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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO VERA NICE CORVETA VOLPE ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO COLIDER/2013

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO

VERA NICE CORVETA VOLPE

ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO

COLIDER/2013

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAÇÃODO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO

VERA NICE CORVETA VOLPE

ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Pós Graduação lato Sensu em Educação Infantil e Alfabetização.”.

COLIDER/2013

DEDICATÓRIA

In Memorian: Aos meus pais, Vidal Corveta e Cândida de Campos Corveta,

que em todos os momentos difíceis de minha vida, tem intercedido junto a DEUS,

pelo meu sucesso e felicidade. As pessoas mais especiais deste mundo, meu

marido Luiz Fernando C. Volpe e meus filhos, Luiz Fernando, Marcelo e Ricardo, as

noras, Luana e Daniela e ao meu neto Pedro Henrique, motivo de orgulho e de

continuidade de nossas vidas, dedico-lhe essa conquista com gratidão e amor.

AGRADECIMENTO

Agradeço inicialmente a Deus, a quem devo tudo o que sou. Ao meu

orientador, Professor Ilso Fernandes do Carmo pela paciência, pelas sugestões, por

ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais. A

coordenação do curso de Pós-graduação e compreensiva as nossas dificuldades, as

amigas, colegas e a todos os integrantes do curso, que direta ou indiretamente

contribuíram para a conclusão deste trabalho.

“Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter

meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados

em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para

a formação humana".

Carlos Drummond de Andrade

RESUMO

O presente trabalho discorre sobre as contribuições do conto de fada na

alfabetização, o mesmo tem como objetivo principal fazer uma reflexão sobre a

origem dos contos de fadas, apresentando assim as diversas versões das histórias

contadas até hoje, focando sua análise na questão da importância de se trabalhar os

contos de fadas, explorando a fantasia despertando assim o hábito de ler,

embarcando-se no mundo imaginário da alfabetização. Levando o leitor a fazer uma

viagem maravilhosa pelos caminhos da imaginação, e o faz de conta considerando

assim a importância que o conto de fada pode proporcionar, satisfatoriamente na

formação pré-escolar e na fase de aquisição da leitura e da escrita. O trabalho está

baseado em pesquisa bibliográfica, e fundamentado em vários autores como:

ABRAMOVICH, BETTELHEIM, COELHO, VYGOTSKY entre outros que deram

grandes contribuições para a concretização do mesmo. O trabalho focara nas

origens dos contos de fadas, no saber popular, suas historias e repercussão na

literatura infantil. Revelando situações que ocorrem fora do nosso entendimento

presente nos contos de fada, suas principais lições, utilizações e simbologia.

Palavras chave: Conto de fada, imaginação, alfabetização, faz de conta.

SUMARIO

INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------07

CAPITULO 1 – RESGATANDO A IMPORTANCIA DO CONTO DE FADA NA

ALFABETIZAÇÃO------------------------------------------------------------------------------------09

1.1 As Origens dos Contos de Fadas---------------------------------------------------------15

1-2 - O Papel do conto de fada na construção da personalidade e das

crianças. ------------------------------------------------------------------------------------------------18

CAPITULO 2 - HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA: UMA LITERATURA DE SABER

POPULAR-----------------------------------------------------------------------------------------------22

2.1 - Contos de fadas, mitos, lendas e fábulas: filhos da mesma mãe.------------25

2.2 - A Simbologia no conto de fada-----------------------------------------------------------32

CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------------------------------36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------------38

INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende fazer um estudo, a respeito da importância dos

contos de fadas na alfabetização, aguçando o imaginário das crianças, além de

despertar o gosto, pela apreciação da leitura desse tipo de texto. Levando assim a

criança a fazer uma viagem maravilhosa pelo caminho do imaginário, considerando

a importância que tal recurso proporciona satisfatoriamente na formação pré-escolar

e na fase de aquisição da leitura e da escrita.

Tendo assim como objetivo geral: Fazer uma reflexão sobre a origem dos

contos de fadas, apresentando assim as diversas versões das histórias contadas até

hoje, focando sua análise na questão da importância de se trabalhar os contos de

fadas, explorando a fantasia despertando assim o hábito de ler, embarcando-se no

mundo imaginário da alfabetização. E como Objetivos Específicos: Despertar a

curiosidade dos alunos sobre o conto de fada e consequentemente o gosto pela

leitura, a escrita, a criatividade e a imaginação através das leituras; Incentivando a

produção de texto espontânea, a comunicar-se e expressar-se através de situações

de intercâmbio social utilizando a Língua Portuguesa com relação à ortografia;

Valorizando a leitura através do conhecimento de contos, histórias, lendas e fábulas,

diversificando seu universo criativo; Habilitando os alunos a conhecer e

compreender as diversas versões de um mesmo conto, despertando assim o hábito

de ler, embarcando no mundo da fantasia e da imaginação.

Sendo que os contos também conseguem deixar fluir o imaginário e levar a

criança a ter curiosidade, que logo é respondida no decorrer dos contos. É uma

possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das

soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos

problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não)

pelos personagens de cada história. Focando a importância dos contos de fada na

alfabetização.

Levando-se em consideração, que trabalhar com os contos de fadas na

alfabetização é muito importante, pois através das narrativas temos a oportunidade

de resgatar o mundo da leitura e da fantasia, tornando a aprendizagem significativa,

estimulando a imaginação e a criatividade dos alunos. Além disso, as mensagens

contidas nos contos de fadas, tais como: bondade, docilidade, coragem, altruísmo e

afeto, são pontes que podem ser construídas no interior das crianças, pois envolvem

questões de não-violência.

Tendo em vista outro aspecto muito importante a ser considerado, é que os

contos de fadas por si só, já carregam importantes enfoques pedagógicos como às

questões humanas, necessárias para que as crianças enfrentem medos, angústias,

disputas, ciúmes, morte, etc. Sendo que à medida que as histórias são contadas,

várias vezes e de diversas maneiras, as crianças vão elaborando suas próprias

ideias, resolvendo conflitos e construindo referenciais entre o bem e o mal.

Considerando que através dos contos de fadas temos a possibilidade de

resgatar diversos valores, estimular o diálogo, o espírito crítico, o prazer da

ludicidade, ensinamentos e verdades que compõem o mundo da criança, sem

distanciá-la do mundo real. Para tanto o trabalho esta dividido da seguinte forma

cap.1– Resgatando a importância do Conto e Fada na Alfabetização, cap. 2 – A

História de nossa História: Uma Literatura de Saber Popular, o mesmo está

baseado em pesquisa bibliográfica, e fundamentada em vários autores como:

ABRAMOVICH, BETTELHEIM, MEIRELES, VIGOTSKY entre outros que deram

grandes contribuições para a concretização do mesmo. Sendo uma vez que, o ato

de ler é algo que está ficando cada vez mais difícil, pelo tempo que se afunila devido

nosso dia-a-dia corrido. Porém não podemos esquecer que nossas vidas pertencem

a um mundo muito inconstante, muitas vezes é como se vivêssemos em outra

dimensão, trabalho, estudo, casa, amigos; tudo requer tempo e disponibilidade para

desenvolvermos simples atividades, por esse motivo às histórias de contos de fadas,

aventuras, romances entre outros vão perdendo espaço para as revistas, jornais,

internet, rádio e televisão que são meios que oferecem as informações mais

resumidas e mais rápidas. Porém apesar do mundo que vivemos, não podemos

esquecer que nosso mundo foi inteiramente sonhado antes de ter existido, muitas de

nossas tecnologias surgiram de sonhos que se transformaram em ideias e

finalmente se tornaram realidade, portanto contar uma história é resgatar o próprio

destino.

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CAPITULO 1 – RESGATANDO A IMPORTANCIA DO CONTO DE FADA NA

ALFABETIZAÇÃO

Para tal, gostaríamos de convidar o leitor para “Ouvir” nossa história,

portanto:

Abram os seus olhos, abram os seus ouvidos, que a história vai chegar. Abra o coração e dê uma assopradinha, que é aí que a história vai morar. Então, vamos todos chamar: história, história, história... que ela já vai começar!. (MARÇAL & MARRA, 2004).

Uma reflexão sobre histórias contadas ou ouvidas, sobre suas influências no

homem ou mesmo sobre suas denominações, requer antes uma sucinta

retrospectiva sobre a Tradição Oral.

Nesta perspectiva BUSATTO (2005 15), enfatiza que as raízes, culturas e

conhecimentos dos povos ditos primitivos ou povos do período da pré-escrita

encontram-se arraigadas em experiências e ‘saberes’ que eram transmitidos de

geração em geração, através da palavra, através das rodas de histórias em torno

das fogueiras. Após a aquisição e utilização da escrita como código de registro, as

histórias narradas restringiram-se principalmente a camadas populares iletradas e

ligadas ao campo, até quase cair no esquecimento.

Para ABRAMOVICH (1993, p. 120), os contos de fadas têm linguagem

simbólica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das

crianças. Os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema

vinculado à realidade (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e

filho), que desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de

soluções, no plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas,

bruxas, anões, duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no

desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os

autores, de um lado, demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de

outro, transmitem à criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no

mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real, no momento certo.

Segundo AGUIAR (1990), apud ABRAMOVICH (1994, p. 120), os contos de

fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema vinculado à realidade

(como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que

desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no

plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões,

duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa,

quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado,

demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à

criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia,

sendo necessário assumir o real, no momento certo.

BETTELHEIM (2004, p. 20), afirma que os contos, referem-se aos

problemas interiores, promovem o desenvolvimento de recursos internos e criam

soluções para tais dificuldades a serem enfrentadas no decorrer do seu crescimento.

Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e

favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos

níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum

livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos

dão à vida da criança. Sendo logo, a área do maravilhoso conto de fadas tem

linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico,

natural das crianças.

Aponta o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,

1998 , p. 126), que a construção da linguagem oral não é linear e ocorre em

um processo de aproximações sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da

mãe, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na televisão, no rádio etc.

Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando

descobrir as regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que

dispõem: histórias que conhecem, vocabulário familiar etc. Assim, acabam

criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se

das convenções da linguagem. Ainda de acordo com o RCNEI – Vol. 3, a ampliação

da capacidade de comunicação oral das crianças, ocorre gradativamente, por meio

de um processo de idas e vindas que abrangem tanto a participação dos

pequenos nas conversas cotidianas, em ocasiões de escuta e canto de

músicas, em brincadeiras etc., como a participação em situações mais formais

de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a leitura de textos diversos.

A ampliação do universo discursivo da criança também se dá por meio do conhecimento da variedade de textos e manifestações culturais que expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver, de pensar [...] músicas, poemas e histórias são um rico material para isso. (BRASIL,, 1998, p. 139).

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Para ABRAMOVICH (1995, p.17). como a literatura infantil prescinde do

imaginário das crianças, sua importância se dá a partir do momento em que elas

tomam contato oralmente com as histórias, e não somente quando se tornam

leitores. Desde muito cedo, então, a literatura torna-se uma ponte entre histórias e

imaginação, já que é ouvindo histórias que se pode sentir, e enxergar com os

olhos do imaginário, abrir as portas à compreensão do mundo.

Segundo MEIRELES (1984, p. 13-14), coloca que os problemas na literatura

infantil, e o conto, sob qualquer das suas formas, é material de teor excelente para

as criações da criança, que por meio delas, se constrói a si mesma. Do material

depende, em larga escala, a qualidade construção, ou seja, a espécie de conto, que

a criança ouve ou lê, determina, em grande parte, a espécie de construção que fará

e na qual a sua pessoa mistura, se compromete e se completa.

Nesse sentido para BETTELHEIM (1980, p.152), os contos de fadas são

essenciais para o desenvolvimento da criança, essas histórias onde a fantasia e a

realidade se encontram levam a constatação de que o bom e o mau, o feio e o

bonito convivem lado a lado. E que nossas fantasias são os recursos naturais que

fornecem e moldam esta matéria-prima, tornando-a útil para as tarefas de

construção da personalidade que cabem ao ego. “Se somos privados desta fonte

natural, a vida fica limitada; sem fantasias para nos dar esperanças, não temos

forças para enfrentar as adversidades da vida”. A infância é a época que estas

fantasias precisam ser nutridas.

Corroborando o pensamento de BETTELHEIM, AGUIAR (2001), afirma que:

O uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do texto ao leitor (...) já que a criança compreende a vida pelo viés do imaginário. A partir da transfiguração da realidade pela imaginação, o livro infantil põe a criança em contato com o mundo e com todos os seus desdobramentos. (p.83).

Segundo BETTELHEIM (1980, p. 152-153), as dimensões da fantasia e da

imaginação fazem parte do desejo da criança em modificar a realidade que não lhe

convém. A infância é a fase ideal para aprender a entender como viver e como

funciona a vida em sociedade, a melhor forma de transmitir valores culturais para

uma criança é através da literatura que canaliza melhor este tipo de

informação. Apoiando-se nos seus próprios recursos, tudo o que a criança pode

imaginar são elaborações de onde está no momento, dado eu não sabe pra onde

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precisa ir, nem como fazer pra chegar lá. É aí que os contos de fadas fornecem o

que a criança mais precisa: começam exatamente onde a criança está

emocionalmente, mostram-lhe para onde ir e como fazê-lo.

Segundo REGO (1995, p. 69), o estímulo à leitura pode começar pelos livros

contendo textos curtos cujas histórias já são conhecidas pelas crianças.

Contextualizando as leituras iniciais, oferecendo assim um suporte para que ela

consiga descobrir novas correspondências som-grafia. Ao dominarem os

mecanismos da leitura, as próprias crianças buscam na leitura, novas aventuras em

novos livros. Neste momento da aprendizagem, com foco nestas aquisições

linguísticas, quando a estória não será contada com fim primordial de fruição, as

adaptações dos contos podem ser um recurso, pois os textos originais são longos,

podendo ser cansativos às crianças, quando estas ainda não possuem o

desenvolvimento de leitura consolidado. Porém elas mesmas notarão que nem todos

os acontecimentos estão ali e farão suas críticas, isto é, se os textos em suas formas

completas foram devidamente difundidos, e conforme forem consolidando suas

habilidades.

Para MACHADO (2002, p.81), os textos contemporâneos, advindos da

intertextualidade do conto de fadas, são interessantes, até mesmo como uma

abordagem crítica e pessoal de novos autores. A criança também deve ter acesso a

essa diversidade literária, porém, como reforça, “é como uma brincadeira. Não dá

para brincar de “pequeno construtor” com quem nunca viu uma casa”, por isso a

necessidade primeira é conhecer os clássicos em seu modo tradicional.

Ainda de acordo com BETTELHEIM, (1980, p.161-162), é a partir dos cinco

anos de idade que os contos de fadas tornam-se verdadeiramente significativos. É

na infância que estas começam a construir pontes sobre a imensa lacuna entre a

experiência interna e o mundo real. Afirma ainda que o conto de fadas usa símbolos

universais que permitem à criança escolher, selecionar, negligenciar e interpretar o

conto de forma mais congruente ao seu estado de desenvolvimento intelectual e

psicológico. Qualquer que seja este estado, o conto de fadas determina a forma

como a criança pode transcendê-lo, e o que pode estar envolvido na conquista do

próximo estágio no seu progresso para a integração madura.

AGUIAR (2001), destaca que a etapa da infância é a que mais desenvolve a

fantasia, pois, a criança vive mais nesse mundo que no da realidade, o que faz

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aumentar seu interesse por contos e narrativas fantásticas. Os contos de fadas

oferecem figuras nas quais a criança pode internalizar o que se passa na sua mente,

de modo controlável. Os contos de fadas mostram à criança de que modo ela pode

personificar seus desejos destrutivos numa figura, obter satisfações desejadas de

outra, identificar-se com uma terceira, ter ligações ideais com uma quarta, e daí para

diante, como requeiram suas necessidades momentâneas.

BETTELHEIM (1980, p.159), enfatiza que por meio destes a criança começa

a perceber que há grandes diferenças entre as pessoas. À medida que a estória se

desenrola, o herói é frequentemente é forçado a depender de amigos que o ajuda.

Quando o conto termina, o herói dominou todas as provas e apesar delas, ele

permaneceu fiel a si próprio, ou, ao passar por elas exitosa mente, adquiriu sua

heroicidade verdadeira. Tornou-se autocrata no melhor sentido da palavra – com

autogoverno, uma pessoa verdadeiramente autônoma e não uma pessoa que nos

manda outros.

BETTELHEIM (1980, p.21), coloca ainda que tais contos também ajudam a

criança a conhecer a história, muitas vezes oculta, da constituição das relações

sociais do mundo tal como o conhecemos hoje, assim como as diferentes maneiras

pelas quais a humanidade age neste mundo na eterna luta pela sobrevivência,

construindo sociedades e as destruindo, estabelecendo sistemas de governo e

estilos de vida. E que a criança extrairá significados diferentes do mesmo conto de

fadas, dependendo de seus interesses e necessidades do momento. Tendo a

oportunidade, voltará ao mesmo conto quando estiver pronta a ampliar os velhos

significados ou substituí-los por novos.

Para BETTELHEIM, (1980, p.19), os conflitos internos profundos originados

em nossos impulsos primitivos e emoções violentas são todos negados em grande

parte da literatura infantil moderna, e assim a criança não é ajudada a lidar com eles.

Mas a criança está sujeita a sentimentos desesperados de solidão e isolamento, e

com frequência experimenta uma ansiedade mortal. O conto de fadas, em contraste,

toma estas ansiedades existenciais e dilemas com muita seriedade e dirige-se

diretamente a eles: a necessidade de ser amado e o medo de uma pessoa de não

ter valor; o amor pela vida e o medo da morte. Ademais, o conto de fadas oferece

soluções sob formas que a criança pode apreender no seu nível de compreensão.

Afirma ainda MEIRELES que:

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[...] a literatura oral ou escrita é um caminho de comunicação humana desde a infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação. Por essa comunhão de histórias que é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se discute. (MEIRELES, 1984, p. 77) .

BETTELHEIM (1980, p.189), coloca ainda que contar um conto de fadas

com uma finalidade específica que não seja a de enriquecer a experiência da

criança transforma-o num conto admonitório, numa fábula ou em uma experiência

didática que, na melhor das hipóteses, fala à mente consciente da criança, ao passo

que um dos grandes méritos desta literatura é atingir diretamente o inconsciente da

criança.

MEIRELES (1984 p. 49), afirma que não há quem não possua, entre suas

aquisições da infância, a riqueza das tradições, recebidas por via oral. O livro vem

para substituir esta ausência. Tudo que se aprendia por ouvir contar, hoje se

aprende pela leitura. Afirma a autora que:

O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros narradores são os antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem infinitas estantes, com as vozes presas dentro dos livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções, danças entremeadas às narrativas. (MEIRELES, 1984, p. 49)

Destaca BETTELHEIM (1980, p.149), que a personalidade humana é

indivisível. Qualquer que seja a experiência, sempre afeta todos os aspectos da

personalidade ao mesmo tempo. E a personalidade total, de forma a poder lidar

com as tarefas da vida, necessita fundamentar-se numa fantasia rica combinada a

uma consciência firme e uma apreensão clara da realidade.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, entre suas várias

orientações, sugere que:

[...] os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor". (BRASIL,1998, p. 117-159).

MEIRELES (1984, p. 83), diz que é a literatura tradicional a primeira a

instalar-se na memória da criança. Ela representa o seu primeiro livro, antes mesmo

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da alfabetização, é o único, nos grupos sociais carecidos de letras. Por esse

caminho, recebe a infância a visão do mundo sentido, antes de explicado; do mundo

ainda em estado mágico. Ainda mal acordada para a realidade da vida, é por essa

ponte de sonho que a criança caminha tonta do nascimento, na paisagem do seu

próprio mistério. Essa pedagogia secular explica-lhe, em forma poética, fluida, com

as incertezas tão sugestivas do empirismo, o ambiente que a rodeia – seus

habitantes, seu comportamento, sua auréola.

1.1 AS ORIGENS DOS CONTOS DE FADAS

Segundo CASCUDO (1984 p. 167), não há como calcular a antiguidade dos

contos tradicionais, mas o autor acredita ter desaparecido muita história preciosa.

Para ele, o segredo dos contos que resistiram ao tempo é um mistério. E ainda que

muitos estudiosos tenham explicado a durabilidade de determinadas histórias, o fato

é que, para o pesquisador, a “explicação anoitece ainda mais o mistério”.

Segundo COELHO, (2003. p. 24), o acervo da Literatura Infantil Clássica

seria completado no século XIX, no início do romantismo, com os contos do

dinamarquês Hans Christian Andersen, a ponto de afirmar que: "Sintonizado com os

ideais românticos de exaltação da sensibilidade, da fé cristã, dos valores populares,

dos de fraternidade e da generosidade humana, Andersen se torna a grande voz a

falar para as crianças com a linguagem do coração.”

Segundo COELHO (2003, p. 22), a literatura infantil se expandiu um século

depois, na Alemanha do século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas. Realizadas

pelos irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm). Na busca das possíveis invariantes

linguísticas, nas narrativas antigas, lendas e sagas que permaneciam vivas,

transmitidas de geração para geração, os irmãos Grimm foram descobrindo o

fantástico acervo das narrativas maravilhosas, que selecionadas entre as centenas

registradas pela memória do povo, acabaram por formar a coletânea que é hoje

conhecida como Literatura Clássica Infantil. Entende a mesma autora, que os

contos dos Grimm tratam da eterna luta pela existência, seja externa, a partir

das privações como fome e abandono, ou interna, como as injustiças. Para

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eles o problema tem uma solução, ou a sua superação, a vitória sobre as

adversidades.

KUPSTAS (1993, p.8-9), em seu livro, Sete Faces dos Contos de Fadas

afirma que há autores que optam por definir como “contos maravilhosos” essas

histórias populares, que na verdade compreendem tudo do universo mágico, e não

só as fadas. Destaca que os tais contos constituíram, durante toda a Idade Média e

Moderna, a literatura popular oral das populações europeias em geral. Por volta do

século II A.C. até o século I da era cristã, o povo celta acrescentou, a tantas histórias

bem antigas, a presença forte das fadas – mulheres “iluminadas”, capazes de prever

(ou prover, sustentar) o futuro de outra pessoa, normalmente alguém especial a

quem elas protegiam. E a imaginação popular dotou-as de pequenas asas, varas de

condão, diminuiu seu tamanho, mas sempre as vendo como belas e bondosas.

Mesmo se tratando de obras de ficção, através dos tempos essa forma literária

tornou-se um grande suporte para proporcionar à criança prazer interior,

estimulando o imaginário e abrindo caminho para o conhecimento do seu próprio eu

e do mundo em que se insere.

Para COELHO (2003, p. 33) ainda, no século XVI, época do

Renascimento, numerosas obras surgiram neste período, e, foram

desenvolvidas com base na atmosfera mágica céltico-bretã. Entre elas estão

Sonhos de uma Noite de Verão de Shakespeare, História do Cavaleiro Cifar, que

conta a paixão do cavaleiro pela Dama do lago, Viviana, e o Cavaleiro e o Cisne,

que fazem parte de best-sellers da novelística da renascença castelhana. COELHO

chega a explicar que:

Seria longa a lista de obras que, no Renascimento (ou Tempos Modernos), através da Era Clássica, acolheram o maravilhoso feérico, no qual não viviam só as fadas, mas também as banshee irlandesas, as “mouras encantadas”, as xanas asturianas, as “damas verdes” germânicas, nascidas em diferentes climas, simbolizando importantes experiências que a lógica não conseguia explicar.(2003 p. 33 ).

Para BETTELHEIM (2007, p.11), a aquisição de habilidades, inclusive a de

ler, fica destituída de valor quando o que aprendeu a ler não acrescenta nada de

importante a nossa vida. Para que uma história realmente prenda a atenção da

criança, deve entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer sua

vida, deve-se estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a

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tornar claras suas emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e sugerir

soluções para os problemas que a perturbam.

Para BETTELHEIM (1980 p.75), no seu livro A psicanálise dos contos de

fadas afirma, que quando os contos de fadas estão sendo lidos para as crianças

parecem fascinadas. Mas que não é dado às crianças o tempo necessário para

assimilar tais contos, pois outra atividade ou estória de um tipo diferente é

contada. Afirma BETTELHEIM que:

[...] quando o contador dá tempo às crianças de refletir sobre as estórias, para que mergulhem na atmosfera que a audição cria, e quando são encorajadas a falar sobre o assunto, então a conversação posterior revela que a estória tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo menos para algumas crianças. (1980, p.75).

Apoiando BETTELHEIM, apud MEIRELES (1984, p. 13-14), acrescenta que

insistimos neste ponto da permanência do tradicional, na Literatura infantil, tanto oral

como escrita, porque vemos um caminho de comunicação humana desde a infância

que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação.

Por essa comunhão de historias, que a comunhão de ensinamentos, de estilos de

pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma

sociabilidade que tanto se discute.

Segundo BETTELHEIM (2007, p.72), desde a antiguidade, os contos são

narrativas populares que perpassaram inicialmente pela tradição oral. São narrativas

simples, porém de grande complexidade, pois abordam assuntos de conflitos

cotidianos até filosóficos e psicológicos, geralmente abordados através da formação

moral e dos polos opostos como, por exemplo, a bondade e a maldade, a beleza e a

feiura entre outros. Estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu

desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré- conscientes e

inconscientes. Começam onde a criança realmente se encontra no seu ser

psicológico e emocional. Falam de suas pressões internas graves de um modo que

ela inconscientemente compreende.

LAJOLO (2008, p.128), argumenta que a literatura é uma forma de interação

íntima, exercício inclusive de cidadania, em que a criança pode: apossar-se da

linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo

que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muito. A literatura seria a

porta de entrada para a criatividade e o conhecimento. Ao trazer o conto para dentro

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da sala de aula, este não pode ser visto como um grande banco de palavras que

estarão ali para ser matéria-prima da alfabetização. As premissas da alfabetização

estarão sempre posteriores ao aprofundamento intrínseco e depois de esgotadas as

abordagens interpretativas a que o texto aspira. A interpretação que elencamos aqui

não trata daquela abordagem tradicional, como fichas de leitura, questionários com

perguntas óbvias e com respostas restritas aos aspectos descritivos do texto, mas

sim de um aprofundamento subjetivo.

1-2 - O PAPEL DO CONTO DE FADA NA CONSTRUÇÃO DA PERSONALIDADE

E DAS CRIANÇAS.

Segundo SANDRONI & MACHADO (1998, p.12), o contato da criança com o

livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam

que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter

contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário, a criança percebe desde

muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer. As crianças bem pequenas

interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde,

darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.

De acordo com SANDRONI & MACHADO (1998, p.16) É importante que o

livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contato mais

íntimo com o objeto do seu interesse. A partir daí, ela começa a gostar dos livros,

percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-

se por meio de palavras e desenhos. o amor pelos livros não é coisa que apareça de

repente". É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim,

pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem

estimuladores e incentivadores da leitura.

Segundo ABRAMOVICH (1997, p.23), é importante contar histórias mesmo

para as crianças que já sabem ler, pois "quando a criança sabe ler é diferente sua

relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las".

Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de

imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar,

o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão

18

prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá

no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para

compreender a sua própria realidade.

Para COELHO (1995, p.31), a função pedagógica dos contos de fadas, é

quase como regra, era afastar os pequenos dos perigos... Além disso, encontra-se

em muitos desses contos a defesa de valores como a virtude, o trabalho e a

esperteza.

NÓBREGA (2009, p.20), demonstra que os contos partem de uma

organização simples e dinâmica, “mantém uma estrutura fixa, partem de um

problema vinculado à realidade que desequilibra a tranquilidade inicial, buscam

soluções no plano da fantasia e necessitam de elementos mágicos para, enfim,

trazer de volta a realidade”, possibilitando à criança interação com um modo bem

próximo de seu modo de percepção do mundo.

MACHADO (2002, p. 74-75), salienta que os contos são narrativas culturais

e, portanto, Literatura popular e que inicialmente era oral – mas, de qualquer forma,

literatura. Uma manifestação artística por meio das palavras. Uma forma de

produção cultural que tem seu próprio sentido, lentamente elaborado pelos

diferentes elementos da narrativa, à medida que a história se desenrola e se

encaminha para seu final, consolidando seu significado profundo. Sendo assim, um

dos modos mais eficazes e completos de efetivar o contato da criança com os

contos de fadas é por meio da fruição do texto narrado por um adulto leitor. A

simples narrativa é a mais tradicional e antiga forma de narração oral, sem recursos

visuais, dependo apenas de suas expressões corporais. Sem recursos visuais, a

criança pode construir seu espaço, seus personagens, como demandam seus

sentimentos naquele momento. A atenção da mesma deve estar exclusivamente

voltada ao narrador e ao enredo da história. É necessária a não substituição de

termos ou expressões desconhecidas, mas acrescentar sinônimos durante a

narração. Dessa forma, a criança passa também a ser introduzida nos recursos

linguísticos utilizados NA língua escrita, aumentando seu vocabulário.

Para MACHADO (2002, p. 78), a escolha do livro deve ser realizada pela

criança, uma vez que ela intuitivamente consegue perceber qual proposta narrativa

lhe faz mais sentido naquele momento. O adulto leitor deve ter empatia pela

escolha, devendo apresentar de modo sensível e interativo o enredo. Deve-se

19

ressaltar, porém, que a interpretação, os significados dos textos são subjetivos e

seus efeitos psicanalíticos são internos, simbólicos, não devendo nunca os adultos

interferirem nos conflitos íntimos da criança. A esse respeito, Machado (2002, p. 78)

afirma que:

Tudo é possível no encontro do leitor com o texto literário, porque em literatura esse pacto fica muito claro. Autor/contador e leitor ouvinte sabem disso perfeitamente. Naquele espaço que estão compartilhando a situação de leitura, a linguagem é usada de forma bem diferente de seu emprego quotidiano para situações concretas. Situa-se em outra esfera, significa de modo diferente. [...] A linguagem poética é simbólica, colorida, metafórica. (MACHADO, 2002, p. 78).

Segundo FERREIRA (1975, p. 918), imaginar é construir ou conceber na

imaginação; fantasiar, idear, inventar; é o ilusório; o fantástico; a imaginação; é a

faculdade que tem o espírito de representar imagens. Imaginário: é o que só existe

na imaginação. Vamos agora supor que o imaginário da criança seja como um rio,

quando jogamos uma pedra no rio, ondas circulares se forma ao redor e vão se

movimentando e atingindo correntes de águas cada vez mais longe. A pedra ao

mergulhar vai assustando peixes, atraindo curiosos, e mudando a rotina do local,

mesmo que por pouco tempo. Uma criança ao ouvir contos de fadas, transforma a

pedra em cada uma das palavras que lhe são contadas, trazendo lembranças,

sonhos, desejos, personagens, dúvidas, medos e associações.

Em virtude destes pressupostos BETTELHEIM (2002, p.23), afirma que:

Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Os contos de fadas declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da adversidade, mas apena-se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade. Estas estórias prometem à criança que, se ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua ajuda, e ela o conseguirá. As estórias também advertem que os muito temerosos e de mente medíocre, que não se arrisca, mas e encontrar, devem se estabelecer numa existência monótona-se um destino ainda pior não recair sobre eles.

Para SANDRONI & MACHADO (1998, p.15), algum tempo depois, as

crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros,

como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Tem nesta

perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que afirmam que os

livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a

criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real.

20

Segundo VIGOTSKI (1992, p.128) garantir a riqueza da vivência narrativa

desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu

pensamento lógico e também de sua imaginação, que caminham juntos, a

imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento

realista.

Neste sentido, VYGOTSKY enfoca que:

na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: "afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (1992, p.129).

Segundo COELHO (2002, p.34), a técnica da repetição ou reiteração de

elementos são favoráveis para manter a atenção e o interesse desse difícil leitor a

ser conquistado. O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos) Essa é a fase em que a

criança começa a apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como

ainda encontra-se no início do processo, o papel do adulto como "agente

estimulador" é fundamental.

21

CAPITULO 2 - HISTÓRIA DE NOSSA HISTÓRIA: UMA LITERATURA DE SABER

POPULAR

As fábulas, e os contos como as afirmações a seguir sugerem, podem

contribuir para o desenvolvimento intelectual e de linguagem das crianças, como

afirma DOHME, (2003, p. 99 – 100).

as fábulas trabalham com a parte racional das crianças, [...] irão trazer a elas exemplos de fatos, características de personalidades e tipos de relacionamentos que vão levar a consequências. Estes exemplos farão com que ela exercite o seu raciocínio, sua inteligência, convidando-a a relacionar estas experiências com as suas, [...] de forma a dar elementos para a formação de [...] um repertório de ação em situações concretas.

Segundo MATHIAS (1983, p 7), várias lendas nos falam de um escravo

grego chamado Esopo, que viveu aproximadamente em 620 a 560 a.C., dizem que

foi comprado e vendido muitas vezes, muito provavelmente devido à sua

estranha aparência. Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios

muito grossos e a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas

fazem crer que ele sofria de um defeito da fala, o que devia incomodá-lo quando

contava histórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. As experiências e as

viagens de Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria superiores

aos de seus companheiros. Talvez por causa de suas deficiências, ou apesar

delas, ele possuía uma profunda compreensão da humanidade e de todas as

fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas. Adaptou para o comportamento dos

animais aquilo que percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil às

pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos simples. Foi

o fato de Esopo julgar as pessoas, que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele

viajou para a Ilha dos Delfos e declarou que, de longe, ela parecia ‘feita de um

material pujante’, mas de perto revelava-se ‘um monte de ervas daninhas e

lixo’. Seus comentários irritavam a tal ponto os habitantes da ilha, que estes se

enfureceram, agarraram-no, atiraram-no de um alto rochedo, e ele morreu. Se a

vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia ter sido mais feliz, mas, para nós,

isso talvez significasse a perda da maior coleção de fábulas existentes nos dias de

hoje.

Segundo MATOS (2005, p.87), essa definição de contador de histórias,

como qualquer outro fenômeno social, “não pode ser desvinculada de seu contexto

histórico”. Temos ao longo da história da humanidade três períodos distintos

e sucessivos: “a sociedade de tradição oral, a sociedade de tradição escrita e

a sociedade contemporânea.

Em virtude deste pressuposto de MATOS (2005, p.102), os contadores eram

tidos como “grandes sábios” da comunidade, os que tinham o Dom da palavra e o

poder de transmitir e manifestar “saberes’ e valores”. O verdadeiro contador de

histórias busca na memória aquilo que conta: suas lembranças, visão das coisas,

das pessoas e acontecimentos, é autor de seu próprio caminho através da

história que conta, ele cria caminhos novos e únicos.

Seguindo ainda na construção do perfil de contador de histórias,

encontramos referência em MATOS (2005), que caracteriza o contador a partir de

três formas de narrativa:

Uma seria o contador primitivo ou tradicional, aquele que ouve alguma coisa, alguém fala alguma coisa para ele, ele já está recontando, porque ao ouvir ele criou uma estrutura mental, gravou aquilo, e a partir do momento em que começa a contar ele está nada mais que descrevendo o que está registrado na mente dele. Existe também o contador que seria o ator. O ator pega uma história, trabalha aquilo, aí ele fala: eu tenho que ser cênico, e vou mostrar como é que funciona. [...] E existe o narrador oral, [aquele que] decora o texto, pega o texto, como o repórter, e conta a história. [...] (MATOS, apud RAMOS, 2005, p.102).

MATOS (2005, p. 90), acrescenta que em linhas gerais, o contador de

histórias busca na própria memória aquilo que conta, busca suas vivências e

lembranças, sua percepção das coisas, das pessoas, dos acontecimentos e

relacionamentos, cria imagens e desenha local, instrumentaliza sua criatividade com

diversas leituras e observações e dessa forma constitui-se um canal para

transmissão de ideias, conhecimentos e ‘sabedorias’.

Desta forma, como vimos, contar histórias não é simplesmente ler ou

declamar, encontramos ressonância em ABRAMOVICH (1989), quando a

autora refere que, para contar histórias, é:

[...] bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção... Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das palavras... Contar histórias é uma arte...e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido [...]. (1989, p.18).

23

Segundo ABRAMOVICH (1989, p.21), para que isso ocorra, é bom que

quem esteja contando crie todo um clima de envolvimento, de encantamento... Que

saiba dar as pausas, criar os intervalos, respeitar o tempo para que o imaginário de

cada criança possa construir seu cenário (construir sua linguagem e exercitar seu

papel de interlocutor).

Nesse sentido, pudemos também vivenciar a característica assinalada

por ALVES (1991, p.54), quando considera “o pesquisador como principal

instrumento de investigação e a necessidade de contato direto e prolongado

com o campo.”

Para MATOS (2005, p 22), a tradição oral, pode-se dizer, é uma história que

carrega em si as transformações do próprio homem, de suas civilizações, cultura,

valores, crenças e da própria construção do conhecimento. Através da palavra,

os povos se constituíram e adquiriram conceitos, podendo perpetuar sua imagem e

registrar na história do mundo a sua existência. As pessoas se reuniam em torno

da ‘palavra’ do contador

Ainda seguindo o raciocínio de MATOS (2005, p 22), temos que tais

histórias da tradição oral constituíram, com o passar do tempo, a Literatura Oral –

um conjunto de formas narrativas que foram transmitidas através das gerações

pela palavra falada e que puderam ser resgatadas e registradas pela palavra

escrita podendo ser ‘eternizada’ e utilizada quando se fizesse necessário.

MATOS (2005, p.26, 27), em relação a esse repertório da tradição oral, a

autora nos traz citações importantes de Hampâte Bâ, um exímio contador de

histórias que reforça essa reflexão quando diz que:

os mitos, contos, lendas, histórias orais [...] frequentemente constituem para os sábios dos tempos antigos um meio de transmitir, ao longo dos séculos, de uma maneira mais ou menos velada, pela linguagem de imagens e sons, os conhecimentos que, recebidos desde a infância, ficaram gravados na memória profunda do indivíduo, para ressurgirem talvez, no momento apropriado, e iluminado por um novo sentido [...]. Eles são a mensagem de ontem, destinada ao amanhã, transmitida hoje. (MATOS, 2005, p.26, 27).

Para MATOS (2005, p. 27), é realmente espantoso, quando nos deparamos

com os estudos que relatam que antigamente, quando não se tinha o hábito da

escrita como meio de registro e transmissão de conhecimentos e sabedorias,

as pessoas, quaisquer pessoas, tinham a roda de histórias, como um canal

24

oral de transmissão de cultura e conhecimento, que ao mesmo tempo distraía e

instruía, favorecendo um melhor contato social, a fim de uma construção de

um ‘saber universal’

Segundo COELHO (2003, p.31), nesses tempos primordiais, a comunicação

se dava de pessoa para pessoa e os povos que receberam tais narrativas viviam

distanciados geograficamente, separados por montanhas, rios, mares, em um tempo

em que as viagens eram feitas a pé, ou a cavalo ou em barcos toscos... Isso prova a

força da ‘palavra’ como fator de integração entre os homens.

BUSATTO (2005, p.17), coloca que desta maneira, fica assinalado que

algumas civilizações valorizavam mais as tradições culturais de seus povos, outras

nem tanto, mas todas, de alguma forma, encontravam-se mescladas às origens e

tradições culturais das demais, porém vale citar que para os povos, o conto de

tradição oral, é considerado mais do que um estilo literário a serviço do divertimento.

Sabe-se que neles estão contidos o conhecimento e as ideias de um povo, e que

através deles seria possível indicar condutas, resgatar valores.

Segundo BUSATTO (2005, p. 21 e 28), de certa forma, a relevância dos

contos de literatura oral, entre crenças, valores, raças e culturas:

[...] que os contos surgiram de uma necessidade intrínseca do homem em explicar a sua origem e a origem das coisas, dotando de significados a sua existência [...]. É uma das mais genuínas expressões culturais da humanidade, sem que com isso possamos lhe atribuir paternidade. Saber de sua provável origem mostra-se apenas uma curiosidade, porque o conto se molda ao contexto onde ele é narrado e, como um camaleão, vai se adaptando às cores e aos tons de cada povo, de cada contador que o narrou. Cada voz imprimiu a sua sonoridade, cada corpo as suas emoções. Ele mudou de nome e de roupa, mas a sua essência continua inalterada. O conto de tradição oral é um retrato da magia e do encantamento, uma fantástica criação da mente humana. (BUSATTO, 2005, p. 21 e 28).

2.1 - CONTOS DE FADAS, MITOS, LENDAS E FÁBULAS: FILHOS DA MESMA

MÃE.

Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento ”Fada”,

etimologicamente a palavra fada vem do latim “Fatum” (destino, fatalidade, oráculo).

Afirma assim COELHO, (2009, p.78), que:

25

Comprova-se que as fadas tiveram origem comum em função do próprio termo que as designa: “fada”. Sua primeira menção documentada em textos novelescos foi em língua latina: fata (oráculo, predição), derivada de fatum (destino, fatalidade).Nas línguas modernas: fada (português); fata (italiano); fée (francês); fairy (inglês); feen (alemão) e hada (espanhol). (COELHO, 2009, p.78).

COELHO (2009, p.79), afirma ainda que se tornaram conhecidas como os

seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob

forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais que interferem na

vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução

natural seria possível.

Não há dúvida que, em sua origem, as fadas estavam ligadas a cultos ou ritos religiosos. Em grande número de contos irlandeses (de origem celta), a heroína (sempre um ser sobrenatural) aparece como mensageira de Outro Mundo ou surge sob forma de um pássaro (em geral, cisne), que está ligado ao mistério da morte. (COELHO 2009 p.79).

Segundo ABRAMOVICH (2006, p.17), essa formação, que utilizava tais

textos aconselhava em suas páginas principalmente o patriotismo, o amor e respeito

à família e aos mais velhos, a dedicação aos mestres e à escola, a piedade pelos

pobres e fracos.

É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula.(ABRAMOVICH ,2006 p.17).

Para BETTELHEIM (2002, p.17), a forma simbólica sob a qual são

apresentadas as situações permite ao ouvinte, ou ao leitor, sentir-se implicado, não

deixando por isso de manter as suas distâncias. Todas as crianças, por muito

amadas e queridas que sejam, estão sob o poder dos adultos, vivem situações que

consideram injustas, sonham com o dia em que o mundo vai descobrir que são

muito mais inteligentes, muito mais bonitas, muito mais interessantes e dignas de ser

amadas do que alguém reconheceu alguma vez. É maravilhoso para a criança

pressentir que essa descoberta pode acontecer que chegará o dia em que

poderá ocupar o lugar que legitimamente sente pertencer-lhe. Daí se poder dizer

que os contos de fadas carregam as baterias da autoestima das crianças tendo

grande importância na sua formação. Obviamente os contos de fadas não são as

únicas histórias que podem ser lidas ou contadas às crianças. Mas são mais

facilmente apreensíveis graça à sua estrutura e aos seus temas, à utilização de

fórmulas de repetição. A sua linguagem metafórica permite à criança projetar-se em

diferentes personagens e situações.

26

Segundo DOHME (2003, p. 21), sem dúvida, pensando no cidadão de

amanhã, uma das maiores preocupações dos professores e até mesmo dos pais é

de formar um homem e uma mulher que sejam críticos, que tenham

capacidade de analisar o que está à sua volta, de avaliar o que está de

acordo com seus princípios e o que não está e de tomar decisões de acordo

com as suas próprias convicções.” Por exemplo: As crianças pequenas ficarão

encantadas quando Cinderela se apaixonar imediatamente pelo príncipe. Mas,

as mais velhas poderão ser questionadas se somente o fato de ser bonito,

rico e poderoso é suficiente para alguém se apaixonar.

Segundo DOHME (2003, p. 22), esse último é abastecido pela literatura

infantil, que atua como suporte de diálogo, recreação e elaboração de ideias. Ela

desperta a sensibilidade da criança e aflora seu senso crítico, permitindo sua

alfabetização intelectual e estética, além da percepção ética e moral, fartamente

encontrada nos contos de fadas. Os contos de fadas pertencem ao mundo dos

arquétipos, são míticos, simbólicos, respondem ao universo da criança, e, sendo

assim, torna-se possível perceber que não nos dão outro poder, senão o de assumir

o real através da cultura do imaginário.

Segundo ABRAMOVICH (1995, p.17), contar histórias é a mais antiga das

artes. Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo para esquentar,

alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que vinham de longe de suas Pátrias

contava me repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. As histórias

se incorporam à nossa cultura. Ganharam as nossas casas através da doce voz

materna, das velhas babás, dos livros coloridos, para encantamento da criançada. E

os pedagogos, sempre à procura de técnicas e processos adequados à educação

das crianças, descobriram esta “mina de ouro”, as histórias.

Para ABRAMOVICH (2006, p.19), o imaginário da criança é uma

possibilidade de descobrir o mundo imenso de conflitos, dos impasses, das soluções

que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através dos problemas que

vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos

personagens de cada história.

É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia,

27

antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula. (ABRAMOVICH 2006,p.19).

Para BETTELHEIM (1992), ainda que as crianças utilizam os contos para

conseguir lidar com problemas reais, enfrentando-os com a coragem de um adulto e

com a inocência de uma criança.

Enquanto diverte a criança, o conto de fadas esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. BETTELHEIM (1992 p.20)

Segundo ABRAMOVICH (2006, p. 120), isso ocorre porque os contos de

fadas estão envolvidos no maravilhoso, um universo que denota a fantasia, partindo

sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já

viveu. Desta forma, seria interessante, os contos estarem presentes na vida da

criança desde a educação infantil, auxiliando-a na elaboração dos seus conflitos,

auxiliando-os a estruturar uma resposta positiva, um final feliz a seus problemas,

pois os contos de fadas, ao se iniciarem com seu clássico “Era uma vez um

reino distante...” são atemporais. O reino do qual o conto fala pode ser qualquer

um, em qualquer lugar e seus personagens têm determinadas características que

despertam assim a identificação imediata da criança com o conto.

PASSERINI (1998, p. 68), o que há de comum a todos os contos de fadas é

o resto de uma fé originária dos mais antigos tempos e que exprime, em conceitos

imaginativos, fatos suprassensíveis. O significado dessas imagens perdeu-se há

muito tempo, mas ainda é sentido e confere ao conto o seu conteúdo, ao mesmo

tempo em que satisfaz o gosto natural pelo maravilhoso. Os contos de fadas jamais

são um jogo cromático de uma fantasia sem teor.

FRANZ (1990, p. 33), temos ainda uma afirmação de que mito é uma

“produção cultural, apresentado como forma solene, litúrgica e poética, conjunto de

expressões culturais conscientes, com ideias expressas de maneira mais explícita, e

que são subdivididos em mitos e mitos religiosos”

Para PASSERINI (1998, p. 78), ao contrário dos contos de fadas, os mitos

são narrativas de personagens que, em geral, têm poderes divinos, e normalmente

realizam proezas distantes da vida cotidiana e da realidade. Revelam, portanto,

um significado simbólico, “se desenvolvem no plano sagrado ou sobrenatural, seus

personagens são deuses e sua finalidade expressaria a dependência do homem e

28

do mundo em relação a um plano divino. As ideias dos mitos encontram-se

escondidas, dissimuladas ou fragmentadas, muito provavelmente pelas

distorções ocorridas nas transmissões orais realizadas ao longo do tempo

BAYARD 1957, apud PASSERINI (1998, p. 75), a lenda, mais verdadeira do

que a história, é um precioso documento: ela revela a vida do povo, comunica-lhe

um ardor de sentimentos que nos comove mais do que a rigidez cronológica de fatos

consignados. As lendas como outra modalidade são tidas como relatos de fatos

reais, transformados e ampliados pela imaginação do homem. São narrativas

populares que envolvem acontecimentos fantásticos, são histórias fabulosas que

devem ser lidas. Sob este enfoque, sua origem revela-se pela necessidade do

espírito humano melhor esclarecer o mundo que o circunda e os aspectos que ainda

lhe são incompreensíveis. Refere-se a uma narração na qual os fatos transcorrem

dentro de um tempo definido, o comportamento dos seus personagens

apresenta-se histórico ou heroico; normalmente são histórias que têm

localização geográfica definida e relação estreita com o folclore .

BETTELHEIM (1998, p.20), diz que os contos de fadas são impares, não são

como uma literatura, mas como uma obra de arte integrante compreensível para a

criança como nenhuma forma de arte o é. Desta forma, o conto de fada trará um

significado diferente para cada pessoa e diferente para a mesma pessoa, em vários

momentos de sua vida.

A contação de história na educação infantil é muito importante, pois é

através da voz do adulto que a criança faz sua primeira leitura, é através da prática

de ouvir e contar histórias que surge a sua relação com a leitura e os livros. Em

relação a importância de ouvir histórias ABRAMOVICH (1989, p.17), diz que é

ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes, como a tristeza, a

raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a

tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as

narrativas provocam em que as ouve- com toda amplitude, significância e

verdade que cada uma delas fez ( ou não) brotar. Pois é ouvir, sentir e enxergar

com os olhos imaginários.

De acordo com FERREIRA (1975), fábula é narrativa curta, simples que

contém uma lição de moral, historieta de ficção, de cunho popular ou artístico, de

caráter alegórico, destinada a ilustrar um preceito. Os gregos costumavam chamar a

29

fábula de apólogo, sendo que esta palavra também costumava ser usada por eles,

para designar uma pequena narrativa que encerra uma lição de moral.

Etimologicamente, fábula se relaciona com a palavra latina fabulares significa

assunto de conversa, boato, rumor, história, conversar, narrar; o que mostra que a

fábula tem sua origem na tradição oral, aliás, é da palavra latina fábula que vem o

substantivo português fala e o verbo falar.

DOHME (2003, p. 99 – 100), as fábulas, como a afirmação a seguir sugere,

podem contribuir para o desenvolvimento intelectual e de linguagem das crianças, as

fábulas trabalham com a parte racional das crianças, irão trazer a elas exemplos de

fatos, características de personalidades e tipos de relacionamentos que vão levar a

consequências. Estes exemplos farão com que ela exercite o seu raciocínio, sua

inteligência, convidando-a a relacionar estas experiências com as suas, de forma a

dar elementos para a formação de um repertório de ação em situações concretas.

Segundo MATHIAS (1983, p.7) várias lendas nos falam de um escravo

grego chamado Esopo, que viveu aproximadamente em 620 a 560 A.C., dizem que

foi comprado e vendido muitas vezes, muito provavelmente devido à sua

estranha aparência:

Imagina-se que ele era corcunda, tinha o nariz chato, lábios muito grossos e a cabeça deformada; também era anormalmente moreno. As lendas fazem crer que ele sofria de um defeito da fala, o que devia incomodá-lo quando contava histórias, mas não lhe afetava a agilidade mental. As experiências e as viagens de Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria superiores aos de seus companheiros. Talvez por causa de suas deficiências, ou apesar delas, ele possuía uma profunda compreensão da humanidade e de todas as fraquezas, o que se reflete nas suas fábulas. Adaptou para o comportamento dos animais aquilo que percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil às pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos simples. Foi o fato de Esopo julgar as pessoas, que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele viajou para a Ilha dos Delfos e declarou que, de longe, ela parecia ‘feita de um material pujante’, mas de perto revelava-se ‘um monte de ervas daninhas e lixo’. Seus comentários irritavam a tal ponto os habitantes da ilha, que estes se enfureceram, agarraram-no, atiraram-no de um alto rochedo, e ele morreu. Se a vida de Esopo tivesse sido mais calma, poderia ter sido mais feliz, mas, para nós, isso talvez significasse a perda da maior coleção de fábulas existentes nos dias de hoje.

FRANZ (1990, p.35), afirma que o estudo dos contos é essencial para que

se delineie a base humana universal, seus estudos aprofundam-se nos contos e nas

suas interpretações, pois, para ela, apresentam uma linguagem que todos

entendem. Ainda para a autora, os contos de fadas têm como verdadeira base a

arquetípica:

30

[...] é a expressão da estrutura mais geral, e ao mesmo tempo mais básica do ser humano [...] isso se deve ao fato de [...] estar além das diferenças culturais e raciais, podendo assim imigrar facilmente de um país para outro qualquer. (FRANZ, 1990, p.35).

Para DOHME ( 2003, p. 30), a narrativa dos contos de fadas, é uma ficção

que usa a fantasia, dons sobrenaturais, personagens e objetos enfeitiçados, fatos

que conduzem ou dão solução à história são simples, inesperados e, justificados

pela magia.

PASSERINI (1998, p. 77), os mitos antigos foram concebidos para

harmonizar a mente e o corpo. A mente pode navegar por caminhos estranhos,

querendo coisas que o corpo não quer. Os mitos e os ritos eram meios de colocar a

mente em acordo com o corpo, e o rumo da vida em acordo com o rumo apontado

pela natureza.

Para GRANDESSO (2000, p.53), a realidade construída de cada um é um

conjunto de histórias apresentadas como narrativas, que dão valor e sentido ao

existir, as histórias criam uma realidade própria na vida, as histórias representam

assim, o resultado de empenhos para dar um sentido à vida, organizando a

experiência em sequências temporais, configuradas em relatos coerentes sobre nós

mesmos e nosso mundo”

GRANDESSO (2000, p. 201), coloca ainda que as histórias se constroem

em uma sequência linear no tempo, por meio da memória e prospecção, brindando a

pessoa com um sentido de continuidade da existência ‘como’ um referencial para

interpretar sua cotidianidade e construir seus futuros possíveis. E que as pessoas

organizam-se em um sistema de significados, surgidos, mantidos e modificados

na convivência e diálogo com os outros. Os significados apresentam-se por meio

da linguagem como narrativas. As narrativas têm então, função organizadora da

experiência de cada um. As histórias são compreendidas como se “estivessem

no tempo gerúndio”, sempre em movimento e abertas à modificação;

Para COELHO (2000, p. 27), a literatura infantil é, antes de tudo, literatura;

ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a

vida, através da palavra. Funde os sonhos e ávida prática, o imaginário e o real, os

ideais e a sua possível / impossível realização. Os contos funcionam como um canal

de comunicação com o mundo psíquico da criança, que tira das histórias

31

importantes ensinamentos para desenvolvimento do seu mundo interior. Eles

elaboram de forma simbólica os conflitos entre a criança e o mundo.

Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p.143), a leitura de histórias é um

momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o

universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em

outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode estabelecer relações

com a sua forma de pensar, e o modo de ser do grupo social ao qual pertence. As

instituições de educação infantil podem resgatar o repertório de histórias que as

crianças ouvem em casa e nos ambientes em que frequentam, uma vez que essas

histórias se constituem em rica fonte.

ABRAMOVICH (1989, p.17), coloca que suscitar o imaginário, é ter a

curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias

para solucionar questões como as personagens. É uma possibilidade de

descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos

vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro – através dos problemas

que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas

personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se

identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde

aquele que está sendo vivido pela criança)...e, assim, esclarecer melhor as

próprias dificuldades ou encontrar um caminho para resolução delas

2.2 - A SIMBOLOGIA NO CONTO DE FADA

Segundo COELHO (2002, p.40), o leitor crítico (a partir dos 12/13 anos)

nesta fase é total o domínio da leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade de

reflexão aumenta, permitindo-lhe a Inter textualização. Desenvolve gradativamente o

pensamento reflexivo e a consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos

como saber, fazer e poder são elementos que permeiam o adolescente. O convívio

do leitor crítico com o texto literário deve extrapolar a mera fruição de prazer ou

emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura.

Para CHALITA (2005, p. 138), para criarmos cidadãos sem preconceitos, é

preciso começar a educá-los ainda quando crianças, fazendo com que desenvolvam

32

o respeito ao diferente por meio de máximas morais, contos e narrativas que

instiguem avaliações e conclusões de que todas as pessoas merecem respeito,

amor fraterno e tratamento digno.

De acordo com SANDRONI & MACHADO (1998, p.23), professores que

oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar, mas com

naturalidade, desenvolverá na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela

vida afora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os

conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça certa variedade de livros de

literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade

cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em

que ela se encontra. o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do

bom senso e da habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe

homogênea.

COELHO (2004, p.17), é por meio dessa perspectiva que os contos de

fadas, as lendas e os mitos etc. também deixaram de ser vistos como

“entretenimento infantil” e vêm sendo redescobertos como autênticas fontes de

conhecimento do homem e de seu lugar no mundo.

BETTELHEIM (1980, P. 18), os contos de fadas, apesar de apresentarem

fatos do cotidiano às vezes de forma bem realista, não se referem claramente ao

mundo exterior, e seu conteúdo poucas vezes se assemelha com a vida de seus

ouvintes. Sua natureza realista fala aos processos interiores do indivíduo Outro

aspecto bastante relevante no processo de desenvolvimento das habilidades da

criança é a relação social que ela mantém fora da escola, principalmente em casa,

onde os pais devem criar o habito de contar historia de fazer com que a criança se

interesse linguagem orla e escrita, tornando esse momento prazeroso e não algo

obrigatório.

Segundo BETTELHEIM (1980, p. 32), os contos de fadas são versões

amesquinhadas e simplificadas, que amortecem os significados e roubam-nos de

todo o significado mais profundo, onde os contos de fadas são transformados em

diversão vazia. É uma história repleta de simbologias sobre as opções que a vida

nos concede ao longo de nossa trajetória por diversos caminhos bifurcados, assim

como ocorre na narrativa de A Escolha de Hércules, quando somos jovens nos é

dada a oportunidade de selecionar as trilhas que vão culminar num futuro construído

33

sobre os pilares do sucesso ou do fracasso, dependendo do percurso que

escolhemos seguir.

Para CHALITA (2005, p. 94), o trabalho nos torna seres sociais na medida

em que, no exercício de nossa profissão, entramos em contato com outros

indivíduos e pouco a pouco, aprendemos a estabelecer relações com pessoas

diferentes, com ideias e opiniões muitas vezes divergentes das nossas. Pessoas de

origens diversas, com costumes e histórias variadas que nos enriquecem social e

culturalmente. Essa aproximação com o outro é fundamental para o nosso

crescimento intelectual, bem como para a solidificação ao nosso caráter. Em outras

palavras, o trabalho nos ensina e fortalece em nos valores indispensáveis como,

ética, justiça e respeito às diferenças.

Segundo BETTELHEIM (1980, p. 26 - 27), é exatamente tão importante para

o bem-estar da criança, sentir que seus pais compartilham suas emoções,

divertindo-se com o mesmo conto de fadas, quanto seu sentimento de que seus

pensamentos interiores não são conhecidos por eles até que ela decida revelá-los.

Se o pai indica que já os conhece, a criança fica impedida de fazer o presente mais

precioso a seu pai, o de compartilhar com ele o que até então era secreto e privado

para ela A presença dos pais nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem

se faz necessária para que a criança possa adquirir mais confiança e assim

desenvolver de uma forma mais harmoniosa suas habilidades. São através de

atitudes simples que os pais podem proporcionar momentos de lazer e de

desenvolvimento, assim as crianças, aprendem desde cedo a se sobressair na

escola e na vida. Os contos de fadas, sempre presentes no desenvolvimento infantil,

podem ser vistos como pequenas obras de arte, capazes que são de envolver as

crianças com seu enredo, de instigar a mente e comover com a sorte de seus

personagens. Divididos entre o bem e o mal – representados por príncipes, fadas e

também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as

crianças e os adultos desde a sua criação.

Segundo AROEIRA (1996, p 141), contar histórias é uma experiência de

grande significado para quem conta e para quem ouve. Por meio dos contos as

crianças resolvem suas dúvidas interiores e a solucionarem problemas que

aparentemente para eles não havia solução. O conto de fada demonstra que para

34

todo problema existe uma solução alcançável, talvez não da forma esperada, mas

da forma que propicie o desdobramento do martírio.

35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como a análise e reflexão sobre dados evidenciam, foi atingido o objetivo

central desta pesquisa que é o de verificar a possibilidade de utilizar a contação de

histórias como estratégia de estimulação de linguagem da crianças na

alfabetização

Embora a nossa sociedade seja diferente daquela da época em que foram

criados, a mensagem que estes contos encenam são intemporais. As crianças

envolvem-se facilmente nos enredos porque sentem que o tipo de problemas das

personagens é semelhante aos que as atormentam. Não é, portanto, de se

estranhar que estas histórias se mantenham vivas no nosso inconsciente coletivo e

que sejam transmitidas ao longo das gerações. Essas histórias carregam uma força

profunda, que não se deve apenas a mera função de distrair ou embalar o sono das

crianças.

A vida não passa de um conjunto de escolhas simples, práticas, emocionais

e intelectuais, todas organizadas sistematicamente para nossa grandiosidade ou

desespero da mesmice, essas escolhas são feitas invariavelmente no nosso dia a

dia a cada minuto. Não podemos esquecer que não são apenas nossas grandes

escolhas que moldam nossa realidade e vida cotidiana. As pequenas escolhas

também nos levam em direção ao nosso destino, em direção a evolução,

crescimento e aprendizado. Por isso, podemos afirmar que, ao escolhermos

trabalhar com essas crianças, garantimos em nosso destino a possibilidade de

surpresas, conquistas, renúncias, superações e igualdade.

O grande poder dos contos está na magia que apresentam e na fantasia que

despertam. E foi essa magia que tivemos o prazer de observar nesta pesquisa. As

histórias infantis fazem parte do imaginário da criança, e devem fazer parte de seu

cotidiano escolar. A atividade lúdica que esta oferece desenvolve na criança uma

atitude positiva para com a aprendizagem, com a sala de aula, com a escola, pois

ler, contar, recontar e cantar é estimulante, apaixonante, envolvente e mobilizador.

Esperamos que este estudo possa sensibilizar outros profissionais da nossa

área para esta caminhada em direção ao aprender, pelas experiências vividas e

refletidas. Nosso desejo é que esta dissertação seja um instrumento para estimular,

desafiar e motivar a caminhada daqueles que buscam saber mais a cada dia,

pensando em beneficiar de alguma forma o outro. Por acreditarmos ser a contação

de histórias uma arte de acesso irrestrito, esperamos que possa inspirar sua

utilização no trabalho com pessoas com deficiência, principalmente ao se pensar em

estimulação da linguagem.

Afinal, não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever.

Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um

trabalho simbólico, que só é conseguido através da utilização dos contos de fadas a

partir da alfabetização.

Sendo assim, o enfoque deste trabalho foi mostrar a importância da

utilização dos contos e seus benefícios às crianças, já que, são relacionados ao

mundo imaginário pintando a realidade do mundo, atualizando ou reinterpretando,

em suas variantes questões universais, como o conflito do poder e a formação dos

valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez”, permitindo “um

final feliz”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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