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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN Natal/RN 2013

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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES

GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN

Natal/RN 2013

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JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES

GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone.

Natal/RN 2013

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JOÃO PAULO LIMA RODRIGUES

GESTÃO FINANCEIRA EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO NO SETOR SUPERMERCADISTA DE MOSSORÓ-RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovado em: 13/08/2013

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone

Orientador

Universidade Potiguar – UnP

Prof. Dr. Alípio Ramos Veiga Neto

Examinador Interno

Universidade Potiguar – UnP

Prof. Dr. André Gustavo Carvalho Machado

Examinador Externo

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

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Dedico este trabalho à minha família, base fundamental para todas as

conquistas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço,

Ao único que é digno de receber a honra, a glória, a força e o poder, Deus todo-

poderoso, sem O qual jamais teria alcançado bênçãos sem medidas. Que diminua eu pra que

Tu cresças, Senhor.

À minha amada e ajudadora esposa, Arianne, presente em todos os momentos de

minha vida, que mesmo em momentos de dificuldades sempre me fortaleceu e me fez

acreditar nessa vitória, que é nossa!

À minha primogênita princesinha Dominique, com toda sua graça e doçura, que

faz meus dias mais serem mais alegres e renovaram minhas forças para chegar a essa grande

conquista.

Aos meus pais, Vicente e Teresinha, que nunca mediram esforços para verem o

sucesso de seus filhos, sempre ajudando no que for preciso.

Aos meus irmãos, Allyssandra e Rodrigues, pelo apoio e contribuições, os quais

foram essenciais para essa conquista.

Ao meu orientador, professor Dr. Rodrigo Leone, pelos ensinamentos, paciência e

sabedoria na condução desta pesquisa.

A todos os docentes do Mestrado em Administração da Universidade Potiguar,

pelos conhecimentos repassados ao longo do curso, os quais fizeram com que elevasse meu

nível intelectual.

Ao meu grande amigo Jedson Veríssimo, pelo apoio incondicional que sempre me

deste e pela preciosa colaboração.

Aos amigos que fiz durante esta caminhada, principalmente aqueles do itinerário

semanal Mossoró-Natal, Maurílio e Aurineide. Como dizíamos: “Grandes coisas estão por

vir”. Estas coisas chegaram, amigos.

Aos demais amigos que colaboraram direta ou indiretamente nesta caminhada.

Aos gestores das empresas pesquisadas, pela disponibilidade e recepção cortês

com que nos receberam quando da aplicação desta pesquisa.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

pela oportunidade de realização deste trabalho.

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“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

Novo Testamento, Evangelho de João, capítulo 8, versículo 32.

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas empresas do setor supermercadista de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte. A pesquisa caracterizou-se como descritiva, de caráter essencialmente quantitativo e quanto aos meios de investigação como pesquisa de campo. O universo da pesquisa foi constituído por 70 empresas, informação obtida a partir de consulta junto à JUCERN – Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte. Optou-se por realizar a pesquisa do tipo censitária. Como instrumento de coleta foi utilizado um questionário estruturado, com base em 11 dimensões envolvendo temas de gestão financeira, coletados a partir de estudos empíricos nacionais e internacionais. Dentre os principais resultados, detectou-se que as empresas utilizam apenas ferramentas básicas de controle financeiro, como controle do patrimônio imobilizado, controle de estoques, contas a pagar, contas a receber, prazos médios de pagamento e de recebimento. Como fatores positivos, elas ainda demonstraram conhecer a margem de contribuição de seus produtos, o custo dos mesmos, aproveitam-se do ganho de escala e sabem onde estão seus gargalos financeiros. Por outro lado, diversos problemas ou falhas gerenciais foram detectados: inexistência de fluxogramas de procedimentos financeiros; falta de relatórios para tomada de decisão; adoção de critérios subjetivos, como o feeling e a confiança nos clientes na concessão de crédito, desprezando critérios objetivos como informações de proteção ao crédito, informações do histórico de clientes em suas relações comerciais, bem como suas informações pessoais, como renda, estado civil, escolaridade, idade e sexo; total falta de planejamento e orçamento financeiro; falta de estudo acerca das possibilidades de investimento e financiamento; inutilização de indicadores e instrumentos financeiros, como indicadores de atividade, de rentabilidade, de liquidez e de endividamento, ciclos operacional e financeiro, ponto de equilíbrio e técnicas de análise de investimentos; e desprezo das informações contábeis e financeiras quando da elaboração de relatórios gerenciais (para aquelas que raramente os fazem), da formulação de estratégias e da tomada de decisões. Estabelecem seus preços principalmente baseados nos preços da concorrência, e, em menor escala, adotando a taxa mark-up. Com relação aos problemas gerenciais e financeiros enfrentados, a concorrência foi a mais evidente, seguido de falta de capital de giro, falta de organização, conjuntura econômica, falta de conhecimentos técnico-gerenciais, carga tributária elevada e dificuldades ou restrições de crédito no mercado. Da análise de correlação de Spearman, o que se pôde detectar foi que falhas gerenciais em aspectos como “Planejamento Financeiro”, “Relatórios Gerenciais”, “Formulação de Estratégias”, “Tomada de Decisões” e “Avaliação de Investimentos e Financiamentos” refletem principalmente em problemas internos ou inerentes às empresas, os quais elas detêm controle e podem ser gerenciados, como falta de organização, falta de capital de giro e falta de conhecimentos técnico-gerenciais para conduzir o negócio. Já problemas de crédito no mercado, carga tributária, concorrência e conjuntura econômica são externos às empresas, portanto incontroláveis por elas. Palavras-chave: Gestão financeira. Micro e pequenas empresas. Supermercados. Problemas gerenciais e financeiros.

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ABSTRACT

The present study aims to analyze the practices and problems of financial management in micro and small enterprises in the supermarket sector of Mossoró in the State of Rio Grande do Norte. The research was characterized as descriptive of character essentially quantitative and the means of research as field research. The research comprised 70 companies, information obtained from consultation with local JUCERN – Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte. We chose to conduct the census type research. As data collection instrument was used a structured questionnaire based on 11 dimensions involving issues of financial management, collected from national and international empirical studies. Among the main results, it was found that companies using only basic tools of financial control, and control of fixed assets, inventory control, accounts payable, accounts receivable, average payment and receipt. As positive factors, they still knew about the contribution margin of their products, their cost, take advantage of economies of scale and know where your financial bottlenecks. On the other hand, many problems or management failures were detected: no flowcharts financial procedures; lack of reports for decision making; adoption of subjective criteria, such as the feeling and confidence in clients in lending, flouting objective criteria such information credit protection, customer history information in their business relationships, as well as your personal information such as income, marital status, education, age and sex; total lack of financial planning and budgeting; lack of study on the possibilities of investment and financing; destruction of indicators and financial instruments, such as activity indicators, profitability, liquidity and leverage, financial and operational cycles, equilibrium and techniques of investment analysis; and contempt of accounting and financial information when preparing management reports (for those who rarely do), strategy formulation and decision making. They set their prices based primarily on price competition and, to a lesser extent, adopting the mark-up rate. With respect to managerial and financial problems faced competition was the most obvious, followed by lack of capital, lack of organization, economic conditions, lack of technical and managerial expertise, high taxes and credit constraints or difficulties in the market. The Spearman correlation analysis, which was detected was that management failures in aspects such as "Financial Planning", "Management Reports", "Strategy Formulation", "Decision Making" and "Evaluation of Investment and Financing" primarily reflect problems inherent or internal in companies, which they own and control can be managed, such as lack of organization, lack of capital and lack of technical and managerial expertise to conduct business. Have credit problems in the market, taxes, competition and economic conditions are external to firms, therefore uncontrollable by them. Keywords: Financial Management. Micro and small enterprises. Supermarkets. Managerial and financial problems.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Critério de classificação das empresas ................................................................ 22

Figura 2 Os ciclos do balanço patrimonial ........................................................................ 29

Figura 3 Capital circulante líquido positivo ...................................................................... 30

Figura 4 Capital circulante líquido negativo ..................................................................... 31

Figura 5 Exemplo de cálculo da NCG, CCL e ST ............................................................. 33

Figura 6 Efeito tesoura ..................................................................................................... 34

Figura 7 Ciclo operacional, econômico e financeiro ......................................................... 35

Figura 8 Custos de concessão de crédito ........................................................................... 42

Figura 9 Os “C’s” do crédito ............................................................................................ 45

Figura 10 Indicadores financeiros ....................................................................................... 60

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Gráficos box-plot para a dimensão Organização e Controle ................................ 85

Gráfico 2 Gráfico de dispersão para a dimensão Organização e Controle............................ 85

Gráfico 3 Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Capital de Giro ............................ 88

Gráfico 4 Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Capital de Giro ....................... 89

Gráfico 5 Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Crédito ........................................ 93

Gráfico 6 Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Crédito ................................... 94

Gráfico 7 Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Custos e Formação de Preço ........ 98

Gráfico 8 Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Custos e Formação de Preço ... 99

Gráfico 9 Gráficos box-plot para a dimensão Planejamento, Orçamento e Controle .......... 103

Gráfico 10 Gráfico de dispersão para a dimensão Planejamento, Orçamento e Controle .... 103

Gráfico 11 Gráficos box-plot para a dimensão Avaliação de Investimentos e Financiamentos .......................................................................................................................................... 105

Gráfico 12 Gráfico de dispersão para a dimensão Avaliação de Investimentos e Financiamentos .................................................................................................................. 106

Gráfico 13 Gráficos box-plot para a dimensão Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros ........................................................................................................................ 108

Gráfico 14 Gráfico de dispersão para a dimensão Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros ........................................................................................................................ 109

Gráfico 15 Gráficos box-plot para a dimensão Demonstrativos, Indicadores e Métodos ..... 113

Gráfico 16 Gráfico de dispersão para a dimensão Demonstrativos, Indicadores e Métodos 113

Gráfico 17 Gráficos box-plot para a dimensão Relevância das Informações Contábeis e Financeiras ......................................................................................................................... 116

Gráfico 18 Gráfico de dispersão para a dimensão Relevância das Informações Contábeis e Financeiras ......................................................................................................................... 117

Gráfico 19 Gráficos box-plot para a dimensão Problemas Gerenciais e Financeiros ........... 120

Gráfico 20 Gráfico de dispersão para a dimensão Problemas Gerenciais e Financeiros ...... 121

Gráfico 21 Gráfico de dispersão para a pontuação total obtida por cada empresa ............... 122

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil das empresas ............................................................................................ 77

Tabela 2 Organização e Controle ...................................................................................... 82

Tabela 3 Análise de Capital de Giro ................................................................................. 86

Tabela 4 Análise de Crédito ............................................................................................. 90

Tabela 5 Análise de Custos e Formação de Preço ............................................................. 95

Tabela 6 Planejamento, Orçamento e Controle ............................................................... 100

Tabela 7 Avaliação de Investimentos e Financiamentos ................................................. 104

Tabela 8 Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros ......................................... 107

Tabela 9 Demonstrativos, Indicadores e Métodos ........................................................... 110

Tabela 10 Relevância das Informações Contábeis e Financeiras ....................................... 114

Tabela 11 Problemas Gerenciais e Financeiros ................................................................. 118

Tabela 12 Correlação de Spearman entre Planejamento Financeiro e Problemas Gerenciais e Financeiros ........................................................................................................................ 123

Tabela 13 Correlação de Spearman entre Relatórios Gerenciais e Problemas Gerenciais e Financeiros ........................................................................................................................ 124

Tabela 14 Correlação de Spearman entre Formulação de Estratégias e Problemas Gerenciais e Financeiros ........................................................................................................................ 124

Tabela 15 Correlação de Spearman entre Tomada de Decisões e Problemas Gerenciais e Financeiros ........................................................................................................................ 125

Tabela 16 Correlação de Spearman entre Avaliação de Investimentos e Financiamentos e Problemas Gerenciais e Financeiros ................................................................................... 126

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................................. 13

1.2 PROBLEMÁTICA ......................................................................................................... 15

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 16

1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 16

1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 16

1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 19

2.1 GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS....................................................... 19

2.2 GESTÃO FINANCEIRA DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS .............................. 22

2.3 GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO ................................................................................ 25

2.4 ANÁLISE DE CRÉDITO .............................................................................................. 37

2.5 ANÁLISE DE CUSTOS ................................................................................................ 45

2.6 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS...................... 52

2.7 ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................... 61

2.8 DECISÕES DE FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO ............................................ 65

3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 72

3.1 TIPO DE PESQUISA..................................................................................................... 72

3.2 UNIVERSO / AMOSTRA DA PESQUISA ................................................................... 72

3.3 VARIÁVEIS ANALÍTICAS .......................................................................................... 73

3.4 COLETA DE DADOS ................................................................................................... 75

3.4.1 Instrumento ............................................................................................................... 75

3.4.2 Plano de coleta ........................................................................................................... 75

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................................................... 76

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4. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................... 77

4.1 DIMENSÃO 1: PERFIL................................................................................................. 77

4.2 DIMENSÃO 2: ORGANIZAÇÃO E CONTROLE ........................................................ 81

4.3 DIMENSÃO 3: ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO ..................................................... 85

4.4 DIMENSÃO 4: ANÁLISE DE CRÉDITO ..................................................................... 89

4.5 DIMENSÃO 5: ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO .......................... 94

4.6 DIMENSÃO 6: PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E CONTROLE ............................ 99

4.7 DIMENSÃO 7: AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOS ........ 104

4.8 DIMENSÃO 8: RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS .......................... 106

4.9 DIMENSÃO 9: DEMONSTRATIVOS, INDICADORES E MÉTODOS ..................... 109

4.10 DIMENSÃO 10: RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ................................................................................................................. 114

4.11 DIMENSÃO 11: PROBLEMAS GERENCIAIS E FINANCEIROS ........................... 117

4.12 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO DE VARIÁVEIS ..................................................... 122

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 127

5.1 LIMITAÇÕES E PESQUISAS FUTURAS .................................................................. 130

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 131

APÊNDICES .................................................................................................................... 147

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Na atual conjuntura econômica mundial, percebe-se avanço e expansão da

competitividade entre as organizações na disputa pelos mercados. Segundo Mendonça (2002),

houve muitas transformações no âmbito organizacional devido a várias mutações da economia

internacional, como por exemplo, a elevação da concentração de capital, novas tecnologias e

ferramentas de gestão, modificações nos hábitos de consumo e nas relações de trabalho, bem

como maior inserção no nosso país das redes mundiais de varejo. Lastres, Cassiolato e Maciel

(2003) denotam um cenário econômico de baixo índice de crescimento do produto, elevação

do desemprego, em virtude do crescimento da população brasileira, concorrência

intercapitalista acirrada e ampliação da flexibilização. Segundo Scarborough e Zimmerer

(1996), diversas transformações ocorrem constantemente no âmbito das empresas,

caracterizadas pelos processos de reengenharia e reestruturação, reduzindo as camadas de

colaboradores, conhecido como downsizing. Loddi (2008) também argumenta sobre as

mudanças que estão ocorrendo nas organizações. Segundo ele, junto à economia brasileira, os

conceitos administrativos estão evoluindo e estão sendo fortalecidos pelas teorias das escolas

de administração, bem como pelos estudos contemporâneos realizados, melhorando

significativamente o sistema de gestão nas empresas.

Diante de tal situação, as empresas precisam se municiar de instrumentos que lhes

deem maior segurança em suas operações, como forma de se prepararem para enfrentar a

elevada concorrência, de modo que elas se veem impelidas a buscar ferramentas como forma

de auxílio no planejamento e controle de seus recursos, utilizando-os de maneira adequada,

para que possam atingir seus objetivos e não apenas alcançarem, mas, principalmente,

manterem a competitividade que as fazem sobreviver no mercado. Por isso, a necessidade de

os gestores buscarem continuamente informações relevantes que norteiem as suas decisões.

A utilização eficiente de instrumentos e técnicas de gestão financeira possibilita às

empresas conhecerem melhor os rumos que elas estão tomando. Dentre outras vantagens, é

possível avaliar o patrimônio da empresa, controlar seus estoques, emitir relatórios gerenciais,

gerenciar melhor o caixa, conhecer seu poder de pagamento, saber o quanto está custando seu

produto, identificar onde estão seus gargalos financeiros e planejar com mais eficiência suas

finanças, de maneira que possam ter maiores subsídios para uma melhor tomada de decisão.

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As micro e pequenas empresas (MPE’s) possuem uma representatividade bastante

significativa no cenário nacional. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE, 2010) as MPE’s respondem por 98% dos estabelecimentos

produtivos, responsáveis por cerca de 20% do PIB e 60% da oferta de emprego. O Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) também enfatiza a importância das

pequenas empresas. Segundo ele 97,4% de unidades locais são de pequenas e médias

empresas em geral; enquanto apenas 2,6% representam grandes empresas. Representam

54,6% do pessoal assalariado, 70% do total do pagamento dos salários e outras remunerações,

sendo a média salarial de 2,4 salários mínimos.

Apesar da significativa representatividade das micro e pequenas empresas no

cenário nacional, a sua gestão é caracterizada por algumas peculiaridades, que acabam por

gerar dificuldades ou problemas na condução do seu negócio. De acordo com Souza (2007)

são comuns as micro e pequenas empresas enfrentarem algumas situações como a elevada

concorrência, falta de capital de giro próprio, vendas sazonais, ausência de um controle dos

custos, estoques mal dimensionados, falta de critérios na análise dos clientes e no método de

formação do preço de venda, ou seja, são fatores que acabam contribuindo para o insucesso de

muitas empresas desse porte.

O contexto dos pequenos supermercados é caracterizado por uma crescente

evolução dos níveis de exigência dos seus consumidores, que sabem escolher melhor aquele

que lhes ofereça maior valor agregado, realizando pesquisa de preço, requerendo diversidade

de produtos, com vistas a chegar a uma melhor negociação (QUEIROZ, SOUZA,

GOUVINHAS, 2007). Segundo Carvalho et al. (2005), os pequenos supermercados são

constituídos por empresas familiares, com poucos funcionários, orçamento limitado, contando

com o gerente-proprietário desempenhando diversos papéis, inclusive operacionais, tomando

decisões com base na intuição, haja vista não possuir conhecimentos e habilidades gerenciais

para gerir melhor o seu negócio. Ghisi (2005) traz alguns dados sobre o setor supermercadista

brasileiro: 80% são de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais; 61,1% do

total de lojas têm um número médio de até 7 check-outs; 30,3% das lojas supermercadistas do

Brasil são jovens (possuem, no máximo, cinco anos) e somente 15,9% têm mais de 20 anos;

27% dos supermercados brasileiros concentram-se no estado de São Paulo (maior

concentração por Estado brasileiro); apenas 2,1% dos supermercados brasileiros possuem área

superior a 2.500 m2 e são considerados grandes lojas; as 5 principais redes supermercadistas

do Brasil detém 38,1% do faturamento anual do setor no país, que alcançou a marca dos R$

243 bilhões em 2012, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS).

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Tanto as grandes empresas quanto aquelas classificadas como micro e de pequeno

porte precisam realizar investimentos em ferramentas e técnicas administrativas modernas

para conseguirem competir no mercado globalizado. As diferenças entre elas abrangem itens

como a flexibilidade, velocidade de mudança e capacidade de atuar em nichos de mercado

(DEAN; BROWN; BAMFORD, 1998). De acordo com Wheelen e Hunger (1993) os fatores

decisivos de sucesso dos pequenos empreendimentos são a flexibilidade e rapidez na tomada

de decisões. Por outro lado, a resistência a mudanças e o conservadorismo podem minar as

aspirações do pequeno empresário.

1.2 PROBLEMÁTICA

De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE (2007), os fatores que mais

causam a mortalidade das empresas estão relacionados à gestão financeira, com a falta de

capital de giro ficando em primeiro lugar (42%) e problemas financeiros em terceiro lugar

(21%), fechando o pódio a falta de clientes em segundo lugar (25%). Outros fatores citados

foram nesta ordem: maus pagadores (16%), falta de crédito bancário (14%), recessão

econômica do país (14%), outra razão (14%), ponto/local inadequado (8%), falta de

conhecimento gerenciais (7%), problemas com a fiscalização (6%), falta de mão-de-obra

qualificada (5%), instalações inadequadas (3%) e carga tributária elevada (1%). Dessa forma,

fica caracterizada uma deficiência por parte dos empresários em saber conduzir a gestão

financeira de seu negócio, o que afeta de maneira significativa os resultados das empresas.

Estudo realizado pelo SEBRAE/RN (2005) confirma os fatores financeiros como sendo os

principais responsáveis pelo fechamento das empresas no Rio Grande do Norte. Segundo a

pesquisa, em primeiro lugar está a falta de capital de giro (44,1%), em segundo a carga

tributária elevada (40,7%) e problemas financeiros no terceiro posto, com 26%.

A utilização das ferramentas e técnicas de gestão financeira nas empresas visa

obter informações estratégicas, tendo como objetivo melhorar a tomada de decisão em uma

organização, fazendo com que as informações contábeis tenham uma leitura mais prática, sem

se prenderem somente para atender às exigências fiscais. Sendo assim, tem-se que a análise

das práticas de gestão financeira adotadas nas micro e pequenas empresas é um elemento de

grande utilidade para melhorar o desempenho empresarial, podendo contribuir numa maior

eficiência das transações que a empresa executa, tais como: as transações a prazo de compra e

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venda de mercadorias; a avaliação da eficiência administrativa e da situação econômico-

financeira.

Conforme Garcia (2004), uma análise aprofundada da gestão financeira dentro da

própria empresa, buscando compreender como ela é realizada, torna-se relevante e necessária,

apesar da política tributária vigente, das críticas manifestas ao sistema econômico do país e de

muitas outras circunstâncias externas à empresa, haja vista os fatores financeiros serem

apontados como os principais fatores responsáveis pela mortalidade das empresas.

Nesse contexto, restou-se evidenciada uma oportunidade de pesquisa de analisar

as práticas de gestão financeira adotadas pelas micro e pequenas empresas, mais

especificamente no setor supermercadista do município de Mossoró, no estado do Rio Grande

do Norte, tendo em vista o contínuo crescimento desse ramo empresarial na região. Diante de

tal problemática, a proposta desta pesquisa é responder à seguinte questão:

Quais as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas

empresas do setor supermercadista de Mossoró-RN?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Analisar as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas

empresas do setor supermercadista de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte.

1.3.2 Objetivos específicos

Traçar o perfil das empresas participantes e de seus gestores financeiros;

Identificar os instrumentos e técnicas de gestão financeira utilizados pelas

empresas envolvidas;

Apontar os problemas gerenciais e financeiros enfrentados pelas empresas

pesquisadas.

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1.4 JUSTIFICATIVA

Foi abordado na contextualização (seção 1.1) que é perceptível a crescente

competição e exigências do mercado globalizado. Também foi enfatizado que os fatores que

mais causam a mortalidade das empresas estão associados a fatores financeiros. De acordo

com Scarborough e Zimmerer (1996), os gestores que desprezam as questões financeiras de

seu negócio podem acabar contribuindo para piorar a estatística de mortalidade das empresas.

Dessa forma, justifica-se a pesquisa em questão, pois como se vê, uma análise detalhada do

que ocorre na gestão financeira das micro e pequenas empresas poderá trazer novas

contribuições e informações sobre os motivos que as fazem fracassar na condução de suas

finanças. A análise das práticas de gestão financeira adotadas nas empresas do ramo

supermercadista pode gerar um fator diferencial e decisivo nos rumos que elas podem tomar.

Como foi evidenciado anteriormente, as micro e pequenas empresas possuem uma

significativa representatividade na economia nacional, sendo alvo até de ações

governamentais com leis específicas para elas, tornando este fato outra justificativa para a

realização do estudo.

A pesquisa em estudo foi concebida diante do baixo índice de exploração acerca

do tema em questão, ou seja, no que diz respeito à análise das práticas de gestão financeira

das micro e pequenas empresas do setor supermercadista.

A aplicação dessa ferramenta aliada a uma contabilidade gerencial, considerada

também uma ferramenta importante de controle por oferecer informações seguras e precisas,

pode fazer um grande diferencial nos resultados das empresas, tornando a gestão financeira do

empreendimento mais eficiente. Sendo assim, tem-se que a análise das práticas de gestão

financeira adotadas nas micro e pequenas empresas poderá contribuir na evolução do

desempenho empresarial, possibilitando maior eficiência das transações que a empresa

executa, tais como: as transações a prazo de compra e venda de mercadorias; a avaliação da

eficiência administrativa e da situação econômico-financeira.

O resultado dessa pesquisa poderá trazer benefícios significantes ao setor

supermercadista, contribuindo para o “despertar” dos gestores em dar a devida importância às

informações contábeis e financeiras que eles dispõem em sua própria empresa, haja vista que

a função da contabilidade e também a financeira ainda é interpretada, muitas vezes, de uma

forma arcaica e legalista, onde a principal utilidade é garantir o cumprimento das exigências

legais, no qual prevalece uma predisposição distorcida de suas funções. Grande parte dos

gestores ignora o fato de a contabilidade, alimentada diariamente pelas movimentações

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18

financeiras, se constituir em uma importante ferramenta para a informação gerencial e

indispensável à gestão financeira.

Este estudo irá agregar maiores conhecimentos para o autor no que diz respeito à

administração financeira, contribuindo para o seu desenvolvimento profissional, haja vista o

mesmo atuar profissionalmente no setor financeiro de uma instituição de ensino. Justifica-se

ainda esta pesquisa pela atualidade do tema, ou seja, a sua inserção no contexto atual e

também o momento competitivo e turbulento no qual o setor supermercadista brasileiro se

encontra.

Diante do exposto surgiu, então, a oportunidade de analisar as práticas e os

problemas de gestão financeira adotadas pelas micro e pequenas empresas do setor

supermercadista do município de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte.

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19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

As empresas classificadas como micro e de pequeno porte vêm cada vez mais

ganhando espaço e importância no âmbito econômico e social, juntamente com seu

crescimento evidente e contínuo. Longenecker, Moore e Petty (1997) comentam esse fato e

ainda fazem uma comparação com as grandes empresas. Segundo esses autores uma empresa

de pequeno porte oferece diversas oportunidades de emprego para a população e a economia,

ao passo que as de grande porte estão se comprimindo e demitindo funcionários. Terence

(2002) corrobora esse pensamento quando afirma que essas empresas contribuem para o

desenvolvimento econômico das nações, haja vista incitam a competição, produzem bens e

serviços com mais eficiência, já que possuem estruturas enxutas, além de contribuir para as

empresas de grande porte, ao exercer funções de suporte conectando os produtores aos

clientes.

De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE, 2010) as micro e pequenas empresas respondem por 98% dos

estabelecimentos produtivos, responsáveis por cerca de 20% do PIB e 60% da oferta de

emprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) também enfatiza a

importância das pequenas empresas. Segundo a instituição 97,4% de unidades locais são de

pequenas e médias empresas em geral; enquanto apenas 2,6% representam grandes empresas.

Representam 54,6% do pessoal assalariado, 70% do total do pagamento dos salários e outras

remunerações, sendo a média salarial de 2,4 salários mínimos.

Kruglianskas (1996) afirma que a presença de um considerável número de

pequenas empresas na economia favorece a estabilidade social e política, acarretando em

melhor distribuição de renda e menor concentração de mercado. Pinheiro (1996) aborda a

contribuição das pequenas empresas no âmbito social, com a ampliação da classe média, uma

vez que permite ao trabalhador assalariado alcançar a posição de micro ou pequeno

empresário, além de absorver mão-de-obra não qualificada, minimizando a imigração inter-

regional. Nesse contexto, fica evidenciada a relevância assumida pelas micro e pequenas

empresas. Alguns motivos são elencados por Longenecker, Moore e Petty (1997) para

justificar o crescimento repentino das empresas de pequeno porte, permitindo que estas se

diferenciem no atual mercado competitivo, tais como a flexibilidade (tanto estrutural, para

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20

contratação de mão-de-obra e também na criação de produtos personalizados) e novas

tecnologias, tornando mais eficiente a produção em menor escala.

Nakamura (2000) afirma que a gestão de pequenas empresas está atrelada às suas

características, classificadas em pessoalidade, informalidade e administração não profissional.

A pessoalidade está relacionada à personalidade e características da figura do dirigente

proprietário, que em geral ocupa a maior parte de seu tempo com problemas de curto prazo,

não enxergando questões estratégicas de médio e longo prazo, correndo riscos de perda de

competitividade, preferem o individualismo e o conservadorismo, improvisam uma ação

planejada, enfatizam o produto e não o cliente. Verifica-se também na gestão das pequenas

empresas a não profissionalização da gestão financeira, administram intuitivamente, possuem

conhecimentos tecnológicos, econômicos e sociais obsoletos, não possuem conhecimentos de

técnicas de administração, concentram funções, decisões e poderes, baixo grau de

formalidade, estrutura simples e flexível, reduzido grau de maturidade, escassez de recursos,

não possuem poder de barganha quando da negociação com fornecedores, pequena

participação no mercado, capital financiado basicamente pelo proprietário, além de que,

muitas vezes, a pequena empresa é do tipo familiar, no qual os próprios membros da família

ocupam cargos que exigem conhecimento e competência técnica, e nem sempre os ocupantes

desses cargos possuem a qualificação necessária para o desempenho de suas funções.

(LEONE, 1999; LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997; PINHEIRO, 1996; TAYLOR,

1999).

As pequenas empresas também possuem como característica serem administradas

por um único dirigente proprietário, o que faz com que o processo de tomada de decisão

ocorra com maior rapidez, conferindo uma maior flexibilidade a essa estrutura empresarial

(CASSAROTO FILHO; PIRES, 1998). Terence (2002) também observa alguns fatores

positivos nas MPE’s, como a flexibilidade, proximidade com clientes e fornecedores,

funcionários mais dedicados e maior rapidez para modificar produtos e processos.

Barros e Modonesi (1993) consideram os problemas enfrentados pelas pequenas

empresas como internos e externos. Citam como problemas internos: centralização de

decisões, estrutura organizacional não definida, limitada capacidade administrativa dos

gerentes, decisões tomadas com base na intuição, falta de planejamento financeiro, de

controles de estoques e de controle de qualidade na aquisição de matéria-prima. Já como

problemas externos mencionam a instabilidade e expansão dos mercados, exigências fiscais

por parte dos órgãos governamentais e falta de um bom modelo de financiamento em longo

prazo.

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21

Terence (2002) classifica as características das pequenas empresas em

comportamentais, estruturais e contextuais. As características comportamentais são aquelas

relacionadas aos atributos do dirigente da empresa, incluindo seus valores e ideologia, como o

improviso, imediatismo, inabilidade de gerir o tempo e poder centralizado. As propriedades

estruturais estão ligadas à sua estrutura funcional, como relações informais, falta de

profissionalização da administração, estrutura organizacional achatada, escassez de recursos e

pessoal qualificado, ausência de planejamento e de utilização de técnicas gerenciais. E os

atributos contextuais associam-se ao ambiente externo da empresa, portanto são

características não controláveis pelos dirigentes da empresa, como a dificuldade de

informações do mercado e produtos.

Existem diversas formas de classificação do porte das empresas. As mais

utilizadas são aquelas que levam em consideração o número de empregados, faturamento,

investimentos, capital registrado e quantidade produzida (MATIAS; LOPES JÚNIOR, 2002).

Cardeal (2006) afirma que a adoção de critérios de classificação do porte das empresas

estimula o desenvolvimento das pequenas empresas, tendo em vista os incentivos fiscais e o

tratamento diferenciado obtido por parte dos órgãos governamentais. Vale salientar que não

há critério ideal para estabelecer uma classificação das empresas, sendo que se considera o

mais adequado aquele que atenda os propósitos de sua adoção. Para fins desta pesquisa,

adotar-se-á para definir o porte da empresa o critério do número de funcionários, por ser

aquele mais utilizado no país e pela facilidade de classificação, pois facilmente é obtido esse

dado, ao passo que outros dados mais inacessíveis são necessários para classificar as empresas

através de outros critérios. O IBGE (2008) discorre acerca dos critérios adotados para

classificação das empresas em micro, pequena e média empresa no Brasil (Figura 1).

Tanto as empresas de grande porte quanto as micro e pequenas precisam realizar

investimentos em ferramentas e técnicas administrativas modernas para conseguirem competir

no mercado globalizado. As diferenças entre elas abrangem itens como a flexibilidade,

velocidade de mudança e capacidade de atuar em nichos de mercado (DEAN; BROWN;

BAMFORD, 1998). Para Wheelen e Hunger (1993) os fatores decisivos de sucesso dos

pequenos empreendimentos são a flexibilidade e rapidez na tomada de decisões, ao passo que

a resistência a mudanças e o conservadorismo podem minar com as aspirações do pequeno

empresário.

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22

Figura 1: Critério de classificação das empresas CRITÉRIOS DE

ENQUADRAMENTO RECEITA ANUAL NÚMERO DE

FUNCIONÁRIOS Lei. 9.841 de 05/10/1999 Microempresas Até R$ 244 mil Empresas de pequeno porte De R$ 244 mil a R$ 1,2 milhões SEBRAE Microempresas De 0 a 9 Empresas de pequeno porte Comércio e serviços De 10 a 49 Indústria De 20 a 99 Média empresa De 100 a 499 BNDES Microempresas Até US$ 400 mil Empresas de pequeno porte De US$ 400 mil a US$ 3,5 milhões RAIS/MTE Microempresas De 0 a 19 Empresas de pequeno porte De 20 a 99 Média empresa De 100 a 499 Fonte: IBGE (2008, p.17)

2.2 GESTÃO FINANCEIRA DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Os fatores determinantes para que uma empresa obtenha sucesso ou fracasso nos

seus negócios passam fundamentalmente pela forma como ela conduz suas finanças. A

compreensão dos princípios e fundamentos da administração financeira torna-se crucial para

que haja boa gestão empresarial. Azevedo (2010) assevera que o setor financeiro de uma

empresa é amplo e dinâmico, de maneira que deve ser administrada por meio de critérios

profissionais. Afirma ainda que o grau de sucesso de uma empresa está diretamente

relacionado ao nível de qualificação de seus gestores financeiros, sendo este fator

fundamental para o crescimento das micro e pequenas empresas. De acordo com Hoji (2003)

as funções básicas da gestão financeira de uma empresa compreendem a tomada de decisões

de investimento, decisões de financiamento, análise, planejamento e controle financeiro.

Loddi (2008) comenta que o interesse despertado pelas pequenas empresas advém do

reconhecimento de que estas são capazes de colaborarem num melhor desempenho da politica

do Estado e num fortalecimento econômico e social.

Abordou-se que o perfil do gestor financeiro da micro e pequena empresa, que na

maioria das vezes é o próprio gerente-proprietário, está bem distante daquele considerado

necessário para uma boa gestão, observando ausência de conhecimentos técnicos específicos,

fazendo com que ele siga sua intuição para tomar decisões (LEONE, 1999;

LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997; PINHEIRO, 1996; TAYLOR, 1999). De acordo

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23

com pesquisa realizada com pequenas empresas por Matias e Lopes Júnior (2002), foi

constatado que os gestores destas empresas não planejavam e nem acompanhavam suas

finanças empresariais, tomando decisões baseadas mais no feeling do que em números, pelo

fato de não deterem conhecimentos de técnicas de gestão. Outra pesquisa que corrobora esse

fato é a de Coelho (2002), constatando que os motivos que levaram os empresários de

Salvador/BA a fecharem suas empresas foram a falta de conhecimento e experiência em

gestão empresarial, sendo que alguns sequer conheciam o ramo onde atuaram.

Qualquer empresa, seja de que porte for, deve nortear suas ações financeiras

baseadas em três vertentes: gerar lucro, gerar caixa e controlar a situação financeira (TRACY,

1994). Todas as ferramentas utilizadas para atenderem a essas ações (demonstração do

resultado, demonstração do fluxo de caixa e balanço patrimonial), geralmente adotadas em

grandes empresas, deveriam também ser utilizadas pelas pequenas empresas, visto que

contribuem na tomada de decisões, no controle e no planejamento (LODDI, 2008).

Estudo realizado por Kassai (1997) concluiu que são características dos pequenos

empresários o fato de terem começado a trabalhar cedo, são provenientes de famílias carentes,

detêm conhecimentos técnicos relacionados ao negócio, mas não sobre ferramentas de gestão

ou administração. Em função disso, enfrentam vários problemas na condução do negócio,

como dificuldades na administração de pessoal, de produção, de compras e de capital de giro,

sendo este último o mais difícil de contornar.

Oliveira et al. (2009) pesquisaram a origem de recursos para o financiamento do

capital de giro nas micro e pequenas empresas, concluindo que 88,2% dos empreendedores se

utilizam de recursos próprios, ao passo que 11,8% afirmaram que utilizam ou já utilizaram

recursos de parentes e amigos. Ainda na mesma pesquisa, quando se demonstra que a

finalidade do financiamento será para atender a necessidade de capital de giro, 89,7% dos

respondentes revelaram aumento nas dificuldades para conseguir o financiamento.

Estudo realizado pelo SEBRAE (2007) demonstra a taxa de mortalidade das

pequenas empresas, sendo os números motivo de preocupação. Das empresas com até dois

anos de constituição, 49,4% são encerradas, chegando a 56,4% em empresas de até três anos

de funcionamento e 59,9% naquelas com até quatro anos de fundação. Na mesma pesquisa

foram abordadas as causas para o encerramento destas empresas, sendo fatores financeiros os

principais vilões desta constatação, com a falta de capital de giro ficando em primeiro lugar

(42%) e problemas financeiros em terceiro lugar (21%), fechando o pódio a falta de clientes

em segundo lugar (25%). Outros fatores citados foram nesta ordem: maus pagadores (16%),

falta de crédito bancário (14%), recessão econômica do país (14%), outra razão (14%),

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ponto/local inadequado (8%), falta de conhecimento gerenciais (7%), problemas com a

fiscalização (6%), falta de mão-de-obra qualificada (5%), instalações inadequadas (3%) e

carga tributária elevada (1%).

Diante das evidentes diferenças entre as grandes empresas e as MPE’s, tanto no

que diz respeito à capacidade de obter recursos junto aos mercados, bem como na maneira

com que são conduzidas, Weston e Brighan (2000) avaliam a necessidade de modificar os

princípios financeiros e administrativos para a atuação das micro e pequenas empresas. Para

os mesmos autores, a falta de histórico financeiro e de capacitação técnica dos gestores são

fatores que contribuem para a insuficiência de recursos nas micro e pequenas empresas.

Acerca das técnicas e ferramentas financeiras utilizadas pelas pequenas empresas,

Carvalho Filho (2011) comenta que estas aplicam as técnicas de Análise Horizontal e de

Análise Vertical, quando das análises financeiras tradicionais, através dos Balanços

Patrimoniais (BP) e Demonstrações de Resultado do Exercício (DRE). Na Análise Horizontal

busca-se averiguar o desempenho de cada elemento patrimonial ao longo de certo período de

tempo, permitindo tirar conclusões a respeito da evolução da empresa. Como forma de

complementar a Análise Horizontal, tem-se a Análise Vertical, cuja finalidade, de acordo com

Matarazzo (1998) e Carvalho Filho (2011), é mostrar a relevância de cada conta patrimonial

em relação à demonstração financeira a que pertence, possibilitando inferir se existem itens

fora dos padrões normais. Santanna (2004) enumera ainda alguns indicadores utilizados pelas

pequenas empresas, como os indicadores de liquidez (corrente, seca e geral), de estrutura, de

rentabilidade, indicadores econômicos e de atividades. De acordo com Braga (1995) são

demonstrações contábeis realizadas pela contabilidade financeira divulgadas no âmbito

interno o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e a Demonstração das Origens e

Aplicações de Recursos (DOAR), sendo a contabilidade gerencial responsável pela

elaboração de relatórios como subsídios para a tomada de decisão, podendo citar o Fluxo de

Caixa, controle de contas a pagar e controle de contas a receber.

O planejamento financeiro constitui outro fator abordado por pesquisadores como

necessário para uma boa gestão financeira, inclusive das MPE’s. De acordo com Ross,

Westerfield e Jaffe (1995, p. 522) o planejamento financeiro “é como uma declaração formal

do que deverá ser feito no futuro, enfatizando que muitas decisões antecedem de muito os

seus resultados”, determinando as metas, estabelecendo uma referência para a medição do

desempenho e direcionando as metas de investimento e financiamento da empresa.

Demonstrando a importância do planejamento financeiro para as micro e pequenas empresas,

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25

Russo (2002) realizou uma pesquisa na cidade de Porto Alegre/RS, no qual constatou-se que a

ausência de planejamento, de clareza nas metas e objetivos e de relatórios e sistemas de

controles gerenciais foram os problemas mais citados enfrentados pelas MPE’s com tempo de

vida de três a cinco anos daquela capital. Segundo Cardeal (2006) são elementos essenciais

para haver uma gestão eficiente: conhecimento de mercado, da concorrência, das

necessidades, dos prazos, informações atuais, controle de caixa e planejamento estruturado.

Observa-se, desta forma, a relevância da gestão financeira nas micro e pequenas

empresas, os benefícios que uma gestão financeira eficiente, pautada na adoção de

ferramentas e técnicas, pode trazer para estas estruturas empresariais, sob o enfoque de

continuidade das mesmas. Cardeal (2006) comenta que para alcançar sucesso na gestão

financeira, os conhecimentos de planejamento, de administração do capital de giro e o uso de

ferramentas de controle de caixa precisam estar presentes na rotina diária dos gestores

empresariais, contribuindo para a redução das altas taxas de mortalidade apresentadas pelas

pesquisas mencionadas anteriormente.

2.3 GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO

Uma das maneiras das empresas conseguirem alcançar sucesso nos seus negócios

consiste em saberem administrar os seus recursos. De acordo com Santos (2001), o gestor

financeiro destina boa parte do seu tempo à resolução de problemas relacionados ao capital de

giro, tais como a gestão de insuficiência de caixa, da inadimplência e financiamento de

estoques. Uma gestão eficiente do capital de giro, pautada na prevenção da ocorrência desses

problemas, pode minimizá-los ou mesmo evitá-los. Por outro lado, Assaf Neto e Silva (2002)

indicam que uma gestão inapropriada do capital de giro pode ocasionar em graves problemas

financeiros, colaborando diretamente para uma situação de insolvência. Esta seção é destinada

para a abordagem da gestão do capital de giro das empresas.

De acordo com Sousa, Luporini e Souza (1996) a gestão do capital de giro

objetiva a preservação da saúde financeira das empresas, envolvendo um contínuo processo

de tomada de decisão, sendo por isso, de suma importância para a administração financeira.

De uma maneira geral, define-se capital de giro como sendo os recursos necessários para

subsidiar as operações diárias da empresa, em oposição aos recursos destinados para um

período mais longo (HENDRIKSEN, 1992). A principal característica do capital de giro,

segundo Di Augustini (1999), consiste em sua rápida transformação, no qual um elemento do

ativo circulante é capaz de se transformar em outra forma de ativo rapidamente. Para Kim e

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26

Srinivasan (1988), gestão do capital de giro significa a administração dos ativos circulantes,

compostos pelas contas caixa, estoques, contas a receber e títulos negociáveis de curto prazo,

e dos passivos circulantes, que envolvem fornecedores e outras contas a pagar de curto prazo,

com o objetivo de alcançar as metas da empresa. Miranda (1999) conceitua o capital de giro

como os investimentos necessários para a manutenção do negócio em funcionamento. Já

Schrickel (1999) afirma que capital de giro são os itens alocados em caixa que serão

convertidos em numerário em um curto espaço de tempo. Num sentido mais amplo, Assaf

Neto (1997) assevera que o capital de giro corresponde aos investimentos exigidos pelas

empresas a fim de financiar suas necessidades operacionais demandadas desde a compra de

mercadorias ou matérias-primas até o recebimento do pagamento das vendas do produto

acabado. Matias (2007) resume que a gestão do capital de giro tem o propósito de identificar o

padrão dos ciclos de caixa da empresa e gerenciar todos os seus elementos de maneira que

enquadre cada um deles em um nível adequado. Por fim, o capital de giro pode ser ainda

definido, conforme Santos (2001), como aqueles elementos materiais de rápida renovação,

sendo representado pelo ativo circulante, constituído basicamente pelas disponibilidades

financeiras, estoques e contas a receber, conhecido também como capital de giro bruto, na

medida em que o capital circulante líquido ou capital de giro líquido (CCL) consiste na

diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes (GITMAN, 2002; SOLOMON e

PRINGLE, 1981; ASSAF NETO e SILVA 2002; GROPELLI e NIKBAKHT, 2002;

BRIGHAM e HOUSTON, 1999; SANTOS, 2001).

Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) afirmam que não existe até o momento uma

harmonia sobre o conceito que melhor define o capital de giro, porém ressaltam que algumas

observações são pertinentes para o esclarecimento de tal conceito. A primeira delas assume

que o capital de giro consiste no mesmo valor do capital circulante líquido, definido como a

diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, sendo que apenas seu cálculo é obtido

de uma outra forma. A segunda observação ressalta que o capital de giro não é uma definição

legal, mas apenas um conceito econômico-financeiro, sendo uma fonte de recursos utilizada

para financiar a necessidade de capital de giro das empresas. E a última observação esclarece

que o capital de giro demonstra-se relativamente estável ao longo do tempo. Carvalho Filho

(2011) comenta que a Lei nº 6.404/1976 – Lei das Sociedades por Ações – representa o

capital de giro pelas contas do Ativo Circulante, incluindo as Disponibilidades, representadas

pelo caixa, bancos a aplicações financeiras de curtíssimo prazo, Contas de curto prazo a

receber de clientes e Estoques.

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27

O capital de giro pode ser classificado como fixo ou variável. O capital de giro

fixo, também chamado de permanente, é aquele que tem a capacidade de proporcionar o pleno

funcionamento da empresa em condições de normalidade, tendo como característica um

volume mínimo de ativo circulante para esse fim. Já o capital de giro variável, conhecido

também como sazonal, consiste nos recursos necessários para cobrir eventos não rotineiros,

como as compras antecipadas de estoques, atrasos no recebimento do pagamento de clientes e

maior volume de vendas em determinados períodos do ano (GITMAN, 2002; ASSAF NETO

e SILVA, 2002; GROPELLI e NIKBAKHT, 2002).

O volume de capital de giro de uma empresa é determinado por vários fatores,

sendo representados especialmente pelo montante de vendas junto com as movimentações de

estoques, os recursos a receber e caixa, a sazonalidade dos mercados, tecnologia, fatores da

economia, condições de vendas e de crédito (ASSAF NETO e SILVA, 2009; VIEIRA, 2005).

Assaf Neto (2010) discorre sobre os fatores que ocorrem nas operações diárias das empresas

que influenciam no enfraquecimento e no fortalecimento do capital de giro. Entre os fatores

que enfraquecem o capital de giro estão os prejuízos, a aquisição de elementos permanentes e

a amortização de exigibilidades a longo prazo. Por outro lado, os lucros obtidos, as vendas de

elementos do ativo permanente, os empréstimos e financiamentos contraídos a longo prazo, o

recebimento de realizável a longo prazo e a integralização de capital constituem os fatores

determinantes do fortalecimento do capital de giro.

A gestão do capital de giro está relacionada à administração dos ativos circulantes

e passivos circulantes, as chamadas contas dos elementos do giro, bem como as inter-relações

que existem entre eles, no qual se busca encontrar o nível de estoques adequado para a

empresa, os critérios de administração do caixa, os investimentos em créditos a clientes e a

estrutura que irá formar os passivos correntes, de maneira que convirja com os objetivos

propostos pela empresa e mantenha um nível razoável de rentabilidade e liquidez (ASSAF

NETO E SILVA, 1997). Segundo Sousa, Luporini e Souza (1996) a administração do capital

de giro objetiva principalmente gerenciar cada elemento dos ativos e passivos circulantes de

tal maneira que se alcance um nível mínimo de capital circulante suficiente para cobrir os

passivos circulantes. Vieira (2005) enfatiza que a gestão do capital de giro é caracterizada

como a área de estudo que aborda a gestão dos ativos e passivos integrantes dos grupos

circulantes do balanço patrimonial, cujas operações abranjam um espaço de tempo de no

máximo um ano.

Apresentado como uma alternativa ao tradicional modelo de análise do capital de

giro, no qual são utilizadas análises de forma contábil e estatística centradas principalmente

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na solvência dos negócios, foi desenvolvido por Fleuriet (1978) um modelo de análise da

gestão do capital de giro, no qual, baseadas nas informações extraídas das demonstrações

contábeis, são realizadas análises dinâmicas do investimento em capital de giro e sua

administração, avaliando de maneira integrada a liquidez da empresa à sua dinâmica

operacional (SATO, 2007). De acordo com Estellita (2007) este modelo é até hoje

amplamente utilizado pelas empresas nacionais quando estas avaliam sua situação financeira,

analisam o crédito e administram seus negócios.

Segundo Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) faz-se necessária uma nova classificação

das contas do balanço patrimonial (Figura 2), de maneira que os gestores tenham base para

identificar a dinâmica do capital de giro, haja vista a classificação tradicional das contas do

balanço patrimonial não ser capaz de demonstrar o impacto provocado pelos prazos de

renovação de cada item. Dessa forma, o modelo propôs a nova classificação das contas

existentes do balanço patrimonial em contas cíclicas ou operacionais, contas permanentes ou

não circulantes e contas erráticas ou financeiras.

As contas cíclicas ou operacionais estão relacionadas com o ciclo operacional e

produtivo da empresa, são as contas componentes do lucro operacional, representando as

contrapartidas das receitas e despesas e incluem fornecedores, clientes, estoques, salários,

provisões trabalhistas a pagar, impostos sobre as vendas, taxas e adiantamentos de clientes, ou

seja, são aquelas contas diretamente relacionadas com as atividades operacionais da empresa.

As contas permanentes ou não circulantes são aquelas que serão realizadas em longo prazo,

ou seja, aquelas inerentes às atividades da empresa cujos recursos são captados e investidos

em prazos distantes, sendo representadas pelos itens permanentes, como investimentos,

reserva de lucros, aumentos de capital, empréstimos de longo prazo, financiamentos e

imobilizado diferido. Finalmente, as contas erráticas ou financeiras são aquelas que não

possuem relação direta com as atividades operacionais da empresa, ou seja, demonstram um

comportamento aleatório com relação processo produtivo da empresa ou com os recursos

permanentes aplicados que o sustentam, como as contas de caixa e bancos, aplicações

financeiras, empréstimos de curto prazo, duplicatas descontadas, dividendos, imposto de

renda e títulos negociáveis (PALOMBINI, 2010; LOPES, 2005; FLEURIET; KEHDY e

BLANC, 2003).

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29

Figura 2: Os ciclos do balanço patrimonial

ATIVO PASSIVO A

TIV

O C

IRC

UL

AN

TE C

ON

TA

S

ER

TIC

AS

Circulante Circulante C

ON

TA

S

ER

TIC

AS

PASSIV

O C

IRC

UL

AN

TE

Numerários em caixa Duplicatas descontadas

Bancos com movimento Empréstimos bancários a curto

prazo, etc.

Títulos e valores

mobiliários

CO

NT

AS

CÍC

LIC

AS

Duplicatas a receber Fornecedores de matérias-primas,

etc.

CO

NT

AS

CÍC

LIC

AS

Estoques de produtos

acabados

Estoques de produtos em

andamento

Estoques de matérias-

primas

AT

IVO

O

CIR

CU

LA

NT

E

CO

NT

AS

O

CÍC

LIC

AS

Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo

CO

NT

AS N

ÃO

CÍC

LIC

AS

PASSIV

O N

ÃO

CIR

CU

LA

NT

E

Empréstimos a terceiros Empréstimos bancários a longo

prazo

Títulos a receber Financiamentos, etc.

Permanente

Investimentos Patrimônio líquido

Imobilizado diferido Capital social, reservas.

Fonte: Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003)

A partir destes elementos, podemos fazer uma análise das variáveis utilizadas no

modelo. Através da diferença entre o ativo circulante (AC) e o passivo circulante (PC),

encontramos o capital circulante líquido (CCL) ou capital de giro líquido. Segundo Almeida

(2003), quando o ativo circulante apresenta-se maior que o passivo circulante, teremos uma

diferença positiva e o capital circulante líquido será positivo, significando que a empresa

utilizou-se das contas de longo prazo (exigível a longo prazo e patrimônio líquido) para

financiar as atividades de curto prazo. Di Agustini (1999) denomina esse fato de capital de

giro próprio, no qual os haveres, bens e direitos de curto prazo superam as dívidas e

obrigações de igual período. A Figura 3 ilustra essa situação.

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30

Figura 3: Capital circulante líquido positivo ATIVO PASSIVO

CIR

CU

LA

NT

E

Ativo Circulante

Passivo Circulante

CIR

CU

LA

NT

E

Exigível a Longo Prazo

O C

IRC

UL

AN

TE

Patrimônio Líquido

O C

IRC

UL

AN

TE Realizável a Longo Prazo

Ativo Permanente

Fonte: Almeida (2003)

CCL = AC – PC

Silva (2000) comenta que essa situação pode refletir uma folga financeira, mas

não necessariamente. Ele afirma que uma empresa pode apresentar um capital circulante

líquido positivo e ainda assim passar por problemas financeiros, dependendo dos prazos

estabelecidos de realização dos ativos circulantes e dos vencimentos dos passivos circulantes.

Se o CCL da empresa for positivo e as saídas dos recursos financeiros ocorrerem antes das

entradas, como no caso do prazo de realização dos estoques ser maior que o prazo de

vencimento dos compromissos de curto prazo, não significa folga nas finanças, pelo contrário,

poderá estar indicando aperto financeiro (ALMEIDA, 2003).

Quando o ativo circulante for menor do que o passivo circulante, temos uma

situação de capital circulante líquido negativo e Di Agustini (1999) o denomina de capital de

giro de terceiros. Esse cenário aponta que a empresa está aportando recursos de curto prazo

para negociar as aplicações de longo prazo, do ativo não circulante, no qual o vencimento de

uma fatia da dívida da empresa (passivo circulante) ocorre antes do prazo de realização das

aplicações (ativo não circulante) desses recursos. A Figura 4 resume esse cenário.

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Figura 4: Capital circulante líquido negativo ATIVO PASSIVO

CIR

CU

LA

NT

E

Ativo Circulante

Passivo Circulante

CIR

CU

LA

NT

E

O C

IRC

UL

AN

TE Realizável a Longo Prazo

Ativo Permanente Exigível a Longo Prazo

O

CIR

CU

LA

NT

E

Patrimônio Líquido

Fonte: Adaptado de Almeida (2003)

Da mesma forma que o CCL positivo não indica necessariamente folga financeira,

também não podemos afirmar que o capital circulante líquido negativo reflete aperto de

liquidez, podendo essa situação ser uma característica do ramo de atuação da atividade da

empresa (ALMEIDA, 2003). A mesma autora argumenta que aquelas empresas que operam

com um caixa regular e previsível podem perfeitamente conviverem com um CCL negativo,

sem enfrentarem problemas de liquidez, haja vista gerarem recursos financeiros para

liquidarem suas dívidas de curto prazo, sendo que, segundo Braga (1989) o grande risco de

operar nesse cenário seria a possibilidade de ocorrer uma queda vertiginosa nas vendas à

vista. Braga (1989) afirma ainda que as empresas que geralmente podem operar com um CCL

negativo são aquelas que possuem um considerável nível de segurança em relação às suas

entradas de caixa, como por exemplo, empresas de telefonia, de energia elétrica e demais

serviços públicos. Existe ainda a possibilidade de o capital de giro ser nulo, que ocorre

quando o ativo circulante se iguala ao passivo circulante, no qual os haveres, bens e direitos

de curto prazo são exatamente iguais às dívidas e obrigações de igual período (DI

AGUSTINI, 1999). Desta forma, pode-se dizer que a análise do capital circulante líquido

possibilita a identificação da origem dos recursos investidos nos ativos circulantes e não

circulantes, sendo necessário como forma de complementação da análise, avaliar se os prazos

de realização dos ativos e passivos estão em sincronia (ALMEIDA, 2003).

Outra análise que se pode fazer a partir dos elementos da nova classificação do

balanço patrimonial proposta por Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) diz respeito à Necessidade

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de Capital de Giro (NCG). Segundo estes autores, encontramos a NCG a partir da diferença

entre os elementos do ativo cíclico e do passivo cíclico, sendo que a NCG sofre influência das

suas políticas de atuação assim como das variáveis de mercado nas quais a empresa está

inserida, como os prazos médios de compra e de venda, os níveis de estoques, diversidade de

produtos e a cadeia logística. Ainda de acordo com os mesmos autores, a necessidade de

capital de giro é muito afetada pelas mudanças que ocorrem no cenário econômico no qual

opera a empresa, como por exemplo, a diminuição do crédito de fornecedores e o aumento

dos estoques podem em curto prazo alterar a NCG. De acordo com Assaf Neto e Silva (2002)

a necessidade de capital de giro possibilita a identificação da real quantidade de recursos que

são necessários para a empresa obter equilíbrio financeiro. Santos (2001) complementa

afirmando que a gestão inadequada do capital de giro poderá limitar as práticas comerciais

das empresas, na medida em que poderá ocorrer aplicação excessiva de recursos financeiros

em estoques, os quais poderiam ser melhor alocados, ou a empresa tendo que reduzir o prazo

de compra dos clientes.

Almeida (2003) comenta que a necessidade de capital de giro pode se apesentar de

forma positiva ou negativa. Ela será positiva quando os valores do ativo operacional ou

cíclico forem maiores do que os valores do passivo operacional ou cíclico. Nesse caso, para

financiar as aplicações no giro, a empresa terá que utilizar recursos de outras fontes, além

daqueles auferidos nas fontes operacionais ou cíclicas. Matarazzo (1995) explana que é

comum essa situação nas empresas, na qual existe uma necessidade de capital de giro para a

qual devem ser encontradas as fontes apropriadas de financiamento. A necessidade de capital

de giro será negativa quando os valores do ativo operacional ou cíclico forem menores do que

os valores do passivo operacional ou cíclico. Nesse caso, os elementos das fontes operacionais

ou cíclicas são suficientes para cobrir as necessidades do giro, sendo que ainda restam

recursos que podem ser utilizados na aplicação de outros ativos, como investimentos em

imobilizado ou no mercado financeiro (ALMEIDA, 2003).

Ainda pode-se fazer mais uma análise com os elementos da nova classificação do

balanço patrimonial proposta por Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003). Esta denomina-se Saldo de

Tesouraria (ST) e consiste na diferença entre o ativo financeiro (errático) e o passivo

financeiro (errático), podendo ser obtido também a partir da diferença entre o Capital

Circulante Líquido (CCL) e a Necessidade de Capital de Giro (NCG) (FLEURIET; KEHDY e

BLANC, 2003). Da mesma forma que a NCG, o ST também pode se apresentar como

positivo ou negativo. O saldo de tesouraria será positivo quando o ativo financeiro for

superior ao passivo financeiro, apontando que a empresa dispõe de uma reserva financeira

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para ocasiões imprevistas (ALMEIDA, 2003). Assaf Neto e Silva (1997) explicam que o valor

positivo do ST estabelece qual o limite de expansão do investimento em giro, sendo que essa

situação favorável possibilita uma variação na necessidade de capital de giro, sem a

necessidade da empresa recorrer a outras formas ou fontes de financiamento. Por outro lado, o

saldo de tesouraria será negativo quando o ativo financeiro for inferior ao passivo financeiro.

Essa situação, conforme Almeida (2003), demonstra que a empresa utiliza sua reserva

financeira para cobrir a NCG. Para Assaf Neto e Silva (1997) esta se configura uma situação

de risco para a empresa, haja vista a possibilidade dela não conseguir renovar seus passivos

financeiros dos quais depende, ficando sua situação financeira agravada, com potenciais

problemas de solvência.

Para ilustrar os conceitos do CCL, NCG e o ST, tomemos o exemplo da Figura 5.

Figura 5: Exemplo de cálculo da NCG, CCL e ST

Ativo Circulante Passivo Circulante

Operacional ou Cíclico

100 Operacional ou Cíclico

80 NCG 20

Financeiro ou Errático 50

Financeiro ou Errático 60 ST -10

Total 150 Total 140 CCL 10

Fonte: Adaptado de Almeida (2003)

Onde: CCL = NCG + ST, então ST = CCL – NCG

Pode-se perceber através do exemplo que a empresa investiu $ 100 para o

desenvolvimento de suas atividades operacionais. Obteve-se como fontes de financiamento

operacional o valor de $ 80, resultando assim na necessidade de aportar $ 20 de recursos

adicionais. Sendo que foram utilizados para este fim $ 10 de capital circulante líquido e mais

$ 10 de reserva financeira, que constitui o saldo de tesouraria (ALMEIDA, 2003).

A partir do conceito de Saldo de Tesouraria surge outro conceito chamado Efeito

Tesoura, que consiste no crescimento do ST negativo, na medida em que aumenta a NCG e

diminui o CCL. Ocorre quando a empresa necessita buscar outras fontes de recursos, visto

que a variação do capital circulante líquido não é capaz de cobrir a variação da necessidade de

capital de giro, conforme ilustra a Figura 6. Nele o saldo de tesouraria é representado pela

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distância entre o CCL e a NCG e possui esse nome devido ao fato de que as curvas que

representam o CCL e a NCG lembram o formato de uma tesoura aberta (ALMEIDA, 2003).

Figura 6: Efeito Tesoura

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Silva (2000) comenta que os principais motivos que fazem com que a empresa

entre no efeito tesoura são: administração inadequada dos itens de giro, acarretando num alto

ciclo financeiro; prejuízos; imobilizações sem possuir recursos próprios ou fontes de longo

prazo; altos níveis de NCG e baixos níveis de CCL. Segundo Almeida (2003) é necessário um

acompanhamento da evolução da NCG, ST, CCL e faturamento para alcançar uma análise

mais consistente da necessidade de capital de giro, devendo-se avaliar se o aumento das

vendas está sendo acompanhado por um crescimento da necessidade de capital de giro e se

esta necessidade está sendo acompanhada e coberta pelo aumento do capital circulante

líquido, de maneira que o crescimento das vendas não afete a situação financeira da empresa.

De acordo com Pereira (2000) todas as empresas, independentemente do seu ramo

de atuação, possuem as seguintes atividades básicas, quando do desenvolvimento de suas

atividades operacionais: compra de mercadorias ou matérias-primas, produção de vendas ou

serviços, venda de mercadorias, pagamento de fornecedores e recebimento das vendas dos

clientes. Essas atividades formam os ciclos operacionais, econômicos e financeiros das

empresas. As atividades de compra, venda, pagamento e recebimento – atividades

operacionais da empresa – correspondem ao ciclo operacional e envolvem o intervalo de

tempo iniciado com a recepção dos materiais de produção ou das mercadorias para revenda e

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finalizado com a cobrança das vendas, no qual parte deste capital é absorvida pelos

fornecedores que negociaram prazo para pagamento. O ciclo econômico corresponde ao

período que inicia com a recepção de materiais de produção ou de mercadorias para revenda e

finaliza com as saídas dos produtos ou mercadorias vendidas, sem levar em consideração as

atividades financeiras referentes a pagamentos e recebimentos. Por fim, o ciclo financeiro é

constituído pelas atividades de pagamento e recebimento, ou seja, corresponde ao período em

que acontecem as movimentações financeiras, sendo que neste ciclo a empresa financia suas

operações sem a participação de fornecedores. Se este período for extenso, a empresa irá

precisar de recursos próprios ou ter de recorrer a terceiros, o que acarretará em custos

financeiros, afetando sobremaneira sua rentabilidade (ALMEIDA, 2003; ASSAF NETO e

SILVA, 2009; BRAGA, 1991; PEREIRA, 2000). A Figura 7 ilustra os ciclos da empresa.

Figura 7: Ciclo operacional, econômico e financeiro.

Ciclo Econômico

Ciclo Operacional

Ciclo Financeiro

Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Silva (1997).

Mallik, Sur e Rakshit (2005) apontam para a existência de uma relação entre a

gestão do capital de giro e a rentabilidade, de maneira que o efeito dessa relação resulta em

duas correntes controversas, denominadas por Vieira (2005) de políticas de capital de giro e

por Brigham e Houston (1999) de políticas alternativas de investimento em capital de giro. A

primeira política de capital de giro é do tipo restritiva ou “apertada”, cuja estratégia é

agressiva. Os adeptos dessa filosofia afirmam que a postura agressiva adotada pelas empresas

pode favorecer sua rentabilidade, de maneira que os ativos totais são reduzidos pela

minimização do investimento em capital de giro, ou seja, os investimentos em caixa, títulos,

estoques e contas a receber (ativos circulantes) são reduzidos ou minimizados, enquanto se

aumenta o financiamento através do passivo circulante. O retorno maior é obtido com um

risco maior de falta de liquidez (PALOMBINI, 2010). Ng, Smith e Smith (1999) alertam as

COMPRA DE MERCADORIAS

PAGAMENTO A FORNECEDORES

VENDA DE MERCADORIAS

(BAIXA DE ESTOQUE)

RECEBIMENTO DAS VENDAS

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empresas que adotam essa postura para o fato de que o custo menor com a dívida de curto

prazo em relação ao financiamento de longo prazo, bem como uma maior flexibilidade

proporcionada por essa estratégia, deve ser compensado com os riscos incorridos na perda de

vendas (seja pela redução do nível de estoques ou pela redução na oferta de crédito para

clientes que exigirem prazo) e na perda de desconto sobre a mercadoria ou serviço ao

negociarem financiamento por meio de fornecedores.

A outra política de capital de giro, contrária à primeira, é do tipo conservadora.

Brigham e Houston (1999) a chamam de “liberal” ou “folgada”, na qual se financia todo o

capital permanente e parte do capital temporário com recursos de longo prazo (VIEIRA,

2005). De acordo com os defensores deste pensamento, uma estratégia conservadora oferece

maiores vantagens operacionais que podem compensar os altos investimentos em estoques e

caixa, elementos do ativo circulante (PALOMBINI, 2010). Os maiores benefícios obtidos

com esta política, de acordo com Blinder e Manccini (1991), são: redução no custo de

fornecedores, chances reduzidas da empresa se tornar insolvente, de paradas na produção, de

perda de vendas por falta de produtos, aumento da liquidez, a empresa fica mais bem

protegida com relação às flutuações de mercado e à falta de capacidade de honrar seus

compromissos. Emery (1987) ainda cita como vantagem desta política a possibilidade de

aumento nas vendas e Ng et al. (1999) argumentam que melhora-se o relacionamento com os

clientes. Na visão de Gitman (2002), essas vantagens não são necessariamente reais, haja vista

que os ativos circulantes são negociados com dívidas de longo prazo, que geralmente são mais

onerosas do que as dívidas de curto prazo, podendo a empresa ter gastos com juros sobre

recursos desnecessários por conta da ociosidade de recursos de longo prazo face à

sazonalidade das operações. O mesmo autor ainda argumenta que as dívidas de longo prazo

podem não estar disponíveis em tempo hábil e que elevados investimentos em capital de giro

não geram diretamente em rentabilidade maior, em virtude da possibilidade dos lucros não se

elevarem com o aumento dos investimentos em ativos. Concluindo, quanto maior o

investimento em ativo circulante, menores são os riscos de falta de liquidez e também

menores são os retornos.

Ainda existe uma terceira política de capital de giro citada por Vieira (2005) e

Brigham e Houston (1999), que é uma espécie de meio termo entre as duas estratégias

anteriores. É a chamada política moderada, na qual os elementos de natureza temporária são

financiados com recursos de curto prazo e os elementos de natureza permanente são

financiados por fornecedores, dívidas de longo prazo e capital próprio (VIEIRA, 2005).

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Para gerenciarem melhor seu capital de giro, em face das várias circunstâncias e

incertezas do mercado, as empresas podem utilizar ferramentas ou técnicas de aporte

financeiro. Come (1999) adverte, no entanto, que a empresa deve, antes de escolher qualquer

modalidade de financiamento, avaliar as seguintes características: rapidez na aquisição do

empréstimo, flexibilidade (para se proteger da sazonalidade) e os riscos de renovação de

dívidas a curto prazo. As ferramentas mais utilizadas pelas micro e pequenas empresas são as

seguintes (GITMAN, 2002; BRIGHAM e HOUSTON, 1999; DI AGUSTINI, 1999;

SANTOS, 2001; GITMAN e MADURA, 2003; GROPPELLI e NIKBAKHT, 2002): contas a

pagar ou crédito de fornecedores, na qual a empresa consegue descontos antecipando as

parcelas a vencer, sem necessidade de formalidades; contas a pagar, na qual o bem ou serviço

é recebido antes do pagamento dos salários e impostos; empréstimos bancários, que constitui

fonte de financiamento de curto prazo, nos quais as empresas se utilizam de notas

promissórias, contrato de crédito rotativo e linhas de crédito, podendo ser garantido ou não

garantido; e duplicatas a receber, que é um tipo de financiamento de curto prazo, podendo a

empresa utilizar as modalidades caução de duplicatas ou por desconto (factoring). De acordo

com dados do SEBRAE-SP (2004), os tipos de financiamento mais comumente utilizados

pelas micro e pequenas empresas são o pagamento de fornecedores a prazo (66%), utilização

de cheque pré-datado (45%) e uso de cheque especial ou cartão de crédito (29%). Santos

(2004) afirma que somente 37% das microempresas e apenas 55% das pequenas empresas já

fizeram empréstimo bancário e que a falta de garantias reais ao crédito constitui o principal

motivo pelo qual os bancos brasileiros negam a concessão de empréstimos e financiamentos

às micro e pequenas empresas. Desta forma, as MPE’s se relacionam com os bancos

basicamente através de transações de curto ou curtíssimo prazo, com a utilização de

ferramentas de custo mais alto, como o cheque especial e desconto de duplicatas (LOPES,

2005).

2.4 ANÁLISE DE CRÉDITO

A análise do crédito fundamenta-se essencialmente no gerenciamento da

concessão de crédito das empresas a seus clientes. Na visão de Scherr (1989), a concessão de

crédito tem proporcionado nos últimos anos uma elevação no padrão de vida dos

consumidores bem como no lucro das empresas, sendo este fenômeno explicado pelo fato de

que o crédito consiste em um instrumento de aumento da competitividade e de alavancagem

do poder de gastos dos consumidores e das empresas, gerando um incremento na produção e

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na renda da economia. Segundo Lopes (2005) a concessão de crédito seria desnecessária em

um mercado perfeito, haja vista que não haveria custos de transações, porém o que

percebemos na prática é que as empresas vendedoras investem nas atividades de empresas

compradoras através de vendas a prazo, assumindo um determinado grau de risco, de

rentabilidade e de liquidez. Gitman (2002) afirma que a gestão de créditos consiste em um dos

principais problemas enfrentados pelas pequenas empresas, pelo fato destas não disporem de

pessoal nem de recursos suficientes para darem suporte com informações confiáveis para as

decisões de crédito.

De acordo com Ventura (2000), a operação de crédito iniciou-se na Antiguidade

Greco-Romana, na qual se observa a atuação dos cambistas realizando troca de moedas em

face de sua variedade e diversidade existentes na época, passando posteriormente para outro

estágio, com a oferta de empréstimos mediante a cobrança de juros. De uma maneira geral,

crédito é definido como a cessão volitiva e temporária de parte do patrimônio de alguém a um

terceiro, sendo que, concluído o prazo acordado, o cedente espera receber sua posse

integralmente (SCHRICKEL, 2000). Segundo Securato (2002, p. 18) crédito “é uma operação

que sempre pode ser considerada dinheiro, ou caso equivalente a dinheiro, sobre o qual incide

uma remuneração que denominamos juros”. Para Blatt (1999) “crédito é crer e crer é confiar”,

no qual existe uma confiança mútua na relação entre o credor e o devedor de que ambos irão

honrar com suas promessas: os clientes pagando de forma integral suas compras efetuadas a

crédito e as empresas entregando as mercadorias ou serviços dentro do prazo e nas condições

estabelecidas. Samuelson e Nordhaus (1993) conceituam crédito como a utilização de

recursos de terceiros com a promessa de sua devolução, geralmente acrescidos de juros, em

uma data posterior. Schrickel (1995) destaca dois elementos presentes no conceito de crédito:

a confiança, representada pela promessa do pagamento, e o tempo, compreendido entre a

concessão e a liquidação da dívida.

Silva (1997) destaca que o crédito assume algumas funções relevantes na

economia e na sociedade, na medida em que aquece a demanda com o estímulo do consumo,

favorece uma elevação no nível de atividade das empresas, possibilita a aquisição de moradia

e outros bens por parte da sociedade, além de atuar como um facilitador na execução de

projetos de maiores proporções das empresas, consistindo em uma ponte entre a produção e o

consumo. De acordo com Caouette, Altman e Narayanan (2000) o crédito torna possível o

crescimento das empresas, a criação de empregos e de oportunidades econômicas, além de

permitir que o Estado atenda as demandas da sociedade, como hospitais, escolas, praças e

rodovias. Ainda com relação às funções assumidas pelo crédito, cabe ressaltar o ensinamento

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de Santi Filho (1997), segundo o qual, o crédito possui uma importante representação nas

modernas economias capitalistas, de maneira que ele não apenas acarreta o crescimento

econômico, mas também o próprio desenvolvimento da economia promove o crédito. Assaf

Neto e Silva (2002) explicam que existem outros motivos para a existência da concessão de

crédito, como estratégia de mercado como forma de incrementar as vendas por impulso,

existência de demandas flutuantes e a impossibilidade tecnológica de realizar vendas à vista.

No entanto, apesar de todo esse contexto favorável à disseminação do crédito, Roveda (2002)

alerta para a possibilidade de o crédito tornar pessoas e empresas altamente endividadas, bem

como ele poder representar um elemento fundamental em um processo inflacionário.

Existe uma variedade de opções de produtos de crédito disponíveis nos bancos e

em instituições financeiras e que são utilizados rotineiramente pelas empresas e pessoas

físicas, dentre elas pode-se mencionar: cheque especial, aquisição de bens, crédito pessoal,

conta garantida, desconto de duplicatas, financiamento de capital de giro e o hot money, que

são operações de prazo muito curto para atender a necessidades urgentes e imediatas (SILVA,

2002; BACEN, 2013; MARQUES, 2002).

No que diz respeito à política creditícia a ser estabelecida pelas empresas

concedentes de crédito, Sousa e Chaia (2000) afirmam que deve estar explicitado para o

cliente tomador do crédito o padrão de concessão, com os devidos requisitos que devem ser

atendidos para este fim. Para Oliveira et al. (2003) as políticas de crédito são aquelas que

norteiam as atividades comerciais bem como as atividades de empréstimos, fazendo parte

dessas políticas o prazo de crédito, os padrões de crédito, os procedimentos de cobrança e os

descontos oferecidos. Na visão de Silva (2002) a política de crédito deve se apresentar como

um impulsionador dos negócios da empresa, sendo que, se bem gerenciada, produzirá

elevação do nível de vendas bem como uma redução do risco das vendas a prazo. Schrickel

(1995) argumenta que ela deve ser flexível, lúcida e pragmática, de maneira que ela venha a

ser mutável ao longo do tempo, realista com o mercado e auxiliadora no alcance dos objetivos

do negócio, guiando e auxiliando nas decisões de concessão ou não do crédito, não devendo

ser a própria decisão (ASSAF NETO e SILVA, 1997). Em uma situação ideal, complementa

Blatt (1999), as empresas operam com uma política de crédito onde ocorrem perdas, porém o

percentual de lucro resultado das vendas relativas ao risco oferece mais lucro do que

prejuízos. Alguns critérios são citados por Lopes (2005) como necessários quando da

implantação da política de crédito pelas empresas, dentre os quais enumera-se a capacidade da

empresa manter o equilíbrio financeiro, a convergência dessa política com as estratégias

anunciadas no planejamento estratégico da empresa, a determinação do nível de vendas e a

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adoção de um aceitável grau de risco. Mais especificamente no âmbito das micro e pequenas

empresas, Gitman (2002) enxerga a gestão de uma política de crédito ainda mais difícil, na

medida em que nestas estruturas empresariais os clientes geralmente são empresas locais nas

quais os administradores são amigos pessoais, ficando assim, difícil negar a concessão de

crédito. Ainda no que diz respeito às micro e pequenas empresas, Lopes (2005) comenta que

os seus gestores visualizam apenas o afrouxamento nos padrões de crédito, visando um

aumento das vendas, porém deve ser também levado em consideração a rentabilidade e

aumento dos investimentos em estoques para não incorrerem em prejuízos.

Antes de efetivamente tomar uma decisão a respeito do crédito, seja ela favorável

ou não, a empresa deve realizar uma análise preliminar do procedimento creditício a ser

realizado. De acordo com Blatt (1999) trata-se de uma análise organizada de dados visando

levantar informações a respeito do tomador do crédito. Quanto ao seu objetivo, Santos (2003)

assevera que este consiste em verificar se o crédito solicitado e a capacidade financeira do

cliente em pagar suas dívidas são compatíveis, ou seja, busca-se identificar a capacidade e a

idoneidade do cliente em honrar seus compromissos. A análise de crédito inclui uma análise

interna, buscando averiguar a situação financeira, administrativa e operacional da empresa,

bem como uma análise externa, com o objetivo de conhecer o nível de liquidez e

endividamento da empresa, através de fontes externas. É nesse contexto que são analisados a

capacidade de retorno do tomador do crédito e os riscos atrelados a sua concessão (PIRES,

2008). Blatt (1999) argumenta que a análise de crédito não tem caráter de exatidão, ou seja,

ele não pode ser medido tecnicamente ou com ajuda de um software computacional, de

maneira que a vivência diária e a experiência dos gestores também devem ser levadas em

consideração na decisão de crédito. Dessa forma, o autor enumera quatro ferramentas

consideradas determinantes para uma boa decisão de crédito, que são: os métodos científicos

(coeficientes de crédito, análise do fluxo de caixa e programas computacionais); julgamento

de crédito aliado à análise financeira e creditícia; experiência prática para lidar com diversos

clientes e situações; e observação do cliente in loco, através de visitas como forma de

confirmar, confrontar e complementar as informações necessárias para um seguro julgamento

do crédito.

Existem basicamente três estratégias ou maneiras de se realizar uma análise de

crédito. A liberal favorece o aumento do volume de vendas e fornece ferramentas comerciais

interessantes às empresas, porém poderá elevar os seus riscos. A estratégia rígida ou restritiva

apresenta-se como menos arriscada, todavia poderá dificultar o poder de venda das empresas.

Por fim, na estratégia adequada ou ideal há um balanceamento, de forma que os negócios

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poderão ser desenvolvidos ao mesmo tempo em que os riscos e perdas próprios das vendas a

prazo são gerenciados mais eficazmente, sendo, assim, a maneira mais procurada pelos

gestores, mas de difícil aplicação, em virtude dos vários procedimentos envolvidos num

processo de análise de crédito (PIRES, 2008).

Logicamente, toda operação de credito envolve algum tipo de risco. De acordo

com Chaia (2003) a existência do risco de crédito deve-se ao fato de que a quantia oferecida

pode ser pago ou não na sua totalidade pelos tomadores, de maneira que se houvesse o

pagamento total do crédito não haveria o risco. Blatt (1999) afirma que em um processo de

concessão de crédito o ponto mais importante consiste na avaliação dos riscos. Para ele, o

risco de crédito é uma expectativa de cumprimento da negociação acordada em uma data

futura. Já Weston e Brigham (2000) conceituam risco de crédito como a probabilidade de um

ganho menor do que o retorno esperado. Crouhy, Galai e Mark (2004) classificam os riscos

existentes nas empresas em: operacional (inerente às operações das empresas), de mercado

(relativos a fatores externos da empresa), jurídico (ligados aos riscos legais) e de crédito

(relativos à falta de pagamento da dívida por parte dos clientes). Como não é possível

eliminar o risco de crédito, as empresas devem procurar projetá-lo e estabelecer prêmios pelo

risco assumido, sendo que essa estimativa é mais bem realizada quando se tem o maior

número de informações possíveis dos clientes (FONSECA, 2008). Essas informações podem

ser obtidas, segundo Souza (1996), por meio de documentação oficial (relatórios,

demonstrativos contábeis, estatutos), de informações com terceiros (fornecedores, clientes,

bancos) e de visitas às empresas. Santos (2003) complementa essa lista citando a experiência

dos gestores, domínio da tecnologia e vasto conhecimento de mercado. Como o montante de

contas a receber das empresas representa boa parte do total dos seus investimentos, elas

precisam analisar e controlar da melhor maneira possível os riscos de crédito relativos a essas

contas (BRAGA, 1995).

O crédito deve ser concedido quando o lucro estimado da concessão for superior

ao lucro estimado da sua recusa, de acordo com a equação (BREALEY e MYERS, 2000):

Lucro Esperado = pVA (Receita – Custos) – (1 – p) VA (custos), onde:

p - Probabilidade de o cliente pagar. (1 – p) - Probabilidade de o cliente não pagar VA (Receita – Custos) - Valor atual das receitas adicionais menos os custos adicionais dos clientes pagadores. VA (Custos) - Valor atual dos custos de não cumprimento. Fonte: Brealey e Myers (2000, p.765.)

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Ross et al. (2002) afirmam que é necessário encontrar um ponto ótimo do valor do

crédito a ser concedido. Para isto, utilizam-se os conceitos de custos de carregamento e custos

de oportunidade. Segundo o autor, custos de carregamento consistem nos fluxos de caixa

resultantes da concessão de crédito e tem relação diretamente proporcional com o volume de

crédito concedido. Já os custos de oportunidade possuem relação inversamente proporcional

com a concessão do crédito, sendo representados pelas vendas não realizadas com a negação

do crédito. O ponto ótimo de concessão de crédito consiste exatamente quando o volume do

fluxo de caixa resultado das vendas adicionais se iguala ao custo de carregamento resultado

do acréscimo das contas a receber, de tal maneira que haja uma minimização da soma dos

custos totais, como ilustra a Figura 8.

Figura 8: Custos de concessão de crédito.

Custos

Custos totais Custos de carregamento

Custos de oportunidade

Nível de crédito concedido

Nível ótimo de crédito

Fonte: Ross et al. (2002, p. 644).

Saunders (2000) comenta que existem tradicionalmente três modelos de

classificação de risco quando se analisa a concessão ou não do crédito, que são: a análise

subjetiva tradicional, que se baseia no conhecido 5 C’s do crédito, ratings de crédito e a

análise objetiva baseado em sistemas de pontuação ou escore de crédito (credit scoring). Já

Santos (2003) faz essa classificação em apenas dois modelos: a análise subjetiva e a objetiva.

A análise objetiva utiliza-se de metodologia estatística ou matemática para apurar

a capacidade de pagamento dos clientes tomadores de crédito, averiguando a probabilidade

deste tornar-se inadimplente posteriormente, através de técnicas como o credit scoring, rating

e o behavior scoring (PIRES, 2008; SANTOS, 2003; FARIA, 2006). Alguns motivos para o

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desperto de interesse pela utilização de técnicas quantitativas para análise de crédito são

elencados por Saunders (2000), tais como: ganho de margens mais competitivas, aumento no

número de falências, desintermediação financeira, tecnologia e exigências dos órgãos

reguladores.

O credit scoring é utilizado quando se deseja conhecer o cliente e projetar seu

comportamento no futuro, aplicado para solicitação de crédito de novos proponentes

desconhecidos pela empresa. Baseia-se em fórmulas estatísticas utilizando para tanto dados

cadastrais, financeiros, de idoneidade e patrimoniais dos clientes, bem como informações

sobre ocorrências negativas, como inscrição em SPC, Serasa, protestos, CCF’s, falências e

concordatas, para os quais se aplicam pesos ou ponderações de acordo com a importância de

cada uma atribuída pela empresa em sua política de crédito, obtendo-se um resultado final de

recusa ou aprovação do crédito (SANTOS, 2003; SILVA, 2002; PIRES, 2008).

O rating ou índice/indicador classifica o risco de crédito baseado em comparações

ou analogias, podendo ser atribuído a um país, uma pessoa, uma empresa ou a uma operação

de crédito, estabelecida através de uma escala de letras ou números definida por um órgão

classificador e utilizada geralmente na análise de crédito de empresas de médio e grande porte

e grupos empresariais (PIRES, 2008; SANTOS, 2003).

O behavior scoring ou pontuação por comportamento utiliza o comportamento do

cliente, além das variáveis utilizadas no credit scoring para estabelecer a pontuação com

vistas à análise do crédito. Utiliza-se esse modelo quando o objetivo é a manutenção dos

clientes, ou seja, essa técnica aplica-se somente a clientes que possuem um histórico de

crédito com a empresa, atribuindo-se ponderações ao seu histórico comportamental para uma

classificação subsequente (SANTOS, 2003; SILVA, 2002; PIRES, 2008). Esse método tem

várias aplicações, conforme Silva (2002), como o estabelecimento de limite de crédito

rotativo, priorização de cobranças e autorizações de compra acima do limite. Parkinson e

Ochs (1998) comparam as vantagens e desvantagens da aplicação desse modelo, citando

como vantagens a possibilidade de revisões de crédito mais consistentes, informações mais

organizadas, redução do método subjetivo e uma compreensão mais clara dos processos

creditícios da empresa. Por outro lado, como desvantagens citam os autores os custos

elevados de sua aplicação, excesso de confiança, possibilidade de não preenchimento de

alguns valores e de equivocada interpretação.

Segundo Santos (2003) o processo de análise subjetiva do risco de crédito deve

ser alicerçado na capacidade de diagnóstico da idoneidade do tomador do crédito por parte do

analista, baseado na disponibilidade de informações, assim como na sua experiência e no bom

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senso. Schrickel (2000) corrobora esse pensamento afirmando que na análise subjetiva existe

um cenário de incertezas, mudanças contínuas e informações incompletas, devendo o analista

de crédito tomar a decisão baseando-se na sua habilidade e experiência. Essas bases e

parâmetros estabelecidos pelos autores para a realização de uma análise subjetiva de crédito

são conhecidos como os 5 “C’s” do crédito, considerados por Securato (2002) como os

grandes norteadores para este método de análise. Schrickel (1999) adverte que todos os “C’s”

do crédito devem ser avaliados de forma conjunta e complementar, pois a análise isolada de

algum “C” poderá resultar em conclusões equivocadas. O mesmo autor ainda subdivide os 5

“C’s” em dois grupos: aqueles que se referem a fatores pessoais (caráter e capacidade) e os

relativos aos fatores financeiros (capital e condições), sendo o outro “C” (colateral)

relacionado quando os fatores financeiros não oferecem sustentação ao crédito desejado ou

quando a capacidade é questionável.

Para avaliar o caráter do tomador do crédito, Guimarães (2002) elenca como

pontos importantes a pontualidade, a fidelidade, a existência de restrições, a experiência em

negócios e a atuação na praça, ou seja, como é o relacionamento deste com a comunidade em

geral. Borges (2002) destaca que se o caráter do cliente não for bem avaliado, os outros “C’s”

serão bastante afetados. A capacidade é analisada, segundo Silva (2002) a partir de uma

investigação de alguns fatores, como as instalações da empresa, sua estrutura organizacional,

o grau de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o sistema de marketing e o de

informações gerenciais, quando a concessão for para uma organização. Santos (2003)

acrescenta itens como a idade do cliente, seu estado civil, se possui dependentes, sua

formação profissional e o sucesso de seus negócios, quando a concessão for para pessoa

física. De qualquer modo o objetivo é verificar as habilidades e qualidades curriculares da

empresa ou pessoa física em administrar sua vida pessoal e profissional. O terceiro “C” –

capital – é avaliado a partir da situação financeira, econômica e patrimonial do tomador, ou

seja, analisa-se sua estrutura de capital, o fluxo de caixa, a rentabilidade, dentre outros,

quando o cliente for uma empresa e quando este for uma pessoa física, avalia-se basicamente

sua única fonte de renda, que é o seu salário (SANTOS, 2006; SILVA, 2002). As condições

referem-se a fatores externos à organização, como as condições econômico-financeiras,

inflação, políticas tributária, de juros e de câmbio e restrições de crédito, que podem de

alguma forma interferir no desempenho de seus negócios (SANTOS, 2006; FONSECA,

2008). O último “C” – colateral – diz respeito às garantias que o tomador de crédito pode

oferecer, como forma de se ter uma espécie de segurança a mais, de maneira a amenizar ou

reduzir o risco da operação (GUIMARÃES, 2002). Essas garantias são citadas por Silva

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(2002) e incluem a alienação fiduciária, caução, hipoteca, penhor, debêntures, duplicatas,

aval, carta de crédito, etc. Bueno (2003) destaca que o colateral deve ser enfatizado quando os

demais “C’s” se mostrarem insatisfatórios, mas será sempre a última alternativa de análise,

haja vista que, segundo Schrikel (1999), as garantias apenas reduzem as incertezas envolvidas

em ocorrências incontroláveis. A Figura 9 traz uma ilustração dos cinco “C’s” do crédito.

Figura 9: Os “C’s” do Crédito.

Fonte: Adaptado de Santos (2003, p. 44).

Come (1999) cita ainda como forma de análise de crédito o modelo de Buckley,

que leva em consideração de forma simultânea e interativa os modelos de marketing,

estatístico e contábil, gerando o chamado modelo sistêmico de crédito. A função do marketing

neste modelo é determinar técnicas quantitativas de medição do risco de crédito. A função

estatística consiste no levantamento de informações acerca das características da população,

tipo e distribuição, a partir de técnicas como a distribuição normal, de Poisson e de Gauss. Por

fim, a função contábil demonstraria as relações custo-volume-lucro (LOPES, 2005).

2.5 ANÁLISE DE CUSTOS

A análise de custos é uma ferramenta gerencial que envolve a contabilidade de

custos bem como a contabilidade gerencial, permeando os sistemas de informação de ambas

(EIDT, 2006; HANSEN e MOWEN, 2001). Para Eidt (2006) os custos existem em todas as

atividades econômicas, variando em maior ou menor escala, sendo mais significativos nas

Os “C’s” do crédito

Dados do cliente

Caráter

Capacidade

Capital

Condições

Colateral

Idoneidade no mercado de crédito (situação no SPC, Serasa).

Habilidade dos sócios em converter negócios em renda.

Situação financeira e capacidade de pagamento.

Impacto de fatores internos e externos na empresa.

Disponibilidade de bens móveis, imóveis e financeiros.

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empresas industriais quando comparados com empresas mercantis, devido a uma necessidade

maior de se estabelecer parâmetros ou indicadores relativos às quantidades de consumo e ao

volume de produção. De acordo com Leone (2000) o contador de custos tem como objetivos a

identificação do parâmetro causador do custo e a identificação de como se comporta o custo

diante da variabilidade desse parâmetro, sendo estes os indicadores de gestão que medem os

volumes das atividades, também denominados de parâmetros quantitativos, físicos ou

operacionais. Segundo Eidt (2006), gerir custos significa equacionar simetricamente custos e

despesas relativos aos níveis de receitas, apesar de existir uma sensibilidade operacional

assimétrica, conforme constatação realizada no estudo de Costa, Medeiros e Silva (2004).

Tomando como modelo as despesas de venda, gerais e administrativas, em função da receita

líquida de vendas, os autores desse estudo constataram que para um aumento de 1% na receita

líquida de vendas, os custos aumentam em média 0,55%, ao passo que para uma redução de

1% na receita líquida de vendas, os custos diminuem apenas 0,35%. Apesar disso, os gestores

de custos têm a incumbência de controlar a assimetria dos custos, buscando sempre um

melhor desempenho dos produtos, serviços ou atividades econômicas (EIDT, 2006). O autor

ainda afirma que para alcançar uma eficácia em gestão de custos, é necessário embasar suas

informações em uma estrutura eficiente de contabilidade de custos e as previsões em um

sistema orçamentário de produção.

A contabilidade de custos oferece suporte às tomadas de decisões gerenciais,

administrativas, operacionais e de negócios, na medida em que fornece ferramentas de gestão

aos usuários internos da organização (EIDT, 2006). Paralelo à contabilidade de custos, a

contabilidade gerencial possui como funções a determinação e controle dos custos, a

avaliação do desempenho e suprimento de informações para o planejamento e decisões

relevantes (FERNANDES, 1991). Para Hansen e Mowen (2001) a contabilidade de custos

existe para satisfazer os objetivos de custeio para a contabilidade gerencial, sendo que a

contabilidade de custos oferece informações de custos acerca de clientes, produtos, serviços,

atividades, processos e outras particularidades de interesse da administração, e a contabilidade

gerencial se ocupa com a maneira com a qual as informações sobre custos, bem como as

demais informações financeiras e não financeiras serão utilizadas para o planejamento,

controle e tomadas de decisão.

Segundo Eidt (2006), diante do atual cenário econômico competitivo, é

fundamental o estabelecimento de ferramentas de análise na área de custos, de maneira que

possa haver uma gestão, controle e redução dos custos, sem haver redução da qualidade dos

produtos. Ainda de acordo com o mesmo autor, a contabilidade de custos deve fornecer não

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apenas informações financeiras, mas também não financeiras, com projeção do futuro. Outro

procedimento da contabilidade de custos que agrega competitividade às empresas é a

substituição de sistemas de contabilidade de custos e de controle utilizados no passado por

sistemas modernizados, com a utilização de recursos necessários numa economia globalizada

e integrada (FERNANDES, 1991; EIDT, 2006).

Com relação à utilização dos custos no processo de formação de preço, Eidt

(2006) afirma que é fundamental a formação do melhor preço de venda para alcançar a

competitividade e a geração de lucros, de tal modo que o método utilizado recupere todos os

custos absorvidos pelo produto, os tributos, bem como o valor das despesas operacionais,

contemplando o lucro almejado. Bruni e Famá (2003) acrescentam que os métodos de

formação de preço baseados nos custos buscam de alguma maneira agregar valor aos custos.

Para Garrison e Noreen (2001), a formação do preço representa uma atitude

delicada de equilíbrio para as empresas, haja vista que preços mais elevados geram receita

maior por unidade vendida, mas por outro lado, reduzem as vendas. Além dos custos, Bruni e

Famá (2003) afirmam que as condições de mercado, o nível de atividade e a remuneração do

capital investido também são fatores que estão relacionados com o processo de formação de

preço, de tal maneira que a precificação da venda deve ser um valor que maximize os lucros

da empresa, mantenha a qualidade, atenda aos anseios do mercado e aproveite da melhor

forma os níveis de produção (EIDT, 2006).

Além de analisar os custos para a formação do preço de venda, considerados

fatores internos, é preciso também, de acordo com Bruni e Famá (2003), uma análise do valor

percebido pelo mercado. Segundo estes mesmos autores o mercado delimita os preços. Três

fatores são apresentados por Maher (2001) como influenciadores dos preços: os clientes, que

se tornam sensíveis com o aumento dos preços, os concorrentes, que tem seus preços

influenciados com a adoção de preços agressivos pelo mercado, e os custos, que possuem

relação direta com a variação dos preços. Perez Jr., Oliveira e Costa (1999) afirmam que os

fatores externos estão mais relacionados com o preço de venda do que propriamente os seus

custos. No entanto, os custos são uma ferramenta indispensável na formação do preço de

venda para comparar com o preço praticado no mercado e decidir se vale ou não a pena

colocar o produto à venda com o preço que o mercado está disposto a pagar (EIDT, 2006).

Santos (1988, p. 131) apresenta os seguinte métodos de formação de preço: “Método do preço

com base no custo pleno; Método do preço com base no custo de transformação; Método do

preço com base no custo marginal; Método do preço com base no retorno sobre o capital

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investido; Método do preço com base no custo-padrão”. Abordaremos cada um desses

métodos a seguir.

O método do preço com base no custo pleno é aquele baseado no custo total da

produção, acrescidos de despesas de venda, despesas de administração e de uma margem de

lucro estabelecida, permitindo elevar os preços a cada aumento de determinado componente

de custo (SANTOS, 1988; BRUNI e FAMÁ, 2003). Como limitações desse método, Santos

(1988) afirma que ele não tem flexibilidade para se ajustar ao preço de mercado, por ser um

método que depende dos custos, além dele não diferenciar os custos fixos dos variáveis,

dificultando a tomada de decisões. O método do preço com base nos custos de transformação

não leva em consideração os custos com materiais diretos, formando os preços baseados

somente nos custos de transformação (BRUNI e FAMÁ, 2003). Eidt (2006) argumenta que os

materiais diretos adquiridos e transformados não constituem a base de renda para a indústria,

sendo esta a estrutura industrial e operacional da empresa. A utilização desse método é

adequada para empresas que possuem altos custos de transformação, bem como uma variação

considerável na natureza e nos elementos de custo dos itens produzidos (EIDT, 2006;

SANTOS, 1988). O método do preço com base no custo marginal contrapõe-se ao anterior.

Ele determina o preço baseado no conjunto dos custos que variam diretamente com a

produção, bem como leva em consideração os custos indiretos e as despesas operacionais

variáveis atribuídos aos produtos, e tem como objetivo encontrar combinações de preços e de

volume que maximize os lucros, de maneira que o preço estabelecido seja maior do que os

custos marginais ou desembolsados (EIDT, 2006; SANTOS, 1988). No método do preço com

base no retorno sobre o capital investido, os preços são formados de forma que resulte em

lucro sobre o capital investido, permitindo estimá-los com base em uma taxa pré-determinada

de lucro sobre o capital investido (EIDT, 2006; BRUNI e FAMÁ, 2003). Santos (1988)

propõe uma equação matemática para a formação do preço com base no retorno sobre o

capital investido: Percentual da margem de lucro sobre o custo total (PMLCT) = Capital

investido/custos totais X Taxa de lucro sobre o capital investido, sendo o capital investido os

valores do ativo circulante. O método do preço com base no custo-padrão pré-estabelece

processos e custos de produção, de modo que podem ser utilizados como parâmetros de

controle durante o processo, antecipando e prevendo o lucro estabelecido (EIDT, 2006).

Segundo Bruni e Famá (2003, p. 330) “nesse modelo, a empresa estima seu custo-padrão,

com o cuidado de corretamente separar os custos pertencentes aos produtos (variáveis) e os

custos pertencentes à estrutura operacional da empresa (fixos)”. Além desses métodos de

formação de preço elencados por Santos (1988), encontra-se na literatura o método de

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formação do preço com base na aplicação do Mark-up, que segundo Eidt (2006), consiste em

acrescentar uma margem fixa sobre determinada base de custos conhecidos, de forma que

haja uma recuperação de toda a estrutura operacional, bem como o lucro estabelecido, e o

método de formação de preço com base no mercado, através do estabelecimento do preço

praticado no mercado concorrente (EIDT, 2006).

De acordo com Martins (2000), para que as empresas consigam se manter

competitivas no mercado de negócios altamente competitivo e globalizado, é necessário que

haja uma integração entre o processo de gestão de custos e o processo como um todo de

gestão da empresa, de forma que ela alcance satisfatórios níveis de qualidade, produtividade e

eficiência, com a redução de custos e desperdícios e melhores tomadas de decisão, com a

disponibilidade de informações mais precisas e atuais. Essa integração é denominada de

Gestão Estratégica de Custos (GEC).

O entendimento tradicional de custos como um simples instrumento de

mensuração é bastante restrita e em determinados cenários de decisão pode se tornar inútil

(LOURENSI, 2008). Perez Júnior (2002) destaca que as empresas que desejam alcançar

sucesso precisam satisfazer de maneira completa seus clientes, adotando a filosofia da

excelência empresarial, que segundo Nakagawa (2001), fundamenta-se em dois pilares

fundamentais: o aperfeiçoamento contínuo e a eliminação do desperdício. As empresas

começaram a se preocupar com esta nova realidade a partir da década de 80, quando ficou

evidenciada a necessidade de haver uma integração conceitual e sistêmica entre os sistemas de

controle gerencial e de gestão de manufatura (NAKAGAWA, 2001). Para o mesmo autor, os

tradicionais sistemas de custeio não eram mais suficientes para atender às atuais necessidades

e demandas de gestão e controle, surgindo então a Gestão Estratégica de Custos para suprir a

lacuna dos sistemas tradicionais de custeio. Shank e Govindarajam (1997) enfatizam que os

sistemas tradicionais de custeio utilizam apenas o nível de atividade para justificar as causas

dos custos, enquanto a GEC gerencia os custos ao longo de toda a cadeia de valor,

ultrapassando os limites internos da empresa.

De acordo com Parisi e Megliorini (2011) a GEC aplica-se tanto ao ambiente

interno como o ambiente externo da empresa, sendo internamente relacionada com a estrutura

de custos e seu ambiente operacional, tendo como meta a eliminação de desperdícios e a

consequente excelência empresarial, e externamente estabelecendo uma relação estratégica e

operacional com o ambiente externo, possibilitando uma maior agregação de valor. Assim, a

GEC objetiva analisar toda a cadeia de valor, que vai desde a fonte de recursos humanos,

materiais, tecnológicos e financeiros utilizados pela empresa até o consumidor final

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(MARTINS, 2001). Para Paula (2012) a GEC busca analisar mais profundamente os custos,

considerando toda a cadeia de valor e não apenas os processos internos, cobrindo as

limitações e falhas existentes nos tradicionais sistemas de custeio, devendo funcionar de

maneira integrada, haja vista que os gestores de todos os setores da empresa utilizam as

informações de custos. Dessa forma, Hansen e Mowen (2001) argumenta que a GEC significa

a utilização dos dados de custos com o intuito de identificar e desenvolver estratégias

superiores que possibilitarão o desenvolvimento de uma vantagem competitiva sustentável.

Cooper e Slagmulder (2003) destacam que a gestão estratégica de custos pode ser utilizada

nos mais diversos ramos empresariais, como as empresas de produção, de serviços e até

mesmo as instituições sem fins lucrativos.

Segundo Lourensi (2008) constituem-se pilares fundamentais da gestão

estratégica de custos a avaliação crítica da cadeia de valor, a determinação do posicionamento

estratégico e a análise e adequação à posição da empresa dos direcionadores de custos.

De acordo com Maher (2001), conhecendo a cadeia de valor e o custo de cada

atividade, através de uma análise das atividades geradoras de valor para a empresa, é possível

a empresa identificar e eliminar, ao longo da cadeia de valor, as atividades que não tem a

capacidade de acrescentar valor algum ao produto ou serviço, reduzindo os custos sem

diminuir o valor do produto para os consumidores. Para Shank e Govindarajam (1997) a

análise da cadeia de valor possibilita chegar a conclusões bem diferentes e superiores àquelas

resultantes da análise tradicional de valor agregado, destacando quatro setores de melhoria

dos lucros: ligações com os clientes, com os fornecedores, ligações de processo de uma

unidade empresarial e ligações através das cadeias de valor da unidade empresarial no âmbito

da empresa.

Com relação ao posicionamento estratégico a ser adotado pela empresa, Paula

(2012) afirma que este deve relacionar a empresa com o ambiente no qual está inserido, com o

intuito de definir ações agressivas ou conservadoras frente às forças competitivas, sendo

importante a definição do objetivo a ser perseguido por todos os gestores para o alcance da

competitividade (SILVA, 1999). O posicionamento estratégico envolve a definição da melhor

combinação das três abordagens estratégicas gerais a ser adotada pela empresa, tendo como

objetivo a criação de vantagem competitiva sustentável: liderança em custos, diferenciação e

enfoque, sendo que cada uma dessas abordagens requerem estratégias diferentes das empresas

HANSEN e MOWEN, 2003; PAULA, 2012). Assim, Garrison, Noreen e Brewer (2007)

afirmam que conhecer previamente a estratégia a ser adotada pelas empresas consiste em um

requisito essencial para se alcançar êxito empresarial. Shank e Govindarajan (1997)

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complementam afirmando que, assim como a adoção de uma das abordagens estratégicas

resulta em posturas diferentes por parte da empresa, ela também resulta em perspectivas

diferentes de análises de custos.

O terceiro e último pilar da gestão estratégica de custos de acordo com Lourensi

(2008) são os direcionadores de custos. Correspondem aos fatores que possuem a capacidade

de alterar o nível do custo total (BLOCKER et al., 2008). Para Parisi e Megliorini (2011) os

direcionadores (ou determinantes) de custos constituem as decisões estratégicas e

operacionais entendidas pelas empresas como a maneira mais adequada para executar suas

operações, podendo ser classificados em determinantes de custos baseados em atividades,

determinantes de custos baseados em volume e determinantes de custos baseados em estrutura

e execução.

Uma ferramenta valiosa no processo de gestão estratégica de custos é o

gerenciamento baseado em atividades (ABM – Activity Based Management), que consiste no

conjunto de ações e decisões tomadas baseadas nas informações sobre custos baseados em

atividade (ABC – Activity Based Costing) (KAPLAN e COOPER, 2000). Segundo Paula

(2012), com o ABM a empresa alcança os mesmos resultados com um menor custo total. Para

Hernandez, Oliveira e Costa (2006), o ABM destaca a gestão de atividades como a maneira

mais eficiente de alcançar a excelência no atendimento das expectativas e necessidades dos

clientes, bem como de oferecer para os investidores o melhor retorno possível. Ainda de

acordo com os mesmos autores, o ABM consiste em uma combinação de três ferramentas

essenciais para a gestão estratégica de custos, que são o controle de qualidade total (TQC –

Total Quality Control), o JIT (Just in Time) e o custeio baseado em atividades (ABC).

Diante do cenário de constante e crescente competitividade em escala global,

constitui um importante passo para as empresas atingirem seus objetivos o investimento em

administração de boas práticas na gestão de custos, o que poderá resultar na melhoria

constante da produtividade, na redução de custos, melhor qualidade dos produtos, rapidez nos

processos e consequentemente uma redução nos preços e aumento da competitividade (EIDT,

2006). Dentre as ações descritas na literatura acerca de boas práticas na gestão de custos,

podem-se citar as seguintes: gerenciamento de volumes mínimos e máximos de estoques;

gerenciamento de custos nas compras, avaliando os melhores preços e condições de

pagamento; contratação de profissionais capacitados para elaborar orçamento e custos;

utilização de custo padrão de materiais, produtos e processos; implantação de um sistema

orçamentário, controlando e comparando os custos reais em andamento com os custos já

estabelecidos, com verificação das variações e encaminhamentos de ações corretivas;

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estabelecimento de metas para reduzir custos; formulação de preço de venda baseado nos

custos e despesas fornecidos pelo sistema orçamentário, comparando-o e ajustando-o com os

preços praticados no mercado; e implantação e manutenção de um sistema de controle com

vistas a reduzir os custos e o preço de venda (BARVE, 2013; EIDT, 2006).

2.6 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

É sabido que estamos vivenciando um momento caracterizado por transações

comerciais avançadas entre as organizações, capitalismo desenvolvido e bancos comerciais

cada vez mais aperfeiçoados em suas atividades. Fatores como estes favoreceram a

necessidade das empresas possuírem ferramentas de análise e verificação da capacidade de

cumprimento dos compromissos financeiros dos seus devedores, através de relatórios gerados

a partir das demonstrações contábeis e dos indicadores financeiros (CARVALHO FILHO,

2011). Segundo este mesmo autor os demonstrativos contábeis possibilitam aos gestores

formas de comparação, apuração do resultado do exercício, controles do patrimônio,

indicando a situação financeira atual e futura. De acordo com Morozini (2005) as

demonstrações financeiras têm como principal objetivo o fornecimento de informações

àquelas pessoas que possuem algum interesse no resultado da empresa e no seu patrimônio,

sendo que sua análise é a forma de se conhecer a situação econômico-financeira. Para Blatt

(2001) a contabilidade oferece o alicerce para a realização da análise financeira através de

seus demonstrativos contábeis. Conforme Duarte e Lamounier (2007) a contabilidade é

responsável pelo fornecimento de informações necessárias para aos gestores tomarem as

decisões, sendo considerada a maior fonte de informações nas empresas.

As demonstrações contábeis no Brasil atualmente são regidas pela Lei nº

6.404/76, que rege as sociedades anônimas, mas também é utilizada pelas empresas sujeitas à

tributação do imposto de renda baseadas no lucro real (TÁRTARI, 2005). Tal lei exige no seu

artigo 176 a elaboração das seguintes demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial,

Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos

Acumulados, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração das

Origens e Aplicações de Recursos. Em 1º de janeiro de 2008 passou a vigorar a Lei n°

11.638/07, modificando a anterior e determinando que toda empresa deve, ao final de cada

exercício social correspondente a doze meses, apurar o Balanço Patrimonial, a Demonstração

do Resultado do Exercício, a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração dos Fluxos de Caixa e a

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Demonstração do Valor Adicionado para as companhias abertas. Para Iudícibus, Martins e

Gelbcke, (2003) as demonstrações contábeis devem possibilitar a análise e compreensão

adequada da situação financeira e patrimonial da empresa, evidenciando os atos da gestão.

O Balanço Patrimonial consiste num demonstrativo que evidencia estaticamente

em uma determinada data a posição econômica e financeira do patrimônio da empresa,

demonstrando de um lado seus ativos, que constituem as aplicações da empresa, ou seja, seus

bens, direitos e suas propriedades, e do outro seus passivos, que representam as origens dos

recursos da empresa, compreendendo suas exigibilidades, obrigações, bem como seu

patrimônio líquido, que consista na diferença entre o ativo e o passivo da empresa

(MOROZINI, 2005; PEREZ JR. e BEGALLI, 1999; SOUZA, 2004; TÁRTARI, 2005). Para

Kroetz (2000) o balanço patrimonial sintetiza a riqueza da empresa, sendo útil como

instrumento de análises e controles e possibilitando o estudo do comportamento e tendências

do seu patrimônio. De acordo com Iudícibus (1988) o ativo é composto por contas que se

agrupam de acordo com sua liquidez, sendo disposto em grupo de contas homogêneas. Esses

grupos são o ativo circulante, ativo realizável a longo prazo e ativo permanente. Já o passivo,

ainda segundo o mesmo autor, integra as contas de acordo com o seu vencimento, sendo

aquelas liquidadas mais rapidamente agrupadas primeiramente. Seus grupos são o passivo

circulante, passivo exigível a longo prazo, resultados de exercícios futuros e o patrimônio

líquido.

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) evidencia resumidamente toda

a movimentação ocorrida em um determinado período, confrontando as receitas, custos

despesas, no qual sua diferença resulta em lucro ou prejuízo, ou seja, a DRE fornece os

resultados auferidos pela empresa em um determinado exercício (ASSAF NETO, 2010;

SOUZA, 2004; MOROZINI, 2005). De acordo com Mattos (1999) a DRE tem como objetivo

demonstrar ao seu usuário o resultado econômico e financeiro de um determinado período.

Dessa forma, é possível avaliar a gestão econômica da empresa bem como suas tendências

futuras, podendo ainda utilizá-la como parâmetro de comparação com outras empresas do

mesmo ramo (QUINTANA, 2004). Matarazzo (2003) complementa afirmando que a DRE

demonstra somente o fluxo econômico e não o fluxo financeiro da empresa, não importando

se a receita ou a despesa reflete em dinheiro, mas sim se ela afeta o patrimônio líquido.

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) retrata os fluxos financeiros de entrada

e saída de caixa durante um determinado período, facilitando a visualização de entradas e

saídas de dinheiro em caixa, demonstrando onde foram aplicados os recursos que entraram na

empresa, podendo ainda ser utilizada para medir o pregresso das metas planejadas ou para

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identificar situações de falhas na administração da empresa (GITMAN, 2004). Para Iudícibus,

Martins e Gelbcke (2003) a DFC tem como principal objetivo o fornecimento de importantes

informações acerca dos pagamentos e recebimentos em dinheiro de uma empresa em um

determinado período. A DFC mostra de onde veio todo o dinheiro que entrou no caixa da

empresa, assim como onde foi aplicado todo o dinheiro que saiu do caixa em um dado

período, evidenciando as mudanças que refletiram no caixa (MARION, 1998; THIESEN,

2000). Zdanowick (2000) enfatiza a importância e ainda faz um comparativo entre a DRE e a

DFC. Para este autor a utilização em conjunto desses dois demonstrativos contábeis

possibilita aos gestores uma maior segurança na administração de suas finanças, sendo que

com a DFC retrata a real situação financeira da empresa, proporcionando uma visão mais

abrangente dos recursos disponíveis, enquanto a DRE coloca à disposição da empresa a sua

situação econômica.

Para analisar a saúde financeira da empresa, os gestores dispõem também de

indicadores fornecidos pela contabilidade denominados de indicadores financeiros. Existem

basicamente quatro dimensões ou grupos de índices financeiros: os indicadores de atividade,

de rentabilidade/lucratividade, de liquidez e de endividamento.

Os indicadores de atividade ou rotatividade demonstram o grau de utilização dos

ativos na geração das vendas, medindo a rapidez de conversão das contas em vendas ou caixa

(MATARAZZO, 1998; GITMAN, 2004). Os indicadores de atividade geralmente utilizados

são: o prazo médio de estocagem (PME), o prazo médio de pagamento dos fornecedores

(PMPF) e o prazo médio de cobrança (PMC).

O PME demonstra o prazo médio de renovação dos estoques da empresa e pode

ser calculado a partir da seguinte expressão matemática (TÁRTARI 2005):

Prazo Médio de Estocagem = Estoque Médio x 360 Custo dos Produtos Vendidos

O PMPF retrata o tempo médio para o pagamento das compras a prazo dos

fornecedores da empresa, podendo ser encontrado utilizando a expressão (TÁRTARI 2005):

Prazo Médio de Contas a Pagar a Fornecedores (média) x 360 Pagamento a Fornecedores = Compras Anuais a Prazo

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O PMC revela o tempo que a empresa leva para cobrar suas duplicatas, sendo

utilizado com o objetivo de analisar as políticas de crédito e de cobrança da empresa, podendo

ser calculado da seguinte forma (GITMAN, 2001):

Prazo Médio de Cobrança = Duplicatas a Receber Média de Vendas por Dia

onde, Média de Vendas por Dia = Vendas Anuais 360 dias

De acordo com Kuiava (2006) os indicadores de rentabilidade ou de lucratividade

demonstram o retorno das aplicações na atividade da empresa e o quanto de seu resultado

pode ser considerado como lucro. MOROZINI (2005) afirma que estes índices denotam a

rentabilidade do capital investido e o nível de sucesso econômico da empresa. De acordo com

Assaf Neto (2002) é possível com estes índices medir o retorno sobre os investimentos

realizados bem como a lucratividade sobre as vendas. Os indicadores de rentabilidade

encontrados na literatura são os seguintes: giro do ativo, rentabilidade das vendas (margem

operacional e margem líquida), rentabilidade do ativo e rentabilidade do patrimônio líquido.

O giro do ativo revela o número de vezes que o ativo da empresa se transformou

em vendas em um determinado período (KUIAVA, 2006). Para Matarazzo (1998) não se pode

chegar a conclusões acerca do volume de vendas de uma empresa analisando somente o valor

absoluto de suas vendas, sendo necessário relacionar o total investido no ativo com o

montante de suas vendas. Esse indicador tem essa interpretação, ou seja, o quanto a empresa

conseguiu vender em relação ao total investido no seu ativo, sendo calculado da seguinte

forma (MOROZINI, 2005):

Giro do Ativo = Vendas Líquidas Ativo

A rentabilidade das vendas calcula a capacidade de uma empresa produzir lucros a

partir de suas vendas, sendo verificado tanto em nível operacional (margem operacional)

quanto em nível líquido (margem líquida) a partir das seguintes expressões (ASSAF NETO,

2003):

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Margem Operacional = Lucro Operacional Vendas Líquidas

Margem Líquida = Lucro Líquido Vendas Líquidas

A rentabilidade do ativo tem como objetivo demonstrar a capacidade da empresa

gerar lucro com determinado ativo, ou seja, o potencial que a empresa tem de capitalizar-se

gerando lucro líquido (MOROZINI, 2005). Silva (2001) recomenda que para se ter uma

melhor análise desse índice deveria excluir os ativos não operacionais do ativo total, bem

como o efeito das receitas e despesas não operacionais do lucro líquido. A expressão

matemática para calcular esse índice é o seguinte (MATARAZZO, 2003):

Rentabilidade do Ativo = Lucro Líquido Ativo

A rentabilidade do patrimônio líquido é o último indicador de rentabilidade ou

lucratividade. Ele mensura de forma quantitativa o retorno que possuem os acionistas ou

sócios da empresa em relação ao patrimônio líquido, ou seja, qual o retorno do capital

investido na empresa (MOROZINI, 2005). Santi Filho (2004) afirma que este indicador é

expresso em termos percentuais e sinaliza que quanto maior for esse percentual, mais

rapidamente a riqueza dos proprietários que foi investida na empresa está sendo aumentada. É

representada pela seguinte fórmula (MATARAZZO, 2003):

Rentabilidade do PL = Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Médio

Os indicadores de liquidez indicam a capacidade da empresa honrar suas dívidas,

medindo a solidez de sua base financeira, a partir da confrontação dos ativos circulantes com

as dívidas (MATARAZZO, 2003; SILVA, 1995; ASSAF NETO, 2010). Saporito (2005)

compara os indicadores de liquidez com os de rentabilidade, afirmando os primeiros é mais

importante para os analistas de crédito, enquanto que os segundos é a preocupação principal

dos analistas de investimentos. Paulo e Moreira (2003) alertam para o fato de que os

indicadores de liquidez têm a limitação de revelar apenas a capacidade ou não de pagamento

das obrigações da empresa, não englobando outros indicadores citados anteriormente como os

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prazos de pagamento e de cobrança. Por isso a necessidade de análise destes indicadores em

conjunto com os demais (FAVARIN e ALMEIDA, 2003). Os indicadores de liquidez

envolvem a liquidez geral (LG), liquidez corrente (LC), liquidez seca (LS) e liquidez imediata

(LI).

A liquidez geral revela a capacidade da empresa de saldar todas as suas dívidas

em um longo prazo, ou seja, o quanto ela dispõe de dinheiro, bens e direitos realizáveis a

longo prazo para cobrir todas as suas dívidas, detectando a saúde financeira da empresa em

um longo prazo (IUDÍCIBUS, 1998; CARVALHO FILHO, 2011). MOROZINI (2005)

destaca que este índice revela se existe ou não sobra do ativo circulante, demonstrando se a

empresa consegue quitar seus compromissos com folga financeira ou não. É calculado da

seguinte forma:

Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

A liquidez corrente indica a capacidade da empresa honrar seus compromissos em

curto prazo, demonstrando qual a segurança dos direitos dos possuidores da dívida atual em

caso de inadimplência da empresa (HELFERT, 2000; CARVALHO FILHO, 2011). Kuiava

(2006) destaca que este indicador possui duas limitações que devem ser levadas em

consideração na análise da situação financeira da empresa: ele não retrata a sincronização

entre recebimentos e pagamentos, de modo que pode ocorrer das contas a pagar vencerem

antes do recebimento das contas a receber; bem como não demonstra a qualidade das contas

do ativo circulante. Pode ser calculada a partir da seguinte fórmula:

Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante

A liquidez seca é bem parecida com a liquidez corrente, com a diferença de que os

estoques, por se constituir normalmente no ativo de menor liquidez, serem desprezados do

ativo circulante da empresa (CARVALHO FILHO, 2011). O objetivo deste índice é verificar

o quanto a empresa possui de disponibilidades, de aplicações financeiras de curto prazo e de

duplicatas a receber para cobrir o seu passivo circulante, avaliando a capacidade da empresa

pagar seu passivo circulante em caso de uma crise real, no qual os estoques não teriam valor

algum (HELFERT, 2000; SILVA, 2001). Marion (2002) comenta que um indicador de

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liquidez seca baixo nem sempre significa um sintoma financeiro desfavorável. O autor cita

como exemplo aqueles supermercados que investem pesado em estoques, mas não há

duplicatas a receber, pois vendem apenas à vista, resultando numa liquidez seca baixa. Dessa

forma, para analisar a liquidez da empresa deve ser levado em consideração o seu ramo de

atividade, bem como uma análise em conjunto de todos os indicadores (MOROZINI, 2005).

Sua expressão algébrica é a seguinte:

Liquidez Seca = Ativo Circulante – Estoques Passivo Circulante

Por fim, a liquidez imediata calcula a capacidade da empresa pagar suas

obrigações de curto prazo apenas com as suas disponibilidades, ou seja, com seus ativos

imediatos (CARVALHO FILHO, 2011). Marion (2002) complementa afirmando que, pelo

fato das empresas não demonstrarem interesse em manter recursos monetários em caixa, este

indicador acaba sendo pouco utilizado. É calculado através da seguinte expressão:

Liquidez Imediata = Disponibilidades Passivo Circulante

O último grupo dos indicadores financeiros para a análise contábil-financeira são

os índices de endividamento, também chamados de índices de estrutura de capital. Estes

índices demonstram o grau de dependência da empresa em relação ao capital de terceiros, ou

seja, é evidenciada a proporção dos recursos próprios e de terceiros que a empresa mantém no

seu passivo, além de revelar a composição das dívidas de curto e de longo prazo (TÁRTARI,

2005; GITMAN, 2004; KUIAVA, 2006). De acordo com Tártari (2005) quanto maior for o

volume de capital de terceiros na composição do endividamento utilizado pela empresa para

proporcionar lucro, maior será o risco assumido bem como maior será o retorno,

proporcionando uma maior alavancagem financeira. Fazem parte desse grupo de indicadores:

participação de capital de terceiros, composição do endividamento e imobilização do

patrimônio líquido.

O índice de participação de capital de terceiros retrata o nível de dívidas que a

empresa possui confrontadas com o seu capital próprio, demonstrando o quão dependente

financeiramente é a empresa da utilização de capital de terceiros (MOROZINI, 2005).

Iudícibus (1998) afirma que se o resultado desse índice for constantemente maior que um

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significa uma dependência de participação de terceiros perigosa para a empresa. O cálculo

deste indicador se dá pela seguinte fórmula:

Participação de Capital de Terceiros = Capital de Terceiros x 100 Patrimônio Líquido

A composição do endividamento revela a proporção das obrigações de curto prazo

em relação às obrigações totais da empresa, ou seja, qual o percentual de dívidas que precisam

ser equacionadas no curto prazo (MOROZINI, 2005). Iudícibus (1998) adverte que aquelas

empresas que estão em fase de crescimento e expansão deveriam financiar a maior parte de

seu endividamento em longo prazo, para que ela consiga amortizar suas dívidas

paulatinamente a partir da entrada de novos equipamentos e outros recursos de produção, o

que eleva sua capacidade operacional. MOROZINI (2005) acrescenta que é importante avaliar

o comportamento desse indicador ao longo do tempo ao invés de analisá-lo numa posição

estática no tempo. Para encontrar este indicador basta dividir o passivo circulante pelo total do

capital de terceiros, conforme expressão a seguir (MATARAZZO, 2003):

Composição do Endividamento = Passivo Circulante x 100 Capital de Terceiros

O último indicador deste grupo é o índice de imobilização do patrimônio líquido,

que demonstra a participação do patrimônio líquido da empresa (sua aplicação) no ativo

permanente (SILVA, 2003). Para este mesmo autor este índice revela decisões estratégicas da

empresa, haja vista fazer parte desses grupos de contas itens de investimentos considerados de

risco para a empresa, tais como aluguéis ou leasing de equipamentos, material permanente,

imóveis e a sua própria expansão. Matarazzo (2003) sugere a seguinte fórmula para o seu

cálculo:

Imobilização do Patrimônio Líquido = Ativo Permanente x 100 Patrimônio Líquido

A figura 10 sintetiza os indicadores financeiros abordados nesta pesquisa.

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Figura 10: Indicadores Financeiros Explicação dos indicadores Indicadores

Financeiros Dimensão AUTORES

Prazo médio de renovação dos estoques. PME = Estoque Médio/ Custo dos Produtos Vendidos x 360

Prazo Médio de Estocagem (PME)

Indicadores de Rotatividade/ Atividade

Matarazzo (1998); Matarazzo (2003); Gitman (2001) Gitman (2004); Tártari (2005); Kuiava (2006); Morozini (2005); Assaf Neto (2002); Assaf Neto (2003); Assaf Neto (2010); Silva (2001); Silva (2003); Santi Filho (2004); Saporito (2005); Paulo e Moreira (2003); Favarin e Almeida (2003); Iudícibus (1998); Carvalho Filho (2011); Helfert (2000); e Marion (2002).

Tempo médio para o pagamento das compras a prazo dos fornecedores. PMPF = Contas a Pagar / Compras Anuais a Prazo

Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF)

Tempo que a empresa leva para cobrar suas duplicatas. PMC = Duplicatas a Receber / Média de Vendas por Dia

Prazo Médio de Cobrança (PMC)

Quanto a empresa vendeu para cada $1,00 de investimento total. GA = Vendas Líquidas / Ativo Total

Giro do Ativo (GA)

Indicadores de Rentabilidade ou Lucratividade Quanto a empresa obtém de lucro

operacional para cada $100 vendidos. MO = Lucro Operacional / Vendas Líquidas

Margem Operacional (MO)

Quanto a empresa obtém de lucro líquido para cada $100 vendidos. ML = Lucro Líquido / Vendas Líquidas

Margem Líquida (ML)

Quanto a empresa obtém de lucro para cada $100 de investimento total. RA = Lucro Líquido / Ativo Total

Rentabilidade do Ativo (RA)

Quanto a empresa obteve de lucro para cada $100 de Capital Próprio Investido. RPL = Lucro Líquido / PL x 100

Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)

Quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada $1,00 de dívida total. LG = AC + ARLP / PC + PELP

Liquidez Geral (LG)

Indicadores de Liquidez

Quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada $1,00 de Passivo Circulante. LC = AC / PC

Liquidez Corrente (LC)

Quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada $1,00 de Passivo Circulante (dívidas a curto prazo). LS = AC – estoques / PC

Liquidez Seca (LS)

Quanto a empresa possui em suas disponibilidades para cada $1,00 de Passivo Circulante. LI = Disponível / PC

Liquidez Imediata (LI)

Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital próprio investido. PCT = CT / PL x 100

Participação de Capitais de Terceiros (PCT)

Indicadores de Endividamento ou Estrutura de Capitais Qual o percentual de obrigações de curto

prazo em relação às obrigações totais. CE = PC / CT x 100

Composição do Endividamento (CE)

Quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $100 de Patrimônio Líquido. IPL = AP / PL x 100

Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)

Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2010)

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Ainda abordaremos nesse tópico duas ferramentas que possuem também função

de indicador financeiro: a margem de contribuição e ponto de equilíbrio. Com a margem de

contribuição o gestor financeiro é capaz de conhecer o quanto do valor da venda de cada

produto pode ser retirado para quitar seus custos fixos e variáveis, sendo calculada a partir da

diferença entre o preço de venda e o custo direto (TÁRTARI, 2005; SANTOS, 2001). Tártari

(2005) afirma que, com essa ferramenta, os gestores poderão variar políticas de preço

baseados num limite máximo de descontos obtidos com essa técnica. Já o ponto de equilíbrio

calcula o quanto a empresa precisa vender para cobrir seus custos, de maneira que esse ponto

seja aquele no qual o lucro é zero, em que o total das receitas iguala-se à soma dos custos

fixos e variáveis, acima desse ponto será o lucro obtido da empresa (TÁRTARI, 2005). Para

Gitman (2001) o ponto de equilíbrio tem como objetivos: a determinação das operações

necessárias para cobrir todos os custos operacionais e a avaliação da lucratividade relativa aos

diversos níveis de venda.

2.7 ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO FINANCEIRO

No atual mercado competitivo, as empresas necessitam de documentos que deem

uma quantificação aos seus planos, objetivos e metas para alcançá-los. Esses documentos

imprescindíveis para uma eficaz gestão do negócio são o orçamento e o planejamento

financeiro. Rocha (2003) afirma que o orçamento possui uma forte ligação com o

planejamento, permitindo oferecê-lo um valor monetário, quantificando as ações que foram

planejadas. De acordo com Gitman (2001), o planejamento financeiro e o orçamento mostram

o caminho para a empresa atingir seus objetivos, coordenando as diferentes atividades da

empresa, além de representar um mecanismo de controle dos eventos reais confrontados com

um padrão de desempenho. Segundo Tung (1994), o orçamento fixa objetivos e estratégias,

sendo, por isso, considerado uma parte indispensável e intimamente ligado ao processo de

planejamento financeiro.

O orçamento consiste em um plano minucioso de aquisição e utilização de

recursos, voltado para o futuro, expresso em termos quantitativos e compreendendo um

período específico (ALMEIDA, 2007). Para Garrison e Noreen (2001), uma empresa obterá

um sistema orçamentário satisfatório quando este vier acompanhado de planejamento e

controle, de maneira que as empresas podem até conseguirem um determinado grau de

sucesso sem a utilização de orçamentos, porém elas jamais alcançarão os níveis de sucesso

que poderiam obter com um coordenado sistema de orçamentos. De acordo com Femenick et

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al. (2006) o orçamento empresarial possibilita às empresas tomarem decisões e formularem

estratégias provenientes do planejamento, por meio de uma estimativa de receitas e despesas,

devendo ser elaborado de maneira descentralizada entre todas os departamentos da empresa.

Souza (2007) define orçamento como uma demonstração dos resultados antecipados de um

projeto, plano ou estratégia, tendo como objetivo o estabelecimento de uma base para prever e

controlar os eventos econômicos e financeiros. Jiambalvo (2002) ressalta que o orçamento é

uma ferramenta de auxílio na comunicação e coordenação do processo de planejamento, na

medida em que impõe aos gestores avaliar minuciosamente as metas e objetivos e os meios

para alcançá-los, tornando-se, assim, meio de comunicação das informações dos norteadores

almejados pela empresa auxiliando a coordenar as tarefas dos gestores.

Segundo Figueiredo e Caggiano (2004) o processo orçamentário direciona as

etapas a serem seguidas pelos gestores dentro de um período de normalmente um ano (curto

prazo) com vistas a alcançar os objetivos propostos pela empresa. Por outro lado, o

planejamento de longo prazo determina os objetivos da empresa, bem como um plano

adequado para o alcance desses objetivos. Para estes mesmos autores, o orçamento consiste na

primeira etapa do planejamento de longo prazo, haja vista que este orienta e guia a preparação

do orçamento anual e determina as ações a serem executadas hoje para atingir os objetivos de

longo prazo. Ainda segundo Figueiredo e Caggiano (2004), o orçamento deve ser flexível,

atuando como um guia para futuras ações, haja vista a possibilidade de fatores externos

afetarem os objetivos da empresa.

De acordo com Sobanski (1994) o orçamento é constituído por um sistema que

abrange vários suborçamentos em forma de rede, classificados por função ou setores, como o

orçamento de receita, orçamento de custos, de investimento, de caixa e de balanço patrimonial

projetado. Horngren et al. (1997) afirmam que orçamento de receita é aquele que projeta

valores de receita baseados em dados realistas, ou seja, em dados históricos ou projeções

estatísticas, sendo aquele que inicia o processo de elaboração do orçamento, pelo fato de que

o nível de receita estimado é quem determina a produção, os níveis de estoques e os custos.

Segundo Almeida (2007) o orçamento de custos estabelece uma estimativa de gastos

necessários para a execução da tarefa produtiva, buscando manter um nível aceitável de

gastos verificando as oscilações. O orçamento de caixa projeta prováveis alterações nos fluxos

de caixa futuros da empresa, auxiliando-o no planejamento e controle das suas

disponibilidades. O orçamento de investimentos calcula e avalia as aquisições que a empresa

se propõe a realizar. O balanço patrimonial orçado projeta o patrimônio da empresa em um

momento futuro e o orçamento de projetos informa a maneira como será realizado

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determinado projeto, ou seja, quais os recursos necessários e como eles serão aplicados

(ALMEIDA, 2007).

Para realizar um processo orçamentário é necessário cumprir algumas fases, que

são: elaboração, execução e controle. Para Almeida (2007) e Femenick et al. (2006) a fase de

elaboração está intimamente ligada ao processo de planejamento, na medida em que se deve

haver uma clara definição dos objetivos gerais e específicos da empresa, as informações

devem ser discutidas pelos gestores, bem como o projeto deve ser aprovado pela diretoria

para, a partir daí, elaborar o plano de implantação, controle e revisões do orçamento. A fase

de execução vem logo após a aprovação do orçamento geral pela direção e consiste na

concretização dos objetivos estabelecidos no orçamento, sendo necessário haver uma

integração e sinergia entre todas as unidades da empresa no intuito de alcançar esses objetivos

(ALMEIDA, 2007; FEMENICK et al., 2006). Por fim, o controle atua como um sistema de

feedback, realimentando o processo orçamentário, comparando o desempenho alcançado com

os objetivos traçados, identificando e ajustando possíveis distorções (ALMEIDA, 2007;

FEMENICK et al., 2006). Dugdale e Lyne (2006) investigaram a utilização, importância e

compreensão do orçamento em quarenta empresas da Inglaterra. Os resultados apontaram

para a confirmação da importância da utilização do orçamento, sendo este considerado

fundamental pelos diretores no processo de projeção da realidade da empresa, bem como para

a sua compreensão de acordo com as peculiaridades das empresas.

Diel (2001) argumenta que as decisões contínuas tomadas individual ou

coletivamente pelos gestores de uma empresa determinam o êxito de sua operação, do seu

desempenho e de sua viabilidade em longo prazo, causando um impacto econômico de

maneira positiva ou negativa no negócio. De acordo com o autor, o planejamento financeiro

indica o caminho para se alcançar os objetivos financeiros da empresa, englobando em um

único plano as decisões de investimento e de financiamento, além de servir como um

instrumento de controle e análise entre o que foi planejado e o foi executado. Segundo Ross et

al. (1995) o planejamento financeiro estabelece os parâmetros de mudança em uma empresa,

determinando as metas da empresa, gerando uma motivação e índices de referência para

avaliar seu desempenho. Assim, o planejamento financeiro pode ser considerado um processo

formal que possibilita aos gestores um acompanhamento das diretrizes de mudanças, uma

revisão, quando conveniente, das metas já determinadas, visualização antecipada dos

possíveis investimentos, do grau de endividamento, o quanto de dinheiro é necessário manter

em caixa, o percentual de crescimento no longo prazo, bem como a rentabilidade atual e

futura (ROSS et al., 1995; BELO, 2009).

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64

Para Marques (2008) os fatores que mais contribuem para o encerramento das

atividades das empresas, especialmente as de micro e pequeno porte são a insuficiência de

recursos financeiros e o alto custo para captá-lo, bem como a falta de planejamento e controle.

Para o autor, o planejamento financeiro traz benefício para os gestores, na medida em que os

auxilia no processo decisório, determinando o caminho a ser percorrido, controlando e

coordenando as ações para o alcance dos objetivos. Diel (2001) afirma que dois fatores

resultantes do processo de planejamento financeiro representam uma grande importância para

as empresas: com o planejamento financeiro os gestores são forçados a estimar os efeitos das

decisões de financiamento e investimento; e a necessidade de formular estratégias tanto para

aproveitar oportunidades como para enfrentar as dificuldades. De acordo com Belo (2009), o

principal objetivo do planejamento financeiro é a constante busca da visualização e

antecipação dos resultados operacionais, que são possíveis de serem conseguidos, e possui

como principais indicadores a mensuração da qualidade, da produtividade e da

competitividade. Ainda segundo este mesmo autor, o planejamento financeiro possibilita aos

gestores, antes de lançar qualquer projeto, ter uma visão geral do mesmo, através da análise

de relatórios e indicadores de desempenho operacional.

Para Gitman (2001) a sistematização do planejamento financeiro se inicia com os

objetivos financeiros de longo prazo ou estratégicos, que norteiam a formulação dos planos de

curto prazo ou operacionais, possibilitando à empresa o desenvolvimento, análise e

comparação de diferentes cenários em diversos ângulos. De acordo com Souza (2007), o

planejamento financeiro de longo prazo centraliza-se no orçamento de capital ou

investimentos e nas fontes de financiamento, tendo como principais decisões os

investimentos, a política de dividendos e a estrutura de capital. Já o planejamento financeiro

de curto prazo ou operacional objetiva resultados de ações a curto prazo, sendo que suas

decisões envolvem basicamente a gestão do capital de giro e do caixa da empresa. Ainda

segundo Souza (2007) o planejamento financeiro tem como principais fontes de informação a

estimativa de vendas e dados operacionais e financeiros, e seus principais resultados são os

vários orçamentos operacionais, orçamento de caixa e demonstrativos financeiros projetados.

Segundo Diel (2001), as empresas devem elaborar planos financeiros alternativos,

haja vista estes se revestirem de premissas hipotéticas. Assim, a autor afirma que é apropriada

a confecção de três tipos de planos: o plano otimista, que se baseia em nas mais otimistas

possibilidades em relação aos produtos da empresa e do mercado; o plano normal, que utiliza

os prováveis acontecimentos a respeito da empresa e do mercado; e o plano pessimista, que

adota as mais pessimistas hipóteses da empresa e da economia. Ross et al. (1995) enumeram

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65

alguns elementos, que segundo eles, estão presentes nos vários tipos de planejamentos

financeiros: a previsão de vendas; as demonstrações financeiras projetadas; as necessidades de

ativos; as necessidades de financiamento; o fechamento (elemento que verifica a

compatibilidade do crescimento dos itens da demonstração do resultado com o crescimento

dos itens do balanço); as premissas econômicas (como o nível das taxas de juros); um resumo

do planejamento financeiro; e uma memória descritiva, explicitando a estratégia adotada e os

motivos para a utilização de determinadas ações ou investimentos. Para Brealey e Myers

(1998) estes elementos escritos registram as conclusões resultantes das discussões dos

gestores e possibilitam a compreensão daquilo que deve ser feito por aqueles que estão

envolvidos na execução do plano. Diel (2001) ressalta que estes elementos a serem utilizados

pelas empresas variam conforme as suas peculiaridades, como ramo de atividade, porte,

recursos humanos, técnicos e financeiros, cultura, economia do país, dentre outros.

As empresas podem adotar um dos modelos de planejamento financeiro, de

acordo com seus recursos e necessidades. Helfert (2000) descreve a maneira mais simples de

modelagem financeira como aquela que utiliza planilhas eletrônicas e programas de

simulação, limitando-se a calcular os resultados dos pressupostos e das políticas descritas pelo

gestor financeiro, adotadas principalmente pelas pequenas empresas. Por outro lado, o modelo

financeiro mais sofisticado adota diversos elementos, como cálculo de impostos, programação

de depreciação, cláusulas e restrições das dívidas, políticas de estoques, programação de

serviços, dentre outros (HELFERT, 2000).

Belo (2009) destaca que a ausência de um planejamento financeiro acarreta vários

problemas às empresas, inclusive levando-as à falência. O autor lista como principais

consequências para a empresa ao não realizar um planejamento financeiro as seguintes:

atrasos na entrega dos produtos e serviços; insuficiência de capital de giro; excesso de falhas e

defeitos; elevadas taxas de juros na contratação de empréstimos; escassez de recursos

financeiros para investir em treinamento, acarretando em mão-de-obra desqualificada; e

estrutura organizacional não definida. Todos esses problemas citados é resultado de uma

inadequada gestão empresarial e financeira, caracterizada principalmente pela ausência de um

bom planejamento financeiro.

2.8 DECISÕES DE FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

As decisões financeiras, de acordo com a literatura acerca de finanças

corporativas, são classificadas em decisões de investimento, decisões de financiamento e

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66

decisões de dividendos. Segundo Damodaran (2002), por um lado as decisões de

financiamento e dividendos tratam sobre decisões que envolvem captação de recursos da

empresa, e de outro lado, as decisões de investimento versam sobre a aplicação desses

recursos, sempre buscando maximizar o valor da empresa.

De acordo com Braga (2006) as decisões de financiamento envolvem escolhas

que comporão a estrutura de capital da empresa. Gava e Vieira (2003) destacam que uma

estrutura de capital formada excessivamente por capital de terceiros representa um risco

elevado para empresa, podendo inclusive levá-la à falência, na medida em que resulta em uma

incapacidade de alavancagem ao nível de compensação do custo de capital excedente. Para

Machado (2002) os financiamentos que a empresa realiza têm como objetivo fomentar os seus

investimentos, justificando ao afirmar que, para a empresa se dispor a captar recursos,

especialmente se estes forem de terceiros, se faz necessário um conhecimento dos

investimentos realizados, bem como o volume de retorno que os mesmos prometem oferecer.

Groppelli e Nikbakht (2002) afirmam que é necessária uma comparação da viabilidade e do

grau de composição do uso de recursos de terceiros ou um incremento de recursos próprios,

sendo a composição desses elementos denominada de estrutura de capital.

Segundo Come (1999), a empresa deve observar algumas situações e

características antes de escolher qualquer tipo de financiamento, como a rapidez para se obter

o empréstimo, a flexibilidade e os riscos de renovação de dívidas a curto prazo. As fontes de

financiamento podem ser classificadas em fontes próprias e fontes externas. As fontes

próprias podem ser de duas formas: através da retenção de resultados líquidos, conhecido

como autofinanciamento, e a integralização de capitais. Já as fontes externas carecem de uma

análise prévia criteriosa, na qual é ponderado o risco, a estratégia e as perspectivas de redução

de curso, pois estas dependem do objetivo de utilização dos recursos pleiteados (ASSAF

NETO, 2003). De acordo com Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2002) o que determina o

sucesso de uma empresa e o alcance de vantagem competitiva é o custo de financiamento de

seus projetos e a obtenção de custo de capital menor que o da sua concorrente.

As empresas buscam encontrar solução para a carência de investimento com

agilidade e eficiência. Porém, conforme destaca Braga (2006), a agilidade pode resultar em

elevado custo de capital, de modo que, quanto mais rápido se deseja o recurso, mais elevado

será o custo de capital incorrido, sendo consequentemente maior também o risco do

financiamento, já que a empresa precisará lograr maiores lucros para honrar o compromisso

feito com os credores.

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67

Investimento pode ser considerado como a utilização do capital com o objetivo de

gerar mais recursos, sendo que uma parcela da arte de investir consiste em saber o que

analisar e como fazê-lo (DOWNES e GOODMAN, 1993; LUENBERGER, 1998). Para

Brealey, Myers e Allen (2006), os investimentos que são realizados no presente determinam o

futuro dos negócios da empresa. Para Luenberger (1998) a decisão de investimento consiste

num processo de exame de alternativas, no qual se decide, dentre elas, aquela mais adequada

aos propósitos da empresa.

Segundo Lima (2009), as decisões de investimento podem ser consideradas como

das mais importantes dentro da empresa, haja vista envolver ativos geradores de resultados,

representando a base de obtenção de lucros e valor. Essa constatação também foi observada

por Pindyck e Rubinfeld (2006) e por Singhvi (1999), quando afirmaram que investimentos

englobam aquisições de máquinas, fábricas e equipamentos, os quais possuem duração média

de vários anos, afetando consequentemente por muito tempo os lucros da empresa. Ainda

nessa linha de relevância das decisões de investimento, Bieger (2000) assevera que estas

possuem característica de irreversibilidade, sendo difícil corrigi-las ou revertê-las, produzindo

futuras consequências tanto em nível empresarial, quanto em nível governamental e até

pessoal, o que evidencia a importância dessas decisões no âmbito da organização. Para

Brigham e Gapenski (1997) também dissertam sobre importante tarefa de decidir sobre

investimentos, fundamentando em três fatores: perda da flexibilidade de muitas funções dos

gerentes, pelo fato de os efeitos destas decisões perdurarem por vários anos; a associação da

expansão dos ativos com a expectativa de vendas futuras; e a definição do direcionamento

estratégico da empresa obtido a partir das decisões de investimento. Lima (2009) argumenta

que uma previsão equivocada por parte dos gestores da empresa sobre as necessidades de

ativos pode culminar em consequências negativas para a mesma. Se investir em excesso, a

empresa corre o risco de incorrer em elevados desembolsos. Se o investimento não for o

suficiente, pode ocorrer de o equipamento não ser moderno o bastante, prejudicando o nível

de competitividade da empresa, bem como a empresa poderá perder uma fatia de seu mercado

para seus concorrentes, sendo que, segundo Brigham e Gapenski (1997) a empresa precisará

redobrar seus esforços para reconquistar os clientes perdidos, já que será necessária a adoção

de algumas medidas, como redução de preços, melhoramento de produtos e elevadas despesas

de vendas.

Outro ponto acerca das decisões de investimento diz respeito ao período de tempo

(timing) que compreende um investimento. Lima (2009) afirma que um investimento eficiente

proporciona aos gestores tirar um bom proveito do timing, mantendo a qualidade dos ativos

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quando da decisão de acréscimos. O autor cita como exemplo uma situação na qual a empresa

projeta com antecedência suas necessidades de capital. Agindo assim, a empresa poderá

adquirir os ativos, bem como instalá-los antes que suas vendas alcancem níveis elevados.

Ramos (1996) destaca que as decisões de investimento devem ser tomadas com

bastante cuidado, já que envolvem fatores financeiros, a fim de não contrapor o objetivo de

maximização da riqueza dos colaboradores. Valente (2008) enfatiza que a decisão de

investimento consiste fundamentalmente no valor do dinheiro no tempo, que tem como

objetivo comparar montante de dinheiro em tempos distintos, haja vista a diferença existente

no valor monetário avaliado no presente e no futuro, portanto essa diferença deve ser levada

em consideração. Lemes Júnior, Rigo, e Cherobim (2002) argumentam que em uma decisão

de investimento existem fatores motivadores, tais como a expansão da empresa, a

modernização através da aquisição de novos equipamentos, ou seja, investimentos que

envolvem um grande vulto de capital, fazendo desta a decisão mais importante da empresa.

Gitman (2001) ainda cita como exemplo investimentos com propaganda, pesquisa e

desenvolvimento, consultoria de gerenciamento e novos produtos, adaptações legais e

proteção ambiental, que não são necessariamente aquisição de ativos tangíveis, mas podem

ser estratégicos do ponto de vista da competitividade de mercado.

Também é encontrada na literatura sobre finanças a abordagem do risco nas

atividades de investimento de capital, que segundo alguns teóricos, este conceito está ligado à

probabilidade de ocorrer insucesso em uma operação diante do futuro comportamento do

ambiente e de suas variáveis (BRAGA, 2006). Para Assaf Neto (2003) e Helfert (2000) o

risco é abordado de um ângulo mais matemático e numérico, no qual o desvio-padrão ou a

variância do comportamento dos retornos de um investimento em um determinado período

representa esse risco. Segundo Braga (2006) os gestores responsáveis pelas decisões focam

nos valores médios de retorno e visualizam o desvio-padrão como um indicador do risco da

operação, sendo que quanto maior for esse desvio, maior a volatilidade e o risco envolvido.

Ainda de acordo com este autor, existe entre os investidores a crença de que quanto mais altos

são os desvios-padrões, mais elevados serão os retornos esperados, caracterizado uma relação

entre risco e retorno.

Para finalizar este capítulo abordaremos algumas técnicas ou métodos geralmente

utilizados para análise de investimentos. De acordo com Assaf Neto (2003) a análise da

decisão de investimento tem como objetivo fornecer subsídios para os gestores escolher a

melhor alternativa dentre as oportunidades de diversos projetos. Esses métodos são o

Payback, também conhecido como tempo de recuperação do capital ou tempo de retorno do

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investimento, o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Índice de

Lucratividade (IL).

O Payback é definido por Ross, Westerfiel e Jaffe (1995) como um método que

estabelece uma relação entre o investimento fixo e as entradas de caixa anuais no período de

recuperação, indicando quanto tempo leva para recuperar o investimento inicial de caixa.

Pode ser obtido a partir da seguinte fórmula (LIMA, 2009):

Payback (período em anos) = Investimento líquido realizado Fluxo anual de caixa (ou redução de custos)

Segundo Lima (2009) o Payback também pode ser utilizado como um indicador

de risco, na medida em que quanto maior o tempo de retorno do investimento, maiores são as

chances de alguma coisa dar errado. Outro fator que faz os gestores utilizarem o Payback, de

acordo com Seitz (1990) está relacionado com sua reputação, ou seja, diante de dois projetos

com VPLs semelhantes, a tendência é que se prefira aquele que tenha um Payback mais curto,

devido ao fato de que o público enxerga como melhores investimentos aqueles que tenham

um retorno mais rapidamente. Para fins decisórios, o Payback deve ser aceito quando o

período de recuperação do capital investido for inferior ao período máximo estabelecido pela

empresa para recuperar esse investimento (BIEGER, 2000). Apesar de sua simplificada

aplicação, a técnica do Payback possui algumas limitações, conforme elencam Braga (2006) e

Shim e Siegel (2005): não calcula a rentabilidade ou valor do investimento; não leva em

consideração o valor do dinheiro no tempo; não aborda possíveis diferenças entre alternativas

com diferentes vidas úteis; e subjetividade na referência de tempo pelos gestores, ou seja, são

eles que irão definir arbitrária e subjetivamente o tempo calculado como longo ou curto,

podendo comprometer a compreensão e a aceitação de projetos de longo prazo. Apesar dessas

limitações, o Payback é uma ferramenta muito utilizada pelos gestores, podendo, segundo

Ângelo (1996), ser utilizado como critério de desempate em uma avaliação de investimento.

O método do Valor Presente Líquido (VPL) consiste em atualizar o saldo líquido

do fluxo de receitas e do investimento do projeto, ou seja, descontar o fluxo de valores a uma

determinada taxa de juros, avaliando a oscilação de valor do capital no tempo, com o objetivo

de comparar esses valores em uma data semelhante visando facilitar a análise de projetos de

investimento (POMERANZ, 1988; MACHADO, 2002; LIMA, 2009). Braga (2006) afirma

que para realizar a atualização monetária de valor futuro para o presente são utilizadas

ferramentas da matemática financeira. Para Ângelo (1996) o VPL pode ser calculado a partir

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70

da diferença entre os futuros fluxos de caixa, atualizados pelo custo de oportunidade do

capital, e o investimento inicial. Se essa diferença for positiva, o projeto deverá ser aceito; se

não, será rejeitado (GALESNE; FENSTERSEIFER; LAMB, 1999) Segundo Lapponi (1996,

p. 36) “o VPL positivo indica que o capital investido será recuperado; remunerado na taxa de

juros que mede o custo de capital do projeto k; gerará um ganho extra, na data 0, igual ao

VPL”. Para Bieger (2000), um VPL positivo significa que o projeto irá aumentar a riqueza

dos proprietários, que é o objetivo da gestão financeira. Valente (2008) descreve a seguinte

fórmula para o seu cálculo:

Onde, VPL (Valor Presente Líquido), T (tempo de duração do projeto), FCj (fluxo

de caixa previsto no tempo j), k (taxa de desconto), I (investimento inicial).

A Taxa Interna de Retorno (TIR) consiste em um método que pode ser definido

como a taxa de desconto que torna igual o valor presente dos fluxos de caixa com o

investimento inicial, isto é, a taxa que torna os resultados do investimento ao valor atual de

zero (VPL = 0), de acordo com a equação abaixo (VALENTE, 2008; FREZATTI, 2008):

Onde, I (investimento inicial), T (tempo de duração do projeto), FCj ((fluxo de

caixa previsto no tempo j), TIR (Taxa Interna de Retorno).

Para Lima (2009) a TIR é uma taxa que possui semelhança com a taxa de juros,

tornando uma forma bastante simples de ser visualizada, ao alcance dos gestores,

independente de ter uma formação financeira. Como método de decisão, o projeto deve ser

aceito quando a TIR for maior do que o retorno exigido do investimento ou ao custo de

oportunidade, sendo rejeitado quando ocorrer o inverso (FREZATTI, 2008). O mesmo autor

argumenta que a TIR possui algumas limitações, como: considerando que as reaplicações dos

fluxos de caixa deverão ocorrer com a mesma taxa, poderá haver uma sub ou superestimação

da taxa; e a necessidade da utilização de outro método complementar quando a empresa

utiliza a TIR para ordenar ou ranquear os projetos em níveis de atratividade. Lima (2009)

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afirma que as regras de decisão tanto para a TIR como para o VPL só serão válidas se forem

atendidas as seguintes condições: existência de uma taxa de custo de capital acessível à

empresa; inexistência de racionamento de capital; todos os projetos existentes ou propostos

tenham o mesmo grau de risco, de maneira que a decisão de aceitá-los ou não interfira no

custo de capital; e existência de uma única e significativa taxa de retorno.

Por fim, o Índice de Lucratividade (IL), assim como o VPL, toma como base uma

taxa mínima de atratividade da empresa, sendo obtido a partir da razão entre o valor atual das

entradas líquidas de caixa do projeto e o investimento inicial (FENSTERSEIFER;

GALESNE; LAMB, 1999; BIEGER, 2000). Para fins de decisão, Bieger (2000) estabelece

que o projeto terá rentabilidade, portanto devendo ser aceito, quando o valor atual das

entradas líquidas de caixa do projeto for maior do que o investimento inicial, ou seja, quando

o IL > 1, sendo, dentre uma série de opções, o mais interessante aquele que apresentar o maior

índice de lucratividade.

Lima (2009) sugere que, em muitas situações, as empresas utilizem mais de uma

técnica de análise de investimento, estabelecendo uma relação de complementaridade entre

elas. Afirma ainda que sempre haverá pelo menos um método que melhor se adeque às

características dos investimentos, dado o ramo de atividade da empresa, cabendo aos gestores

decidir aquele método (ou aqueles métodos) que melhor atenda às necessidades de análise dos

investimentos almejados pela empresa.

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72

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

A tipologia de pesquisa adotada foi descritiva, haja vista que foram realizadas

observações, registros e análises de fatos e fenômenos (variáveis) sem manipulá-los, expondo

características da população, em virtude de que a questão principal do estudo consiste em

analisar as práticas e os problemas de gestão financeira das empresas pesquisadas. Dessa

forma, este tipo de pesquisa atende aos seus objetivos. A pesquisa também se caracteriza

quanto aos meios de investigação, como pesquisa de campo, tendo em vista a investigação

empírica junto aos gestores das empresas supermercadistas de micro e pequeno porte de

Mossoró-RN. Quanto à natureza, a pesquisa tem caráter essencialmente quantitativo, pois fez-

se uso da quantificação tanto nas formas de coleta de informações, quanto no tratamento

destas por meio de técnicas estatísticas. Esse método tornou-se o mais adequado para atender

aos objetivos da pesquisa pelo fato de que se pretendeu descrever e analisar quantitativamente

as práticas e os problemas de gestão financeira adotadas nas micro e pequenas empresas do

setor supermercadista de Mossoró-RN.

3.2 UNIVERSO / AMOSTRA DA PESQUISA

O universo desta pesquisa constituiu-se das micro e pequenas empresas do ramo

de supermercados do município de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. Na busca

pelas informações da quantidade de empresas desse setor na região, segundo dados fornecidos

pela Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte – JUCERN (2012) foram

encontradas 70 empresas classificadas como micro e de pequeno porte, de acordo com a

classificação estabelecida pelo SEBRAE, o qual adota como critério o número de funcionários

que a empresa possui em seu quadro de pessoal. Sendo assim, optou-se por fazer uso da

pesquisa censitária. Das 70 empresas listadas pela JUCERN, três não foram localizadas e três

não souberam ou não quiseram participar.

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73

3.3 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

Foram consideradas as seguintes variáveis para a realização da pesquisa (Quadro 1):

Quadro 1: Variáveis analíticas

OBJ. ESPEC. DIMENSÃO VARIÁVEIS QUEST. REFERÊNCIA

1. T

raça

r o p

erfil

das

em

pres

as

parti

cipa

ntes

e d

e se

us g

esto

res

finan

ceiro

s. Perfil

Tempo de atividade 1.1 Azevedo (2010) Cominetti (2003)

Monteiro e Barbosa (2011) Silva (2010)

Walkowski (2010)

Quant. de funcionários 1.2 Faturamento anual 1.3 Responsável pela gestão financeira 1.4

Grau de escolaridade 1.5 Loddi (2008) Experiência em gestão

financeira 1.6

2. Id

entif

icar

os i

nstru

men

tos e

técn

icas

de

gest

ão fi

nanc

eira

util

izad

os p

elas

em

pres

as e

nvol

vida

s.

Organização e Controle

Controle do Pat. Imobilizado 2.1 Azevedo (2010)

Carvalho Filho (2011) Lima e Imoniana (2008)

Lucena (2004) Monteiro e Barbosa (2011)

Santos, Ferreira e Faria (2009)

Silva (2010)

Controle de Estoque 2.2 Procedimentos

Financeiros 2.3

Relatórios financeiros e sistema de gestão 2.4

Análise de Capital de Giro

Fluxo de caixa 3.1 e 3.2

Almeida (2003) Azevedo (2010)

Lima e Imoniana (2008) Maia et al. (2009)

Silva (2010)

Prazo Médio de Pagamento e de

Recebimento 3.3 e 3.4

Almeida (2003) Assaf Neto e Silva (1997)

Azevedo (2010) Cardeal (2006)

Santos, Ferreira e Faria (2009)

Análise de Crédito

Poder de Pagamento 4.1 Azevedo (2010) Fonseca (2008) Relacionamento com

instituições financeiras 4.2

Subjetividade na concessão de crédito 4.3

Roveda (2002) Sousa Filho (2005)

Informações utilizadas pela empresa no

processo de análise e concessão de crédito

4.4 a 4.9

Análise de Custos e

Formação de Preço

Rateio de Custos 5.1 e 5.2

Azevedo (2010) Cominetti (2003)

Eidt (2006) Lucena (2004)

Monteiro e Barbosa (2011) Paula (2009) Paula (2012) Silva (2010)

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74

Critérios para

formação de preço 5.3 a 5.5

Cominetti (2003) Pereira (2000) Russo (2002)

Spinelli (2006)

Planejamento, Orçamento e

Controle

Planejamento Financeiro 6.1 Azevedo (2010)

Belo (2009) Cardeal (2006)

Cominetti (2003) Ercolin (2007) Filardi (2006)

Maia et al. (2009) Marques (2008)

Russo (2002)

Orçamento e Controle 6.2 a 6.4

Avaliação de Investimentos e Financiamentos

Investimento 7.1 Almeida (2003) Azevedo (2010) Bieger (2000) Lima (2009) Lopes (2005)

Palombini (2010) Valente (2008)

Financiamento 7.2

Necessidade de Capital de Giro 7.3

Resultados Econômicos e Financeiros

Margem de Contribuição 8.1 Azevedo (2010)

Cominetti (2003) Tártari (2005) Ganho de Escala 8.2

Gargalos financeiros 8.3

Demonstrativos, Indicadores e

Métodos

Balancete 9.1 Carvalho Filho (2011)

Moronzini (2005) Quintana (2004)

Silva (2010) Souza (2004) Tártari (2005)

Balanço Patrimonial 9.2 Demonstrativo do

Resultado do Exercício (DRE)

9.3

Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC) 9.4

Índices de Atividade 9.5 Carvalho Filho (2011)

Cominetti (2003) Kuiava (2006)

Moronzini (2005) Tártari (2005)

Índices de Rentabilidade e Lucratividade

9.6

Índices de Liquidez 9.7 Indicadores de Endividamento 9.8

Ciclo Operacional 9.9 Cominetti (2003) Tártari (2005) Silva (2010)

Ciclo Financeiro 9.10 Ponto de Equilíbrio 9.11

Pay-Back 9.12

Bieger (2000) Lima (2009)

Valente (2008)

Valor Presente Líquido (VPL) 9.13

Taxa Interna de Retorno (TIR) 9.14

Índice de Lucratividade 9.15

Relevância das informações contábeis e financeiras

Relatórios Gerenciais 10.1 Carvalho Filho (2011) Loddi (2008)

Lucena (2004) Monteiro e Barbosa (2011)

Souza (2004)

Formulação de Estratégias 10.2

Tomada de Decisões 10.3

Continuação do Quadro 1

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75

3. A

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enfre

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os p

elas

em

pres

as p

esqu

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as.

Problemas Gerenciais e Financeiros

Dificuldade/Restrições de Crédito 11.1

Azevedo (2010) Carvalho Filho (2011)

Loddi (2008) Paula (2009) Russo (2002)

Viapiana (2001)

Carga Tributária 11.2 Falta de Cap. de Giro 11.3

Conjuntura Econômica 11.4 Concorrência 11.5

Falta de Organização 11.6 Falta de Conhec.

Técnico-Gerenciais 11.7

Fonte: Elaborado pelo autor

3.4 COLETA DE DADOS

3.4.1 Instrumento

A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário

estruturado (Apêndice A). Foram utilizados 11 blocos de questões, aqui denominados de

dimensões: 1) Perfil; 2) Organização e Controle; 3) Análise de Capital de Giro; 4) Análise de

Crédito; 5) Análise de Custo e Formação de Preço; 6) Planejamento, Orçamento e Controle;

7) Avaliação de Investimentos e Financiamentos; 8) Resultados Econômicos e Financeiros; 9)

Demonstrativos, Indicadores e Métodos; 10) Relevância das Informações Contábeis e

Financeiras; e 11) Problemas Gerenciais e Financeiros. Foi utilizada a escala de Likert de

onze pontos (0 a 10) para todas as dimensões, exceto para a primeira (Perfil), que foi de

múltipla escolha, em um roteiro elaborado previamente, com perguntas fechadas, aplicado aos

responsáveis pela gestão financeira das empresas estudadas.

3.4.2 Plano de coleta

Os dados foram coletados em visitas a cada uma das empresas supermercadistas

envolvidas na pesquisa, sendo iniciada em 04 de março de 2013 e finalizada em 03 de abril de

2013, quando se aplicou o questionário junto ao responsável pela gestão financeira, sendo

explicados os objetivos da pesquisa, a forma como ela seria realizada, orientando com

informações que forem necessárias e o feedback que a pesquisa traria para a empresa e para a

sociedade, com o objetivo de levantar informações a respeito das práticas de gestão financeira

adotadas, bem como de decisões que são tomadas no âmbito empresarial, a partir daquelas

informações.

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76

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados coletados na pesquisa foram tabulados em planilhas eletrônicas, a fim de

agrupar as respostas a partir de cada dimensão. Em seguida, a fim de facilitar a compreensão e

interpretação dos dados, foram criados tabelas e gráficos do tipo box-plot, no qual evidencia-

se as funções “mínimo”, “máximo”, “média”, “1º quartil” e “3º quartil” e do tipo dispersão,

no qual visualiza-se o resultado de cada dimensão como um todo. Foi utilizada basicamente a

estatística descritiva para o tratamento dos dados, com a distribuição de frequências, medidas

de posição ou de tendência central (média, moda, mediana) e medida de dispersão (desvio

padrão). Utilizou-se ainda a Correlação de Spearman (ρ) com o intuito de verificar possíveis

relações existentes entre variáveis e dimensões. Adotou-se esse tipo de correlação pelo fato

dela não requerer suposição de linearidade na relação entre as variáveis (BAUER, 2007).

Além disso, ainda segundo a autora, ele não é sensível a assimetrias na distribuição e nem à

presença de outliers, como também é mais apropriado para dados que não formam uma

nuvem homogênea, com alguns pontos bem afastados dos demais ou em casos em que há

hipótese de relação crescente ou decrescente em formato de curva. A literatura sugere que há

uma correlação forte quando seu coeficiente é maior do que 0,7 ou menor que -0,7. Para esta

pesquisa, foi adotado esse critério, bem como um nível de significância de 0,05 ou 5%

(margem de confiança de 95%). Utilizou-se como ferramenta para calcular o coeficiente de

correlação de Spearman bem como o teste de significância o software Statistical Packet for

Social Sciences (SPSS) versão 19.0.

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4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Destacaremos os resultados da pesquisa dividindo-os em 11 blocos ou dimensões,

analisando-os descritivamente e, posteriormente, abriremos uma seção para discussões sobre

correlações de variáveis.

4.1 DIMENSÃO 1: PERFIL

Para alcançar o objetivo proposto indicado no objetivo específico “Traçar o perfil

das empresas participantes e de seus gestores financeiros” questionaram-se seis itens: tempo

de funcionamento da empresa, quantidade de funcionários, faturamento anual médio, o

responsável pela gestão financeira e seu grau de escolaridade, além de sua experiência

profissional na área financeira. Os resultados são apresentados na Tabela 1: Tabela 1: Perfil das empresas.

Tempo de funcionamento Nº respostas % Até 1 ano 0 0,0% De 1 a 3 anos 0 0,0% De 4 a 6 anos 9 14,1% De 7 a 10 anos 19 29,7% Mais de 10 anos 36 56,2%

TOTAL 64 100,0% Número de funcionários Nº respostas %

0 a 9 55 85,9% 10 a 19 3 4,7% 20 a 29 3 4,7% 30 a 39 2 3,1% 40 a 49 1 1,6%

TOTAL 64 100,0% Faturamento Nº respostas %

Menos de R$ 100 mil 29 45,3% De R$ 100 mil até R$ 244 mil 26 40,6% De R$ 244 mil até R$ 400 mil 4 6,3% De R$ 400 mil até R$ 1,0 milhão 2 3,1% De R$ 1,0 milhão até R$ 1,2 milhão 2 3,1% Mais de R$ 1 milhão 1 1,6%

TOTAL 64 100,0%

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Continuação da Tabela 1 Responsável pela gestão financeira Nº respostas %

Um dos sócios que tem capacitação em gestão financeira 2 3,1% Um dos sócios, porém sem capacitação em gestão financeira 0 0,0% Um diretor/gerente financeiro contratado 0 0,0% Um escritório terceirizado 6 9,4% Outro (proprietário) 56 87,5%

TOTAL 64 100,0% Grau de escolaridade do responsável pela gestão financeira da empresa Nº respostas % Ensino fundamental incompleto 3 4,7% Ensino fundamental completo 24 37,5% Ensino médio completo 36 56,2% Ensino superior completo. Qual curso? 1 1,6% Pós-graduação. Qual curso? 0 0,0% Mestrado. Qual curso? 0 0,0% Doutorado. Qual curso? 0 0,0%

TOTAL 64 100,0% Experiência profissional na área financeira Nº respostas %

Nenhuma experiência 0 0,0% Experiência de até 1 ano 0 0,0% Experiência de 1 a 3 anos 0 0,0% Experiência de 3 a 5 anos 4 6,2% Experiência maior que 5 anos 60 93,8%

TOTAL 64 100,0% Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

O tempo de funcionamento das empresas pesquisadas demonstram dados

interessantes, se tomarmos como base estudos realizados pelo SEBRAE. Tomando como

exemplo a pesquisa realizada em 2001, no estado de São Paulo, 70% das micro e pequenas

empresas não completam dois anos de atividade. Estudo mais recente, como o realizado

também pelo SEBRAE em nível nacional, em 2005, afirma que aproximadamente 60% das

micro e pequenas empresas fecham suas portas até o quarto ano de existência. Outra pesquisa

do SEBRAE, realizada em 2007, também destaca a falência prematura das MPE’s, embora

em menor escala, ao afirmar que 36% das MPE’s constituídas em 2003 já não mais existiam

em 2007, daquelas inauguradas em 2004, apenas 68,7% sobreviviam até 2007 e uma taxa de

mortalidade de 22% para aquelas constituídas em 2005. Percebemos uma tendência otimista

para essas estruturas empresariais, na medida em que vem sendo reduzido o percentual da

mortalidade das empresas em seu ciclo inicial. Foi dito que o resultado desta pesquisa é

interessante tendo em vista que quase todas (85,9%) já ultrapassaram o tempo crítico dos

primeiros anos de vida, sendo que as demais (14,1%) têm pelo menos quatro anos de vida, o

que podemos considerar que a tendência é que se encaminhem para se firmarem no mercado,

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confrontando, assim, os resultados encontrados pelo SEBRAE. Outra pesquisa que também

vai de encontro com a tendência nacional é a realizada por Monteiro e Barbosa (2011).

Segundo os autores, que estudaram a controladoria empresarial nas micro e pequenas

empresas dos municípios de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro, no estado de Sergipe, 60%

das empresas analisadas já passaram pelo tempo crítico, considerado pelos autores como os

dois primeiros anos de vida. Ainda segundo os autores, para uma análise mais completa do

índice de mortalidade das empresas, precisamos levar em consideração também o ramo de

atividade, haja vista que alguns fatores, como as instabilidades e crises econômicas, podem

prejudicar alguns segmentos de mercado. Na pesquisa de Monteiro e Barbosa (2011), o

segmento que concentra o maior número de empresas na idade crítica é a indústria. Para o

SEBRAE (2007) é o comércio o setor que demonstra o maior índice de encerramento das

atividades.

Com relação ao número de funcionários, podemos fazer uma divisão dos

respondentes em dois grupos: aqueles enquadrados como microempresa, com até nove

funcionários, e aqueles que possuem de 10 a 49 colaboradores, classificados como empresa de

pequeno porte, classificação de acordo com os critérios estabelecidos pelo SEBRAE e adotada

neste estudo. Os resultados apontam uma predominância considerável de microempresas

(85,9%), ficando as de pequeno porte com uma pequena fatia de 14,1%.

O nível de faturamento das micro e pequenas empresas, segundo Soihet (2008), é

caracterizado pela sua fragilidade, com padrões bem limitados, sendo considerado

preocupante a sua volatilidade. Isso também é reflexo de um dos principais fatores de

mortalidade das micro e pequenas empresas, isto é, a falta de capital de giro, o que torna a

gestão das MPE’s um processo no qual poucos conseguem obter êxito. Os resultados desta

pesquisa nos mostram que 85,9% das empresas têm um faturamento anual médio de até 244

mil reais, sendo que 52,8% destes faturam menos de 100 mil reais por ano. Resultado

parecido foi encontrado no estudo de Santos, Ferreira e Faria (2009), que trata da gestão

financeira de curto prazo nas micro e pequenas empresas, no qual o faturamento médio anual

esteve na faixa dos 225 mil reais. Apesar de representarem 98% do número total de empresas

no país e 60% da oferta de emprego, as MPE’s respondem por apenas 28% do total faturado

nas empresas, segundo dados do SEBRAE (2010), o que converge com os resultados desta

pesquisa.

Quando questionados sobre quem era o responsável pela gestão financeira da

empresa, apenas 3,1% responderam que era um dos sócios que possuía capacitação em gestão

financeira, sendo que a grande parcela ficou com a opção “Outro” (87,5%), no qual todos que

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responderam dessa forma têm a gestão financeira sob a responsabilidade do próprio

proprietário da empresa. Os demais respondentes (9,4%) possuem um escritório terceirizado

cuidando de suas finanças. Esse fato está alinhado com a literatura das micro e pequenas

empresas. Para Monteiro e Barbosa (2011) as MPE’s são caracterizadas basicamente pela

falta de estrutura na empresa, bem como falta de visão e de conhecimentos técnicos. Afirmam

ainda os autores que o empresário-proprietário responde por todas as áreas da empresa. O

estudo de Silva (2010) também aponta essa tendência. Na pesquisa deste autor, 92,2% dos

gestores das MPE’s da Grande João Pessoa/PB são o próprio dono do negócio Outros autores

também corroboram esse fenômeno observado nas MPE’s. Evidenciam que estas geralmente

são do tipo familiar, no qual os próprios membros da família ocupam cargos exigentes de uma

mínima qualificação, verifica-se a não profissionalização da gestão financeira, administrando

de forma intuitiva, não possuindo conhecimentos tecnológicos, econômicos e de técnicas de

administração (LEONE, 1999; LONGENECKER; MOORE; NAKAMURA, 2000; PETTY,

1997; PINHEIRO, 1996; TAYLOR, 1999). O estudo de Cominetti (2003) também aponta

para uma desqualificação da figura do gestor financeiro nas MPE’s. O autor conclui em seu

estudo que os responsáveis financeiros são desprovidos de conhecimento de técnicas

administrativo-financeiras, fato também confirmado por Azevedo (2010), no qual 92,9% dos

respondentes têm suas finanças gerenciadas por um dos sócios sem capacitação em gestão

financeira. No estudo de Walkowski (2010) também prevalece a gestão do empreendimento

na forma familiar, com 87,5% das empresas participantes da pesquisa enquadradas nesse

perfil.

O grau de escolaridade da figura responsável pela gestão financeira (como vimos,

quase todos na figura do proprietário) também denota carências em sua formação acadêmica.

O maior nível de formação encontrado foi o ensino superior completo, no qual apenas um

respondente (1,6%) possui um curso de graduação completo (graduação em administração). A

predominância é o ensino médio completo (56,2%), seguido do ensino fundamental completo,

com um percentual considerável de 37,5%, e ensino fundamental incompleto com 4,7%. Mais

uma vez, a variável em questão segue a tendência encontrada na literatura das micro e

pequenas empresas, qual seja, desprovimento de formação acadêmica e de conhecimentos

técnico-gerenciais por parte dos gestores para conduzir seus negócios. De acordo com o

SEBRAE (2004) a falta de conhecimentos gerenciais é responsável por 7% da mortalidade

das empresas e o baixo nível de escolaridade do empreendedor, segundo Filardi (2006),

também está entre as variáveis contribuintes para a falência precoce das empresas.

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A última variável analisada na dimensão perfil foi a experiência profissional dos

respondentes na área de finanças. Assim como na primeira variável desta dimensão (tempo de

funcionamento), e até pelo fato destas duas dimensões estarem intimamente ligadas, os

resultados apontam para uma quase totalidade das respostas (93,8%) de experiência

profissional na área financeira maior que cinco anos, estando os demais respondentes (6,2%)

logo atrás, com experiência de 3 a 5 anos. Pelo menos nesse aspecto, os respondentes não

estão colaborando para aumentar o índice de mortalidade das empresas, haja vista que a falta

de experiência do empreendedor está relacionado por Filardi (2006) dentre aquelas variáveis

contribuintes para o fechamento das empresas.

4.2 DIMENSÃO 2: ORGANIZAÇÃO E CONTROLE

A dimensão denominada “Organização e Controle” buscou averiguar entre as

empresas pesquisadas como estas se organizam internamente com relação às suas finanças,

bem como se utilizam algumas ferramentas de controle, como o controle de estoques e do

patrimônio imobilizado. Esta dimensão contém quatro questionamentos e foi proposta com o

intuito de responder parcialmente ao segundo objetivo específico desta pesquisa, qual seja:

“Identificar os instrumentos e técnicas de gestão financeira utilizados pelas empresas

envolvidas”. Ao contrário da dimensão perfil, para as dimensões seguintes (2 a 11) foi

utilizada como opção de resposta a escala Likert de onze pontos (0 a 10). O julgamento das

respostas obedece ao seguinte critério:

De 0 a 4 – níveis de discordância;

5 – posicionamento neutro;

De 6 a 10 – níveis de concordância

Os resultados encontrados foram os seguintes, com destaques para as respostas

mais frequentes (Tabela 2) e as funções “média” e “desvio padrão (DP)”:

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Tabela 2: Organização e Controle.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP2.1 Nós controlamos o patrimônio imobilizado da empresa: sabemos seu valor e definimos quem responde por ele.

0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 4,7% 6,3% 31,3% 23,4% 21,9% 10,9% 0,0% 6,797 1,371

2.2 Nós controlamos o estoque da empresa: definimos quem responde por ele, sabemos seu valor e o giro médio de cada grupo de produto.

0,0% 1,6% 3,1% 1,6% 3,1% 14,1% 25,0% 23,4% 20,3% 7,8% 0,0% 6,422 1,707

2.3 Nós temos os fluxogramas de todos os procedimentos financeiros em nossa empresa.

29,7% 15,6% 15,6% 7,8% 12,5% 9,4% 1,6% 4,7% 3,1% 0,0% 0,0% 2,344 2,297

2.4 Nós temos relatórios periódicos com as informações financeiras necessárias para a tomada de decisão.

26,6% 14,1% 20,3% 12,5% 14,1% 3,1% 4,7% 3,1% 1,6% 0,0% 0,0% 2,266 2,064

GRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE FUNÇÕES

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Questionou-se primeiramente acerca do controle do patrimônio imobilizado ou

permanente da empresa. Os resultados apontaram para uma concordância parcial entre a

maioria dos pesquisados, com predominância de resposta entre as opções 6 e 8 (76,6%). Do

total dos respondentes, 87,5% concordaram com a afirmativa, o que demonstra que as

empresas estão acompanhando bem o seu patrimônio imobilizado. A média reflete bem o

posicionamento dos respondentes quanto a essa questão, haja vista o seu valor (6,79) estar

bem próximo dos demais indicadores de tendência central (moda = 6 e mediana = 7), o que

significa que ela não foi afetada pelos extremos. Esse resultado converge com o estudo de

Lima e Imoniana (2008), que pesquisaram sobre a importância do uso das ferramentas de

controle gerencial nas micro, pequenas e médias empresas industriais no município de São

Caetano do Sul/SP. O item “Gestão do Ativo Permanente”, apesar de não estar dentre as

ferramentas de controle mais citadas na pesquisa dos citados autores, obteve uma boa média

de 7,13 e um desvio padrão de 2,45 em uma escala Likert de 1 a 10.

Com relação ao controle de estoques, objeto do segundo questionamento da

dimensão em discussão, o resultado apresentou-se similar ao primeiro, no qual novamente

houve uma predominância de respostas entre as opções 6 e 8 (68,8%), sendo que 76,6%

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concordaram com a afirmativa, indicando uma preocupação das empresas também com seus

estoques. A diferença entre o controle do patrimônio imobilizado e o controle de estoques é

que neste houve uma maior dispersão entre as respostas, com menor homogeneidade das

mesmas. Esse fato é refletido no desvio padrão um pouco maior do que a primeira questão.

Esse resultado vai de encontro com o estudo de Silva (2010), que apurou que 64,1% das

empresas de sua pesquisa não utilizam a ferramenta de gestão “Controle e acompanhamento

dos estoques”. A pesquisa de Lucena (2004) segue a tendência da de Silva (2010). O autor

concluiu que, dentre seis opções de resposta sobre ferramentas de controle de gestão, o

controle de estoques foi o menos citado (47,62%), ficando atrás das opções controle de contas

a receber, controle de contas a pagar, controle de vendas, controle de caixa e controle de

custos, respectivamente. Lima e Imoniana (2008) também corroboram esse fato em sua

pesquisa, no qual apenas 24,53% dos entrevistados afirmaram utilizar esse tipo de controle em

suas empresas.

Os outros dois questionamentos acerca da dimensão “Organização e controle”

também tiveram respostas semelhantes, porém no outro extremo de concordância. Enquanto

as variáveis de controle apresentaram níveis de concordância, as relacionadas com a

organização mostraram-se ser tendentes à total discordância, evidenciando a fragilidade das

MPE’s nesse quesito. Quando questionados sobre o grau de utilização de procedimentos

internos relacionados a finanças, mais especificamente se existem fluxogramas financeiros em

suas empresas, o nível de discordância atingiu o percentual de 81,3%, sendo que 29,7%

discordam totalmente desse afirmativa. Apenas 9,4% disseram ter algum tipo de fluxograma

financeiro. No estudo de Cominetti (2003) foi constatada a existência de fluxo de processos,

mas de maneira bastante informal, no qual não há padronização das atividades, sendo

considerado pelo autor que inexiste efetivamente um fluxo de processo de atividades formal.

Já com relação à existência de relatórios financeiros como forma de auxílio no processo de

tomada de decisão, 87,5% discordaram de alguma forma dessa afirmativa, sendo a resposta

mais contundente a opção zero, com 26,6%. O estudo de Lucena (2004) mostra que 52,38%

das empresas pesquisadas citaram a utilização de relatórios contábeis como uma dificuldade

no gerenciamento de controle de suas empresas, ficando atrás somente de “Administração de

funcionários” (61,90%). Essa dificuldade em utilizar esses relatórios pode ser uma

justificativa para a não utilização dessa ferramenta nas empresas pesquisadas nesse estudo.

Outro fato interessante a ser destacado é o resultado da pesquisa de Monteiro e Barbosa

(2011), quando se questionou sobre o suporte da contabilidade para as empresas. Apenas

12,5% afirmaram que a contabilidade envia relatórios gerenciais com o desempenho da

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empresa e 50% envia apenas guias e folhas de pagamento para quitação. Evidencia-se assim,

que a contabilidade ainda atua, muitas vezes, apenas cumprindo obrigações fiscais das

empresas e determinações legais. Outra explicação para esse fato seria o baixo nível de

escolaridade dos responsáveis pela gestão financeira das empresas, que em sua maioria são os

próprios proprietários, desprovidos de qualificação e de capacitação para gerenciar suas

finanças, conforme já discutido na primeira dimensão. Santos, Ferreira e Faria (2009)

encontraram em sua pesquisa que os principais motivos que dificultam ou impedem a

elaboração de relatórios são a inexistência de necessidade, informalidade ou pequeno porte da

empresa e desinteresse na elaboração do mesmo. Com relação às funções estatísticas, o desvio

padrão mostrou-se um pouco maior que os primeiros (2,29 e 2,06), o que significa que a

média foi de certa forma afetada pelos extremos.

O Gráfico 1 ilustra as informações discutidas nesta seção em formato de box-plot,

no qual evidencia-se as funções valor mínimo, valor máximo, média, 1º quartil e 3º quartil.

Confirmamos a tendência para níveis de concordância para as questões de controle (2.1 e 2.2)

e discordância para as questões de organização (2.3 e 2.4).

Já o Gráfico 2 traz o somatório dos pontos obtidos por cada uma das 64 empresas

nas quatro questões da dimensão 2, em forma de dispersão. Quanto maior a pontuação obtida

por cada empresa, melhor é seu desempenho neste quesito. Há uma tendência para um

comportamento girando entre os 10 e 20 pontos de um total de 40, com alguns se destacando

positiva ou negativamente. A média dos respondentes para esta dimensão como um todo é de

17,82, moda 16 e um desvio padrão de 5,59 pontos. A pontuação bem abaixo das duas últimas

variáveis (organização) acabou afetando o bom desempenho das variáveis de controle, de

maneira que o resultado final da dimensão evidenciou fragilidades das empresas como um

todo nesta área.

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Gráfico 1: Gráficos box-plot para a dimensão Organização e Controle.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013). Gráfico 2: Gráfico de dispersão para a dimensão Organização e Controle.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.3 DIMENSÃO 3: ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO

Para a dimensão que trata da análise do capital de giro das empresas, também foi

proposta quatro questões, que versam sobre o fluxo de caixa (contas a pagar e contas a

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receber) e prazos para pagamento e recebimento de contas. Essa dimensão também responde

parcialmente ao segundo objetivo específico deste estudo, que consiste em identificar os

instrumentos e técnicas de gestão financeira utilizados pelas empresas envolvidas. Os

resultados encontrados estão descritos na Tabela 3, com destaques para as respostas mais

frequentes.

Tabela 3: Análise de Capital de Giro.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP3.1 Nós sabemos exatamente o valor e os vencimentos de nossas contas a pagar.

0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 6,3% 14,1% 23,4% 34,4% 18,8% 1,6% 7,4219 1,366

3.2 Nós sabemos exatamente o valor e os vencimentos de nossas contas a receber.

0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 17,2% 29,7% 34,4% 14,1% 1,6% 7,375 1,315

3.3 Nós calculamos o prazo médio de pagamento aos nossos fornecedores.

0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 3,1% 14,1% 26,6% 32,8% 18,8% 1,6% 7,4375 1,308

3.4 Nós calculamos o prazo médio de recebimento dos nossos clientes.

0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 0,0% 4,7% 20,3% 29,7% 25,0% 17,2% 0,0% 7,1406 1,468

FUNÇÕESGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

As afirmativas que envolvem fluxo de caixa (3.1 e 3.2), nas quais foram

questionados sobre o conhecimento dos gestores de suas contas a pagar e a receber,

apresentaram resultados bem semelhantes. A maioria dos respondentes concordaram com

estas duas questões. A variável “Contas a Pagar” obteve um grau de concordância de 92,2%,

enquanto a variável “Contas a Receber” recebeu 96,9% de concordância. Ambas tiveram

como maioria de resposta a opção 8. As médias de ambas retratam bem os resultados obtidos

(7,42 e 7,37, respectivamente), não tendo sido afetadas pelas respostas extremas, o que pode

ser justificado pela proximidade dos seus valores com os resultados das medianas (8 e 7,5,

respectivamente), bem como pelos baixos valores dos desvios padrões (1,36 e 1,31,

respectivamente). O que chamou a atenção foi o fato de ter havido um respondente que

desconhece o valor e o vencimento de suas contas a pagar (nota 2) e de suas contas a receber

(nota 1). Não é à toa que esta empresa está passando por graves problemas, principalmente

financeiros, e que está prestes a aumentar o índice de mortalidade das micro e pequenas

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empresas. Com exceção desta empresa, os demais respondentes concordam, ainda que

parcialmente, com estas variáveis. A literatura e as pesquisas acerca desta dimensão também

indicam que as MPE’s estão utilizando essas ferramentas básicas de controle. O estudo de

Maia et al (2009) apontam que 98,46% das empresas pesquisadas afirmaram controlar as

contas a pagar e a receber. Já em Silva (2010), o controle de contas a pagar aos fornecedores

foi mencionado como utilizado por 79,6% dos respondentes e o controle de contas a receber

de clientes por 84,5% dos entrevistados. Lucena (2004) também corrobora esta tendência ao

concluir em seu estudo que 85,71% das empresas pesquisadas utilizam a ferramenta controle

de contas a pagar e a receber. O mesmo resultado encontraram Lima e Imoniana (2008). Essas

ferramentas são utilizadas por 90,91% dos pesquisados. Já com relação ao grau de

importância, os mesmos autores concluíram que estes controles estão os mais citados, com

médias de 9,34 e 9,29 em uma escala Likert de 1 a 10.

As questões seguintes desta dimensão, envolvendo prazos médios de pagamento e

de recebimento de contas, também demonstraram níveis de concordância aceitáveis. A

predominância de respostas para a variável “Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores” foi a

opção 8, com 32,8% dos respondentes, com o grau de concordância atingindo a marca de

93,8%. Já a variável “ Prazo Médio de Recebimento de Clientes” teve a opção 7 como maioria

(29,7%), sendo concordada por 92,2% das empresas. Apenas dois respondentes discordaram

de alguma forma, tanto da questão 3.3 como da questão 3.4. Um destes é a empresa citada

anteriormente, que também desconhece suas contas a pagar e a receber. Os desvios padrões

novamente apresentaram valores relativamente baixos (1,30 e 1,46, respectivamente), o que

significa que as médias (7,43 e 7,14, respectivamente) demonstram um reflexo do

comportamento geral das variáveis em questão. O estudo feito por Cardeal (2006) com

empresas de pequeno porte do setor hoteleiro de Salvador/BA apontou um grau de utilização

de nível máximo desses controles financeiros por parte dos respondentes: nota 5 em uma

escala Likert de 1 a 5 nos três estabelecimentos estudados. Na pesquisa de Santos, Ferreira e

Faria (2009) também foi constatada utilização do cálculo dos prazos médios de recebimento e

de pagamento por todas as 172 micro e pequenas empresas pesquisadas no município de

Viçosa/MG.

Pode-se concluir, então, que a análise de capital de giro foi avaliada com níveis de

concordância pela maioria das empresas pesquisadas, conforme ilustra o Gráfico 3, no qual

percebe-se predominância de respostas entre as opções 7 a 8 nas questões 3.1 a 3.3 e de 6 a 8

na questão 3.4.

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Gráfico 3: Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Capital de Giro.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

O Gráfico 4 mostra o resultado da dimensão como um todo de cada empresa

pesquisada, somando-se todas as quatro respostas. Percebe-se um outlier entre os

respondentes (R35), que foi destacado nas discussões anteriores, com um somatório de apenas

sete pontos em 40 possíveis. A partir deste gráfico, é possível detectar aquelas empresas que

mais se destacam nesse quesito, como o respondente R53, que obteve 39 pontos, tendo sido o

que alcançou a melhor performance. A média desta dimensão foi de 29,37 pontos e esteve

quase idêntica aos outros dois fatores de tendência central, quais sejam, moda (30) e mediana

(30), com um desvio padrão de 4,97, o que demonstra um resultado melhor das empresas

nesse quesito como um todo em relação à primeira dimensão.

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Gráfico 4: Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Capital de Giro.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.4 DIMENSÃO 4: ANÁLISE DE CRÉDITO

A dimensão “Análise de Crédito” objetivou basicamente estudar de que forma a

política de crédito das empresas é gerenciada, que tipo de informações do cliente elas buscam

antes de conceder crédito, como elas se relacionam com os seus bancos e se elas conhecem o

seu poder de pagamento. Para esta dimensão foram propostas nove questões e ela responde

parcialmente o segundo objetivo específico desta pesquisa. Os resultados estão ilustrados na

Tabela 4, com destaques para as respostas mais frequentes.

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Tabela 4: Análise de Crédito.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP4.1 Nós conhecemos o poder de pagamento de nossa empresa.

0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 7,8% 17,2% 46,9% 25,0% 1,6% 7,8438 1,25

4.2 Nós temos ótimo relacionamento com os gerentes dos bancos dos quais somos clientes.

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 7,8% 25,0% 31,3% 28,1% 7,8% 8,0313 1,083

4.3 Nossa política de concessão de crédito é feita de maneira subjetiva, baseada no feeling e na confiança que temos em nossos clientes.

1,6% 1,6% 3,1% 3,1% 4,7% 3,1% 17,2% 35,9% 20,3% 9,4% 0,0% 6,5313 1,935

4.4 Nós utilizamos informações fornecidas pelas empresas de proteção ao crédito (SPC, Serasa, etc.) antes de conceder crédito para nossos clientes.

71,9% 7,8% 6,3% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 4,7% 4,7% 1,6% 1,3594 2,881

4.5 Nós analisamos o histórico do cliente em suas relações comerciais com nossa empresa antes de lhe conceder crédito.

68,8% 14,1% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 3,1% 9,4% 0,0% 1,4063 2,942

4.6 Nós analisamos o histórico do cliente em suas relações comerciais com o mercado antes de lhe conceder crédito.

73,4% 9,4% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 4,7% 6,3% 1,6% 1,3594 2,962

4.7 Nós utilizamos algum tipo de programa computacional (software) para conceder crédito a nossos clientes.

87,5% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 4,7% 3,1% 0,0% 0,8906 2,476

4.8 Nós analisamos a renda do cliente antes de lhe conceder crédito.

78,1% 6,3% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 1,6% 6,3% 3,1% 3,1% 1,3281 3,019

4.9 Nós analisamos as informações pessoais do cliente (como idade, sexo, estado civil, grau de escolaridade) antes de lhe conceder crédito.

79,7% 14,1% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,1% 1,6% 0,6406 2,034

FUNÇÕESGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Inicialmente buscou-se conhecer o potencial de pagamento das empresas, tendo

como predominância de respostas a opção 8, com 46,9%. O grau de concordância atingiu a

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marca dos 98,4%. Apenas um respondente não conhece sua capacidade de pagamento, o que

significa um grave problema gerencial. A média, moda e mediana apresentaram valores bem

próximos (7,84; 8; e 8, respectivamente), caracterizando quase uma simetria entre essas

funções.. Os resultados de Azevedo (2010) demonstram similaridade com este. 78,57% dos

respondentes de sua pesquisa afirmaram ter conhecimento do seu poder de pagamento. No

que diz respeito ao relacionamento das empresas com os representantes bancários, todos os

respondentes afirmaram possuir uma ótima relação entre eles, com predominância da opção 8

(31,3%). Novamente as medidas de tendência central estiveram bem próximas (8,03; 8; e 8

para média, moda e mediana, respectivamente). Azevedo (2010) encontrou resultado

contrário, no qual 71,43% dos respondentes afirmaram não se relacionarem bem com os

gerentes dos bancos dos quais são clientes.

As questões seguintes (4.3 a 4.9) sobre análise de crédito investigaram os critérios

adotados pelas empresas para a concessão de crédito a seus clientes. Os resultados apontaram

que a maioria (82,8%) adota uma política subjetiva de concessão de crédito, baseada

principalmente no feeling e na confiança que têm nos seus clientes, com predominância da

opção 7, com 35,9% dos respondentes. Aqueles que discordam dessa afirmativa (14,1%)

utilizam algum critério para conceder crédito e não apenas baseado na subjetividade. Esse

resultado evidencia mais uma vez o despreparo dos pequenos empresários na condução de

seus negócios. O estudo de Sousa Filho (2005) apresentou um resultado discordante. O autor

encontrou que 46% das empresas estudadas utilizam o feeling e a confiança como critérios

para a concessão de crédito, sendo que as demais (54%) afirmaram utilizar alguma técnica

para este fim. Ainda no estudo do autor, apenas um respondente considera que o processo de

análise e concessão de crédito é somente uma questão de técnica, sendo que os demais

(98,8%) afirmam que o processo envolve um conjunto de técnica, feeling e confiança. O autor

também supõe que a predominância da utilização da técnica neste processo esteja ligada à

utilização cada vez maior do computador, através de hardware e software na obtenção de

dados dos clientes. Vale ressaltar que o estudo de Sousa Filho (2005) abordou empresas não

financeiras de médio e grande porte, que teoricamente possui mais recursos e ferramentas

disponíveis do que as micro e pequenas empresas, daí a possível justificativa dos resultados

serem opostos. Berni (1999) ensina que a concessão de crédito exige preparo técnico, além de

análise setorial, regional, conhecimento dos mercados diversos e do modus operandi de cada

um destes, afirmando que o tempo do “fio da barba” e até mesmo do feeling já se tornou

obsoleto. Já na pesquisa de Roveda (2002), que estudou o processo de concessão de crédito no

varejo de eletro eletrônicos na cidade de Caxias do Sul/RS, o julgamento humano (critério

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subjetivo) foi citado por todas as empresas pesquisadas como base para tomada de decisão na

concessão de crédito, sendo que mesmo aquelas que utilizam algum critério específico, como

o credit scoring (10%), sistemas de rating interno (10%) e modelos de árvore de decisão

(10%), utilizam também o julgamento humano, com o intuito de analisar principalmente

fatores subjetivos. Vale destacar que as micro e pequenas empresas representaram 55% do

total de respondentes. O autor enfatiza que os principais motivos para a baixa utilização

dessas técnicas estão associados aos custos de implantação e manutenção desses sistemas

especialistas, além da baixa qualificação dos profissionais envolvidos no processo, fato que se

assemelha a este objeto de estudo. O autor assevera ainda que, em um processo de análise de

crédito, que envolve um grande número de variáveis, decidir baseando-se somente no

julgamento humano é arriscado e prejudicial, apesar deste critério cumprir um importante

papel ao absorver aspectos subjetivos da análise de crédito. A fórmula ideal, segundo o autor,

seria a aplicação do julgamento humano em conjunto com outra técnica responsável por

processar as variáveis relacionadas ao crédito.

Dentre as opções disponíveis de resposta quanto aos critérios e tipo de

informações utilizadas pelas empresas na análise de concessão de crédito, as repostas foram

bem heterogêneas, sendo as mais utilizadas, nesta ordem: histórico do cliente com nossa

empresa (14,1%), consultas a empresas de proteção ao crédito (14,1%), histórico do cliente

com o mercado (14,1%), renda do cliente (14,1%), software computacional (9,4%) e

informações pessoais, como idade, sexo, estado civil, grau de escolaridade (4,7%). No estudo

de Roveda (2002), quando questionadas quais variáveis são consideradas na definição do

limite de crédito, as respostas mais citadas pelas empresas foram as seguintes: remuneração

(84,21%), tempo de emprego (31,58%), estado civil (31,58%), tipo de moradia (26,32%) e

idade (15,79%). O autor enfatiza a baixa adesão por parte das empresas à utilização de

sistemas de informação no processo de concessão de crédito, sendo os custos elevados para a

implantação desses sistemas como o principal obstáculo citado pelas empresas. Sousa Filho

(2005) elencou em seu estudo alguns aspectos referentes à concessão de crédito aos quais as

empresas atribuíram um grau de importância. Aqueles tidos como mais importantes foram os

seguintes: utilização de informações fornecidas pelas empresas de proteção ao crédito

(87,7%), histórico do cliente em suas relações com a empresa (85,2%), existência de uma

política de crédito bem definida (74,1%), integração entre cadastro e crédito (69,1%),

integração entre crédito e vendas (69,1%) e histórico do cliente em suas relações com o

mercado (69,1%).

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A dimensão “Análise de Crédito”, em resumo, apontou um bom conhecimento do

poder de pagamento por parte das empresas pesquisadas (4.1), uma relação bem amistosa

entre as empresas e as instituições bancárias (4.2) e um elevado nível de subjetividade na

política de concessão de crédito (4.3), baseada basicamente no feeling e na confiança nos

clientes, com utilização bem discreta de algumas informações e critérios para este fim (4.4 a

4.9) (Gráfico 5).

Gráfico 5: Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Crédito.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

As dispersões existentes entre as empresas, quando somado todas as respostas

para esta dimensão, evidenciam um comportamento padrão bem homogêneo da maioria das

empresas, bem como aquelas que mais se destacaram nesse quesito (Gráfico 6). De um total

de 90 pontos possíveis para esta dimensão, a média girou em torno dos 29 pontos, com um

desvio padrão de 14,34, o que denota um rendimento das empresas que ficou a desejar, apesar

de terem se saído melhor nas duas primeiras variáveis.

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Gráfico 6: Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Crédito.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.5 DIMENSÃO 5: ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO

Esta dimensão buscou averiguar o conhecimento por parte das empresas acerca

dos custos de seus produtos (questões 5.1 e 5.2), bem como quais critérios utilizam para

estabelecer seus preços de venda (questões 5.3 a 5.5). Ela responde parcialmente ao segundo

objetivo específico desta pesquisa. Os resultados podem ser visualizados na Tabela 5,

destacando-se as opções que obtiveram mais respostas.

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Tabela 5: Análise de Custos e Formação de Preço.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP5.1 Nós sabemos exatamente quanto custa cada um de nossos produtos.

0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 3,1% 26,6% 45,3% 15,6% 6,3% 0,0% 6,8281 1,149

5.2 Nós sabemos exatamente quando o produto está custando além das nossas possibilidades.

0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 1,6% 18,8% 40,6% 25,0% 10,9% 1,6% 0,0% 6,2188 1,201

5.3 Nós levamos em consideração nossos custos diretos e indiretos para estabelecermos o preço de nossos produtos.

7,8% 10,9% 9,4% 9,4% 18,8% 20,3% 10,9% 7,8% 3,1% 1,6% 0,0% 3,9375 2,239

5.4 Nós determinamos o preço de nossos produtos baseado nos preços da concorrência.

0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 3,1% 1,6% 15,6% 29,7% 26,6% 14,1% 7,8% 7,4063 1,571

5.5 Nós determinamos o preço de nossos produtos estabelecendo uma margem fixa sobre as vendas (taxa mark-up ).

4,7% 3,1% 4,7% 1,6% 9,4% 23,4% 25,0% 14,1% 6,3% 7,8% 0,0% 5,4063 2,187

FUNÇÕESGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Os resultados das duas primeiras questões, que tratam sobre o conhecimento real

dos custos de cada um dos produtos das empresas e dos produtos cujos custos estão além de

suas possibilidades, apresentaram graus de concordância em sua maioria, com 93,8% de

concordância para a primeira questão e 78,1% para a segunda. A predominância de resposta

foi a opção 7 (45,3%) e 6 (40,6%), respectivamente. Apesar de concordarem com tais

afirmativas, pode-se afirmar que as empresas não conhecem completamente os custos de

todos os seus produtos e nem se estes estão custando mais do que deveriam de maneira

segura, mas sim que há apenas um conhecimento superficial, haja vista as medidas de

tendência central estarem situadas mais próximas a uma situação de neutralidade do que de

plena concordância, principalmente o segundo questionamento, que obteve um percentual de

resposta 18,8% para a opção 5 (neutra) e média de 6,21. De qualquer forma, não se pode

afirmar que as empresas estão mal avaliadas nesse quesito, mas sim que precisam se

aprofundar nas análises dos custos reais de todos os seus produtos. Azevedo (2010) encontrou

resultado similar neste item. 50% das empresas pesquisadas afirmaram ter conhecimento

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apenas parcial dos custos de cada um de seus produtos e 28,57% os desconhecem parcial ou

totalmente. O estudo de Silva (2010) também aponta para um equilíbrio de resposta quanto ao

conhecimento exato dos custos e despesas por parte dos respondentes. 54,4% dos gestores não

conhecem de maneira exata seus custos, tendo este conhecimento completo 45,6% das

empresas. Já Cominetti (2003) nota em seu estudo que existe vago conhecimento dos gestores

sobre custos. Lucena (2004) apresenta em sua pesquisa que 52,38% das empresas afirmam ter

controle de custos. Mais uma vez vem à lembrança a limitada formação acadêmica e

profissional dos micro e pequenos empresários e das suas inúmeras dificuldades, o que pode

explicar a falta do pleno conhecimento de seus custos. Paula (2009), que estudou os

problemas enfrentados por micro e pequenas empresas do comércio varejista de Belo

Horizonte/MG, concluiu que a deficiência na gestão de custos do negócio é o segundo

principal fator responsável pelo surgimento de problemas na gestão financeira. Monteiro e

Barbosa (2011) encontrou que apenas 20% das empresas pesquisadas em seu estudo efetuam

controle de custo do produto, alertando para o fato de que empreendimentos que não utilizam

métodos de avaliação de apuração dos custos podem estar acumulando prejuízos contínuos,

em virtude da possibilidade de estarem praticando preços abaixo do ponto de equilíbrio.

Ao analisar as questões seguintes, que versam sobre critérios e métodos que as

empresas utilizam para precificar seus produtos, percebe-se uma tendência em haver desprezo

dos custos diretos e indiretos associados aos produtos no estabelecimento de seus preços.

Apenas 23,4% das empresas levam em consideração esses fatores para precificar seus

produtos, sendo rejeitado por 56,3% dos respondentes. A predominância de resposta ficou

com a opção neutra, com 20,3%. Ou seja, houve uma heterogeneidade de respostas, no qual

apenas a opção 10, de total concordância, não foi mencionada.

Houve uma tendência de determinação do método de apreçamento baseado nos

preços da concorrência, sendo que o método do mark-up também foi aceito pela maioria,

conforme resultados das questões 5.4 e 5.5. Vale salientar que as duas técnicas podem ser

mencionadas por uma mesma empresa. 93,8% dos pesquisados afirmaram que estabelece o

preço de seus produtos com base nos preços de seus concorrentes, sendo a técnica do mark-up

utilizada por 53,1% dos respondentes. No estudo multicaso de Spinelli (2006) ficou

evidenciada a utilização da técnica mark-up em todas as três redes de supermercados

pesquisadas. No estudo de Cominetti (2003) há quase uma unanimidade pela utilização dessa

técnica. Justifica-se a elevada opção por esta técnica pela sua simplicidade e facilidade de

aplicação. No entanto, segundo Spinelli (2006), ela ignora a demanda e a concorrência. No

seu estudo, a autora destaca que os especialistas concordam que este método ainda é utilizado

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pela maioria das redes varejistas. Pereira (2000) ressalta que é perceptível a existência de

certo nível de dificuldade dos micro e pequenos empresários em estabelecer o preço de venda

de seus produtos, ocasionada principalmente por falta de conhecimento e capacidade técnica

específica sobre o assunto. O autor afirma ainda que esse fato faz com que cada gestor adote

uma fórmula diferente, para ele a melhor e mais eficiente, para estabelecer o preço de venda

de seus produtos. Dentre as opções citadas pelo autor, está a estratégia baseada na

concorrência, no qual os gestores adotam um nível de preços geralmente abaixo dos demais,

desprezando o fato de que cada empresa possui um custo operacional fixo diferente, com o

intuito de conquistar mais rapidamente uma fatia de mercado no qual atuam. Outro método

que o autor disserta é o custo operacional da empresa, no qual muitas empresas adotam

apenas esse método isoladamente, negligenciando as oscilações do mercado em que está

situada, bem como as estratégias de mercado e de preços adotadas pelos seus concorrentes.

Para este autor, a previsão do futuro de tais empresas é bem fácil de visualizar e não é nada

animador, pois, no julgamento do autor, para uma empresa ser bem sucedida, é necessário que

haja uma observância de todos os fatores que afetam direta ou indiretamente o seu preço de

venda, tais como o custo operacional fixo, o volume de vendas em conjunto com os custos

variáveis, identificando o ponto de equilíbrio ideal para a empresa. Como veremos mais

adiante, na análise da dimensão “Demonstrativos, Indicadores e Métodos”, o ponto de

equilíbrio é praticamente inutilizado por todas as empresas, o que reforça o argumento de

Pereira (2000). No seu estudo, este autor propõe uma metodologia de formação de preço de

venda para micro e pequenas empresas, o qual se baseia em 10 etapas: 1) identificação e

análise dos custos operacionais fixos; 2) identificação e análise estatística do volume de

vendas; 3) identificação e análise dos custos operacionais variáveis; 4) identificação e análise

do lucro desejado pela empresa; 5) identificação e análise do custo de funcionamento da

empresa; 6) identificação e análise do ponto de equilíbrio da receita; 7) identificação e análise

do custo de aquisição das mercadorias; 8) identificação e análise do preço de venda a ser

praticado pela empresa; 9) projeção do demonstrativo de resultado e; 10) análise de

sensibilidade. O estudo de Russo (2002) mostrou que, dentre os problemas enfrentados pelas

micro e pequenas empresas na área administrativo-financeira, a organização das atividades

financeiras básicas, como elaboração de fluxo de caixa e formação do preço de venda, foi tida

como o segundo problema mais citado pelos respondentes, atrás apenas da opção

consolidação do controle dos resultados, evidenciando o grau de dificuldade encontrado pelos

pequenos empresários em estabelecer o preço de venda de seus produtos.

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O Gráfico 7 ilustra o comportamento das variáveis da dimensão “Análise de

Custos e Formação de Preço”.

Gráfico 7: Gráficos box-plot para a dimensão Análise de Custos e Formação de Preço.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Já o Gráfico 8 traz o somatório dos pontos obtidos por cada empresa nesta

dimensão, em forma de dispersão. Observa-se uma tendência das respostas variando entre os

25 e os 35 pontos, com picos de 15 (mínimo) e 43 (máximo) pontos. As medidas de tendência

central estiveram bem próximas cujos valores foram de 29,80 (média), 29 (moda) e 30

(mediana) de um total de 50 pontos.

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Gráfico 8: Gráfico de dispersão para a dimensão Análise de Custos e Formação de Preço.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.6 DIMENSÃO 6: PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E CONTROLE

Foram propostos também questionamentos sobre planejamento financeiro, com

previsão de orçamento em suas etapas, bem como controle e ajustes dos resultados obtidos, no

intuito de atingir o segundo objetivo específico desta pesquisa. Os resultados alcançados são

apresentados na Tabela 6.

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Tabela 6: Planejamento, Orçamento e Controle.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP6.1 Nossa empresa elabora um planejamento financeiro minucioso (previsão de demanda, fornecedores, logística e crédito).

37,5% 34,4% 7,8% 4,7% 3,1% 4,7% 1,6% 4,7% 1,6% 0,0% 0,0% 1,5469 2,07

6.2 Nossa empresa define um orçamento para todas as etapas e itens do planejamento.

54,7% 20,3% 6,3% 6,3% 0,0% 4,7% 1,6% 3,1% 3,1% 0,0% 0,0% 1,3125 2,152

6.3 Nossa empresa monitora o planejamento financeiro, ajustando-o e atualizando-o de acordo com as novas informações obtidas.

53,1% 21,9% 3,1% 9,4% 3,1% 1,6% 1,6% 3,1% 3,1% 0,0% 0,0% 1,3281 2,116

6.4 Nossa empresa compara as previsões do planejamento financeiro com os resultados reais obtidos.

59,4% 9,4% 9,4% 4,7% 6,3% 3,1% 1,6% 3,1% 3,1% 0,0% 0,0% 1,3906 2,216

FUNÇÕESGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Os resultados demonstram total convergência com a literatura das micro e

pequenas empresas e quase unanimidade com as pesquisas encontradas, qual seja, a falta de

planejamento e acompanhamento dos resultados obtidos por parte dos micro e pequenos

empreendimentos. Com raras exceções (7,8%), o planejamento financeiro foi tido como uma

ferramenta desprezada pela maioria dos respondentes (87,5%), com as opções de resposta

predominando na faixa de 0 a 1, ou seja, de total discordância nesse aspecto. A consequência

das respostas para a primeira questão desta dimensão reflete nas demais, tendo em vista que

há um encadeamento lógico entre elas, de maneira que, se uma empresa não faz planejamento

financeiro, consequentemente não haverá previsão de orçamento para as etapas do

planejamento e nem acompanhamento e controle do mesmo. Dessa forma, houve uma

tendência de discordância também para as demais questões desta dimensão. Quando

questionados se definiam um orçamento para todas as etapas e itens do planejamento, houve

também 87,5% de discordância, sendo que a opção zero foi mais presente neste

questionamento do que no primeiro, com 54,7%. Quanto ao monitoramento do planejamento

financeiro, o índice de discordância atingiu a marca dos 90,6% e no último questionamento,

que abordou se a empresa compara as previsões do planejamento financeiro com os resultados

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reais obtidos, houve 89,1% de respostas discordantes. Em todas as questões a fatia de

concordância ficou com apenas 7,8%.

No estudo de Maia et al. (2009) somente 12,37% das micro e pequenas empresas

afirmaram que realizam planejamento financeiro. Na pesquisa de Azevedo (2010) os

resultados são ainda mais enfáticos: nenhuma empresa pesquisada elabora um planejamento

financeiro minucioso, com 100% de discordância total; quanto à definição de um orçamento

para todas as etapas do planejamento apenas um respondente discordou parcialmente,

enquanto os demais (92,9%) discordaram totalmente. O mesmo resultado ocorreu para as

variáveis previsões e monitoramento do planejamento financeiro. Cominetti (2003) também

apontou em seu estudo para a não existência do planejamento financeiro, que segundo ele, é o

retrato da grande maioria das pequenas empresas, o que os prejudica no alcance de melhores

resultados. O estudo de Ercolin (2007), que abordou os fatores financeiros determinantes da

mortalidade de micro e pequenas empresas na cidade de São Paulo/SP, concluiu que esses

fatores estão associados, em primeiro lugar, à ausência da cultura de planejamento e controle

financeiros e, em seguida, à empresa que não faz orçamento ou o acompanhamento dele. Esse

fato converge com os resultados dos estudos do SEBRAE (2005) e de Filardi (2006), em cujas

pesquisas a falta de planejamento está entre os principais fatores que levam uma empresa à

falência. A pesquisa de Belo (2009) também evidencia a falta de planejamento nas pequenas

empresas, quando afirma que nenhum dos dois estudos de casos utiliza essa ferramenta,

apesar de terem consciência dos seus benefícios e dos riscos de não o utilizarem,

principalmente o desperdício de oportunidades.

Apesar da predominância da não utilização do planejamento financeiro nas micro

e pequenas empresas, encontraram-se estudos nos quais os resultados divergiram do normal.

Na pesquisa de Cardeal (2006), no qual realizou estudo de casos em empresas de pequeno

porte do setor hoteleiro de Salvador/BA, a média do grau de ocorrência foi de 4,33 em uma

escala de 0 a 5 para a afirmativa “planejamento de curto e longo prazo conhecido e

acompanhado por todos na empresa”, o que significa que estas empresas estão praticando o

planejamento. Há que se notar que na pesquisa desta autora foram analisadas empresas do

segmento de prestação de serviços, o que não é o caso desse estudo, e que pode levantar

hipóteses de diferença de comportamento entre empresas do setor comercial e prestadora de

serviços no quesito planejamento. Outro fator a ser questionado é o número de participantes

da pesquisa da autora, que analisou somente três casos em uma capital nordestina, e a

ausência das microempresas no estudo, o qual aborda somente aquelas de pequeno porte. Fica

a dúvida se ela encontraria o mesmo resultado com uma amostra maior de participantes. Outro

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resultado discordante do da maioria foi encontrado no estudo de Russo (2002), que mediu as

áreas nas quais as micro e pequenas empresas enfrentam maiores problemas. A área que

apresentou menor índice de problemas foi a de Planejamento, com média de 2,21, ficando

atrás dos setores Administrativo-Financeira, Mercado, Recursos Humanos e Produção,

indicando que as empresas não enfrentam problemas na área de planejamento no momento

atual. O autor sugere que essa baixa média pode ser fruto da fase que as empresas podem ter

atingido, qual seja, a Fase 3 – Sucesso, na qual as práticas gerenciais do setor de planejamento

já estão em níveis bastante avançados e indicando que as mesmas têm seus desafios em fase

de superação ou superados no tocante à área de planejamento. De fato as empresas

pesquisadas por este autor possuem um tempo de vida, em sua maioria, maior do que cinco

anos (52,8%), mas não parece ser esta a variável que torna os seus resultados de planejamento

diferentes dos encontrados nesta pesquisa, haja vista que também neste estudo as empresas

também já estão há um bom tempo inseridas no mercado – nenhuma possui menos de quatro

anos de existência. A explicação para esta diferença pode estar novamente no critério ramo de

atividade, tendo em vista que o estudo de Russo (2002) abordou empresas de todos os

segmentos e cujos resultados apontaram uma predominância do ramo de prestação de

serviços, com 51,9% do total de respondentes. Pode ser também que existam diferenças de

comportamento das empresas pelo critério “Localidade”, já que Russo (2002) trabalhou com

empresas de Porto Alegre/RS.

Os resultados da dimensão “Planejamento, Orçamento e Controle” podem ser

ilustradas em formato de box-plot (Gráfico 9), no qual ratifica-se a tendência para a não

utilização da ferramenta “Planejamento, orçamento e controle” pelas empresas estudadas.

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103

Gráfico 9: Gráficos box-plot para a dimensão Planejamento, Orçamento e Controle.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Já o Gráfico 10 retrata o comportamento das empresas nesse quesito, quando

somadas as respostas das quatro questões propostas para esta dimensão. Percebe-se um

desempenho padrão da maioria das empresas girando em torno da opção zero e aquelas que

fogem da normalidade. A média para esta dimensão foi de apenas 5,58, com um elevado

desvio padrão de 8,41. A moda foi zero e a mediana 2 pontos. Gráfico 10: Gráfico de dispersão para a dimensão Planejamento, Orçamento e Controle.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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104

4.7 DIMENSÃO 7: AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOS

A dimensão 7 abordou questões relativas aos investimentos que as empresas

realizam, no sentido de medir o quanto elas avaliam a atratividade dos projetos, as fontes de

financiamento para tais, bem como a futura necessidade de capital de giro durante a execução

dos mesmos. Responde parcialmente ao segundo objetivo específico. Foram encontrados os

seguintes resultados (Tabela 7):

Tabela 7: Avaliação de Investimentos e Financiamentos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP7.1 Fazemos um estudo aprofundado sobre a atratividade dos projetos em que a empresa investe.

51,6% 12,5% 6,3% 4,7% 1,6% 4,7% 7,8% 4,7% 6,3% 0,0% 0,0% 1,9844 2,74

7.2 Fazemos um estudo aprofundado das fontes de financiamento existentes para os projetos escolhidos.

54,7% 12,5% 3,1% 1,6% 3,1% 6,3% 9,4% 4,7% 4,7% 0,0% 0,0% 1,9375 2,736

7.3 Fazemos um estudo aprofundado da necessidade futura de capital de giro ao longo da vida útil dos projetos escolhidos.

54,7% 14,1% 3,1% 3,1% 3,1% 4,7% 4,7% 7,8% 4,7% 0,0% 0,0% 1,8594 2,719

FUNÇÕESGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Percebe-se que há semelhança nas respostas entre esta dimensão e a que tratou

sobre planejamento, qual seja, predominância de discordância nos três questionamentos

propostos, apesar da diferença entre aqueles que concordam e os que discordam ser um pouco

menor nesta dimensão do que na anterior. Isso indica que as empresas fazem investimentos

sem qualquer embasamento que lhes dê alguma segurança, dando um verdadeiro “tiro no

escuro”. O fato delas não fazerem um levantamento de quais projetos são mais atrativos, de

ignorarem as possibilidades de financiamento para os projetos escolhidos e de não se

planejarem para os executarem torna estas empresas mais vulneráveis, sujeitando-se a acatar

as condições impostas pelos grandes fornecedores e clientes. De acordo com Braga (2006)

uma avaliação criteriosa dos investimentos a serem realizados pelas empresas possibilita uma

melhoria do processo de planejamento, com avaliação de diferentes cenários e identificação

de novas oportunidades de futuros investimentos.

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105

O estudo de Azevedo (2010) corrobora os resultados desta pesquisa, no qual

houve total discordância entre todos os pesquisados quando questionados se analisavam a

atratividade dos seus projetos, total discordância para 85,71% dos respondentes no quesito

“análise das possibilidades de financiamento dos projetos” e o mesmo percentual de

discordância sobre o estudo da necessidade de capital de giro ao longo da vida útil dos

projetos escolhidos. Já no estudo de Bieger (2000) foi constatado que 80% das empresas

pesquisadas possuem um procedimento formal de preparação do orçamento de investimento,

76,7% realizam pesquisas para identificar os projetos mais rentáveis e 73,3% efetuam um

controle durante a execução dos projetos mais importantes. Esse resultado contrapõe a esta

pesquisa, mas vale destacar que o estudo de Bieger (2000) foi realizado com empresas

industriais de médio e grande porte da região noroeste do Rio Grande do Sul, que constitui

uma realidade bem diferente das micro e pequenas empresas.

O Gráfico 11 ilustra o comportamento das variáveis relativas a esta dimensão,

ratificando a inexistência de estudos relativos às possibilidades de investimentos e de

acompanhamento dos mesmos por parte das empresas.

Gráfico 11: Gráficos box-plot para a dimensão Avaliação de Investimentos e Financiamentos.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Também é possível verificar a tendência dos respondentes quando somamos todas

as respostas desta dimensão (Gráfico 12), o qual girou em torno do zero, ou seja, nenhuma

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106

forma de levantamento de possibilidades de investimentos nos quais as empresas podem

realizar e de financiamentos para os projetos escolhidos. A média foi de certa forma afetada

pelos outliers, cujo valor foi de 5,78, fato reforçado pelo desvio padrão, que foi de 8,08. Já a

moda foi zero e a mediana 1.

Gráfico 12: Gráfico de dispersão para a dimensão Avaliação de Investimentos e Financiamentos.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.8 DIMENSÃO 8: RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS

Esta dimensão buscou analisar alguns aspectos relacionados aos resultados

econômicos e financeiros das empresas, com o intuito de responder parcialmente ao segundo

objetivo específico de pesquisa. Três questões foram propostas sobre os seguintes assuntos:

margem de contribuição, economia de escala e gargalos financeiros. Os resultados estão

descritos na Tabela 8.

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107

Tabela 8: Avaliação de Resultados Econômicos e Financeiros.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP8.1 Nós sabemos exatamente qual a margem de contribuição de cada um de nossos produtos.

0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 1,6% 7,8% 21,9% 32,8% 20,3% 10,9% 1,6% 6,8906 1,513

8.2 Nós nos aproveitamos do ganho de escala.

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 12,5% 20,3% 26,6% 23,4% 14,1% 7,9531 1,385

8.3 Nós sabemos exatamente onde estão os gargalos financeiros em nossa empresa.

0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 0,0% 4,7% 14,1% 20,3% 23,4% 23,4% 10,9% 7,6563 1,654

GRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE FUNÇÕES

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

As empresas demonstraram ter um bom conhecimento da margem de contribuição

de seus produtos, o que nada mais fazem do que o dever de casa. A margem de contribuição

deveria ser de conhecimento dos gestores de todas as empresas, haja vista as importantes

informações que ela oferece, isto é, o valor destinado a cobrir os custos fixos, após deduzidos

os custos variáveis, e o percentual do lucro desejado sobre cada produto. Mesmo assim, houve

que discordasse dessa afirmativa: três respondentes (4,7%) desconhecem, ainda que

parcialmente, a margem de contribuição dos seus produtos. Houve predominância de resposta

para a opção 7 (32,8%) e um nível de concordância de 87,5%. Os valores centrais estiveram

bem próximos uns dos outros (média = 6,89; moda e mediana = 7), o que indica

homogeneidade nas respostas. O estudo de Azevedo (2010) demonstrou similaridade com

este, porém com índice concordância em menor escala (71,43%), o que caracteriza, segundo o

autor, uma situação de “amadorismo empresarial”, concluindo que as empresas que

responderam que discordam total ou parcialmente e ainda aquelas que concordam

parcialmente estão inconscientes acerca da atividade fim das empresas que é o lucro.

Cominetti (2003) verificou em seu estudo que o conceito autêntico de margem de

contribuição é desconhecido pelas empresas, sendo que as mesmas o associam apenas ao

lucro, ignorando o fato de que auxilia na contribuição dos custos fixos indiretos. A pesquisa

de Tártari (2005) é consoante com a de Azevedo (2010): 78,57% das empresas pesquisadas

utilizam a ferramenta em questão.

Com relação ao item que aborda o ganho de escala, apenas um gestor respondeu

que pouco o utiliza, discordando parcialmente, desperdiçando grandes oportunidades de

reduzir seus custos e elevar seus lucros. O nível de concordância beirou à totalidade (96,9%),

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108

o que significa que as empresas estão sabendo tirar proveito nesse quesito. No estudo de

Santos, Ferreira e Faria (2009) esse índice foi de apenas 52,4% e no de Azevedo (2010)

64,29%. Para este último autor, esse percentual abaixo do esperado pode significar que estas

empresas não estão otimizando sua política de produção e de vendas, correndo o risco de

perderem competitividade no mercado.

A última questão desta dimensão mediu o conhecimento das empresas acerca dos

seus gargalos financeiros. Novamente houve supremacia de resposta para níveis de

concordância: 92,2% dos respondentes afirmaram saber onde estão os “pepinos” financeiros.

Apenas 3,1% os desconhecem. O fato de conhecerem seus gargalos financeiros seria uma

maravilha se isto fosse acompanhado de soluções para os mesmos. Conhecer estes problemas

não significa necessariamente que eles não existem ou que nada deve ser feito para minimizá-

los. Veremos mais adiante os resultados para a dimensão “Problemas Financeiros”, mas já foi

visto em outras dimensões que em vários fatores as empresas poderiam ter se saído melhor.

Com relação às funções estatísticas, mais uma vez as medidas de tendência central se

equivaleram (7,65; 8 e 8), com um desvio padrão relativamente baixo.

O Gráfico 13 ilustra o comportamento de cada variável desta dimensão. A

predominância de respostas para a questão 8.1 ficou entre as opções 6 e 8 e para as questões

8.2 e 8.3 entre as opções 7 e 9. Os resultados satisfatórios para esta dimensão como um todo

estão apresentados no Gráfico 14, que obteve uma boa média de 22,5 pontos e um baixo

desvio padrão de 3,67. A moda girou nos 25 pontos e a mediana nos 23.

Gráfico 13: Gráficos box-plot para a dimensão Resultados Econômicos e Financeiros.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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109

Gráfico 14: Gráfico de dispersão para a dimensão Resultados Econômicos e Financeiros.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.9 DIMENSÃO 9: DEMONSTRATIVOS, INDICADORES E MÉTODOS

Esta dimensão visa averiguar o grau de utilização por parte das empresas acerca

de alguns instrumentos financeiros e gerenciais, os quais podem ser classificados em quatro

categorias: demonstrativos financeiros, indicadores econômico-financeiros, giro de vendas e

técnicas de análise de investimentos. Ela responde ainda parcialmente ao segundo objetivo

específico desta pesquisa. Os resultados encontrados estão descritos na Tabela 9.

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110

Tabela 9: Demonstrativos, Indicadores e Métodos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP9.1 Balancete. 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 7,8% 21,9% 42,2% 21,9% 6,3% 7,9688 1,0079.2 Balanço Patrimonial. 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 6,3% 20,3% 39,1% 21,9% 12,5% 8,1406 1,0829.3 Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE).

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 10,9% 21,9% 34,4% 20,3% 12,5% 8,0156 1,175

9.4 Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC).

0,0% 1,6% 1,6% 0,0% 1,6% 1,6% 14,1% 31,3% 26,6% 15,6% 6,3% 7,375 1,628

9.5 Índices de Atividade (prazo médio de estocagem, prazo médio de cobrança, prazo médio de pagamento a fornecedores).

73,4% 7,8% 3,1% 1,6% 3,1% 3,1% 3,1% 0,0% 3,1% 1,6% 0,0% 1,0469 2,236

9.6 Índices de Rentabilidade e Lucratividade (giro do ativo, margem operacional, margem líquida, rentabilidade do ativo, rentabilidade do patrimônio líquido).

84,4% 4,7% 1,6% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 3,1% 3,1% 0,0% 0,0% 0,6563 1,913

9.7 Índices de Liquidez (liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata).

84,4% 6,3% 1,6% 0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 1,6% 3,1% 0,0% 0,0% 0,6094 1,84

9.8 Indicadores de endividamento (participação de capitais de terceiros, composição do endividamento, imobilização do patrimônio líquido).

87,5% 4,7% 1,6% 0,0% 1,6% 0,0% 1,6% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,4688 1,583

9.9 Ciclo Operacional. 76,6% 9,4% 1,6% 1,6% 1,6% 1,6% 3,1% 4,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,8281 1,9329.10 Ciclo Financeiro. 75,0% 10,9% 1,6% 1,6% 1,6% 1,6% 6,3% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,8281 1,899.11 Ponto de Equilíbrio. 82,8% 4,7% 4,7% 3,1% 3,1% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,4375 1,1119.12 Pay-Back (Tempo de Retorno do Investimento).

82,8% 6,3% 7,8% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,3281 0,818

9.13 Valor Presente Líquido (VPL).

84,4% 3,1% 6,3% 1,6% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,4844 1,458

9.14 Taxa Interna de Retorno (TIR).

87,5% 3,1% 3,1% 3,1% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,3281 0,993

9.15 Índice de Lucratividade (IL).

82,8% 6,3% 4,7% 1,6% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,4844 1,447

GRAU DE UTILIZAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO

NUNCA UTILIZAMOS SEMPRE UTILIZAMOS FUNÇÕES

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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111

Com exceção dos demonstrativos financeiros, foi encontrado que raramente as

empresas utilizam os demais instrumentos estudados. Com relação à primeira categoria desta

dimensão, justificado até por força da Lei n° 11.638/07, que exige que todas as empresas

apresentem ao final de cada exercício social alguns demonstrativos financeiros, os

respondentes demonstram um nível de total utilização, seja em maior ou em menor escala,

para as seguintes demonstrações: Balancete, Balanço Patrimonial e Demonstrativo do

Resultado do Exercício (DRE). Com relação ao Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC),

apesar de também ser exigência da lei supramencionada, três respondentes (4,7%) afirmaram

que quase nunca ou pouco utilizam este demonstrativo. Apesar de afirmarem que utilizam tais

ferramentas, a tendência é que estes demonstrativos sejam elaborados apenas para atender

exigências legais e fiscais, conforme apresenta o resultado do estudo de Silva (2010). Este

autor encontrou em sua pesquisa que a maioria dos gestores das micro e pequenas empresas

pesquisadas não recebem nenhuma das demonstrações contábeis estudadas. Ou seja, elas são

elaboradas, mas não são entregues aos proprietários. No próximo tópico, que trata da

relevância das informações contábeis e financeiras, essa tendência será retomada e reforçada.

Os indicadores econômico-financeiros são praticamente inutilizados por quase

todas as empresas estudadas, com predominância de resposta para a opção zero (nunca

utilizamos) em todas as variáveis desta categoria (índices de atividade, de rentabilidade, de

liquidez e de endividamento). Isso significa que estas empresas podem estar desperdiçando

ótimas oportunidades de conhecerem melhor sua realidade econômico-financeira, reduzindo

ainda mais sua competitividade no mercado em que atuam. No estudo de Cominetti (2003)

infelizmente esta também é a realidade para as pequenas empresas estudadas, na qual estas

afirmaram que desconhecem os índices financeiros, ouvindo falar neles apenas quando há

necessidade de trabalhar com os bancos, tendo em vista a exigência de tais cálculos para

análise cadastral. Já no estudo de Tártari (2005), que investigou a realidade das maiores

indústrias do setor de confecções do estado do Paraná, o resultado indicou utilização de

análise por índices por 71,43% dos entrevistados. Claro que deve ser levada em consideração

a realidade bem distinta entre as micro e pequenas empresas e as grandes estruturas

organizacionais.

Outros métodos verificados neste estudo foram os ciclos operacional e financeiro

e o ponto de equilíbrio. Em todos os casos houve forte percentual de inutilização em

praticamente todas as empresas. Novamente a predominância de respostas ficou com a opção

zero nas três variáveis. O ciclo operacional é ignorado por 90,6% das empresas, bem como o

ciclo financeiro. Já o ponto de equilíbrio apresentou nenhuma adesão dos respondentes. Mais

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112

uma vez vale ressalta-se a importância de tais instrumentos gerenciais. O estudo de Cominetti

(2003) ratifica essa tendência, na medida em que os respondentes pouco dão atenção ao ciclo

operacional e quando o utiliza esbarram na falta de conhecimento teórico. Ainda no mesmo

estudo, observou-se que o ponto de equilíbrio é inutilizado pelas pequenas empresas

pesquisadas. Silva (2010) também reforça essa realidade, no qual 98,1% dos respondentes

afirmaram não ter controle da situação gerencial de suas empresas. Esse aspecto reuniu

elementos como ponto de equilíbrio e margem de contribuição. Tártari (2005) demonstra mais

uma vez o enorme abismo que há entre as grandes empresas e as de micro e pequeno porte,

quando apresenta que 92,86% das grandes indústrias pesquisadas utilizam a metodologia

“Ponto de Equilíbrio”.

O último grupo de variáveis desta dimensão analisa o grau de utilização das

técnicas de análise de investimentos. As opções apresentadas foram: Payback, Valor Presente

Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Índice de Lucratividade (IL). O resultado

segue a mesma tendência das duas categorias anteriores. Nenhuma das empresas afirmou que

utiliza o Payback como forma de analisar seus investimentos. Para as técnicas VPL e IL

houve uma empresa que afirmou utilizá-las e para a TIR um gestor respondeu neutro e os

demais que não utilizam. Aliás, como evidenciado na dimensão “Avaliação de Investimentos

e Financiamentos”, as empresas realizam investimentos sem qualquer embasamento técnico

que lhes dê alguma margem de segurança. Predominou novamente a opção zero nas quatro

opções, com mais de 80% em todas elas. Nos estudos que apontaram utilização de técnicas de

análise de investimentos por parte das empresas, a TIR foi a mais citada na pesquisa de Bieger

(2000) e o Payback na de Valente (2008).

Pode-se afirmar que as médias de todas as variáveis desta dimensão representam

bem o comportamento normal das empresas, haja vista que elas sempre estiveram próximas

das demais medidas de tendência central (moda e mediana) e também pelo fato de que os

valores dos desvios padrões no geral foram baixos.

Os resultados desta dimensão escancararam ainda mais as fragilidades das micro e

pequenas empresas. Deixar de utilizar ferramentas úteis como as que foram abordadas pode

significar inoperância e perdas irreparáveis para as mesmas. Elaborar alguns demonstrativos

contábeis está significando para elas apenas cumprir exigências legais e fiscais, quando

muitas informações e relatórios válidos poderiam ser extraídos desses documentos. As

tendências dos respondentes para cada variável desta dimensão estão ilustradas no Gráfico 15.

Já o Gráfico 16 demonstra o comportamento dos respondentes analisando a dimensão como

um todo, ou seja, somando-se as respostas de todas as variáveis. De um total de 150 pontos

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possíveis, a média atingiu a pífia marca dos 38 pontos (DP = 15,81), acima ainda da moda

(33) e da mediana (33), o que ratifica as enormes deficiências das empresas nesse quesito.

Gráfico 15: Gráficos box-plot para a dimensão Demonstrativos, Indicadores e Métodos.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Gráfico 16: Gráfico de dispersão para a dimensão Demonstrativos, Indicadores e Métodos.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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114

4.10 DIMENSÃO 10: RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E

FINANCEIRAS

A última dimensão que responde parcialmente ao segundo objetivo específico

desta pesquisa aborda a importância que as informações contábeis e financeiras têm para as

micro e pequenas empresas estudadas. Foram propostas três questões acerca da relevância

destas informações para: elaborar relatórios gerenciais, formular estratégias e tomar decisões.

Os resultados estão descritos na Tabela 10.

Tabela 10: Relevância das Informações Contábeis e Financeiras.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP10.1 Nossa empresa elabora relatórios gerenciais a partir das informações contábeis e financeiras.

48,4% 26,6% 6,3% 7,8% 4,7% 3,1% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 1,1719 1,658

10.2 Nossa empresa leva em conta as informações contábeis e financeiras para formular as estratégias.

51,6% 20,3% 4,7% 3,1% 3,1% 6,3% 6,3% 4,7% 0,0% 0,0% 0,0% 1,5313 2,239

10.3 Nossa empresa leva em conta as informações contábeis e financeiras para tomar decisões.

51,6% 21,9% 3,1% 3,1% 0,0% 4,7% 7,8% 7,8% 0,0% 0,0% 0,0% 1,625 2,427

GRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE FUNÇÕES

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

O que se pode observar é uma negligência dos gestores para com as informações

geradas pela contabilidade nos três aspectos estudados, como por exemplo, suas

demonstrações contábeis. Em harmonia com a questão abordada na segunda dimensão, a

primeira questão desta dimensão perguntou se as empresas elaboram relatórios gerenciais a

partir das informações fornecidas pela contabilidade. E as respostas foram tendenciadas para

altos níveis de discordância, com 93,8%. A predominância das respostas ficou com a opção

zero (48,4%), confirmando a tendência verificada anteriormente. Apenas dois respondentes

(3,1%) afirmaram confeccionar tais relatórios. Monteiro e Barbosa (2011) encontraram em

seu estudo que apenas 12,5% dos gestores pesquisados afirmaram receber da contabilidade

relatórios gerenciais com o desempenho da empresa. O resultado de Lucena (2004) confirma

essa tendência, no qual 52,38% das empresas pesquisadas apontaram a utilização de relatórios

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115

gerenciais como uma dificuldade no gerenciamento de controle. Santos, Ferreira e Faria

(2009) afirmam que esse desprezo com a elaboração de relatórios financeiros por parte da

maioria dos empresários caracteriza um gerenciamento financeiro fragilizado.

Questionados se levam em conta as informações contábeis e financeiras para

formular suas estratégias, a maioria dos respondentes optou pela opção zero (51,6%), com

82,8% de índice de discordância. 10,9% dos gestores concordaram parcialmente com esse

quesito. Esse é outro aspecto que demonstra as limitações evidenciadas na gestão das micro e

pequenas empresas. Questões estratégicas como definição de preço do produto, gestão de

custos, lançamento de novos produtos e nichos de exploração do mercado tornam-se

desprovidas de informações essenciais ou impossibilitadas de serem analisadas coerentemente

com a realidade das empresas.

Por fim, foi verificado se os gestores levam em consideração as informações

contábeis e financeiras para tomar decisões. E a tendência se repetiu. Com 51,6% de

respostas, a opção zero foi novamente a predominante, sendo o grau de discordância o

percentual de 79,7%. Nesse quesito o nível de concordância foi um pouco maior do que as

anteriores, com 15,6% de respostas. O estudo de Souza (2004) investigou se determinados

instrumentos contábeis são utilizados no processo de decisão econômico-financeira. As

respostas indicaram negação para os seguintes itens: Balanço Patrimonial (87,5%), DRE

(87,5%), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (97,5%), Demonstração das

Origens e Aplicação dos Recursos (97,5%), DFC (65%), relatório da diretoria (97,5%),

parecer dos auditores (100%) e notas explicativas (100%). Esse resultado convergente com

esta pesquisa demonstra novamente o amadorismo com que os dirigentes-proprietários das

empresas administram seus negócios e encontra eco também na literatura, como já comentado

anteriormente, quando se afirma que a gestão das micro e pequenas empresas é caracterizada

pela não profissionalização da gestão financeira, decisões são tomadas intuitivamente e

desprovimento de conhecimentos técnicos e gerenciais na condução dos negócios. Ou seja,

não existe evidência de que essas informações conduzem as decisões dos pequenos

empresários. Souza (2004) afirma que se os gestores tomassem suas decisões baseadas em

informações sintonizadas com a realidade da empresa, que pode ser constatada a partir das

informações fornecidas pela contabilidade, as mesmas seriam mais coerentes e racionais. Vale

salientar, porém, que apenas os demonstrativos financeiros não retratam por completo o

panorama vivenciado pelas empresas. Relatórios de custos, de despesas, de receitas, de fluxo

de caixa e de indicadores financeiros elaborados a partir daqueles documentos são necessários

para subsidiar os gestores nas suas decisões, fato que não foi verificado na dimensão

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116

“Organização e Controle”, mais especificamente na questão 2.4. Loddi (2008) constatou em

sua pesquisa que as informações que as empresas estudadas possuem para a tomada de

decisão financeira são basicamente relatórios básicos como contas a receber e contas a pagar,

inexistindo relatórios mais completos e consistentes, como apuração de lucros, de patrimônio

e de índices financeiros, sendo estes considerados pelas mesmas empresas como necessários

para uma tomada de decisão financeira mais segura.

Com relação às funções estatísticas, as médias apresentaram-se ligeiramente

superior às modas e medianas, o que significa que foram um pouco afetadas pelos valores

extremos, evidenciados pelos moderados valores dos desvios padrões (1,65; 2,23 e 2,46 para

as três questões respectivamente).

O Gráfico 17 confirma a tendência das micro e pequenas empresas em ignorar as

informações emitidas pela contabilidade, mesmo que estas sejam limitadas, quando da

elaboração de relatórios gerenciais (para aquelas que raramente os fazem), da formulação de

estratégias e da tomada de decisões.

Gráfico 17: Gráficos box-plot para a dimensão Relevância das Informações Contábeis e Financeiras.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

O Gráfico 18 retrata a posição de cada respondente quando somados todas as

respostas para esta dimensão, indicando um comportamento padrão abaixo dos cinco pontos,

com alguns se destacando acima deste valor e ratificando mais um desempenho ruim das

micro e pequenas empresas também nesta dimensão. A média (4,33) apresentou valor acima

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117

da moda (0) e da mediana (1,5), não retratando fielmente a realidade da dimensão, fato

confirmado pelo elevado desvio padrão (6,08).

Gráfico 18: Gráfico de dispersão para a dimensão Relevância das Informações Contábeis e Financeiras.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.11 DIMENSÃO 11: PROBLEMAS GERENCIAIS E FINANCEIROS

A última dimensão proposta neste estudo aborda os principais problemas

enfrentados pelas micro e pequenas empresas no âmbito gerencial e financeiro e responde ao

terceiro objetivo específico sugerido nesta pesquisa. A literatura aponta para uma série de

dificuldades e problemas que estas estruturas empresariais enfrentam diariamente e que são

responsáveis pelo alto índice de mortalidade ainda nos seus primeiros anos de vida. Este

estudo elencou sete variáveis para medir o grau de concordância ou discordância com relação

ao aspecto em questão: dificuldades/restrições de crédito, carga tributária, capital de giro,

conjuntura econômica, concorrência, falta de organização, falta de conhecimentos técnico-

gerenciais. Os resultados são apresentados na Tabela 11.

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118

Tabela 11: Problemas Gerenciais e Financeiros.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média DP11.1 Nossa empresa enfrenta dificuldades ou restrições de crédito no mercado.

6,3% 26,6% 26,6% 10,9% 7,8% 1,6% 9,4% 4,7% 4,7% 1,6% 0,0% 2,9219 2,332

11.2 Nossa empresa arca com uma carga tributária elevada.

6,3% 14,1% 12,5% 10,9% 14,1% 7,8% 17,2% 6,3% 6,3% 4,7% 0,0% 4,0625 2,544

11.3 Nossa empresa tem problemas relacionados à falta de capital de giro.

0,0% 3,1% 3,1% 9,4% 6,3% 14,1% 28,1% 20,3% 10,9% 3,1% 1,6% 5,75 1,919

11.4 A conjuntura econômica (crise financeira) tem prejudicado nossa empresa.

3,1% 6,3% 3,1% 3,1% 3,1% 18,8% 21,9% 26,6% 12,5% 1,6% 0,0% 5,5938 2,143

11.5 Nossa empresa enfrenta uma elevada concorrência.

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 7,8% 39,1% 26,6% 17,2% 7,8% 7,7344 1,13

11.6 Nossa empresa tem problemas relacionados à falta de organização.

3,1% 6,3% 1,6% 7,8% 6,3% 10,9% 15,6% 23,4% 18,8% 6,3% 0,0% 5,7656 2,362

11.7 Nossa empresa tem problemas relacionados à falta de conhecimentos técnico-gerenciais para conduzir o negócio.

1,6% 1,6% 1,6% 7,8% 6,3% 26,6% 28,1% 20,3% 4,7% 1,6% 0,0% 5,4844 1,652

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTEGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

FUNÇÕES

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

As empresas afirmaram em sua maioria (78,1%) que não enfrentam problemas

com relação a restrições de crédito no mercado. Apenas 20,3% possuem problemas nesse

aspecto. Esse resultado pode ser fruto do bom relacionamento que os gestores possuem com

os estabelecimentos bancários, como foi mostrado na dimensão “Análise de Crédito”. Para o

SEBRAE (2007) esta variável é considerada o quinto fator mais causador da mortalidade das

empresas no país, com 14% de ocorrência. No estudo de Russo (2002), dentre cinco opções

de respostas para os problemas que as micro e pequenas empresas enfrentam na área

administrativo-financeira, a opção “obter recursos financeiros para capital de giro” foi a

menos citada, obtendo uma média de 1,99 em uma escala de zero a cinco. O estudo de Paula

(2009) também corrobora essa realidade. Dentre 13 fatores disponíveis, a opção ausência e/ou

restrições de crédito foi apenas o nono problema mais mencionado pelos micro e pequenos

varejistas de Belo Horizonte/MG.

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119

A carga tributária não foi considerada elevada pela maioria dos respondentes,

apesar de haver um equilíbrio maior de respostas nesse quesito. 57,8% afirmaram não

enfrentar esse tipo de problema, enquanto 34,4% disseram que sim. 7,8% ficaram indecisos e

responderam neutro (opção 5). No mesmo estudo do SEBRAE (2007) a elevada carga

tributária foi considerada apenas o 13º e último fator causador da falência das micro e

pequenas empresas, com somente 1% de ocorrência. Já no estudo de Paula (2009) a carga

tributária excessiva foi somente o oitavo colocado. Esse fato talvez seja explicado pelo

sistema simplificado de tributação para as MPE’s, através da Lei Complementar nº 123, de 14

de dezembro de 2006, que instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos

e Contribuições, mais conhecido como o Simples Nacional.

Com exceção desses dois primeiros problemas abordados, os demais foram

considerados como existentes nas empresas pesquisadas. Problemas relacionados à falta de

capital de giro obteve um índice de concordância no percentual de 64,1%. Esse resultado

converge com o do SEBRAE (2007), no qual esse foi considerado o fator que mais causa o

fechamento das empresas, com 42% de ocorrência devido a esse problema. Isso demonstra a

fragilidade de aporte financeiro dessas estruturas empresariais. A conjuntura econômica

também tem prejudicado essas empresas. 62,5% concordam que enfrentam também esse tipo

de problema. Na pesquisa de Paula (2009), “Problemas de conjuntura econômica” foi apenas

o 12º fator mais citado. Já em SEBRAE (2007), as empresas têm seu funcionamento

interrompido por causa da recessão econômica do país em 14% dos casos.

A elevada concorrência foi de longe o problema que obteve o maior grau de

concordância, com 98,4%. Apenas um respondente ficou com a opção neutra (5). De fato este

é um problema com o qual as empresas precisam saber administrar. Além do grande número

de micro e pequenos empreendimentos desse setor no município estudado, ainda existe a

força dos médios e grandes estabelecimentos que fazem frente a essas empresas. Foram ainda

consideradas como problemas enfrentados pelas empresas as variáveis “Falta de

organização”, com 64,1% de concordância e “Falta de conhecimentos técnico-gerenciais para

conduzir o negócio” (54,7%). Este é um retrato fiel da realidade das micro e pequenas

organizações, como já discutido em vários pontos desta pesquisa. Apenas para reforçar

novamente essa realidade, referencia-se Viapiana (2001), no qual identificou alguns fatores de

menor sucesso nas micro e pequenas empresas, tais como: desconhecimento de técnicas

gerenciais, pouco conhecimento das técnicas de finanças, não organização do tempo pelos

dirigentes e inexistência de controles gerenciais. Os próprios gerentes-proprietários admitiram

que possuem limitados conhecimentos técnicos e gerenciais para administrarem suas

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120

empresas e que falta uma melhor organização de forma geral. No estudo do SEBRAE (2007)

a falta de conhecimentos gerenciais é responsável por 7% do fechamento das micro e

pequenas empresas, ficando na nona colocação dentre 13 fatores. Já em Paula (2009) o

despreparo técnico do empreendedor ficou na quarta colocação dentre 13 variáveis

responsáveis pela mortalidade das MPE’s.

Com relação às funções estatísticas, as médias, modas e medianas estiveram

próximas em quase todas as variáveis, com exceção da variável “Carga tributária elevada”, no

qual a moda tendenciou para concordância (6) e a média e mediana para discordância (4,06 e

4, respectivamente). A realidade desta variável é indicada pelas duas últimas funções. Foi esta

variável que também apresentou o maior valor do desvio padrão (2,54).

Fazendo uma listagem em ordem dos problemas gerenciais e financeiros mais

citados pelas empresas, teremos o seguinte: 1) elevada concorrência (98,4%); 2) falta de

capital de giro (64,1%); 3) falta de organização (64,1%); 4) conjuntura econômica (62,5%); 5)

falta de conhecimentos técnico-gerenciais (54,7%); 6) carga tributária elevada (34,4%) e 7)

dificuldades/restrições de crédito no mercado (20,3%).

O Gráfico 19 demonstra os resultados de cada variável desta dimensão no formato

box-plot. Através dele confirmamos que o maior problema enfrentado pelas MPE’s estudadas

está relacionado com a elevada concorrência (11.5) e o menor com restrições de crédito no

mercado (11.1).

Gráfico 19: Gráficos box-plot para a dimensão Problemas Gerenciais e Financeiros.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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121

O Gráfico 20 evidencia o somatório de todos os pontos obtidos nas respostas

sobre esta dimensão, podendo-se detectar quais empresas estão enfrentando maiores

problemas e quais não estão passando por maiores dificuldades. Os valores centrais estiveram

bem próximos (média = 37,31, moda = 37, mediana = 37,5), com um desvio padrão de 8,38, o

que significa que a média representa com segurança o comportamento normal da dimensão. O

respondente que se destaca negativamente é a empresa R2, somando 57 pontos de um total de

70. E o que afirma não estar tendo maiores problemas é o respondente R59, com apenas 15

pontos no total. É uma empresa com razoável organização, possui um planejamento

financeiro acompanhado sistematicamente, elabora relatórios gerenciais, tem uma política de

crédito bem definida, estuda as melhores oportunidades de investimento e utiliza alguns

métodos de gestão financeira, como o ciclo operacional e financeiro. Por outro lado, a

empresa com maior pontuação nesta dimensão é desprovida de organização, sem

planejamento de suas ações e não utiliza ferramentas básicas de controle. Surge então a

hipótese de que algumas variáveis podem estar associadas a problemas financeiros. Essas e

outras possibilidades de correlação de variáveis serão analisadas na próxima seção.

Gráfico 20: Gráfico de dispersão para a dimensão Problemas Gerenciais e Financeiros.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

O Gráfico 21 demonstra a pontuação total obtida por cada respondente somando-

se os pontos de todas as variáveis. Interpreta-se da seguinte forma: quanto maior a pontuação

obtida, mais bem estruturada e organizada está a empresa e com maiores condições de ser

bem sucedida e de se sobressair no mercado competitivo. Do contrário, quanto menos pontos

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122

obtiver, maiores são as chances dessa empresa fracassar. Percebe-se uma normalidade da

maioria dos respondentes girando na faixa dos 200 pontos (média = 219, moda e mediana =

201, DP = 50,1), de um total de 570 pontos, o que significa que as empresas não obtiveram

um bom desempenho no geral e que estão precisando se estruturarem e se organizarem

melhor. Algumas se sobressaem, se destacando como potenciais forças nesse nicho de

mercado, como as empresas R38 e R39, que somaram 379 e 387 pontos respectivamente.

Outras precisam urgentemente tomar providencias ou então poderão muito em breve aumentar

os índices de mortalidade das MPE’s, como os respondentes R28 e R57, que somaram apenas

160 e 158 pontos respectivamente.

Gráfico 21: Gráfico de dispersão para a pontuação total obtida por cada empresa.

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

4.12 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO DE VARIÁVEIS

Nesta seção serão levantadas algumas possibilidades de correlação entre variáveis,

com o intuito de verificar se há relação significativa entre elas. O índice de confiança adotado

para esta pesquisa é de 95%, ou seja, para que uma correlação seja aceita como confiável, é

necessário que ela possua um índice de significância menor que 0,05 ou 5%. Além disso, o

coeficiente de Correlação de Spearman precisará ser maior do que 0,7 ou menor do que -0,7

para ser considerado como estatisticamente forte ou significativo, conforme critério adotado

nesta pesquisa.

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123

a) Planejamento Financeiro versus Problemas Gerenciais e Financeiros

Inicialmente buscou-se verificar se há relação estatisticamente significativa entre a

variável “Planejamento Financeiro” (poc1) e as variáveis da dimensão “Problemas Gerenciais

e Financeiros” – dificuldade/restrições de crédito (pgf1), carga tributária (pgf2), falta de

capital de giro (pgf3), conjuntura econômica (pgf4), elevada concorrência (pgf5), falta de

organização (pgf6) e falta de conhecimentos técnico-gerenciais (pgf7) – averiguando se o fato

de uma empresa não realizar planejamento financeiro acarreta em maiores problemas nessa

área e vice-versa. Tabela 12: Correlação de Spearman entre Planejamento Financeiro e Problemas Gerenciais e Financeiros.

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

poc1

Correlation Coefficient -0,056 -0,104 -0,458 -0,261 0,107 -0,486 -0,242

Sig. (2-tailed) 0,662 0,413 0,0001 0,038 0,401 0,00005 0,054 N 64 64 64 64 64 64 64

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

Os resultados demonstram que há uma correlação negativa entre as variáveis

analisadas (Tabela 12), com exceção da variável “Elevada Concorrência” (pgf5), indicando

uma relação inversamente proporcional, no qual menores valores de planejamento resultam

em maiores valores de problemas gerenciais e financeiros. Porém, essa correlação foi

estatisticamente fraca ou moderada para todas as variáveis analisadas – nenhuma alcançou

valores maiores que 0,7 ou menores que -0,7. A variável que apresentou maior nível de

correlação foi “Falta de Organização”, com coeficiente -0,486 e nível de significância menor

que 0,05, seguida da variável “Falta de Capital de Giro”, cujo coeficiente foi -0,458 e nível de

significância também menor que 5%, sendo também essas duas variáveis as únicas que

obtiveram índices de significância aceitáveis, indicando que esses tipos de problemas podem

ser parcialmente explicados pela falta de planejamento financeiro.

b) Relatórios Gerenciais versus Problemas Gerenciais e Financeiros

Outra relação analisada foi entre a variável “Relatórios Gerenciais” (ricf1) e as

variáveis da dimensão “Problemas Gerenciais e Financeiros” (pgf1 a pgf7). Novamente

verificou-se relação inversa entre as variáveis, exceção feita à variável “pgf5” (Tabela 13). Ou

seja, não elaborar relatórios gerenciais poderá refletir em surgimento de problemas, mesmo

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124

que em pequenas proporções, já que a correlação foi considerada fraca em 5 das 7 variáveis

(pgf1, pgf2, pgf4, pgf5 e pgf7). Problemas relacionados à falta de capital de giro (pgf3) e à

falta de organização (pgf6) foram moderadamente correlacionados com relatórios gerenciais,

cujos coeficientes de correlação foram de -0,512 e -0,536 respectivamente e nível de

significância menor que 5% em ambas. Ou seja, esses problemas podem ser atribuídos, ainda

que parcialmente, à falta de relatórios gerenciais. Os demais problemas (variáveis) tiveram

baixa correlação e não alcançaram o nível de significância adotado para esta pesquisa.

Tabela 13: Correlação de Spearman entre Relatórios Gerenciais e Problemas Gerenciais e Financeiros.

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

ricf1

Correlation Coefficient

-0,108 -0,020 -0,512 -0,392 0,119 -0,536 -0,380

Sig. (2-tailed) 0,396 0,878 0,00002 0,001 0,347 0,000005 0,002

N 64 64 64 64 64 64 64

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

c) Formulação de Estratégias versus Problemas Gerenciais e Financeiros

Ainda na dimensão “Relevância das Informações Contábeis e Financeiras”

averiguou-se a relação entre a variável “Formulação de Estratégias” (ricf2) e as variáveis da

dimensão “Problemas Gerenciais e Financeiros” (pgf1 a pgf7) – Tabela 14. O fato de não

levar em consideração as informações contábeis e financeiras para formular as estratégias

pode resultar nos mesmos problemas ocasionados pela falta de relatórios gerenciais, ainda que

moderadamente, ou seja, falta de capital de giro (pgf3) e falta de organização (pgf6), cujos

coeficientes de correlação foram respectivamente de -0,538 e -0,592 e margem de confiança

maior que 95%.

Tabela 14: Correlação de Spearman entre Formulação de Estratégias e Problemas Gerenciais e Financeiros.

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

ricf2

Correlation Coefficient

-0,058 -0,005 -0,538 -0,438 0,195 -0,592 -0,466

Sig. (2-tailed) 0,650 0,971 0,000005 0,0003 0,123 0,0000003 0,0001

N 64 64 64 64 64 64 64

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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d) Tomada de Decisões versus Problemas Gerenciais e Financeiros

Nesta análise de correlação (Tabela 15), as variáveis que mais se aproximaram de

uma forte correlação com a variável “Tomada de Decisão” (ricf3) foram novamente “Falta de

Capital de Giro” (pgf3) e “Falta de Organização” (pgf6), cujos coeficientes foram -0,603 e -

0,606 respectivamente, com nível de significância menor que 0,05 em ambas. Isto significa

que tomar decisões sem levar em consideração as informações provenientes da contabilidade

e do setor financeiro podem acarretar em problemas principalmente dessas duas naturezas.

Tabela 15: Correlação de Spearman entre Tomada de Decisões e Problemas Gerenciais e Financeiros.

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

ricf3

Correlation Coefficient

-0,056 -0,025 -0,603 -0,497 0,220 -0,606 -0,436

Sig. (2-tailed) 0,658 0,844 0,0000001 0,00003 0,081 0,0000001 0,0003

N 64 64 64 64 64 64 64

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

O que se percebe até o momento é que a falta de planejamento, a ausência de

relatórios gerenciais e a desconsideração das informações contábeis e financeiras tanto para

formular estratégias como para tomar decisões reflete especialmente em problemas internos

ou inerentes às empresas, como a falta de capital de giro e falta de organização, cujos

coeficientes foram os mais próximos de uma forte correlação e com níveis de confiança

aceitáveis. Com exceção da variável “Falta de Conhecimentos Técnico-Gerenciais”, os

demais problemas analisados (restrições de crédito no mercado, carga tributária elevada,

conjuntura econômica e concorrência) são externos às organizações, fora do seu alcance e

controle, o que pode explicar a fraca correlação existente entre elas.

e) Avaliação de Investimentos e Financiamentos versus Problemas Gerenciais e

Financeiros

Analisou-se também a relação entre as variáveis da dimensão “Avaliação de

Investimentos e Financiamentos” – Investimento (aif1), Financiamento (aif2) e Necessidade

de Capital de Giro (aif3) – e as variáveis da dimensão “Problemas Gerenciais e Financeiros”

(pgf1 a pgf7) – Tabela 16. O problema que se destacou por mais se aproximar de uma forte

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correlação foi “Falta de Organização” (pgf6) ocasionado por falhas nas três variáveis da

dimensão “aif”, ou seja, falta de estudo sobre a atratividade dos projetos, sobre as fontes de

financiamento e sobre a necessidade futura de capital de giro ao longo da vida útil dos

projetos acarreta principalmente em problemas relacionados à falta de organização, cujos

coeficientes de correlação foram -0,635, -0,686 e -0,690 respectivamente, com nível de

significância abaixo de 5% em todas elas. Podem ocorrer também, ainda que moderadamente,

problemas relacionados à falta de capital de giro (pgf3), o qual obteve índices de correlação

de -0,559, -0,564 e -0,502 e níveis de significância aceitáveis, bem como problemas

relacionados à falta de conhecimentos técnico-gerenciais para conduzir o negócio (pgf7). Esse

fato confirma o que foi dito anteriormente, isto é, que falhas gerenciais como as que foram

abordadas nesta dimensão refletem em problemas internos à organização, os quais ela detém

controle e podem ser gerenciados, como falta de organização, falta de capital de giro e falta de

conhecimentos técnico-gerenciais para conduzir o negócio, sendo que os demais problemas

sugeridos são externos às empresas, não podendo por elas serem controlados.

Tabela 16: Correlação de Spearman entre Avaliação de Investimentos e Financiamentos e Problemas Gerenciais e Financeiros.

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

aif1

Correlation Coefficient

-0,143 -0,068 -0,559 -0,418 0,351 -0,635 -0,428

Sig. (2-tailed) 0,260 0,593 0,000002 0,001 0,004 0,00000002 0,0004

N 64 64 64 64 64 64 64

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

aif2

Correlation Coefficient

-0,166 -0,155 -0,564 -0,454 0,385 -0,686 -0,503

Sig. (2-tailed) 0,189 0,221 0,000001 0,0002 0,002 0,0000000004 0,00002

N 64 64 64 64 64 64 64

Spearman's rho pgf1 pgf2 pgf3 pgf4 pgf5 pgf6 pgf7

aif3

Correlation Coefficient

-0,130 -0,101 -0,502 -0,387 0,353 -0,690 -0,544

Sig. (2-tailed) 0,307 0,427 0,00002 0,002 0,004 0,0000000003 0,000003

N 64 64 64 64 64 64 64

Fonte: Resultado de Pesquisa (2013).

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127

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo em questão propôs uma discussão acerca das práticas e problemas de

gestão financeira nas micro e pequenas empresas do setor supermercadista do município de

Mossoró/RN. Foram ainda levantadas questões para traçar o perfil da amostra pesquisada, que

no caso, foi também todo o seu universo, já que a pesquisa foi do tipo censitária. As empresas

estudadas possuem, em sua maioria, mais de dez anos atuando no mercado, sendo que

nenhuma delas está em funcionamento há menos de quatro. Possuem estrutura basicamente de

microempresas (0 a 9 funcionários), sendo que apenas 14,1% são pequenas empresas. Por

consequência o nível de faturamento também é bastante limitado: 85,9% faturam em média

até R$ 244 mil por ano e 52,8% até R$ 100 mil anuais. O setor financeiro é gerido em sua

maioria pelo próprio dirigente-proprietário, o que converge com a literatura das micro e

pequenas empresas, nas quais a figura do “dono” da empresa responde por todas as suas áreas.

Também é característica das MPE’s a falta de visão e de conhecimentos técnicos por parte de

seus gestores ou “gestor”, fato corroborado por esta pesquisa, na qual o grau de escolaridade

desta figura denota carências e limitações: com exceção de um respondente, ninguém tem

mais do que o ensino médio completo. Alinhada com o tempo de funcionamento, a variável

“Experiência profissional na área financeira” apontou para uma predominância de respostas

(93,8%) “maior que cinco anos”.

Dentre os principais achados, detectou-se que as empresas possuem um razoável

controle de seu patrimônio imobilizado e de seus estoques. Porém deixam a desejar em

questões de organização, como inexistência de fluxogramas de procedimentos financeiros e

de relatórios para tomada de decisão, tornando a dimensão “Organização e Controle” avaliada

como apenas de regular para ruim, já que a média de pontos nela obtida foi de apenas 17,82

pontos de um total de 40 possíveis.

A dimensão “Análise de Capital de Giro” obteve um desempenho um pouco

melhor. As empresas demonstraram conhecer o valor e os vencimentos de suas contas a pagar

e a receber, bem como os prazos médios de pagamento e de recebimento, que são

consideradas ferramentas básicas de controle, e nada mais é do que obrigação as empresas

deterem tal conhecimento. Ainda assim, houve quem demonstrasse desconhecimento de tais

ferramentas. A média geral desta dimensão foi de 29,37 pontos de um total de 40 possíveis.

Com relação à “Análise de Crédito”, as empresas demonstraram que praticamente

inutilizam informações e critérios objetivos a fim de conceder crédito a seus clientes,

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adotando como “método” apenas a confiança nos mesmos e o seu feeling empresarial, ou seja,

meios subjetivos de política de concessão de crédito. Ainda nesta dimensão, detectou-se um

bom conhecimento do poder de pagamento e uma relação bem amistosa entre as empresas e

as instituições bancárias. De um total de 90 pontos possíveis, a média para esta dimensão foi

de apenas 29,39 pontos, o que denota um fraco desempenho das empresas neste aspecto.

Em “Análise de Custos e Formação de Preço”, as empresas demonstraram

conhecer, ainda que parcial ou razoavelmente, o custo de cada um de seus produtos e quando

ele está custando além de suas possibilidades. O preço destes, no entanto, é determinado, em

sua maioria, com base nos preços da concorrência e, em menor escala, aplicando-se uma

margem fixa sobre as vendas (mark-up), sendo os custos diretos e indiretos, ainda que sejam

conhecidos, desconsiderados pela maioria quando do estabelecimento do preço dos produtos.

Detectou-se, ainda, que as empresas não elaboram um planejamento e orçamento

financeiro e que não existe um controle sobre os mesmos, fato que é característico das MPE’s,

conforme descrito na literatura. Realizam investimentos desprovidos de qualquer estudo

acerca da atratividade dos mesmos e não avaliam as possibilidades de financiamento para os

projetos escolhidos. As médias para estas duas dimensões foram de apenas 5,58 (total de 40

possíveis) e 5,78 (total de 30 possíveis), o que evidencia enormes fragilidades das empresas

pesquisadas nessas duas áreas.

A dimensão “Resultados Econômicos e Financeiros” analisou aspectos como a

margem de contribuição, economia de escala e gargalos financeiros. As empresas

demonstraram um bom conhecimento da margem de contribuição de cada um de seus

produtos, bem como fazem proveito do ganho de escala e afirmam saber onde estão os seus

gargalos financeiros, o que justifica uma satisfatória média de 22,5 pontos de um total de 30

possíveis neste quesito.

Os resultados também apontaram que as empresas elaboram demonstrativos

contábeis básicos, como Balancete, Balanço Patrimonial, DRE e DFC, justificados até por

força legal, porém desprezam ferramentas que poderiam ser bastante úteis para um melhor

conhecimento de sua realidade econômico-financeira, como os indicadores financeiros, ciclos

operacional e financeiro, ponto de equilíbrio e técnicas de análise de investimentos. A pífia

média de apenas 38 pontos em 150 possíveis retrata bem o resultado das empresas neste

quesito.

As empresas demonstraram ainda indiferença às informações contábeis e

financeiras, no sentido de desprezá-las quando da elaboração de relatórios gerenciais (para

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aquelas que raramente os fazem), da formulação de estratégias e da tomada de decisões

(média de 4,33 pontos em 30 possíveis).

O problema mais evidente pelas empresas pesquisadas foi a elevada concorrência

(98,4% de concordância), seguido de falta de capital de giro (64,1%), falta de organização

(64,1%), conjuntura econômica (62,5%), falta de conhecimentos técnico-gerenciais (54,7%),

carga tributária elevada (34,4%) e dificuldades ou restrições de crédito no mercado (20,3%).

No total geral, somando-se os pontos de todas as dimensões, a média foi de 219,89 pontos de

um total de 570 pontos possíveis, o que significa um desempenho médio de 38,58% das

empresas estudadas. Significa, também, que os micro e pequenos supermercados pesquisados

precisam melhorar bastante em muitos aspectos de sua estrutura e de uma melhor organização

e controle como um todo.

Por fim, foram testadas algumas possibilidades de correlação de variáveis, mais

especificamente entre “Problemas Gerenciais e Financeiros” e outros aspectos, como

“Planejamento Financeiro”, “Relatórios Gerenciais”, “Formulação de Estratégias”, “Tomada

de Decisões” e “Avaliação de Investimentos e Financiamentos”. O que se pôde notar é que

falhas gerenciais nestes aspectos, tais como falta de planejamento financeiro, ausência de

relatórios gerenciais, formulação de estratégias e tomada de decisões desprovidas de

informações contábeis e financeiras, e ainda falta de estudo das possibilidades de

investimento e financiamento dos projetos refletem principalmente em problemas inerentes ou

internos às empresas, os quais elas detêm controle e podem ser administrados, como “falta de

organização”, “falta de capital de giro” e “falta de conhecimentos técnico-gerenciais para

conduzir o negócio”, sendo os demais problemas sugeridos (“dificuldades de crédito no

mercado”, “elevada carga tributária”, “conjuntura econômica” e “elevada concorrência”)

externos às empresas, impossibilitando-as de controlá-los.

Pode-se afirmar que a questão central da pesquisa foi respondida a contento e o

seu objetivo geral foi alcançado, na medida em que se puderam identificar e analisar as

práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e pequenas empresas do setor

supermercadista do município de Mossoró/RN. Como sub etapas para o alcance do objetivo

geral, foi traçado o perfil das empresas participantes e de seus gestores financeiros,

identificados os instrumentos e técnicas de gestão financeira utilizados pelas empresas

envolvidas e apontados os problemas gerenciais e financeiros enfrentados pelas empresas

pesquisadas.

Esta pesquisa revelou as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e

pequenas empresas do setor supermercadista de Mossoró/RN, trazendo informações acerca do

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panorama financeiro destas estruturas empresariais, colaborando para o enriquecimento da

literatura de gestão financeira. Além disso, pode contribuir para a adoção de uma nova

postura dos seus gestores, encarando a contabilidade não apenas de uma visão legalista, mas

principalmente de uma visão estratégica, com vistas a um melhor planejamento, organização e

controle de suas finanças.

5.1 LIMITAÇÕES E PESQUISAS FUTURAS

Os resultados desta pesquisa limitam-se às micro e pequenas empresas do setor

supermercadista do município de Mossoró/RN. Como forma de sugestão aos pesquisadores,

pode-se replicar esse instrumento em outros contextos, como por exemplo, em micro e

pequenas indústrias da região, a fim de se confrontar os resultados, ou ainda em outras regiões

do estado ou até mesmo em todo ele, com o intuito de investigar a validade dos achados.

Recomenda-se ainda, em pesquisas futuras, ampliar o estudo das práticas e

problemas de gestão financeira em micro e pequenas empresas para as empresas de médio e

grande porte, com o intuito de realizar um comparativo, buscando identificar as similaridades

e diferenças entre elas.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados

QUESTIONÁRIO

Prezado (a) respondente,

Esse questionário é parte essencial da pesquisa de campo da dissertação do

mestrando João Paulo Lima Rodrigues, cujo título é “Gestão financeira em micro e

pequenas empresas: um estudo no setor supermercadista de Mossoró-RN”, sob a

orientação do Prof. Dr. Rodrigo José Guerra Leone. Seu objetivo é coletar dados que

possibilitem conhecer e interpretar as práticas e os problemas de gestão financeira nas micro e

pequenas empresas de Mossoró-RN, no setor supermercadista, visando contribuir para a

discussão das finanças empresariais nesse ambiente ainda pouco explorado. Sua participação

é primordial para o resultado desse trabalho. As respostas guardarão caráter confidencial.

Desde já agradecemos sua colaboração e atenção.

DIMENSÃO 1: PERFIL

1.1. Quantos anos tem sua empresa?

Até 1 ano

De 1 a 3 anos

De 4 a 6 anos

De 7 a 10 anos

Mais de 10 anos 1.2. Quantas pessoas trabalham em sua empresa?

0 a 9

10 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

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1.3. Qual o faturamento anual médio de sua empresa?

Menos de R$ 100 mil

De R$ 100 mil até R$ 244 mil

De R$ 244 mil até R$ 400 mil

De R$ 400 mil até R$ 1,0 milhão

De R$ 1,0 milhão até R$ 1,2 milhão

Mais de R$ 1,2 milhão 1.4. Quem é responsável pela Gestão Financeira da sua empresa?

Um dos sócios que tem capacitação em Gestão Financeira

Um dos sócios, porém sem capacitação em Gestão Financeira

Um diretor/gerente financeiro contratado

Um escritório terceirizado

Outro, qual? ________________________________________ 1.5. Qual o grau de escolaridade do responsável pela gestão financeira da empresa?

Ensino fundamental incompleto

Ensino fundamental completo

Ensino médio completo

Ensino superior completo. Qual curso?______________________

Pós-graduação. Qual curso?______________________

Mestrado. Qual curso?______________________

Doutorado. Qual curso?______________________ 1.6. Qual sua experiência profissional na área financeira de uma empresa?

Nenhuma experiência

Experiência de até 1 ano

Experiência de 1 a 3 anos

Experiência de 3 a 5 anos

Experiência maior que 5 anos OBSERVAÇÃO: As opções de respostas das questões seguintes serão entre uma escala de 0 a 10, no qual a nota 0 indica total discordância da afirmativa e a nota 10 indica total concordância da afirmativa. O senhor deverá marcar apenas uma nota entre 0 e 10.

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Informe seu grau de concordância ou discordância em relação às seguintes informações sobre aspectos financeiros de sua empresa:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 102.1 Nós controlamos o patrimônio imobilizado da empresa: sabemos seu valor e definimos quem responde por ele.2.2 Nós controlamos o estoque da empresa: definimos quem responde por ele, sabemos seu valor e o giro médio de cada grupo de produto.2.3 Nós temos os fluxogramas de todos os procedimentos financeiros em nossa empresa.2.4 Nós temos relatórios periódicos com as informações financeiras necessárias para a tomada de decisão.

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTEGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DIMENSÃO 2: ORGANIZAÇÃO E CONTROLE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 103.1 Nós sabemos exatamente o valor e os vencimentos de nossas contas a pagar.3.2 Nós sabemos exatamente o valor e os vencimentos de nossas contas a receber.3.3 Nós calculamos o prazo médio de pagamento aos nossos fornecedores.3.4 Nós calculamos o prazo médio de recebimento dos nossos clientes.

DIMENSÃO 3: ANÁLISE DE CAPITAL DE GIROGRAU DE CONCORDÂNCIA OU

DISCORDÂNCIADISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 104.1 Nós conhecemos o poder de pagamento de nossa empresa.4.2 Nós temos ótimo relacionamento com o(s) gerente(s) dos bancos dos quais somos clientes.4.3 Nossa política de concessão de crédito é feita de maneira subjetiva, baseada no feeling e na confiança que temos em nossos clientes.4.4 Nós utilizamos informações fornecidas pelas empresas de proteção ao crédito (SPC, Serasa, etc.) antes de conceder crédito para nossos clientes.4.5 Nós analisamos o histórico do cliente em suas relações comerciais com nossa empresa antes de lhe conceder crédito.4.6 Nós analisamos o histórico do cliente em suas relações comerciais com o mercado antes de lhe conceder crédito.4.7 Nós utilizamos algum tipo de programa computacional (software) para conceder crédito a nossos clientes.4.8 Nós analisamos a renda do cliente antes de lhe conceder crédito.4.9 Nós analisamos as informações pessoais do cliente (como idade, sexo, estado civil, grau de escolaridade) antes de lhe conceder crédito.

GRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTEDIMENSÃO 4: ANÁLISE DE CRÉDITO

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 105.1 Nós sabemos exatamente quanto custa cada um de nossos produtos.5.2 Nós sabemos exatamente quando o produto está custando além das nossas possibilidades.5.3 Nós levamos em consideração nossos custos diretos e indiretos para estabelecermos o preço de nossos produtos.5.4 Nós determinamos o preço de nossos produtos baseado nos preços da concorrência.5.5 Nós determinamos o preço de nossos produtos estabelecendo uma margem fixa sobre as vendas (taxa mark-up ).

GRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTEDIMENSÃO 5: ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 106.1 Nossa empresa elabora um planejamento financeiro minucioso (previsão de demanda, fornecedores, logística e crédito).6.2 Nossa empresa define um orçamento para todas as etapas e itens do planejamento.6.3 Nossa empresa monitora o planejamento financeiro, ajustando-o e atualizando-o de acordo com as novas informações obtidas.6.4 Nossa empresa compara as previsões do planejamento financeiro com os resultados reais obtidos.

GRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTEDIMENSÃO 6: PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E CONTROLE

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 107.1 Fazemos um estudo aprofundado sobre a atratividade dos projetos em que a empresa investe.7.2 Fazemos um estudo aprofundado das fontes de financiamento existentes para os projetos escolhidos.7.3 Fazemos um estudo aprofundado da necessidade futura de capital de giro ao longo da vida útil dos projetos escolhidos.

DIMENSÃO 7: AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOSGRAU DE CONCORDÂNCIA OU

DISCORDÂNCIADISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 108.1 Nós sabemos exatamente qual a margem de contribuição de cada um de nossos produtos.8.2 Nós nos aproveitamos do ganho de escala.8.3 Nós sabemos exatamente onde estão os gargalos financeiros em nossa empresa.

CONCORDO TOTALMENTEGRAU DE CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA

DISCORDO TOTALMENTEDIMENSÃO 8: RESULTADOS

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 109.1 Balancete.9.2 Balanço Patrimonial.9.3 Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE).9.4 Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC).9.5 Índices de Atividade (prazo médio de estocagem, prazo médio de cobrança, prazo médio de pagamento a fornecedores).9.6 Índices de Rentabilidade e Lucratividade (giro do ativo, margem operacional, margem líquida, rentabilidade do ativo, rentabilidade do patrimônio líquido).9.7 Índices de Liquidez (liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata).9.8 Indicadores de endividamento (participação de capitais de terceiros, composição do endividamento, imobilização do patrimônio líquido).9.9 Ciclo Operacional.9.10 Ciclo Financeiro.9.11 Ponto de Equilíbrio.9.12 Pay-Back (Tempo de Retorno do Investimento).9.13 Valor Presente Líquido (VPL).9.14 Taxa Interna de Retorno (TIR).9.15 Índice de Lucratividade (IL).

DIMENSÃO 9: DEMONSTRATIVOS, INDICADORES E MÉTODOSGRAU DE UTILIZAÇÃO OU

INUTILIZAÇÃONUNCA UTILIZAMOS SEMPRE UTILIZAMOS

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1010.1 Nossa empresa elabora relatórios gerenciais a partir das informações contábeis e financeiras.10.2 Nossa empresa leva em conta as informações contábeis e financeiras para formular as estratégias.10.3 Nossa empresa leva em conta as informações contábeis e financeiras para tomar decisões.

DIMENSÃO 10: RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRASGRAU DE CONCORDÂNCIA OU

DISCORDÂNCIADISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011.1 Nossa empresa enfrenta dificuldades ou restrições de crédito no mercado.11.2 Nossa empresa arca com uma carga tributária elevada.11.3 Nossa empresa tem problemas relacionados à falta de capital de giro.11.4 A conjuntura econômica (crise financeira) tem prejudicado nossa empresa.11.5 Nossa empresa enfrenta uma elevada concorrência.11.6 Nossa empresa tem problemas relacionados à falta de organização.11.7 Nossa empresa tem problemas relacionados à falta de conhecimentos técnico-gerenciais para conduzir o negócio.

DIMENSÃO 11: PROBLEMAS FINANCEIROSGRAU DE CONCORDÂNCIA OU

DISCORDÂNCIADISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE