06novas Formas de Organizacao Do Trabalho

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 1 Novas Formas d e Organiza ção do Trabalho Nesse cenário tecnológico, os trabalhadores são organizados em um novo conceito de divisão do trabalho que compreende: a) Novas tecnologias de produ ção; b) Novos pro cessos; c) Novas form as de gerenciamento. Nelas encontramos as formas de “participação direta” que começam pelas consultas individuais (sugestões, testes, avaliações), consultas de grupo (técnicas de resolução de problemas e propostas de solução) e delegação individual (horário móvel e escolha de tarefa). Há formas, mais avançadas, como as de “elevado desempenho” e que compreendem a diminuição dos níveis hierárquicos e a reestruturação dos processos de produção ou serviços. O ponto importante da participação direta é o trabalho em grupo. São formados grupos ou times, para realização das tarefas. A fragmentação do trabalho foi revista. São organizados novos formatos de tarefas, nas quais existe uma preocupação em torná-las mais completas, permitindo que o trabalhador detenha mais informação visando a sugestões para o produto, ou processo, dentro do conceito de melhoria contínua. Isso não se consegue da noite para o dia. É um longo processo. Há um aspecto muito importante em tudo isso. Os sistemas de organização do trabalho estão entre as tecnologias que o empregador pode escolher. Algumas atividades têm sua produção melhorada com mais robôs. Outras, com processos e máquinas que eliminam a qualificação.  Tu do depende da opção e também do t ipo de atividade. Quer diz er , é possível que certas tarefas se tornarem mais simples como apertar botões, por exemplo. Há situações nas quais o controle do processo e do próprio trabalhador fica mais rigoroso. Existem técnicas que permitem uma ocupação mais intensiva da mão-de- obra, como por exemplo, a redução do tempo de preparação de máquinas ou, ainda, aumento de solicitações de trabalho por parte do processo. O objetivo maior é o ganho de produtividade. Na maioria das atividades, porém, como regra, temos sofisticação, mesmo porque a máquina é apenas parte da totalidade do trabalho. O empresário em sua opção poderá adotar sistemas mais ou menos participativos. Ele corre o risco do concorrente ser mais feliz nas opções.

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Novas Formas de Organização do Trabalho

Nesse cenário tecnológico, os trabalhadores são organizados em um novoconceito de divisão do trabalho que compreende:

a) Novas tecnologias de produção;b) Novos processos;c) Novas formas de gerenciamento.

Nelas encontramos as formas de “participação direta” que começam pelasconsultas individuais (sugestões, testes, avaliações), consultas de grupo (técnicasde resolução de problemas e propostas de solução) e delegação individual (horáriomóvel e escolha de tarefa).

Há formas, mais avançadas, como as de “elevado desempenho” e quecompreendem a diminuição dos níveis hierárquicos e a reestruturação dosprocessos de produção ou serviços.

O ponto importante da participação direta é o trabalho em grupo. Sãoformados grupos ou times, para realização das tarefas. A fragmentação do trabalhofoi revista.

São organizados novos formatos de tarefas, nas quais existe umapreocupação em torná-las mais completas, permitindo que o trabalhador detenhamais informação visando a sugestões para o produto, ou processo, dentro doconceito de melhoria contínua. Isso não se consegue da noite para o dia. É um

longo processo.Há um aspecto muito importante em tudo isso. Os sistemas de organização

do trabalho estão entre as tecnologias que o empregador pode escolher. Algumasatividades têm sua produção melhorada com mais robôs. Outras, com processos emáquinas que eliminam a qualificação.

 Tudo depende da opção e também do tipo de atividade. Quer dizer, épossível que certas tarefas se tornarem mais simples como apertar botões, porexemplo. Há situações nas quais o controle do processo e do próprio trabalhadorfica mais rigoroso.

Existem técnicas que permitem uma ocupação mais intensiva da mão-de-obra, como por exemplo, a redução do tempo de preparação de máquinas ou,ainda, aumento de solicitações de trabalho por parte do processo. O objetivo maioré o ganho de produtividade.

Na maioria das atividades, porém, como regra, temos sofisticação, mesmoporque a máquina é apenas parte da totalidade do trabalho.

O empresário em sua opção poderá adotar sistemas mais ou menosparticipativos. Ele corre o risco do concorrente ser mais feliz nas opções.

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A competitividade deve determinar o sistema de organização do trabalho. Ograu de complexidade das atividades também influencia a participação dosempregados nos processos organizacionais. O grau de autonomia das tarefas, suavariedade, o volume de informações e a sua significância dependerão sempre dotipo de sistema organizacional adotado pela empresa.

Diante disso, o posto de trabalho mudou e tudo indica que as mudanças nãovão mais parar, conforme demonstram o processo de inovação e o conceito de curtamaturação tecnológica.

O trabalho em grupo libera a chefia que vai ocupar-se da parte estratégica.Isso decorre do fato de o grupo ter metas fixadas a cumprir. Na sua estrutura existeum coordenador ou porta-voz que substitui com vantagens a figura da chefiatradicional.

A chefia tradicional, que necessitava conceitualmente de controle e comando

para todos os passos do processo de trabalho, era extremamente útil no períodotaylorista. As novas formas de organização e divisão do trabalho dão aostrabalhadores poder de decisão sobre o que fazem, dispensando a presença docomando tradicional.

O grupo trabalhando em colaboração é mais solidário e criativo. Ele discute eplaneja o trabalho. Cuida do suprimento. Ocupa-se das necessidades demanutenção, da qualidade e do treinamento dos seus integrantes. Cada sugestãoútil é incorporada, melhorando o processo produtivo e o produto. Mas a combinaçãode todos esses fatores pode contribuir para a redução de mão-de-obra. Em suma,por todos esses motivos, a reestruturação produtiva deixa claro que estamos diantede uma nova organização e divisão do trabalho na empresa e na sociedade.

O antigo e o novo posto de trabalho

A repercussão da reestruturação produtiva nos postos de trabalho representauma verdadeira revolução, comparada ao formato de tarefa no conceito taylorista. Omodelo taylorista de produção concebia o posto de trabalho com tarefasfragmentadas no mais alto grau.

O trabalhador deveria realizar um movimento, conforme o planejamento

determinou, dentro de um tempo estabelecido pela cronometragem. Esse formatopossibilitava a produção em escala e em massa. O trabalhador, ao ser recrutado,conhecia o processo ou era treinado durante certo tempo para tocar o trabalho.Apenas para algumas funções mais qualificadas era exigida criatividade intelectual.

Os postos de trabalho eram planejados rigidamente, cabendo apenas cumprirobedientemente a tarefa. Taylor retirou do trabalhador a função criativa. Consta que Taylor, funcionando como consultor em determinada empresa, foi abordado por umtrabalhador que tinha sugestões sobre o seu próprio trabalho.

Ante a tamanha insubordinação, Taylor teria respondido; “O senhor é pago

para trabalhar e não para pensar”. Taylor é acusado de ter aumentado o grau dealienação do trabalho.

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As áreas de planejamento eram encarregadas de dissecar e fragmentar astarefas e de montar o posto de trabalho. O trabalhador que cumprisse bem o que foiestabelecido era considerado um bom profissional.

O que se exigia do trabalhador era que ele fizesse a parte que lhe cabia e

pronto. É interessante que a legislação dessa fase era coerente com esse formato. Tanto que não se esperava que um homem de produção fizesse manutenção deseu equipamento. O trabalhador deveria ocupar-se daquilo para o que foracontratado.

Na função de pedreiro não constava que deveria carregar massa ou tijolos.Se alguma chefia desse um comando para que o pedreiro carregasse tijolos, estariaprocedendo arbitrariamente, uma vez que carregar tijolos não compõe o rol deatividades de um pedreiro. O ajudante é quem carrega tijolos. Se o pedreiro nãocarregasse tijolos, não estaria em falta com o cumprimento de sua obrigaçãocontratual.

Fala-se o mesmo de outras funções como, por exemplo, o montador, otorneiro, o datilógrafo. Pela cabeça desses profissionais, jamais passaria a idéia detambém fazer o suprimento e a manutenção dos seus equipamentos. Nem o patrãoficaria decepcionado se eles não fizessem outras coisas fora do contratado, pois,era para isso que existiam os setores de suprimento e de manutenção organizados,com pessoal disponível.

A maioria das tarefas em oficinas e nos escritórios estavam estruturadas comdeterminada rigidez, não cabendo ao empregado contestar a organização.

O novo posto de trabalho foi reestruturado e ampliado. As células deprodução são verdadeiras unidades produtivas. Nelas estão reunidas diversastarefas. A ênfase é reunir tarefas que preferentemente permitam a produção de umproduto completo, ou o mais completo possível.

As especialidades foram reunidas. Não há mais tarefas diretas eindiretamente ligadas à produção. Todas as tarefas são agora ligadas ao produto eestão entrelaçadas com outras voltadas ao equipamento e aos outros segmentos dacadeia de produção.

No posto de trabalho não passa mais o homem da qualidade. O produto devesair pronto para uso e aplicação. No posto de trabalho estão reunidas diversasatividades. O homem precisa estar preparado para tocar o posto.

Por isso que o trabalhador precisa ser polivalente e/ou multifuncional. O postode trabalho tem novas características, nele tudo mudou. O processo de melhoriacontínua indica que não há limites para a mudança.

Estudo acadêmico analisando o trabalho em grupo na FIAT de Betim/MG,empresa com mais de 24mil trabalhadores revela que nas chamadas UTEs –Unidades Tecnológicas Elementares, responsáveis pela produção da fábrica, as

mudanças decorrentes da reestruturação produtiva dos postos de trabalhorepresentaram:

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a) Polivalência e multifuncionalidade;b) Trabalho em grupo;c) Comunicações verticais e horizontais;d) Liderança baseada na autoridade profissional;e) Delegação do processo decisório;

f) Organização e administração por processo.

Polivalência e mult ifunção do trabalhador 

A polivalência consiste na possibilidade de o trabalhador realizar todas asatividades e tarefas que integram o novo conceito de posto de trabalho. O que seexige é que ele saiba fazer o requerido.

Muitas vezes o empregado se torna uma espécie de artesão. Controla atarefa desde o planejamento até a sua realização, exigindo uma “superqualificação”. Nem sempre isso é possível em razão da complexidade dos serviços.

Nesse caso a tarefa é dividida.

Quando as tarefas têm conteúdo semelhante, por exemplo, máquinas com amesma tecnologia, o trabalhador passa a cuidar de mais de uma, funcionando comoum “coringa”. Há empresas que alteram a denominação da função do trabalho parafacilitar a sua polivalência. Estando treinado e realizando suas tarefas a contentotem empregabilidade.

 Atenção: empregabi lidade, não garant ia de emprego. Isso é importanteporque as mudanças nos postos são rápidas. Seja porque o processo foi alterado,seja porque foi introduzida nova tecnologia.

Poderá deixar de ser indispensável ou porque não consegue acompanhar otreinamento progressivo, ou pelo fato de a nova tecnologia introduzida dispensar anecessidade de mão de obra. Esse é o drama do trabalhador empregado naatualidade.

A multifunção é muito próxima da polivalência. A diferença é sutil. Amultifunção é praticamente conseqüência da polivalência. Para ser multifuncional épreciso ser polivalente.

As atividades numa célula compreendem varias funções. Por exemplo, numacélula de usinagem podem estar conjugados uma retífica, um torno e uma furadeira,quando não, todas essas operações já estão numa só máquina, sob a gerência deum sistema programado, sendo que nesse caso o empregado precisa conhecertambém informática.

Numa situação dessas, sendo o posto assim complexo, em o trabalhadorexercendo todas as atividades ali compreendidas, é ele polivalente e multifuncional.Porem é mais multifuncional que polivalente ao exercer as diferentes funçõesdiretas ou indiretas ligadas à produção requeridas no posto de trabalho.

Quando, além de realizar as tarefas mencionadas está apto a executar outrasfunções, como coordenador, porta-voz do grupo, facilitador, líder situacional, entre

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outras habilidades e responsabilidades, esse trabalhador é certamente, além depolivalente, um autêntico multifuncional.

Pelos mesmos motivos da polivalência, a multifunção também não significaempregabilidade assegurada e garantia de emprego. Pelo contrário, o medo do

desemprego facilita à imposição de “trabalho polivalente (qualificante ou não)” nasempresas.

Esses são os elementos que integram o conceito de profissional modernopara o novo posto de trabalho. Pouco importa o local de trabalho. Vale tanto parapostos na produção quanto nos escritórios. Aliás, o escritório teve profundasalterações em seu layout. As mesas estão dispostas agrupadamente para facilitar ocontato e a comunicação entre as pessoas. Quando não é dessa maneira, as mesasestão preparadas numa disposição adequada para o grupo de trabalho facilitando aexecução das tarefas conjuntas. Com isso, economiza espaço.

A multifunção e a polivalência foram intensificadas também nos escritórios.Com o uso do computador e da telemática [comunicação à distância de um conjunto de serviçosfornecidos através de uma rede de telecomunicações (telefonia, satélite, cabo, fibra óptica, etc.) e da informática(computadores, periféricos, softwares e sistemas de redes), que possibilitou o processamento, a compressão, oarmazenamento e a comunicação de grandes quantidades de dados entre usuários localizados em qualquer ponto do planeta]

os profissionais lotados nos escritórios tiveram, como seus colegas da produção,uma ampliação significante das suas tarefas. Como conseqüência, essas mudançastambém refletiram nos postos de trabalho. Desapareceram auxiliares, secretárias,datilógrafos e pessoal de apoio.

Um engenheiro trabalhando com computador faz também tarefas completas.Elabora projetos, cálculos, plantas, desenhos e memoriais.

Antes ele necessitava de uma equipe. Hoje, com a tecnologia disponível, elepode trabalhar em grupo ou ser autônomo fazendo praticamente a tarefa completa.

O enriquecimento profissional dos postos de trabalho e o aumento daautonomia dos trabalhadores diminuíram o peso da hierarquia, fazendo aumentar ograu de responsabilidade na execução das tarefas. A gerência, atualmente,coordena a colaboração, e é fonte de informação, não havendo mais espaço paraum comando vertical do tipo disciplinar.

Outra prática é a avaliação de desempenho ou análise de desempenho. Aschefias sentam-se para estabelecer metas de tarefas e de desenvolvimentos aserem cumpridas dentro de um determinado período. Tudo isso é contratado porescrito. São feitas avaliações e correções necessárias.

 Tudo o que estamos comentando já aconteceu de algum modo ou está emandamento. O importante é que esse processo não cessará. Alcança todas asatividades dos setores de ponta da economia em todos os países. A competitividadeé que vai determinar o ritmo do processo de mudança. Os postos de trabalhoadquiriram outra dinâmica: são renovados com muita rapidez.