UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EMPREGABILIDADE NOSSA DE CADA DIA.
A POPULARIZAÇÃO DO CONCEITO DE EMPREGABILIDADE
ANA CRISTINA MOREIRA DE SOUZA
Orientador
Prof.: Fernando Lima
Rio de Janeiro
2009
II
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EMPREGABILIDADE NOSSA DE CADA DIA.
A POPULARIZAÇÃO DO CONCEITO DE EMPREGABILIDADE
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre
– Universidade Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em Gestão de
Recursos Humanos.
Por: Ana Cristina Moreira de Souza
III
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Helena e José Luiz, pelo incentivo de todos esses anos.
À amiga e comadre Luíza Helena, pela minuciosa revisão do texto.
À Dianna e ao Hércules por trazerem um pouco de diversão nos momentos de
grande tensão e cansaço.
IV
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à Deus, que me deu a
vida.
E a meus pais que possibilitaram ser quem eu
sou.
V
RESUMO
O conceito de empregabilidade é um conceito recente, mais amplamente divulgado entre as posições de liderança nas empresas. Mas no momento em que as relações de trabalho estão mudando rapidamente, seja em virtude da globalização, seja em virtude das crises econômicas, o conceito de empregabilidade pode (e deve) ser adotado por quaisquer trabalhadores que desejem melhorar de posição ou galgar novos desafios.
VI
METODOLOGIA
O presente trabalho baseou-se em pesquisas bibliográficas, através de livros, sites e revistas especializadas, que permitem tomar conhecimento de material relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema, de modo que se possa delinear novas abordagens sobre o mesmo. Espera-se dessa forma que este trabalho possa estar contribuindo para a ampliação da aplicação do conceito de empregabilidade entre todos aqueles que pretendam uma vaga no mercado ou manterem-se nele.
VII
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 01
I. REVISITANDO O TRABALHO AO LONGO DOS TEMPOS 02
PRÉ-HISTÓRIA 03
FORMAÇÕES ESCRAVISTAS 04
TRANSIÇÃO ENTRE ESCRAVISMO E SERVILISMO 05
O REGIME FEUDAL 05
DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO: O MERCANTILISMO 06
O INÍCIO DO CAPITALISMO: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 07
AS TRANSFORMAÇÕES A PARTIR DO SÉCULO XX 08
II. TER EMPREGO NÃO É PRECISO. TER EMPREGABILIDADE É
NECESSÁRIO 10
AS GERAÇÕES, SEUS VAORES E O MERCADO DE TRABALHO 10
EMPREGO X TRABALHO 12
OS FATORES DA EMPREGABILIDADE 15
ESMIUÇANDO OS FATORES BÁSICOS DA EMPREGABILIDADE 18
III. IDENTIFICANDO COMPETÊNCIAS 23
CONCLUSÃO 29
BIBLIOGRAFIA 31
1
INTRODUÇÃO
O conceito de empregabilidade embora tenha início nos anos 90, ainda é
pouco divulgado entre todos os níveis de trabalhadores.
Diferentemente de poucas décadas atrás, hoje uma pessoa não entra numa
determinada empresa e nela faz todo seu percurso profissional. A empresa
atualmente não cuida mais da carreira de seus colaboradores. Pelo contrário, cada
colaborador deve ser seu auto-gestor, traçar planos e metas para chegar onde
almeja. E nesse processo de auto-gestão da carreira além de cuidar dos fatores
técnicos, deve cuidar dos fatores emocionais e comportamentais. Para se manter
então empregável, a pessoa deve estar num processo contínuo de aprendizagem de
conhecimentos e habilidades e adotando as atitudes certas.
Não mais necessita apenas aprender digitação, outra língua, dominar o uso
do computador. Além disso, precisa aprender a ouvir o colega, trabalhar em equipe,
ter bom humor, dividir novos conhecimentos, estar sempre atento às mudanças que
o mercado dinâmico apresenta. É preciso se sentir “dono” e responsável pelo bom
desempenho da empresa. É preciso ser empreendedor de si mesmo.
O presente trabalho tem então como objetivo geral apontar e discutir sobre o
amplo conhecimento a respeito dos fatores da empregabilidade. Enumeraremos
quais são os fatores da empregabilidade, faremos seu detalhamento e discutiremos
se qualquer pessoa a qualquer tempo pode adquirir, desenvolver, e/ou aperfeiçoar
os fatores da empregabilidade.
Acreditamos que esse estudo engloba as pessoas que estão para entrar no
mercado de trabalho, seja na conquista do primeiro emprego, ou aquelas que estão
afastadas do mesmo por dificuldades de recolocação profissional, e também
abrange aqueles que estão mantendo suas atividades, independentemente do nível
hierárquico que ocupem numa empresa.
2
CAPÍTULO I
REVISITANDO O TRABALHO AO LONGO DOS TEMPOS
Desde os mais remotos tempos têm-se notícia de que o homem trabalha,
primeiramente de forma individual e depois organiza-se em grupos. Mas o que vem
a ser trabalho? Segundo o primeiro verbete do Dicionário Aurélio, trabalho é a
“aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim”1
Podemos dizer que esse determinado fim para o qual o homem emprega
sua força e faculdades visa a transformar o meio em que vive, segundo suas
próprias necessidades, para melhorar cada vez mais as condições de sua
existência. É através da criatividade que o homem consegue transformar o meio à
sua volta, conseguindo assim progredir. Nos primórdios, essa evolução era lenta,
porém desde que o homem consegue dominar algumas técnicas mais avançadas, o
seu desenvolvimento é vertiginoso.
É através do trabalho que o homem consegue satisfazer suas necessidades
básicas: comer, beber, proteger-se das intempéries, garantir a reprodução e a
perpetuação da espécie.
Nas sociedades primitivas, o homem era nômade: fixava-se em determinado
lugar enquanto esse lhe oferecesse condições naturais de sobrevivência,
esgotando-as, saía a procura de novos lugares. Quando o homem consegue se
fixar num determinado espaço, cria uma vida mais sedentária, desenvolvendo a
agricultura e a criação de animais.
Os métodos de trabalho vão se aperfeiçoando à medida em que o homem
começa a desenvolver a linguagem e um maior contato social, viabilizando assim a
troca das experiências adquiridas e um início de organização social.
Vejamos os períodos de evolução do trabalho.
1 Dicionário Aurélio – 3ª edição- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
3
Pré-História:
O período da Pré-História é dividido em idade da pedra, idade do bronze e
do idade do ferro. Segundo Oliveira esse período
Representa um imenso laboratório em que o homem realizou suas primeiras experiências na descoberta e na invenção, verdadeiros avanços na sua luta pela adaptação e pela transformação do meio em busca da satisfação de suas necessidades vitais, o que representa evolução na criação de condições materiais de sobrevivência (OLIVEIRA, 2006, p.10).
Durante a Pré-História o homem sai das cavernas e vai para as cabanas de
pedra e madeira, fabrica instrumentos de pedra, deixa de viver isoladamente para
viver em grupos, dá início a atividades coletivas e principalmente desenvolve o
pensamento, introduz as cerimônias religiosas, aperfeiçoa a arte, o artesanato, e cria
as formas rudimentares de comunicação e meios de transporte.
O fato mais importante desse período foi a descoberta do fogo: inicialmente o
homem aproveitava o fogo que surgia naturalmente seja através de tempestades ou
da combustão espontânea de folhas secas, depois aprendeu a produzi-lo através do
atrito de galhos secos ou de pedras. Com isso, o homem pode se aquecer, preparar
alimentos como carne e vegetais, e se defender do ataque de animais. Com essa
descoberta o homem passou a ter um controle maior sobre a natureza.
Depois da descoberta do fogo, a segunda invenção mais importante foi a
fabricação de instrumentos e armas, feitos de pedra, ossos e madeira, como por
exemplo: machados de mão, arco e flecha, pequenas lanças que ajudavam na
obtenção do alimento e na defesa do território.
Nas comunidades primitivas não havia classes sociais nem poder político
determinado. A divisão do trabalho era feita de modo muito simples: as mulheres
eram responsáveis pelo cuidado com as crianças, pela colheita de frutos e raízes,
pela fabricação de peças de vestuário feitas de peles de animais e adornos
confeccionados com âmbar, marfim e conchas; enquanto os homens eram
responsáveis pela caça, pesca e defesa do território. O produto do trabalho,
necessário ou excedente, era propriedade coletiva e não de apenas um indivíduo.
4
Formações Escravistas:
Com a evolução das técnicas, do aumento nas organizações sociais, a
mercantilização da economia a partir da apropriação individual do produto do
trabalho, surge uma nova configuração da organização do trabalho principalmente
na Grécia e em Roma, Estados conquistadores que estavam em plena expansão de
seus limites geográficos. As cidades estavam começando a ser o centro de
decisões, mas ainda muito ligadas ao campo, pois esse supria as necessidades
daquelas.
Oliveira faz uma caracterização do escravo à época,
Ser escravo significa que um homem é propriedade jurídica de outro homem. Como propriedade, o escravo é obrigado a trabalhar para o seu dono produzindo riqueza e prestando serviços gerais. Como produtor de riqueza, trabalha no campo, nas minas, no artesanato. Como prestador de serviços, trabalha nas atividades domésticas, na fiscalização da produção, como criado de legionários, como preceptor, como escritor, como médico, como agente de negócios (OLIVEIRA, 2006. p.30-31).
O escravo deixa de ser homem, como nas civilizações antigas, e passa a ser
encarado como um instrumento de trabalho, e como qualquer objeto pode ser
vendido a qualquer tempo de acordo com os desejos e interesses de seu dono. O
escravo não tem mais qualquer direito sobre aquilo que produz. A ele, seu dono
destina apenas o mínimo necessário para que mantenha a força de trabalho.
Na antiguidade clássica a maioria dos escravos era composta por prisioneiros
de guerra, viajantes ou camponeses, esses últimos, muitas vezes eram
seqüestrados por traficantes de escravos ou por piratas e vendidos como mão de
obra. Ainda existiam aqueles escravos voluntários, que se colocavam nessa
situação para quitar dívidas ou fugir da miséria.
Ao contrário da forma de escravidão que se ampliou por toda a Europa, África
e Américas, os escravos da antiguidade clássica que tinham a sorte de prestarem
serviço doméstico, costumavam ganhar de seus senhores, após alguns anos de
serviço, a liberdade, porém continuavam com uma relação de clientelismo referido
ao senhor.
5
Com o elevado preço de mercado do escravo, a produtividade que não
recompensava o investimento feito, e ainda os gastos com a manutenção da mão de
obra, a antiguidade clássica vai abandonando a escravidão como força de trabalho.
Transição entre Escravismo e Servilismo:
Com as mudanças ocorridas na Europa ocidental após as invasões bárbaras,
o escravismo dá lugar ao regime servil, onde a exploração da terra é a principal base
econômica. A propriedade da terra é do senhor, que a deixa ser explorada pelo
servo, porém com inúmeros encargos e compromissos caracterizando uma
dependência mais profunda do senhor. Esse tinha direito de vender a terra cedendo
também o servo ao novo patrão.
O regime servil é a base para outro tipo de regime: o feudal.
O Regime Feudal:
O feudalismo, durante o processo histórico, precede as formações pré-
capitalistas. É caracterizado pela relação de dependência existente entre o
suserano (senhor feudal) e o vassalo – aquele que dependia do senhor feudal a
quem pagava tributo, devia fidelidade, recebendo em troca proteção e um lugar no
sistema de produção. Na visão de Oliveira:
O feudalismo sugere fundamentalmente a persistência de formas de coerção direta muito variáveis, traduzidas pelo trabalho compulsório sob relações de dominação e de servidão. Essas relações se concretizam primordialmente no campo, onde o produtor direto não é proprietário da terra e trabalha para o senhor sob formas de dependência social e jurídica legitimadas pelo poder político (OLIVEIRA, 2006, p.48).
São três as principais formas de dependência do vassalo em relação a seu
suserano: a primeira – corvéia – onde o servo cultivava de 3 a 4 dias a terra do
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senhor; a segunda – talha – parte do resultado da colheita do servo pertence ao
senhor; e – banalidade – o servo pode ficar com o excedente de sua produção, mas
deve pagar ao senhor uma taxa relativa ao valor da venda e ou troca.
Devido as guerras e a crise dos centros urbanos constituídos na antiguidade
clássica, houve um processo de ruralização das populações. Com isso, a agricultura
se tornou a base econômica, sendo a troca de produtos e mercadorias muito
comum, já que as técnicas de produção ainda eram rudimentares.
Podemos considerar a Igreja como “uma grande senhora feudal”, pois a título
de expandir seus domínios religiosos, recebeu inúmeras doações de terra de nobres
convertidos ao cristianismo, permitindo assim que a Igreja interferisse em questões
políticas.
O feudalismo teve seu período de ação entre os séculos IV e X. Já no século
XI, com a evolução das técnicas agrícolas, as cidades retomaram seu potencial de
comércio, e surgiram novos modelos econômicos.
Do Feudalismo ao Capitalismo: o Mercantilismo
Com a crise geral do feudalismo, com a apropriação dos meios de produção
do trabalho artesanal, da ampliação do trabalho assalariado e da formação de um
mercado internacional surge um novo modelo econômico: o Mercantilismo.
Nesse momento vê-se que o Estado passa a intervir economicamente na
agricultura, manufaturas, e no comércio. Cada Estado objetiva acumular a maior
quantidade possível de capital, buscando a ampliação de lucros e o fortalecimento
de sua economia.
Segundo Oliveira houve poucos avanços nas relações de trabalho, já que os
laços de cooperação nos diversos setores ainda persistem.
7
O Início do Capitalismo: a Revolução Industrial
A revolução industrial tem origem na Inglaterra depois se expande por todo
continente europeu. De modo simplificado pode-se dizer que a revolução industrial
é caracterizada pela passagem da oficina artesanal para a fábrica. É um momento
onde ocorrem avanços tecnológicos que mudam todas as formas de relação sejam
elas de trabalho ou sociais.
As máquinas a vapor como os grandes teares empregados nas fábricas, o
trem e o barco a vapor revolucionaram os meios de transporte. Se por um lado os
grandes teares aumentaram a produção industrial, por outro os trens e barcos
facilitaram a locomoção da mão de obra e o transporte de matéria prima e produtos
acabados.
Antes da revolução industrial um artesão era responsável por todas as etapas
do processo de produção de um produto, desde a obtenção e transformação da
matéria prima até o acabamento final e comercialização. A partir de agora há uma
especialização de tarefas: o empregado é responsável por apenas uma etapa do
processo.
O regime de trabalho era precário e exploratório: as fábricas eram sujas, não
havia limite de carga horária, era normal encontrar crianças trabalhando. Não havia
qualquer tipo de benefício ao trabalhador: se não trabalhasse não recebia nenhum
salário. O Estado não ajudava aos desempregados.
A partir da revolução industrial as inovações tecnológicas, as relações de
trabalho não pararam mais de evoluir e de forma muito rápida, dando diferentes
aspectos ao capitalismo.
8
As transformações a partir do Século XX:
O início do Século XX marca uma série de transformações no mundo do
trabalho. Os estudos de Frederick Winslow Taylor e de Henry Ford embora feitos de
modo independente tinham muito em comum: incentivaram a criação de métodos
onde tempo/eficiência do processo produtivo fossem cada vez mais aperfeiçoados.
Taylor, em 1911, lança o livro “Princípios da Administração Científica” onde
propõe a troca dos métodos de produção tradicionais pelos científicos, privilegiando
a adoção do método dos tempos e movimentos eliminando aqueles desnecessários,
e substituindo movimentos lentos por rápidos. Para atingir tal objetivo era preciso a
máxima decomposição das tarefas em operações mínimas e a cronometragem do
tempo gasto em tais ações. Era importante a separação entre gerência e
trabalhadores, onde a gerência deveria saber antes de seus funcionários quais as
tarefas que cada um deveria executar, bem como supervisioná-las.
Resumindo, segundo Borges e Yamamoto, a administração científica
tem portanto, na padronização, no parcelamento e na separação da concepção da execução do trabalho os principais recursos instrumentais para aumentar tanto a produção quanto o controle sobre ela (Borges e Yamamoto, 2004, p.35b).
Henry Ford adota um método apoiado na mecanização e na produção em
massa, introduzindo a cadeia de montagem sobre a esteira rolante, onde o que
estava sendo produzido passava por cada trabalhador, que era responsável por
determinada parte de montagem da peça que estava sendo produzida. Quem ditava
o ritmo de produção era a velocidade da esteira, e não mais o trabalhador.
Com a adoção da linha de produção foi possível utilizar moldes garantindo a
uniformidade da produção, o controle da qualidade das peças, e a utilização de
máquinas.
Na segunda metade do século XX, o mundo vê surgir o Keynesianismo e a
política do “Welfare State” (Política do Bem-Estar) onde o Estado deve intervir em
todas as áreas em que achar necessárias. Nessa concepção os investimentos
públicos e privados determinam diretamente a elevação e a diminuição dos níveis de
9
renda e de emprego. O estímulo consciente de produção de bens de capital e o
encorajamento do consumo contribuem para a manutenção do equilíbrio econômico.
No que compete a organização do trabalho, houve a consagração da
administração clássica com a delimitação de espaços específicos – para as tarefas
de concepção, produção, gestão e comercialização – geralmente separados da
fábrica ou da oficina. Novas perguntas surgem como, por exemplo: Como liderar?
Como motivar? Como combater a rotatividade? Entre outras tantas que marcam as
mudanças de demanda que tiveram implicações na atuação profissional.
O quarto final do século XX é marcado por muitas transformações históricas
como o final da chamada Guerra Fria e o fracasso da política do Estado do Bem-
Estar. A partir daí novas configurações surgem. No campo do trabalho a
produtividade cai, com um número alto de absenteísmo, com taxas elevadas de
rotatividade causadas pela insatisfação e monotonia dos cargos. Começa então a
valorização dos espaços de autonomia, reconhecimento, criatividade para a
produtividade, novas formas de gestão e de liderança, uma preocupação com o
bem-estar do trabalhador na organização e fora dela. As inovações tecnológicas, o
avanço dos meios de comunicação também interferem na organização e
planejamento do trabalho e das carreiras.
Para finalizar esse capítulo, podemos então dizer que o trabalho
acompanhará as condições sócio-históricas do tempo presente. De acordo com
Borges e Yamamoto,
Depende, portanto, do acesso que cada pessoa tem à tecnologia, aos recursos naturais e ao domínio do saber fazer; da sua posição na estrutura social; das condições em que ela executa suas tarefas; do controle que tem sobre seu trabalho; das ideias e da cultura do seu tempo; dos exemplos de trabalhadores que cada um tem em seu meio, entre outros aspectos (Borges e Yamamoto, 2006,p.27a).
10
CAPÍTULO II
TER EMPREGO NÃO É PRECISO. TER EMPREGABILIDADE
É NECESSÁRIO.
Conforme vimos no capítulo anterior, o trabalho e suas relações tiveram e
ainda tem grandes transformações. O que durante o século XX representou
segurança no trabalho, hoje não mais existe. Aliás, a ideia de trabalho dentro de
uma organização, com carteira assinada, benefícios, prestando serviço durante
anos, com escalonamento profissional quase não mais existe e nem mais é vista
com bons olhos pelo mercado de trabalho.
Nos tempos atuais, com tantas mudanças rápidas, de avanço tecnológico
veloz, mais importante do que ter um emprego, é ter uma boa empregabilidade. A
empregabilidade é a nova garantia de se ter trabalho e renda sempre, independente
de se ter um emprego formal ou não, ou das crises econômico-financeiras.
Mas o que é empregabilidade? E o que significa ter empregabilidade? É o
que vamos descobrir ao longo desse capítulo.
As gerações, seus valores e o mercado de trabalho:
Robbins (2005) fez um levantamento nos Estados Unidos sobre os valores
próprios de gerações na força de trabalho, de acordo com a época em que
ingressaram no mercado de trabalho. A entrada no mercado de trabalho se dá por
volta dos 18 anos aos 23 anos.
Identificou quatro gerações diferentes atuando no mercado de trabalho:
1) Veteranos: ingresso no mercado de trabalho por volta dos anos 50 ou
início dos anos 60. Tem hoje mais ou menos 60 anos, e tinham como
11
valores trabalhistas dominantes o trabalho árduo, o conservadorismo e
a lealdade à organização.
2) Baby Boomers2: ingressaram no mercado de trabalho entre os anos de
1965 à 1985. Estão hoje entre 45 anos e 62 anos. Seus valores
circulam entre sucesso, realização, ambição, rejeição ao autoritarismo
e lealdade à carreira.
3) Geração X: começaram a trabalhar entre os anos de 1985 ao ano
2000. Mais ou menos entre 30 anos e 45 anos. Priorizam o estilo de
vida equilibrado, trabalho em equipe, rejeição a normas e lealdade aos
relacionamentos.
4) Geração Tecnológica ou Geração Y: início da vida profissional a partir
do ano 2000. Tem menos de 30 anos, e valorizam a auto-confiança, o
sucesso financeiro, a independência pessoal junto com trabalho em
equipe, a lealdade a si mesmos e aos relacionamentos.
Podemos encontrar representantes de todas essas gerações no mercado de
trabalho. Qual a principal diferença entre os “Veteranos” e a “Geração
Tecnológica”? Aqueles entravam numa empresa ainda bem jovens, faziam carreira
e se aposentavam. Eram focados na carreira e na empresa. Já a Geração
Tecnológica é muito centrada nela mesma, se a organização não combina com seus
interesses, ela não tem medo de trocar de empresa. Não existe mais o sentimento
de lealdade ao patrão. Podemos dizer que a Geração Tecnológica é ávida
corredora de riscos.
O encontro entre essas gerações tão diferentes no mercado de trabalho alia a
experiência à inovação. O jovem pode aprender muito com aquele que tem mais
experiência, como vice-versa. Em reportagem a Revista Você S/A, de novembro de
2003, Arnaldo Gianini, então diretor executivo de RH da Orbitall, comenta sobre
esse assunto: “O papel da geração mais velha é enxergar a floresta, e não só a
árvore. A mistura entre experiência e juventude é uma questão de sobrevivência
para as empresas” (p.68c).
Robbins conclui seu estudo:
2 Baby Boomers – após o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos conheceram um período de aumento da natalidade. A geração nascida nesse período ficou conhecida como Baby Boomers.
12
A compreensão de que valores individuais variam de uma pessoa para outra, mas costumam refletir os valores da sociedade em que o indivíduo foi criado, é uma valiosa ajuda para a explicação e a previsão de comportamentos. Os trabalhadores na faixa dos 60 anos, por exemplo, tendem a aceitar melhor a autoridade se comparados com seus colegas dez ou 15 anos mais jovens. Já os trabalhadores na casa dos 30 anos tendem, mais que seus pais, a se rebelar contra horas-extra e trabalho nos finais de semana, e têm maior probabilidade de largar uma carreira na metade para buscar outra que lhe ofereça mais tempo de lazer (Robbins, 2005, p.57).
Emprego x Trabalho:
As gerações mais recentes a ingressarem no mercado de trabalho estão mais
próximas do conceito de empregabilidade do que as duas gerações anteriores, que
tinham em mente a segurança oferecida pelo emprego.
Mas qual a diferença entre emprego e trabalho? Basicamente a diferença
reside no vínculo empregatício: o emprego tem a garantia da carteira de trabalho
assinada que vem acompanhada dos direitos trabalhistas. O trabalho nem sempre
vem acompanhado da carteira de trabalho e deixa o trabalhador mais desprotegido
socialmente. O emprego fixo nos dá a sensação de segurança, enquanto o trabalho
desenvolvido de forma autônoma nos dá liberdade em fazer o que se quer, na hora
em que se quer.
Para o Professor José Pastore3 (2000) o mundo do trabalho é menos seguro
do que o mundo do emprego fixo. Esse se baseava numa espécie de relação de
casamento de longa duração. O mundo do trabalho se baseia numa sucessão de
casamentos, divórcios e novos casamentos. Outras formas de trabalhar estão
substituindo o trabalho em tempo integral, como por exemplo, o trabalho em tempo
parcial, terceirizado, por projetos ou mesmo à distância.
O ponto comum entre emprego e trabalho transcende ao retorno financeiro
(que nos permite sustentar as diversas áreas de nossas vidas) nos dá identidade e
3 Doutor Honoris Causa em Ciência e Ph. D. em sociologia pela University of Wisconsin (EUA). É professor titular da Faculdade de Economia e Administração e da Fundação Instituto de Administração, ambas da Universidade de São Paulo. É pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e consultor em relações do trabalho e recursos humanos.
13
status e nos encaixa na pirâmide social. Dá um sentido de pertencimento que o
desemprego tira.
É certo que o mundo globalizado vive a crise do emprego. E é nesse
contexto de crise que surge nos idos anos 90 o conceito da empregabilidade.
Embora bastante utilizado, o uso no Brasil ainda é bastante recente. Bueno (1996,
p.45) afirma que a palavra empregabilidade vem do inglês employability e representa
o conjunto de conhecimentos, habilidades e comportamentos que tornam um
executivo ou um profissional importante para a sua organização e para toda e
qualquer outra (apud Pupo, 2005, p.19).
Soares destrincha um pouco mais o termo:
empregabilidade é o conjunto de capacidades e características pessoais que levam a pessoa a conseguir empregar-se com mais facilidades que outras. Por capacidades entende-se as competências, habilidades, aptidões e a formação profissional (obtida mediante diplomas e frequência a cursos). As características de personalidade incluem a facilidade na comunicação com as pessoas, no trabalho em grupo, na solução de problemas, iniciativa e criatividade. As experiências nos mais diferentes tipos de atividades também são levadas em consideração. Atualmente muitas empresas multinacionais consideram muito importante no processo de seleção a vivência dos jovens no exterior para estudar ou mesmo somente para trabalhar (Soares, 2002, p.111).
Diferentemente da época em que emprego era garantia de estabilidade, nos
tempos da empregabilidade o trabalhador é responsável pelo seu próprio
desenvolvimento profissional e pessoal. Enquanto antigamente o trabalhador
desenvolvia seus conhecimentos a mercê das necessidades de seu trabalho, hoje é
preciso estar “antenado” em novas tecnologias, em novas teorias, enfim em tudo
que está acontecendo a sua volta.
Para se conseguir um emprego hoje, o profissional, de qualquer nível, deve
ter habilidades e competências que antes não eram exigidas. Antigamente bastava
concluir o ensino fundamental, médio ou superior para se conseguir um lugar no
mercado de trabalho. Se a pessoa tivesse uma indicação, o vulgo “QI” (Quem
Indica), era mais fácil conseguir uma vaga.
O professor José Pastore (2000) ilustra bem essa situação em pesquisa
desenvolvida no ano de 1965, e repetida no ano 2000, junto às indústrias de São
Paulo, com o objetivo de saber o que busca um empresário na hora de contratar
para a área de produção. Em 1965, as indústrias buscavam apenas o “bom
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ferramenteiro”, aquele que era capaz de ler e entender os desenhos do projeto e
traduzi-los para o torno. Atualmente para a mesma posição procura-se alguém que
tenha lógica de raciocínio, bom senso, capacidade de apreender novos
conhecimentos, condições para ler e entender um manual de instruções em inglês,
habilidade para trabalhar em grupo, bom entendimento do que lhe é comunicado,
capacidade de comunicar-se, além é claro de ser um bom ferramenteiro.
A empregabilidade está relacionada a qualquer tipo de trabalho, seja em seu
próprio negócio ou como empregado de alguma empresa. O profissional que busca
ter empregabilidade é o responsável direto pelo desenvolvimento de sua carreira,
jamais delegando-a a terceiros. Deve gerir seus conhecimentos de tal forma que
possa ser produtivo em qualquer modalidade de trabalho, estando empregado ou
sendo seu próprio patrão. A competitividade exige de cada profissional um
incessante investimento em sua carreira e na sua preparação e qualificação.
Soares (2002, p.112) adverte que o profissional não pode ficar preso em seu
mundinho com os conhecimentos adquiridos há muito tempo. Ele deve se esforçar
para acompanhar as novidades que surgem a todo instante. “Dado o contexto, a
palavra atualização” aparece como fundamental nesse processo, pois possibilita ao
profissional manter-se sintonizado com as inúmeras transformações sociais”.
Em artigo recentemente divulgado no site RH.com.br, Francisco (2009)
corrobora as ideias de Soares:
O profissional deve estar atento a tudo o que acontece em sua volta, não pode ser alguém com cabresto, que só enxerga o que está à sua frente ou apavorado, que provoca tempestades em cada mudança de cenário. O ambiente que circunda as organizações está assumindo formas e dimensões diferentes em todos os sentidos e com uma rapidez inimaginável. É preciso estar atento a estas novas mudanças e novos rumos de forma analítica, porém, com serenidade. O mundo não está acabando, está apenas mudando.
O profissional precisa ser flexível e inovador para conseguir lidar com a
rapidez das mudanças. Ele deve encarar a si próprio não como um mero
empregado, mas sim como o “dono” da empresa. Ele deve antever problemas e
apresentar soluções antes mesmo que os problemas se façam presentes. Deve
assumir riscos, e quando errar reconhecer seu erro, e aprender com ele. Deve
saber trabalhar em equipe e dividir com seus colegas o conhecimento adquirido.
Deve ser sobretudo curioso. É a curiosidade que faz com que aprenda cada vez
15
mais. Deve conhecer seus pontos fortes assim como seus pontos fracos, e saber
como corrigi-los.
Os fatores da empregabilidade:
Vários autores vêm estudando o conceito da empregabilidade e mapeando as
competências, habilidades e atitudes que são necessárias para que o profissional
garanta a sua capacidade de gerar trabalho, trabalhar e obter rendimento.
Malschitzky (2002) em seu artigo: “Empregabilidade x Empresabilidade”
identifica cinco raízes da empregabilidade, são elas:
1) Experiência Profissional: necessária para sustentar a aplicabilidade dos
conhecimentos adquiridos ao longo da carreira, permitindo identificar
os acertos e os erros do passado;
2) Competências: sinalizam para o nível de conhecimento (expertise) que
o profissional deve possuir para o desempenho das atividades;
3) Comportamento: determina a forma de relacionamento interpessoal
necessária para a convivência com clientes internos e o atendimento
aos clientes externos;
4) Rede de Contatos (networking): vital para o relacionamento com
pessoas e empresas, pois possibilita a prospecção de novos negócios
ou de novas oportunidades de trabalho;
5) Capital Acumulado: necessário para garantir a sustentação da
empregabilidade. Pode servir para abrir ou investir em negócio próprio
ou para o caso de uma perda de emprego.
Já para Minarelli (1995) existem seis pilares de sustentação, a saber:
1) Adequação Vocacional: a proximidade entre o trabalho desempenhado
e a vocação é fundamental para que a pessoa tome iniciativa, para que
todos os dias tenha ânimo, energia, disposição;
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2) Competência Profissional: sinônimo de capacitação profissional. É
desenvolvida pela formação escolar, pelos treinamentos recebidos,
pelo autodidatismo e pela convivência cotidiana;
3) Idoneidade: o profissional idôneo, correto, honesto, que conduz sua
vida e seu trabalho dentro de princípios legais e éticos, tem a seu favor
a consideração, o apreço, a admiração e a confiança das pessoas;
4) Saúde Física e Mental: um corpo leve e saudável está mais bem
preparado para enfrentar os desafios do dia-a-dia com mais prontidão.
O exercício mental garante que o cérebro continue ativo, produtivo;
5) Reserva Financeira e Fontes Alternativas: o profissional precisa ter
uma reserva, seja para as emergências que podem ocorrer no dia-a-
dia, seja para o período pós-demissão. O profissional deve ter ainda
uma segunda fonte de renda para caso fique sem trabalho não ficar
sem renda.
6) Relacionamentos (networking): quem conhece pessoas adquire
informações e quem tem informações tem acesso. Acesso e
informações são a garantia de um diálogo mais produtivo e de um
provável negócio.
Segundo pesquisa bibliográfica realizada por Pupo (2005), para seu estudo
sobre a empregabilidade acima dos 40 anos, alguns fatores de empregabilidade
foram citados como determinantes como se fizessem parte de um guia de carreira:
1) Ter entusiasmo e gostar daquilo que faz: o profissional deve aliar suas
aptidões, seus interesses e suas possibilidades a ocupação que
exercer;
2) Criatividade: é o resultado entre o meio social e a geração de novas
ideias;
3) Informação: quem descuida de sua qualificação e da atualização perde
a “atratividade”, ou seja, não desperta atenção;
4) Informática e idiomas: aprender novos idiomas e estar sempre em dia
com a evolução da informática;
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5) Equilíbrio emocional: o profissional deve contar com apoio de familiares
e amigos, e deve buscar o equilíbrio para não viver refém da sedução
emocional e do campo de batalha;
6) Comunicação: deve voltar a usar a habilidade de perguntar e ouvir,
comunicar-se com clareza;
7) Empreendedor: busca fontes de inovação e cria oportunidades;
8) O profissional e sua carreira: deve conhecer e valorizar todo o
conteúdo, procurando o devido enquadramento, seja através do estudo
de sua aplicabilidade, ou aperfeiçoando-se, visando otimizar seu nível
de empregabilidade;
9) Cuidar da aparência e da saúde: cuidar da saúde física e mental
também são requisitos importantes no dia de hoje, pois é uma forma de
buscar equilíbrio entre trabalho e lazer. A apresentação pessoal se
reveste de extrema importância, dando condições de competição a
uma nova ou melhor posição no mercado de trabalho;
10) Marketing pessoal e a rede de relacionamento (networking): a boa
rede de relacionamento pode significar a diferença entre ter ou não ter
trabalho;
11) Procurando um novo emprego: os métodos para buscar emprego
devem estar de acordo com o nível e com o tipo de cargo que se
procura;
12) Curriculum Vitae: num mundo profissional em constante mutação, o
currículo permanece como passaporte para novas e melhores
oportunidades. Por isso, é fundamental possuir um currículo bem
elaborado, objetivo e bem escrito.
Conforme podemos observar alguns fatores se repetem para os autores:
comportamento, rede de relacionamento, competências técnicas, reserva financeira
e dispor de uma boa saúde. Esses são os fatores básicos que não podem faltar a
quem deseja começar a desenvolver e/ou aperfeiçoar sua empregabilidade.
Vamos explorar um pouco mais cada um deles.
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Esmiuçando os fatores básicos da empregabilidade:
Comportamento:
O dicionário4 define comportamento como sendo: maneira de se comportar,
procedimento, conduta. Conjunto de atitudes e reações do indivíduo em face do
meio social. O conjunto das reações que se pode observar num indivíduo, estando
esse em seu ambiente, e em dadas circunstâncias.
Com base na definição acima percebemos que o comportamento do
profissional é uma de suas ferramentas mais importantes, pois pode influenciar sua
carreira de modo positivo ou negativo de acordo com suas posturas nas relações de
trabalho e na vida social. Por exemplo, um comportamento explosivo pode levar a
perda de clientes ou ao fechamento de um negócio.
Como existem muitos tipos de comportamento, apontamos alguns como os
principais a serem desenvolvidos: autoconhecimento, capacidade de lidar com as
pessoas, comunicação, entusiasmo, automotivação, flexibilidade e atitude.
Para começar o profissional deve encarar a si próprio como um
produto/serviço que vai ser oferecido no mercado, e para isso deve se autoconhecer
bem. Deve ser capaz de saber quais são seus pontos fortes, que representam suas
vantagens competitivas, e quais são seus pontos fracos para que possa corrigi-los,
melhorá-los ou ao menos evitar que sejam observados, e consequentemente
prejudiquem a imagem do seu produto/serviço.
O profissional deve ter capacidade em lidar com as pessoas sejam elas
clientes externos, clientes internos, possíveis clientes ou mesmo parentes e amigos,
com cordialidade, urbanidade, desenvolvendo paciência, e sabendo dividir
conhecimentos para somar em produtividade ou em solução de projetos.
O profissional deve saber comunicar-se de forma clara, organizando suas
ideias, seus pensamentos. A velocidade da fala também é um fator importante na 4 Dicionário Aurélio – 3ª edição- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
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comunicação, quem fala rápido demais pode não ser compreendido, e quem ao
contrário fala devagar demais, pode causar monotonia e dispersão no seu
interlocutor. Ter uma boa dicção e empregar as palavras corretamente também
auxiliam e muito na clareza e compreensão do que se fala. E quem é claro no que
diz, quase sempre consegue obter o que deseja.
Outra característica importante da comunicação, e uma das habilidades mais
importantes no trato com o outro é saber ouvir. Ser um bom ouvinte é uma arte, que
leva o profissional a descobrir quais são as necessidades dos outros, e dessa forma
poder apresentar soluções para as questões que estão sendo demandadas
explicitamente ou não. Por exemplo, quando se interrompe constantemente o que
uma pessoa diz, ela pode tirar algumas conclusões a seu respeito: o ouvinte está
mais preocupado com a resposta do que com a mensagem que está sendo emitida,
ou não valoriza a fala do outro ou pior o ouvinte não valoriza o pensamento do
falante. E todas essas impressões acarretam em algo muito ruim tanto na vida
profissional quanto na pessoal.
Entusiasmo e automotivação são duas faces da mesma moeda: o profissional
que mantém o entusiasmo de estar sempre buscando e conhecendo coisas novas,
facilmente se automotiva, pois segundo Costa (2008) em artigo publicado no site
RH.com.br, o profissional encontra motivos
que o levem a agir e trabalhar intensamente, não apenas em função das fontes externas (busca de emprego, promoções, prêmios etc), mas nele mesmo, nos seus fatores internos, gerando “combustível” extra, mesmo quando os fatores externos não estiverem presentes
Flexibilidade e atitude são duas outras características muito importantes para
o mercado de trabalho atual, já que a flexibilidade é a abertura para o novo, e a
atitude faz com que o profissional seja “capaz de assumir riscos, negociar metas e
objetivos, confrontar situações de resistência e ultrapassar obstáculos pela frente”
(Chiavenato, s/d, p. 6).
E de nada vale ao profissional ter todos esses comportamentos desenvolvidos
se ele não tiver ética em suas ações. A falta de ética faz com que o profissional seja
mal visto pelo mercado, e só consiga posições em organizações sem princípios
éticos.
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Rede de relacionamento:
Construir uma boa rede de relacionamentos sociais é estritamente necessária
nesses tempos de rápida transformação. A rede de relacionamentos pode vir a abrir
inúmeras oportunidades, sejam elas de troca de trabalho, realocação em uma
eventual demissão, ou mesmo troca de informações. É importante estar travando
sempre novos conhecimentos, e realizando trocas de informações para não ser
esquecido.
Max Gehringer (2006, p.65) alerta que existem regras a serem observadas na
construção de uma rede de relacionamentos: primeira nunca peça algo a alguém
que acabou de conhecer, segunda a rede de relacionamento é uma ligação entre
profissionais que podem se ajudar mutuamente.
A rede de relacionamentos pode começar a ser construída na tenra infância.
O coleguinha do maternal de hoje, pode ser o CEO de uma grande multinacional
amanhã, portanto nunca é demais ir colecionando contatos ao longo da vida.
Competências técnicas:
Para Minarelli (1995, p.52) “competência é sinônimo de capacitação
profissional. Com ela você compete no mercado. Compreende os conhecimentos
adquiridos, as habilidades físicas e mentais, o jeito de atuar e a experiência”.
O profissional deve tomar para si a responsabilidade de cuidar do
desenvolvimento da sua carreira, e não delegar essa tarefa a terceiros. E isso
significa que deve estar sempre procurando novas fontes de conhecimento, seja
através de cursos, especializações, volta aos bancos escolares, leitura de livros e
revistas especializadas, palestras, seminários, wokshops. É preciso estar atualizado
com as últimas novidades da informática, e dominar no mínimo duas línguas,
preferencialmente o inglês e o espanhol, e se possível saber um pouco de
mandarim, provavelmente a língua do futuro, graças ao crescimento dos chineses no
mercado globalizado.
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Estar constantemente atualizado significa não perder a atratividade para o
mercado. Quem perde a atratividade, acaba sendo excluído e se não retomar
rapidamente seu processo de aprendizagem, vai continuar sem um lugar ao sol.
O profissional deve ainda ter competência em vendas para conseguir “vender
seu peixe”: precisa divulgar seu produto/serviço, habilidades, conhecimentos e
experiências.
Reserva financeira:
Especialistas em finanças recomendam que todos os profissionais,
independente do nível que ocupem, tenham uma reserva financeira para eventuais
surpresas: caso haja uma perda de emprego, o profissional poderá ter suas contas
pagas durante um certo período. O ideal é que se poupe todo mês, separando 10%
do que se ganha, assim que o salário é recebido, e não do que sobrar ao final do
mês, se sobrar... Essa reserva financeira deve ser distinta da reserva financeira para
férias, compra da casa própria.
Além da reserva financeira, o profissional deve ter planejado um plano B para
se ocorrer uma eventual situação de desemprego. O plano B pode ser partir para
uma carreira independente de consultoria, se qualificar um pouco mais ou mesmo
abrir um negócio em ramo totalmente diferente. Minarelli (1995, p.65) dá como
exemplo de uma empresa que gera resultados um simples carrinho de pipoca.
Quantas pessoas que perdem o emprego, e tem dificuldade em se recolocar no
mercado de trabalho não seguem esse exemplo, e prosperam? Lembro de um
rapaz que perdeu o emprego, e sem dinheiro nem para comprar pão, buscou na
internet uma receita de pão, e com os ingredientes da dispensa resolveu fazer pão
para consumo próprio, e como ficou gostoso, teve ideia de vender porta a porta. A
aceitação do pão foi tão boa, que ele começou a sustentar sua família com essa
produção, e acabou contratando pessoas para auxiliá-lo na sua pequena
panificação. É a criatividade e o plano B entrando em ação, mesmo não tendo sido
planejado com antecedência.
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E ainda existem aqueles profissionais que mesmo tendo um emprego fixo, se
tornam empreendedores e abrem seu próprio negócio. “Situações de crise, como a
atual, impulsionam a busca de uma atividade alternativa, pois a confiança na
estabilidade do emprego diminui e a possibilidade de garantir uma renda extra
representa um atrativo” de acordo com a matéria “Empreendedor e empregado. Por
que não?” da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. É claro que a rotina
da jornada dupla é exaustiva e o profissional deve tomar cuidado para não usar o
tempo na organização para resolver assuntos de seu próprio negócio. Segundo
dados da reportagem, essa situação no Brasil vem crescendo rapidamente.
Dispor de uma boa saúde:
Mens Sana In Corpore Sano, a famosa citação latina do poeta romano
Juvenal, sobrevive aos dias de hoje. Uma mente não pode estar sã num corpo que
não esteja são.
É necessário que o profissional cuide tanto da saúde do seu intelecto, da sua
saúde financeira como da saúde de seu corpo. Uma alimentação equilibrada,
exercícios regulares, um pouco de lazer, não fazem mal a ninguém muito pelo
contrário. Cultivar hábitos saudáveis ajuda a dar ânimo para enfrentar os desafios
da vida, e exercer os vários papéis a que estamos submetidos. O exercício mental
garante que o cérebro continue ativo, produtivo (Minarelli, 1995, p.63).
Usar técnicas de relaxamento e de meditação ajudam a autoreflexão e ainda
combatem o estresse. O bem-estar espiritual também ajuda a manter o equilíbrio.
E por último, mas não menos importante, cuidar da aparência também é
imprescindível. Ninguém dará credibilidade a um diretor de finanças que vá
trabalhar com os cabelos em desalinho, jeans surrado e camiseta, calçando uma
havaianas, com um certo ar de desleixo. Se o profissional quer alçar voos mais
altos deve cuidar do corte do cabelo, das unhas, da barba; trajar roupas adequadas
a seu cargo e de preferência com um bom corte.
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CAPÍTULO III
IDENTIFICANDO COMPETÊNCIAS
No capítulo precedente empregamos algumas vezes o termo “competência” e
vimos que ele está diretamente ligado ao conceito de empregabilidade.
Mas o que vem a ser competência?
Existem duas grandes correntes definindo o termo competência: a primeira,
americana, define-a como sendo um estoque de qualificações (conhecimentos,
habilidades e atitudes) que credencia a pessoa a exercer determinado tipo de
trabalho. A segunda, francesa, associa a competência não a um conjunto de
qualificações do indivíduo mas sim às realizações da pessoa em determinado
contexto, ou seja, a aquilo que ela produz ou realiza no trabalho (Carbone, 2006,
p.43).
Carbone (1996) faz uma junção dessas duas grandes correntes e define:
A competência, então, é aqui entendida não apenas como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessário para exercer determinada atividade, mas também como o desempenho expresso pela pessoa em determinado contexto, em termos de comportamentos e realizações decorrentes da mobilização e aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho. (...) entendem-se competências humanas como combinações sinergéticas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado contexto organizacional, que agregam valor a pessoas e organizações. (Carbone et al, 1996, p. 43).
Mas quais são as competências mais valorizadas pelas organizações?
Chiavenato (2004, p.155) elenca as competências desejadas pelas
organizações. A lista dessas competências teve origem em pesquisa realizada pela
Fundação Dom Cabral sobre Tendências do Desenvolvimento das Empresas no
Brasil, e divulgada através do site da Fundação para o Prêmio Nacional de
Qualidade (www.fnq.org.br). Vamos a elas:
ü Orientação para resultados
ü Capacidade de trabalhar em equipe
ü Liderança
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ü Relacionamento interpessoal
ü Pensamento sistêmico: visão do todo
ü Comunicabilidade
ü Empreendedorismo
ü Negociação
ü Capacidade de atrair e reter colaboradores
ü Capacidade de inovar
ü Percepção de tendências
ü Multifuncionalidade
ü Visão de Processos
ü Conhecimento da realidade externa
ü Garra, ambição
ü Pôr a mão na massa: “carregar o piano”
ü Habilidade em lidar com paradoxos
ü Domínio do inglês e do espanhol
O que um profissional deve fazer para descobrir se tem essas competências,
quais precisam ser adquiridas, quais precisam ser aperfeiçoadas, quais precisam ser
desenvolvidas? É preciso que ele pare e reflita sobre sua vida, sua carreira, seus
processos de aprendizado e se possível faça um inventário a respeito de todas as
áreas de sua vida.
Chiavenato (2008, p.45-46) sugere que sejam analisados os pontos fortes e
os pontos fracos, através de algumas perguntas que ele considera básicas.
Pontos Fortes:
1) Quais são as minhas principais características positivas como pessoa e como
profissional?
2) Quais os traços mais marcantes de minha personalidade?
3) Quais são minhas principais habilidades como profissional?
4) Quais são meus principais pontos fortes que devo explorar?
5) O que eu sei fazer bem e como posso melhorar?
6) Em que condições e situações eu trabalho melhor?
7) Quais são meus aspectos favoráveis que mais atraem a atenção sobre a
minha pessoa?
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8) Quais os aspectos mais importantes de minha formação intelectual?
9) Quais os aspectos mais importantes da minha experiência profissional?
Pontos Fracos:
1) Quais são os principais pontos fracos que devo corrigir ou neutralizar?
2) Quais são as minhas principais características negativas como pessoa?
3) Quais são as minhas principais carências como profissional?
4) O que eu não sei fazer bem e como posso superar esta deficiência?
5) Em que condições e situações eu trabalho pior?
6) Quais os aspectos desfavoráveis que mais chamam a atenção sobre minha
pessoa?
7) Quais são os aspectos negativos de minha formação intelectual?
8) Quais os aspectos negativos de minha experiência profissional?
Já Minarelli (1995) propõe ao profissional fazer uma espécie de check up de
sua vida pessoal e profissional respondendo a uma série de 88 perguntas, divididas
em 6 grupos de acordo com a sua classificação das bases da empregabilidade.
Vejamos algumas delas:
Adequação Vocacional:
• Qual é o seu grande sonho profissional ainda não realizado? Você tem
esperança de conseguir realizá-lo? O que falta?
• Consegue conciliar bem sua vida e carreira? O que precisa melhorar?
• Qual o melhor momento de sua carreira? Por quê?
• Você cuida do seu marketing pessoal? Que tipo de atividades desenvolve e
com que frequência?
• Já concorreu a algum cargo? Espontaneamente ou “empurrado (a)”? Foi
“eleito”? Saiu-se bem na disputa? Anote como fez a “campanha”.
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Competência Profissional:
• Você é, de fato, um profissional competente? Em que você é realmente bom?
Que contribuições ou benefícios você pode proporcionar a um empregador ou
cliente?
• O que você efetivamente fez pela sua carreira no último ano? Anote tudo.
• Sua carreira está estabilizada, em ascensão ou em declínio? Por quê?
• O seu cargo é realmente importante para os resultados da empresa? Se ele
for suprimido de repente, o que poderá acontecer à empresa?
• Como você se informa sobre os últimos acontecimentos do país e do mundo?
Lê jornais diariamente? Quais? Qual seção prefere? Ouve noticiários do
rádio? Quais? Lê revistas? Quais?
Idoneidade:
• Você já foi sondado para facilitar concorrências ou contratos em troca de
benefícios pessoais? Como reagiu? Vacilou ou não? Por quê?
• Quem defende a honestidade, na sua opinião, corre o risco de perder bons
negócios ou o próprio emprego? Por quê?
• Você contrataria um “mala preta” se fosse diretor de uma empresa? (Trata-se
de um especialista em comprar o homem certo na hora certa). Por quê?
• Como será o futuro? Você acha que a impunidade um dia vai ter fim ou
prevalecerá? Por quê?
• A empresa em que você trabalha tem reputação idônea ou duvidosa no
mercado?
Saúde Física e Mental:
• Como vai a sua saúde geral? Que tipo de queixas você tem? Você se
automedica? Já pensou em consultar um especialista?
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• E a disposição física, como anda? Acorda bem disposto ou cansado? A
“pilha”dura até o final do dia?
• Como você se comporta em situações de conflito? Consegue controlar-se,
fica retraído ou torna-se agressivo? Descreva.
• Além de trabalhar, quais as suas outras atividades? O que você faz,
regularmente?
• Como está sua auto-estima? Você aprova as suas atitudes e os seus
comportamentos? Você se gosta? Descreva a sensação.
Reserva Financeira e Fontes Alternativas:
• Você desenvolve alguma ocupação paralela ao seu emprego atual,
remunerada ou não? É síndico, professor,faz “bicos”, presta algum serviço,
compra e vende terrenos, administra as finanças da família, ajuda o cônjuge
na profissão dele?
• Se perder o emprego de uma hora para outra, sua ocupação paralela pode
expandir-se com maior dedicação de seu tempo? E a receita, poderá cobrir as
suas necessidades básicas?
• Possui algum projeto concreto ou alguma ideia para montar um negócio
próprio? Qual? Considera-o viável? Já começou a executá-lo?
• Sua mulher (ou marido) tem alguma atividade rentável? Possui habilidades
que possam vir a gerar rendimento?
• Tem alguma reserva financeira de contingência? Na falta de emprego,
durante quantos meses conseguiria viver com suas próprias economias?
Relacionamentos:
• Você cultiva os seus relacionamentos? De que maneira? Visita, telefona,
escreve, cumprimenta em datas comemorativas, como aniversário, eventos
religiosos, fim de ano etc.?
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• Em caso de dificuldades pessoais ou profissionais, com quantas e quais
pessoas você pode contar? Você se abre com essas pessoas?
• Qual foi o último convite que recebeu para mudar de emprego? Algum
headhunter abordou você? Seu currículo está atualizado?
• Você conhece a competência dos seus amigos a ponto de recomendá-los
com segurança para cargos ou trabalhos importantes?
• Já foi recomendado para algum emprego ou trabalho? Quem o recomendou?
Qual o relacionamento que você tem com quem o apresentou? Deu notícias?
Agradeceu?
Quando o profissional acabar seu check up ele vai traçar o perfil de sua
empregabilidade, e para isso deve montar um pequeno gráfico: cada pilar vai ter
uma altura de 1 a 10. Ao final deve-se ligar os pontos, e obter-se então o gráfico.
Quanto mais baixo o nível de um pilar, mais urgente deve ser a intervenção naquele
pilar. Os pilares são interdependentes entre si, e se um ruir todos desmoronam
juntos. E o desmoronamento dos pilares, pode significar a perda do seu emprego,
quiçá da sua carreira.
Esses foram exemplos das “tarefas” que um profissional pode fazer para
avaliar como anda seu grau de empregabilidade, ter consciência de quanto vale no
mercado, e se sua carreira está correndo o risco da paralisia. Nesse caso o
profissional deve mudar bruscamente suas atitudes e comportamentos, renovar suas
habilidades, ou então se preparar para pendurar as chuteiras brevemente.
Essas tarefas também podem ajudar a quem está se preparando para entrar
no mercado de trabalho. Podem funcionar como um guia para fortalecer os pontos
que precisam ser aprimorados, para que aquele futuro profissional, sem experiência,
se torne atrativo para o mercado de trabalho, e logo consiga uma oportunidade.
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CONCLUSÃO
“- Senhor gato, qual o caminho que devo tomar? - Para ode você quer ir?
- Não sei! - Então, qualquer caminho lhe serve”.
Lewis Carrol , Alice no País das Maravilhas.
Como pudemos acompanhar ao longo de todos os capítulos, o trabalho desde
seus primórdios é dotado de uma natureza dinâmica, que se torna mais acelerada
ainda com o advento da globalização, o avanço da tecnologia da informação e das
comunicações. O mundo do trabalho torna-se extremamente competitivo:
competem as organizações entre si, competem os trabalhadores para conseguirem
manter-se empregados. Com isso os níveis de exigência estão ficando cada vez
mais elevados.
O cenário determina que o trabalhador saiba muito além da sua tarefa, é
preciso que ele conheça (e muito bem) todas as suas atribuições, e se possível
conheça um pouco de outras diversas mas que enriqueçam seu cabedal de
conhecimentos, habilidades e atitudes.
Em meio a toda essa transformação surge o conceito de empregabilidade,
que aponta para o trabalhador sua impossibilidade em se manter parado, no mesmo
nível de conhecimento. Paralelo a isso, as relações trabalhistas também sofrem
mudanças: tornando-se raro o emprego fixo, em tempo integral, durante toda uma
vida. Em seu lugar surgem o emprego temporário, parcial, a prestação de serviços,
e a multiplicidade de vivências em diversas organizações. O trabalhador deixa de
ser um mero empregado para ser seu próprio gestor, um vendedor de seu próprio
talento.
O mais importante nesses tempos transformados e em transformação do que
ter emprego é a habilidade de se ter trabalho e renda sempre, independente de um
vínculo formal em uma organização. O profissional deve ser capaz de acompanhar
esse processo de mudanças e adaptar-se a nova realidade antevendo, primeiro que
os outros, situações possíveis de serem implementadas. Esses desafios
permanentes conferem ao sujeito uma incessante busca pelo conhecimento.
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Para desenvolver sua empregabilidade e não perder lugar no mercado, o
profissional necessita estar sempre em busca do aperfeiçoamento seja dos
conhecimentos técnicos e sociais, de seus comportamentos, de suas habilidades, de
suas atitudes ou mesmo da cultura geral.
O profissional deve portanto estar sempre refletindo em quais pontos ele pode
se aprimorar, além disso não pode deixar de cultivar antigos e novos
relacionamentos pessoais, buscar harmonia e equilíbrio interior, para poder enfrentar
de modo sereno as adversidades que surgirão em seu caminho.
Quando o trabalhador se mostra “antenado” com as últimas atualizações de
sua área de trabalho, conhece um pouco de outras áreas, tem domínio de pelo
menos uma língua estrangeira, acompanha as revoluções tecnológicas, consegue
separar horas para o lazer, em um momento de entrevista para seleção, poderá
demonstrar conhecimentos além daqueles necessários ao desenvolvimento de suas
tarefas mesmo que sejam teóricos, dinamismo, flexibilidade e habilidade de se
adaptar a novas situações.
O colaborador atento à sua empregabilidade não deve esquecer-se de manter
uma ótima relação interpessoal, já que através de simples conversas pode expor
suas ideias e demonstrar suas competências. Essa simples ação pode ser realizada
no cafezinho da empresa, numa roda de amigos, ou mesmo num coffee break de um
seminário. Essa atitude despretensiosa de bater um papo pode vir a futuramente
render uma indicação de trabalho.
Após a resposta dos inventários sugeridos no Capítulo III, o profissional pode
encontrar dificuldades em sozinho descobrir os caminhos para desenvolver sua
empregabilidade. Nessa situação precisa procurar ajuda, seja de um amigo, do
chefe, ou de um orientador profissional.
O importante é começar a desenvolver o quanto antes sua empregabilidade
através de um planejamento, de metas a serem estabelecidas e cumpridas. A
empregabilidade é bem democrática, ela se adéqua tanto para quem está chegando
ao mercado de trabalho, a quem já está inserido, ou a quem quer retornar. E há
ainda quem diga que a preparação para a empregabilidade deve começar no jardim
de infância Sempre é tempo de descobrir e percorrer um novo caminho.
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32
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