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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
REGIME PLUVIOMÉTRICO NA AMAZÔNIA: ANÁLISE DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NO MUNICÍPIO DE JUÍNA/MT NO PERÍODO DE 2007 A 2009
Autor: Michael Bezerra da Silva
Orientadora: Prof.ª Ms. Marina Silveira Lopes
JUINA/2010
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
REGIME PLUVIOMÉTRICO NA AMAZÔNIA: ANÁLISE DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NO MUNICÍPIO DE JUÍNA/MT NO PERÍODO DE 2007 A 2009
Autor: Michael Bezerra da Silva
Orientadora: Prof.ª Ms. Marina Silveira Lopes
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Licenciado em Geografia.”.
JUINA/2010
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Ms. Djalma Gonçalves Ramires
______________________________________
Ms. Denise Peralta Lemes
______________________________________
ORIENTADORA
Ms. Marina Silveira Lopes
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente a minha orientadora, Prof.ª Ms. Marina Silveira
Lopes, pela paciência e dedicação.
Agradeço aos meus amigos de turma, foi nessa classe que fiz amigos para
toda a vida, levarei cada um deles em minha mente e no meu coração para onde eu
for.
Quero agradecer também a todos os professores que passaram pelo curso de
Geografia do Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena – Ajes, em especial
ao Prof.º Ms. José Benjamin Severino Franco, pela enorme paciência e grande
quantidade de conhecimento desde o ensino médio até na faculdade.
Ao Prof.º Esp. João Aparecido Ortiz de França, que durante o ensino
fundamental me ajudou a construir conhecimento como meu professor de geografia.
Ao Prof.º Esp. Ericson Leandro de Oliveira, pessoa extraordinária, amigo e
companheiro, foi meu professor e diretor durante o ensino médio na Escola Dr. Artur
Antunes Maciel e foi ele que fez despertar em mim o amor e interesse pela
disciplina.
Aos professores Esp. Fausto Jacomin e Elson Marques que na faculdade
atuaram como companheiros e amigos dentro e fora da sala de aula.
Por fim agradeço aos professores Ms. Djalma Gonçalves Ramires e Ms.
Denise Peralta Lemes pela grande carga de conhecimento e companheirismo dentro
e fora da sala de aula.
DEDICATÓRIA
Ao nosso bom Deus e seu filho Jesus Cristo que com graciosidade me
conduz no caminho do Espírito Santo.
A minha família que de forma direta e indireta estiveram contribuindo para a
realização deste sonho.
A minha linda noiva GRAZIELE, minha fonte de inspiração, pessoa que faz
parte de mim e sempre se faz presente nas horas felizes e tristes.
EPÍGRAFE
“... as verdades inconvenientes não desaparecem apenas por não serem vistas.
Quando ninguém reage a elas, sua importância não diminui, mas aumenta”.
AL GORE (2006, P. 330)
RESUMO
No meio científico existe inúmeras hipóteses sobre mudanças climáticas, a ciência
tenta pelas pesquisas mostrar as possíveis causas e conseqüências deste fato que
preocupa os cientistas e passa por descrente aos olhos da sociedade. O município
de Juina é carente de dados climatológicos. Essa carência gera uma profusão de
“achismos” que levam a não-verdades alimentadas por uma aura de controvérsias
científicas. Alicerçados nessa ausência de dados e aos “achismos”, pretendemos
com esse trabalho analisar o índice pluviométrico e possíveis mudanças na
distribuição das chuvas durante os meses chuvosos do verão Juinense. Inicialmente,
recorremos a um levantamento bibliográfico, em seguida, foi realizada a pesquisa de
campo, levantamento fotográfico da estação meteorológica e por último, entrevista
com moradores da cidade com o intuito de confrontarmos os dados coletados e os
“achismos” populares. As análises dos dados mostraram que os fenômenos naturais
como as correntes marítimas, no caso do El Niño contribuem consideravelmente nos
índices de chuvas nos anos de sua manifestação, mas durante o período de 2007-
2009, o município não sofreu alterações nos níveis de chuvas. Ainda falta a
consciência da sociedade, já que a floresta atua como principal agente regulador do
clima e das chuvas, se a grande devastação da Amazônia continuar, teremos um
futuro totalmente impróprio.
Palavras- Chave: Mudanças Climáticas, El Niño, Amazônia, Juína
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 17
2.1. Tempo e Clima: uma definição essencial .................................................. 17
2.1.1. Climatologia e Meteorologia: as ciências que se encontram na atmosfera. ............................................................................................................ 18
2.1.2. A atmosfera: a esfera gasosa terrestre ........................................... 19
2.1.3. A circulação geral da atmosfera: uma dinâmica complexa .............. 20
2.1.4. Sistemas atmosféricos .................................................................... 21
2.2. O ciclo hidrológico: o “milagre” da transformação da água ....................... 22
2.2.1.Precipitação: os tipos de água que inundam a superfície terrestre .. 23
2.3. Fatores climáticos: os agentes para as mudanças .................................... 26
2.4. Zonas climáticas no mundo ....................................................................... 26
2.4.1. Os climas brasileiros ....................................................................... 27
2.5. Mudanças no clima global ......................................................................... 29
2.5.1. Mato Grosso: a derrubada da floresta equatorial ............................ 30
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 33
3.1. Saída de campo .................................................................................. 33
4. JUINA: MITO OU REALIDADE EMPÍRICA DA MUDANÇA CLIMÁTICA....... 34
4.1. Localização do município de Juína ............................................................ 34
4.1.1. Estação meteorológica de Juína ..................................................... 35
4.2. Índice pluviométrico em Juina entre 2007 e 2009 ...................................... 39
4.3. O desmatamento da Amazônia e a influência no clima local ..................... 41
4.4. El Niño: o “menino” que interfere no clima ................................................. 43
4.5. Cruzamento dos dados técnicos com a “sabedoria” popular ...................... 45
5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 48
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 50
ANEXOS .............................................................................................................. 52
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura da atmosfera de acordo com a temperatura ......................... 19
Figura 2: Ciclo hidrológico da água ..................................................................... 22
Figura 3: Esquema de chuva orográfica .............................................................. 24
Figura 4: Esquema de chuva de convecção ....................................................... 25
Figura 5: Esquema de chuvas frontais ................................................................ 25
Figura 6: Zona Intertropical da Terra ................................................................... 28
Figura 7: Campo experimental de Juína ............................................................. 36
Figura 8: Vista parcial da estação meteorológica de Juína ................................. 36
Figura 9: Pluviômetro que compõe a estação meteorológica .............................. 37
Figura 10: Anemômetro usado para medir a intensidade do vento ..................... 37
Figura 11: Sensor de temperatura e Datalogger ................................................. 38
Figura 12: Altrac responsável por mandar dados ao Datalogger ........................ 38
Figura 13: Heliógrafo digital responsável por medir os raios solares .................. 39
LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Tipos climáticos no mundo ..................................................................... 27
Mapa 2: Desmatamento da Floresta Amazônica em Mato Grosso até o ano de
2008... .................................................................................................................. 30
Mapa 3: Localização do município de Juína-MT. ................................................. 34
Mapa 4: Pólo regional de Juína e municípios componentes ................................ 35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Ocorrências do Fenômeno El Niño ...................................................... 44
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Taxa de desmatamento da Amazônia entre 1988-2009 ..................... 42
LISTA DE INFOGRÁFICOS
Infográfico 1: Índice pluviométrico de Juína entre Dezembro de 2006 e Fevereiro
de 2007 ................................................................................................................ 40
Infográfico 2: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 2008 ...... 40
Infográfico 3: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 2009 ...... 41
Infográfico 4: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 1997
durante a ocorrência do El Niño ........................................................................... 44
Infográfico 5: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 1998
durante a ocorrência do El Niño ........................................................................... 45
LISTA DE SIGLAS
INMET: Instituto Nacional de Meteorologia
INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
EMPAER S/A: Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
WWF: World Wildlife Fund, (Fundação Mundial da Natureza)
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1. INTRODUÇÃO
A extensão territorial da região1 Amazônica abrange aproximadamente uma
área de 6,3 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 5 milhões de quilômetros se
encontra em território brasileiro e o restante dividido entre os países da Bolívia,
Colômbia, Equador e Peru. Segundo dados do IBGE, a área da Amazônia Legal no
Brasil é de 5.032.925 km², distribuído entre os estados de Rondônia, Acre,
Amazonas, Roraima, Amapá, Pará e parte dos estados do Maranhão, Tocantins e
Mato Grosso.
A Amazônia situa-se na região equatorial da Terra e possui um clima quente e
úmido, localiza-se em áreas de baixas latitudes, sendo um local extremamente
chuvoso. É considerado um dos locais mais chuvosos do planeta com precipitação
média de 2300 mm ao ano.
O Estado de Mato Grosso faz parte da Amazônia Legal2, possui clima
tipicamente tropical continental, com duas estações bem-definidas, uma chuvosa e
outra seca. A estação chuvosa vai de outubro a março (primavera e verão), e a
estação seca vai de abril a setembro (outono e inverno). As médias anuais de chuva
variam de 1.250 a 2.750mm. Na região norte do Estado chove mais de 2.000mm por
ano e menos de 1.200mm no Pantanal, com predominância de dois tipos climáticos
na região: equatorial e tropical continental.
A Noroeste do estado localiza-se o município de Juína que fica distante da
capital mato-grossense, Cuiabá, a 724 km. Estende-se em uma área de 26.251 Km²,
com o clima predominante; equatorial quente e úmido, possui precipitação anual de
2.250 mm, com intensidade máxima em janeiro, fevereiro e março.
Segundo dados da Fundação WWF (2010), as mudanças climáticas na
Amazônia já é um fator preocupante, cientistas já observam uma perturbação na
região. O mecanismo hidrológico começou a falhar devido a dois fatores principais:
1 A região geográfica de Paul Vidal de La Blache, abrange uma paisagem e sua extensão territorial,
onde se entrelaçam de modo harmonioso, componentes humanos e natureza. (CORRÊA, 2000). 2 Em 1953, pela da Lei 1.806, de 06.01.1953, foram incorporados à Amazônia Brasileira, o Estado do Maranhão, os Estados do Tocantins e Mato Grosso. Com esse dispositivo legal a Amazônia Brasileira passou a ser chamada de Amazônia Legal. Disponível em http:// www.al.ma.gov.br. Acesso em: 09/11/2010
16
oscilação Sul do El Niño, um fenômeno climático que influencia uma grande parte da
variabilidade climática da América Latina e o outro, o desmatamento, que além de
retirar a cobertura florestal, provoca grande alteração nos padrões de pluviosidade e
na distribuição das chuvas.
O município de Juína ainda é muito carente em estudos referentes ao clima e
distribuição de chuvas, há também uma infinidade de informações desencontradas
no que diz respeito às características climáticas desta região. Pretendemos, aqui,
analisar a distribuição de chuvas na região de Juína entre os anos de 2007-2009
bem como as variações pluviométricas e as mudanças climáticas que o município
sofreu nos últimos anos especificamente os motivos
Este trabalho iniciou-se com o levantamento bibliográfico, logo após houve
pesquisas realizadas a campo, foi realizada à catalogação fotográfica da base
meteorológica e pesquisas junto aos moradores de Juina referentes ao clima,
posteriormente houve o confronto dos dados e finalizando o trabalho foram
realizadas as análises e discussões do projeto. Conseguimos mostrar através deste
trabalho que o município de Juína entre 2007-2009 não sofreu mudanças no regime
de chuvas, houve a manifestação de fenômenos naturais e redução do
desmatamento na Amazônia, já que a floresta atua como principal agente regulador
do clima e das chuvas.
17
2. REFRENCIAL TEÓRICO
No Referencial Teórico foi abordado a dinâmica climática no aspecto geral e
da região amazônica, feitas por meio de revisão bibliográfica e dados coletados da
estação climática local tendo por objetivo mostrar os principais agentes
modificadores do clima.
2.1. TEMPO E CLIMA: UMA DEFINIÇÃO ESSENCIAL
Na ciência da atmosfera, usualmente é feita uma distinção entre tempo e
clima, e entre meteorologia e climatologia. Por Tempo entendemos o estado médio
da atmosfera numa dada porção temporal e em determinado lugar (AYOAD, 2007).
Para o INMET (2010), tempo é o estado físico das condições atmosféricas em um
determinado momento e local, isto é, a influência do estado físico da atmosfera
sobre a vida e as atividades do ser humano. Já para CONTI (1998), o tempo pode
ser compreendido como o estado momentâneo da atmosfera com relação à
temperatura, umidade, nebulosidade, precipitação e outros fenômenos
meteorológicos.
Para AYOAD (2007), clima é a síntese do tempo num dado lugar durante um
período de aproximadamente 30-35 anos, refere-se às características da atmosfera,
inferidas de observações contínuas durante um longo período. Segundo o INMET
(2010), o clima é o estudo médio do tempo para o determinado período ou mês em
certa localidade. Também, se refere às características da atmosfera inseridas das
observações contínuas durante certo período.
De acordo com MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA (2007), os elementos
constitutivos do clima são três: a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica,
que interagem na formação dos diferentes climas da terra. Todavia, esses
elementos, em suas diferentes manifestações, variam espacial e temporalmente em
decorrência da influência dos fatores geográficos do clima, que são: a latitude, a
altitude, a continentalidade, a vegetação e as atividades humanas.
O tempo e o clima podem juntos, ser considerados como conseqüência e
demonstração da ação dos processos complexos na atmosfera, nos oceanos e na
Terra (INMET, 2010).
18
Todas essas definições nos fazem compreender os conceitos de tempo
atmosférico e clima, que são desmembramentos ligados à ciência que observa a
atmosfera terrestre.
2.1.1. CLIMATOLOGIA E METEOROLOGIA: AS CIÊNCIAS QUE SE
ENCONTRAM NA ATMOSFERA
Existe uma considerável semelhança nos conteúdos da Climatologia e
Meteorologia, mas elas são duas ciências que se diferenciam uma da outra.
Ambas permaneceram, por um longo período da história do ser humano,
como parte de um só ramo do conhecimento no estudo da atmosfera terrestre.
Desde os Gregos (século VI a.C.), até por volta do século XVIII d.C., as
características atmosféricas eram observadas e estudadas tanto em fenômenos
específicos quanto na especialidade e temporalidade dos mesmos (MENDONÇA e
DANNI-OLIVEIRA, 2007).
Para AYOAD (2007) a meteorologia pode ser definida como a ciência da
atmosfera e está relacionada as estado físico, dinâmico e químico da atmosfera e às
interações entre eles e a superfície terrestre subjacente. Já a climatologia é
compreendida como o estudo cientifico do clima.
Em meteorologia, o termo “precipitação” é usado para qualquer deposição em
forma líquida ou sólida e derivada da atmosfera. Conseqüentemente, o termo refere-
se às várias formas líquidas e congeladas de água, como a chuva, neve, granizo,
orvalho, geada e nevoeiro (AYOAD, 2007). Ela engloba tanto o tempo como clima,
enquanto os elementos da meteorologia devem necessariamente estar incorporados
na climatologia para torná-la significativa e científica. No seu sentido lato é uma
ciência extremamente vasta e complexa, pois a atmosfera é muito extensa, variável
e sede de um grande número de fenômenos (INMET, 2010).
Percebe-se então, que a climatologia deu origem a meteorologia, alinham-se
na busca das condições do tempo e estudos dos fenômenos atmosféricos, para o
entendimento dessa dinâmica tão complexa que envolve nosso planeta.
2.1.2. A ATMOSFERA: A ESFERA GASOSA
A atmosfera do planeta Terra é extremamente importante para a vida e
manutenção da biosfera, a vida na
concentram-se os gases necessários para sobrevivência dos seres vivos.
A atmosfera pode ser descrita como uma camada fina de gases, sem cheiro, sem cor e sem gosto, presa àcompreende um mistura mecânica estável de gases, sendo que os mais importantes são o nitrogênio, o oxigênio, o argônio, o dióxido de carbônico, o ozônio e o vapor d’água, outros gases ocorrem em proporções muito pequenasetc (AYOAD, 2007, p.
Ainda, na concepção d
acordo com os níveis de altitude, em sua concepção, a atmosfera apresenta quatro
níveis: a Troposfera, Estratosfera, Mesosfera e Term
na figura 1.
Figura 1: Estrutura da atmosfera de acordo com a temperatura Fonte: AYOAD, 2007, p
[...] Troposferae virtualmente a totalidade do vapor d’água e de aerossóis, ela é a camada onde os fenômenos do tempo atmosférica e a turbulência são os mais marcantes e tem sido descrita como a camada da atmosfera que eas condições do tempo [...]
: A ESFERA GASOSA TERRESTRE
A atmosfera do planeta Terra é extremamente importante para a vida e
manutenção da biosfera, a vida na Terra depende da atmosfera, pois nela
se os gases necessários para sobrevivência dos seres vivos.
atmosfera pode ser descrita como uma camada fina de gases, sem cheiro, sem cor e sem gosto, presa à Terra pela força da gravidade, ela compreende um mistura mecânica estável de gases, sendo que os mais importantes são o nitrogênio, o oxigênio, o argônio, o dióxido de carbônico, o ozônio e o vapor d’água, outros gases ocorrem em proporções muito pequenas e incluem o neônio, o criptônio, o Helio, o metano, o hidrogênio etc (AYOAD, 2007, p. 15).
na concepção do autor ela apresenta expressivas diferenças de
acordo com os níveis de altitude, em sua concepção, a atmosfera apresenta quatro
osfera, Estratosfera, Mesosfera e Termosfera conforme podemos ver
strutura da atmosfera de acordo com a temperatura AYOAD, 2007, p. 20.
Troposfera: contém cerca de 75% da massa gasosa total da atmosfera e virtualmente a totalidade do vapor d’água e de aerossóis, ela é a camada onde os fenômenos do tempo atmosférica e a turbulência são os mais marcantes e tem sido descrita como a camada da atmosfera que eas condições do tempo [...] Estratosfera: é a segunda camada principal da
19
A atmosfera do planeta Terra é extremamente importante para a vida e
Terra depende da atmosfera, pois nela
se os gases necessários para sobrevivência dos seres vivos.
atmosfera pode ser descrita como uma camada fina de gases, sem Terra pela força da gravidade, ela
compreende um mistura mecânica estável de gases, sendo que os mais importantes são o nitrogênio, o oxigênio, o argônio, o dióxido de carbônico, o ozônio e o vapor d’água, outros gases ocorrem em proporções muito
lio, o metano, o hidrogênio
apresenta expressivas diferenças de
acordo com os níveis de altitude, em sua concepção, a atmosfera apresenta quatro
conforme podemos ver
cerca de 75% da massa gasosa total da atmosfera e virtualmente a totalidade do vapor d’água e de aerossóis, ela é a camada onde os fenômenos do tempo atmosférica e a turbulência são os mais marcantes e tem sido descrita como a camada da atmosfera que estabelece
é a segunda camada principal da
20
atmosfera e estende-se cerca de 50 km acima do solo, na estratosfera a temperatura geralmente aumenta com a altitude [...] Mesosfera: situa-se entre 40 e 80 km, é a camada que se encontra grande concentração de ozônio, formando uma camada protetora que intercepta boa parte da radiação ultravioleta [...] Termosfera: e a ultima camada da atmosfera, sem limite superior definido, apresenta temperatura elevada e extremamente rarefeita [...] (AYOAD, 2007, p. 20-22).
Percebe-se que na atmosfera existem características diferentes desde sua
camada inferior até a sua superior, formadas por ligações de diversos elementos
químicos que se aglutinam em gases importantes para a manutenção da vida na
superfície terrestre outros, porém, com uma atuação nefasta.
Segundo CONTI (1998), a faixa da estratosfera, situada entre 35 e 55 km de
altitude é caracterizada pela concentração de um gás denominado Ozônio, que é
uma variedade de oxigênio chamado de oxigênio alotrópico. O Ozônio tem grande
capacidade de absorção da radiação ultravioleta, procedente do sol, em grandes
quantidades, os raios ultravioletas podem ser letais aos organismos vivos, daí por
que a camada de Ozônio representa uma proteção importante da biosfera, atuando
como um verdadeiro filtro.
CONTI (1998), conclui que os principais responsáveis pelos danos a camada
de Ozônio seriam os gases clorofluorcarbono (CFC) e o fréon, usado na fabricação
de sprays e sistemas de refrigeração. Sendo muito leves, esses gases ascendem
até a estratosfera, onde, através de um complexo processo, vão romper as
moléculas do Ozônio, destruindo-as. Dessa forma formou-se um “buraco” na
camada de Ozônio, que tende a ampliar a cada ano. Segundo dados da fundação
WWF (2010), os cientistas observaram que o buraco vem crescendo e que seus
efeitos tem se tornado mais evidentes.
2.1.3. A CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA: UMA DINÂMICA COMPLEXA
O ar está em constante movimento, às dinâmicas da movimentação da
atmosfera determinam o clima de um local bem como sua temperatura em relação
aos outros locais do planeta, essas movimentações recebem o nome de circulação
geral da atmosfera. O movimento atmosférico é a soma de dois principais
componentes – movimento em relação à superfície da Terra - o vento - e movimento
em conjunto com a Terra, ao girar em torno de seu eixo. Este segundo movimento
21
exerce importantes efeitos sobre a direção dos ventos em relação à Terra
(ATKINSON, 1972, p. 72 apud AYOAD, 2007).
Conforme MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA (2007), a quantidade de energia
solar recebida pela Terra não é igual em todos os pontos da superfície do planeta,
variando, principalmente, em decorrência da latitude e das estações do ano.
Sobre essa afirmação, MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA (2007)
complementam que as áreas de baixas latitudes recebem mais energia do que
perdem por emissão para o espaço e, nas latitudes médias e elevadas, observa-se o
contrário. Há, assim, um equilíbrio no balanço de energia do planeta, pois o excesso
de energia recebida na zona intertropical é transferido pelas correntes atmosféricas
e oceânicas para as zonas temperadas e polares.
Alinhando-se com CONTI (1998) os fatores geográficos, como a latitude, o
relevo, a distribuição de terras e as águas, concorrem para que a absorção, a
reflexão e a difusão da energia solar se realizem diferentemente em cada ponto do
globo, dando origem a parcelas de atmosfera com características mais ou menos
homogêneas, chamadas de massas de ar. Elas podem ser quentes, frias, secas ou
úmidas, e se movimentam em diversas direções, determinando mudanças de tempo
nas regiões pelas quais circulam.
2.1.4. SISTEMAS ATMOSFÉRICOS
Sistemas produtores de tempo são sistemas de circulação acompanhados por
padrões e tipos característicos de tempo. Eles causam as variações diárias e
semanais no tempo e são muitas vezes mencionados como sendo perturbações
atmosféricas ou meteorológicas (AYOAD, 2007).
Para MORAES (2005), os sistemas atmosféricos podem ser classificados
como sistemas formados basicamente pelas massas de ar e seus sistemas de
circulação e pelas frentes quentes ou frias.
Uma massa de ar pode ser definida como um grande corpo de ar horizontal e
homogêneo deslocando-se como uma entidade reconhecível e tendo tanto origem
tropical quanto polar (HARE, 1963 apud AYOAD, 2007). MORAES (2005), contribui
ao dizer que à medida que elas se deslocam, perdem suas características iniciais e
dissipam-se. A área de transição entre as diferentes massas de ar é chamada de
frente.
MORAES (2005), complementa colocando que
frontais resultam do choque de duas massas de ar com características diferentes. O
encontro de uma massa de ar fri
chuvas.
2.2. O CICLO HIDROLÓGICO
Quando pensamos em água, logo temos o pensamento que ela está apenas
presente na superfície terrestre, o que na realidade não é correto
está diretamente acoplada na dinâmica da atmosfera terrestre e interfere
diretamente nas condições do tempo.
CONTI (1998), relata
atmosfera. Uma massa líquida, quando aquecida pela radiação sol
da temperatura, podendo ocorrer à evaporação. O vapor permanece em suspensão
na atmosfera ate retornar ao estado liquido, pelo processo da condensação, no qual
ele se precipita de volta ao solo sob forma de chuva, granizo, neve, etc
completando assim o chamado ciclo hidrológico conforme pode
figura 2.
Figura 2: Ciclo hidrológico da água Fonte: http:// www.iepa.ap.gov.br
. A área de transição entre as diferentes massas de ar é chamada de
complementa colocando que as frentes ou fenômenos
frontais resultam do choque de duas massas de ar com características diferentes. O
encontro de uma massa de ar frio com uma de ar quente normalmente resulta em
O CICLO HIDROLÓGICO: O “MILAGRE” DA TRANSFORMACÃO DA
Quando pensamos em água, logo temos o pensamento que ela está apenas
presente na superfície terrestre, o que na realidade não é correto afirmar. A água
está diretamente acoplada na dinâmica da atmosfera terrestre e interfere
diretamente nas condições do tempo.
, relata que o oceano é a principal fonte de água para
quida, quando aquecida pela radiação solar, sofre elevação
da temperatura, podendo ocorrer à evaporação. O vapor permanece em suspensão
na atmosfera ate retornar ao estado liquido, pelo processo da condensação, no qual
ele se precipita de volta ao solo sob forma de chuva, granizo, neve, etc
im o chamado ciclo hidrológico conforme podemos visualizar na
da água www.iepa.ap.gov.br
22
. A área de transição entre as diferentes massas de ar é chamada de
as frentes ou fenômenos
frontais resultam do choque de duas massas de ar com características diferentes. O
o com uma de ar quente normalmente resulta em
: O “MILAGRE” DA TRANSFORMACÃO DA ÁGUA
Quando pensamos em água, logo temos o pensamento que ela está apenas
afirmar. A água
está diretamente acoplada na dinâmica da atmosfera terrestre e interfere
que o oceano é a principal fonte de água para
ar, sofre elevação
da temperatura, podendo ocorrer à evaporação. O vapor permanece em suspensão
na atmosfera ate retornar ao estado liquido, pelo processo da condensação, no qual
ele se precipita de volta ao solo sob forma de chuva, granizo, neve, etc ,
mos visualizar na
23
Para MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA (2007), a água está presente na
atmosfera em três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Sendo os processos de
transformação de uma fase a outra, responsáveis pela absorção e liberação de
grandes quantidades de energia.
Os vários reservatórios de água do planeta – atmosfera, oceanos, rios lagos,
geleiras – estão permanentemente interligados pelos processos de evaporação,
precipitação infiltração e escoamento, criando uma eterna circulação da água
(MORAES, 2005).
O ciclo hidrológico é vital para a existência e manutenção de todos os tipos
de vida no planeta. Qualquer desequilíbrio nesse ciclo provocaria profundas
alterações nas paisagens atuais do globo, podendo levar à extinção de muitas
espécies e até a vida na Terra (MORAES, 2005).
CONTI (1998), relata que as chuvas distribuem-se de forma muito desigual
pelo planeta. Em geral, são abundantes nas baixas latitudes e regiões litorâneas
banhadas por correntes quentes, tornando-se raras em costas afetadas por
correntes frias ou áreas onde a pressão atmosférica é permanentemente elevada.
2.2.1. PRECIPITAÇÃO: OS TIPOS DE ÁGUA QUE INUNDAM A SUPERFICIE
TERRESTRE
A chuva é muito importante para a manutenção do ciclo hidrológico, a
precipitação se encarrega de oferecer suporte ao ciclo desde sua queda na
superfície terrestre ate sua volta à atmosfera pela evaporação.
Segundo AYOAD (2007), o termo “precipitação” é usado para qualquer
deposição em forma líquida ou sólida e derivada da atmosfera. Conseqüentemente,
o termo refere-se às várias formas líquidas e congeladas de água, como chuva,
neve, granizo, orvalho, geada e nevoeiro. CONTI (1998) complementa que a
precipitação de cada lugar do globo obedece a um padrão, expresso por um total
anual e variações mês a mês.
O tipo precipitação que nos remete com maior facilidade a queda d’água a
partir da atmosfera é a chuva, a qual MORAES (2005) a classifica em orográficas, de
convecção e frontais:
Orográficas: ocorrem
natural formada pelo relevo, as nuvens se elevam, se condensam e ocorre
precipitação. (MORAES, 2005. p. 154). Ver figura 3
Figura 3: Esquema de chuva orográfica Fonte: MORAES, 2005. p.154
Na figura 3 observamos
se-à com a parte mais elevada do relevo, provocando a queda d’água
Convecção: ocorre
do ar carrega o vapor para cima, que se esfria com a altitud
precipitação. (MORAES, 2005. p
ocorrem quando as massas úmidas concentram uma barreira
natural formada pelo relevo, as nuvens se elevam, se condensam e ocorre
. (MORAES, 2005. p. 154). Ver figura 3
squema de chuva orográfica MORAES, 2005. p.154
mos o movimento ascendente do ar úmido, o qual chocar
com a parte mais elevada do relevo, provocando a queda d’água.
ocorre em dias com intensa evaporação, o movimento vertical
do ar carrega o vapor para cima, que se esfria com a altitude, seguindo
. (MORAES, 2005. p. 154). Ver figura 4.
24
quando as massas úmidas concentram uma barreira
natural formada pelo relevo, as nuvens se elevam, se condensam e ocorre
o movimento ascendente do ar úmido, o qual chocar-
.
em dias com intensa evaporação, o movimento vertical
e, seguindo-se de
Figura 4: Esquema de chuva de convecção Fonte: MORAES, 2005. p.154
Frontais: ocorrem quando há choque entre uma massa de ar frio e outra de
ar quente. (MORAES, 2005. p
Figura 5: Esquema de chuvas frontais Fonte: MORAES, 2005. p.154)
squema de chuva de convecção MORAES, 2005. p.154
ocorrem quando há choque entre uma massa de ar frio e outra de
(MORAES, 2005. p. 154). Ver figura 5.
squema de chuvas frontais MORAES, 2005. p.154)
25
ocorrem quando há choque entre uma massa de ar frio e outra de
26
A figura 5 nos mostra a atuação do sistema atmosférico no que diz respeito
ao encontro de massas de ar de temperaturas contrárias. Ao chocarem-se, forma
uma linha de contato na qual ocorre à precipitação.
2.3. FATORES CLIMÁTICOS: OS AGENTES PARA AS MUDANÇAS
MORAES (2005) destaca que os fatores climáticos naturais mais significativos
para as mudanças climáticas são:
[...] Latitude: Devido à curvatura da Terra, conforme nos afastamentos do Equador em direção aos pólos, os raios solares vão deixando de atingir a Terra de forma perpendicular, tornando-se mais inclinadas e, portanto, aquecendo e iluminando a superfície com menor intensidade. De maneira geral, podemos afirmar que quanto mais próximo do Equador, ou seja, quanto menor a latitude, mais altas serão as temperaturas médias. [...] Relevo e Altitude: A configuração do relevo continental e suas altitudes influenciam os elementos do tempo. À medida que a altitude aumenta, a temperatura diminui cerca de 1 ºC, em média (a cada 180 m, aproximadamente). Pelo fato de a temperatura ser conseqüência da irradiação do calor existente na superfície, as camadas mais baixas são naturalmente mais quentes do que as que se encontram em maiores altitudes. A configuração do relevo pode dificultar ou facilitar a circulação de massas de ar. [...] Maritimidade/Continentalidade: O mar funciona como um verdadeiro regulador térmico devido à sua grande capacidade de se aquecer e perder calor muito mais lentamente do que as áreas continentais. Nas áreas costeiras, normalmente regiões muito úmidas, as amplitudes térmicas (diferença entre menor e a maior temperatura de um período) tendem a variar pouco, pois a proximidade com o mar ameniza os extremos de temperatura. À medida que vamos nos afastando da costa para o interior dos continentes, a amplitude térmica aumenta, enquanto a umidade diminui. Essas diferenças de temperatura entre as massas de água oceânicas e continentais e a velocidade com que se dão o aquecimento e o resfriamento são importantíssimas para a mecânica de movimentação do ar na atmosfera e das águas nos oceanos, que recobrem 2/3 do planeta [...] (MORAES, 2005, p. 147-150).
2.4. ZONAS CLIMÁTICAS NO MUNDO
Segundo MORAES (2005), os climas no mundo variam em diferentes regiões
da terra, sendo classificados em: Equatorial, Mediterrâneo, Tropical, Temperado,
Subtropical, Frio, Desértico, Polar, Semi-Árido e Frio de Montanha conforme
podemos ver no mapa a seguir.
Mapa 1: Tipos climáticos no mundoFonte: Geoatlas (2000)
MORAES (2005), reforça
naturais como já foi mencionado nos parágrafos anteriores
maritimidade e continentalidade.
[...] Quanto mais próximo da linha do Equador a temperatura tende a ser mais quente, mais friocomparado as
2.4.1. OS CLIMAS BRASILEIROS
O Brasil concentra-se na
atingem com maior intensidade as regiões concentradas nessa faixa,
conseqüentemente a tendência é predominar regiões mais quentes que as
Evidenciado na faixa vermelha da figura
Tipos climáticos no mundo
MORAES (2005), reforça que esses climas recebem influência de agentes
mencionado nos parágrafos anteriores, podemos citar a latitude,
maritimidade e continentalidade.
] Quanto mais próximo da linha do Equador a temperatura tende a ser mais quente, quanto mais afastado do Equador a temperatura tende ser mais frio. [...] O mar se aquece facilmente e perde calor lentamente se comparado as áreas continentais [...] (MORAES, 2005. p.145
OS CLIMAS BRASILEIROS
se na Zona Intertropical do globo terrestre, os raios solares
atingem com maior intensidade as regiões concentradas nessa faixa,
conseqüentemente a tendência é predominar regiões mais quentes que as
iado na faixa vermelha da figura 2.
27
que esses climas recebem influência de agentes
, podemos citar a latitude,
] Quanto mais próximo da linha do Equador a temperatura tende a ser quanto mais afastado do Equador a temperatura tende ser O mar se aquece facilmente e perde calor lentamente se
145-148).
tropical do globo terrestre, os raios solares
atingem com maior intensidade as regiões concentradas nessa faixa,
conseqüentemente a tendência é predominar regiões mais quentes que as outras.
28
Figura 6: Zona Intertropical da Terra Fonte: http:// www.iepa.ap.gov.br, Adaptado por: SILVA, M. B. (2010)
A distribuição e a variabilidade das chuvas no Brasil estão associados à atuação e à sazonalidade dos sistemas conectivos de macro e mesoescala e, em especial, da Frente Polar Atlântica (FPA). Isso explica as diferenças dos regimes pluviométricos encontrados e que se expressam na diversidade climática do País, com tipos chuvosos, semi-áridos, tropicais e subtropicais (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007. p. 146).
MORAES (2005), classifica os climas brasileiros em seis grandes tipos:
equatorial úmido e semi-úmido, tropical, tropical de altitude, tropical úmido, semi-
árido e subtropical.
[...] Equatorial (úmido e semi-úmido) – quente e úmido, com temperaturas variando muito pouco durante o ano, ficando a média térmica entre 24º C e 26º C. Registra altos índices pluviométricos anuais, acima de 2.000 mm, não havendo estação seca definida. Esse é o clima predominante da Região Amazônica. [...] Tropical – com duas estações bem definidas, a chuvosa (verão) e a seca (inverno). A temperatura média anual é de 22º C, com índices pluviométricos médios por volta de 1.500 mm. A maior parte do Brasil está sob o domínio desse clima. [...] Tropical de altitude – o relevo é o favor predominante para explicar as temperaturas amenas, com médias térmicas entre 17º C e 22º C e índices pluviométricos por volta de 1.500 mm anuais. Predomina em regiões mais altas do Sudeste. [...] Tropical úmido – quente e úmido com temperaturas médias anuais em torno de 25º C e pluviosidade média anual entre 1.250 mm e 2.000 mm. As chuvas concentram-se no outono-inverno no litoral nordestino e na primavera-verão no litoral do Sudeste. [...] Semi-árido – típico de interior nordestino, das áreas sertanejas. Quente e seco, as temperaturas variam pouco durante o ano, apresentando médias térmicas entre 26º C e 28º C. As chuvas são irregulares e mal distribuídas, com pluviosidade média inferior a 750 mm, havendo uma concentração das chuvas de fevereiro a junho. [...] Subtropical – típico da Região Sul do país, apresenta chuvas que se
29
distribuem pelo ano todo, embora haja uma maior concentração no verão. Apresenta índices pluviométricos superiores a 1.250 mm anuais e as maiores amplitudes térmicos do país. A temperatura média anual fica em torno de 18º C [...] (MORAES, 2005, p. 166-168).
2.5. MUDANÇAS NO CLIMA GLOBAL
O clima do planeta Terra nos últimos anos vem sofrendo profundas
transformações, cientistas de todo o mundo tentam encontrar a resposta para tais
acontecimentos.
Para a Fundação WWF as mudanças climáticas, outro nome para o
aquecimento global, acontecem quando são lançados mais gases de efeito estufa do
que as florestas e os oceanos são capazes de absorver. Nas MUDANÇAS
CLIMÁTICAS (2010), o efeito estufa é uma proteção natural do planeta e sem ele a
temperatura média da Terra seria 33°C mais baixa, ficando em torno de 15 graus
negativos. Ele é necessário para a existência da vida, o problema é que, quando
ocorre em excesso, provoca um aumento de temperatura acima do normal.
MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA (2007), ratifica que efeito estufa é um
fenômeno natural cuja ocorrência remete à origem da atmosfera. Ele decorre da
interação de componentes da troposfera com a energia emitida pela superfície
terrestre ao se resfriar, e é um dos principais responsáveis pelo aquecimento ao ar
nessa capa atmosférica.
De acordo com VITTE e GUERRA (2007), o aumento de gases produtores do
efeito estufa está mudando a magnitude das trocas de energia entre a superfície
terrestre, a atmosfera e o espaço sideral. Isso irá exigir um reajuste das demais
variáveis climáticas e dos elementos e atributos de outros sistemas com os quais o
clima mantém interação, sejam eles naturais ou socioeconômicos
Sobre mudanças no clima, MORAES (2005), diz que atualmente, podemos
detectar fenômenos naturais que também alteram o clima do planeta, embora em
uma escala muito menor do que os registrados no passado.
Dentre os fenômenos naturais que alteram o clima, podemos destacar o
fenômeno El Niño que durante suas ocorrências provocam alterações bruscas no
clima local e mundial.
30
MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA (2007) explica que o El NIÑO é um
fenômeno oceânico caracterizado pelo aquecimento incomum das águas superficiais
nas porções central e leste do oceano Pacífico, nas proximidades da América do
Sul, mais particularmente na costa do Peru.
2.5.1. MATO GROSSO: A DERRUBADA DA FLORESTA EQUATORIAL
O Estado de Mato grosso é o terceiro em área da Federação Brasileira, com
área total de 906.807 km². Encontra-se na região centro-oeste do país, centro do
continente sul-americano. (MORENO e HIGA, 2005).
PIAIA (2003) explica que os grandes problemas ambientais no Estado estão
relacionados ao manejo inadequado do solo ocorrido no processo de colonização.
Em Mato Grosso, as terras foram ocupadas desmatando-se as matas ciliares, as
nascentes, as áreas de encostas/declive e áreas próximas a lagos e reservas de
água. Veja os índices de desmatamento em Mato Grosso no mapa a seguir.
Mapa 2: Desmatamento da floresta Amazônia em Mato Grosso ate o ano de 2008 Fonte: http:// www.ipam.org.br
As florestas, assim como as demais formações vegetais, são componentes naturais que regulam e garantem a vida sobre o planeta terra. O ambiente natural ao sofrer a modificação pela ação antrópica ou por outro modo de ação, faz com que as associações vegetais modifiquem a alteração produzida e a partir dessa nova condição alteram-se para melhor adaptar-se
31
a esse novo estágio. Neste sentido, as alterações produzidas decorrentes da degradação do ambiente local ocasionam um empobrecimento da qualidade da floresta, do solo, do ar, assim como o da quantidade das precipitações nos variados ecossistemas. Dessa forma, as florestas exercem um efeito “esponja”, absorvem as águas das chuvas pela interceptação das copas das árvores dominantes, dos sub-bosques e, também, da serrapilheira a qual retém considerável volume de água, liberando-a lentamente para os riachos, rios e lagos, permitindo o abastecimento regular de parte do ciclo hidrológico. (SCHUMACHER e HOPPE, 1998, p. 3 apud RODRIGUES et al, 2007).
Nove ONGs lançaram em Brasília, o Pacto Nacional pela Valorização da
Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia. A proposta da sociedade civil é
uma iniciativa inédita para estabelecer um amplo compromisso entre vários setores
do governo brasileiro e da sociedade sobre medidas necessárias e urgentes para
assegurar a conservação da floresta amazônica, devido à sua crucial importância
para se manter o equilíbrio climático, conservação da biodiversidade e preservação
do modo de vida de milhões de pessoas que dependem da floresta para sobreviver
(GREENPEACE, 2010).
[...] O Pacto Nacional propõe a redução do desmatamento na Amazônia a zero até 2015, adotando-se um sistema de metas anuais. Estima-se que sejam necessários investimentos da ordem de R$ 1 bilhão por ano, de fontes nacionais e internacionais, para se compensar financeiramente aqueles que promoverem efetiva redução do desmatamento na Amazônia e também para se pagar serviços ambientais prestados pela floresta [...] A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; e os governadores Blairo Maggi (Mato Grosso) e Waldez Góes (Amapá), entre outras autoridades, participaram do evento [...] "Isso é apenas o começo, mas é um bom começo, e algo interessante. Estamos construindo um plano nacional com responsabilidades comuns, porém diferenciadas", afirmou a ministra Marina Silva. "É um movimento legítimo, importante para ajudar os governos federais e estaduais e outros setores para cumprir um desejo da sociedade." [...] (GREENPEACE, 2010).
Segundo AL GORE (2006), as florestas em geral são destruídas pelas
queimadas. Quase 30% do CO2 lançado na atmosfera a cada ano resultam da
queima das matas para dar lugar à agricultura de subsistência e da queima de lenha
para cozinhar.
Dessa maneira, de acordo com dados da Fundação WWF, as recentes
descobertas científicas sugerem que o atual desmatamento da Amazônia já alterou
o clima regional. Além disso, sustentam relatos anteriores de que há um aumento de
nebulosidade nas áreas desmatadas.
32
Estudos realizados sugerem que, até o ano 2050, as temperaturas na
Amazônia aumentarão em 2º C a 3°C. Ao mesmo tempo, a diminuição das chuvas
nos meses de seca provocará a ampliação da seca, essas mudanças terão graves
conseqüências. O aumento de temperatura e a diminuição das chuvas, conforme
previsto podem provocar secas mais prolongadas e talvez mais severas, juntamente
com mudanças substanciais na sazonalidade, com impactos sobre plantas, animais
e seres humanos (WWF, 2010).
AL GORE (2006), argumenta que os incêndios florestais estão se tornando
muito mais comuns agora que as temperaturas mais quentes ressecam o solo e as
folhas.
33
3. MATERIAL E MÉTODOS
Entender o clima regional é importante para a assimilação temporal do lugar
onde moramos.
Inicialmente, trabalhamos com o levantamento bibliográfico para
apresentação de suporte teórico, no que diz respeito à busca de conceitos sobre
climatologia e meteorologia e temas afins para desenvolvimento da monografia. No
segundo momento foi realizado pesquisa de campo para coleta de dados
relacionados ao clima da região do município de Juína, junto à subestação climática.
Concomitante foi feita entrevista com a população por meio de questionário fechado,
com análise quantitativa no que diz respeito às opiniões sobre as alterações
climáticas de Juína, foram entrevistados quatro moradores, dois moradores do setor
chácara e dois moradores residentes da área urbana.
Em seguida, partimos para a análise do questionário e o confronto com os
dados coletados mais a bibliográfica pertinente para certificarmos se há realmente
uma alteração significativa no clima.
Foram utilizadas imagens de satélite, fotografias, mapas, cartas climáticas
com o intuito, a fim de referendar, ainda mais, a pesquisa.
3.1. SAÍDA DE CAMPO
Para podermos entender como os dados climáticos são enviados para a
central do INMET, realizamos uma pesquisa no campo experimental de Juina no dia
23 de setembro de 2010, onde está localizada a Estação Meteorológica do
município, a mesma coleta dados e a cada 2 horas eles enviados para a equipe de
pesquisadores do INMET via satélite.
Foi utilizado caderno para os questionários ao responsável pela estação, o
técnico agrícola Manoel Alcides Paulo de Almeida, o mesmo nos cedeu informações
sobre o funcionamento da base meteorológica e sobre a catalogação dos dados. Foi
utilizada também câmera digital para o levantamento fotográfico.
E por último, foi feita a entrevista com quatro moradores antigos do
município onde os mesmos falaram sobre as mudanças no clima local desde sua
vivência na região.
34
4. JUÍNA: MITO OU REALIDADE EMPÍRICA DA MUDANÇA CLIMÁTICA
O município de Juína ainda é carente em estudos realizados sobre sua
diversidade climática, tal fator reforça o conceito da população de que as chuvas ao
longo dos anos estão diminuindo. Ao longo das discussões mostraremos a
verdadeira face deste processo no que diz respeito ao clima do município.
4.1. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JUÍNA-MT.
O município de Juína localiza-se a 724 km da capital Cuiabá com uma
extensão territorial de 26.351 km² distribuído entre as seguintes coordenadas
geográficas: latitude 11º22'42" sul e longitude 58º44'28" oeste. Obteve sua
emancipação política no dia 09 de maio de 1982 sendo o primeiro prefeito o
professor Orlando Pereira. Ver mapa 3.
Mapa 3: Localização do Município de Juína-MT Fonte: Org: LEMES, Denise Peralta (2009).
35
Para FERREIRA (2001), predomina no município o clima equatorial quente e
úmido segundo a classificação climática de Köppen, caracterizando assim duas
estações bem definidas – uma chuvosa e outra seca. Juína aloca-se na região
noroeste do Estado sendo Pólo dos municípios de Brasnorte, Castanheira, Juruena,
Cotriguaçu, Colniza, Aripuanã e Rondolândia conforme podemos ver no mapa 4.
Mapa 4: Pólo regional de Juina e municípios componentes
Fonte: Org: LEMES, Denise Peralta (2009) adaptado por: SILVA, M. B. (2010)
4.1.1. ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DE JUÍNA
A estação meteorológica do município de Juína localiza-se a 6 km do centro
da cidade no campo experimental da EMPAER S/A, próximo a Escola Rural
Francisco Lisboa conforme figuras 7 e 8.
O campo experimental de Juína no seu entorno não possui vegetação
natural, é composta por vegetação de árvores frutíferas típicas da região, como
grandes mangueiras, jabuticabeiras, cacau e também algumas Tecas, espécie de
madeira tropical. Nas proximidades da estação não possui rios, o local possui um
caseiro que se responsabiliza em cuidar da área durante a noite.
Figura 7: Campo E Fonte: SILVA, M. B.
Figura 8: Vista parcial da estação meteorológica Fonte: SILVA, M. B. (2010)
A estação meteoroló
recolher dados sobre a quantidade de chuva precipitad
período de tempo. Vide figura
: Campo Experimental de Juína SILVA, M. B. (2010)
: Vista parcial da estação meteorológica de Juína SILVA, M. B. (2010)
estação meteorológica é composta por um pluviômetro, usado para
recolher dados sobre a quantidade de chuva precipitada durante um determinado
figura 9.
36
ômetro, usado para
durante um determinado
Figura 9: Pluviômetro que Fonte: SILVA, M. B. (2010)
A estação possui um anemômetro que mede a velocidade e intensidade d
vento como podemos ver na figura 10.
Figura 10: Anemômetro usado para medir a intensidade do vento Fonte: SILVA, M. B. (2010)
A estação meteorológica
umidade e um Datalogger, que
colhidos que posteriorment
INPE conforme podemos ver na figura
Pluviômetro que compõe a estação meteorológica M. B. (2010)
A estação possui um anemômetro que mede a velocidade e intensidade d
podemos ver na figura 10.
: Anemômetro usado para medir a intensidade do vento SILVA, M. B. (2010)
meteorológica possui também um Sensor de T
, que se encarrega de guardar em seu interior os dados
colhidos que posteriormente serão enviados para a equipe de pesquisadores do
forme podemos ver na figura 11.
37
A estação possui um anemômetro que mede a velocidade e intensidade do
possui também um Sensor de Temperatura e
de guardar em seu interior os dados
iados para a equipe de pesquisadores do
Figura 11: Sensor de temperatura e Datalogg Fonte: SILVA, M. B. (2010)
Possui um Altrac, aparelho usado para mandar dados ao Datalogger, como
mostra a figura 12.
Figura 12: Altrac responsável por mandar dados ao Datalogger Fonte: SILVA, M. B. (2010)
E por fim, a estação é composta também por um Heliógrafo digital
responsável por medir a intensidade dos raios solares, conforme a figura 13.
ensor de temperatura e Datalogger SILVA, M. B. (2010)
Possui um Altrac, aparelho usado para mandar dados ao Datalogger, como
responsável por mandar dados ao Datalogger SILVA, M. B. (2010)
estação é composta também por um Heliógrafo digital
responsável por medir a intensidade dos raios solares, conforme a figura 13.
38
Possui um Altrac, aparelho usado para mandar dados ao Datalogger, como
estação é composta também por um Heliógrafo digital
responsável por medir a intensidade dos raios solares, conforme a figura 13.
Figura 13: Heliógrafo Digital Fonte: SILVA, M. B. (2010)
4.2. INDICE PLUVIOMÉTRICO
A base meteorológica
dados para a sede do INPE, essas coletas nos informam
regional.
A análise dos infográficos
do município no triênio 2007
Entre dezembro de 200
durante o verão Juinense ocorreram grandes quantidades de chuvas
infográfico 1.
3 Gráficos construídos com técnicas de Geoprocessamento e disponibilizados no site do INMET.
: Heliógrafo Digital responsável por medir os raios solares SILVA, M. B. (2010)
INDICE PLUVIOMÉTRICO EM JUINA ENTRE 2007 E 2009
A base meteorológica do município de Juína possibilita a coleta e envio de
dados para a sede do INPE, essas coletas nos informam o comportamento climático
A análise dos infográficos3 a seguir mostra o comportamento
2007-2009.
ntre dezembro de 2006 e fevereiro de 2007 manteve-se muito
ocorreram grandes quantidades de chuvas
Gráficos construídos com técnicas de Geoprocessamento e disponibilizados no site do INMET.
39
na possibilita a coleta e envio de
o comportamento climático
comportamento pluviométrico
muito chuvoso,
como mostra o
Gráficos construídos com técnicas de Geoprocessamento e disponibilizados no site do INMET.
40
Infográfico 1: Índice pluviométrico de Juína entre Dezembro de 2006 e Fevereiro de 2007 Fonte: INMET, 13 Set, 2010.
A análise nos mostra que em Juína o mês de Fevereiro de 2007 foi muito
chuvoso, comparando com o ano seguinte, de Janeiro a Março de 2008 as médias
registraram um final de verão chuvoso com altas médias de precipitação como
mostra o Infográfica 2.
Infográfico 2: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 2008 Fonte: INMET, 13 Set, 2010
Juína
Juína
41
O infográfico 3 representa os níveis de chuva em Fevereiro de 2009, nesse
ano os índices de chuvas mantiveram-se normal.
Infográfico 3: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 2009 Fonte: INMET, 13 Set, 2010.
Ao confrontarmos esses dados, notamos que durante os anos de 2007 e
2009, o município de Juína passou por altos índices de pluviometria durante os
verões com exceção do ano de 2009, pois o índice de chuva permaneceu normal e
as chuvas distribuídas normalmente.
A distribuição das chuvas entre os anos de 2007 e 2009 no município de
Juina, foi caracterizada pelos altos índices pluviométricos durante esse período de
três anos, no entanto à necessidades de cruzarmos os dados quanto ao
desmatamento local.
4.3. O DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA E A INFLUÊNCIA NO CLIMA LOCAL
De acordo com MORENO e HIGA (2005), o principal processo regulador do
clima é o da evapotranspiração, que consiste na evaporação da água livre e na
transpiração das plantas (retirada de água do solo pelas raízes e deposito desta no
ar pela abertura estomática das folhas).
Juína
42
O INPE disponibilizou em seu portal na internet dados referentes ao
desmatamento da Amazônia desde o primeiro levantamento em 1988, mostrando a
quantidade de área desmatada em toda a área da Amazônia Legal, como mostra o
gráfico 1 a seguir.
Gráfico 1: Taxa de desmatamento da Amazônia entre 1988-2009 Fonte: INPE, 13 Set, 2010.
Durante os anos de 1995-2005 foram registrados os maiores índices de
desmatamento da Amazônia no estado de Mato Grosso, durante 2006 até o ano de
2009 percebe-se diminuição no desmate.
Alinhados à essa análise, MORENO e HIGA (2005), dizem que a derrubada
das matas diminui as taxas de evapotranspiração, modifica a interceptação de
energia e das águas das chuvas e libera gás carbônico de forma lenta, pela remoção
da madeira e posterior apodrecimento dos troncos.
Segundo VESCOVE e TURCO (2005), evapotranspiração pode ser definida
como um processo combinado de transferência de água do solo para a atmosfera,
incluindo a evaporação da água do solo diretamente e o processo de transpiração
através dos tecidos vegetais.
Então, a floresta é essencial para a manutenção do clima e da distribuição de
chuvas, após a evapotranspiração formam-se nuvens carregadas de água e
posteriormente essa mesma água descerá a superfície terrestre em forma de
43
precipitação dando seqüência no ciclo hidrológico da água, não possuindo cobertura
vegetal para o ciclo hidrológico, as chuvas tendem a diminuir.
Durante o período de 2006-2009, o desmate da floresta amazônica foi
reduzido, justifica-se os altos índices de chuva ocorridos nesse período, menos
desmate há aumento da evapotranspiração e posteriormente as chuvas tendem a
aumentar.
Um fator natural e não antrópico, como o desmatamento, que interfere no
regime pluviométrico não só regional como global é a manifestação do fenômeno El
Niño, que será mais bem explicado no texto a seguir.
4.4. EL NIÑO: O “MENINO” QUE INTERFERE NO CLIMA
O fenômeno El Niño é um grande agente modificador do clima em qualquer
região do globo terrestre, como já foi mencionado no levantamento bibliográfico, ele
é caracterizado como um aquecimento das águas do Oceano Pacífico.
De acordo com MORENO e HIGA (2005), no Brasil, os efeitos de El Niño
diminuem as chuvas das regiões do semi-árido do Nordeste e do Norte e Leste da
Amazônia; fazem aumentar as temperaturas do Sudeste no inverno, e aumentam a
quantidade de chuvas na região Sul. Em Mato Grosso, a influência desse fenômeno
é indireta, interferindo na distribuição das chuvas e na umidade do ar.
Nos trabalhos realizados por pesquisadores do INPE foi elaborado um boletim
climático da região Amazônica onde mostra que o evento do El Niño/Oscilação Sul
(ENOS) de 1982-1983 foi um dos mais intensos e afetou o tempo e clima da
América do Sul de várias maneiras. No caso da região Amazônica, este episódio
provocou um período extremamente seco (janeiro/fevereiro) durante a estação
chuvosa na Amazônia Central.
Na Amazônia, o fenômeno El Niño atua como agente regulador da
precipitação e nos períodos de ocorrência o mesmo reduz os níveis de chuvas como
aconteceu no ano de 1982-1983. No caso de Juína, durante os anos de 2007-2009
foram registradas altas taxas de pluviometria e durante este mesmo período a
ocorrência do fenômeno El Niño.
44
Tabela 1: Ocorrências do Fenômeno El Niño Fonte: INPE, 13 Set, 2010. Adaptado por: SILVA, M. B. (2010).
Conforme mostra a tabela 1 percebe se que entre 1997-1998 o El Niño
ocorreu com forte incidência. Como o El Niño reduz os índices de chuva na
Amazônia, durante sua ocorrência, nesse período, na região de Juína a precipitação
foi escassa, em 1997 e o verão foi seco, vide infográfico 3, e 1998 foi muito seco
conforme visualizamos no infográfico 4.
Infográfico 4: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 1997 durante a ocorrência do El Niño
Fonte: INMET, 13 Set, 2010.
Juína
45
Infográfico 5: Índice pluviométrico de Juína entre Janeiro e Março de 1998 durante a ocorrência do El Niño
Fonte: INMET, 13 Set, 2010.
Já nos anos de 2007-2009 o El Niño ocorreu fraco como mostrou a tabela 1, e
durante esse período as chuvas se intensificaram em Juína, já no período de 1997-
1998 o El Niño ocorreu forte e justamente nos verões, durante os trimestres de
janeiro a março, o fenômeno ocorreu com intensidade forte e modificou a
distribuição das chuvas nesse período.
4.5. CRUZAMENTO DOS DADOS TÉCNICOS COM A “SABEDORIA” POPULAR
Com a realização da pesquisa a campo, buscamos a percepção de quatro
moradores do município de Juína e que moram a algum tempo nesta região,
procurando mostrar a concepção da população sobre a alteração do nível de chuvas
do município.
Para o Senhor Ozônio4:
“Tem mais ou meno 20 anos que moro na região, antigamente chovia mais do
que hoje, os dias tao mais quentes, sempre vivi na roça e planto para vender na
4 Os nomes dos entrevistados são fictícios que simbolizam termos usados em estudos climatológicos.
Juína
46
fera, as vezes até perco boa parte das coisas que planto por causa do calorão
dimais.”
No decorrer da fala do Senhor Ozônio, relata como é seu meio de
sobrevivência e sua visão sobre o clima local, sua idéia focaliza que os dias estão
ficando mais quentes e as chuvas diminuindo a cada ano.
Vejamos a seguir o que diz a Senhora Maritimidade:
“Já tem 23 anos que moro em Juina, a algum tempo trabalho como operadora
de caixa numa lanchonete, o calor aumentou muito, cada ano que passa vem
aumentando o frio na época do inverno, as chuvas estão se modificando, não chove
como antes que chovia sem parar, agora é mais pancada de chuva.”
Na visão da Senhora Maritimidade, o frio e o calor aumentaram ao longo do
tempo. Durante o período de chuvas, as mesmas caem fortemente diferentemente
dos anos anteriores que chovia durante todo o verão de maneira calma.
Já o Senhor El Niño indaga:
“Vim do Paraná e já moro em Juina desde 1990, sempre plantei milho e
verduras para vender na fera, nunca esqueço de 98, fizemo uma grande plantação
mais nesse ano a seca castigou a gente dimais, a maior parte das coisas mucho por
causa da quentura que era dimais.”
No relato do Senhor El Niño, confronta-se com a ocorrência do fenômeno
natural do El Niño em 1998, neste ano foi considerado forte pelos pesquisadores do
INPE. Nota-se também que neste ano o fenômeno provocou a escassez das chuvas
o que prejudicou a população de Juína e agricultores como é o caso do Senhor El
Niño.
Segundo a Senhora Terra:
“O clima agora ta mais seco e os raios e trovoes são mais freqüentes e os
ventos mais fortes.”
A Senhora Terra complementa a idéia de todos os entrevistados, de maneira
em geral todos acham que de alguma forma o clima apresentou mudanças ao longo
dos anos.
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De acordo com os resultados encontrados, essa afirmação é enganosa. O
confronto de todos os dados coletados e pesquisa nas bibliográficas
complementares mostra que houve mudanças no regime de chuva do município
apenas nos anos de 1997-1998, ano correspondente a forte ocorrência do fenômeno
natural El Niño, responsável por alterações no clima local e mundial.
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5. CONCLUSÃO
Constantemente a humanidade modifica seu meio natural em prol de si
mesmo. É natural acompanharmos em jornais e noticiários matérias referentes a
desastres ambientais causados por chuvas excessivas ou temporais intensos, e a
ciência procura sempre desvendar os mistérios que culminam em tais
acontecimentos.
A região Amazônica vem ao longo do tempo perdendo sua beleza e seu
verde, grandes áreas de floresta já foram substituídas por pastagens e campos de
soja. O que na verdade a sociedade não sabe é que as conseqüências desses atos
prejudicarão a humanidade, a retirada da cobertura vegetal altera o ciclo da água
bruscamente uma vez que sem floresta não acontece a evapotranspiração, fator
importantíssimo para o ciclo da precipitação.
No caso do município de Juina, o regime de pluviometria não sofreu alteração
no triênio de 2007-2009 mesmo com o intenso desmatamento que a região sofreu
nos últimos anos, a população Juinense acredita que as chuvas vêm diminuindo ao
longo do tempo. Na verdade existem os “achismos” populares, ou seja, conceitos
ilusórios criados pelos moradores, a busca por dados mostrou que o regime de
chuva se manteve normal durante o triênio pesquisado.
O que na verdade aconteceu em Juina foi a interferência do El Niño. O
município sofreu uma grande seca no biênio de 1997-1998, período em que o
fenômeno natural ocorreu fortemente na região afetando todo o clima local
diminuindo intensamente as chuvas nesse período. Já no triênio de 2007-2009 não
foram registradas ocorrências fortes do fenômeno, durante esse período os níveis de
chuvas em Juina se manteve alto.
Mesmo depois dessa análise devemos ter consciência, como foi buscado na
bibliografia, o desmatamento é um fator determinante nas mudanças climáticas, a
floresta exerce um papel muito importante no clima, se a retirada da floresta
continuar em um futuro bem próximo, vamos sofrer grandes conseqüências, grandes
temperaturas e chuvas bem escassas e, principalmente um clima totalmente
desregulado.
A humanidade de maneira geral não faz idéia do futuro que nos espera se
toda essa degradação contra a natureza continuar. Não temos o poder de controlar
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a natureza e seus fenômenos naturais, mas podemos conscientizar a população das
catástrofes que o ambiente sofrerá com a degradação, e se a sociedade não tomar
providencia quanto a isso, teremos um futuro totalmente impróprio.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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51
INMET, Instituto Nacional de Meteorologia. Tempo e Clima (B). Disponível em: < http://www.inmet.gov.br/html/informacoes/curiosidade/tempo_clima.html - Acesso em: 27 abr, 2010. Efeito Estufa – Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/661 - Acesso em: 25 jun,2010. WWF, World Wildlife Fund, (Fundação Mundial da Natureza). Mudanças climáticas (A) – Disponível em: < http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas/ - Acesso em: 25 jun, 2010. WWF, World Wildlife Fund, (Fundação Mundial da Natureza). Mudanças climáticas na Amazônia (B) – Disponível em: < http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/ameacas_riscos_amazonia/mudancas_climaticas_na_amazonia/ - Acesso em: 17 abr, 2010.
Sete anos para zerar desmatamento na Amazônia: ONGs brasileiras mostram como. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/pacto-nacional-prop-e-metas-an/. Acesso em: 19, nov, 2010.
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Figura do desmatamento da floresta Amazônica em Mato Grosso até o ano de 2008. Disponível em: <http://www.iepa.ap.gov.br/.../figura/desmatamento.gif. Acesso em: 06, nov, 2010. Figura do ciclo hidrológico da água. Disponível em: <http://www.iepa.ap.gov.br/.../figura/agua2.gif. Acesso em: 20, set, 2010. Tabela das ocorrências do Fenômeno El Niño. Disponível em: <http://enos.cptec.inpe.br/tab_elnino.shtml. Acesso em: 06, nov, 2010. Gráfico do desmatamento da Amazônia entre 1988- 2009. Disponível em: http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=856. Acesso em: 06, Nov, 2010.
AJES: ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIORLICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
Profª Orientadora: Marina Silveira Lopes
Acadêmico: Michael Bezerra da Silva
1- Quanto tempo mora no município de Juí
2- O clima do município tem sofrido alguma alteração? Quais?
3- Durante sua permanência no município, você percebeu mudanças no regime de
chuvas da região?
4- Escreva algumas linhas colocando sua
Juína.
ANEXO - A
AJES: ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIORLICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
Profª Orientadora: Marina Silveira Lopes
Data
Pesquisa de Campo
mora no município de Juína?
O clima do município tem sofrido alguma alteração? Quais?
Durante sua permanência no município, você percebeu mudanças no regime de
Escreva algumas linhas colocando sua visão sobre o clima do município de
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AJES: ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR
Data – 20/10/2010
Durante sua permanência no município, você percebeu mudanças no regime de
lima do município de
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