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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO IVANA LÚCIA DE PAIVA CARVALHO NOVA CRUZ - RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

IVANA LÚCIA DE PAIVA CARVALHO

NOVA CRUZ - RN

2016

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CAMINHOS DE CONHECIMENTO

Por

IVANA LÚCIA DE PAIVA CARVALHO

Artigo científico apresentado ao de curso de

Pedagogia a Distância da UFRN, polo Nova

Cruz, Sob a orientação da Professora Mestra

Antônia Costa de Andrade, como requisito

parcial para a conclusão do Curso de

Licenciatura Plena em Pedagogia.

Nova Cruz

2016.1

FICHA CATALOGRÁFICA

CARVALHO, Paiva de Lúcia Ivana

Alfabetização e Letramento: caminhos do

conhecimento. Trabalho apresentado a UFRN, conclusão de

curso. Natal. ____/___/____

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA - 2016.1

IVANA LÚCIA DE PAIVA CARVALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DATA__/___/___

BANCA EXAMINADORA

Este Artigo foi julgado adequado para obtenção da aprovação na disciplina TRABALHO

DE CONCLUSÃO DE CURSO do Curso de Pedagogia a Distância, Polo de Nova Cruz.

Profª Mestra Antônia Costa de Andrade – Orientadora

Profª Mestra Convidada Iza Pereira dos Santos

_________________________________________________________________

Profº Mestre Convidado José Tomaz da Silva Neto

( ) Aprovado

( ) Reprovado

NOVA CRUZ

2016

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a Deus, pelo dom da vida, a minha

família pelo incentivo e paciência, aos professores e tutores a distância da UFRN pelo

compromisso e estímulo e a orientadora Antônia pela parceria e dedicação.

EPÍGRAFE

“Quem tem muito pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe abra horizontes”.

Emília Ferreiro

SUMÁRIO

1. Introdução...............................................................................................9

1.1 Processo Histórico................................................................................11

2. Alfabetização x letramento: desafios e contribuições............................13

2.1 Desafios.................................................................................................14

2.2 Contribuições.........................................................................................15

3. Aplicabilidade da amostra diagnóstica.....................................................18

4. Resultados................................................................................................19

5. Considerações finais.................................................................................20

Referências....................................................................................................22

.

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CAMINHOS DE CONHECIMENTO

Ivana Lúcia de Paiva Carvalho1

Antônia Costa de Andrade2

RESUMO

A Alfabetização e Letramento são temáticas efervescentes no ambiente educacional, em virtude de diversos fatores como: o alto índice de analfabetismo nas séries iniciais, que acarreta a perpetuação histórica desse problema nos bancos escolares. A temática estudada são processos contínuos que precisam ser trabalhados associadamente para evitar o fracasso escolar. Se alfabetizar é apropriação do domínio da leitura e escrita, o letramento requer o uso das práticas sociais dessas dimensões em diferentes contextos, para isso se faz necessário o uso de diversos suportes textuais, a fim de favorecer a interação da criança com o mundo letrado, permitindo a profundidade da boa leitura, escrita e interpretação, favorecendo o alargamento do conhecimento. Nesse sentido, esse artigo tem como objeto de estudo diagnosticar situações que estão interferindo no processo de aprendizagem no ciclo de alfabetização, embasado em estudos bibliográficos e pesquisa de campo, a fim de apresentar possibilidades de efetivação de resultados satisfatórios com a aplicação simultânea da teoria e da prática pedagógica no contexto educativo.

Palavras-chave: Alfabetização – Letramento – Aprendizagem

ABSTRAT

Literacy and Literacy are thematic Effervescent in the educational environment, due to several factors such as the high illiteracy rate in the early grades, which carries the historical perpetuation of this problem in the school benches. The themes studied are continuous processes that need to be worked corporately to prevent school failure. If literacy is reading domain ownership and writing, literacy requires the use of social practices of these dimensions in different contexts, for this is the use of various textual media is necessary in order to promote the interaction of the child with the literate world, enabling the depth of good reading, writing and interpretation of the various panels that life provides, favoring the expansion of learning. Thus, this article is to study object diagnose situations that are interfering with the learning process in literacy cycle, based on published studies and field research in order to understand the effectiveness of satisfactory results with the simultaneous application of theory and pedagogical practice.

Keywords: Literacy - Literacy – Learning

1 Trabalho apresentado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do

título de Licenciatura Plena em Pedagogia. 2 Acadêmica de Pedagogia do 7º período. E-mail: [email protected] 3 Docente da Universidade Federal do Rio Grande, orientadora do artigo de revisão, cujo título alfabetização e letramento. E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

O processo de alfabetização é visto de diferentes formas, seja através dos

métodos sintéticos ou analíticos e de diversas concepções de estudiosos. Essas

diferenças se entrelaçam diretamente nas práticas curriculares, no sentido de

conhecimentos escolares, procedimentos e relações sociais.

Diversos estudos foram e são realizados, haja visto o desbravamento de

caminhos a serem percorridos no sentido de consolidar a aprendizagem, garantindo

o êxito do ensino na idade certa. A leitura e a escrita são entraves de ineficácia no

ciclo de alfabetização no nosso país a décadas. Segundo Juvêncio (p. 29, 2013) que:

“O processo de alfabetização é considerado o período de instrumentalização, período

em que se busca evidenciar o princípio fundamental que rege o sistema alfabético. ”

Com todas as transformações de métodos que evoluíram no tempo para que

consigamos ter um resultado promissor de alfabetização, é preciso que além de

diversos fatores pedagógicos, sociais, emocionais, faz-se necessário que

consideremos o repertório de conhecimentos acumulados e organizados por cada

estudante. Nesse sentido a escola busca uma nova prática alfabetizadora, um novo

tipo de pessoa letrada. Como diz Freire: “A boa leitura é aquela que nos leva para

dentro do mundo que nos interessa. “Através da afirmação, fica explícito a

necessidade de mudança nas metodologias aplicadas para que a educação revitalize

do estereótipo da má educação, direcionando-o as ações de incentivo e

comprometimento com o direito de todos, quanto a garantia da leitura e escrita visando

práticas educativas que norteie a efetividade de resultados de qualidade.

A alfabetização está diretamente associada ao letramento, ou seja, sobre a

ótica dos estudos de Ferreiro e Teberosky no livro: Psicogênese da Língua Escrita

(1984), essa concepção permanece gerando grande influência no ambiente escolar.

“A Psicogênese pressupõe a criança como um sujeito cognoscente, um sujeito que

constrói ativamente o saber”. No Brasil, essas práticas são um esteio no

direcionamento do trabalho educativo. A alfabetização no sentido de codificar e

decodificar a leitura e a escrita; enquanto o letramento no âmbito de configurar essas

competências nas suas práticas sociais, fazendo com que as crianças possam

compreender a leitura, a escrita e a interpretação nos diversos contextos que circulam

em nosso espaço sociocultural e escolar, compreendendo e sabendo utilizar as

10

diferentes linguagens, como afirma Juvêncio Barbosa: “Num mundo onde a escrita é

um meio importante na circulação de ideias, é fundamental a análise do ato de ler”.

Percebe-se que no cenário atual são múltiplos os desafios de desenvolver

essas competências, temos uma geração tecnológica, muitas vezes à frente de seu

professor, para que haja um equilíbrio, um incentivo à aprendizagem, se faz

necessário que o “mestre” busque, inove, pesquise e acima de tudo seja um

motivador. Em diferentes realidades acredita-se que um dos principais fatores que

contribuem para o fracasso escolar está relacionado com o desinteresse ou a falta de

capacidade individual dos alunos. “Quando uma criança não se interessa pela leitura,

é o professor quem deve criar situações mais envolventes”.

Sabe-se que a avalanche do insucesso pode estar atrelada a outras vertentes

como: o desfavorecimento social, as metodologias que não chegam a atender as

dificuldades dos discentes, a desvalorização do professor, a infraestrutura inadequada

a realidade da sociedade atual e os processos de alfabetização e letramento que não

atendem todas as realidades heterogêneas dos indivíduos que hora estão inseridos

no contexto educacional. “...mecanismo secular adotado pela escola para possibilitar

a todos condições mínimas de aprendizagem, revelou-se insuficiente diante da

multiplicidade de situações que implicam no uso da escrita”.

Dessa forma, as crianças que não consolidam o domínio da leitura e da escrita,

vai fortalecendo as estatísticas de reprovação, distorção idade-série e

consequentemente a evasão escolar, sendo assim excluídos em seus direitos de

aprendizagem e de cidadão. Portanto, há necessidade urgente de um planejamento

direcionado, a fim de proporcionar o trabalho, respeitando a heterogeneidade de cada

um, favorecendo o uso dos diversos gêneros textuais e os usos nas práticas sociais,

sistematizando as atividades significativas que favoreçam a reflexão dos estudantes

quanto ao sistema de escrita alfabética. “O processo de alfabetização é considerado

o período de instrumentalização, período em que se busca evidenciar o princípio

fundamental que rege o sistema alfabético”.

Faz-se necessário a análise, o diagnóstico permanente da aprendizagem das

crianças e das práticas pedagógicas, além das formas de acompanhamento e das

metas pretendidas pela instituição educativa. É indispensável garantir aos educandos

uma aprendizagem que possa proporcionar a efetivação e a habilidade dos sujeitos,

promovendo suas habilidades de analisar, criticar e compreender todos os processos

da sociedade na qual estão inseridos.

11

1.1 PROCESSO HISTÓRICO

O processo histórico quanto as formas de alfabetização no Brasil vem se

perdurando desde o século XIX, principalmente a partir da Proclamação da República

onde a ótica para práticas alfabetizadoras ganharam mais amplitude e fortalecimento,

através de diferentes métodos implantados como a cartilha do ABC, a memorização,

o método sintético (alfabetizar da parte para o todo), a soletração (silábico), ainda

bastante utilizado nos anos iniciais, além do método fônico (sons correspondem as

letras), também empregado em alguns programas estaduais ou federais como o Alfa

e Beto, a silabação (sons das palavras), fortemente trabalhado nessa etapa.

Baseado nos estudos de Maria Mortatti, no final da década de 1910, surge o

termo “alfabetização” para se referir ao ensino inicial da leitura e da escrita. A partir

de 1920, surgiu fortemente o método analítico se contrapondo inicialmente com o

sintético, já que o analítico consistia em alfabetizar do todo para as partes,

posteriormente após estudos esses dois métodos tornaram-se mistos, ou seja exigiam

das crianças a prontidão das habilidades perceptivas e motoras adequadas para que

permitissem sua alfabetização.

Os índices de analfabetismo no nosso País vêm se perpetuando negativamente

até os dias atuais, mesmo com todas as modificações e implementações de métodos,

a estatística de iletrados ou analfabetos funcionais são alarmantes. Como enfatiza

Piaget: “O método enquanto ação específica do meio pode ajudar ou frear, facilitar ou

dificultar, porém não pode criar aprendizagem”.

No final dos anos de 1970, surgiu uma nova perspectiva que influenciou as novas

práticas sobre a alfabetização, sua importância e suas etapas, através dos estudos

de Ferreiro e Teberosky na obra: Psicogênese da Língua Escrita, vindo na contramão

dos métodos tradicionais. Daí em diante, foram sendo aplicadas em escolas

atividades significativas, com contextos próximos ao cotidiano das crianças,

baseando-se no uso e funções da escrita e sua aplicabilidade nas práticas sociais.

Apesar de todas as discussões, estudos e avanços sobre os métodos de alfabetização

os números do analfabetismo funcional vão se proliferando ano a ano. Segundo a

revista Nova Escola na reportagem: “Analfabetismo: Dez anos depois, não saímos do

lugar”, dados desde 2002, onde aponta que de cada quatro brasileiros, apenas um

está plenamente alfabetizado – INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional.

12

Posteriormente surge o termo letramento que segundo Magda Soares (2010, p. 47)

define em:

“Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizador e letrado”.

Esse processo está associado a alfabetização e como está explícito na citação

em destaque, consiste em disseminar o uso de práticas alfabetizadoras nos diversos

contextos sociais e que esse indivíduo consiga interpretar esse mundo letrado que vai

além das barreiras escolares.

Apesar da diversidade dos métodos, do crescimento ao acesso à educação, do

aumento e permanência do número de matrículas; um dos fatores prioritários para

transformar essa realidade não vem sofrendo avanços no que se refere a melhoria e

garantia da qualidade do ensino no Brasil, além das condições e dos meios para que

haja essas mudanças. É necessário que as políticas públicas assegure as crianças a

aprendizagem adequada em cada ano de escolaridade, sejam realmente efetivadas e

que sigam o curso do chão da escola de forma a contribuir principalmente com

avanços no aspecto pedagógico, bem como o debruçar dos profissionais da educação

quanto a impregnar-se de práticas planejadas de acordo com os níveis de

aprendizagem das crianças, é preciso respeitar os ritmos e favorecer o avanço

observando a individualidade de cada um/ser. Como diz Juvêncio Barbosa: “hoje

vivenciamos uma situação da crise na escola...é preciso formar leitores eficazes”.

Atualmente, vivenciamos conflitos quanto à forma, ao método para alfabetizar,

além da errônea interpretação de como associar nas práticas de sala de aula o

alfabetizar letrando, mesmo com muito tempo de estudos e discussões é explícito as

dificuldades enfrentadas pelos educadores no ciclo de alfabetização, isso quando há

utilização de algum método, revelando assim um número significativo de crianças que

fracassam nessa etapa. Juvêncio afirma que: “A crítica aos métodos aplicados... está

baseada no caráter artificial e abstrato da concepção de alfabetização”. (p, 31, 2013,

J. Barbosa).

De acordo com a afirmação em destaque, fica evidente que o professor deve ter

plena consciência quanto ao método trabalhado, se esse está favorecendo ou não a

aprendizagem, o processo de criação e desenvolvimento do aprendiz. Portanto, o

retrato da educação brasileira precisa unir esforços e perceber o quão agravante está

13

o desnivelamento da qualidade do ensino, muitas vezes chego a pensar quais as

causas que faz o nosso país alçar voos na contramão da qualidade da aprendizagem

na esfera pública. Alguns fatores já foram citados, no entanto, a sensação é de

engessamento dessa engrenagem, como se estivéssemos tentando achar um

caminho, mas na maioria das vezes o que encontramos são abismos.

2. ALFABETIZAÇÃO X LETRAMENTO: DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES

Desde séculos passados até os dias atuais, há constantes divergências sobre

o processo de alfabetização, principalmente no que se reporta aos métodos estudados

e aplicados em sala de aula, tendo em vista uma dicotomia acentuada entre teoria e

prática. Segundo J. Barbosa diz que: “Já no século XIII, o analfabetismo passa a ser

avaliado de modo negativo, e o analfabeto é visto como alguém social e

economicamente desadaptado”. (p. 126. 2013).

Portanto, surge eminentemente a necessidade de instrução que correspondesse

as situações pertinentes daquela época que por sua vez, não se diferenciava dos

métodos que estavam por vir. No entanto, apenas no século XX, na década de 80 é

que um novo estudo conceitual sobre a Psicogênese da Língua Escrita, vem

despontando numa nova perspectiva no sentido de associá-la ao letramento. Esses

estudos foram de grande relevância para o aprimoramento das práticas de escrita e

leitura no ciclo de alfabetização. “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da

escrita, o letramento concentra-se nos aspectos sócio histórico da aquisição de um

sistema escrito por uma sociedade”.

Nessa visão a alfabetização passou por modificações quanto as suas

metodologias, estanques e mecânicas, associando não apenas práticas de codificar

e decodificar, mas ampliando horizontes que ultrapassassem os muros da escola,

valorizando o conhecimento prévio das crianças, como etapa fundamental no

processo de leitura, além de utilizar as dificuldades e os erros como construtores no

processo dessa aprendizagem. Piaget é um dos primeiros a afirmar que: erros

construtivos é essencial, são erros que constituem pré-requisitos necessários para a

obtenção da resposta correta. (p. 33).

Segundo Ferreiro e Teberosky, a influência do fator social está em relação direta

com o contato com o objeto cultural “escrita”. Nesse âmbito a criança que cresce em

um ambiente com ausência ou escassez de leitura, está propensa a ter mais

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dificuldade de aprender ou até mesmo nos primeiros anos de escolaridade fracassar

quanto as habilidades e competências adequadas de cada ano de estudo. Nesse

sentido “cada vez mais, a escrita se colocou como obstáculo à participação efetiva do

cidadão no mundo social, demonstrando, no cotidiano, a utilidade do saber ler”. (J.

Barbosa, p 111, 2013).

Para que uma criança se torne letrada é preciso um ambiente que favoreça o

letramento, faz-se necessário a utilização de atividades relacionadas à apropriação

do Sistema de Escrita Alfabética ou seja trabalhar na perspectiva do alfabetizar

letrando com diferentes gêneros e suportes textuais, propor leituras diversificadas

como: cartas, jornais, lista de compras, anúncios, lojas, livros de receita, localização

de ruas; afim de fortalecer o desenvolvimento de práticas sociais decorrentes de

situações significativas para as crianças. Desse modo, há necessidade de um

planejamento construído com base na realidade de cada um, promovendo assim a

autonomia e criatividade no mundo da leitura e escrita. “Cabe à escola favorecer

diversas experiências de contato com a escrita, é preciso planejar o ensino garantindo

a efetividade dos seus direitos de aprendizagem, considerando que as crianças

chegam a essa instituição tendo percorrido diferentes caminhos.” (Pnaic ano1 /unid.

7, p. 13).

“O direito à Educação é garantido a todos os brasileiros e, segundo prevê a Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a Educação Básica: tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos anteriores”. (Art. 22, PNAIC, ano 01, unid. 02, p. 29).

2.1 DESAFIOS

No cenário da educação brasileira são diversos os desafios vivenciados sobre

alfabetização e letramento, diante dos inúmeros estudos ainda enfrentamos situações

delicadas quanto a inserção da leitura e escrita social. Atualmente, as diversificadas

metodologias apontam a ausência de uma direção que vislumbre perspectivas

satisfatórias. Na verdade, o professor vivencia uma árdua batalha que dificulta tanto a

sua prática como a aprendizagem dos estudantes, como a falta de investimentos em

relação aos incentivos da formação continuada, as condições dignas de trabalho, o

desvio de recursos, materiais escassos, a indisciplina, a influência do fator social e um

dos mais comprometedores que é justamente a ausência ou até mesmo a anulação

da família. Em contrapartida, vivenciamos uma crise de paradigmas, há professores

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que resistem em inovar suas práticas, cultuando metodologias arraigadas ao

tradicionalismo, divergindo da demanda estudantil que se apresenta nas escolas.

“Hoje dificilmente se encontram professores que conseguem desenvolver um trabalho sistematizado; infelizmente, a maioria limita-se a reproduzir as estratégias de nível pré-silábico...dessa forma o trabalho torna-se mecânico.” (P, 63, 2009, Schwarz e Correa).

Nesse processo de desenvolvimento, todos esses fatores implicam em índices

negativos, gerando uma cultura da má educação no nosso país que vem fortemente

se arrastando a séculos, como uma mola propulsora, aonde não sabe-se realmente

como vamos reverter tamanho problema. Além de professores que resistem a inovar

suas práticas, cultuando metodologias arraigadas ao tradicionalismo, divergindo da

demanda estudantil que se apresenta nas escolas.

Os estudos sobre o trabalho de alfabetizar letrando é uma nova forma de

enxergar os estudantes com mais proximidade, respeitando os seus ritmos de

aprendizagem e sua bagagem de mundo. É uma perspectiva inovadora de

experimentar e vivenciar as práticas de escrita e leitura de forma global, não tolhendo

ou fragmentando as possibilidades e potencialidades de cada um. “Num mundo onde

a escrita é um meio importante na circulação de ideias, é fundamental a análise no

ato de ler.” (J. Barbosa, p 144, 2013).

2.2 – CONTRIBUIÇÕES É relevante as contribuições que a Psicopedagogia trouxe ao processo de

alfabetização e letramento, surgindo assim um novo olhar em relação à reflexão sobre

as práticas de sala de aula, nesse sentido o professor encontra um apoio quanto a

diversidade de problemáticas que não corresponde apenas ao papel da escola, dessa

maneira a família é um dos enfoques centrais de instituição parceira da educação, não

podendo ser vista apenas no contexto escolar, mas no social, pois a criança é um ser

partícipe e desenvolve suas habilidades e competências em diferentes espaços. A

psicopedagogia é um suporte para anemizar as dificuldades encontradas no processo

de alfabetização frente aos problemas encarados na escola com crianças com

dificuldade de desenvolvimento cognitivo, como afirma Barbosa, 2006:

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“A Psicopedagogia é a área que está em parceria com a família e a escola para enfrentar desafios relacionados com o processo de aprendizagem, procurando compreender as dificuldades, o que se aprende; o processo ensino/aprendizagem e agir sobre estes aspectos de forma a proporcionar o avanço da prática educativa.”

O letramento vem também da necessidade de integração quanto aos saberes

sistemáticos e de vivência com as práticas sociais, uma nova visão sobre a somatória

de aprendizagens em um campo integrado entre alfabetizar e letrar, dessa forma há

uma ruptura de paradigmas no processo de leitura e escrita em relação aos métodos

trabalhados nas instituições educativas. No entanto, ainda há uma variedade de

métodos sendo utilizados em sala de aula, sem que o próprio professor perceba ou

até mesmo se acomode e não busque novas experiências para o fortalecimento do

seu trabalho, ou seja resistem em se basearem em estudos mais recentes no contexto

social de leitura e escrita, como o de Ferreiro e Teberosky. “A psicogênese da língua

escrita deslocou a questão central da alfabetização do ensino para a aprendizagem:

partiu não de como se deve ensinar e sim de como de fato se aprende.” (p. 8).

Apesar de tantos estudos, o que se arrasta a séculos é a dificuldade que “a

escola apresenta em não conseguir ensinar e hoje, envergonhados vemos índices de

pesquisas e avaliações que comprovam o fracasso escolar.” (p. 67, S. Mendonça,

2009).

Compreender o processo de aprendizagem e de assimilação das crianças, não

é só buscar o aumento do índice do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

- Ideb ou de outros marcadores do processo de desenvolvimento da educação

nacional. Entender esse processo demanda buscar entender a criança como um todo

no seu processo pessoal, social, formal e acima de tudo, na sua formação cognitiva.

A disponibilidade para compreender os prazeres da criança denota entendimento de

que não se pode esperar que ela fale, ou compreenda tudo ou quase tudo, desde o

princípio que entra na escola.

A construção das ideias próprias pode ser observadas no decorrer do

desenvolvimento da aprendizagem da linguagem oral e escrita, podendo e devendo

ser aproveitado e aperfeiçoado todas as falas e opiniões da criança, cabendo ao

professor mediar os saberes da criança.

É importante buscar descobrir quais são as metas que a escola pretende

alcançar com cada aluno, sabe-se que, o universo é diferente para cada ser que está

inserido no processo de ensinar e aprender. Não se deve esperar que a aprendizagem

17

seja igual para todos os envolvidos, porque cada aluno tem seu tempo de aprender,

de compreender, de buscar e de socializar-se. Assim para Freire, a educação implica

em uma teoria do conhecimento posta em prática, o que nega a possibilidade de o

professor ou de a professora realizarem a transferência do conteúdo. Ainda de acordo

com Freire (1993, p.110) que:

O ato de ensinar e de aprender, dimensões do processo maior – o de conhecer – fazem parte da natureza da prática educativa. Não há educação sem ensino, sistemático ou não, de certo conteúdo. É ensinar um verbo transitivo-relativo. Quem ensina, ensina alguma coisa – o conteúdo – a alguém – o aluno.

Diante do exposto, mas afinal, em que consiste o conteúdo a ser recriado nas

práticas de ensino/aprender? Para Paulo Freire há duas dimensões do conteúdo a

serem consideradas no processo de ensino/aprendizagem. A primeira dimensão é a

dos conhecimentos histórica e socialmente construídos e acumulados, que se

constituem em patrimônio da humanidade, ou seja, toda e qualquer sociedade se

torna frutos dos seus conhecimentos, de suas aprendizagem e da sua educação. A

segunda dimensão refere-se ao saber decorrente das práticas sociais. Democratizar

conteúdos é, então, lutar para que as camadas populares tenham acesso ao saber

científico-tecnológico socialmente construído e, simultaneamente, reconhecer os

diferentes saberes de experiências feitos com que os educandos chegam as escolas

e que se constituem na segunda dimensão dos conteúdos abordados e ensinados. É

importante lembrar que cada indivíduo é ímpar em sua dimensão, e portanto o

processo de aprendizagem também é diferenciado para cada um, então para que a

aprendizagem tenha um efeito positivo, deve-se respeitar o tempo do aluno no seu

processo de aprender a aprender.

O processo de aprendizagem significativa, pode variar de indivíduo para

indivíduo, porque a aprendizagem e a aquisição do conhecimento não são

homogêneos e nem iguais. Segundo Seber (2010, p. 54), é importante lembrar que a

mediação é indispensável para a aquisição e a formação dos conhecimento, portanto:

“Ao direcionar a atenção para os processos de aprendizagem, em vez de focalizar os métodos de alfabetização, o professor toma consciência de que ninguém precisa correr atrás de nada nem de ninguém. Isso significa professor e criança caminhando juntos. Ele se orienta por aquilo que vê a criança realizar, e ela, por sua vez, se deixa guiar pelos questionamentos, desafios, contraexemplos e solicitações que lhe são feitos”.

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3. APLICABILIDADE DA AMOSTRA DIAGNÓSTICA

Visando contribuir para o processo de alfabetização do 3º ano do ensino

fundamental, foi realizado em duas turmas da rede municipal de ensino uma amostra

diagnóstica das habilidades de leitura e escrita. Foram escolhidas uma da zona

urbana a Escola Municipal Deputado Márcio Marinho, com 35 alunos a turma do 3º

ano “B” e a outra na zona rural do município de Nova Cruz, na Escola Municipal Maria

do Carmo Bezerra, com 23 alunos, ressaltando que as duas professoras participam

do Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa desde 2013. O

objetivo da aplicabilidade dessa sondagem diagnóstica é analisar se houve a

consolidação dos direitos de aprendizagem do 1º e 2º ano no processo de leitura e

escrita das crianças.

As etapas são bimestrais, foi realizada a primeira, que efetivou-se da seguinte

forma: cada aluno foi avaliado individualmente na leitura e escrita, através de fichas

de leituras de textos, frases e palavras, conforme será observado no anexo desse

trabalho. Posteriormente foi realizada a avaliação de escrita. Que consta de um teste

de quatro palavras, o nome completo, a escrita de duas frases simples e um pequeno

texto. A finalidade é diagnosticar as hipóteses de escrita que estão compostas: o/a

estudante deixou o espaço em branco, é pré-silábico, silábico, silábico-alfabético,

alfabético ou alfabético-ortográfico. Em relação à leitura foram analisados a leitura de

textos, frases e palavras, observando se as crianças leem com pausa, com fluência,

não lê, silabando, apenas identifica letras. Nesse momento de avaliação, registrei em

um formulário específico de leitura e escrita (anexo), as observações sobre as

referidas habilidades. Esse diagnóstico foi realizado e entregue ao coordenador,

professoras e gestores, já que são os colaboradores no processo educativo, já que

assumem o planejamento da ação, o compromisso de colaborar com o

desenvolvimento das atividades avaliativas. Dessa forma, é necessário o

comprometimento de cada profissional, a fim de apoiar o trabalho do professor, de

forma que o trabalho de cada um e o de todos só estará encerrado com o esgotamento

da ação. A cada bimestre será realizado um acompanhamento da evolução da

aprendizagem da leitura e escrita dessas duas turmas. Vale ressaltar, que os

envolvidos da escola irão incentivar esses processos e verificar, para que ao finalizar

em novembro possa constatar se realmente houve mudanças significativas nos

índices abordados.

19

4. RESULTADOS

As turmas escolhidas para realização desse diagnóstico participam ou pelo

menos as crianças eram pra ter conhecimento e ter apreendido as competências e

habilidades em cada ano de escolaridade da formação continuada do PNAIC 2013 a

2015. No entanto, com os resultados que serão expostos é percebido que há um longo

caminho a ser percorrido para que possamos garantir a alfabetização e o letramento

na idade certa aos nossos estudantes. A atividade diagnóstica foi realizada em dois

dias para que pudesse contemplar a participação de todos os estudantes. Os gráficos

a seguir vão representar os resultados da pesquisa feitas com os educandos.

Gráfico 01 – Escrita dos alunos da Escola Municipal Maria do Carmo Bezerra.

Gráfico 02 – Leitura dos alunos da Escola Municipal Maria do Carmo Bezerra.

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Per

cen

tual

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no

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fab

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Tipos de alfabetização escrita

Percentual de aprendizagem da escrita

Alfabético ortográfico Silábico ortográfico Alfabético

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20

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Per

cen

tual

de

alu

no

s al

fab

etiz

ado

s

Tipos de alfabetização em leitura

Percentual de aprendizagem da leitura

Lê fluente Lê silabando

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Gráfico 03 – Escrita dos alunos da Escola Municipal Deputado Márcio Marinho.

Gráfico 04 – Leitura dos alunos da Escola Municipal Deputado Márcio Marinho.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto e das experiências realizadas foi possível perceber que a

ação de mediar e promover um processo de aprendizagem significativa vai muito além

das dificuldades vivenciadas no contexto educacional, a aplicação das atividades com

resultados mostrados nos gráficos acima, explicitam o grau de aprendizagem, mas

também o grau de dificuldades que as crianças precisam vencer diariamente dentro

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14

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15

19

0

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40

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Per

cen

tual

de

alu

no

s al

fab

eita

zos

Tipos de alfabetização escrita

Percentual de aprendizagem da escrita

Pré-silábico Silábico Silábico alfabético Alfabético Alfabético ortográfico

44

26

44

0

10

20

30

40

50

Per

cen

tual

de

alu

no

s al

fab

etiz

ado

s

Tipos de alfabetização em leitura

Percentual de aprendizagem da leitura

Não lê Lê silabando Lê fluente

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não só da escola, mas também da vida como ser social e ativo. Percebeu-se diante

do estudo que, mesmo crianças que cursam a mesma série, pode apresentar

aprendizagem e dificuldades diferentes, e isto ficou claro na amostragem dos dados

nos gráficos que retratam a realidade das turmas estudadas.

É preciso compreender a dinâmica de aprender a aprender e também a prender

a ensinar, principiando da compreensão de que o ato de alfabetizar se dá diante de

toda sua existência, é possível observar que esse método não possui origem único e

exclusivamente na escola, no entanto é diante dos conhecimentos adquiridos

previamente onde a criança carrega consigo, e que através do trabalho do educador

no âmbito escolar, é possível ser convertido em aprendizagens sistemáticas.

No momento em que o educador lida com uma maneira de alfabetizar que leva

em consideração a transformação, torna-se necessário se basear não apenas no

sentido cognitivo de uma criança. É de fundamental importância pensar também

acerca das perspectivas afetivas pessoais, visto que o discente é um indivíduo

complicado, de diversas proporções.

A partir da pesquisa e dos resultados obtidos percebeu-se que, ensinar tem um

universo de possibilidades e dificuldades que precisam ser enfrentadas e vencidas por

parte de quem procura ensinar e de quem precisa aprender. Sendo assim, é preciso

que seja desenvolvido um trabalho de alfabetização que busque novas estratégias de

formação de um indivíduo autônomo criador de sua própria história e formador de

opiniões. A função primordial da escola é a de assegurar que todos os alunos

consigam ter promoção aos conhecimentos linguísticos indispensáveis para a prática

da cidadania.

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REFERÊNCIAS

MALUF, Maria Regina, MARTINS, Claudia Cardoso. Alfabetização no século XXI:

Como se aprende a ler e a escrever. Porto Alegre: Penso, 2013. 183 p.: iL.; 23

em.

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura – 3ª ed. São Paulo: Cortez,

2013.

FERREIRO, Emília. Psicogênese da língua escrita / Emília Ferreiro e Ana

Teberosky; trad. Diana Muriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corvo. – Porto

Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1993.

SABER, Maria da Glória: A escrita infantil – O caminho da construção. São Paulo: ed.

Scipione, 2010.