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RAISSA ALECRIM FERREIRA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

RAISSA ALECRIM FERREIRA

Natal - RN

Junho, 2017.

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RAISSA ALECRIM FERREIRA

Trabalho Final de Graduação

apresentado ao curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como requisito

para obtenção do título de Arquiteto e

Urbanista.

Orientação: Profa. Dra. Eunádia Silva

Cavalcante.

Natal - RN

Junho, 2017.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - ­CT

Ferreira, Raissa Alecrim.

Vila Pet: anteprojeto de um complexo de lazer, cuidados e

hotelaria para cães e gatos / Raissa Alecrim Ferreira. - Natal, 2017.

127f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e

Urbanismo.

Orientadora: Eunádia Silva Cavalcante.

1. Projeto arquitetônico - complexo de lazer para animais - Monografia. 2. Arquitetura para Animais - Monografia. 3. Bem-estar

animal - Monografia. 4. Humanitário - Monografia. I. Cavalcante,

Eunádia Silva. II. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1

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RAISSA ALECRIM FERREIRA

VILA PET

Anteprojeto de complexo de lazer, cuidados e hotelaria para cães e gatos.

Trabalho Final de Graduação

apresentado ao curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como requisito

para obtenção do título de Arquiteto e

Urbanista.

Orientação: Prof.ª. Dra. Eunádia Silva

Cavalcante.

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª. Dra. Eunádia Silva Cavalcante

Orientadora

Prof.ª. Leila Araújo Guilhermino

Convidada interna

Prof.ª. Me. Emanuelle Albuquerque de Oliveira Souza

Convidada externa

Aprovação em 30 de junho de 2017.

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Dedico este trabalho aos

meus pais, Ciro e Edna.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos são primeiramente a Deus, Nosso Senhor

Jesus Cristo e a intercessão de Nossa Senhora, pelo dom da vida e pelas graças

que me foram dadas para a realização desse trabalho e de toda a minha

formação como Arquiteta e Urbanista.

Ao meu pai, Ciro da Fonseca Ferreira e minha mãe, Edna de Fátima

Alecrim Ferreira, por serem peças chaves do meu equilíbrio e os meus maiores

exemplos de vida, bem como ao meu irmão, Arthur Alecrim Ferreira e, em

especial, a minha irmã, Clarissa Alecrim Ferreira, que sempre esteve disponível

para me ajudar em qualquer situação da vida, seja acadêmica ou pessoal.

Agradeço, ainda, ao meu tio César, por sempre ter ensinado e orientado a minha

vida estudantil. Sem o apoio deles, nada seria possível. Verdadeiras bênçãos

em minha vida.

A meu companheiro e amigo Allan Oliveira, que sempre compreendeu o

quão difícil é a jornada de um estudante de arquitetura e urbanismo, me

ajudando durante essa longa caminhada sem qualquer cobrança ou

questionamento. Obrigada pelo seu apoio e confiança, não me deixando desistir

e sendo meu apoio nos momentos mais difíceis.

A todos os amigos e futuros colegas de profissão que foram conquistados

ao longo desses 5 anos, que ajudaram na minha formação e fizeram com que

esses anos fossem bem mais leves e felizes.

A todas as meninas do Baile de favela, que sempre foram solícitas para

me ajudar, me compreendendo e dando forças para continuar, em especial a

Amanda, Lana, Marina e Nana, com quem iniciei o curso, partilhei momentos

importantes dessa jornada e agora chegamos juntas ao final. Vocês são grandes

responsáveis por eu ter chegado até aqui, obrigada.

As minhas amigas e irmãs Manoela, Bruna e Amannda, por todo o apoio

dado e por toda a compreensão, amo vocês.

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Ao meu querido grupo Rehab, que sempre esteve pronto para me distrair

e alegrar em qualquer momento da vida.

A todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN,

que contribuíram de alguma forma para minha formação, em especial a minha

orientadora, Eunádia Cavalcante, pelo empenho e dedicação neste trabalho.

Agradeço imensamente pelo carinho e disponibilidade durante essa jornada.

Por fim, agradeço ao grande motivador para a realização desse trabalho,

meu grande amigo e companheiro fiel, Floquinho. Se não fosse por você nada

disso teria sido feito. Esse trabalho é para você, te amo.

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RESUMO

As modificações comportamentais na relação do homem com o animal de estimação trouxeram consigo diversas mudanças, entre elas a forma de pensar e de trata-los. Hoje, os cães e gatos apresentam um papel importante na vida do homem, seja por seu apelo afetivo seja pelo uso de seus sentidos apurados em atividades e trabalhos. Assim, os animais de estimação alcançaram grande relevância no cenário mundial, fato que aumentou, consideravelmente, o mercado destinado aos mesmos. Desse modo, o presente trabalho corresponde ao desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico de um complexo para cães e gatos destinado à prestação de serviços na cidade de Parnamirim/RN, consistindo em uma estrutura física que proporcione aspectos humanitários nas atividades prestadas, implementando um novo conceito de bem-estar e hotelaria para os mesmos. A fim de dar maior subsídio ao projeto foram realizados estudos de referência de maneira direta e indireta, que forneceram repertório de soluções funcionais e formais, bem como a análise das legislações, normas e decretos vigentes, os quais apontam diretrizes projetuais e pre-dimensionamentos focados na qualidade de vida dos animais.

Palavras-Chave: Arquitetura para Animais; Bem-Estar Animal; Humanitário.

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ABSTRACT

Behavioral changes in man's relationship with animals brought various changes, including the way of thinking and dealing with them. Today, dogs and cats play an important role into people’s life, either by they affective appeal or by the use of they sharp directions in activities and works. Thus, the pets reached a great relevance into the world scene, fact that has increased considerably the market destined to them. So, the present work corresponds to the development of an architectural project to dogs and cats destined for the services to those animals in the city of Parnamirim / RN, consisting of a physical structure that provides humanitarian aspects in the offered activities, implementing a new Concept of well-being and hospitality for them. In order to give greater support to the project, the reference studies were carried out in a direct and indirect way, which provided a repertoire of functional and formal solutions, as well as an analysis of the laws, norms and decrees in force, based on pets quality of life.

Keywords: Architecture for Animals; Animal Welfare; Humanitarian.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1-As três etapas do plano emergencial-Arquitetura Humanitária. ......... 25

Figura 2- Foto Panorâmica do Malabo Pet Resort ........................................... 37

Figura 3- Área de convívio, lazer e diversão. ................................................... 38

Figura 4- Área de hospedagem ........................................................................ 39

Figura 5- Centro Cirúrgico ................................................................................ 40

Figura 6- Foto panorâmica do Cãopestre Park e Hotel .................................... 41

Figura 7- Canis, corredeiras, playgound e pista de agility, respectivamente. ... 42

Figura 8- Asilo canino e complexo para animais de pequeno porte,

respectivamente. .............................................................................................. 43

Figura 9- Local para banho e tosa. ................................................................... 43

Figura 10- Croqui Pronto Clínica Veterinária Tico e Teco. .............................. 45

Figura 11- Internação. ...................................................................................... 46

Figura 12-Consultório Veterinário. .................................................................... 46

Figura 13- Canis. .............................................................................................. 47

Figura 14- Parque Canino. ............................................................................... 48

Figura 15- Loja, Táxi Dog e Sala para Banho e tosa, respectivamente. .......... 49

Figura 16- Boos Beach Club. ........................................................................... 50

Figura 17- Fachada Norte e volumetria do Boos Beach Club, respectivamente.

......................................................................................................................... 52

Figura 18- Entrada principal Boos Beach Club. ................................................ 53

Figura 19- Localização terreno escolhido. ........................................................ 55

Figura 20- Mapa de uso do Solo. ..................................................................... 56

Figura 21- Vista aérea terreno escolhido com dimensões. .............................. 57

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Figura 22- Curvas de nível do terreno escolhido. ............................................. 58

Figura 23- Terreno selecionado com a trajetória solar. .................................... 59

Figura 24- Estudo da Carta solar. .................................................................... 60

Figura 25- Estudo ventilação. ........................................................................... 62

Figura 26- Dimensionamento das formas de acesso. ...................................... 65

Figura 27- Exemplos manobra de cadeiras de rodas com deslocamento. ....... 69

Figura 28- Medidas mínimas de um sanitário acessível. .................................. 71

Figura 29- Sinalização e dimensões – Vaga para Pessoa com Deficiência ..... 72

Figura 30- Sinalização Vertical e Horizontal de vaga exclusiva para Idoso. .... 73

Figura 31-Sinalização Vertical de vaga exclusiva para deficientes. ................. 74

Figura 32- Fluxograma inicial do projeto. ......................................................... 79

Figura 33- Zoneamento inicial. ......................................................................... 80

Figura 34- Cobertura inspirada no origami. ...................................................... 82

Figura 35- Logomarca Vila Pet. ........................................................................ 83

Figura 36- Zoneamento durante o processo de evolução. ............................... 85

Figura 37- Realocação da parte de apoio dos canis para o bloco de lazer. ..... 85

Figura 38- Evolução Implantação com destaque para mudanças nos acessos.

......................................................................................................................... 87

Figura 39- Evolução formal. ............................................................................. 88

Figura 40- Movimentação de areia feita. .......................................................... 89

Figura 41- Topografia final com a implantação dos blocos. ............................. 89

Figura 42- Fluxograma implantação. ................................................................ 92

Figura 43- Implantação final sinalizada. ........................................................... 94

Figura 44- Fachada sudoeste, sudeste e nordeste do Bloco Pet Shop,

respectivamente. .............................................................................................. 95

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Figura 45- Estudo insolação fachada sudoeste bloco pet shop. ...................... 96

Figura 46- Fachada Noroeste, sudoeste e sudeste bloco Recepção e Adm.,

respectivamente. .............................................................................................. 98

Figura 47- Estudo insolação fachada noroeste bloco recepção e administração,

considerando a situação sem proteção vertical e com proteção vertical regulada

nas duas direções, respectivamente. ............................................................... 99

Figura 48- Fachada noroeste e fachadas nordeste e sudeste, respectivamente.

....................................................................................................................... 101

Figura 49- Bloco funcionários. ........................................................................ 102

Figura 50- Entradas bloco serviço. ................................................................. 103

Figura 51- Piscina e pista de agility. ............................................................... 104

Figura 52- Fachada sudoeste e nordeste, respectivamente. ......................... 105

Figura 53- Lazer livre aberto. ......................................................................... 106

Figura 54- Canil para médio e grande porte. .................................................. 107

Figura 55- Canil para pequeno porte. ............................................................. 108

Figura 56- Gatil. .............................................................................................. 108

Figura 57- Estudo insolação fachada nordeste. ............................................. 109

Figura 58- Estudo insolação fachada sudoeste. ............................................. 110

Figura 59- Dimensionamento Viga e Pilar de concreto, respectivamente. ..... 111

Figura 60- Dimensionamento Viga e Pilar de madeira, respectivamente. ...... 112

Figura 61- Cobertura conectada com destaque para área com pilares estrurais e

vigas em madeira. .......................................................................................... 113

Figura 62- Dimensionamento treliças de madeira. ......................................... 113

Figura 63- Telha Brasilit Landmark Solaris Gold na cor Max Def Resawn Shak.

....................................................................................................................... 114

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Figura 64- Composição telha shingle. ............................................................ 115

Figura 65- Inclinação dos telhados Shingle. ................................................... 115

Figura 66- Madeiramento para telha shingle. ................................................. 116

Figura 67- Esquema de ventilação cumeeiras ventiladas brasilit. .................. 117

Figura 68- Esquema de montagem da telha Shingle. .................................... 117

Figura 69- Torre tublar Faz Forte 1501. ......................................................... 119

Figura 70- Estacionamento 01 e 02, respectivamente. .................................. 120

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Incidência do sol nas faces do terreno. ............................................ 61

Tabela 2- resumo dos índices urbanísticos para a Zona Urbana. .................... 64

Tabela 3- Dimensionamento das Formas de acesso. ...................................... 64

Tabela 4- Relação das vagas de estacionamento por empreendimento. ......... 65

Tabela 5- Resumo índices urbanísticos aplicado ao terreno. ........................... 66

Tabela 6- Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento...................... 75

Tabela 7- Prescrições Urbanísticas. ................................................................. 91

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABINPET- Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de

Estimação

BEA- Bem-estar Animal

CBA- Comissão Brasileira de Agility

CFMV- Conselho Federal de Medicina Veterinária

COMAC- Comissão de Animais de Companhia

CONTRAN- Conselho Nacional de Trânsito

FCI - Fédération Cynologique Internationale

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OIE- Organização Mundial da Saúde Animal

RN- Rio Grande do Norte

VAN- Voluntary Architects' Network

WSPA- World Society for the Protection of Animals

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16

1 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 20

1.1 Bem-estar animal.......................................................................................... 20

1.2 Aspectos humanitários: como se aplicam na arquitetura que se destina aos

animais .................................................................................................................... 23

1.3 Legislação e condicionantes para projeto destinados a animais ................... 27

2 OLHAR PROJETUAL: ESTUDO DE REFERÊNCIA ................................ 36

2.1 Estudos indiretos .......................................................................................... 36

2.1.1 Malabo Pet Resort ................................................................................. 36

2.1.2 Cãopestre Park e Hotel ......................................................................... 40

2.2 Estudo direto ................................................................................................ 44

2.2.1 Pronto Clínica Veterinária Tico & Teco .................................................. 44

2.3 Estudo Formal .............................................................................................. 50

2.3.1 Boos Beach Club. .................................................................................. 50

3 CONDICIONANTES PROJETUAIS .......................................................... 54

3.1 Terreno ......................................................................................................... 54

3.2 Condicionantes físico-ambientais ................................................................. 58

3.3 Condicionantes legais ................................................................................... 62

3.3.1 Plano diretor de Parnamirim .................................................................. 62

3.3.2 Código de obras de Parnamirim ............................................................ 66

3.3.3 Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do Rio

Grande do Norte (Lei nº. 4.436) ............................................................................ 67

3.3.4 NBR 9050/2015 ..................................................................................... 68

3.3.5 Resoluções Contran nº 236/07, nº 303/08 e nº 304/08 .......................... 72

3.4 Condicionantes Funcionais ........................................................................... 74

3.4.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................. 74

3.4.2 Fluxograma inicial .................................................................................. 78

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3.4.3 Zoneamento Inicial ................................................................................ 79

4 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA .................................................... 81

4.1 Conceito e Partido arquitetônico ................................................................... 81

4.2 Evolução da proposta ................................................................................... 83

4.3 Memorial descritivo e justificado ................................................................... 90

4.3.1 Implantação ........................................................................................... 91

4.3.2 Bloco Pet Shop ...................................................................................... 94

4.3.3 Bloco Recepção e Administração .......................................................... 97

4.3.4 Bloco Ambulatorial ............................................................................... 100

4.3.5 Bloco Funcionários + Serviços ............................................................. 101

4.3.6 Bloco Lazer ......................................................................................... 103

4.3.7 Bloco Gatil e Canis .............................................................................. 106

4.4 Aspectos técnicos e construtivos ................................................................ 110

4.4.1 Sistema construtivo ............................................................................. 110

4.4.2 Cobertura ............................................................................................ 114

4.4.3 Reservatório d’água ............................................................................. 118

4.4.4 Estacionamento ................................................................................... 119

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 121

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 123

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema a arquitetura comercial e de serviços

para animais de estimação, visto que o mesmo consiste na elaboração de um

anteprojeto de um empreendimento destinado à prestação de serviços para cães

e gatos na cidade de Parnamirim/RN, visando seu bem-estar, comodidade,

satisfação e hospedagem.

Nota-se no país e nas últimas décadas uma mudança nas relações de

convívio entre os seres humanos e os animais, principalmente no que se refere

ao trato com os animais domésticos, tidos como de estimação ou companhia.

Antigamente, no início desta relação, os animais viviam somente nos quintais e

tinham como função principal garantir a segurança da casa, enquanto nos dias

atuais essa realidade mudou, uma vez que os homens e os animais

desenvolveram laços afetivos cada vez mais fortes e estes assumiram novos

papeis dentro e fora do lar. Hoje, já existem, inclusive, vários métodos de

tratamento e terapias para humanos que incluem os animais como parte

integrante e fundamental dos mesmos.

Atualmente, o crescimento do número de pessoas que vivem sozinhas ou

muito focadas na sua vida profissional faz com que elas busquem, por diversas

vezes, a companhia de um animal como solução, de forma que esses seres se

inserem na família, despertando nas pessoas um maior interesse em atividades

e lugares que possam envolver seus amigos de quatro patas.

Essa realidade de inserção dos animais de estimação na sociedade ajudou

a criar uma situação extremamente favorável à expansão da indústria de pet,

pois para a maioria das pessoas não há limites para satisfazer os "desejos dos

seus animais/filhos". Tudo isso pode ser facilmente constatado pelo número

cada vez maior de investimentos em lojas especializadas e serviços

direcionados para os animais, a exemplo de serviços de SPA, recreação,

alimentação diferenciada, treinamentos, hotéis, tratamentos, entre outros, visto

que, já é comprovado que, assim com os humanos, os animais também sofrem

de problemas como ansiedade, stress, depressão, tristeza, entre outros.

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Dessa forma, o mercado de produtos e serviços destinados aos animais de

estimação ganhou grande destaque mundial e é caracterizado como um novo e

lucrativo segmento da economia nacional e mundial. De acordo com dados da

Euromonitor International compilados pela Associação Brasileira da Indústria de

Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), a América Latina é uma das

regiões mais importantes para o mercado pet em todo o mundo. O valor de

vendas totais do mercado pet no Brasil expandiu 40%, de 2010 a 2015, e foi

responsável por um faturamento de mais de R$ 18 bilhões em 2015; além de um

crescimento de 7,6% sobre 2014 e de ser terceiro lugar absoluto no mercado

mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido (ABINPET, 2016).

Diante da ascensão deste setor na economia, percebe-se que ainda existem

grandes oportunidades neste mercado, permitindo o surgimento de novos

empreendimentos que visem o bem-estar animal. Logo, o presente estudo tem

como objetivo geral desenvolver um anteprojeto de um complexo para cães e

gatos, consistindo em uma estrutura física que proporcione aspectos

humanitários nos serviços prestados, implementando um novo conceito de bem-

estar e hotelaria para os mesmos.

Mais especificadamente, pretende-se entender as necessidades funcionais

de um projeto destinado a prestação de serviços para animais; buscar elementos

e técnicas utilizados em projetos que forneçam repertório e ideias para soluções

formais; e estudar estratégias projetuais, do ponto de vista humanitário, que

possibilitem o atendimento às necessidades dos animais relacionadas ao

conforto, segurança, tranquilidade, convivência e aconchego.

A escolha do tema em questão foi orientada por preferências pessoais,

que incluem desde a área de estudo, Projeto de Arquitetura, ao interesse em

trabalhar com um tema específico para animais. A autora teve a experiência e a

oportunidade de conviver 15 anos com um grande amigo de quatro patas, o que

lhe despertou a vontade e a curiosidade de estudar sobre o assunto, uma vez

que o mercado natalense não supre a necessidade no que se refere à hotelaria

e serviços confiáveis, bem como de espaços de lazer para animais de estimação.

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Por experiência própria, uma dificuldade encontrada pelos donos destes

animais reside no momento em que decidem fazer alguma viagem de férias ou

viagem a trabalho, por exemplo. Muitos não têm a possibilidade de deixar seus

animais com parentes e amigos, principalmente se os mesmos apresentarem

problemas de saúde que necessitem de maior atenção e cuidado.

Para a realização desse trabalho e consequente alcance dos objetivos nele

determinados foi necessário primeiramente entender como funcionam os

empreendimentos voltados para animais, além de compreender e conceituar o

bem-estar animal. Dessa forma, foram realizadas pesquisas em sites,

reportagens, artigos, teses, trabalhos e livros relacionadas ao tema com leituras,

coletas e análises.

Ainda visando dar maior subsídio ao estudo foi feita uma pesquisa

documental com normas e legislações vigentes, o que permitiu o levantamento

de dados que serviram de base para a criação do projeto. Além desta pesquisa

documental, foi necessário a realização de uma pesquisa bibliográfica e de

estudos de casos, de modo a descobrir novos aspectos humanitários atrelados

à arquitetura que proporcionam boa qualidade de vida para os cães e gatos.

Nesse contexto, foram feitos estudos de referência de maneira direta e

indireta nos projetos e empreendimentos já construídos para adquirir

informações relativas a arquitetura destinada a animais. Estas, por sua vez,

ajudaram na elaboração de um programa de necessidades e de um pré-

dimensionamento do projeto, englobando as necessidades relacionadas ao

conforto, segurança, tranquilidade, convivência e aconchego.

Por último, com intuito de exibir os resultados deste estudo, o trabalho aqui

apresentado foi divido em quatro capítulos. O primeiro foi subdividido em 3

tópicos os quais apresentam os conceitos utilizados para embasamento teórico,

tais como: bem-estar animal, aspectos humanitários e as legislações e

condicionantes para projetos destinado a animais. Já o segundo capítulo aborda

a análise de 4 estudos de referência realizados de maneira direta e indireta com

a finalidade de entender o funcionamento destes estabelecimentos além de

extrair ideias para soluções funcionais e formais. O capítulo 3, por sua vez,

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explana as condicionantes que foram utilizadas para a realização do projeto,

sendo elas: o terreno, as condicionantes físico-ambientais, as condicionantes

legais e as condicionantes funcionais. O quarto capítulo, finalmente, explica o

desenvolvimento da proposta arquitetônica. Este está dividido em 4 partes:

conceito e partido arquitetônico; evolução da proposta; memorial descritivo e

justificado; e aspectos técnicos e construtivos. O volume em apêndice

corresponde as pranchas e as imagens relativas ao projeto desenvolvido.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Bem-estar animal

Atualmente, pode-se dizer que a relação entre homens e animais

domésticos vem, cada vez mais, se estreitando. Antes, na maioria das vezes,

adotava-se um animal apenas por questões de segurança, no entanto, hoje o

bicho de estimação é visto como uma alegria para o lar, capaz de estimular

verdadeiros sentimentos de companheirismo, amor, lealdade e amizade.

Consequentemente, hoje, a preocupação, o carinho e o zelo são itens muito

importantes dentro da relação Homem e animal de estimação. Assim, para seus

donos o bem-estar do animal é um ponto crucial e decisivo na escolha de locais

e serviços para seus amigos de quatro patas.

Dentro desse contexto de preocupação com o animal foi que surgiu a

necessidade de um estudo e conceituação do bem-estar animal para que, dessa

forma, se possa projetar o Vila Pet aplicando este conceito, a fim de se obter

uma melhor qualidade de vida tanto para os bichos quanto para seus

proprietários.

A definição de Bem-Estar Animal (BEA) é um assunto controverso e

multifacetado, dada à complexidade do assunto e a grande divergência

observada entre os cientistas que atuam na área. São inúmeros os autores que

falam sobre o assunto tendo opiniões distintas entre si.

Hughes (1982) propôs que o conceito de BEA correspondia a um estado

de harmonia entre o animal e a natureza ou com seu ambiente. Embora esta

definição seja amplamente utilizada e seja uma das formas mais comuns de

definir o tema, tem uma aplicação cientifica limitada, uma vez que, estar em

harmonia é um estado único pois não permite que com facilidade possa ser

mensurado o estado de harmonia, ou seja, o quanto o indivíduo está em

harmonia.

Quatro anos depois, um dos grandes pesquisadores sobre esse assunto,

Donald M. Broom (1986), apresentou sua nova definição do BEA. Esta, por sua

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vez, foi muito bem aceita e difundida. Consistia na relação do indivíduo com suas

tentativas de lidar com o ambiente em que se encontrava, ou seja, a tentativa de

se adaptar ao ambiente. Quando as tentativas eram vencidas sem muito esforço

e gasto de recursos, pode-se dizer que o BEA do indivíduo é satisfatório. Em

contrapartida, quando o indivíduo falha no enfrentamento destes desafios ou

precisa de muito esforço para sua adaptação, pode-se dizer que o BEA é baixo.

Vale ressaltar que tais desafios ou tentativas que se refere o autor estão

diretamente ligadas as condições ambientais e arquitetônicas que o mesmo está

inserido, como espaços muito apertados ou com superlotação, ambiente muito

quente ou muito frio, pisos escorregadios ou abrasivo para as patas (BROOM,

2001).

Dentro desta perspectiva, Broom e Jhonson (1993) afirmam que o bem-

estar animal é uma característica de cada indivíduo, podendo ser afetado pelas

suas necessidades e pelas liberdades que lhes são oferecidas. Acreditam que o

bem-estar não é algo que possa ser fornecido aos animais por ação humana,

mas que tal ação pode influenciar positivamente ou negativamente para eles

alcançarem o bem estar. Os autores também afirmam, ainda, que o BEA pode

variar entre um nível muito ruim e muito bom e que o mesmo pode ser medido

cientificamente.

Já para Ducan (2005) o bem-estar animal é muito difícil de se definir, uma

vez que os sentimentos do animal devem ser levados em conta. Para ele, o BEA

é a harmonia da noção do animal em completa saúde mental e física com o seu

ambiente, sendo capaz de se adaptar sem sofrimento a um recinto

proporcionado pelo ser humano.

Em seus habitats naturais, os animais utilizam diferentes mecanismos

para atingir seu bem-estar quando as condições ambientais são ruins, como

temperaturas extremas, desidratação e ataques de predadores. Todavia, quando

o animal está inserido em ambientes antrópicos com condições ambientais ruins

tais mecanismos utilizados no habitat natural são inapropriados para estes

ambientes. Assim, tal situação desfavorável para o bem-estar do mesmo pode

acarretar-lhes várias consequências negativas, como alteração no

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comportamento e estresse excessivo, diminuindo o potencial reprodutivo e a

perspectiva de vida do animal (BRADSHAW, 2000).

Assim, Ross (2009), em uma de suas pesquisas, conclui que quando as

características de um ambiente são inadequadas isto pode ser uma grande fonte

de desconforto e estresse para o animal, causando-lhes distúrbios fisiológicos,

comportamentais, entre outros; enquanto que ambientes de cativeiro com

tamanhos e espaços adequados para o animal são benéficos para os mesmos,

os ajudando a atingir o bem-estar.

Outro fator relevante relatado por Shepherdson (2000) é que o bem-estar

animal é muito individual em relação a espécie em geral. Pode ocorrer de um

ambiente ser prejudicial para uma determinada espécie ou um indivíduo e para

outra espécie ou para outro individuo não ser. Logo, os ambientes para os

animais devem ser pensados e projetados visando quais espécies irão utilizar

aquele determinado ambiente, devendo-se levar em conta as experiências de

cada indivíduo.

O bem-estar dos animais é uma questão complexa que envolve

dimensões científicas, éticas, econômicas, culturais, sociais, religiosas e

políticas. A sociedade civil está cada vez mais interessada no BEA e isso tem

sido uma prioridade no trabalho da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE)

há mais de uma década. Segundo a OIE o bem-estar animal significa como um

animal lida com as condições em que vive no que diz respeito tanto ao bem-estar

físico como mental (OIE, 2007b). Os princípios orientadores da OIE em relação

ao BEA são baseados nas cinco liberdades universalmente reconhecidas,

publicadas em 1965 pelo Conselho para o Bem-Estar de Animais de Fazenda,

na Inglaterra.

A relação entre homem, animal e ambiente no contexto do BEA é

analisada pela OIE considerando diferentes situações, tendo como norteamento

o conceito supracitado das cinco liberdades , a saber: Livre de fome e de sede –

fornecimento de água fresca e uma dieta balanceada que mantenha os animais

saudáveis e vigorosos; livre de dor, lesões e doenças – pela prevenção ou rápido

diagnóstico e tratamento; livre de medo e estresse – assegurando condições e

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tratamento que evitem sofrimento mental; livre de desconforto – providenciando

ambiente apropriado, incluindo abrigo e área para descanso confortáveis; livre

para expressar comportamento normal – providenciando espaço suficiente,

proporcionando atividades e companhia apropriada de animais de sua própria

espécie (OIE, 2005b).

As cinco liberdades do BEA utilizada pela OIE apresentam papel bastante

importante mundialmente, pois elas são as únicas normas globais, baseadas na

ciência, acordadas pelas nações comerciais do mundo.

Diante do exposto, percebe-se a complexidade e a dificuldade na

definição do BEA, uma vez que são inúmeras as correntes filosóficas acerca do

tema, assim como é relativamente recente a discussão e estudo sobre o assunto.

Todavia, sabe-se que em muitos conceitos já existe uma grande preocupação

com a saúde física e mental dos animais, com a relação destes e os ambientes

nos quais estão inseridos, e com as condições ambientais, haja vista as

consequências negativas que ambientes mal projetados podem gerar.

Pensando nisso, o Vila Pet abrange todos os seguimentos para manter o

BEA em uma estrutura física temporária para os cães e gatos, para que eles se

sintam felizes, confortáveis e em harmonia com a natureza durante sua estadia

ou durante qualquer prestação de serviço. Além disto, também foi pensado no

bem-estar dos proprietários, uma vez que os mesmos têm liberdade de ir ao

empreendimento para conhecer todas as instalações e constatarem que o Vila

Pet apresenta uma ótima estrutura física com ambientes limpos e em condições

de higiene adequadas; gaiolas e canis individuais confortáveis; e espaços

amplos para recreação e atividades físicas, com área coberta e descoberta

integrados à natureza, sempre presando pela segurança e pelo bem-estar dos

seus amigos de quatro patas.

1.2 Aspectos humanitários: como se aplicam na arquitetura que se

destina aos animais

Como já dito, no país e nas últimas décadas vem ocorrendo uma grande

mudança comportamental na relação do ser humano com os animais de

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companhia, notadamente o cão e o gato, espécies mais comuns nos lares

brasileiros, o que gerou uma crescente inserção dos animais de estimação na

sociedade atual.

A pesquisa realizada, no ano de 2009, pela Comissão de Animais de

Companhia (COMAC) revelou que a relação entre os cães e gatos com seus

donos já pode ser comparada às relações entre os membros de uma família.

Nesse sentido, o tempo em que os animais de estimação eram criados no quintal

de casa, comiam restos do almoço e tomavam banho de mangueira com água

fria já passou. Hoje, são considerados os melhores amigos do homem e

verdadeiros integrantes da família.

Esta nova relação do homem com o animal de estimação trouxe consigo

diversas mudanças, entre elas a forma de pensar e de trato com o animal. A

consequência disso foi uma maior preocupação com a qualidade de vida dos

animais, que pode ser proporcionada pelo ambiente, bem como por produtos e

serviços destinados aos mesmos, possibilitando, assim, o uso do termo

humanitário relacionado aos animais, já que este visa a ausência de maus tratos

e a promoção do bem-estar animal.

A palavra humanitária, segundo o dicionário Aurélio, significa algo ou

aquele que busca promover o bem-estar dos indivíduos. Assim, ao se referir a

aspectos humanitários refere-se a um conjunto de procedimentos e atitudes

ligadas aos preceitos de bem-estar que garantem o melhor para os animais.

Tendo em vista este pensamento humanitário, percebe-se que o referido

termo está relacionado a qualquer ação ou coisa que gere o bem-estar. Dessa

forma, a expressão não está somente ligada as atitudes e serviços, mas também

a tudo que irá influenciar o conforto dos indivíduos, incluindo a arquitetura.

Na arquitetura o termo humanitário abrange, principalmente, estruturas

temporárias ou permanentes que atendam contextos como os de

acampamentos, serviços emergenciais, obras de assistencialismo, entre outros.

Assim, chama-se arquitetura humanitária pois é feita para pessoas que estão em

condições desfavoráveis com o intuito de melhorar a qualidade de vida das

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mesmas. Esta nomenclatura foi criada com finalidade de dar assistência

humanitária em cenários de guerra e catástrofes naturais, como também para

refugiados, para moradores de rua, etc.

Um exemplo claro de arquitetura humanitária é o projeto do escritório de

Shigeru Ban Architects, juntamente com a Voluntary Architects' Network (VAN),

o qual enviou planos de abrigos e equipamentos emergenciais para as vítimas

do terremoto em Nepal. O plano era divido em três etapas, as quais englobavam

um abrigo imediato por meio de tendas, habitações temporárias com materiais

disponíveis na região e, posteriormente, habitações permanentes com materiais

e sistemas acessíveis, leves e de fácil montagem (figura 01).

Figura 1-As três etapas do plano emergencial-Arquitetura Humanitária.

Fonte: Shigeru Ban Architects, 2017.

No entanto, arquitetura humanitária não se restringe apenas a situações

extremas como no caso supracitado. Ela pode englobar vários segmentos da

atualidade, uma vez que ela visa a melhoria da qualidade de vida dos seres

humanos ou animais. Dessa maneira, o complexo Vila Pet pode ser considerado

um projeto de arquitetura humanitária, já que incorpora aspectos humanitários,

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pois utiliza todos os quesitos e estratégias para promover o BEA por meio da

arquitetura, tais como: conforto térmico, conforto acústico, conforto lumínico,

funcionalidade, acessibilidade, ergonomia, dimensões adequadas e entre outros.

Em virtude desta preocupação do trato humanitário, algumas escolas

infantis implantaram em seu ensino a educação humanitária. Esta, por sua vez,

visa incentivar as pessoas a terem respeito, compaixão e empatia para com os

animais, pessoas e meio ambiente. Ela enfatiza a importância de uma boa

relação com todos os seres vivos do planeta, além de abranger a valorização

das boas escolhas e atitudes que visem o desenvolvimento socioambiental.

Assim, a Educação Humanitária ajuda a criar uma noção de responsabilidade

em cada pessoa, sempre estimulando o desenvolvimento moral e criando

hábitos que façam frutificar o bem em qualquer situação mundana por vontade

própria.

Diante da crescente relação de amor e cuidado entre humanos e animais

de estimação, a existência de um ambiente para cães e gatos baseado em ações

humanitárias, ainda que seja para permanência temporária, quando da ausência

dos seus donos, é de extrema importância, uma vez que conseguir o bem-estar

dos seus amigos de quatro patas, minimizando o sofrimento causado pela

distância, é muito valioso para seus proprietários.

Nesse sentido a arquitetura proporciona algumas estratégias capazes de

ajudar a alcançar o referido bem-estar, tais como: o uso de espaços projetados

com dimensões e layout adequados para cada espécie animal; a utilização de

pisos e revestimentos apropriados; a existência de canis e gatis individuais ou

coletivos com áreas livres e áreas cobertas; acessibilidade; funcionalidade; e a

atenção ao conforto ambiental.

Complementarmente à arquitetura, existem outras medidas humanitárias

que também auxiliam a qualidade de vida do animal, como o fato de manter a

mesma rotina que ele apresenta no seu lar, seja através das refeições, seja

através do conforto, seja pelos horários de passeios e entre outras medidas que

também foram observadas no desenvolvimento deste estudo.

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1.3 Legislação e condicionantes para projeto destinados a animais

Infelizmente, apesar da relação do homem com os animais ter ficado mais

sólida nas últimas décadas, muitos bichos ainda são vítimas da falta de

responsabilidade e cuidados de alguns estabelecimentos veterinários, sofrendo

maus-tratos e não desfrutando de todo o carinho e cuidado que necessitam. A

falta de higienização dos utensílios, agressão física, superlotação de canis e

gatis, aprisionamento dos bichos, estrutura física não compatível com a

necessidades dos mesmos, animais feridos e disseminação de doenças são

alguns exemplos de maus-tratos que são encontrados nos serviços prestados.

Diante da triste realidade de abusos e maus-tratos contra animais,

diversos decretos, leis e normas surgiram ao longo das últimas décadas para

regulamentar e proteger os cães, gatos e outros bichos nesses lugares. Todavia,

como dito anteriormente, o mercado de serviços destinado para animais é

relativamente recente, consequentemente, são poucas as leis e normas vigentes

que regulamentam esses tipos de empreendimentos no país.

Visando preencher esta lacuna, para efeito desta pesquisa, buscou-se

como referência a “World Society for the Protection of Animals” (WSPA) que criou

um documento chamado “Políticas para abrigos de cães e gatos” (2011), o qual

aborda assuntos relacionados aos abrigos de animais que vão desde a

funcionalidade até questões técnicas de logística.

Inicialmente, o documento retrata assuntos relacionados as novas

admissões dos bichos, informando que para haver o aceite/entrada de um animal

é necessário conferir se o espaço tem capacidade para recebê-lo em função do

espaço, assim como relata que a entrada e saída dos animais deve ser

estritamente controlada e que cada animal deve ter uma ficha com suas

informações básicas necessárias.

O documento evidencia, também, a importância da capacidade máxima

do abrigo, uma vez que a ultrapassagem desse limite implicará no aumento de

lesões, doenças e mortes, em virtude da elevação do nível de estresse e de

contaminação, da redução do espaço e do conforto, do aumento de brigas e de

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diferentes alterações comportamentais. Assim, deve-se fazer um cálculo básico

para se ter uma média de quantos animais o local suportará. Dessa forma,

considera-se o espaço disponível e divide-se a área total destinada ao

alojamento pela área mínima necessária para cada animal, no caso do cachorro

são 5 m² e do gato são 0,84m².

Posteriormente, aborda a importância de se planejar um canil e um gatil

de forma humanitária a fim de proporcionar o conforto, segurança e proteção

para os animais prevenindo a disseminação de doenças, estresse, fugas e

brigas. Desse modo, apresenta os dois tipos de canis e gatis, individuais e

coletivos, e suas respectivas vantagens e desvantagens.

Os canis individuais são recomendados para fêmeas em estado de

gestação evidente ou com filhotes, animais com comportamento agressivo, que

não se adaptam à companhia de outros, e animais feridos ou em tratamento.

Estes devem dispor de no mínimo 2m² de área coberta bem iluminada e ventilada

para descanso e abrigo das intempéries, protegido de sol e chuva, com cama

confortável e espaço para vasilhas com alimento e água. Ademais, além da área

coberta, cada cão requer também um mínimo de 2,5 a 3,5 metros quadrados de

área aberta para banho de sol e pequenos exercícios, sendo que ambas as áreas

devem estar interligadas permanentemente e terem uma boa visão externa.

Já os canis coletivos, assim como nos individuais, devem dispor de área

coberta para descanso e proteção das intempéries, com camas e vasilhas para

alimento e água correspondente ao número de animais alojados, bem como uma

área aberta para banho de sol e pequenos exercícios. Em relação as dimensões,

o espaço mínimo requerido para cães em canis coletivos é o mesmo que o

requerido para um cão em canil individual, 2m² de área coberta e 2,5 a 3,5 m² de

área aberta para cada animal alojado. Todavia, a associação recomenda que os

cães não fiquem juntos de outros cachorros incompatíveis quanto à faixa etária,

porte e comportamento, devendo ser utilizada a prática de esterilização de todos

os animais e/ou a separação por sexo.

Dentro deste contexto, recomenda-se, ainda, soltar os animais

diariamente, para passeio individual ou coletivo em área livre, pois isto é

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imprescindível para manter o BEA, reduzindo o nível de estresse como também

para atender as suas necessidades básicas. Por isso, cada cachorro deve

brincar e se exercitar diariamente, no mínimo, por dois períodos de meia hora ou

por um período de uma hora, para que possam brincar, correr, se exercitar e

interagir.

Em relação aos gatis o documento também explana seus dois tipos,

entretanto, recomenda o uso dos gatis individuais, uma vez que para os felinos,

é preferível ficar sozinho em uma instalação com uma visão de outros animais e

com uma área para se esconder quando se sente ameaçado, a ficar com outros

gatos em um mesmo espaço. Entretanto, manter gatos totalmente isolados,

presos a correntes ou dentro de gaiolas é totalmente contraindicado,

considerando suas necessidades físicas, psicológicas, comportamentais, sociais

e ambientais. Ambas instalações, seja individual ou coletiva, deve ser

visivelmente separada dos canis.

Os gatis individuais devem dispor de uma área fechada, projetada de

modo a evitar a entrada de chuva, e uma área aberta, para banho de sol e

exercício, interligadas entre si. As áreas juntas devem ter um mínimo de 2,2

metros cúbicos, sendo a abertura voltada para frente. A parte fechada deve

conter a cama, um espaço para colocação de vasilhas com alimento e água, bem

como prateleiras para eles subirem, com caixas de material lavável ou de

papelão dispostas para se acomodarem ou se esconderem. Nesse sentido,

neste gatil também devem ser postas caixas ou bandejas plásticas, que

contenham serragem, areia ou jornal picado para os gatos fazerem a deposição

dos dejetos, devendo ser instaladas em locais distantes dos comedouros e

bebedouros.

Já nos gatis coletivos, uma boa ventilação, proteção do sol e da chuva

são fatores essenciais para garantir o bem-estar dos usuários. Necessitam dos

mesmos materiais e objetos que nos individuais, porém a quantidade tem que

ser proporcional ao número de animais alojados, tanto é que também devem

dispor de espaços ou caixas fechadas para os gatos que preferirem ficar

isolados. Já em relação a quantidade, sabe-se que o máximo sugerido por gatil

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coletivo é de 50 gatos, todavia, grupos menores são mais indicados. Igualmente

aos cães, por estarem alojados em grupos, é importante fazer a esterilização de

todos os gatos e/ou fazer uma separação estrita por sexo.

Assim, a associação relata que os estabelecimentos destinados a estes

animais devem oferecer espaços adequados para a expressão de

comportamentos naturais, tais como: deitar e levantar confortavelmente,

caminhar livremente, correr e brincar, do mesmo jeito que deve promover um

ambiente que propicie estímulos físicos e mentais, complexos e interativos,

oferecendo, assim, serviços humanitários e gerando uma melhor qualidade de

vida aos usuários.

É imprescindível, segundo o documento, identificar os fatores geradores

de estresse para que desta forma se possa alcançar o bem-estar, a exemplo de:

extremos de temperatura, ruídos e odores desagradáveis ou intensos, falta de

atividade física e de vida social, competição intensa, confinamento prolongado,

etc. Um fator que interfere no conforto, não só dos animais como também da

vizinhança, é a poluição sonora causada pelo latido dos animais. Nesse

contexto, existem vários mecanismos que podem ser utilizados para dificultar a

passagem de tais ruídos, como a escolha de materiais para construção ou

divisão dos canis, altura do pé direto da construção e o tipo de material utilizado

no forro/telhado.

Além deste documento criado pela WSPA, em 1995 o governador do

estado de São Paulo, Mário Covas, no uso de suas atribuições legais aprovou o

Decreto Nº 40.400 que regulamenta a instalação de estabelecimentos

veterinários em São Paulo. Cabe ressaltar que embora este decreto apresente

vários artigos e incisos, este trabalho abordará apenas aqueles que foram

necessários e relevantes para o projeto em questão.

De acordo com artigo primeiro deste decreto, o complexo Vila Pet é

considerado, pelo que rege o artigo primeiro deste decreto, um estabelecimento

veterinário, uma vez que foi proposto um ambulatório, escola para cães, pensão

para animais, pet shop, drogaria veterinária e salão de banho e tosa. Já o artigo

6º descreve as dependências, instalações, recintos e partes dos

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estabelecimentos veterinários, relatando as premissas para a construção de

cada um. Assim, após compreensão deste artigo, conclui-se que o projeto em

estudo se enquadra dentro de dez incisos, são eles: I - sala de recepção e

espera, II - sala de consultas, III - sala de curativos, X - sala de tosa, XI - sala

para banhos, XII - sala para secagem e penteado, XIII – canil, XIV – gaiola e

XXIV - abrigo para resíduos sólidos, como se pode ver abaixo, in verbis:

I - Sala de recepção e espera: destina-se à permanência dos animais que aguardam atendimento; deve ter acesso diretamente do exterior; sua área mínima deve ser 10,00m² sendo a menor dimensão no plano horizontal não inferior a 2.50m; o piso dever ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até altura de 2.00m; II - Sala de consultas: destina-se ao exame clínico dos animais; deve ter acesso direto da sala de espera; sua área mínima deve ser 6,00m², sendo a menor dimensão no plano horizontal não inferior a 2,00m: o piso deve ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até a altura de 2,00m; III - sala de curativos: destina-se à prática de curativos, aplicações e outros procedimentos ambulatoriais: obedece às especificações para a sala de consultas; X - Sala de tosa: destina-se ao corte de pelos dos animais; sua área mínima deve ser 2,00m; o piso deve ser impermeável, liso e resistente a desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até' a altura de 2,00m; XI - sala para banhos: deve ter piso impermeável e resistente a desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até a altura de 2,00m; a banheira deve ter paredes lisas e impermeáveis; o escoamento das águas servidas deve ser ligado diretamente à rede de esgoto, sendo o da banheira provido de caixa de sedimentação; a área mínima dever ser 2,00m²; XII - sala para secagem e penteado: deve ter piso liso, impermeável e resistente aos desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até 2,00m de altura; XIII - canil: o compartimento destinado ao abrigo de cães; deve ser individual, construído em alvenaria. com área compatível com o tamanho dos animais que abriga e nunca inferior a 1,00m²; as paredes devem ser lisas, impermeabilizadas de altura nunca inferior a 1,5m; o escoamento das águas servidas não poderá comunicar-se diretamente com outro canil: em estabelecimentos destinados ao tratamento de saúde pode ser adotado o canil de metal inoxidável ou com pintura antiferruginosa com piso removível; em estabelecimentos destinado ao adestramento e/ou pensão pode ser adotado o canil tipo solário, com área mínima de 2,00m², sendo o solário totalmente cercado por tela de arame resistente, inclusive por cima;

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XIV - gaiola: a instalação destinada ao abrigo de aves, gatos e outros animais de pequeno porte; deve ser construída em metal inoxidável ou com pintura antiferruginosa; não pode ser superposta a outra gaiola nem o escoamento das águas servidas pode comunicar-se diretamente com outra gaiola; XXIV - abrigo para resíduos sólidos: destina-se ao armazenamento de resíduos sólidos gerados no estabelecimento enquanto aguardam a coleta; deverá ser dimensionado para conter o equivalente a três dias de geração; as paredes e pisos deverão ser de material resistente a desinfetantes e impermeabilizados; sua área mínima deve ser 1,00m²; deve ser provido de dispositivos que impeçam a entrada e proliferação de roedores e artrópodes nocivos, bem como exalação de odores; sua localização deverá ser fora do corpo do prédio principal; o armazenamento de resíduos infectantes deverá ser feito em separado dos resíduos comuns; (SÁO PAULO, 1995).

Sendo assim, como se pode constatar pelos incisos transcritos, trata-se

de legislação que estabelece definições e premissas que orientam o projeto de

diversos estabelecimentos veterinários.

É importante destacar que, enquanto o primeiro capítulo aborda as

instalações veterinárias, o segundo capítulo discorre sobre as condições

mínimas para o funcionamento de tais empreendimentos. Neste último, os

artigos que se enquadram para o complexo proposto são os artigos 12, 15 e 18.

O artigo 12 explana sobre as instalações mínimas para o funcionamento

de um ambulatório veterinário. Este deve apresentar um local para exame clínico

dos animais e um local adequado para a prática de curativos e pequenas

cirurgias. Já o artigo 15 obriga estabelecimentos de pensões para animais a

possuírem ambulatórios veterinários conforme disposto no artigo 12,

supracitado. Por fim, o artigo 18 descreve as instalações mínimas para o

funcionamento de pets shops, isto é, devem conter uma loja com piso

impermeável, sala para tosa (trimming), sala para banho com piso impermeável,

sala para secagem e penteado (grooming) e abrigo para resíduos sólidos. Neste

mesmo artigo existe a proibição dos pets shops comercializarem medicamentos

e produtos terapêuticos, por isso foi implementado no projeto em estudo a

drogaria veterinária.

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Em relação a localização destes empreendimentos, o decreto, no quinto

capítulo, aborda este tema. Logo, os artigos que serão utilizados e estudados

são o 25 e 27. O artigo 25 determina que as escolas para cães e pensões para

animais podem se localizar dentro do perímetro urbano, porém fora das áreas

estritamente residenciais, enquanto o artigo 27 se refere aos estabelecimentos

médico veterinário para animais de pequeno porte, os quais, assim como no

artigo 25, poderão localizar-se no perímetro urbano, fora das áreas estritamente

residenciais.

Tendo como base o princípio humanitário, foi considerada ainda a Lei nº

11.977 de agosto de 2005, que estabelece o Código de Proteção aos animais de

São Paulo e a Lei nº 13.131, de 18 de maio de 2001, que disciplina a criação,

propriedade, posse, guarda, uso e transporte de cães e gatos no Município de

São Paulo. Ambas não abordam assuntos relacionados aos estabelecimentos

veterinários em si, mas tratam de temas relacionados a maus-tratos com os

animais no que se refere a arquitetura. O Código de Proteção aos animais de

São Paulo em seu primeiro capítulo, artigo 2, inciso I, veta manter animais em

locais desprovidos de higiene ou que lhes impeça de se movimentarem,

descansarem ou os privem de ar e luminosidade.

Em contrapartida, a Lei nº 13.131 no seu artigo 15, parágrafos primeiro e

segundo, responsabiliza os proprietários a promoverem condições adequadas

de alojamento, devendo ser este um local iluminado, ventilado, seguro, onde

fiquem impedidos de fugir e agredir pessoas ou outros animais e com dimensões

compatíveis com seu porte, que lhe possibilite caminhar e abrigar-se de

intempéries climáticas. Dessa forma, fica claro que durante a escolha de

estabelecimentos veterinários, o proprietário tem o dever de escolher um local

que ofereça todos esses requisitos supracitados para seus amigos de quarto

patas.

Por fim, em 09 de janeiro de 2013, O Conselho Federal de Medicina

Veterinária (CFMV) publicou a resolução CFMV Nº 1015 que conceitua e

estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos

veterinários, e dá outras providências. Dessa forma, aqui caberá apenas o

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estudo do artigo 8º. No que lhe concerne, “ambulatórios veterinários são as

dependências de estabelecimentos comerciais, industriais, de recreação ou de

ensino”. Estes devem ter acesso independente. Neste local é vedada a

realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação,

podendo ser realizados apenas exame clínico e curativos.

No que se refere às instalações necessárias para o funcionamento

ambulatorial são requisitadas: sala de recepção, mesa impermeável com bordas

e dispositivo de drenagem e de fácil higienização, sala de atendimento, pias de

higienização, arquivo médico, armários próprios para equipamentos e

medicamentos e geladeira, com termômetro de máxima e mínima temperatura

para uso exclusivo de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos.

Em resumo, pode-se concluir a partir destas breves análises que a legislação,

normas e decretos para estabelecimentos veterinários embora sejam

relativamente recentes contém alguns dispositivos capazes de proteger de

maneira eficiente, pelo menos alguns direitos significativos dos animais, livrando-

os de maus-tratos e sofrimentos absolutamente desnecessários.

Neste contexto merece destaque o Decreto Nº 40.400 de 1995 que

estabelece diversas medidas efetivas para a proteção animais, além de

personificá-los, na medida em que apresenta princípios projetuais de

funcionalidade e pré-dimensionamentos focados no bem-estar e na qualidade de

vida dos mesmos. Tal documento, todavia, está por merecer uma atualização, já

que completou mais de 20 anos de existência, período no qual significativa

evolução do pensamento e de mudanças no relacionamento dos homens com

os bichos ocorreram.

Após se constatar que o Rio Grande do Norte não apresenta leis que

regulamentem estes tipos de instalações é que se fez necessário o estudo de

leis, normas e decretos de outros municípios a fim de dar maior embasamento

teórico ao projeto. Atualmente, existem leis federais que criminalizam os maus-

tratos de animais, como previstos no artigo 32 da Lei Federal nº 9.605, chamada

de Lei de Crimes Ambientais. Porém, não foi encontrada qualquer legislação

federal que regulamente tais estabelecimentos veterinários.

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Dessa forma, os estudos das legislações vigentes são fundamentais para a

realização do trabalho como forma de nortear as decisões projetuais e de

garantir o bem-estar que cada usuário, uma vez que elas estabelecem critérios

e diretrizes mínimas para os estabelecimentos veterinários. Todavia, é sabido

que para a realização de um projeto apropriado aos animais apenas estas

análises não são suficientes necessitando, desta maneira, de um subsídio maior

para entender a realidade deste tipo de projeto. Assim, fez-se necessário o

estudo de projetos já construídos e em funcionamento para, dessa forma,

entender todas as necessidades funcionais dos projetos destinados para

animais.

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2 OLHAR PROJETUAL: ESTUDO DE REFERÊNCIA

Nesse capítulo serão apresentados 4 estudos de referência que tiveram

relevância no desenvolvimento do projeto. São 2 estudos indiretos, realizados

por meio de pesquisas na internet, 1 estudo direto realizado in loco e que foi

bastante importante para entender a dinâmica do funcionamento de

estabelecimentos veterinários e, por fim, um estudo formal realizado através de

pesquisas na internet, o qual forneceu referencias para as decisões formais do

projeto. É importante destacar que as escolhas desses estudos expostos se

deram a partir da semelhança e afinidade com o tema abordado.

2.1 Estudos indiretos

2.1.1 Malabo Pet Resort

Malabo Pet Resort é um complexo para animais de estimação localizado

na cidade de Sorocaba, no interior do Estado de São Paulo. O Malabo surgiu a

partir da paixão da proprietária por cachorros da raça Rhodesian Ridgeback.

Inicialmente, o Malabo foi pensado para ser um conceituado canil de criação

desta raça, todavia, ao passar dos anos eles foram crescendo e se

transformaram em um dos maiores e mais completos complexos de lazer,

cuidado e hotelaria para animais de estimação do país, sendo considerado um

resort seis estrelas.

O resort é considerado pela proprietária como a extensão do lar dos

animais, onde eles são cuidados com jeitinho especial, sendo acariciados,

estimulados a diversão e convidados a conhecerem um mundo novo, diferente

da sua vida cotidiana. A ética com os animais gira em torno da filosofia africana

Ubuntu, um conceito amplo de generosidade, solidariedade, compaixão e o

desejo sincero de felicidade e harmonia entre todos. O Malabo apresenta a mais

completa estrutura de hospedagem, treinamentos, saúde e bem-estar dos pets,

além de oferecer espaços para programas educacionais e atividades especiais

em uma área de 600 mil m² construídos para os animais e mais 20 mil m² de

área nativa com muito verde e ar puro (figura 2).

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Figura 2- Foto Panorâmica do Malabo Pet Resort

Fonte: Malabo Pet Resort, 2016.

Visando sempre o bem-estar dos animais, o resort apresenta uma área

grande com piscina de raia olímpica, academia com equipamentos excelentes e

pátio coberto destinado ao convívio, lazer e diversão nos dias de chuva (figura

3). Nestes locais, os monitores, passeadores e adestradores proporcionam

diariamente uma rotina elaborada de brincadeiras, atividade física e diversão

estabelecidas de acordo com a individualidade de cada animal, pensando

sempre em um resultado mais proveitoso, tanto físico quanto psicológico.

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Figura 3- Área de convívio, lazer e diversão.

Fonte: Malabo Pet Resort, 2016.

A área de hospedagem é formada por dormitórios que são divididos em

três ambientes, que permitem, ao mesmo tempo, segurança, proteção e

liberdade, são eles: os quartos, as varandas e as corredeiras (figura 4). O

primeiro é climatizado, coberto e revestido com piso antiderrapante. Durante o

dia o quarto serve como uma área de descanso mais privativa, enquanto no

período noturno, funciona como dormitório para que, dessa forma, os animais

tenham uma noite protegida e segura. A varanda externa atua como uma

extensão do quarto e é utilizada para repouso nos horários de incidência do sol

ou como área de lazer nos dias chuva. Já as corredeiras ficam no quintal da casa

e apresentam dimensões de 5m x 30m a fim de permitir que eles passeiem e se

exercitem livremente. Vale ressaltar que diariamente todos os dormitórios são

higienizados com produtos desinfetantes à base de cloro e amônia quaternária,

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de maneira a impedir que ocorra a contaminação viral, bacteriana, ou a

transmissão de doenças infectocontagiosas e/ou parasitárias.

Figura 4- Área de hospedagem

Fonte: Malabo Pet Resort, 2016.

O Malabo conta, ainda, com salas para banho e tosa além de uma

estrutura médica veterinária impecável, com salas de atendimento, sala de

esterilização, sala de repouso, centro cirúrgico (figura 5) e laboratórios, além de

contar com salas para fisioterapia e esteira aquática. O complexo também está

apto para receber animais em fase de pós-operatório e em programas de

reabilitação, uma vez que sempre dispõe de uma equipe de médicos

veterinários, fisioterapeutas veterinários, além de segurança e monitoramento

durante 24 horas, proporcionando ao animal um ambiente controlado e

totalmente protegido.

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Figura 5- Centro Cirúrgico

Fonte: Malabo Pet Resort, 2016.

O estudo do Malabo como referência para o desenvolvimento do projeto

foi de extrema importância uma vez que foi possível entender as necessidades

espaciais e funcionais de uma proposta como essa, de modo a ajudar nesse

presente estudo com a implantação de espaços com grandes áreas verdes,

canis com amplos solários, blocos separados, amplas áreas de recreação com

piscina e etc.

2.1.2 Cãopestre Park e Hotel

Eleito como melhor hotel para cães na categoria Excelência em Hotelaria

Canina nos anos de 2010 e 2012, o Cãopestre Park e Hotel é o 1º park canino

no gênero, onde o lazer é compartilhado entre o cão e seu dono, interagindo em

diversas atividades num ambiente saudável, livre e amistoso. Instalados em uma

área de 20.000m² (figura 6), cercados pela Mata Atlântica, está localizado nos

limites dos municípios de Itapecerica da Serra, Embu e Cotia, na Estrada Velha

da Ressaca, nº110, em Itapecerica da Serra, São Paulo.

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Figura 6- Foto panorâmica do Cãopestre Park e Hotel

Fonte: Cãopestre Park e Hotel, 2016.

Idealizado no ano de 2002 pelo veterinário e engenheiro Dr. José Luis

Crespo de Codes, juntamente com sua esposa, o hotel, inicialmente,

apresentava 3 canis com solários, uma maternidade e 2 canis para criação,

porém, todas as suas instalações técnicas foram planejadas e pensadas para

permitir uma expansão futura. Assim, no ano de 2003, após o sucesso do

empreendimento, realizou-se uma ampliação das instalações do hotel, passando

a ter 40 canis, solários, corredeiras, ambulatório, pista de adestramento, pista de

agility, playground e trilha ecológica (figura 7). Também foi criada uma estrutura

para ser oferecida as pessoas nos eventos e reuniões, e aos amigos e visitantes,

como o campo poliesportivo, vestiários e a piscina.

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Figura 7- Canis, corredeiras, playgound e pista de agility, respectivamente.

Fonte: Cãopestre Park e Hotel, 2016.

O Agility é um esporte baseado em provas hípicas que nasceu em 1978

na Inglaterra. Ele deve ser praticado por duplas compostas de um cão e seu

condutor. O esporte consiste em fazer o cão percorrer um circuito de obstáculos

no menor tempo possível e com o menor número de infrações, tornando assim

uma prova de habilidade, onde a velocidade é apenas um critério para

desempate (CBA, 2014).

Dentro dessa perspectiva, o hotel possui estrutura para asilo canino, com

canis apropriados as suas necessidades e rotina diária equilibrada, e um

complexo específico e projetado especialmente para os cães de pequeno porte

(Figura 8).

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Figura 8- Asilo canino e complexo para animais de pequeno porte, respectivamente.

Fonte: Cãopestre Park e Hotel, 2016.

Mesmo tendo como principal atividade a hotelaria, a qual é de amplo

conhecimento dos proprietários, o Park também oferece outros tipos de serviços,

a exemplo de recreação, spa, banho e tosa para os hóspedes, vacinações e táxi-

dog, serviço de transporte ida e volta até o hotel (figura 9). A alimentação

oferecida para os cães é a mesma que eles recebem em sua casa, para que

assim não sofram problemas de adaptação.

Figura 9- Local para banho e tosa.

Fonte: Cãopestre Park e Hotel, 2016.

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O Complexo hoteleiro foi projetado de forma a ficar com as fachadas

principais voltadas para sol durante o inverno para que, dessa forma, haja

incidência solar durante esta estação nos dormitórios. Tal estratégia foi pensada

para amenizar o frio que ocorre nesta época do ano, uma vez que o mesmo está

situado em uma região serrana com altitude de 842 metros acima do nível do

mar.

O Cãopestre Park e Hotel conta com uma equipe formada por

profissionais que adoram conviver com os cães, assegurando-os dos melhores

serviços, manejo e rotina, além de dispor de modernas instalações

especialmente projetadas para as atividades desenvolvidas, integradas à

natureza, de fácil manejo, limpeza e seguras, propiciando um ambiente ideal de

hospedagem com lazer, conforto, segurança e carinho para os animais

(CÃOPESTRE, 2017).

O estudo desse empreendimento, assim como o Malabo, foi de grande

influência para a realização do projeto em se tratando de questões físicas. O

estabelecimento traz novidades nessa área, se diferenciando do comum através

da implantação de trilhas para os animais, pistas para treinamentos (agility) e,

principalmente, a divisão dos canis de acordo com o porte, tamanho e idade do

animal, criando 3 canis distintos: canis para animais de grande porte, canis para

animais de pequeno porte e um asilo para cães.

2.2 Estudo direto

2.2.1 Pronto Clínica Veterinária Tico & Teco

A Pronto Clínica Tico e Teco está localizada no bairro de Lagoa Nova, na

Av. Nascimento de Castro número 1965, Natal/RN. Hoje, a Pronto Clínica é

considerada um dos mais completos espaços de tratamento e cuidados com os

animais. O complexo oferece desde atendimento hospitalar 24 horas até

serviços como: pet shop, banho e tosa, hotel, parque canino, taxi dog, aplicação

de vacinas, entre outros (figura 10). O estabelecimento funciona 24 horas por

dia, sete dias por semana, porém as instalações de banho e tosa funcionam de

segunda à sexta das 8h às 17h e no sábado das 8h às 13h.

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Figura 10- Croqui Pronto Clínica Veterinária Tico e Teco.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O hospital Tico e Teco dispõe de uma área bem estruturada para receber

as mais diversas patologias, contando com uma estrutura de última geração:

centro cirúrgico completo, anestesia inalatória, desfibrilador, monitores

cardíacos, internação com 31 leitos (figura 11), sendo 23 leitos para cães e 8

para gatos, laboratório moderno de hemograma e bioquímica com resultado de

exames na hora, ultrassom, raio-x, além de dois consultórios para atendimentos

(figura 12).

Deve-se ressaltar que o estabelecimento não autorizou fazer fotografias

durante a visita in loco. Logo, todas as imagens aqui mostradas serão foram

retiradas das redes sociais da Pronto clínica Tico e Teco.

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Figura 11- Internação.

Fonte: Pronto Clínica tico e teco, 2017.

Figura 12-Consultório Veterinário.

Fonte: Pronto Clínica tico e teco, 2017.

Além do atendimento clínico veterinário, o empreendimento conta com um

espaço destinado a hospedar animais, em segurança, por um dia (daycare) ou

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por uma temporada. O hotel conta com 20 canis individuais (figura 13), medindo

2x2m, com altura bem elevada, e com iluminação e ventilação apropriada. Além

disso, por ser uma clínica que atende 24h, há sempre um veterinário responsável

próximo aos bichos para verificar como ele está se sentindo, garantindo assim

um cuidado profissional personalizado.

Figura 13- Canis.

Fonte: Pronto Clínica Tico e Teco, 2017.

Visando o bem-estar dos animais hospedados, o hotel apresenta, além

dos canis, um parque canino onde o hóspede poderá experimentar novas

situações, explorando, brincando e socializando com outros pets por meio de

recreações. Este parque, por sua vez, conta com uma piscina para aulas de

natação, escorrego, tubos de brincar, parquinho de areia, espelho d'água,

piscina de bolas e outros brinquedos em geral (figura 14). Tudo isso em um

espaço de 283 m² de área total, sendo 196 m² de recreação externa com uma

área verde feita com grama sintética, com o objetivo de prevenir qualquer tipo de

alergias nos animais.

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Figura 14- Parque Canino.

Fonte: Pronto Clínica tico e teco, 2017.

Outro detalhe interessante é que o hotel conta com a presença semanal

de um adestrador para auxiliar no trabalho e recreações, como também, por ser

um Hospital Veterinário, com o apoio de todo um corpo de profissionais

veterinários qualificados prontos para lidar com qualquer situação inusitada.

A pronto clínica Tico e Teco possui, ainda, uma loja com produtos

especializados para cães e gatos, serviço de Táxi Dog caso o proprietário esteja

sem tempo de levar seu pet para o estabelecimento, e serviços de banho e tosa

com 38 cabines para alojar os animais enquanto aguardam sua vez (figura 15).

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Figura 15- Loja, Táxi Dog e Sala para Banho e tosa, respectivamente.

Fonte: Pronto Clínica tico e teco, 2017.

Deve-se ressaltar que a escolha desse ambiente se deu devido a ser um

dos mais conceituados estabelecimentos veterinários do estado, todavia, o

mesmo não apresenta características estruturais semelhantes ao projeto aqui

proposto, uma vez que apresenta canis pequenos, com grades e sem permitir

visão periférica, dando bastante sensação de isolamento. Da mesma forma, as

áreas destinadas ao lazer animal são relativamente pequenas e não apresentam

integração com a natureza. Entretanto, por mais que esse estabelecimento não

atendesse aos quesitos físicos desejados, ele apresenta alguns dos serviços

comuns aos propostos para o Vila Pet, o que foi importante para entender, do

ponto de vista operacional, esses tipos de estabelecimentos.

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2.3 Estudo Formal

Tendo em vista que o Vila Pet é um estabelecimento térreo, foi necessário a

realização de um estudo de referência para encontrar ideias de soluções formais

e aplicá-las ao projeto. O empreendimento escolhido foi o Boos Bach Club que

foi abordado no tópico abaixo.

2.3.1 Boos Beach Club.

O Boos Beach club é um projeto de um “clube da praia”, localizado em Bridel,

no centro de Luxemburgo. Em 2016, o clube passou por uma reforma a qual

preservou a identidade antiga do clube, mas criou um edifício moderno e

contemporâneo com um design novo e icônico. O projeto foi assinado pelo

Arquitetos Metaform e apresenta uma área total de 600m².

Figura 16- Boos Beach Club.

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Fonte: Metaform Architects, 2017.

A parte mais notável do edifício é a cobertura. Esta apresenta uma forma

triangular diferenciada em madeira que cria uma relação com o antigo e ao

mesmo tempo se integra com a natureza. Ao apoiar-se no edifício existente, o

telhado rígido autossustentável requer poucos pontos estruturais periféricos. O

sistema de telhado instalado é leve e facilmente removível, o que permite futuras

mudanças e adições, se necessário.

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Figura 17- Fachada Norte e volumetria do Boos Beach Club, respectivamente.

Fonte: Metaform Architects, 2017.

A equipe de design da Metaform Architects procurou integrar

harmoniosamente a nova estrutura no contexto natural, ao mesmo tempo em

que respeitaram a arquitetura existente, colocando uma estrutura de madeira

clara com aberturas de vidro para a paisagem. Além disso, para preservar a

identidade do "Beach Club", a nova estrutura é composta pelas seguintes

matérias-primas: madeira queimada, piso de concreto polido, aço bruto, terraço

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em madeira e areia branca. Quando juntas, essas matérias-primas criam o

caráter correto tanto para o interior como para o exterior do edifício.

Figura 18- Entrada principal Boos Beach Club.

Fonte: Metaform Architects, 2017.

Dessa forma, após o estudo desse estabelecimento foi que surgiu a ideia de

criar uma cobertura diferenciada com formas triangulares desencontradas em

tons amadeirados criando um volume diferenciado para o complexo, bem como

também foi utilizado a ideia de integração com a natureza e a utilização de

materiais semelhantes.

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3 CONDICIONANTES PROJETUAIS

Este capítulo engloba assuntos que nortearam as decisões projetuais do

complexo em estudo. Foram abordados vários assuntos importantes para o

desenvolvimento do trabalho que variam desde a escolha do terreno e suas

características até as condicionantes físico-ambientais, legais e funcionais.

3.1 Terreno

Para a escolha do terreno foi necessário realizar alguns estudos específicos

da área onde a edificação será locada, além de uma análise espacial e

socioeconômica da região.

Além disso, foram feitas pesquisas do entorno, analisando suas

características relevantes para o desenvolvimento da proposta, uma vez que

existem premissas contidas no Decreto Nº 40.400, já explanado anteriormente,

que permite que o terreno esteja dentro do perímetro urbano, porém fora das

áreas estritamente residenciais. Todavia, não é de interesse neste projeto a

realização de um complexo longe da área urbana, visto que o mesmo apresenta

espaços comerciais, dessa forma, este deve apresentar uma boa visibilidade e

fácil acesso com linhas de ônibus que circulam pela região, facilitando o

translado.

Por se tratar de um empreendimento destinado a animais, também foi levado

em consideração o fato de que o terreno escolhido deve possuir uma área

grande para que haja amplas áreas verdes, ocorra as atividades ao ar livre e

ainda permita a inserção de piscinas e pistas de corrida/passeio. Ademais, houve

uma preocupação com o suposto ruído que será causado pelos mesmos, logo,

o terreno tem que apresentar dimensões adequadas para que se possa fazer

alguma estratégica acústica, já que os animais estarão, na maioria do tempo, ao

ar livre.

Diante das restrições e critérios acima mencionados, chegou-se a escolha do

terreno, que compreende a cidade de Parnamirim/RN, no bairro de Nova

Parnamirim, pertencente à zona urbana da cidade (figura 19).

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Figura 19- Localização terreno escolhido.

Fonte: Google maps editado pela autora, 2017.

Pertencente a região metropolitana da cidade de Natal, Parnamirim está

situada a 12km de distância desta capital. Limita-se com Natal a norte, Nísia

Floresta e São José de Mipibu a sul e Macaíba a oeste, além do Oceano Atlântico

a leste. É a terceira cidade mais populosa do estado. Segundo dados do IBGE

(2016), a cidade possui cerca de 248.623 habitantes.

O terreno está localizado no cruzamento da Avenida Maria Lacerda

Montenegro, que é uma via estrutural, segundo a Lei complementar nº 063/2013,

e a Rua Aníbal Brandão, via coletora. Este local foi estrategicamente pensado

uma vez que concilia a localização privilegiada, visibilidade pelos pedestres e

motoristas, bom potencial construtivo, proximidade de parada de ônibus e ampla

infraestrutura física cercados de comércio e serviços.

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Figura 20- Mapa de uso do Solo.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Quanto às suas características, o terreno apresenta 26.005,48m² sendo a

maior testada para a Avenida Maria Lacerda Montenegro com 187,69m e menor

testada para a Rua Aníbal Brandão com 138,08m (figura 21). Dessa forma, pode-

se afirmar que se trata de um terreno com grandes dimensões, de modo a

permitir a implantação de grandes áreas verdes e passeios além de propiciar

que os artifícios de isolamento acústico pudessem ser utilizados para que o ruído

provocado pelos cães não causasse incômodo aos vizinhos, bem como o ruído

causado no entorno não interferisse no bem-estar dos animais.

Residencial

Serviço

Comercial

Institucional

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Figura 21- Vista aérea terreno escolhido com dimensões.

Fonte: Google maps editado pela autora, 2017.

Em relação a topografia, a curva de nível mais baixa do lote encontra-se

a 45 m em relação ao nível do mar enquanto a mais alta está a 50m, assim existe

um desnível de cinco metros entre a cota mais baixa e a mais elevada.

Entretanto, percebe-se que as disposições das curvas formam picos dentro do

lote, o que permitiu a movimentação de terra, de modo a facilitar o nivelamento

de algumas partes do terreno.

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Figura 22- Curvas de nível do terreno escolhido.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

3.2 Condicionantes físico-ambientais

No tocante a análise bioclimática do terreno, sabe-se que Parnamirim está

situada em um dos pontos mais orientais na costa do Atlântico Sul, com altitude

da sede de 53 metros. Com relação às temperaturas médias anuais, a máxima

registrada é de 30,0°C, com média de 27,1°C e mínima de 21,0ºC.

Conseguintemente o terreno escolhido fica em uma área de grande incidência

solar e com temperaturas altas (figura 23).

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Figura 23- Terreno selecionado com a trajetória solar.

Fonte: Sun and Earth tools editado pela autora, 2017.

Com base nisso, fez-se necessário a análise da insolação nas quatro

faces do terreno (figura 24). Este estudo permite constatar os horários de

incidência solar nas testadas desejadas podendo, dessa forma, averiguar quais

fachadas são mais críticas para prever algum mecanismo de proteção.

Trajetória

solar

durante o

solstício

de inverno

Trajetória

solar

durante o

solstício

de verão

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Figura 24- Estudo da Carta solar.

Fonte: Sol-AR , 2017.

A tabela 01 aponta os horários e as épocas do ano da exposição das faces

do terreno à radiação solar direta. O estudo é fundamental para a determinação

da volumetria, bem como para a distribuição interna dos ambientes.

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Tabela 1- Incidência do sol nas faces do terreno.

Orientação do

Terreno

Solstício de

Inverno

Equinócio Solstício de

Verão

Nordeste 6h às 14h30 6h às 12h20 6h às 9h50

Sudeste 6h às 10h 6h às 11h30 6h às 12h50

Sudoeste 15h20 às 18h 13h às18h 10h50 às 18h

Noroeste 11h40 às 18h 12h às 18h 13h30 às 18h

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Por conseguinte, foi proposto para o projeto vários mecanismos para

minimizar tais temperaturas e incidências, deixando o ambiente mais confortável,

tais como: grandes beirais, telha com alta refletância solar e boa emissão

térmica, ventilação cruzada, brises, cobogós, entre outros. Além disso, não

existem edificações que causem impacto na ventilação do mesmo, uma vez que

a ventilação predominante é sudeste podendo variar entre leste e sul (figura 25).

Assim, a edificação que influenciaria a ventilação seria o lote vizinho a direita, o

Clube dos empregados da Petrobras, porém o mesmo é térreo e as construções

que existem nele estão afastadas.

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Figura 25- Estudo ventilação.

Fonte: Google maps e Sol-AR editado pela autora, 2017.

3.3 Condicionantes legais

Neste tópico serão apresentadas as condicionantes projetuais legais que

regem o município de Parnamirim e que foram de suma importância para o

desenvolvimento a proposta.

3.3.1 Plano diretor de Parnamirim

A lei complementar nº 063, de 08 de março de 2013 e lei complementar

nº 67/2013, de 27 de julho 2013, dispõem sobre o Plano Diretor de

Paramirim/RN, e dá outras providências com o objetivo de nortear o

desenvolvimento das variadas funções da cidade garantindo o bem-estar e o

aumento da qualidade de vida dos cidadãos.

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De acordo com o macrozoneamento, constante no Anexo 2, Mapa 1, o

terreno escolhido para o desenvolvimento da proposta está localizado na zona

urbana, a qual é classificada como uma área que apresenta bairros ou distritos

com legislações específicas e com infraestrutura consolidada e apropriada para

urbanização.

Após analisar o Anexo 1 Quadros de 1 a 9, e o Anexo 2 Mapa 3.I e 3.II,

pode-se afirmar que o terreno não se enquadra dentro de nenhuma área especial

não necessitando, assim, de adição de normas complementares e específicas

para uso e ocupação do solo.

No tocante ao sistema viário, o artigo 52, conforme Anexo 2, Mapa 4, o

lote em questão é compreendido pela via estrutural número 47, Avenida Maria

Lacerda Montenegro, e pela via coletora número 104, Rua Aníbal Brandão. A via

estrutural apresenta papel de integração das regiões metropolitanas, enquanto

a via coletora é de importância intermediária, uma vez que desempenha função

de distribuição e apoio.

Considerando que o lote em estudo se encontra na zona urbana do

Município de Parnamirim, têm-se o coeficiente de aproveitamento básico

correspondente a uma vez a área do terreno. O coeficiente de aproveitamento

máximo permitido mediante pagamento de concessão onerosa para

aproveitamento do solo criado ou transferência de potencial construtivo é de 2.0,

todavia o projeto em questão não necessitará do pagamento da outorga onerosa

respeitando, assim, o coeficiente de aproveitamento básico. Deve-se destacar,

ainda, que a taxa de ocupação permitida para a área é de até 80% e a taxa de

área permeável mínima é de 20%.

Quanto aos recuos, segundo o artigo 96, para edificações térreas é

exigido um recuo frontal de 3,00m, medidos a partir do limite do terreno sem

incluir as calçadas. É importante ressaltar que as construções que são permitidas

para ocupar o recuo frontal, como a casa do lixo, não podem ultrapassar 20% da

área do recuo.

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Em relação ao gabarito permitido conforme o Ministério de Estado da

Aeronáutica e segundo parâmetros exigidos para segurança de voos, anexo 2,

Mapa 3.I. destas leis, a parcela em análise não apresenta limite de altura.

Fazendo um resumo de algumas premissas utilizadas para o projeto têm-se:

Tabela 2- resumo dos índices urbanísticos para a Zona Urbana.

Fonte: Lei complementar nº 063/2013 editado pela autora, 2013.

No que ser refere aos estacionamentos, o artigo 104, parágrafo primeiro,

estabelece parâmetros para a realização dos mesmo de acordo com o Anexo I,

Quadro 12 e 13, e Anexo III.

Tabela 3- Dimensionamento das Formas de acesso.

Fonte: Lei complementar nº 063/2013 editado pela autora, 2013.

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Tabela 4- Relação das vagas de estacionamento por empreendimento.

Fonte: Lei complementar nº 063/2013 editado pela autora, 2013.

Figura 26- Dimensionamento das formas de acesso.

Fonte: Lei complementar nº 063/2013 editado pela autora, 2013.

Após a análise da tabela 4, concluiu-se que para a via estrutural, Av. Maria

Lacerda Montenegro, seriam necessárias 8 vagas de estacionamento posto que

apenas o bloco do Pet Shop está voltado para ela, em contrapartida, na Rua

Aníbal Brandão, via coletora, seriam necessárias 21 vagas de estacionamento.

Na tabela 3 e na figura 26, mostra, a partir do tamanho das testadas dos lotes e

do número de estacionamento, como devem ser seus acessos. Assim, para a

Av. Maria Lacerda Montenegro a forma de acesso é a opção C da figura 26,

enquanto para a Rua Aníbal Brandão a forma de acesso se dá pela opção B.

Deve-se ressaltar que nos estacionamentos coletivos deverão ser previstas

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vagas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e idosos, conforme

legislação pertinente.

Resumidamente, aplicando estes dados ao projeto, e considerando a área

total do terreno de 26.005,48m², tem-se:

Tabela 5- Resumo índices urbanísticos aplicado ao terreno.

Exigido Permitido em relação a

área total do terreno

Coeficiente de

aproveitamento ≤ 1 26.005,48 m²

Taxa de ocupação ≤ 80% 20.804,38 m²

Taxa de permeabilidade ≥ 20% 5.201,10 m²

Recuos 3 m

Gabarito Sem limite de gabarito

Estacionamento Via arterial 1 vaga/35m² 8 vagas

Via coletora 1 vaga/40m² 21 vagas

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

3.3.2 Código de obras de Parnamirim

A Lei Complementar n° 830/94 de 29 de julho de 1994 dispõe sobre o

Código de Obras do Município de Parnamirim, determinando normas para a

elaboração de projetos e execução de obras em aspectos técnicos, estruturais e

funcionais, referentes às obras e urbanizações realizadas na zona urbana, de

expansão urbana e rural.

O capítulo III aborda assuntos relacionados a ventilação, insolação e

iluminação. Assim, o artigo 56 explana as exigências mínimas referentes as

aberturas da edificação. Relata que os dormitórios, salas de estar, escritórios,

refeitórios e biblioteca precisam apresentar a área total da abertura para o

exterior superior ou igual a 1/6 da superfície do piso de cada ambiente. Já nas

áreas molhadas, como cozinhas, copas e banheiros, elas não poderão ser

inferiores a 1/8 da área do piso do compartimento. Já o artigo 57, explana sobre

as aberturas que são destinadas para insolação, iluminação e ventilação,

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relatando que quando voltada para o logradouro, para a área da frente ou área

dos fundos, estas aberturas devem ser 1/6 da área útil do compartimento, à

medida que quando for voltada para o espaço livre fechado, como varanda e

terraços, necessitam ter no mínimo 1/5.

Quanto aos depósitos de lixo, necessitam ser compostos por

compartimentos fechados, com capacidade para guardar os vasilhames

coletores de lixo, possuírem ligação direta com o exterior, serem totalmente

revestidos de material liso, impermeável, resistente a lavagens periódicas e

dotados de ralos.

3.3.3 Código de segurança e prevenção contra incêndio e

pânico do Rio Grande do Norte (Lei nº. 4.436)

Este código visa determinar critérios indispensáveis para a segurança

contra incêndio nas construções de todo o Estado do Rio Grande do Norte, tendo

em vista garantir, através de suas exigências, as formas necessárias para

combater o incêndio, prevenir ou reduzir a propagação do fogo, facilitar os atos

de socorro e garantir a evacuação segura dos ocupantes das edificações.

De acordo com o capítulo IV, o Vila Pet é considerado como uma

ocupação mista, já que é uma ocupação comercial por apresentar escritórios,

lojas, serviços diversos, entre outros, e também ocupação residencial uma vez

que possui serviços de hotelaria e asilos para animais.

Dentro dessa perspectiva, o artigo 8, do referido código, expõe exigências

de dispositivos de proteção contra incêndio de acordo com a área construída e

altura da edificação das ocupações comercial, mista e pública. Dessa forma, o

projeto em questão está enquadrado nas edificações com altura inferior a seis

metros e com área inferior a 750m². Assim, a prevenção deve ser móvel feita a

partir dos extintores de incêndio e com sinalização. Deve-se ressaltar que o

empreendimento é classificado, de acordo com a ocupação, como risco A e

possui edificações isoladas entre si menores de 750m² o que dispensa a

prevenção fixa por meio dos hidrantes.

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3.3.4 NBR 9050/2015

Esta norma dispões de critérios básicos e parâmetros técnicos que devem

ser utilizados no projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e

rural, e de edificações às condições de acessibilidade, visando o acesso e a

inclusão de todos, independentemente de idade, estatura ou qualquer limitação.

Dessa forma, durante o processo de concepção da proposta foram

utilizadas várias recomendações e exigências desta norma as quais permitem

que os ambientes possam ser usufruídos, da maneira mais autônoma possível,

pela maior quantidade de pessoas independente de qualquer deficiência física.

Em relação aos parâmetros antropométricos que determinam as

dimensões referenciais, têm-se:

- Módulo de referência: É a projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso,

ocupada por uma pessoa em cadeira de rodas.

- Área de circulação e manobra: 0,90m para um cadeirante, 1,20m a

1,50m para um cadeirante ao lado de um pedestre, 1,50m a 1,80m para duas

pessoas em cadeiras de rodas.

- A dimensão mínima necessária para a transposição de uma barreira

isolada com extensão de no máximo 0,40m é de 0,80m, para obstáculo com

extensão acima de 0,40 m, a largura mínima deve ser de 0,90 m.

-Área de manobra para cadeirantes sem deslocamento é de 1,20m x

1,20m quando a rotação for de 90°, 1,50m x 1,20m quando a rotação for de 180°

e ø 1,50m quando a rotação for de 360°.

-Área de manobra para cadeirantes com deslocamento está exemplificada

na figura abaixo.

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Figura 27- Exemplos manobra de cadeiras de rodas com deslocamento.

Fonte: NBR 9050, 2015.

As circulações internas devem ser dimensionadas de acordo com o fluxo

de pessoas, assim tem-se as larguras mínimas para os corredores em relação

ao fluxo e extensão:

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- Deve-se prever 0,90m para corredores de uso comum com extensão até

4,00 m; 1,20 m para corredores com extensão até 10,00m; e 1,50 m para

corredores com extensão superior a 10,00m;

- Para corredores de uso público deve-se prever 1,50m;

-Corredores de grandes fluxos de pessoas devem ser maiores de 1,50m.

As portas também devem conter um vão livre de, no mínimo, 0,80m,

quando abertas, e altura de 2,10m. Já as portas de sanitários devem ter, no lado

oposto ao lado da abertura da porta, um puxador horizontal, associado à

maçaneta localizados à uma distância de 0,10 m do eixo da porta e possuir

comprimento mínimo de 0,40 m, com diâmetro variando de 35 mm a 25 mm,

instalado a 0,90 m do piso.

Em se tratando da circulação externa, a largura da calçada é dividida em

três faixas de uso. A primeira é referente a faixa de serviço onde se acomoda o

mobiliário, os canteiros, árvores e os postes de iluminação ou sinalização, é

recomendado reservar 0,70 m, já a segunda é destinada a faixa livre ou passeio,

onde ocorre a circulação de pedestre. Esta, deve ser livre de qualquer obstáculo,

ter inclinação transversal até 3 %, ser contínua entre lotes e ter no mínimo 1,20m

de largura e 2,10 m de altura livre. Por fim, a terceira é a faixa de acesso, a qual

consiste no espaço de passagem da área pública para o lote.

No tocante aos estacionamentos, estes apresentam dois tipos distintos de

vagas reservadas: uma para os veículos que conduzam ou sejam conduzidos

por idosos e outra para os veículos que conduzam ou sejam conduzidos por

pessoas com deficiência. As vagas para idosos necessitam ser posicionadas

próximas das entradas de modo a garantir o menor deslocamento, enquanto as

vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam conduzidos por

pessoas com deficiência precisam contar com um espaço adicional de circulação

com no mínimo 1,20 m de largura, quando afastadas da faixa de travessia de

pedestres, estar vinculadas à rota acessível que as interligue aos polos de

atração, estar localizada de forma a evitar a circulação entre veículos, ter piso

regular e estável, e, por fim, o percurso máximo entre a vaga e o acesso à

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edificação ou elevadores deve ser de 50 m. Os percentuais para a previsão de

vagas reservadas nos estacionamentos externos ou internos das edificações de

uso público ou coletivo estão definidos nas normas específicas do Conselho

Nacional de Trânsito (CONTRAN).

Quanto a informação e sinalização das vagas reservadas para veículos,

devem ser sinalizadas e demarcadas com o símbolo internacional de acesso ou

a descrição de idoso, aplicado na vertical e horizontal, conforme as normas

específicas do Conselho Nacional de Trânsito e devem estar posicionadas de

maneira a não interferir com as áreas de acesso ao veículo, e na circulação dos

pedestres.

No que se refere aos banheiros e vestiários acessíveis, deve-se prever

5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um, onde houver sanitários.

Os boxes de bacia sanitária acessível devem conter dimensões suficientes para

o giro da cadeira de roda e os boxes de chuveiro devem apresentar no mínimo

0,90m x 0,95m, conforme se pode conferir na figura abaixo retirada da norma:

Figura 28- Medidas mínimas de um sanitário acessível.

Fonte: NBR 9050, 2015.

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3.3.5 Resoluções Contran nº 236/07, nº 303/08 e nº 304/08

A Resolução 236 de 11 de maio de 2007 do Conselho Nacional de Trânsito

regulamenta a sinalização horizontal, através do volume IV do Manual Brasileiro

de Sinalização de Trânsito, além de englobar todas as sinalizações, dispositivos

auxiliares, sinalização semafórica e sinalização de obras determinados pela

Resolução nº 160/04 do CONTRAN.

Esta resolução foi importante para o projeto no que tange as sinalizações das

vagas para veículos conduzidos por pessoas com deficiência, uma vez que

compete ao órgão regulador de trânsito normatizar a sinalização horizontal

correta, como já visto anteriormente. Assim, segundo esta resolução a

sinalização horizontal deve ser feita de acordo com a figura 29. Quanto ao

pictograma indicativo do local de estacionamento, deve ser na cor branca,

inserido num quadrado azul com 1,20m de lado.

Figura 29- Sinalização e dimensões – Vaga para Pessoa com Deficiência

Fonte: Resolução CONTRAN nº 236, 2007.

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Já Resolução 303 de 18 de dezembro de 2008 dispõe sobre as vagas de

estacionamento de veículos destinadas exclusivamente aos idosos. Expõe que

os percentuais mínimos para a previsão de vagas reservadas nos

estacionamentos devem ser de 5% (cinco por cento) das vagas em

estacionamento regulamentado de uso público para serem utilizadas

exclusivamente por idosos, conforme a Lei Federal n° 10.741/2013.

Desse modo, a referida resolução traz, ainda, como devem ser as

sinalizações das vagas destinadas aos idosos de acordo com a figura 30.

Figura 30- Sinalização Vertical e Horizontal de vaga exclusiva para Idoso.

Fonte: Resolução CONTRAN nº 303, 2008.

Em contrapartida, a Resolução 304 de 18 de dezembro de 2008 apresenta

o modelo de sinalização vertical de vagas de estacionamento de veículos

destinadas exclusivamente a veículos que transportem pessoas portadoras de

deficiência ou com dificuldade de locomoção, conforme a figura 31.

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Figura 31-Sinalização Vertical de vaga exclusiva para deficientes.

Fonte: Resolução CONTRAN nº 304, 2008.

Esta mesma resolução relata os percentuais mínimos para a previsão de

vagas reservadas nos estacionamentos externos ou internos, regulamentados

pela Lei n° 10.098/00, que define a reserva de 2 % (dois por cento) do total de

vagas de estacionamento para veículos que transportem pessoas portadoras de

deficiência física ou visual.

3.4 Condicionantes Funcionais

As condicionantes funcionais reúnem aspectos que ajudaram a estabelecer

o projeto arquitetônico, abordando assuntos relacionados ao programa de

necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma e zoneamento iniciais.

3.4.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento

Para a realização do programa de necessidades foi de suma importância

a análise das legislações vigentes para projetos destinados aos animais, já

apresentada anteriormente no tópico 1.3, as leis que regem o terreno escolhido,

como descritas no capítulo 3 e, principalmente, os estudos de referência diretos

ou indiretos que forneceram exemplos de soluções funcionais e formais,

contribuindo assim, para a elaboração do programa de necessidades adequado

à proposta.

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O projeto foi inicialmente pensado para apresentar espaços destinados a

boutique, hotelaria, treinamentos e tratamentos fisioterápicos diversos. Porém

após o estudo das legislações que regem estabelecimentos veterinários, mas

especificadamente o Decreto Nº 40.400/1995 de São Paulo, foi constatado a

necessidade de acrescentar ao projeto um espaço ambulatorial, uma vez que é

obrigatório a presença de um ambulatório veterinário em estabelecimentos de

pensões para animais, e uma drogaria veterinária, posto que neste mesmo

decreto existe a proibição dos pets shops comercializarem medicamentos e

produtos terapêuticos.

O Vila Pet foi dividido, inicialmente, em blocos independes a partir da

funcionalidade de cada um, são eles: bloco do Pet Shop, bloco recepção e

administração, bloco ambulatorial, bloco funcionários, bloco serviços, bloco

lazer, bloco dos gatis, bloco dos canis e bloco de infraestrutura. Todavia, para a

proposta final houve alguns agrupamentos e desagrupamentos de blocos, de

modo a garantir melhor funcionalidade, economia e estética ao projeto. Tais fatos

serão abordados no tópico da evolução da proposta.

Dentro desta perspectiva, chegou-se a um programa de necessidades

compatível com as necessidades e funções da proposta escolhida:

Tabela 6- Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Pet Shop

Drogaria 01 35 m²

Utilidades para drogaria 01 5 m²

Boutique 01 50 m²

Sala para banho 01 15 m²

Sala para secagem 01 15 m²

Sala para tosa 01 15 m²

Sala para tratamento

pelagem 01 15 m²

Abrigo de resíduos

sólidos (local) 01 6 m²

Depósito 01 6 m²

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DML 01 6 m²

Canis espera 04 2,50 m² cada

Gatis espera 02 2 m² cada

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Recepção e

Administração

Foyer com recepção 01 130 m²

Sala administração 01 15 m²

Sala reunião 01 25 m²

Sala coletiva 01 30 m²

Sala triagem 01 10 m²

Sala esterilização 01 10 m²

Abrigo de resíduos

sólidos (local) 01 6 m²

Depósito 01 6 m²

DML 01 6 m²

BWC Feminino 01 9 m²

BWC Masculino 01 9 m²

BWC acessível 01 3 m²

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Ambulatorial

Recepção 01 30 m²

Consultório 01 12 m²

Sala curativos 01 12 m²

Sala fisioterapia 01 20 m²

Sala tratamentos 01 12 m²

Abrigo de resíduos

sólidos (local) 01 4 m²

Depósito 01 4 m²

DML 01 4 m²

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Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Funcionário

Sala estar 01 20 m²

Cozinha 01 10 m²

Salas para descanso 02 15 m² cada

BWC Feminino 01 10 m²

BWC Masculino 01 10 m²

BWC acessível 01 3 m²

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Serviços

Cozinha geral 01 10 m²

Sala de apoio para

cozinha 01 4 m²

Lavanderia Geral 01 10 m²

Sala limpa 01 3 m²

Sala suja 01 3 m²

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Lazer

Academia 01 35 m²

Spa 01 30 m²

Espaço Zen 01 20 m²

Abrigo de resíduos

sólidos (local) 01 6 m²

Depósito 01 6 m²

DML 01 6 m²

Lazer livre com parte

coberta 01 600 m²

Pista de Agility 01 960 m²

Piscina 01 100 m²

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Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Gatil

Gatis 20 4 m² cada

Sala de utilidades 01 4 m²

Depósito 01 4 m²

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Canis

Grande e médio porte 20 36 m² cada

Pequeno porte 20 10 m² cada

Asilo 20 10 m² cada

Abrigo de resíduos

sólidos (local) 01 4 m²

Depósito 01 4 m²

DML 01 4 m²

Sala Plantonista 01 10 m²

Bloco Ambiente Quantidade Área aproximada

por ambiente (m²)

Infraestrutura

Casa de gás 01 6 m²

Casa de Bombas 01 9 m²

Casa de Gerador 01 9 m²

Casa de lixo (geral) 01 9 m²

Estacionamento A definir

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

3.4.2 Fluxograma inicial

Após a realização do programa de necessidades e pré-dimensionamento, foi

necessário o entendimento das relações funcionais e as ligações entre os

diversos blocos a partir da realização de um fluxograma geral inicial, que serviu

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para fundamentar o desenvolvimento do zoneamento e, posteriormente, a

implantação.

Figura 32- Fluxograma inicial do projeto.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

3.4.3 Zoneamento Inicial

Para a realização do zoneamento foram utilizados todos os critérios já

supracitado nas condicionantes físico-ambientais, como ventilação e insolação,

além da atenção para o local onde ele está inserido e seu entorno.

Como a Av. Maria Lacerda é mais movimentada que a Rua Aníbal Brandão,

optou-se por colocar os principais acessos por esta via a fim de não influenciar

negativamente o tráfego da avenida, além de facilitar o acesso para o complexo.

Dessa forma, os estacionamentos foram previstos para ficarem dispostos

perpendicularmente a calçada da Rua Aníbal Brandão. Todavia, também se fez

necessário a implantação de estacionamentos voltados para a Av. Maria

Lacerda, porém estes estacionamentos serão em menor quantidade.

Deve-se ressaltar que o bloco do Pet Shop é comercial, necessitando estar

situado em áreas visíveis e de fácil acesso. Consequentemente, o bloco foi

locado na esquina da edificação tendo acesso pelas duas vias que englobam o

terreno. Visando, ainda, a sua maior visibilidade, utilizou-se da topografia natural

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do terreno como estratégia visual para locá-lo um pouco mais elevado que as

vias que o circundam de forma a não criar barreiras visuais.

Pela entrada principal, Rua Aníbal Brandão, pode-se entrar diretamente no

bloco recepção/administração e no bloco ambulatorial, ambos com entradas

independentes, porém interligados entre si. Posteriormente estão localizados o

bloco de serviço e o bloco de lazer. Este último está na porção central do terreno,

seguido dos gatis e canis. Já os gatis e os canis foram dispostos de uma forma

que fossem atingidos pela radiação solar em algum momento do dia, já que o sol

tem papel importantíssimo como antibacteriano ajudando na esterilização do

ambiente. Tais estudos de insolação e proteção serão descritos nos capítulos

posteriores.

É importante frisar que foi pensado em uma faixa de 30 m contornando os

blocos de permanência animal visando criar uma barreira acústica tanto para os

animais quando para o entorno, dado que as áreas ocupadas com vegetação

densa, entre a fonte e o receptor, atenuam os níveis sonoros gerados pela fonte.

Figura 33- Zoneamento inicial.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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4 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

Neste capítulo será apresentada a proposta arquitetônica elaborada,

mostrando seu conceito, partido arquitetônico, evolução do projeto e demais

etapas até o resultado final, que está detalhado no memorial descritivo e

justificado. Este, por sua vez, aborda todos os detalhes relacionados a proposta

final que variam desde as soluções funcionais até a escolha da cobertura,

estrutura, dimensionamento do reservatório d’água e estacionamento.

4.1 Conceito e Partido arquitetônico

Segundo Edson Mahfuz (1998), qualquer obra arquitetônica deve

apresentar um conceito central que será um fio condutor para a concepção do

edifício. Ele é transmitido ao projeto a partir do partido arquitetônico que define

as premissas que serão utilizadas no desenvolvimento do projeto.

Dentro dessa perspectiva do conceito como norteador do

desenvolvimento, temos como conceito escolhido o origami. Esta é uma arte

milenar japonesa passada de geração para geração e conhecida no mundo

inteiro. Esta técnica consiste em uma série de dobras combinadas de diversas

maneiras com o intuito de criar novos objetos tridimensionais. O origami sempre

foi uma arte encantadora uma vez que ele transforma o papel, na sua forma

geométrica mais simples, em um objeto desejado de acordo com sua vontade e

necessidade.

Dessa forma, o origami está rebatido no partido arquitetônico,

principalmente, na cobertura da edificação, já que esta partiu de uma solução

geométrica simples, limite das paredes e beirais, que com os diversos

dobramentos e desdobramento visando a solução formal e funcional, chegou a

geometria desejada, isto é, algumas com a forma mais simples e outras com

formas bastantes diferenciadas (figura 34).

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Figura 34- Cobertura inspirada no origami.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Também é importante destacar que a matéria prima para fazer um origami

é o papel, feito a partir da madeira. No que lhe concerne, a madeira foi um

material bastante utilizado em diversos elementos do complexo, como nas

esquadrias, brises e a própria cobertura, para a qual foi escolhida uma telha com

características semelhantes a madeira.

O conceito também está presente na logomarca do Vila Pet, pois

apresenta um cachorro e um gato que lembram os feitos de origamis, posto que

são formados por vários triângulos, remetendo, consequentemente, a

dobraduras e a cobertura do projeto.

Com relação a escolha do nome, como neste complexo foi priorizado a

integração com a natureza, tendo diversas áreas verdes e caminhos, criou-se

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um agradável ambiente de vila, ademais, por ser este um estabelecimento

destinado aos animais, o presente projeto foi então nomeado Vila Pet.

Figura 35- Logomarca Vila Pet.

Fonte: Acervo pessoal, 2017.

4.2 Evolução da proposta

Tendo como referência o conceito e o partido arquitetônico a ser seguido,

aliado aos estudos realizados anteriormente, o programa de necessidades

dimensionado e o zoneamento inicial, pôde-se realizar uma proposta final

adequada para este tipo de estabelecimento. Também foi levado em

consideração todas as condicionantes já citadas nos capítulos anteriores, como

recuos, gabaritos, estacionamento, ventilação, insolação, entre outros. Porém,

até chegar a solução desejada ocorreram diversas alterações na proposta as

quais serão abordadas neste capítulo.

Inicialmente, foi feita uma análise do zoneamento inicial proposto de modo

a identificar possíveis erros e melhorias para o mesmo. Dessa forma, foi

observado que existiam blocos fragmentados e pequenos que poderiam ser

unidos com a finalidade de melhorar a funcionalidade, centralizar algumas

atividades e funções, além de aumentar as possibilidades para as soluções

formais. Logo, foi constatado que o bloco de serviços poderia ser agrupado ao

bloco de funcionários, porém com entradas distintas, uma vez que este bloco

será utilizado apenas pelos próprios funcionários.

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Além destes, o bloco do lazer estava subdividido em vários blocos

menores, consequentemente estes foram agrupados entre si ficando juntas a

parte de spa, academia e espaço zen. O Gatil também foi realocado posto que

não é desejável que este fique visualmente em contato aos canis, como já foi

relatado anteriormente, assim, ele foi reposicionado para um local entre o espaço

funcionário e a área de lazer livre, criando a barreira visual entre os canis e os

gatis.

Os canis, por sua vez, também sofreram alterações, uma vez que o canil

para cães de médio e grande porte necessitava de um espaço maior para a sua

implantação, de modo que foi realocado para ficar à direita dos demais canis. Já

a parte de apoio para os canis, que é compreendida pelo abrigo de resíduos

sólidos, DML, depósito e sala do plantonista, foi colocada centralizada próximo

aos canis de modo a atender a todos os blocos igualmente.

Houve a necessidade, ainda, de dividir o bloco de infraestrutura, deixando

perto da calçada apenas a casa de lixo, enquanto o restante foi recolocado para

perto dos demais blocos. Deste modo, foi criada uma nova configuração,

apresentada na figura abaixo:

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Figura 36- Zoneamento durante o processo de evolução.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Ainda relacionado ao bloco dos canis, foi pensado posteriormente em

realocar a parte de apoio aos canis para junto do bloco de lazer, visto que o bloco

de lazer é centralizado mantendo, assim, a possibilidade deste bloco atender a

todos os canis, conforme a figura 37.

Figura 37- Realocação da parte de apoio dos canis para o bloco de lazer.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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No tocante a implantação, foi seguido o zoneamento definido na figura 36

em relação a localização dos blocos, posicionando-os perpendicularmente a Rua

Aníbal Brandão, já que seguindo essa organização haveria espaço suficiente

para a massa arbórea desejada, com fins acústicos, circundando os blocos. Além

disso, esta disposição proporciona também que três fachadas recebam

ventilação, já que, como mostrado anteriormente, a ventilação varia entre sul e

leste.

No que se refere ao estacionamento e seus acessos, foi pensado,

inicialmente, em fazer uma via principal, de mão única, em cada entrada que dá

acesso ao estacionamento e aos blocos, todavia, após as análises do plano

diretor, foi descoberta a necessidade de fazer uma via dupla no acesso da

testada voltada para a Rua Aníbal Brandão. Desse modo, para a realização da

via dupla foi preciso diminuir a área destinada ao estacionamento, embora tenha

sido respeitada a quantidade de vagas mínimas exigidas, a fim de criar um

espaço de lazer com acesso livre para os animais, como mostrado na evolução

abaixo:

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Figura 38- Evolução Implantação com destaque para mudanças nos acessos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Em se tratando da solução formal, deve ser levado em conta que o

complexo em questão é térreo o que dificulta a criação de um volume

diferenciado. Pensando nisso, foi idealizada a criação de uma cobertura

diversificada, que gerou uma identidade visual ao projeto. Assim, surgiu a ideia

do conceito do origami que cria formas e objetos distintos partindo de uma

geometria simples. Logo, foi delimitado os contornos das paredes e beirais e, a

partir deles, criou-se dobras que foram dando forma as águas do telhado.

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Inicialmente, foi feito para cada bloco uma cobertura individual, porém fez-se

necessário a criação de uma conexão entre elas para sombrear os caminhos

que as ligam, dado que esse fluxo é livre, o que gera a ideia um volume único na

fachada.

Figura 39- Evolução formal.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

No que diz respeito a topografia, como já relatado anteriormente, o terreno

escolhido apresenta um desnível de cinco metros entre a cota mais baixa e a

mais elevada, apresentando dois cimos. Assim, foi proposto uma movimentação

de terra de modo a retirar essas elevações na parte central do terreno e aterrar

outras partes, nivelando as áreas onde os blocos estão situados. Portanto, o

terreno passou a apresentar apenas 3 metros de declividade.

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Figura 40- Movimentação de areia feita.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 41- Topografia final com a implantação dos blocos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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4.3 Memorial descritivo e justificado

Este capítulo apresenta uma síntese técnica para melhor compreensão do

projeto e compila as justificativas para as principais decisões projetuais.

O Vila Pet é um complexo de lazer, hotelaria e cuidados destinado para cães

e gatos que visa o bem-estar dos mesmos. Ele reúne em um só lugar espaços

para programas educacionais, atividades especiais e uma ótima estrutura de

hospedagem, treinamentos, tratamentos, saúde e bem-estar dos pets.

Apresenta instalações de fácil manejo, limpas, seguras e especialmente

projetadas para as atividades desenvolvidas integradas à natureza, propiciando

um ambiente ideal para o animal, tais como: área livre com parte coberta para

lazer em dias de chuva, pista de agility, piscina semiolímpica, academia, spa,

espaço zen, boutique, drogaria, banho, tosa, tratamentos de pelagem,

ambulatório veterinário, salas de tratamentos diversos, gatis e canis amplos com

solários amplos, entre outros.

O empreendimento ocupa um terreno de área igual a 26.005,48m² com

15.621,00m² de área verde e 1.718,20m² de área construída. Conforme a tabela

abaixo:

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Tabela 7- Prescrições Urbanísticas.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

4.3.1 Implantação

Como relatado nos capítulos anteriores, a implantação dos blocos se deu

por diversas condicionantes. Assim, após vários estudos e mudanças chegou-

se a uma implantação final adequada para o projeto em questão, com aspectos

humanitários que visam o bem-estar animal. Logo, fez-se necessário a

realização de um novo fluxograma incluindo todas as alterações que foram feitas

(figura 42).

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Figura 42- Fluxograma implantação.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O acesso principal se dá pela Rua Aníbal Brandão, apresentando ainda

acesso para o bloco do Pet Shop pela Avenida Maria Lacerda Montenegro. A

entrada de serviço é independente e reservada, porém é feita pela mesma rua

da entrada principal. E a casa de lixo ficou próxima a via enquanto as demais

áreas de infraestrutura ficaram próximas a entrada de serviço.

Já os quatros blocos da entrada principal (pet shop, recepção e

administração, ambulatorial e funcionários) apresentam uma cobertura única

conectando todos os quatro blocos. Esta cobertura foi pensada com o intuito de

sombrear os caminhos entre os blocos uma vez que, como mostrado no

fluxograma acima, o fluxo entre os blocos do Pet Shop, Recepção e

Administração e o Ambulatorial é considerado livre. Os caminhos foram

realizados mais retilíneos, ligando todos os blocos entre si.

A escolha da localização do bloco de lazer se deu devido a necessidade

de estar centralizado para atender igualmente todos os blocos, visto que é um

espaço comum para os usuários e hóspedes do Vila Pet. Dessa forma, a piscina

também está localizada na parte central do complexo e, com base nos estudos

de insolação do terreno, foi disposta de forma a receber radiação solar na maior

parte do tempo.

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Visando a segurança dos animais e a permeabilidade visual do projeto, o

complexo foi circundado com um gradil de madeira com 2 portões que dão

acesso ao complexo, porém, o acesso não se dá somente por esses dois

portões, tendo em vista que alguns blocos também apresentam conexão direta

com a parte interna. Um destes portões fica próximo ao Pet Shop e ele foi

pensado em caso de um animal precisar usufruir de algum serviço lá prestado,

enquanto o outro portão ficou próximo ao bloco de serviços. Este, por sua vez,

liga a área de carga e descarga ao interior do complexo, por isso a necessidade

de ficar perto do bloco de serviços e funcionários.

Os estacionamentos ficaram situados entre o complexo e as vias que os

englobam. As vagas destinadas aos idosos e aos deficientes foram situadas o

mais próximo possível das entradas dos blocos, uma vez que existe uma

distância máxima de deslocamento a ser respeitada. No estacionamento

principal, voltado para R. Aníbal Brandão, a via de acesso ficou entre as vagas

exclusivas e os blocos, consequentemente, foi colocada uma passarela elevada

tendo como objetivo o melhor deslocamento para todos.

Ao lado do estacionamento principal encontra-se o espaço de lazer com

livre acesso para os animais. O espaço é cercado para evitar fugas além de

possuir bancos para seus proprietários sentarem enquanto aguardam a diversão

do seu animal. Esta área aumenta, ainda, o potencial do complexo, visto que o

mesmo se tornará um polo atrativo para diversão gratuita dos animais.

Outro ponto que se deve frisar é a implantação de um cinturão verde de

30 metros com arborização densa que circunda os blocos. Essa massa arbórea

funcionará como um elemento vazado absorvendo e minimizando a propagação

dos ruídos. Em relação as espécies escolhidas, propõe-se a utilização, no

cinturão, de árvores nativas de diversos portes, enquanto nas demais áreas foi

proposto a utilização de vegetações rasteiras, arbustivas e de pequeno porte,

posto que se julgou mais interessante a colocação de árvores de pequeno porte

perto das fachadas de modo a não interferir na visibilidade das mesmas.

Já em relação a locação da torre da caixa d’água, foi pensado em coloca-

la próximo aos blocos que irão ser abastecidos por ela. Todavia, foi considerado

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que não é visualmente agradável a colocação desta na fachada ou em áreas

muito visíveis, assim, foi escolhido posicioná-la perto do cinturão verde,

tentando, com o auxílio das árvores, minimizar seu impacto visual.

Figura 43- Implantação final sinalizada.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

4.3.2 Bloco Pet Shop

O bloco do Pet Shop está situado próximo ao cruzamento das duas vias que

margeiam o terreno. Para sua localização foi pensado, principalmente, na

visibilidade que o local aliado a topografia do terreno iria promover. O bloco é

composto pela drogaria, boutique, sala para banho, sala para tosa, sala para

secagem, sala para tratamento de pelagem, os canis e gatis temporários e o

setor de apoio (abrigo de resíduos sólidos, DML e depósito).

Uma estratégia adotada na boutique foi realizar um layout que induza o

consumidor a passar pelas gôndolas para incentivá-lo a comprar. Já os canis e

gatis propostos são de permanência rápida, logo, foram adotadas as medidas

mínimas estabelecidas para eles.

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Neste bloco foi usado, também, cobogó nas áreas dos canis e em algumas

salas, de modo a criar elementos diferentes nas fachadas, bem como a

realização da ventilação cruzada nos ambientes.

Figura 44- Fachada sudoeste, sudeste e nordeste do Bloco Pet Shop,

respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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A fachada sudoeste, voltada para a av. Maria Lacerda, apresenta aberturas

grandes para que se possa ver o interior das lojas e das salas de banho, tosa e

secagem, uma vez que hoje há uma grande preocupação com os maus tratos,

então, deixar as salas visíveis é uma forma de passar confiança para o cliente e

evitar qualquer dano ao animal. É sabido que essa fachada recebe bastante luz

solar durante o verão, assim, foi proposto como elemento de proteção a

colocação de um beiral de 2 metros para a diminuição da incidência solar

principalmente nessa época do ano.

Figura 45- Estudo insolação fachada sudoeste bloco pet shop.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Após as análises acima pode-se concluir que no inverno a incidência solar

na fachada é baixa, concentrando-se apenas em uma pequena parte depois das

16h30. Já no verão, a incidência solar nas aberturas também começa a partir

das 16h30 e vai até o pôr do sol, porém, deve-se atentar que a radiação, em seu

máximo, só atinge a parte das vitrines das lojas e um pouco dos caixas. Assim,

a opção adotada foi colocar cortinas persianas apenas na parte dos caixas para

o sol não incomodar visualmente, pois nesta hora a radiação não é quente, logo,

não afetará no conforto térmico do bloco, nem tampouco influenciará na

visibilidade das vitrines.

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4.3.3 Bloco Recepção e Administração

O bloco da recepção e administração é bloco com maior área construída do

complexo. Ele é dividido em dois pés direto distintos, um na parte acesso com

pé direito duplo e outro nos demais ambientes com pé direto padrão ao resto dos

blocos. Na parte com pé direto duplo está situado o foyer e recepção - com

acessos pela porta central e duas portas laterais -, onde estão situados o balcão

de informações, áreas de espera e banheiros. Essa recepção é responsável por

todo o complexo incluindo a parte de hotelaria, treinamentos e tratamentos.

Após a recepção tem-se um corredor que dá acesso as salas de triagem e

esterilização. Na sala de triagem realiza-se o estudo sobre o animal em relação

a seu comportamento, preferências, horários, entre outros, e a sala de

esterilização são guardados os remédios carrapaticidas e feita toda a

esterilização do animal para não contaminar os demais e nem ser contaminado.

Ao lado dessas salas há o setor de apoio que é composto pelo abrigo de

resíduos sólidos, DML e depósito. No lado esquerdo do corredor acima

mencionado tem-se o setor de administração do complexo, com sala para

reunião, sala de administração e sala coletiva com espaço para 5 pessoas

trabalharem simultaneamente, fazendo pedidos de produtos, conferindo os

caixas e etc. No final desse corredor há uma porta que dá acesso direto ao

complexo, que foi pensada para que o animal chegue pela recepção, passe pelas

duas salas (triagem e esterilização) e já entre no complexo, evitando, assim, o

estresse do animal de ficar se locomovendo para outros lugares.

Na fachada noroeste foi proposta a colocação de janelas pivotantes em

madeira, as quais apresentam comportamento semelhante aos brises verticais.

Elas foram instaladas com alturas diferenciadas de modo a criar uma

movimentação e identidade visual para a fachada. A escolha para esse tipo de

abertura se deu devido ao pé direito da edificação ser bastante alto dificultando

o sombreamento das aberturas pela cobertura. Já na fachada posterior também

foi usado esse tipo de abertura, porém com altura uniforme, com a finalidade de

regular a passagem de ventilação e insolação para a salas da administração.

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Figura 46- Fachada Noroeste, sudoeste e sudeste bloco Recepção e Adm.,

respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Dessa forma, foram feitos estudos de insolação na fachada noroeste para

ter a comprovação da eficácia do elemento escolhido. Assim, estas análises

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foram realizadas considerando a pior situação, ou seja, sem os brises, e as

situações com as regulagens de sol e ventilação.

Figura 47- Estudo insolação fachada noroeste bloco recepção e administração,

considerando a situação sem proteção vertical e com proteção vertical regulada nas

duas direções, respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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Dessa forma, ficou constatado que esse elemento de proteção escolhido é

viável para todas as circunstâncias de insolação, uma vez que ele é regulável

podendo ser adaptado para qualquer incidência solar de acordo com a sua

necessidade e desejo.

4.3.4 Bloco Ambulatorial

Para a realização do bloco ambulatorial foi necessário basear-se nas

legislações vigentes para este tipo de estabelecimento veterinário, como

relatados nos capítulos anteriores. Assim, este bloco apresenta entrada

individualizada com área de recepção e espera, seguido por um corredor central

onde estão distribuídas as demais salas. No lado direito do corredor tem-se a

sala de consultas, a sala de curativos e a parte de apoio, enquanto no lado

esquerdo está a sala de fisioterapia e a sala destinadas a tratamentos diversos

como homeopatia, acupuntura, entre outros. No fim deste corredor há uma porta

que dá acesso ao complexo, para que os animais que estiverem dentro do

complexo possam entrar diretamente no bloco ou vice-versa.

Em relação a fachada principal, fachada noroeste, foi utilizada a mesma

estratégia de proteção aplicada no bloco de recepção e administração, as janelas

pivotantes. Todavia, as janelas usadas neste bloco apresentam apenas duas

variações de altura e são menores que as utilizadas no outro bloco, posto que o

pé direito deste bloco é menor. No que se refere as fachadas laterais, não foi

previsto nenhum elemento de proteção, pois estas já estão sendo protegidas

pela própria cobertura conectada, bem como a fachada posterior, posto que não

apresenta nenhuma abertura.

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Figura 48- Fachada noroeste e fachadas nordeste e sudeste, respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

4.3.5 Bloco Funcionários + Serviços

O bloco dos funcionários está situado junto ao bloco de serviços, todavia,

cada um apresenta uma entrada específica. O bloco dos funcionários,

diferentemente dos blocos já citados, tem entrada independente destinada

exclusivamente para funcionários. Esta entrada foi prevista pela lateral da

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edificação, na fachada nordeste, uma vez que localizada desta maneira cria-se

um acesso mais reservado para os mesmos.

Ao entrar na edificação, tem-se a cozinha integrada com a sala, destinada

para uso comum dos funcionários. Esta sala integrada, conta com outra porta

que dá acesso ao interior do complexo, facilitando a entrada dos funcionários.

Após a sala estão os quartos de repousos feminino e masculino, seguido dos

banheiros comuns e do acessível com duchas. No corredor central foi colocado

o cobogó tipo brises visando a ventilação e a iluminação indireta por meio destes.

Figura 49- Bloco funcionários.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Já o bloco de serviço foi locado na outra lateral, sudoeste, da edificação.

Este, por sua vez, tem acesso apenas pela parte interna do complexo. Ele é

composto pela cozinha geral com uma sala de apoio e pela lavanderia geral com

duas salas, uma para depósito e outra de utilidades.

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Figura 50- Entradas bloco serviço.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

4.3.6 Bloco Lazer

O bloco de lazer é de uso comum para todos os animais usuários do

complexo, dessa forma, ele ficou situado na parte central do terreno. Este bloco,

diferentemente dos demais, foi fragmentado em 4 conjuntos distintos, são eles:

a pista de agility, a piscina, o lazer livre aberto e a edificação composta pela

academia, spa, espaço zen e a parte de apoio.

A pista de agility foi dimensionada de acordo com o regulamento da

“Fédération Cynologique Internationale” (FCI), apresentando 24m x 40m. Ao lado

da pista está a piscina que foi mensurada de acordo com as dimensões de uma

piscina semiolímpica com duas raias (figura 51). Esta, por sua vez, como já

abordado anteriormente, recebe radiação solar direta, independente da estação

do ano, na maior parte do dia.

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Figura 51- Piscina e pista de agility.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Adjacente a piscina está situada a edificação de lazer (figura 52) que

apresenta em sua fachada nordeste uma grande área com cobogós do tipo

brises. A colocação destes elementos teve como motivo principal a proteção da

incidência direta solar durante o inverno, além de assegurar a ventilação dos

ambientes. Como já explicado nos tópicos anteriores, foi adicionado à esta

edificação a parte de apoio dos canis (abrigo de resíduos sólidos, DML, depósito

e sala plantonista), todavia, como o abrigo de resíduos sólidos, DML e depósito

já tinham sido previstos para este bloco, eles não foram adicionados

repetidamente, mas sim juntado aos existentes, de forma que se adicionou

apenas a sala para o plantonista.

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Figura 52- Fachada sudoeste e nordeste, respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Por fim, tem-se a parte de lazer aberta formada por um campo livre cercado

com gradil de madeira. Metade desse campo é aberto e a outra metade é coberta

de modo a garantir a diversão dos animais também em dias de chuva (figura 53).

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Figura 53- Lazer livre aberto.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

4.3.7 Bloco Gatil e Canis

Os blocos dos gatis e canis foram locados de forma a ficarem com as maiores

fachadas voltadas para nordeste e sudoeste. Cada um destes blocos apresenta

um corredor central que dá acesso aos canis e gatis individuais. No gatil, no fim

deste corredor, foram colocadas salas para apoio do mesmo, enquanto a parte

de apoio dos canis foi colocada junto com o bloco de lazer. Estes corredores

centrais apresentam, na cobertura, uma janela do tipo boca de lobo em vidro, de

modo a garantir a ventilação cruzada e iluminação indireta, além disto, nos canis,

foi proposto ainda colocar cobogós tipo brises nas paredes das extremidades

dos blocos.

Vale ressaltar que todos os gatis e canis individuais foram pensados de

acordo com as legislações vigentes e os termos humanitários a fim de garantir o

maior bem-estar dos seus usuários, amenizando o sofrimento dos animais

durante a ausência do proprietário e, principalmente, tranquilizando os donos,

assegurando-os que seus companheiros estão sendo bem cuidados e

acomodados durante a hospedagem.

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Cada bloco tem capacidade para 20 animais totalizando 60 cães e 20

gatos. Eles são compostos por uma parte coberta e a área do solário. Esta é

cercada por uma tela de arame resistente nas laterais e na parte superior, como

manda a legislação, além de apresentar uma inclinação de 5% a qual

proporciona o escoamento da água, facilitando assim, a limpeza e higienização

dos canis e gatis. Deve-se ressaltar ainda que entre um canil e outro existe uma

porta que os conecta a fim de que, quando houver algum animal que seja

habituado a conviver com outro, eles possam ficar juntos.

Nas maiores fachadas foi colocado um beiral de 2 metros para os canis e

de 1 metro para o gatil para prever o sombreamento em algumas horas do dia.

Figura 54- Canil para médio e grande porte.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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Figura 55- Canil para pequeno porte.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 56- Gatil.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Deve-se destacar a importância de permitir a entrada do sol nos canis e

gatis visto que o sol tem um poder muito grande contra as bactérias, além de ser

fonte de várias vitaminas. Logo, no projeto foi previsto um beiral com dimensões

que propiciem a entrada do sol, deixando algumas partes sombreadas, fazendo

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com que o animal tenha a opção de escolha. Dessa forma, foram feitos alguns

estudos de insolação, mostrados na figura abaixo:

Figura 57- Estudo insolação fachada nordeste.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Percebe-se que durante o inverno, o sol, na fachada nordeste, tem o

máximo de incidência às 06:00 da manhã e que mesmo no seu auge de

insolação sempre vai ter uma parte sombreada dentro do canil e gatil para o

animal se proteger do sol, podendo optar por ficar no sol ou na sombra. Este

sombreamento é causado devido as divisórias entre os canis e gatis que

funcionam como uma barreira solar.

É importante frisar que no inverno o sol começa a entrar na fachada

nordeste a partir do amanhecer e permanece até as 09h30 da manhã. Já no

verão este mesmo fenômeno de sombreamento em algumas partes também

acontece, porém, ao comparar com o inverno, constata-se que o sol tem uma

menor incidência no interior do canil e gatil coberto. Tal fato é vantajoso visto

que nessa época do ano a sensação térmica na cidade é muito alta. Neste

período do ano existe a entrada do sol desde o amanhecer até as 07h30 da

manhã, levando poucas horas de sol.

Nas fachadas sudoeste dos blocos em questão, tem-se o mesmo

fenômeno de sombreamento ocorrido nas fachadas orientadas à nordeste,

porém em estações do ano contrárias. Dessa forma, as paredes que separam

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os canis e gatis formam barreiras solares que sombreiam partes do espaço

independente da hora da incidência solar. No inverno a parte coberta recebe sol

das 15h30 até o pôr do sol, enquanto no verão o sol começa a incidir as 14h30

até o pôr do Sol, conforme mostrado na figura abaixo.

Figura 58- Estudo insolação fachada sudoeste.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

4.4 Aspectos técnicos e construtivos

Este capítulo trata sobre as especificações técnicas e construtivas para o

desenvolvimento do anteprojeto do Vila Pet, tais como: sistema construtivo,

cobertura, reservatório d’água, estacionamento e os revestimentos.

4.4.1 Sistema construtivo

O sistema estrutural adotado para a execução das edificações do anteprojeto

foi a alvenaria convencional. As paredes são de tijolo cerâmico de oito furos, as

lajes, vigas e pilares são em concreto armado pré-fabricados, de modo a

possibilitar a execução de uma obra mais rápida, limpa e econômica. Os seus

dimensionamentos foram baseados no livro de Yopanan Rebello (2003) o qual

mostra, a partir de gráficos, dimensões mínimas para os sistemas estruturais

(figura 59), incluindo sistemas térreos.

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Figura 59- Dimensionamento Viga e Pilar de concreto, respectivamente.

Fonte: Rebello, 2003.

Assim, foi feita a análise com base no gráfico dimensionado para

construções térreas, considerando o pé direito duplo proposto para o bloco da

recepção e administração, bem como nas medidas dos demais pés direitos os

quais são iguais. Logo, obteve-se como resultado um pilar com largura de 20 por

15 centímetros, enquanto as vigas foram dimensionadas de acordo com cada

vão a ser vencido.

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Nas fachadas foram utilizados pilares cruzados em madeira formando um

“x”. Estes, por sua vez, foram colocados, principalmente, por questões estéticas

com exceção dos pilares que suportam a cobertura do lazer livre e dos pilares

entre o bloco ambulatorial e o bloco dos funcionários, que também seguram a

cobertura conectada (figura 60). Visando ainda a sustentação desta cobertura

conectada foram dimensionadas as vigas de acordo com as tabelas seguintes:

Figura 60- Dimensionamento Viga e Pilar de madeira, respectivamente.

Fonte: Rebello, 2003.

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Figura 61- Cobertura conectada com destaque para área com pilares estrurais e vigas

em madeira.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Dessa forma, os pilares ficaram com a dimensão de 15 cm por 15 cm cada

um com inclinação de 15 graus para lados opostos fincando entre eles um ângulo

de 30 graus.

Para o suporte da cobertura dos canis e gatis foi proposto a utilização da

tesoura tipo F, enquanto para o lazer aberto foram usadas treliças de banzos

paralelos, dimensionados de acordo com a figura 62.

Figura 62- Dimensionamento treliças de madeira.

Fonte: Rebello, 2003.

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4.4.2 Cobertura

Uma grande dificuldade encontrada para a escolha do tipo de cobertura foi a

necessidade de apresentar características de fácil manuseio de modo a se

adaptar a diferentes formas e inclinações.

Após muitos estudos, foi escolhido a telha Shingle da Brasilit. Telhas Shingle

são fáceis de instalar e é o sistema de cobertura mais eficiente do mundo, o mais

usado na Europa, Estados Unidos e Canadá. Apresenta custo benefício muito

bom uma vez que possui resistência e leveza, além de ter menor necessidade

de estrutura de madeira para sustenta-la. Apresenta um acabamento impecável

com vedação absoluta devido ao sistema de fixação e sobreposição auto

aderente, formando uma camada única e contínua. As curvas e recortes são

feitos com a própria telha, resultando em um acabamento perfeito, sem a

necessidade de compra de peças especiais.

O modelo escolhido foi a Landmark Solaris Gold na cor Max Def Resawn

Shak. Este modelo, em específico, reflete a energia solar e reduz a temperatura

em até 20% durante os meses mais quentes do ano, quando comparada com

outra telha Shingle tradicional. É um produto com selo Energy Star®, que cumpre

os requisitos de refletância solar e emissão térmica.

Figura 63- Telha Brasilit Landmark Solaris Gold na cor Max Def Resawn Shak.

Fonte: Brasilit, 2017.

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Ela é composta por uma base de fibra de vidro firmemente colada em uma

manta asfáltica de alta resistência, revestida com grãos minerais de alta

refletância, deixando-a mais brilhante, mais vibrante e com uma aparência ainda

mais bonita, com profundidade das cores.

Figura 64- Composição telha shingle.

Fonte: Brasilit, 2017.

Antes da instalação das telhas Shingle deve ser atentado para a inclinação

do telhado, uma vez que não é recomendado a instalação em telhados com

inclinação inferior a 9,5 graus (figura 65).

Figura 65- Inclinação dos telhados Shingle.

Fonte: Brasilit, 2017.

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A sustentação da cobertura pesa 6 vezes menos que os sistemas

tradicionais, permitindo uma economia considerável na estrutura do telhado e da

edificação, já que não exige tanto da estrutura devido ao seu peso ser inferior.

Essa sustentação deve ser feita a partir de caibros distanciados de 50cm a 60cm,

as pernas de serra distanciadas de 2 a 2,5m e o apoio (figura 66).

Figura 66- Madeiramento para telha shingle.

Fonte: Casa da telha, 2017.

Sobre os caibros fica a base para o telhado: um painel estrutural de madeira

composto por compensados tratados ou OSB. Esta base deve resistir aos

esforços da cobertura e também garantir a ancoragem das fixações das telhas

Shingle. Após o painel de madeira é colocado a subcobertura que é subdividida

em duas: o felt paper que é utilizado para recobrimento de todo o telhado e a

manta auto aderente para água-furtada, usada em regiões de água-

furtada/rincão ou em regiões com maior incidência de água de chuva. Depois de

toda essa estrutura montada é que se pode instalar a telha Shingle.

Este sistema de cobertura apresenta, ainda, as cumeeiras de ventilação que

melhoram a circulação de ar e o conforto térmico da edificação. A ventilação é

imprescindível para o controle da temperatura e também para evitar

condensação de água, assim, ela permite a entrada de ar frio na parte mais baixa

da cobertura e saída de ar quente nas regiões mais altas (figura 67).

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Figura 67- Esquema de ventilação cumeeiras ventiladas brasilit.

Fonte: Brasilit, 2017.

Por fim, é feito o acabamento com a própria telha que por serem muito

flexíveis, permitem uma adaptação perfeita das diversas águas do telhado,

facilitando o acabamento dos espigões, rufos e águas-furtadas. Junto aos

acabamentos também é colocada uma proteção em toda borda da base de

madeira que estiver exposta às intempéries e nos encontros com paredes. Esta

proteção é feita pela BrasiTape, manta autoadesiva impermeável para a

proteção de borda.

Figura 68- Esquema de montagem da telha Shingle.

Fonte: Brasilit editado pela autora, 2017.

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4.4.3 Reservatório d’água

Para o cálculo do reservatório de água do empreendimento foram

consideradas as orientações de Hélio Creder (2006). Primeiramente, calculou-

se a capacidade máxima de pessoas no empreendimento e de funcionários. O

consumo diário adotado foi de 120 litros para os funcionários plantonistas do

estabelecimento, enquanto para os demais foi considerado um consumo de 50

litros por pessoa. Assim, foi feito o cálculo com a média dos funcionários

plantonistas, 6 pessoas, totalizando 720 litros, enquanto o somatório dos demais

foi de 40 pessoas, resultando em 2.000 litros. Dessa forma, tem-se um total de

2.720 litros.

Quanto aos animais, foi adotado um valor para consumo diário, visto que o

livro não aborda médias de consumo para cachorros e gatos. Sendo assim,

adotou-se 50 litros por animal, multiplicado pela capacidade máxima de 60 cães

e 20 gatos, totalizando 4.000 litros.

Somando os valores acima encontrados, temos o consumo diário: 6.720

litros. Ainda se faz necessário o armazenamento de água para mais um dia, ou

seja, o valor para consumo será dobrado: 13.440 litros.

Deve-se ressaltar que não foi necessário a previsão da reserva técnica

para incêndio já que a prevenção será feita apenas por extintores.

Logo, o modelo escolhido para o reservatório foi a torre tubular 1501 da

Faz Forte com capacidade para 15.000 litros. Esta caixa d'água Tubular é feita

em aço carbono de grande qualidade e durabilidade, sendo a pintura externa em

esmalte sintético e pintura interna em Epóxi. Em relação a suas dimensões,

apresenta altura de 9,60 metros e diâmetro de 1,43 metros.

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Figura 69- Torre tublar Faz Forte 1501.

Fonte: Faz Forte, 2017.

4.4.4 Estacionamento

Como visto nos capítulos anteriores, é previsto pela Lei complementar nº

063/2013 uma quantidade mínima de vagas para estacionamentos de acordo

com as vias e as áreas construídas. Para via arterial esta previsão é de 1 vaga

para cada 35m² construídos enquanto a via coletora é de 1 vaga para cada 40m².

Dessa forma, para o cálculo do estacionamento voltado para a Avenida Maria

Lacerda Montenegro, estacionamento 02, tem-se uma área total construída

265,69 m², uma vez que o cálculo foi baseado na área do bloco do Pet Shop,

totalizando 8 vagas. Para a contagem de vagas estacionamento voltado para a

Rua Aníbal Brandão, estacionamento 01, foram utilizadas as áreas construídas

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dos demais blocos com exceção dos canis e gatis somando um total de 817,37

m², necessitando, assim, de uma previsão mínima de 21 vagas.

Nesse contexto, foram colocadas as vagas previstas para os portadores de

necessidades especiais, 2% do total de vagas, e para os idosos, 5% do total de

vagas, totalizando, no estacionamento 02, uma vaga para deficiente e outra para

idoso, ao passo que no estacionamento 01 foi prevista uma vaga para deficientes

e duas vagas para idosos.

Deve-se ressaltar que essas são as previsões mínimas para a colocação das

vagas de estacionamento, assim, no projeto proposto foram adicionadas

algumas vagas em ambos os estacionamentos, resultando em 32 vagas no

estacionamento 01 e 11 vagas no estacionamento 02 (figura 70).

Figura 70- Estacionamento 01 e 02, respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a temática bastante diferenciada, pois é destinada a cães

e gatos, foi possível listar uma série de apontamentos e considerações críticas

sobre a realização deste trabalho.

Inicialmente, destaca-se a carência de bibliografia sobre

estabelecimentos veterinários voltados para arquitetura, o que dificultou a tarefa

de encontrar dados que pudessem auxiliar o entendimento das estratégias

funcionais para a realização do projeto. Sendo assim, os estudos de referência

assumiram extrema importância, pois permitiram a compreensão destes

estabelecimentos de forma mais clara e dinâmica.

Também encontrou-se dificuldade em relação as legislações, decretos,

normas que regem estes tipos de estabelecimentos no estado, uma vez que não

foram localizadas leis a nível regional que aborda estes tipos de

empreendimento. Assim, foram utilizadas como base para a realização do

projeto legislações pertencentes ao estado de São Paulo.

Outro obstáculo encontrado foi a falta de empreendimentos para animais

com princípios humanitários localizados no estado que pudessem servir como

referência para o projeto. Sendo assim, foi necessário entender o funcionamento

de alguns estabelecimentos com alguns serviços similares para que o projeto

final fosse alcançado.

Todavia, apesar dos entraves encontrados, foi possível atingir o resultado

final desejado já que o produto final conseguiu atender adequadamente aos

requisitos técnicos, ambientais e funcionais, além de propor um ambiente ideal

para os animais.

A necessidade de realizar um projeto que atendesse a todos os

parâmetros definidos por leis, normas, códigos, bem como às recomendações

ambientais e humanitárias, proporcionou uma experiência muito rica, já que

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várias subáreas de conhecimento do curso de graduação puderam ser aqui

trabalhadas e expostas na proposta final.

Assim, com a realização deste estudo, foi realmente possível propor um

complexo que proporciona o BEA a partir da implantação dos aspectos

humanitários, melhorando a qualidade de vida não só dos animais, mas também

de seus donos, pois, como dito, os animais vem sendo, cada vez mais,

verdadeiros integrantes da família.

Dessa forma, conclui-se que o trabalho cumpriu seu objetivo inicial de

chegar ao nível de anteprojeto, entretanto, deve-se destacar que para haver a

sua construção de fato será necessário adicionar mais estudos, informações e

detalhes técnicos ao projeto.

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REFERÊNCIAS

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