Introdução Problematização - AVA...

18
CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Enfermagem do Trabalho, Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família e Vigilância Sanitária Disciplina Ergonomia Tema Conceitos fundamentais em ergonomia e ferramentas para a AET Professor Silvana Bastos Stumm Introdução Vamos falar, hoje, sobre um tema um tanto quanto complexo por envolver diversas definições. Trataremos dos conceitos de ergonomia, da análise ergonômica do trabalho e das ferramentas utilizadas. (vídeo disponível no material on-line) Problematização Uma enfermeira do trabalho desenvolve suas funções em um grande hospital. Um de seus trabalhos é feito na postura sentada, em frente a uma bancada, na qual há uma série de fichas e relatórios referentes a funcionários que estão sob sua supervisão. Em uma análise ergonômica preliminar, o profissional observa a enfermeira desenvolvendo suas atividades em seu posto de trabalho e constata que a altura do tampo da bancada é muito elevada e que há falta de espaço para as pernas. Após a conferência das de fichas e dos relatórios, diversos documentos devem ser encaminhados ao departamento ao lado. Para agilizar tal processo, há uma pequena correia transportadora que se encontra ao fundo da bancada e que faz com que a enfermeira se obrigue a debruçar-se sobre o tampo, sobrecarregando a sua coluna vertebral, além de estender por completo o braço e antebraço.

Transcript of Introdução Problematização - AVA...

Page 1: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

1

Projeto Pós-graduação

Curso Enfermagem do Trabalho, Saúde Pública com Ênfase

em Saúde da Família e Vigilância Sanitária

Disciplina Ergonomia

Tema Conceitos fundamentais em ergonomia e ferramentas

para a AET

Professor Silvana Bastos Stumm

Introdução

Vamos falar, hoje, sobre um tema um tanto quanto complexo por envolver

diversas definições. Trataremos dos conceitos de ergonomia, da análise

ergonômica do trabalho e das ferramentas utilizadas.

(vídeo disponível no material on-line)

Problematização

Uma enfermeira do trabalho desenvolve suas funções em um grande

hospital. Um de seus trabalhos é feito na postura sentada, em frente a uma

bancada, na qual há uma série de fichas e relatórios referentes a funcionários

que estão sob sua supervisão.

Em uma análise ergonômica preliminar, o profissional observa a

enfermeira desenvolvendo suas atividades em seu posto de trabalho e constata

que a altura do tampo da bancada é muito elevada e que há falta de espaço para

as pernas.

Após a conferência das de fichas e dos relatórios, diversos documentos

devem ser encaminhados ao departamento ao lado. Para agilizar tal processo,

há uma pequena correia transportadora que se encontra ao fundo da bancada e

que faz com que a enfermeira se obrigue a debruçar-se sobre o tampo,

sobrecarregando a sua coluna vertebral, além de estender por completo o braço

e antebraço.

Page 2: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

2

A situação descrita é agravada pelo fato de a enfermeira estar sentada

em uma banqueta industrial, com assento em madeira, sem revestimento. Como

ela trabalha com as pernas dobradas e rotacionadas para a direita, sente uma

forte pressão na região das nádegas, os pés ficam dormentes diversas vezes ao

dia e sente fortes dores na altura do pescoço, que é estendida até os braços. A

dor nas costas é considerada “insuportável”. Como é extremamente difícil

trabalhar sentada para executar essa tarefa, a enfermeira decide trabalhar em

pé, sentindo ainda mais dores nas costas, pernas e pés.

Como essa situação ocorre com outros profissionais, o hospital opta em

chamar um ergonomista a fim de avaliar essa questão e outras também. Na sua

opinião, o que esse profissional deve fazer?

(vídeo disponível no material on-line)

Trabalho prescrito e trabalho real: modos operatórios, regulação

e estratégias operatórias

De que forma podemos entender o trabalho prescrito e o trabalho real?

Segundo Brito (2009), o conceito de trabalho prescrito fundamenta-se

em estudos referentes a situações reais. Vincula-se a regras e objetivos

definidos pela organização, bem como a condições dadas – é o que se deve

fazer durante o processo de trabalho.

Em contrapartida, o trabalho real, como define Brito (2009), é uma

resposta a imposições externamente estabelecidas, ou seja, desenvolve-se de

acordo com os objetivos determinados pelo trabalhador, a partir dos objetivos

definidos pela organização.

Entre o trabalho prescrito e o real, afirma Brito (2009), há uma

considerável distância; isso ocorre devido à dinamicidade das situações reais de

trabalho, da instabilidade e dos imprevistos.

Assista ao vídeo da professora, em que ela aprofunda essa comparação

entre o trabalho prescrito e o trabalho real.

(vídeo disponível no material on-line)

Page 3: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

3

Vamos seguir com nosso estudo abordando, na sequência, os modos

operatórios. Mas, para chegarmos a esse tópico precisamos abranger, ainda,

outros aspectos igualmente importantes. Vejamos!

Você saberia dizer o que significam as estratégias operatórias? Parece

um pouco difícil de definir, certo?

Estratégias operatórias nada mais são do que estratégias específicas

para a regulação da atividade em situações de trabalho que fazem uso de

instrumentos (PINHO et al., 2003). Note que, a cada novo tema, surgem novas

dúvidas, surge um novo assunto, como a regulação citada. Primeiramente,

vamos concluir a explicação de estratégias operatórias, incluir os modos

operatórios para, a partir daí, abordarmos regulação.

Independentemente do tipo de trabalho a ser realizado, o indivíduo

desenvolve diversas estratégias operatórias, informa Trierweiller et al. (2008).

São definidas pelo seu perfil, sua competência, sua saúde e a forma de

organização. São os modos de realizar e regular o trabalho, com o intuito de

manter as normas organizacionais e alcançar o objetivo final (TRIERWEILLER

et al., 2008).

Conforme Montmollin (1995 apud ABRAHÃO et al., 2005), estratégias

também são entendidas como um conjunto de regras que resultam em ação e

devem ser seguidas ordenadamente, envolvendo o raciocínio e a resolução de

problemas.

Segundo Silvino e Abrahão (2003), as estratégias operatórias são

processos de categorização, resolução de problemas e tomada de decisão, que

resultam em uma sequência de ações e operações.

Os procedimentos que se desenvolvem, resultantes das estratégias

operatórias, são denominados modos operatórios (GUÉRIN, 2001 apud

GONÇALVES e CAMAROTTO, 2008). Trata-se da consequência da regulação

entre os objetivos, os meios disponíveis, os resultados e o estado interno do

trabalhador.

Page 4: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

4

Lembre-se de que o trabalhador está diretamente envolvido em todo o

processo. Veja como todos os elementos se inter-relacionam: a relação entre a

estratégia e o modo operatório torna-se clara, decorrente da necessidade em se

gerar novos modos diante dos limites da própria atividade.

Reinterpreta-se a situação atual e elaboram-se estratégias, com o objetivo

de resolver os problemas e prever possíveis incidentes.

Estratégias ações constante atenção aumenta a carga cognitiva

envolvida no desempenho da tarefa

Assista ao vídeo a seguir sobre estratégias operatórias e modos

operatórios.

(vídeo disponível no material on-line)

Executar determinada atividade exige maior ou menor mecanismo

cognitivo como categorização, resolução de problemas e tomada de decisão.

Seguindo o mesmo raciocínio, temos como resultados:

Possíveis formas de interpretação das informações;

Necessidade de ter conhecimento;

Registros de memória do trabalhador (SILVINO e ABRAHÃO, 2003).

Agora vamos retomar o assunto sobre a regulação.

De maneira clara e direta, a regulação é o processo pelo qual um

mecanismo ou um organismo mantém-se em equilíbrio ou altera seu

comportamento a fim de adaptar-se às circunstâncias.

Qual o papel do trabalhador nessa questão?

Ele irá confrontar seus resultados, com os objetivos anteriormente

estabelecidos pelas normas de produção, a fim de ajustar suas novas ações

(KRUGER, 2007).

Segundo Magalhães (2006), a regulação é a atuação de acordo com as

regras estabelecidas, normalmente em forma de lei. Esse termo, usado na esfera

da saúde, refere-se à função desenvolvida pelos sistemas de saúde de maneira

Page 5: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

5

geral, tendo um sentido mais abrangente se comparado à regulamentação

mercadológica nessa mesma área (MAGALHÃES, 2006).

De que forma conseguimos deixar um pouco mais claro o seu significado?

Entenda a regulação como estar sujeito a regras e a leis no vídeo a seguir.

(vídeo disponível no material on-line)

Na ergonomia – em especial na ergonomia participativa –, a regulação

divide-se em externa e interna.

Entenda melhor a ergonomia participativa acessando o artigo a seguir.

http://www.scielo.br/pdf/prod/v3n2/v3n2a02

No Brasil, o termo ergonomia participativa surgiu a partir do rápido

processo de descentralização e municipalização ocorrido na primeira metade da

década de 1990. Os setores responsáveis pelo controle e pela avaliação

pertencentes ao extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência

Social (conhecido como Inamps), passam a ser geridos pelos municípios. As

secretarias estaduais de saúde, na maioria dos estados, eram a sede desse

órgão até sua extinção pela Lei Federal 8.689, de julho de 1993 (MAGALHÃES,

2006).

Entenda um pouco essa lei acessando o seu texto.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8689.htm

Cria-se, a partir de então, a Política Nacional de Regulação do Sistema

Único de Saúde, SUS, instituída por meio da Portaria n. 1559, de 1 de agosto de

2008.

Regulação externa: não há praticamente nenhuma participação interna,

apenas de um consultor externo.

Regulação interna: os membros da empresa já entendem os conceitos

básicos de ergonomia e estão aptos a assumir o controle, não sendo mais

necessário o consultor externo (IIDA, 2005).

Page 6: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

6

Como ações integradas dessa política têm-se:

Regulação de sistemas de saúde;

Regulação da atenção à saúde;

Regulação do acesso à assistência (BRASIL, 2008).

O objetivo de cada uma das ações você encontra no site disponível. Não

deixe de acessar! Sempre é produtivo termos informações além daquelas que

nos são fornecidas.

http://www.saude.mt.gov.br/regulacao/arquivo/1493/legislacao

Ferramentas para análise ergonômica do trabalho:

competências, representações operatórias

Pensar em ferramentas nos leva a pensar, habitualmente, em um trabalho

que exige esforço. Mas, quando falamos em ferramentas para análise

ergonômica, devemos ter outro pensamento.

As ferramentas ergonômicas, conforme Shida e Bento (2012), auxiliam a

reconhecer cargas de trabalho que podem provocar lesões nos trabalhadores.

Movimentos repetitivos, trabalho intenso e posturas inadequadas são

responsáveis por causar lesões, influenciando no afastamento do indivíduo.

Antes de abordarmos diretamente as ferramentas, vamos tratar da

Análise Ergonômica do Trabalho – também chamada AET. Você perceberá, no

decorrer do nosso estudo, que, sem uma análise adequada, não temos como

definir as ferramentas a serem usadas.

Assista ao vídeo em que a professora trata da Análise Ergonômica do

Trabalho.

(vídeo disponível no material on-line)

Relembrando Taylor e a organização científica do trabalho, as tarefas,

antigamente, eram cientificamente analisadas a fim de que se eliminasse todo e

qualquer desperdício. Dessa forma, esse estudioso tabulou os modos de

Page 7: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

7

execução, os movimentos, os arranjos, o tempo de execução, o espaço de

trabalho e os modos operatórios.

Segundo Iida ( 2005), sob a ótica metodológica, a AET deve envolver as

seguintes etapas:

Análise da demanda – descrição do problema a ser analisado e que

necessita de uma ação ergonômica. Nessa etapa, envolvem-se gerentes,

supervisores, trabalhadores e ergonomistas, denominados atores

sociais, que iniciam tal processo por meio de uma negociação entre os

envolvidos.

Análise da tarefa – verificam-se as diferenças entre o trabalho prescrito

e o de fato realizado. Isso ocorre devido às condições de trabalho serem

diferentes das condições previstas e porque nem todos seguem

exatamente o que foi determinado.

Análise da atividade – é o que o trabalhador realmente executa em

função de seu comportamento a fim de alcançar os objetivos traçados.

Formulação do diagnóstico – visa encontrar as causas do problema

descrito na demanda.

Recomendações ergonômicas – abrangem as providências a serem

tomadas para resolver o problema diagnosticado.

Conforme Kruger (2007), cada uma das análises supracitadas

necessita de uma descrição precisa e de observações e medidas

sistemáticas.

Page 8: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

8

De acordo com Wisner (2004), a AET é uma metodologia coerente e

eficiente, cientificamente comprovada por meio de estudos diversos, permitindo

melhor conhecer a realidade do trabalho. Segundo Gonçalves e Camarotto

(2008), a AET de determinado posto de trabalho não se limita tão somente ao

tamanho da bancada, ou da mesa, ou da cabine. Tudo em análise envolve,

inclusive, o que é controlado a partir do posto que faz parte da avaliação.

No vídeo a seguir, a professora falará sobre as ferramentas ergonômicas.

Acompanhe!

(vídeo disponível no material on-line)

Conforme coloca Pavani (2007), as ferramentas usadas para a AET são

diversas, mas, em casos de riscos posturais, têm-se os checklists, as

ferramentas semiquantitativas e as ferramentas quantitativas.

Os checklists apresentam-se em forma de respostas a um conjunto de

perguntas, e a interpretação dos dados é feita por meio de uma escala. Como

exemplos têm-se: o checklist de Lifshitz e Armstrong, de Keyserling e de Couto.

As ferramentas semiquantitativas baseiam-se em observações diretas

ou indiretas, selecionando-se os dados fundamentados em perguntas e os

MEDIDAS

Sobre as pessoas

Medidas fisiológicas do

esforço sobre as atividades

Modos e tempos operativos

Sobre o ambiente

Dimensões, iluminação,

temperatura, ruído e vibração

Page 9: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

9

convertendo em escalas numéricas ou diagramas. São ferramentas

semiquantitativas: Método OWAS, Método ARBAN, Instrumento de Rodgers,

Método RULA, Método HAMA e Método REBA.

As ferramentas quantitativas recomendam fórmulas para o

levantamento de cargas. Exemplos dessa ferramenta são: National Institute for

Occupational Safety and Health (NIOSH), Método de Moore e Garg e o Método

OCRA (PAVANI, 2007).

Para saber mais sobre cada método, acesse os dois sites recomendados.

http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2

&ved=0CCAQFjAB&url=http%3A%2F%2Fwww.fisioterapia.com%2Fpublic%2Ffi

les%2Fsalvar_como.php%3Ftxt_path%3Dartigo%2Focra.pdf&ei=FOoDVMSVO

NWQNrzWgqgO&usg=AFQjCNEbd2S3JJrS2swehQgq9ATBLgEnKw&sig2=OP

be5G6FLAk81yhg2bgzyg

http://www.faac.unesp.br/Home/Pos-

Graduacao/MestradoeDoutorado/Design/Dissertacoes/joellen-ligeiro.pdf

O quadro a seguir mostra alguns métodos, além dos mencionados, que

você pode pesquisar.

Page 10: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

10

Quadro 1: Ferramentas ergonômicas Fonte: Ligeiro, 2010

Page 11: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

11

Competências

De acordo com Gonçalves e Camarotto (2008), as competências

determinam o conhecimento para realizar uma ação e para ser hábil quando agir.

Segundo Montmollin (1995 apud GONÇALVES e CAMAROTTO, 2008), é

preciso considerar o “aspecto cotidiano da competência”, pois o trabalhador,

além de ser ativo do presente, também é do passado e do futuro. À medida que

um trabalho prático se desenvolve, conhecimentos vão sendo adquiridos, bem

como novas habilidades e competências. Sempre existe uma finalidade para a

competência dada (GONÇALVES e CAMAROTTO, 2008).

As competências são, portanto, articulações de conhecimentos,

habilidades e experiência construídas e modificadas enquanto a atividade é

realizada.

É a competência que permite agir, então é possível recomendar

mudanças em situações de trabalho (GONÇALVES e CAMAROTTO, 2008).

Acompanhe, no vídeo a seguir, a explicação da professora sobre as

competências e as representações.

(vídeo disponível no material on-line)

Observe como há inter-relação entre os inúmeros assuntos tratados aqui.

A mobilização das competências adquiridas, como citam Gonçalves e Camarotto

(2008), é o marco para que os modos operatórios sejam elaborados, podendo

ser considerados estratégias. Torna-se cada vez mais fácil, desde que a

empresa concorde, adaptar as estratégias em função do custo físico, dos

esforços necessários e do tempo para realizar as tarefas.

Representações

Não há como falar em representações sem falar em ergonomia cognitiva

(EC). A EC abrange os processos mentais, de acordo com Iida (2005), como a

percepção, o raciocínio e a resposta motora, relacionados às interações entre

o indivíduo e outros elementos de um sistema.

Segundo Abrahão, Silvino e Sarmet (2005), as representações

armazenam informações sobre o mundo em forma de modelos mentais,

Page 12: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

12

esquemas, mapas, entre outros. A forma de armazenar depende da

especificidade da informação a ser armazenada. Os trabalhadores criam as

representações no contexto da ação, pois é esta que as definem e as alteram

em função das variações das atividades (WEILL-FASSINA, 1993 apud

ABBRAHÃO et al., 2005).

Os indivíduos, por meio das representações, selecionam as informações

entendidas como essenciais, bem como os procedimentos mais apropriados

para a realização da tarefa.

O papel do ergonomista nesse contexto traduz-se em compreender como

o trabalhador utiliza as representações em situações reais. Não é suficiente

buscar as representações para a ação (ABBRAHÃO et al., 2005).

Lendo o artigo, certamente você compreenderá mais facilmente esse

assunto. Acesse!

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

37722005000200006

Revendo a problematização

Acredito que você já teve tempo para refletir sobre a situação apresentada

no início dos estudos deste tema. Agora escolha uma das alternativas de

resposta apresentadas a seguir. Na sua opinião, o que o profissional de

ergonomia deve fazer?

a. O ergonomista, acompanhado pelo responsável por esse departamento

do hospital, faz uma breve entrevista com a enfermeira. Em seguida,

algumas medidas da bancada são tiradas, anota-se o modelo da

banqueta e tiram-se algumas fotografias. Várias observações são

efetuadas com outras funcionárias do mesmo setor, constatando-se,

basicamente, os mesmos problemas. A partir daí tomam-se as decisões.

b. O ergonomista, após entrevista com a enfermeira, sugere redimensionar

o posto, eliminando a adoção de posturas inadequadas, possibilitando

que ela trabalhe sentada em uma banqueta mais confortável, com o

Page 13: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

13

devido espaço para as pernas e os pés apoiados em uma altura

compatível.

c. O ergonomista amplia a análise ergonômica para o ambiente em que está

a enfermeira, diagnosticando outras situações críticas, como a

temperatura, o nível de iluminamento, ruídos, vibração, entre outros.

Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o

material on-line.

Síntese

Concluímos mais um encontro sobre ergonomia. Lembre-se de estudar

sempre e manter-se atualizado. Encare os problemas como desafios e coloque

a saúde do trabalhador em primeiro lugar!

Acompanhe, agora, o vídeo de síntese do tema que estudamos hoje.

(vídeo disponível no material on-line)

Page 14: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

14

Referências

ABRAHÃO, J. I.; SILVINO, A. M. D.; SARMET, M. M. Ergonomia, cognição e

trabalho informatizado. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 21, n. 2, p. 163-171,

mai/ago 2005.

BRITO, J. C. de. Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Fundação

Oswaldo Cruz, 2009. Disponível em:

(http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/Trabalho_Prescrito_ts.pdf). Acesso em: 22

ago. 2014.

GONÇALVES, J. M.; CAMAROTTO, A. Discussão sobre os aspectos

cognitivos envolvidos no trabalho repetitivo. In: Encontro Nacional de

Engenharia de Produção, 28, 2008, Rio de Janeiro.

IIDA, I. Ergonomia. Projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.

KRUGER, J. A. Ergonomia e segurança do trabalho. Apostila para curso de

pós-graduação em Gestão da Produção. Faculdade de Tecnologia Senai de

desenvolvimento gerencial. Goiânia: FATESG, 2007.

LIGEIRO, J. Ferramentas de avaliação ergonômica em atividades

multifuncionais: a contribuição da ergonomia para o design e ambientes de

trabalho. (Dissertação de Mestrado), Universidade Estadual Paulista Julio de

Mesquita Filho, Bauru, SP, 2010. Disponível em: http://www.faac.unesp.br/

Home/Pos-Graduacao/MestradoeDoutorado/Design/Dissertacoes/joellen-

ligeiro.pdf). Acesso em: 22 ago. 2014.

MAGALHÃES Jr., H. M. O desafio de construir e regular redes públicas, com

integralidade, em sistemas privado-dependentes: a experiência de Belo

Horizonte. 2006. Tese de Doutorado (Pós-Graduação da faculdade de Ciências

Médicas). Universidade Estadual de Campinas, 2006.

PAVANI, R. A. Estudo ergonômico aplicando o método Occupational

Repetitive Actions (OCRA): uma contribuição para gestão da saúde do

Page 15: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

15

trabalho. Dissertação de Mestrado (Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e

Meio Ambiente). Centro Universitário SENAC, 2007.

PINHO, D. L. M.; ABRAHÃO, J. I.; FERREIRA, M. C.. As estratégias operatórias

e a gestão da informação no trabalho de enfermagem, no contexto hospitalar.

Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 11, n. 2, p.168-176, mar/abr

2003.

SHIDA, G. J.; BENTO, P. E. G.. Métodos e ferramentas ergonômicas que

auxiliam na análise de situações de trabalho. In: Congresso Nacional de

Excelência em Gestão, 8, 2012, Rio de Janeiro.

SILVINO, A. M. D.; ABRAHÃO, J. I. Navegabilidade e inclusão digital. Revista

de Administração de Empresas RAE-eletrônica, v. 2, n. 2, jul 2003. Disponível

em: (http://www.scielo.br/pdf/raeel/v2n2/v2n2a02.pdf). Acesso em: 18 ago.

2014.

TRIERWEILLER, A. C.; AZEVEDO, B. M. de; PEREIRA, V. L. D. do V.; CRUZ,

R. M.; GONTIJO, L. A.; SANTOS Jr., R. L. dos. A estratégia operatória utilizada

pelos trabalhadores e o hiato existente entre o trabalho prescrito e o trabalho

real. Revista Gestão Industrial, v. 4, n. 01, p. 101-115, 2008, Ponta Grossa.

WISNER, A. Questões epistemológicas em ergonomia e em análise do trabalho.

In: DANIELLOU, F. A ergonomia em busca de seus princípios: debates

epistemológicos. São Paulo: Edgar Blucher, 2004 p. 29-55.

Page 16: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

16

Atividades

As estratégias são definidas pelo perfil do trabalhador, pela sua

competência, sua saúde e a forma de organização. Podem ser

compreendidas como os modos de realizar e regular o trabalho, com o

intuito de manter as normas organizacionais e alcançar o objetivo final.

Assinale a questão que também contém uma definição de estratégias:

a. Têm o mesmo significado de categorização.

b. Referem-se à interpretação das informações e aos registros de memória.

c. São um conjunto de regras desordenadas, com objetivo variável.

d. São um conjunto de regras que resultam em ação e envolvem o raciocínio

e a resolução de problemas.

Regulação é o processo pelo qual um mecanismo ou um organismo

mantém-se em equilíbrio ou altera seu comportamento a fim de adaptar-

se às circunstâncias. De que outra maneira podemos definir regulação?

a. Ato de agir independentemente de regras estabelecidas, sem

preocupações legais.

b. Ato de raciocinar seguindo regras estabelecidas, normalmente em forma

de lei.

c. Ato de agir seguindo regras estabelecidas, normalmente em forma de lei.

d. Ato de se manifestar seguindo regras estabelecidas, normalmente em

forma de lei.

Page 17: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

17

A Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde, SUS, foi

instituída por meio da Portaria n. 1559, de 1 de agosto de 2008. Entre

algumas de suas ações está a regulação de sistemas de saúde. Assinale

a alternativa que contém mais uma ação.

a. Regulação do acesso à assistência.

b. Regulação do acesso ao plano particular de saúde.

c. Regulação do acesso à casa própria.

d. Regulação da atenção aos estudos.

As ferramentas ergonômicas auxiliam a reconhecer cargas de trabalho

que podem provocar lesões nos trabalhadores. O que pode causar lesões

nos trabalhadores?

a. Movimentos alternados e trabalho calmo.

b. Movimentos repetitivos e trabalho calmo.

c. Trabalho intenso e postura sentada.

d. Movimentos repetitivos e posturas inadequadas.

Os checklists apresentam-se em forma de respostas a um conjunto de

perguntas, e a interpretação dos dados é feita por meio de uma escala.

As ferramentas quantitativas recomendam fórmulas para o levantamento

de cargas. E quanto às ferramentas semiquantitativas?

a. Baseiam-se em toda e qualquer observação.

b. Baseiam-se em observações diretas ou indiretas.

Page 18: Introdução Problematização - AVA UNIVIRTUSava.grupouninter.com.br/tead/CCDD2/ccdd_Pos/enfTrabalho/.../slides.pdf · em Saúde da Família e Vigilância Sanitária ... hoje, sobre

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

18

c. Baseiam-se em ações diretas e indiretas.

d. Baseiam-se em decisões diretas e indiretas.