV, porque ele vem atraído. Então, o nosso concorrente, em vez de ser uma outra entidade particular, passou a ser a Federal. Um amigo me falou que a FGV tinha mudado de postura e estava admi-tindo ter um convênio. Quando nós achamos que isso aí iria trazer um aluno de bom nível, fomos ao Rio de Janeiro, e apesar de outras terem tentados, a FGV optou por nós. As aulas vêm todas da FGV, prepara-

das eletronicamente. As provas são padronizadas, e a FGV faz um con-trole de qualidade com avaliações. Se a gente, durante o tempo, não corresponder aos requisitos da FGV, ela pode cancelar a parceria. O pro-fessor é daqui mesmo. Nós estamos querendo introduzir uma novidade agora que a FGV não tem. As aulas serão com professores daqui orien-tados pela FGV, e teremos conferên-cias com professores da própria FGV que virão de lá para cá.

Fale! O Sr. é um empresário e um engenheiro. Como pensa, cartesia-namente falando, a educação das pessoas? Qual caminho ela deve seguir?Tales de Sá Cavalcante. O Brasil tem muita coisa errada também em educação. O número de disciplinas é muito grande e o estudante acaba não aprendendo nada com profun-didade. perdeu-se uma oportuni-dade muito boa disso com o Enem agora.

Fale! Você é filho do educador Ari de Sá Cavalcante. Qual a influência do seu pai na sua formação?Tales de Sá Cavalcante. Muita, dele e da minha mãe. O Cid Carvalho dis-se uma vez que eu levava vantagem porque tinha nascido numa escola. O papo lá em casa era muito sobre escola. Existe uma coisa em escola que é montar o horário dos profes-sores. Temos que conciliar a vida de todos, e, não existindo computador, naquela época, fazia-se à mão. Eu devia ter uns 12 anos, e a minha mãe era vice-diretora da Escola Normal Justiniano de Serpa. Ela trabalhou muito tempo em escola pública, e quando o papai faleceu assumiu o lugar dele no Farias Brito. Então, eu vi que a mamãe estava com imensas cartolinas, e eu perguntei o que era, e ela disse que era o horário. En-tão eu resolvi fazer aquilo como um quebra-cabeça, um divertimento. E aprendi a fazer horário nessa idade, com doze anos. Eu acredito que a minha mãe me influenciou mais. O meu pai influenciou no sentido de dar disciplina, na figura clássica do pai, mas eu acho que a mamãe no modo de ser me influenciou mais. Acho que, não sei se por genética, meu jeitão parece muito com o dela, inclusive na escola pelo prazer de

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estar com o aluno. Ela dizia que, ao estar com a juventude, rejuve-nescia.

Fale! A sua vida acadêmica es-tava ligada ao Farias Brito, e na sequência o Sr. começa como gestor no Farias Brito. Tales de Sá Cavalcante. Meu pai morreu, quando eu tinha 17 anos, em outubro. E o ves-tibular era em janeiro. logo depois do Vestibular, eu fiz 18. E em março, de cabeça raspada, comecei a dar aula. Comecei com Matemática, depois ensinei também Físi-ca. Mamãe assumiu a gestão do negócio. A família, os amigos, to-dos achavam que ela ia vender. E ela segurou. E ela cuidou, orientou os fi-lhos para assumirem depois. Ela era uma pessoa de muita sabedoria. Ela passou alguns anos convivendo com o sócio do papai, o doutor João Cé-sar, e depois nós compramos a parte desse sócio.

Fale! A morte do seu pai chamou os filhos para olhar o negócio da famí-lia que era basicamente educação, ou tinha outros negócios?Tales de Sá Cavalcante. Não, era ba-sicamente educação. Ele tinha uma outra atividade, mas que também era basicamente ligada à educação: ele foi professor e depois diretor da Faculdade de Economia da Univer-sidade Federal do Ceará. Inclusive, ele se tornou muito amigo do Del-fim Neto porque ele trouxe grandes economistas para cá, fundou o Caen (Centro de Aperfeiçoamento de Eco-nomistas do Nordeste). O pessoal da geração dele reconhece a (faculdade de) Economia como uma das melho-res do Brasil. O Agamenon, padilha, o Firmo de Castro. E ele conseguia, como diretor da Economia, sair con-versando com cada aluno e dizendo que eles deviam assistir à aula e não ficar ali fora. Isso no Ensino Supe-rior não existe. Os alunos gostavam muito dele.

Fale! Como era a sua relação com ele?Tales de Sá Cavalcante. Era uma relação de pai e filho daquele tempo. Ele era um tanto quanto rigoroso, mas acho que me ajudou, porque o rigor equilibra com o que você ten-

A controvérsia chamada Enem“A filosofia do Enem é muito boa. Mas eu acho que ele poderia ser muito mais bem aproveitado. E essa história de querer que Brasília faça um exame pro Brasil todo. E essa quebra de sigilo, foi a que nós soubemos. E a que nós não soubemos?”

de a ser livre, e a resultante é o meio termo.

Fale! O Sr. conciliava a graduação com a sua atividade como professor do Farias Brito, e posteriormente assumiu uma posição de gerente lá?Tales de Sá Cavalcante. Não, eu entrei para a Faculdade de Enge-nharia. passei a cursar Engenharia. Mas quando comecei a ensinar, ve-rifiquei que eu tinha muito mais tendência para Educação do que para Engenharia Civil. Então, eu terminei o Curso de Engenharia, até porque eu sempre gostei muito de Matemática e Física, mas terminei já trabalhando e depois enveredei pelo Farias Brito. E o único lugar em que eu trabalhei na minha vida foi o Farias Brito.

Fale! Como foi sua ascensão dentro do Farias Brito? Tales de Sá Cavalcante. Eu comecei a ser professor, depois coordenador, e depois passei a ser sócio. E então fiquei como sócio e, ao mesmo tem-po, um faz-tudo, porque o Colégio era pequeno. Depois a minha mãe faleceu e eu fiquei na liderança, com os outros irmãos.

Fale! O Sr. é formado em Engenha-ria Civil. Você teve um treinamento para trabalhar em educação?Tales de Sá Cavalcante. Não. Foi tudo na intuição e eu acredito, na tendência. E também acredito em muita leitura.

Fale! As atividades do Farias Brito começam a se expandir em qual

momento?Tales de Sá Cavalcante. Quan-do a demanda começou a au-mentar, sentíamos que aquela unidade não comportava todos que estavam procurando; o Farias Brito começou a ter su-cesso, com uma administração mais jovem, mais moderna, fo-mos construindo mais unida-des. O Farias Brito antigo, que eu não alcancei, iniciou na Ba-rão do Rio Branco, ali perto do Instituto Histórico, na esquina da praça do Carmo, depois na Duque de Caxias. Então, a nos-sa administração, com a minha participação, iniciou na Duque de Caxias. Depois fizemos um

outro Colégio na Senador pompeu. Somente quando pensamos em ir para outros horizontes, resolvemos entrar na Aldeota. Foi quando nós arrendamos o Colégio São João, e depois que nós arrendamos o Co-légio São João, onde o doutor Bra-veza me contou histórias ótimas. Aí nós fizemos um Colégio na Seis Bocas, depois outro na Dom luís, o que me lembra um fato interes-sante. O São João ia ser fechado e nós iniciamos a construção do Colégio da Dom luís e resolvemos homenagear o doutor Braveza, e chamando o Colégio de Odilon Braveza. O doutor Braveza gostava tanto do Colégio São João, que ele não admitia que o nome do Colégio fosse Braveza. Ele queria que fosse São João, para perpetuar o nome. E eu disse para ele que o santo dele era o João, mas o nosso santo era o Braveza.

Fale! Em qual contexto surge a construtora Farias Brito?Tales de Sá Cavalcante. A cons-trutora nasceu porque eu e meus irmãos, sendo engenheiros, desejá-vamos entrar no ramo. Então, fun-damos a Construtora Farias Brito. E, por isso, achamos que uma opção boa era diversificar, colocar os ovos em várias cestas, e achamos que o mercado era interessante e entra-mos na parte de engenharia tam-bém.

Fale! Em qual momento da expan-são vocês começam a investir na marca? Porque, imagino, nos pri-meiros dias não havia essa visão

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de marca.Tales de Sá Cavalcante. É, mas eu me considero como uma pessoa com uma veia um pouco com tendência para Jornalismo e publicidade: eu sempre valorizei muito a comunica-ção e a marca. Sempre valorizei mui-to isso.

Fale! Até certa geração a Educação Pública era a que conduzia a quali-dade no ensino. Qual foi o marco da mudança?Tales de Sá Cavalcante. Acho que fundamentalmente a escola pública era muito pequena, e, sendo muito pequena, era muito fácil de adminis-trar. Não havia universidade, então os grandes talentos estavam lá na escola pública. Os professores do li-ceu eram pessoas que hoje estariam na Universidade Federal do Ceará, jamais no liceu. E havia grandes professores, a gestão era fácil, pois era uma escola só. Quando o Virgílio Távora criou os anexos do liceu, ele massificou. E educação é uma coisa muito artesanal, daí porque o Farias Brito sempre teve muito cuidado na sua expansão. por exemplo, você passar de 3 colégios para 4 é a maior facilidade, mas passar de 1 para dois é uma grande dificuldade. Porque quando você passa de um para dois, além de você aumentar 100%, você

tem todos os pintos embaixo da ga-linha, e você não tem mais tudo sob seu controle, porque a segunda uni-dade está longe. porque quando você tem uma escola só, os problemas, os professores, todos estão ali aos seus olhos. Quando você passa para a segunda unidade, os problemas da unidade que está longe não estão ao alcance dos seus olhos. Então, é preciso que você tenha uma gestão muito boa. Quando você aprende a administrar duas, quando você passa da 2ª para a 3ª, não é problema, por-que você já aprendeu a administrar à distância.

Fale! No palanque, de um modo ge-ral, os políticos pregam que a educa-ção é que faz a diferença na história de um país. Aí citam o exemplo dos Tigres Asiáticos etc... mas porque no Brasil a coisa não descola da re-tórica para o mundo real?Tales de Sá Cavalcante. Não descola porque não há vontade política. Nós já tivemos plano Verão, plano Collor, plano Bresser, plano Cruzado, pla-no isso plano aquilo, nunca tivemos um plano Educação. Entendo que é porque não existe vontade política. Há um grupo de empresários em São paulo agora que está com um movimento de valorização da esco-la pública. Vou lhe dar um exemplo,

existe um executivo chamado Marcos Magalhães. Ele disse em uma pales-tra para uns trainees que iam iniciar uma vida profissional na Construtora Marquise, “Eu vou dar um conselho a vocês: o maior ativo do ser huma-no é a credibilidade”. Esse empre-sário estudou num colégio em Re-cife equivalente ao liceu, Ginásio pernambucano. Ele ia passando lá em frente e lembrou. Agora, quem é esse empresário? A phillips é uma firma holandesa; todos os presiden-tes regionais da phillips são holan-deses. Excetuando esse senhor, que é presidente da phillips Brasileira e da América latina. Quando ele saiu da presidência executiva e foi para presidência do conselho, ficou me-nos ocupado, passou em frente à es-cola dele e resolveu entrar. Quando entrou, verificou que a escola não ti-nha mais um aluno, estava abando-nada, goteiras enormes, e piso com mais ou menos 20 cm de água. Nes-sa escola havia livros riquíssimos do tempo de Dom pedro II, inclusive ele visitou essa escola e lá estava a faixa dele. Ele foi ao governador e disse: “O empresário pode contribuir com gestão. Eu gostaria que você deixas-se a gestão comigo e com alguns em-presários amigos meus.” Quando eu o visitei, eles já estavam na 18ª es-cola. Eles entraram pelo interior. E,

A história do pescador, tem tudo a ver com o Enem. O que o Enem tem na sua filosofia são as situações práticas, as coisas do dia-a-dia. Então, uma situação muito interessante que lembra o Enem é esta que aconteceu comigo. fui comprar peixe, e o pescador tinha uma balança tremendamente oxidada e rudimentar. O peso que ele usava para colocar peixe era uma pedra que ele chamava de “peda”. Então, tinha pedra de 1 quilo, de 2 quilos e de 3 quilos. E eu gosto muito de provocar as pessoas para avaliar a capacidade delas, principalmente o talento e a inteligência. E eu disse para o pescador: “Mas se eu quiser

dois quilos e meio de peixe? Você não tem uma pedra de meio quilo. Como é que você resolve o problema? Dá para resolver?” E o pescador respondeu: “Dá sim. Eu coloco num prato da balança uma pedra de um quilo; no outro prato, eu coloco areia até equilibrar. Quando equilibrar, eu tenho um quilo de areia. Tendo um quilo de areia, distribuindo em dois pratos equilibrados, eu tenho meio quilo e meio quilo. Obtive, portanto, meio quilo.” Essa questão muitos professores de matemática e muitos alunos bons de matemática talvez não resolvam, porque eles não têm a vivência prática. Houve uma questão do Enem que perguntava quanto

tempo um avião gastaria para ir de uma cidade até outra, sabendo que as duas são diametralmente opostas em relação à Terra. E 39% dos alunos que fizeram o Enem consideraram o avião indo por dentro da Terra, de um ponto até o outro, porque consideraram uma fórmula matemática, aquela história de sabendo o espaço e a velocidade você acha o tempo. Então, como foi dado no problema o raio da Terra, e dando o raio você tem o diâmetro, aí consideraram o espaço como sendo esse diâmetro. Na realidade, o avião faz uma curva em torno da Terra. isso é que o Enem quer: que o aluno não apenas aplique uma fórmula, mas que ele também raciocine.

a História do pEscadortales de sá cavalcante relata a sabedoria de um pescador do litoral cearense

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nessa visita, dois generais foram comigo e com mais alguns empre-sários. Quando começaram os de-poimentos de alunos humildes, que conseguiram sucesso graças a essa gestão modificada, esses dois generais choraram. E não é fácil general chorar.

Fale! O Sr. já foi convidado para ser Secretário da Educação. Por que não aceitou? Tales de Sá Cavalcante. Quando o governador lúcio Alcântara me convidou para ser Secretário da Educação, a alegativa dele e de seus auxiliares era de que o Es-tado do Ceará tinha um problema de vaga, ou seja, quantidade, mas não tinha o problema da qualidade. Achavam eles que a qualidade esta-va na gestão da escola privada. E na escola privada, eles acharam que o nome ideal era o meu. Infelizmente, eu não pude aceitar, porque o Fa-rias Brito estava precisando muito de mim. Eu acho que o problema é gestão. E uma legislação que fosse mais flexível, com condição de mais flexibilidade.

Fale! Se você fosse convidado a ser Ministro da Educação, o que você faria?Tales de Sá Cavalcante. A situação do Ministro é muito difícil, porque as coisas públicas são muito enges-sadas, não têm a flexibilidade da iniciativa privada. Sou muito defen-sor das coisas estimuladas, então eu acho que o Chile, por exemplo, faz uma iniciativa mista, dando incenti-vos ao pai para o pai poder pagar o colégio. Agora, por exemplo, o Bri-zola tinha na sua cabeça que o mais importante era uma boa educação. Não só integral, mas a educação era prioritária. O presidente Figueiredo, após sair do governo, disse o seguin-te: “Nunca recebi uma pessoa em meu gabinete que viesse defender interesse da nação. Ou vinha de-fender seu interesse próprio ou do grupo que representava.” Esse é o grande problema. Será que qualquer um de nós que sair aqui e vê um in-divíduo quebrando um telefone pú-blico vai encarar que o aparelho ali é nosso? É o que está faltando, a meu ver. Mais cidadania, e eu acho que a coisa é complexa, a gente não pode

Universidade pública“Na Universidade Federal se ganha não pela competência técnica ou intelectual, mas pela títulação. E não há preocupação com produtividade. Nos EUA a Universidade Pública paga o professor de acordo com a produtividade. [...] Aqui o custo do aluno é muito maior. Eles são

engessados pelo sistema.”

culpar A ou B.

Fale! Quantas gerações serão ne-cessárias ainda para que o Brasil dê um salto na educação? Tales de Sá Cavalcante. É difícil. Mas acho que umas três gerações. Mas a coisa está melhorando, não está piorando. principalmente devi-do ao papel da imprensa, porque os concursos públicos estão colocando pessoas mais competentes nas re-partições, não são mais aquelas pes-soas apadrinhadas. Eu acho que está melhorando.

Fale! Na sua avaliação de educa-dor e empresário, o custo do aluno numa Universidade privada é maior ou menor do que o custo do aluno numa Universidade pública?Tales de Sá Cavalcante. Se você me der o orçamento da universidade federal e a minha flexibilidade para administrar, eu fico rico. E o ensino será talvez melhor, eu acho. O cus-to do aluno (da universidade públi-ca) é muito maior. Eles são enges-sados pelo sistema, pelo esquema que existe. por exemplo, eu visitei a União Soviética em 1989, tive esse privilégio. O guia me disse o seguin-te: ora, se o indivíduo passa o mês trabalhando, dando duro, ganha um salário. O outro passa o mês toman-do vodka, ele ganha o mesmo salá-rio. Então, na Universidade Federal se ganha não pela competência, mas pelo título. E não há preocupação com produtividade. Nos Estados Unidos, a Universidade pública, paga o professor de acordo com a sua produtividade. Nós precisamos que a pública daqui seja flexível. Olha,

um amigo meu era diretor do hospital Walter Cantídio da Uni-versidade Federal do Ceará. Ele me disse que havia dois tipos de servidores, o servidor estatutá-rio e o servidor do hospital que era ClT. Então, quando ele pedia algo ao estatutário, às vezes, ele dizia ‘eu não vou, porque o meu patrão é o Sarney’. Isso foi na época do Sarney como presiden-te. Já o outro, que era ClT, o que ele pedia, ele fazia. Então essa tranquilidade no setor público, a meu ver, é o que atrasa. Fale! Há uma percepção de que a carga tributária no Brasil é pe-sada, mas o problema mais grave

é que ela não dá retorno em servi-ços, em educação, em saúde, em se-gurança. Como é a carga tributária na educação privada? Tales de Sá Cavalcante. Algumas pessoas pensam que as escolas têm algum benefício. Não tem benefício algum. São tratadas igualmente a qualquer empresa. Não há nenhum estímulo, exceto, por exemplo, uma escola religiosa que tem incentivo, porque não foram criadas para fins lucrativos. Mas uma escola que te-nha fins lucrativos possui uma carga tributária enorme.

Fale! Você é um empresário e tem uma interface com quem normatiza as coisas, que é o Estado. Como é sua relação com a classe política em geral?Tales de Sá Cavalcante. pequena. Atualmente, eu sou um dos vice-pre-sidentes do DEM, a pedido do meu grande amigo Chiquinho Feitosa, mas eu só aceitei com o propósito de ajudá-lo, mas com a promessa dele que eu não precisaria ser candidato. Não pretendo ser candidato, é um ponto chave da minha contribuição que eu dou lá.

Fale! Como o Sr. avalia o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio?Tales de Sá Cavalcante. O Enem foi criado para o indivíduo se testar. Você ia lá para saber quais suas habi-lidades e competências. E o atual Mi-nistro da Educação (Fernando Ha-ddad) resolveu que o Enem seria um vestibular. E algumas universidades estão aderindo. A filosofia do Enem é muito boa. O grupo era liderado pela

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professora Maria Inês, que introdu-ziu isso ainda na administração do paulo Renato, no governo FHC. Aí para evitar a história da “decoreba”, o aluno que lê mais entende melhor a questão. Mas eu acho que ele pode-ria ser muito mais bem aproveitado. Sou contra essa história de querer que Brasília faça um exame para o Brasil todo. E essa quebra de sigilo (recente, da prova do Enem) foi a que nós soubemos. E as que nós não soubemos? Eu defendo o seguinte, imagine que os municípios brasilei-ros fazem praças públicas excelen-tes. Se o governo federal resolve pa-dronizar o tipo de praça, eles devem fazer um projeto padrão. Mas quem deveria executar deveriam ser os municípios, que já têm o know-how. Mas será que o Ministro tinha outros objetivos?

Fale! O Enem tem algum impacto no negócio da escola privada?

Tales de Sá Cavalcante. Não. Como negócio não. Costumamos dizer que existem escolas que preparam para desafios, vestibulares, olimpíadas etc. Existem escolas que preparam apenas para a vida. Nós preparamos para as duas coisas. O aluno do Fa-rias Brito sai preparado para a vida e para os desafios.

Fale! O empresário da educação pri-vada, ele tem assento em algum fó-rum estadual ou federal?Tales de Sá Cavalcante. Muito pou-co. Eu sou até o representante do nosso sindicato, no Conselho de Ci-ência e Tecnologia, na Secretaria de Ciência e Tecnologia. Mas existem poucas reuniões. levando em con-ta a importância da Educação, acho que o empresário, tanto do Ensino Básico como do Ensino Superior, de-veria ser mais ouvido.

Fale! Há um preconceito com o em-

presário da educação privada?Tales de Sá Cavalcante. Não, acho que não haja, mas é porque não está na nossa cultura ainda. Não há a va-lorização da educação que os países desenvolvidos têm.Fale! Quem são seus modelos de gestão, e de educador?Tales de Sá Cavalcante. peter Dru-cker, na gestão. Na educação, eu di-ria que piaget.

Fale! Como o Sr. avalia essa perda de credibilidade na política do Bra-sil, considerando que são os políti-cos que normatizam o Estado?Tales de Sá Cavalcante. Eu acho que isso é muito em função do baixo nível de consciência do eleitor bra-sileiro. por exemplo, o ex-governa-dor José Roberto Arruda, envolvido naquele problema do escândalo do painel de votação do Senado, foi re-eleito! Há um descrédito total. Eu costumo dizer que o principal atri-

Tales foi atleta da seleção cearense de basquete em 1965 e 1966. a seleção tinha uma especificidade: dois treinadores, Chico Barbosa e Zé flávio Teixeira. E aí eu estava no iate: eu, Zé flávio e o Nanan, que é filho da dona Balu, que originou a Balu. E eles pediram uma dose de uísque, e eu pedi uma coca-cola. aí o Zé flávio disse: “Tales, você não bebe?” Eu disse: “Não.” Ele disse: “Eu já sabia que você não fumava, e se você não bebe isso é espetacular, porque a sua condição física é muito melhor.” E começou a me elogiar... Eles continuaram no uísque, e eu, na coca-cola. Quando o Zé flávio estava na quinta dose, ele virou para mim e disse: “Tales, você não bebe de jeito nenhum?” Eu disse não. Ele disse: “Você não sabe o que é bom.” Meu pai achava que não deveria se associar ao Náutico, porque ele iria comprar uma ação, portanto ele iria gastar um dinheiro, para ter o direito de gastar no Náutico. Ele era muito contra esporte, era muito exagerado no aspecto de ser estudioso. Então, eu não era sócio do Náutico e não

podia ir para as tertúlias do Náutico. resultado, eu resolvi jogar basquete no Náutico, virei sócio-atleta. Essa capacidade de vencer desafios e de resolver problemas eu tenho desde pequeno. aí me tornei sócio-atleta, joguei basquete naquela época. Eu fui contar isso numa homenagem que recebi do Náutico, do rottary (Clube), o presidente do Náutico estava lá e, no outro dia, me fez comprar uma ação.

A maior realização já alcançada foi o farias Brito ser reconhecido nacionalmente. O coordenador do vestibular do iME [instituto Militar de Engenharia], uma vez me disse, ‘Tales, um assessor do Ministro do Exército me pediu uma indicação de uma escola para o filho dele fazer o iME, e eu indiquei o farias Brito’. aí eu disse, o pai dele veio transferido pro Ceará? Ele disse, ‘não’. Ou seja, ele considerou em termos de Brasil.

Se você não fosse nada disso que sou gostaria de ser DJ. Ou

publicitário. O farias Brito tem ganhado na pesquisa de recall da marca feita anualmente pelo instituto Datafolha, já ganhou aquela do Diário, a única que houve, e eu acho que muito disso se deve ao amor que eu tenho pela marca. Porque pra mim o farias Brito é um filho meu. Eu tenho três filhas mulheres, mas eu acho que aquela realização de ter um filho homem, eu já tive, porque o farias Brito é masculino. Então quando uma pessoa ofende o farias Brito, eu fico magoado com aquilo, e digo, você não ficaria magoado se alguém ofendesse seu filho? farias Brito é um filho meu. isso faz com que a marca seja valorizada, acho que, por exemplo, eu vejo um divórcio muito grande entre as firmas de engenharia e de marketing. Se você pegar um anúncio de lançamento de prédios, na grande maioria dos anúncios você tem dificuldade de saber qual é a empresa. Eu acho isso uma falha enorme. E eu me realizaria, além de DJ, como um homem de publicidade.

atLEta do BasquEtEmais três histórias de tales de sá cavalcante. Ele gostaria de ser dJ

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A Associação dos Jovens Empresários — aJE, Ceará, concedeu ao professor Tales de Sá Cavalcante o título de Jovem Mentalidade Empreendedora. a seguir, alguns trechos do discurso de agradecimento do homenageado.

“ao saber-me escolhido pela aJE para receber esta Comenda, a alegria foi superada pela surpresa por dois motivos. Não me achava, como ainda não me acho, merecedor e considerei conflitante a juventude de uma associação de jovens com a cor de meus cabelos. ao indagar sobre o eventual conflito, recebi dos meninos da aJE a explicação. Viria eu aqui não como jovem empresário empreendedor, senão como empresário, de jovem mentalidade empreendedora. Desta forma, meus cabelos brancos conviveriam bem com a homenagem.

[...] Minha mentalidade foi considerada jovem, provavelmente, pela convivência com a juventude estudantil e porque se me perguntassem que parte do corpo humano mais necessita ser jovem, eu responderia: a mente. Ela foi considerada empreendedora talvez pelo estímulo de jovens que fazem de fortaleza a cidade que mais aprova no iTa, em índice e em número absoluto. Talvez por sonhar sempre alto, pois nunca realizamos mais do que sonhamos. Ou por seguir ricardo Semler, para quem o sim recebido é sempre um sim, o não é sempre um talvez. Mesmo que fosse possuidor das qualidades exigidas pela aJE, reconheceria muitos empresários à minha frente.

[...]adotamos a máxima do imortal Genuino Sales: uma coisa é o que eu faço, outra coisa é o que nós fazemos. É nesse clima que

lideramos 1.419 colaboradores, a quem agradecemos o recebimento desta honraria. São eles, juntamente com todos os que já militaram no farias Brito, os grandes responsáveis pelo nosso conceito. Eu e minhas duas irmãs procuramos administrar seguindo Peter Drucker, ao considerarmos as pessoas o ativo mais valioso de uma empresa e ao procurarmos não ser patrões, mas maestros de uma maravilhosa orquestra, composta por excelentes músicos. Maestros servos da partitura e não chefes autoritários. Maestros que podem não saber tirar uma nota do clarinete, mas são capazes de dizer: “Primeiro clarinete, eu gostaria disso um pouquinho mais alto, mais baixo ou mais suave”. Enfim, uma autoridade de comando, mas repousando na habilidade do maestro em compartilhar, em comunicar.”

mENtaLidadE EmprEENdEdorao diretor superintendente da organização Educacional Farias Brito fala na aJE

NA AJE. Tales discursa para os jovens empresáriosfOtO: dIVuLgAçãO

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Eleições 2010“A minha expectativa não é boa. Porque os políticos não vão discutir propostas, vão disputar, na televisão, qual aquele que tem o marketing mais interessante pra atingir as pessoas de nível baixo. Sócrates dizia que a democracia tinha um inconveniente: ela escolhia o mais popular, e não o

mais sábio.”

buto que o político deve ter é ser bem intencionado. E poucos são os bem intencionados.

Fale! 2010 no Brasil é ano de quase eleições gerais. Qual a sua expectativa, considerando que os políticos decidem sobre quase tudo. Tales de Sá Cavalcante. A mi-nha expectativa, infelizmente, é de tristeza, porque os polí-ticos não vão discutir propos-tas; vão discutir, na televisão, qual aquele que tem marke-ting mais interessante para atingir as camadas mais po-pulares. Sócrates dizia que a democracia tinha um inconvenien-te: ela escolhia o mais popular, e não o mais sábio. E ele exemplificava dizendo que quem comandava o na-vio não era o proprietário do navio, mas o comandante, que sabia como. Será que quando escolhemos um go-vernador, um presidente ou prefei-to, escolhemos o melhor ou o mais popular? Se o quórum não é de alto nível, a tendência é que esse mais popular não seja um bom gestor. É a educação que vai resolver isso aí, fazer o quórum ficar bom.

Fale! No Brasil inteiro há o problema da violência, e não mais só a violên-cia urbana, mas ela está universali-zada, ela parece assolar o país. Tales de Sá Cavalcante. Gostei mui-to de você ter tocado nesse problema. porque eu já tentei várias vezes, falei com várias pessoas sobre o ataque às causas e nunca vi sensibilidade. Agora como fui escolhido para a di-retoria do CIC (Centro Industrial do Ceará), eu vou propor ao CIC fazer um debate sobre as causas. primei-ro, a legislação é frouxa? É. Então vamos pegar um Hugo Machado de Brito da vida, e dizer: você vai ficar encarregado de um projeto de nova legislação. As crianças carentes fi-cam sem lazer? Você faz um projeto de lazer para as crianças. Maioridade penal idem. Outra coisa. O Ronda do Quarteirão é excelente, tem grandes vantagens, principalmente porque toda a gestão é departamentalizada. Então, se a polícia atua numa área, ela tem chance de atuar melhor. Mas o Ronda atua lá na ponta. E a cau-sa? Ele não está atuando lá na causa. Vamos supor que o Ronda resolva

os problemas de todos os crimino-sos atuais. E as crianças pobres, que estão fumando crack hoje, o que vão ser no futuro? O grande problema do Brasil é o crack. Como é que nós vamos resolver isso? Mas o brasi-leiro não tem o senso de cidadania. Vou dar um exemplo. Se você chegar aos EUA perguntando quanto é uma coca-cola, se alguém lhe disser que custa dois dólares, você não paga dois dólares e sim este valor acres-cido do imposto. Se você comparar o preço de um carrão nos EUA vai achar baratíssimo, porque lá a car-ga tributária é pequena. No Brasil só sabemos o total a pagar sem conhe-cer o valor do imposto.

Fale! Uma outra questão é a da maio-ridade penal. O menor é usado como ferramenta do crime organizado, pois ele está isento da pena. O Sr. é a fa-vor da redução da maioridade penal?Tales de Sá Cavalcante. Sou. Sou a favor porque as coisas evoluíram. A minha filha de seis anos de idade, a partir de dois anos e meio, escolhe a roupa dela. Ela foi para o cinema sá-bado passado comigo e a mãe dela, e ela levou um papelzinho escrito “cho-colate, coca-cola, pipoca”, que era o que ela ia comprar. Então, a criança de hoje é muito mais desenvolvida. O jovem também é. Naquela época, ad-mitia-se que o indivíduo até 18 (anos) não tinha a capacidade de discerni-mento, de autonomia. Mas será que o jovem de 18 (anos) daquele tempo é o mesmo de hoje? Claro que não.

Fale! E a questão da corrupção no Brasil? O Sr. acha que ela é um estí-mulo à violência?

Tales de Sá Cavalcante. Acho que a grande causa da corrupção é a impunidade. Se a legislação for mais dura a situação melho-ra.

Fale! Mas a despeito de tudo o Sr. acredita no Brasil?Tales de Sá Cavalcante. Acre-dito no Brasil. Acho que ele está melhorando, mas há um outro dado aqui que é interessante ci-tar: em 1800, o índice de anal-fabetismo no Brasil era de 90%. Mas em portugal era 80%. En-tão, creio que nós tivemos esse azar: a colonização, eu acho que isso pesa muito.

Fale! Voltando para a questão do negócio. Em qual momento os irmãos resolveram se separar. Os negócios cresceram demais, foi isso que motivou a separação?Tales de Sá Cavalcante. É. Chega uma hora que cada um resolve ter o seu caminho, e, graças a Deus, foi fei-to tudo em alto nível. O jornalista lú-cio Brasileiro cita como um dos raros casos em que irmãos se separaram e ambos cresceram. Fico feliz de saber que o Farias Brito cresceu, e que o Ari de Sá cresceu também.

Fale! O Sr. ficou órfão de pai aos 17 anos. Naquele momento, quem lide-rava a família?Tales de Sá Cavalcante. A liderança era da mamãe.

Fale! Quem teve a idéia da separa-ção: o Tales ou o Oto?Tales de Sá Cavalcante. Quando sur-giu a faculdade, ele pensava a faculda-de de uma forma e eu de outra. Acho que foi melhor para os dois, ele tem os herdeiros dele, nós temos os nossos.

Fale! E como fica a construtora?Tales de Sá Cavalcante. A Cons-trutora hoje está passando por uma nova fase. O João está saindo da par-te educacional e vai ficar só na parte da construtora. Então, eu e minhas duas irmãs vamos ficar na parte edu-cacional e com a Construtora Farias Brito, e o João ficará com as cons-trutoras J Sá e FB Engenharia.

Fale! Não há nenhum trauma? Tales de Sá Cavalcante. Nenhum trauma. Tudo foi de alto nível. n

EDUCAÇÃO

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40 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

Se o Brasil amargou, em 2009, o primeiro resultado negativo do PIB – Produto Interno Bruto – após 17 anos, o Ceará registrou mais uma vez um crescimento bem superior aos índices nacionais. No ano passado, o conjunto de riquezas produzidas no Estado foi 3,1% maior que em 2008 e chegou muito próximo de atingir a marca simbólica de 2% de participação no PIB brasileiro. Ainda assim, a renda per capita cearense foi mais de duas vezes menor que a média nacional. P o r Ad r i ano Que i r o z

Ceará, longe da crise em 2009

Economia

A CRISE ECONôMICA MUNDIAl, QUE ENCOlHEU o pIB de 15 das 20 maiores economias do mundo, incluindo o do Brasil, passou longe do Ceará em 2009. Foi o que revelou o estudo do IpECE – Instituto de pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – anunciado no último dia 11 de março. Enquanto o país registrou retração de 0,2% no conjunto de riquezas produzidas ao longo de um ano, o pIB do Estado cresceu 3,1%, fortemente influenciado pelo

resultado do setor de serviços. No total, o pIB cearense somou R$ 60,79 bilhões, o que cor-responde a 1,96% do pIB brasileiro, que foi de 3,143 trilhões. Esses valores significaram que o cearense médio teve uma renda per capita anual de R$ 7.385,00 – ou R$ 615,41 mensais – e o brasileiro médio teve

rendimentos anuais no va-lor de R$ 16.417,00 – ou R$ 1.368,08.

Os resultados de 2009 mostram que, apesar da eco-nomia cearense ter obtido um desempenho melhor que o da economia brasileira, o cearense médio ganhou ape-nas 44,98% do que ganhou o brasileiro médio. Ainda as-

sim, houve mais a comemorar que a lamentar, segundo a economista do Ipece, Eloísa Bezerra. “O ano de 2009 vai ficar marcado na histó-ria econômica do Estado do Ceará por conseguir resultados positivos, mesmo com a crise internacional e uma frustração na produção agrí-cola, registrando crescimento no pIB, expansão no volume de vendas varejistas, construção civil em alta, recorde na geração de emprego, novos investimentos”, destacou. De fato, com exceção do setor agrope-cuário, que apresentou retração de 9%, os demais setores econômicos tiveram crescimento.

A indústria cresceu 1,1% e o setor de serviços cresceu 5,6%. No ano anterior, os resultados foram in-versos, tendo a agropecuária apre-sentado o estratosférico índice de 24,6% de crescimento, a indústria

registrado a significativa marca de 5,5% de ex-pansão e o setor de ser-viços crescido menos que em 2009, a 5,1%. O crescimento do pIB em 2008 foi maior que o de 2009, ten-

do alcançado a marca positiva de 6,5%. No

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marçO dE 2010 | Fale! | 41www.revistafale.com.br JaNEIrO dE 2010 | Fale! | 41www.revistafale.com.br

0

10

-10

7,5

5

2,5

-7,5

-5

-2,5

Rússia

-7,9

ReinoUnido

-5

Alemanha

-5

Japão

-5

UniãoEuropeia

-4,1

Espanha

-3,6

EUA

-2,4

Grécia

-1,1

Brasil

-0,2

China

8,7

fOntE: OCdE — OrgAnIzAçãO PArA A COOPErAçãO E dESEnVOLVIMEntO ECOnôMICO

Índia

5,6

Indonésia

4,5

Austrália

2,7

O PIB em 2009China e Índia lideram o ranking de melhor desempenho

cálculo do pIB cearense de 2009 o setor de serviços respondeu por 70% e a agropecuária colaborou com cerca de 6% na composição do índice. A indústria por sua vez impacta, em média, por 24% do total das riquezas produzidas no Ceará. Em termos de Brasil, ape-nas o setor de serviços apresentou crescimento, de 2,6%. Agropecu-ária e indústria caíram, respecti-vamente 5,2% e 5,5%.

O crescimento expressivo do se-tor de serviços, falando especifica-mente do Ceará, foi consequência do bom desempenho de todos os seus índices secundários. O maior destaque foi o comércio que cresceu em ritmo chinês, a 10,9%. Também cresceram acima do pIB cearense as atividades imobiliárias (+5,8%), o segmento de transportes (+5,6%), as instituições financeiras (+3,5%) e o segmento de alojamento e ali-mentação (+3,4%). No caso do pIB industrial, apenas um índice ficou negativo, o da indústria de transfor-mação, que teve queda de 3,6%. O extrativismo mineral teve leve alta de 0,8%. A construção civil e o seg-mento energético — que inclui ele-tricidade, gás, água e esgoto – tive-ram crescimentos acima da média

cearense, de respectivamente 4,4% e 7,7%. Por fim, com relação ao mau resultado da agropecuária, as prin-cipais causas foram as perdas nas safras de grãos e na produção de carne bovina e seus derivados.

Os bons números gerais do PIB cearense foram ratificados também pela expansão no mer-cado de trabalho. Em 2009 foram admitidos 379,2 mil trabalhado-

res e demitidos 314,7 mil o que dá um saldo aproximado de 64,4 mil postos de trabalho adicionais criados. O setor de serviços foi o que mais contribuiu com esses índices de ocupação tendo gera-do 21,4 mil postos, dos quais 12,6 mil foram para o comércio e 7,5 mil para alojamento e alimenta-ção. No caso da indústria, os ramos que mais empregaram foram a cons-

CAIXA-ALTA. O secretário da Fazenda do Ceará, Mauro Filho fOtO dÁrIO gABrIEL

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42 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

trução civil e a indústria de transfor-mação que responderam por 9,8 e 21,1 mil postos de trabalho, res-pectivamente.

O Ceará vem apresentando, nos últimos três anos, resultados sempre positivos nesse quesito e, por isso, tem um saldo positivo de 145,6 mil postos de trabalho no

período 2007-2009. O último trimestre do ano

passado apresentou números si-milares aos resultados gerais de 2009. A agropecuária apresentou o segundo pior desempenho tri-mestral do ano com retração de 10,1%. A indústria teve crescimen-to de 1,3% - com destaque para

os ramos da construção civil e de energia, que cresceram respecti-vamente 9,1% e 9,8% - e o setor de serviços teve desempenho 5,8% superior ao do terceiro trimestre – com destaques para o comércio e para as atividades imobiliárias, que tiveram crescimento de res-pectivamente 14,8% e 5,8%.n

ECONOMI A& NEGÓCIOS

10

-10

5

0

-5

fOntES: InStItuO dE PESQuISA E EStAtÍStICA ECOnôMICA dO CEArÁ — IPECE E IBgE

Agropecuária-9,0

-5,2

Indústria

1,1

-5

Serviços

5,6

2,6

Valor adicionado básico

3,6

-0,1

Imposto sobre produto

0,1

-0,8

PIB a preço de mercado (referência)

3,0

-0,2

PIB, Ceará e BrasilDesempenho do Ceará supera a média nacional no PIB de 2009

CEARÁ BRASIL

meta é crescer mais que o Brasil

Os resultados apresentados no último mês de março sobre o Produto interno Bruto cearense em 2009 foram muito comemorados pelo governo do Estado do Ceará. O governador Cid Gomes destacou a necessidade de se “buscar obstinadamente um crescimento sempre maior que o do Brasil. isso porque contamos com cerca de 4% da população brasileira e o PiB ainda está aquém do que deveria ser. Mas,

felizmente, graças aos investimentos que visam o desenvolvimento do Ceará, conseguimos ampliar o PiB do Estado para 1,96% em relação ao PiB nacional”. Cid acrescentou ser o resultado um “avanço que demonstra que estamos indo no caminho certo para reduzir diferenças econômicas e sociais históricas”. Para a secretária de Planejamento e Gestão, Desirée Mota, “o resultado alcançado em 2009 revela que o Ceará vem mantendo um crescimento sustentável nos últimos

anos, puxado pelo consumo interno”.

Já o secretário da fazenda, Mauro filho, acrescentou que entre outras razões para esse aumento do consumo e, por consequência, para os bons números da economia cearense esteve a desoneração de impostos, tanto na esfera federal, quanto na esfera estadual. Mauro filho lembrou, no entanto, que a política tributária cearense vem sendo conduzida de forma agressiva mesmo antes da crise mundial, ao contrário do que ocorreu no caso da redução do

iPi pela União. “Desde 2007, nós estamos reduzindo impostos. O que potencializa esse resultado. ao mesmo tempo, parcelamos também o iCMS para as empresas, melhorando seu fluxo de caixa”, explicou. Entre os produtos que tiveram desoneração de impostos pelo governo estadual, destacaram-se os medicamentos, os gêneros alimentícios, incluindo as bebidas quentes, além de material escolar, de higiene pessoal e de limpeza, bem como a agricultura familiar.

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marçO dE 2010 | Fale! | 43www.revistafale.com.br

Taxa de crescimento (%) por setortrimestre a trimestre

PerÍODO aGrOPeCUÁria iNDÚstria serViÇOs

4º trimestre -9,0 1,3 5,83º trimestre -10,1 2,6 5,62º trimestre -9,3 0,0 5,91º trimestre 3,7 0,3 5,0

fOntE: IPECE

Taxa de crescimento (%) da agropecuária aNO a aNO

atiViDaDe 2007 2008 2009

agropecuária -11,7 24,6 -9,0fOntE: IPECE

Taxa de crescimento (%) da indústria por segmento aNO a aNO

atiViDaDe 2007 2008 2009

indústria 5,2 5,5 1,1extrato mineral 13,3 -4,5 0,8transformação 1,1 3,9 -3,6

Construção 10,1 7,8 4,4energia (eletricidade,

água, gás, etc.) 8,7 8,5 7,7fOntE: IPECE

Taxa de crescimento (%) do setor de serviços por segmento

aNO a aNO

atiViDaDe 2007 2008 2009

serviços 5,8 5,1 5,6Comércio 15,7 9,6 10,9

alimentação e alojamento 1,2 11,8 3,4

transporte 4,4 6,4 5,6instituições financeiras 4,3 6,5 5,6

atividades imobiliárias 6,0 5,0 5,8

administração pública 1,6 1,6 1,6

Outros 3,3 3,7 5,7fOntE: IPECE

Taxa de crescimento (%) por setortrimestre a trimestre

2007 2008 2009 2007-2009

admitidos 295.833 345.458 379.204 1.020.495Desligados 259.111 304.017 314.768 874.896

saldo 39.722 41.441 64.436 145.599fOntE: IPECE

Taxa de crescimento (%) da agropecuária por produção

vegetal e animal (2009) PrODUtO CresCimeNtO

abacaxi -82,6Feijão -48,6milho -29,0

mandioca -25,1melão -19,1

Castanha -13,7melancia -11,9

arroz -4,5manga 0,6Banana 1,5

Côco 2,1

Cana de açúcar 2,3tomate 5,4

maracujá 14,6Leite 22,3

Bovino -15,7suíno 1,4aves 2,9Ovos 21,0

fOntE: IBgE

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44 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

ECONOMI A& NEGÓCIOS

Pela primeira vez, em 90 anos, uma mulher assume a presidência do Centro Industrial do Ceará, a industrial Roseane Medeiros, numa posse concorrida. O CIC é uma entidade fundada em 27 de julho de 1919 que vem cumprindo um papel de estimular o jogo de ideias

CIC, uma mulher na gestão

EM UMA NOITE HISTóRICA, MARCADA pElA pRE-SENçA DE algumas das maiores autoridades políticas e empresariais do Estado, o Centro Industrial do Ceará – CIC – deu posse à sua nova diretoria. O grande destaque do novo corpo dirigente da entidade foi, sem dúvi-da, o início da gestão Roseane Medeiros, a

primeira mulher no comando do CIC em 90 anos de história. A nova presidente promete foco nas demandas do setor produtivo cearense, é contra a

redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a alta carga tributá-ria e a burocracia e a favor do envolvi-mento empresarial com a melhoria na qualidade da edu-cação, com a sus-tentabilidade e com o debate político.

Foram precisos quase noventa anos e sete meses para elas alcançarem o topo. Roseane Oliveira de Medeiros tomou pos-se, no último dia 25 de fevereiro, de um dos últimos postos até então não ocupa-dos por mulheres no

Estado, a presidência do Centro Industrial do Ceará – CIC — entidade classista, sem fins lucrativos, fundada em 27 de julho de 1919. O fato se revestiu de maior importância

Na questão da educação, a sociedade tem consciência de que precisa melhorar. É só olharmos o desempenho muito fraco do Ceará em todos os índices de medição de conhecimento.

RoseAne MedeIRos

ainda ao se considerar o papel político que a entidade desempenhou nos últimos trinta anos. Vale lembrar que, entre outras lideranças da esfera política, o hoje senador e três vezes governador do Ceará, Tasso Je-reissati, do pSDB, começou sua vida de homem públi-co a partir do engajamento nas lutas do CIC. Diga-se de passagem, não só o tucano, mas também muitos outros líderes políticos cearenses em destaque pres-tigiaram a cerimônia que marcou o início da gestão Roseane Medeiros, realizada no auditório da Fede-

A nova diretoria do Centro Industrial do Ceará

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ração das Indústrias do Estado do Ceará — Fiec.

Nesse quesito, o grande desta-que foi a presença do vice-governa-dor do Ceará, Francisco pinheiro, do pT, que surpreendeu a todos ao elogiar a postura oposicionista do senador Tasso Jereissati. Tam-bém renderam homenagens à nova presidente do CIC, a senadora pa-trícia Saboya, do pDT, o deputado federal Raimundo Gomes de Ma-tos, do pSDB, o vice-presidente da Assembléia legislativa do Ceará, Gony Arruda, do pSDB, os depu-tados estaduais Heitor Férrer, do pDT, e Artur Bruno, do pT, a pre-feita luizianne lins, também do pT, o vice-prefeito de Fortaleza, Tin Gomes, do pHS, e o presidente da Câmara Municipal de Fortale-za, Salmito Filho, do pT, além dos ex-governadores Adauto Bezerra e lúcio Alcântara, do pR. Represen-

tando a classe empresarial, estive-ram presentes o presidente da Fiec, Roberto Macêdo, o presidente do Conselho de Administração do Se-brae, Jorge parente, e o empresário e ex-candidato a vice-governador Beto Studart, além do mandatário da gestão anterior do próprio CIC, Robinson passos de Castro e Silva, que, como é de praxe, fez o discurso de boas vindas e cedeu seu lugar na mesa à Roseane.

Atual presidente do SindiCou-ros, Roseane Medeiros é filha de Mariléa ponte de Oliveira e Mar-cílio Browne de Oliveira – que também já presidiu o CIC – e irmã do nove vezes campeão brasilei-ro de windsurf, Marcílio Browne de Oliveira Filho. Tem formação como engenheira civil e é mestre em Engenharia Estrutural. Rose-ane é ainda diretora-presidente e diretora comercial da CV Couros

e peles, empresa fundada pelo pai em 1980. Em seu discurso de pos-se, a nova presidente do CIC falou do desafio de ser uma pioneira no comando da entidade, mas não es-queceu de referir-se ao legado dos pais na formação que teve como profissional e empreendedora. En-tre as bandeiras defendidas para os próximos dois anos, a empresária prometeu um maior apoio do CIC à educação, à sustentabilidade e ao aperfeiçoamento da democracia, mas mostrou-se preocupada com as dificuldades enfrentadas pelo se-tor produtivo no Ceará, tais como a burocracia, a alta carga tributária e o próprio pequeno porte das empre-sas. Roseane Medeiros também elo-giou a base deixada pelo antigo pre-sidente, mas propôs um pacto pelo futuro, inspirado no que o líder sul-africano Nelson Mandela pregou ao assumir a presidência daquele país.

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46 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

O que pensa a nova presidente do CICPrimeiras ações

reunir a minha diretoria, os nossos associados e fazer um detalhamento do nosso plano de ação. Claro que eu espero compartilhar essa gestão com a minha diretoria – uma diretoria eclética, jovem, disposta e alinhada com as propostas do CiC. Então, nós queremos nos reunir e com eles tratar o detalhamento de nossas ações. Porque não é uma gestão da roseane, é a gestão de toda uma diretoria. Eu estou aqui por um mero acaso, mas qualquer membro da nossa diretoria poderia, perfeitamente, estar assumindo essa presidência também.

Como o Ceará pode reduzir o déficit de desenvolvimento em relação à média do país

Nós temos de conscientizar a sociedade de que é preciso um esforço grande. Não é

só um esforço local. Não só depende do nosso governo local. Nós temos que envolver também a nossa representação federal porque, com certeza, o nosso desenvolvimento passa por um esforço federal.

Papel dos governos, da socie-dade e da mídia no desenvolvi-mento do Ceará

O nosso governo já vem fazendo muito para desenvolver o Ceará. O nosso governador realmente tem feito muitas obras de infraestrutura e são ações que dependem também do apoio da sociedade. a questão da educação, por exemplo, é um item que a sociedade de uma forma geral tem consciência de que precisa melhorar, haja vista o desempenho muito fraco do Ceará em todos os índices de medição de conhecimento. Eu quero dizer também que ações transformadoras dependem de governo, da sociedade e de vocês da mídia. Porque, às

vezes, o governo tem de tomar atitudes que, no primeiro momento, vão de encontro às corporações e aqui nós tivemos diversos segmentos de atividade que são bastante corporativos. Então, qualquer coisa que mude, que faça eles saírem da zona de conforto, é sempre traumático. Nisso aí o papel da mídia é muito importante porque vocês têm de esclarecer para a sociedade que determinados avanços dependem de algumas coisas e de quebrar determinadas estruturas.

redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais

Eu acho que isso aí para a competitividade das empresas do Ceará é muito ruim. aqui nós não temos condições de aumentar o nosso custo. O Ceará é um estado muito pobre. Noventa e nove por cento das empresas do Ceará são micro e pequenas empresas. Nessas empresas, normalmente,

os empresários, os empreendedores, trabalham muito mais do que 44 horas semanais porque a carga tributária é muito alta e então o esforço é muito grande para quebrar a barreira do subdesenvolvimento também em relação às empresas, porque pequenas empresas lidam com uma dificuldade muito grande. a grande maioria da população do Ceará é de microempresários. É a pequena padaria, todo esse tipo de atividade de periferia ou mesmo de fora dela, é o pequeno salão de beleza em que a proprietária tem três ou quatro funcionários e, realmente, ela não tem condição de aumentar o seu custo trabalhista. Então, isso é uma coisa que tem de ser questionada, porque, no primeiro momento, como é que se poderia dizer que não é justo. Claro que todo mundo quer trabalhar menos, dedicar mais tempo ao lazer, dedicar mais tempo

robinson Passos de Castro e Silva, ex-presidente do CIC Eu entrego o CiC com envolvimento de muitas pessoas, com a chegada de novos associados, com os profissionais liberais se aproximando e os professores da academia também. Ela terá, evidentemente, a missão de dar continuidade àquilo que a gente fez, prin-cipalmente, na área de educação, mas certamente, como ela vai ser a primeira mulher a presidir o CiC, deverá ter um toque todo especial, feminino. Vai fazer a diferença e, com certeza, vai fazer muito mais do que nós pudemos fazer.

Francisco Pinheiro, vice-governador do Ceará Eu acho que há uma transformação importante das mulheres no Brasil e no mundo, que assumem cada vez mais os postos importantes tanto nas empresas, quanto nos governos, como nos parlamentos. É impor-tante inclusive para democratizar um pouco as relações de gênero, porque nós temos um mundo muito machista, então é muito importante para as mulheres terem também o seu espaço e que elas construam e conquistem esse espaço.

O que pensam da nova presidente do CIC

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marçO dE 2010 | Fale! | 47www.revistafale.com.br

Diretoria do CICBiênio 2010 - 2012Presidenteroseane Oliveira de MedeirosVice-Presidentesfrancisco de Queiroz Maia Júniorfrancisco régis Cavalcante Diasivo Jucá Machadoricardo Pereira Salesruth Maria de Mattos CunhaDiretor AdministrativoJúlio Cavalcante NetoDiretor Administrativo AdjuntoMarcelo Jorge Borges PinheiroDiretora FinanceiraVivian Nicolle Barbosa de alcântaraDiretor Financeiro AdjuntoMarcos de Souza NaspoliniDiretoria ExecutivaDemócrito rocha Dummar filhoHenrique Colin de SoárezJoão Teixeira Júniorrégis Nogueira de Medeirosricardo Bacelar PaivaTales de Sá CavalcanteVerônica Maria rocha PerdigãoVitor Bruno Machado GirãoDiretoria Executiva Adjuntaantônio Marcos ribeiro do PradoGermano Botelho Belchiorisabela Lopes MartinJoão Eduardo arraes de alencarJosé Walter MannarinoLenardo José Saraiva de Castroricard Pereira Silveiraronaldo Cabral NogueiraRepresentante na Zona Nortefernando antônio ibiapina CunhaConselho FiscalLavanery Campos WanderleyLuis Eduardo fontenelle BarrosUmehara Lopes ParenteConselho Fiscal Adjuntoalfredo Dias da Cruz NetoHerbert Pessoa LoboGerardo Sérgio resendeConselho Fiscal SuplenteJoão Eduardo arraes de alencarSimone Melo fridschteinVerônica Maria rocha PerdigãoConselho Estratégicofernando Cirino GurgelJosé Sergio de Oliveira MachadoMarcos flávio Borges Pinheiroroberto Proença de Macêdorobinson Passos de Castro e Silva

até a adquirir novos conhecimentos. isso é incontestável. Mas nós temos que ver o que a sociedade pode assumir. Você não pode comparar, por exemplo, um funcionário do comércio em São Paulo, capital, que gasta várias horas no deslocamento. além disso, o comércio em São Paulo pode bancar a redução para 40 horas semanais, o que não necessariamente precisa ser através de uma mudança constitucional. Se você comparar com uma pessoa que trabalha numa agroindústria no interior do Ceará não tem sentido falar em redução de jornada. a nossa agroindústria também é muito pobre. Então se nós aumentarmos a carga, com certeza, nós teremos problemas de competitividade. a

negociação é sempre o melhor princípio.

maiores dificuldades do empresariado cearense

a carga tributária muito alta, a burocracia imensa. Tudo aqui é muito complicado. O tempo para se abrir uma empresa é enorme. Se você pegar todos os relatórios do Banco Mundial e de entidades globais, em relação às dificuldades de se fazer negócio aqui no Brasil, você vai ver que o país está sempre lá nas piores classificações. Então abrir uma empresa no Brasil é muito difícil. Você admitir ou demitir funcionários é muito complicado. Você tirar uma licença de qualquer coisa para ter seu negócio regularizado é difícil também. Tudo isso aí complica a atividade produtiva e uma coisa é certa: as pessoas querem

empreender, querem ter seu negócio. Mas querem também ter um retorno financeiro. Ninguém vai investir dinheiro para ter prejuízo.

Participação do CIC nos de-bates eleitorais em 2010

Estamos abertos a ouvir os candidatos e a levar nossas propostas. Queremos, principalmente, discutir as propostas que sejam voltadas para o setor produtivo. Provavelmente, traremos como fizemos na última eleição para a prefeitura, especialistas de diversas áreas para debater com os candidatos porque o que nós queremos é objetividade. Queremos que nossos candidatos se comprometam com ações concretas que possam impactar no nosso desenvolvimento.

Roseane Medeiros, presidente do Centro Industrial do Ceará

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48 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

CAR AVAGG IOPURObarrocoUma vida atormentada, refletida em um conjunto de obra com excepcional primazia estética, se tornou, mais uma vez, o centro das atenções do mundo da arte esse ano, mesmo após 400 anos da morte de seu autor

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Cultura

DE 18 DE FEVEREIRO A 13 DE JUNHO, Roma estará tomada por uma mostra de arte já aclamada como a maior do ano. Uma exibição inédita da maioria das obras-primas do gênio barroco Caravaggio, no museu Scuderie del Quirinale, oferece uma oportunidade única para ver obras sem paralelo, que quebraram paradigmas e iniciaram uma nova era da arte clássica, tudo na cidade onde foram concebidas, por um personagem de vida curta e agitada. A partir de uma iniciativa ambiciosa, que envolveu dezenas de museus da Europa e dos Estados Unidos, fãs da arte e turistas

do mundo todo poderão ver algumas peças que nunca saíram de seus museus de origem, e, por isso, devem ser devolvidas antes do fim da exibi-

ção. Aos inte-ressados, mais um motivo para se apres-sar e conferir um evento sem precedentes.

luz na es-curidão. É assim que se reconhece o trabalho de um dos maio-res talentos da arte. Após 400 anos, Mi-c h e l a n g e l o Merisi, mais c o n h e c i d o

como Caravaggio, volta ao centro das atenções com uma mostra úni-ca de seu magnifíco e escasso tra-balho. para comemorar o aniversá-rio de sua morte, 24 das 40 obras certificadas como sendo de sua au-toria estarão em Roma, em um es-forço para dar nova interpretação às peças do chamado gênio lombar-do. O motivo para a grandeza deste feito está na dificuldade histórica de se identificar Caravaggios ori-ginais. Muitos outros quadros já foram atribuídos, ao longo dos sé-culos, a ele, mas só quarenta atual-mente possuem o selo de autenti-cidade. Alguns trabalhos ainda são alvo de divergências entre críticos, e em exibições passadas, trabalhos de sua escola, o Barroco, e de auto-ria questionável, foram incluídas. Na Scuderie del Quirinale, não há dúvida sobre as 24 peças exibidas,

os tRAPACeIRos, 1594. Retratando a vida cotidiana com personagens em um bar, a peça foi cedida pelo Kimbell Arte Museum em Fort Worth, EUA.

dAvI CoM A CAbeçA de goLIAs, 1606-1610. Ao lado, uma pintura de seu período mais tenebroso. Com tom autobiográfico, a cabeça de Golias se assemelha ao autor, que era procurado pela polícia depois de assassinar um rapaz em 1606 em Roma.

algumas nunca retratadas até nos livros mais completos sobre o as-sunto.

A vida atormentada de um far-rista inconseqüente dera espaço, em alguns momentos, para uma arte transformadora no século XVII. Assim era o trabalho de Ca-ravaggio, que só durante 18 anos pintou, com longos intervalos para bebedeiras e festas, além de muitas brigas que o fizeram fugir de três cidades italianas, procurado pela polícia. O caso desse infant terri-ble não é como o de muitos artis-

tas hoje renomados, mas comple-tamente ignorados em seu tempo. Desde o início de sua carreira ele foi reconhecido por suas linhas e um impressionante trabalho com luz. Isso, no entanto, não estimu-lou a criação do artista de tempe-ramento violento, que geralmente produzia por necessidade, durante seus curtos 39 anos de vida.

Apreciador de temas religiosos, foi também o autor da primeira natureza morta italiana. Na mos-tra, seu único trabalho que restou no gênero está presente, o “Cesto

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50 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br50 | Fale! | marçO dE 2010 www.revistafale.com.br

de Frutas”, que nunca havia saído de seu local de origem em Milão, quando foi comprada quatro sécu-los atrás. Os eventos bíblicos, com seu hábil pincel, adquiriam um as-pecto mundano. personagens po-pulares das ruas eram escolhidos pelo mestre para serem retratados como Jesus, Maria ou os apóstolos. A vulgarização desses personagens, em momentos lhe rendeu proble-mas com a Igreja, na época no auge da Contra-Reforma. Cenas da vida cotidiana também foram repre-sentadas em meio ao naturalismo atormentador que consumiu gran-de parte do conjunto de sua obra. Exemplo disso está em uma de suas mais conhecidas pinturas, “Os Mú-sicos”, emprestado pelo Metropoli-tan Museum of Art, em Nova York.

A abordagem da exibição busca um caráter comparativo inédito. Ao invés de possuírem ordem crono-

CULTUR A

lógica, quadros de épocas distintas são colocados lado a lado em com-paração, pela semelhança do as-sunto, como os três quadros de São João Batista. São essas compara-ções que unem toda a composição. A organização da mostra idealizou expor o público a uma experiência intensa, adentrando a essência do trabalho desse artista “terrivelmen-te natural”.

Solitária grandeza. Roma, reunindo a maioria da produção artística de Caravaggio através da Scuderie, aumenta a profundidade desse fato singular com suas igrejas com trabalhos comissionados por ele, a mais famosa delas, a capela San luigi dei Francesi, da série de São Mateus. Roma, tão barroca em suas construções, se tornou, assim, um museu a céu aberto do precur-sor dessa escola. Um verdadeiro pa-

raíso para amantes do artista e da arte em geral.

pela maneira como viveu, e pin-tou, não é de admirar que o inte-resse pelas obras de Caravaggio nos últimos anos tenha crescido, o que contribuiu para o desenvolvi-mento da exibição, que conta com o patronato do presidente da Itá-lia, e totaliza mais de 2 milhões de euros em investimentos. Na estréia do evento, já se contabilizava mais de 50,000 ingressos vendidos em antecedência. pelo tamanho da co-laboração entre museus internacio-nais, e pela própria grandeza dessas obras - reunidas numa cidade que foi essencial para o desenvolvimen-to do trabalho em si - é provável que esse seja um acontecimento que não deverá se repetir no futuro próximo, exacerbando a maestria da condição humana representada nessas obras-primas.n

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Arte sem barreirasa internet universalizou a

informação de muitas maneiras, e um dos maiores beneficiados foram os amantes das artes. Se antes era preciso viajar milhares de quilômetros para conferir de perto os trabalhos de mestres que transformaram a arte com suas visões vanguardistas, hoje, com os sites interativos dos grandes museus, tudo isso pode ser visto de casa. Exemplo disso é o site do tradicional Museo Nacional Del Prado, o maior museu da Espanha e um dos mais importantes do mundo. Em sua galeria online em expansão, 1000 obras do museu já podem ser conferidas pelo internauta. O conteúdo da galeria pretende se igualar ao do acervo original do museu, democratizando a arte para os usuários. Nela, os mais interessados poderão ver alguns detalhes das obras em profundidade.

O museu conta também com o tour virtual das exposições em cartaz. a mostra “a arte do Poder: armaduras reais e retratos da corte” tem extenso tour virtual por cada cômodo da exposição, proporcionando ao internauta uma experiência incrivelmente próxima da possível em uma visita normal ao museu.

além disso, o site oferece jogos infantis, tornando o contato das crianças com a arte prazeroso e estimulando o interesse de futuros admiradores das obras. Os pequenos podem colorir obras lendárias de Goya, montar quebra-cabeças das obras ou distinguir suas diferenças no jogo de sete erros. n

Tocador de Alaúde, 1594.Cedida pelo State Hermitage Museum, em São Petersburgo. Em razão do aniversário da morte de Caravaggio, o museu pediu a devolução antecipada da obra, um mês antes do fim da exposição

Baco, 1597.Cedida pelo museu

de Uffizi, em firenze. Essa obra causou escândalo

à época em que foi concebida pelos

traços femininos de Baco, deus do

vinho e das orgias para os romanos

Coroação com

Espinhos, 1605.

Cedida pelo Kunsthistorisches

Museum, em Viena. Uma raridade,

impressiona pelos detalhes de seus traços realistas

www.museodelprado.es

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CULTUR A

andy Warhol no BrasilEle foi mito e mitificou. andy Warhol vislumbrou tendências da cultura pop como ninguém. Warhol imaginou que o culto à celebridade e a exibição pública da vida pessoal seriam marcas do nosso tempo. E chocou na

sua época, mas hoje traduz um sentimento muito comum de busca à fama e daqueles quinze minutinhos de exposição. O maior nome da arte Pop mitificou em suas obras personagens como Marilyn Monroe e Jackie Kennedy. ao mesmo tempo, objetos ordinários de nosso

dia-a-dia se tornaram foco de seu trabalho em uma referência ao consumismo que, à época, só começava a se instalar e iria assolar os Estados Unidos e o mundo. Hoje, o apelo de suas obras parece óbvio. Mas na metade dos anos 60, chocou a arte norte-americana.

É tendo em vista

essa atualidade que a Pinacoteca de São Paulo traz a partir de 20 de março a mostra andy Warhol, Mr. america, a maior exposição já feita do artista no Brasil, com peças oriundas do andy Warhol Museum em Pittsburgh, EUa. ao todo 169 obras poderão ser contempladas pelos fanáticos de Warhol – que

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não são poucos -, e por curiosos e pesquisadores desse conjunto versátil de trabalhos. 26 pinturas, incluindo a icônica lata de sopas Campbell’s e a série de silk-screens de Marilyn Monroe, 58 gravuras, 39 fotografias, duas instalações e 44 filmes produzidos por ele irão dar ao visitante uma forte dose de Warhol,

mais do que merecida. a exposição, que já passou por Bogotá, na Colômbia, e Buenos aires, argentina, tem atraído milhares de pessoas por onde passou, e não deve ser diferente no Brasil.

as peças foram feitas entre 1961 e 1968, seu período mais produtivo. a morte repentina de Warhol em

1987 só contribuiu para seu mito. O adorador das celebridades tinha se tornado uma delas, seu nome virou marca e seu trabalho tão identificado por ela. Em cartaz por tempo limitado, até 23 de maio, com visitas guiadas e encontros especiais para professores, certamente, o visitante dessa exposição única

irá se deparar com uma profunda reflexão de nosso tempo, mas produzida 40 anos atrás. Warhol poderia ser fã das celebridades e da fama sem conteúdo. Suas obras, porém, vão muito além da superfície, questionando um estilo de vida onde estava imerso e ajudou a propagar em vida e como ícone. n

Na WEB. andy Warhol está nos sites www.warhol.org e no www.warholfoundation.org

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Mulher de cinema a cineasta Kathryn Bigelow quebrou um dos mais controversos tabus na história da premiação de cinema norte-americana. Em 82 anos de história, nenhuma mulher foi agraciada com um Oscar por melhor direção. Kathryn foi somente a quarta mulher nomeada à categoria, e em uma vitória supreendente, levou o prêmio no dia 7 de março e fez história, com

seu filme sobre a guerra do iraque, The Hurt Locker (no Brasil, Guerra ao Terror, em cartaz). formada na prestigiada escola de cinema da Universidade de Columbia, Bigelow, 58, só dirigiu 9 filmes até agora, mas tem talento suficiente para ter derrotado seu ex-marido, James Cameron, na disputa pela estatueta, quando se esperava que ele ganhasse por seu filme avatar.

Conhecida por fazer filmes

com temas associados ao universo masculino, Kathryn começou sua carreira como pintora, e trouxe esse caráter artístico para seus filmes. Depois de seu breve casamento com James Cameron, foi também modelo de um anúncio da marca americana de roupas Gap.

persona

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novA gestão. Em prestigiada solenidade realizada no auditório da fIEC, foi empossada a nova diretoria do Centro Industrial do Ceará - CIC, sob a presidência de roseane Medeiros. fOtOS rOdrIguES

Tasso Jereissati, Roseane Medeiros, Renata Jereissati e Roberto MacêdoIntegrantes da mesa que presidiu a solenidade de posse da nova diretoria da entidade

Ricardo e Manuela Barcelar, Renata Jereissati e Wânia Dummar Fred Saboia e Beto StudartCarlos Fujita, Francisco Pinheiro e Tin Lopes

personaL u I z C A r L O S M A r t I n S

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personaL u I z C A r L O S M A r t I n S

Roseane Medeiros e Patrícia Saboya

Tales de Sá Cavalcante e Jaime Machado Filho

Luizianne Lins e Salmito Filho

Lúcio Alcântara, Roberto Macêdo e Jorge Medeiros

Artur Bruno, Roberto Monteiro e Jorge Parente

Luiz Carlos Martins. De A a z no Caderno Linha Azul, jornal O Estado

Roseane Medeiros e Pompeu Vasconcelos

Bruno Girão e senhora

Ivo Jucá Machado e Marcia Hissa

Nicolle Alcântara, Luizianne Lins e Sara PhilomenoRoseane Medeiros, Tasso Jereissati e Patrícia Saboya

Renata Jereissati, Tasso Jereissati, Roseane Medeiros e Adauto Bezerra Verônica Perdigão e Roseane Medeiros

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hIstÓRIA de vIdA. A saraiva Mega store do Iguatemi foi palco do lançamento do livro “Parece que foi amanhã”, que fala sobre a trajetória do empresário José Macêdo, editado pela omni. fOtOS AuStOn

personaL u I z C A r L O S M A r t I n S

Tânia e Roberto Macêdo Salmito Filho e Roberto Macêdo

Fernando Pontes e Luiz Marques

Eveline e Marcelo Freitas e Renato Bonfim

Carlos Fujita, Expedito Machado, Roseane Medeiros e Beto StudartJosué Neto, Edilmar Norões e Josué de Castro

Na presença de inúmeros convidados, Roberto Macêdo faz a apresentação da histórica obra sobre o empresário, patriarca e cidadão José Macêdo

Rejane e Francisco Auto Filho, secretário da Cultura, e Flávio Paiva

Roberto Macêdo e Jaime Tomaz Aquino Luciana Dummar e Sílvia Góes

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André Azevedo, Luciana Dummar e Roberto Macêdo Renato Bonfim, Beni Veras, Isabela Martin e Luís-Sérgio Santos

Tânia e Helena Macêdo Sérgio e Flávio Macêdo

Vânia Dummar e Expedito Machado

Salmito Filho, Luís-Sérgio Santos, Beto Studart e Fernando Maia

Apresentação da obra

Paulo Mindêllo e Hermínio Resende Arizio e Gabriela de Castro e Sílvia Macêdo

Pedro Gomes de Matos e Naura Franco

No camarote vip: Cléa Petrelli, Luiza e Luizianne Lins, Norma Zélia

José Pimentel e Roberto MacêdoRoberto Macêdo e Edson Silva

personaL u I z C A r L O S M A r t I n S

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tRAdICIonAL bAILe. o espírito de alegria e movimentação deram o tom do quadragésimo terceiro baile do Carnaval da saudade, no náutico.

personaL u I z C A r L O S M A r t I n S

Coroação oficial dos soberanos (Reis e Rainhas) do Carnaval de Fortaleza nos salões do Náutico Atlético Cearense José e Vera Rego

Regina, Marlene e Paulo Mindelo

Islay Rangel e Kaia Catunda Souto Paulino, Lêda Maria e Artur BrunoBeto Studart e Roberto Pessoa

Terezinha e Walmir Rosa Torres Casais Francisco (Mazé) Coêlho e Humberto (Diana) Cavalcante

Luiza Lins

Tânia e João Jorge Vieira Geraldo e Geraldina Bizerra Ubiratan Aguiar, Georgiana (filhas) e Guedes Neto, Lúcio Alcântara e Tin Gomes

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CoQueteL de LAnçAMento. A edição de fevereiro da Revista Fale!, tendo o vice-governador Francisco Pinheiro como destaque, foi lançada durante coquetel realizado no restaurante vojnilô. fotos IrAtuã frEItAS

Marcelo Campelo Feitosa, Luiz Carlos Martins, Francisco Pinheiro e José Antonio Parente da Silva

José Jorge Vieira, Marcos André Borges e Renato Bonfim

Antônio Marques e Cristiane CavalcanteLuís-Sérgio Santos, vereador Paulo Facó e deputado Artur Bruno

Aristófanes e Vânia Canamary

Emanuelle e chef Lúcio Figueiredo, do Vojnilô, Francisco e Margarida Pinheiro

Marcos André Borges, Luís-Sérgio Santos e Alexandre Pereira

Jardson Cruz, Tin Gomes e Sarmento Menezes

personaL u I z C A r L O S M A r t I n S

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Uma recente pesquisa realizada pela Sophia Mind, empresa especializada em comportamento e

tendências no universo feminino, revelou que as mulheres estão à frente de 52% das micro e pequenas empresas, representando 41% da força de trabalho no brasil.

Dessa forma, os indicadores só aumentam e comprovam que elas atingiram seus sonhos sem perder a sua essência. Essa particularidade, por sua vez, é adotada pelos homens no ambiente profissional e usada como qualidade fundamental para um líder. A competência feminina se mantém valorizada por atributos que podem aperfeiçoar o trabalho dentro de uma instituição, como a sensibilidade, a intuição, a compreensão, a paciência, o dinamismo, a inteligência emocional, a facilidade de trabalhar em equipe e o cumprimento de prazos.

O estudo ainda revela que 35% das mulheres assumiram a administração da casa, o que pode não ser um dado tão empolgante. A figura da mulher foi culturalmente moldada como aquela que cuida dos filhos, do marido e dos afazeres domésticos. Mas lembre-se, a

Ela líder: o novo perfil de gestãoPor Eduardo Shinyashiki

Lady Diana é um exemplo de líder que se destacou mundialmente

pelo seu trabalho humanitário

mulheres demonstraram o quanto é importante manter o caráter feminino para otimizar a gestão de pessoas e alcançar metas.

Assim, não podemos esquecer o quanto a mulher contribuiu para as modificações no ambiente corporativo, tornando-o mais harmonioso e didático. Vale ressaltar que, quando citamos características femininas ou masculinas, não é o mesmo que falar dos sexos. uma mulher pode ter aspectos masculinos na liderança de uma empresa, como ser mais racional e focada. O mesmo pode acontecer com o homem, que pode assumir qualidades como compreensão e apoio, provenientes do sexo oposto.

é importante lembrar que o modelo de liderança ideal tende a ser aquele misto, com ambas personificações. é preciso que as habilidades de ambos os sexos se unam para gerar um único modo de liderar, muito mais eficaz e que englobe todas as características exigidas pelas grandes corporações. n

Eduardo Shinyashiki é consultor, palestrante e diretor da Sociedade Cre Ser Treinamentos. Autor do livro Viva Como Você quer Viver, da Editora Gente — www.edushin.com.br.

mulher representa muito mais para o país, ela é uma líder e educadora nata. é ela quem ensina as primeiras palavras ao filho, e é ela que aconselha o marido nos problemas do dia a dia.

Lady Diana é um exemplo de líder que se destacou mundialmente pelo seu trabalho humanitário. Dentre algumas de suas qualidades, a simpatia, simplicidade e sensibilidade são características que fizeram dela a princesa mais querida de todos os tempos. Diana quebrou regras antes jamais ultrapassadas e levou a realeza aos subúrbios do Reino unido. Conhecida como a Princesa do Povo, Lady Di liderou o envolvimento do governo britânico ao combate à AIDS. Assim como Diana, muitas

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