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Revista Locus Científico

A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de EmpreendimentosInovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por umrenomado Conselho Editorial.

ANPROTEC

EXPEDIENTE

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulga-ção da cultura do empreendedorismo inovador eartigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc".

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicosoriginais e trabalhos de revisão na área doEmpreendedorismo Inovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

DIAGRAMAÇÃOConsenso Editora Gráfica (48) 3028 2924

TIRAGEM5.000 exemplares

IMPRESSÃOGráfica Coronário

CONSELHO EDITORIALAfrânio Craveiro (PADETEC)

Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB)

Cláudio Furtado Soares (UFV)

Conceição Vedovello (FAPESP)

Desirée M. Zouain (IPEN)

Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)

Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)

Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)

Jorge Audy (PUC/RS)

José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)

Josemar Xavier de Medeiros (UnB)

Luís Afonso Bermúdez (UnB)

Maria Alice Lahorgue (UFRGS)

Maria Celeste Emerick (FIOCRUZ)

Marli Elizabeth Ritter dos Santos (PUC/RS)

Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)

Paulo Alvim (SEBRAE)

Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)

Roberto Sbragia (USP)

ANPROTEC

DIRETORIA:Guilherme Ary Plonski – Presidente - USP

Gisa Bassalo – UFPA

Francilene Procópio Garcia – UFCG

Josealdo Tonholo – UFAL

Paulo Roberto de Castro Gonzalez – CIENTEC

Silvestre Labiak Junior – UTFPR

Sheila Oliveira Pires – Superintendente executiva

CONSELHO CONSULTIVOFernando Kreutz (Diretor da FK Biotecnologia)José Eduardo Fiates (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor da Fundação Certi)Luís Afonso Bermúdez (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor do CDT/UNB)

Marco Antônio Raupp (Presidente da SBPC)

Maurício Pereira Guedes (ex-presidente da ANPROTEC, COPPE/UFRJ)

Newton Lima Neto (Prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar)

Rafael Lucchesi (Diretor de Operações da CNI)

EQUIPE TÉCNICA ANPROTECCoordenação Unidade Administrativa e Financeira - Francisca Silva Aguiar

Coordenação Unidade Atendimento ao Associado - Fernanda de Oliveira Andrade

Locus Científico - Uma revista ANPROTEC

Editor: [email protected]

ISSN - 1981-6790 - versão impressa

ISSN - 1981-6804 - versão digital

Associação Nacional de

Entidades Promotoras

de Empreendimentos Inovadores

CNPJ: 03.636.750/0001-42

Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C

Salas 208 a 211

Edifício Brasília Trade Center

Brasília - Distrito Federal

Cep 70.711-902 / PABX: (0xx61) 3202-1555

E-mail: [email protected]

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O Conselho Editorial da revista Locus Científico e a Diretoria da ANPROTEC agradecem à atenção e trabalhodedicados pelos nossos assessores ad-hocs, que no ano de 2009 atuaram na avaliação dos artigos e trabalhos doSeminário Nacional, com muito esmero.

Josealdo Tonholo

Editor

Assessores na revista Locus Científico Vol 03 (1-4)(2009):

ADONIAS COSTA DA SILVEIRA

AFRANIO ARAGÃO CRAVEIRO

ALAN ALEXANDER MENDES LEMOS

ANA LÚCIA VITALE TORKOMIAN

CLÁUDIA MARIA MILITO

CLEUSA ROCHA ASANOME

DAVI SALES

EMERSON AUGUSTO MIOTTO CORAZZA

FRANCILENE PROCÓPIO GARCIA

GONÇALO DIAS GUIMARÃES

JORGE LUIS NICOLAS AUDY

JOSE ROBERTO SALOMÃO

JOSEALDO TONHOLO

KATIA AGUIAR

MARCIO JACOMETTI

MARIA ALICE LAHORGUE

MAURO BORGES

NERI DOS SANTOS

PAULO TADEU LEITE ARANTES

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

AGRADECIMENTOS

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LOCUS CIENTÍFICOSUMÁRIO

EDITORIAL

EDITORIALJosealdo Tonholo ................................................................................................................................................ 95

ARTIGOS ORIGINAISCultura do Empreendedorismo Inovador (CEI)

Representações sociais da prática empreendedora no ambiente organizacional de umamultinacional de extração mineralEntrepreneurial pratica and social representation in a multinational enterprise devoted to mineral extraction.Fernanda Maria Felício Macêdo, Diego Luiz Teixeira Boava , Simone Aparecida dos Santos ................................... 96-106

Evolução do número de incubadoras de empresas no Brasil e sua distribuição regional: uma análise travésdo modelo log-linear de taxas de crescimentoEvolution of the number of business incubators in brazil and its regional distribution: an analysis bygrowth rates´ log-linear modelJuliana Franco, Marcelo Farid Pereira, Marcela Gimenes Bera Oshita e Karina Keiko Uchida .................................. 107-114

Habitats de inovação sustentáveis -HISUma proposta de avaliação de maturidade em parques científicos, tecnológicos e de inovação - PCTIsA proposal to evaluate the maturity in science parksMarcelo Amaral, Lygia Alessandra Magalhães Magacho e Marcos Lima ...................................................................... 115-122

Uso Intensivo de Tecnologias (PIT)Metodologia de rankeamento de tecnologias desenvolvidas em laboratórios científicos segundo suaviabilidade de transferência ao mercado através de spin-offsMethod for ranking of technologies developed in scientific labs according the effectivenessof transfer by spin-offSérgio José Mecena da Silva Filho, Leandro Eugenio Faria Tejerina, Natália Marques Malheiros ............................ 123-130

Caros empreendedores,Estamos fechando mais um volume da revista Locus Científico, com a certeza de que a qualidade técnica dos trabalhos publicados está

impactando na nossa comunidade. Recebemos vários e-mails de pesquisadores, gestores e estudantes comentando da excelência da qualidadegráfica e do conteúdo da revista. A qualidade dos temas aqui abordados não é mais que pura conseqüência do trabalho árduo de todos osparticipantes no Movimento Brasileiro do Empreendedorismo Inovador, representado pela nossa ANPROTEC e seus aliados estratégicos. Poroutro lado, reconhecemos que temos faltado com o nosso leitor, particularmente no quesito de regularidade de impressão e na distribuição darevista. Prometemos que vamos trabalhar duro para superar esta falta e atualizar a tiragem da revista, que está indo para os assinantes comalguns meses de atraso.

Quanto ao nosso movimento, destacamos que na última Assembléia Geral da ANPROTEC tivemos mudanças na Diretoria da associação. Apartir do dia 1º. de janeiro de 2010 o nobre e Magnífico Renato Nunes (UNIFEI) e dinâmico Tony Chierighini (Fundação CERTI) passarão a somarsuas energias com os Diretores Gisa Bassalo, Paulo Gonzalez e Francilene Garcia, sob a batuta do Prof. Ary Plonski.

(Aproveito o espaço para agradecer o privilégio que tive em estar com vocês, enquanto Diretor da ANPROTEC, nestes últimos seis anos. Foium momento muito rico e compensador! Por outro lado, não pensem que vão se ver livre de mim J! Continuarei atuando, enquanto forconveniente para a ANPROTEC, na editoria das Revistas Locus e Locus Científico. E aguardem novidades nestas revistas!)

Sobre este número, demo-nos ao luxo de publicar quatro trabalhos em vez dos três tradicionais. Esta decisão é amparada na qualidade dostrabalhos – já citada acima – recebidos pela revista e também os oriundos dos artigos completos apresentados no Seminário Nacional de SantaCatarina. Os dois primeiros trabalhos são da área de Cultura do Empreendedorismo Inovador, sendo um deles apresentado pela equipe daUniversidade Federal de Ouro Preto, correlacionando o saber popular/senso comum com o conhecimento científico e como isto impacta nacultura empreendedora de uma grande empresa. De outro lado, a equipe de Maringá faz uma análise estatística bastante pertinente sobre acriação das incubadoras no país. O que é mais interessante deste trabalho? Resposta: é que já temos números que permitem representatividadeaté do ponto de vista estatístico, como nossas mais de 400 incubadoras espalhadas pelo país. Já os dois últimos trabalhos vêm do Rio deJaneiro. Um trabalho propõe metodologia para avaliar maturidade de parques tecnológicos – bastante pertinente se considerado o trabalho detaxonomia de parques, atualmente desenvolvido pela ANPROTEC a pedido do PNI. Para completar este número, apresentamos a proposta deavaliação de potencialidade de transformação de pesquisas científicas em negócios inovadores, produzida pela equipe da Universidade FederalFluminense – trabalho particularmente importante para instituições que estão estruturando seus Núcleos de inovação Tecnológica e queremtransformar projetos em produtos/serviços inovadores. Quatro artigos que devem ser conservados para serem usados como referência.

Boa leitura!Josealdo Tonholo

[email protected]

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CHENG, L. C. et al.; Plano tecnológico: um processo para auxiliar o desenvolvimento de produtos de empresas de base tecnológicade origem acadêmica. LOCUS Científico, Vol. 1, n. 2, p. 32-40, mar. 2007.

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ZUFFO, M. K. et al. Estudo de Requisitos do Software Embarcado no Segmento da Telemedicina. São Paulo: Escola Politécnicada USP, 2000.

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

Silva Filho, S.J.M., Tejerina, L.E.F., Malheiros, N.M. Locus Científico, Vol.03, no. 04(2009)123-130

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ARTIGO CIENTÍFICO

LOCUS CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO INOVADOR (CEI)

Representações sociais da prática empreendedora noambiente organizacional de uma multinacional deextração mineral

Entrepreneurial pratica and social representation in a multinational

enterprise devoted to mineral extraction.

Fernanda Maria Felício Macêdo1 *, Diego Luiz Teixeira Boava 2, Simone Aparecida dos Santos3

Universidade Federal de Ouro PretoCurso de AdministraçãoRua do Catete, 166, Centro35420-000 – Mariana - MG

E-mails: [email protected] | [email protected] | [email protected]

*autor de contato: Fernanda Maria Felício Macêdo

Artigo submetido em 12 de maio de 2009; Aprovado em 30 de outubro de 2009.

RESUMO

O fenômeno empreendedor se destaca, na atualidade, porseu caráter inovador, podendo ocasionar desenvolvimento eco-nômico. Esse destaque atribuído ao empreendedorismo noâmbito do mundo cotidiano desperta ainda o interesse de in-vestigação de sua prática por parte da comunidade científica,ocorrendo, com isso, a criação de um conhecimento formalsobre o assunto. Nesse cenário, emerge uma problemática depesquisa no tocante a forma como esse conhecimento científi-co é representado no meio comum. Isso se traduz na seguintequestão de pesquisa: Quais as representações sociais da práticaempreendedora podem ser identificadas no universo do sensocomum? No presente trabalho, esse universo se limita ao con-texto organizacional de uma empresa multinacional de extra-ção mineral atuante na região do Quadrilátero Ferrífero, MG.Utiliza-se como referencial a teoria das representações sociais,sendo a natureza da pesquisa de ordem qualitativa e descritiva.Por fim, a pertinência desse trabalho encontra-se na produçãode resultados capazes de evidenciar, ainda que de forma inicial,as dimensões relacionais existentes entre o conhecimento cien-tífico acerca da prática empreendedora e as representaçõessociais assimiladas sobre esse fenômeno, produzidas a partirda lógica da conversação entre indivíduos em um dado espaçode tempo e realidade delimitada, não havendo pretensão degeneralização das conclusões.

PALAVRAS-CHAVE:

ABSTRACT

The entrepreneur phenomenon detach, nowadays, forits innovative character can cause economic development.The prominence given to entrepreneurship in the context ofdaily world awakens the interest of research of their practi-ce by the scientific community, occurring, thus, the creati-on of a formal knowledge about this. In this scenario, a pro-blem emerges from research on how this scientific know-ledge is represented in the common sense. This is reflectedin the following research question: What are the social re-presentations of entrepreneur practice can be identified inthe universe of common sense? In this study, this universeof common sense is limited to the organizational context ofa multinational company active in the Quadrilátero Ferrífe-ro, MG. Is used as reference the theory of social representa-tions, and the nature of the search of a qualitative and des-criptive. Finally, the relevance of this work is to produce re-sults capable of demonstrating, even if the initial form, thesize relationship between the scientific knowledge about theentrepreneur practice and social representations seen on thisphenomenon, produced from the logic of conversation be-tween individuals in a defined period of time and realityenclosed, there is no intention to generalize the conclusi-ons achieved.

KEYWORDS:

Macêdo, F., Boava, D.L.T., Santos, S.A., Locus Científico, Vol.03, nº. 04 (2009)96-10696

ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

• Prática Empreendedora;• Conhecimento Científico;• Representações Sociais.

• Entrepreneur practice;• Scientific Knowledge;• Social Representations.

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Portanto, obtendo a menor pontuação do quadro aci-ma, segundo o método de Borda, o laboratório L3 é o quepossui melhor equipe de pesquisa, seguido pelo L1 e após,o L2.

Tabela 8: Quadro de Rankeamento relativo ao critério 5.

Rankeamento Laboratório1º L32º L13º L2

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

4.4. RESULTADOSA partir dos resultados obtidos acima, relativos às

análises de cada critério, a classificação gerada dos labora-tórios selecionados quanto viabilidade de transferência domeio acadêmico ao mercado por meio de spin-offs que foigerada é a seguinte:

Tabela 9: Quadro de somatórios de resultados.

Laboratórios C1 C2 C3 C4 C5 SomaL1 3 3 1 1 2 10L2 1 1 3 3 1 9L3 2 2 2 2 3 11

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

Tabela 10: Quadro de Rankeamento final.

Rankeamento Laboratório1º L32º L13º L2

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

5. CONCLUSÃOO sucesso do processo de desenvolvimento de spin-offs

acadêmicos depende de uma série de variáveis que vão des-de a percepção de valor da inovação e público-alvo [PULLIGe FARIA, 2008] a capacidade para negócios do pesquisadore o potencial mercadológico de uma invenção [COSTA eTORKOMIAN, 2005]. O presente trabalho tem o objetivo defazer parte do início de todo este processo, buscando solu-ções e provendo uma metodologia para a seleção das me-lhores “sementes” que irão germinar dando origem ao em-preendimento.

As oportunidades oriundas dos laboratórios após asetapas de pesquisas acadêmicas são extremamente amplas,fato que demanda a formulação de um esquema de orde-nação da preferência de investimentos, não significando umarepleta exclusão das tecnologias que não obtiveram melho-res classificações no rankeamento.

Desta maneira, a proposta de uma metodologia derankeamento das tecnologias mais aptas a realizarem o pro-cesso de spin-off, neste contexto complexo que envolve oambiente de transferência de tecnologia, verifica-se funda-mental na prevenção de perdas desnecessárias tanto de tem-po quanto dos limitados recursos disponíveis às universida-des, especialmente às incubadoras de empresas.

A metodologia, por ser abordada através de uma apli-cação simples e objetiva, permite à equipe da incubadora asua adaptação a um grande número de diferentes cenáriose áreas de conhecimento, ao mesmo tempo em que exigedestes a experiência do tomador de decisão.

Com isso, e a fim de que se possa obter sucesso norankeamento de tecnologias mais mercadologicamente com-petitivas, salienta-se que é extremamente importante reali-zar o levantamento de dados e a prospecção dos laboratóri-os de pesquisa com suas respectivas tecnologias, insumosessenciais ao processo de tomada de decisão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVILA, J. P. C. Projeto Inovar: Uma experiência de desenvolvimento institucional para fomento àcriação e ao desenvolvimentode empresas de base tecnológica através do capital de risco. World conference on Business Incubation. Rio de Janeiro,2001.

BRASIL. Lei nº 9472, de 16 de julho de 1997. Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação efuncionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8 de1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9472.htm>. Acesso em: 05 de novembro de 2009.

BRASIL. Lei nº 8666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o artigo ART.37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normaspara licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm>. Acesso em: 05 de novembro de 2009.

BREUEL, C. M.; Redes em malha sem fios. Instituto de Matemática e Estatística, USP, 2004.CARAYANNIS, E.G.; ROGERS, E.M.; KURIHARA, K. & ALBRITTON, M. M.; High-Technology spin-offs from de government R&D

laboratories and research universities. Technovation v. 18. p. 1 – 11, 1998.

Silva Filho, S.J.M., Tejerina, L.E.F., Malheiros, N.M. Locus Científico, Vol.03, no. 04(2009)123-130

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pregada para o desenvolvimento do objetivo proposto, en-fatizando a técnica de pesquisa utilizada na análise dosdados coletados. Por fim, o artigo apresenta algumas con-siderações acerca do que foi produzido.

Ressalta-se que as representações sociais podem so-frer alterações ao longo do tempo, pois como todo fenô-meno social são constantemente ressignificadas pelo serhumano. Ser, esse, dotado da capacidade de atribuir signi-ficado ao mundo. Portanto, não é pretensão generalizar etecer afirmações acabadas e definitivas acerca das conclu-sões dessa investigação. Visa-se, dessa maneira, apresen-tar indicativos acerca do intercâmbio processado entre doisuniversos, científico e consensual, no que tange a práticaempreendedora, circunscrita a realidade organizacional dolócus de pesquisa.

2. TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAISA gênese do conceito das representações sociais re-

mete a questão da existência de uma consciência ou repre-sentação coletiva proposta pelo sociólogo Émile Durkheim.A proposição da existência de tal consciência deriva de umestudo das sociedades marcado pelo objetivo de identifi-car a causa de sua coesão social.

Para Durkheim [2003, p.494], a consciência coletiva éa forma mais elevada de vida psíquica, já que é uma cons-ciência das consciências. Nessa concepção, as representa-ções coletivas referem-se a primazia da sociedade sobre oindivíduo. Herzlich [1991] pondera que o parecer desseautor é deveras restritivo, pois reduz as possibilidades demanifestações individuais, na proporção que o homem devese conformar e aceitar os ditames de um pensamento co-letivo.

No entanto, a teoria das representações sociais nasceem 1961, produzida por Serge Moscovici, em sua tese dedoutoramento denominada La Psychanalyse son Image et

son Public, que visava identificar e analisar a percepçãoque os parisienses possuíam acerca da teoria da psicanáli-se. Assim, essa teoria se preocupa com o estudo do conhe-cimento produzido pelo senso comum.

Nesse sentido, é possível afirmar que Moscovici é umafigura central no estudo das representações, uma vez quesua pretensão era identificar como uma nova teoria cientí-fica ou de cunho político é difundida em certa cultura, deque maneira se modifica e como pode transformar a visãoque as pessoas apresentam de si mesmas e do mundo noqual estão inseridas. Apesar de suas origens na sociologia,a teoria das representações sociais se identifica com as pro-posições da psicologia social, na qual o homem em suaessência é um ser social, que se forma a partir de proces-sos de interação, como a linguagem.

Moscovici [1978] introduz em sua teoria, uma noçãode sujeito ativo e construtor, atribuindo a ação da socieda-de sobre o indivíduo um peso diferenciado do apresenta-do na perspectiva durkheimiana, conforme visto acima.

Assim, é importante destacar que o conceito de repre-

Macêdo, F., Boava, D.L.T., Santos, S.A., Locus Científico, Vol.03, nº. 04 (2009)96-106

1. INTRODUÇÃOA prática empreendedora, um fenômeno que já se ma-

nifestava no cerne do ambiente cotidiano ou senso comum,passa a ser investigada com rigor metodológico intrínsecoà produção científica, ocasionando um enriquecimento nacompreensão das diversas dimensões da mesma.

Devido ao seu estreito relacionamento com o ambien-te empresarial, essa temática é mais comumente abordadapor pesquisadores pertencentes à área de conhecimentoem administração, porém outras ciências como a sociolo-gia, psicologia, economia e a antropologia também inves-tigam o fenômeno em questão. Desse modo, verifica-seque tal prática é multidisciplinar.

Dessa forma, ocorre a criação e constante amadureci-mento de um arcabouço teórico acerca do fenômeno em-preendedor. Assim sendo, emerge uma problemática depesquisa no tocante a como esse conhecimento teórico ci-entífico é assimilado e representado no meio comum. Issose traduz na seguinte questão de pesquisa: Quais repre-sentações sociais da prática empreendedora podem seridentificadas no universo do senso comum? No presentetrabalho, esse universo do senso comum se limita ao con-texto organizacional de uma empresa multinacional deextração mineral atuante na região do Quadrilátero Ferrí-fero, MG.

Utiliza-se como referencial a teoria das representaçõessociais. O estudo das representações sociais teve início como sociólogo Émile Durkheim em 1898, a partir do conceitode consciência coletiva. Posteriormente, Moscovici [2003]passa a abordar as representações sociais como um fenô-meno social, explorando as variações e a diversidade dasidéias coletivas nas sociedades modernas. Esse autor evi-dencia como as representações emergem em lugares co-muns, e são determinadas pelas dimensões físicas e psico-lógicas dos encontros entre seres.

A relevância desse estudo consiste em produzir resul-tados capazes de evidenciar, ainda que de forma inicial, asdimensões de troca existentes entre o conhecimento cien-tífico da prática empreendedora produzido pela lógica for-mal e as representações assimiladas sobre esse fenômenocriadas a partir da conversação entre indivíduos em umdado espaço de tempo.

O escopo desse estudo é descritivo e qualitativo. Cole-ta-se dados a partir de relatos elaborados por gestores damultinacional em estudo, sendo a análise de tais dados efe-tuada segundo a técnica análise de conteúdo. A escolhados sujeitos de pesquisa consiste em um processo não-pro-babilístico intencional. De acordo com Minayo [1998, p.43]a pesquisa qualitativa não pode se basear no critério nu-mérico, para poder garantir representatividade. A amos-tragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidadedo problema investigado em suas múltiplas dimensões.

O artigo é estruturado a partir da apresentação do re-ferencial teórico e produção científica acerca da prática em-preendedora. Na seqüência, será visto a metodologia em-

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também sobre normas, organização da atividade, disciplinainterna e vantagens conferidas aos trabalhadores, com ple-na eficácia jurídica, subordinando-se, no entanto, às leis einstrumentos normativos mais benéficos aos empregados.

Será analisado a seguir o critério por cada tecnologiaestudada:

A ética médica em telemedicina não difere absoluta-mente da ética médica na medicina convencional e pode sersintetizada através de: “Independente do sistema de tele-medicina que utiliza o médico, os princípios da ética médi-ca, a que está sujeita mundialmente a profissão médica,nunca devem ser comprometidos”.

O Código de Ética Médica Brasileiro [1988] cita que évedado ao médico prescrever tratamento ou outros proce-dimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos deurgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, deven-do, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedi-mento.

Também apresenta-se no Código de Ética que é veda-do ao médico dar consulta, diagnóstico ou prescrição porintermédio de qualquer veículo de comunicação de massa,dentre os quais pode-se com certeza incluir a Internet.

O processo de abertura do mercado de telecomunica-ções é composto pela Lei n.º 9.472/97, conhecida como LeiGeral de Telecomunicações (“LGT”), a qual, além de regula-mentar, de forma inovadora, o mercado de telecomunica-ções, atualiza e consolida as disposições que tratavam damatéria de maneira dispersa. Há também uma agência re-guladora das atividades do setor, a Agência Nacional de Te-lecomunicações - Anatel.

A legislação que rege o mercado de telecomunicaçõesé, portanto, moderadamente reguladora, sendo a regula-mentação de empresas e tecnologias do ramo relativamen-te simples de ser concretizada.

Para o estudo referente à tecnologia de otimização deprocessos das indústrias de Petróleo e Gás, cujo empreendi-mento a ser gerado será prestador de serviços para grandesempresas deste setor, faz-se necessário destacar o papel dalegislação reguladora dos processos licitatórios no Brasil.

É possível verificar que a Lei Ordinária Brasileira nº 8666/93, ao determinar a obrigatoriedade da licitação para todasas aquisições de bens e contratações de serviços e obras re-alizados pela Administração Pública, representa uma impor-tante barreira a certos empreendimentos nascentes que nãopossuem os recursos necessários a sua total adequação àtodas as exigências dos processos licitatórios.

Outro importante aspecto que dever ser considerado éa crescente demanda deste setor de atuação, e provenientedas maiores contratantes de serviços especializados, pelahomologação de serviços e por certificações de qualidade,que mostra-se reflexo da grande concorrência entre empre-sas do setor, e que requer das empresas significativa aloca-ção de recursos.

Segue abaixo tabela com o resultado do rankeamentorealizado.

Tabela 5: Quadro de Rankeamento relativo ao critério 4.

Rankeamento Laboratório1º L22º L33º L1

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

4.3.5. Critério C5 - Formação da equipe dolaboratórioNesse critério analisou-se a formação das equipes

de pesquisadores que compõem os laboratórios selecio-nados, onde foi levantado, com a finalidade de gerar apontuação, o número de pessoas que colaboram naspesquisas que possuem mestrado e doutorado, alunosde mestrado, alunos de doutorado e alunos de gradua-ção.

Segundo a Finep (Financiadora de Estudos e Proje-tos, 2009), Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) compre-endem o trabalho criativo realizado de forma sistemáti-ca com o objetivo de aumentar o estoque de conheci-mentos, incluindo os conhecimentos do homem, da cul-tura e da sociedade, e o uso desse destes conhecimen-tos para antever novas aplicações.

É de extrema importância a estrutura de recursos hu-manos e de capital intelectual disponível nos laboratóri-os para que seja implementado assim, um modelo degestão focado na melhoria contínua e suportado por umsistemas de informação robusto.

Para a ordenação foi utilizado o seguinte procedi-mento, para cada colaborador: Doutor receberá pontu-ação 4; estudante de doutorado receberá pontuação 3;estudante de mestrado receberá pontuação 2 e estudantede graduação receberá pontuação 1, sendo cada notareferente a pontuação atribuída a cada qualificação aca-dêmica multiplicado pela quantidade de pessoas.

Tabela 6: Quadro de levantamento de dados relativo aocritério 5.

Laboratórios Mestrado e Doutorandos Mestrandos GraduandosDoutorado

L1 2 5 1 6

L2 5 - - 10L3 4 6 2 2

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

Tabela 7: Quadro de somatório relativo ao critério 5.

Laboratórios Mestrado e Doutorandos Mestrandos GraduandosDoutorado

L1 8 15 2 6L2 20 - - 10

L3 16 18 4 2Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

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sentação social parte da proposição de consciência coleti-va, porém não relaciona indivíduo e sociedade de formadicotômica. Desse modo, o homem não absorve os con-teúdos que a sociedade impõe, ele os reformula, sendo ativoe não passivo diante do mundo.

A partir dessa discussão do papel exercido pelo pensa-mento social, Moscovici [2003] afirma existir três concep-ções que abordam essa temática, sendo essas:

• Concepção sociológica do pensamento social – osindivíduos e a coletividade submetem-se aos dita-mes da ideologia dominante, formulada e introdu-zida por uma determinada classe. É a relação indi-víduo/sociedade definida por Durkheim.

• Concepção Psicológica do pensamento social – osindivíduos captam as informações e conhecimen-tos presentes na sociedade e a reinterpretam deforma a produzir pareceres pessoais e particula-res.

• Concepção Psicossociológica - os sujeitos não sãoapenas receptores de conhecimento e dados, assimcomo não são portadores de ideologias dominan-tes, sendo, de fato, seres pensantes que atribuemsentido ao mundo. A teoria das representações so-ciais respalda-se sobre essa abordagem do papel dopensamento social. Na perspectiva de Friedmann[1968, p.131] é indispensável colocar as represen-tações sociais em relação com o lugar concreto queo indivíduo ocupa na sociedade e com os caracte-res particulares do meio técnico.

Nesse sentido, em uma perspectiva contrária aos estu-dos positivistas e funcionalistas, a teoria da representaçãosocial confere ao homem um caráter construtivo.

Moscovici [1978, p. 28] define representações sociaiscomo sendo um corpus organizado de conhecimentos euma das atividades psíquicas graças às quais os homenstornam inteligível a realidade física e social, se inserem numgrupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam ospoderes de sua imaginação. Corroborando a essa defini-ção, Jodalet [1989] apud Arruda [1992, p.123)] afirma querepresentação social é:

uma forma de conhecimento específico ou sa-ber do senso comum, cujos conteúdos se cons-troem a partir de processos socialmente mar-cados. A representação social não é uma cópiada realidade, um reflexo da realidade, um re-flexo do mundo exterior, ela é a sua tradução,a sua representação pelo sujeito que é um su-jeito ativo.

Nesse sentido, Minayo [1994, p. 158] emite um pare-cer acerca do conceito de representação social, afirmandoque nas ciências sociais essas representações são definidascomo categorias de pensamento e de ação e de sentimen-to que expressam a realidade, explicam-na, justificando-aou questionando- a.

Por sua vez, Guareschi e Jovchelovitch [1994, p.20] pre-

ocupam-se com o processo de formação das representa-ções sociais, afirmando que:

..são formadas quando as pessoas se encon-tram para falar para argumentar, discutir o co-tidiano, ou quando elas estão expostas às ins-tituições, aos meios de comunicação, aos mi-tos e a herança histórico-cultural de suas soci-edade.

Para Jodelet [1989], três fatores devem ser considera-dos na produção das representações sociais, sendo esses:cultura, comunicação e linguagem, inserção socioeconô-mica.

Corroborando com essa proposição, Arruda [2002 p.142] sintetiza que:

... ao ser produção simbólica destinada a com-preender e balizar o mundo, a representaçãoprovém de um sujeito ativo e criativo, tem umcaráter cognitivo e autônomo e configura aconstrução social da realidade. A ação e a co-municação são seu berço e chão: delas provéme a elas retorna a representação social.

Contudo, é importante ressaltar que Moscovici [1978]afirma que nem todo conhecimento pode ser consideradorepresentação social. Para que isso ocorra, segundo Bofime Almeida [1991], as representações necessitam ser produ-zidas de forma coletiva, funcionando como orientador decondutas e comunicações sociais.

Em relação aos objetivos da teoria das representaçõessociais pode-se identificar a sua pretensão de diferenciar ouniverso consensual e universo reificado. Tais universospartem do pressuposto que existem maneiras distintas dese conhecer e se comunicar.

Segundo Sá [1998], o universo reificado é o conheci-mento científico produzido em consonância com regras deuma comunidade acadêmica, enquanto o universo consen-sual é resultado do conhecimento produzido pelas intera-ções sociais, conversação informal, vida cotidiana.

Esses dois universos são diferenciados por suas pro-posições, não podendo estabelecer entre ambos um escalade hierarquia, isto é, afirmar que o conhecimento produzi-do em um universo é mais relevante que outro. A seguir, éapresentado um quadro que visa sistematizar a definiçãoapresentada e considerações elaboradas acerca da distin-ção entre universo consensual e reificado.

A distinção desses universos remete ainda a diferenci-ação dos grupos que formulam um conhecimento a partirde uma lógica formal, daqueles que produzem conheci-mento a partir da simples observação, interpretação e con-versação acerca de uma dada realidade. Nesse sentido, éimportante destacar o papel da lógica formal e da conver-sação no processo de produção, respectivamente, do co-nhecimento científico e das representações sociais.

Segundo Moscovici [1981, p. 187], a conversação estáno epicentro do universo consensual, ela molda e anima

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100 vezes menor do que nas grandes concentrações urba-nas brasileiras. Por outro lado, o país possui uma razoávelinfra-estrutura de telecomunicações, com cobertura por sa-télite abrangendo todo o território nacional que, aliado aodesenvolvimento de novas tecnologias, incrementa o poten-cial de crescimento deste mercado.

Com referência ao laboratório de melhoria e redesenhode processos da indústria de petróleo e gás, observa-se quea demanda para o óleo e o gás natural a nível mundial e aolongo do último século tem sido influenciada pelo desen-volvimento das atividades econômicas, pelo crescimentodemográfico e pela necessidade de energia para usos resi-denciais, industriais e de transporte. O petróleo é a princi-pal fonte de energia do mundo que, juntamente com o gás,representa 52% da totalidade da energia consumida. Nãoadmira, portanto, que os países e as empresas pugnem peloseu monopólio, fato que já deu origem a diversos conflitosnas últimas décadas.

No Brasil esse mercado tem apresentado uma tendên-cia crescente nos últimos anos, impulsionada pelo setor detransformação, juntamente com a indústria (principalmen-te Química e Siderúrgica). A relação entre reservas e produ-ção anual no Brasil também tem apresentado crescimento,principalmente após as últimas descobertas de jazidas naregião Pré-sal, que trouxeram novas perspectivas quanto àprodução e mercado de petróleo e gás natural.

No caso da tecnologia de rede de malhas sem fio, ob-serva-se que a mesma pode ser inserida no mercado globalde Telecomunicações. Redes em malha sem fio (wireless mesh

networks) têm atraído a atenção da indústria e de pesquisa-dores por seu custo reduzido para uma cobertura geográfi-ca relativamente grande, se comparado a outras redes, etambém devido à facilidade de implantação em áreas ondeo uso de infra-estrutura cabeada seria inviável [D. MASCA-RENHAS, M. RUBINSTEIN, A. SZTAJNBERG, 2005].

Segue abaixo tabela com o resultado do rankeamentorealizado.

Tabela 2: Quadro de Rankeamento relativo ao critério 2.

Rankeamento Laboratório1º L12º L33º L2

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005]. 4.3.3. Critério C3 - Investimento Inicial NecessárioPara formulação do critério de investimento inicial ne-

cessário a transferência de tecnologia por meio do spin-off,foram levados em consideração os dados levantados juntoaos laboratórios referentes à necessidade de capital a seraportado para todo o processo.

Pelo conjunto de esforços necessários a alavancagemdo empreendimento nascente denominado por investimen-to inicial, foram tomados por base todos os recursos finan-

ceiros, humanos e de infra-estrutura que deverão ser apor-tados ao longo do processo de spin-off no empreendimen-to, para a garantia de crescimento rápido e sobrevivênciano longo prazo. A tipologia de recursos a serem captadosabrange as três principais linhas de financiamento das maisimportantes entidades de fomento do país: reembolsáveis,não-reembolsáveis e capital de risco.

Para a análise do cenário de disponibilidade de recursosem cada área de conhecimento, foi escolhida a sistematiza-ção de requisitos proposta por AVILA [2001], que propõe aanálise dos fatores de demanda, oferta e ambiente, como aseguir.

Demanda: existência de quantidade adequada de enti-dades financiadoras motivadas a investir seu capital emempresas de crescimento acelerado.

Oferta: existência de um fluxo contínuo de oportunida-des de investimento que torna necessária a constante cria-ção e o desenvolvimento de novos negócios de crescimentoacelerado.

Ambiente: existencia de condições subjacentes que tor-nem baixos os custos de transação, seja para a localizaçãode empreendimentos de alto potencial, seja para a efetiva-ção dos investimentos em diversas etapas,

A aplicação da metodologia para as tecnologias em es-tudo possibilitou a obtenção dos resultados expostos a se-guir:

Tabela 3: Quadro de somatório relativo ao critério 3.

Laboratórios Recursos Demanda Oferta Ambiente SomaNecessários

L1 3 1 1 1 6L2 2 3 2 3 10L3 1 2 3 2 8

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

Tabela 4: Quadro de Rankeamento relativo ao critério 3.

Rankeamento Laboratório1º L22º L33º L1

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

4.3.4. Critério C4 - Legislação/RegulamentaçãoA tecnologia que terá maior facilidade de inserção no

mercado será aquela que se encontra em cenário com me-nor número de barreiras relativas à legislação, regulamen-tação, homologação e códigos de ética, ou seja, uma quetenha um ambiente que incentiva o lançamento da inova-ção ou não o impede.

O conceito de regulamento de empresa consiste numconjunto sistemático de regras sobre condições gerais detrabalho, prevendo diversas situações a que os interessadosse submeterão na solução dos casos futuros. Pode dispor

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as representações sociais, lhes dá vida própria.Para Spink [1995], a matéria prima para construção das

representações sociais advém do universo reificado, no qual

se produz e circula o pensamento erudito. A figura a seguirrepresenta a relação dialética entre senso comum - repre-sentação social e ciência - conhecimento científico.

Universos Consensuais Universos reificados

Indivíduo, Coletividade

Opus proprium Opus alienum

NÓS ELES

Sociedade = grupo de iguais, todos podem falar com a mesma competência; Sociedade = sistema de papéis e classes diferentes – direito a palavra édesigual: experts

Sociedade de amadores, curiosos: conversação, cumplicidade, Sociedade de especialistas: especialidade – grau de participação normas dos impressão de igualdade, de opção e afiliação aos grupos. grupos – propriedade dos discursos e comportamento.

Conhecimento parece exigência da comunicação – Unidade do grupo por prescrições globais, não poralimentar e consolidar o grupo entendimentos recíprocos.

Resistência à intrusão. Divisão por áreas de competência.

Representações Sociais Ciência

Senso comum, consciência coletiva. Retratar a realidade independente da consciência.

Acessível a todos, variável. Estilo e estruturas frios e abstratos.

Figura 1 - Diferenciação: universo consensual x universo reificado. Fonte: Arruda [2002, p.130]

Figura 2 - Relação senso comum e ciênciaFonte: elaborado pelos autores

Berger e Luckmann [1978], analisando a teoria propos-ta por Moscovici explanam que essa ocasiona com a formu-lação do conceito das representações sociais uma valoriza-ção do senso comum, do saber vindo do povo, ou seja, detoda conjuntura de informações produzida em um âmbito“pré-teórico”.

Em relação à estrutura das representações sociais, Mos-covici [1978], afirma que essas possuem duas faces insepará-veis, a exemplo de uma moeda. Tais faces consistem em doisprocessos sociocognitivos que atuam na formação das repre-sentações sociais, sendo esses, a objetivação e ancoragem, eseus desdobramentos como o núcleo central e o sistema pe-riférico. Esses dois processos são, de fato, fundamentos paraconstrução de um saber essencialmente prático.

A objetivação pode ser definida como o processo quese ocupa da estruturação do conhecimento acerca de umdado objeto social, ou seja, é modo pelo qual os conceitosadquirem materialidade. Nesse sentido, a produção abstra-ta se transforma em concreta. Nos dizeres de Moscovici[1978] objetivar é reabsorver um excesso de significaçõesmaterializando-os.

Por outro lado, a ancoragem é um processo diretamenteligado a conferência de sentido aos objetos que se apresen-tam a compreensão humana. É uma fase basicamente sim-

bólica. Pode-se dizer que é inverso a objetivação, na medidaem que se ocupa da absorção do conhecimento objetivo pelohomem, considerando a sua subjetividade. O sujeito procederemetendo o conhecimento novo a algo familiar, trazendopara sua consciência o desconhecido, ou seja, ancora a novi-dade ao efetivá-la como familiar. Moscovici [1978] apresentaque a ancoragem é responsável pela transformação da ciên-cia em referência e em um emaranhado de significados.

A partir da compreensão desses dois processos, pode-se identificar a essência das representações sociais. Para Abric[1994] as representações sociais apresentam um núcleo cen-tral e elementos periféricos.

Essa teoria foi desenvolvida por esse autor, a título decomplementação do trabalho de Moscovici. O núcleo cen-tral consiste em uma conjuntura de elementos altamenteresistentes a mudanças, pois está ligado a memória coletivaconferindo significado, consistência e permanência a repre-sentação. Já os elementos periféricos são um sistema, per-mitindo ao núcleo central adaptar-se a realidade.

Pavarino [2004] afirma que os dois componentes estru-turais das representações sociais procuram explicar as ca-racterísticas contraditórias e complementares das mesmas,de estabilidade/flexibilidade, e de consenso/liderança, a partirde seu funcionamento.

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possível dimensionar o impacto social se a avaliação de re-sultados detectar que o projeto efetivamente produziu osresultados que pretendia alcançar e afetou a característicada realidade que queria transformar.

Será analisado a seguir o impacto social de cada tecno-logia estudada.

O impacto social gerado pela aplicação da tecnologiade tele-saúde é de relevância significativa à sociedade, poistem o potencial de aproximar cada vez mais o paciente deseus cuidadores (corpo clínico e assistencial), tornando pos-síveis consultas, monitoramentos, exames, avaliações e tan-tas outras modalidades quando a distância é fator presentee limitador na atuação de maneira convencional.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Tele-medicina é o uso da tecnologia da informação para entre-gar serviços e informações médicas de um local para outro,e de acordo com Zuffo [2000], nos casos em que a distânciaé um fator crítico, tais serviços são providos por profissio-nais da área da saúde, usando tecnologias de informação ede comunicação para o intercâmbio de informações válidaspara diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças, e acontínua educação de prestadores de serviços em saúde,assim como, para fins de pesquisas e avaliações. Tudo como interesse de melhorar a saúde das pessoas e de suas co-munidades. Num país de dimensões continentais e com ofer-ta assimétrica de serviços na área da saúde, a Telemedicinapode ser uma oportunidade de resolução da dificuldade decomunicação entre instituições de saúde, garantindo a po-pulação uma maior qualidade na oferta dos serviços e be-nefícios do sistema nacional de saúde.

O impacto social gerado pela transferência da tecnolo-gia do laboratório que desenvolve serviços de melhoria eredesenho de processos da indústria de petróleo e gás con-siste da atuação na revitalização do mercado nacional deprestadoras de serviço na área de Engenharia. Essa revitali-zação será possível devido a oportunidade de que empresasde exploração de Óleo e Gás deixem de terceirizar o serviçode controle e otimização de processos no exterior por faltade mão de obra especializada no país, contribuindo para odesenvolvimento e expansão do mercado nacional nestesetor.

Já redes mesh são redes de baixo custo, se comparadasà outras soluções de acesso à banda larga, e de fácil imple-mentação, surgindo assim como uma tecnologia apta a pro-mover inclusão digital e a fazer parte da construção de cida-des digitais, que atendem às estratégias do governo de uni-versalização da banda larga no país. No entanto, cabe res-saltar mais uma vez que essas redes são de difícil adminis-tração e, para facilitar a implantação dos planos de ação degoverno torna-se necessária a utilização de uma ferramentaprática do ponto de vista técnico e do usuário final, desen-volvida em território nacional. A tecnologia de redes emmalha sem fio, segundo C. M. Breuel [2004] surgiu da cons-tatação de que as redes sem fios poderiam ser aproveitadaspara reduzir o custo da “última milha” no acesso à Internet.

Ainda segundo ele, através da colaboração entre os nós, umlink com a rede fixa poderia ser compartilhado, permitindoum uso mais eficiente da banda, evitando o custo da passa-gem de fios até os usuários finais e beneficiando-se da eco-nomia de escala. O uso das redes em malha sem fios tam-bém possibilita acesso em locais onde é difícil ou impossívelcriar uma rede com fios. Estes locais incluem regiões pobrese sem infra-estrutura, ambientes hostis a redes sem fios cen-tralizadas (com muitas barreiras e interferência) e locais ondehaja restrição para a instalação de redes com fio (constru-ções históricas, por exemplo).

C. M. Breuel [2004] cita que talvez os principais empe-cilhos à adoção das redes em malha sem fios sejam as ques-tões econômicas e sociais, uma vez que este tipo de redetem como pressuposto o compartilhamento de recursosentre vizinhos. Os usos comerciais são principalmente deempresas e universidades, que compram soluções de inter-ligação de seus campi. O modelo comunitário pode funcio-nar bem em organizações, como empresas e universidades.Mas quando se trata de indivíduos, é provável que haja con-flitos, na medida em que pode haver abuso na utilização,injustiça nos valores investidos por cada um, ou violaçõesde privacidade.

Segue abaixo tabela com o resultado do rankeamentorealizado.

Tabela 1: Quadro de Rankeamento relativo ao critério 1.

Rankeamento Laboratório1º L12º L33º L2

Fonte: Elaboração própria a partir de Costa [2005].

4.3.2. Critério C2 - Tamanho e Potencial deCrescimento do MercadoConsiderou-se, nesse critério, o segmento do mercado

que a tecnologia está inserida e o seu potencial de cresci-mento nos próximos anos. O nível de aquecimento de mer-cado é fator preponderante no rastreamento de melhoresoportunidades de negócios, pois aumentam as chances dese possuir um mercado consumidor que atenda às expecta-tivas.

Será analisado a seguir o critério por cada tecnologiaestudada.

O produto do estudo desenvolvido pelo laboratório L1está inserido no mercado de Saúde e assistência médica. NoBrasil, segundo M. Zuffo [2000] o potencial do desenvolvi-mento da telemedicina é enorme, bastando lembrar as in-críveis disparidades regionais encontradas no país. Dadosdo Ministério da Saúde [2004] apontam que, enquanto naRegião Sudeste do Brasil gasta-se por ano com saúde a or-dem de R$ 361/ano/habitante, existem cidades da regiãonorte do país onde este gasto é inferior à R$ 3/ano/habitan-te. Ou seja, a proporção de acesso à saúde nestas regiões é

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Abric [2003] destaca cinco funções da ancoragem, ousistema periférico, na dinâmica funcional das representa-ções sociais:

1 -Concretização do núcleo central;2 -Regulação das representações sociais, adaptando-as

a realidade do grupo;

3 -Prescrição de comportamentos, ou seja, o sistemaperiférico influencia e orienta o processo de defini-ção de posições por parte de um indivíduo;

4 -Proteção do núcleo central;5 -Relacionar a elaboração de representações sociais e

a história e experiências pessoais do sujeito.

Núcleo Central Sistema Periférico

Ligado à memória coletiva e a história do grupo Permite a integração das experiências e das histórias individuais

Consensual: define a homogeneidade do grupo Suporta a heterogeneidade do grupo

Estável, coerente e rígido Flexível, suporta contradições

Resiste à mudança Transforma-se

Pouco sensível ao contexto imediato Sensível ao contexto imediato

Gera a significação da representação e determina sua organização Permite a adaptação a realidade concreta e a diferenciação do conteúdo:protege o sistema central

Como se pode constatar, o papel do indivíduo ativo noprocesso de construção da representação social está maispresente no sistema periférico. Sendo assim, nota-se que énesse componente que o sujeito pode deixar de ser aliena-do no tocante a algum objeto ou fato social, uma vez queatravés da sua consciência ele apresenta abertura para con-ferir um novo significado para algo. Logo, os elementosperiféricos constituem uma oportunidade de transformaçãode representações sociais alienadas. Desse modo, analisan-do a teoria das representações sociais conclui-se que essacontribui de forma significativa para compreensão da cons-trução das realidades sociais.

3. PRÁTICA EMPREENDEDORADesde Schumpeter o estudo científico sobre a prática

empreendedora apresenta avanços, estruturando-se basica-mente em duas abordagens: as econômicas e as comporta-mentais. Nesse sentido, será demonstrado a seguir como opensamento econômico e os estudos de comportamentocontribuíram para o estudo do empreendedorismo.

Iniciando a análise da linha econômica, tem-se Canti-llon [1755, 2003, p. 30-33], que em sua obra “Essai sur la

nature du commerce en général”, utilizou o termo entre-

preneur para designar o empresário que corre riscos em suaatividade, seja o produtor, o atravessador ou o comercian-te. É o empreendedor que compra a matéria-prima a umpreço determinado e vende o produto a um preço incerto.

Em Smith [1776, 1985], no tratado “Riqueza das na-ções”, pode-se inferir que o empreendedor tem como fina-lidade produzir dinheiro, sendo um proprietário capitalista,um fornecedor de capital, um administrador entre o traba-lho e consumo.

Say [1803, 2002, p. 60] em seu livro “Traité d’économie

politique” acreditava que o empreendedor é um ser dotadode características ligadas à inovação. Estudioso de Smith,levou as idéias desse autor para a França.

Ademais, observou a inexistência do termo empreen-dedor no léxico inglês:

Figura 3 – Características do Núcleo Central e do Sistema PeriféricoFonte: Mazzotti [2002, p.23]

Os ingleses não têm palavra para designar o em-preendedor de indústria; o que os impede, tal-vez, de distinguir nas operações industriais o ser-viço que presta o capital, do serviço que presta,pela sua capacidade e seu talento, o que empre-ga o capital... A língua italiana, muito mais rica aesse respeito, tem quatro palavras para designaro que entendemos por um empreendedor de in-dústria: imprenditore, impresario, intraprendito-re, intraprensore [SAY, 1803, 2002, p. 60].

Schumpeter [1982] (primeira edição em alemão em 1912e em inglês em 1934) assenta as bases de seu raciocínio nainovação. Visa ir além da mera história da economia e deespeculações teóricas abstratas.

Para tal, utilizou do chamado fluxo circular de produ-ção. Intenta relacionar desenvolvimento econômico comcâmbios endógenos e intermitentes na produção de bens.Esse fluxo circular é uma teoria econômica do equilíbrio geral.Em outros termos, analisa a questão da produção ser umaatividade contínua, sendo que os agentes econômicos repe-tem e fazem previsões acerca de sua produção e vendas.

É uma teoria estática que não contempla cismos e rup-turas. A teoria de Schumpeter, ao contrário, prevê a mudan-ça, através de inovação, principalmente, por meio da “des-truição criativa”, induzida pelo empreendedor, primeiramen-te pela introdução de um novo bem ou de uma nova quali-dade de bem. Em seguida a introdução de um novo modelode produção ou a abertura de um novo mercado.

Knight [1921, 2006] afirma que o empreendedor pos-sui capacidade de prever e lidar com as incertezas e riscosde forma diversa dos outros seres humanos, quando da im-plantação de ações no âmbito empresarial. Argumenta queas situações são previsíveis, não havendo espaço para o lu-cro, que surge em momentos de incerteza.

Casson [1982] acredita que os economistas clássicos re-tiram o papel do empreendedor na geração de lucro, sendoeste um ser especializado em tomar decisões a administrar

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nativas de acordo com as suas preferências, atribuindo àsalternativas preferidas pontos que serão posteriormente uti-lizados para obtenção do resultado final [DIAS et al., 1996].

O método foi apresentado por Jean-Charles Borda em1781, na França para ser aplicado em comitês compostospor mais de um indivíduo (problema multidecisor). Sua idéiacentral consiste em estabelecer uma combinação das orde-nações ou “ranking” individuais estabelecidos por cada umdos decisores em um “ranking” global.

4. METODOLOGIA4.1. Levantamento e seleção de laboratóriosOs aspectos qualitativos e quantitativos da amostra fo-

ram escolhidos com o objetivo de simplificação das ativida-des de levantamento de dados dos laboratórios, servindo opropósito deste trabalho de apenas desenvolver a metodo-logia de rankeamento de tecnologias, para que a mesmapossa ser aplicada posteriormente para todos os laboratóri-os de pesquisa que identifiquem a oportunidade de transfe-rência da tecnologia desenvolvida.

Como resultado desta escolha, foram selecionados trêslaboratórios de pesquisa da UFF que desenvolvem tecnolo-gias em diferentes áreas de conhecimento: Tele-Saúde, Pro-cessos Químicos e Redes de telecomunicações.

O primeiro laboratório selecionado, associado ao Insti-tuto de Computação da UFF e referido na aplicação da me-todologia como L1. A tecnologia que será o objeto de estu-do é a aplicação de técnicas de Computação Ubíqua e Per-vasiva a Tele-saúde, que visa a desenvolver aplicações de telesaúde (remote assisted living), onde dispositivos de moni-toramento, sensores e atuadores podem operar de formaautônoma, mas cooperativa, permitindo o tele-monitora-mento e tele diagnóstico em tempo real de pacientes (prin-cipalmente idosos) com doenças crônicas, em suas habita-ções, sem afetar sua qualidade de vida. Em aplicações detele-saúde, estes dispositivos estarão encarregados da mo-nitoração de sinais vitais, geração de alarmes, e até do acio-namento de dispositivos mais específicos como injetores deinsulina em pacientes diabéticos.

O segundo laboratório analisado é vinculado ao Depar-tamento de Engenharia Química da UFF e é referido nesteestudo como L2. Tem como objetivo realizar pesquisas nasáreas de controle, desenho, simulação e otimização de pro-cessos da indústria de Petróleo e Gás. A partir das tecnolo-gias sendo desenvolvidas, foi identificada a oportunidadede negócio derivada como tendo a forma de uma prestado-ra de serviços na área de Engenharia. O modelo de negóciosfoi considerado inovador, pois atualmente existe pouco ounenhum concorrente no país com a interação com a pesqui-sa acadêmica na base de sua atuação. Este tipo de serviço ébuscado atualmente no exterior pelas principais empresasna área de Óleo e Gás.

O terceiro laboratório, associado ao Departamento deEngenharia de Telecomunicações da UFF e citado na análisede critérios como L3. Selecionamos para a análise compara-

tiva as Redes em malha sem fios, que são redes com topolo-gia dinâmica, variável e de crescimento orgânico, e cujo ro-teamento é dinâmico. Entre as principais vantagens das re-des em malha sem fios está a racionalização de custos. Ocusto dos links sem fios já é mais baixo que o de criar novospontos de acesso com fios, que podem incluir a necessida-de de obras caras, trabalhosas e inconvenientes e o custodo hardware cai rapidamente.

4.2. Estabelecimento dos critériosAo início da análise, foi realizada a definição dos critéri-

os de avaliação, a qual foi possível através de uma pesquisacom consultores e professores universitários da área queorientaram o trabalho à luz do processo de transferência detecnologia, sendo os mesmos classificados, portanto, comoanalistas do processo decisório.

Foram selecionados cinco entre os critérios citados pe-los consultados de maior relevância para a análise, que são:C1 - Impacto social; C2 - Tamanho e Potencial de Crescimen-to do Mercado; C3 - Investimento Inicial Necessário; C4 -Legislação/Regulamentação; C5 - Capacitação da equipe dolaboratório.

4.3. Aplicação da MetodologiaPara a aplicação da metodologia de rankeamento, foi

dado prosseguimento à análise dos dados coletados dos la-boratórios a partir do ponto de vista de cada critério de com-paração, precedidos de uma descrição dos atributos relaci-onados a cada um deles.

Os decisores participantes do processo decisório, cita-dos anteriormente na descrição do método Borda, são mem-bros da equipe da Incubadora de Empresas da UFF que atu-am na área de Seleção de Empreendimentos para Incuba-ção e em atividades de Estudo de Spin-offs Acadêmicos. To-das as decisões foram embasadas em pesquisas específicasrelacionadas a cada critério e a cada tecnologia, levando-seem conta a experiência adquirida no contato direto com asáreas de conhecimento de empreendedorismo e inovaçãotecnológica.

Em cada critério foi atribuída pontuação 1 para a classi-ficação com o pior desempenho, pontuação 2 para o labo-ratório com desempenho intermediário, e pontuação 3 parao que obteve o melhor desempenho. Os resultados do ranke-amento serão apresentados por meio de tabelas inseridasno final da análise de cada critério e no levantamento deresultados finais, após a soma do desempenho de cada la-boratório.

4.3.1 Critério C1 - Impacto SocialO impacto social é um fator muito importante para esse

tipo de análise, pois é um aspecto bastante considerado eanalisado por possíveis investidores. É definido pela mensu-ração do real valor de um investimento social através datransformação da realidade de uma comunidade ou regiãoa partir de uma ação planejada, monitorada e avaliada. Só é

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com recursos escassos. O que o autor fez foi tentar unir oempreendedor com o desenvolvimento econômico.

Por sua vez, com a observação que a “naturalização”do fenômeno empreendedorismo não o explicava por com-pleto, surgem os teóricos da abordagem comportamental(psicólogos, sociólogos etc.) que se contrapuseram a mui-tos economistas que consideravam o homem como umaespécie de engrenagem na dinâmica econômica. Destaca-se que a denominação comportamental, para fins deste tra-balho, é utilizada no sentido de ser assentada sobre a psico-logia do sujeito.

Weber [2004] (publicado originalmente em alemão em1904) identificou o sistema de valores como componenteessencial para a explicação do comportamento empreende-dor. O motivador para quem se estabelecia por conta pró-pria era a religião e/ou o trabalho ético protestante.

McClelland [1961] se propugnou a estabelecer um pa-ralelo entre o progresso econômico e a necessidade de rea-lização.

Collins e Moore [1964] constataram que o ato de em-preender é uma ação imitada dos modelos copiados da in-fância. A partir de uma perspectiva psicanalítica os autoresverificaram a necessidade de autonomia, independência eautoconfiança por parte dos empreendedores.

Drucker [1987] afirma que o empreendedor busca amudança, cria algo novo, sendo inovador e transformandovalores. Consegue ainda viver com as incertezas e riscos queum negócio comporta. Ademais, o empreendedor sabe apro-veitar as oportunidades, que não é necessariamente vistapor outras pessoas.

Ray [1993] acredita que a personalidade do empreen-dedor é preponderante na obtenção de sucesso, pois é elaque ajudará na formação da cultura e valores da empresa.Observa ainda que não existe uma personalidade que pos-sua características tais que sejam condição de sucesso.

Já Timmons [1989] diz que o fator primordial para al-guém ser empreendedor é sua capacidade de empreender.Os comportamentos necessários para tal são: a) aprendercom os erros; b) ter iniciativa; c) ter perseverança e determi-nação.

Filion [1991] apresenta a chamada teoria visionária, apartir de uma abordagem sistêmica, na qual esferas de vidado empreendedor se interagem e se influenciam mutuamen-te – familiar, espiritual, empreendedora etc.

Dolabela [1999] utiliza aspectos ligados ao sonho paraapresentar sua argumentação. A visão é este sonho em ação.Assim, qualquer pessoa pode empreender, desde que tenhacapacidade de sonhar e tenha motivação para transformarem realidade seus desejos.

Paiva Júnior [2004] analisa o empreendedorismo na açãode empreender, a partir da fenomenologia sociológica deSchütz. O fenômeno empreendedor é compreendido sob aótica de dirigentes de empresas de base tecnológica.

O pensamento e a ação empreendedora são fundadosem seis categorias: a imaginação, cultura, identidade, rela-

ções de poder, expertise e a interação social.Os estudos econômicos e comportamentais analisados

anteriormente são importantes para se compreender a prá-tica empreendedora em função de sua complexidade. Alémdisso, fornecem subsídios para a investigação da represen-tação social da mesma.

Dessa forma, após a apresentação introdutória acercado universo reificado da temática prática empreendedora,faz-se necessário compreender os procedimentos metodo-lógicos empregados para identificação das representaçõessociais, presentes no universo consensual.

4. METODOLOGIAEsse trabalho é estruturado a partir de uma abordagem

qualitativa de delineamento na linha da representação soci-al, uma vez que o interesse de pesquisa encontra-se no pro-cesso e na forma como o fenômeno se manifesta. Assim,esse estudo é qualitativo, de cunho exploratório, com cortetransversal. Considera-se este tipo de pesquisa a mais ade-quada para compreender as representações sociais.

Segundo Minayo [1998, p.10], a pesquisa qualitativa é:...aquela que incorpora a questão do significa-do e da intencionalidade como inerentes aosatos, às relações e às estruturas sociais. O estu-do qualitativo pretende apreender a totalidadecoletada visando, em última instância, atingir oconhecimento de um fenômeno que é significa-tivo em sua singularidade.

Nesse sentido, os fenômenos que não prestam a umafácil quantificação são os mais apropriados para serem anali-sados por procedimentos da pesquisa qualitativa que, segun-do Martins e Bicudo [1989] busca diferentemente da pesqui-sa quantitativa, uma compreensão particular daquilo que es-tuda... ela não se preocupa com generalizações, princípios eleis... o foco da atenção é centralizado no específico, no pe-culiar, no individual, almejando sempre a compreensão.

Vale ressaltar que a pesquisa ainda constitui um estudose caso. Segundo Triviños [1987] no estudo de caso, os re-sultados são válidos só para o caso que se estuda. Não sepode generalizar o resultado atingido no estudo de um hos-pital, por exemplo, a outros hospitais. Mas nesse ponto seencontra o grande valor do estudo de caso: fornecer umconhecimento aprofundado de uma realidade delimitada.

- Processo de Coleta de Dados

Os pesquisadores fizeram a opção por uma empresamultinacional de extração mineral atuante na região doQuadrilátero Ferrífero, MG, para realização da presente in-vestigação. A escolha de tal organização para lócus de pes-quisa, se deve as suas características organizacionais, poissendo uma multinacional de grande porte e apresentandoum forte setor de pesquisa e desenvolvimento devido à es-pecificidade de seu produto final, desenvolve ações ligadasa prática empreendedora.

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nologias que possuem as maiores possibilidades de sucessoao serem transformadas em empreendimentos. Isso se deveao fato da alta complexidade e da inúmera quantidade devariáveis que envolvem o processo de surgimento, cresci-mento e consolidação de uma nova empresa. Segundo pes-quisa realizada no ano de 2004 pelo Sebrae (Serviço Brasi-leiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) todo ano, asJuntas Comerciais registram a abertura de aproximadamen-te 470 mil novas empresas no País, porém a maior partedelas não ultrapassa a barreira do segundo, terceiro ou quar-to ano de vida.

Considerando que a infra-estrutura de suporte e os re-cursos de que as incubadoras dispõem são limitados tantofinanceira quanto fisicamente, faz-se necessário o desenvol-vimento de um processo decisório que realize a detecçãodas tecnologias mais capazes de serem inseridas no merca-do. A escolha dos critérios mais significativos nesta seleçãoé de extrema importância para que a taxa de sucesso doprocesso seja ótima.

A finalidade deste presente trabalho é propor umametodologia para ordenar tecnologias desenvolvidas emlaboratórios de pesquisa, segundo critérios específicos decomparação e utilizando o rankeamento através do métodode Borda de apoio a decisão, que fornecerá o embasamentoessencial ao processo de transferência de tecnologia aplica-do pela Incubadora de Empresas da UFF.

2. CONCEITUAÇÃO E PROCESSO DE SPIN-OFFSACADÊMICOS

Como um dos agentes que contribuem para o desen-volvimento sócio-econômico de um país, observa-se que auniversidade vem se transformando ao longo dos anos paraatender esta demanda [MARCOVITCH, 2002]. As instituiçõesacadêmicas têm sido associadas ao crescimento das empre-sas e indústrias de alta tecnologia [UPSTILL e SYMINGTON,2002] e uma das mais importantes contribuições das uni-versidades são as empresas spin-offs [WEBSTER e ETZKOWITZ,1998].

Segundo Carayannis et. al [1998], um spin-off pode serconsiderado um mecanismo de transferência de tecnologiaporque ele é geralmente formado para comercializar umatecnologia que foi originada em um laboratório público deP&D (Pesquisa e Desenvolvimento), uma universidade ou umempresa privada.

Sánchez & Pérez [2000] defendem que os spin-offs deuniversidades desempenham um papel muito importante narede de inovação. Para os autores, a maioria dos spin-offs

acadêmicos surge para materializar, aplicar, difundir ou apro-veitar os resultados de um projeto de pesquisa ou do co-nhecimento tecnológico acumulado na atividade de pesquisado pessoal universitário. A universidade encontra-se no pa-pel de organização “mãe” do processo de spin-offs e a incu-badora de empresas seria a intermediária entre o empreen-dedor e o investidor.

Para Cheng et al. apud Lima e Leite [2009] a primeira

fase do processo de spin-off inicia-se com a pesquisa acadê-mica, com a revisão da literatura e desenvolvimento do con-ceito da tecnologia, no decorrer desta etapa as incertezasassociadas a tecnologia vão diminuindo. Neste momentoquase toda a atenção é dispensada a vertente tecnológica,não sendo mercado e produto alvos de dedicação por parteda equipe. Como produtos da primeira fase são apresenta-dos a construção do protótipo laboratorial, as possibilida-des de aplicação e o resultado da pesquisa expresso sob aforma de artigos, teses ou relatórios.

Na segunda fase produto e mercado são trabalhadosde acordo com cada tecnologia para que aplicações destassejam produzidas de maneira viável economicamente. Nes-te momento a equipe pesquisadora deve optar pela área deaplicação da tecnologia e mercado consumidor desenvol-vendo então o protótipo mercadológico. Como resultadotem-se o plano financeiro, o plano de negócios e o planotecnológico para o desenvolvimento do produto em escalaindustrial.

Os conceitos propostos pelo presente artigo e sua res-pectiva metodologia são aplicados no início da Fase Desen-volvimento do Spin-off Acadêmico, auxiliando no processode afunilamento de aplicações das tecnologias. O trabalhode selecionar e indicar quais projetos seguirão o caminhode spin-off representa o primeiro estágio de avaliação detecnologias segundo critérios de inserção no mercado, mes-mo que as suas aplicações já tenham sido caracterizadas.

Segundo Lima e Leite [2009] o diagnóstico da metodo-logia de rankeamento deve avaliar se os resultados da pes-quisa básica acadêmica do grupo de pesquisadores-empre-endedores envolvido na transferência de tecnologia encon-tram-se no ponto considerado como ótimo para o início daaplicação deste método de formação de spin offs. Segundoas autoras, esta é a definição da primeira etapa de seu “Mé-todo para Promoção de Spin Offs Acadêmicos”, que é suce-dida pelas de: Oportunidades e Aplicações; Priorização; Ex-pectativas: Potenciais Clientes; e Conceito de Produto e Pla-no de Negócio e Tecnológico.

3. MÉTODO BORDA – AUXÍLIO MULTICRITÉRIO ÀDECISÃO

Segundo Costa [2005] o uso de técnicas de auxílio àdecisão tem menor custo do que a experimentação real,permitindo aos gestores estabelecer questionamentos dotipo what if, e reduzir o tempo necessário para a tomada dedecisão.

O Apoio Multicritério à Decisão (AMD) consiste em umconjunto de métodos e técnicas para auxiliar ou apoiar atomada de decisões, quando da presença de uma multipli-cidade de critérios [ROY e BOUYSSOU, 1993]. Os chamadosmétodos ordinais são considerados bastante intuitivos epouco exigentes tanto em termos computacionais quantoem relação às informações necessárias por parte do decisor,conceito definido posteriormente.

Para uso deste método, o decisor deve ordenar as alter-

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Dentro desse universo organizacional, seleciona-se cin-co gestores de área da empresa. Esses estão diretamenteligados a visão organizacional que direciona a prática em-preendedora. Assim, os sujeitos de pesquisa selecionadoselaboraram seus respectivos relatos a partir das seguintesquestões norteadoras:

1. O que é, para você, empreender?2. Como você estimula a prática empreendedora em seu

ambiente de gestão?3. Descreva e comente aspectos de sua vivência como

gestor relacionados ao desenvolvimento da ativida-de empreendedora, que considere mais significati-vos e marcantes.

4. Quais as causas que o levaram a tornar-se empresá-rio? Você se considera um empreendedor?

O prazo estipulado para resposta foi de 3 a 4 semanas,sendo que foi esclarecido aos depoentes que os relatos seriamutilizados em uma pesquisa. Assegurou-se o anonimato e con-fidencialidade em relação à divulgação dos nomes dos cola-boradores. Nesse sentido, para identificar as frases dos sujei-tos será utilizado um código, composto pela letra G – gestorese por números de um a cinco. Exemplo: G01. Os relatos serãoenumerados considerando a ordem de recolhimento.

Técnica de Análise dos Dados

No tocante a interpretação dos relatos de experiênciafoi empregada à técnica de pesquisa análise de conteúdo.Essa técnica é uma estratégia de tratamento de dados ad-vindos de relatos de experiências ou entrevistas gravadas etranscritas. Pode ser operacionalizada, segundo Minayo[1998] em sete etapas: leitura detalhada do material colhi-do; busca dos fragmentos das frases por tema; distinçãopor grifos das frases significativas; definição das unidadestemáticas; classificação das frases significativas por unida-des temáticas; interpretação das frases no contexto da uni-dade temática; produção de considerações acerca do obje-to analisado. Portanto, os dados foram tratados a partirdessas etapas, sendo que as unidades são as estruturas re-levantes presentes na maior parte dos relatos coletados.

5. RESULTADOSAtravés da análise de conteúdo dos relatos coletados,

foi possível a identificação de oito unidades temáticas, sen-do essas denominadas: abertura de novo negócio, motiva-ção e criatividade, sucesso, risco, realização de sonhos, de-senvolvimento de habilidades, intraempreendedorismo e, porfim, empregabilidade. O quadro abaixo expõe as unidadestemáticas:

As unidades temáticas organizadas em categorias e o número dosdepoimentos nos quais elas foram identificadas

Categorias de Unidades Temáticas Número dos DepoimentosAbertura de Novo Negócio 1 – 2 – 4 – 5Motivação e Criatividade 1 – 2 – 3 – 4 – 5Sucesso 1 – 2 – 3 – 4Risco 1 – 2 – 4Realização de Sonhos 1 – 5Desenvolvimento de Habilidades 1 – 4 – 5Intraempreendedorismo 1 – 2 – 3 – 4 – 5Empregabilidade 1 – 3 – 4

Para apresentar os dados categorizados serão extraídas frases dos relatos dos gestores.

Unidade Temática I – Abertura de Novo Negócio

Frases Sujeitos

É estar disposto e entusiasmado a lançar-se em um novo negócio ou desafio; G01Empreendedor para mim é alguém que conhecendo um nicho de mercado, inicia ou dá continuidade a um negócio;Não sou empresário, até que gostaria de ter meu próprio negócio.Não me considero um empreendedor G02Fortalecendo o sentimento de dono... G04A evolução de carreira de um profissional até transformar-se num gestor é conseqüência do desenvolvimento nas competênciaspriorizadas pela corporação. G05

Unidade Temática II – Motivação e Criatividade

Frases Sujeitos

Tudo isso regado a motivação e entusiasmo coletivo. G01Procuro no meu dia a dia delegar, ensinar, exigir cada vez mais e bem feito. Os retralhos devem ser relatadose tratados dentro de uma metodologia.Não procuro culpar as pessoas, mas melhorar o processo cada vez mais.Como gosto do que faço, procuro transmitir o otimismo para as pessoas. G02Ter capacidade de energizar as pessoas, dividir responsabilidades e decisões. G03Criatividade... G04Incentivo a criatividade... G05

ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO INOVADOR (CEI)

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ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

Metodologia de rankeamento de tecnologias desenvolvidasem laboratórios científicos segundo sua viabilidade detransferência ao mercado através de spin-offs

Ranking methodology for technologies developed in academic labsaccording to their market viability through spin-offs

Universidade Federal FluminenseIncubadora de EmpresasOuteiro de São João Batista S/N – CentroCampus do Valonguinho. 24020-141 – Niterói – RJ - Brasil

E-mails: [email protected] | [email protected] | [email protected]

*autor de contato: Natália Marques Malheiros

Artigo submetido em 12 de maio de 2009; Aprovado em 30 de outubro de 2009.

RESUMO

Este artigo apresenta um estudo comparativo acerca daviabilidade mercadológica de tecnologias que são desenvol-vidas em laboratórios acadêmicos de pesquisa, através daproposição de uma metodologia de rankeamento baseadana seleção de critérios e na utilização do Método Borda deapoio a decisão, com o propósito de selecionar as mais pro-pícias a se tornarem empreendimentos bem-sucedidos.

ABSTRACT

This article presents a comparative study concerning themarket viability of technologies developed in academic re-search laboratories, through the proposition of a rankingmethodology based on the selection of a set of criteria andon the usage of the “Borda Count” decision-aid method, inorder to select those which are more likely to become suc-cessful businesses.

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

PALAVRAS-CHAVE:

• Laboratórios acadêmicos,• Transferência de Tecnologia,• Incubadora de Empresas.

KEYWORDS:

• Academic Laboratories,• Technology Transfer,• Business Incubators.

Sérgio José Mecena da Silva Filho, Leandro Eugenio Faria Tejerina, Natália Marques Malheiros*

1. INTRODUÇÃOA Universidade Federal Fluminense (UFF) abriga em suas

dependências ao redor de quatrocentos laboratórios depesquisa atuantes em diversos segmentos acadêmicos. Nes-ses laboratórios são desenvolvidos projetos de pesquisa aca-dêmica e de exploração de novas tecnologias.

A Incubadora de Empresas da UFF tem o papel de pro-mover o desenvolvimento de empreendimentos por meioda conexão de idéias, tecnologia, recursos e pessoas. Reto-mando a proposta do conhecimento que sai da Universida-de para os empreendimentos e retorna pela codificação dosconhecimentos adquiridos, a Incubadora de Empresas se

torna o grande mediador desse processo na medida em queorienta e dá suporte aos empreendedores, tanto na sua for-mação quanto nas atividades de sua empresa.

Em virtude do crescimento a nível mundial das iniciati-vas e projetos ligados à transferência de tecnologia da univer-sidade para a sociedade [WEBSTER e ETZKOWITZ, 1998],nota-se o papel da incubadora de empesas de incentivar odesenvolvimento de spin-offs acadêmicos, buscando noslaboratórios e nas tecnologias ali desenvolvidas oportuni-dades de surgimento de novos negócios derivados de pes-quisas e descobertas científicas inovadoras.

Verifica-se, no entanto, um desafio na detecção das tec-

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Unidade Temática III – Sucesso

Frases Sujeitos

(...)buscando o sucesso como objetivo final. G01

Tenho como exemplo de empreendedores, Ricardo do Ricardo Eletro; Luiza, do Magazine Luiza; Eike Batista, da MMX;

Ermírio de Moraes, da Votorantim e Eliezer Batista, ex Vale.G02

Trabalhar colaborativamente para alcançar metas comuns e resultados positivos. G03

(...) ganhos pessoais, através da satisfação, reconhecimento e sentimento de realização de cada empregado. G04

Unidade Temática IV – Risco

Frases Sujeitos

Ser empreendedor é expor-se a riscos. Os perigos e os desafios vão aparecer diariamente, queiramos ou não. Direcionar os esforços

é apenas parte desse processo. Precisamos tomar decisões que tragam os maiores retornos, tais como: arriscar-se em metas ousadas. G01Buscar diariamente formas de fazer a mesma coisa com o menor custo, etc...

(...) Aceitação ao Risco... Me falta coragem para assumir maiores riscos. G02

(...) ousar... G04

Unidade Temática V – Realização de Sonhos

Frases Sujeitos

Defendo constantemente junto a minha equipe que devemos deixar de ser sonhador para ser um realizador de sonhos;

Sem dúvidas, um dos meus maiores prazeres é ver um sonho tornar-se real e palpável!G01

Empreender é a capacidade de transformar sonhos e desejos em realidade empresarial. G05

Unidade Temática VI – Desenvolvimento de Habilidades

Frases Sujeitos

É algo essencial para o crescimento da empresa e do país. G01

(...) diversificação de atividades. G03

(...) reconhecimento em cada empregado, através da aplicação dos programas participativos. G04

Na minha opinião, há uma diferença considerável entre gestores e empreendedores. Sou um gestor da companhia e me

empenho em aprimorar minha capacidade empreendedora, essencial para a progressão de minha carreira.G05

Unidade Temática VII – Intraempreendedorismo

Frases Sujeitos

Um novo mercado onde o seu produto possa ser aplicado em substituição ao existente.(...) acreditar que velhos caminhos levam sempre aos mesmos lugares e ter em mente que precisa gerar benefícios econômicos, G01sociais e ambientais, assumir hoje posições com quais será possível ter condições de sobrevivência amanhã.

(...) propiciando ganhos no ambiente em que atua. G02

Pensar além do momento presente, analisando cenários internos e externos e percebendo tendências que podem ter impacto

no negócio. Entender do negócio, formular planos de ação que impactem positivamente no negócio.G03

(...) incentivar uma causa...

Desenvolver o espírito empreendedor na equipe certamente traz, além de ganhos quantitativos para a empresa... G04Empreender faz parte da rotina da gerência e do perfil da liderança que se espera no mundo atual.

A forte capacidade empreendedora dos integrantes da alta administração das corporações é essencial e determinante

para o sucesso e a sobrevivência das empresas.G05

Unidade Temática VIII – Empregabilidade

Frases Sujeitos

Empreendedorismo no mundo atual é sinônimo de empregabilidade. G01

Significativo: escolha para o cargo de Gerente na... G03

De forma sucinta, inovação é a exploração com sucesso de novas ideias. E sucesso para as empresas, sempre vai

significar aumento de faturamento, acesso a novos mercados, aumento das margens de lucro, entre outros benefícios.G04

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Figura 4 – Representações sociais da prática empreendedora por gestores de uma empresa de extração mineral atuante na região do Quadrilátero Ferrífero – MGOs sujeitos ao representarem essa prática como abertura de um novo negócio pressupõem que tal ação envolve assu-

mir riscos na criação de um empreendimento próprio, pas-sando de funcionário a proprietário. Todavia, representamainda o empreendedorismo como uma prática possível dese realizar internamente em uma organização, sem que afigura do empreendedor seja coincidente com a do donoda coorporação.

Nesse sentido, observa-se que os depoentes vislum-bram a prática empreendedora como algo que está pre-sente em seu ambiente cotidiano. Tal afirmação se respal-da na representação social motivação e criatividade. Res-saltam que a natureza empreendedora do funcionário éalgo tão demandado pela organização que pode garantira empregabilidade.

Dessa forma, pode-se questionar se há nesse caso umacontradição nas representações sociais identificadas, aopasso que simultaneamente os relatos apontam que serempreendedor é possuir o próprio negócio e ser um funci-onário com perfil empreendedor. Na tentativa de respon-der a tal indagação, necessário se faz recorrer ao universoreificado como fonte de produção de conhecimento lógi-co racional legitimado acerca do fenômeno empreende-dor. Diante disso, tem-se o trabalho de autores que incen-tivam a abertura do próprio negócio em uma conseqüên-cia da realização de sonhos, como Dolabela [1999]; auto-res como McClelland [1961] e Timmons [1989] estudam odesenvolvimento do perfil empreendedor em diferentesambientes e formas.

Logo, observa-se que as representações sociais desse

conhecimento não são contraditórias, mas sim complemen-tares, pois a ação que envolve risco, sucesso, sonho, criati-vidade, motivação, desenvolvimento de habilidades não seprocessa somente na forma de abertura de um negócio.

No âmbito interno de uma empresa, pode-se ocorrer aprática empreendedora como prevê a teoria de Schumpe-ter [1982], que se baseia na mudança, através de inova-ção.

Observa-se que a inovação não foi identificada comouma representação social presente e recorrente da práticaempreendedora nos relatos investigados. Pode-se dizer queo caráter de inovação aparece implicitamente na aberturade um novo negócio. Por conseguinte, esse fato ocasionaum vácuo de representação no tocante a prática empreen-dedora e suas múltiplas formas de desenvolvimento em fun-ção da ausência de menção a inovação nos relatos.

Nessa mesma linha, enumera-se que não houve repre-sentação social da identificação de oportunidades, um dostemas mais trabalhados na pesquisa em empreendedoris-mo, sobretudo por Fillion [1991].

A partir dessa observação, pode-se dizer que há certacorrespondência entre o conhecimento científico e consen-sual produzido acerca da prática empreendedora, isto é,as representações sociais derivam da ancoragem do sabercientífico difundido objetivamente via conversação.

Contudo, devido ao contexto intraorganizacional, aanálise de alguns processos de ancoragem indica a ocor-rência de uma confusão semântica na ligação obrigatória

ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO INOVADOR (CEI)

Assim, diante dos resultados identificados foipossível formular um esquema, apresentado na fi-

gura abaixo, a fim de ilustrar as representações so-ciais.

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Análise1

SA obteve 86 pontos situando-se na faixa de alto desenvol-vimento enquanto PPT obteve apenas 53 pontos. A tabela 1mostra a simulação feita para avaliar os dois ambientes. Em uma

avaliação comparativa fica claro, em cada um dos critérios, pos-sibilidades e/ou necessidades de melhora possíveis para os ambi-entes estudados. O PPT por estar em um estágio de menor evolu-ção tende a ter mais pontos identificáveis de intervenção.

1 Os dados qualitativos foram levantados entre os anos de 2007 e 2008 e atualizados conforme o conhecimento dos autores e envolvimento direto com os ambientesestudados. Por exemplo, desde o levantamento dos dados houve uma piora da condição das instalações físicas da Petrópolis Tecnópolis a partir do encerramento dasatividades da FUNPAT no espaço denominado Tecnopólo 1.

Tabela 1 – Critérios e avaliação qualitativa ponderada

Critérios PT Sophia Antipolis

Peso nota x peso nota X

Tempo de implantação 1 1 1 2 4 8

Apoio governamental 2 2 4 3 4 12

Participação da sociedade local 3 2 6 2 3 6

Envolvimento de U e Centros de P 2 2 4 2 2 4

Apoio de inst. financeiras/fomento 3 2 6 1 3 3

Ancoras (empresas e inst.) 3 2 6 3 3 9

Espaço físico 3 2 6 3 4 12

Estrutura de Gestão 1 3 3 1 3 3

Liderança 1 2 2 2 4 8

Divulgação/promoção/animação 3 2 6 3 3 9

Qual de vida/ ambiente de trabalho 3 3 9 3 4 12

Soma 25 - 53 25 - 86

Mesmo levando em conta algumas distorções, devido àsopiniões e experiências pessoais dos autores, a aplicação des-sa metodologia de análise no caso do PPT permite concluirque os resultados até agora conseguidos são razoáveis parauma aglomeração de empresas de software, mas modestospara uma tecnópolis. Levando em consideração o impulso quevem sendo dado a outros PCTIs mais próximos de centros ge-radores de conhecimento, só uma ação vigorosa e abrangentepode recolocar o PPT na agenda das ações importantes nocontexto do desenvolvimento regional e nacional. Ações comoa ampliação do apoio do governo local, da atração de umauniversidade com P&D e o desenvolvimento de lideranças lo-cais. No caso de SA a atração de instituições financeiras, parti-cularmente venture capital, a simplificação da estrutura degestão e a atração de unidades de P&D e centros acadêmicos,bem como um laboratório do governo federal, poderiam am-pliar ainda mais o sucesso obtido por este parque.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAISO objetivo do artigo foi discutir o desenvolvimento de

ambientes de inovação, particularmente os PCTIs. Esta discus-são tem como base a crença de que estes ambientes são resul-tantes das interações universidade-empresa-governo analisa-das pelo modelo da TH. Assim, foi possível aplicar o conceitode maturidade para as relações entre estes atores e identificarum conjunto de critérios que permitiram avaliar a evolução e/ou o estágio de desenvolvimento do ambiente de inovação.

A partir dos onze critérios identificados realizaram-seestudos de caso descritivos e em seguida desenvolveu-se umaavaliação quantitativa que permitiu hierarquizar e comparar

os ambientes, algo necessário para o desenvolvimento de umcritério estrito de maturidade. Neste sentido, há uma claradisparidade entre a consolidada tecnópole francesa e o frágilPPT que pode ser identificada na descrição de ambos e torna-se mensurável com a avaliação realizada.

Outra possibilidade é a utilização da ferramenta paradesenvolver diagnósticos e planos estratégicos e de ação parao incremento de ambientes como os PCTIs. Há uma contri-buição à TH para que esta seja uma ferramenta de proposi-ção de política e estratégia de desenvolvimento regional.

A proposta de maturidade ainda precisa ser melhor de-senvolvida visto que existem discussões relevantes (no cam-po das ciências sociais) sobre transformar uma avaliação qua-litativa em quantitativa. É preciso criar um consenso sobre oscritérios chave para avaliação de projetos dessa natureza, bemcomo o peso ideal a se atribuir a cada critério em contextosespecíficos. Além disso, é importante reduzir o grau de sub-jetividade das “notas” de cada item e o fato de serem poucosos respondentes da pesquisa, como no caso desta simulação,sugere-se que essa ferramenta seja submetida ao maior nú-mero possível de atores envolvidos com os PCTIs em análise.Assim, pode-se controlar o viés individual com medidas dedispersão. Finalmente, é preciso notar que a análise quanti-tativa proposta não deve ser utilizada em substituição, masem complementação à abordagem qualitativa. Sugere-se queos pontos fracos identificados sejam discutidos em fóruns dedesenvolvimento local para que estratégias de fortalecimen-to sejam produzidas de forma colaborativa entre todos osinteressados nas esferas acadêmica, empresarial e governa-mental.

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que se estabelece entre a prática empreendedora e criaçãode novo negócio, sendo essa somente uma das formas dese realizar empreendedorismo. Essa discrepância é bastan-te relevante, pois mostra a ciência o que deve ser mais apro-fundado, para assim ser objetivado claramente pelo ho-mem em seu ambiente cotidiano. Assim, ocorrem dúvidasainda na definição clara do fenômeno empreendedor.

Portanto, tal discrepância permite a visualização da di-nâmica apresentada pela figura 2 na parte do referencialteórico, na qual a ciência e o senso comum se tornam in-tercambiáveis, na medida em que, a ciência problematizaalgo que se processa no senso comum, investiga-o comrigor metodológico, produzindo um saber científico que érepresentado pelo senso comum, sendo que as implicaçõesdessas gerarão novas problemáticas de pesquisa, configu-rando um ciclo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAISFoi possível identificar que os sujeitos representam, em

seu âmbito social, a prática empreendedora a partir de oitoelementos, sendo esses: abertura de novo negócio, moti-

vação e criatividade, sucesso, risco, realização de sonhos,

desenvolvimento de habilidades, intraempreendedorismo

e empregabilidade.

Essas representações sociais refletem a ocorrência decerta equivalência entre o conhecimento científico da prá-tica empreendedora e sua assimilação em saber prático,ou senso comum pelo grupo em estudo. Tal fato indicaque o saber produzido no universo reificado está parcial-mente próximo da realidade funcional prática do ato deempreender, pois nota-se algumas pontuais discrepânci-as.

Dentre essas pontuais discrepâncias, tem-se a questãorelativa ao significado da prática empreendedora, pois paraos sujeitos a prática empreendedora é abrir um próprionegócio, mas simultaneamente, essa prática ocorre no am-biente organizacional de sua empresa, via intraempreen-dedorismo. Além disso, os depoentes destacam como re-quisito para a empregabilidade do funcionário apresentarperfil empreendedor. Logo, observa-se que o conhecimentocientífico acerca do empreendedorismo necessita se apro-fundar mais nas investigações acerca dos seguintes questi-onamentos: O que é empreendedorismo? Como é ser em-preendedor? Em que ambientes se processam a prática em-preendedora?

Observa-se que as representações sociais de empreen-dedorismo são fracionadas, assim como o conhecimento

reificado, não apresentando uma visão holística sobre ofenômeno empreendedor.

Outra discrepância identificada devido essa questão doestudo fracionado do empreendedorismo se deve a ausên-cia de representação social desse fenômeno ligada a ino-vação e identificação de oportunidades. Ou seja, para es-ses sujeitos as representações da prática empreendedoraestão mais direcionadas ao despertar de habilidades emseus funcionários, via motivação, sonhos, criatividade, istoé, prioriza-se as pessoas e não o processo de produção,embora espera-se que as pessoas motivadas, criativas eávidas por realizar seus sonhos aumentem seu desempe-nho e conseqüente produtividade. Nesse caso, faz nova-mente necessário evidenciar que o empreendedorismo émais que uma técnica motivacional, pois pode gerar a des-truição criativa tal como descreve Schumpeter [1982].

Ocorre ainda, a não compreensão que a prática em-preendedora está além de abrir um negócio e sonhar. Con-tudo, observa-se que os avanços da ciência no tocante aoestudo do empreendedorismo são representadas no sensocomum de forma equivalente, como a abertura do próprionegócio em uma conseqüência da realização de sonhos,pesquisado Dolabela [1999] e a formação do perfil empre-endedor que assume riscos, desenvolve habilidades, buscaatender as suas necessidades, em diferentes ambientespesquisado por autores como McClelland [1961] e Timmons[1989]. Assim, o caráter confuso e incompleto das repre-sentações sociais reflete a fase pré-paradigmática na qualse encontra a produção científica do empreendedorismo.

Desse modo, após o desenvolvimento da pesquisa, emum recorte da realidade, acredita-se que a resolução doquestionamento proposto foi um objetivo alcançado.

Assim, as representações identificadas nessa pesquisadevem ser interpretadas como um indicativo da necessida-de de se aprofundar a pesquisa cientifica acerca do signifi-cado do empreendedorismo e suas múltiplas dimensões deprática, pois o senso comum não representa claramente oempreendedorismo, na proporção em que na ciência nãohá respostas holísticas legitimadas acerca desse fenômeno.

Contudo, faz-se necessário ressaltar que o resultadologrado por essa pesquisa não apresenta caráter conclusi-vo, sendo produto de uma análise do processo de objeti-vação e ancoragem do conhecimento acerca da prática em-preendedora do grupo delimitado. Além disso, é precisofrisar novamente que as representações sociais são transi-tórias, uma vez que são passíveis de ressignificação pelaconsciência humana.

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agência Team Cote d’Azur, responsável pela atração de novosinvestimentos, pela promoção do empreendimento e pelo acom-panhamento das empresas lá instaladas; b) a SAEM, responsá-vel pelo manejo do solo, comercialização de áreas novas, ela-boração dos contratos e desenvolvimento dos projetos de in-fra-estrutura, urbanismo e arquitetura; essa entidade recebeorientação política do Sindicato SYMISA (o Sindicato dos AlpesMaritimes - SAM, criado posteriormente e integrado por repre-sentantes dos governos locais, da Câmara de Comércio e daUniversidade, dedica-se ao desenvolvimento do Parque); e c) aFundação Sophia Antipolis, presidida por Pierre Laffitte, encar-regada da divulgação da SA, realização de eventos promocio-nais, relações internacionais e de interações com investidores.

Certas empresas e instituições construíram seus própriosedifícios, alguns deles muito sofisticados, como o Centro Mun-dial de Reservas da Air France e o Centro de P&D da Amadeus ITGroup; muitas empresas pequenas e médias, além de firmas deconsultoria, preferiram alugar espaços em prédios construídospor investidores.

No parque funcionam duas incubadoras de empresas queseguem dois modelos bem diferentes: a PACA EST, mais tradici-onal e multidisciplinar, ligada à Universidade de Nice, e a Tele-com ParisTech Eurecom Entrepreneurs, integralmente privada eunidisciplinar. A Telecom ParisTech é uma Escola Superior deTelecomunicações, uma das mais antigas da França; mantémum ramo dedicado ao empreendedorismo. A atividade de incu-bação funciona desde 1999, tendo abrigado 126 projetos, amaioria dos quais bem sucedidos.

Petrópolis - Pode-se caracterizar o PPT como um conjuntode empresas de base tecnológica, interagindo com instituiçõesde ensino e pesquisa, utilizando mão de obra altamente quali-ficada e recebendo forte estímulo governamental, atuando nacidade de Petrópolis e vizinhança, tendo por objetivo promovero desenvolvimento econômico regional. Petrópolis é a principalcidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, situadaa 59 km da capital. De acordo com o censo de 2000 do IBGEtem uma população de 287 mil habitantes e renda per capita

de R$ 6.400.O movimento das tecnópolis no Brasil tem suas raízes nas

mudanças das políticas de ciência e tecnologia adotadas pelogoverno a partir da década de 80, assim como nas mudançasocorridas no cenário político nacional, privilegiando as esferaslocais e estaduais e fortalecendo os planos regionais voltadospara o desenvolvimento econômico. Houve uma primeira ten-tativa nos anos 80 que não gerou os resultados esperados, maspreparou o ambiente para o processo iniciado em 1998.

A ação chave deste processo de retomada foi a mudançapara Petrópolis, do Laboratório Nacional de Computação Cien-tífica - LNCC, que estava anteriormente instalado no Campus

da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro. OLNCC é um dos mais importantes centros de P&D do país e quepode gerar “transbordamentos de conhecimento” suficientespara o desenvolvimento de uma indústria de tecnologia na ci-dade, principalmente ligadas às tecnologias da informação econhecimento.

O Protocolo de Intenções que formalizou a criação do PPTfoi assinado em 22 de outubro de 1999, tendo como signatári-os: o Ministério de Ciência e Tecnologia, o Governo do Estadodo Rio de Janeiro, a Prefeitura de Petrópolis, a Federação dasIndústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) e a Fundação Parque deAlta Tecnologia - FUNPAT. Neste protocolo foi instituído umConselho Deliberativo, para liderar e implantar o projeto nomunicípio, formado por 21 instituições locais e regionais, ca-bendo a presidência à FIRJAN e a coordenação à FUNPAT.

Entre 2000 e 2003 foram realizadas diversas iniciativas deimplantação de instalações físicas, desenvolvimento de proje-tos, atração e criação de empresas, tendo como resultado aampliação da massa crítica de empreendimentos e o enreda-mento dos atores. Merecem destaque a criação dos Tecnopolos1 e 2 (instalações físicas), do Grupo de Empresas de Tecnologiade Petrópolis – GET (rede de empresas) e das unidades de pes-quisa Centro de Inovação Microsoft (antigo C²IT - Centro deCompetência em Informática e Telecomunicações) e Centro deCompetência em Engenharia de “Software” (C²ES). Tentativasde desenvolver incubadoras de empresas também ocorreramsendo a mais bem sucedida a do LNCC que permanece ativa.

Em 2003 foi elaborado um novo Planejamento Estratégicocom vigência até o ano de 2007. Houve uma mudança no mo-delo de gestão e foi criado um Conselho Gestor para ser o res-ponsável pela coordenação do PPT. Assim, a FIRJAN, a FUNPATe a Prefeitura Municipal deixaram de ser os atores líderes, au-mentando o envolvimento do GET e assumindo o LNCC as fun-ções de coordenação. Novo foco foi estabelecido para garantirapoio à organização de APLs nas áreas de biotecnologia, tele-comunicação e desenvolvimento de “software”.

No caso do PPT, os resultados até agora alcançados po-dem ser avaliados pela implantação de empresas no local. Cer-ca de 80 empresas se instalaram na cidade; a maioria, no en-tanto, é de pequeno porte, com poucos empregados. Há umconjunto de cerca de 40 empresas de desenvolvimento de sof-tware, com competências reconhecidas nacionalmente, permi-tindo a atração de novas empresas. Merece destaque tambéma atração do Centro de Terapia Celular da Excellion, e a instala-ção da Taho, na área de comunicação de dados, voz e imagem.As estatísticas sobre criação de empregos, faturamento dasempresas, arrecadação de impostos são muito deficientes. Osdados sobre patentes ou publicação de artigos científicos nãosão relevantes.

Assim, o PPT pode ser considerado um APL de Softwarerazoavelmente bem sucedido, mas hoje não se pode caracteri-zar o PPT como um caso de sucesso como Parque Científico eTecnológico, embora esse o quadro possa ser revertido depen-dendo das ações futuras [DA POIAN, 2008]. HOFFMAN & AMA-RAL [2007] analisaram três fases do projeto (1998-2000, 2001-2003, 2003-2006] e geraram configurações das relações uni-versidade-indústria-governo argumentando que o projeto evo-luiu de uma baixa conexão entre os atores para uma configura-ção dominada pelas associações empresariais e, mais recente-mente, para uma configuração mais balanceada. Faltam, con-tudo, lideranças capazes de motivar e envolver os atores.

ARTIGO CIENTÍFICOHABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS -HIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do por DA POIAN [2008], em uma avaliação quantitativa quepermita o desenvolvimento de uma métrica de comparação en-tre os PCTIs, possibilitando a sua classificação em níveis distin-tos de maturidade. Para tal, cada um dos onze critérios pode seravaliado em uma faixa de 1 a 4, sendo que 1 significa “ruim oucritério sem importância”, 2 significa “razoável ou mediano”, 3significa que o parque está “bom” no critério, e 4 é a melhoravaliação, na qual o parque é “muito bom ou excelente” nocritério analisado.

Algumas simulações foram feitas e concluiu-se que serianecessário também ponderar os onze critérios, visto que elestêm importância distinta em ambientes distintos. Optou-se poruma ponderação com valores entre 1 e 3, sendo 1 para menorimportância, 2 para importância mediana e 3 para máxima im-portância relativa do critério. Fez-se ainda uma opção na qual asoma das ponderações teria como resultado 25. A motivaçãodesta limitação é garantir um equilíbrio entre os critérios consi-derados mais, menos e medianamente importantes. Desta for-ma, a multiplicação entre a avaliação e a ponderação dos fato-res atingirá um mínimo de 25 pontos e um máximo de 100pontos. Os parques situados na faixa entre 80 e 100 pontospodem ser considerados com alto grau de maturidade. Entre 60e 80 pontos estariam em um nível intermediário de evolução.Por fim, abaixo de 60 pontos em um nível de baixa maturidadenas relações universidade-empresa-governo

2.5 Aplicação PilotoA aplicação piloto foi realizada comparando-se o projeto

de Tecnópolis de Petrópolis (PPT), no estado do Rio de Janeiro,com a sua inspiração, a tecnópole francesa Sophia Antipolis (SA).Para a compreensão da avaliação de cada um dos onze critériosadotados é apresentado um breve histórico dos dois ambientes.

Sophia Antipolis - O conceito do Parque SA, na região deNice (França), teve sua origem num artigo publicado pelo pro-fessor e depois diretor da Escola de Minas de Paris, Pierre Laffit-te, no Jornal Le Monde, em 1960, sob o título “Latin Quarter in

the Fields”. Ele desenvolveu um projeto de uma cidade interna-cional da Ciência, das Artes e da Tecnologia com a idéia de criarum centro de “fertilização cruzada” entre empresas “high-tech”e centros de pesquisa, longe de Paris, num lugar de especialbeleza, como a Côte d’Azur. A idéia foi gradualmente ganhandoapoio governamental em diversos níveis. Em 1969 foi criada aAssociação SA e três anos depois, em 1972, o projeto foi apro-vado por um Comitê Interministerial para o Manejo do Territó-rio. SA foi o primeiro Parque Tecnológico criado na Europa, pou-co antes do de “La Zirst”, perto de Grenoble [LONGHI, 1999;LIMA et al, 2009].

A área escolhida era totalmente coberta por vegetação na-tural e abrangia partes do território de cinco municípios – Anti-bes, Biot, Mougins, Valbonne e Vallauris. O Projeto previa queos prédios a serem construídos mantivessem uma harmonia coma paisagem e que dois terços da superfície total de área verdefossem preservados. A área foi posteriormente ampliada, atéatingir os 2.300 ha atuais, sendo necessário para tal incorporarpartes de mais quatro municípios – Villeneuve-Loubet, La Colle-

sur-Loup, Opio e Roquefort-les-Pins.A primeira fase do projeto, que durou da década de 60

até meados dos anos 70, consistiu essencialmente de articula-ções políticas e alianças para viabilizar a área e a infra-estrutu-ra física do parque. A credibilidade do projeto, tido como irre-alizável por muitos atores chaves, ganhou força com a atraçãode algumas grandes empresas internacionais para a região (IBM,Texas, Thomson). O fato de o aeroporto da cidade turística deNice ser o segundo da França, bem como a reconhecida quali-dade de vida da região, foram fatores decisivos. Data tambémdeste período a criação da Universidade de Nice e a implanta-ção da prestigiosa École de Mines, por influência direta do se-nador Laffite, professor da instituição.

Entre 1974 e 1985 houve um período de “crescimentoaleatório” do parque com a instalação de grandes empresas einstituições públicas sem uma estratégia de atração definida;ao final de 1986 o Parque de SA era considerado um sucesso,com 460 empresas e instituições lá instaladas, ocupando maisde 6.000 pessoas, mas estava longe da visão de “espaço defertilização cruzada” de Laffite.

O movimento de atração da primeira fase conheceu umcrescimento exponencial na segunda etapa, entre 1985 e 1990,quando o parque tornou-se a destinação preferida de grandesgrupos multinacionais interessados em criar bases de pesquisaeuropéias, longe da vida estressante das grandes metrópoles.A direção do parque procurou posicioná-lo como um clusterde excelência em tecnologia de informação. O ambiente enso-larado da riviera francesa, aliado à disponibilidade de infra-estrutura de ponta em tecnologia de comunicação e informa-ção, fez o número de empregos saltar para 15.000 em 1989.

A partir do início da década de 90 uma série de reestrutu-rações de políticas de investimento em P&D das multinacio-nais fez diminuir substancialmente o volume de investimentosexternos no parque. A dificuldade de atrair multinacionais foicontrabalançada por um esforço redobrado de “endogeniza-ção” do crescimento. Neste mesmo período foram criadas as-sociações inter-empresariais como o Telecom Valley, o High-tech Club e a “Maison des Entreprises”, em um esforço de in-cremento das atividades de fertilização cruzada [LONGHI, 1999].

O período atual é marcado pela consolidação do cresci-mento. Embora novos centros de P&D e design continuem aser atraídos, poucos têm a escala ou intensidade tecnológicados atraídos na segunda metade da década de 80. Atividadesde suporte não estritamente ligadas à produção de conheci-mento foram incorporadas ao portfólio, que hoje conta com1.400 empresas e mais de 30.000 empregos. A área de tecno-logia de informação e comunicação responde pela maioria dospostos de trabalho (43%), seguida por serviços gerais (30%),com 12% dos empregos em ensino / pesquisa e 9% em ciênci-as da vida.

A área construída, ocupada por empresas e outras entida-des, é superior a 1 milhão de metros quadrados. Existem maisde 2.000 unidades residenciais e 8 hotéis, complementadospor áreas para a prática de esportes e centros comerciais.

A gestão da SA está dividida entre três entidades: a) a

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ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO INOVADOR (CEI)

Evolução do número de incubadoras de empresas no Brasile sua distribuição regional: Uma análise através do modeloLog-Linear de taxas de crescimento

Evolution of the number of business incubators in brazil and its regionaldistribution: an analysis by growth rates´ log-linear model

Departamento de EconomiaUniversidade Estadual de MaringáAv. Colombo, 5790 – Bloco 14CEP 87020-900 – Maringá-PR-Brasil

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*autor de contato: Marcelo Farid Pereira

Artigo submetido em 12 de maio de 2009; Aprovado em 30 de setembro de 2009.

RESUMO

As incubadoras de empresas atuam como um mecanis-mo de catalise e prospecção dos ativos tecnológicos, contri-buindo de forma efetiva para o desenvolvimento econômicosustentável. Dada a relevância do tema para o desenvolvi-mento da economia local e nacional, este artigo analisa aevolução do número das incubadoras de empresas brasilei-ras e sua distribuição regional, utilizando como ferramentalde análise o modelo log-linear de taxas de crescimento. Coma pesquisa, verificou-se que o Brasil ampliou significativamenteo número de incubadoras entre 1988 e 2009, cuja taxa mé-dia de crescimento anual é de aproximadamente 27% ao ano.No entanto ao analisar separadamente os períodos de 1988a 1999 e 2000 a 2009, verificou-se que o primeiro períodoapresentou taxas médias de crescimento superior ao segun-do período analisado, evidenciando uma maior importânciadada ao fortalecimento e investimento na infra-estrutura dasincubadoras já existentes. No que se refere a distribuição re-gional, a região Sul e Sudeste concentram o maior númerode incubadoras, em torno de 70% e os estados que mais sedestacam em relação ao número de incubadoras são o Esta-do do Rio Grande do Sul e o de São Paulo.

ABSTRACT

The incubators act like a mechanism of tired and limningof the technological assets, contributing in the effective formto the economical sustainable development. When the rele-vance of the subject was given for the development of thelocal and national economy, this article analyses the evoluti-on of the number of the incubators of Brazilian enterprisesand sweats regional distribution, using how instrument ofanalysis the log-linear model of growth rates. With the inqui-ry, one checked that Brazil enlarged significantly the numberof incubators between 1988 and 2009, whose middle tax ofannual growth is of approximately 27 % to the year. Howeverwhile analyzing separately the periods from 1988 to 1999and 2000 to 2009, one checked that the first period presen-ted middle taxes of growth up to the second analyzed peri-od, showing up a bigger importance given to the strengthe-ning and investment in the infrastructure of the already exis-tent incubators. In what the distribution refers, the Southand South-east region they concentrate the biggest numberof incubators, around 70 % and the states that more standout regarding the number of incubators it is the State of RioGrande do Sul and of Sao Paulo.

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

PALAVRAS-CHAVE:

• incubadoras de empresas,• distribuição regional,• taxas de crescimento.

KEYWORDS:

• incubators of enterprises,• distribution,• growth rates.

Juliana Franco, Marcelo Farid Pereira*, Marcela Gimenes Bera Oshita e Karina Keiko Uchida

Franco, J., et al., Locus Científico, Vol.03, no. 04(2009)107-114118

Especialistas em gestão iniciaram, principalmente na dé-cada de 90, a elaboração de dezenas de guias e padrões degestão de projetos. O PMBOK é um dos exemplos, hoje é ametodologia reconhecida na área de gestão de projetos. Outromodelo relevante que trata a maturidade é a certificação dequalidade ISO, que é uma garantia da competência da empresaem repetir e documentar seus processos de produção. Assimexistem hoje cerca de 27 modelos de maturidade [PMI, 2003apud ROCHA e VASCONCELOS, 2004].

A discussão também está presente no movimento de in-cubadoras e parques tecnológicos. Modelos como o CERNE (Cen-tro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) daANPROTEC e o Estrategirama (ferramenta para avaliação deparques tecnológicos criado por Luiz Sanz, diretor da IASP) tra-tam a discussão sobre processos e estágios distintos de maturi-dade dos ambientes de inovação [ANPROTEC, 2009].

Assim, é possível afirmar que um modelo de maturidadefunciona como um guia para a organização, de tal maneira queela possa localizar onde está e como está, para em seguida,espelhando-se nele, realizar um plano para que ela possa che-gar a al-gum ponto melhor do que o atual, na busca da exce-lência.

A proposta de inovação neste artigo diz respeito à idéia deutilizar o conceito de maturidade, que em geral é aplicado deforma interna nas organizações, para avaliar a relação entreorganizações, conforme proposto por Greiner, particularmenteaquelas componentes de um ambiente de inovação pressupon-do a interação como elemento fundamental.

2.3 Critérios de avaliaçãoDa Poian [2008] faz parte de um grupo de autores [LUGER

e GOLDSTEIN, 1991; CABRAL e DAHAB, 1998; LONGHI, 1999;ZOUAIN, 2003; NILSSON, 2006] que identificam os fatores desucesso na implantação de PCTIs. O autor propõe um modeloqualitativo de avaliação do estágio de desenvolvimento de taisambientes de inovação levando em conta, conforme a nature-za do empreendimento, a concentração de atividades de altoconteúdo tecnológico, a atração de um número expressivo deempresas ou centros de P&D e/ou a criação de novas empresaspor incubação ou por geração de spin-off. Há ainda fatores doponto de vista acadêmico, como a identificação do conheci-mento científico traduzido em trabalhos técnicos publicados epatentes requeridas, e, ainda, do ponto de vista econômico acriação de novos postos de trabalho, especialmente em fun-ções de alta qualificação, bem como o faturamento, as expor-tações e arrecadação de impostos expressivos.

Baseado na literatura citada, onze pontos essenciais, sãoconsiderados como fatores de sucesso de um projeto dessanatureza, dando-se a cada um deles um peso maior ou menor,em função da natureza do ambiente de inovação.

O primeiro ponto é o tempo de implantação. Deve-seconsiderar que é necessário certo tempo desde o início efetivodo processo para a obtenção de todas as aprovações necessári-as, para o comprometimento dos atores envolvidos e para aconsolidação dos apoios financeiros. Considera-se que antes

de 8 anos é difícil dizer que a implantação foi concluída comsucesso; por outro lado se o sucesso não começar a surgir de-pois de 10 a 12 anos, o projeto começa a entrar em descrédito.

Os segundo e terceiro pontos são complementares. De umlado o apoio governamental, pois um projeto deste tipo nãoserá bem sucedido se não obtiver um forte apoio do GovernoFederal ou local. Do outro lado, a participação da sociedadelocal por meio da mobilização, especialmente dos empresárioslocais representados por seus órgãos de classe, e da mídia, éfundamental para o crescimento do parque, mesmo que asempresas âncoras iniciais venham de fora.

Os quarto e quinto pontos também se complementam, poissem recursos não há pesquisa. De um lado, o envolvimentode Universidades e Centros de Pesquisa (mais tecnológicado que científica), visto que é essencial que as empresas encon-trem um respaldo para seu desenvolvimento e que novas em-presas surjam de incubadoras. De outro lado, o apoio de insti-tuições financeiras e de fomento para viabilização das obrasfundamentais de infra-estrutura da área, para melhoria da in-fra-estrutura urbana da região, para a realização de estudos deviabilidade e atividades de promoção e divulgação, apoios fun-damentais para o desenvolvimento desses ambientes. O sextoponto é a existência de âncoras empresariais e institucio-nais, pois a atração de algumas empresas de renome e maiorporte, assim como de instituições de ensino e pesquisa públi-cas, é fundamental para dar impulso às decisões de outrasempresas.

Para que as empresas se instalem e cresçam é necessário osétimo ponto, o espaço físico com adequada urbanização deuma área, o oferecimento de infraestrutura de transporte ecomunicação, o tratamento paisagístico para criar um ambien-te agradável à inovação, a construção de condomínios empre-sariais para oferecer espaço adequado e a baixo custo às em-presas de menor porte e outros.

Os oitavo, nono e décimo pontos são internos ao PCTI. Éfundamental uma boa estrutura de gestão, competente, di-nâmica, criativa e de baixo custo, para atrair empresas e pres-tar os serviços necessários. Associada à liderança, reconheci-da, dedicada, atuante, persistente, capaz de remover obstácu-los. Esse líder deve ser o paladino da divulgação/promoção/animação do empreendimento, pois tais atividades são funda-mentais para atrair empresas, obter apoios financeiros e políti-cos, manter um alto grau de satisfação entre os empresários eas pessoas que trabalham no PCTI.

Por fim, é importante ressaltar a influência de uma boaqualidade de vida e ambiente de trabalho (décimo primeiroponto), mais do que em outros empreendimentos, tendo emvista a natureza das atividades que se pretende aglutinar emum PCTI e as características criativas e inovadoras do pessoalque lá trabalha, o oferecimento de um ambiente de trabalho ede uma qualidade de vida diferenciados é fundamental.

2.4 Avaliação quantitativaEste artigo apresenta a proposição da transformação dos

onze critérios qualitativos de avaliação de sucesso, desenvolvi-

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técnica, serviços de suporte gerencial e administrativo, en-tre outros, as empresas incubadas possuem um índice desobrevivência, segundo a ANPROTEC (Associação Nacionalde Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores),em torno de 93%.

Neste sentido, as incubadoras surgiram como uma al-ternativa para quem pretende permanecer no mercado e in-vestir, a baixos custos, na inovação de produtos e processos.Além disto, as incubadoras de empresas atuam como ummecanismo de catalisação e prospecção dos ativos tecnológi-cos e conhecimentos desenvolvidos nas Instituições de pes-quisa e ensino superior parceiras, ajudando na transforma-ção de idéias inovadoras em empresas, gerando novas pa-tentes, empregos, renda e, conseqüentemente, divisas para aregião, ou seja, contribuindo de forma efetiva para o desen-volvimento econômico sustentável.

Atualmente, a partir de dados da ANPROTEC [2009],existem cerca de 400 incubadoras de empresa em operaçãono Brasil, classificadas como tecnológicas, tradicionais e mis-tas, distribuídas entre as diferentes regiões brasileiras.

Assim, diante da importância econômico e social das in-cubadoras de empresas para as regiões em que estão locali-zadas, tendo em vista o expressivo crescimento do setor, suastransformações e seu potencial como aceleradoras da cria-ção de novos negócios em todas as áreas, torna-se essencialanalisar as características e o desenvolvimento do setor aolongo dos anos.

Portanto, a pesquisa em questão tem como objetivo prin-cipal analisar a evolução do número de incubadoras de em-presas no Brasil e a sua distribuição regional, durante a pri-meira década do século XXI.

Para isto serão coletados e analisados dados e informa-ções acerca do número de incubadoras em operação, comoelas estão distribuídas geograficamente, tipos de incubado-ras existentes e sua evolução no tempo, além de dados defaturamento e empregos gerados. Ainda, como ferramentalde análise, serão elaboradas taxas médias anuais de cresci-mento através do modelo de regressão log-linear.

O presente artigo esta estruturado da seguinte forma: aprimeira seção apresenta uma breve introdução da pesquisa;a segunda seção abordará os aspectos históricos das incuba-doras de empresas no Brasil e suas características; a terceiraseção descreve a metodologia da pesquisa e o modelo log-linear, que será utilizado para calcular as taxas de crescimen-to; a quarta seção apresentará a evolução do número de in-cubadoras, sua distribuição regional e as taxas médias de cres-cimento. Por último, tem-se a conclusão da pesquisa.

2. ASPECTOS HISTÓRICOS E CARACTERÍSTICAS DASINCUBADORAS DE EMPRESAS NO BRASIL

Os EUA foram os pioneiros no surgimento das incuba-doras de empresas, por volta de 1950, na região do Vale doSilício. Estas incubadoras tinham parcerias com Universida-des e Centros de Pesquisas Locais, sendo uma forma de in-centivar universitários recém - graduados a se tornarem em-

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1.INTRODUÇÃONo Brasil, os anos 90 foram marcados por ajustes na

economia com a reforma do Estado, estabilização da infla-ção, abertura econômica, aprimoramento das leis de comér-cio, seguida de uma valorização cambial, gerando várias con-seqüências sócio-econômicas para o País. Estas mudançasconjunturais levaram ao aumento da concorrência entre asempresas, que tinham que se adaptar as evoluções das rela-ções comerciais, com o avanço das telecomunicações, e aconstante busca por inovações, seja de produtos, proces-sos, e até mesmo na forma de gestão das empresas e orga-nização. Nos anos 90, as inovações se concretizam comouma ferramenta chave utilizada pelas empresas para semanterem no mercado, possibilitando assim, o desenvolvi-mento regional e a entrada do País no mercado internacio-nal de forma moderna e competitiva.

Assim, neste novo cenário da economia, abriramoportunidades para a criação de novas empresas em áreasemergentes, como telecomunicações, biotecnologia e infor-mática, que geralmente eram criadas por técnicos e pesqui-sadores vinculados a departamentos de universidades, cen-tros de pesquisa ou a médias e grandes empresas atuantesem áreas tecnológicas [TECPAR, 2002].

No entanto a inovação, principalmente a tecnológica,fruto de investimento em pesquisas e desenvolvimento, pos-sui um custo elevado, que o torna inviável para muitas em-presas. Neste sentido as incubadoras de empresa possuemum papel primordial na viabilização de pesquisas e de seuproduto final, servindo como instrumentos de apoio e for-talecimento dos sistemas de inovação localizados.

Segundo Lahorgue [2004], as incubadoras ca-racterizam-se por serem espaços planejados para receberempresas, as quais poderão compartilhar da estrutura físicae infra-estrutura técnica e administrativa, por um períodode tempo pré-determinado, em torno de 2 anos.

Os parceiros que se juntaram para a formação das incu-badoras brasileiras são os governos, nos seus três níveis, comas respectivas instituições que cediam os projetos; os gover-nos estaduais, através de diferentes secretárias; o CNPq, aFINEP, o SEBRAE; e as universidades, envolvidas na criaçãoe/ou apoio, além de entidades patronais empresariais. Alémdisto, existem políticas específicas de apoio, destacando-seo Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológi-cos -PNI [LAHORGUE, 2007].

Segundo estudos do SEBRAE [2007], as micro e peque-nas empresas do Brasil apresentam diversas dificuldades, quequando não ultrapassadas podem levar as empresas à fa-lência. As principais dificuldades alavancadas pelo estudodo SEBRAE são: a falta de preparo e experiência dos empre-endedores, falta de crédito, falta de oportunidade e altoscustos nos investimentos em pesquisa. Estes problemas fi-zeram com que os novos empreendimentos em 2002, tives-sem uma taxa média de mortalidade em torno de 50% nosdois primeiros anos de existência. No entanto, as incubado-ras de empresas, por fornecerem além da infra-estrutura

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cas como partilhar conhecimento com outras e treinar seus pró-prios funcionários [ETZKOWITZ, 2008].

2.2 Modelos de maturidadeEntende-se por modelo de maturidade um conjunto de

critérios que permitam analisar um fenômeno social e definirníveis de evolução para o mesmo. Os modelos de maturidadefornecem aos gestores das organizações um poderoso instru-mento para determinação do estágio em que se encontram epermitem o planejamento das ações necessárias para progredi-rem em direção a uma maturidade superior por meio do alcan-ce dos objetivos desejados. Tais modelos se baseiam na premis-sa que as pessoas, os processos, as áreas funcionais e as orga-nizações como um todo evoluem através de um processo dedesenvolvimento ou acumulo de conhecimentos e práticas emdireção a uma maturidade mais avançada, atravessando umdeterminado número de estágios distintos. Estes modelos têmsido propostos ao longo do tempo e utilizados para descreveruma larga variedade de fenômenos, quer para a evolução geraldas organizações, quer para a evolução particular da funçãogestão de Sistemas de Informação. Os modelos diferem nonúmero de estágios, nas variáveis de evolução e nas áreas focoe identificam certas características que tipificam o alvo do de-senvolvimento em diferentes estágios de maturidade [BURN1994; KING e TEO, 1997, apud ROCHA e VASCONCELOS, 2004].

Um trabalho pioneiro sobre o amadurecimento das orga-nizações foi conduzido por Greiner que descreveu estágios dematuridade pelos quais passa uma organização, e declarou quea idade, a dimensão e a taxa de crescimento da sua indústriasão os principais fatores de influência na determinação do es-tágio. Alguns anos depois revendo o modelo criado, o autorverificou que a essência dessas idéias ainda se aplica, mas su-geriu que um novo estágio poderia ser acrescido no qual o cres-cimento depende da concepção de soluções extra-organização,tais como uma rede de organizações composta por alianças eparcerias transversais estratégicas, isto é, para além dos limitesda empresa. O modelo de Greiner é aplicável tanto para orga-nizações baseadas em serviços e conhecimento quanto paraorganizações industriais [GREINER, 1998 apud ROCHA e VAS-CONCELOS, 2004].

Outro autor que trata do assunto, mas do ponto de vistada gestão de projetos, é Harold Kezner, segundo o qual na dé-cada de 1980, a indústria de software explorava maneiras deavaliar e mensurar a qualidade e a confiabilidade dos processosusados para o desenvolvimento de software [KEZNER, 2005].

Durante as décadas de 80 e 90, as organizações aplicaramconceitos fundamentais para a sua sobrevivência como o Total

Quality Management - TQM, a Engenharia Simultânea, a Reen-genharia e o Benchmarking. Desta forma conseguiram obterbenefícios tanto as organizações orientadas por projeto quan-to aquelas inteiramente voltadas para a rotina. Ao mesmo tem-po, houve a percepção de que para o sucesso de um projetonão basta a boa vontade de uma equipe e/ou a contratação deum experiente “tocador” de projetos, há a necessidade de dis-seminar boas práticas e empregar metodologia padronizada.

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todos os PCTIs que têm sido criados no Brasil ou no exterior. AInternational Association of Science Parks - IASP caracteriza taisambientes como organizações geridas por profissionais especi-alizados, que têm como objetivo fundamental incrementar ariqueza da comunidade local, promovendo a cultura da inova-ção e a competitividade das empresas e instituições. Para atin-gir o fim proposto tais ambientes devem estimular e adminis-trar o fluxo de conhecimento e de tecnologia entre as universi-dades, instituições de P&D, empresas e o mercado; facilitar acriação e o desenvolvimento de empresas baseadas na inova-ção através da incubação e de processos de “spin-off”; forne-cer outros serviços de valor agregado, além de espaço físico eestrutura de alta qualidade. [DA POIAN, 2008].

Para o International Institute of Triple Helix, o modelo daTH preconiza os PCTIs como espaços híbridos e de consensoconstruído entre as esferas: universidade, empresa e governo.Isto é, entre o setor da economia que gera conhecimento cien-tífico e tecnológico, o setor que utiliza este conhecimento e osetor regulador e fomentador da atividade econômica [IITH,2009]. Há uma ligação intrínseca entre um PCTI e o seu entor-no, sendo estes ambientes ingredientes fundamentais para odesenvolvimento local ou regional. Os PCTIs são ambientes nosquais os empreendimentos são desenvolvidos a partir da estru-tura ofertada (facilities) tendo como base a estratégia regional.Este processo de definição de estratégias, criação de estruturase empreendimentos é resultado da interação entre agentes dasesferas universidade, empresa e governo. Mais especificamen-te na esfera governo temos as agências de financiamento àatividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), responsável pelainovação em empresas; na esfera empresa temos os gestoresde fundos de capital de risco; na esfera universidade temos ospesquisadores, as incubadoras e os gestores de estruturas deapropriação e comercialização de conhecimento, entre outros.

A principal argumentação da TH é o papel crescente dauniversidade na produção de inovações tecnológicas, em umasociedade baseada no conhecimento. O relacionamento entreas esferas universidade-empresa-governo assume arranjos vari-ados, expressos nas diferentes configurações. As incubadoras,parques tecnológicos e ASPILs podem ser analisados sob a óti-ca desse modelo teórico.

A abordagem da TH explica o processo de inovação tecno-lógica, tendo como uma de suas preocupações a integraçãoinstitucional do sistema de C&T entre universidades, empresase agências governamentais. No modelo linear de inovação, ofluxo de conhecimento parte seqüencialmente da pesquisa bá-sica para a pesquisa aplicada resultando no desenvolvimentode um produto. De forma alternativa, o modelo da TH incorpo-ra outro fluxo, no sentido das empresas para a academia. Esteefeito interativo indica que a atividade de inovação melhora odesempenho da P&D ao trazer-lhe novas questões a serem in-vestigadas. Estas relações são ainda mais complexas quandoenvolvem o governo. Além das ligações entre as três esferas,cada uma delas pode também assumir o papel da outra, uni-versidades assumem funções empreendedoras, criando empre-sas, enquanto empresas encarregam-se de atividades acadêmi-

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preendedores, transformando seus conhecimentos em ino-vações tecnológicas e estas em negócios.

O governo dos Estados Unidos, em conjunto com os cen-tros de pesquisa, indústrias e universidades incentivou a ins-talação das incubadoras próximas a estes centros, cujo resul-tado foi o surgimento de empresas de alta tecnologia nasáreas de computação, comunicação e eletrônica [STAINSA-CK, apud LAHORGUE, 2004].

A partir de então, vários estudos passam a ser direcio-nados ao papel das incubadoras como promotoras de ino-vação e desenvolvimento econômico, visto que, além degerar emprego e renda na região onde estão instaladas, asempresas incubadas possuem um menor grau de mortali-dade.

Assim, a experiência norte-americana incentivou a cria-ção de incubadoras em outros países, com destaque aos pa-íses em desenvolvimento, carente de inovações e pesquisas.No Brasil, a primeira incubadora de empresas foi criada em1982 na cidade de São Carlos – SP sob o âmbito da FundaçãoParque de Alta Tecnologia, em dezembro de 1984, com o apoiodo CNPq [LAHORGUE, 2004].

Posteriormente foram criadas as Incubadoras do Centrode Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília(CDT/UnB) e da Fundação de Biotecnologia (BIO-RIO) da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1986; Em 1987foram criadas as Incubadoras Empresarial Tecnológica da Fun-dação Centro de Referência em Tecnologia de Informação(CERTI), em Santa Catarina, depois Centro Empresarial paraLaboração de Tecnologias Avançadas (CELTA). A sexta Incu-badora brasileira foi criada pelo Instituto de Tecnologia doParaná (TECPAR) em 1990 com o nome de Incubadora Tecno-lógica de Curitiba.

Em 1987 foi criada a Associação Nacional das EntidadesPromotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada –ANPROTEC, que passa a articular e a coordenar o processo deexpansão das incubadoras de empresas no Brasil, dando umnovo direcionamento as políticas destinadas ao desenvolvi-mento das mesmas. A partir da década de 1990 o SEBRAEganhou destaque no apoio a implantação, desenvolvimentoe fortalecimento das incubadoras [SEBRAE, 2001].

Atualmente, existem cerca de 3 mil incubadoras espa-lhadas pelo mundo. O Brasil é o terceiro país com maior nú-mero de incubadoras, contando com 400 entidades, ficandoatrás somente dos EUA e da China [ANFAC, 2008].

Os Estados Unidos contam com mais de 950 incubado-ras de empresas em funcionamento, estando em primeirolugar no ranking dos países com maior número de incubado-ras no mudo. Em segundo lugar encontra-se a China, quesegundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia da Chi-na, o país possui em torno de 548 incubadoras de empresasque já ajudaram a criar 19.896 companhias de tecnologia deponta [MOST, 2007].

Já os países da América Latina, possuem destaque, alémdo Brasil, o México com 68 incubadoras de empresas, a Ar-gentina com 33, a Colômbia com 31 , o Chile com 14 e o

Peru, com 9 incubadoras de empresas [CASSIN apud LAHOR-GUE, 2008].

No Brasil as 400 incubadoras de empresas em operaçãoestão classificadas como tecnológicas, tradicionais, e mistas,distribuídas entre as diferentes regiões brasileiras.

Com relação aos tipos de incubadoras de empresas exis-tentes, Dornelas [2002] as distribui em três modalidades, deacordo com suas características principais:

1. Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica: sãoincubadoras vinculadas a algum centro de pesquisa,constituindo empresas, cuja principal atividade, estadirecionada a algum tipo de inovação tecnológica,proveniente de pesquisas aplicadas.

2. Incubadoras de Empresa dos Setores Tradicionais:são incubadoras que abrigam empresas dos setorestradicionais da economia, detentoras de tecnologiajá existentes, mas que queiram agregar valor, atravésdo incremento de alguma inovação ao seu produtoou processo de produção.

3. Incubadoras de Empresas Mistas: são incubadorasque constituem empresas de base tecnológica e em-presas dos setores tradicionais.

Já de acordo com a metodologia da ANPROTEC [2002]existem outros tipos de incubadoras de empresas além dasTecnológicas, Tradicionais e Mistas, cujas empresas incuba-das possuem características estruturais diferentes. São classi-ficadas em: cooperativas, social, cultural, agroindustrial e deserviços. Estas novas modalidades de incubadoras surgiram apartir de 2003 no Brasil e vêm ganhando destaque ao longodos anos.

Observa-se pela figura 1 que entre 1997 e 2002, só exis-tiam três tipos de modalidades de incubadoras no Brasil: Tec-nológicas, tradicionais e mistas. Observa-se ainda pela figuraque a grande maioria das incubadoras de empresas são deBase Tecnológica. No entanto, constata-se uma perda de par-ticipação das incubadoras tecnológicas em relação aos ou-tros tipos de modalidades.

Em 1997 as incubadoras de base Tecnológicas represen-tavam 72% do total de incubadoras brasileiras, seguida pelastradicionais, com 18% e mistas com apenas 10%.

Em 2002 esta estrutura apresenta uma significativa mu-dança. As incubadoras Tecnológicas reduzem a sua participa-ção para 57%, registrando uma queda de aproximadamente21% no período de 1997 a 2002. Isto é explicado pelo au-mento do número de incubadoras Tradicionais e Mistas, queaumentaram a sua representatividade para 29% e 14%.

Em 2005, comprova-se a tendência de queda de parti-cipação das incubadoras tecnológicas com relação aos ou-tros tipos de incubadoras. Das 339 incubadoras em opera-ção no Brasil, 40% são classificadas como tecnológicas, 18%como tradicional, 23% são mistas e 19% não se enqua-dram na tipologia mais usual, estando subdivididas em:social com 4%, cultural com 3% , agroindustrial com 5% ede serviços com 7%.

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promulgação da Lei de Inovação (Lei no. 10.973), em dezem-bro de 2004, que prevê mecanismos para ampliar a interaçãoentre setores que geram conhecimento científico e tecnológicoe setores que os utilizam para produzir bens e serviços para asociedade [AMARAL e SILVA FILHO, 2008]. Alguns dos disposi-tivos desta Lei incorporaram ao arcabouço jurídico institucio-nal práticas correntes e outros dispositivos sugerem práticasinovadoras [PEREIRA, 2008].

Contudo, apesar dos diversos esforços destes atores e dasgovernanças locais, os resultados e os impactos efetivos dasinterações entre os atores componentes dos ambientes de ino-vação não estão bem evidenciados.

Dados do SEBRAE identificam 229 APLs no Brasil e apoiodireto ou indireto da FINEP a 50 destes arranjos com financia-mentos não reembolsáveis de até R$ 1 milhão [SEBRAE, 2003].Avanços foram obtidos, seja em número de empresas operan-do ou em número de pessoas capacitadas, mas é possível ques-tionar se tais resultados são suficientes para justificar as açõese investimentos destas agências. Há uma grande dificuldadedas agências de fomento na medição de resultados dos proje-tos apoiados. Alguns dos fatores que contribuem para essa di-ficuldade são: a não utilização de metodologias de gerencia-mento de projetos e o esforço despedido com a burocracia ecom o conjunto de exigências legais, como a Lei de Licitações, afigura jurídica do proponente e outras [CGEE, 2007; FUNPAT,2005].

A partir da discussão da eficiência das intervenções públi-cas em prol do desenvolvimento econômico surge a questãoda avaliação do sucesso destes empreendimentos em si. Assu-mindo como pressuposto que a eficiente interação entre os ato-res integrantes das esferas da TH é uma medida de sucesso,este artigo tem como objetivo analisar as relações entre os ato-res universidade, empresa e governo dos ambientes de inova-ção, particularmente os Parques Científicos, Tecnológicos e deInovação - PCTI. Tal análise é baseada na visão de evolução oumaturidade para a avaliação do grau de desenvolvimento des-tas relações, o que significa que um modelo de maturidade éproposto. Um modelo com função avaliadora (ex-post) permi-tindo a construção de um retrato da relação entre os atores,bem como possuindo uma função prescritiva com vistas a me-lhorar o posicionamento dos atores de acordo com as escalasdo modelo.

2 PROPOSTA DE UMA FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DAMATURIDADE

A proposta de uma ferramenta de avaliação da maturida-de é apresentada em cinco partes. A primeira qualifica os PCTIsa partir do modelo da TH. A segunda parte discute o conceitode maturidade. A terceira faz a proposição de critérios para aavaliação de PCTIs e, em seguida, na quarta e na quinta partessão feitas as proposições da avaliação quantitativa e é apresen-tada uma aplicação piloto.

2.1 Parques científicos e tecnológicos como ambienteshíbridos e de consensoNão há uma definição única que possa ser aplicada para

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1 INTRODUÇÃOO Brasil teve um histórico de desenvolvimento ao longo do

século XX concentrado em complexos industriais como formade obtenção de economias de escala e substituição de importa-ções. O esgotamento deste modelo e do crescente movimentode integração da economia internacional provocou uma consi-derável ampliação das escalas de produção necessárias, emer-gindo um novo modelo que combina oligopólios globais eambientes de desenvolvimento baseado nas características lo-cais e no cooperativismo e associativismo. A compreensão dadinâmica do processo de globalização da produção tem sidoestudada e tem suporte no conceito de criação de vantagenscompetitivas [PORTER, 1985]. Na interface das análises econô-micas, sociológicas e políticas, tais vantagens ultrapassariam oproblema específico dos custos de produção para envolver adimensão institucional dos sistemas produtivos. Expressõescomo “Variedades de Capitalismo”, “Sistemas Sociais de Pro-dução” [HALL e SOSKICE, 2001 apud MONTEIRO, 2004], “Auto-nomia e Parceria” [EVANS, 1995 apud MONTEIRO, 2004], “In-terdependência Governadada” [WEISS, 1998 apud MONTEIRO,2004], Sistema Nacional de Inovação entre outros, fazem partede um repertório de conceitos para enfatizar a importância dainstitucionalidade sócio-política que dá sustentação ao proces-so produtivo.

Quanto aos modelos de organização e intervenção impac-tantes nos contextos técnico econômico local existe um con-junto de estudos sobre fenômenos recentes, cujas experiênciaspassíveis de ênfase são: a criação de incubadoras e parquestecnológicos nas universidades geradoras de conhecimento emtodo o mundo [DA POIAN, 2008] e o conjunto de aglomera-ções locais ou clusters, representados pelos Distritos IndustriaisItalianos cujo espelhamento no Brasil ganhou a nomenclaturade Arranjos Produtivos Locais – APL e, mais recentemente, Ar-ranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais - ASPILs [LAS-TRES e CASSIOLATO, 2006]. Nestes ambientes, o contexto dainovação e difusão de novas tecnologias é analisado por mode-los como o da Hélice Tríplice - TH [ETZKOWITZ, 2008].

Nos últimos quinze anos as incubadoras de empresas, osparques tecnológicos e os APLs se consolidaram como unida-des de análise e intervenção no desenvolvimento tecnológicoe, como conseqüência deste, no desenvolvimento econômico esocial. Em termos de intervenções do governo (políticas públi-cas para o desenvolvimento), o CNPq (Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico) desde a década de80 vem apoiando os parques tecnológicos e na década seguin-te o MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) criou o PNI (Pro-grama Nacional de Incubação). A FINEP (Financiadora de Estu-dos e Projetos), e o SEBRAE (Agência de Apoio ao Empreende-dor e Pequeno Empresário) iniciaram o apoio organizado aosdiversos APLs a partir do final dos anos 90. A FINEP, como ope-radora do Fundo de Interação Universidade-Empresa (VerdeAmarelo), financiou Parques Tecnológicos, Escritórios Transfe-rência de Tecnologia e Propriedade Intelectual, Centros de Re-ferências, além de infra-estrutura e projetos de P&D voltadospara os ambientes de inovação. O ápice deste movimento foi a

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O panorama de 2005 evidencia um crescimento destesnúmeros, explicados pelo surgimento de 56 novas incuba-doras no território brasileiro. Assim, em 2005, o número deempresas vinculadas às incubadoras aumenta para 5.618apresentando um aumento de 11% em relação ao ano an-terior, que faturaram R$ 1,82 bilhões e geraram 28.449 pos-tos de trabalho.

Abordados as características das incubadoras brasilei-ras a próxima seção irá apresentar a metodologia utilizadana pesquisa e em seguida serão analisadas a distribuiçãoregional das incubadoras e suas taxas de crescimento.

3. METODOLOGIA E DADOS DA PESQUISAPara alcançar o objetivo proposto primeiramente foi feita

uma revisão bibliográfica em livros, artigos, revistas científi-cas, dissertações e documentos eletrônicos sobre incubado-ras de empresas. Posteriormente foram coletados e analisa-dos dados e informações acerca do número de incubadorasem operação para o período de 1988 a 2009. Também fo-ram coletados dados sobre a distribuição geográfica dasincubadoras, tipos de incubadoras existentes, faturamentoe empregos gerados por elas, através dos dados da pesqui-sa anual realizada pela ANPROTEC: “Panorama das incuba-doras e parques tecnológicos”.

No entanto a pesquisa possui algumas limitações: Comrelação ao tipo de incubadoras de empresas existentes noBrasil o período de análise ficou limitado em 1997 a 2005,visto a falta de informação para períodos posteriores a 2005e anteriores a 1997 e a falta de um banco de dados consis-tente, como o banco de dados da ANPROTEC. Também só

A tabela 1 apresenta dados sobre a quantidade de em-presas vinculadas as incubadoras, número de postos de tra-balho e faturamento das empresas, para o ano de 2004 e2005, dados mais recentes destas variáveis não foram anali-sados, pois ainda não foram divulgados pela ANPROTEC ehá falta de um outro banco de dados que seja consistente.

Diante destas limitações, o panorama de 2004 e 2005da ANPROTEC, mostra que as empresas vinculadas às incu-badoras eram, em 2004, em torno de 5.061 empresas, dasquais 42% estavam incubadas, 31% graduadas e 27% asso-ciadas. Estas empresas faturaram juntas, em torno de R$1,5 bilhões e geraram 27.229 empregos, dos quais 88% pro-venientes das empresas incubadas e graduadas.

Tabela 1 – Empresas, empregos e faturamento de acordocom o tipo de vinculação as incubadoras, 2004 a 2005.

TIPO 2004 2005

EMPRESAS 5.061 5.618

Incubada 2.114 2.327

Graduada 1.580 1.678

Associada 1.367 1.613

EMPREGOS 27.229 28.449

Incubada 11.703 12.395

Graduada 12.195 12.270

Associada 3.331 3.784

FATURAMENTO (R$ milhões) 1.520 1.820

Incubada 320 320

Graduada 1.200 1.500

Fonte: ANPROTEC, Panorama 2004 e 2005.

Figura 1: Evolução percentual dos tipos de incubadoras de empresas no Brasil. Dados obtidos da ANPROTEC Panorama 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005. Osdados para 2006, 2007 e 2008 sobre os tipos de incubadoras não foram colocados devido a falta de informações.

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LOCUS CIENTÍFICO

Uma proposta de avaliação de maturidade em parquescientíficos, tecnológicos e de inovação - PCTIsA proposal to evaluate the maturity of science parks

Marcelo Amaral1,*, Lygia Alessandra Magalhães Magacho2, Marcos Lima3

1 International Institute of Triple Helix, Madri, Espanha & Triple Helix Research Group BrazilUniversidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Sociais e Humanas de Volta Redonda.La Salle em Madrid - Av Valdemarin, 81, 28023, Madrid, Spain

2 Instituto GênesisPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RioRua Marquês de São Vicente, 225 – Gávea - 22453-900-Rio de Janeiro – RJ, Brasil

3 École de Management Léonard de VinciPôle Universiaire Léonard de Vinci - 92 916 - La Défense, Paris - France

E-mails: [email protected] | [email protected] e [email protected] | [email protected]

*autor de contato: Marcelo Amaral

Artigo submetido em 12 de maio de 2009; Aprovado em 30 de setembro de 2009.

RESUMO

Na última década se multiplicou a promoção do desenvolvi-mento econômico local baseado na implantação de parques tec-nológicos e incubadoras de empresas, porém pouco é discutidoa avaliação destas iniciativas. Como uma contribuição a esse de-bate, o presente artigo propõe um esboço metodológico paraavaliação de maturidade em ambientes de inovação consideran-do os elementos do modelo da hélice tríplice – as interações aca-dêmicas, empresariais e governamentais. A partir do conceito dematuridade, propõe-se uma forma simples de avaliar parquescom onze critérios identificados na literatura. A fim de ilustrar aaplicação do método analisa-se as experiências de Sophia Anti-polis, no sul da França, e da Petrópolis Tecnópolis, no Rio de Ja-neiro, inicialmente de forma qualitativa, e em seguida quantita-tivamente. Apesar desse modelo de avaliação ainda ser incipien-te por falta de consenso sobre os critérios a serem utilizados ouas escalas de ponderação mais adequadas, ele representa umavanço em relação a análises puramente qualitativas, tendo emvista que facilita a comparação de experiências e a identificaçãode pontos fracos e a priorização de estratégias de fortalecimentodos sistemas locais de inovação. Sugere-se que o método sejaaplicado em maior escala envolvendo um grande número de ato-res acadêmicos, empresariais e governamentais.

PALAVRAS-CHAVE:

ABSTRACT

In the last decade, technology parks and incubators havebeen multiplied as a tool for promoting local economic develo-pment. However, little has been discussed about the evaluationof these initiatives. As a contribution to this debate, this paperoutlines a methodology for maturity assessment in innovationhabitats based on the triple helix model (academic, businessand government interactions). Based on existing maturity mo-dels, we offer a proposed method to evaluate park projectsbased on eleven criteria as identified in the literature. In orderto illustrate the application of such method we analyzed theexperiences of Sophia Antipolis, in southern France, and Petró-polis Technopolis in Rio de Janeiro. We conclude that while thisapproach is still incipient due to lack of consensus on criteria tobe used or the most appropriate weight for each measure, it isan improvement on a purely qualitative analysis of maturity intechnology park projects. It can facilitate comparison of experi-ences, identification of weaknesses and prioritization of strate-gies for strengthening local systems of innovation by the colla-borative work of the triad of actors involved. We suggest themethod should be applied in a larger scale involving a greaternumber of actors from the academic, business and governmentspheres.

KEYWORDS:

ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

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• parques tecnológicos,• maturidade,• hélice tríplice.

• Sciense parks,• maturity,• triple helix.

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como um método de análise da evolução das incubadorasde empresas brasileiras.

4. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE INCUBADORAS DEEMPRESAS BRASILEIRAS, DISTRIBUIÇÃOGEOGRÁFICA E TAXAS DE CRESCIMENTOREGIONAIS.No Brasil, o movimento de incubadoras empresari-

ais tem evoluído de forma bastante significativa. Desde osurgimento da primeira incubadora em 1988 até 1999, sur-giram 100 novas incubadoras de empresas e entre 2000 e2009 este resultado foi ainda mais expressivo, em torno de300 novos empreendimentos, totalizando 400 incubadorasde empresas brasileiras.

Através dos dados apresentados na Tabela-2, foi calcu-lado, pelo modelo de regressão log-linear , a taxa médiaanual de crescimento para o período de 1988 a 2009 e ob-teve-se um taxa de 27% ao ano, o que evidencia um notávelcrescimento do número de incubadoras no País.

No entanto, dividindo o período considerado (1988 a2009) em dois sub-períodos (1988 a 1999) e (2000 a 2009), verifica-se que a taxa média anual no primeiro período foiem torno 36,14 % ao ano, sendo superior a média anualverificada no período subseqüente, cuja taxa foi de aproxi-madamente 14,23% ao ano.

Tabela 2: Número de incubadoras em operação no Brasil noperíodo de 1988 a 20091.

ANO NÚMERO DE INCUBADORAS NOVAS INCUBADORAS

1988 2

1989 4 2

1990 7 3

1991 10 3

1992 12 2

1993 13 1

1994 19 6

1995 27 8

1996 38 11

1997 60 22

1998 74 14

1999 100 26

2000 135 35

2001 150 15

2002 183 33

2003 207 24

2004 283 76

2005 339 56

2006 359 20

2007 377 18

2008 393 16

2009 400 7

Fonte: ANPROTEC, Panorama 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006.

foram encontrados dados sobre faturamento e emprego ge-rado pelo total das incubadoras brasileiras para o ano de2004 e 2005. Com relação à distribuição regional das incu-badoras, os dados por regiões estão disponibilizados ape-nas para o período de 1999 a 2006. Diante destas limita-ções, as análises das variáveis ficaram limitadas ao períodoque possui banco de dados disponíveis.

Ainda, como ferramental de análise, foram elaboradastaxas médias anuais de crescimento através do modelo deregressão log-linear que será apresentado a seguir e taxasde participação relativas.

3.1 Modelo Semilog: Modelo Log-LinearO modelo log-linear é uma metodologia utilizada para

medir taxas de crescimento. É denominado de modelo se-milog, porque uma variável (neste caso o regressando) apa-rece na forma logarítmica [GUJARATI, 2000].

Neste modelo, o coeficiente de inclinação mede a varia-ção proporcional (ou relativa) constante em Y ( variável de-pendente) para uma dada variação absoluta no valor do re-gressor X ( variável explicativa). Na presente pesquisa tem-se como variável dependente o número de incubadoras, ecomo variável explicativa a variável Tempo. Para descobrir ataxa de crescimento do número de incubadoras, usa-se oseguinte procedimento:

Sejam Yt o número de incubadoras no instante t e Yo onúmero de incubadoras no instante zero ou base. Utilizan-do a fórmula de juros compostos:

Yt = Yo (1+ r)t (1)

Em que r é a taxa composta de crescimento de Y. Calcu-lando o logaritmo natural de (1), pode-se escrever:

lnYt = lnYo + tln (l + r) (2)

Sejam agora:

α = lnYo

β = ln (1+r) (3)

Pode-se escrever a equação (2) como:lnYt = α + tβ (4)

Adicionando o termo de perturbação à Equação (4),obtêm-se:

lnYt = α + tβ + ut (5)

O coeficiente de inclinação β, obtido no modelo de re-gressão (5), fornece a taxa de crescimento instantânea (emum ponto do tempo), e não a taxa de crescimento compos-ta (no decurso de um período).

Para achar a taxa composta, basta calcular o antilog deβ subtrair 1 e multiplicar a diferença por 100.

r = anti log (β) – 1 (6)

Assim o modelo descreve a taxa anual média de cresci-mento composta que será utilizada na presente pesquisa,

1 Os dados de 2007 a 2008 foram extraídos do artigo de Lahorgue [2008] epara 2009 do site da ANPROTEC.

Franco, J., et al., Locus Científico, Vol.03, no. 04(2009)107-114114

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2002.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Por outro lado verificou-se que as regiões periféricascomo Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ampliaram a suaparticipação relativa do número de incubadoras. Em 2000estas regiões detinham 17% das incubadoras existente noBrasil e em 2006 esta representatividade passa para 30%.Além disto, apresentaram as maiores taxas médias anuais

de crescimento do número de incubadoras no período de2000 a 2006, em torno de 29, 28% e 85%, respectiva-mente, evidenciando o envolvimento das lideranças lo-cais e instituições de ensino e pesquisas com o desenvol-vimento regional, por meio da criação de incubadoras deempresas.

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Estes resultados evidenciam uma desaceleração no sur-gimento de novas incubadoras de empresas a partir do sécu-lo XXI. No entanto, este resultado é explicado pelo fato de asincubadoras e dos lideres locais estarem investindo, na rees-truturação, no fortalecimento e na ampliação da infra-estru-tura das incubadoras já existentes, como parte integrante deum processo de Desenvolvimento Local, entendidas comoarranjos interinstitucionais, ou Sistemas Locais de Inovação.A maior importância dada ao aspecto qualitativo das incuba-doras deve-se à influência que as mesmas exercem sobre odesenvolvimento das regiões e locais onde foram instaladas.

Segundo informações do SEBRAE-SP [2009], em 2008 oSEBRAE investiu cerca de R$ 1,2 milhões nas incubadoras.Fábio Freire, analista do SEBRAE-SP em São José dos Campos,afirma que para cada R$1,00 que o SEBRAE coloca nas incu-badoras há um retorno de R$ 11,82 em faturamento por par-te das empresas atendidas. Neste sentido, dar aporte às incu-badoras torna-se uma forma de investimento de capital, vis-to que há um retorno muito maior do que o valor investido.

Com relação à distribuição geográfica das incubadorasno Brasil, os dados apresentados na Tabela-3, apresentam alocalização das incubadoras brasileiras. Observa-se que as

Tabela 3: Número de Incubadoras de Empresas por Região e Estado e Evolução na Participação Relativa Regional para operíodo de 2000 a 2006

INCUBADORAS EM OPERAÇÃO POR ESTADO SUBNACIONAL

SUL 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

PR 8 8 12 15 24 24 25

SC 7 9 11 10 16 17 17

RS 35 43 61 71 83 82 85

TOTAL 50 60 84 96 123 123 127

% 37% 40% 46% 46% 43% 36% 35%

SUDESTE 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

SP 36 36 36 37 43 62 69

MG 16 19 16 18 25 26 26

RJ 9 8 10 15 20 27 27

ES 1 1 1 1 4 5 5

TOTAL 62 64 63 71 92 120 127

% 46% 43% 34% 34% 33% 35% 35%

CENTRO OESTE 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

DF 1 1 2 2 4 6 6

GO 1 1 5 5 5

MS 4 4 9 9 11

MT 0 1 4 6 6

TOTAL 1 1 7 8 22 26 28

% 1% 1% 4% 4% 8% 8% 8%

NORTE 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

AM 1 1 1 1 2 3 3

PA 1 2 4 4 4 4 4

AP 1 1 1 1 1 1 1

RO 0 0 0 0 0 1 1

AC 0 0 0 1 1 1 1

TO 1 1 4 4

TOTAL 3 4 6 8 9 14 14

% 2% 3% 3% 4% 3% 4% 4%

NORDESTE 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

AL 2 5 5 3 10 10 10

BA 7 6 6 6 6 11 11

CE 4 3 3 3 2 5 12

PB 2 1 1 1 2 5 5

RN 2 2 2 2 2 3 3

PE 2 4 5 6 9 12 12

PI 0 0 1 2 3 5 5

SE 0 0 0 1 2 3 3

MA 0 0 0 0 1 2 2

TOTAL 19 21 23 24 37 56 63

% 14% 14% 13% 12% 13% 17% 18%

Fonte: ANPROTEC, Panorama 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006.

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regiões Sul e Sudeste são as que concentram o maior nú-mero de incubadoras, possuindo cada região em torno de127 incubadoras, no ano de 2006.

Os estados que mais se destacam em relação ao nú-mero de incubadoras é o Estado do Rio Grande do Sul,cujo número de incubadoras em 2006 era de 85 incubado-ras e o de São Paulo, possuindo 69 incubadoras, nestemesmo período. Segundo dados do SEBRAE-SP, o númerode incubadoras no estado em 2009 já chega a 77, ou seja,em um período de aproximadamente 3 anos, surgiram 8novas incubadoras no estado de São Paulo.

Assim, as regiões Sul e Sudeste concentram 70% dasincubadoras de empresas brasileiras no ano de 2006. Essefato é explicado pelo pioneirismo destas regiões no surgi-mento de incubadoras, das políticas direcionadas ao de-senvolvimento das mesmas e também pelo fato de estasregiões possuírem o maior número de universidades, insti-tutos de pesquisas e indústrias que necessitam de investi-mento em inovações. Segundo dados do IBGE e do CNPq[LAHORGUE & HANEFELD, 2005], 71% das Instituições deEnsino Superior e 76% dos Grupos de Pesquisa estão con-centrados nas regiões Sul e Sudeste.

Ainda analisando os dados da tabela 3, pode-se ob-servar que as regiões Sul e Sudeste reduziram sua partici-pação relativa, com relação ao número de incubadoras noperíodo de 2000 a 2006. No ano 2000, 46% das incubado-ras brasileiras estavam concentradas na região Sudeste e37% no Sul. Em 2006 cada uma destas regiões possui umaparticipação de 35%, representando uma queda de parti-cipação de 5% para o Sul e 24% para o Sudeste. Este resul-tado é explicado pelo aumento da participação relativa donúmero de incubadoras de empresas nas demais regiõesbrasileiras.

O Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apesar de ainda te-rem uma baixa representatividade com relação ao númerode incubadoras, aumentaram a sua participação relativaao longo do período de 2000 a 2006. Em 2000 apenas 1%das incubadoras brasileiras estavam concentradas no Cen-tro Oeste, 2% no Norte e 14% no Nordeste. Já em 2006esta participação aumenta para 8%, 4% e 18%, respectiva-mente. Verifica-se que a região que mais aumentou a suaparticipação relativa foi a Centro Oeste, cujo aumento foide 700% no período entre 2000 e 2006, evidenciando umamaior importância dada às incubadoras, pelos lideres lo-cais, como uma alternativa de fomentar o desenvolvimen-to regional.

Ao analisar a evolução do número de incubadoras deempresas por Região, em termos de taxa média anual decrescimento, calculadas pelo modelo log-linear, verifica-se,através dos dados apresentados na Tabela 4, que as Regi-ões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, apresentam as maio-res taxas de crescimento anual entre 2000 e 2006, de apro-ximadamente 85, 29 e 28 %, respectivamente, corroboran-do com a ampliação da participação relativa destas regi-ões, verificados na Tabela-3.

Tabela 4: Taxa média anual de crescimento do número deincubadoras de empresas por região brasileira no períodode 2000 a 2006.

Região Taxa média anual de crescimento de 2000 a 2006

Sul 16%

Sudeste 17%

Centro Oeste 85%

Norte 29%

Nordeste 28%

Fonte: Elaboração Própria. Dados Brutos da ANPROTEC.

As elevadas taxas de crescimento nas regiões que pos-suem menor número de incubadoras evidenciam uma mai-or importância dada por estas regiões aos benefícios que aincubadora oferece em termos sócio-econômicos e aos in-centivos dos programas de financiamento ao desenvolvimen-to de incubadoras nestas regiões. A conseqüência do envol-vimento das lideranças locais, com o segmento empresarialprivado e das instituições públicas no processo, amplia aspossibilidades de surgimento de incubadoras.

4. CONSIDERAÇÕES FINAISConclui-se assim com a pesquisa que o número de in-

cubadoras de empresas foi ampliado significativamente noBrasil entre 1988 e 2009, cuja taxa média de crescimentoanual é de aproximadamente 27% ao ano. No entanto ao seanalisar a última década do século XX em relação a primeiradécada do atual século verificou-se uma desaceleração nataxa de crescimento do número de incubadoras, fato esteexplicado pela maior importância dada pelos lideres e par-ceiros das incubadoras, ao fortalecimento e crescimento emtermos de infra-estrutura das incubadoras já existentes.

Outro fato importante é a diversificação ao longo dosanos dos tipos de incubadoras brasileiras. Entre 1989 e 2002,só existiam três tipos de modalidades de incubadoras noBrasil: Tecnológicas, tradicionais e mistas, sendo a grandemaioria de Base Tecnológica, em torno de 72%. No entanto,constata-se a partir de 2003, uma perda de participação dasincubadoras tecnológicas em relação aos outros tipos demodalidades de incubadoras, representando em 2005 ape-nas 40% do total, apesar de ainda representar a grandemaioria.

No que se refere à distribuição regional, verificou-se quea região Sul e Sudeste concentram o maior número de incu-badoras, em torno de 70% e os estados que mais se desta-cam em relação ao número de incubadoras é o Estado doRio Grande do Sul e de São Paulo. Grande parte deste resul-tado é explicado pelo pioneirismo destas regiões no surgi-mento de incubadoras, das políticas direcionadas ao desen-volvimento das mesmas e também pelo fato de estas regi-ões possuírem o maior número de Instituições de EnsinoSuperior, Grupos Pesquisa e Institutos de Pesquisas, seguin-do uma lógica de estarem localizados onde já existe umainfra-estrutura de ciência e tecnologia.

Franco, J., et al., Locus Científico, Vol.03, no. 04(2009)107-114