Saramago vida obra

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“Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional

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“Escrever é traduzir.

Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria

língua. Transportamos o que vemos

e o que sentimos para um

código convencional de signos, a

escrita...”

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“...e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação

a responsabilidade de fazer chegar à

inteligência do leitor,

não tanto a integridade da experiência que nos

propusemos transmitir,...”

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“...mas uma sombra,

ao menos,do que no fundo do

nosso espírito sabemos bem ser intraduzível,por exemplo...”

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“...a emoção pura de um

encontro, o

deslumbramento de uma

descoberta,esse instante

fugaz de silêncio anterior àpalavra que vai ficar na memória como

o rasto de um sonho que o tempo não apagará por completo.”José Saramago

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“Muito universo, muito espaço

sideral, mas o mundo

é mesmo

uma aldeia.”José Saramago

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Estamos numa aldeia

chamada Azinhaga,

no Alentejo português,

a região sul do país onde se produzem azeitonas, cortiça

e trigo.

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E nesta pequena aldeia,

modestas plantações

e criação de porcos é o que há para

ser feito.

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Jerónimo e Josefa estão

particularmente felizes hoje, 16 de

novembro de 1922, pois é o dia que viu

nascer o seu mais novo neto,

a quem o destino conferiu o nome de

José Saramago.

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Livros e letras não fazem parte da rotina deste

casal de camponeses,

bem como de tantos

outros vizinhos.As poucas palavras faladas lhes

servem aos propósitos, e o

seu mundo é o quintal

que em breves minutos

percorremos.

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Na primavera de 1924,

os pais de Saramago,

Maria da Piedade e José de Sousa,abandonam o seio do campo e se

mudam para Lisboa,

onde ele conseguiuum novo trabalho como policial do

trânsito.

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Em Lisboa, Maria da Piedade

passa a cuidar dos afazeres

domésticos, e se dedica aos

filhos, Francisco, de quatro anos,

e José Saramago, que conta com

dois anos de idade.

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No mês de dezembro

do mesmo ano em que se mudam para

Lisboa, o filho mais velho

do casal, Francisco,com apenas quatro anos de idade,

morre de broncopneumonia.

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Uma dor que Maria da Piedade

carregará pelo restante

dos seus dias.

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Saramago passa afrequentar a escola

primária na capital, e já é fluente na leitura,

aos oito anos.

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Sua mãe o envia nas férias para Azinhaga,

para o contato com o

campo e com os avós

maternos.

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E nas temporadas que passa na aldeia dos avós,

o pequeno José sente-se feliz como um pássaro livre.

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O contato com a Natureza – a inocência, cheia de beleza e serenidade, das

coisas puras.

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Os peixes que, nadando velozes, mantêm-se,

por vezes, imóveis contra a força da corrente...

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Anos mais tarde, recordará Saramago algumas lembranças do avô Jerónimo:...

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“Recordo daquelas noites mornas de

Verão, quando dormíamos debaixo da figueira

grande, ouço-o falar da vida que teve,

das histórias e lendas

da sua infância distante.”

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“Adormecíamos tarde,

bem enrolados nas mantas por

causa do fresco da madrugada...”

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As lembranças da pequena aldeia

e o tempo passado na companhia dos

avós – as grandes

referências morais e sentimentais na sua vida –

acompanharão o pequeno José

pelosanos e décadas

vindouros.

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O tempo passa e transforma crianças

em jovens adultos.

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Por falta de recursos,

Saramago não chega a concluir

o secundário,trocando os

estudos acadêmicos pelo

curso de serralharia

mecânica numa escola técnica de

Lisboa.

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Aos dezenove anos passa a trabalhar

num hospital, fazendo a

manutenção do maquinário.Com o trabalho a

consumir as horas do dia, cultiva a

rotina de dedicar a noite à leitura.

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Todas as noites, depois de jantar,

vai a pé, apesar da longa distância, até a biblioteca

pública de Lisboa, onde permanece

até a hora de fechar,

lendo tudo o que pode.

São estas leituras as suas aulas, o seu professor,o seu mestre...

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“Como gostava de, um dia, começar a

escrever, afinal, ser um escritor! E ser escritor era

para o jovem José

uma reflexão sobre a vida

e os seus absurdos...”

Sobre esta fase, recordará anos mais tarde:...

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“Guiado talvez pela

beleza da persistência, ainda

que trêmula,de uma daquelas estrelas que vira

no céu na casa do avô

Jerónimo e da avó Josefa, decidiu ser todo uma só vontade,

todo um atrevimento e

lançou-se no voo alto de

escrever...”

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Em 1944, aos 22 anos

de idade, casa-se com a pintora Ilda

Reis,sendo que três anos mais tarde, em 1947, nasce

a filha, que recebe o nome Violante. Neste ano também

publica o seu primeiro

livro, ‘Terra do Pecado’.

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José Saramago, Ilda Reis e a filha Violante, 1951

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Pais e filhos – a convivência gera laços;

no entanto, o amor, a admiração e o carinho necessitam ser

construídos.

Page 32: Saramago vida obra

Leva tempo, atenção e cuidado arar a terra que fecunda

afeição e ternura, respeito e carinho.

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Leva tempo, atenção e cuidado arar a terra que fecunda

afeição e ternura, respeito e carinho.

José Saramago e Violante

às margens do rio

Almonda Azinhaga,

1951

Page 34: Saramago vida obra

“A expressão vocabular humana

não sabe ainda e

provavelmente não o saberá

nunca,conhecer,

reconhecer e comunicartudo quanto é

humanamente experimentável

e sensível.”José Saramago

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“A expressão vocabular humana

não sabe ainda e

provavelmente não o saberá

nunca,conhecer,

reconhecer e comunicartudo quanto é

humanamente experimentável

e sensível.”José Saramago

José Saramago e ViolanteAzinhaga,

1953

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Embora tenha seu primeiro livro,

‘Terra do Pecado’, ignorado pela

crítica,Saramago continua a escrever, tendo diversos contos e

crônicas publicados em jornais e

revistas.

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A sua paixão pela literatura leva-o

a conseguir posições

de certo destaque no meio editorial,

atuando comocolunista, revisor,

tradutor ecrítico literário.

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Com aproximadamente quarenta anos de

idade, seu nome começa

a ser conhecido no

campo da literatura e

cultura em Portugal.

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Saramago passa a ocupar diversas

funções, como coordenador do suplemento de cultura do jornal

‘Diário de Lisboa’, e diretor-adjunto do ‘Diário de Notícias’.

Page 40: Saramago vida obra

Em 1970, Saramago

e Ilda Reis se divorciam.

E em 1975, ao deixar afunção de

editorialista do jornal onde

trabalha,resolve dedicar-se exclusivamente

à literatura.

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Em 1980, aos 58 anos de idade,

Saramago publica o seu segundo

romance, chamado“Levantado do Chão”.

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Desta vez, a acolhida é

bem diferente; a obra é recebida com êxito, tanto

pela crítica, quanto pelo

público, em Portugal.

Page 43: Saramago vida obra

Aos sessenta e poucos

anos de idade Saramago dá início

a uma tardia e improvável carreira

literária.

Os livros que se seguem

nos anos seguintes são igualmente

aclamados pelo país afora.

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Estamos em 1986, Saramago

encontra-se com 63 anos de

idade.Separado, com a

filha já adulta.Realizou o sonho de escrever e ser

lido.Com um sucesso considerável em Portugal , parece

um homem satisfeito com a

vida que lhe fora destinada.

Page 45: Saramago vida obra

“Aos 63 anos de idade, o que

um homem pode ainda esperar da

vida?...”afirmaria numa

entrevista, “Não muito...”.

Page 46: Saramago vida obra

Mas o futuro ainda lhe

reserva algumas

surpresas...

( fim da primeira parte desta

apresentação )

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1986 - Sevilha, Espanha. Uma jornalista espanhola, nos seus

trinta e poucos anos, passeia por uma

livraria à procura de títulos interessantes.

Page 48: Saramago vida obra

Ao passar por uma estante que contém alguns livros separados

para serem devolvidos à editora, se depara com um

título que chama sua atenção.

Page 49: Saramago vida obra

Mesmo sem ter ouvido falar do autor,

ela resolve comprar o livro, sem poder imaginar

as consequências que tal decisão, aparentemente trivial, poderá ter.

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Coincidências da vida, dirão alguns,enquanto outros atribuirão o

ocorrido ao destino, ao acaso, ao inevitável...

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O livro se chama ‘Memorial do Convento’.E a jovem

jornalista que o

acaba de adquirir,

Pilar del Río.

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Blimunda, a

protagonista de ‘Memorial do Convento’,

ocupa um lugar especial dentre

todos os personagens femininos

criados por Saramago.

Page 53: Saramago vida obra

Pilar gosta tanto do livro que compra vários exemplares para

presentear às melhores amigas, comentando sua

grande vontadede conhecer esse homem

capaz de tocar tanto

a alma feminina

através de Blimunda.

Page 54: Saramago vida obra

Ela procura outros livros de Saramago, e diante

da revelação e fascinação sentida

após cada leitura, resolve entrar em

contato com o autor.

Page 55: Saramago vida obra

Pilar recordará mais tarde: “Senti que tinha a

obrigação moral de dizer a José Saramago o que tinha experimentado. Um autor

só acaba a sua obra quando o livro é lido e

entendido. E eu queria

dizer-lhe: completou-se o ciclo, li-o e

entendi.”

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Uma bela tarde, toca o

telefone na casa de

Saramago.Pilar se identifica, dizendo ser uma leitora

e admiradora.Conversam sobre os

livros de Saramago, sobre a literatura,

sobre a vida...

Page 57: Saramago vida obra

E ao fim da conversa,

combinam de se encontrar numa cafeteria

em Lisboa, para uma entrevista

que Pilar propõe realizar para

o jornal em que trabalha.

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Por ocasião do encontro,

aproveitam para passear pela

cidade de Lisboa, e falam de quase

tudo.Depois, ela

retorna para Sevilha.

“Com uma estranha

paz.”

Page 59: Saramago vida obra

No dia seguinte, Saramago retribui a visita de Pilar a Lisboa, enviando-

lhe uma carta, acompanhada de rosas.

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Caminhos que se entrecruzam, vidas prestes a se mudar para

sempre...

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Coincidências da vida, dirão alguns.O destino, o acaso, o

inevitável, afirmarão outros...

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Há quem afirme que as histórias de amor, todas elas, desde o início dos tempos, se

parecem, se repetem.

Page 63: Saramago vida obra

O que muda são os nomes, os detalhes, os corações...

Page 64: Saramago vida obra

As idas e vindas entre Sevilha e Lisboa, onde Pilar e

Saramago residem, respectivamente, passam a se

tornar cada vez mais frequentes.

Page 65: Saramago vida obra

Os 28 anos de vida que separam Pilar, com 34 anos, e Saramago, 63, se tornam um

mero detalhe diante do amor que sentem.

Page 66: Saramago vida obra

Em outubro de 1988 celebram o casamento.

Page 67: Saramago vida obra

Ao lado de Pilar, Saramago inicia o que chama de sua

‘segunda vida’.

Page 68: Saramago vida obra

Saramago observa que aos 63 anos, “quando já não se espera nada”,

encontrou “o que faltava para passar a ter tudo” – Pilar.

Page 69: Saramago vida obra

Ela, espanhola: sonhadora, lutadora, vive a batalha de

mudar o mundo; Ele, português: melancólico, sereno...

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Uma combinação perfeita.

Page 71: Saramago vida obra

Os livros que Saramago

passa a escrever

desde então são

todos dedicados

a ela.

Page 72: Saramago vida obra

“A Pilar, os dias todos”“A Pilar,

até ao último instante...”

“A Pilar, minha casa”

Page 73: Saramago vida obra

Com a mudança para Lisboa, Pilar abandona a carreira jornalística

que exercia na televisão espanhola.

Page 74: Saramago vida obra

É a primeira leitora dos textos de Saramago, e a

tradutora das obras do marido para o

espanhol.

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Em 1991, Saramago publica o livro

“O Evangelho segundo Jesus

Cristo”, onde conta a

história de Jesus de forma moderna, sob um

olhar narrativo que

humaniza Cristo.

Page 76: Saramago vida obra

Em 1992, a Secretaria

de Cultura de Portugal veta a

inscrição do livro na disputa do

Prêmio Literário Europeu,

por considerá-lo “ofensivo para o catolicismo do povo

português.”

Page 77: Saramago vida obra

Em reação a tal veto, que

considera censório, Saramago se muda

de Portugal,

passando a fixar residência na ilha de Lanzarote,

Ilhas Canárias.

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E é em seu escritório em Lanzarote que Saramago

escreve um de seus romances mais conhecidos – “Ensaio sobre a

Cegueira”.

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Escrito em 1995, próximo à virada do milênio, o romance aborda uma epidemia de cegueira repentina que acomete a inteira população de

uma cidade.

Page 80: Saramago vida obra

A cegueira como uma alegoria para o estado

de crise por que passa a atual sociedade,

onde, frequentemente, os limites entre civilização e barbárie

são rompidos. 

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A cegueira como uma alegoria para o estado

de crise por que passa a atual sociedade,

...

A cegueira descrita no livro é uma “cegueira branca”, pastosa, como se alguém tivesse

mergulhado de olhos

abertos num “mar de leite”.

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“Trevas brancas” a anuviar o

olhar daqueles

que, tendo olhos,

não conseguem

(ou se recusam a) enxergar.

Page 83: Saramago vida obra

Uma cegueira por vezes

associada ao avanço

irrefreado do consumismo e

do materialismo,que faz com

que os homens

percam a consciência

de si, se deformem,

se massifiquem

e se barbarizem.

Page 84: Saramago vida obra

Uma cegueira

que promove a

ruptura com a nossa

própria essência –

a compaixão, o cuidado,

a solidarieda

de...

Page 85: Saramago vida obra

“Penso que estamos cegos,

José Saramago

Cegos que vêem,

Cegos que, vendo, não

vêem.”

Page 86: Saramago vida obra

“Se podes

olhar, vê.

Se podes

ver, repara”.

(epígrafe do livro “Ensaio sobre a

Cegueira”)

Page 87: Saramago vida obra

“Somos a memória

que temos e a

responsabilidade que

assumimos. Sem memória

não existimos,

sem responsabilidade talvez não mereçamos

existir.”José Saramago

Page 88: Saramago vida obra

1995 – Saramago recebe o Prêmio

Camões, o mais

importante da literatura da

língua portuguesa.

Page 89: Saramago vida obra

1998 – Recebe o Prêmio Nobel de

Literatura, tornando-se o primeiro autor

da língua portuguesa a

receber a homenagem.

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1998 – Recebe o Prêmio Nobel de

Literatura, tornando-se o primeiro autor

da língua portuguesa a

receber a homenagem.

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Saramago, aos 76 anos de idade, recebe o Prêmio

Nobel das mãos do rei da Suécia.

Estocolmo, 1998

Page 92: Saramago vida obra

Ao receber o prêmio, Saramago inicia seu discurso com uma homenagem

ao avô, o camponês Jerónimo Melrinho, o que também pode ser visto

como uma crítica à pompa das instituições literárias:...

Page 93: Saramago vida obra

“O homem mais sábio que conheci em

toda minha vida não sabia ler nem

escrever...”

Page 94: Saramago vida obra

E passa a discorrer sobre memórias de sua infância, suas fontes de inspiração e formação, e sobre

alguns de seus principais livros e personagens.

Page 95: Saramago vida obra

Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se

uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.

Page 96: Saramago vida obra

Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se

uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.

O público leitor de Saramago multiplica-se.Os livros são traduzidos em 42

línguas, publicados em 53 países, e vendem milhões

de exemplares mundo afora.

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Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se uma nova fase na vida de

Saramago e Pilar.

O público leitor de Saramago multiplica-se.Os livros são traduzidos em 42

línguas, publicados em 53 países, e vendem milhões

de exemplares mundo afora.

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Plateias numerosas, por vezes superiores

a mil pessoas, ouvem avidamente suas palavras.

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“Acho que na sociedade actual nos falta filosofia...”

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“Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar,

e parece-me que, sem idéias, não vamos a parte

nenhuma.”

Page 101: Saramago vida obra

“Falamos muito ao longo destes últimos anos dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de

uma coisa muito simples,...”

Page 102: Saramago vida obra

“...que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro,...”

Page 103: Saramago vida obra

“...que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional.”

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“...que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional.”

“O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas

cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa

perniciosa forma de

cegueira mental...”

Page 105: Saramago vida obra

“...que consiste em estar no

mundo e não ver o mundo ou só ver

dele o que, em cada

momento, for susceptível de

servir os nossos interesses.”

Page 106: Saramago vida obra

“Temos que acreditar nalguma coisa e, sobretudo, temos de ter

um sentimento de responsabilidade

colectiva, segundo o qual cada um de

nós será responsável por todos os outros.”

Page 107: Saramago vida obra

“A prioridade absoluta tem de

ser o ser humano.Acima dessa não

reconheço nenhuma outra

prioridade.”José Saramago

Page 108: Saramago vida obra

E fazendo uso do espaço, da

atenção e notoriedade

conferidos pelo prêmio Nobel,

Saramago denuncia as

injustiças sociais, e

defende com coração e alma as causas que

abraça:...

Page 109: Saramago vida obra

Os cuidados com a infância;

A educação de qualidade;

Os direitos dos povos nativos da América

Latina;O combate à

violência doméstica;

A luta pelo fim dos maus-tratos contra

animais;A questão dos

refugiados;O sofrimento do povo

palestino;dentre tantas outras.

Page 110: Saramago vida obra

Aos oitenta anos de idade,

guarda o vigor juvenil de se

revoltar contra toda injustiça, e não permite que

se morra nele o desejo de mudar o mundo.

O engajamento sempre em prol do

humanismo.

Page 111: Saramago vida obra

“Estou convencido de que é preciso continuar

a dizer não, mesmo que se

trate de uma voz pregando no deserto.”José

Saramago

Page 112: Saramago vida obra

“Estou convencido de que é preciso continuar

a dizer não, mesmo que se

trate de uma voz pregando no deserto.”José

Saramago

Em 2007, aos 85 anos, Saramago é agraciado com

o prêmio “Amigo das Crianças”, concedido pela fundação

‘Save the Children’.

Page 113: Saramago vida obra

Segundo a fundação, o prêmio é um reconhecimento ao grande

empenho na procura de “um mundo melhor em que todas as crianças

tenham esperança e oportunidades”,...

Page 114: Saramago vida obra

...salientando, ainda, o “compromisso ativo pela paz” e o

“apoio continuado às campanhas e projectos relacionados com a

infância e com os mais desfavorecidos”.

Page 115: Saramago vida obra

Dentre os livros de Saramago encontra-se

um dedicado ao público infantil – “A Maior Flor do Mundo”.

Page 116: Saramago vida obra

Foto tirada em novembro de 2005.

Page 117: Saramago vida obra

Pilar é uma companhia constante nos

intermináveis compromissos e viagens.

Page 118: Saramago vida obra

Igualmente defensora de inúmeras causas humanitárias, atua como

confidente, conselheira, tradutora e é quem organiza a agenda do marido.

Page 119: Saramago vida obra

Estão sempre juntos – em Lisboa e Lanzarote

ou pelo mundo – e de mãos dadas.

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Estão sempre juntos – em Lisboa e Lanzarote

ou pelo mundo – e de mãos dadas.Um amor e uma admiração

singulares – a aura envolvente que raros casais

emitem...

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“Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria

muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora.”José Saramago

Page 122: Saramago vida obra

“Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria

muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora.”José Saramago

Em meio às constantes viagens, é na residência

em Lanzarote, com vista para o mar, que

Saramago recompõe as energias e se restabelece.

Page 123: Saramago vida obra

E mesmo com a agenda corrida, ele reserva tempo para escrever ao menos duas páginas diárias – que totalizará um

livro ao fim de um ano, conforme observa.

Page 124: Saramago vida obra

Por diversas vezes,

Saramago e Pilar visitam o Brasil, onde

cultivam muitas

amizades.

Page 125: Saramago vida obra

Jorge Amado, Chico Buarque,

Leonardo Boff, Sebastião

Salgado, Lygia Fagundes Telles

Paulo Freire, Betinho, Frei Betto, entre

tantos outros.

Page 126: Saramago vida obra

A calorosa acolhida dos intelectuais brasileiros também se reflete na

relação de Saramago com o seu público leitor no país.

Page 127: Saramago vida obra

Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão de beijos e abraços que se

seguiram, exclama:...

Page 128: Saramago vida obra

Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão de beijos e abraços que se

seguiram, exclama:...

“Esta gente quer me matar de amor!”

Page 129: Saramago vida obra

Saramago também manifesta um carinho especial pelos

jovens e adolescentes.

Page 130: Saramago vida obra

Frequentemente aceita convites para visitar

escolas, proferir palestras e participar de debates.

Page 131: Saramago vida obra

“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice

pode o que sabe.”José Saramago

Page 132: Saramago vida obra

Saramago, rodeado pela família – foto tirada em 1993, na varanda da casa de

Lanzarote.

Page 133: Saramago vida obra

A filha, Violante,

e o genro, Danilo;

os netos, Ana

e Tiago. Pilar e Juan Jose –

filho do primeiro casamento, (que segura o

cãozinho Camões).

Page 134: Saramago vida obra

Ao mesmo tempo

em que cultiva a conhecida

seriedade,

Saramago também nutre uma notória leveza e um bom-humor constante.

Page 135: Saramago vida obra

Certa vez, declara gostar da seção de quadrinhos dos jornais.“Confesso que

gosto muito do Calvin e do

Hobbes, do Snoopy,

do Garfield,...”

Page 136: Saramago vida obra

“...daquela Mafalda sábia e subversiva, de quem continuo a ser discípulo

fiel.”

Page 137: Saramago vida obra
Page 138: Saramago vida obra

José Saramago

mas cabe nela muito

mais do que somos

capazes de viver.”

“A vida é breve,

Page 139: Saramago vida obra

José Saramago

“Fugir da morte pode tornar-se

num modo de fugir da

vida.”

Page 140: Saramago vida obra

“O homem é o único

animal capaz de chorar.É diante do mar que o

riso e a lágrima

assumem uma

importância absoluta.”

E de sorrir.

Page 141: Saramago vida obra

“Dir-se-á que mais

profundamente a

assumiriam diante do universo,

mas esse, digo eu, está demasiado longe, fora do alcance

duma compreensão comum.”

Page 142: Saramago vida obra

“O mar é o universo

perto de nós.”José Saramago

Page 143: Saramago vida obra

Em 2007, Saramago é hospitalizado durante longos meses, devido a uma

grave doença respiratória.

Page 144: Saramago vida obra

Tão logo se recupera, conclui o livro “A Viagem do Elefante”,...

Page 145: Saramago vida obra

...e faz questão de viajar para o Brasil, aos 85 anos de idade, para o lançamento mundial da obra.

Page 146: Saramago vida obra

...e faz questão de viajar para o Brasil, aos 85 anos de idade, para o lançamento mundial da obra.

A escolha do Brasil para o lançamento

mundial é um presente ao carinho e

amizade dos brasileiros.

Page 147: Saramago vida obra

16 de novembro, 2008, aniversário

de 86 anos.

Page 148: Saramago vida obra

A notória lucidez e a

acuidade da sua reflexão

filosófica permanecem inabaláveis,

contrastando cada dia mais com a saúde

física debilitada.

Page 149: Saramago vida obra

“A vida é como uma vela

que vai ardendo,

quando chega ao fim lança uma chama mais forte

antes de se extinguir.”

Page 150: Saramago vida obra

“Creio que estou

no período da última

chama...”,afirma Saramago diante das crescentes limitações

impostas pela saúde frágil .

Page 151: Saramago vida obra

Janeiro de 2010 – Haiti é sacudido

por um forte tremor, que deixa

milhares de mortos, feridos e desabrigados.

Page 152: Saramago vida obra

Saramago, aos 87 anos de idade,

já não tem a força nem a saúde para

empreender viagem, de modo a levar a sua

solidariedade àqueles que sofrem.

Page 153: Saramago vida obra

Apesar da distância, desde a

ilha de Lanzarote, encontra

um meio de contribuir, e de lançar o seu

incansável apelo para a humanidade.

Page 154: Saramago vida obra

Ele convence sua editora a

publicar uma edição especial do livro “Jangada

de Pedra”, que terá a renda revertida

integralmente em prol do povo haitiano.

Page 155: Saramago vida obra

Mais que um gesto de ajuda,

um sopro de alento, nestes

dias de fria indiferença,nestes tempos tão

desprovidos de compaixão social e

caridade.

Page 156: Saramago vida obra

– Uma ‘Jangada de Pedra’a caminho do Haiti –

“Porque todos temos

uma obrigação.”José Saramago

Page 157: Saramago vida obra

Abril de 2010, a saúde física de Saramago

a tal ponto está debilitada que o seu médico

lhe impõe repouso absoluto.

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O repouso absoluto, observa o médico,

abrange também a escrita, ou seja, Saramago deverá parar de escrever.

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Diante da renúncia derradeira à escrita

que acaba de ser imposta ao esposo, Pilar sente que a recuperação será

um milagre.

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“...enganadora é sim a luz do

dia, faz da vida uma

sobra apenas recortada,só a noite é

lúcida,porém o sono a vence,...”

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“...talvez para nosso sossego e

descanso, paz à alma dos vivos.”

(em ‘O Ano da Morte

de Ricardo Reis’)

José Saramago

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Mês de maio, 2010

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Durante as últimas semanas, Saramago quase não fala, mas ri, e

segue rindo.

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Embora participe dos jantares e cafés da manhã

que Pilar carinhosamente lhe prepara,...

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...parece nutrir outras fomes e outras necessidades,

anseios que a este mundo já não mais pertencem.

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Ele está aqui e não está, mas sorri.

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Ele está aqui e não está, mas sorri.

“...o espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do

corpo,

José Saramago(em ‘Todos os Nomes’)

e o corpo não seria capaz de

mover-se se lhe faltassem as

asas do espírito.”

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No dia 18 de junho,

depois de uma noite serena

e tranquila,Saramago falece na sua residência

em Lanzarote, acompanhado de

Pilar e de sua família, “despedindo-se de

forma serena e plácida.”

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Em se havendo outros mundos,

e havendo lá também

oprimidos e necessitados, estes ganharam

uma voz a defendê-los e

quem se importe com eles...

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estes ganharam uma voz a

defendê-los e quem se importe

com eles...

E em se havendo outros mundos

ainda, talvez lá tenham se reencontrado o pequeno José

e os avós tão amados, Josefa e

Jerónimo.

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“Dentro de nós há uma coisa que

não tem nome,essa coisa é

o que somos.” José Saramago

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Segundo o amigo e teólogo

Leonardo Boff,Saramago cultivava

“a espiritualidade como sentimento

do mistério do mundo, ,

da profundidade humana

e do amor aos oprimidos.”

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Leonardo Boff descreve a tarde

que ele e a esposa, Márcia,

passaram na companhia de Saramago e

Pilar como “um festim

de espiritualidade”.

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“Ganhamos um amigo

e a fé me diz que ele agora

mergulhou naquele Mistério

de amor que sempre buscou.”

Leonardo Boff

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“Quando me for deste mundo, partirão duas

pessoas.José Saramago

Sairei, de mão dada, com essa criança que fui”.

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Formatação: [email protected]

Tema musical:Primeira Parte: ‘Illumination’, White StonesSegunda Parte: ‘Moment musical n.3’, Schubert

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Obrigado, Saramago.

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