Utilidade da ecocardiografia de stress no estudo dos ... · !2 Resumo A ecocardiografia de stress...
Transcript of Utilidade da ecocardiografia de stress no estudo dos ... · !2 Resumo A ecocardiografia de stress...
2015/2016
Gonçalo Nuno Grilo Mendes
Utilidade da ecocardiografia de stress no estudo
dos doentes com patologia valvular
março, 2016
Mestrado Integrado em Medicina
Área: Medicina
Tipologia: Monografia
Trabalho efetuado sob a Orientação de:
Doutor Luís Filipe Vilela Pereira de Macedo
Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:
Revista Portuguesa de Cardiologia
Gonçalo Nuno Grilo Mendes
Utilidade da ecocardiografia de stress no estudo
dos doentes com patologia valvular
março, 2016
Aos meus pais e irmãos
1
Utilidade da ecocardiografia de stress no estudo dos doentes com patologia
valvular
Usefulness of stress echocardiography in the evaluation of patients with
valvular pathology
Gonçalo Mendes1, Filipe Macedo2
1Aluno do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do
Porto, Porto, Portugal
2 Professor Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Departamento de Medicina, Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar de São João, E.P.E., Porto,
Portugal
Autor Correspondente:
Gonçalo Nuno Grilo Mendes
Morada: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Alameda Professor Hernâni Monteiro,
4200-‐319, Porto
Contacto telefónico: +351 917733690
Endereço de correio electrónico: [email protected]
Número de palavras: 3479
2
Resumo
A ecocardiografia de stress tem grande utilidade na patologia valvular. Esta técnica pode ser
realizada com recurso ao exercício ou com recurso ao estímulo farmacológico. Embora as mais
importantes indicações cirúrgicas em pacientes com doença valvular aórtica ou mitral
hemodinamicamente significativas sejam o desenvolvimento de sintomas e/ou disfunção ventricular, a
ecocardiografia de stress tem vindo a ganhar um papel de crescente importância na estratificação de
pacientes que não cumprem estes critérios. De facto, a ecocardiografia de stress consegue avaliar o
componente dinâmico das anormalidades valvulares e pode também desmascarar uma disfunção
miocárdica que não teria sido detectada com recurso à ecocardiografia em repouso. Para além disso,
parâmetros da ecocardiografia de stress têm importância prognóstica em pacientes com patologia
valvular aórtica e mitral. De uma forma geral, pacientes sem reserva contráctil demonstrada por
ecocardiografia de stress apresentam pior prognóstico que os que demonstram reserva contráctil. A
ecocardiografia de stress tem já alguns papéis definidos na patologia valvular. Em pacientes com
estenose aórtica de baixo gradiente e baixo débito, a ecocardiografia de stress com recurso a estímulo
farmacológico de dobutamina é recomendada para diferenciar estenose aórtica severa verdadeira de
pseudosevera. É de esperar que no futuro o papel da ecocardiografia de stress na patologia valvular
seja mais abrangente e possa optimizar a estratificação de risco e o tempo apropriado para intervenção
cirúrgica. Para alcançar esse objectivo, serão necessários estudos prospectivos e ensaios clínicos que
demonstrem que o seu uso pode levar à melhoria dos desfechos clínicos.
Palavras Chave: ecocardiografia de stress; doenças valvulares cardíacas; substituição valvular
3
Abstract
Stress echocardiography is of great utility in valvular pathology. This technique can be
performed using exercise or a pharmacologic stimulus. Although the most important surgical
indications in patients with hemodinamically significant aortic or mitral valvular pathology are the
development of symptoms and/or ventricular dysfunction, stress echocardiography has been gaining a
role of growing importance in stratification of patients who do not meet these criteria. In fact, stress
echocardiography can assess the dynamic component of valvular abnormalities and can also unmask
myocardial dysfunction that would be missed at rest. Furthermore, stress echocardiography parameters
have prognostic importance in patients with aortic or mitral valvular pathology. Overall, patients
without contractile reserve demonstrated by stress echocardiography exhibit worse prognosis
compared to those with demonstrable contractile reserve. Stress echocardiography has already got
defined roles in valvular pathology. In patients with low-flow, low-gradient aortic stenosis,
dobutamine stress echocardiography is recommended to differentiate true severe from pseudosevere
aortic stenosis. It is expected that in the future the role of stress echocardiography in valvular
pathology will be broader and that it can optimize risk stratification and timing of surgery. To achieve
that goal, prospective studies and clinical trials that demonstrate that its use can lead to improve
outcomes will be required.
Keywords: stress echocardiography; valvular heart diseases; valvular replacement
4
Introdução
As doenças valvulares são patologias cardiovasculares comuns e são uma importante causa de
morbilidade e mortalidade. Os avanços no diagnóstico e na estratificação de risco, combinados com os
progressos nas técnicas cirúrgicas de substituição ou reparação valvular, são responsáveis pela
melhoria prognóstica ao longo das últimas décadas dos pacientes com patologia valvular. A mais
importante indicação cirúrgica em pacientes com doença valvular aórtica ou mitral
hemodinamicamente significativa é o desenvolvimento de sintomas e/ou disfunção ventricular1,2. No
entanto, como os sintomas se desenvolvem lentamente nestas condições crónicas, há uma necessidade
crescente de avaliar os pacientes em situações que despoletem os sintomas, tal como o exercício, e que
possam estratificar o risco destes pacientes numa fase mais precoce da doença. É neste contexto que a
ecocardiografia de stress surge como uma ferramenta com grande utilidade e que tem ganho
recentemente reconhecimento pelas guidelines gerais e especializadas1-4.
Existem dois tipos de ecocardiografia de stress: a ecocardiografia de stress associada ao
exercício (ESE) e a ecocardiografia de stress com estimulação farmacológica, na qual se destaca a
ecocardiografia de stress com uso de dobutamina (ESD), a mais utilizada no estudo da patologia
valvular. Relativamente à ESE, esta pode ser realizada numa passadeira ou numa bicicleta em posição
semi-supina. A passadeira tem as vantagens de produzir um exercício mais fisiológico e estar mais
disponível; no entanto, dificulta a obtenção de imagens durante as diferentes fases do exercício, sendo
mais frequente as mesmas serem obtidas apenas antes e após o exercício. Nos Estados Unidos, a ESE
com passadeira é a modalidade mais utilizada. Por outro lado, a bicicleta em posição semi-supina
permite obter imagens durante as diferentes fases do exercício mas o efeito hemodinâmico que produz
não é tão fisiológico como a passadeira e não está tão largamente disponível; ainda assim, este é o
método preferido na Europa. Em relação à ecocardiografia de stress com estimulação farmacológica,
esta pode ser realizada com recurso a vários fármacos, como o dipiridamol, a adenosina ou a
dobutamina. Este último destaca-se pela sua utilidade na patologia valvular. A dobutamina é uma
catecolamina com efeitos inotrópicos positivos em baixas doses e, quando utilizado em doses mais
elevadas, exerce também um efeito cronotrópico positivo. Os protocolos de ESD são realizados com
5
uma infusão contínua de dobutamina e incrementos na dose de cada 3 em 3 minutos, começando com
5 µg/kg/min e aumentando para 10, 20, 30 e até um máximo de 40 µg/kg/min. Caso a frequência
cardíaca prevista não seja atingida, pode-se administrar suplementarmente atropina em doses de 0,25
mg a cada minuto, até um máximo de 1 mg. Este protocolo pode ter algumas alterações pontuais de
acordo com a patologia em causa. A ecocardiografia de stress com exercício é sempre preferível em
relação à farmacológica porque os efeitos que produz são mais fisiológicos. No entanto, a ESD tem
indicações claras, tais como diferenciar estenose aórtica de baixo gradiente e baixo débito de estenose
aórtica pseudosevera e, para além disso, pode ser utilizada com segurança quando o exercício está
contra-indicado. É importante salientar que este exame deve ser realizado por cardiologistas
experientes nesta técnica e que devem ter um volume adequado de exames por ano para que os
resultados sejam fidedignos3,4.
6
Estenose Aórtica
Os pacientes assintomáticos com estenose aórtica (EA) grave e função ventricular esquerda
(VE) normal que são submetidos precocemente a substituição valvular aórtica (SVA) têm melhor
prognóstico que aqueles que são tratados conservadoramente5. No entanto, a SVA não é isenta de
riscos e, portanto, é necessário identificar quais os pacientes que beneficiarão da intervenção cirúrgica
e em que estádio da sua doença. A ecocardiografia de stress pode ajudar nesta estratificação de
pacientes. Numa coorte de 69 pacientes assintomáticos com EA grave, um aumento do gradiente
trans-aórtico médio (GTAM) ≥ 18 mmHg durante o exercício estava associado a aumento do risco de
eventos cardiovasculares adversos6. Maréchaux et al. reforçaram estes resultados com uma coorte de
135 pacientes assintomáticos com EA moderada a grave, na qual concluiu que um aumento do GTAM
≥ 20 mmHg durante o exercício estava associado a um risco 3,8 vezes maior de ocorrência de eventos
adversos e, quando combinado com um gradiente em repouso de > 35 mmHg, estava associado a um
risco 9,6 vezes maior de eventos adversos7. Isto levou a que as guidelines ESC/EACTS adicionassem
recentemente uma recomendação classe IIb para SVA em pacientes com um aumento do GTAM > 20
mmHg durante a ESE2.
Outros parâmetros da ecocardiografia de stress têm sido associados a pior prognóstico em
doentes com EA. A ausência de reserva contráctil, definida como uma diminuição ou um aumento
limitado da fracção de ejecção do ventrículo esquerdo (FEVE) com o stress, está associado a uma
resposta hemodinamicamente anormal ao exercício, ao desenvolvimento de sintomas e à morte
cardiovascular8,9. A hipertensão pulmonar (HTP) pode também ser identificada com ESE. Num estudo
prospetivo recente, a HTP induzida pelo exercício, definida como pressão sistólica na artéria pulmonar
(PSAP) > 60 mmHg, estava associada a uma duplicação do risco de eventos cardíacos durante um
seguimento de 3 anos em pacientes assintomáticos com EA grave e FEVE preservada10. Mais
recentemente, Sonaglioni et al. analisaram uma variável, o ratio E/e’, que corresponde ao quociente
entre a velocidade de influxo mitral diastólico precoce e velocidade de relaxamento miocárdico
diastólico precoce, e concluiu, numa amostra de 90 pacientes assintomáticos com EA leve a moderada,
7
que um aumento do ratio E/e’ > 15 induzido pelo exercício era uma variável independente associada
com eventos adversos em um ano de seguimento11.
A ecocardiografia de stress é, assim, importante para a estratificação de risco e para
identificar os pacientes que podem beneficiar de cirurgia precoce. Serão necessários ensaios clínicos
prospectivos para suportar o uso de alterações ecocardiográficas induzidas pelo exercício, como o
aumento do GTAM, a ausência de reserva contráctil, o desenvolvimento de HTP ou o aumento do
ratio E/e’ como possíveis indicações para SVA no futuro.
8
Estenose Aórtica de Baixo Gradiente e Baixo Débito
A estenose aórtica de baixo gradiente e baixo débito (EA BGBD) com disfunção ventricular é
definida por uma área valvular aórtica (AVA) < 1,0 cm2 ou < 0,6 cm2/m2, um GTAM reduzido (< 30-
40 mmHg), uma FEVE reduzida (< 40%) e por um estado de baixo débito (índice de débito cardíaco <
35 mL/m2). Este tipo particular de EA é observado em 5-10% dos pacientes com EA grave e pode
corresponder a duas situações distintas: EA grave verdadeira com disfunção ventricular, na qual a
lesão primária é a doença valvular e a disfunção ventricular é secundaria à pós-carga excessiva ou
doença miocárdica concomitante, ou EA pseudosevera, na qual a disfunção contráctil do miocárdio é o
evento inicial responsável pela reduzida abertura valvular12. A ESD é particularmente útil para
diferenciar a EA BGBD da EA pseudosevera. Quando se realiza a ESD, a EA grave verdadeira é
definida por um aumento da GTAM > 40 mmHg, uma alteração ligeira da AVA (aumento < 0,3 cm2)
e/ou uma AVA < 1,0-1,2 cm2; por outro lado, a EA pseudosevera caracteriza-se por um aumento
significativo da AVA (aumento ≥ 0,3 cm2) e/ou uma AVA > 1,2 cm2, com manutenção do GTAM <
40 mmHg. A prevalência da EA pseudosevera é estimada em 20-30% dos pacientes com EA BGBD12-
14. Desta forma, a ESD para distinção destas patologias é uma indicação de classe IIa segundo as
guidelines ESC/EACTS e ACC/AHA1,2.
Pacientes sem reserva contráctil, isto é, os que apresentam um aumento < 20% do volume de
ejecção durante a ESD, têm maior mortalidade operatória (22-32%) do que aqueles com reserva
contráctil (5-8%). Estes pacientes sem reserva contráctil representam aproximadamente 30-40% dos
pacientes com EA BGBD e com FEVE reduzida12,15,16. No entanto, apesar desta mortalidade cirúrgica
elevada, a mortalidade a 5 anos foi significativamente menor após SVA (31%) quando comparada
com terapêutica médica isolada (87%) em pacientes sem reserva contráctil16. Para além disso, a
ausência de reserva contráctil não prediz de forma fiável a ausência de recuperação do FEVE após
cirurgia pois 65% dos pacientes sem reserva contráctil demonstram um aumento pós-operatório da
FEVE > 10%17. Desta forma, a ausência de reserva contráctil não deve ser considerada uma contra-
indicação absoluta à SVA16,17.
9
Relativamente à aplicabilidade deste dados na prática clínica, em doentes sintomáticos com
EA BGBD e FEVE reduzida nos quais a ESD demonstrou EA grave verdadeira e reserva contráctil, as
guidelines ESC/EACTS e ACC/AHA recomendam SVA (classe IIa)1,2. A SVA pode ser considerada
em pacientes sintomáticos com EA BGBD grave e ausência de reserva contráctil após avaliação de
outras co-morbilidades, em particular a doença arterial coronária (ESC/EACTS classe IIb)2. Em
pacientes com EA pseudosevera, a terapêutica médica inicial acompanhada de seguimento regular é a
melhor abordagem18.
10
Estenose Aórtica de Baixo Gradiente e Baixo Débito Paradoxal
Alguns pacientes, apesar de terem FEVE preservada e serem classificados como EA grave de
acordo com a AVA em repouso, apresentam baixo gradiente e baixo débito. Esta condição é
denominada estenose aórtica de baixo gradiente e baixo débito paradoxal (EA BGBD paradoxal) e
define-se como FEVE > 50%, índice de débito cardíaco ≤ 35 mL/m2, GTAM < 40 mmHg e AVA <
1,0 cm2 ou < 0,6 cm2/m2, e pode estar presente em até 35% dos pacientes com EA grave e FEVE
preservada19. Esta entidade clínica parece representar um estado mais avançado da doença e apresenta
sobrevida a 5 anos reduzida quando comparada com EA grave com débito normal e gradiente elevado
(64% vs 82%, respectivamente) e a SVA está associada a melhoria de sobrevida quando comparada
com o tratamento médico20. Tal como para pacientes com FEVE reduzida, a ESD é útil para
desmascarar a EA pseudosevera causada pelo baixo débito da EA grave verdadeira. De entre os
parâmetros de gravidade de EA estudados pela ESD, a AVAproj ≤ 1 cm2 parece ser o melhor para
diferenciar EA verdadeira de pseudosevera e é também preditor do risco de eventos cardíacos
adversos21. A AVAproj é um parâmetro que compara a AVA com uma taxa de fluxo transvalvular
médio (Q) estandardizada de 250 ml/s e que, desta forma, atenua uma das limitações da ESD que se
prende com o facto de o aumento do fluxo transvalvular poder ser diferente de paciente para paciente.
Uma AVAproj ≤ 1.o cm2 é considerada severa. A AVAproj tem uma melhor correlação com a gravidade
da EA do que os parâmetros clássicos da ESD14.
É importante destacar que outras modalidades de imagem são também úteis na distinção entre
EA verdadeira e pseudosevera. A tomografia axial computadorizada (TAC) consegue detectar
calcificação aórtica severa, e um ponto de corte de 1274 unidades arbitrárias (AU) para mulheres e
2065 AU para homens foram associadas a boa sensibilidade e boa especificidade para o diagnóstico de
EA grave verdadeira22. As guidelines da ESC/EACTS e ACC/AHA atuais incluem uma recomendação
classe IIa para SVA em pacientes sintomáticos com EA BGBD paradoxal após confirmação rigorosa
de EA grave verdadeira1,2.
11
Regurgitação Aórtica
Poucos estudos avaliaram a utilidade da ecocardiografia de stress na regurgitação aórtica
(RA), e o seu uso na prática clínica não está recomendado por rotina. No entanto, se for realizada,
pode desmascarar uma disfunção VE subclínica durante o exercício. Borer et al. demonstraram que
pacientes cuja FE diminuía > 5% (resposta anormal) durante o exercício tinham um risco de
12,5%/ano de desenvolver insuficiência cardíaca (IC) ou disfunção ventricular esquerda subclínica,
comparado com apenas 1,9%/ano naqueles que tinham resposta normal ao exercício. O risco era de
8,8%/ano se a FE durante o exercício fosse < 50%23.
A reserva contráctil, definida como um aumento da FE durante o exercício medida por
ecocardiografia, é um melhor preditor de descompensação ventricular do que os índices em repouso
em pacientes assintomáticos com RA. De facto, a demonstração de ausência de reserva contráctil
(diminuição > 5% da FE durante o exercício) pode identificar pacientes sob tratamento médico que
irão desenvolver progressivamente disfunção VE ou pacientes que não irão ter melhoria da FEVE
após SVA24. Assim, a avaliação da reserva contráctil com ESE, com o objectivo de desmascarar uma
disfunção ventricular subclínica, pode ser útil para pacientes com valores intermédios de FEVE (50-
55%) ou diâmetro telessistólico (próximos de 50 mm ou 25 mm/m2), e pode ajudar a definir a melhor
altura para intervenção cirúrgica25.
12
Estenose Mitral
A ecocardiografia transtorácica em repouso geralmente é suficiente para a decisão clínica em
doentes assintomáticos com estenose mitral (EM) ligeira a moderada ou para pacientes com EM grave
que são candidatos quer a valvuloplastia percutânea por balão quer a cirurgia de reparação/substituição
de válvula mitral. No entanto, para doentes assintomáticos com EM grave ou doentes sintomáticos
com EA ligeira a moderada em repouso, para os quais as indicações da ecocardiografia em repouso
são menos claras, a ecocardiografia de stress tem um papel importante. De facto, as guidelines actuais
recomendam a ecocardiografia de stress em pacientes com discrepância entre sintomas e gravidade da
EM em repouso com dois objectivos: 1) desmascarar sintomas em pacientes assintomáticos com EM
moderada a grave (área valvular mitral (AVM) < 1,5 cm2), principalmente em pacientes idosos ou
sedentários; e 2) para avaliar o efeito hemodinâmico do exercício em pacientes com sintomas
limitantes mas EM ligeira1,2. A ESE é geralmente preferida pelo facto de o exercício ser mais
fisiológico; de qualquer forma, a ESD também pode ser usada para induzir alterações hemodinâmicas
semelhantes no gradiente médio transmitral (GMTM) e na PSAP26. Já foi demonstrada a segurança e
eficácia da ESD num grupo de 53 pacientes com EM reumática27.
Reis et al. demonstraram que, em pacientes com EM moderada a grave, o aumento do GMTM
na dose de pico durante a ESD é o melhor preditor de eventos adversos (hospitalização, arritmias
supra-ventriculares ou edema agudo do pulmão) durante o seguimento (60,5 ± 11 meses). O valor de
corte de 18 mmHg permitiu a melhor detecção de eventos (90% sensibilidade e 87% especificidade)27.
As guidelines americanas ACC/AHA recomendam considerar valvuloplastia percutânea, quando a
anatomia valvular for adequada, em pacientes sintomáticos com EM ligeira (AVM > 1,5 cm2) e um
aumento do GTMM > 15 mmHg com o exercício, sendo esta uma recomendação classe IIb1.
Brochet et al. demonstraram também que um aumento precoce da PSAP induzido pelo
exercício ≥ 90% aos 60W está associado a um aumento de mais de duas vezes do risco de desenvolver
dispneia ou de necessitar de intervenção valvular mitral durante o seguimento. Estas observações
sugerem que se deve medir o PSAP e o GMTM em cada nível de exercício em vez de comparar
simplesmente os valores basais com os do pico do exercício28. Henri et al. consideram que, para
13
pacientes assintomáticos com EM significativa (AVM < 1,5 cm2), a presença de um HTP durante o
exercício (PSAP > 60 mmHg) ou aumento do GTMM > 15 mmHg devem levar a um seguimento mais
apertado29.
14
Regurgitação Mitral Primária
A resposta ao exercício é um preditor do desenvolvimento de sintomas ou disfunção VE em
pacientes assintomáticos com regurgitação mitral (RM). A ESE pode ajudar, neste grupo de doentes, a
identificar quais têm sintomas que não eram previamente reconhecidos ou detectar disfunção VE
subclínica. As guidelines ACC/AHA recomendam a ESE para doentes assintomáticos com RM grave
(área efectiva do orifíco regurgitante (AEOR) ≥ 40 mm2 e volume regurgitante (RVol) ≥ 60 mL) para
clarificar a tolerância ao exercício e o grau dos sintomas, e para pacientes sintomáticos quando existe
uma discrepância entre os sintomas e a gravidade da RM em repouso (classe IIa)1.
Em pacientes assintomáticos com RM primária crónica moderada a grave, um aumento
marcado durante o exercício da gravidade da RM (aumento do AEOR ≥ 10 mm2 e do RVol ≥ 15 mL)
estava presente em um terço dos pacientes e 25% dos pacientes com RM moderada em repouso
desenvolviam RM grave durante o exercício. A magnitude deste aumento estava bem correlacionada
com o aumento da HTP induzida pelo exercício, mas não com a gravidade da RM em repouso30.
Assim, a principal consequência lesiva na RM é o desenvolvimento de HTP com o exercício, que se
define como PSAP > 60 mmHg com o exercício. Magne et al. verificaram que esta HTP induzida pelo
exercício estava presente em 46% dos pacientes com RM moderada a grave e estava associado a uma
redução marcada da sobrevida sem sintomas a 2 anos. Para além disso, a PSAP durante o exercício era
um melhor preditor de progressão dos sintomas quando comparada com a PSAP em repouso31. As
guidelines ESC/EACTS sugerem que, em pacientes assintomáticos com RM primária grave e FEVE
preservada, a cirurgia deve ser considerada em pacientes com PSAP > 60 mmHg durante o exercício
(classe IIb)2. O valor que Magne et al. sugeriram como melhor ponte de corte para HTP induzida pelo
exercício foi de 56 mmHg, valor próximo das guidelines31.
Kusunose et al. avaliaram o papel da função ventricular direita (VD) durante o exercício
recorrendo à avaliação da excursão sistólica no plano anular tricúspide (ESPAT), e demonstraram que
a ESPAT durante o exercício era um preditor independente do tempo para a cirurgia. Pacientes com
disfunção VD induzida pelo exercício (ESPAT < 19 mm) e HTP induzida pelo exercício (PSAP > 54
mmHg) concomitantes tinham pior prognóstico32.
15
A ESE pode ser útil também para desmascarar disfunção VE latente subclínica associada a
RM, principalmente em valores intermédios de FEVE (60-65%) ou diâmetro telessistólico do VE
(próximo de 40 mm ou 22 mm/m2)3,33. A ausência de reserva contráctil, definida como incapacidade
de aumentar a FEVE > 4% ou o índice de volume tele-sistólico > 25 cm3/m2 durante o exercício, foi
associada a disfunção VE após cirurgia valvular mitral e deterioração progressiva da função VE em
pacientes sob tratamento médico. Por outro lado, uma reserva contráctil intacta prediz preservação da
função VE e bom desfecho clínico em pacientes tratados quer medicamente quer cirurgicamente34.
Desta forma, a ESE é relevante para estratificação de risco e avaliação de prognóstico e pode
ser importante na decisão de cirurgia precoce vs abordagem conservadora. Pacientes com capacidade
de exercício diminuída, aumentos da RM ou do PSAP com o exercício e aqueles sem reserva
contráctil do VE representam um subgrupo de pacientes de elevado risco nos quais a cirurgia precoce
pode estar indicada. Por outro lado, pacientes assintomáticos com RM severa e sem sinais de HTP ou
disfunção VE durante o exercício podem ser seguidos clinicamente de forma segura3.
16
Regurgitação Mitral Secundária
As guidelines ESC/EACTS enfatizam o papel da ESE para desmascarar RM dinamicamente
significativa em pacientes com disfunção VE sistólica2.
Lancellotti et al., numa coorte de 167 pacientes com RM secundária leve, moderada e grave
seguida prospectivamente durante 35 ± 11 meses, demonstraram que um aumento na AEOR ≥ 13 mm2
durante o exercício era um preditor de mortalidade e hospitalização por insuficiência cardíaca (IC)35.
Piérard e Lancellotti tinham já antes demonstrado que aumentos no AEOR e PSAP durante o exercício
estavam independentemente associados com a ocorrência de edema pulmonar36. De facto, segundo
estes autores, a ESE está recomendada em pacientes com 1) disfunção ventricular esquerda sistólica
que se apresentem com dispneia relacionada com o exercício desproporcional à gravidade da RM em
repouso ou à FEVE; 2) edema agudo do pulmão sem uma causa óbvia; 3) RM moderada, antes da
realização de cirurgia de revascularização; 4) para estratificação de risco de mortalidade e
descompensação de IC37.
Em termos de aplicação clínica, um aumento significativo da RM com o exercício (AEOR ≥
13 mm2) identifica pacientes de alto risco que poderiam possivelmente beneficiar de uma intervenção
valvular mitral concomitantemente com cirurgia de revascularização. Por outro lado, pacientes com
RM leve a moderada com aumentos modestos da RM durante o exercício podem ser tratados
conservadoramente, embora estas recomendações necessitem de ser validadas em grandes estudos
prospectivos36,37.
17
Conclusões
A ecocardiografia de stress tem emergido ao longo dos últimos anos como um método
diagnóstico não-invasivo eficaz na avaliação de alterações dinâmicas na função valvular, função
ventricular e hemodinâmica. Tem como vantagens a sua fácil disponibilidade, baixo custo e elevada
versatilidade na avaliação da gravidade da doença valvular. O seu papel na patologia valvular prende-
se com o facto de muitas das patologias serem incorretamente classificadas com recurso à
ecocardiografia em repouso, e a adição do estímulo do exercício ou farmacológico ao método
dinâmico que é a ecocardiografia permite melhor estratificação de pacientes dentro de cada grupo de
patologia valvular. Este método diagnóstico fornece informações diagnósticas e prognósticas que
podem ajudar na decisão clínica.
Atualmente, a maioria das recomendações internacionais delega a ecocardiografia de stress
para um plano secundário no diagnóstico de patologias valvulares, possivelmente subestimando a sua
utilidade. No entanto, é também verdade que, neste momento, existe maioritariamente evidência
clínica que suporte o uso da ecocardiografia de stress por rotina na avaliação do doente com patologia
valvular, evidência essa que precisa de ser suportada por mais estudos e ensaios clínicos. Para além
disso, trata-se de uma técnica que necessita de elevada especialização e que não é realizada pela
maioria dos cardiologistas. Nesse sentido, serão necessários, no futuro, estudos prospectivos de larga
escala e estudos randomizados que suportem o uso da ecocardiografia de stress num grupo mais
alargado de pacientes com patologia valvular.
Conflitos de interesse
O autor não tem conflitos de interesse a declarar.
18
Referências
1. Nishimura RA, Otto CM, Bonow RO et al. 2014 AHA/ACC guideline for the management of
patients with valvular heart disease: executive summary: a report of the American College of
Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll
Cardiol 2014;63:2438-88.
2. Vahanian A, Alfieri O, Andreotti F et al. [Guidelines on the management of valvular heart
disease (version 2012). The Joint Task Force on the Management of Valvular Heart Disease of
the European Society of Cardiology (ESC) and the European Association for Cardio-Thoracic
Surgery (EACTS)]. G Ital Cardiol (Rome) 2013;14:167-214.
3. Sicari R, Nihoyannopoulos P, Evangelista A et al. Stress Echocardiography Expert Consensus
Statement--Executive Summary: European Association of Echocardiography (EAE) (a
registered branch of the ESC). Eur Heart J 2009;30:278-89.
4. Pellikka PA, Nagueh SF, Elhendy AA et al. American Society of Echocardiography
recommendations for performance, interpretation, and application of stress echocardiography.
J Am Soc Echocardiogr 2007;20:1021-41.
5. Brown ML, Pellikka PA, Schaff HV et al. The benefits of early valve replacement in
asymptomatic patients with severe aortic stenosis. J Thorac Cardiovasc Surg 2008;135:308-
15.
6. Lancellotti P, Lebois F, Simon M et al. Prognostic importance of quantitative exercise
Doppler echocardiography in asymptomatic valvular aortic stenosis. Circulation
2005;112:I377-82.
7. Marechaux S, Hachicha Z, Bellouin A et al. Usefulness of exercise-stress echocardiography
for risk stratification of true asymptomatic patients with aortic valve stenosis. Eur Heart J
2010;31:1390-7.
8. Lancellotti P, Karsera D, Tumminello G et al. Determinants of an abnormal response to
exercise in patients with asymptomatic valvular aortic stenosis. Eur J Echocardiogr
2008;9:338-43.
19
9. Marechaux S, Ennezat PV, LeJemtel TH et al. Left ventricular response to exercise in aortic
stenosis: an exercise echocardiographic study. Echocardiography 2007;24:955-9.
10. Lancellotti P, Magne J, Donal E et al. Determinants and prognostic significance of exercise
pulmonary hypertension in asymptomatic severe aortic stenosis. Circulation 2012;126:851-9.
11. Sonaglioni A, Lombardo M, Baravelli M et al. Exercise stress echocardiography with tissue
Doppler imaging in risk stratification of mild to moderate aortic stenosis. Int J Cardiovasc
Imaging 2015;31:1519-27.
12. Pibarot P, Dumesnil JG. Low-flow, low-gradient aortic stenosis with normal and depressed
left ventricular ejection fraction. J Am Coll Cardiol 2012;60:1845-53.
13. deFilippi CR, Willett DL, Brickner ME et al. Usefulness of dobutamine echocardiography in
distinguishing severe from nonsevere valvular aortic stenosis in patients with depressed left
ventricular function and low transvalvular gradients. Am J Cardiol 1995;75:191-4.
14. Blais C, Burwash IG, Mundigler G et al. Projected valve area at normal flow rate improves the
assessment of stenosis severity in patients with low-flow, low-gradient aortic stenosis: the
multicenter TOPAS (Truly or Pseudo-Severe Aortic Stenosis) study. Circulation
2006;113:711-21.
15. Monin JL, Quere JP, Monchi M et al. Low-gradient aortic stenosis: operative risk
stratification and predictors for long-term outcome: a multicenter study using dobutamine
stress hemodynamics. Circulation 2003;108:319-24.
16. Tribouilloy C, Levy F, Rusinaru D et al. Outcome after aortic valve replacement for low-
flow/low-gradient aortic stenosis without contractile reserve on dobutamine stress
echocardiography. J Am Coll Cardiol 2009;53:1865-73.
17. Quere JP, Monin JL, Levy F et al. Influence of preoperative left ventricular contractile reserve
on postoperative ejection fraction in low-gradient aortic stenosis. Circulation 2006;113:1738-
44.
18. Fougeres E, Tribouilloy C, Monchi M et al. Outcomes of pseudo-severe aortic stenosis under
conservative treatment. Eur Heart J 2012;33:2426-33.
20
19. Hachicha Z, Dumesnil JG, Bogaty P et al. Paradoxical low-flow, low-gradient severe aortic
stenosis despite preserved ejection fraction is associated with higher afterload and reduced
survival. Circulation 2007;115:2856-64.
20. Clavel MA, Dumesnil JG, Capoulade R et al. Outcome of patients with aortic stenosis, small
valve area, and low-flow, low-gradient despite preserved left ventricular ejection fraction. J
Am Coll Cardiol 2012;60:1259-67.
21. Clavel MA, Ennezat PV, Marechaux S et al. Stress echocardiography to assess stenosis
severity and predict outcome in patients with paradoxical low-flow, low-gradient aortic
stenosis and preserved LVEF. JACC Cardiovasc Imaging 2013;6:175-83.
22. Clavel MA, Messika-Zeitoun D, Pibarot P et al. The complex nature of discordant severe
calcified aortic valve disease grading: new insights from combined Doppler
echocardiographic and computed tomographic study. J Am Coll Cardiol 2013;62:2329-38.
23. Borer JS, Hochreiter C, Herrold EM et al. Prediction of indications for valve replacement
among asymptomatic or minimally symptomatic patients with chronic aortic regurgitation and
normal left ventricular performance. Circulation 1998;97:525-34.
24. Wahi S, Haluska B, Pasquet A et al. Exercise echocardiography predicts development of left
ventricular dysfunction in medically and surgically treated patients with asymptomatic severe
aortic regurgitation. Heart 2000;84:606-14.
25. Lancellotti P, Tribouilloy C, Hagendorff A et al. European Association of Echocardiography
recommendations for the assessment of valvular regurgitation. Part 1: aortic and pulmonary
regurgitation (native valve disease). Eur J Echocardiogr 2010;11:223-44.
26. Hecker SL, Zabalgoitia M, Ashline P et al. Comparison of exercise and dobutamine stress
echocardiography in assessing mitral stenosis. Am J Cardiol 1997;80:1374-7.
27. Reis G, Motta MS, Barbosa MM et al. Dobutamine stress echocardiography for noninvasive
assessment and risk stratification of patients with rheumatic mitral stenosis. J Am Coll Cardiol
2004;43:393-401.
21
28. Brochet E, Detaint D, Fondard O et al. Early hemodynamic changes versus peak values: what
is more useful to predict occurrence of dyspnea during stress echocardiography in patients
with asymptomatic mitral stenosis? J Am Soc Echocardiogr 2011;24:392-8.
29. Henri C, Pierard LA, Lancellotti P et al. Exercise testing and stress imaging in valvular heart
disease. Can J Cardiol 2014;30:1012-26.
30. Magne J, Lancellotti P, Pierard LA. Exercise-induced changes in degenerative mitral
regurgitation. J Am Coll Cardiol 2010;56:300-9.
31. Magne J, Lancellotti P, Pierard LA. Exercise pulmonary hypertension in asymptomatic
degenerative mitral regurgitation. Circulation 2010;122:33-41.
32. Kusunose K, Popovic ZB, Motoki H et al. Prognostic significance of exercise-induced right
ventricular dysfunction in asymptomatic degenerative mitral regurgitation. Circ Cardiovasc
Imaging 2013;6:167-76.
33. Lancellotti P, Moura L, Pierard LA et al. European Association of Echocardiography
recommendations for the assessment of valvular regurgitation. Part 2: mitral and tricuspid
regurgitation (native valve disease). Eur J Echocardiogr 2010;11:307-32.
34. Lee R, Haluska B, Leung DY et al. Functional and prognostic implications of left ventricular
contractile reserve in patients with asymptomatic severe mitral regurgitation. Heart
2005;91:1407-12.
35. Lancellotti P, Gerard PL, Pierard LA. Long-term outcome of patients with heart failure and
dynamic functional mitral regurgitation. Eur Heart J 2005;26:1528-32.
36. Pierard LA, Lancellotti P. The role of ischemic mitral regurgitation in the pathogenesis of
acute pulmonary edema. N Engl J Med 2004;351:1627-34.
37. Pierard LA, Lancellotti P. Stress testing in valve disease. Heart 2007;93:766-72.
Agradecimentos
Agradeço, em primeiro lugar, ao Dr. Luís Filipe Macedo, por ter aceite orientar-me neste
projeto e por toda a disponibilidade, paciência e dedicação que demonstrou durante a realização do
mesmo.
Agradeço também à minha família, por todo o apoio incansável, por todo o carinho, por
renovarem a minha confiança quando mais precisei e por acreditarem sempre em mim.
Agradeço também à Carmen Rodríguez, pela ajuda que me prestou, pelo apoio incondicional,
e principalmente por sempre me ouvir e saber aconselhar-me da melhor forma.
Finalmente, agradeço aos meus amigos mais próximos, por toda a partilha de conhecimento e
por todos os conselhos, mas acima de tudo pela amizade sincera e leal que comigo partilham.
ANEXOS
A Revista Portuguesa de Cardiologia, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, é uma publicação científica internacional destinada ao estudo das doenças cardiovasculares.
Publica artigos em português na sua edição em papel e em portu-guês e inglês na sua edição online, sobre todas as áreas da Medicina Cardiovascular. Se os artigos são publicados apenas em inglês, esta versão surgirá simultaneamente em papel e online. Inclui regularmen-te artigos originais sobre investigação clínica ou básica, revisões te-máticas, casos clínicos, imagens em cardiologia, comentários editoriais e cartas ao editor. Para consultar as edições online deverá aceder através do link www.revportcardiol.org.
Todos os artigos são avaliados antes de serem aceites para publi-cação por peritos designados pelos Editores (peer review). A sub-missão de um artigo à Revista Portuguesa de Cardiologia implica que este nunca tenha sido publicado e que não esteja a ser avaliado para publicação noutra revista.
Os trabalhos submetidos para publicação são propriedade da Re-vista Portuguesa de Cardiologia e a sua reprodução total ou parcial deverá ser convenientemente autorizada. Todos os autores deverão enviar a Declaração de Originalidade, conferindo esses direitos à RPC, na altura em que os artigos são aceites para publicação.
Envio de manuscritosOs manuscritos para a Revista Portuguesa de Cardiologia são en-viados através do link http://www.ees.elsevier.com/repc. Para enviar um manuscrito, é apenas necessário aceder ao referido link e seguir todas as instruções que surgem.
Responsabilidades ÉticasOs autores dos artigos aceitam a responsabilidade definida pelo Comité Internacional dos Editores das Revistas Médicas (consultar www.icmje.org).
Os trabalhos submetidos para publicação na Revista Portuguesa de Cardiologia devem respeitar as recomendações internacionais sobre investigação clínica (Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial, revista recentemente) e com animais de laboratório (So-ciedade Americana de Fisiologia). Os estudos aleatorizados deverão seguir as normas CONSORT.
Informação sobre autorizaçõesA publicação de fotografias ou de dados dos doentes não devem identificar os mesmos. Em todos os casos, os autores devem apre-sentar o consentimento escrito por parte do doente que autorize a sua publicação, reprodução e divulgação em papel e na Revista Portu-guesa de Cardiologia. Do mesmo modo os autores são responsáveis por obter as respectivas autorizações para reproduzir na Revista Portuguesa de Cardiologia todo o material (texto, tabelas ou figuras) previamente publicado. Estas autorizações devem ser solicitadas ao autor e à editora que publicou o referido material.
Conflito de interessesCada um dos autores deverá indicar no seu artigo se existe ou não qualquer tipo de Conflito de Interesses.
Declaração de originalidadeO autor deverá enviar uma declaração de originalidade. Ver anexo IProtecção de dadosOs dados de carácter pessoal que se solicitam vão ser tratados num ficheiro automatizado da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) com a finalidade de gerir a publicação do seu artigo na Revista Portugue-sa de Cardiologia (RPC). Salvo indique o contrário ao enviar o artigo, fica expressamente autorizado que os dados referentes ao seu nome, ape-lidos, local de trabalho e correio electrónico sejam publicados na RPC, bem como no portal da SPC (www.spc.pt) e no portal online www.revportcardiol.org, com o intuito de dar a conhecer a autoria do artigo e de possibilitar que os leitores possam comunicar com os autores.
INSTRUÇÕES AOS AUTORESTodos os manuscritos deverão ser apresentados de acordo com as normas de publicação. Pressupõe-se que o primeiro autor é o repon-sável pelo cumprimento das normas e que os restantes autores conhe-cem, participam e estão de acordo com o conteúdo do manucrito.
NOTA IMPORTANTE! Para que se possa iniciar o processo de avaliação, o documento com o corpo do artigo deverá incluir todos os elementos que fazem parte do artigo: Títulos em português e em inglês; autores; proveniência; palavras-chave e keywords; Resumos em português e em inglês; Corpo do artigo, incluindo as tabelas; bibliogra-fia; legendas das figuras e das tabelas.
1. Artigos OriginaisApresentação do documento:• Com espaço duplo, margens de 2,5 cm e páginas numeradas.• Não deverão exceder 5.000 palavras, contadas desde a primeira à última página, excluindo as tabelas.• Consta de dois documentos: primeira página e manuscrito• O manuscrito deve seguir sempre a mesma ordem: a) resumo estru-turado em português e palavras-chave; b) resumo estruturado em inglês e palavras-chave; c) quadro de abreviaturas em português e em inglês; d) texto; e) bibliografia; f) legendas das figuras; g) tabelas (opcional) e h) figuras (opcional)-
Primeira páginaTítulo completo (menos de 150 caracteres) em português e em inglês.
Nome e apelido dos autores pela ordem seguinte: nome próprio, seguido do apelido (pode conter dois nomes)
Proveniência (Serviço, Instituição, cidade, país) e financiamento caso haja.Endereço completo do autor a quem deve ser dirigida a corres-
pondência, fax e endereço electrónico.Faz-se referência ao número total de palavras do manuscrito (ex-
cluindo as tabelas).
Resumo estruturadoO resumo, com um máximo de 250 palavras, está dividido em qua-tro partes: a) Introdução e objectivos; b) Métodos; c) Resultados e d) Conclusões.
Normas de publicação da Revista Portuguesa de Cardiologia
Deverá ser elucidativo e não inclui referências bibliográficas nem abreviaturas (excepto as referentes a unidades de medida).
Inclui no final três a dez palavras-chave em português e em inglês. Deverão ser preferencialmente seleccionadas a partir da lista publica-da na Revista Portuguesa de Cardiologia, oriundas do Medical Subject Headings (MeSH) da National Libray of Medicine, disponível em: www.nlm.nihgov/mesh/meshhome.html.
O resumo e as palavras-chave em inglês devem ser apresentados da mesma forma.
TextoDeverá conter as seguintes partes devidamente assinaladas: a) In-trodução; b) Métodos; c) Resultados; d) Discussão e e) Conclusões. Poderá utilizar subdivisões adequadamente para organizar cada uma das secções.
As abreviaturas das unidades de medida são as recomendadas pela RPC (ver Anexo II).
Os agradecimentos situam-se no final do texto.
BibliografiaAs referências bibliográficas deverão ser citadas por ordem numérica no formato ‘superscript’, de acordo com a ordem de entrada no texto.
As referências bibliográficas não incluem comunicações pessoais, manuscritos ou qualquer dado não publicado. Todavia podem estar incluídos, entre parêntesis, ao longo do texto.
São citados abstracts com menos de dois anos de publicação, identificando-os com [abstract] colocado depois do título.
As revistas médicas são referenciadas com as abreviaturas utiliza-das pelo Index Medicus: List of Journals Indexed, tal como se publi-cam no número de Janeiro de cada ano. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/citmatch_help.html#JournalLists.
O estilo e a pontuação das referências deverão seguir o modelo Vancouver 3.
Revista médica: Lista de todos os autores. Se o número de autores for superior a três, incluem-se os três primeiros, seguidos da abreviatu-ra latina et al. Exemplo:
17. Sousa PJ, Gonçalves PA, Marques H et al. Radiação na AngioTC cardíaca; preditores de maior dose utilizada e sua redução ao lon-go do tempo. Rev Port cardiol, 2010; 29:1655-65Capítulo em livro: Autores, título do capítulo, editores, título do
livro, cidade, editora e páginas. Exemplo: 23. Nabel EG, Nabel GJ. Gene therapy for cardiovascular disease. En: Haber E, editor. Molecular cardiovascular medicine. New York: Scientific American 1995. P79-96.Livro: Cite as páginas específicas. Exemplo: 30. Cohn PF. Silent myocardial ischemia and infarction. 3rd ed. New York: Mansel Dekker; 1993. P. 33.Material electrónico: Artigo de revista em formato electrónico.
Exemplo: Abood S. Quality improvement initiative in nursing homes: the ANA acts it an advisory role. Am J Nurs. [serie na internet.] 2002 Jun citado 12 Ago 2002:102(6): [aprox. 3] p. Disponível em: http://www.nursingworld.org/AJN/2002/june/Wawatch.htm. A Bibliografia será enviada como texto regular, nunca como nota de rodapé. Não se aceitam códigos específicos dos programas de gestão bibliográfica.
1. FigurasAs figuras correspondentes a gráficos e desenhos são enviadas no for-mato TIFF ou JPEG de preferência, com uma resolução nunca inferior a 300 dpi e utilizando o negro para linhas e texto. São alvo de numera-ção árabe de acordo com a ordem de entrada no texto.• A grafia, símbolos, letras, etc, deverão ser enviados num tamanho que,
ao ser reduzido, os mantenha claramente legíveis. Os detalhes especiais deverão ser assinalados com setas contrastantes com a figura.• As legendas das figuras devem ser incluídas numa folha aparte. No final devem ser identificadas as abreviaturas empregues por ordem alfabética.• As figuras não podem incluir dados que dêem a conhecer a proveniência do trabalho ou a identidade do paciente. As fotogra-fias das pessoas devem ser feitas de maneira que estas não sejam identificadas ou incluir-se-á o consentimento por parte da pessoa fotografada.
TabelasSão identificadas com numeração árabe de acordo com a ordem de entrada no texto.
Cada tabela será escrita a espaço duplo numa folha aparte.• Incluem um título na parte superior e na parte inferior são refe-ridas as abreviaturas por ordem alfabética.• O seu conteúdo é auto-explicativo e os dados que incluem não figuram no texto nem nas figuras.
2. Artigos de RevisãoNº máximo de palavras do artigo sem contar com o resumo e qua-dros- 5.000Nº máximo de palavras do Resumo - 250Nº máximo de Figuras - 10Nº máximo de quadros - 10Nº máximo de ref. bibliográficas - 100
3. Cartas ao EditorDevem ser enviadas sob esta rubrica e referem-se a artigos publica-dos na Revista. Serão somente consideradas as cartas recebidas no prazo de oito semanas após a publicação do artigo em questão.• Com espaço duplo, com margens de 2,5 cm.• O título (em português e em inglês), os autores (máximo quatro), proveniência, endereço e figuras devem ser especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.• Não podem exceder as 800 palavras.• Podem incluir um número máximo de duas figuras. As tabelas estão excluídas.
4. Casos ClínicosDevem ser enviados sob esta rubrica.• A espaço duplo com margens de 2,5 cm.• O título (em português e em inglês) não deve exceder 10 palavras
Os autores (máximo oito) proveniência, endereço e figuras serão especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.
O texto explicativo não pode exceder 3.000 palavras e contem in-formação de maior relevância. Todos os símbolos que possam constar nas imagens serão adequadamente explicados no texto.
Contêm um número máximo de 4 figuras e pode ser enviado mate-rial suplementar, como por exemplo vídeoclips.
5. Imagens em Cardiologia• A espaço duplo com margens de 2,5 cm.• O título (em português e em inglês) não deve exceder oito palavras• Os autores (máximo seis), proveniência, endereço e figuras serão especificados de acordo com as normas anteriormente referidas pa-ra os artigos originais.• O texto explicativo não pode exceder as 250 palavras e contem informação de maior relevância, sem referências bibliográficas. To-dos os símbolos que possam constar nas imagens serão adequada-mente explicados no texto.• Contêm um número máximo de quatro figuras.
Normas de publicação da revista portuguesa de cardiologia
ANEXO IISímbolos, abreviaturas de medidas ou estatística
6. Material adicional na WEBA Revista Portuguesa de Cardiologia aceita o envio de material electrónico adicional para apoiar e melhorar a apresentação da sua investigação científica. Contudo, unicamente se considerará para publicação o material electrónico adicional directamente relaciona-do com o conteúdo do artigo e a sua aceitação final dependerá do critério do Editor. O material adicional aceite não será traduzido e publicar-se-á electronicamente no formato da sua recepção.
Para assegurar que o material tenha o formato apropriado reco-mendamos o seguinte:
Formato Extensão Detalhes
Texto Word .doc ou docx Tamanho máximo 300 Kb
Imagem TIFF .tif Tamanho máximo 10MB
Audio MP3 .mp3 Tamanho máximo 10MB
Vídeo WMV .wmv Tamanho máximo 30MB
Os autores deverão submeter o material no formato electró-nico através do EES como arquivo multimédia juntamente com o artigo e conceber um título conciso e descritivo para cada arquivo.
Do mesmo modo, este tipo de material deverá cumprir também todos os requisitos e responsabilidades éticas gerais descritas nes-sas normas.
O Corpo Redactorial reserva-se o direito de recusar o material electrónico que não julgue apropriado.
ANEXO I
DECLARAÇÃO
Declaro que autorizo a publicação do manuscrito:
Ref.ª ........................................................................................
Título ...........................................................................................
.........................................................................................................
........................................................................................................
do qual sou autor ou c/autor.
Declaro ainda que presente manuscrito é original, não foi objecto de qualquer outro tipo de publicação e cedo a inteira propriedade à Revista Portuguesa de Cardiologia, ficando a sua reprodução, no todo ou em parte, dependente de prévia autorização dos editores.
Nome dos autores:
.........................................................................................................
.........................................................................................................
Assinaturas:
Normas de publicação da revista portuguesa de cardiologia
Designação
AmpereAnoCentímetro quadradoContagens por minutoContagens por segundoCurieElectrocardiogramaEquivalenteGrau CelsiusGramaHemoglobinaHertzHoraJouleLitroMetroMinutoMolarMoleNormal (concentração)OhmOsmolPesoPressão parcial de CO2
Pressão parcial de O2
QuilogramaSegundoSemanaSistema nervoso centralUnidade InternacionalVoltMilivoltVolumeWatts
Estatística:
Coeficiente de correlaçãoDesvio padrão (standard)Erro padrão (standard) da médiaGraus de liberdadeMédiaNão significativaNúmero de observaçõesProbabilidadeTeste «t» de Student
Português
Aanocm2
cpmcpsCiECGEq°CgHbHzhJL ou LmminMmolNΩosmolpesopCO2
pO2
kgsSemSNCUIVmVVolW
rDPEPMglχNSnpteste t
Inglês
Ayrcm2
cpmcpsCiECGEq°CgHbHzhJI ou LmminMmolNΩosmolWTpCO2
pO2
kgsecWkCNSIUVmVVolW
rSDSEMdfχNSnpt test