Caracterização de duas populações de pescadores ... · A todos os pescadores, pela simpatia e...

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Resumo

O Homem sentiu desde muito cedo, vontade de explorar novos horizontes e de escapes para a

sua rotina do dia-a-dia. Entre tantas atividades praticadas, uma delas foi a pesca. A pesca

recreativa é uma das atividades de turismo e lazer mais praticadas em todo o mundo. Pode ser

praticada em água salgada, em água salobra e em água doce. Neste trabalho analisam-se duas

populações de pescadores desportivos de água salobra.

Portugal é um país com imenso potencial para a prática desta atividade especialmente por

habitantes de zonas costeiras.

Muitos dos ecossistemas estuarinos são afetados por esta prática, pois os pescadores acabam

por utilizar espécies exóticas como isco. Neste trabalho, estudou-se em particular a espécie Alitta

sucínea (Nereididae), comummente designada como “Coreana”.

Procurou-se caracterizar a prática desta modalidade, as técnicas utilizadas pelos pescadores e os

possíveis impactos que espécies exóticas utilizadas como isco poderão trazer para os

ecossistemas aquáticos. Para tal foram realizados inquéritos em duas áreas (S. Jacinto e Torreira;

Gaia e Porto). Os resultados obtidos foram analisados no programa “Statistica 11”.

De uma forma geral, concluiu-se que as populações de pescadores nos dois locais apresentavam

algumas diferenças, sendo mais impactante para o ambiente a actividade desenvolvida na região

de Aveiro.

No que se refere a espécies exóticas, embora fosse possível determinar que há libertação de

exemplares para o meio ambiente, serão necessários estudos específicos para determinar a real

expansão desta e doutras espécies em Portugal, bem como o seu impacte nas comunidades

biológicas aquáticas.

Palavras-chave: pesca recreativa, espécies exóticas, estuários.

Abstract

Since the beginnings of mankind history, man felt the need to explore new horizons and to develop

some getaway activities, to escape daily routines. Among these, was sport fisheries. Nowadays,

this is one of the most popular recreational and turistical activities in the world. It can be practiced

in saltwater, brackish water or freshwater. In the present work, two populations of brackish water

sportive fisherman are studied.

Portugal has an enormous potential for the development of this activity, especially by those

inhabiting coastal areas.

Estuarine ecosystems are affected by this activity, because fisherman end up using exotic species

as bait. In the present work, the studied species was Alitta sucínea (Nereididae), commonly known

as “Coreana”.

The aim was to characterize this activity, the techniques more commonly used by the fisherman,

and the possible impacts that might rise from the use of exotic species as bait, regarding aquatic

ecosystems. Inquiries were made in two areas (S. Jacinto e Torreira; Gaia e Porto). The results

were analysed using the software STATISTICA 11.

The fisherman populations in the two areas presented some differences, with the activity in the

Aveiro region being more impacting for the environment.

Concerning exotic species, although it was possible to determine that some individuals are

released into the ecosystem, more specific studies will be needed to determine the real expansion

of these, and other species in Portugal, as well as its impact in the aquatic biological communities.

Agradecimentos

Agradeço profundamente ao Professor Nuno Formigo, por me ter dado imenso apoio nesta

caminhada de dois anos, principalmente neste último ano. Por me ter dado esperança e por não

me ter deixado desistir. Muito obrigada.

Quero também deixar o meu agradecimento ao Professor Paulo Talhadas dos Santos, por ter

compreendido da melhor forma a minha decisão em relação ao tema e à orientação da

dissertação. Obrigada.

A todos os pescadores, pela simpatia e disponibilidade de me ajudarem e de me terem dado

explicações extremamente importantes e muito interessantes, no que diz respeito à pesca

desportiva/recreativa.

Aos meus colegas do curso de Mestrado, a todos. Pela simpatia e compreensão, por estarem

sempre disponíveis quando a matéria não era tão bem compreendida! Um especial agradecimento

à Maria João, Mafalda e Marta. Os três “M” extremamente importantes para mim nesta

caminhada! Obrigada.

A alguns dos meus colegas de trabalho que, fizeram questão de me apoiar neste último ano e por

estarem sempre disponíveis e nunca me terem deixado desistir do curso nem de ter esperança.

Aos meus pais e irmãos. Sempre com muito apoio, amor e carinho!

Índice

1. Introdução 1

1.1 . Pesca lúdica 2

1.1.1. Equipamentos de pesca 4

1.1.2. Iscos de pesca – iscos naturais 5

1.2 Espécies exóticas 6

1.3 Alitta sucínea (Nereididae) 8

1.4 Objetivos 9

2. Metodologia 10

2.1 Área de estudo 10

2.2 Metodologia da amostragem 11

3. Apresentação e discussão de resultados 13

4. Conclusões e considerações finais 29

5. Bibliografia 32

Índice de tabelas

Tabela 1 – Tabela em excel com todas as variáveis do inquérito utilizadas para a elaboração dos

resultados pg 14

Índice de figuras

Fig.1 Minhoca ou bicha do mar pg 6

Fig. 2. Casulo pg 6

Fig. 3. Camarão pg 6

Fig. 4. Coreana pg 6

Fig. 5. Coreana (Alitta sucínea) pg 8

Fig. 6. Coreana (Alitta sucínea) pg 8

Fig.7. S. Jacinto, Aveiro pg 10

Fig. 8. Rio Douro, Vila Nova de Gaia pg 10

Fig. 9. Inquérito realizado aos pescadores pg 12

Fig. 10. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 15

Fig. 11. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 16

Fig. 12. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 17

Fig. 13. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 18

Fig. 14. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 19

Fig. 15. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 20

Fig. 16. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 21

Fig. 17. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 22

Fig. 18. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 23

Fig. 19. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 24

Fig. 20. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 25

Fig. 21. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 26

Fig. 22. PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações

correspondente aos dois primeiros factores pg 27

Fig. 23. PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros

factores pg 28

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considerações ecológicas

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1. Introdução

O Homem sentiu desde muito cedo, vontade de explorar novos horizontes e de escapes para a

sua rotina do dia-a-dia, refletindo-se assim nas mais diversas atividades recreativas ao ar livre.

Entre tantas atividades praticadas, uma delas foi a pesca. A pesca recreativa é uma das

atividades de turismo e lazer mais praticadas em todo o mundo, envolvendo uma série de serviços

relacionados (Carvalho et al., 2005).

Desde muito cedo que a alimentação do Homem, principalmente os que viviam em zonas

costeiras, dependia das espécies marinhas capturadas, outrora com as próprias mãos, hoje em

dia, com métodos muito mais evoluídos e desenvolvidos (Jennings et al., 2001).

Portugal, devido às suas características geográficas, pois encontra-se sob influência do mar

Mediterrâneo e do Oceano Atlântico, apresenta um potencial único para a prática aquícola e ainda

para o desenvolvimento da cultura de novas espécies com interesse comercial (Henriques, 1998).

Em Portugal a pesca é muito praticada, especialmente por habitantes das zonas litorais,

promovendo assim a união entre amigos e fazendo disso um ótimo motivo para o turismo, bem

como uma ajuda para alimentação do dia-a-dia em suas casas. Na pesca desportiva - chamada

de lúdica em águas interiores (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, de agora em

diante ICNF) - não existem barreiras sociais, nem é exigido um grande potencial financeiro

(Oliveira, 2003), podendo ser praticada durante todo o ano e na maioria das zonas, isto porque há

zonas em que a pesca está interdita, não só devido às características particulares de um dado

local, mas também pelas espécies aí existentes. Por estas razões há imensas pessoas que

ocupam muitos dos seus dias com esta modalidade. O objetivo da pesca lúdica não é comercial,

mas sim promover o convívio entre homens, mulheres e crianças e o contacto direto com a

natureza. É mais praticada em zonas abrigadas como baías, estuários ou lagoas costeiras, que

têm assim maior importância que os litorais rochosos oceânicos. Estima-se que os estuários

possuem um valor global, por unidade de área, bastante superior ao das zonas costeiras em

geral, tanto no respeitante à produção de alimento como ao potencial para utilização recreativa ou

outros bens e serviços (Castro, 2004). À medida que o que o tempo passa, e com o aumento da

prática da modalidade, o stock das espécies diretamente afetadas poderá estar em causa, bem

como outros recursos aquáticos. Esta consequência acontece, também, porque muitos dos

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pescadores apanham o isco (por exemplo, casulo e bicha) ou o engodo para atividades

pesqueiras, nos próprios locais onde pescam.

Outros dos problemas é o impacte ecológico provocado em peixes, aves e mamíferos marinhos

pelas linhas muitas vezes deixadas pelos pescadores (Jennings et al., 2001).

1.1 Pesca lúdica

Em Portugal, entende-se por pesca lúdica toda a captura de espécies marinhas, vegetais ou

animais, sem fins comerciais (Lei nº 2097, de 6-6-1959, regulamentada pelo Decreto-Lei nº 44623,

de 10-10-1962, regulamenta a Lei da Pesca nas Águas Interiores, com as alterações introduzidas

pelo Decreto nº 312/70, de 6 de julho e pela Lei nº30/2006, de 11 de julho, em ICNF:

http://www.icnf.pt/portal/pesca/pdesportiva/limit-jurisdi-pesc).

Esta modalidade pode considerar-se uma atividade em que os peixes são atraídos por um ou

mais iscos (em que o máximo são três iscos em três anzóis), naturais ou artificiais e assim

capturados. Há uma variedade enorme de iscos que se podem utilizar, verificando-se que muitos

dos pescadores abordados utilizam, maioritariamente, iscos naturais.

Como anteriormente referido, esta modalidade desportiva é regida por leis. Na lista que se segue,

referem-se apenas as características mais relevantes da legislação atualmente em vigor sobre

esta matéria (em: http://www.icnf.pt/portal/pesca/enquadralegis/resource/doc/Reg-lei-pesc-ai):

É proibido expor para venda, colocar à venda ou vender, espécimes marinhos ou suas

partes capturados na pesca lúdica, os quais apenas se podem destinar ao consumo do

praticante, do seu agregado familiar ou a doação a instituições de beneficência, científicas

ou museológicas;

A pesca lúdica pode ser exercida:

1. De terra, a que se exerce de terra firme;

2. De embarcação, a que se exerce a bordo de uma embarcação registada no recreio

ou na atividade marítimo/turística;

3. Submarina, a que se exerce em flutuação ou em submersão na água em apneia;

A pesca lúdica só pode ser exercida com linhas, as quais não podem ter mais que três

anzóis, não podendo cada praticante utilizar mais que três linhas;

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Tendo por objetivo a conservação e gestão racional dos recursos, os membros do Governo

responsáveis pelas áreas da defesa, da economia, das pescas, do ambiente e do desporto

estabelecem por portaria o regime do exercício da pesca lúdica, definindo os

condicionamentos a que o mesmo fica sujeito, nomeadamente no que se refere a:

1. Características das artes, utensílios, equipamentos e embarcações autorizados,

bem como as condições de utilização;

2. Definição das áreas e condições específicas para o exercício da pesca lúdica;

3. Interdição ou restrição do exercício da pesca lúdica, dirigida a certas espécies, em

certas áreas e durante certos períodos;

4. Definição das espécies não passíveis de captura, por razões que se prendam com

a sua raridade ou importância ecológica ou cuja captura esteja condicionada por

quotas muito limitadas ou pelo simples estado dos recursos.

A emissão de licenças está sujeita ao pagamento de uma taxa, cujo montante e destino

são fixados por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da

administração interna, das finanças, do ambiente e das pescas.

Para os praticantes de pesca lúdica, é necessário obter uma licença que lhes permita pescar em

quaisquer águas públicas não reservadas ou concedidas. As licenças podem ser (em ICNF:

http://www.icnf.pt/portal/pesca/enquadralegis/resource/doc/Reg-lei-pesc-ai):

Licença nacional – a qual dá o direito de pescar em todo o território nacional e ilhas.

Licença regional – dá o direito de pescar na área de cada uma das comissões regionais de

pesca, incluindo os rios e suas margens.

Licença concelhia – a qual dá o direito de pescar na área de cada concelho e na dos

concelhos confinantes.

Licença dominical – a qual dá o direito de pescar unicamente aos domingos e feriados

nacionais, na área de cada concelho e na dos concelhos confinantes.

Para cada uma das licenças há taxas anuais que têm de ser pagas pelos praticantes, elas são:

Licença nacional – 5,99€

Licença regional – 2,99€

Licença concelhia – 0,99€

Licença dominical – 0,60€

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São isentos de licença de pesca desportiva todos os indivíduos menores de 14 anos,

quando acompanhados dos pais ou tutores possuidores de licença de pesca; os indivíduos

com comprovada incapacidade permanente de trabalho e sem meios de subsistência

poderão requerer uma licença concelhia, que será gratuita.

1.1.1 Equipamentos de pesca

A produção de equipamentos foi evoluindo radicalmente ao longo dos anos, isto aconteceu pelo

seu alargamento de praticantes o que veio exigir uma melhoria do equipamento para que assim, o

pescador tire o máximo de proveito e rendimento da pesca (Oliveira, 2003). As mais diversas lojas

de venda de equipamentos de pesca têm ao dispor dos praticantes da modalidade variadíssimos

equipamentos para que se possa tirar o máximo de rendimento e aproveitamento da atividade.

Tanto na pesca em água doce como salgada, o equipamento não varia podendo apenas variar o

tipo de isco utilizado. No decorrer da realização deste trabalho, a literatura foi extremamente

escassa, considerando-se a maior parte do conhecimento com idas ao terreno e com a adoção de

inquéritos realizados aos pescadores. Sendo assim, pode-se referir algum do equipamento

utilizado:

Cana de pesca – utilizada para a pesca ao fundo, com chumbeira ou apenas com bóia.

Destorcedor – permite que a linha não fique torcida, evitando enrolamento da linha.

Carreto – tem uma grande quantidade de linha, o que permite um maior alcance.

Linha de pesca –

o linha monofilamento, é uma linha constituída por uma única linha de nylon.

o Linha multifilamento é uma linha traçada a partir de várias fibras de polietileno,

proporcionando alta resistência.

o Linha fluorcarbono, projetadas para assimilar a luz com a água.

Chumbeira – faz com que a linha consiga estar mais estável quando em águas com muita

corrente e é colocada no fim da linha antes de ser colocado o isco. Há vários pesos de

chumbos, dependendo do tipo de corrente, se mais forte ou menos forte.

Bóia – fica à superfície e permite ao pescador ter uma melhor perceção de quando o isco é

atacado pelo peixe. Tem uma maior sensibilidade.

Anzol – gancho metálico com diferentes tamanhos para diferentes espécies piscícolas.

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Iscos naturais (Depende sempre do tipo de peixe que se quer capturar) -

o i) minhoca do mar

o ii) camarão

o iii) navalha

o iv) casulo

o v) caranguejo

o vi) coreana.

Acessórios – caixas com divisões de material, balde para a captura do peixe.

Os materiais utilizados dependem do tipo de peixe que se quer pescar, bem como do local.

1.1.2 Iscos de pesca – iscos naturais

Os iscos naturais são animais inteiros ou fragmentados qua fazem parte da dieta dos peixes, o

que faz deles iscos perfeitos e muito atrativos. Há uma grande variedade de iscos que se podem

encontrar nas costas ou enterradas na areia. É muito frequente ver em certos locais, como em S.

Jacinto ou na Torreira, pescadores apanhar o isco para depois utilizarem nas suas pescarias.

Entre outros exemplos, podem-se referir:

Minhoca ou bicha do mar – é o mais usual entre os pescadores e a maior parte, é

apanhado pelos próprios.

Casulo – é uma minhoca que se encontra dentro de um casulo. É um isco muito utilizado

para pescar à noite.

Caranguejo – utilizados especialmente quando estão em processo de mudança de

carapaça, porque estão mais moles.

Camarão – nos locais analisados é muito frequente o uso deste isco, chamado “camarão-

da-costa”.

Sardinha – Sardina pilchardus, possui elevada quantidade de gordura o que faz deste

peixe um excelente isco para outros peixes.

Coreana – Alitta sucínea (Nereididae), isco muito utilizado pelos pescadores especialmente

pela sua alta taxa de sobrevivência, adaptando-se bem a águas salobras. É importada e

vem em caixas com pasta de papel.

Todos os iscos referidos são apanhados nas costas pelos pescadores com exceção da minhoca

coreana que é importada dos países asiáticos.

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Fig. 1. Minhoca ou bicha do mar Fig. 2. Casulo

Fig. 3. Camarão Fig. 4. Coreana

1.2 Espécies exóticas

A introdução de espécies exóticas tem vindo a aumentar com a globalização e é reconhecida

como uma das principais ameaças aos oceanos e a segunda causa de perda de biodiversidade

(Torres et al., 2009). Desde sempre que os organismos marinhos têm sido acidental ou

intencionalmente transportados e, por conseguinte, introduzidos em áreas onde nunca existiram,

mas o acréscimo do volume do tráfego comercial e de recreio, nomeadamente neste último

século, associado ao aumento de velocidade das próprias embarcações e à utilização crescente

da água de lastro, contribuíram para o aumento de introdução de espécies exóticas (Carlton,

1996). Baías, estuários e águas interiores com portos de águas profundas estão entre os

ecossistemas mais ameaçados do mundo (Bastrop et al., 1997).

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Estes organismos acabam por se expandir e conseguir alastrar, distribuindo-se ao longo da costa

e provocando assim um grande problema ecológico para os ecossistemas costeiros (Bastrop et

al., 1998; Haska et al., 2011). Podem gerar um grave problema a nível local, regional e mundial,

com especial repercussão a nível económico, desfavorecendo o habitat disponível para as

espécies autóctones, e/ou alterando os hábitos alimentares das mesmas. (Carlton, 1996; Muniz et

al., 2005; Bastrop et al., 2006).

O Decreto-Lei nº 565/99 de 21 Dezembro define como espécies exóticas, qualquer espécie, da

flora ou da fauna, não originária de um determinado território e nunca aí registada que ocorre

naturalmente e com populações auto-sustentadas durante os tempos históricos (em ICNF:

http://www.icnf.pt/portal/icnf/legisl/legislacao/1999/decreto-lei-n.o-565-99-de-21-de-dezembro).

No entanto, existem outras formas de introdução mediadas pela atividade humana, como a

aquacultura, a pesca, a aquariofilia, a navegação de recreio, a construção de canais e a

movimentação de estruturas amovíveis e de detritos flutuantes (Torres et al., 2009).

Com as mais diversas atividades que o Homem ao longo dos anos foi tendo, foi inevitável a

introdução de espécies exóticas, voluntária ou involuntária provocando graves efeitos no bom

funcionamento dos ecossistemas naturais (Oliveira, 2003).

A invasão destas espécies num determinado ecossistema, pode alterar por completo a sua

estrutura e distribuição das espécies nativas, bem como a sua abundância. Estes efeitos poderão

ser muito mais significativos se os organismos invasores forem “engenheiros” do ecossistema, ou

seja, afetarem funções ecológicas fundamentais para o equilíbrio dos mesmos (Bazterrica et al.,

2011). Uma das graves consequências da introdução de espécies exóticas é a extinção de

espécies nativas (Oliveira, 2003). Muitas espécies exóticas caracterizam-se pela rápida maturação

sexual, por uma grande capacidade reprodutora e por um considerável poder adaptativo

relativamente aos ambientes que colonizam, sejam naturais ou artificiais, dulçaquícolas ou

salobros (Castro, 2004). Como tal, as espécies nativas acabam por não ter capacidade para

competir com as espécies exóticas, acabando por mais tarde serem substituídas por aquelas.

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1.3 Alitta sucínea (Nereididae)

É um poliqueta nativo da Costa Atlântica e que ocorre ao longo das costas Americanas,

Europeias, Africanas e no Mar Negro, podendo alterar os nutrientes disponíveis nos sedimentos e

assim prejudicar outras espécies residentes nesses habitats (Global Invasive Species Database:

http://www.issg.org/database/species/ecology.asp?si=1068&fr=1&sts=sss&lang=EN).

Estas espécies de poliqueta são, sem dúvida, a mais abundante e diversa, ocorrendo nos

estuários (Breton et al., 2003; Kikuchi et al., 2006) mas também em águas profundas e em águas

salobras (Bakken et al., 2005; Gillet et al., 2011).

Esta espécie, em particular, como ocorre em vários ambientes e sendo eles tão diferentes, é uma

espécie muito adaptável a ensaios realizados em laboratório, o que permite o seu uso para testes

de fisiologia, endocrinologia e para estudos no meio ambiente. É também uma espécie muito

utilizada como isco para a pesca desportiva (Bakken et al., 2005).

De facto, nos contactos efetuados com os pescadores, verificou-se que a maioria deles utiliza

como isco, a Alitta sucínea (Nereididae), mais conhecida entre os praticantes da pesca desportiva

como coreana. A coreana é importada de países asiáticos e consegue ter uma taxa de

sobrevivência muito superior aos iscos normalmente utilizados pelos pescadores, como a bicha ou

o casulo, entre outros.

Fig. 5 Corena (Alitta sucínea) Fig. 6 Coreana (Alitta sucínea)

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1.4 Objectivos

O objectivo geral do presente trabalho foi a caracterização de duas populações de pescadores

desportivos, uma em Aveiro (S. Jacinto e Torreira), e outra no Porto (Gaia e Porto).

Especificamente pretendeu-se:

Verificar se havia diferenças nos anos de prática;

Verificar se havia diferenças no tipo de regime legal sob o qual praticavam a pesca

desportiva;

Verificar se havia diferenças no tipo de isco utilizado (incluindo uma espécie exótica, a

coreana);

Verificar se havia diferenças no tipo de metodologia de pesca utilizada;

Caso se verificassem diferenças entre as duas populações, verificar qual ou quais as

variáveis que poderiam estar na origem das mesmas.

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Metodologia

2.1 Área de estudo

Para a realização deste trabalho foram utilizadas duas áreas de estudo, onde a predominância da

pesca lúdica é elevada. Uma das áreas escolhidas foi a Ria de Aveiro, por ser uma área onde as

atividades pesqueiras são frequentes há muitos anos, especificamente a vila de S. Jacinto. A

outra área de estudo foi o estuário do rio Douro, nas margens das cidades do Porto e Vila Nova de

Gaia.

A Ria de Aveiro tem uma área aproximadamente de 45 Km2, sendo um espaço singular no

contexto de Portugal e da Europa, atendendo às excecionais qualidades ambientais e

paisagísticas, de elevado valor científico, e à importância que detém os valores naturais presentes

e o tipo de ecossistemas que apresenta - marítimo, lagunar e ribeirinho (Vingada, J. (ED), 2011).

De salientar que a Ria de Aveiro é uma área de especial interesse para a conservação da

natureza e da biodiversidade, pela diversidade de espécies que alberga e de habitats que encerra,

que lhe conferem estatutos conservacionistas de importância nacional, comunitária e internacional

o que é refletido pela sua designação como Zona de Protecção Especial (ZPE) ao abrigo da

Directiva Aves, motivo pelo qual faz parte da Rede Natura 2000 (Vingada, J. (ED), 2011).

O Rio Douro é um dos maiores rios da Península Ibérica com o comprimento total de 938 Km, dos

quais 200 Km se encontram em Portugal

(http://www.infopedia.pt/$riodouro;jsessionid=WOnipGoM8emP40vxutnzcA__).

http://maps.google.pt/

Fig. 7. São Jacinto, Aveiro http://maps.google.pt/

Fig. 8. Rio Douro, Vila Nova de Gaia

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1.2 Metodologia da amostragem

Foi elaborado um inquérito para a população pesqueira em causa, com os seguintes grupos de

variáveis; i) sexo, ii) área de residência iii), inscrição na capitania ou licença, iv) anos de prática da

modalidade, v) período do ano em que praticava a modalidade, vi) zona de pesca, vii) iscos

utilizados (entre eles a coreana), viii) quantidade de isco, ix) métodos de pesca, x) destino das

sobras dos iscos. Com estas variáveis obtiveram-se as respostas necessárias para ajudar a

perceber os hábitos dos inquiridos (Taivonen et al., 1999).

Foram realizados 92 inquéritos junto dos pescadores, enquanto estes praticavam a atividade

pesqueira, entre os meses de outubro de 2012 e abril de 2013. Inicialmente os inquéritos foram

realizados a 59 pescadores na Ria de Aveiro, entre a vila de S. Jacinto e a vila da Torreira, e a 33

no estuário Rio Douro, tanto na margem da cidade de Vila Nova de Gaia como na margem da

cidade do Porto. Importa referir que dos 92 inquiridos, nenhum foi do sexo feminino, simplesmente

porque em todos os dias em que foram realizados os inquéritos nunca foram encontrados

elementos do sexo feminino que praticassem a modalidade recreativa.

Depois de feitos os inquéritos, foram analisados os resultados utilizando o programa “Statistica

11”. Para tal, foi necessário agrupar as variáveis, já que as respostas foram muito diversas. O

primeiro do grupo foi a área de residência dos inquiridos. Todos os que responderam que a sua

área de residência era uma determinada localidade e conforme ela pertencesse a Aveiro ou ao

Porto, foram agrupadas num deste dois Distritos. Outra variável foi a zona de pesca,

considerando-se apenas duas, ou Aveiro ou Porto. Como os pescadores utilizavam diferentes

tipos de iscos e muito variados, fez-se uma listagem dos iscos mais utilizados e agruparam-se,

bem como os métodos que utilizavam para a prática da modalidade.

Depois de agrupadas as variáveis e dando-lhes o valor “zero” ou “um”, consoante as respostas

eram negativas ou afirmativas, foi usado o programa “Statistica 11” para efetuar a sua análise

através da utilização da técnica PCA (Análise em Componentes Principais), da qual resultaram

diversos gráficos e resultados numéricos.

Na primeira análise foram utilizadas todas as variáveis que constavam no inquérito, agrupadas

conforme referido anteriormente. Para as análises seguintes, foram utilizadas sub-grupos de

diferentes variáveis, tentando perceber assim quais as variáveis que melhor explicavam os

resultados.

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Fig.9 Inquérito realizado aos pescadores

Figura 9 – Inquérito realizado aos pescadores

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2. Apresentação e discussão de resultados

A análise dos resultados obtidos sugeriu a formação dos seguintes sub-grupos de variáveis, cada

um dos quais foi objeto de uma análise através da aplicação da técnica PCA:

Grupo A - as variáveis foram agrupadas segundo a sua área de residência;

Grupo B - as variáveis foram agrupadas pelo tipo de licença;

Grupo C - as variáveis foram agrupadas pelos anos de experiência;

Grupo D – as variáveis foram agrupadas pela época do ano que mais pescam;

Grupo E – as variáveis foram agrupadas pela zona de pesca;

Grupo F – as variáveis foram agrupadas pelo tipo de isco que utilizavam;

Grupo G – as variáveis foram agrupadas pela quantidade de isco que utilizavam;

Grupo H – as variáveis foram agrupadas pelos métodos de pesca e equipamento;

Grupo I – as variáveis foram agrupadas consoante o que faziam aos restos que lhes

sobravam de iscos.

A tabela 1 apresenta as variáveis dos grupos acima citados, bem como a forma como foram

agrupados e os valores atribuídos a cada uma das variáveis.

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AVEIRO(1) PORTO(1) CAPITANIA LICENÇA < 5 5 A 10 > 10 ANO VERÃO OUTONO AVEIRO(2) PORTO(2) COREANA(1) CASULO(1) BICHA(1) OUTROS(1) CASULO(2) COREANA(2) BICHA(2) 1 ANZOL 2 ANZÓIS 3 ANZÓIS GUARDA ÁGUA

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Tabela 1. Tabela em excel com todas as variáveis do inquérito utilizadas para a elaboração dos resultados

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considerações ecológicas

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Fig.10 PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores

Quando se utilizam todas as variáveis constantes do inquérito realizado (Fig. 10), é notória a

diferença entre as duas zonas analisadas, Aveiro e Porto. Enquanto na área de Aveiro a maioria

dos inquiridos estão inscritos na capitania, o que lhes permite ter barco para irem pescar no mar,

no Porto todos têm apenas licença (anual). A experiência na prática desta atividade é bastante

maior na zona de Aveiro, o que poderá ter que ver com o facto de muitos estarem inscritos na

capitania e também pelo facto de pescarem durante todo o ano, ao contrário dos pescadores

inquiridos na área do Porto que têm como preferência o outono.

A utilização do tipo de isco também difere, sendo a coreana mais utilizada na zona de Aveiro.

Quanto aos restantes iscos, o casulo e a bicha do mar, parecem ser mais utilizados pelos

pescadores da zona do Porto. Em relação às sobras dos iscos, a maioria dos pescadores da zona

de Aveiro guarda e reutiliza, enquanto os da zona do Porto deitam para a água. Em relação aos

métodos utilizados, bem como aos aparelhos, os pescadores das duas zonas não diferem muito.

Quase todos utilizam apenas um anzol.

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Fig. 11 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros factores

Na figura 11 é possível identificar três pescadores isolados. O pescador “14”, apesar de ser

residente em Aveiro, pesca no Porto; o “27” é residente e pesca no Porto, mas usa

maioritariamente (em relação aos outros pescadores do Porto), coreana. Já o pescador “54”, tal

como o “14”, tem residência em Aveiro, mas pesca no Porto. Apesar de ser residente em Aveiro e

ter experiência profissional superior a 10 anos, tem licença, ao contrário dos restantes residentes

em Aveiro. É também dos poucos que pesca no Porto e usa 2 anzóis como aparelho de pesca.

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Fig. 12 PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores.

Quando se analisam apenas as variáveis relativas ao local de pesca, à experiência e ao tipo de

licença (Fig. 12), consegue-se concluir que os pescadores da zona de Aveiro são muito mais

experientes na atividade pesqueira (superior a 10 anos) e são os únicos que estão inscritos na

capitania. Como esta é uma zona de grande potencial de pesca, grande diversidade de espécies

piscícolas e grande tradição piscatória, isto faz com que assim os pescadores tenham mais anos

de experiência e tenham barco (para se ter barco e ir para o mar pescar, têm de estar inscritos na

capitania) e irem assim, para locais onde apeados não conseguiriam chegar.

Em contrapartida, os pescadores da zona do Porto, têm muito menos experiência e apenas têm

licença, geralmente anual, que compram através do multibanco.

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Fig. 13 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos na espaço dos dois primeiros factores.

Na figura 13 são identificáveis dois pescadores isolados. O pescador “13” é o único que está

inscrito na capitania mas reside no Porto, ao contrário dos restantes, que são residentes em

Aveiro e estão inscritos, maioritariamente, na capitania. Já o pescador “15” está inscrito na

capitania, mas a experiência de prática da modalidade é inferior a 10 anos.

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Fig. 14 PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores

Quando se analisa a relação entre os anos de experiência e o tipo de licença (Fig. 14), verifica-se

que os mais experientes estão inscritos na capitania e são residentes na zona de Aveiro. Os

pescadores com menos experiência têm apenas licença e residem maioritariamente no Distrito do

Porto.

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Fig. 15 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos na espaço dos dois primeiros factores

Na figura 15, o pescador “15” está inscrito na capitania, mas não tem experiência superior a 10

anos como os restantes residentes de Aveiro.

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Fig. 16 PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores

Quando se analisa a relação entre o tipo de licença e a época do ano em que preferem pescar

(Fig. 16), verifica-se que, maioritariamente, os que estão inscritos na capitania pescam todo o ano,

enquanto os que têm licença, ou pescam no outono ou no verão, embora neste último caso seja

apenas uma minoria que o faz.

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Fig. 17 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos na espaço dos dois primeiros factores

Na figura 17, o pescador “24 “corresponde a um pescador que, apesar de estar inscrito na

capitania, pesca mais no outono que no resto do ano e tem uma experiência de atividade

pesqueira inferior a 10 anos.

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Fig. 18 PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores

Quando se analisa a relação entre a época de pesca e a experiência (Fig. 18), verifica-se que,

maioritariamente, os pescadores com mais anos de experiência pescam todo o ano (são os

residentes em Aveiro) e no outono. Os restantes pescadores, com menos anos de experiência,

pescam mais no verão, o que vai de encontro às análises realizadas anteriormente.

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Fig. 19 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros factores

A figura 19, indica a existência de dois pescadores que se destacam em relação aos restantes. O

pescador “23” tem experiência inferior a 5 anos, é residente em Aveiro e pesca todo o ano. O

pescador “53” tem experiência inferior a 5 anos, é residente em Aveiro e pesca apenas no outono.

Por isso se destacam em relação ao resto dos pescadores, pois a maioria dos residentes em

Aveiro, têm mais experiência e pesca todo o ano.

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Fig. 20 PCA - Gráfico com a projeção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores

A análise relativa ao tipo de isco utilizado (Fig. 20) mostra-nos que não existem diferenças

significativas entre as duas zonas de pesca, Aveiro e Porto, relativamente ao tipo de isco utilizado.

A principal diferenciação dos pescadores está associada ao segundo factor, e tem sobretudo a ver

com a utilização, ou não, da coreana, relativamente ao casulo e à bicha, independentemente da

área geográfica.

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Fig. 21 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros factores

A figura 21 mostra que há três pescadores que se destacam em relação aos restantes. O

pescador “14” é residente em Aveiro, pesca mais no Porto e usa mais o casulo. O pescador “27”,

é residente no Porto, pesca no Porto, e usa maioritariamente a coreana, sendo por isso que se

destaca, pois a figura 21 mostra-nos que os pescadores de Aveiro são quem mais usa a coreana,

em relação os pescadores do Porto. Por fim, o pescador “54” destaca-se porque, é residente em

Aveiro, pesca mais no Porto e usa mais a bicha, em relação aos restantes pescadores do Porto.

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Fig. 22 PCA - Gráfico com a projecção das variáveis analisadas no círculo de correlações correspondente aos dois primeiros factores

Quando se repete a análise anterior (Fig. 22), usando apenas os três tipos de isco mais

frequentes, verifica-se que o casulo é usado maioritariamente pelos pescadores do Porto,

enquanto em Aveiro se utiliza mais a coreana e a bicha.

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Fig. 23 PCA - Gráfico com a projecção dos vários inquiridos no espaço dos dois primeiros factores

Na figura 23, o único pescador que aparece isolado é o pescador “12”, que é residente no Porto,

pesca preferencialmente em Aveiro e utiliza a bicha em maior quantidade.

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Conclusões e considerações finais

Da análise dos resultados obtidos com a realização deste trabalho, conclui-se que os pescadores

foram bastante prestáveis na colaboração que deram relativamente ao preenchimento do

inquérito, mesmo os mais velhos, que normalmente desconfiavam que muitos dos inquéritos

fossem realizados por parte da autoridade marítima, o que podia pôr em causa o trabalho, e só

com alguma insistência e a explicação convincente de que era para um projeto da Faculdade é

que acabavam por responder.

Todos os inquéritos realizados foram feitos a elementos do sexo masculino, não por escolha

prévia, mas porque simplesmente não se encontraram elementos do sexo feminino e, quando se

encontravam, diziam que apenas estavam acompanhar e que não pescavam, daí os resultados

serem apenas relativos a pescadores masculinos.

Esta é uma atividade que parece ser um escape à rotina familiar e de trabalho. Muitos dos

inquiridos encontravam-se entre amigos e diziam que eram os momentos do dia em que podiam

relaxar e confraternizar com os amigos ou familiares mais próximos. Muitos deles encontravam-se

com os filhos mais novos.

Neste trabalho pôde verificar-se, após as análises dos resultados, a existência de dois grupos com

práticas de pesca distintas: os pescadores da zona de Aveiro e os pescadores da zona do Porto.

A maior diferença entre eles é que, os pescadores da zona de Aveiro são os que apresentam

maior experiência na atividade pesqueira. Como na zona onde maioritariamente foram elaborados

os inquéritos, nas vilas de S. Jacinto e Torreira, existe uma grande predominância da pesca como

profissão, e a realização desta prática é feita há muitos anos, essa tradição acaba por passar de

geração em geração, tornando-se um hábito familiar e rotineiro. Muitos dos inquiridos estavam já

reformados, e faziam desta prática um pretexto para estar com amigos e para levar algum

sustento para casa, pelo que a praticavam durante todo o ano. São vilas mais tradicionais e

pequenas, onde o convívio e a falta de recursos é muito maior do que em cidades grandes, não

deixando, no entanto, de se mostrarem um povo feliz e com vontade e alegria no que fazem.

Verificou-se também que, quando questionados acerca de estarem inscritos ou não na capitania,

a maioria respondeu que sim. O facto de estarem inscritos na capitania (neste caso na capitania

de Aveiro), permitia-lhes ter um barco e ir para alto mar pescar. Em alto mar as espécies são

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diferentes e muitos acabavam por as vender a outros pescadores ou estarem na rua para

venderem a clientes de passagem ou também a turistas.

Em relação ao isco utilizado, verifica-se que são pescadores que utilizam a coreana por, e passo a

citar um dos pescadores, “se aguentarem mais tempo e ser um isco bastante bom para conseguir

apanhar espécies diferentes e maiores”. Não deixam, mesmo assim, de usar a bicha do mar e o

casulo, que muitos apanham pelas próprias mãos, compram a outros pescadores ou nas lojas,

uma na vila de S. Jacinto e outra na vila da Torreira.

Pelo contrário, quanto aos inquiridos na zona do Porto, a experiência é muito inferior aos

residentes em Aveiro, pois maioritariamente não têm mais que 5 anos de experiência. São

elementos que fazem da atividade pesqueira notoriamente um pretexto para o convívio entre

amigos que se juntam depois do trabalho. São mais novos e para eles a prática da pesca

desportiva como um complemento para o sustento pessoal e familiar não é uma prioridade, ao

contrário dos residentes em Aveiro.

Em relação ao isco utilizado, os residentes da zona do Porto utilizam mais o casulo e a bicha, que

compram em lojas tanto no Porto como em Vila Nova de Gaia. Foram poucos os inquiridos que

responderam que apanhavam o isco.

Nos inquéritos realizados, todos os inquiridos utilizam como equipamento, uma cana, destorcedor,

chumbeira (o tamanho da chumbeira terá que ver com os níveis de corrente da água e da

profundidade), anzol e isco. O máximo de anzóis que pode ser utilizado é de três por cana, mas a

maioria utilizava apenas um anzol.

Nalguns dos gráficos foram sempre encontrados alguns pescadores isolados. Não porque fossem

situações de extrema relevância, mas porque, de uma maneira ou de outra, se destacavam dos

grupos formados pelos restantes inquiridos.

A realização deste trabalho, no que se refere aos inquéritos efectuados e à notória prestabilidade

dos inquiridos, foi bastante gratificante. O facto de todos se disponibilizarem e muitos nos

ensinarem muitas das técnicas utilizadas e o porquê de utilizarem determinado isco, foi bastante

enriquecedor. As dificuldades maiores foram a falta de bibliografia para suportar o trabalho,

limitando a possibilidade de o tornar ainda mais enriquecedor. Muita da bibliografia encontrada

eram referências existentes nos livros que foram consultados, mas que era de muito difícil acesso

ou não se encontrava disponível de todo.

FCUP Caracterização de duas populações de pescadores desportivos – algumas

considerações ecológicas

31

Pensamos que, de futuro, poderá ser importante a realização de mais projetos deste género,

nomeadamente, trabalhar mais profundamente com o único isco exótico utilizado pelos

pescadores, a coreana. Depois de muita pesquisa, não foi encontrada bibliografia que fizesse a

ligação entre esta espécie exótica e a atividade pesqueira, bem como que referisse os seus

possíveis efeitos nefastos para os ecossistemas aquáticos.

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considerações ecológicas

32

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