2
TISBE MACHADO NASCIMENTO
PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO DA
PRAÇA HENRIQUE CARLONI
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, no semestre de 2015.2 como requisito para
obtenção de título de arquiteto e urbanista.
Orientador: Prof. Francisco da Rocha Bezerra Junior
Natal, Novembro de 2015
3
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.
Nascimento, Tisbe Machado.
Proposta de requalificação da Praça Henrique Carloni / Tisbe Machado
Nascimento. – Natal, RN, 2015.
114f. : il.
Orientador: Francisco da Rocha Bezerra Junior.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.
1. Praça – Monografia. 2. Requalificação urbana – Monografia. 3. Espaço
público – Monografia. 4. Arquitetura – Monografia. I. Bezerra Junior,
Francisco da Rocha. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.
RN/UF/BSE15 CDU 712.254
4
TISBE MACHADO NASCIMENTO
PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA HENRIQUE CARLONI
Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca examinadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, no semestre de 2015.2 como requisito para obtenção de título de arquiteto e urbanista.
__________________________________________________________________
Prof. Esp. Francisco da Rocha Bezerra Junior (orientador)
Departamento de Arquitetura/ UFRN
__________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Veronica Maria Fernandes de Lima (Convidada interna)
Departamento de Arquitetura/UFRN
____________________________________________________________
Arquiteta e Urbanista Rosa Pinheiro (Convidada externa)
Aprovada em: _______/________/_________
6
AGRADECIMENTOS
Agradecer às vezes pode ser difícil, expressar esse sentimento tão nobre em palavras
pode provar-se uma tarefa complicada, sensível. Não cheguei até aqui sozinha,
muitas pessoas deram sua contribuição e mesmo que eu não cite a todas, sei que
fizeram parte da minha caminhada, e mais importante, elas também sabem.
A meus pais, Solange Setta Machado e Amílcar José Nascimento, agradeço
imensamente todo o apoio incondicional, cada palavra de alento e abraço de
força. Vocês são e sempre serão meus guias, passos que tenho orgulho em seguir.
Também a minha madrasta, Nadja Cecim, por ser como uma mãe e me
acompanhar ao longo da vida.
Aos meus avós e em especial, ao avô Alberto Machado, por sempre me dar
conselhos, e permitir tomar minhas decisões e apoiá-las diariamente. Por se fazer
presente na distância, nos detalhes.
As minhas irmãs e irmão, por se interessarem sempre pela minha profissão, mesmo
não sendo a deles, pelas horas de descontração quando mais precisei, pelos abraços
depois de uma conquista, pelos exemplos que são em minha vida.
As minhas tias Regina e Rejane, por me receberem em sua casa, por me fazerem filha
e sobrinha. Obrigada por serem mais que tias, por serem mãe, irmãs, tias, conselheiras
e me ajudarem a passar por esses últimos anos de faculdade me sentindo amada.
7
Aos Boêmios, que mais do que amigos, são minha família, especialmente nestes
últimos dois anos. Vocês fizeram a caminhada mais leve e certamente mais divertida.
As minhas queridas Alinne Alessandra, Ingrid Soares e Luiza de Melo, companheiras
desde sempre nas empreitadas dos muitos trabalhos, obrigada, pela amizade, pelo
carinho, pelo apoio. A Gabrielle Barros, Maria Evane, Rayanna Guesc, Babina,
Carolina Santos, Rhenyara Raissa, Filipe Almeida, Mateus Cândido, Mateus Medeiros,
Fernando Cortez, não poderiam existir amigos melhores, obrigada queridos.
A meu amigo de uma vida inteira, Johnson Cesário, obrigada pelos cafés nas
madrugadas, por me ouvir e me apoiar. Obrigada pela força, sem você este trabalho
não existiria.
Ao meu orientador Francisco Junior, agradeço a paciência e compreensão com
meus erros e por me guiar em meio a esta tarefa tão importante e desafiadora.
8
RESUMO
O trabalho consiste em uma proposta de requalificação para a Praça Henrique
Carloni, localizada em Ponta Negra, bairro rico em espaços públicos, apesar de
estarem, em sua maioria, ociosos. Sendo assim, o objetivo central é proporcionar
um rearranjo morfológico na praça, de forma a atender aos moradores do bairro.
Para isso, foram estudados aspectos da morfologia urbana, projetos de praças em
geral e alguns estudos de referência. O trabalho está estruturado de maneira a
apresentar os referidos estudos primeiro – como referencial teórico, e a
sistematização de dados colhidos durante a pesquisa; em seguida, estão as
análises da área e então a proposta projetual.
Palavras-Chave: Requalificação urbana, espaço público, praça.
9
RESÚMEN
Este trabajo consiste en una propuesta de recalificación para la Plaza Henrique
Carloni, localizada en Ponta Negra, barrio rico en espacios públicos, aunque, en su
mayoría, ociosos. Por lo tanto, el objetivo principal es proporcionar una
reorganización morfológica en la plaza, con el fin de atender a los moradores de
la zona. Para ello, se estudiaron los aspectos de la morfología urbana, proyectos de
plazas en general y algunos estudios de referencia. El trabajo está estructurado
para presentar los dichos estudios primero – como marco teórico y la
sistematización de los datos recogidos durante la encuesta; a continuación se
presenta el análisis de la zona y luego la propuesta de diseño arquitectónico.
Palabras llave: Recalificación urbana, espacio público, plaza.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação espaços públicos e privados .......................................................................................................... 22
Figura 2: Vista aérea de um trecho de Palmas - TO ................................................................................................................ 23
Figura 3: Qualidade do entorno vs. atividades ........................................................................................................................ 28
Figura 4: Peatonal Córdoba, Argentina. .................................................................................................................................. 29
Figura 5: Centro de Córdoba, Argentina. ................................................................................................................................. 29
Figura 6: Praça do Mercado Público de Porto Alegre – RS. ................................................................................................... 30
Figura 7: Passeio Público de Curitiba (A), Vale do Anhangabaú (B), Praça do Bom Jesus (Anápolis)(C) e Praia de
Ponta Negra (Manaus)(D). ........................................................................................................................................................... 37
Figura 8: Praça medieval - Sarlat ................................................................................................................................................ 40
Figura 9: Praça renascentista - Piazza del Popolo, Itália ......................................................................................................... 41
Figura 10: Implantação do projeto ............................................................................................................................................. 48
Figura 11: setorização do projeto ............................................................................................................................................... 49
Figura 12: Partido arquitetônico .................................................................................................................................................. 50
Figura 13: Fluxos e acessos ........................................................................................................................................................... 50
Figura 14: Implantação da Iluminação ..................................................................................................................................... 51
Figura 15: Permeabilidade do solo ............................................................................................................................................. 51
Figura 16: Implantação Praça da Balsa Vieja. ......................................................................................................................... 53
Figura 17: Praça da Balsa Vieja. .................................................................................................................................................. 53
Figura 18:Planta geral Praça da Balsa Vieja ............................................................................................................................. 54
Figura 19: Diagramas Praça da Balsa Vieja .............................................................................................................................. 55
Figura 20: Planta da Praça Levinson. ......................................................................................................................................... 57
Figura 21: Vista da Praça Levinson ............................................................................................................................................. 57
Figura 22: Zoneamento Praça Levinson ..................................................................................................................................... 58
Figura 23: Praça Levinson ............................................................................................................................................................. 59
Figura 24: Setores do bairro de Ponta Negra segundo classificação da UFRN. ................................................................. 64
Figura 25: Condicionantes legais no bairro de Ponta Negra ................................................................................................. 65
Figura 26: Áreas de operação urbana em Natal. .................................................................................................................. 66'
11
Figura 27: Cobertura vegetal no bairro de Ponta Negra ....................................................................................................... 68
Figura 28: Primeira fase Conjunto Ponta Negra ....................................................................................................................... 72
Figura 29: Convênio Ponta Negra .............................................................................................................................................. 73
Figura 30: Equipamentos previstos .............................................................................................................................................. 74
Figura 31: Conjuntos habitacionais no bairro de Ponta Negra ............................................................................................. 75
Figura 32: Localização Praça Henrique Carloni. ...................................................................................................................... 76
Figura 33: Diagnóstico da praça, (A) quadra poliesportiva em péssimo estado; (B) pista de skate inadequada; (C)
resquícios comportamentais; (D) lixeira quebrada; (E) rampa mal implantada. .............................................................. 80
Figura 34: Hierarquia de vias Conjunto Ponta Negra .............................................................................................................. 81
Figura 35: Rotas dos ônibus. ......................................................................................................................................................... 82
Figura 36: Praças do Conjunto Ponta Negra. ........................................................................................................................... 83
Figura 37: Praça ecológica e Praça da Penha ........................................................................................................................ 89
Figura 38: Caixa d'agua e prédios atrás. ................................................................................................................................... 91
Figura 39: Mapa Nolli adensamento. ......................................................................................................................................... 91
Figura 40: Partido urbanístico....................................................................................................................................................... 99
Figura 41: Zoneamento da proposta ....................................................................................................................................... 100
Figura 42: Exemplo de piso tátil ................................................................................................................................................. 101
Figura 43: Piso da quadra poliesportiva ................................................................................................................................... 103
Figura 44: Modelo de sinalização ............................................................................................................................................. 103
Figura 45: Posto policial .............................................................................................................................................................. 104
Figura 46: Banheiros ..................................................................................................................................................................... 104
Figura 47: Bancos e lixeira .......................................................................................................................................................... 105
Figura 48: Bicicletário .................................................................................................................................................................. 105
Figura 49: Playground proposto ................................................................................................................................................ 106
Figura 50: Textura e cor do piso ................................................................................................................................................. 107
Figura 51: Sinalização de estacionamento ............................................................................................................................. 107
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Faixa etária de Ponta Negra ..................................................................................................................................... 67
Gráfico 2: Faixa etária dos entrevistados .................................................................................................................................. 92
Gráfico 3: Frequência de uso. ..................................................................................................................................................... 92
Gráfico 4: Tipos de usos ................................................................................................................................................................ 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Relação dos estilos de praça ..................................................................................................................................... 43
Tabela 2: Resumo dos estudos de referência ........................................................................................................................... 61
LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Raios de influência ......................................................................................................................................................... 86
Mapa 2: Uso de solo ...................................................................................................................................................................... 88
Mapa 3: Gabarito. ......................................................................................................................................................................... 90
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................................... 15
ESPAÇOS LIVRES E PÚBLICOS ......................................................................................................................................................................... 20
MORFOLOGIA DO ESPAÇO PÚBLICO ....................................................................................................................................................... 24
USO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO ............................................................................................................................................... 26
A PRAÇA E O URBANO ................................................................................................................................................................................... 34
CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................................................................................................... 35
EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA ..................................................................................................................................................................... 39
CONHECENDO PRAÇAS ................................................................................................................................................................................. 46
CONCURSO COLINAS DE ANHANGUERA ................................................................................................................................................ 48
PRAÇA DA BALSA VIEJA ............................................................................................................................................................................. 52
PRAÇA LEVINSON ........................................................................................................................................................................................ 56
CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIA ................................................................................................................................... 60
UNIVERSO DE ESTUDO: PONTA NEGRA ......................................................................................................................................................... 62
ÁREA DE PROJETO: PRAÇA HENRIQUE CARLONI ........................................................................................................................................ 69
BREVE HISTÓRICO – Ponta Negra .............................................................................................................................................................. 70
INFORMAÇÕES GERAIS – Praça Henrique Carloni. ................................................................................................................................. 76
ANÁLISE DA ÁREA DE PROJETO ................................................................................................................................................................. 85
PROPOSTA PROJETUAL ................................................................................................................................................................................... 95
ASPECTOS GERAIS ....................................................................................................................................................................................... 96
CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO .................................................................................................................................................. 98
ZONEAMENTO .............................................................................................................................................................................................. 99
14
MEMORIAL DESCRITIVO ............................................................................................................................................................................ 100
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................................................................. 109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................................................................... 111
APÊNDICES ..................................................................................................................................................................................................... 115
APÊNDICE A: ............................................................................................................................................................................................... 115
APÊNDICE B: ............................................................................................................................................................................................... 115
15
INTRODUÇÃO
uso de praças, no Brasil, é um traço
cultural antigo, que remete à
época em que as pessoas
colocavam suas cadeiras na calçada, se
encontravam com seus vizinhos e ali permaneciam,
como uma extensão de suas casas. Aos poucos as
pessoas sentiram necessidade de aumentar seus
espaços de convivência, e como suas casas não
permitiam, a vida passou a se desenrolar na rua, na
calçada, na praça.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Urbanismo - SEMURB (2009), existem em
Natal 246 (duzentas e quarenta e seis) praças, das
quais a maioria está localizada na região leste (74) e
sul (87) da cidade. Observa-se que, cruzando esta
informação com os dados referentes à renda, o maior
número de praças está nos bairros com maior poder
aquisitivo, assim como, os bairros com menor
quantidade de praças estão nas regiões
administrativas Norte e Oeste, totalizando 58 e 27
praças respectivamente.
Dessas praças, a grande maioria está em áreas
residenciais, internas aos bairros e com um raio de
interferência não maior que 200 metros de distância –
caracterizando-as como praças de alcance local,
mais voltadas aos usuários mais próximos e com pouca
relação com a cidade ao redor.
Como a maioria dos espaços públicos da
cidade, as praças também estão negligenciadas
pelos gestores. Ao percorrer algumas delas é possível
perceber que as condições atuais não são as mais
adequadas, os mobiliários estão quebrados,
enferrujados; a iluminação muitas vezes é precária, as
condições de acessibilidade são falhas e a falta de
segurança para o usuário é subliminar.
O
16
Poderia ser argumentado que as praças não são
cuidadas pois a população já não as utiliza, no
entanto, a afirmação não pode ser feita para todos os
casos. De fato, existe uma deficiência no uso dos
espaços públicos na cidade, porém muitas das praças
urbanas são utilizadas como passagem, recanto para
repousos e permanências breves, sem contar aquelas
que são “adotadas” pelos moradores lindeiros e se
transformam em verdadeiras extensões de suas casas
e jardins.
Além disso, os usos nos entornos das praças são
os mais variados, em alguns casos, existem comércios,
serviços, igrejas e escolas; elementos que trazem vida
aos locais e fazem a população se locomover por
entre as praças.
A simples presença de atributos
positivos no entorno não é o único
fator determinante na valorização de
um espaço público, mas estes devem
ser considerados e incentivados
através de parcerias entre ações
públicas e privadas (SANTANA, 2003,
p.144).
Mais além da qualidade física desses espaços,
devemos lembrar que existe um fator cultural no uso
dos espaços públicos em geral. Mesmo se tratando de
algo com raiz cultural bastante forte em nossa
população, muitas pessoas argumentam que não vão
às praças por se sentirem pouco seguras nesses
ambientes. Fato que pode ser atribuído às
configurações morfológicas dos espaços, elementos
arquitetônicos, infraestrutura de apoio, conforme
observado por Trícia Santana.
A falta de segurança nos espaços
públicos pode ser associada às suas
características configuracionais e
morfológicas. Tais como barreiras
naturais e arquitetônicas, forma e
traçado do lugar, influindo na
presença de pessoas, na definição e
controle territorial, na acessibilidade,
nas possibilidades de refúgio e a
aparência dos espaços (SANTANA,
2003, p. 22).
17
Em razão desse sentimento de insegurança
foram sendo criados novos tipos de espaço público,
com acesso restrito a um certo tipo de população, em
uma determinada hora – chamados espaços semi-
públicos. Com isso, as praças abertas foram
desvalorizadas, a população escolhe o conforto
térmico dos condicionadores de ar em detrimento da
ventilação natural, locais com seguranças armados e
um horário de funcionamento determinado, como os
Shoppings Centers.
Percebemos um certo “recuo da cidadania”,
como defende Marcos Antônio Gomes (2002), as
pessoas passam a estar fechadas em suas residências,
ou em locais encerrados, controlados.
Havendo uma multiplicação de
espaços que são comuns, mas não
públicos; há um confinamento dos
terrenos de sociabilidade e diversas
formas de nos extrairmos do espaço
público, os modelos de lugares se
redefiniram (GOMES, 2002, p174 apud
SANTANA, 2003, p.24-25).
Com isso, aqueles que estariam encarregados
de perpetuar o costume da rua, se afugentam em
locais em que as interações não são incentivadas e,
aos poucos, tanto a calçada quanto a rua vão
perdendo seu atrativo de espaço de lazer e convívio.
Nesse contexto, é importante voltar a atenção
novamente aos espaços originários de lazer e resgatar
essa cultura enfraquecida. Até pelo seu caráter
democrático; não é preciso pagar entrada, não é
preciso se enquadrar em nenhum padrão
predeterminado. Numa praça são todos iguais, todos
cidadãos são dignos de desfrutarem o espaço.
Dessa forma, o Trabalho Final de Graduação se
insere no tema de requalificação urbana, tendo como
objetivo principal desenvolver uma proposta projetual
de requalificação da Praça Henrique Carloni, visando
uma melhora na sua estrutura dentro dos aspectos de
18
acessibilidade, iluminação, conforto termo acústico e
mobiliário urbano.
Nessa perspectiva, objetiva-se ainda, de
maneira mais específica:
1. Caracterizar as condições morfológicas atuais
da praça;
2. Inserir espaços/atividades na praça, com base
na dinâmica e necessidade dos usuários;
3. Contribuir para a reflexão dos espaços públicos,
em especial as praças;
A fim de atingir os objetivos determinados para
este trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica,
com leituras e fichamentos, a fim de compreender o
desenho de espaços públicos e como estes
influenciam a malha urbana. Em paralelo, foi feito um
estudo do entorno da Praça Henrique Carloni, a partir
da definição de uma Área de Influência Direta – com
um raio de 200m; e Indireta – com um raio de 400m;
dentro das quais foram analisados os aspectos
morfológicos no tocante ao uso e ocupação do solo,
gabaritos das edificações e outras características.
Além disso, foram aplicados questionários com
os usuários da praça em estudo, com a intenção de
definir parâmetros, como faixa etária, horário de uso,
frequência em que visitam a praça e quais as
demandas do espaço – em relação ao mobiliário,
equipamentos e usos.
A estruturação geral do trabalho se deu de
maneira tal que os dois primeiros capítulos tratam do
referencial teórico. O primeiro é dedicado a discussão
de espaços livres e públicos, o segundo, trata de
praças e sua relação com o espaço urbano e sua
evolução ao longo dos anos. Em seguida, está o
capítulo 3 que traz alguns estudos de referência
projetuais no contexto de praças urbanas.
Depois, está o capítulo 4, com o universo de
estudo, que traz um breve histórico do bairro de Ponta
Negra, identifica suas características morfológicas e
19
informações gerais. Em seguida, o capitulo 5 apresenta
a área de estudo, considerando os padrões de
comportamento dos usuários e as condicionantes
projetuais. Ao fim, tem-se o capitulo 6, constituído da
proposta projetual propriamente dita, com um breve
memorial descritivo e as pranchas de desenho.
21
Para tratar de espaços públicos é necessário
primeiro tratar sobre os espaços livres urbanos – os
quais, segundo Miranda Magnoli (1982), podem ser
considerados como “todo espaço não ocupado por
um volume edificado (espaço-solo, espaço-água,
espaço-luz) ao redor das edificações e que as pessoas
têm acesso”.
São espaços de vazios urbanos, sem edificações
públicas e/ou privadas e quando existem em conjunto
podem ser entendidos como um “Sistema de Espaços
Livres urbanos”, como defende Silvio Macedo (2013).
Dentro da Morfologia Urbana temos que a
cidade é determinada por seu traçado, este
constituído pelo sistema viário, parcelamento do solo,
edificações e espaços livres. Percebemos então, que
esses espaços são elementos fundamentais do tecido
urbano e podem ser representados tanto na esfera
privada – recuos, estacionamentos; quanto na pública
– praças, parques, ruas, entre outros; sendo produzidos
de maneira formal ou informal.
Os espaços livres privados adquirem especial
importância dentro da dinâmica da cidade a partir do
momento em que conferem às residências o fator
“intimidade”, a qual se dá a partir do distanciamento
entre uma e outra - recuos dentro das parcelas.
No âmbito do conforto ambiental, ambas
modalidades de espaços expressam significativas
melhoras na qualidade urbana quando têm
vegetação, isso porque proporcionam uma
atenuação de temperatura, contribuindo para a
manutenção do microclima local. Além disso,
contribuem como pequenas glebas de preservação,
uma vez que possuem elementos da flora local,
podendo também abrigar exemplares da fauna. Vale
ressaltar ainda a importância da permeabilidade do
solo e como essas áreas de vegetação podem atuar
como corredores de ventilação dentro dos espaços
construídos urbanos.
22
A arborização de rua, assim como a
vegetação de porte, como matas,
bosques, etc. são elementos
estruturadores da forma e da
paisagem urbana do mesmo modo
que as construções e o suporte físico,
mas tal fato não é considerado
importante no cotidiano urbano
(MACEDO, 2013, p.08).
Como forma de ilustrar o disposto acima, vê-se
na figura 1 ao lado a diferenciação dos espaços livres
públicos e privados. A característica mais marcante é
a divergência de escala, uma vez que o espaço
privado é confinado ao lote, enquanto que o público
tem uma maior relação com o espaço urbano.
No entanto, pode-se perceber também que o
espaço privado nem sempre tem vegetação – por
escolha de seus proprietários; enquanto que o espaço
público em sua maioria é vegetado, o que atribui
maior qualidade a este espaço.
Figura 1: Representação espaços públicos e privados
Fonte: helenadegreas.wordpress, 2015
Trazendo a ilustração acima para a realidade
brasileira, podemos ver a diferença entre esses
espaços na figura 02, um registro aéreo de uma parte
da cidade de Palmas - TO. A partir dela, percebe-se,
pelo traçado urbano regular, a disposição das
quadras e lotes em volta de uma praça central circular
- espaço livre público, e dentro dos lotes incidências de
vegetação. No entanto, a parcela significativa está
23
representada pelos espaços públicos ou terrenos não
edificados.
Figura 2: Vista aérea de um trecho de Palmas - TO
Fonte: Google maps, recorte pela aluna, 2015
24
MORFOLOGIA DO ESPAÇO PÚBLICO
Os espaços livres públicos compreendem,
segundo Panerai (2006, p.79) - dentro de suas formas e
funções, “a totalidade das vias: ruas e vielas, bulevares
e avenidas, largos e praças, passeios e esplanadas [...].
Esse conjunto organiza-se em rede a fim de permitir a
distribuição e circulação”.
Dentro do urbanismo o conceito de espaço
público está diretamente ligado a apropriação pela
sociedade, são espaços abertos e de uso comum,
surgidos como resposta ao modo organizacional do
século XVIII, “cujo espaço fundamental era o espaço
privado, a habitação, ‘fechada sobre a intimidade
familiar’” como cita Leitão (2002). Nesse sentido,
Fátima Loureiro de Matos afirma:
O espaço público é por natureza mais
aberto e a primeira função que o
distingue do espaço privado é a
facilidade de acesso. O espaço
público é de todos e de ninguém em
particular, em princípio, todos o
podem usar com os mesmos direitos
(MATOS, 2010, p.20 apud REIS, 2014,
p.35).
Os espaços públicos funcionam como
elementos estruturantes da malha urbana e têm
função primordial na integração e continuidade
territorial, permitindo a circulação de pessoas e
automóveis. Nessa mesma direção aponta Macedo
et al quando afirma “a rua em especial, tem papel
estruturador na constituição da forma urbana, pois
reflete as formas de mobilidade, acessibilidade e
circulação, parcelamento e propriedade da terra
urbana” (MACEDO et al, 2013, p.09).
Dentre os elementos constituintes do tecido
urbano - rede de vias, parcelamento fundiário e
edificações, Panerai (2006); o primeiro é o
componente com maior permanência dentro das
cidades - sendo assim, o elemento de maior expressão
25
e, de certa forma, com maior participação no
desenho do tecido urbano.
A rua, em particular, tem funções relacionadas
à conexão e continuidade territorial da cidade, tendo
fundamental importância na vida urbana a partir do
momento em que é a responsável pela interligação de
pontos dentro da cidade.
O espaço livre público, a rua em
especial, tem papel estruturador na
constituição da forma urbana, pois
reflete as formas de mobilidade,
acessibilidade e circulação,
parcelamento e propriedade da terra
urbana (MACEDO et al, 2013, p.09).
Conforme o exposto pode-se concluir então que
os espaços livres públicos têm a função de estruturar o
meio urbano e desempenham funções diversas, entre
elas a de conectividade e continuidade do território.
Dito isso, de maneira análoga a classificação de
Kevin Lynch, quando o autor, em seu livro “A imagem
da Cidade” (1960), definiu cinco aspectos como
elementos de apropriação da malha urbana
(caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos), os
autores Hartman e Strom também usam a ideia de
pontos nodais e caminhos, porém denominando-os
como nós e conexões.
Os nós são definidos espacialmente
por meio de porções do solo urbano
que podem servir como ponto focal,
ponto de atração e/ou destino para
usos recreativos. Dentre os principais
elementos constituintes dos nós estão
diferentes categorias de espaços
livres, como parques, praças, terras
devolutas de propriedade pública[...].
As conexões possibilitam as ligações
da paisagem e suas variadas florestas
através da conformação de
corredores e cinturões verdes. Ao
mesmo tempo em que preservam,
conservam e protegem os recursos da
paisagem, podem favorecer múltiplos
usos, principalmente para recreação
e transporte alternativo. Dentre os
elementos que atuam como
conexões, destacam-se os corredores
viários, as conectividades visuais, os
corredores verdes, os corredores azuis,
e os corredores amarelos (STROM,
26
2007 apud PIPPI e TRINDADE, 2013,
P.84, destaque pela aluna).
Nesse sentido, os espaços livres públicos
exercem, além da função de conectividade -
incorporada pelas vias; função de conservação dos
exemplares florestais urbanos, contribuindo para a
regeneração ambiental e “mitigando as pressões e os
impactos futuros das ocupações urbanas” (PIPPI e
TRINDADE, 2013, p.85).
1 Segundo classificação do médico Humphry Osmond (1950), espaços
sócio fugidios são aqueles que tendem a afastar as pessoas, enquanto
USO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
Como vimos acima, os espaços públicos têm
características morfológicas distintas, aspectos estes,
que influenciam na maneira como são ocupados. A
linearidade das vias impulsiona movimento, enquanto
que os bolsões das praças e largos pedem descanso,
tranquilidade.
No entanto, não apenas a forma é
influenciadora de tal comportamento, os fatores
sociais e psicológicos também têm papel nesta
equação. Os espaços têm uma capacidade
particular de poderem ser sócio fugidios1 ou sócio
petalados, características que variam a depender da
cultura e etnia do local.
Sobre a acessibilidade dos espaços públicos,
Stephen Carr (1995) afirma existir três modalidades de
que os denominados sócio petalados causam o efeito contrário,
aproximação.
27
acesso: físico, visual e simbólico; os quais combinados
podem gerar um espaço mais convidativo ao uso.
Acesso físico refere-se à ausência de
barreiras espaciais ou arquitetônicas
[...]. No caso do espaço público,
devem-se considerar também a
localização das aberturas, as
condições de travessia das ruas e a
qualidade ambiental dos trajetos.
Acesso visual define a qualidade do
primeiro contato [...]. Perceber e
identificar ameaças potenciais é um
procedimento instintivo antes de
alguém adentrar qualquer espaço.
Acesso simbólico ou social refere-se à
presença de sinais, sutis ou ostensivos
que sugerem quem é e quem não é
bem-vindo ao lugar (CARR apud ALEX,
2008, p.25).
As condições de acesso influenciam
diretamente nas atividades que serão desenvolvidas
no espaço público, interferem na sensação de
segurança dos usuários ou se serão capazes de
acessar aquele espaço. No âmbito das atividades que
podem ser exercidas nos espaços públicos, Jan Gehl
(2006) defende que existem três tipos, atividades
necessárias, atividades opcionais e atividades sociais.
As necessárias são aquelas cotidianas, ir
trabalhar, ir para a escola, são atividades que
independem do entorno físico, as pessoas não têm
escolha senão fazê-las. As atividades opcionais, como
o nome sugere, são aquelas em que o participante
tem direito de escolha e, geralmente, dependem do
tempo e das condições físicas do entorno; nesta
categoria estão inclusos passeios para tomar ar,
caminhadas e tempo em ócio. Por fim, as atividades
ditas sócias, são aquelas que dependem da interação
direta entre pessoas – jogos infantis, conversas,
eventos.
O arquiteto defende ainda que quando o
espaço urbano público é de boa qualidade as
pessoas se sentem mais convidadas a usá-lo, dessa
forma, a proporção entre as diferentes atividades é
mais parecida. Ao contrário de quando o espaço
28
público é ruim, e as pessoas se detém as atividades
necessárias em detrimento das outras duas.
Figura 3: Qualidade do entorno vs. atividades
Fonte: Gehl, 2006.
Além das atividades citadas pelo arquiteto, há
ainda aquelas de cunho cultural, manifestações
religiosas, feiras, eventos esportivos, manifestações
políticas, entre outras. Atividades que quando
colocadas lado a lado tecem a malha dos espaços
públicos e representam a identidade de cada local.
29
Figura 4: Peatonal Córdoba, Argentina.
Fonte: Acervo da autora, 2013.
Figura 5: Centro de Córdoba, Argentina.
Fonte: acervo da autora, 2013.
30
Figura 6: Praça do Mercado Público de Porto Alegre – RS.
Fonte: Acervo da autora, 2013.
Todas essas atividades referidas anteriormente
remetem à apropriação do espaço urbano,
característica capaz de transformar o local urbano em
espaço público propriamente dito, é a partir da
presença de pessoas que o espaço público ganha
sentido de lugar, ganha vida.
Um espaço urbano somente se
constitui em um espaço público
quando nele se conjugam certas
configurações espaciais e um
conjunto de ações. Quando as ações
atribuem sentidos de lugar e
pertencimento a certos espaços
urbanos, e, de outro modo, essas
espacialidades incidem igualmente
na construção de sentidos para as
ações, os espaços urbanos podem se
constituir como espaços públicos:
locais onde as diferenças se
publicizam e se confrontam
politicamente (LEITE, 2002, p.116).
Assim como defendido por Rogério Leite, Yu-Fu
Tuan (1983) aproxima o sentido de apropriar-se ao
sentido de lugar, envolvendo um investimento
temporal, afetivo e de valores. De acordo com Cintia
Liberalino (baseada em Enric Pol, 1996):
Apropriamo-nos da cidade quando
nos identificamos com ela, e a partir
desta relação de identidade com o
ambiente urbano, passamos a dar
sentido de lugar ao que antes era
apenas local, e assim, podemos atuar
neste ambiente atribuindo uma nova
imagem, ou seja, personalizando o
31
espaço (LIBERALINO, 2007, p.42 apud
MEDEIROS, 2015, P.23).
Essa apropriação do espaço pode ser
entendida de várias maneiras, como apontado por
Silvio Macedo et al (2009) quando diz que:
[...] A apropriação se reveste de
variadas formas, tipos,
temporalidades, escalas, pode ser
lícita ou ilícita, positiva ou negativa,
intensa ou episódica, depende de
uma série de fatores que vão desde a
atuação do poder público até a
topofilia2 (MACEDO et al, 2009 apud
MEDEIROS, 2015, p. 24).
É importante também diferenciar as ocupações
de cunho temporário daquelas que ocorrem de forma
permanente, assim como ocupações passivas versus
ativas.
Segundo Stephen Carr (1992), as ocupações
passivas são aquelas que envolvem observações, ócio
2 Topofilia é definida por Tuan (1980, p.106) como “o elo afetivo entre a
pessoa e o lugar ou ambiente físico”.
e podem ser sazonais ou contínuas quando o espaço
físico oferece estrutura para tanto, um exemplo de
ocupação passiva pode ser a apreciação de
elementos artísticos. Já as ocupações ativas requerem
maior envolvimento por parte das pessoas, são
aquelas que trazem uma maior interação entre os
participantes, como a prática de esportes, jogos de
criança.
Vale salientar que ao longo dos anos os espaços
públicos sofreram mutações em relação a seus
significados e usos dentro da esfera urbana. Azevedo
(1997, apud BERTULEZA, 2014, p.21) cita que “deixaram
de ser uma referência como unidade espacial”,
passando a “distinguir-se em áreas específicas de
acordo com o grupo social que os integra”.
[...] no século XX, principalmente as
nações industrializadas, houve fortes
mudanças nas condições para os três
usos principais do espaço público.
Novos padrões de tráfego, comércio
32
e comunicação surgem e mudam a
rotina antes existente. Bondes
elétricos, bicicletas, surgem na
paisagem urbana no fim do século
XIX, trazendo maior mobilidade -
permitem a cidade expandir-se
significativamente - e, quando no
século XX, os carros foram introduzidos
os padrões de transporte mudaram
dramaticamente. O tráfego de
veículos desenvolveu-se e o uso do
espaço público mudou em função
deste. Os usos então citados -
encontro, comércio e circulação – até
o então momento coexistiam em
equilíbrio, porém com o tráfego
intenso de veículos passam a viver
agora um conflito aberto (GEHL e
GEMZOE, 2002, p. 13 apud BERTULEZA,
2014, p. 21-22).
Segundo Lucia Leitão (2002), foi apenas com o
Urbanismo Culturalista que os espaços livres ganharam
destaque e passaram a fazer parte dos projetos
urbanos. Em seguida, veio o Urbanismo Modernista,
regido pelas funções básicas de Le Corbusier: o
habitar, o trabalhar, o lazer e o circular. “Nele, a
diferenciação entre cheios e vazios, espaço construído
e superfície livre, se realiza numa escala tal que, por
vezes, dificulta a convivência das pessoas num espaço
de uso comum” (LEITÃO, 2002, p.17).
Ainda segundo a autora, foi apenas nos anos
1960 que se iniciaram estudos mais aprofundados
sobre o papel do espaço público no urbanismo. Sobre
isso, Moreira afirma:
Por muitos anos, desde 1930 até 1980,
quando a então corrente modernista
se firmava na arquitetura, pouco
ocorreu no campo do urbanismo e da
arquitetura dos espaços públicos, em
parte pela rejeição dos modernistas à
cidade e consequentemente aos
espaços livres urbanos e sob outro
aspecto pelo rápido desenvolvimento
do tráfego de veículos e a
importância dada às rodovias e
transporte (MOREIRA, 2006, p.31apud
BERTULEZA, 2014, p.23).
Esta situação começa a se transformar por volta
da década de 1970, “quando questões como a
qualidade de vida, a poluição e a crescente invasão
33
das ruas e praças pelo carro passam a ser levadas ao
debate público” (MOREIRA, 2006 apud BERTULEZA,
2014). Dessa forma, os espaços públicos ganharam
mais importância e passaram a ser alvo de renovações
e estudos.
Nos dias atuais os espaços públicos absorveram
muito mais a finalidade de local de lazer do que palco
para as manifestações sociais, dessa forma, pode-se
inferir que a praça urbana como conhecemos passa a
ter suas características mais parecidas aos parques,
com mais áreas abertas e uma amplitude visual maior.
Para Nelson Saldanha (2005) “a ideia de espaço
público remete a praça, com um determinado
desligamento em relação a moradia privada, sendo
ela um espaço maior que revela a cidade e tende a
se confundir com ela”. Além disso, Saldanha (2005)
tem “a praça como o espaço público palco da
vivência social e da extensão das relações que
completam este viver, e que desdobram em termos de
produção econômica, ordem política, criação
cultural” (SALDANHA, 2005 apud SILVA, 2014, p. 11).
Diante do exposto, no capítulo seguinte
será abordada a praça, entendida
como espaço público que apresenta
uma importância dentro da malha
urbana e que influencia a qualidade de
vida das pessoas.
35
CONSIDERAÇÕES GERAIS
De maneira geral, pode-se dizer que a praça é
local primordial do convívio social, é o local do
encontro das diferenças, o expoente dos espaços
públicos.
Segundo o arquiteto Sun Alex (2008),
“simultaneamente uma construção e um vazio, a
praça não é apenas um espaço físico aberto, mas
também um centro social integrado ao tecido
urbano”. Seguindo essa vertente, Carneiro e Mesquita
afirmam que praças “são espaços livres públicos, com
função de convívio social, inseridos na malha urbana
como elemento organizador da circulação”
(CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p.29 apud SILVA, 2014,
p.11).
Lynch (1981) define a praça como “um espaço
vital, centro de atividades de uma área urbana, que
tem por objetivo a atração de diferentes grupos e dar
oportunidade de serem realizados encontros entre
indivíduos”. O autor diz ainda que:
The square ou plaza. Este é um modelo
diferente de espaço aberto urbano,
tomado fundamentalmente das
cidades históricas europeias. A plaza
pretende ser um foco de atividades
no coração de alguma área
“intensamente” urbana. Tipicamente,
ela será pavimentada e definida por
edificações de alta densidade e
circundada por ruas ou em contato
com elas. Ela contém elementos que
atraem grupos de pessoas e facilitam
encontros: fontes, bancos, abrigos e
coisas parecidas. A vegetação pode
ou não ser proeminente (LYNCH, 1981,
p.442 apud ALEX, 2008, p.23).
Segundo Zucker (1959, apud SILVA, 2014), a
praça é “responsável por gerar a trajetória da vida
pública em uma dimensão que ultrapassa seus limites
físicos, estendendo-se aos arredores onde as ruas se
misturam com seus limites”. Ainda de acordo com o
autor, “a praça quando avaliada como o elemento
36
central do loteamento é a responsável pela
construção da comunidade”.
Dessa forma, percebe-se que o elemento praça
é foco do traçado urbano, as ruas levam a estes
espaços que por sua vez recebem os variados fluxos
(automóveis, ciclistas, pedestres) e usos.
Espacialmente, a praça pode ser definida pela
vegetação e pelos elementos construídos. Neste
sentido, de acordo com cada significado que a
palavra “praça” pode assumir, estes espaços podem
ser classificados em:
a. Praça Jardim: espaços nos quais a
contemplação das espécies vegetais,
o contato com a natureza e a
circulação são priorizados. Estes
podem ser fechados por grades ou
cercas, como o passeio público do Rio
de Janeiro e de Curitiba, ou ainda
podem ser abertos e rodeados de
imóveis (comerciais e residenciais).
b. Praça Seca: largos históricos ou
espaços que suportam intensa
circulação de pedestres. Em algumas
destas praças inexiste qualquer tipo
de árvores ou jardins e nelas o
importante é o espaço gerado pela
arquitetura e são relações entre
volumes do construído e do vazio que
dão ao conjunto a escala humana.
c. Praça Azul: praças na qual a água
possui papel de destaque. Alguns
belvederes e jardins de várzea
possuem esta característica.
d. Praça Amarela: as praias em geral
são consideradas praças amarelas.
(MACEDO e ROBBA, 2002 apud VIERO
e BARBOSA FILHO, 2009, p. 2).
Abaixo são apresentados exemplos da
classificação por Macedo e Robba.
37
Figura 7: Passeio Público de
Curitiba (A), Vale do
Anhangabaú (B), Praça do
Bom Jesus (Anápolis)(C) e Praia
de Ponta Negra (Manaus)(D).
Fonte: Google imagens, 2015
38
Em seu texto, Leitão (2002) também aborda o
conceito de praça, mostrando que estas são
“unidades urbanísticas fundamentais para a vida
urbana, tendo sua função diferenciada por sua
especificidade, variando de acordo com mudanças
sociais importantes e nas novas formas de
comportamento e necessidade da comunidade”
(LEITÃO, 2002, p.21).
Isto significa que cada espaço tem a utilidade
urbanística definida e usos específicos que indicam
como as pessoas se apropriam desses lugares. Assim,
as funções das praças devem ser entendidas através
de suas características morfológicas internas e
atreladas a morfologia urbana externa para oferecer
um retorno à população.
Para determinar as funções das praças, a autora
recorre a três indicadores de especialidade:
As características do entorno: O lugar onde a
praça está inserida, além de definir a paisagem,
expressa características que a tornam única.
Neste caso, praças com finalidade de encontro
estão inseridas num contexto de maior fluxo de
pessoas.
O nível sócio econômico da população: Os
aspectos econômicos e sociais interferem na
maneira como as praças são apropriadas. Nesse
sentido, uma praça em uma comunidade de
menor poder monetário, geralmente, supre a
necessidade de lazer e traz a possibilidade de
tirar os jovens da marginalidade pela oferta de
esportes. Em contraponto, uma praça inserida
em um bairro mais abastado, geralmente, é
usada como local de caminhada e não tanto
para prática de esportes gerais.
A importância simbólica: Nesses espaços o mais
importante é o caráter emocional da relação
pessoa/espaço. São praças com apelo à
memória coletiva da população.
39
Por meio destas definições é possível observar
que a funcionalidade da praça está ligada a maneira
como o usuário apropria-se dela. Ainda de acordo
com Leitão (2002), é pelo “uso que a apropriação
acontece, ou seja, através da utilização do espaço
que as pessoas acabam fazendo com que a praça
torne-se um lugar importante para o convívio social”
(LEITÃO, 2002, p.25). Assim, a relação de
pertencimento com o lugar favorece a valorização da
praça, visto que os usuários tomam posse do ambiente
e reivindicam melhorias e manutenção.
Os benefícios trazidos pelas praças públicas
decorrem tanto da vegetação que pode ser abrigada
por elas, quanto de aspectos subjetivos relacionados à
sua existência, como a influência positiva no
psicológico da população, proporcionada pelo
contato com a área verde e/ou pelo uso do espaço
para o convívio social.
Nesse sentido, vale ressaltar as vantagens no
âmbito do conforto ambiental, levando em
consideração principalmente o clima
predominantemente tropical brasileiro. A melhoria
climática - relacionada à diminuição da radiação
solar, efeito sobre a umidade do ar; ação contra
poluição pela retenção de partículas nocivas; melhora
no conforto lumínico - proporcionam sombra e
funcionam como barreiras ao ofuscamento das luzes;
e dependendo da escala da praça, pode funcionar
como barreira acústica - quando a vegetação for
densa.
EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA
Os espaços precursores da praça foram, tanto a
Ágora grega, “espaço aberto, normalmente
delimitado por um mercado, no qual se praticava a
democracia direta, visto ser este o local para discussão
e debate entre os cidadãos” (MACEDO e ROBBA, 2002
apud VIERO e FILHO, 2009); quanto o Fórum romano.
40
Do símbolo de liberdade (a ágora
ateniense era o lugar onde, não só era
possível fazer reuniões, mas também
onde cada um podia dar sua opinião)
ao símbolo de poder - o fórum romano
era o local de comércio e de política
popular (DE ANGELIS et al 2005, p. 3
apud YOKOO e CHIES, 2009, p.3).
Em suas origens, a praça era o local do social e
também do comércio, segundo Spirn “lugares para ver
e ser visto, para comprar e fazer negócios, para
passear e fazer política”. (1995 apud YOKOO e CHIES,
2009, p.3).
Ao longo do tempo suas funções e morfologia
foram se transformando, primeiro como vazios, abertos
na malha urbana das cidades medievais – serviam
como um respiro da malha densa e estreita da época;
depois, adotando formatos mais regulares e
delimitados por edifícios lindeiros no Renascimento –
sendo abraçadas por prédios públicos e monumentos,
tinham como objetivo maior enaltecer o monumento
em seu interior.
Mesmo em conformações diferentes, a praça
nasce e cresce como local de convívio e trocas, sejam
sociais ou comerciais.
Figura 8: Praça medieval - Sarlat
Fonte: Google imagens.
41
Figura 9: Praça renascentista - Piazza del Popolo, Itália
Fonte: Google imagens.
As primeiras cidades latino-americanas de
organização colonial tinham como centro –
geográfico e social, a praça, a qual estava envolvida
pelos prédios principais – igreja, prefeitura, escola e
cemitério.
A praça, em sua origem latina,
caracteriza-se como espaço de
encontro e convívio, urbano por
natureza. Espaço este que conforma
por várias aberturas no tecido urbano
que direcionam naturalmente os mais
diversos fluxos em busca dos, também,
mais diversos usos, que imprimem a
este espaço o caráter de lugar e
ponto central de manifestação da
vida pública. É, em sentido amplo, o
espaço para a troca. (VARGAS, 2008,
p.09 apud ALEX, 2008, p.09).
No Brasil, a origem das praças tem caráter
primordialmente religioso, sobre este tema o arquiteto
Murillo Marx afirma:
Logradouro público por excelência, a
praça deve sua existência sobretudo
aos adros de nossas igrejas. Se
42
tradicionalmente essa dívida é válida,
mais recentemente a praça tem sido
confundida com jardim. A praça
como tal, para reunião de gente e
para exercício de um sem-número de
atividades diferentes, surgiu entre nós,
de maneira marcante e típica, diante
de capelas ou igrejas, de conventos
ou irmandades religiosas. [...]
Realçava os edifícios; acolhia os seus
frequentadores (MARX, 1980, p.50
apud ALEX, 2008, p.24, realce pela
aluna).
Ao longo dos séculos as praças foram sendo
modificadas, passaram pelo ecletismo, modernismo
até o contemporâneo, segundo aponta Robba e
Macedo (2003).
No eclético, a praça multifuncional colonial
deixa de existir e em seu lugar aparecem os jardins do
século XVIII, depois a praça ajardinada, para
contemplação e descanso construídas nos primeiros
anos do século XX.
Ainda dentro desse estilo, teve-se a linha clássica
– rígida em seus desenhos geométricos; e a romântica
– livre em curvas sinuosas e de vegetação exuberante.
Com o século XX chegam as transformações
sócio econômicas do crescimento urbano, exigindo
traçados mais racionais, modernos. De modo a
priorizar a funcionalidade, as praças agora estão
voltadas ao lazer ativo, com quadras, brinquedos,
área de jogos e afins.
No fim do século então, com o grande aumento
no número de veículos e pessoas, as cidades
enfrentam um problema de cunho social e espacial e
o desenho de praças passa a ser mais livre, busca
atender as necessidades socioculturais da atualidade.
Surge então a linha projetual contemporânea que
mescla aspectos dos períodos anteriores, adicionando
os usos comercial e de serviço aos espaços que antes
eram apenas contemplativos e de lazer.
43
Ao lado é apresentada uma tabela com um
resumo das características dos estilos de praça. Sobre
essas características, Jorge Minda (2009) discorre:
As linhas ou tendências estéticas, a
eclética e a moderna, podem ser
interpretadas e identificadas
claramente pelas correntes do
pensamento da história da
arquitetura. A linha contemporânea,
marcada pelas transformações
sociais, culturais, tecnológicas, a
globalização e as amplas mudanças
nos conceitos que têm levado a um
momento que poderíamos chamar de
“pluralidade contemporânea”, onde
todo é possível, não tem permitido
uma claridade teórica que possa
defini-la; ainda é uma linguagem em
construção. (MINDA, 2009, p.47)
Tabela 1: Relação dos estilos de praça
Fonte: Adaptado de Miranda 2009, p.27.
44
A partir do exposto pode-se concluir que hoje as
praças não seguem mais uma estrutura rígida de
desenho, se moldam a depender do local onde serão
implantadas de levando em consideração os desejos
da população que as usará.
Percebe-se também que, quando os projetos
são delegados unicamente ao poder público, as
questões arquitetônicas e estéticas perdem
qualidade, os profissionais são estimulados a
preocuparem-se mais com demandas financeiras –
em questões de custos e qualidade de materiais e
mão de obra – do que com os aspectos formais e
funcionais para o bem estar de quem irá usufruir desses
espaços e como estes irão comportar-se ao longos dos
anos, se irão sobreviver as intempéries.
Sobre esse tema, Robba e Macedo (2003)
defendem que em razão de sua grande visibilidade, os
espaços públicos transformam-se em produtos de
propagandas eleitorais uma vez que geram um
retorno bastante satisfatório na opinião da população
em geral.
Ainda nesse contexto, os autores supracitados,
afirmam:
Na atualidade, o maior investimento
se faz para reformar praças em bairros
nobres ou centrais. Algumas praças
são reformadas por decisões políticas,
que na grande maioria dos casos,
trazem melhorias urgentes e
necessárias para a cidade, mas
também, são frequentes os casos em
que o espaço, mesmo que antigo,
ainda funciona com pleno vigor e
validade, não necessitando de
reformas ou alterações, apenas um
programa de manutenção eficiente e
constante (ROBBA e MACEDO, 2003,
P.48 apud MINDA, 2009, P.50).
Segundo Sun (2008) as transformações das
praças dificultam a consolidação de uma identidade
autentica na paisagem urbana, além de afetar o
convívio social e a cidadania, assim como a
construção da democracia.
45
Ao fim, é importante ressaltar que “a praça é, na
atualidade, o único lugar propício à permanência e
ao desenvolvimento de atividades sociais não
consumistas” (ROMERO, 2001, p.29 apud MINDA, 2009,
p. 50).
No capítulo seguinte serão apresentados alguns
projetos que serviram como referência projetual para
o desenvolvimento da proposta para a Praça
Henrique Carloni.
47
Todo arquiteto no exercício de sua profissão está
em constante busca de referências, inspiração para
suas próprias criações. E nessa caminhada nos
utilizamos das mais variadas fontes, seja o projeto de
algum colega, alguma obra de arte ou elementos
simples do cotidiano.
Neste capítulo, serão apresentados as principais
referências projetuais, sejam elas formais e/ou
funcionais, como forma de auxiliar a proposta de
requalificação urbana. Destes projetos foi extraído o
que julguei necessário para minha concepção
projetual, em alguns casos apenas os aspectos
estéticos, em outros, as características funcionais.
Cada projeto aqui desvelado foi submetido a
uma análise crítica, a fim de detectar pontos positivos
e negativos e o que realmente poderia ser usado de
cada referência. Ao fim do capitulo será apresentado
um quadro resumo dos projetos, com as informações
mais importantes.
48
CONCURSO COLINAS DE ANHANGUERA
Este projeto foi escolhido tanto pelo seu caráter
estético-formal quanto pela proximidade de uso. A
praça proposta pelo escritório HUS – Arquitetura é um
excelente exemplo de espaço público de qualidade.
O projeto está localizado na cidade de Santana
de Parnaíba – SP, em um bairro isolado e carente de
equipamentos de lazer e busca fazer com que uma
praça se torne um elemento de ligação física e social
do tecido urbano, reorganizando o seu traçado,
qualificando os espaços públicos e potencializando o
seu uso.
O espaço é fruto do remembramento de alguns
terrenos que hoje estão vazios e fazem a ligação entre
uma zona tipicamente residencial e outra de uso
comercial. Essas características determinaram a
setorização básica do projeto: ao norte, o local
destinado ao encontro, manifestações públicas, feiras
e shows, e ao sul, a área de caráter mais esportivo e
de passeio.
Figura 10: Implantação do projeto
Fonte: Archdaily, editado pela aluna.
49
Após a setorização, foram definidos dois pontos focais localizados nas principais vias de acesso ao bairro,
como observado na figura acima, na qual é possível perceber que o desenho do entorno infiltra-se na praça,
proporcionando uma integração entre projeto e cidade.
É a partir dos pontos focais que são traçados os eixos que organizam a praça, delimitados pelo desenho do
piso e por elementos do paisagismo. Na porção norte será implantado um palco elevado que se abre para a
grande esplanada de eventos com área de jatos d’agua. Já na área sul, implanta-se o ponto de apoio à
administração, com sanitários, bicicletário, posto da guarda municipal e três salões de apoio que poderão abrigar
atividades comunitárias, programas culturais e esportivos. Conta ainda com duas quadras poliesportivas, pista de
skate, parque infantil para diferentes idades, mesas de jogos, ginástica, inclusive para a melhor idade e uma ciclovia
que abraça o setor.
Figura 11: setorização do projeto
Fonte: Archdaily.
50
A praça é apresentada em diagramas que mostram as diferentes camadas do projeto. A primeira exemplifica
como será a circulação dentro da praça, depois é demonstrado o partido arquitetônico adotado (pontos focais)
e assim em diante. Abaixo alguns dos diagramas:
Figura 12: Partido arquitetônico
Figura 13: Fluxos e acessos
Fonte: Archdaily
52
Este é um projeto que, apesar de ser
apresentado como fruto de um concurso e não ter sido
executado ainda, está bem representado e se faz
entender em todas as suas fases. Percebe-se que foi
pensado para implantar-se de maneira suave ao
bairro, como se estivesse ali desde o começo.
Além disso, proporciona à população uma
opção de espaço de lazer e convívio de excelente
urbanidade, qualidade estética e arquitetônica.
Trazendo-o à realidade de estudo referencial
para minha proposta, encontro concordância no que
se refere a sua organização espacial, aos usos que
emprega em sua praça e nos aspectos de
representação da proposta.
No entanto, é importante frisar que neste caso, a
praça desenhada pelo HUS tem uma escala que se
assemelha a um parque urbano, enquanto que o
trabalho ora apresentado tem como objeto de estudo
uma praça urbana, em escala bastante menor do que
a do projeto apresentado.
PRAÇA DA BALSA VIEJA
A praça está localizada em Totana, um
município da região de Múrcia na Espanha, e apesar
de já estar construída, o projeto aqui apresentado é
uma proposta de reforma desenvolvida pelo arquiteto
Enrique Mínguez Martínez.
Seu entorno é bastante denso e possui
primordialmente residências e pequenos comércios.
Um importante condicionante projetual é o fato de
existir um estacionamento subterrâneo sob a área da
praça, o que dificulta a implantação de vegetação e
estruturas que exijam fundações mais profundas.
53
Figura 16: Implantação Praça da Balsa Vieja.
Fonte: Archdaily
O principal objetivo da proposta é revitalizar e
fortalecer o uso do espaço, conferindo-lhe caráter
próprio e sempre que possível acomodando usos
múltiplos. A área de uso público, de descanso e as
relações sociais, até os espaços mais íntimos onde
reunir-se para relaxar, ler ou conversar.
Para isso a praça foi zoneada em dois grandes
ambientes, um com vegetação e mobiliário de lazer e
outro mais amplo que favorece o uso dos edifícios
vizinhos. Devido a presença de desníveis dentro da
área de intervenção foi criado um sistema próprio de
pavimentação, além de mobiliários e equipamentos
diversos.
Figura 17: Praça da Balsa Vieja.
Fonte: Archdaily.
54
Na planta ao lado pode-se ver o resultado geral
da proposta, com as área de vegetação e
sombreamento já definidas.
Em seguida, na figura 19, os diagramas das
diferentes camadas. No primeiro, a
representação dos diferentes pisos, no segundo,
as áreas de vegetação e sombra, o terceiro traz
a implantação dos mobiliários, o quarto as
modalidades de iluminação e o último explica
como se dão as diferentes circulações – de
pedestres em vermelho e automóveis em azul.
Figura 18:Planta geral Praça da Balsa Vieja
Fonte: Archdaily.
56
Ao observar este projeto, pude perceber que
seu desenho simples, de linhas claras e diretas trouxe
ao ambiente a sensação de novidade, mesmo
estando em uma área histórica da cidade. O projeto
conversa de forma concisa com o entorno e se
estabelece.
Além disso, os materiais usados (concreto, aço e
vidro) são bastante conhecidos e de fácil execução
apesar de estarem apresentados com um design
inovador – fato que favorece o projeto e leva-o a
atingir seu objetivo de revitalização do espaço.
Mais uma vez a representação gráfica limpa e
direta mostra-se favorável e desempenha seu papel
de explicar como se dá a organização da praça.
PRAÇA LEVINSON
A praça está localizada em Boston, Estados
Unidos e é projeto do arquiteto Mikyoung Kim. O
espaço está inserido num contexto tipicamente
residencial, servindo como pátio para dois edifícios.
Com isso, o projeto busca integrar tanto o
entorno construído quanto o natural e criar espaços
conectados e que possibilitem diversos usos – como
por exemplo, áreas para eventos culturais e para as
crianças brincarem.
Em razão dos invernos rígidos da região, o piso
escolhido é de concreto e foi desenhado com um
padrão geométrico para trazer movimento e vida ao
grande espaço – figuras 20 e 21. Também por causa
das condições climáticas específicas as espécies
vegetais propostas são todas adaptadas à região de
New England.
57
Figura 20: Planta da Praça Levinson.
Fonte: Archdaily.
Figura 21: Vista da Praça Levinson
Fonte: Archdaily.
59
Ao observar o zoneamento acima (figura 22),
percebe-se que de fato a praça integra diversos usos,
mas estão todos localizados lado a lado, convivendo
em harmonia, as pessoas podem praticar várias
atividades distintas entre si no mesmo espaço físico, o
que incentiva a convivência pacífica entre os
diferentes.
O mobiliário usado tem linhas simples e
acompanham o estilo do projeto como um todo.
Existem dois tipos de bancos, um com encosto e outro
sem, apenas como um volume saindo do chão (figura
23). A iluminação é voltada aos usuários, com postes
baixos e que não “lavam” a praça inteira, mas se
concentram em criar ambientes.
Outra característica marcante do projeto é a
preocupação em deixar várias áreas expostas ao sol,
uma vez que, na maior parte do ano, a temperatura é
baixa e a incidência de raios UV não é tão agressiva
quanto no Brasil.
Figura 23: Praça Levinson
Fonte: Archdaily.
60
CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Os três projetos acima demonstrados trouxeram
inspiração e contribuições importantes para o
desenvolvimento de minha própria proposta de
projeto urbano. Foram elementos essenciais para
nortear minhas decisões no que diz respeito à relação
projeto/entorno e a importância em reconhecer os
usuários para a definição da programação
arquitetônica.
De maneira específica, posso relatar que do
primeiro projeto absorvi algumas ideias estéticas e de
zoneamento, além de ser o único localizado no Brasil,
o que ajuda bastante na consideração sobre os
fatores climáticos.
Além disso, o arquiteto preocupou-se em
integrar sua praça ao entorno e deu preferência à
circulação de pedestres em detrimento dos
automóveis, característica também presente nos
outros dois projetos estudados.
Já as praças “Balsa Vieja” e “Levinson”,
acercam-se mais no quesito da escala projetual, são
espaços mais próximos do convívio cotidiano e de fácil
entendimento estético-formal. Ambas foram
pensadas em contextos urbanos e dão a seus usuários
espaços multifuncionais, mesmo que em pequenas
dimensões.
De maneira geral, todos os projetos transmitem
seus objetivos através de uma representação gráfica
arrojada e simples e levam a seus interlocutores a
certeza de terem sido bem projetados.
Abaixo é apresentada uma tabela resumo, com
as características mais importantes de cada projeto
para fins de comparação sintética.
61
Tabela 2: Resumo dos estudos de referência
No próximo capítulo será feita a
apresentação do universo de estudo,
abordando um pouco do bairro
Ponta Negra e o conjunto homônimo
– suas caraterísticas históricas, sociais
e morfológicas.
63
bairro está localizado na Zona
Administrativa Sul do Município de Natal,
caracterizado como Zona de
Adensamento Básico segundo o Plano Diretor (PD) do
município – Lei Complementar n° 82 de 21 de junho de
2007. Limita-se a norte com o bairro de Capim Macio e
Parque das Dunas, a sul com o município de
Parnamirim, a Leste com o Oceano Atlântico, e a
Oeste com o bairro de Neópolis.
Segundo Anuário da Prefeitura do Natal (2014),
o bairro de Ponta Negra possui uma área de 1382
hectares - sendo um dos maiores da cidade em
extensão territorial - onde residem aproximadamente
25 mil pessoas (com base no censo de 2010) resultando
em uma densidade habitacional de 18,12
habitantes/ha. Ainda de acordo com o Anuário 2014,
o bairro tem 70% de seu território com drenagem de
águas pluviais e 75% pavimentados.
Devido a multiplicidade de traçados urbanos,
em 2011, a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, ao desenvolver um laudo pericial para a Zona
de Proteção Ambiental 6 (a qual abarca o Morro do
Careca e adjacências), subdividiu o bairro em 4
setores. O primeiro diz respeito à Vila, “com uma
configuração espacial marcadamente orgânica”; o
segundo, definido originalmente pela ocupação da
orla e consolidado nas décadas de 1950 e 1960, com
uso predominantemente residencial (casas de
veraneio) e uma população de média e alta renda; o
terceiro setor corresponde aos conjuntos Ponta Negra
e Alagamar; e por fim, o quarto setor é caracterizado
pelo aparecimento do padrão vertical que toma
impulso a partir do ano 2000 e está distribuído em
diferentes frações do bairro.
O
64
Figura 24: Setores do bairro de Ponta Negra segundo
classificação da UFRN.
Fonte: UFRN, 2011.
Todas essas fases e formas de expansão urbana
correspondem a diferentes dinâmicas imobiliárias e
diferentes períodos de formação do bairro. No fim da
década de 1990 foi instituída a Política Nacional de
Turismo, plano que tinha como objetivo a melhoria da
infraestrutura em regiões potencialmente turísticas. No
bairro de Ponta Negra, especificamente, este plano
influenciou na construção da RN-063, também
conhecida como Rota do Sol, via estadual que liga o
bairro às praias dos municípios de Parnamirim e Nísia
Floresta na grande Natal.
O conjunto das ações estimulou o
aparecimento de maiores disputas
imobiliárias nas áreas adjacentes a RN
063, via que liga a praia de Ponta
Negra às praias do Município de Nísia
Floresta, concorrendo para que essa
região concentrasse, nos primeiros
sete anos dos anos 2000, a maioria dos
investimentos em equipamentos
turísticos e de segundas-residências
(UFRN, 2011, p. 15).
Além da construção da Rota do Sol, o bairro
recebeu melhorias na iluminação pública,
equipamentos urbanos, pavimentação e
65
saneamento, ocasionando o que Catarina Neverovsky
(2005 apud Medeiros, 2015), chamou de
“refuncionalização” - a modalidade de uso deixou de
ser voltado a residências e segundas residências e
passou a ser voltado ao comércio e serviços;
acarretando também em um aumento no preço do
metro quadrado, que segundo Camila Furukava (2009,
apud Medeiros 2015), passou de uma variação entre
R$800,00 e R$1000,00 em 2003, para R$6000,00 em
2006.
Em relação aos condicionantes legais incidentes
no bairro, há a Zona Especial de Interesse Turístico 1 (Lei
n° 3.607/87), dentro da qual também existe uma faixa
de Área Non Aedificandi localizada à margem da
Avenida Roberto Freire que tem como objetivo a
preservação cênica-paisagística da praia de Ponta
Negra, mais especificamente do Morro do Careca. Há
ainda, as Zonas de Proteção Ambiental 5 e 6 - sendo
apenas a primeira regulamentada (Lei n° 5.565/2004) e
também referente a AEIS – Área Especial de Interesse
Social – da Vila de Ponta Negra, como demonstrado
na figura abaixo.
Figura 25: Condicionantes legais no bairro de Ponta Negra
Fonte: MEDEIROS, 2015.
66
Além disso o bairro é demarcado como área
passível de sofrer operação urbana, segundo o Plano
Diretor Lei n° 82 de 21 de junho de 2007:
Conjunto integrado de intervenções e
medidas urbanísticas que definem um
projeto urbano para determinadas
áreas da cidade, indicadas pelo
Plano Diretor, coordenadas pelo
Poder Público e definidas, através de
lei municipal, em parceria com a
iniciativa privada, instituições
financeiras, agentes governamentais,
proprietários, moradores e usuários
permanentes, com a finalidade de
alcançar transformações urbanísticas
estruturais, melhorias sociais e
valorização ambiental, levando em
consideração a singularidade das
áreas envolvidas.
Figura 26: Áreas de operação urbana em Natal.
Fonte: Natal, 2007.
67
De acordo com o Anuário de 2013, a população
do bairro de Ponta Negra, em 2010, era composta por
53,07% de mulheres e 46,93% de homens. À época a
parcela de faixa etária mais significativa era de 25 a 29
anos, com 11,21% do total, seguido por 20 a 24 anos,
com 10,39% do total, demonstrando o caráter jovem
do bairro.
Gráfico 1: Faixa etária de Ponta Negra
Fonte: Natal, 2013.
Em relação aos aspectos ambientais, o bairro
apresenta cobertura vegetal na maioria de sua
extensão - mais de 55% do total. Dentro dessa área
estão inclusas as duas ZPAs do bairro - que
representam a maioria da cobertura da zona, como
pode ser visto na figura 32.
Apesar das maiores áreas corresponderem às
zonas de proteção, quando observamos o bairro sem
contabilizá-las, a quantidade de áreas verdes
continua a ser bastante representativa, há muitas
machas de vegetação entre os elementos construídos,
a saber: entre espaços públicos e privados.
Este fato influencia muito na temperatura média
do bairro, que pode ser classificada como amena,
mesmo nas épocas mais quentes do ano, a cobertura
vegetal ajuda na dissipação de calor e na proteção
do solo.
Além disso, existem estudos que comprovam
que conviver perto de massas verdes influencia
68
diretamente a qualidade de vida das pessoas, nesse
caso, os moradores do bairro estão em posição
privilegiada.
Com essa porcentagem Ponta Negra está entre
os três bairros com maior cobertura vegetal da cidade,
antecedido por Guarapes com 68,26% e Redinha com
63,47%.
Figura 27: Cobertura vegetal no bairro de Ponta Negra
Fonte: MEDEIROS 2015, modificado pela autora.
No capítulo seguinte será apresentada a área
de projeto, com uma explanação acerca da praça
escolhida, demonstrando suas características
morfológicas, históricas e suas condicionantes
projetuais.
70
BREVE HISTÓRICO – Ponta Negra
A ocupação da área de Ponta Negra tem
datações conflitantes, no entanto, existem registros de
atividades que remontam à época da invasão
holandesa no século XVII. Os primeiros moradores se
dedicavam quase que exclusivamente à pesca, com
alguma atividade agrícola voltada à subsistência.
Estima-se que, até o século passado, a
Vila de Ponta Negra era habitada por
indivíduos ligados à atividade
pesqueira. Havia, entretanto, roçados
para ajudar na economia doméstica,
além do trabalho de renda de
almofadas feito por mulheres. Após a
2ª Guerra Mundial, com a influência
norte-americana de banhos de mar,
foram iniciadas construções de casas
de veraneio (RIO GRANDE DO NORTE,
2007, p.6).
Até a década de 1940 a área não era muito
adensada, foi a partir da Segunda Guerra Mundial e
do hábito de banhos de mar que o bairro ganhou mais
moradores – com as casas de veraneio e a presença
dos militares na cidade.
O adensamento do bairro teve início a partir da
política de habitação social, instaurada, no Brasil,
entre as décadas de 1970 e 1984, financiada de
maneira geral, pelo BNH – Banco Nacional de
Habitação e executada, no RN, pelas cooperativas –
INOCOOP (Instituto de Orientação às Cooperativas
Nacionais) e COHAB (Cooperativa Habitacional do Rio
Grande do Norte).
O Conjunto Ponta Negra foi construído em 1978,
seguido pelo Conjunto Alagamar (1979) e Serrambi em
1989. O traçado regular dos conjuntos resultou em um
tipo de parcelamento diferente do restante do bairro.
Com um traçado ortogonal e regular,
os conjuntos habitacionais
simbolizavam a ascensão de Ponta
Negra como um bairro privilegiado[...]
contrastando completamente com a
tipologia da Vila” (NEGREIROS et al
2014, p.16 apud MEDEIROS, 2015,
p.55).
71
O projeto do Conjunto Ponta Negra foi
considerado o mais sofisticado daquela época, era
voltado à classe média – trabalhadores liberais,
funcionários públicos e militares. “Em um terreno de 102
hectares foram construídas 1.837 unidades, com
capacidade de abrigar aproximadamente de 9.195
habitantes” (MEDEIROS, 2015, p. 155).
Segundo Cavalcante (2001) o Conjunto Ponta
Negra foi implantado em uma área de vegetação
nativa, típica de dunas, que foi completamente
retirada para dar espaço ao empreendimento.
Segundo Sara Raquel Medeiros, a construção se deu
em duas fazes. Na primeira, em 1978, foram entregues
1.002 unidades e na segunda, em 1979, mais 835
unidades habitacionais.
Quanto à tipologia das residências, constavam
casas classificadas como especiais – com 80m², 90m²
e 115m²; e normais – com 50m², 60m² e 70m².
73
Figura 29: Convênio Ponta Negra
O gerenciamento financeiro ficou a cargo do
Banorte, com um investimento na casa dos Cr$ 321,8
milhões de cruzeiros, foi o maior convênio firmado pelo
BNH no nordeste.
Fonte: RN Econômico 1978, apud MEDEIROS, 2015.
74
Dentro do planejamento urbano para o
conjunto, foram pensadas áreas destinadas ao uso
público – como praças e quadras, além de postos de
saúde, escolas, templos religiosos e as reservas de
água pela CAERN. Diferente dos empreendimentos
executados pela COHAB, não haviam áreas
destinadas a órgão externos no plano de Ponta Negra.
Figura 30: Equipamentos previstos
Fonte: Medeiros, 2015 com alterações próprias
75
Na década de 1970 houve
um processo de adensamento
do bairro provocado pela
implantação dos conjuntos
habitacionais. O bairro é
composto por três conjuntos, o
Ponta Negra (1978) o Conjunto
Alagamar (1979) e o Conjunto
Serrambi (1989) – ver figura 28.
Segundo Medeiros devido a
construção desses conjuntos a
população do bairro passou de
2.600 habitantes em 1960 para
10.289 em 1980 e posteriormente
para 17.964 em 1991.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 31: Conjuntos habitacionais no
bairro de Ponta Negra
76
Além dos conjuntos citados, o bairro é composto
ainda por 35 loteamentos, segundo o Anuário de 2014
da Prefeitura do Natal, dos quais apenas 16 estão
registrados em cartório. Além disso, há o aglomerado
de Lagoinha, localizado na porção sul do bairro, já na
divisa com o município de Parnamirim.
INFORMAÇÕES GERAIS – Praça Henrique Carloni.
A Praça Henrique Carloni (com área
aproximada de 26.000m²), mais conhecida como a
Praça do Disco Voador – em referência à caixa
d’água ali presente, faz parte do Conjunto Ponta
Negra e tem como ruas limítrofes a Rua Praia de Rio
Doce, R. Praia de Camboinhas, R. Praia de Jacumã e
R. Praia de Tabatinga.
Figura 32: Localização Praça Henrique Carloni.
Fonte: Elaboração própria, com base em SEMURB, 2005
77
A escolha da praça se deu levando em
consideração suas dimensões – o que facilita uma
intervenção geral, uma vez que a praça não possui
barreiras visuais além da caixa d’água. Além disso, os
usos dados ao espaço são bastante diversos, o que
indica uma heterogeneidade de usuários, fato que
agrega valor ao espaço enquanto polo de
convivência dos diferentes. Por fim, a proximidade da
aluna com a praça também interferiu para a escolha,
local de convivência constantemente utilizado, vezes
para a prática de esportes ou como marco de
passagem.
Como mostrado no capítulo anterior, a área
onde hoje está a praça nem sempre teve este uso. No
projeto original do Conjunto Ponta Negra, era
destinada à construção de uma escola, prédios
comerciais e uma área de playground. No entanto, à
época em que foi entregue, não havia nada
construído ali e assim permaneceu por vários anos, até
que foi feita uma praça que após alguns anos foi
chamada Henrique Carloni como homenagem a um
morador do bairro.
Segundo reportagem da Tribuna do Norte, em
2007, a praça passou por uma reforma naquele ano,
fruto das reivindicações dos moradores, e teve sua
estrutura física totalmente restaurada pela Secretaria
Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR).
Implantando um novo sistema de
iluminação com ornamentação
especial nas árvores, o que
proporciona mais segurança às
pessoas que frequentam a praça à
noite. A comunidade vai dispor,
ainda, de uma nova quadra de
esportes, com alambrado, parque
infantil e equipamentos para a prática
de exercícios físicos. Assim como da
mini quadra de basquete, totalmente
recuperada (TRIBUNA DO NORTE,
2007).
Apesar disso, o que se vê hoje é uma situação
bastante diferente. Passados oito anos desde a última
78
reforma significativa e com uma manutenção pouco
frequente, a praça está em uma situação precária.
Os passeios estão com os ladrilhos se
deslocando, não existe mais grama, as árvores não são
podadas da maneira correta e nas zonas onde
deveria haver sombreamento, a cobertura vegetal
não é suficiente. Os equipamentos de esporte também
estão em condições precárias, sem as tabelas para o
basquete e sem rede de proteção (ver figura 34, A); a
pista de skate também está em mal estado, o piso não
é adequado para a prática do esporte e os
equipamentos encontram-se quebrados (ver figura 34,
B).
A partir de observações no local, foi percebido
que os padrões de comportamento de deslocamento
dos usuários não foram contemplados no traçado dos
passeios internos, o que ocasiona desvios de rotas
dentro da praça e se formam “trilhas” dentro dos
espaços de jardins – que podem ser caracterizados
como vestígios comportamentais, ver figura 34 (C).
Além disso, a praça não tem calçadas em todas
as suas bordas, obrigando os pedestres a percorrerem
uma maior distância para acessarem o espaço. Neste
quesito, destaco a ausência de calçadas nas esquinas
– pontos nodais de deslocamento e bastante utilizadas
como pontos de acesso, o que causa ainda mais
desgaste da vegetação nesses locais.
Em se tratando de acessibilidade, existem
algumas rampas de acesso, no entanto, não foram
implantadas corretamente - estão mal localizadas e
não existe rampa do outro lado da rua, nas calçadas
particulares, o que ocasiona uma falha na
acessibilidade – ver figura 33 (E). Ademais, a
sinalização tátil existente não atende aos requisitos da
atual norma de acessibilidade – NBR 9050.
A vegetação existente é predominantemente
de árvores de médio e grande porte. Na porção mais
ao norte estão as espécies casuarina, cajueiros,
mangueiras, alguns coqueiros e leucenas. Na zona
79
mais próxima a quadra, estão as espécies sombreiro,
oiti, castanhola, algaroba e aleluia.
Abaixo seguem fotos da situação atual da
praça, destacando os problemas supracitados e as
condições dos mobiliários e equipamentos esportivos.
Ao fim deste trabalho, juntamente com as pranchas
projetuais estão duas pranchas de diagnóstico que
mapeiam e ilustram também o que é encontrado
atualmente na Praça Henrique Carloni.
80
Figura 33: Diagnóstico da praça, (A) quadra poliesportiva em péssimo estado; (B) pista de skate inadequada; (C) resquícios
comportamentais; (D) lixeira quebrada; (E) rampa mal implantada.
Fonte: acervo da autora, 2015.
81
Mesmo com os problemas de manutenção, a
praça tem sido usada, principalmente, pela
população que mora nos arredores, é comum
encontrar pessoas caminhando por ali e jovens
utilizando sua estrutura para a prática de esportes e
também como ponto de encontro.
Do ponto de vista do traçado urbano, está
inserida em vias locais e sofre influência das vias em seu
entorno pois está bem próxima a Avenida Roberto
Freire – via de importante ligação com o restante da
cidade e que é classificada como Via Arterial 13.
Também sofre influência do fluxo de veículos vindos da
Avenida Dinarte Mariz (Via Costeira), classificada
como Via Arterial 2 e em seu entorno mais imediato
estão vias coletoras 2 e também vias locais. Ao lado
um mapa ilustra a situação da praça em relação à
hierarquia das vias.
3 Segundo classificação do Código de Obras do Município de Natal:
ESTRUTURAL - Arterial I e II (articulação): Acessibilidade aos lotes lindeiros
e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da
Figura 34: Hierarquia de vias Conjunto Ponta Negra
Fonte: Elaboração própria, 2015.
cidade; COLETORA II (distribui o fluxo estrutural e local): Aquela destinada
a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair
das vias de trânsito rápido ou arteriais.
82
O acesso à Praça Henrique Carloni é bastante
fácil, muitas linhas de ônibus passam pelo bairro e tem
suas rotas próximas a praça, passando pelas principais
ruas – Avenida Praia de Búzios, Avenida Praia de Tibau
e também pela Avenida Roberto Freire – em direção
ao centro de Natal e à região norte da cidade,
demonstrando um nível alto de acessibilidade à
praça, fato que fortalece o espaço público em
questão.
Ao lado, um mapa representa de maneira
simplificada as rotas dos ônibus que passam pelo
entorno da praça em estudo.
Figura 35: Rotas dos ônibus.
Fonte: elaboração própria, 2015.
83
Essa é uma praça com um grande potencial
urbano-social e que está subutilizada por falta de
valorização e atenção por parte do Poder Público,
enquanto que a população luta por um espaço de
lazer e convívio que atenda às expectativas. Falta um
desenho que lhe dê mais qualidade estética, que a
integre melhor com sua vizinhança e até mesmo com
as outras praças do bairro, podendo funcionar como
um tipo de parque urbano fracionado, constituído por
um sistema de praças temáticas e que se interligam e
se comunicam.
Ao cruzar as informações apresentadas nos
mapas de linhas de ônibus e localização das praças
dentro do Conjunto (ver mapa ao lado), percebe-se
que o transporte público passa especificamente em
quatro praças do bairro e com uma distância
aproximada em mais duas, as que estão mais próximas
da Avenida Roberto Freire podem ser atendidas pelas
linhas que passam por ali e não especificamente
dentro do conjunto.
Figura 36: Praças do Conjunto Ponta Negra.
Fonte: elaboração própria, 2015.
84
Já as duas praças localizadas mais a sul foram
negligenciadas no que se refere ao acesso pelo
transporte público e estão de certa maneira, isoladas
do restante do bairro. Quando comparadas às outras,
têm uma frequência de uso bem menor, pois não têm
manutenção adequada e as pessoas não se sentem
impulsionadas a utilizá-las. O fato de estarem em uma
porção do conjunto menos movimentada também
contribui para esta situação, pois menos pessoas têm
contato direto com essas praças.
A partir do demonstrado acima, pode-se
perceber que o conjunto Ponta Negra está bem
servido no que se refere ao número de praças e que a
proposta de um sistema de espaços livres é plausível
para o bairro. Nesse sentido, o primeiro passo é a
requalificação da praça em estudo, como uma
maneira de influenciar positivamente o planejamento
urbano da área.
85
ANÁLISE DA ÁREA DE PROJETO
análise da área de projeto teve
como base a demarcação de raios
de influência direta e indireta, em
analogia às definições de Ferdinando Rodrigues
(1986), autor que aplica a seus estudos noções de
“área-de-estudo” e “área-de-projeto”. A primeira,
delimitada por um raio que pode variar de 300m a
500m “no centro de gravidade física e funcional da
área” de modo a possibilitar um melhor entendimento
sobre a área-de-projeto, “onde se concentram as
propostas de organização física”.
Para o caso da Praça Henrique Carloni, foram
demarcados raios de 400m e 200m, para a área de
influência indireta e direta, respectivamente. Como
área de projeto propriamente dita, está a praça em si.
A escolha dos raios de análise levou em
consideração a dimensão do Conjunto Ponta Negra e
a distância entre a praça, a Avenida Roberto Freire, a
Rodovia RN-063 e a praia de Ponta Negra
propriamente dita. Isso porque, apesar de ser um
importante eixo de circulação, a rodovia estadual não
está tão próxima a praça e não se relaciona
diretamente com a mesma. Sendo assim, foi excluída
dos raios de influência. O mesmo se pode considerar
para a praia, uma vez que um raio de 500m a
abarcaria, sem, no entanto, relacioná-la com a praça
em estudo. Já a Avenida Roberto Freire está próxima o
suficiente para ser considerada pelos raios de
influência.
Além disso, a classificação feita pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte leva em
consideração unidades de paisagem e nesta pesquisa
o Conjunto Ponta Negra é uma unidade isolada.
Sendo assim, não faria sentido definir um raio que
abarcasse algo fora da unidade de paisagem.
A
87
A partir dessa definição, foi feita a análise da
morfologia, em especial no que se refere ao uso e
ocupação do solo e gabarito, com observações in
loco e levantamento de dados foi possível mapear as
informações.
O Conjunto Ponta Negra tem como
característica predominante o uso residencial, ainda
como resquício de seu projeto original. Mas
atualmente houve uma mudança de residências
unifamiliares para multifamiliares, com os edifícios que
vêm sendo construídos no bairro.
Nas áreas que margeiam as principais vias (de
maior hierarquia ou mais movimentadas), foram
notadas algumas transformações, com a
consolidação de comércios e serviços e até mesmo
usos mistos – uma combinação de residência e algum
dos usos citados anteriormente.
Nas margens da Avenida Roberto Freire, a
maioria dos usos são de comércios e serviços,
representados principalmente por restaurantes e
hotéis. Além disso, há a Área non Aedificandi, a qual
não pode ser ocupada e é representada como
espaço livre.
Ainda dentro do raio de influência indireta
existem duas praças. Ao norte, a Praça Ecológica de
Ponta Negra, também conhecida como “praça do
gringos”; mais ao sul está a Praça da Penha, chamada
pelos moradores de “praça da caixa pequena”, ver
figura 37 após o mapa.
89
Figura 37: Praça ecológica e Praça da Penha
Fonte: Google imagens.
Sobre o gabarito da área, são predominantes as
construções com altura média de um ou dois
pavimentos, com alguns casos de três a cinco –
geralmente pequenos prédios residenciais. Os
gabaritos mais altos representam, em sua maioria, os
hotéis e flats da área ou edifícios residenciais de
padrão mais alto.
Ao observar o mapa abaixo, pode-se perceber
que os edifícios de gabarito mais alto formam um tipo
de barreira construída entre a praça e o mar, isso
ocasiona uma dificuldade na ventilação da porção
mais interna do Conjunto, pois os ventos
predominantes vêm do oceano e da direção sudeste.
Ainda assim, a praça é bastante ventilada, pois
recebe também ventos provenientes de toda a frente
da Avenida Praia de Ponta Negra.
Além disso, em razão da altura desses edifícios
não ser condizente com a escala das outras
construções a visualização da caixa d’agua a partir da
avenida Roberto Freire é impossível, o que a
enfraquece enquanto marco da paisagem do bairro.
E quando o observador se posiciona dentro da
praça, percebe que seu entorno está “se fechando”
em prédios, todos mais altos do que a média da área,
(ver figura 39 após o mapa).
91
Figura 38: Caixa d'agua e prédios atrás.
Fonte: acervo da autora, 2015.
É importante ressaltar também, que para o
melhor entendimento da área, foi feito um estudo de
adensamento. Como pode ser visto no mapa figura-
fundo ao lado, a área é bastante adensada, os vazios
percebidos são, em sua maioria, as vias e porções
maiores são glebas livres ou no caso deste vazio ao sul,
uma praça.
Figura 39: Mapa Nolli adensamento.
Fonte: elaboração própria.
Após a análise morfológica da área, passou-se à
fase de contato direto com os usuários da Praça. Foi
aplicado um questionário rápido, com o objetivo de
determinar o perfil dos frequentadores, os usos
empregados e quais as expectativas para o espaço
92
de lazer. O questionário foi aplicado em dias diferentes
e horários variados, nos turnos da manhã, tarde e
começo da noite.
A faixa etária predominante dos entrevistados é
de jovens adultos entre 25 e 40 anos, que usam a praça
diariamente ou em fins de semana para atividades
diversas. Nesse sentido, confirmou-se que uso
predominante é a caminhada, seguido por passeio,
basquete e prática de skate. Em seguida, estão o
slackline, local de passagem e uso do playground.
Gráfico 2: Faixa etária dos entrevistados
Gráfico 3: Frequência de uso.
Fonte: elaboração própria.
93
Gráfico 4: Tipos de usos
Fonte: elaboração própria.
Depois de traçado o perfil do entrevistado, foi
pedido que dessem notas dentro de uma escala de 1
a 5 aos elementos de infraestrutura da praça. O
playground e os bancos tiveram 51% de nota 2 (dois);
as lixeiras, 51% de nota 1 (um) e aqui vale salientar que,
a maioria dos entrevistados sequer sabiam da
existência de lixeiras dentro do espaço público. A
iluminação teve 50% de nota 4 (quatro), no entanto,
vários postes estão mais altos que as copas das
árvores, criando algumas zonas escuras. O piso teve
51% de nota 3 (três); a acessibilidade teve 63% de nota
2 (dois); a arborização teve 56% de nota 4 (quatro); a
quadra teve 76% de nota entre 2 e 3; e a pista de skate
teve 66% de nota entre 2 e 3.
Observando o resultado obtido, percebemos
que o nível de insatisfação com a praça é bastante
alto, as pessoas usam o espaço mas querem melhorias
urgentemente. Dos entrevistados, 83% gostariam que
houvesse banheiro público na praça, desde que este
tivesse alguém para cuidar, geralmente, a opinião é
seguida por um comentário expressando também o
desejo por um posto policial na praça.
Quando questionados sobre a movimentação
das ruas lindeiras, 73% responderam que não as
consideram como muito movimentadas, com a
ressalva para dias de eventos na praça vizinha – Praça
Ecológica de Natal.
94
Sobre a sensação de segurança, 53%
responderam que se sentem seguros na praça,
independentemente de estar acompanhado ou não.
Sobre a maneira como chegam ao local, 63% se
deslocam a pé, demonstrando que o equipamento é
muito utilizado pela sua vizinhança imediata.
Com base nestes dados, foi elaborado o
programa de necessidades e outros elementos
fundamentais para a proposta de requalificação, a
qual será demonstrada no próximo capítulo.
96
ASPECTOS GERAIS
A concepção desta proposta de requalificação
tem como base todos os estudos demonstrados
acima, o entendimento sobre espaços livres e
públicos, praças e principalmente o contexto em que
está inserida a área de estudo.
Dessa forma, definiu-se os elementos essenciais
para a proposta, aqui descritos em forma de diretrizes
projetuais.
Manter o máximo da vegetação
existente;
Estimular a utilização dos espaços pela
população em diferentes dias e horários
por meio de uma proposta que promova
multiplicidade de usos, a partir da
revitalização das áreas existentes,
tornando-as capazes de atender os
públicos de todas as idades;
Privilegiar o pedestre através do
tratamento dos passeios, em acordo com
a NBR 9050, e da adoção de soluções que
tornam o espaço do automóvel
secundário;
Proporcionar bastante área verde, a fim
de estimular o contato dos usuários com a
natureza e minimizar os efeitos da
insolação direta na área;
Potencializar as funções de lazer, esporte
e estar (espera e descanso) identificadas
na área.
A partir das diretrizes citadas e os desejos dos
usuários entrevistados, o programa de necessidades foi
definido, levando em conta, também, que os usos já
existentes (quadra poliesportiva, pista de skate e
playground) deveriam ser mantidos, mas sendo
melhorados significativamente.
97
Um aspecto que foi determinante para a
definição da proposta é a presença da caixa d’agua
dentro da praça. Isso porque ela é cercada e ocupa
um espaço que poderia ser melhor utilizado. No
entanto, por questões de segurança, a cerca não
pode ser retirada, sendo assim, propõe-se um redenho
de seu perímetro, transformando-o em uma área
circular e que pode ser usada como banco.
Dessa forma, o programa de necessidades está
composto pelos seguintes elementos:
1. Quadra poliesportiva
2. Pista de skate
3. Playground
4. Pista de corrida/caminhada
5. Banheiros
6. Posto policial
7. Estacionamento
8. Revitalização do mobiliário (bancos e
lixeiras);
9. Redesenho do perímetro de segurança da
caixa d’agua
10. Redefinição da iluminação artificial.
Levando-se em consideração, as outras praças
existentes no Conjunto Ponta Negra, em específico, a
Praça Presidente Tancredo Neves, onde está
localizada a sede da AMPA – Associação de
Moradores de Ponta Negra, a qual possui uma
academia da terceira idade, foi decidido não
implantar este mobiliário no projeto em questão, visto
que as duas praças são bastante próximas e atendem
a um mesmo tipo de público.
98
CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
Esta proposta de intervenção tem como
objetivo principal integrar a requalificação urbana ao
seu potencial de marco simbólico da praça e sua
caixa d’água, aliando também o papel de agregar
pessoas.
Diante das características desejadas para a
porção estudada, foi necessário estabelecer os
delineamentos a respeito do conceito, que norteariam
a proposta dali em diante. Para isso, levou-se em
consideração a necessidade do uso comunitário, o
papel de polo atrativo de pessoas e a valorização do
espaço público.
Dessa forma, pensando na importância da caixa
d’agua para o Conjunto, na maneira como as pessoas
apropriam-se da praça e em seu potencial de ponto
focal do bairro, surgiu o conceito “ímã”.
Um objeto que tem o poder de atrair outros
elementos para seu raio de magnetismo, influencia os
objetos a orbitarem a sua volta. E é justamente isso que
um espaço público deve proporcionar, deve provocar
interesse, ser local de convergência de pessoas,
culturas e convivências.
A partir do conceito, o partido arquitetônico
tomou forma e fez uso da “centralidade” da caixa
d’agua, adotando-a como centro de gravidade da
praça, de onde saem raios e círculos concêntricos que
de certa maneira, alcançam as pessoas em suas
casas, a partir do momento em que, as direcionam
para o interior da praça.
99
Figura 40: Partido urbanístico.
Fonte: elaboração própria.
ZONEAMENTO
O zoneamento da proposta teve como
motivação a reorganização dos usos. Atualmente, a
praça possui um arranjo espacial aleatório, os
equipamentos não conversam com o entorno. Sendo
assim, buscou-se compatibilizar os usos internos com os
externos.
Dessa maneira, a quadra e a pista de skate
passam a estar lado a lado, conjugando naquela
área, os esportes mais ativos. O playground é
deslocado para mais próximo à escola que é vizinha à
praça, até como incentivo para as crianças se
envolverem mais com o espaço público.
Os estacionamentos foram implantados
pensando-se nos usos externos que mais demandam
vagas de automóveis, perto dos estabelecimentos
comerciais e igrejas. Ademais, a praça tem como
objetivo ser um espaço multifuncional, então as
100
pessoas estão livres para apropriarem-se da maneira
que mais lhes convier.
Figura 41: Zoneamento da proposta
Fonte: elaboração própria
MEMORIAL DESCRITIVO
A representação gráfica da proposta está
dividida em pranchas que acompanham este
trabalho ao fim deste volume. As primeiras pranchas
remetem ao diagnóstico feito previamente para então
registrarem a proposta em si.
A prancha de número 3 traz a planta geral da
proposta projetual, demonstrando como os diferentes
elementos se relacionam e se integram. A prancha de
número de 4, a desmembra em camadas, de modo a
possibilitar o entendimento de cada elemento em
separado.
Depois, nas pranchas 5 e 6, estão alguns
detalhamentos e imagens dos mobiliários e da praça
como um todo, com a proposta já implantada
totalmente.
De maneira geral, houve a preocupação de
adotar materiais de fácil execução e que sejam
101
duráveis já que terão que suportar as intempéries e
longos períodos sem manutenção.
Com o intuito de criar uma imagem integradora
da proposta, os mobiliários projetados seguem uma
mesma linha estética e utilizam materiais que
conversam entre si.
Vale salientar, que toda a proposta tem como
elemento norteador seguir a NBR 9050, que trata da
acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades
especiais, uma vez que o espaço público deve ser
igualmente acessível a todos. Sendo assim, considera-
se que existirão as devidas sinalizações, tanto
horizontais quanto verticais.
Para isso, adotou-se como padrão o uso de piso
tátil metálico, tanto por seu apelo estético quando por
suas características de durabilidade. Nos locais onde
for pertinente, haverá o piso direcional demarcando
as rotas mais importantes; e nos locais de mudança de
nível e/ou direção, estarão os de sinalização de alerta.
Figura 42: Exemplo de piso tátil
Fonte: Mozaik.
A característica mais marcante da proposta é o
fato do traçado interno ter sido transformado de algo
rígido e que impedia a livre circulação para um
traçado amplo e que dá às pessoas a liberdade de
circularem livremente.
Este fato também interfere no acesso à praça,
que antes era restrito a alguns pontos com calçada.
Agora, todo o perímetro do terreno tem passeio e o
102
usuário tem a opção de acessar a praça por onde
quiser.
As áreas verdes de maior dimensão nas bordas
da praça foram mantidas e as que têm menor
dimensão foram remanejadas para diferentes
recortes, trazendo para dentro da praça pequenos
jardins vegetados e que dão sombra aos usuários.
A pista de skate foi totalmente reformulada e
reimplantada ao lado da quadra. Agora, a pista é
composta por um “bowl” e mais três rampas,
equipadas com corrimão e outros elementos
necessários para a prática do esporte. Além disso,
deve-se citar que este elemento deve ser executado
em concreto armado, com acabamento liso e sem
desníveis em relação ao piso da praça como um todo.
A quadra poliesportiva foi levemente mudada
de local, foi rotacionada para acompanhar o desenho
geral da proposta e adequar-se melhor a questão do
percurso solar, no sentido de não atrapalhar os
usuários. Além disso, foi rebaixada em 0,40 metro, o
que possibilitou a criação de uma arquibancada a sua
volta.
Para acessá-la fez-se uma rampa com 8,33% de
inclinação, o que atende ao disposto na Norma
Brasileira de acessibilidade – NBR 9050 de 11 de
setembro de 2015. Há ainda, um espaço destinado
especialmente para cadeirantes na parte mais baixa
da arquibancada e logo ao lado da rampa, de modo
a facilitar o acesso.
O piso da quadra será em placas de
polipropileno de alto impacto, especial para quadras
externas. Com durabilidade estendida e com sistema
autodrenante, o que aumenta o tempo de vida útil,
mesmo em épocas de muita chuva.
103
Figura 43: Piso da quadra poliesportiva
Fonte: flexquadra.
O posto policial e os banheiros seguem o mesmo
padrão estético, são blocos de alvenaria de tijolo à
vista com laje impermeabilizada e uma pérgola de
madeira para demarcar a entrada. Os dois estão
0,15m acima do piso geral da praça e para acessá-los
existe uma rampa com inclinação de 8,33%.
Os banheiros são divididos entre feminino e
masculino, com seus respectivos ambientes
adaptados com entradas independentes (ver planta
na prancha 5). O padrão se sinalização das portas
desses ambientes segue também a norma de
acessibilidade, segundo demonstrado abaixo:
Figura 44: Modelo de sinalização
Fonte: NBR 9050, p.44.
Assim como a sinalização, as peças sanitárias
dos ambientes adaptados deverão seguir o
posicionamento definido na norma, com as distâncias
mínimas e áreas de manobra e aproximação –
detalhes que estão representados na prancha 5.
104
Figura 45: Posto policial
Fonte: Elaboração própria
Figura 46: Banheiros
Fonte: elaboração própria
A implantação desses elementos levou em
consideração o melhor posicionamento para atender
às necessidades dos usuários da praça. Dessa forma, o
posto policial está instalado em um local central, de
onde os policiais podem observar toda a extensão da
praça. Já os banheiros estão locados na porção norte
da praça, de modo a estar mais próximo à área
destinada a eventos múltiplos. Ainda assim, está em
um local de boa visibilidade o que favorece seu
acesso por todos.
Em relação ao mobiliário a ser implantado no
espaço público, foram pensados em dois tipos de
bancos, os que ficaram acoplados as áreas de
canteiros elevados e aqueles que estarão implantados
em separado, mas assim tomando em conta locais
com sombra. Juntamente aos bancos, estarão as
lixeiras, elemento muito requisitado pelos usuários, uma
vez que a situação atual desses mobiliários é bastante
precária – ver detalhamento na prancha 6.
105
Figura 47: Bancos e lixeira
Fonte: elaboração própria
Para estes elementos foi escolhida a madeira
pelo seu apelo estético e simbólico – uma vez que os
mobiliários atuais são em madeira. Como visto na
figura acima, um dos bancos tem encosto e apoio
para braços e o outro é como uma esteira. Ainda
assim, o usuário pode sentar-se diretamente no
concreto da jardineira. A lixeira acompanha essa
estética e tem seu cesto metálico escondido por ripas
de madeira.
Ainda como parte do mobiliário, serão
implantados bicicletários (figura 48) em alguns pontos
estratégicos da praça – perto dos equipamentos de
esporte e dos estacionamentos. Este deverá ser de aço
galvanizado e fixado diretamente ao piso, como visto
na figura abaixo.
Figura 48: Bicicletário
Fonte: elaboração própria
106
O playground usado nesta proposta foi
desenhado pensando em linhas fluidas e na energia
das crianças, se faz um objeto dinâmico e que
provoca curiosidade nos pequenos (figura 49). O
bloco principal é feito em aço pintado com tinta
eletrostática e com uma rede trançada, por onde as
crianças podem subir e explorar suas capacidades. Há
também, balanços, gira-gira e um bloco de escalada,
todos feitos em aço e pintados da mesma cor.
Figura 49: Playground proposto
Fonte: elaboração própria
É importante ressaltar que o playground será
implantado numa área de grama e sombra e com
bancos em volta, para que os pais e/ou responsáveis
possam acompanhar as crianças com conforto e
bem-estar.
Quanto a iluminação, foram usados dois tipos de
postes, o mais alto com 6,30m de altura, para fazer a
iluminação mais generalizada nas margens da praça
e em alguns pontos internos específicos – perto dos
equipamentos de esporte, banheiros e posto policial.
Já o poste menor, com 3,15m de altura é voltado a
uma iluminação próxima ao pedestre, mas de maneira
indireta para não causar ofuscamento. Este modelo
está distribuído por toda praça, próximo aos bancos e
destacando os raios do partido adotado – ver
disposição na prancha 4.
Para a pavimentação da praça, adotou-se um
padrão bicolor na porção interna, feito com placas de
concreto drenante, em cinza escuro e cinza claro. A
pista de corrida/caminhada utiliza este mesmo
107
material, porém na cor vermelha. E a porção mais
externa do passeio será apenas com placas em cinza
escuro. As placas de concreto serão assentadas
diretamente sobre o solo, de modo a potencializar sua
capacidade de dreno.
Figura 50: Textura e cor do piso
Fonte: Rhinopisos
É importante ressaltar que nos estacionamentos,
as vagas destinadas a pessoas com deficiência e
idosos, devem ter sinalização vertical segundo padrão
definido na NBR 9050, na qual a borda inferior das
placas instaladas deve ficar a uma altura livre entre
2,10 metros de altura, demonstrado abaixo:
Figura 51: Sinalização de estacionamento
Fonte: NBR 9050, p. 52.
Em relação a vegetação, esta proposta se
detém a indicar que em um estágio mais avançado
de projeto executivo seria necessário determinar as
espécies que seriam implantadas e demarcar suas
posições exatas. No caso, este trabalho tem um
108
caráter propositivo, e por isso, sugere a escolhe de
vegetação que acompanhe a escala daquelas que já
estão presentes na praça, espécies que produzem
sombra e que dependendo da época, têm floradas
bastante interessantes, o que traz uma estética
especifica e interessante ao espaço urbano.
109
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como elemento
norteador o interesse pessoal pelos espaços públicos,
no sentido de provocar uma reflexão acerca das
mudanças em seus usos e apropriações e que estão
aqui representados pela Praça Henrique Carloni, local
com papel importante na dinâmica do bairro onde se
insere e que que ainda resiste as mudanças
socioculturais percebidas nos últimos anos.
É comum à maioria dos estudiosos do urbanismo,
definir o espaço público como o local do convívio, do
encontro das diferenças, onde todos são bem-vindos.
No entanto, é perceptível que esses locais têm
enfrentado uma grande desvalorização frente aos
novos espaços semi-públicos, e até mesmo, aos locais
privados que hoje ofertam segurança e bem-estar.
Nesse sentido, este estudo teve a intenção de
tomar o desafio de uma intervenção urbana, convidar
os moradores a darem suas opiniões e a retomar seu
espaço de direito.
É sabido que uma tarefa como essa traz várias
dificuldades, como a consideração de materiais a
serem usados, a possibilidade de apropriação
indevida do espaço, depredação ou até mesmo a
rejeição por parte dos usuários de uma mudança em
seu dia-a-dia. No entanto, é importante levar os
conhecimentos adquiridos ao longo dos cinco anos de
curso para a população em geral, lembrá-los que a
cidade é tão deles quanto de qualquer outro.
Dito isso, é importante destacar que durante
todo o processo deste trabalho, houve a
preocupação em manter a identidade do local,
mantendo seu marco principal em destaque e
considerando as características especificas do local.
À luz do disposto acima, pode-se dizer que este
trabalho que tem como resultado final uma proposta
de requalificação a nível de estudo preliminar, mostra-
110
se como um elemento incentivador à melhora do
espaço público, uma vez que aponta uma
remodelação formal, trazendo uma estética nova e a
possibilidade de agregar vários usos em um só espaço.
Se faz necessário então, frisar o caráter
propositivo deste estudo, no sentindo em que não
chega ao nível de anteprojeto. Neste sentido,
recomenda-se como diretriz futura, a concepção de
projeto mais elaborado para a área, que contenha
detalhamentos construtivos e, por se tratar de praça,
também elementos paisagísticos.
Por fim, como fechamento de um ciclo
acadêmico, acredita-se que o presente trabalho
atingiu plenamente os objetivos a que se dispôs,
contribuindo para discussões importantes.
111
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