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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PONTA GROSSA GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PPGEP VIVIANE LEÃO SAAD ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO DO PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS PONTA GROSSA OUTUBRO - 2008

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS PONTA GROSSA

GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PPGEP

VIVIANE LEÃO SAAD

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO DO

PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS

PONTA GROSSA

OUTUBRO - 2008

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VIVIANE LEÃO SAAD

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO DO

PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS

Dissertação apresentada como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em Engenharia

de Produção, do Programa de Pós-Graduação

em Engenharia de Produção, Área de

Concentração: Gestão Industrial, da Gerência

de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus

Ponta Grossa, da UTFPR.

Orientador: Prof. Antonio Augusto de Paula

Xavier, Dr.

Co-orientador: Prof. Ariel Orlei Michaloski, Ms.

PONTA GROSSA

OUTUBRO - 2008

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

S111 Saad, Viviane Leão Análise ergonômica do trabalho do pedreiro: o assentamento de tijolos. / Viviane

Leão Saad. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2008. 124 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier Co-orientador: Prof. Ms. Ariel Orlei Michaloski

Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2008.

1.Construção civil. 2. Ergonomia. 3. Antropometria. I. Xavier, Antonio Augusto de Paula. II. Michaloski, Ariel Orlei. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. IV. Título.

CDD 620.82

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

i

Ao meu filho André, minha vida, meu amor, que

tão puramente me apoiou e aceitou tantos

momentos de ausência.

Aos meus pais, Johny e Rosemary Saad pela

ajuda, incentivo e carinho dados por toda a

vida.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e toda a felicidade que dela emana.

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná pela oportunidade de aprendizado e

crescimento pessoal.

Ao Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier pelo apoio, ensinamentos, orientações

e ajuda durante todo o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao Prof. Ms. Ariel Orlei Michaloski por toda a dedicação na co-orientação deste

trabalho.

A todos os professores do curso, pelos conhecimentos passados.

Aos colegas com os quais tive o prazer de conviver durante este período de

aprendizagem e aos meus amigos mais fiéis pelo incentivo diário e auxílio constante.

Às empresas pesquisadas por abrirem as portas e fornecerem todas as informações

solicitadas.

Aos trabalhadores, que revestidos de extrema compreensão e colaboração

viabilizaram a realização deste estudo.

A todos que direta ou indiretamente ajudaram para a realização deste trabalho de

dissertação.

iii

"Somos feitos de carne, mas temos que viver como

se fossemos feitos de ferro." (Sigmund Freud)

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

iv

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

1 Introdução ......................................................................................................... 12 1.1 Objetivos...........................................................................................................................................13 1.2 Hipótese ...........................................................................................................................................14 1.3 Limitações da pesquisa....................................................................................................................14

1.4 Importância do tema........................................................................................................................14

1.5 Justificativa......................................................................................................................................15

1.6 Estrutura..........................................................................................................................................16

2 Referencial teórico ........................................................................................... 17 2.1 A indústria da construção civil..........................................................................................................17 2.2 O sistema produtivo .........................................................................................................................18 2.3 A busca pela produtividade ..............................................................................................................19 2.4 As doenças ocupacionais.................................................................................................................21

2.5 A dor e os distúrbios osteomusculares ............................................................................................24

2.6 Motivação dos DORT na tarefa do levantamento de paredes.........................................................27

2.7 Biomecânica ocupacional e ergonomia ...........................................................................................28

2.7.1 Trabalho muscular.........................................................................................................................30

2.7.2 Posturas do corpo .........................................................................................................................33

2.7.3 Posições de trabalho.....................................................................................................................35

2.7.4 O projeto do posto de trabalho......................................................................................................37

2.7.5 A antropometria.............................................................................................................................38

2.7.6 Dimensionamento do posto de trabalho .......................................................................................41

2.7.7 Posturas dos membros superiores ...............................................................................................44

2.8 Ergonomia na construção civil .........................................................................................................46

3 Metodologia ...................................................................................................... 50 3.1 Instrumentos de pesquisa ................................................................................................................52 3.2 Estudo piloto.....................................................................................................................................56 3.3 Definição amostra ............................................................................................................................58 3.4 Variáveis...........................................................................................................................................60

3.4.1 Variáveis independentes ...............................................................................................................60 3.4.2 Variável dependente .....................................................................................................................60

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

v

4 Resultados e discussão ................................................................................... 61 4.1 A atividade do trabalhador durante o levantamento de paredes.....................................................61

4.2 O tempo das atividades...................................................................................................................66

4.3 O risco ergonômico..........................................................................................................................71

4.4 Relatos de dor.................................................................................................................................77

4.5 Distribuição espacial do posto de trabalho......................................................................................81

4.6 Antropometria dos trabalhadores da construção civil......................................................................87

4.7 Avaliação da adaptação dos postos de trabalho.............................................................................91

4.7.1 Pedreiro ao nível do solo (zonas 1 e 2 do levantamento)............................................................94 4.7.2 Pedreiro posicionado no andaime (zonas 3 e 4 do levantamento)...............................................98

4.8 Sugestões de adaptações dos postos de trabalho aos pedreiros da Construção Civil.................101

5 Conclusão ........................................................................................................101 5.1 Sugestões para trabalhos futuros..................................................................................................104 Referências .........................................................................................................................................106

Apêndice A – Fotos dos trabalhadores e canteiros de obras estudados......................................111

Apêndice B – Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................118

Apêndice C – Formulário para coleta de dados...............................................................120

Anexo A – Diagrama de Corlett ....................................................................................124

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de marcação dos componentes do posto, onde lê-se “Pe” para pedreiro, “Pa” para parede, “A” para argamassa e “T” para tijolos.......................................................................................

53

5352

Figura 2 - Cronômetro utilizado na pesquisa................................................... 53

Figura 3 - Divisão das zonas da parede para análise das posturas utilizadas..........................................................................................

5554

Figura 4 - Medições antropométricas do estudo piloto.................................... 57

Figura 5 - Trabalhador posicionado acima da viga baldrame no estudo piloto................................................................................................

6157

Figura 6 - Distribuição dos tempos de pausas em comparação ao da jornada laboral.................................................................................

7068

Figura 7 - Colher de pedreiro e tijolos.............................................................. 70

Figura 8 - Atividade do trabalhador da construção civil durante o levantamento de paredes................................................................

7270

Figura 9 - Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 1 e 3 do levantamento...................................................................................

7371

Figura 10 - Classificação geral do risco ergonômico geral das zonas 1 e 3 (fase 1) do levantamento de paredes..............................................

7573

Figura 11 - Posicionamento do pedreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes................................................................

7674

Figura 12 - Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 2 e 4 do levantamento...................................................................................

7674

Figura 13 - Posicionamento do pedreiro nas zonas 2 e 4 do levantamento de paredes............................................................................................

7775

Figura 14 - Classificação geral do risco ergonômico das zonas 2 e 4 (fase 2) do levantamento de paredes...........................................................

7876

Figura 15 - Flexões de coluna associadas a rotação de tronco nas zonas 2 e 4 do levantamento de paredes........................................................

7876

Figura 16 - Porcentagem de obreiros com e sem relatos de dor....................... 77

Figura 17 - Número de relatos de dor x regiões corporais................................. 79

Figura 18 - Intensidade média das queixas de dor pó região corpórea............. 80

Figura 19 - Relatos de dor por regiões corpóreas agrupadas........................... 81

Figura 20 - Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 1 e 2.......................................................................................................

8583

Figura 21 - Posto de trabalho das zonas 1 e 2.................................................. 84

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

vii

Figura 22 - Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 3 e 4.......................................................................................................

8886

Figura 23 - Posto de trabalho das zonas 3 e 4.................................................. 87

Figura 24 - Distribuição normal da variável “108”.............................................. 88

Figura 25 - Distribuição da variável “151”.......................................................... 89

Figura 26 - Distribuição da variável “148”.......................................................... 89

Figura 27 - Distribuição da variável “pega de maior conforto”........................... 89

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

viii

LISTA DE TABELAS 33

Tabela 1 - Classificação das posturas pelo sistema WinOWAS....................................................................................

33

Tabela 2 - Localização das dores provocadas por posturas inadequadas.................................................................................

343

Tabela 3 - Posturas de trabalho, vantagens e desvantagens...............................................................................

36

Tabela 4 - Variáveis corpóreas 56

Tabela 5 - Tempo dos ciclos de trabalho por fases do levantamento de paredes.........................................................................................

63361

Tabela 6 - Seqüência de ações técnicas no ciclo e situações ergonomicamente inadequadas nas zonas 1 e 3.........................

62

Tabela 7 - Seqüência de ações técnicas no ciclo e situações ergonomicamente inadequadas nas zonas 2 e 4.........................

66664

Tabela 8 - Distribuição do tempo no ciclo de trabalho................................... 66

Tabela 9 - Média do tempo gasto em atividades laborais com pausas disfarçadas associadas................................................................

69967

Tabela 10 - Média do tempo gasto em atividades laborais com pausas espontâneas.................................................................................

70068

Tabela 11 - Distribuição do tempo das atividades com relação ao tempo efetivo de produção......................................................................

71169

Tabela 12 - Categoria de risco obtida através do software WinOWAS das atividades do obreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes....................................................................................

74747472

Tabela 13 - Categoria de risco obtida através do software WinOWAS das atividades do obreiro durante as zonas 2 e 4 do levantamento de paredes....................................................................................

77777775

Tabela 14 - Tempo de serviço X relatos de dor............................................... 78

Tabela 15 - Distribuição do posicionamento espacial nos postos de trabalho das zonas 1 e 2............................................................................

84882

Tabela 16 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação das zonas 1 e 2....................................................................................................

85583

Tabela 17 - Distribuição do posicionamento espacial nos postos de trabalho das zonas 3 e 4............................................................................

87785

Tabela 18 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação das zonas 3 e 4....................................................................................................

88886

Tabela 19 - Análise estatística das variáveis antropométricas........................ 90

Tabela 20 - Situações encontradas, análise e providências recomendadas 94

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

ix

nas zonas 1 e 2............................................................................

Tabela 21 - Situações encontradas, análise e providências recomendadas nas zonas 3 e 4............................................................................

98

PPGEP – Área de Concentração (Ano)

x

RESUMO

A Indústria da construção civil requer grande quantidade de mão de obra para a

realização de diversas tarefas. As tarefas desempenhadas na construção civil são

em grande maioria realizadas manualmente e requerem diversos graus de esforço.

O esforço quando aplicado de modo contínuo, repetitivo, com materiais inadequados

e postos de trabalho não adaptados ao trabalhador, geram os distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Este estudo tem como objetivo

geral apontar adaptações ergonômicas para o posto de trabalho da tarefa do

levantamento de paredes da construção civil. Do ponto de vista de sua natureza esta

pesquisa será aplicada, sendo predominantemente quantitativa na abordagem de

seus resultados. Em relação a seus objetivos é descritiva, pois visa descrever as

características do trabalho e dos trabalhadores da construção civil, sendo

apresentada segundo seus procedimentos na forma de levantamento. Realizou-se a

observação simples e direta do trabalhador durante a tarefa do levantamento de

paredes associada a fotos e filmagens. Utilizou-se o método WinOWAS para

classificação das posturas utilizadas e avaliação do risco ergonômico. Aplicou-se o

Diagrama Corlett e realizaram-se as medições antropométricas de 91 trabalhadores

da construção civil. Constatou-se que os riscos ergonômicos do trabalhador da

construção civil durante o levantamento de paredes de alvenaria são acentuados,

variando conforme a região anatômica estudada e a altura da parede. Verificou-se

que 68,13% dos trabalhadores apresentavam relatos de dor. Percebeu-se

precariedade dos postos de trabalho com relação a adaptações aos trabalhadores.

Muitas das medidas dos postos de trabalho não estavam adaptadas as medidas

corporais dos trabalhadores. A partir das avaliações biomecânicas e antropométricas

pode-se sugerir adaptações dos postos de trabalho do levantamento de paredes aos

pedreiros da Construção Civil.

Palavras-chave: Construção civil; ergonomia; antropometria; risco ergonômico.

PPGEP – Área de Concentração (Ano)

xi

ABSTRACT

The Industry of the civil engineering requires a great amount of workforce for the

accomplishment of diverse tasks. The tasks developed in the civil engineering are in

great majority carried out manually and require diverse degrees of effort. The effort

when applied in a continuous, repetitive way, with inadequate materials and not

adapted work position, generates the Work-related osteomuscular disturbances

(WRMD). This study has as its general objective to point ergonomic adaptations

concerning the work position of the walls constructing task of the civil engineering.

From the point of view of its nature this research will be applied, being predominantly

quantitative in the approach of its results. In relation to its objectives it is descriptive,

therefore it aims to describe the characteristics of the work and the workers from the

civil engineering, being presented according to its procedures in survey form. It was

carried out simple and direct observation of the worker during the walls constructing

task associated to photos and filmings. The WinOWAS method was used to classify

the used positions and evaluate the ergonomic risk. The Corlett Diagram was applied

and anthropometric measurements of 91 workers from the civil engineering were

carried out. It was evidenced that the ergonomic risks of the worker from the civil

engineering during the construction of masonry walls are high, varying according to

the studied anatomical region and the height of the wall. It was verified that 68.13%

of the workers presented pain reports. Precariousness of the work positions in

relation to adaptations to the workers was perceived. Many of the measures of the

work positions were not adapted to the corporal measures of the workers. From the

biomechanic and anthropometric evaluations it can be suggested adaptations of the

bricklayers wall constructing work positions from the Civil Engineering.

Key words: Civil Engineering, ergonomics; anthropometry, ergonomic risk.

Capítulo 1 Introdução 12

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

12

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é uma das atividades que gera maior número

de empregos no Brasil, impulsionando grande parte de sua economia e gerando

empregos. Devido às características sócio-culturais brasileiras, a grande maioria da

população apresenta baixo nível de escolaridade tendo que empregar-se em setores

onde não existam muitas cobranças de qualificação profissional. Segundo Iida

(2005, p.21),

a construção civil apresenta uma ampla capacidade de empregabilidade por necessitar de um grande contingente de trabalhadores, e principalmente nas pequenas e médias empresas, não ter exigências quanto ao grau de instrução mínimo para as ocupações de pedreiro e servente.

Como relataram Oliveira, Adissi e Araújo (2004), “o fator humano está

presente em todos os níveis do processo produtivo e sem ele, os demais se tornam

inoperantes. A qualificação, o interesse e a motivação desse fator são fundamentais

para o crescimento de uma organização”.

A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos

repetitivos e manuseio de cargas, caracterizando-a como trabalho pesado,

dificultando padrões posturais corretos, ocasionando o uso excessivo da

musculatura e desencadeando doenças ocupacionais. Conforme Iida (2005 p. 550),

os postos de trabalho na construção civil são móveis, pouco estruturados e grande

parte das tarefas é executada ao ar livre, sob calor e chuvas. Ainda segundo o

mesmo autor, os pedreiros inclinam-se mais de 1000 vezes ao dia para pegar tijolo,

pegar argamassa com a colher e fazer os assentamentos.

O nível de atividade exagerada devido a extensas jornadas em busca de uma

produtividade cada vez maior, associadas a uma atividade com grandes exigências

ergonômicas, coloca os trabalhadores da construção civil em uma posição

extremamente vulnerável ao aparecimento de doenças ocupacionais. É preocupante

dentro da construção civil, o grande número de trabalhadores que sofrem de

distúrbios músculoesqueléticos oriundos da atividade neste setor.

A aplicação da ergonomia pode contribuir para a minimização da demanda

muscular gerada pelo trabalho pouco estruturado na construção civil. Esta ciência

traz grande auxílio para a prevenção dos distúrbios osteomusculares relacionados

Capítulo 1 Introdução 13

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

13

ao trabalho, melhorando a qualidade de vida no trabalho e diminuindo a exposição

do trabalhador aos agentes comprometedores da saúde. A ergonomia apresenta

diversas faces de aplicação para diminuição dos riscos inerentes ao trabalho. Uma

delas é o dimensionamento dos postos de trabalho adaptando-os as medidas do

corpo humano obtidas pela antropometria.

Existem tabelas antropométricas pré-concebidas que dispõem de medidas

corporais, porém há dificuldade na utilização destas quando analisada a validade

para outras populações. Segundo Dul (2004, p. 11) “as tabelas antropométricas

referem-se sempre a uma determinada população e nem sempre devem ser

aplicadas para outras populações”.

Os padrões antropométricos dos trabalhadores da construção civil no Brasil

apresentam-se pobremente definidos, e para adaptação do posto de trabalho do

levantamento de paredes, entre outros, existe a necessidade do estabelecimento

dos padrões próprios e satisfatórios para esta população.

Dentro deste contexto pergunta-se, Quais posicionamentos e adaptações

podem ser utilizados pelo trabalhador da construção civil durante o levantamento de

paredes?

1.1 Objetivos

Inserido dentro do contexto já mencionado, o foco deste estudo concentra-se

no trabalhador da construção civil, mais especificamente no pedreiro, responsável

pela tarefa do levantamento de paredes.

Este estudo tem como objetivo geral apontar adaptações ergonômicas para o

posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da construção civil.

Em função do objetivo geral apresentam-se então os seguintes objetivos específicos:

a) Analisar a atividade do trabalhador da construção civil durante a tarefa do

levantamento de paredes;

b) verificar a existência de risco postural do trabalhador da construção durante a

tarefa do levantamento de paredes;

Capítulo 1 Introdução 14

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

14

c) verificar a existência de relatos de dores osteomusculares;

d) verificar se os postos de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da

construção civil da região de Ponta Grossa estão adaptados aos padrões

antropométricos dos trabalhadores.

1.2 Hipótese

Os postos de trabalho dos pedreiros na tarefa do assentamento de tijolos não

estão adaptados aos trabalhadores, necessitando de adequações

antropométricas e biomecânicas.

1.3 Limitações da pesquisa

As medições antropométricas deste estudo limitam-se as variáveis necessárias

para as adaptações ergonômicas do posto de trabalho do levantamento de paredes,

não contemplando outras medidas que talvez fossem necessárias para adaptações

de outras tarefas.

Outra limitação, podendo considerar-se uma das mais preocupantes é relativa

aos surveys de forma geral, ou seja, a subjetividade da percepção do indivíduo

sobre si mesmo.

Tentando uma minimização da subjetividade da percepção dos indivíduos a

respeito de si mesmos, utilizou-se, além dos relatos dos próprios indivíduos, a

medição direta dos parâmetros corporais destes e a observação direta destes

trabalhadores durante a realização da tarefa.

1.4 Importância do tema

Salienta-se a relevância deste estudo, considerando que este pretende

contribuir para que os trabalhadores da construção civil na tarefa do levantamento

de paredes possam desenvolver suas atividades de modo seguro, sem incidência de

doenças ocupacionais. Isso é possibilitado pelas adaptações ergonômicas dos

postos de trabalho, de acordo com seus próprios parâmetros antropométricos e

Capítulo 1 Introdução 15

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

15

biomecânicos. Para as adaptações ergonômicas nos postos de trabalho além dos

padrões antropométricos e biomecânicos dos pedreiros da construção civil, devem

ser consideradas as queixas álgicas dos próprios usuários bem como o risco

ergonômico inerente a atividade desenvolvida.

Uma maneira de colaborar para equacionar os problemas ergonômicos que

afetam os trabalhadores da construção civil é compreender o comportamento dos

problemas laborais dentro do contexto da Gestão Industrial a partir das

necessidades locais e segundo as exigências legais.

1.5 Justificativa

A construção civil por sua própria natureza requer de seus colaboradores

grandes índices de esforço físico e prática de tarefas árduas para realização de

muitas de suas atividades. O canteiro de obras é um inóspito local de trabalho

devido à fadiga física, gerada por uma grande quantidade de trabalhos manuais, o

estresse, causado pela constante necessidade de altos índices produtivos, e

ambientes hostis de trabalho com vários riscos ambientais.

Segundo Oliveira, Adissi e Araújo (2004), na construção civil existe uma

multiplicidade de fatores que predispõe o operário às condições de trabalho

desfavoráveis, tais como instalações inadequadas, falta de uso de equipamentos de

proteção, falta de treinamentos, má organização do ambiente de trabalho, dentre

outros. Pontes, Xavier e Kovaleski (2004) descrevem que identificar e dar o

tratamento adequado aos riscos ambientais na organização é evitar incalculáveis

prejuízos que afetam centenas de empresas e incapacitam milhares de

trabalhadores todos os anos no Brasil.

Em suas pesquisas, Goldshevder et al (2002), relatam que 82% dos

encarregados da construção relataram pelo menos um sintoma músculo-esquelético.

A dor lombar foi o sintoma mais frequentemente relatado com 65% dos casos. O

mesmo autor descreve que 12% dos trabalhadores faltaram ao trabalho como

conseqüência da dor e 18% procuraram um médico também por causa da dor.

Assim, com a crescente preocupação quanto aos impactos negativos causados

pelo setor da construção civil e especialmente em relação às doenças ocupacionais

Capítulo 1 Introdução 16

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

16

relacionadas ao sistema de produção, observa-se a necessidade de uma avaliação

mais completa de dados antropométricos e biomecânicos referentes aos

trabalhadores da construção civil, para que possam ser realizadas adaptações

ergonômicas mais precisas dos postos de trabalho.

1.6 Estrutura

No capítulo 1 é apresentado o tema, os objetivos, a hipótese e as limitações

da pesquisa.

No capítulo 2 encontram-se o referencial teórico onde é abordada a indústria

da construção civil e algumas particularidades desta, os distúrbios osteomusculares

relacionado ao trabalho em contexto geral e também de modo específico ao

levantamento de paredes, a antropometria, a biomecânica ocupacional e a

ergonomia.

O capítulo 3 destina-se a metodologia utilizada para a realização da pesquisa.

No capítulo 4 são apresentados os resultados e a discussão.

O capítulo 5 contém as conclusões do autor e as sugestões para trabalhos

futuros.

Capítulo 2 Referencial Teórico 17

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A indústria e o trabalho na construção civil

A cada dia aumenta a competitividade no setor da construção civil, as

empresas prestadoras de serviços não são mais escolhidas exclusivamente por seus

produtos, pois existem outros fatores relevantes durante a escolha de uma empresa

para realizar determinado serviço. A imagem de responsabilidade social de uma

empresa está intimamente relacionada à qualidade de vida de seus colaboradores.

Segundo Cruz e Oliveira (1997) é improvável que uma organização alcance

excelência em seus produtos negligenciando a qualidade de vida daqueles que os

produzem. O resultado deste descaso mostra-se na baixa produtividade, altos

índices de acidentes de trabalho e absenteísmo.

A atividade da construção civil caracteriza-se pela utilização de trabalho braçal,

pouco mecanizado, e nela existem tarefas árduas e complexas, realizadas por

trabalhadores com pouco ou nenhum treinamento prévio (IIDA,1990). O aprendizado

ocorre com a inserção direta do trabalhador no canteiro de obras, onde aprende a

função de servente através da observação dos colegas de trabalho. Nesse

processo, acaba adquirindo todos os vícios de trabalho que o trabalhador observado

possuía. Conforme Cassarotto; Gontijo e Milito (1997) a formalização dos

procedimentos nas diversas tarefas que constituem as atividades em um canteiro é

basicamente inexistente, pois os operários mantém o controle sobre as ferramentas,

sobre o aprendizado dos novatos, sobre a produtividade o ritmo e a qualidade do

trabalho.

Além da identificação e tratamento dos riscos ambientais deve-se alertar e

conscientizar os trabalhadores a respeito destes riscos. É comum ocorrem rejeições

a utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual) por parte dos

trabalhadores. Este fato é compreensível quando se analisa como estes

equipamentos são introduzidos no canteiro. É fato corriqueiro haver o depósito deles

no ambiente laboral, sem que existam treinamentos e esclarecimentos que

esclareçam aos operários que aqueles itens estão lá para resguardar sua saúde,

Capítulo 2 Referencial Teórico 18

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Deve-se, explicar, treinar, orientar, para

que estes paradigmas possam ser realmente transformados.

2.2 O sistema produtivo

A terceirização da mão de obra é um sistema muito utilizado na construção

civil, principalmente pelas pequenas empresas. Neste sistema o obreiro é

responsável direto por sua remuneração. Utiliza-se o sistema de contratação por

etapas, de modo que quando uma parte for concluída, ocorre o pagamento

proporcional ao serviço realizado. Uma vez que esta é uma atividade precariamente

remunerada, o trabalhador se vê obrigado a manter altos índices de produtividade

para que ocorra uma remuneração satisfatória. Segundo Barros e Mendes (2003),

esta situação impõe um ritmo acelerado ao trabalhador, fazendo com que ele

ultrapasse seus próprios limites, o que pode levar ao comprometimento de sua

saúde.

O sistema terceirizado de produção caracteriza-se pela contratação de

trabalhadores, para a realização de uma tarefa específica, sem a certeza de

recontratação após esta encerrar-se. Este sistema de produção acaba sendo um

método que algumas empresas utilizam para negar o vínculo empregatício dos

trabalhadores e, com este, os direitos a seguridade social dos obreiros. Segundo

Barros e Mendes (2003), este modelo de produção negligencia direitos como

aposentadoria, INSS, FGTS, plano de saúde, entre outros, submetendo o

trabalhador à exclusão social. Franco et al (1997) enfatizam que, no trabalho

terceirizado na construção civil, há um ambiente insalubre, ausência de estrutura

para atendimento das necessidades básicas dos operadores, inadequação e

ausência de manutenção em equipamentos e a não utilização de EPIs.

Outra face deste sistema que afeta enormemente à saúde do trabalhador é a

busca incessante por produtividade. Quanto maior a produtividade, maior será o

recebimento pelas tarefas prestadas. Este evento força, de certa maneira, os

trabalhadores a aumentarem sua produtividade, muitas vezes aumentando sua

jornada laboral. Lembra-se que o aumento se dá por tempo limitado, pois riscos de

desenvolvimento de lesões ocupacionais ocorrem proporcionalmente às elevações

Capítulo 2 Referencial Teórico 19

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

da quantidade de trabalho. Kroemer e Grandjean (2005) relataram que o excesso de

horas trabalhadas reduz a produtividade por hora, mas também provoca um

aumento característico de faltas devido às doenças ou acidentes.

Conforme Barros e Mendes (2003), a terceirização dos serviços pautada por

produção, tem-se constituído em uma das formas de remuneração geradoras de

sofrimento, na medida em que coloca toda a responsabilidade da produção e de sua

remuneração sobre o trabalhador. O trabalhador autônomo sendo remunerado pelo

serviço prestado, e não precisando cumprir horário, pode ter uma carga semanal

superior a do assalariado, dependendo apenas da sua disponibilidade

(CASSAROTTO; GONTIJO E MILITO,1997). Os mesmos autores relatam que os

baixos níveis de remuneração na construção, aliam-se a jornadas de trabalho mais

extensas que nos demais setores da indústria de transformação.

A oferta de mão de obra para a construção civil é abundante, pois, como já foi

citado, normalmente não requerer elevado grau de escolaridade. Os trabalhadores

que não conseguem se adaptar a este modelo de produção são substituídos.

Sabendo deste fato, os obreiros acabam realizando as tarefas recebidas sem

grandes questionamentos ou exigências. Eles sofrem a pressão constante do

desemprego, da substituição rápida, sem garantias, e acabam por aceitar esta forma

de realização do trabalho e suas exigências produtivas.

2.3 A busca pela produtividade

Em algumas empresas do setor da construção civil, são cortados gastos que

seriam utilizados para a manutenção da saúde do trabalhador para se reduzir

custos. Segundo Melo Junior e Rodrigues (2005), a organização do trabalho,

atualmente, está estruturada de maneira a se conseguir altos índices de

produtividade, otimização nos sistemas de produção, diminuição dos custos, e por

fim uma integração cada vez maior do homem com o seu trabalho, tudo isso em prol

de um desenvolvimento, o qual não se sabe aonde levará nem quais conseqüências

trarão ao homem.

Capítulo 2 Referencial Teórico 20

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

As boas condições ambientais por vezes são esquecidas, deixando-se de lado

acomodações como refeitório, lugar apropriado para descanso, banheiros com pelo

menos as mínimas condições de utilização necessárias. Os trabalhadores por sua

vez, conheceram esta única realidade de trabalho, não tendo parâmetros

comparativos necessários para julgarem se estas condições são adequadas ou não

para um ambiente laboral. Cabe aos gestores da construção civil proporcionar

condições adequadas de trabalho nos canteiros de obras, tanto em sua

macroestrutura, quanto nos postos de trabalho, proporcionando melhores índices de

qualidade de vida no trabalho e menor número de doenças ocupacionais.

Os trabalhadores apontam fatores organizacionais como um dos principais

responsáveis pelo desenvolvimento das DORT (distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho) (GHISLENI E MERLO, 2005). Eles não têm liberdade para

gerenciar suas atividades e foram levados a:

- Submeterem-se a horas extras, provocando jornadas extensas de trabalho;

- a realizarem atividades repetitivas, com ritmos produtivos acelerados;

- a trabalharem em postos de trabalho sem dispositivos facilitadores;

- permanecerem em ambientes de trabalho inadequados;

- realizarem esforços excessivos;

- manterem as mesmas posições corporais por períodos demasiadamente longos;

- a sofrerem acúmulo de funções;

- a dedicarem-se ao trabalho de forma abusiva na busca pelo reconhecimento.

Somam-se a estes fatores o transporte de cargas, a repetitividade do laboro,

as características estáticas e dinâmicas inadequadas dos movimentos, a ausência

de ergonomia no posto de trabalho, a baixa preocupação das empresas com os

trabalhadores terceirizados. Estes fatores associados entre si, fazem com que o

trabalho na construção civil torne-se bastante desgastante, onde constantemente

existe estresse, depressão, desmotivação e fadiga muscular que podem trazer

predisposição a uma série de doenças ocupacionais. A busca por produtividade

realizada de forma pouco estruturada acaba por ter um efeito reverso. A saúde do

trabalhador é colocada em risco o que conseqüentemente resulta em trabalhadores

Capítulo 2 Referencial Teórico 21

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

incapacitados parcial ou totalmente, pois estes acabam sendo acometidos, por

doenças ocupacionais.

2.4 As doenças ocupacionais

A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos repetitivos

e manuseio de cargas, caracterizando-a, como já citado anteriormente, como

trabalho pesado, dificultando padrões posturais corretos, ocasionando o uso

excessivo da musculatura e desencadeando doenças ocupacionais. Segundo

Kroemer e Grandjean (2005), trabalho pesado é toda atividade que exige grande

esforço físico e é caracterizado por um alto consumo de energia e grandes

exigências do coração e pulmões. Neste contexto, Couto (1995), afirma que o

trabalho físico pesado sem racionalidade pode gerar situações nocivas e ter como

conseqüência básica a fadiga por sobrecarga metabólica, aguda ou crônica. O

próprio Couto, já citado, descreve que a fadiga por sobrecarga metabólica crônica,

age como catalisador e aumenta a propensão para distúrbios músculo-ligamentares,

como distensão, tenossinovites e tendinites. Estes distúrbios, quando relacionados

ao trabalho são chamados de distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho

(DORT). Lianza (2001) define DORT, como um conjunto de afecções relacionadas

com as atividades laborativas e que acometem músculos, fáscias musculares,

tendões, ligamentos, articulações, nervos, vasos sanguíneos e tegumento. Diversos

fatores são associados para o surgimento das DORT, físicos e psicológicos, que em

grande maioria acabam culminando na perda da funcionalidade do membro afetado,

gerando incapacidade laboral e deterioração da vida social.

Filus (2006) a respeito das DORT ressalta:

Como elementos predisponentes, ressaltamos a importância da organização do trabalho, caracterizada por manter uma exigência de ritmo intenso de trabalho, sem as devidas pausas para recuperação psicofisiológicas, conteúdo das tarefas, existência de pressão por resultados, autoritarismo das chefias e mecanismos de avaliação de desempenho baseados em produtividades.

As lesões ocupacionais afetam a saúde física e mental do trabalhador,

reduzindo sensivelmente sua capacidade funcional, interferindo diretamente na

produtividade e na qualidade de vida do trabalhador.

Capítulo 2 Referencial Teórico 22

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Merlo et al (2003) expondo a respeito dos DORT relata que:

A perspectiva é de que se assista a um crescimento ainda maior nos próximos anos, já que o essencial do trabalho produtivo, apesar das propostas de reestruturação produtiva, continua sendo feito sem muitas alterações, mantendo-se, basicamente, dentro das propostas de gestão da produção taylorizadas e com grande intensificação na realização das tarefas.

Couto (2006) relata cinco motivos pelos quais os DORT têm aumentado em

todo mundo nas últimas décadas:

- Pelo desequilíbrio entre a prescrição de trabalho e a possibilidade de cumprimento;

- pela anulação dos mecanismos de regulação;

- pela complexidade cada vez maior do trabalho a ser feito pelas pessoas;

- pela realidade social favorecedora das lesões, principalmente pelo fracasso dos

mecanismos da própria empresa;

- pela intensificação dos fatores biomecânicos da tarefa.

Ghisleni e Merlo (2005) relatam que os DORT tornaram-se uma epidemia a

partir da entrada dos processos produtivos do modelo de acumulação flexível, da

reestruturação produtiva e da terceirização. Kroemer e Grandjean (2005) descrevem

que, o excesso de horas trabalhadas não só reduz a produtividade por hora, mas

também é acompanhada por um aumento característico de faltas, por doença ou

acidentes.

Neste setor produtivo, diversos motivos somam-se para o aparecimento dos

DORT. Ghisleni e Merlo (2005) descrevem que os distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (DORT), abrangem quadros clínicos do sistema músculo

esquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de

trabalho e que não há causa única para sua ocorrência. Fatores físicos e

psicológicos somam-se e na grande maioria acabam culminando na perda da

funcionalidade do membro afetado. Larroyd (1997), por sua vez, acrescenta que o

conservadorismo dos equipamentos e ferramentas, aliado à improvisação acabam

determinando uma carga física ao trabalhador, que poderia ser reduzida,

preservando assim a sua saúde e aumentando sua produtividade.

Capítulo 2 Referencial Teórico 23

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Skare (1999) relatou como fatores de risco para os DORT a repetição, o alto

grau de força, a vibração, a pressão direta, a postura articular inadequada, e a

postura inalterada por tempo prolongado. Estas patologias, independente de sua

origem anatômica, apresentam como sintomatologia comum à dor.

Na indústria da construção civil pode-se citar dois principais focos de

aparecimento de dor e consequentemente de distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho: a coluna e os membros superiores.

Reconhece-se que a dor no ombro relacionada ao trabalho é grandemente

representada nos trabalhadores da construção quando comparados a outras

ocupações (SPORRONG et al, 1999). Corroborando com esta afirmação Schneider

(2004) descreve que o risco de ferimento músculo esquelético nos trabalhadores da

construção civil é muito mais elevado que o risco de outros trabalhadores com

trabalhos menos pesados, sendo o risco na construção civil 50 % mais elevado que

em outras categorias.

Percebe-se que a queixa de dor em membros superiores é uma realidade

antiga na ocupação do trabalhador da construção e que causa sofrimento ao

trabalhador. Inserido neste contexto o fator que mais contribuiu para o crescimento

de uma realidade social favorecedora de DORT foi a incapacidade da empresa de

lidar com a gestão de pessoas que apresentam dores nos membros superiores.

(COUTO, 2000).

Outro foco anatômico que frequentemente encontra-se em relatos entre os

pedreiros na construção civil é a coluna, mais especificadamente a coluna lombar.

Stürmer et al (1997) relatam que a tensão repetitiva em posições forçadas durante

longos períodos de tempo foi relatada como um fator de risco para doenças

lombares e entre todos os trabalhadores da construção, os pedreiros são expostos

predominantemente a estas circunstâncias. A respeito de posições forçadas

Przysiezny (2003), relata que a torção do tronco, é lesiva para as estruturas da

coluna vertebral e tem efeito cumulativo e, em geral, este é um fator de risco para os

aspectos físicos do trabalho, tanto no sentido de causar como de agravar uma ampla

gama de distúrbios osteomusculares.

Capítulo 2 Referencial Teórico 24

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

A dor lombar parece ser epidêmica na construção civil, independente da

atividade realizada, devido a grande quantidade de suas atividades serem realizadas

com grande esforço físico e sem preparo para sua realização.

Segundo Goldshevder et al (2002) a dor lombar constitui o principal problema

da construção, sendo que as demandas físicas intensas no trabalho contribuem para

um risco, aumentado as doenças da coluna lombar para estes trabalhadores.

O mesmo trabalhador exerce diferentes atividades com o decorrer da

construção. Algumas categorias como carpinteiros, pintores e eletricistas excluem-se

deste movimento de troca de atividades durante o decorrer da obra devido à

natureza de sua atividade ser mais específica, porém os pedreiros e serventes

enquadram-se perfeitamente neste “rodízio” de postos de trabalho, exercendo

diversas atividades em um mesmo canteiro.

Do ponto de vista da prevenção de distúrbios osteomusculares este “rodízio”

nas tarefas não tem se mostrado eficaz. No canteiro de obras a porcentagem de

tarefas desgastantes é elevada. A atividade desgastante exercida anteriormente é

modificada por outra atividade desgastante, não proporcionando tempo para a

recuperação muscular e das estruturas anatômicas que haviam sido solicitadas

anteriormente.

2.5 A dor e os distúrbios osteomusculares

A dor é uma sensação perceptiva e subjetiva, de etiologia variada, que cria

impotência funcional, medo, comprometimento psicológico e que se traduz na

diminuição da qualidade de vida do ser humano (GABRIEL ET AL, 2001).

A dor precede a incapacidade funcional. Apresenta-se como um aviso ao

trabalhador de que existe algo afetando negativamente seu organismo. Portanto,

convém lembrar as palavras de Lianza (2001 p. 420), quando nos diz:

As várias formas clínicas de manifestações dos DORT têm como aspecto comum a dor e as incapacidades funcionais e freqüentemente são causas de incapacidade laborativa temporária ou permanente. Representam enorme custo econômico para o trabalhador, para os órgãos de assistência à saúde e para a sociedade.

Capítulo 2 Referencial Teórico 25

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Segundo Kauffman (2001) a dor é a percepção de uma experiência sensorial

e emocional desagradável associada à lesão tecidual real ou potencial.

Na construção civil, como já citado, existe grande solicitação dos membros

superiores (MMSS) e coluna para realização das atividades laborativas. Estas

solicitações incluem a realização de diversas atividades repetitivas, transporte de

cargas, utilização de movimentos estáticos. Esta utilização dos MMSS e coluna,

quando não estruturada e planejada é nociva à saúde do trabalhador, pois são

grandes geradores de fadiga. Jorgensen, Jensen e Kato (1991) verificaram que o

desgaste dos músculos paravertebrais lombares durante o dia de trabalho do

pedreiro durante o revestimento de paredes conduz a fadiga muscular durante a

jornada.

Independente da definição, as síndromes dolorosas interferem diretamente na

produtividade do trabalhador, na qualidade do serviço prestado, aumentam o índice

de absenteísmo, diminuem o nível de concentração durante o trabalho, aumentando

o risco de acidentes graves durante a jornada laboral.

Iida (2005, p. 550) relatou que,

muitas tarefas da construção civil exigem trabalhos físicos pesados, como levantar e transportar cargas. Existem posturas incomodas como aquelas que exigem os dois braços para cima. Estas posturas e movimentos muitas vezes tornam-se nocivos à saúde do trabalhador.

Ainda segundo Iida (2005, p. 550), “as posturas incômodas e o excesso de

cargas musculares provocam desordens músculo-esqueléticas, que afetam 46% das

profissões envolvidas na construção e 60%, em trabalhos de reparo nas

edificações”.

Priori Junior e Barkokébas Junior (2006) apresentando dados a respeito de

trabalhadores da construção civil do estado de Pernambuco, relataram que as

queixas mais freqüentes dos trabalhadores estudados foram o estresse e as dores

nas articulações. Marçal et al (2006) concluíram em seus estudos com serventes de

pedreiro que existe uma grande incidência de lombalgias entre estes trabalhadores,

destacando como principais fatores de risco o manuseio de carga, adoção de

posturas estáticas de flexão de tronco por longos períodos de tempo e movimentos

repetitivos de flexão associada a rotação de tronco. O mesmo autor relata que outro

dado importante que constatou-se foi a presença de queixas de dor em membros

Capítulo 2 Referencial Teórico 26

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

superiores e pescoço. Larroyd (1997) citou que em sua pesquisa com pedreiros de

reboco que a carga física de trabalho do operário que reboca paredes internas na

construção civil, pelo método utilizado para avaliação, demonstrou ser uma carga

física moderada para um dia de trabalho, porém relata que deve-se considerar que

essas posturas são assumidas todos os dias de trabalho, durante anos. Isso fa-

talmente vai acarretar algum prejuízo para a saúde do trabalhador. Santana e

Oliveira (2004) estudaram as condições de saúde e trabalho de 1947 trabalhadores

da construção civil, onde relata ter encontrado uma alta prevalência de sintomas

músculo-esqueléticos nesta indústria.

Couto (2006) relata que não pode ser considerada normal a incidência de

queixas ou afastamentos em um grande número de trabalhadores e apresenta

fatores que podem estar levando a estes acontecimentos:

- Trabalhadores mais vulneráveis exercendo atividades de alta exigência

ergonômica;

- anulação dos mecanismos de regulação;

- existência de sobrecarga decorrente da realidade psicossocial problemática,

especialmente o alto nível de pressão;

- existência de sobrecarga ao trabalhador decorrente de fatores ligados a gestão da

área;

- existência de fatores biomecânicos bem evidentes.

O mesmo autor ressalta que se este último fator não estiver presente não há o que

pensar que uma queixa tenha sua origem no trabalho.

Portanto, deve-se partir do pressuposto de que havendo adequação

biomecânica do posto de trabalho, se este estiver adaptado ao trabalhador, se as

exigências da demanda forem organizadas e estruturadas e os mecanismos de

regulação estiverem presentes, não há motivo para que ocorra dor, fadiga e a

instalação dos DORT.

Capítulo 2 Referencial Teórico 27

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

2.6 Motivação dos DORT na tarefa do levantamento de paredes

Os índices acentuados de DORT na construção civil, como exposto

anteriormente, podem ser originados pela demanda acentuada exigida dos

trabalhadores durante a jornada laboral. Fatores de risco estão associados a estas

atividades, segundo Entzel; Albers e Welch (2006) os fatores de risco identificados

para ferimentos em coluna entre os pedreiros são o peso dos tijolos ou blocos, a

freqüência de levantar, a altura em que é colocado, a altura da plataforma, a

distância do bloco e do trabalhador, o grau e a freqüência da torção, e a elevação

das taxas de produção.

Segundo Iida (2005) a equação do NIOSH (National Institute for Occupational

Safety and Health) foi desenvolvida para calcular o peso limite recomendável em

tarefas repetitivas de levantamento de cargas. Refere-se a tarefa de apanhar uma

carga e desloca-la para depositá-la. A equação de NIOSH é expressa pela fórmula:

Fonte: IIda (2005, p. 183).

Onde:

PRL = peso limite recomendável

H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição das mãos) em cm.

V = distância vertical na origem da carga (posição das mãos) em cm.

D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino em cm.

A = ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital em graus.

F = freqüência média de levantamentos em levantamentos/min.

C = qualidade da pega.

A constatação da atividade do trabalhador durante o assentamento de tijolos

para verificar-se a presença ou inexistência de fatores de risco associados a esta

atividade pode ser elucidativa. Looze et al (2001) relatam que o trabalho dos

pedreiros é pegar os tijolos que são entregues por seus assistentes e colocá-los na

parede, onde uma mão segura os tijolos enquanto a colher de pedreiro é segurada

na outra. Descreve ainda que o pedreiro assenta aproximadamente 800 tijolos por

dia, sendo posicionado para a realização desta atividade entre os tijolos e a parede,

PRL= 23 x (25/H) x (1- 0,003/[v-75]) x (0,82 + 4,5/D) x (1-0,0032 x A) x F x C

Capítulo 2 Referencial Teórico 28

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

tendo frequentemente posturas de flexão de tronco associadas a rotação de coluna.

Estas posições associadas colocam a coluna em uma postura de fragilidade,

podendo ocorrer mais facilmente lesões neste seguimento corpóreo.

A respeito da atividade do assentamento de tijolos Looze et al (1996) relataram

que colocar tijolos por um período fixo de 47 minutos ocasiona perdas médias da

estatura de 2,0 a 3,6 milímetros. A jornada de trabalho dos pedreiros no Brasil é

elevada podendo consequentemente ser geradora de distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho e demonstrando a necessidade de ser estudada com maior

atenção e sistemática. Outra problemática verificada diz respeito a variação da altura

da parede a ser construída e as conseqüentes mudanças de posicionamento do

trabalhador com o aumento da altura da parede.

Luttmann, Jäger e Laurig (1991) em estudos com esta tarefa verificaram que

para paredes baixas os pedreiros gastam até 75% da duração total da atividade em

uma postura inclinada, esta porcentagem diminui com a altura da parede de 20 a

25% . Onde os níveis da parede estão abaixo de 100 cm a carga (tijolo) é prendida

em uma mão por 30% do tempo e a carga é prendida em ambas as mãos (tijolo,

colher e argamassa) por 13% do tempo. Segundo os mesmos autores as

porcentagens aumentam para paredes elevadas a 45 e 30% do tempo

respectivamente. Neste estudo o número de tijolos colocados por unidade de tempo

teve uma diminuição com a altura da parede, aproximadamente 2,7 tijolos por minuto

para uma altura de 20 cm e 2,0 tijolos por minuto para uma parede de 160 cm.

Luttmann, Jäger e Laurig (1991) concluem relatando que investigações

eletromiográficas revelaram que com a altura crescente da parede as atividades

mioelétricas das musculaturas da coluna e do bíceps esquerdo multiplicam-se em

comparação com as atividades das paredes baixas.

2.7 Biomecânica ocupacional e ergonomia

A biomecânica, segundo Lippert (2003, p. 52), “envolve agregar os princípios

e métodos da mecânica e aplicá-los a estrutura e função do corpo humano”. Quando

estes conceitos relacionam-se ao ambiente laboral enquadram-se, então, na

biomecânica ocupacional. Segundo Iida (2005, p. 159), “a biomecânica ocupacional

Capítulo 2 Referencial Teórico 29

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

preocupa-se com as interações físicas do trabalhador, com seu posto de trabalho,

máquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distúrbios músculo-

esqueléticos”. Existem diversos princípios utilizados para a redução do aparecimento

destas lesões. Dul e Weerdmeester (2004, p. 6) relatam os 10 princípios mais

importantes para reduzir as tensões que ocorrem em músculos e articulações

durante uma postura ou um movimento, as quais estão descritas abaixo:

- As articulações devem ocupar uma posição neutra;

- conservar os pesos próximos ao corpo;

- evitar curvar-se para frente;

- evitar inclinar a cabeça;

- evitar torções de tronco;

- evitar movimentos bruscos que produzem picos de pressão;

- alternar posturas e movimentos;

- restringir a duração do esforço muscular contínuo;

- prevenir a exaustão muscular;

- pausas curtas e freqüentes são melhores.

Para utilização destes princípios, há a necessidade de que seja feita uma

análise de todos os fatores envolvidos entre o trabalhador e sua tarefa. Devem-se

avaliar as diversas interações existentes entre o posto de trabalho, as ferramentas

utilizadas e a maneira com que a atividade é realizada pelo obreiro, com o fim de

proporcionar, através da ergonomia, a melhor adaptação possível do trabalho ao

homem.

Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a ergonomia é uma ciência aplicada ao

projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar

a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho. Para que este conceito possa

ser amplamente utilizado, torna-se imprescindível a realização da análise da tarefa,

de como ela está sendo realizada pelos obreiros e sobre quais circunstâncias de

trabalho.

Capítulo 2 Referencial Teórico 30

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Segundo Entzel; Albers e Welch (2006) pedreiros e encarregados de pedreiro

apresentam um elevado número de distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao

trabalho, muitos destes que poderiam ser evitados com mudanças nos materiais,

nos equipamentos ou nas práticas de trabalho.

Conforme Ribeiro et al (2004) um dos problemas que ocorre entre

trabalhadores da construção civil é o fato dos mesmos subestimarem os riscos

existentes no ambiente de trabalho, fato esse que ocasiona uma necessidade de

treinamento e conscientização quanto aos riscos existentes em cada situação de

trabalho bem como a forma correta de prevenção de acidentes do trabalho. Quando

um trabalho é realizado de maneira inadequada, pouco programada, sabe-se que

este afeta diretamente a saúde do trabalhador, através de diversas patologias

músculo esqueléticas. Couto (2006) relata que não existem lesões se não houver

fatores da condição antiergonômica do posto de trabalho e da atividade. Através

desta colocação, o autor demonstra as características lesivas que um trabalho pouco

adaptado ao homem tem sobre este.

Cabe a ergonomia, através de suas diferentes faces, proporcionar melhores

adaptações e aos gestores e trabalhadores diminuir as resistências a estas

mudanças diminuindo os fatores de risco ao desenvolvimento dos distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho.

2.7.1 Trabalho muscular

O trabalho muscular pode ser dividido em dois grupos: o trabalho muscular

estático e o trabalho muscular dinâmico. O trabalho muscular estático é aquele que

não possui movimentos articulares, ou seja, aquele que produz contrações

isométricas. No trabalho muscular dinâmico existe movimentação articular durante

sua realização. Segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) “o trabalho dinâmico

caracteriza-se pela alternância de contração e extensão, portanto, por tensão e

relaxamento. Há mudança no comprimento do músculo, geralmente de forma

rítmica”. Ainda segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) “o trabalho estático

caracteriza-se por um estado de contração prolongada da musculatura, o que

geralmente implica um trabalho de manutenção de postura”. Iida (2005) relata que o

Capítulo 2 Referencial Teórico 31

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

trabalho estático é altamente fatigante, pois nele ocorre a diminuição da irrigação

sanguínea para os músculos. “Em oposição o trabalho muscular dinâmico funciona

como bomba hidráulica, ativando a circulação” (IIDA, 2005, p. 162).

Deve-se analisar, porém, que o trabalho muscular dinâmico quando usado de

forma repetitiva, desmedida e sem ferramentas adequadas pode ser extremamente

desgastante a saúde do trabalhador quando este realiza a mesma atividade por

horas, dias e semanas consecutivamente.

Em canteiros de obras encontram-se movimentos estáticos e dinâmicos

associados nas mais diversas formas de combinação. Kroemer e Grandjean (2005,

p. 17) descrevem que podemos considerar a existência de trabalho estático

significativo quando:

- Um esforço grande é mantido por 10 s ou mais;

- um esforço moderado persistir por 1 min ou mais;

- um esforço leve (cerca de 1/3 da força máxima) dura 5 min ou mais.

Percebemos então que o trabalho muscular estático é nocivo ao trabalhador.

Iida (2005, p. 163) descreve que “quando não for possível de ser evitado o uso do

trabalho muscular estático ele deve ser aliviado através das mudanças de posturas,

da melhora do posicionamento das peças e ferramentas ou providenciando apoios

para partes do corpo”.

São necessárias avaliações a respeito dos tipos de posturas que os

trabalhadores utilizam para realização de uma determinada atividade, para análise

dos movimentos estáticos e dinâmicos que estes realizam e adequação destes para

diminuição dos riscos de comprometimento da saúde. Iida (2005, p. 169) relata que

“uma simples observação visual não é suficiente para analisar essas posturas

detalhadamente, sendo necessário empregar técnicas especiais de registro e

análise destas posturas”.

Para uma melhor visualização do risco ergonômico, dispomos de diversos

métodos que auxiliam a descrição das posturas utilizadas para realização de

determinadas tarefas e qual o risco ergonômico inerente a elas. São exemplos

Capítulo 2 Referencial Teórico 32

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

destes o software RULA, o Strain Index e o WinOWAS, sendo todos de grande

auxílio aos ergonomistas para análise e correção de más posturas.

O sistema RULA (rapid upper limb assessment), descrito por Mc Atamney e

Corlett (1993) é um método utilizado para investigações ergonômicas em locais de

trabalho onde existam queixas de desordens dos membros superiores, pois

proporciona uma análise com maior detalhamento da atividade dessas

extremidades. Ao final da análise é indicado o nível da intervenção necessitada para

diminuição dos riscos inerentes ao trabalho.

Segundo Moore e Garg (1995), o Strain Index é um método para análise do

risco de aparecimento de enfermidades músculo-tendinosas das extremidades

distais dos membros superiores. Envolve a mensuração ou estimativa de seis

variáveis:

- Intensidade do esforço;

- duração do esforço por ciclo;

- esforço por minuto;

- postura do punho e mão;

- velocidade do esforço;

- duração da tarefa por dia.

O mesmo autor relata que a intensidade do esforço é uma estimativa da força

necessitada para a realização da tarefa, refletindo a magnitude do esforço muscular

exigido, classificando-os como leve, ligeiramente pesado, pesado, muito pesado e

nível máximo. A duração do esforço por ciclo reflete o estresse fisiológico e

biomecânico relacionado ao tempo que o esforço é mantido durante o ciclo. É

medida a duração do esforço durante o período de observação. O número de

esforços por minuto é sinônimo de freqüência e calcula-se medindo o número de

esforços durante o período de observação. Outros parâmetros que, segundo Moore

e Garg (1995), devem ser avaliados são: a posição da mão e punho durante o

trabalho em relação à posição neutra, graduando sua angulação em flexão,

extensão e desvio cubital, a velocidade com que os esforços são executados,

Capítulo 2 Referencial Teórico 33

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

demonstrando quanto rápida é a atividade de trabalhador e a duração da tarefa por

dia.

O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System), segundo Iida

(2005, p. 169) foi desenvolvido por pesquisadores finlandeses em 1977, Karku,

Kansi e Kuorinka. Este método avalia a postura do dorso, braços, pernas e a carga

manipulada pelo trabalhador em cada fase de trabalho, com um total de 72 posturas.

As posturas utilizadas pelos trabalhadores são classificadas em quatro categorias,

como apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 Classificação das posturas pelo sistema Wi nOWAS.

Classe 1

Postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais.

Classe 2

Postura que deve ser revisada durante a próxima revisão rotineira dos métodos de trabalho.

Classe 3

Postura que deve merecer atenção a curto prazo.

Classe 4

Postura que deve merecer atenção imediata.

Fonte: Iida (2005, p. 171).

Segundo Iida (2005, p. 171) as classes dependem do tempo de duração das

posturas, em percentagens da jornada de trabalho, ou da combinação de quatro

variáveis (dorso, braços pernas e carga).

2.7.2 Posturas do corpo

Grande parte da vida passa-se no ambiente laboral. Deve-se visualizar que

este tempo é intimamente relacionado com nossa saúde. A postura que se utiliza

para realização das diversas atividades envolvidas no processo produtivo está

estreitamente ligada ao aparecimento de diversas patologias que reduzem ou

comprometem a qualidade de vida laboral e social.

Para minimizarem-se estas situações objetiva-se no meio produtivo uma

postura ideal. Segundo Kendall (1990, p. 316) “a postura padrão deve ser o tipo de

postura que envolve uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga e conduz a

eficiência máxima do uso do corpo”.

Capítulo 2 Referencial Teórico 34

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Com freqüência a atividade desenvolvida interfere na tentativa do indivíduo de

manter um bom alinhamento postural. Segundo Iida (2005, p. 165) “muitas vezes, o

trabalhador assume posturas inadequadas devido ao projeto ineficiente das

máquinas, equipamentos, postos de trabalho e também, às exigências da tarefa”.

Conforme Dias de Paula (2003) nenhuma postura é suficientemente adequada

para ser mantida confortavelmente por longos períodos. Qualquer postura

prolongada pode ocasionar a sobrecarga estática sobre os músculos e outros

tecidos e, conseqüentemente, causar dor e desconforto.

As posturas inadequadas a biomecânica humana consequentemente levam

ao estresse, fadiga e dor. Iida (2005, p. 166) apresenta a localização das dores no

corpo provocadas por posturas inadequadas, conforme descrito na tabela 2 abaixo.

Tabela 2 Localização das dores no corpo provocadas por posturas inadequadas.

Postura inadequada Risco de dores

Em pé Pés e pernas (varizes)

Sentado sem encosto Músculos extensores do dorso

Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés

Assento muito baixo Dorso e pescoço

Braços esticados Ombros e braços

Pegas inadequadas em ferramentas Antebraços

Punhos em posições não neutras Punhos

Rotações de tronco Coluna vertebral

Ângulo inadequado assento/encosto Músculos dorsais

Superfícies de trabalho muito baixas ou muito altas

Coluna vertebral, cintura escapular

Fonte: Adaptado de Iida (2005, p. 166).

Inúmeras vezes durante as atividades cotidianas as posturas inadequadas

são utilizadas. Porém quando aborda-se o ambiente produtivo deve-se pensar que

estas posturas inadequadas a biomecânica humana estarão sendo utilizadas

repetidas vezes durante a jornada laboral, causando problemas músculo-

esqueléticos. Segundo Paquet; Punett e Buchholz (2001) problemas músculo-

Capítulo 2 Referencial Teórico 35

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

esqueléticos são comuns entre trabalhadores da indústria da construção. Porém,

ainda segundo Paquet; Punett e Buchholz (2001) mesmo com os trabalhadores

sendo titulados de uma mesma forma, eles tem diferentes níveis de exposição aos

estressores físicos devido a distribuição das tarefas individuais variar entre os

trabalhadores e de dia para dia.

Para realização de muitas das atividades relacionadas à construção civil, são

associados diversos movimentos corporais. Exemplificando esta situação, temos o

trabalhador da construção civil que para realização de sua tarefa se vê frente a uma

carga a ser levantada ao nível do solo, a qual está lateralizada em relação ao seu

corpo. Este colaborador, se pouco instruído quanto as melhores posturas de

trabalho, será levado a realizar uma flexão de tronco associada à rotação de tronco

com extensão de membros superiores para levantar o peso descrito. Uma postura

inadequada leva a movimentos compensatórios também inadequados de outras

estruturas corporais.

2.7.3 Posições de trabalho

Existem diversas posições que podem ser assumidas para a realização de

determinada tarefa, porém ressaltam-se três posições fundamentais: sentada,

deitada e de pé. Abaixo estão apresentadas as principais posturas, suas vantagens

e desvantagens.

Capítulo 2 Referencial Teórico 36

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 3 Posturas de trabalho, vantagens e desvanta gens.

Posição Vantagem Desvantagem

Posição deitada

- não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo.

- O consumo energético assume um valor mínimo aproximando-se de seu metabolismo basal.

- É a posição mais recomendada para o repouso.

- Não se recomenda esta postura para o trabalho porque os movimentos tornam-se difíceis e fica muito cansativo elevar a cabeça, braços e mãos.

Posição de pé

- proporciona grande mobilidade corporal.

- Facilita o uso dinâmico de pernas, braços e troncos.

- A posição parada em pé é altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter esta posição.

- O corpo não fica totalmente estático, mas oscilando, exigindo freqüentes reposicionamentos, dificultando a realização de movimentos precisos.

- O coração encontra maiores resistências para bombear o sangue para os extremos do corpo, e o consumo de energia torna-se elevado.

- Difícil fixar um ponto de referencia.

Posição sentada

- O assento proporciona um ponto de referência relativamente fixo.

- Permite grande mobilidade das pernas.

- Permite o uso simultâneo dos pés e mãos.

- Consome menos energia, em relação a posição em pé, reduzindo a fadiga.

- Reduz a pressão mecânica sobre membros inferiores.

- Reduz a pressão hidrostática da circulação nas extremidades e alivia o trabalho do coração.

- Exige atividade do dorso e do ventre para manutenção desta posição.

- Praticamente todo peso é suportado pela pele que cobre o osso do ísquio, nas nádegas.

- O consumo de energia é 3 a 10% maior que na posição horizontal.

- aumento da pressão sobre as nádegas.

- Pode provocar estrangulamento da circulação sanguínea nas coxas e pernas.

- Restrição dos alcances.

- Flacidez dos músculos abdominais.

- Desfavorável par os órgãos da digestão e respiração.

Fonte: Adaptado de Iida (2005 p. 148 -167) e Kroemer e Grandjean (2005, p. 60).

Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 12) a postura é frequentemente,

determinada pela natureza da tarefa ou do posto de trabalho. As posturas

prolongadas podem prejudicar músculos e articulações. Para a realização do

trabalho são usadas na maior parte das tarefas as posições sentadas e de pé,

ocorrendo também grandes variações quanto ao projeto de posto e a presença de

intervenções da ergonomia. Estas parecem ser de extrema importância quando

Capítulo 2 Referencial Teórico 37

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

vislumbrado o aparecimento das DORT, elevando o projeto do posto de trabalho a

um fator primordial.

2.7.4 O projeto do posto de trabalho

“Posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-máquina-

ambiente é uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele

utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda” (IIDA, 2005, p.

189). Todo ambiente de trabalho deve proporcionar saúde e segurança ao

trabalhador. Estes são dois imperativos que podem assegurar o bem-estar, a

satisfação, a redução do risco de acidentes e de doenças ocupacionais (AGNELLI et

al, 2004).

O trabalhador passa a maior parte de jornada laboral em seu posto de

trabalho. Este por sua vez deve ser merecedor de atenção por parte dos

ergonomistas para objetivar uma melhor qualidade de vida no trabalho, com um

menor índice de sobrecarga muscular.

Segundo Iida (2005, p. 196-200) para o projeto adequado do posto de

trabalho, é necessário obter informações sobre a natureza da tarefa, equipamento,

posturas e ambiente. Para a realização do projeto de um posto de trabalho é

necessário fazer a análise da tarefa, sendo esta dividida em três fases:

Fase 1 – descrição da tarefa: abrange os aspectos principais da tarefa e as

condições que ela é executada.

Fase 2 – descrição das ações: devem se descritas em um nível mais detalhado que

a tarefa, concentrando-se mais nas características que influem no projeto da

interface homem-máquina e se classificam em informações e controles.

Fase 3 – revisão crítica: visa principalmente avaliar as condições que poderiam

provocar dores e lesões osteomusculares nos postos de trabalho, levando-se em

consideração principalmente as tarefas altamente repetitivas (com ciclos menores

que 90 s) e as ações estáticas. Após a análise da tarefa deve-se identificar o grupo

de usuários para realizar-se as medidas antropométricas relevantes.

Capítulo 2 Referencial Teórico 38

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

2.7.5 A antropometria

A antropometria diz respeito às medidas do corpo humano. Sua utilização tem

sido crescente devido a necessidade de adaptar produtos, espaços e ambientes de

trabalho as medidas humanas. Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 10) a

antropometria ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano.

Muito embora a antropometria tenha sua sustentação feita modernamente, a

história mostra ser antiga a preocupação do homem em mensurar o corpo e, ao

longo do tempo as proporções do corpo foram estudadas por filósofos, artistas,

teóricos, e arquitetos (MELO e SANTOS, 2000).

No ambiente de trabalho a antropometria tem sido grandemente utilizada para

a adaptação dos postos de trabalho. A adaptação do posto para os padrões do

trabalhador que vai utilizá-lo minimiza os riscos ocupacionais inerentes à tarefa.

O levantamento antropométrico de determinada população, segundo Silva et

al (2006) é um instrumento importante em estudos ergonômicos, fornecendo

subsídios para dimensionar e avaliar máquinas, equipamentos, ferramentas e postos

de trabalho, ainda sendo utilizada para verificar a adequação deles às

características antropométricas dos trabalhadores, dentro de critérios ergonômicos

adequados para que a atividade realizada não se torne fator de danos à saúde e

desconforto ao trabalhador. Neste mesmo contexto, Minetti et al (2002) descrevem

que as medidas antropométricas são dados de bases essenciais para a concepção

de um posto que satisfaça ergonomicamente os trabalhadores, pois só a partir das

dimensões dos indivíduos é que se pode definir o dimensionamento adequado,

tanto da máquina de trabalho como da atividade envolvida, visando à segurança, à

eficiência e o conforto do trabalhador.

Pilon e Xavier (2006) relatam que,

a obtenção de medidas físicas do corpo humano por meios de métodos diretos ou indiretos é de vital importância para as empresas, pois proporciona a melhoria dos postos de trabalho e o desenvolvimento de novos produtos, adaptando-os à anatomia dos usuários, permitindo maior conforto, menores riscos de acidentes e de doenças ocupacionais.

Conforme Silva et al (2006) o ideal seria que o dimensionamento dos postos

de trabalho, ferramentas e equipamentos fossem desenvolvidos individualmente

Capítulo 2 Referencial Teórico 39

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

para atender as características de cada trabalhador, porém isto seria inviável tanto

na prática como economicamente. Os mesmos autores relatam que os

levantamentos antropométricos são realizados para atender às faixas da população,

podendo ser realizados para o tipo médio, indivíduos extremos e um indivíduo

especificamente.

Minetti et al (2002) relatam que as medidas antropométricas são

estabelecidas em várias faixas entre o mínimo e o máximo, sendo que o uso destes

critérios depende do tipo de projeto, das aplicações e da finalidade destas medidas.

Percebendo-se a relevância da antropometria para a saúde ocupacional, diversos

estudos nas mais variadas tarefas, foram realizados utilizando as medições

humanas para a adaptação de postos de trabalho no Brasil. Minetti et al (2002)

utilizaram a antropometria para adaptação do trabalho a operadores de motossera.

Silva et al (2006) a utilizaram para adaptação dos postos de trabalho no pólo

moveleiro. Costa Neto e Santos (2002) realizaram adaptações ergonômicas através

da antropometria em um projeto de carro de metrô. Calado et al (2006)

dimensionaram o mobiliário de cozinhas industriais com um enfoque antropométrico.

Schlosser et al (2002) realizaram estudo em antropometria aplicada a operadores de

tratores agrícolas.

Na adaptação de postos de trabalho na construção civil, a antropometria tem

sido escassamente utilizada a níveis nacionais. Porém não pode deixar de ser

notado que, também nesta área de abrangência, pode-se utiliza-la vislumbrando o

resguardo da saúde ocupacional.

Kroemer e Grandjean (2005, p. 35) relatam que,

considerando que posturas naturais do corpo – posturas de tronco, braços e pernas que não envolvem o trabalho estático – e movimentos naturais são condições necessárias para um trabalho eficiente , é imprescindível a adaptação do local de trabalho às medidas do corpo e a mobilidade do operador.

Conforme Dul e Weerdmeester (2004, p. 11) os princípios antropométricos

que interessam a ergonomia são:

- Considere as diferenças individuais do corpo;

- use tabelas antropométricas adequadas.

Capítulo 2 Referencial Teórico 40

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

A respeito do segundo princípio o mesmo autor relata que as tabelas

antropométricas que apresentam dimensões do corpo, pesos e alcances dos

movimentos, referem-se sempre a uma determinada população e nem sempre

podem ser aplicadas a outras populações.

Através desta afirmação pode-se perceber que as populações não se

apresentam de forma homogênea, necessitando-se de medições específicas

conforme a população estudada. As medidas do corpo humano podem variar

segundo a raça, sexo, idade, cor, classe social, condições ambientais e natureza do

trabalho.

Expondo sobre este assunto Iida (2005, p. 109) descreve “que sempre que for

possível e economicamente justificável, as medições antropométricas devem ser

realizadas diretamente, tomando-se uma amostra significativa dos sujeitos que serão

usuários ou consumidores do objeto a ser projetado”.

Segundo Minetti et al (2002) na ergonomia são encontrados dois tipos de

medidas antropométricas, a estática e a dinâmica, sendo que as dimensões

estáticas são relacionadas com as medidas físicas do corpo parado, enquanto as

dinâmicas se relacionam com as medidas do corpo em movimento. Iida (2005) cita

ainda a antropometria funcional que são aquelas relacionadas com a execução de

tarefas específicas, sendo que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas

há uma conjunção de diversos movimentos para realizar uma função. A respeito da

antropometria estática Iida (2005, p. 110), descreve que “é aquela em que as

medidas referem-se ao corpo parado, ou com poucos movimentos e as medições

realizam-se entre pontos anatômicos claramente identificados”. Com relação a

antropometria dinâmica, Iida (2005, p. 110) cita que “ela mede os alcances dos

movimentos, onde os movimentos de cada parte do corpo são medidos mantendo-se

o resto do corpo estático”.

Percebe-se que a partir da atividade desenvolvida ou dos objetivos que

queiramos alcançar, devem-se utilizar formas específicas de medições

antropométricas para a população a ser estudada e para o tipo de atividade

desenvolvida.

Capítulo 2 Referencial Teórico 41

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

2.7.6 Dimensionamento do posto de trabalho

O dimensionamento dos postos de trabalho mostra-se ser de característica

primordial para a boa qualidade de vida no trabalho. Segundo Calado et al (2006)

produtos e postos de trabalho inadequados podem provocar tensões musculares,

dores e fadiga aos seus usuários, sendo que dispositivos de ajustes seria uma

solução para acomodar com conforto e segurança um número maior de usuários.

Para se dimensionar o posto de trabalho vários aspectos devem ser levados

em consideração, como o tipo de tarefa que será desenvolvida, as medidas dos

trabalhadores que irão ocupar o posto, os riscos de lesão inerentes à tarefa, as

queixas de dor relatadas pelos trabalhadores e a melhor postura para o

desenvolvimento da tarefa.

a) O trabalho sentado

O trabalho sentado, conforme apresentado anteriormente, possui certas

vantagens e desvantagens. Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a posição sentada

apresenta vantagens sobre a posição ereta, sendo menos cansativa, pois o corpo

fica apoiado em diversas superfícies como piso, assentos, encosto, braços da

cadeira, mesa.

Durante este tipo de postura no trabalho um fator de fundamental importância é

o assento. Conforme Iida (2005) assentos muito duros geram aumento da

concentração da pressão ao nível das tuberosidades isquiáticas gerando fadiga e

dores na região das nádegas. Por outro lado, o mesmo autor relata que

estofamentos muito macios não proporcionam um bom suporte porque não permitem

um equilíbrio adequado do corpo, porém uma situação intermediária, com uma leve

camada de estofamento de 2 a 3 cm mostrou-se benéfica. Esta situação, conforme

Iida (2005) reduz a pressão em cerca de 400% e aumenta a área de contato de 900

cm² para 1050 cm², sem prejudicar a postura, mas para que isto aconteça este

estofamento deve ser moldado a uma base rígida para suportar o peso do corpo.

Dul e Weerdmeester (2004, p. 13) descrevem as características que um

assento deve ter:

- A altura do assento deve ser regulável com movimentos contínuos e suaves;

Capítulo 2 Referencial Teórico 42

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

- a altura do assento deve ser considerada boa quando a coxa está bem apoiada no

assento, sem esmagamento em sua parte inferior (em contato com as bordas do

assento) e os pés apóiam no chão;

- o encosto deve proporcionar apoio para a região lombar (na altura do abdômen),

devendo-se deixar um vão livre de 10 a 20 cm entre o assento e o encosto e o

encosto deve ter uma altura de 30 cm;

- a parte inferior do encosto deve ser convexa para acomodar a curvatura das

nádegas ou ser vazada.

Outra questão a abordada quanto ao assento é que este para ser ajustado ao

trabalhador poderá obedecer aos parâmetros antropométricos da população a qual

irá servir e segundo Iida (2005, p. 151) “a dimensão antropométrica crítica é a altura

poplítea (da parte inferior da coxa a sola do pé), que determina a altura do assento”.

Apesar de todas as especificações e cuidados a respeito da postura sentada

pode-se levar em consideração que a manutenção de posturas por tempo

prolongado é nociva, sendo também fator predisponente para uma grande

quantidade de doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho.

b) O trabalho em pé e superfícies de trabalho

Na indústria da construção civil, frequentemente é utilizada a postura em pé

para a realização das atividades, principalmente por grande parte delas necessitar

constantemente de deslocamentos para acompanhar o objeto que está sendo

construído.

A respeito do trabalho em pé, Dul e Weerdmeester (2004) recomendam que

ocorra a alternância de posturas devido a fadiga muscular que a manutenção desta

postura implica. Segundo este mesmo autor a posição em pé deve ser alternada

com as posições sentada e andando. Este autor descreve 4 meios para aliviar

problemas causados por posturas prolongadas:

- Proporcionar variações das tarefas e atividades;

- introduzir o trabalho com posturas alternadas: se uma tarefa tiver longa duração o

posto de trabalho pode ser projetado para que as atividades possam ser exercidas

tanto na posição sentada como na posição em pé. Para isso, a superfície de

Capítulo 2 Referencial Teórico 43

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

trabalho é projetada para o trabalho em pé e em seguida providencia-se uma

cadeira alta, que permita realizar o trabalho sentado;

- alterne as posições sentadas usando diferentes tipos de cadeiras;

- usar selim para apoiar o corpo na posição em pé.

Outro aspecto de extrema importância durante o trabalho em pé refere-se a

altura da superfície de trabalho.

Iida (2005, p. 147) relata que a altura da bancada para trabalho em pé

depende da altura do cotovelo e do tipo de trabalho que se executa. Descrevendo

sobre o mesmo assunto, Silva et al (2006) citam que “a altura das bancadas pode

ser determinada utilizando-se as medidas antropométricas de acordo com as

características da atividade em questão”.

A respeito da altura da superfície da bancada Dul e Weerdmeester (2004, p.

16) descrevem que para trabalhos com muita utilização dos olhos, mãos e braços,

esta deve variar de 0 a 15 cm acima da altura dos cotovelos e para atividades que

requeiram pouco dos olhos para sua realização e muito das mãos e braças a altura

da superfície de trabalho deve ser de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Iida

(2005, p.147) abordando sobre a altura da superfície de trabalho diz que para

trabalhos mais grosseiros e que exijam pressão para baixo devem ser utilizadas

superfícies mais baixas, até 30 cm abaixo do cotovelo.

Quando os princípios de altura da superfície de trabalho não são seguidos,

iniciam-se os relatos de dores musculares e ocorre consequentemente o

comprometimento da saúde através dos distúrbios osteomusculares.

Kroemer e Grandjean (2005, p. 47) citam que:

Se a área de trabalho é muito alta, frequentemente os ombros são erguidos para compensar o que leva a contrações musculares dolorosas na altura da nuca e das costas. Se a área de trabalho é muito baixa, as costas são sobrecarregadas pelo excesso de curvatura do tronco, o que dá frequentemente margem a queixas de dores nas costas. Por isso, a altura das mesas de trabalho deve estar de acordo com as medidas antropométricas do trabalhador, tanto para o trabalho em pé quanto para o trabalho sentado.

Nas superfícies de trabalho todos os itens necessários para realização da

tarefa devem estar localizados dentro da área de alcance dos braços. Segundo Dul

Capítulo 2 Referencial Teórico 44

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

e Weerdmeester (2004, p. 17) as manipulações fora de alcance dos braços exigem

movimentos do tronco e para evitar isto os controles e peças devem situar-se dentro

de um envoltório tridimensional de alcance dos braços. O mesmo autor relata que as

operações mais importantes devem situar-se dentro de um raio aproximado de 50

cm a partir da articulação entre os braços e o ombro, sendo este valor aplicado tanto

para o trabalhador sentado quanto para o trabalhador em pé.

Conforme Iida (2005, p. 146) as tarefas mais importantes, de maior freqüência

ou com maiores exigências de precisão, devem ser executadas dentro de uma área

ótima. A faixa situada entre a área ótima e aquela de alcance máximo deve ser

usada para colocação das peças, ou tarefas menos freqüentes e que exijam menos

precisão. Segundo este mesmo autor, a área de alcance ótimo pode traçada,

girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos

normalmente ao lado do tronco e estes descreverão um raio de 35 a 45 cm. A área

de alcance máximo será obtida girando-se os braços estendidos em torno do ombro

e estes descreverão arcos de 55 a 65 cm de raio.

Pode-se através das áreas dos alcances verificarem-se quais as melhores

localizações dos materiais para a realização de uma tarefa, com menor demanda do

membro superior e tronco.

2.7.7 Posturas dos membros superiores

Os membros superiores são compostos por: ombros, cotovelos, punhos e

mãos. Existem nestas localizações anatômicas diversas estruturas que podem ser

sítios patológicos de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Segundo

Dul e Weerdmeester (2004, p. 23) “o trabalho por longos períodos usando as mãos e

braços em posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e

ombros. Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver infiltração dos

nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos”. O mesmo

autor noz diz que esses problemas ocorrem principalmente com o uso de

ferramentas manuais.

A utilização das ferramentas e manipulação de materiais na tarefa do

levantamento de paredes é uma realidade induzida pela especificação da própria

Capítulo 2 Referencial Teórico 45

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

tarefa. São utilizados como ferramentas o nível, fio de prumo e principalmente a

colher de pedreiro. Esses instrumentos de trabalho parecem impor, quando não

aprimorados com modificações ergonômicas, a constantes desvios de punho e

movimentos compensatórios dos ombros, gerando dores. Dul e Weerdmeester

(2004, p. 23) descrevem que,

as dores se agravam quando há aplicação de forças ou se realizam movimentos repetitivos com as mãos. Em casos mais graves podem surgir lesões por traumas repetitivos, conhecidos como LER – lesões por esforços repetitivos, também chamadas de DORT – doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho. Podem-se conseguir posturas melhores com o posicionamento correto para a altura das mãos e uso de ferramentas adequadas.

Existem varias formas de manipulação de objetos através das pegas

manuais, proporcionando o agravamento ou apaziguamento da situação relatada

acima. Lippert (2003, p. 132), ainda demonstra os tipos de pegas executados pelas

mãos, subdividindo-as em pinça de precisão e pegas de força. O mesmo autor

classifica as pegas de força em pega cilíndrica, pega esférica e pega em gancho. No

ambiente laboral do canteiro de obras são basicamente utilizadas as pegas de força.

No levantamento de paredes é utilizada a pega cilíndrica para segurar a colher de

pedreiro, a pega esférica para pegar os tijolos e a paga em gancho para carregar os

baldes com massa.

Para o melhor posicionamento as mãos e melhor utilização das ferramentas

Dul e Weerdmeester (2004, p. 23-26) descrevem algumas orientações:

- Selecione a ferramenta correta: selecione o melhor modelo que se adapte à

tarefa e à postura, de modo que as articulações possam ser mantidas na posição

neutra.

- Use ferramentas com empunhaduras curvas para não torcer o punho: em

vez de torcer o punho, usando ferramentas com cabos retos, é melhor usar

ferramentas com empunhaduras curvas, que permitam conservar o punho reto;

- Alivie o peso das ferramentas manuais: as ferramentas manuais não devem

exceder 2 Kg.

- Faça manutenção periódica nas ferramentas: a manutenção periódica nas

ferramentas pode contribuir para reduzir a carga de trabalho.

Capítulo 2 Referencial Teórico 46

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

- Preste atenção na forma da pega: a forma e a localização da pega devem

possibilitar uma boa postura para mãos e braços. A pega deve ter um diâmetro de 3

cm e um comprimento de 10 cm para que possa exercer maior força com a palma

das mãos. Ela deve ser um pouco convexa para aumentar seu contato com as

mãos.

- Evite ações acima do nível dos ombros: as mãos e cotovelos devem

permanecer abaixo do nível dos ombros e ter duração limitada.

- Evite trabalhar com as mãos para trás: deve-se evitar o trabalho com as

mãos para trás do corpo.

As medidas para minimizar o estresse dos membros superiores durante o

trabalho auxiliam na redução dos distúrbios osteomusculares relacionados ao

trabalho. Porém se a atividade desenvolvida pelos membros superiores incidir em

uma demanda acentuada, com a realização de atividades repetitivas associadas ao

levantamento de cargas, essas considerações apresentam caráter paliativo a

prevenção destes distúrbios, devendo-se também diminuir o número destes esforços

durante a jornada laboral.

2.8 Ergonomia na construção civil

A ergonomia dentro do contexto da construção civil a nível nacional é uma

ciência pouco utilizada quando comparada a outros países. Vêem-se poucas

tentativas de ergonomização em canteiros de obras. Muito deste fato deve-se a

maior dificuldade de adaptação ergonômica em postos de trabalho não fixos. As

adaptações ergonômicas em canteiros de obras devem ser feitas de modo com que

possam ser transferidas, quando a tarefa em um posto de trabalho é terminada.

Desta forma, assim como os postos de trabalho as adaptações ergonômicas devem

ser dotadas de mobilidade, para que assim exista a possibilidade de acompanharem

o obreiro.

Na tarefa propriamente do levantamento de paredes, pode-se considerar duas

formas de mobilidade do posto. A primeira refere-se ao aumento progressivo da

altura da parede levantada e o segundo ocorre quando a elevação de determinada

Capítulo 2 Referencial Teórico 47

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

parede é terminada. O trabalhador tem, então, que deslocar-se para o local onde irá

ser elevada a próxima parede, e assim decorrendo sucessivamente até que a fase

da alvenaria seja terminada. Luttmann, Jäger e Laurig (1991) relatam que para o

posto de trabalho durante o assentamento de tijolos o andaime deve ser

constantemente adaptado a altura da parede, excluindo os níveis mais baixos e

elevados da parede. O tijolo e a argamassa devem ser arrumados de modo que os

pedreiros agarrem-nos sem dobrar-se para baixo.

Looze et al (2001) com abordagem semelhante aos autores citados

anteriormente, descrevem casos onde adaptações ergonômicas foram realizadas

com diversos trabalhadores e tarefas da construção civil, entre eles o pedreiro

durante o assentamento de tijolos. Os autores relatam o desenvolvimento de

consoles, que são extensões conectadas ao andaime tradicional. Essas extensões

podem ser usadas de duas maneiras, para elevar os materiais ou abaixar os

pedreiros. Na primeira forma o console é posicionado a 0,50 m acima do assoalho

no local externo do andaime. O pedreiro está no assoalho quando os materiais

forem levantados no console. Na segunda possibilidade o console é posicionado

0,50 m abaixo do assoalho entre o andaime e o edifício. Nesta situação o pedreiro

está no console quando os materiais estão no assoalho.

Outra recomendação de Looze et al (2001) diz respeito a levantar os consoles

mais frequentemente, conforme o crescimento do edifício, para eliminar o estresse

das atividades do assentamento de paredes abaixo do joelho e acima do nível dos

ombros. Através destas modificações houve uma redução significativa das posturas

estressantes nos trabalhadores que usavam as recomendações mais

frequentemente. Os pedreiros encontraram menos desconforto ao final do dia após

trabalharem com os consoles, pois com a diminuição da flexão de tronco obtiveram

uma redução da compressão espinhal de 2,3 KN (tradicional) para 1,6 KN (com

consoles).

Luttmann, Jäger e Laurig (1991) a respeito da altura da pilha de tijolos relatam

que, quando esta está a uma altura de 50 cm existe a necessidade do trabalho

seletivo, treinamento cuidadoso e de pausas de descanso. Se a pilha do tijolo

fornecido estiver a 90 cm, os limites de carga lombar não estarão excedidos para

homens e mulheres de até 55 anos. Para assegurar que a carga lombar predita

Capítulo 2 Referencial Teórico 48

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

durante o levantamento de paredes permaneça abaixo dos limites a pilha de tijolos

deve estar acima de 50 cm. Verifica-se através deste estudo a variação das

adaptações do posto de trabalho conforme as características individuais dos

trabalhadores analisados.

Outras abordagens relativas ao assentamento de tijolos contemplam a

repetitividade da tarefa, o número de tijolos assentados por minuto, a freqüência com

que assentamento é realizado e o peso dos tijolos. Segundo Looze et al (1996) uma

das principais estratégias ergonômicas para reduzir a dor na coluna lombar é reduzir

o pico das cargas mecânicas em tarefas ocupacionais modificando o trabalho ou o

local de trabalho. Os autores estudaram o efeito do peso e da freqüência em tarefas

da alvenaria, onde os trabalhadores colocavam tijolos com pesos e freqüências

variadas, e concluíram que não é a diminuição do peso do tijolo que irá reduzir a

carga espinhal. Através de seu estudo constataram que na prática o peso reduzido

torna-se motivo para o incremento da manipulação, ou seja, ocorre um aumento da

freqüência de manipulação.

Pode-se citar que as adaptações referentes à ergonomia na construção civil

começam a se desenhar de novas formas que associadas a ergonomização do

posto de trabalho melhoram as condições de saúde destes trabalhadores. Holmströn

e Ahlborg (2005) descrevem que exercícios pela manhã podem ser benéficos para

aumentar e manter a flexibilidade do músculo e sua resistência para trabalhadores

da construção que se expõem a manipulação manual de materiais e posições

forçadas de trabalho.

A realidade dos trabalhadores brasileiros é ainda distante destas

intervenções. A não obrigatoriedade das adaptações ergonômicas nos postos de

trabalho aliada a uma busca desregrada por produtividade, afasta os trabalhadores

da construção de uma constante favorecedora da saúde. Cruz (2005) relata a

dificuldade da implantação de modelos de saúde e segurança no trabalho na

indústria da construção civil e ainda descreve que o gerenciamento do processo de

produção pode ser apontado como uma das causas desta situação.

Métodos participativos também têm sido abordados na construção civil para a

melhoria do local de trabalho. Kogi (2006) relata que os programas aplicam

treinamento em curto prazo focalizado em bons exemplos locais e sessões técnicas

Capítulo 2 Referencial Teórico 49

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

para o aprendizado de ergonomia e higiene ocupacional, onde atividades

continuadas são conduzidas por instrutores para melhorar locais de trabalho em

pequena escala.

As concretizações das intervenções que abordou-se requerem esforços

mútuos. Os gestores por vezes vêem a fácil substituição dos trabalhadores da

construção civil como um escape as preocupações com a saúde laboral. O

trabalhador vitimado por uma realidade social não favorecedora da educação, é

compelido ao trabalho braçal, sendo este seu único recurso para o estabelecimento

do rendimento e da sobrevivência. A união destes colaboradores é necessária para

o aumento da riqueza das intervenções ergonômicas. A obrigatoriedade do

resguardo à saúde é necessária. A percepção de que as medidas ergonômicas

trazem apenas ganhadores precisa ser esclarecida e incorporada pelos gestores e

trabalhadores.

Capítulo 4 Resultados e discussão 50

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

3 METODOLOGIA

O objeto deste estudo é o pedreiro da construção civil detentor da tarefa do

levantamento de paredes. Apresenta como tema contextualizador a atividade nesta

tarefa específica da construção civil e os resultados nocivos ao sistema

musculoesquelético do trabalhador que a atividade desta tarefa desencadeia. São

abordados como subtemas os parâmetros antropométricos dos pedreiros da

construção civil, o posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes, as

queixas álgicas dos trabalhadores, a maneira com que este exerce a atividade e o

risco ergonômico inerente a atividade.

Do ponto de vista de sua natureza esta pesquisa é aplicada, pois gera

conhecimentos sobre o melhor posicionamento para o trabalhador da construção

civil durante a tarefa do levantamento de paredes, levando-se em consideração a

minimização do aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao

trabalho.

Esta pesquisa é predominantemente quantitativa com inferências qualitativas

na abordagem de seus resultados. Segundo Barros e Reis (2003 p. 5) a estatística

compreende um conjunto de técnicas metódicas através das quais se pode

uniformizar a coleta, organização, descrição e análise de observações.

A estatística pode ser subdividida em descritiva e indutiva, porém conforme

Barros e Reis (2003) é importante lembrar que esta subdivisão exprime um sentido

de complementaridade e não de oposição, pois em geral, a análise de dados

compreende a utilização tanto de procedimentos descritivos como indutivos.

A análise dos dados desta pesquisa utiliza em sua maioria a estatística

descritiva. A estatística descritiva reúne procedimentos visando à coleta, tabulação e

descrição de conjuntos de observações sejam elas quantitativas ou qualitativas

(BARROS & REIS, 2003 p. 5).

Em relação a seus objetivos é descritiva, pois descreve as características do

trabalho e dos trabalhadores da construção civil. São descritas inicialmente as

atividades que os trabalhadores da construção civil realizam para efetivar o

levantamento de paredes. Consequentemente apresenta-se, segundo a observação

Capítulo 4 Resultados e discussão 51

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

destes, as posturas e posicionamentos críticos, classificando-os e descrevendo seu

risco ergonômico. São avaliadas as queixas álgicas dos pedreiros da construção civil

e expostos os principais sítios anatômicos de seu aparecimento e intensidades das

queixas. Descrevem-se também as características físicas, antropométricas dos

pedreiros da construção civil. São apresentadas as características da população dos

pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa com ênfase na tarefa do

levantamento de paredes, proporcionando maior conhecimento dos ocupantes desta

atividade.

Apresenta-se segundo seus procedimentos na forma de levantamento, pois

se realizou diretamente com a população dos pedreiros da construção civil. Segundo

Gil (1999, p. 70) as pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta

das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Para sua abordagem esta

pesquisa utiliza o método indutivo para sua realização, pois segundo Gil (1999, p.

28) este método de pesquisa parte do particular e coloca a generalização como um

produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. Conforme Lakatos e

Marconi (1991) o método indutivo apresenta três etapas, a observação dos

fenômenos, a descoberta da relação entre eles e a generalização da relação.

Partindo-se da primeira etapa, citada por Lakatos e Marconi (1991), realizou-

se a observação e coleta de dados diretamente nos canteiros de obras. Após

verificou-se a relação existente entre a forma de trabalho, queixas álgicas e os

postos de trabalho. A terceira etapa foi composta da análise estatística para

proporcionar a generalização dos resultados encontrados em situações similares.

Para validação do protocolo experimental utilizado neste trabalho realizou-se

um estudo piloto. As informações obtidas diretamente pelos trabalhadores da

construção civil são de aspecto prioritário para este estudo. Analisando-se que as

queixas álgicas podem demonstrar comprometimentos osteomusculares, de nada

adiantaria colhe-las de outra forma que não diretamente com as pessoas que podem

sofrer do problema dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. A

avaliação do risco ergonômico foi realizada mediante a observação direta dos

trabalhadores da construção civil inseridos em seu ambiente laboral. As medições

antropométricas foram realizadas nos trabalhadores atuantes nos canteiros de obras

e formalizados na ocupação de pedreiro.

Capítulo 4 Resultados e discussão 52

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

3.1 Instrumentos de pesquisa

Foi realizada a observação simples, direta dos trabalhadores. Segundo Gil

(1999, p. 111) a observação simples é aquela em que o pesquisador permanece

alheio a comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira

espontânea os fatos que aí ocorrem. A observação foi associada a fotos (apêndice

A) e filmagens para caracterização da atividade desenvolvida durante o

levantamento de paredes e a análise dos movimentos e posturas utilizadas por

estes. Partindo do princípio que os movimentos utilizados por estes trabalhadores

serão dificilmente analisados sem a utilização de fotos ou filmagens, pois estas

possibilitam de nova observação ou posterior observação. Para a realização das

fotos e filmagens será utilizada uma Kodak Easy Share Cx 7300.

Visualizou-se a localização do trabalhador, dos tijolos e da argamassa em

relação a parede também através da observação direta. A altura dos tijolos e do

local de oferta da argamassa será medido como apresentado na figura 1.

Figura 1 Exemplo de marcação dos componentes do pos to, onde lê-se “Pe” para pedreiro, “Pa” para parede, “A” para argamassa e “T” para tij olos.

Foi também empregado um cronômetro para marcação do tempo do ciclo de

trabalho, sendo utilizado um Kadio KD-1069 (figura 2).

Pa

“X” cm

T Pe A

“Y” cm “Z” cm

Capítulo 4 Resultados e discussão 53

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 2 Cronômetro utilizado na pesquisa

Com relação às ferramentas de trabalho, verificou-se a adequação destas ao

trabalhador, tendo em vista que o diâmetro inadequado do cabo da colher de

pedreiro ou a não adaptação ergonômica deste, pode interferir negativamente para o

aparecimento de doenças ocupacionais de mão e punho, com possível

comprometimento de ombros pela compensação que pode ocorrer nesta região.

Para uma análise ergonômica mais completa e classificação das posturas

inadequadas e consequentemente dos riscos ergonômicos, além da observação

direta, utilizou-se o software WinOWAS, versão computadorizada do sistema OWAS

(Ovako Working Posture Analysing System). Este método avalia a postura do dorso,

braços, pernas e a carga manipulada pelo trabalhador em cada fase de trabalho,

com um total de 72 posturas. As posturas utilizadas pelos trabalhadores são

classificadas em quatro classes (IIDA, 2005):

- Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos

excepcionais;

- classe 2: postura que deve ser revisada durante a próxima revisão rotineira dos

métodos de trabalho;

- classe 3: postura que deve merecer atenção a curto prazo;

- classe 4: postura que deve merecer atenção imediata.

Segundo Iida (2005, p. 171) as classes dependem do tempo de duração das

posturas, em porcentagens da jornada de trabalho, ou da combinação de quatro

variáveis (dorso, braços pernas e carga).

Para melhor avaliação das posturas e posicionamentos utilizou-se uma

divisão fictícia de 4 zonas de trabalho, demonstrada na figura 3, devido as

Capítulo 4 Resultados e discussão 54

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

mudanças de posicionamento do trabalhador que provavelmente ocorrem conforme

o aumento progressivo da altura da parede.

O posicionamento do obreiro, durante a realização da tarefa, varia nas zonas

1 e 2, e nas zonas 3 e 4, com possibilidade de serem semelhantes nas zonas 1 e 3

(pedreiro ajoelhado, inicialmente no nível do solo e posteriormente acima do

andaime) e, 2 e 4 (pedreiro em pé, inicialmente ao nível do solo e posteriormente

acima do andaime). Tendo como parâmetro inicial o nível do solo (lastro de

concreto), a zona 1, encontra-se entre 0 cm a 70 cm de altura, a zona 2 encontra-se

entre 70 cm a 1,35 m de altura, a zona 3 entre de 1,35 a 2,05 e a zona 4 entre 2,05

a 2,70, que é o nível máximo de altura do levantamento de paredes que estudou-se,

por esta ser extremamente usual em construções.

Partindo das divisões da parede já descritas, utilizou-se o software WinOWAS

para avaliação do risco ergonômico, nas zonas com posicionamento semelhante, ou

seja, conjuntamente nas zonas 1 e 3 e nas zonas 2 e 4.

Zona 4

( 65 cm)

Zona 3 (70 cm)

Zona 2 (65 cm)

Zona 1

(70 cm)

Nível do solo ///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\

Figura 3 Divisão das zonas da parede para análise d as posturas utilizadas.

2,70 m

Capítulo 4 Resultados e discussão 55

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Para avaliação das zonas dolorosas e da intensidade da dor utilizou-se o

Diagrama de Corlett (CORLETT e MANENICA, 1980) (anexo A) por ser um

instrumento de fácil utilização e poder oferecer respostas com relação a existência

de dor, sua localização e sua intensidade.

Explicou-se o Diagrama de Corlett aos pedreiros estudados e este foi

distribuído juntamente com prancheta e caneta para os trabalhadores. Devido a

incidência do analfabetismo entre a classe de trabalhadores estudados, em alguns

casos necessitou-se de auxílio para leitura do diagrama, esta sendo disponibilizada

pela pesquisadora e colaboradores.

Realizaram-se as medições antropométricas para verificação dos parâmetros

próprios da amostra estudada, evitando a utilização de escalas pré-concebidas, por

estas não abordarem com fidedignidade os parâmetros antropométricos dos

pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa.

Explicou-se o procedimento ao trabalhador a ser medido, bem como a

finalidade do estudo, dando-lhes a opção de concordar ou não em participar do

estudo. Apresentou-se o termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice B)

aos trabalhadores que demonstrarem sua vontade em participar do estudo.

Para a medição das partes anatômicas, utilizou-se fita métrica e trena, a partir

das marcas anatômicas adequadas para cada uma das variáveis. Utilizou-se

também “kits” de pega retangular de tamanhos variados para a medição da variável

de número 151 descrita no quadro 4. Para a variável de número 148 (quadro 4)

utilizou-se um objeto em forma de cone, o qual possibilita pegas em diferentes

medidas de circunferências.

Posicionaram-se os trabalhadores acima da viga baldrame, com a postura

ereta, pés unidos e os braços deverão estar pendentes ao lado do corpo. Os dados

aferidos foram marcados e colocados juntamente com os outros dados e

informações, recolhidas e observados de cada trabalhador estudado.

Para localização das estruturas e parâmetros anatômicos medidos utilizou-se

10 variáveis corporais das 294 variáveis de medidas corporais apresentadas no

Adult Data (PEEBLES e NORRIS, 1998), por estas serem necessárias para

ergonomização do posto de trabalho do levantamento de paredes. As variáveis

Capítulo 4 Resultados e discussão 56

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

antropométricas que foram analisados são descritas pelos autores citados acima

pelos números 2, 30, 119, 131, 60, 90, 146, 108, 151, 148 e estão apresentados na

tabela 4.

Tabela 4 Variáveis corporais.

Numeração Descrição

2 Altura total dos trabalhadores

30 Altura dos olhos a base com o trabalhador em pé

119 Altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé

131 Altura do punho a base com o trabalhador em pé

60 Altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé

90 Altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé

146 Altura da articulação dos dedos (metacarpofalangeana) a base com o trabalhador em pé

108 Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na horizontal anteriorizado

151 Pega máxima (garra), polegar indicador, medida com bloco

148 Circunferência da pega cilíndrica

Fonte: adaptado de Peebles e Norris (1998)

Utilizou-se um formulário pelos pesquisadores para o agrupamento dos dados

obtidos e organização da coleta de dados (apêndice C).

3.2 Estudo piloto

O estudo piloto foi realizado com o objetivo de verificar a adequação dos

instrumentos de pesquisa para a proposta deste estudo, constatando limitações e

dificuldades e de conseguir dados numéricos para o cálculo da amostra. O

formulário para coleta de dados foi seguido para obtenção dos dados. O estudo foi

realizado pela pesquisadora e auxiliares.

O Diagrama de Corlett foi explicado aos pedreiros do canteiro, e solicitada a

sua marcação. Notou-se facilidade por parte dos mesmos para proceder a

marcação, contrariando as expectativas iniciais, porém um deles solicitou para que o

colaborador realiza-se a marcação. Ao final obteve-se 35 diagramas de Corlett.

Capítulo 4 Resultados e discussão 57

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Foram realizadas 5 medições antropométricas (figura 4), onde notou-se a

primeira dificuldade, achar um terreno plano e sem grandes irregularidades para

posicionar-se o trabalhador sem que houvessem grandes desníveis (deve-se

lembrar que trata-se de um terreno sem contra-piso, ou seja o chão era de terra

batida e não aprumado) . Como solução, optou-se então por posicioná-los acima da

viga baldrame (figura 5). Durante as medições não houve outras intercorrências.

Figura 4 Medições antropométricas do estudo piloto

Figura 5 Trabalhador posicionado acima da viga bald rame no estudo piloto

Capítulo 4 Resultados e discussão 58

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Os instrumentos de pesquisa mostraram-se adequados a proposta deste

estudo, porém notou-se a necessidade de além da mensuração da circunferência da

pega cilíndrica, apurar qual seria a pega cilíndrica mais confortável ao trabalhador,

por constatar-se que este dado poderia oferecer informações importantes.

Os dados colhidos através de imagem foram lançados no software

WinOWAS, e este mostrou-se também adequado as proposições do estudo.

Pode-se través do estudo piloto conseguir a margem de erro e o desvio

padrão do grupo avaliado para que se realizassem os cálculos da amostra.

A versão final dos instrumentos de pesquisa manteve-se com as propostas

iniciais, anexando-se então o posicionamento do obreiro acima da viga baldrame e a

medição também da pega cilíndrica mais confortável ao obreiro, sem outras

modificações.

3.3 Definição da amostra

Utilizou-se o sistema de amostragem da população, pela impossibilidade da

verificação de todos os elementos da população estudada. Conforme Gil (1999, p.

70) “na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da

população estudada”.

A população de pedreiros da construção civil é predominantemente

masculina. Portanto as amostras serão colhidas em homens, com idades variando

entre 18 e 55, evitando assim alteração das medidas antropométricas por estes

ainda estarem em crescimento ou de já estarem sofrendo alterações deletérias

decorrentes do envelhecimento. Outro fator que interfere diretamente na escolha da

faixa de idade da amostra é por esta ser a faixa etária da maioria dos pedreiros da

construção civil. Ainda a respeito da amostra, foram incluídos os trabalhadores que

apresentam dominância em membro superior direito, por entender-se que, conforme

o lado dominante do trabalhador ter-se-á provavelmente, maior número de relatos de

dor devido a maior demanda no lado dominante.

A amostragem englobou diversas empresas da construção civil, pois os

padrões de escolha para o ingresso dos trabalhadores nestas empresas, podem não

Capítulo 4 Resultados e discussão 59

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

ser iguais. Pensando nesta possibilidade, realizou-se a coleta dos dados em quatro

empresas da construção civil.

Além dos padrões de seleção dos funcionários poderem divergir conforme a

empresa, as práticas de trabalho durante a tarefa do levantamento de paredes

também podem variar conforme a cultura organizacional da empresa. Com a

estratificação da amostra pode-se caracterizar com maior fidedignidade as

atividades de trabalho, riscos ergonômicos e padrões antropométricos dos

trabalhadores da região.

Foram necessárias informações a respeito do número de trabalhadores

formalizados como pedreiros, e atuantes na construção civil na região de Ponta

Grossa para o cálculo da amostra. Segundo dados obtidos do Sindicato dos

Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Ponta Grossa, existem 900

pedreiros formais na região de Ponta Grossa, porém a classe apresenta números

variáveis conforme a demanda da construção se altera.

Para o cálculo do tamanho da amostra das medidas antropométricas será

utilizada a equação 1, descrita abaixo, para cada uma das variáveis antropométricas,

sendo extraído então o valor mais expressivo para a utilização nesta pesquisa.

(1)

Fonte: Triola (1998, p. 151)

Onde:

n= tamanho da amostra

N (tamanho da população)= 900 trabalhadores

σ= desvio padrão (próprio de cada variável em cm)

Z α/2 (confiança de 95%) = 1,96

E (margem de erro)= 0,01 cm

N σ ²[ Z α/2]² n = _____________________

(N-1) E² + σ ² [ Z α/2]²

Capítulo 4 Resultados e discussão 60

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Após a utilização da equação 1 para todas as variáveis antropométricas

propostas, pode-se concluir que a variável antropométrica que necessitava de uma

amostra de maior expressão foi à altura do trocanter maior a base com o trabalhador

em pé. Verificou-se a necessidade de medir 43 trabalhadores para esta variável,

portanto este número de 43 indivíduos também foi utilizado como amostra para

todas as outras variáveis antropométricas. Porém, como houve a necessidade da

estratificação da amostra, para evitar que poucos trabalhadores de cada empresa

fossem pesquisados, optou-se por uma amostra de tamanho aproximado de 10% do

tamanho população total de pedreiros formais da região de Ponta Grossa. Por este

motivo pesquisou-se 97,84% dos trabalhadores das empresas estudadas, sendo

que dois trabalhadores de um total de 93 não aceitaram participar da pesquisa.

3.4 Variáveis

A pesquisa em questão utilizou 5 variáveis independentes entre si e 1 variável

dependente. Abaixo apresentam-se as variáveis trabalhadas.

3.4.1 Variáveis independentes

- Atividade do trabalhador da construção civil durante a tarefa do

levantamento de paredes.

- Risco ergonômico (posturas antiergonômicas) do trabalhador da construção

civil durante a atividade do levantamento de paredes.

- Tempo do ciclo de trabalho.

- Postos de trabalho atuais da tarefa do levantamento de paredes (disposição

dos materiais e trabalhador durante a realização da atividade).

- Antropometria dos pedreiros da construção civil.

3.4.2 Variável dependente

- Existência de dores osteomusculares.

Capítulo 4 Resultados e discussão 61

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

4 Resultados e discussão

4.1 A atividade do trabalhador durante o levantamen to de paredes

Na atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes cada tijolo

assentado corresponde a um ciclo de trabalho. Nas fases 1 e 2 do levantamento de

paredes, cada ciclo de trabalho tem duração média de 24,6 segundos, perfazendo

um total de 2,439 ciclos por minuto, com desvio padrão de 1,075 e coeficiente de

variação de 0,044 (tabela 5). Nas fases 3 e 4 do levantamento de paredes

constatou-se um tempo médio por ciclo de trabalho de 24,5 segundos, perfazendo

um total de 2,448 ciclos por minuto, com desvio padrão de 0,905 e coeficiente de

variação de 0,037(tabela 5).

Tabela 5 Tempo dos ciclos de trabalho por fases do levantamento de paredes

Fases Duração ciclos

(s)

Nº Ciclos/min Desvio padrão Coeficiente de

variação

1 e 2 24,6 s 2,439 1,075 0,044

3 e 4 24,5 s 2,448 0,905 0,037

A atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes consiste em:

- O funcionário pega a massa do balde com a colher de pedreiro colocando-a sobre

o tijolo anteriormente assentado, repetindo esta tarefa três vezes;

- retira o tijolo do chão com a mão não dominante;

- coloca o tijolo no local do assentamento, apoiando-o com as duas mãos;

- bate por três vezes com a colher de pedreiro em cima do tijolo;

- retira o excesso de massa ao redor do tijolo assentado;

- devolve o excesso de massa ao balde;

Capítulo 4 Resultados e discussão 62

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

- confere visualmente o tijolo assentado;

- verifica o prumo;

Para a realização da tarefa notou-se o desenvolvimento de uma vasta série de

posicionamentos durante a atividade. Notou-se também que estas variavam

conforme a zona de trabalho (altura da parede em levantamento). Nas zonas 1 e 3

os posicionamentos e posturas assumidas se assemelhavam, sendo que o mesmo

acontecia nas zonas 2 e 4 do levantamento.

Nas zonas 1 e 3 o trabalhador encontra-se na grande parte do tempo

ajoelhado, e desenvolve posicionamentos e posturas adaptadas a realidade vigente.

Na tabela 6 apresenta a seqüência de ações técnicas do ciclo e situações

ergonomicamente inadequadas que estas ações acabam desencadeando.

Tabela 6 Seqüência de ações técnicas no ciclo e sit uações ergonomicamente inadequadas nas zonas 1 e 3

Seqüência de passos do trabalho Exigência Ergonômica Partes do Corpo

Pegar a massa

Movimentos repetitivos

Mão, punho, cotovelo, ombro dominantes.

Flexão leve de tronco Coluna lombar

Movimentos estáticos Postura em tripla flexão de

membros inferiores

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

inferiores

Rotação lateral de tronco Músculos do tronco e coluna

Pegar tijolo do chão

Movimentos repetitivos

Mão punho, cotovelo e ombro não dominantes.

Flexão de tronco com flexão de membros inferiores.

Coluna lombar

Movimentos estáticos

Postura em tripla flexão de membros inferiores

Rotação lateral de tronco Músculos do tronco e coluna

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

Capítulo 4 Resultados e discussão 63

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

inferiores

Colocar o tijolo no local Movimentos repetitivos Mão punho, cotovelo e ombro não dominantes e dominantes.

Movimentos estáticos Postura em tripla flexão de

membros inferiores

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

inferiores

Bater em cima do tijolo Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo,

dominantes.

Movimentos estáticos

Mão punho, cotovelo e ombro não dominantes e ombro

dominante.

Postura em tripla flexão de membros inferiores

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

inferiores

Bater na extremidade de tijolo Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo,

dominantes.

Movimentos estáticos

Mão punho, cotovelo e ombro não dominantes e ombro

dominante.

Postura em tripla flexão de membros inferiores.

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

inferiores

Retirar excessos de massa Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo, ombro

dominantes.

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

inferiores

Movimentos estáticos Postura em tripla flexão de

membros inferiores.

Conferir visualmente Flexão de cervical Coluna cervical

Semi-ajoelhado Músculos dos membros

inferiores

Movimentos estáticos Postura em tripla flexão de

membros inferiores.

Verificou-se a presença de uma vasta quantidade de movimentos estáticos,

extremamente relacionados a postura em tripla flexão de membros inferiores,

movimentos repetitivos, associados principalmente as extremidades dos membros

superiores, flexões de cervical inadequadas, flexões puras de tronco e flexões de

tronco associadas a rotações laterais de tronco.

Capítulo 4 Resultados e discussão 64

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Nas zonas 2 e 4 o trabalhador encontra-se na grande maioria do tempo em pé

e desenvolve posicionamentos e posturas adaptadas a esta realidade.

A tabela 7 apresenta a seqüência de ações técnicas do ciclo nas zonas 2 e 4 e

situações ergonomicamente inadequadas que estas ações acabam desencadeando.

Tabela 7 Seqüência de ações técnicas no ciclo e sit uações ergonomicamente inadequadas nas zonas 2 e 4

Seqüência de passos do trabalho Exigência Ergonômica Partes do Corpo

Pegar a massa

Movimentos repetitivos

Mão, punho, cotovelo, ombro dominantes.

Acentuada flexão de tronco com extensão de membros inferiores.

Coluna lombar

Parado em pé Músculos dos membros

inferiores e eretores da coluna

Pegar tijolo do chão Movimentos repetitivos Mão punho, cotovelo e ombro

não dominantes.

Acentuada flexão de tronco com extensão de membros inferiores.

Coluna lombar

Parado em pé

Músculos dos membros inferiores e eretores da coluna

Colocar o tijolo no local Movimentos repetitivos Mão punho, cotovelo e ombro

não dominantes e dominantes.

Parado em pé Músculos dos membros

inferiores e eretores da coluna

Bater em cima do tijolo Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo,

dominantes.

Movimentos estáticos Mão punho, cotovelo e ombro

não dominantes e ombro dominante.

Parado em pé Músculos dos membros

inferiores e eretores da coluna

Bater na extremidade de tijolo Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo,

dominantes.

Movimentos estáticos Mão punho, cotovelo e ombro

não dominantes e ombro dominante.

Capítulo 4 Resultados e discussão 65

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Parado em pé Músculos dos membros

inferiores e eretores da coluna

Retirar excessos de massa Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo, ombro

dominantes.

Parado em pé Músculos dos membros

inferiores e eretores da coluna

Conferir visualmente Flexão de cervical Coluna cervical

Parado em pé Músculos dos membros

inferiores e eretores da coluna

Verificou-se a presença de uma vasta quantidade de movimentos estáticos,

movimentos repetitivos, flexões de cervical, flexões e rotações laterais acentuadas

de tronco, sempre com o posicionamento ortostático associado. A postura em pé,

conforme Iida (2005, p. 166) é altamente fatigante, pois exige muito trabalho

estático. Na atividade avaliada, a musculatura dos membros inferiores e eretores da

coluna acabam sendo demasiadamente utilizados devido à atividade estática

relacionada ao posicionamento em pé. Ainda conforme Iida (2005, p.166) neste

posicionamento o coração encontra maiores resistências para bombear o sangue

para os extremos do corpo. Outro dano associado a este posicionamento diz

respeito ao aparecimento de estase venosa e dificuldade de retorno venoso do

sangue, aumentando o risco do aparecimento de varizes em membros inferiores.

A jornada de trabalho nos canteiros estudados foi de nove horas, iniciando às

oito horas, terminando às dezessete horas, com pausa de uma hora para almoço e

trinta minutos para lanche. Não existem pausas de descanso regular, além do

período de almoço e lanche. Segundo Couto (2006) a anulação dos mecanismos de

regulação, pode estar aumentando a incidência de queixas e afastamento de um

grande número de trabalhadores.

Após ter-se verificado a atividade do trabalhador da construção civil durante a

tarefa do levantamento de paredes observou-se a presença de diversos fatores que

segundo estudos de Ghisleni e Merlo (2005) são responsáveis pelo desenvolvimento

das DORT.

Baseando-se nos fatores descritos por Ghisleni e Merlo (2005), onde os

trabalhadores apontam fatores organizacionais como um dos principais responsáveis

pelo desenvolvimento das DORT, podemos observar que 2 destes fatores

Capítulo 4 Resultados e discussão 66

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

organizacionais predisponentes para DORT, estavam presentes nos canteiros

estudados. Observou-se uma extensa jornada laboral e a presença de atividades

repetitivas durante toda esta jornada laboral. Os trabalhadores estão alocados em

postos de trabalho sem dispositivos facilitadores, permanecendo nestes ambientes

de trabalho inadequados por toda a jornada laboral. Para a realização da atividade

os trabalhadores mantêm as mesmas posições corporais por períodos de tempo

demasiadamente longos, sendo este também um fator que segundo Ghisleni e Merlo

(2005), é responsável pelo aparecimento das DORT.

4.2 O tempo das atividades

Verificaram-se os tempos gastos em cada atividade da tarefa estudada com

relação ao tempo de ciclo de trabalho, apresentados na tabela 8 abaixo.

Tabela 8 Distribuição do tempo no ciclo de trabalho .

Atividade Tempo (s) Porcentagem

Pegar massa 8 32%

Pegar e colocar o tijolo 4 16%

Bater no tijolo 3 12%

Retirar o excesso de massa 10 40%

Após esta apresentação dos tempos gastos nas atividades executadas de

forma contínua, através do estudo pode-se apresentar os tempos gastos nestas

atividades com relação ao tempo da jornada laboral. Para esta análise inicialmente

deve-se subtrair do tempo total da jornada laboral todas as pausas realizadas

durante o laboro. Estas, segundo Kroemer (2005) dividem-se em pausas

espontâneas, pausas disfarçadas, pausas que fazem parte da natureza do trabalho

e pausas prescritas pela gerência.

Capítulo 4 Resultados e discussão 67

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

A jornada de trabalho nos canteiros estudados, como descrito anteriormente,

é de nove horas, iniciando às oito horas, terminando às dezessete horas, com

pausas prescritas de uma hora para almoço e trinta minutos para lanche equivalente

a 17 % da jornada, restando então 7,5 horas para a realização das tarefas. Não

existem pausas de descanso regular, além do período de almoço e lanche. Verificou-

se a existência de pausas disfarçadas, durante as atividades de verificar o projeto,

medições com a trena, verificação do prumo, colocação de linha de nível e

transporte de tijolos, onde em todas estas atividades eram computados tempos

excessivos e realizadas conjuntamente a outras atividades que não se relacionavam

com as exigências laborativas, perfazendo um total de146 minutos gastos (tabela 9).

Tabela 9 Média do tempo gasto em atividades laborai s com pausas disfarçadas associadas.

Atividade Duração média em minutos

Nº de vezes por jornada

Tempo total gasto em minutos na jornada laboral

Verificar o projeto

1 5 5

Medir com a trena

1 7 7

Verificar o prumo 5

4 20

Colocar linha de nível

15 6 90

Transporte de tijolos

4 6 24

Total de tempo gasto

146

Constatou-se também a presença de pausas espontâneas, porém em menor

quantidade. Estas se apresentavam principalmente na forma de usar o banheiro,

tomar água ou perguntar algo para os colegas (tabela 10).

Capítulo 4 Resultados e discussão 68

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 10 Média do tempo gasto em atividades labora is com pausas espontâneas.

Atividade Duração média em minutos

Nº de vezes por turno

Tempo total gasto em minutos na jornada laboral

Banheiro 4

4 16

Tomar água 3

8 24

Conversar 2

5 10

Total do tempo gasto

50

Não houve pausas originadas por interrupções secundárias no trabalho.

Somando-se o tempo gasto nas formas de pausa não prescritas, ou seja, as pausas

disfarçadas e pausas espontâneas obtiveram 196 minutos, proporcionalmente aos

540 minutos de trabalho, estas correspondem a 36,29% do tempo de jornada

laboral, restando 47% do período para o exercício da tarefa específica (figura 6).

17%

36%

47%

Pausas prescritas

Pausas nãoprescritas

Realização datarefa específica

Figura 6 Distribuição dos tempos de pausas em compa ração ao da jornada laboral.

Em média foram levantados 6 m² de parede durante a jornada laboral e para

sua construção foram colocados 252 tijolos. Com relação a produtividade, este

número de 6 m² de parede apresentou-se baixo quando comparado a “800

tijolos/dia”, citado por Looze et al (2001) em seus estudos.

O tempo de assentamento de cada tijolo foi cronometrado e constatou-se ser

de 25 s em média. Partindo deste princípio o tempo necessário para levantar

Capítulo 4 Resultados e discussão 69

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

continuamente 6 m² de parede seria de 105 minutos se não houvessem pausas,

porém estes trabalhadores levaram 254 minutos da jornada laboral para realizar o

levantamento dos 6 m² de parede. Se o tempo do ciclo de trabalho fosse levado em

consideração durante toda a realização da tarefa seriam levantados

aproximadamente 14 m² de parede ao invés de 6 m², mesmo mantendo as pausas

não prescritas de trabalho. Este fato sugere que além das pausas prescritas pelos

gestores, das pausas disfarçadas e das pausas espontâneas, existe também um

aumento do tempo do ciclo de trabalho, não se mantendo em 25 s durante todo o

período laboral, sugerindo a necessidade de diminuição do ritmo de trabalho para

recuperação do trabalhador e a baixa efetividade das pausas disfarçadas.

Fazendo-se a relação entre as porcentagens das atividades dentro do ciclo de

trabalho e o tempo efetivo de produção encontrado (254 min) realizou-se a

quantificação do tempo gasto em cada atividade contínua da jornada laboral,

apresentados na tabela 11.

Tabela 11 Distribuição do tempo das atividades com relação ao tempo efetivo de produção.

Atividade Tempo (min) Porcentagem

Pegar massa 81,28 32%

Pegar e colocar o tijolo 40,64 16%

Bater no tijolo 30,48 12%

Retirar o excesso de massa 101,6 40%

No estudo constatou-se também as dimensões dos tijolos manipulados (figura

7). Suas dimensões eram de 9x14x9 cm, e a pega deste material ocorria na região

de menor dimensão, ou seja, 9 cm. No estudo a ferramenta utilizada para o

levantamento de paredes foi a colher de pedreiro. Constatou-se que o diâmetro do

local da pega desta ferramenta é de 2,8 cm, equivalendo a uma circunferência de

aproximadamente 8,8 cm, com desvio padrão de 0,0 sendo este também o

coeficiente de variação. O comprimento do seu cabo é de aproximadamente 13 cm

Capítulo 4 Resultados e discussão 70

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

(figura 7), apresentando um desvio padrão de 0,333 e coeficiente de variação

de2,59.

Figura 7 Colher de pedreiro e tijolos

A atividade do trabalhador durante o levantamento de paredes (figura 8) na

observação direta demonstrou ter também demanda acentuada nos membros

superiores e em suas extremidades distais. A colher de pedreiro não apresentava o

cabo reto (figura 7, seta a), fato que deveria facilitar sua adaptação ao trabalhador.

Porém, notou-se que as atividades associadas a manipulação desta ferramenta

eram repletas de desvios de punho, fato que intensificava a demanda muscular e

originava movimentos compensatórios das articulações vizinhas.

Figura 8 Atividade do trabalhador da construção civ il durante o levantamento de paredes.

a

a

b

Capítulo 4 Resultados e discussão 71

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Visualiza-se na seta “a” da figura acima a flexão exacerbada de punho com

conseqüente movimento compensatório dos ombros e na seta “b” a colher de

pedreiro pouco adaptada ao trabalhador aumentando a necessidade de flexão de

punho. Ambas demonstram-se ser nocivas e adicionam demanda na atividade em

questão.

4. 3 O risco ergonômico

Foi realizada a avaliação das posturas utilizadas pelos obreiros em duas

fases, através do software WinOWAS. A fase denominada 1, corresponde as

posturas utilizadas pelos trabalhadores nas zonas 1 e 3 do levantamento de paredes

e a fase denominada 2, corresponde as posturas utilizadas nas zonas 2 e 4 do

levantamento de paredes.

Na fase 1 da análise, as categorias de risco avaliados pelo software

WinOWAS classificaram-se em 75% com risco 4 e 25% com risco 2. A figura 9

apresenta a interface do software utilizado com a classificação geral da tarefa

estudada.

Figura 9 Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 1 e 3 do levantamento

Capítulo 4 Resultados e discussão 72

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Onde a postura 2161 diz respeito a atividade de bater no tijolo e a postura 4161

e relativa as atividades de pegar massa, pegar e colocar tijolos e retirar o excesso

de massa.

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se que

as fases de pegar massa, pegar e colocar os tijolos e retirar o excesso de massa

apresentam o máximo risco ergonômico, ou seja risco 4 (tabela 12).

Tabela 12 Categoria de risco obtida através do soft ware WinOWAS das atividades do obreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes

Coluna Braços Pernas Carga Categoria Geral

Pegar massa Risco 4 Risco 1 Risco 3 Risco 1 4

Pegar e colocar tijolos Risco 4 Risco 1 Risco 3 Risco 1 4

Bater no tijolo Risco 3 Risco 1 Risco 3 Risco 1 2

Retirar o excesso de

massa

Risco 4 Risco 1 Risco 3 Risco 1 4

Verificou-se um maior risco durante estas atividades devido principalmente as

posições de flexão e rotação realizadas pela coluna vertebral. A figura 10 apresenta

a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos

gerais dentro das categorias de risco.

Capítulo 4 Resultados e discussão 73

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 10 Classificação geral do risco ergonômico g eral das zonas 1 e 3 (fase 1) do

levantamento de paredes

Durante estas atividades, o trabalhador realiza constantemente movimentos

de tronco com torção e inclinação da coluna para conseguir pegar a massa e os

tijolos, pois estes ficam posicionados com freqüência em paralelo ao corpo e ao nível

do solo ou diretamente em cima do andaime no mesmo nível do trabalhador. Outro

ponto crítico que constatou-se, diz respeito ao posicionamento dos membros

inferiores. O trabalhador para conseguir realizar o levantamento da parede até 70 cm

de altura (zona 1) e também na zona 3, necessita ficar ajoelhado (figura 11).

Capítulo 4 Resultados e discussão 74

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 11 Posicionamento do pedreiro durante as zon as 1 e 3 do levantamento de paredes

Principalmente nestas três atividades citadas, são necessárias correções

imediatas para os posicionamentos de coluna e membros inferiores, diminuindo

assim a demanda destas estruturas.

Na fase 2 da análise, zonas 2 e 4 do levantamento, as categorias de risco

avaliados pelo software WinOWAS classificaram-se em 25% com risco 1 e 75% com

risco 2. A figura 12 apresenta a interface do software utilizado com a classificação

geral da tarefa estudada.

Figura 12 Classificação dos riscos para a tarefa na s zonas 2 e 4 do levantamento

Capítulo 4 Resultados e discussão 75

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Onde a postura 1121 diz respeito a atividade de bater no tijolo, a postura 2121

é relativa a retirar o excesso de massa, e a postura 4121 diz respeito as atividades

de pegar massa e pegar e colocar os tijolos.

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se que

as fases de pegar massa, pegar e colocar os tijolos e retirar o excesso de massa

apresentam risco 2 segundo o software, porém este fato deve-se principalmente as

posturas da coluna vertebral (tabela 13).

Tabela 13 Categoria de risco obtida através do soft ware WinOWAS das atividades do obreiro durante as zonas 2 e 4 do levantamento de paredes.

Coluna Braços Pernas Carga Categoria Geral

Pegar massa Risco 4 Risco 1 Risco 2 Risco 1 2 Pegar e colocar tijolos Risco 4 Risco 1 Risco 2 Risco 1 2 Bater no tijolo Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1 1 Retirar o excesso de massa Risco 3 Risco 1 Risco 2 Risco 1 2

Verificou-se que, o risco para os membros inferiores diminuiu nestas fases

devido a postura do obreiro ser em pé (figura 13) e enquadrou-se com uma postura

que deve ser revista durante a próxima revisão dos métodos de trabalho.

Figura 13 Posicionamento do pedreiro nas zonas 2 e 4 do levantamento de paredes.

Capítulo 4 Resultados e discussão 76

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

A figura 14 apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas,

seus enquadramentos dentro das categorias de risco e sugestões para ações.

Figura 14 Classificação geral do risco ergonômico d as zonas 2 e 4 (fase 2) do levantamento de

paredes

Notou-se ser demasiadamente alto o risco para a coluna nas atividades de

pegar a massa e pegar e colocar os tijolos. Nesta fase cabe ressaltar que o motivo

deste risco são as grandes flexões de coluna associadas a rotação de tronco (figura

15), para pegar os materiais.

Figura 15 Flexões de coluna associadas a rotação de tronco nas zonas 2 e 4 do levantamento

de paredes.

Capítulo 4 Resultados e discussão 77

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Encontrou-se maior risco ergonômico segundo o software WinOwas na fase 1

da atividade (zonas 1 e 3) necessitando de correções com urgência. Porém deve-se

ressaltar que as atividades realizadas na fase 2 da análise (zonas 2 e 4) requerem

flexões de coluna mais acentuadas que na fase 1 da análise (zonas 1 e 3) e também

que estas atividades são realizadas de forma contínua e pouco estruturada por anos

pelo trabalhador. Este fato por si, gera preocupações por vezes não descritas ou

apresentadas através do risco ergonômico proposto pelo software, porém este fator

não deve ser esquecido ou subjugado.

Em relação a carga manipulada, como esta é inferior a 10 Kg, o software a

classifica com um risco mínimo. A equação de NIOSH estabelece um valor de

referência de 23 KG que corresponde à capacidade de levantamento no plano

sagital de uma altura de 75 cm de solo, para um deslocamento vertical de 25 cm do

corpo (IIDA, 2005, p. 182). O peso manipulado pelos trabalhadores no

assentamento de tijolos não excede 1,750 Kg, valor que impõem um pequeno risco

aos trabalhadores.

4.4 Relatos de dor

Sendo o objeto deste estudo o trabalhador da construção civil, avaliou-se 91

pedreiros para a coleta dos dados. Verificou-se que estes tinham idades variando

entre 18 e 55 anos, com idade média de 33,53, desvio padrão de 9,61 e coeficiente

de variação de 28,65. Do total de trabalhadores, 29 ou 31,86% não apresentavam

dor osteomuscular de qualquer espécie. Porém dos 91 trabalhadores pesquisados,

em 62 ou 68,13% destes obteve-se relatos positivos para dor osteomuscular,

apresentados na figura 16.

Figura 16 Porcentagem de obreiros com e sem relatos de dor

Obreiros com e sem relatos de dor

68,13%

31,86%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Com dor

Sem dor

Capítulo 4 Resultados e discussão 78

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Entre os trabalhadores com relatos de dor, nota-se que a partir de 5 anos de

tempo de serviço os relatos de dor positivos crescem significativamente, passando

de 42,85% para 82,60%, permanecendo relativamente estáveis nesta porcentagem

nos anos subseqüentes, conforme demonstrou-se na tabela 14.

Tabela 14 Tempo de serviço X relatos de dor

Tempo de serviço Total de trabalhadores Obreiros sem dor Obreiros com dor

1 dia a 5 anos 28 16 – 57,14% 12 – 42,85%

5 anos e 1 dia a 10 anos 23 4 – 17,39% 19 – 82,60%

10 anos e 1 dia a 15 anos 17 4 – 23,52% 13 – 76,47%

15 anos e 1 dia a 20 anos 10 2 – 20% 8 – 80%

Mais de 20 anos e 1 dia

13 3 – 23,07% 10 – 76,92%

Total 91 29 – 31,86% 62 – 68,13%

Nota-se grande elevação nos relatos álgicos a partir de 5 anos de serviço,

demonstrando-se os efeitos cumulativos e nocivos que o trabalho na construção

civil gera no sistema osteomuscular dos trabalhadores. Do total de relatos álgicos,

pode-se obter através do Diagrama de Corlett, as localizações anatômicas e

intensidades das queixas álgicas relatadas pelos trabalhadores. Com relação as

queixas de dor constatou-se 141 relatos de dor em 62 trabalhadores, pois muitos

apresentaram-se poliqueixosos, ou seja, relatando queixas álgicas em mais de uma

região corporal.

As queixas álgicas apresentaram-se em diversas regiões corporais, podendo

ser distribuídas conforme o Diagrama de Corlett em 22 localizações anatômicas,

sendo elas: pescoço, cervical, costas superior, costas média, costas inferior, bacia,

ombro esquerdo e direito, braço esquerdo e direito, cotovelo esquerdo e direito,

antebraços esquerdo e direito, punho esquerdo e direito, mão esquerda e direita,

coxa esquerda e direita, perna esquerda e direita.

Capítulo 4 Resultados e discussão 79

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Entre todas as regiões corporais, as costas inferiores destacaram-se como a

com maior número de relatos de dor, com 37 relatos ou 26,24% do número total de

relatos e 59,67% dos trabalhadores que relataram dor, seguindo-se da perna

esquerda com 16 relatos, e posteriormente da perna D e do ombro D, ambos com 14

relatos álgicos. Estas demonstrarem-se como sendo as regiões de demanda mais

acentuada ao sistema músculo-esquelético, tendo em vista o seu maior

comprometimento álgico. A figura 17 apresenta a distribuição das queixas álgicas

por todas as regiões corporais descritas pelo Diagrama de Corlett.

Figura 17 Número de relatos de dor x regiões corpor ais

Com relação a intensidade da dor, o Diagrama de Corlett a classifica em cinco

graus variando de 1 (sem dor) a cinco (dor máxima). As região onde constatou-se

maior intensidade média foi a da bacia e a da mão D, ambas com intensidade álgica

de 5. Porém, o número de relatos álgicos nestas localização foi extremamente baixo,

onde constatou-se apenas 2 relatos na região da bacia e 1 na região da mão D. A

região que figurou em 3º ,onde obteve-se também alta intensidade, com média de

Nº de relatos de dor X regiões corporais

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Regiões corporais

Nº de relatos de dor

Pescoço cervical Costas sup. Costas méd. costas inf. Bacia Ombro E Ombro D Braço E Braço D Cotovelo E Cotovelo D Antebraço E Antebraço D Punho E Punhpo D Mão E Mão D Coxa E

Coxa D Perna E Perna D

Capítulo 4 Resultados e discussão 80

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

4,054 foi a das costas inferior. Esta região mais uma vez apresenta-se com grande

relevância para as queixas musculares, pois além da intensidade álgica alta,

apresentou-se com o maior número dos relatos de dor. A figura 18 apresenta as

localizações anatômicas e suas respectivas intensidades álgicas médias.

Figura 18 Intensidade média das queixas de dor pó r egião corpórea

Visualizando a figura acima pode-se notar as intensidades máximas que

relatou-se anteriormente. Pode-se também notar a ausência de intensidade na mão

esquerda e no antebraço esquerdo, fato que se deve a ausência de relatos de dor

nestas regiões corpóreas.

Os relatos álgicos quando agrupados por região apresentaram o maior número

de queixas na região da coluna com 62 queixas. Porém em segundo lugar

encontrou-se a região dos membros superiores com 43 relatos, e em último lugar

com 36 relatos encontrou-se a região dos membros inferiores (figura 19).

Intensidade média dos relatos álgicos

0

1

2

3

4

5

Localização anatômica

Intensidade da dor

Pescoço cervical Cost. sup. Cost. Média cost. inf. Bacia Ombro E Ombro D Braço E Braço D Cotovelo E Cotovelo D Anteb. E Anteb. D Punho E Punho D Mão E Mão D Coxa E Coxa D Perna E Perna D

Capítulo 4 Resultados e discussão 81

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 19 Relatos de dor por regiões corpóreas agru padas

Verificou-se que apesar do risco ergonômico ser maior para os membros

inferiores em comparação aos membros superiores, o número de queixas em

membros superiores tornou-se mais expressiva que a de membros inferiores.

Notou-se com este fato que também existe demanda acentuada para os membros

superiores durante a atividade do levantamento de paredes.

4.5 Distribuição espacial do posto de trabalho

Observou-se a distribuição espacial dos componentes do posto de trabalho do

levantamento de paredes. Para análise mediu-se as distâncias entre o pedreiro e a

parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a argamassa, a

altura dos tijolos, e a altura da argamassa.

Nas zonas 1 e 2 do levantamento de paredes onde o trabalhador encontra-se

posicionado ao nível do solo analisou-se 10 postos de trabalho , obtendo-se as

medidas da distribuição espacial (tabela 15).

Relatos de dor por regiões

62

36 43

020406080

1

regiões anatômicas

nº d

e re

lato

s Coluna

Membrosinferiores

Membrossuperiores

Capítulo 4 Resultados e discussão 82

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 15 Distribuição do posicionamento espacial n os postos de trabalho das zonas 1 e 2

Posicionamento dos materiais

Fases 1 e 2 em cm

*Trab. Ped/par. Ped/Tij. Ped/arg. Par/arg. Altura tij. Altura Arg.

1 55 50 60 55 35 35

8 45 50 55 75 36 25

21 50 60 55 50 9 25

26 45 50 60 65 10 45

27 60 55 55 60 35 35

29 45 40 55 65 35 30

47 50 50 50 60 9 35

61 45 50 50 60 40 30

79 40 50 54 58 38 20

83 50 50 60 70 10 39

média 48,50 50,50 55,40 61,80 25,70 31,90

*Os números utilizados nesta coluna dizem respeito a numeração utilizada para

denominação dos trabalhadores durante a coleta de dados

Legenda: Trab. - trabalhador Ped/par. - distância entre o pedreiro e a parede Ped/Tij. - distância entre o pedreiro e os tijolos Ped/arg. - distância entre o pedreiro e a argamassa Par/arg. - distância entre a parede e a argamassa Altura tij. - altura dos tijolos Altura Arg. - altura da argamassa

Após a constatação das medidas verificou-se se normalidade dos valores é

plausível. Para a localização de outliers foi utilizado o Box-plot. Os outliers

localizados foram excluídos do conjunto. Nestas fases notou-se a existência de 3

medidas avaliadas como outliers. Após a retirada destes observaram-se as médias

da distância entre as variáveis descritas acima, seus desvios padrão e coeficientes

de variação (tabela 16).

Capítulo 4 Resultados e discussão 83

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 16 Média, desvio padrão e coeficiente de var iação das zonas 1 e 2

Trab. Ped/par. Ped/Tij. Ped/arg. Par/arg. Altura

tij.

Altura

Arg.

média 48,50 48,75 55,40 61,80 25,70 31,90

desv.

Pad.

5,8 3,54 3,72 7,24 14,03 7,42

coef.

Variação

11,95 7,25 6,71 11,71 54,59 23,25

Partindo-se das médias dos valores da distribuição espacial do posto para as

zonas 1 e 2 do levantamento de paredes, elaborou-se visualmente esta distribuição,

conforme a figura 20 abaixo.

Figura 20 Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 1 e 2

Para melhor visualização do posto de trabalho a figura 21 representa a

distribuição espacial em 1 dos postos que avaliou-se.

Pa

48,50 cm 61,80 cm

T Pe

48,75cm 55,4 cm A

A

Pe – pedreiro

Pa – parede

A – argamassa

T – tijolo

Capítulo 4 Resultados e discussão 84

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 21 Posto de trabalho das zonas 1 e 2.

Nota-se o posicionamento dos tijolos ao nível do solo, a argamassa

posicionada a cima do carrinho de mão e mais posteriormente em relação aos

tijolos. Notou-se que durante esta distribuição de posto de trabalho na fase 1 o

trabalhador permanece por longos períodos ajoelhado tendo que realizar

constantemente movimentos nocivos a sua saúde. Na fase 2 do levantamento, com

esta distribuição de posto de trabalho (figura 6) o trabalhador vê-se forçado a realizar

flexões acentuadas de coluna para realizar o alcance dos materiais e permanece por

longos períodos em pé.

Para análise das zonas 3 e 4 também mediu-se as distâncias entre o pedreiro

e a parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a

argamassa, a altura dos tijolos, e a altura da argamassa, porém mediu-se também a

altura do andaime, que é colocado para a realização do levantamento nestas zonas.

Nas zonas 3 e 4 do levantamento de paredes onde o trabalhador encontra-se

posicionado acima do andaime analisou-se 12 postos de trabalho , obtendo-se as

medidas da distribuição espacial (tabela 17).

Capítulo 4 Resultados e discussão 85

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 17 Distribuição do posicionamento espacial n os postos de trabalho das zonas 3 e 4

Posicionamento dos materiais

Fases 3 e 4 em cm

*Trab. Ped/par. Ped/Tijolo Ped/arg. Par/arg. Altura

tij.

Altura

Arg.

Altura

And.

10 45 60 55 45 10 20 140

15 45 40 50 45 9 20 130

16 55 50 50 55 15 35 140

17 50 60 60 50 10 30 140

18 45 50 60 55 14 25 140

19 50 40 55 50 16 30 140

48 45 60 55 45 9 20 130

70 40 50 40 80 16 50 74

62 50 45 40 50 14 15 74

73 40 43 45 66 15 13 74

83 50 60 60 50 17 23 140

84 50 60 60 50 10 20 140

média 47,08 51,50 52,50 53,42 12,91 25,08 121,83

*Os números utilizados nesta coluna dizem respeito a numeração utilizada para denominação dos trabalhadores durante a coleta de dados Legenda: Trab. - trabalhador

Ped/par. - distância entre o pedreiro e a parede Ped/Tij. - distância entre o pedreiro e os tijolos Ped/arg. - distância entre o pedreiro e a argamassa Par/arg. - distância entre a parede e a argamassa Altura tij. - altura dos tijolos

Altura Arg. - altura da argamassa Altura And. - altura do andaime

Após a constatação das medidas verificou-se se normalidade dos valores é

plausível. Para a localização de outliers foi utilizado o Box-plot. Os outliers

localizados foram excluídos do conjunto. Nestas fases notou-se a existência de 2

medidas avaliadas como outliers. Após a retirada destes observaram-se as médias

Capítulo 4 Resultados e discussão 86

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

da distância entre as variáveis descritas acima, seus desvios padrão e coeficientes

de variação (tabela 18).

Tabela 18 Média, desvio padrão e coeficiente de var iação das zonas 3 e 4

Trab. Ped/par. Ped/Tij. Ped/arg. Par/arg. Altura

Tij.

Altura

arg.

Altura

and.

média 47,08 51,50 52,50 53,42 12,91 22,82 121,83

desv.

pad.

4,50 8,24 7,54 10,18 3,05 6,68 29,09

coef. 9,56 16,00 14,36 19,07 23,68 29,26 23,88

Partindo-se das médias dos valores da distribuição espacial do posto para as

zonas 3 e 4 do levantamento de paredes, elaborou-se visualmente esta distribuição,

conforme a figura 22 abaixo.

Figura 22 Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 3 e 4

Para melhor visualização do posto de trabalho a figura 23 representa a

distribuição espacial em 1 dos postos que avaliou-se.

Pa

53,42 cm 47,80 cm

T 51,50 cm Pe 52,50 cm A

Pe – pedreiro

Pa – parede

A – argamassa

T – tijolo

Capítulo 4 Resultados e discussão 87

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 23 Posto de trabalho das zonas 3 e 4.

Nota-se o posicionamento dos tijolos ao nível do andaime, a argamassa

posicionada em cima do andaime. Com relação ao andaime notou-se 2 alturas que

prevaleceram, 140 cm e 74 cm.

O posicionamento em série dos tijolos, pedreiros e argamassa faz com que

durante a realização da atividade o trabalhador realize constantemente as rotações

de tronco para ambos os lados com o fim de alcançar o material na zona 3 e flexões

acentuadas de coluna com rotações de tronco na zona 4. O trabalhador vê-se

obrigado a manter o mesmo posicionamento corporal por longos períodos, pois o

mesmo fica retido entre os tijolos e a argamassa.

A distribuição espacial dos postos de trabalho da atividade do levantamento de

paredes da construção civil apresenta inicialmente diversos pontos passíveis de

modificação, alguns com extrema necessidade de mudanças e adaptações ao perfil

do trabalhador, conforme o item 4.7.

4.6 Antropometria dos trabalhadores da construção c ivil

Neste estudo aferiram-se 11 variáveis antropométricas (10 retiradas do “Adult

Data” e a 11 denominada “pega cilíndrica de maior conforto”) de 91 trabalhadores,

pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa. As variáveis que se

verificaram são: altura total dos trabalhadores (denominada “2”), altura dos olhos a

base com o trabalhador em pé (denominada “30”), altura do cotovelo a base com o

Capítulo 4 Resultados e discussão 88

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

trabalhador em pé (denominada “119”), altura do punho a base com o trabalhador

em pé (denominada“131”), altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé

(denominada “60”), altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé

(denominada “90”), altura da articulação dos dedos (metacarpofalangianas) a base

com o trabalhador em pé (denominada “146”), ombro (acrômio) a mão em posição

de agarrar (“princh-grip”) com o membro superior na horizontal anteriorizado

(denominada “108”), pega máxima (garra) polegar/indicado (denominada “151”),

circunferência da pega cilíndrica (denominada “148”) e a pega cilíndrica de maior

conforto.

Inicialmente, após a coleta dos dados, verificou-se se estas obedeciam a uma

distribuição normal através do teste de normalidade de Kolmogorov Smirnov.

Obteve-se que 4 das variáveis antropométricas aferidas não apresentavam uma

distribuição normal, sendo estas as denominadas “108”, “151”, “148” e “pega

cilíndrica de maior conforto”.

Porém verificou-se que a variável “108”, após eliminar-se dois dados

apresentados como outliers torna-se plausível para esta variável a distribuição

normal (Figura 24).

Figura 24 Distribuição normal da variável “108”

C1

Percent

757065605550

99,9

99

95

90

80

7060504030

20

10

5

1

0,1

Mean

0,199

63,44

StDev 3,811

N 89

AD 0,504

P-Value

Probability Plot of C1Normal

Nas variáveis denominadas como “151”, “148” e pega cilíndrica de maior

conforto a ausência de normalidade deu-se ao fato de que os valores obtidos nas

medições são extremamente semelhantes entre si, igualando-se em muitos casos

(gráficos 25, 26 e 27).

Capítulo 4 Resultados e discussão 89

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Figura 25 Distribuição da variável “151”.

Figura 26 Distribuição da variável “148”.

Figura 27 Distribuição da variável “pega de maior c onforto”.

148

Percent

17161514131211109

99,9

99

95

90

80

7060504030

20

10

5

1

0,1

Mean

<0,005

13,08

StDev 1,231

N 91

AD 2,894

P-Value

Normalidade 148Normal

151

Percent

181716151413121110

99,9

99

95

90

80

7060504030

20

10

5

1

0,1

Mean

<0,005

13,88

StDev 1,200

N 91

AD 6,863

P-Value

Normalidade 151Normal

pega conf.

Percent

15,012,510,07,55,0

99,9

99

95

90

80

7060504030

20

10

5

1

0,1

Mean

<0,005

10,59

StDev 1,414

N 91

AD 2,159

P-Value

Normalidade PEGA DE CONF.Normal

Capítulo 4 Resultados e discussão 90

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Após verificar-se a distribuição dos dados, avaliou-se a existência de outliers,

ou seja, dados que conforme a análise do box plot deveriam ser retirados da análise

de resultados, para evitar-se a constatação de resultados errôneos. Do total de 1001

medidas realizadas, 9 medidas foram excluídas da análise de resultados, ou 0,89 %

das medidas que aferiu-se.

Seguindo-se a exclusão dos outliers, prosseguiu-se com a análise (tabela 19).

Tabela 19 Média e variação das variáveis antropomét ricas

Variáveis ( * Descrição das variáveis apresentada na legenda a baixo)

“2” “30” “119” “131” “60” “90” “146” “108” “15 1” “148” “pega

de maior

conforto ”

Média (em

cm)

170,17 158,72 108,99 84,154 138,51 88,382 75,300 63,438 13,879 13,077 10,593

Desvio

padrão

6,89 6,96 5,81 4,521 6,51 4,435 4,004 3,811 1,200 1,231 1,414

Coeficiente

de

variação

4,05 4,38 5,33 5,37 4,70 5,02 5,32 6,01 8,65 9,42 13,35

Legenda:

2 Altura total dos trabalhadores 30 Altura dos olhos a base com o trabalhador em pé 119 Altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé 131 Altura do punho a base com o trabalhador em pé 60 Altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé 90 Altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé 146 Altura da articulação dos dedos (metacarpofalangeana) a base com o trabalhador em pé 108 Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na

horizontal anteriorizado 151 Pega máxima (garra), polegar indicador, medida com bloco 148 Circunferência da pega cilíndrica

Conforme mostrado na tabela 19 a variável “2” apresentou-se com média de

170,17 cm, desvio padrão de 6,89 e coeficiente de variação de 4,05. A variável “30”

apresentou média de 158,72 cm, desvio padrão de 6,96 e coeficiente de variação de

4,38. A variável “119” apresentou média de 108,99 cm, desvio padrão de 5,81 e

coeficiente de variação de 5,33. A variável “131” apresentou média de 84,154 cm,

desvio padrão de 4,521 e coeficiente de variação de 5,37. A variável “60” apresentou

Capítulo 4 Resultados e discussão 91

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

média de 138,51 cm, desvio padrão de 6,51 e coeficiente de variação de 4,70. A

variável “90” apresentou média de 88,382 cm, desvio padrão de 4,435 e coeficiente

de variação de 5,02. A variável “146” apresentou média de 75,300 cm, desvio

padrão de 4,004 e coeficiente de variação de 5,32. A variável “108” apresentou

média de 63,438 cm, desvio padrão de 3,811 e coeficiente de variação de 6,01. A

variável “151” apresentou média de 13,879 cm, desvio padrão de 1,200 e coeficiente

de variação de 8,65. A variável “148” apresentou média de 13,077 cm, desvio

padrão de 1,231 e coeficiente de variação de 9,42. A variável “pega de maior

conforto” apresentou média de 10,593 cm, desvio padrão de 1,414 e coeficiente de

variação de 13,35.

4.7 Avaliação da adaptação dos postos de trabalho

Após realizar-se as medições antropométricas e da distribuição espacial dos

componentes do posto de trabalho do levantamento de paredes deu-se a avaliação

por contraste dos resultados métricos encontrados em ambas as situações. As

medidas antropométricas compararam-se com o trabalhador ao nível do solo e com

o trabalhador posicionado em cima do andaime.

4.7.1 Pedreiro ao nível do solo (zonas 1 e 2 do lev antamento)

A medida que encontrou-se quando aferida a distância entre o pedreiro e a

parede resultou em 48,5 cm. A distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição

de agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado

(variável “108”), seria a medida máxima aceitável, pois este seria o posicionamento

para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga

da coluna com flexões. Porém o posicionamento de trabalho com menor risco

postural seria com membro superior do trabalhador com flexão de cotovelo de

aproximadamente 30 graus. Diminuindo-se o valor da variável “60” (meio do ombro a

base com o trabalhador em pé) pelo da variável “131” (punho a base com o

trabalhador em pé) obteve-se o valor da medida do ombro ao punho. Encontrou-se o

valor de 54,51 cm para o comprimento do meio do ombro ao punho. Portanto a

Capítulo 4 Resultados e discussão 92

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

distância para a realização da atividade com menor risco ao trabalhador seria inferior

a 54,51 cm, enquadrando o valor que encontrou-se de 48,5 cm como aceitável.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e os

tijolos foi de 48,75 cm. Porém para que o trabalhador possa pegar os tijolos a

medida máxima seria próximo a 63,438 cm (variável”108”). Neste caso encontrou-se

12,938 cm “de sobra”, classificando este posicionamento como dentro dos padrões

antropométricos, pois possibilita que o pedreiro trabalhe com leve flexão de cotovelo.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e a

argamassa resultou em 55,4 cm. A medida máxima aceitável para este

posicionamento seria a distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de

agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável

“108”). Esta distância seria a máxima aceitável, pois este seria o posicionamento

para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga

da coluna com flexões. A medida da variável “108” resultou em 63,438 cm,

ocasionando uma diferença de 8,035 cm. Neste caso classificou-se a medida entre o

pedreiro e a argamassa como dentro dos parâmetros antropométricos, pois não

excede o valor da variável “108”.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre a parede e a

argamassa foi em média de 61,8 cm. A distância entre o pedreiro e a parede é de

48,5 cm em média, então, subtraindo-se as medidas, obteve-se que a argamassa

esta posicionada13,3 cm atrás (porém na diagonal) do trabalhador. Isto faz com que

haja aumento da rotação de tronco, movimento muitas vezes lesivo para a coluna

vertebral.

A altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento

resultou em uma média de 25,7 cm. Se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável

“146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em

pé) e os tijolos a 25,7 cm, existe uma diferença de 49,6 cm em média, diferença esta

que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir

alcançar os tijolos. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e

Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade

deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a

altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”), equivalente a

Capítulo 4 Resultados e discussão 93

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

108,99 cm, da altura média dos tijolos equivalente a 25,70 cm, encontra-se um

resultado de 83,29 cm. Este valor indica que no mínimo a superfície dos tijolos

utilizados está a 53,29 cm abaixo do que deveria, incrementando enormemente as

flexões de coluna utilizadas para esta atividade em determinados momentos.

A altura do posicionamento da argamassa utilizada durante o assentamento

de tijolos foi em média de 31,9 cm. Utilizando-se o mesmo pensamento

anteriormente relatado, se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura

das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e a

argamassa a 31,9 cm do solo, existe uma diferença de 43,4 cm em média, diferença

esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir

alcançar a argamassa. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e

Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade

deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a

altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”) da altura média

do posicionamento da argamassa, encontra-se um resultado de 77,09 cm ,

indicando que a superfície dos tijolos utilizados está a pelo menos 47,09 cm abaixo

do indicado, incrementando novamente as flexões de coluna utilizadas para a

atividade.

A tabela 20 apresenta de forma sucinta as situações encontradas, a análise e

as providências recomendadas para as zonas 1 e 2 do levantamento.

Capítulo 4 Resultados e discussão 94

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 20 Situações encontradas, análise e providên cias recomendadas nas zonas 1 e 2

Situações encontradas Análise Providências recomen dadas

Distância entre o pedreiro e a parede resultou em 48,5 cm

Medida aceitável Manter distância inferior a 54,51 cm

Distância entre o pedreiro e os tijolos resultou em 48,75 cm

Medida aceitável Manter distância máxima inferior a 63,438 cm

Distância entre o pedreiro e a argamassa resultou em 55,4 cm

Medida aceitável Manter distância máxima inferior a 63,438 cm

Distância entre a parede e a argamassa resultou em 61,8 cm

Pouco adaptada gerando aumento da rotação de tronco

Manter distância máxima inferior a 48,5 cm

Altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento resultou em uma média de 25,7 cm

Pouco adaptada compensando com flexões de tronco para conseguir alcançar os tijolos

Manter altura mínima de 75,3 cm do solo

Altura do posicionamento da argamassa resultou em uma média de 31,9 cm

Pouco adaptada compensando com flexões de tronco para conseguir alcançar a argamassa

Manter altura mínima de 75,3 cm do solo

4.7.2 Pedreiro posicionado no andaime (zonas 3 e 4 do levantamento)

À medida que se encontrou quando aferida a distância entre o pedreiro e a

parede resultou em 47,083 cm. A distância entre o ombro (acrômio) a mão em

posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na horizontal

anteriorizado (variável “108”), seria a medida máxima aceitável, pois este seria o

posicionamento para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem

realizar sobrecarga da coluna com flexões. Porém o posicionamento de trabalho

com menor risco postural seria com membro superior do trabalhador com flexão de

cotovelo de aproximadamente 30 graus. Diminuindo-se o valor da variável “60” (meio

do ombro a base com o trabalhador em pé) pelo da variável “131” (punho a base

com o trabalhador em pé) obteve-se o valor da medida do ombro ao punho.

Encontrou-se o valor de 54,51 cm para o comprimento do meio do ombro ao punho.

Portanto a distância para a realização da atividade com menor risco ao trabalhador

seria inferior a 54,51 cm, enquadrando o valor que encontrou-se de 47,083 cm como

aceitável.

Capítulo 4 Resultados e discussão 95

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e os

tijolos foi de 51,5 cm. Porém para que o trabalhador possa pegar os tijolos a medida

máxima seria próximo a 63,438 cm (variável”108”). Neste caso encontrou-se 11,938

cm “de sobra”, classificando este posicionamento como dentro dos padrões

antropométricos, pois possibilita que o pedreiro trabalhe com leve flexão de cotovelo.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e a

argamassa resultou em 52,5 cm. A medida máxima aceitável para este

posicionamento seria a distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de

agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável

“108”). Esta distância seria a máxima aceitável, pois este seria o posicionamento

para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga

da coluna com flexões. A medida da variável “108” resultou em 63,438 cm,

ocasionando uma diferença de 10,938 cm. Neste caso classificou-se a medida entre

o pedreiro e a argamassa como dentro dos parâmetros antropométricos, pois não

excede o valor da variável “108”.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre a parede e a

argamassa foi em média de 53,416 cm. A distância entre o pedreiro e a parede é de

47,083cm em média, então, subtraindo-se as medidas, obteve-se que a argamassa

está posicionada 6,333 cm atrás (porém na diagonal) do trabalhador. Isto faz com

que haja aumento da rotação de tronco, movimento muitas vezes lesivo para a

coluna vertebral.

A altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento

resultou em uma média de 12,916 cm. Se os dedos estão a 75,3 cm do solo

(variável “146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o

trabalhador em pé) e os tijolos a 12,916 cm, existe uma diferença de 62,384 cm em

média, diferença esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de coluna

para conseguir alcançar os tijolos. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo

Dul e Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de

atividade deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém

subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”)

da altura média dos tijolos, encontra-se um resultado de 95,574 cm , indicando que

no mínimo a superfície dos tijolos utilizados está a 65,574 cm abaixo do que deveria,

Capítulo 4 Resultados e discussão 96

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

incrementando enormemente as flexões de coluna utilizadas para esta atividade em

determinados momentos.

A altura do posicionamento da argamassa utilizada durante o assentamento

de tijolos foi em média de 25,083 cm. Utilizando-se o mesmo pensamento

anteriormente relatado, se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura

das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e a

argamassa a 25,083 cm, existe uma diferença de 50,217 cm em média, diferença

esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir

alcançar a argamassa. Subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o

trabalhador em pé (variável “119”) da altura média do posicionamento da

argamassa, encontra-se um resultado de 83,907 cm, indicando que a superfície dos

tijolos utilizados está a pelo menos 53,907 cm abaixo do máximo indicado por Dul e

Weerdmeester (2004), incrementando novamente as flexões de coluna utilizadas

para a atividade.

Outro valor que se avaliou quando o posicionamento do obreiro encontrava-se

acima do andaime é a altura que este andaime estava posicionado em relação ao

solo. A altura média dos andaimes foi de 121,83 cm. Porém deve-se considerar que

a altura média do ombro ao chão foi de 138,51 cm. A média da altura do andaime

está adequada, tendo em vista que não irá ocorrer flexão de ombro acima de 90°, o

que seria extremamente nocivo. Um fato preocupante em relação a altura dos

andaimes concentrou-se nas variações das medidas destes, que subdividiram-se

em três medidas básicas, 140 cm, 130 cm e 74 cm. Quando o andaime estiver

posicionado a 140 cm do solo este adaptava-se antropometricamente às medidas

médias meio do ombro/chão dos trabalhadores pesquisados, sendo que estes não

precisariam em nenhum momento realizar flexão de ombro acima de 90°. Quando o

andaime estiver posicionado a 130 cm, do solo, o trabalhador quando estiver

posicionado acima deste terá que realizar uma flexão de ombro ligeiramente acima

de 90°, pois a parede construída tem 270 cm de altu ra. Irão sobrar 1,49 cm de

parede acima da altura ombro/chão dos trabalhadores pesquisados. Quando o

andaime estiver posicionado a 74 cm, do solo, o trabalhador terá, após subir ao

andaime, que levantar ainda 196 cm de parede, o que fará o trabalhador realizar

Capítulo 4 Resultados e discussão 97

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

flexão de ombro acima de 90° para compensar 57,49 c m acima da altura do meio de

seu ombro.

Avaliou-se a circunferência da pega da colher de pedreiro para verificar sua

adaptação aos padrões do trabalhador. A média da circunferência da colher de

pedreiro resultou em 8,7606 cm, porém o valor da circunferência da pega mais

confortável para os trabalhadores foi de 10,593 cm ou 34 mm, o que apresenta uma

diferença de 1,8324 cm de circunferência entre o confortável e o real. Porém

ressalta-se um ponto positivo que, sendo o valor da circunferência média da pega da

colher de pedreiro menor que o da pega cilíndrica máxima, seu risco fica reduzido,

pois a maior demanda será imposta na palma da mão ao invés dos dedos.

Verificou-se que 50% das medidas dos postos de trabalho apresentam-se não

adaptadas ou pouco adaptadas aos obreiros. Avaliou-se que das 14 medidas que

verificou-se nos postos de trabalho ao nível do solo e acima do andaime, 7 foram

insatisfatórias, quando comparadas a antropometria dos trabalhadores da

construção civil. Sendo a construção civil um grande pólo empregador e a tarefa do

levantamento de paredes indispensável em grande parte das edificações realizadas,

os postos de trabalho do levantamento de paredes devem ser revistos, para enfim,

torná-los mais seguros e adaptados a grande massa de trabalhadores ocupantes

desta função.

A tabela 21 apresenta de forma sucinta as situações encontradas, a análise e

as providências recomendadas para as zonas 3 e 4 do levantamento.

Capítulo 4 Resultados e discussão 98

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Tabela 21 Situações encontradas, análise e providên cias recomendadas nas zonas 3 e 4

Situações encontradas Análise Providências recomen dadas

Distância entre o pedreiro e a parede resultou em 47,083 cm

Medida aceitável Manter distância inferior a 54,51 cm

Distância entre o pedreiro e os tijolos resultou em 51,5 cm

Medida aceitável Manter distância máxima inferior a 63,438 cm

Distância entre o pedreiro e a argamassa resultou em 52,5 cm

Medida aceitável Manter distância máxima inferior a 63,438 cm

Distância entre a parede e a argamassa resultou em 53,416 cm

Pouco adaptada gerando aumento da rotação de tronco

Manter distância máxima inferior a 47,083cm

Altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento resultou em uma média de 12,916 cm

Pouco adaptada compensando com flexões de tronco para conseguir alcançar os tijolos

Manter altura mínima de 75,3 cm do solo

Altura do posicionamento da argamassa resultou em uma média de 25,083 cm

Pouco adaptada compensando com flexões de tronco para conseguir alcançar a argamassa

Manter altura mínima de 75,3 cm do solo

Altura do andaime em relação ao solo resultou em 121,83 cm

Em alguns momentos flexão de ombro acima de 90°

Que o andaime se eleve juntamente com a elevação da parede a ser construída ou a opção de 2 andaimes de alturas, 90 cm e 180 cm

Circunferência da pega da colher de pedreiro resultou em 8,7606 cm

Medida aceitável Porém, o valor da pega de maior conforto para os trabalhadores foi de 10,593

4.8 Sugestões de adaptações dos postos de trabalho aos pedreiros da

Construção Civil

Nas zonas 1, 2, 3 e 4 do levantamento de paredes, com o trabalhador na

zona 1 posicionado ajoelhado ao nível do solo, na zona 2 posicionado em pé ao

nível do solo, na zona 3 posicionado ajoelhado acima do andaime e na zona 4 com o

trabalhador posicionado em pé acima do andaime, a medida do posicionamento

mais próximo do ideal seria que o trabalhador estivesse a uma distância menor que

54,51 cm da parede. De forma geral este trabalhador deverá posicionar-se de modo

que a distância entre ele e a parede seja inferior a distância entre o meio do ombro

Capítulo 4 Resultados e discussão 99

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

ao punho. Este posicionamento permitirá que o trabalhador realize sua tarefa com

flexão de cotovelo e sem flexões de coluna.

Para proporcionar uma melhor adaptação, o trabalhador pode posicionar-se a

aproximadamente 24,84 cm da parede, pois esta medida é a diferença entre as

variáveis 119 e 131 e equivale a medida do comprimento do antebraço. Desta forma

o trabalhador não realizará flexões de ombro de qualquer espécie, mantendo o

braço constantemente encostado ao tronco.

A distância máxima entre o pedreiro e os tijolos, e também a distância máxima

entre o pedreiro e a argamassa, deveria ser inferior a 63,438 cm de cada lado, ou

seja, inferior a distância do ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-

grip”). Ambos os materiais devem posicionar-se levemente a frente dos

trabalhadores para que se evitem as torções de tronco, com o fim de alcançar estes

materiais.

Nas zonas 1 e 3 do levantamento de paredes o trabalhador encontra-se em

grande parte do tempo ajoelhado, posição esta que não deve ser mantida por longos

períodos. A utilização de uma pequena banqueta, mesmo estando longe do ideal,

pode auxiliar para que se alternem os posicionamentos.

Os tijolos e argamassa devem estar posicionados pelo menos a 75,3 cm do

solo (altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em

pé), para que o trabalhador não seja obrigado a realizar flexões de tronco

aumentando a demanda da coluna, quando estiver realizando o levantamento de

paredes nas zonas 2 e 4.

Outro ponto passível de adaptação diz respeito a altura do andaime. O ideal é

que o andaime se eleve juntamente com a elevação da parede a ser construída

(LUTTMANN, JÄGER E LAURIG, 1991), para que se evitem elevações de ombro

desnecessárias. Deve-se lembrar que segundo Dul e Weerdmeester (2004) o ideal é

que a superfície de trabalho, que no caso do levantamento de paredes é a própria

parede a ser levantada, deve estar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos do

trabalhador o que para os trabalhadores estudados equivale a 108,99 cm.

Existe também como segunda opção a possibilidade de utilizar-se 2 andaimes

de alturas, 90 cm e 180 cm, evitando-se também a demanda excessiva dos

Capítulo 4 Resultados e discussão 100

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

membros superiores, principalmente dos ombros durante o levantamento de

paredes.

Com relação à colher de pedreiro sugere-se que sua circunferência seja

adaptada a pega de maior conforto aos trabalhadores, ou seja, aproximadamente

10,593 cm.

Deve-se lembrar que além da adaptação do posto de trabalho aos

trabalhadores, fatores organizacionais das empresas podem ser melhorados com o

intuito de diminuir o risco de DORT. Segundo Looze et al (1996) não é indicada a

redução do peso dos tijolos, pois ocorre a intensificação dos ciclos de trabalho.

Porém a diminuição dos ciclos de trabalho deve ser realizada para diminuir a

repetitividade da tarefa.

A instalação de pausas regulares de trabalho, associadas a alongamentos

principalmente de coluna lombar e membros superiores e ginástica laboral, também

são ferramentas úteis para a diminuição do risco a saúde dos trabalhadores.

Capítulo 5 Conclusões 101

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

5 CONCLUSÕES

A atividade na construção civil apresenta-se como uma forma de trabalho com

grandes exigências físicas para realização de suas tarefas. A utilização da mão de

obra humana é extremamente necessária para sua realização, sendo solicitada em

todos os tipos de atividades desenvolvidas.

Na tarefa do levantamento de paredes a tecnologia como aliada dos

trabalhadores não se apresenta muito presente, havendo então uma maior

solicitação física dos trabalhadores para realização das atividades. Fatores

agregados como o sistema terceirizado de produção, também utilizado por algumas

empresas, favorecem a displicência com a saúde incrementando o aparecimento de

distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

Durante a análise da atividade do trabalhador da construção civil durante a

tarefa do levantamento de paredes nos canteiros estudados, notou-se a utilização de

movimentos por vezes estáticos e por vezes repetitivos corroborando com Marçal et

al (2006) quando estes verificaram a presença da adoção de posturas estáticas e

movimentos repetitivos também nos trabalhadores da construção civil.

Pela análise visual da atividade houve demanda acentuada em coluna

lombar, membros superiores e membros inferiores, e a atividade mostrou-se

extremamente desgastante. Os trabalhadores realizavam com freqüência flexões e

rotações de coluna. Mantinham-se ajoelhados por longos períodos ou permaneciam

em pé também por longos períodos. Em grande parte do tempo do ciclo de trabalho

realizava-se a retirada do excesso de massa ou pegava-se massa, realizando-se

constantemente flexões acentuadas de tronco.

Os trabalhadores, além das pausas prescritas do trabalho, realizavam

constantemente pausas não prescritas, fato que sugere quanto fatigante é a

atividade este fato também foi encontrado nos estudos de Jorgensen, Jensen e Kato

(1991), onde constatou-se a presença de fadiga muscular durante o dia de trabalho

do pedreiro, porém durante o revestimento de paredes.

Capítulo 5 Conclusões 102

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

Constatou-se que os riscos ergonômicos do trabalhador da construção civil

durante o levantamento de paredes de alvenaria são acentuados, variando conforme

a região anatômica estudada e a altura da parede.

Na fase 1 da análise (zonas 1 e 3), as categorias de risco avaliados pelo

software WinOWAS classificaram-se em 75% com risco 4 e 25% com risco 2. O

risco acentuado e em grande porcentagem da análise da fase 1 foi principalmente

pela demanda mais acentuada dos membros inferiores e da coluna. Verificou-se que

as atividades de pegar a massa, pegar e colocar tijolos e retirar o excesso de massa

necessitam de modificações imediatas devido ao alto risco associado.

Utilizando-se ainda o software WinOWAS, porém na fase 2 da análise (zonas

2 e 4), as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS classificaram-se

em 25% com risco 1 e 75% com risco 2. Nota-se a discrepância entre os resultados

da fase 1 da análise com os resultados da fase 2. Este fato ocorreu devido ao

trabalhador estar posicionado ortostaticamente, diminuindo o risco inerente aos

membros inferiores, porém permanecendo alto o risco inerente a coluna (risco 4),

nas atividades de pegar a massa e pegar e colocar os tijolos.

Através da análise do software WinOWAS encontrou-se a coluna como a

região corporal com maior risco de desenvolvimento de DORT nos trabalhadores

estudados, fato que concorda com Stürmer et al (1997) e Goldshevder et al (2002)

onde estes descrevem a região da coluna lombar como a de maior risco de

aparecimento de DORT entre os trabalhadores da construção civil.

Durante a avaliação das localizações das zonas álgicas através do Diagrama

de Corlett, verificou-se que dos 68,13% dos trabalhadores com relatos de dor,

59,67% apresentaram dor em coluna lombar (costas inferior). Na mesma região

encontrou-se a terceira maior média de intensidade álgica dos relatos de dor no

valor de 4,054 (de um total de cinco). Estes fatos corroboram com os estudos de

Stürmer et al (1997) e Goldshevder et al (2002) em relação a maior facilidade de

aparecimento de DORT em coluna lombar.

Em ambas as fases da análise e para todas as atividades o risco para os

braços, segundo o software, resultou em 1. Este resultado indicaria que a postura é

normal e dispensaria cuidados a não ser em casos excepcionais. Este fato foi

Capítulo 5 Conclusões 103

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

controverso a observação direta que realizou-se no canteiro, porém concorda com

os estudos de Sporrong et al (1999), onde estes relataram que os ombros também

representam um local comum de aparecimento de dor em trabalhadores da

construção civil. Este fato entra em contraste com o risco ergonômico encontrado

pelo software WinOWAS para estas estruturas.

Notou-se que havia solicitação constante dos membros superiores durante

todas as fases estudadas, demonstrando repetitividade associada ao levantamento

constante de carga referentes ao peso de cada tijolo colocado, durante grande parte

da jornada laboral.

Encontrou-se 14 relatos de dor em ombro direito entre os trabalhadores da

construção civis estudados, corroborando com Sporrong et al (1999). Quando

agrupadas as queixas dos membros superiores encontrou-se 43 relatos de dor nesta

região corporal, inferior apenas a região da coluna.

Portanto, encontraram-se relatos de dor e verificou-se visualmente demanda

também acentuada na região dos membros superiores. Neste caso sugere-se que

apesar do baixo risco para membros superiores que se avaliou através do software

WinOWAS, também sejam tomados cuidados e realizadas melhoras com relação a

esta região, sendo indicado outros tipos de ferramentas de avaliação.

A precariedade dos postos de trabalho com relação a adaptações aos

trabalhadores exibe explicações para o grande número de relatos de dor

encontrados. Durante a montagem de um posto de trabalho não existem

preocupação quanto a diminuição de demanda ou utilizações de padrões posturais

menos debilitantes. Das 14 medidas que verificaram-se nos postos de trabalho ao

nível do solo e acima do andaime, 57,15 % encontraram-se não adaptadas aos

padrões antropométricos dos pedreiros da construção civil.

Analisando-se o objetivo geral desta pesquisa verificou-se que este foi

atingido. Através da realização de todos os objetivos específicos inicialmente

idealizados pode-se apontar adaptações ergonômicas para o posto de trabalho da

tarefa do levantamento de paredes da construção civil, de modo que se minimiza-se

o risco de aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

Capítulo 5 Conclusões 104

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

À hipótese inicialmente formulada “Os postos de trabalho dos pedreiros na

tarefa do assentamento de tijolos não estão adaptados aos trabalhadores,

necessitando de adequações antropométricas e biomecânicas” mostrou-se

verdadeira.

A atividade durante a tarefa do levantamento de paredes é repetitiva e repleta

de posturas inadequadas a saúde, porém o risco ergonômico não mostrou-se

elevado em todo decorrer da atividade. O risco ergonômico resultou em números

mais acentuados na fase 1 da análise.

Mesmo com um risco ergonômico diminuído na fase 2 da análise, encontrou-

se o risco elevado na fase 1 da análise, relatos de dores osteomusculares em

grande número e demanda acentuada de diversas estruturas na avaliação visual

que obteve-se da atividade. Estes fatos corroboram com a afirmação da hipótese de

que as modificações a serem feitas dizem respeito a alterações biomecânicas.

Muitas das medidas dos postos de trabalho não estavam adaptadas as

medidas corporais dos trabalhadores. Este fato auxilia também na afirmação da

hipótese com relação a necessidade das adaptações antropométricas nos postos de

trabalho.

A atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes demonstrou ser

nociva a saúde quando não planejadas e adaptadas ao trabalhador. Correções

biomecânicas e antropométricas podem e devem ser feitas para a manutenção da

capacidade laborativa e qualidade de vida do obreiro minimizando a instalação dos

DORT e a incapacidade do trabalhador.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

1. Avaliar a existência de risco ergonômico inerente a tarefa do levantamento

de paredes após a adequação do posto aos padrões antropométricas dos

trabalhadores;

2. Análise ergonômica do trabalhador da construção civil durante tarefas

específicas da construção civil

Capítulo 5 Conclusões 105

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

3. Interferência do sistema terceirizado de produção na saúde do trabalhador

da construção civil.

4. Aplicação do método RULA para avaliação do risco ergonômico referente a

tarefa do levantamento de paredes.

Referências 106

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

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Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

111

APÊNDICE A – FOTOS DOS TRABALHADORES E CANTEIROS DE

OBRAS ESTUDADOS

Figura 1 Trabalhador na fase 2 do levantamento de p aredes

Figura 2 Posto de trabalho do levantamento de pared es na fase 1

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

112

Figura 3 Medição da altura da argamassa

Figura 4 Trabalhador durante o assentamento de tijo los

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

113

Figura 5 Trabalhador durante o assentamento de tijo los

Figura 6 Trabalhador durante o assentamento de tijo los

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

114

Figura 7 Trabalhadores desempenhando outras funções

Figura 8 Trabalhador lendo o termo de consentimento

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

115

Figura 9 Medida da pega máxima

Figura 10 Canteiro de obras

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

116

Figura 11 Medição antropométrica

Figura 12 Canteiro de obras

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

117

Figura 13 Trabalhador preenchendo o Diagrama de Cor lett

Figura 14 Canteiro de obras

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

118

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“O LEVANTAMENTO DE PAREDES NA CONSTRUÇÃO CIVIL: ADAP TAÇÃO

ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO SEGUNDO OS PARÂMETR OS

ANTROPOMÉTRICOS DOS TRABALHADORES”

Nome do (a) Pesquisador (a): Viviane Leão Saad

Nome do (a) Orientador (a): Antonio Augusto de Paula Xavier

O Sr. está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa que tem como finalidade apontar

adaptações ergonômicas para o posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da

construção civil, de modo que se minimize o risco de aparecimento de distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho.

Ao participar deste estudo a Sr. permitirá que os pesquisadores:

1. Fotografem e filmem o Sr. em suas atividades de trabalho;

2. Divulguem fotos e os resultados da pesquisa, mantendo seu nome e o nome da empresa em

sigilo;

2. Meçam partes de seu corpo e os locais de seu posto de trabalho;

3. Lhe entreguem um questionário para ser completado;

O Sr. tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em

qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo.

Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através dos telefones dos

pesquisadores.

A participação nesta pesquisa não traz complicações legais ou desconfortos físicos.

Ao participar desta pesquisa o Sr. não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos

que este estudo traga informações sobre possíveis melhoras que possam ser feitas em seu

posto de trabalho. Não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como

nada será pago por sua participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar

desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

119

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto

meu consentimento em participar da pesquisa.

_____________________________

Nome do Participante da Pesquisa

____________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________

Assinatura do Pesquisador (telefone: 9104-4849)

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

120

APÊNDICE C – FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS

FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS

Formulário para coleta de dados

Empresa:

1 - Posicionamento dos materiais:

a) Fase 1 e 2 (no chão):

b) altura dos tijolos:

c) altura da argamassa:

b) Fases 3 e 4 (no andaime)

b) altura dos tijolos:

c) altura da argamassa:

d) altura do andaime:

Pe – pedreiro

Pa – parede

A – argamassa

T – tijolo

Pe – pedreiro

Pa – parede

A – argamassa

T – tijolo

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

121

2. MEDIDAS DAS FERRAMENTAS E MATERIAIS DE TRABALHO:

a) diâmetro do cabo da colher de pedreiro:

b) comprimento do cabo:

ergonômico ( )

reto ( )

c) peso da colher de pedreiro:

d) largura do tijolo (onde ocorre a pega):

e) peso do tijolo:

3. ANTROPOMETRIA

Numeração Descrição Medida 2 Altura total dos trabalhadores

30 Altura dos olhos a base com o trabalhador em pé

119 Altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé

131 Altura do punho a base com o trabalhador em pé

60 Altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé

90 Altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé

146 Altura da articulação dos dedos (metacarpofalangeana) a base com o trabalhador em pé

108 Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na horizontal anteriorizado

151 Pega máxima (garra), polegar indicador, medida com bloco

148 Circunferência da pega cilíndrica

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

122

4. FOTOS E FILMAGEM

5. CRONOMETRO:

Tempo de ciclo de trabalho:

6 . ATIVIDADE DESENVOLVIDA:

7. RISCO WinOWAS

a)Fases 1 e 3:

Coluna Braços Pernas Carga Categoria Geral

Buscar tijolos Pegar massa Pegar tijolos Colocar tijolos Bater no tijolo Retirar o excesso de massa

Verificar o prumo

Apêndices

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

123

b) Fases 2 e 4:

Coluna Braços Pernas Carga Categoria Geral

Buscar tijolos Pegar massa Pegar tijolos Colocar tijolos Bater no tijolo Retirar o excesso de massa

Verificar o prumo

Anexo A Diagrama de Corlett 124

PPGEP – Gestão Industrial (2008)

ANEXO A – DIAGRAMA DE CORLETT

Fonte: adaptado de Corlett e Manenica (1980).

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