Teologia sistemática norman geisler livro 2

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O trabalho Culminante de uma vida inteira dedicada ao estudo e pesquisa. O Dr. Norman Geisler, nesta coleção, trata dos temas mais importantes da teologia sistemática. A Teologia propriamente dita, a Bíblia, a criação, a doutrina de Deus, a Salvação, o Senhor Jesus Cristo, as Últimas Coisas serão tratados de forma clara e muito bem pesquisada, de modo que o leitor tenha um suas mãos, para pesquisa, o fruto de uma vida dedicada à teologia e a defesa da fé cristã.

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  • 1. T e o l o g iaS is t e m t ic aPe c a d o SalvaoA IGREJAAS LT1 MAS COISAS

2. T f1 !-T ra d u z id o p o r M a rc elo G on alves e D eg m ar R ibasI a EdioRio de Janeiro - 2010TEOLOGIAS is t e m t ic aPe c a d o SalvaoA IGREJAAS LTI MAS COISAS 3. Todos os direitos reservados. C o p y rig h t 2010 para a lngua p ortu g u esa da Casa Publicadora dasAssembleias de Deus.Ttulo do original em ingls: Systematic Theology, Volume One and TwoBeth any H ouse Publishers, G rand Rapids, M ichigan, EUAP rim eira edio e m ingls: 2003Prep arao dos originais: Esdras B en th o e A nd erson G ran geoReviso: Esdras B en th o e G u n ar BergT radutores: M arcelo Gonalves e D egm ar RibasCapa: A lexand er DinizA daptao de p ro je to grfico e E d itorao: Osas F. M acielCD D: 2 3 0 -Teologia Sistem ticaISBN: 978-85-263-0980-7As citaes bblicas fo ram extradas da verso A lm eida Revista e Corrigida, edio de 1995, daSociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em co n trrio .As citaes bblicas assinaladas pela sigla AEC referem -se a A lm eida Edio Contempornea (So Paulo:Sociedade Bblica do Brasil/Vida, 1990).As citaes bblicas assinaladas pela sigla BJ referem -se a A B blia de Jeru salm , N ova Edio, Revistae A m pliada (So Paulo: Paulus, 2010; T erceira Im presso, 2004).As citaes bblicas assinaladas pela sigla NTLH referem -se a N ova Traduo na Linguagem de H oje(B aru eri: Sociedade Bblica do Brasil, 2000).As citaes bblicas assinaladas pela sigla NVI referem -se a N ova Verso Internacional (So Paulo: Vida,2001).As citaes bblicas assinaladas pela sigla RA referem -se a A lm eida Revista e A tualizada (B arueri:Sociedade Bblica do Brasil, 2002).Para m aiores inform aes sobre livros, revistas, peridicos e os ltim os lanam entos da CPAD,visite nosso site: h ttp :w w w .cpad.com .br.SAC Servio de A tend im ento ao Cliente: 0800-701-7373Casa Publicadora das Assembleias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, BrasilIa edio: 2010 4. C o m o o clm ax e a sntese de dcadas de ensino e escritos de N orm an Geisler, estaobra inestim vel despertar o interesse de todos que apreciam abordagens filosficas,histricas e apologticas da Teologia. Explicaes e definies de term os-ch ave to rn a messe texto acessvel para u m a am pla gam a de leitores, com eand o pelos estudantesque iniciam na Teologia. Im pressionante no seu flego e nos detalhes, os tpicos soapresentados de m an eira lgica que estim ula tan to o aprendizado quanto dissem inaodo con h ecim en to adquirido. Estam os diante de u m a obra enciclopdica, que contmprolas incontveis escondidas em u m texto agradvel. E tu do isso reunido em u m a scapa.G ary R. Haberm asM estre da Universidade LibertyEm nossa poca, so raros os estudiosos que respondem s objees de crticose cticos co m a percia do Dr. N orm an Geisler. Para ns, felizm ente, ele apresenta asevidncias bblicas e a anlise lgica dos tem as de m aneira clara e precisa, que lh e ajudarm u ito bem no seu estudo das doutrinas bblicas.D r. Jo h n F. A nkerbergPresidente do In stitu to de Pesquisas Teolgicas A nkerbergOs m elh ores telogos so aqueles que tam bm se destacam na Filosofia. S queneste caso, logicam ente, n em sem pre conseguim os com preend er exatam ente o que elesesto querendo dizer. N orm an G eisler tem o dom singular de ser ao m esm o tem po umfilsofo e u m telogo que lida com conceitos profundos n u m a m aneira que o h om emsimples consegue com preend er com facilidade. C onseqentem en te, esta teologiasistem tica no ficar som ente n a escrivaninha dos estudiosos, mas tam bm na dopastor, e freqentar tam bm a m esa de caf de m u itos leitores leigos.Dr. Paige PattersonPresidente do Sem inrio Teolgico Batista do Sudeste dos E.U.A. Em u m a era que co lo ca a sua nfase na especializao, N orm al G eisler u m exem plode pessoa que apresenta a rara e preciosa habilidade de reun ir as trs reas necessrias parase exercer a Teologia Sistem tica: form ao filosfica m inuciosa, facilidade nas diversascategorias de teologia, e a capacidade de fazer a exegese do texto bblico. No con h eon in g u m que re na estas trs capacidades m e lh o r do que ele, e o V olum e 1, ju n ta m en tecom os demais, fru to de u m a vida de labor nestes cam pos. E, quando estas habilidades secom binam co m a excelncia que G eisler apresenta co m o u m com unicad or, o resultado verdadeiram ente m arcan te. Estou m u ito feliz em , finalm en te, ver esta Teologia Sistemticaser colocada disposio da igreja.J. P. M orelandD istinto M estre em Filosofia, Faculdade de Teologia Talbot, Universidade deBiola Tendo sido grand em ente beneficiado com o estudo da Teologia sob a orientao doProfessor N orm an G eisler h cerca de vinte anos, desejei por algum tem po ver sua vasta 5. pesquisa teolgica com pilada n a fo rm a de u m a Teologia Sistem tica. C o m a publicaodeste prim eiro volu m e, o m eu desejo est se torn and o realidade! Para as pessoas quevalorizam o pensar m inucioso, a lgica firm e, a ju sta ponderao e as perspectivasteolgicas aguadas, esta teologia sistem tica se con stitu i em leitu ra indispensvel. D r. R on Rhodes Presidente do M inistrio R easoning F rom S crip tu res 6. SUMRIOVOLUME TRS: PECADO E SALVAOP a rte I: H u m a n id a d e e P eca d o (A n tr o p o lo g ia e H a m a r tio lo g ia )Captulo U m : A O rigem dos Seres H um anos ............................................................................... 11Captulo Dois: A N atureza dos Seres H u m a n o s............................ ............................................... 37C aptuloTrs: A Origem do P eca d o ................................................................................................... 65C aptuloQ uatro: A N atureza do P e c a d o ......................................................................................... 83C aptulo Cinco: Os Efeitos do P e c a d o ..............................................................................................103C aptulo Seis: A D errota do Pecado ..................................................................................................131P a rte II: S a lv a o (S o te r io lo g ia )C aptuloSete: A Origem da S alv ao ...............................................................................................157C aptuloOito: As Teorias da Salvao .............................................................................................177C aptuloNove: A N atureza da S a lv a o .........................................................................................195C aptuloDez: As Evidncias da S a lv a o ....................................................................................... 229C aptuloOnze: O A lcance da Salvao (Expiao Lim itada ou Ilim itada) ...................... 263C aptuloD oze: O A lcance da Salvao (U n iv ersa lism o )......................................................... 301Captulo Treze: A Exclusividade da Salvao (Pluralism o) .....................................................321C aptuloQ uatorze: Os Efeitos da Salvao (Infantes e Pagos) ............................................339Captulo Q uinze: A Condio para a Salvao ........................................................................... 375Captulo Dezesseis: O Teor da S a lv a o ..........................................................................................427A p n d icesApndiceU m : A vida hu m ana com ea m esm o na concepo? ...........................................453ApndiceDois: Ser que a vida hu m ana com ea na fixao do vulo no te r o ? .........459ApndiceTrs: A D upla P red estin a o ...........................................................................................465ApndiceQuatro: Ser que Jesus era descendente fsico de A do?....................................... 469ApndiceCinco: O Perfeccionism o W esleyano ............................................................................473B ib li o g r a f ia ...............................................................................................................................................487 7. PARTEUMHUMANIDADE E PECADO(ANTROPOLOGIAE HAMARTIOLOGIA) 8. A ORIGEM DOS SERES HUMANOSCon form e analisam os no V olum e 2, todos os telogos evanglicos crem que os prim eiros seres hu m anos foram criados d iretam ente por Deus. Tendo isto emm ente, con cen trar-n o s-em os nas condies originalm ente criadas para Ado e Eva, nasquais oco rreram tan to a tentao com o a Queda. Tudo isso servir com o preparao docenrio para um a abordagem da origem da alm a de cada ser h u m an o segundo Ado,bem co m o servir com o con texto para a com preenso da depravao in eren te herdadapela hum anidade, desde a poca da Criao.AS CONDIES ORIGINAIS NA CRIAO Deus absolutam ente p erfeito1e, conseqentem ente, sua criao tam b m foi perfeita.Moiss declarou: Ele a R o ch a cu ja obra perfeita (D t 32.4). Davi acrescentou: Ocam in h o de D eus p erfeito (2 Sm 22.31). Jesus disse: Sede vs, pois, perfeitos, com o perfeito o vosso Pai (M t 5.48). Nada m enos do que a perfeio pode vir de u m Serabsolutam ente perfeito, e prprio de u m ser perfeito criar som en te coisas perfeitas, jque os efeitos carregam a im agem da sua Causa.2A BASE BBLICA PARA O ESTADO ORIGINAL DE INOCNCIA E PERFEIO D e acordo com Gnesis 1-2, Ado e Eva foram criados em to tal inocncia. No havian e n h u m tipo de m alcia na sua natu reza ou no am biente onde eles foram inseridos. Elesno se envergonhavam (G n 2.25), e ainda no con h eciam o bem e o m a l (3.5). Emsum a, alm de no con h ecerem n e n h u m tipo de culpa por qualquer tipo de pecado, elestam b m eram inocentes co m relao ao pecado. A lm disso, m esm o a tentao do sereis co m o Deus, sabendo o b em e o m a l (G n3.5) im plica que eles no con h eciam o m al antes de carem . N a verdade, foi som ente aodegustarem o fru to proibido que: foram abertos os olhos de am bos, e co n h eceram queestavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais (3.7). De acordocom o Novo Testam ento, pela desobedincia, Ado e Eva se to rn aram pecadores (R m5.12; 1 T m 2.14) e tro u xeram condenao sobre si m esm os e sobre toda a sua posteridade:1 Vide volume 2, captulo 4. 2 Cf. Tiago 1.17; vide tambm volume 2, captulo 18, sob o ttulo A Naturezada Humanidade. 9. 12 # TEOLOGIA SISTEMTICAPor u m a s ofensa veio o ju zo sobre todos os h om ens para cond enao (R m 5.18).3Antes disso eles eram ilibados.Um Estado de Virtude e Retido A lm de serem inocentes, sem m alcia, Ado e Eva eram m o ra lm en te virtuososem fu n o do estado em que foram criados, pois D eus os dotou de perfeio m oral.Salom o escreveu: Vede, isto to -som en te achei: que Deus fez ao homem reto, mas ele buscoum uitas invenes (Ec 7.29).4 A palavra hebraica para designar r e to yashar, e significaretido, honestidade, ou integridade; ela a m esm a palavra utilizada em conexoco m ju s to (D t 32.4), re to (J 1.1), e p u ro (J 8.6). C onseqen tem ente, yashar nod enota m eram en te a ausncia de maldade, mas tam bm a presena da bondade nose trata, sim plesm ente, da ausncia de vcio, m as a presena real da virtude. Existem duasvises bsicas a respeito da origem deste estado de pureza na criao.A Viso Sobrenatural Jo n ath an Edwards (1703-1758) sustentou que este estado original teria sido u m estadode graa sobrenatural no qual Ado foi criado antes da Queda, m as que em funo dopecado foi perdido: A histria [de Gnesis 1-3] nos leva a su por que o pecado de A do, no que diz respeito ao fru to proibido, foi o primeiro pecado co m etid o . E este n o p od eria ter o co rrid o , caso, at aquele m o m e n to , ele n o tivesse sem pre sido perfeitam en te ntegro ntegro desde o prim eiro m o m e n to da sua existncia; e, co n seq en tem en te, n o tivesse sido criado, ou trazido existncia, de fo rm a ntegra. [A lm disso], em u m agente m o ral, sujeito s obrigaes m orais, a m esm a coisa, ser perfeitam en te inocente e ser perfeitam en te integro. Precisa ser a m e sm a coisa, p orq u e n o p od e m ais haver u m m e io -te rm o en tre p ecad o e integridade, ou en tre estar certo e estar errado, n u m sentido m o ral, da m esm a fo rm a que n o pode h aver tam b m u m m e io -te rm o en tre ser re to e ser to r to , n u m sentido n a tu ra l. ( W JE , 1.178) Tom s de A quino (1225-1274) e os seus seguidores na Igreja catlica tam bmsustentavam o m esm o p o n to de vista, ou seja, que a retido original no era natu ral, massobrenatural. U m erudito catlico afirm ou que foi necessrio que D eus transm itisse a3Como j vimos, a palavra antropologia, que significa estudo dos seres humanos, vem, em parte, do vocbulogrego anthropos, que normalmente ocorre (na Bblia) nas suas formas original ou derivativa. Apesar de algumastradues coloquem unilateralmente as variaes de anthropos como hom em ou homens (por exemplo,em Romanos 5.18, conforme acima), existem outros exemplos bblicos onde anthropos se refere a um serhumano (independente do gnero) ou a pessoas (de ambos os gneros). Nos lxicos especializados, isto amplamente confirmado; por exemplo, Harold K. Moulton define anthr como um ser humano, um posindivduo [metaforicamente], o homem interior (Analytical Greek Lexicon Revised {lxico Grego AnalticoRevisado} (Grand Rapids.- Zondervan, 1993, 77-78). Com relao aos usos soteriolgicos de anthropos, aspessoas que defendem que esta palavra, em todas as suas formas, sempre e somente significa homens ficamobrigados a sustentar que Deus deseja salvar somente indivduos do sexo masculino.4Todos os grifos naspassagens foram acrescentados pelo autor. 10. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS13Ado esta retido sobrenatural na criao a fim de proporcionar u m rem dio para estadoena ou langor da natu reza hu m ana, que surge da natu reza da organizao m aterial(citado por Shedd, H CC, 1.143).O conh ecid o telogo reform ad o W illam G. T. Shedd (1820-1894) criticou esta visocom o u m a relquia da idia gnstica acerca da m atria (ibid., 1.147), e a rejeitou pois,se assim o fosse, D eus teria criado o h o m em j em estado de pecado (ibid., 1.148).5A Viso Natural Shedd argum entava que este estado de perfeio n a criao era natural, ou seja,a prpria natu reza com a qual D eus criara Ado era m o ra lm en te reta e perfeita. Eleobservou que a m esm a palavra (hebraico: yashar) utilizada por D eus para se referir a J:Este era h o m em sincero, reto e tem en te a Deus; e desviava-se do m a l (J l . l ) . 6A ju stia original est contida n a prpria idia de u m h o m em que foi criado pelasm os do Criador. Ela parte do seu dote de criao, e de nada precisa ser acrescentada.A obra do Criador perfeita, e no precisa de n e n h u m a espcie de aperfeioam ento, (op.Cit. 1.145)Em sum a, de acordo com a viso natu ral, com o Deus perfeito, Ele incapaz de criarum a criatura im perfeita. Logo, o estado natu ral de Ado e Eva, desde o m o m en to dacriao, era, necessariam ente, de perfeio.Um Ambiente PerfeitoA lm de um a natu reza perfeita, Ado tam bm recebeu u m am biente perfeito. Noden no havia pecado, aquele lugar era u m paraso de bondade. D eus o havia criado(G n . 2.8ss), e tudo o que D eus criou era m u ito b o m (G n 1.31).No den no havia n e n h u m a im perfeio m o ral (ou m etafsica); em todos os sentidosaquele era um lugar, sem m culas. No havia n e n h u m a tendncia ao m al por parte deAdo, e nada de ru im acerca do am biente ao seu redor. A criao no estava su jeito corru p o, da fo rm a co m o ficou depois da Q ueda (R m 8.22). No havia m o rte no gneroh u m an o (R m 5.12) e tan to a natu reza in tern a quanto extern a eram absolutam enteperfeitas.Um Estado de Domnio No estado original da criao, a hum anidade no era serva da natu reza, mas exerciaseu sen horio sobre ela. O h o m em n o era escravo do seu brao forte; ao contrrio, anatu reza lhe servia, pois ela estava su jeito hum anidade. D eus disse aos seres hum anos:Enchei a terra, e sujeitai-a; e dom inai sobre os peixes do m ar, e sobre as aves dos cus, esobre todo o anim al que se m ove sobre a te rra (G n 1.28).5 contraditrio se propor que Deus deu a Ado a retido sobrenatural na criao e ao mesmo temposugerir que havia uma doena ou langor da natureza humana. 6Entretanto, a justia de Ado era original;J, apesar de ser reto e sincero, viveu depois da Queda. O fato de J se desviar do m al demonstra que eletinha conscincia do mal, o que Ado, de acordo com Gnesis, no tinha. 11. 14 # TEOLOGIA SISTEMTICAUm Estado de Responsabilidade MoralTudo isso no significa que Ado no precisaria prestar contas a nin g u m queestivesse acim a dele. Na verdade, ele estava em estado de subordinao, pois E ordenouo SEN H O R Deus ao h om em , dizendo: De toda rvore do jardim com ers livrem ente,mas da rvore da cincia do bem e do m al, dela no com ers; porque, no dia em que delacom eres, certam en te m o rrer s (G n 2.16-17). D eus lh e havia dado u m a ordem , e Adotin h a a responsabilidade de obedecer ao Criador. C o m o sabem os, foi exatam ente nesteponto que Ado falhou, de m aneira m iservel (G n 3.1ss; cf. R m 5.12-21; lT m 2.14). Ado estava livre no sentido em que suas aes fo ram autodeterm inadas;7 D eus faloude m aneira bastante especfica: De toda rvore do jardim com ers livremente (G n 2.16).Quando Ado escolheu desobedecer esta ordem , D eus o considerou culpado, com aseguinte pergunta: C om este tu da rvore de que te ordenei que no comessesl (3.11). Aspalavras grifadas claram ente indicam que houve um ato de autod eterm inao (cf. v. 13).Tu fizeste isso, disse Deus. P ortan to, tu tam bm sers responsvel pelo teu ato, sustentouo Criador. N ingum m ais fez com que Ado e Eva com etessem o pecado, n e m m esm oo prprio Diabo, que foi o au to r da tentao. Assim a natu reza autod eterm inad a daliberdade.8O bviam ente, estas pessoas perfeitas em u m paraso perfeito no estavam livres deum intru so im perfeito. Satans, u m arcan jo decado, havia se rebelado con tra o Criador,levando consigo u m tero dos anjos do cu (Ap 12.4, 9). Atravs do engano astuto, ogrande enganador persuadiu Eva e, por seu interm dio, Ado desobedincia contraD eus (R m 5.19; 1 T m 2.14). Por u m a deciso livre e no-coagida das suas vontades, ocasal perfeito no paraso perfeito caiu n a im perfeio e ju n to co m eles todo o m undoveio tam bm abaixo. A sua desobedincia gerou a m o rte e a destruio (R m 5.12-21;8.20-23). E im p ortan te salientarm os que Ado e Eva no fo ram seduzidos a m en tir, a fraudar,a roubar ou a am aldioar. Na verdade, a sua natu reza m o ral era perfeita; logo, eles noeram vulnerveis a este tipo de tentao. O mandamento que Deus lhes deu para no comeremdo fruto proibido no fo i uma ordem para se afastarem daquilo que fosse intrinsecamente mau. Eles notin h am qualquer problem a com este tipo de coisa, pois estavam protegidos pelo seuestado ntegro e virtuoso. A sua vulnerabilidade estava no teste que teriam de enfrentar: Ser que elesobedeceriam simplesmente porque aquilo lhes havia sido dito? assim que Deus disse? foi u m a das arm adilhas que eles en fren taram por parte doDiabo (G n 3.1). A sua responsabilidade m o ral para com D eus dizia respeito a u m ob jetoque era m o ralm en te n eu tro. Deus poderia ter dito, por exem plo: No co lh a n en h u m am argarida do jard im . P ortanto, co m o j estudam os, a questo no era do pecado serin eren te substncia que eles to caram ; a ten tao do pecado foi no sentido de seduzi-los a desafiar D eus e, p o steriorm en te, to rn arem -se conscientes do m al que representau m a escolh a feita em oposio sua vontade. Nenhum mal interior ou exterior os levou atransgredir. Som en te u m uso grosseiro da liberdade, erron eam ente exercido, desencadeoua obedincia e as suas lgubres conseqncias.Aqui, talvez, esteja a soluo de u m p roblem a espinhoso: Se Ado e Eva tivessemcom etid o ou tros pecados antes de co m er o fru to proibido, ser que estas outrastransgresses teriam antecipado a Queda? A resposta para isso pode m u ito bem estar no7Vide captulo 3, adiante. 8 Ibid. 12. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS15fato de lhes ser im possvel pecar em outras questes, ju stam en te por terem sido criadosperfeitos. C ertam en te Satans tam bm lhes teria tentado nestas outras questes, seisto lhes fosse possvel, m as no existe qualquer indicao de que isto te n h a ocorrido. Em u ito mais provvel que som en te a desobedincia quele com ando especfico de Deusdesencadearia a Q ueda e precipitaria toda a criao na m o rte e no desastre. A BASE TEOLGICA PARA O ESTADO ORIGINAL DE INOCNCIA E PERFEIOA condio perfeita do estado originalm ente criado deriva da natu reza de D eus com oum ser absolutam ente perfeito. O argu m ento segue a seguinte linha:(1) D eus um ser absolutam ente perfeito.(2) U m ser absolutam ente perfeito incapaz de produzir um a criao im perfeita.(3) Logo, a criao original foi feita n a perfeio.Deus um Ser absolutamente PerfeitoC om o est questo j foi dem onstrada em ou tra parte desta obra,9som ente reverem oso esboo da idia. A base bblica para a perfeio m o ral de D eus pode ser encontrada emdiversas passagens.Ele a R o ch a cu ja obra perfeita, porque todos os seus cam inhos ju zo so; Deus a verdade, e no h nele in ju stia; ju sto e reto (D t 32.4). O cam in h o de Deus perfeito [...] D eus a m in h a fortaleza e a m in h a fora, e ele perfeitam ente desem baraao m eu cam in h o (2 Sm 22.31). Tens tu notcia do equilbrio das grossas nuvens e dasm aravilhas daquele que perfeito nos con h ecim entos? (J 37.16). O cam in h o de Deus perfeito; a palavra do SEN H O R provada (SI 18.30). A lei do SEN H O R perfeita erefrigera a alm a (SI 19.7). O SEN H O R, tu s o m eu Deus; exaltar-te-ei e louvarei o teunom e, porque fizeste m aravilhas; os teus conselhos antigos so verdade e firm eza (Is25.1).Sede vs, pois, perfeitos, co m o perfeito o vosso Pai, que est nos cus (M t 5.48).Q uando vier o que perfeito, ento, o que o em parte ser aniquilado (IC o 13.10).[Aquele] a quem anunciam os, adm oestando a todo h o m em e ensinando a todo h om emem toda a sabedoria; para que apresentem os todo h o m em perfeito em Jesus C risto (C l1.28). Toda boa ddiva e todo d om perfeito vm do alto, descendo do Pai das luzes, emquem no h m udana, n em som bra de variao (T g 1.17). Na caridade, no h tem or;antes, a perfeita caridade lana fo ra o te m o r (1 Jo 4.18).A base teolgica para a perfeio de D eus tam b m pode ser fundam entada por outroraciocnio. Por um lado, o nosso co n h ecim en to do im perfeito im plica u m parm etrodaquilo que Perfeito por excelncia; porque no se pode saber o que no perfeito seno souberm os o que Perfeito, preciso haver u m Perfeito (D eus). D a m esm a form acom o no se pode saber se u m crcu lo falho, a no ser que se saiba o que u m crculopreciso, as im perfeies m orais tam bm no podem ser detectadas se no possuirm osalgum conceito de perfeio m oral.A lm disso, sendo Deus u m Ser m o ral, conclui-se, a partir de trs dos seus atributosm etafsicos, que Ele precisa ser m o ra lm en te perfeito. O raciocnio apresenta a seguinteconcluso:9 Vide volume 2, captulo 14. 13. 16#TEOLOGIA SISTEMTICA(1) A natureza de Deus moralmente perfeita.(2) Deus infinito, imutvel e necessrio pela sua prpria natureza.10(3) Logo, Deus moralmente perfeito de forma infinita, imutvel e necessria.Um Ser absolutamente Perfeito Incapaz de Produzir uma Criao ImperfeitaComo j verificamos, esta premissa est fundamentada em princpios de analogia ecausalidade, que j foram defendidos anteriormente.1 De forma breve, o efeito precisa1guardar semelhana com a causa na sua atualidade, mas no na potencialidade.1 Assim, 2se o Criador faz algo com perfeio moral, Ele tambm precisa apresentar as mesmascaractersticas que transmitiu coisa criada, pois uma causa no pode transmitiruma perfeio que no possui, nem pode compartilhar daquilo que no tem paracompartilhar.Contudo, ao contrrio da Causa de todas as coisas, o efeito precisa ser limitado eleprecisa ter potencialidade para ser/ou no ser algo diferente do que ele , seja de formaacidental ou substancial.1 Assim, apesar do efeito ser similar sua causa no que tange3 sua atualidade, ele pode ser divergente nas suas potencialidades e limitaes, j que Deus Pura Atualidade.A BASE HISTRICA DO ESTADO ORIGINAL DE INOCNCIA E PERFEIOOs Pais da Igreja PrimitivaIreneu (c. 125-c. 202 d. C.)Ireneu defendia que Deus no concedeu a perfeio absoluta humanidade somente Deus seria absolutamente perfeito. Ado era finitamente perfeito, entretanto ele nofoi testado nesse respeito. Dessa forma, Se [...] qualquer pessoa disser: Qual o problema? Ser que Deus no poderia ter apresentado o homem como um ser perfeito desde o princpio? Que esta pessoa saiba que como Deus , na verdade, no gerado e imutvel no que diz respeito a si mesmo, todas as coisas lhes so possveis. Mas as coisas criadas precisam ser inferiores quele que as criou, a partir do simples fato da sua origem posterior; pois no possvel que coisas recentemente criadas no tenham sido criadas. Todavia, justamente por terem sido criadas, elas no atingem um estado de perfeio [absoluta]. (AH, 1.4.38.2). No princpio, Deus tinha o poder de conceder perfeio [absoluta] ao homem; mas como este ltimo havia somente sido criado recentemente, no existe a possibilidade de ele a ter recebido, ou mesmo que a tivesse recebido, no a poderia ter contido, ou se a contivesse, no poderia t-la retido, (ibid.)1 V id e v o l u m e 2 , c a p t u l o s 3 - 5 . 0 1 V id e v o l u m e 1, c a p t u l o 7 - 9 p a r a m a i o r e s d e t a l h e s .11 V id e v o l u m e 2 ,2c a p t u l o 2. 13 U m ser que se torna a lg o d ife re n te daquilo que e x e m p lifica u m a m u d a n a su b sta n cia l; u m ser q u e rece b e algod iferen te d aq u ilo q ue te m u m e x e m p lo de m u d a n a acid en tal. V id e ta m b m o v o lu m e 2, c a p tu lo 4, sob os a rg u m e n to sde T om s de A q u in o e m defesa da im u ta b ilid a d e d e D eus. 14. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS17Tefilo (c. 130-190d.C.)Tendo Deus completa a criao dos cus, da terra, do mar e de tudo o que neles h, nosexto dia, Ele descansou no stimo dia, de todas as obras que havia feito [...] e depois deformar o homem, Deus separou para ele um local situado na regio do Oriente, comexcelente luminosidade, com uma atmosfera viva, com uma rica variedade das melhoresplantas; e ali o colocou. (TA in Robert e Donaldson, ANF, II.2.19)Os Pais Eclesisticos MedievaisOs grandes telogos da Idade Mdia corroboravam com a idia da perfeio de Adoa partir do momento da criao. Agostinho se apresenta como um caso marcante:Agostinho (354-430 d. C.)A natureza humana, na verdade, foi primeiramente criada sem mcula e sem pecado;mas esta natureza de homem, da qual todos nascem a partir de Ado, agora, deseja ummdico, porque no est mais s. (ONG, 3)Da mesma forma, afirmamos que no existe um bem imutvel alm do verdadeiro ebendito Deus; que as coisas feitas por Ele so, na verdade, boas por sua causa, pormmutveis porque no feitas a partir dele, mas a partir do nada. (CG, 12.1)Anselmo (1033-1109 d. C.)O homem tendo sido feito em santidade e foi colocado no paraso [...] por assim dizer, nolugar de Deus, entre Deus e o Diabo, para conquistar o Diabo por meio da resistncia tentao, e assim vingar a honra de Deus e envergonhar o Tentador, porque este homem,mesmo sendo mais fraco e habitando neste mundo, no deveria pecar, mesmo diante datentao do Maligno. (CDH, LXXII)Toms de Aquino (1225-1274) Isto tambm fica claro a partir da prpria integridade do estado original, em virtude do qual, apesar de continuar em sujeio a Deus, as foras inferiores do homem estavam sujeitas s superiores, e no se constituam em impedimento sua ao. E a partir daquelas que precediam, fica claro que, no que concerne ao seu prprio objeto, o intelecto sempre verdadeiro [...] Portanto, fica claro que a retido do estado original era incompatvel com qualquer fraudulncia do intelecto.O paraso era um lugar adequado para o homem no que diz respeito incorruptibilidadedo estado original. S que esta incorruptibilidade foi concedida ao homem, no de formanatural, mas por um dom sobrenatural da parte de Deus. Portanto, para que ela pudesseser atribuda graa de Deus, e no natureza humana, Deus criou o homem fora do paraso, e s depois ali o colocou para viver o perodo completo da sua vida terrenal; para, depois de alcanar a vida espiritual, ser transferido dali para o cu. (ibid., Ia. 102.4)Os Lderes da ReformaMartinho Lutero (1483-1546) A imagem de Deus, na qual Ado foi criado possua uma beleza e uma nobreza supremas. A lepra do pecado no contaminava nem a sua razo, nem a sua vontade, mas todos os 15. 18 TEOLOGIA SISTEMTICA seus sentidos eram puros, interior e exteriormente. O seu intelecto era muito claro, sua memria muito boa e a sua vontade muito sincera. A sua conscincia era tranqila e segura, sem nenhum medo da morte e sem preocupaes. Somando-se a estas perfeies interiores, estava tambm a fora corporal bela e suprema em todos os seus membros, com a qual ele sobrepujava todas as outras criaturas viventes na natureza. Pois, creio firmemente que antes do pecado, os olhos de Ado eram to ntidos e sua viso to aguada que ele superava o lince e a guia. Ado tambm superava em fora os lees e os ursos, que so animais fortes, da mesma forma que lidamos hoje em dia com pequenos ces. (WLS, 878) Se quisermos falar de filsofos de destaque, falemos ento dos nossos primeiros pais enquanto eram puros e no-contaminados pelo pecado. Pois eles tinham o conhecimento mais perfeito de Deus. E, na verdade, como eles no conheceriam aquele cuja imagem eles j tinham sentido em si mesmos? (ibid., 1046-47)Joo Calvino (1509-1564) A nossa definio de imagem para ser incompleta fique bem claro em quais faculdades o homem atinge excelncia, e em quais ele deve ser considerado como espelho da glria divina. Isto, entretanto, no pode ser conhecido de melhor forma do que se fazendo o uso do remdio providenciado para a corrupo da natureza. No se pode duvidar que quando Ado perdeu o seu estado original, ele se tomou alienado de Deus. Portanto, embora saibamos que a imagem de Deus no foi completamente erradicada, nem completamente destruda no ser humano, ela foi, contudo, to corrompida, que tudo o que restou no passa de uma terrvel deformao; e, dessa forma, a nossa libertao se inicia com esta renovao que obtida por intermdio de Cristo, que , portanto, chamado de segundo Ado, porque Ele quem nos restaura para a integridade substancial e verdadeira. (ICR, LXVV)Os Mestres Ps-ReformaJa c Armnio (1560-1609) O homem, tendo sido posto em um estado deintegridade, caminhava em passos confiantes no caminho dos mandamentos de Deus; por este ato desagradvel ele colidiu ou ofendeu a prpria lei, e decaiu do seu estado de inocncia (Rm 5.15-18) [...] o homem cometeu este crime, depois de ter sido ali colocado em um estado de inocncia e adornado por Deus com dons to excelentes quanto o conhecimento de Deus, a justia e a verdadeira santidade. [Gn 1.26-27; Cl 3.10; E4.24] (WJA, 1.485) Apesar de haver tantas condies para no se pecar, especialmente no ato em si, o homem no se absteve deste pecado [Gn 2.16-17], (ibid.)Charles Hodge (1797-1878) Na imagem moral de Deus, est includa na justia original: (1) a harmonia perfeita e a subordinao devida de tudo aquilo que constitui a sua razo; suas afeies e apetites sua vontade; o corpo era o rgo obediente da alma. No havia rebelio da parte sensual contra a parte racional da sua natureza, tampouco qualquer tipo de desproporo 16. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS (# 19entre ambas que demandasse um controle ou equilbrio por parte de outros dons ouinfluncias; (2) E alm deste equilbrio e harmonia da constituio original do homem,a perfeio moral na qual ele se assemelhava a Deus, inclua tambm o conhecimento, ajustia e a santidade. (ST, 11.99)Shubert Ogden (1928j [...])Em certo sentido, claro, a Teologia protestante sempre foi crtica acerca desta distino,da forma como ela compreendida e empregada pelos telogos catlicos. A Ortodoxialuterana e a reformada rejeitaram a doutrina da justia original como um donumsuperadditum. Os reformadores alegavam que se afirmssemos que o nosso estado naturalera imperfeito, entraramos em choque com Gnesis 1.31 (Schmid: 158; Heppe: 190-191).Contudo, o entendimento dos telogos catlicos acerca dos dons originais que Deus osconcedeu aos seres humanos; eram naturais e no excluam a possibilidade de se tratar arevelao de Deus em Jesus como sobrenatural. Pois mesmo estes dons naturais podemser chamados de sobrenaturais, medida que esto acima da natureza corrompida pelopecado e no so restaurados, salvo pela graa sobrenatural [Heppe: 191] (OT, 33). TRS PONTOS DE VISTA ACERCA DA ORIGEM DA ALMA HUMANAOs cristos tm tido trs pontos de vista bsicos acerca da origem da alma. O prim eiro,a viso da pr-existncia, a qual foi, subseqentem ente, considerada hertica, u m a vezque contradiz o ensinam ento claro das Sagradas Escrituras acerca da criao dos seresh u m an o s.1 O ponto de vista da pr-existncia apresenta duas variantes: a platnica (no -4criada) e a crist (criada). A prim eira serve co m o pano de fundo para a com preenso dasegunda.Duas Formas de Perspectiva da Pr-existnciaA Viso da Pr-existncia No-criadaDe acordo com Plato (c. 427-347 a.C .), a alm a do ser h u m an o no intrinsecam enteim ortal, contu d o ela tam bm etern a (vide P); ela nu nca foi criada, mas parte integrantedo m u nd o etern o que existe parte de D eus (os D em iurgos). T al qual o co rre com om u nd o das Form as eternas (das Idias) proposto por Plato, tam bm existem , segundoo m esm o filsofo, alm as eternas que existem em virtude da A lm a Csm ica, a qualanim a todas as coisas. Antes do nascim en to, supostam ente, estas alm as entrariam emu m corpo (n o ventre de u m a m u lh e r) e se en ca rn a m em u m corpo h u m an o. Assim,os seres hum anos so, essencialm ente, alm as eternas que habitam tem p orariam en te emcorpos fsicos. Assim se apresenta a viso da pr-existncia, e os problem as co m ela seagrupam em trs categorias: (1) ela no bblica, (2) ela no cientfica e (3) tam bm no filosoficam ente consistente.Primeiro, a Bblia declara de fo rm a clara que os seres hum anos foram criados, tan to ocorpo, quanto a alm a.1 E, se foram trazidos existncia em u m determ inado m o m en to 5no tem po, pode-se afirm ar que no existiam na eternidade passada.1 O s o u tro s so: o p o n to de vista da criao e o traduciano, os quais ser o d ora v a n te exp licad os. 4 15 V id e v o lu m e 2, ca p tu lo s18-19. 17. 20# TEOLOGIA SISTEMTICA Segunda, as evidncias cientficas indicam que a vida individual se inicia naconcepo.16 Terceiro, um nmero infinito de momentos algo impossvel, j que o momentopresente o final de todos os momentos que o antecederam, e uma srie infinita demomentos no pode apresentar fim (vide Craig, K C A ). Assim, nenhum ser humano(temporal) pode ser eterno.A Viso da Pr-existncia CriadaA viso da pr-existncia criada, sustentada por alguns pais da igreja ps-apostlica,apresenta muitas semelhanas com o ponto de vista de Plato. Orgenes (c. 185-C.254d.C.) e at mesmo Agostinho (na sua juventude) acreditavam que a alma existia antesdo nascimento, com a diferena de que em vez de possuir existncia independente da suacriao na eternidade, ela teria sido criada por Deus, desde a eternidade. Ao insistir nacriao, os aderentes da viso da pr-existncia criada esperavam preservar a dimensocrist da viso platnica, mas, apesar disso, foram condenados como hereges. Agostinhocorretamente reverteu esta ligao errnea com o Pr-encarnacionismo na sua obraRetractions (Retraes); pois a Bblia declara que os seres humanos tiveram um comeo(cf. Gn 1.27; Mt 19.4).A Perspectiva da Criao: A Alma Foi Criada Diretamente por DeusDepois de abordarmos as duas formas insustentveis de viso da pr-existncia, restam-nos ainda duas outras perspectivas bsicas, defendidas pelos telogos ortodoxos, acercada origem da alma humana depois da criao original. A primeira o Criacionismo, aoqual examinaremos neste momento, e a segunda o Traducionismo, que veremos maisadiante.A essncia do Criacionismo, a respeito da alma humana, que Deus cria diretamenteum novo indivduo para todas as pessoas que nascem neste mundo. Apesar do corpode cada novo ser humano ser gerado pelos seus pais por intermdio de um processonatural, a alma sobrenaturalmente criada por Deus.Vrios autores cristos tm defendido o momento desta criao direta da alma emdiferentes pontos do desenvolvimento do corpo humano. Existem vrias vertentesacerca deste tema:A Criao da A lm a na ConcepoA maior parte dos cristos evanglicos que defendem a viso criacionista sustentaque a criao da alma por Deus ocorre no momento da concepo. Existem evidnciasbblicas e cientficas a favor desta posio.As Evidncias BblicasDavi escreveu: Eis que em iniqidade fui formado, e em pecado me concebeu minhame (SI 51.5). Jesus foi o Deus-homem a partir do momento da concepo, pois o anjodeclarou: Jos, filho de Davi, no temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nelaest gerado do Esprito Santo.1 V id e apn d ice 1. 6 18. A ORIGEM DOS SERES HUMANOSf| 21As Evidncias CientficasA cincia m o d ern a nos proporcionou u m a jan ela para o ventre fem inin o. C om oresultado, h oje em dia as evidncias so mais claras do que nunca: o incio da vidaindividual (da alm a h u m ana) dar-se no exato m o m en to da concepo (fertilizao).Primeiro, constitu i-se n u m fato gentico o fato de um vulo h u m an o fertilizado sercem por cento hu m ano. A partir daquele exato m o m en to , toda a inform ao genticaj est presente naquela vida, e nada mais se acrescenta do m o m en to da concepo ata m o rte do indivduo.Segundo, todas as caractersticas fsicas daquela vida j esto contidas n o cdigo genticopresente n a concepo. Terceiro, o sexo daquela criana j determ inado no m o m en to da concepo. Quarto, u m vulo fem inin o apresenta vinte e trs crom ossom os; u m esperm atozidem ascu lino, ou tro vinte e trs; u m ser h u m an o n o rm al apresenta quarenta e seiscrom ossom os. No exato m o m en to da concepo, quando o esperm atozide m asculinose un e com o vulo fem inin o, surge u m novo ser h u m an o m in scu lo com quarenta eseis crom ossom os. Quinto, do m o m en to da concepo at a m o rte, nada mais acrescentado, salvoalim ento, ar e gua.Sexto, e ltim o, Jerom e Lejeune, geneticista m u nd ialm en te renom ado (1925/[...])declarou:Aceitar o fato de que depois da fertilizao ocorrer, um novo ser humano formado,no mais uma questo de gosto ou opinio. A natureza do ser humano, a partir daconcepo at a idade avanada, no se trata de controvrsia metafsica, mas sim, fruto deevidncias claras experimentais. (Conforme citado por Geisler e Beckwith, MLD, 16)Criao da Alma na Fixao do vuloO utros escritores cristos sustentam que a alm a criada n o m o m en to em que ovulo fertilizado se fixa ao tero. A base para isto , supostam ente, o fato de que gm eosidnticos podem oco rrer at o estgio em brionrio (duas sem anas ou quatorze dias depoisda concepo); logo, parece no ser plausvel se falar de u m indivduo h u m an o ondeexiste a possibilidade de se haver dois. Neste caso, teram os que considerar, por exem plo,que o indivduo original (o zigoto) m o rre quando ele se to rn a dois gm eos. A lm disso,argum enta-se que experim entos em ovelhas e cam undongos, os quais, a exem plo dosseres hu m anos, tam bm tm gestaes intra-u terin as, m ostram que no existe u m serindividual antes do trm in o da fixao do vulo n o tero .1 Todavia, existem boas razes 7para se rejeitar esta conclu so.18Criao da Alma depois da ImplantaoToms de Aquino, seguindo os passos de Aristteles (384-322 a.C.), colocou a criao daalma logo aps concepo. Ele argumentou que apesar da alma animal ter sido geradapelos pais, a alma racional,1 na qual reside a humanidade da pessoa, no se forma antes 9dos quarenta dias para os indivduos do sexo masculino e dos noventa dias para os dosexo feminino (CSPI, Dist. III, Art. II).1 C o m o j v im os, n o s seres h u m a n o s is to se d q u a to rz e dias depois da c o n c ep o . 1 V id e a p n d ice 2 p a ra m a io res 78exp licaes.19 R e je ita m o s esta d iferen cia o . 19. 22 $ TEOLOGIA SISTEMTICAEsta viso se baseava em um modelo aristotlico antiquado da biologia. Esteconceito no tinha qualquer base cientfica, tampouco escriturstica. Ele motivode constrangimento tanto para os catlicos como para o movimento a favor da vidaem geral, j que se fosse verdadeiro, um vulo fertilizado, inicialmente, no seriaverdadeiramente humano e estaria, portanto, sujeito ao aborto nas primeiras semanasdepois da concepo. A maior parte dos telogos catlicos est convencida de que Tomsde Aquino teria repudiado esta viso ps-fixao se tivesse tido contato com os fatoscientficos que hoje nos esto disponveis (vide Heaney, AHC in H LR , 63-74).A Criao da Alma no Momento da Animao Alguns telogos especulam que Deus no cria a alma humana at momentos antesde um beb comear a se mexer no tero da me. Isto, entretanto, baseia-se em umateoria cientfica desatualizada bem como em um entendimento inadequado da alma. (Aalma era considerada o princpio do automovimento; logo, quando a vida comeava ase mexer no tero, a me considerava que Deus havia colocado uma alma nela.)A Criao da Alma no NascimentoPor ltimo, alguns cristos argumentam em defesa da viso de que as almas humanasindividuais so criadas no nascimento. Para isso, eles apresentam dois argumentosprincipais:Primeiro, a vida humana designada biblicamente a partir do nascimento (cf. Gn5.1ss).Segundo, Ado no era humano at que comeou a respirar, como declara Gnesis 2.7:E formou o SENHOR Deus o homem do p da terra e soprou em seus narizes o flegoda vida; e [ento] o homem foi feito alma vivente (grifo acrescentado).Respondendo a estes argumentos em ordem invertida, Ado foi, na verdade, umcaso atpico, j que foi criado diretamente por Deus. Contudo o fato de ele no ter setornado humano antes de respirar, no decisivo para concluirmos quando a vida deum indivduo inicia-se, isto, pelas vrias razes a seguir:Primeiro, Ado no foi concebido, nem nasceu como os outros seres humanos; comoj observamos, ele foi criado diretamente por Deus.Segundo, o fato de Ado no ter sido humano antes de comear a respirar no serve deprova para o momento em que a vida humana inicia-se, da mesma forma que o fato deleter sido criado j adulto no prova tambm que a vida humana no comea enquantono atingimos a idade adulta.Terceiro, a respirao em Gnesis 2.7 (hebraico: ruach) denota a origem da vida (cf. J33.4). Isto indica, portanto, que a vida comeou quando Deus concedeu a vida a Ado, e nosimplesmente porque Ado comeou a respirar. A vida humana foi mais tarde concedida sua posteridade na fertilizao ou concepo (Gn 4.1).Quarto, os animais apesar de respirarem, no so pessoas (Gn 7.21-22). Obviamente, arespirao, por si mesma, no era o fator determinante da humanidade de Ado.Quinto, falando pela tica da medicina, muitas pessoas que, em algum momentoda vida, deixam de respirar mais tarde, so reanimados e retornam vida (ou acabamvivendo com o auxlio de equipamentos). O ser humano no nascido no pode ser visto(sem o uso de instrumentos) no tero e, portanto, no faz parte da cena social at onascimento. 20. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 23-Sexto, se a respirao fo r equiparada presena da vida h u m an a, ento, a perda darespirao significaria a perda da hum anidade. Todavia, a Palavra de D eus ensina que oser h u m an o continu a a existir m esm o depois que a respirao esvaice (Fp 1.23; 2C o 5.6-8;Ap 6.9). Stimo, e por ltim o, as Sagradas Escrituras j falam da existncia de vida h u m an a notero m u ito antes da respirao iniciar, ou seja, desde o m o m en to da concepo (SI 51.5;M t 1.20).C o m relao ao argu m ento de que a vida hu m an a designada na Bblia a partir don ascim ento [Gn 5.1ss], deve-se observar que os versculos que tratam da respirao nofalam do incio da vida hu m an a, mas sim plesm ente da ocorrncia da prim eira manifestaodo ser (quando o ser h u m an o com ea a respirar). Estas passagens tratam do incio davida observvel, no do incio da vida em si m esm a. M esm o nos tem pos bblicos, as pessoassabiam que um beb j estava vivo no tero da m e (cf. Lucas 1.44). O nascim ento noera visto com o o co m eo da vida hu m an a, m as sim plesm ente co m o o com eo ou osurgim ento a estria h u m ana da vida neste m u nd o n atu ral visvel.A Viso Traducionista: A Alma E Criada indiretamente por Intermdio dos Pais O term o traducionista te m sua origem no vocbulo latino tradux, que significa ram ode um a videira. Ao ser aplicado origem da alm a, segundo os traducionistas, a palavrasignifica que cada novo ser h u m an o u m ram o que sai dos seus pais, isto , tan to aalm a, quanto o corpo so gerados pelo pai e pela m e. Em resposta viso criacionista(a qual defende que D eus cria cada vida nova diretam ente no tero), os traducionistas(ou traducianos) observam , prim eiram ente, que a criao s foi com pletada no sexto dia(G n 2.2; D t 4.32; M t 13.35) e que D eus agora est em descanso e nada m ais criou depoisdaquele m o m en to (Hb 4.4). A lm disso, os traducionistas observam que as evidnciascientficas indicativas do incio da vida h u m an a (da alm a) so claras: a vida surge naunio en tre o esperm atozide e do vulo dos pais, sendo prim eiram en te concebida notero, fo rm and o u m indivduo com p leto. Por fim , o Traducianism o aponta que a viso criacionista no explica a heranado pecado original.20 C ertam ente, u m Deus perfeito no criaria u m a alm a decada,tam p ou co podem os aceitar a idia gnstica21 de que o con tato de u m a alm a pu ra co m ocorpo m aterial (no ventre m a tern o ) precipita a sua Queda. A explicao mais razovel que tan to a alm a quanto o corp o decados so gerados n atu ralm en te a partir dos nossospais. RESUMO E CONTRASTE DOS TRS PONTOS DE VISTA BSICOSApesar de tanto os criacionistas quanto os traducionistas acreditarem que Deus quem cria todas asalmas, os criacionistas afirm am que Ele faz isto d iretam ente no tero m atern o , ao passoque os traducionistas insistem que Ele faz isto de fo rm a indireta por interm dio dospais. Especificam ente falando, o Criacionism o defende que apesar de cada novo corpoh u m an o ser gerado pelos pais, cada nova alm a hu m an a diretam ente criada por Deus.A viso da pr-existncia, originada em Plato, declara que todas as almas existiamantes do m u nd o ser criado que elas so eternas e no-criadas. N um a variante deste20 Para saber m ais a resp eito da h e ra n a do p eca d o o rig in a l, vide ca p tu lo s 3 e 5. 2 O G n o s ticis m o defen d ia a c re n a1e rr n e a d e q u e to d a a m a t ria seria in e re n te m e n te m . 21. 24 0TEOLOGIA SISTEMTICAmodelo ideolgico, alguns pais da igreja acreditavam que cada alma havia sido criadapor Deus antes do incio deste mundo e, mais tarde, antes do nascimento, entravaem um corpo. Todavia, diferentemente da viso platnica e das outras vises no-crists, Orgenes e o Agostinho inicial,2 por exemplo, no acreditavam que havia a 2reencarnao da alma depois da morte (vide Geisler e Amano, RS). As trs concepesbsicas podem ser resumidas conforme a tabela a seguir:TRS PONTOS DE VISTA ACERCA DA ORIGEM DA ALMA HUMANAPr-existncia Criacionismo Traducionismo Momento da Desde a() Na concepo Originalmente Criaoeternidade (2) Na fixao doem Ado,(Plato) vulo fecundadoinstrumentalmente (3) Depois dapor intermdio dosAntes da criao fixao23pais.do mundo (4) Na animao(Orgenes) (5 ) No nascimento Papel de DeusNenhum (Plato)Ele cria Ele cria corpo cada alma, e alma por individualmente. intermdio dos pais Papel dos Pais Nenhum papel naCausa ocasionalCausa instrumentalcriao da almada almatanto da almaCausa eficiente do Causa eficiente do quanto do corpo 24corpocorpo Natureza do0 homem uma0 Homem uma0 homem Homemalma.alma.uma unidade de0 homem tem um 0 homem tem um alma+corpo.25corpo. corpo. Natureza daSimples/ Simples/ Unificada Alma HumanaIndivisvelIndivisvel(regenervel)(no-regenervel)(no-regenervel) Imagem deSomente na almaSomente na almaNa alma e no Deus corpo26 Imortalidade Somente da almaSomente da almaDa alma e docorpo2722 A lg u m a s das idias p o sterio re s de A g o stin h o c o n tra r ia m as suas p o si es iniciais. Isto ser m ais e x te n s a m e n te e sclarecid oe m c a p tu lo s su b seq en tes. 23 Q u an d o a a lm a ra c io n a l criada. 24 V e ja v o lu m e 1, c a p tu lo s 6 e 10 p a ra saber m ais sob reos tip os de c au sas.25 A lgu n s tra d u cio n ista s so in co n siste n tes e n o p e rc e b e m estas im p lic a e s l gicas n o seu p o n tode vista,26 Ibid. 27 Ibid. 22. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 25 ProponentesJustino Mrtir Toms de AquinoW. G. T. Shedd cristos Orgenes Charles HodgeAgostinhoAgostinho Inicial PosteriorLewis S. Chafer EVIDNCIAS A FAVOR DO PONTO DE VISTA TRADUCIONISTAAs evidncias a favor da concepo traducionista da origem da alm a bblica, teolgicae cientfica. O cen tro do ponto de vista traducionista que a vida h u m an a (a alm a) podeser transm itida pelos pais aos seus filhos.As Evidncias Bblicas a Favor do Traducionismo28 Primeiro, desde o princpio, m ach o e fm ea so considerados um a s espcie, os doiscom partilhavam da vida h u m a n a (G n 1.26). Segundo, tanto o m ach o quanto a fm ea, e no s o m ach o , ambos foram cham adosgenericam ente de A do (5.1-2). Terceiro, Eva foi criada a partir de Ado, e no de fo rm a separada (2.21-22). Quarto, a criao estava com p leta desde o princpio (2.1-3), e Deus entro u em descansodaquele m o m en to em diante (Hb 4.4). Quinto, a Bblia fala da unidade entre m ach o e fm ea (1 C o 11.8), com o u m tendovindo do outro.Sexto, Eva cham ada de m e de todos os viventes (G n 3.20) u m ttu lo adequado,som en te se todo o restante da vida h u m an a tiver sido gerado a partir dela.Stimo, Ado teve filhos conform e a sua im agem (5.3, cf. 1.26)o que faz sentido som entese a sua vida tiver sido verdadeiramente transm itida a eles por gerao natural.Oitavo, a palavra carne (em grego: sarx) pode significar pessoa inteira co m u m co rp o (Jo 3.6; cf. 1.14; A t 2.17; R m 3.20) e no som ente a transm isso de u m corpo fsico (co m oargu m enta a viso criacionista da origem da alm a).Nono, de fo rm a sem elhante, em R om anos 1.3, carne, que vem da gerao fsica, som entese refere toda a nossa hum anidade e no som en te ao corpo.Dcimo, Atos 17.26 nos in form a que todos so descendncia de D eus a partir de Ado,feitos sua im agem , e tornados u m m esm o sangue, por interm dio dos processosnaturais de procriao.Dcimo-primeiro, Hebreus 7.10 nos ensina que Levi estava nos lom b os de Abrao e veioa existir co m o descendente de Abrao por interm dio da procriao de seus antecedentesabram icos. 29Dcimo-segundo, o Salm o 139.13-16 nos revela que a nossa substncia pessoal, a qualtranscende o cam po fsico, foi gerada no tero m atern o , por interm dio de um processon atu ral e ordenado por Deus.Dcimo-terceiro, o corpo dentro do tero d enom inado de pessoa em muitaspassagens (por exem plo, J 10.10; SI 22.9-10; Jr 1.5). A lm disso, pessoa mais do que oaspecto fsico da hum anidade.30 Dcimo-quarto, R om an os 5.12 diz que por u m h o m e m [Ado] todos pecaram . Istosugere que os descendentes de Ado herdaram a m esm a natu reza pecam inosa de seuancestro.28A m a io r p a rte deste a rg u m e n to pode ta m b m ser e n co n tra d a n a o b ra D o g m a tic T h e o lo g y [Teologia D o gm tica] de W illiamG . T . S h ed d (N ew York: C h arles S c rib n e rs S o n s, 1894, 2 .19ss. 29A bro fo i u m an cestral de Levi. 30V ide c a p tu lo 2. 23. 26 #TEOLOGIA SISTEMTICA Dcinuhquinto, 1 Corntios 15.22-27 afirma que todos os seres humanos eram um emAdo.Dcimo-sexto, Efsios 2.3 deixa claro que todos nascemos com uma natureza pecaminosa, ecorpos desprovidos de alma no podem pecar.Dcimo-stimo, o Salmo 51.5 declara que fomos concebidos em pecado, algo impossvel sema existncia de uma alma humana no momento da concepo.Dcimo-oitavo, e por ltimo, Jesus considerado como aquele que saiu das entranhas deDavi (1 Rs 8.19 BJ)31, indicando uma ligao gentica por intermdio da sua me.32Evidncias Teolgicas a Favor do TraducionismoExistem vrias verdades teolgicas que so bem explicadas pela viso traducionista daorigem da alma.Primeiro, a Bblia fala da imputao (atribuio) de pecados de Ado para toda a suaposteridade (Rm 5.13,18). extremamente difcil interpretar isto em qualquer sentido real dotermo se a natureza pecaminosa no for transmitida por meio de algum processo natural.3 3Segundo, o fato de sermos nascidos com uma inclinao natural para o pecado (Ef 2.3; Jo3.6) favorece a viso traducionista. Terceiro, a universalidade do pecado apia o Traducionismo, pois se o pecado no forherdado por todos no nascimento, por que a Bblia afirmaria que todos nascemos empecado? Quarto, e por ltimo, a unidade corprea e incorprea da natureza humana3 tambm 4favorece o Traducionismo, j que faz sentido se pensar que corpo e alma, juntos, sotransmitidos dos pais para os filhos atravs da concepo.Evidncias Cientficas a Favor do TraducionismoLembrando que alma (hebraico: nephesh e grego: psychE) significa vida, e que uma vidahumana uma alma humana, as evidncias cientficas de que uma vida humana (uma alma)comea no momento da concepo so slidas.35Primeiro, fato cientfico que a vida humana individual (com um DNA exclusivo) passadaadiante pela gerao natural, dos pais para o filho.Segundo, a clonagem produz o mesmo tipo de vida sem uma nova criao. Logo, apossibilidade da clonagem humana serve de apoio ao Traducionismo.Terceiro, por analogia, as almas humanas, como a alma dos animais,3 tambm so6passadas adiante, da parte dos pais, para a sua descendncia.Quarto e ltimo, como os seres humanos representam uma unidade psicossomtica,3 o7corpo no passa de uma parte, e no representa a totalidade da pessoa. Como j vimos, fazsentido que ambos sejam passados adiante em conjunto, dos pais para os filhos. RESPONDENDO S OBJEES AO PONTO DE VISTA TRADUCIONISTA Muitos questionamentos j foram feitos contra o paradigma traducionista. Contudo,como veremos, nenhum deles representa uma refutao definitiva.Objeo Nmero Um Baseada em Deus como o Pai dos EspritosEsta objeo est fundamentada em Hebreus 12.9, que diz: No nos sujeitaremosmuito mais ao Pai dos espritos, para vivermos? Considera-se que esta expresso, Pai31 C o n fo rm e a B b lia de Jeru sa lm .32 V id e ap n dice 4.33 V id e ca p tu lo s 3 e 5. ^Vide c a p tu lo 3 p a ra u m a defin io ,ex p lica o e a nlise d etalh ad as. 35V id e ap n d ice 1. 36V id e c a p tu lo 2, sob o ttu lo A A n a lo g ia c o m os A n im a is. L em b re-se q u e (a cim a ) ns n e g a m o s a su p o sta d iferen a e n tre a lm a a n im a l e a lm a r a c io n a l. 37 V id e c a p tu lo 3. 24. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS

atans,9 j que os pecadores so seus escravos, a m aioria dos estudiosos ortod oxos rejeitaesta posio, insistindo que o pagam ento de C risto pelo pecado foi feito a Deus, porque : pecado nos to rn a devedores diante dele.1 Sem este pagam ento, que no poderia ser 0reito por ns e que Cristo realizou em favor de toda a hum anidade, ns jam ais seriam ossaivos.A MediaoC om o Salvador, C risto o nosso mediador. A palavra hebraicayakach em pregada um avez no Antigo Testam ento (J 9.33): No h entre ns rbitro [mediador] que p onha a m osobre ns am bos. U m a palavra grega utilizada para mediar, mesias, aparece seis vezes (C l3.19-10 em referncia a Moiss; Hb 8.6; 9.15; 12.24 em referncia a Cristo; e 1 T m2.5: Porque h u m s D eus e u m s m ediador en tre D eus e os hom en s, Jesus Cristo,h o m em [cf. Jo 10.9]).Existem trs aspectos da m ediao de Cristo: (1) com o profeta (Hb 1.2ss), Elerepresenta D eus aos hom en s; (2) co m o Sacerdote (Hb 9.15), Ele representa o h o m em aDeus e (3) co m o Rei (SI 2), Ele reina sobre os h om en s por parte de Deus.A RegeneraoA palavra grega para se referir regenerao paliggenesia, que significa regen erao,"ren ascim en to, ou renovao espiritual. Paliggenesia utilizada duas vezes no NovoTestam ento (M t 19.28 com referncia renovao m essinica e em T ito 3.5 para sereferir salvao). Em T ito ela fala da transm isso da vida espiritual alma: [Deus nos salvou] no pelas obras de justia que houvssemos feito, mas, segundo a sua misericrdia, nos salvou pela lavagem da regenerao e da renovao do Esprito Santo. A regenerao transm isso da vida espiritual, por parte de Deus, s alm as daquelesque estavam m o rto s em ofensas e pecados (E f 2.1) e que foram salvos trazidosnovam ente vida por Deus pela f em Jesus Cristo (E f 2.8). A Fonte da regenerao Deus, o resultado da regenerao a filiao; o meio daregenerao o Esprito Santo; e a durao da regenerao eterna:>ide captulo 8. 1 Vide adiante, sob o ttulo Expiao Sacrifical (Substitutiva). 0 191. 200 $TEOLOGIA SISTEMTICAMas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aosque crem no seu nome, os quais no nasceram do sangue, nem da vontade da carne,nem da vontade do varo, mas de Deus. (Jo 1.12-13)Porque todos sois filhos de Deus pela f em C risto Jesus (G1 3.26). Idias paralelasso expressas em vrias passagens bblicas.110 Novo Nascimento Nascer de novo ou nascer do alto so expresses paralelas regenerao. O novo n ascim ento o ponto no qual u m a pessoa m o rta em ofensas e pecados (E f 2.1) recebe a vidaespiritual. Jesus disse: O que nascido da carne carne, e o que nascido do Espirito esprito. No te m aravilhes de te ter dito: Necessrio vos nascer de n o v o (Jo 3.6,7).Pedro acrescenta que fom os: De novo gerados, no de sem ente corruptvel, mas daincorru ptvel, pela palavra de Deus, viva e que p erm anece para sem pre (1 Pe 1.23; cf.Jo 1.13; 1 Jo 3.9; 4.7, 5.1, 4, 18). Esta idia foi expressa no A ntigo T estam en to por Ezequielquando ele falou que Deus daria u m novo corao a Israel, caso o povo se arrependesse(Ez 11.19).A Adoo Adoo (n o grego: huiothesia) significa colocar co m o filh o; ela significa, literalm ente,um filho legal (Ex 2.10). O term o utilizado cinco vezes nas pginas do NovoT estam en to.1 Teologicam ente, adoo (G1 4.5) se refere ao ato de Deus que coloca um a 2pessoa co m o filho, dentro da fam lia de D eu s.1 Adoo u m term o de posio pelo qual 3nos to rn am os filhos por interm dio do novo nascim en to (Jo 1.12,13), som os redimidosdas am arras da lei (G1 4.1-5) e, em bora sejam os som ente crianas (grego: teknion) som os,por adoo, tornados filhos adultos (grego: huos), o que ficou m anifesto na ressurreiodo corpo (R m 8.23; cf. 1 Jo 3.2).A Reconciliao U m a palavra grega utilizada para reconciliao katalasso, que significa recon ciliarou trazer ju n to (cf. M t 5.23,24). Katallasso utilizada cinco outras vezes no NovoT estam en to.14O utro term o utilizado para expressar a idia de reconciliao katallage, que significatrazer ju n to . Katallaga utilizada quatro vezes.15Por estarem alienados de Deus pelo pecado, os seres hum anos decados necessitamde reconciliao com Ele.E tudo isso provm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deuo ministrio da reconciliao, isto , Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,no lhes imputando os seus pecados, e ps em ns a palavra da reconciliao. De sorte que1 T ais c o m o Ez 37.1-10; M t 17.11; Jo 1.13; 3.6-7; A t 3.21; R m 8.21; 1 C o 15.27; 1 Pe 1.3, 23; 1 Jo 2.29; 3.9; 4.7; 5.1, i , 18; A p 21.1. 11 Huiothesia: R m 8.15, 23 ac e rc a da re ssu rrei o ; 9.4 a ce rca de Israel; G 1 4.5; E f 1.5. 2 1 Lon ge de ser u m a d ep recia o3das m u lh e re s , G latas u m a d ecla ra o re v o lu c io n ria d a sua igu aldade e liberdade (cf. 3 .26-29). H R m 5.10 [duas vezes];1 C o 7.11 - a c e r c a do c a sa m en to ; 2 C o 5.18-20. 15 R m 5.11; 11.15 a ce rca dos g e n tio s; 2 C o 5.18-19. 192. A NATUREZA DA SALVAO # 201 somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por ns rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus. (2 Co 5.18-20) Existem dois lados na reconciliao: o lado objetivo, o potencial que Cristo conquistoupara toda a hum anidade (v. 19), e o lado subjetivo, pelo qual ns verdadeiram ente nosreconciliam os com D eus (v. 20). E tam bm digno de n o ta que D eus no est reconciliado conosco; ns estam osreconciliados com Ele. D eus no se m ovim en ta em relao ao pecador; mas o pecador sem ovim en ta em relao a Ele. T an to a alienao, quanto a reconciliao so m encionadasem Colossenses 1.20,21, que u m a fabulosa expresso do significado da salvao: [Era propsito de Deus que], por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que esto na terra como as que esto nos cus. A vs tambm, que noutro tempo reis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras ms, agora, contudo, vos reconciliou.O PerdoA palavra grega equivalente a perdo aphesis, que significa perdoar ou re m ir ospecados de algum . O livro de Hebreus declara que Deus no pode perdoar sem queh aja expiao, pois quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; esem derram am ento de sangue no h rem isso (9.22). Paulo anunciou: que por esteJesus] se vos anuncia a rem isso dos pecados (A t 13.38). O perdo no apaga o pecado-, ahistria no pode ser m odificada. Mas o perdo apaga o registro do pecado. Tal qual ocorrecom u m indu lto, o crim e do acusado no elim inado da histria, mas apagado da suaconta. Logo, Em [Cristo Jesus que] tem os a redeno pelo seu sangue, a rem isso dasofensas, segundo as riquezas da sua graa (E f 1.7; cf. Cl 1.14).A JustificaoA justificao o ato pelo qual som os declarados ju stos diante de Deus, em borasendo in ju stos por ns m esm os. Vrias palavras gregas descrevem o ato da justificao.Dikaios significa ju s to ou re to ; ela utilizada para se referir aos seres h u m anos (M t1.19; 5.45; 9.13, etc.), a Cristo (A t 3.14; 7.52; 22.4; R m 5.7). a D eus (R m 3.26) e salvao(R m 1.17; G1 3.11; Hb 10.38).Dikaiosyne (ju stia) pode se referir j ustificao prtica,1 ou a j ustificao posicionai.16 7A Teologia Sistem tica se refere a ela neste segundo sentido.Dikaioo significa ju stificar ou justificado. Esta palavra, s vezes, se refere a Deus(Lc 7.29; R m 3.4), a C risto (1 T m 3.16) ou salvao.1 R om anos 4.2-5 um a passagem8fundam ental:Porque, se Abrao foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas no diante deDeus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abrao em Deus, e isso lhe foi imputado comojustia. Ora, quele que faz qualquer obra, no lhe imputado o galardo segundoa graa, mas segundo a dvida. Mas, quele que no pratica, porm cr naquele quejustifica o mpio, a sua f lhe imputada como justia.:e M t 3.15; 5.6, 10; 6.13-10; Fp 1.11.17 R m 1.17; 4.3-13, 22; 5.17; 1 C o 1.30; 2 C o 5.21; G1 2.21; 3.6, 21; 5.5; Fp 3 .9; H b 11.7;T g 2.23. 18 A t 13.39; R m 2.13; 3 .4 ,2 0 -3 0 ; 4 .2 -5 ; 5.1, 9; 8 .3 0 ,3 3 ; G 1 2.16; 3 .8 ,1 1 , 24; T g 2.21-25. 193. 202 # TEOLOGIA SISTEMTICADikaosis traduzida com o justificao (R m 5.18). Paulo declara acerca de Cristo: Oqual por nossos pecados foi en tregue e ressuscitou para nossa ju stificao (R m 4.25).E im p ortan te n otarm os que justificao significa declarar ju s to (e no fiaier ju s to ),porque:(1) Ela feita independ entem ente das obras (R m 1.17; 3.20; 4.2-5);(2) Ela feita aos pecadores (R m 3.21-23); e(3) Ela u m ato ju rd ico (legal) (R m 4.4-6; 5.18).Isto fica evidente a partir das expresses imputar e tomar em conta, que so traduzidas parase referirem co n ta que tem os para com Deus (cf. R m 4.3, 6, 11, 22-24).Pois, que diz a Escritura? Creu Abrao em Deus, e isso lhe foi imputado como justia. Ora,quele que faz qualquer obra, no lhe imputado o galardo segundo a graa, mas segundoa dvida [...] Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justia sem asobras [...] Bem-aventurado o homem a quem o Senhor no imputa o pecado [...] Porquedizemos que a f foi imputada como justia a Abrao. Como lhe foi, pois, imputada? Estandona circunciso ou na incircunciso? No na circunciso, mas na incircunciso [...] paraque fosse pai de todos os que crem (estando eles tambm na incircunciso, a fim de quetambm a justia lhes seja imputada) [...] Pelo que isso lhe foi tambm imputado comojustia. Ora, no s por causa dele est escrito que lhe fosse tomado em conta, mas tambm porns, a quem ser tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus,nosso Senhor,A t m esm o Tiago, que enfatizou as obras que surgem n a tu ra lm en te a partir de u m a fsalvfica, fala de ju stia im putada ou creditada (cham ada de ju stia forense): e cu m p riu -se a Escritura, que diz: E creu Abrao em Deus, e fo i-lh e isso im putado co m o justia, e foi cham ado o amigo de D eu s (T g 2.23). Na fo rte com parao que Paulo faz en tre Ado e Cristo (R m 5), ele utiliza a palavrajustificao em duas ocasies para descrever o que C risto conquistou para os seres hum anos:E no foi assim o dom como a ofensa, por um s que pecou; porque o juzo veio de umas ofensa, na verdade, para condenao, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificao [...] Pois assim como por uma s ofensa veio o juzo sobre todos os homens paracondenao, assim tambm por um s ato de justia veio a graa sobre todos os homenspara justificao de vida. (w . 16, 18)Observe a seguinte com parao de R om an os 5: Pessoa Ado Cristo AtoPecado (vv. 12, 14, 16)Graa (v. 15)Ofensa (vv. 15-18) Justia (v. 18)Desobedincia (v. 19)Obedincia (v. 19) 194. A NATUREZA DA SALVAO 1 :: c batismo, auvjxmao, a primeira comunho (ou Eucaristia),32 F fid u cial a f q u e en v o lv e a c o n fia n a e a s egu ran a. 235. 244 # TEOLOGIA SISTEMTICAco m p le to (in ibid., cnon 8, 851.263). A adoo da f rm u la ex opere operato p or parte doC oncilio de T rento foi vigorosam ente com batida pelos reform adores, pois a expressosignifica que os sacram entos levam D eus a conceder a graa pelo seu valor objetivo.To logo o sinal sacram ental validam ente executado, Deus concede a graa (O tt, FCD,331). Em outras palavras, a salvao depende da execuo das obras do sistema sacramental ela novem somente pela graa e somente pela f .A Posio Catlica Sustenta que a Igreja Catlica Apostlica Romana aInstituio Detentora da SalvaoOs sacram entos, obviam ente, so m ediados pela Igreja, pela qual se acredita queD eus concede a sua graa para aqueles que os recebem em diferentes estgios, desde onascim en to (batism o) at a m o rte (ex trem a uno). O C atolicism o recon h ece a validadede dois sacram entos o batism o e o m atrim n io que so largam ente praticadosfo ra da sua jurisdio e que tam bm p erm item que a graa possa ser dispensada porinterm dio da Santa Ceia.33 Os sacram entos institucionalizados so necessrios para asalvao (D enzinger, cnon 4, 847.262).A Igreja C atlica R o m an a ensina que exceto para o Batism o e para o M atrim nio,u m poder sacerdotal ou episcopal especial, conferido pelas Sagradas Ordens, necessriopara a vlida adm inistrao dos Sacram en to s (O tt, FCD, 341). Apesar de tan to os leigoscatlicos (p o r exem plo, enferm eiras e m d icos) e at m esm o m inistros protestantespoderem adm inistrar o batism o em o n o m e da Trindade, o Concilio de T rento condenouabertam ente a idia de que todos os cristos tm o poder de adm inistrar os sacram entos(ibid.). S a Igreja C atlica R om an a tem esse direito. T rento em itiu o dogm a infalvel de que o C atolicism o a organizao escolhidap o r Deus para ser a distribuidora da graa sacram ental de Deus, p ouco a pouco, donascim en to m o rte. C onseqentem ente, a Ig reja C atlica R om an a a instituioda salvao u m a idia su m am en te rejeitada pelos protestantes. A eucaristia umexem plo em blem tico: alm de se alegar (por m eio do seu sacerdcio) a n ica organizaodivinam ente designada para adm inistrar estes sacram entos, a Igreja C atlica tam bminsiste em ter recebido poder, da parte de Deus, para, verdadeiram ente, tran sform ar oselem entos fsicos do po e do vinho, de m aneira literal, no corpo e n o sangue de Cristo(a transubstanciao).34 Q uem sabe, seja preciso estar fora do sistem a catlico rom anopara ficarm os verdadeiram ente im pressionados com a flagrante descom postura destapresuno acerca da institucionalizao da salvao.A Posio Catlica da Eucaristia como Sacrifcio Adultera a Salvao pela GraaOs catlicos rom anos entendem aFesta daEucaristia com o u m sacrifcio sem sangue,u m a idia encontrada nos escritos de alguns dos prim eiros Pais Medievais (vide O tt, ibid.,405-07). G regrio, o Grande (c. 540-604), considerado o Pai do papado m edieval (Cross,ed. O D CC, 594-95), defendia que em toda missa, C risto era, novam ente, sacrificado, eesta noo da missa com o u m sacrifcio acabou se tornand o a dou trina padro da IgrejaO cidental at ser rejeitada pelos protestantes no sculo X V I (G onzlez, SC, 1.247).33M as n ao d a m e sm a fo rm a que se d aria c o m a E u ca ristia c a t lic a . M Para u m a exp lica o m ais d e ta lh a d a sob re as d iferen tespersp ectiv as ac e rc a deste s a cra m e n to , vide v o lu m e 4. 236. AS EVIDNCIAS DA SALVAO #245 Os protestantes rejeitam o Sacrifcio Eucarstico da Missa. A teologia .u t e r ir .i. porexem plo, declara: C o m o Cristo m o rreu e expiou o pecado de um a vez p o r todas, e: : m o o crente justificado pela f, co m base neste sacrifcio nico e definitivo, no hneeessidade para sacrifcios repetidos (lu te ro , BC, 140). O sacerdotalism o35 tam bm negado: A presena do corpo e do sangue de Cristo noe resultado da ao do sacerdote, mas um a conseqncia do poder de Jesus C risto (ibid. i.E claro que os catlicos defendem que os sacerdotes no fazem a consagrao peloieu poder prprio, mas pelo poder de D eus que lhes foi investido. A objeo protestanteno provm do fato do padre ser, verdadeiram ente, um a causa eficiente ou m eram en te: casional do poder divino;36 o p roblem a a concepo catlica de que u m poder divino;e s ta natu reza foi entregue para ser adm inistrado pelo sacerdcio rom ano. Aqui,novam ente, o C atolicism o institu cionalizou a salvao e, dessa form a, corrom p eu apura graa de Deus ao coloc-la debaixo do con trole de u m a hierarquia hum ana. RESUMO DAS CONVERGNCIAS E DAS DIVERGNCIAS Em term o s de justificao (ju stia), as reas de convergncia e divergncia en tre osprotestantes e os catlicos rom anos podem ser resum idas da seguinte form a: Justificao JustificaaoJustificao InicialProgressiva FinalS Legal (jurdica) CatlicosCatlicos permitemCatlicos afirmam permitem Protestantes negamProtestantes negam Protestantes afirmamReal (prtica) Ambos afirmamAmbos afirmam1Catlicos afirmamProtestantes negamMudanaAmbos afirmamAmbos afirmam Ambos afirmam1 comportamental: Necessidade da Ambos afirmamAmbos afirmam Ambos afirmamgraaNecessidade dasAmbos negamCatlicos afirmam Catlicos afirmam1 obras Protestantes negamProtestantes negamA BASE BBLICA DA RELAO ENTRE F E OBRASAgora que j estudam os a batalha histrica entre catlicos e protestantes,exam inarem os o debate in tern o que o co rre entre os protestantes acerca da relao entrere e obras.37 Todos concordam que a prtica de obras no u m a condio para, m as u mresultado da salvao. O que est pendente a conexo precisa en tre f e obras. Independentem ente da conexo existente entre a f e as obras, est claro que a Bbliarepetidam ente enfatiza a necessidade que o crente tem de m anifestar as boas obras: A n ecessid ade da c o n sag rao d os e le m e n to s feita p o r u m p ad re.36V id e v o lu m e 1, ca p tu lo s 6 e 10 p a ra saber m a is so b re: diferen tes tip os de causas.37 P o r in te rm d io deste p ro ce sso , deb ate in te rn o e n tre os ev a n g lico s fica r visvel. 237. 246 # TEOLOGIA SISTEMTICAAssim resplandea a vossa luz diante dos hom en s, para que vejam as vossas boas obrase glorifiquem o vosso Pai, que est nos cus (M t 5.16). E D eus poderoso para to rn arabundante em vs toda graa, a fim de que, tendo sem pre, em tudo, toda suficincia,superabundeis em toda boa obra (2 Co 9.8). Porque som os feitura sua, criados em C ristoJesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andssemos nelas (E f 2.10).Tendo p o r certo isto m esm o: que aquele que em vs com eo u a boa obra a aperfeioarat ao D ia de Jesus C risto (Fp 1.6). [Oramos] para que possais andar dignam entediante do Sen h or, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo nocon h ecim en to de D eu s (C l 1.10). Q ue do m esm o m odo as m u lheres se ataviem emtra je honesto, co m pudor e m odstia, n o com tranas, ou co m ouro, ou prolas, ouvestidos preciosos, mas (co m o convm a m u lheres que fazem profisso de servir a D eus)com boas obras ( l T m 2.9,10). N unca seja inscrita viva com m enos de sessenta anos, e s aque [...]praticou toda boa obra" (1 T m 5.9,10). Assim m esm o tam bm as boas obras so manifestas,e as que so d ou tra m aneira no podem ocu ltar-se (1 T m 5.25). Fiel a palavra, e istoquero que deveras afirmes, para que os que crem em D eus p ro cu rem aplicar-se s boasobras (T t 3.8).Os Crentes Verdadeiros Manifestam a Sua F Por Intermdio das Boas Obras Existem diferenas cruciais en tre os proponentes das vrias posies protestantesacerca da relao entre f e obras. M uitos calvinistas firmes sustentam que, co m o o cren te m ovido pela graa de Deus, a f salvfica automaticamente produz as boas obras. O utrosprotestantes sustentam que a prtica de boas obras surge, inevitavelmente, da f salvfica, masno de fo rm a au tom tica (u m a deciso livre estaria envolvida). O utros, ainda, preferemafirm ar que as obras fluem naturalmente da f salvfica. Alguns proponentes da graa livrealegam que a prtica de boas obras n o rm a lm en te acompanha a f salvfica, apesar disso noser u m resultado direto (ou obrigatrio). O utros, por sua vez, afirm am que as obras noso nem automticas, nem necessrias.Porque as Obras no Fluem automaticamente da F SalvficaH m uitas razes para rejeitarm os a posio de que as obras fluem au tom aticam enteda f salvfica, co m o insistentem ente afirm a o Calvinism o Firm e.Primeiro, a santificao u m processo que envolve a obedincia, e a obedincia no autom tica, mas u m ato da vontade (cf. R m 6.16; E f 6.5; 1 Jo 2.3, 22, 24). A t m esm o oscalvinistas firm es reco n h ecem que a graa opera de form a cooperativa (co m o nossolivre-arbtrio) depois da justificao. Sendo assim, as obras no podem surgir de form aautom tica.Segundo, a santificao do nosso am or por Deus, e o am or n o au tom tico, mas simum ato livre (cf, M t 22.37-39; Jo 15.10; 1 Jo 5.3).Terceiro, co m o j foi notado, os calvinistas firm es, adm item que a santificao envolvea graa cooperativa, o que im plica u m ato sinrgico (u m trabalhar em c o n ju n to ) dagraa de D eus com a vontade hu m ana.Quarto, R om an os 6.16 descreve a santificao com o um a livre-ao n a qual som osdirecionados a nos apresentarm os.Quinto, outros atos de bondade so descritos co m o livres e sem qualquer tipo decoao tal qual pode ser visto pelas expresses volu ntariam ente (2 Co 8.3) ou nofosse co m o por fora, mas vo lu n trio (Fm 1.14; cf. 1 Co 7.37, 39). 238. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 247 Sexto, a santificao um a obrigao, e toda responsabilidade im plica na capacidadede responder a ela, se no pelas nossas prprias foras, pela graa de Deus/ Stimo, receberem os galardes (recom pensas) pelas nossas boas obras t cf. 1 Co3.1 lss; Ap 22.12), e no faz sentido recom p ensar u m a pessoa por aes que lhes foramautom ticas (isto , que no envolveram u m a deciso da sua parte neste sen tid o ). Oitavo, e ltim o, sofrerem os a perda dos nossos galardes em funo de m s aes (cf.1 C o 3.1 lss), e no faz sentido castigar algum por aquilo que poderia ter sido evitado (jque, tudo, supostam ente, foi au tom tico).Porque as Obras Fluem naturalmente da F Salvfica Apesar das obras no flurem au tom aticam en te da f salvfica, elas surgem deform a natu ral, tal qual os botes surgem de form a natu ral em u m arbusto vivo. C om oobservou, acertadam ente, Charles Ryrie (nascido em 1925):Todo cristo dar fruto [...] do contrrio no ter sido um crente de verdade [...] o fruto,portanto, fornece evidncias acerca da f salvfica. As evidncias podem ser slidas ou dbeis,errneas ou regulares, visveis ou no, mas uma f salvfica sempre as gerar. (SGS, 42-43, grifoacrescentado)Primeiro, a f salvfica com parada a um a sem ente que cresce n atu ralm en te em terrarrtil (Lc 8.11-18; cf. 1 Pe 1.23).Segundo, a atividade conseqncia n atu ral da nossa natureza, e o crente verdadeirorecebe u m a nova natu reza (2 Co 5.17; Cl 3.10).Terceiro, os crentes verdadeiros so nascidos de n o v o (Jo 3.3,7), e, desta sorte,m anifestam u m desejo de crescer por m eio de um a fom e por alim ento espiritual.39Quarto, a conexo bblica inegvel entre f e obras indica que a realizao das obras fluinatu ralm en te de um a f salvfica.40Quinto, largam ente sabido, at m esm o pelos proponentes da graa livre,4 que a f 1salvfica envolve confiana.42 A confiana leva-nos, natu ralm en te, s boas obras paracom aquele que n o-la depositou.Sexto, a f salvfica envolve um arrependim ento genuno (A t 17.30,31; 20.21; cf. 19.4),43e o arrependim ento genuno levar n atu ralm en te s boas obras (M t 3.8; A t 26.20).4 4 Os calvinistas firm e s in siste m e m a firm a r q u e os ato s sin rg ico s (p elo s quais s o m o s sa n tifica d o s) so atos-livres; emresposta, o b serv am os q u e os eles n o q u e re m d izer q u e estes atos so livres n o sen tid o de q ue a p esso a te ria a liberdadede to m a r o u tr a deciso (isto , n o e n te n d im e n to lib e rt rio da lib erd ad e); para o ca lv in ista firm e , estas decises so: :m a d a s a p a rtir de u m d e sejo cria d o p o r D eu s e m n s e n o p o d e m ser resistidas o u re jeita d a s. Logo, n o faz sen tid ou m c a lv in ista firm e c h a m a r estas decises de liv res se d e fen d em o s q u e elas, e m ltim a estn cia, so re su lta d o da g ra airresistvel q u e se so b re p e n o ssa v o n ta d e c o n tr ria . V id e N o rm a n L. G eisler, Eleitos M as Livres, ca p tu lo s 2 ,6 ; ap n d ices 1.-?-5.9.39 A n o v a vida p ode ser atro fiad a se n o fo r c u ltiv a d a (cf. Hb 5 .1 2 6 .1 ); dessa fo rm a , a B blia n o s a d m o e sta a saciareste d esejo n a tu r a l de c re s cim e n to (1 Pe 2 .2).40 C f. E f 2 .8-10; Fp 2.12,13; T t 2.11-13; 3 .5 -8 ; T g 1.26,27; 2.12,13: 2 P e 1 3 -S : 1 fo5 16-18.41 V id e c a p tu lo 16. 42 P o r e x e m p lo , Z a n o H odges escreve: A f q u e receb e u m a salvao t o m a rail : a :e ma to ta l e sp on tan eid ad e de u m a confiana in fa n til ( A F , 60, grifo a c re sce n ta d o ). A lm disso, ao se r e fe rir ao a to de : sai vinca: ~ r le m e n t a d a p o r A brao: Este a to de confiana lh e foi im p u ta d o p o r ju s ti a (ibid., 32, g rifo acrescenta.dc -- A r t s r c : :c-ie do a rre p en d im en to , R y rie faz u m a o b serv ao m u ito c o n s iste n te ao e n sin a r q u e o arrep end i m e n te sem a i n csalva, j q u e o arrependimento, e m si m e sm o , sim p le sm e n te sign ifica m u d a n a de m e n te (a re s p e it: de a_a__:_zr j ; : 5 a .- essa fo rm a , a n ic a fo rm a de a rre p e n d im e n to que salva u m a m u d a n a n a n o ssa m e n te a c e r :a c k s k i C SGS,M , grifo a c re sce n ta d o ).44 A te n ta tiv a de H odges e m fazer c o m que o a rre p e n d im e n to s o m e n r t > re z r a a : JT rn re n or e n 3do p s-co n v e rs o ( A F , c a p tu lo 11) n o te m fu n d a m e n to . Para d e ta lh es, vide c a p tu lo 16 n e ste m e sm o:*lum e.r ara u m a viso m ais equ ilib rad a, vide R y rie, So Great Salvation, 82-90. 239. 248 # TEOLOGIA SISTEMTICAStimo, o fato de a f verdadeira envolver o am or a Deus (M t 22.37; Jo 4.7), revela-nos queela redundar em aes. O am or verdadeiro se expressa de m odo natural (1 Co 13.1ss).Oitavo, a f verdadeira no u m m ero con sen tim en to m en tal (intelectu al, ou baseadona razo). C o m o ela tam b m inclui as em oes e a vontade (R yrie, SGS, 110-11), as boasobras fluem da crena genuna da pessoa com o u m todo. Nono, o fato de a f verdadeira envolver a obedincia, d em onstra que a f se expressan atu ralm en te na fo rm a de aes.45 Dcimo, Tiago declara, de fo rm a explcita: M eus irm os, que aproveita se algu m disser que te m f e n o tiver as obras? P orv en tu ra, a f p od e salv-lo? [...] [No] Assim tam b m a f, se n o tiver as obras, m o r ta em si m esm a [...] B em vs que a f [de Abrao] co o p ero u co m as suas obras e que, pelas obras, a f foi aperfeioada. (T g 2.14, 17, 22) Dcimo-primeiro, e ltim o, som os santificados da m esm a fo rm a que som os justificados pela f (vide G1 3.4, 11). Porm , a santificao est condicionada nossa obedinciapara a ju stia (R m 6.16; cf. Ef. 6.5; 1 Jo 2.3, 22, 24). A lgum as pessoas questionam que se a prtica de boas obras flusse n atu ralm en te daf, ento a Bblia no precisaria nos exo rtar a esse respeito (o que o co rre por exem plo,em T t 3.8). A razo pela qual as Sagradas Escrituras nos incentivam neste sentido porque apesar da prtica das boas obras fluir naturalmente da f salvfica, ela no surge deforma automtica. A lm disso, apesar de algum as aes surgirem natu ralm en te, o fru to adicional som ente vem atravs de u m rduo trabalho de cultivo, fertilizao, rega, e poda(cf. Jo 15.2). C om o j vim os, sem estas aes, a vida espiritual pode ad orm ecer e ficaratrofiada. D e m aneira sim ilar, algum as pessoas j observaram que a graa considerada com oa nossa in stru to ra da piedade (T t 2.11,12), entretanto, elas argu m entam , se a piedade conseqncia natu ral da f salvfica, no h necessidade da graa nos ensinar a praticaras boas obras. Todavia, o ensino ajuda a produzir u m fru to m elh o r (Jo 15.2); assimcom o, a natureza produzir, naturalmente, algum fru to , mas no tan to quanto se ela fosseam orosam ente cuidada (cf. 1 C o 3.6; 2 Pe 3.18). C o m o Ryrie afirma:A f salvfica u m a f atuan te, e estas obras justificam os crentes n o tribunal terren o [em oposio ao cu] [...] U m a f im p ro d u tiv a u m a f espria. (SG S, 121, grifo acrescen tad o)Crentes Verdadeiros Podem Cair no Pecado Tudo isso no tem por objetivo afirmar que o crente verdadeiro no pode se desviar(cf. Jr 3.14) ou ser surpreendido nalgum a ofensa (G1 6.1) ou com eter pecados (1 Jo1.8,9). Davi com eteu (2 Sm 11), e pagou m ansam ente (2 Sm 12). L, que viveu em Sodom a,foi um h om em ju sto (cf. 2 Pe 2.7), mas nem por isso escapou de cair em pecado, o m esm ose deu com No, um grande h om em de f (G n 9). De m odo sem elhante, Abrao, o pai demuitas naes, tam bm foi assaltado pelo engano e pela descrena (G n 20 21).4 Atos 5.32; 2 T s 1.8; cf. R m 15.18; Hb 5.9; 1 Pe 4.7. 5 240. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 249C r e n te s V erd a d e iro s S o D is c ip lin a d o s q u a n d o P eca mAs vezes a perspectiva da sola gratia confrontada com a acusao de que ela leva au m a vida libertina ou licenciosa. O prprio Paulo enfrentou esta acusao e perguntou: Que direm os, pois? Perm anecerem os no pecado, para que a graa seja mais abundante?D e m odo n en h u m ! Ns que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? (R m 6.1,2). Arraa no opera a impiedade por interm dio da piedade.Por u m lado, com o j foi visto, a graa verdadeira nos forn ece a m otivao para levarum a vida justa. Paulo diz: Porque a graa de Deus se h manifestado, trazendo salvao a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando impiedade e s concupiscncias mundanas, vivamos neste presente sculo sbria, justa e piamente. (Tt 2.11,12)A lm disso, os crentes que erram na avaliao do que significa estar debaixo da graa_e Deus, recebem a sua disciplina, por serem filhos de Deus. Hebreus afirma que: O>enhor corrige o que am a e aoita a qualquer que recebe por filh o (12.6). D eus tam bmraz uso da disciplina con tra os seus filhos rebeldes: Que filho h a quem o pai no corrija?Mas, se estais sem disciplina, da qual todos so feitos participantes, sois, ento, bastardos e no~lhos (vv. 7,8). O S en h o r con h ece os que so seus, e, qualquer que profere o n om e deCristo aparte-se da iniqidade (2 T m 2.19). Em sum a, quando um crente cai em pecado, ele sofre disciplina, e se persiste, Deusro d e chegar ao ponto de to m ar a sua vida para salvar o seu nom e da desonra. Paulo disseaos Corntios que o abuso que estava havendo na M esa da Ceia havia gerado a m o rtede algum as pessoas naquela igreja (1 Co 11.30; cf. 15.20). Pode ser que Joo estivesse sereferindo a isso quando declarou: Existe um pecado que leva morte.46 No estou dizendo que 3 irm o que intercede] deva orar [em favor do seu irm o que caiu] (1 Jo 5.16). Talvez aressoa que pecou ten h a ido to longe que Deus n em queira que nos distraiam os orandopor ela. Isto tam bm pode ser o que Tiago estava alertando quando falou: Saiba queaquele que fizer converter do erro do seu cam inh o u m pecador salvar da m o rte um ailm a e cobrir u m a m ultido de pecados (T g 5.20).47 M ostrando u m dos terrveis pecados dos cristos de C orinto, Paulo instruiu a:ongregao: seja entregue a Satans para destruio da carne, para que o espirito seja salvo noD ia do Senhor Jesu s (1 Co 5.5). Ele deveria receber um a disciplina severa em funo do seurecad o (cf. 1 Co 11.30-32). Paulo tam bm estava escrevendo para crentes quando disse:"No erreis: Deus no se deixa escarnecer; porque tudo o que o h o m em sem ear, issotam bm ceifar (G 16.7; cf. v. 8).Em sum a, n en h u m crente ter o seu pecado ignorado: Porque todos devem os: Dmparecer ante o tribu nal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feitor or m eio do corpo, ou bem ou m a l (2 Co 5.10). D iante do tro n o do juzo: A ob ra de cada u m se m a n ife sta r ; n a verd ad e, o D ia a d ecla ra r , p o rq u e p elo:3 g o ser d esco b e rta; e o fo g o p ro v a r qual se ja a o b ra de cada u m . Se a ob raru e alg u m ed ifico u nessa p a rte p e rm a n e c e r, esse re ce b e r g alard o . Se a o b ra de _ : m o n o existe a rtig o in d efin id o n o g reg o (um ou uma), a frase p o d e s er m e lh o r tra d u z id a c o m o E x iste p eca d o q u ejev a m o r te . 47 T iag o se dirige a eles c o m o irm o s (v. 19); o c o n te x to ace rca dos irm o s q u e p e c a ra m (v. 16) e te m desviado da v e rd ad e (v. 19). 241. 250 #TEOLOGIA SISTEMTICAalg u m se q u e im ar, so fre r d e trim e n to ; m as o ta l ser salv o, to d av ia c o m o p elofo g o . (1 C o 3 .13-15) A BASE TEOLGICA PARA A RELAOENTRE F E OBRAS H m uitos argum entos teolgicos por baixo da viso evanglica de que a prtica das boasobras a evidncia, mas no um a condio para a f salvfica. Prim eiram ente, analisaremosas trs razes teolgicas que dem onstram a implausibilidade das obras com o condio paraa salvao e, a seguir, apresentaremos duas razes teolgicas defendendo que as obras soum resultado natural (u m a evidncia ou m anifestao) da f verdadeira.A Natureza da Graa de DeusO Deus das Sagradas Escrituras Causa no-causada, to talm en te auto-su ficiente detodas as coisas."1 Ele a Fonte e o Sustentad or Ele criou tudo, e Ele a tudo sustenta. 8Nada tem os que dele no ten h am o s recebido, e nada poderem os d-lo, sem que Ele jno nos te n h a entregado antes. Deus n em tam p ou co servido por m os de hom ens,co m o que necessitando de algum a coisa; pois ele m esm o quem d a todos a vida, arespirao e todas as coisas (A t 17.25). Porque dele, e por ele, e para ele so todas ascoisas (R m 11.36). Porque quem sou eu, e quem o m eu povo, que tivssemos poderpara to volu ntariam ente dar sem elhantes coisas? Porque tudo vem de ti, e da tua m oto dam os (1 C r 29.14).A vida eterna, portanto, no pode vir dos nossos esforos; D o SEN HOR vem a salvao(Jn 2.9). M esm o que ela deva ser recebida por f (Ef 2.8; At 16.31; R m 3.25), a salvao notem origem na vontade hu m ana (cf. Jo 1.13; R m 9.16), mas naquele que a Fonte de tudoo que foi criado. Sem a graa dar incio e executar o plano de salvao, n en h u m h om emjamais seria salvo: a nossa vida eterna encontra a sua origem som ente na graa (sola grati).A Natureza da Depravao HumanaA depravao to tal significa (en tre outras coisas) que a hum anidade decada com o u m todo totalmente incapaz de alcanar a salvao. Se os h om ens devem serjustificados diante de Deus, Ele quem deve iniciar e com p letar este ato.50A Natureza da F A f a n ica condio (solafide) para receberm os o d om gracioso da salvao da partede Deus (R m 4.5; cf. E f 2.8,9; T t 3.3-7).5 A f salvfica envolve a dependncia som ente de 1Deus para a nossa salvao, reconhecend o que Ele, e som en te Ele, a Fonte e a Suficinciada vida eterna.A Natureza dos Resultados da F A f salvfica envolve confiana e com prom isso, p o rtan to , a prtica das boas obras u m a conseqncia natu ral dela. C om o j estudam os, u m ato de confiana oucom prom isso, pela sua prpria natureza, u m ato que tende a resultar em m udana deatitude ( comportamento, ao). As pessoas nas quais confiam os, com as quais agimos de m aneira48Vide volum e 2, parte 1, 49Vide volum e 2, parte 2. 48Vide captulos 4-6. 5 Vide captulo 15. 1 242. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 251lorop riad a (porque confiam os nelas, respondem os de form as que sinalizam confiana),e para as quais agimos de m aneira benevolente (porque confiam os nelas, agimos de form as;u e com u n icam e difundem a bondade) so pessoas para com as quais agimos de m aneirapositiva e para as quais respondem os de m aneira am orosa e sacrifical.A Natureza da Salvao A salvao, com o j observam os, u m ato da graa de Deus, e a graa, pela suaprpria natu reza, tende a abrandar o corao e provocar u m a m udana de atitude daparte da pessoa que a recebe. Este a m o lecim en to do corao faz co m que sejam osmais favoravelm ente dispostos gratos e receptivos A quele que a Fonte da graa."A benignidade de Deus te leva ao arrep end im ento (R m 2.4), e o am or de Cristonos constrange (2 Co 5.14). O nosso S en h o r disse que aqueles que no m u ito foramperdoados, no m u ito tam b m am aro: Mas aquele a quem p ou co perdoado poucoam a (Lc 7.47). C onseqentem ente, o fato da natu reza intrnseca da salvao ser um atogracioso e am oroso da