AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO … · NOTURNO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO DE...
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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR, COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL DE 1ª A 4ª SÉRIE
9,0
PERFIL SOCIOCULTURAL DOS ALUNOS DA 3ª FASE DO ENSINO MÉDIO
NOTURNO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, CEJA –
ALTERNATIVO EM JUINA - MT
FERNANDA TAUFMANN DA SILVA
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
JUÍNA/2014
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR, COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL DE 1ª A 4ª SÉRIE
PERFIL SOCIOCULTURAL DOS ALUNOS DA 3ª FASE DO ENSINO MÉDIO
NOTURNO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, CEJA –
ALTERNATIVO EM JUINA - MT
FERNANDA TAUFMANN DA SILVA
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
“Trabalho apresentado como exigência parcial para o obtenção do Título de Especialização em Gestão Escolar, com ênfase na Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série."
JUÍNA/2014
RESUMO
A EJA como instrumento de renovação de sonhos de muitos jovens e
adultos que por motivos diversos tiveram que abandonar temporariamente os
estudos, vem aos poucos conferindo realizações individuais através de sua estrutura
pedagógica e metodologias de ensino a esses sujeitos necessitados de
conhecimentos. A trajetória da EJA em Juina, foi conseguida com muito esforço,
tanto dos educadores quanto dos educandos e sua história é hoje motivo de grande
orgulho do município. Esta entidade de ensino público, sólida e de nível profissional
elevado é reconhecida nacionalmente pelos métodos de ensino aplicados. Grande
parte deste reconhecimento só foi possível pela participação massiva e dedicada de
seus sujeitos e é por isso que este trabalho, que surgiu da necessidade de se
compreender aspectos sociais e culturais da vida destes estudantes que
demonstrem os motivos de estarem buscando a EJA, de modo a possibilitar o
desenvolvimento de ações pedagógicas e políticas públicas voltadas aos seus
interesses resolveu procurar desvendar um pouco do perfil deste sujeito
participativo, que é alicerce da instituição e de seus formadores.
O presente trabalho apresenta uma pesquisa de campo feita através de
entrevistas a 60 alunos da 3ª fase do ensino médio do Centro de Educação de
Jovens e Adultos CEJA ALTERNATIVO de Juina.
Após as análises, observou-se que estes sujeitos são alunos trabalhadores
que se encontram numa faixa etária entre 21 e 30 anos em sua maioria e são
trabalhadores de empresas privadas do município. Estes sujeitos podem, ainda, ser
descritos como pessoas pacatas, que possuem como lazer principal a televisão e
este também como principal meio de informação, são católicos em sua maioria, de
etnia parda, solteiros, mas que vivem com companheiro e sem filhos e leem até três
livros por ano, são indivíduos que buscam na EJA um meio mais rápido para atingir
a condição de vestibulandos, muitos moram longe e por isso deslocam-se com
veículo próprio, a motocicleta. Mesmo com tantas tribulações em suas vidas
conseguem com muito esforço elevar seu nível cognitivo.
Palavras-chave: Perfil do aluno de EJA; Aluno trabalhador; Educação de Jovens e
Adultos; CEJA/Alternativo; Juina/MT.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................04
1. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................07
1.1. Apresentação da unidade de ensino e da comunidade escolar ...................08
1.2. Descrição da unidade de CEJA ALTERNATIVO ..........................................11
1.3. Características dos alunos do CEJA ALTERNATIVO ..................................13
2. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................15
2.1 Área de estudo ..............................................................................................15
2.2 Procedimentos metodológicos ......................................................................15
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................28
ANEXOS...................................................................................................................30
INTRODUÇÃO
PIERRO et. al (2001), afirma que no Brasil, a educação de adultos se
constitui tema de política educacional sobretudo a partir dos anos 40. A menção à
necessidade de oferecer educação aos adultos já aparecia em textos normativos
anteriores como na pouco duradoura Constituição de 1934, mas é na década
seguinte que começaria a tomar corpo em iniciativas concretas, a preocupação de
oferecer os benefícios da escolarização a amplas camadas da população até então
excluídas da escola. O mesmo autor reconhece que as preocupações com a
escolarização básica têm sido centrais no pensamento da EJA, dada a grande dívida
social que existe com a população que não teve acesso à escola: até 1996, 66,2%
dos brasileiros com mais de quinze anos de idade não haviam concluído o Ensino
Fundamental.
Segundo HADDAD (2007), apesar de a educação de jovens e adultos (EJA)
no Brasil vir gradativamente sendo reconhecida como um direito para milhões de
pessoas que não tiveram oportunidade de realizar sua escolaridade desde meados
do século passado, esse direito só foi formalizado em lei, como dever de oferta
obrigatória pelo Estado brasileiro a partir da Constituição de 1988, e reafirmado pela
Lei de Diretrizes e Bases de 1996.
Para VILANOVA et al (2008), historicamente, a EJA tem voltado seus
esforços institucionais e investimentos para projetos de alfabetização. Aos adultos
alfabetizados que buscavam continuidade dos seus estudos, restava a busca por
cursos supletivos, que de maneira geral representava adaptações malfeitas dos
cursos regulares, infantilizando os alunos e utilizando materiais educativos repletos
de erros conceituais.
De acordo com MORAIS (2009), as pessoas nunca deixam de aprender,
mesmo aquelas que deixaram seus estudos quando jovens. A ausência da
educação escolar representa grande lacuna para o indivíduo e uma perda enorme
para a cidadania. Hoje isso pode ser compensado por existir um nível de ensino que
se dispõe a trabalhar com essas pessoas que interromperam sua atividade escolar,
sendo conhecido como educação de jovens e adultos (EJA).
Os sujeitos da EJA são pessoas que estão dispostas a um novo esforço de
aprendizagem, no intuito de vivenciar experiências de escolarização, e, assim,
motivados pela oportunidade escolar, buscam o Centro de Educação de Jovens e
Adultos CEJA ALTERNATIVO de Juína a cada ano na expectativa de suprir a
necessidade que o mercado de trabalho lhes exige.
O presente estudo surgiu da necessidade de se compreender aspectos
sociais e culturais da vida destes estudantes que demonstrem os motivos de
estarem buscando a EJA. O CEJA-ALTERNATIVO recebe alunos de diferentes
classes sociais e moradores de diferentes localidades do município. Apesar de a
educação de jovens e adultos (EJA) ter sua oferta gratuita assegurada pela
Constituição Federal em seu artigo 208, inciso I, hoje, percebe-se que muitos
estudantes preferem estudar no CEJA ALTERNATIVO em vez de estarem em
escolas cujas metodologias de ensino são voltadas especificamente para sua faixa
etária.
Para a execução deste trabalho, foram consultados importantes autores que
realizaram pesquisas semelhantes conforme demonstrado no Referencial Teórico,
no capítulo 1, que traz ainda uma abordagem específica da unidade escolar em
estudo e algumas características dos alunos que lá estudam. No capítulo 2,
intitulado Material e Métodos, a área de estudo é detalhada, e também a
metodologia adotada para a obtenção dos dados sobre os alunos. Mas é no capítulo
3, em Resultados e Discussão que o perfil completo destes alunos é traçado, com
detalhes de sua vida pessoal e profissional.
A análise das condições de vida destes alunos pode possibilitar o
desenvolvimento de ações pedagógicas e políticas públicas voltadas aos seus
interesses profissionais imediatos ou não.
Conhecer a situação sociocultural dos alunos que frequentam a 3ª fase do
Ensino Médio noturno do CEJA ALTERNATIVO de modo a conhecer suas
aspirações profissionais, bem como analisar particularidades da vida pessoal que
possam interferir no seu processo de aprendizagem foram alguns dos objetivos
deste trabalho, que foi proposto especificamente para:
• Verificar a faixa etária dos alunos da 3ª fase do Ensino Médio noturno do CEJA
ALTERNATIVO;
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• Analisar dados pessoas, tais como: sexo, cor, estado civil, se tem filhos ou não,
com quem vive, etc.;
• Conhecer sua orientação religiosa;
• Saber se, e de que maneira está inserido no mercado de trabalho, sua renda e
de sua família;
• Identificar meios de transporte que utiliza;
• Avaliar sua vida escolar, como: tempo em que ficou fora da escola, os motivos
que o levaram a estudar no CEJA ALTERNATIVO, suas aspirações para o futuro;
• Compreender aspectos culturais como: principais fontes de informação, livros
que tem lido nos últimos tempos, atividades comuns em seu tempo livre.
06
1 REFERENCIAL TEÓRICO
A Educação de Jovens e Adultos – EJA instituída como modalidade de
ensino pela LDB 9394/96 - artigo 37 visa atender os sujeitos que não tiveram acesso
ou continuidade dos estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
E de acordo com KAWAHARA & HARACEMIV (2008), conhecer o perfil do
aluno de EJA é compreender este indivíduo enquanto ser histórico-cultural, com sua
especificidade e necessidades educacionais próprias. É identificar as faixas etárias
consignadas nesta modalidade de educação: jovens e adultos, que partilham de
situação comum desvantajosa, mas com expectativas e experiências,
possivelmente, não coincidentes. É considerar as experiências extra-escolares da
vida e de trabalho.
KAWAHARA & HARACEMIV (2008), afirmam ainda que a importância de se
conhecer o perfil do aluno ajuda compreender a complexidade da Educação de
Jovens e Adultos, os sujeitos concretos de aprendizagem e a prática docente. O
perfil do aluno jovem e adulto mostra que a escola é um espaço de construção da
identidade dos sujeitos através das inter-relações sociais e da escolarização, com
possibilidades de desenvolver uma auto-estima e auto-imagem.
De acordo com os resultados obtidos para o perfil do sujeito de EJA do
CEJA – Alternativo um dos aspectos mais relevantes são características de sujeitos
trabalhadores que buscam seu firmamento no mercado de trabalho e para isso
engajam-se na árdua tarefa de conciliar trabalho e estudo.
Em consonância com o exposto diz BERNARDIM et al (2011), é sabido que
o aligeiramento da formação responde a um anseio tanto dos alunos quanto do
mercado de trabalho. Uma hipótese, portanto, era de que havia uma migração de
alunos do ensino regular para a EJA, os quais buscam aí uma educação menos
rigorosa e mais rápida. Além disso, especulou-se hipoteticamente que a percepção
dos alunos sobre a sua situação socioeconômica (em geral) e profissional (em
particular) não ultrapassava o senso comum.
E também com a afirmação do documento elaborado pela XVI ENDIPE
(2012), que diz, com relação à situação de trabalho observa-se que todos os jovens
e adultos pesquisados são trabalhadores. Dispõe-se a frequentar a EJA na
expectativa de melhorar suas condições de vida. Segundo seus relatos, é com
sacrifício que estudam no noturno, pois acumulam responsabilidades profissionais e
domésticas. Além disso, o estudo reduz o pouco tempo de lazer que possuem. Os
alunos que frequentavam as aulas constantemente manifestaram esperança de
continuar os estudos: concluir o ensino fundamental e médio, ter acesso a outras
habilitações profissionais.
É neste cenário que se encaixam os sujeitos pesquisados, pois além do
trabalho mais profissional que porventura conseguirem ao concluírem a EJA existe a
possibilidade de uma habilitação superior, iniciarem uma universidade e assim
colocarem-se no mercado de trabalho com mais dignidade.
Para NAIFF & NAIFF (2008), aferir renda para contribuir na família como a
principal justificativa para um dia terem deixado de estudar. Entretanto, as
exigências de um mercado de trabalho moderno, que necessita cada vez mais e
mão-de-obra qualificada, e a pequena remuneração disponível para os empregos de
baixa qualificação, trazem novamente este sujeito ao universo escolar. Em outras
palavras, a dimensão social do trabalho tanto leva os jovens e adultos a largarem a
escola quanto a retornarem à mesma.
BERNARDIM et al (2011), afirma que apesar das críticas à efetividade da
educação proporcionada pela EJA, deve- se considerar que é a ela que a população
pobre tem acesso, devendo-se continuar a luta em busca de uma educação de
qualidade, não só pela sua eficiência filosófico pedagógica, o que é indispensável,
mas também pela capacidade de articulação política, permitindo a seus alunos
avançarem na conquista de melhores condições de trabalho e de vida.
1.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE ENSINO CEJA - ALTERNATIVO E DA
COMUNIDADE ESCOLAR
Esta unidade de ensino denomina-se Centro de Educação de Jovens e
Adultos – Alternativo com sede na Avenida Loderites Corrêa da Rosa S/Nº, módulo
4, Juina/MT. Criada pelo Decreto Governamental nº 1.530, publicado no Diário
Oficial em 21/08/2008.
08
O Centro de Educação de Jovens e Adultos – Alternativo pertence à rede
estadual de ensino e é mantido pelo Poder Público Estadual, através da SEDUC –
Secretaria Estadual de Educação, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 03.507.415/0008-
10, com sede na Travessa “B”, S/Nº, Centro Político Administrativo, de natureza
jurídica pública. Apesar de ser mantido pela SEDUC, o Centro de Educação de
Jovens e Adultos possui verbas distintas, provenientes do FUNDEB – Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica – Lei nº 11.494/07 e repassada
através de transferência automática e sistemática de recursos, de acordo com a Lei
nº 7.040 – Gestão Democrática, de 01/10/1998, para gerenciamento da Unidade
Executora a merenda Escolar (SEDUC); PDE – Plano de Desenvolvimento da
Escola (SEDUC); PDE – Plano de Desenvolvimento da Escola (SEDUC); PDDE –
Programa Dinheiro Direto na Escola (MEC).
O Centro de Educação de Jovens e Adultos – Alternativo atende
exclusivamente a modalidade Educação de Jovens e Adultos nos Ensinos
Fundamental e Médio, sendo que o Ensino Fundamental apresenta-se em 1º
segmento com três fases: 1ª fase do 1º segmento, 2ª fase do 1º segmento e 3ª fase
do 1º segmento; e 2º segmento com três fases: 1ª fase do 2º segmento, 2ª fase do
2º segmento e 3ª fase do 2º segmento. O ensino médio apresenta-se em 1ª fase do
ensino médio, 2ª fase do ensino médio e 3ª fase do ensino médio. A forma de oferta
nos CEJAs está em consonância com o art. 4º do Decreto 1123/08: por disciplina;
por exame supletivo anual por área do conhecimento e por disciplina e à distância.
O (A) diretor(a) é eleito(a) pela comunidade escolar, conforme Lei da Gestão
Democrática nº 7.040 de 1º de Outubro de 1998 e tem seu a seu cargo a
administração do estabelecimento, dirigindo todas as atividades realizadas nas
quatro dimensões: pedagógico, administrativo, jurídico e financeiro. Junto à direção,
a coordenação e CDCE – Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar tem função
primordial de efetivamente garantir a participação da gestão administrativa e política
pedagógica da escola por meio da articulação de todos os setores da escola.
Compete ao Diretor(a): representar o CEJA Alternativo, responsabilizando-se pelo
seu funcionamento; coordenar, em consonância com o CDCE a elaboração,
execução e a avaliação do PPP – Projeto Político Pedagógico e do PDE da Escola,
observadas as políticas públicas da SEDUC e outros processos de planejamento;
assessorar, orientar e acompanhar as atividades da unidade escolar promovendo o
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fortalecimento da relação escola/comunidade; representar o CEJA Alternativo;
coordenar a implementação do PPP do Centro, assegurando a unidade e o
cumprimento do currículo e do calendário escolar; manter atualizado o tombamento
dos bens públicos, zelando em conjunto com todos os segmentos da comunidade
escolar, pela sua conservação; dar conhecimento à comunidade do CEJA
Alternativo as diretrizes e normas emitidas pelos órgãos do sistema de ensino;
submeter ao CDCE para exame e parecer no prazo regulamentado a prestação de
contas dos recursos financeiros repassados à unidade escolar; divulgar junto com o
CDCE à comunidade escolar a movimentação financeira do CEJA Alternativo;
coordenar o processo de avaliação das ações pedagógicas, técnico administrativo e
financeiro, desenvolvidas no Centro; divulgar e analisar junto à comunidade escolar
as diretrizes emanadas pela SEDUC buscando implementá-las na unidade escolar
atendendo as peculiaridades regionais; manter atualizado o fluxo de informações
entre o CEJA Alternativo e a SEDUC; apresentar anualmente à SEDUC e à
comunidade escolar a avaliação do cumprimento das metas estabelecidas no PDE,
avaliação interna do Centro e as propostas que visem a melhoria da qualidade do
ensino e ao alcance das metas estabelecidas; manter a atualização e
reconhecimento do funcionamento do CEJA Alternativo junto ao Conselho Estadual
de Educação; garantir, no cotidiano da escola, o cumprimento das normas de
higiene e segurança do trabalho, respeito pelos direitos humanos, pela natureza e
pela preservação do meio ambiente; cumprir e fazer cumprir a legislação vigente. Na
ausência da direção em caso de viagem e licença, será nomeado pelo(a) Diretor(a)
através de portaria interna o seu substituto por período determinado.
Compete à Coordenação geral: divulgar e analisar junto à comunidade
escolar diretrizes emanados pela Secretaria de Estado de Educação, buscando
implementá-las no CEJA Alternativo, atendendo suas peculiaridades; coordenar a
utilização plena dos recursos tecnológicos da escola pelos professores, onde não
houver um técnico em multimeios didáticos; acompanhar a assiduidade dos
professores e coordenadores do Centro conforme calendário escolar; levantar e
divulgar os índices de desempenho dos alunos e toda a comunidade escolar;
realizar avaliação de desempenho institucional de acordo com os critérios e
instrumentos estabelecidos nas normativas e diretrizes da SEDUC; analisar e
avaliar, junto aos Coordenadores e professores, as causas da evasão e repetência
10
propondo ações para superação; promover a articulação entre alunos, pais e
profissionais da educação; planejar cursos para atualização dos profissionais para o
uso dos recursos tecnológicos; manter atualizado o fluxo de informações entre o
Centro e a SEDUC; articular, em consonância com o Diretor e o CDCE a elaboração
participativa do PPP, além de coordenar, acompanhar e avaliar o PPP do CEJA
Alternativo; participar da elaboração do PDE; atuar em permanente sintonia com o
Diretor, complementando a atuação deste e substituindo-o quando receber
delegação específica; supervisionar e fiscalizar a execução das atividades
programadas, bem como verificar o cumprimento da frequência dos docentes nas
atividades relacionadas ao curso, comunicando ao Diretor os resultados da
verificação; receber delegação de poderes do Diretor, cumprir e fazer cumprir essas
determinações; zelar pela conservação do patrimônio do Centro e garantir, no
cotidiano da escola, o cumprimento das normas de higiene e segurança do trabalho,
respeito pelos direitos humanos, pela natureza e pela preservação do meio
ambiente.
1.2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CEJA ALTERNATIVO
O Centro de Educação de Jovens e Adultos Alternativo conta hoje com uma
nova estrutura e metodologia para atendimento diferenciado, tem como pretensão
ser um espaço democrático, capaz de atender aos discentes jovens e adultos em
suas necessidades e possibilidades, e, desta forma, reduzir os índices de evasão
escolar que insiste em manter-se alto desde 2000, sendo este um dos maiores
desafios da educação de jovens e adultos em Juina.
O CEJA Alternativo conta hoje com mais de 1500 alunos matriculados em 42
turmas na Educação Básica, nos três turnos (matutino, vespertino e noturno), são
discentes trabalhadores que, em sua maioria, têm grandes compromissos sociais,
família, trabalho e outros, que dificultam a frequência no Centro.
Sua estrutura conta com 12 salas de aula que são insuficientes para atender
o número de discentes matriculados, não possuindo espaço adequado na sala de
professores e biblioteca. Sendo que o CEJA utiliza 12 salas de aulas cedidas pela
Escola Estadual Sete de Setembro no período noturno.
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Possui uma sala de informática com acesso à internet e programas
educacionais proporcionado pelo Sistema Operacional LINUX para apoio didático.
Existe também o acesso a programas educacionais através de DVDs, TV Escola
(doados pelo MEC). Na sala de informática ficam guardados os equipamentos
multimídia (data show, televisores, caixas de som, etc.) que são instalados nas salas
de aula conforme agendamento prévio pelo professor.
O CEJA Alternativo está organizado de acordo com a legislação vigente e
orientações da Coordenação Estadual da EJA/SEDUC/MT e prevê atendimento em
três períodos (matutino, vespertino e noturno).
A escola conta com 62 docentes distribuídos em três áreas do conhecimento
(Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências Naturais e Matemática e suas
Tecnologias, Linguagem, Códigos e suas Tecnologias), cada área com 3
coordenadores de área e 3 coordenadores pedagógicos para todas as áreas e 34
profissionais entre técnicos administrativos e apoio.
Os professores dos Centros de Educação de Jovens e Adultos são
contratados por 30 horas semanais no CEJA. Todos (interinos e efetivos) têm, das
30 horas, 10 horas atividade.
O Centro, apesar de ter um quadro de profissionais em sua maioria com
formação específica, não encontra argumentos para convencer os discentes a não
desistirem dos estudos, pois a sobrevivência vem em primeiro lugar. Desta maneira,
o CEJA tenta se adequar às condições nas quais o cidadão, estudante dessa
modalidade de ensino possa adaptar o tempo da escola ao seu tempo disponível. O
objetivo é trazer a essa população uma perspectiva de desenvolvimento que a inclua
e possibilite uma preparação intelectual capaz de inserir estes estudantes no
mercado de trabalho, não tendo como opção somente o trabalho informal.
A gestão no CEJA parte do princípio de que o gerenciamento tem sua base
nas diretrizes estaduais, por meio da política estadual de gestão escolar que orienta,
sistematiza e determina as formas de relacionar-se com a sociedade e,
consequentemente, o público a ser atendido pelo CEJA Alternativo, sendo
elencados os eixos norteadores: a) respeito à diversidade; b) dinamização do
produto educativo; c) democratização de ensino; d) gestão democrática; e)
educação de qualidade.
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O CEJA Alternativo atende exclusivamente a modalidade de EJA (Educação
de Jovens e Adultos) abrangendo todas as fases da educação básica. Decreto de
criação: 1123/2008 D.O 28/01/2008. Autorização: resolução nº 517/07. Está
devidamente autorizado a funcionar e apresenta características específicas de
acordo com as pessoas a quem atende, cuja faixa etária é de 14 anos acima. A
maioria é composta de discentes trabalhadores oriundos de vários pontos do
município.
Considerando a necessidade de reconhecer as especificidades dos sujeitos
da Educação de Jovens e Adultos e dos diferentes tempos e espaços formativos, o
Centro tem por objetivo oferecer formas diferenciadas de atendimento que
compreenda a educação formal e informal para ao longo da vida.
Têm como meta atender os discentes na modalidade presencial com
matrículas por disciplina, matrículas trimestrais – por área do conhecimento,
matrícula extraordinária (o aluno faz a matrícula em qualquer dia do ano letivo) e há
a expectativa de iniciar o atendimento na modalidade semipresencial e à distância.
1.3 CARACTERÍSTICA DOS ALUNOS DO CEJA - ALTERNATIVO:
No período matutino, senhoras que vêm para a escola tendo como principal
objetivo estudar para ajudar os filhos nos deveres de casa ou ainda para serem mais
independentes na hora de fazer transações comerciais, ir à Igreja, etc.; discentes
portadores de necessidades especiais; adolescentes que, por não terem tido
sucesso nas escolas de ensino regular, vêm para a escola de jovens e adultos com
o principal objetivo de recuperar o tempo perdido.
No período vespertino a grande maioria dos estudantes é composta de
mulheres casadas empregadas domésticas, donas de casa com alto poder
aquisitivo, ou não, adolescentes que, a exemplo da turma da manhã, querem
recuperar o tempo perdido, senhores que trabalham no período noturno.
No período noturno a escola recebe um grande número de discentes
oriundos de vários bairros e utilizam o transporte escolar. Esses discentes são
trabalhadores das diversas empresas do município tais como: serrarias, comércio,
frigoríficos, empresas prestadoras de serviço, entre outras. Estes discentes chegam
13
cansados do trabalho e ainda têm que enfrentar a sala de aula. Dentro da sala, já
sentados, relaxam a canseira do dia e então, vem o sono, muitas vezes
incontrolável. Muitos possuem um histórico de fracasso na vida escolar que,
consequentemente trouxe o desemprego, a insatisfação com a profissão e a baixa
remuneração.
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2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi dirigido aos discentes da 3ª fase do ensino médio período
noturno do Centro de Educação de Jovens e Adultos – CEJA Alternativo, no
município de Juina, MT. A escola oferece a modalidade de educação de jovens e
adultos e teve início no ano de 1980, quando ainda era tratada de Educação
Supletiva e, na época, vinculada à Escola Estadual de 1º e 2º Graus Dr. Guilherme
Freitas de Abreu Lima. A partir de 1986 foi criado o NES – Núcleo de Educação
Supletiva, passando a ser vinculada a Centro de Estudos Supletivos em Cuiabá. Em
1988, já em sede própria foi implantado o Núcleo de Educação Permanente (NEP),
dando maior autonomia para o atendimento desta modalidade. Em 1992, depois de
uma avaliação dos cursos implantados, foi criada a unidade escolar com
denominação “Escola Estadual de Suplência de I e II Graus Alternativa”, que
posteriormente passou a denominar “Escola Estadual Alternativa” e, posteriormente,
“Centro de Educação de Jovens e Adultos – ALTERNATIVO”.
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foram distribuídos questionário aleatoriamente a 60 discentes da 3ª fase do
ensino médio, sendo 30 do sexo masculino e 30 do sexo feminino, que constituíram
o espaço amostral para as análises, de modo que se pôde conhecer a realidade
social dos mesmos, bem como, questões sobre seu estado civil, renda familiar, meio
de locomoção, pretensões profissionais e aspectos culturais em geral. Em seguida,
tais dados foram analisados e os resultados, demonstrados gráfica e
estatisticamente.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este trabalho tornou possível avaliar a situação sociocultural do público
analisado e, com isso, fornecer dados para posteriores estudos. Conhecer melhor
estes alunos permite traçar metas atingíveis no seu desenvolvimento de acordo com
suas necessidades e aspirações profissionais e intelectuais.
Gráfico 1: Faixa etária
Dos trinta alunos entrevistados vinte e sete por cento apresentam até vinte
anos de idade, cinquenta por cento estão da faixa etária de vinte e um a trinta anos,
dez por cento com idade de trinta e um a quarenta anos e treze por cento com mais
de quarenta anos.
Repetência, evasão escolar, indisciplina, falta de proficiência por parte dos
professores e alunos, distorção idade-série enfim, todos esses problemas nos levam
ao fracasso escolar. Atualmente a educação brasileira apresenta todas essas
mazelas. Diante de um quadro de grandes dificuldades, os profissionais de
educação buscam soluções para os diversos problemas. Nesse processo, o aluno é
bastante prejudicado e por vezes, impossibilitado de dar continuidade nos estudos, o
que dificulta a inserção no mundo moderno que privilegia competências e
habilidades em vários segmentos. As condições de vida do educando e de sua
família, influenciam no processo de ensino aprendizagem e podendo assim, o
educando apresentar dificuldades que, quando não sanadas, gera o fracasso
escolar. O fracasso escolar está intimamente ligado a esses fatores e as
consequências desse fracasso afetam os valores sociais, afetivos e morais do
individuo. É provável que muitos não consigam superar essas conseqüências
(DUARTE, 2005).
Quando esses alunos são cobrados de alguma forma sobre seu nível de
ensino, estes voltam a procurar as escolas, a partir deste ponto, os mesmos são
encaminhados para as escolas que atuam com a modalidade EJA por estarem com
defasagem idade-série.
Hoje, as conseqüências desses processos de retenção, repetência e
abandono escolar da população adquire contornos muito mais importantes do que a
noção de educação para a cidadania. A internacionalização da economia e da
tecnologia exige um nível de alfabetização funcional que vai muito além do que
desenhar o próprio nome ou ler uma mensagem simples. Tanto do ponto de vista da
mão-de-obra como dos consumidores, numa sociedade moderna, vamos precisar de
uma competência cognitiva cada vez maior de toda a população. (RIBEIRO, 1991).
Dentre as trinta alunas entrevistadas vinte por cento tem até 20 anos de
idade, cinquenta e três por cento apresentam idade de vinte e um a trinta anos, vinte
por cento das alunas possuem idades de trinta e um a quarenta anos e sete por
cento com mais de quarenta anos.
Gráfico 2: Grupo étnico
Dos entrevistados se declararam “pardos” 53% dos homens e 57% entre as
mulheres, a etnia declaradamente “branca” mostrou resultado parecido à anterior
com 27% de homens brancos e 30% de mulheres, não houve muita variação em
relação aos dados anteriores quando vemos a porcentagem de homens e mulheres
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da etnia “negra”, cerca de 17% e 13% respectivamente. Um dado interessante foi a
ausência da etnia “indígena” entre as alunas com 0% mas, declararam-se
“indigenas” 3% entre homens entrevistados. Isso pode evidenciar que os costumes
indígenas de tribos a cerca do município impeçam que suas mulheres sigam os
estudos.
Gráfico 3: Estado civil
Metade das alunas entrevistadas são casadas e amasiadas, ou seja,
possuem um companheiro. Isso mostra que igualmente entre as mulheres solteiras e
divorcias há um grande interesse pelos estudos. Conforme mostra KAWAHARA &
HARACEMIV (2008), historicamente as mulheres vêm ganhando espaço na
sociedade, no mundo do trabalho e mudando seu papel social, discriminado,
desigual em relação aos homens. Estão ocupando outros espaços, além de “dona
de casa”, buscando a escolarização por necessidade ou até mesmo por satisfação
pessoal, o que a leva à sua independência socioeconômica e cultural. Em
contrapartida, os homens solteiros representam mais da metade dos entrevistados.
Pode-se entender que existe um interesse maior pelo estudo nesse aspecto, pois,
homem solteiro na faixa de 21 a 30 anos como mostra a tabela 1 representa 50%
que tentam reorganizar seus estudos para poder conseguir um trabalho com maior
remuneração, neste caso não há comprometimento matrimonial deixando-os com
tempo livre para isso, assim como também podem existir filhos e para os quais o
mesmo sinta-se na obrigação de adquirir conhecimento melhorando sua vida
financeira e moral.
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Gráfico 4: Números de filhos
A maioria dos entrevistados não têm filhos, ou tem apenas 1. Uma pequena
minoria das mulheres tem 3 filhos, já que, sem filhos, possuem mais tempo para
estudar. Isso também indica que estes alunos são pessoas jovens que buscam uma
forma mais fácil para concluir o ensino médio. Ou seja, por não gostarem de estudar
na rede regular de ensino, já que no CEJA Alternativo, os conteúdos são
razoavelmente voltados para alunos trabalhadores, que chegam cansados à sala de
aula e por isso não são cobrados como em escolas regulares.
Gráfico 5: Com quem moram
Dos entrevistados o maior percentual foram aqueles que moram com o
companheiro, 44% e 50% homens e mulheres respectivamente, seguido daqueles
que moram com os pais, 43% de homens e 30% de mulheres. 13% das mulheres
moram com os filhos e apenas 3% dos homens vivem sob o mesmo teto com os
filhos. Os que moram sozinhos somam 17%, 10% dos homens e 7% mulheres.
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Gráfico 6: Orientação religiosa
A orientação religiosa somou 88% entre homens e mulheres seguido de
33% de homens se declarando evangélicos, assim como 40% de mulheres
evangélicas. O percentual para espírita obteve resultado de 0% para homens e de
apenas 3% para mulheres, os que se declararam sem religião foram 23% de
homens e de 13% de mulheres.
Gráfico 7: Onde trabalham
O grupo que compõe a 3ª fase do ensino médio noturno do Centro de
Educação de Jovens e Adultos – CEJA Alternativo de Juina/MT foi identificado
conforme padrão de pesquisa elaborado, da seguinte forma: a grande maioria dos
homens e mulheres trabalham em empresas privadas do município, 64% e 43%
respectivamente, os autônomos são 20% dos homens e 17% de mulheres, em órgão
público somente 3% de homens são empregados e 0% de mulheres. 40% das
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mulheres não trabalham, assim como 13% dos homens também não. Com isso fica
clara a necessidade desses jovens estarem buscando uma melhorar de vida através
do estudo, pois os serviços públicos geralmente exigem níveis educacionais mais
elevados através de concursos públicos que oferecem maiores salários além de
estabilidade.
Gráfico 8: Faixa salarial
Mais da metade do grupo pertence a uma faixa salarial de até 1 salário
mínimo por mês, homens com 54% e mulheres com 57%, entre 1 e 3 salários
mínimos estão 40% dos homens e 13% de mulheres. Com altos salários estão
empatados em 3% homens e mulheres e pessoas sem renda são 3% dos homens e
27% das mulheres. A grande maioria dos alunos recebe menos de um salário
mínimo, o que corrobora com trabalho semelhante realizado por Duarte (2005), que
relata uma triste realidade da educação brasileira. Muitos alunos abandonam as
escolas por motivos diversos, não conseguindo assim ter acesso a melhores
oportunidades, devido ao fato de não possuírem qualificação adequada. O fato de a
maioria dos educandos receberem até um salário mínimo também foi relatado por
BERNARDIM et al (2011), como um indicador importante, pois, levando-se em conta
que na sua maioria, são pais de família, essa situação de precariedade é a
expressão das bases do sistema capitalista que se apropria do “trabalho”
remunerando apenas a “força de trabalho”, como se ela própria fosse uma
mercadoria.
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Gráfico 9: Números de pessoas trabalhando na família
Entre as alunas, a metade afirma ter duas pessoas trabalhando na família
enquanto que entre os homens, representados por 34% do público afirmam ter 3
pessoas que trabalham. Empatados com 20% estão alunos e alunas que tem
somente uma pessoa que trabalha na família e também empatados com 3% estão
os que não tem nenhuma pessoa trabalhando, esse dado pode indicar talvez
pessoas que possuam algum benefício do tipo aposentadoria ou pensão e por isso
não exerçam atividades laborais.
Gráfico 10: Renda familiar
Os dados compilados demonstram que a faixa salarial de renda familiar da
maioria oscila de 1 a 3 salários mínimos por mês e 0% dos homens não possuem
renda, empatados com até um salário mínimo estão 17% dos entrevistados, assim
como também os que recebem de 3 a 7 salários mínimos, 13%. Embora a soma da
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renda familiar seja um pouco mais alta, ainda não é suficiente para reverter um
quadro preocupante, já que estes, na maioria vivem com pais, companheiro e/ou
filhos, sendo um número considerável de pessoas para tal renda.
Gráfico 11: Meio de transporte até a escola
O meio de transporte mais utilizado pelos entrevistados é a motocicleta
própria, 64% dos alunos e 53% das alunas. O transporte coletivo é utilizado por 20%
das alunas enquanto que somente 10% dos alunos o utilizam, poucos são os que
utilizam carro próprio para se deslocarem ao ambiente de estudo, alguns preferem
vir a pé ou de carona, muitas vezes por residirem próximo à escola.
Gráfico 12: Tempo fora da escola
Ficou evidente que 37% das alunas ficaram mais de dez anos fora da escola
e a maioria dos alunos, com 27% com mais de 5 anos, 17% não ficaram sem
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estudar. Dos que ficaram de 3 anos até alguns meses sem estudar somam entre
homens 39% e entre as mulheres 33%.
Gráfico 13: Motivo pelo qual escolheram o CEJA Alternativo
Fica evidente quando analisamos o gráfico 13 que mais da metade das
alunas afirmam que a modalidade EJA é adequada à sua faixa etária, isso nos faz
refletir sobre o fato de que realmente as mulheres estiveram muito ocupadas em
suas tarefas domésticas, trabalho e cuidados com marido ou filhos para não terem
frequentado a escola de ensino regular em idade correta. Constata-se ainda que
43% dos alunos decidiram pela EJA por terminar mais rápido, ou seja, fica claro a
intenção de que terminando mais rápido sua ascensão profissional também o seja.
Segundo DUARTE (2005), a intenção de corrigir defasagem idade-série em
pesquisa realizada, resultou ineficiente devido a motivos desconhecidos. Porém não
cabe a este trabalho analisar os motivos que levaram a possíveis causas, sendo
uma proposta para uma continuidade desta pesquisa.
Gráfico 14: O que pretendem fazer após terminar o ensino médio
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As intenções de um curso superior, muitas vezes em qualquer área do
conhecimento é maior entre as alunas com 70% de indicação neste quesito. 50%
dos alunos também pensam da mesma forma. Entre os que pretendem continuar
trabalhando e também os que não tem a menor idéia ainda, seguem com pouca
variação entre dados.
Gráfico 15: Principal fonte de informação
Compatível com a informação obtida no gráfico 17, a televisão é o principal
meio de obtenção de informações, ou seja, telejornais com 77% entre alunos e 53%
entre alunas. A internet está mais presente como fonte de informação entre as
alunas, pelo fato de muitas vezes ficarem mais em casa. Pouquíssimos são os que
lêem, ouvem rádio ou lêem revistas.
Gráfico 16: Número de livros que leram no último ano
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Não foram levadas em consideração neste quesito livros técnicos, apostilas
e outros que fossem do tipo. O enriquecimento do vocabulário assim como da
cultura literária foi apontada pelas alunas que leram entre 3 ou mais livros indicado
no gráfico anterior com 37% e entre alunos 33% leram 3 ou mais livros durante um
ano.
Gráfico 17: Atividades comuns no tempo livre
A televisão ainda é o meio de grande entretenimento pelos sujeitos
entrevistados, cerca de 37% entre homens e 44% entre mulheres. As mulheres
ainda lideram quando o assunto é computador, pois aparecem com 10% a mais que
os homens e um dado interessante é que as mulheres não se interessam em
competições esportivas, aparecendo com 0%.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
KAWAHARA & HARACEMIV (2008), relatam que a educação possibilita ao
indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades,
confirmar competências adquiridas na educação extra-escolar e na própria vida,
possibilitando um nível técnico e profissional mais qualificado. Já para RIBEIRO
(2001), as necessidades de aprendizagem não estão desvinculadas das
necessidades básicas da população, como a sobrevivência e as condições de vida.
Assim, a principal pergunta da EJA não deve ser sobre as necessidades básicas de
aprendizagem, e sim sobre as necessidades básicas em geral, e dos jovens e
adultos em situação de pobreza em particular. A EJA deve perguntar primeiro que
realidade há de transformar, e depois o que pode fazer a educação que essa
transformação seja de melhor qualidade.
Dessa forma, para se chegar às necessidades, tem que se conhecer a
realidade. A partir desse conhecimento da realidade, pode-se especificar melhor
quais são as necessidades, as exigências, expectativas, interesses e desejos.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDIM, Márcio Luiz; BERNARDIM, Adriane Madureira Padilha; DIAS, Gracialino da Silva. Percepção do aluno trabalhador da EJA sobre o trabalho e a educação. VI Simpósio sobre trabalho e educação. Belo Horizonte, MG. 2011. BRASIL. LDB – Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. BRASIL. Lei 11.494/2007, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, e dá outras providências. Brasília: MEC, 2007. DUARTE, Camila Lira Kanashiro. Um estudo sobre alunos inseridos no programa de aceleração da aprendizagem. Brasília, 2005. Dissertação de mestrado. Universidade Católica de Brasília, Brasília. HADDAD, Sérgio. A ação de governos locais na educação de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, 12(35): 197-211, maio/ago. 2007 KAWAHARA, Vera Kaio; HARACEMIV, Sônia Maria Chaves. Perfil de jovens e adultos em processo de escolarização na rede pública em diferentes contextos. Programa de desenvolvimento educacional – PDE. Curitiba, 2008. MATO GROSSO. Lei 7.040/98, de 01 de outubro de 1998. Regulamenta os dispositivos do Artigo 14 da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Diretrizes e Bases da Educação Nacional), bem como o inciso VI do Artigo 206 da Constituição Federal, que estabelecem Gestão Democrática do Ensino Público Estadual, adotando o sistema seletivo para escolha dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino e a criação dos Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar nas Unidades de Ensino. Cuiabá: SEDUC, 1998. MATO GROSSO. Decreto nº 1.123/08, de 28 de janeiro de 2008 . Determina a criação dos Centros de EJA. Cuiabá: CEE, 2008. MATO GROSSO. Decreto nº 1.530/08, de 21 de agosto de 2008. Dispõe sobre a criação do Centro de Educação de Jovens e Adultos “Alternativo”, e dá outras providências. Cuiabá: SAD, 2008. MATO GROSSO. Resolução nº 517/07, de 13 de novembro de 2007. Autoriza o CEJA Alternativo ministrar a educação básica exclusivamente na modalidade de ensino de jovens e adultos – EJA. Cuiabá: CEB, 2007. MORAIS, Francisco Alexandro de. O ensino de Ciências e Biologia nas turmas de eja: experiências no município de Sorriso – MT. Revista Iberoamericana de Educación, Madrid, 48(6): 1-6, mar. 2009.
NAIFF, Luciene Alves Miguezi; NAIFF, Denis Giovani Monteiro. Educação de jovens e adultos em uma análise psicossocial: representações e práticas sociais. Revista Psicologia & Sociedade, Porto Alegre. 20 (3): 402-407. 2008. PIERRO, Maria Clara Di; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da educação de jovens e adultos no Brasil. Cadernos Cedes (Centro de Estudos Educação e Sociedade), Campinas, 21(55): 58-77, nov. 2001. RIBEIRO, Sérgio Costa. A pedagogia da repetência. Estudos Avançados, Brasília,12 (5): 905. 2001. RIBEIRO, Vera Masagão. Educação de Jovens e Adultos – novos leitores, novas leituras. São Paulo: Mercado das Letras, 2001. VILANOVA, Rita; MARTINS, Izabel. Educação em Ciencias e educação de jovens e adultos: pela necessidade do diálogo entre campos e práticas. Ciencia e Educação, Rio de Janeiro, RJ. 14 (2): 331-346, mar. 2008. XVI ENDIPE. Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino. Campinas: UNICAMP, 2012. Educação de Jovens e Adultos: o que revelam os sujeitos? Anais... Campinas: Livro 3 – p. 006065.
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Questionário sociocultural:
Nome (opcional):________________________________________________________
1. Idade: ______________________.
2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3. Você se considera: ( ) Indígena ( )Negro/a ( )Pardo/a ( ) Amarelo/a ( )Mulato/a ( )Branco/a
4. Estado civil:
( ) Solteiro/a ( ) Casado/a ( ) Amasiado/a ( ) Viúvo/a ( ) Divorciado/a ( ) Outro__________________.
5. Filhos:
( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( ) Mais de 4 ( ) Não tenho.
6. Mora:
( ) Com pais ( ) Sozinho/a ( ) Com companheiro/a ( ) Com filhos ( ) Outro_____________________ 7. Sobre a sua orientação religiosa, você pertence a alguma religião?
( ) sim ( ) Não. Se sim, qual? ( ) Católico(a) ( ) Evangélico(a) ( ) Espírita
Outro___________________. 8. Está trabalhando no momento? ( ) Sim ( ) Não
9. Onde? ( ) Órgão público. ( ) Empresa privada. ( ) Autônomo.
( ) Outro__________________________________.
10. Faixa salarial:
( ) Até 1 salário mínimo ( ) 1 a 3 salários mínimos ( ) 3 a 7 salários mínimos ( ) 7 a 10 salários mínimos ( ) mais de 10 salários mínimos ( ) sem renda. 11. Número de pessoas na sua casa que trabalham, incluindo você:
( )1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ou mais ( ) Nenhuma. 12. Renda familiar:
( ) Até 1 salário mínimo ( ) 1 a 3 salários mínimos ( ) 3 a 7 salários mínimos ( ) 7 a 10 salários mínimos ( ) mais de 10 salários mínimos ( ) sem renda. 13. Qual o principal meio de transporte que você utiliza para chegar à
escola? (assinale apenas uma alternativa)
( ) a pé/ carona ( ) Transporte coletivo ( ) carro próprio ( ) motocicleta própria ( ) Bicicleta ( ) Outro_______________. 14. Quanto tempo você ficou fora da escola?
( ) Alguns meses ( ) Até 3 anos ( ) Mais de 5 anos ( ) Mais de 10 anos ( ) Nunca fiquei sem estudar 15. Por que você escolheu o CEJA?
( ) É mais próximo de casa. ( ) O ensino é adequado à minha idade. ( ) Termino mais rápido. ( ) Outro _____________________________________. 16. O que você pretende fazer logo após se formar?
( ) Trabalhar ( ) Fazer o vestibular ( ) Nada. Não quero mais estudar ( ) Não tenho a menor idéia ( ) Outro__________________________________. 17. Qual sua principal fonte de informação de acontecimentos atuais?
(assinale apenas uma alternativa).
( ) Jornal escrito ( ) Telejornal ( ) Rádio ( ) Revista ( ) Internet ( ) Outro_______________________. 18. Quantos livros você leu no último ano?
( ) Um ( ) Dois ( ) três ou mais ( ) Nenhum. Nomes:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
19. Quais as atividades mais comuns em seu tempo livre?
( ) Assistir televisão/ouvir música ( ) Assistir competições esportivas ( ) Sair para dançar/frequentar barzinhos/encontrar amigos ( ) Computadores (internet/fuçar) ( )
Outra(s)______________________________ OBRIGADA PELA PARTICIPAÇÃO E COLABORAÇÃO