2015.09.24 - Jornal "Publico"

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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e Meta do défice só é atingida se 2.º semestre for o melhor desde 1999 Governo vem dizer que mantém objectivo de 2,7% para 2015, mas terá de garantir que nos últimos seis meses o défice não ultrapassa os 0,9%. A oposição diz que a austeridade não serviu para nada Destaque, 2 a 10 O clínico tem uma anomalia psíquica grave, revelou a Ordem dos Médicos p11 Historiadores especializados vão debater o assunto num colóquio com início hoje p30 O objectivo é dotar os refugiados de competências no ramo da hotelaria p14 Há menos colocados na 2.ª fase. No total, entraram mais de 50 mil alunos p12 Como falar de escravatura sem ser antiportuguês Número de entradas no superior é o mais alto dos últimos anos Médico internado por achar que pode curar o cancro Inatel vai dar emprego e formação a 100 refugiados VISITA AOS EUA PAPA NÃO QUER ADIAR LUTA CONTRA AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Mundo, 26 VINCENZO PINTO/AFP PUBLICIDADE QUI 24 SET 2015 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9293 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL HOJE Poderosos Heróis Marvel 10.º vol. Wolverine: Ilha da Morte Por + 8,90€ LEGISLATIVAS 2015 INQUÉRITO DIÁRIO PaF 38,9% PS 34,1% CDU 8,3% BE 4,8% ESTRUTURAS DA JUSTIÇA RECUSAM CONVITE PARA REUNIR COM O PS HÁ JOVENS NO ESTRANGEIRO QUE QUEREM VOTAR MAS O SISTEMA NÃO OS DEIXA Destaque, 2 a 10 Presidente Obama cumprimenta o Papa Francisco na sua chegada à Casa Branca

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Jornal "Público" de 24 de Setembro de 2015

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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

Meta do défi ce só é atingida se 2.º semestre for o melhor desde 1999Governo vem dizer que mantém objectivo de 2,7% para 2015, mas terá de garantir que nos últimos seis meses o défi ce não ultrapassa os 0,9%. A oposição diz que a austeridade não serviu para nada Destaque, 2 a 10

O clínico tem uma anomalia psíquica grave, revelou a Ordem dos Médicos p11

Historiadores especializados vão debater o assunto num colóquio com início hoje p30

O objectivo é dotar os refugiados de competências no ramo da hotelaria p14

Há menos colocados na 2.ª fase. No total, entraram mais de 50 mil alunos p12

Como falar de escravatura sem ser antiportuguês

Número de entradas no superior é o mais alto dos últimos anos

Médico internado por achar que pode curar o cancro

Inatel vai dar emprego e formaçãoa 100 refugiadosVISITA AOS EUA

PAPA NÃO QUER ADIAR LUTA CONTRA AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICASMundo, 26

VINCENZO PINTO/AFP

PUBLICIDADE

QUI 24 SET 2015EDIÇÃO LISBOA

Ano XXVI | n.º 9293 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

HOJE Poderosos Heróis Marvel 10.º vol.Wolverine: Ilha da Morte Por + 8,90€

LEGISLATIVAS 2015 INQUÉRITO DIÁRIOPaF 38,9% PS 34,1% CDU 8,3% BE 4,8%

ESTRUTURAS DA JUSTIÇA RECUSAM CONVITE PARA REUNIR COM O PS

HÁ JOVENS NO ESTRANGEIRO QUE QUEREM VOTAR MAS O SISTEMA NÃO OS DEIXADestaque, 2 a 10

Presidente Obama cumprimenta o Papa Francisco na sua chegada à Casa Branca

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LEGISLATIVAS 2015

Meta do déficesó é atingidase 2.º semestre for o melhor desde 1999

Um défice maior em 2014

por causa do Novo Banco

e uma primeira metade de

2015 com um saldo mais

negativo do que a meta do

Governo trouxeram ontem

as fi nanças públicas de novo para

o centro do debate na campanha.

A oposição viu os números como

prova de que a austeridade não

serviu para nada, o Governo fala

de “efeito estatístico” em 2014 e

reafi rma metas para este ano.

A primeira notícia dada pelo Ins-

tituto Nacional de Estatística (INE)

não surpreendeu, mas foi a que pro-

vocou mais debate. O défi ce público

do ano passado derrapou para 7,2%

do PIB, mais 2,7 pontos percentuais

do que os 4,5% estimados pelo pró-

prio INE em Abril.

A deterioração do saldo registado

em 2014 já era amplamente espe-

rada e deve-se à contabilização dos

4900 milhões de euros usados para

capitalizar o Novo Banco no cálculo

do défi ce.

Em relação à estimativa de há seis

meses, há ainda pequenos efeitos

positivos, da ordem dos 175 milhões

de euros, decorrentes da incorpora-

ção de dados revistos da Administra-

ção Local, do Serviço Nacional de

Saúde e da Informação Empresarial

Simplifi cada (IES).

Mas, feitas as contas, o défi ce de

2014 acabou por ser agravado em

4729,3 milhões de euros, face ao

que tinha sido estimado em Abril.

O valor da dívida pública em 2014

manteve-se inalterado, nos 130,2%

do PIB, uma subida de 1,2 pontos

percentuais face a 2013.

A inclusão nas contas públicas da

injecção de capital de 4900 milhões

de euros feita em 2014 pelo Fundo

de Resolução no Novo Banco é o re-

sultado da aplicação das regras con-

tabilísticas europeias. Já tinha fi cado

claro que, se o Novo Banco não fosse

reprivatizado no espaço de um ano,

as autoridades estatísticas teriam de

tomar este passo. Foi isso que o INE

agora fez, passados apenas alguns

dias após o anúncio pelo Banco de

Portugal do adiamento do processo

de venda.

Os próprios responsáveis do Go-

verno já tinham, nas últimas sema-

nas, antecipado este resultado, as-

sumindo que, perante o adiamento

da venda do Novo Banco, um im-

pacto negativo nas contas públicas

de 2014 era inevitável. No entanto,

têm garantido sempre que esse agra-

vamento do défi ce não terá conse-

quências ao nível da política orça-

mental a seguir.

A ministra das Finanças já tinha

defendido que uma subida do défi ce

por causa do Novo Banco seria “um

efeito meramente estatístico”, sem

consequências do ponto de vista da

adopção de novas medidas. Ontem,

Passos Coelho defendeu a mesma

ideia (ver texto ao lado).

Do lado das autoridades europeias

também já tinham surgido várias in-

dicações de que a derrapagem do

défi ce em 2014, sendo provocada

por uma injecção de capital de ca-

fi caria, de acordo com as mesmas

regras que levaram à derrapagem

do défi ce em 2014, um impacto ne-

gativo das contas no ano em que se

realizar essa injecção, seja em 2015

ou 2016.

A meta de um défi ce abaixo de 3%

este ano e consequente saída de Por-

tugal do procedimento por défi ces

excessivos poderia fi car então em

causa. Nesse caso, seria necessário

perceber se as autoridades euro-

peias estariam de novo disponíveis

para não levar em consideração o

impacto da operação de capitali-

zação.

É neste contexto de risco prove-

niente ainda do Novo Banco que o

INE divulgou também ontem outros

números: já durante a primeira me-

tade deste ano, o défi ce foi de 4,7%

do PIB.

É verdade que se verifi ca uma me-

lhoria de 1,5 pontos percentuais face

a igual período do ano anterior e

que o valor do segundo trimestre

(3,7%) foi melhor do que o do pri-

meiro (5,7%), mas os 4,7% registados

Em plena campanha, Governo vem dizer que mantém objectivo de 2,7% para 2015, mas terá de garantir que nos últimos seis meses o défi ce não ultrapassa os 0,9%

Sérgio Aníbal

O Novo Banco, cuja venda foi adiada, será submetido já em Novembro a testes de stress pelo Banco Central Europeu

rácter extraordinário, não resultará

na exigência de medidas adicionais

de correcção do desequilíbrio or-

çamental.

Riscos para 2015O risco para o futuro é que, com o

Novo Banco ainda nas mãos do Fun-

do de Resolução, qualquer nova ca-

pitalização que venha a ser feita na

instituição possa também conduzir

a um agravamento do défi ce público

registado em 2015 ou 2016.

O Banco Central Europeu prepa-

ra-se para divulgar em Novembro os

resultados dos testes de stress rea-

lizados ao Novo Banco. Se concluir

que os rácios de capital do banco

não são os adequados, haverá a ne-

cessidade de injectar mais fundos.

Estes poderiam vir de investido-

res privados, caso tal fi casse estabe-

lecido no processo de privatização

do Novo Banco. Mas se a venda a

privados não fi car entretanto con-

cluída, quem terá de garantir a ca-

pitalização é o seu actual accionista,

o Fundo de Resolução, o que signi-

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PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | DESTAQUE | 3

A perguntaVamos todos pagar o défice de 2014?

A frase“7,2% é o défice que todos vamos pagar”Mariana Mortágua, na sede do BE, em Lisboa, 23/9/2015

ContextoO INE anunciou que o défice de 2014 foi de 7,2% do PIB, bem acima dos 4,5% estimados em Abril, por causa da contabilização da injecção de 4900 milhões de euros de capital feita pelo Fundo de Resolução (que está no perímetro da Administração Pública) no Novo Banco. O Governo reagiu dizendo que o agravamento é “um efeito meramente contabilístico”. A oposição diz que vai ser um encargo para todos os portugueses.

Os factosA subida do défice para 7,2% não força, como noutras ocasiões, o Governo a tomar, no imediato, medidas de correcção para cumprir metas orçamentais. É relativo a um ano já passado e a Comissão Europeia já confirmou que não terá em consideração este agravamento na avaliação que faz ao desempenho orçamental português. O

problema é saber se o aumento da dívida das Administrações Públicas, que teve de ocorrer para fazer face a essa despesa, será ou não coberto por uma futura venda do Novo Banco ou por um pagamento dos bancos ao Estado do diferencial entre a capitalização e a venda. Há ainda muitas incertezas. O processo de venda foi adiado. E quanto ao pagamento do diferencial pelos bancos, o executivo garante que acontecerá, mas não está definido em quanto tempo, nem se substituirá contribuições que a banca já teria de fazer para o Fundo de Resolução. Também é possível que sejam necessárias novas operações de recapitalização no Novo Banco, o que significará mais despesas do Fundo de Resolução. E é muito difícil quantificar o custo do aumento das necessidades de financiamento do Estado que terão impedido, por exemplo, uma amortização mais rápida da dívida ao FMI.

Em resumoA derrapagem da meta do défice de 2014 não força o Governo a medidas imediatas para cumprir metas orçamentais. Subsistem vários factores de incerteza sobre o custo final para o Estado e os contribuintes, depois de uma eventual venda do Novo Banco e contribuição do sector bancário. Sérgio Aníbal

A derrapagem do défice de 2014 não força o Governo a medidas imediatas. Mas ainda não se sabe quanto é que a solução do Novo Banco custará ao Estado e contribuintes

PROVA DOS FACTOS

‘???

até Junho confi rmam a existência de

difi culdades para cumprir a meta

de 2,7% que o Governo tem para a

totalidade deste ano e que ontem

voltou a ser reafi rmada.

Durante o primeiro semestre, o

défi ce registado foi de 4093 milhões

de euros. Tendo em conta que o ob-

jectivo do Governo para o total do

ano é de 4860 milhões, apenas é

possível registar um saldo negativo

na segunda metade do ano de 767

milhões de euros, ou 0,9% do PIB.

Uma tarefa difícil, se verifi carmos

que a última vez que um valor des-

tes foi atingido num semestre foi na

primeira metade de 1999 e que, na

segunda metade do ano passado,

retirado o efeito dos 4900 milhões

injectados no Novo Banco, o défi ce

foi de 2,6%.

O Governo, que já tem vindo a

debater com instituições como a

Comissão Europeia e o Fundo Mo-

netário Internacional (FMI) as pro-

jecções para o défi ce deste ano,

continua a acreditar que é possível

alcançar esse objectivo.

RITA FRANÇA

A oposição de esquerda reagiu

em uníssono aos dados do

INE sobre o défi ce de 2014,

dizendo que este, ao fi car ao

nível numérico do défi ce de

2011, prova a “inutilidade”

das medidas de austeridade impostas

pelo actual governo PSD/CDS. Passos

Coelho preferiu vincar o efeito

meramente estatístico desse défi ce,

que deriva da injecção de capital no

Fundo de Resolução do BES.

“Os últimos números representam

o fracasso da governação de Passos

Coelho. É o seu maior lapso”, afi r-

mou Pedro Nuno Santos, economista

e cabeça de lista do PS por Aveiro. “O

défi ce está precisamente nos mesmos

níveis de 2011, Passos Coelho falhou

as metas orçamentais em todos os

anos”, disse, antes de desafi ar o líder

do PSD: “O que Passos Coelho tem de

explicar agora aos portugueses é para

que é que serviu a austeridade.”

Para Catarina Martins, porta-voz

do BE, ontem foi “o dia em que a

campanha eleitoral da direita mor-

reu”, porque, afi rmou, os dados do

INE põem a descoberto a “mentira”

de que os sacrifícios e a austeridade

dariam resultado. Acrescentou ainda

que é “mentira” dizer-se que, quando

é o sistema fi nanceiro a suportar os

prejuízos do BES, tal não conte para

as contas públicas ou para os contri-

buintes: “Conta.”

Também o secretário-geral do PCP

considera que o disparo do défi ce do

ano passado para 7,2% provam que

o país tem de se libertar das impo-

sições europeias sobre os limites da

dívida e tem de renegociar a dívida

no seu valor base e nos encargos. E

que a solução para o Novo Banco não

Oposição aponta para a “inutilidade” da austeridade

é vender, mas nacionalizar. Jerónimo

de Sousa também realçou que o dé-

fi ce de 2014 fi ca idêntico ao de 2011.

“E, pasme-se, a tal dívida que Passos

Coelho diz que anda a abater, afi nal

tem vindo a crescer oito milhões de

euros por dia”, segundo o Banco de

Portugal. “Os dois grandes argumen-

tos para chamar a troika eram a dívi-

da e o défi ce. Com estes dados, qual

é a grande lição a tirar? Este caminho

não resolve nada, antes pelo contrá-

rio, apenas afunda o país.”

Daí que, vincou, é mesmo preciso

que o país “se liberte” do Tratado Or-

çamental. Porque a continuar assim,

PS, PSD e CDS vão defender que é

preciso continuar a cortar salários

pensões e serviços públicos. “É por

aí que vamos? Seria uma dose refor-

çada com desfecho dramático para

o nosso país.”

Mas o primeiro a falar sobre os da-

dos do INE foi mesmo o líder da coli-

gação PSD/CDS e primeiro-ministro

para sustentar que a subida do défi -

ce “é apenas um reporte estatístico”,

que “não tem qualquer infl uência na

expectativa do défi ce deste ano, nem

impacto na dívida portuguesa”.

“Ele [esse cálculo] não tem ne-

nhum efeito na vida das pessoas

nem traz nenhuma medida adicio-

nal a não ser uma: como nós não

nacionalizamos o BES e emprestámos

dinheiro ao fundo de resolução para

criar o Novo Banco, o Estado já rece-

beu mais de 120 milhões de euros de

juros que emprestou, o que signifi ca

que quanto mais tarde esse dinheiro

regressar aos cofres do tesouro mais

dinheiro em juros o país acumulará”,

afi rmou Passos Coelho. Em jeito de

conclusão, rematou: “Não é dinheiro

que não está parado, é dinheiro que

está a render.”

Questionado sobre se os dados não

comprometem a expectativa do Go-

verno sobre a meta do défi ce para

este ano, o primeiro-ministro respon-

deu: “Não, justamente, reforçam-na.”

Antecipando que “são bastante po-

sitivas” as indicações dos resultados

da execução orçamental relativos a

Agosto, que serão conhecidos ama-

nhã, defendeu ser possível cumprir

a meta do défi ce deste ano. “A nossa

meta é 2,7% e estamos convencidos

de que vamos fi car claramente abaixo

dos 3%”, afi rmou.

Maria Lopes, Nuno Sá Lourenço, Sofia Rodrigues e Maria João Lopes

Passos Coelho diz que a subida do défice é um mero “reporte estatístico” devido ao BES

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4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

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LEGISLATIVAS 2015

Inês Felizardo arruma por estes

dias o quarto onde viveu os seus

18 anos, tira as últimas selfi es

com os amigos e despede-se

de Lisboa. Esta semana ruma

a Cambridge, no Reino Unido,

onde vai estudar Direito, depois de

ter terminado o Liceu Camões com

uma classifi cação fi nal de 20 valores.

Volta a 4 de Outubro para votar nas

legislativas.

O regresso defi nitivo é que não

tem data marcada: “Adoro o meu

país, mas Portugal não me dá as

mesmas possibilidades de futuro

e de carreira”. É provável que Inês

se cruze no aeroporto com Simão

Valente, de 28 anos, docente de

Português em Oxford. Vem votar a

Portugal e regressa a Inglaterra no

mesmo dia. “O processo de altera-

ção da residência é mais complexo

do que deveria ser”, explica ao PÚ-

BLICO. “Parte ainda do princípio de

que quando as pessoas vão viver de

um sítio para outro, é para sempre.

O mundo de hoje não funciona as-

sim, e a emigração actual não é a dos

anos 60, excepto nos números”.

Nem nos números, na verdade.

Em 1966, auge da sangria migra-

tória dessa década, terão saído do

país 120.239 portugueses. Em 2014,

134.624 partiram para o exterior.

Mas é uma emigração de um novo ti-

po — sobretudo a jovem. O PÚBLICO

falou com vários portugueses com

menos de 35 anos que saíram do

país para estudar ou trabalhar. São

quase todos altamente qualifi cados,

nem todos saíram empurrados pela

crise e poucos admitem regressar

tão cedo. Perguntámos como estão

a acompanhar a campanha e se pre-

tendem votar. Todos querem partici-

par nas eleições, mas apontam para

inúmeros obstáculos.

Da Nova Zelândia chega um exem-

plo. A Rita Bento-Allpress, de 32

anos, doutorada em Psicologia, foi

dito em Agosto que para votar teria

de se deslocar à Austrália, a 2160

quilómetros e 340 euros de distân-

cia de Auckland. Isto, porque Rita

seria a única eleitora inscrita na No-

va Zelândia. Segundo informação

prestada por um cônsul honorário,

o voto por correspondência não se-

ria uma alternativa possível. Mas Ri-

ta acabou por receber na semana

passada o boletim de voto.

Já Carla Félix, com a mesma idade,

economista do Banco Africano para

o Desenvolvimento na Costa do Mar-

fi m, não recebeu resposta alguma

às perguntas que dirigiu à Embaixa-

da de Portugal em Dacar (Senegal),

responsável pela representação lusa

naquele país. Candidata pelo Livre/

Tempo de Avançar no círculo de Fo-

ra da Europa, continua recenseada

em Portugal, e é por cá que tentará

votar, se o trabalho o permitir.

Pela ordem do movimento dos ponteiros do relógio: André Soares, Mafalda Pratas, Simão Valente, Inês Felizardo, Vasco Figueira e Carla Félix

Pedro Guerreiro

Há jovens no estrangeiro que querem votar maso sistema não os deixaOs jovens portugueses no estrangeiro seguem atentamente a campanha eleitoral, mas queixam-se dos obstáculos ao exercício ao direito do voto, que surgem da Costa do Marfi mà Nova Zelândia. A CNE admite o problema

Em 1966, auge da sangria migratória dessa década, terão saído do país 120.239 portugueses. Em 2014, 134.624 partiram para o exterior

Pedro Manuel Mendes, de 30

anos, licenciado em Relações Inter-

nacionais e a viver em Lyon, Fran-

ça, também vem a Guimarães votar

por difi culdades no recenseamento.

Da Bélgica chegaram ao PÚBLICO

queixas sobre falhas informáticas

nos serviços consulares que, ao lon-

go de Julho e Agosto, difi cultaram os

processos de recenseamento.

Mafalda Pratas, de 21 anos, estu-

dante de Economia e Ciência Polí-

tica na Universidade do Illinois, nos

Estados Unidos, desistiu. “Não irei

votar, porque ainda não consegui

perceber como o posso fazer e vivo

muito longe de qualquer embaixada

e consulado”, lamenta, comparando

as difi culdades do sistema português

com a efi ciência do norte-americano

— Mafalda tem dupla nacionalidade

e também vota para a Casa Branca.

“Sinto-me um pouco desrespeitada

por tornarem o processo tão difícil.

Sinto que ninguém quer saber do

nosso voto”, lamenta.

André Escórcio Soares, de 32 anos,

professor de Recursos na Universida-

de de Coventry, em Inglaterra, tam-

bém não vai conseguir votar. “Seria

obrigado e deslocar-me cerca de 300

quilómetros para me ir registar e

mais 300 para ir e vir a Manchester

votar”, explica. “Não se percebe co-

mo é que ainda não é possível o voto

electrónico”, afi rma.

Contactada pelo PÚBLICO, a Co-

missão Nacional de Eleições admite

que “um número signifi cativo” dos

464 pedidos de informação de elei-

tores recebidos até segunda-feira

são de portugueses no estrangeiro,

mas sem quantifi car. Quanto às di-

fi culdades de recenseamento, Paulo

Madeira, secretário e coordenador

dos serviços da comissão, aponta o

facto de serem “poucos” e de “di-

outro prato da balança”, disse ao

PÚBLICO.

Ainda esta semana, o Ministério

da Administração Interna veio ad-

mitir que se esqueceu de colocar

“Portugal” no destino dos envelo-

pes disponibilizados para o envio

dos votos por correspondência. O

MNE e os CTT estão neste momento

a contactar serviços postais de to-

do o mundo, para garantir que os

votos provenientes do estrangeiro

cheguem a Portugal.

Economia a maisNem todos os jovens portugueses

poderão votar, mas não deixam de

mensão reduzida” os órgãos perma-

nentes da administração eleitoral

com funções dirigidas aos eleitores

no estrangeiro: a Comissão Organi-

zadora do Recenseamento Eleitoral

dos Portugueses no Estrangeiro (CO-

REPE), do Ministério dos Negócios

Estrangeiros (MNE), a área eleitoral

da secretaria-geral do Ministério da

Administração Interna) e a própria

CNE. “É uma opção que, como to-

das, tem vantagens e inconvenien-

tes: o seu baixo custo e a elevada

e diferenciada participação cidadã

são indiscutíveis vantagens; defi ci-

ências técnicas, de formação e de

informação podem colocar-se no

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PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | DESTAQUE | 5

FOTOS: DR

O Ministério da Administração Interna admitiu que se esqueceu de colocar “Portugal” no destino dos envelopes disponibilizados para o envio dos votos

acompanhar a campanha. A Inter-

net e as conversas com amigos e

familiares são fonte de informação

comum aos expatriados inquiridos

pelo PÚBLICO, tal como é o desa-

grado com o teor e o conteúdo dos

debates.

Inês critica o peso excessivo da

economia e das fi nanças e gostaria de

ver abordado o tema dos refugiados,

os direitos LGBT e a educação. Pedro

lamenta que o debate ande “ muito

à volta do que se passou até aqui e

muito pouco do que será o futuro”.

Carla Félix nota o silêncio sobre a di-

áspora, que “não tem tido a atenção,

o cuidado e o respeito que merece,

apesar do seu enorme potencial pa-

ra as soluções do país”. Carla Miran-

da, designer de 35 anos na Austrália,

pede propostas para “tirar partido”

do grande número de portugueses a

viver fora: captar poupanças e, por

essa via, preparar o seu regresso.

Simão gostaria de saber por que é

que há “um único deputado negro

no Parlamento” (Hélder Amaral, do

CDS-PP). “Basta-me sair à rua em

qualquer cidade do país para me

aperceber que o órgão máximo de

soberania não refl ecte a composição

demográfi ca do país. Portugal é um

país multicultural, mas não o é a sua

elite”, afi rma o lisboeta para quem

Não é análise política. A

solução pós-eleitoral

não ocupa esta

coluna. Em causa está

apenas um dado pela

mera observação das

reportagens televisivas. Os líderes

partidários recorrem a três tipos

de fundo, de cenário, nos seus

comícios e intervenções públicas

nas caravanas de campanha.

Desconhecemos o motivo,

embora em dois dos casos se

afi gure como óbvio. A terceira

solução de fundo remeterá,

sem dúvida, para uma resposta

subliminar. O mais comum

é discursar com o lema da

campanha como cenário. Efeito de

propaganda garantido, coerência

nas referências e martelar do

slogan. Foi assim que Pedro Passos

Coelho e Paulo Portas falaram do

estrado em Faro, tendo por fundo

a mensagem de Portugal à Frente.

Clássico, sem dúvida.

Já Jerónimo de

Sousa, em Samora

Correia, fez a

sua intervenção

garantindo pouca

perenidade à próxima legislatura

tendo atrás de si os candidatos a

deputados do círculo e dirigentes

locais da CDU. É sempre assim.

O que passa é o colectivo detrás

do líder, a equipa. O que obriga

os membros do colectivo a uma

contenção de gesto apenas

interrompida pelos inevitáveis

aplausos. Uma opção reveladora

de um estilo.

Em Viseu, António Costa tinha

um fundo jovem de rapazes e

raparigas. Solução que transmite

imagem de vitalidade e pretende

projectar uma mensagem de

futuro. Estas três modalidades

de cenário passaram,

sucessivamente, no Jornal da

Meia-Noite da SIC-Notícias de

terça-feira.

Os três cenários

Câmara ocultaNuno Ribeiro

“os documentários do Bruno Noguei-

ra sobre a música popular”, os dois

irmãos adolescentes e a aula que te-

ve sobre Aristides de Sousa Mendes

fazem disparar a saudade.

José Miguel Delgado, de 32 anos,

investigador na Universidade de Pots-

dam, na Alemanha, estranha que se

debata “se o ensino deve ser públi-

co e universal, se deve haver rendi-

mento mínimo garantido ou se deve

haver mais vagas em infantários pú-

blicos”. O académico defende que

“são condições absolutamente bá-

sicas que nenhum alemão ou alemã

discutiria”. Para Gil Henriques, que

aos 22 anos está a iniciar um doutora-

mento em Biologia em Vancôver, no

Canadá, a quebra do fi nanciamento

à ciência e ao ensino superior é um

tema prioritário. “Entristece-me que,

tendo sido feito esse investimento

colectivo e formada uma geração ex-

tremamente bem preparada, desper-

dicemos agora todo esse esforço”,

lamenta. O jovem cientista é exemplo

disso: “Não sou nem sufi cientemente

patriota nem sufi cientemente maso-

quista para voltar para Portugal neste

momento”.

Mafalda, a futura economista

luso-americana, quer ver debatido

outro tipo de “reforma do Estado” —

a institucional. “As falhas democráti-

cas e económicas de uma nação não

são culturais ou inevitáveis, mas sim

consequências de falhas institucio-

nais que podem ser corrigidas. Não

estamos condenados à corrupção

nem à chico-espertice”, afi rma. Vas-

co Figueira, engenheiro informático

de 33 anos em Londres, tem outra

visão do desenvolvimento. Quer ver

debatida de forma “séria” a “crença

no endividamento público como ge-

rador de crescimento”.

Outros jovens assumem uma die-

ta informativa. “Seguia as notícias

até me aperceber que me estava a

fazer fi sicamente mal à saúde ler

constantemente sobre a destruição

de valores importantes e do meu

país”, conta Carolina Henriques, de

22 anos, antropóloga de formação a

iniciar um doutoramento na Dina-

marca. Rita, a solitária eleitora por-

tuguesa na Nova Zelândia, está em

processo de “afastamento emocio-

nal” do turbilhão mediático. “Não

leio jornais, não sigo ninguém no

Facebook que partilhe notícias de

Portugal e, quando falo com a mi-

nha família ao fi m-de-semana, tento

sempre contornar qualquer tema

sócio-político que apareça”, conta.

Mas ambas vão votar. Como todos

os jovens inquiridos pelo PÚBLICO

votariam, caso pudessem.

Avaliação dos líderesQuatro especialistas avaliam semanalmente o comportamento dos líderes das quatro principais formações políticas candidatas às eleições de 4 de Outubro.Veja os resultados em www.publico.pt/legislativas2015Próxima avaliação sábado, 26 de Setembro

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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

A coligação PSD-CDS/PP,

Portugal à Frente (PaF),

estancou nos 38,9%, o

mesmo valor de terça-feira,

depois de ter ultrapassado

a fasquia dos 40 pontos,

na tracking poll — inquérito — da

Intercampus para PÚBLICO, TVI e

TSF. O resultado das 1007 entrevistas

realizadas marcou a segunda descida

consecutiva do PS de António

Costa. Os socialistas caíram 1,6

pontos percentuais, aumentando a

diferença que os separa da PaF para

os 4,8, portanto acima da margem

de erro do estudo, que é de 3,1%. Ou

seja, ao terceiro inquérito diário, a

PaF desfez o empate técnico que

estava em vigor desde o início da

publicação destes estudos, ainda

que por uma pequena margem.

Por seu lado, a Coligação Demo-

crática Unitária (CDU), do PCP com

Os Verdes, registou a segunda subida

consecutiva. Aumentou novamente

um ponto, passando a uma projec-

ção de 8,3% dos votos. Do mesmo

modo, o Bloco de Esquerda experi-

mentou uma segunda subida con-

secutiva, de 0,4 pontos, alcançando

os 4,8%. A soma dos resultados de

PS, CDU e BE continuaria a garantir

uma teórica maioria de esquerda no

hemiciclo de São Bento.

Nesta terceira entrega da Inter-

campus, cujo trabalho de campo

decorreu entre os dias 19 e 22 des-

te mês — o primeiro em que foram

substituídos os primeiros 250 en-

trevistados em 18 de Setembro num

processo de rotatividade a partir de

agora diário das entrevistas, para

garantir a não-diluição da intenção

de voto —, a projecção de resultados

para os outros partidos baixou. É de

4%, equivalente a menos 0,9%. Fi-

nalmente, os brancos e nulos regis-

taram um aumento de 0,6 pontos,

para 9,9%.

A PaF e o PS mantêm as mesmas

tendências na distribuição de voto

por género e regiões. As candidatu-

ras de Passos e Portas continuam a

ser as preferidas pelo sexo mascu-

lino (34,4%) e a mensagem do so-

cialista António Costa ganha entre

o eleitorado feminino, com 25,9%,

Ao terceiro dia, a coligação de diredesce e CDU e BE mantêm tendên

Nuno Ribeiro

Tracking poll diária

Fonte: Intercampus

As intenções de voto

0

10

20

30

40

50

23 Set.22 Set.21 Set.

Percentagem

38,9

34,1

8,39,9

4,04,8

embora distante dos 29% registados

na véspera.

Do mesmo modo, na distribuição

regional não há alterações. No Nor-

te, centro e Algarve, a PaF continua

à frente. Em Lisboa, a coligação de

Passos e Portas mantém-se à frente

pelo segundo inquérito consecutivo.

No Alentejo, a liderança continua a

ser do PS, embora a CDU suba pelo

segundo dia consecutivo, mas a uma

diferença de mais de 20 pontos dos

socialistas. Se, em terras algarvias,

Passos leva primeiro banho de multidão em terra laranja

Em Arcos de Valdevez,

no ponto de partida

para o “contacto com

a população” — assim

constava no programa

da coligação PSD-CDS

—, Passos Coelho hesita em

entrar no carro e decide fazer

o percurso a pé. Baralhou a

caravana e a segurança até pelo

seu passo apressado. Ninguém da

comitiva sabia onde era o ponto

de encontro local. Depois de um

ziguezague pela rua, ainda voltou

ao carro, mas por poucos metros,

já que o trajecto a percorrer era

apenas pedonal.

Nesta vila laranja — o PSD

conquistou mais de metade dos

votos nas últimas legislativas

— era esperado por fervorosos

apoiantes, com muitas bandeiras

e lenços. Foi rodeado por eles,

avançou com difi culdade e foi

até levantado do chão. Pela rua

abaixo, foi formado um corredor

de pessoas que o queriam ver.

A ordem era “bandeiras ao

alto”. Mas a mancha que rodeava

o primeiro-ministro, entre

apoiantes locais e os jornalistas,

não deixava sequer que se visse

a sua cabeça. É a máquina PSD a

funcionar, criando um pequeno

banho de multidão.

Aqui, o discurso que a

coligação PSD-CDS tem vindo

a fazer sobre o PS cola no

eleitorado, mesmo junto dos

reformados. “Foram os socialistas

que botaram o país para o poço

e se eles vêm aí botam o país

no poço outra vez”, diz uma

reformada, que garantiu não ter

medo de cortes nas pensões. Era

uma de muitos apoiantes que

esperavam, no lancil do passeio,

por ver Passos Coelho. “E o Paulo

MIGUEL MANSO

Passos foi levado em ombros em Arcos de Valdevez

PSD mobiliza apoiantes em Arcos de Valdevez para receber calorosamente o líder da coligação

Reportagem Sofia Rodrigues

Em Arcos de Valdevez, Passos Coelho vê o primeiro sinal de mobilização da máquina partidária na campanha oficial, com uma recepção muito calorosa nas ruas. Já sem o líder do PSD, que rumou a Bruxelas, Paulo Portas foi a Viana do Castelo colher os louros da concessão dos estaleiros navais, que diz ter sido a opção certa

Partida: Faro

Acontecimento do dia:

Chegada: Vila Praia de Âncora

CONTA KM

1620 km

2187 km

Portas?”, perguntava outra. “Não

veio hoje, está de folga.” Foi

substituído por Mota Soares, vice-

presidente do CDS. À tarde será a

vez de Portas ser o protagonista,

já que Passos Coelho vai para

a cimeira europeia sobre os

refugiados.

Ao cimo da rua, ainda antes

de chegar ao ponto de encontro

combinado, Passos foi recebido

por três reformadas que lhe

ofereceram gerberas. Tinham

sido dadas pelo PSD local.

“Continuem a fazer o que está

bem feito”, desejou uma delas.

Não têm medo dos cortes nas

pensões que podem aí vir, porque

as reformas que recebem são

noutros países.

São emigrantes em França e

no Luxemburgo. “Só cá estamos

até domingo para votar nele”,

disseram ao PÚBLICO, minutos

depois de terem cumprimentado

Passos Coelho. Havia fl ores,

bandeiras, cachecóis e até

música de acordeão. Mas não

propaganda para distribuir.

“Não me deram nada, nem umas

canetinhas, nada”, queixou-se

uma mulher, quando a comitiva

se aproximava do outro lado da

rua.

A coligação desfez o empate técnico em vigor desde o início da publicação destes estudos, ainda que por uma pequena margem

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PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | DESTAQUE | 7

eita estanca, o PS ncia de subida

as cores laranja e azul da coligação

do PSD e do CDS-PP ainda dominam,

estão em segunda queda consecuti-

va: 34,1%, em contaste com os 38,7%

do primeiro inquérito.

Já na distribuição de voto por fai-

xa etária, a coligação governamental

passou a liderar nos três segmentos

considerados — 18 a 34, 35 a 54, e

55 e mais anos. O PS, que desde o

primeiro inquérito estava à frente

nas preferências dos eleitores mais

velhos, perdeu essa liderança.

A projecção dos votos nas for-

ças políticas sem representação

parlamentar, que aparece diluída

na classifi cação de outros partidos

com quatro pontos, é ainda pouco

elucidativa. A coligação do Partido

Trabalhista Português com o Agir

está à frente, seguida do Partido

Democrático Republicano, de Ma-

rinho e Pinto, do PCTP/MRPP, de

Garcia Pereira, e do Livre/Tempo

de Avançar. Com uma distribuição

entre sete, no máximo, e no mínimo

três votos, nada signifi cativa.

PÚBLICO

Sondagem realizada pela Intercampus para TVI e PÚBLICO com o objectivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximas eleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 1005 entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estratificação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos). Os trabalhos de campo decorreram entre 18 e 21 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3,1%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 56,4%.

FICHA TÉCNICA

Brancos/NulosOutros partidos

BECDU

PSPSD/CDS-PP

Costa quer subir à I divisão do campeonato do conhecimento

O dia da campanha

socialista começou

na escola secundária

Marques Castilho,

em Águeda, para que

António Costa pudesse

defender as propostas do PS na

área da Educação e Ciência. Mas

o momento da manhã revelou-

se quando um aluno convidou

Costa para “dar uns toques” numa

bola. O secretário-geral aceitou o

desafi o, puxando consigo o cabeça

de lista Pedro Nuno Santos. Não

houve malabarices, mas apenas

alguns passes, na maioria das

vezes falhados. Costa aproveitou

para fazer passar uma mensagem

política com os pés. “Pedro Nuno

Santos, vou passar-lhe a bola. Olhe

que isto tem signifi cado político”,

atirou com um sorriso.

Mais tarde, Costa haveria

de recorrer a uma metáfora

futebolista para justifi car a

aposta na Investigação e Ciência

no Instituto I3S (Porto) onde se

juntarão os Institutos ITAPIMUP

de Sobrinho Simões, o IBMC de

Alexandre Quintanilha e o INEB. O

futuro, defendeu, estava na criação

de condições para o fl orescimento

de investigadores qualifi cados.

“Não podemos perder

mais tempo a acreditar que

é empobrecendo, reduzindo

salários e direitos no mercado

de trabalho, que vamos voltar a

ser competitivos. Haverá sempre

um Vietname e um Bangladesh a

vencer-nos nesse campeonato. E

ainda bem que não é esse o nosso

campeonato”, disse, depois de

criticar os “1000 investigadores

que perderam as suas bolsas” à

conta dos cortes e do polémico

processo de avaliação do sector.

Os cortes foram também

abordados no cenário apresentado

pelo director da secundária de

Comitiva visitou escola, conservatório e instituto para defender investigacão, educação e conhecimento

Reportagem Nuno Sá Lourenço

António Costa atirou a bola ao cabeça de lista de Aveiro e brincou com a metáfora: “Pedro Nuno Santos, vou passar-lhe a bola. Olhe que isto tem um significado político”

Partida: Viseu

Acontecimento do dia:

Chegada: Vila do Conde

CONTA KM

1466km

1714 km

Águeda, Francisco Vitorino.

Apelidou-os de “brutais” no

ensino especial, cifrando-os nos

30%. O resultado era frustante

para Vitorino: “O que é que faz

meia-hora de acompanhamento

a cada aluno?” Foi a deixa para

Costa elencar as propostas do PS

para a Educação. “Formações

diferenciadas”, “reforço da escola

a tempo inteiro, ensino de línguas e

artistico” e “valorização dos cursos

profi ssionais a partir do 10º ano”.

PAULO PIMENTA

Costa deu uns toques na bola

Comício PúblicoUm blogue feito por dez políticos que vivem e acompanham por dentro o dia-a-dia da campanha eleitoral. Entre também e contribua para o debate de ideias!www.publico.pt/legislativas2015

Enquanto o PS e o seu secretá-

rio-geral acumulam quilóme-

tros de campanha no terreno,

um pequeno grupo de dirigen-

tes socialistas estão a reunir

em Lisboa com parceiros so-

ciais e entidades representativas dos

diferentes sectores da sociedade para

preparar o pós-eleições. Mas nem

tudo está a correr como o previsto.

Hoje mesmo deveriam decorrer, no

Largo do Rato, reuniões individuais

sobre Justiça, para as quais foram

convidados os conselhos superio-

res da magistratura e do ministério

público, a Associação Sindical dos

Juízes Portugueses e o Sindicado dos

Magistrados do Ministério Público.

Mas nenhuma das entidades convi-

dadas irá participar.

O objectivo das reuniões, segun-

do João Tiago Silveira, director do

Gabinete de Estudos do PS, é “pre-

parar um conjunto de documentos”

que suportem um “projecto de Or-

çamento para 2016” e desenhe “o

cenário para os primeiros seis me-

ses” de um futuro Governo liderado

por António Costa. E o calendário

estipulado é que tudo esteja “pronto

na altura em que o Governo do PS

iniciar funções”.

As reuniões já começaram e vão

continuar até às eleições. Silveira ga-

rante que as reuniões são “indepen-

dentes do calendário eleitoral”. No

entanto, há quem tenha estranhado

o convite.

A presidente da Associação Sin-

dical dos Juízes Portugueses, Maria

José Costeira, recusa a confi rmar se

recebeu o convite, mas garante que

se “recebesse nunca aceitaria”. A

juíza recusa fazer qualquer comen-

tário ao tema, argumenta que numa

altura de campanha eleitoral não fa-

rá qualquer declaração que “possa

ter leituras políticas”. O presidente

do Sindicato dos Magistrados do

Ministério Público, António Venti-

nhas, também não quis comentar a

iniciativa do PS. Em relação ao Con-

selho Superior do Ministério Pú-

blico, presidido pela procuradora-

geral da República, não foi possível

obter uma reacção em tempo útil.

Estruturas da Justiça recusam convite para reunir com o PS

Mariana Oliveirae Nuno Sá Lourenço

A porta-voz do Conselho Superior

da Magistratura, a juíza Ana Azeredo

Coelho, confi rmou ao PÚBLICO a

recepção do convite e adiantou que

será possível participar no encon-

tro. “O convite veio endereçado ao

senhor presidente que está numa

visita à Noruega e ao vice-presidente

que estará amanhã no Porto. Por is-

so, respondemos que não era possí-

vel estarmos presentes na reunião”,

precisa Ana Azeredo Coelho. A ma-

gistrada fez, contudo, questão de

salientar que o Conselho Superior

da magistratura “está sempre dispo-

nível para debater os problemas da

justiça com a sociedade civil”.

Questionado sobre estas recusas,

Silveira escusou-se a “entrar em as-

pectos concretos”, mas acrescentou,

ter já reunido, esta semana com um

conjunto de entidades para debater

as “tecnologias de informação na

Justiça para fazer face ao colapso do

CITIUS. A candidata Margarida Mar-

ques debateu já com organizações

representativas da Educação. E para

a próxima terça-feira está calenda-

rizada uma reunião, coordenada

por Jorge Lacão, sobre segurança

Interna.

A partir do Largo do Rato, veio a

explicação de que a intenção não

era tornar públicas estas reuniões

de trabalho. Mas admitiu-se que têm

existido reuniões “internas e exter-

nas” com as mais variadas organi-

zações. O director do Gabinete de

Estudos acrescentou que “um par-

tido que se prepara e estuda para

ser Governo faz o seu trabalho de

casa”.

Questionado sobre se estas inicia-

tivas tinham que ver com a percep-

ção, no interior do PS, de que pode-

ria vir a ser necessário avançar com

um Orçamento Rectifi cativo, Silveira

precisou que o alvo eram as “neces-

sidades orçamentais de 2016”, mas

admitiu que “as pessoas são livres

de dizer o que pensam”.

João Tiago Silveira, director do Gabinete de Estudos do PS, está a organizar diversas reuniões temáticas

Page 8: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

Jogando à sueca em Lisboa e fazendo política por Jerónimo

Numa das ruas

emblemáticas da

hospitalidade e do

multiculturalismo lisboeta,

Jerónimo de Sousa teve

ontem uma companhia

pouco usual. Ricardo Nascimento

e Hussain Pereira tinham saído da

Escola Nuno Gonçalves, ao cimo da

Rua Morais Soares, quando deram

com a barafunda da comitiva da

CDU, ao som da charanga, que ia

descer até à Avenida Almirante

Reis. E não hesitaram.

Os miúdos de 11 anos colocam-

se ao seu lado, de sorriso largo

para as câmaras de televisão.

Jerónimo fala com eles, sem que se

consiga entender o que diz, tal é a

barulheira e a música dos bombos

e clarinetes. Durante muitos

metros os três não se largam. Há

outro jovem que se abeira para

tirar uma selfi e com Jerónimo, que

não se nega a nada na calçada da

esquerda, pois então. Pára aqui

e ali, distribui beijos, apertos

de mão, acenos às janelas ou a

quem está à porta da loja mas não

mostra entusiasmo nem abre o

sorriso. Sim, que Jerónimo não

força o contacto e percebe quando

o interlocutor quer (ou não) ser

cumprimentado.

Como Carla Ferreira, que se lhe

dirigiu para contar a história lá de

casa. Tem cinco fi lhos, dois deles

desempregados e três a estudar, e

seu ordenado e do marido tem que

ser “bem esticado todos os meses”.

Quer saber o que pensa fazer sobre

ao abono de família e os manuais

escolares – uma dor de cabeça

todos os meses de Setembro. O

líder do PCP é directo: o abono de

família é um direito das crianças e

dos jovens, e não se entende que os

manuais tenham que ser pagos.

Mais acima, no jardim, sem

se levantar da mesa nem largar

Na acção de campanha na Rua Morais Soares, líder do PCP foi acompanhado por dois miúdos e disse-lhes que vai mudar o país

Reportagem Maria Lopes

Jerónimo de Sousa defende que deve ser o Governo a definir o número de refugiados que Portugal pode receber, e não uma entidade estrangeira que nem sequer conhece a realidade do país.

Partida: Samora Correia

Acontecimento do dia:

Chegada: Vila Franca de Xira

CONTA KM

1611 km

1702km

as cartas, quem grita pela CDU

é Olinda Tomás. Reformada e

organizadora de excursões, é

a líder incontestada da mesa

de jogatana das cartas. Cabelo

arranjado, unhas com verniz às

cores, dedos cheios de anéis, fala

mais alto que as companheiras da

sueca, responde sempre que é ela

quem está a ganhar o jogo e até

quem devia ganhar as eleições. É a

única mesa no feminino, no meio

da dezena ocupada por homens

com cartas ou dominó sob os

plátanos que estão a perder a folha.

As mulheres não se entendem

no trunfo da sueca – é ouros, é

espadas – nem em quem ganha.

Jerónimo, para Olinda – “nunca

roubou um tostão a ninguém, é

um homem sério, mas precisa

de mais gente à volta dele”;

Costa, para Idalina Dias – “tem

mais experiência e mais apoio”.

Maria Rodrigues é mais adepta

com a cara que lhe entrou pela

porta. Hussain conta que lhes terá

dito que ia mudar o país — e eles

acreditam, pois então.

Questionado sobre a questão

dos refugiados, defendeu que deve

haver uma “resposta imediata”,

defi nida pelo Governo português e

não por uma entidade estrangeira.

“Aquela gente está a fugir da morte,

da guerra e da fome e é necessário

tratá-los com dignidade”. Aos que

argumentam que em Portugal

nem sequer há trabalho para os

que cá estão, o líder comunista

contrapõe que é preciso “fazer o

que é possível tendo em conta a

situação social e económica”, mas

que isso não deve impedir que

mantenhamos a solidariedade e a

“tradição democrática de receber

e enquadrar” os estrangeiros

que procuram Portugal. A CDU

terminou o dia com um comício no

Ateneu de Vila Franca de Xira.

NUNO FERREIRA SANTOS

Jerónimo de Sousa andou por uma zona emblemática da multiculturalidade lisboeta e defendeu o acolhimento de refugiados

de “alianças”, tem pena que

o socialista “não se chegue à

esquerda” e que Jerónimo esteja

sempre a dizer mal do PS – “já

viu que os da direita nunca se

atacam?” Lembra que Passos

Coelho vai à frente nas sondagens.

“Coelho é para andar no monte”,

brinca Olinda; “só é bom no

tacho”, diz Idalina.

Numa esquina, Jerónimo

desata a correr pela Rua Heróis

de Quionga acima, no meio dos

dois garotos, com os fotógrafos

e operadores de câmara

desconcertados atrás ou ao lado.

Para os miúdos, que até jogam

futebol ali na Penha de França,

o exercício é fácil, mas Jerónimo

também não se mostra cansado.

Hussain contara-lhe que os pais

tinham ali uma loja de móveis e

restauro e ele lá foi entregá-los.

Foi o irmão mais velho de Hussain

que os recebeu e fi cou admirado

Page 9: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | DESTAQUE | 9

Uma pergunta por dia

Os idosos votam mais à direita e os jovens mais à esquerda?

Para responder à questão é importante operacionalizar o conceito de jovem e de idoso, bem como

o conceito de esquerda e de direita. Para esta análise considerei como jovens os eleitores com idade inferior a 30 anos e idosos os eleitores com 65 ou mais anos. Relativamente à definição de esquerda e direita estabeleci como critério a votação nos partidos de esquerda (PS, CDU e BE) e os partidos de direita (PSD e CDS), respectivamente, nas últimas quatro eleições legislativas (2002, 2005, 2009 e 2011).

Para a análise política da questão, parece-me relevante distinguir três aspectos que estando interligados poderão ajudar na explicação da nossa decisão de voto: a proximidade partidária/identificação partidária; o posicionamento ideológico (no espectro esquerda-direita); e, por fim, a participação eleitoral.

Vamos, então, por partes. Constatamos, pela avaliação de estudos pós eleitorais, que os idosos se posicionam ligeiramente mais à direita do que os jovens. Por outro lado, os idosos apresentam níveis superiores de participação eleitoral. Facto que estará, naturalmente, relacionado com as suas vivências na mudança de regime e da valorização das mesmas. Nas eleições legislativas dentro do período de estudo (2002 e 2011), e vencidas pela direita, a probabilidade de os idosos votarem foi três vezes superior à dos jovens; consequentemente, foi nas eleições vencidas pela esquerda (2005 e 2009) que se verificou uma menor diferença na proporção de eleitores que exerceram o seu direito de voto, entre jovens e idosos. Ademais, é precisamente nas eleições vencidas pela esquerda que as divergências no voto esquerda-direita, entre

jovens e idosos, se acentuaram — nessas eleições, dois em cada três jovens votaram num dos partidos de esquerda e nos idosos os votos distribuíram-se de forma equitativa entre os partidos de esquerda e de direita. Contrariamente, foi no acto eleitoral de 2011 que se verificou uma menor votação à esquerda nestes dois grupos etários, porém a diferença na proporção de votantes à esquerda entre jovens e idosos foi similar à observada nas

eleições de 2002.

Com base nestas constatações podemos, genericamente, assumir que os idosos apresentam um posicionamento ideológico mais próximo da direita e dos partidos

que a representam; se abstêm menos; e que, quando votam, apresentam maior preferência, do que os jovens, pelos partidos de direita.

Apesar destas conclusões, gostaria de apontar algumas das limitações desta análise. Em primeiro lugar, saliento a notória subjectividade na definição e operacionalização do conceito de jovem e idoso. Em segundo lugar, é importante sublinhar que mesmo na esquerda encontramos efeitos da idade, isto é, o BE e a CDU seduzem diferentes eleitores, o que poderá introduzir alguma entropia na análise efectuada. Por fim, gostaria de relativizar a importância da idade/grupo etário e de outras variáveis de caracterização demográfica e socioeconómica na decisão de voto.Patrício CostaProfessor auxiliar da Faculdade de Psicologia da Universidade do PortoVice-presidente da DOMP

A crise dos refugiados chegou

à campanha eleitoral

na Madeira, depois de

o executivo regional ter

anunciado a disponibilidade

de a região autónoma

participar no esforço nacional de

acolhimento.

Nas redes sociais e caixas de co-

mentário dos sites da imprensa local,

as opiniões contrárias à ideia de a

Madeira receber refugiados multipli-

caram-se, levando a que Miguel Albu-

querque, durante um discurso ofi cial

no início do mês, admitisse estar “cho-

cado” com o que considerou serem

ideias “maldosas, xenófobas, egoís-

tas” e, principalmente, “imbecis”.

A frontalidade do chefe do execu-

tivo madeirense não foi bem acolhi-

da. Extremou opiniões, foi tema de

artigos de opinião nos jornais, e de

ameaças de perda de votos nas redes

sociais. Tudo, perante o silêncio dos

restantes partidos.

Só esta semana, já depois de o

Governo Regional fazer publicar

na imprensa um esclarecimento, e

pressionadas pela opinião pública

regional, é que outras forças políti-

cas, à esquerda e à direita, falaram

sobre o tema, para se aproximarem

da posição da Quinta Vigia, mas dis-

tanciando-se do vocabulário usado

por Albuquerque.

“Compreender o sofrimento dos

madeirenses é tão importante como

compreender o desespero do povo

sírio”, disse ao PÚBLICO o líder do

PS-Madeira, Carlos Pereira, subli-

nhando que a “solidariedade” faz

parte do “património” do partido

e como tal os socialistas estão dis-

poníveis para de forma “sincera” e

“genuína” a manifestar.

Pereira garante que os socialistas

não vão “fugir” a essa responsabili-

dade, mas ressalva que compreende

a “sincera preocupação” dos madei-

renses com o impacto que esta crise

poderá ter no arquipélago. “Muitos

deles são refugiados desta política do

Governo do PSD-Madeira e da coliga-

ção PSD/CDS que os obrigou a uma

fuga para fora da região”, argumenta

o também cabeça-de-lista dos socia-

listas no Funchal. “São pais preocu-

Acolhimento de refugiados agita campanha na Madeira

pados, são famílias sem emprego, são

milhares de jovens que continuam a

fugir às políticas erradas e incompe-

tentes destes governos”, reforçou.

O presidente do CDS-PP na Madei-

ra, José Manuel Rodrigues, também

“compreende” a preocupação de par-

te da população com o “receio” de

que entre os refugiados e migrantes

venham “extremistas e terroristas”

infi ltrados. “É um fenómeno com-

plexo que deve ser encarado com

tolerância”, acrescenta Rodrigues,

cabeça de lista do CDS na região.

É por isso que Edgar Silva, da CDU,

alerta para os perigos de “dividir” os

portugueses através de “clivagens”

desnecessárias e despropositadas,

responsabilizando as políticas de

Bruxelas para os refugiados.

Perante isto, e face às crescentes

críticas ao discurso de Albuquerque,

o governo madeirense optou por

uma abordagem mais “pedagógica”.

Reafi rmando que a Madeira vai mes-

mo acolher refugiados — o número

ainda não está defi nido —, o executi-

vo insular fez publicar na imprensa

escrita uma página de publicidade

para esclarecer a população.

No texto, os apelos de solidarieda-

de do Papa Francisco são evocados,

o peso que a emigração tem na Ma-

deira — estima-se que existam perto

de um milhão de madeirenses a viver

no estrangeiro — é lembrado, ao mes-

mo tempo que são dadas garantias de

que os refugiados serão integrados

sem qualquer processo de “assimila-

ção”, mas sempre com o respeito pe-

los valores da sociedade madeirense.

“Sempre vivemos, naturais e es-

trangeiros, em pleno clima de paz

social e sã convivência, e assim con-

tinuará”, lê-se no texto, que refere

que dos 5697 estrangeiros a viver no

arquipélago, 700 são muçulmanos.

A Madeira deverá receber cerca de

70 refugiados, em princípio famílias

que serão alojadas em zonas rurais e

com poucos habitantes.

Márcio Berenguer

Líder do CDS, -Madeira “compreende” receio de que haja terroristas entre os refugiados

Isso está no programa?

O PÚBLICO comparou os programas eleitorais e seleccionou algumas medidas que interessam a 10 perfis diferentes de eleitores

PSD/CDSPara as empresas, reforçar a utilização de mecanismos de troca de dívida por capitais próprios.

PSProibir as execuções fiscais de casas de residência familiar relativas a dívidas de valor inferior ao do bem executado e suspender a penhora da casa de morada de família nos restantes casos; reduzir a dependência de crédito bancário das empresas, reforçando o papel do mercado de capitais no financiamento das PME; instituição de um Banco Ético para minorar a situação de sobreendividamento das famílias, apoiando a renegociação estruturada com os credores.

CDUPolítica de resgates para as famílias e micro, pequenas e médias empresas altamente endividadas.

BERenegociação das dívidas privadas (spreads e maturidades), com um plano de carência até dois anos, sempre que a taxa de esforço para o cuprimento seja superior a 50% do rendimento disponível nas famílias pobres ou com desempregados.

Endividados

Miguel Albuquerque disse estar “chocado” com as ideias “maldosas, xenófobas, egoístas” e, principalmente, “imbecis” contra o acolhimento de refugiados

Page 10: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

10 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

Já porosas em tempos

normais, as fronteiras

entre Estado, Governo

e partidos diluem-se

durante a campanha.

Segue-se um exemplo. Na

segunda-feira, e após protestos de

escolas, pais e alunos, o ministro

da Educação, Nuno Crato,

anunciou mais quatro milhões de

euros para o ensino artístico. A

comunidade educativa alertava

para o problema do fi nanciamento

dos conservatórios desde Agosto;

o Governo responde a duas

semanas das eleições.

Mais célere foi a utilização do

anúncio de Crato em material

de campanha da coligação nas

redes sociais. Às 18h do mesmo

dia já havia um post no Facebook

da Portugal à Frente: “Governo

aposta. Quatro milhões de euros

no ensino artístico especializado”,

com o selo da

coligação. Se

as campanhas

sempre fi zeram a

defesa do legado

dos incumbentes, a Internet

transformou o exercício num

jogo em tempo real no qual se

confunde a publicitação dos actos

governativos com a propaganda

partidária.

Pela positiva, o registo da

iniciativa da coligação de recolher

perguntas de eleitores, através

do Facebook, para Pedro Passos

Coelho e Paulo Portas. O líder

do PSD responde às quartas e

o presidente do CDS-PP fala às

quintas, em vídeo.

Nota fi nal para a reacção nas

redes à actualização do défi ce

de 2014: silêncio total à direita

e contenção relativa no campo

socialista, onde se assinala o

fracasso das metas orçamentais do

Governo, mas não se avança uma

solução alternativa para o dossier

Novo Banco.

Governar para o Facebook

Apanhados na redePedro Guerreiro

O BE anda de metro e defende os transportes contra privatizações e falsas promessas

No primeiro dia de Outono,

mas ainda com tempo

de Verão, a porta-voz

do Bloco de Esquerda,

Catarina Martins, chega a

Cacilhas e apanha o metro

em direcção a Corroios. Deve ser

a primeira vez nesta campanha

eleitoral que faz uma acção sentada

e não a calcorrear ruas e mercados.

Antes desta viagem, o tema

dos transportes tinha também

marcado a manhã em Miranda do

Corvo, distrito de Coimbra, onde

os bloquistas fi zeram questão

de lembrar a promessa, não

cumprida, que previa um metro

para aquela região.

A principal mensagem que

o BE quis passar ontem com a

viagem entre Cacilhas e Corroios

é a de oposição às privatizações e

parcerias público-privadas (PPP)

que, defendem, não benefi ciam

os utentes. O programa do Bloco

vai precisamente em sentido

contrário: lutar por um serviço

público de mobilidade, bilhetes

mais baratos, percursos maiores,

horários mais alargados.

No metro, Catarina Martins

segue acompanhada pela cabeça

de lista por Setúbal, Joana

Mortágua.

Aos jornalistas, a porta-voz

lembra que “o Metro Sul do Tejo

não tem as ligações todas que

foram prometidas e, por isso, tem

percursos muito mais curtos do

que o que era preciso para servir

as populações”. Além disso, diz,

quem vive na margem sul “está

farto de pagar PPP”: “Paga as

PPP aqui do metro, para a PPP da

Lusoponte ainda... Tem todos os

dias um encargo tão grande para

ir trabalhar e continua a não ter

as soluções de mobilidade de que

precisa, porque foi tudo pensado

em benefício do lucro de uns

poucos privados e nunca pensado

para o serviço das populações e

para o interesse público.” À saída

do metro e rodeada de sacos e de

malas, em mudanças de casa, está

Teresa Maria, de 49 anos, auxiliar

num lar. Vive no Laranjeiro e

trabalha em Pinhal dos Frades.

Apesar de fazer três viagens todos

os dias para ir de casa para o lar —

metro, comboio e autocarro — e de,

por elas, pagar 50 euros mensais,

não está insatisfeita. Só gostava é

que o percurso fosse mais extenso,

chegasse a mais sítios.

A questão dos transportes

marcou também a manhã

no distrito de Coimbra.

O desemprego, a falta de

acessibilidades e a emigração são

apenas algumas das difi culdades

identifi cadas pelo BE na passagem

por Miranda do Corvo. “Coimbra

é uma miniatura do país”, os

problemas na região são os

mesmos, diz o cabeça de lista por

este círculo eleitoral e professor

DANIEL ROCHA

Catarina Martins e a cabeça de lista por Setúbal, Joana Mortágua, no Metro Sul do Tejo

Catarina Martins andou de transportes públicos, mas foi sobre o aumento do défice de 2014 a sua frase do dia: “A campanha eleitoral da direita morreu”, vaticinou

Partida: Leiria

Acontecimento do dia:

Chegada: Lisboa

universitário, José Manuel Pureza.

Não está a pensar no Portugal dos

Pequenitos, o parque temático

daquela cidade, mas a metáfora

encaixa.

No mercado de Miranda do

Corvo, Catarina Martins ouviu

queixas sobre o facto de ter sido

prometido para este distrito

um metro de superfície que iria

ligar alguns concelhos, entre os

quais Miranda do Corvo. Trata-

se do antigo projecto do Metro

Mondego, que nunca chegou

a concretizar-se e que, pelo

caminho, deixou estas populações

sem o comboio que fazia a ligação

em causa.

Para a porta-voz, esta promessa

não cumprida é o retrato de

um país que “tem vindo a

ser enganado”. Não só para a

porta-voz, para Graça Jegundo,

vendedora de 75 anos, também.

Desiludida, garante que vai votar

Bloco: “Temos de ir um bocadinho

mais para a esquerda, este

Governo não serve, prejudicou-

nos muito em tudo.”

De manhã, Catarina Martins esteve no distrito de Coimbra, que “é uma miniatura do país” e tem os mesmos problemas

Reportagem Maria João Lopes

CONTA KM

993 km

1347 km

Page 11: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | PORTUGAL | 11

Médico internado por acreditar que pode curar diabetes e cancro

ENRIC VIVES-RUBIO

Durante uma das perícias a que foi sujeito, o médico disse até acreditar que pode receber o Nobel pelos trabalhos junto dos seus pacientes

Os médicos também adoecem. E,

por vezes, a doença pode pôr em

risco os seus pacientes. Um tribunal

decidiu que um médico estrangeiro

que reside e trabalha no Algarve de-

ve ser internado compulsivamente

porque, entre muitas outras coisas,

acredita poder curar os doentes que

sofrem de diabetes, alegadamente

administrando-lhes doses elevadas

de insulina.

A história difi cilmente chegaria ao

conhecimento do público se o mé-

dico em causa não tivesse recorri-

do desta decisão. Os magistrados do

Tribunal da Relação de Évora não

lhe deram razão, argumentando

que a perícia psiquiátrica e as du-

as avaliações clínico-psiquiátricas a

que foi sujeito provaram que sofre

de anomalia psíquica grave e que o

seu estado pode constituir perigo

para terceiros. Um resumo deste

acórdão foi agora publicado no site

da Ordem dos Médicos (OM).

De nacionalidade alemã, o médi-

co contestou a privação temporária

de liberdade alegando que, para a

tomada de decisão, não foram ou-

vidas quatro das seis testemunhas

por si indicadas e também não

foi levado em conta um relatório

elaborado pelo Hospital de Psiquia-

tria, Psicoterapia e Psicossomática

da Alemanha, segundo o qual sofre

apenas de uma “síndrome de ansie-

dade e tensão” e de “alta reacção

aguda ao stress”.

Com uma cédula profi ssional emi-

tida pela Ordem dos Médicos e váli-

da até Dezembro de 2016, o clínico

alemão abriu um consultório numa

localidade algarvia em 2006 e foi ali

que pôs em prática os seus conhe-

cimentos de clínica geral e de “me-

dicina alternativa e complementar”

e utiliza “a força que aprendeu com

Deus”, lê-se no acórdão do Tribunal

da Relação, que tem data de Julho.

Os relatórios médicos citados

indicam que o médico (não iden-

tifi cado) apresenta uma “sintoma-

tologia de estado psicótico, fragil-

mente compensado” e “sofre de

perturbação paranóide de perso-

nalidade, com ideias delirantes”

e outras de “carácter megalóma-

no”, não tendo “a mínima consci-

ência da sua doença” e negando-

grave”, mas isto não basta para a

privação temporária de liberdade.

É necessário que desta anomalia re-

sulte uma situação de perigo para

terceiros. A decisão deve ser revista

ao fi m de dois meses.

Com base nos relatórios clínicos

e psiquiátricos, os magistrados do

Tribunal da Relação consideram que

estão reunidas as duas condições

e consideram que o seu estado de

saúde mental cria “situações de pe-

rigo” que decorrem da actividade

médica que exerce. “Deixá-lo assim,

sendo ele médico que ainda exerce

a medicina, constitui desde logo um

risco inaceitável para os pacientes

que o consultem, designadamente

os diabéticos, ou os cancerosos que

andarem enganados pelo exercício

dos seus poderes místicos”.

Por enquanto, a Ordem dos Mé-

dicos nada mais fez do que publi-

car um resumo do acórdão. O bas-

tonário da OM, José Manuel Silva,

alega que, com esta publicação, se

quis deixar “um aviso” aos outros

profi ssionais. É, acima de tudo, um

acto “pedagógico”. “A divulgação

leva a que os profi ssionais sejam

mais cautelosos”, sublinha o basto-

nário. Também os doentes devem

ter mais cuidado. “Esperamos que os

cidadãos percebam que não devem

acreditar em milagres, mas sim na

ciência”, diz José Manuel Silva, ob-

servando que “os médicos não estão,

infelizmente, inibidos de adoecer e

de sofrer de ideias delirantes”.

Desconhecendo se há ou não

queixas na OM remetidas por doen-

tes do médico alemão, José Manuel

Silva diz que alertou o Conselho Dis-

ciplinar Regional do Sul para que

abrisse um inquérito. Enquanto is-

so, pelo menos pelo lado da Ordem

dos Médicos, ele não está proibido

de exercer.

Ordem dos Médicos divulga decisão de tribunal que manda internar um médico com anomalia psíquica grave. Mas não sabe se há queixas dos doentes a quem terão sido administradas doses elevadas de insulina

JustiçaAlexandra Campos

perigo para a saúde” dos doentes.

Foi um dos quatro peritos médicos

que alertou em concreto para “os

perigos que correm” os seus pacien-

tes, “designadamente os que pade-

çam de diabetes, que o internando

revolucionariamente trata em dez

dias com doses maciças de insulina”.

Os psiquiatras advertem também

que ele pode constituir perigo para

si próprio. Numa avaliação realizada

a propósito de um processo-crime

em que esteve envolvido antes, ele

explicava que estava “a perder a sua

força, em virtude do excesso de equi-

pamento médico usado pelos colegas

portugueses”. O seu drama, ajuizam,

“é não só ele padecer do que pade-

ce”, mas também “estar convencido

de que de nada padece”.

O que diz a lei portuguesa sobre

o internamento compulsivo? A lei

de saúde mental exige que a pessoa

padeça de uma “anomalia psíquica

“Deixá-lo assim, sendo ele médico que ainda exerce a medicina, constitui desde logo um risco inaceitável para os pacientes”

se a receber tratamento médico.

Durante uma das perícias a que

foi sujeito, disse até acreditar que

pode receber o prémio Nobel “pelos

trabalhos junto dos seus pacientes

(cura do cancro, diabetes)”. Os psi-

quiatras que o avaliaram temem que

a aplicação do método que inven-

tou, e pelo qual crê “curar a diabetes

em dez dias, afi gura-se de extremo

Page 12: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Há menos colocados na 2.ª fase mas as entradas no superior estão em alta

NELSON GARRIDO

Há ainda 5836 vagas por preencher no ensino superior

Menos vagas, menos candidatos,

menos colocados. São estes, em

resumo, os resultados da 2.ª fase

do concurso nacional de acesso ao

ensino superior de 2015, quando

comparados com os dos cinco anos

anteriores. Os resultados podem ser

consultados, a partir de hoje, no site

da Direcção-Geral do Ensino Supe-

rior (http://dges.mctes.pt).

Candidataram-se à 2.ª fase 18.250

estudantes para um total de 15.166

vagas. Foram colocados 9410, o nú-

mero mais baixo registado desde

2010, quando 11.412 estudantes con-

seguiram entrar no superior nesta

fase. Por comparação a 2014, foram

colocados menos 1082 alunos. Esta

quebra corresponde também a uma

diminuição do número de candida-

tos: houve menos 69 a concorrer à

2.ª fase do que há um ano atrás, um

número que sobe para 1804 quando

comparado com 2010, que foi tam-

bém o concurso destes últimos seis

anos com mais estudantes a entrar

no superior.

Mas apesar desta diminuição, o

resultado geral do concurso de 2015

aponta para uma retoma do fl uxo de

entradas no ensino superior. É o que

frisa o presidente da Comissão Na-

cional de Acesso ao Ensino Superior,

João Guerreiro, lembrando que, no

conjunto das duas fases, candidata-

ram-se 53.846 alunos, um valor que

classifi ca como “muito bom”, contra

os 49 mil de 2014. E que estão agora

já colocados mais de 50 mil, quando

no ano passado, por esta altura, este

número rondava os 48 mil. “Mostra

que há uma opção das famílias na

qualifi cação dos seus fi lhos, mesmo

neste cenário em que a emigração

continua a crescer”, adianta João

Guerreiro, lembrando, a propósito,

que as perspectivas dos que saem do

país “são bem mais alargadas quan-

do têm formação universitária”.

A 1.ª fase do concurso de acesso,

que é sempre a mais concorrida, foi

a que teve o maior número de can-

didatos e de colocados dos últimos

anos. Concorreram 48.271, tendo

sido colocados 42.060 alunos, que

foi o número mais elevado desde

2011, altura a partir da qual se re-

gistou uma tendência de decréscimo

da procura do ensino superior, que

também os estudantes que se candi-

dataram na primeira vaga, mas não

foram colocados. Aconteceu com

6203. Destes, 4366 voltaram a candi-

datar-se. Também podem concorrer

os estudantes que fi caram colocados

na 1.ª fase e, por não terem fi cado

satisfeitos com o lugar alcançado,

voltam a tentar a sorte. Foi o que

fi zeram 8074.

Na 1.ª fase apenas metade dos

candidatos tinha conseguido vaga

no primeiro curso que escolheram.

Os estudantes podem seleccionar

seis. Este foi o reverso da medalha

da subida de resultados nos exames

nacionais — embora tenha permiti-

do que mais estudantes entrassem

no superior, também levou a que as

médias dos cursos mais disputados

tivessem subido, o que tornou mais

difícil conseguir ali um lugar. Para

a 3.ª fase, que decorre entre 1 e 5

de Outubro, sobram para já 5836

vagas.

Os cursos que fi caram com mais

vagas por preencher foram os da

área das engenharias, como tem

sucedido nos últimos anos. No to-

po da lista encontra-se o curso de

Engenharia Civil da Universidade

de Coimbra, que tem ainda 81 lu-

gares disponíveis dos 105 que abriu

na 1.ª fase.

Mas é também na área das enge-

nharias que se registaram as maio-

res recuperações, com dois cursos a

liderar a lista dos que tiveram mais

colocados na 2.ª fase. São eles os

cursos de Engenharia Electrónica e

Telecomunicações e Computadores

e de Engenharia Mecânica, do Insti-

tuto Politécnico de Lisboa. Ambos

tinham 72 vagas. No primeiro caso

foram preenchidas 71 e no segundo

69. O curso de Engenharia Física, da

Universidade do Minho, foi o que

teve o colocado com nota mais ele-

vada: 19,3 valores. No pólo oposto

estão 30 cursos em que os últimos

colocados não chegaram a uma mé-

dia de 10.

Diminuição na 2.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior já era esperada. No conjunto das duas fases foram colocados mais de 50 mil alunos, o número mais alto dos últimos anos

EducaçãoClara Viana

2ª fase do concurso de acesso ao superior

Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior PÚBLICO

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Evolução do n.º de candidatos Evolução do n.º de vagas

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Sobrantespara a 3.ª fase

Ocupadas

5836

5204

8805

9076

11.648

9006

15.166

16.616

20.577

20.441

23.134

19.498

20.054

18.250

18.281

17.363

18.849

18.804

11.412

9410

10.492

11.486

11.365

11.772

CandidatosColocados

em 2015 começa a ser invertida.

Existirem mais lugares ocupados

na 1.ª fase signifi ca que há menos

alunos à procura de o conseguir na

segunda oportunidade de acesso ao

ensino superior. Foi o que aconte-

ceu e que já era esperado. À 2.ª fase

de acesso podem concorrer os alu-

nos que não o fi zeram na 1.ª. Este

ano houve 5810 novos candidatos

à segunda vaga de acesso.

Mas à 2.ª fase podem concorrer

Page 13: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | PORTUGAL | 13

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“Quero o telemóvel da minha fi lha

senão parto esta merda toda”. Foi

nestes termos que uma funcionária

hospitalar se dirigiu à professora que

havia confi scado o telefone à fi lha

quando este tocou na sala de aula.

O caso passou-se na Escola EB2/3

Frei Caetano Brandão, em Braga,

em 2013, e o Tribunal da Relação de

Guimarães confi rmou agora a conde-

nação inicial da progenitora.

Considerada uma pessoa habitu-

almente calma e educada, a mãe da

Foi à escola exigir telemóvelque foi confiscado à filha e acabou condenada em tribunal

aluna foi condenada, pelos crimes

de coacção e injúria agravadas, a

prestar 210 horas de trabalho comu-

nitário, a que se soma uma indem-

nização de 1500 euros à professora

e uma multa de 420 euros.

A arguida alegou que “apenas ba-

rafustou de uma forma tipicamente

minhota”, e que os palavrões tinham

como único objectivo conseguir a

devolução do aparelho. “Embora la-

mentável, a actuação da arguida não

se tra duziu no emprego de meios de

violência ou cariz extremos, como

armas”, argumentou a sua advoga-

da, que resumiu o episódio a um

certo “rubor emotivo, tão celta, tão

típico das pessoas do Norte, que

tantas vezes berram e berram, mas

nenhum mal querem fazer”.

A verdade é que foi preciso cha-

mar a polícia para que a progenitora

abandonasse a escola, enquanto a

docente, assustada, se refugiava na

JustiçaAna Henriques

Mãe da aluna ameaçou professora de escola de Braga para reaver aparelho. Juízes lamentam crise deautoridade no ensino

escolar e cívica dos educandos”.

A circunstância de os insultos te-

rem sido presenciados por funcio-

nários, professores e alunos, desig-

nadamente pela fi lha da arguida e

demais comunidade escolar, cau-

sou à professora em causa “forte

vexame e humilhação”, observam.

“Ficou afectada na sua dignidade e

honra, enquanto cidadã e professo-

ra, sentindo-se denegrida”, prosse-

guem. “Sentiu insegurança e medo,

temendo, nomeadamente, pela sua

integridade física”. O facto de a ví-

tima das intimidações ter sido uma

docente foi considerado especial-

mente censurável.

Com um salário de 600 euros e

uma renda de quase metade disso,

a funcionária hospitalar contestou,

sem sucesso, a multa e a indemniza-

ção. “A arguida e a fi lha vão comer

o quê durante meses?”, perguntou

a advogada aos juízes.

Breves

Porto

Desempregados enganados com falso trabalho fora do paísUm homem e uma mulher são suspeitos de terem enganado 230 pessoas com falsas promessas de emprego fora do país. Publicaram anúncios com promessas de ordenados não-inferiores a sete vezes o salário mínimo e pagamento de alojamento e viagens. Na maioria desempregados, os candidatos eram convencidos a dar início a um processo de contratação para o qual era necessário pagarem vistos de entrada em países estrangeiros.

sala de professores. “A fi lha da puta

não sabe do que sou capaz! Vai-se ar-

repender de se ter metido comigo!”,

gritava a mãe, gesticulando e baten-

do com as mãos uma na outra. “Aqui

o telemóvel, já, cara..., ou vai ver já o

que lhe acontece e não sabes o que

sou capaz!”. O alarido juntou gente.

Quando a conduziram à saída, fi cou

junto ao portão, à espera da profes-

sora. Ainda sem o telefone, que tinha

sido guardado por um auxiliar que já

não se encontrava no recinto escolar,

acabou por ser acompanhada a casa

por dois funcionários da escola de-

pois de chegar a PSP, e a fi lha foi pe-

nalizada com três dias de suspensão.

Na sentença de primeira instân-

cia, proferida este Verão, os juízes

lamentam que “atitudes destas

contribuam para a crise de auto-

ridade em contexto escolar que

grassa nos estabelecimentos de

ensino, impedindo a boa formação

Page 14: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

OGNEN TEOFILOVSKI/REUTERS

Portugal deverá acolher 4500 refugiados

A Fundação Inatel está a colocar em

marcha um plano para dar formação

profi ssional e emprego a 100 refu-

giados nas suas unidades hoteleiras

espalhadas por todo o país. Enquan-

to a grande discussão pública se re-

mete actualmente à forma e locais

de acolhimento, a fundação dá um

passo em frente e pensa já na inte-

gração dos refugiados, conferindo-

lhes competências e uma oportu-

nidade de trabalho. Doze unidades

hoteleiras da Inatel deverão fi car

responsáveis, cada uma, pela for-

mação, de pelo menos uma família

de refugiados.

“A ideia surgiu há cerca de duas

semanas”, adiantou o presiden-

te da fundação, Fernando Ribeiro

Mendes, e resulta, em parte, do

“choque” criado pela publicação

nos jornais portugueses, nomeada-

mente no PÚBLICO, da fotografi a do

menino curdo Aylan, cujo corpo foi

encontrado numa praia depois do

barco em que seguia ter naufraga-

do entre a Turquia e a ilha grega de

Inatel prepara-se para dar formação e emprego a 100 refugiados

Kos. Por isso, a Inatel decidiu dar o

nome de Aylan ao programa de in-

tegração. “Há quem tenha criticado

a publicação dessas imagens, mas

foi uma chamada de atenção para

nós. Uma forma de assumirmos que

é possível fazer algo para mudar as

coisas”, sublinhou Fernando Ribeiro

Mendes.

O conselho de administração da

Inatel já aprovou o plano e a fun-

dação está em contacto com a Pla-

taforma de Apoio aos Refugiados e

Conselho Português para os Refugia-

dos. “Informamos o Governo, atra-

vés do Ministério da Administração

Interna, e a reacção ao plano foi a

melhor. Vamo-nos articular com as

entidades que acolherem, em ter-

mos de habitação, os refugiados

para depois prosseguir com a for-

mação e emprego”, acrescentou o

presidente da fundação.

“Não é caridadezinha”O plano é simples. A Inatel, que tem

actualmente cerca de 800 funcio-

nários distribuídos pela sua rede

de unidades em todo o país, con-

trata em média, de forma tempo-

rária, mais 200 trabalhadores para

responder às maiores necessidades

sazonais da época alta do Verão. No

Verão de 2016, Fernando Ribeiro

Mendes, conta já ter ao serviço da

Inatel refugiados como trabalhado-

res.

“Não estamos a falar de carida-

dezinha. Receberão formação espe-

cífi ca, turística, cultural, hoteleira

e também em idiomas e depois,

provando as competências adqui-

ridas, terão contratos de trabalho

nas mesmas condições que cá têm

os portugueses. Neste momento

há uma onda de generosidade para

lhes dar dormida e comida. Isso é

essencial agora, mas depois de isso

estar resolvido, o que farão? Pensa-

mos numa via solidária orientada

para a autonomização e indepen-

dência criando oportunidades de

trabalho”, ilustrou ainda Fernando

Ribeiro Mendes.

A Inatel usará ainda na dinami-

zação deste plano o seu contacto

privilegiado com algumas cadeias

de hotéis privados. “Vamos tentar

criar também emprego em alguns

hotéis com os quais trabalhamos”,

disse o presidente da fundação.

Com 16 unidades espalhadas pelo

país e com um total de 800 camas,

a fundação aproveitará os seus pró-

prios recursos, nomeadamente os

cursos internos de formação em ho-

telaria, para formar os refugiados

nesse âmbito. “Também arranjare-

mos formadores em língua portu-

guesa e inglesa”, apontou o respon-

sável que, para já, não consegue in-

dicar uma data concreta para iniciar

a formação já que tal depende ainda

das datas de chegada dos refugiados

a Portugal, que receberá cerca de

4500 pessoas.

AcolhimentoPedro Sales Dias

Programa Aylan inclui desenvolvimento de cursos profissionais em hotelaria para dotar refugiados de competências

Programa acabou com o “sofrimento emocional” das mulheres

As 31 mulheres que no último ano

participaram num programa expe-

rimental para pessoas com proble-

mas de ingestão alimentar compul-

siva conseguiram eliminar parcial

ou completamente aquele tipo de

episódios das suas vidas, mas não

perderam peso, revelaram investiga-

dores da Faculdade de Psicologia da

Universidade de Coimbra (UC).

Quando anunciaram que estavam

a recrutar voluntárias para partici-

par no programa a que chamaram

BeFree, em 2014, os investigadores

do Centro de Investigação do Núcleo

de Estudos e Intervenção Cognitivo-

Comportamental (CINEICC) propu-

nham-se trabalhar um conjunto de

competências para ajudar aquelas

pessoas a regular melhor as suas

emoções e a sua relação com a ali-

mentação, perdendo peso e aumen-

tando a sua qualidade de vida.

Para além de serem obesas ou

terem excesso de peso e episódios

regulares de ingestão compulsiva

e excessiva de alimentos, as 31 mu-

lheres seleccionadas apresentavam,

associado àqueles problemas, um

outro: o sofrimento emocional. “Di-

to de uma forma simplista, leiga, as

pessoas utilizavam a ingestão com-

pulsiva de alimentos (normalmente

com um alto teor de açúcar) como

estratégia para lidar com os afectos

Fim da ingestão compulsiva de alimentos não resulta em perda de peso imediata

negativos”, explicou um dos inves-

tigadores, Sérgio Carvalho.

As mulheres foram divididas em

pequenos grupos e participaram, ao

longo de 12 semanas, noutras tantas

sessões, nas quais trabalharam as

respectivas relações com a alimen-

tação e com as emoções. Segundo

Sérgio Carvalho, em relação aos

grupos de controlo a evolução foi

evidente: “As mulheres que benefi -

ciaram do BeFree apresentaram-se

menos deprimidas e a maior parte

não tinha, já, comportamentos de

ingestão alimentar compulsiva. Na

totalidade dos casos aqueles episó-

dios tinham, pelo menos, diminuído

para níveis subclínicos”, relatou o

investigador.

Não se verifi cou, contudo, qual-

quer alteração no peso, o que, se-

gundo Sérgio Carvalho, poderá

resultar do facto de “a obesidade

resultar sempre de uma multiplici-

dade de factores”.

A equipa aguarda pelo acom-

panhamento das participantes no

projecto aos seis meses após a inter-

venção (que acontece em momen-

tos diferentes, consoante os grupos)

para apurar os refl exos do programa

a longo prazo.

SaúdeGraça Barbosa Ribeiro

Programa melhorou qualidade de vida de 31 mulheres com problemas de obesidade, mas não resolveu o excesso de peso

PAULO PIMENTA

“As mulheres apresentaram-se menos deprimidas e a maior parte não tinha, já, comportamentos de ingestão compulsiva”

Page 15: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | PORTUGAL | 15

DIREITO DE RESPOSTA

“A quem serve a destruição do Ensino Superior?” – resposta à Associação de Jardins--Escolas João de Deus*

O Decreto-Lei nº 74/2006, de 24

de Março, estabeleceu – n.° 2 do

Art.º 83º – que todos os ciclos de

estudos em funcionamento deviam

ser objecto de procedimento de

acreditação até ao fi nal do ano

lectivo 2010/11.

Face ao grande número de

cursos (mais de 5000), foi

necessário defi nir um sistema de

triagem (acreditação preliminar)

para detectar os casos que

evidenciavam maiores debilidades

e que, portanto, necessitavam de

uma atenção urgente, uma vez que

a acreditação completa do sistema

demoraria 5 a 6 anos.

Para isso foi solicitado às

instituições que indicassem

(abril de 2010) quais os cursos

que pretendiam manter em

funcionamento no futuro,

fornecendo um conjunto de

informações sobre cada um

deles. A partir desses dados

foram construídos indicadores

que, caso não fossem cumpridos,

sinalizariam a necessidade de uma

intervenção imediata.

Os cursos que não foram indicados

pelas instituições até à data limite

de abril deixaram de ter existência

legal e, portanto, deixaram de poder

admitir novos alunos.

Em Dezembro de 2010 verifi cou-

se que a Escola Superior de

Educação João de Deus (ESJD) não

tinha submetido à acreditação

quatro mestrados na área de

formação de docentes em

Educação Pré-escolar e Ensino

Básico. A ESJD justifi cou-se

dizendo que esses mestrados

não estavam em funcionamento.

Situação singular que nenhuma

outra instituição invocou e que

mais tarde se verifi cou não

corresponder à verdade (as

estatísticas do ministério mostram

que há alunos a concluir alguns

mestrados a partir de 2008/09).

Estando há muito esgotado o

prazo para a Escola apresentar

os cursos a acreditação

preliminar podia, no entanto,

se pretendesse no futuro voltar

a oferecer os cursos, submeter

propostas dos mestrados como

novos ciclos de estudos, o que

fez. A Comissão que avaliou as

propostas elaborou um relatório

preliminar recomendando a sua

não acreditação por a componente

de prática pedagógica não cumprir

a legislação. Os alunos devem

dar aulas acompanhados por um

professor com experiência na área

específi ca de ensino, o que não

acontecia.

A ESJD não apresentou

pronúncias sobre os relatórios

preliminares da Comissão dentro

dos prazos regulamentares, apesar

de avisada telefonicamente,

pelo que os relatórios passaram

a defi nitivos e o Conselho

de Administração recusou a

acreditação, facto que impedia a

admissão de alunos, não tendo

qualquer dos mestrados existência

legal. A ESJD, na impossibilidade

de apresentar as pronúncias no

sistema da A3ES, tentou mais tarde

enviar documentação por correio

que, evidentemente, não foi aceite

por estar fora de prazo. Recorreu,

depois, para o Conselho de

Revisão, pagando a taxa do 3000€

por processo, mas os recursos

não tiveram, naturalmente,

provimento.

Em vez de apresentar novas

propostas corrigindo os erros

apontados, a ESJD intentou uma

ação no Tribunal Administrativo

alegando, falsamente, que não

tinha recebido as comunicações

electrónicas da A3ES sobre os

processos.

Nunca a A3ES imaginou que

a ESJD não cumprisse a lei.

Não tendo havido acreditação

das propostas e não tendo

havido submissão de propostas

alternativas considerou-se o

assunto encerrado.

O processo só foi reaberto em

2013, quando a A3ES recebeu

informação de que os mestrados

estavam em funcionamento.

Esta informação foi transmitida

à Inspeção (IGEC) que visitou

a ESJD tendo confi rmado os

factos, e facilmente descobriu as

mensagens da A3ES (que a ESJD

tinha declarado não ter recebido)

nos computadores dos serviços

administrativos da ESJD.

Nessa altura, a ESJD enviou

uma carta à A3ES reconhecendo

que as mensagens existiam

mas, em vez de assumir as suas

responsabilidades, preferiu

lançar as culpas da não resposta

atempada para uma funcionária

que não teria informado a direção

da existência das mensagens.

Entretanto, a IGEC verifi cou,

em outubro de 2013, que a ESJD

tinha reaberto inscrições e

inscrito alunos para 2013/14, o

que determinou um despacho do

SEES obrigando ao encerramento

das Inscrições e determinando

as outras medidas que são

conhecidas.

Em resumo, verifi cou-se que:

1. A Escola João de Deus prestou

falsas declarações ao dizer que

os ciclos de estudos não estavam

em funcionamento no período

de apresentação de candidaturas

à acreditação preliminar quando

os dados do Ministério apontam

para a existência de diplomados

por alguns dos mestrados em datas

incompatíveis com a declaração da

Escola.

2. A ESJD prestou falsas

declarações quando reclamou

com base na alegação de não ter

recebido as mensagens da A3ES.

3. A ESJD manteve em

funcionamento os mestrados

sabendo que não estavam

acreditados e, como tal, não

tinham existência legal e

desobedeceu reiteradamente às

determinações do MEC.

4. A Escola também não cumpriu

o que a legislação determina

no artigo 16º da Lei 38/2007, de

16 de agosto, ao não publicitar

na INTERNET os resultados da

acreditação, o que tornaria óbvio

para os alunos o funcionamento

irregular dos mestrados.

5. Do comportamento da Escola

podem resultar grandes prejuízos

para os alunos, uma vez que não

é passível de reconhecimento o

ensino ministrado em cursos cujo

funcionamento não foi autorizado

nos termos da lei e que os diplomas

não têm valor legal. Deste facto

cabe total responsabilidade à ESJD.

6. A ESJD, ao oferecer cursos não

acreditados e registados, incorreu

na sanção prevista no artigo 62° da

Lei 62/2007: impossibilidade de

durante dois anos proceder ao seu

registo.

7. Não há conhecimento de

que qualquer outra instituição,

pública ou privada, tivesse

comportamento idêntico ao

da ESJD oferecendo cursos não

acreditados. É lamentável que, em

vez de assumir os erros cometidos,

a ESJD queira apresentar-se como

vítima, atribuindo culpas a quem

apenas está a cumprir a lei.

O Presidente do Conselho de

Administração da A3ES

Alberto M. S. C. Amaral

* N.R.: O texto aqui referido, com o

título em epígrafe, foi publicado como

publicidade paga na página 19 da edição

do PÚBLICO de 17 de Setembro de 2015

PUBLICIDADE

Com o alto patrocínio de Sua Excelência O Presidente da República. Organização: Universidade de Coimbra - Reitoria, CELGA - Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada da Universidade de Coimbra, CLP - Centro de Literatura Portuguesa. Parcerias: Câmara Municipal de Coimbra, UNESCO - Comissão Nacional da UNESCO Portugal, CAMÕES - Instituto da Cooperação e da Língua, IILP - Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Fundação Calouste Gulbenkian, Ministério da Educação e Ciência - Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, Público, Leya.

Page 16: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Se uma futura mãe não

se enganaria em al-

go tão simples como

escrever o nome do

fi lho, porque have-

ria de cometer o erro

básico de ingerir be-

bidas alcoólicas du-

rante a gravidez? A

pergunta do copywri-

ter Tiago Silva, 21 anos, e do desig-

ner Hugo Suíssas, 26, surgiu depois

de conhecerem o estudo O Consumo

de Álcool na Gravidez, desenvolvido

pelo Serviço de Intervenção nos

Comportamentos Aditivos e nas

Dependências (SICAD), que con-

cluiu que uma em cada cinco grávi-

das consome álcool mesmo depois

de ter conhecimento da gravidez. A

dupla partiu deste “dado preo-

cupante” e desenhou uma cam-

panha que saiu vencedora de

um concurso de criatividade

criado pelo próprio SICAD,

em parceria com o Clube de

Criativos de Portugal. Tiago e

Hugo ganharam um prémio

pecuniário de 1000 euros,

mas isso é o menos importante:

na próxima semana, os anúncios

deles começam a circular na im-

prensa e em Outubro chegam aos

outdoors.

Dezanove por cento de 1104 mu-

lheres grávidas, com uma idade

média de 31 anos, inquiridas nos

concelhos de Oeiras e Lisboa, ad-

mitiram ter continuado a beber be-

bidas alcoólicas depois de saberem

que estavam grávidas. É um “con-

sumo essencialmente esporádico”,

já que apenas 1% delas beberam até

fi carem “alegres” ou fi zeram con-

sumos “binge” (consumo ocasional

excessivo). Razão para desligar o

alarme? Não, respondem os autores

deste estudo piloto, defendendo a

urgência de divulgar “mensagens

claras, objectivas e coerentes” em

relação a este assunto: “Não é segu-

ro beber qualquer copo na gravidez.”

Na comunicação desta mensa-

gem, os profi ssionais de saúde e a

Internet “são identifi cados como

fontes de informação privilegiadas”

e a infl uência da “rede social direc-

ta” é grande, aponta o estudo: “A

representação de que familiares,

companheiro ou amigos discordam

totalmente do consumo moderado

de bebidas alcoólicas na gravidez e

um consumo de bebidas alcoólicas

igual ou inferior ao da mulher por

parte do companheiro diminuem a

probabilidade de consumir bebidas

alcoólicas na gravidez.”

A verdade é que “verifi ca-se um

certo consenso em torno da ideia de

que o consumo de bebidas alcoólicas

na gravidez tem efeitos negativos

no bebé”, mas há ainda “am-

biguidade quanto ao tipo de

consumo que é nocivo”. Por

isso, apontam os autores, é

preciso que a identifi cação

deste hábito se consolide co-

mo “prática generalizada no

acompanhamento à grávida e

à mulher que planeia engravidar” e,

no caso de existência de consumos,

“apoiar a grávida quanto ao abando-

no do mesmo” deve ser uma prio-

ridade.

Entre as mulheres consumidoras

de álcool antes da gravidez 74% dei-

xaram de o fazer durante o planea-

mento, ou já depois de saberem estar

grávidas, e das 26% que mantiveram

o consumo de bebidas alcoólicas,

metade (13%) delas reduziram esse

consumo. Comparativamente com

as restantes substâncias psicoactivas

analisadas, como drogas ilícitas e ta-

baco, a diminuição da prevalência

de consumo de bebidas alcoólicas é

mais signifi cativa.

O vinho é a bebida mais ingerida

por mulheres grávidas (43,2%), se-

guido da cerveja (26,4%), das bebidas

espirituosas (17,8%) e dos chamados

alcopops, as bebidas alcoólicas ser-

vidas em garrafas semelhantes a be-

bidas sem álcool e a refrigerantes,

(12,8%). Consumos que não parecem

Mariana Correia Pinto

Gravide

Page 17: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | PORTUGAL | 17

Estudo revelou que uma em cada cinco mulheres grávidas consome bebidas alcoólicas. Tiago Silva e Hugo Suíssas venceram concurso sobre este tema e vão assinar campanha de sensibilização com anúncios na imprensa e outdoors

ter no desconhecimento a principal

alavanca, já que a esmagadora maio-

ria (93%) das participantes conside-

ram que o consumo de álcool tem

efeitos nocivos para o bebé e 73% sa-

bem mesmo que não é seguro beber

qualquer quantidade. Ainda assim,

defendem os autores do estudo, é “a

ideia de que não é seguro beber qual-

quer copo de uma bebida alcoólica

por semana na gravidez” a que, “de

forma mais transversal, contribui pa-

ra a diminuição da probabilidade de

consumir bebidas alcoólicas”.

Foi esse o repto de comunicação

agarrado por Tiago Silva e Hugo Su-

íssas. Quando decidiram encarar o

desafi o, lançado pelo SICAD a cria-

tivos com menos de 28 anos, pouco

sabiam sobre a matéria. Em modo

“esponja” conversaram com amigos

e conhecidos sobre o tema e perce-

beram que, tal como eles, muitos

tinham a ideia de que beber com

moderação não é prejudicial ao fe-

to. “Sabíamos das consequências em

caso de consumo excessivo, mas não

sabíamos que não se devia beber de

todo”, admitiu Tiago, numa conversa

telefónica com o PÚBLICO.

Com essa nova informação em

mente, a dupla há muito afi nada —

foram colegas de trabalho no primei-

ro emprego e continuam a sê-lo na

agência Excentric Grey — partiu para

o desafi o. “Numa altura em que toda

a gente é bombardeada com infor-

mação, passar a mensagem de forma

descomplicada é o mais efi caz.” As-

sim foi. Centraram-se na metáfora de

que “há coisas que fi cam para a vida”,

representada através de um pequeno

erro na escrita do nome dos bebés

(Rodirgo em vez de Rodrigo e Bear-

tiz no lugar de Beatriz), e criaram o

slogan: “Há erros que duram para a

vida. Não beba durante a gravidez.”

Em Portugal, o objectivo de dimi-

nuir a exposição ao álcool e as suas

consequências nefastas em crianças

por nascer estava já defi nido no Pla-

no Nacional para a Redução dos Pro-

blemas Ligados ao Álcool 2010-2012 e

foi reforçado no Plano Nacional para

a Redução dos Comportamentos

Aditivos e das Dependências 2013-

2020. Mas os números ainda são

preocupantes.

A exposição ao álcool no útero é

actualmente considerada a “prin-

cipal causa das perturbações do

desenvolvimento de etiologia co-

nhecida e passível de ser evitada”,

sendo a síndrome alcoólica fetal —

“caracterizada por alterações no

crescimento, no sistema nervoso

central e características faciais es-

pecífi cas” — a perturbação mais re-

conhecidamente associada a esta

exposição.

O organismo europeu para a

vigilância das anomalias congéni-

tas, o EUROCAT, estima que, entre

2006 e 2010, tenham ocorrido 222

casos de síndrome alcoólica fetal

por cada 10 mil nascimentos: 213

casos de crianças nascidas com esta

síndrome, três casos de morte fe-

tal ou nado morto às 20 semanas

e seis casos de interrupção volun-

tária da gravidez, associados a um

diagnóstico pré-natal da síndrome.

Neste período de tempo, Portugal

reportou ao EUROCAT apenas um

caso por 10 mil nascimentos.

As possíveis anomalias são, na

verdade, extensas. E foram essas

possíveis más formações, grava-

das para sempre, que a dupla quis

também representar com o erro

ortográfi co da campanha: depois

de bordado, não há volta a dar. O

trabalho do Tiago e do Hugo foi es-

sencialmente manual. Queriam ba-

betes e fraldas de tecido o mais “re-

alistas e familiares” possível. Numa

loja de artigos personalizados, cor-

reram todas as prateleiras em busca

do item perfeito. Convencer a cos-

tureira a bordar o nome do menino

e da menina com gralhas — Rodirgo

e Beartiz — foi a dor de cabeça se-

guinte, conta Tiago. “Achou estra-

nho. Insistia, perguntava se tinha

de ser mesmo assim...”

TIAGO SILVA E HUGO SUÍSSASTal como num bordado, dizem os autores da campanha, depois do erro feito não há volta a dar. A síndrome alcoólica fetal é a perturbação mais associada à exposição do útero ao álcoolez

Uma campanha contra os erros

Ver mais emhttp://p3.publico.pt/

Page 18: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

18 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Mini-hídrica acusada de ameaçar património do Sistelo foi chumbada

NELSON GARRIDO

O Sistelo tem sido divulgado como “o pequeno Tibete português” devido aos seus socalcos e património histórico

O secretário de Estado do Ambien-

te, Paulo Lemos, deu um parecer

desfavorável à construção de uma

central mini-hídrica no rio Vez,

abrangendo os concelhos de Arcos

de Valdevez e Monção. A decisão

baseia-se na convicção da Agência

Portuguesa do Ambiente (APA) de

que “os impactes negativos decor-

rentes da implantação do projecto

ultrapassam em muito os impactes

positivos”. Mas os promotores não

vão desistir.

Após a análise de mais de 100

pareceres de cidadãos, autarcas,

associações ambientalistas e ou-

tras entidades, a APA sustenta que

a “forte contestação” ao Aprovei-

tamento Hidro-eléctrico de Siste-

lo, um projecto de 20 milhões de

euros para a instalação de 10MW,

é “corroborada pelo facto de não

terem sido identifi cadas (...) mais-

valias signifi cativas que justifi cassem

os impactes negativos relevantes,

signifi cativos e irreversíveis” que a

central iria causar. Na Declaração

de Impacte Ambiental (DIA), a APA

conclui que “os impactes negativos

mais signifi cativos”, nomeadamente

em habitats e espécies de fauna e

fl ora protegidas, e também na “pai-

sagem cultural” e no turismo, “não

são passíveis de minimização”.

O projecto, proposto pela Hidro-

centrais Reunidas, uma empresa

com sede em Lisboa, mas que, des-

de 1991, está ligada ao grupo interna-

cional RP Global, já tem mais de 20

anos, mas o protesto da população,

da Câmara de Arcos de Valdevez e

dos ambientalistas adensou-se nos

últimos tempos. Os contestatários,

que se têm desdobrado em mani-

festações, caminhadas de protesto,

campanhas de informação nas redes

sociais e até uma petição online com

mais de 5000 subscritores, alegam

que a construção vai mudar para

sempre a paisagem da aldeia de Sis-

telo, onde moram 300 pessoas, inse-

rida na zona de Reserva da Biosfera

Transfronteiriça do Gerês-Xurês, na

Zona de Protecção Especial da Serra

do Gerês e no Sítio de Importância

Comunitária do Peneda-Gerês.

A população local, muito depen-

dente da agricultura, teme os impac-

tos deste aproveitamento hidroelé-

Valdevez (PSD). Esta, numa nota pu-

blicada na terça-feira, congratula-se

com a decisão do Governo.

“Nós tivemos tudo negociado

com a junta de freguesia [de Siste-

lo] e com o presidente da câmara,

a quem apertei a mão. Íamos dar

como contrapartida pela constru-

ção da central a comparticipação da

construção de um centro de dia para

aquela população”, diz Jorge Viegas.

“Mas depois houve contestação po-

lítica dentro da câmara, o que a le-

vou a recuar nos acordos que tinha

connosco”, acrescenta.

A RP Global não entende por que

é que o mesmo projecto que obteve

uma DIA favorável condicionada em

2006 é reprovado em 2015, “apesar

de ter melhorado do ponto de vis-

ta ambiental e sem que se tivessem

verifi cado alterações legislativas”. A

DIA emitida em 2006 caducou sem

que o projecto avançasse, devido

à acção judicial interposta pela Câ-

mara de Arcos de Valdevez contra

o Ministério do Ambiente. O juíz do

Tribunal Administrativo de Braga

deu razão ao ministério, mas, com

a DIA caducada, a empresa teve de

reiniciar o processo.

“Não vamos desistir, porque o pa-

ís precisa de boa energia”, afi rma

Jorge Viegas, sublinhando também

que a empresa já investiu muito di-

nheiro neste projecto, sobretudo

em estudos de impacto ambiental.

Uma vez que o parecer desfavorável

não pode ser contestado, a RP Glo-

bal tentará reformular e subdimen-

sionar o projecto, de forma a que a

central fi que localizada apenas no

concelho de Monção, que “nunca le-

vantou problemas”. O investimento

será menor, bem como a quantidade

de energia gerada (estava prevista

a produção de 24,7 GWh anuais de

energia).

Promotores não percebem por que é que o mesmo projecto aprovado em 2006 é agora reprovado. Câmara de Arcos de Valdevez congratula-se com a decisão do Ministério do Ambiente

AmbienteMarisa Soares

los, ultrapassaram as difíceis con-

dições orográfi cas para tornarem

estas terras produtivas, irrigando-as

através de levadas. Esta relação do

homem com a montanha e o rio le-

vou, em 2009, a que fosse proposta

a sua classifi cação como Paisagem

Cultural Evolutiva Viva. Mas os pro-

motores dizem não compreender

estes receios.

“A central mini-hídrica não vai re-

tirar água a ninguém nem estragar

a paisagem. Não é mais do que um

açude que mal fi ca fora de água, que

não turbina no Verão até porque te-

mos que deixar o caudal ecológico,

só turbina o excesso de água no In-

verno”, argumenta Jorge Viegas, da

RP Global. Este responsável, que pe-

diu uma reunião com Paulo Lemos

para contestar o parecer desfavorá-

vel, considera que este desfecho se

deve apenas à “contestação política”

ao projecto na Câmara de Arcos de

Os contestatários alegam que a construção do empreendimento iria mudar para sempre a paisagem da aldeia de Sistelo, no Gerês

trico sobre a rega, as consequências

da circulação de máquinas e cami-

ões nos caminhos lajeados da aldeia,

a possibilidade de poluição do rio

(considerado um dos mais limpos da

Europa) e o impacto no turismo — o

Sistelo tem sido divulgado como “o

pequeno Tibete português” devido

aos seus socalcos, exemplo da forma

como as populações, durante sécu-

Page 19: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | 19

A Transportes de Lisboa, empresa

que agrega a Carris, o Metropolita-

no de Lisboa e a Transtejo, infor-

mou que a partir de segunda-feira

vai fi car temporariamente proibido

o transporte de bicicletas nas liga-

ções fl uviais do Montijo, Seixal e Ca-

cilhas. “Inconformidades legais e de

segurança detectadas na frota” são

as razões apontadas.

O transporte de bicicletas vai fi -

car restrito às ligações fl uviais entre

o Barreiro e o Terreiro do Paço e Tra-

faria e Belém (esta última ligação é

feita num ferry, passando por Porto-

Brandão). Neste sentido, a proibição

do transporte de bicicletas é feita

apenas na ligação do Montijo, Seixal

e Cacilhas com o Cais do Sodré.

A empresa está em contacto com

a Direcção-Geral de Recursos Natu-

rais, Segurança e Serviços Marítimos

para “solucionar a questão” e para

que a suspensão seja “o mais breve

possível”. Segundo a Transportes de

Lisboa, a medida “garante o trans-

porte efi ciente e seguro de passagei-

ros” e assegura, no futuro, “melhores

condições (técnicas, legais e de segu-

rança) de transporte de bicicletas em

toda a sua frota de navios”.

O transporte de bicicletas em Lis-

boa é diferente consoante o meio de

transporte. Não é proibido em horas

de ponta, contudo não é aconselhá-

vel. Nos Comboios de Portugal (CP),

o transporte de bicicletas é grátis e

pode ser feito a qualquer hora do dia,

tal como nos comboios da Fertagus.

Contudo, no comboio que faz a tra-

vessia do Tejo, bem como no Metro-

politano de Lisboa, são permitidas

apenas duas por carruagem e os

ciclistas devem evitar elevadores e

escadas rolantes.

Nos autocarros da Carris, o trans-

porte é também gratuito e pode ser

feito a qualquer hora, mas apenas

em carreiras específi cas, nomeada-

mente nos autocarros 708, 723, 724,

725 e 731.

A Federação Portuguesa de Ciclo-

turismo e Utilizadores de Bicicleta

(FPCUB) anunciou que se vai realizar

uma manifestação contra esta me-

dida amanhã, no Terreiro do Paço,

pelas 18h30. Texto editado por Ana Fernandes

Bicicletas vão ser proibidas em ligações fluviais

TransportesAna Rita Rogado

A medida é temporária e afecta as ligações do Montijo, Seixal e Cacilhas com Lisboa

As dúvidas e reclamações sobre as

481 propostas seleccionadas para

ir a votos no Orçamento Participa-

tivo (OP) de Lisboa 2015/2016 devem

ser enviadas à câmara municipal até

ao fi nal de sábado. Depois disso, os

lisboetas podem preparar-se para

votar, a partir de 5 de Outubro e até

15 de Novembro, nos projectos que

querem ver concretizados. Estão re-

servados 2,5 milhões de euros.

A lista disponível no site da câmara,

ainda provisória (pode sofrer altera-

ções consoante as reclamações apre-

sentadas), é dominada por projectos

na área de espaço público e espaços

verdes, infra-estruturas viárias, edu-

cação, juventude e desporto. Nestas,

e noutras áreas, há ideias para todos

os gostos: desde propostas mais tec-

nológicas a outras que apelam mais

à sensibilidade dos votantes.

Na edição deste ano propõe-se,

por exemplo, a realização de um

“fi lme de humor sobre Lisboa”, que

mostre a capital “através do olhar

de humoristas portugueses”, guar-

dando para isso 250 mil euros. Ou a

criação do Videotube Lisbon Space,

um “espaço criativo e tecnológico de

produção audiovisual e multimédia

aberto a todos os munícipes”, um in-

vestimento de 460 mil euros. Outra

ideia, cuja concretização custaria

90 mil euros, é a colocação de QR

codes (espécie de código de barras

utilizado nos smartphones) nos pas-

seios das ruas do antigo Sítio de Al-

valade (que seria uma zona piloto),

através dos quais os utilizadores dos

telemóveis poderiam ter acesso à

informação histórica e biográfi ca de

cada topónimo.

Também há quem proponha cam-

panhas de sensibilização nas escolas

para a “importância de uma educa-

ção para a empatia e a felicidade”,

com um custo de 150 mil euros. O

mesmo valor é proposto para a ins-

talação de um queimador de velas

na Igreja de Santo António, além da

realização de obras de benefi ciação

no Largo de Santo António da Sé.

Outros projectos correspondem a

reivindicações já antigas dos muníci-

pes. É o caso da proposta de substi-

tuição de dois elevadores na passa-

Já se conhece a lista dos candidatos ao OP de Lisboa

gem superior no Bairro de Santos ao

Rego, na freguesia das Avenidas No-

vas, com um custo estimado de 150

mil euros. Ou da criação de uma re-

de de casas de banho públicas, que

sirva, nomeadamente, os taxistas

da cidade, actualmente sem solu-

ção para esta necessidade. Da lista

consta também o desenvolvimen-

to de campanhas de sensibilização

para a problemática dos pombos,

ou mesmo a criação de um pombal

contraceptivo — uma solução pro-

posta recentemente pelos deputa-

dos municipais do partido Pessoas,

Animais, Natureza (PAN).

As 481 propostas incidem ainda

sobre a criação de parques de es-

tacionamento, a requalifi cação de

ruas e de jardins, a criação de es-

paços de coworking, a recuperação

de escolas, a instalação de sanitários

públicos, de passadeiras acessíveis e

até de quiosques de sumos naturais

ou de chocolate quente.

Após o período de apresentação

de propostas, de 7 de Abril a 7 de

Junho, a autarquia fez uma primeira

triagem dos projectos que se enqua-

dram nas regras do OP, tendo selec-

cionado 481 propostas e rejeitado

478. A 5 de Outubro será publicada

a lista fi nal e fi ca aberto o período

de votações, que têm aumentado

de ano para ano, desde a primeira

edição em 2008. No ano passado fo-

ram a votos cerca de 660 projectos

e mais de 36 mil pessoas votaram

no OP. Entre os vencedores esta-

vam, por exemplo, a promoção do

património da Igreja de São Cristó-

vão, com vista à sua reabilitação, e

a criação da Academia do Código,

uma iniciativa visa formar jovens li-

cenciados e desempregados na área

da programação.

Orçamento participativo Marisa Soares

Lista provisória pode ser consultada até sábado e no dia 5 de Outubro abrem as votações. Este ano vão a votos 481 propostas

Estão a votos ideias para todos os gostos

XUVENTUDE DE GALICIA CENTRO GALEGO DE LISBOASábado | 26 setembro 2015 | 14h00–19h30Rua Júlio de Andrade, nº 3 – 1150-206 Lisboa

Entrada gratuita

web: portugal.eunic-online.eu | twitter: #EDLangs

O CDU PROPÕE O IVA A 13%NA RESTAURAÇÃO

Isso está no programa?

LEGISLATIVAS 2015

SAIBA MAIS EM PUBLICO.PT/LEGISLATIVAS2015

O Público comparou as medidas que vão afectar os diferentes

grupos de eleitores

Page 20: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Demissão de CEO da Volkswagenabre caminho para mais saídas

Após dois pedidos de desculpas, a

demissão. O presidente executivo

da Volkswagen, Martin Winterkorn,

despediu-se do cargo que ocupa-

va há oito anos, embora afi rmando

não ter feito nada de errado.

“Estou chocado pelos aconteci-

mentos dos últimos dias. Acima de

tudo, estou surpreendido que uma

falha de conduta nesta escala seja

possível no Grupo Volkswagen”,

escreveu Winterkorn num comu-

nicado em que explica ter pedido

a demissão ao comité executivo do

conselho de supervisão do grupo.

Antes do escândalo, o conselho ti-

nha agendada para esta semana a

renovação do contrato do executi-

vo, que recentemente tinha visto

reforçada a sua posição, depois de

uma luta de poder interna.

O grupo não comunicou um su-

cessor, remetendo novidades para

a reunião de amanhã do conselho

consultivo. As acções da empresa,

que já estavam em trajectória ascen-

dente desde o início do dia, fecha-

ram a sessão a valorizar-se 5%.

“Como CEO, aceito a responsabi-

lidade pelas irregularidades que fo-

ram encontradas nos motores a die-

sel”, afi rmou Winterkorn. “Estou a

fazer isto no interesse da empresa,

embora não reconheça qualquer

atitude errada da minha parte”.

Desde que foi tornado público, na

sexta-feira passada, que o fabrican-

te alemão tinha instalado software

em vários modelos para enganar

os testes de emissão de gases feitos

nos EUA, que surgiu especulação

sobre se o executivo (conhecido por

prestar atenção aos pormenores de

fabrico) estaria a par da fraude.

Num comunicado, o comité exe-

cutivo sublinha que Winterkorn

desconhecia a existência do sof-

tware que falseava os testes. “O

comité executivo nota que o pro-

fessor doutor Winterkorn não tinha

qualquer conhecimento da mani-

pulação de dados das emissões”,

lê-se na nota.

Winterkorn parece acreditar que

não deve ser o único a deixar o

Martin Winterkorn disse não ter tido “qualquer atitude errada”

Empresa diz que Martin Winterkorn não sabia da existência do software que falseava os testes de emissões e quer continuar a limpar a casa

EmpresasJoão Pedro Pereira

Como a Vokswagen enganou o software de teste

Fonte: Reuters PÚBLICO

Factores analisados Modo do veículo RESULTADO

O software no módulo de controlo electrónico do veículo (ECM) determina

onde decorre a condução (auto-estrada, estrada,

testes) através da análise de vários factores

SOFTWARE “SWITCH”

Posiçãodo volante

Velocidade

Duração defuncionamento do motor

Pressãobarométrica

Assume a "calibração para dinamómetro", quando o software reconhece que o veículo está em teste

Assume a "calibração para estrada", quando reconhece que o veículo está em condução normal

Compatível com os níveis-limite de

emissão produzidos exigidos pela EPA

Eficácia do sistema de controlo de

emissões reduzida, aumentando os níveis de óxido de nitrogénio entre dez a 40 vezes

acima do limite

Conduçãonormal

Em teste

grupo e que a sua saída deverá dar

início a esse processo. “A Volkswa-

gen precisa de um novo arranque

— também em termos de pessoal.

Estou a abrir caminho para esse

novo arranque com a minha de-

missão”.

Por seu lado, o comité executivo

adiantou que são esperadas “mais

consequências ao nível de pessoal

nos próximos dias”. As investiga-

ções internas “estão a decorrer a

grande velocidade” e “todos os par-

ticipantes nestes procedimentos de

que resultou um dano incomensu-

rável para a Volkswagen vão ser su-

jeitos a todas as consequências”.

O grupo já pôs de lado 6500 mi-

lhões de euros para fazer face a

custos relacionados com o caso.

O comité recomendou também a

criação de uma “comissão especial”

para continuar as averiguações que

a empresa está a fazer e “preparar

as necessárias consequências”.

A demissão acontece no mesmo

dia em que a justiça alemã avançou

com um inquérito preliminar pa-

ra apurar responsabilidades pela

fraude e um dia após a chanceler

alemã, Angela Merkel, ter exigido

“completa transparência” sobre o

assunto.

A actuação da Volkswagen tem

levado à intervenção pública de

governantes em vários países e as

preocupações em relação às emis-

sões de gases poluentes estão a

estender-se também ao resto dos

fabricantes.

Em França, onde o Estado subsi-

dia a compra de carros menos po-

luentes, as declarações têm sido

duras. Ontem, foi a vez da ministra

da Ecologia e da Energia, Ségolène

Royal, afi rmar que as autoridades

serão “extremamente severas” com

a empresa alemã (que concorre

com o grupo francês PSA, dono

das marcas Peugeot e Citroën). “As

vítimas são os trabalhadores cuja

situação se tornou mais precária,

os consumidores que foram enga-

nados e também o Estado, que paga

subsídios pela compra de veículos

limpos”, disse.

O Governo francês já tinha pe-

dido esta semana que fossem fei-

tos testes a todos os fabricantes,

incluindo aos franceses. Também

em Espanha, onde fi ca a sede da Se-

at (que é uma subsidiária do Grupo

Volkswagen), o Governo exigiu ex-

plicações à multinacional alemã.

Em Portugal, o grupo alemão é

dono da fábrica Autoeuropa, uma

das empresas mais exportadoras

do país, o que já motivou a preo-

cupação do Governo. “Estamos a

acompanhar com atenção os de-

senvolvimentos deste caso, porque

[a Autoeuropa] é uma unidade de

produção com muita importância”,

disse, citado pela agência Lusa, o

Page 21: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | ECONOMIA | 21

NUNO FERREIRA SANTOS

Melhoria da confiança dos consumidores ajuda a reanimar o consumo

A capacidade de fi nanciamento das

famílias diminuiu no segundo trimes-

tre deste ano, baixando sobretudo

por causa da redução da poupança,

que caiu para um nível historicamen-

te baixo. A explicação está no facto

de a despesa de consumo ter tido um

aumento superior ao crescimento do

rendimento disponível.

As Contas Nacionais Trimestrais

divulgadas ontem pelo Instituto Na-

cional de Estatística (INE) mostram

que a capacidade de fi nanciamento

das famílias passou para um valor

equivalente a 2,1% do Produto Inter-

no Bruto (PIB) no ano acabado no

segundo trimestre, em vez dos 2,7%

registados no trimestre anterior.

A taxa de poupança das famílias,

Poupança das famíliascai para mínimos como aumento do consumo

que nos três primeiros meses do ano

correspondia a 5,8% do rendimento

disponível, passou para 5%, o valor

mais baixo desde pelo menos 1999, o

primeiro ano da série do INE.

Depois de uma recuperação a par-

tir de 2008, altura em que também

caiu para um valor historicamente

baixo (de 5,2%), a taxa atingiu um

pico de 10,5% no início de 2010. O

movimento seguinte tem sido irregu-

lar: em 2011 a taxa voltaria a baixar,

depois passou por uma trajectória de

recuperação, ao chegar aos 9% em

2013, mas desde então a tendência

é de novo descendente.

Foi sobretudo a redução da pou-

pança corrente que contribuiu, no

segundo trimestre deste ano, para

a quebra na capacidade de fi nancia-

mento, porque houve “um aumento

da despesa de consumo fi nal (taxa de

variação de 1%) superior ao aumento

do rendimento disponível (variação

de 0,1%)”.

Embora as remunerações rece-

bidas tenham crescido, esse efeito

foi contrabalançado por dois facto-

res: a diminuição dos rendimentos

de propriedade e um aumento das

contribuições sociais. Enquanto os

rendimentos de propriedade rece-

bidos pelas famílias baixaram 2,3%,

assistiu-se a um aumento do montan-

te das contribuições pagas de 1,1%.

Olhando para a composição do

rendimento disponível das famílias

— ou seja, o montante que os agrega-

dos familiares dispõem para gastar

nas suas despesas ou para afectar

à poupança —, vemos que perto de

dois terços (63,4%) correspondem

às remunerações recebidas pelos

trabalhadores. Ao mesmo tempo,

os impostos (que têm sempre um

efeito negativo no rendimento dis-

ponível) passaram a ter um peso

percentual de -11,1% (um ano antes

era de -11,4%).

Nos inquéritos de conjuntura aos

consumidores, um dos indicadores

utilizados pelo INE tem a ver com as

perspectivas de realização de pou-

pança nos 12 meses seguintes. Os da-

dos mais recentes, relativos a Agosto,

mostram uma ténue diminuição das

expectativas de evolução da poupan-

ça, ainda que as opiniões sobre a

compra de bens duradouros tenham

recuperado e o mesmo aconteça re-

lativamente à avaliação da situação

económica e do desemprego.

Rui Bernardes Serra, economis-

ta-chefe do Montepio, sublinha que

“o consumo está a ser apoiado pela

melhoria da confi ança, pela redução

do desemprego, pela melhoria dos

rendimentos e pela recuperação do

crédito”, que está a crescer tanto

por razões do lado da oferta como

da procura. A recuperação, lembra

o economista, acontece depois de

um período de recessão em que os

bancos adoptaram “critérios de con-

cessão de crédito mais restritivos” e

os consumidores passaram a ter uma

“postura mais cautelosa, nomeada-

mente receando perder o seu posto

de trabalho ou os seus níveis de ren-

dimento”.

Os dados do INE mostram ainda

que a economia no seu conjunto di-

minuiu a sua capacidade de fi nancia-

mento. O excedente passou a equiva-

ler a 1,3% do PIB no segundo trimes-

tre, menos 0,6 pontos percentuais

em relação ao trimestre anterior.

Segundo o INE, “este compor-

tamento refl ectiu a diminuição da

poupança corrente da economia”,

que, por sua vez, se deve ao facto

de o crescimento do rendimento dis-

ponível ter sido inferior ao aumento

do consumo. O investimento total

aumentou 1,9%, enquanto a taxa de

investimento das empresas (socieda-

des não fi nanceiras) estabilizou em

20,4% do PIB.

ConjunturaPedro Crisóstomo

A capacidade de financiamento das famílias diminuiu no segundo trimestre. Taxa de poupança passou para 5%

Poupança das famílias baixa para 5%

Fonte: INE PÚBLICO

Contas Nacionais – 2.º trimestre de 2015 (soma acumulada de 4 trimestres, taxa em %)

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

02468

1012

-1,5-1,0-0,500,51,01,5

Variação do consumo final Variação do rendimento disponível Poupança

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II

A Ford foi condenada a pagar uma

multa no valor de 150 mil euros pela

Autoridade da Concorrência (AdC)

devido a prestação de informações

falsas, inexactas ou incompletas no

âmbito de um processo de supervi-

são em curso no sector automóvel.

O comunicado publicado pela AdC

no seu site dá conta de que o proces-

so por informações falsas foi aberto

em Abril, sendo que a nota de licitu-

de (comunicação de acusações) foi

emitida no dia 8 do mesmo mês.

Segundo o regulador, a empresa

respondeu a 12 de Maio, tendo a res-

posta sido “devidamente ponderada

na decisão fi nal”. A Ford pode recor-

rer para o Tribunal da Concorrência.

No fi nal de Junho, a responsável pela

Peugeot em Portugal foi a primeira

a ter de pagar uma coima (também

de 150 mil euros) devido a prestação

de informações falsas, inexactas ou

incompletas nos termos da nova Lei

da Concorrência.

A AdC sublinha que “o forneci-

mento pelas empresas, na sequência

de pedidos da Autoridade, de toda a

informação que se encontre ao seu

dispor, de forma rigorosa, exacta e

completa, é crucial ao exercício cabal

das actividades sancionatória e de su-

pervisão”. Esta é a terceira multa do

género aplicada pela AdC em 2015,

depois da entrada em vigor da nova

lei. Fora do sector automóvel, a CP

Carga viu ser-lhe aplicada uma multa

de 100 mil euros da qual recorreu.

A autoridade realça que “a pres-

tação por uma empresa, de modo

doloso ou meramente negligente,

de informação que venha a revelar-

se enganosa ou de alguma forma

incompleta, pode permitir ocultar

problemas de concorrência no mer-

cado”. Na semana passada, a AdC de-

liberou que a Ford está obrigada a

cumprir os compromissos assumidos

em Julho, após ter sido alvo de um

processo de contra-ordenação. A in-

vestigação da AdC concluiu que, nos

contratos de extensão de garantia, a

Ford incluía uma cláusula que impe-

dia os consumidores de recorrer a

ofi cinas independentes, “sob pena

de perderem o direito à garantia do

fabricante”.

Concorrência aplica multa de 150 mil euros à Ford

EmpresasCamilo Soldado

Em causa está a prestação de informações falsas, inexactas ou incompletas. Peugeot já tinha sido alvo de processo semelhante

KAI PFAFFENBACH/REUTERS

ministro dos Negócios Estrangeiros,

Rui Machete, numa conferência de

imprensa em Berlim. A Autoeuropa

não produz nenhum dos modelos

em foi instalado o software que está

na origem do escândalo.

A Associação Europeia de Fabri-

cantes de Automóveis saiu já em

defesa do sector e disse não haver

“indicações de que este seja um

problema que atravessa a indús-

tria”. A associação lembrou tam-

bém que, em breve, as normas eu-

ropeias exigirão que os testes aos

veículos sejam feitos também em

condições reais de condução e não

apenas em laboratório, como acon-

tece hoje.

As regras da União Europeia são

substancialmente diferentes das

dos EUA, onde o caso da Volkswa-

gen foi descoberto. Naquele país,

os fabricantes fazem testes aos ve-

ículos, cujos resultados são depois

comparados com testes feitos pelas

autoridades. Numa terceira fase,

uma pequena amostra de compra-

dores é convidada a apresentar vo-

luntariamente o seu veículo para

análise. Os limites legais para as

emissões de gases poluentes são

também inferiores aos da fasquia

europeia.

Page 22: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI 20 0,39 5030,45 191744345 5020,47 5074,03 4981,17 -0,03 4,82ALTRI 1,44 3,67 395314 3,61 3,74 3,59 2,96 47,72BANIF 0 0,00 22990682 0,00 0,00 0,00 -2,50 -31,58BPI 0 0,91 3487997 0,91 0,93 0,89 6,93 -11,31BCP -0,41 0,05 136405878 0,05 0,05 0,05 -1,22 -26,18CTT -1,37 9,97 538173 10,11 10,13 9,90 4,69 24,37EDP 1,02 3,06 7239098 3,02 3,09 3,02 1,30 -4,91EDP RENOV. -0,22 5,83 360046 5,83 5,92 5,82 0,05 7,88GALP ENERGIA 0,67 8,92 1369858 8,80 9,03 8,76 -0,18 5,80IMPRESA -1,17 0,67 35602 0,67 0,68 0,67 -2,44 -14,59J. MARTINS 0,67 11,97 1079620 11,95 12,06 11,85 -3,25 43,61MOTA-ENGIL 0,15 2,02 546335 2,01 2,07 2,01 -1,57 -24,28NOS -0,3 7,08 958365 7,08 7,16 7,05 -1,46 35,29PHAROL 1,12 0,27 9021792 0,27 0,28 0,27 -5,30 -68,63PORTUCEL 2,66 3,17 744932 3,09 3,18 3,05 0,36 2,63REN 0,19 2,65 337178 2,65 2,68 2,63 2,60 10,27SEMAPA 3,22 11,54 52596 11,33 11,64 11,20 -6,29 15,06TEIXEIRA DUARTE 1,36 0,45 95889 0,43 0,45 0,43 -0,23 -36,99SONAE 1,69 1,09 6084990 1,07 1,10 1,07 1,14 6,05

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 136.405.878Banif 22.990.682Pharol 9.021.792EDP 7.239.098Sonae 6.084.990

Semapa 3,22%Portucel 2,66%Sonae 1,69%

CTT -1,37%Impresa -1,17%BCP -0,41%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

1,120,73

134,334,605

1,09

-0,039%0,034%

48,181131,41

0,40%2,61%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2800

3050

3300

3550

3800

4500

5000

5500

6000

6500

0,000

0,035

0,070

0,105

0,140

0,39%0,13%

-0,19%

Já está assinado aquele que é “um

dos maiores contratos de transporte

urbano na União Europeia”. Quem

o classifi ca é o grupo ADO-Avanza,

após a assinatura das subconcessões

da Carris e do metro de Lisboa, numa

cerimónia que decorreu à porta fe-

chada, logo, sem direito a questões.

As informações chegaram via co-

municados ofi ciais, nos quais ora o

Governo dá conta do compromisso

do grupo espanhol em usar a opera-

ção em Portugal como base para o

desenvolvimento das suas activida-

des na Europa, ora o grupo privado

afi rma estar, com estes contratos, a

posicionar-se “como um dos líderes

em gestão global de mobilidade”,

querendo fazer de Lisboa “uma re-

ferência europeia”.

Este compromisso surge num me-

morando de entendimento criado

pelo Governo e que terá sido assina-

do em conjunto com os contratos de

subconcessão, que vão dar lugar a

pagamentos, por parte do Estado,

de 1075 milhões de euros durante os

oito anos que dura a subconcessão

do metro de Lisboa e da Carris. Este

valor (625 milhões pela Carris e 450

milhões pelo metro de Lisboa) repre-

senta, segundo o Governo, uma pou-

pança de 215 milhões face aos custos

actualmente suportados pelos cofres

públicos. O grupo ADO-Avanza, de

origem mexicana, responsabiliza-se

pelo investimento na renovação da

frota da Carris (tem 622 autocarros

que formam 70 linhas e servem 153

milhões de passageiros) e garante

que os tarifários não poderão ter

aumentos acima da infl ação.

Estes contratos deverão agora ser

remetidos para o Tribunal de Contas

(TC) para a concessão do necessário

visto prévio. O papel do TC é funda-

mental na formalização destes con-

tratos, já que só com a autorização

deste, assinalada com a concessão

de um visto, é que pode haver exe-

cuções fi nanceiras. E basta lembrar

que foram as sucessivas perguntas

do Tribunal de Contas que levaram

à retirada do contrato de subconces-

são do metro do Porto (que chegou

a ser assinado com um consórcio

integrado pelo metro de Barcelo-

Avanza compromete-se a usar Portugal como base de expansão europeia

TransportesLuísa Pinto

Empresa afirma a intenção de tornar Lisboa uma referência europeia. Contrato segue para visto do Tribunal de Contas

na) e um lançamento de um novo

concurso, feito por ajuste directo.

Apesar da pressa em deixar os

dossiers fechados — e a decisão de

avançar para um concurso directo

de alguma maneira comprova-o —, o

actual executivo entendeu imprimir

uma inusitada discrição na assina-

tura destes contratos. O Ministério

da Economia, que tem a tutela dos

transportes, remeteu sempre para as

Finanças a defi nição do calendário

da assinatura, bem como o formalis-

mo da sua execução. Questionado

pelo PÚBLICO acerca das razões que

levaram a esta opção, fonte ofi cial do

Ministério das Finanças limitou-se a

explicar que estas assinaturas são fei-

tas à porta fechada, “sem a presença

da comunicação social, à semelhança

de muitos actos da mesma natureza

que decorrem no ministério”.

Os contratos só podem ser reme-

tidos ao Tribunal de Contas quando

assinados e, apesar de eles andarem

a ser discutidos na praça pública há

largos meses (e agora, também, na

campanha eleitoral), a verdade é

que a entidade que fi scaliza as con-

tas do Estado, e que terá sobre eles

uma palavra fi nal, ainda não se pode

pronunciar sobre nenhum dos mais

polémicos.

O contrato assinado na passada

segunda-feira, que assinalou a ven-

da da CP-Carga ao grupo MSC, ain-

da não foi remetido ao Tribunal de

Contas, como confi rmou o PÚBLICO

junto de fonte ofi cial deste organis-

mo. Só quando der entrada é que a

instituição presidida por Guilherme

d’Oliveira Martins pode verifi car se o

contrato está sujeito a visto e começa

a contar o prazo de 30 dias úteis que

tem para se pronunciar. Os prazos

são interrompidos a cada pedido de

esclarecimento, pelo que é muito

provável que a decisão seja conhe-

cida já com um novo executivo.

Ainda sem data marcada, mas com

todas as informações a apontarem

para a decisão de não fazer uma ce-

rimónia pública, os contratos para a

entrega da Metro do Porto à Trans-

dev e da STCP à Alsa devem ser assi-

nados na próxima semana.

VASCO NEVES

Contrato de concessão da Carris e do metro vai durar oito anos

Page 23: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | ECONOMIA | 23

O resultado dos dois concursos pú-

blicos para a concessão de um total

de 14 Pousadas da Juventude, deixou

nove unidades por concessionar. A

gestão das cinco restantes será en-

tregue a privados (nomeadamente

empresas e federações desportivas),

numa operação que permitiu um en-

caixe de 250 mil euros à Movijovem,

a entidade pública que gere a rede

nacional e é detida em 80% pelo Ins-

tituto Português da Juventude e em

20% pela Associação de Utentes das

Pousadas da Juventude. Prevê-se que

o investimento adicional feito pelos

vencedores dos concursos ultrapasse

os 500 mil euros.

Emídio Guerreiro, secretário de

Estado do Desporto e da Juventude,

faz um balanço positivo dos concur-

sos, tendo em conta que esta foi uma

experiência inédita na história das

pousadas, que surgiram em Portu-

gal em 1958 e se confrontavam com

sérias difi culdades fi nanceiras.

Além das cinco concessionadas

através de concurso público — loca-

lizadas em Aljezur, Penhas da Saú-

de, São Pedro do Sul, Vilarinho das

Furnas e Viseu —, outras quatro vão

passar a ser geridas por câmaras mu-

nicipais (Setúbal, Braga, Oeiras, Vila

Real). Há ainda uma nova pousada a

inaugurar em Novembro em Celorico

de Basto e que é o primeiro caso de

cedência de marca. O edifício, uma

antiga estação de comboios, será re-

abilitado e gerido pela autarquia e

abrirá em Novembro, integrado na

rede de Pousadas da Juventude.

“Sendo uma coisa nova, faço um

balanço positivo. Da actual rede de

41 pousadas [incluindo a de Celori-

co], dez estão já com o novo mode-

lo: cinco com gestão privada e cinco

com gestão pública, de autarquias.

Tínhamos estimado no Verão de 2015

termos 20% a 25% da rede conces-

sionada e conseguimos. Agora é

preciso que os agentes económicos

ganhem confi ança no modelo. Estas

dez são já uma boa resposta e uma

boa oportunidade para podermos

fazer afi nações, se necessário”, disse

ao PÚBLICO.

As dez pousadas concessionadas

vão manter-se na rede nacional e

Maioria das Pousadas da Juventude ficoupor concessionar

continuam membros da Hostelling

International, tendo que prestar ser-

viço público de alojamento apoian-

do, por exemplo, visitas de estudo

das escolas. As entidades que agora

vão passar a gerir as unidades vão

pagar à Movijovem uma renda equi-

valente a 15% do valor da facturação

bruta obtida com a venda das dormi-

das. A falta de pagamento obriga o

concessionário a pagar o dobro da

prestação em dívida. O acesso man-

tém-se como até aqui: qualquer pes-

soa, independentemente da idade,

pode usar a pousada. As reservas das

dormidas têm de ser feitas no siste-

ma informático disponibilizado pela

Movijovem e os preços terão de res-

peitar os valores máximos estipula-

dos pela entidade pública.

Emídio Guerreiro recorda que, das

cinco pousadas que vão ser geridas

por entidades privadas, três apresen-

taram prejuízo em 2014. É o caso da

das Penhas da Saúde, que passa para

as mãos da Federação de Desportos

de Inverno de Portugal, ou da de

São Pedro do Sul, que será gerida

pela Inatel. O secretário de Estado

destaca o investimento adicional na

remodelação dos edifícios de, pelo

menos, meio milhão de euros, defen-

dendo que “há um ganho fi nanceiro

efectivo associado ao investimento

que era necessário fazer”. “Gostaria

que tivéssemos concessionado mais,

mas era importante começar e ver

o modelo a funcionar para que os

investidores sintam” que são activos

com interesse. Não fossem as elei-

ções legislativas marcadas para 4 de

Outubro, o passo seguinte era repetir

novo concurso público, adianta.

Com um passivo de 9,7 milhões

de euros, as Pousadas da Juventude

passaram de prejuízos de mais de

1,7 milhões, em 2008, para lucros

de 200.878 euros em 2014, devido

a um profundo corte na despesa,

sobretudo, com trabalhadores. Os

gastos com pessoal reduziram de 5,7

milhões (2009) para 3,9 milhões de

euros em 2014. Das 40 unidades a

funcionar em Portugal, 31 dão pre-

juízo, apresentam baixas taxas de

ocupação e algumas precisam de

obras urgentes.

TurismoAna Rute Silva

Das 14 pousadas que foram a concurso, cinco serão entregues a privados. Movijovem encaixa 250 mil euros com a operação

RUI GAUDÊNCIO

Capacidade de alojamento e a qualidade das infra-estruturas para o evento foram factores de decisão

Lisboa venceu a candidatura para

organizar as edições de 2016, 2017 e

2018 da Web Summit, uma das mais

importantes conferências de tecnolo-

gia e empreendedorismo da Europa.

O anúncio foi feito ontem pelo Gover-

no, numa cerimónia em Lisboa com o

vice-primeiro-ministro, Paulo Portas,

e o fundador do evento, o irlandês

Paddy Cosgrave.

Cosgrave (de T-shirt e calças de

ganga, a contrastar com as gravatas

dos representantes das instituições

portuguesas) elogiou “a comunidade

de startups” de Lisboa. “Os investido-

res na Europa começaram a capita-

lizar as rendas baixas e o talento” da

cidade, afi rmou.

O apoio público ao evento, expli-

cou por seu lado Paulo Portas, é de

1,3 milhões de euros. “É uma gran-

de oportunidade para melhorarmos

muito mais o ecossistema tecnoló-

gico português”, disse o governan-

te. Aquele dinheiro será usado para

melhorar os sistemas de ligação à

Internet na Feira Internacional de

Lisboa e no Meo Arena (onde a con-

Lisboa vai acolherum dos maiores eventos de tecnologia da Europa

ferência vai decorrer), para apoiar a

cobertura de imprensa internacional

e para ajudar empresas mais peque-

nas a participar, exemplifi cou pouco

depois o secretário de Estado da Eco-

nomia, Leonardo Mathias.

A capital portuguesa disputou a

organização com cidades como Pa-

ris e Amesterdão. Entre os factores

analisados para decidir o local de

uma edição estão a capacidade de

alojamento, a qualidade das infra-

estruturas para o evento e a ligação

da cidade ao ecossistema de empre-

endedorismo. Nos anos recentes, têm

surgido em Lisboa várias iniciativas

à criação de empresas na área das

tecnologias digitais, incluindo pro-

gramas de aceleração, conferências

e incubadoras de startups.

A Web Summit realiza-se desde

2010 na capital irlandesa e tornou-

se um evento de grande dimensão

no circuito mundial de conferências

de tecnologia. Na edição deste ano,

que decorre de 3 a 5 de Novembro,

são esperadas 4500 startups, 12 das

quais portuguesas, e 30 mil partici-

pantes. Vão participar o presidente

dos estúdios de animação Pixar, Ed

Catmull; o director de tecnologia do

Facebook, Mike Schroepfer; e um dos

fundadores do Instagram, Mike Krie-

ge. A agência Bloomberg chama ao

evento “Davos para geeks”.

Ao PÚBLICO, Cosgrave explicou

que Dublin não tem estruturas para

organizar uma conferência de gran-

des dimensões e que começou, por

isso, à procura de uma cidade para

acolher a Web Summit durante três

anos, pelo menos. Para além do elo-

gio às características da capital por-

tuguesa, o responsável pelo evento

disse ainda ter fi cado surpreendido

com o entusiasmo mostrado nas re-

des sociais ante a possibilidade de Lis-

boa acolher as próximas edições.

Os milhares de participantes da

conferência terão um peso signifi ca-

tivo no sector turístico da cidade. No

ano passado, a conferência reuniu

22 mil pessoas na capital irlandesa.

Por comparação, em Julho, o sector

hoteleiro da área metropolitana de

Lisboa registou uma média de 42

mil dormidas diárias, segundo da-

dos do INE. Para além de palestras e

debates, o evento inclui um concur-

so de startups. Em 2014, a Codacy,

uma empresa criada em Portugal, foi

uma das vencedoras. Desenvolve e

comercializa um serviço que analisa

automaticamente código informático

em busca de falhas.

A Web Summit tem também uma

aplicação que indica a cada partici-

pante quais as pessoas que este terá

mais interesse em conhecer. “Tipi-

camente, é por isso que se vai a uma

conferência”, observou Paddy Cos-

grave, que explicou que o softwa-

re analisa a informação cedida por

cada utilizador (o que pode incluir

a presença nas redes sociais) para

relacionar pessoas, de uma forma

semelhante ao que fazem o Twitter

e o Facebook, por exemplo.

Empreendedorismo João Pedro Pereira

Web Summit reuniu 22 mil pessoas em Dublinno ano passado. Será feita em Portugal nos próximos três anos

500As entidades que ficaram com as cinco pousadas em concurso público vão desembolsar, pelo menos, 500 mil euros em obras de remodelação

Page 24: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

24 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

UE evita confronto sobre quotas de refugiados e aprova acções “externas”

THIERRY CHARLIER/AFP

Juncker apelou à união, deixando claro que não estava “com disposição para criticar agora os que não se juntaram à solução”

Os líderes da União Europeia pre-

paravam-se para aprovar, a noite

passada, medidas para responder

à crise migratória que se transfor-

mou num drama humanitário. Num

esforço para mostrarem união, dei-

xaram de parte conversas sobre o

sistema de quotas na redistribuição

de refugiados que tanto tem dividi-

do os estados-membros.

Os representantes dos estados-

membros concordaram em aumen-

tar o fi nanciamento para programas

internacionais e fundos, com o ob-

jectivo de diminuir os impactos da

crise migratória, que se deve prin-

cipalmente ao êxodo imparável de

refugiados sírios que fogem da guer-

ra e tentam chegar à Europa. Países

vizinhos da Síria, como o Líbano e

a Turquia, onde se acumulam mi-

lhões de refugiados sírios, vão re-

ceber apoios reforçados.

No entanto, esperava-se que na

declaração conjunta dos líderes eu-

ropeus não fosse referido o sistema

de quotas que tem colocado em con-

fronto os países do Leste com o resto

a Europa. À hora de fecho deste jor-

nal a reunião ainda decorria, tendo

sido divulgado antecipadamente um

documento-base com as decisões

fi nais da cimeira.

Na véspera, os ministros do Inte-

rior decidiram distribuir 120 mil re-

fugiados por vários países da União

Europeia. A medida foi aprovada

por maioria absoluta e não por una-

nimidade, como é habitual que se-

ja em questões relacionadas com a

soberania de cada Estado-membro.

A urgência da situação humanitária

e a intransigência de alguns países

terá justifi cado a “excepção à re-

gra”.

Quatro estados-membros — Hun-

gria, Eslováquia, Roménia e Repúbli-

ca Checa — mostraram-se particular-

mente contra esta ideia. Ainda an-

tes do início da Cimeira de Líderes,

Jean-Claude Juncker tinha apelado

à união dos 28, deixando claro que

não estava “com disposição para

criticar agora aqueles que não se

juntaram à solução”. O presidente

da Comissão Europeia insistiu ainda

que a decisão da redistribuição dos

refugiados estava tomada e agora

tem que ser respeitada.

euros para o fundo de segurança

interna.

Bruxelas quer ainda aumentar o

número de pessoas a trabalhar para

as três agências que lidam com os

refugiados. A Frontex receberá mais

60 pessoas, a Europol mais 30 e a

EASO (gabinete de apoio ao asilo)

mais 30.

“Isto não é apenas sobre dinhei-

ro. Nós também precisamos de pes-

soas competentes que possam ser

movimentadas dentro dos nossos

estados-membros para ajudar”,

acrescentou a vice-presidente da

Comissão Europeia, Kristalina Ge-

orgieva.

Estas iniciativas terão um impacto

fi scal no orçamento europeu deste

ano, mas há ainda outras medidas

que afectarão o orçamento do pró-

ximo ano. A Comissão quer que os

dois fundos relacionados com os

refugiados recebam 600 milhões

de euros em 2016 e haja ainda um

aumento de 300 milhões de euros

para ajuda humanitária.

De acordo com as propostas

aprovadas, os estados-membros,

sobretudo aqueles sob maior pres-

são, terão de fi nalizar os seus pla-

nos de distribuição de refugiados e

colocá-los em prática nos próximos

dias. Foi pedido a cada país que vai

receber refugiados que estabeleça

um sistema nacional de contacto,

através do qual os refugiados se-

rão identifi cados e distribuídos. Os

estados-membros deverão enviar

equipas para a Itália e Grécia de mo-

do a ajudarem à selecção dos que

irão depois ser distribuídos pelos

vários países.

São esperadas ainda mais medi-

das para combater a crise dos refu-

giados nos próximos meses, nome-

adamente o anúncio da criação de

uma guarda costeira europeia.

Mais dinheiro para o ACNUR e outras agências humanitárias, mais apoios para os vizinhos da Síria, mais verbas para as agências europeias que estão na linha da frente da crise dos refugiados

Crise humanitária Sílvia Amaro, Bruxelas

dente do Conselho Europeu, Donald

Tusk, avisou que, sem fi m à vista

para a guerra na Síria, “estamos a

falar de milhões de potenciais refu-

giados que tentam chegar a Europa

e não apenas milhares”.

Na reunião de ontem, os líderes

europeus concordaram em dispo-

nibilizar pelo menos mil milhões de

euros para o Alto Comissariado das

Nações Unidas para os Refugiados,

para o Programa Mundial Alimentar

e ainda para outras agências huma-

nitárias.

Acelerar distribuiçãoA Comissão Europeia pediu também

um aumento substancial do fi nan-

ciamento de projectos para respon-

der à crise migratória. Entre as pro-

postas de Juncker está um aumento

de 80 milhões de euros para o fundo

de emergência de asilo, integração

e migração e ainda 20 milhões de

O número de refugiados a chegar

à Europa tem atingido números até

agora nunca registados. De acordo

com o Eurostat, no segundo trimes-

tre de 2015 a Europa recebeu 85%

mais pedidos de asilo em compa-

ração com o ano anterior. O presi-

“Estamos a falar de milhões de potenciais refugiados que tentam chegar à Europa, não de milhares”, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk

Page 25: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | MUNDO | 25

Dos quatro países que votaram contra o plano de distribuição de refugiados pela União

Europeia, apenas a Eslováquia insiste em não aceitar a quota de 802 pessoas que lhe foi atribuída. O primeiro-ministro eslovaco disse ontem que não só vai ignorar o sistema de quotas como vai apresentar uma queixa ao Tribunal de Justiça da União Europeia, no Luxemburgo, por considerar que a soberania do seu país não foi respeitada.

“Vamos seguir em duas direcções: a primeira, apresentar uma queixa no tribunal de Luxemburgo… a segunda, não aplicar o acordo dos ministros do Interior”, disse Robert Fico em Bruxelas, antes da Cimeira de Líderes destinada a validar a distribuição de refugiados aprovada pela maioria dos ministros da UE na terça-feira.

Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, respondeu que os tratados europeus têm de ser cumpridos. “Uma decisão é uma decisão, independentemente da maneira como se votou”, disse, num alerta ao desafio eslovaco. “A decisão é legal, é válida e vinculativa para todos os membros.”

Os quatro países que votaram contra o sistema de quotas insistiram numa decisão unânime, como acontece habitualmente com as políticas europeias que interferem na soberania dos Estados-membros. Mas à entrada da reunião de anteontem o ministro espanhol do Interior, Jorge Fernández Díaz, já tinha avisado que aquele seria um dia de decisão, com ou sem unanimidade. Foi o que aconteceu. A Eslováquia é, de entre os quatro votos contrários, o que menos refugiados tem de acolher no sistema de quotas. A República Checa recebe 1591; a Hungria, 1294; a Roménia, 2475; e a Eslováquia, 802.

Eslováquia leva UEa tribunal

Fizeram-se à estrada pela Europa

adentro em fuga da guerra e so-

nham com a Suécia, Noruega, Fin-

lândia ou Alemanha: os migrantes

que a AFP encontrou no caminho

querem prioritariamente chegar

aos países do Norte, reputados co-

mo calmos e prósperos.

Suécia, Noruega, Finlândia: o eldoradoOs países escandinavos estão apro-

vados, excepção feita à Dinamarca,

cujas posições fechadas chegaram

aos caminhos e estradas da Europa.

“Ouvi dizer que na Suécia a vida é

verdadeiramente agradável, que os

salários são bons e que há trabalho.

Lá vamos fi car em segurança”, re-

sume Hassan Torkmani, um perfu-

mista sírio de 29 anos, com quem

o repórter da AFP se cruzou em Ni-

ckelsdorf, na Áustria.

“A Suécia é boa para os sírios mas

não para os iraquianos. Li isso no

Facebook”, diz um requerente de

asilo iraquiano em Helsínquia, na

Finlândia.

Em vez da Suécia, os iraquianos

preferem os países vizinhos, como

a Finlândia que, no primeiro semes-

tre de 2015, aceitou 54% dos pedidos

de asilo de iraquianos (a Suécia só

aceitou 33%). Em Bergana, na fron-

teira entre a Croácia e a Eslovénia,

Omar Khaldi, recém-diplomado em

Arquitectura, originário de Bassorá

(Iraque), tem como objectivo chegar

à Noruega. “Estive a ver antes de

partir e li que os prazos para con-

seguir os papéis são muito curtos.

Poucas pessoas querem ir para lá,

e isso pode ajudar.”

O sistema educativo escandinavo

alimenta também as esperanças do

estudante Mahmud Haji, 23 anos,

que gostava de terminar na Noruega

o seu curso de Psicologia, deixado

a meio na Síria.

Mas o afl uxo de refugiados susci-

ta crispações. A Finlândia reforçou

os controlos da sua fronteira com a

Suécia para travar as entradas e no

passado fi m-de-semana realizaram-

se manifestações anti-imigração em

várias cidades.

A Alemanha, próxima e familiar“Quando tu perguntas aos sírios e

aos afegãos para onde é que eles

vão, eles dizem ‘Alemanha, Alema-

O Sul da Europa não entra nos sonhos de Mahmud e Omar

nha, Alemanha’. Está gravado nas

suas cabeças que é preciso ir para

a Alemanha”, explica Yasin Hatami,

um afegão de 29 anos, na gare de

Viena. O seu objectivo é juntar-se

muito em breve à mulher e aos fi -

lhos, que já estão em Munique.

Muitos têm família ou amigos na

Alemanha. “Espero chegar rapida-

mente porque já gastei todo o meu

dinheiro”, ou seja, 2000 euros, diz

Mohamed, estudante de Ciências

Políticas em Damasco.

A Áustria generosa, a França pouco hospitaleiraAs imagens do acolhimento caloro-

so nas estações de comboio da Áus-

tria seduziram. Em Bergana, Ahmad

hesita entre a Holanda e a Áustria,

mas o seu coração balança para os

Alpes. “Vi na televisão que são um

povo generoso. Eles dizem ‘em cada

casa há um lugar para um sírio’”,

conta este barbeiro de 22 anos.

A França, “pátria dos direitos hu-

manos”, paradoxalmente não goza

dessa fama. Se François Hollande

anunciou estar disponível para re-

ceber 24 mil pessoas em dois anos,

raros são os migrantes que querem

chegar a terras gaulesas. “A França

não nos vai aceitar”, afi rmam ca-

tegóricos. Todos têm familiares ou

conhecidos que viram os seus pedi-

dos de asilo rejeitados.

Aqueles que querem ir para Fran-

ça têm uma relação particular com

o país, como o antigo funcionário

dos supermercados Carrefour em

Damasco que a AFP encontrou em

Gevgelija (fronteira entre a Mace-

dónia e a Grécia) ou o músico sírio

que está em trânsito em Bergana e

que diz que “é um belo sítio para os

artistas”. Mas, acrescenta, “também

dizem que há zonas perigosas e su-

jas em Paris. Isso é verdade?”

O Reino Unido, tentador mas complicadoO Reino Unido é conhecido pelas

suas atractivas oportunidades eco-

nómicas. “Lá há trabalho, pode-se

facilmente montar um negócio”, re-

sume um afegão, apesar de reconhe-

cer as difi culdades de acesso à ilha,

da longa espera nem sempre recom-

pensada em Calais e das prioridades

dadas a certas nacionalidades.

David Cameron anunciou fi nal-

mente que está disposto a receber

ao longo dos próximos cinco anos

20 mil refugiados sírios. Hassan, o

perfumista sírio, e a sua família gos-

tariam muito de ir para lá, mas “é

demasiado complicado, demasiado

longe”.

Na Europa do Sul, um futuro económico sem perspectivasNenhum dos migrantes e refugia-

dos com quem os jornalistas da

AFP falaram disse querer ir para

um país do Sul da Europa. A Espa-

nha declarou-se disposta a acolher

12.931 refugiados, o terceiro maior

contingente depois da Alemanha e

da França.

“As pessoas são pobres em Espa-

nha, eles não podem acolher-nos

como a Alemanha ou a Noruega”,

diz Mahmud Haji, o estudante sí-

rio.

“A Itália é um belo país mas eles

não têm uma boa situação econó-

mica”, explica o iraquiano Omar

Khaldi. “Talvez eu vá lá, mas não

já, talvez mais tarde.” AFPLEONHARD FOEGER/REUTERS

Coluna de migrantes e refugiados ainda na Hungria a caminho da fronteira com a Áustria

“A decisão é legal, é válida e vinculativa para todos os membros”Frans TimmermansVice-presidente da Comissão Europeia

Page 26: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

26 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Papa não quer deixar luta às alterações climáticas para as gerações futuras

VINCENZO PINTO/AFP

Num ambiente de cumplicidade, Obama agradeceu o “apoio precioso” do líder católico na reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba

Obama gostou de ouvir e estará gra-

to pelo apoio de peso ao seu plano

de combate às alterações climáticas,

que tem a oposição dos sectores re-

publicanos mais conservadores. O

Papa Francisco defendeu ontem a

necessidade de uma luta comum

contra um problema que, disse,

“não pode ser deixado para as ge-

rações futuras”. Mais tarde, num

encontro com bispos, pediu que os

“crimes” de pedofi lia que abalaram

a Igreja Católica dos EUA “não se

repitam nunca mais”.

Vivemos um “momento crítico da

nossa história”, declarou Francisco,

referindo-se ao problema ambiental,

na cerimónia de boas-vindas com

que, pomposamente, foi recebido

nos jardins da Casa Branca.

A posição do Papa, que está em

visita aos Estados Unidos, em na-

da surpreendeu. Na sua encíclica

Laudato Si’, que citou, apela a uma

revolução energética, que permita

a reconversão das energias fósseis

em energias renováveis. Mas a for-

ma directa como falou do assunto,

dirigindo-se a Obama, não deixou

dúvidas sobre de que lado está, nu-

ma matéria que separa o Presidente

dos republicanos.

“Senhor Presidente, considero

encorajador que esteja a promover

uma iniciativa para a redução da po-

luição atmosférica. Aceitando essa

urgência, também me parece claro

que as alterações climáticas são um

problema que não pode ser deixado

para as gerações futuras.”

No discurso de boas-vindas, nu-

ma cerimónia para a qual foram

convidadas mais de 10 mil pesso-

as, Obama — que na terça-feira foi

receber o visitante à Base Aérea de

Andrews — não escondeu a admi-

ração que tem pelo primeiro Papa

oriundo do continente americano.

“Penso que o entusiasmo à volta

da sua visita deve ser atribuído não

apenas ao seu papel de Papa, mas

também às suas qualidades únicas

enquanto pessoa.”

“Como fi lho de uma família de

imigrantes, estou feliz por ser rece-

bido neste país, que foi em grande

parte construído por famílias de imi-

grantes”, respondeu Francisco, o

terceiro Papa a visitar a Casa Branca,

soal entre ambos, depois de terem

conversado em 2014 no Vaticano.

Ao deixar a Casa Branca, no Papa-

móvel, foi saudado por milhares de

pessoas nas ruas de Washington.

Mais tarde reuniu-se com os bis-

pos dos Estados Unidos, na Catedral

de São Mateus, e presidiu a uma mis-

sa de canonização do beato Junipe-

ro Serra, no Santuário Nacional da

Imaculada Conceição, também em

Washington. Foi no encontro com

os bispos que, numa breve passa-

gem de um longo discurso, falou da

pedofi lia e da necessidade de traba-

lhar para que “esses crimes não se

repitam nunca mais”.

Hoje, num dos momentos mais

aguardados de uma viagem rotulada

de “política” — desde logo porque

Francisco visita dois países que vi-

veram de costas voltadas durante

mais de meio século — o Papa dis-

cursa no Congresso dos Estados Uni-

dos, dominado pelos republicanos,

de quem depende o levantamento

do embargo a Cuba, instituído em

1961.

Mas o líder católico não deverá

tocar, pelo menos directamente,

no assunto. Na terça-feira, a bordo

do avião que o levou de Santiago

de Cuba para Washington, disse,

segundo o site da Santa Sé, que o

assunto “faz parte das negociações

entre os dois países” e manifestou o

desejo de que “se chegue a um bom

resultado”.

Lembrou que “os Papas anterio-

res falaram, e não só deste caso mas

também de outros casos” de embar-

go — condenando-o — e em, resposta

a uma jornalista, disse que no dis-

curso que fará aos congressistas não

deverá falar nesse “ponto concreto”.

“Se bem recordo — mas não quero

errar — não é mencionado; quase de

certeza que não...”

Recebido por Obama, Francisco deixou claro o apoio à política ambiental do Presidente. Foi aclamado nas ruas de Washington. E pediu aos bispos que os “crimes” de pedofi lia “não se repitam nunca mais”

EUAJoão Manuel Rocha

para preservar o nosso mundo para

as gerações futuras”, disse.

Num ambiente de cumplicidade,

Obama agradeceu o “apoio precio-

so” do líder católico na reaproxima-

ção entre os Estados Unidos e Cuba

e homenageou a sua “mensagem de

“esperança”, que é “fonte de inspi-

ração para tantas pessoas no mun-

do”. Manifestou também gratidão

pelo apelo do Papa às nações para

“resistirem às sirenes da guerra e a

que resolvam os diferendos por via

diplomática”

No seu discurso, o Papa reclamou

um modelo de “desenvolvimento

duradouro e integral” que exige

que — de “modo sério e responsá-

vel” — sejam tomados em conta os

“milhões de pessoas que vivem num

sistema que os marginaliza”. Depois

da cerimónia de boas-vindas, Oba-

ma e Francisco reuniram-se na Sa-

la Oval — no segundo encontro pes-

O Papa Francisco “lembra-nos que temos uma obrigação sagrada de proteger o nosso planeta”, disse Obama

depois de Jimmy Carter ter recebido

João Paulo II, em 1979, e de George

W. Bush ter aberto as portas a Bento

XVI, em 2008.

Quanto ao dossier ambiental,

o Presidente disse que Francisco

“nos lembra que temos uma obri-

gação sagrada de proteger o nosso

planeta”. “Apoiamos o seu apelo

aos dirigentes para que apoiem as

comunidades mais vulneráveis face

às alterações climáticas e a unir-se

Page 27: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | MUNDO | 27

ISAAC URRUTIA/REUTERS

Ao todo, Caracas declarou interditos 1400 dos 2200 quilómetros da fronteira com a Colômbia

O Presidente venezuelano decretou

o estado de excepção nos municí-

pios do estado do Amazonas que

fazem fronteira com a Colômbia,

colocando sob jurisdição militar o

único troço da linha divisória entre

os dois países que não foi encerrado.

O anúncio foi feito 24 horas depois

de Caracas e Bogotá se terem com-

prometido a encerrar a crise que se

arrasta há um mês e que levou já

20 mil colombianos a abandonar a

Venezuela.

Nicolás Maduro assegura que não

há nenhuma incongruência entre as

duas decisões, dizendo que, ape-

sar de ter fi cado decidida a “nor-

malização gradual da situação na

fronteira”, isso só acontecerá me-

diante acções que os dois países

venham a adoptar para combater

o contrabando de mercadorias, o

tráfi co de drogas e a presença de

grupos armados. Algo que, subli-

nha, não deverá demorar menos de

seis meses e que estará condicio-

nado à situação no terreno. “Até lá

não vacilaremos nem um minuto.

Venezuela estende controlo militar à totalidade da fronteira com a Colômbia

É preciso cerrar punhos contra o

crime, os delinquentes e os parami-

litares”, disse o líder bolivariano no

seu programa semanal na televisão

venezuelana.

O estado de excepção prevê a

mobilização das Forças Armadas e

a limitação das liberdades constitu-

cionais, proibindo, entre outros, o

direito à manifestação — um factor

importante tendo em conta que as

legislativas venezuelanas estão mar-

cadas para Dezembro, adianta o jor-

nal espanhol El País, acrescentando

que oito dos 23 municípios fronteiri-

ços onde a medida está já em vigor

são governados pela oposição.

Ao todo, Caracas declarou inter-

ditos 1400 dos 2200 quilómetros da

fronteira comum, uma região que

tem sido alvo de frequentes tensões

entre os dois países e que é uma au-

to-estrada para actividades ilegais,

do tráfi co de droga ao contraban-

do, adianta a Reuters. Do petróleo

(o mais barato do mundo) à comida,

são milhares as mercadorias que se

podem comprar a preços subsidia-

dos na Venezuela para vender com

enormes margens de lucro na Co-

lômbia. O negócio é antigo, mas a

penúria de bens essenciais no pa-

ís levou o Governo venezuelano a

apertar o cerco, que se transformou

em guerra depois de, a 19 de Agosto,

três militares colombianos terem si-

do feridos num ataque que Caracas

atribuiu a paramilitares e contraban-

distas colombianos.

Além do fecho das fronteiras e

do estado de excepção, a Venezue-

la expulsou 1500 colombianos que

disse estarem em situação irregular.

Outros 18 mil deixaram às pressas o

país por medo de represálias, segun-

do números recolhidos pela ONU. A

tensão atingiu o pico quando, uma

semana depois do ataque, Caracas

e Bogotá chamaram os respectivos

embaixadores, e o Governo colom-

biano acusou o país vizinho de in-

cursões aéreas no seu território.

O desanuviamento começou a ser

desenhado durante um encontro,

na segunda-feira no Equador, entre

Maduro e o homólogo colombiano,

Juan Manuel Santos, em que fi cou

decidido o regresso imediato dos

embaixadores e a criação de um

grupo ministerial para melhorar a

cooperação fronteiriça. Santos su-

blinhou que os dois governos devem

“agir juntos” apesar das divergên-

cias ideológicas e exigiu respeito

pelos direitos dos colombianos que

vivem no país vizinho.

Na Venezuela, a oposição acusa

Maduro de usar o confl ito frontei-

riço para, em vésperas de eleições,

desviar as atenções da derrocada

económica. Acusações que podem

ganhar fôlego face às denúncias da

Guiana sobre a “extraordinária esca-

lada da actividade militar da Vene-

zuela” desde o início do mês numa

zona marítima que os dois países re-

clamam e onde a Exxon Mobil está a

fazer prospecções petrolíferas.

América LatinaAna Fonseca Pereira

Medida anunciada um dia depois de os dois países terem decidido reatar relações diplomáticas, após um mês de crise fronteiriça

O segundo Governo do primeiro-

ministro grego, Alex Tsipras, pres-

tou juramento ontem de manhã em

Atenas, com um caderno de encar-

gos bastante carregado, seja para

pôr em marcha o plano de ajuda

fi nanceira ao país seja para tentar

resolver a crise humanitária dos

refugiados.

O novo Governo de Tsipras é qua-

se uma cópia do que estava em fun-

ções em Agosto, antes de o primei-

ro-ministro convocar eleições ante-

cipadas, após ter chegado a acordo

com os credores para um terceiro

resgate à Grécia.

O líder do Syriza manteve a coliga-

ção com os Gregos Independentes e

manteve o professor de Economia

Euclides Tsakalotos como ministro

das Finanças. O cargo de ministro

adjunto das Finanças vai ser ocu-

pado por Georges Chouliarakis, o

principal negociador da Grécia para

a aplicação do terceiro programa de

resgate e ministro das Finanças ces-

sante do governo provisório.

O líder dos Gregos Independentes,

Panos Kammenos, mantém-se como

ministro da Defesa, a única pasta

nas mãos do partido nacionalista.

O novo executivo integra vários

ministros que transitam do anterior

Governo, nomeadamente Georges

Stathakis (Economia e Desenvol-

vimento), Nikos Kotzias (Negócios

Estrangeiros) — o mesmo acontece

com o economista Yannis Draga-

sakis, que se mantém como vice-

primeiro-ministro. Ao todo, o novo

Governo de Tsipras inclui 16 minis-

tros e 30 ministros adjuntos e secre-

tários de Estado.

Para o jornal conservador Kathi-

merini, Tsipras formou “um gover-

no equilibrado”, ao mesmo tempo

que “recompensou aqueles que fi -

caram ao seu lado durante a crise

da negociação do plano de ajuda

fi nanceira”.

A única nota negativa vai para Di-

mitris Kammenos, homónimo do

ministro da Defesa e, como ele, tam-

bém do partido Gregos Independen-

te, que foi nomeado secretário de

Estado das Infra-Estruturas e que é

conhecido pelas suas posições anti-

semitas e homofóbicas.

Cercados pelo Exército na capital,

os autores do golpe de Estado de há

uma semana no Burkina Faso aceita-

ram entregar o poder ao Presidente

interino, Michel Kafando, e regressar

aos seus centros de comando. O acor-

do foi assinado na noite de terça-feira

entre a Guarda Presidencial, respon-

sável pelo golpe de quinta-feira, e os

militares leais ao Governo, que já ha-

viam retomado o controlo de grande

parte de Ouagadougou.

Terça-feira foi um dia de tensões

altas. O líder do golpe, Gilbert Dien-

déré, general e antigo braço-direito

do ex-Presidente Blaise Campaoré,

não aceitou o ultimato do Exército,

que se manteve fi el ao Governo de-

posto. Diendéré tinha até ao fi nal

da manhã para abandonar o poder

e aceitar as condições de um acordo

de paz negociado durante o fi m-de-

semana com a Comunidade de Esta-

dos da África Ocidental (CEDEAO).

“Não queremos lutar, mas pode-

mos eventualmente defender-nos”,

dizia o general Diendéré ao fi nal da

tarde, citado pela AFP. Na capital ni-

geriana, os líderes da CEDEAO reu-

niam-se de emergência e, em Ouaga-

dougou, o Exército lealista afi rmava

ter meios para atacar as posições da

Guarda Presidencial, que, numa de-

monstração de boa vontade, liber-

tara o primeiro-ministro interino

durante a manhã.

À noite, porém, Diendéré capitu-

lou e aceitou cumprir as exigências

da comunidade africana: fazer os

cerca de 1300 homens da Guarda

Presidencial voltar às suas barracas

e devolver as armas ao Exército nas

próximas 72 horas. “É uma decisão

da CEDEAO, não podemos fazer na-

da”, afi rmou o general. De acordo

com o que foi negociado, Diendéré

e os seus homens receberão amnistia

pelo golpe de Estado.

Michel Kafando, que governava

um executivo interino depois da

queda do antigo homem forte Blaise

Campaoré, em Outubro de 2014, foi

ontem reconduzido ao poder. Terá

o apoio de vários líderes da CEDE-

AO, que foram a Ouagadougou pa-

ra apoiar o processo de transição e

negociar um acordo defi nitivo para

restabelecer a paz no país.

Novo Governo de Tsipras sem surpresas

Golpistas devolvem poder no Burkina Faso

Grécia África

O executivo grego tomou posse ontem e tem pela frente os credores financeiros e a crise dos refugiados

Dia de tensões altas na capital acabou com a capitulação da Guarda Presidencial, ligada ao ex-Presidente Blaise Campaoré

Page 28: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

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Page 29: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | CIÊNCIA | 29

Esmalte surgiu na pele dos peixes há mais de 400 milhões de anos

RUI GAUDÊNCIO

O aparato que produz o esmalte foi originalmente usado para protecção dos peixes primitivos

O esmalte dentário é o tecido mais

rijo que os humanos produzem. Feito

quase totalmente à base de fosfato de

cálcio, que se deposita numa matriz

orgânica, este é o material que re-

veste os dentes, cobrindo a dentina.

Apesar de ser perfeito para mastigar

os alimentos, as suas origens pode-

rão ser surpreendentes. De acordo

com um novo estudo, este tecido e

o aparato genético necessário para o

produzir têm mais de 400 milhões

de anos. O esmalte dentário surgiu

nos peixes, só que não revestia os

dentes daqueles animais, aparecia

antes na sua pele.

Ao longo de milhões de anos, este

tecido foi revestindo a cabeça dos

peixes e finalmente passou tam-

bém a cobrir os dentes, sugere um

artigo publicado ontem na Nature.

Hoje, anfíbios, répteis e mamíferos

têm esmalte dentário, mas não apre-

sentam qualquer vestígio da produ-

ção de esmalte na pele, mostrando

que o uso do aparato genético para

a produção deste tecido se alterou

completamente.

Nos humanos, os primeiros dentes

de leite começam a formar-se ainda

durante a gestação, às 14 semanas. A

deposição do esmalte dentário é feita

numa matriz proteica constituída por

amelogenina, enamelina e amelina.

Estas três proteínas são produzidas

por células chamadas ameloblastos

e formam uma matriz que vai sendo

substituída depois por cristais de fos-

fato de cálcio.

Certos peixes têm na pele estrutu-

ras rijas com uma composição seme-

lhante à dos dentes dos vertebrados.

O famoso celacanto é um desses ca-

sos. Este fóssil vivo é importante para

esta história. O celacanto descende

de uma linhagem com 400 milhões.

Nessa altura, os celacantos eram pró-

ximos do antepassado dos tetrápo-

des (o animal que saiu da água há

cerca de 375 milhões de anos e colo-

nizou os continentes dando origem

aos vertebrados terrestres). Tal como

os tetrápodes, os celacantos têm es-

malte nos dentes.

Só que se assumia que o esmalte

dos dentes e a estrutura rija no corpo

do celacanto tinham surgido e evolu-

ído separadamente. “Nos humanos,

o esmalte só se encontra nos dentes,

A equipa foi analisar no Lepisos-

teus oculatus os genes equivalentes

aos genes nos humanos que dão as

instruções para a produção da ma-

triz proteica, onde se deposita o es-

malte. Descobriram que estes genes

estavam activos na pele do peixe, e

que aquela substância era, de facto,

semelhante ao esmalte. O que mostra

uma relação evolutiva.

Depois, os investigadores foram

olhar para o passado, analisando as

escamas de fósseis de duas espécies

de peixes que viveram durante o pe-

ríodo silúrico, o Andreolepis (de há

425 milhões de anos, encontrado na

Suécia) e o Psarolepis (de há 418 mi-

lhões de anos, descoberto na China).

O primeiro tinha uma fi na camada de

esmalte nas escamas do corpo, mas

não tinha na cabeça nem nos dentes.

O segundo tinha esmalte nas escamas

do corpo e na cabeça, mas também

não tinha esmalte nos dentes.

“O Psarolepis e o Andreolepis estão

entre os mais antigos peixes ósseos

[o grande grupo de peixes que é di-

ferente dos cartilagíneos, como os

tubarões e as raias que não produ-

zem esmalte]”, explica Per Erik Ahl-

berg, citado num comunicado da sua

universidade. “Por isso, acreditamos

que a falta de esmalte nos dentes é

devido a serem primitivos. Parece

que o esmalte teve origem na pele e

só depois colonizou os dentes.”

A partir deste conjunto de dados,

os cientistas propuseram uma hipó-

tese sobre o surgimento e a evolução

do esmalte. Primeiro, o tecido surgiu

nas escamas do corpo, como mostra o

Andreolepis, depois passou para o crâ-

nio — o Psarolepis é o exemplo desta

fase — e, fi nalmente, o tecido avançou

até aos dentes, veja-se o celacanto.

De alguma forma, na evolução dos

tetrápodes, o esmalte deixou de ser

produzido na pele, mantendo-se

apenas nos dentes. Já na evolução

dos actinopterígeos, o esmalte nun-

ca chegou a surgir nos dentes e foi

desaparecendo da pele dos peixes

mais modernos deste grupo.

Olhando para o passado, o uso do

esmalte mostra como a evolução é

dinâmica, com características que se

perdem ou que ganham novas fun-

ções. Como diz Qingming Qu, outro

autor do estudo: “Apesar de este teci-

do nos nossos dentes ser usado para

morder ou rasgar, originalmente foi

usado como um tecido de protecção,

como nos peixes primitivos.”

Durante a evolução, o esmalte dos dentes surgiu primeiro na pele dos peixes primitivos, foi passando para a região do crânio e fi nalmente acabou a ser produzido nos dentes, como acontece nos vertebrados terrestres

BiologiaNicolau Ferreira

e é muito importante para a sua fun-

ção, por isso é natural assumir-se que

evoluiu aí”, explica o paleontólogo

Per Erik Ahlberg, da Universidade

de Uppsala, na Suécia, e um dos au-

tores do artigo, citado pela agência

Reuters. A descoberta agora feita “é

importante porque é inesperada”,

diz o cientista. A equipa partiu da ge-

nética e da paleontologia para tentar

desvendar a origem do esmalte.

Os investigadores foram analisar o

genoma do Lepisosteus oculatus, um

peixe que pertence aos actinopteríge-

os — um dos mais importantes grupos

de peixes, distante dos celacantos. O

Lepisosteus oculatus é considerado

um peixe primitivo dentro dos ac-

tinopterígeos. Não tem esmalte nos

dentes, mas tem na pele do corpo e

na cabeça o tecido que se assemelha

ao esmalte. Os peixes actinopterígeos

mais modernos, como o peixe-zebra,

já não têm essa substância.

Page 30: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

30 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Como falar de escravaturasem ser antiportuguês

COLECÇÃO PRIVADA DE FILIPA VICENTE

Postal com comerciantes portugueses no Dondo, Angola, no início do século, editado por Eduardo Osório, Luanda

A escravatura em África não é uma

invenção levada nas caravelas quan-

do o navegador português Diogo Cão

chega à foz do rio Zaire, em fi nais

do século XV. Esse já era o destino

dado aos numerosos prisioneiros de

guerra que decorriam das disputas

tribais. Mas havia regras, e são essas

regras que vão ser ignoradas.

“Até à chegada dos portugueses,

a coerência étnica é forte: o africa-

no não escraviza membros do seu

grupo sócio-étnico-político. Mas isso

muda com estes incentivos vindos

do Atlântico”, diz José Carlos Curto,

historiador especializado no estudo

da escravatura em Angola.

Este professor, luso-canadiano, da

York University, em Toronto, é um

dos historiadores que vão apresentar

as suas investigações sobre escrava-

tura no Atlântico Sul num colóquio

que tem lugar hoje e amanhã na Bi-

blioteca Nacional, em Lisboa. Em

termos de estudos historiográfi cos,

Angola tem sido sobretudo abordada

enquanto ponto de abastecimento de

escravos para o tráfi co transatlânti-

co — entre 1710 e 1830, cerca de 1,2

milhões de pessoas terão sido “ex-

portadas” de Luanda —, ao passo que

a presença de escravatura no que é

hoje o território angolano é uma pro-

blemática mais negligenciada; José

Curto fala mesmo de “um silêncio

estranho”.

“É muito mais fácil trabalhar ques-

tões relacionadas com o comércio de

escravos no Atlântico Sul: as fontes

são mais numerosas, de mais fácil

acesso, etc.”, diz ao PÚBLICO.

Além disso, existem poucos histo-

riadores que se dedicam a esse perío-

do da História de Angola. Os que exis-

tem “são praticamente todos estran-

geiros”, nota José Curto. Os escassos

historiadores angolanos “ainda não

têm interesse pelo período pré-colo-

nial”, anterior à Conferência de Ber-

lim em 1885, na qual as potências eu-

ropeias acordaram entre si a divisão

e ocupação do continente africano.

O atraso historiográfi co não é uma

exclusividade angolana. Como nota o

organizador do colóquio, Diogo Ra-

mada Curto, historiador e professor

na Faculdade de Ciências Sociais e

Humanas da Universidade Nova de

Lisboa (e colaborador do PÚBLICO),

acredita que o facto de o colóquio

contar com o apoio e colaboração

de “tantas instituições” — o Instituto

Português de Relações Internacio-

nais (IPRI) da Universidade Nova de

Lisboa, a Fundação para a Ciência e

Tecnologia, o Instituto Diplomático

do Ministério dos Negócios Estrangei-

ros e a Biblioteca Nacional — é “um

sinal de que as coisas estão a mudar

positivamente”.

A crescente visibilidade que o de-

bate sobre a escravatura, associado à

temática do racismo, tem adquirido

no plano internacional poderá estar

a exercer uma espécie de pressão so-

bre as instituições, conscientes de

que a indiferença resultará em irre-

levância.

“A profusão de estudos sobre a

história da escravatura nos dias de

hoje do ponto de vista internacional

é muito grande e Portugal não po-

de fi car alheio a esse movimento”,

explica o organizador do colóquio.

Os arquivos portugueses, que “estão

cheios de informação por explorar”,

podem contribuir “extraordinaria-

mente” para a historiografi a inter-

nacional.

“A história é uma forma de nos li-

bertarmos do passado, não é uma

forma de retirar lições do passado

do ponto de vista moral, do ponto

de vista de uma divisão entre bons

e maus”, defende Diogo Ramada

Curto.

Um historiador não julga. Quando

se pergunta a José Curto o que é que

a sua investigação permite concluir

sobre a responsabilidade africana

na experiência da escravatura, ele

responde: “Somos todos humanos.

Tudo depende das circunstâncias.”

Escravizar ou ser escravizado, por

exemplo. “Se existe uma possibilida-

de de ganhar dinheiro em escravizar

outros africanos, então é isso que se

faz. Essa problemática — escravizar o

outro — não se levanta naquele tem-

po em termos morais. Isso é uma

coisa mais recente.”

Durante muito tempo, foi um tabu falar de escravatura em Portugal. Um colóquio de historiadores especializados no tema realiza-se hoje e amanhã na Biblioteca Nacional, em Lisboa

HistóriaKathleen Gomes

de justifi cação do colonialismo. Em

muitos casos, o contributo de uma

ideologia luso-tropical, que pensa-

va o império português como uma

excepção relativamente aos outros

— um império mais doce, menos

violento e menos racista —, fez com

que se fugisse ao tratamento destes

mesmos assuntos. Eles surgem espo-

radicamente, de uma forma extrema-

mente defensiva, em declarações e

manifestos, muitos deles com reper-

cussão internacional, onde se procu-

ra vincar que Portugal também foi

pioneiro na abolição da escravatura.

Embora a prática de trabalho forçado

nas colónias portuguesas tenha dura-

do até ao início da década de 1970.”

Durante muito tempo, foi um tabu

falar de escravatura em Portugal, e

quem o fazia no interior da própria

academia era marginalizado, conclui

o historiador. Mas Diogo Ramada

Curto, que em 2010 criou a primei-

ra cadeira de História da Escravatu-

ra numa universidade portuguesa,

existem “algumas resistências” e

“preconceito” em Portugal contra

o tratamento da questão da escra-

vatura. “Existiu uma guerra cultural

que, nalguns círculos, perdura até

hoje. Nem todos os círculos aceitam

debater o envolvimento do império

português na escravatura”, sob o ris-

co de isso ser confundido com um

discurso antiportuguês.

Ideologia luso-tropicalEsse preconceito não é detectável na

investigação historiográfi ca de outros

países europeus que estiveram envol-

vidos no tráfi co esclavagista?

“O facto de Portugal ter tido até tão

recentemente um império e esse im-

pério ter estado ligado a novas formas

de escravatura — formas de trabalho

forçado, formas de trabalho a contra-

to que escondiam formas de escra-

vatura — fez com que o preconceito

eventualmente pudesse fi car mais en-

raizado”, nota Diogo Ramada Curto.

“Houve uma necessidade política

Page 31: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | CULTURA | 31

É provavelmente a canção em inglês

mais popular de sempre, e certa-

mente a mais cantada. Seja na vida

quotidiana — faça alguém anos —,

seja na fi cção. Mas sabia que Ha-

ppy Birthday to You, o original de

Parabéns a Você, tinha até agora di-

reitos de autor? Direitos, esses, que

renderão anualmente cerca de 1,5

milhões de euros à Warner Chappell

Music?

Há dois anos, uma realizadora

opôs-se a este pagamento e levou

o caso a tribunal, que agora deci-

diu que a canção é do domínio pú-

blico e não existem direitos a ser

cobrados.

Depois de anos de controvérsia, o

Tribunal Federal de Los Angeles re-

velou agora a sua sentença: a edito-

ra Warner Chappell Music não tem

documentação válida que justifi que

a posse dos direitos de autor da mú-

sica que todos sabemos de cor.

Segundo o juiz George H. King,

os direitos originalmente registados

pela Clayton F. Summy Co. em 1935

apenas se aplicam a um arranjo es-

pecífi co da música e não à melodia.

A Clayton F. Summy Co. nunca ad-

quiriu os direitos da letra da canção,

defendeu o juiz para quem a defesa

dos acusados foi “inverosímil e ir-

racional”.

O processo que agora chega ao

fi m deu entrada no tribunal há dois

anos, quando a realizadora Jenni-

fer Nelson contestou o facto de a

Warner Chappell Music deter o co-

pyright de Happy Birthday to You,

alegando que a música devia ser de

todos. Jennifer Nelson, cuja produ-

tora é detida pela Warner Chappell

Music, teve de pagar cerca de 1200

euros à editora por usar Happy Bir-

thday no seu documentário homó-

nimo, que traça a história da pró-

pria música.

“É uma canção criada pelo pú-

blico, pertence ao público e tem de

lhe ser devolvida”, defendia então

o advogado da realizadora, Mark

C. Rifkin.

Esta não é a primeira vez que os

direitos de autor de Happy Birthday

são objecto de debate — a história da

canção não é clara, existindo várias

Happy Birthday, a música do Parabéns a Você é de todos e os direitos não existem

MúsicaCláudia Lima Carvalho

Tribunal decidiu que a popular canção em língua inglesa é do domínio público e por isso nãose podem cobrar direitos

Neil Simon, para muitos, é um es-

pelho norte-americano do britânico

Noël Coward. Foi Coward, aliás, re-

velaria Simon em entrevista, o gran-

de responsável pelo súbito sucesso

da sua primeira obra, Come Blow

Your Horn, ao elogiá-la junto de um

colunista nova-iorquino no início

da década de 60. Depois, os dois

haviam de trocar correspondência

e aproximar-se. Em 1968, após a es-

treia de Plaza Suite, Coward escreve-

ria uma nova entrada no seu diário,

assinada com um típico humor áci-

do: “Mas que grande ideia, ter dife-

rentes peças todas a decorrer numa

suite de hotel. Pergunto-me como é

que o Neil Simon se terá lembrado

disto.” O próprio Coward, três anos

antes, estreara Suite in Three Keys,

peça que explora precisamente esse

dispositivo.

Plaza Suite, no Teatro Tivoli, Lis-

boa, até 25 de Outubro, coloca três

casais em diferentes estados da sua

relação, de visita ao quarto 719 do

Plaza Hotel, em Nova Iorque. E foi

Já não há grande amor para os lados do Tivoli

TeatroGonçalo Frota

Diogo Infante e Alexandra Lencastre no Teatro Tivoli, em Lisboa, interpretam dois casais em avançado desgaste conjugal

a agilidade com que Simon “passa

do melodrama para a comédia hila-

riante num ápice”, justifi ca Adriano

Luz ao PÚBLICO, que levou o ence-

nador a querer apresentar esta peça

há cerca de dez anos. “Na altura”,

lembra, “a Luísa Costa Gomes fez

a adaptação, mas como não houve

entendimento com o representante

dos direitos de autor acabámos por

não a levar à cena. Passados estes

anos, o espectáculo veio outra vez

ter comigo.” E apareceu por suges-

tão de Diogo Infante, que fez che-

gar a proposta à Força de Produção.

Adriano Luz foi, então, a escolha ób-

via para dirigir Infante e Alexandra

Lencastre (a comemorar 30 anos de

carreira) desdobrando-se nos papéis

de dois (e não três, mas já lá vamos)

casais: não só tentara já apresentar

a peça, não apenas tinha consigo a

tradução de Luísa Costa Gomes, mas

também fora sua a encenação, em

2012, no mesmo Teatro Tivoli de Os

Reis da Comédia, um outro texto de

Neil Simon.

Já há muito, portanto, que Adria-

no Luz se encanta com este “autor

comercial, abrangente” no qual

encontra uma forma exemplar de

“fazer comédias com que as pessoas

se divertem, mas em que também

se identifi cam com as personagens,

que estão sempre muito perto de

nós”. Na primeira abordagem (abor-

tada) ao texto, dada a duração pre-

visível de três horas de espectáculo,

Adriano Luz tinha optado por pedir

a Luísa Costa Gomes que adaptasse

e reduzisse cada um dos três actos,

completamente autónomos. Agora,

decidiu-se por uma forma de encur-

tar a peça, reduzindo de três para

dois actos a criação de Neil Simon.

A escolha dos dois actos deste Pla-

za Suite refl ecte assim uma preocu-

pação em conseguir “dois registos

de representação, narrativos e dra-

máticos completamente distintos”.

Daí que encontremos, primeiro,

Infante e Lencastre enquanto casal

a “celebrar” o 24.º (ou será 23.º?,

nem eles sabem bem) aniversário

de um matrimónio claramente a

ruir, desfazendo-se à medida que a

acção avança e as solicitações do tra-

balho dele (em que se incluem uma

insinuante secretária) se impõem a

qualquer tentativa de salvação; em

seguida, envelhecidos uns 15 a 20

anos, os mesmos actores transfor-

mam-se em “patos bravos” de rápi-

da ascensão social, sem perderem,

no entanto, alguma boçalidade com

que comentam a vida da fi lha, pres-

tes a casar-se, mas trancada na casa

de banho.

Em ambos os actos, o amor sur-

ge desgastado, vítima indefesa da

passagem do tempo. Emprestando-

lhe uma visão algo cínica, Simon

faz com que o amor morra quando

tenta manter-se vivo, e que seja to-

lerável quando se torna uma coisa

pequena, desenxabida e indolor.

DR

Alexandra Lencastre e Diogo Infante são Karen e Sam Nash no primeiro acto

dúvidas sobre a legalidade de a War-

ner Chappell Music cobrar por cada

vez que o tema é usado em fi lmes

ou, segundo a lei dos EUA, quando é

cantada a clientes num restaurante

pelos seus empregados.

A origem da música remonta a

1893, quando as irmãs Mildred e

Patty Smith Hill, educadoras de

infância do Kentucky, escreveram

a pauta de Good Morning to all. A

melodia fi cou, tendo sido fi rmados

vários direitos de autor entre o fi nal

do século XIX e o início do século

XX, sob a alçada da editora Birch

Tree Hill.

A letra actual, de origem inde-

fi nida, começou a surgir no início

do século XX nos livros de música,

sempre com a melodia de Good Mor-

ning to all. Em 1935, é a Clayton F.

Summy Co. que regista os direitos,

depois comprados pela Warner nos

anos 1980.

Numa entrevista em 1989 ao New

York Times, Jay Morgenstern, então

vice-presidente executivo da War-

ner Chappell Music, contava como

a compra dos direitos tinha sido um

bom negócio para a editora. Mor-

genstern garantia mesmo que tinha

sido “um grande investimento”.

Não fosse a decisão do tribunal

desta terça-feira e a editora conti-

nuaria a amealhar sempre que se

cantassem os parabéns, pelo me-

nos até 2030, nos Estados Unidos,

e até 2017, na Europa, conforme a

legislação em vigor.

“Happy Birthday está fi nalmente

livre, depois de 80 anos”, reagiu,

citado pelo The Guardian, Randall

Newman, um dos advogados dos

queixosos.

“Finalmente, a charada acabou.

Inacreditável.”

Marilyn tem uma interpretação famosa do Happy Birthday

Page 32: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

32 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

Turandot ou a repugnância extrema pelo sexo masculino

DIOGO BAPTISTA

Pedro Frias (à direita) é o príncipe Calaf, que quer “casar ou morrer com Turandot”

Conhecemos a personagem princi-

palmente pela ópera homónima de

Puccini e, ao que parece, a peça de

teatro que esteve na sua origem, es-

crita em 1762 por Carlo Gozzi, não

chegara ainda aos palcos do teatro

português. Até esta quinta-feira.

Turandot estreia-se hoje no Teatro

Nacional São João, com encenação

de João Cardoso, numa co-produção

com a Assédio, Teatro do Bolhão e

uma companhia nova do Porto, Nu-

ma Norma.

Do imaginário da ópera de Puccini

— que contém uma das mais belas e

famosas árias da história do bel can-

to, Nessun Dorma —, a presente pro-

dução traz-nos apenas os fi gurinos de

época, numa mistura da commedia

dell’arte italiana do século XVIII com

o imaginário ancestral da China im-

perial. Mas enquadrados num cená-

rio cru e minimalista, quase sempre

sobre um fundo negro.

“Na Assédio, uma companhia

principalmente virada para as dra-

maturgias contemporâneas, temos

um entendimento plástico dos cená-

rios muito depurados”, diz João Car-

doso ao PÚBLICO, antes de um dos

últimos ensaios gerais anteriores à

estreia. O encenador acrescenta que

esse contraste entre os cenários e os

fi gurinos lhe permite “estabelecer

também um paralelo com as contra-

dições do próprio texto e da colagem

que Carlo Gozzi [1720-1806] faz das fi -

guras da commedia dell’arte com uma

história trágica situada na China”.

Mas vamos ao essencial dessa his-

tória: Turandot — personagem alega-

damente inspirada numa fi gura real

do século XIII/XIV, Khutulun, trineta

de Ghenghis Khan — é a fi lha do impe-

rador que, na sequência de um acon-

tecimento traumático observado na

infância, ganhou uma repugnância

extrema pelo sexo masculino. Por

essa razão, recusa-se a casar, como

lhe pede o pai. E consegue mesmo

que este promulgue um édito que

obriga todos os seus pretendentes

a sujeitarem-se a resolver três enig-

mas. Quem não acertar na resposta,

é decapitado.

Num cenário com um fundo ver-

melho vivo, a evocar o sangue já

derramado por um número indeter-

minado de pretendentes, a intransi-

com a morte da rival da princesa, en-

quanto “o texto de teatro tem quase

um happy end”. “É precisamente es-

se frente-a-frente da paixão real da

rival da Turandot com a leviandade

desta que me interessa pôr em con-

fronto, e deixar a questão em aberto

para o espectador”, nota.

A actriz que interpreta Turandot é

Joana Carvalho, que tem aqui a sua

terceira experiência de trabalho com

a Assédio e João Cardoso, depois de

no ano passado ter participado em

Fly me to the Moon, de Marie Jones, e

O Feio, de Marius von Mayenburg.

Turandot aparece pela primeira

vez em palco enquadrada num trono

de luz: “Príncipe, deveis desistir des-

ta empresa fatal. Deus sabe que a mi-

nha afamada crueldade não é verda-

deira. É a repugnância extrema que

sinto pelo sexo masculino que me

obriga a resistir, como sei e posso:

quero viver longe de um sexo a que

sou adversa”, declara. Mas progres-

sivamente vai cedendo... ao amor.

“O grande interesse desta perso-

nagem está no confl ito que ela vai

vivendo ao longo da peça, entre es-

se fervor por ser livre e dona do seu

destino, não se querendo ligar a ne-

nhum homem, e depois, quando vê

o príncipe, sentir-se a enfraquecer e

a apaixonar-se”, diz Joana Carvalho,

acrescentando que a principal difi cul-

dade na construção da personagem

foi libertar-se “da géstica mais quoti-

diana, para tentar chegar à natureza

mais fria e mais dura” de Turandot.

Turandot vai fi car em cena no Tea-

tro São João até 11 de Outubro. Duran-

te este tempo, alguns elementos da

equipa, como o actor Paulo Calatré,

ou o artista plástico Cristóvão Neto,

vão orientar ofi cinas de construção

e de trabalho com máscaras, como

aquelas do mundo da commedia

dell’arte que pontuam a peça.

O Teatro Nacional São João acolhe primeira encenação teatral em Portugal da peça de Carlo Gozzi que deu origem à famosa ópera de Puccini. Uma co-produção da Assédio, com encenação de João Cardoso

TeatroSérgio C. Andrade

de”, acrescenta o encenador, do TNSJ.

Este episódico regresso da Assédio

ao teatro clássico permitiu a João Car-

doso — que além de encenador inter-

preta também o papel do imperador,

Altum — trabalhar uma abordagem

que lhe agrada especialmente. “O

Carlo Gozzi põe em confronto perso-

nagens trágicas com outras eminen-

temente cómicas, como as máscaras

italianas da commedia dell’arte. É um

confronto complicado, sempre no

fi o da navalha, mas foi isso mesmo

que mais me seduziu”, diz o ence-

nador.

Paixão e rivalidadeSobre a relação com o imaginário

da ópera inevitavelmente colado à

personagem da Turandot, João Car-

doso lembra que a versão de Puccini,

feita a partir de uma adaptação de

Schiller, “tem uma componente mais

trágica”, que praticamente termina

gência de Turandot é fi nalmente de-

safi ada pela coragem e atrevimento

de Calaf — “Quero morrer ou casar

com Turandot”, diz —, um príncipe

desconhecido perante quem a prin-

cesa irá vacilar.

A encenação teatral do texto de

Carlo Gozzi é um projecto que João

Cardoso acalentava desde há quase

três décadas, quando, em 1988, co-

mo actor fundador d’Os Comedian-

tes, tinha entrado no elenco de ou-

tra peça do dramaturgo veneziano,

O Pássaro Verde, encenação de João

Paulo Costa, após uma outra aven-

tura com o teatro do século XVIII,

O Jogo do Amor e do Acaso, de Mari-

vaux (1986).

As difi culdades por que passou a

cena teatral portuense ao longo da

década de 90 impediram a concreti-

zação do projecto. Algo que agora foi

tornado possível sob a chancela da As-

sédio, com o apoio, “e a cumplicida-

Page 33: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | CULTURA | 33

DR

Piquenique no Cemitério é a peça-filme dos The Folga Gaang Project

Um piquenique no cemitério e a mú-

sica que ele inspira; uma mancha

de tinta que se mistura com vinho e

desenha uma paisagem: os artistas

macaenses The Folga Gaang Project,

(músicos) e Cindy Ng (artista plásti-

ca) vão apresentar os seus trabalhos

pela primeira vez em Portugal.

A exposição So Far So Close (pin-

tura e vídeo), de Cindy Ng, tem ho-

je estreia, às 18h30, no Museu do

Oriente, em Lisboa, com uma per-

formance da artista, que vai pintar

ao vivo, acompanhada pelos The

Folga Gaang (música e projecção

de fi lmes).

No sábado, estes apresentam,

também no Museu do Oriente, o

concerto Picnic in the Cemetery, ini-

ciando uma tour que os levará ao

bar Maus Hábitos, no Porto (dia 29,

22h), à Casa das Artes, em Famalicão

(1 de Outubro, 21h30), e a Vila Real

(dias 2 e 3), onde farão dois concer-

tos intimistas, para 50 pessoas, no

restaurante Cais da Villa.

Em 2013, Cindy Ng esteve no Dou-

ro para uma residência artística nas

quintas da Covela e Boavista, a con-

vite da empresa de animação turís-

tica Greengrape e do produtor de

vinhos Lima Smith. A exposição que

agora apresenta — e que seguirá de-

pois, a 2 de Outubro, para o Teatro

de Vila Real — é o resultado dessa

experiência. “Antes de viajar para

Portugal, vi na Internet imagens

do Douro, mas não esperava nada

assim”, conta a artista ao PÚBLICO

numa breve conversa telefónica. A

paisagem da vinha no Douro fez-lhe

lembrar “as plantações de chá do

Sul da China”.

Apanhou a época das vindimas,

aprendeu como se faz vinho e a par-

tir desse território criou paisagens

efémeras desenhadas com materiais

de pintura que mistura com outros

líquidos — neste caso, com vinho do

Douro e vinhos verdes — num “mo-

vimento fl uido, sem subordinação

ao pincel ou ao imperativo da re-

presentatividade”, e que lembra o

“dissipar do nevoeiro ao longo das

montanhas que acompanham o rio

Douro”, como explica o texto de

apresentação da exposição.

Douro, vinho e cemitérios,um universo macaenseno Museu do Oriente

Hong Lat U e o violoncelista portu-

guês Ricardo Januário.

The Folga Gaang é uma expressão

que junta a palavra portuguesa “fol-

ga” com a expressão macaense “ga-

ang”, que signifi ca um turno extra de

trabalho que é atribuído ao pessoal

das forças de segurança no dia em

que estariam de folga. É uma brinca-

deira que surgiu porque Kie aprovei-

tava os seus dias de folga no Canadá

para viajar até Macau e aí trabalhar

com outros músicos neste projecto.

ArtesAlexandra Prado Coelho

The Folga Gaang Project e a artista plástica Cindy Ng apresentam hoje concerto-performance em Lisboa. Depois vão ao Douro

Chamou à peça que agora apre-

sentam Piquenique no Cemitério por

uma razão muito simples: “Gosto de

ir fazer piqueniques num dos cemi-

térios de Toronto. É muito agradá-

vel. Pode-se levar chá e biscoitos e

apreciar o dia”. E a música refl ecte

essa ideia de “algo que não é dema-

siado sério. como um piquenique”.

Para descrever o seu trabalho socor-

re-se do que o público lhe tem dito

noutros espectáculos. “As pessoas

acham que parece uma banda sono-

ra, que é uma música que traz ima-

gens à cabeça. É minimalista, mas

ao mesmo tempo sou muito ligado à

melodia. Eu diria que é uma música

romântica e melancólica.”

Kie conheceu Cindy há uns anos,

noutro projecto, e já compôs música

para alguns dos vídeos da artista,

além de ter feito improvisações para

uma das suas performances. No Mu-

seu do Oriente, Kie imagina que será

mais Cindy a segui-los e a reagir à

música do que o contrário. “O traba-

lho dela é, em certos aspectos, mais

abstracto do que a música.” Assim,

com o vinho do Douro e a memória

das vinhas, os movimentos de Cin-

dy vão desenhar novas paisagens ao

som de uma composição que cele-

bra a vida num cemitério.

“Antes de viajar para Portugal, vi na Internet imagens do Douro, mas não esperava nada assim”, diz a artista plástica Cindy Ng, a quem a paisagem da vinha no Douro fez lembrar “as plantações de chá do Sul da China”

A ligação entre Cindy Ng e os Folga

Gaang faz-se através da Greengrape

e da Point View Art Association, uma

associação liderada por Erik Kuong

que envolve artistas de várias áreas

oriundos de Macau, China, Taiwan

e Hong Kong. Mas o líder dos Folga

Gaang, Njo Kong Kie — natural de

Macau, mas radicado em Toronto e

director musical da companhia de

dança moderna La La La Human

Steps, de Montréal —, já tinha uma

relação anterior com Portugal, on-

de estudou. E é em português que

nos explica como começou o pro-

jecto que vai apresentar no Museu

do Oriente.

“Há uns anos, quando andava

em tour, escrevi algumas músicas

por piada, para tocar com os ami-

gos. Quando chegámos ao fi nal, eu

tinha muitas músicas que tinham

sido criadas dessa forma descon-

traída, sem o stress do trabalho”,

explica. Mais tarde, decidiu que

valia a pena editar em álbum esse

trabalho — que foi apresentado pela

primeira vez em 2013 no Festival de

Artes de Macau —, e desde então es-

tas músicas (18 originais) “têm sido

usadas por vários coreógrafos nos

seus espectáculos”. Com Kie, tocam

em Portugal o violinista macaense

O Museu de Serralves anunciou a

intenção de contratar um gestor da

colecção de arte contemporânea, um

cargo que até agora não existia no

seu organograma. Os interessados

deverão candidatar-se até ao próxi-

mo dia 4 de Outubro e, segundo o

anúncio publicado pela fundação,

prevê-se que o período de entrevistas

decorra até ao fi nal desse mês.

A proximidade temporal da po-

lémica em torno da Colecção SEC,

parte da qual está depositada em Ser-

ralves e era disputada pelo Museu

do Chiado, poderia levar a crer que

a decisão de contratar alguém para

gerir a colecção estaria directamente

relacionada com as especifi cidades

institucionais deste núcleo de cerca

de 500 peças, mas a directora-geral

de Serralves, Odete Patrício, garantiu

ao PÚBLICO que não existe qualquer

relação entre os dois factos.

Lembrando que a colecção de Ser-

ralves tem mais de quatro mil peças,

e que o núcleo da Colecção SEC não

é objecto de uma gestão autónoma,

Odete Patrício explica que a decisão

de recrutar este gestor corresponde

apenas a institucionalizar uma função

que já vinha sendo assegurada inter-

namente de forma mais intermitente.

“Já em 1999 recrutámos três pessoas

para tarefas mais técnicas, como a

conservação ou as entradas e saídas

de obras, e temos uma especialista,

Catarina Rosendo, que está há um

ano a trabalhar a colecção a um nível

mais conceptual, de investigação.”

Após um período em que Serral-

ves apostou em grandes exposições

temporárias que ajudaram a conso-

lidar a reputação do museu, como as

dedicadas a Andy Warhol ou Francis

Bacon, a direcção artística de Suzan-

ne Cotter tem apostado mais na co-

lecção, diz Odete Patrício, o que vem

tornar mais necessário, argumenta,

encontrar “uma pessoa que se dedi-

que exclusivamente à colecção, que

a possa pensar sem estar presa na

pressão das exposições”. Segundo o

anúncio, os candidatos ao cargo de-

verão ter, entre outras habilitações,

um “mínimo de cinco anos de experi-

ência em gestão de uma colecção, de

preferência em contexto de museu”,

e formação académica em Artes.

Serralves quer um gestor para a colecção

Museu

Odete Patrício diz que a decisão nada tem que ver com a polémica em torno das obras da Colecção SEC depositadas em Serralves

Page 34: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

34 PÚBLICO, QUI 24 SET 2015CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa

[email protected]

Mensagens

MARIA ANAFERNANDES HOMEM

LEAL DE FARIA

A sua família participa que será celebrada Missa de 7.º Dia do seu falecimento, na Basílica da Estrela, amanhã, dia 25 de Se-tembro às 19 horas.

Agência Funerária BarataServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222

Serviço Funerário Permanente 24 Horas

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ANÚNCIONos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia doze de Outubro de dois mil e quinze, pelas catorze horas, na Comarca de Faro - Silves - Inst. Cen-tral - 2.ª Secção de Execução - J1 para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues na 2.ª Secção de Execução - J1, pelos interessados na compra do seguinte bem:Fracção autónoma designada pela letra O, correspondente à cave/rés-do-chão (Apartamento B), destinada a habitação, do prédio urbano sito em Vale Arão, Lote J, Núcleo IV, freguesia de Mexilhoeira Grande, concelho de Portimão, descrito na Conservatória do Registo Predial de Portimão sob o n.º 1085 da referida freguesia e inscrito na matriz sob o artigo 3842.O bem será adjudicado a quem melhor preço oferecer.Valor a anunciar para a venda: 128.040,73 Euros (Cento e Vinte e Oito mil e Qua-renta Euros e Setenta e Três Cêntimos).São fi éis depositários os Executados, João Carlos Correia Duarte e Maria Lucília Afonso do Rio Duarte, obrigados a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, mas podem fi xar as horas em que, durante o dia, facultarão a inspeção, tornando-as conhecidas do público por qualquer meio.Adverte-se ainda que junto com a proposta a apresentar deverá ser junto cheque visado, com 5% do valor anunciado para a venda.21/09/2015

O Agente de Execução - Luís Filipe CarvalhoRua Braamcamp, 52, 7.º - 1250-051 Lisboa

Tel. 213807430/9 Fax 213872129 - Email: [email protected]

Público, 24/09/2015 - 1.ª Pub.

COMARCA DE FAROSilves - Inst. Central - 2.ª Secção de Execução - J1

LUÍS FILIPECARVALHO

Agente de ExecuçãoCédula 2486

Processo: 4454/12.4TBPTMExequentes: BANIF - Banco Internacional do Funchal,

S.A. e outro(s)Executados: João Carlos Correia Duarte e outros

Data: 21/09/2015 - Documento: xwDM8DViBIrReferência Interna do processo: PE/2982/2012

ANÚNCIOVENDA POR NEGOCIAÇÃO PARTICULAR

Administrador de Insolvência: Dr. António Seixas SoaresProcesso n.º 2546/13.1TBGDM - Secção Comércio San-to Tirso - J2Insolvente: Alberto Luís Ferreira SilvaNos autos acima identifi cados, nos termos do artigo 164.º do CIRE, procede-se à venda por negociação particular do imóvel apreendido no âmbito dos processos acima identifi cados e que constam da relação de bens integra-dos na massa insolvente que abaixo se descreve:• Fração autónoma designada pela letra “BS” destinada a habitação no quinto andar esquerdo, com entrada pelo n.º 94, da Rua Manuel Serra, do prédio urbano descrito na Conservatória do Registo Predial de Gondomar, sob o n.º 6124, da freguesia de Rio Tinto, e inscrito na respec-tiva matriz sob o artigo 16027.O valor mínimo de venda dos bens é de € 39.100,00.As propostas deverão ser formuladas por escrito, via postal registado ao “Exmo. Sr. Administrador Judicial Dr. António Seixas Soares”, Pct. D. Nuno Álvares Pereira, n.º 20, 1.º AF, 4450-218 Matosinhos, até ao dia 09 de Outu-bro de 2015 e deverão conter a identifi cação completa do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identidade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certi-dão comercial da empresa.As propostas serão abertas na semana seguinte.Nos termos do artigo 812.º do CPC, os proponentes devem juntar à sua proposta como caução, um cheque visado à ordem da massa insolvente de Alberto Luís Fer-reira Silva, no montante correspondente a 20% do valor de venda imediata dos bens, ou garantia bancária do mesmo valor.Contactos ou informações pelo telefone 936 260 000.

O Administrador de InsolvênciaAntónio Seixas Soares

Público, 24/09/2015

ANÚNCIOVENDA POR NEGOCIAÇÃO PARTICULAR

Administrador de Insolvência: Dr. António Seixas SoaresProcesso n.º 1133/14.1TBFLG - Secção Comércio Amaran-te - J1Insolvente: António José Babo Mendes e Susana da Concei-ção Mendes AbreuNos autos acima identifi cados, nos termos do artigo 164.º do CIRE, procede-se à venda por negociação particular do imó-vel apreendido no âmbito dos processos acima identifi cados e que constam da relação de bens integrados na massa in-solvente que abaixo se descreve:• Fracção autónoma designada pela letra “G”, correspon-dente a um apartamento situado no 1.º andar destinado a habitação e lugar de garagem na cave, integrado no prédio urbano em regime de propriedade horizontal sito na Rua Cimo de Vila - Blc. A, freguesia de Caramos, concelho de Felgueiras, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 855-G, e descrito na Conservatória do Registo Predial de Felguei-ras sob o n.º 592.O valor mínimo de venda dos bens é de € 59.864,00.As propostas deverão ser formuladas por escrito, via postal registado ao “Exmo. Sr. Administrador Judicial Dr. António Seixas Soares”, Pct. D. Nuno Álvares Pereira, n.º 20, 1.º AF, 4450-218 Matosinhos, até ao dia 09 de Outubro de 2015 e de-verão conter a identifi cação completa do proponente, acom-panhadas de fotocópias do bilhete de identidade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa.As propostas serão abertas na semana seguinte.Nos termos do artigo 812.º do CPC, os proponentes devem juntar à sua proposta como caução, um cheque visado à ordem da massa insolvente de António José Babo Mendes e Susana da Conceição Mendes Abreu, no montante corres-pondente a 20% do valor de venda imediata dos bens, ou garantia bancária do mesmo valor.Contactos ou informações pelo telefone 936 260 000.

O Administrador de InsolvênciaAntónio Seixas Soares

Público, 24/09/2015

ANÚNCIOVENDA POR NEGOCIAÇÃO PARTICULAR

Administrador de Insolvência: Dr. António Seixas SoaresProcesso n.º 4125/10.6TBBRR - Secção Comércio Barreiro - J4Insolventes: Luís do Rosário CandeiasProcesso n.º 3964/10.2TBBRR - Secção Comércio Barreiro - J1Insolvente: Anabela Gomes dos SantosNos autos acima identifi cados, nos termos do artigo 164.º do CIRE, procede-se à venda por negociação particular do imóvel apreendido no âmbito dos processos acima identifi cados e que constam da relação de bens integrados na massa insolvente que abaixo se descreve:• Fracção autónoma “B”, correspondente ao rés-do-chão fren-te, sito na Rua Américo da Silva Marinho, n.º 2, na freguesia de Lavradio, concelho do Barreiro, descrito na Conservatória do Re-gisto Predial do Barreiro sob o número 653 e inscrito na matriz urbana sob o artigo 2044 da dita freguesia.O valor mínimo de venda dos bens é de € 57.400,00.• Fracção “N”, correspondente ao terceiro andar direito do prédio urbano sito na Rua Francisco Miguel, 14 e Rua Rodrigues Lapa, 18, na freguesia da Baixa da Banheira, concelho da Moita, des-crita na Conservatória do Registo Predial de Moita sob o número 490, da freguesia da Baixa da Banheira, e inscrito na respectiva matriz urbana sob o artigo 2980.O valor mínimo de venda dos bens é de € 28.600,00.As propostas serão abertas na semana seguinte.As propostas deverão ser formuladas por escrito, por via postal registada ao “Exmo. Sr. Administrador Judicial Dr. António Sei-xas Soares”, Pct. D. Nuno Álvares Pereira, 20, 1.º AF, 4450-218 Matosinhos, até ao dia 09 de Outubro de 2015 e deverão conter a identifi cação completa do proponente, acompanhadas de foto-cópias do bilhete de identidade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa.Nos termos do artigo 812.º do CPC, os proponentes devem jun-tar à sua proposta como caução, um cheque visado à ordem da massa insolvente de Luís do Rosário Candeias e Anabela Gomes dos Santos, no montante correspondente a 20% (10% para cada massa) do valor de venda imediata dos bens, ou garantia bancá-ria do mesmo valor.Contactos ou informações pelo telefone 936 260 000.

O Administrador de InsolvênciaAntónio Seixas Soares

Público, 24/09/2015

ANÚNCIOVENDA POR NEGOCIAÇÃO PARTICULAR

Administrador de Insolvência: Dr. António Seixas SoaresProcesso n.º 2562/15.9T8STS - Secção Comércio Santo Tirso-J4Insolvente: Renascente - Comércio de Vestuário, LdaNos autos acima identifi cados, nos termos do artigo 164.º do CIRE, procede-se à venda por negociação particular dos bens móveis apreendidos no âmbito do processo acima identifi cado e que consta da relação de bens inte-grados na massa insolvente que abaixo se descreve:• Lote constituído por cerca de 500 pçs. de roupa ho-mem e senhora, calças, blusas, camisas, saias, fatos de homem e senhora, vestidos, 1 computador de caixa c/ impressora marca “EPSON”,sacos personalizados com marca “RENASCENTE”, diversos manequins de homem e senhora de corpo inteiro, diversos manequins de meio corpo, com o valor mínimo de venda de €5.000,00.Os bens são vendidos no estado em que se encontram.As propostas deverão ser formuladas por escrito, via postal registada ao “Exmo. Sr. Administrador Judicial Dr. António Seixas Soares”, Pct. D. Nuno Álvares Pereira, 20, 1.º AF, 4450-218 Matosinhos, até ao dia 09 de Outubro de 2015 e deverão conter a identifi cação completa do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identidade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa.As propostas serão abertas na semana seguinte.Nos termos do artigo 812.º do CPC, os proponentes de-vem juntar à sua proposta como caução, um cheque vi-sado à ordem da massa insolvente de Renascente - Co-mércio de Vestuário, Lda, no montante correspondente a 20% do valor de venda imediata dos bens, ou garantia bancária do mesmo valor.Contactos ou informações pelo telefone 936 260 000.

O Administrador de InsolvênciaAntónio Seixas Soares

Público, 24/09/2015

ANÚNCIOVENDA POR NEGOCIAÇÃO PARTICULAR

Administrador de Insolvência: Dr. António Seixas SoaresProcesso n.º 3482/15.2T8SNT - Secção Comércio Sin-tra - J2Insolvente: Luís Manuel Pateiro FigueiredoNos autos acima identifi cados, nos termos do artigo 164.º do CIRE, procede-se à venda por negociação particular do imóvel apreendido no âmbito dos processos acima identifi cados e que constam da relação de bens integra-dos na massa insolvente que abaixo se descreve:• Fracção Autónoma designada pela letra “BE”, corres-pondente a habitação com arrecadação e sótão, no se-gundo andar C, do prédio urbano sito na Rua da Eirinha, n.º 25, na freguesia de Algueirão - Mem Martins e conce-lho de Sintra, descrito na Conservatória do Registo Pre-dial de Sintra sob o n.º 4102-BE e inscrito na respectiva matriz urbana sob o artigo 10077 da dita freguesia.O valor mínimo de venda dos bens é de € 63.537,50.As propostas deverão ser formuladas por escrito, via postal registado ao “Exmo. Sr. Administrador Judicial Dr. António Seixas Soares”, Pct. D. Nuno Álvares Pereira, n.º 20, 1.º AF, 4450-218 Matosinhos, até ao dia 09 de Outu-bro de 2015 e deverão conter a identifi cação completa do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identidade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certi-dão comercial da empresa.As propostas serão abertas na semana seguinte.Nos termos do artigo 812.º do CPC, os proponentes devem juntar à sua proposta como caução, um cheque visado à ordem da massa insolvente de Luís Manuel Pa-teiro Figueiredo, no montante correspondente a 20% do valor de venda imediata dos bens, ou garantia bancária do mesmo valor.Contactos ou informações pelo telefone 936 260 000.

O Administrador de InsolvênciaAntónio Seixas Soares

Público, 24/09/2015

COMARCA DE LISBOA OESTEAmadora - Inst. Local

- Secção Cível - J1Processo: 1234/15.9T8AMD

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Lídia Mariete Aparício Gomes dos SantosFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Lídia Mariete Aparício Gomes dos Santos, com residência em domicílio: Complexo Social - Lar Sagrada Família, Av. da República, Buraca, 2700-000 Amadora, para efeito de ser decretada a sua interdição.

N/ Referência: 92592705

Amadora, 17-09-2015.

O Juiz de DireitoDr. Fernando Vitalino

Marques BastosO Ofi cial de Justiça

Nelson Alexandre Joaquim

Público, 24/09/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 20422/15.1T8SNT

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Mm.ª Juíza de Direito, Dr.ª Sara Louro da Cruz, de Sintra - Inst. Local - Secção Cível - J1 - Comarca de Lisboa Oeste:Faz saber que foi distribuída, neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida:Laurinda Teresa Primo Colaço Rodrigues, fi lha de Joaquim da Rosa Colaço e de Maria Teresa Primo, nascida em 10-07-1941, natural do concelho de Portel, freguesia de Vera Cruz (Portel), nacional de Portugal, domicílio: Bairro da Tabaqueira, 28, R/c Dt.º, Albarraque, 2635-088 Rio de Mouro, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 92551693Sintra, 16-09-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Sara Louro da Cruz

O Escrivão-AdjuntoNuno Sá

Público, 24/09/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Mafra - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 257/15.2T8MFR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Ernestina Carmo DiasA Juíza de Direito da Instância Local Cível de Mafra deste Tri-bunal da Comarca de Lisboa Oeste, faz saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerida Ernestina Carmo Dias, nascida a 12.05.1928, fi lha de Manuel de Sousa Matias e de Ernesti-na Maria Alves, com residência na Rua do Moleiro 5, Longo da Vila, 2640-433 Mafra, para efei-to de ser decretada a sua inter-dição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 92558405

Mafra, 16-09-2015.

A Juíza de DireitoPaula Ferreira PintoO Ofi cial de Justiça

Alberto Ribeiro

Público, 24/09/2015

COMARCA DE LISBOA OESTE

Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J5

Processo: 20438/15.8T8SNT

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoO Mm.º Juiz de Direito Dr. Pedro Miguel Ferreira Lopes, do(a) Sintra - Inst. Local - Sec-ção Cível - J5 - Comarca de Lisboa Oeste:Faz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido António Viriato Pereira Nunes, nascido a 6 de Fevereiro de 1954, fi lho de António Viriato da Conceição Nunes e de Ma-ria Rosa Pereira, residente no Lar Origens sito na Rua do Ou-teiro, n.º 12, Almornos, Almar-gem do Bispo, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 92579055Sintra, 17-09-2015.

O Juiz de DireitoDr. Pedro MiguelFerreira Lopes

A Escrivã-AdjuntaAlina Maria Baunites Lima

Público, 24/09/2015

COMARCA DE PORTALEGREFronteira - Inst. Local- Sec. Comp. Gen. - J1

Processo: 262/15.9T8FTR

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Inês Cruz MenaFaz-se saber que foi distribuí-da neste tribunal, a ação de In-terdição / Inabilitação em que é requerida Inês Cruz Mena, com residência na Santa Casa da Misericórdia de Cabeço de Vide, Rua Infante de Sagres N.º 4B, 7460-032 Cabeço de Vide, para efeito de ser de-cretada a sua interdição por anomalia psíquica.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xa-dos.

N/ Referência: 26422110

Fronteira, 22-09-2015.

A Juíza de DireitoJoana Filipa de Sousa Gomes

O Ofi cial de JustiçaLuís Oliveira

Público, 24/09/2015

ANÚNCIOVENDA POR NEGOCIAÇÃO PARTICULAR

Administrador de Insolvência: Dr. António Seixas SoaresProcesso n.º 5206/15.5T8CBR - Secção Comércio de Coimbra - J3Insolvente: Placoferragens - Derivados de Carpintaria e Marcenaria, LdaNos autos acima identifi cados, nos termos do artigo 164.º do CIRE, pro-pede-se à venda por negociação particular dos bens móveis apreendi-dos no âmbito do processo acima identifi cado e que consta da relação de bens integrados na massa insolvente que abaixo se descreve:• Lote constituído por portas de armário, em mogno, faia, carvalho, e pinho, apoios de prateleiras em várias cores, com o valor mínimo de venda de €105,00;• Lote constituído por folhinha de várias medidas e espessuras, em mogno, castanho, carvalho, wengué, tola, cerejeira, mutene, mukali, e diversos PVCs, com o valor mínimo de venda de €350,00;• Lote constituído por chapas laminadas de várias espessuras e cores, MDF, folhas cor preta, com o valor mínimo de venda de € 245,00;• Lote constituído por contraplacado folheado de várias espessuras, decoratex, lamelados, com o valor mínimo de venda de €280,00;• Lote constituído por laterais de gavetas, com o valor mínimo de venda de €70,00;• Lote constituído por guarnições, e cimalha, com o valor mínimo de venda de €175,00;• Lote constituído por tampos de cozinha revestidos em imitações, ma-deira de rodapé em Sapel, com o valor mínimo de venda de €126,00;• Lote constituído por calhas em plástico de diversos tipos, pelucias, restos de fl utuante e balaustres, com o valor mínimo de venda de €210,00;• Lote constituído por soalho em pinho e castanho, forro, pçs. em MDF, com o valor mínimo de venda de €350,00;• Lote constituído por: aglomerados e laminados de várias medidas, contraplacado, platex cor cinza, frentes de porta de armário, com o va-lor mínimo de venda de €210,00;• Lote constituído por pernas de aros em mogno, contraplacado de carvalho c/ guarnição, cimalhas e forro em pinho natural, calhas de rou-peiro em ferro anodizado, dobradiças de armário, com o valor mínimo de venda de €700,00;• Lote constituído por portas de vários estilos e medidas, lisas, em mog-no, carvalho, faia, tola, pinho, perfi s de transição de fl utuante, com o valor mínimo de venda de €700,00;• Lote constituído por: cavilhas em madeira, rodas, calhas, agrafos, betume de cera, puxadores diversos modelos em madeira, balaustres, dobradiças, perfi s, suportes de roupeiro, esquadros, lixas, baldes do lixo, rodas de cadeira, batentes, tapa-parafusos, máquina de abrir ras-gos para as dobradiças, máscaras, buchas e parafusos de vários tipos e medidas, com o valor mínimo de venda de €175,00;• Lote constituído por vigas em casquinha, cambala escura, branca, lameladas, cerejeira, faia, com o valor mínimo de venda de €700,00.Os bens são vendidos no estado em que se encontram.As propostas deverão ser formuladas por escrito, via postal, registada, ao “Exmo. Sr. Administrador Judicial Dr. António Seixas Soares”, Pct. D. Nuno Álvares Pereira, 20, 1.º AF, 4450-218 Matosinhos, até ao dia 09 de Outubro de 2015 e deverão conter a identifi cação completa do propo-nente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identidade e cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa.As propostas serão abertas na semana seguinte.Nos termos do artigo 812.º do CPC, os proponentes devem juntar à sua proposta como caução, um cheque visado à ordem da massa insolven-te de Placoferragens - Derivados de Carpintaria e Mercenaria, Lda, no montante correspondente a 20% do valor de venda imediata dos bens, ou garantia bancária do mesmo valor.Contactos ou informações pelo telefone 936 260 000.

O Administrador de InsolvênciaAntónio Seixas Soares

Público, 24/09/2015

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Page 35: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

35PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 CLASSIFICADOS

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SOLUÇÕES DEFINANCIAMENTO CGD(Disponibilidade sujeita

à decisão de Crédito)

Pelo Edital n.º 856/2015, publicado no Diário da República n.º 184, II Série, de 21.09.2015, encontra-se aberto pelo prazo de 10 (dez) dias úteis, concurso para um lugar de Técnico Superior, na área de Serviços Académicos, para o Instituto Politécnico de Portalegre.

22.09.2015

O AdministradorJosé Manuel Gomes

INSTITUTO

POLITÉCNICO

DE PORTALEGRE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOE CIÊNCIA

DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO NORTEAGRUPAMENTO DE ESCOLAS EMÍDIO GARCIA

CÓDIGO 151816Publicitação de Oferta de Trabalho

Tipo de oferta 9 (nove) contratos de trabalho a termo resolutivo certo a tempo parcial - 6 contratos de 3/h dia; 3 contratos 2/h dia (m/f)

Nível orgânico Direção de Serviços da Região Norte

Serviço Escolas e Jardins de Infância que integram o Agrupamento de Escolas Emídio Garcia

Função Assistente Operacional - funções de serviço de limpeza e apoio geral correspondentes à cate-goria de assistente operacional

Requisitos habilitacionais Os defi nidos no aviso n.º 10801/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série, de 23 de setembro de 2015.

Método de seleção Os defi nidos no aviso n.º 10801/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série, de 23 de setembro de 2015.

Remuneração ilíquida/hora Correspondente ao valor proporcional da hora, referente à 1.ª posição remuneratória, 1.º nível remuneratório, de acordo com a tabela única remuneratória.

Duração do contrato Até ao fi nal do ano escolar

Enquadramento legal Lei n.º 35/2014, de 20 de junho e Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de abril

Apresentação e formaliza-ção da candidatura

Mediante impresso próprio que será fornecido aos candidatos nos Serviços de Administração Escolar do estabelecimento de ensino acima identifi cado durante o período de atendimento ao público. Pode também ser descarregado da página internet do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia

Documentos a apresentar com a candidatura

Os defi nidos no aviso n.º 10801/2015, publicado no Diário da República, 2.ª Série, de 23 de setembro de 2015.

Prazo de candidatura Dez dias úteis a contar da data da publicação do Aviso do Diário da República (diário de 23/9/2015).

Bragança, 23 de setembro de 2015

O Diretor, Eduardo Manuel dos Santos

MUNICÍPIO DE ALMADACâmara Municipal

AVISOLicenciamento da alteração de uso do Lote 22 D de habitação para serviços, proprie-dade sita na Av. Afonso Henriques na Aroeira, na União das Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda.Nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 555/99 de 16 de dezembro, na redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 136/2014 de 09 setembro e do artigo 6.º do Regulamento Urbanístico do Município de Almada- RUMA, publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 93 de 14 de maio de 2008, AVISA-SE E TORNA-SE PÚBLICO, que através do Edital n.º 32/15 afi xado em 2015/09/11, foi aberto o período de discussão pública, pelo prazo de 10 (dez) dias úteis, a contar decorridos que sejam 8 (oito) dias sobre a data da afi xação do Edital mencionado, relativa ao pedido de alteração à licença de loteamento n.º 397/85, do lote 22 D que tem por objeto a alteração de uso de habitação para serviços, possuindo o propósito de instalação de espaço complementar ao ensino, não existindo alteração aos restantes parâmetros urbanísticos. Deverá contu-do, ser garantido no interior do lote a dotação de estacionamento prevista no art.º 129.º do Regulamento do Plano Diretor Municipal de Almada (2L/100 m2 ou fração), verifi cado aquando da entrega do pedido de comunicação prévia.Todos os interessados poder-se-ão pronunciar, por escrito, no prazo supra identifi cado, mediante requerimento dirigido ao Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Almada, e a remeter ou entregar no Departamento de Administração Urbanística, sito na Av.ª D. Nuno Álvares Pereira n.º 67, 2800-181 Almada.Não há inconvenientes na pretensão apresentada, considerando-se enquadrada no dis-posto nos n.ºs 1 e 2 do Art.º 27 do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, na sua atual redação.Informa-se, por último, que o processo administrativo poderá ser objeto de consulta, no Departamento de Administração Urbanística, na morada supra, no seguinte horário, das 8.30 h às 15.00 h.Por delegação de competência ao abrigo do n.º 2 do art.º 36 da Lei n.º 75/13 de 12 de setembro e despacho do Sr. Presidente n.º 27/2013-217 de 19 de outubro de 2013.Almada, 16 de setembro de 2015.

A Vereadora das Obras, Planeamento, Administração do Território,Desenvolvimento Económico e Arte Contemporânea

Maria Amélia de Jesus Pardal

COMARCA DE LISBOA OESTE

Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J5

Processo: 20336/15.5T8SNT

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoO Mm.º Juiz de Direito Dr. Pedro Miguel Ferreira Lopes, do(a) Sintra - Inst. Local - Sec-ção Cível - J5 - Comarca de Lisboa Oeste:- Faz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerida Maria Adelaide Carvalho Fer-reira Joaquim, BI n.º 1734814, NIF 161165702, nascida a 24 de Março de 1942, na freguesia de Cabril, fi lha de Francisco Fer-reira da Calçada e de Antónia Luísa Alves, com residência em Rua da Ilha de Taipa, N.º 6, R/c Dt.º, Mem Martins, 2725-330 Mem Martins, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/ Referência: 92578520Sintra, 17-09-2015.

O Juiz de DireitoDr. Pedro MiguelFerreira Lopes

A Escrivã-AdjuntaAlina Maria Baunites Lima

Público, 24/09/2015

INSOLVÊNCIA DE“FERNANDO RAMOS SANTOS”

Comarca de Lisboa Oeste SintraInstância Central - Secção do Comércio - J3

Processo sob o n.º 3934/14.1T8SNTConforme deliberado pela Assembleia de Credores, vai a Exma. Sra. Administradora da Insolvência, no supra-identifi -cado processo de insolvência, proceder à venda nos termos abaixo indicados, do seguinte imóvel no estado físico e jurí-dico em que se encontra:- Metade indivisa da fracção autónoma designada pela letra “Z”, correspondente ao décimo andar esquerdo, destinada a habitação do prédio urbano em regime de propriedade horizontal, sito na Praceta das Comunidades Lusíadas, n.º 10, Praceta Armada das Índias, n.º 4 e 4-A, Av. dos Bons Amigos, n.º 28, freguesia de Agualva, concelho de Sintra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Agualva-Cacém sob o n.º 660 da dita freguesia e inscrito na matriz da União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra sob o art.º 2057.º;Valor mínimo: €18.500,00Qualquer interessado que pretenda visitar o identifi cado imóvel poderá contactar, para o efeito, a Sra. Administrado-ra da Insolvência, telf. 21 446 70 77/8. As propostas deve-rão ser formuladas por escrito, em carta registada dirigida a “Fernando Ramos Santos”, Rua Quinta das Palmeiras, n.º 28, 2780-145 Oeiras, até ao dia 5 de Outubro 2015 e deve-rão conter a identifi cação completa do proponente, acom-panhadas de fotocópias do bilhete de identidade, cartão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empresa, bem como cheque caução no valor de 10% da proposta efectuada.A Exma. Sra. Administradora da Insolvência e o credor hi-potecário, no dia 6 de Outubro de 2015, pelas 15 horas e na indicada morada, apreciarão as ofertas apresentadas, reservando-se o direito de não aceitar as propostas recebi-das que não atinjam o indicado valor mínimo. Caso existam propostas de igual valor será aberta licitação entre os pro-ponentes.Público, 24/09/2015

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COMARCA DE LISBOA OESTE

Cascais - Inst. Local- Secção Cível - J2

Processo: 2806/15.7T8CSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerido: Rafael de Moura ArnaudFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Rafael de Moura Arnaud, fi lho de Jean Phillipe Arnaud e de Maria Luísa Costa Moura, nascido em 08-02-1989, concelho de Lisboa, freguesia de São Francisco Xavier (Lis-boa), domicílio: Rua Cidade de Santarém, n.º 48 - 3.º F, Zam-bujal, 2785-690 São Domingos de Rana, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 92759674

Cascais, 23-09-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Maria Guerreiro Afonso

O Ofi cial de JustiçaJorge Manuel Salvador Santos

Público, 24/09/2015

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE NISA

AVISO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTOCONCURSAL PARA DIRETOR

1 - Nos termos do disposto no artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 137/2012, de 02 de julho, torna-se público que, de dia vinte e três de setembro até ao dia seis de outubro de 2015, se encontra aberto o procedimento concursal prévio de recrutamento para o lugar de Diretor do Agrupamento de Escolas de Nisa, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar do dia seguinte ao da publica-ção do Aviso n.º 10737/2015, publicado no Diário da Repúbli-ca, 2.ª Série, n.º 185 de 22 de setembro 2015.

2 - O Regulamento do Procedimento Concursal e o Requeri-mento/Formulário de Candidatura são disponibilizados na pá-gina eletrónica do Agrupamento (www.escolasdenisa.org.pt) e nos serviços administrativos da escola sede do Agrupamen-to de Escolas de Nisa (Rua Prof. João Porto, 6050-344 Nisa).

Nisa, 22 de setembro de 2015

A Presidente do Conselho Geral Maria de Lurdes dos Reis Duarte Bento

Page 36: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

36 | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

SAIR

CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Evereste M12. 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040O Pátio das Cantigas M12. 15h30, 17h40; Dior e Eu M12. 13h40; Homem Irracional M12. 13h30, 15h25, 17h30, 19h40, 21h35; Alda e Maria, Por Aqui Tudo Bem 19h50; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h40; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 21h50; Ricki e os Flash M12. 13h20, 15h20, 17h20; O Presidente 19h20; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 13h25, 16h, 18h30, 21h30 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h30; Homem Irracional M12. 18h05; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 15h45, 19h45, 22h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Hitman: Agente 47 13h35, 00h30; Evereste M12. 15h35, 18h35, 21h35, 00h05 (2D), 13h30, 16h, 19h30, 22h, 00h30 (3D); A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h35, 15h30, 17h30, 19h35 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h40, 15h45, 17h40, 19h40, 21h40, 23h45, ; A Família Bélier M12. 15h40, 17h45; Ricki e os Flash M12. 13h40, 19h50; Maze Runner: Provas de Fogo 13h25, 16h10, 17h20, 18h50, 21h30, 21h50, 00h10 ; O Pátio das Cantigas M12. 15h10; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h45, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 20h; A Visita M16. 13h15, 21h55, 24h; O Nosso Último Verão na Escócia M12. 13h55, 15h50, 17h50, 19h45, 21h50, 23h55Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996Missão Impossível: Nação Secreta M12. 17h, 21h10; Sem Saída 16h, 18h30, 21h20; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h40, 21h30; Evereste M12. 16h10, 21h40 (2D); A Família Bélier M12. 16h35, 19h, 21h55; Evereste M12. 18h50 (3D); A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h30, 17h40 (V.P.); Transporter: Potência Máxima M12. 20h45; Homem Irracional M12. 16h20, 18h35, 21h40; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h20 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 17h20, 21h35; A Visita M16. 16h50, 19h10, 21h25; Uma Noite Fora do Palácio M12. 16h30, 19h20, 21h50; Mínimos M6. 15h40 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 16h15, 21h; Férias M12. 18h45; Hitman: Agente 47 17h50, 21h45 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Ricki e os Flash M12. 13h20, 16h, 21h40, 00h10; Homem Irracional M12. 12h50, 15h20, 18h, 21h20, 23h50; Life M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; Masaan M12. 14h10, 17h; O Rosto da Inocência M16. 20h50, 23h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h30 (V.P.); A Visita M16. 18h50, 21h50, 00h15; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 13h10, 16h10, 21h10, 24h; O Nosso Último Verão na Escócia M12. 13h30, 15h50, 18h30, 21h30, 23h55 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h20, 17h25, 19h40 (V.P.); Homem Irracional M12. 21h50, 00h15; A Visita M16. 13h20, 15h45, 21h, 23h45 ; Uma Noite Fora do Palácio M12. 13h30, 15h50, 18h15, 21h45, 00h10 ; O Outro

Lado do Sexo 18h10; Evereste M12. 12h45, 15h30, 18h20, 21h10, 24h (2D); Evereste M12. Sala IMAX ? 13h15, 16h, 18h50, 21h40, 00h35; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 18h40, 00h05; Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h40, 18h35, 21h30, 00h30 ; Sem Saída 12h55, 16h10, 21h25; Transporter: Potência Máxima M12. 13h, 15h35, 18h, 21h05, 23h50 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h20, 15h30 (V.Port.); A Visita M16. 13h40, 15h50, 21h40, 23h50; Transporter: Potência Máxima M12. 12h50, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50, 00h20; Homem Irracional M12. 18h20; Sem Saída 18h10, 21h10, 23h40; Maze Runner: Provas de Fogo 13h10, 16h, 18h50, 21h40, 00h30; Evereste M12. 13h, 15h40, 18h30 (2D), 21h20, 00h10 (3D); Life M12. 13h30, 16h10, 18h40, 21h30, 24h Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200Zero em Comportamento + Les Mistons 19h; Le Sang d’ un Poète M12. 15h30; 1974, une Partie de Campagne + Jules 21h30; O Homem de Akutte 18h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 21h30; O Gosto do Saké M12. 13h; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 15h, 17h25, 19h50, 21h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 17h, 19h30, 22h; A Visita M16. 15h; O Rosto da Inocência M16. 13h; Homem Irracional M12. 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 22h15 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Playtime - Vida Moderna M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30; São JorgeAv. da Liberdade, 175. T. 213103402Queer Lisboa - Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Arcade Fire - The Reflektor Tapes 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 14h15, 16h40, 21h55; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 19h20, 00h20; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h50, 16h35, 21h45, 00h30; Sexo, Amor e Terapia M12. 19h25; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 18h55; Ricki e os Flash M12. 14h10, 16h35, 21h30, 23h55; Sem Saída 13h50, 16h10, 18h45, 21h25, 23h50; A Família Bélier M12. 13h55, 21h40, 00h10; Maze Runner: Provas de Fogo 14h30, 18h, 21h30, 00h20; Perdido em Marte 17h45; Rio Perdido M12. 14h, 16h15, 19h20, 22h, 00h05; A Visita M16. 16h25; O Rosto da Inocência M16. 14h05, 18h50, 00h20; Evereste M12. 13h45, 16h30, 21h45 (2D), 19h10, 00h30 (3D); O Nosso Último Verão na Escócia M12. 14h20, 16h50, 19h, 21h40,23h45; Life M12. 14h10, 16h40, 19h05, 21h30, 00h10; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h35, 24h; Uma Noite Fora do Palácio M12. 13h55, 16h50, 19h15, 21h35, 00h10; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 13h40, 16h25, 19h10, 21h50, 00h30

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h25, 18h25, 21h25, 00h25; Evereste M12. 12h40, 15h30, 18h15, 21h05, 23h55 (2D), 13h, 15h55, 18h45, 21h35, 00h20 (3D); A Visita M16. 13h30, 16h10, 18h55, 21h45, 00h05; Sem Saída 13h10, 15h45, 18h35, 21h15, 23h45; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h20, 00h15; Mínimos M6. 13h20, 15h40,

LifeDe Anton Corbijn. Com Robert Pattinson, Peter Lucas, Lauren Gallagher, Dane DeHaan. Austrália/CAN/ALE. 2015. 111m. Drama. M12. Considerado um dos mais

importantes fotógrafos da

segunda metade do século XX,

Dennis Stock fez quase toda a

sua carreira na agência Magnum,

captando algumas das mais

emblemáticas fi guras norte-

americanas da época. No coração

de todo o seu trabalho haveriam

de fi car os célebres retratos feitos

com James Dean, meses antes

da morte deste. Em 1955, Stock

acompanhou o então pouco

conhecido actor numa viagem de

Los Angeles a Nova Iorque. É esta

viagem, e a amizade que nasceu

entre eles, que está no centro do

fi lme de Corbijn.

Alda e Maria, Por Aqui Tudo BemDe Maria Esperança Pascoal. Com Cheila Lima, Ciomara Morais. POR. 2011. 94m. Drama. Verão de 1980. Alda e Maria - de

16 e 17 anos, respectivamente

- chegam a Lisboa fugidas da

Guerra Civil de Angola. Cheias de

esperança no futuro, instalam-

se numa velha pensão, onde

esperam pela mãe. Porém, o

tempo vai passando sem que ela

dê notícias... Com o dinheiro

e o alento a esgotar-se a cada

dia, as duas adolescentes têm

de encontrar um modo de

sobreviver numa cidade onde

tudo lhes parece aterrador.

As Mil e Uma Noites: Volume 2, O DesoladoDe Miguel Gomes. Com Crista Alfaiate, João Pedro Bénard, Isabel Muñoz Cardoso. POR. 2015. 131m. Drama. M12. Encadeando histórias que vão

das manifestações de rua ao

silêncio dos estaleiros de Viana

do Castelo, passando pelo

desespero de um desempregado,

pelas manobras do político

euro(s)centrado, pelos incêndios

de Verão ou mesmo pelo

tradicional banho de Ano Novo,

o realizador Miguel Gomes traça

um retrato do Portugal real que

pulsa sob o jugo da austeridade.

“O Desolado“ é o segundo tomo

de uma trilogia que começou

com o “O Inquieto“ e termina

com “O Encantado“.

EveresteDe Baltasar Kormakur. Com Elizabeth Debicki, Jake Gyllenhaal, Keira Knightley. EUA/Islândia/GB. 2015. 121m. Drama. M12. O alpinista Rob Hall prepara-

se para subir mais uma vez ao

Monte Evereste. Apesar dos

riscos e obstáculos, ele e o

seu grupo chegam ao cume,

em triunfo. Mas, quando

uma tempestade de enormes

dimensões ameaça atingi-

los, percebem que lhes resta

pouco tempo para a descida

e dão início a uma tentativa

desesperada de regresso à base.

Combatendo os elementos e

sem oxigénio de reserva, Rob

e a sua equipa são levados ao

extremo das suas forças...

O Nosso Último Verão na EscóciaDe Andy Hamilton, Guy Jenkin. Com Rosamund Pike, David Tennant, Billy Connolly. GB. 2014. 95m. Comédia Dramática. M12. Doug e Abi decidem viajar até

às planícies da Escócia com

os três fi lhos pequenos, para

comemorar o 75.º aniversário

de Gordie, o pai de Doug,

que se encontra doente. Mas

há um porém: eles estão

a braços com um divórcio

litigioso. A ideia inicial seria

não sobrecarregar Gordie com

preocupações e manter as

aparências durante a estadia.

Mas guardar segredos desta

importância com três crianças

por perto não se vai revelar

tarefa fácil...

Uma Noite Fora do PalácioDe Julian Jarrold. Com Emily Watson, Bel Powley, Sarah Gadon. GB. 2015. 97m. Drama, Thriller. M12. Data formal da derrota

da Alemanha nazi pelos

Aliados, o dia 8 de Maio de

1945 é marcado por grandes

celebrações. A princesa Isabel

(futura rainha Isabel II) e a

princesa Margarida, a irmã

mais nova, são autorizadas

a juntar-se aos festejos, sob

anonimato. Com pouca

experiência, as raparigas

misturam-se com a multidão

em euforia, numa experiência

que as vai marcar para o resto

das suas vidas...

Em [email protected]@publico.pt

18h20 (V.P.); Life M12. 12h40, 15h15, 17h50, 20h50, 23h35; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h25, 00h25; Hitman: Agente 47 21h10, 24h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h30, 16h, 18h40 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 18h55; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h45, 21h40, 00h10; Férias M12. 18h45; Homem Irracional M12. 13h05, 16h20, 21h40, 00h05; Uma Noite Fora do Palácio M12. 13h, 15h25, 17h55, 21h20, 23h55; O Pátio das Cantigas M12. 13h15, 15h50, 21h25, 00h05; O Outro Lado do Sexo 19h; O Nosso Último Verão na Escócia M12. 13h15, 15h40, 18h05, 21h10, 23h40

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996O Agente da U.N.C.L.E. M12. 18h30; A Visita M16. 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20;Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h40, 21h05, 23h30; Sem Saída 12h40, 15h10, 18h, 21h40, 00h10; Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h30, 18h20, 21h10, 24h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h20, 15h45 (V.P.); Homem Irracional M12. 17h50, 20h50, 23h20; Uma Noite Fora do Palácio M12. 12h45, 15h, 18h50, 21h20, 23h40; Evereste M12. 12h30, 15h20, 18h10 (2D), 21h, 23h50 (3D)

Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Homem Irracional M12. 15h40, 17h45, 19h40, 21h45; Evereste M12. 15h35, 18h35, 21h35 (2D); Evereste M12. 16h, 19h30, 22h (3D); Maze Runner: Provas de Fogo 16h10, 18h50, 21h30; O Nosso Último Verão na Escócia M12. 15h45, 17h50, 21h40; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h10, 21h50; Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 19h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20, 17h15 (V.P.); A Família Bélier M12. 17h40, 21h55; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h35; Ricki e os Flash M12. 15h30, 17h30, 19h50; Transporter: Potência Máxima M12. 19h50Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789O Nosso Último Verão na Escócia M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h30, 21h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h50; Evereste M12. 15h50, 21h30 (2D), 18h40 (3D); Hitman: Agente 47 19h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h, 17h (V.P.); O Outro Lado do Sexo 21h10; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 17h05; Vontade de Vencer M12. 19h25; Homem Irracional M12. 15h20, 21h45; O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 18h50, 21h15

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Maze Runner: Provas de Fogo 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Sem Saída 13h40, 16h10, 18h50, 21h40; Evereste M12. 12h50, 15h30, 18h20 (2D), 21h10 (3D); A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h15, 15h20, 17h30, 19h40 (V.P.); Transporter: Potência Máxima M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h20; O Pátio das Cantigas M12. 13h10, 15h40, 18h10, 21h; A Visita M16. 21h45

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996A Visita M16. 00h30; Maze Runner: Provas

Life

Page 37: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | 37

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Bando de Raparigas mmmmm mmmmm mmmmm

Evereste mmmmm – mmmmm

Homem Irracional mmmmm mmmmm –Life mmmmm – –Jackie & Ryan – mmmmm –As Mil e uma Noites: O Desolado mmmmm mmmmm mmmmm

O Presidente mmmmm mmmmm mmmmm

Por Aqui Tudo Bem mmmmm mmmmm mmmmm

O Rosto da Inocência – mmmmm –A Visita mmmmm mmmmm –

de Fogo 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado M12. 12h40, 15h35, 18h35, 21h35; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h05, 15h20 (V.P.); Life M12. 13h, 15h40, 18h25, 21h20, 24h; Evereste M12. 12h35, 15h25, 18h15 (2D), 21h15, 00h15 (3D); Homem Irracional M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h35, 00h05; Sem Saída 18h05, 21h10, 23h50; O Nosso Último Verão na Escócia M12. 13h30, 15h55, 18h20, 21h40, 00h10

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996O Pátio das Cantigas M12. 16h15, 18h50, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h40, 21h30; Sem Saída 16h, 18h30, 21h; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h10, 17h20, 19h30 (V.P.); Transporter: Potência Máxima M12. 21h50; Evereste M12. 15h30, 18h20, 21h15

Setúbal Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Transporter: Potência Máxima M12. 17h30, 22h05, 24h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h25, 16h10, 17h35, 18h50, 19h25, 21h30, 00h10; Mínimos M6. 13h35, 17h40 (V.P.); Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45 (V.P.); Insidious: Capítulo 3 M16. 23h50; O Pátio das Cantigas M12. 17h30, 19h40; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h25, 15h25 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 23h45; Ricki e os Flash M12. 21h50; A Visita M16. 15h40, 20h15, 22h10, 00h15; Homem Irracional M12. 15h35, 19h45, 21h40; Hitman: Agente 47 13h45, 15h30; Vontade de Vencer M12. 13h20, 00h25; Evereste M12. 13h30, 16h, 17h20, 19h30, 22h, 00h30 (2D), 15h35, 18h35, 21h35, 00h05 (3D)

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h, 15h10, 17h15, 19h20 (V.P.); Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h45, 18h05, 21h, 23h35; Life M12. 13h20, 15h55, 18h35, 21h40, 23h55 ; Homem Irracional M12. 21h30, 23h45; Maze Runner: Provas de Fogo 12h35, 15h25, 18h15, 21h10, 24h; Evereste M12. 12h50, 15h35, 18h25 (2D), 21h20, 00h05 (3D);

TEATROLisboa@ RibeiraR. Ribeira Nova, 44 - Cais Sodré. T. 915341974 Ró-Ró, Passadas, Eu Não De Samuel Beckett. Grupo: Teatro Língua. Enc. Miguel Sopas. De 16/9 a 27/9. 4ª a Dom às 22h. M/12. Duração: 60m. Casino LisboaAlameda dos Oceanos Lote 1.03.01 - Parque das Nações. T. 218929000 Nome Próprio Enc. Fernando Gomes. De 9/9 a 11/10. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h (no Auditório dos Oceanos). M/12. Espaço KarnartAvenida da Índia, 168 (Belém). T. 213466411 Hermaphrodita De Eugénio de Castro (a partir). Comp.: Karnat. De 7/9 a 30/9. 2ª a 6ª às 16h. Sáb e Dom às 16h e 19h. Hospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. De 11/9 a 17/10. 4ª,

5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. M/18. Duração: 90m. Ler Devagar (LX Factory)Rua Rodrigues Faria, 103 - LX Factory. T. 213259992 Brigadas Revolucionárias (1968-1974) Grupo: Fatias de Cá. Enc. Carlos Antunes, Carlos Carvalheiro. Dia 24/9 às 20h20. Duração: 142m. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 As Raposas De Lillian Hellman. Enc. João Lourenço. A partir de 11/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (na Sala Azul). M/12. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Jogadores De Pau Miró. Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 23/9 a 24/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Édipo Comp.: Companhia do Chapitô. Enc. Criação colectiva. Dia 24/9 às 21h30. M/12. Duração: 50m. Sete Pecados Mortais ou As Técnicas de Legítima Defesa - bloqueios, retenções e alavancas De Miguel Castro Caldas. Comp.: Gato que Ladra. Enc. Rute Rocha. De 10/9 a 4/10. 4ª a Sáb às 21h45. Dom às 17h (na Sala Estúdio). M/12. Duração: 60m. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 Se Eu não Fechar os Olhos Enc. Miguel Graça. De 23/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 19h. M/16. Teatro MeridionalR. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245 António e Maria De António Lobo Antunes. Comp.: Teatro Meridional. Enc. Miguel Seabra. De 9/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Duração: 75m. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Agamémnon Enc. Tiago Rodrigues. De 23/9 a 27/9. 4ª às 19h. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h (na Sala Garret). Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 23/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 24/9 a 25/10. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Duração: 100m.

Teatro VillaretAv. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586 Commedia à la Carte De Carlos M. Cunha, César Mourão, Ricardo Peres. De 10/9 a 29/11. 5ª a Dom às 21h30. M/16. Duração: 90m. Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 O Contrabaixo De Patrick Süskind. Grupo: O Teatro/Conservatório de Música de Coimbra. Enc. António Mercado. De 17/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Duração: 60m.

AmadoraCineteatro D. João VLargo da Igreja. T. 0 As Noivas de Travolta De Andrea Tulipano. Comp.: Dramax - Centro de Artes Dramáticas de Oeiras. Enc. Celso Cleto. De 24/9 a 27/9. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. De 2/10 a 3/10. 6ª e Sáb às 21h30. De 10/10 a 18/10. Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Informações e reservas: 937081517 ou [email protected].

CacémAuditório Municipal António SilvaRua Coração de Maria, 1 - Shopping do Cacém. T. 219145446 Carne Viva Comp.: Teatro Estúdio Fontenova. Enc. Lucianno Maza. Dia 24/9 às 21h (Muscarium #1 - Festival de Artes Performativas). M/16. Duração: 60m.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 A Noite das Mil Estrelas De Filipe La Féria. Maestro Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. Coreog. Marco Mercier. De 9/4 a 31/10. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h (no Salão Preto e Prata). M/12. Broadway Baby - A História do Musical Americano De Henrique Feist. Com Nuno Feist (piano). Enc. Henrique Feist. Com Henrique Feist. De 24/9 a 27/9. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (no Auditório). Musical. M/12. Duração: 90m.

Olival BastoCentro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 Cabaret Lola Comp.: Internacional de Teatro de Repertório Arte Livre. De 10/9 a 27/9. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (no Auditório). M/16. Duração: 80m.

Santarém

Teatro Municipal Sá da BandeiraRua João Afonso, 7. T. 243309460 O Reflexo no Espelho Comp.: Arawake Theatre. Dia 24/9 às 10h30 e 14h10 (FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude). M/6. Duração: 55m.

SilvesTeatro Mascarenhas GregórioRua Cândido dos Reis. T. 282440800 Sabina Grupo: Al Teatro. Enc. Pedro Ramos. De 24/9 a 4/10. 5ª a Dom às 22h. M/12. Duração: 80m.

SintraQuinta da RegaleiraRua Barbosa du Bocage. T. 219106650 Vampíria Comp.: bYfurcação. Enc. Paulo Cintrão. De 4/6 a 25/9. 5ª e 6ª às 21h30 (nos Jardins, excepto dias 11/12 de Junho e 3 de Julho). M/12. Reservas: 938109644 ou [email protected].

EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Inland View/ Vista para o Interior De Sérgio Carronha. De 12/9 a 11/10. Todos os dias 24h. Escultura, Instalação. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 (Ante) Câmara - Negativo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Objectos. (Ante) Câmara - Processo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Documental. Barbado GalleryRua Ferreira Borges, 109A. T. 910717676 A Place In The Sun - Martin Parr’’s Beach Photos 1985-2015 De 12/9 a 11/11. 3ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 20h. Fotografia. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Da Inquietude à Transgressão: eis Bocage... De 17/9 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Joaquim Veríssimo Serrão: Uma Vida ao Serviço da História De 10/7 a 2/10. 2ª a 6ª das 09h30 às 17h30. Documental, Objectos. Onde os nossos Livros se Acabam, ali Começam os seus... De 16/7 a 15/10. 2ª a 6ª das 09h30 às 17h30. Objectos, Documental. Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho. Carpe Diem Arte e PesquisaR. de O Século, 79. T. 211924175 20.º Ciclo de Exposições De Bruno Vilela, Daniela Krtsch, David Oliveira, Luísa Jacinto, Paula Scamparini, Pedro Palma, Pedro Pires, João Dias. De 19/9 a 18/12. 4ª a Sáb das 13h às 19h. Pintura, Instalação, Outros. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Documental. Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Os Testamentos de Orpheu De Pedro

Proença. De 26/3 a 26/9. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Desenho, Pintura. Centro de Arte ModernaR.Doutor Nicolau Bettencourt. T. 217823474 Tensão e Liberdade De Bruce Nauman, Antoni Muntadas, Martin Kippenberger, Asier Mendizabal, Roni Horn, Ana Hatherly, Ângela Ferreira, entre outros. De 19/6 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Escultura, Fotografia, Vídeo. X de Charrua De António Charrua. De 19/6 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Pintura. Chiado 8 - Arte ContemporâneaLargo do Chiado, 8 - Edifício Sede da Mundial-Confiança. T. 213237335 Ângela Ferreira e Fernanda Fragateiro De 24/7 a 30/10. 2ª a 6ª das 12h às 20h. Escultura. Ermida de Nossa Senhora da ConceiçãoTravessa do Marta Pinto, 12. T. 213637700 Vicente 15. Sagrado, Corpo e Imagem De Alessandro Lupi, Gabriele Seifert, Rochus Aust. De 5/9 a 25/10. 3ª a 6ª das 11h às 13h e das 14h às 17h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Instalação, Escultura. Estação Roma-AreeiroAvenida Frey Miguel Contreiras. T. 0 A Ponte Que nos Liga De 4/9 a 30/9. 2ª a 6ª das 05h às 01h30. Sáb, Dom e feriados das 05h30 às 00h50. Fotografia. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 António Cruz De 15/7 a 19/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Pintura. Lourdes Castro. Todos os Livros De 9/7 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Objectos, Documental. Meeting Point: Fantin-Latour/Manuel Botelho De 25/6 a 26/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Fotografia, Pintura. Olhos nos Olhos: O Retrato na Colecção do CAM De Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, José Escada, Ana Hatherly, António Dacosta, Júlio Pomar, Paula Rego, entre outros. De 22/7 a 19/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h45. Pintura. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria Torreão Nascenteda Cordoaria NacionalAvenida da Índia - Edifício da Cordoaria Nacional. T. 213646128 A ONU em Imagens - 70 Anos de História De 4/9 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fotografia. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 20h (Horário de Verão), das 09h às 18h (Horário de Inverno). Botânica. Jardim Botânico Tropical Largo dos Jerónimos - Belém . T. 213637023 Pato Mudo A partir de 25/10. Todos os dias 24h. Instalação, Azulejo. Kunsthalle LissabonR. José Sobral Cid, 9E. T. 912045650 Beauty Codes (order/disorder/chaos): Act II De Lili Reynaud-Dewar, Haris Epaminonda, Luca Francesconi, Jacopo Miliani, André Romão, Daniel Steegmann Mangrané. De 27/7 a 26/9. 5ª a Sáb das 15h às 19h (Encerra feriados). Escultura, Outros. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Flâneur By Lisboa De Augusto Brázio, Martina Cleary. De 11/9 a 5/10. Todos os dias 24h. Fotografia. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação.

Que riscos advêm da partilha de informação online? De que mecanismos dispõem os cidadãos para a salvaguarda dos seus dados pessoais? Até que ponto podem esses dados ser cruzados e usados por terceiros? Paulo Veríssimo (na foto), especialista português de renome mundial em cibersegurança, procura responder a estas e outras perguntas na

conferência Ciência Viva marcada para hoje, às 19h30, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. A entrada é livre, mas sujeita a inscrição prévia em www.cienciaviva.pt. O título da palestra faz referência a Edward Snowden, o analista informático que, em 2013, fez revelações sobre programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional norte-americana.

Privacidade na era SnowdenDR

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38 | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

A canadiana Diana Krall leva ao Meo Arena Wallflower, um álbum de versões de baladas pop

DR

SAIRLisboa Story CentreTerreiro Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. LX FactoryRua Rodrigues Faria, 103. T. 213143399 Oxalá. Antes e Depois do Samba De Elisabete Maisão. De 17/9 a 1/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 15h às 19h Na studioteambox. Fotografia. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Hotel Globo De Mónica de Miranda. De 4/7 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Instalação, Vídeo. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura. Sousa Lopes 1879-1944. Efeitos de Luz De Adriano Sousa Lopes. De 18/7 a 8/11. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura. Museu Colecção BerardoPraça do Império - Centro Cultural de Belém. T. 213612878 O Olhar do Coleccionador De vários autores. De 20/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Pintura, Escultura, Fotografia. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Sáb e Dom das 11h às 18h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Exposição Interactiva. Museu de Lisboa – Santo AntónioLgo Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200

Cacém

Auditório Municipal António SilvaRua Coração de Maria, 1 - Shopping do Cacém. T. 219145446 Muscarium #1 - Festival de Artes Performa-tivas De 24/9 a 26/9. 5ª a Sáb às 21h.

LeiriaTeatro Miguel Franco (C. Cultural Leiria)Largo de Santana. T. 244839680 20.º Acaso - Festival de Teatro Dia 24/9 às 21h30. Informações: 917839147.

SantarémSantarémFITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude De 18/9 a 27/9. Todos os dias (em vários espaços). Informações: 914658455, 919898408 ou [email protected].

DANÇALisboaCasino LisboaAlameda dos Oceanos Lote 1.03.01 - Parque das Nações. T. 218929000 Senses Comp.: Academia de Pole Dance. Dia 24/9 às 22h (no Arena Lounge). Espectáculo Pole Dance.

FaroTeatro das FigurasHorta das Figuras (Estrada Nacional 125). T. 289888110 Ponto Zero Com Carolina Cantinho e Margarida Cantinho. Coreog. Carolina Cantinho e Margarida Cantinho. Dia 24/9

às 21h30 (Festival Dance, Dance, Dance). Duração: 45m.

LeiriaTeatro Miguel Franco (Centro Cultural de Leiria)Largo de Santana. T. 244839680 Falling Light in Liminal Spaces Com Kay Crook e Ajeesh Balakrishnan. Comp.: Chhaya Colletive. Coreog. Kay Crook e Ajeesh Balakrishnan. Dia 24/9 às 22h (20.º Acaso - Festival de Teatro). M/6.

VilamouraCasino de VilamouraPraça Casino de Vilamoura. T. 289310000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 2/9 a 30/9. 4ª e 5ª às 20h30 (jantar) e 22h30 (espectáculo).

FESTAS E FEIRASLisboaMartim MonizLargo Martim Moniz. Mercado de Fusão do Martim Moniz A partir de 1/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 10h às 22h (food court). 6ª e Sáb das 10h às 00h (food court). Sáb e Dom das 10h às 19h (Feira/Mercado Fusão). Mais informações: [email protected] e [email protected]

Santa CruzSanta CruzTorres Vedras. Onda de Verão 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.

SetúbalJardim do Quebedo Mercado Agrobio de Setúbal A partir de 4/10. 5ª das 14h às 18h.

TaviraTavira Verão em Tavira 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.

SAIRNamban De Luís Cohen Fusé. De 3/7 a 27/9. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura, Escultura. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Encerra 1 de Janeiro e 25 de Dezembro. Objectos, Outros. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. Escola Politécnica, 58/60. T. 213921800 Draperies De João Castro Silva. De 3/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação. Primário #2 De Nuno Delmas. De 10/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Tempos de Dança. Evocação do Estúdio-Escola de Dança Clássica de Anna Mascolo De 29/4 a 30/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Fotografia. Documental, Desenho. Pavilhão de PortugalAlameda dos Oceanos - Parque das Nações. T. 218919898 A Cidade Imaginada De 28/5 a 30/9. Todos os dias das 10h às 18h. Documental, Arquitectura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos. até 24/10. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação.

MÚSICALisboaCulturgestR. Arco Cego - Edif. Sede CGD. T. 217905155 Camané ESGOTADO De 24/9 a 25/9. 5ª e 6ª às 21h30 (no Grande Auditório). Apresentação de “Infinito Presente”. Galeria Zé dos BoisR. Barroca, 59 - Bairro Alto. T. 213430205 Cured Pink + F ingers Dia 24/9 às 22h.

Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 César Cardoso Quarteto Com César Cardoso (saxofone), Bruno Santos (guitarra), Demian Cabaud (contrabaixo), André Sousa Machado (bateria). De 24/9 a 26/9. 5ª a Sáb às 22h30 e 24h. Lux FrágilAv. Infante D. Henrique - Armazém A (Cais da Pedra a Santa Apolónia). T. 218820890 Rocky Marsiano + Meu Kamba Soundsystem + Djeff Afrozila Dia 24/9 às 23h. Meo ArenaRossio dos Olivais, Lote 2.13.01A (Parque das Nações). T. 218918409 Diana Krall Dia 24/9 às 21h30 (M/6). Apresentação de “Wallflower”. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24 - Cais do Sodré. T. 213430107 Simply Rockers Soundsystem feat. I-Van Warrior e Delmighty Sounds Dia 24/9 às 23h. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Dope Body + Acid Acid + David Polido & Tiago Castro Dia 24/9 às 22h30.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 New Chapter Dia 24/9 às 23h (Lounge D).

FESTIVAISLisboaGoethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Festival Cantabile 2015 - A Arte da Música de Câmara De 22/9 a 27/9. 3ª a Dom. 6.ª edição.

FARMÁCIAS

Lisboa/Serviço PermanenteBastos Andrade (Castelo) - Calçada de Stº. André, 107 - Tel. 218860450 Benfica (Benfica - Portas de Benfica) - Estrada de Benfica, 678-E - Tel. 217602532 Falcão (Chelas - Liceu D. Dinis) - Rua Rui Sousa, Lote 65 - A Lj. B - Tel. 218596565 Grijó (Beato) - Rua do Grilo, 25 - Tel. 218685264 Lisbonense (Santo Amaro - Calvário) - Rua Leão de Oliveira, 2 - B - Tel. 213637020 Sanex (Alvalade) - Av. da Igreja, 31 - C - Tel. 218497505

Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Silva Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Epifânio Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Varela Aljustrel - Dias Almada - Castro Rodrigues, Lazarim (Lazarim) Almeirim - Central Almodôvar - Aurea Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge),

Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carlos, Gaspar Pote Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Moderna Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Oliveira Suc. Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Branco Lisboa Campo Maior - Central Cartaxo - Pereira Suc. Cascais - Alvide (Alvide), Vilar (Carcavelos), Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Reis Castelo de Vide - Roque

Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Misericórdia Covilhã - da Alameda Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Costa Évora - Branco Faro - Montepio Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Taborda Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Telo Leiria - Antunes (Guimarota) Loulé - Nobre Passos (Almancil), Martins Loures - De Frielas, Cortes (Sacavém) Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Caré (Ericeira), Ferreira (Malveira) Marinha Grande - Guardiano

Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Moderna Monforte - Jardim Montijo - Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Gonçalves, Universo (Caneças) Oeiras - Godinho Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa Ourém - Fátima Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Tavares de Matos (Pinhal Novo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Central Pombal - Paiva Ponte de Sor - Matos Fernandes Portel - Misericordia Portimão - Carvalho Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Ferraria Paulino

Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Nova Amorense (Amora) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Leão Setúbal - Bocagiana, Leão Soromenho Silves - Dias Neves, Sousa Coelho Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Central (Cacém), Domus Massamá (Massamá), Tereza Garcia Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Central Tomar - Torres Pinheiro Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Espadanal Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Madragoa, Simões Dias (Bom Sucesso), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Montemor-o-Novo - Sepúlveda Ourém - Avenida

Page 39: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | 39

FICAR

SÉRIEThe BrinkTV Séries, 22h00Estreia. Jack Black, Tim Robbins

e Pablo Schreiber são as caras

desta nova comédia sobre os

bastidores do poder político

norte-americano. A série conta

a história de Walter Larson,

secretário de estado da Defesa;

Alex Talbot, funcionário

do gabinete de Negócios

Estrangeiros; e Zeke Tilson,

piloto de caças da Marinha. Os

três tentam evitar uma crise

geopolítica e, por conseguinte,

salvar o mundo de uma Terceira

Guerra Mundial. Na primeira

temporada, lidam com a situação

no Paquistão, vista como a maior

dor de cabeça do Governo de

Washington.

CINEMA

Soldados do Universo [Starship Troopers]Hollywood, 23h10Eleito como fi lme de culto nos

circuitos alternativos, Soldados

do Universo trouxe ao holandês

Paul Verhoeven acusações de

simpatias nazis. É um facto que

brinca explicitamente com essa

imagética, para além de fazer

uma brilhante desconstrução do

universo televisivo... A história é

a de um grupo de combatentes

humanos que luta contra uma

invasão de extraterrestres

semelhantes a enormes insectos.

Reds [Reds]TVC2, 23h20Um drama biográfi co, assinado

e protagonizado por Warren

Beatty, que retrata a vida do

jornalista e romancista norte-

-americano John Reed (1887-1920),

comunista e autor de Dez Dias

Que Abalaram o Mundo. Reed

passou grande parte da sua vida

a viajar e participou em diversos

momentos-chave revolucionários:

esteve ao lado dos zapatistas

no México (1910) e presenciou

a Revolução Bolchevique na

Rússia (1917). Casaria com a

feminista Louise Bryant (Diane

Keaton). Nos EUA, participou em

diversos movimentos de luta pela

organização dos trabalhadores.

A Barreira Invisível [The Thin Red Line]Fox Movies, 00h03Em Guadalcanal, uma ilha do

Pacífi co, uma série de batalhas e

choques navais e terrestres entre

os norte-americanos e o Japão,

durante a II Guerra Mundial, serve

de cenário à acção, que se centra

nas emoções das personagens.

O realizador Terrence Malick

foge aqui ao patriotismo norte-

americano e mostra os horrores

da guerra e os traumas que ela

provocou aos jovens soldados

de ambos os lados. O inferno

dissolve-se num paraíso perdido

no meio do oceano, onde

os homens vagueiam, entre

monólogos alucinados e a beleza

da natureza.

DOCUMENTÁRIO

Os Últimos Dias dos NazisHistória, 18h30Série documental sobre o fi m

da II Guerra Mundial, em que os

acontecimentos são apresentados

a partir da perspectiva alemã.

A série tem início em 1945 e

conta a história com uma ordem

cronológica inversa, ou seja, da

queda à ascensão. Início Negro,

o primeiro episódio da série,

segue os interrogatórios dos

Aliados a ofi ciais do partido nazi e

criminosos de guerra, em especial

a cinco fi guras próximas de Hitler.

O Lobo de Wall Street, TVC1, 21.30

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.19 Os Nossos Dias 15.02 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.00 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 19.22 O Preço Certo 20.00 Telejornal 20.50 As Palavras e os Actos 21.33 Factura da Sorte 21.44 Bem-vindos a Beirais 22.39 Quem Quer Ser Milionário - Alta Pressão 23.44 Portugueses pelo Mundo - Lyon (França) 00.38 Sob Suspeita 1.26 Os Seguidores 2.14 Jikulumessu

RTP 27.00 Zig Zag 11.02 Desalinhado 13.03 Nas Ilhas das Especiarias 14.00 Sociedade Civil 15.04 A Fé dos Homens 15.36 Euronews 16.10 Zig Zag 20.35 Dois Homens e Meio 21.00 Jornal 2 21.41 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 22.00 Fortitude 22.56 Mundo dos Sentidos - Saborear 23.25 ART21 00.23 Janela Indiscreta 00.55 Um Crime, Um Castigo 1.49 Universidade Aberta 2.13 Euronews

SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Duas Caras 15.45 Grande Tarde 18.40 Babilónia 19.00 Tempo de Antena 19.30 Alto Astral 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.25 Poderosas 23.20 A Regra do Jogo - Estreia 00.15 Império 1.00 Investigação Criminal 2.00 Cartaz Cultural 2.50 Podia Acabar o Mundo

TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 15.13 Feitiço de Amor 16.00 A Tarde é Sua 19.00 Campanha Eleitoral 19.27 Cristina 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.28 Jardins Proibidos

23.25 Fascínios 1.00 Ora Acerta 2.00 Autores V 3.00 Dr. House 3.46 Rainhas de Nova Iorque 4.31 Batanetes

TVC110.00 A Temporada do Rinoceronte 11.40 A Emigrante 13.40 Jimmy P. - Realidade e Sonho 15.40 Grace de Mónaco 17.25 O Homem Mais Procurado 19.30 A Emigrante 21.30 O Lobo de Wall Street 00.25 Grace de Mónaco 2.10 Horizon 3.30 Niko e o Pequeno Traquinas 4.50 O Lobo de Wall Street

FOX MOVIES10.22 O Dilema 12.08 A Pantera Cor-de-Rosa 2 13.42 Johnny English 15.08 O Último a Cair 16.47 Ágora 18.46 Haverá Sangue 21.15 O Bom Pastor 00.03 A Barreira Invisível 2.48 Sinais 4.28 Os Miseráveis

HOLLYWOOD9.20 Caçadores na Noite 11.10 A Melodia do Adeus 12.55 Coyote Bar 14.35 O Último Samurai 17.10 Bad Boys 2 19.40 Noite de Medo 21.30 A Caverna 23.10 Soldados do Universo 1.25 RocknRolla - A Quadrilha 3.15 Império - Um Choque Entre Dois Mundos 4.55 Compromisso de Honra

AXN13.51 Arrow 15.27 Forever 16.57 C.S.I. 18.39 Arrow 20.19 Forever 22.15 Crossing Lines 00.00 Mentes Criminosas 00.54 C.S.I. 2.36 Mentes Criminosas 4.07 Arrow 5.33 Crossing Lines

AXN BLACK13.11 Sobrenatural 13.57 Filme: Rapto Brutal 15.24 Filme: Fomos Soldados... 17.40 Sobrenatural 19.58 Filme: Rapto Brutal 21.25 Filme: Fomos Soldados... 23.44 Filme: Babel 2.01 Ruas de Sangue

3.40 A Rainha das Sombras 4.26 Sangue Fresco 5.19 Crossing Lines

AXN WHITE14.17 Traição 15.04 Pequenas Mentirosas 15.52 Filme: Amar-te-ei Até Te Matar 17.30 Criadas e Malvadas 19.04 Gossip Girl 20.40 Criadas e Malvadas 21.30 Filme: Amar-te-ei Até Te Matar 23.08 Filme: O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber 1.20 Criadas e Malvadas 2.07 Gossip Girl 2.54 Mágoas de Grandeza 4.26 Trocadas à Nascença 5.12 Traição 5.58 Gossip Girl

FOX13.12 Os Simpsons 13.59 Investigação Criminal: Los Angeles 15.31 Hawai Força Especial 16.16 17.03 Sob Suspeita 18.43 Hawai Força Especial 20.29 Investigação Criminal: Los Angeles 21.21 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 Tyrant 00.06 Investigação Criminal: Los Angeles 00.56 Hawai Força Especial 1.47 Sob Suspeita

FOX LIFE13.15 Em Contacto 14.01 Filme: Nora Roberts: Inocência Perdida 15.39 A Patologista 17.16 Filme: Nora Roberts: Tributo 18.52 Rizzoli & Isles 19.42 Em Contacto 21.26 Rizzoli & Isles 22.20 No Limite 23.28 Empire 1.16 Filme: Nora Roberts: O Pântano da Meia Noite 2.54 My Kitchen Rules 4.31 A Patologista

HISTÓRIA17.03 O Preço da História 17.46 Alienígenas 18.30 Os Últimos Dias dos Nazis 19.14 Restauradores 21.17 O Preço da História 22.00 Loucos por Carros 23.26 Alienígenas 1.40 O Preço da História 2.23 Caça Tesouros 3.50 Alienígenas 4.35 Os Últimos Dias dos Nazis

[email protected]

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Lobo deWall Street,

VC1, 21.30

Os mais vistos da TVTerça-feira, 22

FONTE: CAEM

SICTVISICTVITVI

14,814,612,1

12,011,8

Aud.% Share

29,929,426,1

26,029,8

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

14,1%%

2,1

21,7

23,5

28,5

Coração d’OuroA Única MulherJornal da NoiteJornal das 8Jardins Proíbidos

NOVA TEMPORADA. NOVOS DETETIVES

ESTREIA T3 HOJE ÀS 22H15axn.pt

Page 40: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

40 | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

JOGOSCRUZADAS 9294

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

22º

Viana do Castelo

Braga12º 29º

Porto14º 26º

Vila Real13º 28º

11º 25º

Bragança10º 26º

Guarda11º 25º

Penhas Douradas11º 22º

Viseu15º 28º

Aveiro15º 24º

Coimbra14º 28º

Leiria13º 26º

Santarém14º 31º

Portalegre18º 30º

Lisboa17º 29º

Setúbal13º 32º Évora

13º 32º

Beja14º 31º

Castelo Branco17º 31º

Sines14º 23º

Sagres17º 24º

Faro18º 26º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

18º 23º

18º 23º

Flores

Terceira17º 23º

21º 25º

22º 27º

17º 23º

22º

19º

07h26

Cheia

19h31

03h5028 Set.

0,5-1m

1-2m

23º

1-2m

25º0,5-1m

24º1,5-2m

12h35 3,001h10* 3,0

18h56 1,007h17* 0,9

12h10 3,100h46* 3,0

18h32 1,106h52* 1,1

12h16 3,000h48* 3,0

18h29 1,006h48* 0,9

1-2m

1-2m

3m

17º

18º

*de amanhã

Horizontais: 1. Não ferida. Capital da República Checa. 2. Anomalia que ca-racteriza os anões. Vaso de pedra para líquidos. 3. Permanece. Decidir-se por. 4. Discursar. Irritar. 5. O tio dos america-nos. Dinheiro (Bras.). 6. Gostei muito de. Outra pessoa. 7. Erva-doce. Germânio (s.q.). Redução das formas linguísticas “em” e “o” numa só. 8. Nome comum a todas as moedas de metal ou papel. 9. Serve-se de. Orçamento do Estado. Duro. 10. Preposição que designa posse. Prefixo (afastamento). Prover. 11. Porção de ovos muito batidos que se fritam, enrolando-os em forma de travesseiro. Argola.

Verticais: 1. Vaso para líquidos, com uma asa lateral. A totalidade. 2. Pequeno poema da Idade Média, narrativo ou líri-co, em versos octossilábicos. Mulher que cria uma criança alheia. Preposição designativa de falta. 3. Incumbência. 4. Fechar as asas (a ave) para descer mais rapidamente. O número 3 em nu-meração romana. Outra coisa (ant.). 5. Elas. Prata (s.q.). Presunçoso. 6. Monte de pouca altura. Hélio (s.q.). 7. Popular (abrev.). Apogeu. Redução das for-mas linguísticas “de” e “a” numa só. 8. Recipiente em que se deita a tinta de escrever ou de imprimir. 9. Cortar as beiras de. Nome feminino. 10. Anda à roda. Causar nojo a. 11. Autores (abrev.). Destino. Prefixo (montanha).

Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (6 pala-vras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Éden. Afiar. 2. Melar. Assam. 3. Arear. Tia. 4. Lb. Ri. Sarar. 5. Oira. Dama. 6. Dorme. Algo. 7. CÉU. Abar. Em. 8. Pó. ALGUM. 9. Ama. Simular. 10. Pi. Puxar. Do. 11. Aldeão. Aval.Verticais: 1. Émulo. Chapa. 2. DE. Bidé. Mil. 3. Ela. Roupa. 4. Narrar. PE. 5. Rei. Ma. Suã. 6. DEBAIXO. 7. Farsa. Alma. 8. Is. Amargura. 9. Astral. Ul. 10. Raia. Gemada. 11. Marrom. Rol.Título da obra: Debaixo de Algum Céu.

Oeste Norte Este Sul passo 1STpasso 2 ♥ X XXpasso 3 ♥ passo 3 ♠passo 4 ♠ Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: 3 ♥. Qual a melhor linha de jogo?

Solução: Sobre o dobre do transfer, garantiu uma mão máxima com três cartas de fit com o redobre. O parceiro aproveitou para repor o transfer com a voz de 3 copas e, de seguida, concluiu em partida.Com nove vazas garantidas, o seu ob-jetivo é simplesmente o de encontrar a décima vaza. Vendo o 2 de copas no morto, pode de-duzir facilmente que o 3 é certamente um singleton e, por isso, que as seis co-pas que restam se encontram na mão de Este, que dobrou 2 copas.Prende o Rei de copas com o Ás, na va-za inicial, e para proteger a Dama de copas de um corte, extrai os trunfos em

Dador: EsteVul: EO

Problema 6360 Dificuldade: Fácil

Problema 6361 Dificuldade: Difícil

Solução do problema 6358

Solução do problema 6359

NORTE♠ AQ963♥ 92♦ 9752♣ A5

SUL♠ KJ4♥ AQ75♦ K3♣ K964

OESTE♠ 1072♥ 3♦ AQ64♣ Q10872

ESTE♠ 85♥ KJ10864♦ J108♣ J3

João Fanha/Pedro Morbey([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

três voltas. Nesta altura, poderia ten-tar um ouro para o Rei esperando o Ás colocado, mas não conte com muito em Este, pois ele não abriu em 2 fraco. Imagine sim esse Ás em Oeste. Para for-çar este último a lhe livrar o Rei, proce-da a um jogo de eliminação: jogue Ás e Rei de paus e corte um pau, reentre na mão através da Dama de copas e apre-sente o quarto pau. Se Oeste assistir, deixe-o fazer a vaza baldando um ouro do morto! Assim terá a décima vaza ga-rantida.Se Oeste não assistir, então nada mais lhe resta do que esperar que o Ás de ouros esteja em Este…

Considere o seguinte leilão:

Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2 ♣ 2 ♦ ?

O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠ AJ8 ♥ K5 ♦ AQ54 ♣ K9822. ♠ KJ72 ♥ KQ62 ♦ 74 ♣ AQJ23. ♠ AJ10 ♥ K92 ♦ QJ87 ♣ AJ9

4. ♠ K107 ♥ AJ4 ♦ 107 ♣ AKJ102

Respostas:

1. 2ST – A voz de 2ST nega a presença de quatro cartas em qualquer rico, mas garante uma boa defesa a ouros.2. 3 ♦– Com ambos os ricos o cue-bid é a voz indicada.3. X – Com quatro bons ouros dobre, punitivo pois claro.4. 3 ♣ – Um bom naipe de cinco cartas, sem boa defesa a ouros.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 41: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | DESPORTO | 41

Keylor Navas perdeu o recordemas o Real Madrid ganhou a liderança

Piqué e a defesa do Barcelona tiveram uma noite desastrada em Vigo

De virtualmente vendido ao Man-

chester United a titular indiscutível

e à beira de um recorde de invencibi-

lidade, com um pedido de desculpas

presidenciais pelo meio. Assim tem

sido o início de época vertiginoso de

Keylor Navas na baliza do Real Ma-

drid. Ontem, o guarda-redes da Costa

Rica sofreu o seu primeiro golo da

temporada na Liga espanhola, mas

isso não impediu a equipa “meren-

gue” de triunfar no San Mamés por

2-1 sobre o Athletic Bilbau e assegu-

rar a liderança do campeonato, em

parceria com o Villarreal e o Celta

de Vigo, que goleou em casa o Bar-

celona por 4-1.

Ainda não foi desta que Cristiano

Ronaldo apanhou Raúl González

na lista dos melhores marcadores

“blancos”. O português precisava de

apenas um golo para chegar aos 323

do avançado do New York Cosmos,

mas fi cou em branco. Sem CR7 de

pontaria afi nada, foi o francês Karim

Benzema a assumir o protagonismo,

marcando os dois golos da equipa de

Rafa Benítez no País Basco.

O Real Madrid colocou-se em van-

tagem aos 19’, mas teve de suportar

a excelente reacção dos bascos, que

conseguiram o empate já na segunda

parte, por Merino, aos 67’. A reac-

ção do Real foi quase imediata, com

Benzema a repor a vantagem aos

70’, após cruzamento de Isco, mas,

depois, foi Navas a manter a vanta-

gem do Real com uma série de boas

defesas. O costa-riquenho acabaria

por fi car a apenas quatro minutos do

recorde de imbatibilidade para um

guarda-redes “merengue” em início

de época — Miguel Angel, em 1975,

fi cou 471’ sem sofrer golos, Navas

fi cou-se pelos 467’.

Este triunfo fez com que o Real

assumisse a liderança pela primeira

vez na época, mas não está sozinho

no topo porque o Villarreal venceu

em Málaga (0-1, com um autogolo de

Fernando Tissone) e o Celta de Vigo

destruiu o Barcelona em casa, com

uma goleada por 4-1, interrompendo

uma campanha catalã que estava até

agora a ser perfeita.

Aos 26’, o ex-benfi quista Nolito

aproveitou o espaço que lhe deram

na área catalã e fez um chapéu perfei-

to ao mal posicionado Ter Stegen. Es-

te foi o primeiro de uma colecção de

erros defensivos do Barça e de lances

de apurado sentido de oportunida-

de do Celta. Iago Aspas foi o grande

protagonista, ao marcar dois golos

(30’ e 56’), um deles um chapéu per-

feito sobre o guarda-redes alemão.

As “estrelas” catalãs ainda picaram o

ponto, com Neymar a marcar aos 80’

após passe de Messi, mas, aos 83’, o

sueco John Guidetti fi xou o resultado

fi nal em 4-1.

Dortmund atrasa-seSó o Bayern Munique é que continua

perfeito na Bundesliga, depois de o

Borussia de Dortmund ter perdido os

seus primeiros pontos da época com

um empate (1-1) no terreno do Hoff e-

nheim, em jogo da 6.ª jornada. De-

pois da inspiração goleadora de Ro-

bert Lewandowski, com cinco golos

em nove minutos na goleada bávara

ao Wolfsburgo, o Dortmund tinha de

responder à letra, mas não foi capaz.

Sebastian Rudy colocou a equipa da

casa em vantagem aos 42’, e tudo o

que a formação de Thomas Tuchel

conseguiu foi o empate, através do

gabonês Aubameyang, aos 55’.

Em Itália, o novato Frosinone con-

seguiu o seu primeiro ponto na Sé-

rie A, ao arrancar um empate (1-1)

em casa da campeã Juventus, na 5.ª

jornada, a confi rmar o mau arran-

que de campeonato da formação de

Turim. Zaza ainda colocou a “Juve”

em vantagem aos 50’, mas Leonardo

Blanchard fez o golo do empate já

em tempo de compensação, naque-

le que foi apenas o segundo golo do

Frosinone no principal escalão do

futebol italiano.

Com mais este empate, a Juventus

ocupa um discreto 13.º lugar, com

apenas cinco pontos, bem longe do

líder Inter de Milão, que continua

perfeito, com cinco vitórias em cinco

jogos, a última das quais alcançada

ontem, por 1-0, sobre o Verona.

Em Inglaterra, foi dia de Taça da

Liga, com o Arsenal a bater o Totte-

nham no derby londrino por 2-1, com

os dois golos dos “gunners” a serem

marcados por Flamini. Em Liverpool,

não esteve longe de acontecer uma

enorme surpresa. O Carlisle United,

da quarta divisão inglesa, conseguiu

segurar um empate em Anfi eld até

aos 120’ (1-1), e a equipa de Brendan

Rodgers só obteve a qualifi cação para

os oitavos-de-fi nal nas grandes pe-

nalidades.

“Merengues” venceram no País Basco e chegam à liderança da Liga espanhola, partilhada com o Celta de Vigo, que destruiu o Barcelona em casa, e com o Villarreal. Em Itália, a Juventus continua a marcar passo

CLASSIFICAÇÕES

ESPANHA ITÁLIA ALEMANHAJornada 5Atlético de Madrid-Getafe 2-0Espanyol-Valência 1-0Granada-Real Sociedad 0-3Celta de Vigo-Barcelona 4-1Levante-Eibar 2-2Rayo Vallecano-Sp. Gijón 2-1Athletic Bilbau-Real Madrid 1-2Las Palmas-Sevilha 2-0Málaga-Villarreal 0-1Betis-Deportivo Corunha hoje, 21h, SP-TV2

Jornada 5Udinese-AC Milan 2-3Carpi-Nápoles 0-0Chievo-Torino 1-0Fiorentina-Bolonha 2-0Sampdoria-Roma 2-1Inter Milão-Verona 1-0Lazio-Génova 2-0Juventus-Frosinone 1-1Palermo-Sassuolo 0-1Empoli-Atalanta hoje, 19h45

Jornada 6Bayern Munique-Wolfsburgo 5-1Darmstadt-Werder Bremen 2-1Hertha Berlim-Colónia 2-0Ingolstadt-Hamburgo 0-1Bayer Leverkusen-Mainz 1-0Borussia Monchengladbach-Augsburgo 4-2Hanôver-Estugarda 1-3Hoffenheim-Borussia Dortmund 1-1Schalke 04-Eintracht Frankfurt 2-0

J V E D M-S P J V E D M-S P J V E D M-S PReal Madrid 5 4 1 0 14-1 13Celta Vigo 5 4 1 0 14-6 13Villarreal 5 4 1 0 11-4 13Barcelona 5 4 0 1 9-6 12Atlético de Madrid 5 4 0 1 9-2 12Espanyol 5 3 0 2 6-11 9Eibar 5 2 2 1 7-5 8Rayo Vallecano 5 2 1 2 4-7 7Valência 5 1 3 1 2-2 6Deportivo Corunha 4 1 2 1 6-5 5Betis 4 1 2 1 2-6 5Real Sociedad 5 1 2 2 5-4 5Las Palmas 5 1 2 2 5-5 5Sporting Gijón 5 1 2 2 4-5 5Levante 5 0 3 2 5-9 3Athletic Bilbau 5 1 0 4 5-9 3Granada 5 1 0 4 4-11 3Getafe 5 1 0 4 3-8 3Málaga 5 0 2 3 0-3 2Sevilha 5 0 2 3 2-8 2

Inter Milão 5 5 0 0 6-1 15Fiorentina 5 4 0 1 7-3 12Sassuolo 5 3 2 0 8-5 11Sampdoria 5 3 1 1 11-7 10Chievo 5 3 1 1 9-3 10Torino 5 3 1 1 9-5 10AC Milan 5 3 0 2 8-8 9Lazio 5 3 0 2 6-10 9Roma 5 2 2 1 8-6 8Palermo 5 2 1 2 6-6 7Nápoles 5 1 3 1 10-6 6Atalanta 4 1 2 1 5-4 5Juventus 5 1 2 2 5-5 5Empoli 4 1 1 2 6-8 4Verona 5 0 3 2 4-7 3Génova 5 1 0 4 2-6 3Bolonha 5 1 0 4 2-7 3Udinese 5 1 0 4 4-8 3Carpi 5 0 2 3 5-10 2Frosinone 5 0 1 4 2-8 1

Bayern Munique 6 6 0 0 20-3 18Borussia Dortmund 6 5 1 0 19-4 16Schalke 04 6 4 1 1 9-5 13Wolfsburgo 6 3 2 1 9-7 11Hertha Berlim 6 3 1 2 7-7 10Hamburgo 6 3 1 2 8-9 10Colónia 6 3 1 2 9-11 10Ingolstadt 6 3 1 2 3-5 10Mainz 6 3 0 3 9-6 9Darmstadt 6 2 3 1 6-7 9Bayer Leverkusen 6 3 0 3 4-8 9Eintracht Frankfurt 6 2 2 2 12-8 8Werder Bremen 6 2 1 3 7-9 7Augsburgo 6 1 1 4 6-9 4Estugarda 6 1 0 5 8-14 3B. Mönchengladbach 6 1 0 5 6-14 3Hoffenheim 6 0 2 4 5-11 2Hanôver 6 0 1 5 5-15 1

MIGUEL RIOPA/AFP

Futebol internacionalMarco Vaza

Page 42: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

PUBLICIDADE

Três dias depois de ter conseguido

o ponto da vitória de Portugal sobre

a Bielorrússia, João Sousa somou

mais um triunfo, já no seu regres-

so ao ATP World Tour. Na primeira

ronda do torneio de St. Petersburg

Open, na Rússia, o número um por-

tuguês não acusou a mudança dos

courts de terra batida de Viana do

Castelo para os hardcourts da Si-

bur Arena e derrotou o moldavo

Radu Albot, pelos parciais de 3-6,

7-5 e 6-4.

João Sousa venceno regresso ao Tour

Sousa, nesta semana no 53.º lu-

gar do ranking ATP, reagiu bem à

perda do set inicial e liderou o se-

gundo por 3-0, antes de o adversá-

rio, mais rodado nestas condições

por vir do qualifying, ganhar cinco

dos seis jogos seguintes e preparar-

se para fechar o encontro. Mas o

tenista luso voltou a não baixar os

braços e foi capaz de ganhar três

jogos consecutivos para forçar um

terceiro set.

Na partida decisiva, Sousa este-

ve sempre no comando até servir a

5-3, momento em que Albot (99.º),

que já tinha derrotado o vimara-

nense numa eliminatória da Taça

Davis, há exactamente dois anos —

11-9 no quinto set —, lhe quebrou o

serviço. Só que o sétimo jogador

mais cotado da prova respondeu

ao mesmo nível e devolveu o break,

para fi nalizar ao fi m de duas horas

e 11 minutos.

Ténis Pedro Keul

Português superou a primeira ronda em São Petersburgo, na Rússia. Hoje vai medir forças com o espanhol Marcel Granollers

Hoje à tarde, na segunda ronda

deste torneio ATP 250, Sousa vai

defrontar o espanhol Marcel Gra-

nollers (81.º), vencedor do austra-

liano Thanasi Kokkinakis (70.º),

com um duplo 6-3. O espanhol de

29 anos (mais três do que o portu-

guês) conhece bem o adversário,

pois já se treinaram muitas vezes

juntos. No ATP World Tour, encon-

traram-se por duas vezes, ambas

em terra batida: em 2012, Granol-

lers venceu em Roland Garros e, no

ano passado, Sousa levou a melhor

no torneio do Rio de Janeiro.

Os melhores tenistas do St. Peters-

burg Open, o checo Tomas Berdych

(5.º), o canadiano Milos Raonic (9.º),

o austríaco Dominic Thiem (21.º) e

o espanhol Roberto Bautista Agut

(23.º), fi caram isentos da ronda ini-

cial e só se estreiam hoje na compe-

tição que tem um prize money de 167

mil euros para o vencedor.

João Sousa bateu ontem o moldavo Radu Albot

Breve

Andebol

FC Porto junta-se na frente a Sporting e BenficaO campeão nacional FC Porto derrotou o ABC, por 32-27, em jogo antecipado da quinta jornada do campeonato de andebol, e manteve o currículo 100 por cento vitorioso, igualando Sporting e Benfica no topo da classificação, com 12 pontos em quatro encontros. Por sua vez, o clube bracarense, que tinha derrotado no mês passado os portistas na Supertaça, tropeçou pela primeira vez e ocupa a quarta posição, com dez pontos.

Page 43: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | DESPORTO | 43

BRYN LENNON/AFP

Aos 34 anos, Kiryienka tornou-se no segundo mais velho a ganhar a medalha de ouro nos Mundiais

A insistência de Vasil Kiryienka deu

frutos em Richmond, nos Estados

Unidos. Aos 34 anos, e na décima

tentativa, o bielorrusso sagrou-se

campeão do mundo de contra-

relógio, um triunfo garantido por

apenas nove segundos de diferen-

ça para o italiano Adriano Malori e

26 para o francês Jérôme Coppel.

Nelson Oliveira, o único represen-

tante nacional, voltou a obter uma

posição de respeito (13.º), mas não

conseguiu melhorar o desempenho

do ano passado, quando se tornou

no primeiro ciclista português a

classifi car-se no top 10 (7.º).

O sucesso do corredor da Sky tem

tanto de persistente como de con-

sistente. A sua estreia nesta espe-

cialidade nos Mundiais de Estrada

aconteceu em 2005 e desde então só

falhou a presença em 2010. Em 2012,

assegurou o bronze e não mais saiu

do top 4. Nos dois anos seguintes,

terminou na 4.ª posição para agora

subir ao lugar mais alto do pódio,

garantindo a camisola arco-íris.

Kiryienka cumpriu os 53,5 quiló-

A perseverança de Kiryienka compensou na décima tentativa

metros do percurso em 1h02m29s,

a uma média de 51,368 km/h, para

se tornar o segundo mais velho a

ganhar a medalha de ouro. O bielor-

russo sucedeu no palmarés a Brad-

ley Wiggins, que tinha mais alguns

meses do que Kiryienka quando ga-

nhou há um ano.

Concentrado no ciclismo de pis-

ta, o britânico não compareceu ao

Mundial de Richmond. Outra baixa

de vulto foi a do recordista de triun-

fos Fabian Cancellara, lesionado.

Apesar da ausência destes dois no-

mes, não havia falta de grandes es-

pecialistas à partida, mas Kiryienka,

que nesta época venceu também o

contra-relógio dos Jogos Europeus,

da Volta a Itália e do seu campeona-

to nacional, foi o único dos favoritos

que terminou no pódio.

O grande derrotado foi Tony Mar-

tin. O alemão não conseguiu igualar

as quatro vitórias de Cancellara e foi

apenas 7.º (a 1m16s), terminando

uma série de seis presenças segui-

das no pódio. Terceiro há um ano, o

holandês Tom Dumoulin, a grande

surpresa da Volta a Espanha, desceu

para 5.º (a 1m01s), enquanto o aus-

traliano Rohan Dennis, atrasado por

uma avaria, foi 6.º (a 1m07s).

O campeão italiano Adriano Ma-

lori, com uma grande performan-

ce, falhou por muito pouco a sexta

vitória do ano num contra-relógio

e imitou a prata do compatriota An-

drea Chiurato em 1994. O transal-

pino subiu sempre na hierarquia:

24.º em 2011, depois 10.º, 8.º, 6.º

e agora 2.º. Mais surpreendente foi

o terceiro lugar de Jérôme Coppel.

O campeão francês ofereceu ao seu

país a primeira medalha na especia-

lidade desde o êxito de Laurent Ja-

labert, em 1997.

Quanto a Nelson Oliveira, fi cou

longe da meta de fazer melhor do

que o sétimo posto conseguido há

um ano, acabando por concluir a

prova com mais 1m52s do que Ki-

ryienka, no 13.º lugar. “Tentei re-

gular o esforço na primeira parte,

pensando que poderia recuperar na

fase fi nal. Acabei por pagar o desgas-

te da Vuelta e não cumpri o objecti-

vo. Estava muito vento e as subidas

não eram sufi cientes para quebrar o

ritmo aos roladores”, disse Oliveira,

citado pela Federação de Ciclismo.

CiclismoManuel Assunção

Nelson Oliveira foi 13.º no contra-relógio do Mundial que decorre nos Estados Unidos

Quatro dias depois de alcançar uma

vitória histórica sobre a África do Sul,

o Japão durou 48 minutos contra a

Escócia. Os japoneses voltaram a es-

tar em muito bom nível na primeira

parte do segundo jogo que fi zeram

no Campeonato do Mundo de râgue-

bi, em Inglaterra, mas a saída por le-

são do “8” Amanaki Mafi coincidiu

com o eclipse japonês: nos últimos 32

minutos, a Escócia marcou cinco en-

saios e garantiu uma vitória inequívo-

ca, por 45-10. Tal como os escoceses,

a Austrália e a França também con-

fi rmaram o favoritismo e venceram,

mas com exibições medíocres.

A proeza conseguida pela selecção

comandada por Eddie Jones contra

os Springboks criou uma enorme

expectativa para o segundo jogo do

Japão no Mundial, mas desta vez os

Brave Blossoms depararam-se com

um rival que mostrou que terá que

ser levado muito a sério pela concor-

rência. Bem trabalhados pelo neo-

zelandês Vern Cotter, os escoceses

mostraram sangue frio e rigor táctico

enquanto duraram as forças dos asiá-

ticos e, na segunda parte, com cinis-

mo q.b., fi zeram o KO ao rival.

Depois de um 12-7 ao intervalo fa-

vorável aos britânicos, o Japão ainda

reduziu para 12-10, mas esse acabou

por ser o princípio do fi m dos nipó-

nicos, que perderam nessa altura o

seu infl uente “8”, Amanaki Mafi , que

tinha marcado o único ensaio na pri-

meira parte. Dois minutos depois da

saída por lesão de Mafi , John Hardie

fez o primeiro ensaio da Escócia (17-

10) e o jogo mudou por completo.

A acusarem o desgaste do intenso

duelo contra os sul-africanos, os ja-

poneses começaram a cometer erros

e a abrir espaço aos escoceses, que

marcariam mais quatro ensaios (Ma-

rk Bennett, aos 56’ e 69’; Tommy Sey-

mour, aos 64’; Finn Russell, aos 74’).

Com esta vitória com bónus ofensi-

vo (45-10), a Escócia deu um enorme

passo rumo aos “quartos”.

Nas outras partidas disputadas on-

tem, os favoritos ganharam, mas tan-

to a Austrália, como a França mostra-

ram muito pouco. Com uma exibição

assim-assim e apenas três ensaios

marcados, a Austrália não somou o

ponto de bónus ofensivo, o que per-

mitiria igualar a Inglaterra no topo

do Grupo A, com cinco pontos. Os

Wallabies fi caram-se pelo objectivo

mínimo na estreia do Mundial 2015:

vitória sobre as Fiji, por 28-13.

A fechar o quarto dia de compe-

tição, a França conseguiu um resul-

tado bem melhor do que a exibição.

No Olympic Stadium, em Londres,

os franceses, na estreia da Roménia

no Mundial, realizaram 80 minutos

de fraquíssima qualidade e o 38-11

favorável aos gauleses é claramente

exagerado.

RâguebiDavid Andrade

Depois de conseguir uma surpreendente vitória sobre a África do Sul, o Japão cedeu perante os competentes escoceses

Haraquiri japonês frente à Escócia, Austrália e França com exibições cinzentas

A Escócia mostrou grande rigor táctico frente ao Japão

EDDIE KEOGH/REUTERS

RESULTADOS

ONTEM

HOJE

Escócia-Japão (Grupo B) 45-10Austrália-Fiji (Grupo A) 28-13França-Roménia (Grupo D) 38-11

Nova Zelândia-Namíbia (Grupo C) 20h

CLASSIFICAÇÃO

1.º Vasil Kiryienka (Bielorrússia) 1h02m29s2.º Adriano Malori (Itália) a 9s3.º Jérôme Coppel (França) a 26s4.º Jonathan Castroviejo (Espanha) a 29s5.º Tom Dumoulin (Holanda) a 1m01s6.º Rohan Dennis (Austrália) a 1m07s7.º Tony Martin (Alemanha) a 1m16s8.º Maciej Bodnar (Polónia) a 1m17s9.º Marcin Bialoblocki (Polónia) a 1m22s10.º Moreno Moser (Itália) a 1m04s11.º Jan Barta (República Checa) a 1m34s12.º Taylor Phinney (EUA) a 1m36s13.º Nelson Oliveira (Portugal) a 1m52s14.º Stephen Cummings (Grã-Bretanha) a 1m58s15.º Michael Hepburn (Austrália) a 1m59s

Page 44: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

44 | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

Nem tanto ao défice nem tanto à dívida

Dois americanos num tempo em mudança

Discutir assuntos tecnicamente

complexos em ambiente de campanha

eleitoral normalmente não dá bons

resultados. O tema está a ser tratado

com superfi cialidade e demagogia,

com o objectivo de passar ao eleitorado uma

mensagem que não é a mais correcta.

As regras de contabilidade exigiam que o

dinheiro injectado pelo Fundo de Resolução

no Novo Banco fosse contabilizado para

efeitos do défi ce e da dívida, caso a venda

não fosse concretizada no período de um

ano. Como tal, o défi ce do ano passado,

altura em que se deu a injecção de capital,

aumentou de 4,5% para 7,2%.

Não se passa nada, diz o Governo. É uma

desgraça, diz a oposição. Nem tanto ao

mar nem tanto à terra. Tal como explicou

ontem Pedro Passos Coelho, estamos a falar

A contabilização do Novo Banco no défice entrou pela campanha eleitoral adentro

de uma operação contabilística que não

exige um esforço adicional aos portugueses

para equilibrar as contas públicas e que

em nada compromete as metas para este

ano. Mas daí até dizer, como insinuou o

primeiro-ministro, que é um bom negócio

para o Estado vai uma grande distância.

Sendo verdade que o dinheiro não está

parado e que o Estado recebe juros pelos

3,9 mil milhões de euros que investiu

no Novo Banco, também é verdade que

a probabilidade de receber o dinheiro

emprestado de volta nos próximos anos é

quase nula.

Do lado da oposição, Pedro Nuno Santos,

do PS, exigia: “O que Pedro Passos Coelho

tem de explicar agora aos portugueses é

para que é que serviu a austeridade.” É caso

para dizer que uma coisa não tem nada que

ver com a outra. Se assim fosse, o próprio

PS teria de rever o seu programa eleitoral,

já que a necessidade de consolidar as contas

públicas seria maior do que o esperado.

E mesmo criticando a solução (e as

consequências) da resolução adoptada pelo

Governo para o BES, nunca se percebeu

bem o que os socialistas fariam de diferente

e que custasse menos aos cofres públicos.

Foi a cantora norte-americana Patti

Smith quem disse, há dias, numa

entrevista (no suplemento Ípsilon do

PÚBLICO), que “o Papa Francisco é

muito mais revolucionário do que

Barack Obama”. Porque o actual Papa

confrontaria mais poderes, a partir do

Vaticano (onde a sua decisão é soberana,

convém notar), do que o Presidente dos

EUA a partir da Casa Branca (onde tem

de lidar com a oposição republicana,

por saudável imposição do sistema

democrático). Onde se uniram estes dois

americanos, um do Norte e outro do Sul?

Nas alterações climáticas, que Francisco

inscreveu na Laudato Si’ e que Obama tem

vindo a brandir como derradeira arma no

seu adeus ao poder. De visita a Washington,

o Papa apoiou as posições de Obama e este

naturalmente retribuiu. Uma convergência

esperada num tempo em mudança, quando

ainda é cedo para avaliar as marcas que

estes dois homens vão deixar na história.

Sendo certo que a marcarão.

Indecisos e voto útil

O PS e a coligação PSD-CDS

andam, desde novembro de

2014, praticamente empatados.

Quer se queira quer não, no dia

4 de Outubro será o voto útil no

Partido Socialista a vencer as

eleições. Nunca o povo português

desejou tanto umas eleições, pois

ao longo destes quatro anos só

teve austeridade, desemprego,

agravamento da carga fi scal,

e sobretudo, dia após dia,

um grande empobrecimento.

Reformados e pensionistas, desde

que os senhores Pedro e Paulo

estão à frente deste Governo,

nunca mais tiveram um euro de

aumento. Há quatro anos, o então

candidato a primeiro-ministro

Pedro Passos Coelho mentiu aos

eleitores, prometendo não cortar

salários, pensões e não aumentar

impostos. Quem é que no seu juízo

prefeito levará a sério, novamente,

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

Pedro Passos Coelho? E lhe voltará

a dar o seu voto? De certeza

absoluta, ninguém. Encobrir o

erro é errar outra vez!

Tomaz Albuquerque, Lisboa

Dei comigo a...

Dei comigo a ouvir na rádio

que os muitos milhares de

emigrantes portugueses estão

a encontrar muitos obstáculos

para se inscreverem nos cadernos

eleitorais para as próximas

eleições de 4/10. Já que muitos

deles foram empurrados

porta fora, será que também

os mentores por tal êxodo

migratório não querem que eles

votem pensando que o voto não

ia para si/eles? Dei comigo a

pensar qual será a razão por que

a região da Catalunha quer ser

independente de Espanha. Então,

quer fragmentar ainda mais a já

desunida Europa? E aumentando

os nacionalismos? Ou pensará

apenas em si e nos seus? E quem

terá razão? Os que defendem uma

Europa escancarada? E já não

existem traidores, ou passaram

todos a ser bons rapazes?

José Amaral, VNGaia

A expectativa

A expectativa das eleições do

outono começam a desenvolver a

esperança de que os portugueses

precisam para promoverem a

ilusão. A ilusão que tudo se altere;

que se altere mesmo o país. Às

tantas até o país se pode alterar.

Basta acontecer as eleições.

Temos as inequívocas propostas

do PS em contraponto com as

realidades da coligação PSD-CDS.

Uns prometem-nos o paraíso

perdido, os outros iludem-nos

com uma realidade que apenas

a eles pertence. Não nos digam

que estávamos falidos. Não nos

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

digam que não há dinheiro. Não

nos digam para nos resignarmos

às evidências. Nós, portugueses,

queremos é viver com dignidade.

Nós, portugueses, que sempre

trabalhámos, temos o direito de

usufruir desse fruto. O fruto do

nosso trabalho. Podem vender-nos

a ilusão que quiserem. Só compra

quem quer.

Gens Ramos, Porto

O PÚBLICO ERROU

Na notícia “Ângela Ferreira vence

Novo Banco Photo 2015” da

edição de 23.09.2015 refere-se o

Museu de Etnografi a, quando se

deveria referir o Museu Nacional

de Etnologia. E quando se

escreve “vídeos captados pelo

casal Jorge e Margot Dias” deveria

escrever-se “excertos de vídeos

compilados por Luís Beja e vídeos

captados por Margot Dias.”

Page 45: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

Os programas eleitorais do desporto

Organizado pela Confederação

do Desporto de Portugal,

decorreu no dia 15 de

Setembro um debate no

Museu do Desporto sobre

os programas dos partidos

com assento parlamentar

evidenciando uma suave

convergência democrática sem

risco, com lugares-comuns e

estereótipos desportivos, qb.

Houve poucos discursos fulcrais e houve

mais o apontar de fi guras de estilo que

se indicam de seguida. Joana Silva, d’Os

Verdes, e Rita Rato, do PCP, afi rmam os

princípios constitucionais e os defi nidos na

lei de bases e a leitura dos seus programas.

Joana Silva acrescenta a massifi cação da

prática desportiva e a necessidade do

fi nanciamento do Estado. Rita Rato enfatiza

a perda da importância da educação

física escolar e uma melhor fi scalidade

no interesse do desporto. Raul Almeida,

do CDS, trata o programa da coligação,

discorre sobre o trabalho feito no desporto

escolar, na Assembleia da República, a

importância económica do desporto e a

Carta Desportiva Nacional. Pedro Pimpão,

do PSD, escusa-se com a difi culdade de

obter resultados no longo prazo, realça a

importância económica do desporto e o

entendimento na feitura das leis por parte

dos parceiros parlamentares. Laurentino

Dias, do PS, discursa solto, notando

o período de 40 anos e a necessidade

actual de encontrar soluções, apontando

para o trabalho das escolas e clubes e a

possível difi culdade de fi nanciamento

futuro se o entusiasmo popular for grande

para as novas apostas da Santa Casa da

Misericórdia de Lisboa, retirando dinheiros

ao desporto, como aconteceu no início

do Euromilhões. Por fi m, Carlos Rocha,

do Bloco de Esquerda, estabelece uma

nova fronteira, ao referir uma estratégia

de desenvolvimento humano, e depois

fecha-lhe a porta, afi rmando que já está

tudo estudado, sem notar a pertinência e a

contradição do que afi rmara.

É interessante o BE assumir o conceito

da direita do “deixem-me trabalhar” e

a incompreensão do que são os limites

humanos, onde se trabalha em grande

parte do desporto moderno. Não me

apercebi se algum dos palestrantes falou

em ciência, afi rmando-se antes a existência

de estabilidade (um conceito que é

simultaneamente uma quimera e um saco

de gatos) de fi nanciamento e de produção

legislativa no desporto português, falando-

se do Eurobarómetro como instrumento

de medição da prática desportiva da

população, do decréscimo das fi liações

federadas, do desacerto das estatísticas

evidenciadas, da carta desportiva nacional

e da reforma fi scal

como projecto

adiado.

Quando Mariano

Gago assumiu a

pasta da Ciência

atribuída por

António Guterres, o

conhecimento mais

avançado e mais

bem estruturado foi

colocado à frente

do sector e esse

facto estará na base

do seu sucesso

reconhecido no

último 10 de Junho.

No desporto, a

ciência estará

arredada como

se observou

em diferentes

sound bites dos

palestrantes

parlamentares,

referindo a

normalidade do

fi nanciamento e do processo legislativo

no desporto, certo erro dos números

esgrimidos, encimado pela máxima dos

estudos estarem todos feitos. No passado,

o desporto teve sumidades, uma liderança

universitária e o máximo conseguido foram

comportamentos corporativos nulos de

benefícios sociais.

O desporto é também o gume da navalha

do desenvolvimento humano, ainda mais

do que o conceito de Carlos Rocha, do BE. A

jovem economista e emigrante em Londres

Sara Paço cantou My boss is a dick head no

programa inglês X-Factor e convenceu o júri

da sua excelência. Patrícia Resende, fi lha de

Carlos Resende, campeão de andebol, é a

coqueluche da Universidade do Porto, com

os 20 valores de ingresso. Patrícia Resende

não se atrapalha por ser andebolista de

alto rendimento e, tal como muitos pais,

sabe que o desporto é fundamental para o

melhor desenvolvimento dos seus fi lhos.

Todas as escolas e todas as universidades

lidam com crianças maravilhosas em

todo o seu ser, mas o desporto servido

No desporto, é pertinente suscitar-se a dúvida em relação à fasquia dos critérios de decisão de nomeação política

Miguel Esteves Cardoso interrompe a sua crónica durante o mês de Setembro, para férias, voltando ao espaço habitual em Outubro

Debate LegislativasFernando Tenreiro

tantas vezes é mitigado e aquém do

nível de desenvolvimento europeu que

Portugal deveria ter e das exigências de

desenvolvimento pleno dessas crianças...

Apesar disso, os bons treinadores e

dirigentes desportivos sabem que os

melhores alunos são os que também nunca

faltam aos treinos, são os mais aplicados

e tantas vezes os melhores desportistas. O

desporto é um sector fulcral e sensível e

tratá-lo com ligeireza é um pecado mortal

apenas justifi cado pela iliteracia desportiva

nacional que diminui orçamentos,

desestrutura organizações desportivas

das suas missões, nomeia desajustados

para funções de liderança das instituições

públicas e privadas e trabalha pouco os

princípios e a largueza de perspectivas.

Não será por demais sugerir que as nossas

crianças são perfeitas e, quando tropeçam,

fazem-no porque o país, as suas instituições

e quem as lidera se estatelaram antes.

No desporto, é pertinente suscitar-se a

dúvida em relação à fasquia dos critérios de

decisão de nomeação política. As próximas

eleições sugerem que as crianças nacionais

e o desporto português necessitam de

líderes e equipas políticas, no mínimo,

extraordinárias e que esse valor é a

responsabilidade atribuída ao vencedor

das eleições. Importará pouco o pacote de

promessas se os nomeados para governar

o desporto forem inferiores à excelência e

responsabilidade da juventude desportiva

portuguesa, quando se lhes pede para

ganharem campeonatos da europa, do

mundo e os Jogos Olímpicos, e se essas

personalidades não demonstrarem ter

capacidade profi ssional, anímica, ética, de

vida, perspicácia, independência, civilidade,

presença e assunção dos riscos para

responder ao desafi o do desenvolvimento

sustentado do desporto português neste

novo início para o século XXI.

Oxalá a rima da canção de Sara Paço

apenas se aplique ao seu patrão britânico.

Economista

REUTERS

Page 46: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

46 | PÚBLICO, QUI 24 SET 2015

AXEL SCHMIDT/REUTERS

Excelência, diz a FCT

Carta aberta à presidente da

Fundação para a Ciência e a

Tecnologia, Professora Doutora

Maria Arménia Carrondo:

Celebra-se este ano o

centenário da Relatividade

Geral, a teoria física-

matemática que Albert

Einstein concebeu para

descrever as Leis da

Gravitação e apresentou em 1915,

universalmente reconhecida como um dos

maiores feitos do pensamento humano.

Ao longo destes 100 anos, a Relatividade

Geral tem tido um impacto incrível no

entendimento do Universo. Para além

disso, a sua natureza conceptual, alicerçada

em perspectivas revolucionárias de

espaço e tempo, tratando situações físicas

enigmáticas como os buracos negros ou

o “Big Bang”, tem inspirado a literatura, o

cinema, a arte, e alavancado a tecnologia

(sendo o exemplo mais notório o GPS, que

seria impossível sem a correta aplicação da

física relativista).

Mistérios como a natureza da matéria e

energia escuras, que constituem mais de

¾ do Cosmos, bem como interrogações

sobre que tipo de incríveis objectos existem

no centro de quase todas as galáxias e

originam as maiores luminosidades do

Universo, são alguns dos exemplos que têm

levado a comunidade internacional a tentar

entender profundamente as complexas

equações da Relatividade Geral. Deste

empreendimento global têm resultado

excitantes desenvolvimentos teóricos,

que avançam em paralelo com enormes

esforços experimentais para obter novos

e mais precisos dados observacionais.

Estes são alguns dos problemas científi cos

mais importantes da actualidade,

cuidadosamente discutidos nos últimos

relatórios da NASA e da ESA.

Enquadrada neste esforço internacional,

a ciência feita em Portugal tem conseguido

destaque e liderança. Eis exemplos

concretos:

— Duas bolsas do European Research

Council (ERC) foram dadas a um grupo

baseado em Portugal nesta área. É

(provavelmente) caso único na Europa;

— Duas bolsas da União Europeia para

intercâmbio de investigadores entre

Portugal, Espanha, Inglaterra, França,

Itália, Brasil, EUA, Japão e Canadá.

— De acordo com um estudo recente da

Scientifi c American, o artigo original mais

citado dos 2435 artigos colocados online

em Gravitação e Cosmologia, em 2014, é

uma investigação integralmente feita numa

Universidade portuguesa.

Vários estudos mostram que a Física e

as Ciências do Espaço são das disciplinas

científi cas mais

desenvolvidas em

Portugal, situando-

se até em patamares

superiores à

média europeia.

Parcialmente

motivada por esta

crescente relevância

internacional da

ciência feita em

Portugal nesta

área, a comunidade

de relativistas

portugueses formou

recentemente

a “Sociedade

Portuguesa de

Relatividade Geral e

Gravitação”.

Apesar desta

inequívoca

excelência segundo os padrões

internacionais, para nosso grande

desalento, constatámos que a FCT decidiu

desapoiar a investigação em ciência

fundamental teórica, em particular

nesta área. Em concreto, das dezenas de

Francisco Assis interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral

candidaturas submetidas ao concurso de

Projectos de IC&DT em todos os Domínios

Científi cos 2014 em física teórica, e cujos

resultados foram divulgados durante o mês

de Agosto de 2015, nenhum foi aprovado.

Esta situação contrasta marcadamente com

o apoio da FCT a outras áreas científi cas,

onde se constata, por exemplo, que uma

instituição (privada) [1] na área das ciências

biomédicas em Portugal teve mais de 70%

dos seus projectos submetidos aprovados

no mesmo concurso.

Será que afi nal a física teórica em

Portugal não é excelente? Bom, o veredicto

depende dos avaliadores, e claro está, do

orçamento que a FCT destina a cada área.

Dado que dezenas de avaliadores da área

(incluindo, por exemplo, prémios Dirac e

Nobel) já a carimbaram como excelente em

várias avaliações (repetimos, duas ERC para

física teórica, duas bolsas europeias IRSES

e RISE, etc), o resultado da física teórica no

concurso da FCT e em particular da área da

Gravitação, pode apenas ser interpretado

como sendo consequente ou de uma

opção política da FCT — não assumida nem

divulgada — ou de uma falta de cuidado na

condução dos concursos.

Constatámos, por exemplo, que, no

concurso de Projectos de IC&DT em todos

os Domínios Científi cos 2014, o painel de

avaliação na área da Física não tinha

qualquer membro com background

teórico, nem em gravitação/astrofísica

ou cosmologia, nem em física de altas

energias. Constatámos também que na área

da astrofísica apenas uma instituição teve

projectos aprovados. Isto não é normal. E

sobretudo não é normal, nem tão-pouco

ético, que, coincidentalmente, um dos

membros do painel de avaliação (o único

vagamente relacionado com a área) tenha

sido durante anos membro conselheiro

dessa mesma instituição. Constatámos

ainda que as próprias directivas da FCT

continham explicitamente na avaliação

um item designado a auferir o potencial

económico da proposta. Em áreas como a

física teórica ou a matemática é perverso e

vai contra toda a história da ciência ter que

mostrar um potencial económico. Obrigar

a ciência a guiar-se por uma perspectiva

economicista é amordaçá-la. Essa visão

fará sentido na tecnologia, mas não na

ciência. Por trás dos avanços tecnológicos

está a ciência pura e desinteressada. Foi a

busca da constituição do átomo, sem fi m

económico aparente, que nos deu o CERN

e eventualmente a Internet. E foi também

a lei da gravitação que permitiu que o

homem fosse à Lua, o que nos deu fi ltros

de água, implantes auditivos, bombas de

insulina...

Como noticiado pelo PÚBLICO em

12 de Setembro de 2015 a propósito do

concurso referido, “nunca tanto dinheiro

foi distribuído por tão poucos projectos

científi cos”. Pois é. Os supostos excelentes

Debate Investigação científicaVítor Cardoso, Carlos A. R. Herdeiro

recebem tudo e os outros nada. Uma

política sensata quando existe um claro

diferencial de qualidade entre uns e

outros, mas injusta e insensata quando

esse diferencial é obviamente inexistente

e a ordenação é, no mínimo, discutível. Na

prática, o que se verifi ca é que depois da

assumida pose pública da FCT enfatizando

o mérito e a excelência, equipas com nítida

excelência viram recusadas as propostas de

(modesto) fi nanciamento.

Gostaríamos de recordar a V. Exa.

que os benefícios de investir em ciência

fundamental, sem retorno imediato —

seja ele fi nanceiro ou tecnológico —,

são sobejamente conhecidos. Sem esse

investimento, a inovação deixa de existir.

O relatório do comité de acompanhamento

da presidência Obama no Estados Unidos

chama a atenção para que (citamos

livremente o relatório) “a Ciência, a

Tecnologia, a Engenharia e a Matemática

são fundamentais para determinar as

nações líderes nos desafi os em áreas como

a energia, a saúde, a protecção ambiental,

a segurança nacional, entre muitos

outros. Um bom investimento em ciência

garante que o país continue a realizar

descobertas fundamentais que aprofundem

o conhecimento de nós mesmos, do nosso

planeta e do nosso Universo. O ensino da

ciência fornece as ferramentas técnicas e

a literacia necessária para um indivíduo

tomar decisões informadas sobre si próprio,

sobre a família e sobre a comunidade. E

fortalece ainda a democracia, preparando

todos para tomarem decisões informadas

num mundo cada vez mais tecnológico.”

Como coordenadores de dois dos

maiores grupos de gravitação do país,

vimos desta forma apelar à presidente

da FCT para que não deixe morrer a

investigação em ciência fundamental, e

em particular nesta área da gravitação,

no momento em que celebramos o seu

centenário. Pedimos que a FCT institua

uma política científi ca e de excelência na

elaboração do orçamento, na distribuição

do orçamento, na constituição dos painéis

de avaliação e no Conselho da própria FCT.

É o nosso desejo que a que FCT institua, no

seu seio, a política de excelência que diz

exigir à comunidade que serve.

[1] A fundação pública para a ciência “doou”,

neste momento de crise, uma fracção do seu

orçamento para instituições privadas milionárias.

Instituto Superior Técnico, coordenador do Grit, Grupo de Gravitação do Instituto Superior Técnico; coordenador do Gr@v, Grupo de Gravitação da Universidade de Aveiro

Gostaríamos de recordar que os benefícios de investir em ciência fundamental, sem retorno imediato, são sobejamente conhecidos

Page 47: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

PÚBLICO, QUI 24 SET 2015 | 47

NFACTOS / FERNANDO VELUDO

A Uber e os táxis

No dia 8 de Setembro, assistimos

a uma enorme manifestação

de taxistas numa contestação à

operação da Uber em Portugal.

Já ouvimos várias vezes a

Uber dizer que é apenas uma

plataforma electrónica que liga

passageiros a motoristas e é

relevante tentarmos perceber

o porquê de esta empresa

não usar táxis devidamente licenciados,

nomeadamente no seu serviço Uber X, para

entregar o serviço que angaria.

Ninguém tem dúvidas de que a actividade

da Uber seria absolutamente legal nessa

situação, competindo com outras apps

que funcionam de forma idêntica, como o

Meo Táxi ou a 99 Táxis, mas que entregam

o serviço a táxis devidamente licenciados

pelos municípios. Repare-se que a

requisição e adjudicação em tempo real

de um transporte em carro é exactamente

o que caracteriza a actividade dos táxis,

requerendo uma infra-estrutura que facilite

tal actividade, nomeadamente com um

conjunto de praças de táxi distribuídas

pelas cidades de forma a poderem satisfazer

tais pedidos efi cientemente. No Porto, onde

vivo, e como os carros Uber X não têm

tais praças, vejo-os muitas vezes parados

em segunda fi la enquanto esperam pelo

próximo serviço, numa ilegalidade óbvia

e inevitável numa operação de transporte

de passageiros que não se articulou

previamente com as entidades que regulam

e organizam a rede rodoviária urbana.

É relevante tentarmos perceber

o porquê de a Uber não usar táxis

devidamente licenciados pelos municípios,

nomeadamente no seu serviço Uber X.

Repare-se que não é pela questão da

qualidade dos carros, pois entre os mais

de 12.000 táxis existentes em Portugal

existem inúmeros carros que circulam

rigorosamente impecáveis diariamente.

Também não é pela educação dos

motoristas, pois existem igualmente

inúmeros motoristas de táxi que são

cordiais com os seus clientes, falam

várias línguas e executam o seu trabalho

com profi ssionalismo e efi ciência. O

argumento da Uber de que traz alternativas

para o transporte urbano em Portugal é

particularmente estranho num contexto

em que há 10.000 empresas diferentes

a prestar tal serviço, muitas delas com

carteiras de clientes fi éis, que preferem

chamar um táxi específi co ao invés de pedir

um táxi para uma central de táxis.

Na minha opinião, existem duas razões

principais para o facto de a Uber não

usar táxis para executar o serviço que

angaria com a sua app: uma técnica e uma

comercial. A razão técnica prende-se com

o facto de ter que cobrar o valor indicado

no taxímetro se operar com táxis. Fazer

o seu próprio taxímetro na app, com

base no relógio e GPS dos smartphones,

é tecnicamente muito mais simples do

que ler o valor do taxímetro. Torna a

experiência do passageiro mais confortável

e o fi m da viagem bem mais expedito,

comparativamente

com as outras apps

que operam com

táxis e que esperam

pela introdução

pelo motorista do

valor do taxímetro.

Com o seu próprio

taxímetro feito na

app, a Uber pode

fl exibilizar as tarifas

como bem entende,

variando os valores

em função da oferta

e da procura. É

uma vantagem

importante

comparativamente

com as apps que

operam com táxis,

mas que torna

incompatível a

utilização de táxis

sujeitos à tarifação

de um taxímetro por

parte da Uber. Sobre

os valores cobrados

pela Uber, e que

se baseiam nos

mesmos princípios

dos taxímetros

dos táxis, com

uma componente

de distância e

uma componente

temporal, temos

ouvido diversas

vezes que o valor

de um carro Uber X

será alegadamente

É sempre possível arranjar exemplos particulares onde a diferença de preço pode ser significativa a favor de um carro Uber X, mas no cômputo geral desengane-se quem advoga que a tarifa Uber X é mais barata que a tarifa dos táxis

inferior ao cobrado por um táxi. O valor

da tarifa inicial, do quilómetro e do

minuto são totalmente diferentes num

Uber X e num táxi, tornando difícil uma

comparação objectiva, que só é possível

usando viagens concretas, com trajectos

e durações concretas. Sendo eu co-

fundador da empresa Geolink, que faz

a expedição electrónica de algumas das

maiores centrais de táxi em Portugal,

foi-me relativamente fácil pedir uma

análise objectiva que permitisse uma

comparação clara de ambas as tarifas.

Para isso a Geolink utilizou um ano inteiro

dos trajectos dos 442 táxis da Raditáxis do

Porto, a central mais antiga do país, que

totalizaram mais de um milhão de serviços.

Estes trajectos têm informação temporal

e espacial, permitindo ainda determinar a

tarifa usada na viagem, nomeadamente na

parte urbana e suburbana de tal viagem. O

resultado para um ano inteiro de serviços

deu uma diferença de apenas 5% menos na

tarifa aplicada pela Uber, usando sempre

o seu valor-base mais barato e que pode

variar em função da oferta e da procura.

Mais relevante nesta comparação é ainda

o facto de usarmos a mobilidade dos

táxis nos trajectos analisados e que será

necessariamente diferente da mobilidade

dos carros Uber X, uma vez que estes

não podem circular nas faixas bus. Esta

diferença de mobilidade, para além de

tornar menos efi ciente o transporte

num Uber X comparativamente com

um táxi, também teria implicações na

componente temporal da tarifa aplicada

pela Uber (0,10 EUR por minuto), que

provavelmente anulariam a diferença

positiva para os carros Uber X no total de

viagens executadas pelos táxis da Raditáxis

do Porto. É claro que é sempre possível

arranjar exemplos particulares onde a

diferença de preço pode ser signifi cativa a

favor de um carro Uber X, mas no cômputo

geral desengane-se quem advoga que a

tarifa Uber X é mais barata que a tarifa dos

táxis.

Debate MobilidadeMichel Ferreira

A razão comercial para o facto de a Uber

não usar táxis para executar o serviço que

a sua app angaria prende-se, na minha

opinião, com o facto de ser muito difícil

convencer os taxistas a aceitarem pagar a

comissão de 20% que é cobrada em cada

serviço. As apps que angariam serviço

e o despacham através de táxis, como a

Meo Táxi ou a 99 Táxis, cobram menos de

metade da comissão da Uber. Ao recorrer a

carros que não teriam acesso a fazer serviço

de táxi de outra forma, é natural que seja

mais fácil tornar aceitável uma comissão de

20%. E ao ser a única empresa a aventurar-

se na ilegalidade de atribuir serviço de

táxi a carros que não estão licenciados

para o serviço de táxi, a Uber consegue

uma visibilidade extraordinária gerada

pela contestação e polémica sobre a sua

operação.

Note-se que o transporte rodoviário

acontece numa infra-estrutura pública

de estradas, pagas com os impostos de

todos nós. Se a Uber construísse a sua

própria rede de estradas, seguramente que

ninguém poria em causa a sua operação.

A liberalização das farmácias, que ocupam

espaços privados, não é comparável à

liberalização do transporte rodoviário que a

Uber quer impor. Muitos de nós regressam

agora de férias nas inúmeras praias de

Portugal, onde fomos provavelmente

clientes de um bar de praia concessionado.

Agora imagine-se que, ao lado desse bar de

praia, alguém construía um outro bar de

praia sem se preocupar em obter qualquer

autorização, argumentando apenas que

aquela praia precisava de alternativas de

restauração, que os empregados do bar

concessionado eram mal-educados e pouco

apresentáveis, queixando-se sempre que

alguém pedia apenas um café. Seguramente

que se, nada fosse feito, surgiriam outros

bares idênticos na mesma praia, ocupando

o areal até ao limite da rentabilidade gerada

pelo espaço deixado para os veraneantes

estenderem as suas toalhas. Não sei se é isto

que queremos para as nossas praias, mas

seguramente que não é isto que queremos

para as nossas estradas.

O espaço público da estrada é muito

mais sério do que o espaço público das

praias. Os acidentes rodoviários são a

oitava causa de morte a nível mundial,

e a mortalidade que daí resulta é

profundamente amplifi cada quando é

medida em anos de vida perdidos. Não

passa pela cabeça de ninguém ter uma

desregulação total da rede rodoviária e

do transporte rodoviário. Porque também

será mais efi ciente para uma empresa

que opere no transporte rodoviário e que

não obedeça às regras vigentes deixar de

cumprir limites de velocidade ou regras de

prioridade em cruzamentos.

Professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Page 48: 2015.09.24 - Jornal "Publico"

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ESCRITO NA PEDRA

“Se estou condenado, então estou não só condenado a morrer mas também condenado a lutar até morrer” Franz Kafka (1883-1924), escritor checo

QUI 24 SET 2015

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Agosto 35.268 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

O consumo teve um aumento superior ao crescimento do rendimento disponível p21

Há grávidas que consomem álcool. Vem aí uma campanha de sensibilização p16/17

Medidas “externas” incluem mais dinheiro para o ACNUR e outras agências p24/25

Poupança das famílias cai para mínimos históricos

Gravidez: uma campanha contra os erros

UE evita confronto sobre quotasde refugiados

Totoloto

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15.900.000€1.º Prémio

SOBE E DESCE

Fundação Inatel

Com a Europa em dificuldades para decidir o que fazer

com a chegada de tantos refugiados, a Fundação Inatel dá o exemplo ao criar um plano meritório para dar formação profissional e emprego a 100 refugiados nas suas unidades hoteleiras. A Inatel pretende dar a esses refugiados, concluído o processo de formação, contratos de trabalho semelhantes aos que têm os portugueses, pretendendo ainda envolver outras unidades hoteleiras privadas com as quais trabalha. (Pág. 14)

Luis Enrique

A primeira derrota do Barcelona na Liga espanhola, a

poucos dias de umas eleições importantíssimas na Catalunha,

não podia ter sido mais estrondosa. Num estádio onde o Benfica já foi muito infeliz, o Celta de Vigo

goleou a equipa treinada por Luis Enrique por 4-1. O campeão espanhol perdeu a liderança do campeonato para o Real Madrid (vencedor em Bilbao) e para o Celta, e desceu ao quarto lugar da prova. (Pág. 41)

Ford

A Autoridade da Concorrência multou o fabricante de carros em

150 mil euros por ter prestado informações falsas, inexactas ou incompletas. Uma multa semelhante à que aplicou à Peugeot. Segundo o regulador português, a Ford incluía nos contratos de extensão de garantia uma cláusula que impedia os consumidores de recorrer a oficinas independentes. Se o fizessem, podiam perder o direito à garantia da Ford, que ainda pode recorrer da decisão. (Pág. 21)

Martin Winterkorn

Já rolou a primeira cabeça no grupo Wolkswagen, na

sequência do escândalo nos EUA, onde se ficou a saber que o fabricante alemão instalou software em vários modelos para enganar os testes de emissão de gases. O presidente executivo demitiu-se, mas a empresa diz que Winterkorn não sabia de nada. A dimensão do escândalo e as enormes perdas em bolsa das acções não podiam passar sem consequências. (Págs. 20/21)Jornalista

[email protected]

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

Pedro e António: unidos pela barriga

Esta campanha eleitoral

está a ser curiosa, porque

Pedro Passos Coelho e

António Costa parecem dois

alcoólicos em reabilitação

deixados à solta numa

adega. Por “alcoólico” entenda-se

o político viciado em prometer

muito mais do que cumpre.

Por “reabilitação” entenda-

se o esforço — real — para se ser

mais sério do que antes, dada a

intolerância do eleitorado para a

aldrabice. E por “adega” entenda-

se o actual tempo de campanha,

onde a tentação do populismo

bacoco e da promessa desvairada

é irresistível.

Pedro e António estão a sofrer

com o abismo que se cavou

entre a sua natureza política e

partidária (prometer o que não

podem) e a actual situação política

e económica, que exige uma

contenção única na nossa história

democrática. Curiosamente, PSD

e PS encontraram soluções muito

diferentes para enfrentar este

dilema. O PSD optou por compor

um programa eleitoral cheio

de verbos que não dizem nada,

tipo “valorizar”, “promover” ou

“aprofundar”, desculpando-se

que os seus números já tinham

João Miguel Tavares

sido entregues em Abril, via

Programa de Estabilidade e

Crescimento. O PS foi mais

ambicioso: apresentou uma bela

colectânea de mapas compilada

por Centeno & companhia,

atitude bem mais séria do que a

do PSD, mas muito mais atreita

a escorregadelas durante a

campanha eleitoral — pela simples

razão de que as promessas de

António Costa tendem a não bater

certo com os números de Mário

Centeno.

Foi assim que o líder do PS

foi apanhado na curva dos mil

milhões de cortes nas prestações

sociais, não necessariamente

por se ter esquecido dessa parte

do programa (embora toda a

gente tenha fi cado a achar que

sim), mas porque o programa

é muitíssimo vago, falando

apenas (perdoem o deplorável

português) em “reavaliar e

reforçar a coerência do modelo

de aplicação da condição de

recursos nas prestações sociais

de natureza não contributiva”.

Ou seja, se o PSD verbalizou sem

quantifi car, o PS quantifi cou sem

verbalizar. Daí a necessidade

posterior de piruetas semânticas,

como esta de António Costa: “não

são cortes, são poupanças”, que

é assim como dizer que Joana

Amaral Dias não estava nua, mas

apenas sem roupa.

Nesse sentido, Costa foi vítima

da sua própria seriedade pré-

campanha, que não é compatível

com a falta de seriedade da

campanha propriamente dita. E

o problema de colocar números

sérios nos programas eleitorais

torna-se ainda mais óbvio num

dia como o de ontem: anúncio de

défi ce de 7,2% em 2014, 4,7% no

primeiro semestre, necessidade

de um milagre para atingir o

défi ce previsto de 2,7% em 2015,

e possibilidade real de ele trepar

muito acima disso devido às

necessidades de fi nanciamento do

Novo Banco.

Esta notícia teria tudo para ser

um desastre para o Governo, não

fosse ser ela também um desastre

para o PS. Repare-se como, desta

vez, não só Passos Coelho achou

que devia acalmar os portugueses

em relação ao estado do país

como António Costa achou que

devia acalmar os portugueses em

relação ao programa do PS. “O

nosso programa mantém-se sólido

e credível”, garantiu ele, atacando

o défi ce de 7,2%. Infelizmente

para António Costa, a primeira e

a segunda parte da frase não são

compatíveis. Por muito menos,

o PS já sentiu necessidade de

rever (três vezes) o seu programa

macroeconómico. Um aumento

signifi cativo do défi ce dá cabo

das contas socialistas — a partir

do momento que há números e

cenários, as más notícias para o

Governo também são más notícias

para o PS. Pedro e António estão

ligados pela barriga.

SAIBA TUDO EM publico.pt/legislativas2015/sondagens

LEGISLATIVAS 2015 TRACKING POLLA evolução diária das intenções de voto dos eleitores

269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E