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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA Andrea Lúcia Almeida de Carvalho CIRURGIÃ-DENTISTA UNICAMP BIBLIOTECA CENTRAL SEÇÃO CiRCULANTE Prevalência de Bruxismo em Policiais Militares e sua Associação com ç/ I Estresse Emocional I Tese Apresentada à faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas para a obtenção do Título de Doutor em Clínica Odontológica - Área de Prótese Dental. Piracicaba 2003

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

Andrea Lúcia Almeida de Carvalho CIRURGIÃ-DENTISTA

UNICAMP BIBLIOTECA CENTRAL SEÇÃO CiRCULANTE

Prevalência de Bruxismo em Policiais

Militares e sua Associação com ç/ I

Estresse Emocional

I

Tese Apresentada à faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas para a obtenção do Título de Doutor em Clínica Odontológica - Área de Prótese Dental.

Piracicaba 2003

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

Andrea Lúcia Almeida de Carvalho CIRURGIÃ-DENTISTA

Prevalência de Bruxismo em Policiais

Militares e sua Associação com o

Estresse Emocional

Orientadora:

Tese Apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas para a obtenção do Título de Doutor em Clínica Odontológica - Área de Prótese Dental.

Prof'. Dra. Renata Cunha Matheus Rodrigues Garcia

Piracicaba 2003

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}\) J

C253p

Ficha Catalográfica

Carvalho, Andrea Lúcia Almeida de. Prevalência de bruxismo em policiais militares e sua associação

com o estresse emocional. I Andrea Lúcia Almeida de Carvalho. -­Piracicaba, SP: [s.n.], 2003.

XX, 106p. :i!.

Orientadora: Prof Dr' Renata Cunba Matheus Rodrigues Garcia.

':Çese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, F a,eílldade de Odontologia de Piracicaba.

' / , L Ansiedade. 2. Hábitos orais. L Garcia, Renata Cunba Matheus

/Rodrigues. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. IIL Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB/8-6159, da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP.

i v

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FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS UNICAMP

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Tese de DOUTORADO, em

sessão pública realizada em 19 de Fevereiro de 2003, considerou a

candidata ANDREA LÚCIA ALMEIDA DE CARVALHO aprovada.

2. Prof. Dr. CLAUDIO RODRIGUES

3. Profa. Dra. CINARA MARIA CAMPARIS

4. Profa. Dra. ALTAIR ANTONINHA DEL BEL CURY~ ~~&Z~ _47/Z/p

5. Prof. Dr. MAURO ANTONIO DE ARRUDA NOBIL0 ______ ~~~----~/~~~~-----7

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OFEREÇO ESTE TRABALHO

ao Rafael,

pela manifestação plena do amor verdadeiro, forte, paciente e compreensivo

com quem aprendi o significado de amar e ser amada.

"sabia que ia acontecer você um dia".

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DEDICO ESTE TRABALHO

À minha mãe (in memorian), Prof" Neuza, tua falta é constante .

. . . . . . . mãe o teu sonho de ter um dos nove filhos formados, também foi meu

e graças a tua ilimitada capacidade de sonhar pudemos realizá-lo e ir além.

À minha irmã, Gracinha, pela nossa grande amizade e por seu imenso

amor, que mesmo distante soube compartilhar comigo emoções, dúvidas, êxitos e

tropeços durante toda minha vida, estimulando-me sempre a prosseguir.

Obrigada por ser tão especial.

À minha irmã, Linda, pela sua atenção, amor, direcionamento e constante

incentivo em minha vida, muitas vezes únicos e essenciais.

Aos meus irmãos, Londe, Artur, Cláudio, Zima, Bosco e Tine, que

sempre acompanharam minha vida pessoal e profissional, por todas as orientações,

pela ajuda, amizade e carinho. Agradeço e dedico este trabalho.

À todos os meus sobrinhos e sobrinhas, em especial à Murilo e à pequena

Marina, minha afilhada.

Ao meu pai José Monteiro, pelo seu tão incompreendido amor.

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Agradecimento Especial

À Prof• Dra. Renata Cunha Matheus Rodrigues

Garcia, minha orientadora, pela experiência científica,

dedicação e apoio que tomaram possível a realização deste

trabalho. Meu respeito e admiração.

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AGRADECIMENTO

A Deus, pelo dom da vida e por ser minha força maior, guiando meus

passos no caminho profissional e pessoal, dando-me a oportunidade de estar

buscando o bem e superando as adversidades.

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba - FOP/UNICAMP, na

pessoa do senhor Diretor Prof. Dr. Talles Rocha de Mattos Filho e à Pós­

Graduação desta Faculdade, na pessoa do senhor Coordenador Prof. Dr. Lourenço

Correr Sobrinho.

À Universidade Federal do Maranhão - UFMA, na pessoa do

Magnífico Reitor Prof. Dr. Othon de Carvalho Bastos, pelo incentivo na

qualificação dos docentes desta instituição.

À Polícia Militar da Cidade de Campinas, na pessoa do Coronel Élzio

Lourenço Nagalli, pela aceitação dessa pesquisa.

À Prof" Ora. Altair Antoninha Del Bel Cury, uma mulher admirável

pelo empenho e competência na condução da pós-graduação e particularmente pela

oportunidade a mim oferecida, minha profunda gratidão.

Aos Professores da Área de Prótese Dental da FOP, pelos sábios

ensinamentos oferecidos: Prof. Dr. Wilkens Silva, Prof. Dr. Marcelo Mesquita,

Prof•. Ora. Célia Rizzatti Barbosa, Prof. Dr. Guilherme Henriques.

Especialmente aos professores Dr. Mauro Nóbilo, pela sua cordialidade e constante

ajuda na troca de conhecimentos e ao Prof. Dr. Krunislave Nóbilo, pela sabedoria,

conhecimento científico e por sua preciosa ajuda em um momento especial.

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Ao Prof. Dr. Frederico Andrade Silva, por ter me acolhido nesta

faculdade ainda como estagiária, despertando em mim a paixão pelo estudo da

prótese dental, meu sincero agradecimento e admiração.

À minha amiga, Samira Sousa, pela cumplicidade em amizade, sonhos

profissionais e também pelas nossas diferenças e semelhanças, que só nos

acrescentam, minha profunda admiração e carinho.

Agradeço aos professores da Faculdade de Odontologia da UFMA

pelo incentivo e solidariedade, propiciando-me mais este passo na construção de

minha carreira acadêmica, em especial à Profa. Áurea Feitosa pela amizade.

Agradeço pela amizade, constante estímulo e solidariedade nos momentos

difíceis à Liliana León, Juliana Moura, Emilena Lima, Joane Sousa Jr.,

Rosena S. Rosa. Amigos orgulho-me de fazer parte deste grupo.

Às amigas Grace Mendonça, Sandra Meirinho, Dinha Mordegan,

Marina Pimentel, Antonieta, Noele Boscato, Silvia Anselmo, sentirei

saudades, em especial a Priscila Serrano onde eu vi brotar uma grande amizade.

Aos Policiais Militares da Unidade de Saúde, pela receptividade, em

especial ao Capitão Dr. Marco Antônio Crespo, pela disponibilização do

consultório odontológico e constante presteza, e aos policiais Freitas de Jesus,

Roseli Torquete, Rosemeire de Barros e Lilian Afonso, pela colaboração

durante todo o período que lá estive.

A todos os policiais militares voluntários, pela presteza e

voluntariedade a serviço da ciência.

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À Dona Josêlena Lodi, técnica do Laboratório de Prótese Parcial

Removível, pelo carinho constante e atenção dispensada a mim e aos colegas do

laboratório.

Às funcionárias da secretaria de Pós-graduação Sônia Arthur e Érica

Pinho, pela prestimosidade todas as vezes que foram solicitadas.

À Lúcia Garcia Bueno, pela competência, grande incentivo, paciência e

confiança.

Ao Prof. Dr. Antônio Rafael da Silva, docente da Universidade Federal

do Maranhão - UFMA Seu empenho e competência mostrou-me que mesmo em

difíceis condições é possível fazer ciência. Um exemplo de profissional a ser seguido.

Meu muito obrigada também à sua esposa Vitória Bouças Bahia Silva pelo

carinho em um momento difícil.

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SUMÁRIO

PÁG.

REsUMO ................................................................................•.............. 1

ABSTRACT ..••.......••••••........................•....•....................................•......... 3

1. INTRODUÇÃO .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . ... . . . . . . .. ... . . . .. . . .. . . . . . . . . . ... . . . . . . .. . .. . 5

2. REviSÃO DA l.JTERATURA .................................... ............................... 11

3. PROPOSIÇÃO ....... .............. .... ........... ........... ........... .•.............. .......... 49

4. MATERIAIS E MÉTODO ·········· .......... ·········· .......... ·········· ············ ... ...... 51

5. REsULTADOS .................................................................................... 59

6. DISCUSSÃO ............ .................... .... .. ........ ............................... .......... 69

7. CONCLUSÃO . .. . .. .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 79

REFERrnCIAS BIBUOGRÁFICAS ·····••····•·••··•·······•··••············••····•······••······ 81

ANEXos ...... ......... ................................................................................. 87

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RESUMO

O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de bruxismo em policiais

militares, verificar a associação entre esta parafunção e o estresse emocional e avaliar a

associação entre bruxismo e/ou estresse emocional e atividade funcional desenvolvida pelo

policial. Foram selecionados 394 policiais do sexo masculino, pertencentes ao Comando de

Policiamento do Interior - 2, da cidade de Campinas - SP, com faixa etária entre 20 e 51

anos. Os voluntários foram diagnosticados como bruxistas de acordo com o seguinte

critério: presença generalizada ou localizada (dentes anteriores ou posteriores) de facetas

alinhadas com desgaste grau 1, 2 ou 3 da escala ordinal de gravidade do desgaste, aliada à

presença atual de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: auto-relato de ranger de

dentes durante o sono e/ou vigília; sensibilidade dolorosa à palpação nos músculos

mastigatórios masseter e/ou temporal; desconforto na musculatura mandibular ao despertar;

e/ou hipertrofia do músculo masseter. Para o diagnóstico da presença ou ausência do

estresse foi aplicado o Inventário de Sintomas do Stress (ISS). A prevalência de bruxismo

encontrada foi de 50,25% (198 dos 394 policiais selecionados). Verificou-se que, no grupo

de policiais sem estresse (n=214), a presença de bruxismo foi de 42,1% (n=90), enquanto

que no grupo de policiais com estresse (n=l80) o percentual de policiais diagnosticados

como bruxistas foi de 60,0% (n=l08), o que indica aumento de 42,5% na prevalência desse

hábito parafuncional. O estresse emocional foi observado em 45,69% do grupo total de 394

policiais. No entanto, observou-se que, dentre os policiais não-bruxistas (n=l96), 36,7%

(n=72) apresentaram estresse, enquanto no grupo de policiais bruxistas (198) o percentual

de policiais que apresentaram estresse elevou-se para 54,5%, configurando aumento de

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p,..,evalêncie-1 de B-ruxismo em Policiais Milita-res e sua Associa~ão com o .f;stresse .f;mocional

48,5% na freqüência de estresse. A análise estatística dos resultados demonstrou, através do

teste do Qui-quadrado ao ruvel de significância de 95%, que houve associação significante

(p=0,0004) entre bruxismo e estresse emocional. Quanto à atividade funcional exercida

pelo policial (administrativa ou operacional), não foi encontrada associação significante

entre estresse emocional e atividade funcional (p=0,382), nem tampouco entre bruxismo e

atividade funcional (p=0,611). Desse modo, conclui-se que: a prevalência de bruxismo foi

maior em policiais com estresse independentemente da atividade fimcional exercida pelo

policial e que os resultados da prevalência sugerem que o bruxismo està associado ao

estresse emocional.

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P I ' 8 "' M' A ~ - ' . "i"ev.:Aiêncio de r"uxismo em ~oliciois i liiito"res e suo s-socioç;éío com o tsboesse tmocionc:1l

ABSTRACT

The airn of this study was to determine the prevalence of bruxisrn in military

policernen, verify the association between this parafunction and ernotional stress and to

verify the association between bruxisrn andlor ernotional stress and job activity exercised

by the policernan. A selection was rnade o f 3 94 policernen o f the mal e sex, belonging to the

Inland Police Cornrnand - 2, Campinas city - SP, ranging frorn 20 to 51 years of age. The

volunteers were diagnosed as having bruxisrn according to the following criteria: presence

of aligned worn facets grade 1, 2 or 3 in the ordinal scale of wear severity, allied to the

current presence o f at least one of the following signs or syrnptorns: self-report of bruxisrn

during sleep andlor while awake; soreness on palpation the rnasseter andlor temporal

muscles, discornfort in the jaw musculature on waking; andlor hypertrophy of the masseter

muscle. In order to diagnose stress, the Stress Syrnptorns Inventory (SSI) was applied,

which allows the presence of stress to be identified. The prevalence of bruxism found in

this study was 50.25% (198 of the 394 selected policemen). However, in un-stressed

policernen (n=214), the presence ofbruxisrn was 42.% (90), while in the group ofstressed

policemen (n=l80), the percentage of patients diagnosed as having bruxisrn was 60,0%

(108), which indicates an increase of approximately 42.5% in this parafunctional habit.

Emotional stress was noted in 45.69% ofthe 394 policemen. However, it was noted that in

the non-bruxisrn policemen (196), 36.7% (72) were stressed, while in the bruxism patients

(198), the percentage of volunteers with stress was 54.5%, configuring an increase of

48.5% in the frequency of stress. The statistical analysis ofthe results showed, by means of

the Chi-square test at 95% significance, that there was a significant association (p=0.0004)

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between bruxism and emotional stress. With regard to the job activity exercised by the

policeman ( administrative or operational), no significant association was found between

emotional stress and job activity (p=0.382) or between bruxism and job activity (p=0.611).

Thus, it was concluded that the prevalence of bruxism was larger in military policernan

with stress irrespective of the job activity exercised by the policeman and the prevalence

results suggest the bruxisrn to be associated with ernotional stress.

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1. INTRODUÇÃO

O termo "bruxismo" foi definido pela Associação Americana de Desordens do

Sono - ASDA, como um distúrbio de movimento caracterizado pelo apertamento e/ou

ranger dos dentes durante o sono, seguido de desgaste dentário, ruídos e desconforto nos

músculos mastigatórios (TORPY, 1990). Esta parafunção é considerada uma das desordens

funcionais mais prevalentes, complexas e destrutivas do sistema estomatognático, afetando

grande porcentagem da população em todas as faixas etárias (NADLER, 1957;

ATTANASIO, 1997).

Diferentes métodos, como aplicação de questionários, avaliação de desgaste

dental, transmissores intra-orais, eletromiografia e polissonografia, são utilizados para

investigar a presença de bruxismo (RUGH et al., 1984). LAVIGNE et al., em 1996,

testaram a validade clínica do critério de diagnóstico para o bruxismo através da

comparação de achados polissonográficos de bruxismo com o diagnóstico clínico adotado

pela ASDA (relatos de rangimento ou apertamento dos dentes em combinação com pelo

menos um dos seguintes sinais: desgaste anormal dos dentes, sons associados ao bruxismo

e desconforto nos músculos mastigatórios). Os autores observaram que o diagnóstico

clínico foi corretamente previsto em 83,3% dos bruxistas (sensibilídade) e em 81,3% dos

pacientes controle (especificidade), concluindo que o bruxismo pode ser bem diagnosticado

com os critérios preconizados pela ASDA.

V árias estimativas da prevalência do bruxismo na população em geral foram

feitas nos últimos 30 anos (GLAROS, 1981; SELIGMAN et al., 1988; SCHIFFMAN et al.,

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1992; ATTA.NASIO, 1997; GA VISH et al., 2000; OHAYON et a/.,2001). No entanto, este

ainda é um assunto controverso, pois estimativas conservadoras de bruxismo na população

adulta variam de 6% a 30% (GLAROS, 1981; SCHIFFMAN et a!., 1992; GA VISH et ai.,

2000; OHAYON et ai., 2001). No entanto, alguns pesquisadores acreditam que a

porcentagem real é muito mais elevada, com índices acima de 90% (SELIGMAN et ai.,

1988; ATTANASIO, 1997). Embora haja discordância na literatura sobre a prevalência de

bruxismo, a maioria dos estudos sugere que o bruxismo afeta uma grande parcela da

população e que suas conseqüências podem ser altamente destrutivas para alguns

indivíduos (NADLER, 1957; RUGH & HARLAN, 1988).

Além da prevalência, a etiologia do bruxismo também é controversa

(NADLER, 1957; PINGITORE et ai., 1991; LA VIGNE et a/.,1996) e ainda não foi

possível estabelecer uma relação direta de causa e efeito para o desencadeamento desse

hábito. Desse modo, muitos pesquisadores sugerem que sua origem seja multifatorial

(ATTANASIO, 1997; LOBBEZOO & NAEIJE, 2001) sendo apresentados na literatura

basicamente três tipos de fatores etiológicos do bruxismo: fatores morfológicos, fatores

patofisiológicos e fatores psicológicos (ATTANASIO, 1997; LOBBEZOO & NAEJE,

2001).

Sob uma perspectiva histórica, os fatores morfológicos como oclusão mutilada,

interferências oclusais e desarmonias articulares e anatômicas foram considerados, durante

muito tempo, como os fatores mais importantes para o inicio e perpetuação do bruxismo

(RAMFJORD, 1961; DAWSON, 1980). No entanto, pesquisas posteriores não encontraram

relação entre prevalência de maloclusão e bruxismo (BAILEY JR & RUGH,l980; RUGH

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n ' . I 8 . p I· .. ~+t A . C . ' . I f--''T"eVO.:ênCIC-1 ele 'Y'UX!Sr:-10 em O iCICliS i li! O"'l"eS e SUC1 SSOCIOÇÕO COm O ~._St'Y'eSSe t::mOCIOnCl.

et a!., 1984; SELIGMAN et a!., 1988; PINGITORE et ai., 1991; CLARK et a!., 1999). A

hipótese de que a presença de interferências oclusais experimentalmente induzidas afetaria

o comportamento eletromiográfico de indivíduos com bruxismo ou que poderia

desencadear este hábito em pacientes normais foi avaliada por RUGH et al., 1984. Os

resultados demostraram que não houve aumento da atividade elétrica do músculo masseter

durante o período do estudo, negando a hipótese de que interferências oclusais poderiam

causar esta parafunção.

Assim, até o presente momento, nenhuma evidência demonstrou que as

interferências oclusais causam o bruxismo ou que sua eliminação iniba esse hábito

parafuncionaL Acredita-se que o papel dos fatores morfológicos na etiologia do bruxismo

seja pouco provável (CLARK et a/., 1999; LOBBEZOO & NAEJE, 2001). Desse modo,

atualmente, os fatores patofisiológicos e psicológicos têm adquirido relevância na

precipitação, manutenção e eliminação do bruxismo.

Dentre os fatores patofisiológicos, o bruxismo tem sido relacionado a distúrbios

do sono, alterações químicas cerebrais, uso de certos medicamentos, drogas e de fumo,

consumo de álcool, bem como tem sido relacionado a fatores genéticos (LEHTINEN et a!.,

1994; LA VIGNE et a!., 1996; LOBBEZOO & NAEJE, 2001).

Quanto aos fatores psicológicos, alguns autores sugenram que depressão,

ansiedade, medo, fiustração e o estresse emocional desempenham um importante papel na

iniciação, perpetuação e tratamento do bruxismo (NADLER, 1957; RUGH & SOLBERG,

1976; ARNOULD, 1981; RUGH & HARLAN, 1988; PINGITORE et a/., 1991; KAMPE et

ai., 1997; V ANDERAS et a!., 1999). Diversos estudos têm relacionado especialmente o

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estresse emocional como um dos principais fatores psicológicos relacionados à etiologia do

bruxismo, sendo este descrito por muitos pesquisadores como uma resposta à ansiedade ou

ao estresse emocional (RUGH & SOLBERG, 1976; FUNCH & GALE, 1980; CLARK et

ai, 1980; RUGH & ROBBINS, 1982; PINGTORE et ai., 1991; V ANDERAS et ai., 1999).

Embora a relação entre estresse e bruxismo seja aceita por grande número de

pesquisadores, ainda há controvérsias na literatura sobre até que ponto os fatores

psicológicos, dentre eles o estresse emocional, poderiam estar associados ao bruxismo. Ou

seja, não foi possível identificar no que consiste exatamente esta relação entre fatores

psicológicos e bruxismo, que elementos haveria em comum que sob determinadas

circunstàncias poderiam indicar quais exatamente seriam os elementos psicológicos e

fisiológicos envolvidos na associação entre o estresse e o bruxismo.

Este trabalho não pretende tentar resolver tal problemática. O intuito é o de

lançar mais luzes sobre a existência da associação entre bruxismo e estresse, pretendendo

preencher uma lacuna, qual seja, a de que poucos estudos avaliaram a relação entre

bruxismo e estresse emocional em um grupo específico, supostamente mais exposto ao

estresse emocional que a população em geral (SPIELBERGER et ai., 1981 ).

De acordo com DIMENSTEIN (2001), articulista do jornal Folha de São Paulo,

o potencial devastador do estresse emocional no policial militar pode ser visualizado nesses

últimos dez anos pelo fato de que proporcionalmente para cada baixa de policial provocada

por tiroteio tenha sido registrado um suicídio na polícia militar de São Paulo. Em 2000,

foram mortos 33 policiais em serviço e registrados 27 suicídios. Os psiquiatras da

corporação estimam que, no mesmo ano, tenham sido cometidas 200 tentativas de suicídio

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num agrupamento de 87 mil policiais, vítimas da mistura de estresse, depressão, álcool e

drogas.

Por esses motivos, nosso estudo buscou verificar a associação entre bruxismo e

estresse emocional em população composta por policiais militares.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1- BRUXISMO

Em 1957, NADLER realizou uma revisão de literatura enfocando a incidência

de bruxismo e teorias etiológicas. Segundo os autores, o bruxismo pode afetar uma grande

percentagem da população em todas as faixas etárias. Quanto à etiologia do bruxismo,

classificou-a em: local, sistêmica, psicológica ou ocupacional. O autor acredita que o fator

psicológico seja o principal fator etiológico do bruxismo, acrescentando que essa

parafunção pode ser uma tentativa de compensar uma frustração e/ou tensão. Conclui que o

papel do estresse fisico e mental como agente causador do bruxismo é altamente

significante.

Em 1961, RAMFJORD, com o objetivo de determinar o efeito do ajuste

oclusal nos músculos mastigatórios de pacientes bruxistas, realizou um estudo clínico e

eletromiogràfico em 34 pacientes com bruxismo severo, de ambos os sexos (12 mulheres e

22 homens) e com idade entre 19 e 60 anos. Todos os voluntários responderam a um

questionário anamnésico, contendo questões referentes à presença de estresse fisico e

emocional, de bruxismo e de dor ou desconforto nos músculos mastigatórios e/ou ATM.

Posteriormente, os pacientes foram examinados clinicamente, registrando-se a presença de

interferências oclusais em relação cêntrica, em lateralidade (lado de balanceio e trabalho) e

em protrusão. A discrepância entre relação central e posição de máxima intercuspidação foi

a variável mais freqüentemente encontrada, seguida da interferência no lado de balanceio.

Desse modo, após o exame clinico, realizaram-se ajustes oclusais por desgaste seletivo em 11

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todos os pacientes. A avaliação eletromiográfica foi realizada nos músculos temporal e

masseter antes e após ajuste oclusal. Os resultados desse estudo revelaram que houve uma

diminuição da atividade elétrica em todos os 34 pacientes após o ajuste oclusal. Quanto ao

bruxismo, em 29 pacientes foi eliminado após a remoção das interferências oclusais, três

pacientes continuaram a apertar ocasionalmente os dentes e em dois pacientes houve

recidiva de bruxismo. O autor concluiu que as interferências oclusais podem originar o

bruxismo, se combinado à tensão nervosa, e que o bruxismo pode ser eliminado através do

ajuste oclusal.

Segundo MOULTON (1966), o papel dos estados emocionais na etiologia de

dores de cabeça, dores na coluna, úlceras gástricas e asma (entre outras doenças

psicossomáticas) é melhor aceito e compreendido do que na etiologia de sintomas bucais e

dentais. Embora os dentes desempenhem finalidade aparentemente mecânica, apresentam

um componente emocional expressivo, uma vez que a face e a cavidade bucal têm um

profundo significado psicológico para o homem, desde a inf'ancia até a idade adulta. A boca

é o órgão que garante a subsistência, proporciona prazer, estabelece comunicação com o

meio ambiente, sendo utilizada para expressar emoções, sentimentos e tensões. Desse

modo, o autor acredita que os fatores emocionais desempenhem um importante papel na

etiologia de algumas desordens da cavidade oral, dentre elas o bruxismo.

EVASKUS & LASKIN (1972) afirmaram que o estresse emocional pode

produzir mudanças bioquímicas mensuráveis, como o aumento dos níveis urinários de

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catecolaminas e esteróides 17-hidróxi em indivíduos submetidos a situações estressantes.

Desse modo, com o propósito de medir o estresse envolvído na etiologia da disfunção

temporomandibular (DTM) de uma maneira mais objetiva, os autores realizaram uma

análise comparativa das concentrações urinárias destas substâncias em 32 pacientes com

DTM e em 34 pacientes controle. Os resultados desse estudo revelaram que a quantidade

média de esteróide 17-hidróxi mostrou-se 33% maior nos pacientes com DTM que no

grupo controle, enquanto os níveis médios de catecolanúnas foram 118% mais elevados.

Esses resultados, segundo os autores, ofereceram evídências bioquímicas de que os

pacientes com DTM estão sob maior estresse emocional do que indivíduos normais. Além

disso, esta condição pode predispor ao desenvolvímento de mecanismos de liberação ou

alívío de tensão por meio de hábitos parafuncionais, como o bruxismo cêntrico ou

excêntrico.

Em um extenso estudo sobre as implicações psicológicas nas DTM e no

bruxismo, RUGH & SOLBERG (1976) puderam chegar ás seguintes conclusões: I)

embora os fatores psicológicos tenham um importante papel na etiologia das DTM, uma

abordagem mais confiável seria considerar a etiologia como sendo de natureza

multifatorial; 2) os fatores psicológicos operantes nas DTM não podem ser entendidos

dentro de uma única linha de pensamento, mas em conjunto com fatores emocionais,

comportamentais e sociais; 3) os fatores emocionais (ansiedade, medo, frustração e raiva)

desempenham um papel significativo na etiologia das DTM, gerando tensão muscular e

hábitos parafuncionais; 4) é provável que a ativídade muscular, emocionalmente induzida,

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seja suficiente para causar a DTM; e 5) a avaliação do paciente com DTM deveria incluir

também uma determinação dos fatores emocionais.

WIGDOROWICZ-MAKOWEROWA et a/., em 1979, realizaram um estudo

epidemiológico no qual avaliaram a prevalência dos distúrbios funcionais no sistema

mastigatório, em especial o bruxismo, e a influência da tensão psicoemocional na

freqüência dessa parafunção. Foram examinados 4.929 indivíduos, sendo 2.100 crianças de

10 a 15 anos, 429 estudantes de medicina, 400 estudantes militares, 1.000 soldados jovens

(20 a 23 anos) e 1.000 soldados de meia idade (39 a 45 anos). O diagnóstico do bruxismo

baseou-se na presença de facetas de desgaste ou abrasão patológica dos dentes, tensão nos

músculos mastigatórios e marcas dos dentes na língua, lábios e bochecha. A avaliação

subjetiva do estado psicoemocional dos voluntários foi obtida por questionário, levando em

consideração características como nervosismo, excitabilidade e medo excessivo perante

situações ameaçadoras. Constatou-se incidência de 69% de pacientes com bruxismo na

população adulta e 3,9% na população infantil. No grupo dos estudantes militares e civís foi

encontrada incidência acima de 50%; dentre soldados jovens, 38,8%, e dentre os soldados

de meia idade, 29,9%. Quanto à freqüência dessa parafunção em relação à tensão

psicoemocional, os resultados, nas cinco diferentes populações, mostraram uma freqüência

aproximadamente 100% maior em pacientes muito tensos comparada à freqüência em

pacientes menos tensos. Os autores concluem que o aumento na prevalência de bruxismo,

da inf'ancia para a juventude, e o decréscimo com o avançar da idade devam-se à adaptação

ao meio ambiente e a situações de estresse.

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De acordo com DAWSON (1980), o bruxismo seria realmente um esforço

inconsciente de corrigir interferências oclusais e para que esse hábito fosse interrompido

seria necessária a completa eliminação dessas interferências. O autor acredita também que a

tensão emocional seja um fator contribuinte do bruxismo e que, se a tensão muscular for

aumentada, a tendência para ranger os dentes também será aumentada, desde que estejam

presentes as interferências oclusais .

A influência da oclusão sobre o bruxismo foi verificada por BAILEY JR &

RUGH, em 1980. Segundo os autores, embora o ajuste oclusal fosse rotineiramente

utilizado para tratamento do bruxismo, poucos trabalhos de pesquisa tinham sido feitos para

avaliar a efetividade desse tratamento. Acrescentam ainda que o registro da atividade

eletromiográfica do músculo masseter tem sido utilizado para avaliar os efeitos do estresse,

da placa oclusal e do uso de drogas sobre o bruxismo. Desse modo, esse método foi

utilizado nesse estudo para avaliar o efeito do ajuste oclusal no bruxismo do sono. Nove

pacientes que buscavam tratamento para o bruxismo foram monitorados através de ele­

tromiografias unilaterais dos músculos masseter antes, durante e após ajuste oclusal, que foi

realizado em duas sessões, com intervalo de uma semana entre uma e outra sessão. A

eletromiografia foi realizada diariamente por um período de duas semanas após o ajuste

oclusal. Não foi notado nenhum efeito redutor da atividade muscular em seis indivíduos,

em um diminuiu, mas, inesperadamente, houve aumento em dois participantes. Os autores

constataram não haver nenhum efeito consistente de diminuição do bruxismo noturno pela

modificação da oclusão.

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Em 1980, FUNCH & GALE avaliaram dois métodos de tratamento do

bruxismo e verificaram a relação entre bruxismo e estresse por meio de um delineamento

experimental usando um único voluntário. Assim, foi selecionada uma estudante, com 27

anos de idade, diagnosticada com bruxismo crônico. Dois tratamentos foram aplicados: o

primeiro consistiu em uso de protetor bucal durante o sono e o segundo tratamento

consistiu em uso de protetor bucal durante o sono e aplicação de biofeedback noturno. A

duração e freqüência dos episódios de bruxismo durante o sono foram registrados

diariamente, por 69 noites, através de um eletromiógrafo portátil. Imediatamente antes de

cada mensuração eletromiográfica, a paciente registrava seu nível de estresse sentido nas 24

horas anteriores, através de uma escala de O a 4 (onde O indicava ausência de estresse e 4

representava o mais alto nível de estresse). O auto-relato de estresse foi associado com a

duração e freqüência eletromiográfica do bruxismo. Visto que para algumas pessoas o

estresse mais intenso ocorre no período anterior ao evento estressor, os autores também

associaram a duração e freqüência eletromiográfica do bruxismo ao "estresse antecipado"

(auto-relato de estresse registrado na noite anterior à avaliação do bruxismo). Os resultados

revelaram que os dois métodos de tratamento do bruxismo não obtiveram sucesso, pois

ambos resultaram em recidiva quando os mesmos foram suspensos. Com relação ao papel

do estresse e ansiedade sobre o bruxismo, foi verificado que somente o "estresse

antecipado" relacionou-se com o bruxismo.

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Ainda em 1980, com o intuito de testar a hipótese de que o bruxismo noturno

estaria diretamente relacionado a períodos de aumento de estresse emocional durante o dia,

CLARK et al. mensuraram os níveis de estresse individual por meio das concentrações de

catecolarnínas presentes na urina ( epinefrina, norepinefrina). A avaliação dos níveis de

bruxismo noturno foi realizada através da atividade elétrica do músculo masseter utilizando

um eletromiógrafo portátil. Foram selecionados 20 pacientes bruxistas (19 a 49 anos de

idade) e 10 indivíduos controles (19 a 29 anos de idade), de ambos os sexos. Como critério

de inclusão no grupo bruxista, o individuo deveria apresentar desgaste nos dentes e dor

miofascial associada com relato de ranger ou apertar de dentes. Para o grupo controle foi

adotado como critério de inclusão a ausência de ranger de dente e de sintomas de DTM.

Todos os 30 voluntários responderam a um questionário e foram exarnínados clinícamente.

F oi encontrada relação positiva entre o aumento da concentração urinária de epinefrina e

altos níveis de atividade elétrica noturna do músculo masseter. Desse modo, os autores

concluíram que os resultados desse estudo suportam o conceito de que o estresse emocional

diário é um fator proeminente na atividade do músculo masseter.

Em 1981, GLAROS realizou um estudo epidemiológico sobre a prevalência de

bruxismo diurno e noturno em uma população composta por 1.052 pacientes de ambos os

sexos com idade média de 19 anos. Os objetivos desse trabalho foram: determinar a

incidência de bruxismo; verificar se existe diferença na incidência de bruxismo relacionada

ao sexo; e avaliar qual a percentagem de bruxistas e não-bruxistas que rangem ou apertam

seus dentes em resposta ao estresse. Para tanto, foi aplicado um questionário em todos os

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pacientes, contendo questões referentes à presença atual ou anterior de comportamento

bruxista durante o sono e/ou vigília e a ocorrência de condições emoctomus como

nervosismo, raiva e fiustração (consideradas como fatores estressores). Os resultados desse

estudo revelaram que 30,7% da população apresentava bruxismo. Destes, 17,3% realizavam

esse hábito parafuncional durante o dia, 7,5% realizavam-no durante a noite e 5,9%

realizavam-no durante o dia e a noite. Quanto à relação entre incidência de bruxismo e

incidência de estresse, observou-se no grupo bruxista incidência de estresse

significativamente maior que no grupo não-bruxista (62,8% e 26,2%, respectivamente). Em

relação à variável sexo, não foi encontrada diferença estatisticamente significante na

incidência de bruxismo (50,8% em homens e 49,2% em mulheres).

A influência dos fatores psicológicos na etiologia do bruxismo foi abordada

através da teoria psicanalítica por ARNOLD, em 1981. Segundo o autor, a cavidade oral

possui significado emocional intenso, uma vez que na criança a boca é a primeira fonte de

prazer e de comunicação com o ambiente externo, estando, portanto, intimamente

relacionada a estados emocionais de satisfação, fiustração, ansiedade e medo. Acredita-se

que essas associações são significativas desde o nascimento, parecendo durar a vida toda.

Seria por esta razão que os indivíduos adultos "retornam" para a cavidade oral em períodos

de estresse, fumando, ingerindo alimentos excessivamente ou rangendo os dentes. Desse

modo, o autor acredita que o estresse emocional é um fator essencial para o

desencadeamento e a manutenção do bruxismo.

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n ,, . i 8 . DI· .. M.!. A . '. ' . I f--'1"evalenc:c:Ã ae TUXI,;mo em , O.ICI<:AIS ! :::rt.crres e sua , ssOC!CilÇÕO com o tstT'esse ~moc1ona

RUGH & ROBBINS (1982) registraram continuamente, durante o período de

seis meses, a atividade e1etromiográfica mastigatóría de uma estudante diagnosticada como

bruxista. Durante esse tempo, foi observado um aumento nos níveis de atividade

eletromiográfica noturna em períodos que a paciente informou como estando muito

estressada. Os autores concluíram, desse modo, que clinícamente é comum encontrarmos

sintomas de bruxismo em situações de dificuldade na vida, como conflitos no casamento,

brigas com namorado, exames escolares e situações de intolerância no trabalho.

Uma análise crítica dos estudos que relacionam o estresse como fator etiológico

da DTM foi realizada por HABER et ai., em 1983. Os autores chamaram a atenção para a

necessidade de diferenciação entre estresse físico e estresse psicológico, pois há problemas

quando se consideram os dois como sinônímos. O estresse físico é definído como um

estado de desconforto resultante de algum evento ou atividade física. Embora possa haver

algumas variações, os estressores físicos tendem a agir de maneira semelhante nos

indivíduos. Por exemplo, normalmente, suportar um objeto pesado por um período

prolongado de tempo será estressante e resultará em desconforto muscular. O estresse

psicológico, em contrapartida, é definído como um estado de desconforto conseqüente de

uma interpretação subjetiva de algum fato ou evento. Desse modo, a ênfase está na

subjetividade e individualidade desse tipo de estresse. Assim, o tratamento deveria ser

direcionado não apenas para o estressor, mas também e principalmente para as percepções e

cogníções relacionadas ao estímulo estressor e para as respostas fisiológicas associadas. Os

autores observaram que as teorias que relacionam o estresse como fator etiológico das

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DTM estão baseadas em quatro áreas: a) estudos que induzem sintomatologias semelhantes

às das DTM em indivíduos normais através de longas contrações dos músculos masseter; b)

estudos que mostram uma redução da sintomatologia da disfunção com o tratamento

realizado através do relaxamento muscular progressivo; c) estudos correlacionais que

mostram uma incidência maior de outras desordens psicossomáticas nas populações com

DTM; e d) estudos que observaram hiperativídade muscular no músculo masseter em

conseqüência do estresse experimental. Desse modo, os autores desenvolveram um modelo

conceitual do estresse. Segundo esse modelo, o indivíduo entra em contato com o estressar

externo e, dependendo da percepção e interpretação desse estressor pelo indivíduo, o

mesmo pode resultar em uma resposta fisiológica de hiperativídade dos músculos

mastigatórios. Essa hiperativídade é expressada em várias parafunções como o ranger e o

apertar dos dentes, que de acordo com os autores podem levar a sintomas de DTM, tais

como dores musculares, limitação de movímentos mandibulares e ruídos da ATM.

Em 1984, a influência da oclusão sobre o bruxismo também foi verificada por

RUGH et al. Nesse estudo, os autores avaliaram se a presença de interferências oclusais

experimentalmente induzidas afetaria o comportamento eletromiográfico de indivíduos com

bruxismo ou se poderiam desencadear esse hábito em pacientes normais. Interferências

oclusais (que promovíam a deflexão da mandíbula em até um milimetro entre relação

central e posição de máxima intercuspidação) foram experimentalmente estabelecidas

através da cimentação de coroas totais nos dentes posteriores em dez indivíduos. As coroas

permaneceram entre 1 O e 21 dias na boca. A ativídade elétrica do músculo masseter foi

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avaliada através de eletromiógrafos portáteis, o que possibilitava a monitoração da

atividade muscular durante o sono em ambiente doméstico. Foi observado que nove

indivíduos, dos dez analisados, apresentaram diminuição da atividade elétrica muscular nas

primeiras noites após a instalação das coroas. A diminuição da atividade foi bem maior nas

primeiras duas até quatro noites, para depois retornar a um nivel normal de bruxismo. Não

houve aumento da atividade elétrica do músculo masseter durante o periodo do estudo,

negando-se, portanto, a hipótese de que esta parafunção tivesse as interferências oclusais

como principal agente etiológico. Os autores acreditam que as coroas altas serviram como

um estímulo periférico para o sistema nervoso central com efeito inibitório e que, depois de

alguns dias de acomodação, o sistema não percebia mais a coroa alta como um dano,

reduzindo então o efeito inibitório. Fato semelhante deve ocorrer quando o paciente

bruxista recebe uma placa oclusal. Os autores chegaram à conclusão de que a maloclusão

não aumenta a probabilidade do bruxismo, pois se os contatos oclusais prematuros fossem a

causa do bruxismo, deveriamos então ser capazes de criar bruxismo numa população não­

bruxista, por indução.

Em 1988, RUGH & HARLAN realizaram uma revisão de literatura enfocando

a natureza do bruxismo noturno, seus efeitos, teorias etiológicas, formas de diagnóstico e

estratégias de tratamento. Segundo os autores, o bruxismo é uma desordem do sono

induzida centralmente, mediada ou iniciada comumente pelo estresse emocional diurno e

estando quase sempre associada a uma resposta estimuladora durante o sono. Consideram

ainda que a obtenção de uma estimativa real de pacientes bruxistas é extremamente difícil,

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pois, na maioria das pessoas, o bruxismo ocorre durante o sono e em geral o paciente não

está ciente do seu hábito, sendo, em alguns casos, informado que range os dentes por

familiares. A prevalência do bruxismo nas crianças é aproximadamente igual a que é

encontrada nos adultos. Acreditam que a maioria das pessoas tem alguma vez na sua vida

alguns episódios suaves de bruxismo. Contudo, somente 5% dos bruxistas se estendem

para a patologia. Quanto aos sintomas, os autores acreditam que a maioria dos pacientes

bruxistas apresenta mínimo desgaste dental e, periodicamente, elevação da rigidez dos

músculos mastigatórios. Entretanto, os 5% da população com prolongado e intenso

bruxismo noturno apresentam severos desgastes dentais, dores musculares e alterações na

ATM. Em relação ao diagnóstico, as facetas de desgaste dos dentes visualizadas no modelo

de gesso constituem a melhor forma de reconhecimento do bruxismo. No que diz respeito

ao tratamento, os autores acreditam que não existe, absolutamente, cura para o bruxismo,

entretanto, muitas estratégias estão disponíveis para limítar seus efeitos adversos. As

abordagens mais utilizadas e efetivas, a longo prazo, incluem os programas de controle do

estresse e placas interoclusais para proteger os dentes e o sistema mastigatório.

A prevalência da atrição dental e sua associação com fatores como idade, sexo,

bruxismo consciente (auto-relato de bruxismo ), ajuste oclusal prévio, classificação

ortodôntica, relação maxilomandibular e disfunção temporomandibular, foram avaliadas

por SELIGMAN et al., em 1988. Nesse estudo, todos os voluntários responderam a um

questionário e foram examinados clinícamente. A severidade das facetas de desgaste dental

foi avaliada em modelos de estudo de 222 adultos (19 a 40 anos) através da escala ordinal

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~-revalência de B-ruxismo em ~aliciais Milita-res e suo Associo~ao com o ~s-1::-resse .J;mocíonal

de gravidade do desgaste dental, onde para cada dente foi atribuído um escore de O a 4 (O =

nenhum desgaste; 1 = pouco desgaste; 2 = notável desgaste, com contorno da coroa normal;

3 = achatamento das cúspides; e 4 = perda total do contorno da coroa), no qual os graus 3 e

4 foram interpretados pelos autores como desgaste acentuado. Os resultados desse estudo

revelaram que os escores de atrição não apresentaram diferenças estatisticamente

significantes entre a idade dos grupos (19 a 23 anos, 24 a 28 anos e 29 a 40 anos),

indicando que a atrição acentuada em jovens adultos de uma sociedade moderna é na maior

parte das vezes resultado de atividade bruxista. Quanto á variável sexo, os indivíduos do

sexo masculino apresentaram graus mais altos de atrição dental que aqueles do sexo

feminino. A prevalência de bruxismo obtida por meio de auto-relato foi somente de 23%

dos indivíduos; já quando a prevalência foi avaliada através de modelos de estudo

(presença de no minimo uma faceta de desgaste severa, grau 3 ou 4 da escala) esse valor

elevou-se para 91,5%. Como não houve associação estatisticamente significante entre

bruxismo consciente e alto escore de atrição dental, os autores sugerem que o auto-relato de

bruxismo não deve ser utilizado em futuros estudos para definir grupos bruxistas. A atrição

dental não foi associada com a presença ou ausência de clique, sensibilidade articular e dos

músculos mastigatórios. Desse modo, os autores concluíram que a atrição dental severa

causada pelo bruxismo na população geral não está associada com sinais e sintomas de

DTM nem tampouco com os fatores oclusais estudados, sugerindo que o bruxismo é um

fenômeno induzido centralmente, comum a todas as pessoas e não relacionado a fatores

locais.

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,l---1-revaiência de '[j-ruxismc e"t1 f-lclíciais i v iilita-res e sua Associação com o i:::d:.-resse i:::mocional

Como os fatores psicológicos podem ter um importante papel na etiologia e

manutenção das desordens temporomandibulares (DTM) e dos hábitos parafuncionais,

OAKLEY et al, em 1989, avaliaram a sensibilidade e especificidade de cirurgiões­

dentistas clínicos-gerais em detectar problemas psicológicos em pacientes portadores de

DTM. Foram selecionados 107 pacientes portadores de DTM com sintomatologia dolorosa

para fazer parte deste estudo. Antes do tratamento foram aplicados em todos os pacientes os

seguintes testes psicológicos: Inventário de Personalidade Multifásico de Minnesota;

Inventário de Depressão de Bech (SRE); Escala de Estresse da Vida de Holmes e Rahe; e

Inventário de Estado e Traço de Ansiedade (STAC). Posteriormente, os pacientes foram

examinados clinicamente por dentistas clínicos-gerais, que não tiveram acesso aos

resultados dos testes psicológicos. Após este exame, os dentistas clínicos-gerais indicaram

a presença ou ausência de depressão, ansiedade, estresse recente e pessimismo, através da

escala de Likert que classifica esses estados emocionais em escores de 1 a 5 (onde O indica

ausência de estresse e 5 representa o mais alto nível de estresse). Os resultados mostraram

que a impressão do dentista apresentou baixa especificidade para todos os fatores

psicológicos previamente determinados pelos testes psicológicos, havendo 27% de

resultados falso-negativos em relação ao estresse e 19% e 21% de falso-negativos em

relação ao traço e ao estado de ansiedade, respectivamente. Quanto à sensibilidade, houve

erros na classificação em 16% dos casos para o estresse. Os autores concluíram que os

procedimentos de investigação baseados na impressão geral dos dentistas no exame inicial

não identificaram adequadamente os problemas psicológicos em urna população com

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P-revo.lêncio. de -::5-ruxismo em ~oiicio.is lvlili-t.o.-res e sua Associo.~ão com o ts1:-resse : mocíono.i

disfunção. Desse modo, enfatizam a necessidade da utilização de testes psicológicos

específicos para a avaliação do estresse.

Diferenças culturais sobre respostas fisicas e emocionais ao estresse foram

investigadas por SIME et aL, em 1990. A incidência de disfunções relacionadas ás diversas

profissões tem acentuado impacto sobre a performance organizacional. Para se estudar se

existe relação entre nacionalidade, sexo e as desordens relacionadas ao estresse, os autores

selecionaram 148 profissionais americanos e 180 profissionais brasileiros com atuação nas

áreas de gerência, supervisão ou coordenação. O grupo de brasileiros foi escolhido para a

comparação intercultural devido às restrições econômicas às quais são submetidos e às

caracteristicas culturais diversificadas que poderiam influenciar o padrão de resposta.

Todos os voluntários preencheram um questionário sobre suas reações em relação aos

agentes estressares, sendo o bruxismo e a DTM alguns dos itens observados. Os resultados

indicaram diferenças significativas de acordo com a nacionalidade e o sexo. O grupo

americano registrou alta incidência de alergias, enquanto que o grupo de nacionalidade

brasileira apresentou maior incidência de síndrome de Raynoud. A análise do sexo revelou

que indivíduos do sexo masculino registraram maior incidência de pressão sangüínea

elevada, DTM e bruxismo. Os autores concluíram que houve diferença cultural clara entre

as populações estudadas com relação a desordens relacionadas ao estresse.

PINGITORE et aL, em 1991, investigaram se a combinação de padrões de

comportamento, "estresse da vida" e anormalidades fisicas (relação condilar, palpação do

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músculo, interferências excêntricas e prematuridades em relação cêntrica) estão

relacionadas ao bruxismo. Foram selecionados 125 pacientes classificados como bruxistas e

não-bruxistas que completaram duas avaliações psicológicas: 1) uma versão modificada da

Escala dos Eventos da Vida de Ho1mes e de Rahe (LEPS) para o diagnóstico de estresse; e

2) o Jenkins Activity Survey (JAS) para a avaliação do padrão comportamental tipo A, ou

seja, aquele comportamento caracterizado por um desejo intenso de competir, uma

necessidade persistente de reconhecimento, participação contínua em muitas atividades,

uma propensão habitual acelerada de execução de todas as funções mentais e fisicas e um

extraordinário alerta mental e fisico. Foi solicitado também aos pacientes que respondessem

a algumas perguntas específicas para que se pudesse determinar sua percepção em relação à

presença da parafunção. O diagnóstico do bruxismo foi feito através de exame clinico,

avaliando-se as facetas de desgaste em dentes anteriores e posteriores e o tipo de oclusão

(classe I, II e III de Angle). A análise de regressão revelou que existe diferença no impacto

de cada variável em separado. Comportamento classificado como tipo A e anormalidades

fisicas foram fatores significativos na análise, entretanto, o estresse não. Segundo os

autores, o estresse foi significativo para a ocorrência de bruxismo somente em conjunto

com o fator comportarnental tipo A, sugerindo-se que a combinação do comportamento do

tipo A e estresse é mais preditiva de bruxismo que outras variáveis individuais. A

combinação linear de anormalidades fisicas, padrão comportamental tipo A e estresse foi

significativo sugerindo que este é o melhor preditor para o bruxismo. Os autores sugeriram

ainda que o estresse do individuo seja avaliado usando-se outros parâmetros além de

mudanças na vida ou presença de doença.

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SCHIFFMAN et al, em 1992, avaliaram a associação entre oclusão, hábitos

orais e estresse e o nível de disfunção mandibular na população geral e em subgrupos

específicos (normal, desordem articular, desordem muscular e desordem articular e

muscular). Um total de 269 estudantes de enfermagem do sexo feminíno, com idade entre

22 a 25 anos, responderam a um questionário e foram exarnínadas clinicamente. O

questionário incluía 16 itens referentes à percepção e freqüência de hábitos parafuncionais

utilizados para calcular o índex de hábito oral. Além disso, o questionário continha 43 itens

para o cálculo da Escala de Ajuste Social de Rahe e Holmes. O exame clíníco incluía itens

utilizados para o cálculo do índex oclusal e dois índices craníomandibulares. Quanto ao

hábito de bruxismo, os resultados do estudo revelaram que 59% das estudantes relataram o

apertamento dos dentes quando em vigília; 39,7% relataram que apertavam durante o sono;

22% das estudantes relataram ranger dos dentes durante a vigília; e 29% durante o sono.

Associação positiva foi encontrada entre disfunção mandibular e hábitos parafuncíonais,

enquanto somente no subgrupo de desordens musculares foi observada uma associação

positiva entre disfunção mandibular e estresse. Conclulram, portanto, que a associação

entre fatores etiológicos e a disfunção mandibular variava se os indivíduos apresentassem

desordem muscular e/ou articular. Como todas as associações foram fracas, os autores

afirmam que outros possíveis fatores de risco precisam ser investigados.

Com objetivo de pesquisar se o sono dos pacientes bruxistas diferia do sono dos

pacientes não-bruxistas (normais), LEHTINEN et al, em 1994, compararam a atividade

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muscular durante o sono em 27 bruxistas e 8 não-bruxistas. Os bruxistas apresentaram 586

movimentos corporais e 2.024 contrações do masseter com ou sem movimentos corporais.

Nos não-bruxistas foram registrados 258 movimentos corporais e somente 415 contrações

do masseter. O número médio de eventos motores por estágio de sono foi

significativamente maior no grupo dos bruxistas (p< 0,05). Em contrapartida, a duração dos

eventos foi similar nos dois grupos. Os dados demonstram que a diferença entre bruxistas e

não-bruxistas é de natureza quantitativa (número de contrações fásicas, amplitude e

estimativa visual). A atividade muscular do masseter durante o sono, avaliada sob aspecto

da amplitude relativa, indicou que a quantidade de força é o fator primário responsável

pelos possíveis efeitos negativos do bruxismo noturno.

Com o propósito de examinar a relação entre bruxismo noturno, auto-relato de

estresse e variáveis de personalidade, PIERCE et al, em 1995, avaliaram 100 indivíduos,

com idade entre 18 e 72 anos, sendo 65 mulheres e 35 homens. Todos os pacientes

selecionados foram diagnosticados como bruxistas, verificado pela presença de ruído de

ranger de dentes apontado por companheiro de quarto, presença de facetas de desgaste

características e atividade eletromiográfica indicativa de bruxismo durante o sono. Na

primeira etapa, os voluntários responderam a cinco questionários psicológicos padronizados

(avaliando características de personalidade) e foram feitas entrevistas iniciais onde cada

paciente indicou se acreditava que seu bruxismo estivesse associado ao estresse, além de

terem sido examinados clinicamente. Em seguida, a atividade elétrica muscular relacionada

ao bruxismo foi avaliada durante 15 noites por meio de eletrorniógrafo portátil.

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Imediatamente antes de cada noite de mensuração eletromiográfica, cada paciente registrou

o nível de estresse percebido nas 24 horas anteriores, através da escala de Likert que

classifica o estresse em escores I a 5 (onde O indica ausência de estresse e 5 representa o

mais alto nível de estresse). A análise dos resultados revelou associação estatisticamente

significante somente em oito pessoas quando o estresse de cada paciente individualmente

foi relacionado aos registros de bruxismo. A convicção do paciente sobre a relação

bruxismo/estresse (obtida durante a anamnese) foi fracamente relacionada ao auto-relato de

estresse; porém, os indivíduos convictos dessa relação apresentaram o mais alto registro de

estresse. Quanto a variáveis de personalidade, não foi observada correlação estatisticamente

significante, tanto em relação ao bruxismo como em relação ao auto-relato de estresse.

Entretanto, indivíduos com alto grau de estresse, apresentaram maior ansiedade, irritação e

depressão e menor negação. Desse modo, os autores acreditam ser pouco provável que o

auto-relato de estresse diário seja o maior fator indicativo do comportamento bruxista nessa

população, mas isso não quer dizer que o comportamento bruxista não esteja relacionado ao

estresse. Segundo os autores, esses resultados podem indicar que os pacientes bruxistas não

são muito conscientes da natureza estressante dos acontecimentos diários e/ou que

minimizam o impacto pessoal dos eventos da vida. Concluem também os autores que a

relação entre variáveis psicológicas e a expressão do bruxismo é mais complexa que uma

simples relação causa-e-efeito motivada por percepção de estresse da vida.

Em 1996, LA VIGNE et al testaram a validade clínica do critério de

diagnóstico do bruxismo adotado pela Associação Americana de Desordens do Sono -

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ASDA, por meio de um estudo comparativo com os resultados de registros

polissonográficos. F oram selecionados 18 pacientes bruxistas e 18 indivíduos

assintomáticos. Como critério de inclusão no grupo bruxista, o indivíduo deveria ter entre

20 e 45 anos e exibir ruídos característicos de ranger de dentes durante o sono (notado por

seu companheiro de quarto) em pelo menos 5 noites por semana, nos últimos 6 meses.

Além disso, deveria apresentar pelo menos um dos seguintes critérios: a) desgaste dental

em esmalte ou dentina com redução na altura da coroa, (de acordo com a classificação 1 ou

2 de Johansson et a!.) em um sextante ou mais da cavídade bucal; b) relatos de fadiga ou

dor nos músculos mastigatórios pela manhã; e c) hipertrofia do músculo masseter. F oi

adotado como critério de exclusão para esse mesmo grupo: 1) pacientes portadores de

dentição com ausência de mais de dois dentes posteriores (excluindo-se os terceiros

molares); 2) pacientes portadores de prótese dentária; 3) pacientes portadores de

maloclusão severa; 4) pacientes usuários de medicação com possíveis efeitos sobre o sono

ou comportamento motor; 5) pacientes com uso abusivo de álcool ou drogas; 6) pacientes

em tratamento odontológico ou fisioterápico; 7) pacientes portadores de desordens

neurológicas ou psiquiátricas; e 8) pacientes que apresentaram desordens do sono

(confirmado durante a primeira noite de registro polissonográfico ). Para o grupo controle a

distribuição quantitativa por sexo e idade, semelhante á do grupo bruxista, foi adotada

como critério de inclusão e como critério de exclusão a ocorrência de sinais ou sintomas

que sugerissem a presença de bruxismo. Todos os 36 voluntários responderam a um

questionário e foram examinados clinicamente, sendo posteriormente avaliados em

laboratório do sono durante duas noites consecutivas. Nessa última etapa, a primeira noite

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foi utilizada apenas para adaptação do voluntário ao ambiente e reconhecimento das outras

desordens do sono, sendo a coleta de dados realizada apenas na segunda noite de sono. O

resultado das informações clínicas revelaram que, enquanto o grupo controle não

apresentou queixas, sinais ou sintomas associados ao bruxismo, todos os 18 bruxistas

relataram ruídos freqüentes de rangimento durante o sono. Esses achados foram associados

ao desgaste dental em 16 dos 18 bruxistas. Também foi associada à fadiga muscular

matinal ou sensação dolorosa em 6 dos 18 bruxistas. Os resultados polissonogràficos foram

avaliados sem conhecimento do diagnóstico clínico de bruxismo. A análise desses dados

mostrou que os indivíduos do grupo controle apresentaram média de 1,7 ± 0,3 de episódios

de bruxismo por hora de sono, enquanto os episódios do grupo bruxista apresentaram nível

significativamente maior da ativídade muscular (5,4 ± 0,6). O grupo controle exibiu 4,6 ±

0,3 surtos de bruxismo por episódio e 6,2 (de O a 23) surtos de bruxismo por hora de sono,

enquanto os bruxistas mostraram, respectivamente, 7,0 ± 0,7 e 36,1 (5,8 a 108). Episódios

de bruxismo com no mínímo 2 sons de ranger foram notados em 14 dos 18 bruxistas e em 1

indivíduo do grupo controle. A comparação dos achados polissonogràficos com o exame

clíníco apresentou 81,3% de especificidade (percentagem de pacientes controle sem

bruxismo) e 83.3% de sensibilidade (porcentagem de pacientes com bruxismo) ou seja, o

diagnóstico clinico foi corretamente prevísto em 81,3% dos pacientes controle e em 83,3%

dos bruxistas. Para os autores, no entanto, a validade do critério dessa pesquisa cliníca

precisa ser testada em uma população maior ao longo do tempo e em índivíduos

apresentando vários níveis de severidade de bruxismo do sono.

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Pelo fato da atrição dental ser freqüentemente associada ao bruxismo, e este a

fatores psicossociais, SILVA et al, em 1997, avaliaram uma possível associação entre

desgaste dental e fatores psicossociais, como estresse e ansiedade (estado e traço), em 90

pacientes bruxistas e 45 não-bruxistas. Todos os pacientes foram examinados clinicamente

e responderam a questionários psicológicos. Para a avaliação do estresse foi utilizada uma

versão modificada da Escala de Percepção e Variação do Estresse (MPSS) e para a

ansiedade foi utilizado o Inventário de Estado e Traço de Ansiedade (ST AI). Os pacientes

foram considerados bruxistas quando apresentavam facetas de desgaste planas e alinhadas

com os dentes antagonistas durante os movimentos excursivos da mandíbula na região

incisa! e oclusal dos dentes anteriores e/ou posteriores. O grupo dos pacientes não-bruxistas

utilizado como controle foi combinado em idade e sexo com o grupo bruxista. Os

resultados obtidos mostraram que o grupo bruxista e o grupo controle não diferiram

significativamente em relação aos fatores psicossociais combinados. Entretanto, o grupo

bruxista apresentou maior traço de ansiedade que o grupo controle. Segundo os autores,

embora os pacientes bruxistas, como um grupo, no momento dos testes, pareçam não estar

em periodo estressante ou de ansiedade em suas vídas, o maior traço de ansiedade

observado nesses pacientes foi considerado como um fator mediador da relação entre

estresse e bruxismo, podendo predispô-los a reagir com mais ansiedade e estresse em

algumas situações, aumentando, desse modo, seu comportamento bruxista e desgaste

dental. Sugerem ainda que pesquisas futuras associando desgaste dental precisam envolver,

além do estresse, os mediadores do estresse, tais como traço de ansiedade e comportamento

tipo A, em estudos longitudinais.

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Em 1997, ATTANASIO, realizou um levantamento bibliográfico sobre o

bruxismo focalizando aspectos epidemiológicos, etiologias, assim como formas de

diagnóstico e tratamento. Segundo o autor, a atividade bruxista é a mais destrutiva dentre

todas as desordens do sistema mastigatório, podendo ocorrer em até 90% da população.

Além disso, verificou que a maior incidência ocorre entre a adolescência e os 40 anos de

idade, diminuindo posteriormente com o avanço da idade. Segundo o autor, a determinação

da prevalência do bruxismo é dificil pelo fato de a maioria dos indivíduos não estar ciente

desse hábito. Quanto à etiologia, relata que ainda há controvérsias entre os autores.

Acredita que o bruxismo pode ocorrer em intervalos variáveis para cada individuo,

dependendo de períodos de estresse emocional ou fisico experimentados pelo paciente,

assim como do "estresse antecipado" (estresse que ocorre anteriormente ao evento

estressor). O bruxismo tem sido associado ainda a desordens do sono e a distúrbios no

sistema nervoso central. Desse modo, conclui que o bruxismo tem origem multifatorial. O

autor enfatiza a necessidade de diferenciação entre o padrão de desgaste causado pela

atrição durante a mastigação normal daquela oriunda do ranger de dentes durante o

bruxismo. A mastigação normal reflete padrão de desgaste caracterizado por facetas em

dentes antagônicos que não se alinham, já o padrão de desgaste que o paciente mantém

durante o ranger dos dentes reflete o alinhamento das facetas de desgaste entre os dentes

superior e inferior. Outra indicação da presença de bruxismo é a percepção de sensibilidade

dolorosa ou fadiga nos músculos mastigatórios ao despertar.

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Características de personalidade de bruxistas crônicos foram comparadas às

características de personalidade de "indivíduos normais" por KAMPE et al, em 1997. Para

tanto, foram selecionados 29 indivíduos bruxistas, sendo 1 O do sexo masculino e 19 do

sexo feminino, com idade entre 23 e 68 anos. Todos os indivíduos estavam conscientes da

presença do bruxismo havía pelo menos cinco anos. O bruxismo foi confirmado pelos

pesquisadores pela constatação da presença em tais indivíduos, no mínimo, dois dos

seguintes critérios: produção de sons de rangimento dos dentes durante o sono (observado

por outra pessoa); hipertrofia dos músculos masseter; desgaste oclusal excessivo; e dor nos

músculos mastigatórios e/ou na ATM. A Escala de Personalidade de Karolinska (KSP) foi

utilizada para avaliar as características de personalidade (tal inventário é utilizado para

avaliar diferentes aspectos de ansiedade, comportamento impulsivo e agressão e representa

um index de vulnerabilidade para psicopatologias). Para análise dos resultados, os valores

da escala de personalidade encontrados no grupo bruxista foram comparados aos valores da

escala de personalidade observados em "indivíduos suecos normais"(grupo controle),

constantes do trabalho de Bergrnan et a!., 1982. Os resultados desse estudo revelaram que

os bruxistas apresentaram, significativamente, os mais altos escores de ansiedade e de

tensão muscular e os mais baixos escores da escala de socialização quando comparados aos

escores do grupo controle. Os autores concluíram que os bruxistas são mais propensos à

ansiedade, mais desequilibrados emocionalmente e mais vulneráveis a desordens

psicossomáticas que os indivíduos não-bruxistas.

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Como o estresse emocional provoca um aumento da concentração de

catecolanúnas ( epinefrina, norepinefrina e dopanúna) nos indivíduos, V ANDERAS et al,

em 1999, com o propósito de testar a lúpótese de que o estresse emocional (mensurado

através da concentração de catecolanúnas presentes na urina coletada no periodo de 24

horas) pode influenciar o desenvolvímento do bruxismo, aplicaram um questionário

anarnnésico e exanúnaram clinicamente 314 crianças, de ambos os sexos, com idade entre 6

e 8 anos. O diagnóstico de bruxismo foi obtido através da presença de facetas de desgaste

nos dentes permanentes associada a auto-relato de ranger de dentes (anarnnese). Os

procedimentos de coleta da urina foram fornecidos aos pais e às próprias crianças através

de instruções verbais. Das 314 crianças pesquisadas, 9,87% relataram que rangiam os

dentes, 33,12% apresentavam facetas de desgaste nos dentes permanentes, 12,1% não

apresentavam facetas de desgaste nem tampouco relataram que rangiam os dentes, 3,81%

das crianças foram excluídas e finalmente 41,08% foram diagnosticadas como bruxistas.

Para que fosse possível testar a associação entre bruxismo e estresse emocional, os dois

fatores analisados (bruxismo e estresse) deveriam estar presentes no momento em que a

pesquisa foi realizada. Desse modo, para essa análise foram consideradas somente as

crianças que apresentaram bruxismo recente (facetas de desgaste dental associada a relato

de ranger de dentes). Os pacientes que apresentaram somente facetas de desgaste foram

excluídos dessa análise, pois essas facetas poderiam representar um bruxismo que ocorreu

no passado e que no momento poderia estar inativo. Também foram excluídas as crianças

que, apesar de terem relatado bruxismo, este não foi confirmado através do exame clínico.

Desse modo, a associação entre bruxismo e niveis de catecolanúnas foi testada em 167

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crianças bruxistas e não-bruxistas. Os resultados revelaram que a presença de

catecolaminas apresentava significativa associação com a ocorrência de bruxismo. Por

conseguinte, esses resultados reforçam o conceito de que o estresse emocional é um fator

proeminente para o desenvolvimento de bruxismo.

Através de uma revisão de literatura onde enfocaram os efeitos que as

interferências oclusais causam nos dentes, periodonto, função mandibular e no bruxismo,

CLARK et al, em 1999, sintetizaram as pesquisas onde experimentos com interferências

oclusais foram instaladas nos dentes de animais e em humanos. Dados de 18 pacientes e de

1 O animais foram revisados com estudos de interferências oclusais experimentais e

agrupados de acordo com os efeitos causados na posição de intercuspidação e durante os

movimentos mandibulares. Os resultados desse levantamento sugerem, segundo os autores,

que as interferências oclusais em máxima intercuspidação provocam efeitos deletérios no

periodonto e nos tecidos pulpares dos dentes afetados e, ocasionalmente, causam

interrupção da coordenação mandibular, dor muscular e clique. Quanto às interferências

oclusais experimentais com contato somente nos movimentos laterais, observou-se que são

constantemente nocivas à função mandibular. Entretanto, nenhuma evidência, de forma

confiáveL demonstrou tais interferências oclusais como causadoras do bruxismo noturno ou

mesmo impeditivas desta parafunção. Desse modo, os autores concluíram que as

interferências oclusais experimentais podem induzir dor de dente passageira, perda de

dentes, pequenas mudanças tensionais nos músculos posturais, padrão de mastigação e,

algumas vezes, clique articular em individues sintomáticos e assintomáticos. Entretanto,

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Prevalência de bruxismo em ~oliciois lv!ilit.ares e sue1 Associas;ão com o i:::st.resse i:::mocionai

esses dados não provam serem as interferências oclusais causadoras de dor crônica nos

músculos mandibulares ou causadoras de problemas de disfunção articular.

Em um estudo epidemiológico, GA VISH et al (2000) avaliaram um grupo de

248 estudantes do sexo feminino, com idade entre 15 e 16 anos, com relação à presença de

apertamento dental, bruxismo e vários outros hábitos orais (como mascar chicletes, roer

unhas, morder objetos estranhos, comer sementes e triturar gelo). Para tanto, os autores

aplicaram um questionário onde foram avaliados os sinais e sintomas de desordem

temporomandibular e a freqüência de hábitos orais. Foi realizado também exame clinico

intra e extra oral no qual foi avaliada a presença de ruídos na ATM, sensibilidade muscular

à palpação, presença de facetas de desgaste em canino e presença de edentações na língua.

Os resultados revelaram alta prevalência e intensidade do hábito de mascar chicletes, sendo

que 92% das estudantes mascavam diariamente e 48% mascavam por mais de 3 horas ao

dia. Com relação ao bruxismo, foi observada uma prevalência diurna de 22% e noturna de

12,7%. Quanto ao desgaste dental, observou-se em 38,4% das estudantes desgaste somente

em esmalte nas cúspides do canino e em 18,4% das estudantes os dentes caninos

apresentavam-se desgastados em esmalte e dentina. Associação entre a presença do

bruxismo e sensibilidade muscular à palpação ou distúrbios na articulação não foi

significante. No entanto, foi encontrada associação altamente significante (p<0.001) entre

bruxismo diurno e noturno relatado.

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Recentemente, em 2001, OHAYON et al. realizaram um grande estudo

epidemiológico transversal sobre a prevalência de bruxismo e os fatores de risco associados

a essa desordem. Para tanto, foram entrevistados por telefone 13.057 individuas em três

diferentes países com faixa etária entre 15 e 100 anos de idade (4.972 individuas do Reino

Unido, 4.115 individuas da Alemanha e 3.970 na Itália). Esse estudo utilizou-se do

questionário clínico de bruxismo (preconizado na Classificação Internacional de Desordens

do Sono da ASDA) com a investigação de patologias associadas (distúrbios do sono e

respiratórios e patologias neurológicas e psiquiátricas). Os critérios minimos utilizados pela

ASDA para avaliação da presença de bruxismo são: 1) presença de rangimento dos dentes

durante o sono; e 2) presença de pelo menos um dos seguintes sinais: desgaste anormal dos

dentes, desconforto nos músculos mandibulares e sons associados ao ranger de dentes. O

bruxismo durante o sono foi estudado em relação às quatro principais classes de variáveis:

1) informações sociodemográficas; 2) outras variáveis do sono (por exemplo ronco, fala

durante o sono, sonolência durante o dia); 3) uso de substâncias psicoativas (álcool, cafeína,

tabaco, medicamentos para dormir, para depressão ou para ansiedade); e 4) variáveis

psicológicas ou psiquiátricas (estresse da vida, alucinações e desordens mentais

diagnosticadas). Na análise dos resultados, a prevalência de bruxismo encontrada foi de

8,2% da amostra (1.059 individuas), sendo que, destes, 54,4% (568 individuas)

preencheram os critérios da ASDA, enquanto que 3,8% da amostra (491 individuas)

apresentou ranger de dentes durante o sono, mas sem a presença de nenhum dos demaís

fatores associados (desgaste anormal dos dentes, desconforto nos músculos mandibulares e

sons associados ao ranger de dentes). O estudo conclui que o bruxismo é muito comum na

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população geral, representando a terceira parassonia mais freqüente, e que, dentre os fatores

de risco pesquisados, pacientes com ansiedade e desordens respiratórias durante o sono

apresentaram número mais elevado de fatores de risco de bruxismo durante o sono. Além

disso, distúrbios de ansiedade e depressivos foram mais freqüentes nos grupos com

diagnose de bruxismo (ASDA) e com diagnose somente de ranger de dentes que no grupo

dos indivíduos que não apresentaram ranger de dentes.

LOBBEZOO & NAEIJE, ainda em 2001, realizaram uma revísão da literatura

enfocando a etiologia do bruxismo com o objetivo de estabelecer quais fatores etiológicos

podem ser considerados mais relacionados a essa desordem (fatores de origem periférica ou

fatores de origem central). Embora haja discordância na literatura sobre os critérios de

definição do que é bruxismo e também sobre a metodologia utilizada para o diagnóstico

dessa desordem, segundo os autores, todos os estudos sugerem que o bruxismo é um

fenômeno controverso com etiologia multifatorial, complexa e de dificil interpretação e

comprovação. Basicamente dois tipos de fatores etiológicos são apresentados na literatura:

fatores de origem periférica (morfológicos) e fatores de origem central (patofisiológicos e

psicológicos). Fatores morfológicos, como oclusão mutilada, interferências oclusais e

desarmonias articulares e anatômicas, foram considerados, durante muito tempo, como os

mais importantes para o início e perpetuação do bruxismo. Contudo, atualmente acredita-se

que esses fatores desempenham um papel muito pequeno, e até mesmo inexistente, na

etiologia dessa parafunção. Recentemente o bruxismo tem sido relacionado aos fatores

patofisiológicos, tais como: distúrbios do sono e alterações químicas cerebrais. Acredita-se

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também que a utilização de certos medicamentos, drogas, fumo e o consumo excessivo de

álcool podem estar envolvidos na etiologia do bruxismo. Quanto aos fatores psicológicos,

tem sido sugerido que o estresse e certas características de personalidade (tais como

ansiedade) desempenham um importante papel na iniciação e perpetuação do bruxismo.

Porém, segundo os autores, a exata contribuição dos fatores psicológicos na etiologia do

bruxismo ainda não está clara. O maior problema deve-se às dificuldades operacionais para

avaliação de fatores psicológicos. Desse modo, o papel dos fatores psicológicos na etiologia

do bruxismo está longe de ser esclarecido. Os autores acreditam que a importância desses

fatores difira de individuo para individuo e que seja provavelmente menor que o aceito

anteriormente. Conclui-se que o bruxismo é principalmente mediado pelos fatores de

origem central, isto é, fatores patofisiológicos e psicológicos.

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2.2 ESTRESSE EMOCIONAL

O termo "estresse" foi utilizado pela primeira vez na área de saúde, em 1936,

por SELYE, para designar um conjunto de reações não específicas do organismo,

observadas em pacientes que sofriam de diversas patologias.

Em 1976, após uma série de estudos experimentais, SELYE observou reações

específicas ao estresse, tanto na dimensão orgânica quanto na psicossocial, identificando

três estágios ou fases de graduação do estresse emocional (fase de alerta, fase de resistência

e fase de exaustão). Segundo o autor, os sintomas presentes na fase de alerta referem-se ao

preparo fisico e mental inerente ao homem para a preservação da vida (taquicardia, dor de

cabeça, hiper ou hipotensão arterial, sudorese, sensação de esgotamento, irritabilidade,

insônia, distúrbios gastrointestinais e tensão muscular constante). Contudo, segundo o

autor, se o agente estressor continuar presente por tempo indeterminado, o estresse pode

progredir para a fase de resistência. Nessa segunda fase, os sintomas mais freqüentes

relacionam-se a mecanismos adaptativos a agentes estressores, são eles: nervosismo, medo,

queda de cabelo, dificuldade com a memória, isolamento social, herpes simples e ranger de

dentes. Com a falha de tais mecanismos, como conseqüência de estímulos estressantes

pennanentes e excessivos, o processo do estresse pode evoluir para a fase de exaustão.

Nessa fase há um aumento das estruturas linfáticas, normalmente ocorre exaustão

psicológica em forma de depressão e manifesta-se a exaustão fisica, tornando o organismo

suscetível a disfunções e doenças mais sérias, podendo inclusive resultar em morte.

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Segundo GIRDANO & EVERLY (1979), qualquer situação geradora de

estado emocional intenso que leve à quebra da homeostase interna e exija uma adaptação

pode ser chamada de estressara (fonte de estresse). Os autores dividiram os estressares em

três classes: 1) causas psicossociais: adaptação, frustração, sobrecarga e privação; 2) causas

bioecológicas: ritmos biológicos, hábitos nutricionais e ruídos excessivos; e 3) causas

relacionadas à personalidade, tais como auto-conceito, padrões de comportamento e

ansiedade excessiva.

KROES & GOULD (1979) realizaram um estudo, utilizando entrevistas, com

policiais no desempenho de atividades rotineiras de seu trabalho e identificaram diferentes

fontes de estresse (estressares) no cotidiano da polícia. Surpreendentemente, descobriram

que os policiais consideravam os aspectos administrativos e burocráticos tão estressantes

quanto os perigos inerentes ao trabalho.

Em 1981, SPIELBERGER et al realizaram um levantamento do estresse e

suas fontes geradoras em policiais militares. Os autores concluíram que a natureza do

trabalho e a natureza da organização da polícia são as principais fontes de estresse do

policial. Afirmam que os policiais estão entre os profissionais que mais sofrem de estresse

devido à sua atividade. Os três eventos considerados pelos policiais como os de mais alta

classificação de estresse foram: a) colega policial morto no cumprimento do dever; b) matar

alguém no cumprimento do dever; e c) exposição a crianças espancadas ou mortas.

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Ainda em 1981, o estresse foi definido por EVERLY & ROSENFELD como

uma reação psicológica, com componentes emocionais, fisicos, mentais e químicos, a

determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa, ou

mesmo que a levem a um estado de intensa alegria. Segundo os autores, uma importante

característica do estresse é sua uniformidade e inespecificidade. Isto é, a preparação do

organismo será idêntica para qualquer tipo de ameaça ou agressão, independentemente do

evento ser positivo ou negativo ou do grau de perigo que apresente. Acrescentam ainda que

a ocorrência do estresse não requer necessariamente que haja perigo real, mas apenas uma

súbita mudança ou ameaça de mudança no estado de equilíbrio. O estresse positivo

(chamado de eustresse) assim como o negativo (chamado de distresse) podem causar

reações bioquímicas similares, porém as reações emocionais são bastante diferentes, uma

vez que o eustresse motiva e estimula a pessoa a lidar com a situação, ao passo que o

distresse acovarda o indivíduo, fazendo com que se intimide e fuja.

Segundo PERLAN & HARTMAN (1982), no contexto do estresse do policial,

é importante mencionar um tipo específico de estresse, o "burn-ouf', considerado pelo

autor como uma reação ao estresse crônico de profissionais cuja atividade exija um alto

grau de contato com pessoas e que tenham dificuldades em lidar com o estresse em

situações interpessoais. Esse tipo de estresse produz exaustão fisica, psíquica e emocional

em decorrência da má adaptação do indivíduo a um trabalho prolongado, altamente

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estressante e com grande carga tensional, acompanhado de sentimento de frustração em

relação a si e ao trabalho.

Em 1984, LIPP enfatiza que, nenhuma doença ou condição, produz uma

interação tão grande entre corpo e mente como o estresse. A reação hormonal, que é parte

da "resposta do estresse", desencadeia não só uma série de modificações fisicas como

também produz reações em nível emocional. Estas reações estão tão interligadas com

mudanças fisicas que muitas vezes problemas fisiológicos têm origem em fatores

psicológicos e vice-versa. Na área emocional, o estresse pode produzir apatia, ansiedade,

depressão, dificuldades interpessoais, inabilidade de relaxar, tédio, ira e angústia. Essas

reações psicológicas ao estresse podem resultar em diversos problemas fisicos, tais corno:

aumento da sudorese, taquicardia, distúrbios dermatológicos e gastrointestinais, tensão

muscular e apertamento ou ranger de dentes. Esses sintomas, quando são realmente parte

do quadro de estresse, desaparecem com a redução do mesmo para níveis toleráveis seja

por meio pessoais seja por meio de tratamento de controle do estresse. A compreensão cada

vez maior sobre as implicações do estresse excessivo na patogênese de inúmeras doenças

tem levado ao interesse, não só de elaborar terapias para o controle do estresse, mas

também de promoção de programas de prevenção.

Segundo CAREY (1992), para a ocorrência de estresse é irrelevante se o agente

agressor ou a situação enfrentada é agradável ou desagradável, pois o organísmo sempre

responde a essa demanda de maneira estereotipada (inespecificidade do estresse). O autor

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enfatiza como aspecto mais importante a intensidade da demanda por ajuste ou adaptação

ao estresse e, principalmente, o modo como o indivíduo responde a essa demanda.

Acrescenta ainda que essa resposta ao estresse emocional é altamente indivídual e variável,

o que faz com que alguns indivíduos tomem-se muito mais produtivos na presença do

estresse, enquanto outros possam até mesmo desenvolver doenças psicossomáticas e

distúrbios emocionais (dentre os quais estão a DTM e o bruxismo ). O autor acredita

também que o estresse emocional pode promover hiperativídade muscular e hábitos

parafuncionais como uma válvula de escape, de tal maneira que o estresse sozinho poderia

causar toda a sintomatologia da disfunção, independentemente do tipo de oclusão do

paciente.

Para BLALOCK (1994), a resposta do estresse deve ser entendida como sendo

um processo e não uma reação estanque e independente, pois no momento em que ela se

inicia, um longo processo bioquímico se instala. Independentemente da causa da tensão, o

seu inicio ocorre de modo bastante semelhante em todas as pessoas, com o aparecimento de

taquicardia, sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca e sensação de alerta. Só quando

o processo está mais avançado é que as diferenças se manifestam, de acordo com a herança

genética do indivíduo, combinada com pontos de enfraquecimento desenvolvídos no

decorrer da vída; ou seja, nem todos os indivíduos quando submetidos às mesmas

circunstãncias "responderão" da mesma forma aos agentes estressares.

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Sintomas musculares e esqueléticos em diferentes regiões do orgamsmo,

situações de estresse emocional decorrente de exigências psicológicas no trabalho e

distúrbios do sono foram pesquisados por HAGBERG et al, em 1994, através de um

estudo comparativo entre dois grupos: grupo 1 - estudantes da escola de música da cidade

de Estocolmo-Suécia (86 mulheres e 88 homens); e grupo 2 - pacientes com DTM (auto­

relato de apertamento ou ranger de dentes) que atuavam em diversas profissões (secretária,

executivo, economista, enfermeira, balconista), sendo 56 mulheres e 24 homens, com faixa

etária entre 20 e 68 anos. Todos os pacientes foram submetidos a um questionário de

múltipla escolha com questões referentes a: 1) desconforto ou dor musculoesquelética em

diferentes partes do corpo durante os últimos 12 meses; 2) questões psicossociais relatando

a situação do trabalho (como descrito por Karasek & Theorell); e 3) questões relativas a

distúrbios do sono. As questões relacionadas a desconforto ou dor no sistema

estomatognático foram aplicadas somente em pacientes com DTM, uma vez que a pesquisa

em músicos (grupo 1) tinha sido realizada anteriormente. Os resultados desse estudo

indicaram que em relação à prevalência de sintomas musculoesqueléticos não houve

diferença entre o grupo de pacientes com DTM e o grupo 1. No entanto, os pacientes do

sexo masculino com DTM apresentaram escores significativamente maiores em relação à

demanda psicológica no trabalho e distúrbios do sono quando foram comparados aos

escores dos estudantes do sexo masculino do grupo 1. Os autores acreditam que o grupo de

pacientes com DTM foi mais afetado pelo estresse relacionado ao trabalho que o grupo 1,

embora não se possa estabelecer uma relação de causa e efeito. Concluem, desse modo, que

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no tratamento de pacientes com DTM os estressores mentais devem sempre ser

considerados.

Em 1996, ROMANO realizou um estudo para identificar as fontes de estresse

ocupacional e verificar o nível de tensão que os policiais atribuem a essas fontes. Foi

utilizada uma versão modificada do Formulário Preliminar de Levantamento do Estresse na

Policia, de Spielberger et a!. (1981), em 153 soldados da Polícia Militar, com 2 a 5 anos de

exercício da profissão, lotados nas cidades de Campinas, Americana e Santa Bárbara

D'Oeste, em São Paulo. Os resultados desse estudo revelaram que as fontes de estresse

estão relacionadas a dois grandes grupos: a natureza do trabalho e a natureza da

organízação da polícia. A autora observou também que 75% dos eventos pesquisados foram

classificados pelos próprios policiais como "muito estressantes" ou "estressantes". Os

eventos relacionados ao sofrimento alheio, ao sentimento de desvalorização na profissão e à

ineficiência do sistema carcerário foram considerados como mais estressantes do que os

eventos relacionados às situações tipicamente perigosas. A autora enfatiza que os resultados

desse estudo no policial brasileiro foram semelhantes aos resultados do estudo em policiais

americanos (Spielberger et a!., 1981), diferindo-se, no entanto, no aspecto referente à

classificação dos eventos mais estressantes, dada pelo próprio policial. Assim, eventos

como "dificuldade ou falta de assistência médica" e "receber salário insuficiente" foram

classificados como muito estressantes apenas pelos policiais brasileiros, denotando a maior

precariedade de suas condições de trabalho.

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SEGER, em 2002, chama a atenção para a necessidade de atendimento

multidisciplinar para avaliar em que grau a ansiedade, o estresse e os conflitos emocionais

interferem no bruxismo e na DTM. Propõe que seja avaliada a forma como o paciente se

relaciona com sua realidade, quais suas percepções sobre esta, qual sua capacidade de

suportar frustrações, se há autocontrole e como ele sente e percebe sua doença. Assim, o

psicólogo deve ter em mente que existe um dano fisico, independente dos problemas

emocionais e que, portanto, o tratamento deve ser integrado com o cirurgião-dentista. Este,

por sua vez, deve lembrar que por trás do dano físico pode haver um problema emocional

interferindo e agravando a parafunção, o que exigiria a intervenção ou abordagem

multidisciplinar.

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3. PROPOSIÇÃO

Levando-se em consideração os relatos da literatura específica, foi propósito

desta pesquisa:

I. Verificar a prevalência de bruxismo em policiais militares;

2. Verificar a prevalência de estresse emocional em policiais militares;

3. Avaliar a associação entre bruxismo e estresse emocional; e

4. Avaliar a associação entre bruxismo e/ou estresse emocional e atividade

funcional desenvolvida pelo policial.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Seleção dos Voluntários

Para a realização do trabalho foram selecionados voluntários do sexo

masculino, independente de cor ou raça, com idade entre 20 a 51 anos (média de 35,5

anos), pertencentes ao Comando de Policiamento do Interior-2, da Polícia Militar do Estado

de São Paulo, na cidade de Campinas - SP. Foram examinados 700 policiais militares, dos

quais 394 foram selecionados para fazer parte deste estudo, segundo os seguintes critérios

de inclusão:

pertencentes ao grupo de policiais da ativa;

dentados, com presença de no mínimo 26 dentes na cavidade bucal,

incluindo terceiros molares (JOHANSSON et al., 1993; KAMPE et

a/.,1997);

ausência de utilização de placa oclusal nos últimos 12 meses (IKEDA et

a/.,1996); e

boa saúde geral.

Indivíduos com ausência de suporte dental posterior, portadores de dentes

decíduos, próteses totais ou parciais removíveis, aqueles que realizaram algum tipo de

tratamento irreversível para disfunção temporomandibular e os portadores de distúrbios

psiquiátricos ou neurológicos, já diagnosticados e relatados durante anamnese, foram

excluídos deste estudo (LA VIGNE et a/.,1996).

Todos os voluntários foram convidados e concordaram em participar da

pesquisa, tendo assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1)

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aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa desta Faculdade (protocolo n° 088/2001 -

Anexo 2). Os policiais voluntários, após o término da pesquisa, foram informados do

resultado do diagnóstico e encaminhados, quando necessário, para tratamento na

Associação de Cabos e Soldados ou na Associação de Subtenentes e Sargentos da Polícia

Militar do Estado de São Paulo-Regional Campinas, conforme acordo firmado entre a

pesquisadora e tais instituições. Foi ministrado aos cirurgiões-dentistas da polícia milítar e

aos cirurgiões-dentistas das associações citadas curso de qualificação para diagnóstico

precoce e controle do bruxismo, com intuito de minimizar os efeitos nocivos causados por

essa patologia à saúde dos policiais e possibilitar a extensão da prevenção (diagnóstico e

controle do bruxismo) aos policiais que não fizeram parte da pesquisa.

Os voluntários selecionados foram então submetidos à avaliação psicológica

para obtenção do diagnóstico de estresse e a exame clínico, por um pesquisador calibrado.

4. 2 Avaliação Psicológica

A avaliação psicológica foi realizada para a obtenção do diagnóstico de

estresse. Para tanto, foi utilizado um questionário validado, Inventário de Sintomas do

Stress- ISS (LIPP & GUEV ARA, 1994, Anexo 3), que se constitui em um questionário que

permite identificar a presença ou ausência de estresse através da sintomatologia somática e

psicológica que o paciente apresenta. Identificada a presença de estresse, o Inventário

permite ainda verificar a sua severidade através de um modelo trifásico, classificado em:

fase de alerta, fase de resistência e fase de exaustão.

O ISS inclui 37 ítens de natureza somática e 19 de natureza psicológica, sendo

composto de três quadros de questões que se referem, respectivamente, às três fases do 52

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estresse (alerta, resistência e exaustão}, classificadas a partir da relação entre a

sintomatologia e o tempo de presença dos sintomas.

O primeiro quadro, referente à fase de alerta, é composto de questões

relacionadas a doze sintomas físicos e três psicológicos que o voluntário tenha

experimentado nas últimas 24 horas. Tais sintomas referem-se a uma reação de alerta do

organismo ao se confrontar com o agente estressor. O segundo quadro, referente à fase de

resistência, é composto de questões sobre dez sintomas físicos e cinco psicológicos

experimentados pelo voluntário na última semana. Nessa fase, devido à sua tendência de

procurar a homeostase interna, o corpo tenta uma adaptação à situação de estresse. As

reações neste momento são opostas àquelas que surgem na fase de alerta e muitos dos

sintomas iniciais desaparecem, fornecendo ao individuo uma falsa sensação de melhora. O

terceiro quadro refere-se à fase de exaustão e é composto de questionamentos sobre 12

sintomas físicos e 11 psicológicos experimentados pelo voluntário no último mês. Essa fase

se manifesta devido à falha dos mecanismos adaptativos a estímulos estressantes

permanentes e excessivos (LIPP & GUEV ARA, 1994).

Como existe a possibilidade do respondente apresentar alguns itens em cada

fase e, mesmo assim, não apresentar estresse, o diagnóstico de estresse, no ISS, tem como

base a presença de um quadro sintomàtico composto por vários itens que se prolongam por

um período de tempo, ou seja, é necessário mostrar um número de sintomas acima do

escore critico para cada fase. Desse modo, para o diagnóstico de estresse, os resultados

brutos das respostas psicológicas e físicas encontrados nos quadros 1, 2 e 3 são analisados

através de tabelas de correção (LIPP & GUEV ARA, 1994}.

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f--'T'eva!énc:a o.e 01"UXIsmo em f-'"oiiCIOIS :v liiíta1"es e s-ua Associação com o +-st.T'esse 1:::mociono.l

O ISS foi aplicado em grupo, onde cada voluntário recebeu o inventário dentro

de um envelope codificado tendo sido informado sobre seu conteúdo e sobre a necessidade

de que todas as questões fossem respondidas com atenção e sinceridade. O examinador

inicialmente leu e explicou cada item frisando o período de tempo a que cada quadro do

teste se referia (24 horas para o quadro I, uma semana para o quadro 2 e um mês para o

quadro 3) para que, em seguida, cada voluntário assinalasse as respostas. Após a resolução

do questionário, cada voluntário retomou o mesmo ao envelope, lacrando-o e entregando-o

ao pesquisador.

4. 3 Anamnese e Exame Clínico

Para a ananmese foi utilizada uma ficha clínica composta por dados de

identificação do paciente e presença de sinais e sintomas subjetivos de bruxismo, tais como,

desconforto nos músculos mastigatóríos ao despertar, auto-relato de ranger de dentes

durante o sono e/ou vigília, presença de ruídos característicos de ranger de dentes

(observados pelo próprio paciente ou por familiares) e presença de dor de cabeça na região

das têmporas. Nesse momento, verificou-se também a atividade funcional desenvolvida

atualmente pelo policial na corporação. Na Polícia Militar, a atividade funcional é

classificada em duas categorias: atividades administrativas e atividades operacionais. Os

policiais lotados em funções administrativas realizam serviços de telecomunicações,

formação e instrução, manutenção do quartel, saúde, banda de música e atividades

burocráticas. As atividades operacionais correspondem a: policiamento rodoviário e

florestal, patrulhamento de rua, policiamento de penitenciárias, força tática, pelotão de

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choque e Central de Operações da Polícia Militar (COPOM). Na polícia militar, a atividade

funcional está sujeita a constante mobilidade. Desse modo, o policial militar pode a

qualquer momento ser deslocado temporariamente ou em definitivo da função operacional

para a função administrativa e vice-versa. Alguns dos fatores que promovem essa

constante mobilidade são: recebimento de sanção disciplinar, impossibilidade física ou

psicológica do policial exercer a função operacional (sendo, portanto, deslocado para

atividade administrativa) e determinação do comando da polícia militar de disponibilizar

maior efetivo de policiais nas ruas (deslocando policiais de atividades administrativas para

operacionais). Por conta disso, para que fosse possível verificar a influencia entre a variável

(bruxismo ou estresse) e o exercício da atividade funcional, considerou-se nesse estudo que

para a classificação do policial em determinada função seria necessário constatar sua

presença (ao tempo da pesquisa) por no minimo seis meses na atividade atual. Assim, os

policiais lotados em qualquer uma das funções a menos de seis meses foram excluídos da

amostra.

O exame clínico extra-oral foi realizado com o paciente sentado na cadeira

odontológica, sendo avaliados os músculos masseter superficial e temporal anterior direito

e esquerdo, através de palpação. Antes deste procedimento, os voluntários foram instruidos

a diferenciar sensação de pressão da sensação de dor. A resposta obtida foi considerada

positiva se apalpação causasse uma reação clara no paciente ao estímulo doloroso: resposta

palpebral, seguida da indicação verbal do paciente que "dói". Qualquer resposta duvidosa

fornecida pelo paciente foi considerada como resposta negativa.

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Durante o exame intra-oral foi verificado, através da observação direta, a

presença de facetas de desgaste em esmalte e/ou dentina na face incisal dos dentes

anteriores e região oclusal dos dentes posteriores (RUGH & HARLAN, 1988; HUGOSON

etal., 1988; ATTANASIO, 1997; SILVA, etal., 1997; VANDERAS, eta/.,1999). Uma

vez observada a presença de facetas de desgaste (Figura 1 ), foi necessário distinguir entre o

padrão de desgaste causado pela atrição fisiológica durante a mastigação normal daquele

causado pelo ranger de dentes durante o bruxismo. Desse modo, solicitou-se ao paciente

que posicionasse a mandíbula lateralmente e protrusivamente para verificação do

alinhamento das mesmas, posto que a mastigação normal reflete padrão de desgaste

caracterizado por facetas em dentes antagônicos que não se alinham. Enquanto que as

facetas de desgaste apresentadas por pacientes bruxistas caracterizam-se pelo alinhamento

com os dentes antagonistas (figuras 2 e 3), (RUGH & HARLAN, 1988; ATTANASIO,

1997; SILVA, etal., 1997).

Quando constatado o alinhamento das facetas foi avaliado o grau de desgaste

das mesmas através da Escala Ordinal de Severidade do Desgaste Oclusal (JOHANSSON

et al., 1993; PIGNO et al., 2001), onde para cada dente foi atribuído um escore de O a 3; no

qual: O = nenhum ou insignificante desgaste em esmalte (morfologia incisal/oclusal

intacta); 1 = marcadas facetas de desgaste em esmalte (morfologia incisal/oclusal alterada);

2 = desgaste em dentina (dentina exposta na incisal/oclusal ou superficie adjacente do

dente; morfologia incisal/oclusal alterada na forma, com redução na altura da coroa); e 3 =

extenso desgaste em dentina (grande área de dentina exposta na incisal/oclusal ou

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em com o

superficie adjacente do dente; morfologia incisal/oclusal totalmente perdida localizada

ou generalizada; substancial perda da altura da coroa).

Os voluntários foram então classificados como bruxistas de acordo com o

seguinte critério (adaptação dos critérios adotados por RUGH & HARLAN, 1988;

LAVIGNE et al., 1996; ATTANASIO, 1997 e VANDERAS et al.,1999): presença

generalizada ou localizada (dentes anteriores ou posteriores) de facetas alinhadas com

desgaste grau 1, 2 ou 3 da escala ordinal de grau e severidade do desgaste. Além disso, foi

necessária a presença atual de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas de

bruxismo: auto-relato de ranger de dentes durante o sono e/ou vigília; sensibilidade

dolorosa à palpação nos músculos mastigatórios masseter e/ou temporal; desconforto na

musculatura mandibular ao despertar; e/ou hipertrofia do músculo masseter.

Figura 1. Facetas de desgaste na região anterior

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em

Figura 2. Realização de movimento de lateralidade direita

4. 4- Estatística Descritiva

com o

Figura 3. Alinhamento das facetas de desgaste em movimento de lateralidade direita

A análise estatística foi realizada através do cruzamento dos dados referentes a

2 fatores (bruxismo e estresse), com especial atenção ao bruxismo. Assim, buscou-se

verificar a prevalência de bruxismo, a prevalência de estresse, comparação da prevalência

de bruxismo em policiais com e sem estresse e a comparação da prevalência de estresse em

policiais com e sem bruxismo. A relação entre estas variáveis foi avaliada utilizando-se o

teste não paramétrico do "Qui-quadrado" com um nível de significância de 5%.

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P-revalência de 8-ruxi>mo em Policiai> Milita-re> e >ua A>sociaçao com o tstT'esse tmocional

5. RESULTADOS

UNICAMP BIBLIOTECA CENTRAL SEÇÃO CIRCULANTE

Neste capítulo são apresentados os resultados estatísticos, em forma de gráficos

e tabelas, de acordo com a seguinte disposição:

5.1 - Prevalência de bruxismo e de estresse em policias militares;

5.2 - Associação entre bruxismo e estresse;

5.3 -Freqüência e Associação das variáveis bruxismo e estresse

(separadamente) em relação às atividades funcionais; e

5.4 - Associação entre bruxismo e estresse em cada uma das atividades

funcionais.

5.1 Prevalência de bruxismo e prevalência de estresse em policiais militares

A prevalência de bruxismo nos 3 94 policiais militares selecionados foi de

50,25% (198 policiais) - conforme Tabela 1 - com intervalo de confiança de 95%, com

limite inferior de 45,32% e superior de 55,19%. Isto é, considerando-se o valor real de

prevalência de bruxismo (desconhecido), existe uma probabilidade de 95% de que este

valor verdadeiro esteja no intervalo entre 45,32% e 55,19%.

Tabela 1. Prevalência de bruxismo em 394 policiais militares

Ausência de Bruxismo

Presença de Bruxismo

Total

59

Freqüência

196

198

394

%

49,75

50,25

100,0

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Quanto à prevalência do estresse, verifica-se, através da Tabela 2, um índice de

45,69% (180 policiais), com intervalo de confiança de 95%, no intervalo entre 40,77% e

50,60%.

Tabela 2. Prevalência de estresse em 394 policiais militares

Ausência de Estresse

Presença de Estresse

Total

5.2 Associação entre bruxismo e estresse

Freqüência

214

180

394

%

54,31

45,69

100,0

A freqüência relativa de bruxismo e de estresse em 3 94 policiais militares

(demostrada no Gráfico 1) revelou que, 31,5% (124) dos policiais não apresentaram nem

bruxismo nem estresse (grupo A); 18,3 % (72) dos policiais apresentaram somente estresse

(grupo B); 22,8% (90) dos policiais apresentaram somente bruxismo (grupo C); e 27,4%

(108) dos policiais apresentaram bruxismo e estresse (grupo D). Através desses resultados

observou-se que dentre os policiais que apresentaram algum sinal ou sintoma de bruxismo

e/ou de estresse, o maior grupo foi o de policiais que apresentavam tanto bruxismo como

estresse (grupo D).

60

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35

A Sem Bruxismo Sem Estresse

B Somente Estresse

c Somente Bruxismo

com o

D Bruxismo

e Estresse

Gráfico 1. Distribuição percentual da freqüência de bruxismo e de estresse em 394 policiais militares.

Utilizando-se o teste não paramétrica do Qui-quadrado, a análise estatística

indicou haver uma associação entre bruxismo e estresse, com p valor= 0,0004 (Tabela 3).

Tabela 3. Associação entre bruxismo e estresse em 394 policiais militares

Ausência de Estresse Presença de Estresse Total

Ausência de Bruxismo 124 72 196

Presença de Bruxismo 90 108 198

Total 214 180 394 Qui-quadrado= 12,592; g.l. = 1; P-Valor = 0,0004

61

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A partir da Tabela 3 (página anterior), foi realizada a distribuição percentual de

bruxismo em policiais sem estresse e em policiais com estresse (Gráfico 2). Isso foi feito

através da divisão do total de policiais selecionados (394) em dois grandes grupos: grupo

A, contendo apenas policiais sem estresse (214); e grupo B, contendo apenas os policiais

com estresse (180). Os resultados indicaram que no grupo de pacientes sem estresse (214) a

presença de bruxismo foi de 42,1% (90), enquanto que, no grupo de pacientes com estresse

(180), o percentual de pacientes diagnosticados como bruxistas elevou-se para 60,0% (1 08).

70

• Bruxista 60

JJil rn Não-bruxista <l) .... 50 o:l

~ ~ rn 40 ~§ ~ o

P-< 30 <l)

"' '$..

20

10

o

Gráfico 2. Distribuição percentual da freqüência de bruxismo em policiais sem estresse (A) e com estresse (B).

62

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em

A partir também da Tabela 3, foi realizada a distribuição percentual de estresse

em policiais não-bruxistas e em policiais bruxistas (Gráfico 3). Isso foi feito através da

divisão do total de policiais selecionados (394) em dois grandes grupos: grupo A, contendo

apenas policiais não-bruxistas (196); e grupo B, contendo apenas os policiais bruxistas

(198). Os resultados obtidos indicaram que no grupo de pacientes não-bruxistas (196),

36,7% (72) apresentaram estresse; enquanto que no grupo de pacientes bruxistas (198), o

percentual de pacientes que apresentaram estresse elevou-se para 54,5% (108) .

r/l <l) ..... ctí

;§ ~ 4 r/l

·a :§ 3 õ p...

<l)

""d

~

A - N ão-bruxista (196)

B- Bruxista (198)

• Com estresse

~ Sem estresse

Gráfico 3. Distribuição percentual da freqüência de estresse em policiais não-bruxistas (A) e bruxistas (B).

63

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5.3 Freqüência e Associação das variáveis bruxismo e estresse em relação às

atividades funcionais

5.3.1 Freqüência e Associação do bruxismo em relação às atividades funcionais

Analisando-se a Tabela 4 e o Gráfico 4, pode-se constatar que, dos 114 policiais

que desenvolviam atividade administrativa, 48,2% (55) apresentaram bruxismo; enquanto

que, do grupo de 280 policiais que desenvolviam atividade operacional, 51,1% (143) foram

diagnosticados como bruxistas. Desse modo, verificou-se não haver diferença

estatisticamente significante (p=0,611) na ocorrência de bruxismo entre os tipos de

atividade que o policial desempenhava na Polícia Militar (operacional ou administrativa).

Tabela 4. Associação entre bruxismo e atividade funcional

Atividade Funcional Administrativa Operacional Total

Ausência de Bruxismo 59 137 196

Presença de Bruxismo 55 143 198

Total 114 280 394 Qui-quadrado= 0,259; g.l. = 1; P-Valor = 0,611

64

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8-ruxismo em e sua com o

60

Bruxista

50 CJJ Não-bruxista (!) .... .. ...... :5 40 ::s "' ·a ..... -~ 30 õ A..

(!)

"O

'Z. 20

o

10

o (114)

Gráfico 4. Distribuição percentual da freqüência de bruxismo de acordo com a

atividade funcional (administrativa ou operacional) do policial.

5.3.2 Freqüência e Associação do estresse em relação às atividades funcionais

Através dos resultados da Tabela 5 e do Gráfico 5 (a seguir), pode-se constatar

que, dos 114 policiais que desenvolviam atividade administrativa, 40,1% (56) apresentaram

estresse; enquanto que, dos 280 policiais que desenvolviam atividade operacional, 44,3%

(124) foram diagnosticados com estresse. Também neste caso, pôde-se verificar que não

houve diferença estatisticamente significante (p=0,382) na prevalência de estresse nos dois

tipos de atividade exercida (operacional ou administrativa).

65

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em

Tabela 5. Associação entre estresse e atividade funcional

Atividade Funcional

Administrativa Operacional Total

Ausência de Estresse 58 156 214

Presença de Estresse 56 124 180

Total 114 280 394 Qui-quadrado= 0,764; g.l. = 1; P-Valor = 0,382

60

Com estresse

"' 50

o> Sem estresse 1-< <:<:!

;E ~ 40

"' ·;; •õ .... - 30 o A.

~ ~ 20

10

o (114)

Gráfico 5. Distribuição percentual da freqüência de estresse em relação à

atividade funcional (administrativa ou operacional) do policial.

66

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5.4 Associação entre bruxismo e estresse nas atividades funcionais

Dentro de cada atividade funcional (administrativa e operacional), buscou-se

relacionar bruxismo e estresse com o objetivo de verificar se haveria alguma alteração na

associação entre estas variáveis de acordo com a atividade exercida pelo policial.

Constatou-se, em ambos os casos, associação entre bruxismo e estresse independentemente

da atividade desenvolvida pelo policial (Tabelas 6 e 7, abaixo).

Assim, na Tabela 6, verifica-se que houve associação significante entre

bruxismo e estresse (p=0,026) no grupo dos policiais militares administrativos (114).

Tabela 6. Associação entre bruxismo e estresse em policiais militares administrativos

Ausência de Estresse Presença de Estresse Total Ausência de Bruxismo 37 22 59

Presença de Bruxismo 23 32 55

Total 60 54 114 Qui-quadrado= 4,984; g.l. = 1; P-Valor= 0,026

Da mesma forma, na Tabela 7, verifica-se que houve associação significante

entre bruxismo e estresse (p=0,035) no grupo dos policiais militares operacionais (280).

Tabela 7. Associação entre bruxismo e estresse em policiais militares operacionais

Ausência de Estresse Ausência de Bruxismo 87

Presença de Bruxismo 73

Total 160 Qui-quadrado= 4,432; g.l.- 1; P-Valor- 0,035

67

Presença de Estresse Total 50 137

70 143

120 280

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6. DISCUSSÃO

Este estudo analisou a prevalência de estresse emocional, avaliado através do

Inventário de Sintomas de Estresse - ISS e bruxismo, diagnosticado através de aplicação de

questionário e realização de exame clínico.

O diagnóstico de bruxismo pode ser feito através de diversos métodos, como

aplicação de questionários, avaliação de desgaste dental e realização de exames

eletrorniográficos. Ocorre que, qualquer desses métodos, quando utilizado isoladamente,

pode implicar em falhas de sensibilidade e especificidade do diagnóstico. Tem sido

enfatizado que as pesquisas realizadas através unicamente da aplicação de questionários

fornecem prevalência subestimada, pois a eficácia de tal instrumento depende da

conscientização do hábito parafuncional pelo paciente ou da percepção do companheiro de

quarto em ouvir os sons produzidos pela parafimção (SELIGMAN et al., 1988; GA VISH et

al., 2000). Quando o bruxismo é avaliado objetivamente através somente das facetas de

desgaste, não é possível distinguir se tal desgaste é conseqüência de atividade parafimcional

recente ou de atividade parafuncional que porventura tenha ocorrido a mais tempo, já que o

desgaste de dentes no bruxismo é intermitente, ocorrendo sucessão de períodos ativos e

inativos (V ANDERAS et al., 1999). Por sua vez, o exame de eletrorniografia, apesar de

configurar-se como um método bastante preciso para diagnóstico do bruxismo noturno,

apresenta alto custo, é de difícil aplicação e, quando realizado em ambiente hospitalar, tal

ambiente pode modificar o comportamento do bruxismo, pois essa parafunção parece ser

sensível a simples alterações, como mudança do local habitual de dormir, o que inviabiliza

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a sua aplicação em uma amostra mais ampla. Portanto, a obtenção da estimativa real do

bruxismo noturno é extremamente dificil.

Neste estudo, desenvolvemos uma metodologia para o diagnóstico da

parafunção que combinou anamnese (com ficha clínica para identificação da presença de

sinais e sintomas subjetivos de bruxismo ); exame clínico extra-oral (palpação dos músculos

masseter e temporal para avaliação da sensibilidade à dor e lúpertrofia do músculo

masseter); e exame clínico intra-oral (observação direta da presença de facetas de desgaste

caracteristicas do bruxismo). A partir desta metodologia, o diagnóstico de bruxismo recente

foi obtido através da identificação da presença de facetas de desgaste alinhadas em esmalte

e/ou dentina associada à presença, no momento da pesquisa, de pelo menos um dos

seguintes sinais ou sintomas de bruxismo: auto-relato de ranger de dentes durante o sono

e/ou vigilía; sensibilidade dolorosa à palpação nos músculos mastigatórios masseter e/ou

temporal; desconforto na musculatura mandibular ao despertar; e lúpertrofia do músculo

masseter. Por conta disso, os pacientes que apresentaram somente facetas de desgaste sem

presença de pelo menos um dos sinais ou sintomas de bruxismo acima citados foram

considerados como não bruxistas. Isso foi necessàrio uma vez que este é um estudo

transversal em que os dois fatores analisados (bruxismo e estresse) deveriam estar presentes

no momento em que a pesquisa foi realizada para que fosse possível testar a associação

entre eles.

A prevalência de bruxismo encontrada em políciais militares neste estudo,

seguindo-se os critérios acima discutidos, foi de 50,25%; resultado semelhante ao

encontrado por outros autores, como WIGDOROWICZ-MAKOWEROWA et al. (1979),

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i-Jrevalência de ijruxismo em i-Joiícío!s lv!ilit:ares e svo Associação com o i=sh>esse i=mocional

que observaram uma prevalência de 58,7% de bruxismo em policiais militares poloneses na

faixa etária de 20 a 45 anos, avaliados através de exame clínico.

Prevalência inferior de bruxismo durante o sono (8,2%) foi encontrada por

OHAYON et a!. (2001) em pesquisa realizada com 13.057 indivíduos em três diferentes

países, com faíxa etária entre 15 e I 00 anos de idade. No entanto, este resultado pode estar

subestimado, uma vez que foi obtido somente através de auto-relato do paciente sobre o

ranger de dentes.

Outros pesquisadores (SELIGMAN, et a!., 1988; ATTANASIO, 1997)

acreditam que a prevalência real de bruxismo é muito mais elevada, com índices acima de

90%. SELIGMAN et a!. (1988) avaliaram a prevalência da atrição dental (obtida através de

modelos de estudo) e sua associação com auto-relato de bruxismo obtido por questionário

anamnésico em 222 adultos jovens, com idade entre 19 a 40 anos. Os resultados desse

estudo demostraram que a prevalência de bruxismo obtida através de auto-relato (23%) foi

muito inferior àquela obtida através da análise de facetas de desgaste (91,5%). Pode-se

concluir que o diagnóstico de bruxismo obtido através somente da identificação das

presença de facetas de desgaste, sem utilização de outros critérios para confirmação do

mesmo, pode fornecer resultados superestimados, uma vez que nem toda faceta de desgaste

é resultante de atividade parafuncional. Além disso, é necessário fazer distinção entre

facetas de desgaste fisiológicas e facetas de desgaste características de realização de

bruxismo, o que não foi efetuado no referido estudo. Em nosso trabalho, a diferenciação

entre facetas de desgaste fisiológicas e facetas de desgaste causadas pelo ranger de dentes

durante o bruxismo foi obtida através da ocorrência de alinhamento das facetas com os

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dentes antagonistas ( caracteristico do bruxismo ), uma vez que a mastigação normal reflete

padrão de desgaste caracterizado por facetas em dentes antagônicos que não se alinbam

(RUGH & HARLAN, 1988)

Uma possível explicação para resultados tão conflitantes quanto à prevalência

de bruxismo, relacionam-se à falta de homogeneidade entre as amostras, a diferentes

critérios de definição do bruxismo e ao emprego de diferentes metodologias para

identificação da parafunção, em virtude da inexistência de padronização de meios de

diagnóstico.

Embora haja discordância na literatura sobre a prevalência de bruxismo,

concordamos com os estudos que sugerem que o bruxísmo apresenta etiologia multifatorial,

complexa e de dificil interpretação e comprovação (ATTANASIO, 1997; LOBBEZOO &

NAEIJE, 2001).

O papel dos fatores psicológicos na etiologia, perpetuação e tratamento do

bruxismo tem sido amplamente discutido. RUGH & SOLBERG (1976); RUGH &

HARLAN (1988); PINGITORE etal. (1991); KAMPE etal. (1997); e VANDERAS etal.

(1999), acreditam que indivíduos com depressão, ansiedade, medo, frustração e estresse

emocional têm mais predisposição para desenvolver hábito parafuncional de ranger e

apertar os dentes. Dentre esses fatores psicológicos, alguns autores consideram o estresse

emocional como o fator mais comumentemente relacionado ao bruxismo (NADLER, 1957;

RUGH & ROBBINS, 1982; RUGH & HARLAN, 1988; V ANDERAS et a/., 1999).

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O bruxismo também tem sido descrito por muitos pesquisadores como uma

resposta à ansiedade ou ao estresse emocional (NADLER,l957; RUGH & ROBBINS,l982;

OHAYON eta/.,2001).

LIPP (1984) enfatiza que, em muitas situações, reações fisicas refletem reações

psicológicas, mas nenhuma reação provoca a união tão completa entre fatores emocionais e

fisiológicos como a chamada "resposta do estresse". A autora afirma que possíveis efeitos

psicológicos do estresse, como ansiedade, depressão, dificuldades interpessoais e angústia,

podem resultar em uma vasta gama de problemas fisicos, tais como taquicardia, distúrbios

dermatológicos e gastrointestinais, tensão muscular e apertamento ou ranger de dentes.

Tendo em vista que o estresse psicológico pode se manifestar em qualquer

região do organismo (MOULTON, 1966; HAGBERG, et ai., 1994), a razão pela qual as

estruturas bucais, bem como as adjacentes, são selecionadas para esse hábito pode ser

melhor explicada pelos reflexos sobre atividades infantis. Acredita-se que a boca possui

significado emocional intenso, uma vez que na inf'ancia a boca é a primeira fonte de prazer

e de comunicação com o ambiente externo, estando, portanto, intimamente relacionada a

estados emocionais de satisfação, frustração, ansiedade e medo. Tais associações seriam

significativas desde o nascimento, permanecendo durante toda a vida. Por esta razão, os

indivíduos adultos "retomariam" para a cavidade bucal, principalmente durante períodos de

estresse, fumando, ingerindo alimentos excessivamente ou rangendo os dentes (ARNOLD,

1981). Assim, o bruxismo durante o sono tem sido descrito por muitos pesquisadores como

uma resposta encontrada por alguns indivíduos para liberar a ansiedade ou o estresse

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emocional diário (NADLER, 1957; RUGH & ROBBINS, 1982; PINGITORE et a/.,1991;

LIPP, 1984).

Ainda que a literatura reconheça a relação entre fatores psicológicos, dentre eles

o estresse emocional, e bruxismo, não há consenso sobre até que ponto podem estar

associados. No entanto, poucos estudos avaliaram a relação entre bruxismo e estresse

emocional em um grupo específico, supostamente mais exposto ao estresse emocional que

a população em geral. Por esse motivo, este estudo buscou verificar a associação entre

bruxismo e estresse emocional em população composta por policiais militares.

A escolha dos policiais militares como amostra para esta pesquisa deve-se ao

fato de que a atividade cotidiana dos policiais militares, além de envolver riscos constantes

à sua integridade física e à sua própria vida, se dá num meio profissional sujeito a pressões

tanto externas (a própria violência, a cobrança da sociedade) quanto internas (a forte

hierarquia da corporação, a rigida disciplina a que estão submetidos, os horários de trabalho

baseados em turnos que podem ser alterados sem prévio aviso). Todos estes fatores

caracterizam a atividade policial como uma atividade que apresenta todas as condições para

que esses profissionais desenvolvam o estresse emocional (SPIELBERGER et ai., 1981).

A associação entre a presença de bruxismo e estresse emocional encontrada

neste estudo está de acordo com os resultados obtidos por WIGDOROWICZ­

MA.KOWEROWA et ai., 1979; FUNCH & GALE, 1980; e RUGH & ROBBINS, 1982,

que verificaram associação entre a ocorrência de bruxismo e ameaça ou experiência de

estresse emocional. Tais autores sugerem que o estresse da vida tem um importante papel

na freqüência, duração e severidade do bruxismo.

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~1"evalêncio de 8ruxismo em 1-Joliciais Militc::l1"es e sua Associaç:ão com o bstresse -l;mocional

Estudos anteriores em que o estresse emocional diário foi mensurado por meio

da concentração de catecolanúnas presentes na urina também demostraram relação positiva

entre bruxismo (diagnosticado através da atividade eletromiográfica do músculo masseter

ou através de facetas de desgaste) e aumento do estresse emocional (CLARK et al, 1980;

V ANDERAS et al., 1999).

Embora os resultados deste estudo demonstrem que a freqüência de

individuos com bruxismo observada em policiais militares com estresse (60,0%) tenha sido

superior à freqüência desse hábito parafuncional encontrada em policiais sem estresse

(42,1%), (Gráfico 2), tais resultados não sugerem uma relação de causa e efeito entre

estresse e bruxismo, mas sugerem, no entanto, que a chance de uma pessoa da população

estudada, com estresse, apresentar bruxismo é aproximadamente 42,5% maior que a chance

de uma pessoa sem estresse apresentar bruxismo. Resultado semelhante foi observado no

trabalho de OHAYON et al., em 2001, no qual observou-se que distúrbios de ansiedade e

depressivos são mais freqüentes no grupo bruxista (diagnosticados de acordo com os

critérios da ASDA) do que no grupo dos individuos que não relataram ranger de dentes.

Além disso, concluíram que a ansiedade e desordens respiratórias durante o sono

apresentaram-se como os principais fatores de risco do bruxismo nessa população.

Em relação à freqüência de estresse em policiais sem bruxismo comparada à

freqüência de estresse em policiais com bruxismo (Gráfico 3), verificou-se que no grupo de

pacientes não-bruxistas 36,7% apresentaram estresse, enquanto que no grupo de pacientes

bruxistas o percentual de pacientes que apresentaram estresse elevou-se para 54,5%,

indicando um aumento percentual de 48,5% na freqüência do estresse. Esses achados estão

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revalênc1a de tjT'uxismo em f-Joliciais lvlilita-res e sua Associac;são com o tst-resse t-mocionai

de acordo com estudos de HAGBERG et aL, 1994, que, comparando o impacto do estresse

emocional decorrente do trabalho em estudantes de música e em pacientes com desordem

craniomandibular e/ou com auto-relato de apertamento ou ranger de dentes, também

observaram a maior prevalência de estresse emocional decorrente do trabalho em pacientes

com desordem craniomandibular e/ou com auto-relato de apertamento ou ranger de dentes.

No entanto, PIERCE et ai., 1995, acreditam que a relação entre variáveis

psicológicas e a presença de bruxismo é complexa, sendo pouco provável que o auto-relato

de estresse diário seja o maior fator de identificação do comportamento bruxista, tendo em

vista que encontraram relação entre bruxismo noturno e auto-relato de estresse somente em

8 voluntários, de um total de 100 individues pesquisados com idade entre 18 e 72 anos.

Uma possível explicação para esses resultados, divergentes dos do presente estudo, refere­

se á amostra utilizada, pois, na população estudada por esses autores, os individues não são

tão submetidos a fatores estressantes como os voluntários deste trabalho. Ressalva que se

complementa pela verificação de que o diagnóstico de estresse tenha sido obtido através do

auto-relato do paciente, uma vez que os próprios autores sugerem que os pacientes

bruxistas têm uma limitada capacidade de reconhecer quando estão sob acontecimentos

estressantes e/ou tendem a minimizar o impacto pessoal dos eventos estressantes da vida.

Uma vez identificada a associação entre bruxismo e estresse, poder-se-ia inferir

que as variáveis pudessem estar, por sua vez, associadas à função exercida pelo policial

militar. Assim, segundo tal hipótese, policiais que desenvolvessem atividades operacionais

(policiamento rodoviário e florestal, patrulhamento de rua ou de penitenciárias, força tática,

pelotão de choque, entre outros), estando em tese mais expostos a perigos, apresentariam

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mruor prevalência de estresse e de bruxismo que os policiais que exercessem atividade

funcional administrativa (mais burocráticas e menos sujeitas a riscos). Surpreendentemente,

não foi encontrada associação estatística.Inente significante entre estresse emocional e

atividade funcional (Tabela 5) nem tampouco associação entre bruxismo e atividade

funcional (Tabela 4). Uma possível explicação para esse resultado refere-se ás fontes de

estresse do policial militar, que, segundo SPIELBERGER et ai. (1981) e ROMANO (1996),

estão relacionadas a dois grandes grupos: natureza do trabalho e natureza da organização da

polícia. Desse modo, apesar de o policial que desempenha atividade administrativa não

estar tão exposto a pressões externas (agressão e violência fisicas e cobrança da sociedade),

ele está constantemente se defrontando com fortes pressões internas (hierarquia da

corporação erigida disciplina) que podem deflagrar a ocorrência de estresse. Nesse sentido,

segundo KROES & GOULD (1979), os policiais considera.In os aspectos administrativos e

burocráticos tão estressantes quanto os perigos inerentes ao trabalho. ROMANO (1996)

relata que eventos relacionados ao sofrimento alheio, ao sentimento de desvalorização na

profissão e à ineficiência do sistema carcerário fora.In considerados pelos policiais militares

como mais estressantes do que os eventos relacionados às situações tipica.Inente perigosas.

Esta afirmação pode explicar o fato da não ocorrência de diferenças significativas entre a

presença de bruxismo e de estresse em relação às atividades administrativas e operacionais

desenvolvidas pelos policiais.

Outros resultados que ta.Inbém corrobora.In as assertivas dos autores acima

discutidos referem-se à aproximação entre os valores percentuais de estresse encontrados

em policiais administrativos (47,36%) e em policiais operacionais (42,85%) em

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r-revalênc1a de t51"ux:smo em t-Joliciais iv!ilit.a-res e sua Associaçao com o f;stresse +=mocional

comparação com o percentual de estresse encontrado no grupo total dos 394 policiais

militares (45,69%), (Tabela 2). A mesma aproximação foi observada quanto à prevalência

de bruxismo nos policiais militares administrativos (48,24%) e a prevalência de bruxismo

nos policiais operacionais (51,07%) em comparação com o percentual de bruxismo

encontrado no grupo total dos 394 policiais selecionados (50,25%), (Tabela 1).

Provavelmente por conta disso é que, mesmo testando-se a associação entre

bruxismo e estresse separadamente em cada um dos dois grupos de atividade funcional

(administrativa e operacional), constatou-se permanecer, em ambos os casos,

estatisticamente comprovada a maior prevalência de estresse em indivíduos com bruxismo,

tanto entre os policiais administrativos como entre os policiais operacionais, conforme

Tabelas 6 e 7, respectivamente.

Em suma, os achados deste estudo ilustram que a prevalência de bruxismo foi

significativamente maior nos pacientes com estresse em relação à prevalência de bruxismo

em pacientes sem estresse (diferença na prevalência de, aproximadamente, 42,5%). Do

mesmo modo, a prevalência de estresse foi superior em pacientes bruxistas comparada à

prevalência de estresse em pacientes não-bruxistas (diferença na prevalência de,

aproximadamente, 48,5%). Constatou-se também que a função exercida pelo policial na

Polícia Militar não exerceu influência: a) sobre a prevalência de estresse; b) sobre a

prevalência de bruxismo; e c) sobre a associação entre bruxismo e estresse. Desse modo,

parece claro que, pelos resultados deste trabalho e pela literatura revista, os fatores

psicológicos, especialmente o estresse emocional, estão associados ao bruxismo, sejam

como fatores conseqüentes, causadores ou perpetuantes do bruxismo.

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7. CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos e delineamento deste estudo, pode-se

concluir que, para esse grupo específico:

1. A prevalência de bruxismo foi maior em policiais com estresse

independentemente da atividade funcional exercida pelo policial;

2. Os resultados da prevalência sugerem que o bruxismo está associado ao

estresse emocional.

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f-lr>evalência de tj'Y'uxismo em f-Joliciais I"' lilitaT'eS" e sua f-\ssociasão com o i:::sb>ess-e +-mociona!

80

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ANEXOS -------------·---UNiCAMP I

BIBLIOTECA CENTRAL · SEÇÃO CIRCULANTE 1 ANEXO 1. TERMO DE CONSENTIMENTO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA- FOP!UNICAMP

TERMO DE CONSENTIMENTO

Muitas pessoas possuem o hábito de ranger e/ou apertar seus dentes durante o sono,

hábito conhecido como bruxismo. Na maioria das vezes, as pessoas nem se dão conta

disso. No entanto, algumas observam que seus dentes estão desgastados ou que sentem a

face cansada ao acordar. Essa pesquisa será realizada para estudar quantos policiais

militares possuem esse hábito e saber se o hábito de ranger e/ou apertar os dentes ocorre

principalmente quando estão estressados.

O senhor que faz parte do Comando de Policiamento do Interior - 2, da cidade de

Campinas-SP, está sendo convidado a participar desse estudo para sabermos se o senhor

apresenta ou não o bruxismo.

Caso decida participar da nossa pesquisa, entregaremos um questionário contendo

algumas perguntas sobre estresse, o qual deverá ser respondido com o máximo de atenção e

sinceridade. Após isso, realizaremos um exame clínico individual onde faremos algumas

perguntas como, por exemplo, se o senhor sente alguma dor ou cansaço na face. Também

será realizado uma palpação nos músculos da face e um exame nos seus dentes para

observar se estão desgastados.

Não existe nenhum tipo de risco durante a realização da pesquisa. Ainda assim, a

decisão de fazer parte do estudo é individual, ou seja, é livre a sua escolha de participar ou

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não da pesquisa, assim como o senhor é livre para desistir de participar dela a qualquer

momento.

O importante para nós é que a sua participação seja decidida livremente; lembrando

sempre que, a qualquer momento e sem penalização ou constrangimento algum, o

senhor poderá retirar o seu consentimento para utilização dos dados colhidos. Além disso,

em nenhum momento seus superiores terão acesso às informações dos questionários, da

ficha clinica de cada policial ou mesmo de sua desistência em participar, ficando essas

informações em sigilo absoluto. Em caso de dúvida, procurar Dra. Andrea Carvalho,

telefone (Oxx19) 3411-5212.

Eu, certifico

que, tendo lido as informações acima e que estando suficientemente esclarecido sobre todos

os itens da pesquisa pela pesquisadora Andrea Lúcia Almeida de Carvalho e pela Prof! Dra.

Renata Cunha Matheus Rodrigues Garcia (Orientadora), estou plenamente de acordo com a

realização do experimento. Assim, autorizo a execução do trabalho de pesquisa, exposto

. . actma, em llll1Il..

Campinas,_ de _____ de 2001.

Assinatura .. ·_--------------------------

1 !-via : Instituição (Faculdade de Odontologia de Piracicaba- FOP!UNICAMP) 2! via: Voluntário

Em caso de dúvida quanto aos seus direitos, escreva para Comitê de Ética em Pesquisa da FOP-UNICAMP. Endereço: Avenida Limeira, 901 CEP:I3414-900Piracicaba-SP

88

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UNICAMP

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

CERTIFICADO

Certificamos que o Projeto de pesquisa intitulado "Incidência de bruxismo em policiais militares", sob o protocolo n°

088/2001, da Pesquisadora Andrea Lúcia Almeida de Carvalho, sob a responsabilidade da Profa. Dra. Renata Cunha ~atheus Rodrigues Garcia, está de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS, de 10/10/96, tendo sido aprovado pelo Comitê de Etica em Pesquisa- FOP.

Piracicaba, 04 de julho de 2001

We certify that the research project with title "Jncidence of bruxism In military police , protocol n° 088/2001, by

Researcher Andrea Lúcia Almeida de Carvalho, responsibility by Prof. Dr. Renata Cunha Matheus Rodrigues Garcia, is in agreement wlth the Resoiution 196/96 from National Committee of Health/Health Department (BR) and was approved by the Ethical Committee in Resarch at the Piracicaba Dentistry Schooi/UNICAMP (State University of Campinas).

Piracicaba, SP, Brazil, July 04 2001

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P '·In. "'··M, A. c- c- ' 1T'ev~iênc:o oe t:)rux;smo e"'i ;-;oi!C=o::: i i:!;~crres e sua, ssoc:ação com o t::<>f:-resse -::::moc<ona

ANEXO 3. FICHA PSICOLÓGICA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA- FOP/UNICAMP

Ficha Psicológica n° __ Data: I 2001

Nome: _________________ Data de Nasc.: ____ _

Endereço: _________________________ _

Cidade: __________ CEP: ______ Telefone ( ) ____ _

Estado Civil: ___________ Escolaridade:

QUADRO 1

a) Marque com um Fl os sintomas que tem experimentado nas últimas 24

horas

( ) 1. Mãos e pés frios

( ) 2. Boca seca

( ) 3. Nó no estômago

( ) 4. Muito suor (suadeira)

( ) 5. Tensão muscular

( ) 6. Aperto da mandíbula/ ranger de dentes

( ) 7. Diarréia passageira

( ) 8. Insônia (dificuldade de dormir)

( ) 9. Batedeira no coração

( ) 10. Respiração ofegante, rápida

( ) 11. Pressão alta rápida e passageira

( ) 12. Mudança de apetite

b) Marque com um Pl os sintomas que tem experimentado nas últimas 24 horas

( ) 13. Aumento súbito da motivação

( ) 14. Entusiasmo súbito

( ) 15. Vontade de iniciar novos projetos

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QUADRO 2

a) Marque com um F2 os sintomas que tem experimentado na última semana

( ) l. Problemas com a memória

( ) 2. Mal-estar generalizado sem causa específica

( ) 3. Formigamento nos pés e nas mãos

( ) 4. Sensação de desgaste físico constante

( ) 5. Mudança de apetite

( ) 6. Aparecimento de problemas de pele

( ) 7. Pressão alta

( ) 8. Cansaço constante

( ) 9. Aparecimento de úlcera

( ) 10. Tontura I sensação de estar flutuando

b) Marque com um P2 os sintomas que tem experimentado na última semana

( ) ll.sensibilidade emotiva excessiva (estar muito nervoso)

( ) 12. Dúvida quanto a si próprio

( ) 13. Pensar constantemente em um só assunto

( ) 14. lrritabilidade excessiva

( ) 15. Sem vontade de sexo

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QUADRO 3

a)Marque com um F3 os sintomas que tem experimentado no último mês

( ) 1. Diarréia frequente

( ) 2.Dificuldades sexuais

( ) 3. Dificuldade para donnir

( ) 4. Náuseas

( ) 5.Tiques

( ) 6.Pressão alta continuada

( ) 7. Problemas de pele prolongados

( ) 8. Mudança extrema de apetite

( ) 9. Excesso de gases

( ) lO. Tontura freqüente

( ) 11. Úlcera

( ) 12. Enfarte

a) Marque com um P3 os sintomas que tem experimentado no último mês

( ) 13. Impossibilidade de trabalhar

( ) 14. Pesadelos

( ) 15. Sensação de incompetência em todas as áreas

( ) 16. Vontade de fugir de tudo

( ) 17. Apatia, Depressão ou Raiva prolongada

( ) 18. Cansaço excessivo

( ) 19. Pensar I Falar constantemente em um só assunto

( ) 20. Irritação sem causa aparente

( ) 21. Angústia I Ansiedade diária

( ) 22. Muita sensibilidade emotiva

( ) 23. Perda do senso de humor

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I

" i · ' D · n ' · · M'' , /\ · ,--- . ! I ~T'evo.1ênC1o de u'Y'UX!Smo em f--'oHCiO:> ;t:n:o""'es e suo r-\ssoc:o.çao com o ~s1::resse =r-wciona:

ANEXO 4. FICHA CLÍNICA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA- FOPIUNICAMP

Ficha Clínica no Data: I /2001 ---

Nome: _______________ Data de Nasc.:_ / __ /_Idade

Função Atual na Polícia: _________________________ _

( )Operaci o na! ( )Administrativo

L Como está sua saúde geral no momento?

( ) boa ( ) razoáveL Apresentaalgumadoençano momento? Qual, ______ _

2. Está tomando algum remédio no momento?

( )não ( )sim Qual: -----------3. Está fazendo algum acompanhamento psicológico no momento?

( )não ( )sim, na polícia Qual: ----------( )sim, particular Qual: -------------

4. Você consome bebidas alcoólicas?

( ) não ou raro

( ) I a 2 vezes por semana (final de semana)

( ) mais de 3 vezes por semana

( ) todo dia

5. Você range os dentes?

( ) não

acordado ( ) acordado/sono( ) durante o sono( )

( ) sim, eu percebo ou meus familiares percebem

6. Está fazendo algum tipo de acompanhamento para redução do estresse?

( )não ( )sim, na polícia Qual: ___________ _

( )sim, particular Qual: __________ _

7. Você observa se esses episódios de bruxismo coincidem com algum evento de sua vida?

( )não ( ) sim Qual: ____________ _

8. Você observa se seus dentes estão se desgastando ou diminuindo de tamanho?

( )não ( ) sim A quanto tempo: __________ _

9. Você se surpreende apertando ou rangendo os dentes em momentos de tensão?

( ) não ( ) sim Quando: ____________ _

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1 O. Alguém de sua farrú1ia aperta ou range os dentes?

( ) não ( ) sim

11. Você sente dores de cabeça nas têmporas constantemente?

( ) não ( ) sim

12. Você sente desconforto nos músculos da mandíbula ao acordar?

( ) não ( ) sim

EXAME MUSCULAR- SENSIBILIDADE À PALPAÇÃO

13. Apresenta sensibilidade dolorosa no músculo Masseter:

Direito: ( ) não

Esquerdo: ( )não

14. Apresenta sensibilidade dolorosa no músculo Temporal:

Direito: ( ) não

Esquerdo: ( ) não

15. Apresenta hipertrofia no músculo Masseter:

Direito: ( ) não

Esquerdo: ( ) não

AVALIAÇÃO DAS FACETAS DE DESGASTE DENTAL

Escala Ordinal de Severidade do Desgaste Oclusal

(

(

(

(

(

(

) s1m

) sim

) sim

) sim

) sim

) sim

O = nenhum ou insignificante desgaste em esmalte

(morfologia incisal/oclusal intacta)

1 = marcadas facetas de desgaste em esmalte (morfologia

incisalfoclusal alterada) ~~~~~~~00~~~~~~~

' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' '

2 = desgaste em dentina (dentina exposta na incisalloclusal

ou superficie adjacente do dente; morfologia incisalioclusal

alterada na forma com redução na altura da coroa

3 = extenso desgaste em dentina (grande área de dentina

exposta na incisalloclusal ou superficie adjacente do

dente; morfologia incisaVoclusal totalmente perdida

localizada ou generalizada

Diagnóstico:

Bruxísta ( )

w~~wv~~\M

Não Bruxísta ( )

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ANEXO 5. DADOS INDIVIDUAIS DOS 394 POLICIAIS PESQUISADOS

Identificação Idade Atividade Auto-relato Desconforto Sensibilidade Hipertrofia Desgaste Bruxismo Estresse do Paciente funcional de bruxismo muscular muscular muscular octusal

1 38 administrativa sim sim não não sim sim não 2 35 administrativa não não não não não não não 3 45 operacional não não não não não não não 4 24 operacional não não não não não não não 5 34 administrativa sim não sim não sim sim sim

6 29 'operacional sim não não não não não sim

7 26 operacional sim não não não sim sim sim

8 27 administrativa sim não não não sim sim sim

9 28 operacional não não não não não não não 10 33 administrativa não não não não não não sim

11 31 operacional sim i não não não sim sim não 12 44 administrativa não sim não não sim sim sim

13 39 administrativa sim não sim sim sim sim não

14 33 operacional não não não não não não sim

15 39 operacional sim sim sim não sim sim sim

16 44 administrativa não sim não não sim sim sim

17 30 operacional sim não não não sim sim sim

18 29 operacional não não não não não não não 19 41 operacional não não sim não não não não 20 38 operacional não não nao não sim não não 21 24 administrativa sim não sim não sim sim não

22 39 administrativa sim não não não sim sim sim

23 33 operacional sim sim não não não não não 24 45 operacional não sim não não sim sim não 25 46 administrativa não não não não não não não 26 45 administrativa sim não não não sim sim sim 27 40 operacional sim sim não não sim sim sim 28 40 operacional sim não não não sim sim sim

29 26 operacional não não não não não não não 31 27 operacional sim não não não sim sim não 32 40 operacional não não não não não não sim

33 29 operacional sim não sim não sim sim não 34 44 operacional não não não não não não sim

35 37 operacio sim sim sim não sim sim sim

36 36 operacional não não não não sim não não

37 29 operacional não não não não não não não 38 32 operacional sim não não não sim sim não

39 30 operacional não não não não não não não 40 38 operacional não não não não não não não 41 39 operacional não não não não não não não 42 24 administrativa não não não não sim não não 43 38 administnativa sim não nao não sim sim não 44 31 administrativa sim não não não sim sim não

45 37 administrativa não não não não não não não

46 32 administrativa sim não não não sim sim sim 47 33 operacional sim sim não sim sim sim sim

97

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48 31 administrativa sim não sim não sim sim sim 48 30 administrativa não não não não não não sim 51 33 operacional sim não não não sim sim não 52 34 administrativa não não não não não não sim

53 29 operacional sim ' não não não sim sim não 54 33 operacional não não não não não não não 55 35 administrativa não não não não não não não 56 32 administrativa não não não não sim não não 57 44 operacional sim sim sim não sim sim não

58 32 operacional não não não não não não não

59 25 operacional não não não não não não não

60 35 operacional sim não não não não não I sim

61 25 operacional não não não não sim não sim

62 35 administrativa sim não sim não sim sim sim

63 25 operacional sim sim não não sim sim sim

54 33 operacional não sim sim não sim sim sim

65 35 administrativa não sim não não sim sim não

66 42 administrativa não não não não não não sim

67 32 operacional sim não não não sim sim sim

66 29 operacional não não não não não não não 69 30 operacional não não não não não não sim

70 48 administrativa não não não não não não não 71 38 operacional não não não sim sim sim sim

72 30 operacional não não não não não não sim

73 42 administrativa sim não sim não sim sim não

74 42 operacional sim não não não sim sim não

75 31 operacional não não não não não não não

76 38 operacional não não sim não sim sim sim

77 28 administrativa sim não não não não não não 78 33 administrativa não não não não não não não

79 29 administrativa não não não não não não não

80 33 operacional não não não não não não sim 81 40 administrativa não não não não sim não não 82 35 administrativa não sim sim não não não sim

63 39 operacional sim não sim não sim sim não

84 27 operacional não não não não não não sim

85 35 operacional não não não não não não sim

66 25 operacional sim não não não sim sim sim 87 35 administrativa sim não não não sim sim sim 89 28 operacional sim não sim não não não sim

92 22 operacional não não não não não não não 93 32 operacional não não não não não não não

94 39 administrativa não não não não não não não 95 33 operacional sim não não não sim sim sim

96 31 administrativa não não não não não não não

97 37 administrativa sim sim sim não sim sim não

99 26 administrativa sim não sim não sim sim sim

100 34 administrativa não não não não não não não 101 38 operacional não não não não não não não

102 34 administrativa sim não sim não sim sim sim

98

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103 38 administrativa não não não não sim não sim

104 28 operacional sim não sim não sim sim sim

105 25 operacional não não não não não não não 105 29 administrativa sim não não não sim sim não

107 28 administrativa não não não não não não não

108 40 operacional sim não não não sim sim não 110 38 administrativa sim sim sim não sim sim não 111 32 administrativa sim não não não sim sim sim

112 45 operacional não não não não não não sim

113 32 administrativa não I não não não não não não 114 28 operacional sim não não não não não não

115 47 administrativa não não não não não não não

116 41 administrativa não não sim não sim sim não 117 29 operacional não não sim não sim sim não 118 37 administrativa não não sim não sim sim sim

119 38 operacional sim não I não não sim sim não 120 27 administrativa não não não não não não sim

121 37 administrativa não não não não não não não 122 44 operacional não sim sim não sim sim sim

123 38 operacional não não não não não não não

124 31 administrativa não não sim não sim sim sim

125 38 administrativa não não não não não não não 126 42 operacional não sim não não sim sim sim 127 38 administrativa não não não não não não não

128 47 administrativa não não não não não não não

129 25 operacional não não não não não não não 130 31 operacional sim não sim não sim sim sim

131 38 operacional não não não sim não não não

132 32 administratiVa não sim não não não não sim

133 31 administratiVa sim sim não não sim sim sim

134 30 administrativa sim não não não sim sim sim

135 34 operacional sim não não não sim sim não 138 33 operacional não não sim não sim sim não

137 24 operacional sim sim não não sim sim sim

138 26 operacional não não não não não não não

139 29 operacional sim não sim não sim sim sim

140 39 operacional não não não não sim não sim

141 40 operacional não não I não não não não sim

142 33 operacional sim não não não sim sim sim 143 46 administrativa sim não não não sim sim não 144 46 operacional sim sim sim não sim sim sim

145 30 operacional não não não não não não sim

146 35 operacional não não não não não não sim

147 24 operacional não não não não não não não 146 24 administrativa sim não não não não não sim

149 32 administrativa sim não não não sim sim sim

150 29 operacional não não não não não não não

151 33 operacional não não sim não sim sim não 152 24 operacional sim não sim não não não não 153 51 administrativa não não não não não não sim

99

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154 43 administrativa não não não não sim não não

156 36 operacional não não não não não não não

157 27 operacional não não não não não não sim 156 33 operacional sim sim não não sim sim não 159 32 administrativa sim sim sim não sim sim sim

160 33 operacional sim sim não não sim sim não 154 44 operacional não não não não não não não 165 30 operacional não não sim não sim sim não

166 24 administrativa não não sim não sim sim não

167 i 28 operacional não não não sim sim sim sim 168 32 administrativa não não sim não sim sim sim 169 30 operacional não não sim não sim sim não 170 33 operacional não não não não não não sim

171 40 administrativa não não não não não não sim

172 29 administrativa não não não não não não sim

173 33 operacional não não sim não sim sim não

174 31 operacional sim sim sim não sim sim não 175 48 operacional não não não I não não não sim

176 25 operacional não não não não não não sim

177 31 operacional sim não não não não não sim

178 26 operacional não não não não sim não não 179 29 operacional não não não não não não não 160 33 operacional não não não não não não não

181 39 administrativa sim sim não não não não sim

182 37 operacional não não não não não não não 183 30 operacional não não não não não não não 184 39 operacional sim não não não sim sim não 185 33 administrativa não sim não não sim sim sim 168 30 operacional não não não não não I não sim

187 26 administrativa não não sim não não não não

168 36 operacional não não sim não sim sim sim 189 35 operacional sim sim não não sim sim sim 191 34 operacional sim não não não sim sim não 192 51 operacional não não sim não sim sim sim

193 26 operacional não não não sim sim sim sim

194 25 administrativa não não não não não não sim

195 36 administrativa não não não não não não sim

196 21 operacional sim não sim não sim sim não 197 30 operacional sim sim não não sim sim sim

196 36 administrativa não não não não não não não 199 26 operacional sim não não não sim sim não 200 39 operacional não não não sim não não sim

201 29 operacional não não sim não sim sim sim

202 36 operacional não não não não não não não 203 34 operacional não não sim não sim sim sim

204 33 operacional não não não não não não sim

205 34 operacional sim não sim não sim sim sim

205 39 operacional não não não não não não sim 207 60 operacional não não não não não não não 205 32 administrativa não não não não sim não não

100

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209 27 administrativa sim não não não sim sim não 210 35 operacional sim não não não sim sim não 211 30 operacional não não não não não não sim 212 30 administrativa sim não não não sim sim sim

213 37 operacional não não sim sim sim sim sim

214 37 operacional não não não não não não sim 215 33 administrativa sim sim não não sim sim sim

216 26 operacional sim não não não sim sim sim

217 36 operacional sim não não não sim sim sim 218 27 operacional n~o=t não não não não não não

219 28 operacional nao não não não não não não

220 35 administrativa não I não não não não não não 221 37 administrativa não não não não não não não 222 24 operacional não não não não não não não 223 23 operacional não não não não não não não 224 25 operacional sim não não não sim sim não

225 23 administrativa não não não não não não não 226 24 operacional sim não sim não sim sim não

227 30 operacional sim sim não não sim sim sim

228 37 administrativa sim sim não não sim sim sim

229 46 operacional não não não não não não não

230 40 operacional sim não não não sim sim sim

231 46 operacional não não sim não sim sim não

232 35 operacional não não não não não não não

233 46 operacional não não não não não não não

234 42 operacional não sim não não sim sim não 235 39 operacional sim sim sim não sim sim não 236 37 administrativa não não sim não sim sim não

237 46 operacional não não não não não não não

236 36 operacional não não não sim sim sim não 239 22 operacional sim não não não sim sim sim

240 24 operacional sim não não não sim sim sim 241 35 operacional não não não não não não não 242 38 operacional não sím não não sim sim sim 243 44 operacional não não não não não não não

244 27 operacional não não não não não não não 246 25 operacional não não não não não não não 246 46 administrativa sim não não sim sim sim não 247 41 administrativa não não não não não não não 248 33 operacional sim sim sim não sim sim não 249 32 operacional sim não não não sim sim sim 250 36 administrativa sim não não não sim sim não 251 28 operacional sim sim sim não sim sim sim

252 31 operacional não sim não não sim sim não

253 36 operacional sim sim sim não não não sim

254 30 operacional sim não não não sim sim não 255 40 administrativa sim sim não não sim sim sim

258 27 operacional não não não não sim não sim 257 32 operacional sim não não não sim sim não 258 35 operacional não não não não não não não

101

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f---"T'evaiêncla ae 01"UX1smo em f-'OIICiaiS" 1 ·[1l1ta1"es- e s-ua f-\s-mc1ac;õo com o +-s-t-res-s-e tmocional

259 24 administrativa sim não não não sim sim sim

260 23 operacional não não sim não sim sim não 261 30 administrativa sim sim sim não sim sim sim

263 29 operacional sim não não não sim sim sim

264 36 operacional sim sim sim não sim sim não 265 30 operacional não não sim não não não não

266 32 operacional não não não não não não não

267 39 administrativa sim não sim não sim sim sim

268 38 operacional sim sim sim não sim sim sim

269 32 operacional sim não não não I sim sim não

270 23 operacional sim não não não sim sim sim

271 23 operacional sim não não não sim sim não

272 28 operacional não não não não sim não não

273 37 administrativa sim não não I não sim sim sim

274 39 operacional não não não não não não não 275 26 operacional sim sim sim não sim sim sim

276 33 operacional não não não não não não sim

277 42 administrativa não não não não não não não

278 26 operacional não não não não não não não 279 26 operacional não não não não não não não

280 27 operacional não não sim não sim sim não

281 35 operacional não não sim não sim sim sim

282 33 operacional sim não não não sim sim não

283 29 operacional sim não não não sim sim não

284 26 operacional não não não não não não sim

285 27 operacional não não não não não não não

286 27 operacional sim sim não não não não sim

287 35 operacional não não sim não sim sim sim

266 25 operacional não não não não não não não

289 37 operacional não não não não não não não

290 29 operacional não não não não não não não 291 27 operacional sim sim sim não sim sim sim

292 35 operacional não não não não não não não 293 21 operacional sim não sim não não não sim

294 47 administrativa sim sim sim não sim sim sim

295 30 operacional não não sim não sim sim não 295 30 administrativa não não não não não não não

297 25 operacional sim não não não sim sim não 298 47 operacional não não sim não não não sim

298 24 operacional sim não não não sim sim não

300 31 operacional sim não não não sim sim sim 302 20 administrativa não não não não não não não

304 35 administrativa sim não sim não sim sim sim 305 37 operacional sim não não não sim sim sim

306 28 administrativa sim não sim não sim sim sim

307 43 operacional sim não não não sim sim nao 308 36 operacional sim sim não não não não sim 309 47 operacional não sim não não sim sim não 310 26 operacional não não não não não não não 311 27 operacional não não não não não não não

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312 30 operacional não não não não não não não 313 30 operacional não não sim não sim sim sim

314 29 administrativa não sim não não não não sim

315 30 operacional não não não não não não não

316 29 operacional não não não não não não não 318 33 operacional não sim não não sim sim sim

319 40 operacional não não sim não sim sim não 320 38 operacional não não não não não não não 321 26 operacional não não não não I não não sim

322 29 administrativa não não não não não não não 323 38 operacional não sim não não sim sim não 324 24 operacional não não não não não não não

325 28 operacional não não não não não não não 326 32 operacional sim não não não sim sim não 327

' 43 operacional não não sim não sim sim sim

328 33 operacional não não não não não não não

329 24 operacional sim não não não não não não 330 32 operacional não não não não não não sim

331 39 operacional não não não não não não sim

332 47 operacional sim sim não não sim sim sim

333 ' 34 administrativa sím sim não não não não sim

335 26 operacional sim não sim não sim sim sim

338 42 administrativa sim sim sim não sim sim sim

337 34 operacional sim sim não não sim sim não

338 27 operacional não não não não não não sim

338 32 operacional não não não não não não não 340 37 operacional não não não não não não não 341 38 administrativa não não sim não sim sim sim

342 41 operacional não não não não sim não sim

343 26 operacional não não não não não não não 344 41 administrativa sim não não não não não sim

345 32 operacional não não sim não sim sim não

346 33 operacional sim sim não não sim sim sim

347 35 operacional não não não não não não não 346 28 operacional não não não não não não não

349 37 operacional não sim não não slm sim não 350 24 operacional não não não sim sim sim sim

351 31 operacional não não não não não não não 352 34 administrativa não não não não não não não

353 47 operacional não não não não não não sim

354 33 operacional sim sim sim não sim sim sim

356 38 operacional não sim sim não sim sim sim

356 31 operacional sim não sim não sim sim sim

357 23 operacional não não não não não não sim

358 38 operacional sim não não não sim sim sim

359 28 operacional sim sim sim não sim sim sim

380 49 operacional sim não não não sim sim não

381 27 operacional sim não sim não sim sim sim 382 38 operacional sim não sim não sim sim sim

363 51 operacional sim não não não sim sim sim

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364 27 operacional não não sim não sim sim não 365 34 operacional sim não não não sim sim não

366 20 operacional não não não não não não não 367 43 operacional não não não não não não não

368 42 operacional sim não não não sim sim não 369 28 operacional não não sim não sim sim sim 370 25 operacional não não não não não não sim

372 30 operacional não não não não não não sim

373 25 administrativa não não não não não não sim

374 21 operacional sim sim não não sim sim sim

375 40 administrativa não não não não não não não

376 35 operacional não não sim não sim sim não

377 32 operacional não não não não não não sim

378 22 operacional não não não não não não não 379 27 operacional sim não sim não sim sim não 360 39 administrativa não sim não não sim sim não 361 31 operacional não não não não não não sim

362 32 operacional não não não não não não sim

384 36 operacional não não não não não não sim

386 35 operacional não sim não não sim sim não 387 32 operacional não não não não não não não 388 28 operacional não sim não não sim sim não

369 29 administrativa não não sim não não não sim

390 34 operacional não não não não não não não

391 37 operacional sim não sim não sim sim não 392 39 administrativa não não sim não não não não

393 37 operacional não sim não não sim sim sim

394 42 operacional sim não sim não sim sim sim

395 41 operacional sim não não não sim sim não 396 41 operacional sim não sim sim sim sim sim

397 30 operacional não não sim não sim sim não 398 34 operacional sim sim sim não sim sim sim

400 27 operacional não não sim não não não não

401 35 administrativa não não sim não sim sim sim 402 30 operacional não não sim não sim sim não

403 44 administrativa não não sim não sim sim não

404 46 administrativa não não sim não sim sim sim 405 24 operacional sim não sim não não não sim

405 29 operacional sim sim não não sim sim não 407 30 operacional sim não não não sim sim não 408 24 operacional não não não não não não não 409 30 operacional não não não não não não sim

410 36 operacional não não sim não sim sim sim

411 36 operacional sim não não não sim sim não

412 39 administrativa não não não não não não sim 413 36 administrativa não não não sim sim sim não 414 33 operacional não não não não não não não 415 32 admini-tiva não não não não não não não

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~revalência de b'ruxismo em ~olicie1is Milii:orres e sua AssaciClção com o .f;stresse .f';mocional

Al'II'"EXO 6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Tabela 1. Prevalência de Bruxistas

nferior Limite Superior

Tabela 2. Prevalência de Estresse

T b 1 3 A a e a . ssoc1açao entre b

Bruxista O (Não)

1 (Sim)

nferior Limite Superior

ruXlsmo e estresse Estresse

O (não) 124

(106,46) 90

(107,54) 214

0,5519

0,5060

1 (sim) 72

(89,54) 108

(90,46) 180

Qui-Quadrado = 12,592; g.l. = 1; P-Valor = 0,0004

196

198

394

Números em negrito representam valores esperados para a hipótese Ho: não associação entre os fatores.

Tbl 4As a e a . soc1açao entre b . .d d fun . al ruXJsmo e at!VJ a e C!On Atividade Funcional

1 2 Total (administrativo) (operacional)

Bruxismo o 59 137 196 (Não) (56,7) (139,3)

1 55 143 198 (Sim) (57,3) (140,7) Total 114 280 394

Qu~-Quadrado - 0,259; g.l.- 1; P-Valor =0,611 Números em negrito representam valores esperados para a hipótese Ho: não associação entre os fatores.

105

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r-'T'evc:Hencla ae DT'UXJsmo em f-'OIICJCliS ! v lilitaT'eS e sua Associc::::!<$.50 com o i::sb>esse .f:::mocional

Tabela 5. Associação entre estresse e atividade funcional Atividade Funcional

1 2 ~ai

Ilstresse O (Não)

1 (Sim) Total

administrativo 58

(61,9) 56

(52,1) 114

Qui-Quadrado- 0,764; g.l.- 1; F-Valor -0,382

196

180

394

Números em negrito representam valores esperados para a hipótese Ho: não associação entre os fatores.

Tabela 6 Associação entre bruxisrno e atividade funcional administrativa Ilstresse

O (não) 1 (sim) Bruxista O (Não) 37 22 59

(31,05) (27,95) 1 (Sim) 23 32 55

(28,95) (26,05) 60 54 114

Qui-Quadrado= 4,984; g.l. = 1; P-Valor = 0,026 Números em negrito representam valores esperados para a hipótese Ho: não associação entre os fatores.

T b I 7 A a e a . t b ssoctaÇi!O en re . "d d fu . ai ruxtsmo e attVI a e nc10n "na! operac10 Ilstresse

O (não) 1 (sim) Bruxista O (Não) 87 50 137

(78,3) (58,7) 1 (Sim) 73 70 143

(81,7) (61,3) 160 120 280

Qui-Quadrado= 4,432; g.l. = 1; P-Valor = 0,035 Números em negrito representam valores esperados para a hipótese Ho: não associação entre os fatores.

106