8/3/2019 Trabalho vida e obra camões

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LUÍS VAZ DE CAMÕES – vida e obra As informações biográficas de Luís Vaz de Camões são relativamente

escassas e pouco seguras, apoiando-se num número limitado de documentos e

breves referências dos seus contemporâneos.Estima-se que Luís Vaz de Camões nasceu em Lisboa, no ano de 1524(século XVI) quando, em Portugal, reinavam D. João III, D. Sebastião e oCardeal D. Henrique e cujo século foi marcado pelo grande movimento culturaldo Renascimento. Também se pode dizer que o tempo de vida de Luís Vaz deCamões corresponde à trajectória da decadência da política Portuguesa.

Não se sabe muit sobre a sua infância, mas pensa-se que, por volta dos12 anos de idade, foi protegido e educado pelo seu tio, que o encaminhou paraCoimbra para estudar.

A tradição diz que Luís de Camões era um aluno indisciplinado mas ávidopelo conhecimento, interessando-se pela história e pela literatura clássica emoderna.

Com cerca de vinte anos foi transferido para Lisboa, antes de concluir osestudos. A sua família era pobre, mas sendo fidalga, pôde ser admitido eestabelecer contactos intelectuais frutíferos na corte de D. João III, iniciando-se na poesia.

Luís de Camões vivia uma vida boémia, frequentando tabernas eenvolvendo-se em confusões e em relações amorosas tumultuosas. Váriasdamas aparecem citadas pelo nome em biografias tardias do poeta, nunca senegando que este tenha amado mais do que uma mulher. Entre elas, porexemplo, falou-se de uma paixão pela Infanta Dona Maria, irmã do rei, audáciaque lhe teria valido um tempo na prisão, e Catarina de Ataíde, que, sendooutro amor frustrado, causou o seu auto-exílio, primeiro no Ribatejo, e depoisalistando-se como soldado em Ceuta, em 1549, onde permaneceu durante doisanos e onde perdeu o olho direito na batalha naval no Estreito de Gibraltar. Em1552 regressou a Lisboa e não tardou em retomar a vida boémia.

Mas mal chegou a Lisboa, Luís de Camões envolveu-se numa rixa ondeferiu Gonçalo Borges, um funcionário da Corte, tendo ficado preso oito meses.

Data do ano seguinte a referida Carta do Perdão, escrita por GonçaloBorges, onde este perdoa o poeta libertando-o da prisão. Mas nesse mesmoano, Luis de Camões partiu para a Índia. Nos anos seguintes serviu no Oriente,

ora como soldado, ora como funcionário, pensando-se mesmo que Camõespode ter estado em territórios da China.

Em 1558 Camões sofreu um naufrágio perto da foz do Rio Mecom, ondeeste perde todos os seus pertences, incluindo uma companheira de origemoriental, mas salvando-se a nado com o seu manuscrito “ Os Lusiadas”.

Em 1560 estava de novo em Gôa e em 1569 partiu novamente paraLisboa, chegando em Abril de 1570.

Dois anos depois o rei D. Sebastião concede a Camões o alvará para apublicação D'Os Lusíadas e, no dia 10 de Junho de 1580 Luís Vaz de Camõesmorre, na miséria.

Diz-se que Luís de Camões era um homem de porte mediano, com umcabelo loiro arruivado, cego do olho direito, hábil em todos os desportos físicose com uma disposição temperamental, custando-lhe pouco a envolver-se em

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confusões. Diz-se também que tinha um grande valor como soldado, exibindocoragem, combatividade, senso de honra e vontade de servir, era um bomcompanheiro nas horas de folga, liberal, alegre e espirituoso quando os golpesda fortuna não lhe abatiam o espirírito e entristecia. Luís de Camões tinhaconsciência do seu mérito como homem, soldado e poeta.

A produção de Camões divide-se em três grandes géneros literários: a

Narrativa, o Lírico e o Drama.Na narrativa destaca-se a obra Os Lusíadas, que é baseada nos poemas

épicos da antiguidade e na sua experiência pessoal, destacando a sua viagemà Índia.

No lírico a sua obra foi apreciada desde cedo. Camões demonstrou o seuvirtuosismo especialmente nas canções e elegias, mas as redondilhas tambémnão ficaram para trás. De facto, foi um mestre nesta forma, dando uma novavida à arte da glosa, integrando nela espontaneidade e simplicidade, umadelicada ironia e um fraseado vivaz, levando à poesia cortesã ao seu mais altonível, e mostrando que também sabia expressar com perfeição e alegria a

descontracção. Os poemas Verdes são os Campos, amor é fogo que arde semse ver, Perdigão perdeu a pena, são alguns exemplos de obras líricas deCamões.

 Amor é fogo que arde sem se ver 

Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Enquanto dramaturgo, Camões escreveu teatro aos moldes de GilVicente (“Auto de Filodemo” e “El-Rei Seleuco”) e aos moldes clássicos(“Anfitriões”), porém, diante da grandiosidade da sua poesia e da produção doscomediógrafos da época, não se pode dizer que produziu obra de granderelevância.