Evangélico norman geisler - teologia sistemática - vol 2 - pecado salvação igreja cpad

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  • 1. T e o l o g ia Sist e m t ic a Pec a d o Salvao A IGREJA AS LT1 MAS COISAS

2. T f1! - T raduzido po r M arcelo G onalves e D egmar R ibas Ia Edio Rio de Janeiro - 2010 TEOLOGIA Sist e m t ic a Pec a d o Salvao A IGREJA AS LTI MAS COISAS 3. Todos os direitos reservados. Copyright 2010 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Ttulo do original em ingls: Systematic Theology, Volume One and Two Bethany House Publishers, Grand Rapids, Michigan, EUA Primeira edio em ingls: 2003 Preparao dos originais: Esdras Bentho e Anderson Grangeo Reviso: Esdras Bentho e G unar Berg Tradutores: Marcelo Gonalves e Degm ar Ribas Capa: Alexander Diniz Adaptao de projeto grfico e Editorao: Osas F. Maciel CDD: 230-Teologia Sistemtica ISBN: 978-85-263-0980-7 As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Corrigida, edio de 1995, da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio. As citaes bblicas assinaladas pela sigla AEC referem -se a Alm eida Edio Contempornea (So Paulo: Sociedade Bblica do Brasil/Vida, 1990). As citaes bblicas assinaladas pela sigla BJ referem-se a A Bblia de Jerusalm, Nova Edio, Revista e Ampliada (So Paulo: Paulus, 2010; Terceira Impresso, 2004). As citaes bblicas assinaladas pela sigla NTLH referem -se a Nova Traduo na Linguagem de Hoje (Barueri: Sociedade Bblica do Brasil, 2000). As citaes bblicas assinaladas pela sigla NVI referem-se a Nova Verso Internacional (So Paulo: Vida, 2001). As citaes bblicas assinaladas pela sigla RA referem-se a Alm eida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bblica do Brasil, 2002). Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: http:www.cpad.com.br. SAC Servio de Atendimento ao Cliente: 0800-701-7373 Casa Publicadora das Assembleias de Deus Caixa Postal 331 20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Iaedio: 2010 4. Com o o clmax e a sntese de dcadas de ensino e escritos de Norman Geisler, esta obra inestimvel despertar o interesse de todos que apreciam abordagens filosficas, histricas e apologticas da Teologia. Explicaes e definies de termos-chave tornam esse texto acessvel para um a ampla gama de leitores, com eando pelos estudantes que iniciam na Teologia. Impressionante no seu flego e nos detalhes, os tpicos so apresentados de maneira lgica que estimula tanto o aprendizado quanto disseminao do conhecim ento adquirido. Estamos diante de um a obra enciclopdica, que contm prolas incontveis escondidas em um texto agradvel. E tudo isso reunido em um a s capa. Gary R. Habermas Mestre da Universidade Liberty Em nossa poca, so raros os estudiosos que respondem s objees de crticos e cticos com a percia do Dr. Norman Geisler. Para ns, felizmente, ele apresenta as evidncias bblicas e a anlise lgica dos temas de maneira clara e precisa, que lhe ajudar m uito bem no seu estudo das doutrinas bblicas. Dr. John F. Ankerberg Presidente do Instituto de Pesquisas Teolgicas Ankerberg Os melhores telogos so aqueles que tambm se destacam na Filosofia. S que neste caso, logicamente, nem sempre conseguimos compreender exatam ente o que eles esto querendo dizer. Norman Geisler tem o dom singular de ser ao m esm o tempo um filsofo e um telogo que lida com conceitos profundos num a m aneira que o hom em simples consegue compreender com facilidade. Conseqentemente, esta teologia sistemtica no ficar somente na escrivaninha dos estudiosos, mas tambm na do pastor, e freqentar tambm a mesa de caf de muitos leitores leigos. Dr. Paige Patterson Presidente do Seminrio Teolgico Batista do Sudeste dos E.U.A. Em um a era que coloca a sua nfase na especializao, Normal Geisler um exemplo de pessoa que apresenta a rara e preciosa habilidade de reunir as trs reas necessrias para se exercer a Teologia Sistemtica: formao filosfica minuciosa, facilidade nas diversas categorias de teologia, e a capacidade de fazer a exegese do texto bblico. No conheo ningum que rena estas trs capacidades m elhor do que ele, e o Volume 1, juntam ente com os demais, fruto de um a vida de labor nestes campos. E, quando estas habilidades se com binam com a excelncia que Geisler apresenta com o um com unicador, o resultado verdadeiramente marcante. Estou m uito feliz em, finalmente, ver esta Teologia Sistemtica ser colocada disposio da igreja. J. P. Moreland Distinto Mestre em Filosofia, Faculdade de Teologia Talbot, Universidade de Biola Tendo sido grandemente beneficiado com o estudo da Teologia sob a orientao do Professor Norman Geisler h cerca de vinte anos, desejei por algum tempo ver sua vasta 5. pesquisa teolgica compilada na form a de um a Teologia Sistemtica. Com a publicao deste primeiro volume, o m eu desejo est se tornando realidade! Para as pessoas que valorizam o pensar minucioso, a lgica firme, a justa ponderao e as perspectivas teolgicas aguadas, esta teologia sistemtica se constitui em leitura indispensvel. Dr. Ron Rhodes Presidente do Ministrio Reasoning From Scriptures 6. SUMRIO VOLUME TRS: PECADO E SALVAO Parte I: H um anidade e Pecado (A n tro p ologia e H am artiologia) Captulo Um : A Origem dos Seres Humanos ............................................................................... 11 Captulo Dois: A Natureza dos Seres H um anos........................................................................... 37 Captulo Trs: A Origem do Pecado................................................................................................... 65 Captulo Quatro: A Natureza do Pecado......................................................................................... 83 Captulo Cinco: Os Efeitos do P ecad o..............................................................................................103 Captulo Seis: A Derrota do Pecado ..................................................................................................131 Parte II: Salvao (So terio lo g ia) Captulo Sete: A Origem da Salvao...............................................................................................157 Captulo Oito: As Teorias da Salvao .............................................................................................177 Captulo Nove: A Natureza da Salvao.........................................................................................195 Captulo Dez: As Evidncias da Salvao....................................................................................... 229 Captulo Onze: O Alcance da Salvao (Expiao Limitada ou Ilimitada) ......................263 Captulo Doze: O Alcance da Salvao (U niversalism o)......................................................... 301 Captulo Treze: A Exclusividade da Salvao (Pluralismo) .....................................................321 Captulo Quatorze: Os Efeitos da Salvao (Infantes e Pagos) ............................................339 Captulo Quinze: A Condio para a Salvao ........................................................................... 375 Captulo Dezesseis: O Teor da Salvao..........................................................................................427 A pndices Apndice Um: A vida hum ana com ea mesmo na concepo? ...........................................453 Apndice Dois: Ser que a vida hum ana com ea na fixao do vulo no tero?.........459 Apndice Trs: A Dupla Predestinao...........................................................................................465 Apndice Quatro: Ser que Jesus era descendente fsico de Ado?.......................................469 Apndice Cinco: O Perfeccionismo Wesleyano ............................................................................473 B ib lio g ra fia ...............................................................................................................................................487 7. P A R T E U M HUMANIDADE E PECADO (ANTROPOLOGIA E HAMARTIOLOGIA) 8. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS Conform e analisamos no Volume 2, todos os telogos evanglicos crem que os primeiros seres humanos foram criados diretamente por Deus. Tendo isto em mente, concentrar-nos-em os nas condies originalmente criadas para Ado e Eva, nas quais ocorreram tanto a tentao com o a Queda. Tudo isso servir com o preparao do cenrio para uma abordagem da origem da alma de cada ser hum ano segundo Ado, bem com o servir com o contexto para a compreenso da depravao inerente herdada pela humanidade, desde a poca da Criao. AS CONDIES ORIGINAIS NA CRIAO Deus absolutamente perfeito1e, conseqentemente, sua criao tam bm foi perfeita. Moiss declarou: Ele a Rocha cuja obra perfeita (D t 32.4). Davi acrescentou: O cam inho de Deus perfeito (2 Sm 22.31). Jesus disse: Sede vs, pois, perfeitos, como perfeito o vosso Pai (M t 5.48). Nada m enos do que a perfeio pode vir de um Ser absolutamente perfeito, e prprio de um ser perfeito criar somente coisas perfeitas, j que os efeitos carregam a imagem da sua Causa.2 A BASE BBLICA PARA O ESTADO ORIGINAL DE INOCNCIA E PERFEIO De acordo com Gnesis 1-2, Ado e Eva foram criados em total inocncia. No havia nenhum tipo de malcia na sua natureza ou no ambiente onde eles foram inseridos. Eles no se envergonhavam (G n 2.25), e ainda no conheciam o bem e o m al (3.5). Em suma, alm de no conhecerem nenhum tipo de culpa por qualquer tipo de pecado, eles tam bm eram inocentes com relao ao pecado. Alm disso, m esm o a tentao do sereis com o Deus, sabendo o bem e o m al (Gn 3.5) implica que eles no conheciam o mal antes de carem. Na verdade, foi somente ao degustarem o fruto proibido que: foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais (3.7). De acordo com o Novo Testamento, pela desobedincia, Ado e Eva se tornaram pecadores (Rm 5.12; 1Tm 2.14) e trouxeram condenao sobre si mesmos e sobre toda a sua posteridade: 1Vide volume 2, captulo 4. 2 Cf. Tiago 1.17; vide tambm volume 2, captulo 18, sob o ttulo A Natureza da Humanidade. 9. 12 # TEOLOGIA SISTEMTICA Por um a s ofensa veio o juzo sobre todos os hom ens para condenao (R m 5.18).3 Antes disso eles eram ilibados. Um Estado de Virtude e Retido Alm de serem inocentes, sem malcia, Ado e Eva eram m oralm ente virtuosos em funo do estado em que foram criados, pois Deus os dotou de perfeio moral. Salomo escreveu: Vede, isto to-som ente achei: que Deusfez ao homem reto, mas ele buscou muitas invenes (Ec 7.29).4A palavra hebraica para designar reto yashar, e significa retido, honestidade, ou integridade; ela a mesma palavra utilizada em conexo com justo (D t 32.4), reto (J 1.1), e puro (J 8.6). Conseqentemente, yashar no denota m eram ente a ausncia de maldade, mas tam bm a presena da bondade no se trata, simplesmente, da ausncia de vcio, mas a presena real da virtude. Existem duas vises bsicas a respeito da origem deste estado de pureza na criao. A Viso Sobrenatural Jonathan Edwards (1703-1758) sustentou que este estado original teria sido um estado de graa sobrenatural no qual Ado foi criado antes da Queda, mas que em funo do pecado foi perdido: A histria [de Gnesis 1-3] nos leva a supor que o pecado de Ado, no que diz respeito ao fruto proibido, foi o primeiro pecado com etido. E este no poderia ter ocorrido, caso, at aquele m om ento, ele no tivesse sempre sido perfeitamente ntegro ntegro desde o primeiro m om ento da sua existncia; e, conseqentem ente, no tivesse sido criado, ou trazido existncia, de form a ntegra. [Alm disso], em um agente m oral, sujeito s obrigaes morais, a m esm a coisa, ser perfeitamente inocente e ser perfeitamente integro. Precisa ser a m esm a coisa, porque no pode mais haver um m eio-term o entre pecado e integridade, ou entre estar certo e estar errado, num sentido m oral, da m esm a form a que no pode haver tam bm um m eio-term o entre ser reto e ser torto, num sentido natural. ( W JE , 1.178) Toms de Aquino (1225-1274) e os seus seguidores na Igreja catlica tambm sustentavam o mesmo ponto de vista, ou seja, que a retido original no era natural, mas sobrenatural. Um erudito catlico afirmou que foi necessrio que Deus transmitisse a 3Como j vimos, a palavra antropologia, que significa estudo dos seres humanos,vem, em parte, do vocbulo grego anthropos, que normalmente ocorre (na Bblia) nas suas formas original ou derivativa. Apesar de algumas tradues coloquem unilateralmente as variaes de anthropos como homem ou homens (por exemplo, em Romanos 5.18, conforme acima), existem outros exemplos bblicos onde anthropos se refere a um ser humano (independente do gnero) ou a pessoas (de ambos os gneros). Nos lxicos especializados, isto amplamente confirmado; por exemplo, Harold K. Moulton define anthrpos como um ser humano, um indivduo [metaforicamente], o homem interior (Analytical Greek Lexicon Revised {lxico Grego Analtico Revisado} (Grand Rapids.- Zondervan, 1993, 77-78). Com relao aos usos soteriolgicos de anthropos, as pessoas que defendem que esta palavra, em todas as suas formas, sempre e somente significa homens ficam obrigados a sustentar que Deus deseja salvar somente indivduos do sexo masculino. 4Todos os grifos nas passagens foram acrescentados pelo autor. 10. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 13 Ado esta retido sobrenatural na criao a fim de proporcionar um remdio para esta doena ou langor da natureza humana, que surge da natureza da organizao m aterial (citado por Shedd, HCC, 1.143). O conhecido telogo reformado Willam G. T. Shedd (1820-1894) criticou esta viso com o um a relquia da idia gnstica acerca da m atria (ibid., 1.147), e a rejeitou pois, se assim o fosse, Deus teria criado o hom em j em estado de pecado (ibid., 1.148).5 A Viso Natural Shedd argumentava que este estado de perfeio na criao era natural, ou seja, a prpria natureza com a qual Deus criara Ado era m oralm ente reta e perfeita. Ele observou que a mesm a palavra (hebraico: yashar) utilizada por Deus para se referir a J: Este era hom em sincero, reto e tem ente a Deus; e desviava-se do m al (J l.l).6 A justia original est contida na prpria idia de um hom em que foi criado pelas mos do Criador. Ela parte do seu dote de criao, e de nada precisa ser acrescentada. A obra do Criador perfeita, e no precisa de nenhum a espcie de aperfeioamento, (op. Cit. 1.145) Em suma, de acordo com a viso natural, com o Deus perfeito, Ele incapaz de criar uma criatura imperfeita. Logo, o estado natural de Ado e Eva, desde o m om ento da criao, era, necessariamente, de perfeio. Um Ambiente Perfeito Alm de uma natureza perfeita, Ado tambm recebeu um ambiente perfeito. No den no havia pecado, aquele lugar era um paraso de bondade. Deus o havia criado (Gn. 2.8ss), e tudo o que Deus criou era m uito bom (G n 1.31). No den no havia nenhum a imperfeio m oral (ou metafsica); em todos os sentidos aquele era um lugar, sem mculas. No havia nenhum a tendncia ao mal por parte de Ado, e nada de ruim acerca do ambiente ao seu redor. A criao no estava sujeito corrupo, da form a com o ficou depois da Queda (Rm 8.22). No havia m orte no gnero hum ano (R m 5.12) e tanto a natureza interna quanto externa eram absolutamente perfeitas. Um Estado de Domnio No estado original da criao, a humanidade no era serva da natureza, mas exercia seu senhorio sobre ela. O hom em no era escravo do seu brao forte; ao contrrio, a natureza lhe servia, pois ela estava sujeito humanidade. Deus disse aos seres humanos: Enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos cus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra (G n 1.28). 5 contraditrio se propor que Deus deu a Ado a retido sobrenatural na criao e ao mesmo tempo sugerir que havia uma doena ou langor da natureza humana. 6Entretanto, a justia de Ado era original; J, apesar de ser reto e sincero, viveu depois da Queda. O fato de J se desviar do mal demonstra que ele tinha conscincia do mal, o que Ado, de acordo com Gnesis, no tinha. 11. 14 # TEOLOGIA SISTEMTICA Um Estado de Responsabilidade Moral Tudo isso no significa que Ado no precisaria prestar contas a ningum que estivesse acima dele. Na verdade, ele estava em estado de subordinao, pois E ordenou o SENHOR Deus ao hom em , dizendo: De toda rvore do jardim comers livremente, mas da rvore da cincia do bem e do mal, dela no comers; porque, no dia em que dela comeres, certam ente m orrers (Gn 2.16-17). Deus lhe havia dado um a ordem, e Ado tinha a responsabilidade de obedecer ao Criador. Com o sabemos, foi exatam ente neste ponto que Ado falhou, de maneira miservel (G n 3.1ss; cf. Rm 5.12-21; lT m 2.14). Ado estava livre no sentido em que suas aes foram autodeterminadas;7Deus falou de m aneira bastante especfica: De toda rvore do jardim comers livremente (Gn 2.16). Quando Ado escolheu desobedecer esta ordem, Deus o considerou culpado, com a seguinte pergunta: Comeste tu da rvore de que te ordenei que no comessesl (3.11). As palavras grifadas claramente indicam que houve um ato de autodeterm inao (cf. v. 13). Tu fizeste isso, disse Deus. Portanto, tu tam bm sers responsvel pelo teu ato, sustentou o Criador. Ningum mais fez com que Ado e Eva cometessem o pecado, nem mesmo o prprio Diabo, que foi o autor da tentao. Assim a natureza autodeterminada da liberdade.8 Obviamente, estas pessoas perfeitas em um paraso perfeito no estavam livres de um intruso imperfeito. Satans, um arcanjo decado, havia se rebelado contra o Criador, levando consigo um tero dos anjos do cu (Ap 12.4, 9). Atravs do engano astuto, o grande enganador persuadiu Eva e, por seu intermdio, Ado desobedincia contra Deus (R m 5.19; 1 Tm 2.14). Por um a deciso livre e no-coagida das suas vontades, o casal perfeito no paraso perfeito caiu na imperfeio e junto com eles todo o mundo veio tambm abaixo. A sua desobedincia gerou a m orte e a destruio (R m 5.12-21; 8.20-23). E im portante salientarmos que Ado e Eva no foram seduzidos a mentir, a fraudar, a roubar ou a amaldioar. Na verdade, a sua natureza m oral era perfeita; logo, eles no eram vulnerveis a este tipo de tentao. O mandamento que Deus lhes deu para no comerem do fruto proibido no foi uma ordem para se afastarem daquilo que fosse intrinsecamente mau. Eles no tinham qualquer problema com este tipo de coisa, pois estavam protegidos pelo seu estado ntegro e virtuoso. A sua vulnerabilidade estava no teste que teriam de enfrentar: Ser que eles obedeceriam simplesmente porque aquilo lhes havia sido dito? assim que Deus disse? foi um a das armadilhas que eles enfrentaram por parte do Diabo (Gn 3.1). A sua responsabilidade m oral para com Deus dizia respeito a um objeto que era m oralm ente neutro. Deus poderia ter dito, por exemplo: No colha nenhum a margarida do jardim . Portanto, com o j estudamos, a questo no era do pecado ser inerente substncia que eles tocaram ; a tentao do pecado foi no sentido de seduzi- los a desafiar Deus e, posteriorm ente, tornarem -se conscientes do mal que representa um a escolha feita em oposio sua vontade. Nenhum mal interior ou exterior os levou a transgredir. Som ente um uso grosseiro da liberdade, erroneam ente exercido, desencadeou a obedincia e as suas lgubres conseqncias. Aqui, talvez, esteja a soluo de um problema espinhoso: Se Ado e Eva tivessem com etido outros pecados antes de com er o fruto proibido, ser que estas outras transgresses teriam antecipado a Queda? A resposta para isso pode m uito bem estar no 7Vide captulo 3, adiante. 8Ibid. 12. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 15 fato de lhes ser impossvel pecar em outras questes, justam ente por terem sido criados perfeitos. Certam ente Satans tambm lhes teria tentado nestas outras questes, se isto lhes fosse possvel, mas no existe qualquer indicao de que isto tenha ocorrido. E m uito mais provvel que somente a desobedincia quele com ando especfico de Deus desencadearia a Queda e precipitaria toda a criao na m orte e no desastre. A BASE TEOLGICA PARA O ESTADO ORIGINAL DE INOCNCIA E PERFEIO A condio perfeita do estado originalmente criado deriva da natureza de Deus com o um ser absolutamente perfeito. O argumento segue a seguinte linha: (1) Deus um ser absolutamente perfeito. (2) Um ser absolutamente perfeito incapaz de produzir uma criao imperfeita. (3) Logo, a criao original foi feita na perfeio. Deus um Ser absolutamente Perfeito Com o est questo j foi demonstrada em outra parte desta obra,9somente reveremos o esboo da idia. A base bblica para a perfeio m oral de Deus pode ser encontrada em diversas passagens. Ele a Rocha cuja obra perfeita, porque todos os seus caminhos juzo so; Deus a verdade, e no h nele injustia; justo e reto (D t 32.4). O cam inho de Deus perfeito [...] Deus a m inha fortaleza e a m inha fora, e ele perfeitamente desembaraa o m eu cam inho (2 Sm 22.31). Tens tu notcia do equilbrio das grossas nuvens e das maravilhas daquele que perfeito nos conhecim entos? (J 37.16). O cam inho de Deus perfeito; a palavra do SENHOR provada (SI 18.30). A lei do SENHOR perfeita e refrigera a alma (SI 19.7). O SENHOR, tu s o m eu Deus; exaltar-te-ei e louvarei o teu nom e, porque fizeste maravilhas; os teus conselhos antigos so verdade e firmeza (Is 25.1). Sede vs, pois, perfeitos, com o perfeito o vosso Pai, que est nos cus (M t 5.48). Quando vier o que perfeito, ento, o que o em parte ser aniquilado (IC o 13.10). [Aquele] a quem anunciamos, admoestando a todo hom em e ensinando a todo hom em em toda a sabedoria; para que apresentemos todo hom em perfeito em Jesus Cristo (Cl 1.28). Toda boa ddiva e todo dom perfeito vm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem no h mudana, nem sombra de variao (Tg 1.17). Na caridade, no h tem or; antes, a perfeita caridade lana fora o tem or (1 Jo 4.18). A base teolgica para a perfeio de Deus tam bm pode ser fundamentada por outro raciocnio. Por um lado, o nosso conhecim ento do imperfeito implica um parmetro daquilo que Perfeito por excelncia; porque no se pode saber o que no perfeito se no soubermos o que Perfeito, preciso haver um Perfeito (Deus). Da mesma form a com o no se pode saber se um crculo falho, a no ser que se saiba o que um crculo preciso, as imperfeies morais tambm no podem ser detectadas se no possuirmos algum conceito de perfeio moral. Alm disso, sendo Deus um Ser m oral, conclui-se, a partir de trs dos seus atributos metafsicos, que Ele precisa ser m oralm ente perfeito. O raciocnio apresenta a seguinte concluso: 9 Vide volume 2, captulo 14. 13. 16 # TEOLOGIA SISTEMTICA (1) A natureza de Deus moralmente perfeita. (2) Deus infinito, imutvel e necessrio pela sua prpria natureza.10 (3) Logo, Deus moralmente perfeito de forma infinita, imutvel e necessria. Um Ser absolutamente Perfeito Incapaz de Produzir uma Criao Imperfeita Como j verificamos, esta premissa est fundamentada em princpios de analogia e causalidade, que j foram defendidos anteriormente.11De forma breve, o efeito precisa guardar semelhana com a causa na sua atualidade, mas no na potencialidade.12Assim, se o Criador faz algo com perfeio moral, Ele tambm precisa apresentar as mesmas caractersticas que transmitiu coisa criada, pois uma causa no pode transmitir uma perfeio que no possui, nem pode compartilhar daquilo que no tem para compartilhar. Contudo, ao contrrio da Causa de todas as coisas, o efeito precisa ser limitado ele precisa ter potencialidade para ser/ou no ser algo diferente do que ele , seja de forma acidental ou substancial.13Assim, apesar do efeito ser similar sua causa no que tange sua atualidade, ele pode ser divergente nas suas potencialidades e limitaes, j que Deus Pura Atualidade. A BASE HISTRICA DO ESTADO ORIGINAL DE INOCNCIA E PERFEIO Os Pais da Igreja Primitiva Ireneu (c. 125-c. 202 d.C.) Ireneu defendia que Deus no concedeu a perfeio absoluta humanidade somente Deus seria absolutamente perfeito. Ado erafinitamente perfeito, entretanto ele no foi testado nesse respeito. Dessa forma, Se [...] qualquer pessoa disser: Qual o problema? Ser que Deus no poderia ter apresentado o homem como um ser perfeito desde o princpio? Que esta pessoa saiba que como Deus , na verdade, no gerado e imutvel no que diz respeito a si mesmo, todas as coisas lhes so possveis. Mas as coisas criadas precisam ser inferiores quele que as criou, a partir do simples fato da sua origem posterior; pois no possvel que coisas recentemente criadas no tenham sido criadas. Todavia, justamente por terem sido criadas, elas no atingem um estado de perfeio [absoluta]. (AH, 1.4.38.2). No princpio, Deus tinha o poder de conceder perfeio [absoluta] ao homem; mas como este ltimo havia somente sido criado recentemente, no existe a possibilidade de ele ater recebido, ou mesmo que a tivesse recebido, no a poderia ter contido, ou se a contivesse, no poderia t-la retido, (ibid.) 10 V id e v o lu m e 2, c a p tu lo s 3 -5 . 11 V id e v o lu m e 1, c a p tu lo 7 -9 p a ra m a io r e s d e ta lh e s. 12 V id e v o lu m e 2, c a p tu lo 2. 13 U m ser que se torna algo diferente daquilo que exem plifica u m a m ud ana substancial; u m ser que recebe algo diferente daquilo que tem u m exem plo de m udana acidental. Vide tam bm o volu m e 2, captu lo 4, sob os argum entos de Tom s de A quino em defesa da im utabilidade de Deus. 14. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 17 Tefilo (c. 130-190d.C.) Tendo Deus completa a criao dos cus, da terra, do mar e de tudo o que neles h, no sexto dia, Ele descansou no stimo dia, de todas as obras que havia feito [...] e depois de formar o homem, Deus separou para ele um local situado na regio do Oriente, com excelente luminosidade, com uma atmosfera viva, com uma rica variedade das melhores plantas; e ali o colocou. (TA in Robert e Donaldson, ANF, II.2.19) Os Pais Eclesisticos Medievais Os grandes telogos da Idade Mdia corroboravam com a idia da perfeio de Ado a partir do momento da criao. Agostinho se apresenta como um caso marcante: Agostinho (354-430 d. C.) A natureza humana, na verdade, foi primeiramente criada sem mcula e sem pecado; mas esta natureza de homem, da qual todos nascem a partir de Ado, agora, deseja um mdico, porque no est mais s. (ONG, 3) Da mesma forma, afirmamos que no existe um bem imutvel alm do verdadeiro e bendito Deus; que as coisas feitas por Ele so, na verdade, boas por sua causa, porm mutveis porque no feitas a partir dele, mas a partir do nada. (CG, 12.1) Anselmo (1033-1109 d. C.) O homem tendo sido feito em santidade e foi colocado no paraso [...] por assim dizer, no lugar de Deus, entre Deus e o Diabo, para conquistar o Diabo por meio da resistncia tentao, e assim vingar a honra de Deus e envergonhar o Tentador, porque este homem, mesmo sendo mais fraco e habitando neste mundo, no deveria pecar, mesmo diante da tentao do Maligno. (CDH, LXXII) Toms de Aquino (1225-1274) Isto tambm fica claro a partir da prpria integridade do estado original, em virtude do qual, apesar de continuar em sujeio a Deus, as foras inferiores do homem estavam sujeitas s superiores, e no se constituam em impedimento sua ao. E a partir daquelas que precediam, fica claro que, no que concerne ao seu prprio objeto, o intelecto sempre verdadeiro [...] Portanto, fica claro que a retido do estado original era incompatvel com qualquer fraudulncia do intelecto. O paraso era um lugar adequado para o homem no que diz respeito incorruptibilidade do estado original. S que esta incorruptibilidade foi concedida ao homem, no de forma natural, mas por um dom sobrenatural da parte de Deus. Portanto, para que ela pudesse ser atribuda graa de Deus, e no natureza humana, Deus criou o homem fora do paraso, e s depois ali o colocou para viver o perodo completo da sua vida terrenal; para, depois de alcanar a vida espiritual, ser transferido dali para o cu. (ibid., Ia.102.4) Os Lderes da Reforma Martinho Lutero (1483-1546) A imagem de Deus, na qual Ado foi criado possua uma beleza e uma nobreza supremas. A lepra do pecado no contaminava nem a sua razo, nem a sua vontade, mas todos os 15. 18 TEOLOGIA SISTEMTICA seus sentidos eram puros, interior e exteriormente. O seu intelecto era muito claro, sua memria muito boa e a sua vontade muito sincera. A sua conscincia era tranqila e segura, sem nenhum medo da morte e sem preocupaes. Somando-se a estas perfeies interiores, estava tambm a fora corporal bela e suprema em todos os seus membros, com a qual ele sobrepujava todas as outras criaturas viventes na natureza. Pois, creio firmemente que antes do pecado, os olhos de Ado eram to ntidos e sua viso to aguada que ele superava o lince e a guia. Ado tambm superava em fora os lees e os ursos, que so animais fortes, da mesma forma que lidamos hoje em dia com pequenos ces. (WLS, 878) Se quisermos falar de filsofos de destaque, falemos ento dos nossos primeiros pais enquanto eram puros e no-contaminados pelo pecado. Pois eles tinham o conhecimento mais perfeito de Deus. E, na verdade, como eles no conheceriam aquele cuja imagem eles j tinham sentido em si mesmos? (ibid., 1046-47) Joo Calvino (1509-1564) A nossa definio de imagem para ser incompleta fique bem claro em quais faculdades o homem atinge excelncia, e em quais ele deve ser considerado como espelho da glria divina. Isto, entretanto, no pode ser conhecido de melhor forma do que se fazendo o uso do remdio providenciado para a corrupo da natureza. No se pode duvidar que quando Ado perdeu o seu estado original, ele se tomou alienado de Deus. Portanto, embora saibamos que a imagem de Deus no foi completamente erradicada, nem completamente destruda no ser humano, ela foi, contudo, to corrompida, que tudo o que restou no passa de uma terrvel deformao; e, dessa forma, a nossa libertao se inicia com esta renovao que obtida por intermdio de Cristo, que , portanto, chamado de segundo Ado, porque Ele quem nos restaura para aintegridade substancial e verdadeira. (ICR, LXVV) Os Mestres Ps-Reforma Jac Armnio (1560-1609) O homem, tendo sidoposto em um estado deintegridade, caminhava em passos confiantes no caminho dos mandamentos de Deus; por este ato desagradvel ele colidiu ou ofendeu a prpria lei, e decaiu do seu estado de inocncia (Rm 5.15-18) [...] o homem cometeu este crime, depois de ter sido ali colocado em um estado de inocncia e adornado por Deus com dons to excelentes quanto o conhecimento de Deus, a justia e a verdadeira santidade. [Gn 1.26-27; Cl 3.10; E4.24] (WJA, 1.485) Apesar de haver tantas condies para no se pecar, especialmente no ato em si, o homem no se absteve deste pecado [Gn 2.16-17], (ibid.) Charles Hodge (1797-1878) Na imagem moral de Deus, est includa na justia original: (1) a harmonia perfeita e a subordinao devida de tudo aquilo que constitui a sua razo; suas afeies e apetites sua vontade; o corpo era o rgo obediente da alma. No havia rebelio da parte sensual contra a parte racional da sua natureza, tampouco qualquer tipo de desproporo 16. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS (# 19 entre ambas que demandasse um controle ou equilbrio por parte de outros dons ou influncias; (2) E alm deste equilbrio e harmonia da constituio original do homem, a perfeio moral na qual ele se assemelhava a Deus, inclua tambm o conhecimento, a justia e a santidade. (ST, 11.99) Em certo sentido, claro, a Teologia protestante sempre foi crtica acerca desta distino, da forma como ela compreendida e empregada pelos telogos catlicos. A Ortodoxia luterana e a reformada rejeitaram a doutrina da justia original como um donum superadditum. Os reformadores alegavam que se afirmssemos que o nosso estado natural era imperfeito, entraramos em choque com Gnesis 1.31 (Schmid: 158; Heppe: 190-191). Contudo, o entendimento dos telogos catlicos acerca dos dons originais que Deus os concedeu aos seres humanos; eram naturais e no excluam a possibilidade de se tratar a revelao de Deus em Jesus como sobrenatural. Pois mesmo estes dons naturais podem ser chamados de sobrenaturais, medida que esto acima da natureza corrompida pelo pecado e no so restaurados, salvo pela graa sobrenatural [Heppe: 191] (OT, 33). TRS PONTOS DE VISTA ACERCA DA ORIGEM DA ALMA HUMANA Os cristos tm tido trs pontos de vista bsicos acerca da origem da alma. O primeiro, a viso da pr-existncia, a qual foi, subseqentemente, considerada hertica, um a vez que contradiz o ensinam ento claro das Sagradas Escrituras acerca da criao dos seres hum anos.14O ponto de vista da pr-existncia apresenta duas variantes: a platnica (no- criada) e a crist (criada). A primeira serve com o pano de fundo para a compreenso da segunda. Duas Formas de Perspectiva da Pr-existncia A Viso da Pr-existncia No-criada De acordo com Plato (c. 427-347 a.C.), a alma do ser hum ano no intrinsecamente im ortal, contudo ela tambm eterna (vide P); ela nunca foi criada, mas parte integrante do mundo eterno que existe parte de Deus (os Demiurgos). Tal qual ocorre com o mundo das Formas eternas (das Idias) proposto por Plato, tambm existem, segundo o mesmo filsofo, almas eternas que existem em virtude da Alma Csmica, a qual anima todas as coisas. Antes do nascimento, supostamente, estas almas entrariam em um corpo (no ventre de um a m ulher) e se encarnam em um corpo hum ano. Assim, os seres humanos so, essencialmente, almas eternas que habitam temporariamente em corpos fsicos. Assim se apresenta a viso da pr-existncia, e os problemas com ela se agrupam em trs categorias: (1) ela no bblica, (2) ela no cientfica e (3) tambm no filosoficamente consistente. Primeiro, a Bblia declara de form a clara que os seres humanos foram criados, tanto o corpo, quanto a alm a.15E, se foram trazidos existncia em um determinado m om ento no tempo, pode-se afirmar que no existiam na eternidade passada. Shubert Ogden (1928j[...]) 14 Os outros so: o p onto de vista da criao e o traduciano, os quais sero doravante explicados. 15 Vide volu m e 2, captulos 18-19. 17. 20 # TEOLOGIA SISTEMTICA Segunda, as evidncias cientficas indicam que a vida individual se inicia na concepo.16 Terceiro, um nmero infinito de momentos algo impossvel, j que o momento presente o final de todos os momentos que o antecederam, e uma srie infinita de momentos no pode apresentar fim (vide Craig, K C A ). Assim, nenhum ser humano (temporal) pode ser eterno. A Viso da Pr-existncia Criada A viso da pr-existncia criada, sustentada por alguns pais da igreja ps-apostlica, apresenta muitas semelhanas com o ponto de vista de Plato. Orgenes (c. 185-C.254 d.C.) e at mesmo Agostinho (na sua juventude) acreditavam que a alma existia antes do nascimento, com a diferena de que em vez de possuir existncia independente da sua criao na eternidade, ela teria sido criada por Deus, desde a eternidade. Ao insistir na criao, os aderentes da viso da pr-existncia criada esperavam preservar a dimenso crist da viso platnica, mas, apesar disso, foram condenados como hereges. Agostinho corretamente reverteu esta ligao errnea com o Pr-encarnacionismo na sua obra Retractions (Retraes); pois a Bblia declara que os seres humanos tiveram um comeo (cf. Gn 1.27; Mt 19.4). A Perspectiva da Criao: A Alma Foi Criada Diretamente por Deus Depoisdeabordarmos asduasformasinsustentveis devisodapr-existncia, restam- nos ainda duas outras perspectivas bsicas, defendidas pelos telogos ortodoxos, acerca da origem da alma humana depois da criao original. A primeira o Criacionismo, ao qual examinaremos neste momento, e a segunda o Traducionismo, que veremos mais adiante. A essncia do Criacionismo, a respeito da alma humana, que Deus cria diretamente um novo indivduo para todas as pessoas que nascem neste mundo. Apesar do corpo de cada novo ser humano ser gerado pelos seus pais por intermdio de um processo natural, a alma sobrenaturalmente criada por Deus. Vrios autores cristos tm defendido o momento desta criao direta da alma em diferentes pontos do desenvolvimento do corpo humano. Existem vrias vertentes acerca deste tema: A Criao da Alma na Concepo A maior parte dos cristos evanglicos que defendem a viso criacionista sustenta que a criao da alma por Deus ocorre no momento da concepo. Existem evidncias bblicas e cientficas a favor desta posio. As Evidncias Bblicas Davi escreveu: Eis que em iniqidade fuiformado, e em pecado me concebeu minha me (SI 51.5). Jesus foi o Deus-homem a partir do momento da concepo, pois o anjo declarou: Jos, filho de Davi, no temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela est gerado do Esprito Santo. 16 Vide apndice 1. 18. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS f | 21 As Evidncias Cientficas A cincia m oderna nos proporcionou um a janela para o ventre feminino. Com o resultado, hoje em dia as evidncias so mais claras do que nunca: o incio da vida individual (da alma hum ana) dar-se no exato m om ento da concepo (fertilizao). Primeiro, constitui-se num fato gentico o fato de um vulo hum ano fertilizado ser cem por cento humano. A partir daquele exato m om ento, toda a informao gentica j est presente naquela vida, e nada mais se acrescenta do m om ento da concepo at a m orte do indivduo. Segundo, todas as caractersticas fsicas daquela vida j esto contidas no cdigo gentico presente na concepo. Terceiro, o sexo daquela criana j determinado no m om ento da concepo. Quarto, um vulo fem inino apresenta vinte e trs cromossomos; um espermatozide masculino, outro vinte e trs; um ser hum ano norm al apresenta quarenta e seis cromossomos. No exato m om ento da concepo, quando o espermatozide masculino se une com o vulo fem inino, surge um novo ser hum ano m insculo com quarenta e seis cromossomos. Quinto, do m om ento da concepo at a m orte, nada mais acrescentado, salvo alimento, ar e gua. Sexto, e ltim o, Jerome Lejeune, geneticista mundialmente renomado (1925/[...]) declarou: Aceitar o fato de que depois da fertilizao ocorrer, um novo ser humano formado, no mais uma questo de gosto ou opinio. A natureza do ser humano, a partir da concepo at a idade avanada, no se trata de controvrsia metafsica, mas sim, fruto de evidncias claras experimentais. (Conforme citado por Geisler e Beckwith, MLD, 16) Criao da Alma na Fixao do vulo Outros escritores cristos sustentam que a alma criada no m om ento em que o vulo fertilizado se fixa ao tero. A base para isto , supostamente, o fato de que gmeos idnticos podem ocorrer at o estgio embrionrio (duas semanas ou quatorze dias depois da concepo); logo, parece no ser plausvel se falar de um indivduo hum ano onde existe a possibilidade de se haver dois. Neste caso, teramos que considerar, por exemplo, que o indivduo original (o zigoto) m orre quando ele se torna dois gmeos. Alm disso, argumenta-se que experimentos em ovelhas e camundongos, os quais, a exemplo dos seres humanos, tambm tm gestaes intra-uterinas, m ostram que no existe um ser individual antes do trm ino da fixao do vulo no tero.17Todavia, existem boas razes para se rejeitar esta concluso.18 Criao da Alma depois da Implantao Toms de Aquino, seguindo os passos de Aristteles (384-322 a.C.), colocou a criao da alma logo aps concepo. Ele argumentou que apesar da alma animal ter sido gerada pelos pais, a alma racional,19na qual reside a humanidade da pessoa, no se forma antes dos quarenta dias para os indivduos do sexo masculino e dos noventa dias para os do sexo feminino (CSPI, Dist. III, Art. II). 17 C om o j vim os, nos seres hum anos isto se d quatorze dias depois da concepo. 18 Vide apndice 2 para m aiores explicaes. 19 R ejeitam os esta diferenciao. 19. 22 $ TEOLOGIA SISTEMTICA Esta viso se baseava em um modelo aristotlico antiquado da biologia. Este conceito no tinha qualquer base cientfica, tampouco escriturstica. Ele motivo de constrangimento tanto para os catlicos como para o movimento a favor da vida em geral, j que se fosse verdadeiro, um vulo fertilizado, inicialmente, no seria verdadeiramente humano e estaria, portanto, sujeito ao aborto nas primeiras semanas depois da concepo. A maior parte dos telogos catlicos est convencida de que Toms de Aquino teria repudiado esta viso ps-fixao se tivesse tido contato com os fatos cientficos que hoje nos esto disponveis (vide Heaney, AHC in HLR, 63-74). A Criao da Alma no Momento da Animao Alguns telogos especulam que Deus no cria a alma humana at momentos antes de um beb comear a se mexer no tero da me. Isto, entretanto, baseia-se em uma teoria cientfica desatualizada bem como em um entendimento inadequado da alma. (A alma era considerada o princpio do automovimento; logo, quando a vida comeava a se mexer no tero, a me considerava que Deus havia colocado uma alma nela.) A Criao da Alma no Nascimento Por ltimo, alguns cristos argumentam em defesa daviso de que as almas humanas individuais so criadas no nascimento. Para isso, eles apresentam dois argumentos principais: Primeiro, a vida humana designada biblicamente a partir do nascimento (cf. Gn 5.1ss). Segundo, Ado no era humano at que comeou a respirar, como declara Gnesis 2.7: E formou o SENHOR Deus o homem do p da terra e soprou em seus narizes o flego da vida; e [ento] o homemfoi feito alma vivente (grifo acrescentado). Respondendo a estes argumentos em ordem invertida, Ado foi, na verdade, um caso atpico, j que foi criado diretamente por Deus. Contudo o fato de ele no ter se tornado humano antes de respirar, no decisivo para concluirmos quando a vida de um indivduo inicia-se, isto, pelas vrias razes a seguir: Primeiro, Ado no foi concebido, nem nasceu como os outros seres humanos; como j observamos, ele foi criado diretamente por Deus. Segundo, o fato de Ado no ter sido humano antes de comear arespirar no serve de prova para o momento em que avida humana inicia-se, da mesma forma que o fato dele ter sido criado j adulto no prova tambm que a vida humana no comea enquanto no atingimos a idade adulta. Terceiro, a respirao em Gnesis 2.7 (hebraico: ruach) denota a origem da vida (cf. J 33.4). Isto indica, portanto, que avida comeou quando Deus concedeu avida aAdo, e no simplesmente porque Ado comeou a respirar. A vida humana foi mais tarde concedida sua posteridade na fertilizao ou concepo (Gn 4.1). Quarto, os animais apesar de respirarem, no so pessoas (Gn 7.21-22). Obviamente, a respirao, por si mesma, no era o fator determinante da humanidade de Ado. Quinto, falando pela tica da medicina, muitas pessoas que, em algum momento da vida, deixam de respirar mais tarde, so reanimados e retornam vida (ou acabam vivendo com o auxlio de equipamentos). O ser humano no nascido no pode ser visto (sem o uso de instrumentos) no tero e, portanto, no faz parte da cena social at o nascimento. 20. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 23- Sexto, se a respirao for equiparada presena da vida hum ana, ento, a perda da respirao significaria a perda da humanidade. Todavia, a Palavra de Deus ensina que o ser hum ano continua a existir mesmo depois que a respirao esvaice (Fp 1.23; 2Co 5.6-8; Ap 6.9). Stimo, e por ltim o, as Sagradas Escrituras j falam da existncia de vida hum ana no tero m uito antes da respirao iniciar, ou seja, desde o m om ento da concepo (SI 51.5; M t 1.20). Com relao ao argumento de que a vida hum ana designada na Bblia a partir do nascimento [Gn 5.1ss], deve-se observar que os versculos que tratam da respirao no falam do incio da vida humana, mas simplesmente da ocorrncia da primeira manifestao do ser (quando o ser hum ano com ea a respirar). Estas passagens tratam do incio da vida observvel, no do incio da vida em si mesma. Mesmo nos tempos bblicos, as pessoas sabiam que um beb j estava vivo no tero da me (cf. Lucas 1.44). O nascimento no era visto com o o com eo da vida humana, mas simplesmente com o o com eo ou o surgimento a estria hum ana da vida neste mundo natural visvel. A Viso Traducionista: A Alma E Criada indiretamente por Intermdio dos Pais O term o traducionista tem sua origem no vocbulo latino tradux, que significa ramo de uma videira. Ao ser aplicado origem da alma, segundo os traducionistas, a palavra significa que cada novo ser hum ano um ramo que sai dos seus pais, isto , tanto a alma, quanto o corpo so gerados pelo pai e pela me. Em resposta viso criacionista (a qual defende que Deus cria cada vida nova diretam ente no tero), os traducionistas (ou traducianos) observam, primeiramente, que a criao s foi completada no sexto dia (G n 2.2; D t 4.32; M t 13.35) e que Deus agora est em descanso e nada mais criou depois daquele m om ento (Hb 4.4). Alm disso, os traducionistas observam que as evidncias cientficas indicativas do incio da vida hum ana (da alma) so claras: a vida surge na unio entre o espermatozide e do vulo dos pais, sendo primeiramente concebida no tero, formando um indivduo com pleto. Por fim, o Traducianismo aponta que a viso criacionista no explica a herana do pecado original.20 Certam ente, um Deus perfeito no criaria um a alma decada, tam pouco podemos aceitar a idia gnstica21de que o contato de um a alma pura com o corpo material (no ventre m aterno) precipita a sua Queda. A explicao mais razovel que tanto a alma quanto o corpo decados so gerados naturalm ente a partir dos nossos pais. RESUMO E CONTRASTE DOS TRS PONTOS DE VISTA BSICOS Apesar de tanto os criacionistas quanto os traducionistas acreditarem que Deus quem cria todas as almas, os criacionistas afirmam que Ele faz isto diretamente no tero m aterno, ao passo que os traducionistas insistem que Ele faz isto de form a indireta por intermdio dos pais. Especificamente falando, o Criacionismo defende que apesar de cada novo corpo hum ano ser gerado pelos pais, cada nova alma hum ana diretamente criada por Deus. A viso da pr-existncia, originada em Plato, declara que todas as almas existiam antes do mundo ser criado que elas so eternas e no-criadas. Num a variante deste 20 Para saber m ais a respeito da herana do pecado original, vide captulos 3 e 5. 21 O G nosticism o defendia a crena errnea de que toda a m atria seria in eren tem en te m . 21. 24 0 TEOLOGIA SISTEMTICA modelo ideolgico, alguns pais da igreja acreditavam que cada alma havia sido criada por Deus antes do incio deste mundo e, mais tarde, antes do nascimento, entrava em um corpo. Todavia, diferentemente da viso platnica e das outras vises no- crists, Orgenes e o Agostinho inicial,22 por exemplo, no acreditavam que havia a reencarnao da alma depois da morte (vide Geisler e Amano, RS). As trs concepes bsicas podem ser resumidas conforme a tabela a seguir: TRS PONTOS DE VISTA ACERCA DA ORIGEM DA ALMA HUMANA Pr-existncia Criacionismo Traducionismo Momento da Criao Desde a eternidade (Plato) Antes da criao do mundo (Orgenes) () Na concepo (2) Na fixao do vulo fecundado (3) Depois da fixao23 (4) Na animao (5 ) No nascimento Originalmente em Ado, instrumentalmente por intermdio dos pais. Papel de Deus Nenhum (Plato) Ele cria cada alma, individualmente. Ele cria corpo e alma por intermdio dos pais Papel dos Pais Nenhum papel na criao da alma Causa eficiente do 24 corpo Causa ocasional da alma Causa eficiente do corpo Causa instrumental tanto da alma quanto do corpo Natureza do Homem 0 homem uma alma. 0 homem tem um corpo. 0 Homem uma alma. 0 homem tem um corpo. 0 homem uma unidade de alma+corpo.25 Natureza da Alma Humana Simples/ Indivisvel (no-regenervel) Simples/ Indivisvel (no-regenervel) Unificada (regenervel) Imagem de Deus Somente na alma Somente na alma Na alma e no corpo26 Imortalidade Somente da alma Somente da alma Da alma e do corpo27 22A lgum as das idias posteriores de A gostinho contrariam as suas posies iniciais. Isto ser m ais extensam en te esclarecido em captulos subseqentes. 23Quando a alm a racional criada. 24V eja volu m e 1, captulos 6 e 10 para saber mais sobre os tipos de causas. 25Alguns traducionistas so inconsistentes e n o percebem estas im plicaes lgicas n o seu p onto de vista, 26 Ibid. 27 Ibid. 22. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS 25 Proponentes Justino Mrtir Toms de Aquino W. G. T. Shedd cristos Orgenes Charles Hodge Agostinho Agostinho Inicial Posterior Lewis S. Chafer EVIDNCIAS A FAVOR DO PONTO DE VISTA TRADUCIONISTA As evidncias a favor da concepo traducionista da origem da alma bblica, teolgica e cientfica. O centro do ponto de vista traducionista que a vida hum ana (a alma) pode ser transmitida pelos pais aos seus filhos. As Evidncias Bblicas a Favor do Traducionismo28 Primeiro, desde o princpio, macho e fmea so considerados uma s espcie, os dois compartilhavam da vida hum ana (G n 1.26). Segundo, tanto o macho quanto a fmea, e no s o m acho, ambos foram chamados genericamente de Ado (5.1-2). Terceiro, Eva foi criada a partir de Ado, e no de form a separada (2.21-22). Quarto, a criao estava com pleta desde o princpio (2.1-3), e Deus entrou em descanso daquele m om ento em diante ('Hb 4.4). Quinto, a Bblia fala da unidade entre m acho e fmea (1 Co 11.8), com o um tendo vindo do outro. Sexto, Eva chamada de me de todos os viventes (G n 3.20) um ttulo adequado, som ente se todo o restante da vida hum ana tiver sido gerado a partir dela. Stimo, Ado teve filhos conforme a sua imagem (5.3, cf. 1.26)o que faz sentido somente se a sua vida tiver sido verdadeiramente transmitida a eles por gerao natural. Oitavo, a palavra carne (em grego: sarx) pode significar pessoa inteira com um corpo (Jo 3.6; cf. 1.14; At 2.17; Rm 3.20) e no somente a transmisso de um corpo fsico (com o argumenta a viso criacionista da origem da alma). Nono, de form a sem elhante, em Romanos 1.3, carne, que vem da gerao fsica, somente se refere toda a nossa humanidade e no som ente ao corpo. Dcimo, Atos 17.26 nos inform a que todos so descendncia de Deus a partir de Ado, feitos sua imagem, e tornados um m esm o sangue, por intermdio dos processos naturais de procriao. Dcimo-primeiro, Hebreus 7.10 nos ensina que Levi estava nos lom bos de Abrao e veio a existir com o descendente de Abrao por intermdio da procriao de seus antecedentes abramicos. 29 Dcimo-segundo, o Salmo 139.13-16 nos revela que a nossa substncia pessoal, a qual transcende o campo fsico, foi gerada no tero m aterno, por intermdio de um processo natural e ordenado por Deus. Dcimo-terceiro, o corpo dentro do tero denominado de pessoa em muitas passagens (por exemplo, J 10.10; SI 22.9-10; Jr 1.5). Alm disso, pessoa mais do que o aspecto fsico da humanidade.30 Dcimo-quarto, Romanos 5.12 diz que por um hom em [Ado] todos pecaram. Isto sugere que os descendentes de Ado herdaram a mesma natureza pecaminosa de seu ancestro. 28A m aior parte deste argum ento pode tam bm ser encontrada na obra D ogm atic Theology [Teologia Dogm tica] de W illiam G. T. Shedd (New York: Charles Scribners Sons, 1894, 2 .19ss. 29Abro foi u m ancestral de Levi. 30Vide captulo 2. 23. 26 # TEOLOGIA SISTEMTICA Dcinuhquinto, 1 Corntios 15.22-27 afirma que todos os seres humanos eram um em Ado. Dcimo-sexto, Efsios 2.3 deixa claro que todos nascemos com uma natureza pecaminosa, e corpos desprovidos de alma no podem pecar. Dcimo-stimo, o Salmo 51.5 declara quefomos concebidos em pecado, algo impossvel sem a existncia de uma alma humana no momento da concepo. Dcimo-oitavo, e por ltimo, Jesus considerado como aquele que saiu das entranhas de Davi (1 Rs 8.19 BJ)31,indicando uma ligao gentica por intermdio dasuame.32 EvidnciasTeolgicas a Favor do Traducionismo Existem vrias verdades teolgicas que so bem explicadas pela viso traducionista da origem da alma. Primeiro, a Bblia fala da imputao (atribuio) de pecados de Ado para toda a sua posteridade (Rm 5.13,18). extremamente difcilinterpretar istoem qualquer sentidoreal do termo se anaturezapecaminosa no for transmitidapor meio de algum processo natural.33 Segundo, o fato de sermos nascidos com uma inclinao natural para o pecado (Ef 2.3; Jo 3.6) favorece aviso traducionista. Terceiro, a universalidade do pecado apia o Traducionismo, pois se o pecado no for herdado por todos no nascimento, por que a Bblia afirmaria que todos nascemos em pecado? Quarto, e por ltimo, a unidade corprea e incorprea da natureza humana34tambm favorece o Traducionismo, j que faz sentido se pensar que corpo e alma, juntos, so transmitidos dos pais para os filhos atravs daconcepo. Evidncias Cientficas aFavor do Traducionismo Lembrando que alma (hebraico: nephesh e grego: psychE) significa vida, e que uma vida humana uma alma humana, asevidncias cientficas de que umavidahumana (uma alma) comea no momento da concepo so slidas.35 Primeiro, fato cientfico que avidahumanaindividual (com um DNAexclusivo) passada adiantepela gerao natural, dospaispara o filho. Segundo, a clonagem produz o mesmo tipo de vida sem uma nova criao. Logo, a possibilidade da clonagem humana serve de apoio aoTraducionismo. Terceiro, por analogia, as almas humanas, como a alma dos animais,36 tambm so passadas adiante, da parte dos pais, para a sua descendncia. Quarto e ltimo, como os seres humanos representam uma unidade psicossomtica,37o corpo no passa de uma parte, e no representa a totalidade da pessoa. Como j vimos, faz sentido que ambos sejam passados adiante em conjunto, dos pais para os filhos. RESPONDENDO S OBJEES AO PONTO DE VISTA TRADUCIONISTA Muitos questionamentos jforam feitos contra o paradigma traducionista. Contudo, como veremos, nenhum deles representa uma refutao definitiva. Objeo Nmero Um Baseada em Deus como o Pai dos Espritos Esta objeo est fundamentada em Hebreus 12.9, que diz: No nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espritos, para vivermos? Considera-se que esta expresso, Pai 31 C on form e a Bblia de Jerusalm . 32Vide apndice 4. 33Vide captulos 3 e 5. ^Vide captulo 3 para u m a definio, explicao e anlise detalhadas. 35Vide apndice 1. 36Vide captulo 2, sob o ttu lo A A nalogia co m os A nim ais. Lem bre- se que (acim a) ns negam os a suposta diferena entre alm a anim al e alm a racional. 37Vide captulo 3. 24. A ORIGEM DOS SERES HUMANOS

atans,9j que os pecadores so seus escravos, a maioria dos estudiosos ortodoxos rejeita esta posio, insistindo que o pagamento de Cristo pelo pecado foi feito a Deus, porque : pecado nos torna devedores diante dele.10 Sem este pagamento, que no poderia ser reito por ns e que Cristo realizou em favor de toda a humanidade, ns jamais seriamos saivos. A Mediao Com o Salvador, Cristo o nosso mediador. A palavra hebraicayakach empregada uma vez no Antigo Testamento (J 9.33): No h entre ns rbitro [mediador] que ponha a mo sobre ns ambos. Um a palavra grega utilizada para mediar, mesias, aparece seis vezes (C l 3.19-10 em referncia a Moiss; Hb 8.6; 9.15; 12.24 em referncia a Cristo; e 1 Tm 2.5: Porque h um s Deus e um s mediador entre Deus e os hom ens, Jesus Cristo, hom em [cf. Jo 10.9]). Existem trs aspectos da mediao de Cristo: (1) com o profeta (Hb 1.2ss), Ele representa Deus aos hom ens; (2) com o Sacerdote (Hb 9.15), Ele representa o hom em a Deus e (3) com o Rei (SI 2), Ele reina sobre os hom ens por parte de Deus. A Regenerao A palavra grega para se referir regenerao paliggenesia, que significa regenerao, "renascim ento, ou renovao espiritual. Paliggenesia utilizada duas vezes no Novo Testamento (M t 19.28 com referncia renovao messinica e em Tito 3.5 para se referir salvao). Em Tito ela fala da transmisso da vida espiritual alma: [Deus nos salvou] no pelas obras de justia que houvssemos feito, mas, segundo a sua misericrdia, nos salvoupela lavagem da regenerao e da renovao do Esprito Santo. A regenerao transmisso da vida espiritual, por parte de Deus, s almas daqueles que estavam m ortos em ofensas e pecados (Ef 2.1) e que foram salvos trazidos novamente vida por Deus pela f em Jesus Cristo (Ef 2.8). A Fonte da regenerao Deus, o resultado da regenerao a filiao; o meio da regenerao o Esprito Santo; e a durao da regenerao eterna: >ide captulo 8. 10Vide adiante, sob o ttulo Expiao Sacrifical (Substitutiva). 191. 200 $ TEOLOGIA SISTEMTICA Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crem no seu nome, os quais no nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varo, mas de Deus. (Jo 1.12-13) Porque todos sois filhos de Deus pela f em Cristo Jesus (G1 3.26). Idias paralelas so expressas em vrias passagens bblicas.11 0 Novo Nascimento Nascer de novo ou nascer do alto so expresses paralelas regenerao. O novo nascimento o ponto no qual um a pessoa m orta em ofensas e pecados (Ef 2.1) recebe a vida espiritual. Jesus disse: O que nascido da carne carne, e o que nascido do Espirito esprito. No te maravilhes de te ter dito: Necessrio vos nascer de novo (Jo 3.6,7). Pedro acrescenta que fomos: De novo gerados, no de semente corruptvel, mas da incorruptvel, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sem pre (1 Pe 1.23; cf. Jo 1.13; 1 Jo 3.9; 4.7, 5.1, 4, 18). Esta idia foi expressa no Antigo Testamento por Ezequiel quando ele falou que Deus daria um novo corao a Israel, caso o povo se arrependesse (Ez 11.19). A Adoo Adoo (no grego: huiothesia) significa colocar com o filho; ela significa, literalmente, um filho legal (Ex 2.10). O term o utilizado cinco vezes nas pginas do Novo Testam ento.12Teologicamente, adoo (G1 4.5) se refere ao ato de Deus que coloca uma pessoa com o filho, dentro da famlia de Deus.13Adoo um term o de posio pelo qual nos tornam os filhos por intermdio do novo nascimento (Jo 1.12,13), somos redimidos das amarras da lei (G1 4.1-5) e, embora sejamos somente crianas (grego: teknion) somos, por adoo, tornados filhos adultos (grego: huos), o que ficou manifesto na ressurreio do corpo (R m 8.23; cf. 1 Jo 3.2). A Reconciliao Uma palavra grega utilizada para reconciliao katalasso, que significa reconciliar ou trazer ju nto (cf. M t 5.23,24). Katallasso utilizada cinco outras vezes no Novo Testam ento.14 Outro term o utilizado para expressar a idia de reconciliao katallage, que significa trazer junto. Katallaga utilizada quatro vezes.15 Por estarem alienados de Deus pelo pecado, os seres humanos decados necessitam de reconciliao com Ele. E tudo isso provm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministrio da reconciliao, isto , Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, no lhes imputando os seus pecados, e ps em ns a palavra da reconciliao. De sorte que 11Tais com o Ez 37.1-10; M t 17.11; Jo 1.13; 3.6-7; At 3.21; R m 8.21; 1 Co 15.27; 1 Pe 1.3, 23; 1 Jo 2.29; 3.9; 4.7; 5.1, i, 18; Ap 21.1. 12Huiothesia: R m 8.15, 23 acerca da ressurreio; 9.4 acerca de Israel; G 14.5; Ef 1.5. 13Longe de ser u m a depreciao das m ulheres, Glatas u m a declarao revolucionria da sua igualdade e liberdade (cf. 3.26-29). HR m 5.10 [duas vezes]; 1 C o 7.11 - a c e rc a do casam ento; 2 C o 5.18-20. 15R m 5.11; 11.15 acerca dos gentios; 2 C o 5.18-19. 192. A NATUREZA DA SALVAO # 201 somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por ns rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus. (2 Co 5.18-20) Existem dois lados na reconciliao: o lado objetivo, o potencial que Cristo conquistou para toda a humanidade (v. 19), e o lado subjetivo, pelo qual ns verdadeiramente nos reconciliamos com Deus (v. 20). E tambm digno de nota que Deus no est reconciliado conosco; ns estamos reconciliados com Ele. Deus no se m ovim enta em relao ao pecador; mas o pecador se m ovim enta em relao a Ele. Tanto a alienao, quanto a reconciliao so mencionadas em Colossenses 1.20,21, que um a fabulosa expresso do significado da salvao: [Era propsito de Deus que], por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que esto na terra como as que esto nos cus. A vs tambm, que noutro tempo reis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras ms, agora, contudo, vos reconciliou. O Perdo A palavra grega equivalente a perdo aphesis, que significa perdoar ou rem ir os pecados de algum. O livro de Hebreus declara que Deus no pode perdoar sem que haja expiao, pois quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue no h remisso (9.22). Paulo anunciou: que por este Jesus] se vos anuncia a remisso dos pecados (At 13.38). O perdo no apaga o pecado-, a histria no pode ser modificada. Mas o perdo apaga o registro do pecado. Tal qual ocorre com um indulto, o crime do acusado no eliminado da histria, mas apagado da sua conta. Logo, Em [Cristo Jesus que] temos a redeno pelo seu sangue, a remisso das ofensas, segundo as riquezas da sua graa (Ef 1.7; cf. Cl 1.14). A Justificao A justificao o ato pelo qual somos declarados justos diante de Deus, embora sendo injustos por ns mesmos. Vrias palavras gregas descrevem o ato da justificao. Dikaios significa justo ou reto; ela utilizada para se referir aos seres humanos (M t 1.19; 5.45; 9.13, etc.), a Cristo (At 3.14; 7.52; 22.4; Rm 5.7). a Deus (R m 3.26) e salvao (R m 1.17; G1 3.11; Hb 10.38). Dikaiosyne (justia) pode se referir justificao prtica,16ou a justificao posicionai.17 A Teologia Sistemtica se refere a ela neste segundo sentido. Dikaioo significa justificar ou justificado. Esta palavra, s vezes, se refere a Deus (Lc 7.29; Rm 3.4), a Cristo (1 Tm 3.16) ou salvao.18 Romanos 4.2-5 uma passagem fundamental: Porque, se Abrao foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas no diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abrao em Deus, e isso lhe foi imputado como justia. Ora, quele que faz qualquer obra, no lhe imputado o galardo segundo a graa, mas segundo a dvida. Mas, quele que no pratica, porm cr naquele que justifica o mpio, a sua f lhe imputada como justia. :e M t 3.15; 5.6, 10; 6.13-10; Fp 1.11. 17 R m 1.17; 4.3-13, 22; 5.17; 1 C o 1.30; 2 C o 5.21; G1 2.21; 3.6, 21; 5.5; Fp 3.9; Hb 11.7; T g 2.23. 18At 13.39; R m 2.13; 3.4,20-30; 4.2-5; 5.1, 9; 8.30,33; G 12.16; 3.8,11, 24; T g 2.21-25. 193. 202 # TEOLOGIA SISTEMTICA Dikaosis traduzida com o justificao (R m 5.18). Paulo declara acerca de Cristo: O qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificao (R m 4.25). E im portante notarm os que justificao significa declarar ju sto (e no fiaier justo), porque: (1) Ela feita independentemente das obras (R m 1.17; 3.20; 4.2-5); (2) Ela feita aos pecadores (R m 3.21-23); e (3) Ela um ato jurdico (legal) (Rm 4.4-6; 5.18). Isto fica evidente a partir das expresses imputar e tomar em conta, que so traduzidas para se referirem conta que temos para com Deus (cf. Rm 4.3, 6,11, 22-24). Pois, que diz a Escritura? Creu Abrao em Deus, e isso lhe foi imputado como justia. Ora, quele que faz qualquer obra, no lhe imputado o galardo segundo a graa, mas segundo a dvida [...] Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justia sem as obras [...] Bem-aventurado o homem a quem o Senhor no imputa o pecado [...] Porque dizemos que a f foi imputada como justia a Abrao. Como lhe foi, pois, imputada?Estando na circunciso ou na incircunciso? No na circunciso, mas na incircunciso [...] para que fosse pai de todos os que crem (estando eles tambm na incircunciso, a fim de que tambm a justia lhes seja imputada) [...] Pelo que isso lhe foi tambm imputado como justia. Ora, no s por causa dele est escrito que lhefosse tomado em conta, mas tambm por ns, a quem ser tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, At mesmo Tiago, que enfatizou as obras que surgem naturalm ente a partir de um a f salvfica, fala de justia imputada ou creditada (chamada de justia forense): e cum priu- se a Escritura, que diz: E creu Abrao em Deus, e foi-lhe isso imputado com o justia, e foi chamado o amigo de Deus (Tg 2.23). Na forte comparao que Paulo faz entre Ado e Cristo (R m 5), ele utiliza a palavra justificao em duas ocasies para descrever o que Cristo conquistou para os seres humanos: E no foi assim o dom como a ofensa, por um s que pecou; porque o juzo veio de uma s ofensa, na verdade, para condenao, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificao [...] Pois assim como por uma s ofensa veio o juzo sobre todos os homens para condenao, assim tambm por um s ato de justia veio a graa sobre todos os homens parajustificao de vida. (w. 16, 18) Observe a seguinte comparao de Romanos 5: Pessoa Ado Cristo Ato Pecado (vv. 12, 14, 16) Ofensa (vv. 15-18) Desobedincia (v. 19) Graa (v. 15) Justia (v. 18) Obedincia (v. 19) 194. A NATUREZA DA SALVAO 1:: c batismo, a uvjxmao, a primeira comunho (ou Eucaristia), 32 F fiducial a f que envolve a confiana e a segurana. 235. 244 # TEOLOGIA SISTEMTICA com pleto (in ibid., cnon 8, 851.263). A adoo da frm ula ex opere operato por parte do Concilio de Trento foi vigorosamente combatida pelos reformadores, pois a expresso significa que os sacramentos levam Deus a conceder a graa pelo seu valor objetivo. To logo o sinal sacramental validamente executado, Deus concede a graa (O tt, FCD, 331). Em outras palavras, a salvao depende da execuo das obras do sistema sacramental ela no vem somente pela graa e somente pela f. A Posio Catlica Sustenta que a Igreja Catlica Apostlica Romana a Instituio Detentora da Salvao Os sacramentos, obviamente, so mediados pela Igreja, pela qual se acredita que Deus concede a sua graa para aqueles que os recebem em diferentes estgios, desde o nascimento (batismo) at a m orte (extrem a uno). O Catolicismo reconhece a validade de dois sacramentos o batismo e o m atrim nio que so largamente praticados fora da sua jurisdio e que tambm perm item que a graa possa ser dispensada por intermdio da Santa Ceia.33 Os sacramentos institucionalizados so necessrios para a salvao (Denzinger, cnon 4, 847.262). A Igreja Catlica Rom ana ensina que exceto para o Batismo e para o Matrimnio, um poder sacerdotal ou episcopal especial, conferido pelas Sagradas Ordens, necessrio para a vlida administrao dos Sacram entos (O tt, FCD, 341). Apesar de tanto os leigos catlicos (por exemplo, enfermeiras e mdicos) e at m esm o ministros protestantes poderem administrar o batismo em o nom e da Trindade, o Concilio de Trento condenou abertamente a idia de que todos os cristos tm o poder de administrar os sacramentos (ibid.). S a Igreja Catlica Rom ana tem esse direito. Trento emitiu o dogma infalvel de que o Catolicismo a organizao escolhida por Deus para ser a distribuidora da graa sacramental de Deus, pouco a pouco, do nascimento m orte. Conseqentemente, a Igreja Catlica Rom ana a instituio da salvao um a idia sum am ente rejeitada pelos protestantes. A eucaristia um exemplo emblemtico: alm de se alegar (por meio do seu sacerdcio) a nica organizao divinamente designada para administrar estes sacramentos, a Igreja Catlica tambm insiste em ter recebido poder, da parte de Deus, para, verdadeiramente, transformar os elementos fsicos do po e do vinho, de m aneira literal, no corpo e no sangue de Cristo (a transubstanciao).34 Quem sabe, seja preciso estar fora do sistema catlico romano para ficarmos verdadeiramente impressionados com a flagrante descompostura desta presuno acerca da institucionalizao da salvao. A Posio Catlica da Eucaristia como Sacrifcio Adultera a Salvao pela Graa Os catlicos romanos entendem aFesta daEucaristia com o um sacrifcio sem sangue, um a idia encontrada nos escritos de alguns dos primeiros Pais Medievais (vide Ott, ibid., 405-07). Gregrio, o Grande (c. 540-604), considerado o Pai do papado medieval (Cross, ed. ODCC, 594-95), defendia que em toda missa, Cristo era, novamente, sacrificado, e esta noo da missa com o um sacrifcio acabou se tornando a doutrina padro da Igreja Ocidental at ser rejeitada pelos protestantes no sculo XV I (Gonzlez, SC, 1.247). 33M as nao da m esm a form a que se daria com a Eucaristia catlica. MPara u m a explicao m ais detalhada sobre as diferentes perspectivas acerca deste sacram ento, vide volu m e 4. 236. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 245 Os protestantes rejeitam o Sacrifcio Eucarstico da Missa. A teologia .u terir.i. por exemplo, declara: Com o Cristo m orreu e expiou o pecado de uma vez por todas, e : : mo o crente justificado pela f, com base neste sacrifcio nico e definitivo, no h neeessidade para sacrifcios repetidos (lu tero, BC, 140). O sacerdotalismo35tambm negado: A presena do corpo e do sangue de Cristo no e resultado da ao do sacerdote, mas uma conseqncia do poder de Jesus Cristo (ibid. i. E claro que os catlicos defendem que os sacerdotes no fazem a consagrao pelo ieu poder prprio, mas pelo poder de Deus que lhes foi investido. A objeo protestante no provm do fato do padre ser, verdadeiramente, uma causa eficiente ou m eram ente : casional do poder divino;36o problema a concepo catlica de que um poder divino ;esta natureza foi entregue para ser administrado pelo sacerdcio rom ano. Aqui, novamente, o Catolicismo institucionalizou a salvao e, dessa forma, corrom peu a pura graa de Deus ao coloc-la debaixo do controle de um a hierarquia humana. RESUMO DAS CONVERGNCIAS E DAS DIVERGNCIAS Em term os de justificao (justia), as reas de convergncia e divergncia entre os protestantes e os catlicos romanos podem ser resumidas da seguinte forma: Justificao Inicial Justificaao Progressiva Justificao Final S Legal (jurdica) Catlicos permitem Protestantes afirmam Catlicos permitem Protestantes negam Catlicos afirmam Protestantes negam Real (prtica) Ambos afirmam Ambos afirmam1 Catlicos afirmam Protestantes negam Mudana 1 comportamental Ambos afirmam Ambos afirmam Ambos afirmam : Necessidade da graa Ambos afirmam Ambos afirmam Ambos afirmam Necessidade das 1 obras Ambos negam Catlicos afirmam Protestantes negam Catlicos afirmam Protestantes negam A BASE BBLICA DA RELAO ENTRE F E OBRAS Agora que j estudamos a batalha histrica entre catlicos e protestantes, examinaremos o debate interno que ocorre entre os protestantes acerca da relao entre re e obras.37 Todos concordam que a prtica de obras no um a condio para, mas um resultado da salvao. O que est pendente a conexo precisa entre f e obras. Independentemente da conexo existente entre a f e as obras, est claro que a Bblia repetidamente enfatiza a necessidade que o crente tem de manifestar as boas obras: A necessidade da consagrao dos elem entos feita por um padre. 36Vide volum e 1, captulos 6 e 10 para saber m ais sobre : diferentes tipos de causas. 37Por interm dio deste processo, debate interno entre os evanglicos ficar visvel. 237. 246 # TEOLOGIA SISTEMTICA Assim resplandea a vossa luz diante dos hom ens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que est nos cus (M t 5.16). E Deus poderoso para tornar abundante em vs toda graa, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficincia, superabundeis em toda boa obra (2 Co 9.8). Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andssemos nelas (Ef 2.10). Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vs com eou a boa obra a aperfeioar at ao Dia de Jesus Cristo (Fp 1.6). [Oramos] para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecim ento de Deus (Cl 1.10). Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modstia, no com tranas, ou com ouro, ou prolas, ou vestidos preciosos, mas (com o convm a m ulheres que fazem profisso de servir a Deus) com boas obras (lT m 2.9,10). Nunca seja inscrita viva com menos de sessenta anos, e s a que [...]praticou toda boa obra" (1 Tm 5.9,10). Assim m esm o tambm as boas obras so manifestas, e as que so doutra maneira no podem ocultar-se (1 Tm 5.25). Fiel a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que crem em Deus procurem aplicar-se s boas obras (T t 3.8). Os Crentes Verdadeiros Manifestam a Sua F Por Intermdio das Boas Obras Existem diferenas cruciais entre os proponentes das vrias posies protestantes acerca da relao entre f e obras. Muitos calvinistas firmes sustentam que, com o o crente movido pela graa de Deus, a f salvfica automaticamente produz as boas obras. Outros protestantes sustentam que a prtica de boas obras surge, inevitavelmente, da f salvfica, mas no de form a autom tica (um a deciso livre estaria envolvida). Outros, ainda, preferem afirmar que as obras fluem naturalmente da f salvfica. Alguns proponentes da graa livre alegam que a prtica de boas obras norm alm ente acompanha a f salvfica, apesar disso no ser um resultado direto (ou obrigatrio). Outros, por sua vez, afirmam que as obras no so nem automticas, nem necessrias. Porque as Obras no Fluem automaticamente da F Salvfica H muitas razes para rejeitarmos a posio de que as obras fluem autom aticam ente da f salvfica, com o insistentemente afirma o Calvinismo Firme. Primeiro, a santificao um processo que envolve a obedincia, e a obedincia no automtica, mas um ato da vontade (cf. Rm 6.16; Ef 6.5; 1 Jo 2.3, 22, 24). At mesmo os calvinistas firmes reconhecem que a graa opera de form a cooperativa (com o nosso livre-arbtrio) depois da justificao. Sendo assim, as obras no podem surgir de form a automtica. Segundo, a santificao do nosso amor por Deus, e o amor no autom tico, mas sim um ato livre (cf, M t 22.37-39; Jo 15.10; 1 Jo 5.3). Terceiro, com o j foi notado, os calvinistas firmes, admitem que a santificao envolve a graa cooperativa, o que implica um ato sinrgico (um trabalhar em conjunto) da graa de Deus com a vontade humana. Quarto, Romanos 6.16 descreve a santificao com o uma livre-ao na qual somos direcionados a nos apresentarmos. Quinto, outros atos de bondade so descritos com o livres e sem qualquer tipo de coao tal qual pode ser visto pelas expresses voluntariamente (2 Co 8.3) ou no fosse com o por fora, mas voluntrio (Fm 1.14; cf. 1 Co 7.37, 39). 238. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 247 Sexto, a santificao uma obrigao, e toda responsabilidade implica na capacidade de responder a ela, se no pelas nossas prprias foras, pela graa de Deus/ Stimo, receberemos galardes (recompensas) pelas nossas boas obras tcf. 1 Co 3.1 lss; Ap 22.12), e no faz sentido recompensar um a pessoa por aes que lhes foram automticas (isto , que no envolveram um a deciso da sua parte neste sentido). Oitavo, e ltim o, sofreremos a perda dos nossos galardes em funo de ms aes (cf. 1 Co 3.1 lss), e no faz sentido castigar algum por aquilo que poderia ter sido evitado (j que, tudo, supostamente, foi automtico). Porque as Obras Fluem naturalmente da F Salvfica Apesar das obras no flurem autom aticam ente da f salvfica, elas surgem de form a natural, tal qual os botes surgem de form a natural em um arbusto vivo. Com o observou, acertadamente, Charles Ryrie (nascido em 1925): Todo cristo dar fruto [...] do contrrio no ter sido um crente de verdade [...] o fruto, portanto, fornece evidncias acerca da f salvfica. As evidncias podem ser slidas ou dbeis, errneas ou regulares, visveis ou no, mas umaf salvfica sempre as gerar. (SGS, 42-43, grifo acrescentado) Primeiro, a f salvfica comparada a uma semente que cresce naturalm ente em terra rrtil (Lc 8.11-18; cf. 1 Pe 1.23). Segundo, a atividade conseqncia natural da nossa natureza, e o crente verdadeiro recebe um a nova natureza (2 Co 5.17; Cl 3.10). Terceiro, os crentes verdadeiros so nascidos de novo (Jo 3.3,7), e, desta sorte, manifestam um desejo de crescer por meio de uma fome por alimento espiritual.39 Quarto, a conexo bblica inegvel entre f e obras indica que a realizao das obras flui naturalm ente de uma f salvfica.40 Quinto, largamente sabido, at mesmo pelos proponentes da graa livre,41 que a f salvfica envolve confiana.42 A confiana leva-nos, naturalm ente, s boas obras para com aquele que no-la depositou. Sexto, a f salvfica envolve um arrependimento genuno (At 17.30,31; 20.21; cf. 19.4),43 e o arrependimento genuno levar naturalm ente s boas obras (M t 3.8; At 26.20).44 Os calvinistas firm es insistem em afirm ar que os atos sinrgicos (pelos quais som os santificados) so atos-livres; em resposta, observam os que os eles no querem dizer que estes atos so livres no sentido de que a pessoa teria a liberdade de tom ar ou tra deciso (isto , n o entendim ento libertrio da liberdade); para o calvinista firm e, estas decises so : :m adas a partir de um desejo criado por Deus em ns e no podem ser resistidas ou rejeitadas. Logo, no faz sentido um calvinista firm e cham ar estas decises de livres se defendem os que elas, em ltim a estncia, so resultado da graa irresistvel que se sobrepe nossa vontade contrria. Vide N orm an L. Geisler, Eleitos Mas Livres, captulos 2 ,6 ; apndices 1. -?-5.9. 39A nova vida pode ser atrofiada se no for cultivada (cf. Hb 5.12 6.1); dessa form a, a Bblia nos adm oesta a saciar este desejo natu ral de crescim ento (1 Pe 2.2). 40Cf. E f 2.8-10; Fp 2.12,13; T t 2.11-13; 3.5-8; T g 1.26,27; 2.12,13: 2 Pe 13-S: 1 fo 5 16-18. 41Vide captulo 16. 42 Por exem plo, Z ano Hodges escreve: A f que recebe u m a salvao to m arail : a :em a total espontaneidade de u m a confiana in fantil (A F, 60, grifo acrescentado). A lm disso, ao se referir ao ato de : saivinca :~ rlem en ta d a p or Abrao: Este ato de confiana lhe foi im putad o p or ju stia (ibid., 32, grifo acrescenta.dc - - A r ts r c ::c - i e do arrependim ento, Ryrie faz u m a observao m u ito consistente ao ensinar que o arrependim ente sem a i nc salva, j que o arrependimento, em si m esm o, sim plesm ente significa m ud ana de m en te (a respeit: de a_a__:_zr j;:5 a . - essa form a, a nica form a de arrependim ento que salva um a m ud ana na nossa m ente a ce r:a c k s k i C SGS, M, grifo acrescentado). 44A tentativa de Hodges em fazer co m que o arrepend im ento som en rt > rezra a: JTrnre n o re n 3do ps-converso (A F, captulo 11) no tem fundam ento. Para detalhes, vide captulo 16 neste m esm o:*lume. r ara u m a viso m ais equilibrada, vide Ryrie, So Great Salvation, 82-90. 239. 248 # TEOLOGIA SISTEMTICA Stimo, o fato de a f verdadeira envolver o amor a Deus (M t 22.37; Jo 4.7), revela-nos que ela redundar em aes. O amor verdadeiro se expressa de modo natural (1 Co 13.1ss). Oitavo, a f verdadeira no um m ero consentim ento m ental (intelectual, ou baseado na razo). Com o ela tam bm inclui as emoes e a vontade (Ryrie, SGS, 110-11), as boas obras fluem da crena genuna da pessoa com o um todo. Nono, o fato de a f verdadeira envolver a obedincia, dem onstra que a f se expressa naturalm ente na form a de aes.45 Dcimo, Tiago declara, de form a explcita: Meus irmos, que aproveita se algum disser que tem f e no tiver as obras? Porventura, a f pode salv-lo? [...] [No] Assim tam bm a f, se no tiver as obras, m orta em si m esm a [...] Bem vs que a f [de Abrao] cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a f foi aperfeioada. (Tg 2.14, 17, 22) Dcimo-primeiro, e ltim o, somos santificados da m esma form a que somos justificados pela f (vide G1 3.4, 11). Porm, a santificao est condicionada nossa obedincia para a justia (R m 6.16; cf. Ef. 6.5; 1 Jo 2.3, 22, 24). Algumas pessoas questionam que se a prtica de boas obras flusse naturalm ente da f, ento a Bblia no precisaria nos exortar a esse respeito (o que ocorre por exemplo, em T t 3.8). A razo pela qual as Sagradas Escrituras nos incentivam neste sentido porque apesar da prtica das boas obras fluir naturalmente da f salvfica, ela no surge de forma automtica. Alm disso, apesar de algumas aes surgirem naturalm ente, o fruto adicional somente vem atravs de um rduo trabalho de cultivo, fertilizao, rega, e poda (cf. Jo 15.2). Com o j vimos, sem estas aes, a vida espiritual pode adormecer e ficar atrofiada. De m aneira similar, algumas pessoas j observaram que a graa considerada com o a nossa instrutora da piedade (T t 2.11,12), entretanto, elas argumentam, se a piedade conseqncia natural da f salvfica, no h necessidade da graa nos ensinar a praticar as boas obras. Todavia, o ensino ajuda a produzir um fruto m elhor (Jo 15.2); assim com o, a natureza produzir, naturalmente, algum fruto, mas no tanto quanto se ela fosse amorosamente cuidada (cf. 1 Co 3.6; 2 Pe 3.18). Com o Ryrie afirma: A f salvfica um a f atuante, e estas obras justificam os crentes no tribunal terreno [em oposio ao cu] [...] U m a f im produtiva um a f espria. (SGS, 121, grifo acrescentado) Crentes Verdadeiros Podem Cair no Pecado Tudo isso no tem por objetivo afirmar que o crente verdadeiro no pode se desviar (cf. Jr 3.14) ou ser surpreendido nalguma ofensa (G1 6.1) ou com eter pecados (1 Jo 1.8,9). Davi com eteu (2 Sm 11), e pagou mansamente (2 Sm 12). L, que viveu em Sodoma, foi um hom em justo (cf. 2 Pe 2.7), mas nem por isso escapou de cair em pecado, o mesmo se deu com No, um grande hom em de f (Gn 9). De modo semelhante, Abrao, o pai de muitas naes, tambm foi assaltado pelo engano e pela descrena (Gn 20 21). 45Atos 5.32; 2Ts 1.8; cf. Rm 15.18; Hb 5.9; 1 Pe 4.7. 240. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 249 C rentes Verdadeiros So D isciplinad os quand o Pecam As vezes a perspectiva da sola gratia confrontada com a acusao de que ela leva a um a vida libertina ou licenciosa. O prprio Paulo enfrentou esta acusao e perguntou: Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graa seja mais abundante? De modo nenhum ! Ns que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? (Rm 6.1,2). A rraa no opera a impiedade por intermdio da piedade. Por um lado, com o j foi visto, a graa verdadeira nos fornece a motivao para levar uma vida justa. Paulo diz: Porque a graa de Deus se h manifestado, trazendo salvao a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando impiedade e s concupiscncias mundanas, vivamos neste presente sculo sbria, justa e piamente. (Tt 2.11,12) Alm disso, os crentes que erram na avaliao do que significa estar debaixo da graa _e Deus, recebem a sua disciplina, por serem filhos de Deus. Hebreus afirma que: O >enhor corrige o que ama e aoita a qualquer que recebe por filho (12.6). Deus tambm raz uso da disciplina contra os seus filhos rebeldes: Que filho h a quem o pai no corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos so feitos participantes, sois, ento, bastardos e no ~lhos (vv. 7,8). O Senhor conhece os que so seus, e, qualquer que profere o nom e de Cristo aparte-se da iniqidade (2T m 2.19). Em suma, quando um crente cai em pecado, ele sofre disciplina, e se persiste, Deus rode chegar ao ponto de tom ar a sua vida para salvar o seu nome da desonra. Paulo disse aos Corntios que o abuso que estava havendo na Mesa da Ceia havia gerado a m orte de algumas pessoas naquela igreja (1 Co 11.30; cf. 15.20). Pode ser que Joo estivesse se referindo a isso quando declarou: Existe umpecado que leva morte.46No estou dizendo que 3 irmo que intercede] deva orar [em favor do seu irmo que caiu] (1 Jo 5.16). Talvez a ressoa que pecou tenha ido to longe que Deus nem queira que nos distraiamos orando por ela. Isto tambm pode ser o que Tiago estava alertando quando falou: Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu cam inho um pecador salvar da m orte uma ilm a e cobrir um a multido de pecados (Tg 5.20).47 Mostrando um dos terrveis pecados dos cristos de Corinto, Paulo instruiu a :ongregao: seja entregue a Satans para destruio da carne, para que o espirito seja salvo no Dia do SenhorJesus (1 Co 5.5). Ele deveria receber uma disciplina severa em funo do seu recado (cf. 1 Co 11.30-32). Paulo tambm estava escrevendo para crentes quando disse: "No erreis: Deus no se deixa escarnecer; porque tudo o que o hom em semear, isso tambm ceifar (G 16.7; cf. v. 8). Em suma, nenhum crente ter o seu pecado ignorado: Porque todos devemos : Dmparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito r or meio do corpo, ou bem ou m al (2 Co 5.10). Diante do trono do juzo: A obra de cada um se m anifestar; na verdade, o Dia a declarar, porque pelo :3go ser descoberta; e o fogo provar qual seja a obra de cada um . Se a obra rue algum edificou nessa parte perm anecer, esse receber galardo. Se a obra de _ : m o no existe artigo indefinido no grego (um ou uma), a frase pode ser m elh o r traduzida co m o Existe pecado que jeva m orte. 47Tiago se dirige a eles co m o irm os (v. 19); o con texto acerca dos irm os que p ecaram (v. 16) e tem desviado da verdade (v. 19). 241. 250 # TEOLOGIA SISTEMTICA algum se queim ar, sofrer d etrim ento; mas o tal ser salvo, todavia com o pelo fogo. (1 Co 3.13-15) A BASE TEOLGICA PARA A RELAO ENTRE F E OBRAS H muitos argumentos teolgicos por baixo daviso evanglica de que a prtica das boas obras a evidncia, mas no uma condio para a f salvfica. Primeiramente, analisaremos as trs razes teolgicas que demonstram a implausibilidade das obras como condio para a salvao e, a seguir, apresentaremos duas razes teolgicas defendendo que as obras so um resultado natural (um a evidncia ou manifestao) da f verdadeira. A Natureza da Graa de Deus O Deus das Sagradas Escrituras Causa no-causada, totalm ente auto-suficiente de todas as coisas."18Ele a Fonte e o Sustentador Ele criou tudo, e Ele a tudo sustenta. Nada temos que dele no tenham os recebido, e nada poderemos d-lo, sem que Ele j no nos tenha entregado antes. Deus nem tam pouco servido por mos de homens, com o que necessitando de alguma coisa; pois ele m esm o quem d a todos a vida, a respirao e todas as coisas (At 17.25). Porque dele, e por ele, e para ele so todas as coisas (R m 11.36). Porque quem sou eu, e quem o m eu povo, que tivssemos poder para to voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de ti, e da tua mo to damos (1 Cr 29.14). A vida eterna, portanto, no pode vir dos nossos esforos; Do SENHOR vem a salvao (Jn 2.9). Mesmo que ela deva ser recebida por f (Ef 2.8; At 16.31; Rm 3.25), a salvao no tem origem na vontade humana (cf. Jo 1.13; Rm 9.16), mas naquele que a Fonte de tudo o que foi criado. Sem a graa dar incio e executar o plano de salvao, nenhum hom em jamais seria salvo: a nossa vida eterna encontra a sua origem somente na graa (sola grati). A Natureza da Depravao Humana A depravao total significa (entre outras coisas) que a humanidade decada com o um todo totalmente incapaz de alcanar a salvao. Se os hom ens devem ser justificados diante de Deus, Ele quem deve iniciar e com pletar este ato.50 A Natureza da F A f a nica condio (solafide) para recebermos o dom gracioso da salvao da parte de Deus (R m 4.5; cf. Ef 2.8,9; T t 3.3-7).51A f salvfica envolve a dependncia somente de Deus para a nossa salvao, reconhecendo que Ele, e somente Ele, a Fonte e a Suficincia da vida eterna. A Natureza dos Resultados da F A f salvfica envolve confiana e compromisso, portanto, a prtica das boas obras um a conseqncia natural dela. Com o j estudamos, um ato de confiana ou compromisso, pela sua prpria natureza, um ato que tende a resultar em mudana de atitude (comportamento, ao). As pessoas nas quais confiamos, com as quais agimos de maneira 48Vide volume 2, parte 1, 49Vide volume 2, parte 2. 48Vide captulos 4-6. 51Vide captulo 15. 242. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 251 loropriada (porque confiamos nelas, respondemos de formas que sinalizam confiana), e para as quais agimos de maneira benevolente (porque confiamos nelas, agimos de formas ;u e com unicam e difundem a bondade) so pessoas para com as quais agimos de maneira positiva e para as quais respondemos de maneira amorosa e sacrifical. A Natureza da Salvao A salvao, com o j observamos, um ato da graa de Deus, e a graa, pela sua prpria natureza, tende a abrandar o corao e provocar um a mudana de atitude da parte da pessoa que a recebe. Este am olecim ento do corao faz com que sejamos mais favoravelmente dispostos gratos e receptivos Aquele que a Fonte da graa. "A benignidade de Deus te leva ao arrependim ento (R m 2.4), e o am or de Cristo nos constrange (2 Co 5.14). O nosso Senhor disse que aqueles que no m uito foram perdoados, no m uito tam bm amaro: Mas aquele a quem pouco perdoado pouco ama (Lc 7.47). Conseqentemente, o fato da natureza intrnseca da salvao ser um ato gracioso e amoroso da parte de Deus tende, naturalm ente, a produzir boas obras na vida das pessoas que a recebem (cf. T t 1.11-13). A Relaao entre F, Obras e Salvaao: Quatro Perspectivas ... Senhorio Calvinismo Moderado Graa Livre Wesleyanismo Necessidade de aceitao de Cristo com o Senhor para a salvao Sim No No Sim Necessidade de | arrependimento para a salvao Sim Sim No Sim Obedincia necessria para a salvao Sim Sim No Sim 1 "Acreditar que e crer em 1 so a m esm a coisa No No Sim No Crer que pode salvar No No Sim No F envolve comprom isso Sim Sim No Sim Perseverana em Cristo necessria para a salvao Sim No No Sim Fidelidade contnua necessria para a salvao Sim No No Sim Necessidade de continuidade na f com o condio para a salvao No No No Sim Necessidade de continuidade na f com o evidncia da salvao Sim Sim No Sim r naturalm ente produz j obras Sim Sim No Sim 243. 252 $ TEOLOGIA SISTEMTICA Boas obras so conseqncias automticas da f Sim No No No Todos os salvos devem ser discpulos Sim Sim Sim Sim Necessidade de ser um discpulo para ser salvo Sim No No Sim Todos os regenerados sero salvos Sim Sim Sim No Salvao pode ser perdida No No No Sim Possibilidade da salvao mesmo diante da perda total da f em Cristo No No Sim No F continuada uma condio necessria para a salvao No No No Sim Prtica de boas obras uma condio necessria para a manuteno da salvao No No No Sim52 F continuada um sinal necessrio da salvao Sim Sim No Sim Pessoas que caem em pecado srio continuam salvas Sim Sim Sim No E possvel morrer em pecado srio53e ser salvo No Sim Sim No54 Pessoas que continuarem em pecado podem ser salvas No No Sim No Podemos ter certeza da salvao mesmo em pecado srio No Sim Sim No A BASE HISTRICA DA RELAO ENTRE F E OBRAS OBRAS NAO SENDO CONDIO PARA A SALVAO Existe uma tradio firme e contnua desde o incio da doutrinao crist advogando que apesar de a f verdadeira precisar (e naturalmente) gerar boas obras, a realizao das obras no condio para a salvao. Todas as pessoas que so salvas, o so independentemente das boas obras. 52 A lguns wesleyanos se recusariam a aceitar esta form a de expresso, eles, porm , adm item que certas m s obras podem ocasionar a perda da salvao. 53 Srio significa u m pecado deliberado, m as no a apostasia. 54Os am inianos clssicos (os seguidores de arm nio) discordam . 244. AS EVIDNCIAS DA SALVAO # 253 Os Pais da Era Ps-Apostlica De acordo com os nomes mais influentes da era patrstica, a salvao no pode ser conquistada por mritos prprios. Nada do que fizermos ser digno do dom gracioso da salvao de Deus. Clemente de Roma (c. sculo I d. C.) Ns, portanto, que fomos chamados pela sua vontade