Jornal Bem Estar Zona Sul Ed.53

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JORNAL DE COLEÇÃO • Ano 5 • nº 53 • MARÇo 2013 • 10.000 ExEMp. • TEl. (51) 3268.4984 • ZONA SUL D i s t r i b ui ção gr a t u i t a Escondendo-se atrás das DESCULPAS Ao procurarmos sempre jusficavas para nossas falhas, perdemos a oportunidade de nos responsabilizar e crescer como pessoas. Pais não devem dar broncas muito longas e frequentemente EDUCAÇÃO MULHER Uma reflexão sobre um “chamado” para o seu aspecto Feminino Seja a mudança que você quer ver no mundo! MAHATMA GANDHI

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Jornal BEZS Março/2013 O Jornal de Qualidade de Vida da zona sul de Porto Alegre.

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Jornal de Coleção • Ano 5 • nº 53 • MARÇo 2013 • 10.000 ExEMp. • TEl. (51) 3268.4984 •

zonasul

Distribuição gratuita

Escondendo-se atrás das

dEsculpas

Ao procurarmos sempre justificativas para nossas falhas,

perdemos a oportunidade de nos responsabilizar

e crescer como pessoas.

Pais não devem dar broncas muito longas

e frequentemente

EDUCAÇÃO

MULHER

Uma reflexão sobre um “chamado” para o seu

aspecto Feminino

Seja a mudança que você quer ver no mundo!

MahatMa Gandhi

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Bem estar • Nº 53 • Março 2013 • 2

O que o incêndio de Santa Maria e a eleição de Renan Calheiros tem em comum?

O jogo de empurra no caso de Santa Maria chegou a culpar as próprias víti-

mas, todos procurando de uma forma, ou de outra se eximir de responsabilidade.

Começa pela Prefeitura ao liberar um labirinto de Teseu para funcionamento, corrobora-da pela ineficácia do Corpo de Bombeiros, e alavancada pela ga-nância dos proprietários.

Se algum proveito disso tudo tiraremos, só o tempo dirá, mas todos esperamos que as mortes não tenham sido em vão, e que todo alvoroço gerado, com fisca-lizações que há muito deveriam ter sido feitas, e só agora em an-damento em todo país, possam realmente evitar novos desastres.

Num artigo recente do Da-vid Coimbra ele traça um com-parativo entre atitudes do povo inglês e do brasileiro, e chega a conclusão de que ela reside no fato do respeito às outras pes-soas, e que quem não respeita o outro invade o espaço do outro sem convite. Em Santa Maria isso ficou estampado de forma trági-

ca. Não houve respei-to à vida, apenas desca-so. Tão comum nas enti-dades públicas do Brasil.

Esta invasão come-ça no uso das vagas re-servadas a idosos e de-ficientes por boçais que se outorgam o direito de invadir aquele espa-ço, passa por mal edu-cados motoristas que ao estacionar ocupam 2 va-gas, sem nenhum rubor. Segue com o uso indis-criminado de telefones celulares em locais públicos, como se o distinto cidadão estivesse na sua sala de estar, sem nenhum pudor de expor sua vida para uma mul-tidão perplexa. E por aí vai.

No entanto muito mais vidas são perdidas todos os dias, de forma tão trágica e cruel, como a que agora domina as manche-tes, nas ruas, avenidas e estradas brasileiras, seja por má conserva-ção, má sinalização ou até inexis-tência de ambas.

E aí começam as semelhan-ças com a posse de Renan Ca-

lheiros, pois sua eleição de forma anônima esconde as responsa-bilidades e empossa alguém que se possuísse algo além da ganân-cia em mente, jamais apareceria em público, quiçá se candidatar a qualquer cargo eletivo, e o pior de tudo : ser eleito. Cada um está preocupado com seu umbi-go, como se desvencilhar rapida-mente da chatice de ter que ir até uma urna e não poder aprovei-tar o feriado proporcionado pela eleição. E lá estão empossados ladrões contumazes do dinhei-ro público, que resulta entre ou-tras muitas coisas na baixa remu-neração do bombeiros, na falta

de verba para equipamen-tos e treinamento adequa-do, na contratação de fun-cionários públicos qualifi-cados e que não estejam diariamente apenas cum-prindo horários, burocra-tizando atividades simples, e liberando de forma ina-propriada as ratoeiras de todas as formas, pois elas não estão restritas as ca-sas noturnas.

Quem se lembra em quem votou nas últimas, e

muito recentes eleições, que le-vante o dedo.

Que as escolas implantem, desde as primeiras séries, a prá-tica de eleições de turma, ensi-nando a importância do voto, e como votar de forma consciente, e não apenas por ser obrigatório. Assim começaremos a criar um futuro melhor.

Nós pais temos o dever de fiscalizar e denunciar, mesmo quando parece que não somos ouvidos. O meu grito isolado, por exemplo, num estádio de fu-tebol é inaudível. O grito de to-

dos ensurdece. Esse é o caminho, vamos gritar juntos.

Vocês filhos, devem se enga-jar no entendimento da vida po-lítica. E não estou falando que devam se candidatar, já existem candidatos em excesso, a maio-ria sem condições mínimas. Anal-fabetos de pai e mãe, e por cul-pa da ineficácia do estado nos as-suntos basilares de uma nação. E lá estamos nós em um circulo vi-cioso. Engajem-se na análise da atuação dos eleitos, façam com que cumpram suas promessas, não reelejam aqueles que estive-ram a passeio durante seus man-datos, ou as vezes nem a pas-seio. Fantasmas vivos das cadei-ras para que foram eleitos.

No fim, todos nós somos ví-timas e culpados ao mesmo tem-po. É hora de cada um de nós fa-zer o mea culpa, e seguir aquilo que o Mahatma Ghandi pregou : “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Renato Guariglia da Silva Editor - [email protected]

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Gratos

Renato GuarigliaEditores - Zona Sul

Fábio FerreiraArte Final

Renato GuarigliaComercial

Impressão: Grupo SinosTiragem: 10 mil exemplaresContato: (51) 3268.4984

Que todos os méritos gerados por esse trabalho beneficiem e tragam

felicidade para todos os seres.

PORTO ALEGRE ZONA SUL

CENTRAL BEM ESTARInFoRmações de QualIdade

Ralph VianaEditor de Conteúdo e Arte

Érico VieiraDiretor de Relacionamento

max BofDiretor de Operações

Jornalista responsável: Max Bof (MtB 25046) material: Revistas CUERPOMENtE, UNO MISMO, NEW AGE, PSYCHOLOGY tO-DAY, BUENA SALUD, tHE QUESt, PSYCHOLOGIES, SHAMBHALA SUN, MAGICAL BLEND, NOUVELLES CLÉS.

Informes publicitários, textos e colunas assinadas não cor-respondem necessariamente à opinião do jornal e são de responsabilidade de seus autores.

zonasul

@ jornalbemestar.com.br

Por partir da percepção primordial que vê as coisas como elas são, o estado de consciência da meditação é semelhante ao grau de curiosidade

e vivacidade da atenção de uma criança

LEIA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

UMA VIDA PLENA EXIGE BOAS INFORMAÇÕES

Bem estarBem estarPessoas inteligentes adoram ler. E anunciar.

É realmente assustador o compor-tamento de pessoas, que para levar van-tagem não tem o menor pudor em esta-cionar seus veículos em vagas reservadas para idosos, cadeirantes, grávidas e outros portadores de necessidades especiais, e que tem por lei direito a estacionamen-to preferencial. Ocupar lugares de forma indevida em ônibus, trens, bancos e ou-tros lugares onde também existe clara in-dicação da preferência de uso. A mudança deveria começar com os estabelecimen-tos, que deveriam usar seus sistemas de alto falantes, guardas e funcionários para orientar e educar seus clientes, crian-do assim uma corrente de boa conduta e educação. Alertando-os para a obediência às placas indicativas. No transporte cole-tivo, seria fundamental que além dos avi-sos das próximas paradas, ou a solicitação para darem um passo ao fundo, também orientassem quanto ao uso indevido dos assentos preferenciais. Criar esta corren-te de boa conduta cabe a todos nós, mas são os estabelecimentos que recebem o público que deveriam dar a partida nes-ta campanha, engajando aqueles que com-partilham com este mesmo sentimento. E vejam que não é só dos jovens o uso in-devido, é de todas idades, assim sendo, as pessoas estão erradas ou as placas, vamos combinar então, ou retiramos todas as placas, já que não são obedecidas, ou co-meçamos a nos educar. Abraços!

Julio de Castilhos

editorial

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3 • Nº 53 • Março 2013 • Bem estarInformações importantes

para sua saúde e bem-estar

FOTOS STOCk.xChNG/BE

Artrite: BoAs DicAsA DOENÇA PODE SER PREVENIDA E

tRAtADA AtRAVéS DA ALIMENtAÇãO.

A pós pesquisas apontarem seus be-nefícios para o coração, beber uma taça de vinho tinto por dia se tor-

nou uma prática estimulada. Mas um estudo recente sugere que o vinho sem álcool é ainda mais eficaz na proteção do organismo contra do-enças cardiovasculares. Segundo pesquisadores da Universidade de Barcelona, a bebida reduz em 20% o risco de derrames e diminui em 14% as chances de desenvolver doenças cardíacas.

De acordo com os cientistas, o efeito protetor é encontrado em moléculas chamadas polifenóis e não no álcool da bebida, o que explicaria os resultados. O

Vinho sAuDáVelVINhO SEM áLcOOL tRAz BENEFícIO

PARA O cORAÇãO Olha ele aí de novo! Consumir alimentos que contêm Ômega 3, que têm poder antiinflama-tório, pode prevenir e até controlar os sinto-

mas da artrite. A nutricionista Karin Honorato indica vá-rios alimentos que contêm alto percentual desta substân-cia: salmão, sardinha, semente de girasol, castanhas e no-zes.

Por outro lado a nutricionista alerta que pessoas que sofrem com a artrite devem evitar laticínios, embutidos (salsichas etc), açúcares e farinha em excesso. O acupun-turista Fernando Braga acrescenta que, segundo a medici-na chinesa, o gengibre ajuda muito no combate às dores provocadas pela artrite.

Então, pessoal, antes de cair nas malhas da indústria farmacêutica (que adora uma doença), melhore sua ali-mentação. Bons alimentos são a base para uma boa saúde.

álcool é retirado no final do processo de pro-dução, que segue a base do vinho tradicional, preservando o sabor e as propriedades be-néficas. Eles também acreditam que a be-bida não alcoólica seja capaz de aumen-

tar a concentração de óxido nítrico no sangue, substância que relaxa os va-sos sanguíneos.

No estudo, foram analisados 67 voluntários dia-béticos com três ou mais fatores de risco para doen-ças cardíacas. Du-rante três períodos de quatro semanas,

eles beberam vinho tinto, vinho sem álco-

ol e gim, junto com as refeições. Ao final, ape-

nas o vinho tinto desalco-olizado foi capaz de alterar a

pressão sanguínea dos volun-tários. A diminuição é suficiente

para reduzir em 20% o risco de der-rames e 14% as chances de desenvol-

ver doenças cardíacas.

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Informações simples que podem fazer a

diferença para sua vida.Dica de Saúde

Sem a luz solar vários problemas acontecem. Falta de exposição ao sol

pode causar miopia em crianças. Afinal, sem luz não haveria visão.

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COMO VIVER ATÉ OS 100 ANOS?

Pesquisa comprova o que já se sabe: o estilo de vida é fundamental para uma

existência mais longa e com mais qualidade.

U m estilo de vida saudável durante os primeiros anos da idade madura – o que inclui controle de peso, exercícios

regulares e não fumar - é um fator fortemente associado a uma maior probabilidade de viver até os 90 anos, de acordo com estudo publica-do na revista "Archives of internal Medicine".

O artigo menciona também estudos com gêmeos mostrando que 25% da variação de longevidade humana é atribuída a fatores gené-ticos. Os outros 75% são atribuídos a fatores de risco modificáveis. O estilo de vida interfe-re diretamente nesses fatores.

A equipe de laurel yates, do hospital de Brigham, em Boston, nos Estados Unidos, ava-liou um grupo de 2.357 homens, cuja partici-

pação começou entre 1981 e 1984. Os volun-tários, com idade média de 72 anos, fornece-ram informações sobre variáveis demográficas e de saúde, incluindo peso, altura, pressão san-guínea, níveis de colesterol e frequência de ati-vidades físicas.

Duas vezes durante o primeiro ano de participação e uma vez a cada ano até 2006, os voluntários completaram um questionário so-bre as mudanças de hábitos, estado de saúde e capacidade para realizar tarefas cotidianas.

Dos 2.357, 970 homens (41%) viveram até 90 anos ou mais. Vários fatores modificáveis, biológicos e comportamentais, foram associa-dos com essa longevidade excepcional. "Taba-gismo, diabetes, obesidade e hipertensão re-

O quE É DOulA?

A palavra Doula deriva do grego- mulher que serve outra mulher- antigamente o nascimento huma-

no era marcado pela presença experien-te das mulheres da família: irmãs mais velhas, tias, mães e avós acompanha-vam, instruíam e apoiavam a parturien-te e recém mãe durante todo o traba-lho de parto, o próprio parto e os cuida-dos com o recém-nascido. Hoje as dou-las são mulheres treinadas para oferecer apoio físico, suporte emocional e infor-mativo para as mulheres e seus familia-res durante o trabalho de parto e parto. No parto ela usa técnicas de conforto, respiração, relaxamento, movimentação e posicionamento. As doulas não reali-zam exames clínicos, diagnósticos e não tomam decisões pelas clientes.

O principal objetivo da doula é auxi-liar a mulher a ter um parto seguro e fe-liz, e no pós parto se a mulher desejar, auxilia nos cuidados com o recém nas-cido e com a amamentação. A realidade do sistema obstétrico brasileiro é preo-cupante. A Organização Mundial da Saú-de (OMS) define que apenas 10 a 15% das mulheres podem precisar de uma cesariana. Nos hospitais públicos do país as taxas de cesária chegam a 30% e em alguns particulares/conveniados chega até 93% de nascimentos cirúrgicos. Por-tanto, ter uma doula aumenta muito a chances da mulher de ter um parto natu-ral satisfatório e saudável.Mesmo que o parto evolua para uma cesariana a pre-sença da doula sempre traz benefícios.

Os estudos científicos sobre o traba-lho das doulas provam isso e apontaram os seguintes resultados: Redução 50% no índices de cesária, redução de 25% na du-ração do trabalho de parto, redução de 60% nos pedidos de analgesia peridural, redução de 30% no uso de analgesia pe-ridural, redução de 40% no uso de ocito-cina, redução de 40% no uso de fórceps( Klaus e kennel 1993- “mothering the mo-ther”) Outros estudos apontam os bene-fícios de ordem emocional e psicológica para mãe e bebê: aumento no sucesso da amamentação, interação satisfatória en-tre mãe e bebê, satisfação com a expe-riência do parto, redução nos índices de depressão pós parto, diminuição nos es-tados de ansiedade e baixa auto estima.

Concluindo, uma doula presente no processo de parto e pós parto contri-bui para a saúde física e psicológica da dupla mãe e bebê e conseqüentemente para toda a família.

Juliana pena - Doula(51) 3209.7424 8581.0210 / 9140.5831

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JAy WhiTMiRE/FliCkR/BE

duziram significativamente a probabilidade de vida até os 90 anos, enquanto exercícios vigo-rosos e regulares a aumentaram consideravel-mente", destacaram os autores.

"homens com duração de vida acima dos 90 anos demonstraram melhores funções físi-cas, bem-estar mental e autopercepção de saú-de no fim da vida, em comparação com os que morreram mais cedo. Fatores adversos asso-ciados com menor longevidade - tabagismo, obesidade e sedentarismo - também foram as-sociados com pior estado funcional no fim da vida", descreveram.

A pesquisa estima que um homem de 70 anos que não fuma e tem pressão sanguínea e peso normais, não tem diabetes e se exercita de duas a quatro vezes por semana, tem uma probabilidade de 54% de viver até os 90 anos.

Com os fatores adversos, sua probabilida-de de viver até essa idade se reduz nas seguin-tes proporções:

Estilo de vida sedentário: 44%. Hiperten-são (pressão alta): 36%. Obesidade: 26%. Ta-bagismo: 22%.

"Tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão reduziram

significativamente a probabilidade de vida até os 90 anos, enquanto exercícios vigorosos e regulares a aumentaram consideravelmente."

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Toques de EducaçãoFA

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C olocar limites nos filhos não é uma tarefa fácil. Os pais po-dem usar de táticas que es-tão longe de ter o efeito de-

sejado e, às vezes, chegam a levar ao re-sultado contrário do esperado. A bron-ca pode parecer o jeito mais apropriado para educar. Mas há maneiras corretas para se dar broncas?

Segundo Dora lorch, psicóloga e autora do livro “Superdicas Para Educar Bem Seu Filho” (Ed. Saraiva), o conceito de bronca é ultrapassado. “Impor limites é importante, mas acho atrasado pen-sar que a criança está fazendo algo erra-do de caso pensado”, explica a psicólo-ga. E, muitas vezes, a própria criança não sabe o real motivo da bronca ou do cas-tigo. “Nem sempre está claro o que es-peramos das crianças, especialmente das pequenas. Muitos conceitos, que para os adultos são óbvios, são impensáveis para os filhos”, conta Dora.

Para o psicólogo, educador e escri-tor Marcos Meier, na hora de educar o filho, é preciso saber diferenciar bron-ca e castigo. “Bronca é um momento de reflexão para aprendizagem, portanto, a motivação que os pais devem ter é a de ajudar, orientar, e não de punir com gri-tos e xingamentos” conta o educador.

A MEDIDA CERTA DA ‘BRONCA’

A MEDIDA CERTA DA ‘BRONCA’

Pais não devem dar broncas muito longas e frequentemente, dizem especialistas.

De acordo com Meier, é importan-te ser objetivo e não atacar a criança, mas, sim, o problema. Por exemplo, se o quarto está bagunçado, o melhor a fazer é reclamar exatamente disso, sem fazer acusações à criança, chamando-a de re-laxada, preguiçosa, bagunceira etc. Diga, simplesmente, que o quarto precisa ser arrumado.

SABER FALAR, SABER CALAR

O diálogo entre pais e filhos é a me-lhor forma na hora de educar (ou dar uma bronca). O que o pais devem man-ter em mente é que os filhos irão er-rar, pois estão em uma fase de aprendi-zagem, descobrindo qual é a forma cor-reta de agir em diversas situações. Para Dora, antes de dar bronca, é indispensá-vel explicar o que se quer e porque se quer, de modo que a criança comece a formar seus conceitos.

Segundo a psicóloga, os pais também devem saber a hora de se calar: “Ficar fa-lando demais não ajuda a criança a apren-der melhor, mas ensina a criança a ficar desatenta ou a deixar entrar por um ou-vido e sair por outro”. Após uma explica-

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O que não fazer Não dê broncas em público, na frente dos amigos, dos avós ou de alguma visita. Não faça qualquer referência pejora-tiva ou humilhante. Evite dar broncas o tempo todo. A criança começa a achar que não tem nada que ela faça que seja correto, e pode se cansar de tentar acertar.

O que fazer Elogie os pontos positivos acima de tudo. Diga que gosta da criança, valorize-a. Diálogo é o segredo. Converse sobre o que você quer e espera da criança eexplique quais os limites que ela deve respeitar. Ao dar uma bronca, seja calmo e ob-jetivo, deixando claro que a situação é para o bem da criança.

ção, é recomendável não continuar com um falatório e deixar a criança assimilar as informações, e isso demanda tempo.

No entanto, nem sempre a conver-sa e o silêncio bastam para a educação. É nesse momento que os pais preci-sam mostrar que estão bravos. “Quan-

do você já explicou e nada mudou, aí é hora certa para mudar de atitude. Mas a braveza é apenas para algumas situa-ções. Se for algo constante, ela perde a força”, explica Dora. Para Meier o ideal é: “Evite dar broncas, mas quando der, faça-as valer”.

“Muitas vezes a criança não sabe o real motivo da bronca ou do castigo. ‘Nem sempre está claro o que esperamos das crianças,

especialmente das pequenas. Muitos conceitos, que para os adultos são óbvios, são impensáveis para os filhos’.”

MARiNA DyAkONOvA/iSTOCkPhOTO/BE STOCk.xChNG//BE

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matéria de CapaJO

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A armadilha das justificativas

J ules Renard disse numa ocasião que o único homem realmente li-vre é aquele que pode rejeitar um convite para comer sem dar uma desculpa. A afirmação pode ser

exagerada, mas evidencia algo importante. É

Victor AmAt e Bet Font

Como está nossa relação com o mundo? Equilibrada?

Alguém nos deve algo? Nos sentimos em dívida

com alguém? As constantes justificativas que damos aos outros (e a nós também),

expressam aspectos imaturos de cada um de nós.

que todos recorremos a pretextos mais ou menos honestos para sair bem de um apu-ro. Mas muitos de nós temos consciência de que algumas vezes nosso excesso de auto-condescendência nos paralisa.

Reconheçamos: determinadas descul-pas, ou justificativas, nos impedem de viver com plenitude; no entanto, é possível dei-xá-las de lado? Geralmente se diz que ve-lhos hábitos são difíceis de abandonar, mas se nos conectarmos com o poder e o efeito das realizações que desejamos, quem sabe conseguiremos mudá-los.

As desculpas são as razões com as quais justificamos comportamentos, falhas e er-ros. Socialmente adquirem uma conotação negativa pelo fato de conterem normalmen-te enganos e meias verdades. Já cantava Joa-quin Sabina: “Me falta una verdad, me sobran cien excusas” (cem desculpas).

Mas uma desculpa pode nascer de um arrependimento sincero, e ser, como tal, prova de sábia humildade. Nesta maneira reconhecemos e oferecemos nossas ra-zões, tomando assim consciência de nos-sos erros e nos desculpando pelo dano

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GUARDE E cONsULtE sEMPRE!

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matéria de Capa

aNANCy hONEyCUTT/iSTOCkPhOTO/BE

A armadilha das justificativasque possamos ter causado.

DO PRETEXTO AO MAL ESTAR

A relação que cada um mantém com as desculpas é totalmente pessoal e varia con-forme seu momento de vida. Mudam igual-mente o uso e a aceitação das justificativas em função do contexto familiar, social e cul-tural: se é bem visto ou não, o que se espera de nós no trabalho... Mas basicamente o que todos nós concordamos é que somos víti-mas e carrascos das armadilhas dessas justi-ficativas, tanto se recorremos a elas, como quando nos sentimos cansados com alguém que as utiliza conosco.

O lado bom do ruim (se é que houve algum prejuízo nessas desculpas) é que por trás delas quase sempre há um bom final: pe-dimos ou damos desculpas para nos sentir-mos melhor, para nos cuidar, ser perdoados ou para nos protegermos de algo.

E o lado ruim do bom é que a justifi-cativa, que a princípio nos alivia, pode tam-

bém com seu abuso converter-se em moti-vo de mal estar. isso ocorre quando acaba-mos aceitando como verdade o que na reali-dade não são nada mais que pretextos. Além disso, corremos o risco das pessoas que nos rodeiam se cansem de ouvir desculpas pou-co genuínas para justificar nossas falhas, es-pecialmente se sentem que com elas traímos sua confiança.

A INTENÇÃO POSITIVA DAS DESCULPAS

A Neurolinguística propõe a ideia de que “todo comportamento nasce de uma intenção positiva”. As desculpas também se legitimariam por esse tipo de inten-ção, que busca nos proteger ou nos brindar com algo bom, mesmo que com esse comportamento estejamos prejudicando os outros.

As justificativas estão vinculadas à socialização, à necessidade de sermos reconhecidos e amados. hum-berto Maturana, como outros

“Corremos o risco das

pessoas que nos rodeiam se cansem de ouvir

desculpas pouco genuínas para justificar nossas falhas,

especialmente se sentem que com elas traímos sua

confiança.”

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As justificativas que alguém dá a si mesmo surgem frequen-temente de seu próprio medo de fracassar. Posterga-se a

ação ou escapa-se da responsabilidade por medo do ris-co ou por não se sentir à altura, ou por não ter con-

vicção de que o esforço renderá os resultados espe-rados. Trata-se de “pensamentos dormitivos”, nas palavras de Gregory Bateson, quanto mais recor-rentes são as desculpas usadas para evitar fazer algo, mais se enfraquece a confiança.

Quanto às justificativas dadas aos de-mais, pode ser o medo de não ser querido. A necessidade de corresponder aos compro-missos ou de fazer o que socialmente se

espera em cada contexto pode le-var a um excesso de corte-

sia que provoca um efeito contrário

ao deseja-do.

matéria de Capa

DRBiMAGES/iSTOCkPhOTO/BE

autores, defende a ideia de que os seres hu-manos são filhos do amor e da coopera-ção, de modo que só podemos nos sociali-zar através da aceitação mútua. Tal aceitação leva, entre outras, a uma conduta de respei-to ao próximo. E é aí onde está a importân-cia da noção de acordo, colaboração e reci-procidade, como também a necessidade de nos eximir ou de nos justificar.

USO E ABUSO DAS DESCULPAS

Em sua teoria das relações do self, Ste-ve Gilligan afirma que as pessoas, desde sua tenra infância, necessitam receber mensa-gens de aceitação e suporte para realizar seu processo evolutivo. O suporte consis-te em dar e receber mensagens de autoa-

Como se entrano círculo?

Quanto mais recorrentes são as desculpas usadas para evitar fazer algo, mais se enfraquece a confiança.

firmação (“você existe”, “você é único”, “você é valioso”) e de pertencimento ao grupo, famí-lia ou sistema (“sua contribui-ção é importante”, “você é bem-vindo”, “você é um de nós”).

Quando recebemos essas mensagens, alinha-mos nossas ações e pen-samentos para que sejam coerentes com eles. Mas se há uma falta desse tipo de mensagem ou se ela fa-lha de algum modo, en-tão a pessoa desenvolve ou-tro tipo de comportamento, muitas vezes oposto, que lhe permite conseguir esse reco-nhecimento, mesmo que seja de maneira disfuncional ou à custa de provocar um efeito negativo. Seria o caso de quem tenta ser visto ou reconhecido por seus maus modos ou por sua agressividade, ou de quem se protege com comportamen-tos esquivos para tratar de ser “bem-vindo”.

Nossa necessidade de re-conhecimento nos leva a utili-zar as desculpas como uma for-ma para conseguir isso, mas é im-portante dar-se conta de que, se usada de modo compulsivo, a des-culpa esgota quem as usa e quem as recebe. Uma pessoa que tende a se jus-tificar em excesso provavelmente acaba-

“Nossa necessidade

de reconhecimento nos leva a utilizar as desculpas

como uma forma para conseguir isso, mas é importante dar-se

conta de que, se usada de modo compulsivo, a desculpa esgota

quem as usa e quem as recebe.”

iEvGEN ChEPil/iSTOCkPhOTOBE

GU

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GUARDE E cONsULtE sEMPRE!

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11 • Nº 53 • Março 2013 • Bem estar matéria de Capa

aJOANA COCCARElli/FliCkR/BE

rá causando irritação no outro. Com cada justificativa a mais, sua confiança e a nossa dimi-nuem. Se as defesas a que se recorre são desonestas, cedo ou tarde o outro no-tará a falsidade.

CONTENTAR TODO MUNDO?

Muitas pessoas escondem seus erros com a falsa crença de que se não os esconderem os outros deixarão de gostar delas. Esse fenômeno acontece com maior intensidade quando as mensagens de suporte faltaram, o que provoca uma necessidade de reconheci-mento ainda maior. Há uma tentativa, en-tão, de satisfazer os outros de todas as ma-neiras e de cumprir com aquilo que espe-ram (ou que se acredita que esperam) de si. Esse medo da rejeição pode dificultar o reconhecimento de seus próprios erros ou limitações, assim como da capacidade para impor limites ou para ser honesto na hora de discordar explicitamente de uma proposta ou opinião.

Esses sentimentos estão intimamen-te ligados à nossa noção de identidade e às crenças limitadoras sobre como deve ser nossa relação com os demais. Esque-ce-se assim que é impossível e exaustivo pretender estar no mundo tentando con-tentar a todos. E se desculpar cada vez que isso não acontece.

“As desculpas

funcionam como um bálsamo diante da dor. Uma

autocondescendência defensiva. Mas elas nos enfraquecem em

nossa busca interior. Como escreveu Fernando Pessoa: ‘as derrotas

mais dolorosas são as das batalhas evitadas’.”

JUSTIFICATIVAS A SI MESMO

Todos nós em algum momento da vida enfrentamos situações que repre-

sentam um desafio. Diante desses desa-fios, ou até da responsabilidade cotidia-na de defender nossas crenças, desejos e necessidades, podemos duvidar de nos-sa capacidade e valor. E é nessa hora que

começamos a buscar justificativas de por que não podemos enfrentá-los. A men-te oferece todo tipo de explicação lógica que justifique aquilo que não po-demos alcançar e que demoramos

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Bem estar • Nº 53 • Março 2013 • 12

DRBiMAGES/iTOCkPhOTO/BE

matéria de Capa

Pare de se defender e de se justificar se isso não funciona. Muitas pessoas se sentem acuadas e, contu-do, tentam ser reconhecidas sem êxito. Agradeça as críticas sem tomá-las como algo pessoal, especialmente se são ques-tionamentos sinceros.

Aceite que nem sempre se pode ser o “bom” da histó-ria. Pode ser que os outros te concedam outro papel e que você não possa fazer nada para mudá-lo. Algumas vezes, é preciso aceitar que a percepção dos outros não depende de você. Isso ocorre, por exemplo, em situações de desencontro, competição ou depois de uma ruptura amorosa. Não se pode pretender sair de uma relação e pretender que todos nos vejam com bons olhos.

Aprenda a dizer “não”. Experimente impor pequenos li-mites e observe se realmente os outros deixam de gostar de você por isso. Comece pouco a pouco e assim desenvolverá essa nova habilidade.

Se você se sente culpado, permita-se experimentar a “boa culpa”. Trata-se de um sentimento habitual que surge quando deixa de fazer algo que antes fazia para que te olhas-sem com bons olhos. Pode ser um agente mobilizador de uma mudança que você precisa fazer.

Reconheça os demais. Lembre que é impossível conseguir o reconhecimento do outro sem dá-lo.

Observe que, curiosamente, o outro muda quan-do você para de insistir nas suas velhas res-

postas.

a aceitar como certas - pois ninguém nos engana mais do que nós mes-

mos. Associamos essas justifica-tivas atuais (nossas desculpas) a nossas frustrações do passa-

do, explican-do por-que não s o m o s

tão bons agora como

gostaríamos. As desculpas

permanecem assim como um bálsamo diante da dor. Uma

autocondescendência defensiva. Mas elas, ape-

sar de nos confortar naquele instante, nos enfraquecem em nossa busca interior. Como escreveu Fernando Pessoa: “as derrotas mais dolorosas são as das batalhas evitadas”, de maneira que o que pare-cia ser a solução se transfor-ma no problema.

Mas, o que aconteceria se em vez de permanecermos estancados, decidíssemos co-meçar a dar pequenos passos em direção ao nosso destino? Mesmo que alguma incômoda voz interna nos reprove a ou-sadia e nos empurre a não fa-zer nada, abrigados por nossas desculpas usuais?

AS DESCULPAS NA PSICOTERAPIA

As desculpas que damos sobre o que poderia ter acontecido se as coisas tives-sem sido diferentes só levam a um gasto de energia inútil. O ditado popular águas passadas não movem moinho se encaixa perfeitamente no que queremos dizer. Justificativas do tipo: “se eu tivesse es-tudado mais”, “se tivesse mais dinheiro”, “se meu passado tivesse sido diferente” etc, consomem a autoestima e, além dis-so, não oferecem nenhuma solução.

Algumas pessoas justificam seus fra-cassos por pertencerem a uma famí-lia com poucos recursos, outras culpam os pais por terem se separado. A maio-ria vincula sua má sorte a problemas de personalidade ou até por terem excesso de peso. Desculpas não faltam para qual-quer coisa.

O fato é que as desculpas não nos oferecem chances de crescimento, mes-mo que pretendam nos proteger do fra-casso. Se queremos transformá-las em recursos devemos legitimar tal função agindo, algumas vezes, como se não es-cutássemos essas vozes internas e, em outras, negociando com elas e acalman-do-as.

As justificativas que carregamos ao longo da vida não só fazem com que a gente perca as rédeas de nosso destino e as oportunidades do presente, como também, no futuro, podem nos levar a perder tempo nos perguntando como

Quando desculpar-se já não é útil

Quando desculpar-se o tempo todo buscando aceitação não rende os resultados esperados, é preciso fazer coisas diferentes.

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13 • Nº 53 • Março 2013 • Bem estar

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matéria de Capa

MATThEW ENNiS/iSTOCkPhOTO/BE

teria sido se tivéssemos reagido com mais força. O que as desculpas fazem é nos ne-gar a possibilidade de mudar e experimentar.

Um bom exercício consiste em revisar quais são nossas desculpas mais recorrentes, para avaliar, em seguida, se estão nos afas-tando de algo ou de alguém, ou se nos im-pedem de pensar em alguma coisa ou em in-vestir nossa energia para lutar por maiores realizações, como ser melhores pais, compa-nheiros, empreendedores, profissionais ou qualquer outra coisa que pretendamos. E se chegarmos à conclusão de que alguns desses nossos pretextos estão nos prejudicando ou nos impedindo de fazer algo benéfico para

“As desculpas que

carregamos ao longo da vida não só fazem com que a

gente perca as rédeas de nosso destino e as oportunidades do

presente, como também, no futuro, podem nos levar a perder tempo nos perguntando como teria sido

se tivéssemos reagido com mais força.”

nós mesmos, então, quem sabe, seja o mo-mento de enfrentar os medos que se masca-ram por trás das justificativas.

Não é fácil, mas existem maneiras de deixar as desculpas no caminho para, as-sim, poder andar mais rápido. Seja sozinho, acompanhado ou buscando ajuda externa.

ABANDONAR O CÍRCULO

Que tal treinar para nos equivocarmos cada vez melhor? Sem grandes ambições, sa-bendo que assim aprenderemos “como fa-zer” e, outras vezes, “como não fazer”. E também aprender a maneira de nos descul-par com honestidade e dignidade quando nos equivocarmos - afinal cometer erros nos enriquece e nos faz sentir vivos.

Anna Freud comparava a existência com uma partida de xadrez: “As primeiras joga-das são importantes, mas enquanto a partida não terminar ficam alguns lindos movimen-tos por fazer”. E se admitirmos nossas fra-quezas e deixarmos de negá-las ou justificá--las? Nosso desejo é que as desculpas sirvam para nos deixar mais livres, não para impe-dir a vida.

Publicado na revista CUERpoMEnTE

ShARON DOMiNiCk/iSTOCkPhOTO/BE

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Bem estar • Nº 53 • Março 2013 • 14

FOTOS _BOBi + BOBi/FliCkR/BE

reflexão

J á dizia Chico Buarque, em uma de suas canções: “Quem é essa mulher?..” Mas quem é mesmo essa mulher? Que inspi-

ra artistas, músicos, poetas de todos os tem-pos? Que pode gerar uma vida? Que num momento é menina, em outro é mãe, que é companheira, profissional... que é ela mes-ma? Quem é essa mulher que vivencia tantas fases no próprio corpo: menstruação, me-nopausa, maternidade?

A mulher vem instigando pensadores de todos os tempos; já perguntava Freud: “afi-nal, o que querem as mulheres?” De fato, o mundo interior de uma mulher é rico de emoções, experiências, dores e alegrias. A própria biologia da mulher nos fala de uma intensidade de variação hormonal ao longo da vida, que se reflete na ciclicidade da sua natureza. Somos menos “lineares” que os homens. E essa diferença pode enriquecer

nossa convivência. Cecília Meireles expressa poeticamente esses “ciclos” femininos: “Te-nho fases como a lua, fases de andar escon-dida e fases de ir para rua”...

Essa conexão com o próprio corpo, com as emoções, com a necessidade de ora se recolher e ora se expandir, faz parte do que chamo “Resgate do Feminino”: uma rea-proximação de si mesma, uma escuta das ne-cessidades mais internas.

O princípio Feminino não se refere à ideia de gênero homem/mulher, mas sim a uma “dimensão”, uma “energia sutil”, pre-sente em homens e mulheres. Os orientais denominam “yin” e “yang”, referenciando-se às energias femininas e masculinas respecti-vamente. Carl Jung, psiquiatra suíço, nos fala de ‘animus’ (dimensão do masculino) e ‘ani-ma’ (dimensão do feminino) presentes no homem e na mulher.

A mulher e o resgate do FemininoA mulher e o resgate do Feminino

Daniela Cota Carvalho

A mulher moderna vem se deparando com um “chamado” para o seu Feminino,

mesmo que não tenha clareza exatamente do que é. Leia esta interessante reflexão.

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15 • Nº 53 • Março 2013 • Bem estar ????

Este princípio feminino ou “yin”, como denominam os orientais, nos remete a algu-mas características como a receptividade, a sensibilidade, a intuição, a flexibilidade, a afe-tividade. Já o princípio masculino ou “yang” refere-se, de forma geral, às qualidades como a ação, a firmeza, a assertividade, a racionali-dade. Os dois princípios se complementam e funcionam como uma “dança”, onde ora um se manifesta com maior intensidade, ora o outro aparece. Mas sempre “dançando” jun-tos. Quando vivenciamos por bastante tem-po um desses princípios em detrimento do outro, percebemos um desequilíbrio.

ROMPENDO BARREIRAS, PERDENDO FRONTEIRAS

Durante os últimos séculos, a mulher precisou romper com muitas barreiras na busca pela igualdade de direitos. E ainda hoje, em diversos contextos e culturas, se faz ne-cessária uma luta pela conquista de espaços mais igualitários.

Se por um lado esta conquista por espa-ços foi e é essencial; por outro, levou a nós, mulheres, desenvolver o que chamo de “face guerreira”, para podermos assegurar nosso “território” numa sociedade patriarcal, onde valores como a produtividade e a raciona-lidade exacerbada são muito valorizados. Dessa forma, muitas mulheres deixaram em segundo plano o “princípio feminino”. Não é por acaso que o número de doenças rela-cionadas ao útero e a alterações hormonais e glandulares aumentou consideravelmente.

Muitas mulheres relatam se sentirem

distantes do seu lado mais “caseiro”, no sen-tido de terem tempo para cuidarem de si mesmas, vivenciarem o “não fazer” em al-guns momentos, usufruírem de uma ativida-de prazerosa para ela mesma, estarem mais tempo com os filhos, amigos e companhei-ro. Estes movimentos permitem desacele-rar, olhar a vida de um outro ângulo e, as-sim, facilitar o acesso a outras características dessa energia “feminina”: ouvir a própria in-tuição, relaxar, flexibilizar, viver o prazer, ex-pressar a própria afetividade.

Apesar do ritmo da vida moderna esti-mular exatamente o contrário do que expo-

mos acima, o trabalho excessivo, o consu-mo exacerbado, a falta de “tempo”; observa-mos movimentos atuais que expressam uma vivência deste princípio feminino. leonardo Boff, em várias de suas reflexões, comenta sobre esta questão, citando o aumento cres-cente dos movimentos ecológicos, de cuida-do com a Terra, como resgates do princípio feminino em nosso tempo.

OPTANDO PELO FEMININOMuitas mulheres estão hoje optando,

dentro de suas possibilidades, por uma redu-

ção na jornada de trabalho para poderem es-tar mais com os filhos e para terem uma qua-lidade de vida melhor.

Talvez estejamos falando sobre um res-gate da simplicidade ou até mesmo de hábi-tos antigos aliados às conquistas modernas. Deste ponto de vista, o princípio Feminino alcança um sentido muito maior, uma neces-sidade da nossa época.

A mulher moderna vem se deparando com este “chamado” para o seu Feminino, mesmo que não tenha clareza exatamente do que é. Com frequência, ela pode se ver com uma necessidade maior de se autoco-nhecer, de experimentar novas formas de fa-zer a própria vida, ou se percebe descobrin-do novos prazeres...

O mais importante é que cada mulher possa encontrar o seu próprio jeito, a sua maneira de vivenciar seu feminino mais pro-fundo e assim integrá-lo com seu princípio masculino interior. Este “casamento” inter-no pode contribuir muito para relações con-jugais mais satisfatórias, para o bem-estar e para a saúde, em todos os sentidos - físico, emocional, mental, espiritual.

Espero que cada mulher possa cultivar seu princípio feminino à sua maneira, com-plementando-o com sua energia masculina, vivendo de forma mais plena e feliz. E que cada homem também encontre o seu equi-líbrio interno, entre suas energias feminina e masculina, nesta sábia “dança” da vida. Este é um verdadeiro “casamento alquímico”!

DAniElA é psicóloga, facilitadora de Biodanza

“Com frequência, a mulher moderna pode se ver com uma necessidade maior de se autoconhecer, de experimentar novas formas de fazer

a própria vida, ou se percebe descobrindo novos prazeres...”

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