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Tema 1 – nome do tema
Projeto Pós-graduação
Curso Enfermagem do trabalho
Disciplina Toxicologia
Tema Toxicologia e Sistema Respiratório
Professor João Luiz Coelho Ribas
Introdução
Você conhece as doenças ocupacionais que afetam o sistema
respiratório? Sabe de que forma o ambiente pode afetar a saúde do
trabalhador?
O sistema respiratório é um dos maiores sistemas em contato direto com
ambiente externo. A poluição ocupacional e ambiental na forma de poeiras,
fumos, vapores e gases tóxicos são grandes fatores de risco para o
desenvolvimento de patologias respiratórias de origem ocupacional.
Por isso, este tema tem como objetivo apresentar as doenças
respiratórias ocupacionais prevalecentes no universo do trabalho e a melhor
forma de evitá-las, ou pelo menos, amenizar seu aparecimento.
Antes de darmos início aos nossos estudos, analise no vídeo 1 no
material on-line os assuntos que serão abordados neste tema.
Problematização
Problemas respiratórios podem estar associados a fatores genéticos,
doenças respiratórias prévias, especialmente na infância, e tabagismo. Esses
fatores podem determinar a qualidade da função respiratória e atuar como
decisivos no desenvolvimento de patologias respiratórias.
Problemas ocupacionais respiratórios também são muito comuns e
saber identificar e tratá-los é essencial.
Como identificar doenças resultantes de ação toxicolológica no sistema
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respiratório?
Veja no vídeo no material on-line uma situação-problema que ilustra
isso.
Bons estudos!
Toxicologia e Sistema Respiratório
Analise no material on-line o que o professor João falará sobre os tipos
de ação toxicológica que afetam o sistema respiratório.
O sistema respiratório permite tanto a absorção quanto a deposição de
elementos presentes no ambiente do trabalho. Associadas a essa questão
estão a alta vascularização e a permeabilidade desse sistema, que facilitam o
processo de adoecimento.
A poluição do ar no ambiente do trabalho associa-se a uma extensa
gama de doenças do trato respiratório, que podem afetar desde o nariz até o
espaço pleural.
Uma característica essencial do nosso sistema respiratório, é que ele
possui muitos mecanismos, que são extremamente eficientes na filtração e no
impedimento de geração de patologias respiratórias, decorrentes dos poluentes
que ocorrem no ar.
Nosso sistema respiratório possui, por exemplo, um sistema de filtração
do nariz (pelos) e do trato respiratório superior (mucosa e cílios vibráteis) que
impedem que partículas grandes entrem em contato com o organismo e
atinjam os pulmões.
Esse sistema, como dito, é muito eficiente e eficaz para partículas
grandes, no entanto, as partículas menores são as mais comumente
encontradas no ambiente de trabalho. Elas ultrapassam essas primeiras
barreiras e chegam ao pulmão, onde podem ser absorvidas (dependendo da
característica físico-química da molécula) ou podem causar danos localizados,
que, em última análise, são piores do que as substâncias absorvidas.
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Quando os pulmões estão expostos a concentrações elevadas de pós,
vapores, fumos de cigarro e/ou poluentes da atmosfera, os mecanismos de
filtração podem ficar sobrecarregados e sofrer danos.
É aí justamente que mora o perigo: uma vez sofrido o dano, é provável
que se desenvolva nos pulmões, além da patologia de base, diferentes tipos de
bactérias e vírus. Isso pode agravar cada vez mais a condição do trabalhador e
até mesmo, atrasar o diagnóstico correto da doença ocupacional. Em
consequência desse atraso, haverá uma piora progressiva na qualidade de
vida e de trabalho desse indivíduo.
De forma geral, pessoas que realizam tarefas em locais cheios de pó,
como mineiros de bauxita e carvão, engenhos de cana de açúcar, de amianto,
indústria química e indústria farmacêutica têm maior possibilidade de contrair
doenças respiratórias que trabalhadores de outras atividades.
Existem alguns tipos de classificação de doenças pulmonares
ocupacionais utilizadas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), elas se classificam em 5 grupos principais:
Fonte: adaptado de http://www.oitbrasil.org.br/
Outra classificação amplamente aceita divide as doenças ocupacionais
pulmonares em agudas e crônicas. Nessa classificação temos as seguintes
doenças mais prevalentes: as agudas e as crônicas.
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AGUDAS
Trato respiratório alto Irritação/Inflamação de cavidades nasais e seios
da face, faringe e laringe, por inalação de gases,
partículas irritantes ou gases tóxicos.
Trato respiratório baixo Asma ocupacional incluindo bissinose e síndrome
de disfunção reativa das vias aéreas
Doenças do parênquima
pulmonar
Pneumonites por hipersensibilidade
Pneumonites tóxicas
Doenças pleurais Derrame pleural
CRÔNICAS
Trato respiratório alto Úlcera do Septo Nasal
Trato respiratório baixo Bronquite Crônica Ocupacional
Enfisema Pulmonar
Limitação Crônica ao Fluxo Aéreo
Doença do parênquima
pulmonar
Silicose
Asbestose
Pneumoconiose dos Trabalhadores do
Carvão
Doenças pleurais Fibrose Pleural (em placa ou difusa)
Carcinoma do trato
respiratório
Adenocarcinoma dos seios da face
Carcinoma Broncogênico
Mesotelioma
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Ações das Substâncias Agressoras
As substâncias agressoras presentes no ambiente do trabalho agem de forma
decisiva na constituição de patologias ocupacionais respiratórias. Elas atuam
no organismo de diferentes formas, de acordo com as suas dimensões e de
suas propriedades químicas.
Os agentes fortemente irritantes como, por exemplo, substâncias
alcalinas, ácidos fortes e sais de cromo e arsênico, agem principalmente nas
narinas e podem provocar inflamação crônica levando até à perfuração do
septo nasal.
Os cromatos, o níquel e as poeiras da madeira são conhecidos no meio
do trabalho por causarem neoplasias das cavidades nasal e paranasais. Os
gases e vapores, as fumaças irritantes e as poeiras pouco finas – 5 µm a 50
µm – atingem os brônquios, provocando bronquites crônicas no trabalhador
exposto a essas substâncias.
Já as substâncias proteicas e os compostos químicos sensibilizam a
mucosa brônquica e potencialmente desenvolvem a asma ocupacional. Além
disso, a exposição contínua a essas substâncias pode agravar gradativamente
o quadro, levando à evolução do enfisema pulmonar e à insuficiência
respiratória e cardíaca, caracterizada especialmente pelo aparecimento da cor
pulmonale crônico.
Os brônquios podem ainda ser agredidos por agentes cancerígenos,
como os asbestos, os cromatos, os gases radioativos e os hidrocarbonetos
policíclicos. Os compostos químicos irritantes e as poeiras de tamanho
inferior a 5 µm alcançam os bronquíolos e provocam um processo
inflamatório. Poeiras de diâmetro entre 0,5 µm e 5 µm, penetram nas paredes
dos bronquíolos, vão até o interstício pulmonar, acumulam-se no tecido
pulmonar, provocam alterações na estrutura e dão origem às pneumoconioses.
Alguns silicatos fibrosos e longos, como o asbesto, tem a capacidade
de penetrar no tecido pulmonar através dos alvéolos e provocar fibrose, que
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devido a sua característica de poder invadir o pulmão. Ele pode chegar até a
pleura, além de levar a um agravamento bastante importante, levando à
neoplasia, chamada caracteristicamente de mesotelioma.
Diferentemente, as exposições agudas a gases, vapores e fumaças
irritantes podem provocar lesões em nível alveolar com edema pulmonar.
Quando essa exposição, ao invés de aguda, é crônica, o que é bem mais
comum no universo do trabalho, tem como característica o desenvolvimento
de distúrbios na ventilação mecânica e nas trocas gasosas.
Outros dois detalhes de importância nesse contexto de agressores
pulmonares presentes no ambiente do trabalho são os antígenos1 produzidos
por fungos e alguns metais2 como o berílio e o cobalto.
Para você observar os principais agressores do aparelho respiratório e
as doenças que provocam, observe a tabela abaixo:
AGRESSORES DOENÇAS
Ácidos fortes, álcalis, sais de
cromo e arsênico
Inflamação crônica, perfuração
Cromatos, níquel carbônico e
algumas madeiras
Neoplasias
Gases, vapores, fumaças irritantes
e poeiras de 5 a 50m
Bronquites, infecções, sensibilização,
enfisema pulmonar, insuficiência
respiratória e cardíaca
Proteínas e compostos químicos Câncer
Asbestos, cromatos, gases
radioativos, hidrocarbonetos
policíclicos
Bronquiolite
Poeiras de tamanho inferior a 5m,
quartzo (sílica), carvão
Pneumoconiose
Antígenos de fungos, berílio,
cobalto
Alveolite alérgica extrínseca, fibrose
pulmonar
1 Antígenos produzidos por fungos podem levar ao desenvolvimento de Alveolite
alérgica extrínseca, que pode inevitavelmente evoluir para fibrose. 2 Metais como o berílio e o cobalto, podem gerar reações imunológicas bastante
importantes do tipo retardado, com lesões que também podem evoluir para a fibrose.
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Silicatos fibrosos (asbesto) Pneumoconiose, neoplasia
Além de todos esses fatores, outros estão presentes determinando o
desenvolvimento das doenças ocupacionais pulmonares. Entre esses outros
fatores podemos citar a eficiência ou não em eliminar a substância inalada,
potencialmente patogênica.
Para observar a eficiência que o organismo tem em eliminar a
substância inalada e a possibilidade de desenvolver doenças, acompanhe o
vídeo no material on-line.
Diagnóstico e Exames Complementares Mais Utilizados
A equipe da enfermagem do trabalho tem um papel importantíssimo nas
questões relativas às doenças ocupacionais: a coleta de dados para detectar
os locais de exposição, indicando a frequência desses e propiciando o
diagnóstico precoce. A chave de um tratamento de sucesso é prevenir o
aparecimento de novos casos.
Em se tratando da anamnese dos sintomas respiratórios, deve-se
levantar dados relativos a:
As provas de função respiratória devem estar em primeiro plano no
diagnóstico precoce das doenças que atingem os brônquios e os pulmões,
como broncopneumopatias tais
como alergias e asbestose.
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O diagnóstico das alergias respiratórias profissionais é outro fator
importante, para fazê-lo, devemos empregar provas cutâneas e uma pesquisa
de anticorpos específicos, para posteriormente demonstrar a existência de
sensibilização, mesmo em trabalhadores que ainda não apresentam
sintomatologia respiratória aparente. Porém, quando é necessário avaliar a
extensão de lesões ou até mesmo a sua localização precisa, faz-se necessário
a utilização de tomografia computadorizada e a ressonância magnética.
Outro ponto em comum é o exame radiológico, que não tem importância
para o diagnóstico precoce das síndromes obstrutivas e do enfisema pulmonar
inicial por serem praticamente invisíveis na radiografia. No entanto, quando
falamos no diagnóstico de pneumoconioses, as radiografias são fundamentais
e, portanto, obtém um poder diagnóstico e de acompanhamento bastante
grande.
Além disso, na anamnese ocupacional, deve-se coletar dados relativos à
profissão e às condições ambientais nas quais ela é exercida.
Medidas de Proteção e Prevenção da Exposição aos Fatores De
Risco
No vídeo do material on-line note como o ambiente é um fator muito
importante a ser analisado para medir os ricos ocupacionais.
Quando falamos em medidas de proteção à saúde, estamos pensando
basicamente na qualidade de vida do trabalhador e na sua proteção do
trabalho e saúde. Entre essas principais orientações que podem ser dadas,
podemos citar:
Substituição de tecnologias de produção por outras com menor risco à
saúde;
Isolamento do agente/substância ou enclausuramento do processo;
• Medidas rigorosas de higiene e segurança do trabalho;
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Adoção de sistemas de ventilação local e geral adequados e eficientes;
Utilização de capelas de exaustão;
Manutenção corretiva e preventiva das máquinas e equipamentos;
Monitoramento ambiental sistemático;
Adoção de sistemas operacionais e de transporte, classificação e
rotulagem das substâncias químicas segundo propriedades
toxicológicas;
Redução do tempo de exposição e do número de trabalhadores
expostos;
Fornecimento de EPIs adequados, de modo complementar às medidas
de proteção coletiva.
Em relação às principais patologias respiratórias ocupacionais, que
necessitam de medidas de proteção e prevenção e que vamos estudar em
maiores detalhes está a pneumoconiose.
Ela é caracterizada por reações teciduais crônicas à presença de
poeiras nos sacos alveolares e alvéolos. Anatomo-patologicamente, ela pode
ser classificadas como colágenas3 e não colágenas4.
A pneumoconiose mais prevalente no Brasil é a pneumoconiose por
sílica, também chamada de silicose5. Como característica, os sintomas iniciais
somente aparecem após 10 a 20 de anos de exposição. Lembre-se que aqui
3 As colágenas, por conseguinte mais graves, são caracterizadas por alterarem
permanentemente ou destruírem a estrutura alveolar; Causarem uma reação colágena do estroma vai de grau médio até máximo; ocorrerem em um estado cicatricial permanente nos pulmões.
4 As não colágenas são caracterizadas por serem aquelas vindas de poeiras não-
fibrogênicas; elas não alterarem a estrutura alveolar; a reação do estroma pulmonar é mínima e consiste de fibras de reticulina; a reação à poeira é potencialmente reversível.
5 A Silicose é causada por inalação de poeira de sílica livre cristalina denominada
quartzo. Devido a isso, caracteriza-se por um processo de fibrose, com formação de nódulos isolados nos estágios iniciais e nódulos conglomerados e disfunção respiratória nos estágios avançados.
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estamos falando dos primeiros sintomas, mas com certeza o desenvolvimento
da doença começou muito tempo antes, provavelmente desde os primeiros
contatos com a sílica.
A silicose é uma das poucas doenças ocupacionais de fato restrita ao
trabalho. São praticamente inexistentes casos de silicose sem estarem
associados a ambientes profissionais, como:
Indústria Extrativa Mineral: mineração subterrânea e de superfície.
Beneficiamento de Minerais: corte de pedras, britagem, moagem e
lapidação.
Indústria de Transformação: cerâmicas, fundições (que utilizam areia no
processo), vidro, abrasivos, marmorarias, corte e polimento de granito,
cosméticos.
Atividades Mistas: protéticos, cavadores de poços, jateadores de areia
(apesar dessa atividade ser proibida, ainda muito se pratica em nosso
país).
Em termos gerais, os fatores desencadeantes e agravantes da silicose
são:
Concentração da poeira em suspensão
Número de partículas em suspensão
Teor de sílica na partícula
Tamanho das partículas
Mas, como a silicose se desenvolve?
Saiba a resposta a essa pergunta no vídeo do material on-line.
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Em relação aos sintomas, em termos gerais temos nos quadros iniciais:
E nos quadros avançados:
É interessante notar, que nessa fase, em termos radiológicos, podemos
verificar micronodulações disseminadas, às vezes com áreas de fibrose com
aglomeração de nódulos.
Para aprofundamento sobre silicose, acesse os ícones abaixo.
<http://saude.culturamix.com/doencas/silicose-caracteristicas-gerais>
<http://cerestrio.files.wordpress.com/2010/12/img003.jpg>
<http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n4/15.pdf>
<http://www.jornaldepneumologia.com.br/PDF/2000_26_3_2_portugues.
pdf>
Outra pneumoconiose de caráter progressivo e irreversível que pode se
manifestar mesmo anos após cessada a exposição, é a asbestose, conhecida
como pneumoconiose pelo asbesto. Saiba mais sobre ela no vídeo a seguir.
O asbesto, conhecido como amianto é utilizado na fabricação de
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produtos de cimento amianto, materiais de fricção como pastilhas de freios,
materiais de vedação, piso e produtos têxteis, como mantas e tecidos
resistentes ao fogo, por exemplo.
Os principais sintomas associados à asbestose são:
As figuras ao lado mostram corpos de asbestos que encontrados em
espaços aéreos terminais. Repare que frequentemente estão próximos a, ou
fagocitados por macrófagos.
Para aprofundamento no assunto, recomendo a leitura de disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/jpneu/v27n4/9195.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v30n6/a07v30n6.pdf>
Pneumopatias Causadas por Metais Pesados
Muitos são os metais utilizados na indústria, aos quais os trabalhadores
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estão expostos. Essa exposição vai desde a extração desses metais até a
industrialização.
A variabilidade de agentes metálicos presentes na poeira e fumos das
minas e indústrias expõe os trabalhadores a substâncias tóxicas. Por exemplo,
o ferro, o estanho, o bário, o antimônio, o cério, o zircônio e o titânio provocam
pneumopatia benigna, praticamente com ausência de sintomas, com imagem
radiológica exuberante que, de forma geral, regride quando cessa a exposição.
Já o alumínio metálico, o óxido de alumínio e as ligas de ferro, cromo e
manganês provocam reação do tipo esclerogênica com fibrose pulmonar
difusa.
Alguns exemplos dessas pneumopatias causadas por metais pesados
são a Siderossilicose6 a Beriliose7 e o Enfisema do Cádmio8.
Alergias Respiratórias de Origem Ocupacional
As alergias respiratórias de origem ocupacional são numerosas e têm
maior importância epidemiológica do que clínica, pois na maioria das vezes são
brandas e com tratamento adequado são contornadas facilmente.
6 É uma pneumoconiose provocada por poeiras mistas que contêm ferro, aço, óxido de
ferro e sílica livre em proporções variáveis. Ocorre mais comumente em mineradores de ferro, em trabalhadores de fundição de gusa e de aço, nos polidores de metais e nos trituradores de terra de ocre (variedade de terra usada como pigmento).
7 Provocada pelo Berílio, metal altamente irritante, que é encontrado em trabalhadores
expostos e seus contatos, e em pessoas que vivem nas proximidades das fábricas que o utilizam como matéria-prima.
A beriliose tem como característica a lesão pulmonar que se desenvolve lentamente e pode regredir, estacionar ou progredir, sendo possível curá-la com a administração de anti-inflamatórios esteroidais.
Os trabalhadores mais expostos são os da manufatura de lâmpadas fluorescentes e equipamentos eletrônicos
8 O enfisema do Cádmio é uma pneumopatia que gera, além do enfisema pulmonar,
uma proteinúria seguida de insuficiência renal e nefrolitíase, e também lesões ósseas do tipo osteomalácia.
Os trabalhadores expostos são os da galvanoplastia (cadmiação em metais), eletrônica, refrigeração e fabricação de próteses, mísseis espaciais e acumuladores. A recente produção de um metal duro à base de tungstênio e cobalto vem provocando fibrose intersticial ou alveolite e fibrose progressiva.
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Os alérgenos presentes no ambiente de trabalho resultam dos
processos industriais, de impurezas químicas, de bactérias, de fungos ou de
parasitas. A frequência e a intensidade da reação alérgica dependem do poder
sensibilizante do alérgeno, da duração e intensidade da exposição (ou
inalação) e da reação imunológica dos indivíduos expostos.
Na anamnese ocupacional, analisa-se o relato cronológico da
manifestação da doença e da atividade no trabalho. Posteriormente,
fundamenta-se na demonstração de sensibilização por meio de prova
intradérmica e de reação sorológica de precipitação. As provas de função
respiratória são úteis para investigar o comprometimento pulmonar.
No entanto uma parcela pequena das alergias respiratórias ocupacionais
podem se agravar a ponto de ser necessário o abandono do local de
exposição. Essas alergias respiratórias graves são especialmente a Asma
Brônquica Alérgica Ocupacional, a Alveolite Alérgica Extrínseca Ocupacional e
a Bissinose.
Revendo a Problematização
a. Asma ocupacional. A orientação é sempre a utilizar os EPIs,
especialmente a máscara, e fazer a troca desta frequentemente (no
máximo a cada 6 horas), dependendo do ritmo de trabalho. Além disso,
orientação de higiene no trabalho e de adaptação do ambiente, tais
como instalação de janelas, de exaustores e até mesmo de aspersores
de água para reduzir drasticamente a quantidade de poeira a ser
inalada.
b. Adenocarcinoma pulmonar. As orientações básicas aqui seriam a
utilização frequente e correta dos EPIs, especialmente máscara e a
adoção de medidas coletivas de higiene do trabalho.
c. Pneumoconiose por sílica. A orientação é o uso dos EPIs adequados,
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sempre e a instalação de medidas que reduzam a quantidade de poeira
circulante no local de corte, como a adaptação de janelas, a implantação
de exaustores e de aspersores de água. E a orientação de sempre,
independente da circunstância, usar corretamente e realizar a troca
constantemente da máscara para reduzir ao máximo possível a inalação
da poeira.
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Feedbacks
a. Até poderia se tratar de asma ocupacional, especialmente se o
trabalhador fosse alérgico a algo contido na poeira inalada. No entanto,
dois detalhes poderiam descartar essa ideia. O primeiro é o fato de ele
estar trabalhando em uma marmoraria e a incidência de silicose em
termos epidemiológicos é muito maior do que a chance desenvolvimento
de asma ocupacional. Segundo é o fato dele mesmo com as faltas e
períodos longe do trabalho, não melhoravam seus sintomas, ao contrário
parecia que nada fazia efeito e somente “piorava”. Fica claro que tanto a
asma quanto a silicose podem estar presentes concomitantemente,
agravando o quadro respiratório do trabalhador e atrapalhando muitas
vezes o diagnóstico correto e preciso da patologia.
b. Poderíamos sim estar em frente a um adenocarcinoma pulmonar,
especialmente porque em muitas vezes ele está associado a
pneumoconioses. No entanto pela progressão, a doença de base é sim
uma pneumoconiose. Nada impede, porém, o desenvolvimento,
secundariamente, de um adenocarcinoma pulmonar. As orientações
quanto à utilização correta dos EPIs são essenciais e devem ser
seguidas pelos trabalhadores, assim como a adoção de medidas
coletivas, para que menos poeira entre com contato com o trabalhador e
seja aspirada.
c. De fato estamos frente a uma pneumoconiose por sílica ou
simplesmente silicose. Sabemos que esses casos, mesmo com a
utilização correta dos EPIs e com as medidas coletivas de higiene do
trabalho não podem ser evitados, no entanto se reduz a números
extremamente baixos e que com um bom acompanhamento da equipe
de saúde do trabalho, especialmente aqui do enfermeiro do trabalho,
pode pegar esses casos logo no início (se existirem) e encaminhar ao
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tratamento adequando, inclusive na grande maioria das vezes treinando
e readaptando esse trabalhador a uma função diferente.
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Síntese
Nesta aula você percebeu que fatores ambientais (como excesso de
pós, vapores e outros poluentes) podem interferir diretamente na saúde do
trabalhador. E que é necessário que se faça um esforço em evitar, ou pelo
menos diminuir, a exposição do trabalhador a tais fatores.
Hoje você também pereceu que, por estar em contato direto com o
ambiente, o sistema respiratório pode ser afetado com mais facilidade por
fatores poluentes.
No vídeo do material on-line, veja a síntese deste tema que o professor
João fará.
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REFERÊNCIAS
KLAASSEN, C. D.; Watkins III, J. B. Fundamentos em Toxicologia
de Casarett e Doull. 2 ed. São Paulo: Artmed, 2012.
LARINI, L. Toxicologia. São Paulo: Manole Ltda.
OGA, S. Fundamentos de Toxicologia. 3 ed. São Paulo: Atheneu,
2008
MICHEL, O. da R. Toxicologia Ocupacional. São Paulo: Revinter.
2001.
Sites Consultados
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
<www.anvisa.gov.br>.
Biblioteca Virtual em Saúde Toxicologia Brasil –
<http://br.storescompared.net/search/biblioteca+virtual/>.
Centro de Controle de Doenças (CDC) <www.cdc.gov>.
LIBBS Farmacêutica – < http://www.libbs.com.br>.
Manual Merck <http://www.manualmerck.net>.
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
<http://portal.mte.gov.br/portal-mte/>.
Organização Internacional do Trabalho – <http://www.oitbrasil.org.br>.
Sistema Nacional de informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX)
<www.fiocruz.br>.
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Questões
1. As pneumoconioses podem ser definidas como:
a. Reações teciduais agudas à presença de poeiras nos sacos
alveolares.
b. Reações devido a presença de metais nos brônquios.
c. Reações teciduais crônicas à presença de poeiras nos sacos
alveolares e alvéolos.
d. Reações pulmonares devido a alérgenos presentes no ambiente do
trabalho
2. A Pneumoconiose mais prevalente no Brasil é:
a. A asbestose.
b. A pneumoconiose ocasionada por carvão.
c. A pneumoconiose ocasionada pelo pó da madeira.
d. A silicose.
3. Entre as medidas de proteção e prevenção da exposição nas doenças
ocupacionais do sistema respiratório, podemos citar:
a. Somente manutenção corretiva das máquinas e equipamentos.
b. Medidas rigorosas de higiene e segurança do trabalho.
c. Sempre optar por utilizar as mesmas tecnologias de produção,
independente do risco que ela possa trazer à saúde do trabalhador.
d. Monitoramento ambiental aleatório e esparso.
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4. Em relação da necessidade do exame radiológico, ele tem alta
importância diagnóstica e clínica:
a. Na pneumoconiose.
b. Nas síndromes obstrutivas pulmonares.
c. No enfisema pulmonar inicial.
d. Tanto na Síndrome Obstrutiva quanto no Enfisema Inicial.
5. Em relação ao diâmetro das partículas, está correta a afirmação:
a. Poeiras pouco finas – 5 µm a 50 µm – atingem os bronquíolos e
levam à inflamação.
b. Os compostos químicos irritantes e as poeiras de tamanho superior a
50 µm alcançam os bronquíolos e provocam um processo
inflamatório.
c. Compostos com 20 µm podem chegar ao interstício e provocar
pneumoconioses.
d. Poeiras de diâmetro entre 0,5 µm e 5 µm, penetram nas paredes dos
bronquíolos, vão até o interstício pulmonar, acumulam-se no tecido
pulmonar, provocam alterações na estrutura e dão origem às
pneumoconioses.
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Feedbacks
Alternativa correta é a letra c. 1.
a) Errado. A peneumoconiose é caracterizada por reação tecidual
crônica e não aguda.
b) Errado. Pneumoconiose é a presença de poeira e não metais nos
sacos alveolares. Nessa poeira até pode conter metais, mas a principal
característica é a presença de poeira.
c) Certo. De fato, as Pneumoconioses são reações teciduais crônica
à presença de poeira nos sacos alveolares.
d) Errado. Reação devido a alérgenos não são caracterizados como
pneumoconioses, mas são exemplo de asma e bronquite ocupacional.
Alternativa correta é a letra d. 2.
a) Errado. No Brasil temos vários casos de asbestose, mas a mais
prevalente é a pneumoconiose causada por sílica.
b) Errado. Em algumas regiões as pneumoconioses causadas pelo
carvão são altamente prevalentes, mas considerando o Brasil como um todo,
não é essa a mais prevalente em nosso meio.
c) Errado. Apesar de gravidade relativa, não é a principal
pneumoconiose brasileira.
d) Certo. De fato, a pneumoconiose mais prevalente no Brasil é a
ocasionada por sílica, ou seja, a silicose.
Alternativa correta é a letra b. 3.
a) Errado. Existe a necessidade, além da manutenção corretiva, a
manutenção preventiva das máquinas e equipamentos.
b) Certo. De fato, são medidas que necessitam ser implementadas,
e ao serem adotadas no ambiente do trabalho, conseguem reduzir de forma
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significativa as patologias respiratórias ocupacionais.
c) Errado. Sempre o ideal é fazer a substituição de tecnologias de
produção por outras com menor risco à saúde.
d) Errado. Existe a necessidade de monitoramento ambiental
sistemático.
Alternativa correta é a letra a. 4.
a) Certo. As radiografias são fundamentais no diagnóstico de
pneumoconioses, além do seu poder de acompanhamento da doença.
b) Errado. Nas síndromes obstrutivas pulmonares, as alterações
presentes são poucos ou praticamente invisíveis na radiografia.
c) Errado. No enfisema pulmonar inicial, as alterações presentes são
poucos ou praticamente invisíveis na radiografia.
d) Errado. Tanto nas síndromes obstrutivas pulmonares, quanto no
enfisema pulmonar inicial, as alterações presentes são poucos ou praticamente
invisíveis na radiografia.
Alternativa correta é a letra d. 5.
a) Errado. Poeiras pouco finas – 5 µm a 50 µm – atingem os
brônquios, provocando bronquites crônicas no trabalhador exposto a essas
substâncias.
b) Errado. Os compostos químicos irritantes e as poeiras de
tamanho inferior a 5 µm alcançam os bronquíolos e provocam um processo
inflamatório.
c) Errado. Pneumoconiose pode ser provocada por poeira de
diâmetro entre 0,5 µm e 5 µm.
d) Certo. Poeiras de diâmetro entre 0,5 µm e 5 µm, penetram nas
paredes dos bronquíolos, vão até o interstício pulmonar, acumulam-se no
tecido pulmonar, provocam alterações na estrutura e dão origem às
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pneumoconioses.