VetNews PEC 108

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ANO XVIII, Nº 108 OUT-NOV-DEZ/2012 PECUÁRIA Mastite: saiba como aumentar a taxa de cura

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Nesta edição as perspectivas de um 2013 mais produtivo e prevenção de mastites. O artigo da Universidade Corporativa traz informações sobre plano de carreira na medicina veterinária.

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ANO XVIII, Nº 108 OUT-NOV-DEZ/2012

PECUÁRIA

Mastite: saiba como aumentar a taxa de cura

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Ano XVIII, Nº 108, Out-Nov-Dez/2012

VetNews PEC é uma publicação trimestral, editada pela MSD Saúde Animal. Opiniões e conceitos emitidos pelos colunistas e colaboradores não representam necessariamente os do informativo. Todos os direitos são reservados. Distribuição gratuita.

DIREÇÃO: Vilson Simon. COORDENAÇÃO: Vagner Santos. CONSELHO EDITORIAL: Alexandre Alves, Denis Antônio, Emerson Botelho, Maurício Morais, Sebastião Faria, Tiago Arantes e Tiago Lopes. REDAÇÃO: TEIA Editorial. Jornalista Responsável: Kelli Costalonga (Mtb 28.783). Edição: Danielly Herobetta. Redação: Érica Nacarato e Stefanie Leipert. DIAGRAMAÇÃO: Four Propaganda. REVISÃO: Liliane Bello.

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Sumário As atrações desta edição3

ExPEdIEntE

Editorial

Maurício Morais Gerente de Produtos da Linha Corte da MSD Saúde Animal

Da nossa Redação

E mAIs, nEstA EdIção:

4 ConExÕEs E GIRos As novidades do setor de pecuária.

8 novAs tECnoloGIAsSimpósio Internacional de Reprodução Animal Aplicada.

9 PARCERIAProfissionalização da equipe de distribuição.

15 PERfIlGrupo Maria Macia.

18 UnIvERsIdAdE CoRPoRAtIvAPlano de carreira.

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Caro (a) Leitor (a) da VetNews,

Parece que ele mal começou, mas já

está chegando ao fim. O que é bom,

já que 2012 não foi um ano muito

fácil para o produtor de agronegócio.

Com a crise econômica que abalou

a Europa e se disseminou para o res-

tante do mundo, as commodities em

geral tiveram uma redução de preço

e os produtos exportados por nós,

brasileiros, passaram a ter preços

menores, afetando principalmente

os produtores de carne bovina e de

leite, que sofreram com os altos pre-

ços das rações – insumo que compõe

até 70% do custo do produto final.

Entretanto, para 2013, de acordo

com o banco Rabobank, as expec-

tativas são de aumento do preço da

carne bovina. Segundo a instituição

financeira, isso deve ocorrer devido

à seca em áreas produtoras ao redor

do mundo e aos estoques apertados

de culturas intensivas de alimenta-

ção, como a dos grãos. A previsão é

de que essa situação cause o aumen-

to do preços, principalmente da

carne, seja bovina, suína ou ovina.

Para ajudarmos você a entender o

que está por vir e como se preparar

para isso, conversamos com especia-

listas que deram um panorama geral

da atividade de exportação e explica-

ram o que é preciso para se manter

no mercado e se destacar nele.

Uma excelente leitura e que 2013

seja um ano melhor e com bons

resultados para todos!

PERsPECtIvAs PARA 2013Com as margens de lucro mais apertadas, em 2013 o pecuarista precisará melhorar a eficiência da produção dentro da fazenda.

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mAstItE: Sucesso no tratamento depende da melhora clínica e da eliminação do agente causador.

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Novidades e principais assuntos do setor

Conexões e Giros4

Consumidor exige carne selecionada

Com o maior poder aquisitivo dos brasileiros e o aumento do número de famílias na classe média, aumenta a procura por produtos mais nobres, como a carne bovina. Segundo a consultoria BeefPoint, neste ano houve um crescimento de 25% no mercado de luxo, o que inclui a procura por carnes selecionadas.Entretanto, para oferecer um melhor produto ao consumidor, as enti-dades de raças bovinas buscam melhoramento genético e padroniza-ção da produção. A rede de fast food McDonald’s, por exemplo, pro-move desde 2003 o programa Carne Angus Certificada, que abateu, no primeiro semestre de 2012, 100 mil animais certificados, 25% a mais que no primeiro semestre de 2011. A Associação Brasileira de Hereford e Braford é outro exemplo. Ela mantém, desde 2001, o programa Carne Certificada Pampa. Só no primeiro semestre deste ano foram certificados 27 mil animais, núme-ro 78% superior ao mesmo período do ano passado.A preocupação também chega às propriedades, que buscam criar programas de certificação interna para atender à demanda do consumi-dor, cada vez mais exigente.

Purunã: uma nova raça para a pecuária de corte

Com sangue Caracu, Aberdeen Angus, Charolês e Canchim, a Purunã é a nova raça de gado de corte criada pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Desenvolvida pelo zootecnista José Luís Moletta e pelo agrônomo Daniel Perotto, cujos estudos tiveram início em 1980, a nova raça apresenta o desenvolvimento muscular do Charolês, com boa produção de carne, a resistência ao carrapato e a boa produção de leite do Caracu, o que a torna uma excelente raça materna, a rusticidade e a tolerância ao calor do Canchim e a qualidade da carne e a precocidade de abate do Aberdeen Angus.Os pesquisadores mantêm em um barracão de confinamento ani-mais com idade entre 10 e 15 meses, alimentados com silagem

de milho, farelo de soja e sal mineralizado. Esse tipo de manejo garante, hoje, o ganho médio de um quilo e meio por dia. Já no pasto, os tourinhos Purunãs selecionados como reprodutores apresentam, aos 22 meses de idade, um ganho de peso médio de 900 gramas por dia. Hoje, estima-se que o rebanho de Purunã no Brasil englobe em torno de 1,3 mil animais, além dos do Iapar.Entretanto, para que a raça seja reconhecida pelo Ministério da Agricultura, precisa marcar uma presença maior na pecuária de corte nacional, seja com o aumento do número de animais, seja com a expansão do plantel para outros estados.

Nasce o primeiro clone equino do Brasil

Nasceu em 15 de setembro o primeiro clone equino do Brasil. Criado pela empresa In Vitro do Brasil, o animal foi clonado do cavalo da raça mangalarga Turbante JO, conhecido como o garanhão do século 20 e morto em 1998.O garanhão, inscrito no livro Guinness como o cavalo que produ-ziu o maior número de filhos do mundo (1.678), teve seu material genético guardado por 15 anos. Para se ter uma ideia de sua importância, ele chegou a ser avaliado em mais de US$ 1 milhão, mas seu proprietário nunca quis vendê-lo.O primeiro clone equino do Brasil nasceu na sede da empresa, em Mogi Mirim, e representa a vanguarda da clonagem, à frente da de bovinos, como Nelore, Brahman e Gir Leiteiro.

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Novidades e principais assuntos do setor

Conexões e Giros

Produção de carne bovina brasileira aumenta quase 7%

A produção de carne bovina brasileira entre janeiro e agosto de 2012 aumentou 6,7% na comparação com o mesmo período de 2011. No ano passado foram processa-das 6,16 milhões de tec (toneladas equivalente carcaça), enquanto neste ano o número subiu para 6,57 milhões. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o aumento da quantidade de bovinos abatidos e da produção de carne é reflexo do maior volume de fêmeas descartadas neste ano, especialmente no primeiro trimestre, quando 3,28 milhões de vacas e novilhas foram abatidas.Segundo a pesquisa, a disponibilidade interna de carne bovi-na em agosto foi a maior do período, alcançando 754,4 mil tec – um aumento de 4,8% em relação a julho e de 8,8% na comparação com o mesmo mês de 2011. Ainda em agosto deste ano, a produção foi de 910,51 mil tec, volume 10,7% maior que em agosto de 2011. O relatório aponta ainda que o Brasil importou 32,6 mil tec de carne bovina entre janeiro e agosto de 2012, 33,6% a mais que no mesmo período do ano passado. Já as exporta-ções de carne industrializada, in natura e salgada, somaram 1,087 milhão de tec entre janeiro e agosto, aumento de 6% frente ao mesmo período de 2011.

Leite para alérgicos diretamente da vaca

Para dar uma força aos alérgicos e apreciadores do leite de vaca, cientistas da AgResearch e da Universidade Waikato, na Nova Zelândia, desenvolveram uma vaca geneticamente modificada, que produz um leite com menos probabilidade de causar reações alér-gicas. O animal produz o alimento sem beta-lactoglobulina – uma proteína do soro do leite a que algumas pessoas são alérgicas. Para criar essa vaca, os cientistas adicionaram material genético extra para interferir no processo de produção da beta-lactoglo-bulina em seu DNA, usando uma técnica chamada de RNA de interferência. O resultado foi o nascimento de uma bezerra sem

rabo, embora os pesquisadores digam que é improvável que isso se deva à modificação genética. Como o animal ainda não ficou prenhe, nem come-çou a produzir leite normalmente, os cientistas usaram hormônios para apressar o início da produção de leite.A descoberta já foi publicada em artigos, um dos quais na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), em que os pesquisadores alegaram que todas as amostras de leite da bezerra transgênica foram desprovidas de beta-lactoglobulina.Apesar de o estudo ser revolucioná-rio, pesquisadores ao redor do mundo afirmam que ainda será preciso pro-var que o efeito dura por toda a vida da vaca modificada e é transmitido por várias gerações.

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Mastite: taxa de cura da enfermidade ainda é baixa

Melhores Práticas6

Mastitedeve ser identificada e tratada rapidamente

mastite é uma doença que acome-te o rebanho leiteiro, com maior incidência no verão e taxa de cura

normalmente baixa – entre 35% e 50%, em média, sendo que o ideal é de acima de 50%. O sucesso de seu tratamento depende da melhora clínica e da eliminação do agente causador (cura bacteriológica). Cerca de 80% das masti-tes clínicas são leves, com apenas a presença de grumos, e, por falhas de detecção no momento da ordenha, não são tratadas pelo ordenhador.

O professor Marcos Veiga, do Departa-mento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootec-nia da Universidade de São Paulo (USP) em Pirassununga/SP, ressalta que é fundamental o produtor identificar a enfermidade o mais rápido possível. “Quanto mais cedo ele desco-brir o aparecimento da mastite, maiores serão as chances de recuperação da vaca. O ‘teste da caneca de fundo preto’ é simples e identifica a doença, caso haja alterações visuais no leite”, orienta Veiga.

Para evitar prejuízos, o produtor de leite deve tomar algumas medidas durante o trata-mento. Primeiro, recomenda-se que seja feito diagnóstico do caso clínico e, então, avaliar o escore de severidade das mastites clínicas para tomar as medidas adequadas.

O próximo procedimento é coletar amostras de leite antes do tratamento para fazer a cultura individual dos quartos infectados em pelo menos 10% dos casos. O objetivo é identificar o tipo de agente causador da doença para auxiliar a escolha do antibiótico, que pode ser usado em conjunto com um anti-inflamatório e uma terapia de suporte, conforme recomendação do Médico Veterinário. “É importante respeitar o período mínimo de tratamento de três dias, dependendo do agente causador, além de ter uma boa assepsia no momento do tratamento”, aconselha.

Segundo Cristiane Azevedo, Gerente Téc-nica da Linha Leite da MSD Saúde Animal, o escore da mastite clínica varia de 1 a 3, sendo 1 para mastite leve com a presença de grumos; 2 para mastite moderada, com a presença de grumos e inchaço do quarto; e 3 para mastite grave, na qual há comprometimento sistêmico, com sintomas como febre, apatia, desidratação, inchaço do quarto e leite geralmente de aspecto aquoso, podendo levar à morte do animal.

EstatísticaTrabalhos em campo demonstram que

somente 30% dos produtores usam o ‘teste da caneca’, importante no diagnóstico da mastite de escore 1. “Com isso, eles tratam, na maioria das vezes, as vacas de escore 2, quando a glân-dula mamária está mais comprometida com inflamação e menor resposta aos tratamentos”, conta a consultora.

Casos novos de mastite têm maior taxa de cura em comparação com casos crônicos. Devi-do às falhas de detecção e o atraso no início do tratamento, muitas mastites apresentam baixa taxa de cura.

A idade do animal também influencia na taxa de cura. Vacas mais jovens, que tenham tido de uma a duas lactações, apresentam maior taxa de cura em relação às mais velhas. “Se forem tratadas logo no início da lactação, com menos de 100 a 120 dias, responderão melhor ao tratamento”, ressalta Cristiane.

Segundo pesquisas, somente cerca de 10% das fazendas fazem a análise de Contagem de Células Somáticas (CCS) nas vacas men-salmente. “Essa é a ferramenta mais precisa de diagnóstico das mastites subclínicas, mas poucos produtores a utilizam”, completa o professor da USP.

A terapia de secagem é um investimento na saúde da glândula mamária. Se bem-sucedida, garantirá o futuro da próxima lactação. É por meio deste procedimento que são tratadas as mastites subclínicas e crônicas adquiridas durante a lactação, evitando novas infecções no período seco e mantendo a qualidade do leite pela redução de CCS das vacas tratadas.

Cristiane Azevedo, da MSD Saúde Animal

a

Marcos Veiga, da USP

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Mastite: taxa de cura da enfermidade ainda é baixa

Melhores Práticas

Escore 1 – Usar somente intramamários no tratamento, como o COBACTAN® VL, durante três a cinco ordenhas seguidas, conforme o caso, com descar-te do leite por 60 horas. Outra opção é a aplicação de MASTIJET FORTE® no teto com repetições conforme avalia-ção de um Médico Veterinário.

Escore 2 – Fazer terapia combinada com intramamário e antibiótico sistê-mico. A sugestão é o MASTIJET FORTE® associado ao BORGAL®. Outra opção é o uso associado de COBACTAN® VL e COBACTAN® 2,5% injetável. Se a vaca apresentar mais de dois quartos infectados, o ideal é fazer a terapia associando COBACTAN® 2,5% injetá-vel, por três dias, e BANAMINE® de 1 a 3 aplicações, que possui efeito anti--inflamatório e antiendotoxêmico.

Escore 3 – Utilizar terapia de suporte hidratando a vaca por via intraveno-sa ou oral, conjuntamente com um antiendotoxêmico, como o BANAMI-NE®, repetindo a aplicação após 24 horas. Além disso, o uso de proteto-res hepáticos (ANTITOXIL®) e cálcio (GLUCAFÓS®) acelera a recuperação. Recomenda-se ainda o uso de anti-bióticos como o BORGAL® associado ao MASTIJET FORTE®; de COBAC-TAN® 2,5% junto com COBACTAN® VL; ou então de NUFLOR® associado ao MASTIJET FORTE®.

Tratamento de secagem – Recomen-da-se o CEPRAVIN® para proteger a vaca durante todo o período seco. Em vacas com histórico de mastites clínicas e CCS alta no momento da secagem, o ideal é fazer uso da

terapia combinada. De acordo com o agente causador, emprega-se o antibiótico parenteral mais adequa-do. Se houver aparecimento de Sta-phylococcus aureus e Staphylococcus sp, sugere-se a utilização de PENCI-VET® PLUS PPU ou FLOXIVET® PLUS junto com CEPRAVIN®. No caso de Corynebacterium sp, pode-se usar BORGAL® com CEPRAVIN®. Na pre-sença de Streptococos ambientais (Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus bovis), Streptococcus agalactiae e colifor-mes, são indicados COBACTAN® 2,5% e CEPRAVIN®.

A recomendação pelo Médico Veterinário é fundamental para o sucesso dos tratamentos.

sAIbA Como tRAtAR CoRREtAmEntE As mAstItEs ClínICAs

mAstItE ClínICA

CAso novo

Sugestão de tratamento:Tratar rápido com antibiótico intramamário:1ª Opção: Cobactan VL.1ª, 2ª, 3ª, 4ª ordenhas (80hs).2ª Opção: Mastijet Forte.1ª, 3ª, 5ª e 7ª ordenhas (72hs).

Sugestão de tratamento:Tratar rápido com antibiótico intra-mamário + injetável:1ª Opção: Mastijet + Borgal.Acompanhar a evolução em 48 horas.2ª Opção: Cobactan VL + Cobactan INJ.OBS: Inchaço severo e vaca. Usar Banamine.

Sugestão de tratamento:Mastite repetida pela 3ª vez:Fazer culturaCaso grave tratar com antibiótico.Nuflor + Banamine.Avaliar histórico de CCS.Tomada de decisão conforme resultado da cultura.

Sugestão de tratamento:Tratar rapidamente a vacaHidratação da vaca e terapia de suporte a critério do Médico Veterinário.Aplicar Banamine EV 22 mg/kg ou repetir em 24 horas.Aplicar antibiótico injetável + intramamário.1ª Opção: Cobactan VL intramamário, Borgal EV ou Cobactan IM.2ª Opção: Mastijet Forte no teto, Nuflor IM ou Borgal IV.Ocitocina na ordenha durante 2 dias. Fenergan IV conforme gravidade.

EsCoRE 1: mAstItE lEvE

PREsEnçA dE lEItE Com GRUmos

EsCoRE 2: mAstItE modERAdA

ÚbERE InChAdo + lEItE AnoRmAl (GRUmos)

EsCoRE 3: mAstItE GRAvE (vACA doEntE)

fEbRE, InChAço do ÚbERE E lEItE AGUAdo

não sIm

CAso CRônICo

sEm fEbRE Com fEbREvACA doEntE

flUxoGRAmA tRAtAmEntomAstItE ClínICA

Saiba mais em www.msd-saude-animal.com.br/especies/pecuaria/propec/

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8 Novas TecnologiasSIRAA

são apresentados eM siMpósio internacionalResultados de trabalhos inéditos

ais de 700 pesquisadores brasi-leiros e estrangeiros, entre vete-rinários, zootecnistas e biólogos,

reuniram-se em outubro, no Teatro Maris-ta, para o 5º Simpósio Internacional de Reprodução Animal Aplicada (SIRAA), em Londrina/PR. O objetivo foi discutir temas aplicados à reprodução animal no Brasil, como o uso das tecnologias de Insemina-ção Artificial em Tempo Fixo (IATF) e de transferência de embriões. Patrocinado pela MSD Saúde Animal e organizado pela Gera-embryo, o encontro contou com palestras e apresentação de trabalhos científicos que

permitem aplicação imediata no campo. A coordenação técnica foi, mais uma vez, dos professores Pietro Baruselli, da Universidade de São Paulo (USP), e Marcelo Seneda, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Um dos trabalhos teve como objetivo avaliar o resultado de dois indutores de ovulação (FERTAGYL® e CHORULON® 5000 UI) sobre o retorno da ciclicidade de doadoras de embriões da raça Nelore com a presença de cisto folicular. Constatou-se que o CHORU-LON® 5000 UI apresenta melhores resulta-dos do que o FERTAGYL® no tratamento de cisto folicular em vacas da raça Nelore.

Outra investigação interessante teve como intuito determinar o efeito da administração do FOLLIGON® na remoção do CRES-TAR® e do FERTAGYL® no momento da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), tanto na dinâmica folicular como na taxa de prenhez de vacas Nelore lactantes. Foi descoberto que as terapias com ambos os medicamentos aumentam a fertilidade de vacas Nelore lactantes submetidas à IATF com CRESTAR®.

Com a intenção de avaliar se o uso da IATF, com ou sem ressincronização, possi-bilita o incremento da taxa de prenhez em vacas Nelore primíparas na estação de monta, foram utilizados 473 animais de duas fazen-das do Estado de Mato Grosso do Sul. Eles foram divididos homogeneamente em três grupos de manejo. A experiência indica que a aplicação da técnica no início da estação reprodutiva aumenta a proporção de primí-paras prenhes por inseminação e antecipa o momento médio de prenhez.

SIMPóSIO INTERNACIONAL DE REPRODUçãO ANIMAL APLICADA, ORGANIZADO COM O APOIO DA MSD SAúDE ANIMAL, CONTOU COM PALESTRANTES RENOMADOS E APRESENTAçãO DE PESqUISAS APLICADAS AO CAMPO

M

• Comparação da eficácia da hCG e do GnRH no tratamento de cisto folicular em doadoras da raça Nelore - Leonardo Teixeira;

• Os tratamentos com FOLLIGON® e FERTAGYL® aumentam a fertilidade de vacas Nelore lactantes submetidas a protocolos de IATF com CRESTAR® - Manoel Francisco de Sá Filho;

• Melhoria da eficiência reprodutiva através da IATF de vacas Nelore pri-míparas durante a estação de monta - Márcio de Oliveira Marques.

ConfIRA os AUtoREs PRIn-CIPAIs dos CInCo EstUdos dEstACAdos:

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ParceriaProfissionalização da equipe de distribuição9

MSD Saúde Animal firma parceria com ESPM

reocupada com o crescimento e a profissionalização da sua rede de dis-tribuidores, a MSD Saúde Animal

implementou em 2011 o Programa de Gestão e Liderança (PGL), parte do Programa Nacional de Distribuição. Para aperfeiçoá-lo, neste ano firmou uma parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), para que cursos sejam ministrados ao principal executivo de cada distribuidora, que poderá aplicar ime-diatamente os conhecimentos em seu negócio.

De acordo com o Diretor de Operações de Negócios da MSD Saúde Animal, Gubio Almeida, responsável pelo programa, o objetivo é formar competências focadas na administração dos negócios. “O PGL e a parceria com a ESPM são atitudes inovadoras e pioneiras no mercado de saúde animal. Queremos desenvolver a gestão desses distribuidores para que componham a melhor rede de distribuição do Brasil”, explica.

O programa contempla, em média, 50 empresas, que abrangem as linhas de rumi-nantes e pet. A proposta é que, em 2013, os distribuidores das demais unidades também possam participar.

Com aulas teóricas e práticas, os treinamen-

tos para os distribuidores pet e pecuária foram ministrados em agosto e setembro, com duração de dois dias, em turmas de 25 pessoas. Os temas tratados no primeiro módulo foram gestão de relacionamento com os clientes e gestão finan-ceira, enquanto no segundo foram abordados os assuntos merchandising estratégico e liderança. Ao final do curso, os participantes receberam certificado assinado pelas duas instituições.

Gubio explica que a grade do curso foi defi-nida em conjunto pela MSD Saúde Animal e pela ESPM, que encarregou alguns professores de visitarem distribuidores para confirmar quais eram as competências carentes de treinamento. “Já vemos uma evolução da nossa rede desde o início do curso. O faturamento individual de cada um cresceu cerca de 20%, sendo que a MSD Saúde Animal investiu 27% a mais em 2012, comparado ao ano anterior”, enfatiza.

O professor da ESPM Marcelo Ermini, que abordou o tema merchandising estratégico, destaca que os assuntos são relativos às necessidades de uma nova postura do parceiro diante dos desafios do mercado e do novo perfil dos consumidores.

Para a diretora de Educação Executiva da ESPM, Célia Marcondes Ferraz, faz parte da mis-

são da instituição de ensino contribuir para o aper-feiçoamento da gestão das empresas estabelecidas no Brasil. “O projeto da MSD Saúde Animal tem o mérito de oferecer aos distribuidores a oportuni-dade de aumentar a competitividade por meio dos cursos oferecidos. É uma louvável iniciativa, da qual tivemos a honra de participar”, afirma.

Para 2013, a MSD Saúde Animal pretende focar a reflexão sobre o equilíbrio entre pesso-as, resultados e delegação. “Percebemos essa necessidade, já que nossos distribuidores são empresas familiares, em que o dono é o primei-ro executivo. Muitos deles começaram como empresas pequenas e hoje faturam milhões anualmente”, explica Gubio Almeida.

p

para profissionalização dos distribuidores

dEPoImEntos

Juliano Marques, da Vet Center Distribuidora

A mensagem que os distribuidores levaram dos treinamentos é de que é importante compreender as necessidades e desejos de cada público dos pontos-de-vendas para que a empresa se mantenha em destaque e atinja os objetivos de negócios.

Patrícia Arantes, da AbaseDiego Altoe, da Vetlog

“A MSD Saúde Animal saiu na frente, nos proporcionando um curso de alto nível, que transformará o nosso negócio. Além de preparar o distribuidor, capacita toda a cadeia para enfrentar o mercado.”

“Foi muito interessante o processo de capa-citação dos profissionais para atuarem com menor risco no mercado, que está cada vez mais competitivo.”

“Os conteúdos foram bastante pertinentes e os professores apresentaram experiência prá-tica, o que certamente contribuirá para que haja mudanças e aprimoramento no modo de trabalhar dos distribuidores.”

Gubio Almeida, da MSD Saúde Animal

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CapaPerspectivas para 201310

Mais produtivo eM 2013,Pecuarista terá de ser

antecipam especialistasO INCREMENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE PRODUçãO E A ASSESSORIA TÉCNICA DE MÉDICO VETERINáRIO EM CAMPO SERãO FUNDAMENTAIS

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CapaPerspectivas para 2013

rises internacionais normalmente são acompanhadas por redução nos preços das commodities. Como um

importante exportador de produtos do agrone-gócio, o Brasil é diretamente afetado por elas. Os preços da comercialização para a União Euro-peia (UE) caíram, em média, 5,8% no primeiro semestre de 2012 em comparação ao mesmo período do ano anterior. A combinação de cus-tos crescentes e preços em queda poderá trazer prejuízo ao pecuarista, caso ele não se modernize para alcançar uma maior produtividade, segundo dados divulgados no BeefPoint. Produtores de carne bovina e de leite sofrem com o aumento dos gastos com rações, que compõem até 70% do custo do produto final.

CarneO cenário de 2013 será uma continuação

do de 2012, com aumento do abate de fêmeas, crescimento da oferta de carne bovina e pres-são nos preços, diz o Engenheiro Agrônomo e diretor do BeefPoint, Miguel Cavalcanti. “Como as margens de lucro deverão ser mais apertadas, o pecuarista precisará melhorar a eficiência da produção dentro da fazenda. Além de usar tecnologias, ele deverá saber como aplicá-las de forma inteligente, traba-lhando em conjunto com consultores técnicos, de modo que o custo de produção por unidade mantenha-se mais baixo. Só assim poderá alcançar rentabilidade em um cenário de pre-ços reduzidos, que vão prevalecer nos mesmos patamares de 2012, embora menores em rela-ção a 2011”, enfatiza Cavalcanti.

Para o diretor da Scot Consultoria, Alci-des Torres, a receita para manter-se no mer-cado neste quadro de preços reduzidos é o incremento da escala de produção, aliado à diminuição de custos.

Com o crescimento do abate precoce de fêmeas, a oferta de bovinos para abate está em expansão. Um dos motivos pode ser o aban-dono da pecuária por culturas mais rentáveis, como o eucalipto, a cana-de-açúcar, a soja e o milho. “Tendo a oportunidade de ganhar por hectare com o arrendamento da propriedade, o pecuarista muda de atividade e liquida o reba-nho, que vai para abate”, exemplifica Torres.

Outra razão é a elevação dos custos de produção/manutenção da vaca sem o respec-tivo aumento de preço do bezerro. Quando isso ocorre, historicamente, há um aumento do abate de fêmeas, provocando sobreoferta e queda, por tabela, nos preços da arroba do boi gordo.

Além disso, o rebanho está equilibrado para o atual consumo da carne brasileira, seja no mercado interno, seja no externo. “Quando isso ocorre, a participação das fêmeas no abate de bovinos gira em torno de 45%” calcula Torres.

ExportaçõesCom a crise econômica em alguns países

europeus, a região vem reduzindo as importa-ções, enquanto os países emergentes da Ásia e da África assumem esse papel, incrementando suas importações por conta do aumento do consumo interno. “O foco agora é exportar carne bovina para o Oriente Médio e países como Rússia, China e outros asiáticos”, infor-ma Cavalcanti.

Os mercados em desenvolvimento esta-belecem menos regras em relação à Europa, que impõe diversas barreiras não tarifárias para impedir a entrada de carne. Um exemplo refe-re-se aos bovinos criados com beta-agonistas, comumente utilizados nos Estados Unidos e na Austrália e recentemente liberados no Brasil. Como a principal região que impõe essa res-trição é a Europa e ela não é mais considerada estratégica para o Brasil, novas oportunidades de negócios devem surgir.

O diretor da Scot Consultoria acrescenta que um dos concorrentes do Brasil no mer-cado mundial de carne bovina e que atende justamente os mercados menos exigentes é a Índia, cuja participação tem crescido ano a ano. Apesar dessa ameaça, o Brasil possui um vasto rebanho e sistemas de produção competitivos.

c

Miguel Cavalcanti, do BeefPoint

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CapaPerspectivas para 201312

“Com a elevação do preço da carne no mercado mundial, teremos um incentivo global do incre-mento da produção de carne vermelha, tanto no Brasil como em outros países”, assinala Torres.

O mercado nacional também tem crescido em razão da evolução da renda da população. O País, hoje, é o segundo consumidor de carne bovina do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os 27 países da UE, por exemplo, consomem menos carne vermelha do que o Brasil.

Além disso, os compradores estão em busca de produtos de melhor qualidade e, em certa medida, aceitam pagar mais por isso. Essa demanda tem sido atendida pela profissionali-zação da produção, com o pecuarista entregan-do rebanhos padronizados obtidos por meio da terminação em confinamentos e produzindo boiadas prontas para o abate com menos idade e maior quantidade de gordura.

InovaçõesPara o diretor de Pecuária da MSD Saúde

Animal, Alexandre Alves, 2013 será um ano de grandes oportunidades e desafios para o setor produtivo, principalmente devido ao incremento dos custos dos insumos voltados à alimentação

animal, como o milho e a soja, que irão impac-tar no custo do produto final. “Os pecuaristas devem se apoiar na adoção de novas tecnologias como fator de diferenciação, rentabilidade e sobrevivência nos períodos em que a pressão sobre os custos de produção é inevitável. O aumento da produtividade pode ser alcançado por meio da adoção de novas tecnologias e manejo diferenciado”.

A capacitação técnica é fator crucial para a obtenção de uma maior lucratividade. “A MSD Saúde Animal tem investido de forma significa-tiva na capacitação de sua equipe, no lançamento de produtos diferenciados, no desenvolvimento de plataformas de serviços e na realização de eventos que propiciem ao criador o acesso a essas novas tecnologias”, cita Alves.

Dias de campo em parceria com coopera-tivas e entidades de classe, palestras e visitas a propriedades são realizadas periodicamente. O intuito é entender as necessidades do produtor para que o diagnóstico seja elaborado e soluções customizadas sejam apresentadas.

Novas tecnologiasA otimização dos recursos utilizados,

atrelada à preocupação do pecuarista em se

modernizar, aderindo a técnicas para tornar o animal mais saudável e produtivo, é o caminho para o sucesso da atividade. Investir em Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), assistência técnica, mão de obra qualificada, nutrição e qualidade de vida do rebanho são exemplos de ações que dão certo. A IATF é uma tecnologia que tem crescido entre os pecuaristas, com o intuito de aumen-tar a eficiência reprodutiva do rebanho.

Para o professor Enrico Ortolani, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo-tecnia da Universidade de São Paulo (USP), o produtor terá de aplicar em melhoramento genético e retorno de IATF para que a pro-dutividade seja incrementada. “Dessa forma, obterá aumento do rendimento e da qualida-de de carcaça, bem como do ganho de peso do animal”, diz Ortolani.

Com o apoio de Médicos Veterinários, o pecuarista precisará aprimorar a eficiência da fazenda em áreas menores, usando tec-nologias para melhoramento do solo e das pastagens. “Há produtores que criam bovinos em áreas degradadas, com baixa lotação e pastagens de baixa qualidade”, acrescenta o professor.

Alcides Torres, da Scot Consultoria

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AlternativasA tendência é que o próprio mercado

selecione os pecuaristas mais produtivos. Atu-almente, o Brasil produz, em média, de três a cinco arrobas por hectare, sendo que o potencial é de 30 a 40 arrobas por hectare. Nos próximos 10 a 20 anos, o País dará um salto tecnológico, com a liberação de pelo menos a metade de sua área de pastagem para atividades agrícolas. “Será um pacote de ações que envolverá o uso de capins melhorados e animais geneticamente selecionados, permitindo ganho de produtivi-dade”, diz Torres, da Scot Consultoria.

LeiteOs produtores têm buscado alcançar

maior produtividade, devido à valorização das áreas agrícolas nos últimos anos. Segundo o diretor-executivo da AgriPoint Consultoria e responsável pelo site MilkPoint, Marcelo Pereira, o produtor que está em uma área com baixa produtividade não consegue ter um retorno ideal em relação aos seus ativos. “Com isso, ele é estimulado a produzir mais de modo mais eficiente, a investir em outra atividade ou até mesmo a vender sua proprie-dade”, ilustra Pereira.

O aumento da lucratividade com aportes em tecnificação envolve o incremento do valor da terra. Por outro lado, há uma pressão por elevação da produção em área por pro-priedade devido ao aumento do salário míni-mo, do emprego e dos custos de mão de obra.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o médio pro-dutor brasileiro produz menos de cem litros de leite por dia. Dessa forma, ele tem uma renda líquida mensal muito baixa e não há incentivo para ele continuar na atividade. “A

CapaPerspectivas para 2013

Marcelo Pereira, do MilkPoint

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propensão, então, é de concentração do tra-balho com aumento de produção, mas entre um menor número de pecuaristas com maior profissionalização”, diz o diretor-executivo da AgriPoint.

O professor Ortolani ressalta a importân-cia de o produtor investir em tecnologias para melhorar a qualidade do leite, englobando higiene na ordenha, sanidade e conservação do produto. “Pelo menos 30% dos produtores de leite são pouco produtivos e não conse-guem atender à Instrução Normativa nº 62, em vigor desde janeiro de 2012, que deter-mina os padrões de qualidade do produto. Nesse contexto, entra o papel do Veterinário, capacitado para dar assistência técnica ao fazendeiro”, orienta.

ExportaçõesComo o preço do leite praticado no Brasil é

bem mais alto em relação aos valores definidos no mercado internacional, as exportações bra-sileiras são praticamente nulas, estando abaixo de 0,5%, segundo dados da MilkPoint. Um dos motivos é a valorização do real frente ao dólar nos últimos anos, tornando o leite brasileiro internamente caro. “Quando o País passou por

uma crise econômica em 2008, optou por res-guardar o mercado interno, aumentando as taxas de importações para o leite que não fosse prove-niente do Mercosul.

Além disso, foram estabelecidas cotas para as compras da Argentina, que é o principal for-necedor do Brasil. “Devido a essas medidas, o mercado interno ganhou uma dinâmica própria e o preço local se tornou mais alto em comparação ao externo”, destaca Pereira.

Mesmo com os baixos custos de produção, o País não consegue concorrer com o produto europeu, que é fortemente subsidiado. A produti-vidade média brasileira é de 1.350 litros de leite de vaca por ano. Nos Estados Unidos, esse índice é de 9.590 litros e na Alemanha, de 7.080 litros. “O que está faltando é investimento em intervalo tec-nológico na produção de leite, sendo mais facil-mente conseguido em comparação ao gado de corte”, argumenta o diretor da Scot Consultoria.

De acordo com cálculos da AgriPoint Con-sultoria, o litro de leite brasileiro para exportação teria de custar cerca de R$ 0,58. Entretanto, a quantia paga ao produtor é de R$ 0,80. Para que o País volte a exportar, o preço da tonelada pre-cisaria subir para US$ 4 mil. Atualmente, esse montante está na faixa de US$ 2,8 mil.

PrevisãoA perspectiva é de retomada dos preços

internos e externos do produto. No Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, os custos de pro-dução devem sofrer elevação. “Como o manti-mento estará mais caro globalmente, a pressão para as importações brasileiras será reduzida, com espaço para a recuperação de preços inter-nos. Com o predomínio das importações pelos

países emergentes, deverá haver uma forte recu-peração do valor externo do produto, que deve retornar a patamares de US$ 4 mil a US$ 5 mil por tonelada”, prevê Pereira.

Carne de cordeiroEstima-se que, do total de 74 mil toneladas

de carne de cordeiro produzidas no País, apenas 6 mil toneladas (8%) sejam submetidas à inspe-ção sanitária. Dados da Associação Brasileira de

Criadores de Ovinos (Arco) revelam que 92% dos abates realizados na ovinocultura são infor-mais, o que tem levado o Brasil a importar esse tipo de carne do Uruguai. Quase 35% de toda a produção desse país é exportada para o Brasil, tornando-o seu principal consumidor. Além disso, o produto uruguaio chega ao Brasil entre 15% e 20% mais barato, enquanto que interna-mente o custo de produção é bastante elevado.

Embora o consumo nacional desse alimento ainda seja baixo, somando 400 gramas anuais por habitante, diversas churrascarias já oferecem o produto, especialmente nos mercados consu-midores de São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo o pós-graduado em produção e reprodução de caprinos e ovinos e diretor exe-cutivo da revista Cabra & Ovelha, Denis Deli, a criação de ovelhas na Região Sul do País tem sido destinada basicamente à produção de lã, mas essa realidade tem mudado há cerca de dois anos, devendo se manter em 2013. “Como a produção de carne vai crescer mais do que a produção genética, os produtores estão passan-do a investir mais em padrão e rendimento de carcaça, rastreabilidade e em uma alimentação adequada do animal para atender ao consumo interno”, sinaliza Deli.

CapaPerspectivas para 201314

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riado oficialmente em 2008, o Grupo Maria Macia é originário de uma aliança entre produtores

de gado de corte do Paraná, que tem sua ori-

gem dois anos antes, em 2006. Atualmente, a cooperativa é composta por 54 integran-tes, distribuídos em oito municípios parana-enses (Amaporã, Astorga, Campo Mourão, Congonhinhas, Cornélio Procópio, Luiziana, Mamborê e Umuarama). Segundo o diretor técnico do Grupo Maria Macia e consul-tor agropecuário, Paulo Emílio Fernandes Prohmann, a cooperativa foi estabelecida com a intenção de aumentar a força dos pecua-ristas a partir da organização da cadeia pro-dutiva e da discussão de tecnologias para o desenvolvimento da atividade. “Os abates têm aumentado significativamente a cada ano. Nos primeiros anos, a média era de 3,6 mil animais

anualmente, sendo que hoje a quantidade está próxima de 9 mil no mesmo período. A meta é chegar a 12 mil por ano”, revela Prohmann.

Embora a cooperativa só produza carnes especiais para atender ao mercado interno, o objetivo é obter certificação e condições necessárias para começar a exportá-las. De acordo com o diretor técnico da cooperati-va, os padrões estabelecidos para as carnes especiais são bastante rígidos. “Animais com menos de 24 meses devem ter um peso vivo de 400 a 550 quilos e gordura entre 4 e 7 milímetros de espessura. Não é fácil alcançar essas exigências”, diz.

PerfilGrupo Maria Macia15

carnes especiaissão alvo de grupo de pecuaristasCOM UMA PRODUçãO PADRONIZADA E USO DA TÉCNICA DO CONFINAMENTO, COOPERATIVA TEM MARCA PRóPRIA DE CARNES DE ALTA qUALIDADE

c

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PerfilGrupo Maria Macia16

CuidadosUma série de passos e precauções devem

ser levados em conta, tanto em relação à fazenda quanto ao animal, para que a carne seja especial. Segundo o consultor técnico em pecuária da MSD Saúde Animal para o Grupo Maria Macia, Claudinei Pereira, o trabalho com os produtores é realizado de acordo com rigorosos protocolos de recepção dos animais. “O gado que chega às fazendas recebe um medicamento para controle de vermes gastroin-testinais (SOLUTION® 3,5 % LA), além de uma vacina, a VISION 10, que previne contra clostridioses. Para prevenir o surgimento de enfermidades respiratórias e infecções, que podem ser adquiridas durante o transporte até o campo, sugere-se a aplicação de um antibiótico, como o NUFLOR®”, orienta Pereira.

Outra intervenção importante é a qui-mioprofilaxia, que deve ser feita em animais que estejam sob risco de apresentar a tristeza parasitária bovina – doença infecciosa e para-sitária causada por uma riquétsia do gênero Anaplasma (anaplasmose) e um protozoário do gênero Babesia (babesiose), sendo transmi-tida aos animais pelo carrapato dos bovinos,

Ripicephallus (Boophilus) microplus. “Cinco dias após a entrada na fazenda, os animais devem receber uma dose de IMIZOL® como forma de prevenção, sendo 1 ml de produto para cada 40 quilos de peso vivo. Já para tratar lesões de casco, é indicado o uso associado de produtos como BANAMINE® e NUFLOR®.

BezerrosOs animais jovens requerem uma atenção

diferenciada. Para evitar infecções, é necessá-rio queimar o umbigo com uma dosagem de iodo de 10%, além de aplicar 1 ml/50 kg de IVOTAN® logo no primeiro mês de vida. A partir do quarto mês, o novilho pode começar a tomar doses de SOLUTION® 3,5 % LA para o controle de vermes e ectoparasitas.

Segundo Pereira, as fazendas do Grupo Maria Macia seguem à risca esses protocolos de prevenção e tratamento de doenças. O resultado tem sido tão positivo que, em uma das fazendas, o índice de mortalidade do rebanho caiu de 7% para 0,5%. Com as lesões de carcaça, alguns pecua-ristas chegavam a perder 800 gramas de carne. Atualmente, o prejuízo é de apenas 300 gramas. “Temos conseguido excelentes melhorias, prin-

cipalmente devido aos treinamentos realizados junto aos produtores”, conta o consultor.

O diretor técnico da Maria Macia demons-tra satisfação ao falar dos ganhos conquistados. “Nas propriedades, são implantados protocolos sanitários por meio de um trabalho preventivo em parceria com a MSD Saúde Animal, o que tem dado muito certo. Utilizamos seus produtos e, com isso, padronizamos as ações. Organizamos eventos para o aprimoramento técnico dos cooperados, além de treinamentos para os campeiros, com o corpo técnico da empresa, refletindo em melhores resultados”, destaca Prohmann. Ele acrescenta: “Além de tudo isso, teremos uma carne especial se insemi-narmos a vaca com o sêmen de um grande touro, desmamarmos um ótimo bezerro, engordarmos esse garrote em pastos bem manejados, seguir-mos um calendário sanitário minucioso e bem delineado e engordarmos o animal por 60 dias em confinamento, levando-o ao abate com 18 meses, com excelente acabamento de carcaça”.

Todas as carcaças comercializadas pelas fazendas do Grupo são lacradas com numeração individual, sendo possível rastrear a mercadoria nos estabelecimentos.

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CapacitaçãoOs treinamentos dos fazendeiros e seus

profissionais são ministrados quatro vezes por ano, através do PROPEC (Procedimentos Técnicos para Pecuária), um programa da Universidade Corporativa da MSD Saúde Animal. Entre os temas, destacam-se a apli-

cação correta de vacinas e medicamentos, a assepsia do material usado e o manejo do animal no momento da utilização do produto. Os pecuaristas aprendem ainda como reco-nhecer o comportamento do animal em uma situação de estresse, para que ele tenha um melhor desempenho.

Outros tópicos importantes estão ligados ao uso da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), ao manejo da mãe e do bezerro antes e após o parto e à coleta de fezes para verificação de vermes por meio do exame OPG (contagem de ovos por grama). “Para complementar os treinamentos, três encontros técnicos direcionados aos pecuaristas são orga-nizados anualmente pela MSD Saúde Animal em parceria com universidades. Nesses eventos, professores e especialistas ministram palestras sobre produção, sanidade e reprodução bovi-nas”, informa Pereira.

Os motoristas de caminhão também são treinados periodicamente por técnicos do pró-prio grupo e da MSD Saúde Animal para que os animais sejam transportados com conforto e segurança. Para Prohmann, de nada adianta seguir as recomendações e os cuidados da portei-ra para dentro se o motorista que leva o gado não passar por uma capacitação adequada. “Quando o caminhoneiro corre mais do que o aconselha-do e faz manobras arriscadas, ele acaba provo-cando estresse no animal. Assim, o trabalho de meses é perdido em alguns minutos, devido à falta de treinamento do motorista”, argumenta.

PerfilGrupo Maria Macia

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frequente o comentário de que a medicina veterinária é uma profis-são que exige muito amor, porque

“não dá dinheiro”. Também são recorrentes as observações sobre a precariedade do tra-balho, nas histórias de quem viu frustradas as expectativas da juventude e buscou outra atividade. Será mesmo que as desilusões são culpa de nossa profissão?

Na vida profissional, como na vida sen-timental, estas histórias fazem pensar nos versos de Camões:

“As altas torres que fundei no vento,Levou, enfim, o vento que as sustinha,Do mal, que me ficou, a culpa é minha,Pois sobre coisas vãs fiz fundamento”.É possível, sim, superar o falso dilema

entre “ganhar dinheiro ou fazer o que gosta”. Definir o tipo de trabalho que gostamos de fazer e encontrar, de maneira objetiva, o melhor formato para remunera-lo. Talvez tenha faltado aplicar a uma carreira levada ao sabor do acaso uma dose de planejamen-to estratégico, e nunca é tarde demais para fazê-lo.

Pois aqui vão três ideias para o veteriná-rio tomar o controle de sua carreira: Profis-sões e Ocupações, Competências Essenciais e Plano de Desenvolvimento.

Profissões e ocupaçõesAntes de mais nada, é preciso fazer

uma distinção muito clara entre profissão e ocupação, um tema que tem sido bastante explorado pelo professor Roberto Macedo, economista e estudioso do mundo do tra-balho. Escolhemos a profissão de médico veterinário, enveredamos por uma área de atuação, mas desconhecemos as diferentes ocupações a elas associadas. Como exemplo, pode-se exercer a profissão de veterinário, na área de clínica de pequenos animais, em diferentes ocupações:

- clínico autônomo- empregado em hospital veterinário- professor universitário- promotor técnico, vendedor ou executi-

vo na indústria de saúde animal.

A vida desses trabalhadores difere bastante, embora sejam todos veterinários e atuem na mesma especialidade. O que fazemos no dia a dia tem mais a ver com a ocupação, que define nossa rotina de trabalho. Você pode amar a clínica de equinos mas não ter perfil para traba-lhar como autônomo; pode gostar de sanidade de bovinos mas por questões pessoais não poder mudar para uma região de pecuária forte. Nos dois casos é possível manter a área de atuação, se conseguimos encontrar outra ocupação.

Competências essenciaisO segundo ponto é lembrar que uma exce-

lente qualificação técnica é condição neces-sária, porém não suficiente para o sucesso profissional. Por que alguns excelentes alunos na universidade não se tornam profissionais bem sucedidos? Competências essenciais a qualquer trabalho, mais ligadas a comporta-mento e gerenciamento, costumam definir o futuro da carreira. Desenvolve-las é cuidar da própria evolução pessoal. Veja como algumas delas podem ser decisivas.

- boa comunicação – timidez pode ser vista como insegurança!

- capacidade de trabalhar em equipe – sem ela, não há talento que resista...

- visão de contexto – quem está atento ao mundo entende melhor a realidade.

- rede de relacionamentos – contatos abrem portas; entrar e ficar é com você.

- atitude empreendedora – o que posso fazer melhor, em vez de reclamar?

Plano de desenvolvimento O conceito de planejamento estratégico

usado pelas empresas vem da cultura militar, e pressupõe constante autoconhecimento e avaliação de cenários. A partir da lista de competências essenciais, o profissional poderá identificar seus pontos fortes e pontos fracos (ou “pontos a desenvolver”, no eufemismo cor-porativo...). E no lugar de lamentar suas limi-tações, na linha “sou assim mesmo”, planejará o que fazer para supera-las.

É fundamental detalhar e por no papel (ou na planilha) as ações que serão efetuadas para

cada objetivo de desenvolvimento: o que vai ser feito, quando, como e onde. Um exemplo: com o objetivo de passar de um nível básico do inglês para avançado, fazer um curso na escola x, aos sábados, a partir de janeiro pró-ximo, ouvir CDs de conversação no carro e participar de uma imersão intensiva nos EUA em julho. Vale destacar que nem tudo precisa ou deve ser aprendido com cursos ou livros, mas também com desafios novos e envolvi-mento em projetos específicos.

Seu plano de desenvolvimento deve ser um contrato com você mesmo.

Através desta página na VetNews, a U-CORP tem procurado estimular a atenção dos veterinários aos detalhes gerenciais da vida profissional. A partir da próxima edição e ao longo de todo o ano de 2013, tere-mos aqui a valiosa colaboração da renomada Escola Superior de Propaganda e Marketing, a ESPM.

Um feliz ano novo e um ótimo Plano de Carreira a todos!

Universidade CorporativaPlano de Carreira18

Sebastião Faria Jr., M.V., Ph.D. - Gerente Técnico de Pecuária - MSD Saúde Animal

Um plano de carreira

É

Sebastião Faria, Gerente Técnico de Pecuária da MSD Saúde Animal

na Medicina veterinária

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IMPRESSO – Envelopamento fechado pode ser aberto pela ECT

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