Post on 10-Dec-2015
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Como conseguirBolsas de EstudosInternacionais
2 Para você que quer estudar fora...
... pode parecer difícil até mesmo pensar no assunto, quando se considera o fator
econômico. Isso porque, além de ter que considerar a conversão da moeda, o que já é
uma desvantagem natural para nós, brasileiros, também é necessário pensar sobre os
custos com moradia, alimentação, material acadêmico e, principalmente, as mensali-
dades das universidades estrangeiras.
Apesar de parecer impossível, é justamente para isso –
amenizar seus custos – que existem as bolsas de estudo.
Atualmente, há uma infinidade delas sendo oferecidas a
brasileiros que querem estudar no exterior. O difícil é sele-
cionar a melhor opção à qual você deve se dedicar e iniciar
seu processo de candidatura. Perceba que utilizo a palavra
processo não por acaso.
Estudar fora demanda planejamento. E este planejamento não se aplica somente à sua
escolha de curso ou de país, mas também a uma agenda de atividades nas quais você
deve trabalhar para atingir seu objetivo de entrar em uma universidade internacional.
Essas atividades compreendem desde o que fazer para poupar dinheiro até a sua prepa-
ração para tornar-se um bom candidato a conseguir uma vaga na instituição escolhida e,
preferencialmente, a uma bolsa de estudos.
Estudar forademanda
planejamento
Estudar fora mudará para sempre a sua vida
Das coisas que aprendi vivendo fora...... e que me motivam a recrutar estudantes internacionais
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Nos últimos 6 anos, tenho trabalhado com estudantes de todo o mundo que buscam
realizar seus estudos no exterior. Através dos eventos da QS, que acontecem em todos
os continentes, tive a oportunidade de visitar os mais diversos países e ter contato com
estudantes de variadas culturas.
Meu trabalho consiste em selecionar os melhores candidatos com o perfil que as esco-
las internacionais buscam para seus programas, principalmente de MBA e de Mestrados
específicos. Cotidianamente, analiso uma lista imensa de interessados em estudar fora,
com seus respectivos CVs. Depois, entro em contato por telefone com aqueles que con-
sidero mais adequados, agendando horários para que conversem com as instituições de
ensino durante nossos eventos.
Dentre as maiores motivações para desempenhar minhas atividades está justamente a
de saber que estou lidando com sonhos e aspirações de jovens profissionais, cuja de-
cisão de deixar o país (por quaisquer que sejam as razões) e se aventurar pelo mundo
os impactará de maneira irreversível. Muitos jamais voltarão aos seus países de origem,
conseguindo desenvolver sua carreira no país onde inicialmente foram estudar. Outros
acabam por conhecer o amor de sua vida no país estrangeiro, casando-se e estabelecen-
do-se no local ou em outro lugar do mundo.
As possibilidades são imensas para aqueles que dão o primeiro passo de deixar a sua
zona de conforto e sair para estudar fora. Muito além do desenvolvimento acadêmico
e do diploma obtido por uma instituição internacional de qualidade, outros ganhos im-
portantes – senão até mais importantes - são a experiência cultural, o estabelecimento
de relações com pessoas de todo o mundo e o aprendizado de um segundo ou terceiro
idioma. São tantas as conquistas alcançadas nesse período de tempo, que a vida se trans-
forma completamente, em todos os sentidos.
As possibilidades são imensas
para aqueles que dão o primeiropasso de deixar a sua zona deconforto e sair para estudar
fora.
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Para mim, é fácil me identificar com os candidatos que desejam
estudar fora, já que eu mesmo vivi algo semelhante: aos 17
anos, fiz meu primeiro intercâmbio e, desde então, sem-
pre soube que não ficaria no Brasil pelo resto da minha
vida. A experiência cultural foi tão forte que, quando
retornei ao Brasil, passei a estudar idiomas e a tra-
balhar, com o intuito de me lançar na aventura do
“mochilão”. E foi o que fiz.
Três anos depois, realizei meu sonho de viajar por toda
a Europa por 6 meses, conhecendo inúmeros países, pu-
lando de albergue em albergue. Nessa época, fiz amigos
verdadeiros, de diferentes países, criados em culturas tão
diferentes da minha que, incrivelmente, enxergavam a vida da
mesma maneira que eu. Por sorte, isso ocorreu num período em
que o Brasil crescia em popularidade pelo mundo e muitos desses amigos
acabaram por vir me visitar em terras brasileiras.
Minha viagem trouxe mudanças até mesmo às pessoas ao meu redor, como meus pais.
Ambos criados no interior, sem nunca terem saído do país, começaram a tomar gosto por
passear fora do Brasil, depois de terem recebido pessoas do mundo todo em nossa casa.
Havia um orgulho e felicidade imensa em mostrar aos “gringos” a nossa cultura, nossa
culinária, nossa cidade, dentre outros; além da curiosidade de entender o “outro”, de
saber como eram as referências deles, as diferenças culturais, etc.
O resultado daqueles anos é que acabei vindo morar em Londres, onde resido atual-
mente com minha esposa, que é polonesa. Como consequência disso, também veio a
vontade de auxiliar outras pessoas a terem uma experiência parecida com a minha,
atingindo seus objetivos de estudar fora.
Muitos dos estudantes com os quais converso hoje, através das
minhas atividades do trabalho, acabam por transformar-se em
contatos, companheiros profissionais e até amigos. Acabei
me tornando um “conselheiro”, tentando ajudar aqueles
que precisam de informações para dar continuidade ao
projeto de estudar fora.
“Minha viagem trouxe mudanças até
mesmo às pessoas ao meu redor”.
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Os eventos da QS são ótimas oportunidades não só para
encontrar os representantes de admissão das melhores
universidades do mundo, mas também para encontrar
pessoas que querem a mesma coisa que você
Por isso, também me envolvi com a organização dos eventos da QS, tanto de Mestrado
como de MBA, onde os candidatos têm a oportunidade única de conversar diretamente
com diversas escolas internacionais e de encontrar pessoas que compartilham o mesmo
objetivo. Aliás, esta segunda possibilidade é bastante enriquecedora, já que permite ao
interessado criar um networking de motivação para passar pelas etapas de planejamen-
to. Afinal, acredite ou não, nem todo mundo entende o sonho de estudar fora e muitos
jamais pensariam em deixar o país de origem, a família e os amigos.
Entretanto, se você está lendo este livro, é porque se enquadra no grupo daqueles que
desejam ter tal experiência e, por isso, precisa manter o seu foco. Meu conselho pra você
é: não desista do sonho e siga em busca dele, ainda que possa parecer difícil.
Estudar Fora X Finanças
Após anos trabalhando com estudantes internacionais, posso afirmar que o principal
fator no processo de mobilidade internacional é mesmo a questão financeira, ou seja,
“como pagar por este sonho”. Sabemos muito bem o quanto essa tarefa é difícil para nós,
brasileiros; mas há lugares do mundo onde a situação é muito pior, e realizar esse sonho
demanda algo como 100 anos de salário, como é o caso de alguns países do sudeste
asiático, por exemplo.
A dificuldade ficou ainda mais acentuada com a crise
econômica mundial, que se agravou e se arrasta até
os dias de hoje. Some-se a isto a valorização re-
cente do dólar, que é a moeda de câmbio da maior
parte dos programas de estudo, o que dificultou
ainda mais atingir o objetivo de estudar fora. Além
disso, os países que mais atraem estudantes inter-
nacionais, como os países europeus, os Estados Un-
idos, o Canadá e a Australia, dentre outros, possuem
moedas fortes, encarecendo ainda mais o financiamen-
to dos estudos.
Por isso, não há como evitar o tema: estudar fora demanda necessariamente pensar em
um meio de financiar os estudos, seja economizando por alguns anos, seja emprestando
dinheiro, ou através de uma bolsa. Mesmo que posteriormente você consiga um empre-
go no país onde for estudar (sim, em alguns países isto é possível), é necessário prepa-
rar-se para a fase inicial da sua experiência internacional, já que os gastos com a mu-
dança do Brasil não serão irrelevantes, ainda mais se você não contar com vastas somas
de dinheiro para investir nisso.
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As bolsas de estudo disponíveis
Não é à toa, portanto, que as bolsas de estudo são tão populares (e competitivas) entre
os estudantes internacionais. Por sorte, inúmeras empresas privadas, ONGs e institu-
ições governamentais do mundo inteiro oferecem esses auxílios. Geralmente, as em-
presas que fornecem bolsas, vêem nelas um investimento em sua marca e reputação.
Já as ONGs as disponibilizam com o intuito de permitir que muitos jovens deixem suas
realidades carentes para construir um futuro mais promissor, retribuindo à sociedade
posteriormente. Por fim, os governos enxergam nas bolsas a possibilidade de qualific-
ar sua população e permitir a troca de conhecimentos através da internacionalização,
atraindo os melhores estudantes de outros países para contribuir com o desenvolvimen-
to nacional.
O fato é que, atualmente, há tantas bolsas de estudo pelo mundo que estima-se que seja
uma indústria de bilhões de dólares. Isso quer dizer que é fácil conseguir uma bolsa?
Este é o ponto central deste livro e a resposta categórica é obviamente NÃO.
A empresa onde trabalho, a QS Quacquarelli Symonds, por exemplo, assim como in-
úmeras outras empresas, possui um fundo em associação com diversas universidades
para oferecer bolsas de estudo (em um total de U$1.7 milhão de dólares) àqueles que
participam de um de nossos eventos, em qualquer parte do mundo.
Desde que a QS começou com este programa, percebi que muitos estudantes têm um
conceito completamente errado sobre como conseguir uma bolsa de estudos. Isto
porque a maioria acredita ser possível ser selecionado aleatoriamente para obter uma. A
verdade é que NÃO EXISTE SORTEIO de bolsas de estudo, de nenhuma organização, sob
nenhuma condição.
Bolsas de estudo são atribuídas por competência, assim como passar em
um vestibular que, embora tenha seu elemento de sorte, é o re-
sultado de um preparo. Você conhece alguém que chutou todas
as questões e passou em um vestibular concorrido?
Este é o primeiro ponto que quem deseja estudar fora e
obter uma bolsa de estudos deve entender.
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A verdade é que NÃO EXISTE SORTEIO de bolsas de estudo,
de nehuma organização, sob nenhuma condição.
O representante confessou ter ficado abis-
mado com a situação, perdendo a compos-
tura, e respondendo ao candidato que ele
não tinha viajado milhares de quilômetros,
para expor em um centro de convenções
caro, de graça, e que os pedidos do candida-
to eram absurdos. Talvez quem compareça
a uma feira estudantil não se dê conta, mas
as universidades têm custos para estar ali,
e são custos altos. Se elas oferecem bolsas,
priorizarão aqueles com melhor preparo e
nos quais estejam mais interessadas. Talvez
as bolsas não cheguem sequer a cobrir o
valor total das mensalidades.
Por isso, caso você, leitor deste livro, tenha
uma situação de necessidade parecida com
a do candidato citado, nunca esqueça destes
pontos antes de ir falar com um represent-
ante de universidade. Não PEÇA uma bol-
sa, nem por email, nem por telefone, nem
frente a frente!
8 O que não fazer quando se quer obter uma bolsa de estudo
Em nossos eventos, muitos estudantes
chegam frente a frente com os repre-
sentantes das escolas internacionais
e perguntam como podem “ganhar”
uma bolsa, sem perceber que isso ar-
ruina qualquer possibilidade de con-
seguirem uma!
Certa vez, um representante de uma
escola de negócios me procurou du-
rante nossa feira no Brasil, indignado.
Acabara de ter uma discussão des-
agradável com um dos estudantes e
não conseguia mais continuar aten-
dendo os outros interessados. Quando
perguntei o que havia acontecido, ele
me contou que o tal estudante queria
uma bolsa de estudos integral (cobre
100% dos custos do curso) e solicitava
auxílio moradia, alimentação e passa-
gens de avião.
Pensando no exemplo citado anteriormente, imagine se o candidato, em vez de ime-
diatamente pedir a bolsa, tivesse utilizado a seguinte abordagem:
9Como fazer a abordagem certa no caminho de conquistar uma bolsa
Olá senhor representante, li
muito sobre sua escola, seu progra-
ma de Mestrado X é muito interessante e
seria algo que eu estaria muito interessado
em fazer. Estive em contato com professores
de sua instituição, mais especificamente com
os professores X, Y e Z. Procurei professores
do meu país que seguem a mesma linha de
pesquisa e estou trabalhando em um
projeto nesta área.
Também procurei a
embaixada do seu país
aqui no Brasil e coletei todas as
informações sobre como conseguir
o visto de estudante e fiz um
planejamento do custo de viver
no seu país.
Tenho restrições finan-
ceiras, mas estive em conta-
to com bancos e empresas que
financiam estudantes tais como
X, Y e Z. Haveria outras opções
que o senhor me aconselharia
tentar?
Estou estudando o idioma do
seu país e tenho todos os doc-
umentos acadêmicos necessári-
os; estou agora no processo de
traduzí-los.
Listei os fóruns online de ex-es-
tudantes de sua universidade
(chamados de alumni groups ), es-
tive em contato com várias pessoas e,
inclusive, encontrei pessoalmente com
alguns deles, que me passaram várias
dicas, tais como A, B e C.
Estou trabalhando em horas
extras e estou economizando din-
heiro, consegui em X meses levantar a
quantia de Y dólares e vou continuar até
conseguir as condições favoráveis para
que eu possa me candidatar a uma
vaga na sua instituição.Vim a este
evento hoje para
conhecê-lo pessoal-
mente, deixar uma cópia
do meu CV e teria as
seguintes perguntas:
1, 2, 3...
1
3
5
7
2
4
6
Você não acha que se fosse assim, a recepção e percepção deste representante de uni-
versidade teria sido diferente?
O conselho deixado aqui é de sempre seguir a segunda forma de contato. Lembre-se:
a bolsa é uma consequência e você precisa mostrar porque a merece, que você fez sua
lição de casa e que vai seguir fazendo até atingir seu objetivo.
O pior modo de agir ao abordar qualquer instituição de ensino é se mostrar como um
pedinte. Passar a impressão de que você está desesperado, indo atrás de qualquer bolsa,
definitivamente não é a maneira mais inteligente de conseguir uma. Isso só demonstra
que você aceitaria ir para qualquer escola que lhe desse auxílio financeiro, e embora
possa ser verdade, não atribui nenhum valor a você enquanto estudante.
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NUNCA PEÇA uma bolsa de estudos.
Mostre que você a merece
A maioria das bolsas de estudo é concedida por mérito e, obviamente, é deste modo
que tem que funcionar. Não se engane com a ideia de que bolsa é “de graça”. Alguém
estará pagando por seus estudos e, na maior parte das vezes, pagando caro. Por isso, você
deve mostrar que a merece e evidenciar que está fazendo tudo para ser a pessoa que vai
merecê-la.
Pense na situação hipotética na qual você seja o dono de uma instituição de ensino que
recebe estudantes internacionais. Você faz parceria com agências ou empresas internac-
ionais para conceder bolsas de estudo. Mesmo que lhe custe muito dinheiro, você enxer-
ga a importância de ajudar pessoas que não possuem dinheiro para seguir seus estudos.
Responda sinceramente: para quem você concederia este benefício? Você faria um mero
e simples sorteio? Ou traçaria um processo seletivo para atrair pessoas talentosas e que
queiram realmente estudar em sua instituição?
A resposta é óbvia e, com ela, parte de sua estratégia já está traçada: mostre para as uni-
versidades (e seus representantes) que seu desejo de estudar nelas é uma meta em sua
vida e que você fará de tudo para conseguir isso.
Parece uma tarefa até simples, mas demanda tempo e exige que você tenha um plano de
ação definido.
11Uma bolsa se ganha, não se pede
Não se engane com a ideia de que bolsa é “de graça”.
Para tornar sua tarefa mais fácil na conquista de uma bolsa de estudos internacional,
listo aqui as etapas que você encontrará pela frente.
1. Faça uma pesquisa sobre as universidades internacionais que
lhe interessam.
Há diversas formas de fazer isso, mas nos dias de hoje a
pesquisa online é a mais rápida. Neste primeiro momento,
você terá uma idéia de quantas universidades internacion-
ais possuem os programas que lhe interessam.
Perceba que nem começamos a falar da bolsa e meu conselho
é que você nem pense nisso, neste estágio. A bolsa nada mais
é do que a última coisa a se pensar. Lembre-se que ninguém lhe
dará a bolsa antes de você escolher a universidade.
A única exceção à regra é a de casos específicos de bolsas de estudo atribuídas por em-
presas com o intuito de investir na qualificação de seus funcionários. Nesses casos, a
empresa garantirá a bolsa, independente da universidade em que seu empregado entrar,
mas fatalmente exigirá que o funcionário tenha o compromisso de não findar seu con-
trato antes de um determinado tempo. Tais bolsas são mais comumente disponibilizadas
por empresas grandes, que querem treinar os colaboradores em áreas específicas como
um MBA, por exemplo.
Para todos os outros casos, será necessário que, primeiro, você seja aprovado pela insti-
tuição que deseja para, em seguida, verificar as possibilidades de bolsas de estudo.
Portanto, é melhor fazer uma lista das universidades que serão seus alvos, nas quais você
concentrará seus esforços. Aproveite e pesquise pelos rankings de universidades como
o da QS, por exemplo, que publica anualmente o mais tradicional e renomado ranking de
universidades do mundo.
12 Um plano de ação passo a passo
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Também não deixe de participar de eventos estudantis com universidades internacion-
ais: a participação em tais eventos é geralmente gratuita e lhe permite conversar com os
representantes das escolas diretamente, esclarecendo dúvidas específicas, já que nem
sempre tudo aquilo de que você precisa se encontra no website da universidade.
A sugestão é que você liste não mais que 10 instituições, para iniciar.
Neste livro, meu intuito é justamente explicar os passos a serem dados para se conseguir
uma bolsa de estudos. No entanto, o sucesso em obtê-la dependerá de você. Será o seu
esforço, evidentemente, que o fará merecedor do auxílio e de seguir seus estudos inter-
nacionalmente.
2. Da sua lista, veja os documentos solicitados por cada uma das instituições
Antes de iniciar o contato com as universidades de sua lista,
faça uma ampla pesquisa sobre os requisitos acadêmicos
e os documentos exigidos por elas. Normalmente, eles
serão os mesmos (ou similares) para todas e incluirão:
- Seu diploma e grade curricular traduzidos. Normal-
mente, a tradução em inglês é aceita pela maioria
das instituições que recebem estudantes internac-
ionais, porém pode ser necessária a tradução para o
idioma local (como ocorre em algumas universidades
da Alemanha);
- Seu diploma deve ter validade junto à universidade internac-
ional. Em geral, todas as instituições reconhecidas pelo MEC são aceit-
as. Aliás, com o processo de internacionalização se difundindo cada vez mais pelo Brasil,
grande parte das universidades já possui parcerias de mobilidade com universidades
internacionais.
- Certificado de língua estrangeira. Como as aulas não serão lecionadas em português – a
não ser que você vá estudar em Portugal –, será necessário demonstrar que você tem a
capacidade de acompanhá-las normalmente.
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Para isso, o mais comum é um certificado de inglês, já que países anglo-saxões são nor-
malmente os mais procurados, além de muitos países não anglófonos utilizarem o idio-
ma também para suas aulas .Em termos de MBA, quase todas as escolas de negócios do
mundo lecionam no idioma (até na França). Porém, há casos nos quais um certificado de
outra língua será necessário. Os exames mais aceitos internacionalmente são o TOEFL
e o IELTS. A sugestão é que você os faça, independentemente do país onde vá estudar.
Isso porque o inglês é também o idioma mundial para o meio acadêmico e poucas publi-
cações terão relevância internacional se não estiverem em inglês.
- Exames específicos como GRE e GMAT. Para alguns cursos, exames específicos serão
requisitados, como o GRE e o GMAT. O último é exigido por qualquer MBA internacional e,
portanto, se você deseja alcançar esta qualificação, é melhor se preparar e fazer o teste.
Agora que você já sabe quais os documentos necessários iniciais para a admissão em
suas universidades preferidas, pode começar a trabalhar neles, caso não os tenha ainda.
Enquanto eles ficam prontos, você pode então começar a pensar na outra etapa.
3. Documentos essenciais e como se vender através deles
Currículo em inglês
Além dos documentos primários citados - como comprovante de
proficiência em língua estrangeira, os resultados de seus tes-
tes específicos e o diploma/grade curricular traduzido, você
terá que trabalhar em alguns documentos que devem
“vendê-lo” como o candidato perfeito para aquele cur-
so/universidade.
Como já temos em mente que você pretende solicitar
uma bolsa no futuro, é necessário que você comece a
pensar em como se destacará dos outros candidatos.
Como se consegue isso?
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No processo de candidatura a uma universidade internacional, você deverá fornecer o
seu CV em inglês. Lembre-se que a tradução de seu CV é de fundamental importância,
pois esta será a primeira coisa a ser observada pela universidade desejada. É importante
que a tradução seja precisa e que as informações sejam apresentadas de modo inteli-
gente para evidenciar os pontos fortes de sua experiência, chamando a atenção para as
suas qualidades (afinal, já estamos pensando na bolsa).
Desenvolva esta tarefa com muita seriedade, pois seu CV será o seu cartão de visita e,
portanto, minha sugestão é que você comece a pensar nele o quanto antes. Estabeleça,
de maneira clara, quais são suas qualidades, o que você possui de diferente (prêmios,
hobbies, qualificações) e onde você quer chegar, mesmo que nem tudo entre no seu CV.
Carta de motivação
Além do CV, outra ferramenta fundamental é a sua carta de motivação. Há vários mod-
elos delas na internet, o que até pode lhe dar uma ideia de como desenvolvê-la, mas o
mais adequado é que você tome um tempo e prepare a sua própria carta. Isso porque as
pessoas que a lerão já conhecem todos os modelos existentes, o que não o diferenciará
dos outros concorrentes.
Ademais, cada pessoa possui uma história única e é importante
que esta ferramenta descreva, da maneira mais genuína
e honesta possível, quem você é, quais suas motivações
para estudar fora e quanto significa para você conseguir
estudar nesta universidade. Tente não se ater apenas ao
passado, descrevendo seus feitos, mas também ao seu
futuro e o que você planeja para ele.
Seus planos serão um dos fatores fundamentais na
conquista da bolsa de estudos
16O motivo para isso é que seus planos serão um dos fatores fundamentais na conquista
da bolsa de estudos. Lembra-se do exemplo do dono da instituição de ensino? Pensando
que ele vai investir em um estudante, é obvio que também avaliará o possível retorno
que este candidato lhe trará.
Levando isso em consideração, sua carta de motivação deve conter qual projeto você
desenvolverá após o fim do curso. Quanto mais criativo e bem fundado for o seu plano,
mais chances você terá de conseguir auxílio
para seus estudos. Tal critério é tão impor-
tante para uma bolsa que alguns pro-
gramas, inclusive, exigem que você
tenha um projeto mesmo antes de
candidatar-se, como é o caso do
programa britânico Chevening.
Na hora de estabelecer seu plano,
não se preocupe em como será a
aplicação dele. É óbvio que muita coi-
sa poderá mudar durante os anos em que
você estiver fora e, portanto, não pense peque-
no só porque você está articulando uma maneira de concretizá-lo. Em seu
plano de futuro, seja ambicioso e, ao mesmo tempo, crível.
O seu projeto deve estar atrelado ao seu curso e ao seu histórico. Além
disso, não pode ser algo que seja realisticamente impossível de conseguir.
Entretanto, não se sinta acanhado na hora de estabelecê-lo e seja audacioso
e ousado. Almeje grande! Se o seu plano estiver bem estruturado, o fornecedor
da bolsa desejará investir em você para saber do que você será capaz no futuro.
4. Recomendações e o que os outros pensam de você
Outros documentos que você deve ter à mão na hora de se candidatar a uma vaga da
universidade e a uma bolsa de estudos são as recomendações. Todas as universidades
pedem ao menos uma carta de recomendação, geralmente proveniente de alguém com
quem você tenha trabalhado, estudado ou que tenha lhe orientado ou gerenciado. Quan-
to maior a reputação da pessoa que está lhe recomendando, melhor você será visto per-
ante a universidade para a qual está se candidatando.
Portanto, tente se aproximar de professores/pesquisadores de sua universidade, que
desfrutem de boa reputação local e internacional. Tente desenvolver um relacionamen-
Seja ambicioso, mas crível em
seu plano de futuro
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to acadêmico genuíno e até trabalhar em um projeto conjunto, se for possível. Estes
contatos serão de grande valia quando você precisar da carta de recomendação.
Neste sentido, envolver-se em atividades extra-curriculares podem fazer você se difer-
enciar. Participe de ações ou projetos sociais, grêmio recreativo, esportes, crie um blog,
atue em empresas juniors da universidade, etc. Busque diversificar e documentar
as suas várias atividades para depois incluí-las em seu CV. O ideal é ter
isso documentado online, seja no website da universidade ou de
outras organizações, seja nas mídias socias.
Caso você não tenha acesso a diversos pesquisadores de re-
nome internacional, procure se aproximar de empresários,
formadores de opinião ou mesmo profissionais importantes
na sua área. Para isso, você pode começar trocando emails
com eles, tentar visitar a empresa, organização ou trabalho des-
tas pessoas. É importante que você crie o seu networking e, para
isso, as ferramentas online podem ajudá-lo. Além de possivelmente
tornarem-se recomendações, são estes contatos que o assistirão em suas
conquistas acadêmicas e profissionais.
4.1 O seu perfil público é importante
Além da forma como as pessoas que trabalham com você o vêem, é importante também
que o mundo tenha a percepção correta sobre quem você é. Por isso, seu perfil públi-
Atividades extra-curriculares fazem você diferenciar-se: participe de ações ou projetos sociais, grêmio recreativo, esportes, crie um blog,
atue em empresas juniors...
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co deve ser compatível com suas aspirações e é preciso que
você esteja particularmente atento ao uso das Mídias So-
ciais.
Sim, estamos falando de seu Facebook, LinkedIn, twit-
ter, instagram, etc. Se este livro fosse escrito há al-
guns anos, provavelmente eu não teria que mencion-
ar essas plataformas. Entretanto, como elas deixaram
o ambiente privativo para tornarem-se públicas, é
fundamental que o seu perfil nelas seja conciliável
com o seu perfil de candidato.
Construir um perfil online consistente com o que você
deseja academicamente/profissionalmente é elementar. Isto
porque qualquer pessoa terá acesso aos seus dados nas redes
sociais. Não é à toa que empregadores do mundo todo, por exemplo,
antes de contratar alguém, avaliam o perfil online do candidato.
Além do seu CV, suas redes sociais também contarão aos fornece-
dores de bolsas de estudos quem você é e, sejamos sinceros, eles com
certeza o pesquirão nessas plataformas. Afinal, se uma empresa verifica
o perfil de um potencial candidado a uma vaga antes de contratá-lo, por
que uma universidade não faria o mesmo antes de aceitar a candidatura de um es-
tudante a uma bolsa de estudo?
Neste sentido, o seu Facebook não pode ser menosprezado em nenhuma hipótese. Na
era da informação, onde todos têm acesso a inúmeros dados, nenhuma empresa quer
correr o risco de ter sua imagem danificada.
Imagine, por exemplo, uma empresa contratando um novo fun-
cionário e os clientes dela descobrindo que tal profissional
não é confiável. Ou que você tem uma cirurgia agendada
para segunda-feira de manhã, constatando pelo Face-
Construir um perfil online consistente com o
que você deseja academicamente é
elementar
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Seja você, mas evite exageros nas mídias
sociais.
book que seu cirurgião passou o domingo todo na noitada até tarde.
É preciso ter cautela na hora de fazer uso de suas mídias sociais.
Considere que em uma breve pesquisa por seu perfil, a univer-
sidade poderá descobrir:
- Seus relacionamentos;
- Sua vida social;
- Sua bebida preferida;
- Seu melhor amigo;
- Seu animal de estimação;
- Seu carro;
- Sua opinião política;
- Seus gostos em geral (através dos grupos que você
segue);
- Por onde você esteve;
- Traços de sua personalidade...
Esta lista poderia se estender infinitamente e, obviamente, você entendeu
porque deve cuidar de seu perfil nas redes sociais da mesma forma que cuida dele no
ambiente acadêmico/profissional.
4.2. As mídias sociais ao seu favor
Isto não quer dizer, no entanto, que você não pode publicar fotos suas com
os amigos em uma balada ou no carnaval de rua. É esperável que seu per-
fil contenha estas informações também, afinal você é um jovem cuja vida
não gravita apenas ao redor de seu perfil acadêmico/profissional. Contudo,
se você quer compartilhar coisas mais controversas, que podem afetar outras
pessoas, recomendo que o faça em um ambiente privativo e seleto (e mesmo assim,
com cuidado para que estas informações não caiam em um ambiente público na rede).
O conselho aqui não é que você esconda o que pensa ou quem é, mas que tenha cautela
nas informações que publica sobre si próprio. Em vez de usar as mídias sociais contra si,
utilize-as como uma ferramenta para conseguir atingir o que deseja e, neste caso, ficar
mais próximo da sua sonhada bolsa de estudos.
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Aproveite que as mídias sociais
são acessadas por diferentes
pessoas interessadas em
descobrir mais sobre você
e crie um perfil que venha
a lhe favorecer. Mostre
sua paixão pela carreira e/
ou universidade/país onde
quer estudar. Coloque fotos
de suas atividades extra-cur-
riculares, compartilhe posts sobre
temas relacionados à sua área de atu-
ação. Se ganhar algum prêmio ou tirar uma nota
muito alta, espalhe pela sua timeline!!!
Talvez alguns de seus amigos possam até achar que seu perfil se tornou chato, porém, os
amigos verdadeiros entenderão o seu objetivo e o auxiliarão a atingí-lo. Seja focado na
hora de construir seu perfil. Para a universidade pretendida, você é aquilo que publica.
5. A entrevista de admissão
Depois de ter passado por todo esse processo de fazer os tes-
tes necessários, organizar sua documentação, preparar o seu
currículo e começar a vender-se, você terá uma última etapa
a percorrer: a entrevista de admissão (a famosa admissions in-
terview).
Ela lhe será importante não apenas para a admissão na universidade,
como o nome sugere, mas fundamental ainda para que você consiga a
A entrevista de admissão é a sua última chance de mostrar que
você merece uma bolsa de estudos
bolsa de estudos que quer. Afinal, não podemos esquecer que seu
objetivo não é apenas ser aceito na universidade, mas também obter
o máximo de bolsa possível para amenizar seus custos.
Neste ponto, não há segredo algum além de uma boa preparação. Para isso, pesquise por
diversos websites que podem lhe fornecer dicas, tente fazer parte do grupo de alunos e
ex-alunos daquela universidade nas mídias sociais e peça informações. Entenda a uni-
versidade e seu curso a fundo e procure conhecer quais as práticas comuns de entrevista.
Além disso, recomendo-lhe estar com um texto pronto, focado em responder de maneira
positiva às questões que variam muito pouco de uma universidade para a outra.
Aperfeiçoe ainda a sua linguagem corporal. Algumas universidades podem até fazer a
entrevista à distância e, neste caso, ela pode não ser tão importante. Entretanto, é melhor
estar preparado e não menosprezar esse aspecto, utilizando-o de modo a favorecê-lo.
E lembre-se: se eles estão lhe entrevistando, é porque aquilo que você apresentou para
eles despertou o interesse. Agora, você só precisa reforçar os pontos em que trabalhou.
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Peça dicas para ex-alunos! Esta é uma
ótima forma de se sair bem na entrevista
Depois de ter seguido todos esses passos, sua candidatura a uma eventual bolsa de es-
tudos estará encaminhada e suas chances são consideráveis.
Contudo, é preciso lembrar que as bolsas variam de acordo com quem as atribui e a cat-
egoria à qual você se encaixa.
Existem bolsas de 20, 40, 50, 70%. Bolsas integrais (de 100%) são mais raras e, caso
você consiga uma, pode ser que ela não cubra seus custos com aco-
modação e gastos cotidianos. Portanto, é necessário que você
tenha dinheiro economizado também.
Obviamente, há oportunidades de financiamento
através de bancos privados. Embora sempre seja
uma opção a ser analisada com cuidado, algu-
mas ofertas chegam a proporcionar a chance de
começar a pagar o empréstimo só após o térmi-
no de seu curso. Tal opção pode ser conveniente
já que, quando isso ocorrer, você provavelmente
estará ganhando seu salário em dólares, euros ou
libras.
Não listarei aqui o website das diferentes bolsas de
estudo oferecidas no momento, porque devido à dinâmi-
ca deste mercado, pode ser que quando você leia este livro
eles já tenham mudado.
Meu conselho, no entanto, é que você esteja sempre se atualizando a respeito dessas
possibilidades. Além disso, inscreva-se em newsletters sobre o tema (aqui na QS, possui-
mos uma em português) e persista em seu sonho.
Além disso, se quiser conversar sobre o tema, não hesite em fazer contato conosco. Estou
à sua disposição.
Boa sorte!
22 Hora de colocar em prática
Sobre a QS
www.qs.com
Formada em 1990, a QS Quacquarelli Symonds é a lider global em informações, pesqui-
sas independentes e soluções em educação superior e carreiras. As atividades da em-
presa estão espalhadas por 50 países e englobam parcerias com 2,000 universidades
internacionais e escolas de negócios. A missão da QS é capacitar pessoas motivadas ao
redor do mundo no desenvolvimento de seu potencial através da mobilidade internac-
ional, conquistas acadêmicas e progresso profissional. Para isso, a QS fornece serviços
a todos os estágios de uma carreira: graduação, mestrado, doutorado, MBA e formação
executiva. A equipe da QS conta com 250 profissionais em cada canto do mundo, que
se comunicam em 35 idiomas. A sede da companhia fica em Londres, mas há escritórios
em Paris, Cingapura, Bucareste, Stuttgart, Alicante (Espanha), Pequim, Johannesburgo,
Filadélfia, Portland (Oregon), Xangai, Sydney e Washington DC.
O autor — Leonardo Andrade
leonardo@qs.com
Leonardo trabalha na QS com o recrutamento de estudantes há cinco anos e mora no
Reino Unido há seis. Ainda quando estava no colégio decidiu fazer intercâmbio e, desde
então, sua paixão por outras culturas e pela experiência de viver fora nunca desapareceu.
Fluente em cinco línguas, chegou mesmo a ser professor de idiomas e ter sua própria
escola, mas acabou largando tudo para seguir carreira internacional.
Edição e Diagramação —Carolina Beal
carolina@qs.com
Carolina tem trabalhado na QS desde o começo do ano e é responsável por boa parte do
conteúdo desenvolvido em português para os eventos. Filha de professores universitári-
os, sempre esteve envolvida com o meio acadêmico e chegou a dar aulas em faculdades
particulares por seis anos antes de se mudar para o Reino Unido.
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