Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

48
269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e Estudo identifica gás radioactivo em creches e escolas de Bragança Investigação encontra radão a mais em infantários de Bragança, onde não há vigilância obrigatória sobre esta substância cancerígena. Noutras escolas do país, a poluição do ar foi associada a problemas de asma Portugal, 10 Mesmo sem sanções nem quotas obrigatórias, quatro países votaram contra. Candidatos às legislativas defendem que UE está obrigada a acolher refugiados p2/3, 15 e 24/25 Escola Nacional de Saúde Pública volta a distinguir o São João como o melhor, ao passo que um estudo de uma empresa espanhola coloca o Santo António no primeiro lugar p14 NOS, MEO e Vodafone dizem que alguém terá de pagar a utilização gratuita das redes nacionais pelos turistas. Anacom admite situação em que “quem não viaja, paga por quem viaja” p20 UE com acordo frágil para refugiados, Portugal recebe 4500 Dois hospitais do Porto no topo dos melhores do SNS Operadoras dizem que portugueses vão pagar fim do roaming FRAUDE NOS CARROS VOLKSWAGEN DESVALORIZA 30 MIL MILHÕES EM DOIS DIAS Economia, 21 e Editorial TOBIAS SCHWARZ/AFP PUBLICIDADE QUA 23 SET 2015 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9292 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 PRÉMIOS 2014 JORNAL EUROPEU DO ANO JORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL Escândalo com custos incertos leva investidores a fugir da Volkswagen, que reserva 6500 milhões para despesas ligadas a este caso HOJE Portugueses que Fizeram História 2.º vol. Onde Vais, Isabel? Por +7,50€ LEGISLATIVAS 2015 PRINCIPAIS PARTIDOS DESCEM E FICAM MAIS LONGE DA MAIORIA ABSOLUTA PEQUENOS PARTIDOS RECUPERAM TERRENO RUI RIO ENTRA NA CAMPANHA Destaque, 2 a 9 PaF 38,9% PS 35,7% CDU 7,3% BE 4,4%

description

Publicação periódica- jornal diário: Publico 23.09.2015

Transcript of Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

Page 1: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

Estudo identifi ca gás radioactivo em creches e escolas de BragançaInvestigação encontra radão a mais em infantários de Bragança, onde não há vigilância obrigatória sobre esta substância cancerígena. Noutras escolas do país, a poluição do ar foi associada a problemas de asma Portugal, 10

Mesmo sem sanções nem quotas obrigatórias, quatro países votaram contra. Candidatos às legislativas defendem que UE está obrigada a acolher refugiados p2/3, 15 e 24/25

Escola Nacional de Saúde Pública volta a distinguir o São João como o melhor, ao passo que um estudo de uma empresa espanhola coloca o Santo António no primeiro lugar p14

NOS, MEO e Vodafone dizem que alguém terá de pagar a utilização gratuita das redes nacionais pelos turistas. Anacom admite situação em que “quem não viaja, paga por quem viaja” p20

UE com acordo frágil para refugiados, Portugal recebe 4500

Dois hospitais do Porto no topo dos melhores do SNS

Operadoras dizem que portugueses vão pagar fim do roaming

FRAUDE NOS CARROSVOLKSWAGEN DESVALORIZA 30 MIL MILHÕES EM DOIS DIASEconomia, 21 e Editorial

TOBIAS SCHWARZ/AFP

PUBLICIDADE

QUA 23 SET 2015EDIÇÃO LISBOA

Ano XXVI | n.º 9292 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL

Escândalo com custos incertos leva investidores a fugir da Volkswagen, que reserva 6500 milhões para despesas ligadas a este caso

HOJE Portugueses que Fizeram História 2.º vol.Onde Vais, Isabel? Por +7,50€

LEGISLATIVAS 2015

PRINCIPAIS PARTIDOS DESCEM E FICAM MAIS LONGE DA MAIORIA ABSOLUTA

PEQUENOS PARTIDOS RECUPERAM TERRENO

RUI RIO ENTRA NA CAMPANHADestaque, 2 a 9

PaF 38,9%PS 35,7%CDU 7,3%BE 4,4%

Page 2: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Obrigação de a UE acolher refugiados é unânime entre candidatos

É unânime o consenso entre as

forças políticas concorrentes

às legislativas de 4 de Outubro

quanto à obrigatoriedade de

a União Europeia acolher

os refugiados da Síria que

pressionam as fronteiras dos Estados-

membros limítrofes a leste.

Neste dia em que se realiza mais

um Conselho Europeu sobre refugia-

dos, em Bruxelas, o PÚBLICO ouviu

candidatos em lugares potencialmen-

te elegíveis que são especialistas ou se

têm pronunciado sobre esta questão:

Feliciano Barreiras Duarte, da coliga-

ção Portugal à Frente, Constança Ur-

bano de Sousa, do PS, António Filipe,

da CDU, Catarina Martins, do BE, Rui

Tavares, do Livre/Tempo de Avançar,

e Marinho e Pinto, do PDR.

Feliciano Barreiras Duarte, que

foi responsável pelo pelouro da Imi-

gração na qualidade de secretário

de Estado adjunto do ministro ad-

junto e dos Assuntos Parlamentares

entre 2011 e 2013, é peremptório em

afi rmar: “Devíamos deixar entrar os

refugiados de guerra, os refugiados

ambientais e outros.”

A mesma abertura demonstra a

candidata do PS Constança Urbano

de Sousa, especialista em justiça e

segurança interna, imigração e asi-

lo. “Todas as nações civilizadas da

comunidade internacional têm a

obrigação de proteger estas pesso-

as”, frisando que em causa está “o

direito mais básico, o direito à vida”,

pelo que “devia ser consensual”.

Desabafando que tem “pena que

isto esteja a acontecer”, quando al-

guns responsáveis avisaram o que se

desenhava no horizonte, Barreiras

Duarte, que prepara um doutora-

mento precisamente sobre refugia-

dos e asilo, advertia ontem, numa

altura em que ainda não eram co-

nhecidas as conclusões da reunião

dos ministros europeus da Adminis-

tração Interna (ver págs. 15, 24 e 25):

“Era importante que Europa tivesse

resposta. Estou farto de cimeiras do

croquete, que são muitas vezes con-

troladas pelos países concha do Cen-

tro da Europa, que se esquecem que

este é um fenómeno que veio para fi -

car. Nestas matérias, não há visões de

esquerda ou de direita, o que está em

causa é a nossa tradição democrática

e de defesa dos direitos humanos.”

Da mesma opinião é o vice-presi-

dente da Assembleia da República

e deputado do PCP, António Filipe,

para quem “não há outra resposta

que não seja apoiar estas pessoas do

ponto de vista humanitário, com a

dignidade que qualquer pessoa me-

rece”. Mas o candidato comunista

[também ouvido antes da conclusão

do conselho de ministros do Interior

de ontem] assumia que não tinha ex-

pectativas quanto ao que o Conselho

Europeu venha hoje a decidir. E pre-

via: “Já percebemos que não vai haver

solução comum, não faz sentido fi car

à espera da União, é atitude hipócrita

que não resolve problema nenhum”.

Concluindo que, “perante a falta de

vontade política dos países da UE,

deve remeter-se a decisão para a von-

tade política de cada um dos países.”

Em relação à necessidade de Por-

tugal dar uma resposta como Esta-

do, Barreiras Duarte assume o seu

“orgulho pelo contributo” que deu,

já que Portugal é, “a par dos suecos,

um dos dois países que estão melhor

em relação à integração”. E sustenta

que “o Governo português tem tido

abordagem positiva”, considerando

que a nível nacional “Teresa Tito de

Morais tem a capacidade de liderar

a integração em acordo com o Go-

verno”. “O número actual previsto

para recebermos são cinco mil”, mas

o país pode “integrar mais”, já que

que “Portugal precisa de imigran-

tes”, acrescenta.

O candidato da coligação Portugal

à Frente adverte que “a Europa é um

território em perda demográfi ca”. E

insiste em que “os estudos mostram

que a Europa precisa de uma política

comum de imigração, não só do pon-

to de vista dos seus valores, como

também do ponto de vista económi-

co e demográfi co precisava de passar

do estado de Europa fortaleza que

tem hoje”. E explica que a Alemanha

está a “aproveitar-se, porque precisa

de refrescamento demográfi co”.

Barreiras Duarte lembra que “es-

tas pessoas são as mais qualifi cadas

dos seus países, pelo que os países

do Médio Oriente vão fi car sem os

melhores quadros”. António Filipe,

por seu lado, frisa que “estas pesso-

as querem regressar às suas terras,

pelo que não se trata de migrações

económicas”. De acordo com a AC-

NUR, “90% dos refugiados querem

voltar a casa”, garante Rui Tavares,

candidato do Livre, que, quando no

Parlamento Europeu, elaborou dois

relatórios sobre refugiados.

Repetir 2001Defendendo a necessidade de “uma

política de imigração e asilo”, Bar-

reiras Duarte advoga que “é preciso

criar o que não existe, o que nunca

se conseguiu ao nível dos tratados, já

que Blair tinha uma política conser-

vadora neste domínio”, mas chama

a atenção para a existência de “uma

fi gura jurídica na União Europeia que

permite entrada a todos”.

Constança Sousa argumenta que,

“no plano imediato, a Europa tem a

obrigação de dar protecção a essas

pessoas” até porque os refugiados,

“quando atravessam as fronteiras,

não o fazem ilegalmente, já que to-

dos têm direito de asilo. Está na Carta

dos Direitos Fundamentais da União

A crise dos refugiados domina a política europeia. O PÚBLICO foi ouvir o que os futuros deputados que acompanham este tema propõem como solução

São José Almaieda

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

Europeia, que vale tanto como o Tra-

tado Orçamental”.

E, concordando com Barreiras Du-

arte, Constança Sousa concretiza que

“a União Europeia podia ter acciona-

do a directiva de protecção tempo-

rária de 2001, criada por causa do

confl ito da ex-Jugoslávia, o que gerou

um grande fl uxo acolhido pela UE

sem estas situações deploráveis”. A

mesma solução é apontada por Antó-

nio Filipe, ao dizer que “há legislação

sobre asilo por razões humanitárias

devido a confl itos armados, usado

para a Bósnia e o Kosovo”.

Apontando o dedo aos Estados-

membros, Rui Tavares afi rma que a

actual crise é fruto da falência da po-

lítica europeia para refugiados. “Era

preciso instalar 200 mil por ano, se-

gundo os cálculos de 2010, mas des-

tes só foi reinstalada metade: 80 mil

nos EUA, 20 mil no Canadá, Austrália

e Brasil”. “Na UE, só dez dos 27 fa-

ziam instalação e apenas de 4500 por

ano”. Isto faz com que “as pessoas

que estão há quatro anos à espera se

ponham a caminho”. E acusa: “É o

falhanço dos governos nacionais, que

não quiseram aprovar uma grelha de

distribuição, mas apenas aceitaram

apontar para metas voluntárias que

falharam.” Para pedir: “Têm de vol-

tar a fazer reinstalação a partir dos

campos, para as pessoas não se po-

rem em jangadas e fugirem.”

O ex-eurodeputado lembra ainda

Page 3: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 3

que “a UE tem um fundo de 800 mi-

lhões de euros para melhorar as con-

dições dos que fi cam nos campos e

apoiar os países que integrem refugia-

dos”. Explica que “não é necessário

reinstalar todos nos países da UE”,

mas adverte que “só se em parte o

fi zerem terão autoridade moral para

impor uma solução”. Daí que “os Es-

tados europeus devam aceitar quotas

e fazer uma nova grelha que contem-

ple muito mais que 200 mil por ano”.

Obrigação éticaConstança Sousa entende que os

acontecimentos presentes são “a

negação profunda dos valores euro-

peus” e considera que “a Europa tem

obrigação jurídica, moral, ética” de

acolher os refugiados, já que “duran-

te e a seguir à Segunda Guerra Mun-

dial houve deslocações em massa de

judeus, de alemães e de outros para

países não-europeus”, razão pela

qual “as Nações Unidas aprovaram

a Convenção de Genebra, em 1951.”

O plano ético é evocado também

pelo eurodeputado Marinho e Pinto,

agora candidato pelo PDR. Sustenta

que “a primeira obrigação ética da

Europa é acolher e tratar os refugia-

dos” e que “as questões humanitárias

não devem criar dúvidas”. Marinho

e Pinto é da opinião que “esta hesi-

tação é uma das manifestações do

falhanço do projecto europeu”. O

eurodeputado considera que a UE

ENRIC VIVES-RUBIOO Centro de Acolhimento da Bobadela, o primeiro centro de acolhimento de refugiados em Portugal, foi inaugurado em 1999

“está invadida pelas pulsões e pelo

vírus do nacionalismo e está a trans-

formar-se num bunker para não cum-

prir os seus deveres humanitários.”

A situação é tanto mais incompre-

ensível para António Filipe quanto a

quantidade de refugiados em causa é

mínima. O deputado do PCP salienta

que “os países europeus são os menos

afectados”, comparados com a Jordâ-

nia e a Turquia. E, relativizando a di-

mensão do fenómeno actual, lembra

que “Portugal acolheu meio milhão

de refugiados das colónias em 1975”.

Concretizando, Constança Sousa

explica: “Estamos a falar de 0,05%

da população europeia, isto fi ca em

perspectiva se compararmos com

o Líbano, que alberga mais de um

milhão, quando a sua população é

de quatro milhões e meio”. E salien-

ta que “este afl uxo era previsível”,

já que, “desde 2011, saíram da Síria

mais de quatro milhões de pessoas.

Estão acumuladas em países como

o Líbano, estacionadas em campos

sem perspectiva de vida” e apenas

“os que têm dinheiro vêm para a Eu-

ropa”. Relativizando os números, a

candidata do PS diz que estes “não

são aterradores, são 350 mil, ou seja,

0,5% do total de refugiados sírios, a

grande pressão não é na Europa”.

O que acontece, acrescenta, é que

“a forma desordenada e mediática

como se está a processar dá uma ima-

gem de descontrolo e invasão”.

A porta-voz do BE, Catarina Mar-

tins, clama por “uma actuação ime-

diata” e por “corredores humani-

tários para distribuir os refugiados

pelos vários países”. Sublinha que

“100 mil dos refugiados são crianças,

das quais dez mil viajam sozinhas,

segundo a UNICEF”, a precisarem de

cuidados de saúde específi cos.

Raiz do problemaPara além da actuação imediata no

acolhimento, a União Europeia deve

contribuir para a solução do proble-

ma, dadas as suas responsabilidades.

“A Europa cometeu o erro da inter-

venção no Médio Oriente”, afi rma

Barreiras Duarte, precisando: “Os

franceses e os britânicos intervieram

na Síria, sem os Estados Unidos. Sar-

kozy fez um grupo de trabalho para

ajudar o novo regime democrático da

Líbia e o Médio Oriente. Khadafi dizia

que os europeus iam desestabilizar o

seu regime e que a Líbia ia ser a So-

mália do Norte de África. Em relação

à Síria, também houve avisos.”

Também Marinho e Pinto susten-

ta que “a maioria destes refugiados

foge de problemas criados pela Eu-

ropa no Iraque, na Síria, na Líbia”.

António Filipe traz os Estados Uni-

dos à colação. “As guerras na Líbia,

no Iraque e, fundamentalmente,

na Síria não existiriam se não fosse

a actuação dos EUA e da Grã-Bre-

tanha, que, com a intervenção no

Iraque e na Síria, criaram o Estado

Islâmico”, afi rma o deputado co-

munista, apontando como solução

o fi m da intervenção do Ocidente:

“As responsabilidades da Europa

e dos Estados Unidos resolvem-se

deixando de apoiar terroristas.”

E Catarina Martins defende que

“a ideia de espalhar a democracia à

bomba não colhe”, pelo que “a Eu-

ropa tem na sua mão secar fi nancei-

ramente o Estado Islâmico. Há lava-

gem de dinheiro em off -shores com

permissão europeia e há países que

vendem armas ao EI”.

Ultrapassando a dimensão geoes-

tratégica, Constança Sousa argumen-

ta que é necessária “uma mudança

de política” da UE que conduza à

“adopção de políticas de apoio ao

desenvolvimento e de novas políticas

migratórias”, advertindo que hoje em

dia “o negócio do tráfi co migratório

gera mais lucro do que o da droga”.

Isto, porque, “havendo procura, há

organizações que aumentam o seu

lucro e só os refugiados com capaci-

dade fi nanceira chegam à Europa”.

E Catarina Martins sublinha que “é

preciso arranjar maneira para que

as pessoas a viverem em situação de

guerra possam dirigir-se às embaixa-

das e pedir asilo”. Isto para evitar que

“a União Europeia alimente redes de

tráfi co”. Para isso, “são precisos no-

vos instrumentos políticos, um novo

estatuto de refugiado europeu”.

“Era preciso instalar 200 mil refugiados por ano, segundo os cálculos de 2010, mas destes só foi reinstalada metade: 80 mil nos EUA, 20 mil no Canadá, Austrália e Brasil”. “Na UE, só dez dos 27 faziam instalação e apenas de 4500 por ano”, critica Rui Tavares, autor de dois relatórios sobre refugiados no período em que foi deputado europeu

RITA BALEIA

Page 4: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

O socialista António Costa

é visto como mais próxi-

mo e mais competente do

que Pedro Passos Coelho

na síntese exploratória dos

dados da Bússola Eleitoral

(www.bussolaeleitoral.pt) promovida

pelo Instituto de Ciências Sociais

da Universidade de Lisboa. Esta é

uma das conclusões da análise às

respostas, via Internet, de 34.436

cidadãos que, entre os dias 4 e 15

deste mês, responderam aos 30 te-

mas considerados relevantes para

mapear o seu posicionamento po-

lítico e o dos partidos.

“António Costa e Passos Coelho

sobressaem por serem conside-

rados mais competentes que os

restantes candidatos (...) sendo

que Costa leva ligeira vantagem

na média dos inquiridos, não só

em relação à competência como à

proximidade”, refere o relatório da

autoria dos investigadores Marina

Costa Lobo, José Santana Pereira e

Edalina Sanches.

O secretário-geral do PS obtém

valores de 3,6 e 4,1, respectivamen-

te na proximidade e competência,

enquanto o primeiro-ministro al-

cança, nestes itens, 3,4 e 3,9. Por

outro lado, a popularidade de Pas-

sos entre os votantes na coligação

Portugal à Frente (PaF) é equivalen-

te à de Costa entre o eleitorado so-

cialista. O que, assinalam os autores

do estudo, revela que o PaF não se

ressente de ser uma coligação de

dois partidos e de o primeiro-mi-

nistro ser líder de apenas um deles.

Dito de outra forma: a imagem de

Paulo Portas, líder do CDS/PP, não

é considerada.

Entre os líderes dos restantes par-

tidos com representação parlamen-

tar concorrentes às eleições legisla-

tivas de 4 de Outubro, Jerónimo de

Sousa é avaliado com 3,1 em proximi-

dade e 3,2 em competência. A diri-

gente bloquista Catarina Martins em-

pata com o secretário-geral do PCP

em proximidade, mas está duas dé-

cimas abaixo (3,0) em competência.

Nos líderes de formações actual-

mente não representadas no Par-

lamento, a melhor avaliação é de

Rui Tavares, do Livre/Tempo de

Avançar: 2,8 e 2,7 em proximidade

e competência. Segue-se, depois,

Marinho e Pinto, do Partido Demo-

crático e Republicano (PDR), com

1,5 e 1,4. Já o, também advogado,

Garcia Pereira, do PCTP/MRPP, tem

um valor idêntico de 1,2 para pro-

ximidade e competência. Também

com um empate a 0,7 nestes itens

está o actual eurodeputado e diri-

gente do MPT (Movimento Partido

Costa e Passos são considerados mais competentes do que todos os outros candidatos

RAFAEL MARCHANTE/REUTERS

Nuno Ribeiro

Costa é visto como mais próximo e competente do que Passos

Dois terços dos participantes na Bússola Eleitoral já estão certos quanto à sua opção de voto. O PS destaca-se como partido com maior probabilidade de vir a ser o preferido pelos ainda indecisos

licenciados. Por fi m, 55% dos que

responderam ao inquérito têm 35

ou menos anos, faixa etária que

contribui com 39% para a popula-

ção. Ainda assim, este perfi l sócio

demográfi co é considerado repre-

sentativo dos que, em Portugal, se

interessam por política. Daí que as

conclusões sejam interessantes.

Voto útil?“O PS destaca-se dos restantes por

ser o partido com maior probabi-

lidade de voto, seguido de perto

pela coligação de PSD e CDS-PP”,

Proximidade e competência dos líderesProximidade em relação aos líderes e avaliação da sua competência para governar

Fonte: Bússola Eleitoral 2015 (ICS/Kieskompas); dados de 15 de Setembro de 2015 PÚBLICO

AndréSilva

J. InácioFaria

GarciaPereira

MarinhoPinto

RuiTavares

CatarinaMartins

Jerónimode Sousa

PassosCoelho

AntónioCosta

0

10

Nada

Muito

Com

petê

ncia

Prox

imid

ade

3,64,1

3,4 3,93,1 3,2 3,1 3,0 2,8 2,7

1,5 1,4 1,2 1,2 0,7 0,7 0,6 0,7

da Terra), José Inácio Faria, enquan-

to André Silva, do Pessoas Animais

e Natureza (PAN) foi pontuado com

0,6 e 0,7, respectivamente em pro-

ximidade e competência.

A síntese dos dados da Bússola

Eleitoral não pode ser confundida

com uma sondagem. Por um lado,

73% dos inquiridos são homens — e

no censo de 2011 existiam 48% de

indivíduos do sexo masculino —, e

40% dos utilizadores têm licencia-

tura, quando na população portu-

guesa existem, de acordo com da-

dos do ano passado, apenas 17% de

A Bússola Eleitoral não é uma sondagem: os participantes não constituem uma amostra do universo de eleitores

Page 5: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 5

Uma pergunta por dia

Os debates entre os líderes dos partidos políticos são decisivos?

Os debates entre líderes partidários são relevantes mas, nas condições actuais, dificilmente

são decisivos, sendo que os respectivos efeitos dependem em larga medida da forma como encaixam na dinâmica da campanha.

A proliferação e a dispersão de meios também influenciam os efeitos dos debates. Por um lado, fazem com que os debates em sinal aberto sejam ponto focal de atenção do público, mas, por outro, também dissipam efeitos, dada a fragmentação de comentários, análises e reacções. Mais uma vez, o efeito final depende em boa parte da forma como esse feedback se insere nas dinâmicas e nas mensagens das campanhas.

Entre todos os debates, os frente-a-frente entre Costa e Passos foram naturalmente os de maior impacto. No primeiro, António Costa cumpriu com sucesso por via da agressividade demonstrada o objectivo de animar as hostes socialistas. Uma táctica compreensível para um líder com dificuldades em estar à altura das expectativas criadas e confrontado com uma campanha em risco de colapso interno. Já no segundo debate entre ambos as expectativas geradas pelo primeiro debate e a notória melhor preparação e

disposição de Passos Coelho viraram-se contra Costa, que revelou debilidades sérias numa questão fulcral para muitos como é a da Segurança Social.

A gestão de expectativas é fundamental e foi também em parte por isso que Catarina Martins acabou por se sair globalmente bem dos debates, com destaque para o frente-a-frente com António Costa, que acabou encostado

às cordas pela líder bloquista. Ainda assim, tudo considerado, não parece que os debates tenham produzido alterações drásticas e as sondagens, não obstante as suas discrepâncias,

suportam essa hipótese. Nos tempos que correm, e salvo alguma ocorrência extraordinária, os debates são apenas mais uma peça da engrenagem mediático-política de uma campanha. Uma peça relevante, mas raramente decisiva.André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa

Os partidos mais pequenos

recuperam à custa da coliga-

ção governamental Portugal

à Frente (PaF) e do PS. Este

é o resultado da segunda

tracking poll — inquérito

— da Intercampus para PÚBLICO,

TVI e TSF, num universo de 1005

entrevistas realizadas entre 18 e 21

de Setembro. Para este resultado,

contribuiu a entrada de novos 250

entrevistados, ouvidos telefonica-

mente na segunda-feira.

A PaF de Passos Coelho e Paulo

Portas obtém 38,9% na projecção

com distribuição de indecisos, de-

pois de, no primeiro inquérito, ter

ultrapassado a fasquia dos 40 pon-

tos. Também os socialistas de Antó-

nio Costa descem: alcançam 35,7%,

menos 1,4 pontos. Assim, a diferença

entre as duas principais forças con-

correntes às eleições de 4 de Outubro

passa dos três pontos do primeiro

inquérito para 3,2%, uma décima aci-

ma da margem de erro. Uma escassa

diferença que não desfaz o empate

técnico.

Partidos mais pequenos recuperam terreno

descida do PS e a subida da CDU e do

Bloco de Esquerda. A coligação dos

comunistas e de Os Verdes aumenta

um ponto, a maior subida, obtendo

7,3%. E o BE sobe 0,4, passando para

4,4%. Somando os resultados de PS,

CDU e Bloco, seria obtida uma teórica

maioria absoluta de esquerda na As-

sembleia da República, com 47,4%.

A preferência por outros partidos

tem um incremento de nove déci-

mas, aumentando para 4,4%, igua-

lando o resultado do Bloco de Es-

querda. Também existe uma subida

de 0,3 pontos nos nulos e brancos,

que passam a somar 9,3%.

Entre as formações sem repre-

sentação parlamentar, as subidas

são do PCTP/MRPP (0,3), passando

para 0,7%; do Partido Democrático

Republicano de Marinho e Pinto

(0,1), somando 0,2%, e da coligação

do Partido Trabalhista Português e

Agir (0,2), que obtêm 0,5% cada. Em

contrapartida, o PAN (Pessoas, Ani-

mais e Natureza) tem uma oscilação

descendente de 0,1, passando para

0,7%. Nuno Ribeiro

Tracking poll diária

Fonte: Intercampus PÚBLICO

As intenções de voto

Sondagem realizada pela Intercampus para TVI e PÚBLICO com o objectivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximas eleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada,

FICHA TÉCNICA

21 Setembro Em 22 Setembro

40,1%37,1%

6,3%4,0% 3,5%

9,0%

38,9%35,7%

7,3%4,4% 4,4%

9,3%

Branco/nuloOutroPartido

BE – Blocode Esquerda

CDU – ColigaçãoDemocrática Unitária

PS - PartidoSocialista

Portugal À Frente(Coligação

PSD / CDS-PP)

Resultados

residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 1005 entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estrati-ficação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do

método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos). Os trabalhos de campo decorreram entre 18 e 21 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3,1%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 56,4%.

Também dois terços dos cerca de

35 mil utilizadores não têm dúvidas

quanto à sua opção de voto. E o fac-

to de o eleitorado do Livre, BE, CDU

e PDR se sentir mais próximo de An-

tónio Costa do que de Passos Coe-

lho pode ter consequências. “Estes

eleitores (...), a manterem-se os em-

pates técnicos nas sondagens, pode-

rão mais facilmente ceder à pressão

do voto útil e entregar o seu voto

ao PS com o propósito de facilitar a

obtenção de uma maioria por parte

daquele partido”, concluem os in-

vestigadores.

refere o estudo. Segue-se o Bloco

de Esquerda. Entre as outras forças

políticas concorrentes às eleições,

a análise assinala a performance do

Livre/Tempo de Avançar: “Apesar

de ter tido muito pouco visibilidade

mediática nas últimas semanas, des-

taca-se dos partidos mais pequenos,

como o PAN, MPT, ou PDR, com

uma possibilidade de voto idênti-

ca à da CDU [coligação do PCP com

Os Verdes] e muito próxima da do

BE.” O que, naturalmente, é fruto

da especifi cidade do perfi l dos que

responderam.

No entanto, com estes resultados,

é mais difícil o cenário de maioria

absoluta reivindicado junto aos elei-

tores desde a pré-campanha eleitoral

por Passos e Costa.

Por regiões, em Lisboa a PaF su-

pera o PS, ao contrário do primeiro

inquérito, mantendo-se o resultado

nas outras áreas consideradas. Ou se-

ja, a coligação governamental está à

frente no Norte, Centro e Algarve, en-

quanto o PS mantém a liderança no

Alentejo. Também por faixas etárias,

a PaF continua à frente nos dois pri-

meiros escalões, dos 18 aos 34 anos

e dos 35 aos 54 anos, mantendo os

socialistas a liderança nos indivídu-

os com 55 e mais anos. Finalmente,

por género, as propostas de Passos

e Portas são mais bem consideradas

pelos homens (35,7 face a 24,2% do

PS), enquanto os socialistas mantêm

a liderança entre as mulheres, 29 ver-

sus 22,8% da PaF.

À esquerda, é numericamente pos-

sível encontrar uma explicação para

a diminuição de votos nos socialistas.

Existe uma correspondência entre a

Page 6: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

Passos saiu à rua no Montijo e foi recebido com simpatia e insultos

Conhecem o pai de Passos Coelho

desde Silva Porto (hoje Cuíto,

em Angola) há mais de 50 anos.

O casal tem uma retrosaria no

centro do Montijo e foi nessa loja

que o líder da coligação PSD/

CDS entrou para cumprimentos,

levado pelo braço da deputada e

candidata local, Mercês Borges. A

conversa foi de memórias, contou

depois ao PÚBLICO a dona da loja,

onde Passos Coelho se demorou

no curto percurso da rua. “Mas

também lhe disse para aliviar os

impostos, mais o IRS”, confessou.

A coligação PSD/CDS saiu

ontem à rua, mas num ponto da

agenda só colocado no próprio

dia (onde constava Paulo Portas)

e que foi até antecipado em

meia hora. Por perto da comitiva

(sem o líder do CDS) estavam

sobretudo os mais simpáticos e

os que pareciam esperar Passos

Coelho, acompanhado da cabeça

de lista por Setúbal e ministra das

Finanças, Maria Luís Albuquerque.

Ao largo, quem passava, soltava

alguns insultos e indignação. “Prá

rua!”, gritava uma mulher que

já tinha entrado numa pastelaria

para o tentar ver. “Não o consegui

ver, está rodeado de seguranças”,

comentou. Numa rua sem trânsito

automóvel, duas reformadas,

de braço dado, olhavam para a

mancha que avançava, formada

por “jotas”, candidatos e

jornalistas. A questão das pensões

deixa-as intranquilas. “Uns dizem

uma coisa, outros dizem outra.

A gente já não sabe”, observa. A

outra complementa: “Se já não

nos tirarem o pouco que temos,

já não é mau”. Não chegam a

cumprimentá-lo.

Os apertos de mão e os beijinhos

mais calorosos aconteceriam numa

esplanada. Uma desempregada

MIGUEL MANSO

Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque saíram à rua no Montijo

Passos Coelho quis mostrar que não tem medo de sair à rua e fez um curto percurso no centro do Montijo, na margem sul do Tejo, território tradicionalmente de esquerda

Partida: Faro

Acontecimento do dia:

Chegada: Setúbal

Coligação PSD/CDS abriu excepção aos ambientes controlados que têm marcado a campanha

Reportagem Sofia Rodrigues

CONTA KM

1253 km

1620 km

que disse estar numa situação

difícil deu a deixa da tarde em

frente às câmaras de televisão.

“O senhor é muito jeitoso. É uma

brasa”, disse. Passos Coelho

confessou: “Até fi co corado”. E

retribuiu: “A senhora também é

muito elegante”.

A marcação de um percurso

na rua em cima da hora parecia

adivinhar as perguntas dos

jornalistas durante a manhã,

no Barreiro, quando Passos

Rio entra na campanha da coligação

Rui Rio entra amanhã na campanha das legislativas. O ex-presidente da Câmara do Porto, que

se prepara para protagonizar uma candidatura à Presidência da República, em 2016, vai aparecer na arruada marcada para a Rua de Santa Catarina, na Baixa do Porto, ao lado dos candidatos locais da coligação Portugal à Frente.

A pouco mais de uma semana da ida às urnas, Rio mergulha na campanha eleitoral, depois de Marcelo ter andado por estes dias pelas ruas de Guimarães e de Vila Nova de Famalicão, onde ouviu garantias de apoio para as presidenciais, vindas de quem assume não votar na coligação. Para trás fica o veto da direcção do PSD à entrada dos presidenciáveis na Universidade de Verão para não confundir eleitores e para não colocar o assunto das presidenciais na agenda mediática.

“Rui Rio pode ser um excelente candidato caso decida avançar para a Presidência da República e terá o meu apoio inequívoco”, declara o conselheiro nacional e vice-presidente da distrital do PSD-Porto, Firmino Pereira, que aplaude a entrada do antigo secretário-geral do partido na campanha. O candidato a deputado diz que Rui Rio, ao participar na campanha das legislativas, “coloca acima de tudo o interesse do país, para que a coligação consiga vencer as eleições e o país possa ter estabilidade política”. Mas, observa, significa também um sinal da sua disponibilidade para concorrer a Belém.

Ao contrário do professor-comentador, que tem participado em várias acções de campanha da coligação, Rio tem tido uma postura mais recatada, um pouco por ter em conta a previsível

instabilidade política pós-eleitoral. Enquanto Marcelo marca terreno à boleia das legislativas, o seu ex-secretário-geral do PSD já fez saber que só depois de 4 de Outubro anunciará a sua decisão. Mas fica claro que Rio só avança se sentir que, na sociedade portuguesa, há muita gente que acredita em si e que acha que pode ser útil ao país.

Uma coisa parece certa: se a coligação ganhar as legislativas, há quase uma inevitabilidade de Rio ser candidato presidencial. Já se a coligação perder, o ex-autarca perde espaço, porque o próprio apoio de Passos Coelho ao candidato presidencial terá menos força dentro do partido. “É muito imprevisível o que pode acontecer depois das eleições”, sublinha uma fonte social-democrata, incapaz de vislumbrar qual vai ser a postura do secretário-geral do PS. “Não sei se António Costa ganhar faz mais drama ou menos drama para tentar um acordo parlamentar”, afirma.

A mesma tese é defendida pelo presidente da Câmara de Viseu. Acreditando que os eleitores não darão uma maioria absoluta a nenhum partido, Almeida Henriques, apoiante incondicional de Marcelo Rebelo de Sousa, defende um acordo de incidência parlamentar para matérias como a Segurança Social. Ao PÚBLICO, Almeida Henriques elogia o perfil e a popularidade do comentador e garante-lhe o seu apoio. “Independentemente de achar que a coligação vai vencer as eleições, penso que

é difícil que uma maioria seja construída só pela coligação, o que vai implicar que tenhamos uma forte preocupação em escolher um Presidente da República

que seja um bom mediador na sociedade”,

defende. Margarida Gomes

esteve no local onde pode ser o

futuro terminal de contentores.

Questionado sobre se tem havido

uma estratégia para evitar a

exposição pública, o líder da

coligação deu uma resposta

negativa e assegurou que a agenda

de campanha “foi fechada há muito

tempo”. Passos Coelho rejeita

qualquer receio de ser confrontado

na rua com lesados do BES com ou

“senhoras de cor-de-rosa”: “Eu não

tenho nenhum problema em falar

com toda a gente que encontro na

rua e foi isso que eu fi z nos últimos

quatro anos, em circunstâncias

bem mais difíceis do que aquelas

que vivemos agora”.

A manhã arrancou, no entanto,

e mais uma vez, num ambiente

controlado. Foi uma visita ao

Museu Industrial da antiga Cuf,

onde se inteirou de todo o antigo

complexo industrial, e também das

capacidades do terminal do porto

de Lisboa. Já no local onde poderá

ser o futuro terminal do Barreiro,

Passos saudou o potencial

investimento privado. Questionado

sobre um possível reembolso ao

FMI ainda este ano, Passos Coelho

reconheceu que, como “não foi

concretizada a venda do Novo

Banco dentro do prazo, o IGCP

[instituição do Estado que faz

a gestão da dívida pública] terá

de adaptar agora a gestão da sua

tesouraria a essa circunstância”.

O ex-autarca do Porto dá um sinal ao partido, participando numa arruada em Santa Catarina

Page 7: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 7

Uma campanha, seja

publicitária, eleitoral ou

de qualquer tipo, é sempre

redutora na mensagem.

No caso presente nem nos

podemos queixar. A “pré”

foi elucidativa, suscitou questões

e descobriu perguntas que ainda

não tiveram resposta cabal: os

600 milhões da coligação e os 1,1

milhões, em quatro anos, do PS,

ambos relativos aos dinheiros da

Segurança Social.

As televisões, veículos de massa

alimentados pela força do directo,

sofrem esta pressão. A diferença

está na edição, na tentativa de um

olhar próprio. Não é fácil. E, mais

uma vez, cá no burgo, não nos

podemos queixar.

Em Espanha, os grandes

partidos têm o exclusivo do

sinal dos seus comícios que

enviam aos operadores. Qual é o

problema? Filmam

o que querem,

como querem. A

consequência é

uma monotonia

que resiste ao zapping. Afi nal,

o Podemos não é fruto, apenas,

dos indignados da Plaza Mayor

madrilena. E as comparações não

são benignas. Um exemplo: sabe,

leitor, que Júlio Iglesias tem um

lado bom da sua cara, o esquerdo,

que é o focado?

Mas a tentação é grande, pois

algumas imagens e episódios

são determinantes. A campanha

eleitoral reivindica uma política de

proximidade, na qual, por vezes, o

gesto vale mais que a palavra. E a

bonomia dos protagonistas leva ao

insólito, a que é difícil de resistir.

António Costa a saltar, em bom

estilo, no palco em Vila Real foi a

estrela das imagens da 25.ª Hora

da TVI24 de ontem. Nem sempre é

possível resistir ao pronto-a-vestir.

Evitar o pronto-a-vestir

Câmara ocultaNuno Ribeiro

Só faltou a Costa um fato feito à medida

“Eu não sei se posso

fazer já ou se prefere

outra ocasião...”,

sugeria o candidato

ontem de manhã ao

jornalista da TSF.

“Vamos lá despachar a questão

da Segurança Social”, concedeu

Manuel Acácio. Durante 45

minutos, António Costa teve o

microfone da rádio para garantir

que não cortava mil milhões de

prestações sociais “a quem quer

que seja” e que até tenciona

reforçá-las com 1400 milhões.

A campanha socialista em

Viseu parecia um fato à medida

do secretário-geral do PS. A visita

a uma fábrica têxtil serviu para

enaltecer as políticas de Mariano

Gago. A passagem por Santa

Comba Dão assentou que nem

uma luva aos anos de Costa na

Administração Interna. E o passeio

por Viseu teve até direito a um

toxicodependente a pedir emprego

e saúde ao socialista.

Era o caso perfeito para o

candidato mostrar a sua veia

solidária. Numa cadeira de rodas,

Marco Almeida esperou na rua.

Agarrado à droga há 17 anos,

pedia emprego ou apoio social

para vencer o vício. Costa não

desperdiçou a oportunidade

e apontou ao telemóvel de

Marco Almeida, para passar a

imagem de quem arregaçava as

mangas perante um problema.

No almoço-comício, Costa

insistia na resposta ao “disco

riscado” da coligação sobre

propostas do PS. “Que fi que claro:

não vamos cortar mil milhões de

prestações sociais a quem quer

que seja.” O líder socialista fez

questão de alinhar uma sucessão

de exemplos concretos: “Se uma

pessoa está no desemprego e

arranja emprego, deixa de receber

subsídio e complemento”.

Mas foi mais longe. Prometeu um

“reforço das prestações sociais nos

próximos quatro anos” na ordem

dos 1400 milhões de euros graças

à “recuperação do Complemento

Solidário para Idosos, à

recuperação do Rendimento Social

de Reinserção, à recuperação

do Abono de Família e à criação

de uma nova prestação social, o

Complemento Salarial Anual”.

Em Santa Comba Dão, o

contacto com a população foi

ajustado para uma revista às suas

tropas dos tempos em que passara

pela Administração Interna.

A corporação de bombeiros

formou e a iniciativa incluiu até

uma sincronizada aterragem

de um helicóptero — carregado

de operacionais GNR do Grupo

de Intervenção de Protecção e

Socorro (GIPS) — com o momento

em que o candidato descia para o

alcatrão da Base Permanente de

Helicópteros da Protecção Civil.

“Desde 2006 [ano em que a

força foi criada durante o mandato

de Costa] para cá, a dimensão

da área ardida em Portugal caiu

PAULO PIMENTA

António Costa lembrou que foi no seu tempo de ministro que se compraram os helicópteros Kamov

Costa chegou à Base Permanente de Helicópteros no momento em que um aparelho aterra vindo de uma missão. Momento para lembrar o tempo do candidato como ministro da Administração Interna

Partida: Vila Real

Acontecimento do dia:

Chegada: Viseu

a pique”, disse Costa. A poucos

metros estava estacionado um

helicóptero pesado Kamov, que

chegou a Portugal também durante

a passagem do socialista pela

tutela. “A sua efi cácia [dos Kamov

no combate aos fogos fl orestais]

está demonstrada”, afi rmava

o comandante da corporação,

enquanto Costa se preparava para

entrar no aparelho. E assim se

disfarçou a acção de rua em que

o líder conseguiu apertar a mão a

apenas cinco pessoas.

A EuroRalex estava também

ajustada à medida. A fábrica

arrancara por estes dias o teste

ao software de automação

desenvolvido por jovens

engenheiros da Universidade

de Aveiro. Jorge Almeida, de 28

anos, mostrou como controlava

a produção a partir do seu

tablet. O engenheiro mostrava-se

agradecido pela oportunidade

de trabalho. Para o dia perfeito

de Costa só faltou receber um

fato feito à sua medida. Afi nal, há

dois anos, foi o que acontecera ao

antecessor António José Seguro.

Mas desta vez alguém falhou.

O líder socialista negou que vá cortar 1000 milhões à Segurança Social num dia em que tudo lhe correu (quase) na perfeição

Reportagem Nuno Sá Lourenço

CONTA KM

1256 km

1466km

Comício PúblicoUm blogue feito por dez políticos que vivem e acompanham por dentro o dia-a-dia da campanha eleitoral. Entre também e contribua para o debate de ideias!www.publico.pt/legislativas2015

Page 8: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015

A perguntaPortugal tem o melhor desempenho económico da Europa?

A frase”Economia portuguesa sai da recessão e entra na rota do crescimento, com o melhor desempenho da Europa”.Frase publicada no Facebook da coligação Portugal à Frente

ContextoA discussão sobre o estado da economia aqueceu a campanha depois do primeiro debate entre Pedro Passos Coelho e António Costa. Agora, a coligação PSD/CDS-PP veio deitar mais uma acha para a fogueira, ao publicar no Facebook um conjunto de imagens para mostrar as “dez evidências que a oposição insiste em negar”. Numa delas, salienta o crescimento da economia, comparando-o com o desempenho dos parceiros europeus. Sem indicar valores.

Os factosA frase é vaga, não se referindo a um período exacto. Depois de uma queda superior a 8% entre o primeiro trimestre de 2010 e o primeiro de 2013, o PIB subiu a partir daí 2,8%, estando, porém, longe dos valores anteriores à recessão.

O ano completo de 2013 ainda apresentou uma quebra significativa (um recuo de 1,6%), seguindo-se um crescimento de 0,9% em 2014, esperando-se um crescimento de 1,6% este ano.

No trimestre em que Portugal saiu da recessão, a variação do PIB foi, de facto, nesses três meses de 2013, a maior dos países do euro na comparação em cadeia (não na comparação homóloga), mas se isso aconteceu naquele período hoje já não se verifica.

Se olharmos para o ritmo de crescimento em 2014, o primeiro ano completo em que Portugal já não esteve com a economia a encolher, conclui-se que o desempenho foi idêntico ao da zona euro (0,9%) e inferior à média de todos os países da UE (1,4%). Portugal ficou, por exemplo, aquém do desempenho da Irlanda (4,8%), da Alemanha (1,6%) ou da Espanha (1,4%).

Para este ano, as previsões de Bruxelas apontam para um crescimento da zona euro ligeiramente inferior ao de Portugal (com os 19 países da moeda única a crescerem 1,5%), mas o desempenho de outros países continua a ser superior ao português. Dois exemplos: Espanha (2,8%) e Irlanda (3,6%).

Aliás, os valores já conhecidos para a primeira metade deste ano (primeiro e segundo trimestres) confirmam que a economia portuguesa não está a ter o melhor desempenho da Europa.

O país cresceu 1,5%, tanto no primeiro como no segundo trimestre, em termos homólogos. Se entre Janeiro e Março o ritmo foi superior à média do conjunto da zona euro, outros países voltaram a ter desempenhos superiores ao de Portugal (Espanha é um desses casos, com um crescimento de 2,7%).

O mesmo acontece quando se comparam os valores em cadeia. De Abril a Junho, Portugal teve um desempenho igual ao da média da área do euro, havendo igualmente outras economias com taxas de superiores.

Em resumoSe é verdade que a economia portuguesa saiu da recessão no segundo trimestre de 2013 e que, a partir daí, entrou numa trajectória de crescimento, já não se confirma que o desempenho seja hoje o melhor da Europa. Isso aconteceu momentaneamente no preciso trimestre em que Portugal deixou de estar em recessão técnica. Pedro Crisóstomo

Comparámos o nível de crescimento de Portugal com a evolução dos outros países do euro

PROVA DOS FACTOS Lucinda lia o Avante! no arrozal e ontem fez cozido no Couço

Como sempre e como

dantes, como titula

Camané, a CDU foi ao

Couço, uma paragem

incontornável de qualquer

campanha comunista.

Aqui não é preciso dizer-se “o

PCP”, é simplesmente “o partido”.

Que por cá aparece nas vésperas

das eleições sim, mas também

ao longo de toda a legislatura.

Aparece, não. Está, é. “Estamos em

casa”, vincou Jerónimo de Sousa.

Nas legislativas de 2011, a CDU teve

aqui 51,72% dos votos, menos que

os 64% com que Ortelinda Graça foi

eleita presidente da junta em 2013.

Tirada da escola no fi m da

quarta classe, aos 11 anos, Lucinda

Cochicho foi para a jorna, no arroz.

Depois de almoçarem debaixo

de um sobreiro, iam para trás da

moita ler o Avante!, “em voz baixa,

muito baixa, e ai de quem falasse

sobre o assunto fora do grupo”. A

cozinheira que ontem preparou o

cozido à moda do Couço para 250

militantes e simpatizantes da CDU

que encheram a sala e o telheiro

das traseiras da Casa do Povo era

a mais nova dos seis irmãos e só

ela e o irmão a seguir sabiam ler.

Lembra-se de ler, no arrozal, para

a irmã 12 anos mais velha. Lucinda

Cochicho, a cochichar e a tornar-

se camarada. E compreendia o

que lia? Sim, desde muito cedo.

“Aprendi a conhecer os camaradas

que andavam na luta política

pela maneira como andavam de

bicicleta.”

O trabalho na agricultura era

sazonal. Foi no arroz e no tomate

que aprendeu a “política de

defesa do companheiro de luta,

do camarada, a entreajuda que se

vai cultivando com o convívio mas

que também nasce connosco” — e

Mesmo não sendo preciso,

António Filipe e Jerónimo de

Sousa sobem ao palco da Casa

do Povo para lembrarem que

mais votos e mais deputados na

CDU são menos votos e menos

deputados nos que têm estragado

o país, que roubaram, insistem.

E que vão continuar, avisam, a

olhar pelas propostas que fazem,

reforça Jerónimo, a tirar mais

aos que menos têm. Agora falam

muito das condições de recurso

— “as palavras que eles usam para

enganar os portugueses”, critica o

líder comunista. “Se tiverem uma

casita, um quintal, eles vão fazer

as contas e avaliar e já parece que

têm muito e deixam de receber o

apoio.”

“Vocês, que passaram tanto

na vossa vida, têm de fazer mais,

como fi zeram antes de Abril, em

que tudo parecia perdido, em

que a violência era brutal e vocês

alguma vez desistiram?”, apela

Jerónimo à memória de muitos

que, na sala, calcorrearam montes

e herdades a fugir da polícia nos

anos 50 a 70.

Depois do Couço, uma pequena

arruada no Entroncamento,

onde Jerónimo falou do sector

ferroviário e voltou a recusar

entendimentos com o PS, no dia

em que a CDU fi cou a saber que a

PGR abriu inquérito aos desacatos

de domingo em Lisboa.

Jerónimo pede aos militantes do PCP que mobilizem todos, porque “a batalha tem muitas armadilhas, mistificações e mentirolas”

Partida: Coimbra

Acontecimento do dia:

Chegada: Samora Correia

Jerónimo de Sousa pediu o mesmo empenho que os camaradas mostravam antes do 25 de Abril na vila ribatejana

Reportagem Maria Lopes

CONTA KM

1093km

1611km

se isto não é comunismo, Lucinda

não sabe o que será então.

Pela uma e meia da tarde, na

cozinha improvisada no hall da

Casa do Povo, há um frenesim de

travessas de carne e hortaliça,

tigelas de sopa. No ar há um

cheirinho apetitoso a cozido. Não à

portuguesa, mas à moda do Couço.

Por aqui, a pobreza obriga a que os

trabalhadores se contentem com

o chispe e a cabeça, sobretudo a

orelha, e alguma entremeada.

DANIEL ROCHA

O líder da CDU andou por territórios tradicionalmente comunistas

Page 9: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 9

Isso está no programa?O PÚBLICO comparou os programas eleitorais e seleccionou algumas medidas que interessam a dez perfis diferentes de eleitores

PSD/CDSProsseguir com a redução da taxa geral de IRC dos actuais 21% para 20% em 2016 para em 2019 se fixar em 17%; criar o “Portal do Empreendedorismo”, com informação centralizada sobre os apoios disponíveis.

PSLançar o programa Declaração Única, suprimindo obrigações e comunicações obrigatórias com o Estado; criar linha de adiantamento financeiro por conta de crédito fiscal para aumentar a liquidez das microempresas.

CDUPrioridade no acesso às verbas do Portugal 2020 para as PME, fixando um volume garantido de fundos (50%); taxa de IRC de 12,5% para lucros inferiores a 15 mil euros e para micro, pequenas e médias empresas do interior e regiões autónomas.

BEIsenção para as PME da taxa de 0,75% sobre o valor acrescentado das empresas, destinada a financiar a Segurança Social; proibição de contratação pública de empresas que tenham ligações ou integrem outras empresas sediadas offshore ou com planeamento fiscal agressivo

Agir!Apoios financeiros associados ao programa Portugal 2020 e outros incentivos fiscais dirigidos a empresas que promovam a inovação tecnológica e gerem emprego qualificado e permanente.

Empresários

Bloco quer mudar mesmo tudo para que nada fique na mesma

O dia de ontem do Bloco

de Esquerda teve de

tudo: ânimo e promessas

de voto, descrença e

medo de que nada mude

depois das eleições. Teve

hambúrgueres de pescado, gin e

pão de algas. Até teve um polvo

adivinho. Depois do mercado

da fruta, nas Caldas da Rainha,

a porta-voz Catarina Martins

esteve em Peniche, para conhecer

a investigação que se faz no

Cetemares, a sede do centro Mare

do Instituto Politécnico de Leiria.

Cada vez que um jovem

investigador explica o que está

a fazer, a primeira pergunta

que a porta-voz faz é sobre a

situação profi ssional. A resposta

não é a que mais quer ouvir:

muitos são bolseiros e o que

a Catarina Martins desejava é

que tivessem contratos, com

direitos. Apesar desta realidade,

ainda houve tempo para a boa-

disposição. Diante de um tanque

com um polvo, o subdirector do

Politécnico brinca: “Estamos a

treiná-lo para acertar no resultado

das legislativas.”

À margem da visita, a

porta-voz deixou um recado ao

primeiro-ministro, Passos Coelho,

que afi rmou que Portugal tem o

“cofre devidamente apetrechado”.

A bloquista questionou-se: estarão

cheios de dívidas aos pensionistas,

de abonos que foram retirados

às crianças, de complementos

solidários dos idosos, de salários

baixos? “O discurso sobre os cofres

cheios ofende as pessoas.” Sobre

o descuido de Passos — quando

disse que avançaria com um novo

reembolso antecipado ao FMI —,

lamentou que andasse “de lapso

em lapso, atá à mentira fi nal.”

Neste centro de investigação,

ciência é uma prioridade. Assim

como criar condições para que

os investigadores possam ver-se

livres da precariedade.

De manhã, antes de a caravana

chegar ao mercado e quando

fala das expectativas que tem

para estas eleições, Isaura Félix,

vendedora há 35 anos, lembra-

nos a frase d’O Leopardo, de

Lampedusa, aquela que diz que,

para que tudo fi que na mesma,

é preciso que tudo mude. “Eu

queria que as coisas mudassem,

mas nada muda.” E o que mais

lhe dói, no meio disto tudo, é

o desemprego jovem. A fi lha

estudou Gestão e está a trabalhar

numa loja.

O futuro do país preocupa

muitos dos que se cruzam com a

porta-voz do Bloco de Esquerda.

Dizem-lhe que sozinha não vai lá,

tem de se coligar com o PS. “Tive

oportunidade de dizer olhos nos

olhos a António Costa que o BE

não faltará a um Governo que

não congele as pensões, não as

reduza em 1660 milhões de euros,

não fl exibilize despedimentos,

não descapitalize a Segurança

Social com a quebra da TSU. Se

for possível uma conversa nesses

termos, o BE cá está para poder

salvar o país, para que haja um

Governo que reestruture a dívida,

crie emprego, proteja quem cá

vive”, diz Catarina Martins.

Catarina Martins avisa Passos: “O discurso sobre os cofres cheios ofende as pessoas”

Reportagem Maria João Lopes

O combate ao trabalho precário dos investigadores é uma das preocupações do Bloco de Esquerda, que aproveitou o dia de ontem para garantir que também tem como prioridade o investimento público em ciência, que sofreu cortes com este Governo.

Partida: Lisboa

Acontecimento do dia:

Chegada: Leiria

CONTA KM

337km

993kmENRIC VIVES-RUBIO

Mariana Mortágua é a cabeça de lista do BE por Lisboa

dedicado ao mar, Catarina

Martins lembrou a “queda” do

investimento nesta área, agravada

pelos cortes do Governo. Para o

Bloco, o investimento público em O presidente do Partido

Democrático Republicano

anunciou ontem que vai

fazer uma participação

à Comissão Nacional de

Eleições (CNE) e à Entidade

Reguladora para a Comunicação

Social (ERC) sobre o programa de

Ricardo Araújo Pereira na TVI.

“Queria começar esta declaração

por manifestar-me absolutamente

chocado e pessoalmente transtorna-

do pelas imagens que vi ontem [se-

gunda-feira] na TVI no fi nal do Jornal

das 8. Eu sou o presidente do Parti-

do Democrático Republicano, eu sou

candidato por Coimbra à Assembleia

da República e o que vi no fi nal desse

espaço informativo foi uma pessoa

desconhecida a urinar na minha

imagem, a urinar numa fotografi a

minha”, afi rmou Marinho e Pinto, no

fi nal de uma visita à feira de Leiria.

Dizendo ser das pessoas que “mais

se bateu, bate e baterá em Portugal

pela liberdade de expressão”, con-

siderou, todavia, que esta deve ter

“limites”. “Não vale tudo em matéria

política, não vale tudo em matéria

de humor, não vale tudo, sobretudo,

quando se ofendem tão desnecessa-

riamente e tão cobardemente outras

pessoas, outras instituições e a pró-

pria política portuguesa”, declarou,

adiantando que vai participar esta

situação à CNE e à ERC.

Marinho e Pinto rejeitou, contudo,

a possibilidade de dar “ao autor des-

sa infâmia o privilégio de ser réu ou

arguido nos tribunais portugueses,

porque, infelizmente, a generalidade

dos tribunais portugueses não está

à altura da responsabilidade que a

Constituição lhes comete”.

O programa Isso é tudo muito boni-

to, mas é apresentado pelo humoris-

ta Ricardo Araújo Pereira.

No percurso pela feira, Marinho e

Pinto ouviu críticas ao estado da saú-

de e ao “assédio moral” a trabalha-

dores, aconselhou as pessoas a fazer

queixa e prometeu bater-se “pelo re-

forço dos direitos dos trabalhadores

e dos seus representantes”. O presi-

dente do PDR ouviu também muitos

elogios e apelou sistematicamente

ao voto. Lusa

Marinho e Pinto queixa--se de Ricardo Araújo Pereira

A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre as agressões de que foi alvo um apoiante da CDU no domingo em Lisboa

Page 10: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

SÉRGIO AZENHA

Estudo identifi ca gás radioactivo e outros poluentes em creches e escolas

Medidas simples, como melhorar a ventilação, podem resolver os problemas

Quantidades surpreendentemente

excessivas de radão — um gás ra-

dioactivo cancerígeno — foram en-

contradas em infantários e escolas

primárias do distrito de Bragança,

segundo um novo estudo sobre a po-

luição do ar em estabelecimentos de

ensino em Portugal.

Ao longo de três anos, investiga-

dores da Universidade do Porto re-

alizaram medições detalhadas da

qualidade do ar em 58 salas de 25

creches, jardins de infância e escolas

primárias da Área Metropolitana do

Porto e do distrito de Bragança. Os

resultados — que são hoje apresenta-

dos — mostram um retrato que, em

parte, não é novo: o ar estava mais

poluído do que é admissível na maio-

ria dos casos.

Havia partículas fi nas a mais em

84% das salas avaliadas, de acordo

com os limites sugeridos pela Orga-

nização Mundial de Saúde (OMS), e

em 54%, de acordo com a legislação

nacional. Metade das salas tinha tam-

bém dióxido de carbono a mais.

O resultado mais inesperado, po-

rém, foi a identifi cação de níveis ele-

vados de radão nos estabelecimentos

do distrito de Bragança. O radão é

um gás natural, normalmente asso-

ciado a solos graníticos. É reconhe-

cido como a segunda causa de can-

cro do pulmão, depois do tabaco. Os

efeitos na saúde dependem do nível

de exposição. O radão está presen-

te em várias zonas do país. Segundo

a legislação nacional, é obrigatório

realizar análises à sua concentração

em grandes edifícios comerciais e de

serviços nos distritos de Braga, Vila

Real, Porto, Guarda, Viseu e Castelo

Branco. Mas em Bragança não.

As análises efectuadas nas creches

e escolas primárias, no entanto, re-

velaram “valores preocupantes”, nas

palavras de Sofi a Sousa, investigado-

ra principal do projecto Inairchild,

liderado pela Faculdade de Enge-

nharia da Universidade do Porto e

envolvendo também a Faculdade de

Medicina da mesma instituição e o

Hospital de São João, no Porto.

Os valores chegam a cerca de 800

becquerels por metro cúbico, duas

vezes o limite máximo previsto na

legislação nacional e quatro vezes

o adoptado em alguns países como

Irlanda, Reino Unido, Espanha e Sué-

cia. Das salas avaliadas no distrito de

Bragança, 65% tinham radão a mais.

“Pode ter a ver com os materiais de

construção”, avalia Sofi a Sousa.

Em parte, o Inairchild confi rma o

que outro projecto de investigação,

o Envirh, liderado pela Faculdade de

Ciências Médicas da Universidade de

Lisboa, já havia constatado: que há

poluição a mais nas creches e infantá-

rios. Cerca de 95% das 125 salas de 19

estabelecimentos de Lisboa e do Por-

to avaliados no Envirh tinham uma

qualidade do ar inadequada, segundo

os resultados apresentados em 2013.

Agora, os investigadores deram

um passo a mais e procuraram, com

inquéritos e exames respiratórios,

identifi car a ocorrência de asma en-

tre as crianças. O resultado sugere

um aumento de 50% na probabili-

dade de desenvolvimento da doença

nas creches e escolas com excesso de

partículas no ar.

A responsável do projecto diz que

os resultados não são alarmantes e

que medidas simples, como melho-

rar a ventilação, podem resolver os

problemas. As próprias instituições

foram contactadas, com sugestões

sobre o que fazer. Por exemplo, nu-

ma situação verifi cou-se que valores

pontualmente elevados de compos-

tos orgânicos voláteis tinham a ver

com a utilização de produtos de lim-

peza a meio do dia. “Esta prática foi

alterada”, diz Sofi a Sousa.

Noutro caso, sugeriu-se que se as-

pirassem as salas antes da chegada

das crianças, para reduzir o risco de

ressuspensão das poeiras. Mas não

havia dinheiro para um aspirador.

O estudo revelou ainda que há

margem para melhorias na legislação

sobre a qualidade do ar, a começar

pela forma como é calculado o nú-

mero admissível de crianças em cada

estabelecimento. “Encontrámos em

quase todos uma ocupação excessi-

va”, diz Sofi a Sousa.

Os valores não violam o que está

previsto na lei portuguesa, mas estão

além de valores-guia de normas nor-

te-americanas que levam em conta

também a questão da qualidade do ar.

Os resultados são apresentados

hoje, num seminário na Faculdade

de Engenharia da UP. “O que vamos

fazer é tentar que cheguem aos legis-

ladores e a outras pessoas que pos-

sam mudar esse panorama”, afi rma

Sofi a Sousa.

Investigação em dois distritos do Norte encontra radão a mais em infantários de Bragança. Noutras escolas do país, a poluição do ar foi associada a problemas de asma das crianças

Ambiente Ricardo Garcia

Page 11: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | PORTUGAL | 11

Os estudantes das universidades e

institutos politécnicos não sentiram

grandes efeitos da greve marcada pa-

ra ontem no sector. Apenas escassas

centenas de professores e investiga-

dores aderiram à paralisação con-

vocada pelo Sindicato Nacional do

Ensino Superior (Snesup) e a maioria

das aulas marcadas decorreu com

normalidade. A estrutura sindical

considera, porém, “positiva” a jor-

nada de protesto.

No Instituto Superior de Engenha-

ria do Porto (ISEP), para onde estava

marcado o principal protesto, não

foram mais de 70 os docentes que

participaram na sessão onde, sim-

bolicamente, era “encerrado” o ano

lectivo, como forma de alertar para

as difi culdades de fi nanciamento

e os problemas laborais que põem

em causa o funcionamento do ensino

superior. A greve teve também im-

pacto noutras instituições de ensino

superior, onde foram organizados

debates e reuniões de trabalho para

discutir os problemas do sector. Ao

todo, terão sido poucas centenas de

professores e investigadores a res-

ponder à chamada do Snesup.

No átrio do ISEP viam-se cartazes

com as principais exigências desta

greve: “Chega de cortes no Ensino

Superior. Sem formação não há fu-

turo”, “Reorganizar sim, destruir

não” ou “Por um Ensino Superior e

Ciência acessível a todas as classes

sociais”. Mas essas frases terão sido

Greve não chegou a parar aulas no ensino superior mas “ajudou a passar mensagem”

uma das poucas formas de os estu-

dantes da instituição que pertencem

ao Instituto Politécnico do Porto se

aperceberem do protesto.

“Os números da adesão não eram

o mais importante. A greve servia,

acima de tudo, para permitir aos

colegas participarem nas acções de

protesto”, justifi ca o presidente da-

quele sindicato, António Vicente. O

dirigente considera, por isso, que a

paralisação de ontem teve “efeitos

positivos”. “Ajudou a passar a men-

sagem dos problemas que afectam

o ensino superior e a ciência”, de-

fende, acrescentando que quer entre

professores e investigadores, quer

entre alunos e mesmo junto da opi-

nião pública fi caram claros os moti-

vos da luta dos docentes.

A greve de ontem é a primeira con-

vocada pelo Snesup desde 2009. O

protesto pretendia alertar para os

sucessivos cortes do fi nanciamento

público às instituições de ensino su-

perior que estão, novamente, a cau-

sar à medida que se aproxima o fi m

do ano civil e o nível de precariedade

elevado na docência (45% dos profes-

sores do sector público e 75% dos do

privado não têm vínculo estável para

com as instituições onde trabalham).

A estes problemas junta-se o perigo

de despedimento de centenas de

professores nos politécnicos, que es-

tavam abrangidos pelo período tran-

sitório do Estatuto da Carreira Do-

cente que terminou a 1 de Setembro.

Ao protesto juntaram-se cabeças

de lista pelo Porto às legislativas de

PS (Alexandre Quintanilha), BE ( José

Soeiro) e Livre/Tempo de Avançar

(Ricardo Sá Fernandes). A sua pre-

sença corresponde ao objectivo do

Snesup “de fazer chegar os proble-

mas do superior e da ciência e as nos-

sas soluções aos partidos políticos”,

diz António Vicente. com Lusa

EducaçãoSamuel Silva

Candidatos do PS, BE e Livre juntaram-se ao protesto do Snesup no Porto

DANIEL ROCHA

Advogados do ex-primeiro-ministro garantem que este exercerá o seu direito de voto no dia 4

José Sócrates, que está em prisão

domiciliária no âmbito da Operação

Marquês, ainda não comunicou ao

juiz de instrução criminal, Carlos

Alexandre, a intenção de ir votar nas

eleições de 4 de Outubro, mas garan-

te que o vai fazer. O antigo líder do PS

salienta ainda que não necessita de

pedir qualquer autorização ao ma-

gistrado já que em causa está o exer-

cício de um direito constitucional.

A garantia é deixada num comu-

nicado enviado ontem às redacções.

Nele, a defesa do ex-governante subli-

nha que Sócrates “exercerá, natural-

mente, esse direito, garantido pelas

leis e pela Constituição, e por isso não

pedirá autorização alguma, limitan-

do-se, se ainda for caso disso, a trans-

mitir as informações pertinentes”.

Um dos seus advogados, Pedro

Delille, confi rmou que apenas está

em causa uma comunicação (e não

um pedido de autorização) ao juiz

da vontade de Sócrates votar daqui

a uma semana e meia. “Claro que

José Sócrates garante que vai sair de casa para votar a 4 de Outubro

estamos a falar disso. Estamos a fa-

lar das indicações deixadas pela Co-

missão Nacional de Eleições (CNE)

relativamente a arguidos em prisão

domiciliária. Agora não tem de pe-

dir autorização. Só comunica que

naquele dia sairá a determinada ho-

ra por determinado tempo com esse

objectivo”, explicou o advogado. Já o

outro defensor, João Araújo, salien-

ta: “Certamente que o engenheiro

José Sócrates vai votar”.

Porém, o juiz Carlos Alexandre já

se pronunciou recentemente sobre

pedidos de arguidos que estão em

prisão domiciliária, como o de Ri-

cardo Salgado e Armando Vara, este

também arguido no mesmo processo

de Sócrates. “O dr.º Ricardo Salgado

e o dr.º Armando Vara pediram ao

juiz para exercer o direito de voto,

o que lhes foi concedido”, afi rmou

Amélia Almeida. “Quanto ao enge-

nheiro José Sócrates, não tenho co-

nhecimento se foi feito algum pedi-

do”, acrescenta a juíza.

Amélia Almeida diz que nos despa-

chos do juiz de instrução, relativos a

Ricardo Salgado e a Armando Vara,

não consta nenhuma indicação sobre

a forma como os arguidos irão votar,

nomeadamente se serão escoltados

ou não pela PSP, o que se revela mais

pertinente em relação a Salgado, já

que não está a ser vigiado por pul-

seira electrónica. “No despacho ape-

nas se diz que os arguidos exercerão

o direito de voto de acordo com a

lei eleitoral”, adianta a magistrada.

Em causa está o facto de a lei elei-

toral proibir escoltas armadas a 100

ou menos metros de distância das

assembleias de voto, a não ser que

o presidente da assembleia o solicite

excepcionalmente. Por isso, os agen-

tes que acompanharem os arguidos

terão de o fazer desarmados. A infor-

mação ao juiz será importante para

que a polícia seja avisada da deslo-

cação de Sócrates. O ex-primeiro-

ministro não está a ser vigiado com

pulseira electrónica, pelo que resta

a opção de a PSP o escoltar até à as-

sembleia de voto.

A equipa de advogados acredita

que a questão nem se colocará. Para

a defesa, é provável que nessa altura

Sócrates já nem esteja sujeito à me-

dida de coacção de prisão domicili-

ária. “É uma medida muito precá-

ria que pode ser alterada a qualquer

momento. Acreditamos sempre que

amanhã já não esteja sujeito a essa

medida”, salienta Delille. Os advo-

gados sublinham ainda que Sócrates

“não permitirá — porque parece ser

essa a intenção — que o exercício do

seu direito cívico seja transformado,

por quem quer que seja, em espec-

táculo de humilhação pública dele

e em prejuízo do PS”. Questionada

pelo PÚBLICO, a CNE admitiu ter

conhecimento de um caso em que

um juiz não autorizou a saída de um

homem que estava em prisão domi-

ciliária para ir votar.

JustiçaMariana Oliveira e Pedro Sales DiasEx-governante ainda não comunicou ao juiz a vontade de ir votar, mas irá fazê-lo. Juiz autorizou Vara e Salgado a sair para votar

DIOGO BAPTISTA

O ISEP foi o principal palco dos protestos dos docentes do superior

Page 12: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

ADRIANO MIRANDA

Os países da Europa ocidental continuam como o primeiro destino

Mais de 100 mil emigrantes de

longa duração deixaram Portu-

gal entre 2012 e 2013, de acordo

com o relatório Perspectivas das

Migrações Internacionais — 2015,

divulgado ontem pela Organiza-

ção para a Cooperação e Desen-

volvimento Económico (OCDE).

“A emigração de cidadãos portu-

gueses aumentou com a recessão,

nomeadamente depois de 2010. O

número de emigrantes a longo prazo

foi estimado em 52.000 em 2012 e

53.800 em 2013, contra 23.700 em

2010”, referiu o estudo publicado

em Paris.

O documento referiu ainda que

“o número total de emigrantes (de

curta e longa duração) situou-se

em 128.100 em 2013, dos quais 96%

portugueses e somente quatro por

cento de estrangeiros — proporções

idênticas ao ano anterior”. Ou se-

ja, 122.980 portugueses deixaram o

país e 5120 estrangeiros saíram de

Portugal naquele ano.

Os países da Europa ocidental,

indicou o relatório, continuam co-

mo o primeiro destino (mais de 60%

de saídas em 2013) dos emigrantes

portugueses, mas certos países não

europeus, como o Brasil e sobretu-

do Angola, tornaram-se destinos

importantes.

“Embora a sua quota esteja a

crescer, as mulheres representam

apenas um terço de todos os emi-

grantes”, segundo o documento,

indicando ainda que “os emigran-

tes qualifi cados são cada vez mais

numerosos, especialmente aqueles

que emigram para o Reino Unido ou

para a Noruega”.

No total, um saldo migratório ne-

gativo de 36.200 pessoas foi regis-

tado em Portugal, no ano de 2013,

segundo a OCDE.

O Governo português confi rmou

que, desde 2010, a emigração tem

aumentado “muito rapidamente”,

adiantando que em 2012 deverão

ter saído de Portugal “mais de 95

mil” pessoas, segundo o Relatório

da Emigração 2014, divulgado pelo

Observatório da Emigração.

De acordo com este documento,

a tendência de emigração está a ter

maior impacto nas zonas urbanas,

Segundo a OCDE, maisde 100 mil portugueses deixaram o país em dois anos

especialmente na Grande Lisboa e,

além dos “destinos tradicionais”, os

portugueses estão agora a optar por

novos lugares, situados “nos mais

variados pontos do mundo”.

O Governo refere “três conjuntos

de países de emigração”. Brasil, Ca-

nadá, Estados Unidos e Venezuela

acolhem emigrantes em “grande vo-

lume”, mas trata-se de populações

“envelhecidas e em declínio”, pois

actualmente registam uma “redução

substancial” na chegada de novos

portugueses, segundo o relatório do

Observatório da Emigração.

Países como Alemanha, França e

Luxemburgo, “com grandes popu-

lações portuguesas emigradas en-

velhecidas, mas em crescimento”,

têm registado “uma retoma” desta

emigração.

Por último, surge “um conjunto

de novos países de emigração”, que

atrai populações jovens, como é o

caso do Reino Unido, “hoje o prin-

cipal destino” dos portugueses (50

por cento) e também “o mais im-

portante pólo de atracção” dos mais

qualifi cados.

De acordo com o Relatório da Emi-

gração 2014, haverá mais de 2,3 mi-

lhões de emigrantes portugueses,

número que mais do que duplica,

se se acrescentar os seus descen-

dentes.

Se é verdade que a crise fez com

que mais portugueses saíssem do

pais, a recessão também teve efeito

na permanência de estrangeiros. Os

números revelam que, entre 2009 e

2013, devido à crise, Portugal deixou

de ser um país tão atractivo para a

procura de uma vida melhor do que

nos seus países de origem. O núme-

ro de estrangeiros a viver em Por-

tugal passou dos 454.000 em 2009

para 401.320 em 2013, segundo os

dados da OCDE.

De acordo com o relatório Pers-

pectivas das Migrações Internacionais

— 2015, o número total de estrangei-

ros vivendo em Portugal sofreu, as-

sim, uma queda de quase quatro por

cento em relação ao ano anterior

(2012)”. “Este recuo é explicado pela

recessão económica e pela subida no

número de naturalizações”, indicou

ainda o relatório anual da OCDE.

“À excepção dos cidadãos de paí-

ses asiáticos e, mais recentemente,

da América do Norte, o número de

estrangeiros provenientes de todos

os continentes diminuiu”, indicou

o estudo.

Segundo dados recolhidos jun-

to do Ministério da Solidariedade,

Emprego e Segurança Social, “o nú-

mero de trabalhadores estrangeiros

situou-se em 114.000 em 2013, 4,5%

dos trabalhadores abrangidos por

esta fonte, dos quais se excluem os

trabalhadores independentes e a

maioria dos funcionários públicos”.

As categorias “actividades de ser-

viços administrativos e apoio” e “ac-

tividades de alojamento e restaura-

ção” representam cada uma 19% do

emprego estrangeiro, vindo a seguir

“comércio grossista e retalho”, “re-

paração de veículos (14%) e “activi-

dades transformadoras” (10%).

Emigração

Embora a sua quota esteja a crescer, as mulheres representam apenas um terço de todos os emigrantes O exame de Inglês do 9.º continuará a ser elaborado por Cambridge

O exame de Inglês do 9.º ano, que

este ano lectivo passará a contar para

a nota fi nal dos alunos, deverá ter

um peso de 20 a 30% na classifi ca-

ção fi nal a esta disciplina, informou

ontem o Ministério da Educação e

Ciência (MEC).

Em Julho passado, quando fez o

anúncio de que este exame passaria

a contar para a nota fi nal dos alu-

nos, Crato indicou que o seu peso

na classifi cação fi nal será determi-

nado por cada escola, “no âmbito da

sua autonomia”. Num comunicado

enviado ontem, dando conta de que

os diplomas sobre a avaliação do bá-

sico e secundário já seguiram para

publicação no Diário da República,

o MEC volta a afi rmar que este valor

será determinado por cada escola,

mas estabelece um intervalo (entre

20% e 30%) para a sua fi xação. No

diploma admite-se, contudo, que “a

escola escolha outro peso que con-

sidere mais adequado”, desde que

fundamente esta decisão.

Tanto no básico como no secundá-

rio todos os exames já existentes têm

um peso de 30% na avaliação fi nal.

O exame de Inglês, denomina-

do Preliminary English Test for Scho-

ols (PET), continuará a ser conce-

bido, como nos últimos dois anos,

pela Universidade de Cambridge e é

obrigatório para todos os alunos. Os

resultados desta prova no ano lectivo

passado, quando ainda não contava

para a nota, mostraram que 61,8%

dos alunos tinham um nível de inglês

elementar, ou seja, abaixo do domí-

Exame de Inglês no 9.º ano terá um peso de 20 a 30% na nota final

nio exigível no 9.º ano, segundo os

padrões estabelecidos pelo Quadro

Europeu Comum de Referência para

as Línguas do Conselho da Europa.

No comunicado divulgado ontem,

o MEC frisa que os novos diplomas

sobre avaliação “introduzem poucas

mudanças, essencialmente consa-

grando actualizações” tornadas ne-

cessárias devido a mudanças já anun-

ciadas. Mas, na prática, as condições

de aprovação dos alunos no fi nal do

1.º ciclo de escolaridade vão ser mais

exigentes.

O MEC esclarece que “a introdução

do Inglês a partir do 3.º ano de escola-

ridade leva a algumas mudanças nos

critérios de aprovação dos alunos,

valorizando o ensino desta língua”.

Mais concretamente, segundo se

pode ler no despacho que estabelece

as novas regras de avaliação, a avalia-

ção interna nesta disciplina, no fi nal

dos três períodos lectivos, será ex-

pressa numa escala de 1 a 5, à seme-

lhança de Português e Matemática,

enquanto nas restantes componen-

tes se mantêm as menções qualitati-

vas de Muito Bom, Bom, Sufi ciente

e Insufi ciente. E, no fi nal do 1.º ciclo,

os alunos passam a fi car retidos se

tiverem, em simultâneo, uma clas-

sifi cação inferior a 3 nas disciplinas

de Português, Matemática e Inglês,

em conjunto com a menção de Insufi -

ciente numa das outras disciplinas.

Até agora, os alunos reprovavam

no 4.º ano, que é o fi nal do 1.º ciclo,

se tivessem, em simultâneo, notas

inferiores a 3 nas disciplinas de Por-

tuguês e Matemática e menção Insu-

fi ciente nas outras áreas.

No ensino secundário haverá

também mudanças na avaliação a

Português que é feita pelas escolas.

Nas notas dadas pelos professores, a

oralidade, “que tinha um peso fi xo

de 25% na nota dos alunos, passa a

ter um peso mínimo de 20%”, reve-

lou o MEC.

EducaçãoClara Viana

Nota a Inglês passa também a contar para a aprovação dos alunos no final do 1.º ciclo de escolaridade50%

O Reino Unido é “hoje o principal destino” dos portugueses (50%) e também “o mais importante pólo de atracção” dos mais qualificados

NELSON GARRIDO

Page 13: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | PORTUGAL | 13

PUBLICIDADE

Breves

Acidente

Número de mortos de acidente em Castro Verde subiu para cincoO número de mortos da colisão ocorrida segunda-feira perto de Castro Verde, todos da mesma família, subiu para cinco, com a morte do bebé que tinha ficado em estado grave. Na sequência da colisão, envolvendo dois veículos ligeiros e uma carroça, o bebé, de 11 meses e do sexo masculino, foi transportado de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde entrou em paragem cardiorrespiratória e acabou por morrer na segunda-feira à noite.

As organizações que representam os

Centros de Recursos para a Inclusão

(CRI) poderão decidir hoje suspender

o apoio a milhares de crianças com

necessidades educativas especiais

(NEE) que frequentam as escolas do

país. “Não podemos pactuar com es-

te Governo na promoção de uma ‘es-

cola inclusiva de faz-de-conta’, que é

o que existe neste momento”, justifi -

ca Rogério Cação, vice-presidente da

Federação Nacional de Cooperativas

de Solidariedade Social (Fenacerci).

Com a chamada escola inclusiva,

Associações recusam “pactuar com escola inclusiva de faz-de-conta”

os alunos que antes frequentavam o

ensino especial passaram a estar inte-

grados no ensino regular, recebendo

apoio especializado — nas áreas da

psicologia, terapia da fala, fi siotera-

pia, entre outros — de técnicos dos

CRI, centros que são geridos pelos

próprios agrupamentos de escolas

ou por organizações como as CERCI

(cooperativas para a educação e rea-

bilitação dos cidadãos inadaptados).

Os protestos contra o alegado

subfi nanciamento dos CRI e contra

os critérios utilizados para a selecção

das crianças que têm direito a apoios

e aos tipos de apoio a conceder (“em

que a última palavra não é técnica,

mas administrativa, do MEC”, pro-

testa Rogério Cação) não são novos.

Mas, “este ano”, diz o vice-presidente

da Fenacerci, “a situação é de rup-

tura”.

Segundo afi rma, “a gota de água”

foi o Ministério da Educação e Ci-

ência (MEC) “ter ignorado as reco-

Falta de financiamentoGraça Barbosa Ribeiro

Centros que apoiam milhares de crianças com necessidades educativas especiais ameaçam suspender trabalhos

O facto de o MEC não ter em conta

a necessidade dos chamados apoios

indirectos aos professores do ensino

regular que lidam com estas crianças

e às suas famílias e os tempos de des-

locação dos técnicos entre escolas e

agrupamentos de escolas são outras

críticas das organizações, que hoje

se reúnem em Lisboa para decidir

as medidas a tomar.

Em resposta a questões colocadas

pelo PÚBLICO, o MEC sublinha que

“os alunos com NEE não constituem

um grupo homogéneo, não exigindo

todos eles a mesma quantidade e o

mesmo tipo de recursos humanos

especializados” e que “a decisão so-

bre a frequência e a intensidade dos

apoios educativos e terapêuticos tem

em conta o caso concreto e é defi ni-

do, nos termos da lei, no respectivo

Programa Educativo Individual, ela-

borado pelos serviços especializados

da escola com a participação dos pais

ou encarregados de educação”.

mendações que resultaram de uma

avaliação externa promovida pelo

próprio Governo sobre os CRI e to-

das as decisões tomadas na última

reunião da comissão de que fazem

parte, para além de representantes

do ministério, os dirigentes da Fe-

nacerci, a Federação Portuguesa de

Autismo, a Federação Portuguesa da

Paralisia Cerebral, a Unicrisano e a

Humanitas”.

“Ter um psicólogo para 78 alunos

(de agrupamentos de escolas dife-

rentes) ou um aluno com meia hora

por semana de terapia da fala ou de

fi sioterapia é sério? Não é. Mas é o re-

sultado da política absurda da página

de Excel, em que de um lado se põe o

número de crianças com necessida-

des de apoio especial (que tem vindo

a crescer) e do outro o montante de

verbas disponíveis, que não aumenta

de forma proporcional”, disse ontem

Rogério Cação, em declarações ao

PÚBLICO.

N O V O C I V I C

C O N E C T A A S S U A S E M O Ç Õ E S

ESTE MÊS TEM A GAMA CIVIC A PARTIR DE 18.580 €.Totalmente equipado e com 5 anos de garantia *.

Pvp para Civic 5P 1.4 i-Vtec Comfort. Não inclui valor da pintura metalizada, despesas de logística, transporte e sgpu. Inclui incentivo Honda e concessionário; apoio à retoma; *5 anos de garantia (3 anos de fábrica + 2 anos de garantia suplementar) sem

limite de km, segundo condições contratuais. Consumo combinado (l/100 km): 3.6 - 6.4. Emissões co2 (g/km): 94 - 150. Imagem não contratual. Campanha válida até 30 de Setembro de 2015, Válida nos concessionários aderentes e para o stock existente.

Page 14: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Porto lidera dois rankings sobre os melhores hospitais públicos

Com poucas horas de diferença, dois

rankings com critérios distintos co-

locaram os hospitais do Norte entre

as melhores unidades públicas do

país. Num dos trabalhos, da consul-

tora multinacional espanhola Iasist,

o grande vencedor foi o Centro Hos-

pitalar do Porto (Sto. António). No

outro, da Escola Nacional de Saúde

Pública, o primeiro lugar fi cou nas

mãos do Centro Hospitalar de São

João, também no Porto. No resto da

lista, a ocupar as primeiras posições

é também frequente a presença de

instituições da zona Norte do país.

O ministro da Saúde salientou que

Portugal conta com bons hospitais

e defendeu que estes estudos “são

positivos” para as unidades porque

“indicam possibilidades concretas

de melhoria”. Para os doentes, Paulo

Macedo considera que a “transparên-

cia” também é positiva.

O trabalho da Iasist, intitulado Top

5 — A Excelência dos Hospitais, divi-

de as unidades em cinco grupos, de

acordo com a dimensão dos hospitais

e é apresentado pela segunda vez. O

ranking fi nal apresentado ontem, em

Lisboa, revelou apenas os três me-

lhores classifi cados de cada grupo e

o vencedor fi nal. Para os resultados

são ponderados vários indicadores

relacionados com a “qualidade”,

como é o caso da mortalidade, das

complicações e das readmissões de

doentes — tendo sempre em conside-

ração a gravidade dos doentes aten-

didos. São também estudados crité-

rios de “adequação”, onde entra, por

exemplo, o peso das cirurgias feitas

em ambulatório em relação ao peso

de todas as operações que poderiam

ter sido feitas sem recurso a interna-

mento. No campo da “efi ciência”, é

tido em consideração o tempo mé-

dio de internamento dos doentes,

o número de doentes por médico e

por enfermeiro e os custos por cada

doente tratado.

No “grupo E”, que avaliou os seis

maiores centros hospitalares do pa-

ís, só o Centro Hospitalar do Porto,

o Centro Hospitalar de São João e o

Centro Hospitalar de Lisboa Norte

chegaram ao pódio fi nal. O vence-

dor foi o Centro Hospitalar do Porto,

um repetente, já que também em

2014 tinha conquistado o primeiro

lugar. No “grupo D”, onde entram

oito hospitais médios e grandes, o

vencedor foi o Hospital de Braga.

Entre as 12 unidades médias, no

“grupo C”, venceu o Centro Hospi-

talar Tâmega e Sousa.

No “grupo B”, que avaliou os sete

hospitais mais pequenos do país, o

prémio foi, pela segunda vez, para

o Hospital de Santa Maria Maior, em

Barcelos. Num grupo à parte foram

avaliadas oito unidades locais de saú-

2012. O quarto lugar do ranking dis-

tinguiu o Centro Hospitalar Lisboa

Norte e o quinto foi para a ULS de

Matosinhos. O Centro Hospitalar do

Porto, em primeiro lugar no estudo

da Iasist, aqui surge na sexta posição.

Em dados específi cos há diferenças:

o Centro Hospitalar e Universitário

de Coimbra tem um resultado ligei-

ramente pior na mortalidade do que

no ranking geral, enquanto o Centro

Hospitalar Lisboa Norte tem melho-

res resultados na mortalidade no que

na análise global.

Olhando para algumas doenças, o

Centro Hospitalar e Universitário de

Coimbra é considerado o melhor a

tratar as doenças do aparelho ocular,

as doenças endócrinas e metabólicas

e as ginecológicas, obstétricas e neo-

plásicas. Por outro lado, as doenças

cardíacas, vasculares e digestivas

conquistaram melhores resultados

no São João, assim como as patolo-

gias infecciosas e neurológicas. O

Centro Hospitalar de Tondela-Viseu

lidera as doenças músculo-esqueléti-

cas, o Instituto Português de Oncolo-

gia de Coimbra encabeça as doenças

dos órgãos genitais masculinos e o

Centro Hospitalar Lisboa Norte des-

taca-se nos rins e aparelho urinário.

O Instituto Português de Oncologia

de Lisboa é melhor nas patologias

dos ouvidos, nariz e garganta.

Sobre o trabalho da Iasist, o direc-

tor-geral da empresa em Portugal,

Manuel Delgado, salientou que, so-

bretudo nos grandes hospitais, há

poucas diferenças entre o vencedor e

os restantes membros da lista. No en-

tanto, o antigo presidente da Associa-

ção Portuguesa de Administradores

Hospitalares destacou que ainda há

bastante margem para melhoria.

De acordo com Manuel Delgado, a

demora média de internamento es-

tá a crescer em todos os grupos. Há

também margem para melhorar nas

cirurgias de ambulatório. Nos gran-

des hospitais a taxa é de 69,9%, abai-

xo dos 73,9% que consegue o grupo

D, de hospitais médios e grandes. O

“top 5” comparou também os valores

dos três melhores de cada grupo com

os resultados globais e percebeu que

os nomeados conseguem menos 19%

de mortalidade, assim como menos

8% de complicações nos doentes e

menos 5% de readmissões. Tudo isto

com menos tempo de internamento

(7% inferior) e com custos por doente

27% inferiores.

Os hospitais vencedores têm menos mortalidade e menos complicações nos doentes

Trabalho da empresa Iasist dá o primeiro lugar ao Centro Hospitalar do Porto. Escola Nacional de Saúde Pública distingue o Centro Hospitalar de São João. Edição de 2014 já tinha premiado os mesmos hospitais

SaúdeRomana Borja-Santos

Demasiados doentes nas urgências

Um dos problemas comuns aos hospitais estudados pela Iasist no “top 5” e identificados pelo director-

geral da multinacional em Portugal, Manuel Delgado, está no excessivo número de doentes que chegam aos hospitais de forma não programada. “Não é bom que seja a urgência a alimentar os hospitais”, afirmou, adiantando que em 2014 voltou a crescer o peso das urgências em todos os grupos, com destaque para as ULS, onde 77,2% dos

doentes chegam pela porta das urgências. O valor mais baixo é encontrado nos grandes hospitais, que, mesmo assim, subiram de 60% para 60,5%. No caso das ULS, o responsável destaca que o resultado é mais preocupante, por se pressupor que estas unidades deveriam ter uma melhor articulação entre hospitais e centros de saúde.

Sobre este aspecto das urgências, questionado pelo PÚBLICO, o ministro da Saúde afirmou que o problema é

conhecido. “Nós sabemos, aliás está provado em todas as análises, que temos pessoas mais vulneráveis que chegam às urgências, porque temos pessoas muito mais idosas e em outras condições de vulnerabilidade que obrigam a um maior tempo de observação e a um maior internamento”, justificou Paulo Macedo, que, ainda assim, contrapôs que, “vendo os grandes números, entre 2008 e 2014, o número de urgências decresce”. R.B.S.

de (ULS) e o primeiro lugar foi para

a ULS do Alto Minho.

Os melhores por doençaO ranking da Escola Nacional de

Saúde Pública (ENSP), com o nome

Avaliação do Desempenho dos Hospi-

tais Públicos (Internamento) em Por-

tugal Continental (2014), e divulgado

pouco antes pela Lusa, tem critérios

diferentes e é feito há vários anos.

Não divide os hospitais por grupos,

olhando antes para os resultados

globais das doenças tratadas. Tem

também em consideração os dados

relacionados com a mortalidade, as

complicações e as readmissões.

Na lista geral, o Centro Hospita-

lar de São João, no Porto, mantém

o primeiro lugar, seguido pelo Hos-

pital Beatriz Ângelo, em Loures. O

terceiro lugar foi atribuído ao Centro

Hospitalar e Universitário de Coim-

bra, que tinha vencido na edição de

Page 15: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | PORTUGAL | 15

Portugal vai acolher “até 4500” refu-

giados que estão em Itália e na Gré-

cia, confi rmou ontem o Ministério da

Administração Interna (MAI) dando

conta dos resultados da reunião de

ontem, em Bruxelas, do Conselho de

Justiça e Assuntos Internos Extraor-

dinário ( JAI).

“Foi hoje [ontem] aprovada, em

Bruxelas, no Conselho de Justiça e

Assuntos Internos ( JAI) Extraordiná-

rio, uma decisão do Conselho que

estabelece medidas adicionais no do-

mínio da protecção internacional a

Ministra da Administração Interna revela que Portugal vai receber até 4500 refugiados

favor de Itália e da Grécia. Portugal,

que votou favoravelmente a proposta

de decisão, acolherá, ao longo dos

próximos dois anos, até 4500 bene-

fi ciários de protecção internacional”,

lê-se no comunicado do gabinete de

imprensa do MAI.

O Ministério dirigido por Anabela

Rodrigues recordou que o Conselho

de ontem (ver pág. 24/25) “aprovou

a proposta de recolocação de emer-

gência para mais 120 mil pessoas re-

querentes de asilo, a que acrescem os

40 mil abrangidos pela Decisão adop-

tada no Conselho JAI Extraordinário

do passado dia 14 de Setembro”. No

texto do MAI, lembra-se também que,

“conforme tinha já referido no Conse-

lho Extraordinário do passado dia 14,

Portugal manifestou abertura para,

em linha com a proposta da Comissão

Europeia, acolher até 4500 requeren-

tes de protecção internacional”.

Em Bruxelas, a ministra conside-

rou que a Europa encontrou uma

Acolhimento Francisco Alves Rito

Decisão do Conselho de Justiça e Assuntos Internos que estabelece medidas adicionais no domínio da protecção internacional

PUBLICIDADE

mara de Palmela, na última reunião

pública do executivo municipal.

O líder da comunidade islâmica

em Portugal, Abdul Vakil, disse na

semana passada que vai receber, no

âmbito do Programa de Apoio as Re-

fugiados (PAR) e com o apoio da Câ-

mara de Lisboa, 250 refugiados, num

terreno em Palmela, cedido à funda-

ção por uma entidade local. “Na zona

de Palmela, a fundação tem uma par-

ceria com uma entidade local que lhe

vai disponibilizar um terreno grande,

onde já existem coisas construídas

e outras que se vão construir mais

tarde”, afi rmou Vakil.

O autarca confi rma que o terre-

no “já tem algumas construções” e

explica que o município, depois de

“consultado acerca da viabilidade

de reabilitação e construção nesse

terreno”, emitiu um parecer “a di-

zer que o terreno não permite, neste

momento, qualquer edifi cabilidade”.

com Lusa

Já chegaram à Croácia os três cami-

ões TIR com quase 60 toneladas de

ajuda humanitária enviada por cida-

dãos residentes em Portugal. Tudo

deverá ser descarregado num ar-

mazém da Cruz Vermelha croata, o

parceiro escolhido pela Aylan Kurdi

Caravan.

O acordo com a Cruz Vermelha foi

formalizado ontem, após contactos

e visitas a diferentes organizações

locais. Pesou a escala, a estrutura, a

capacidade de acolher os donativos

em armazéns próximos dos pontos

críticos e de os distribuir por quem

esta a tentar entrar na UE.

Os donativos serão descarrega-

dos num armazém dos arredores de

Vinkocvi, a cerca de 40 quilómetros

do campo de refugiados de Opato-

vac e a 30 quilómetros de Tovarnik,

na Croácia. A.C.P.

Caravana Aylan Kurdi já chegou à Croácia

“resposta que refl ecte um acordo

equilibrado”, em relação à recolo-

cação de 120 mil refugiados, e infor-

mou que se mantém os números de

pessoas que irão para Portugal.

Quando questionada sobre o nú-

mero de refugiados que Portugal re-

ceberá à luz da decisão de ontem, a

ministra referiu não haver “pratica-

mente alteração em relação aquilo

que tinha sido discutido no último

conselho (de ministros) “pelo que o

país receberá cerca de três mil pesso-

as em relação aos 120 mil refugiados

e no total “cerca de 4500/5000”.

Dúvidas em PalmelaA criação de um campo para acolhi-

mento de 250 refugiados, em Palme-

la, é inviável porque o terreno em

causa, da Fundação Islâmica de Pal-

mela, não permite, de acordo com o

Plano Director Municipal (PDM), as

construções necessárias à adaptação

do espaço, disse o presidente da Câ-

Ajuda portuguesa

NUNCA A 1.A LIGAFOI TÃO EMOCIONANTE

FUTEBOL TÉNIS BASquETEBOLMais informações em www.jogossantacasa.pt | App PLACARD Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h)É proibida a venda de jogo a menores de 18 anos

Page 16: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

16 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Mal-estar entre Câmara de Marvão e associação que explora o castelo

PEDRO CUNHA

Gestão e exploração deste monumento nacional foram entregues ao CCM em 2013

A associação Centro Cultural de Mar-

vão (CCM), concessionária da gestão

e exploração do castelo daquela vi-

la alentejana, recusou a medalha de

mérito que a câmara municipal lhe

atribuiu, acusando a maioria PPD/

PSD no executivo de “menosprezar”

o trabalho voluntário feito pelos só-

cios nos últimos dois anos e meio.

Em causa está a abstenção do pre-

sidente da Câmara de Marvão, Vítor

Frutuoso, e de três vereadores do

PPD/PSD na votação da proposta de

atribuição daquela distinção, apre-

sentada pelo único vereador do PS.

Além de se absterem, os sociais-de-

mocratas apresentaram uma decla-

ração a explicar o sentido de voto:

argumentam que a associação fez

um trabalho “normal e aceitável”, e

atingiu os “objectivos mínimos” mas

fi cou “muito aquém” do que tinha

proposto, pelo que não merece re-

ceber a medalha.

A proposta acabou por ser apro-

vada e a entrega estava marcada

para 8 de Setembro, feriado muni-

cipal, mas a associação não compa-

receu. “Conseguimos transformar

um espaço que estava morto num

espaço com vida”, declara o director

do CCM, Tiago Pereira. “A câmara,

principal entidade responsável pelo

castelo, não só não reconhece isso

como ainda faz um ataque feroz à

nossa gestão, pondo em causa todos

os agentes associativos e culturais do

concelho, que colaboraram connos-

co”, acrescenta.

A gestão e a exploração do castelo,

classifi cado desde 1922 como monu-

mento nacional e inserido na área

protegida do Parque Natural da Serra

de São Mamede, foram entregues ao

CCM no início de 2013. Na altura, a

autarquia convidou as associações

do concelho a apresentarem propos-

tas para o espaço. O CCM concorreu,

assim como a associação Terras Sem

Sombra, mas o júri deu mais pontos

ao primeiro, que venceu a concessão.

A contrapartida fi nanceira é a receita

da venda de bilhetes — 1,30 euros por

pessoa, entre Maio e Outubro.

Durante dois anos e meio, o CCM

“lutou para dar visibilidade à vila e

ao castelo”, garante o director, vo-

luntário como os restantes sócios,

mais de uma centena, que se dedi-

foi, de resto, um dos argumentos do

vereador do PS: “Neste momento,

o castelo de Marvão tem uma pro-

jecção nunca antes vista, tem vida

própria e tem um futuro incrível”,

lê-se no texto da proposta.

“Atingimos as 100 mil visitas pagas

há cerca de um mês e meio”, afi r-

ma Tiago Pereira, lamentando que a

maioria no executivo não tenha “uma

palavra de reconhecimento”.

“Eu reconheço o trabalho deles, é

aceitável, mas não extraordinário”,

contrapõe Vítor Frutuoso. O autar-

ca defende que a medalha de mérito

deve ser atribuída a quem faz “servi-

ços excepcionais ao município, que

cumpre todos os requisitos e vai mais

além”, o que, na sua opinião, não

sucedeu. Frutuoso considera que o

CCM não cumpriu na íntegra o pro-

jecto que levou a concurso: critica,

por exemplo, a conversão da antiga

sala do Museu Militar numa loja ar-

rendada a um particular, “ao arrepio”

do que estava na proposta, esque-

cendo que aquele era o único espaço

no recinto interior com instalações

sanitárias, que deveriam ser de uso

colectivo e não particular. O autar-

ca desvaloriza também a referência

feita pelo TripAdvisor, para a qual,

sublinha, contribuíram as condi-

ções proporcionadas pela autarquia.

O contrato anual com o CCM, re-

novável até três anos, termina em

Fevereiro de 2016. “Vamos analisar

a situação e encontrar uma solução,

mas ainda não me debrucei sobre o

assunto”, diz o presidente da câma-

ra, prometendo uma decisão sobre

o futuro do castelo até ao fi nal de Ja-

neiro. Para já, diz apenas que o mu-

nicípio “difi cilmente terá condições”

para gerir o espaço, por falta de re-

cursos, mas vai tentar “tirar mais

proveito da exploração do castelo”,

com a criação, por exemplo, de um

bilhete que inclua outras atracções

do concelho.

Presidente da autarquia classifi ca gestão do monumento como “aceitável, mas não extraordinária”, e por isso não votou a favor da atribuição de medalha de mérito à associação Centro Cultural de Marvão

Património Marisa Soares

Avila histórica de Marvão vai celebrar, de 2 a 4 de Outubro, as suas raízes islâmicas e recriar o

ambiente vivido na época da sua fundação, no século IX. A 10.ª edição do Festival Al Mossassa, organizado em parceria com a cidade espanhola de Badajoz, terá espectáculos musicais, mercados de rua, danças orientais e até passeios de burro e lutas de espadas. o festival é “uma homenagem à cultura islâmica e a Ibn Marúan, figura ímpar e visionária, rebelde fundador das duas localidades”. M.S.

Festival celebra raízes islâmicas

cam também a outras actividades

de dinamização social, desportiva e

cultural do concelho. Tiago Pereira

enumera o trabalho desenvolvido

no monumento: os espaços vazios

foram ocupados por um atelier de

costura, uma galeria de arte, duas

lojas, uma cafetaria, um centro de

interpretação (inaugurado em Junho

na torre de menagem); foi criada

uma agenda cultural e um guia do

espaço em seis línguas; foram orga-

nizadas exposições temporárias; e

realizados trabalhos de manutenção

do jardim e dos edifícios. “Estamos

a trabalhar num áudio-guia acessível

para as pessoas invisuais, em várias

línguas”, acrescenta.

Ao longo de um ano e meio, o cas-

telo foi visitado por mais de 100 mil

pessoas, e em 2014 foi considerado

um dos dez principais pontos de refe-

rência no Portugal Travellers’ Choice,

numa votação promovida pelo site de

viagens TripAdvisor. Esta distinção

Page 17: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 17

Breves

Mobilidade

Câmara de Loulé

Obras causam condicionamentos de trânsito em Lisboa

Três milhões para recuperar o Solar da Música Nova

O túnel da Avenida João XXI em Lisboa, que liga as freguesias das Avenidas Novas e do Areeiro, vai estar encerrado no período nocturno, entre as 22h e as 6h, a partir de sexta-feira e durante uma semana, até 1 de Outubro. O encerramento deve-se à realização de trabalhos técnicos e será em sentidos alternados, segundo informação da Câmara de Lisboa, mas pode ocorrer nos dois sentidos em simultâneo, “de acordo com a evolução dos trabalhos”. Também na Rua de Gualdim Pais e na Estrada de Chelas haverá condicionamento de trânsito, nos dois sentidos, entre hoje e 6 de Novembro, entre as 8h e as 17h. A autarquia vai proceder a obras de repavimentação nestas artérias.

A Câmara de Loulé vai investir três milhões de euros na recuperação do Solar da Música Nova, onde, durante décadas, funcionou a Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva e para onde deverá regressar. “Impunha-se recuperar aquele edifício”, disse ontem à Lusa o presidente da câmara, Vítor Aleixo (PS), acrescentando que, após as obras, o edifício irá acolher ainda o Conservatório de Música de Loulé e ficará apetrechado com um pequeno auditório.O antigo edifício senhorial está localizado praticamente no coração da cidade, mas está fechado e vedado há mais de uma década, por causa do avançado estado de degradação. As obras devem arrancar em Março ou Abril do próximo ano.

O presidente da Câmara de Monção,

o socialista Augusto Domingues,

anunciou, anteontem à noite, que

não poderá “garantir a continuidade

das aulas” no Agrupamento de Esco-

las de Monção a partir da próxima

segunda-feira, se a Assembleia Muni-

cipal também aprovar, na sexta-feira,

a denúncia do contrato de delegação

de competências celebrado com o Mi-

nistério da Educação e Ciência (MEC).

As declarações de Domingues à

Lusa seguiram-se a uma reunião do

executivo da Câmara de Monção, que

voltou a aprovar este corte de rela-

ções com o MEC, como já fi zera no

fi nal de Agosto.

Este corte terá como consequên-

cias, entre outras, “a transferência

do pessoal não docente das escolas

básicas e da educação pré-escolar

novamente para o ministério, a de-

volução da gestão do parque escolar

no 2.º e 3.º ciclos do ensino básico

e a suspensão de actividades de en-

riquecimento curricular no 1.º ciclo

do ensino básico”.

A proposta aprovada na segunda-

feira prevê ainda “a não afectação,

por parte da autarquia, de qualquer

pessoal para actividades educativas

na área de apoio à família, que pres-

supõe o fornecimento de refeições

ao pré-escolar e 1.º ciclo do ensino

básico, bem como o apoio ao prolon-

gamento dos horários”, o que porá

em causa o seu funcionamento.

Deste modo, a autarquia pretende

pressionar o MEC a homologar a elei-

ção do director do agrupamento de

escolas, realizada em Julho passado,

um procedimento que foi suspenso

pela Direcção-Geral da Administra-

ção Escolar (DGAE) por terem sido

interpostas três acções judiciais. O re-

curso aos tribunais por parte de pro-

fessores e pais tem sido uma cons-

tante desde a constituição do novo

agrupamento, em 2012, e levou já à

repetição, por três vezes, da eleição

do director, sem que em nenhuma

das vezes tivesse sido homologada

pelo ministério. O vencedor foi sem-

pre o docente Sérgio Gonçalves, que

foi vereador socialista na autarquia

de Monção e director do Agrupa-

mento de Escolas Deu-la-Deu Mar-

Monção não garante prosseguimento das aulas a partir de segunda-feira

tins, um dos que esteve na origem

da constituição do agrupamento de

Monção.

O MEC escusou-se a comentar

esta nova votação do executivo da

câmara. Na passada sexta-feira, o

presidente da Câmara de Monção

reuniu-se com o ministro Nuno Cra-

to. No fi nal do encontro indicou que

Crato o informou de que “duas das

três acções movidas por encarrega-

dos de educação foram retiradas”.

Nestas acções contestava-se a eleição

dos representantes dos pais para o

Conselho Geral Transitório do agru-

pamento.

“Para que a eleição do director

eleito seja homologada pela DGAE

falta ser retirada a última das três

acções que correm nos tribunais.

O ministério, e o próprio ministro

Nuno Crato, comprometeram-se a

interceder, junto dos seus autores,

para que a acção seja removida e o

problema ultrapassado”, explicou

Augusto Domingues.

Ao que o PÚBLICO apurou, Nuno

Crato e Augusto Domingues con-

cordaram, nesta reunião, em esta-

belecer um prazo de três semanas

para resolver a questão relativa à

suspensão do processo de homolo-

gação da eleição do director. Caso tal

não viesse a acontecer, acordaram

em reunir-se de novo a 9 de Outubro

para reavaliar a situação.

Na reunião da câmara de anteon-

tem, o autarca informou, contudo,

que logo na sexta-feira à tarde hou-

ve uma reunião com os autores da

terceira acção, movida por um dos

representantes dos pais no Conselho

Geral Transitório do agrupamento,

e que estes apenas indicaram que

iriam convocar uma assembleia geral

para discutir o assunto. Face a esta

posição que, segundo o autarca, só

irá prolongar ainda mais a actual situ-

ação de ímpasse, a câmara resolveu

solicitar de novo a Crato que chame a

si a decisão do processo, nomeando

Sérgio Gonçalves para presidente da

CAP, esclareceu.

O impasse no agrupamento “dura

há demasiado tempo e tem implica-

ções profundas em toda a comuni-

dade escolar. Ninguém merece isto.

As nossas crianças muito menos”,

justifi cou Augusto Domingues.

EducaçãoClara Viana

Novo ultimato ao MEC justificado com a não homologação das eleições para director do agrupamento de escolas

Abreu Amorim foi um dos deputados do PSD que sugeriu os nomes para a primeira direcção do agrupamento

Quatro anos que mudarama vida deles (e a nossa)

PEDROPASSOS COELHO

ÚLTIMO TRABALHO DA SÉRIE ESPECIAL

LEGISLATIVAS 2015

DOMINGO

Page 18: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

18 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Portugal ultrapassa China e recupera primazia nas exportações para Angola

NELSON GARRIDO

Vendas para Angola continuam a cair, mas queda foi menos expressiva do que a verificada com a China

Portugal voltou a assumir a liderança

como principal fornecedor de Ango-

la, depois de ter sido ultrapassado pe-

la China no primeiro trimestre, o que

quebrou uma tendência histórica.

De acordo com os dados do Ins-

tituto Nacional de Estatística (INE)

de Angola, o valor de produtos por-

tugueses importados por este país,

entre Abril e Junho, foi de 67.239

milhões de kwanzas (cerca de 475

milhões de euros ao câmbio actual),

contra os 57.511 milhões de kwanzas

de produtos chineses. Deste modo,

no segundo trimestre, Portugal fi cou

com uma quota de mercado de 18%

contra os 15,4% da China.

Mesmo assim, esta alteração ape-

nas ocorreu porque as exportações

de bens chineses para o mercado

angolano sofreram uma queda mais

expressiva do que as de produtos

portugueses. Angola está a comprar

menos devido à crise económica que

atravessa (por causa da queda dos

preços do petróleo). Face ao primei-

ro trimestre, a variação relativa aos

bens vendidos por empresas portu-

guesas foi de -4% (-20% em termos

homólogos), e, no caso das empresas

chinesas, foi de -46,6% (-9,6% em ter-

mos homólogos).

Por outro lado, se os cálculos fo-

rem feitos em termos semestrais, é a

China quem ainda detém a liderança

nas relações comerciais com Angola,

já que o primeiro trimestre foi bas-

tante expressivo. Somando os dois

trimestres, as vendas de produtos

chineses chegaram aos 165.112 mi-

lhões de kwanzas, contra os 137.272

milhões de Portugal.

Já no caso da Coreia do Sul, que

surgiu de forma extraordinária no to-

po dos abastecedores do mercado an-

golano nos primeiros meses do ano,

os dados do INE vieram confi rmar

que havia um efeito extraordinário,

passando agora para a 12.ª posição.

A maior parte das compras feitas

por Luanda está relacionada com

máquinas e com produtos agríco-

las e alimentares, mas o leque de

importações é bastante vasto. Já as

exportações continuam a basear-se

quase exclusivamente no petróleo

(97,9% do total). O facto de a China

se apresentar como o principal clien-

te do petróleo angolano acaba por

colocar as relações comerciais com

Angola num patamar mais elevado

face a Portugal, quando se olha para

as trocas comerciais. Portugal surge

apenas na sétima posição no ranking

de clientes de Angola e, ao contrário

do que sucede com a China, a balança

comercial é positiva para a economia

portuguesa.

Em Agosto, o Governo angolano e

representantes do executivo chinês

assinaram um acordo monetário ao

abrigo do qual as respectivas moedas

nacionais passam a ser aceites em am-

bos os países. A medida vai facilitar

as compras de produtos chineses por

parte de Angola, ao mesmo tempo

que este país consegue contornar o

efeito de escassez de divisas interna-

cionais provocado pela crise.

O impacto do BES AngolaUma das características das relações

entre Portugal e Angola é a forte pre-

sença de empresas neste mercado,

com vários cruzamentos de partici-

pações, e, também, com a presen-

ça de alguns investidores angolanos

em Portugal. Esta situação verifi ca-

se também no sector fi nanceiro. De

acordo com a 10.ª edição do estudo

Banca em Análise, feito pela Deloitte e

apresentado ontem em Luanda, o re-

sultado líquido agregado dos bancos

que operam em Angola sofreu uma

queda de 50% em 2014, face ao ano

anterior, “infl uenciado pelo efeito

dos resultados do ex-BESA”, maio-

ritariamente detido pelo BES e que

colapsou no ano passado, tal como o

grupo da família Espírito Santo.

A análise da Deloitte refere que,

sem o efeito da queda do BES Ango-

la, “os resultados líquidos do sector

teriam registado um crescimento

de cerca de 12%”. Em 2014, os resul-

tados líquidos do sector não foram

além dos 45.400 milhões de kwanzas

(cerca de 321 milhões de euros, ao

câmbio actual). No fi nal de 2014 exis-

tiam 23 bancos a operar em Angola,

vários deles controlados por capitais

portugueses, como o BFA, o Millen-

nium Angola e o Banco Caixa Geral

Totta de Angola. Por seu lado, várias

instituições angolanas estão também

em Portugal, como é o caso do BIC,

BAI, Privado Atlântico e BNI. Já este

ano, o mercado angolano assistiu à

entrada de dois novos concorrentes,

o Banco de Investimento Rural e o

Banco Prestígio, e estão autorizados

outros quatro.

Portugal voltou a assumir a liderança enquanto fornecedor do mercado angolano no segundo trimestre, depois de ter sido ultrapassado pela China, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística de Angola

Comércio Luís Villalobos

Page 19: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | ECONOMIA | 19

Comissão Europeia optou por não analisar a compra da empresa

DANIEL ROCHA

A Associação Peço a Palavra (APA)

vai questionar a Direcção-Geral da

Concorrência (DGC), em Bruxelas,

pelo facto de esta entidade ter op-

tado por não analisar a compra da

TAP, quando foi pré-notifi cada. “É

incompreensível que nos tenha res-

pondido que a operação não tinha

dimensão europeia, por não atingir

o limiar dos cinco mil milhões de eu-

ros [de volume de negócios global],

quando foi notifi cada a posteriori pela

Atlantic Gateway de que ultrapassava

esse patamar”, disse ao PÚBLICO o

vice-presidente da associação, Bru-

no Fialho.

A venda de 61% da TAP ao consór-

cio formado pela HPGB (de Hum-

berto Pedrosa) e pela DGN (de Da-

vid Neeleman) foi notifi cada à Auto-

ridade da Concorrência (AdC), que

já emitiu um projecto de decisão

favorável à operação. Foi com base

nos dados do processo de notifi ca-

ção, que requereu à AdC enquanto

contra-interessada neste dossiê, que

a APA constatou que o consórcio in-

formou ter pré-notifi cado Bruxelas da

operação, uma vez que “o volume de

negócios global das empresas atingiu

cinco mil milhões de euros”, mas foi

informado pela Comissão “de que

não se encontravam preenchidos os

limites comunitários”. Uma decisão

que a APA estranha, tendo em conta

a resposta que obteve da DGC, em Ju-

Associação Peço a Palavra quer esclarecimentos de Bruxelas sobre a TAP

lho. “Além da contestação ao projecto

de parecer da AdC também iremos

solicitar nova intervenção” da UE,

“suspendendo o processo, até que

esta situação seja completamente es-

clarecida”, disse Bruno Fialho.

Um volume de negócios das em-

presas envolvidas superior a cinco

mil milhões de euros não é, no en-

tanto, o único critério utilizado pela

Comissão para determinar se uma

operação de concentração tem di-

mensão comunitária. Essa dimensão

europeia verifi ca-se também quando

o volume de negócios total realizado

individualmente por pelo menos du-

as das empresas no mercado europeu

for superior a 250 milhões (a menos

que cada uma delas realize mais de

dois terços desta receita num único

Estado-membro). Mesmo quando es-

tes limiares não são ultrapassados,

há outros critérios para decidir se o

negócio tem escala europeia e se é

passível de afectar a concorrência

entre Estados.

Existem também várias metodolo-

gias de cálculo do volume de negó-

cios que podem ser utilizadas, tendo

em conta a alocação geográfi ca das

receitas. Isso é relevante quando está

em causa uma companhia de aviação,

que presta serviços transfronteiriços.

A decisão de notifi car uma transac-

ção é sempre responsabilidade das

empresas envolvidas, que têm de

analisar se o negócio em causa tem

ou não dimensão europeia. Depois

de discutir o caso com Bruxelas, no

âmbito dos procedimentos de pré-

notifi cação, em que são discutidas

matérias legais, o consórcio Atlantic

Gateway optou por notifi car o regu-

lador português. Em todo o caso,

a APA entende que estavam preen-

chidos os critérios para a Comissão

analisar a operação.

PrivatizaçõesAna Brito

Associação cívica diz que volume de negócios global do consórcio e da TAP justificava análise pelas autoridades europeias

PUBLICIDADE

O Banco de Portugal acaba de facili-

tar a denúncia de grandes infracções

cometidas pelas instituições fi nan-

ceiras, ao disponibilizar, através do

seu site, um formulário electrónico

para o efeito.

“O Banco de Portugal incentiva as

pessoas que tenham conhecimen-

to de indícios sérios deste tipo de

infracções a fazer uma participa-

ção através deste formulário elec-

trónico”, refere um comunicado

supervisor do sistema bancário. O

supervisor adianta que o mecanismo

Supervisor incentiva denúncia electrónica de infracções cometidas pelos bancos

agora criado “não se destina à apre-

sentação de reclamações de clientes

bancários relativamente à actuação

de instituições de crédito e de so-

ciedades fi nanceiras”, que podem

continuar a ser apresentadas através

de formulário próprio disponível no

portal do cliente bancário.

As infracções que o Banco de Por-

tugal (BdP) quer que sejam partici-

padas através do formulário agora

criado prendem-se com violações

ao Regime Geral das Instituições de

Crédito e Sociedades Financeiras e às

normas relativas a requisitos pruden-

ciais para as instituições de crédito

e para as empresas de investimento

(Regulamento UE n.º 575/2013, de 26

de Junho de 2013).

Na prática, são infracções como as

que foram cometidas no BES, BPP ou

BPN que o Banco de Portugal preten-

de que sejam comunicadas por quem

tiver conhecimento delas. Apesar de

admitir denúncias anónimas, a insti-

BancaRosa Soares

Banco de Portugal disponibiliza um formulário electrónico para a apresentação de queixas

tuição liderada por Carlos Costa lem-

bra que “a indicação da identidade e

dos contactos do autor da participa-

ção permite ao Banco de Portugal, ca-

so necessário, solicitar informações

adicionais”. O BdP destaca que para

além do formulário preenchido on-

line é recomendada a apresentação

dos documentos que fundamentam

a participação.

O BdP garante a protecção dos da-

dos pessoais recolhidos através do

formulário para participação de in-

fracções, nos termos da Lei n.º 67/98,

de 26 de Outubro.

O supervisor bancário refere ainda

que “é igualmente garantida a confi -

dencialidade sobre a identidade do

autor da participação a todo o tempo

ou até ao momento em que essa in-

formação seja exigida para salvaguar-

da dos direitos de defesa dos visados

pela denúncia, no âmbito das investi-

gações a que a mesma dê lugar ou de

processos judiciais subsequentes”.

28 Setembro 2015 14H30

Auditório 3FUNDAÇÃO CALOUSTE

GULBENKIANPETROLEOem Portugal

14.30 - 15.00 Receção e Registo

15.00 – 15.15 Sessão de Abertura Presidida pelo Senhor Secretário de Estado da Energia

15.15 – 15.45 Enquadramento Institucional ENMC, E.P.E. e Universidades

PROGRAMA 15.45 – 16.15 Abordagem dos Concessionários/Empresas

16.15 – 16.30 Coffee-Break

16.30 – 17.30 Abordagem dos Concessionários/Empresas

17.30 – 18.00 Debate

18.00 – 18.15 Conclusões - Encerramento ENMC, E.P.E.

INCRIÇÕES EM: [email protected]

(inscrições sujeitas ao limite da sala)

Page 20: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI 20 -2,4 5011,14 242766351 5126,58 5126,58 4989,09 2,85 4,42ALTRI -4,03 3,62 449164 3,76 3,76 3,58 8,81 45,63BANIF -2,5 0,00 46734830 0,00 0,00 0,00 2,56 -31,58BPI -4,31 0,91 3847906 0,96 0,96 0,90 17,12 -11,31BCP -2,6 0,05 164331670 0,05 0,05 0,05 2,46 -25,88CTT 0 10,11 585761 10,10 10,13 9,99 4,77 26,11EDP -2,23 3,03 6223068 3,10 3,10 3,02 2,45 -5,87EDP RENOVÁVEIS -2,23 5,84 285220 5,94 5,94 5,78 1,58 8,12GALP ENERGIA -0,75 8,86 2638708 9,06 9,06 8,75 4,27 5,10IMPRESA -0,87 0,68 40045 0,69 0,69 0,67 -2,00 -13,58J. MARTINS -3,29 11,89 773986 12,26 12,30 11,84 0,24 42,65MOTA-ENGIL -4,19 2,01 738313 2,12 2,12 2,01 2,69 -24,39NOS -1,54 7,11 722320 7,17 7,23 7,05 0,38 35,70PHAROL -4,29 0,27 8458027 0,28 0,28 0,26 11,55 -68,98PORTUCEL -2,22 3,08 1250743 3,16 3,16 3,06 2,40 -0,03REN -0,82 2,65 414766 2,66 2,68 2,60 2,30 10,06SEMAPA -5,7 11,18 165405 11,88 11,88 11,02 -1,74 11,47TEIXEIRA DUARTE -0,67 0,44 55122 0,45 0,45 0,43 0,68 -37,83SONAE -3,35 1,07 5051297 1,11 1,11 1,06 5,64 4,30

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 164.331.670Banif 46.734.830Pharol 8.458.027EDP 6.223.068Sonae 5.051.297

CTT 0,00%Teixeira Duarte -0,67%Galp Energia -0,75%

Semapa -5,70%BPI -4,31%Pharol -4,29%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

1,110,72

133,484,5074

1,08

-0,038%0,036%

47,151125,36

0,40%2,61%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2800

3050

3300

3550

3800

4500

5000

5500

6000

6500

0,000

0,035

0,070

0,105

0,140

-2,4%-3,41%-1,09%

NUNO FERREIRA SANTOS

O presidente da PT, Paulo Neves, revelou que a PT Inovação vai trabalhar para todo o grupo Altice

Depois de anos de indefi nição, a

proposta da Comissão Europeia pa-

ra acabar com as tarifas de roaming

no espaço europeu, o tão propala-

do roaming zero, está agendado para

Junho de 2017. Mas a mudança está

longe de trazer benefícios para os

consumidores portugueses, alerta-

ram ontem os presidentes da NOS,

PT (MEO) e Vodafone, na conferência

anual da Anacom.

Miguel Almeida, presidente da

NOS, queixou-se do “equívoco” so-

bre os benefícios do fi m do roaming e

criticou “a ideia peregrina” de que os

países do Norte podem usar de graça

as infra-estruturas que os accionistas

das empresas portuguesas pagaram

“para fazer a vontade aos senhores

de Bruxelas”.

Tratando-se de um país que é gran-

de receptor de turismo, os pratos da

balança fi cam muito desequilibrados

para as empresas portuguesas, pois

terão um grande fl uxo de tráfego gra-

tuito sobre as suas redes, enquanto o

inverso não acontece, queixou-se o

gestor. Para Miguel Almeida, a medi-

da “é inaceitável”, e, garantiu, “só vai

Operadores dizem que portugueses vão pagar fim do roaming na Europa

onerar ainda mais os consumidores

portugueses”, porque “há um custo

que tem de ser pago”.

O presidente da PT Portugal, Paulo

Neves, notou que esta é uma matéria

em que empresas e regulador estão

de acordo. A presidente da Anacom,

que preside ao BEREC, grupo dos re-

guladores europeus das comunica-

ções, alertou anteriormente para a

questão do fi m do roaming e para a

discrepância entre os países do Norte

e os do Sul. Para Fátima Barros, po-

derá criar-se uma situação em que

“quem não viaja, paga por quem via-

ja”, uma vez que os portugueses via-

jam muito menos do que os europeus

do Norte e que, apesar da perda de

receitas com roaming, os operadores

vão continuar a ter um custo que “al-

guém terá sempre de pagar”.

Paulo Neves alertou ainda para os

picos de serviço sazonais, quando “o

Algarve for invadido” por turistas e

houver uma sobrecarga nas redes.

“De certeza que um turista vai utili-

zar o telefone com menos restrições

do que se estivesse numa chamada

em roaming”, notou o novo presiden-

te da PT, que anunciou que o traba-

lho desenvolvido pela PT Inovação

vai ser utilizado pelas 15 empresas

do grupo Altice.

O líder da Vodafone Portugal,

Mário Vaz, considerou ainda que o

roaming é “um caso emblemático”

daquilo que é a fi losofi a da Comissão

em matéria de regulação. O gestor

criticou “o tempo que se perdeu”

com uma tema para o qual “os ope-

radores já tinham encontrado uma

solução” e para o qual bastava a Bru-

xelas “deixar o mercado funcionar”.

“Perderam-se anos” com um tema

que “é menor” em impacto em recei-

tas para o sector quando já se devia

estar a discutir a forma como a regu-

lação deve adaptar-se a novas empre-

sas e aplicações como o Facebook,

o Skype (Microsoft), ou o WhatsApp

(os chamados operadores over the

top ou OTT), que não são reguladas e

prestam serviços que competem com

os dos operadores de telecomunica-

ções em cima das redes em que não

investiram, lamentou Mário Vaz.

Deve a regulação intervir nestes

casos? Deve haver regras também pa-

ra estas empresas? Essas foram ques-

tões levantadas por outros oradores

da conferência da Anacom sobre os

desafi os da regulação europeia pa-

ra os próximos anos. Mas, para os

operadores de telecomunicações, a

resposta tem de ser urgente.

“A regulação ainda olha para os

OTT como se eles fossem emergen-

tes, quando já cá andam há muitos

anos”, acusou Mário Vaz. O presiden-

te da Vodafone entende que a regu-

lação tem de evoluir para um com-

promisso em que os OTT passem a

ter de respeitar regras e em que haja

uma fl exibilização das restrições re-

gulatórias impostas aos operadores

para que estes possam desenvolver

serviços inovadores assentes em

dados que hoje afi rmam não poder

utilizar como, por exemplo, a loca-

lização dos seus clientes.

TelecomunicaçõesAna Brito

Presidentes da NOS, MEO e Vodafone dizem que regras de Bruxelas que acabam com o roaming em 2017 vão ter impacto no mercado

Page 21: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | ECONOMIA | 21

Um escândalo com custos incertos põe investidores a fugir da Volkswagen

ODD ANDERSEN/AFP

O CEO da VW, Martin Winterkorn (direita), aqui ao lado do CEO of Porsche, Matthias Mueller, recebeu recados de várias frentes, até de Merkel

Multas das autoridades reguladoras

(eventualmente, dos dois lados do

Atlântico), potenciais processos na

Justiça, vendas suspensas, danos de

reputação, a recolha às ofi cinas de,

pelo menos, 482 mil veículos — não

é fácil calcular quanto vai custar à

Volkswagen ter feito batota para pas-

sar nos testes antipoluição dos EUA.

Os investidores acreditam que a con-

ta vai ser muito elevada e apressa-

ram-se a desfazer-se de acções nestes

dois dias. O grupo alemão já pôs de

lado 6500 milhões de euros.

As acções do Grupo Volkswagen

(que vez detém também a Seat, Sko-

da, Audi e Porsche) caíram ontem

18% na Bolsa de Frankfurt, depois

de uma descida de 19% na segunda-

feira. Em dois dias, o grupo perdeu

perto de 30 mil milhões de euros em

capitalização bolsista, cerca de um

terço do total.

A provisão de 6500 milhões, es-

clarece a Volkswagen, servirá para

custear as medidas necessárias para

recuperar a confi ança dos clientes e

terá impactos negativos nas contas

do terceiro trimestre do fabricante

de automóveis alemão, obrigando

a rever a estimativa de lucros para

2015. O grupo acrescentou ainda

que, devido às investigações em cur-

so, “os valores em causa podem ser

sujeitos a uma reavaliação”.

A preocupação com as emissões

poluentes dos carros a diesel esten-

deu-se dos EUA à Europa, onde as

acções de outros fabricantes de au-

tomóveis também foram arrastadas

para terreno negativo, num dia que

foi de perdas generalizadas nas bol-

sas. A BMW e a Daimler (fabricante

dos Mercedes) caíram 6%. Já a Peu-

geot desceu 9%, depois de o Governo

francês ter apelado a uma investiga-

ção em todo o continente.

“Mesmo que seja para tranquilizar

uns e outros, acho que é necessário

fazê- lo também para os fabrican-

tes franceses”, disse Michel Sapin,

acrescentando, contudo, que não

tem qualquer razão para pensar

que a indústria automóvel francesa

teve uma conduta semelhante à da

Volkswagen. “Não se trata de assun-

tos menores. Não estamos a falar da

velocidade ou da qualidade do cou-

ro. Trata -se de evitar que as pessoas

11 milhões de veículos, embora a em-

presa garanta que na Europa as leis

estão a ser cumpridas. “O software

em questão não afecta a manipula-

ção, consumo ou emissões”, frisou a

empresa. Anualmente, a Volkswagen

vende cerca de 10 milhões de auto-

móveis.

Na segunda-feira à noite, em No-

va Iorque, durante o lançamento

do novo Volkswagen Passat 2015, o

responsável da marca naquele país

juntou-se ao pedido de desculpas já

feito pelo grupo na sexta-feira. “A

nossa empresa foi desonesta com

a EPA [Agência de Protecção Am-

biental dos EUA] e com a CARB [o

organismo equivalente à EPA no

estado da Califórnia), assim como

com todos vós. Em alemão, diríamos

que fi zemos asneira” afi rmou Micha-

el Horn.

O escândalo poderá ainda ter re-

percussões para o presidente execu-

tivo do grupo, Martin Winterkorn,

que recentemente teve de enfrentar

uma luta de poderes interna. Esta se-

mana (e tal como já estava programa-

do antes do escândalo) o conselho de

supervisão vai decidir sobre a reno-

vação do contrato de Winterkorn.

Segundo a imprensa alemã, citada

pela agência Reuters, o conselho terá

antecipado uma reunião para ontem

à noite. Até à hora de fecho, nada se

sabia sobre este encontro. Ontem,

Winterkorn gravou um vídeo de des-

culpas e parece não fazer tenções de

abandonar o cargo. “Peço imensas

desculpas aos nossos clientes (...) Tu-

do vai ser posto em cima da mesa, da

forma mais rápida, efi ciente e trans-

parente possível”, disse o executivo,

que já na sexta-feira, em comunica-

do, fi zera afi rmações semelhantes.

com Raquel Martins

Grupo pôs de lado 6500 milhões de euros para despesas relacionadas com o caso. Fabricantes de automóveis caíram nas bolsas europeias, mas a marca alemã voltou a protagonizar a maior descida

EmpresasJoão Pedro Pereira

sejam envenenadas pela poluição”,

reforçou.

Por seu lado, a chanceler alemã

apelou à transparência. “O ministro

dos Transportes está em contacto

com a empresa, a Volkswagen, e es-

pero que os factos sejam postos em

cima da mesa o mais rapidamente

possível”, afi rmou Angela Merkel.

O grupo alemão já reconheceu a

falha, o que poderá ajudar a minimi-

zar as sanções nos EUA. A multa apli-

cada pelo regulador pode, no pior

cenário, ascender a 18 mil milhões

de dólares, o equivalente a 37.500

dólares por veículo vendido nos EUA

onde o software capaz de enganar

os testes foi instalado. No entanto,

os pedidos de desculpas públicos e

o facto de a empresa estar a coope-

rar com as autoridades deverão re-

duzir aquele montante. Em todo o

mundo, as irregularidades abarcam

30Em dois dias, o grupo perdeu 30 mil milhões de euros de valorização em bolsa, cerca de um terço do total

482Nos EUA, o software está instalado em 482 mil automóveis, incluindo um modelo da Audi. O número ascende a 11 milhões em todo o mundo

Page 22: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

MacosmiA empresa que resistiu à falência, ao 11 de Setembro e a uma penhora do Estado por enganoMacosmi, agora uma fi rma de sucesso na área do calçado, fi cou há três meses com as contas penhoradas. Segurança Social exigia meio milhão de uma dívida que, afi nal, não existia. Ministro da Economia agiu para salvar empresa que viu negócio de milhões crucial falhar após o ataque nos EUA

Sentado num stand

da Mic am, em

Milão, Itál ia, a

maior e mais pres-

tigiada feira mun-

dial de calçado, o

empresário José

Machado vislum-

bra, de surpre-

sa, o ministro da

Economia, António Pires de Lima.

Levanta-se e sorri quando os sapa-

tos do governante fazem caminho

para o espaço da sua empresa, a

Macosmi.

“Temos das mais bonitas e em-

blemáticas fábricas de calçado [em

Santo Tirso]”, anuncia num gesto

romanceado, de braços arguidos,

tratando Pires de Lima, que no iní-

cio de Setembro visitou as empre-

sas portuguesas naquela feira, por

“senhor primeiro-ministro”.

“Foi este o senhor que teve aque-

le tal problema”, diz Manuel Carlos,

director-geral da Associação Portu-

guesa dos Industriais do Calçado,

Componentes e Artigos de Pele e

seus Sucedâneos (APICCAPS), agar-

rando o braço ao ministro. Pires de

Lima solta um “ah!” e um “pois”,

confi rmando o sucedido. Depois,

alegra-se e corrige o empresário

que, porém, insiste em tratar o go-

vernante pelo cargo de Pedro Pas-

sos Coelho.

A deferência talvez encontre ex-

plicação numa ajuda do ministro

que valeu meio milhão de euros à

Macosmi. Em Julho, três meses an-

tes da realização da feira, o telefone

do gabinete de Pires de Lima tocou.

A Segurança Social tinha penhora-

do as contas da Macosmi devido a

uma dívida de 500 mil euros que,

que durante dez dias capturou as

contas da Macosmi.

A fi rma familiar, que conta ago-

ra 15 anos, facturou 11 milhões em

2014 e prevê facturar 15 milhões em

2015. Começou com 12 funcioná-

rios em 1997, a produzir 100 pares

de sapatos por dia. Tem agora 192

funcionários e produz 1600 pares

de sapatos por dia para toda a Eu-

ropa, Estados Unidos da América, e

América do Sul, incluindo projectos

para a Colômbia, onde a indústria

do calçado portuguesa prospera. A

empresa tem a Coque Terra, uma

marca de sapatos de média gama, a

marca Atelier do Sapato, uma mar-

ca de sapatos de luxo e a Jomami,

uma unidade de corte e costura, em

Castelo de Paiva. “É uma empresa-

exemplo”, sintetizou Manuel Car-

los ao ministro, em Itália, durante

a feira que ocorreu entre 1 e 4 de

Setembro.

Do pequeno pavilhão de 500 me-

tros quadrados, onde inicialmen-

te se instalou, em São Martinho do

Campo, Santo Tirso, a empresa foi

comprando os pavilhões em redor

— são agora oito — e passou para os

10 mil metros quadrados. Actual-

mente ainda em obras, com a insta-

lação de novas linhas de produção,

a fi rma está também a construir um

ginásio para oferecer melhores

condições de vida aos trabalhado-

res. Custou 20 mil euros e deverá

estar pronto no próximo mês, a par

das obras num dos pavilhões da em-

presa onde se insere.

“Comprámos agora um outro pa-

vilhão e vamos criar um pequeno gi-

násio para oferecer um estilo de vida

diferente do que hoje temos. Muitos

empregados ainda estão connosco

desde o início. Trabalhamos oito ho-

ras por dia. Queremos dar-lhes algo

diferente”, explica José Machado.

Pedro Sales Diasafi nal, não existia. Foi o ministro

que, em último recurso, desenla-

çou o problema.

O sócio-gerente José Machado ti-

nha, sem sucesso, tentado resolver

a inesperada questão directamente

na Segurança Social. Falou até com

o presidente da instituição, mas só

Pires de Lima, a pedido da APIC-

CAPS que o contactou por telefo-

ne, salvou a empresa. Conta José

Machado que se terão conjugado

“as boas vontades” do ministério

de Pires de Lima (CDS-PP) e do Mi-

nistério da Solidariedade, Emprego

e Segurança Social, de Pedro Mota

Soares (CDS-PP), para que o pro-

blema fosse resolvido.

“Alguém lhe [Pires de Lima] pe-

diu ajuda”, garante, acabando de-

pois por admitir a intervenção da

associação do sector. A acção teve

frutos. A Segurança Social emitiu

uma declaração a admitir o erro

Page 23: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | ECONOMIA | 23

A própria empresa sempre teve

de fazer um grande esforço, com

constante ginástica nas suas contas,

para se manter viva. De facto, o erro

da Segurança Social não foi a única

adversidade no capítulo das cons-

tantes vicissitudes que assolaram

a Macosmi desde que foi criada. E

nem sempre a empresa teve direito

ao glamour das feiras mundiais de

sapatos, como a da Itália, onde Por-

tugal esteve representado por 93

fi rmas em Setembro deste ano.

Na memória, José Machado ainda

tem marcada a falência em 2001.

Até esse ano, o empresário apostou

tudo no mercado norte-americano.

Juntamente com os outros dois só-

cios, seus cunhados, José Miguel

Rodrigues e Joaquim Gonçalves,

tinha investido tudo o que tinham

na fi rma desde a sua criação: meio

milhão de euros. A facturação não

passava então de 1,5 milhões de eu-

ros por ano. “A nossa rentabilidade

era quase toda para os bancos”, diz

José Machado. Um negócio com a

Nordstrom, uma grande cadeia nor-

te-americana de venda de sapatos,

prometia 1,5 milhões de euros com

a venda de 50 mil pares de sapatos.

“Era um estofo fi nanceiro muito in-

teressante”, lembra o empresário,

com algum lamento.

11 de Setembro de 2001. José Ma-

chado entra manhã cedo num cabe-

leireiro e o que vê na televisão deixa-

o sem chão: “As torres gémeas foram

destruídas”. Durante seis meses, o

prometido negócio com os Estados

Unidos da América esteve parado.

“Ninguém sabia se ia acontecer a

terceira guerra mundial. Da Amé-

rica ninguém nos dizia nada. Não

havia notícias do nosso negócio”,

conta o administrador, que teve, fi -

nalmente, de vender os sapatos a

“preço de saldo”, por cá.

Por cinco euros cada par, conse-

guiu facturar 250 mil euros, bem

longe do tão esperado milhão e

meio de euros. “Foi uma grande

perda e em Março de 2002 perce-

bi que estava tramado. As dívidas

já ultrapassavam o valor da factu-

ração. Com mais um milhão e meio

em cima da dívida de um milhão,

a dívida total passou para dois mi-

lhões e meio. Lembro-me de dizer:

‘Estou tramado. Não consigo supe-

rar isto. É a falência técnica’”, re-

corda o empresário.

A honestidade foi a melhor solu-

ção. José Machado chamou todos

na fi rma: o advogado, os sócios

e os 46 funcionários. Falou-lhes

num plenário, tomado por uma

emoção dúbia, ora governado pe-

la tristeza, ora pela coragem que

fi nalmente vincou no fi nal. “Vocês

conhecem-me. Já estão comigo há

quatro anitos. Não vim aqui para

perder. Parti as pernas, mas vou

recuperar. Confi o em vocês, con-

fi em também em mim”.

O apelo resultou: os funcioná-

rios acreditaram no futuro da em-

presa e o salário nunca lhes faltou.

José Machado recorreu a um Plano

Especial de Revitalização e con-

seguiu também negociar com os

fornecedores um perdão de 30%

das dívidas. Em sete anos, pagou

o restante. O plano contou ainda

com o recurso a bancos, mas, pa-

ra fi nanciar a Macosmi, José Ma-

chado e os cunhados tiveram de

hipotecar as casas e os bens.

O episódio que quase signifi -

cou o fi m da Macosmi tinha já,

contudo, um prenúncio: afi nal,

os problemas começaram logo de

início. Quando, em 1997, José Ma-

chado se candidatou ao Sistema

de Apoio a Jovens Empresários e

avançou, crente no apoio, com a

constituição da empresa, não es-

perava que em 1998 a candidatu-

ra fosse recusada. Já tinha então

investido meio milhão. “Tinham-

me garantido que o projecto tinha

sido aprovado, mas depois recebo

uma carta na empresa que dizia

que afi nal foi recusado por falta

de autonomia fi nanceira. Mas isso

foi treta. O Governo é que não ti-

nha no orçamento a capacidade e

o dinheiro sufi ciente para apoiar a

indústria”, critica o empresário.

Como deu a empresa a volta ao

infortúnio? Mais uma vez, José Ma-

chado, que antes de se aventurar

no sector do calçado tinha quatro

lavandarias, três clubes de vídeo,

uma loja de loiças, uma de deco-

ração, um café e um gabinete de

contabilidade, além de trabalhar

num empresa têxtil, teve de ape-

lar ao génio que desenvolvera an-

teriormente nos vários negócios.

Bateu à porta de todos os ban-

cos que então existiam e conse-

guiu “apoios pontuais a curto

prazo de 100 a 200 mil euros” e

forçou o aumento “do nível produ-

tivo”. De 100 pares de sapatos por

dia, a Macosmi passou a produzir

400. Isso signifi cou também pas-

sar dos 12 para as 42 funcionários

e gerir bem a dívida. “Acabava-se

uma livrança e tinha-se de pagar

outra”, recorda José Machado.

Quinze anos depois, o empre-

sário respira de alívio face aos

contratempos que atingiram a

empresa e contenta-se por nunca

ter desistido. “Face a tantas difi -

culdades, não há quem não pen-

se em desistir. Mas depois dessas

vicissitudes todas, sinto-me enco-

rajado pelo esforço que tivemos.

Sinto-me um homem feliz e orgu-

lho-me do percurso que fi zemos”,

refere. Agora só falta “o ministro

Pires de Lima, que tem ajudado

muito a indústria do calçado”,

responder ao convite e ir visitar

a Macosmi. A fi rma que derrotou

todas as tormentas, “merece ser

vista”, realça.

DIOGO BAPTISTA

Foi uma grande perda e em Março de 2002 percebi que estava tramado. As dívidas já ultrapassavam o valor da facturaçãoJosé MachadoSócio-gerente da Macosmi

Page 24: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Acordo sobre distribuição de 120 mil refugiados não disfarça divisões da UE

A União Europeia aprovou “por larga

maioria” o plano para a distribuição

de 120 mil refugiados durante dois

anos, e de forma voluntária. A deci-

são tem de ser ratifi cada hoje pelos

chefes de Estado e de Governo, em

Bruxelas.

A Hungria, a República Checa,

a Roménia e a Eslováquia votaram

contra, apesar de na véspera Bruxe-

las ter deixado cair a ideia, rejeita-

da por vários governos do Centro e

Leste europeus, das quotas obrigató-

rias, que atribuía a cada Estado um

determinado número de refugiados,

de acordo com a riqueza e tamanho

dos países.

Foi o ministro checo, Milan Cho-

vanec, quem primeiro anunciou, via

Twitter, que o seu país, a Hungria, a

Roménia e a Eslováquia tinham vo-

tado contra; a Finlândia e a Polónia

abstiveram-se. Logo depois, Chova-

nec deixou na rede social um comen-

tário ao conteúdo e à praticabilidade

do acordo: “Muito depressa vamos

verifi car que o rei vai nu. Hoje per-

deu-se todo o bom senso”.

Antes do encontro, este grupo de

países que votou contra insistiu que

a decisão fosse tomada por unanimi-

dade, como são todas as que têm im-

plicações na soberania de cada país.

Não conseguiram. Logo à entrada, o

ministro espanhol Jorge Fernandez

Diaz já tinha avisado que, se não hou-

vesse unanimidade, a decisão seria

tomada por maioria.

A distribuição acordada diz respei-

to a 66 mil refugiados que já chega-

ram à Grécia e a Itália. Os restantes

54 mil — inicialmente atribuídos à

Hungria, mas o Governo de Victor

Orbán recusou ser considerado país

de entrada na União Europeia — pas-

sam para uma reserva a que os Esta-

dos podem recorrer se tiverem um

afl uxo excepcional de refugiados.

As 120 mil pessoas a que o acor-

do se destina são sobretudo sírias,

iraquianas e da Eritreia, chegadas,

o mais tardar, há um mês à Grécia e

a Itália. Trata-se de uma gota no pro-

blema, uma vez que no espaço euro-

peu entraram centenas de milhares

de pessoas e o fl uxo não pára. Só na

última semana entraram na Croácia

30 mil pessoas, a maioria sírios.

Por isso, antes mesmo da votação

dos ministros do Interior e da Justiça

no Luxemburgo, a decisão foi consi-

derada insufi ciente pela Agência das

Nações Unidas para os Refugiados

(ACNUR), que propusera que a UE

começasse a trabalhar com um nú-

mero superior (200 mil) e que consi-

dera que as decisões agora tomadas

terão que ser revistas. “Nesta altura

da crise, um programa de distribui-

ção por si só não é sufi ciente para

estabilizar a situação”, disse a por-

ta-voz do ACNUR, Melissa Fleming,

pedindo o alargamento e a melhoria

de condições dos campos de acolhi-

mento em Itália e na Grécia.

Há uma lacuna crucial no acordo

agora alcançado — é pontual, não

tem inscrita a possibilidade de vol-

tar a ser aplicado a um novo grupo

de refugiados, em breve. O ministro

luxemburguês dos Negócios Estran-

geiros — o país detém a presidência

rotativa da UE — disse que serão os

chefes da diplomacia dos 28 quem

discutirá “mecanismos permanen-

tes” de distribuição de refugiados e

pessoas à procura de asilo.

O acordo diz que a aplicação é

obrigatória em todos os países, mas

que não haverá penalizações para os

Estados-membros que não o cumpri-

rem. E, segundo o jornal El País, que

teve acesso ao documento, estipula

que um máximo de 30% dos refu-

giados atribuídos a cada país sejam

recebidos no prazo de um ano; ou

seja, uma decisão sobre o futuro de

uma alta percentagem destas pessoas

não será tomada no curto prazo.

Uma jornalista da Euronews teve

acesso à lista de distribuição e pu-

blicou partes dela no Twitter. Dos

que estão em Itália, por exemplo,

4027 irão para a Alemanha, 3064

para a França, quase três mil para a

Holanda, 54 para Malta; 1201 foram

atribuídos à Polónia, 982 à Finlândia.

O Reino Unido está fora desta distri-

buição — assim como a Dinamarca e

Hungria, República Checa, Roménia e Eslováquia votaram contra. Finlândia e Polónia abstiveram-se. Sírios, iraquianos e eritreus serão os principais grupos a ser recolocados em vários países da Europa

Crise humanitáriaAna Gomes Ferreira

KAI PFAFFENBACH/REUTERS

Migrantes que esperam pela resposta aos seus pedidos de asilo num centro de acolhimento em Hanau, na Alemanha

a Irlanda, devido a excepções nos es-

tatutos que regem a União —, já tendo

anunciado que irá a campos de refu-

giados de sírios na Turquia, Jordânia

ou Líbano, preencher a quota que se

atribui a si próprio.

Resta saber como irão aplicar es-

tas decisões os países que votaram

contra, uma vez que não existe ca-

rácter de obrigatoriedade. Sobre os

outros pontos do plano Juncker — os

apoios fi nanceiros ou a criação de

mais campos de acolhimento — na-

da transpareceu desta reunião que

arrancou a ferros um acordo. Será

matéria para os chefes de Estado e

de Governo discutirem hoje.

O primeiro país a anunciar que não

vai aplicar o acordo foi a Eslováquia e

não se adivinha uma cimeira pacífi ca

em Bruxelas, à luz do que aconteceu

ontem no Luxemburgo — um diplo-

mata que falou à Reuters descreveu a

atmosfera como “terrível”, “um mau

dia para a Europa”.

O ambiente tem sido de batalha en-

tre os Estados-membros. Com mais

intensidade do que há escassos me-

ses, quando a UE enfrentou a crise da

Grécia, fi ca claro que cada país defen-

de princípios próprios e objectivos

nacionais. As declarações rancorosas

têm-se sucedido e ontem voltaram a

ouvir-se. Os primeiros-ministros da

Sérvia e da Croácia, países saídos da

fragmentação da Jugoslávia, quase

fi zeram declarações de guerra. Am-

bos estão envolvidos num jogo de

empurra de dezenas de milhares de

refugiados. Mas foi o encerramento

das fronteiras croatas aos transportes

de mercadorias com destino à Sérvia

(a pretexto de bloquear a possível en-

trada de mais refugiados) que leva-

ram o sérvio Aleksandar Vucic a dizer

que o seu país iria reagir. “A Sérvia

vai reagir com calma, sem violar os

regulamentos, mas mostrando que a

Croácia não pode humilhar a Sérvia

sem que haja consequências”.

Page 25: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | MUNDO | 25

2000Número de militares que Moscovo quer ter no terreno para defender Latakia, a “capital” do bastião alauita fiel a Assad

A Rússia e o Irão estão preparados

para aumentar a sua presença mi-

litar na Síria e ajudar o regime de

Bashar al-Assad na luta contra os

extremistas islâmicos no país. Dis-

seram-no ontem os dois principais

aliados do Presidente sírio, em Mos-

covo e Teerão, e dizem-no responsá-

veis de governos ocidentais, tendo

por base movimentações de fi guras

militares que sugerem que russos

e iranianos estão prontos para um

esforço concertado no bastião de

poder do Presidente sírio.

“Teerão e Moscovo tencionam

usar todo o seu potencial para aju-

dar a Síria a sair desta crise”, disse

o ministro adjunto dos Negócios Es-

trangeiros iraniano, de visita à Rús-

sia, sublinhando a ideia já repetida

pelo Kremlin de que Assad fará sem-

pre parte de uma solução política

para o confl ito. Na capital iraniana,

o Presidente Hassan Rouhani afi r-

mou por ocasião do 35.º aniversário

do início da guerra com o Iraque que

a região não deve ter demasiada fé

“nos poderes ocidentais como seus

defensores”. “[Se] os terroristas co-

meçarem a expandir, as únicas es-

peranças serão o exército iraniano

e a Guarda Revolucionária.”

Há muito que os dois países

apoiam o Exército de Assad. O Irão

fá-lo através do Hezbollah e outras

milícias iranianas, que se tornaram

aliados indispensáveis para Assad

no terreno. Empresta também mi-

lhares de milhões de euros ao Go-

verno e garante-lhe ainda crédito

para combustíveis. O Governo ira-

niano diz que não tem militares ou

conselheiros seus na Síria, mas são

comuns avistamentos de membros

da Guarda Revolucionária do Irão

na Síria.

Teerão e Moscovo têm relações

diplomáticas próximas, como o

ilustram os frequentes encontros

entre os seus responsáveis diplo-

máticos. Mas agora há informações

de governos no Ocidente que suge-

rem que os dois países estão a co-

ordenar esforços militares na Síria,

como avançou na segunda-feira o

Wall Street Journal. Segundo o diário

norte-americano, o líder das forças

Moscovo e Teerão estão dispostos a aumentar apoio militar a Assad

de elite iranianas e fi gura maior na

Guarda Revolucionária, o general

Qasem Soleimani, visitou recente-

mente Damasco e Moscovo e foi de-

cisivo para a decisão russa de enviar

tropas para a base aérea de Latakia,

no bastião alauita fi el a Assad.

É aí que fi ca a estratégica base

militar do Kremlin na Síria e onde,

segundo responsáveis norte-ame-

ricanos, têm também chegado mi-

litares iranianos. Por enquanto, só a

presença russa é abertamente assu-

mida. Ao longo do fi m-de-semana,

aliás, o Exército intensifi cou osten-

sivamente o seu destacamento em

Latakia.

Há agora 500 marines russos

quando na semana passada havia

apenas 200; mais 24 caças de ataque

terrestre — doze SU-24 e o mesmo

número de SU-25 —, quando antes

havia apenas quatro caças de com-

bate aéreo Flanker; há agora nove

tanques T-90 e 15 helicópteros Hip

e Hind, de transporte e ataque, res-

pectivamente. A protegê-los, há pe-

lo menos dois sofi sticados sistemas

antiaéreos SA-22. De acordo com o

Financial Times, o plano do Kremlin

é ter pelo menos 2000 militares em

Latakia — número normal para gerir

e defender uma base de ataques aé-

reos, segundo o jornal britânico.

Moscovo diz que nunca escondeu

o seu apoio militar a Bashar al-Assad

e que envia tropas para a Síria para

combater grupos extremistas, entre

eles o autoproclamado Estado Islâ-

mico. Na segunda-feira, os russos

começaram a patrulhar o terreno

com drones de vigilância, embora

os seus jactos ainda não tenham le-

vantado da base na costa do Medi-

terrâneo.

A intervenção militar de Moscovo

apanhou o Ocidente de surpresa.

Uma das justifi cações mais credíveis

sugere que o Kremlin se quer posi-

cionar como um actor incontornável

no confl ito sírio e infl uenciar o seu

desfecho político. Vladimir Putin

pode fazê-lo já na Assembleia Geral

das Nações Unidas, no fi nal do mês,

em Nova Iorque, ao centrar o debate

sobre a Síria no combate ao extre-

mismo islâmico e desviar o foco do

regime do Presidente Assad.

O Presidente russo quer também

sair do isolamento diplomático que

lhe valeram as intervenções mili-

tares no Leste da Ucrânia. Nesse

campo, já soma vitórias. Washing-

ton abriu uma linha de contacto na

passada sexta-feira para garantir

que as suas forças não entram em

confronto no espaço aéreo sírio e,

na segunda-feira, Putin recebeu em

Moscovo o primeiro-ministro israe-

lita, Benjamin Netanyahu, que quer

evitar que a intervenção russa arme

ou fortaleça o Hezbollah e o Exérci-

to de Assad. Putin assegurou a Ne-

tanyahu que o Exército sírio “não

tem tempo para uma segunda fren-

te” e que as intervenções russas no

Médio Oriente “foram sempre muito

responsáveis”.

Félix Ribeiro

KARAM AL-MASRI/AFP

Assad continua a bombardear cidades como Alepo

Europa tem “capacidade e experiência” para lidar com crise de refugiados

A crise de refugiados corre o risco de durar, gerando um “sentimento de ansiedade” em numerosos países, mas

a Europa “tem a capacidade e a experiência” necessárias para fazer face ao problema, afirma a OCDE num relatório publicado ontem.

“A crise humanitária actual sem precedentes tem um custo humano aterrador e inaceitável”, sublinha a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico, com sede em Paris, num documento que acompanha o relatório Perspectivas de Migrações Internacionais 2015.

O relatório refere que o número de refugiados é “sem paralelo recentemente” e um milhão de pedidos de asilo poderá ser depositado até ao final de 2015 nos países da União Europeia, com a perspectiva de ser concedida protecção a “350 mil a 450 mil” pessoas.

A estes números acrescenta-se uma “grande diversidade de trajectos, de países de origem e de motivações”, que tornam esta crise “particularmente difícil de resolver”, nota a OCDE, recordando que, por exemplo, os sírios representaram 21% dos requerentes de asilo no ano passado, os kosovares 9,6% e os eritreus 6,4%.

Outras dificuldades: o número “elevado” de menores isolados (4% do total no ano passado), o contexto de crise económica, a situação muito diferente entre os vários países europeus, a evolução “rápida” das rotas migratórias, com os traficantes a adaptarem-se rapidamente aos anúncios e mudanças políticas.

“Nesta crise há várias crises e isso torna tudo mais complicado”, explica o responsável pela divisão de migrações internacionais da OCDE, Jean-Christophe Dumont. “E o principal factor de dificuldade é que não

vislumbramos o fim desta crise.”

Conflito na Síria, incertezas sobre a Líbia, instabilidade no Afeganistão e no Iraque. “A curto prazo, as perspectivas são mínimas de ver a situação estabilizar significativamente nos principais países de origem”, avisa o relatório. Por outro lado, “os factores económicos e demográficos nos países da África subsariana vão continuar a forçar a emigração, bem como a pobreza e o desemprego nos Balcãs ocidentais”.

É por isso que “a situação ultrapassa talvez a simples urgência de curto prazo para ser uma condição mais estrutural, com fluxos importantes nos próximos anos, alimentando um sentimento de ansiedade por causa das migrações em vários países”, insiste a OCDE, que pede uma resposta global e coordenada para atacar alguns dos problemas que contribuem para esta crise, como é o caso da guerra na Síria.

Mas “a mensagem principal é que a Europa tem os meios e a experiência para responder a esta crise”, garante Jean-Christophe Dumont, sublinhando que o número de refugiados é “gerível” em relação à população europeia e que a UE se dotou nas últimas décadas de um arsenal legislativo e jurídico adequado para enfrentar a situação.

Neste contexto, “a opinião pública é determinante”, acrescenta Dumont, porque “os factos são estes: a migração não tem impacto negativo no mercado de trabalho, não reforça os défices orçamentais, os imigrantes contribuem mais do que aquilo que recebem em benefícios individuais”.

A mensagem que tem que ser “repetida e explicada, porque não passa de um dia para o outro”, é a de que estes migrantes e refugiados “não ameaçam a nossa identidade”, insiste Jean-Christophe Dumont.

Page 26: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

TONY GENTILE/REUTERS

Graças à aproximação entre Cuba e os EUA, Francisco viajou directamente de Havana para Washington

Aos 78 anos, o Papa que fez das pe-

riferias a sua prioridade visita pela

primeira vez a grande potência, na

segunda etapa de uma viagem que

começou em Cuba. Nos Estados Uni-

dos, vai encontrar-se com o Presiden-

te Barack Obama e discursar na As-

sembleia Geral da ONU, mas é a sua

intervenção no Congresso que gera

mais expectativa — a mensagem de

Francisco adivinha-se difícil de ouvir

para muitos políticos em Washing-

ton, colidindo em quase tudo com a

agenda republicana.

A visita papal arrancou sob o sig-

no da reaproximação entre Cuba e

os EUA, após negociações mediadas

pelo Vaticano. Um desenvolvimento

histórico que tornou possível, por

exemplo, que o avião papal tenha

viajado ontem directamente de Ha-

vana para a base aérea militar de An-

drews, em Washington. À sua espera,

Francisco tinha o próprio Presidente

norte-americano, uma cortesia pou-

co habitual que testemunha o alinha-

mento entre os dois homens ou, co-

Papa chega aos EUA com uma bagagem que desagrada aos republicanos

mo escreveu o The New York Times,

sugere que Obama não tem na actua-

lidade “um aliado mais poderoso” do

que o líder da Igreja Católica.

Além de ter sido facilitador do

diálogo com o Presidente cubano,

Raul Castro, Francisco defende a

urgência de combater as alterações

climáticas (tema da sua última encí-

clica), insurge-se contra as desigual-

dades económicas e critica os pa-

íses que fecham as suas fronteiras

aos imigrantes. Temas que colam

na agenda de fi m de mandato de

Obama, mas que não podiam cair

pior a um Partido Republicano em

plena refrega para decidir quem

será o candidato às presidenciais

de 2016.

Habituados a ver no Vaticano um

suporte moral das suas posições con-

tra o aborto ou o casamento homos-

sexual, os republicanos mais conser-

vadores lamentam que a mensagem

papal seja agora menos doutrinal e

mais política. “Não preciso de rece-

ber lições do Papa sobre as alterações

climáticas”, disse à CNN Paul Gosar,

congressista católico do Arizona que

decidiu boicotar o inédito discurso

que Francisco fará amanhã peran-

te as duas câmaras do Congresso.

“Acho que o Papa está errado. A in-

falibilidade aplica-se apenas a ques-

tões religiosas, não políticas”, disse

Chris Christie, governador do Nova

Jérsia e um dos seis candidatos repu-

blicanos que são católicos, quando

questionado sobre o apoio do Va-

ticano ao fi m do embargo a Cuba.

Receando que a sua intervenção

seja contraproducente, Francisco

evitará referências muito directas

ao embargo quando falar aos con-

gressistas. Mas basta ter passado por

Cuba sem ter ouvido os dissidentes

ou feito críticas directas ao regime

castrista para dar munições aos que,

na direita mais radical, o acusam de

ser “antiamericano” ou “marxista”.

Uma irritação que promete aumen-

tar se, como se espera, Francisco re-

petir em Washington a denúncia de

algumas das características que mais

identifi cam a América, como a hege-

monia económica, o consumismo ou

o capitalismo sem regras.

Os observadores suspeitam de

que a mensagem será implícita,

misturando elogios às liberdades e

conquistas do país com a recorda-

ção de que a prosperidade e a infl u-

ência acarretam responsabilidades

acrescidas. Mas fi cará claro de que

lado está o seu coração quando, logo

depois de discursar no Congresso, se

sentar à mesa com dezenas de sem-

abrigo, imigrantes ilegais e doentes

apoiados por organizações católicas

da capital.

Os americanos parecem mais re-

ceptivos ao Papa e à sua mensagem

— uma sondagem divulgada anteon-

tem indica que 51% têm boa opinião

de Francisco e 49% quer ouvi-lo fa-

lar de questões políticas e sociais.

Igreja CatólicaAna Fonseca Pereira

Alterações climáticas, imigração ou Cuba são alguns dos temas que opõem Vaticano à direita americana

Scott Walker, o governador do es-

tado norte-americano do Wiscon-

sin que ainda há meses era visto

como um dos favoritos à vitória

nas primárias do Partido Republi-

cano, anunciou que está fora da

corrida. Na despedida desafiou

outros candidatos a seguirem-lhe

o exemplo, para que seja possível

descongestionar o debate e permitir

o surgimento de uma “alternativa

conservadora positiva” ao magnata

Donald Trump.

A “suspensão da campanha”

não constituiu uma total surpresa:

Walker cometeu inúmeras gaff es te-

ve um desempenho apagado nos

dois debates televisivos, caindo a

pique nas sondagens — a última

atribuía-lhe apenas 0,5% das pre-

ferências. Alguns dos principais

doadores da sua campanha, uma

das maiores e mais dispendiosas,

começaram a transferir o seu apoio

para outros candidatos mais bem

cotados, entre eles o senador da

Florida Marco Rubio, o neurocirur-

gião reformado Ben Carson ou a an-

tiga presidente da Hewlett-Packard

Carly Fiorina.

Antes de Walker já o antigo gover-

nador do Texas Rick Perry tinha sa-

ído de cena, mas na corrida estão

ainda 15 candidatos, entre fi guras

do aparelho republicano e outsiders,

numa campanha ruidosa e pouco

esclarecedora. Um clima do qual

Scott Walker desiste das primárias republicanas e pede união contra Trump

tem benefi ciado sobretudo Trump,

o mais imprevisível e incontido dos

candidatos, agora à frente das son-

dagens.

“Acredito que fui convocado pa-

ra ajudar a limpar o terreno desta

corrida, para que seja possível o sur-

gimento de uma mensagem conser-

vadora positiva”, justifi cou o gover-

nador, encorajando os candidatos

que, como ele, surgem nos últimos

lugares das sondagens a fazerem o

mesmo. Não mencionou nomes,

mas deixou claro que o objectivo é

deixar o caminho livre para “um nú-

mero limitado de candidatos” que

estejam em condições de oferecer

aos eleitores “uma alternativa po-

sitiva ao actual favorito”.

Trump não pareceu incomodado

e, numa reacção pelo Twitter, elo-

giou o agora ex-adversário, “uma

pessoa simpática e com um grande

futuro”. Mas os analistas acreditam

que a saída de cena do governador,

um conservador que era tido como

alguém capaz de fazer a ponte entre

o partido em Washington e o elei-

torado de direita, poderá favorecer

outros candidatos mais próximos do

aparelho, como o ex-governador da

Florida Jeb Bush ou Rubio, adianta

o The Guardian.

A desistência confi rma também

a extrema imprevisibilidade que

domina as primárias republicanas

a menos de dois meses de os pri-

meiros estados começarem a votar

para decidir quem será o candida-

to do partido às presidenciais de

2016. A candidatura de Trump, vis-

ta inicialmente como pouco mais do

que uma piada, desmentiu todas as

previsões e o magnata, ao contrário

dos adversários, tem sido até agora

imune a vários ataques ou às suas

próprias gaff es.

EUA

Governador do Wisconsin diz que é preciso libertar terreno para que possa surgir uma “alternativa positiva” ao milionário

STEVE POPE/AFP

A última sondagem dava a Walker apenas 0,5% das preferências

Page 27: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | MUNDO | 27

Presos em França os dois chefes do pouco que resta da ETA

REUTERS

David Pla e Iratxe Sorzabal, juntamente com Izaskun Lesaka, no dia em que leram a declaração do fim “definitivo” da luta armada em 2011

Iratxe Sorzabal e David Pla, conside-

rados os dois dirigentes da cúpula

da organização terrorista basca ETA,

foram detidos ontem de manhã pe-

la polícia francesa numa localida-

de do departamento dos Pirenéus

Atlânticos. Na operação participou

também a Guardia Civil espanhola,

anunciou o Ministério do Interior de

Madrid. Foram detidas duas outras

pessoas não identifi cadas.

Sorzabal, que usa o nome de

guerra “Ezpela”, de 43 anos, e Pla,

“Mintxo”, de 40, foram os chefes

terroristas que leram o comunica-

do em que a organização declarou o

fi m “defi nitivo” da luta armada, em

20 de Outubro de 2011, encerrando

um ciclo de 40 anos de atentados

sangrentos. Esta decisão foi poste-

riormente aprovada pelo “colectivo

de presos” da ETA.

“Ezpela” milita na ETA desde a

adolescência, passou à clandesti-

nidade em 2001, ascendeu à chefi a

em 2010 e é acusada de três assassí-

nios. Segundo fontes policiais, ela e

Pla asseguravam a direcção do que

resta da organizaçãp, ao lado do

veterano José Antonio Urrutikoe-

txea, “Josu Ternera”, de 65 anos,

um dos líderes da organização nos

anos 1980 e membro da “frente ar-

mada” desde 1971. Depois de ter

cumprido uma pena de prisão e

de ter sido deputado basco, voltou

à clandestinidade em França em

2003. Especulou-se esta manhã

sobre a sua possível detenção, mas

o rumor foi desmentido.

A ETA tem sofrido sucessivas “de-

capitações”, sobretudo na última dé-

cada, acompanhadas pelo desman-

telamento do seu aparelho político-

militar. Em 2014, a polícia afi rmava

que a organização estava reduzida a

15 ou 20 membros clandestinos, lo-

gisticamente apoiados por 40 legais

ou semiclandestinos. Em 2010, teria

60 militantes clandestinos. Nos anos

1980 chegou a ter 500 operacionais.

Tem cerca de 120 fugitivos na Vene-

zuela, Cuba e México. Perto de 500

militantes estão ainda nas prisões

espanholas ou francesas.

A ETA parou de matar em 2011

porque dela já pouco restava, sendo

qualifi cada pelos especialistas como

um “bando tecnicamente em estado

A ETA tem sofrido sucessivas “decapitações”, acompanhadas pelo desmantelamento do seu aparelho político-militar. Na clandestinidade, em França, continua o veterano “Josu Ternera”

EspanhaJorge Almeida Fernandes

de decomposição”. Antes disso ti-

nha sido maciçamente rejeitada pela

população basca. Fracassou em to-

dos os objectivos, suspendeu a “luta

armada”, mas recusou a sua disso-

lução. Continua a exigir a Madrid e

Paris uma “negociação de paz”.

A “decomposição” da ETA teve

um importante efeito político no

País Basco. O seu “braço político”,

hoje representado pelo partido Sor-

tu, emancipou-se pela primeira vez

da organização “militar”, procuran-

do atingir os mesmos objectivos por

meios políticos. Mas não rompeu

com o passado. Explica o analista

Florencio Domínguez, autor de vá-

rios estudos sobre a organização:

“Não é só a ETA, é o conjunto da es-

querda abertzale [“patriótica”]. Es-

tão implicados na tentativa de impor

à maioria da sociedade uma visão

que justifi que a trajectória terroris-

ta passada, para diluir as culpas e

fazer que aqueles que mataram não

tenham nenhuma responsabilidade.

Não são capazes de fazer uma auto-

crítica do seu passado violento.”

As listas independentistas conseguiriam a maioria absoluta nas eleições regionais de domingo

na Catalunha, segundo duas sondagens divulgadas na segunda-feira, as últimas autorizadas antes da votação.

A coligação “juntos pelo sim” — formada pelo partido CDC do chefe do executivo catalão Artur Mas, a ERC (esquerda republicana) e associações independentistas — e a CUP (Candidatura de Unidade Popular, extrema-esquerda independentista, poderiam obter em conjunto 74 a 75 assentos parlamentares e 47,8% dos sufrágios, segundo uma sondagem do instituto Sigma Dos para o jornal El Mundo.

Uma outra sondagem do

instituto Myword encomendada pela rádio Cadena Ser dá aos separatistas 50 a 71 mandatos, mas também sem a maioria dos votos (48,2%).

Para chegar à maioria absoluta no parlamento regional são necessários 68 mandatos — um resultado suficiente, segundo Artur Mas, para iniciar um processo de secessão da Catalunha até 2017. Mas segundo a sondagem do El Mundo, apenas 16,8% dos eleitores consideram que Artur Mas tem “legitimidade para declarar a independência” sem a maioria dos votos (mesmo que tenha a maioria dos assentos parlamentares).

Na sondagem da Cadena Ser, 41% defendem a independência, mas 49% preferem soluções

menos radicais (20% querem que a Catalunha permaneça como comunidade autonómica, 16% desejam um estado federal e 13% preferem um novo acordo sobre a integração da Catalunha na Espanha)

A formação de centro-direita Ciudadanos, criada em 2006 na Catalunha e que defende a manutenção da região em Espanha, seria o segundo partido mais votado logo a seguir ao “juntos pelo sim”, com 14 a 15% dos votos, segundo as duas sondagens. A lista “Catalunha, sim é possível”, que integra o partido de esquerda Podemos e que foi criada em Janeiro de 2014, seria terceira, com 11 a 12% dos votos, seguida dos socialistas catalães e do Partido Popular.

Independentistas a caminho da vitória na Catalunha

Page 28: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015
Page 29: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | CIÊNCIA | 29

A Universidade de Coimbra quer con-

tratar dois bolseiros para a “gestão e

administração do procedimento de

cobrança coerciva de dívida de pro-

pinas e taxas”, avança um anúncio

publicado no site Eracareers.

As duas candidaturas para “bol-

sas de gestão de ciência e tecnolo-

gia” estiveram abertas entre 16 e 21

de Setembro e destinavam-se a “li-

cenciados ou mestres em Direito, Ad-

ministração Pública, Gestão e áreas

afi ns”. Os bolseiros serão acolhidos

pela administração da universidade

durante um ano com a possibilidade

de renovação. As bolsas serão pagas

com receitas da universidade.

Há quase um ano, a Universidade

de Lisboa abriu um concurso para

contratar um pedreiro e electricis-

tas com bolsas. “Isto é um problema

para o qual temos vindo a alertar”,

diz Joana Campos ao PÚBLICO, da

associação Precários Infl exíveis, que

combate a precariedade e denunciou

ontem o novo caso. “Isto é o perigo

da generalização da precariedade na

contratação. No caso das universi-

dades [públicas], é o próprio Estado

que está a utilizar falsas bolsas para

substituir por postos de trabalho.”

A reitoria da universidade explica

que se está a proceder à validação

administrativa de dez mil processos

de antigos alunos para a “emissão de

certidão de dívida para envio à Au-

toridade Tributária, única entidade

competente para proceder à cobran-

ça coerciva”, lê-se num comunicado.

E defende a contratação de bolseiros:

“Pela sua dimensão e complexidade,

é um projecto capaz de proporcio-

nar a licenciados ou mestres (...) um

primeiro contacto com a realidade

processual administrativa.”

Mas não há qualquer justifi cação

para este “primeiro contacto” não

ser feito usando contratos de traba-

lho, nem se explica qual a relação en-

tre gestão de processos administrati-

vos de alunos e a gestão do trabalho

científi co ou tecnológico, que é onde

se enquadram as bolsas de gestão de

ciência e tecnologia, de acordo com

o regulamento das bolsas daquela

instituição.

Joana Campos lembra algumas das

diferenças de direitos entre bolseiros

e trabalhadores: “Os bolseiros não

são considerados trabalhadores. São

obrigados a ter um contrato de ex-

clusividade, não têm direito de sub-

sídio de desemprego. Não podem

fazer greve.”

Contratação polémica naUniversidade de Coimbra

BolseirosNicolau Ferreira

JAMES GATHANY/CDC

Os espirros contribuem para a geração do nosso espaço bacteriano pessoal

Um pequeno estudo realizado nos

EUA mostra, pela primeira vez,

não só que todos os humanos ati-

ram para o ar ambiente “nuvens”

de micróbios que assinalam a sua

presença, como também — o que é

muito mais surpreendente, segundo

os autores — que essas nuvens mi-

crobianas parecem ser específi cas

de cada pessoa. A confi rmarem-se

estes resultados, publicados ontem

na revista PeerJ, podem ter aplica-

ções forenses.

Através sobretudo da respiração,

mas também da pele ou do cabe-

lo, libertamos no ar à nossa volta

amostras do nosso “microbioma” —

o conjunto de bactérias, na maioria

não-patogénicas, que vive dentro

do nosso corpo. Estima-se que mais

de um milhão de partículas bioló-

gicas por hora seja assim emitido

pelo ser humano — e há muito que

Cada um de nós cria em seu redor uma nuvem pessoal de bactérias

cada um dos três participantes, foi

possível distingui-los entre si graças

à “combinação única de bactérias”

que tinham deixado no ar, lê-se num

comunicado da PeerJ.

“Estávamos à espera de ser ca-

pazes de detectar o microbioma

humano no ar em torno das pesso-

as”, diz James Meadow, citado pelo

mesmo comunicado. “Mas fi cámos

surpreendidos ao ver que conseguí-

amos identifi car (...) os ocupantes

simplesmente a partir de amostras

da sua nuvem microbiana.”

Diga-se já agora que foi possível

distinguirem a única mulher que

participou nesta primeira expe-

riência porque a sua “nuvem mi-

crobiana” se revelou “fortemente

associada à bactéria Lactobacillus

crispatus, predominante nas amos-

tras vaginais saudáveis”, salientam

os autores.

As bactérias em causa pertenciam

a grupos que costumam coabitar

com os humanos: estreptococos da

boca ou bactérias da superfície da

pele. Mas a equipa constatou que

não era tanto o tipo de bactéria pre-

sente em cada caso que diferenciava

as pessoas, mas a proporção de ca-

da tipo de bactéria que compunha a

sua nuvem microbiana pessoal.

Para testarem esta descoberta, os

se sabe que esta é uma das grandes

vias de transmissão das doenças in-

fecciosas.

Mas o que James Meadow, da

Universidade do Oregon, e colegas

quiseram saber agora foi se, tal co-

mo acontece no caso das pessoas

doentes, é possível detectar uma

nuvem bacteriana nos ambientes

ocupados por pessoas saudáveis. E

fi zeram uma experiência para ana-

lisar a relação entre cada pessoa e o

volume de ar que ela habita.

Numa primeira fase, compararam

o material genético das populações

de bactérias em suspensão no ar

dentro de um cubículo, que, con-

forme os casos, estivera vazio ou fo-

ra ocupado durante um tempo por

um de três voluntários. O cubículo

era esterilizado nos intervalos. As

amostras colhidas permitiram ana-

lisar os micróbios em suspensão,

tendo a certeza que as emissões só

se deviam à presença de um dado

participante.

Como os cientistas esperavam, a

presença das pessoas dentro des-

se espaço foi detectável através das

bactérias especifi camente humanas

em suspensão no ar. Mas esta ex-

periência revelou também algo im-

previsto: depois de quatro horas de

permanência dentro do cubículo de

Microbiologia Ana Gerschenfeld

Quando estamos num local fechado, emitimos para o ar uma “assinatura” microbiana que parece distinguir-nos dos outros

cientistas realizaram uma segunda

ronda de experiências, desta vez

com oito voluntários que perma-

neceram quatro horas dentro do

cubículo. E confi rmaram que era

de facto possível distinguir entre si

a maioria deles.

“Constatámos que cada um dos

oito ocupantes emitia para o ar a sua

própria concentração característi-

ca de partículas”, escrevem ainda.

E, em seis casos, as diferenças de

composição das respectivas nuvens

eram signifi cativas do ponto de vista

estatístico.

Aplicações? “A potencial identifi -

cabilidade das nuvens microbianas

pessoais “sugere claramente uma

aplicação forense (...), por exemplo

para detectar a presença passada de

uma pessoa num espaço fechado”,

concluem os autores.

Mas os próprios são os primeiros

a dizer que se trata de resultados

preliminares, que foram obtidos em

condições de isolamento físico das

pessoas. Ora, na presença de uma

multidão de ocupantes de um mes-

mo espaço — ou se o espaço em cau-

sa for maior — os padrões de emis-

são bacteriana “serão sem dúvida

menos claros”. Resta ver se ainda

será possível distinguir a nuvenzi-

nha de cada um.

Page 30: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

30 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

O arquitecto e a sua c

Carrilho da Graça: Lisboa é uma ex-

posição montada sobre um conjunto

de 12 projectos para a cidade de Lis-

boa do arquitecto João Luís Carrilho

da Graça, apresentados através de 16

maquetas, e desenhados entre o fi nal

dos anos de 1980 e 2015.

O mais antigo, a Escola Superior

de Comunicação Social do Instituto

Politécnico de Lisboa, foi projectado

quando o arquitecto tinha 35 anos. A

selecção foi feita a partir de 52 projec-

tos possíveis, para a região de Lisboa,

uma produção singularmente consis-

tente que toca desde a pequena esca-

la, focada em desenhos de interiores,

apartamentos, casas ou até galerias

de arte, como a Módulo (com Carlos

Miguel Dias, 1987-88), por exemplo,

até à abordagem urbanística, que a

encomenda do Programa Valis, Estu-

do e Plano Estratégico de Preserva-

ção do Património Arquitectónico e

Urbanístico de Lisboa representa, e

que lhe permitiria desenvolver uma

ideia para a colina de Santana (com

João Gomes da Silva, 1991). A mos-

tra inaugurou ontem, na Garagem

Sul — Exposições de Arquitectura,

no Centro Cultural de Belém, com a

curadoria de Susana Rato, arquitecta

e colaboradora do atelier Carrilho da

Graça, e de Marta Sequeira, docente

e investigadora da Universidade de

Évora. Privilegiaram-se maioritaria-

mente projectos de grande escala,

por serem certamente os que ex-

põem melhor as peculiaridades ter-

ritoriais da cidade. A Escola Superior

de Música (1998-2008), o Terminal

de Cruzeiros (2010), a nova sede do

BPI (2015), estão entre os projectos

expostos.

Em Carrilho da Graça: Lisboa, ape-

sar do grande espectro temporal que

a mostra abrange, a cronologia é pro-

vavelmente o factor menos relevan-

te. O aspecto antológico — como sa-

lientaram as curadoras na abertura —

também não é o mais determinante.

Decisiva é, todavia, a ideia de cidade

que estas propostas, realizadas ou

não, permitiram consolidar ao seu

autor, ao longo de quase três décadas

de trabalho. Consequentemente, so-

bre a matéria da exposição, há uma

questão que se torna quase óbvia:

pode uma cidade ser revelada através

da perspectiva pessoal de um arqui-

tecto? Porque em Carrilho da Graça:

Lisboa, não é Lisboa que se vê, mas a

cidade e o seu arquitecto, isto é, uma

realidade paralela construída a partir

do imaginário de um autor. O próprio

Carrilho da Graça insiste na ideia de

que pretende comunicar “o valor da

cidade” através da exibição das suas

propostas, colocando o foco em Lis-

boa. Um paralelo que eventualmente

se pode conseguir entre alguns ar-

tistas plásticos, ou entre escritores

e poetas, e o seu lugar de eleição.

Lisboa emerge aqui, portanto, co-

mo o centro da atenção de João Luís

Carrilho da Graça. Uma cidade que

se molda através da arquitectura e,

simultaneamente, molda o arquitec-

to que pacientemente se lhe vai de-

dicando. Interessa, a este propósito,

revisitar uma entrevista que Carrilho

da Graça deu ao JA - Jornal Arquitectos

em 2008, onde fala sobre a escolha

dos lugares para os quais projecta,

e que Marta Sequeira recupera no

seu artigo do catálogo, intitulado O

Território como Invariável. Nessa en-

trevista dada a Ricardo Carvalho e

a José Adrião, confi rma claramente

que há intencionalidade na opção

por lugares que possam estabele-

cer uma relação forte com os seus

edifícios. A predisposição por topo-

grafi as acidentadas, linhas de festo

e cumeadas, promontórios, vales,

são portanto visíveis nos seus pro-

jectos lisboetas. Carrilho da Graça

evoca conceitos e matérias elemen-

tares da geografi a, que elenca como

tópicos no texto Metamorfose, escrito

em 2002, também para o JA, a pedi-

do de Manuel Graça Dias e agora de

novo editado no catálogo. Por tam-

bém convocar todo esse passado,

tratando Lisboa numa perspectiva

autoral e com grande intimidade, é

uma exposição belíssima, uma nar-

rativa da sedução que uma cidade

pode produzir sobre um autor, ar-

quitecto ou não.

O processo de transformação do

território como resultado da acção

da arquitectura pressente-se em toda

Uma exposição belíssima, uma narrativa da sedução que uma cidade pode produzir sobre um autor, arquitect

Percurso por uma cidade pensada pelo arquitecto Carrilho da Graça, um fazedor de olisipografi as construídas a partir de uma perspectiva culta e comovente sobre história, topografi a e futuro

ExposiçãoAna Vaz Milheiro

É uma evidência que as maquetas,

expostas sobre mesas “de trabalho”

e de forma casual — como se a mon-

tagem não tivesse obedecido a um

plano previamente defi nido e “de-

senhado”— refl ectem.

Dedicação de um poetaÀ entrada da exposição, uma maque-

ta de grandes dimensões represen-

ta a topografi a da cidade na escala

1:10.000 (na foto). Sucedem-se mais

15, com escalas variadas, entre con-

juntos urbanos e edifícios isolados.

A representação é um simulacro da

realidade, naturalmente, uma reali-

dade “selectiva” que reforça a pers-

pectiva do arquitecto. Carrilho da

Graça explica melhor: “Uma maque-

ta não tem de expressar a realidade

de uma forma menos poética, mas

aquilo que queremos mostrar.” As

maquetas são o centro da exposição,

provavelmente o que os visitantes

guardarão melhor da sua visita. São

como objectos espalhados pela Ga-

ragem Sul, que direccionam os per-

cursos pela sala. A sua abstracção é

contrabalançada pelos três vídeos

em negativo de Tiago Casanova sobre

Lisboa projectados nas paredes late-

rais e que reproduzem aspectos da

cidade. Na parede oposta expõem-

se diversos documentos (plantas, fo-

a exposição. Carrilho da Graça ex-

plica que a sua relação com Lisboa

decorre do facto de “não ser o mun-

do da sua infância”. Esta convicção

dá-se em contraponto a Portalegre,

onde nasceu em 1952, e de onde saiu,

para estudar arquitectura no conven-

to de São Francisco da Cidade, então

Escola Superior de Belas Artes, aos 17

anos: “É difícil mudar algo na cidade

natal, onde tudo parece perfeito e

está cristalizado nas memórias de in-

fância.” Aos jornalistas, no encontro

com a imprensa, realizado ontem,

confi rma: “Gosto imenso de cá mo-

rar. Todos quantos visitam Lisboa pe-

la primeira vez sentem o fascínio.”

Page 31: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | CULTURA | 31

cidade

tos, frases) reformulados como uma

cartografi a reinventada a partir dos

projectos e dos tais conceitos geográ-

fi cos de Metamorfose, numa tentativa

de construir uma nova cartografi a.

Carrilho da Graça é um olisipógrafo

da novíssima geração, que trabalha

sobre Lisboa com a dedicação de um

poeta. Os seus projectos estão carre-

gados da geografi a da cidade, da sua

história e da sua literatura. No catálo-

go, Diogo Seixas Lopes propõe como

repto A preto-e-branco, contextualiza-

do o percurso do arquitecto desde o

período da sua formação académica

até à “última paragem” que Lisboa

aqui interpreta, na opinião do crítico

de arquitectura: “Subindo e descen-

do os caminhos tortuosos de Lisboa,

os projectos e obras que ao longo dos

anos Carrilho da Graça tem concebi-

do contribuem para dar coerência a

(uma) visão de sofi sticação e forma

urbana.” É um texto “intrigante” que

nos obriga a reposicionar Carrilho

da Graça na cultura contemporânea

(não só a portuguesa) e a sua busca

incessante (e autêntica) pela beleza.

Há portanto já algum tempo que não

se via em Lisboa, e sobre Lisboa, uma

exposição de arquitectura tão verda-

deira quanto esta.

Crítica de arquitectura

to ou não

DANIEL ROCHA

O trabalho de Carlos Spottorno

É um dos mais antigos festivais de

fotografi a da Europa e, ao chegarem

às 25 edições, os Encontros da Ima-

gem já podem ser considerados ve-

teranos. Na programação deste ano,

o regresso a Braga de Roger Ballen

assinala a celebração dessa memória

histórica.

A data “marcante” levou a que a

preparação da abertura fosse feita

com um “entusiasmo acrescido”,

conta a directora dos Encontros da

Imagem, Ângela Ferreira. Uma das

escolhas especiais foi fazer voltar ao

festival o norte-americano, radicado

há 20 anos na África do Sul, Roger

Ballen. Antes de se ter tornado um

artista reconhecido, Ballen apresen-

tou o seu trabalho num dos primei-

ros festivais. Desta feita, apresenta

um universo surrealista no Museu

da Imagem, com a série Asylum of

the Birds, criada numa casa devolu-

ta de Joanesburgo que é morada de

indigentes e pássaros.

Uma das novidades deste ano é

também uma casa abandonada. Cha-

mam-lhe “Casa das Bombas” e é um

palacete do século XIX, na Rua do

Souto, o eixo do centro histórico da

cidade, que estava devoluto. O festi-

val vai reabrir esse espaço para rece-

ber uma das suas exposições colecti-

vas, Seeing is Believing, uma selecção

de trabalhos de 12 fotógrafos.

Estes trabalhos, como a generali-

dade do programa, jogam-se numa

tensão permanente entre presente e

futuro, o real e a fi cção, seguindo o

mote Poder e Ilusão dos Encontros da

Encontros da Imagem de Braga celebrama sua veterania

Imagem de 2015. O tema foi escolhido

tendo em conta a proximidade das

eleições em Portugal e o momento

político conturbado na Europa. “Se

calhar, nunca se viveu tanta ceguei-

ra em termos políticos. As pessoas

apenas têm uma consciência frag-

mentada do que está a acontecer”,

considera Ângela Ferreira.

Esta edição dá esse contributo pa-

ra a leitura do real, ganhando, neste

contexto, especial relevo o trabalho

de Carlos Spottorno The Pigs, uma

série documental fotografada em

Portugal, Espanha, Itália e Grécia,

os países da Europa do Sul. O lado

documental da fotografi a não é, po-

rém, o único explorado. São várias as

propostas de trabalhos na fronteira

entre o real e a fi cção como This is

What Hatred Did, de Cristina de Mi-

del, uma série fotografada na Nigé-

ria a partir de um livro do escritor

Amos Tutuola, ou Mybe, onde Phil

Toledano se imagina noutras vidas

diferentes da sua.

A 25.ª edição do festival começa

hoje (e prolonga-se até 1 de Novem-

bro) com a inauguração de Illusion

Lab of Happiness (18h, Tibães), que

reúne os trabalhos de 18 artistas. A

selecção resulta de uma call feita pa-

ra que outros fotógrafos pudessem

mostrar as suas visões sobre o tema

da edição.

O circuito inaugural prolonga-se

pelos três dias seguintes. Amanhã,

abrem as exposições na B* Concept

Store (Carlos Sporttorno) e Spaceship

Gallery e Casa das Bombas (vários

autores). Sexta-feira é o dia do con-

certo da banda Ermo e projecções

de trabalhos fotográfi cos (GNRation,

23h), seguido da festa de aniversário.

Para sábado, está reservada a maio-

ria das inaugurações, principiando às

14h30, no Museu D. Diogo de Sousa

(Colectivo e Berto Macial e José Ro-

may), e culminando com a Gala EI

Awards, onde será entregue o prémio

do concurso.

FotografiaSamuel Silva

A 25.ª edição do festival começa esta quarta-feira. O circuito inaugural prolonga-se até ao fim-de-semana

Breves

Paris

Património Mundial

Greve dos funcionários fechou Museu de Orsay

Coimbra estreita relações com universidades

O Museu de Orsay, em Paris, esteve ontem fechado em resultado de uma greve dos trabalhadores, que protestavam contra a anunciada intenção do Governo de manter o museu aberto sete dias por semana, acabando com o tradicional encerramento às segundas-feiras, medida que deverá também ser aplicada noutros grandes museus públicos franceses, como o Louvre ou o Palácio de Versalhes. A convocatória de greve partiu de uma das principais centrais sindicais francesas, a CGT, e obteve o apoio da maioria dos trabalhadores, noticiou a rádio France Info. O museu deverá aplicar o novo horário a partir de 2 de Novembro, mas prevê-se que as segundas-feiras sejam exclusivamente dedicadas às visitas escolares.

A Universidade de Coimbra, a única em Portugal a ter actualmente o estatuto de Património Mundial da Humanidade, assina hoje, no México, um acordo com outras quatro universidades, num protocolo feito apenas com as instituições de ensino superior que possuem esta classificação atribuída pela Unesco. Depois de ter sido reconhecida em 2013 como Património Mundial da Humanidade, a instituição participa agora numa colaboração com as Universidades de Virgínia (EUA), a Central da Venezuela, de Alcalá de Henares (Espanha) e ainda a Nacional Autónoma do México, de forma a criarem parcerias. A colaboração passará pela organização de congressos, publicações, ateliers, etc.

Page 32: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

32 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Uma noite com Patti Smith para começar a mudar o mundo

Falta pouco para Patti Smith termi-

nar a sua interpretação integral de

Horses, disco seminal de um punk

que vinha a caminho, lançado há 40

anos, quando a meio do penúltimo

tema, o febril Land, avisa o Coliseu

dos Recreios, em Lisboa, que a mú-

sica vai desacelerar um pouco para

depois voltar a encaminhar-se para o

clímax. A cantora entregou-se já, pos-

suída, aos versos de um poema em

delírio, numa fúria que, por vezes,

lhe empresta uma voz de pirata, e

aproveita, agora que os instrumentos

tentam recuperar o fôlego para não

perderem de vista o inesgotável ím-

peto desta mulher de 68 anos, para

dizer ao público que “estamos nisto

juntos — uma mente, um coração e

tudo está ao nosso alcance”.

Quando Patti Smith, em recente

pplethorpe e Lou Reed), Patti Smith

concentra os seus encores numa ideia

de memória. Não apenas a sua, a dos

seus anos 70, a do marco cultural que

foi Horses e que é naturalmente cele-

brado num concerto que o toma por

centro; mas também a da sua Nova

Iorque que palmilhou com Mapple-

thorpe e a dos Velvet Underground

são homenageados pela sua banda

num medley que inclui Rock & Roll,

Waiting for my man e White light/

white heat, enquanto Smith se retira

momentaneamente de cena.

Depois de um Horses que juraría-

mos investido da vitalidade original,

atravessado por todos os seus fan-

tasmas da poesia beat, intocado na

sua pertinência artística, e após esse

caminho que levaria Patti Smith até

aos Velvet Underground, a cantora

relatou a sua visita à Casa Fernando

Pessoa, espantando-se por ver na co-

lecção dos livros do poeta português

os mesmos que hoje lemos — Rim-

baud, Oscar Wilde, Walt Whitman —,

imaginando ainda que Allen Ginsberg

também estava por lá, porque Pessoa

nunca deixaria de o ler se fosse seu

contemporâneo. E logo em seguida

fomos sugados para o vórtice impa-

rável de Beneath the southern cross,

tema indutor do transe perfeito para

a estocada fi nal.

Numa magnífi ca derradeira se-

quência, Patti Smith recuperou tudo

aquilo de que foi feito um concerto

perfeito, de emoções carregadas,

longe de qualquer reprodução fria e

maquinal de um disco com 40 anos,

histórico na ligação de uma música

de crueza punk e uma poesia de ras-

go beat. Primeiro, ao falar da relação

amorosa que marcou a sua vida, o

casamento com o guitarrista dos MC5

Fred “Sonic” Smith, que volta a ser o

seu namorado, disse, de cada vez que

canta Because the night, canção-hino

soberba escrita a meias com Bruce

Springsteen. Depois, com um Peo-

ple have the power em que lembrou

que o poder de sonhar, votar, fi car e

amar pertence a cada um. E não às

empresas e às multinacionais e aos

“fucking governments” que rogou ao

seu público para que não os deixasse

mandar livremente no mundo.

Mais uma vez, o guião perfeito:

Patti Smith termina com uma ver-

são dos The Who, My generation. Já

antes, Patti havia confessado o seu

orgulho por saber que muitos na-

quela sala não eram ainda nascidos

quando Horses foi editado em 1975,

mas a forma como a cantora puxa

todo o público para dentro das suas

canções, como o convoca, inclui e

inscreve, fi ca ainda mas sublinhado

com My generation. Levanta a guitar-

ra no ar, estica as cordas até as reben-

tar e declara que aquela é a arma da

sua geração, que só o rock’n’roll é ne-

cessário para travar quaisquer lutas.

E olhando para a plateia afi rma: “Vo-

cês são o futuro e o futuro é agora”.

E repare-se então com pormenor

no desenho: um concerto que co-

meça com a cantora consciente da

adoração de que é objecto em palco,

que a meio estraçalha esta relação e

elimina estratifi cações e termina di-

zendo ao seu público que a ele cabe

transformar o mundo que existe fora

do Coliseu dos Recreios. Sim, porque

ali dentro, durante aquelas quase

duas horas, viveu-se no interior de

um mundo perfeito. O trabalho de

quem ali esteve agora é esse: fazer

com que estas canções e esta noite

não se esgotem ao transpor as por-

tas. Não foi para isso que Patti Smith

nos juntou.

Três meses depois de ter apresentado Horses no Porto, Patti Smith tocou o álbum de 1975 em Lisboa, numa noite perfeita de poesia, política e rock’n’roll. É difícil imaginar que um concerto possa ser mais do que isto

ENRIC VIVES RUBIO

entrevista ao PÚBLICO, confessava a

sua admiração pelo Papa Francisco

e anunciava ver nele um verdadeiro

revolucionário movido por um ins-

tinto humanista, talvez aquilo a que

assistimos nesta segunda-feira no

Coliseu (e antes no Nos Primavera

Sound, em Junho, no Porto) lhe equi-

valha nessa busca por uma demanda

colectiva, num gesto que pretende

também unir todos diante de si sob o

efeito de uma vigorosa comunhão de

massas. Se no Primavera Sound, ao

ar livre e para largos milhares de pes-

soas, poderíamos falar quase de uma

bela missa campal, agora, no Coliseu,

a energia estava mais concentrada e

foi matéria quase infl amável.

Patti Smith sabe isso muito bem. E

não é por acaso que escolhe os bre-

ves momentos de acalmia antes de

dar corda de novo à intensidade de-

sabrida de Land. Nos minutos fi nais,

Gloria, tema de abertura de Horses e

do espectáculo em Lisboa, irrompe

novamente em palco, pegando-se

a Land e ateando uma reacção de

absoluto êxtase na sala. E a razão é

simples: da primeira vez que Patti

interpretou a canção esta noite, nu-

ma versão primorosa, havia ainda

papéis clássicos diferenciados; ela

estava lá em cima, no palco, e o pú-

blico dedicava-se a um acto de pro-

funda adoração de uma das criado-

ras musicais mais importantes dos

últimos 50 anos. Da segunda vez, no

entanto, o “G-L-O-R-I-A” de Gloria já

não nos encontra em planos distin-

tos, Smith já esbateu diferenças e nos

convocou de uma forma tão inteira e

arrebatadora para a sua música que

estamos todos nisto juntos. É essa a

mensagem que nos passa e que re-

pete depois de um fi nal demoníaco:

“I am you” [eu sou vocês]. Isto não é

apenas música. Isto é religioso, isto

é poético e isto é político.

O guião perfeitoE é tão político e tão belo que após

o término da apresentação de Hor-

ses, com a tocante Elegie, em que vai

desfi ando os nomes dos mortos que

resgata — nem que seja por segun-

dos — ao esquecimento e os coloca

de novo num palco, a serem aplaudi-

dos (de Jimi Hendrix, Jim Morrison,

Janis Joplin e família Ramones, a Kurt

Cobain, Amy Winehouse, Robert Ma-

Crítica de Música

Patti Smith

Lisboa, Coliseu dos Recreios. Sala

quase cheia

Gonçalo Frota

mmmmm

Page 33: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | CULTURA | 33

Os dois retratos do jovem casal, aqui mostrados parcialmente

É um caso que se arrasta já desde o

início do ano, mas que parece agora

caminhar para o fi m, depois de o Go-

verno holandês ter decidido intervir.

A família de banqueiros Rothschild

quer vender duas importantes obras

de Rembrandt (1606-1669), que es-

tão há mais de um século em França,

por 160 milhões de euros. A decisão

de venda e a autorização do Estado

francês para a saída das obras insta-

laram a polémica em França e desen-

cadearam o interesse da Holanda. O

Rijksmuseum, em Amesterdão, quer

as obras, mas não tem o dinheiro e,

por isso, o Estado decidiu entrar com

metade do montante.

Em Março, quando se soube que

estes dois retratos de corpo inteiro

pintados pelo mestre holandês em

1634 iam ser vendidos, a direcção do

Rijksmuseum reagiu prontamente:

“Se chegarem ao mercado, será mui-

to interessante”. Apenas um proble-

ma: a falta de orçamento para poder

adquirir as peças.

Em causa estão dois retratos do jo-

vem casal Maerten Soolmans, de 21

anos, e Oopjen Coppit, de 23 anos,

representantes das elites burguesas

de Amesterdão. Rembrandt pintou-

os antes do seu casamento. As pin-

turas estão em mãos privadas desde

Holanda dá 80 milhões de euros para ajudar o Rijks a comprar dois Rembrandt

sempre. Primeiro na família dos pro-

tagonistas das obras e mais tarde na

família Rothschild. Foi em 1877 que

os dois retratos foram comprados

por Gustave de Rothschild. É desde

essa altura que se sabe que as pin-

turas estão em França, país que vão

agora abandonar, uma vez que Éric

de Rothschild, o actual proprietário,

obteve a autorização de exportação,

numa decisão envolta em polémica.

Alguns especialistas esperavam que

as obras fossem classifi cadas como te-

souro nacional, o que não aconteceu.

Também criticada foi a direcção

do Museu do Louvre, em Paris, por

não se ter oposto à venda das pintu-

ras, que só foram expostas ao público

duas vezes no ano de 1956 — as duas

na Holanda, no Rijksmuseum (Ames-

terdão) e no Boymans van Beunin-

gen (Roterdão). Jean-Luc Martinez,

director do museu mais visitado do

mundo, alegou falta de fundos. Na

sua colecção, o Louvre tem o famoso

Betsabé no Banho, entre várias obras

de Rembrandt.

Ainda antes de o Governo holandês

ter anunciado esta semana a decisão

de alocar 80 milhões de euros para a

compra das obras, estudou-se a pos-

sibilidade de uma compra partilhada

entre o museu de Paris e o museu na-

cional holandês, de forma a garantir

que as obras fi cariam disponíveis ao

público. “Seria uma forma original

de manter as obras na Europa”, che-

gou a comentar Jean-Luc Martinez.

O valor de 160 milhões de euros

excede os orçamentos dos dois mu-

seus. Agora com os 80 milhões de eu-

ros dados pelo Governo holandês, é

mais certo que as obras regressem ao

país do seu mestre. “É essencial para

nós que estes quadros, que neste mo-

mento fazem parte de uma colecção

privada, se tornem propriedade pú-

blica para que possam ser vistos pelo

público holandês e se mantenham na

Europa”, disse anteontem à Radio 1

o ministro da Cultura holandês, Jet

Bussemaker, defendendo que seria

“completamente indesejável” que as

obras acabassem por ser compradas

por “uma nação rica em petróleo”.

Ao receber este montante do Esta-

do, o Rijksmuseum, que guarda na

sua colecção importantes obras de

Rembrandt como a celebrada Ronda

da Noite, compromete-se a angariar

os restantes 80 milhões de euros. O

museu está a trabalhar activamente

na procura de mecenas e patrocina-

dores para poder comprar os retratos

à família Rothschild. Caso aconteça, a

compra por 160 milhões de euros se-

ria um recorde para um museu públi-

co na Europa e até nos Estados Uni-

dos, escreve o The New York Times.

Ao diário nova-iorquino numa

entrevista por telefone, Taco Dib-

bits, director de colecções do Rijks,

disse que para o museu esta é uma

oportunidade extremamente rara.

“Rembrandt como estes, isto sim-

plesmente não acontece”, defendeu,

contando que “o último Rembrandt

comparável que apareceu no Mer-

cado foi Aristotle, vendido em 1961

ao Metropolitan Museum of Art [em

Nova Iorque]”. Na altura, foi compra-

do por pouco mais de dois milhões

de euros. As obras pertencem à pri-

meira época de Rembrandt como re-

tratista. Quanto retratou Soolmans e

Coppit, o pintor tinha 26 anos.

PinturaCláudia Lima Carvalho

A família de banqueiros Rothschild quer vender as duas obras por 160 milhões de euros

As ressonâncias e o impacto do colo-

nialismo e do pós-colonialismo nas

sociedades contemporâneas têm

sido o cerne do trabalho de Ângela

Ferreira (Maputo, 1958). A exposi-

ção A Tendency to Forget , patente

no Museu Colecção Berardo até 11

de Outubro, regressa a esse univer-

so e valeu-lhe o Novo Banco Photo

2015, o principal prémio de arte con-

temporânea em Portugal (com um

valor pecuniário de 40 mil euros),

que distingue desde 2007 artistas de

nacionalidade portuguesa, brasilei-

ra ou de países africanos de língua

ofi cial portuguesa.

Para o Museu Berardo, a artista

concebeu uma escultura evocativa

do edifício onde funcionava o Minis-

tério do Ultramar (actual Ministério

da Defesa), através da qual se podem

ver vídeos captados pelo casal Jorge

e Margot Dias, antropólogos, cujo

trabalho sobre o povo maconde de

Moçambique lhes trouxe reconhe-

cimento internacional nas décadas

de 1960 e 1970.

Se, por um lado, esta instalação

questiona a simbologia e a monu-

mentalidade de uma estrutura que

representou o domínio português

sobre as antigas colónias, por outro

questiona o posicionamento cientí-

fi co e académico destes dois inves-

Ângela Ferreira ganha Novo Banco Photo 2015

tigadores. Para a curadora Elvira

Dyangani Ose, A Tendency to Forget

“lida de forma activa com um episó-

dio da história colonial portuguesa”

e “desvela não só a importância dos

feitos alcançados nos primórdios da

chamada Nova Antropologia, como

também realça a agenda política

escondida por detrás das investiga-

ções do casal Dias e das suas alian-

ças com o regime salazarista” ( Jorge

Dias estudou Folclore e Etnologia

na Alemanha nazi). Ao lado da ré-

plica do edifício da Avenida da Ilha

da Madeira (Lisboa), fotografi as do

antigo Ministério do Ultramar e do

Museu de Etnografi a surgem lado a

lado, naquilo que pode ser entendi-

do como provocação ou um convite

à refl exão sobre a proximidade de

dois edifícios que tanto podem ser

antagónicos como complementares.

Em declarações ao PÚBLICO, a ar-

tista afi rmou que sobre o legado co-

lonial há ainda “coisas profundas por

resolver”, mas reconhece que Por-

tugal começa a abrir as portas a

essa discussão, nomeadamente no

campo da arte contemporânea. “Há

que questionar os legados de uma

forma profunda, estabelecer cone-

xões que não seja meramente para

dizer que a culpa é deste ou daque-

le. Temos que tentar compreender

a complexidade dos acontecimentos

para evoluirmos para um momento

em que podemos ultrapassar esse

passado.” Para Ângela Ferreira, ain-

da há algum medo de questionar o

legado colonial e pós-colonial por-

que é “um universo que magoa”.

Para além de Ângela Ferreira,

foram nomeados o brasileiro Ayr-

son Heráclito e o angolano Edson

Chagas.

Fotografia Sérgio B. Gomes

Exposição A Tendency to Forget, patente no Museu Berardo, valeu à artista portuguesa prémio no valor de 40 mil euros

Captura de ecrã de um dos vídeos do casal Dias

Page 34: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

34 PÚBLICO, QUA 23 SET 2015CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa

[email protected]

Mensagens

PORTUGUESA 40TONA - Elegantee muito meiga.Sem pressas. Lisboa.Telm: 96 425 30 94

SENHORA SÓSuper discreta, 55 anos.De 2ª a 6ª, das 15h às20h. Areeiro.Telm: 91 916 44 33

Público, 23/09/2015

VENDA EM CARTA FECHADAPor determinação do Digmo. Administrador da Insolvência, irá proceder-se à venda mediante carta fechada, dos bens infraidentifi cados, apreendidos a favor da Massa Insolvente:

Insolvência de Pinóquio da Marinha Grande - Actividades Educativas Unipessoal, Lda.

Proc. 987/14.6TBMGRComarca de Leiria - Instância Central - 1.ª Secção de Comércio

Bens Móveis Sujeitos a Registo

Viatura com a matrícula 08-88-SV, marca Volkswagen, do ano de 2002 (7 lugares).Valor mínimo: 4.250,00 (Quatro mil duzentos e cinquenta euros)

Viatura com a matrícula 45-87-XT, marca Nissan, do ano de 2004 (9 lugares).Valor mínimo: 4.100,00 (Quatro mil e cem euros)

Bens Móveis Não Sujeitos a Registo

Equipamento diverso: frigorífi co, micro-ondas, televisão.Valor mínimo: 45,00 (Quarenta e cinco euros)

Mobiliário diverso: berços, cadeiras para bebé, brinquedos, diversas loiças, sofás, secretárias.

Valor mínimo: 150,00 (Cento e cinquenta euros)

Visitas: Por marcação prévia.

Regulamento / Condições de Venda1. As propostas serão abertas dia 12 de Outubro de 2015, pelas 11h00, no escritório da encarregada de venda, sito na Rua de S. Pedro n.º 41 - Guarda Nova, 2430-162 Marinha Grande, e deverão ser remetidas por correio ou entregues por mão até esse momento.2. As propostas deverão conter os seguintes elementos: identifi cação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º de contribuinte, telefone/telemóvel, email); identifi cação do processo; identifi cação das verbas, e respetivo valor proposto por extenso; declaração expressa de aceitação integral das presentes condições. No exterior do envelope deve constar a identifi cação do processo, assinalado com a menção proposta em carta fechada.3. Os bens são vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus ou encargos.4. Ao valor da adjudicação acresce uma comissão de 10% acrescida de IVA, à taxa legal em vigor, referente ao pagamento dos serviços prestados pela encarregada de venda.Extrato do regulamento: Não dispensa a consulta das restantes condições de venda, em www.leiloexpert.pt.

T.: + 351 244 838 127 | T.: + 351 961 723 655 | T.: +351 967 626 816 | T.: + 351 961 445 566

Rua de S. Pedro, n.º 41Guarda Nova

2430-162 Marinha [email protected]

www.leiloexpert.pt

Bens Móveis Não Sujeitos a Registo

Visitas: Por marcação prévia.

Bens Móveis Sujeitos a RegistoANNE THERAPY -Consultório de massa-gens terapêuticas derelaxamento. "Agora em novo espaço".Tel.: 918 047 456

AREEIRO - Meninaexótica, 27A, meiga, mtobonita. Recebe-o c/ mta.discrição. Acessór.Telm.: 962 623 185

AREEIRO - Sra. 49A.C/ nível, elegante.Atende 11 às 19. C/ mtadiscrição. Acessór.Telm.: 964 256 319

CENTRO10 MASSAGISTAS -Prof. e sensuais.Av. Berna, C. Peq.www.relax-corpo.comTelm.: 960 347 948

ANA JOVEMMASSGTA - Bonita,simpática, sensual eelegante. Body massage2/Sáb. 7 Rios.Telm.: 912 788 312

VENDE-SEComarca de Aveiro

Aveiro - Instância Central - 1.ª Secção do Comércio - J3Insolvência de Pessoa Colectiva (Apresentação)

Processo: 1686/12.9T2AVRInsolvente: S.3.J. - Sociedade de Construção, Lda

NIF: 503.223.263Por determinação da Sr.ª Administradora da Insolvência, e em concordância com o Credor Hipotecário procede-se à venda extra-judicial, do bem imóvel abaixo identifi cado, através da obtenção de propostas em carta fechada, devendo as mesmas ser enviadas para o escritório da signatária até ao dia 7 de Ou-tubro de 2015, inclusivamente.BENS IMÓVEIS:Verba n.º 1 - Fração autónoma designada pela letra “R”, sita em Largo das Ametistas, lote 14, 47ª, 2785-543 São Domingos de Rana, distrito de Lisboa, concelho de Cascais, freguesia de S. Domingos de Rana, descrito na Conservatória do Regis-to Predial sob o n.º 8680 - R e inscrita no artigo matricial n.º 21105 - R, da referida freguesia, pelo valor mínimo de venda de €165.000,00 (cento e sessenta e cinco mil euros).Condições:1. As propostas deverão ser entregues/enviadas em sobres-crito fechado até ao dia 7 de Outubro de 2015, por via postal para um escritório sito na Rua Nelson Neves, 177, 3780-101 Sangalhos (Anadia);2. Informam-se os interessados que o bem objeto do presen-te anúncio poderá ser visto em dia e hora a combinar com a Administradora da Insolvência, Dr.ª Carla Maria de Carvalho Santos, através do telefone n.º 234.604.616;3. A abertura dos sobrescritos e a leitura das propostas serão efetuadas no dia 8 de Outubro de 2015 pelas 9h30 no escritório referido no ponto 1.;4. O sobrescrito deverá mencionar o nome, o endereço com-pleto e o número da identifi cação do proponente, assim como a frase “Contém proposta para o processo n.º 1686/12.9T2A-VR - Massa Insolvente de S.3.J. - Sociedade de Construções, Lda;5. Os ofertantes deverão juntar à proposta, como caução, um cheque visado/bancário no valor de 20% do valor da proposta, à ordem de “Massa Insolvente de S.3.J. - Sociedade de Cons-truções, Lda”;6. A proposta deverá indicar o nome, o endereço completo e o número da identifi cação fi scal do proponente, a identifi cação do processo, bem como indicar claramente a que se propõe: totalidade, verbas e preços;7. O bem será vendido no estado em que se encontra;8. A Administradora da Insolvência reserva-se a faculdade de não aceitar ou rejeitar quaisquer propostas que considerem não se adequar aos interesses da massa insolvente;9. A Administradora da Insolvência adjudicará o bem à melhor proposta (que nunca poderá ser inferior ao valor-base de ven-da estabelecido), e elaborará a respetiva Ata de Abertura de Propostas notifi cando todos os proponentes.

A Administradora da InsolvênciaPúblico, 23/09/2015

VENDE-SEComarca de Aveiro

Aveiro - Instância Central - 1.ª Secção do Comércio - J1Insolvência de Pessoa Singular (Apresentação)

Processo: 708/12.8T2AVRInsolventes: Camilo Figueiredo da Cruz

e Maria Clotilde Guimarães Soares da CruzNIF: 105.245.739 e 110.677.625 respetivamente

Por determinação da Sr.ª Administradora da Insolvência, procede-se à venda extrajudicial, dos bens imóveis abaixo identifi cados, através da obtenção de pro-postas em carta fechada, devendo as mesmas ser enviadas para o escritório da signatária até ao dia 7 de Outubro de 2015, inclusivamente.BENS IMÓVEIS:Verba n.º 1 - Prédio rústico, composto de terreno a pinhal e mato, com área de 910m2, sito em Encosta do Forno da freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda, descrito na Conservatória do Registo de Águeda sob o n.º 7396 e inscri-to na matriz sob o artigo 9452 da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 550,00 (Quinhentos e cinquenta euros);Verba n.º 2 - Prédio rústico, composto de terreno a cultura, com área de 1.100m2, sito em Aguada de Cima, freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda, descrito na Conservatória do Registo Predial de Águeda sob o n.º 7393 e inscrito na matriz sob o artigo 9451 da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 700,00 (Setecentos euros); Verba n.º 3 - Prédio rústico, composto de tereno a pinhal e mato, com área de 2.700 m2, sito no Gorgulhão, freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda, omisso na Conservatória do Registo Predial e inscrito na matriz sob o artigo 9453 da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 1.450,00 (mil quatrocentos e cinquenta euros);Verba n.º 4 - Prédio rústico, composto de terreno a cultura pastagem e pinhal, com área de 2.430m2, sito em Alverca - Assequins, freguesia de Águeda, conce-lho de Águeda, descrito na Conservatória do Registo Predial de Águeda sob o n.º 9244, e inscrito na matriz sob o artigo 5246 que proveio do artigo 5426, da referi-da freguesia, pelo valor-base de venda de € 1.300,00 (mil e trezentos euros);Verba n.º 5 - Prédio rústico, composto de terreno a cultura, com área de 1.750 m2, sito em Areia, freguesia de Águeda, concelho de Águeda, descrito na Con-servatória do Registo Predial que actualmente tem o artigo 9245, e inscrito na matriz sob o artigo 6558 que proveio do artigo 6558, da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 500,00 (quinhentos euros).Condições:1. As propostas deverão ser entregues/enviadas em sobrescrito fechado até ao dia 7 de Outubro de 2015, por via postal para um escritório sito na Rua Nelson Neves, 177, 3780-101 Sangalhos;2. Informam-se os interessados que os Bens objeto do presente anúncio poderão ser vistos em dia e hora a combinar com a Administradora da Insolvência, Dr.ª Carla Maria de Carvalho Santos, através do telefone n.º 234.604.616;3. A abertura dos sobrescritos e a leitura das propostas serão efetuadas no dia 8 de Outubro de 2015 pelas 9h45m no escritório referido no ponto 1.;4. O sobrescrito deverá mencionar o nome, o endereço completo e o número da identifi cação do proponente, assim como a frase “Contém proposta para o processo n.º 708/12.8T2AVR - Massa Insolvente de Camilo Figueiredo da Cruz e Maria Clotilde Guimarães Soares da Cruz;5. Os ofertantes deverão juntar à proposta, como caução, um cheque visado/bancário no valor de 20% do valor da proposta, à ordem de “Massa Insolvente de Camilo Figueiredo da Cruz e Maria Clotilde Guimarães Soares da Cruz”;6. A proposta deverá indicar o nome, o endereço completo e o número da iden-tifi cação fi scal do proponente, a identifi cação do processo, bem como indicar claramente a que se propõe: totalidade, verbas e preços;7. Os bens supraidentifi cados serão vendidos no estado em que se encontram;8. A Administradora da Insolvência reserva-se a faculdade de não aceitar ou rejeitar quaisquer propostas que considere não se adequar aos interesses da massa insolvente;9. A Administradora da Insolvência adjudicará os bens à melhor proposta (que nunca poderá ser inferior ao valor-base de venda estabelecido), e elaborará a respetiva Ata de Abertura de Propostas notifi cando todos os proponentes.

A Administradora da InsolvênciaPúblico, 23/09/2015

5*Exce

pto

o c

apít

ulo

“Hul

k: T

he E

nd”

do

volu

me

14 “

Hul

k: F

utur

o Im

per

feit

o”.

15 li

vros

. PV

P un

itár

io:

8,9

0€

. Pr

eço

tota

l Por

tug

al C

onti

nent

al:

133,

50€

. D

ata

iníc

io:

23 d

e Ju

lho

a 29

de

Out

ubro

. D

ia d

a se

man

a: Q

uint

a-fe

ira.

A a

qui

siçã

o d

o p

rod

uto

imp

lica

a co

mp

ra d

o jo

rnal

. Li

mit

ado

ao s

tock

exi

sten

te.

I n é d i to e m p o r t u g u ê s

QUINTA, 24 SETCOM O PÚBLICO

+8,9€

I n é d i to e m p o r t u g u ê s

QUINTA, 24 SETCOM O PÚBLICO

+8,9€

I n é d i to e m português

EMPREGO

EM PARCERIA COM

INSCREVA-SE EM EMPREGO.PUBLICO.PT

INICIE A SUA PESQUISADE EMPREGO AQUI

Page 35: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

35PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 CLASSIFICADOS

Professor Doutor

ÓSCAR SOARES BARATAMISSA DE 30.º DIA E AGRADECIMENTO

Sua Família participa que amanhã dia 24, pelas 18.30 horas, na Igreja de Santa Joana Princesa, será celebrada Missa pelo seu eterno descanso, agradecem desde já a todos os Amigos que se dig-narem assistir a esta celebração.

Agência Funerária Magno - AlvaladeServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222

Serviço Funerário Permanente 24 Horas

Agente de Execução, Alexandra Gomes CP 4009, com endereço profi ssional em Rua D. Sancho I, n.º 17 A/B, 2800-712 Almada.Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda do bem adiante designado:Bem em VendaTIPO DE BEM: ImóvelARTIGO MATRICIAL: 11685 - Urbano – Serviço de Finanças: 0728 – Coimbra 1 DESCRIÇÃO VERBA: Fração autónoma desig-nada pela letra D, correspondente ao 2.º andar A, destinada a habitação, do prédio em regime de propriedade horizontal, sito na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10 (atual n.º 309), Vale das Flores, Coimbra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o n.º 773, da freguesia de Santo António dos Olivais, inscrito na matriz sob o artigo n.º 11685, da mesma freguesia, concelho e distrito de Coimbra.PENHORADO EM: 2015/01/27INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADOS: Jorge Manuel de Oliveira Lopes da Rosa e Flávia Silva Fernandes Lopes da Rosa, casados entre si no regime de comunhão de adquiridos, respetivamente com os con-tribuintes fi scais n.ºs 138172579 e 108236447, residentes na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10, 2.º – A, Vale das Flores, Coimbra.MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante propostas em carta fechada, a serem entregues na Comarca de Coimbra – Coimbra – Inst.

Central – Secção de Execução - J1, sito no Palácio da Justiça – Rua São João de Deus, 3130-250 Soure, pelos interessados na compra, encontrando-se designada como data para abertura das propostas o dia 7 de Outubro de 2015, pelas 14:00 horas.VALOR-BASE DA VENDA: 190.000,00 euros Serão aceites propostas iguais ou superiores a 161.500,00 euros (valor que corresponde a 85% do valor-base). Devem os proponentes indicar o seu nome completo, estado civil e nome do cônjuge (se o houver), morada, números de bilhete de identidade e contribuinte, devendo também juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do agente de execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou garantia bancária no mesmo valor.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: Não Está pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoEstá pendente sentença de graduação de créditos: Não

A Agente de ExecuçãoAlexandra Gomes

Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 AlmadaE-mail: [email protected]

Telf.: 212 743 259 - Fax: 217 743 259

Público, 23/09/2015 - 2.ª Pub.

COMARCA DE COIMBRACoimbra - Inst. Central - Secção de Execução - J1

ANÚNCIO DE VENDA

Processo 6223/14.8T8CBR - Execução ComumRef. Interna: PE/324/2014

Exequente: Caixa Económica Montepio GeralExecutados: Jorge Manuel de Oliveira Lopes Rosa e outra

ALEXANDRA GOMESAgente de Execução

CPN 4009

COMARCADE LISBOA

Seixal - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 1914/15.9T8SXL

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Jessica Sofi a Em-baixador Alves de MoraisFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Jessica Sofi a Em-baixador Alves de Morais, com residência em: Rua das Flores, n.º 5, 2.º Esq.º Paivas, 2845-367 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 339105019

Seixal, 17-09-2015

A Juíza de DireitoLaura Maria Dias Godinho

Ribeiro RaçõesA Ofi cial de Justiça

Maria José Ferreira Almeida

Público, 23/09/2015

LEILÃO CANCELADO

A CCP - CASA DE CRÉDITO POPULAR, S.A., vem por este meio comunicar que o leilão que iria efetuar no dia 01 de outubro de 2015, pelas 10H30, na RUA ARCO MARQUÊS DO ALEGRETE, 6-A, MARTIM MONIZ, 1100-034 LISBOA, foi cancelado.

Lisboa, 23 de setembro de 2015

A Administração

www.casacreditopopular.pt

Ligue Grátis 800 208 186

Pelo Edital n.º 853/2015, publicado no Diário da República n.º 183, II Série, de 18.09.2015, encontra-se aberto pelo prazo de 30 (trinta) dias úteis, concurso para um lugar de Professor Adjunto, para a área Disciplinar de Ciências Dentárias, subárea de Higiene Oral, para o Instituto Politécnico de Portalegre.

21.09.2015

O AdministradorJosé Manuel Gomes

INSTITUTO

POLITÉCNICO

DE PORTALEGRELEILÃO CANCELADO

A CCP - CASA DE CRÉDITO POPULAR, S.A., vem por este meio comunicar que o leilão que iria efetuar no dia 01 de outubro de 2015, pelas 10H45, na RUA ARCO MARQUÊS DO ALEGRETE, 6-A, MARTIM MONIZ, 1100-034 LISBOA, foi cancelado.

Lisboa, 23 de setembro de 2015

A Administração

www.casacreditopopular.pt

Ligue Grátis 800 208 186

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE

LISBOA OESTECascais - Instância Local

- Secção Cível(Unidade Orgânica 1)

Processo: 2803/15.2T8CSC

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Maria Piedade DuarteFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerida Maria Piedade Duarte, fi lha de João Jesus Duarte e de Maria José Alves, nascida em 02-12-1935, concelho de São João da Pesqueira, freguesia de Riodades (São João da Pesqueira), domicílio: Casa do Alecrim, R. Joa-quim Miguel Serra Moura, n.º 256, Alapraia, 2765-029 Estoril, para efeito de ser decretada a sua inter-dição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 92676449

Cscais, 21-09-2015

A Juíza de DireitoDr.ª Maria Madalena Martins Lopes

A Ofi cial de JustiçaClara Martins

Público, 23/09/2015

COMARCADE LISBOA

Seixal - Inst. Local- Secção Cível - J1

Processo: 1913/15.0T8SXL

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Sandra Helena Garcia BarrosFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Sandra Helena Garcia Barros, com residência na Praceta Joaquim Batista Pe-reira, n.º 8, 2.º Esq.º, Amora, 2845-431 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 339101372

Seixal, 17-09-2015

A Juíza de DireitoLaura Maria Dias Godinho

Ribeiro RaçõesA Ofi cial de Justiça

Maria José Ferreira Almeida

Público, 23/09/2015

COMARCADE LISBOA

Seixal - Inst. Local- Secção Cível - J2

Processo: 1949/15.1T8SXL

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Catarina Sofi a Ca-macho FonsecaFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Catarina Sofi a Camacho Fonseca, com resi-dência em domicílio: Av.ª José Afonso, n.º 88, Cave Esq.ª, Cavaquinhas, 2840-736 Seixal, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 339151461

Seixal, 18-09-2015

A Juíza de DireitoDr.ª Célia CraveiroA Ofi cial de Justiça

Maria de Fátima Sousa

Público, 23/09/2015

Eleição dos Deputados à Assembleia da República 2015O Partido Popular Monárquico vem, nos termos e para os efeitos do n.º 4 do artigo 21.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 55/2010, de 24 de dezembro, comunicar que constitui Mandatá-rio Financeiro nacional Tânia Trindade Roldão Geraldes Tomás.

O Presidente da Comissão Política Nacional do PPMPaulo Estêvão

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

AVISOTorna-se público que por despacho da Secretária-Geral do Tribunal Constitucional, de 14 de setembro de 2015, exarado no uso de competências delegadas, foi retifi cado o Aviso n.º 9053/2015, de 17 de agosto, que procedeu à abertura de procedimento concursal comum para preen-chimento de um posto de trabalho na carreira e catego-ria de técnico superior do mapa de pessoal do Tribunal Constitucional (Núcleo de Apoio Documental e Infor-mação Jurídica), na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, conforme Declaração de retifi cação n.º 829/2015, publicada no Diá-rio da República n.º 185, 2.ª Série, de 22 de setembro.É concedido o prazo suplementar de dez dias úteis, a contar da data da publicação da referida Declaração de retifi cação no Diário da República, para apresentação de candidaturas que reúnam os requisitos de admissão previstos naquele Aviso, salvaguardando-se todas as que foram apresentadas no prazo por ele concedido.22 de setembro de 2015

A Secretária-Geral do Tribunal ConstitucionalManuela Baptista Lopes

CONHEÇA AS NOSSAS COLECÇÕES DE FILMES & SÉRIES

MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010

CENTRO COMERCIAL COLOMBOAVENIDA DAS ÍNDIAS (PISO 0, JUNTO À PRAÇA CENTRAL)HORÁRIO: 2.ª FEIRA – DOMINGO: 10H – 24H

EDIFÍCIO DIOGO CÃODOCA DE ALCÂNTARA NORTE, LISBOA(JUNTO AO MUSEU DO ORIENTE)HORÁRIO: 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H SÁBADO: 11H – 17H

INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010

CENTRO COMERCIAL COLOMBOAVENIDA DAS ÍNDIAS (PISO 0, JUNTO À PRAÇA CENTRAL)HORÁRIO: 2.ª FEIRA – DOMINGO: 10H – 24H

Page 36: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

36 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

SAIR

CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Sem Saída 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Jackie e Ryan M12. 13h35; Ricki e os Flash M12. 15h25, 17h35, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 15h20, 17h30, 19h40; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 19h15, 21h50; O Presidente 19h35; Dior e Eu M12. 13h30, 17h25; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h35, 15h30 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h40, 15h35, 17h40, 19h45, 21h45, Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 14h, 18h; Homem Irracional M12. 16h15, 20h15, 22h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Mínimos M6. 17h45 (V.P.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h25, 15h30, 17h25, 19h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h20, 17h35, 21h45, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 13h25, 19h50, 00h25; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h 18h45, 17h20, 19h20, 21h30, 21h50, 00h10, 00h30; Divertida-mente 15h35 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 17h45, 21h55; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h30 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 13h35, 19h55, 00h15; Homem Irracional M12. 13h45, 15h40, 17h45, 19h40, 22h, 00h05; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 00h20; Hitman: Agente 47 13h40, 00h20; A Visita M16. 13h30, 15h25, 20h, 21h55, 24h; A Família Bélier M12. 15h25, 17h30, 21h50; Outro/Eu M12. 19h35 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996Transporter: Potência Máxima M12. 16h, 18h20, 20h45; Homem Irracional M12. 16h40, 19h, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h40, 21h30; Sem Saída 16h20, 18h50, 21h20; A Família Bélier M12. 17h, 19h25, 21h55; Mínimos M6. 15h40, 18h (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h30, 17h40; A Visita M16. 16h50, 19h10, 21h50; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h20 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 17h20, 21h30; Hitman: Agente 47 16h30, 21h45; Ricki e os Flash M12. 18h55; O Pátio das Cantigas M12. 16h10, 21h; Férias M12. 18h45; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 16h05 (V.Port.); Vontade de Vencer M12. 18h10, 21h25 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Homem Irracional M12. 13h, 15h30, 18h, 21h20, 23h40; A Visita M16. 13h20, 15h50, 18h20, 21h40, 23h55; Ricki e os Flash M12. 13h40, 16h10, 18h40, 21h, 23h20; A Família Bélier M12. 20h50, 23h35; Sexo, Amor e Terapia M12. 13h10, 15h20, 17h30; O Pátio das Cantigas M12. 21h10, 23h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h, 18h10 (V.P.); Dior e Eu M12. 18h50; Masaan M12. 12h50, 15h40, 21h30, 24h; O Rosto da Inocência M16. 13h30, 16h20, 21h50, 00h10; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 18h30 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Hitman: Agente 47 00h25 ; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h20, 17h25 (V.P.); O Outro Lado do Sexo 13h25, 15h50, 21h15,

23h45; O Pátio das Cantigas M12. 18h10; Homem Irracional M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h45, 00h10; Sem Saída 12h55, 15h30, 18h, 21h50, 00h25 ; Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h40, 18h35, 21h30, 00h30; A Visita M16. 15h15, 15h55, 18h20, 21h, 23h40; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h05, 15h45, 21h05, 00h20; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h30; Transporter: Potência Máxima M12. 13h, 15h35, 18h15, 21h10, 24h; Sala Imax: 13h30, 16h05, 18h45, 21h40, 00h35 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Sem Saída 12h50, 15h20, 17h30, 22h, 00h30; Mínimos M6. 13h30 (V.P.); A Visita M16. 15h40, 18h20, 21h20, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 23h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 16h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h30, 17h40, 20h, 22h10, 00h40; Homem Irracional M12. 13h40, 16h10, 18h30, 21h, 23h40 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200Cool and Crazy 15h30; Drácula, Príncipe das Trevas 15h30; Amateur 21h30; Cool and Crazy on the Road 22h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Homem Irracional M12. 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 15h05, 17h20, 19h40, 22h; Dior e Eu M12. 19h45; O Rosto da Inocência M16. 11h40, 13h40, 15h40, 17h40, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h50; A Visita M16. 11h50, 13h50, 15h50, 17h50, 21h50 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362O Meu Tio M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30 São JorgeAv. da Liberdade, 175. T. 213103402Queer Lisboa - Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Jackie e Ryan M12. 19h25, 00h20; O Pátio das Cantigas M12. 14h15, 16h40, 21h50; Mínimos M6. 13h50 (V.P.); A Visita M16. 14h20, 16h50, 19h15, 21h25, 23h50; Transporter: Potência Máxima M12. 16h05, 19h20, 00h25; A Ovelha Choné - O Filme M6. 14h10, 16h25 (V.P.); Sexo, Amor e Terapia M12. 18h45,21h35, 23h45; A Família Bélier M12. 14h, 16h45, 19h10, 21h40, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 16h20, 19h05, 21h45, 00h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h55, 19h10, 21h45; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h45, 16h35, 21h40, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 16h50, 00h25; O Jovem Prodígio T.S. Spivet M12. 19h15; Rio Perdido M12. 14h25, 16h35, 19h20, 21h55, 00h05; O Rosto da Inocência M16. 14h05, 16h25, 18h50, 21h25, 23h45; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h35, 24h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h40, 16h20, 19h05, 21h50, 00h30; Sem Saída 13h50, 16h10, 18h55, 21h30, 23h50; Ricki e os Flash M12. 14h10, 16h30, 18h55, 21h30, 23h55

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996A Visita M16. 13h10, 15h35, 18h30, 21h40, 24h; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h30, 23h50; Sem Saída 13h, 16h, 18h50, 21h50, 00h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h25, 18h20, 21h15, 00h10; Férias M12. 20h50, 23h20; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h30, 16h10, 18h40; O Outro Lado do Sexo 12h50, 15h20,

Homem IrracionalDe Woody Allen. Com Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey. EUA. 2015. 95m. Drama, Thriller. M12. O professor de Filosofi a Abe

Lucas está numa fase difícil. Ao

mudar-se para uma nova cidade,

onde vai integrar o Departamento

de Filosofi a da Universidade

de Braylin, acaba por se ver

emocionalmente envolvido com

duas mulheres muito diferentes:

uma professora que apenas

deseja libertar-se da infelicidade

do casamento; e uma aluna

inteligente que se sente atraída

pela sua aura de sabedoria e

desespero algo existencialista. Mas

a vida de Abe muda quando ouve

a conversa de uma desconhecida...

MasaanDe Neeraj Ghaywan. Com Richa Chadda, Sanjay Mishra, Vicky Kaushal. FRA/Índia. 2015. 109m. Drama. M12. Personagens de diferentes castas

cruzam-se em Varanasi (Índia),

a cidade sagrada dos hindus.

Piyush e Devi estão num encontro

fortuito num quarto de hotel.

Deepak é um jovem que trabalha

na cremação de cadáveres

e que se sente inferiorizado

devido à condição social. Estas

duas histórias decorrem em

simultâneo com a de Jhonta, um

pequeno órfão que apenas deseja

encontrar uma família a que

possa chamar sua.

Maze Runner: Provas de FogoDe Wes Ball. Com Dylan O’Brien, Kaya Scodelario, Thomas Brodie-Sangster. EUA. 2015. 131m. Thriller, Ficção Científica. Depois de conseguirem escapar

do labirinto onde se encontraram

presos sem explicação, Thomas

e os seus companheiros de

cativeiro têm de encarar uma

realidade diferente, mas nem por

isso menos assustadora...

O Outro Lado do SexoDe Josh Lawson. Com Bojana Novakovic, Damon Herriman, Josh Lawson. Austrália. 2014. 96m. Comédia. Cinco casais lutam por manter

acesa a chama da sua vida íntima:

Paul é um fetichista que descobre

que a mulher tem a fantasia de

ser violada por um estranho; Evie

e Dan tentam salvar o casamento

com jogos sexuais; Phil evita

qualquer tipo de aproximação

com a sua companheira de anos;

Rowena não consegue encontrar

prazer na sua relação com

Richard até ao dia em que o vê

chorar; e Sam é um artista surdo

que usa um serviço de tradução

de língua gestual para interpretar

uma chamada erótica...

O Rosto da InocênciaDe Michael Winterbottom. Com Cara Delevingne, Kate Beckinsale, Daniel Brühl. ITA/GB/ESP. 2014. 101m. Drama. M16. O cineasta Thomas Lang é

contratado para adaptar a obra da

jornalista Simone Ford que relata

o julgamento de Jessica Fuller pelo

homicídio de Elizabeth Pryce,

violada e esfaqueada numa casa

que partilhavam em Itália. Para que

ele se “situe“ no caso e na polémica

que gerou no mundo inteiro,

Simone leva-o ao lugar onde tudo

aconteceu. Mas, durante a visita,

Thomas começa a pôr em causa

não apenas as motivações de todos

os que o rodeiam, mas também as

suas próprias.

Rio PerdidoDe Ryan Gosling. Com Christina Hendricks, Iain De Caestecker, Matt Smith. EUA. 2015. 95m. Drama. M12. Numa cidade devastada, Billy

esforça-se por sobreviver com

os dois fi lhos. Para conseguir

dinheiro para manter a casa

de família, vê-se obrigada a

trabalhar numa discoteca

decadente, onde tem de dar vida

às fantasias mais grotescas dos

seus clientes. Revoltado, o fi lho

mais velho decide aventurar-se

na descoberta de uma mítica

cidade submersa...

Sem SaídaDe John Erick Dowdle. Com Pierce Brosnan, Owen Wilson. EUA. 2015. 103m. Thriller. Quando Jack é convidado para

um cargo numa empresa no

Sudeste da Ásia, encontra aí a

oportunidade por que ansiava

para iniciar uma nova vida com

a sua mulher e fi lhas. Porém,

pouco depois de se instalarem,

dão-se conta de que algo está para

acontecer. Quando, na manhã

seguinte, Jack vai à rua, vê-se

subitamente envolvido numa

insurreição chefi ada por rebeldes

armados que não se coíbem de

executar todos os estrangeiros...

Em [email protected]@publico.pt

17h45, 21h, 23h30; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h15; Ricki e os Flash M12. 12h50, 15h25, 17h55, 21h15, 23h45; O Pátio das Cantigas M12. 12h40, 15h15, 18h, 20h50, 23h30; Homem Irracional M12. 13h05, 16h05, 18h45, 21h05, 23h55; A Família Bélier M12. 17h20, 20h45, 23h20; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h10, 15h15 (V.Port.); Jackie e Ryan M12. 18h55; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h50, 21h25, 00h05; Mínimos M6. 13h20,15h55, 18h20 (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 20h45, 23h15; Hitman: Agente 47 12h55, 15h45,18h15, 21h10, 24h

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Quarteto Fantástico M12. 13h15; O Pátio das Cantigas M12. 15h15, 17h25, 19h35, 21h45, 00h10; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h30, 21h55, 00h20; Ricki e os Flash M12. 13h30, 17h45, 19h55, 21h55; Homem Irracional M12. 13h50, 15h50, 17h55, 19h55, 22h00, 00h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h, 17h20, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h30, 21h40; Hitman: Agente 47 15h35; A Visita M16. 20h, 22h10, 00h15; Transporter: Potência Máxima M12. 13h40, 17h35, 19h45, 21h50, 23h55; Férias M12. 00h30; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h35, 15h30, 17h20 (V.P.); Insidious: Capítulo 3 M16. 00h25 ; Mínimos M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (V.P.); Hitman: Agente 47 13h25, 00h05; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h25 (V.P.); Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 17h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 15h55, 17h50 (V.P.); Sem Saída 13h35, 15h40, 19h35, 21h35, 23h50 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Transporter: Potência Máxima M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h45; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 19h05, 21h50; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h35, 16h15, 21h45; Hitman: Agente 47 19h10; Sem Saída14h15, 16h35, 19h15, 21h40; Rio Perdido M12. 13h45, 16h05, 18h50, 21h25; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h35, 15h50 (V.P.); Vontade de Vencer M12. 18h45; O Pátio das Cantigas M12. 19h05, 21h40; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 14h05, 16h20 (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h30; A Visita M16. 14h10, 16h40, 19h15, 21h55; Mínimos M6. 13h40, 16h, 18h30 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h35; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 16h10, 18h45 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 21h25, 23h50; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h15; A Visita M16. 13h30, 16h, 21h40, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 20h50, 23h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h30, 17h40; Sem Saída 12h40, 15h10, 17h50, 21h10, 23h50; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h40, 18h, 21h, 23h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Mínimos M6. 13h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h50, 18h30, 21h05, 23h40; Homem Irracional M12. 12h50, 15h05, 17h30, 21h30, 00h10

Homem Irracional

Page 37: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 37

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Bando de Raparigas mmmmm mmmmm mmmmm

Dior e Eu mmmmm – mmmmm

Homem Irracional mmmmm mmmmm –Dior e Eu mmmmm – mmmmm

Jackie & Ryan – mmmmm –As Mil e uma Noites: O Inquieto mmmmm mmmmm mmmmm

O Presidente mmmmm mmmmm mmmmm

O Rio Perdido mmmmm – –O Rosto da Inocência – mmmmm –A Visita mmmmm mmmmm –

Sintra

Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20, 17h15(V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 17h30, 16h, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50; A Família Bélier M12. 17h30, 19h35, 21h45; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h35, 17h20 (V.P.); Homem Irracional M12. 15h30, 17h35, 19h30, 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05, 21h45; Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 20h10; Ricki e os Flash M12. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h55; Mínimos M6. 15h30(V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 17h50; Transporter: Potência Máxima M12. 15h55, 20h, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Homem Irracional M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h50; O Outro Lado do Sexo 15h20, 17h20, 21h45; Mínimos M6. 15h (V.P.); Hitman: Agente 47 21h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h30, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 18h20, 21h20; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h15; Vontade de Vencer M12. 17h, 19h

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Ricki e os Flash M12. 12h55, 15h25, 18h05, 21h10, 23h40; Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h; A Visita M16. 13h10, 15h35, 21h35, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 21h25, 00h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h05, 15h20, 18h20 (V.P.); Transporter: Potência Máxima M12. 13h15, 15h40, 18h15, 21h20, 23h45; Homem Irracional M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h40, 00h05; Sem Saída 13h25, 15h55, 18h25, 21h15, 23h50

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h20, 15h20,17h20, 19h15 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h20; Mínimos M6. 13h, 15h (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 19h, 21h30; Vontade de Vencer M12. 17h; Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h25, 17h30, 19h35, 21h40

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h10; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 14h30 (V.P.); Hitman: Agente 47 21h20; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 16h20, 18h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h, 17h (V.Port.); Vontade de Vencer M12. 19h; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h30, 21h30; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h45; Mínimos M6. 15h10, 17h10 (V.Port.); O Pátio das Cantigas M12. 19h10, 21h35; Sem Saída 15h40, 18h40, 21h40

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212

Homem Irracional M12. 13h20, 15h50, 18h10, 21h30, 23h45; A Visita M16. 13h30, 16h, 18h30, 21h40, 23h50; O Pátio das Cantigas M12. 21h25, 23h55; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h, 15h10, 17h15, 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h40, 18h, 21h05, 23h35; Maze Runner: Provas de Fogo 12h40, 15h30, 18h20, 21h15, 00h05

TEATROLisboa@ RibeiraR. Ribeira Nova, 44 - Cais Sodré. T. 915341974 Ró-Ró, Passadas, Eu Não De Samuel Beckett. Grupo: Teatro Língua. Enc. Miguel Sopas. De 16/9 a 27/9. 4ª a Dom às 22h. M/12. Duração: 60m. Espaço KarnartAvenida da Índia, 168 (Belém). T. 213466411 Hermaphrodita De Eugénio de Castro (a partir). Comp.: Karnat. De 7/9 a 30/9. 2ª a 6ª às 16h. Sáb e Dom às 16h e 19h. Hospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. De 11/9 a 17/10. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. M/18. Duração: 90m. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 As Raposas De Lillian Hellman. Enc. João Lourenço. A partir de 11/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (na Sala Azul). M/12. Teatro da CornucópiaRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Hamlet De William Shakespeare. Enc. Luis Miguel Cintra. Mús. Teatro da Cornucópia. De 18/9 a 17/10. 4ª às 19h. De 18/9 a 18/10. 6ª e Sáb às 20h. De 18/9 a 17/10. Dom às 16h. M/12. Duração: 240m. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Jogadores De Pau Miró. Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 23/9 a 24/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Sete Pecados Mortais ou As Técnicas de Legítima Defesa - bloqueios, retenções e alavancas De Miguel Castro Caldas. Comp.: Gato que Ladra. Enc. Rute Rocha. De 10/9 a 4/10. 4ª a Sáb às 21h45. Dom às 17h (na Sala Estúdio). M/12. Duração: 60m.

Teatro do BairroRua Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 Se Eu não Fechar os Olhos Enc. Miguel Graça. De 23/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 19h. M/16. Teatro MeridionalR. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245 António e Maria De António Lobo Antunes. Comp.: Teatro Meridional. Enc. Miguel Seabra. De 9/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Duração: 75m. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Agamémnon Enc. Tiago Rodrigues. De 23/9 a 27/9. 4ª às 19h. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h (na Sala Garret). Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 23/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 24/9 a 25/10. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Duração: 100m. Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 O Contrabaixo De Patrick Süskind. Grupo: O Teatro/Conservatório de Música de Coimbra. Enc. António Mercado. De 17/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Duração: 60m.

BatalhaAuditório Municipal da BatalhaR. Infante D. Fernando. T. 244769110 Fardo De Ángel Fragua, Noelia Domínguez, Sérgio Agostinho, Hernán Gené. Comp.: Peripécia Teatro. Dia 23/9 às 21h30 (20.º Acaso - Festival de Teatro). M/12. Duração: 75m.

EXPOSIÇÕESLisboaArquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 (Ante) Câmara - Negativo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Objectos. (Ante) Câmara - Processo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Documental.

Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho. Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Os Testamentos de Orpheu De Pedro Proença. De 26/3 a 26/9. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Desenho, Pintura. Estação Roma-AreeiroAvenida Frey Miguel Contreiras. T. 0 A Ponte Que nos Liga De 4/9 a 30/9. 2ª a 6ª das 05h às 01h30. Sáb, Dom e feriados das 05h30 às 00h50. Fotografia. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria Torreão Nascente da Cordoaria NacionalAvenida da Índia - Edifício da Cordoaria Nacional. T. 213646128 A ONU em Imagens - 70 Anos de História De 4/9 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fotografia. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 20h (Horário de Verão), das 09h às 18h (Horário de Inverno). Botânica. Jardim Botânico Tropical Largo dos Jerónimos - Belém . T. 213637023 Pato Mudo A partir de 25/10. Todos os dias 24h. Instalação, Azulejo. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. LX FactoryRua Rodrigues Faria, 103. T. 213143399 Oxalá. Antes e Depois do Samba De Elisabete Maisão. De 17/9 a 1/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 15h às 19h Na studioteambox. Fotografia. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Hotel Globo De Mónica de Miranda. De 4/7 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Instalação, Vídeo. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura. Mude - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 TAP Portugal: Imagem de Um Povo De vários autores. De 15/7 a 1/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design, Objectos. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (horário de Inverno), das 10h às 20h (horário de Verão). Design. Exposição permanente. Museu Colecção BerardoPraça do Império - Centro Cultural de Belém. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Novo Banco Photo 2015 De Ângela Ferreira, Ayrson Heráclito, Edson Chagas. De 17/6 a 11/10. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Fotografia, Outros. O Olhar do Coleccionador De vários autores. De 20/5 a 27/9. 3ª a Dom das

10h às 19h (Última entrada 18h30). Pintura, Escultura, Fotografia. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Sáb às 16h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Design, Outros. Exposição Permanente. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Sáb das 14h às 18h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Objectos, Outros. Exposição Permanente. Museu de Lisboa – Santo AntónioLargo de Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Namban De Luís Cohen Fusé. De 3/7 a 27/9. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura, Escultura. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Encerra 1 de Janeiro e 25 de Dezembro. Objectos, Outros. Museu Nacional de ArqueologiaPraça do Império - Edifício dos Jerónimos. T. 213620000 Antiguidades Egípcias A partir de 18/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra de 30 de Dezembro a 2 de Janeiro). Joalharia, Arqueologia, Objectos, Outros. Exposição permanente. Quem nos Escreve Desde a Serra De 30/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Objectos, Documental. Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes. T. 213912800 Aqua. Faianças da Colecção do MNAA De 18/6 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Cerâmica, Desenho. Luca Cambiaso e o seu Círculo De 7/7 a 18/10. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. Escola Politécnica, 58/60. T. 213921800 A Aventura da Terra: um Planeta em Evolução A partir de 19/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h (última admissão às 16h). Sáb e Dom das 11h às 18h (última admissão às 17h). Ciência, Outros. Draperies De João Castro Silva. De 3/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação. Francisco Arruda Furtado (1854-1887), Discípulo de Darwin De 6/3 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 17h (Última entrada 16h30). Sáb e Dom das 11h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Desenho. Jóias da Terra - O Minério da Panasqueira A partir de 1/8. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência. Memórias da Politécnica - Quatro séculos de Educação, Ciência e Cultura De 16/2 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Outros. Primário #2 De Nuno Delmas. De 10/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros.

É no palco do Teatro Municipal São Luiz que Filipe Pinto-Ribeiro inaugura a rota internacional de apresentação de Piano Seasons, o novo trabalho. A data de hoje não foi escolhida ao acaso: corresponde ao Equinócio de Outono. Harmoniza-se assim com o tema do disco, que é inspirado nas estações do ano.

O pianista passeia-se por peças de compositores como Tchaikovsky ou Piazzolla, e estreia mundialmente a obra que lhe foi dedicada por Eurico Carrapatoso, Quatro últimas estações de Lisboa. O concerto está marcado para as 21h, na Sala Principal do teatro. O preço dos bilhetes varia entre 12€ e 15€.

Estações do (pi)ano em LisboaRITA CARMO

Page 38: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

38 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Se Eu não Fechar Os Olhos, com texto e encenação de Miguel Graça, está em cena no Teatro do Bairro

DR

SAIRMuseu Nacional do AzulejoRua Madre de Deus, 4. T. 218100340 A Arte Interior. Siza Vieira e o Desenho de Objectos De 17/7 a 15/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Objectos, Design, Arquitectura. Exposição Permanente A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Azulejo, Documental. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Tempos de Dança. Evocação do Estúdio-Escola de Dança Clássica de Anna Mascolo De 29/4 a 30/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Fotografia. Museu Nacional dos CochesPraça Afonso de Albuquerque. T. 213610850 Exposição Permanente de Coches Reais A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Objectos, Documental. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Núcleo de Interpretação da Muralha de D. DinisLargo de S. Julião. T. 213213240 Exposição Permanente de Interpretação da Muralha de D. Dinis A partir de 3/2. 4ª a Sáb das 10h às 18h. Documental, Objectos. Núcleo Museológico do Castelo de São JorgeCastelo de São Jorge. T. 218800620 Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge A partir de 18/12. Todos os dias das 09h às 18h (Horário de Inverno; última admissão às 17h30), das 09h às 21h (Horário de Verão; última admissão às 20h30). Arqueologia. Exposição Permanente. Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Florestas Submersas De Takashi Amano. De 22/4 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h Horário de Verão. Última entrada às 19h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. A partir de 22/4. Todos os dias das 10h às 19h

(piano). Dia 23/9 às 21h (na Sala Principal. M/6). Apresentação de “Piano Seasons”.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Ciclo de Fado De 2/9 a 30/9. 4ª às 22h (Lounge D). Com Ana Sofia Varela e Salvador Taborda (dias 2 e 16), Liliana Luz e Francisco Sobral (dias 9 e 23), Teresa Brum e Gonçalo Castelbranco (dia 30).

FESTIVAISLisboaGoethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Festival Cantabile 2015 - A Arte da Música de Câmara De 22/9 a 27/9. 3ª a Dom. 6.ª edição.

PêraPêraSilves. Fiesa 2015 - XIII Festival Internacional de Escultura em Areia De 16/9 a 20/10. Todos os dias às 10h. Informações e reservas: 969459259 / 282317084 / [email protected]

SantarémSantarémSantarém. FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude De 18/9 a 27/9. Todos os dias (em vários espaços). Informações: 914658455, 919898408 ou [email protected].

DANÇA VilamouraCasino de VilamouraPraça Casino de Vilamoura. T. 289310000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 2/9 a 30/9. 4ª e 5ª às 20h30 (jantar) e 22h30 (espectáculo).

FESTAS E FEIRASLisboaMartim MonizLargo Martim Moniz. Mercado de Fusão do Martim Moniz A partir de 1/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 10h às 22h (food court). 6ª e Sáb das 10h às 00h (food court). Sáb e Dom das 10h às 19h (Feira/Mercado Fusão). Mais informações: [email protected] e [email protected]

AmadoraParque Delfim GuimarãesVenteira. Mercado Agrobio da Amadora A partir de 3/10. 4ª das 16h às 20h.

CacilhasCacilhas Mercado Biológico de Almada A partir de 1/1. 4ª das 14h às 20h. Junto ao chafariz da Rua Cândido dos Reis.

Santa CruzSanta CruzTorres Vedras. Onda de Verão 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.

TaviraTavira Verão em Tavira 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.

SAIRHorário de Inverno. Última entrada às 18h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. Instalação, Ciência. Pavilhão de PortugalAlameda dos Oceanos - Parque das Nações. T. 218919898 A Cidade Imaginada De 28/5 a 30/9. Todos os dias das 10h às 18h. Documental, Arquitectura. Pavilhão do Conhecimento - Ciência VivaAlameda dos Oceanos, Lote 2.10.01 - Parque das Nações . T. 218917100 A Casa Inacabada De Cité des Sciences et de l Industrie de Paris. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Explora De Exploratorium de São Francisco. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Loucamente: uma exposição sobre o bem-estar da mente De 30/10 a 30/9. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Documental, Crianças, Objectos. Mulheres na Ciência De Luísa Ferreira. De 8/3 a 8/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Fotografia. Vê, Faz, Aprende! De Techniquest e Heureka. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Perve Galeria de AlfamaR. Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 7+5=1 De vários autores. De 1/9 a 3/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura, Escultura. Antologia de Martins Correia De 17/9 a 24/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Escultura. Praça do Comércio (Terreiro do Paço)T. 0 A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. artEUSEBIOheart De Eugénio Silva. De 7/8 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h No Torreão Poente. Desenho, Ilustração. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Que Grande Pouca-Vergonha (Morde com

Todos os Dentes Que Tens na Língua) De Sofia Areal. De 23/9 a 24/10. 3ª a 6ª às 17h até ao final do espectáculo. Sáb às 15h até ao final do espectáculo. Pintura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos. SyntaxRua Feio Terenas, 23. T. 912325052 Nocturnal Measurements and The Invisible State of Shine De Katarína Poliaciková, Nikolai Nekh. De 18/9 a 24/10. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação.

MÚSICALisboaFundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Solistas do Festival Cantabile Com Sebastian Manz (clarinete), Barnabás Kelemen (violino), Katalin Kokas (violino), Laszlo Fenyö (violoncelo), Ricardo Ramos (fagote), Kenneth Best (trompa), Manuel Rêgo (contrabaixo). Dia 23/9 às 19h (no Grande Auditório. Festival Cantabile 2015). Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Septeto do Hot Clube de Portugal Dia 23/9 às 22h30 e 24h. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24 - Cais do Sodré. T. 213430107 Yardangs + We Bufalo + God Hates a Coward Dia 23/9 às 22h. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Filipe Pinto-Ribeiro Com Filipe Pinto-Ribeiro

FARMÁCIAS

Lisboa/Serviço PermanenteCurie (Palhavã) - Av. Madame Curie, 15 - A - Tel. 217270194 Jaime Matos (Igreja dos Anjos(Alm. Reis)) - Rua Álvaro Coutinho, 8 - 10 - Tel. 218121671 Linaida (Campo de Ourique) - Rua Ferreira Borges, 42 - 48 - Tel. 213952641 Reis Oliveira (Olivais Sul - C. G. D. e B. B. & I.) - R. Cidade de Nampula - Ed. París - Lt. 534 - Tel. 218533696 Vieira Borges (Rato - Marquês de Pombal) - Rua Alexandre Herculano, 28 - 30 - Tel. 213140536 Planalto (Lumiar) - Rua Frederico George, nº 31 - Tel. 213462350

Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Belo Marques Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Matos Coelho Aljustrel - Dias Almada - Pragal, Rainha Santa (Cova da Piedade) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Aurea Alpiarça - Leitão Alter do Chão - Alter, Portugal

(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Confiança (Damaia), Carenque (Mina) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Parreira Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Miguel Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Perdigão Campo Maior - Central Cartaxo - Correia dos Santos Cascais - Cascais, das Areias (Estoril), São Domingos de Rana (S. Domingos de Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho

(Castanheira) Castelo Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - António Lucas Estremoz - Grijó Évora - Misericórdia Faro - Palma Batista Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Silva Leiria - Higiene Loulé - Nobre Passos (Almancil), Avenida Loures - Paula Costa, Tojal Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Caré (Ericeira), Medeiros (Fânzeres) Marinha Grande - Sta. Isabel

Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Nova Fátima (Baixa da Banheira) Monchique - Moderna Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Freitas (Lavre/Montemor-O-Novo) Montijo - Nova Montijo Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Ferreira da Costa Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Codivel, Cruz Correia Oeiras - Miramar, Varela Baião, Alto da Barra Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Fonseca (Atouguia), Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Galiano (Quinta do Anjo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Higiénica Pombal - Paiva Ponte de Sor - Cruz Bucho Portel - Misericordia Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de

Monsaraz - Martins Rio Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Verissimo Santiago do Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Novais Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Leão Setúbal - Marques, Monte Belo Silves - Guerreiro Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Rico (Agualva), Claro Russo (Mercês), Zeller (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Maria Aboim Tomar - Misericórdia Torres Novas - Palmeira Torres Vedras - Calquinha (Carvoeiro-Runa) Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Raposo, Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Moderna Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia

Page 39: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 39

FICAR

CINEMAStarman - O Homem das Estrelas [Starman]TVC3, 20h35Filme de fi cção científi ca de

John Carpenter onde Jeff Bridges

interpreta o papel de um

alienígena que vem à Terra e

cria um corpo humano a partir

do ADN de um fi o de cabelo.

Acontece que o cabelo era do

marido morto de uma jovem

mulher, com quem vai criar uma

ligação. Juntos vão atravessar os

Estados Unidos em busca do local

onde se encontra a nave.

A Pantera Cor-de-Rosa 2 [The Pink Panther 2]FOX Movies, 21h15Depois da recompensa por ter

resolvido o último mistério, o

inspector-chefe Dreyfus começou

a destacar o desastrado inspector

francês Jacques Clouseau para

tarefas menores. Mas quando o

famoso diamante cor-de-rosa volta

a ser roubado, Dreyfus é obrigado

a incluir Clouseau na equipa,

constituída pelos melhores

detectives e especialistas

do mundo e destacada para

recuperar os objectos roubados.

É a oportunidade de Clouseau

mostrar os seus talentos além-

fronteiras.

O Último Samurai [The Last Samurai]Hollywood, 21h30O Capitão Nathan Algren (Tom

Cruise) é um homem que entrou

numa espiral de autodestruição.

As batalhas que travou no

passado, pelas quais arriscou

a sua vida, parecem agora

fúteis e distantes. Os interesses

substituíram a honra, o sacrifício

e a coragem. Num país muito

distante – o Japão – um outro

soldado vê também a sua vida

a desmoronar-se. O seu nome

é Katsumoto, o último de uma

antiga linhagem de guerreiros,

os samurais, que dedicaram as

suas vidas a servir o imperador

e o país. E os seus caminhos vão

cruzar-se.

Um Quente Agosto [August: Osage County]TVC1, 17h10 e 1h10Agosto, Osage County (EUA).

Esta é a história dos Weston,

uma família disfuncional que

se reúne devido ao estranho

desaparecimento do patriarca. À

medida que os dias passam e eles

são forçados a uma convivência

imposta pelas circunstâncias,

tudo vem ao de cima: as crises,

os ciúmes, os ressentimentos e as

fragilidades de cada um. Porém,

no meio de tudo isso, haverá

espaço para reencontrar o amor

que, apesar de tudo, ainda teima

em uni-los...

MAGAZINE

Curtas às QuartasTVC2, 21h00Estreia. Espaço unicamente

dedicado a curtas-metragens,

onde os realizadores são

convidados a falar sobre os

próprios fi lmes. No primeiro

episódio, Filipa Reis e João Miller

Guerra falam sobre as suas

curtas, que têm a característica

de abordar temas da sociologia

urbana. Os bairros sociais e os

seus habitantes são presença

constante nos fi lmes dos

realizadores, retratando os mais

desfavorecidos, caso de Nada

Fazi (2015) e Bela Vista (2012),

sobre os bairros de Casal da

Boba (Amadora) e Bela Vista

(Setúbal); de Fragmentos de Uma

Observação Participativa (2013),

sobre a comunidade brasileira

em Portugal; e de Fora da Vida

(2015).

Contentor 13RTP2, 22h55Inicialmente dedicado a

escritores, o programa realizado

por Pedro Miguel Rocha faz

agora uma viagem ao mundo

das artes plásticas. Ao longo dos

episódios, os diferentes artistas

falam sobre o seu percurso, obras,

processo criativo e projectos.

Este apresenta Horácio Frutuoso,

artista plástico do Porto. Nasceu

em 1991 e licenciou-se em Artes

Plásticas pela Faculdade de

Belas-Artes da Universidade do

Porto, que lhe atribuiu o Prémio

Aquisição de Artes Plásticas

2012/2013. Expõe regularmente

desde 2009, colabora com outros

artistas e tem especial interesse

pela pintura e performance.

DESPORTO

Futebol: Liga EspanholaSPTV1, 20h00 | Atl. Bilbau x Real

Madrid

O Grande Mestre, RTP2, 23.32

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.21 Os Nossos Dias 15.03 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.00 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 19.22 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.08 Bem-vindos a Beirais 21.55 Quem Quer Ser Milionário - Alta Pressão 22.56 Portugueses pelo Mundo - Tunes (Tunísia) 23.50 Sob Suspeita 00.43 Os Seguidores 1.32 Jikulumessu 3.02 Os Nossos Dias

RTP 27.00 Zig Zag 11.10 Desalinhado 13.16 Johnson 14.00 Sociedade Civil 15.05 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.08 Zig Zag 19.30 Campeonato do Mundo de Ciclismo de Estrada - Directo 21.00 Jornal 2 21.41 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 22.02 Fortitude 22.55 Contentor 13 - Horácio Frutuoso 23.32 Filme: O Grande Mestre 1.30 Cinemax Curtas 2.12 Euronews

SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Duas Caras 15.45 Grande Tarde 18.40 Babilónia 19.00 Tempo de Antena 19.30 Alto Astral 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.20 Totoloto 22.25 Poderosas 23.10 A Regra do Jogo - Estreia 00.00 Império 00.50 Investigação Criminal 1.30 Investigação Criminal Los Angeles 2.35 Podia Acabar o Mundo

TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 15.12 Feitiço de Amor 16.00 A Tarde é Sua 19.00 Campanha Eleitoral 19.27 Cristina 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.30 Jardins Proibidos 23.32 Fascínios 00.50 Ora Acerta 2.00 Dr. House 2.53 Filme: Red Faction - Origens 4.27 Filha do Mar

TVC19.55 Um Amor de Cão 11.25 Need for Speed: O Filme 13.35 Savannah 15.25 100% Cachemira 17.10 Um Quente Agosto 19.15 Need for Speed: O Filme 21.30 Uma Entrevista de Loucos 23.30 Lovelace 1.10 Um Quente Agosto 3.15 Uma Entrevista de Loucos 5.15 Lovelace

FOX MOVIES9.47 Os Miseráveis 11.56 O Primeiro Cavaleiro 14.05 O Homem da Máscara de Ferro 16.08 Sinais 17.48 Louca por Compras 19.29 O Dilema 21.15 A Pantera Cor-de-Rosa 2 22.49 Johnny English 00.14 Dragão Vermelho 2.12 O Fiel Jardineiro 4.17 Uma Comédia Sexual numa Noite de Verão

HOLLYWOOD10.30 A Rainha 12.10 Morte num Funeral 13.40 Ela é Demais para Mim! 15.25 O Pacificador 17.30 Speed Racer 19.50 Aeon Flux 21.30 O Último Samurai 00.05 Beijos que Matam 2.05 Oh Não! Outro Filme de Adolescentes 3.35 O Ás Vale Mais 5.35 Regresso ao Futuro II

AXN14.07 Arrow 15.42 Forever 17.19 C.S.I. 19.02 Arrow 20.36 Forever 22.15 Chicago Fire 00.10 C.S.I. 1.50 Mentes Criminosas 3.17 Arrow 4.43 Chicago Fire

AXN BLACK13.05 Sobrenatural 14.32 Filme: Vidas Roubadas 15.39 Filme: África dos Meus Sonhos 17.48 Sobrenatural 19.50 Filme: Vidas Roubadas 21.25 Filme: África dos Meus Sonhos 23.21 Filme: Rapto Brutal 00.51 Filme: Fomos Soldados... 3.07 A Rainha das Sombras 3.55 Sangue Fresco 4.46 Crossing Lines 5.35 A Rainha das Sombras

AXN WHITE13.46 Traição 14.33 Franklin e Bash 15.21 Filme: Dança Feroz 17.30 Smash 19.04 Pequenas Mentirosas 21.30 Filme: Dança Feroz 23.35 Filme: Amar-te-ei Até Te Matar 1.13 Pequenas Mentirosas 2.00 Gossip Girl 2.47 Mágoas de Grandeza 4.21 Trocadas à Nascença 5.08 Traição 5.54 Pequenas Mentirosas

FOX13.11 Os Simpsons 13.58 Investigação Criminal: Los Angeles 15.31 Hawai Força Especial 17.03 Sob Suspeita 18.44 Hawai Força Especial 20.30 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 Scorpion 23.11 Agents of S.H.I.E.L.D. 00.07 Investigação Criminal: Los Angeles 00.57 Hawai Força Especial 1.46 Sob Suspeita 3.20 Spartacus, A Vingança 5.21 Casos Arquivados

FOX LIFE13.08 Em Contacto 13.53 Filme: Nora Roberts: Luzes do Norte 15.29 A Patologista 17.08 Filme: Nora Roberts: Inocência Perdida 18.46 Rizzoli & Isles 19.44 Em Contacto 21.26 Rizzoli & Isles 22.20 Os Mistérios de Laura 00.12 Filme: Nora Roberts: Refém do amor 1.50 My Kitchen Rules 2.57 A Patologista 4.39 Rush 5.28 Parenthood

DISNEY15.05 Aladdin 15.55 Galáxia Wander 16.20 Gravity Falls 16.45 Phineas e Ferb 17.10 Os 7A 17.35 O Meu Cão Tem um Blog 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.45 Austin & Ally 20.06 Jessie 20.30 Violetta 21.25 Riley e o Mundo 21.50 A Minha Babysitter é um Vampiro 22.13 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 00.33 Casper - O Fantasminha 00.57 Rekkit Rabbit

DISCOVERY17.20 Pesca Radical 19.10 A Febre do Ouro 21.00 A Minha Casa Numa Árvore 22.55 Super Piscinas 00.40 A Minha Casa Numa Árvore 2.20 O Regresso do Tubarão-Branco 3.05 Sharkzilla 3.50 Os Caçadores de Mitos 4.35 Guerra de Propriedades 5.00 Mestres do Restauro 5.45 Super Piscinas

HISTÓRIA17.36 Alienígenas 18.20 II Guerra Mundial a Cores 19.13 Tecnologia Impossível 21.17 O Preço da História 22.00 Caça Tesouros 23.28 Loucos por Carros 1.33 O Preço da História 3.40 Alienígenas 4.24 Os Últimos Dias dos Nazis 5.07 O Livro Dos Segredos 5.48 O Livro Dos Segredos

ODISSEIA17.42 Cuba, Refúgio de Vida 18.36 Curiosidades da Natureza com Attenborough 19.22 Mundos Invisíveis 20.12 Lugares Frenéticos 20.57 50 Formas de Matar a Tua Mamã 21.42 Rude Tube 22.30 A Origem das Coisas 23.15 Fábrica de Combate 23.58 A Origem das Coisas 00.44 Fábrica de Combate 1.28 Mundos Invisíveis 2.18 Lugares Frenéticos 3.04 50 Formas de Matar a Tua Mamã 3.49 Rude Tube 4.39 Clima Extremo À Prova 5.02 França Selvagem

[email protected]

Os mais vistos da TVSegunda-feira, 21

FONTE: CAEM

TVISICTVISICTVI

14,814,211,811,411,0

Aud.% Share

30,329,125,924,927,8

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

14,8%%

1,9

20,7

22,5

30,0

A Única MulherCoração d’OuroJornal das 8Jornal da NoiteJardins Proíbidos

Page 40: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

40 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

JOGOSCRUZADAS 9293

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

22º

Viana do Castelo

Braga9º 27º

Porto12º 23º

Vila Real11º 27º

11º 23º

Bragança10º 25º

Guarda10º 24º

Penhas Douradas9º 21º

Viseu12º 27º

Aveiro12º 23º

Coimbra13º 26º

Leiria13º 25º

Santarém14º 31º

Portalegre15º 29º

Lisboa16º 28º

Setúbal12º 31º Évora

11º 31º

Beja12º 30º

Castelo Branco14º 31º

Sines14º 23º

Sagres16º 22º

Faro16º 25º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

18º 23º

18º 23º

Flores

Terceira17º 23º

21º 26º

22º 28º

17º 23º

22º

19º

07h25

Cheia

19h33

03h5028 Set.

0,5-1m

1-2m

23º

1-2m

25º0,5-1m

24º1,5-2m

11h28 2,800h10* 2,8

17h52 1,206h20* 1,2

11h04 2,823h47 2,8

17h31 1,305h56* 1,3

11h11 2,823h50 2,7

17h27 1,205h51* 1,2

1,5-2,5m

1,5-2,5m

1-2m

17º

18º

*de amanhã

Horizontais: 1. Paraíso terreal. Amolar. 2. Adoçar com mel. Queimam. 3. Limpar com areia, cinza, etc. Mulher celibatária (popular). 4. Símbolo de li-bra (unidade de massa). Graceja. Curar. 5. Tontura. Mulher nobre. 6. Descansa no sono. Alguma coisa. 7. Firmamento. Prover de aba. Preposição que indica lugar. 8. Poeira. Um, entre dois ou mais. 9. Mulher que cria uma criança alheia. Fingir. 10. Décima sexta letra do alfabe-to grego. Atrair a si com força. República Dominicana (domínio de Internet). 11. Homem da aldeia. Aprovação (fig.).

Verticais: 1. Rival. Folha metálica. 2. Preposição que designa posse. Bacia oblonga para lavar as partes inferio-res do tronco. Dez vezes cem. 3. A pessoa ou coisa feminina de que se fa-la. Vestuário. 4. Relatar. Parlamento Europeu. 5. Soberano. Símbolo de miliampere. Carne da parte inferior do lombo do porco. 6. Por baixo. 7. Entremez. Pedaço de madeira ou metal entre a sola e a palmilha de um sapato. 8. Vogal (pl.). Angústia (fig.). 9. Sideral. Rio português que passa por São João da Madeira e desagua na Ria de Aveiro. 10. Fronteira. Gema de ovo batida com açúcar e um líquido quente. 11. A cor da casca da castanha. Lista.

Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Nuno Camarneiro (4 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Move. Faceta. 2. Arisco. Olor. 3. NBA. Hipnose. 4. DE. Mu. As. Aa. 5. LEVANTE. 6. DEIXA. Casco. 7. Onde. Canto. 8. Lerdo. Teia. 9. Ter. Rane. Sc. 10. Aiar. Rã. Lar. 11. Porém. Ova. Verticais: 1. Mandado. TAP. 2. Orbe. Enleio. 3. Via. Liderar. 4. Es. Mexer. Ré. 5. CHUVA. Dr. 6. Foi. Coar. 7. Panca. NÃO. 8. CONSTANTE. 9. Elo. Este. LA. 10. Tosa. COISA. 11. Areado. Acre. Provérbio: Chuva de levante não deixa coisa constante.

Oeste Norte Este Sul 2 ♦ (1)passo 2 ♠ (2) passo 2STpasso 3 ♣ passo 3 ♥passo 3 ♠ passo 3STpasso 4 ♦ passo 4 ♥passo 5 ♥ passo 6 ♥Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Forcing de partida (2) Um Ás rico

Carteio: Saída: J ♦. Qual a melhor linha de jogo?

Solução: Marcou o cheleme com a cer-teza de encontrar no parceiro um Ás ri-co, um apoio a copas (3 espadas garan-te o fit a copas), e o controlo a ouros. Cabe-lhe agora a tarefa de o cumprir.É evidente que uma repartição 3-2 dos trunfos lhe permitirá realizar todas as vazas ao cortar dois ouros no morto. Mas se os trunfos estiverem 4-1, pode-rá ter de conceder uma vaza a trunfo. E essa hipótese obriga-o a assegurar as outras vazas. Se cortar dois ouros e encaixar duas vazas a trunfo, pode ficar

Dador: SulVul: Ninguém

Problema 6358 Dificuldade: Fácil

Problema 6359 Dificuldade: Médio

Solução do problema 6356

Solução do problema 6357

NORTE♠ AQ107♥ 8632♦ 5♣ 9642

SUL♠ KJ5♥ AKQ9♦ A64♣ AK7

OESTE♠ 96♥ J1075♦ J1093♣ Q103

ESTE♠ 8432♥ 4♦ KQ872♣ J85

João Fanha/Pedro Morbey([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

em posição de não conseguir usufruir das quatro vazas a espadas.É nessa eventualidade dos trunfos 4-1 que, para guardar o controlo do naipe de trunfo, deve jogar de imediato o 9 de copas, golpe em branco a trunfo!Graças a esse golpe em branco, sobre qualquer retorno de Oeste, poderá cor-tar dois ouros no morto, acabar de des-trunfar e reclamar o resto das vazas.

Considere o seguinte leilão:

Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2 ♦ X ?

O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?

1. ♠ AJ8 ♥ K5 ♦ AQ54 ♣ K982 2. ♠ 972 ♥ K962 ♦ AQ ♣ AQ1023. ♠ AJ10 ♥ AK2 ♦ 10872 ♣ AJ9 4.♠ Q1076 ♥ AJ84 ♦ 1087 ♣ AK2

Respostas:

1. Passe – Para lidar com um dobre de uma voz de transfer propomos o se-guinte: passar com apenas duas cartas no naipe do parceiro; anunciar o rico com três cartas no naipe do parceiro e mínimo; redobrar com três cartas de copas e máximo; anunciar em salto o rico se tiver quatro cartas desse rico e defesa a ouros; marcar o cue-bid com quatro cartas de fit no rico mas sem de-fesa a ouros. Com esta mão, com ape-nas duas cartas a copas, a resposta é simples: passe.2. 3 ♥ – Quatro cartas de copas e defesa a ouros.3. XX – Com três cartas de copas e má-ximo.4. 3 ♦ – Quatro cartas de copas, sem de-fesa a ouros.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 41: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESPORTO | 41

Desporto espanhol também vai a votos e o Barça pode ser quem mais perde

GUSTAU NACARINO/REUTERS

A Espanha pode deixar de ter o Barcelona como um dos seus símbolos de sucesso no desporto internacional

Ninguém imagina os campeonatos

espanhóis de futebol e basquetebol

sem a rivalidade Barcelona-Real Ma-

drid, mas esse é um cenário que está

a ser discutido em Espanha, a dias

das eleições regionais na Catalunha,

transformadas ofi ciosamente num

referendo sobre a independência.

Neste momento, a política também

entra em campo.

O Barcelona, o clube de referência

da região, famoso a nível mundial,

esforçou-se por se mostrar neutral.

“O clube demonstrou que está fora

da campanha eleitoral. Falamos sem-

pre de desporto e não fazemos cam-

panha”, afi rmou o presidente Josep

Maria Bartomeu. Mas o Barcelona,

símbolo do nacionalismo catalão,

nunca poderia fi car de fora desta

discussão. Os seus adeptos gritam

“independência!” durante os jogos

do clube, que tem um equipamento

alternativo com as cores da Catalu-

nha e antes se juntou às vozes que

reclamavam um referendo.

Caso vençam as eleições do pró-

ximo domingo — resultado previsto

pelas sondagens — por uma margem

sufi ciente, os partidos independen-

tistas querem abrir um processo de

separação do resto da Espanha que

culmine numa declaração de inde-

pendência em menos de dois anos.

Se este cenário se concretizar, o Bar-

celona e os restantes clubes catalães

poderão deixar de competir nas com-

petições espanholas.

“Se a Catalunha for independente,

os clubes catalães não poderão jogar

no campeonato”, disse o presidente

da Liga Espanhola de Futebol, Javier

Tebas. “A Lei do Desporto é clara:

o único Estado estrangeiro que po-

de jogar em competições nacionais

é Andorra. Se não houver negocia-

ções bilaterais, é impossível que os

clubes catalães possam jogar na Li-

ga”, concluiu.

Poderá sempre haver espaço pa-

ra uma negociação sobre a alteração

da lei, mas a pressão exterior conti-

nuou na fi gura de Miguel Cardenal,

presidente do Conselho Superior

dos Desportos, que considerou que

o desempenho de um clube como

o Barcelona desceria num cenário

independentista para o colocar ao

nível de “um Ajax, um Celtic ou um

independência, a grande parte dos

atletas catalães famosos tem tentado

manter-se à parte da discussão. “De-

vemos apreciar os sucessos de todos

os desportistas, independentemente

da sua comunidade autónoma. Pen-

so que se pode ser simultaneamente

espanhol e catalão”, disse Mireia Bel-

monte, múltipla campeã mundial de

natação, citada pelo jornal Marca.

Exemplos de outros paísesOs adeptos do Barcelona e do Es-

panyol, que há vários anos partici-

pam também na Taça da Catalunha,

enfrentam um dilema, pois podem

ver-se condenados a disputar um

campeonato menor e sem grande

viabilidade económica. São as duas

únicas equipas catalãs na Liga espa-

nhola. No escalão seguinte estão o

Girona, o Llagostera e o Nàstic.

No entanto, há bastantes exemplos

de clubes integrados nas competi-

ções de outros países ao qual não

pertencem, sobretudo por razões

geográfi cas, mas igualmente por ra-

zões históricas ou políticas. O mais

conhecido de todos é o Mónaco, que

já colocou o seu nome no lote de ven-

cedores do campeonato de França.

Os sete clubes do Liechtenstein

actuam todos na Suíça, com desta-

que para o Vaduz, presente no esca-

lão principal. O Swansea, na quinta

época seguida na Premier League, é

um dos seis emblemas galeses que

jogam em Inglaterra. Na MLS, em

conformidade com o que sucede

noutras ligas desportivas dos EUA,

existem três clubes canadianos (To-

ronto FC, Vancouver Whitecaps

FC e Montreal Impact). E a lógica

estende-se nalguns casos a provas

internacionais, como acontece com

a selecção australiana (que joga na

Ásia) e os clubes e a selecção israe-

litas (europeus no futebol).

Eleições regionais na Catalunha do próximo fi m-de-semana podem sentenciar um futuro diferente da realidade que agora existe em Espanha. Clubes catalães sob a ameaça de saírem das ligas profi ssionais

FutebolManuel Assunção

em futebol, andebol e hóquei em

patins e também já foi coroado no

passado em basquetebol e futsal. No

basquetebol, merece também des-

taque o Joventut Badalona, uma das

melhores formações dos anos 80 e

90 e um viveiro de talentos para Es-

panha (Villacampa, Rudy Fernández,

Ricky Rubio, Raul López), que tam-

bém ganhou a Euroliga em 1994.

O hóquei em patins seria talvez a

modalidade em que os efeitos se sen-

tiriam menos. Apesar da qualidade

de algumas equipas de outras zonas,

especialmente o Liceo da Corunha, é

na Catalunha que está o coração do

desporto. Os clubes desta região são

responsáveis por 38 dos 44 títulos de

campeão europeu do país e os seus

jogadores compõem a maioria da

selecção espanhola que tantos pro-

blemas tem dado a Portugal.

Com as excepções sonantes de Pi-

qué, Xavi ou Guardiola, apoiantes da

Standard de Liège”, e que poderia

aspirar, no máximo, “aos oitavos ou

quartos-de-fi nal da Champions”.

Forte infl uênciaTrata-se apenas de uma possibilida-

de, mas se fosse concretizada signi-

fi caria um terramoto no desporto

espanhol, que tem na Catalunha

uma parte infl uente no sucesso des-

portivo do país. Oito das 17 medalhas

olímpicas de Espanha nos Jogos de

Londres tiveram desportistas cata-

lães na sua origem. Três dos 12 jo-

gadores que conquistaram há dias o

Europeu de basquetebol, incluindo a

superestrela Pau Gasol, são catalães,

tal como sete membros dos plantéis

que ganharam os Mundiais de ande-

bol (2013) e futebol (2010).

O Barcelona não é só uma força

nacional. Já se sagrou campeão eu-

ropeu nas suas cinco principais mo-

dalidades. É o actual rei continental

Page 42: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

Lewandowski festeja um dos seus cinco golos em nove minutos frente ao Wolfsburgo, um feito histórico

Quando, no minuto 60 do Bayern

Munique-Wolfsburgo, Robert

Lewandowski marcou à meia vol-

ta o quinto golo dos bávaros, Pep

Guardiola sorriu e, incrédulo, levou

as mãos à cabeça. No duelo que co-

locava frente a frente o campeão e

o vice da Bundesliga, “Bobek”, al-

cunha que vem dos tempos em que

Lewandowski começou a dar os pri-

meiros pontapés na bola no Legia

Varsóvia, começou no banco, mas

com o Bayern em desvantagem ao

intervalo, Guardiola lançou o pola-

co. O resto é história: em nove mi-

nutos, Lewandowski marcou cinco

golos, uma proeza sem paralelo no

futebol alemão.

Marcar uma mão cheia de golos

num jogo de um dos principais

campeonatos europeus é um fei-

to raro e está ao alcance de muito

poucos — desde Agosto de 1991 que

ninguém o conseguia na Bundesliga

—, mas o que Robert Lewandowski

conseguiu ontem no Allianz Arena

é ainda mais surpreendente. Sen-

Lewandowski demorouseis minutos a aquecer, depois fez história na Bundesliga

pé esquerdo (51’), com o direito (52’

e 57’), às três tabelas (55’) e à meia

volta (60’), Lewandowski destroçou

o Wolfsburgo e deixou incrédulos

todos os que assistiram em directo a

nove minutos mágicos do polaco.

De Itália também chegou uma no-

tícia surpreendente: Mario Balotelli

marcou um golo. Titular pela pri-

meira vez desde que regressou ao

AC Milan, o excêntrico avançado de-

morou cinco minuto para colocar os

milaneses em vantagem em Udine,

com um grande remate na marcação

de um livre directo — os rossoneri

acabaram por vencer a Udinese, por

3-2. Balotelli não marcava num jogo

ofi cial desde 19 de Fevereiro.

Em maus lençóis está Nuno Espí-

rito Santo. Muito contestado pelos

adeptos do Valência nas últimas

semanas, o treinador português

viu a sua situação complicar-se

com a derrota dos valencianos em

Barcelona, contra o Espanyol (1-0).

“Não tenho dúvidas sobre o meu

trabalho e o dos meus jogadores.

A vitória vai chegar”, disse no fi -

nal o técnico. Em Madrid, o herói

continua a ser Griezmann. Depois

de marcar os dois golos da vitória

do Atlético contra o Galatasaray, o

francês bisou no triunfo frente ao

Getafe (2-0).

Em Inglaterra, o Manchester City

regressou às vitórias com um triunfo

fácil em Sunderland, para a Taça da

Liga (4-1).

tado no banco de suplentes até ao

intervalo, o polaco foi o trunfo que

Guardiola lançou para tentar dar a

volta ao Wolfsburgo, que vencia por

1-0, e “Bobek” precisou de apenas

seis minutos para aquecer e come-

çar o seu espectáculo a solo. Com o

Futebol internacionalDavid Andrade

O avançado polaco marcou os cinco golos mais rápidos de sempre no campeonato alemão. Nuno Espírito Santo em situação difícil

CLASSIFICAÇÕESESPANHAJornada 5Atlético de Madrid-Getafe 2-0Espanyol-Valência 1-0Granada-Real Sociedad 0-3Celta de Vigo-Barcelona hoje, 19h, SP-TV2Levante-Eibar hoje, 19hRayo Vallecano-Sp. Gijón hoje, 19hAthletic Bilbau-Real Madrid hoje, 20h, SP-TV1Las Palmas-Sevilha hoje, 21h, SP-TV2Málaga-Villarreal hoje, 21hBetis-Deportivo amanhã, 21h, SP-TV2

J V E D M-S PBarcelona 4 4 0 0 8-2 12Atlético de Madrid 5 4 0 1 9-2 12Real Madrid 4 3 1 0 12-0 10Celta Vigo 4 3 1 0 10-5 10Villarreal 4 3 1 0 10-4 10Espanyol 5 3 0 2 6-11 9Eibar 4 2 1 1 5-3 7Valência 5 1 3 1 2-2 6Deportivo Coruña 4 1 2 1 6-5 5Betis 4 1 2 1 2-6 5Sporting Gijón 4 1 2 1 3-3 5Real Sociedad 5 1 2 2 5-4 5Rayo Vallecano 4 1 1 2 2-6 4Athletic Bilbau 4 1 0 3 4-7 3Granada 5 1 0 4 4-11 3Getafe 5 1 0 4 3-8 3Las Palmas 4 0 2 2 3-5 2Levante 4 0 2 2 3-7 2Málaga 4 0 2 2 0-2 2Sevilha 4 0 2 2 2-6 2

MICHAEL DALDER/REUTERS

políticos à conversanum bloguede campanha

Comício Público

LEGISLATIVAS 2015

PARTICIPE EMBLOGUES.PUBLICO.PT/COMICIOPUBLICO

Page 43: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESPORTO | 43

JOHN SIBLEY/REUTERS

Diego Costa discutindo com adversários durante o último jogo do Chelsea com o Arsenal

José Mourinho e Arsène Wenger bem

tentaram desanuviar o clima de cris-

pação entre ambos, com um aperto

de mão antes do Chelsea-Arsenal do

último sábado (2-0), mas, no fi nal do

encontro, o gesto diplomático estava

enterrado e esquecido. Tudo porque

Diego Costa, avançado dos londri-

nos, reacendeu com vigor a inimi-

zade entre os dois técnicos, agre-

dindo um adversário e provocando

a expulsão injusta de outro. Atitudes

que levaram a federação inglesa de

futebol a castigar o jogador dos blues

com três jogos de suspensão.

É claro que Mourinho e Wenger

têm leituras diametralmente opostas

sobre o protagonista dos incidentes

de Stamford Bridge. “Ele joga como

tem de jogar e é por isso que os es-

tádios estão cheios e os jogos são

transmitidos por televisões de todo

o mundo”, comentou o português,

garantindo que o seu jogador foi “o

melhor em campo”. O francês discor-

dou e carregou na adjectivação: “Ele

foi asqueroso e desrespeitoso.”

Incendiário Diego Costa é castigado e enterra tréguas entre Mourinho e Wenger

Não é novidade que o estilo de

futebol quezilento que caracteriza

o avançado brasileiro, naturalizado

espanhol, de 26 anos, teve sempre o

condão de extremar opiniões e desta

vez levou ao rubro o derby londrino

dentro e fora das quatro linhas. Perto

do fi nal da primeira parte, agrediu

Laurent Koscielny com as duas mãos,

acabando por escapar à expulsão. E

seria Gabriel Paulista a ver o cartão

vermelho, após ter partido em defe-

sa do seu companheiro do Arsenal.

Com mais um jogador em campo, a

tarefa do Chelsea fi cou facilitada.

Após rever as imagens televisivas,

a federação inglesa não só moveu um

processo disciplinar ao avançado

dos blues, na última segunda-feira,

como, já ontem, reconheceu o erro

na amostragem do cartão vermelho

ao defesa brasileiro. “O recurso do

Arsenal alegando a expulsão injusta

de Gabriel foi aceite na sequência de

uma audição da Comissão Regulado-

ra Independente”, anunciou o orga-

nismo, confi rmando que foi retirado

ao futebolista um castigo com três

jogos de suspensão e aplicando-o ao

internacional espanhol.

Para tornar tudo mais difícil para

Diego Costa, o seu companheiro de

equipa, Kurt Zouma, foi particular-

mente desastrado ao partir em sua

defesa no fi nal do jogo: “Não fi cámos

surpreendidos com a atitude dele, já

o conhecemos. Ele gosta imenso de

provocar e de pôr o adversário fora

do jogo.” Declarações que incendia-

ram mais os ânimos e que obrigaram

o defesa central francês a retractar-se

mais tarde, na rede social Twitter.

“Peço desculpa pela confusão. O in-

glês não é a minha primeira língua e

não tive intenção de acusar ninguém

de batota. O Diego é um jogador que

gosta de pressionar os adversários

e temos imenso respeito por ele”,

emendou.

Esta não é a primeira vez que Die-

go Costa está debaixo de fogo devi-

do ao excesso de agressividade nos

relvados, nomeadamente nesta sua

aventura no Chelsea, iniciada na úl-

tima temporada, depois de ter sido

contratado ao Atlético de Madrid, a

troco de 38 milhões de euros. Em Ja-

neiro deste ano, pisou um adversário

do Liverpool (Emre Can) e acabou

punido com três jogos de suspen-

são. Durante a partida, o avançado

apenas viu um cartão amarelo, mas

a federação britânica acabou por

recorrer às imagens televisivas para

castigar mais severamente o jogador.

Um comportamento que valeu

alguns reparos críticos por parte

do treinador do Manchester City,

Manuel Pellegrini. “É um grande

jogador, muito importante. Tem ca-

rácter, mas não é um carácter fácil.

Acho que era bom para ele mudar

no futuro. Não precisa de fazer es-

tas coisas porque é um jogador de

topo”, comentou na altura o técnico

chileno.

Futebol internacionalPaulo Curado

Federação inglesa considerou que o avançado do Chelsea teve uma conduta violenta no derby londrino contra o Arsenal

Nos oitavos-de-fi nal da Taça do Mun-

do, a disputar-se na capital do Azer-

baijão, Bacu, mais dois dos grandes

favoritos caíram, os terceiro e quinto

do ranking mundial, Veselin Topa-

lov e Fabiano Caruana, mas a nota

de maior destaque vai para o apura-

mento do mais jovem dos 128 partici-

pantes, o chinês Wei Yi de 16 anos, já

apontado por muitos como a maior

ameaça no futuro próximo à hege-

monia de Magnus Carlsen.

A eliminação do búlgaro não se

pode considerar uma total surpre-

sa, pois Peter Svidler não é nenhum

desconhecido, pese embora os resul-

tados menos bons da última época.

Mas o heptacampeão russo, e ven-

cedor desta competição em 2011,

ultrapassou Topalov com inteiro

mérito, vencendo a primeira par-

tida e aceitando a proposta de em-

pate na segunda, sufi ciente para o

apuramento, apesar de usufruir de

vantagem decisiva.

Também Caruana não foi capaz de

recuperar da derrota sofrida na pri-

meira partida, frente a Mamediarov,

apesar de ainda ter colocado o repre-

sentante local sob bastante pressão

na segunda partida. Como compen-

sação, o norte-americano deixa a

Taça do Mundo com o recorde de

ter decidido todos os encontros sem

recurso ao desempate.

Já o apuramento de Wei Yi frente

ao seu compatriota e número sete

mundial, Ding Lirem, ocorreu no

encontro mais prolongado desta

fase, apenas decidido nas partidas

rápidas de dez minutos. Seguem tam-

bém em frente o norte-americano

Hikaru Nakamura, o francês Maxime

Vachier-Lagrave, o holandês Anish

Giri, o ucraniano Pavel Elianov e o

russo Sergei Karjakin, que elimina-

ram respectivamente o inglês Ada-

ms, o norte-americano So, o polaco

Wojtaszeke e os russos Jakovenko e

Andreikin.

Topalov e Caruana fora da Taça do Mundo

XadrezJorge Guimarães

O chinês Wei Yi, de apenas 16 anos, está nos quartos-de-final da prova e é uma das grandes surpresas

O chinês Wei Yi surge cada vez mais como o principal opositor ao domínio de Magnus Carlsen na modalidade

Breves

Futebol

Corrupção

Eva Carneiro deixa Chelsea e ameaça com tribunais

Tribunal decide sexta-feira extradição de Jack Warner

Eva Carneiro, médica do Chelsea, estava proibida de desempenhar funções na equipa principal desde o desentendimento que teve com José Mourinho nos últimos minutos do jogo entre os blues e o Swansea City, a 8 de Agosto. Mas esperava-se pelo seu regresso na passada sexta-feira, o que não aconteceu. A médica recusou voltar ao clube e pondera ir para o tribunal. Na altura, Mourinho acusou Eva Carneiro de cometer um erro quando decidiu entrar em campo para assistir Eden Hazard, perdendo minutos que podiam ainda levar ao triunfo no jogo. A reacção de Mourinho foi alvo de um processo da Federação Inglesa, por alegados comentários sexistas e pode dar origem a um castigo de cinco jogos.

Um tribunal de Trindade e Tobago aceitou um recurso dos advogados de Jack Warner e decidirá sexta-feira se aprova a extradição para os Estados Unidos do antigo vice-presidente da FIFA. A equipa de advogados de Warner, em liberdade a troco de uma caução de quase 400.000 dólares (cerca de 358.000 euros), depois de ter sido detido em finais de Maio, alega que o governo de Trindade e Tobago mostrou “parcialidade” neste processo, com “manifestações persecutórias” contra o antigo dirigente, mas a decisão final será agora tomada por um tribunal na sexta-feira. Warner foi vice-presidente da FIFA entre 1983 e 2011 e é uma das principais figuras no escândalo de corrupção que assola o organismo.

Page 44: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

44 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

Europa e refugiados, uma não-solução

A tecnologia alemã ao serviço da fraude

Os que esperavam da União Europeia

uma decisão clara e fi rme na crise dos

refugiados terão fi cado estupefactos.

O plano de distribuição voluntária

de 120 mil pessoas, que foi ontem

aprovado por maioria na reunião dos 28

Estados-membros da UE (com os votos

contra de Hungria, República Checa,

Roménia e Eslováquia e a abstenção da

Finlândia), não chega a ser uma solução,

embora quem o aprovou possa vir tentar

convencer-nos do contrário. Em primeiro

lugar, o facto de não ter obtido unanimidade

é já de si um óbice e gerou uma autêntica

“guerra” no interior da própria reunião.

Depois, com tal fraqueza já aceite como

inevitabilidade, o que poderia comprometer

os países acabou por tornar-se quase

“facultativo”. Ou seja: a distribuição dos

O plano dos 28 parece um muro esburacado a balas. Resolve muito menos do que aquilo que adia

120 mil refugiados será “voluntária”, pois

caíram as quotas obrigatórias, que só

poderiam sair de uma aprovação unânime.

E, apesar de a aplicação do acordo ser, no

papel, “obrigatória”, se alguém não cumprir

o acordo não será penalizado por isso.

Mais: os países podem demorar um ano

a demorar a receber 30% dos refugiados

que lhes forem atribuídos (onde, e como,

esperarão os outros 60%?). E tal atribuição,

segundo ontem adiantava o El País depois

de ter acesso ao documento, abrangia

apenas 66 mil refugiados que já chegaram

à Grécia e a Itália, fi cando os restantes 54

mil (os que entraram pela Hungria, que

recusa ser classifi cada ofi cialmente como

“porta de entrada” de refugiados na União

Europeia) numa reserva a que os estados

poderão recorrer se tiverem um afl uxo

excepcional de refugiados. Com tal lassidão,

aquilo que o plano resolve é muito menos

do que aquilo que adia. E o que adia é o

destino de muitos milhares de pessoas, cujo

destino poderá ser esperar, sem prazo à

vista, em campos a que alguns já chamam

(voluntariamente ou por lapso) “de

concentração”. Se isto é a Europa, é preciso

repensá-la. E com urgência, por favor.

Um grupo ambientalista usou um carro

feito pela Volkswagen para o mercado

americano e um modelo da BMW

para mostrar que era possível fabricar

carros a diesel com níveis baixos

de poluição. No caso da Volkswagen, do

tubo de escape saíram bastante mais gases

nocivos para a saúde do que aquilo que

se esperaria. E foi assim, quase por acaso,

que foi descoberto um esquema fraudulento

da empresa alemã que instalava um software

em carros a gasóleo que fazia com que estes

emitissem menos gases poluentes quando

estavam a ser testados. “Em alemão,

diríamos que fi zemos asneira”, disse o

director-geral da Volkswagen América. Em

português, diríamos que o que fi zeram foi

enganar as pessoas. A empresa enganou

deliberadamente os clientes. Uma coisa é

cometer um crime ambiental por descuido,

o que, já de si, é grave. Mas, como dizia

o FT, outra bem diferente é instalar um

sofi sticado software num automóvel por

descuido.

Sobre a Hungria

Em 1956, cerca de mil tanques

do Exército Vermelho entraram

em Budapeste. Foi a resposta

soviética ao levantamento popular

que rapidamente desembocou

numa revolução contra o regime

estalinista. 20.000 húngaros

foram assassinados, mas 200.000

conseguiram fugir, tornando-se

refugiados em países ocidentais,

nomeadamente na Áustria. A

Hungria é hoje um país da UE

dirigido por um senhor que faz

Marine Le Pen parecer uma

moderada. Através do apoio de

dois terços do Parlamento que lhe

permitiu alterar a Constituição,

limitou os poderes dos tribunais,

legalizou a censura governamental

à imprensa, proibiu os sem-abrigo,

institucionalizou a perseguição

a homossexuais e comunistas

e, eliminando as garantias de

laicidade, implementou um estado

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

confessional. Mas isto pode ser

só a ponta do icebergue. Viktor

Órban constrói muros de arame

farpado tentando travar quem

foge ao horror, mas não deixa de

enfrentar uma oposição interna

que o considera demasiado frouxo.

Prevê-se que daqui a três anos

a disputa eleitoral seja entre o

Fidesz de Órban e o Jobbik, partido

nazi que, durante a II Grande

Guerra, teve um braço armado

responsável pelo extermínio de

judeus e ciganos e que actualmente

defende a criação de listas das

pessoas de ascendência judaica

residentes no país. Entretanto, a

Europa, atolada até ao pescoço de

responsabilidades nos confl itos do

Médio Oriente, andou entretida

a discutir se um outro Estado-

membro deveria ser expulso da

zona euro por não aceitar que

lhe exigissem manter o défi ce um

ponto abaixo ou um ponto acima.

André Baptista, Porto

Drama humano

O drama de milhares de seres

humanos que fogem da fome, da

guerra e da pobreza, fez com que

os líderes europeus acordassem

para uma realidade que, face

à proximidade geográfi ca, à

instabilidade e à abertura de

fronteiras, há muito que deveria ter

sido acautelada, sendo essa uma

razão pela qual as medidas que

agora começam a ser adoptadas

talvez não venham resolver os

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

problemas que poderão vir a

ocorrer. Não está em causa a

existência da solidariedade, que

deve ser a atitude que caracteriza

todos os povos, mas sim a falta

de regras que poderão colocar

em causa uma coexistência

pacífi ca entre povos de diferentes

culturas, onde a falta de tolerância

e a não-aceitação das diferenças

poderão fazer aumentar o risco

de convulsões sociais e confl itos

armados. É preciso termos a noção

de que muitos daqueles que fogem

estão a alimentar fi nanceiramente

as redes de tráfi co de seres

humanos, pelo que a problemática

da migração e dos refugiados,

não sendo um problema de fácil

resolução, merece uma refl exão

de todos nós sobre a forma

como olhamos para as causas e

as consequências dos actos do

presente para evitar mais dramas

no futuro.

Américo Lourenço, Sines

Page 45: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

Normalidade ou anormalidade domada?

Santana Castilho

A imagem que perdura neste

início de ano lectivo é de

“normalidade”. Pelo menos,

como tal se vai falando na

comunicação social, na

ausência dos escândalos que

marcaram o ano passado. Em

plena campanha eleitoral,

a Educação parece ser um

grande tabu, protegida por um

qualquer acordo entre os protagonistas, de

referir pouco, de aprofundar ainda menos.

Domados, os professores regressaram

aos seus postos, tristes, desmotivados e

descrentes. Será normal que um professor

possa ser contratado por uma escola, sem

submissão a um concurso, quando a lei

fundamental diz “que todos os cidadãos

têm o direito de acesso à função pública,

em condições de igualdade e liberdade,

em regra por via de concurso” (art.º 47,

n.º 2 da CRP)?

Será normal que um professor, acabado

de sair da escola de formação, ocupe

um posto de trabalho numa escola,

quando outro, do mesmo grupo de

recrutamento, com dezenas de anos de

contratos consecutivos com o ministério da

Educação, fi ca no desemprego?

Será normal que a um professor com 30

anos de serviço num quadro de escola seja

recusado um lugar em benefício de um

colega recém-vinculado, em pleno período

probatório, ou seja, sem sequer ter ainda

um vínculo confi rmado?

Será normal termos acabado de assistir a

dezenas de casos de professores que, tendo

um lugar de quadro e tendo concorrido

para se aproximarem da residência, foram

miseravelmente ludibriados, sem reacção

adequada por parte dos sindicatos, por,

afi nal, a “vaga” para que concorreram não

existir?

O Tribunal de Justiça da União Europeia

tomou há dias uma decisão que visa

impedir que, no espaço comunitário, se

ultrapassem 48 horas de trabalho semanal.

Diz a decisão que as deslocações de casa

para o local de trabalho, sempre que esse

local seja variável, passam a contar para o

cômputo fi nal a considerar no horário. Ora

parece-me bem que os sindicatos estejam

atentos ao precedente estabelecido pelo

Tribunal de Justiça da União Europeia e

inquiram, junto dos tribunais nacionais,

se a norma se aplica aos professores

itinerantes, cujos locais de trabalho são

vários.

Será normal que os professores

portugueses estejam coagidos a semanas de

trabalho com duração superior às 48 horas,

que o Tribunal de Justiça da União Europeia

defi niu como linha vermelha? Exagero

meu? Então façamos um exercício, que

está longe de confi gurar as situações mais

desfavoráveis.

Tomemos por

referência uma

distribuição

“simpática” de

serviço, nada

extrema (há muito

pior), de um

hipotético professor

com seis turmas, 25

alunos por turma e

três níveis de ensino

(7.º, 8.º e 9.º anos).

Tomemos ainda

por referência as

13 semanas que

estão estabelecidas

no calendário

escolar ofi cial,

como duração

do 1.º período

lectivo de 2015-

16. Continuemos

em cenários que

pequem por

defeito: as turmas

do mesmo nível

são exactamente

homogéneas, não necessitando de aulas

diferentes, e o professor tem os mesmos

alunos duas vezes por semana. Então,

este professor terá que preparar seis aulas

diferentes em cada semana. Se pensarmos

numa hora de trabalho para preparar cada

lição (o que é mais que razoável), estaremos

a falar de seis horas por semana. Nas 13 do

período, resultarão 78 horas.

O nosso hipotético professor vai

fazer dois testes a cada turma. Nas 13

semanas lectivas fará 12 testes. Voltemos a

considerar apenas uma hora para conceber

cada teste (concebê-lo propriamente,

desenhar a grelha de classifi cação e digitar

tudo requer mais tempo). Claro está que

os testes têm que ser corrigidos. Se o

nosso professor-cobaia for razoavelmente

experiente e despachado, vamos dar-lhe

meia hora para corrigir cada um dos 300

testes. Feitas as contas, transitam para a

soma fi nal 162 horas.

O que se aprende tem que ser

“apreendido”. Os exercícios de aplicação e

de pesquisa são necessários. Então agora,

com a “orientação para os resultados”

com que o assediam em permanência,

o nosso professor não pode prescindir

Professor do ensino superior. Escreve quinzenalmente à [email protected]

Será normal que os professores portugueses estejam coagidos a semanas de trabalho com duração superior às 48 horas?

dos trabalhos de casa e de outros tipos de

práticas. Imaginemos que apenas pede um

trabalho em cada semana e que vê cada um

deles nuns simples cinco minutos. Então

teremos de contabilizar mais 162 horas e

meia, relativas a todo o período.

Se este professor reservar duas escassas

horas por semana para cuidar da sua

formação contínua e actualização científi ca,

são mais 26 que devemos somar no fi m.

Acrescentemos, fi nalmente, as

horas de aulas e as denominadas

horas de componente não lectiva “de

estabelecimento”. São mais 318 horas e

meia. Somemos tudo e dividamos pelas 13

semanas, para ver o número de horas que

o professor trabalhou em cada semana: 57

horas!

Além disto, há actividades

extracurriculares, visitas de estudo,

conversas com alunos e pais, reuniões que

não caem dentro das horas não lectivas de

estabelecimento e, em anos de exames,

pelo menos, algumas aulas suplementares.

Miguel Esteves Cardoso interrompe a sua crónica durante o mês de Setembro, para férias, voltando ao espaço habitual em Outubro

NUNO FERREIRA SANTOS

Page 46: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

46 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015

RUI GAUDÊNCIO

“Estavas, linda Inês, posta em sossego...”

Em memória de Maria Alzira Lemos,

Madalena Barbosa e Ana Vicente,

que sempre nos animam

e cuja voz nos falta

“Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo o doce fruito,

Naquele engano d’alma ledo e cego,

Que a Fortuna não deixa durar muito,

(...)”

Luís de Camões, Os Lusíadas, canto III, estância 120

Quando, subitamente, te

vieram dizer que a tua

vontade de pouco valia, que

eras mesmo incapaz de ter

vontade se não fosses ajudada

a construí-la, e que quem te

podia ajudar vinha embuçado,

que não tinhas nada que saber

quem se andava a meter na

tua vida nem porquê, que a

ti só te cabia obedecer, e que o melhor era

estares muito agradecida e mesmo pagar

qualquer coisita a quem perdia tempo com

a tua humilde pessoa, que já estavas a dar

muito trabalho e grande prejuízo à pátria

por não te conformares em cumprir as tuas

obrigações, afi nal a razão última para que

nasceste e te criaram. E que isto era apenas

o começo, que não se foge ao destino, e o

teu era morrer pela tua rebeldia e por não

teres sabido que há regras, nem demonstrar

que uma mulher não se pode atrever a

levantar a cabeça ou mesmo a voz, se ela for

dissonante do que é suposto ser, e, assim,

a querer ser mais do que é, e sempre foi e

será. Mesmo com o amor de um príncipe.

Sobretudo, quantas vezes, para que esse

amor não se assuste e fuja, que nisto de

amores nada é certo neste mundo.

Pois assim estávamos nós, ainda que nem

sempre lindas mas postas no sossego da

confi ança nas instituições que ajudamos a

eleger, naquele engano d’alma ledo e cego

de que éramos cidadãs livres e iguais em

dignidade e direitos, neste ano da República

de 2015, cerca de setecentos anos após Inês

mas no país de Inês, rainha de Portugal

depois de morta.

Quando...

... subitamente, nos vieram dizer que a

nossa vontade de pouco valia, que éramos

mesmo incapazes de ter vontade se não

fôssemos ajudadas a construí-la, e que

quem nos podia ajudar vinha embuçado,

que nós não tínhamos nada que saber

quem se andava a meter na nossa vida

nem porquê, que a nós só nos cabia

obedecer, e que o melhor era estarmos

muito agradecidas e mesmo pagar qualquer

coisita a quem perdia tempo com a nossa

humilde pessoa, que já estava a dar muito

trabalho e grande prejuízo à pátria por

não se conformar em cumprir as suas

obrigações, afi nal a razão última para

que nascemos e nos criaram. E que isto

era apenas o começo, que não se foge

ao destino, e o nosso, se fosse preciso,

era morrer pela nossa rebeldia e por não

termos sabido que há regras mais fortes e

poderosas do que as leis, e que é preciso

mostrar a toda a gente que uma mulher,

diga o que disser a respeito a Constituição

da República, não se pode atrever a

levantar a cabeça ou mesmo a voz, se ela

for dissonante do que é suposto ser, e assim

a querer ser mais do que é, e sempre foi

e será. E se insistir, há-de pagar por isso

em sofrimento e euros, e toda a gente que

queira há-de saber quem ela é. Foi assim,

este Verão, na Assembleia da República,

cerca de 700 anos depois de Inês, no

Portugal de Inês. Ainda e apesar. Ao grito

gritado de “vergonha”, ao grito em silêncio

do nosso desespero no espanto incrédulo

do “como foi possível?”, nos disseram,

com a superioridade tolerante de quem

se entende iluminado, com a tonitruância

de quem sabe o que pode e não aguenta o

que lhe custa ouvir, que era por bem e pela

“equidade social”, que isto não tinha nada a

ver com o resultado do referendo de 2007,

que nem pensar, pois não, que nem pensar,

que o crime não voltava para a lei, então

para quê tanto alarido e despropósito.

Que não custava nada, que eram só três

pequenos “comprimidos” que nos haviam

de curar de vez, que era só a democracia

a funcionar e, que, afi nal, eram a maioria

eleita e por isso mandavam porque sim. E

que para provar o erradas que estávamos

acerca da maldade da mudança, até

nos davam, a todas, na mesma vezada e

em troca de nós mesmas, outras coisas

muito boas, como estudar e trabalhar aos

Mal refeitas da desilusão e da afronta, fomos, com quem nos entende e nos respeita, institucional-mente, pedir Justiçaç

Paulo Rangel interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral. Por lapso, esta informação não foi publicada na edição de ontem, terça-feira

bocadinhos, cheias de modernidade e de

Internet, para fi carmos no descanso do lar

a ter muitos meninos e muitas meninas,

que são precisos braços e cabeças para

o trabalho, e gente a descontar para a

segurança social, e a pagar impostos, e a

votar, feliz, a sua servidão. E, para as que

quisessem mesmo a IVG, entre aconchegos

às “coitadas” sempre pensadas e tratadas

“outras”, entre devassas muitas e diversas,

também davam umas “ajudas monetárias

ou em espécie”, e mais umas “remoções”

porque talvez. E mais o mais que se,

adiante, se veria.

E assim fomos tiradas do sossego da

confi ança e do engano d’alma ledo e cego da

cidadania para metermos na cabeça e no

coração, que nisto do controlo social e do

controlo do Estado

sobre a capacidade

reprodutiva das

mulheres — onde

começa e acaba

todo o controlo

sobre elas — é coisa

muito séria que

há que recuperar

por lei enquanto é

tempo de maioria

garantida, com

pena de exclusão e

de ferrete mesmo

que já sem crime,

em nome da boa

ordem das coisas,

e que tudo e o

mesmo é certo

neste mundo.

Por isso, mal

refeitas da desilusão

e da afronta,

mas cidadãs que

se sabem e se

Debate Lei do abortoMaria do Céu da Cunha Rêgo

assumem livres e iguais em dignidade

e direitos e assim querem ser, estar,

permanecer, continuar, legatárias de Novas

Cartas Portuguesas, que nos inspiram e

que não nos falham, fomos, com quem nos

entende e nos respeita, institucionalmente,

pedir Justiça.

Mas o tempo pesado que nos impuseram

e que de nós exige uma fi rmeza nova é um

tempo também de outras opções. Estará

este povo de homens e mulheres — cuja

participação directa e activa na vida política

constitui, nos termos do artigo 109.º da

Constituição, condição e instrumento

fundamental de consolidação do sistema

democrático — disponível para apoiar quem

não reconhece as mulheres como pessoas

iguais e livres, a quem nada impede de

identifi car com incubadoras utilitárias,

dispensáveis noutros voos, que o tempo

é de crise, que entende que connosco

se não for a bem vai a mal, que acha que

para quem é, não há Constituição nem

é preciso? Há-de vir quem diga que são

miudezas de mulheres e que o importante

não reside em nós, pretensiosas, a julgar

que sim. E eu digo que o que parece nada é

tudo, porque este parecido nada subverte

o Estado de direito democrático. E lembro,

que o artigo 115.º n.º 3 desta esquecida

Constituição que contra tudo ou quase

nos defende diz que só pode ir a referendo

questão de relevante interesse nacional. E

que portanto reside em nós o importante

sim. Mesmo que a causa tenha sido outra.

E que quem foi capaz de maltratar mais

de metade da população chamando-lhe

incapaz “por natureza” e humilhando-a na

sua dignidade — porque, queiram ou não

reconhecê-lo, todas somos destino deste

agravo —, quem foi capaz de fazer o que

fez, não é de confi ança, nem merece, como

se nada, prosseguir.

Em breve saberemos quanto valem e o

que podem as mulheres em Portugal, o

que querem para si próprias, para as suas

fi lhas e para as suas netas, qual o nível de

auto-estima em que se encontram, que

desconfortos e violências estão disponíveis

a suportar em defesa da igualdade. Ou

do que insistem julgar ser o seu sossego.

Saberemos se querem recusar a submissão

quando, agora e de novo por lei, as obrigam

a ela. Saberemos da sua fi bra e da sua real

autonomia como eleitoras conscientes, 40

anos depois do fi m da discriminação legal

que então sofriam as portuguesas também

em matéria de sufrágio. E saberemos

quanto delas gostam e o que delas querem

os homens do seu país. Saberemos.

Jurista, ex-secretária de Estado para a Igualdade

Page 47: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 47

AFP

Europa: 25.ª hora?

Quando se assiste ao drama

dos que esperavam encontrar

refúgio na Europa e se

deparam, em muitos países,

com muros, arame farpado,

violência e desconfi ança,

não pode deixar de vir à

memória outro drama: o dos

refugiados da Segunda Guerra

Mundial. Alguns refugiados

célebres deixaram relatos dramáticos,

como O Mundo de Ontem. Recordações

de Um Europeu, o livro de memórias de

Stefan Zweig. Após perder a nacionalidade

(austríaca), Zweig refugiou-se na Grã-

Bretanha; em 1940, teve de abandonar

Londres e procurar hospitalidade nas

Américas e sobre esse momento escreveu:

“eu sabia que de novo o passado se ia, de

novo fi cava reduzido a nada o que fora

construído — a Europa, a pátria comum

para a qual vivêramos, estava destruída

muito para lá da nossa vida terrena”. Li O

Mundo de Ontem em 1992, em plena guerra

da Bósnia, e tive consciência de como o

progresso inexorável é uma perigosa ilusão

— a Europa não era, não é, apenas a terra de

Voltaire, é também a da limpeza étnica, de

Srebrenica.

Os fantasmas da Europa reapareceram

na convicção absurda da superioridade

civilizacional, da pureza étnica, no medo do

outro, especialmente se é muçulmano e vem

do Médio Oriente. Reaparecem nas divisões

europeias, mas sobretudo na incapacidade

de resposta da União quando um estado-

membro, como a Hungria, desrespeita os

valores políticos da adesão.

É fácil prever que a actual crise dos

refugiados se vai agravar, pondo em risco

a coesão da União Europeia, incapaz de

chegar a acordo para receber 120 mil

refugiados. Hoje, existem 7,6 milhões de

deslocados na Síria; nos países vizinhos, são

cerca de 4 milhões de refugiados. Fogem à

guerra que, desde 2011, já matou 300 mil

pessoas.

A violência do regime de Assad contra

a sua população, com utilização de

armas químicas, bombardeamentos

indiscriminados e cerco a cidades

controladas pela oposição, tem vindo

a intensifi car-se com o apoio militar do

Irão e da Rússia. Da violência e do caos na

Síria e do vizinho Iraque nasceu e cresceu

o ISIS, grupo extremista anti-xiita, o que

dividiu e enfraqueceu a oposição a Assad

e transformou a luta contra a ditadura

numa guerra sectária. A emergência do ISIS

aumentou a desintegração do Iraque, o que

provoca também um êxodo de iraquianos

(há mais de um milhão de deslocados

internos no Iraque).

Na situação actual, nada indica que

esteja próxima

uma solução

para a guerra na

Síria. A solução

interna é muito

pouco provável,

pois nenhum

dos beligerantes

parece ser capaz

de destruir o outro:

nem o regime tem

capacidade de

destruir a oposição

armada, nem a

oposição armada

do Exército Sírio

Livre e da Frente

Islâmica, envolvida

em duas frentes

— Assad e o ISIS

—, tem condições

de derrubar o

Governo. Uma

solução diplomática,

produto de um

acordo entre os

EUA e a Rússia,

parece, igualmente,

improvável, dadas as

desavenças entre as

antigas superpotências, o recuo estratégico

americano e a falta de ambição europeia.

A solução regional, assente num acordo

entre o Irão, a Arábia Saudita e a Turquia,

com apoio das Nações Unidas, parece a

mais realista, apesar das difi culdades que

resultam do envolvimento da Arábia Saudita

numa guerra anti-xiita no Iémen.

Neste momento, há cerca de 270 mil

A 25.ª hora europeia pode não ter chegado, mas é certamente mais do que tempo de a prevenir, se não queremos ver ruir o projecto de paz pela integração

pedidos de asilo de sírios na Europa. Tudo

leva a crer que este número aumentará

exponencialmente, na medida em que os

países vizinhos da Síria já não têm condições

para receber mais refugiados: segundo

os dados da ONU, existem 1,8 milhões na

Turquia, 250 mil no Iraque, 630 mil na

Jordânia, 132 mil no Egipto, 1,1 milhões no

Líbano e 24 mil noutros países do Norte de

África. Muitos dos que encontraram refúgio

nos países vizinhos tinham a esperança de

que fosse uma situação temporária, mas

hoje procuram na Europa um local para

trabalhar e educar os seus fi lhos.

Ao mesmo tempo, os quase oito milhões

de deslocados internos encontram-se numa

situação de enorme privação. O Fundo

Alimentar Mundial só consegue prover

as necessidades de um milhão de sírios,

quando em 2014 alimentava dois milhões

— situação que também leva muitos dos

deslocados a procurarem abandonar a Síria.

Perante a ausência de uma solução para

o confl ito, um cálculo realista do número

de sírios que pode vir a procurar refúgio

na União Europeia aponta para números

muito mais signifi cativos, a que se somam

os potenciais refugiados iraquianos, para

falar só do Médio Oriente. No Magrebe, não

sabemos quais serão as consequências da

desintegração da Líbia, o que por sua vez

ameaça a democracia e a estabilidade na

Tunísia.

Perante a desintegração de países na sua

fronteira sul, o grande vizinho do Norte,

a União Europeia, tem sido irrelevante na

procura de uma solução para as guerras

e vê-se rodeada por um eixo de Estados

falhados. A afi rmação de que quer combater

Debate Crise dos refugiadosÁlvaro Vasconcelos

as causas profundas da crise dos refugiados

não passa, até agora, de uma declaração

bem-intencionada e a operação naval

no Mediterrâneo é mais um factor de

instabilidade regional.

Qual será a reacção europeia a uma vaga

de refugiados comparável à situação que

se vive na Turquia? Triunfará a perspectiva

de hospitalidade, anunciada, num primeiro

momento, por Merkel, ou prevalecerá

a perspectiva nacionalista xenófoba do

Governo húngaro? O nacionalismo pode

triunfar, como os muros que se erguem

indiciam, mas também pode ser que a

sociedade civil europeia, que é uma força

poderosa, seja capaz de impor a visão

solidária que tem manifestado, forçando

a União a regressar aos seus valores

fundamentais.

A minha geração devorou livros como

os de C. Virgil Gheorghiu, que relatam

o drama da Europa durante a II Guerra

Mundial, na sua 25.ª hora — título de uma

das suas obras —, a hora do desespero, onde

já não há tempo para fugir à destruição. A

25.ª hora europeia pode não ter chegado,

mas é certamente mais do que tempo de

a prevenir, se não queremos ver ruir o

projecto de paz pela integração.

O Portugal democrático honrou os que

se notabilizaram na defesa dos refugiados,

como Aristides Sousa Mendes, em Bordéus,

ou Teixeira Branquinho e Sampaio Garrido,

na Hungria. São esses exemplos que

devemos seguir, se queremos ajudar a salvar

os refugiados e, com eles, a União Europeia.

Investigador, director de projectos no Arab Reform Initiative (ARI)

Page 48: Jornal Publico de 23 de setembro de 2015

269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

PUBLICIDADE

ESCRITO NA PEDRA

“Em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades”Alexis de Tocqueville (1805-1859), historiador e escritor francês

QUA 23 SET 2015

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Agosto 35.268 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

Portugal recupera, após ter sido ultrapassado pela China no primeiro trimestre p18

Emitimos uma “assinatura” microbiana que parece distinguir-nos dos outros p29

Num cenário em que a Catalunha seria independente essa era a consequência p40

Portugal volta a ser principal exportador para Angola

Cada um de nós cria uma nuvem pessoal de bactérias

E se o Barcelona tiver de sair da Liga espanhola?

Euromilhões

14 23 26 27 29 7 10

37.000.000€1.º Prémio

SOBE E DESCEÂngela Ferreira

A artista nascida em Moçambique ganhou o Novo Banco Photo

2015, o principal prémio de arte contemporânea em Portugal, no valor de 40 mil euros, e que distingue desde 2007 artistas de nacionalidade portuguesa, brasileira ou de países africanos de língua oficial portuguesa. Foi com a exposição A Tendency to Forget (ainda no Museu Colecção Berardo) que Ângela Ferreira foi distinguida e na qual regressa ao colonialismo e ao pós-colonialismo. (Pág. 33)

Robert Lewandowski

O avançado polaco fez história no Bayern Munique-

Wolfsburgo. Entrou no jogo após o intervalo e em apenas nove minutos marcou cinco golos, algo que até ontem nunca tinha acontecido no campeonato alemão em tão pouco tempo. Foram nove minutos mágicos de Lewandowski e o seu feito tem ainda outra raridade associada: desde Agosto de 1991 que ninguém marcava cinco golos num jogo da Bundesliga. (Pág. 42)

Conquistou duas Ligas dos Campe-

ões, 13 títulos da Premier League,

cinco Taças de Inglaterra e quatro

Taças da Liga Inglesa. Falamos de

sir Alex Ferguson, ex-treinador que

comandou a equipa do Manchester

United durante 26 anos. Portanto,

quando este fala, ouve-se. E neste

caso, quando escreve, lê-se.

No novo livro, Leading, coloca-

do ontem à venda em Inglaterra, o

antigo treinador — agora director

no United e professor na Harvard

Business School — aborda assuntos

como a transição depois da sua saí-

da do Manchester United, em 2013,

os únicos quatro jogadores de clas-

se mundial com quem trabalhou, a

saída de Pogba para a Juventus, a

ponderada contratação de Mario

Balotelli e ainda a questão de Ryan

Giggs como futuro treinador.

Ao longo de 448 páginas, o esco-

cês revela que a primeira opção pa-

ra seu sucessor foi na verdade Josep

“Pep” Guardiola, actual treinador

do Bayern Munique. Aliás, os dois

tiveram até um encontro em Nova

Alex Ferguson revela mais segredossobre o Manchester United em novo livro

Iorque, em 2012, no qual Ferguson

pediu a Guardiola para ligar antes

de aceitar qualquer oferta de ou-

tro clube. No entanto, o catalão não

atendeu ao pedido e acabou por

se juntar ao Bayern Munique em

Julho de 2013. Ferguson confessa

agora que desejava ter ligado ao ex-

treinador do Barcelona antes de ter

contratado David Moyes. José Mou-

rinho, Carlo Ancelotti, Jurgen Klo-

pp e Louis van Gaal — actual treina-

dor do Manchester United — foram

as outras hipóteses consideradas.

Quanto aos seus jogadores favori-

tos, Ferguson revela que foram ape-

nas quatro os futebolistas que con-

sidera serem de classe mundial e

que treinou no Manchester United.

Paul Scholes, Eric Cantona, Ryan

Giggs e Cristiano Ronaldo fi zeram

a diferença e compõem a restrita

lista. De fora fi caram jogadores co-

mo David Beckham, Peter Schmei-

chel, Wayne Rooney e Roy Keane.

O melhor jogador que treinou em

toda a carreira? Cristiano Ronaldo.

“Dos quatro, Cristiano Ronaldo foi

como um enfeite no topo da árvore

de Natal”, conta.

Para Alex Ferguson, o grande erro

de David Moyes, seu sucessor no co-

mando do Manchester United — fez

apenas 34 jogos na Liga Inglesa —,

foi a decisão de despedir a equipa

técnica, incluindo Mike Phelan. No

livro, o ex-treinador acusa Moyes de

ter sentido necessidade de mostrar

masculinidade e acrescenta que o

abdicar do assistente mostrou fra-

queza. Na opinião do escocês, Mike

Phelan deveria ter sido o que Ryan

Giggs é hoje para Van Gaal.

Também o dinheiro é abordado

em Leading. Depois da propos-

ta de renovação que implicava o

aumento de salário de Wayne Ro-

oney, em 2010, o então treinador

do Manchester United pediu para

ver o salário dobrado, de forma a,

no mínimo, igualar o do jogador.

Quem o diz é o próprio no novo

FutebolAdriana Reis

O ex-técnico diz que Cristiano Ronaldo foi o melhor jogador que treinou e que Guardiola era o preferido para seu sucessor

Legenda Em delit am conullum

Rui Tavares interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral

livro. “Disse-lhes que não era justo

o Rooney ganhar o dobro daquilo

que eu ganhava”, podemos ler. O

resultado foi simples: nenhum jo-

gador poderia ganhar mais do que

Sir Alex.

O ex-treinador do Manchester

United revela ainda os bastidores

que envolveram a dispensa de Pog-

ba. O jogador tinha contrato com os

red devils por três anos, com mais

um de opção. Mas acabou por ru-

mar à Juventus, onde agora brilha.

E o escocês confessa que o que fa-

lhou foi mesmo a relação de Fergu-

son com o agente do jogador, Mino

Raiola. Sir Alex conta no livro que a

primeira reunião com o agente foi

um verdadeiro fi asco e revela que

este é um dos poucos agentes de

quem não gosta.

Já sobre Mario Balotelli, cuja con-

tratação foi ponderada em 2010,

Ferguson explicou que, depois de

algum trabalho de casa, o resultado

foi claro: a contratação era dema-

siado arriscada tendo em conta o

comportamento do jogador.

Por fi m, um elogio a Ryan Giggs,

que será um óptimo treinador devi-

do em grande parte à inteligência,

presença e conhecimento, segundo

Ferguson. “Se se tivesse retirado

nos seus trinta, em vez de o ter feito

já com 40 anos, havia todas as hipó-

teses de ter sido o meu assistente

nos últimos cinco anos que fi z no

United”, refere. Texto editado por Jorge Miguel Matias

SAIBA TUDO EM publico.pt/legislativas2015

LEGISLATIVAS 2015 TRACKING POLLA evolução diária das intenções de voto dos eleitores

269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E